estudos de viabilidade - formulação de projetos para ppp - cap. 2

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A boa administração começa aqui! http://www.brasiladmin.com EXCERTO DO LIVRO: “FORMULAÇÃO DE PROJETOS PARA PPP” Capítulo 2. ESTUDOS DE VIABILIDADE: TÉCNICA, ECONÔMICO-FINANCEIRA, COMERCIAL E GERENCIAL. 2.1 ESTUDOS DE VIABILIDADE: TÉCNICA, ECONÔMICO-FINANCEIRA, COMERCIAL E GERENCIAL. Todos sabemos da importância da identificação da necessidade (ou oportunidade) que será a principal norteadora de tudo o que deverá ser feito para levar um projeto a seu objetivo final, qual seja, suprir exatamente aquela necessidade (ou aproveitar aquela oportunidade), a qual, por sua vez, deverá estar alinhada com os objetivos e missão da empresa. O fato de, via de regra, negligenciar-se o estudo de viabilidade, qualquer que seja ele, é fruto do fato de que, normalmente, um projeto surge em função de uma necessidade e, como tal, a sua execução é tida como “altamente necessária” e, portanto, sua viabilidade não é discutível. Ou, pior ainda, se for feita, será feita de forma tendenciosa, com o intuito apenas de “comprovar” a necessidade de se executar aquele projeto por causa de um objetivo escuso qualquer. De qualquer maneira, todos entendemos como indiscutível a utilidade de se efetuar um estudo de viabilidade decente. Este estudo analisará a exeqüibilidade, os modos de se atingir objetivos, opções de estratégias e metodologias, bem como investigará os prováveis resultados, riscos e conseqüências de cada possibilidade de ação. O mais importante: um bom estudo de viabilidade evitará que o Gerente de Projetos (e suam organização) caiam em armadilhas muitas vezes óbvias.

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Este é o capítulo 2 "Estudos de Viabilidade técnica, econômico-financeira, comercial e gerencial", do livro "Formulação de Projetos para PPPs", o qual está em fase final de elaboração. Aproveite!

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Page 1: Estudos de Viabilidade - Formulação de Projetos para PPP - Cap. 2

A boa administração começa aqui!

http://www.brasiladmin.com

EXCERTO DO LIVRO: “FORMULAÇÃO DE PROJETOS PARA PPP”

Capítulo 2.

ESTUDOS DE VIABILIDADE: TÉCNICA, ECONÔMICO-FINANCEIRA,

COMERCIAL E GERENCIAL.

2.1 ESTUDOS DE VIABILIDADE: TÉCNICA, ECONÔMICO-FINANCEIRA,

COMERCIAL E GERENCIAL.

Todos sabemos da importância da identificação da necessidade (ou

oportunidade) que será a principal norteadora de tudo o que deverá ser feito para

levar um projeto a seu objetivo final, qual seja, suprir exatamente aquela

necessidade (ou aproveitar aquela oportunidade), a qual, por sua vez, deverá

estar alinhada com os objetivos e missão da empresa.

O fato de, via de regra, negligenciar-se o estudo de viabilidade, qualquer

que seja ele, é fruto do fato de que, normalmente, um projeto surge em função de

uma necessidade e, como tal, a sua execução é tida como “altamente necessária”

e, portanto, sua viabilidade não é discutível. Ou, pior ainda, se for feita, será feita

de forma tendenciosa, com o intuito apenas de “comprovar” a necessidade de se

executar aquele projeto por causa de um objetivo escuso qualquer.

De qualquer maneira, todos entendemos como indiscutível a utilidade de se

efetuar um estudo de viabilidade decente. Este estudo analisará a exeqüibilidade,

os modos de se atingir objetivos, opções de estratégias e metodologias, bem

como investigará os prováveis resultados, riscos e conseqüências de cada

possibilidade de ação. O mais importante: um bom estudo de viabilidade evitará

que o Gerente de Projetos (e suam organização) caiam em armadilhas muitas

vezes óbvias.

Page 2: Estudos de Viabilidade - Formulação de Projetos para PPP - Cap. 2

Mas, em que momento devemos efetuar este estudo? Bom, usualmente, o

ciclo de vida do projeto em uso na organização determina se o estudo de

viabilidade constituirá a primeira fase do projeto ou se deve ser tratado como um

projeto à parte [PMI 2000], o que não é raro. Em qualquer caso, uma decisão de

continuidade (“go – no go") do projeto faz parte da finalização deste estudo.

Um outro ponto acerca do estudo de viabilidade diz respeito a sua forma.

Naturalmente, deve-se sempre optar por relatórios escritos, datados e assinados

por quem o elaborou e de preferência no formato preconizado na

empresa/instituição.

2.1.1 Pesquisando a viabilidade

Segundo Ralph Keeling em seu livro “Gestão de Projetos – uma abordagem

global”, o estudo de viabilidade deve abranger diversos temas e assuntos de

interesse de todos os envolvidos no projeto, interna ou externamente à

organização. De acordo com o autor, esses assuntos seriam:

1. Dados existentes de registros anteriores ou em operações semelhantes;

2. Escopo, objetivos e premissas, testando estas últimas;

3. Esboço de estratégia, resultando, inclusive, em sugestão de estratégias

para um projeto estagnado;

4. Análise financeira do país/região(fatores externos, quando relevantes);

5. Análise financeira, acerca das estimativas de custo realistas, podendo

sugerir fontes de capital;

6. Avaliação do retorno sobre investimento e o esforço;

7. Avaliação de riscos;

8. Fontes de apoio do projeto;

9. Avaliação tecnológica;

10. Análise política (quando cabível);

11. Avaliação do Impacto Ambiental (AIA);

12. Avaliação do Impacto Sociológico (quando indicada) e identificação dos

interessados (stakeholders) ;

13. Estrutura gerencial e administração do projeto; e

14. Recursos do projeto.

Page 3: Estudos de Viabilidade - Formulação de Projetos para PPP - Cap. 2

2.1.2 Estrutura do estudo de viabilidade

Grandes empresas e instituições públicas, de modo geral, já possuem um

“template” (modelo) de relatório de viabilidade, o qual deverá ser seguido pela

equipe responsável por sua elaboração.

A composição deste mesmo relatório, ainda que padronizado, é fruto da

maturidade da empresa em atividades de desenvolvimento de projetos. De

qualquer forma, entende-se que qualquer estudo desta natureza deverá ter a

seguinte estrutura mínima, a saber:

1. Identificação:

a. Título, local e data em que foi assinado o estudo;

b. Membros da equipe responsável pelo estudo (preferencialmente

discriminando a área em que cada um atuou);

c. Interessados (setores, departamentos, etc.);

d. Termos de referência; e

e. Objetivos do estudo.

2. Corpo do relatório:

a. Sumário;

b. Lista de anexos, figuras e tabelas; e

c. Relato detalhado de cada aspecto analisado pela equipe.

3. Conclusões:

a. Relativas à viabilidade;

b. Conseqüências;

c. Benefícios;

d. Custos; e

e. Alternativas.

4. Recomendações:

a. Recomendações para prosseguir (ou não);

b. Como prosseguir;

c. Recursos requeridos;

d. Aspectos de financiamento;

5. Anexos e apêndices

a. Diagramas;

b. Dados relevantes;

Page 4: Estudos de Viabilidade - Formulação de Projetos para PPP - Cap. 2

c. Estimativas financeiras e previsão de fluxo de caixa; e

d. Avaliação de ameaças e riscos.

Conforme já dito, esta estrutura é apenas uma sugestão. Claro está que,

conforme a experiência da empresa em gerenciamento de projetos, bem como

dependendo da complexidade do objeto tema do projeto, esta estrutura pode

variar em escopo e profundidade.

Outro ponto importante acerca do estudo de viabilidade diz respeito ao fato

de que, nos dias atuais onde tudo é feito e obtido de forma quase instantânea,

nossas autoridades já não têm tanto tempo disponível para ler e absorver

informações. Desta forma, atualmente está em voga a criação e uso dos

“resumos executivos”. De modo geral, este possui a seguinte estrutura, a saber:

1. Identificação, contendo apenas título, lugar e data do estudo;

2. Descrição sucinta dos achados do estudo, para cada aspecto analisado;

3. Resumo das conclusões; e

4. Resumo das recomendações;

5. Assinatura e identificação clara dos membros da equipe.

2.1.3 Destinos do estudo de viabilidade

Muitos são os possíveis destinos de um relatório de viabilidade de um

projeto da empresa/instituição. Estes, em realidade, dependem demais da

maturidade e confiança da empresa em diversos setores, as quais normalmente

estão traduzidas em normas, diretrizes, visões e missões da entidade. Entre estes

destinos, destacam-se, lembrando que podem ser cumulativos:

1. Pessoa/setor/departamento solicitantes;

2. Imprensa, como parte da estratégia de marketing da empresa/instituição;

3. Resumo executivo para a board diretora e acionistas;

4. Escritório de Gerência de Projetos;

5. Provável equipe responsável pelo desenvolvimento do projeto;

6. Parceiros (potenciais e/ou de fato);

7. Órgãos públicos responsáveis por licenças/alvarás diversos; e

8. Instituições e órgãos federais financiadores, entre tantos outros.

Page 5: Estudos de Viabilidade - Formulação de Projetos para PPP - Cap. 2

2.1.4 Tipos de estudos de viabilidades

Uma vez entendidos o conteúdo e a forma mais usuais para um estudo de

viabilidade, temos de compreender, neste ponto de nossos estudos, que quando

se fala em “viabilidade” podemos estar nos referindo a vários tipos de viabilidade

bem distintos. Nenhum deles é, isoladamente, melhor do que os demais. A bem

da verdade, eles são complementares e, desta forma, juntos, trazem uma

percepção mais precisa do ambiente a ser enfrentado pelo Gerente de Projetos na

condução de seus trabalhos e de sua equipe, numa eventual decisão pelo início

de seu projeto.

Vejamos estes tipos em maior profundidade.

Estudo de Viabilidade Técnica

Não raramente nos depararemos com projetos que, a despeito de serem

economicamente viáveis, serão tecnicamente difíceis de se atingir uma execução

correta ou sequer mínima. Mas o que faria nosso projeto ser “tecnicamente

inviável”?

Como regra geral, deve-se pensar na questão técnica como aquela voltada

para o “como será feito” o projeto, ou seja, aquele rol de questões que impedem a

fase de EXECUÇÃO do projeto. Desta forma, normalmente estas questões estão

focadas na disponibilidade de material, pessoal e técnicas necessários para a

consecução do projeto.

Há diversos aspectos que podem ter esta forma negativa de impacto na

execução do projeto. Vejamos alguns exemplos mais comuns:

• Ausência de pessoal qualificado, nos quadros da sua empresa, para

a execução do projeto e/ou de difícil obtenção no mercado local ou,

ainda, que requer longo tempo de formação (curva de aprendizado

necessária é agressiva).

• A tecnologia necessária para se levar a termo o projeto pode,

simplesmente, não existir ainda.

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Estudo de Viabilidade Econômico-Financeira

A viabilidade econômico-financeira, por sua vez, busca verificar se o projeto

é sustentável, em termos econômicos e financeiros, antes, durante e após sua

conclusão, ou seja, em sua fase “operacional”.

Muitos projetos, ainda que tecnicamente possíveis, esbarram em situações

do tipo:

• A tecnologia necessária para se atingir o objetivo do projeto é

extremamente cara ou requer parcerias difíceis de conseguir.

• O volume financeiro necessário para se iniciar o projeto não está disponível

na organização, ou é muito alto, ou, ainda, inviabiliza outros projetos

igualmente importantes. Uma variante destes exemplos ocorre quando um

financiamento ao projeto é muito caro para que a empresa/instituição possa

suportar.

• O cenário macro-econômico não é favorável, seja por uma questão,

sazonal, seja por uma questão cambial, ou mesmo de barreiras

econômicas. Tais contextos influenciam, normalmente de forma negativa, a

execução do projeto e, por este motivo, devem ser antecipados pelo estudo

de viabilidade econômico-financeira. Note-se, ainda, que estes casos

influenciam o antes, o durante e o após do projeto.

Estudo de Viabilidade Comercial

A viabilidade comercial, por sua vez, diz respeito ao “após” do projeto,

especialmente para aqueles em que se espera efetuar vendas em massa, uma

vez seu resultado final esteja implementado.

Este tipo de viabilidade pode ser crucial para a decisão de se seguir em

frente, ou não, com a implantação de um projeto. Há casos, muito comuns, em

que se está trabalhando a inserção de um novo produto na linha de produção da

empresa, por exemplo. Esta é uma situação delicada para a maioria das

empresas, pois uma decisão equivocada a este respeito certamente representará

um dispêndio precioso de tempo, pessoas e dinheiro.

A análise comercial do projeto vai considerar aspectos como: sazonalidade,

estatísticas populacionais, clima, ambiente físico, concorrência e custos de

implantação do projeto, dentre outros.

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- ESTUDO DIRIGIDO -

(opcionalmente em grupos)

� Por que é importante conduzir um cuidadoso e detalhado trabalho na

identificação das necessidades?

� Por que é importante selecionar o projeto certo antes de começar a

trabalhar?

� Dê exemplos de situações nas quais uma empresa pode desenvolver uma

CP.

� Por que é importante para uma empresa quantificar os benefícios

esperados com a implementação de uma solução para um problema?

� Qual o grande objetivo pretendido ao se fazer um (ou mais) estudo de

viabilidade? Ele poderia ser abstraído? Explique sua resposta.

Praticando Responda ao Questionário Para Estudos a seguir, utilizando, como ponto de partida, seus estudos no presente capítulo. Este trabalho poderá ser feito em grupos de, no máximo, 03 (três) pessoas.