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Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da Vara Cível da Comarca de Colorado-PR O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ, por seu Promotor de Justiça ao final assinado, com fundamento nos autos do incluso Inquérito Civil nº 40.13.61-1, em trâmite nesta Promotoria de Justiça, bem como no artigo 129, inciso III, da Constituição Federal, artigo 21 da Lei nº 7347/85, artigos 82, inciso I, e 83, da Lei nº 8078/90, e artigos 81, 475-C, 475-N, 475-P, inciso III, e 566, inciso II, todos do Código de Processo Civil, vem com o devido respeito junto a Vossa Excelência, promover a presente AÇÃO PARA LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA, POR ARBITRAMENTO em face de DIUNIZIO DE CARVALHO ARRUDA, brasileiro, casado, agricultor, portador da Cédula de Identidade RG nº 7.226.000-7-PR, residente e domiciliado à Rua Governador Munhoz da Rocha nº 405, Centro, em Santa Inês - PR, o que faz pelos seguintes motivos de fato e de direito : I. DA LEGITIMIDADE ATIVA E PASSIVA

O Ministério Público é legitimado ativo à

propositura da presente ação judicial, com fundamento nos seguintes dispositivos legais:

Art. 81 CPC - O Ministério Público exercerá o direito de ação nos casos previstos em lei, cabendo-lhe, no processo, os mesmos poderes e ônus que às partes.

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Art. 566 CPC - Podem promover a execução forçada: (...) II - o Ministério Público, nos casos prescritos em lei. Art. 129 CF – São funções institucionais do Ministério Público: (...) III – promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos. Art. 21 LACP – Aplicam-se à defesa dos direitos e interesses difusos, coletivos e individuais, no que for cabível, os dispositivos do Título III da Lei que instituiu o Código de Defesa do Consumidor. Art. 82, inciso I, CDC – Para os fins do art.81, parágrafo único, são legitimados concorrentemente: I – Ministério Público. Art. 83 CDC – Para a defesa dos direitos e interesses protegidos por este Código são admissíveis todas as espécies de ações capazes de propiciar sua adequada e efetiva tutela. Observe que a Constitucional Federal, o Código de Processo Civil e o microssistema existente entre a LACP e o CDC, autorizam expressamente o Ministério Público à propositura da presente ação, em defesa do erário público do Estado do Paraná.

Já quanto à legitimidade passiva, sem maiores delongas, resta devidamente comprovada a legitimidade do requerido para figurar no referido polo, nos termos do artigo 568, inciso I do CPC, que assim dispõe: Art. 568. São sujeitos passivos na execução: I - o devedor, reconhecido como tal no título executivo.

Segundo se pode inferir da sentença penal

condenatória transitada em julgado, o requerido Diunizio foi réu naquela ação, tendo lá exercido a ampla defesa e o contraditório, devendo, por isso, sujeitar-se à força da coisa julgada ali operada.

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Cumpre destacar ainda, que este Juízo é

competente para conhecer e julgar a presente demanda, a teor do disposto no artigo 475-P do Código de Processo Civil, in verbis:

Art. 475-P. O cumprimento da sentença efetuar-se-á perante: (...) III – o juízo cível competente, quando se tratar de sentença penal condenatória, de sentença arbitral ou de sentença estrangeira. Assim, demonstrada a legitimidade ativa e passiva, bem como sendo certa a competência deste Juízo para a apreciação da lide, passemos à descrição dos fatos e fundamentos jurídicos do pedido. II. DOS FATOS E DO DIREITO

Conforme se infere da sentença de fls.209/226 dos presentes autos de Inquérito Civil nº 40.13.61-1, o requerido Diunizio de Carvalho Arruda, na condição de agente administrativo com atuação junto à Delegacia da Policia Civil de Santa Inês, foi condenado como incurso nas sanções do artigo 312, caput, do Código Penal, na forma do artigo 71 do mesmo diploma legal, observada a causa de aumento de pena prevista pelo artigo 327, § 2º do mencionado Código, em razão de peculato praticado por este, consistente na utilização da linha telefônica (44) 332-1352 (número anterior) e (44) 313-1253 (número posterior), cuja posse detinha em razão do cargo, linha esta instalada na delegacia de Polícia de Santa Inês, com extensão em sua residência, tendo efetuado e permitido que fossem realizadas diversas ligações telefônicas para fins particulares e alheias aos interesses da Polícia Civil, inclusive para outras unidades da Federação. Assim fazendo, apropriou-se e permitiu o desvio, em proveito próprio e alheio, mediante continuidade delitiva, de energia de valor (sinal telefônico), causando prejuízos ao erário público estadual.

Mencionada sentença foi confirmada pelo Egrégio

Tribunal de Justiça, tendo o acórdão transitado em julgado, conforme se verifica às fls. 271/279 dos autos de Inquérito Civil em apenso.

Desse modo, tendo em vista que um dos efeitos

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secundários da sentença penal condenatória é a reparação do dano decorrente do ilícito praticado, imperiosa é a obrigação do requerido de devolver aos cofres públicos a importância da qual indevidamente se locupletou.

Cumpre destacar que a presente ação de

liquidação por arbitramento é adequada, haja vista que o título judicial, embora certo e exigível, carece de liquidez, pois não fez a determinação de todos os contornos da condenação, sendo necessária a apuração do ‘quantum debeatur’ para a promoção da ação de execução, sendo que a presente ação será guiada por elementos já constantes nos autos, em observância ao disposto nos artigos 475-A e 475-C do CPC, com redação que lhes foi dada pela Lei 11.232/2005, assim dispondo respectivamente:

Art. 475-A - Quando a sentença não determinar o valor devido, procede-se à sua liquidação. Art. 475-C - Far-se-á a liquidação por arbitramento quando: (...) II - o exigir a natureza do objeto da liquidação. Ressalte-se, por oportuno, que a liquidação na modalidade de arbitramento não impede que o requerido, durante esse processo, demonstre que parte das ligações telefônicas constantes das faturas encartadas aos autos, foi feita no interesse do serviço público, caso em que serão oportunamente excluídas do cálculo final pelo perito a ser nomeado pelo Juízo. Nada impede, porém, que no curso do processo, venha a se converter o rito para a liquidação por artigos, caso se entenda que a prova a ser feita durante sua instrução, diz respeito a fato novo.

De outra banda, não se pode esquecer que uma sentença, ainda que ilíquida, pode colocar o seu beneficiário numa situação de privilégio, protegendo o resultado útil do processo. Neste aspecto, aquele que detém a seu favor uma sentença condenatória, ainda que ilíquida, pode perfeitamente pedir que se constitua hipoteca judiciária incidente sobre o patrimônio do seu devedor, conforme o disposto no paragrafo único, inciso I, do artigo 466 do CPC:

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Art. 466 CPC - A sentença que condenar o réu no pagamento de uma prestação, consistente em dinheiro ou em coisa, valerá como título constitutivo de hipoteca judiciária, cuja inscrição será ordenada pelo juiz na forma prescrita na Lei de Registros Públicos. Parágrafo único. A sentença condenatória produz a hipoteca judiciária: I - embora a condenação seja genérica.

Deste modo, pelas razões expendidas, deve ser acolhido integralmente os fundamentos de fato e de direito acima delineados, instaurando-se o presente processo, observando-se as regras atinentes ao objeto proposto. III - DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer o Ministério Público: a) seja a presente recebida como Ação para

Liquidação de Sentença, por Arbitramento, processando-se na forma do artigo 475-A a 475-H do Código de Processo Civil;

b) a citação do requerido, para os termos da

presente ação; c) a constituição de hipoteca judiciária sobre o

patrimônio do requerido, determinando-se a expedição de ofício ao Cartório de Registro de Imóveis desta Comarca, para que, em havendo bens em nome deste, proceda a anotação da medida judicial aqui pleiteada, procedendo-se também, via sistema Renajud, a anotação de restrição sobre veículos em nome do requerido junto ao Detran/PR;

d) seja deferida a juntada aos autos de todas as peças que compõem o inquérito civil público nº MPPR-0040.13.000061-1, em apenso;

e) ao final, seja prolatada sentença fixando o ‘quantum debeatur’, de forma a permitir o início da execução forçada.

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Protesta-se provar o alegado por todos os meios em direito admitidos, especialmente a juntada de novos documentos que se fizerem necessários.

Dá-se a causa, para efeitos meramente fiscais, o

valor de R$ 678,00 (seiscentos e setenta e oito reais).

Termos em que, Pede deferimento.

Colorado, 05 de abril de 2013.

WILSON EUCLIDES GUAZZI MASSALI Promotor de Justiça