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Pelotas, RS Dezembro, 2010 103 ISSN 1516-8832 Estudos de Solos do Município de Caiçara, RS Autores Noel Gomes da Cunha Eng. Agrôn., M.Sc., Pesquisador da Embrapa Clima Temperado, Pelotas, RS Ruy José da Costa Silveira Eng. Agrôn., D. Sc. Prof. UFPel-FAEM, Pelotas, RS, [email protected] Ediney Koester Geólogo, D.Sc. Prof. UFPel, Engenharia Geológica, Pelotas, RS Leondres Duarte de Oliveira Geólogo, MSc. , Porto Alegre, RS, [email protected] José Maria Filippini Alba Bacharel em Química, D.Sc. Geociências Embrapa Clima Temperado, Pelotas, RS, [email protected] Fábia Amorim da Costa Geógr. M.Sc. Analista, Embrapa Clima temperado, Pelotas, RS, [email protected] Vinícius Cantarelli Terres Bacharelando em Ecologia UCPel/RS, bolsista Embrapa Clima Temperado, Pelotas, RS, viní[email protected] Rodrigo Thiel Lopes Bacharelando em Ecologia UCPel/RS, bolsista Embrapa Clima Temperado, Pelotas, RS, [email protected] Resumo A ocupação das terras do norte do Rio Grande do Sul pelos europeus ocorreu com o grande avanço da pecuária pelos campos nativos do planalto. Nos limites do planalto, a região dissecada pelo rio Uruguai e seus afluentes era coberta por uma floresta densa. Sem muito interesse pelos fazendeiros, a região, que antes era habitada por índios e caboclos, foi colonizada no início do século passado por colonos europeus a partir de 1922. Hoje, o município de Caiçara apresenta pequenas propriedades que se fragmentaram ao longo do tempo com uma agricultura de pequenos produtores nas áreas de mata com solos muito férteis, íngremes, com rochas e seus fragmentos. Nas áreas íngremes poucas atividades, além dos cultivos de sobrevivência, expandem-se em uma economia que depende dos produtos primários das propriedades (cereal, leite, mel, criação de animais etc.). A terra como um todo no município está distribuída em formas de relevo distintas. No geral, a dissecação erosiva natural formou uma região íngreme. A partir daí, em direção ao rio Uruguai, estabeleceram-se os espigões rochosos (61,12 Km², 32,81%), que são restos de platôs estreitos, íngremes e rochosos (neossolo litólico), espigões degradados (10,54 Km², 5,66%) que compreendem as pequenas superfícies elevadas nas extremidades dos espigões gastos pela erosão, próximas aos afluentes do rio Uruguai (luvissolo crômico). As serras (95,05Km², 51,00%) são constituídas por superfícies íngremes, de relevo com aspecto muito rochoso, fortemente escarpadas, que se alternam entre restos de espigões rochosos elevados, em completa desagregação, e vales com terras quase planas ou aplainadas nos platôs e fundos das ravinas, onde situam-se os drenos naturais (19,64 Km², 10,54%). Foto: Vinícius Cantarelli Terres Caiçara e suas crianças. Lá onde as cabeças loiras margeiam a estrada... Mendes Ribeiro.

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Page 1: Estudos de Solos do Município de Caiçara, RS 103 Resumo · zem a conjuntura atual sem agravar os problemas erosivos provocados, que têm sido frequentes nessas terras, consumindo

Pelotas, RSDezembro, 2010

103

ISSN 1516-8832

Estudos de Solos do Município de Caiçara,RS

AutoresNoel Gomes da Cunha

Eng. Agrôn., M.Sc., Pesquisador daEmbrapa Clima Temperado, Pelotas, RS

Ruy José da Costa SilveiraEng. Agrôn., D. Sc. Prof.UFPel-FAEM, Pelotas, RS,

[email protected] Koester

Geólogo, D.Sc. Prof.UFPel, Engenharia Geológica, Pelotas, RS

Leondres Duarte de OliveiraGeólogo, MSc. , Porto Alegre, RS,

[email protected]é Maria Filippini Alba

Bacharel em Química, D.Sc. GeociênciasEmbrapa Clima Temperado, Pelotas, RS,

[email protected]

Fábia Amorim da CostaGeógr. M.Sc. Analista,

Embrapa Clima temperado, Pelotas, RS,fá[email protected]

Vinícius Cantarelli TerresBacharelando em Ecologia

UCPel/RS, bolsistaEmbrapa Clima Temperado, Pelotas, RS,

viní[email protected] Thiel Lopes

Bacharelando em EcologiaUCPel/RS, bolsista

Embrapa Clima Temperado, Pelotas, RS,[email protected]

Resumo

A ocupação das terras do norte do Rio Grande do Sul pelos europeus ocorreu com o grandeavanço da pecuária pelos campos nativos do planalto. Nos limites do planalto, a regiãodissecada pelo rio Uruguai e seus afluentes era coberta por uma floresta densa. Sem muitointeresse pelos fazendeiros, a região, que antes era habitada por índios e caboclos, foicolonizada no início do século passado por colonos europeus a partir de 1922. Hoje, omunicípio de Caiçara apresenta pequenas propriedades que se fragmentaram ao longo dotempo com uma agricultura de pequenos produtores nas áreas de mata com solos muitoférteis, íngremes, com rochas e seus fragmentos. Nas áreas íngremes poucas atividades,além dos cultivos de sobrevivência, expandem-se em uma economia que depende dosprodutos primários das propriedades (cereal, leite, mel, criação de animais etc.).

A terra como um todo no município está distribuída em formas de relevo distintas. No geral,a dissecação erosiva natural formou uma região íngreme. A partir daí, em direção ao rioUruguai, estabeleceram-se os espigões rochosos (61,12 Km², 32,81%), que são restos deplatôs estreitos, íngremes e rochosos (neossolo litólico), espigões degradados (10,54 Km²,5,66%) que compreendem as pequenas superfícies elevadas nas extremidades dos espigõesgastos pela erosão, próximas aos afluentes do rio Uruguai (luvissolo crômico). As serras(95,05Km², 51,00%) são constituídas por superfícies íngremes, de relevo com aspectomuito rochoso, fortemente escarpadas, que se alternam entre restos de espigões rochososelevados, em completa desagregação, e vales com terras quase planas ou aplainadas nosplatôs e fundos das ravinas, onde situam-se os drenos naturais (19,64 Km², 10,54%).

Foto: Vinícius Cantarelli Terres

Caiçara e suas crianças.

Lá onde as cabeças loiras margeiam a estrada... Mendes Ribeiro.

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2 Estudos de Solos do Município de Caiçara, RS

IntroduçãoA desigualdade social é um problema que se manifesta aolongo do tempo em todas as sociedades organizadas. Oato de crescer no sentido socioeconômico gera, à medidaque se propagam diferenças extremas entre os que seapropriam dos bens e os que contemplam ou são afasta-dos dos sistemas produtivos.

Criar parâmetros que se ajustem aos extremos de cresci-mento, com divisões equitativas de riquezas físicas domeio rural, é a base das proposições dos governos.Entretanto, os sistemas ao longo do tempo têm se mostra-do ineficientes nesse controle entre os que muito acumu-lam e os que pouco possuem, são as falhas dos sistemaspolíticos vigentes na organização da sociedade rural.

Com objetivo de amenizar a baixa renda dos pequenosagricultores e as distorções do sistema produtivo rural,devido à distribuição e uso das terras íngremes com mata,que aconteceu no início do século passado (pequenasáreas de terras – lotes – entregues a produtores ruraispobres), os agricultores e a sociedade estão pleiteandonovas tecnologias, próprias ao uso em uma agriculturamais tecnificada. Inicialmente, com estudos dos solos, osórgãos governamentais e segmentos organizados dasociedade procuram alternativas para dar uma novaperspectiva de uso da terra de forma menos degradante,mais produtiva e mais rentável nessas áreas com relevoíngreme, pertencentes a pequenos produtores.

Com as perspectivas promissoras do agronegócio de supriruma população que cresce desordenadamente, tem-seexpandido o objetivo de aumento da produtividade, àcusta do uso de insumos, muitas vezes em excesso, mastolerado pela sociedade. Isto tem-se generalizado, mesmono uso em pequenas propriedades.

Com isso, a Embrapa, os órgãos governamentais e asentidades sociais que procuram alternativas mais econômi-cas para os pequenos produtores, estão desenvolvendoprojetos para o estabelecimento de ações que viabilizem aprodução não contaminada por aditivos químicos, portan-to, com maior valor no mercado.

Essas ações se darão em áreas socioeconômicas homogê-neas, de pequenas propriedades, denominadas “territóri-os”, onde possam ser evidenciadas carências comuns eque abram perspectivas de novas ações, as quais dinami-zem a conjuntura atual sem agravar os problemas erosivosprovocados, que têm sido frequentes nessas terras,consumindo grande parte da mata local, outrora densa.

A Embrapa, nesse contexto, propõe-se, entre outrasatividades, a caraterizar a região de Caiçara em seusaspectos de recursos naturais relacionados aos solos,

geomorfologia, capacidade de uso e aptidão agrícola dasterras.

Na verdade a sociedade procura um conhecimento do usoda terra e sua relação com a vegetação. O caminho naturalda degradação, a história relata, dá-se com a ocupação daterra pelo homem dito civilizado. Inicialmente há uma“remoção” dos nativos, dos animais, da mata e posterior-mente há a degradação dos solos e poluição das águas.Conter essa parte final é um dos objetivos desse estudo desolos.

O município localiza-se na parte norte da bacia hidrográficado rio Uruguai no Rio Grande do Sul. Era habitada porcaboclos e índios sendo colonizada por agricultoresalemães e italianos a partir do final de 1922.

Parte das terras íngremes desta região não eram aproveita-das pela pecuária da época, devido à sua mata, que hojeestá em extinção. Constituía-se inicialmente em umapassagem eventual pelo rio Uruguai para viajantes.

MetodologiaPara compor o uso das informações referentes ao planeja-mento do uso agrícola e o controle ambiental local doEstudo dos Solos de Municípios do Alto Urugua, RS, queengloba 15 municípios em torno de Frederico Westeplalen,estão sendo descritos os solos dos municípios individuali-zados.

No caso são descritas, em nível de reconhecimento,somente as unidades de relevo locais, onde o tempo e aerosão construíram morfologias diferenciadas próprias, masque se repetem alternadamente em toda região. Nessasunidades morfológicas os solos variam dentro deparâmetros determinados em sintonia com a rochabasáltica uniforme e comum a toda região.

Para elaboração do mapeamento dos solos, aptidãoagrícola das terras, capacidade de uso das terras e formasde relevo do município de Caiçara, foram integradas cartastopográficas digitais na escala 1:50.000: com nomencla-tura MI (Mapa Índice): 2884/2 (Itapiranga), 2884/4(Palmitinhos), 2885/1 (Iraí), 2885/2 (Palmitos), 2885/3(Frederico Westphalen), 2885/4 (Planalto), 2899/2(Coronel Bicalho), 2900/1 (Jaboticaba), 2900/2 (LiberatoSalzano).

Após identificadas e delineadas as unidades demapeamento de solos nas cartas, foram digitalizadas asinformações. As unidades de relevo e solos foram inicial-mente desenhadas em cima da base cartográfica daPrimeira Divisão de levantamento, em escala 1:50.000,

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sendo digitalizadas considerando-se Hasenack e Weber(2010). A digitalização foi estruturada no softwareARCGIS, visando:

(a) a elaboração de um produto cartográfico adequado ecompatível com a escala que se propõe;

(b) o gerenciamento de informações espaciais e descritivas;

(c) subsídios para projetos de zoneamento e manejo.

Para a classificação taxonômica dos solos, foi usado oSistema Brasileiro de Classificação dos Solos, Santos etal., (2006), e o Sistema de Classificação Americano – SoilTaxonomy (USA, 1996).

As terras foram classificadas utilizando-se o sistemadenominado Capacidade de Uso das Terras (LEPSCH et al.,1983; ESTADOS UNIDOS, 1951), que se baseia nosfatores limitantes à sua utilização e a seu relacionamentocom a intensidade de uso. Este sistema foi elaborado,primordialmente, para atender ao planejamento de práticasde conservação do solo, prevendo oito classes de capaci-dade de uso, convencionadas pelos algarismos romanosde I a VIII. As classes I, II e III são próprias para culturasanuais, porém os riscos de degradação ou grau de limita-ção ao uso aumentam da classe I a III; a classe IV somentedeve ser utilizada ocasionalmente para culturas anuais,mesmo assim com sérios problemas de conservação.Asclasses V, VI e VII são inadequadas para culturas anuais,mas próprias para culturas permanentes (pastagem oureflorestamento), nas quais os problemas de conservaçãoaumentam da classe V a VII. A classe V é restrita a terrasplanas inundáveis, e a classe VIII é imprópria para qualquertipo de cultivo (anual, pastagem ou reflorestamento). Paradeterminar a capacidade de uso das terras, consideram-seos fatores que possam ser limitantes à produtividade dasculturas ao longo do tempo. Os fatores são identificadospela letra minúscula “e” (limitação por suscetibilidade àerosão), “s” (limitação relativa ao solo), “d” (limitaçãodevida ao excesso de água) e “c” (limitação climática). Ossímbolos gerais são considerados subclasses e têm porobjetivo evidenciar as principais limitações. No caso, nãose considera a subclasse clima como variável para aclassificação. Entretanto, a deficiência de água estádiretamente relacionada a este fator. As glebas de terras demesma classe e subclasse, principalmente quando necessi-tam de tratamentos diferenciados pela constituição dossolos, são denominadas de unidades de produção.

Na verdade, essa classificação foi feita para dar condiçõesà implementação efetiva de sistemas de controle à erosãoque, no início do século passado, estavam destruindo ossolos na América do Norte. Aqui no Brasil, esse sistematêm sido usado para fomentar uma idéia de potencialidade

agrícola das terras. Este conceito generalizado parecepróprio, pois à medida que a erosão acelerada passou a serquase debelada por práticas conservacionistas de plantiodireto a diferença de risco imediato que, distinguia umaclasse da outra parece ter se tornado menor. Assimsendo, cultivar a terra suscetível à erosão acelerada épossível mas o conjunto de dificuldades e os efeitosinerentes dos tratos culturais ainda são os mesmos;portanto, as diferenças e graus de dificuldades entreclasses ainda existem. Situar as diferenças e dificuldades ecorrigi-las dentro de uma ordem que efetivamente represen-te os fatores econômicos parece um caminho para umanova taxonomia.

Também está sendo usado o sistema de Aptidão Agrícoladas Terras (Ramalho Filho & Beek, 1995), que se diferen-cia do anterior, por procurar atender, embora subjetivamen-te, a uma relação custo/benefício favorável. No caso, nãoforam considerados fatores econômicos. Atende-se a umarealidade compatível com a média das possibilidades dosagricultores, numa tendência econômica a longo prazo,sem perder de vista o nível tecnológico adotado. O sistemaconsta com seis grupos de aptidão agrícola de terras. Sãoeles os grupos: 1, 2, 3 (cultivos anuais), 4 (pastagenscultivadas), 5 (pastagem natural e silvicultura) e 6 (inaptoao uso agrícola). Além disso, o sistema considera trêsníveis de manejo: A (primitivo, sem tecnologia), B (inter-mediário, com alguma tecnologia) e C (alto níveltecnológico). Para cada nível de manejo (A, B ou C), aaptidão da terra pode ser “boa” (representada pela letramaiúscula do respectivo manejo), “regular” (letra minúscu-la), “restrita” (letra minúscula entre parênteses) e “inapta”(ausência de letras). Para determinar a aptidão agrícola,consideram-se os seguintes fatores limitantes: fertilidadenatural, excesso de água, falta de água, suscetibilidade àerosão e impedimentos à mecanização. Cada um destesfatores é avaliado quanto à intensidade ou grau da limita-ção, podendo ser nula (N), ligeira (L), moderada (M), forte(F) e muito forte (MF). O grau de limitação mais acentuadodefine a classe de aptidão em cada nível de manejo. Aavaliação do grau de limitação é baseada na experiênciados executores e em dados regionais.

Os mapas anexados no final do texto indicam a descriçãogeral da área, solos (classificação taxonômica), formas derelevo, capacidade de uso da terra e aptidão agrícola dasterras .Todos seguem prioritariamente a ordem propostanas formas de relevo.

A sequência de atividades desenvolvidas foi:

a) fotointerpretação preliminar para delineamento desuperfícies homogêneas, sob o ponto de vista de tonalida-de fotográfica e relevo;

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b) percurso da área para analisar a relação entre as superfí-cies homogêneas delineadas, material de origem, vegeta-ção, caraterísticas, distribuição dos solos e coleta de perfisde solos;

c) confecção da legenda preliminar com as formas derelevo das diferentes superfícies;

d) novo percurso da área, para certificar-se dos pontosonde havia dúvidas sobre a geologia e solos;

e) interpretação das análises químicas para caraterizaçãodas unidades;

f) classificação dos solos nos diferentes sistemastaxonômicos: Santos et al., (2006) e no sistemainterpretativo americano (USA, 1996);

g) confecção dos mapas e relatório descritivo.

As análises químicas necessárias, com exceção da determi-nação de carbono orgânico, foram realizadas de acordocom os métodos descritos no Manual de Métodos deAnálises de Solo Embrapa (BRASIL, 1979), considerando:

- pH em água e pH em KCl;

- Ca+2 e Mg+2, extraídos com KCl 1 M e determinados porespectrofotometria de absorção atômica;

-Na+ e K+, extraídos com HCl 0,05 M+H2SO4 0,025 M edeterminados por fotometria de chama;

- P, extraído com HCl 0,05 M+H2SO4 0,025 M e determi-nado por espectrofotômetro;

- H+ + Al+3, extraídos com Ca(OAc)2 1 M pH 7,0,titulados com NaOH 0,0606 M utilizando-se fenolftaleínacomo indicador;

- Al+3, extraído com KCl 1M, titulado com NaOH 0,025 Mutilizando-se azul-bromotimol como indicador;

- A determinação do carbono orgânico no solo, descritapor Tedesco et al. (1985), é caraterizada pela oxidaçãocom dicromato de potássio (K2Cr2O7 1,25 M) em meioácido. A determinação do C orgânico envolve a conversãode todas as formas de C para o dióxido de carbono (CO2)por combustão úmida. O calor é obtido a partir da diluiçãodo ácido sulfúrico (H2SO4 concentrado) em águadeionizada, pelo aquecimento externo. A titulação é feitapor sulfato ferroso (FeSO4 0,25M). A cor da solução, noinício, varia de laranja-amarelado a verde-escuro, mudandopara cinza túrbido antes do ponto final de viragem e,

então, muda abruptamente para um vermelho tijolo, noponto final da titulação.

- Análise granulométrica determinada por dispersão emágua com agente químico (NaOH) e agitação mecânica dealta rotação, sedimentação e determinação de argila pelométodo da pipeta, com areia grossa e areia fina, separadaspor peneiramento, e silte calculado por diferença, nãosendo empregado pré-tratamento para eliminação damatéria orgânica. O teor de argila natural foi determinadoapenas com dispersão em água.

Quanto à espessura, os solos estão sendo considerados:muito rasos (0 – 25 cm), rasos (25 – 50 cm), poucorasos (50 – 75 cm), pouco profundos (75 – 100 cm) eprofundos (> 100 cm).

Os solos foram descritos conforme se inserem nas unida-des de formas de relevo, aqui diferenciadas nas fotosaéreas, mais especificamente por seus aspectos geológi-cos, padrões de drenagem, vegetação, etc.

Assume-se que os solos estão distribuídos neste contextocomo apenas mais um dos componentes. Além disso, asformas de relevo se relacionam intensivamente com o usoagrícola das terras, objetivo preponderante neste trabalho.Os perfis foram coletados em cortes de estradas. Asestradas municipais dão acesso a todas as propriedadesonde a constatação dos solos é feita sem restrições.

Na seção de resultados, a qualificação das caraterísticasdos solos é inserida nas descrições morfológicas dasunidades de relevo. São utilizadas terminologias semelhan-tes que comparam solos regionais com mapas do IBGE(1986) e Brasil (1973).

Aspectos locaisO município de Caiçara situa-se na região fisiográfica doAlto Uruguai, RS. A sua colonização básica agrícola nesseamplo território partiu do município de Palmeira dasMissões, inicialmente ocupado pelos descendentesportugueses devido aos seus campos abertos comgramíneas e invasoras e seus bosques de mata intermiten-te, onde as pastagens eram essenciais para a criação degado.

Conforme o histórico local, Caiçara, pertencente a estamicrorregião, destacou-se inicialmente na região pelotrânsito para o norte do rio Uruguai. Iraí e FredericoWestphalen foram os pioneiros na região a se desligaremde Palmeira das Missões e, inclusive, tiveram partes deseus territórios divididos com outros municípios, assimcomo Caiçara.

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Nora e Pigozzo (2007), a região, em geral, por seuaspecto desfavorável a criação de gado e área de matavirgem, foi pouco valorizada pelos grandes produtores,que a consideravam desqualificada. Por isso, essesgrandes proprietários venderam-nas em pequenos lotes acolonos e pequenos agricultores com o objetivo decolonizar essas partes de mata.

A colonização da região partiu basicamente da divisãominifundiária, com algumas diferenças a nível municipal.Nos municípios que se emanciparam mais recentementehouve uma divisão em lotes, mais organizada, que sugereuma intervenção governamental, mas, de uma forma geral,percebe-se que ocorreu uma organização territorial executa-da pela própria população ao decorrer do tempo.

Essa ocupação de descendentes alemãs e italianos quechegou a partir de 1922, tomou uma caraterizaçãoregional à medida que novas levas de colonos se estabele-ciam, mas a história está muito fragmentada, tendo-sedisponíveis apenas breves históricos de cada município.

Desde então, o crescimento da região se deu graças à boaqualidade das terras locais férteis para uma agricultura depequenos produtores. Outras atividades desempenhadaspelos minifundiários, como a suinocultura e a produção deleite, destacaram-se nesse contexto, associadas a umdesmatamento intensivo para se estabelecerem roças emum relevo íngreme, com rochas e seus fragmentos. Nospequenos platôs vizinhos a agricultura empresarial pouco apouco está se estabelecendo, e outras atividades relaciona-das ao turismo em função das fontes termais foramdesenvolvidas no município (Fig 1 e 2).

A história construída pelos órgãos oficiais é rica emdetalhes dessa ocupação, no seu aspecto da luta dasobrevivência dos colonos para arrancar da terra fértil eíngreme o seu sustento e o seu progresso, mas silenciosaem relação aos povos indígenas. Há um silêncio histórico,onde eles aparecem ocasionalmente nas estradas oferecen-do os restos da sua cultura. Há um sentimento de culpa desaber na sociedade que o progresso proposto nãocaminha com eles pela estrada. Estão nômades semdestino e sem ambições a serem alcançados

Fig 1: Aspectos do uso das superfícies após a erosãosofrida.

Fig 2: O equilíbrio entre a mata e o uso da terra é um fatorimponderável.

Fotos: Vinícius Cantarelli Terres

Aspectos de vegetaçãoA vegetação atual que cobre o município de Caiçara épraticamente milho e poucos outros cultivos toda consti-tuída por uma sucessão de culturas regionais de inverno everão. Praticamente, a terra tem uso contínuo nas duasestações. Ou está cultivada ou está sendo preparada paranovas culturas. O controle da nova vegetação dita deinvasoras de pequeno porte, que tenta se restabelecer, éfeito por práticas de roçagem ou pastoreio intensivoutilizando animais disponíveis para leite e tração deimplementos agrícolas.

Para Rambo (1994), a vegetação do Planalto a partir domunicípio de Ijuí em direção ao norte começa com a

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intensificação da floresta. Inicialmente, com a ocorrência decampos esparsos entre “capões” de mata de composiçãosemelhante à floresta, o que acentua a hipótese de que amata estava progressivamente se estabelecendo nassavanas. Não se consideram os efeitos da presença dohomem e suas ações agrícolas passadas sobre o estabele-cimento dessas savanas.

Ocasionalmente, ainda restam fragmentos isolados de umamata nativa exuberante e preservada apenas em pequenasáreas nos fundos dos vales íngremes. Normalmente, amaior parte das raras árvores nativas, de grande porte e deboa qualidade, são encontradas esparsas nos vales, ondeos agricultores construíram suas casas em função dadisponibilidade de água local. Além da sombra e doscontrastes altimétricos, com as frutíferas introduzidas naregião, estas espécies, atualmente pouco comuns, parecemter, nesta nova geração de agricultores, uma garantia depreservação mais pelas formas exuberantes do que pelovalor atual.

IBGE (1986) considera que, ainda no início do séculopassado, a área originalmente fazia parte da FlorestaEstacional Decidual Submontana. Na verdade, em relação àfloresta, só resta a suspeita de que o antropismo, tantocausado pelos imigrantes como pelos índios locais, seja oresponsável pelos indícios iniciais de degradação dosistema florestal.

Atualmente, há o domínio de arbustos de espécies maisresistentes a esse intensivo desmatamento para se estabe-lecer áreas para culturas. Nos vales dos rios, IBGE (1986)considera que os restos da Floresta Estacional DecidualSubmontana sejam contínuos.

O intenso desmatamento da floresta se efetivou com o usoprogressivo das terras para a implementação de cultivos desubsistência, pastagens e serrarias. A ocupação agrícola epecuária progressiva, que foi intensa nos últimos anos,está adaptada principalmente às dificuldades impostas pelorelevo das terras. Atualmente, a quase totalidade das áreasé ocupada por culturas cíclicas. Entretanto, somente oParque Florestal Estadual do Turvo, no município vizinhode Derrubadas, preserva intacto o que restou da exuberan-te floresta, em uma área que cobre 50% do município.

IBGE (1986), analisando o contexto climático local,descreve que durante o ano há dois períodos térmicosdistintos: um com temperatura média das médias diáriassuperior a 20 ºC, durante os meses de novembro, dezem-bro, janeiro e fevereiro (verão), e outro, com temperaturamédia das médias diárias inferior a 15 ºC, nos meses dejunho, julho e agosto (inverno). Não foram observadosperíodos de déficit hídrico.

O mesmo órgão de pesquisa descreve a estrutura daFloresta Estacional Decidual Submontana, ora representadapor dois estratos arbóreos distintos: um, emergente, abertoe decíduo, com altura variando entre 25 e 30 metros, eoutro, dominante e contínuo, com altura não superior a 20metros, formado principalmente por espéciesperenifoliadas, além de um estrato de arvoretas. Comenta,ainda que a fisionomia decidual desta floresta é determina-da pelo estrato emergente, dominado por leguminosascaducifólias, onde se destacam a grápia (Apuleia leiocarpa)e o angico (Parapiptadenia rigida). Acentua-se que há umadiversificada florística, com aspectos distintos, em funçãode pequenas variações ambientais determinadas porparâmetros litológicos, geomorfológicos, edáficos eclimáticos.

Descrevendo essa floresta, IBGE (1986) comenta que oselementos arbóreos que constituem o estrato emergente daFloresta Estacional Decidual Submontana são de origemtropical, apresentando, portanto, dois períodos fisiológicosdistintos: um higrófito, de alta transpiração, quando comfolhas; e outro xerófito, sem transpiração, quando semfolhas. O caráter de estacionamento, pelos efeitos doclima, para esta região florestal, é determinado peloperíodo de baixas temperaturas que, fisiologicamente,exerce sobre as plantas o mesmo efeito da seca.

Para o citado órgão de pesquisa, as variações nos gradien-tes ecológicos fundamentais permitiram a individualizaçãoda formação Submontana, limitada às condiçõesaltimétricas entre 30 e 400 metros. Esta formaçãoSubmontana ocupa formas de relevo que variam desuavemente ondulado a dissecado (superfícies muitorugosas).

De acordo com a mesma fonte, na sua estrutura, estaformação florestal carateriza-se localmente por apresentarum estrato arbóreo emergente, onde predominam grápia(Apuleia leiocarpa), angico (Parapiptadenia rigida), cabriúva(Myrocarpus frondosus), louro (Cordia trichotoma), cedro(Cedrela fissilis), canjerana (Cabralea canjerana), umbu(Phytolacca dioica) e canafístula (Peltophorum dubium); eoutro estrato dominado constituído por guajuvira(Patagonula americana), açoita-cavalo (Luehea divaricata),canela-preta (Nectandra megapotamica), batinga (Eugeniarostrifolia), canela-guaicá (Ocotea puberula), guatambú(Balfourodendron riedelianum) e mata-olho (Pachystromalongifolium); ainda um estrato de arvoretas formados porlaranjeira do mato (Actinostemon concolor), cincho(Sorocea bonplandii) e catinguá (Trichilia claussenii); alémda regeneração de espécies dos estratos superiores.Nesses possíveis contatos desta floresta com a estepegramíneo lenhosa, IBGE (1986) cita como espécie domi-nante barba-de-bode (Aristida pallens). Algumas espécies,como timbó (Ateleia glazioviana), ainda ocorrem nas

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7Estudos de Solos do Município de Caiçara, RS

bordas das estradas e campos poucos cultivados. Alémdisso, nas áreas de drenagem, são encontradas em meio acapões, taquaruçu (Bambusa trinii), corticeira (Erythrinacrista-galli) e algumas espécies de xaxim (Dicksonia sp.).

No início da primeira picada, construída pelos colonos narota para Erval Seco no fim do platô, onde os camposeram limitados pela mata, constatou-se que a taquaruçu(Bambusa trinii), grápia (Apuleia leiocarpa), canela-de-veado (Helietta apiculata), camboatá (Mataybaelaegnoides), canela-loura (Ocotea spixiana), açoita-cavalo(Luehea divaricata), cabriúva (Myrocarpus frondosus),canela-do-brejo (Machaerium glabrum), timbó (Ateleiaglazioviana) e rabo-de-bugio (Dalbergia frutescens)compõem o início do relevo áspero escarpado e rochosocom solos pedregosos e rasos, onde a mata era densa(Fig.3 a 5).

Fig 3: A ocupação da terra passa pela remoção da mata.Não há limites definidos.

Fig 4: Algumas árvores isoladas sobrevivem nessa guerrasem trégua entre a mata e o campo de cultivos.

Fig 5: Encostas íngremes e matas não são parâmetrosintransponíveis para a agricultura proposta.

Foto: Vinícius Cantarelli Terres

Aspectos geológicosA caraterização do embasamento geológico regional doPlanalto tem sido, de certa forma, aceita de maneira muitogeneralizada como um domínio de basaltos. Entretanto, hánecessidade de uma diferenciação nestas variaçõesrochosas locais, pois a constituição dessas rochas vulcâni-cas semelhantes é muito diversificada nesses estratos(geralmente paralelos horizontais).

Conforme Holz (1999), até o período Jurássico, parte doRS era coberta por um deserto arenoso aplainado, proveni-ente de depósitos fluviais anteriores. O mesmo autoracentua que o Planalto e a Serra Gaúcha, com seus quasemil metros de altitude, existem graças ao vulcanismo defissuras que está relacionado à fragmentação dosupercontinente Pangeia, que começou a ocorrer há 190milhões de anos. Estudos geomorfológicos mais precisosidentificam um intervalo da ordem de 10 milhões de anospara o evento da Bacia do Paraná, com idades entre 138 e128 Ma (ROISENBERG; VIERO, 2000). Descrevendo oevento, Holz (1999) acentua que o vulcanismo produziulava em quantidade suficiente para cobrir praticamentetodo o deserto de areias que havia na região. Os primeirospulsos de lava eram fracos e duravam pouco tempo. Eramlimitados e geograficamente localizados em apenasalgumas áreas descontínuas, logo o vento os recobriu deareia. Mas, com o passar do tempo, os pulsos vulcânicosficaram mais frequentes e fortes. A lava brotava emcorridas sucessivas, não deixando tempo para a areiaeólica cobrir a rocha formada. Assim, a paisagem doestado, que era uma planície arenosa e seca, foi novamen-te modificada, e o grande mar de areia desapareceu sobuma sequência muito espessa de rochas basálticas.Acentua-se ainda, que demoraria algumas centenas de

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anos para resfriar a planície e transformar o último vestígiode lava em basalto.

A paisagem sul do Planalto Rio-Grandense se transformouem uma imensa área relativamente plana, totalmenteconstituída de basalto nu, sem cobertura de solo nemvegetação. Com o decorrer do tempo, gradativamente osprocessos de erosão e intemperismo criaram uma camadade solo na superfície rochosa recém formada. Rios e lagosse instalaram novamente e transformaram o planalto. Parao autor, ainda no Jurássico, após o intenso vulcanismo defissuras, ou concomitante a ele que terminou com aexistência do deserto, iniciou-se a fragmentação docontinente.

Segundo Leinz e Amaral (1975), as lavas vulcânicaspossuem velocidade de acordo com as formas, texturas eestruturas, que dependem da viscosidade. As quantidadese as condições topográficas também exercem influência noque diz respeito ao modelamento superficial do terreno.

As lavas viscosas, via de regra, são aquelas ricas emsílica, de composição química semelhante à das rochasgraníticas, e são denominadas lavas ácidas. Este tipo delava forma derrames curtos, espessos, raras vezesbifurcados, como consequência da alta viscosidade. Afrente e os flancos dos derrames são abruptos. Em casosde viscosidade muito elevada, não se derramam e, sim,formam-se cúpulas de represamento e até extrusões quasesólidas. Consolidam-se rapidamente e não há temposuficiente para a formação de cristais, que exigem aordenação e agrupamentos dos átomos. Forma-se, então,o vidro vulcânico, amorfo. A cor é preta, podendo àsvezes, ser avermelhada ou leitosa. Este vidro vulcânico sedeve à difusão de bolhas microscópicas de gases, enquan-to que a cor vermelha é consequente da oxidação do ferro.Quando as condições de pressão e de viscosidade sãofavoráveis, há expansão dos gases contidos na lava.Forma-se uma verdadeira espuma que, ao se consolidar, dáorigem a pedra-pomes. Nos vidros, tais gases se encon-tram dissolvidos.

As lavas fluídas, por sua vez, são normalmente de consti-tuição básica, ou seja, são pobres em sílica, tendo acomposição química análoga à das rochas basálticas.Possuem grande mobilidade e, durante o derramamento,ajustam-se às irregularidades do terreno. Sendo grande odeclive, a corrida é fina e estreita. O mecanismo domovimento é análogo ao de um líquido. Ele é mais rápidono centro da corrente, diminuindo nas bordas. A consoli-dação se dá tanto pela irradiação térmica da lava para aatmosfera, como pela condução do substrato. A lavatorna-se coberta por uma crosta sólida, cujo aspecto semodifica constantemente, graças ao movimento doderrame. A superfície apresenta-se com aspectos variáveis,

dependendo do grau de viscosidade e da quantidade degases contidos. Assim, o derrame pode tomar o aspectode lava em blocos ou lava em corda.

Na lava, em blocos, a superfície é áspera, fendilhada,resultando, no aspecto geral, em fragmentos agudos elascas. As vesículas de gases no seu interior são raras e,quando presentes, são grandes e de formas irregulares. Acor frequentemente avermelhada, graças à oxidaçãoprovocada pelo ar que percola facilmente pelas fendas dalava. O resfriamento é relativamente rápido e a quantidadede gases é grande, sendo estes os fatores que determinamo tipo de lava. O escape dos gases ou a concentração emgrandes bolhas influem também no aspecto morfológicodeste tipo de lava. À frente constitui-se num amontoadode blocos em movimento. Esta frente é rica em pequenasvesículas resultantes da inclusão dos gases durante aconsolidação.

A lava em corda movimenta-se como uma massa pastosafluída, coberta por uma película consolidada, que seenruga pelo movimento, tomando a forma de cordasperpendiculares à direção do movimento.

Assim sendo, uma lava pode correr sobre um substrato,provocando pouco ou nenhum metamorfismo térmicocomo ocorreu onde o basalto se derramou sobre o arenito(Botucatu, Mesozoico) sem modificá-lo em grande escala(município de Manuel Viana). Tais derrames consecutivosdeterminaram espessuras consideráveis, de várias centenasde metros, em muitos lugares.

Para IBGE (1986), a formação Serra Geral que forma oPlanalto do RS constituiu-se numa sucessão de corridas delavas, de composição predominantemente básica, apresen-tando uma sequência superior identificada como umdomínio relativo de efusivas ácidas. Nas sequênciasbásicas inferiores, regionalmente, é possível a identificaçãode poucos níveis vulcânicos ácidos, que apresentampequenos volumes e restrita continuidade. Diques e corposconcordantes de diabásio, encaixados em unidadesrochosas mais antigas, e relacionados às efusivas, ocorremocasionalmente na área.

Ainda para IBGE (1986), os drenos, tendo se extravasadodesde o Triássico Superior, desenvolveram-se de modosignificativo durante o Juracretáceo. No geral, considera-secomo agrupando uma espessa sequência de vulcanitos,eminentemente basálticos, podendo conter termos ácidosintercalados, que se tornam mais abundantes no topo dopacote. Estes vulcanitos, ou emissores de lava ácida, estãointimamente relacionados aos processos geodinâmicos queculminaram com a abertura do Atlântico Sul e aconsequente separação continental América do Sul África.

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9Estudos de Solos do Município de Caiçara, RS

Localmente, é nítida uma sequência de derrames deefusivas básicas, com pouca mudança na constituição.Observam-se as ocorrências superficiais esparsas, frequen-tes afloramentos e pequenas deposições de rochas nosvales íngremes e suas bordas, onde há espigões comrochosidade saliente na superfície. A forma do estabeleci-mento dos níveis de basalto, sobre a superfície do arenitoBotucatu e espessura das camadas de rochas vulcânicas,tem um significado muito grande na constituição dasreservas de água subterrâneas.

IBGE (1986) relata que as camadas de basalto são maisespessas no norte e leste do estado, chegando a 1.000metros, diminuem para oeste e sul, com espessura de 30 a50 metros em Santa Maria. Em poços perfurados emmunicípios mais ao sul da região Celeiro, tem sido encon-trado o aquífero a profundidades de 180 a 200 metros, noarenito Botucatu. Como regra geral, tais rochas, são poucofissuradas superficialmente, pelos processos de ajustes dascamadas, porque são de idades mais recentes, logo osajustes da crosta foram menos intensivos. As diáclases(fraturas) das rochas ocorrem normalmente nas camadasmais profundas, nas quais o peso dos blocos rochososconduz a ajustes que causam fraturas.

Além disso, a extrusão de basalto de natureza alcalina empequenas espessuras, condicionou um diaclasamentohorizontal entre os diversos estratos. Assim sendo, ascamadas superficiais, pouco fraturadas, não são infiltradaspela água das chuvas em níveis significativos, comoocorre com as rochas graníticas, que chegam à superfíciejá fissuradas. Localmente, poucos poços exploram águasnas reservas de fissuras, com baixo aproveitamento emtermos quantitativos. Em virtude disto, tais rochas nãoexpõem vertentes nas encostas como os granitos da regiãoSul do Estado. Os granitos expõem vertentes ao longo dasencostas modelando a ocorrência e natureza da vegetaçãode acordo com a disponibilidade de umidade localizada. Asrochas efusivas básicas somente são boas receptadoras deágua quando são porosas, pela ocorrência de vesículasnos derrames. Mesmo assim, a porosidade só é efetivaquando as camadas são fendilhadas (diaclasadas), para aunião dos macroporos se constituírem em vazios significa-tivos de reservas de água.

Normalmente, em tais configurações rochosas horizontaissólidas, de textura pouco porosa, a água retida estáapenas nas camadas muito argilosas dos solos locais e semove nas encostas, quando há saturação dos horizontesinferiores, através da alta porosidade do material residual.

Assim, as bacias depressivas arredondadas (côncavas),que se assemelham, em alguns casos, a pequenas veredas,produto inicial do processo erosivo nesta dissecaçãogradativa e uniforme das encostas, são muito uniformes

em todos os aspectos e contêm poucas reservas de água,seguindo um modelo liso de encosta (ocorrem somentenas chapadas conservadas do planalto). Não há nascentesque possibilitem a mudança da vegetação, a não ser meraadaptação às variações e ao clima local. Solo e vegetaçãoapresentam o mesmo modelo fisiográfico, em função deuma disponibilidade mais constante e uniforme de umidadeao longo dos anos (Fig.6).

Fig 6: As alternâncias entre camadas distintas de basalto são

frequentes.

Foto: Vinícius Cantarelli Terres

Formas de relevoA geomorfologia expressa nos terrenos a constituiçãorochosa e a evolução com que as superfícies residuais erochosas se constituíram ao longo do tempo modeladaspela erosão natural. Evidencia uma relação direta com osclimas que atuaram e atuam ao longo desse modelamentosuperficial corrosivo, onde o material intemperizado(sedimentos) é depositado em áreas adjacentes maisbaixas.

Os solos, como produtos das transformações dos resíduosdessas rochas ou da mistura de seus sedimentos, têm asua constituição relacionada diretamente a esses fatores,além dos climas que atuaram durante tempos determinadospara transformações desses resíduos, posições no relevopassado e atual que ocupam e processos bióticos atuantesdurante esses períodos de tempo integral (etapas).

Espigões rochosos (Pi)Esta unidade de relevo compreende as superfícies estreitas,longas e ásperas de nível superior. Estão isoladas eraramente segmentadas longitudinalmente. Constituem notopo, um arcabouço de relevo com aspecto suave ondula-do a plano. São restos rochosos de antigo planalto em queos processos erosivos naturais removeram intensamente,

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10 Estudos de Solos do Município de Caiçara, RS

além das camadas laterizadas superficiais do solo, quasetodo o complexo rochoso lateral, deixando apenas umfilete elevado rochoso, muito longo, testemunha de umplanalto anterior. Secciona-se apenas longitudinalmente emsub-bacias hidrográficas muito semelhantes. A partir doinício do espigão estão sendo criados vales lateraisprofundos que buscam um nivelamento com o rio Uruguai.

Os espigões rochosos (Pi) constituem-se em segmentoselevados, perpendiculares aos drenos principais (rioUruguai e afluentes). Algumas cristas similares se estabele-cem como apêndices do eixo principal, com direçõesperpendiculares a afluentes do rio Uruguai. Os solosestabelecidos no topo do seu filete superficial são recen-tes. Não há latossolos nem nitossolos (solos antigos)como nas regiões vizinhas. Os solos que ocorreramposteriormente estão situados onde os resíduoscascalhentos e rochosos recentes das rochas estão menoserodidos.

Estes solos atuais, muito recentes, são constituídos eremovidos sem se tornarem profundos e evoluídosintegralmente em seus resíduos mineralógicos. A drenagemsuperficial, ao lado, construiu vales profundos eencravados, com ravinas de encostas verticais isolando,pouco a pouco, esses espigões antigos. São vales inicial-mente muito estreitos, verticalmente retilíneos e muitosemelhantes. Camadas estratificadas horizontais maisendurecidas de rochas vulcânicas, em alternância commaterial menos resistente, fizeram com que se constituís-sem formas de relevo que se removem sem se aplainarem.São predominantes na formação geral. Como consequênciadesse modelamento erosivo constante e uniforme, assuperfícies mais estreitas e com resíduos mais finos dostopos dos espigões, permanecem em seu contato com achapada em pequenas dimensões que estão aplainadas.

No geral, nesses topos planos, os solos são muito rasos epouco evoluídos, com muitas pedras sobre as rochas apoucos centímetros da superfície. As alternâncias rocho-sas, nesse estreito filete de topos planos superiores, dãouma conotação esquelética ao modelamento que hojeexpõe apenas pequenos restos antigos de resíduos finosentre cascalhos rochosos. Formam pequenas superfícieshomogêneas, onde se estabeleceram pequenas roças, quese tornaram antigas, pois não há espaço para prolongá-las.

Concomitante com o processo de remoção de um relevosuave ondulado de resíduos finos, criando-se uma superfí-cie plana, devido à deposição das rochas vulcânicas emestratos planos e paralelos, há o transporte, pela encosta,de camadas superficiais e laterais de resíduos antigos finosque, desagregados, misturam-se com novos cascalhos erochas alternadamente nas encostas dos vales menosinclinados. Nestes locais, há solos mais espessos, pouco

profundos, sem serem denominados litólicos (lépticos),como no geral. Como consequência, algumas caraterísticassão próprias de solos que conservam resíduos maisintemperizados, mas ainda responsáveis pela manutençãode atributos “chernozêmicos”, com cores poucoavermelhadas, mais hidratadas do que nos locais deorigem, como nas pequenas superfícies mais conservadas.

Os resultados analíticos permitem constatar que astendências gerais dos espigões são de predominarem soloscom saturação de bases muito alta, desde as camadas maissuperficiais. Isso ocorre também nas áreas de pequenassuperfícies com maiores espessuras de resíduos. Certamen-te se relacionam também com o maior poder de retençãodo complexo de troca dos resíduos da floresta anterior eda pouca intemperização das argilas. Este fator parececontrariar a drenagem interna vigente, em que a águapercolada, ao atingir a superfície do basalto, fluindo pelaparte inferior do solo em direção às bordas dos drenosnaturais, deveria empobrecer mais intensamente essascamadas internas.

Nesta unidade de relevo, desde o topo até a borda dasencostas laterais, são encontradas, predominantemente,variações de neossolos litólicos e regolíticos com grandesgrupos dos eutróficos e chernossólicos. Nas encostasocorrem Cambissolos Háplicos Ta Eutroférricos léptico(Tabela 1 a 3). Estes solos com caraterísticas intermitentesmuito próximas do A chernozêmico (horizonte “mollic”)descritos por Klamt (1969), e dos altos teores de casca-lhos da parte inferior (horizonte C), são definidos nossubgrupos como fragmentários ou chernossólicos.

Estas terras comportariam alguns cultivos perenes específi-cos e silvicultura, em uma agricultura não tecnificada(classe VII-1se de capacidade de uso das terras). Asituação vigente, que tende a se perpetuar, é a de umaagricultura familiar já estabelecida, onde cultivos perenespouco a pouco poderão ser introduzidos, além doscultivos anuais necessários à sobrevivência das famílias.

No sistema de aptidão agrícola das terras, de RamalhoFilho e Beeck (1995), essas glebas seriam classificadascomo pertencentes ao grupo 2a(b), ou seja, “regular” parapequenos produtores por serem muito férteis (produzem,onde é possível cultivar, boas colheitas sem adiçãosuplementar de nutrientes) e, “restrita” a médios produto-res pelas dificuldadesimpostas ao uso em lavouras maisamplas (pedras, rochas e declives). No geral, essas terrasférteis não devem responder à adubação para as médiascolheitas de uma agricultura familiar. A água é o fatorlimitante dos cultivos de verão (Fig.7).

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11Estudos de Solos do Município de Caiçara, RS

(hz) (cm) (solo)

A 0 – 20 Bruno-avermelhado-escuro (2,5 YR 3/4) seco; vermelho-escuro-acinzentado (10 R 3/4) úmido; franco; granular pequena, moderada; pegajoso, plástico, muito friável, lig. duro; transição difusa.

A2 20 – 40 Bruno-avermelhado-escuro (2,5 YR 3/4) úmido e seco; franco-arenoso; blocos subangulares pequenos e granular moderada; pegajoso, plástico, muito friável, lig. duro; transição gradual.

BiC 40 – 100 Vermelho-acinzentado (10 R 4/4) úmido e seco; franco-siltoso; blocos subangulares pequenos e granular moderada; plástico, pegajoso, muito friável, lig. duro.

Fatores Horizontes

A A2 BiC Espessura (cm) 0-20 20-40 40-100 C. orgânico (g kg-1) 27,50 20,10 11,10 M. O. % 4,70 3,50 1,91 P (mg kg-1) 45,60 49,00 46,40 pH (H2O) - 6,09 6,19 6,19 pH (KCl) - 4,77 4,86 4,81 Ca (c molc kg-1) 9,60 10,50 9,80 Mg “ 3,40 3,70 3,70 K “ 0,66 0,41 0,40 Na “ 0,04 0,04 0,04 S “ 13,70 14,65 13,94 Al “ 0,01 0,00 0,01 H+Al “ 2,10 2,10 2,10 T “ 15,80 16,75 16,04 T(arg.) “ 118 194 74 V % 87 87 87 Sat. Al “ - - - Fe (total) “ - - - Calhaus (g kg-1) - - - Cascalho “ - 102 111 Areia grossa “ 235 321 93 Areia fina “ 329 310 292 Silte “ 302 283 398 Argila “ 134 86 217 Argila natural “ 33 30 18 Agregação % 75 65 92 Silte/argila - 2,25 4,45 1,83 Textura * - SL SL SL * Texturas : SL – franco-arenoso; L - franco

Tabela 1. Informações do perfil do solo de Espigões Rochosos (Pi). Caiçara, RS, 2010, Cai-2.

a) Classificação: CAMBISSOLO HÁPLICO Eutroférrico Ta luvissólico; Soil Taxonomy: Rhodic Mollic Haplumbrept b)Localização: coordenadas planas (UTM – Fuso 21) E= 0260467m – N= 6982250 m. c) Geologia regional: basalto. d)Material de origem: basaltos máficos. e) Geomorfologia: chapadas. f) Situação do perfil: topo de espigão. g) Declividade:1%. h) Erosão: não há. i) Relevo: ondulado. j) Suscetibilidade à erosão: moderada. l) Pedregosidade: 5%. m) Rochosidade:5%. n) Drenabilidade: bem drenado. o) Vegetação: capoeira e floresta conservada. p) Descrição do perfil:

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12 Estudos de Solos do Município de Caiçara, RS

Tabela 2. Informações do perfil do solo de Espigões Rochosos(Pi). Caiçara, RS, 2010, Cai-3.

a) Classificação: NEOSSOLO LITÓLICO Eutrófico fragmentário; Soil Taxonomy: Rhodic Mollic Lithic Udarent.

b) Localização: coordenadas planas (UTM – Fuso 21) E= 0255607 m – N= 6982981 m. c) Geologia regional:

basalto. d) Material de origem: basaltos máficos. e) Geomorfologia: espigões. f) Situação do perfil: topo. g)

Declividade: 5%. h) Erosão: forte. i) Relevo: platô. j) Suscetibilidade à erosão: forte. l) Pedregosidade: 20%.

m) Rochosidade: 20%. n) Drenabilidade: bem drenado. o) Vegetação: capoeira. p) Descrição do perfil:

(hz) (cm) (solo)

A1 0 – 20 Bruno-avermelhado-escuro (2,5 YR 3/4) seco; vermelho-escuro-acinzentado (10 R 3/4) úmido; franco; granular pequena, fraca; lig.pegajoso, lig.plástico, muito friável, lig. duro; transição difusa.

AC 20 – 40 Bruno-avermelhado-escuro (2,5 YR 3/4) úmido e seco; franco; granular moderada; lig. pegajoso, lig. plástico, muito friável, lig. duro; transição difusa.

C 40 – 60 Vermelho-acinzentado (10 R 4/4) úmido e seco; franco-arenoso; granular fraca; plástico, pegajoso, muito friável, lig. duro.

Fatores Horizontes

A1 AC C Espessura (cm) 0-20 20-40 40-60 - C. orgânico (g kg-1) 7,10 5,70 3,80 M. O. % 1,22 0,98 0,65 P (mg kg-1) 25,60 22,50 53,20 pH (H2O) - 6,10 6,36 6,63 pH (KCl) - 5,03 5,07 5,14 Ca (c molc kg-1) 12,61 13,96 14,07 Mg “ 5,24 5,19 5,44 K “ 0,22 0,08 0,07 Na “ 0,05 0,05 0,08 S “ 18,12 19,28 19,66 Al “ 0,00 0,02 0,00 H+Al “ 1,40 1,28 1,18 T “ 19,52 20,56 20,84 T(arg.) “ 256 326 484 V % 93 94 94 Sat. Al “ - - - Fe (total) “ - - - Calhaus (g kg-1) - - - Cascalho “ - - - Areia grossa “ 110 142 190 Areia fina “ 433 469 474 Silte “ 381 326 293 Argila “ 76 63 43 Argila natural “ 18 12 77 Agregação % 76 81 79 Silte/argila - 5,01 5,17 6,81 Textura * - SL SL SL * Texturas : SL – franco-arenoso; L – franco.

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13Estudos de Solos do Município de Caiçara, RS

Tabela 3. Informações do perfil do solo de Espigões Rochosos(Pi). Caiçara, RS, 2010, Cai-4.

a) Classificação: CAMBISSOLO HÁPLICO Eutroférrico Ta luvissólico; Soil Taxonomy: Rhodic Lithic Mollic Udarent. b)

Localização: coordenadas planas (UTM – Fuso 21) E= 0253077 m – N= 6987608 m. c) Geologia regional: basalto.

d) Material de origem: basaltos máficos. e) Geomorfologia: topo achatado. f) Situação do perfil: topo. g) Declividade:

5%. h) Erosão: não há. i) Relevo: suave ondulado. j) Suscetibilidade à erosão: moderada. l) Pedregosidade: 1%. m)

Rochosidade: 1%. n) Drenabilidade: bem drenado. o) Vegetação: mata nativa – floresta conservada. p) Descrição do

perfil:

(hz) (cm) (solo)

A 0 – 20

Bruno-avermelhado-escuro (2,5 YR 3/4) seco; vermelho-escuro-acinzentado (10 R 3/4) úmido; franco-argiloso; blocos subangulares pequena, moderada e granular pequena forte; pegajoso, plástico, muito friável, lig. duro; transição difusa.

BiC 20 – 40 Bruno-avermelhado-escuro (2,5 YR 3/4) úmido e seco; franco; blocos subangulares pequena, moderadae granular forte; pegajoso, plástico, muito friável, lig. duro; transição difusa.

C 40 – 60 Vermelho-acinzentado (10 R 4/4) úmido e seco; argila; granular, moderada; plástico, pegajoso, friável, lig. duro.

Fatores Horizontes

A BiC C Espessura (cm) 0-20 20-40 40-60 C. orgânico (g kg-1) 8,70 6,20 1,30 M. O. % 1,51 1,07 0,23 P (mg kg-1) 2,40 1,70 2,40 pH (H2O) - 5,89 6,03 6,03 pH (KCl) - 5,03 5,07 5,14 Ca (c molc kg-1) 11,71 11,46 9,28 Mg “ 1,88 1,51 0,48 K “ 0,22 0,08 0,07 Na “ 0,05 0,05 0,08 S “ 13,89 13,10 9,91 Al “ 0,04 0,00 0,02 H+Al “ 1,40 1,28 1,18 T “ 15,29 14,38 11,09 T(arg.) “ 143 112 99 V % 91 91 89 Sat. Al “ - - - Fe (total) “ - - - Calhaus (g kg-1) - - - Cascalho “ - - - Areia grossa “ 169 191 147 Areia fina “ 333 315 348 Silte “ 394 366 393 Argila “ 104 128 112 Argila natural “ 13 98 56 Agregação % 88 23 50 Silte/argila - 3,79 2,86 3,51 Textura * - L L L * Texturas : L – franco.

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14 Estudos de Solos do Município de Caiçara, RS

Fig 7: Limites entre espigões rochosos e chapadas

remodeladas. Fim das savanas e início das ravinas

com mata.

Foto: Vinícius Cantarelli Terres

Espigões degradados (Pe)Esta unidade compreende as pequenas superfícies elevadasnas extremidades dos espigões gastos pela erosão natural,próximas aos afluentes mais caudalosos do rio Uruguai.Compunham o início dos antigos espigões principais.Algumas, conservadas, estão quase ao mesmo nível oupouco abaixo do nível superior do espigão principal.Segmentam-se a partir do nível rochoso mais antigo (Pi).São as pontas finas, achatadas, mais baixas dos espigões(Pi) que, segmentadas e com rochas vulcânicas maisalcalinas (basaltos), aplainaram-se baixando de nívelaltimétrico e compondo superfícies menos ásperas ou atémesmo pouco convexas. Estão em um processo avançadoe contínuo de desagregação e decomposição. Muitas já sesegmentaram transversalmente, ao acaso, provenientes deespigões mais submetidos à erosão e estão mais aplaina-das (gastas). Outras estão, ainda em fase pós-inicial dedestruição, formando um relevo ondulado, em progressivodesgaste erosivo nas bordas dos restos do planalto.

Alguns espigões fragmentados antigos já constituemsuperfícies aplainadas, isoladas do eixo inicial em nívelaltimétrico inferior, geralmente próximas dos afluentesantigos ou do rio Uruguai. O processo erosivo intensoatinge a partir dos topos dos segmentos, inicialmenteabaixando o nível e tornando a superfície estreita abauladacom a remoção dos resíduos, ou somente aplainando assuperfícies e consequentemente, formando nos toposremodelados, solos isolados e localizados, recentes, maisprofundos e pouco rochosos. As bordas dos segmentosaplainados são curvas com os solos tornando-segradativamente mais profundos à medida que as encostasse tornam menos íngremes. No encontro do rio Uruguai,estes espigões, em grande parte, já estão com solos

modernos evoluídos (horizontes A, B e C).

Os solos rasos e as áreas rochosas ocorrem por exposiçãode rochas vulcânicas (geralmente dacitos e riodacitos) maisduras (mais ácidas). Estes espigões erodidos e segmenta-dos situam-se nos extremos dos que estão mais conserva-dos e unidos, compondo níveis altimétricos intermediários(abaixo dos 300 metros). Teoricamente, teriam seu inícionos topos desgastados, onde as camadas de basalto maisduras (silicosas) já teriam sido eliminadas pela erosão. Sãosuperfícies em desagregação que irão constituir os valesmais largos, menos íngremes e mais aplainados quando osdeclives se atenuarem, como é natural no rio Uruguai, àmedida que desce para o sul.

As superfícies mais recentes aplainadas comportam solospoucos profundos (um metro ou menos) com característi-cas de chernossolos argilúvicos órticos, muitas vezes semcumprirem as condições exatas de cores escuras para ohorizonte A chernozêmico. Algumas dessas superfíciesestão mais adequadas pelo uso atual aos luvissoloscrômicos órticos chernossólicos, já que as argilas possuemuma alta capacidade de troca. São próprias de superfíciespleistocênicas modeladas e conservadas em constanteaplainamento. Onde os solos holocênicos são rasos emuito férteis, há superfícies transitórias contínuas somenteem pequenas distâncias (<100m).

Nessas superfícies se constituem raramente solos profun-dos residuais que expõem cambissolos háplicos taeutroférricos lépticos e luvissolos crômicos órticoschernossólicos. Nesses solos, onde o intemperismo estásob uma hidrólise parcial, formam-se argilas, sem exporemo alumínio trocável e nem removerem significativamente asbases trocáveis, como geralmente ocorrem nas superfíciesantigas.

Quanto ao uso agrícola, esses espigões aplainados sãocontraditórios. Há superfícies conservadas aplainadas(topo conservado), com encostas íngremes e outras lisas.Estão em um equilíbrio instável, não sendo favoráveis àcultivos anuais. Nessas condições há, atualmente, peque-nas lavouras, que devem ter uso com cultivos perenes nasbordas das encostas. Seriam solos próprios à cultivosesporádicos anuais com um intenso controle da erosãocomo se recomenda na classe VIse de capacidade de usodas terras. No sistema de aptidão agrícola das terras seriamdo grupo 1Ab, ou seja, “boa” para pequenos produtores,“regular” para médios produtores. Todas as terras, nogeral, são muito férteis, sendo que o fósforo deve serincorporado apenas para grandes colheitas. Para atividadesagrícolas comuns de uma agricultura familiar, os níveis denutrientes são satisfatórios. Estão sendo cultivadas há umséculo (Fig.8 e 9).

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15Estudos de Solos do Município de Caiçara, RS

Fig 8: Começo da mata e das ravinas onde se iniciam as

serras.

Fig 9: Os espigões rochosos se individualizam no inicio da

dissecação erosiva natural.

Fotos: Vinícius Cantarelli Terres

Serras (Sr)As serras são constituídas por superfícies íngremes, derelevo com aspecto muito rochoso, fortemente escarpadas,que se alternam entre restos de espigões rochosos eleva-dos, em completa desagregação, e vales estreitos(ravinas), com seus sulcos fortemente encravados. Assuperfícies íngremes depressivas são formadas porencostas na borda dos platôs, que se distanciam entre siinicialmente pelos processos erosivos. São ravinasprofundas que pouco a pouco se constituem em valesmuito íngremes, onde os processos de desgaste, pelamaior carga hidráulica da água em movimento, estão maisativos. Não há sedimentação coloidal significativa nosvales. Nas encostas em desagregação das rochas, há soloscoluviais, alguns pouco profundos e outros, a maior parte,muito rasos, formados por fragmentos das rochas vulcâni-cas moles, que se misturam nas bordas rochosas comcascalhos, calhaus, pedras e rochas mais endurecidas de

basalto, andesitos e riodacitos, à medida que vão rolandopelas íngremes encostas.

Os declives são muito altos (>45%) e muito variáveis,podendo, poucos, formarem bordas mais aplainadas nosopé das encostas. São formas de relevo inclinadas erochosas que compõem a rede de drenagem próxima do rioUruguai, onde aumenta a carga hidráulica dos drenosnaturais. No geral, há poucas e estreitas superfíciesaplainadas no fundo dos vales que foram menos disseca-dos. Nessas ravinas os produtos finos (argilosos) dosprocessos erosivos naturais acelerados são transitórios.

Devido às deposições de camadas de rochas vulcânicasserem estratificadas e com grau de dureza diferenciado,inicialmente os processos erosivos naturais criam contras-tes como degraus na superfície da encosta, à medida que ovale está sendo aberto separando espigões e rompendo oplanalto. Criam-se inicialmente encostas ásperas e rocho-sas, alternadas com outras poucas mais lisas à medida queos cortes vão envelhecendo com depósitos de sedimentos.Saltos bruscos nas corredeiras (lajeados) dos vales sãoefeitos das altas cargas hidráulicas alternadas. A grandeestratificação e fragilidade dos minerais dos veios debasaltos distintos são parcialmente responsáveis pelo forteprocesso erosivo. As camadas mais endurecidas dasrochas mais silicosas vitrificadas são mais duradouras nassuperfícies dos “lajeados”, formando pequenos saltos. Apartir da borda das encostas dos drenos naturais já háefetivação da construção de solos pouco intemperizados erasos. Os restos de estratos rochosos, com resíduos maisantigos, permanecem ao longo do percurso dos vales, emuma tendência ao estabelecimento de áreas de depósitoscascalhentos (Tabela 4). Nesses locais, os vales tendem ase alargar e o fluxo de água a perder sua força.

Quanto ao uso agrícola, essas terras são ocasionalmentecapazes de sustentar pequenos e alternados cultivosperenes, silvicultura ou cultivos de frutas individualizadosaté mesmo tropicais devido às condições climáticas. Rarasatividades localizadas podem ser organizadas sem umapreparação prévia de contenção da erosão. Estão sendomuito erodidas pelas culturas anuais que mantêm osustento das famílias. Pertencem à classe VII-2se dosistema de capacidade de uso das terras. Devido à sua altafertilidade, sustentam uma vegetação de capoeira muitovigorosa (Fig.10 a 12).

São terras classificadas como “restrita” para pequenosprodutores, pertencem ao grupo (3(a)(b)) devido à altafertilidade. Nelas torna-se possível ocasionalmente estabe-lecer “roças” e boas colheitas “caseiras” são produzidassem fertilizantes. No sistema de Ramalho Filho e Beek(1995), o uso com pastagens cultivadas ou cultivosperenes, localizados onde for possível, seriam a melhor

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opção. Sustentam atualmente uma agricultura familiar empequenas superfícies localizadas. Não há contenção eficazda erosão nessas terras, a menos que plantas perenes

Tabela 4. Informações do perfil do solo de Serra (Sr). Caiçara, RS, 2010, Cai-5.

a) Classificação: NEOSSOLO LITÓLICO Eutrófico fragmentário; Soil Taxonomy: Rhodic Mollic Udarent. b) Localização:coordenadas planas (UTM – Fuso 21) E= 0251415 m – N= 6987325 m. c) Geologia regional: basalto. d) Material deorigem: basaltos máficos. e) Geomorfologia: serra. f) Situação do perfil: meia encosta. g) Declividade: 5%. h) Erosão: nãohá. i) Relevo: forte ondulado. j) Suscetibilidade à erosão: moderada. l) Pedregosidade: 10%. m) Rochosidade: 10%. n)Drenabilidade: excessivamente drenado. o) Vegetação: mata nativa e capoeira. p) Descrição do perfil:

sejam estabelecidas, ou sejam usadas as pedras locais emcercas paralelas de proteção a erosão, como é comumonde os declives são muito acentuados.

(hz) (cm) (solo)

A 0 – 30 Bruno-avermelhado-escuro (2,5 YR 3/4) seco; vermelho-escuro-acinzentado (10 R 3/4) úmido; franco-argiloso; granular pequenos, moderada; pegajoso, plástico, muito friável, lig. duro; transição difusa.

AC1 30 – 60 Bruno-avermelhado-escuro (2,5 YR 3/4) úmido e seco; franco-argiloso; blocos subangulares pequenos e granular, moderada; pegajoso, plástico, muito friável, lig. duro; transição difusa.

C2 60 – 90+ Vermelho-acinzentado (10 R 4/4) úmido e seco; franco; granular moderada; plástico, pegajoso, muito friável, lig. duro.

Fatores Horizontes

A AC1 C2 Espessura (cm) 0-30 30-60 60-90+ C. orgânico (g kg-1) 12,50 9,10 3,40 M. O. % 2,16 1,56 0,58 P (mg kg-1) 13,60 5,20 7,20 pH (H2O) - 5,54 6,01 6,16 pH (KCl) - 4,36 4,67 4,74 Ca (c molc kg-1) 14,83 17,64 19,01 Mg “ 5,02 3,69 3,94 K “ 0,88 0,12 0,17 Na “ 0,05 0,07 0,16 S “ 20,78 21,52 23,28 Al “ 0,17 0,06 0,10 H+Al “ 2,52 2,08 2,10 T “ 23,30 23,60 25,38 T(arg.) “ 212 319 246 V % 89 91 92 Sat. Al “ - - - Fe (total) “ - - - Calhaus (g kg-1) - - - Cascalho “ - - - Areia grossa “ 130 157 176 Areia fina “ 390 381 299 Silte “ 370 388 422 Argila “ 110 74 103 Argila natural “ 10 34 18 Agregação % 91 54 83 Silte/argila - 3,36 5,24 4,10 Textura * - L L L * Texturas : L – franco

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17Estudos de Solos do Município de Caiçara, RS

Fig10: Superfícies íngremes com mata nas encostas de serras.

Fig 11: Encostas íngremes de serra com uso agrícola sem

proteção contra a erosão.

Fig 12: Cultivos de fumo secando na colheita em áreas

íngremes suscetíveis à erosão.

Foto: Vinícius Cantarelli Terres

Vales (Va)Os vales são as terras quase planas ou aplainadas dofundos das ravinas, onde situam-se os drenos naturais.Osmais antigos e de encostas suaves, servem como drenosnaturais nas chapadas. Os vales modernos aplainados sãomais amplos, situam-se em áreas sedimentares maisestáveis entre os espigões próximos ao rio Uruguai e aseus afluentes. São vales às vezes largos (50 a 60 m),com sedimentação fina e profunda no planalto,cascalhentas entre espigões e pouco espessa próxima aorio Uruguai. Esses sedimentos nos vales do planaltodissecado foram depositados pelos processos erosivosmais antigos do que os atuais, deixando bordas combaixos declives à medida que as chapadas eram corroídas.Estão situados entre as chapadas do planalto, já parcial-mente decompostas pela erosão de nível superior. Podemser detectados em dimensões suficientes amplas (<10ha). São superfícies muito diferenciadas dos vales maisíngremes, que são mais estreitos e possuem escarpasrochosas que se assemelham às serras.

As variações de altitudes dos vales no planalto restantenas encostas e os cortes na base do relevo das chapadasnão incidem a mais do que 100 m entre as máximas emínimas, no geral. Estão limitadas, no seu aprofundamentogradativo, pelo avanço da dissecação em direção aorestante do planalto.

Nos vales mais antigos, atingidos pela dissecação do rioUruguai, onde o gradiente hidráulico torna-se nulo oureduzido, algumas áreas formam um relevo quase plano nofundo desses vales mais largos, com solos muito profun-dos e as encostas com baixos declives (>20%). Entretan-to, os vales situados no início dos espigões, ou próximosaos rios afluentes e Uruguai, possuem partes planas deáreas sedimentares cascalhentas que pouco perdem essecaráter em alguns locais onde a rocha mais dura podeaflorar constantemente. Sedimentos coluviais alternadoscom cascalhos mais profundos cobrem as rochas nasencostas com menos declives (<10%). À medida que osvales se alargam, as encostas são cobertas por poucapedregosidade coluvial que está alternada com superfíciesde sedimentos finos. Os processos erosivos naturais deremoção são menores, as superfícies são estáveis e hásedimentação holocênica predominante na formação dossolos. Alguns solos nesses vales estão sendo expostoscom sedimentos locais pouco intemperizados e outrosconstruídos sobre sedimentos já intemperizados provenien-tes das encostas vizinhas. Embora a sedimentação sejaenriquecida de compostos ferruginosos oxídicos transpor-tados pelas águas dos lajeados ou sangas que descem dosvales ou encostas, já em aplainamento, a capacidade detroca desses solos é muito alta. São vales em que asbordas dos drenos naturais já estão lisas e as superfícies

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apresentam curvaturas suaves, sem rochosidade expostana maior parte.

Todos esses vales largos de rios e lajeados, após oplanalto, estão em locais estáveis. São muito antigos, eestão estabilizados no clima atual.

O processo de alargamento das encostas (pela destruiçãodos espigões) é uma função direta do tempo sobre asoutras variáveis que são favoráveis a essa condição deestabilidade desses vales. Seguem um comportamentosemelhante na evolução das suas formas em toda a região.Os principais agentes do modelamento dos processoserosivos é a própria constituição geológica uniforme e oclima úmido. Mudanças na constituição das camadas dosbasaltos, principalmente as variações de deposiçõesbásicas, parecem ter somente pequenas alternâncias naconstituição dos vales. No geral, constituem-se superfícieslisas com pequenas deposições sedimentares e poucasáreas de remoção dos sedimentos nas cheias. O processoerosivo natural torna-se lento na formação das curvaturasdas bordas dos vales. As superfícies lisas desmatadasatualmente não apresentam processos erosivos provoca-dos, criando deslizamentos de qualquer dimensão. Avariação progressiva da carga hidráulica intensa, onde osvales são estreitos nas ravinas da serra, atua com maiorvigor por tempo determinado. Poucas superfícies seestabilizaram nesses vales estreitos, entretanto a reduçãodo fluxo de água pelo atrito, contribui em parte na estabili-dade dos sedimentos depositados nas embocaduras dosdrenos nestes vales. Próximos aos afluentes principais, asedimentação fina estabilizou-se, formando deposiçõesmais significativas. Nessas superfícies, a umidade é maisconservada no solo nos períodos secos.

Na proximidade dos rios, no geral, são vales depressivosprofundos em virtude da grande diferenciação altimétricaentre o planalto no local (500m) e o vale do rio Uruguai.Inicialmente foram muito estreitos. As bordas curvilíneasque retêm sedimentos diferenciam os aplainados dosestreitos mais recentes. Nas encostas que margeiam osvales estreitos os cortes são quase retilíneos, com declivesmuito altos no encontro com o espigão no início dadrenagem natural. Atualmente, há pouca contenção desedimentos no fundo dos vales estreitos, à medida que oslajeados (pequenos riachos) se aproximam do rio Uruguai.São deposições recentes, muito aplainadas, que compor-tam uma agricultura diferenciada.

A tendência natural de todo o processo erosivo é destruiras chapadas e aplainar os vales. Nesse processo destrutivoe construtivo, a meteorização das encostas não tem temposuficiente para uniformizar todos os parâmetros, em termosdas variações químicas e físicas dos solos, como houveem tempos antigos nos solos do planalto. (Tabela 5). Cadaperfil torna-se produto de adições ou remoções suplemen-tares. Quanto ao uso agrícola, esses vales possuem asterras melhores para atividades agrícolas; entretanto, sãopoucas em relação à área total. As formas de uso geral-mente estão direcionadas à cultivos anuais e de forragempara o gado de leite.

É nessas terras que os agricultores estabelecem a suamoradia e onde há água para as principais atividadesagrícolas e domésticas. São terras da classe IV se decapacidade de uso das terras e grupo 1AB(c) de aptidãoagrícola, ou seja, “boa” para pequenos produtores e“restrita” para uma agricultura desenvolvida, por apresen-tar pequenas glebas muito segmentadas e estreitas.

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19Estudos de Solos do Município de Caiçara, RS

Tabela 5. Informações do perfil do solo de Vales (Va). Caiçara, RS, 2010, Cai-1

a) Classificação: LUVISSOLO CRÔMICO Pálico saprolítico; Soil Taxonomy: Mollic Rhodudalf. b) Localização: coordenadasplanas (UTM – Fuso 21) E= 0266896 m – N= 6984913 m. c) Geologia regional: basalto. d) Material de origem:basaltos máficos. e) Geomorfologia: chapadas. f) Situação do perfil: meia encosta. g) Declividade: 15%. h) Erosão: não há.i) Relevo: ondulado. j) Suscetibilidade à erosão: moderada. l) Pedregosidade: 10%. m) Rochosidade: 5%. n) Drenabilidade:bem drenado. o) Vegetação: capoeira. p) Descrição do perfil:

(hz) (cm) (solo)

A1 0 – 20 Bruno-avermelhado-escuro (2,5 YR 3/4) seco; vermelho-escuro (10 R 3/4) úmido; franco; blocos subangulares pequenos, moderadae granular; pegajoso, plástico, muito friável, lig. duro; transição difusa.

A2 20 – 40 Bruno-avermelhado-escuro (2,5 YR 3/4) úmido e seco; franco; blocos subangulares pequenos, moderada e granular; pegajoso, plástico, muito friável, lig. duro; transição difusa.

Bt1 40 – 60 Vermelho (10 R 4/4) úmido e seco; argila; blocos subangulares que se segmentam em pequenos, moderada; muito plástico, muito pegajoso, muito friável, lig. duro; transição difusa.

Bt2 60 – 80 Vermelho-escuro (2,5 YR 3/6) úmido e seco; argila; blocos subangulares que se segmentam em pequenos e médios, moderada; muito plástico, muito pegajoso, muito friável, lig. duro; transição difusa.

Bt3 80 – 100 Vermelho (2,5 YR 4/6) úmido e seco; argila; blocos subangulares grandes, que se segmentam em pequenos e médios, moderada; muito plástico, muito pegajoso, muito friável, lig. duro.

Fatores Horizontes

A1 A2 Bt1 Bt2 Bt3 Espessura (cm) 0-20 20-40 40-60 60-80 80-100 C. orgânico (g kg-1) 6,70 5,20 5,30 5,10 2,70 M. O. % 1,16 0,90 0,91 0,88 0,46 P (mg kg-1) 3,30 4,00 3,20 3,00 2,70 pH (H2O) - 5,65 5,57 5,88 5,94 5,10 pH (KCl) - 4,72 4,65 5,00 5,08 4,07 Ca (c molc kg-1) 32,90 32,60 35,60 19,20 16,70 Mg “ 5,20 6,90 7,20 4,70 3,60 K “ 0,34 0,24 0,14 0,10 0,11 Na “ 0,03 0,02 0,02 0,03 0,06 S “ 38,47 39,76 42,96 24,03 20,47 Al “ 0,00 0,01 0,00 0,02 0,01 H+Al “ 2,80 2,72 2,02 1,84 1,92 T “ 41,27 42,48 44,98 25,87 22,39 T(arg.) “ 153 174 95 60 67 V % 93 94 95 93 91 Sat. Al “ - - - - - Fe (total) “ - - - - - Calhaus (g kg-1) - - - - - Cascalho “ - - - - - Areia grossa “ 169 145 117 208 207 Areia fina “ 62 73 56 124 140 Silte “ 499 537 356 302 319 Argila “ 270 245 471 366 334 Argila natural “ 53 115 112 72 8 Agregação % 80 53 76 80 76 Silte/argila - 1,85 2,19 0,76 0,83 0,96 Textura * - SiL SiL C CL CL * Texturas : C – argila; CL – franco-argiloso; SiL – franco-siltoso

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Formas de relevo e solosO município de Caiçara, assim como os municípiosvizinhos que compõem a microrregião, está situado naregião do Alto Uruguai sobre rochas efusivas básicasprovenientes de derrames de lava basáltica, compondo,inicialmente, um conjunto de vilarejos, onde a mata nativade uma floresta e o relevo escarpado dominante forampreponderantes na sua organização social. Estes derramesintermitentes e sucessivos de rochas de natureza alcalinamáfica, supostamente constituíram, pela natureza fluida domagma, um imenso platô regional que evoluiu no tempo.

Os resíduos das rochas foram laterizados superficialmente,desde os períodos Cretáceo e Terciário, em sucessivoseventos climáticos. Ainda podem ser observados osefeitos dos climas passados nos resíduos das rochas quese constituíram em intensa meteorização, desagregação edecomposição, criando, na superfície, uma camada muitoespessa de natureza argilosa caulinítica-oxídica ferruginosavermelha, na qual a velocidade de remoção, pelos proces-sos erosivos naturais, foi menor do que a decomposiçãorochosa.

Localmente, após o estabelecimento do rio Uruguai, oprincipal dreno natural, houve progressivamente a criaçãode um gradiente hidráulico. Devido à fragilidade relativadas rochas efusivas básicas, o planalto sofreu, além daerosão laminar fraca, uma dissecação profunda, intensa eprogressiva na direção sul, que corroeu a sua borda. Hoje,além da erosão laminar acelerada na borda das chapadasrestantes,esse planalto decompõe-se e fragmenta-seconstituindo um relevo escarpado pela ação erosiva dosfluxos de água direcionados aos afluentes do rio Uruguai,principalmente pelos rios do Mel, Várzea e Guarita, quepossuem altos gradientes hidráulicos. A dissecação,inicialmente lenta, devido a alta permeabilidade do profun-do solo antigo, iniciou-se nas chapadas do planalto comleves depressões, que foram drenos das antigas chapadascom cotas máximas atuais de 500 metros.

Essas depressões que vão formar vales aumentam o efeitoerosivo natural na medida em que as sangas e riachos vãoacumulando maiores volumes de água, até chegarem ao rioUruguai. Deve-se considerar que no passado os gradienteshidráulicos foram maiores, já que as cotas do planaltorestante estão em torno dos 600 metros.

Nos climas anteriores ao período Quaternário, o planalto seajustou inicialmente a um sistema de drenos sem valasabertas, com baixos declives nas encostas. Talmodelamento de relevo local ainda se conservou empoucas nascentes das bacias hidrográficas do planalto.Normalmente, verifica-se neste sistema que a água édrenada, inicialmente, desde os platôs ou chapadas, paraas pequenas e suaves depressões, que estão inseridas

gradativamente no relevo (vales depressivos – Va). Estetransporte superficial e interno, lento da água, constituiu eremoveu gradativamente os latossolos antigos da superfí-cie e expôs ao longo de milhares de anos superfíciesmenos meteorizadas inferiores nesse processo erosivonatural moderado.

Nessas novas superfícies que foram sendo expostas, como volume do solo ainda muito espesso e argiloso, porémmenos meteorizado pelo clima mais brando, constituíram-se superfícies com formações de horizontes transicionais,que muitas vezes possuem pequenos gradientes texturais.Essas superfícies transicionais de chapadas modernas daborda do planalto e sobre o início do espigão estão sendodestruídas progressivamente e intensamente, pelo maiorfluxo de água, desde os climas úmidos passados durante oQuaternário.

Nesse conjunto atual de borda do planalto, fortementedissecado em direção ao rio Uruguai, há localmente poucasformas de relevo antigas, já que as chapadas restantes seremodelaram de forma acelerada a partir do final doTerciário, em um relevo suave ondulado. Nesse período,provavelmente, estabeleceu-se uma nova drenagemregional, ainda em climas úmidos e quentes, em que umrelevo quebrado e áspero foi se tornando dominante. Asformas levemente onduladas que compunham o planalto,com suaves depressões de drenagem, tomaram formasque, embora gradativas, contrastam abruptamente com asuperfície restante. À medida que se intensificou o proces-so erosivo, criaram-se espigões rochosos esqueléticos eravinas, formando um relevo escarpado.

Localmente, na borda do processo erosivo transicional,poucas formas do planalto antigo se constituem, emboracorroídas pela erosão, em superfícies levemente remodela-das. A dissecação intensa, após a perda parcial do mantoargiloso, criou sucessivas formas de relevo que perdemgradativamente a sua caraterização plana anterior, massempre seguindo um modelo geral regressivo de chapadasresiduais (Pa), chapadas modernas (Po) e vales (Va) quequase abruptamente se transformam em um relevo escarpa-do progressivo com espigões rochosos (Pi), espigõesremodelados (Pe), serras (Sr) e vales (Va).

As chapadas (Pa e Po) na borda do planalto são unidadesde relevo antecessoras dos espigões (Pi), onde se iniciaramas vias de drenagem. Estes ainda conservam grandesespessuras de solos em raros desses municípios. No geralessas chapadas já não são mais encontradas na maiorparte dos municípios locais mais próximos do rioUruguai,como Caiçara.

Com o tempo, nessa borda do planalto, inserem-sesucessivas, estreitas e pequenas quedas de água com

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cortes profundos, caraterizando um relevo escarpado, ondeas faces rochosas são dominantes. Formam-se espigões(Pi) sinuosos aparentemente arcabouços esqueléticos(paleo estruturas rochosas) muito resistentes, que regional-mente conservam os níveis altimétricos superiores poucoabaixo das chapadas. Foram modelados por climaspassados em superfícies que se desgastam até o encontrodas rochas e estreitados a poucos metros de largura porduas ravinas laterais que avançam perpendicularmente parao interior das chapadas, cortando esses segmentos doplanalto. As encostas muito íngremes (praticamenteverticais em alguns casos) e profundas (>100 m) dasravinas laterais, geralmente muito úmidas durante parte doano, com águas de drenagem suficientemente erosivaspara aprofundar os drenos naturais nas rochas relativamen-te moles e remover os resíduos superficiais dos solos,estão cobertas por uma vegetação da antiga floresta menosatingida pelo desmatamento atual. Pela persistência aindados arcabouços rochosos desses platôs, inicialmentecobertos por resíduos laterizados entre e sobre as superfí-cies rochosas, nas regiões vizinhas, acredita-se que osprocessos climáticos mais antigos tiveram pouca expres-são erosiva se comparados aos atuais.

A contenção do processo erosivo pela floresta foimarcante. As raras voçorocas naturais são administradaspela natureza (clima-mata-rocha-água) em um equilíbrioharmônico, onde, mesmo com o uso intenso da terra, osprocessos erosivos atuais ainda não criaram situaçõesinsustentáveis de conservação. Os “lajeados”, que sãodegraus nessas correntes erosivas, estabelecem-se sobuma cobertura vegetal que não expõe voçorocas. Nasextremidades dos espigões, essas formas depressivas devales estreitos no degrau inferior, com sedimentos nasbordas, voltam a se expandir. À medida que esses vales seaplainam e se alargam em direção ao rio Uruguai e afluen-tes, os espigões se desagregam nos seus extremos, juntoao rio Uruguai. Essa desagregação parcial dos espigões(Pi) constrói colinas abauladas pouco arredondadas,formando um relevo ondulado, onde os solos começam ase estabilizar e a constituir uma sequência de horizontesdistintos (Pe). Esses solos constituídos nesse períodoholocênico, embora pouco profundos (< 1 m), são poucocascalhentos com superfícies homogêneas. As argilaspossuem alta capacidade de troca, embora estejam associa-das, em alguns casos, concomitantemente com poucosresíduos oxídicos próprios da decomposição dos basaltos.No geral são resíduos siltosos e medianamente argilososcom alta capacidade de retenção dos cátions de cálcio emagnésio, preponderantes no sistema organo-mineral.

As formas de drenagem depressivas dos vales que chegampróximas ao rio Uruguai tornam-se côncavas, com sulcospouco profundos, formas muito aplainadas e deposiçõesde cascalho e seixos. As superfícies úmidas, com a parte

superior muito argilosa e, inicialmente, com baixosdeclives, contêm significativamente a velocidade deescorrimento superficial. O processo de transporte daágua, freado parcialmente pela vegetação, raramente retémumidade significativa (hidromorfismo visível no solo)nesses finais de drenos. Entretanto, são as partes maisúmidas nas formas de relevo do local (não há banhados).Nessas formas do relevo regional, os solos profundosantigos estão situados no resto do planalto. Os solosrasos, rochosos, pedregosos e férteis, estão nas formasmodernas de relevo.

Na região da borda do planalto, onde a drenagem se dirigeao rio Uruguai, não há mais a ocorrência de latossolos, jáque poucos solos locais se encontram mais estruturados emenos envelhecidos. Conforme Costa Lemos, (BRA-SIL,1973), esses solos das superfícies naturalmenteerodidas, onde o relevo se torna escarpado, seriam umaassociação das unidades Ciríaco e Charrua. Essas unidadesforam caraterizadas conforme o sistema taxonômico usadona época como brunizém avermelhado e solos litólicoseutróficos. Para Streck et al. (2008), atualizando CostaLemos (BRASIL, 1973), esses solos das superfícieserodidas e dissecadas seriam neossolo regolítico eutrófico,cambissolo háplico eutrófico e luvissolo háplico pálico.

IBGE (1986) considera que os solos das partes dissecadasde espigões, vales e encostas seriam cambissoloseutróficos, ta gleicos, A chernozêmicos, de texturaargilosa, com glei pouco húmico eutrófico ta, A moderado,textura argilosa.

Sem a capa residual, o basalto se desagrega, criando solosrochosos, cascalhentos e pedregosos, sem uma ordemnatural que se repita a poucos metros. Devido ao aumentodo gradiente hidráulico local, criaram-se, quase quetotalmente, solos incipientes como os neossolos litólicos eregolíticos e cambissolos háplicos (horizontes A que nãocumprem as condições de chernozêmico nem de húmico)com transições difusas e espessas entre os horizontes A eC cascalhentos, nas unidades de relevo dissecadas emgeral.

Na drenagem local em que esse relevo escarpado seencontra atualmente, em sintonia com o clima, a poucaágua, que penetra no solo raso e muito permeável é retidana superfície. Há alta permeabilidade no solo, propiciandouma grande condição de percolação (cascalho no horizonteBiC e C). Os excessos de água rapidamente fluem para asravinas com profundas depressões, através das curtas emuito íngremes encostas. Esse sistema rápido de transpor-te de água possivelmente seja responsável pelo estabeleci-mento e modificações da espessura e cor dos horizontessuperficiais (A), nas regiões mais dissecadas e totalmenteexploradas com culturas ocasionais e pastagens. É de se

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esperar que o fluxo interno atualmente seja muito maior doque foi com a floresta. A agricultura atual, juntamente coma vegetação herbácea e de gramíneas em capoeiras poucoretém e consome essa água transitória. Nesse sistema emdesagregação permanente, aparentemente a água não semostra como elemento limitante no sistema solo-água-vegetação nativa.

Os solos se recompõem com seus produtos residuais, semque se possa determinar uma participação efetiva decamadas específicas de basalto que se alternam, não sendoconstatada participação de resíduos das chapadas.

Nas partes naturalmente erodidas intensivamente (Pe, Pi eSr) que se remontam até a construção de novos solos,aparentemente houve um processo rápido, na formação deum complexo de troca entre compostos orgânicos, muitosilte e de novas argilas com parcial envolvimento porcompostos ferrosos e ferruginosos. Essa nova conjunturade solos coluviais cascalhentos e siltosos (encostas efundo de vales), solos litólicos (topos de espigão que seconstroem e são erodidos) e solos residuais profundos desedimentos finos (fundo de vale) pouco canalizam umaevolução pedológica, além dos cambissolos no sistemamineral local existente (rochas basálticas). Entretanto, oestabelecimento de chernossolos e luvissolos ocorre emsuperfícies que foram e estão estáveis e com aplainamentosuficiente para conter a erosão natural progressiva. Mesmoassim, a ocorrência destes solos, quando presentes(ocasionais) é intermitente no relevo, que se desagrega porcamadas paralelas, ou seja, somente em espigões muitoaplainados (Pe), em alguns vales estáveis e em perfis quese aprofundam em rochas mais moles do que a capacidadede remoção do processo erosivo, é que estes solos podemocorrer.

Nessas formas de relevo em desagregação, os cambissolosháplicos e neossolos litólicos compõem as superfíciesmodernas locais. Os grandes grupos se estabelecem entreeutroférricos e eutróficos. Ainda não há parâmetrostaxonômicos específicos estabelecidos para apontarsubgrupos dominantes.

Nos vales de espigões (ravinas), perfis predominantementerasos, situados em superfícies em desagregação, apresen-tam, em todos os horizontes, o caráter essencialmenteeutrófico, sobre um baixo grau de intemperização, na parteinferior. Alguns com teores de argilas no horizonte Csemelhantes ao horizonte A chernozêmico, foram denomi-nados de cambissolos háplicos. Talvez a subordem de“vermelho” devesse ser criada, já que “háplico” generalizamuito estes solos, de ocorrência pouco comum e diferenci-ada nas rochas basálticas. Provavelmente houve a suposi-ção, no estabelecimento da atual taxonomia, de que soloscom horizontes B incipientes (Bi) não acumulariam teores

elevados de óxidos de ferro não hidratados. Alguns perfismenos intemperizados de exposição em encostas maisrecentes são denominados de eutróficos chernossólicos ousaprolíticos, embora, nesse caso, a denominação maisapropriada devesse ser eutroférricos (Fig. 13 a 15).

Nos vales, a heterogeneidade de solos rasos é comum,com total ocorrência de solos muito férteis. Concomitantecom os cambissolos e neossolos litólicos e regolíticos,alguns perfis, em superfícies estáveis mais antigas,assemelham-se à unidade Ciríaco descrita por Costa Lemos(BRASIL, 1973) como brunizém avermelhado ouchernossolo argilúvico férrico típico e se apresentam maisdesenvolvidos (maior diferenciação textural entre oshorizontes A e B)..

Os solos mais rasos, encontrados nas bordas das encos-tas, pouco menos intemperizados, têm sido denominadosde neossolos litólicos eutróficos chernossólicos, queseriam transições entre as unidades Ciríaco e Charruaconforme propõe Costa Lemos, (BRASIL,1973) (Tabela 6).

Fig 13: CHERNOSSOLO ARGILÚVICO Órtico saprolítico em

deposições ocasionais de rochas basálticas de cor escura.

.

Fig 14: LUVISSOLO CRÔMICO Órtico lítico nas superfícies

mais atingidas pela erosão natural.

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Fig 15: LUVISSOLO CRÔMICO Órtico chernossólico nas

superfícies estáveis mais antigas.

Uso da terraA forma como a terra tem sido utilizada, ao longo dotempo, reflete o uso das gerações passadas. A pecuária,base da sustentação econômica do passado do Rio Grandedo Sul, não deixou marcas nos solos, pois os cultivos quea acompanhavam eram insignificantes e destinados apenaspara a subsistência, pois a carne era praticamente oalimento básico. Nas terras do Alto Uruguai, as matasformavam uma cobertura densa, onde era preciso usar amadeira inicialmente e, após o estabelecimento de roças,criar alguns animais. Os agricultores que compravam asterras não tinham a tradição da pecuária regional.

Conforme Esperança do Sul (2000), na década de 1950do século passado, após o período inicial de estabeleci-mento, os colonos começaram a ter excedentes na produ-ção agrícola familiar e o feijão foi o primeiro produtoagrícola comercializado. Potencialmente, outros cultivos de

produção familiar se seguiram. A suinocultura, a partir dosanos 1960, direcionou o uso da terra para o cultivo domilho. Varrida do agronegócio regional por aspectoscomuns, como todas as atividades agrícolas que setornaram competitivas nos mercados econômicos (apareci-mento de doenças), praticamente ficou inativa. Entretanto,a soja bruscamente substituiu, em grande parte as lavourascom múltiplos cultivos onde fosse possível cultivá-la.

Hoje essa cultura está indefinida como negócio lucrativocontínuo pelos entraves econômicos complexos da épocaatual que atribui uma dinâmica muito grande ao mercado.

A estrutura econômica e social local, que derrubou afloresta gradativamente para o estabelecimento de ummodelo de agricultura familiar e um uso diversificado daterra está marginalizada por produzir bens de baixos

F. relevo Solos % Solos (ordem a subgrupos) Área(Km²) %

Pi RLe 60 30 10

NEOSSOLO LITÓLICO Eutrófico fragmentário CAMBISSOLO HÁPLICO Ta Eutroférrico léptico LUVISSOLO CRÔMICO Órtico chernossólico

61,12 32,81

Pe TCo 40 40 20

LUVISSOLO CRÔMICO Órtico chernossólico CAMBISSOLO HÁPLICO Ta Eutroférrico léptico NEOSSOLO REGOLÍTICO Eutrófico léptico

10,54 5,66

Sr RRe 40 40 20

NEOSSOLO REGOLÍTICO Eutrófico léptico NEOSSOLO LITÓLICO Eutrófico fragmentário CAMBISSOLO HÁPLICO Ta Eutroférrico léptico

95,05 51,00

Va CUe 40 40 20

CAMBISSOLO HÁPLICO Ta Eutróférrico léptico NEOSSOLO REGOLÍTICO Eutrófico léptico LUVISSOLO CRÔMICO Pálico saprolítico

19,64 10,64

Tabela 6. Relação das unidades de relevo com a taxonomia dos solos locais.

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valores. Nos seus arredores, a agricultura está sendointensivamente estruturada para o processo produtivomecanizado onde há chapadas.

A modificação do sistema anterior pela colonização, ouseja, a ocupação da terra em pequenas glebas, onde aagricultura diversificada é a fonte básica de subsistência,parece um sistema que trouxe poucos ganhos sociais. Apobreza no campo pode ser avaliada pelos problemasconsequentes do uso intensivo, ou seja, a erosão e adependência gradativa de insumos para o controle depragas e doenças e a saturação do pequeno espaço nomercado disponível a seus produtos.

A erosão provocada pelo uso local não está acompanhadamuito de perto nessas terras íngremes. A medida que asglebas são degradadas, como é comum na região, sofremo abandono temporário e são usados como pastagem.

O controle dos efeitos erosivos provocados ainda vigen-tes, que é uma busca contínua da pesquisa, atualmenteestá muito relacionado às coberturas vegetais nos interva-los entre as culturas produtivas de grãos.

O manejo com culturas de cobertura objetiva, além deservir de adições de resíduos orgânicos que subsidiam asculturas posteriores, recupera parte das estruturas eporosidade do solo e redução do adensamento dascamadas inferiores, através de sistemas radicularesprofundos (FONTANELI et al.1997).

Entretanto, nesse município com parte do relevo disseca-do, cabe acentuar que ainda não se desenvolveu umametodologia de tratamentos para essas terras do planalto.Algumas são tratadas como se todas fossem produtos deum estágio de laterização ou pré-laterização, processo noqual os solos perdem as bases e, acidificados, expõemelevada acidez com teores tóxicos de alumínio trocável. Nocaso, cabe acentuar que isso só pode ocorrer naschapadas antigas, portanto nas formas de relevo modernascomo serras (Sr), vales (Va) e espigões (Pi e Pe), derivadasdo basalto alcalino regional, o uso de calcário tantocorretivo da acidez como componente da adubação édesnecessário. A agricultura do futuro nesta regiãoíngreme não se prenderá somente à adição de produtos,como atualmente está ocorrendo.

A água deverá ter uso incrementado, sempre que disponí-vel, e sua relação com o solo deverá ser melhor estudada,já que a sua deficiência atual nas culturas de verão émarcante, com perdas anuais variáveis. A água doslageados será veículo de adição de nutrientes e produtosquímicos usados no dia-a-dia do campesino,consequentemente, fonte de contaminação do solo. Outrasassociações de plantas e manejo de culturas, em relação às

posições do relevo, certamente deverão ser analisadas paranovas espécies, quando as modificações da economia setornarem viáveis às culturas próprias à contenção doprocesso erosivo e ao uso transitório das glebas atuaisdegradadas.

Para quantificar as áreas agrícolas diferenciadas e ostratamentos para a manutenção em relação à capacidadeprodutiva, em locais de um Brasil já desenvolvido nosistema agrícola, a classificação de Capacidade de Uso dasTerras apresenta-se como um caminho para o uso posteri-or, e atua ainda mais como uma indicação dapotencialidade de onde e como as terras estão sendousadas, tanto na área do “Território”como nos municípios.Assim, constata-se que as variações dos graus de limita-ções propostas pela integração dos solos (deficiência defósforo em algumas áreas) com o meio (suscetibilidade àerosão), o clima (deficiência ocasional de água no verão), aespessura do solo e a possibilidade de usar máquinasagrícolas, predispõem as terras a serem situadas em umaordem decrescente de utilidade agrícola.

Com o objetivo de caraterizar as terras, em municípiosonde há agricultores de distintas classes sociais e astecnologias empregadas na agricultura são, desde primári-as, às mais desenvolvidas, Ramalho Filho & Beek (1978)propuseram o sistema de Aptidão Agrícola das Terras quepode se situar neste contexto. Esse sistema taxonômicoconsidera o agricultor como um elemento componente,onde os seus meios e desenvolvimento agrícola sãoconsiderados.

Similar ao sistema anterior, os grupos propostos de terrase usuários visam qualificar as terras em função dasdeficiências ao uso agrícola. O peso da suscetibilidade àerosão, atenuado de certa forma, torna o sistema menosdiferenciado entre os grupos. Cabe acentuar que essesistema foi proposto, na metade do século passado, paraum Brasil predominantemente subdesenvolvido e comregiões muito diversificadas em termos de práticas agríco-las. Neste caso, o sistema proposto prevê três usuários,com distintos níveis de manejo (primitivo, pouco desenvol-vido e desenvolvido). Quando proposto para uma regiãomuito desenvolvida, no campo agrícola, como nos municí-pios vizinhos de terras aplainadas, os mapas de uso dasterras praticamente se confundem com o sistema deCapacidade de Uso das Terras (Fig 16 e 17).

Com isso, as terras podem ser classificadas conforme a(Tabela 7). Cabe salientar que os modelos propostos declassificação não produzem “unidades de classes” essenci-almente equivalentes, o que pode levar a que ocorramerros ao se estabelecer equivalência entre unidades decapacidade de uso das terras em locais diferentes.

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Fig 16: Topo de espigão rochoso com cultivo de fumo. Fig 17: Espigões aplainados com cultivos esparsos e fumo em

secagem.

Fotos: Vinícius Cantarelli Terres

Tabela7 . Formas de relevo, limitações e classes de aptidão agrícola e capacidade de uso das terras.

ConclusõesO estudo de solos no município de Caiçara, situado naregião do Alto Uruguai, na parte norte do Planalto RS,carateriza partes de um planalto, desenvolvido por rochasbasálticas de natureza alcalina. Estabelecidas em sucessi-vos estratos, através de fissuras que romperam a superfícieem períodos do Jurássico e Cretáceo e extravasaram emsucessivas camadas, hoje estão em fase final de disseca-ção pelos processos erosivos naturais.

Estes restos locais de planalto são constituídos emsequência por espigões rochosos, serras (ravinas),espigões estreitos, elevados e degradados (600 m), evales (Fig. 18).

Na borda dos espigões, os processos erosivos naturais noseu conjunto foram muito atuantes, restando espigõesestreitos, dissecados, serras com cortes profundos aoredor de vales estreitos e profundos. Essas formas muitodissecadas, no seu conjunto, formam um relevo forteondulado a escarpado. Os vales entre as formas de relevosão profundos, rochosos e extremamente semelhantes. Nafoz dos afluentes do rio Uruguai, ou próximo, são aplaina-dos e largos com deposições sedimentares quaternárias.

A vegetação, outrora de mata, composta pela formaçãoFloresta Estacional Decidual Submontana, está praticamen-te extinta, e as terras foram divididas em pequenas glebasconstituindo lavouras familiares.

Formas de relevo

Capacidade de uso e aptidão

agrícola Limitações

fert prof. -H2O +H2O erosão mec.

Classes

cap.uso apt.agríc %

Espigões rochosos (Pi) L MF MF N L MF VII-1 se 2a(b) 32,81

Espigões degradados (Pe) N L / M M N M / F M / F VI se 1Ab 5,66

Serras (Sr) N L M N MF MF VII-2 se 3(a)(b) 51,00

Vales (Va) N N L L / M L L IV se 1AB(c) 10,54

N – nula; L – ligeira; M – moderada; F – forte; MF – muito forte.

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As terras estão cobertas por culturas sucessivas anuais deverão e inverno, com predominância de uma agriculturafamiliar. A vegetação nativa possui espécies ocasionaisapenas em algumas propriedades, nas bordas dos lajeados.

Os solos foram antes denominados de brunizémavermelhado e solos litólicos por Costa Lemos, (BRA-SIL,1973), e pouco mais detalhados por IBGE (1986),conforme se distribuíam no relevo. Com dados locais,constata-se que os intensivos processos erosivos naturaiscorroendo e, posteriormente, desagregando as superfícies,constituíram solos rasos e muito férteis nas bordasdissecadas, nos espigões (neossolo litólico eutrófico), emespigões degradados (luvissolo crômico órtico), nas serras(neossolo litólico eutrófico) e nos vales (cambissoloháplico ta eutroférrico), associados a outros semelhantes.

Quanto ao uso agrícola, o sistema de classificação (capaci-dade de uso das terras), que se propunha a uma ordenaçãodo controle da degradação das terras, na agricultura localjá estabelecida, tem a finalidade apenas de caraterizar a altapotencialidade agrícola local, das terras. Os vales (classeIV se) com maiores reservas de umidade no período deverão, além de comportarem as moradias dos agricultores,caraterizam terras muito férteis, que têm sido protegidasdos processos erosivos decorrentes do uso intensivo. Osespigões em fase de desagregação comportam pequenassuperfícies com solos muito férteis, que têm sido usadosintensamente. Estes comportam pastagens cultivadas oucultivos anuais ocasionais (classe VI se). As terras maisíngremes (serras) e espigões rochosos com vales íngremes,embora muito férteis, devem ser usadas parcialmente coma fruticultura e a floresta ainda existente (classe VII se).

Fig 18. Secção transversal do relevo de municípios do Alto Uruguai, RS

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Afonso, Giovani Theisen, Luis Antônio Suita de

Castro, Flávio Luiz Carpena Carvalho, Christiane

Rodrigues Congro Bertoldi, Regina das Graças

Vasconcelos dos Santos, Isabel Helena Vernetti

Azambuja, Beatriz Marti Emygdio.

Supervisor editorial: Antônio Luiz Oliveira HeberlêRevisão de texto: Bárbara Chevallier CosenzaEditoração eletrônica: Camila Peres (estagiária)

Comitê depublicações

Expediente

GOVERNOFEDERAL

Circular

Técnica, 103

SANTOS, H. G.; COELHO, M. R.; ANJOS, L. H. C.;JACOMINE, P. K. T.; OLIVEIRA, V. A.; LUMBRERAS, J.F.; OLIVEIRA, J. B.; CARVALHO, A. P.; FASOLO, P.J. Propostas de revisão e atualização do Sistema Brasileirode Classificação de Solos. Rio de Janeiro: Embrapa Solos,2003. 56 p. (Embrapa Solos. Documentos, 53). 

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