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inove já! 42 TEXTO DE ANGELA MIGUEL CAPA INOVAÇÃO Um dos principais fatores de competitividade e sobrevivência das micro e pequenas empresas, a inovação é a menina dos olhos dos empreendedores bem-sucedidos no Brasil e mundo afora. É hora de criar algo novo, revolucionar processos e desenvolver a cultura de inovação em sua empresa. Está esperando o quê? Saia da acomodação, pense fora da caixa e surpreenda!

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inove já!42

TEXTO DE ANGELA MIGUEL

CAPA INOVAÇÃO

EVITE CÓPIAS Einove já!CÓPIAS Einove já!

EVITE CÓPIAS E

EVITE

Um dos principais fatores de competitividade e sobrevivência das micro e pequenas

empresas, a inovação é a menina dos olhos dos empreendedores bem-sucedidos no Brasil e mundo afora. É hora de criar algo

novo, revolucionar processos e desenvolver a cultura de inovação em sua empresa. Está

esperando o quê? Saia da acomodação, pense fora da caixa e surpreenda!

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ão há dúvidas de que a força motriz das startups e peque-nas empresas bem-sucedi-das é a inovação. A estraté-

gia é essencial para que esses negócios sobrevivam em um mercado altamente competitivo e para que se tornem ren-táveis. Para praticar a inovação em qual-quer empreitada não é necessário fa-zer grandes investimentos, mas ter uma equipe focada na criatividade, na busca por soluções novas e que possua capaci-dade de execução.

De acordo com um mapeamento reali zado em 2013 pelo Serviços Brasilei-

ro de Apoio às Micro e Pequenas Empre-sas (Sebrae) com 34 mil empresas, os bra-sileiros têm se dedicado cada vez mais à geração de ações ou produtos inovado-res. Naquele ano, mais de 85 mil ações de inovação foram criadas. Desse total, 54% decidiram investir na criação de produ-tos, formas de fabricação ou de distribui-ção de bens e novos meios de prestação de serviços. O estudo ainda indicou que das medidas inovadoras implementa-das nas empresas, 14% estavam ligadas à produtividade, 10% à qualidade e outros 9% com medidas relacionadas à tecnolo-gia da informação.

A inovação tem sido uma peça tão fun-damental no sucesso e na sobrevivência das empresas que se tornou interesse de negócios fora do empreendedorismo. Segundo uma pesquisa feita pela Con-federação Nacional da Indústria (CNI) em 2015, das 100 empresas pesquisadas,

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57% pretendem aumentar os inves-timentos em inovação nos próximos cinco anos. Ela tem sido vista como vantagem competitiva para as indús-trias e também uma das maneiras de buscarem a diversificação de atuação em tempos de crise. Das companhias pesquisadas, 54% investem até 3% do orçamento em inovação e 28% apli-cam 5% ou mais.

Contudo, apesar de a estratégia ter sua importância reconhecida, muitos empreendedores não sabem identificar ideias inovadoras, uma vez que o mercado em geral costu-ma apontar que o Brasil importa ou copia o que é feito lá fora, que pouco é criado no País. Mas será que a má-xima "nada se cria, tudo se copia" é uma verdade em terras tupiniquins? Ou o brasileiro possui em seu DNA uma inquietude necessária para ge-rar inovações? A Gestão&Negócios conversou com especialistas na área e com donos de empresas considera-das inovadoras para entender como é possível incentivar a inovação no País e se há uma receita para alcançar so-luções novas para os consumidores brasileiros. Confira!

O QUE É INOVAÇÃO?Muitas vezes, o conceito de ino-

vação é ligado somente à tecnolo-gia, o que se mostra um erro comum. Inovar significa pensar fora da cai-xa, criar uma solução nova ou ape-nas melhorar algo que já existe e que pode ser feito de maneira diferente, mais eficiente e produtiva.

Ter uma ideia inédita ou revolu-cionar algum processo são exemplos de inovação - e é possível ter suces-so em ambos. "A inovação vai além de novas tecnologias. Ela pode ser aplicada a um produto já existente ou mesmo na melhoria de processos. Essa visão ampla é fundamental. Do ponto de vista das PMEs, a inovação garante competitividade e maior ha-bilidade para passar por momentos de incerteza. A capacidade de inovar depende basicamente do quanto es-

Criada em 1999, em Belo Horizonte, a Solides destacou-se por trazer uma ideia inovadora ao Brasil ao mapear o perfil comportamental das pessoas e, por meio do principal produto da companhia, o Profiler, auxiliar na seleção, na gestão e no aprimoramento dos recursos humanos. Isso significa que um candidato responde a algumas questões para uma vaga em potencial e essas respostas são encaminhadas a gestores. A metodologia do Profiler aponta mais de 50 informações diferentes sobre o avaliado e possui assertividade de 97,9% em sua análise de profissionais.

CEO e cofundadora da Solides, Mônica Hauck conta que seu sócio, Alessandro Garcia, teve contato com essa tecnologia na adolescência, quando precisava descobrir suas aptidões para o ramo profissional. Com a ajuda de um sistema semelhante, sua vida se transformou. "Quando começamos o desenvolvimento do Profiler, só existiam concorrentes estrangeiros que cobravam uma fortuna por cada teste realizado, o que impedia o acesso de todos os profissionais. Achei isso injusto e excludente, afinal, todos em uma empresa devem ser mapeados e têm direito a uma gestão que os faça crescer e desenvolver todo o seu potencial, e não somente diretores e gerentes", lembra ela.

Assim nasceu a ferramenta 100% nacional e adaptada ao contexto brasileiro, ao alcance de todos. Para fundar a Solides, os sócios investiram R$800 mil de capital próprio e assumiram o desafio de abrir algo novo, inovador, mas sem experiência. O início foi duro, mas a expectativa é que a companhia cresça em média 75% nos próximos cinco anos. São mais de 30 mil clientes atendidos no País e mais de 1.600 usuários ativos dos softwares. Mônica conta que a empresa já registra comercialização e utilização das ferramentas Solides nos Estados Unidos,

Bolívia, Angola, Argentina, Colômbia, Paraguai, Portugal e Espanha.

Mônica conta que são 16 pessoas no time com vínculo direto e contam com consultores, desenvolvedores e pesquisadores que trabalham produzindo e distribuindo tecnologia Solides. Desde o início, desenvolveram um padrão de gestão diferente, que valoriza os funcionários e principalmente as mulheres. As políticas foram sendo construídas a partir do consenso. "O que é bom para mim tem que ser bom para todos. Criamos uma atmosfera diferente, na qual a empresa não tivesse cargos hierárquicos, que fosse mais dinâmica, aberta e participativa. Muitos me consideram louca por adotar tal postura em uma empresa de pequeno porte, mas eu sempre digo que somos uma grande empresa presa, temporariamente, em um pequeno porte", conta ela.

Neste ano, a Solides participou da primeira edição brasileira do Startup Next, programa de pré-aceleração que oferecia mentoria e treinamento para startups do Google. A experiência deu segurança e embasamento para que a companhia tomasse decisões importantes, como optar pela pivotagem do modelo comercial neste ano.

Quanto à inovação, Mônica acredita que é uma das poucas coisas certas da vida e que as de sucesso são aquelas que resolvem grandes problemas ou necessidades humanas. "Acho que o verdadeiro inovador é aquele que reconhece esta natureza mutável do mundo e canaliza para o melhor, para melhorar a vida das pessoas. Quer inovar? Aprenda a ler o ser humano e suas necessidades e desejos. Quer empreender? Seja resistente e automotivado. Acostume-se com o 'Não' e com o fracasso. Gosto de risco e de trabalhar sob pressão, mas, acima de tudo, sou curiosa e gosto de aprender coisas novas sempre. Essas características me ajudam a empreender", finaliza.

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se ponto permeia a cultura empresarial. Se for um aspecto forte da cultura do ne-gócio, ela será bem trabalhada em seu sentido amplo, garantindo diferencia-ção e competitividade", opina o sócio--diretor da TMG Estratégia – Consultoria em governança corporativa – e professor da Trevisan Escola de Negócios, Rafael S. Mingone.

Portanto, há a inovação disrupti-va, muitas vezes associada à tecnologia emergente, que muda radicalmente os modelos atuais e impõe novos modelos aos negócios, gerando novos produtos e serviços. Mas há também, como explica o coordenador do curso de administra-ção da FIAP e professor de Empreende-dorismo, Inovação e Gestão Estratégica, Cláudio Carvajal, a chamada inovação incremental, "que pode ser obtida tam-bém por meio da melhoria de processos, produtos e serviços já existentes, e ainda mudanças na estratégia de negócios, co-mo promoções de marketing e alcance de novos mercados".

Nesse caso, as pequenas empresas costumam largar na frente das grandes, uma vez que ainda não estão amarradas a modelos de gestão que podem impedi--las de inovar. Assim, as pequenas podem configurar seu próprio modelo de gestão com a inovação em seu DNA. A certeza, para micro ou grandes negócios, é que a inovação está diretamente ligada à tría-de "tentar, errar e aprender". Para isso, o empreendedor e a equipe precisam es-tar abertos para discutir ideias aparen-temente bobas ou loucas, testá-las de al-guma maneira e aprender, mesmo se elas derem errado. O espaço para tentativa e erro precisa estar sempre aberto.

Existe hoje nas empresas uma forte aversão ao risco. Isso poderia ser chama-do de cultural, mas é na verdade a cren-ça que compartilhamos no ambiente de trabalho e de negócios nos últimos 30 anos. Ou seja, banir os riscos a qualquer custo. Por outro lado, não há inovação sem uma parcela de risco. Assim sendo, quando banimos o risco, banimos jun-tos a inovação. "É preciso realizar um recondicionamento do olhar e passar a enxergar os riscos não mais como riscos,

mas como desafios. Mudar o palavreado já é uma pontinha da mudança cultural e devemos começar já", decreta o sócio--diretor da Pieracciani Desenvolvimento de Empresas, escritor e um dos grandes especialistas em inovação no País, Valter Pieracciani.

INOVAR NO BRASILMas será que o Brasil é um país que

permite essa "tentativa e erro"? Para o professor da Trevisan, Rafael Mingone, "no Brasil, entendo que temos em nosso DNA a criatividade, a inovação e a capaci-dade de buscar alternativas para enfren-tar momentos de incerteza. O que nos falta é capacidade de execução e alter-nativas viáveis de crescimento em longo prazo. Nosso maior desafio é aumentar a produtividade para sermos competitivos em relação a outros países".

Ainda que o Brasil seja reconhecido como um grande celeiro de empreende-dores inovadores, há muito para ser me-lhorado quando são feitas comparações com os Estados Unidos, a Alemanha, o Japão e outros países. Para Pieracciani, isso não significa que a inovação que se faz no País é menos importante do que a realizada em outros locais. "Somos cra-ques em desenvolvimento, experimenta-ção, engenharia e adaptação de produtos à realidade específica do mercado brasi-leiro. Tudo isso deveria ser valorizado e incentivado, mas lamentavelmente ve-mos o contrário. Haja vista recentes mu-danças na forma de classificar projetos que marcaram a Lei do Bem. Apenas cer-ca de mil empresas do total de empresas no Brasil se declaram inovadoras usan-do esses incentivos. Esse número irá cair vertiginosamente se nada for feito para readequar os incentivos à realidade da inovação brasileira", afirma o escritor.

As barreiras que impedem o aumento de negócios inovadores têm diminuído na última década, especialmente com o crescimento do número de empreende-dores no País, mas ainda há uma cultu-ra tradicional que resiste ao desenvolvi-mento de ambientes favoráveis à estraté-gia, o que deve continuar mudando nos próximos anos. Espera-se a melhoria no incentivo ao empreendedorismo e uma maior integração entre empresas, uni-versidades, centros de pesquisa e insti-tuições de fomento à inovação.

O sócio-consultor da Corall – consul-toria de inovação em gestão, e especia-lista em transformação organizacional e gestão de pessoas –, Vicente Gomes,

"Somos craques em

desenvolvimento, experimentação,

engenharia e adaptação de produtos à realidade

específica do mercado brasileiro. Tudo isso deveria ser valorizado e

incentivado, mas lamentavelmente vemos o contrário"

VALTER PIERACCIANI, ESPECIALISTA EM INOVAÇÃO

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Empresário, consultor, pesquisador e escritor. Valter Pieracciani é especialista em

modelos inovadores de gestão e já dirigiu mais de 500 projetos em companhias-líderes

como Nestlé, Ambev, Tetrapak, Pirelli e Avon, dentre outras. Atua como gestor de startup e recuperação de empresas.

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diz que dentre os desafios para a inova-ção no País estão também a qualidade da educação dos empreendedores e a ativa-ção das linhas de financiamento para pesquisa. "Mas o mais impactante para superar esses desafios seria mudar a for-ma de pensar sobre como empreender, com que propósito se faz isso e como se organizar para que a inovação faça parte do DNA da empresa, criando assim uma cultura de inovação e processos de pla-nejamento, organização e governança que fomentem a autonomia, a confiança dentro e fora da empresa e o espírito em-preendedor em toda a equipe. Isso aju-daria muito a aumentar não somente a inovação, mas também a produtividade das empresas no Brasil, porque as pes-soas dariam tudo de si em um ambiente assim", opina Gomes.

COPIAR OU CRIAR DO ZEROCom tantos desafios para o incentivo

à inovação no País, os brasileiros acabam buscando inspiração de negócios inova-dores em fontes internacionais. Será que essa estratégia funciona ou mostra que aqueles que copiam estão sendo pou-co criativos e estarão fadados ao fracas-so? De acordo com os especialistas, ape-sar de essa ser uma questão frequente no mundo dos negócios, a replicação de ideias é natural, mas deve sempre ter al-go de inovação embutido.

Um dos exemplos citados é o pró-prio Facebook, iniciado após o sucesso de outras redes sociais, mas que conse-guiu inovar a respeito da interação entre pessoas."A ideia da rede social não era inovadora. Mas como fazer uma rede so-cial foi extremamente inovador no Face-book. Essa de 'nada se cria, tudo se copia' pode até ser uma boa desculpa para os acomodados, para quem procura uma zo-na de conforto observando a inovação da concorrência para seguir as tendências. Mas temos centenas de exemplos de em-presas que se acomodaram dessa maneira e que não estão mais no mercado", aponta o professor da FIAP, Cláudio Carvajal.

Copiar também é inovar. Os Estados Unidos fizeram isso depois da segunda grande guerra. O Japão fez isso nos anos

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1970 e a China vem dando essa lição nos últimos 15 anos. "Partir de um determi-nado produto criando um novo, melhor, mais rápido e mais barato é inovação e não temos que ter vergonha disso", opi-na Valter Pieracciani.

Segundo Fabio Betti, no universo dos consultores brasileiros, são raras as vezes em que se ouve a frase "nada se cria, tudo se copia". "Vemos muito mais empreendedores querendo en-contrar o seu próprio caminho, identi-ficando o que melhor funciona para a sua empresa. E, mesmo que o bench­marking ainda seja uma prática larga-mente utilizada, nosso papel é o de aju-dar os líderes a entenderem que o que funcionou para uma determinada em-presa pode não funcionar para a sua. Por outro lado, se o outro ousou ino-var, colheu bons frutos e se tornou uma empresa admirável por causa disso, en-tão pode ser uma baita inspiração para você também criar sua própria história de inovação", conclui o sócio da Corall.

Para aqueles que tiveram uma ideia inédita, mas não sabem se ela é realmen-te inovadora, Pieracciani diz que é preci-so responder a três perguntas essenciais:

1. em que medida esse novo produto/serviço nos diferencia no mercado?

2. essa diferenciação é realmente vista como valiosa para o cliente?

3. quais mercados não estão sendo abastecidos ou quais seríamos ca-pazes de abastecer com esses no-vos produtos/serviços?

Além disso, há ferramentas existentes no mercado que ajudam o empreende-dor a validar sua ideia, como o Business ModelCanxas e o Design Thinking.

É bom pesquisar; as informações es-tão muito disponíveis hoje em dia graças a instrumentos de busca na Internet. Ou-tra forma muito importante é conversar com as partes interessadas (clientes, for-necedores, comunidade, colaboradores) para checar se e como as ideias inovado-ras vão criar impacto positivo na vida de-las. Como essa inovação vai melhorar a vida dessas pessoas, que aspecto da sua vida vai melhorar? Quanto mais inédito e impactante, maior o nível de inovação, na opinião de Vicente Gomes.

VOCÊ É INOVADOR?Por muitos, o empreendedor que ino-

"Essa de 'nada se cria, tudo se copia' pode até

ser uma boa desculpa para os

acomodados, para quem procura uma zona de conforto

observando a inovação da concorrência

para seguir as tendências"

CLÁUDIO CARVAJAL, PROFESSOR DA FIAP

Cláudio Carvajal é Mestre em Tecnologia em Gestão de Serviços (CEETEPS), MBA Executivo Internacional pela Universidade da Califórnia (UC, EUA), Bacharel em Administração, Pós-

Graduado em Administração pela EAESP-FGV e, além de lecionar disciplinas como

Empreendedorismo, Planejamento Estratégico e Gestão financeira em cursos de pós-graduação

e graduação, é coordenador do curso de Administração da FIAP.

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Depois de montar uma agência de comunicação que levou seu nome à Infracommerce – especializada em comércio eletrônico –, o jovem Francisco Forbes viu a chance de fundar uma empresa focada na inteligência de dados de consumo no mercado de varejo tradicional, a Seed Digital. Aberta em 2014, a companhia busca fornecer dados precisos de hábitos de consumo que possibilitem o cruzamento de informações para a tomada de decisões estratégias e mensuração da eficiência do investimento em comunicação.

A Seed ficou encubada por cerca de um ano e meio, quando foram testadas diversas soluções para definir o produto que atendesse à realidade e às condicionantes de infraestrutura do varejo. "Depois de quase dez anos de trabalho no varejo digital, identifiquei que as métricas utilizadas para a gestão on-line não eram realidade no mundo físico. Ferramentas como o “Google Analytics”, que permitem saber quantas pessoas entraram no seu site, por quanto tempo ficaram em cada página, onde estão conectadas, faixa etária etc., não existiam quando aplicadas à realidade de uma loja física ou de um shopping center", conta Forbes.

Assim, a Seed usa sensores como laser e biometria, além de outras tecnologias, para entender a movimentação das pessoas e seus perfis dentro das lojas em shopping, cruzando dados e determinando seus padrões de compra. Os sistemas monitoram compras feitas, ticket médio e fluxo de pessoas e carros. Posteriormente, os dados podem ser acompanhados em tempo real pelas empresas e são atualizados a cada 60 segundos. Para

que a Seed acontecesse, Forbes e seu sócio, Sidnei Raulino, contaram com R$10 milhões dos fundos RIGI Ventures e UniquePartners. A expectativa é faturar R$4,5 milhões em 2015.

A companhia possui 40 colaboradores diretos e mais 30 indiretos, sendo que está dividida em duas unidades de negócio, uma no Brasil, com estrutura de operação, comercial e inteligência, e outra na Finlândia, onde toda a tecnologia é desenvolvida. O Brasil é visto como um grande celeiro de oportunidades de negócios, uma vez que o mercado em que a Seed está inserida ainda é inexplorado por aqui, já que o mercado de mídia não possui nenhuma ferramenta para monitorar o desempenho de espaços e anúncios off-line.

Um dos principais setores de investimento da companhia é o de shopping centers, carente de tecnologias que permitem medir o volume de acessos e gerar dados que possam valorizar lojas. "Acredito que negócios inovadores e criativos não precisam ser sinônimo de diversão e post-its coloridos colados na parede. Inovação não é um processo artístico que depende de um dom ou que pode ser estimulado com grupos e figuras geométricas. A verdadeira inovação nasce do entendimento do problema em sua essência. O primeiro ponto é encontrar um problema para ser resolvido; depois analisar as soluções que existem ou já foram pensadas sobre o tema, para então pensar com base nessas informações. Muitos entendem esse processo inverso; uma grande ideia aparece e depois é pensada a aplicação. É 90% pesquisa e 10% criação", opina o empreendedor.

ENTENDENDO O COMPORTAMENTO

va pode ser visto como um sonha-dor, um pouco fora da realidade, mas essa sua esperança é o que lhe dá impulso para o sucesso. O ino-vador de verdade não tem medo do risco, ele sabe que a competitivida-de está ligada sempre ao risco e que o fracasso é algo possível. Para Pie-racciani, o empreendedor inovador possui quatro características ou ati-tudes essenciais: grande sensibilida-de para enxergar detalhes e circuns-tâncias que passam despercebidas pela maioria, capacidade de sonhar e de criar soluções inéditas, acredi-tar no novo e arriscar e transformar toda ideia em realidade, fazer a ino-vação acontecer. Esse empreende-dor é o grande agente da mudança.

Segundo o sócio da Corall, Fabio Betti, antes de qualquer coisa, em-preendedores inovadores são pesso-as que invertem a lógica do ver para crer. Eles acreditam tanto em sua capacidade de transformar o mun-do que simplesmente fazem acon-tecer. São pessoas de alto nível de resiliência, entendem que a inova-ção é um processo de tentativa e er-ro e que um mais um é mais do que dois, por isso, desenvolvem habi-lidades para trabalhar em equipe e buscam construir times mais diver-sos possíveis. Como trabalho e vida pessoal se misturam, não são afeitos a convenções, buscando contratos de trabalho mais abertos e flexíveis. Sabem combinar muito bem curio-sidade e assertividade. Escutam mais do que falam. Encaram o pla-nejamento como algo vivo, que ser-ve para começar um novo empreen-dimento, mas que, certamente será ajustado muitas e muitas vezes ao longo do caminho.

EQUIPE EM SINTONIACriar ou desenvolver uma ideia

inovadora não depende apenas de um em preendedor ou de um líder que pensa fora da caixa. Claro que ele é responsável por criar e propagar uma cultura de inovação com exem-

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Empreendedor serial há dez anos, organizador do 1º Startup Weekend em uma favela no mundo e vice-presidente da Associação Brasileira de Startups (ABStartups), Amure Pinho sempre teve a veia empreendedora pulsante e decidiu abrir o próprio negócio ao finalizar a universidade, fundando uma empresa de softwares. Investidor-anjo de diversas startups brasileiras e mentor em programas de aceleração variados, Pinho fala sobre a inovação nas empresas embrionárias, trazendo sua visão como também curador de empreendedorismo da Campus Party.

Gestão&Negócios: Para a ABStartups, que está em constante contato com os novos empreendedores, quais características são comuns aos empreendedores inovadores?

Amure Pinho: Não dá para criar um perfil único do que é um empreendedor inovador, mas em linha geral é aquele que pensa grande. A gente costuma falar que pensar pequeno e pensar grande dá o mesmo esforço. Então pensar grande é imaginar o seu negócio mudando a forma como se vive o dia a dia, resolvendo um problema de verdade. Eles são habilidosos em vender um sonho. É por isso que eles conseguem montar grandes times, um empreendedor inovador não inova sozinho e não desiste à medida que os problemas vão aparecendo. Uma startup encara problemas todos os dias, é uma verdadeira montanha-russa de emoção. Em um dia você recebe uma notícia boa e no outro já precisa resolver um grande problema. Principalmente os inovadores que são verdadeiras máquinas de entrega, produção e foco, saindo do papel e partindo para o resultado.

G&N: A frase "nada se cria, tudo se copia" também vale para o empreendedorismo? Ou é desculpa para empreendedores enferrujados?

AP: Se a gente entender que copiar é aprender com os erros e acertos de outras empresas, sim, a máxima vale. Uma das coisas que a gente mais fala para uma startup enxuta é construir, medir e aprender. Assim, você pode

poupar alguns esforços, aprendendo com o que foi construído e medido por outras pessoas. Você pode copiar melhores práticas com empresas que são bem-sucedidas. Copiar e colar não funciona, o empreendedor vai sempre ouvir o mercado, olhar referências, mas vai depender de adaptar aquilo à realidade do cliente e do negócio dele. Eu não acho que é uma desculpa, eu acho que a inovação parte de um problema e de um desafio, mas muitas vezes seguir uma referência é ganhar tempo e não copiar.

G&N: Quais conselhos você pode dar para o empreendedor que vê a inovação como algo inalcançável?

AP: É importante a gente entender que a inovação não é uma maçã que cai da árvore ou uma lâmpada que acende. Inovação é uma coisa que você persegue a cada dia, resolvendo um problema por dia, com um passo de cada vez e quando percebe que passou um ano de experimentos todos os dias, aí sim você vê o quanto inovador foi e o momento em que você se encontra atualmente. Nenhuma startup de sucesso deu certo da noite para o dia, essas grandes inovações passaram por processos demorados de experimentos, testes e erros. Eu acho que para criar uma startup diferenciada, eles precisam olhar para dentro e olhar para os problemas que eles vivenciam, não existe problema melhor para resolver do que aquele que você viveu, é daí que vem a grande inovação.

G&N: De que maneira os empresários podem estimular a cultura da inovação em seus pequenos negócios?

AP: É muito normal os empresários perderem um pouco de inovação em suas empresas e não terem a cultura de inovação no dia a dia. O dia a dia da rotina do trabalho não ajuda na inovação. Uma maneira muito eficaz de ajudar nisso é você dedicar um dia ou uma tarde para a liberdade de criar coisas diferentes. Você sai do seu ambiente de trabalho e parte para um ambiente de inovação de descontração, em que cada funcionário pode trazer uma ideia diferente e produzir. É um dia livre e inovação coletiva.

BATE-PAPOCOM QUEM ENTENDE

plos e atitudes, aprendendo com os erros e incentivando formas diferen-tes de fazer as coisas. Porém, ele pre-cisa também estar cercado de pessoas de confiança que pensam da mesma maneira que ele, que sejam inquietos e ajudem na propagação de uma cul-tura de inovação. Assim, o momento da contratação é extremamente im-portante para que a startup seja bem--sucedida nesse campo.

A primeira característica que a empresa deve procurar é um pro-fissional que tenha o mesmo pensa-mento a respeito de mudanças, que deseje criar soluções para proble-mas reais e que esteja disposto a ex-plorar toda sua criatividade. "Con-tratar talentos é fundamental para o sucesso de qualquer organização, assim como a contratação de pes-soas com perfil empreendedor. Esse profissional, quando atua dentro de uma organização, pode desenvolver projetos de forma intraempreende-dora, trazendo ótimos resultados. É o colaborador que pensa como do-no da empresa, buscando inova-ção como uma forma de criar novas oportunidades de negócios", afirma Cláudio Carvajal.

Outra atenção importante a ser dada no ato da contratação é a con-fiabilidade. Geralmente, startups inovadoras trabalham com ideias inéditas, e o compartilhamento de sugestões deve fluir livremente. Isso significa que o vazamento de infor-mações pode causar sério compro-metimento na empreitada. A confia-bilidade ainda é essencial para au-mentar a capacidade de inovação da organização, uma vez que a troca e as sugestões de ideias podem acon-tecer sem preconceito e sem amar-ras. Esse fator permite que as pesso-as falem e sejam ouvidas sem medo, uma vez que a inovação só acontece diante de tentativa e erro.

Um ambiente construído em ci-ma de confiança interna (colabo-radores) e externa (clientes, forne-

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cedores e universidades, por exem-plo) fazem com que os funcionários queiram contribuir para a melhoria da empresa. A cadeia de supermer-cados saudáveis norte-americana Wholefoods faz isso. Existe uma de-claração de interdependência na empresa, o que significa se colo-car no mundo no mesmo patamar que todas as suas partes interessa-das e criar uma relação de confian-ça. "Com essa relação estabelecida e pautada na confiança, as ideias fluem mais facilmente e rapidamen-te entre esses agentes econômicos, facilitando as transações de troca de valor e de inovação", exemplifica o especialista em gestão de pessoas da Corall, Vicente Gomes.

É importante também que o empreen dedor entenda qual é a his-tória daquele candidato e o que ele espera da trajetória profissional e até pessoal. Pequenas empresas são en-caradas por muitos como uma no-va família, visto que a cooperação e a dedicação são diferenciais para o funcionamento do negócio. O ali-nhamento de expectativas e de ob-jetivos entre empreendedor e futu-ro empregado pode ser determinan-te para a motivação de uma equipe, a superação dos desafios diários e a escalabilidade da empreitada.

Entretanto, como lembra o profes-sor da Trevisan Escola de Negócios, de nada adianta ter alguém em sua equipe com espírito empreendedor se não há capacidade de execução e transformação das ideias em realida-de. "Acho fundamental encontrar no futuro funcionário uma certa postu-ra de pensar sobre o que está fazen-do. Foco e capacidade de execução têm que vir juntos com a inovação. Em todas as áreas, níveis, processos e equipes, uma pergunta deve ser fei-ta todo dia: "como podemos fazer is-so melhor?". E para o sucesso dessa postura, deve-se encontrar formas de medir os resultados e criar meca-nismos de recompensa para quem

A empresa Nubank desponta como uma das empresas de tecnologia mais inovadoras (da América Latina) ao vencer o Annual Awards Gala, da Latam Founders, por criar uma alternativa para que os brasileiros possam gerir seus gastos em uma interface 100% digital. Isso significa que o Nubank oferece um cartão de crédito MasterCard Platinum internacional sem nenhuma tarifa ou anuidade e com as menores taxas de juros, que pode ser controlado totalmente via smartphone. Usando o aplicativo Nubank, disponível para iOS e Android, o cliente completa o processo inicial de cadastro, ativa sua conta, bloqueia e desbloqueia cartões, visualiza compras em tempo real, gera boletos para pagamento de faturas e ajusta limite dos cartões de crédito.

O Nubank é formado por um time global de engenheiros, desenvolvedores e designers inconformados por natureza. A ideia de criar o Nubank surgiu da enorme oportunidade observada no setor de serviços financeiros. Trabalhando no Brasil pela Sequoia Capital, David Vélez (fundador e CEO do Nubank) viu que consumidores brasileiros sentem uma frustração frequente com seus bancos, sem entender as tarifas cobradas e sem querer utilizar as agências. Ele também percebeu que o Brasil tem uma população muito jovem e completamente ligada à tecnologia, e ainda os juros mais altos do mundo em cartão de crédito. "Daí surgiu o Nubank, unindo uma visão de transparência, eficiência e simplicidade à paixão desses

consumidores jovens pela tecnologia", conta a cofundadora e VP de Produto, Marketing e Operações, Cristina Junqueira.

O Nubank contou com investimentos da Sequoia Capital e da Kaszek Ventures para expandir a base de usuários e de operações no Brasil. Mais de 200 mil pessoas pediram o cartão de crédito, mais de 780 mil compras em 74 países foram realizadas e a expectativa é que a empresa cresça em média 40% ao mês. Segundo Cristina, as maiores dificuldades para a abertura da empresa foram encontrar engenheiros e desenvolvedores competentes e enfrentar o mercado altamente regulamentado do governo brasileiro.

Atualmente, há aproximadamente 100 colaboradores que ocupam cargos variados, em uma estrutura horizontal composta por times autônomos. Cada time é responsável por tomar as suas decisões de priorização, pesar o que é mais importante para o negócio e decidir em qual direção devemos caminhar. "Para criar um negócio inovador, encontre um problema ou uma situação que afete várias pessoas e quebre a cabeça até achar uma solução para esse problema. Essa solução pode demorar para se tornar visível, mas vai ser muito mais valiosa do que reproduzir um produto ou ideia de outra pessoa. Criamos um ambiente de trabalho onde todos se sentem como donos da empresa e têm a autonomia para sugerir novos processos, ideias e produtos, assim estimulando a cultura de inovação e criação", aconselha Cristina.

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CAPA SOLUÇÕES

transforma uma ideia em realidade ino-vadora", pondera Rafael Mingone.

Para Vicente Gomes, a inquietude e o espírito empreendedor e inovador é bastante presente em boa parte das ge-rações mais novas. Para incentivar esse ambiente longe da acomodação, segun-do ele, o importante é que funcionários de outras gerações mantenham a curio-sidade em alta e o questionamento so-bre o que funciona e o que não funcio-na na empresa. Esse aprendizado e es-sa atitude observadora e questionadora são essenciais para o processo de inova-ção, implicando no desapego de velhas ideias e certezas.

ACELERADORAS EM FOCODe posse de uma iniciativa ino-

vadora, é comum que startups sonhem com investimentos ro-bustos para que a ideia saia do papel. As chamadas aceleradoras foram criadas para aumentar o impacto das melhores ideias, seja

em termos de escala ou de tempo. Elas são atraídas por boas ideias

e equipes prontas para traduzi-las em realidade. "Ideia boa todo mun-

“Empreendedores inovadores são pessoas que invertem a lógica do ver para crer. Eles acreditam tanto em sua capacidade de transformar o mundo que simplesmente fazem acontecer”FABIO BETTI,SÓCIO DA CORALL

do tem um dia. O que as aceleradoras buscam é capacidade de execução, fo-co, produtividade e aumento de escala", decreta Rafael Mingone.

Mas como atrair investimentos? Se-gundo Valter Pieracciani, o empreende-dor deve, antes de tudo, saber se seu pro-jeto é atraente para esse tipo de parceira. As aceleradoras procuram inovações que sejam realmente inéditas, radicais e que, portanto, não tenham concorrentes. Também buscam ideias rentáveis e que estejam dirigidas a mercados grandes. Se possível, mercados crescentes. E, final-mente, iniciativas que estejam sendo to-cadas por pessoas capazes e que acredi-tam no negócio.

Se sua empresa possui essas carac-terísticas, o passo seguinte é ter um bom pitch, isto é, "uma apresentação da ideia para investidores e potenciais clientes. Existem técnicas para elabo-ração e apresentação de ideias de ne-gócios que estão sendo muito utilizadas em competições para seleção de start­ups nas aceleradoras e outros players do meio empreendedor", aponta o pro-fessor de empreendedorismo da FIAP, Cláudio Carvajal.

VALORES E CRENÇAS

Pessoas em 1º lugar

Sem fronteiras (sistema aberto)

Experimentalismo

Flexibilidade

Errar é aprender

(Todos) somos capazes de conceber novos negócios

Acreditar - O Sucesso mora ao lado

Igualdade e comunicação

Saber / Ser capaz

Conhecimento como valor

Inovação

ATITUDES E RITUAIS QUE REFLETEM

Postura de RH difundida e forte

Antenados

Experimente sempre

Sim, tudo é possível

Lições aprendidas

Empreender

Oportunismo

Ambiente aberto

Fortes programas de capacitação

Gestão do conhecimento

Compromisso em mudar

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Precisa de garçons, alguém para cuidar dos cachorros ou limpar a casa? Basta entrar em contato com o Bicos OnLine, uma plataforma colaborativa de publicação e busca de serviços domésticos onde é possível encontrar e avaliar prestadores de serviço como diarista, pintor, eletricista, dogwalker, carreto e outros.

Já há opções disponíveis em mais de 20 cidades do Brasil, com destaque para as capitais São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre, Salvador e Fortaleza. "A ideia do Bicos aconteceu em 2014, estava em viagem no exterior e conheci um site americano com um posicionamento semelhante, adorei o formato e resolvi então adaptar essa ideia no Brasil, uma vez que esse assunto não está consolidado por aqui. Ainda vemos diariamente pessoas pedindo indicação de prestadores pelas redes sociais, esse foi um grande indicativo e acredito que podemos mudar esse hábito no médio e longo prazo com uma plataforma colaborativa", conta o publicitário e fundador da empresa, Marcos de Arruda Botelho.

O desafio foi baseado em três pilares: know how, investimento e gestão. O desafio é, claro, crescer a base de usuários e conquistar engajamento dentro da plataforma. A expectativa é que o negócio feche o primeiro ano de operação com R$1 milhão

de investimento entre tecnologia, marketing, equipe e estrutura. Em 2016, a empresa ainda pretende iniciar seu plano de internacionalização. "Conseguir investidores e novos rounds de investimento também não é tarefa fácil, sabemos de nossas limitações e por isso nosso business plan sempre foi muito detalhado por etapas, hoje temos total convicção para onde estamos indo e quanto precisamos para chegar lá. Hoje nossa base fica dentro da agência Urban Summer, temos dezenas de pessoas para trocar ideias e conhecimentos diariamente", completa Botelho.

São mais de 200 mil acessos desde a abertura, em aproximadamente cinco meses de funcionamento. A base contém 12 mil usuários cadastrados, sendo dez mil prestadores e dois mil usuários contratantes. Para Botelho, empreender no Brasil é um enorme desafio, pois é preciso lidar com todas as adversidades possíveis, mas ainda é um cenário amplo com oportunidades. "Para ser inovador e fundar algo inovador, não espere o momento ideal para lançar sua plataforma, crie um business plan sólido, entenda como escalar seu negócio, tente captar recursos com quem de fato vai poder contribuir com o seu negócio, motive sua equipe e invista em gestão. De nada adianta todo o esforço se não tiver uma boa gestão e controle absoluto do que está acontecendo e de como melhorar e crescer seu negócio dia a dia", conclui.

SERVIÇOS A JATO

"Mas o mais impactante para superar esses desafios seria mudar a forma de pensar sobre como empreender, com que propósito se faz isso e como se organizar para que a inovação faça parte do DNA da empresa"VICENTE GOMES, SÓCIO-CONSULTOR DA CORALL

Ainda que toda ideia inovadora seja de interesse das aceleradoras, há setores que costumam chamar mais atenção dessas empresas. Atualmente, os ramos da tecnologia e de serviços têm sacudi-do o mundo do empreendedorismo. O Uber, por exemplo, reinventou o serviço de táxi no mundo ao eliminar interme-diários e oferecer taxas mais baixas para corridas, contudo, tem causado polêmi-ca. O Airbnb, por sua vez, estruturou um mercado que não existia formalmente até então, permitindo que casas fossem oferecidas a turistas como hotéis.

Empresas de setores hipercompeti-tivos como os de tecnologia e produtos de consumo, por exemplo, são natural-mente mais inovadoras, simplesmen-te porque se elas pararem de reinventar o que fazem, ficam para trás e correm o risco de desaparecer. "Empresas que se posicionam sobre os novos estilos de vi-da e as novas demandas do consumidor do século 21 trazem a inovação no seu DNA e não apenas no produto", aponta o também sócio e consultor especializa-do em Comunicação de Liderança, Cul-tura de Diálogo e facilitação de processos de Inovação da Corall, Fabio Betti.

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