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Ministério Público do Estado de Goiás
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ...... VARA CÍVEL DA COMARCA DE GOIÁS - GO
O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS, no
exercício das atribuições do artigo 129 - III da Constituição Federal, na
defesa do meio ambiente, patrimônio histórico, artístico, cultural e dos
interesses sociais e individuais indisponíveis, vem, com base nos artigos
127, 129 - III e IX, 216 – V, § 1º e § 4º da Constituição Federal, e na Lei nº
7.347/85 (LACP), propor
AÇÃO CIVIL PÚBLICA(com pedido de liminar)
em desfavor do MUNICÍPIO DE GOIÁS, pessoa jurídica de direito público,
com sede na Praça da Bandeira, nº 01 – Centro – Goiás/GO, na pessoa
de seu representante legal o Prefeito Boadyr Veloso,
SAMUEL FLEURY DE PASSOS, brasileiro, casado, comerciante, residente e
domiciliado na Praça Vinícius Fleury, s/n, Cidade de Goiás,
GERALDINO F. DE PASSOS, brasileiro, casado, fazendeiro, residente e
domiciliado em Jussara-GO;
ACP RIO VERMELHO.doc
Ministério Público
ESPÓLIO DE OVÍDIO SABINO DE PASSOS representado por OVÍDIO
SABINO DE PASSOS FILHO, residente e domiciliado na cidade de Goiás/
GO;
GEORGIANE P. BRITO OLIVEIRA e ELISEU ANTONIO BRITO OLIVEIRA,
casados, brasileiros, comerciantes, residentes e domiciliados na Rua
Joaquim Rodrigues, nº 06, centro, cidade de Goiás;
CELY COELHO PELLES, brasileira, viúva, comerciante, residente e
domiciliada na cidade de Goiás/GO;
ALBERICO FERREIRA DA SILVA FILHO e sua mulher ANADETE PERES
FERREIRA, brasileiros, casados, comerciante e do lar, residentes e
domiciliados na Cidade de Goiás;
JOSÉ DOS REIS FARIA, brasileiro, eletricista de auto, solteiro, residente e
domiciliado na cidade de Goiás/GO;
ALBERICO FERREIRA DA SILVA, brasileiro, comerciante, casado, residente
e domiciliado na Av. Dom Prudência, nº 14, Centro, na cidade de
Goiás/GO;
MARIA BÁRBARA ROSÁRIO F. DE PASSOS, brasileira, casada, do lar,
residente e domiciliada na Avenida Dom Prudêncio, nº 17, Centro,
cidade de Goiás/GO;
DIOMAR FLEURY PASSOS e OLGA BERQUÓ DE PASSOS, brasileiros,
casados, aposentado e funcionária pública, residentes e domiciliados
na Rua Dr. Joaquim Rodrigues, nº 04, cidade de Goiás/GO;
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ADINAIR ALCÂNTARA DE ALMEIDA, brasileiro, comerciante, separado
judicialmente, residente e domiciliado na Praça Vinicius Fleury, s/n,
cidade de Goiás/GO;
JOÃO LUIZ GOMES FILHO, brasileiro, separado judicialmente, empresário,
residente e domiciliado na cidade de Goiás, pelas razões de fato e
fundamentos jurídicos a seguir expostos.
A presente ação tem por objeto a demolição de prédios
em ruínas – condenados e situados em área de risco --, que estão a
causar sérios prejuízos ao meio ambiente, ao patrimônio, histórico,
artístico e cultural e à segurança, saúde e bem-estar das pessoas.
DOS FATOS
A cidade de Goiás nasceu e se desenvolveu às margens
da Avenida Rio Vermelho, e seu patrimônio histórico, cultural e artístico
foi reconhecido pela UNESCO como Patrimônio Mundial.
Em 31dezembro de 2001, uma enchente de proporções
catastróficas, atingiu o Município e, precipuamente, o seu centro
histórico, causando danos significativos às suas pontes históricas, parte
de seu calçamento, cais, alguns imóveis comerciais, diversas casas e
casarões, etc.
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Na ocasião, foi decretado, motivadamente, estado de
calamidade pública – posteriormente prorrogado -- na cidade de Goiás
(Decretos nº 291/01 e 06/02 – docs. 01 e 02).
A par da elevada precipitação pluviométrica, fatores
outros -- causados preponderantemente pela ação do homem --
provocaram a enchente: aterro e construções às margens do rio,
transformando o seu curso natural, deficiência da rede coletora de
águas pluviais, aumento da pavimentação de ruas, impermeabilização
dos fundos dos quintais, falta de drenagem e limpeza dos rios (cf.
Relatório preliminar de danos e necessidades ocasionados pela
enchente no Município de Goiás – doc. 03).
Tais fatores ainda persistem quase na sua totalidade.
Pior: alguns dos prédios atingidos pela enchente às margens do rio
Vermelho – que ameaçam ruínas e não possuem qualquer valor
histórico, artístico ou cultural e, portanto, não prescindem de
restauração --, estão a agravar a situação, já extremamente
preocupante. A saber:
SETOR – SANTANA – CENTRO QD. 05
Av. Dom Prudêncio, s/n, sendo o lote 01, da Qd. 05, setor 001,
cadastrado em nome de Ovídio Sabino dos Passos;
Av. Dom Prudêncio. n.º 08,09 e 10, sendo lote 002 Qd. 05, setor 001,
cadastrado em nome de Georgiane P. Brito Oliveira ;
Av. Dom Prudêncio. nº 11, sendo o lote 03, da Qd. 05, setor 001,
cadastrado em nome de Cely Coelho Pelles;
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Av. Dom Prudêncio. n.º 12, sendo o lote 04, da Qd. 05, setor 001,
cadastrado em nome de Alberico Ferreira da Silva Filho.
SETOR SANTANA – CENTRO QD. 06
Praça Vinícius Fleury, s/n, sendo o lote 01, da Qd. 06, setor 001,
cadastrado em nome de José dos Reis Faria;
Praça Vinícius Fleury, n. 06, sendo o lote 02, da Qd. 06, setor 001,
cadastrado em nome de Alberico Ferreira da Silva;
Praça Vinícius Fleury, s/n., sendo o lote 03, da Qd. 06, setor 001,
cadastrado em nome de Maria Bárbara Rosário F. dos Passos;
Praça Vinícius Fleury, s/n, sendo o lote 004, da Qd. 06, setor 001,
cadastrado em nome de Samuel e Geraldino F. de Passos;
Praça Vinícius Fleury, n. 19, sendo o lote 005, da Qd. 06, setor 001,
cadastrado em nome de Diomar Fleury de Passos;
Rua Leite de Moraes, sendo o lote 006, da Qd. 06, setor 001, cadastrado
em nome de Adinair de Alcântara Almeida;
Rua Leite de Moraes, sendo o lote 008, da Qd. 06, setor 001, cadastrado
em nome de João Luiz Gomes Filho.
Destarte, é expressiva a probabilidade desses imóveis
em ruínas serem a causa preponderante ou catalisadora de desastres
em proporções equivalentes àquele ocorrido em dezembro/01,
constituindo, assim, uma série ameaça ao patrimônio cultural, histórico e
artístico e aos transeuntes.
Fartos, substanciosos e conclusivos laudos técnicos e
pareceres, elaborados por qualificados profissionais, demonstram, de
forma inequívoca, que os aludidos bens, objetos da pretensa
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demolição, estão em ruínas, a merecer medidas emergenciais e
acautelatórias. Senão vejamos:
O laudo técnico nº 001/2002 da Diretoria Estadual de
Defesa Civil, datado de três dias após a enchente (02.01.2002), assim
discorreu sobre o lamentável ocorrido (enchente) e suas conseqüentes
mediatas e imediatas: “1.CONSIDERAÇÕES GERAIS
Considerando as vistorias realizadas por esta Diretoria de Defesa Civil em toda área afetada pelo evento adverso (incremento de precipitações hídricas), bem como pelos técnicos da Prefeitura Municipal de Goiás, da AGETOP, do IPHAN, da Agência Ambiental, da SANEAGO, da CELG e da BRASIL TELECOM, e, tendo em vista origem do desaStre, sua evolução e sua intensidade, verificando ainda a situação existente e suas possíveis consequencias para o meio ambiente e para a população, bem como as ações de resposta e reconstrução desenvolvidas na área afetada, os dados levantados e registrados, as análises efetuadas e a urgência de mobilização dos Governos da Cidade de Goiás, dos órgãos afins ao Sistema Estadual de Defesa Civil e, no intuito e minimizar em caráter de urgência e emergência, os efeitos decorrentes do evento adverso e consequente destruição, total e parcial das edificações e do sistema básico de atendimento à população, esta Diretoria entende que a decretação de Estado de Calamidade Pública, às margens do Rio Vermelho, e em seus afluentes, foi mais coerente possível, tendo em vista o valor histórico e cultural que a maioria destas edificações representam a toda humanidade, bem como o risco iminente aos munícipes vilaboenses.
2. DESCRIÇÃO DA ÁREA AFETADAA extensão da área afetada na Zona Urbana,
localiza-se às margens do Rio Vermelho, compreendendo desde o Clube da Carioca até o antigo Matadouro Municipal, numa extensão aproximada de 2.000m. neste trecho de 119 edificações (residenciais e comerciais) foram danificadas. Foram também afetadas
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04 (quatro) pontes e 01 (uma) passarela, sendo 03 (três) totalmente destruídas, incluindo a passarela e 02 (duas) parcialmente. As redes de distribuição elétrica, de saneamento básico e de telefonia foram bastante afetadas, principalmente a rede subterrânea. A Prefeitura Municipal, o Colégio Estadual Alcide Jube, o Banco de Sangue Santa Rita e o Hospital de Caridade São Pedro de Alcântara foram bastante afetados, comprometendo o atendimento ao público. A área comercial localizada abaixo do Mercado Municipal e às margens do referido rio, foi totalmente destruída, sendo que os imóveis localizados na Praça do Mercado antigo, representam perigo iminente a toda população. Na área rural foram afetadas 13 (treze) pontes, sendo 03 (três) totalmente e 10 (dez) parcialmente destruídas.
3. CAUSAS DO DESASTREa Causa principal: incremento das precipitações hídricasb Causas secundárias: rede coletora de águas pluviais altamente deficientes (canaletas revestidas de pedras e galerias de madeira), principalmente a que está localizada na parte alta da cidade; sensível aumento da pavimentação das ruas; impermeabilização dos fundos de quintais; falta de drenagem e limpeza do rio; construção de aterros e edificações nas margens do Rio Vermelho, modificando o seu curso natural e consequente estreitamento na superfície do escamento.
4. CLASSIFICAÇÃO GERAL DO DESASTREQuanto à origem: Natural;Quanto à evolução: Crônica;Quanto à intensidade de Grande Porte
5. AVALIAÇÃO DOS DANOS E PREJUÍZOSA avaliação dos danos e prejuízos está disposta nos
itens de 6 a 10 do Formulário de Avaliação de Danos e Prejuízos – AVADAN, em anexo.
6. MEDIDAS PREVENTIVAS A SEREM ADOTADASNo intuito de minimizar futuros riscos e danos para o
meio ambiente e para a população, sugerimos, em caráter de urgência e emergência, tendo em vista o que consta na letra b, do item 3, deste Laudo, que sejam adotadas as seguintes medidas:
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a. Estruturais – Transferência dos postos de gasolina (localizados em frente ao Teatro São Joaquim e a Praça do Mercado); retirada das edificações construídas sobre o aterro, bem como a remoção do mesmo (aterro localizado às margens do Rio Vermelho entre a Av. Sebastião Fleury Curado e Rua Leite de Morais, em frente a Praça da Rodoviária antiga); melhoria na rede coletora de águas pluviais e nas obras de drenagem e limpeza do rio e outras julgadas pelo corpo técnico do Poder Público.b. Não estruturais – Conscientização e motivação por meio de programas junto à população fixa e flutuante e não jogar lixo no rio e nas redes coletoras de águas pluviais, evitar desmatamento em suas margens e impermeabilização de quintais e outras julgadas pertinentes pelo corpo técnico do Poder Público.
CONCLUSÃODo acima exposto e de toda a documentação
anexa, conclui-se como desastre de evolução crônica, com previsão de elevadas despesas ao Poder Público e com tendências para agravamento progressivo, podendo ser de caráter irreversível ou de recuperação muito difícil, tendo em vista a incapacidade do município em arcar com todos os danos e prejuízos causados pelo desastre, pelo que esta Diretoria sugere a HOMOLOGAÇÃO, pelo Excelentíssimo Senhor Governador do Estado, do Decreto Municipal 291/01, datado de 31 de Dezembro de 2001” (doc. 04).
Ainda a DEFESA CIVIL, em relatório de Avaliação de
Danos, ao descrever a área afetada pela enchente, afirma
taxativamente que:
“A área comercial localizada abaixo do Mercado Municipal e às margens do referido rio, foi totalmente destruída, sendo que os imóveis localizados na Praça do Mercado antigo representam perigo iminente a toda população, sendo necessário um estudo sobre sua reconstrução, tendo em vista que essas edificações foram executadas em área aterrada, que altera o curso natural do Rio vermelho.” (doc. 05)
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No mesmo sentido, o LAUDO TÉCNICO N.º 001/2002 do
Departamento de Infra-Estrutura e Urbanismo:“1.CONSIDERAÇÕES GERAIS
Tendo em vista a gravidade da situação e o caráter emergencial das soluções requeridas, e, após a análise dos laudos emitidos pêlos demais órgãos, dentro de sua competência e abrangência, bem como as recomendações enfática expostas, principalmente pela Defesa Civil, e no intuito de nortear as ações de acordo com as normas do Plano Diretor do município e a implantação do projeto Monumenta, este departamento foca sua análise em uma área específica do centro urbano, considerando, além da emergência, a importância da mesma na solução de problemas estruturais, urbanísticos, econômicos e sociais.
2.OBJETO DA ANÁLISECompreende todo o conjunto de edificações, de uso
comercial, sendo 04 de grande porte e 10 de pequeno porte, situada no entorno da praça do mercado, à Av. Sebastião Fleury, margeando o Rio Vermelho, numa extensão aproximada de 400 mts.
3.CARACTERÍSTICAS DO OBJETODe pequeno porte – possuem arquitetura simples, com uso de materiais e técnicas convencionais – paredes de alvenaria, estrutura e cobertura em madeira e telha colonial.De grande porte – galpões convencionais com técnicas e materiais modernos, como o concreto armado e o metal.“É importante ressaltar, que este conjunto, além de ferir a paisagem urbana, não possui relevância dentro do contexto do Patrimônio Histórico”.
4.JUSTIFICATIVAA área em questão, foi erguida sobre um aterro e este,
por sua vez, construído sobre uma pedreira que delimita a calha natural do Rio Vermelho, provocando um afunilamento do mesmo e, consequentemente, criando uma barreira que obstrui o fluxo natural das águas, transformando-se, assim, numa das principais causas do desastre, levando ao colapso, bens móveis e imóveis, a
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infra estrutura urbana e a ordem social e econômica da comunidade.
5. AVALIAÇÃODos Bens Imóveis – 14 estabelecimentos comerciais totalmente destruídosDos Bens Móveis – Perda TotalDa Infra Estrutura – Perda TotalDa Malha Viária – Parcialmente danificadaDo Meio Ambiente – AgredidoDa Paisagem Urbana – Alterada
6. RECOMENDAÇÕESAs catástrofes provocadas pela natureza deixam rastros de destruição e perdas, mas, trazem consigo, ensinamentos e oportunidades para a correção de erros, que apesar da urgência, devem ser feitos com critério, legalidade, bom-senso e recursos.Desta forma, baseado nestas três premissas, sugerimos a adoção imediata das Medidas Preventivas recomendadas pela Defesa Civil, em conformidade com o Plano Diretor, Lei Municipal n.º 206 de 29 de agosto de 1996.
(...)CONCLUSÃODiante da gravidade dos problemas causados, do impacto sofrido pela comunidade e pelo poder público, com vistas a perdas irreversíveis, concluímos que, todos e laudos e pareceres emitidos, são unânimes e apontam para a mesma direção as ações a serem adotadas:- Transferência dos postos de gasolina;- Retirada das edificações construídas sobre o aterro, bem como, a retirada do mesmo;Diante da oportunidade que ora se apresenta, deve-se fazer uso das prerrogativas do Plano Diretor Municipal”(doc. 06).
Essa precária, preocupante e lastimável situação
deploravelmente ainda perdura. Novo PARECER TÉCNICO (N.º 016/2002)
da DEFESA CIVIL, de forma inequívoca e em harmonia com o anterior,
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nos demonstra o estado de ruínas que se encontram os imóveis e os
sérios riscos que estão a causar: “1. FINALIDADE:
Informar ao Sr. TC QOBM Diretor de Defesa Civil, sobre vistoria realizada nas edificações situadas à Av. Dom Prudêncio no setor Central da Cidade de Goiás-GO, (próximo ao Mercado Municipal, entre a Rua dos Bancários e a Rua Padre Luiz Gonzaga).
2.SOLICITAÇÃO:A Secretaria Municipal de Saúde da Cidade de Goiás-
GO, solicita Parecer Técnico desta Diretoria, acerca da ocupação irregular das edificações situadas à Avenida Dom Prudêncio (próximo ao Mercado Municipal), argumentando oferecer risco as pessoas, conforme Ofício n.º 354/02, datado de 09/08/2002 e devidamente assinado pelo Dr. Boadir Pires Veloso, Secretário de Saúde do Município.
3. SITUAÇÃO:As edificações situadas à Av. Dom Prudêncio, no setor
Central da Cidade de Goiás-GO (próximo ao Mercado Municipal), foram atingidas na enchente ocorrida no dia 31 de dezembro de 2001, conforme constam no Laudo Técnico n.º 001/2002 e no formulário de Avaliação de Danos (AVADAN), datados de 02 de janeiro de 2002, procedidos por esta Diretoria de Defesa Civil.
4. LEVANTAMENTO NO LOCAL:A equipe da Diretoria de Defesa Civil, composta pelo
Cap BM Luiz Renato Piloto Lopes (Subdiretor) e pelo 1º Tenente Glaydson Silva Pereira (Chefe da Seção de Planejamento), vistoriaram as referidas edificações, constatando que algumas pessoas estão frequentando de forma irregular a área mencionada, pois apresentam as seguintes condições fisicas/estruturais:A) PISO – Nos pisos verifica-se a existência de erosões e
crateras (espaços vazios) entre o piso de alvenaria e o solo mineral, diminuindo desta forma a resistência de sustentação não só do próprio piso, mas também dos pilares, paredes e telhados.
B) PILARES/COLUNAS – Os pilares encontram-se com algumas bases de sustentação descobertas ficando com suas sapatas suspensas (aéreas) algumas
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colunas apresentam várias deformidades mecânicas, causadas por transferência (deslocamento) de forças dos pilares danificados.
C) PAREDES – Verifica-se que as paredes que ainda permanecem erguidas, (“em pé”), encontram-se abaladas, onde se observa, queda de reboco, rachaduras e deformidades mecânicas.
D) COBERTURA/TELHADO – Observa-se que foram danificadas partes das estruturas do telhado (treliças), vindo a desabar uma parte e desestruturar todo o restante, tendo ainda como agravante as alterações físicas do piso, paredes, e pilares, citadas anteriormente.
5. CONCLUSÃO:Após consulta de documentos anteriores e avaliação
mediante vistoria feita “in loco”, bem como da análise das características estruturais verificadas, somos de parecer, que as edificações localizadas à Av. Dom Prudêncio (próximas ao Mercado Municipal, entre as Rua dos Bancários e a Rua Padre Luiz Gonzaga, na margem esquerda do Rio Vermelho), Setor Central do Município da Cidade de Goiás-Go., (conforme mapa de situação em anexo), não oferecem condições de segurança para habitação e/ou ocupação, encontrando-se em situação de eminente risco de desabamentos, devendo ser adotado como medida preventiva e cautelar de segurança a demolição das edificações”. (doc. 07)
Se não bastasse, o Relatório 003/03, também da DEFESA
CIVIL, ao considerar a área de risco, complementa a descrição da
fatídica situação dos imóveis a serem demolidos:“REFERÊNCIA: Determinação da Diretoria de Defesa Civil.INTERESSADOS: Coordenadoria Estadual de Defesa Civil, Prefeitura Municipal da Cidade de Goiás, Ministério Público, Câmara Municipal de Goiás, Moradores das Áreas de Risco e etc.ASSUNTO: Elevação das águas do Rio Vermelho, por ocasião de incremento de precipitação hídrica, ocorrido na cidade de Goiás, no dia 04 de abril de 2003, no período compreendido entre as 20:00hs e às 01:00hs do dia 05 de abril de 2003.
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1. FINALIDADE:Levar ao conhecimento dos interessados a ocorrência
de elevação das águas do Rio Vermelho, em 2003, por ocasião de forte incremento de precipitação hídrica, ocorrido no área urbana do município e na zona rural (a montante) da cidade, ou seja, na nascente do Rio Vermelho.
2. SITUAÇÃO:A Cidade de Goiás, apesar de ter reconstruído parte
dos imóveis e pontes destruídos pela enchente ocorrida no dia 31/12/2001, não adotou medidas estruturais visando o controle de futuras enchentes.Diante dessa situação, bastou uma chuva mais intensa, para que tivéssemos um alerta quanto ao nível das águas do Rio Vermelho, as quais chegaram a passar sobre a ponte do Carmo, chegando a jogar água fora de sua caixa, na (fundos do quintal da casa de Cora Coralina).
A Diretoria de Defesa Civil através do Laudo Técnico n.º 001/2002 e dos Pareceres Técnicos n.º 013 e 016/2002, catalogou 119 edificações (residências e comerciais) que situam-se na área de risco das margens urbanas do Rio Vermelho, compreendendo desde o Clube da Carioca até o Antigo Matadouro Municipal, numa extensão aproximada de 2.000m.
A COMDEC, por sua vez, catalogou as residências que ficam em área de risco das encostas dos morros da Cidade de Goiás, num total de 18 (dezoito) casas, conforme anexo I (Planilha de Área de Risco no Município de Goiás), e agora diante dessa nova ocorrência, o 8.º SGI manteve sua equipe em estado de alerta, chegando a ponto de termos que transferir uma família, que continuava ocupando um imóvel na área de risco (próximo ao Matadouro Municipal), a qual retornou a moradia após o evento, alegando não ter onde ficar, apesar da Prefeitura ter se comprometido em alugar uma casa para ela até a solução definitiva.
3. OBJETIVO:Tal levantamento tem o escopo de alertar as
autoridades responsáveis que o problema ainda persiste e que a qualquer momento poderemos ter uma nova enchente na Cidade de Goiás, dependendo única e
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exclusivamente de uma maior precipitação hídrica no município, o que poderá acarretar danos na área tombada e nos prédios reconstruídos após o evento do dia 31/12/2001.
Essa insegurança causada pelo risco de nova destruição de parte do Patrimônio Mundial, pelo evento enchente, mostra quão vulnerável estamos e a necessidade de que o Poder Público tome medidas urgentes, visando preservar o Patrimônio Cultural, os bens particulares e a acima de tudo a integridade física dos moradores ribeirinhos .
4. CONCLUSÃO:Diante do curto espaço de tempo que a chuva
durou e diante do encharcamento do solo, diminuindo sensivelmente sua capacidade de absorção de águas pluviais, e das características de relevo da região e ainda diante da forma de ocupação da margem urbana do Rio Vermelho, podemos e devemos estar preparados para, a qualquer momento, termos uma nova enchente na Cidade de Goiás.
Torna-se necessário a adoção de medidas estruturais, tendo em vista o grande volume de água que chega a cidade nos momentos de chuva, com o objetivo de facilitar o escoamento do rio, bem como a canalização da rede de água pluvial para fora do Centro Histórico, o que obviamente demanda recursos substanciais, os quais o município talvez não disponibilize, sendo necessário recorrer as esferas estaduais e federais” (doc. 08).
Em arremate, e em completa consonância e sintonia
com os laudos anteriores, o Relatório da Delegacia Estadual do Meio
Ambiente e Costumes – DEMA:
“(...)houve destruição parcial e total de algumas edificações (residenciais e comerciais). A área comercial (mercearia, selaria, farmácia, artesanato, borracharia, restaurante, casa de produtos agropecuários, etc.), construída abaixo do mercado municipal e em área de preservação permanente (margem do rio) e ainda em aterro. Construção de gargalo, conforme mostra foto (...) O rio Vermelho teve o seu curso natural modificado com
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estreitamento para sua vazão e ele agora está buscando o seu antigo leito”.
Por fim, a DEMA, ao elencar as causas da enchente
menciona, dentre outros fatores, “represamento a jusante da ponte, isto
se deve ao fato do vão existente sob a ponte não ter capacidade para
escoar toda a água. Ocorrendo o desmoronamento da ponte e
dependendo da quantidade de água represada ‘tragédias’ podem vir a
acontecer ” . E recomenda como medidas preventivas, “Respeitar as
ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE (...) Quanto as CONSTRUÇÕES
IRREGULARES, também precisarão se adequarem às normas ambientais
(...) Assim, entendemos que aquelas construções comerciais que foram
destruídas, as edificações executadas sobre o aterro, as que invadiram
o leito original do rio Vermelho, sempre representarão risco real a sua
gente, nesse sentido, somos contrário à reconstruções nessas áreas”.
(doc. 09).
Diante desse contexto, o Doutor Jorge Campana,
engenheiro do IPHAN, emitiu parecer em 14/01/02, concluindo:
“Assim sendo, somos favoráveis a desapropriação do conjunto e a reurbanização do trecho resultante de forma a recuperar, não somente o aspecto visual tão importante ao conjunto arquitetônico tombado, mas também, eliminar a ocupação da área de risco” (doc. 10).
Em suma: todos os laudos técnicos (Defesa Civil, IPHAN,
CREA, Prefeitura, etc.) são harmônicos e uníssonos em recomendar a
demolição dos prédios em ruínas, cujas estruturas foram condenadas, e
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a revitalização da área de risco. Aliás, nesse particular, acertadamente
asseverou o Ministério Público Federal (Of. PRDC/nº 1330/2003):
“A permanência desta estrutura nos moldes atuais, sem qualquer isolamento, está a colocar vidas humanas em risco (...) Exsurge ainda questão ambiental, posto que o muro de tijolinhos que está ligado à estrutura danificada (foto nº 03) contribui para o represamento e estrangulamento do rio, o que em períodos chuvosos causa o retorno das águas devido à diminuição do escoamento e põe em risco o centro da cidade e seu habitantes.”(doc. 11).
A despeito de tantos e tão contundentes laudos técnicos,
relatórios, pareceres, nada foi feito até o presente momento. Urge,
portanto, que seja determinada a imediata demolição dos prédios que
ameaçam ruína relacionados nessa exordial, bem como do muro
acima mencionado que está a contribuir para o represamento e
“estrangulamento” do rio.
DA NECESSIDADE/OBRIGATORIEDADE DE DEMOLIÇÃO IMEDIATA DOS
PRÉDIOS EM RUÍNAS A BEM DO INTERESSE PÚBLICO, DA COLETIVIDADE E
DO PATRIMÔNIO CULTURAL, HISTÓRICO E ARTÍSTICO
Diz o art. 216 da Constituição Federal;
“Constituem patrimônio cultural
brasileiro os bens de natureza material e imaterial,
tomados individualmente ou em conjunto, portadores de
referência à identidade, à ação, à memória dos
diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos
quais se incluem:
(...)
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V – os conjuntos urbanos e sítios de valor
histórico, paisagístico, artístico, arqueológico,
paleontológico, ecológico e científico.
§1º O poder público, com a
colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o
patrimônio cultural brasileiro, por meio de inventários,
registros, vigilância, tombamento e desapropriação, e de
outras formas de acautelamento e preservação.
(...)
§ 4º Os danos e ameaças ao patrimônio
cultural serão punidos, na forma da lei.”
O interesse tutelado é, portanto, conforme restou
exacerbadamente demonstrado, por excelência, difuso. E a legislação
impõe a obrigatoriedade de demolição a todo imóvel que ameace
ruína, impondo ao proprietário, ainda, a responsabilidade por perdas e
danos.
O proprietário ou o possuidor de um prédio tem o dever
de fazer cessar as interferências prejudiciais à segurança, ao sossego e
à saúde da comunidade, em razão do uso nocivo de sua propriedade
ou posse, mormente, quando há patente violação a comandos
normativos de ordem constitucional, tais como, função social da
propriedade e preservação do patrimônio histórico, artístico e cultural.
O princípio dominante, nesta matéria, há de ser a
conciliação dos interesses, que muitas vezes se obtém, como no
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presente caso, impondo a uma das partes um sacrifício a ser suportado
em benefício da harmonia social e do interesse público.
Segundo os laudos da Defesa Civil, a enchente ocorrida
em Goiás foi um desastre de evolução crônica, com previsão de
elevadas despesas ao poder público e com tendências para
agravamento progressivo podendo ser de caráter irreversível ou de
recuperação muito difícil.
Dessa forma, não resta outra alternativa que a
demolição dos prédios em ruínas, condenados pela Defesa Civil, e
situados em área considerada de risco. Ademais, trata-se de fato
público e notório o mau uso da propriedade – utilizada com ponto de
tráfico/uso de entorpecentes, banheiro público, ponto de moto-taxi,
etc. – colocando em sério risco a segurança, a saúde, e o bem-estar
das pessoas.
Por outro lado, denota-se dos laudos carreados aos
presentes autos que os prédios em ruínas no lugar em que se encontram
situados são, frise-se, uma grave ameaça ao meio ambiente e, em
especial, ao patrimônio histórico, artístico e cultural.
O Plano Diretor do Município (Lei nº 206/96) nos dá conta
de que a área objeto da presente quoestio faz parte do conjunto
arquitetônico e urbanístico da Cidade de Goiás e impõe a sua
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recuperação, bem como a demolição na hipótese de construções
irregulares.
Não restando dúvidas sobre o uso nocivo da
propriedade, que se dá pela inobservância da legislação e dos
regulamentos administrativos que subordinam as edificações a
exigências técnicas, ambientais, sanitárias e estéticas, os infratores,
ressaltamos mais uma vez, estão sujeitos a perdas e danos, além da
demolição das obras.
A situação se torna mais preocupante se atentarmos
para o fato de que se inicia o FICA aumentando significativamente o
fluxo de pessoas (turistas em geral) para a cidade. Os prédios
ameaçados de ruínas continuam a provocar temor nos transeuntes,
sem que qualquer providência por parte dos proprietários tenha sido
tomada, em detrimento do meio ambiente, do patrimônio histórico, da
coletividade, da probidade da Administração e do princípio
constitucional da prevenção.
DA NECESSIDADE DA MEDIDA LIMINAR
A permanência de prédios em ruínas pode trazer danos
ao meio ambiente, ao patrimônio cultural, artístico e histórico e à
sociedade. As edificações, as quais pretende-se demolir, não escapam
deste perverso axioma - uma série de ofensas terá sido, e segue sendo,
podendo potencializar os danos.
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Ministério Público
A exposição dos danos acarretados seguirá exposta
considerando-se, de início, o meio ambiente; em seguida, dir-se-á dos
impactos nocivos ao patrimônio histórico. Vale lembrar que ambos
interesses merecem expressa proteção, na forma dos artigos 216 e 225
da Constituição Federal.
Como mostram os fatos e os laudos ora relatados, os danos
causados pelos réus não podem ser sequer aquilatados, visto que se
trata de uma verdadeira investida contra o meio ambiente natural e
cultural. Tem, aqui, extrema pertinência o princípio da precaução.
Os danos que se avizinham são de caráter irreversível. Assim,
a concessão MEDIDA LIMINAR é imprescindível para que cessem os
danos e não acarrete maiores prejuízos ao meio ambiente e à
coletividade.
O artigo 12 da Lei nº 7.347/85, que contempla um
procedimento especial, estabelece que é permitido ao Juiz o poder de
conceder, sem justificação prévia, MEDIDA LIMINAR, onde lhe é
permitido ainda cominar multa para o descumprimento (artigo 12,
parágrafo 2º), cuja exigência, no entanto, fica condicionada ao trânsito
em julgado da decisão final.
Trata-se de verdadeira medida antecipatória do
provimento do mérito, tal qual nas liminares de procedimento especial,
e não mera providência cautelar, perfeitamente possível, compatível e
autorizada por lei, podendo ser concedida nos próprios autos da ação
civil pública (cf. RTJ - JESP 113/312).
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Ministério Público
O que tem perfeita aplicabilidade ao caso em questão,
pois, a demolição imediata dos prédios que ameaçam ruína é a única
forma real de se garantir a incolumidade dos transeuntes e a proteção
do patrimônio histórico.
Para tanto, bastam a presença do fumus boni juris e do
periculum in mora, além da caracterização de possíveis danos
irreparáveis ou de difícil reparação ao meio ambiente, ao patrimônio
histórico e às pessoas, ou que mereçam a imediata ação do Poder
Judiciário.
O fumus boni juris está materializado nos fundamentos de
direito expostos, e precipuamente, nos laudos conclusivos, que
demonstram de forma inequívoca a ameaça de ruína dos prédios e a
área de risco onde se encontram.
Já o periculum in mora traduz-se nos danos irreversíveis que
os prédios em ruína possam causar, principalmente em caso de uma
nova enchente: meio ambiente, patrimônio histórico, saúde, segurança
e bem-estar das pessoas.
O perigo da demora em uma situação como esta eqüivale,
nas palavras emprestadas do Promotor Jacson Correa 1:
“(...) além do respaldo à própria ilegalidade, a um verdadeiro estímulo à destruição da natureza, permitindo também que persistam as reiteradas agressões à saúde humana, provocando por si só a irreparabilidade do dano face a impossibilidade de mensurá-lo concreta suficientemente, uma vez que o meio ambiente sadio, e
1 Revista de Direito Ambiental - Ed. Revista dos Tribunais nº 1 - p. 277
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Ministério Público
por conta disso toda a natureza representam um patrimônio que pertence a todos, indistintamente”.
Portanto, além de cabível, a concessão da liminar mostra-
se verdadeira medida de Justiça Social. Já a denegação da liminar, de
certo, representaria a submissão do interesse público ao interesse
privado e a sujeição da dignidade humana a interesses menos nobres.
Isso posto, conclui-se que a concessão da liminar ora
reclamada encontra respaldo no perigo de dano que a demora
representaria para o patrimônio histórico e a saúde e qualidade de vida
da coletividade, e ainda se funda em princípio do Direito Ambiental,
que exige a cautela em favor do meio ambiente toda vez que sua
preservação esteja sendo ameaçada, sobretudo, com implicações
para a vida, a saúde e o bem estar.
Assim, o Ministério Público requer, aos termos do artigo 12
da Lei n º 7.347/85, a concessão de MEDIDA LIMINAR, inaudita altera
pars, consistente na ordem aos réus (pessoas físicas e Espólio) para
procederem a imediata demolição, no prazo máximo e improrrogável
de 48 (quarenta e oito) horas, dos prédios que ameaçam ruína e
situados em área imprópria e de risco e do muro que está a contribuir
para o represamento e “estrangulamento” do rio, sob pena do
pagamento de multa no valor de trinta mil reais por dia, cominada, nos
termos do Art. 11, da Lei de Ação Civil Pública.
Requer, ainda, nos mesmos termos do artigo 12 da Lei nº
7.347/85, a concessão de MEDIDA LIMINAR, inaudita altera pars,
consistente na ordem ao MUNICÍPIO DE GOIÁS para que, não cumprido
o prazo anterior (48 horas) dado aos demais réus, incontinenti proceda
a imediata demolição dos aludidos prédios que ameaçam ruína,
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Ministério Público
inclusive do muro situado no leito do rio vermelho, também sob pena de
pagamento de multa diária a ser cominada, nos termos do 11, da Lei
de Ação Civil Pública.
É razoável e pertinente que a Sub-regional do IPHAN
com sede nessa cidade, seja cientificado da propositura da presente
demanda, o que desde já se requer, para acompanhar a demolição
ora almejada, bem como seja determinada a apreensão e de depósito
dos materiais e produtos retirados em razão da demolição.
DOS PEDIDOS
Diante do exposto, requer o Ministério Público,
havendo substanciosa adequação entre o fato e o direito:
I - Seja a presente ação recebida, autuada e
processada na forma e no rito preconizado;
II - A concessão initio litis da LIMINAR, na forma
requerida;
III – Digne-se sejam os réus citados, se for o caso
através de Mandado e Carta Precatória, para, querendo, virem
responder aos termos da presente ação no prazo legal, sob pena de
aplicação dos consectários jurídicos legais da revelia, o que desde já
requer, produzindo as provas que porventura possuir, acompanhando-a
até final julgamento, facultando ao Oficial de Justiça para a
comunicação processual, a permissão estampada no artigo 172, § 2°,
do Código de Processo Civil;
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IV - a procedência in totum dos pedidos liminares e
da ação proposta, com o julgamento definitivo de modo a satisfazer
todos os objetivos expostos na presente peça vestibular inicial, em
especial, quanto ao mérito, sejam condenados os Requeridos a:
a) OBRIGAÇÀO DE FAZER consistente em demolir os prédios e demais
construções que ameaçam ruína, devidamente relacionados nessa
exordial, com a estipulação de preceito cominatório, no caso de
descumprimento, no valor de R$ 30.000,00 (trinta mil reais) ;
b) OBRIGAÇÃO DE NAÒ FAZER consistente em abster-se de instalar ou
construir qualquer obra, na área considerada de risco e sobre as quais
se situam os prédios que ameaçam ruína, sem a consulta e aprovação
prévia do IPHAN;
b) Apreensão e de depósito dos materiais e produtos retirados em razão
da demolição;
V – A publicação de Edital para dar conhecimento a
terceiros interessados e à coletividade.
VI - Requer e protesta, ainda, provar o alegado por
qualquer meio de prova admitida em direito, máxime provas
testemunhais, periciais e documentais, e, inclusive pelo depoimento
pessoal dos Requeridos, pleiteando desde já a juntada dos documentos
anexos que fazem parte do conjunto probatório.
VII - Protesta-se, ainda, por eventual emenda,
retificação e/ou complementação da presente exordial, caso
necessário.
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VIII – Sejam condenadas os réus ao pagamento da
custas e demais cominações legais.
Dá-se à causa o valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais),
para efeitos legais e fiscais.
Termos em que, Pede deferimento.
Goiás-GO, 10 de junho de 2003.
Alencar José VitalPromotor de Justiça
Ricardo Rangel de AndradePromotor de Justiça
(Coordenador do CAO de Defesa do Meio Ambiente)
Marcus Antônio Ferreira AlvesPromotor de Justiça
(Coordenador do CAO de Defesa do Cidadão)
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