etiologia das adenomegalias na infância: análise de 137...

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Etiologia das adenomegalias na infância: análise de 137 casos do Ambulatório de Doenças Infecciosas e Parasitárias - Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira - Universidade Federal do Rio de Janeiro Maria Cláudia Chicarino Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Medicina (Doenças Infecciosas e Parasitárias), Faculdade de Medicina, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Medicina (Doenças Infecciosas e Parasitárias). Orientadora: Profª. Drª. Susie Andries Nogueira Rio de Janeiro Junho/2006

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Etiologia das adenomegalias na infância: análise de 137

casos do Ambulatório de Doenças Infecciosas e Parasitárias -

Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira -

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Maria Cláudia Chicarino

Dissertação de Mestrado apresentada ao

Programa de Pós-Graduação em Medicina

(Doenças Infecciosas e Parasitárias), Faculdade

de Medicina, da Universidade Federal do Rio de

Janeiro, como parte dos requisitos necessários à

obtenção do título de Mestre em Medicina

(Doenças Infecciosas e Parasitárias).

Orientadora: Profª. Drª. Susie Andries Nogueira

Rio de Janeiro

Junho/2006

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Chicarino, Maria Cláudia Etiologia das adenomegalias na infância: análise de 137 casos do Ambulatório de Doenças Infecciosas e Parasitárias / Maria Cláudia Chicarino. – Rio de Janeiro: UFRJ / Faculdade de Medicina, 2006. xiv, 125 f. : il. ; 31 cm. Orientador: Susie Andries Nogueira Dissertação (Mestrado) – UFRJ, Faculdade de Medicina, Programa de Pós-Graduação em Medicina (Doenças Infecciosas e Parasitárias), 2006. Referências Bibliográficas: f. 86-94 1. Doenças linfáticas – etiologia. 2. Doenças linfáticas – diagnóstico. 3. Doenças transmissíveis - complicações. 4. Doenças hematológicas – complicações. 5. Testes de química clínica. 6. Sintomas clínicos. 7. Diagnóstico diferencial. 8. Epidemiologia descritiva. 9. Estudos prospectivos. 10. Criança. 11. Medicina (Doenças Infecciosas e Parasitárias) – Tese. I. Nogueira, Susie Andries. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Faculdade de Medicina, Programa de Pós-Graduação em Medicina (Doenças Infecciosas e Parasitárias). III. Título.

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ETIOLOGIA DAS ADENOMEGALIAS NA INFÂNCIA: ANÁLISE DE 137

CASOS DO AMBULATÓRIO DE DOENÇAS INFECCIOSAS E

PARASITÁRIAS - INSTITUTO DE PUERICULTURA E PEDIATRIA

MARTAGÃO GESTEIRA - UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE

JANEIRO

Maria Cláudia Chicarino

Orientadora: Profª. Drª. Susie Andries Nogueira

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em

Medicina (Doenças Infecciosas e Parasitárias), Faculdade de Medicina, da

Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, como parte dos requisitos

necessários à obtenção do título de Mestre em Medicina (Doenças Infecciosas e

Parasitárias).

Aprovada por

__________________________________________ Presidente, Prof. Dr. Clemax Couto Sant’Anna

__________________________________________ Profª. Drª. Thalita Fernandes de Abreu

__________________________________________ Profª. Drª. Cristina Barroso Hofer

Rio de Janeiro

Junho/2006

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Ao Rui, pela paciência, dedicação, pelo ensinamento técnico, companheirismo e amor, do inicio à conclusão deste trabalho. Ao Ruy e Rodrigo, pela compreensão e carinho durante esta etapa. A vocês dedico este trabalho como exemplo de esforço e perseverança. A minha mãe, pelo constante estímulo, apoio emocional e confiança durante toda uma vida.

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AGRADECIMENTOS

À Susie Andries Nogueira, pela generosidade e confiança que depositou em

mim acreditando que seria capaz de realizar este trabalho. Obrigada pelos preciosos

ensinamentos de medicina e de vida.

À Thalita Fernandes de Abreu, pela amizade, apoio cientifico, incentivo e

imensurável ajuda em todos os momentos.

À Denise Cotrim, pela amizade sincera e companheirismo desde o início do

Curso de Especialização em DIP (quando decidimos fazer o Mestrado) e durante a

realização e conclusão deste trabalho.

À Ana Lucia, pelo estímulo, mesmo estando longe. Saudade!

Aos amigos, professores e alunos do Curso de Especialização em

Infectologia Pediátrica, pelas valiosas opiniões e críticas.

Ao professor Guilherme Santoro Lopes, pela compreensão nos momentos

difíceis.

À professora Victória Brant, pela sabedoria na arte de ensinar, mesmo

durante o curto tempo em que convivemos.

À Wilma Magalhães Alves, secretária do Programa de Pós-Graduação em

Medicina (DIP) pelo seu otimismo, sempre pronta a ajudar.

A colaboração imprescindível dos pacientes que participaram do estudo,

tornando possível a realização deste trabalho.

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RESUMO

ETIOLOGIA DAS ADENOMEGALIAS NA INFÂNCIA: ANÁLISE DE 137 CASOS DO AMBULATÓRIO DE DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS - INSTITUTO DE

PUERICULTURA E PEDIATRIA MARTAGÃO GESTEIRA - UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

Maria Cláudia Chicarino

Orientadora: Profª. Drª. Susie Andries Nogueira

Resumo da Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-

Graduação em Medicina (Doenças Infecciosas e Parasitárias), Faculdade de Medicina, da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Medicina (Doenças Infecciosas e Parasitárias).

Introdução: Adenomegalias são manifestações comuns na infância, sendo importante esclarecer sua etiologia, principalmente porque podem ser sinais precoces de doenças graves. Objetivo: Descrever etiologia, aspectos clínicos, laboratoriais, epidemiológicos e evolutivos de pacientes pediátricos com adenomegalia. Métodos: Estudo observacional, descritivo, prospectivo, tipo série de casos realizado no ambulatório de doenças infecciosas e parasitárias do IPPMG (UFRJ), incluindo avaliação clínica, exames laboratoriais (hemograma, VHS; sorologias para toxoplasmose, CMV, EBV, HIV); radiografia de tórax; ultra-sonografia e biópsia ganglionar quando indicadas. Resultados: 137 crianças com idade média de 4 anos e 8 meses foram incluídas. Principais achados clínicos associados: febre (64,96%), dor local (37,23%), tosse (24,09%), anorexia (23,36%), odinofagia (22,63%), flogose (21,9%), hepatomegalia (21,17%), esplenomegalia (13,14%), hiperemia e/ou exsudato de orofaringe (10,22%). Uso prévio de antibióticos foi referido por 54,74% dos pacientes. Gânglios cervicais foram os mais acometidos (92,70%), seguidos de inguinais (33,57%), submandibulares (32,84%), axilares (29,92%) e mentonianos (1,45%). Principais achados laboratoriais: linfocitose ≥ 50% em 24,4% dos pacientes, atipia linfocitária em 15,75%, VHS ≥ 70mm em 12,5% e leucocitose ≥ 20.000 cel/mm3 em 4,72%. Em 43,8% dos pacientes houve indefinição da etiologia, porém tiveram evolução satisfatória. Etiologia infecciosa ocorreu em 50,36%, sendo adenite piogênica mais freqüente (50,72%), seguida de toxoplasmose (21,73%), infecção por EBV (10,14%), tuberculose (5,79%), citomegalovirose (2,89%), esporotricose (2,89%), aids (1,44%), doença da arranhadura do gato (1,44%), hepatite não A, não B, não C (1,44%) e reação pós-BCG (1,44%). Etiologia não infecciosa foi observada em 5,84% dos pacientes, destes a maioria foi neoplasia, seguida de cisto tireoglosso e reação medicamentosa. Conclusão: A etiologia mais freqüente foram as infecções, sendo a adenite piogênica a mais comum. Nos pacientes em que não foi possível determinar

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a etiologia a evolução benigna, autolimitada sugeriu natureza viral ou reacional. Neoplasia foi uma causa rara. Palavras-chave: Doenças linfáticas – etiologia; Doenças linfáticas – diagnóstico; Doenças transmissíveis – complicações; Doenças hematológicas – complicações; Testes de química clínica; Sintomas clínicos; Diagnóstico diferencial; Epidemiologia descritiva; Estudos prospectivos; Criança; Medicina (Doenças Infecciosas e Parasitárias)

Rio de Janeiro

Junho/2006

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ABSTRACT

ETIOLOGY OF LYMPHADENITIS IN CHILDREN: ANALYSIS OF 137 CASES OF INFECTIOUS DISEASES OUTPATIENT CLINIC - INSTITUTO DE PUERICULTURA E PEDIATRIA MARTAGÃO GESTEIRA - UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

Maria Cláudia Chicarino

Orientadora: Profª. Drª. Susie Andries Nogueira

Abstract da Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-

Graduação em Medicina (Doenças Infecciosas e Parasitárias), Faculdade de Medicina, da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Medicina (Doenças Infecciosas e Parasitárias).

Introduction: Lymphadenitis are frequent manifestations of diseases in children. It is important to define their etiology, mainly because they may be an early signal of serious diseases. Objective: To describe etiology; clinical, laboratorial, epidemiological aspects and prognosis of lymphadenitis in children. Methods: Observational, descriptive and prospective study type series of cases was carried out at the infectious diseases outpatient clinic of IPPMG, using clinical evaluation; laboratorial test: blood smears, erythrocyte sedimentation rate, serology of toxoplasmosis, CMV, EBV, AIDS; chest radiograph; ultrasound and biopsy of limphonode when necessary. Results: 137 patients with mean age of 4 years and 8 months were included. The most frequent clinical signs were: fever (64,96%); local pain (37,23%); cough (24,09%); loss of appetite (23,36%); throat pain (22,63%); signs of inflammation (21,9%); hepatomegaly (21,17%); splenomegaly (13,14%; hyperemia and/or exudate in oropharyngeal (10,22%). Previous use of antibiotics was referred by 54,74% patients. Cervical lymphadenitis were most frequent (92,70%), followed by inguinal (33,57%), submandibulary (32,84%), axillary (29,92%) and submental (1,45%). Laboratorial abnormalities found: lymphocytosis ≥ 50% in 24,4% patients, atypical lymphocytes in 15,75% patients, erythrocyte sedimentation rate ≥ 70 mm in 12,5% and leucocytosis ≥ 20.000cels/mm3 in 4,72% children. No etiology was defined in 43,8% patients, however they had satisfactory evolution. Infectious etiology was confirmed in 50,36%, being acute suppurative adenitis the most frequent (50,72%), followed by toxoplasmosis (21,73%), EBV (10,14%), tuberculosis (5,79%), CMV (2,89%), sporotrichosis (2,89%), AIDS (1,44%), cat scratch disease (1,44%), non A, non B, non C hepatitis (1,44%) and reaction to BCG vaccine (1,44%). Non-infectious diseases was observed in 5,84% of patients, being malignancy the most frequent (5 cases), followed thyroglossal cyst (2 cases) and drug reaction (1 case). Conclusion: Infectious were the most frequent etiology in this study, being acute suppurative adenitis most common. In the patients who the

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etiology was not defined they had good evolution suggesting virus etiology or acute reactive lymphadenitis. Malignancy was rare.

Rio de Janeiro

Junho/2006

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SUMÁRIO

LISTA DE ILUSTRAÇÕES, DE QUADROS E DE TABELAS.............. XI

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................1

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.............................................................3 2.1 Considerações gerais sobre o sistema linfático .......................................3 2.2 Classificação ................................................................................................6 2.3 Correlação entre localização e etiologia....................................................8 2.3.1 Adenomegalia Localizada.......................................................................10 2.3.1.1 Cervical ...............................................................................................10 2.3.1.2 Mediastinal ..........................................................................................16 2.3.1.3 Abdominal ...........................................................................................17 2.3.1.4 Axilar e Inguinal...................................................................................18 2.3.1.5 Supraclavicular....................................................................................19 2.3.1.6 Epitroclear ...........................................................................................19 2.3.2 Adenomegalia Generalizada ..................................................................19 2.4 Epidemiologia.............................................................................................20 2.5 História clínica............................................................................................22 2.6 Exame físico ...............................................................................................22 2.6.1 Tamanho ................................................................................................23 2.6.2 Dor..........................................................................................................23 2.6.3 Consistência ...........................................................................................24 2.6.4 Mobilidade ..............................................................................................24 2.6.5 Localização.............................................................................................24 2.7 Diagnóstico.................................................................................................25

3 OBJETIVOS ....................................................................................27

4 METODOLOGIA .............................................................................28 4.1 Local do estudo..........................................................................................28 4.2 Tipo de estudo............................................................................................28 4.3 População...................................................................................................28 4.4 Critérios de inclusão..................................................................................29 4.5 Critérios de exclusão.................................................................................29 4.6 Período de estudo......................................................................................30 4.7 Coleta de dados .........................................................................................30 4.7.1 Formulário de coleta de dados (Anexo 1)...............................................30 4.8 Avaliação diagnóstica ...............................................................................31 4.8.1 Fluxograma da rotina do ambulatório de DIP para investigação de

adenomegalia (Anexo 2).........................................................................31

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4.8.2 Avaliação clínica.....................................................................................31 4.8.3 Avaliação laboratorial .............................................................................32 4.8.3.1 Laboratório de Imunologia...................................................................32 4.8.3.2 Laboratório de Análises Clínicas: ........................................................34 4.8.3.3 Serviço de Radiologia: ........................................................................34 4.8.3.4 Serviço de Cirurgia Pediátrica: ............................................................34 4.8.3.5 Laboratório de Histopatologia: ............................................................34 4.8.3.6 Laboratório de Bacteriologia e Micologia: ...........................................34 4.9 Análise estatística......................................................................................35

5 ASPECTOS ÉTICOS ......................................................................36 5.1 Termo de consentimento livre e esclarecido (Anexo 3) .........................36 5.2 Parecer da Comissão de Ética e Pesquisa do IPPMG, da UFRJ

(Anexo 4).....................................................................................................36

6 RESULTADOS................................................................................37 6.1 População avaliada e características.......................................................37 6.1.1 Sexo .......................................................................................................37 6.1.2 Idade.......................................................................................................38 6.2 História da doença atual............................................................................38 6.2.1 Tempo de doença...................................................................................38 6.2.2 Sinais e sintomas ...................................................................................38 6.3 Dados epidemiológicos.............................................................................40 6.4 Cadeias ganglionares acometidas ...........................................................40 6.4.1 Adenomegalia localizada........................................................................41 6.4.2 Adenomegalia generalizada ...................................................................42 6.5 Outras alterações de exame físico ...........................................................43 6.6 Alterações de exames laboratoriais .........................................................44 6.7 Classificação etiológica ............................................................................46 6.8 Evolução .....................................................................................................48 6.9 Diagnósticos etiológicos...........................................................................49 6.10 Características dos gânglios linfáticos observadas nas diversas

etiologias ....................................................................................................52 6.10.1 Tamanho ................................................................................................52 6.10.2 Consistência ...........................................................................................53 6.10.3 Mobilidade ..............................................................................................54 6.10.4 Sinais flogísticos.....................................................................................56 6.10.5 Drenagem espontânea ...........................................................................56 6.11 Características dos exames laboratoriais ...............................................57 6.11.1 Hemograma............................................................................................57 6.11.2 Plaquetas................................................................................................59 6.11.3 Velocidade de hemossedimentação (VHS) ............................................59 6.11.4 Atipia linfocitária .....................................................................................61 6.11.5 Avaliação sorológica...............................................................................61 6.11.6 Outros exames laboratorias realizados (ultrassonografia, punção

e biópsia) ................................................................................................62 6.11.7 Teste cutâneo (PPD) ..............................................................................64 6.11.8 Radiografia de tórax ...............................................................................65 6.12 Etiologia e idade.........................................................................................66

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6.13 Etiologia e uso prévio de antibióticos......................................................66 6.14 Etiologia e epidemiologia..........................................................................68 6.15 Etiologia e tempo de doença.....................................................................71

7 DISCUSSÃO ...................................................................................73

8 CONCLUSÃO .................................................................................84

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .....................................................86

ANEXOS................................................................................................95

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES, DE QUADROS E DE TABELAS

Figura 1 Distribuição dos vasos linfáticos e estrutura do linfonodo.....................5

Figura 2 Causas infecciosas de adenomegalias na infância...............................8

Figura 3 Causas não-infecciosas referidas como adenomegalias ......................9

Gráfico 1 Distribuição entre os sexos .................................................................37

Gráfico 2 História da doença atual......................................................................39

Gráfico 3 História da doença atual......................................................................39

Gráfico 4 História epidemiológica .......................................................................40

Gráfico 5 Localização das cadeias ganglionares................................................41

Gráfico 6 Cadeias ganglionares mais acometidas..............................................41

Gráfico 7 Adenomegalia localizada ....................................................................42

Gráfico 8 Adenomegalia generalizada................................................................43

Gráfico 9 Principais alterações de exame físico .................................................44

Gráfico 10 Principais alterações laboratoriais.......................................................45

Gráfico 11 Linfocitose ≥ 50%................................................................................45

Gráfico 12 VHS ≥ 70 mm 1ª hora .........................................................................45

Gráfico 13 Leucocitose ≥ 20.000 cel/mm3 ............................................................46

Gráfico 14 Distribuição das etiologias (Infecciosa, não esclarecida e não infecciosa) ...........................................................................................46

Gráfico 15 Etiologia infecciosa (adenite piogênica, síndrome de mononucleose, tuberculose, outras causas e aids) ............................47

Gráfico 16 Etiologia não infecciosa (cisto tireoglosso, neoplasias e reação medicamentosa)..................................................................................48

Gráfico 17 Evolução dos pacientes ......................................................................49

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Gráfico 18 Etiologias das adenomegalia encontradas na amostra estudada (n=77) ..................................................................................50

Gráfico 19 Diagnósticos etiológicos com adenomegalia localizada (n=40) ..........51

Gráfico 20 Diagnósticos etiológicos com adenomegalia generalizada (n=37)..................................................................................................51

Tabela 1 Média de tamanho dos gânglios linfáticos observados nos pacientes com a adenomegalia de causa não esclarecida, adenite piogênica, fúngica, neoplasia, síndrome de mononucleose, tuberculose e outras causas ......................................52

Tabela 2 Freqüência de gânglios linfáticos apresentando consistência elástica observada nas adenomegalias de causa não esclarecida, adenite piogênica, neoplasia, tuberculose e outras ........53

Tabela 3 Freqüência de gânglios linfáticos apresentando consistência endurecida observada nas adenomegalias de causa não esclarecida, adenite piogênica, neoplasia, tuberculose e outras. .................................................................................................54

Tabela 4 Freqüência de gânglios linfáticos aderidos observados nas adenomegalias de causa não esclarecida, adenite piogênica, neoplasia e tuberculose. .....................................................................55

Tabela 5 Freqüência de gânglios linfáticos móveis observados nas adenomegalias de causa não esclarecida, adenite piogênica, fúngica, síndrome de mononucleose e outras causas. .......................55

Tabela 6 Freqüência de gânglios linfáticos com sinais flogísticos nos casos de adenomegalia de causa não esclarecida, adenite piogênica, síndrome de mononucleose e tuberculose ........................56

Tabela 7 Freqüência de drenagem espontânea dos gânglios cervicais nos casos de adenite piogênica e tuberculose....................................57

Tabela 8 Características da média dos valores encontrados no hemograma realizado pelos 127 pacientes com adenomegalia, separados de acordo com as etiologias não definidas e definidas (adenite piogênica, fúngica, neoplasia, síndrome de mononucleose, tuberculose e outras causas) ................58

Tabela 9 Características da média dos valores encontrados na contagem de plaquetas, exame realizado por 125 pacientes, detectadas nas etiologias não definidas e definidas (adenite piogênica, fúngica, neoplasia, síndrome de mononucleose, tuberculose e outras causas) ..............................................................59

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Tabela 10 Características da média dos valores VHS encontrados em 120 portadores com quadro clínico de adenomegalia, com etiologia não esclarecida, adenite piogênica, fúngica, neoplasia, síndrome de mononucleose, tuberculose e outras causas.................................................................................................60

Tabela 11 Freqüência da positividade dos testes sorológicos realizados nos pacientes com quadro clínico de adenomegalia: sorologias para CMV, EBV, TOXO, Rubéola e HIV..............................................62

Tabela 12 Freqüência da realização de biópsia, ultra-sonografia e punção ganglionar quadro clínico de adenomegalia: causa não esclarecida, adenite piogênica, fúngica, neoplasia, síndrome de mononucleose, tuberculose e outras causas .................................63

Tabela 13 Freqüência dos resultados do PPD (forte, fraco, não reator) encontrados nos pacientes com quadro clínico de adenomegalia não esclarecida, adenite piogênica, fúngica, neoplasia, síndrome de mononucleose, tuberculose e outras causas e os pacientes que não realizaram o teste .............................64

Tabela 14 Freqüência de alterações do raio X de tórax encontradas nos pacientes com quadro clínico de adenomegalia nos casos em que e a etiologia não esclarecida, adenite piogênica, fúngica, neoplasia, síndrome de mononucleose, tuberculose e outras causas.................................................................................................65

Tabela 15 Média de idade apresentada pelos pacientes com quadro clínico de adenomegalia nos casos em que e a etiologia não esclarecida, adenite piogênica, fúngica, neoplasia, síndrome de mononucleose, tuberculose e outras causas .................................66

Tabela 16 Freqüência do uso de antibiótico previamente à primeira consulta ao ambulatório de DIP pelos pacientes com quadro clínico de adenomegalia nos casos em que e a etiologia não esclarecida, adenite piogênica, fúngica, neoplasia, síndrome de mononucleose, tuberculose e outras causas .................................67

Tabela 17 Dados epidemiológicos (contato com areia, contato com BK, contato com gato, contato com doença igual, ingestão de carne mal cozida e ingestão de água filtrada) referidos pelos pacientes com quadro clínico de adenomegalia nos casos em que e a etiologia não esclarecida, adenite piogênica, fúngica, neoplasia, síndrome de mononucleose, tuberculose e outras causas.................................................................................................69

Tabela 18 Dados epidemiológicos (contato com areia, contato com BK, contato com gato, contato com doença igual, ingestão de carne mal cozida e ingestão de água filtrada) referidos pelos pacientes com quadro clínico de adenomegalia nos casos em que e a etiologia não esclarecida, adenite piogênica, fúngica,

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xiv

neoplasia, síndrome de mononucleose, tuberculose e outras causas.................................................................................................70

Tabela 19 Comparação dos dados epidemiológicos (contato com areia, contato com BK, contato com gato, contato com doença igual, ingestão de carne mal cozida e ingestão de água filtrada) referidos pelos pacientes com quadro clínico de adenomegalia em que e a etiologia não foi esclarecida com casos de etiologia esclarecida (adenite piogênica, fúngica, neoplasia, síndrome de mononucleose, tuberculose e outras causas) ................................71

Tabela 20 Média do tempo de aparecimento dos sinais e sintomas referidos pelos pacientes com quadro clínico de adenomegalia em que e a etiologia não esclarecida, adenite piogênica, fúngica, neoplasia, síndrome de mononucleose, tuberculose e outras causas; até a 1ª consulta no ambulatório de DIP.....................72

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1 INTRODUÇÃO

As adenomegalias na infância e adolescência são manifestações clínicas de

várias doenças e seu diagnóstico diferencial é de grande relevância na prática

pediátrica (Grossman e Shiramizu,1994; Perkins e cols., 1995; Morland, 1995;

Ferrer, 1998; Kelly e Kelly, 1998; Freire e Teixeira, 2000; Twist e Link, 2002; Sills e

Jorgensen, 2002; Donato e cols., 2003; Gow, 2004; Nield e Kamat, 2004).

Vieira (1993), avaliou 128 pacientes encaminhados ao ambulatório de

pediatria geral da Escola Paulista de Medicina, com objetivo de determinar

prospectivamente o diagnóstico das linfoadenomegalias periféricas através de

algoritmo, chegando a diagnósticos clínicos e laboratoriais e adiando a biópsia

ganglionar para o momento mais adequado. A autora menciona que a combinação

da análise cuidadosa dos dados e o seguimento dos pacientes levou a um menor

número de biópsias, diminuindo a freqüência de diagnósticos anátomo-patológicos

do tipo “hiperplasia linfóide reacional”, reduzindo assim, o número de biópsias

desnecessário e minimizando a super estimação de neoplasias ganglionares.

No Rio de Janeiro desconhecemos a freqüência dos diversos agentes

infecciosos que causam adenomegalia na infância. No entanto, é uma causa

habitual de investigação diagnóstica e atualmente é o segundo motivo de referência

de crianças encaminhadas pelo pediatra geral ao ambulatório de Doenças

Infecciosas e Parasitárias do IPPMG.

Após observar vários estudos na literatura internacional sobre as diversas

patologias que causam adenomegalia na infância, sua importante investigação

etiológica e, considerando a demanda freqüente de pacientes pediátricos

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encaminhados ao ambulatório de DIP Pediátrica do IPPMG apresentando

adenomegalia a esclarecer, acreditamos ser útil a realização de um estudo,

seguindo um fluxograma de investigação epidemiológica, clínica, laboratorial e

evolutiva, que mostrará as diversas etiologias encontradas como causa de

adenomegalias detectadas nestes pacientes, podendo contribuir para o seu

conhecimento em nosso meio.

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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Considerações gerais sobre o sistema linfático

O corpo humano tem aproximadamente 600 (seiscentos) linfonodos ou

gânglios linfáticos que são órgãos pequenos, encapsulados, distribuídos pelo corpo,

sempre acompanhando os vasos linfáticos, mais freqüentemente palpáveis nas

regiões cervical, axilar, submandibular e inguinal, em indivíduos saudáveis (Ferrer,

1998; Kelly e Kelly, 1998; Goroll, 2000).

Os linfonodos estão concentrados na cabeça e no pescoço, axilas,

mediastino, região dos grandes vasos abdominais, região inguinal e ao longo dos

vasos das extremidades. Na cabeça e pescoço estão distribuídos no plano

horizontal e vertical. Os nódulos horizontais estão posicionados na junção da cabeça

e do pescoço, incluindo a região submentoniana, submandibular, pré-auricular

(parótida), mastóidea e suboccipital. Estes nódulos drenam os tecidos superficiais do

pescoço e algumas cadeias cervicais mais profundas. Os nódulos verticais drenam

estruturas da cabeça e pescoço, acompanhando o trajeto da jugular interna ou

vasos profundos, para o ducto torácico. Os nódulos cervicais superficiais

acompanham o trajeto da veia jugular e drenam a parótida e parte mais inferior do

ouvido. No plano vertical, na região anterior do pescoço, encontram-se grupos de

nódulos (infra-hióide, pré-laríngeo e pré-traqueal, que drenam a tireóide, laringe,

traquéia e parte da faringe). Os nódulos retrofaríngeos drenam o nariz, faringe e

trompa de Eustáquio. Os nódulos axilares drenam as mamas, pele do tórax superior

e posterior e membros superiores. Na base do pescoço, posteriores à clavícula,

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estão os nódulos supraclaviculares que se palpáveis, devem ser investigados. A

drenagem linfática do membro superior é feita pelos vasos linfáticos superficiais que

se originam dos plexos linfáticos situados nos dedos, na palma e no dorso da mão e

sobem principalmente com as veias superficiais como as veias cefálica e basílica.

Alguns vasos que acompanham a veia basílica entram nos linfonodos cubitais

(epitrocleares), localizados próximo ao epicôndilo medial, e mediais à veia basílica.

Os gânglios infraclaviculares drenam a parte proximal do braço e face anterior do

ombro. O membro inferior possui vasos linfáticos superficiais e profundos. Os vasos

linfáticos que acompanham a veia safena magna terminam nos linfonodos inguinais

superficiais. A maior parte da linfa proveniente destes linfonodos passa diretamente

para os linfonodos ilíacos externos (localizados ao longo da veia ilíaca externa, mas

também pode passar para os linfonodos inguinais profundos). Os vasos linfáticos

que acompanham a veia safena parva entram nos linfonodos poplíteos, que

circundam a veia poplítea. Os vasos linfáticos profundos provenientes da perna

acompanham as veias profundas e entram nos linfonodos poplíteos. A maior parte

da linfa proveniente destes linfonodos sobe através dos vasos linfáticos para os

linfonodos inguinais profundos. Os mediastinais e abdominais não são palpáveis e

somente detectados através de exames de imagem (Pernetta, 1985; Kelly e Kelly,

1998; Ferrer, 1998; Morre e cols., 2001; Nield e Kamat, 2004; Hockstein e cols.,

2004). O sistema linfático incluindo os vasos linfáticos, linfonodos, tecido linfóide e

órgãos linfáticos estão demonstrados na Figura - 1.

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Figura 1 Distribuição dos vasos linfáticos e estrutura do linfonodo Moore e cols. (2001)

A quantidade e a distribuição geral de linfonodos mantêm relação definida

com a idade, podendo ser palpados desde o período neonatal. Observa-se nítido

crescimento do tecido linfóide no lactente e pré-escolar durante toda a infância

devido à subseqüente exposição antigênica, declinando a partir da puberdade.

Portanto é normal que a criança tenha adenomegalia cervical, inguinal e axilar. Em

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geral os linfonodos são considerados patológicos quando apresentam mais de 1 cm

de diâmetro, exceto os nódulos epitrocleares maiores que 0,5 cm de diâmetro e

inguinais maiores que 1,5 cm de diâmetro (Morland, 1995; Perkins e cols., 1995;

Ferrer, 1998; Freire e Teixeira, 2000; Sills e Jorgensen, 2002; Twist e Link, 2002;

Donato e cols. 2003; Nield e Kamat, 2004).

O aumento dos gânglios linfáticos pode ocorrer devido à proliferação de

linfócitos (estimulação antigênica, hipertireoidismo e linfomas) ou em decorrência da

invasão de células extrínsecas (adenites bacterianas, tumores metastáticos e

leucemias). Considerando todas as variações às quais o tamanho do gânglio está

sujeito e a falta de definição precisa a respeito do que seria adenomegalia com

significado patológico, cabe ao médico que acompanha a criança a decisão de

considerar necessária a investigação etiológica (Vieira, 1993; Chesney, 1994; Sills e

Jorgensen, 2002; Nield e Kamat, 2004).

Em relação ao grupo etário, os pacientes em idade pré-escolar e escolar são

os mais acometidos e não há predomínio entre os sexos (Freire e Teixeira, 2000;

Nogueira, 2000; Sills e Jorgensen, 2002).

2.2 Classificação

As adenomegalias podem ser classificadas de acordo com a localização,

tempo de aparecimento e etiologia (Perkins e cols., 1995; Peters e cols., 2000;

Nogueira, 2000; Freire e Teixeira, 2000; Eckman e Platt, 2000; Nield e Kamat, 2004).

Quanto à localização, as adenomegalias podem ser localizadas ou

generalizadas. Adenomegalia localizada é definida quando somente uma cadeia

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linfática é envolvida, correspondendo a 75% dos casos, sendo 55% detectados na

região do pescoço (cervical e submandibular), 14% na região inguinal, 5% na região

axilar e 1% na região na região supraclaviclular. Adenomegalia generalizada é

definida quando duas ou mais cadeias são envolvidas, correspondendo a 25% dos

casos (Grossman e Shiramizu, 1994; Perkins e cols. 1995; Kelly e Kelly, 1998;

Ferrer, 1998; Nogueira, 2000; Freire e Teixeira, 2000; Twist e Link, 2002).

Quanto ao tempo de aparecimento, as adenomegalias podem surgir de

forma aguda, com duração menor que 6 semanas e de forma crônica, com duração

de mais de 6 semanas (Ferrer, 1998; Nogueira, 2000; Freire e Teixeira, 2000). Nield

e Kamat (2004) em uma revisão sobre adenomegalias em crianças define como

aguda duração menor que 3 semanas e crônica superior a 6 semanas de duração.

Quanto à etiologia, as adenomegalias podem ser de causa infecciosa ou não

infecciosa ou neoplásica ou não neoplásica. As adenomegalias de etiologia

infecciosa podem ser causadas por vírus, bactérias, fungos, parasitos e se

apresentar nas formas generalizadas agudas ou crônicas e localizadas agudas ou

crônicas. As adenomegalias de causa não infecciosa (neoplasia, congênita e não

definida), podem ser generalizadas ou localizadas; como demonstrado nas tabelas 1

e 2 (Morland, 1995; Perkins e cols., 1995; Nogueira, 2000; Twist e Link, 2002; Sills e

Jorgensen, 2002; Donato e cols., 2003).

Em seguida, de forma esquematizada, é descrita a correlação entre as

principais etiologias e localização dos nódulos linfáticos quando estes se encontram

aumentados de tamanho (Tabelas 1 e 2, adaptada de Kelly e Kelly, 1998).

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2.3 Correlação entre localização e etiologia

Localização dos nódulos Causas Cervical Mediastinal Abdominal Generalizada

Bacteriana S aureus X

Streptococcus grupo A X X

M. tuberculosis e micobacteriose atípica

X X X X

Bartonella henselae X X X

Anaeróbios X

Yersinia sp X X

Actinomycetes sp X X X X

Francisella tularensis X

Sífilis X X

Difteria X

Brucelose X

Salmonella X

Viral Epstein-Barr X X X

Citomegalovírus X X

Herpes simplex X

Varicela X X

Adenovírus X X

HIV X X

Herpes vírus 6 X X X

Sarampo, Caxumba, Rubéola. X Coxsackie X

Fúngica Aspergilose X X

Candidose, Criptococose X

Histoplasmose X X

Esporotricose X

Paracoccidioidomicose X X X X

Parasitose Toxoplasmose X X

Figura 2 Causas infecciosas de adenomegalias na infância Adaptada de Kelly e Kelly (1998)

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Localização dos nódulos Causa Cervical Mediastinal Abdominal Generalizada

Neoplasia Linfomas de Hodgkin e não- Hodgkin X X X X

Leucemia X X X

Neoplasia de Tireóide X

Neuroblastoma X X

Doenças Metastáticas X X X X

Desordens Linfoproliferativas X

Rabdomiossarcoma X X

Tumor de Parótida X

Tumor nasofaríngeo X

Tumor de Wilms X

Não definida Colagenoses X

Doença de Kawasaki X X

Sarcoidose X X

Alergia X X

Imunodeficiências X X

Histiocitose X X

Doenças de depósito X

Doença do Soro X

Reticuloendoteliose X

Medicamentos X

Doença de Castleman X X X

Congênita Cisto Branquial X

Higroma cístico X

Cisto broncogênico X

Cisto tireoglosso X

Cisto epidermóide X

Tumor do esternocleidomastoideo X

Figura 3 Causas não-infecciosas referidas como adenomegalias Adaptada de Kelly e Kelly (1998)

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2.3.1 Adenomegalia Localizada

2.3.1.1 Cervical

2.3.1.1.1 Viral

Os nódulos associados com infecção viral do trato respiratório superior são

usualmente pequenos, elásticos e localizados bilateralmente sem sinais flogísticos

(Goroll, 2000).

A adenomegalia cervical é proeminente nas infecções por vírus Epstein Barr

(EBV) em 95% e citomegalovírus (CMV) em 75% dos casos. Sendo que nestas

infecções os linfonodos são maiores, isolados ou confluentes, variando de 0,5 a 2,5

cm de diâmetro, comumente localizados na região cervical posterior. Acompanhando

o quadro clínico são observadas a presença de faringite, hepatoesplenomegalia,

rash e obstrução das vias aéreas superiores principalmente nas infecções por EBV

(Lajo e cols., 1994; Kelly e Kelly, 1998; Rea e cols., 2001; Sills e Jorgensen, 2002;

Donato e cols., 2003; Nield e Kamat, 2004; Gow, 2004).

A febre faringoconjuntival associada com infecção por adenovírus é

caracterizada por febre, faringite e conjuntivite, sendo a adenomegalia cervical

posterior e anterior mais comuns do que a pré-auricular. Adenomegalia generalizada

está presente em 10 a 20% dos casos e hepatoesplenomegalia é encontrada

freqüentemente (Sills e Jorgensen, 2002).

Na gengivoestomatite herpética é observado febre, ulceração na cavidade

oral, eritema gengival e a adenomegalia está presente na região cervical anterior,

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mentoniana e submandibular (Margileth e Zawadsky,1985; Morland 1995; Eckman e

Platt, 2000).

As infecções oculares primárias são acompanhadas de adenomegalia pré-

auricular (Grossman e Shiramizu, 1994; Sills e Jorgensen, 2002).

A adenomegalia aguda pode ser vista em 25% a 50% de pacientes com

rubéola, exantema súbito e coxsackiose (Asano e cols., 1994; Morland, 1995; Sills e

Jorgensen, 2002; Twist e Link, 2002).

2.3.1.1.2 Bacteriana

Staphylococcus aureus e Streptococcus pyogenes

As bactérias como o Staphylococcus aureus e Streptococcus pyogenes são

responsáveis por 40% a 80% dos casos de adenite cervical unilateral em crianças

entre 1 e 4 anos de idade. A flutuação do gânglio ocorre em 25% dos pacientes com

adenomegalia cervical e o agente etiológico mais freqüentemente encontrado é o S.

aureus (Scobie, 1969; Sundaresh e cols., 1981; Chesney, 1994; Ferrer, 1998; Kelly e

Kelly, 1998).

Em recém-nascidos, o S. aureus é a causa mais comum de adenite.

Entretanto nestes pacientes é descrita a participação do Streptococcus do grupo B

na etiologia (Scobie, 1969; Brook, 1980; Sundaresh e cols., 1981; Cengiz e cols.,

2004; Luu e cols., 2005). O quadro clínico é de febre, irritabilidade, recusa alimentar,

eritema facial ou submandibular, podendo ocorrer sepse e otite média como

complicações da celulite e do abscesso local (Grossman e Shiramizu, 1994; Kelly e

Kelly, 1998; Freire e Teixeira, 2000; Gow, 2004; Montaño e cols., 2004).

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Streptococcus do Grupo A e bactérias anaeróbias

O Streptococcus do Grupo A e bactérias anaeróbias são mais freqüentes em

crianças com faixa etária mais avançadas e adolescentes. A adenomegalia nestes

casos é unilateral e associada com o estado precário de conservação dentária ou

doença periodontal. A tromboflebite séptica de veia jugular, embolia séptica

pulmonar e infecção do sistema nervoso central são complicações severas que

podem ocorrer (Scobie, 1969; Brook, 1980; Sundaresh e cols., 1981; Cengiz e cols.,

2004; Luu e cols., 2005).

Bactérias anaeróbias têm sido detectadas em 38% dos aspirados de nódulos

isolados da região cervical em pacientes de 2 a 16 anos de idade (Dajani e cols.,

1963; Scobie, 1969; Brook, 1980; Leung e cols., 2004).

Mycobacterium tuberculosis

Adenomegalia por M. tuberculosis é mais freqüente na Ásia, África e

Américas, após exposição ao Bacilo de Koch (Starke e Taylor-Watts, 1989; Starke e

cols., 1992).

A tuberculose ganglionar periférica é pouco comum na infância. A via

sangüínea é a mais comum de chegada do bacilo ao gânglio. A localização

preferencial são as cadeias ganglionares cervicais. O quadro clínico mais

característico é de adenomegalia localizada, de evolução lenta, com gânglios

maiores que 3 cm de diâmetro, endurecidos e que podem eventualmente fistulizar

(escrófula). O nódulo cervical aumentado é o resultado de extensão dos nódulos

paratraqueais, para as amígdalas e nódulos submandibulares ou do ápice pleural e

parte superior do pulmão para nódulos supraclaviculares; ou o inverso. A

propagação por contigüidade e inoculação direta do bacilo (feridas na pele próximas

ao pescoço) é rara (Ord e Matz, 1974; Tomblin e Roberts, 1979; Kelly e Kelly, 1998;

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Nogueira e Sant’Anna, 2002; Mandalakas e Starke, 2005).

Micobactéria atípica

No sudeste dos Estados Unidos da América do Norte (EUA), micobactérias

atípicas são responsáveis por muitos casos de adenomegalia cervical,

principalmente em trabalhadores rurais. A infecção resulta em aumento do linfonodo,

endurecimento unilateral, sem sinais flogísticos, freqüentemente na região

submandibular. O nódulo pode atingir 3 a 5 mm de diâmetro em 2 ou 3 semanas.

Aproximadamente 50% das crianças com adenite por micobactéria atípica

desenvolve flutuação e 10% apresentam drenagem espontânea (Altman e Margileth,

1975; Schaad e cols., 1979; Thompson e cols., 1980; Margileth e cols., 1984;

O’Brien e cols., 1987; Del Beccaro e cols., 1989; Suskind e cols., 1997; Starke,

2000).

Doença da arranhadura do gato

A doença da arranhadura do gato é uma zoonose, causada pela rickettsia

Bartonella henselae, microrganismo Gram negativo, que ao ser inoculado na pele

através da arranhadura do gato, forma uma pápula no local, acompanhada de

adenomegalia regional, após 5 a 60 dias. Nódulos axilares são os mais afetados,

embora em 25% dos pacientes seja observado nódulo cervical único. Os pacientes

freqüentemente apresentam nódulo aumentado de volume, único, endurecido,

acompanhado de febre e fadiga. Dentre as manifestações clínicas também são

observadas a síndrome oculoganglionar de Parinaud (granuloma conjuntival

associado com adenomegalia pré-auricular e submandibular), eritema nodoso,

encefalopatia, lesão osteolítica, púrpura trombocitopênica, eritema marginatum

(Carithers, 1983; Carithers, 1985; Zangwill e cols., 1994; Hamilton e cols., 1995).

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2.3.1.1.3 Neoplasia e tumores congênitos

A adenomegalia cervical é observada em linfomas (Hodgkin e não Hodgkin),

leucemias, metástase de tumores sólidos (tumor de tireóide, carcinoma de

nasofaringe) e tumores benignos de origem congênita também referidos como

adenomegalias, como cisto do tireoglosso, higroma cístico, cisto branquial, cisto

epidermóide, cisto broncogênico e tumor do esternocleidomastoideo. Os nódulos

caracterizam-se por aumento de volume, aspecto endurecido e aderido a planos

profundos, pouco dolorosos, sem sinais de flogose (Wright, 1967; Barton,1984;

Torsiglieri e cols., 1988; Redondo, 1992; Chesney, 1994; Park, 1995; Prisco, 2000;

Quinn e cols., 2003; Hockstein e cols., 2004; Turkington e cols., 2005)

Moussatos e cols., (1963), realizaram 267 biópsias obtendo como resultado

cisto congênito ou higroma cístico em 60% dos casos, tumores malignos em 16%

dos casos, tumores benignos em 7%, hiperplasia linfóide em 10% e granuloma

(tuberculose) em 7%. Dos 46 tumores malignos: 11 foram de origem tireoidiana, 20

casos de linfoma de Hodgkin ou linfossarcoma, 11 casos de tumores neurogênicos e

4 casos de tumor de parótida.

Knight e cols. (1982), no Children’s Hospital, Columbus, Ohio, EUA;

realizaram 239 biópsias em pacientes com idade menor que 16 anos e em 41% a

etiologia não foi esclarecida (causa inespecífica). Em 52% dos casos foi observada

reação hiperplásica, em 32% foi observada doença granulomatosa e neoplasia em

13% dos casos, sendo 24 casos de linfoma de Hodgkin, linfoma não Hodgkin em 31

casos, neuroblastoma em 4 casos e rabdomiossarcoma em 3 casos.

Connolly e cols. (1997), no Royal Hospital for Sick Children, Glasgow, Reino

Unido; realizaram 360 biópsias em pacientes com idade entre 2 semanas e 19

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meses, com linfonodos aumentados de volume na cabeça e no pescoço. Tumores

benignos foram detectados em 264 casos, sendo 34% cistos sebáceos, 13% cistos

do tireoglosso, 9% cistos dermóides, 9% cisto branquial. Em 3 biópsias foi

observado tumor sólido. Das 93 biópsias que restaram, em 21 foi diagnosticado

micobactéria, em 60 reação hiperplásica e 12 linfomas.

2.3.1.1.4 Doença de Kawasaki

A adenomegalia nesta entidade clínica consiste num dos critérios

diagnósticos. Os outros critérios diagnósticos (presença de pelo menos cinco) são:

febre prolongada por mais de cinco dias; hiperemia conjuntival bilateral; alterações

de extremidades como hiperemia palmo-plantar, edema em dorso de mãos e pés,

descamação peri-ungueal; exantema de qualquer tipo, exceto vésico-bolhoso e

alteração da mucosa oral como hiperemia, fissuras labiais, língua com aspecto de

framboesa. O aumento de nódulos ou cadeias de nódulos pode ser de localização

uni ou bilateral, maiores que 1,5 cm de diâmetro, não flutuantes, não ocorrendo

supuração e de resolução autolimitada (Ferrer, 1998; Nogueira, 2000; Sills e

Jorgensen, 2002; Leung e Robson, 2003; Quinn e Ryan, 2003; Nield e Kamat,

2004).

2.3.1.1.5 Outras Causas

Adenomegalia periférica é mais comum em crianças com sarcoidose. Mais

de 80% dos casos tem envolvimento dos nódulos supraclaviculares, epitrocleares e

adenopatia hilar bilateral está sempre presente (Merten, 1980). Linfadenite

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histocítica necrotizante (Linfadenite de Kikuchi) é uma entidade rara e benigna, de

etiologia desconhecida, que se manifesta como aumento bilateral de linfonodos

cervicais não responsiva a antibióticos. O quadro clínico é acompanhado de febre,

hepatoesplenomegalia e perda de peso. Histologicamente o nódulo é característico.

Tanto a sarcoidose como a linfadenite de Kikuchi são diagnosticadas por biópsia

(Merten, 1980; Tsang e cols., 1994; Lin e cols., 2005)

2.3.1.2 Mediastinal

Os nódulos mediastinais drenam as vísceras torácicas, incluindo os

pulmões, coração, timo e esôfago. Como estes nódulos não são palpados ao exame

físico, é através de sintomas clínicos e associação com outros nódulos aumentados

de volume que se suspeita de comprometimento dos mesmos. A adenomegalia

supraclavicular, por exemplo, pode estar associada ao aumento também dos

gânglios mediastinais (Kelly e Kelly, 1998; Sills e Jorgensen, 2002).

A presença de tosse, dispnéia, disfagia, atelectasia, obstrução de grandes

vasos (síndrome de veia cava superior) são sintomas que podem ocorrer devido ao

aumento de linfonodos mediastinais por processos compressivos, denominados

desordens linfoproliferativas causadas pelo uso de imunossupressores em pacientes

pós-transplantados, associadas ao herpes vírus 8 e vírus Epstein-Barr (Mathers e

Frankel, 2000; Johannsen e cols., 2005).

A adenomegalia mediastinal também é descrita em associação com outras

alterações imunológicas como a histiocitose de células de Langerhan (doença de

Letterer-Siwe e doença de Hand-Schuller-Christian), doenças autoimunes (lupus

eritematoso sistêmico e artrite idiopática juvenil) e alterações metabólicas como na

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doença de Gaucher e na doença de Nieman-Pick (Twist e Link, 2002).

Simulando adenomegalia mediastinal, os tumores neurogênicos são as

causas mais freqüentes de massas mediastinais, envolvendo o mediastino posterior;

seguidos de linfomas e tumores de células germinativas, envolvendo o mediastino

anterior (Chesney e Fitch, 1997; Sills e Jorgensen, 2002). Dentre os casos de

massas mediastinais biopsiadas em crianças, 95% são secundários a cistos ou

tumores (Pierson, 1992; Chesney e Fitch, 1997; Sills e Jorgensen, 2002).

Aumento de nódulo no mediastino é causa incomum de infecção, podendo

estar presente em patologias como a histoplasmose, a paracocodioidomicose, a

tuberculose e a sarcoidose (Sills e Jorgensen, 2002).

2.3.1.3 Abdominal

Adenomegalia abdominal regional secundária à infecção é mais comum

sempre associada à drenagem linfática do local da infecção ou por disseminação

hematogênica de um foco à distância (Perkins e cols., 1995;)

Neoplasias são a causa mais freqüente de adenomegalia abdominal não

infecciosa, principalmente os linfomas de células B, sendo o mais freqüente o

linfoma de Burkitt (Perkins e cols., 1995; Sills e Jorgensen, 2002). No nosso meio,

paracoccidioidomicose e tuberculose são diagnósticos a serem sugeridos (Nogueira,

2000). Enterite aguda causada por Yersinia, Shigella, Salmonella, Actinomycetes,

Coxsackievirus A e B, também podem causar adenomegalia abdominal. A adenite

mesentérica, comum em crianças, pode ser secundária à infecção pelo vírus

Epstein-Barr, adenovírus e doença da arranhadura do gato, simulando quadro

clínico de apendicite (Sills e Jorgensen, 2002).

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Doença de Castleman é uma condição benigna em que o paciente

apresenta febre, perda de peso, anemia e hipergamaglobulinemia. A causa do

aumento dos linfonodos abdominais que acompanha o quadro clínico é

desconhecida, sendo o diagnóstico e tratamento feito pela remoção cirúrgica,

usualmente resultando em resolução dos sintomas sem recorrência (Perkins e cols.,

1995; Twist e Link, 2002; Izuchukwu e cols., 2003).

2.3.1.4 Axilar e Inguinal

A adenomegalia axilar é a causa comum de manifestação da doença da

arranhadura do gato (Kelly e Kelly, 1998; Sills e Jorgensen, 2002; Donato e cols.,

2003).

A hidradenite supurativa, doença idiopática caracterizada por abscessos

recorrentes e dolorosos na região axilar e inguinal (freqüente em obesos devido ao

atrito) é causa de adenomegalia nestas regiões (Perkins e cols., 1995; Morland,

1995; Sills e Jorgensen, 2002).

A adenomegalia axilar é também observada em pacientes portadores de

neoplasia de mama em adolescentes, pós-imunização com o bacilo Calmette-Guerin

(BCG), brucelose, artrite idiopática juvenil (AIJ) e linfoma não-Hodgkin (Goroll, 2000;

Goraya e Virdi, 2002; Sills e Jorgensen, 2002).

A adenomegalia inguinal ocorre em casos de abscesso perianais, fissuras ou

outros processos inflamatórios da região genital como herpes, linfogranuloma

venéreo, sífilis, infecção gonocócica e linfoma (Perkins e cols., 1995).

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2.3.1.5 Supraclavicular

A adenomegalia supraclavicular é observada mais raramente em infecções

como a tuberculose, histoplasmose, paracoccidioidomicose e é mais freqüente em

neoplasias da região torácica e cervical (Goroll, 2000; Sills e Jorgensen, 2002).

2.3.1.6 Epitroclear

A adenomegalia epitroclear é rara e quando presente está comumente

associada a infecções nas mãos, artrite idiopática juvenil, sarcoidose, tularemia,

sífilis e síndrome de mononucleose (Grossman e Shiramizu, 1994; Goroll, 2000; Sills

e Jorgensen, 2002).

2.3.2 Adenomegalia Generalizada

A adenomegalia generalizada freqüentemente é acompanhada de perda de

peso, febre ou outros sinais de acometimento sistêmico (Grossman e Shiramizu,

1994; Morland, 1995; Goroll, 2000; Sills e Jorgensen, 2002; Twist e Link, 2002; Nield

e Kamat, 2005).

Dentre as causas de adenomegalia generalizada são incluídas as infecções,

como a síndrome de mononucleose, síndrome da imunodeficiência humana

adquirida, toxoplasmose, sífilis secundária, histoplasmose, paracocodioidomicose;

reação de hipersensibilidade como na doença do soro, drogas, vasculites (lupus e

artrite idiopática juvenil), doenças metabólicas (hipertireoidismo, lipidoses), leucemia,

linfoma de Hodgkin avançado e linfoma não Hodgkin (Margileth e Zawadsky, 1985;

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Lajo e cols.,1994; Perkins e cols., 1995; Rea e cols., 2001; Sills e Jorgensen, 2002;

Donato e cols. 2003; Gow, 2004).

0 uso contínuo de alguns medicamentos como: alopurinol, atenolol, captopril,

carbamazepina, cefalosporina, hidralazina, penicilina, fenitoína, primidona,

pirimetamina, quinidina, sulfonamidas também é uma das causas de adenomegalia

generalizada (Fijten e Blijham, 1988; Ferrer, 1998; Kelly e Kelly, 1998; Sills e

Jorgensen, 2002; Gow e cols., 2004; Nield e Kamat, 2004).

2.4 Epidemiologia

Realizando revisão na literatura, foi observada a escassez de estudos

pesquisando a freqüência das adenomegalias em pacientes pediátricos e as

diversas etiologias relacionadas, sendo este um dado limitador, quanto à

epidemiologia das adenomegalias na infância.

Fijten e Blijhan (1988), no Academic Hospital Maastricht, Holanda,

estudaram a incidência anual de adenomegalia atendida por médicos de família

onde observaram a incidência de 6% de casos na população geral. Foram atendidos

2.556 pacientes (adultos e crianças), sendo que 256 (10%) com adenomegalia

necessitaram de encaminhamento para ambulatórios de especialidades para

elucidação diagnóstica. Destes, 82 (3,2%) realizaram biópsia para esclarecimento

diagnóstico e somente 29 (1%) apresentaram malignidade.

A baixa prevalência de neoplasia também foi demonstrada em 2 estudos de

série de casos realizados no Departamento de Médico de Família nos Estados

Unidos. Num deles, 80 pacientes foram avaliados e nenhum deles apresentou

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diagnóstico de neoplasia e em outro de 238 pacientes com adenomegalia

inespecífica, 3 apresentaram malignidade (Allhaiser e cols., 1981; Williamson, 1985).

Em contraste, a prevalência de neoplasia em biópsias de gânglios feitos em

centros de referência é de 40% a 60%, uma estatística que é relatada na literatura

(Lee e cols., 1980).

No Brasil, Petrilli e cols., (1986) realizaram um estudo retrospectivo,

analisando 74 crianças submetidas à biópsia ganglionar no Hospital São Paulo da

Escola Paulista de Medicina, no período de 1972 a 1982, e encontram como

resultado anátomo-patológico hiperplasia linforreticular benigna em 42,1% dos

casos, neoplasias em 30,3% dos casos e infecções granulomatosas em 18,4% dos

casos (50% destas eram tuberculose).

Em outro estudo brasileiro realizado por Vieira (1993), em São Paulo, com

objetivo de determinar o diagnóstico das linfadenomegalias periféricas em crianças,

foram realizadas 26 biópsias, sendo 16 (61,5%) diagnósticas (6 casos de

tuberculose, 4 casos de doença da arranhadura do gato, 1 caso de linfoma não

Hodgkin, 3 casos de linfoma de Hodgkin, 1 caso de linfadenopatia dermatopática e 1

caso de histiocitose) e 10 (38,50%) não diagnósticas.

Os dados epidemiológicos são de grande importância na investigação das

adenomegalias, bem como, o exame físico detalhado. Em muitos casos estes dois

fatores determinam o diagnóstico etiológico da adenomegalia. Nem sempre um

diagnóstico definitivo é possível somente baseado na história e exame físico,

devendo a investigação prosseguir através de exames complementares (Morland,

1996).

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2.5 História clínica

Na anamnese, algumas características dos gânglios devem ser

consideradas como a localização do gânglio ou cadeias ganglionares acometidos,

sinais e sintomas locais, sugerindo etiologia infecciosa ou não infecciosa; presença

ou não de alteração sistêmica como febre, perda de peso, fadiga, calafrios, como é

observada nos casos de tuberculose, neoplasia, colagenoses; exposição a animais

como gato, aves, morcegos, sugerindo toxoplasmose, doença da arranhadura do

gato, infecção fúngica (esporotricose, histoplasmose), contato com Bacilo de Koch,

viagem recente para zonas endêmicas de peste, doença de Chagas, transfusão

sangüínea ou transplante, parceiro sexual de alto risco, usuário de drogas

intravenosas; e uso contínuo de medicamentos (Pernetta, 1985; Morland, 1995;

Ferrer, 1998; Kelly e Kelly,1998; Freire e Teixeira; 2000; Nogueira, 2000; Sills e

Jorgensen, 2002).

2.6 Exame físico

Durante a realização do exame físico, além da presença de adenomegalia,

outros sinais podem surgir como febre, sinais flogísticos localizados, rash, lesões

dermatológicas, manifestações respiratórias, hepatoesplenomegalia, perda de peso

e prostração (Ferrer, 1998; Freire e Teixeira, 2000; Twist e Link, 2002; Sills e

Jorgensen, 2002; Gow, 2004).

Quando um ou mais gânglios são detectados, cinco características devem

ser observadas, tais como, tamanho, dor, consistência, mobilidade e localização

(Pernetta, 1985; Ferrer, 1998).

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2.6.1 Tamanho

Os nódulos são considerados normais até 1 cm de diâmetro, entretanto

alguns autores sugerem que os epitrocleares maiores que 0,5 cm de diâmetro ou

nódulos inguinais maiores que 1,5 cm de diâmetro sejam anormais (Morland, 1995).

Porém, poucas informações sugerem que um diagnóstico específico possa ser

baseado no tamanho do nódulo (Ferrer, 1998). Pangalis, 1993, estudando de uma

série de casos de 213 adultos com adenomegalia específica, mostrou que nenhum

paciente com linfonodo menor que 10 mm de diâmetro era portador de neoplasia,

em contrapartida, 8% dos pacientes com nódulos entre 1 e 2,25 cm de diâmetro

apresentaram doença maligna e em 38% deles os nódulos apresentavam tamanho

maior que 2,25 cm de diâmetro. Em crianças, linfonodos maiores que 2 cm de

diâmetro, com exame radiológico de tórax normal, ausência de sintomas de otite e

infecção de vias aéreas superiores, foram preditivos de doença granulomatosa como

a tuberculose, a doença da arranhadura do gato, a sarcoidose ou neoplasias,

principalmente os linfomas (Slap e cols., 1984).

2.6.2 Dor

Quando um gânglio aumenta de volume rapidamente, ele distende sua

cápsula e provoca dor, que é resultante de um processo inflamatório ou supurativo

local. Hemorragia no interior do nódulo (tumor maligno) também provoca dor. Desta

forma, a presença ou não de dor não diferencia um tumor maligno de um benigno

(Fijten e Blijhan, 1988; Ferrer, 1998).

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2.6.3 Consistência

Os nódulos endurecidos são tipicamente sinal de neoplasia, usualmente de

metástase. Nódulos muito firmes e elásticos sugerem linfomas. Quando se

apresentam de forma elástica, amolecida, provavelmente é resultante de infecção ou

inflamação. Em caso de supuração, os nódulos têm caráter flutuante. Nódulos

pequenos logo abaixo da camada epidérmica, presentes na região cervical são

típicos de infecção viral (Ferrer, 1998).

2.6.4 Mobilidade

Gânglios aderidos a planos profundos da pele e subcutâneo sugerem

neoplasia, tuberculose ou micose profunda, enquanto que gânglios móveis que

deslizam facilmente sobre a pele sugerem quadros benignos (Ferrer, 1998; Nield e

Kamat, 2004).

2.6.5 Localização

A localização anatômica da adenomegalia muitas vezes pode orientar a

investigação diagnóstica, como por exemplo, doença da arranhadura do gato causa

tipicamente adenomegalia cervical ou axilar, mononucleose causa adenomegalia

cervical e doenças sexualmente transmissíveis estão associadas com adenomegalia

inguinal (Pernetta, 1985; Nogueira, 2000). Gânglios supraclaviculares têm alto risco

de neoplasia de mediastino, pulmão ou esôfago (Goroll, 2000). Mais raramente

presente, a adenomegalia para-umbilical pode ser sinal de neoplasia da região

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pélvica (Gow, 2004).

A palpação deve se estender além das cadeias mais comumente

acometidas, como a submandibular, cervical anterior e posterior, supraclavicular,

axilar, inguinal, para excluir a possibilidade de adenomegalia generalizada (Pernetta,

1985; Ferrer, 1998).

2.7 Diagnóstico

O diagnóstico é baseado nos sinais e sintomas clínicos, dados

epidemiológicos e exames laboratoriais iniciando pelo hemograma, contagem de

plaquetas, velocidade de hemossedimentação (VHS), sorologias (toxoplasmose,

citomegalovirose, infecção pelo vírus Epstein Barr, rubéola, síndrome da

imunodeficiência humana adquirida, sífilis e outras sorologias quando houver

suspeita clínica e epidemiológica), radiografia de tórax, ultra-sonografia ganglionar,

teste intradérmico com derivado protéico purificado (PPD), punção com aspirado da

secreção ganglionar e biópsia ganglionar para análise da secreção através de

cultura e exame histopatológico, quando indicados (Goroll, 2000; Nogueira, 2000;

Sills e Jorgensen, 2002; Twist e Link, 2002; Donato e cols., 2003; Nield e Kamat,

2004).

O hemograma completo com leucograma e diferencial de células muitas

vezes oferece informações úteis e sempre é indicada a sua realização em primeiro

lugar. A presença de linfócitos atípicos sugere síndrome de mononucleose;

leucocitose com desvio à esquerda sugere infecção bacteriana; eosinofilia sugere

reação de hipersensibilidade e paracococcidoidomicose; leucopenia sugere

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neoplasia ou infecção pelo HIV (Gow, 2004; Nield e Kamat, 2004).

A velocidade de hemossedimentação que também faz parte da rotina de

investigação diagnóstica é um exame de grande valia, pois quando o resultado é

menor ou igual a 60 mm na 1a hora geralmente indica etiologia viral ou parasitose

(toxoplasmose) e maior ou igual a 80 mm na 1ª hora, sugere doença fúngica,

granulomatosa (tuberculose) e colagenoses ou neoplasia (Nogueira, 2000; Donato e

cols., 2003; Nield e Kamat, 2004).

A avaliação do ácido úrico e desidrogenase lática sanguínea podem refletir a

presença de linfoma ou neoplasia hematológica, como diagnóstico etiológico (Nield e

Kamat, 2004).

A ultra-sonografia do linfonodo pode distinguir as causas de adenomegalias

supurativas e não supurativas, possibilitando a diferenciação entre doença de

Kawasaki, adenomegalias bacterianas e virais, tumores congênitos (Gow, 2004;

Nield e Kamat, 2004).

A aspiração da secreção ganglionar para cultura tem valor diagnóstico

diferenciando as adenomegalias causadas por bactérias aeróbicas, anaeróbicas,

micobactérias e fungos (Buchino e Jones, 1994; Nield e Kamat, 2004).

A biópsia é formalmente indicada quando há persistência do gânglio

aumentado mesmo com tratamento com antibióticos ou sinais e sintomas sistêmicos

como febre, artralgias, perda de peso e adenomegalia supraclavicular. A avaliação

da consistência do gânglio, mobilidade e tamanho também são características que

indicam a biópsia (Knight e cols., 1982; Slap e cols., 1984; Nield e Kamat. 2004).

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3 OBJETIVOS

Descrever as características epidemiológicas, clínicas, laboratoriais e

evolutivas das crianças com adenomegalia encaminhadas para investigação

diagnóstica ao ambulatório de Doenças Infecciosas e Parasitárias (DIP) do Instituto

de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira (IPPMG) da Universidade Federal do

Rio de Janeiro (UFRJ) no período de junho de 2001 a julho de 2004 e determinar

sua etiologia, quando possível.

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4 METODOLOGIA

4.1 Local do estudo

O estudo foi realizado no ambulatório de Doenças Infecciosas e Parasitárias

(DIP), situado no Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira (IPPMG), da

Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

A população de pacientes apresentando adenomegalia foi proveniente dos

ambulatórios de pediatria do IPPMG e de outros locais de atendimento pediátrico da

cidade do Rio de Janeiro e do estado do Rio de Janeiro que nos foram referidos

para esclarecimento diagnóstico e acompanhamento.

4.2 Tipo de estudo

Trata-se de um estudo observacional, descritivo e prospectivo de uma série

de casos de pacientes referidos apresentando quadro clínico de adenomegalia para

investigação diagnóstica.

4.3 População

Todos os pacientes pediátricos encaminhados ao ambulatório de DIP do

IPPMG, apresentando adenomegalia localizada ou generalizada para

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esclarecimento diagnóstico.

A coleta de dados foi realizada em formulário próprio (Anexo 1), após o

responsável de cada paciente ter assinado o termo de consentimento livre e

esclarecido.

4.4 Critérios de inclusão

Foram incluídos no estudo todos os pacientes até 14 anos de idade,

apresentando quadro clínico de adenomegalia a esclarecer. Também foram

incluídos os pacientes encaminhados ao ambulatório de DIP com clínica de adenite

piogênica que não responderam satisfatoriamente ao tratamento após 7 dias de

antibioticoterapia. Todos os pacientes que participaram do estudo foram autorizados

pelos seus responsáveis.

4.5 Critérios de exclusão

Não participaram do estudo os pacientes que apresentaram, na primeira

consulta no ambulatório de DIP, clínica de adenite piogênica com melhora

satisfatória dos sinais e sintomas após início de antibioticoterapia. Também foram

excluídos os pacientes que não realizaram os exames laboratoriais solicitados. Os

pacientes cujos responsáveis não autorizaram a participação no estudo foram

acompanhados clínica e laboratorialmente e tratados quando necessário, conforme

fluxograma de investigação do ambulatório de DIP do IPPMG, elaborado pela autora

e pelo serviço de DIP.

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4.6 Período de estudo

Junho de 2001 a julho de 2004.

4.7 Coleta de dados

A coleta foi realizada em formulário próprio contendo dados demográficos,

história epidemiológica, história da doença atual, exame físico, exames de

laboratório, diagnóstico, tratamento e evolução.

4.7.1 Formulário de coleta de dados (Anexo 1)

Os dados epidemiológicos e anamnese foram colhidos através de entrevista

com os pais ou responsáveis. Em seguida foi realizado exame clínico do paciente e

solicitação de exames laboratoriais para investigação do caso ou tratamento

imediato, conforme a rotina do serviço de DIP. Estes dados foram anotados em

formulário específico para posterior análise.

A coleta de dados foi realizada pela pesquisadora e pelos alunos

(residentes) do ambulatório de DIP, após treinamento e explicação detalhada do

formulário. Durante a consulta médica os alunos, em caso de dúvidas em relação ao

preenchimento do formulário, eram orientados e ao final do atendimento os mesmos

eram revisados pela pesquisadora. Não foi realizado projeto piloto.

Durante a entrevista com os pais, as perguntas sobre a história da doença

atual e história epidemiológica foram realizadas esclarecendo o significado de cada

variável contida no formulário, como o que consta abaixo:

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- Edema palpebral= inchaço nos olhos;

- Dispnéia= dificuldade em respirar;

- Sinais flogísticos prévios= inflamação do caroço;

- Lesão do couro cabeludo= feridas na cabeça;

- Rinite= nariz escorrendo;

- Anorexia= falta de apetite;

- Otite= inflamação do ouvido;

- Perda de peso= emagrecimento;

- Rash prévio= vermelhidão no corpo;

- Astenia= cansaço;

- Odinofagia= dor de garganta;

- Odontalgia= dor de dente;

- Doença de base= doença crônica;

- Antibiótico prévio= uso de antibiótico antes da consulta.

4.8 Avaliação diagnóstica

4.8.1 Fluxograma da rotina do ambulatório de DIP para investigação de

adenomegalia (Anexo 2)

4.8.2 Avaliação clínica

Em relação ao exame clínico foi considerada febre, temperatura axilar maior

ou igual a 37,8°C; desnutrição protéico-calórica, déficit de peso entre 10% a 25%;

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hepatomegalia, o fígado palpável abaixo da margem costal direita; esplenomegalia,

o baço palpável excedendo o rebordo costal esquerdo. Foram considerados

patológicos os gânglios cervicais, submandibulares, mentonianos, axilares e

supraclaviculares maiores que 1 cm de diâmetro; inguinais maiores que 1,5 cm de

diâmetro e epitrocleares maiores que 0,5 cm de diâmetro; (medidos com fita

métrica). A consistência do gânglio foi definida como endurecida quando à palpação

eram firmes, não depressíveis e elásticos quando apresentavam consistência

moderada. Quanto à mobilidade, gânglio aderido foi definido quando o mesmo não

se deslocava abaixo da pele ou subcutâneo e móvel quando se deslizava facilmente

abaixo destes tecidos. As consultas de retorno foram realizadas com intervalo de

aproximadamente 2 semanas, por um período de até 6 meses.

4.8.3 Avaliação laboratorial

A avaliação laboratorial foi realizada no Laboratório de Imunologia,

Bacteriologia, Análises Clínicas, Setor de Radiologia, Serviço de Cirurgia Pediátrica

e Histopatologia do IPPMG e Laboratório de Micologia do Hospital Universitário

Clementino Fraga Filho (HUCFF):

4.8.3.1 Laboratório de Imunologia

Os testes sorológicos foram realizados utilizando os seguintes métodos:

Infecção pelo vírus Epstein Barr (EBV):

IgG - Ensaio baseado na técnica Imunoenzimática tipo

“Sandwich”, “Beochem Immunosystems”, Anti-VCA (Antígenos do

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capsídeo viral)

IgM - Ensaio baseado na técnica Imunoenzimática tipo

“Sandwich”, “Beochem Immunosystems”, Anti-VCA (Antígenos do

capsídeo viral)

Citomegalovirose (CMV):

IgG - Ensaio baseado na técnica ELISA do tipo Indireto,

“Beochem Immunosystems”

IgM – Ensaio baseado na técnica ELISA do tipo Imunocaptura,

“Beochem Immunosystems”

Toxoplasmose e Rubéola:

IgG – Ensaio baseado na técnica ELISA do tipo Indireto

IgM – Ensaio baseado na técnica ELISA do Tipo Imunocaptura,

“Teknika"

Sífilis:

VDRL - Aglutinação do tipo Floculação, utilizando como antígeno

a Cardiolipina, “DADE BEHRING”

Síndrome da Imunodeficiência Humana (HIV):

Conforme fluxograma do Ministério da Saúde: Portaria nº 59/03

MS

Teste I – Ensaio baseado na técnica ELISA (Enzyme Linked

Immunosorbent Assay) do tipo “sandwich”, “Organon

Teknika”

Teste II – Ensaio baseado na técnica ELISA do tipo Indireto,

“Organon Teknika”

Western Blot – Ensaio baseado na técnica ELISA em

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membrana de nitrocelulose, “Immunetics”

4.8.3.2 Laboratório de Análises Clínicas:

Hemograma completo, contagem de plaquetas, velocidade de

hemossedimentação (VHS).

4.8.3.3 Serviço de Radiologia:

Radiografia e ultra-sonografia

4.8.3.4 Serviço de Cirurgia Pediátrica:

Realização de biópsia ganglionar

4.8.3.5 Laboratório de Histopatologia:

Análise do fragmento ganglionar.

4.8.3.6 Laboratório de Bacteriologia e Micologia:

Cultura do fragmento biopsiado ou material puncionado.

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35

4.9 Análise estatística

A análise estatística foi feita por meio de avaliação simples da freqüência

das diversas variáveis estudadas. Os dados coletados foram armazenados num

banco de dados e analisados posteriormente, utilizando os programas EPI-INFO

2000, MS Access e MS Excel. As comparações foram feitas utilizando o teste

estatístico Qui-quadrado e o teste exato de Fisher, quando indicado. Foi escolhido o

valor de p < 0,05 como de significância estatística.

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5 ASPECTOS ÉTICOS

5.1 Termo de consentimento livre e esclarecido (Anexo 3)

5.2 Parecer da Comissão de Ética e Pesquisa do IPPMG, da UFRJ (Anexo 4)

Este estudo descreve a rotina de investigação dos casos de adenomegalia,

realizada no ambulatório de DIP do IPPMG. Nenhuma nova intervenção foi feita fora

da rotina pré-estabelecida, não publicada.

Todas as despesas de papelaria durante o estudo foram de

responsabilidade do pesquisador.

Os exames laboratoriais fazem parte da rotina habitual de investigação

diagnóstica e tratamento de adenomegalia na infância do IPPMG, não publicada.

Não houve ônus para os pacientes participantes do estudo e o pesquisador

não recebeu nenhum honorário durante o estudo.

Os pacientes que não foram incluídos no estudo seguiram a mesma rotina

de investigação diagnóstica e tratamento.

O projeto está em consonância com o estabelecido na resolução nº 196/96 e

suas complementares com o Código de Ética Médica de 1988 (Artigo 122 a 130),

tendo sido aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa do IPPMG-UFRJ em

07/10/2002.

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6 RESULTADOS

6.1 População avaliada e características

No período de junho de 2001 a julho de 2004 iniciaram acompanhamento

146 pacientes pediátricos encaminhados ao ambulatório de DIP do IPPMG,

apresentando quadro clínico de adenomegalia localizada ou generalizada, para

investigação diagnóstica. Destes, 9 pacientes não prosseguiram até o final do

estudo, não retornando após a 1ª consulta, embora tenham colhido exames como

hemograma completo e VHS, sendo que 6 deles também colheram as principais

sorologias (EBV, CMV, toxoplasmose, rubéola, HIV e VDRL) que foram negativas.

Portanto 137 pacientes foram incluídos no presente estudo.

6.1.1 Sexo

Dos 137 pacientes que foram avaliados, a maioria foi do sexo masculino (86

casos, 62,77%), demonstrado no Gráfico -1.

0

10

20

30

40

50

60

70

% 62,77 37,23

Masculino Feminino

Gráfico 1 Distribuição entre os sexos

Adenomegalia na infância IPPMG-UFRJ Junho 2001/Julho 2004

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38

6.1.2 Idade

A média de idade dos pacientes foi de 4 anos e 8 meses, com uma mediana

de 4 anos e 2 meses, sendo a idade mínima observada de 2 meses e a máxima de

13 anos e 9 meses.

6.2 História da doença atual

6.2.1 Tempo de doença

Em relação ao tempo de aparecimento da doença, a mediana encontrada foi

de 22 dias, sendo a média aproximadamente de 63 dias e moda de 30 dias.

6.2.2 Sinais e sintomas

Na anamnese (história da doença atual - HDA) os sinais e sintomas mais

comuns foram febre (64,96%, 89 casos), seguida pela dor no local do gânglio

acometido (37,23%, 51 casos), tosse (24,09%, 33 casos), anorexia (23,63%, 32

casos), odinofagia (22,63%, 31 casos), e flogose (21,90%, 30 casos). O uso prévio

de antibióticos foi referido por 75 pacientes, representando 54,74% dos casos

(Gráfico -2).

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39

0

10

20

30

40

50

60

70

% 64,96 37,23 24,09 23,63 22,63 21,9

Febre Dor local Tosse Anorexia Dor de garganta

Flogose prévia

Gráfico 2 História da doença atual

Adenomegalia na infância IPPMG-UFRJ Junho 2001/Julho 2004

Outros sinais e sintomas foram observados em menor freqüência como:

astenia (15,33%, 21 casos), perda de peso (14,20%, 20 casos), diarréia (11,68%, 16

casos), otite (8,03%, 11 casos), dispnéia e sinusite (6,57%, 9 casos), lesão de couro

cabeludo (5,84%, 8 casos) e edema palpebral (5,11%, 7 casos). Rash cutâneo não

foi observado nos pacientes que foram incluídos no estudo (Gráfico – 3).

0

2

4

6

8

10

12

14

16

% 15,33 14,2 11,68 8,03 6,57 6,57 5,84 5,11

Astenia Perda peso

Diarréia Otite Dispnéia Sinusite L.c.cab. Ed. pap.

Ed. palp.= edema palpebral; L.C. Cab.= lesão do couro cabeludo

Gráfico 3 História da doença atual Adenomegalia na infância IPPMG-UFRJ Junho 2001/Julho 2004

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40

6.3 Dados epidemiológicos

Na história epidemiológica foi observado que 35,04% dos pacientes (48

casos) tiveram contato freqüente com areia em área de lazer, 18,98 % (26 casos)

tiveram contato com gato (conviviam com o animal), 10,22% dos pacientes (14

casos) não ingeriam água filtrada, 7,30% (10 casos) tiveram contato domiciliar com

tuberculose (BK), 5,11% (7 casos) ingeriam carne mal cozida e 3,65% dos pacientes

(5 casos) tiveram contato com indivíduos apresentando também aumento de

linfonodos (Gráfico – 4).

0

5

10

15

20

25

30

35

40

% 35,04 18,98 10,22 7,3 5,11 3,65

Contato Areia

Contato gato

Ingestão água não

filtradaContato BK

Ingestão carne mal

cozida

Contato doença igual

Gráfico 4 História epidemiológica

Adenomegalia na infância IPPMG-UFRJ Junho 2001/Julho 2004

6.4 Cadeias ganglionares acometidas

Em relação à localização dos gânglios, os achados demonstram que a

adenomegalia generalizada foi mais freqüente que a adenomegalia localizada. Neste

estudo foram observados 71 casos (51,82%) de adenomegalia generalizada e 66

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41

casos (48,18%) de adenomegalia localizada (Gráfico 5), sendo a cadeia cervical a

mais acometida (92,70%), seguida da inguinal (33,57%), submandibular (32,84%),

axilar (29,92%) e mentoniana (1,45%), como demonstrado no Gráfico 6.

0

10

20

30

40

50

60

% 51,82 48,18

Generalizada Localizada

Gráfico 5 Localização das cadeias ganglionares

Adenomegalia na infância IPPMG-UFRJ Junho 2001/Julho 2004

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

% 92,7 33,57 32,84 29,92 1,45

Cervical Inguinal Submandibular Axilar Mentoniano

Gráfico 6 Cadeias ganglionares mais acometidas

Adenomegalia na infância IPPMG-UFRJ Junho 2001/Julho 2004

6.4.1 Adenomegalia localizada

Dentre os casos de adenomegalia localizada (66 casos, 48,18%) a cadeia

cervical foi a mais acometida, sendo encontrada em 57 pacientes (86,36%), seguida

da submandibular em 5 casos (7,59%), mentoniana em 2 casos (3,03%), axilar em 1

caso (1,51%) e inguinal em 1 caso (1,51%). Nenhum paciente apresentou

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42

adenomegalia localizada em cadeia supraclavicular ou outras cadeias (Gráfico 7).

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

% 86,36 7,59 3,03 1,51 1,51

Cervical Submandibular Mentoniano Axilar Inguinal

Gráfico 7 Adenomegalia localizada

Adenomegalia na infância IPPMG-UFRJ Junho 2001/Julho 2004

6.4.2 Adenomegalia generalizada

Nos pacientes em que a adenomegalia generalizada (71 casos, 51,82%) foi

observada, as cadeias ganglionares mais acometidas foram a cervical em 70 casos

(98,59%), inguinal em 45 casos (63,38%), axilar em 40 casos (56,33%) e

submandibular em 35 casos (49,29%), como demonstrado no Gráfico 8.

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43

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

% 98,59 63,38 56,33 49,29

Cervical Inguinal Axilar Submandibular

Gráfico 8 Adenomegalia generalizada

Adenomegalia na infância IPPMG-UFRJ Junho 2001/Julho 2004

6.5 Outras alterações de exame físico

Em alguns pacientes, além do aumento de uma ou mais cadeias

ganglionares, foram encontradas também outras alterações de exame físico como

hepatomegalia (29 casos, 21,17%), esplenomegalia (18 casos, 13,14%) e alterações

de orofaringe do tipo hiperemia e exsudato (14 casos, 10,22%); como demonstrado

no Gráfico 9.

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44

0

5

10

15

20

25

% 21,17 13,14 10,22

Hepatomegalia Esplenomegalia Alt orofaringe

Gráfico 9 Principais alterações de exame físico

Adenomegalia na infância IPPMG-UFRJ Junho 2001/Julho 2004

6.6 Alterações de exames laboratoriais

As principais alterações de exames laboratoriais encontradas foram:

linfocitose ≥ 50% em 24,40% dos pacientes (31 casos), atipia linfocitária ≥ 10% em

15,75% dos pacientes (20 casos), velocidade de hemossedimentação (VHS) ≥ 70%

em 12,50% (15 casos) e leucocitose ≥ 20.000 cel/mm3 em 4,72% (6 casos). Gráfico

10. Dentre os pacientes que apresentaram linfocitose ≥ 50%, a etiologia não foi

esclarecida em 15 pacientes, síndrome de mononucleose e adenite piogênica foram

diagnosticadas em 6 pacientes respectivamente, neoplasia em 2 pacientes e

síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS) e hepatite em 1 paciente

respectivamente. Nos pacientes que apresentaram VHS ≥ 70mm/1ª hora a etiologia

não foi esclarecida em 7 casos, 7 pacientes apresentaram clínica de adenite

piogênica e em 1 paciente foi diagnosticado tuberculose. Leucocitose ≥ 20.000

cel/mm3 foi observada em 6 pacientes, 4 deles apresentaram adenite piogênica, 1

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45

paciente apresentou neoplasia e em 1 paciente a etiologia não foi esclarecida

(Gráficos 10, 11, 12 e 13).

0

5

10

15

20

25

% 24,4 15,75 12,5 4,72

Linfócitos ≥ 50% Atipia VHS ≥ 70mn 1ª h Leucócitos ≥ 20.000

Gráfico 10 Principais alterações laboratoriais

Adenomegalia na infância IPPMG-UFRJ Junho 2001/Julho 2004

15

6

6

211

Não esclarecidaSd. mononucleoseAd. PiogênicaNeoplasiaAIDSHepatite

Gráfico 11 Linfocitose ≥ 50%

Adenomegalia na infância IPPMG-UFRJ Junho 2001/Julho 2004

7

1

7 Não esclarecida

Tuberculose

Ad. Piogênica

Gráfico 12 VHS ≥ 70 mm 1ª hora

Adenomegalia na infância IPPMG-UFRJ Junho 2001/Julho 2004

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46

1

4

1

Neoplasia

Ad. Piogênica

Não esclarecida

Gráfico 13 Leucocitose ≥ 20.000 cel/mm3 Adenomegalia na infância IPPMG-UFRJ Junho 2001/Julho 2004

6.7 Classificação etiológica

De acordo com a classificação etiológica, 50,36% dos pacientes (69 casos)

apresentaram etiologia infecciosa, 5,84% dos pacientes (8 casos) apresentaram

etiologia não infecciosa e em 43,80% dos pacientes (60 casos) a etiologia não foi

esclarecia (Gráfico 14).

0

10

20

30

40

50

60

% 50,36 43,8 5,84

Infecciosa Não esclarecida Não infecciosa

Gráfico 14 Distribuição das etiologias (Infecciosa, não esclarecida e não infecciosa)

Adenomegalia na infância IPPMG-UFRJ Junho 2001/Julho 2004

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47

No grupo de pacientes que apresentou etiologia infecciosa, a adenite

piogênica foi diagnosticada em 35 pacientes (50,72%), síndrome de mononucleose

em 24 pacientes (34,78%), sendo que destes, 15 pacientes (62,50%) apresentaram

toxoplasmose, 7 pacientes (29,16%) apresentaram infecção pelo vírus Epstein-Barr

e 2 pacientes (8,34%) apresentaram citomegalovirose. Ainda dentre as causas

infecciosas, 4 pacientes (5,85%) apresentaram tuberculose, 1 paciente (1,44%)

apresentou aids e em 5 pacientes outros diagnósticos foram comprovados como

esporotricose (2 casos, 2,89%), doença da arranhadura do gato (1 caso,1,44%),

hepatite (1 caso, 1,44%) e reação pós-BCG (1 caso, 1,44%); demonstrado no

Gráfico 15.

35

1

24

4 3Ad.piogênicaAIDSSd. M ononucleoseTuberculoseOutros

Gráfico 15 Etiologia infecciosa (adenite piogênica, síndrome de mononucleose, tuberculose, outras causas e aids)

Adenomegalia na infância IPPMG-UFRJ Junho 2001/Julho 2004

Dentre as causas não infecciosas, representando nesta casuística 5,84%

dos pacientes (8 casos), neoplasia foi diagnosticada em 5 pacientes, sendo 3 casos

de neoplasia hematológica (leucemia linfocítica aguda) e 2 casos de linfoma (linfoma

de Hodgkin). Cisto do tireoglosso foi diagnosticado em 2 pacientes e reação

medicamentosa provável em 1 paciente (uso contínuo de Captopril); demonstrado no

Gráfico 16.

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48

2

5

1

Cisto Tireoglosso

Neoplasia

Reação à medicamento

Gráfico 16 Etiologia não infecciosa (cisto tireoglosso, neoplasias e reação medicamentosa)

Adenomegalia na infância IPPMG-UFRJ Junho 2001/Julho 2004

As adenomegalias em que o diagnóstico etiológico não foi definido (causa

não esclarecida, 60 pacientes, 43,80% dos casos) foram as que, apesar da análise

clínica e laboratorial de acordo com o fluxograma de investigação utilizado, os

pacientes não apresentavam alterações sistêmicas ou alterações laboratoriais

significativas e evoluíram de forma satisfatória, com resolução espontânea da

adenomegalia, sem uso de antibióticos, em até três meses após a primeira consulta

do ambulatório de DIP.

6.8 Evolução

Quanto à evolução, 125 pacientes, representando 91,2% dos casos de

adenomegalia nesta casuística, apresentaram evolução clínica satisfatória, com

resolução dos sinais e sintomas, com alta ambulatorial após aproximadamente 2

meses a 6 meses de acompanhamento.

Os 6 pacientes encaminhados a ambulatórios de especialidades

representaram 4,4% dos casos, nos quais foi feito o diagnóstico de síndrome de

imunodeficiência adquirida (1 caso), cisto do tireoglosso (2 casos) e neoplasia (1

caso de leucemia e 2 casos de linfoma de Hodgkin).

Permaneceram em tratamento os pacientes portadores de esporotricose (2

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49

casos) e tuberculose (1 caso). Embora aids seja também doença infecciosa, há um

ambulatório específico no IPPMG para tratamento desta infecção.

Necessitaram de internação 3 pacientes, sendo 2 casos de leucemia e 1

caso de adenite piogênica (Gráfico 17).

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

% 91,24 4,38 2,19 2,19

Alta Encaminhado Em Tratamento Internação

Gráfico 17 Evolução dos pacientes

Adenomegalia na infância IPPMG-UFRJ Junho 2001/Julho 2004

6.9 Diagnósticos etiológicos

Dentre as inúmeras patologias que podem causar adenomegalia na infância,

neste estudo foi possível diagnosticar precisamente 14 etiologias em 77 (56,20%)

dentre os pacientes avaliados (Gráfico 18).

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50

0

5

10

15

20

25

30

35

Casos 35 15 7 4 3 2 2 2 2 1 1 1 1 1

Adenite piog. TOXO EBV Tuberc. LLA CMV Cisto

tireog.L.

Hodgkin Esporot. Dç. ar. gato AIDS R. BCG R. med. Hepatite

Adenite piog.= adenite piogênica, TOXO= toxoplasmose, EBV= infecção pelo vírus Epstein-Barr, Tuberc.= tuberculose, LLA= leucemia linfocítica aguda, CMV=citomegalovirose, Cis.tireog=cisto tireoglosso, L. Hodgkin= linfoma de Hodgkin, Esporot.=esporotricose, Dç. Ar. gato= doença da arranhadura do gato, AIDS=síndrome da imunodeficiência humana adquirida,R.BCG= reação pós-vacinaçãocom BCG, R.med.=reação medicamentosa

Gráfico 18 Etiologias das adenomegalia encontradas na amostra estudada (n=77)

Adenomegalia na infância IPPMG-UFRJ Junho 2001/Julho 2004

Em 60 pacientes (43,80% dos casos), não foi possível chegar a uma

etiologia definida, sendo que 24 deles apresentaram adenomegalia localizada e 36

generalizada. Estas crianças foram acompanhadas clinicamente e 5 delas que não

apresentaram regressão do gânglio foram submetidas à biópsia que também não

levou a resultados esclarecedores. Nestes pacientes foi observada a evolução

benigna da adenomegalia com regressão completa após 6 meses do início do

acompanhamento.

A freqüência das adenomegalias localizada e generalizada foi separada em

relação às etiologias e é demonstrada nos gráficos 19 e 20.

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51

0

10

20

30

40

50

60

% 55 10 10 5 5 5 2,5 2,5 2,5 2,5

Adenite piog. TOXO Tuberc. EBV Cis.

tireogl.L.

Hodgkin LLA CMV Reaç. BCG

Dç. arr. gato

Adenite piog.= adenite piogênica, TOXO= toxoplasmose, EBV= infecção pelo vírus Epstein-Barr, CMV= citomegalovirose, Cis.tireogl.= cisto tireoglosso, L. Hodgkin= linfoma de. Hodgkin, Reaç.BCG= reação pós-BCG, Dç. Arr.gato= doença da arranhadura do gato, Tuberc.= tuberculose, LLA= leucemia linfocítica aguda

Gráfico 19 Diagnósticos etiológicos com adenomegalia localizada (n=40)

Adenomegalia na infância IPPMG-UFRJ Junho 2001/Julho 2004

0

5

10

15

20

25

30

35

40

% 35,13 29,72 13,51 5,4 5,4 2,7 2,7 2,7 2,7

Adenite piog. TOXO EBV Esporotr. LLA Reaç.

med. Hepatite CMV AIDS

Adenite piog.= adenite piogênica, TOXO= toxoplasmose, EBV= infecção pelo vírus Epstein-Barr, CMV= citomegalovirose, LLA= leucemia linfocítica aguda, Esporotr.= esporotricose, AIDS= síndrome da imunodeficiência humana adquirida

Gráfico 20 Diagnósticos etiológicos com adenomegalia generalizada (n=37)

Adenomegalia na infância IPPMG-UFRJ Junho 2001/Julho 2004

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52

6.10 Características dos gânglios linfáticos observadas nas diversas

etiologias

6.10.1 Tamanho

Os gânglios linfáticos que atingiram maior tamanho foram os linfonodos

cervicais, seguidos pelos linfonodos axilares, inguinais, mentonianos,

submandibulares e supraclaviculares. Os gânglios mentonianos foram palpados nos

pacientes portadores de síndrome de mononucleose, cisto do tireoglosso, síndrome

da imunodeficiência adquirida e no paciente que foi atribuída a adenomegalia à

provável reação medicamentosa (Tabela 1).

Tabela 1 Média de tamanho dos gânglios linfáticos observados nos pacientes

com a adenomegalia de causa não esclarecida, adenite piogênica, fúngica,

neoplasia, síndrome de mononucleose, tuberculose e outras causas

Adenomegalia na infância IPPMG-UFRJ Junho 2001/Julho 2004

Etiologia Axilar Cervical Inguinal Menton. SubM SCl

Não esclarecida 1,6 3,2 1,5 1,6 1,3

Ad. piogênica 1,7 3,6 1,6 2,4

Fúngica 1,5 1,5 1,5 1,5

Neoplasia 3 5,6 3

Sd. Mononucl. 1,7 1,9 1,5 1,5 1,6 1,5

Tuberculose 4

Outras causas 2,5 2 1,5 3

SubM= submandibular, Menton.= mentoniano, SCL.= supraclavicular, Ad. Piogênica= adenite piogênica, Sd. Mononucl.= síndrome de mononucleose.

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53

Considerando a média de tamanho dos gânglios cervicais maior que 2 cm de

diâmetro, na tuberculose e nas neoplasias, houve diferença significativa em relação

as adenomegalias de causa não esclarecida e à adenite piogênica (p= 0,04 e p=

0,03, respectivamente). Dentre os 35 pacientes com adenite piogênica 18

apresentaram aumento de gânglio cervical em média igual a 3,5 cm de diâmetro. No

grupo de pacientes em que a etiologia não foi definida (60 casos) 7 deles

apresentaram gânglio cervical em média igual a 3,2 cm de diâmetro. Todos os

pacientes com neoplasia (5 casos) apresentaram gânglio cervical em média igual a

5,6 cm de diâmetro e todos os pacientes portadores de tuberculose ganglionar (4

casos) apresentaram gânglio cervical em média igual a 4 cm de diâmetro.

6.10.2 Consistência

Em relação à consistência dos gânglios, a maioria dos pacientes apresentou

adenomegalia com linfonodos de consistência elástica (Tabela 3).

Tabela 2 Freqüência de gânglios linfáticos apresentando consistência elástica observada nas adenomegalias de causa não esclarecida, adenite piogênica,

neoplasia, tuberculose e outras Adenomegalia na infância IPPMG-UFRJ Junho 2001/Julho 2004

Etiologia ( % ) Cervical

( % ) Submand.

( % ) Menton.

( % ) Axilar

( % ) Supracl.

( % ) Inguinal

( % ) ( n )

Não escl. 93 94 - 90 86 90 60

Ad. Piog. 53 70 - 100 - 100 35

Fúngica 100 - - 100 - 100 2

Sd. Mono. 100 100 100 100 100 100 24

Tuberculose 75 - - - - - 4

Outras 100 - 75 100 - 100 7 Submand.= submandibular, Menton.= mentoniano, Supracl.= supraclavicular, Não escl.= não esclarecida, Ad. Piog.= adenite piogênica, Sd. Mono.= síndrome de mononucleose

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54

Nos casos em que a etiologia foi comprovada como neoplásica, foi

observado que os gânglios apresentaram consistência endurecida (p= 0,01),

evidenciado principalmente nos pacientes portadores de linfoma de Hodgkin,

demonstrando diferença significativa em relação à tuberculose, adenite piogênica e

nos casos em que a etiologia não foi definida. Em relação à consistência, nos casos

de tuberculose não houve diferença significativa quando comparada à neoplasia,

adenite piogênica e os casos em que a etiologia não foi esclarecida (p=0,6),

demonstrado na Tabela 3.

Tabela 3 Freqüência de gânglios linfáticos apresentando consistência

endurecida observada nas adenomegalias de causa não esclarecida, adenite

piogênica, neoplasia, tuberculose e outras.

Adenomegalia na infância IPPMG-UFRJ Junho 2001/Julho 2004

Etiologia ( % ) Cervical

( % ) Submand.

( % ) Menton.

( % ) Axilar

( % ) Supracl.

( % ) Inguinal

( % ) ( n )

Não escl. 7 6 - 10 14 10 60

Ad. Piog. 47 30 - 0 - 0 35

Neoplasia 100 - - 100 - 100 5

Tuberculose 25 - - - - - 4

Outras 0 - 25 0 - 0 7 Submand.= submandibular, Menton.= mentoniano, Supracl.= supraclavicular, Não escl.= não esclarecida, Ad. Piog.= adenite piogênica, Sd. Mono.= síndrome de mononucleose.

6.10.3 Mobilidade

Em relação à mobilidade dos gânglios foi observado que nos pacientes

portadores de neoplasia (tumores sólidos), os gânglios se apresentaram aderidos a

planos mais profundos da pele e subcutâneo. Este achado teve significância em

relação às outras etiologias como a adenite piogênica e de causa não esclarecida

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55

(p= 0,01). Nos pacientes que apresentaram tuberculose também houve diferença

significativa (p= 0,03), demonstrado nasTabelas 4 e 5.

Tabela 4 Freqüência de gânglios linfáticos aderidos observados nas

adenomegalias de causa não esclarecida, adenite piogênica, neoplasia e

tuberculose.

Adenomegalia na infância IPPMG-UFRJ Junho 2001/Julho 2004

Etiologia ( % ) Cervical

( % ) Submand.

( % ) Menton.

( % ) Axilar

( % ) Supracl.

( % ) Inguinal

( % ) ( n )

Não escl. 5 0 - 5 0 5 60

Ad. Piog. 40 30 - 0 - 14 35

Neoplasia 100 - - 100 - 100 5

Tuberculose 100 - - - - - 4 Submand.= submandibular, Menton.= mentoniano, Supracl.= supraclavicular, Não escl.= não esclarecida, Ad. Piog.= adenite piogênica, Sd. Mono.= síndrome de mononucleose.

Tabela 5 Freqüência de gânglios linfáticos móveis observados nas

adenomegalias de causa não esclarecida, adenite piogênica, fúngica, síndrome de

mononucleose e outras causas.

Adenomegalia na infância IPPMG-UFRJ Junho 2001/Julho 2004

Etiologia ( % ) Cervical

( % ) Submand.

( % ) Menton.

( % ) Axilar

( % ) Supracl.

( % ) Inguinal

( % ) ( n )

Não escl. 95 100 - 95 100 95 60

Ad. Piog. 60 70 - 100 - 86 35

Fúngica 100 - - 100 100 100 2

Sd. Mono. 100 100 100 100 100 100 24

Outras 100 - 100 100 - 100 7 Submand.= submandibular, Menton.= mentoniano, Supracl.= supraclavicular, Não escl.= não esclarecida, Ad. Piog.= adenite piogênica, Sd. Mono.= síndrome de mononucleose.

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56

6.10.4 Sinais flogísticos

A maioria dos pacientes não apresentou gânglios com sinais flogísticos. Nos

pacientes com quadro clínico de adenite piogênica, a flogose ganglionar foi

detectada em gânglios cervicais em 37% dos casos e em 20% de gânglios

submandibulares (p= 0,01). Os pacientes com diagnóstico etiológico de tuberculose

apresentaram nódulos cervicais com sinais flogísticos em 50% dos casos, porém

não houve diferença significativa em relação às outras etiologias anteriormente

mencionadas (p= 0,2). Também foi observada flogose em cadeias axilar, inguinal,

mentoniana e supraclavicular nos pacientes portadores de síndrome de

mononucleose, em menor número (p > 0,05), demonstrado na Tabela 6.

Tabela 6 Freqüência de gânglios linfáticos com sinais flogísticos nos casos de

adenomegalia de causa não esclarecida, adenite piogênica, síndrome de

mononucleose e tuberculose

Adenomegalia na infância IPPMG-UFRJ Junho 2001/Julho 2004

Etiologia ( % ) Cervical

( % ) Submand.

( % ) Menton.

( % ) Axilar

( % ) Supracl.

( % ) Inguinal

( % ) ( n )

Não escl. 0 0 - 0 0 5 60

Ad. Piog. 37 20 - 0 - 0 35

Sd. Mono. 4 11 50 10 50 9 24

Tuberculose 50 - - - - - 4 Submand.= submandibular, Menton.= mentoniano, Supracl.= supraclavicular, Não escl.= não esclarecida, Ad. Piog.= adenite piogênica, Sd. Mono.= síndrome de mononucleose.

6.10.5 Drenagem espontânea

A drenagem espontânea dos linfonodos foi verificada em um número

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57

pequeno de pacientes. Somente os gânglios cervicais apresentaram flutuação,

sendo observada nos pacientes com adenite piogênIca (3% dos casos) e

tuberculose (25% dos casos), não havendo significância estatística (p=0,6 e p=0,1;

respectivamente), demonstrado na Tabela 7.

Tabela 7 Freqüência de drenagem espontânea dos gânglios cervicais nos casos

de adenite piogênica e tuberculose

Adenomegalia na infância IPPMG-UFRJ Junho 2001/Julho 2004

Etiologia Adenite cervical (%) ( n ) (%)

Ad. Piog. 3 35

Tuberculose 25 4

Ad. Piog.= adenite piogênica

6.11 Características dos exames laboratoriais

6.11.1 Hemograma

Os achados do exame hematológico foram inespecíficos na amostra

estudada. As taxas de hemoglobina em alguns pacientes apresentaram valores

inferiores ao normal provavelmente devido ao quadro infeccioso ou anemia carencial

que apresentavam no momento. Os valores de hematócrito permaneceram normais.

No leucograma, a média de leucócitos aumentados foi observada nos casos de

neoplasia (13.933 cel/mm3) e adenite piogênica (12.069 cel/mm3); bem como a

média de linfócitos aumentados também foi percebida nas neoplasias (46%) e em

outras causas, representando predomínio de 42%. A média de eosinófilos foi de

4,3% no total de exames realizados, variando de 1% a 5%. Dos 137 pacientes

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58

incluídos no estudo, 10 deles não realizaram hemograma, portanto os resultados

descritos na Tabela 8, totalizam 127 pacientes.

Tabela 8 Características da média dos valores encontrados no hemograma

realizado pelos 127 pacientes com adenomegalia, separados de acordo com as

etiologias não definidas e definidas (adenite piogênica, fúngica, neoplasia, síndrome

de mononucleose, tuberculose e outras causas)

Adenomegalia na infância IPPMG-UFRJ Junho 2001/Julho 2004

ETIOLOGIA N.E. A.P. Fung Neopl. Sd. M. Tb. Outras

CASOS= 127 60 33 1 3 21 3 6

HEMOGRAMA MEDIA

Hemoglobina (g/dl) 11,5 10,5 11 10,5 11,2 12 9,2 10,7

Hematócrito (%) 34,1 34,5 35 34 34 37 30 33,5

Leucócitos cel/mm3 10.576 12.069 4.700 13.933 9.380 11.000 11.740 10.848

Basófilos (%) 0 0 0 0 0 0 0 0

Eosinófilos (%) 5 3 1 4 4 2 4 4,3

Bastões (%) 2 3 1 3 4 3 2 2,9

Segmentados (%) 45 49 43 41 43 56 43 49,9

Linfócitos (%) 39 34 31 46 38 26 42 37,7

Mielócitos (%) 0 0 0 0 0 0 0 0

Metamielócitos (%) 0 0 0 0 0 0 0 0

Monócitos (%) 7 8 9 2 6 12 8 7

N.E.= Não Esclarecida; A.P.= Adenite Piogênica; Fung.=Fúngica; Neopl.= Neoplasia; Sd.M.= Síndrome de mononucleose; Tb.= Tuberculose

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59

6.11.2 Plaquetas

Na avaliação plaquetária, os pacientes com diagnóstico de neoplasia

apresentaram diminuição do número de plaquetas (159,33 mil/mm3), porém

mantendo níveis dentro dos valores normais para a idade. Os demais pacientes

avaliados neste estudo não apresentaram alterações de valores na contagem de

plaquetas (Tabela 9).

Tabela 9 Características da média dos valores encontrados na contagem de

plaquetas, exame realizado por 125 pacientes, detectadas nas etiologias não

definidas e definidas (adenite piogênica, fúngica, neoplasia, síndrome de

mononucleose, tuberculose e outras causas)

Adenomegalia na infância IPPMG-UFRJ Junho 2001/Julho 2004

Etiologia Realizado (125 casos) mil/mm3 Não realiz.

Não esclarecida 59 306,69 1

Adenite piogênica 33 296,40 2

Fúngica 1 237,00 1

Neoplasia 3 159,33 2

Síndrome de mononucleose 20 214,00 4

Tuberculose 3 325,00 1

Outras 6 236,00 1 Não realiz.= não realizado

6.11.3 Velocidade de hemossedimentação (VHS)

Cento e vinte pacientes realizaram o exame (VHS). Nos resultados

encontrados os valores mais altos, em média, foram encontrados nos casos de

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60

tuberculose (64 mm/1ª hora), seguidos pelos casos de adenite piogênica e fúngica

(43,90 mm/1ª hora e 41 mm/1ª hora, respectivamente). Nos casos em que a

etiologia não foi esclarecida, neoplasia, síndrome de mononucleose e outras causas,

os valores encontrados não foram significativos. Não houve significância estatística

em relação ao VHS ≥ 70 mm/1ª hora nos casos de tuberculose, adenite piogênica e

fúngica (p= 0,4). Em relação as mesmas etiologias, o VHS ≥ 90 mm/1ª hora teve

valor significativo nos casos de adenite piogênica (p= 0,02), demonstrado na Tabela

10.

Tabela 10 Características da média dos valores VHS encontrados em 120

portadores com quadro clínico de adenomegalia, com etiologia não esclarecida,

adenite piogênica, fúngica, neoplasia, síndrome de mononucleose, tuberculose e

outras causas.

Adenomegalia na infância IPPMG-UFRJ Junho 2001/Julho 2004

Etiologia Realizado (n = 120) mm/1ª hora Não realiz.

Não esclarecida 58 29,60 2

Ad. piogênica 30 43,90 5

Fúngica 1 41,00 1

Neoplasia 3 28,00 2

Sd. Mononucleose 19 11,20 5

Tuberculose 3 64,00 1

Outras 6 22,60 1

Não realiz. = Não realizado Sd. Mononucl. = Sindrome de Mononucleose Ad. Piogênica= Adenite piogênica

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61

6.11.4 Atipia linfocitária

A linfocitose ≥ 50% com atipia foi observada em 8 dos casos de

adenomegalia em que a causa não foi esclarecida, em 4 casos de síndrome de

mononucleose e em 4 casos de adenite piogênica. Na maioria dos casos a

percentagem de linfócitos atípicos não foi quantificada, sendo mencionada no

resultado do exame laboratorial somente a presença de linfócitos atípicos. Nos

casos em que houve quantificação, esta foi ≥ 10%.

Também foi observada atipia linfocitária em 4 pacientes portadores de

síndrome de mononucleose com taxas de linfócitos entre 40% e 49%. Dos 24

pacientes que apresentaram síndrome de mononucleose, 21 realizaram hemograma,

em 8 destes foi observada atipia linfocitária, representando 38,09% dos casos neste

grupo.

6.11.5 Avaliação sorológica

Dos 137 pacientes incluídos no estudo, 99 pacientes realizaram as principais

sorologias. Destes pacientes, 54 tiveram contato prévio com CMV, apresentando

sorologia IgG positiva e 2 pacientes apresentaram também sorologia IgM positiva,

significando infecção ativa. Dos pacientes que realizaram sorologia para EBV,

encontramos 56 pacientes com IgG positiva e 7 com IgM também positiva,

significando infecção ativa pelos vírus Epstein Barr. Dos pacientes que realizaram

sorologia para toxoplasmose, 31 deles apresentou IgG positiva, sendo que em 2

pacientes os títulos desta imunoglobulina foram altos e 13 apresentaram IgM

positiva, totalizando 15 pacientes com infecção recente pelo Toxoplasma gondii.

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62

Um paciente apresentou sorologia positiva para HIV, 1 paciente apresentou infecção

pelo vírus da hepatite não A, não B, não C, 1 paciente apresentou sorologia positiva

para Bartonella henselae. Não foi observada infecção pelo vírus da rubéola e

nenhum paciente apresentou VDRL positivo (Tabela 11).

Tabela 11 Freqüência da positividade dos testes sorológicos realizados nos

pacientes com quadro clínico de adenomegalia: sorologias para CMV, EBV, TOXO,

Rubéola e HIV

Adenomegalia na infância IPPMG-UFRJ Junho 2001/Julho 2004

CMV EBV TOXO Rubéola HIV Etiologia (n=99)

IgG IgM IgG IgM IgG IgM IgG IgM

Não esclarecida 32 0 32 0 10 0 25 0 0

Ad. piogênica 8 0 10 0 2 0 6 0 0

Fúngica 0 0 1 0 1 0 1 0 0

Neoplasia 2 0 1 0 1 0 0 0 0

Sd. Mononucleose 8 2 9 7 15 13 7 0 0

Tuberculose 2 0 3 0 1 0 0 0 0

Outras causas 2 0 0 0 1 0 1 0 1

CMV= Citomegalovirose; EBV= Infecção pelo vírus Epstein Barr; TOXO= Toxoplasmose; HIV= Síndrome da imunodeficiência adquirida; Sd. Mononucl.= Síndrome de mononucleose; Ad. Piogênica= Adenite Piogênica

6.11.6 Outros exames laboratorias realizados (ultrassonografia, punção e biópsia)

Dentre os outros exames laboratoriais realizados que fazem parte da

continuidade da investigação diagnóstica das adenomegalias, a ultra-sonografia foi

realizada em 6 pacientes, porém com resultado inconclusivo.

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63

A punção ganglionar teve indicação em apenas 1 paciente com adenite

piogênica em que o linfonodo apresentava flogose com flutuação.

A biópsia, quando indicada, foi realizada num total de 13 pacientes, sendo

em 5 pacientes cuja etiologia não foi esclarecida tendo resultado inespecífico, 4

pacientes com suspeita de doença maligna, em 2 casos sugestivos de tuberculose, 1

caso de adenite piogênica e 1 caso de micose profunda (doença fúngica),

demonstrado na Tabela 12.

Tabela 12 Freqüência da realização de biópsia, ultra-sonografia e punção

ganglionar quadro clínico de adenomegalia: causa não esclarecida, adenite

piogênica, fúngica, neoplasia, síndrome de mononucleose, tuberculose e outras

causas

Adenomegalia na infância IPPMG-UFRJ Junho 2001/Julho 2004

Biópsia Punção US Etiologia (n=137)

Realizado N. realiz. Realizado N. realiz. Realizado N. realiz.

Não esclarecida 5 55 0 60 0 60

Ad. piogênica 1 34 1 34 5 30

Fúngica 1 1 0 2 0 2

Neoplasia 4 1 0 5 0 5

Sd. Mononucleose 0 24 0 24 0 24

Tuberculose 2 2 0 4 1 4

Outras causas 0 7 0 7 0 7 US = Ultrassonografia N. realiz. = Não realizado Sd. Mononucl. = Sindrome de Mononucleose Ad. Piogênica= Adenite piogênica

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64

6.11.7 Teste cutâneo (PPD)

Os pacientes que apresentaram PPD forte reator foram 2 casos em que a

etiologia não foi esclarecida e 3 casos de tuberculose. O PPD fraco reator foi

verificado em 4 pacientes e não reator em 10 pacientes com etiologia não

esclarecida. O PPD também não foi reator em 6 casos de adenite piogênica, 2 casos

de neoplasia e 3 casos de síndrome de mononucleose (Tabela 13).

Tabela 13 Freqüência dos resultados do PPD (forte, fraco, não reator)

encontrados nos pacientes com quadro clínico de adenomegalia não esclarecida,

adenite piogênica, fúngica, neoplasia, síndrome de mononucleose, tuberculose e

outras causas e os pacientes que não realizaram o teste

Adenomegalia na infância IPPMG-UFRJ Junho 2001/Julho 2004

Etiologia (n=137) Forte Fraco Não reator Não realiz.

Não esclarecida 2 4 10 44

Ad. piogênica 0 0 6 29

Fúngica 0 0 0 2

Neoplasia 0 0 2 3

Sd. Mononucleose 0 0 3 21

Tuberculose 3 0 0 1

Outras 0 0 0 7

Não realiz. = Não realizado Sd. Mononucl. = Sindrome de Mononucleose Ad. Piogênica= Adenite piogênica

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65

6.11.8 Radiografia de tórax

Nos pacientes em que a etiologia não foi esclarecida que realizaram o

exame (29 casos) somente 1 deles apresentou alteração radiográfica (infiltrado

pulmonar).

Nos pacientes com adenite piogênica que realizaram o exame (13 casos), 2

pacientes apresentaram alteração radiográfica (infiltrado pulmonar).

Nos casos de neoplasia, representados por 4 pacientes que realizaram o

exame, 2 deles apresentaram adenomegalia para-hilar.

Nos pacientes com diagnóstico de síndrome de mononucleose (6 casos),

somente 1 paciente apresentou infiltração pulmonar como alteração radiográfica.

Em todos os casos de tuberculose foi realizado o exame, porém em nenhum

deles foi observada alteração radiográfica (Tabela 14).

Tabela 14 Freqüência de alterações do raio X de tórax encontradas nos pacientes

com quadro clínico de adenomegalia nos casos em que e a etiologia não

esclarecida, adenite piogênica, fúngica, neoplasia, síndrome de mononucleose,

tuberculose e outras causas. Adenomegalia na infância IPPMG-UFRJ Junho 2001/Julho 2004

Etiologia (n = 137) Realizado Alterado Não realizado

Não esclarecida 29 1 31

Adenite piogênica 13 2 22

Fúngica 0 0 2

Neoplasia 4 2 1

Sd. Mononucleose 6 1 18

Tuberculose 4 0 0

Outras 3 0 4 Sd. Mononucl. = Síndrome de Mononucleose

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66

6.12 Etiologia e idade

A média de idade dos pacientes avaliados no presente estudo em relação às

etiologias foi maior nos pacientes com adenomegalia de causa fúngica e tuberculose

(86 meses e 84,5 meses, respectivamente), seguidos pelos casos de neoplasia e

síndrome de mononucleose (73,6 meses e 68,80 meses, respectivamente); outras

causas, adenite piogênica e causa não esclarecida (53,80 meses, 51,30 meses e

49,90 meses; respectivamente), demonstrado na Tabela 15.

Tabela 15 Média de idade apresentada pelos pacientes com quadro clínico de

adenomegalia nos casos em que e a etiologia não esclarecida, adenite piogênica,

fúngica, neoplasia, síndrome de mononucleose, tuberculose e outras causas

Adenomegalia na infância IPPMG-UFRJ Junho 2001/Julho 2004

Etiologia (n = 137) Idade em meses Casos

Não esclarecida 49,90 60

Adenite piogênica 51,30 35

Fúngica 86,00 2

Neoplasia 73,60 5

Síndrome de Mononucleose 68,80 24

Tuberculose 84,50 4

Outras 53,80 7

6.13 Etiologia e uso prévio de antibióticos

O uso de antibióticos prévios (antes da primeira consulta no ambulatório de

DIP) foi observado em grande número de pacientes (75 pacientes, 54,74% dos

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67

casos).

Todos os pacientes com diagnóstico etiológico de tuberculose e micose

profunda (esporotricose) usaram antibiótico previamente.

Os pacientes com adenite piogênica e neoplasia fizeram uso de antibióticos

em 74,30% e 40% dos casos, respectivamente.

Em menor número, os pacientes portadores de outras causas de

adenomegalia (16,70%) como AIDS, hepatite, reação pós-vacinação ao BCG, cisto

do tireoglosso, reação medicamentosa, doença da arranhadura do gato; síndrome

de mononucleose (4,20%) e etiologia não esclarecida (3,30%) também usaram

antibióticos anteriormente à primeira consulta (Tabela 16).

Tabela 16 Freqüência do uso de antibiótico previamente à primeira consulta ao

ambulatório de DIP pelos pacientes com quadro clínico de adenomegalia nos casos

em que e a etiologia não esclarecida, adenite piogênica, fúngica, neoplasia,

síndrome de mononucleose, tuberculose e outras causas

Adenomegalia na infância IPPMG-UFRJ Junho 2001/Julho 2004

% Etiologia (n = 137)

Sim Não

Não esclarecida 3,30 96,7

Adenite piogênica 74,30 25,7

Fúngica 100,00 0

Neoplasia 40,00 60

Síndrome de Mononucleose 4,20 95,8

Tuberculose 100,00 0

Outras 16,70 83,3

Sim = usou antibiótico Não = não usou antibiótico

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6.14 Etiologia e epidemiologia

Dentre os pacientes em que a etiologia da adenomegalia não foi esclarecida,

21 referiram contato com areia, 3 contato com BK, 6 contato com gato, 4 tiveram

contato com doença semelhante 2 pacientes ingeriam carne mal cozida e 6 água

não filtrada. Nos pacientes que apresentaram adenite piogênica, 9 deles tiveram

contato com areia, 4 com BK, 9 mantinham contato com gato, 1 ingeria carne mal

cozida e água não filtrada. Treze pacientes portadores de síndrome de

mononucleose revelaram contato com areia, 8 pacientes mantinham contato com

gato, 4 pacientes ingeriam carne mal cozida e 3 pacientes ingeriam água não

filtrada. Dos 4 pacientes com diagnóstico de tuberculose, 3 deles tiveram contato

com BK (75% dos casos). O paciente portador da doença da arranhadura do gato

mantinha contato com o animal. Nos pacientes restantes os dados epidemiológicos

não tiveram relevância em relação à etiologia (Tabelas 17 e 18).

Houve diferença significativa entre alguns casos de etiologia definida em

comparação com os casos sem diagnóstico esclarecido, em relação aos dados

epidemiológicos. Dos 10 pacientes que tiveram história de contato com tuberculose,

3 deles apresentaram tuberculose ganglionar (p= 0,01). Nos pacientes com

síndrome de mononucleose (24 casos), 15 deles eram portadores de toxoplasmose

e destes 8 pacientes (53,33% dos casos) tiveram história confirmada de contato com

gato (p= 0,01). Ainda em relação aos dados epidemiológicos encontrados nas

diversas etiologias em comparação com os casos em que a etiologia não foi

esclarecida, os valores de p estão demonstrados na Tabela 19.

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Tabela 17 Dados epidemiológicos (contato com areia, contato com BK, contato

com gato, contato com doença igual, ingestão de carne mal cozida e ingestão de

água filtrada) referidos pelos pacientes com quadro clínico de adenomegalia nos

casos em que e a etiologia não esclarecida, adenite piogênica, fúngica, neoplasia,

síndrome de mononucleose, tuberculose e outras causas

Adenomegalia na infância IPPMG-UFRJ Junho 2001/Julho 2004

Contato com areia Contato com B K Contato com gato Etiologia (n=137)

Sim Não Ign Sim Não Ign Sim Não Ign

Não esclarecida 21 23 16 3 46 11 6 40 14

Ad. Piogênica 9 18 8 4 27 4 9 19 7

Fúngica 1 1 0 0 2 0 0 2 0

Neoplasia 2 2 1 0 5 0 2 3 0

Sd. Mononucl. 13 8 3 0 21 3 8* 14 2

Tuberculose 1 2 1 3 1 0 0 3 1

Outras causas 1 6 0 0 6 1 1 6 0 * 8 casos de toxoplasmose

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Tabela 18 Dados epidemiológicos (contato com areia, contato com BK, contato

com gato, contato com doença igual, ingestão de carne mal cozida e ingestão de

água filtrada) referidos pelos pacientes com quadro clínico de adenomegalia nos

casos em que e a etiologia não esclarecida, adenite piogênica, fúngica, neoplasia,

síndrome de mononucleose, tuberculose e outras causas

Adenomegalia na infância IPPMG-UFRJ Junho 2001/Julho 2004

Contato dç igual Ingest carne mal coz. Ingest agua filtradaEtiologia (n=137)

Sim Não Ign Sim Não Ign Sim Não Ign

Não esclarecida 4 43 13 2 42 16 38 6 16

Adenite Piogênica 0 25 10 1 24 10 25 2 8

Fúngica 0 2 0 0 2 0 2 0 0

Neoplasia 0 5 0 0 4 1 4 0 1

Sd. Mononucl. 1 19 4 4 16 4 17 3 4

Tuberculose 0 4 0 0 3 1 3 1 0

Outras causas 0 7 0 0 7 0 5 2 0

Sd. Mononucl. = Sindrome de Mononucleose Contato dç igual = Contato com doença semelhante Ingest carne mal coz. = Ingestão de carne mal cozida Ingest água filtrada = Ingestão de água filtrada Ign= ignorado

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Tabela 19 Comparação dos dados epidemiológicos (contato com areia, contato

com BK, contato com gato, contato com doença igual, ingestão de carne mal cozida

e ingestão de água filtrada) referidos pelos pacientes com quadro clínico de

adenomegalia em que e a etiologia não foi esclarecida com casos de etiologia

esclarecida (adenite piogênica, fúngica, neoplasia, síndrome de mononucleose,

tuberculose e outras causas)

Adenomegalia na infância IPPMG-UFRJ Junho 2001/Julho 2004

Etiologia C. areia C. BK C. gato C. dç igual I.c.mal coz. Ig. a. filtrada

Esclarecida 27 7 20 1 5 56

Não esclarecida 21 3 6 4 2 38

Valor de p 0,569 0,336 0,003 0,104 0,382 0,862 C. areia = Contato com areia C. BK = Contato com Bacilo de Koch C. gato = Contato com gato C. dç igual = Contato com doença semelhante I. c. mal coz. = Ingestão de carne mal cozida Ig. a. filtrada = Ingestão de agua filtrada

6.15 Etiologia e tempo de doença

Os pacientes com diagnóstico de tuberculose foram os que apresentaram

maior tempo de doença, desde o início dos sintomas até a primeira consulta no

ambulatório de DIP. Dentre as outras causas, o paciente portador de AIDS já

apresentava sintomas 6 meses antes de procurar atendimento médico. Os pacientes

em que a etiologia não foi esclarecida e síndrome de mononucleose apresentaram

aproximadamente 2 meses de sinais ou sintomas antes da consulta. Os pacientes

portadores de neoplasia e adenite piogênica procuraram atendimento médico num

período de tempo mais curto, entre o aparecimento dos sinais e sintomas e a

primeira consulta no ambulatório de DIP, considerando 22 dias a mediana de tempo

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de doença (p. 35), demonstrado na Tabela 20.

Tabela 20 Média do tempo de aparecimento dos sinais e sintomas referidos pelos

pacientes com quadro clínico de adenomegalia em que e a etiologia não esclarecida,

adenite piogênica, fúngica, neoplasia, síndrome de mononucleose, tuberculose e

outras causas; até a 1ª consulta no ambulatório de DIP

Adenomegalia na infância IPPMG-UFRJ Junho 2001/Julho 2004

Etiologia dias nº de casos

Não esclarecida 78 60

Ad. piogênica 19 35

Fúngica 30 2

Neoplasia 29 5

Sd. Mononucl. 62 24

Tuberculose 288 4

Outras causas 104 7

Sd. Mononucl. = Síndrome de Mononucleose

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7 DISCUSSÃO

Vale ressaltar que algumas limitações ao estudo foram observadas. Algumas

delas no primeiro atendimento e outras durante o acompanhamento dos pacientes.

Mesmo tendo o formulário de coleta de dados auxiliado na anamnese, alguns deles

não eram completados na primeira consulta, tendo que algumas perguntas serem

inquiridas nas consultas subseqüentes. No que diz respeito aos exames laboratoriais

preliminares, em 7,93% dos prontuários dos pacientes não foi anotado resultado de

hemograma e contagem de plaquetas e em 12,40% dos prontuários o valor do VHS,

entretanto estes exames foram solicitados. Este fato pode ser admitido talvez ao

extravio dos resultados dos exames, quando enviados para serem arquivados ao

prontuário dos pacientes. Em relação à amostra, houve perda de 6,16% que

corresponderam aos pacientes que não retornaram após a primeira consulta, sendo

excluídos do estudo, reduzindo o número de participantes. Seguindo a investigação

laboratorial sorológica, os exames realizados foram os disponíveis na época, talvez,

nos casos das adenomegalias de causa não esclarecida outros exames poderiam

ser realizados como sorologia para herpes vírus 6, responsável pelo exantema

súbito, doença freqüente na população infantil que apresenta como um dos sinais

clínicos adenomegalia cervical descrita num estudo realizado por Asano e

cols.(1994) e micobactérias atípicas que são descritas por vários autores como

causa de adenomegalia na infância e adolescência (Altman e Margileth, 1975;

Thompson, 1980; Margileth e cols., 1984; O’Brien e cols., 1987; Del Beccaro e cols.,

1989; Suskind e cols., 1997; Freire e Teixeira, 2000; Timerman, 2002).

A maioria dos pacientes com adenomegalia foi do sexo masculino,

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74

concordando com os trabalhos de Vieira (1993), Reddy e cols. (2002), Montaño e

cols. (2004); Luu e cols. (2005) e divergindo de Sills e Jorgensen, (2002) que num

artigo de revisão comenta que não há este predomínio. No nosso estudo não

encontramos justificativa para este achado.

Os pacientes na idade pré-escolar e escolar foram os mais acometidos.

Estes dados foram constatados em um estudo brasileiro realizado por Vieira (1993)

e em estudos estrangeiros como o de Karadeniz e cols. (1999); Reddy e cols.

(2002); Luu e cols. (2005). Este resultado pode estar relacionado com maior

suscetibilidade de infecções virais e parasitárias em crianças nesta faixa etária.

A duração dos sintomas antes da primeira consulta foi em média de 63 dias,

com mediana de 22 dias, similar com os trabalhos de Redondo e cols. (1992) e

Reddy e cols. (2002), apresentando variações de acordo com as diferentes

etiologias encontradas. Os pacientes portadores de neoplasia procuraram o

atendimento médico mais precocemente talvez devido às características do gânglio

como consistência endurecida, rápido aumento de volume de um só linfonodo ou

presença de várias cadeias ganglionares aumentadas de volume. Nos casos de

adenite piogênica, o tempo mais curto entre o início dos sinais e sintomas e a

primeira consulta no ambulatório de DIP, pode ser atribuído à persistência da febre e

sinais flogísticos locais. Em particular, os pacientes portadores de esporotricose,

infecção fúngica mais rara, também apresentaram menor tempo de doença

provavelmente devido a um surto desta micose profunda que ocorreu no Rio de

Janeiro durante o período de 1998 a 2003 (Schubach e cols., 2004), coincidindo com

a época de realização do estudo. A tuberculose ganglionar é considerada uma forma

rara de apresentação desta infecção atualmente, possivelmente devido a este fato,

os casos diagnosticados neste estudo tiveram tempo de doença mais prolongado.

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75

Foi referido o uso de antibióticos previamente à consulta no ambulatório de

DIP pela maioria dos pacientes (penicilinas ou cefalosporinas de 1ª geração). Este

dado também foi encontrado no estudo de Redondo e cols. (1992), na Espanha, em

que os pacientes receberam antibiótico e 13% receberam antibiótico associado a

antiinflamatório. Podemos atribuir o uso prévio comum desta medicação, devido ao

fato de que todos os pacientes avaliados no presente estudo já haviam se submetido

anteriormente a pelo menos uma consulta médica no ambulatório de pediatria geral,

sendo aí iniciado o tratamento para adenite piogênica. Como estes pacientes não

apresentavam melhora da adenomegalia, foram encaminhados ao ambulatório de

DIP, para investigação diagnóstica.

Além da queixa principal do aumento de volume de um ou mais linfonodos,

outros sinais e sintomas clínicos foram referidos pelos pacientes. Dentre eles, os

mais freqüentes foram febre (temperatura axilar ≥ 37,8°C), seguida de dor no local

do gânglio, tosse, anorexia, odinofagia e sinais flogísticos locais. No estudo

realizado no Canadá por Luu e cols. (2005), há similaridade na freqüência destas

variáveis. As infecções de vias aéreas superiores, comuns em crianças, podem ser

responsáveis pela presença destes sinais e sintomas concomitantes.

Nos dados epidemiológicos a maioria das crianças permanecia em área de

lazer cujo piso era composto de areia, algumas mantinham contato domiciliar com

tuberculose, outras conviviam com animal doméstico (gato) e em um número menor

de pacientes tinham o hábito de ingerir carne mal cozida e água não filtrada. A

coleta destes dados foi importante para direcionar a investigação diagnóstica no

decorrer do acompanhamento dos pacientes. Na literatura, os dados

epidemiológicos descritos nos estudos são escassos, sendo enfatizado o contato

com tuberculose por Reddy e cols. (2002). O contato com felinos passou a ter

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76

importância fundamental na cadeia epidemiológica da toxoplasmose com a

descoberta, a partir de 1970, do ciclo enteroepitelial do Toxoplasma gondii em gatos

e a eliminação de oocistos nas suas fezes, contaminando o homem direta ou

indiretamente através do solo, água e alimentos. Estes animais também são

importantes na cadeia epidemiológica da esporotricose, doença fúngica que tem

como agente etiológico o Sporothrix schenkii que é transmitido ao homem através da

arranhadura ou mordedura de gatos (Schubach e cols., 2004).

Neste estudo foi observada freqüência maior de adenomegalia generalizada

em relação a adenomegalia localizada, porém não sendo esta diferença importante

Kelly e Kelly, (1998) em uma revisão sobre adenomegalias na infância revela o

inverso desta freqüência, divergindo do resultado encontrado no presente estudo.

Nos trabalhos publicados os pesquisadores se referem às cadeias ganglionares da

região do pescoço como um todo (Wright, 1967; Sundaresh e cols., 1981; Moore e

cols., 2003; Cengiz e cols., 2004; Hockstein e cols., 2004) e no presente estudo as

cadeias ganglionares da região do pescoço foram divididas em cervical,

submandibular e mentoniana, sendo que cada uma representou uma cadeia

ganglionar específica. Desta forma podemos sugerir que esta divisão foi responsável

pelo maior número de casos de adenomegalia generalizada observados no estudo.

Em relação ao acometimento das cadeias ganglionares foi observado o

predomínio dos gânglios cervicais tanto nos pacientes com adenomegalia

generalizada ou localizada, como nos casos com etiologia definida e não definida.

Freqüência semelhante foi observada nos estudos realizados por Williamson, (1985),

Missouri, EUA; Karadeniz e cols., (1999) e Cengiz e cols. (2004) ambos realizados

em Ankara, Turquia, sugerindo provavelmente que o trato respiratório superior é

uma porta de entrada para a maioria dos microrganismos causadores das

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77

adenomegalias.

No exame clínico geral dos pacientes foram detectadas hepatomegalia,

esplenomegalia e alterações no exame de orofaringe como hiperemia e exsudato.

Redondo e cols. (1992) em seu estudo sobre evolução de adenopatias em crianças

também encontrou hepatomegalia, esplenomegalia e alterações do trato respiratório,

porém não faz descrição de quais foram. Todas estas alterações podem

acompanhar diversos quadros infecciosos, principalmente virais. Portanto, em

decorrência da freqüência destas infecções nos pacientes pediátricos, podemos

admitir a presença das referidas alterações clínicas.

Nesta casuística não foi possível determinar a etiologia de todos os

pacientes apresentando adenomegalia. Os pacientes em que a causa da

adenomegalia não foi definida foram incluídos no grupo de adenomegalias de causa

não esclarecida, identificada por Redondo e cols. (1992), como adenomegalia

reativa inespecífica e por Ferrer (1998), como adenomegalias inexplicadas. Estes

pacientes muitas vezes nos deram indicações de patologias infecciosas sistêmicas

benignas, mas os recursos laboratoriais que dispúnhamos não conduziram a

diagnóstico etiológico.

A etiologia infecciosa foi observada na maioria dos pacientes incluídos no

estudo. As mesmas considerações foram encontradas na literatura em revisões

realizadas por Grossman e Shiramizu (1994), Ferrer (1998), Nield e Kamat, (2004).

Este achado pode ser compatível com as características climáticas e

socioeconômicas da área geográfica em que o estudo foi realizado, sendo o Brasil,

um país de clima tropical e em desenvolvimento, a freqüência de doenças

infecciosas é maior.

Dentre as causas infecciosas, a adenite piogênica foi a mais freqüente.

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78

Nestes pacientes não foi realizada punção ganglionar para análise do material em

meio de cultura. De acordo com a revisão da literatura, onde são mencionadas

várias pesquisas sobre o assunto, concluiu-se que os principais agentes etiológicos

das adenites piogênica na infância são o Staphylococcus aureus e o Streptococcus

pyogenes (Dajani e cols., 1966; Wright, 1967; Scobie, 1969; Brook, 1980; Sundaresh

e cols., 1981; Cengiz e cols., 2004; Luu e cols. 2005). Daí a justificativa da resposta

satisfatória à cefalosporina de 1ª geração obtida pelos pacientes com clínica de

adenite piogênica.

A toxoplasmose foi a infecção mais freqüente no grupo da síndrome de

mononucleose acometendo pacientes na faixa etária entre 2 e 11 anos de idade.

Estes dados são semelhantes aos encontrados num estudo brasileiro realizado por

Andrade (1994), em que é avaliada a prevalência da toxoplasmose-infecção entre

crianças de 0 a 12 anos de idade. Este achado pode ser decorrente da exposição a

animais domésticos como gato, que é comum nesta faixa etária.

A síndrome de mononucleose pelo vírus Epstein-Barr (EBV) foi constatada

em pacientes, na maioria com idade abaixo de 5 anos e a citomegalovirose ocorreu

em pacientes com idade abaixo de 3 anos de idade. Lajo e cols. (1994), na

Espanha, num estudo de 124 casos de síndrome de mononucleose comparou a

freqüência de infecção por citomegalovírus e vírus Epstein-Barr e demonstrou que

83,8% dos casos apresentava sorologia positiva para EBV, sem predominância de

idade e 16,10% dos casos apresentou sorologia positiva para CMV, em pacientes

abaixo de 4 anos de idade. O diagnóstico destas infecções em crianças em idade

escolar e pré-escolar sugere que a investigação sorológica para EBV e CMV deve

ser realizada também nas faixas etárias mais precoces.

A freqüência da tuberculose ganglionar não foi semelhante ao estudo de

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79

Reddy e cols. (2002), na Índia, que avaliou 100 pacientes com adenomegalia e em

35% dos casos foi diagnosticada tuberculose ganglionar. Provavelmente esta

infecção seja mais prevalente naquela região, principalmente nos adultos e por

conseguinte, este fator de risco levou à contaminação das crianças participantes do

estudo, pois todas elas conviviam com adulto portador de tuberculose pulmonar. É

importante ressaltar que, apesar da tuberculose ganglionar não ter sido freqüente no

presente estudo, dos 4 pacientes diagnosticados 3 deles tiveram contato com

tuberculose, demonstrando a dificuldade do controle dos contactantes. O Programa

Nacional de Controle da Tuberculose (PNCT) do Ministério da Saúde, além de

outras ações, busca também a interrupção da transmissão da doença, adotando a

estratégia do tratamento supervisionado da tuberculose (DOTS), porém essa

estratégia vem sendo executada ainda de forma discreta e em apenas algumas

regiões prioritárias (http://portal.saude.gov.br/portal/svs/visualizar_texto.cfm?idtxt=

21445; acesso em: 18 jun. 2006).

Neste estudo um paciente com idade de 2 meses apresentou adenomegalia

axilar decorrente da vacinação com BCG. Na literatura, Goraya e Virdi (2002),

comentam que as complicações locais pós-vacinação ao BCG são raras, porém

quando ocorrem os gânglios axilares podem ser acometidos em mais de 95% dos

casos, principalmente em pacientes abaixo de 2 anos de idade.

A doença da arranhadura do gato foi comprovada em 1 paciente, com

sorologia positiva para Bartonella hanselae, apresentando adenomegalia localizada

cervical. Dentre os estudos realizados sobre a doença da arranhadura do gato, o

estudo Carithers (1985), nos EUA, com objetivo de avaliar a evolução desta infecção

identificou que, todos os 1.200 pacientes incluídos no estudo apresentavam

adenomegalia localizada ou generalizada. Na literatura Grossman e Shiramizu

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80

(1994), Succi e Slhessarenko (1998), Freire e Teixeira (2000), e Donato e cols.

(2003) mencionam a doença da arranhadura do gato como uma das causas de

adenomegalia em crianças, principalmente de localização cervical e axilar. Talvez

por ser uma infecção freqüentemente benigna e autolimitada e, devido à falta de

recursos laboratoriais disponíveis, é pouco diagnosticada em nosso meio.

Esporotricose, importante micose profunda, foi diagnosticada em 2

pacientes. Nos trabalhos revistos na literatura sobre as diversas etiologias de

adenomegalia na infância não há ocorrência deste diagnóstico, porém como já

comentado anteriormente, no Rio de Janeiro houve um surto de esporotricose na

mesma época da realização deste estudo, podendo ser atribuído a este fato a

presença dos casos diagnosticados desta infecção.

As causas não infecciosas foram representadas por um número menor de

pacientes. Neste grupo foram incluídos os pacientes portadores de leucemia

linfocítica aguda (LLA), linfoma de Hodgkin, cisto do tireoglosso e reação

medicamentosa (pacientes em uso de Captopril).

Relacionando a freqüência de casos de neoplasia encontrados neste estudo

e os publicados na literatura, não houve divergência. Fijten e Blijham (1988), na

Holanda, num estudo retrospectivo, determinaram a probabilidade de neoplasias em

pacientes apresentando adenomegalia e encontraram 1 a 2 % deles com este

diagnóstico. No estudo descritivo de Williamson (1985), EUA, numa população de

249 pacientes, neoplasia foi confirmada em 2 pacientes (1 caso de linfoma de

Hodgkin e 1 caso de metástase). Redondo e cols. (1992), na Espanha, avaliaram 45

crianças apresentando adenomegalia e em 7 delas foi diagnosticada doença

maligna (2 casos de carcinoma de tireóide, 4 casos de linfoma de Hodgkin e 1 caso

de linfoma não-Hodgkin). No estudo de Reddy e cols. (2002), na Índia, numa

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81

população de 100 pacientes apresentando adenomegalia, foram encontrados 3

casos de linfoma (2 casos de linfoma de Hodgkin e 1 caso de linfoma não-Hodgkin).

A freqüência de pacientes portadores de cisto do tireoglosso diagnosticados

no estudo não foi similar com os achados na literatura. No estudo de Connolly e

Mackenzie (1997), realizado no Reino Unido, numa população de 360 pacientes

pediátricos com quadro clínico de adenomegalia, em 13% dos casos foi constatado

cisto do tireoglosso. Este achado demonstra que aumento de volume de linfonodo

na região do pescoço pode sugerir anomalias congênitas benignas.

Embora na literatura a presença de adenomegalia de causa medicamentosa

seja mais comum nos pacientes em uso contínuo de fenitoína (Ferrer, 1998, EUA),

neste estudo o único caso de adenomegalia medicamentosa foi atribuído ao uso

ininterrupto por mais de 2 anos de captopril.

Comparando as características dos linfonodos, os gânglios que atingiram

maior tamanho foram observados nas neoplasias e tuberculose, similar aos

resultados encontrados no estudo realizado por Vieira (1993). A consistência elástica

foi a mais freqüente, divergindo do estudo de Reddy e cols. (2002) que encontrou

consistência firme em 94% dos casos. A consistência endurecida foi observada nos

casos de neoplasia e em 1 caso de tuberculose. Quanto à mobilidade, os gânglios

móveis foram observados na maioria dos pacientes, exceto nos casos de neoplasia

e tuberculose que os mesmos eram aderidos a planos mais profundos da pele e

subcutâneo. Gânglios linfáticos apresentando sinais flogísticos foram observados

nos pacientes portadores de adenite piogênica e tuberculose. Estes resultados

foram semelhantes aos encontrados por Dajani e cols. (1963), Wright (1967),

Torsiglieri e cols. (1988), Starke e Taylor-Watts (1989), Connolly e Mackenzie

(1997), Karadeniz e cols. (1999), Reddy e cols. (2002).

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82

Avaliando os resultados dos exames laboratoriais, o hemograma mostrou os

valores de hemoglobina e hematócrito nos limites mínimos da normalidade, em

média, porém sem repercussão sistêmica observada durante o acompanhamento

das crianças, divergindo do estudo de Reddy e cols. (2002) em que anemia foi

presente em 42% dos casos, sendo justificada pela má nutrição dos pacientes. A

contagem de plaquetas se manteve dentro dos níveis de normalidade, com valores

menores nos casos de neoplasia, provavelmente devido a patogenia desta doença.

No presente estudo, os achados laboratoriais como linfocitose e atipia linfocitária

foram observados principalmente nos casos em que a etiologia não foi esclarecida e

síndrome de mononucleose (50% dos casos de infecção por vírus Epstein-Barr, 25%

dos casos de citomegalovirose e 25% dos casos de toxoplasmose). Estes resultados

devem ser valorizados sugerindo que outras infecções virais podem estar incluídas

também no grupo de pacientes em que a causa da adenomegalia não foi

esclarecida.

Neste estudo prospectivo a distribuição das etiologias das adenomegalias

localizadas e generalizadas difere dos estudos encontrados na literatura, nos quais a

maioria das crianças foi submetida à biópsia. Os estudos de investigação

diagnóstica como os realizados por vários autores (Connolly e Mackenzie, 1997;

Torsiglieri e cols., 1988; Moore e cols., 2003; Hockstein e cols., 2004) comparam as

alterações histopatológicas das adenomegalias com variáveis como localização do

gânglio acometido, faixa etária, sexo, localização geográfica da população e pouco

comentam sobre os critérios que levaram à realização de biópsias. Nestes estudos

não há comentário sobre a investigação ambulatorial das adenomegalias, através da

história da doença, história epidemiológica, exame clínico, exames laboratoriais tais

como hemograma, VHS, sorologias, teste intradérmico (PPD), radiografia de tórax,

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83

ultra-sonografia e punção ganglionar, nem mesmo fazem menção a respeito de

tratamento medicamentoso utilizado ou não e da evolução das adenomegalias.

O fluxograma foi de grande importância para direcionar a investigação

diagnóstica em relação aos dados da anamnese, como história epidemiológica e

história da doença atual; características do exame dos gânglios acometidos;

seqüência de exames complementares a serem solicitados e acompanhamento dos

pacientes; principalmente nos casos graves e também para evitar métodos invasivos

desnecessários.

Mais estudos deverão ser realizados com objetivo de descrever a freqüência

das doenças que causam adenomegalia na infância, investigando através da história

epidemiológica, exames laboratoriais até a realização de exames invasivos quando

indicados. A inclusão de outros exames laboratoriais como sorologia para outros

vírus como herpes vírus-6, adenovírus, enterovírus e PCR (reação da polimerase em

cadeia) para alguns microrganismos podem auxiliar no diagnóstico etiológico,

diminuindo a angústia do pediatra em não diagnosticar a etiologia das

adenomegalias na população infantil, especialmente as que têm maior gravidade

(tuberculose e neoplasia).

Acreditamos que este estudo proporcionou uma noção atual do perfil

etiológico das adenomegalias no Rio de Janeiro, como observado no estudo de

Vieira (1993) em São Paulo, ressaltando a diversidade de etiologias encontradas e

demonstrando a necessidade de investigação diagnóstica sistemática de

adenomegalias na infância, quando a clínica e evolução não sugerem adenite

bacteriana.

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8 CONCLUSÃO

A maioria das adenomegalias na infância, nesta casuística, foi de etiologia

infecciosa, sendo a adenite bacteriana a mais freqüente, acometendo gânglios

cervicais, tendo resposta satisfatória ao tratamento com antibiótico da classe das

cefalosporinas de 1ª geração (Cefalexina), por um período que variou de 10 a 21

dias.

Os dados epidemiológicos, o exame físico e os exames laboratoriais foram

de grande importância para o diagnóstico diferencial, principalmente nos casos

graves.

Em relação ao exame hematológico, não foram observadas alterações

características na síndrome de mononucleose, como a atipia linfocitária que ao

contrário do adulto, não foi freqüente nos pacientes pediátricos incluídos no estudo.

Os pacientes que apresentaram tuberculose ganglionar tiveram mais tempo

de doença antes da primeira consulta no ambulatório de DIP, apresentaram idade

mais avançada (7 anos em média), contato domiciliar com tuberculose, gânglios

aderidos e VHS alto.

Nos pacientes portadores de síndrome de mononucleose com diagnóstico

etiológico definido, a toxoplasmose foi a mais freqüente e apresentaram história

epidemiológica de contato com gato em mais de 50% dos casos.

Nos 60 pacientes, em que a etiologia não foi definida, 25% deles

apresentaram síndrome de mononucleose com atipia linfocitária na maioria dos

casos, associada ou não a outros sinais e sintomas como febre, tosse, hiperemia ou

exudato de orofaringe, hepatomegalia ou esplenomegalia. Daí a importância de

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85

ampliar a investigação para outros vírus que provavelmente devem também estar

incluídos na etiologia das adenomegalias.

Os casos de neoplasia apresentaram gânglios maiores de tamanho,

acometimento cervical principalmente, aderidos e endurecidos. Nesta etiologia os

exames de imagem como radiografia de tórax e ultra-sonografia do gânglio

mostraram imagens características como adenomegalia para-hilar e imagem

sugestivas de metástase, respectivamente.

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ANEXOS

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Anexo 1

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE PUERICULTURA E PEDIATRIA MARTAGÃO GESTEIRA SERVIÇO DE DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS ETIOLOGIA DAS ADENOMEGALIAS NA INFÂNCIA: EXPERIÊNCIA DO IPPMG

IDENTIFICAÇÃO NOME DN __/__ /____ REG SEXO

HISTÓRIA DA DOENÇA ATUAL (S/N/I) Tempo de doença dias Febre Tosse Rinite Rash prévio Edema palpebral Dor de garganta Diarréia Dispnéia Rouquidão Dor local Sinais flogísticos prévios Anorexia Astenia Lesão couro cabeludo Otite Odontalgia Sinusite Perda de peso Antibiótico prévio Penicilinas Cefalosporinas Macrolídeos Outros

EPIDEMIOLOGIA (S/N/I) 1ªConsulta no DIP ____/____/____ Nº consultas prévias Contato com gato Ingestão carne mal cozida Contato com areia Contato doença semelhante Contato com BK Ingestão de água filtrada Uso contínuo de medicamento Especifique: Doença de base Especifique:

EXAME FÍSICO Febre (S/N) Desnutrição protéico-calórica (S/N) Rash (S/N)

ADENOMEGALIAS

Localização S/N Tamanhocm

FlogoseS/N

Mobilidademóvel/ aderido

Consistência endurecido/

elástico

Drenagem espontânea

S/N CERVICAL AXILAR SUPRACLAVICULAR MENTONIANO SUBMANDIBULAR INGUINAL Outros ( )

Hepatomegalia (S/N) Esplenomegalia (S/N) Orofaringe Sem alteração Hiperemia Petéquias Exsudato Outras ( )

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EXAMES COMPLEMENTARES HEMOGRAMA COMPLETO / VHS / PLAQUETAS Hematócrito Eosinófilos Linfócitos Hemoglobina Mielócitos Monócitos Hemácias Metamielócitos Nº de linf. atípicos Leucócitos Bastões Valor VHS Basófilos Segmentados Nº de plaquetas RX TÓRAX (S/N) RX Alterado (S/N) Alterações RX Adenomegalia para-hilar Infiltração pulmonar Calcificações Cavitações Outras ( ) Ultrassonografia do gânglio (S/N) Resultado

PPD Não realizado Forte Fraco Não reator

SOROLOGIAS HIV TOXO IgM EBV IgM CMV IgM RUB IgM VDRL TOXO IgG EBV IgG CMVIgG RUB IgG Positivo Negativo IGnorado INconclusivo BIOPSIA (S/N) Cultura (S/N) Resultado da biópsia Neoplasia (leucemia – linfoma – outra) Tuberculose Infiltrado inespecífico Infiltrado granulomatoso não-BK Outros ( ) PUNÇÃO GANGLIONAR (S/N) Resultado

DIAGNÓSTICO Diagnóstico Adenite inespecífica (regressão espontânea sem uso de antibiótico) Adenite piogênica/bacteriana (sinais flogísiticos, resolução após uso de antibiótico) Tuberculose Micoses profundas AIDS Neoplasia Síndrome de mononucleose: Citomegalovirose Infecção EBV Toxoplasmose Rubéola Listeriose Outro diagnóstico Data do diagnóstico / / Nº consultas no DIP TRATAMENTO Medicação usada (S/N) Antibióticos Especifique: Esquema para BK Especifique: Esquema para Toxoplasmose Especifique: Profilaxia para BK Antifúngicos Especifique: Tratamento em ambulatório específico EVOLUÇÃO

Alta Internação Encaminhado para ambulatório específico Abandono Óbito

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Explicativo referente ao preenchimento do formulário de coleta de dados e abreviações: DN = data de nascimento REG = número do registro do prontuário SEXO= M (masculino), F (feminino) S/N= sim ou não Tempo de doença= há quanto tempo iniciou o aumento do caroço Edema palpebral= inchaço ao redor dos olhos Dispnéia= dificuldade para respirar Sinais flogísticos prévios= inflamação do caroço Lesão do couro cabeludo= ferida na cabeça Sinusite= catarro amarelo-esverdeado pelo nariz Antibiótico prévio= uso de antibiótico antes da consulta Rinite= nariz escorrendo e espirros Anorexia= falta de apetite Otite= dor de ouvido Perda de peso= emagrecimento Rash prévio= vermelhidão no corpo antes da consulta Diarréia= aumento do número de evacuações e amolecimento das fezes Dor local= dor no lugar do caroço Astenia= cansaço Odontalgia= dor de dente Nº de consultas prévias= quantas consultas foram feitas desde o aparecimento do caroço Contato com gato= convive com o animal no domicílio Contato com areia= permanece em área com areia Contato com BK= convive com pessoa com tuberculose Contato com doença semelhante= convive com pessoa com a mesma doença Ingestão de carne mal cozida= come carne crua ou mal cozida Ingestão de água filtrada= bebe água filtrada Uso contínuo de medicamento= toma remédio diariamente Doença de base= tem alguma doença que não tem cura

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Anexo 2 Fluxograma de investigação diagnóstica

ADENOMEGALIA

SIM

Clínica de adenitepiogênica

NÃO

Hemograma, Plaquetas, VHS Hemograma, Plaquetas, VHSSorologias: TOXO,EBV,CMV

Iniciar antibioticoterapia (ATB)específica e reavaliar em 7 dias

Melhora parcial dos sintomas

SIM NÃO

Melhora clínica em 2 semanas

ALTA

Solicitar sorologias:TOXO, CMV, EBV

Solicitar sorologias:HIV, ParacocoBartonella,RX de tórax, PPDUltrassonografiado gânglio, tóraxabdômen

NEGATIVAPOSITIVA

Acompanhamentoambulatorial

Biópsia para exame histopatológico e Cultura para germes comuns, micobactérias e fungos

Tratamentose necessário

NÃO SIM

ALTA

Exames laboratoriais alterados (VHS > 80 e/ou Leucocitose e/ou Leucopenia e/ouPlaquetopenia) e Sorologias

negativas

História epidemiológica sugestiva (Contato com BK, Arranhadura por gato, Sintomas respiratórios)

NÃOSIM

Manter ATB 10 a 14 dias

ADENOMEGALIA

SIM

Clínica de adenitepiogênica

NÃO

Hemograma, Plaquetas, VHS Hemograma, Plaquetas, VHSSorologias: TOXO,EBV,CMV

Iniciar antibioticoterapia (ATB)específica e reavaliar em 7 dias

Melhora parcial dos sintomas

SIM NÃO

Melhora clínica em 2 semanas

ALTA

Solicitar sorologias:TOXO, CMV, EBV

Solicitar sorologias:HIV, ParacocoBartonella,RX de tórax, PPDUltrassonografiado gânglio, tóraxabdômen

NEGATIVAPOSITIVA

Acompanhamentoambulatorial

Biópsia para exame histopatológico e Cultura para germes comuns, micobactérias e fungos

Tratamentose necessário

NÃO SIM

ALTA

Exames laboratoriais alterados (VHS > 80 e/ou Leucocitose e/ou Leucopenia e/ouPlaquetopenia) e Sorologias

negativas

História epidemiológica sugestiva (Contato com BK, Arranhadura por gato, Sintomas respiratórios)

NÃOSIM

Manter ATB 10 a 14 dias

Adenomegalia na infância IPPMG-UFRJ Junho 2001/Julho 2004

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Anexo 3

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Pesquisadora: Maria Cláudia Chicarino Telefone para contato: (21) 2513-8400 e 99697427

Eu, ________________________________________________, responsável pelo(a) menor__________________________________, após ter sido explicado os objetivos do estudo pelo(a) médico(a) ___________________________________, concordo que as informações geradas pelo mesmo sejam publicadas. Fui esclarecido(a) que os exames e tratamento que meu filho(a) será submetido já fazem parte da rotina de investigação diagnóstica laboratorial e tratamento de adenomegalia localizada ou generalizada ( caroços no pescoço, debaixo do braço, na virilha) do ambulatório de DIP do IPPMG. Também fui informado(a) que nada alterará no atendimento de meu filho(a), caso recuse a participar deste estudo.

Os dados obtidos através deste estudo trarão contribuição para o conhecimento das causas de adenomegalia na infância. Esclarecemos que com os exames realizados será possível diagnosticar as doenças tratáveis (Tuberculose, AIDS, Tumores, Toxoplasmose, Adenite piogênica) das não tratáveis (Mononucleose infecciosa, Citomegalovirose, Rubéola), evitando o uso desnecessário de medicação.

Não haverá nenhum ganho financeiro para os autores e participantes do projeto.

A confidencialidade das informações será mantida. Para a realização dos exames sorológicos e hemograma é necessário uma

coleta de sangue de 5 mililitros (cerca de uma colher de sobremesa). Durante a coleta, o paciente poderá sentir dor local e após, em poucos casos, discreto hematoma que regride espontaneamente.

Assinatura do(a) responsável:_______________________________ Assinatura do(a) médico(a):_________________________________ Testemunha:_____________________________________________

Local:________________ Data:____/____/____

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Anexo 4 Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa.

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102

Anexo 5 Congressos em que o trabalho foi apresentado (p. 111-114):

1- XIII Congresso Brasileiro de Infectologia Pediátrica (Salvador, BA), 2002 (certificado p. 111)

2- 32º Congresso Brasileiro de Pediatria e 10º Congresso Paulista de Pediatria

(São Paulo, SP), 2003 (certificado p. 112)

3- XIV Congresso Brasileiro de Infectologia Pediátrica e III Jornada Paranaense de Infectologia Pediátrica (Foz do Iguaçu, PR), 2005 (certificado p. 113)

4- I Congresso de Pediatria da UFRJ (Rio de Janeiro, RJ), 2005 (certificado p.

114)

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Anexo 6

Primeira versão do artigo sobre a tese submetido para apreciação

(p.116 -134).

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108

Título: Etiologia das adenomegalias na infância: análise de 137 casos do Ambulatório de Doenças

Infecciosas e Parasitárias - Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira, Universidade

Federal do Rio de Janeiro

Título em inglês: Etiology of lymphadenitis in children: analysis of 137 cases of infectious diseases

outpatient clinic - Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira, Universidade Federal do

Rio de Janeiro

Título abreviado: Adenomegalia na infância IPPMG-UFRJ Junho 2001/Julho 2004

Autores: Maria C.Chicarino, Denise C. Cunha, Patrícia G. Pettersen, Thalita F. de Abreu, Susie A.

Nogueira

Titulação:

Maria Cláudia Chicarino: Médica Pediatra, Especialista em Doenças Infecciosas e Parasitárias pelo

IPPMG-UFRJ, Infectologista da Secretaria Municipal de Saúde (Instituto da Mulher e Maternidade

Fernando Magalhães-RJ), Mestra em Doenças Infecciosas e Parasitárias da UFRJ

Denise Cotrim da Cunha: Médica Pediatra, Especialista em Doenças Infecciosas e Parasitárias pelo

IPPMG-UFRJ, Infectologista da Secretaria Municipal de Saúde (Hospital Lourenço Jorge-RJ), Mestra

em Doenças Infecciosas e Parasitárias da UFRJ

Patrícia Guttmann Pettersen: Médica Pediatra, Especialista em Doenças Infecciosas e Parasitárias

pelo IPPMG-UFRJ, Infectologista da Secretaria Municipal de Saúde (Hospital da Lagoa-RJ)

Thalita Fernandes de Abreu: Professora Assistente e Doutora em Doenças Infecciosas e Parasitárias

da UFRJ

Susie Andries Nogueira: Professora Adjunta de Pediatria da Faculdade de Medicina de Petrópolis

(RJ) e Doutora em Doenças Infecciosas e Parasitárias da UFRJ

Instituição: Universidade Federal do Rio de Janeiro

Endereço da autora: Maria Cláudia Chicarino; Rua Sousa Lima nº158 apto 901, Copacabana,

CEP:22081010, Rio de Janeiro-RJ; email: [email protected]

RESUMO

Objetivo: Descrever etiologia, aspectos clínicos, laboratoriais, epidemiológicos, evolutivos de

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pacientes pediátricos com adenomegalia.

Métodos: Estudo observacional, descritivo, prospectivo, tipo série de casos realizado no ambulatório

de doenças infecciosas e parasitárias do IPPMG (UFRJ), incluindo avaliação clínica; exames

laboratoriais: hemograma, VHS, sorologias; radiografia de tórax; ultra-sonografia e biópsia quando

indicada.

Resultados: 137 crianças com idade média de 4 anos e 8 meses foram incluídas. Principais achados

clínicos associados: febre (64,96%), dor (37,23%), tosse (24,09%), anorexia (23,36%), odinofagia

(22,63%), flogose (21,9%), hepatomegalia (21,17%), esplenomegalia (13,14%), hiperemia e/ou

exsudato de orofaringe (10,22%). Uso prévio de antibióticos foi referido por 54,74% dos pacientes.

Gânglios cervicais foram os mais acometidos (92,7%), seguidos de inguinais (33,57%),

submandibulares (32,84%), axilares (29,92%), e mentonianos (1,45%). Principais achados

laboratoriais: linfocitose ≥ 50% em 24,4% dos pacientes, atipia linfocitária em 15,75%, VHS ≥ 70mm

em 12,5%, leucocitose ≥ 20.000 cel/mm3 em 4,72%. Houve indefinição da etiologia em 43,8% dos

pacientes. Etiologia infecciosa ocorreu em 50,36%, sendo adenite piogênica mais freqüente (50,72%);

seguida da síndrome de mononucleose (34,78%); tuberculose (5,79%); esporotricose (2,89%); aids

(1,44%); doença da arranhadura do gato (1,44%); hepatite não A, não B, não C (1,44%); reação pós-

BCG (1,44%). Etiologia não infecciosa foi observada em 5,84% dos pacientes.

Conclusão: As infecções foram mais freqüentes e a adenite piogênica a mais comum. Nos pacientes

sem definição da etiologia a evolução benigna, autolimitada sugeriu natureza viral. Neoplasia foi uma

causa rara.

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ABSTRACT

Objective: To describe etiology, clinical, laboratorial, epidemiological aspects, prognosis of

lymphadenitis in children.

Methods: Observational, descriptive, prospective study type series of cases was carried out at the

infectious diseases outpatient clinic of IPPMG (UFRJ), using clinical evaluation; laboratorial test:

blood smears, erythrocyte sedimentation rate, serology; chest radiograph; ultrasound and biopsy when

necessary.

Results: 137 patients with mean age of 4 years and 8 months were included. The most frequent

clinical signs were: fever (64,96%), pain (37,23%,; cough (24,09%), loss of appetite (23,36%), throat

pain (22,63%), signs of inflammation (21,9%), hepatomegaly (21,17%), splenomegaly (13,14%),

hyperemia and/or exudate in oropharyngeal (10,22%). Previous use of antibiotics was referred by

54,74% patients. Cervical lymphadenitis were most frequent (92,7%), followed by inguinal (33,57%),

submandibulary (32,84%), axillary (29,92%) and submental (1,45%). Laboratorial abnormalities

found: lymphocytosis ≥ 50% in 24,4% patients, atypical lymphocytes in 15,75%, erythrocyte

sedimentation rate ≥ 70 mm in 12,5%, leucocytosis ≥ 20.000cels/mm3 in 4,72%. No etiology was

defined in 43,8% patients. Infectious etiology was confirmed in 50,36%, being acute suppurative

adenitis the most frequent (50,72%); followed by infectious mononucleosis syndrome (34,78%);

tuberculosis (5,79%); sporotrichosis (2,89%); cat scratch disease (1,44%); AIDS (1,44%); non A, non

B, non C hepatitis (1,44%); reaction to BCG vaccine (1,44%). Non-infectious diseases was observed

in 5,84% of patients.

Conclusion: Infectious were the most frequent and acute suppurative adenitis most common. In the

patients who the etiology was not defined they had good evolution suggesting virus etiology.

Malignancy was rare.

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INTRODUÇÃO As adenomegalias na infância e adolescência são manifestações clínicas de várias doenças e seu

diagnóstico diferencial é de grande relevância na prática pediátrica 1,2,3,4,5,6,7.

Um estudo realizado em São Paulo (Escola Paulista de Medicina) avaliou 128 pacientes, com objetivo

de determinar prospectivamente o diagnóstico das linfoadenomegalias periféricas através de algoritmo,

chegando a diagnósticos clínicos e laboratoriais e adiando a biópsia ganglionar para o momento mais

adequado, concluindo que a combinação da análise cuidadosa dos dados e o seguimento dos pacientes

reduziu o número desnecessário de biópsias e minimizou a super estimação de neoplasias ganglionares

8 .

No Rio de Janeiro desconhecemos a freqüência dos diversos agentes infecciosos que causam

adenomegalia na infância. No entanto, é uma causa habitual de investigação diagnóstica e atualmente

é o segundo motivo de referência de crianças encaminhadas pelo pediatra geral ao ambulatório de

Doenças Infecciosas e Parasitárias do IPPMG.

Após observar vários estudos na literatura internacional sobre as diversas patologias que causam

adenomegalia na infância, sua importante investigação etiológica e considerando a demanda freqüente

de pacientes pediátricos encaminhados ao ambulatório de DIP Pediátrica do IPPMG apresentando

adenomegalia a esclarecer, acreditamos ser útil a realização de um estudo, seguindo um fluxograma de

investigação epidemiológica, clínica, laboratorial e evolutiva, que poderá mostrar as diversas

etiologias encontradas como causa de adenomegalias detectadas nestes pacientes, podendo contribuir

para o seu conhecimento em nosso meio.

MÉTODOS Trata-se de um estudo observacional, descritivo e prospectivo tipo série de casos realizado no

ambulatório de Doenças Infecciosas e Parasitárias (DIP), do Instituto de Puericultura e Pediatria

Martagão Gesteira (IPPMG), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), no período de

junho/2001 a julho/2004. Os pacientes apresentando adenomegalia foram encaminhados dos

ambulatórios de pediatria do IPPMG e de outros locais de atendimento pediátrico da cidade do Rio de

Janeiro e do estado do Rio de Janeiro para esclarecimento diagnóstico e acompanhamento. Deste

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112

pacientes, 137 foram incluídos no estudo com idade até 14 anos.

Não participaram do estudo os pacientes que apresentaram, na primeira consulta no ambulatório de

DIP, clínica evidente de adenite piogênica com melhora satisfatória dos sinais e sintomas após início

de antibioticoterapia.

Foram considerados patológicos os gânglios cervicais, submandibulares, mentonianos, axilares e

supraclaviculares maiores que 1 cm de diâmetro; inguinais maiores que 1,5 cm de diâmetro e

epitrocleares maiores que 0,5 cm de diâmetro

Um fluxograma diagnóstico foi utilizado para auxiliar a investigação (Figura-1).

A avaliação laboratorial foi realizada no Laboratório de Imunologia (Teste sorológicos utilizados:

Anti-VCA para EBV; ELISA indireto, imunocaptura e “sandwich” para CMV, toxoplasmose, rubéola

e HIV; Western Blot para HIV e VDRL para sífilis), Bacteriologia, Análises Clínicas, Setor de

Radiologia, Serviço de Cirurgia Pediátrica e Histopatologia do IPPMG e Laboratório de Micologia do

Hospital da UFRJ.

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ADENOMEGALIA

SIM

Clínica de adenitepiogênica

NÃO

Hemograma, Plaquetas, VHS Hemograma, Plaquetas, VHSSorologias: TOXO,EBV,CMV

Iniciar antibioticoterapia (ATB)específica e reavaliar em 7 dias

Melhora parcial dos sintomas

SIM NÃO

Melhora clínica em 2 semanas

ALTA

Solicitar sorologias:TOXO, CMV, EBV

Solicitar sorologias:HIV, ParacocoBartonella,RX de tórax, PPDUltrassonografiado gânglio, tóraxabdômen

NEGATIVAPOSITIVA

Acompanhamentoambulatorial

Biópsia para exame histopatológico e Cultura para germes comuns, micobactérias e fungos

Tratamentose necessário

NÃO SIM

ALTA

Exames laboratoriais alterados (VHS > 80 e/ou Leucocitose e/ou Leucopenia e/ouPlaquetopenia) e Sorologias

negativas

História epidemiológica sugestiva (Contato com BK, Arranhadura por gato, Sintomas respiratórios)

NÃOSIM

Manter ATB 10 a 14 dias

ADENOMEGALIA

SIM

Clínica de adenitepiogênica

NÃO

Hemograma, Plaquetas, VHS Hemograma, Plaquetas, VHSSorologias: TOXO,EBV,CMV

Iniciar antibioticoterapia (ATB)específica e reavaliar em 7 dias

Melhora parcial dos sintomas

SIM NÃO

Melhora clínica em 2 semanas

ALTA

Solicitar sorologias:TOXO, CMV, EBV

Solicitar sorologias:HIV, ParacocoBartonella,RX de tórax, PPDUltrassonografiado gânglio, tóraxabdômen

NEGATIVAPOSITIVA

Acompanhamentoambulatorial

Biópsia para exame histopatológico e Cultura para germes comuns, micobactérias e fungos

Tratamentose necessário

NÃO SIM

ALTA

Exames laboratoriais alterados (VHS > 80 e/ou Leucocitose e/ou Leucopenia e/ouPlaquetopenia) e Sorologias

negativas

História epidemiológica sugestiva (Contato com BK, Arranhadura por gato, Sintomas respiratórios)

NÃOSIM

Manter ATB 10 a 14 dias

Figura 1 – Fluxograma de investigação diagnóstica Adenomegalia na infância IPPMG-UFRJ Junho 2001/Julho 2004

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114

A análise estatística foi feita por meio de avaliação simples da freqüência das diversas variáveis

estudadas. Os dados coletados foram armazenados num banco de dados e analisados posteriormente,

utilizando os programas EPI-INFO 2000, MS Access e MS Excel. Os testes estatísticos utilizados

foram Qui- quadrado e exato de Fisher, quando indicado. Foi escolhido o valor de p < 0,05 como de

significância estatística.

RESULTADOS

A maioria dos pacientes avaliados foi do sexo masculino (62,77% dos casos) com média de idade de

4 anos e 8 meses.

A mediana de tempo de aparecimento da doença, foi de 22 dias, sendo a média aproximadamente de

63 dias.

Os sinais e sintomas mais comuns foram febre (64,96%, 89 casos), seguida pela dor no local do

gânglio acometido (37,23%, 51 casos), tosse (24,09%, 33 casos), anorexia (23,63%, 32 casos),

odinofagia (22,63%, 31 casos), e flogose (21,90%, 30 casos). O uso prévio de antibióticos foi referido

por 75 pacientes, representando 54,74% dos casos. Outros sinais e sintomas foram observados em

menor freqüência como: astenia (15,33%, 21 casos), perda de peso (14,20%, 20 casos), diarréia

(11,68%, 16 casos), otite (8,03%, 11 casos), dispnéia e sinusite (6,57%, 9 casos), lesão de couro

cabeludo (5,84%, 8 casos) e edema palpebral (5,11%, 7 casos).

Na história epidemiológica foi observado que 35,04% dos pacientes (48 casos) tiveram contato

freqüente com areia em área de lazer, 18,98 % (26 casos) tiveram contato com gato (conviviam com o

animal), 10,22% dos pacientes (14 casos) não ingeriam água filtrada, 7,30% (10 casos) tiveram

contato domiciliar com tuberculose (BK), 5,11% (7 casos) ingeriam carne crua e 3,65% dos pacientes

(5 casos) tiveram contato com indivíduos apresentando também aumento de linfonodos.

A adenomegalia generalizada foi mais freqüente (51,82% dos casos).

As cadeias ganglionares mais acometidas foram a cervical em 92,70% dos casos, seguida da cadeia

inguinal (33,57%), submandibular (32,84%) axilar (29,92%) e mentoniana (1,45%).

Em alguns pacientes, além do aumento de uma ou mais cadeias ganglionares, foram encontradas

também outras alterações de exame físico como hepatomegalia (29 casos, 21,17%), esplenomegalia

(18 casos, 13,14%) e alterações de orofaringe do tipo hiperemia e exsudato (14 casos, 10,22%).

Page 132: Etiologia das adenomegalias na infância: análise de 137 ...livros01.livrosgratis.com.br/cp071697.pdf · resumo etiologia das adenomegalias na infÂncia: anÁlise de 137 casos do

115

As principais alterações laboratoriais foram: linfocitose ≥ 50% em 24,40% dos pacientes (31 casos),

atipia linfocitária ≥ 10% em 15,75% dos pacientes (20 casos), velocidade de hemossedimentação

(VHS) ≥ 70% em 12,50% (15 casos) e leucocitose ≥ 20.000 cel/mm3 em 4,72% (6 casos). Dentre os

pacientes que apresentaram linfocitose ≥ 50%, a etiologia não foi esclarecida em 15 pacientes,

síndrome de mononucleose e adenite piogênica foram diagnosticadas em 6 pacientes respectivamente,

neoplasia em 2 pacientes e síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS) e hepatite em 1 paciente

respectivamente. Nos pacientes que apresentaram VHS ≥ 70mm/1ª.hora a etiologia não foi esclarecida

em 7 casos, 7 pacientes apresentaram clínica de adenite piogênica e em 1 paciente foi diagnosticado

tuberculose. Leucocitose ≥ 20.000 cel/mm3 observada em 6 pacientes, 4 deles apresentaram adenite

piogênica, 1 paciente apresentou neoplasia e em 1 paciente a etiologia não foi esclarecida.

A etiologia infecciosa foi a mais freqüente, encontrada em 50,36% dos pacientes (69 casos), em

43,80% dos pacientes (60 casos) a etiologia não foi esclarecia e 5,84% dos pacientes (8 casos)

apresentaram etiologia não infecciosa. Entre as infecções, a adenite piogênica foi diagnosticada em 35

pacientes (50,72%), síndrome de mononucleose em 24 pacientes (34,78%), sendo que destes, 15

pacientes (62,50%) apresentaram toxoplasmose, 7 pacientes (29,16%) apresentaram infecção pelo

vírus Epstein-Barr e 2 pacientes (8,34%) apresentaram citomegalovirose. Ainda dentre as causas

infecciosas, 4 pacientes (5,85%) apresentaram tuberculose, 1 paciente (1,44%) apresentou aids e em 5

pacientes outros diagnósticos foram comprovados como esporotricose (2 casos, 2,89%), doença da

arranhadura do gato (1 caso,1,44%), hepatite (1 caso, 1,44%) e reação pós-BCG (1 caso, 1,44%).

Nesta casuística 5,84% dos pacientes (8 casos), neoplasia foi diagnosticada em 5 pacientes, sendo 3

casos de neoplasia hematológica (leucemia linfocítica aguda) e 2 casos de linfoma (linfoma de

Hodgkin). Cisto do tireoglosso foi diagnosticado em 2 pacientes e reação medicamentosa provável em

1 paciente (uso contínuo de Captopril).

No presente estudo, foi possível diagnosticar 14 etiologias em 77 (56,20%) dentre os pacientes

avaliados e descrever freqüência de adenomegalia localizada e generalizada neste grupo (Figura-2).

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116

0

10

20

30

40

50

60

casos 35 15 7 4 3 2 2 2 2 1 1 1 1 1

%Localizda 55 10 5 10 2,5 2,5 5 5 0 2,5 0 2,5 0 0

%Generalizada 35,13 29,72 13,51 0 5,4 2,7 0 0 5,4 0 2,5 0 2,5 2,7

Adenite piog.

TOXO EBV Tubec. LLA CMV Cisto tireog.

L. Hodgkin

Esporot. Dç. Ar. gato.

AIDS R. BCG R. med. Hepatite

Adenite piog.= adenite piogênica, TOXO= toxoplasmose, EBV= infecção pelo vírus Epstein-Barr, Tuberc.= tuberculose, LLA= leucemia linfocítica aguda, CMV=citomegalovirose, Cis.tireog=cisto tireoglosso, L. Hodgkin= linfoma de Hodgkin, Esporot.=esporotricose, , Dç. Ar. gato= doença da arranhadura do gato, AIDS=síndrome da imunodeficiência humana adquirida,R.BCG= reação pós-vacinação com BCG, R.med.=reação medicamentosa Figura -2 Etiologias das adenomegalias encontradas na amostra estudada (n=77) e a freqüência

de adenomegalia localizada e generalizada em cada diagnóstico Adenomegalia na infância IPPMG-UFRJ Junho 2001/Julho 2004

Quanto à evolução, 125 pacientes, representando 91,2% dos casos de adenomegalia nesta casuística

apresentaram evolução clínica satisfatória, com resolução dos sinais e sintomas e alta ambulatorial

após aproximadamente 2 a 6 meses de acompanhamento.

Os gânglios linfáticos que atingiram maior tamanho foram os linfonodos cervicais, seguidos pelos

linfonodos axilares, inguinais, mentonianos, submandibulares e supraclaviculares.

Nos casos em que a etiologia foi comprovada como neoplásica, foi observado que os gânglios

apresentaram consistência endurecida (p < 0,01), evidenciado principalmente nos pacientes portadores

de linfoma de Hodgkin, demonstrando diferença significativa em relação à tuberculose, adenite

piogênica e nos casos em que a etiologia não foi definida. Em relação à consistência, nos casos de

tuberculose não houve diferença significativa quando comparada à neoplasia, adenite piogênica e os

casos em que a etiologia não foi esclarecida (p=0,6).

Em relação à mobilidade dos gânglios foi observado que nos pacientes portadores de neoplasia

(tumores sólidos), os gânglios se apresentaram aderidos a planos mais profundos da pele e subcutâneo.

Este achado teve significância quando comparado às outras etiologias como a adenite piogênica e de

causa não esclarecida (p= 0,01). Nos pacientes que apresentaram tuberculose também houve diferença

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significativa (p= 0,03).

Nos pacientes com quadro clínico de adenite piogênica, a flogose ganglionar foi detectada em

gânglios cervicais em 37% dos casos e em 20% de gânglios submandibulares (p= 0,01). Os pacientes

com diagnóstico etiológico de tuberculose apresentaram nódulos cervicais com sinais flogísticos em

50% dos casos, porém não houve diferença significativa em relação às outras etiologias anteriormente

mencionadas (p= 0,2).

Os resultados encontrados no hemograma e na contagem de plaquetas foram inespecíficos na amostra

estuda..

Cento e vinte pacientes realizaram VHS (velocidade de hemossedimentação). Nos resultados

encontrados os valores mais altos, em média, foram encontrados nos casos de tuberculose (64 mm/1ª

hora), seguidos pelos casos de adenite piogênica e fúngica (43,90 mm/1ª hora e 41 mm/1ª hora,

respectivamente). Nos casos em que a etiologia não foi esclarecida, neoplasia e síndrome de

mononucleose os valores encontrados não foram significativos. Não houve significância estatística em

relação ao VHS ≥ 70 mm/1ª hora nos casos de tuberculose, adenite piogênica e fúngica (p= 0,4). Em

relação as mesmas etiologias, o VHS ≥ 90 mm/1ª hora teve valor significativo nos casos de adenite

piogênica (p= 0,02).

A linfocitose ≥ 50% com atipia foi observada em 8 dos casos de adenomegalia em que a causa não foi

esclarecida, em 4 casos de síndrome de mononucleose e em 4 casos de adenite piogênica. Na maioria

dos casos a percentagem de linfócitos atípicos não foi quantificada, sendo mencionada no resultado do

exame laboratorial somente a presença de linfócitos atípicos. Nos casos em que houve quantificação,

esta foi ≥ 10%. Dos 24 pacientes que apresentaram síndrome de mononucleose, 21 realizaram

hemograma, em 8 destes foi observada atipia linfocitária, representando 38,09% dos casos neste

grupo.

A biópsia, quando indicada, foi realizada em 13 pacientes, sendo 5 deles com etiologia não

esclarecida, 4 pacientes com suspeita de doença maligna, 2 casos sugestivos de tuberculose, 1 caso de

adenite piogênica e 1 caso de micose profunda (doença fúngica).

Houve diferença significativa entre alguns casos de etiologia definida em comparação com os casos

sem diagnóstico esclarecido, em relação aos dados epidemiológicos. Dos 10 pacientes que tiveram

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história de contato com tuberculose, 3 deles apresentaram tuberculose ganglionar (p= 0,01). Nos

pacientes com síndrome de mononucleose (24 casos), 15 deles eram portadores de toxoplasmose e

destes 8 pacientes (53,33% dos casos) tiveram história confirmada de contato com gato (p= 0,01).

Os pacientes com diagnóstico de tuberculose foram os que apresentaram maior tempo de doença,

desde o início dos sintomas até a primeira consulta no ambulatório de DIP. Dentre as outras causas, o

paciente portador de AIDS já apresentava sintomas 6 meses antes de procurar atendimento médico. Os

pacientes em que a etiologia não foi esclarecida e síndrome de mononucleose apresentaram

aproximadamente 2 meses de sinais ou sintomas antes da consulta. Os pacientes portadores de

neoplasia e adenite piogênica procuraram atendimento médico num período de tempo mais curto, entre

o aparecimento dos sinais e sintomas e a primeira consulta no ambulatório de DIP, considerando 22

dias a mediana de tempo de doença .

DISCUSSÃO Vale ressaltar que algumas limitações ao estudo foram observadas. Algumas delas no primeiro

atendimento e outras durante o acompanhamento dos pacientes. Mesmo tendo o formulário de coleta

de dados auxiliado na anamnese, alguns deles não eram completados na primeira consulta, tendo que

algumas perguntas serem inquiridas nas consultas subseqüentes. No que diz respeito aos exames

laboratoriais preliminares, em 7,93% dos prontuários dos pacientes não foi anotado resultado de

hemograma e contagem de plaquetas e em 12,40% dos prontuários o valor do VHS, entretanto estes

exames foram solicitados. Em relação à amostra, houve perda de 6,16% que corresponderam aos

pacientes que não retornaram após a primeira consulta, sendo excluídos do estudo, reduzindo o

número de participantes. Seguindo a investigação laboratorial sorológica, os exames realizados foram

os disponíveis na época, talvez, nos casos das adenomegalias de causa não esclarecida outros exames

poderiam ser realizados como sorologia para herpes vírus 6, responsável pelo exantema súbito,

doença freqüente na população infantil que apresenta como um dos sinais clínicos adenomegalia

cervical9 e micobatérias atípicas10,11,13.

A maioria dos pacientes com adenomegalia foi do sexo masculino, concordando com outros

estudos8,14,15,16 e divergindo da revisão da literatura em que não há relato de predomínio entre os

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119

sexos6. No nosso estudo não encontramos justificativa para este achado.

Os pacientes na idade pré-escolar e escolar foram os mais acometidos. Estes dados foram constatados

em um estudo brasileiro8 e em estudos estrangeiros14,16,18. Este resultado pode estar relacionado com

maior suscetibilidade de infecções virais e parasitárias em crianças nesta faixa etária.

A duração dos sintomas antes da primeira consulta foi em média de 63 dias, com mediana de 22 dias,

similar a outros trabalhos14,20 apresentando variações de acordo com as diferentes etiologias

encontradas. Os pacientes portadores de neoplasia procuraram o atendimento médico mais

precocemente talvez devido às características do gânglio como consistência endurecida, rápido

aumento de volume de um só linfonodo ou presença de várias cadeias ganglionares aumentadas de

volume. Nos casos de adenite piogênica, o tempo mais curto entre o início dos sinais e sintomas e a

primeira consulta no ambulatório de DIP, pode ser atribuído à persistência da febre e sinais flogísticos

locais. Em particular, os pacientes portadores de esporotricose, infecção fúngica mais rara, também

apresentaram menor tempo de doença provavelmente devido a um surto desta micose profunda que

ocorreu no Rio de Janeiro durante o período de 1998 a 2003, coincidindo com a época de realização do

estudo19. A tuberculose ganglionar é considerada uma forma rara de apresentação desta infecção

atualmente, possivelmente devido a este fato, os casos diagnosticados neste estudo tiveram tempo de

doença mais prolongado.

Foi referido o uso de antibióticos previamente à consulta no ambulatório de DIP pela maioria dos

pacientes (penicilinas ou cefalosporinas de 1ª geração). Este dado também foi encontrado no estudo

realizado na Espanha20 e pode ser ao fato de que todos os pacientes avaliados no presente estudo já

haviam se submetido anteriormente a pelo menos uma consulta médica no ambulatório de pediatria

geral, sendo aí iniciado o tratamento para adenite piogênica.

Além da queixa principal do aumento de volume de um ou mais linfonodos, outros sinais e sintomas

clínicos foram referidos pelos pacientes. Dentre eles, os mais freqüentes foram febre (temperatura

axilar ≥ 37,8 ° C), seguida de dor no local do gânglio, tosse, anorexia, odinofagia e sinais flogísticos

locais. Num estudo realizado no Canadá16 , há similaridade na freqüência destas variáveis. As

infecções de vias aéreas superiores, comuns em crianças, podem ser responsáveis pela presença destes

sinais e sintomas concomitantes.

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120

A história epidemiológica foi importante para direcionar a investigação diagnóstica no decorrer do

acompanhamento dos pacientes. Na literatura, os dados epidemiológicos descritos nos estudos são

escassos, sendo enfatizado o contato com tuberculose14 . O contato com felinos passou a ter

importância fundamental na cadeia epidemiológica da toxoplasmose com a descoberta, a partir de

1970, do ciclo enteroepitelial do Toxoplasma gondii em gatos e a eliminação de oocistos nas suas

fezes, contaminando o homem direta ou indiretamente através do solo, água e alimentos. Estes animais

também são importantes na cadeia epidemiológica da esporotricose, doença fúngica que tem como

agente etiológico o Sporothrix schenkii que é transmitido ao homem através da arranhadura ou

mordedura de gatos 19.

Neste estudo foi observada freqüência maior de adenomegalia generalizada em relação a

adenomegalia localizada, porém não sendo esta diferença significativa. A literatura revela o inverso

desta freqüência, divergindo do resultado encontrado no presente estudo3 . Nos trabalhos publicados os

pesquisadores se referem às cadeias ganglionares da região do pescoço como um todo12,21,22,23,24 e no

presente estudo as cadeias ganglionares da região do pescoço foram divididas em cervical,

submandibular e mentoniana, sendo que cada uma representou uma cadeia ganglionar específica.

Desta forma podemos sugerir que esta divisão foi responsável pelo maior número de casos de

adenomegalia generalizada observados no estudo.

Em relação ao acometimento das cadeias ganglionares foi observado o predomínio dos gânglios

cervicais tanto nos pacientes com adenomegalia generalizada ou localizada, como nos casos com

etiologia definida e não definida. Freqüência semelhante foi observada em outros estudos realizados e

em Ankara, Turquia e Missouri, EUA18,23,25, sugerindo provavelmente que o trato respiratório superior

é uma porta de entrada para a maioria dos microrganismos causadores das adenomegalias.

A etiologia infecciosa foi observada na maioria dos pacientes incluídos no estudo. As mesmas

considerações foram encontradas na literatura2,7. Este achado pode ser compatível com as

características climáticas e socioeconômicas da área geográfica em que o estudo foi realizado, sendo o

Brasil, um país de clima tropical e em desenvolvimento, a freqüência de doenças infecciosas é maior.

Dentre as causas infecciosas, a adenite piogênica foi a mais freqüente. Nestes pacientes não foi

realizada punção ganglionar para análise do material em meio de cultura. Conforme a revisão na

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121

literatura os germes mais comuns responsáveis pela infecção são Staphylococcus aureus e

Streptococcus pyogenes16,23,26,27. Daí a justificativa da resposta satisfatória à cefalosporina de 1ª

geração obtida pelos pacientes com clínica de adenite piogênica.

A toxoplasmose foi a infecção mais freqüente no grupo da síndrome de mononucleose acometendo

pacientes na faixa etária entre 2 e 11 anos de idade. Estes dados são semelhantes aos encontrados num

estudo brasileiro realizado em Belo Horizonte (MG)28, em que é avaliada a prevalência da

toxoplasmose-infecção entre crianças de 0 a 12 anos de idade. Este achado pode ser decorrente da

exposição ao gato, que é comum nesta faixa etária.

A síndrome de mononucleose pelo vírus Epstein-Barr (EBV) foi constatada em pacientes, na maioria

com idade abaixo de 5 anos e a citomegalovirose ocorreu em pacientes com idade abaixo de 3 anos de

idade. O diagnóstico destas infecções em crianças em idade escolar e pré-escolar sugere que a

investigação sorológica para EBV e CMV deve ser realizada também nas faixas etárias mais precoces

29.

A freqüência da tuberculose ganglionar não foi semelhante ao estudo realizado na Índia14, que avaliou

100 pacientes com adenomegalia e em 35% dos casos foi diagnosticada tuberculose ganglionar.

Provavelmente esta infecção seja mais prevalente naquela região, principalmente nos adultos e por

conseguinte, este fator de risco levou à contaminação das crianças participantes do estudo, pois todas

elas conviviam com adulto portador de tuberculose pulmonar.

Esporotricose, importante micose profunda, foi diagnosticada em 2 pacientes. Nos trabalhos revistos

na literatura sobre as diversas etiologias de adenomegalia na infância não há ocorrência deste

diagnóstico, no Rio de Janeiro houve um surto de esporotricose na mesma época da realização deste

estudo, podendo ser atribuído a este fato a presença dos casos diagnosticados desta infecção19.

As causas não infecciosas foram raras. Neste grupo foram incluídos os pacientes portadores de

leucemia linfocítica aguda (LLA), linfoma de Hodgkin, cisto do tireoglosso e reação medicamentosa

(pacientes em uso de Captopril).

Relacionando a freqüência de casos de neoplasia encontrados neste estudo e os publicados na

literatura, não houve divergência,20,25,30.

Os achados laboratoriais como linfocitose e atipia linfocitária foram observados principalmente nos

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casos em que a etiologia não foi esclarecida e síndrome de mononucleose (50% dos casos de infecção

por vírus Epstein-Barr, 25% dos casos de citomegalovirose e 25% dos casos de toxoplasmose). Estes

resultados devem ser valorizados sugerindo que outras infecções virais podem estar incluídas também

no grupo de pacientes em que a causa da adenomegalia não foi esclarecida.

A distribuição das etiologias das adenomegalias localizadas e generalizadas difere dos estudos

encontrados na literatura, nos quais a maioria das crianças foi submetida à biópsia. Os estudos de

investigação diagnóstica comparam alterações histopatológicas das adenomegalias com variáveis

como localização do gânglio acometido, faixa etária, sexo, localização geográfica da população e

pouco comentam sobre os critérios que levaram à realização de biópsia,24,30.

O fluxograma foi de grande valia para direcionar a investigação diagnóstica, principalmente em

relação aos dados da anamnese, como história epidemiológica e história da doença atual;

características do exame dos gânglios acometidos; seqüência de exames complementares a serem

solicitados e acompanhamento dos pacientes.

As adenomegalias em que causa não foi esclarecida foram as que, apesar da análise clínica e

laboratorial de acordo com o fluxograma de investigação utilizado, os pacientes não apresentaram

alterações sistêmicas ou alterações laboratoriais significativas e evoluíram de forma satisfatória, sem

uso de antibióticos, em até seis meses após a primeira consulta do ambulatório de DIP.

A inclusão de outros exames laboratoriais como sorologia para outros vírus como herpes vírus-6,

adenovírus, enterovírus e PCR (reação da polimerase em cadeia) para alguns microrganismos

auxiliarão no diagnóstico etiológico, bem como o teste cutâneo para micobactérias atípicas,

diminuindo a angústia do pediatra em não diagnosticar a etiologia das adenomegalias na população

infantil, especialmente as que têm maior gravidade como neoplasia e tuberculose.

Acreditamos que este estudo proporcionou uma noção atual do perfil etiológico das adenomegalias no

Rio de Janeiro, ressaltando a diversidade de etiologias encontradas e demonstrando a necessidade de

investigação diagnóstica sistemática de adenomegalias na infância, quando a clínica e evolução não

sugerem adenite bacteriana.

AGRADECIMENTO: Dra. Raimunda Rodrigues, Chefe o Laboratório de Imunologia do IPPMG,

UFRJ

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