estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

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TEONILDES SACRAMENTO NUNES ESTUDOS BIOSSISTEMÁTICOS EM PASSIFLORA L. SUBGÊNERO DEIDAMIOIDES (HARMS) KILLIP (PASSIFLORACEAE) FEIRA DE SANTANA BAHIA FEVEREIRO/2009 1

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Page 1: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

TEONILDES SACRAMENTO NUNES

ESTUDOS BIOSSISTEMÁTICOS EM PASSIFLORA L.

SUBGÊNERO DEIDAMIOIDES (HARMS) KILLIP

(PASSIFLORACEAE)

FEIRA DE SANTANA – BAHIA

FEVEREIRO/2009

1

Page 2: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

Universidade Estadual de Feira de Santana

Departamento de Ciências Biológicas

Programa de Pós-Graduação em Botânica

ESTUDOS SISTEMÁTICOS EM PASSIFLORA L.

SUBGÊNERO DEIDAMIOIDES (HARMS) KILLIP

(PASSIFLORACEAE)

TEONILDES SACRAMENTO NUNES

FEIRA DE SANTANA – BA

FEVEREIRO/2009

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Page 3: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

Universidade Estadual de Feira de Santana

Departamento de Ciências Biológicas

Programa de Pós-Graduação em Botânica

ESTUDOS SISTEMÁTICOS EM PASSIFLORA L. SUBGÊNERO

DEIDAMIOIDES (HARMS) KILLIP (PASSIFLORACEAE)

Teonildes Sacramento Nunes

Tese apresentada ao Programa de Pós-

graduação em Botânica da Universidade

Estadual de Feira de Santana – BA, como

parte dos requisitos para a obtenção do título

de Doutor em Botânica.

ORIENTADOR:

PROF. DR. LUCIANO PAGANUCCI DE QUEIROZ (UEFS)

CO-ORIENTADOR:

PROF. DR. CASSIO VAN DEN BERG (UEFS)

FEIRA DE SANTANA

FEVEREIRO/2009

3

Page 4: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

A minha linda filha Poliana Nunes

Sena, espero que um dia você

consiga me perdoar por todas as

minhas ausências em busca de um

futuro melhor para nós duas. E a

minha pequena Sophia! Eu amo

vocês duas!

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Page 5: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

“Se um homem não sabe o que uma coisa é, já é um avanço do

conhecimento saber o que não é.”

(Jung)

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Page 6: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

Agradecimentos

Em primeiro lugar e independente de qualquer coisa agradeço imensamente a

meu bom Deus, o ser supremo que me deu a vida, e que direcionou meus passos para

que eu chegasse até aqui.

Agradeço muito a Universidade Estadual de Feira de Santana, pelo apoio direta

ou indiretamente para que eu pudesse concluir este curso trabalhando no herbário. Ao

Programa de Pós-graduação em Botânica, pela infra-estrutura e pelas disciplinas, pela

disponibilização dos laboratórios, equipamentos e materiais. A Fundação de Amparo à

Pesquisa na Bahia (FAPESB) pelo financiamento parcial deste projeto (Processo

APR056/2006, Pedido no. 1822/2005), que muito me ajudou nas viagens de coletas,

confecção das pranchas e aquisição de materiais de consumo.

Aos coordenadores dos projetos: Instituto do Milênio do Semi-árido - IMSEAR

(Dra. Ana Maria Giulietti), Programa de Pesquisa em Biodiversidade - PPBIO (Dr.

Alessandro Rapini), Projeto Petrobrás (Dr. Cássio van den Berg) e Projeto Flora da

Bahia (Dra. Ana Maria Giulietti), que direta ou indiretamente apoiaram este projeto,

financiando as viagens de campo e as atividades em laboratório.

Aos curadores dos herbários nacionais e internacionais que gentilmente

concederam, os empréstimos dos materiais com presteza e eficiência, assim como

aqueles que me receberam pessoalmente (ver lista de herbários visitados e/ou

examinados).

As minhas colegas de trabalho no herbário: Zezé (minha Comadre!), Elaine,

Kelly, Patrícia, Renata, Verônica e Silvia, obrigada pela paciência, pela força que vocês

me deram para que eu pudesse concluir este trabalho, espero que não tenha prejudicado

muito o funcionamento do herbário. Um grande beijo minhas amigas e colegas, a todas

vocês esta vitória eu dedico.

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Page 7: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

Ao meu orientador e “chefe” Luciano Paganucci de Queiroz, meu mais sincero

muito obrigada!

Ao curador do herbário CVRD, Renato de Jesus, Sr. Domingos Folli e ao

técnico Geovanni pela acolhida, autorização de coleta e companhia no campo, nas

coletas das populações. Agradeço muito ao pessoal do Núcleo Pinciguaba, Ubatuba/SP,

pela atenção e pelo apoio na ida ao campo, em especial ao Cristo, Sr. Ivo, Sr Roberto e

Sr. João Pedro (Casa de farinha), Olinda e Elizangela (Secretária). Ao André Amorim e

ao pessoal do CEPEC, principalmente a Cristiane e ao Jomar Jardim. Ao Diogo

Amorim, Anderson (UFPE) e Newton (IPA), por me aceitarem em sua expedição de

coleta, atrás das Passifloraceae... muito obrigada meninos, foi muito bom estar com

vocês..!!

Ao Prof. Dr. Cássio van den Berg pela co-orientação, muito obrigada mesmo!

Sem você e suas crises de “Teo você está fazendo tudo errado!”, nada disso seria

possível. Aos professores do programa de Pós-graduação em Botânica, em especial:

Alessandra Selbach Schnadelbach, Ana Maria Giulietti Harley, Aristóteles Góes Neto,

Carlos Wallace, Cássio van den Berg, Eduardo Borba, Francisco Assis, Luciano

Paganucci, Nadia Roque & Raymond Mervin Harley, obrigada pela orientação e pelos

ensinamentos.

A Dra. Loreta B.Freitas e a equipe do Laboratório de Genética Molecular da

Universidade Federal do Rio Grande do Sul, pela extração dos materiais, pelo apoio

com o trabalho de filogeografia e pelas discussões via e-mail. Muito obrigada a todos!

Ao pessoal do Laboratório de Biologia Molecular, LAMOL ou como diz minha

Comadre Zezé “LAMAL”, pela paciência e orientação, muito obrigada: Milene,

Sabrina, Rick VB, Patrícia Cristina, Patrícia Luz, Reyjane Patrícia, Silvana Monteiro,

Ciça, João Rodrigo, Tarcisio (pelas risadas), Lia Andrade, Déa Karla, Simone, Marcos,

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Page 8: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

Elisa, Floriano, Paulo Ricardo, Felipe e todos os outros que me fizeram companhia

durante as incansáveis horas de extração, quantificação, amplificação, etc... muito

obrigada pela paciência e pelas horas de conversas sobre tudo. E afinal qual de vocês foi

o responsável pela minha orientação no LAMOL?

À Gisele Rocha e ao Laboratório de Microscopia Eletrônica de Varredura da

UEFS, pelas imagens de folhas, sementes e de pólen.

A Rita Araújo pela execução conjunta do trabalho com os polens. Obrigada

Ritinha! Após tantos anos ainda continuamos aqui nesta UEFS, não é mesmo!

Aproveitando, agradeço a toda a equipe do LAMIV pela ajuda direta ou

indiretamente: Paulino, Claúdia Helena, Francisco de Assis, Ricardo Landim, Marileide

Dias, Luciene, Kelly, Jailton e todos os estagiários.

Ao amigo Marlon Machado, no auxílio com as bibliografias, com as conversas

informais que me ajudaram muito no desenvolvimento desta e principalmente na ajuda

com as cervejas geladas, um grande beijo e Deus te abençoe!

A amiga Daniela Carneiro pela ajuda com os mapas e com todas as discussões

sobre metodologias, conceitos, filogenias, biogeografias, taxonomias, etc.. Sem

esquecer a ajuda que você me deu na minha qualificação! E por último pelas leituras

incansáveis nos capítulos finais. Você é a pessoa mais iluminada por Deus que eu

conheço. Que ele sempre te abençoe menina Dani! Você e sua família linda! Parabéns!

Amiga Mi (Milene), obrigada por tudo, pela companhia nas coletas, no LAMOL,

pelo auxílio com minha qualificação, e pelas discussões e leituras neste trabalho, você

foi verdadeiramente uma co-orientadora. Tenha certeza que sem você e sua inexplicável

paciência nada disso seria possível, e por extensão agradeço também ao Ivan. Deus os

abençoe! Sempre!

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Page 9: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

Ao Frank Axel (Alemanha), pelas discussões via e-mail, pelas bibliografias e

imagens dos tipos, espero um dia te conhecer pessoalmente.

Aos estagiários do herbário, muitos dos quais não fazem mais parte do nosso

time, mas fica aqui meu agradecimento sincero: Yuri, Silvinha, Carla, Paula Emanuela,

Nara Katary, Cris Viana e todos os outros estagiários de Iniciação Científica e Iniciação

Júnior que passaram pelo herbário e os estagiários do LATAXON.

Algumas pessoas foram constantes nestes anos: nas viagens de coletas, nas

disciplinas e nas atividades de laboratório, meu agradecimento coletivo a todos vocês:

Andréa Karla, Simone, Paula Dib, Élvia, Daiane, Vânia, Maria, Milene, Daniela, Ciça,

Jorge, Jomar Jardim e Janaina.

A amiga Vanilda (in memorian), que sempre me incentivou e acreditou no meu

trabalho, sei que onde você estiver, você continua me apoiando e me incentivando, com

toda a sua teimosia. Fique literalmente com Deus!

Aos amigos-motoristas que sempre me apoiaram e fizeram com que as longas

viagens de coletas se tornassem divertidas e menos cansativas: meu muito obrigado ao

Bené (Benedito Marques Silva), Sr Miguel Martins (in memorian), Sr Miguel Arcanjo,

Lucianinho e o Sr. Ronaldo.

A equipe de limpeza do LABIO, principalmente Edleuza e “Nem” (Maria São

Pedro), obrigada pelos cafezinhos de manhã cedinho e pelas merendas deliciosas. Ao

pessoal da portaria que sempre vigilantes cuidaram para que eu pudesse ficar horas

intermináveis, noites e fins de semana sem me preocupar com a segurança do prédio.

Aos meus pais, a quem dedico todas as vitórias: Seu Pedro e Dona Terinha,

muito obrigada pela vida, pela orientação e pela paciência nas minhas ausências.

Desculpem-me as falhas, minhas imperfeições e saibam que eu amo muito vocês.

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Page 10: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

Minhas irmãs, irmãos, cunhados, cunhadas, sobrinhas e sobrinhos eu amo todos

vocês!

A minha pequena princesa Sophia, que ainda não conhece a rotina da mãe, mas

já sofre por ter que ficar na mesma posição o dia todo, enquanto a mãe escrevia esta

tese. Meu pequeno anjo iluminado! Obrigada por existir, obrigada por me escolher

como sua mãe... Te amo muito! Você tornará o resto dos meus dias sempre ensolarado.

E ao papai Roberto, que chegou agora no finalzinho, mas que sempre teve muita

paciência e carinho, você não sabe o quanto você me faz feliz.

E finalmente a minha filha Poliana Nunes Sena, que foi sem sombra de dúvida a

mais sacrificada por mim, para que eu pudesse concluir meu sonho, sempre na busca de

uma vida melhor para nós duas (agora três). Sei que hoje é mais fácil para você

entender, mas sei que já foi muito difícil..., não ter uma mãe presente, ter uma mãe que

sempre viaja, que não tem hora para chegar em casa, que sempre trabalha nos fins de

semana. Mil perdões minha filha e que daqui para frente tudo seja diferente.

A todos vocês meus mais sinceros agradecimentos!

Teo Nunes

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Page 11: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

Sumário

Agradecimentos ...................................................................................................................i

Resumo .................................................................................................................................. ii

Abstract................................................................................................................................. iii

Introdução geral................................................................................................................... 01

Resultados e discussões ....................................................................................................... 12

Capítulo 1 – Estudos filogenéticos moleculares em Passiflora L. subgênero

Deidamioides (Harms) Killip (Passifloraceae) .............................................. 12

Capítulo 2 – Estudos morfométricos no complexo Passiflora ovalis Vell. ex

M.Roemer (Passifloraceae) ............................................................................ 42

Capítulo 3 – Uso dos marcadores moleculares ISSR (Inter Simple Sequence

Repeats) na delimitação do complexo Passiflora ovalis Vell. ex M.Roemer

(Passifloraceae)................................................................................................. 64

Capítulo 4 – Morfologia polínica de Passiflora L. subgênero Deidamioides

(Harms) Killip (Passifloraceae) e suas implicações taxonômicas.................. 85

Capítulo 5 – Revisão Taxonômica das espécies incluídas em Passiflora L.

subgênero Deidamioides (Harms) Killip (Passifloraceae) sensu Feuillet &

MacDougal (2003) ...................................................................................... 107

Conclusões Gerais ............................................................................................................. 169

Referências Bibliográficas................................................................................................. 171

Apêndices .......................................................................................................................... 191

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Page 12: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

RESUMO

O presente trabalho consiste no estudo filogenético, sistemático e

biossistemático de Passifloraceae: Passiflora L. subgênero Deidamioides (Harms)

Killip. Passifloraceae é predominantemente tropical e subtropical, possuindo 28 gêneros

e ca. 800 espécies. O gênero Passiflora L., é o mais diverso, com aproximadamente 450

espécies descritas. Atualmente, está subdividido em quatro subgêneros: Astrophea

(DC.) Mast.; Deidamioides (Harms) Killip, Decaloba (DC.) Rchb. e Passiflora L. O

subgênero Deidamioides está subdividido em seis seções com 11 espécies aceitas e

cerca de 6 espécies sinonimizadas. Apresenta distribuição na América Central e

América do Sul sendo que duas espécies são consideradas endêmicas do Brasil,

ocorrendo nos Estados de Pernambuco, Alagoas, Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais,

Rio de Janeiro e São Paulo. Estudos anteriores mostram diversas espécies com

posicionamento dentro do subgênero, com circunscrições dúbias e dificuldades

taxonômicas na delimitação das seções, principalmente a seção Tetrastylis Barb Rodr.,

que foi delimitada com duas espécies: P. contracta Vitta, encontrada nos Estados de

Pernambuco, Bahia e Espírito Santo, e P. ovalis Vell. ex M.Roemer encontrada em São

Paulo e Rio de Janeiro. Para tentar resolver esta problemática, foram utilizados estudos

biossistemáticos na delimitação das mesmas, incluindo estudos genéticos com

marcadores de ISSR, análises multivariadas com o uso da morfometria geométrica e

morfometria tradicional. Para delimitar taxonomicamente o subgênero e rever os limites

das seções, foram utilizados estudos filogenéticos baseados em dados morfológicos e

moleculares incluindo as 13 espécies desse subgênero. Para comprovar ou não este

posicionamento foram utilizadas as regiões de ITS e trnL-F, além de estudos

biossistemáticos e palinológicos. O subgênero Deidamioides não se apresentou como

monofilético, bem como as suas seções e séries, porém, uma revisão taxonômica das

espécies até então pertencentes ao subgênero é apresentada, com descrições, ilustrações,

caracterização polínica, mapas de distribuição, comentários e observações ecológicas

das espécies, sendo este o primeiro estudo com uma revisão completa para estas

espécies. Duas novas espécies foram descritas, ilustradas e mapeadas para o Estado da

Bahia, pertencentes à seção Tetrastylis: Passiflora timboënsis T.S.Nunes & L.P.Queiroz

e Passiflora igrapiunensis T.S.Nunes & L.P.Queiroz.

PALAVRAS CHAVE: Taxonomia, Passiflora, Deidamioides, Filogenia, Biossistemática.

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ABSTRACT

This work presents a phylogenetic, taxonomic, and biosystematics study of

Passiflora subgenus Deidamioides. The family Passifloraceae is mainly tropical and

subtropical with 28 genera and c. 800 species. Passiflora is the most diverse genus, with

ca. 450 published species. The genus is classified in four subgenera: Astrophea (DC.)

Mast., Deidamioides (Harms) Killip, Decaloba (DC.) Rchb. and Passiflora L. The

subgenus Deidamioides with ca. 13 species, is classified in six sections. It is distributed

in Central and South America with two species endemic of Brazil. Previous studies

show that several species have problematic circumscription as well as badly defined

sections. One example is found in section Tetrastylis Barb. Rodr., which presents

conflicting positions in delimiting the complex Passiflora ovalis and P. contracta. In

order to solve this problem, it was carried out biosystematics studies based on genetic,

traditional and geometric morphometry variability. Phylogenetic studies based on

molecular data (ITS and trnLC-F), were carried out to test subgenus and sections

monophyly. Thirteen species of sect. Deidamioides were included and the results

refuted the monophyly both of the subgenus and the sections. Besides this results an

taxonomic revision of the subgenus is presented with descriptions, illustrations,

distribution maps and comments of each species, this is the first study with taxonomic

revision of this species. Two new species were described and illustrated for the State

Bahia: Passiflora timboënsis T.S.Nunes & L.P.Queiroz and Passiflora igrapiunensis

T.S.Nunes & L.P.Queiroz.

Key Words: Taxonomy, Passiflora, Deidamioides, Phylogeny, Biosystematics.

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Page 14: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

Introdução geral

A família Passifloraceae é predominantemente tropical e subtropical, encontrada

principalmente em regiões de clima quente, possui ca. 28 gêneros e ca. 800 espécies

(Cervi 1997; Judd et al. 1999; Ulmer & MacDougal 2004). Durante muito tempo a

família Passifloraceae foi considerada como relacionada às famílias Malesherbiaceae,

Turneraceae e Flacourtiaceae, integrando a ordem Parietales (Wettstein 1935) com base

em dados morfológicos. Bentham & Hooker (1865) consideraram a família como

pertencente à ordem Passiflorales, juntamente com Loasaceae, Turneraceae e

Malesherbiaceae. A partir de 1964, a família passou a integrar a ordem Violales,

próxima a Flacourtiaceae, Violaceae, Scyphostegiaceae, Turneraceae, Achariaceae e

Malesherbiaceae, com base nos caracteres morfológicos, tendo como caráter delimitante

a placentação parietal (Engler 1894; Takhtajan 1980; Dahlgren 1980; Cronquist 1981;

Spichiger & Savolainen 1997). A partir da utilização de dados moleculares (APG I

1998; APG II 2003) a família passou a fazer parte da ordem Malpighiales apresentando

como sinapomorfias: estigma seco, exotegma fibroso (desenvolvimento da camada

interna do tegumento em células fibrosas), nós trilacunares (número de intervalos no

corte do nó caulinar na inserção do pecíolo ou interrupção parenquimatosa), placentação

parietal, articulação do pedicelo, margem da folha denteada, gineceu sincárpico

tricarpelar (três carpelos fundidos formando um ovário unilocular ou trilocular) (Stevens

2001). Segundo APG II (2003) esta ordem possui ca. 13.100-16.000 espécies, 716

gêneros e 28(-30) famílias, sendo as mais representativas: Euphorbiaceae,

Flacourtiaceae, Malpighiaceae, Rhizophoraceae, Salicaceae e Violaceae. A variação no

número de famílias pertencentes à ordem se deve ao fato de considerar ou não a

inclusão das famílias Rafflesiaceae, sugeridas por Barkman et al (2004) e Nickrent et al

(2004) e Centroplacaceae (Davis et al. 2005), através dos estudos realizados com matR,

SSU, rDNA, rbcL, atpB, PHYC, 18S e nad1B-C, respectivamente.

Além do trabalho do APG II (2003), esta delimitação também é corroborada por

outros estudos moleculares, incluindo dados de rbcL combinados com dados

morfológicos, com sustentação de 76% (bootstrap) (Nandi et al. 1998); 18S, rbcL e

atpB, com sustentação de 99% (Soltis et al. 2000); atpB e rbcL - 92% (Savolainen et al.

2000); ndhF, rbcL - 100% (Davis & Chase 2004); ndhF, rbcL e PHYC - 97% (Davis &

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Page 15: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

Chase 2004); atpB, rbcL, 18S e nad1B-C – 100% (Davis et al. 2005); atpB, matK, rbcL

e 18S – 100% (Tokuoka & Tobe 2006).

A ordem Malpighiales pertence ao grupo das Eudicotiledôneas (tricolpadas):

Rosídeas, posicionada dentro das Eurosideas I, apresentando como grupo irmão as

ordens Celastrales e Oxalidales (também conhecido como grupo COM) e estão

proximamente relacionadas com um clado onde aparecem as famílias com espécies

fixadoras de nitrogênio, incluindo Fabales, Fagales, Cucurbitales e Rosales (APG II

2003, Soltis et al. 2005).

De acordo com APG II (2003), a delimitação de Passifloraceae considera a

inclusão de Malesherbiaceae e Turneraceae, tornando a família com delimitação sensu

lato, com ca. 800 espécies e 28 gêneros, próxima às famílias Euphorbiaceae,

Malpighiaceae e Flacourtiaceae.

Bernhard (1999), através de estudos com base em caracteres florais retirou de

Passifloraceae a tribo Abatieae, transferindo-a para a família Salicaceae, baseado nas

seguintes sinampomorfias: dentes salicóides na margem foliar, estames com iniciação

centrífuga, ausência de glicosídeos cianogênicos, anteras pequenas globosas e flores

pequenas nas quais as sépalas e pétalas, se ambas estão presentes são em números

iguais.

Passifloraceae apresenta como sinapomorfias: a presença de glicosídeos

cianogênicos, folhas denteadas, glândulas foliares, cálice e corola formando um tubo,

corona extra-estaminal, presença de um hipanto e exotegma paliçado (Stevens 2001).

Além desses caracteres a família pode ser reconhecida por apresentar espécies

trepadeiras herbáceas, arbustos ou árvores lenhosas, com gavinhas, folhas inteiras ou

lobadas, flores 3-bracteadas, bissexuadas, presença de um hipanto, pentâmeras, corona

de filamentos presentes, opérculo presente (raramente ausente), androginóforo presente,

estames 5(-10), anteras dorsifixas, versáteis, grãos de pólen 3 a 12-colporado, ovário

unilocular, 3-4-carpelar; óvulos numerosos, placentação parietal, estiletes 3-4; fruto uma

baga, raramente cápsula deiscente; sementes comprimidas, reticuladas, pontuadas ou

transversalmente alveoladas, envolvidas por um arilo mucilaginoso (Masters 1871;

1872; Killip 1938; Cervi 1997; Stevens 2001; Ulmer & MacDougal 2004).

Duas tribos são reconhecidas dentro de Passifloraceae s.s.: a tribo Paropsieae

DC., considerada por Harms (1893), Engler (1921) e Sleumer (1954) como uma tribo de

Flacourtiaceae, devido à presença do hábito arborescente x trepadeiras, e através de

caracteres anatômicos. No entanto, utilizando dados morfológicos como a presença de

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Page 16: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

uma corona, além de dados anatômicos e palinológicos, esta tribo foi incluída em

Passifloraceae (Wilde 1971). Caracteriza-se por apresentar: hábito arborescente a lianas,

com gavinhas ausentes e está representada por seis gêneros presentes no Velho Mundo,

África e Madagascar: Androsiphonia Stapf (1 espécie), Viridiva J.H.Hemsl. (1),

Smeathamnnia Sol. ex R.Br. (2), Barteria Hook.f. (5), Paropsiopsis Engl. (7) e

Paropsia Noronha (10).

A tribo Passifloreae DC. é monofilética (Wilde 1971), evidenciada por seu

hábito trepador, gavinhas axilares e flores especializadas e está representada por 13

gêneros: Crossostemma Planch. ex Benth. (1), Schlechterina Harms (1), Tetrapathea

(DC.) Richb. (2), Hollrungia K.Schum. (1), Efulensia C.H.Wright (1), Deidamia

Noronha ex Thou. (8), Thryphostemma Harv. (44), Passiflora L. (incluindo Tetrastylis

Barb. Rodr., ca. 450), Ancistrotryrsus Harms (2), Mitostemma Mast. (3), Dilkea Mast.

(6), Basananthe Peyr (38) e Adenia Forsk. (200 spp), encontradas no Novo Mundo,

África, Madagascar, Nova Zelândia, Nova Guiné e Ásia (Wilde 1971; Escobar 1988).

Passiflora é o mais representativo da tribo Passifloreae possuindo ca. 450

espécies, predominantemente na região neotropical, com apenas uma espécie P.

tetrandra Banks & Sol. ex DC., encontrada na Nova Zelândia (Killip 1938).

Caracteriza-se por apresentar espécies de lianas, trepadeiras herbáceas ou lenhosas,

arbustos, subarbustos e arvoretas, com gavinhas, estípulas foliares, nectários extra-

florais, flores solitárias ou inflorescências cimosas, com receptáculo desenvolvido em

hipanto e apêndices acessórios na forma de corona, opérculo e/ou androginóforo e fruto

tipo baga ou cápsula, com sementes ariladas (Brizyck 1961). Está subdividido em

quatro subgêneros: Astrophea (DC.) Mast., Deidamioides (Harms) Killip, Decaloba

(DC.) Rchb. e Passiflora L. (Feuillet & MacDougal 2003).

Passiflora subg. Astrophea possui 57 espécies, distribuídas em duas

superseções, cinco seções e duas séries (Feuillet & MacDougal 2003). Está distribuída

na América do Sul (a maioria no Brasil) e apenas duas espécies na América Central.

Caracteriza-se por apresentar espécies lianas lenhosas, algumas árvores, folhas inteiras,

duas glândulas peciolares próximo ao ápice do pecíolo, sésseis ou em forma de cicatriz,

pedúnculos com 1-5-flores, estas raramente nascidas sobre uma gavinha, brácteas

pequenas, flores rosa a púrpuras, vermelhas a alaranjadas, corona amarela com um tubo

floral proeminente, opérculo ereto ou expandido, não plicado, os frutos são usualmente

amarelos, esverdeados com manchas avermelhadas (MacDougal & Feuillet apud Ulmer

& MacDougal 2004).

16

Page 17: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

Passiflora subg. Decaloba possui 214 espécies, distribuídas em oito superseções

e cinco seções, encontradas no Novo Mundo, Sudeste da Ásia, Oceania e Austrália

(Feuillet & MacDougal 2003). Caracteriza-se por apresentar: trepadeiras herbáceas,

plantas glabras a pubescentes, caule cilíndrico, 3–5 angulado, folhas geralmente 3-

lobadas, raramente inteiras ou 5-lobadas, glândulas peciolares presentes, 2 ou até 4,

lâmina foliar com ocelo próximos a nervura principal, pedúnculos 1 a 20 flores, flores

nascidas sobre uma gavinha, pequenas, amarelo-esverdeadas, brancas ou avermelhadas,

corona em 1-3 séries de filamentos, opérculo plicado, estiletes delgados, frutos

pequenos, púrpureos ou negros, algumas vezes deiscentes, sementes reticuladas ou

transversalmente sulcadas.

O subgênero Passiflora, o maior em número de espécies, possui 236 espécies,

divididas em seis superseções, 24 seções e três séries. Apresenta distribuição no Sudeste

dos Estados Unidos, América Central e América do Sul, encontradas tanto nas altas

temperaturas do Amazonas como em baixas temperaturas nos Andes, em altitudes de 0-

2.500 m s.n.mn (Ulmer & MacDougal 2004). Caracteriza-se por apresentar lianas com

flores grandes e coloridas, às vezes com corona ou algumas vezes com um longo tubo

floral (superseção Tacsonia (Juss.) Feuillet & MacDougal), plantas glabras a

pubescentes, caule circular, estriado, denteado ou quase angulado, estípulas

inconspícuas, lanceoladas ou ovadas, folhas 3-lobadas, inteiras ou até 7-lobadas, com 3

nervuras principais, glândulas peciolares 2-6, raramente mais que 6 ou ausentes, lâmina

com ou sem nectários, pedúnculos unifloros, as flores nascidas sobre uma gavinha,

brácteas 3, geralmente conspícuas, flores grandes, purpúreas, brancas, azuis, violetas,

vermelhas e variações destas, tubo floral às vezes conspícuo, corona em (1-)3-20 séries

de filamentos, opérculo não plicado, às vezes filamentosos, frutos esverdeados,

amarelos a alaranjados ou avermelhadas, sementes reticuladas, com ornamentação. Por

apresentar flores vistosas e coloridas e com odor forte, as espécies são muito utilizadas

na obtenção de híbridos para cultivo ou como ornamentais (Ulmer & MacDougal 2004).

O subgênero Deidamioides ocorre na América do Sul e América Central, do

México até a região sudeste do Brasil (em áreas de mata atlântica), em altitudes

variando de 0-2.500 m s.n.m. Desde a sua delimitação apresenta um histórico bem

controverso:

De Candolle (1828) reconheceu oito seções para Passiflora: Astrophea DC.,

Polyanthea DC. (incluindo P. cirrhiflora A.Juss., P. septanata DC., P. holosericea L.,

P. sexflora Juss., P. geminiflora D.Don. e P. moluccana Reinw. ex Blume),

17

Page 18: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

Tetrapathea DC. (incluindo P. tetrandra Banks & Sol. ex DC., espécie endêmica da

Nova Zelândia), Cieca Medic., Decaloba DC., Granadilla DC., Tacsonioides DC. e

Dysosmia DC. (Em destaque as seções que pertencem atualmente à delimitação de

Passiflora subgênero Deidamioides).

O termo Deidamioides, foi proposto pela primeira vez por Harms (1923), como

seção Decaloba DC. subseção Deidamioides Harms, incluindo as espécies: P.

cirrhiflora, P. jenmanii Mast. e P. deidamioides.

Harms (1925) no tratamento taxonômico para a família, reconheceu três seções e

três subseções: seção Decaloba subseção Polyanthea Mast. com as espécies: P.

multiflora L., P. holosericea, P. sexflora, P. sodiroi Harms, P. moluccana, P. horsfieldii

Blume, P. cupiformis Mast., P. eberhardtii Gagnep., P. siamica Craib. e P. ligulifolia

Mast.; Subseção Cirrhiflora com as espécies: P. cirrhiflora e P. jenmanii; Subseção

Deidamioides com uma única espécie: P. deidamioides; Seção Tryphostemmatoides

Harms, com a espécie P. tryphostemmatoides Harms. e a seção Tetrastylis (Barb. Rodr.)

Harms, com uma espécie T. montana Barb. Rodr.

Killip (1938) revisou a família para o Novo Mundo, reconhecendo 355

espécies para a América do Sul, e agrupou estas espécies em quatro gêneros: Tetrastylis

(duas espécies), Mitostemma Mast. (3), Dilkea Mast. (5) e Passiflora (355) e subdividiu

o gênero Passiflora em 22 subgêneros: Apodogyne Killip, Astephia Killip,

Tryphostemmatoides (Harms) Killip, Deidamioides (Harms) Killip, Plectostemma

Mast., Chloropathanthus (Harms) Killip, Murucuja (Medic.) Mast., Pseudomurucuja

(Harms) Killip, Psilanthus (DC.) Killip, Adenosepala Killip, Tacsoniopsis (Triana &

Planch.) Killip, Rathea (Karst.) Killip, Tacsonia (Juss.) Triana & Planch.,

Granadillastrum (Triana & Planch.) Killip, Distephana (Juss.) Killip, Calopathanths

(Harms) Killip, Tacsonioides (DC.) Killip, Granadilla (Medic.) Mast., Dysosmia (DC.)

Killip, Dysosmioides Killip, Polyanthea (DC.) Killip e Astrophea (DC.) Mast. (Em

negrito os subgêneros que foram agrupados em Deidamioides). Neste trabalho, o autor

propôs uma nova delimitação para o subgênero Deidamioides, restrito a apenas uma

espécie: P. deidamioides, que inclui: trepadeiras herbáceas, pecíolos com 2-4(-6)

glândulas, folhas trifolioladas, pedúnculos bi-floros, terminando em uma gavinha e

opérculo plicado.

Feuillet & MacDougal (2003) fizeram uma revisão para o gênero Passiflora e

reduziram os 22 subgêneros propostos por Killip (1938), para apenas quatro subgêneros,

reconhecendo dentro destes a categoria “Superseção” ao invés do termo subseção. Esta

18

Page 19: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

categoria, apesar de utilizada por Feuillet & MacDougal (2003), no intuito de reduzir o

número de novos nomes e/ou categorias subgenéricas, não é reconhecida pelo Código

Internacional de Nomenclatura Botânica (Mcneill et al. 2006). Os subgêneros

reconhecidos pelos autores foram: Astrophea (DC.) Mast. (57 espécies), Decaloba

(DC.) Richb. (214), Passiflora L. (236) e Deidamioides (Harms) Killip (13).

Dentro da delimitação proposta por Feuillet & MacDougal (2003), para

Passiflora, o subgênero Deidamioides é o que apresenta até o momento uma

delimitação não muito clara, e um histórico taxonômico bem controverso (ver sinopse

na Tabela 1).

Feuillet & MacDougal (2003) reconheceram seis seções para o subgênero:

Polyanthea DC. (uma espécie); Deidamioides (Harms) Feuillet & MacDougal (1);

Tetrastylis (Barb. Rodr.) Harms (2, com a inclusão de P. contracta Vitta);

Mayapathanthus Killip ex MacDougal & Feuillet (2), Tryphostemmatoides Harms (5) e

Tetrapathea DC. (1).

Segundo Ulmer & MacDougal (2004) o subgênero Deidamioides caracteriza-se

por apresentar, estípulas delgadas, glândulas peciolares próximas à junção da lâmina

foliar, folhas inteiras a 3-9-folioladas, com margem inteira, brácteas pequenas,

pedúnculo terminando em uma gavinha, uma flor com articulação próxima ou bem

abaixo da base da flor e opérculo plicado. As plantas jovens apresentam discos adesivos

nas gavinhas que permitem o hábito trepador das mesmas em florestas facilitando o

alcance do dossel das matas. O subgênero tem distribuição na América do Sul e

América Central.

A Seção Polyanthea representada por uma única espécie encontrada nas Guianas

caracteriza-se por apresentar, folhas compostas 5-9-folioladas, as flores nascidas sobre

uma gavinha e a corona amarelo-alaranjada, em várias séries (P. cirrhiflora). Master

(1871) considerou esta seção como uma série da seção Decaloba (série Polyanthea).

Killip (1938) considerou-a como um subgênero à parte com uma única seção

(subgenêro Polyanthea seção Polyanthea) e apenas uma espécie. Segundo este mesmo

autor, a espécie possui uma combinação de caracteres diagnósticos distinta de outras

seções e subgêneros, como opérculo plicado (subgênero Passiflora), ovário truncado

com estiletes projetando-se do ângulo ao topo, filamentos da corona verrucosos

(subgênero Astrophea) e estigmas largos (subgênero Passiflora), o que deixaria dúvidas

quanto ao seu posicionamento taxonômico.

19

Page 20: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

A composição de espécies da seção variou bastante. De Candolle (1828) incluiu na

seção Polyanthea: Passiflora septenata [sinônimo de P. cirrhiflora segundo Killip

(1938)], P. geminiflora [sinônimo de P. vespertilio segundo Killip (1938)], P.

moluccana, P. holosericea e P. sexflora [transferidas para o subgênero Decaloba por

Master (1871)]. Master (1871) adicionou P. multiflora à seção Polyanthea. Killip

(1938) considerou que P. multiflora, P. holosericea e P. sexflora têm pouco em comum

com P. cirrhiflora e efetuou sua transferência para o subgênero Decaloba. Feuillet &

MacDougal (2003) consideraram apenas P. cirrhiflora como pertencente a uma seção

do subgênero Deidamioides com base na presença de pedúnculos bifloros, terminando

em uma gavinha e opérculo plicado, e as demais como pertencentes ao subgênero

Decaloba.

Segundo a delimitação de Feuillet & MacDougal (2003), a Seção Deidamioides

representada por uma única espécie (P. deidamioides) caracteriza-se por apresentar

folhas trifolioladas, flores que são nascidas sobre uma gavinha, e uma corona branca em

várias séries. Esta seção foi proposta primeiramente por Harms (1923) como uma

subseção da seção Decaloba, incluindo apenas uma espécie (P. deidamioides). Killip

(1938) elevou esta seção à categoria de subgênero com apenas esta espécie, com base

nos caracteres propostos por Harms (acima citados). Feuillet & MacDougal (2003)

consideraram como uma seção dentro de uma delimitação mais ampla para o subgênero

Deidamioides. Esta seção também seria monoespecífica, incluindo apenas Passiflora

deidamioides.

A seção Tetrastylis representada por P. ovalis Vell. ex M.Roemer, caracteriza-se

por apresentar inflorescência racemosa, flores levemente zigomorfas, com quatro

estigmas. Foi originalmente descrita como o gênero Tetrastylis por Barbosa Rodrigues

(1882), com uma única espécie brasileira: T. montana. Harms (1923) considerou

Tetrastylis como uma seção pertencente ao gênero Passiflora. Killip (1926)

restabeleceu o gênero Tetrastylis e o diferenciou de Passiflora pela presença de quatro

estiletes (vs. três estiletes em Passiflora), ginóforo curvo (vs. reto), filetes unidos na

base do ginóforo com extremidades livres (vs. filetes livres do ginóforo até sua

extremidade) e quatro placentas (vs. três placentas). Vitta & Bernacci (2004) dividiram

P. ovalis em duas espécies, com base em caracteres morfológicos: Passiflora contracta

descrita por Vitta (2003) foi separada de P. ovalis com base nos caracteres florais, como

tipo e tamanho da inflorescência, tamanho do pedúnculo e pubescência, tamanho das

sépalas e do ginóforo. P. ovalis é encontrada do Rio de Janeiro a São Paulo e P.

20

Page 21: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

contracta encontrada de Pernambuco ao Espírito Santo, ambas ocorrendo em áreas de

mata atlântica.

Cervi (2005) sinonimizou P. contracta em P. ovalis salientando que as

características diferenciais como tamanho da inflorescência e de pedúnculo,

pubescência do hipanto, tamanho das sépalas e do ginóforo não seriam caracteres

suficientes para a separação das mesmas. Porém, tal posicionamento foi baseado apenas

em análise da morfologia externa. Observações preliminares dos espécimes destes dois

táxons encontrados em herbários mostram que estas espécies apresentam sobreposição

em vários caracteres morfológicos, causando dificuldades na delimitação específica

através da taxonomia tradicional. Sendo assim, estas duas espécies estão aqui sendo

consideradas como complexo Passiflora ovalis, e estudos biossistemáticos e

micromorfológicos serão utilizados no intuito de delimitar taxonomicamente as

mesmas, assim como a utilização de caracteres macromorfológicos.

. Alguns trabalhos filogenéticos com base em dados moleculares, recentemente

publicados, reforçam a inclusão de Tetrastylis dentro do gênero Passiflora (Muschner et

al. 2003; Hansen et al. 2006, Zamberlan 2007), porém o seu posicionamento dentro do

gênero ainda não está claramente definido. Segundo Muschner et al. (2003), P. ovalis

pertence ao clado que inclui o subgênero Passiflora (com dados de ITS – 97% valor de

bootstrap). Na análise com dados de trnL-F, P. ovalis também está incluso no clado do

subgênero Passiflora (75% valor de bootstrap). No estudo de Hansen et al. (2006) P.

ovalis aparece como grupo basal em relação ao subgênero Decaloba com forte

sustentação (85% bootstrap), formando o subgênero Deidamioides, juntamente com as

espécies P. deidamioides e P. cirrhiflora. Zamberlan (2007) apresenta o subgênero

Deidamioides como polifilético, sendo necessária a exclusão de P. ovalis do grupo para

que este se torne monofilético.

A Seção Mayapathanthus apresenta espécies trepadeiras lenhosas sob o dossel,

seus brotos assemelham-se com as espécies da seção Tryphostemmatoides e também

apresentam gavinhas com discos adesivos, além das glândulas que às vezes podem ser

encontradas sobre a base das sépalas. Esta seção inclui as espécies Passiflora obovata

Killip e P. macdougaliana Knapp & Mallet. Esta seção foi proposta por Killip (1938)

como pertencente ao subgênero Plectostemma Mast., com apenas uma espécie: P.

obovata, descrita por Killip (1936). Feuillet & MacDougal (2003), na redelimitação dos

gêneros de Passiflora, consideraram esta seção como válida, mas como pertencente ao

21

Page 22: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

subgênero Deidamioides e não ao subgênero Plectostemma, devido à presença de discos

adesivos nas gavinhas e de um opérculo plicado.

A seção Tryphostemmatoides foi publicada por Harms (1925) com base no hipanto

cupuliforme, flores pequenas, nascidas sobre uma gavinha, e folhas pequenas

transversalmente elípticas. Killip (1938) elevou esta seção à categoria de subgênero,

considerando os caracteres: pecíolo sem glândulas; pedúnculos bifloros terminando em

uma gavinha; cálice (hipanto) campanulado e opérculo não plicado. Estes por si só,

seriam caracteres suficientes para justificar a separação até em um novo gênero. Feuillet

& MacDougal (2003) redelimitaram este grupo, considerando-o como uma seção do

sugênero Deidamioides, com base nos mesmos caracteres propostos por Killip (1938).

A Seção Tryphostemmatoides é a maior seção em número de espécies do

subgênero (cinco espécies). Estas espécies são caracterizadas por um crescimento

delicado e folhas pequenas. Apresenta flores pequenas, que nascem aos pares sobre as

gavinhas (caráter não encontrado em P. discophora Jørgensen & Lawesson). Entretanto,

as gavinhas são 3-5-partidas, às vezes desenvolvem pequenos discos sobre as gavinhas

que auxiliam no hábito trepador (Ulmer & MacDougal 2004).

Tetrapathea foi proposta por De Candolle (1828), como uma seção do gênero

Passiflora, com distribuição restrita à Nova Zelândia. Harms (1894) elevou a seção à

categoria de gênero, considerando apenas uma espécie: T. australis Raoul, espécie

atualmente sinonimizada para P. tetranda (Green 1972).

Allan (1961) manteve Tetrapathea como um gênero monoespecífico,

ressaltando que os caracteres de dióicia e flores tetrâmeras seriam suficientes para

considerar esta delimitação a nível genérico. Hutchinson (1967) considerou Tetrapathea

como subgênero de Passiflora com base nos mesmos caracteres propostos por Allan

(1961), acima citados.

Green (1972) fez a seguinte consideração em relação ao posicionamento de

Tetrapathea: “Apesar de ser mantida como um gênero monotípico, por Allan (1961),

uma separação genérica parece ser escassamente justificada para esta espécie. Esta

diferenciação tem sido baseada nos caracteres: planta dióica e flores tetrâmeras, nenhum

dos quais é único: flores tetrâmeras são encontradas em Passiflora octandra Gagnep, da

Indo-China, enquanto na Flora da Nova Zelândia, as flores são notadas por serem

dióicas. Há muito tempo atrás Thomson (1881) calculou que 46% das espécies nativas

da Nova Zelândia nasceram com flores unissexuais e Heine (1937) remarca que “muitas

espécies e gêneros os quais são hermafroditas em outras partes do mundo são

22

Page 23: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

unissexuais na Nova Zelândia”; bons exemplos são encontrados em Clematis L.,

Melicope J.R.Forst. & G.Forst., Rubus L., Leptospermum J.R.Forst. & G.Forst. e

Pimelia Link. A única espécie pertencente a esta seção, P. tetrandra, apresenta flores

masculinas com um ovário abortado, e os estames femininos estéreis, pode apresentar

flores completamente similares às flores hermafroditas dos trópicos em Passiflora”.

Feuillet & MacDougal (2003) analisando todas as espécies de Passiflora,

consideraram Tetrapathea como subgênero Deidamioides seção Tetrapathea. Ulmer &

MacDougal (2004) apresentaram um checklist da classificação proposta por Feuillet &

MacDougal (2003), onde são consideradas apenas cinco seções para o subgênero e, a

seção Tetrapathea é novamente considerada como um gênero monoespecífico.

A seção Tetrapathea caracteriza-se por incluir lianas ca. 20 m alt.,

completamente glabras, lâmina foliar inteira, nunca lobada, glândulas ausentes ou um

par na base da lâmina foliar, flores unissexuais, com estames remanescentes do ovário,

hipanto estreito, sépalas e pétalas 4, livres, ca. 5-7 mm, corona de filamentos

consistindo de 2 ou 3 series de filamentos, androginóforo 0,5 mm, estames 4, livres,

anteras basifixas ou subdorsifixas, mais ou menos versáteis, ginóforo 0,5-2,5 mm,

estiletes 4, livres ou parcialmente conadas; estigmas subgloboso, papiloso, discos

nectaríferos ausentes.

O subgênero caracteriza-se por apresentar lianas a trepadeiras herbáceas, com

gavinhas inteiras ou divididas no ápice, com um disco apical em algumas espécies, folhas

inteiras ou 3-9-lobadas, com margem inteira, lâminas nunca variegadas, estípulas delgadas,

glândulas peciolares próximas à junção da lâmina foliar, brácteas pequenas, flores

pediceladas, opérculo plicado, os frutos são esverdeados, amarelos ou alaranjados e as

sementes reticuladas. Todas as flores são nascidas sobre uma gavinha, ou um pedúnculo

modificado em gavinha, um fenômeno que parece ser muito raro em Passiflora (Ulmer &

MacDougal 2004).

Os objetivos deste estudo são: 1) realizar um estudo filogenético utilizando-

se dados moleculares, visando esclarecer os relacionamentos dentro do grupo, e do grupo

com os demais subgêneros de Passiflora; 2) realizar estudos biossistemáticos no complexo

Passiflora ovalis, um grupo de difícil delimitação com base nos métodos da taxonomia

clássica, utilizando ferramentas como: morfometria geométrica, morfometria tradicional e

marcadores moleculares de ISSR; 3) realizar um estudo morfológico palinológico das

espécies de Passiflora subgênero Deidamioides, visando auxiliar ou não os resultados

obtidos com os estudos taxonômicos e filogenéticos; 4) realizar uma revisão taxonômica de

23

Page 24: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

24

Passiflora subgênero Deidamioides, revendo as delimitações das seções e a inclusão das

espécies nas mesmas, com base no posicionamento taxonômico das espécies e nos

caracteres morfológicos.

Esta tese está sendo apresentada em formato tradicional. Encontra-se dividida em

cinco capítulos, sendo que todos eles apresentam uma nota introdutória sobre o tema

abordado, bem como uma descrição da metodologia utilizada, resultados e discussões. As

conclusões gerais são apresentadas ao final da tese, assim como toda a referência

bibliográfica utilizada. Os capítulos apresentados nesta tese não estão sendo considerados

como publicações válidas, e serão posteriormente formatados e encaminhados para revistas

especializadas para efetiva publicação, bem como a descrição das novas espécies, segundo

as normas do Código Internacional de Nomenclatura Botânica (Mcneill et al. 2006).

Page 25: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

25

Tabela 01 – Sinopse das classificações anteriores para as espécies de Passiflora subgênero Deidamioides sensu Feuillet & MacDougal (2003). Espécies De Candolle (1828) Harms (1925) Killip (1938) Feuillet & MacDougal (2003)

1 Passiflora arbelaezii L. Uribe

Subgênero Deidamioides seção

Tryphostemmatoides

2 P. cirrhiflora A.Juss. Seção Polyanthea

Seção Decaloba Subseção

Cirrhiflora Subgênero Polyanthea Seção Polyanthea Subgênero Deidamioides seção Polyanthea

3 P. deidamioides Harms Subseção Deidamioides Subgênero Deidamioides Subgênero Deidamioides seção Deidamioides

4 P. discophora P. Jørg. & Lawesson

5 P. gracillima Killip

Subgênero Tryphostemmatoides

Subgênero Deidamioides seção

Tryphostemmatoides

6 P. macdougaliana S. Knapp & Mallet

Subgênero Deidamioides seção

Mayapathanthus

7 P. obovata Killip

Subgênero Plectostemma seção

Mayapathanthus

Subgênero Deidamioides seção

Mayapathanthus

8 P. ovalis Vell. ex M.Roemer Passiflora seção Tetrastylis Gênero Tetrastylis

Subgênero Deidamioides seção Tetrastylis

9 P. pacifica L.A. Escobar

Subgênero Deidamioides seção

Tryphostemmatoides

10 P. tetrandra Banks & Sol. ex DC.

Passiflora seção

Tetrapathea Gênero Tetrapathea Gênero Tetrapathea Subgênero Deidamioides seção Tetrapathea

11 P. tryphostemmatoides Harms Seção Tryphostemmatoides Subgênero Tryphostemmatoides

Subgênero Deidamioides seção

Tryphostemmatoides

* Em cinza, os autores não apresentaram tratamentos para esta espécie ou a publicação da espécie é posterior à obra.

Page 26: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

Capítulo I

Estudos filogenéticos moleculares em Passiflora L. subgênero

Deidamioides (Harms) Killip (Passifloraceae)

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Page 27: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

Estudos filogenéticos moleculares em Passiflora L. subgênero

Deidamioides (Harms) Killip (Passifloraceae)

O uso de marcadores moleculares, entre eles o espaçador interno transcrito do DNA

ribossomal nuclear (ITS) (Baldwin et al. 1995; Muschner et al. 2003; Krosnick et al. 2006;

Zamberlan 2007) e dos marcadores plastidiais trnL-F (Reeves & Olmstead 1998; Fay et al.

2000; Richardson et al. 2000; Seahan & Chase 2000; Krosnick & Freudenstein 2005;

Krosnick et al. 2006) tem sido aplicado com sucesso nas inferências filogenéticas inter e

intragenéricas e interespecíficas em vários grupos de fanerógamas.

Durante muito tempo, a delimitação de Passifloraceae foi sustentada

morfologicamente pela presença da corona de filamentos e de um androginóforo (Killip,

1938; Wilde 1971; Judd et al. 1999; Ulmer & MacDougal 2004). Porém, na delimitação

proposta pelo APG II (2003), com base em dados moleculares, Passifloraceae aparece

como monofilética com a inclusão de Malesherbiaceae e Turneraceae. Nesta delimitação

sensu lato a família possui ca. 800 espécies e 28 gêneros, apresentando como grupos

irmãos as famílias Euphorbiaceae, Malpighiaceae e Flacourtiaceae. Este clado é sustentado

pela presença de glicosídeo cianogênico, folhas denteadas, glândulas foliares, cálice e

corola formando um tubo, corona extra-estaminal, presença de hipanto e exotegma

paliçado (Stevens 2001).

Até o momento nenhum estudo filogenético para Passifloraceae abordando todos os

gêneros da família foi realizado, visando esclarecer os relacionamentos em níveis

genéricos, porém, alguns estudos já foram realizados enfocando principalmente o gênero

Passiflora (Sanchez et al. 1999; Muschner et al. 2003; Yockteng & Nadot 2004a, 2004b;

Krosnick & Freudenstein 2005; Krosnick et al. 2006; Hansen et al. 2006 e Zamberlan

2007).

Passiflora L. é o maior gênero de Passifloraceae, com ca. 450 espécies de

distribuição predominantemente Neotropical, e com algumas espécies restritas ao Velho

Mundo, nas regiões tropicais e subtropicais da Ásia, Austrália e Nova Zelândia. As

espécies deste gênero apresentam morfologia diversa em estrutura floral e foliar.

Sánchez et al. (1999) publicaram o primeiro estudo filogenético em Passiflora,

utilizando DNA de cloroplasto (cpDNA). Neste trabalho, os autores utilizaram 35

espécimes de 12 espécies cultivadas do gênero, sendo obtidos cinco fragmentos clonados

de cpDNA (Mb1, Mb2, Mb3, Mb8 e Mb10), que foram utilizados como marcadores

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Page 28: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

filogenéticos. Os resultados levaram os autores a reconhecer três subgêneros: Decaloba,

Tacsonia e Passiflora, confirmando, segundo a taxonomia vigente no período, três seções

de Passiflora: Incarnatae, Tiliaefoliae e Lobatae (Killip 1938). O subgênero Tacsonia e as

seções foram incluídas no subgênero Passiflora sensu Feuillet & MacDougal (2003).

Nenhuma espécie do subgênero Deidamioides foi utilizada neste estudo.

Muschner et al. (2003) publicaram um estudo filogenético de Passiflora, utilizando

o espaçador interno transcrito do DNA ribossomal nuclear (ITS) e os marcadores

plastidiais trnL-F e rps4. Como resultado os autores apresentaram três clados maiores com

alto valor de bootstrap (BS), correspondendo aos subgêneros Passiflora (97%), Decaloba

(99%) e Astrophea (97%). O subgênero Deidamioides foi representado pelas espécies

Passiflora lancetillensis MacDougal & Meerman e Tetrastylis ovalis Vell. (=Passiflora

ovalis Vell. ex M.Roemer), porém P. lancetillensis, pertence ao subgênero Decaloba seção

Plectostemma (Ulmer & MacDougal 2004), e foi classificada erroneamente como

pertencente ao subgênero Deidamioides. A única espécie de Deidamioides utilizada nesta

análise foi T. ovalis, esta aparece relacionada ao clado que reúne as espécies do subgênero

Passiflora, com 100% (BS), na análise de máxima verossimilhança com os dados

combinados de ITS e trnL-F. Na topologia obtida com os dados de rps4, esta espécie

aparece como grupo irmão dos outros subgêneros de Passiflora, porém, apresentando

baixo valor de sustentação (>50% BS). O monofiletismo do subgênero Deidamioides ficou

indefinido, segundo os resultados apresentados.

Yockteng & Nadot (2004a) realizaram uma análise filogenética com as espécies de

Passiflora utilizando as regiões cytGS e matK (cloroplasto), além de ncpGS (nuclear), que

exibem, segundo os autores, um grande potencial para investigar a história evolutiva de

espécies próximas. Os resultados mostraram que as regiões são filogeneticamente

informativas para o gênero, porém, os autores só utilizaram espécies do subgênero

Decaloba, não realizando nenhuma inferência sobre a classificação deste grupo.

Yockteng & Nadot (2004b) publicaram um trabalho filogenético para Passiflora

usando o gene nuclear (ncpGS), incluindo 17 subgêneros dos 23 reconhecidos por Killip

(1938), totalizando 91 espécies. Como resultado, os autores reconheceram três clados:

Clado 1: incluiu basicamente o subgênero Astrophea com 88% (BS), tendo como espécie

relacionada P. tryphostemmatoides Harms, a qual segundo a classificação proposta por

Feuillet & MacDougal (2003) pertenceria ao subgênero Deidamioides seção

Tryphostemmatoides. O clado 2 apresenta um alto valor de sustentação (87% BS), e incluiu

espécies dos subgêneros Deidamioides, Decaloba, Plectostemma, Tetrapathea e Astrophea

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Page 29: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

(Killip 1938). Neste clado, a maioria das espécies pertence ao subgênero Decaloba seção

Plectostemma, segundo a delimitação proposta por Feuillet & MacDougal (2003). O clado

3 fortemente sustentado, com 100% (BS), incluiu as espécies dos subgêneros

Calopathanthus, Granadilla, Distephana, Manicata, Psilanthus, Tacsonia e Tacsonioides

(Killip 1938) e apresenta como grupo irmão o subgênero Dysosmia. Este clado

corresponde a Passiflora subgênero Passiflora segundo Feuillet & MacDougal (2003).

Nesta análise, os autores incluíram a espécie P. cirrhiflora A.Juss. (Deidamioides

seção Polyanthea DC. sensu Feuillet & MacDougal 2003), que aparece isolada como o

grupo mais basal dentro do gênero, tendo como grupo mais próximo o subgênero

Astrophea. P. lancetillensis (tratada no artigo como pertencente ao subgênero

Deidamioides, mas, que como já foi dito anteriormente, pertence ao subgênero Decaloba

seção Plectostemma), aparece agrupada com as espécies do subgênero Plectostemma, com

87% (BS). Assim, a única espécie do subgênero Deidamioides não aparece correlacionada,

sendo o subgênero classificado como parafilético pelos autores.

Krosnick & Freudenstein (2005) realizaram um estudo filogenético com dados

moleculares com o espaçado nuclear ITS, e o espaçador plastidial trnL-F, para algumas

espécies de Passiflora do Velho Mundo e inferiram dados de caracteres florais. Foram

utilizadas espécies de Decaloba superseção Disemma (21 espécies), e espécies dos outros

subgêneros propostos por Feuillet & MacDougal (2003) como grupo externo: Astrophea

(duas espécies) e Deidamioides (P. arbelaezii L.Uribe). A análise combinada entre as duas

regiões utilizadas apresentou como resultado o monofiletismo dos subgêneros Passiflora

(97% valor de Jackknife), Astrophea (100%) e Decaloba (78%). A única espécie tratada do

subgênero Deidamioides apareceu como grupo irmão de Astrophea com um valor de

sustentação de 74% (Jackknife).

Krosnick et al. (2006) fizeram uma análise filogenética com o subgênero Decaloba

superseção Disemma, utilizando os espaçadores ITS e trnL-F, na tentativa de elucidar a

diferença na morfologia floral, considerada anômala, em algumas espécies do subgênero

Decaloba. Os autores inferiram dados morfológicos, e compararam com as espécies da

superseção Multiflora, baseando-se no padrão geral do gênero. Neste estudo foram

utilizadas espécies dos subgêneros Decaloba (26) e P. arbelaezii (subgênero

Deidamioides), não sendo possível fazer qualquer inferência sobre a classificação

infragenérica.

Hansen et al. (2006) utilizaram as regiões rpoC1 e trnL-T, para verificar o

relacionamento filogenético de Passiflora com inferência dos dados de número

29

Page 30: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

cromossômico. Neste estudo foram tratadas 61 espécies pertencentes a 16 subgêneros

propostos por Killip (1938), e quatro outros gêneros considerados como grupo externo

(incluindo Tetrastylis ovalis = Passiflora ovalis). Como resultados os autores apresentam

três grupos: grupo n=6, grupo n=9 e grupo n=12. O grupo n=6 (100% BS) equivale ao

subgênero Decaloba proposto por Feuillet & MacDougal (2003). O grupo n=9 também se

apresentou como um grupo monofilético (99-100% BS) e corresponde ao subgênero

Passiflora proposto por Feuillet & MacDougal (2003). O grupo n=12 apresentou espécies

dos subgêneros Deidamioides e Astrophea, sendo o subgênero Deidamioides representado

por três espécies: P. deidamioides, P. cirrhiflora e T. ovalis.Os resultados obtidos com os

marcadores moleculares sustentaram o monofiletismo dos subgêneros estudados.

Zamberlan (2007) realizou um estudo filogenético para Passiflora, utilizando três

regiões: os genes plastidiais rpoC1, nad1 e espaçador nuclear ITS, com 121 espécies do

gênero. Neste estudo foi confirmado o monofiletismo dos subgêneros Passiflora (100%

BS, 0.99 probabilidade posterior da bayesiana (pp), Astrophea (100% BS, 1.00 pp) e

Decaloba (100% BS, 1.00 pp). O subgênero Deidamioides na análise de ITS (representado

pelas espécies: P. arbelaezii, P. cirrhiflora, P. deidamioides, P. discophora e T. ovalis)

apareceu como monofilético (0.99 pp) com a exclusão de T. ovalis. Na análise com rpoC1

utilizando as espécies P. cirrhiflora, P. deidamioides e T. ovalis, o subgênero aparece

como monofilético com a exclusão de T. ovalis, mas com baixo valor de suporte (0.59 pp).

Com dados de nad1 com as espécies P. cirrhiflora, P. deidamioides e T. ovalis, o

subgênero também foi considerado como monofilético com 73% (BS). A autora

considerou o subgênero polifilético e sugeriu a possível existência de um quinto

subgênero: Tryphostemmatoides representado pelas espécies P. arbelaezii e P. discophora.

Porém, ressaltou a necessidade de um estudo com um número maior de espécies para

elucidar esta questão, e não reconheceu as superseções e seções propostas por Feuillet &

MacDougal (2003) como monofiléticas.

Com base nestes estudos realizados basicamente com o gênero Passiflora, que

apresentam uma baixa amostragem do subgênero Deidamioides, e devido a toda a

problemática correlacionada à delimitação do subgênero (apresentada na introdução e no

capítulo cinco desta tese), fica clara a necessidade de um estudo filogenético incluindo

mais espécies deste subgênero, devidamente identificadas, visando elucidar seu

posicionamento em relação aos demais subgêneros de Passiflora, e seus relacionamentos

interespecíficos. Sendo assim, esse capítulo teve como objetivo realizar um estudo

filogenético do subgênero Deidamioides, para comprovar ou não o seu monofiletismo, bem

30

Page 31: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

como verificar a delimitação das possíveis seções e enquadramento das espécies dentro das

mesmas, utilizando-se dados de ITS e trnL-F e comparar este resultados com os dados

morfológicos.

Material e métodos

Amostragem

Foram analisadas 66 espécies, das quais 63 formaram o grupo interno pertencentes

aos subgêneros de Passiflora: sendo do subgênero Deidamioides (11 espécies), Astrophea

(3), Decaloba (31), Passiflora (18), e três corresponderam ao grupo externo, incluindo as

espécies Mitostemma glaziovii Mast. (Passifloraceae), Malesherbia lanceolata Ricardi e M.

weberbaueri Gilg. (Malesherbiaceae, considerada pelo APG II (2003), como pertencente a

Passifloraceae), para a região de ITS. Para a análise do espaçador plastidial trnL-F foram

analisadas 21 espécies: subgênero Deidamioides (6), Decaloba (6), Passiflora (8) e M.

glaziovii como grupo externo (Tabela 02).

O DNA foi extraído de material fresco coletado diretamente do campo e preservado

em sílica-gel ou de material de herbário (com a devida autorização dos herbários de

origem), quando não foi possível coletá-los em campo. Não foi possível obter amostragem

completa de todas as espécies do subgênero Deidamioides para as duas regiões analisadas

devido à dificuldade em amplificar e seqüenciar algumas amostras.

Foram obtidos acessos genômicos para os subgêneros Passiflora, Decaloba e

Astrophea através do GenBank (www.ncbi.nlm.nih.gov – Tabela 02). As espécies do grupo

externo foram utilizadas com o objetivo de forçar um enraizamento das árvores obtidas, e

foram escolhidas por já terem sido referenciadas em trabalhos anteriores como espécies

próximas ao grupo em questão (Muschner et al. 2003; Krosnick & Freudenstein 2005;

Hansen et al. 2006).

Seleção de regiões informativas

Para o desenvolvimento deste trabalho foram testadas várias regiões moleculares a

fim de encontrar aquelas que apresentassem uma maior variação entre as espécies

utilizadas, com o intuito de responder à questão principal. As regiões testadas foram:

espaçador nuclear: ITS, espaçadores de plastídio: trnS-trnG, psbA-trnH, rpoB-trnC, trnD-

T, trnL-F. Dentre estas, as regiões de ITS e trnL-F, se mostraram mais informativas, e

foram selecionadas para o presente trabalho.

31

Page 32: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

Tabela 02 - Lista de espécies de Passiflora e grupo externo usado neste estudo

(classificação proposta por Feuillet & MacDougal (2003)), número de acessos, regiões

sequenciadas e origem dos dados, utilizados na análise de ITS e trnL-F Gênero/

Subgênero

Espécie Coletor + No. Região Origem

Mitostemma

Mitostemma glaziovii

T.S.Nunes 1813

ITS

trnL-F

Espírito Santo:

Linhares

Malesherbia Malesherbia lanceolata AY636103 ITS GENBANK

M. werberberi AY632697 ITS GENBANK

Astrophea Passiflora candida DQ521279 ITS GENBANK

P. citrifolia AY632707 ITS GENBANK

P. haematostigma AY032835 ITS GENBANK

Decaloba P. adenopoda AY632702 ITS GENBANK

P. aurantia DQ521280 ITS GENBANK

P. auriculata DQ284532 ITS GENBANK

P. biflora AY632705 ITS GENBANK

P. cinnabarina AY632706 ITS GENBANK

P. coriacea AF454807 ITS GENBANK

P. cupiformis AY632708 ITS GENBANK

P. filipes AY632709 ITS GENBANK

P. guatemalensis DQ087419 ITS GENBANK

P. henryii AY632710 ITS GENBANK

P. herbertiana AY632711 ITS GENBANK

P. holosericea DQ087417 ITS GENBANK

P. jugorum AY632712 ITS GENBANK

P. lobata AF454808 ITS GENBANK

P. lutea DQ006022 ITS GENBANK

P. membranacea AY632701 ITS GENBANK

P. mexicana AY632713 ITS GENBANK

P. misera T.S.Nunes 1373 trnL-F GENBANK

P. moluccana DQ284536

ITS Bahia: Porto

Seguro

P. monadelpha DQ087418 ITS GENBANK

P. morifolia AY032842 ITS GENBANK

P. multiflora AY632715 ITS GENBANK

P. murucuja AY648559 ITS GENBANK

P. perakensis DQ087422 ITS GENBANK

P. pohlii T.S.Nunes 1724

trnL-F E. Santo: Santa

Tereza

32

Page 33: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

P. rubra AY632716 ITS GENBANK

P. siamica AY632717 ITS GENBANK

P. suberosa AY632718 ITS GENBANK

P. suberosa T.S.Nunes 1825

trnL-F E. Santo: Vargem

Alta

P. talamancensis AF454809 ITS GENBANK

P. tenuiloba AY632719 ITS GENBANK

P. tonkinensis DQ087424 ITS GENBANK

P. wilsonii DQ087425 ITS GENBANK

Passiflora P. alata AF454800 ITS GENBANK

P. alata T.S.Nunes 1797 trnL-F Bahia: Igrapiúna

P. ambigua AF454801 ITS GENBANK

P. ampullacea AY632720 ITS GENBANK

P. caerulea AY032824 ITS GENBANK

P. cincinnata AY102383 ITS GENBANK

P. cincinnata T.S.Nunes 1861

trnL-F Minas Gerais:

Itaobim

P. clathrata J.F.Pastore 2331 trnL-F Goiás: Goiânia

P. edmundoi AY102351 ITS GENBANK

P. edmundoi V.Barreto 238

trnL-F Bahia: Campo

Formoso

P. edulis AF454803 ITS GENBANK

P. foetida DQ499117 ITS GENBANK

P. galbana AY032843 ITS GENBANK

P. galbana A.P.L.Couto 39

trnL-F Bahia: Feira de

Santana

P. luetzelburgii D.Cardoso 866 trnL-F Bahia: Casa Nova

P. menispermifolia AF454795 ITS GENBANK

P. miersii T.S.Nunes 1813A

ITS Espírito Santo:

Linhares

P. montana Glaziou 12741 trnL-F GENBANK

P. mucronata AY210932 ITS GENBANK

P. oerstedii AF454797 ITS GENBANK

P. quadrangularis AY032827 ITS GENBANK

P. recurva AY102349 ITS GENBANK

P. serrato-digitata AY210935 ITS GENBANK

P. setacea R.M.Harley 54513

trnL-F Bahia: Nova

Redenção

P. tetrandra DQ499118 ITS GENBANK

P. vitifolia AF454796 ITS GENBANK

33

Page 34: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

34

Deidamioides P. arbelaezii DQ521278.1 ITS GENBANK

P. cirrhiflora L.A.Escobar 9870

ITS Guiana Francesa:

Cayenne

P. contracta

T.S.Nunes 1789

ITS

trnL-F

Bahia: Ilhéus

P. deidamioides

Marquete 3060

ITS

trnL-F

Minas Gerais:

Lima Duarte

P. discophora

L.B.J 240

ITS

trnL-F

Equador

P. gracillima L.A.Escobar 6845

ITS Colômbia:

Guatupé

P. macdougaliana

S.Knapp 5278

ITS

trnL-F

Panamá:Colón

P. ovalis AY210955 ITS GENBANK

P. ovalis T.S.Nunes 1837

trnL-F Rio da Janeiro:

Parati

P. timboënsis A.M.Amorim 7027

ITS Bahia: Amargosa

P. tryphostemmatoides Asplund 19605

ITS Equador: Napo-

Pastaza

Page 35: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

35

Tabela 03 – Caracteres morfológicos para as seções de Deidamioides sensu Feuillet & MacDougal (2003). Caráter Polyanthea Deidamioides Tetrastylis Mayapathanthus Tryphostemmatoides Tetrapathea

Desenvolvimento do xilema secundário Lenhoso ou herbáceo Herbáceo ou lenhoso Lenhoso Herbáceo ou Lenhoso Herbáceo Lenhoso

Inflorescência Biflora Biflora Racemosa Uni ou biflora Biflora Racemosa

Número de flores por inflorescência 2 2 Várias 1-2 2 (2-)3-4 flores

Divisão foliar 5-7-9-lobadas 3-lobadas Inteiras Inteiras Inteiras Inteiras

Indumento do caule Viloso Glabro Glabro ou viloso Glabro Glabro Glabro

Crescimento Escandente Escandente Ereto Ereto Escandente Ereto

No. de glândula no pecíolo 2 (2-)4-6 2 2 6-8 Ausentes

Divisão da gavinha Ausente Ausente Ausente Ausente Presente Ausente

Presença de discos adesivos na gavinha Ausente Ausente Presente Ausente/Presente Presente Ausente

Formato da bráctea Linear-subulada Linear-lanceolada Linear-lanceolada a triangular Linear-deltóide a triangular Linear-deltóide Bractéola subulada-filiforme

Presença de glândula na bráctea Presente Ausente Ausente Ausente Ausente Ausente

Cor da corola Amarela Branca Branca-esverdeada ou amarronzada Branca Verde a verde-amarelada Amarelo-esverdeada

Glândulas nas Sépalas Ausentes Ausentes Presente Presente Ausentes Ausentes

Glândulas nas Pétalas Ausentes Ausentes Ausentes Ausentes Ausentes Presentes

Hipanto

Curto-campanulado a

infundibuliforme Campanulado Curto-campanulado Curto-campanulado Curto-campanulado Ausente

Cor dos filamentos da corona Amarelo-alaranjada Branca Branca Branca Branca Branca

Filamentos da corona 3 3-5 2 4-10 2 Várias séries

Formato do opérculo Plicado Plicado Inteiro ou plicado Plicado Não plicado Ausente

Número de Estiletes 3 3 4 3 3 2-3

Estames 5 5 5 5 5 4

Fruto

Baga oboval-globosa a

elíptica Baga elíptica Baga elíptica a globosa Baga globosa Baga 6-angulada Baga subglobosa

Cor do fruto maduro Amarelo Amarelo a laranja Amarelos a laranja com manchas alvas Verdes Alaranjado Alaranjado

Fornato das sementes

Ovais a obovais, 5-6

sulcadas

Elípticas a ovais, oblongas,

Reticuladas Reticuladas ou foveoladas Onduladas a reticuladas

Reticuladas Achatadas

Número cromossômico 12 12 12 ---

---- 12

Page 36: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

Extração de DNA

A extração do DNA foi feita seguindo o protocolo de Doyle & Doyle (1987),

com adaptações feitas de acordo com os resultados preliminares obtidos. O DNA total

foi extraído de ca. 20mg de folha desidratada em sílica-gel, com protocolo de CTAB

(cetyltrimetil ammonium bromide), triturado com auxílio de areia lavada ou nitrogênio

líquido. Esta solução foi colocada em banho-maria por 20 minutos com a temperatura

entre 60-70ºC, após esse período, foi acrescentado 800µl de clorofórmio e

homogeneizado em agitador por 240 minutos. Com a ajuda da pipeta foi retirado o

sobrenadante, transportado para outro tubo e adicionado isopropanol (2-propanol),

deixado no freezer por 24 horas. Em seguida foi centrifugado e sobrenadante foi

descartado, o pellet formado foi lavado com etanol a 70% por 2 ou 3 vezes até que o

DNA ficasse claro a olho nu. Acrescentado o tampão TE (Tris-HCl 10 mM, pH8,0;

EDTA 1 mM), o DNA ficou ressuspendendo por até uma semana, em temperatura

ambiente.

Amplificação, seqüenciamento e alinhamento

A amplificação do DNA total foi realizada através do protocolo específico para

cada primer, através da Reação em Cadeia da Polimerase (PCR).

ITS: incluindo ITS-1, 5.8S e ITS 2, foram utilizados os primers 75 (5’ TAT

GCT TAA ACT CAG CGG G 3’) e 92 (5’ AAG GTT TCC GTA GGT GAA C 3’)

(Desfeaux et al. 1996), foi amplificado com um volume final de 50µl, contendo 5µl de

tampão (500 mM KCL, 100 mM, Tris-HCl pH8,4, 1% Triton X-100 – Phoneutria

Biotec. Ser. Ltda.) (10x); 2,0µl de MgCl, 1,0µl de dNTPs, 0,5µl de cada primer, 1,0µl

de BSA (albumina bovina sérica), 0,25µl de Taq DNA polimerase (Phoneutria Biotec.

Ser. Ltda) e 1,5µl de DNA genômico, 10µl de Betaína e 1,5µl de DMSO (dimethyl

sulfoxide), sendo adicionado H20 (água ultra-pura) para completar o volume final. O

programa de amplificação utilizado foi: pré-aquecimento de 94ºC por 3min,

denaturação de 94ºC por 45 seg, 40 ciclos de 52ºC por 1,5 min (anelamento) e 72ºC por

1,30 min (extensão) e extensão final de 72ºC por 10min.

trnL-F: foi amplificado com o auxílio dos primers C (5’CGA AAT CGG TAG

ACG CTA CG 3”) e F (5’ GGG GAT AGA GGG ACT TGA AC 3’) (Taberlet et al.

1991), com um volume final de 50µl, contendo 5,0µl de tampão 10x; 3,0µl de MgCl,

1,0µl de dNTPs, 0,5µl de cada primer, 0,5µl de BSA, 0,25µl de Taq DNA polimerase e

2µl de DNA genômico, sendo o mix completado com H20 para completar o volume

36

Page 37: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

final. O PCR foi realizado seguindo o seguinte protocolo: pré-aquecimento de 94ºC por

3min, denaturação de 94ºC por 1min, 35 ciclos de 55ºC por 1min (anelamento) e 72ºC

por 1 min (extensão) e extensão final de 72ºC por 7min.

O produto do PCR foi amplificado com o auxílio do termociclador Perkin Elmer

geneAmp 9700, disponível no Laboratório de Sistemática Molecular da Universidade

Estadual de Feira de Santana. A purificação foi feita com reação enzimática, com as

enzimas Exonuclease I (EXO) e Shrimp Alkaline Phosphatase (SAP) da USB

(Cleveland, Ohio, USA). Foi testado ainda, o método de purificação com PEG

(Purificação por precipitação com polietileno glicol), porém, os resultados não foram

significativos em relação ao uso de enzimas.

Após a purificação, o material foi devidamente quantificado em gel de agarose a

1%, seu peso molecular foi inferido com a utilização de um marcador conhecido (Low

DNA Mass Ladder – Invitrogen Coporation) e enviado para sequenciamento. Esta etapa

foi executada através de serviços terceirizado no Laboratório Macrogen Inc., Seul na

Coréia do Sul.

Os eletroferogramas obtidos foram analisados e editados através do Software

STADEN PACKAGE (Staden et al. 2003). O alinhamento foi feito inicialmente através

do programa Clustal W (Thompson et al. 2001), através de um alinhamento usando uma

comparação par a par entre as amostras. Posteriormente, com o auxílio do Muscle 3.7

(Edgar 2004) foi feito um novo alinhamento sobre os resultados obtidos com o Clustal

W. Este método também compara as seqüências par a par, mas de uma maneira muito

mais rápida, porque é baseado na contagem de pequenas subseqüências que as amostras

têm em comum, sendo o alinhamento feito a partir destas subsequências. Com o

resultado obtido, uma correção manual foi necessária e realizada através do BIOEDIT

(Hall 1999). Os indels foram considerados como dados faltantes. Foram descartados o

início e o final de cada matriz a fim de excluir seqüências próximas da região dos

iniciadores. Cada análise foi realizada individualmente por espaçador, e devido a

diversos problemas técnicos na aquisição das sequências, não foi possível sequênciar

para todas as espécies amostradas com ITS para trnL-F. Sendo assim, uma análise

combinada dos dados não foi realizada, devido ao baixo número amostral. As

seqüências obtidas serão depositadas no GenBank.

37

Page 38: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

Análise filogenética

A partir das seqüências obtidas foram realizadas diversas análises, visando obter

a melhor topologia representativa do subgênero em estudo, utilizando-se os programas

PAUP 4.0b10 (Swofford 2008), MrBayes 3.1.1 (Ronquist & Huelsenbeck 2003) e

MrModeltest (Posada & Crandall 1998).

Análise de máxima parcimônia: nesta análise foi utilizado o método da

Máxima Parcimônia de Fitch (caracteres igualmente pesados e não ordenados – Fitch

1971). Foi realizada uma busca heurística com 1.000 replicações, e adição aleatória dos

táxons, no intuito de evitar buscas extensivas em ilhas sub-ótimas, foram retidas 100

árvores por replicação, através do algoritmo de TBR (Tree Branch Random), para que

todas as possíveis topologias fossem analisadas. Foi estabelecido um limite inicial de

10.000 árvores.

Teste de confiança: para avaliar a significância das árvores e testar seu

monofiletismo, além de apresentar os valores de sustentação dos grupos, foi utilizado o

método do bootstrap (BS) (Efron & Tibshirani 1993), que consiste em uma simples

reamostragem com reposição pseudoaleatória dos dados. Foram utilizadas 1.000

replicações, adição simples, algoritmo TBR, com um número limite máximo de árvores

retidas de 20 por replicação.

Modelos Evolutivos: Nesta análise, foi utilizado o modelo GTR+gamma,

escolhido para substituição nucleotídica, (modelo este já utilizado em outro trabalho

com Passiflora: Hansen et al. 2006) para as duas regiões consideradas, solucionado

através do software MrModeltest 3.7.

Análise Bayesiana (AB): para esta análise foi utilizado o software MrBayes 3.1,

visando avaliar estatisticamente o monofiletismo do grupo. As Cadeias de Marcov de

Monte Carlo (MCMC) foram rodadas em 1.500.000 gerações, com freqüência da

amostra retida a intervalos de 100 gerações, foram descartadas 5% das árvores iniciais

encontradas (7.500 árvores). As topologias restantes foram utilizadas para se obter a

árvore com probabilidade posterior dos clados através do consenso de maioria,

utilizando-se para isso, o software PAUP.

Os níveis de homoplasia foram estimados pelos cálculos dos índices de

consistência, índice de homoplasia e índice de retenção no PAUP.

Com as topologias obtidas na análise de máxima parcimônia, foi construída uma

árvore de consenso estrito, visando apresentar uma melhor topologia para as espécies

amostradas. As árvores obtidas foram analisadas com o auxílio do software

38

Page 39: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

TreeView1.6.1 (Page 2000), e editadas com o auxilio do TreeGraph (Müller & Müller

2005).

Resultados

Análise com o espaçador nuclear ITS

Com os resultados obtidos através do seqüenciamento da região de ITS, foi

elaborada uma matriz com o comprimento final após alinhamento de 866 pares de bases

(pb), sendo que: P. murucuja L. (737pb) apresentou o maior comprimento absoluto e P.

quadrangularis L. (259 pb) apresentou o menor comprimento absoluto. Do total obtido,

145 caracteres foram constantes, 124 foram não informativos para parcimônia e 597

foram informativos para parcimônia.

Na análise de máxima parcimônia (MP) foram obtidas 9 árvores mais

parcimoniosas, com 2.684 passos, índice de consistência (CI) de 0.4966, índice de

consistência com caracteres não informativos de 0.4647, índice de retenção (RI) de

0.7228, índice de homoplasia com caracteres não informativos de 0.5353 e índice de

consistência re-escalonada (RC) de 0.3590 (fig. 1).

Os resultados obtidos na análise bayesiana (AB) são apresentados na figura 2.

Foram retidas 15.000 árvores, e as topologias resultantes foram semelhantes àquelas

obtidas na máxima parcimônia.

Análise com o espaçador plastidial trnL-F.

Com o resultado do seqüenciamento da região plastidial trnL-F, foi construída

uma matriz com 959 pb, sendo que P. deidamioides (857 pb) apresentou o maior

comprimento absoluto e P. galbana (713 pb) apresentou o menor comprimento

absoluto. Do total obtido, 722 caracteres foram constantes e 73 foram informativos para

parcimônia. A análise de máxima parcimônia produziu 360 árvores, com 308 passos,

índice de consistência de 0.8669, índice de consistência com caracteres não

informativos de 0.6870, índice de retenção de 0.7908, e índice de consistência re-

escalonada de 0.6855 (fig. 3). Os valores obtidos foram inferidos em uma das árvores

mais parcimoniosa e são apresentados nas figuras 3 e 4.

Discussão

As análises filogenéticas com os dados de ITS e trnL-F não apontam para o

monofiletismo do subgênero Deidamioides, bem como, o reconhecimento dos

39

Page 40: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

subgêneros propostos por Feuillet & MacDougal (2003), para Passiflora (figs. 1-4).

Toda discussão abaixo apresentada, configura uma interpretação cautelosa dos

resultados obtidos, visando explicar os relacionamentos filogenéticos das espécies

estudadas. Ressalta-se aqui, que estes clados não foram reconhecidos como nenhuma

unidade taxonômica, devido à baixa amostragem do material examinado, bem como,

pela possível existência de cópias parálogas, principalmente nas análises com ITS.

Visando um melhor entendimento dos resultados obtidos, as topologias

resultantes foram subdivididas em dois grupos: representados por letras para os

subgêneros que não eram foco desse estudo e com números para as espécies do

sugênero Deidamioides.

Clado A (98% BS na análise com ITS, 100% BS na análise com trnL-F ); Clado

B (94% BS na análise com ITS, 84% BS na análise com trnL-F); Clado C (80% BS na

análise com ITS, não representado na análise com trnL-F); Clado D (90% BS na análise

com ITS, não representado na análise com trnL-F); Clado E (100% BS na análise com

ITS, não representado na análise com trnL-F). Nestes clados estão inclusos algumas

espécies que segundo Feuillet & MacDougal (2003) pertenceriam aos subgêneros

Passiflora (Clado B), Decaloba (Clados A e D) e Astrophea (Clado C). (fig 1).

As espécies analisadas do subgênero Deidamioides, que aparece como

polifilético, formando agrupamentos completamente distintos, são apresentados da

seguinte maneira: Clado 1: incluindo P. deidamioides, P. contracta e P. obovata (BS

99% para ITS, 90% para trnL-F); Clado 2: contendo P. discophora e P. arbelaezii

(100% BS para ITS, e apenas P. discophora para trnL-F); Clado 3: com P. gracillima e

P. tryphostemmatoides (100% BS, não representado na análise com trnL-F); Clado 4:

incluindo apenas P. cirrhiflora, apenas para ITS; Clado 5: contendo P. timboënsis e P.

ovalis (BS 100% para ITS) (fig. 1).

A seguir apresenta-se a caracterização destes clados, dentro da delimitação

taxonômica atual e seu posicionamento histórico.

Outros Subgêneros de Passiflora

Clado A: Este clado inclui a maioria das espécies do subgênero Decaloba

(sensu Feuillet & MacDougal 2003), incluindo 29 espécies, correspondendo a seis das

oito seções propostas pelos mesmos autores, apresenta 98% (BS) e 0.84 (pp) como

valores de sustentação (figs. 1 e 2). Para o reconhecimento de Decaloba como

monofilético, seria necessária a inclusão de P. macdougaliana Knapp & Mallet

40

Page 41: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

(subgênero Deidamioides), e a exclusão de P. membranacea e P. guatemalensis (Clado

D), que aparecem distintas da delimitação principal deste clado. O clado A apresenta-se

como grupo irmão dos clados B, C, D, 1 e 2 com 88% (BS).

Passiflora macdougaliana, descrita por Knapp & Mallet (1984), com base em

material coletado no Panamá, classificada atualmente como pertencente ao subgênero

Deidamioides, já apresentou desde a sua publicação, problemas em relação ao seu

posicionamento. Na descrição original os autores fizeram referências à presença de

glândulas nas sépalas, e do opérculo plicado o que a assemelha às espécies P. variolata

Poepp. & Endl. e P. ernestii Harms (subgênero Decaloba sensu Feuillet & MacDougal

2003). A presença de uma flor em cada nó axilar e muitas séries de filamentos da

corona, a agruparia com algumas espécies do subgênero Passiflora (P. cincinnata

Mast., P. caerulea L., P. edulis Sims, P. vitifolia Kunth, etc.). Os autores também

fizeram um comentário sobre sua possível afinidade com P. obovata Killip (subgênero

Deidamioides seção Mayapathanthus sensu Feuillet & MacDougal 2003), com base na

morfologia foliar, presença de botões carnosos, crescimento ereto e glândula peciolar

em forma de cicatriz. P. macdougaliana difere desta por não apresentar flores pareadas

na axila foliar e a presença de muitas séries de filamentos da corona.

Ulmer & MacDougal (2004) consideraram esta espécie como pertencente à

seção Mayapathanthus, juntamente com P. obovata, com base nas estípulas diminutas,

duas glândulas no pecíolo, folhas inteiras, pedicelo 3-bracteado, brácteas menores que

1,5 mm compr., corona 3-10 séries de filamentos, opérculo plicado, sementes grandes,

irregulares, 5-7-sulcadas. Porém, salientaram a semelhança com outras espécies dos

subgêneros Decaloba e Passiflora, principalmente pelas glândulas na base das pétalas e

pelo número de filamentos da corona. Nenhum estudo filogenético anterior com dados

moleculares ou morfológicos tinha sido realizado com esta espécie, no intuito de

posicioná-la em um dos subgêneros reconhecidos.

Os resultados obtidos com ITS e trnLC-F (figuras 1-4) mostram que P.

macdougaliana está inserida no clado A com 80% (BS) e 0.84 (pp) para ITS, e 100%

(BS) para trnL-F (1.00 pp), agrupando-se com P. auriculata (100% BS, 1.00 pp), e com

P. monadelpha (81% BS, 0.92 pp). O relacionamento entre P. macdougaliana e P.

monadelpha, P. holosericea e P. multiflora, foi explicado por Knapp & Mallet (1984),

com base na presença de glândulas nas sépalas e de um opérculo plicado. Sendo assim,

P. macdougaliana com o reforço dos caracteres morfológicos acima citados, pode ser

inserida no subgênero Decaloba sensu Feuillet & MacDougal (2003).

41

Page 42: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

Clado B: O monofiletismo deste clado, cujas espécies analisadas correspondem

ao subgênero Passiflora, já foi demonstrado por outros autores em estudos filogenéticos

anteriores (Sánchez et al. 1999; Muschner et al. 2003; Yockteng et al. 2004b, Krosnick

& Freudenstein 2005, Krosnick et al. 2006; Hansen et al. 2006; Zamberlan 2007) e foi

confirmado pelos dados de ITS e trnL-F, conforme ilustrado nas figuras 1-4. Este clado

apresenta 94% (BS) na análise com MP. Porém, na análise com Bayesiana este clado se

apresentou em uma politomia, com 1.00 (pp), agrupando-se com os clados A, C, D, 1 e

2 (88% BS). Na análise com trnL-F apresentou 84% (BS) e 1.00 (pp) tendo como grupo

irmão o clado A (Decaloba) e algumas espécies do subgênero Deidamioides (Clado 1),

porém com fraca sustentação.

Clado C: este clado que inclui P. candida (Poepp. & Endl.) Mast., P. citrifolia

(Juss.) Mast. e P. haematostigma Mart. ex Mast., correspondentes ao subgênero

Astrophea. Na análise com dados de ITS mostrou-se moderadamente sustentado com

80% (BS), e 1.00 (pp), resultado compatível com os obtidos em estudos anteriores

(Muschner et al. 2003, Hansen et al. 2006). Este clado apresenta um relacionamento

próximo com P. discophora, P. arbelaezii e P. tetrandra, pertencentes ao subgênero

Deidamioides (Feuillet & MacDougal 2003), apesar de fracamente sustentadas com

56% (BS), 0.98 (pp) na análise com ITS (figs. 1-4). Na análise com trnL-F estas

espécies não foram amostradas.

O agrupamento destas espécies com o Clado 2, reforçam o polifiletismo de

Deidamioides, porém ressalta-se que pode também ser resultado da existência de

possíveis cópias parálogas, ou da baixa amostragem utilizada.

Passiflora tetrandra Banks & Sol. ex DC.

Um comentário adicional se faz necessário com relação à espécie P. tetrandra,

que aparece na figura 1 como pertencente a um grupo incluindo o Clado B (subgênero

Passiflora) e o clado 1 (P. obovata, P. deidamioides e P. contracta) com valor de

sustentação <50% (BS). Porém, na figura 2 esta espécie está agrupada com o Clado C

(P. candida, P. citrifolia e P. haematostigma) e o clado 2 (P. discophora e P.

arbelaezii), com 0.98 (pp).

Conforme descrito no histórico do subgênero, esta espécie já foi colocada em

diversas categorias taxonômicas, desde gênero a seção, por diversos autores, porém

sempre com base nos mesmos caracteres morfológicos.

42

Page 43: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

Morfologicamente esta espécie é uma trepadeira arbustiva, sem glândulas

peciolares, lâmina foliar inteira, ovada a lanceolada ou elíptica, coriácea, 5-8 nervuras

secundárias, pedúnculo com 3-flores, hipanto muito curto-campanulado, corona em

várias séries de filamentos, flores diclinas, (2-)3-4 flores, flores masculinas com 4

estames e com um ovário abortado, flores femininas com filamentos estaminoidais

(Green 1972). Estes caracteres juntamente com o posicionamento da espécie na análise

com ITS, a priori podem justificar sua separação em um único grupo, dentro do gênero

Passiflora.

Clado D: Este clado agrupa P. membranacea e P. guatemalensis, com 90% (BS)

e 1.00 (pp) (figs. 1-2). Estas espécies na classificação de Feuillet & MacDougal (2003),

foram incluídas no subgênero Decaloba, aqui representado pelo clado A.

P. membranacea é uma espécie nativa das florestas frias nas montanhas do

México e do Panamá em altitudes de 1.200-3.350 m s.n.m., apresenta flores pêndulas

em forma de campânula, com ca. 5 cm de diâmetro, amarelas a pálido-esverdeadas,

nascendo sobre um longo e delgado pedúnculo, apresentam 2 (raramente 3) brácteas

avermelhadas, um longo androginóforo (um caráter que corrobora com a exclusão desta

espécie do subgênero Decaloba), sendo polinizada por beija-flor. É muito cultivada na

costa da Califórnia por causa da sua forte tolerância a climas frios (Ulmer &

MacDougal 2004).

P. guatemalensis descrita em 1887, caracteriza-se por apresentar estípulas

reniformes, folhas 3-lobadas no ápice, pecíolo sem glândulas, pedúnculos solitários ou

em pares, brácteas 3 (raramente 2), flores brancas, 4-5 cm diâm., filamentos em 2-3

séries, amarelos (Ulmer & MacDougal 2004). Killip (1938) sinonimizou esta espécie

em P. hahnii Mast., porém elas diferem com base no formato da estípula, presença de

um pedúnculo curto e ausência de nectários na base da lâmina foliar. Na classificação

proposta por Feuillet & MacDougal (2003), esta espécie foi inserida no subgênero

Decaloba superseção Hahniopathanthus, baseada na subseção Hahniopathanthus

descrita por Harms (1925), devido aos seguintes caracteres: folhas ovaladas, coriáceas,

com 3 lobos inconspícuos no ápice, flores individuais ou pareadas, duas brácteas

involucrais, bastante reduzidas.

P. membranacea foi utilizada no tratamento filogenético de Krosnick &

Freudenstein (2005) com dados combinados de trnL-F e ITS e aparece inclusa no

subgênero Decaloba (78% Jackknife). Porém, no trabalho realizado pelos mesmos

43

Page 44: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

autores com os mesmos marcadores em 2006, P. membranacea e P. guatemalensis

estão agrupadas entre si com 100% (Jackknife), ocupando uma posição mais basal em

relação às demais espécies do subgênero Decaloba.

Hansen et al. (2006), com base em trnL-T, reconheceram P. guatemalensis como

pertencente ao subgênero Decaloba (69% BS, 0.95 pp), em uma posição mais basal em

relação às demais. Também se diferencia das outras espécies do subgênero por

apresentar número cromossômico n=11 ou 12 (n=6 em Decaloba).

Krosnick et al. (2006) já indicavam uma possível separação desta seção das

outras espécies do subgênero Decaloba com base na morfologia floral e isto é aqui

corroborado pelos dados obtidos com ITS e trnL-F.

Clado E: As espécies deste clado (Malesherbia lanceolata e M. werberbaueri,

tratadadas aqui como possíveis espécies do grupo externo), aparecem como

pertencentes ao gênero Passiflora, com 100% (BS) e 1.00 (pp), agrupando-as com as

espécies dos clados A, B, C e D, 1 e 2. Na análise bayesiana estas espécies agrupam-se

com as espécies do clado A (subgênero Decaloba) e do clado 3 (P. gracillima e P.

tryphostemmatoides) com 0.97 (pp). Este resultado apesar de corroborar com a inclusão

de Malesherbiaceae na delimitação de Passifloraceae sensu lato proposta por APG II

(2003) pode ser resultado da obtenção de cópias parálogas, muito comum na utilização

de gene nuclear ITS (Alvarez & Wendel 2003; Wieringa & Gervais 2003; Bayley et al.

2003; Small et al. 2004; Ree 2005; Carlsward 2006). Uma possível explicação para a

comprovação da existência destas cópias genéticas pode ser demonstrada graficamente

quando espécies tradicionalmente monofiléticas em outros estudos filogenéticos,

aparecem em clados distantes, ou espécies distintas aparecem agrupadas.

Subgênero Deidamioides

De acordo com os dados oriundos do presente trabalho, baseados nos

espaçadores ITS e trnL-F, Passiflora subgênero Deidamioides é polifilético. Esses

dados foram também corroborados por dados macromorfológicos (caracterização foliar,

tipo de inflorescência e presença de gavinhas nos pedúnculos) e palinológicos (capítulo

4).

Os dados do espaçador com trnL-F, apresentaram amostragem insuficiente para

esclarecer o relacionamento filogenético do subgênero Deidamioides, sendo utilizadas

44

Page 45: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

apenas 5 das 13 espécies reconhecidas. Os dados obtidos com ITS foram mais

significativos, porém, estes resultados podem ter sido influenciados pela presença de

cópias parálogas, o que pode justificar a separação das espécies P. contracta e P. ovalis,

que morfologicamente são semelhantes e apresentam caracteres únicos para o subgênero

Deidamioides seção Tetrastylis (capítulo 5), como presença de uma inflorescência

racemosa, de quatro estiletes e dos discos adesivos na extremidade das gavinhas (Tabela

3), estas espécies são o foco dos estudos biossistemáticos apresentados nos capítulos 2 e

3.

Clado 1: formado por P. deidamioides, P. contracta e P. obovata

(correspondentes às Seções Deidamioides, Tetrastylis e Mayapathanthus,

respectivamente), apresentou altos valores de sustentação (99% BS, 1.00 pp). Este clado

é o mais incongruente morfologicamente.

Passiflora deidamioides foi descrita por Harms (1923), é uma espécie endêmica

do Brasil, encontrada nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, em

áreas de mata atlântica, em altitudes variando entre 890-1.324 m s.n.m. Foi posicionada

na seção Decaloba subseção Deidamioides por Harms (1925), baseado nas folhas 3-

lobadas, brácteas minúsculas, flores isoladas ou pareadas sobre uma gavinha decorrente.

P. contracta descrita por Vitta & Bernacci (2004), foi inserida na seção

Tetrastylis por apresentar folhas inteiras (nunca lobadas); inflorescência racemosa,

flores polinizadas por morcegos, zigomorfas, estilete 4 e ovário com 4 carpelos.

Cervi (2005) sinonimizou esta espécie em P. ovalis, alegando que os caracteres

como tamanho do eixo floral e do pedúnculo, seriam insuficientes para a separação

destas duas espécies. Nunes et al. (capítulos 2 e 3) realizaram estudos de morfometria e

variabilidade genética com estas espécies, e verificaram que correspondem a dois táxons

distintos, sendo P. contracta restabelecida.

P. obovata foi descrita por Killip (1936), como pertencente ao subgênero

Plectostemma. Feuillet & MacDougal (2003) transferiram esta espécie para o subgênero

Deidamioides seção Mayapathanthus, juntamente com P. macdougaliana (espécie

agrupada com o clado A).

Na análise com trnL-F, este clado agrupa as espécies P. ovalis, P. contracta e P.

deidamioides com 90% (BS) e 1.00 (pp). P. ovalis na análise com ITS agrupou com P.

timboënsis (Clado 5), também pertencentes ao subgênero Deidamioides seção

Tetrastylis (100% BS e 0.90 pp) (figs. 1 e 2). A união entre P. ovalis e P. contracta é

facilmente explicada, pois estas espécies apresentam todos os caracteres descritos para a

45

Page 46: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

seção Tetrastylis.

Uma análise minuciosa entre estas quatro espécies foi realizada no sentido de

tentar encontrar caracteres morfológicos que possam explicar este relacionamento. Uma

série de caracteres pode ser utilizada para aproximar P. obovata de P. deidamioides

como: hábito trepador herbáceo, presença de estípulas linear-lanceoladas, inflorescência

biflora, pedúnculo terminando em uma gavinha e opérculo plicado. P. contracta

diferentemente das outras, apresenta hábito trepador lenhoso, presença de estípulas

lanceoladas, gavinhas com discos adesivos na extremidade, inflorescência racemosa,

opérculo ereto. Estes caracteres aproximam P. contracta (Clado 1) de P. timboënsis e P.

ovalis (Clado 5). Uma possível explicação para este agrupamento tão discrepante pode

ser a presença de cópias parálogas, como explicado anteriormente, comum na utilização

de ITS, ou pela presença de caracteres homoplásticos. Sendo assim, morfologicamente

este clado não se justifica, e estudos posteriores são necessários incluindo outras regiões

moleculares, no intuito de elucidar o posicionamento destes táxons.

Clado 2: formado por P. discophora e P. arbelaezii (seção Tryphostemmatoides

sensu Feuillet & MacDougal 2003), é fortemente sustentado (100% BS, 1.00 pp). Este

clado aparece como grupo irmão do clado C, com baixo valor de sustentação (<50% BS

e 0.99 pp).

Feuillet & MacDougal (2003) posicionaram estas espécies no subgênero

Deidamioides seção Tryphostemmatoides, juntamente com mais três outras espécies P.

gracillima, P. tryphostemmatoides (Clado 3) e P. pacifica (não utilizada nesta análise).

Os resultados obtidos separaram as espécies da seção Tryphostemmatoides em dois

grupos (Clados 2 e 4).

Passiflora discophora foi descrita por Jørgensen et al. (1987) como pertencente

ao subgênero Plectostemma seção Discophora, encontrada no Equador, em áreas de

mata e cultivada na Dinamarca, em altitudes de 200-1.115 m s.n.m., caracteriza-se pelo

formato da lâmina foliar, androginóforo curvo, sementes sulcadas e corona com 3 séries

de filamentos, opérculo plicado. Quando estéril pode ser confundida com P.

tryphostemmatoides uma espécie endêmica do Equador, e também pertencente à seção

Tryphostemmatoides, devido à presença de discos adesivos, nascidos sobre uma gavinha

trífida (Dodson & Gentry 1978).

Feuillet & MacDougal (2003) não reconhecem a seção Discophora e posiciona

P. discophora no subgênero Deidamioides seção Tryphostemmatoides, com base nos

seguintes caracteres: trepadeiras escandentes, caule delgado, gavinhas herbáceas;

46

Page 47: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

pecíolo 6-8 glândulas; pedúnculos 2-flores, terminando em uma gavinha; cálice

campanulado; opérculo não plicado; estiletes unidos na base, projetando do centro para

o topo do ovário; frutos 6-angulados; sementes reticuladas.

P. arbelaezii foi descrita por Uribe (1957), como pertencente à seção

Tryphostemmatoides, é encontrada na Colômbia, Costa Rica e Nicarágua, em altitudes

variando de 0-2.450 m s.n.m., em área de floresta pluvial, mata primária, bosque

nublado primário e zona pantanosa. Apesar de o autor reconhecer a publicação de Killip

(1938), que considera esta seção, como subgênero Tryphostemmatoides, ele a tratou

como seção Tryphostemmatoides. Feuillet & MacDougal (2003), consideraram como

subgênero Deidamioides seção Tryphostemmatoides, incluindo cinco espécies.

Morfologicamente estas espécies apresentam como caracteres comuns a

presença de discos adesivos nas gavinhas divisas, inflorescência uni ou biflora, presença

de glândulas na bráctea. Porém, estes caracteres também aproximam estas espécies

daquelas encontradas no Clado 4 (P. tryphostemmatoides e P. gracillima). Casos estes

resultados sejam confirmados com uma amostragem maior, pode ser necessário o

reestabelecimento da seção Discophora descrita por Jørgensen et al. (1987), com a

inclusão de P.arbelaezii na seção, e delimitada pelos caracteres acima citados.

Clado 3: agrupou P. tryphostemmatoides e P. gracillima, com 100% (BS) e

1.00 (pp). Na classificação proposta por Killip (1938), estas duas espécies também

correspondem ao subgênero Tryphostemmatoides. P. gracillima foi descrita por Killip

(1924), como uma espécie próxima a P. tryphostemmatoides. P. gracillima é encontrada

na Colômbia e Costa Rica em altitude de 0-3.200 m s.n.m., apresenta lâmina 1,1-6 x

1,5-4,5 cm, ovadas, ca. 2x mais longa do que larga., flores ca. 3,5 cm diâm. e corona

com 1-2 séries de filamentos.

Passiflora tryphostemmatoides foi descrita por Harms (1894), também como

subgênero Tryphostemmatoides, encontrada na Colômbia e Equador, em áreas de matas

com altitude variando entre 1.500-2.700 m s.n.m., apresenta lâmina foliar 1-4 x 1,2-3,5

cm, transversalmente ovada ou elíptica, ca. 2x mais larga do que longa, flores com 2,0

cm diâm., corona com uma série de filamentos.

Estas espécies agrupam-se também com base nas gavinhas divisas, sem discos

adesivos, glândulas peciolares 2-6, 4-8 nervuras secundárias, inflorescência biflora com

pedúnculo terminando em uma gavinha. Zamberlan (2007) sugeriu o possível

restabelecimento do subgênero Tryphostemmatoides, e estes resultados podem

corroborar com esta proposta.

47

Page 48: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

Clado 4: formado unicamente pela espécie P. cirrhiflora, foi inserida na seção

Polyanthea é encontrada na Guiana Francesa, Suriname e nas Guianas.

Historicamente esta espécie apresenta um posicionamento incerto dentro do

gênero Passiflora. Masters (1871-1872) transferiu a subseção Polyanthea para a seção

Decaloba série Polyanthea, com a seguinte observação: “Espécie fortemente dúbia, para

mim quase incógnita. Sem gênero definido. Hábito e fruto parecidos com Modecca”.

Harms (1925) colocou a espécie na seção Decaloba subseção Cirrhiflora, com

base na presença de duas flores numa inflorescência dicasial, com uma gavinha central e

brácteas pequenas, juntamente com P. jenmani, das Guianas, deixando na série

Polyanthea as espécies P. holosericea, P. sexflora, P. sodiroi e P. multiflora.

Killip (1938) comentou sobre o posicionamento incerto desta espécie

considerando a presença de um opérculo plicado, de estigmas muito mais largos do que

em qualquer outra espécie do subgênero Passiflora, e a posicionou como pertencente ao

subgênero Polyanthea. Esta espécie seria afim do subgênero Plectostemma (atual

subgênero Decaloba) e a presença de um ovário truncado, com os estiletes projetando-

se do ângulo do topo e uma corona verrucosa indicaria um relacionamento próximo com

o subgênero Astrophea.

A seção Polyanthea, composta por uma única espécie P. cirrhiflora, caracteriza-

se por apresentar folhas 5-9-lobadas com uma projeção na base dos folíolos, formando

um corno filiforme (fig. 20 capítulo 5).

Com base nos resultados obtidos com os dados de ITS (espécie não amostrada

para trnL-F), observa-se que P. cirrhiflora é muito divergente em relação às demais

consideradas para o subgênero Deidamioides e este resultado também foi obtido em

outros estudos filogenéticos (Yockteng & Nadot 2004b; Hansen et al. 2006; Zamberlan

2007). Este clado, que se apresenta tão distante dos demais do subgênero também é

reforçado pelos caracteres morfológicos acima citados. Estes resultados se confirmados

em uma amostragem maior, podem levar ao reestabelecimento do subgênero

Polyanthea com apenas esta espécie: P. cirrhiflora, com base nos caracteres

considerados por Killip (1938).

Clado 5: agrupou as espécies P. timboënsis e P. ovalis, com 100% (BS) e 0.90

(pp). Estas espécies são facilmente reconhecidas como um grupo por apresentarem

discos adesivos nas gavinhas inteiras, inflorescência racemosa, flores com 4 estigmas,

ovário com 4 carpelos, caracteres estes compartilhados por P. contracta (encontrada no

Clado 3).

48

Page 49: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

P. ovalis foi descrita por Vellozo (1827), uma espécie endêmica do Brasil,

encontrada nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, em áreas de mata atlântica em

floresta pluvial. Foi classificada inicialmente como gênero monoespecífico Tetrastylis.

P. timboënsis sp. nov. ined. (Nunes & Queiroz in prep.), é uma espécie

endêmica da Bahia, encontrada no Município de Amargosa, em área de floresta

ombrófila submontana, numa altitude de ca. 900 m s.n.m. Foi classificada como

pertencente ao subgênero Deidamioides seção Tetrastylis sensu Feuillet & MacDougal

(2003).

Um fato interessante ocorrido neste estudo foi a separação de P. ovalis de P.

contracta. Estas duas espécies brasileiras foram consideradas como um único táxon por

Cervi (2005), alegando que os caracteres morfológicos utilizados pelos autores para

separarem os mesmos, eram insuficientes. Resultados apresentados nos capítulos 2 e 3,

mostraram que são duas espécies distintas P. ovalis encontrada no Rio de Janeiro e São

Paulo, e P. contracta encontrada de Pernambuco ao Espírito Santo, em áreas de mata

atlântica (figuras 21 e 31).

Estas espécies juntamente com P. timböensis e P. igrapiunenss formam um

grupo a parte, com base nos caracteres inflorescência racemosa e a presença de 4

estiletes, e podem vir a serem considerados como um subgênero distinto, sendo criado o

subgênero Tetrastylis.

Considerações

Embora não tenha sido possível a inclusão de todas as espécies do subgênero

Deidamioides nestas análises, os dados obtidos para ITS correspondem a uma

amostragem considerada satisfatória para este tipo de estudo. Porém, a amostragem para

trnL-F foi considerada insuficiente para uma tomada de decisões definitivas. Com base

nos resultados obtidos, verifica-se que o relacionamento entre as espécies ainda não

ficou claramente resolvido, sendo necessária a utilização de outras regiões moleculares,

principalmente de genes plastidiais, no sentido de um melhor esclarecimento tanto das

relações subgenéricas como específicas, assim como a utilização de uma análise

comparativa com dados anatômicos, número cromossômico, biogeográficos e outros

dados moleculares, associados aos estudos aqui realizados.

A partir dos resultados obtidos, pode-se com certeza afirmar que o subgênero

Deidamioides sensu Feuillet & MacDougal (2003) não é monofilético, e que suas

seções não devem ser reconhecidas, corroborando com os resultados obtidos em

49

Page 50: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

análises anteriores, bem como, com a proposta de Killip (1938), com o reconhecimento

de 22 subgêneros e não apenas quatro para o gênero Passiflora. Porém é necessário que

uma complementação na análise molecular seja feita no sentido de esclarecer o seu

posicionamento filogenético com as demais espécies do gênero, possibilitando assim

um direcionamento através de uma publicação da situação taxonômica do subgênero.

Analisando os resultados obtidos com os outros subgêneros de Passiflora pode-

se fazer as seguintes colocações: o subgênero Decaloba pode ser considerado como

monofilético com a inclusão de P. macdougaliana e a exclusão de P. membranacea e P.

guatemalensis. O subgênero Passiflora aparece claramente resolvido com um alto valor

de sustentação, corroborando todos os outros estudos filogenéticos já publicados para o

gênero. Astrophea, apesar da baixa amostragem, também aparece fortemente sustentado

como monofilético, apresentando como grupo irmão algumas espécies do subgênero

Deidamioides e P. tetrandra.

Passiflora tetrandra apresenta fortes indícios de que realmente pertence ao

gênero Passiflora, apesar da sua distribuição disjunta das demais (única espécie

encontrada na Nova Zelândia), e que uma delimitação em outro gênero não é

justificável filogeneticamente, apesar de morfologicamente ter caracteres bem

divergentes. Com base nestes resultados pode-se sugerir a inclusão desta espécie dentro

do subgênero Passiflora, apesar de para uma posição definitiva, se faz necessária uma

amostragem maior. Porém, não é possível uma decisão categórica sobre em qual outro

subgrupo esta espécie pode ser inserida. Trabalhos com outras abordagens ou com a

utilização de outros marcadores genéticos necessitam ser realizados para posicionar esta

espécie em um grupo adequado.

O subgênero Deidamioides, pela classificação antiga, foi subdivido em 5

subgrupos, sendo: Clado 1, correspondente a espécies das seções: Deidamioides,

Tetrastylis e Mayapathanthus. Este é o clado mais incongruente e difícil de ser

explicado com base no histórico e nos caracteres morfológicos. As três espécies

encontradas neste clado a partir dos dados de ITS são tão divergentes que uma possível

explicação para este agrupamento seria a presença de cópias parálogas. Porém, um

estudo com microcaracteres (indumento e estudos anatômicos) pode ser uma ferramenta

útil no sentido de esclarecer o posicionamento destas espécies. O Clado 2,

correspondente a duas espécies da seção Tryphostemmatoides, tem seu agrupamento

justificado pela presença de discos adesivos nas gavinhas divisas, inflorescência uni ou

biflora, presença de glândulas na bráctea e podem vir a compreender um subgênero a

50

Page 51: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

parte: Discophora. O Clado 3, também corresponde a duas espécies da seção

Tryphostemmatoides, e seu agrupamento é justificado pela presença de gavinhas divisas

sem discos adesivos, glândulas peciolares 2-6, 4-8 nervuras secundárias, inflorescência

biflora com pedúnculo terminando em uma gavinha, podendo vir a ser classificado

como subgênero Tryphostemmatoides. O clado 4, corresponde a única espécie da seção

Polyanthea, e caracteriza-se por apresentar: folhas 5-9-lobadas com uma projeção na

base dos folíolos, formando um corno filiforme, e pode sugerir o possível

reestabelecimento do subgênero Polyanthea. O clado 5, correspondente a duas espécies

da seção Tetrastylis é facilmente justificado morfologicamente com base na presença

dos caracteres: discos adesivos nas gavinhas inteiras, inflorescência racemosa, flores

com 4 estigmas, ovário com 4-carpelos, caracteres estes compartilhados com P.

contracta encontrada no Clado 3 (Tabela 3). Com a inclusão das espécies P. timboënsis

e P. igrapiunensis, este clado pode ser estabelecido como subgênero Tetrastylis.

Um estudo mais acurado, com um número maior de espécies será realizado

futuramente, para que seja possível apresentar resultados mais significativos,

objetivando-se assim elucidar os problemas taxonômicos do grupo. Através da

experiência adquirida durante este estudo, será possível realizar uma investigação mais

detalhada e com uma abordagem mais ampla no sentido de utilização de outros primers.

A partir dos resultados obtidos, com a possível indicação do polifiletismo do

subgênero Deidamioides, os dados podem direcionar para o

reconhecimento/restabelecimento de cinco subgêneros: Tryphostemmatoides

(provavelmente 3 espécies, com a inclusão de P. pacifica), Tetrastylis (4), Discophora

(2), Deidamioides(1) e Polyanthea (1). Porém, nenhuma posição taxonômica está sendo

tomada, devido a quantidade de dados utilizados nesta análise e a baixa amostragem de

espécies no estudo com trnL-F.

51

Page 52: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

Clado A 82 79 80 81

98 80

114 94

115 100

116 99

120 84

119

121 80

100

122 56

Clado B 126

73

127 Clado 1 95 Clado C

129 Clado 2 100 Clado D 124

90 Clado E 130 69 88 Clado 3 100

128 Clado 4 100

Clado 5 67

100 Grupo Externo

Figura 01 – Árvore filogenética baseada nas sequências de ITS obtida pela análise de máxima parcimônia (1/9). Os números acima dos ramos indicam valores dos comprimentos de ramos calculados pelo algoritmo de Fitch (otimização ACCTRAN), números abaixo dos ramos as porcentagens de bootstrap acima de 50% (Comprimento= 2.684, IC = 0,4966, IR = 0,7228). Círculos vermelhos indicam ponto de colapso na árvore de bootstrap.

52

Page 53: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

1.00 0.95

1.00

1.00 0.85 1.00 Clado A 1.00 0.87 1.00

1.00 0.92

0.90 0.84 0.66

1.00 0.51

0.90

1.00

1.00

0.97

0.97

1.00

0.94

1.00

1.00

0.99

0.69

0.61

0.99

0.50

1.00

1.00

1.00

0.98 1.00

0.99 0.98

1.00 0.71

Clado 3 Clado E

Clado D Clado C

Clado 2 1.00

Clado 1 Clado B

Clado 5 Clado 4 Grupo Externo

Figura 02 – Árvore de consenso estrito das 17.000 árvores obtidas na análise Bayesiana com modelo de evolução = GTR+ gamma através dos dados de ITS. Os números sobre os ramos indicam as probabilidades posteriores para os clados estimados pela proporção de ocorrência no conjunto das árvores.

53

Page 54: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides
Figura 03 – Árvore filogenética baseada nas sequências de trnL-F obtida pela análise de

máxima parcimônia (1/360). Os números acima dos ramos indicam valores dos comprimentos de ramos calculados pelo algoritmo de Fitch (otimização ACCTRAN), números abaixo dos ramos as porcentagens de bootstrap acima de 50% (Comprimento= 308, IC = 0.8669, IR= 0.7908).

54

Page 55: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

Figura 04 – Árvore de consenso estrito a partir das 10.000 árvores obtidas na análise Bayesiana com modelo de evolução = GTR+ gamma através dos dados de trnL-F. Os números sobre dos ramos indicam as probabilidades posteriores para os clados estimados pela proporção de ocorrência no conjunto das árvores.

55

Page 56: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

Capítulo II

Estudos morfométricos no complexo Passiflora ovalis Vell. ex

M.Roemer (Passifloraceae)

56

Page 57: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

Estudos morfométricos no complexo Passiflora ovalis Vell. ex

M.Roemer (Passifloraceae)

Atualmente várias ferramentas são utilizadas para elucidar problemas

taxonômicos. Uma dessas abordagens são os estudos morfométricos, que têm crescido

substancialmente desde 1990. Esta técnica ganhou uma posição de destaque entre as

ferramentas biossistemáticas, pelo baixo custo e facilidade de realização, além de serem

diretamente correlacionável com aspectos morfológicos intuitivos (Rohlf & Archie

1984; Iwata et al. 1998, 2000; Monteiro & Reis 1999; Borba et al.; 2002; Yoshioka et

al. 2004; Goldman et al. 2004; Andrade et al. 2008). Dentre as técnicas atualmente

existentes, uma abordagem que pode ser usada para estimar padrões de variação

morfológica é a análise morfométrica tradicional (Baum & Bailey 1992; Iwata et al.

1998; Ackerfield & Wen 2002; Borba et al. 2002; Lambert et al. 2006a; 2006b;

Yoshioka et al. 2004; Andrade et al. 2008).

Além dos estudos morfométricos tradicionais, a Análise Elíptica de Fourier –

EFA (Kuhl & Giardini 1982) vêm apresentando resultados favoráveis com contornos

fechados, sendo muito utilizado para análises de contorno foliar (Iwata et al. 2000,

2002; Fonseca 2006). Este é um método considerado rápido e barato, acessível para os

pesquisadores e que podem ser utilizados em estudos de inferência filogenética

(Fonseca 2006). A morfometria geométrica utiliza a forma geométrica ou o contorno de

um objeto, não sendo considerados seu tamanho ou orientação no espaço. Através de

análises multivariadas são analisadas simultaneamente diversas variáveis resultando na

medida da variação da forma de um determinado objeto.

O complexo Passiflora ovalis Vell. ex M.Roemer é formado por duas espécies

encontradas no Brasil, ocorrendo de Pernambuco a São Paulo em áreas de Mata

Atlântica, em altitudes variando de 0-900 m s.n.m. Está caracterizado pelo gineceu

tetracarpelar, que resulta em um ovário com quatro placentas, portando quatro estiletes

no ápice. Este complexo apresenta problemas em sua delimitação, conforme discutido

no capítulo 1. Vitta & Bernacci (2004) dividiram P. ovalis em duas espécies, com base

em caracteres morfológicos: P. ovalis encontrada do Rio de Janeiro a São Paulo e P.

contracta encontrada de Pernambuco a Espírito Santo, também ocorrendo em áreas de

mata atlântica. Entretanto, estas espécies não apresentariam uma ocorrência simpátrica,

segundo esses autores.

57

Page 58: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

Cervi (2005) sinonimizou P. contracta em P. ovalis salientando que as

características diferenciais como tamanho da inflorescência e de pedúnculo,

pubescência do hipanto, tamanho das sépalas e do ginóforo não seriam caracteres

suficientes para a separação das mesmas. Porém, tal posicionamento foi baseado apenas

em análise da morfologia externa e observações preliminares dos espécimes destes dois

táxons encontrados em herbários mostram que estas apresentam sobreposição em vários

caracteres morfológicos, causando dificuldades na delimitação específica através da

taxonomia tradicional. Até o presente momento, nenhum estudo populacional

envolvendo estas espécies foi realizado, sendo esta a primeira tentativa com enfoque

biossistemático no intuito de solucionar esta questão.

Tradicionalmente essas duas espécies estão inclusas no subgênero Deidamioides

seção Tetrastylis (Feuillet & MacDougal 2003). Nos estudos filogenéticos realizados

com dados de ITS (Capítulo1), as espécies P. ovalis e P. contracta não se apresentaram

como correlatas. Na análise feita com trnL-F estas espécies se agrupem com 84%

(bootstrap) e 1.00 (pp), porém este resultado não está sendo considerado suficiente para

um posicionamento definitivo do subgênero em questão (Figs. 1 a 4, capítulo1).

Sendo assim, o objetivo principal deste capítulo foi delimitar taxonomicamente

as espécies P. ovalis e P. contracta, utilizando para isso estudos morfométricos com

abordagem tradicional (foliar e floral) e geométrica (contorno foliar). Os resultados

obtidos foram comparados com os resultados do capítulo quatro desta tese, uma análise

feita com marcadores moleculares de ISSR, e são apresentados ao final desta tese. Para

um melhor entendimento da técnica utilizada, a metodologia, resultados e discussão

foram separados em três tópicos: (1) morfometria geométrica; (2) morfometria

tradicional e (3) análise combinada (geométrica e tradicional).

MATERIAL E MÉTODOS

Morfometria geométrica

Amostragem

Durante a realização deste trabalho foram feitas 14 coletas obtendo-se 12

populações de Passiflora ovalis e P. contracta (aqui considerado como complexo P.

ovalis). Para cada população foram coletados de 15 a 20 indivíduos, com exceção da

população de Ubatuba, São Paulo, onde só foram obtidos quatro indivíduos da

população (Tabela 4). Estas coletas foram realizadas durante o período de janeiro de

2005 a fevereiro de 2008, incluindo quatro estados brasileiros onde as espécies ocorrem

58

Page 59: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

59

Para reduzir erros amostrais causados pela possível coleta de clones, um cuidado

especial foi tomado no sentido de coletar indivíduos diferentes em cada população, uma

vez que o hábito escandente e trepador das espécies em estudo permitem que as mesmas

se espalhem ocupando grandes espaços. Para evitar este problema a raiz de todos os

indivíduos coletados foram identificadas e mapeadas.

naturalmente (Bahia, Espírito Santo (localidade tipo de P. contracta), Rio de Janeiro

(localidade tipo de P. ovalis) e São Paulo). No total foram coletados 210 espécimes,

pertencentes às duas espécies (Fig. 05).

Figura 05. Mapa com a localização das populações amostradas de Passiflora ovalis Vell. ex

M.Roemer e Passiflora contracta Vitta. BAHIA: Conde (PC_BACon); Imbé (PC_BAImb);

Camaçari (PC_BACam); Maraú (PC_BAMar); Ilhéus (PC_BAIlh); Una (PC_PC_BAUna);

Belmonte (PC_BABelm); ESPÍRITO SANTO: Conceição da Barra (PC_ESCBar); Linhares

(PC_ESLin); Itaúnas (PC_ESItau); RIO DE JANEIRO: Parati (PO_RJPar); SÃO PAULO:

Ubatuba (PO_SPUba), Círculos vermelhos=P. contracta; Círculos azuis=P. ovalis; PC=P.

contracta; PO= P. ovalis. Mapa base do ESRI (1999).

Page 60: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

60

Tabela 04. Populações do complexo Passiflora ovalis, juntamente com o número de indivíduos por população, número do voucher depositado

no herbário HUEFS e localização de cada população (PC= P. contracta; PO= P. ovalis)

Táxon Voucher

HUEFS no.

No. de indiv. Morfometria geometrica

No. Indiv. Morfometria tradicional População Localidade Estado Coordenadas

Passiflora contracta T.S.Nunes 1405 104175 19 20 PC_BABel Belmonte Bahia S16 06'22,0 W38o57'42,6

Passiflora contracta T.S.Nunes 1348 101433 18 20 PC_BACam Camaçari Bahia S12 40'26 W38o18'4

Passiflora contracta T.S.Nunes 1307 101391 19 20 PC_BACon Conde Bahia S12 2'2 W37o42'9

Passiflora contracta T.S.Nunes 1279 101363 17 19 PC_BAImb Imbé Bahia S12 7'40 W37o59'14

Passiflora contracta P.D.Carvalho 293 103697 20 20 PC_BAMar Maraú Bahia S14 7'50 W38o59'55

Passiflora contracta T.S.Nunes 1789 120179 19 20 PC_BAIlhe Ilhéus Bahia S14 47' W39o12'

Passiflora contracta S.F.Conceição 451 103828 20 20 PC_PC_BAUna Una Bahia S15 15'16 W39o3'8

Passiflora contracta T.S.Nunes 1809 124218 09 20 PC_ESCBar C.Barra E.Santo S18 36'49 W39o47'39

Passiflora contracta T.S.Nunes 1762 112404 20 20 PC_ESLin Linhares E.Santo S19 6'62 W39o53'33

Passiflora contracta T.S.Nunes 1717 110359 18 19 PC_ESItau

Itaúnas E.Santo S18 31'18 W39o47'26

Passiflora ovalis T.S.Nunes 1837 124248 17 17 PO_RJPar Parati R.Janeiro S23 20'68 W44 o49'87

Passiflora ovalis T.S.Nunes 1831 124242 4 2 PO_SPUba Ubatuba S.Paulo S23o21'95 W44o51'10

Page 61: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

Todo material testemunho foi herborizado e encontra-se depositado no Herbário

da Universidade Estadual de Feira de Santana (HUEFS), sigla segundo Holmgren et. al.

1990 (Tabela 4).

Captura do contorno foliar

Para a análise de morfometria geométrica foram utilizadas folhas maduras, uma

de cada indivíduo. As imagens foram digitalizadas através do Scanner Epson

Expression 1640XL, utilizando-se o software do scanner, a uma resolução de 300 dpi

em preto e branco, em formato .tif. Para evitar possíveis variações no estágio de

maturação das folhas, foi utilizada, quando possível, a folha do quinto nó caulinar, a

contar a partir do ápice do ramo e que apresentava o mesmo padrão de textura, quando

não foi possível foram utilizadas as últimas folhas do ramo, visando utilizar sempre

folhas no mesmo estágio de maturação.

As folhas foram digitalizadas sempre na mesma posição, com a face abaxial

voltada para cima, visando uma melhor indicação para a inferência dos marcos

anatômicos (fig. 6). Quando necessário, o contorno foi editado com o auxílio do

Photoshop 6.0 (Adobe Systems 2002), consistindo basicamente em: clareamento,

correção de foco, nitidez, contraste e retirada de fundo.

Para inferência dos marcos anatômicos (landmarks), foi utilizado o software

TPSDIG (Rohlf 2001). Foram considerados dois marcos para cada indivíduo, um na

posição da inserção do pecíolo na base da lâmina foliar e outro no ápice foliar na

terminação da nervura principal (marcos 1 e 2 - fig. 6). Os contornos foram obtidos para

os 210 indivíduos, agrupados em 12 populações (Tabela 4), através da ferramenta

outline object, e representados pelas seqüências de coordenadas x e y, salvos em

formato .tps.

61

Page 62: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

Figura 06. Imagem do contorno foliar obtida no TPSDIG (Rohlf 2001), com indicação

dos marcos anatômicos (1 e 2) utilizados.

Análise Elíptica de Fourier

Na Análise Elíptica de Fourier (EFA), um método que permite caracterizar

quantitativamente contornos fechados através da utilização de marcos anatômicos, as

elipses são definidas por quatro coeficientes para cada harmônica, que correspondem à

série de Fourier das curvas de seno e co-seno que vão sendo somadas à função para

descrever a forma do contorno. As primeiras harmônicas descrevem o contorno em

linhas gerais, enquanto que os detalhes, inclusive erros na digitalização são descritos

pelas últimas (Monteiro & Reis 1999; Rumpunen & Bartish 2002 apud Passos 2007).

Na prática, considera-se que 10-40 harmônicas são suficientes (Mclellan & Endler

1998; Olsson et al. 2000; Persson & Gustavsson 2001), embora muitas vezes as últimas

harmônicas possam ser ignoradas sem grande perda de informação biológica (Monteiro

& Reis 1999). Os coeficientes obtidos constituem o novo conjunto de dados a ser

utilizado nos diversos tipos de análise multivariada para exame das causas que levaram

à variação da forma (Passos 2007).

Em função das distâncias entre o centro do objeto e o seu contorno, surge uma

curva periódica que pode ser decomposta pelo método de Fourier. O número de

harmônicos depende do número de períodos utilizados, que são decompostos no mesmo

número de elipses (cada uma caracterizada por quatro coeficientes: a, b, c e d). A EFA

62

Page 63: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

foi realizada com o auxílio do software MORPHEUS (Slice 2008). Os contornos de

todos os indivíduos foram sobrepostos com os dois marcos anatômicos, eliminando

efeito de orientação, escala, ponto de partida e localização (Andrade et al. 2008).

Os contornos médios foram obtidos com base na sobreposição dos dois marcos

anatômicos previamente delimitados. Dos 20 testes realizados com o intervalo de 5-25

harmônicos, a análise visual considerou que o número de 15 harmônicos (fig. 7),

apresentou um equilíbrio significativo entre as formas, evitando distorções na análise.

Este foi o número de harmônicos utilizado para obtenção da matriz com 60 coeficientes

(Apêndice 1). Segundo Rohlf & Archie (1984), ocorre uma degeneração dos três

primeiros coeficientes a0=1, b0=0 e C0=0, que se referem aos dados de tamanho e

orientação, e são descartados para interpretação biológica.

Figura 07. ntorno médio obtido com nharmonicos=15. Contorno obtido através do

Morpheus (Slice 1998).

Análises multivariadas dos dados

A análise multivariada dos dados foi realizada a partir da matriz de coeficientes

obtida através do EFA (apêndice 1). Para reduzir a dimensionalidade dos dados foi

realizada a Análise de Componentes Principais (PCA), que consiste na representação

gráfica de um conjunto de dados e é a forma mais simples de se obter uma informação

sobre a existência de padrões em termos de associação entre indivíduos ou variáveis. A

análise de PCA foi utilizada para demonstrar alguns princípios fundamentais, servindo

de base para as análises multivariadas (Monteiro & Reis 1999). Nesta análise os

63

Page 64: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

indivíduos foram considerados separadamente, visando à eliminação daqueles que

apresentassem uma variação discrepante na média obtida para todos os indivíduos, a fim

de evitar alterações significativas nos resultados. Os valores encontrados com a PCA

foram utilizados para realização da Análise de Variáveis Canônicas (CVA) e Análises

de Agrupamento, utilizando UPGMA (Unweigthed Pair Group Method using

arithmetic Averages - Sneath & Sokal 1973), NJ (Neighbor Joining - Saitou & Nei

1987) e método de Ward (Ward 1963) conduzidas com os softwares PAST (Hammer et

al. 2001) e NTSYSpc ver 2.20d (Rohlf 2005). Na análise de agrupamento os dados

obtidos com os escores do CVA foram utilizados para construção dos filogramas.

Uma CVA foi realizada para distinguir grupos a priori como uma categoria

variável, visando identificar os caracteres mais importantes na separação dos grupos.

Nesta análise os indivíduos foram agrupados por população.

Através do software FITOPACSHELL 1.6.3.9 (Shepherd 2006), foram retirados

coeficientes de PCA a partir da matriz de coeficientes do EFA, e foram obtidos os

escores e os valores dos autovetores raiz de Lambda para reificação dos dados. Os

autovetores foram adicionados ou subtraídos da média dos coeficientes do EFA (-1 s.d.,

+1 s.d., -2 s.d. e + 2 s.d.) e os valores obtidos foram utilizados para reificação dos

contornos médios. (Yoshioka et al. 2004). Para uma interpretação dos resultados

obtidos, o desenho foliar foi descrito de acordo com a figura 6, onde a porção superior

da folha em relação à face abaxial do pecíolo foi denominada lado direito, e a porção

inferior de lado esquerdo.

Morfometria tradicional

Amostragem

Foram feitas 14 coletas (figura 5), obtendo-se 12 populações do complexo

Passiflora ovalis (Tabela 4). Para cada população foram coletados entre 15-20

indivíduos com exceção de Ubatuba (dois indivíduos), totalizando 177 indivíduos.

Para a morfometria tradicional foram medidos 34 caracteres, incluindo

basicamente dados foliares (12) e de inflorescência (22). Infelizmente nem todos os

indivíduos das populações apresentavam flores em estado de antese, restringindo o

número de indivíduos da totalidade dos dados. Sendo assim, foram feitas duas análises

separadas: uma considerando apenas os dados foliares com todos os indivíduos (177) e

outra incluindo os dados florais, sendo o número amostral reduzido para 48 indivíduos

(Apêndices 2 e 3).

64

Page 65: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

Captura de Dados

A seleção dos caracteres utilizados foi feita com base em trabalhos anteriores

para o grupo (Porter-Utley 2003). As medidas utilizadas (Tabela 5) foram obtidas com o

auxílio de um paquímetro digital Stainless Hardened. Foram retiradas cinco medidas de

cada estrutura por indivíduo e calculada a média, valor este utilizado nas análises

multivariadas. Para evitar variações ecofenotípicas nos indivíduos amostrados, muito

comum na família em questão, todas as medidas foram realizadas nas folhas maduras,

contando cinco nós a partir do ápice, quando possível, e as medidas de inflorescências

foram realizadas com todos os indivíduos no mesmo estágio de antese com flores

totalmente abertas.

Análises Multivariadas dos Dados

A partir da matriz produzida na etapa anterior, os dados resultantes foram

utilizados para obtenção de uma matriz de componentes principais (PCA). A escolha do

número de componentes principais a serem interpretados foi baseada na distribuição do

Broken Stick (MacArthur 1957), realizada através do PAST, um método criado para

estudar a estrutura de comunidades animais para as quais existem uma considerável

série de dados e a comparação com a abundância de espécies de grupos de organismos

em uma dada localidade. Este modelo também está sendo muito utilizado com plantas e

dados ecológicos.

Esta matriz foi utilizada para obtenção da CVA e análise de agrupamento (Ward,

UPGMA e NJ), usando o software PAST, seguindo o padrão metodológico descrito

para a morfometria geométrica.

Análise Combinada de Dados

Uma análise combinada dos dados da morfometria geométrica e da morfometria

tradicional foi realizada a partir das matrizes obtidas com os escores dos componentes

principais (morfometria geométrica) e dos dados brutos da morfometria tradicional,

sendo aplicadas as mesmas análises estatísticas descritas anteriormente (Tabela 6).

Ressalta-se aqui a não utilização dos dados florais da morfometria tradicional

nesta análise, devido à redução significativa dos indivíduos, ou a inserção de muitos

dados faltantes (=zero). Esta análise foi realizada apenas como teste, mas os resultados

obtidos não foram diferentes daqueles encontrados com a utilização dos dados foliares,

e não são apresentados aqui.

65

Page 66: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

RESULTADOS

Morfometria geométrica

Análise Multivariada de Dados (AMD)

Na AMD, foi realizada primeiramente uma PCA a partir dos coeficientes de

Fourier. A partir destes resultados, foram eliminados da análise os indivíduos

PC_ESCBar01 e PC_BACam16, por apresentarem grande variação intra-populacional.

Os valores significativos encontrados correspondiam aos quatro primeiros componentes

principais, e explicaram 82,73% da variação, sendo que os seis primeiros eixos

explicaram 89,53% da variação (Tabela 7).

Na análise de variáveis canônicas os resultados não foram significativos para a

distinção das espécies quanto aos grupos/população, a priori analisados. A figura 8

mostra uma CVA com agrupamentos por indivíduos (cores representando as diferentes

populações), onde os eixos 1 e 2 não separam nenhuma população notadamente.

Nas análises de agrupamentos realizadas com os métodos UPGMA, NJ e Ward,

não foi possível identificar nenhuma distinção entre as duas espécies P. ovalis e P.

contracta.

Uma maior variabilidade foi observada na população de Camaçari, a população

mais distante entre as populações da Bahia e Espírito Santo. A partir deste agrupamento

não se observa uma diferenciação com base em distância geográfica entre as populações

dos estados da Bahia e do Espírito Santo. O mesmo é observado em relação aos estados

de São Paulo e Rio de Janeiro com as demais populações em estudo.

A não separação destas espécies na análise pode ser explicada devido a não

utilização de caracteres florais neste estudo, uma vez que o caráter morfológico

marcadamente utilizado na separação das mesmas foram os caracteres florais como:

tamanho do pedúnculo, pedicelo, sépalas e pétalas. Esta falta de dados foi devido a

baixa amostragem de material com flores.

Apesar dos resultados da CVA, na reificação dos contornos médios obtidos (fig.

9), onde pode-se observar que os quatro primeiros eixos explicam uma variação

morfológica, tanto no formato foliar, quanto na base das folhas. A análise de

agrupamento não corrobora com a separação das espécies. Esta diferenciação pode

justificar a variação do tipo foliar encontrado nas duas espécies: lâmina arredondada (P.

contracta) para uma lâmina elípitca (P. ovalis). O eixo 1 mostra uma variação no

formato foliar mudando de uma folha arredondada (-2 s.d.) a uma folha elíptica (+2

66

Page 67: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

67

s.d.). Os eixos 2 e 3 mostram uma variação na base da lâmina foliar, sendo que a

variação ocorre no sentido de uma folha oblíqua no lado direito para uma folha côncava

na lâmina em relação ao pecíolo, para uma folha oblíqua no lado esquerdo. No eixo 4

esta variação é invertida saindo de uma variação oblíqua no lado esquerdo e uma(-2

s.d.) para uma oblíqua no lado direito (+2 s.d.).

Page 68: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

Tabela 05. Caracteres utilizados na análise de Morfometria Tradicional (com dados foliares) nas populações do complexo Passiflora

ovalis Vell. ex M.Roemer. Valores apresentados como média (mínimo-máximo). CA=Caule; ES=Estípula; FO=Folha; FC= Filamento da

Corona.

Código Caracteres PC_BAUna PC_BABelm PC_BAIlh PC_BAMar BACamacari PC_BAConVegetativos

1 CA - Compr. médio 32.52 (20.6-60.13) 34.64 (25.94-44.72) 36.58 (23.36-51.62) 35.50 (29.68-42.15) 48.22 (20.86-61.23) 56.36 (39.86-62.9 2 ES - Compr. médio 1.59 (1.14-2.35) 1.56 (1.32-2.31) 1.46 (1.11-1.79) 1.45 (1.34-1.60) 1.47 (1.02-1.96) 1.70 (1.61-1.94) 3 ES - Larg. Média 0.82 (0.45-1.11) 0.93 (0.74-1.11) 0.86 (0.62-1.03) 0.90 (0.87-0.97) 0.80 (0.63-1.05) 0.95 (0.86-1.22) 4 FO - Compr. pecíolo (mm) 11.80 (5.24-14.31) 10.93 (9.46-17.97) 11.62 (6.76-14.49) 9.36 (3.20-11.73) 15.04 (9.3-20.79) 16.95 (10.3-19.75)

5 FO - Dist. dos nectários até a base do pecíolo 3.64 (2.34-4.53) 3.27 (2.14-5.67) 3.88 (2.71-4.52) 3.95 (3.20-4.88) 4.75 (3.35-7.61) 4.6 (2.54-5.45)

6 FO - Dist. dos nectários até o ápice do pecíolo 7.42 (1.94-8.73) 6.36 (6.1-13.03) 7.58 (6.9-10.24) 5.19 (2.88-6.57) 9.59 (5.01-13.99) 11.27 (6.67-13.54)

7 FO - Maior compr. lâmina (cm) 107.71 (72.66-117.44) 103.34 (72.68-145.07) 102.57 (75.67-114.93) 95.76 (75.07-113.97) 104.01 (85.51-123.24) 100.32 991-77-107.07) 8 FO - Maior larg. lâmina (cm) 41.85 (26.8-58.13) 46.18 (24.43-68.14) 46.07 (35.35-58.32) 41.24 (28.8_51.78) 45.83 (34.46-71.79) 44.41 (41.23-49.01)

9 FO - Larg. lâmina a 1/3 do compr. (cm) 39.27 (26.8-54.99) 43.94 (23.68-63.71) 41.49 (30.88-58.32) 38.09 (26.26-42.58) 42.80 (33.87-64.76) 42.15 (39.4-46.76)

10 FO - Larg. lâmina a 2/3 do compr. (cm) 37.69 (21.75-50.06) 43.25 (21.89-62.68) 51.87 (30.79-110.0) 37.00 (24.49-38.25) 40.91 (29.39-65.71) 39.85 (36.8-44.01)

11 FO - Ângulo do ápice foliar 42.8 (28.0-55.6) 42.6 (23.6-52.8) --- 27.28 (28.0-39.6) 39.6 (31.2-51.6) 40.42 (37.0-43.6) 12 FO - Ângulo da base foliar 41.2 (28.4-58.4) 47.2 (24.4-58.4) 47.31 (37.2-96.0) 43.54 (32.8-54) 44.14 (36.8-60.4) 44.66 (40-50.8)

68

Page 69: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

Continuação da Tabela 05. Caracteres utilizados na análise de Morfometria Tradicional (com dados foliares) nas populações do

complexo Passiflora ovalis Vell. ex M.Roemer. Valores apresentados como média (mínimo-máximo). CA=Caule; ES=Estípula; FO=Folha; FC=

Filamento da Corona.

Código Caracteres PC_BAImb PC_ESLin ESCItaunas PO_RJPar

Vegetativos 1 CA - Compr. médio 36.95 (33.01-40.89) 25.9 (24.66-40.81) 25.01 (16.55-35.27) 31.43 (24.09-44.95) 2 ES - Compr. médio 1.63 (1.45-1.84) 1.50 (1.44-2.28) 1.7 (1.43-1.91) 1.78 (1.45-2.16) 3 ES - Larg. Média 0.98 (0.9-1.1) 0.91 (0.72-1.05) 0.81 (0.7-0.97) 1.3 (1.01-1.59) 4 FO - Compr. pecíolo (mm) 13.66 (10.87-17.08) 12.77 (8.98-18.24) 12.89 (9.89-16.33) 25.19 (13.84-34.29)

5 FO - Dist. dos nectários até a base do pecíolo 4.35 (3.64-4.65) 3.87 (2.79-6.08) 3.74 (2.77-5.11) 5.89 (4.45-8.24)

6 FO - Dist. dos nectários até o ápice do pecíolo 8.72 (6.17-11.39) 8.17 (4.52-9.86) 8.03 (5.55-10.7) 18.58 (8.32-25.74)

7 FO - Maior compr. lâmina (cm) 111.73 (101.1-130.27) 126.64 (91.21-144.06) 98.59 (94.12-102.82) 78.92 (47.71-113.96)

8 FO - Maior larg. lâmina (cm) 45.60 (40.64-47.2) 48.64 (31.23-60.95) 43.24 (37.3-47.21) 37.83 (20.04-57.75)

9 FO - Larg. lâmina a 1/3 do compr. (cm) 42.47 (37.09-48.39) 44.44 (24.05-57.51) 39.63 (33.2-43.66) 34.22 (18.27-36.99)

10 FO - Larg. lâmina a 2/3 do compr. (cm) 42.55 (38.85-47.27) 46.45 (26.08-53.67) 38.57 (33.24-44.83) 35.06 (17.55-52.07)

11 FO - Ângulo do ápice foliar 40.88 (36-42.8) 46.4 (29-52.4) 43.7 (40.8-48.4) 37.05 (20-50)

12 FO - Ângulo da base foliar 43.28 (38.4-48.8) 44.2 (30-52.0) 41.5 (37.2-42.4) 36.44 (20-50)

69

Page 70: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

Tabela 06. Caracteres utilizados na análise de Morfometria Tradicional (com dados foliares + dados florais) nas populações do complexo

Passiflora ovalis Vell. ex M.Roemer. Valores apresentados como média (mínimo-máximo). CA=Caule; ES=Estípula; FO=Folha; FC= Filamento da

Corona.

Código Caracteres PC_BAIlh PC_BAMar BACamacari PC_BACon PC_BAImb ESCItaunas PO_RJParVegetativos 1 CA - Compr. médio 36.58 (23.36-51.62) 35.50 (29.68-42.15) 48.22 (20.86-61.23) 56.36 (39.86-62.9 36.95 (33.01-40.89) 25.01 (16.55-35.27) 31.43 (24.09-44.95) 2 ES - Compr. médio 1.46 (1.11-1.79) 1.45 (1.34-1.60) 1.47 (1.02-1.96) 1.70 (1.61-1.94) 1.63 (1.45-1.84) 1.7 (1.43-1.91) 1.78 (1.45-2.16) 3 ES - Larg. Média 0.86 (0.62-1.03) 0.90 (0.87-0.97) 0.80 (0.63-1.05) 0.95 (0.86-1.22) 0.98 (0.9-1.1) 0.81 (0.7-0.97) 1.3 (1.01-1.59) 4 FO - Compr. pecíolo (mm) 11.62 (6.76-14.49) 9.36 (3.20-11.73) 15.04 (9.3-20.79) 16.95 (10.3-19.75) 13.66 (10.87-17.08) 12.89 (9.89-16.33) 25.19 (13.84-34.29)

5 FO - Dist. dos nectários até a base do pecíolo 3.88 (2.71-4.52) 3.95 (3.20-4.88) 4.75 (3.35-7.61) 4.6 (2.54-5.45) 4.35 (3.64-4.65) 3.74 (2.77-5.11) 5.89 (4.45-8.24)

6 FO - Dist. dos nectários até o ápice do pecíolo 7.58 (6.9-10.24) 5.19 (2.88-6.57) 9.59 (5.01-13.99) 11.27 (6.67-13.54) 8.72 (6.17-11.39) 8.03 (5.55-10.7) 18.58 (8.32-25.74)

7 FO - Maior compr. lâmina (cm) 102.57 (75.67-114.93) 95.76 (75.07-113.97) 104.01 (85.51-123.24) 100.32 991-77-107.07)

111.73 (101.1-130.27)

98.59 (94.12-102.82)

78.92 (47.71-113.96)

8 FO - Maior larg. lâmina (cm) 46.07 (35.35-58.32) 41.24 (28.8_51.78) 45.83 (34.46-71.79) 44.41 (41.23-49.01) 45.60 (40.64-47.2) 43.24 (37.3-47.21) 37.83 (20.04-57.75)

9 FO - Larg. lâmina a 1/3 do compr. (cm) 41.49 (30.88-58.32) 38.09 (26.26-42.58) 42.80 (33.87-64.76) 42.15 (39.4-46.76) 42.47 (37.09-48.39) 39.63 (33.2-43.66) 34.22 (18.27-36.99)

10 FO - Larg. lâmina a 2/3 do compr. (cm) 51.87 (30.79-110.0) 37.00 (24.49-38.25) 40.91 (29.39-65.71) 39.85 (36.8-44.01) 42.55 (38.85-47.27) 38.57 (33.24-44.83) 35.06 (17.55-52.07)

11 FO – Ang. do ápice foliar --- 27.28 (28.0-39.6) 39.6 (31.2-51.6) 40.42 (37.0-43.6) 40.88 (36-42.8) 43.7 (40.8-48.4) 37.05 (20-50)

12 FO – Ang. da base foliar 47.31 (37.2-96.0) 43.54 (32.8-54) 44.14 (36.8-60.4) 44.66 (40-50.8) 43.28 (38.4-48.8) 41.5 (37.2-42.4) 36.44 (20-50) Inflorescência 13 Compr. Raque 27.30 (29.52-78.04) 65.59 (29.87-105.95) 140.96 (72.12-226.08) 194.25 (85-280) 138.64 (92-260) 83.46 (23.85-165,0) 294.25 (115-850)

14 Dist. entre os pedúnculos na raque 4.19 (4.47-8.02) 7.97 (5.96-12.77) 13.16 (8.71-23.39) 10.19 (11.2-18.12) 6.28 (2.61-16.59) 6.23 (3.84-9.37) 22.49 (14.51-31.14)

70

Page 71: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

71

Continuação da Tabela 06. Caracteres utilizados na análise de Morfometria Tradicional (com dados foliares + dados florais) nas

populações do complexo Passiflora ovalis Vell. ex M.Roemer. Valores apresentados como média (mínimo-máximo). CA=Caule; ES=Estípula;

FO=Folha; FC= Filamento da Corona. Caracteres PC_BAIlh PC_BAMar BACamacari PC_BACon PC_BAImb ESCItaunas PO_RJPar

15 Compr. pedúnculo (cm) 1.72 (2.37-2.45) 2.77 (2.38-3.38) 2.74 (2.51-3.75) 2.35 (2.3-3.71) 3.76 (3-4.76) 3.01 (2.84-3.49) 16.06 (14.79-23.41)

16 Compr. brácteas (mm) 1.49 (1.38-2.14) 1.971 (1.75-2.49) 1.43 (1.31-2.06) 1.41 (1.06-2.29) 1.59 (1.53-1.98) 1.35 1.6 (1.66-1.68) 17 Larg. brácteas (mm) 0.58 (0.62-0.82) 0.61 (0.50-0.86) 0.48 (0.31-0.78) 0.56 (0.58-0.69) 0.73 (0.51-1.13) 0.58 0.44 (0.43-0.45)

18 Compr. bractéolas (mm) 1.12 (096-1.64) 1.22 (1.01-1.81) 1.15 (0.96-2.03) 0.91 (0.81-1.51) 1.28 (1.19-1.38) 1.20 (0.93-1.15) 1.52 (1.49-1.58)

19 Larg. bractéolas (mm) 0.55 (0.49-0.71) 0.46 (0.33-0.63) 0.48 (0.26-1.11) 0.40 (0.36-0.72) 0.68 0.51 (0.33-0.81) 0.45 (0.34-0.62) 21 Compr. sépala (mm) 25.39 (25.19-33.28) 30.14 (30.86-31.73) 30.83 (31.49-36.72) 29.32 (26.22-35.66) 35.72 (31.68-41.87) 27.94 (26.59-28.82) 6.72 (5.23-35.12) 22 Larg. sépala a 1/3 (mm) 6.73 (6.07-9.22) 8.26 (8.51-9.65) 6.96 (6.62-9.92) 6.41 (5.83-7.32) 7.37 (6.57-8.51) 5.73 (5.59-6.31) 5.55 (5.06-6.5) 23 Larg. sépala a 2/3 (mm) 6.45 (5.91-8.58) 7.34 (6.56-7.96) 6.75 (6.01-8.86) 5.62 (4.92-6.43) 6.85 (6.17-7.72) 5.38 (4.65-6.48) 6.06 24 Compr. pétala (mm) 20.64 (20.77-26.69) 26.28 (25.23-27.35) 24.91 (24.19-31.41) 22.62 (22.71-30.64) 30.91 (28.51-34.15) 23.37 (22.19-24.13) 30.55 25 Larg. pétala a 1/3 (mm) 4.48 (4.5-6.21) 5.44 (5.5-5.83) 4.83 (4.49-6.1) 4.62 (4.51-6.58) 6.08 (5.84-6.84) 4.92 (4.43-5.52) 4.23 26 Larg. pétala a 2/3 (mm) 4.15 (4.31-4.44) 5.33 (5.18-6.22) 4.28 (3.92-5.82) 4.24 (6.45-8.47) 6.27 (5.76-7.19) 4.32 (3.61-4.36) 4.21

27 FC - Compr. série externa (mm) 6.67 (7.39-8.53) 7.26 (6.1-9.47) 7.19 (6.1-10.13) 7.67 (6.45-8.47) 8.78 (7.63-9.61) 4.92 (6-6.9) 12.21

28 FC - Compr. série intermediária (mm) 3.40 (3.33-4.47) 4.39 (3.41-5.87) 4.03 (3.57-5.33) 4.25 (2.99-4.45) 5.04 (4.54-5.58) 2.87 (3.57-4.3) 5,75

29 FC - Compr. série interna (mm) 2.21 (2.04-3.03) 2.46 (2.08-2.58) 2.55 (2.11-4.07) 3.14 (1.93-9.67) 2.51 (2.23-2.92) 1.69 (1.82-2.71) 2.33

30 Altura opérculo (mm) 3.52 (3.69-4.42) 4.10 (2.9-4.85) 3.88 (2.4-5.01) 4.42 (2.9-4.17) 3.56 (3.11-3.82) 2.07 (2.44-3.22) 2.3 31 Altura límen (mm) 7.72 (6.73-10.07) 6.03 (5.56-10.53 9.52 (7.52-13.01) 9.33 7.87-10.94) 7.96 (8.78-11.46) 2.54 (3.57-6.59) --- 32 Compr. filete (mm) 9.39 (9.79-12.05) 8.90 (11.66-12.74) 10.99 (10.6-13.13) 10.44 (4.43-12.66) 8.27 (8.7-12.33) 10.12 (10.01-10.26) --- 33 Compr. antera (mm) 10.86 (10.59-13.92) 5.83 (11.24-12.1) 11.09 (7.12 (13.41) 10.23 (7.3-13.99) 10.21 (11.74-14.93) 9.98 --- 34 Compr. estilete (mm) 3.33 (6.12-9.91) 5.36 (10.44-11.02) 4.7 (5.9-12.91) 4.51 (5.17-5.68) --- 4.07 5.93

Page 72: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

Tabela 07. Eigenvalue e contribuições dos componentes principais obtidos a partir do

valor do Broken Stick (PAST).

PC Eigenvalue % Variância % Cumulativo

1 0.00100601 61.244 61.24

2 0.00015918 9.6906 70.94

3 0.000111024 6.7589 77.69

4 0.0000827 5.0329 82.73

5 0.0000602 3.662 86.39

6 0.0000516 3.1431 89.53

-0.064-0.048-0.032 -0.016 0 0.016 0.032 0.048 0.064

Axis 1

-0.05

-0.04

-0.03

-0.02

-0.01

0

0.01

0.02

0.03

Axi

s 2

Figura 08. Análise de MANOVA/CVA a partir dos quatro componentes principais,

agrupados por população, com dados da morfometria geométrica. ▲ Rio de Janeiro; □

= Conde; ■ = Camaçari; ○ = Belmonte; + Imbé; ◊ = Una; * = Ilhéus; ∆ = Maraú; X =

Conceição da Barra; ▬ = Itaúnas (ES); ¦ = Linhares.

72

Page 73: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

Figura 09. Efeitos de cada um dos quatro componentes principais. Os números 1-4

correspondem aos quatro primeiros componentes principais, respectivamente. Cada

coluna mostra: -2 s.d. (desvio padrão), -1 s.d., forma média, + 1 s.d., + 2 s.d.

MORFOMETRIA TRADICIONAL

Análises multivariadas dos dados

Na análise morfométrica tradicional baseada nos caracteres foliares os dados

obtidos com a CVA utilizando-se os 6 primeiros componentes principais (CP)

mostraram separação entre as populações (fig. 10). Os dois primeiros eixos explicaram

uma variação de 67,9% entre as populações do Rio de Janeiro com as populações da

Bahia e Espírito Santo. Entre as populações da Bahia e do Espírito Santo não houve

nenhuma separação. Assim, é possível distinguir bem nesta análise um grupo formado

pela população do Rio de Janeiro e outro com as populações da Bahia e do Espírito

Santo. A combinação entre os outros eixos não foram significativos nesta análise.

73

Page 74: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

-48 -40 -32 -24 -16 -8 0 8 16 24

Axis 1

-48

-40

-32

-24

-16

-8

0

8

16

24

Axis

2

Figura 10 – Análise morfométrica tradicional (foliar) com dados de CVA. ▲ Rio de

Janeiro; □ = Conde; ■ = Camaçari; ○ = Belmonte; + Imbé; ◊ = Una; * = Ilhéus; ∆ =

Maraú; ▬ = Itaúnas (ES); ¦ = Linhares; X = Conceição da Barra.

-7.2 -6 -4.8 -3.6 -2.4 -1.2 0 1.2 2.4

Axis 1

-4.8

-3.6

-2.4

-1.2

0

1.2

2.4

3.6

4.8

6

Axi

s 2

A B

Figura 11. A. Análise com Variáveis Canônicas com os 6 CP, utilizando-se dados

combinados (foliares + florais); B. Agrupamento pelo método de Ward (foliares +

florais). ▲ Rio de Janeiro; □ = Conde; X = Conceição da Barra; ■ = Camaçari; ○ =

Belmonte; + Imbé; ◊ = Una; * = Ilhéus; ∆ = Maraú.

74

Page 75: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

Na análise realizada com os caracteres florais e foliares, os resultados com a

CVA, utilizando-se os 6 CP, mostram uma separação entre as populações do Rio de

Janeiro com as populações da Bahia e Espírito Santo, através do eixo 1 (fig. 11A).

Porém na análise de agrupamento com o método de Ward, esta separação não se

confirma (fig. 11B).

Análise Combinada de Dados (morfometria geométrica + tradicional)

Na análise combinada com a utilização dos dados obtidos na morfometria

geométrica e na tradicional (apenas dados foliares), há uma separação considerável da

população do Rio de Janeiro e de Ubatuba em relação às demais, através do eixo 1, com

55,18% de variação. (fig. 12).

-30 -24 -18 -12 -6 0 6 12 18 24

Axis 1

-48

-40

-32

-24

-16

-8

0

8

16

Axis

2

Figura 12 – Resultado da análise combinada (morfometria geométrica + tradicional

(foliares), MANOVA/CVA com os 6 CP. ▲ Rio de Janeiro; □ = Conde; X =

Conceição da Barra; ■ = Camaçari; ○ = Belmonte; + Imbé; ◊ = Una; * = Ilhéus; ∆ =

Maraú; ▬ = Itaúnas (ES); ¦ = Linhares.

75

Page 76: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

DISCUSSÃO

Delimitação das espécies

Este estudo revela que o contorno foliar juntamente com os dados da

morfometria tradicional foram úteis na separação das espécies em questão, reforçando

sua utilização como uma ótima ferramenta para elucidar problemas taxonômicos não

solucionados ou parcialmente solucionados com a taxonomia básica, ou pelo menos

abordando de forma bastante objetiva a variação morfológica.

Com os resultados obtidos, observa-se uma separação fortemente sustentada e

explicada por padrões geográficos e morfológicos, a análise efetuada separou

claramente as populações do Rio de Janeiro e São Paulo (apesar da pequena

amostragem), das demais populações, o que leva a um reconhecimento de duas espécies

distintas: P. ovalis e P. contracta, levando ao restabelecimento do segundo táxon. Estes

resultados são corroborados por aqueles obtidos com os dados de ISSR (capítulo três).

A publicação original de P. ovalis na Flora Fluminensis (Vellozo 1827),

considera esta espécie como distribuída no estado do Rio de Janeiro, com os seguintes

caracteres: lâminas inteiras, elípticas, duas glândulas sésseis, situadas do meio para a

base do pecíolo, inflorescências racemosas, glândulas na base do pedúnculo. Portanto, a

espécie encontrada no Rio de Janeiro e em São Paulo é reconhecida como sendo P.

ovalis, e a espécie encontrada nos estados da Bahia e Espírito Santo como P. contracta,

sendo aqui então restabelecida a espécie publicada por Vitta & Bernacci (2004) e

seguindo a mesma delimitação proposta pelos autores.

Apesar das espécies apresentarem uma sobreposição nos caracteres

morfológicos, suas formas são significativamente diferentes, principalmente em relação

ao tamanho do eixo principal da inflorescência, formato foliar (elíptica ou arredondada)

e tamanho do fruto.

As populações do Espírito Santo, não se separaram das populações da Bahia,

mostrando que ainda há uma continuidade no fluxo gênico entre estas populações, e que

estas não formam até o momento um táxon distinto dos demais.

De acordo com Vitta & Bernacci (2004), além da separação geográfica estas

espécies se diferenciam pelos seguintes caracteres: P. contracta possui inflorescência

racemiforme, 7-12 cm de compr. no eixo principal e pecíolo minuciosamente

puberulento; pedúnculo ausente, pedicelo articulado e séssil, 1,3-2,7 cm compr., hipanto

e superfície abaxial das sépalas minuciosamente puberulenta; sépalas 2,3-3,1 cm de

76

Page 77: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

compr.; ginóforo 1,7-2,4 cm de compr.; P. ovalis possui inflorescência paniculiforme,

com 30-90 cm de compr. no eixo principal, pedúnculo e pedicelo glabros; pedúnculo

alongado de 6-15 mm de compr., pedicelo articulado 4-5,5 cm compr.; hipanto e

superfície abaxial das sépalas glabras; sépalas 3-4,1 cm de compr.; ginóforo 2,4-2,7 cm

de compr.

O material tipo de P. ovalis assemelha-s com o morfotipo encontrado nas

espécies do Rio de Janeiro e São Paulo, e segundo este estudo caracteriza-se por

apresentar: estípula de 1-3 x 0,5-2 mm; Lâmina foliar (compr.) 5-10(-14)cm; Margem

da lâmina foliar não revoluta; glândulas do pedúnculo presente; diâmetro da flor de 5-10

cm; indumento face abaxial da sépala ausente; pétalas 1,9-4,2 cm compr.; filamentos da

corona em 2 séries; filamentos série externa 3-12 mm compr.; filamentos série interna

3-10 mm compr.; androginóforo 6-20 mm alt.

O material tipo de P. contracta descrito do material coletado no município de

Linhares/ES, também corresponde ao tipo morfológico padrão encontrado nas espécies

ocorrentes de Pernambuco ao Espírito Santo, e segundo este estudo caracteriza—se por

apresentar: estípula de 1-2 x 0,2-1 mm; lâmina foliar (compr.) 5,6-13,5 cm; margem da

lâmina foliar não revoluta; glândulas do pedúnculo presente; diâmetro da flor de 5-8

cm; indumento face abaxial da sépala pubescente; pétalas 2-3 cm compr.; filamentos da

corona em 2 séries; filamentos série externa 8-11 mm compr.; filamentos série interna

4-5 mm compr.; androginóforo 15-24 mm alt.

Além dos resultados obtidos pôde-se considerar também o isolamento

geográfico das espécies, uma vez que as mesmas são encontradas em áreas de mata

atlântica, que formava um contínuo no litoral brasileiro. Porém com o desmatamento

desordenado, principalmente visando a implantação de pastagens e plantação comercial

de eucalipto (Eucalyptus sp./Myrtaceae) no sul da Bahia e Espírito Santo,

provavelmente levará a uma interrupção no fluxo gênico entre estas populações, o que

pode levar a diferenciação da espécie com separação entre a encontrada nos estados de

São Paulo e Rio de Janeiro (P. ovalis).

77

Page 78: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

Capítulo III

Uso de marcadores moleculares ISSR (Inter Simple Sequence

Repeats) na delimitação do complexo Passiflora ovalis Vell. ex

M.Roemer (Passifloraceae)

78

Page 79: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

Uso de marcadores moleculares ISSR (Inter Simple Sequence

Repeats) na delimitação do complexo Passiflora ovalis Vell. ex

M.Roemer (Passifloraceae)

Nas últimas décadas, várias ferramentas têm sido desenvolvidas para auxiliar as

análises com genética de populações. Através da tecnologia do PCR (Polymerase Chain

Reaction), pode-se amplificar diversas regiões, inclusive microrregiões, através do

desenvolvimento de primers específicos, possibilitando estudos como estruturação de

espécies, através de estudos populacionais, uso de locus hipervariáveis de

microssatélites, etc. Estas ferramentas têm sido de grande utilidade e uma quantidade

considerável de estudos têm sido publicados, através de inúmeros protocolos para

obtenção de resultados filogenéticos e de genética de populações (Wolfe et al. 1998;

Esselman et al. 1999; Ajibade et al. 2000; Wolfe & Randle 2001; Xu & Sun 2001).

Dentro de Passiflora vários estudos têm sido publicados com o uso de marcadores

moleculares (Vieira et al. 1997; Cassiano et al. 2001; Fajardo et al. 1998; Sanchéz et al.

1999; Carneiro 2001; Carneiro et al. 2002; Aukar et al. 2002; Crochemore et al. 2003;

Viana et al. 2003; Passos 2007).

Segundo Passos (2007) os resultados obtidos no estudo populacional com P.

galbana e P. mucronata, espécies simpátricas, ocorrendo do norte ao sul do Brasil, não

corroborou com uma separação morfológica destas espécies, mas uma separação

geográfica, indicando uma ocorrência de fluxo gênico.

Sanchez et al. (1999), utilizando marcadores moleculares de cloroplasto,

reconhece a existência de três grupos distintos dentro do gênero Passiflora: Decaloba,

Tacsonia e Passiflora.

O estudo de genética de populações investiga a conexão entre caracteres

demográficos e a distribuição de variantes genéticos moleculares (Sunnucks 2000). A

partir da variação genética e dos modelos de genética de populações pode-se inferir

sobre a biologia dos organismos. Uma ferramenta muito utilizada atualmente são os

marcadores moleculares de ISSR (Inter Simple Sequence Repeat) (Zietkiewicz et al.

1994), que consistem na utilização de vários primers específicos que codificam

pequenas regiões, escolhida por muitos pesquisadores por ser uma técnica relativamente

barata, de fácil repetibilidade e apresentar um alto índice de polimorfismo, muito

79

Page 80: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

utilizada para obter distinção entre espécies através dos estudos populacionais (Wolfe &

Randle 2001).

Os marcadores de ISSR (Zietkiewicz et al. 1994) estão relacionados ao SSR que

consiste na amplificação de pequenos fragmentos e sua principal diferença em relação a

outros marcadores como AFLP e RAPD, está relacionada aos primers utilizados na

amplificação de fragmentos. Os primers utilizados na amplificação de ISSR codificam

pequenas regiões entre dois microssatélites similares, com 100-3.000 pb (Guasmi et al.

2006) e consistem em seqüências brevemente repetidas de bi ou trinucleotídeos, que

acoplam em regiões 5’ou 3’ (Wolfe et al. 1998). A abundância de fragmentos

encontrados (loci) é devido a um padrão conhecido de agrupamentos de regiões de

microssatélites no genoma. ISSR são marcadores dominantes como RAPD (marcador

que usa a presença ou ausência de bandas de um locus), porém apresenta como

vantagem sobre esse, o alto índice de polimorfismo e a fácil repetibilidade. Essa técnica

tem sido escolhida por não necessitar de um conhecimento prévio de seqüências, já que

são baseados em elementos repetitivos do DNA. Esse é um dos melhores marcadores

moleculares para investigação da variação genética entre indivíduos estritamente

relacionados (Djé et al. 2006), ou para enfatizar diferenças entre populações

estreitamente relacionadas, estimando variabilidade genética dentro de populações

(Nybom 2004). Sendo assim, vários estudos com populações naturais têm sido

realizados com a utilização desses marcadores: Wolfe et al. 1998; Wolfe & Randle

2001; Andrade 2006; Passos 2007 e Silva 2008.

A estrutura genética de uma espécie pode ser definida como a distribuição da

variabilidade genética entre e dentro de populações. Em populações naturais, a

distribuição da variabilidade genética é influenciada pelo modo de reprodução, sistema

de cruzamento, tamanho da população, distribuição geográfica e fluxo gênico (Hamrick

& Loveless 1986), além de ser estruturada no tempo e no espaço. Outros fatores que

interferem nesta estrutura são mutação, migração, seleção e deriva genética, as quais

definem a distribuição da variabilidade genética nas populações (Wadt 2001).

Em grupos com delimitação taxonômica difícil, como é muito comum entre as

Passiflora, estudos de variabilidade genética podem contribuir de maneira significativa

para avaliação dos limites interespecíficos.

Conforme discutido no capítulo um desta tese, o subgênero Deidamioides seção

Tetrastylis sensu Feuillet & MacDougal (2003) apresenta duas espécies ocorrendo no

Brasil, com separação geográfica e morfológica P. ovalis Vell. ex M.Roemer e P.

80

Page 81: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

81

contracta Vitta. Devido a sinonimização realizada por Cervi (2005), estas espécies

passaram a compor um único táxon e são aqui tratadas como pertencentes ao complexo

Passiflora ovalis.

Observações preliminares dos espécimes destes dois táxons encontrados em

herbários mostram que estas espécies apresentam sobreposição em vários caracteres

morfológicos, causando uma dificuldade na delimitação específica através da taxonomia

tradicional. Até o presente momento, este é o segundo estudo populacional envolvendo

estas espécies, visando solucionar este problema, sendo o primeiro apresentado no

capítulo 2 desta tese.

Sendo assim, o objetivo deste trabalho foi utilizar marcadores moleculares de

ISSR para realizar um estudo de variabilidade genética no complexo P. ovalis, visando

melhorar a compreensão dos limites específicos neste complexo, contribuindo para o

entendimento da taxonomia do grupo.

MATERIAL E MÉTODOS

Amostragem das espécies

Foram coletadas 11 populações do complexo P. ovalis, sendo sete no estado da

Bahia, duas no Espírito Santo e duas populações nos estados do Rio de Janeiro e São

Paulo, perfazendo um total de 168 indivíduos, dos quais foram coletados dados de

marcadores moleculares de ISSR (Tabela 8). Estas populações foram escolhidas por

representar uma amostragem significativa da distribuição geográfica do complexo, que

apresenta uma distribuição na mata atlântica do Pernambuco à região norte de São

Paulo (fig. 5, capítulo 2).

As populações foram coletadas em seu ambiente natural, sendo coletados entre

10 a 20 indivíduos por população, com exceção da população de Parati com apenas dois

indivíduos. Foram coletadas folhas jovens e em perfeito estado morfológico, sem

presenças de fungos ou indicações de presença de ovos de insetos, para evitar possíveis

contaminações nas amostras. O material coletado foi conservado em silica-gel e um

voucher de cada população está depositado no Herbário da Universidade Estadual de

Feira de Santana (HUEFS), acrônimo segundo Holmgren et al. 1990 (Tabela 08).

Este estudo servirá para complementar os estudos realizados no capítulo 2 com

dados morfométricos, no intuito de solucionar a problemática do complexo Passiflora

ovalis.

Page 82: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

82

Tabela 08. Populações do complexo Passiflora ovalis classificadas de acordo com Vitta & Bernacci (2004), juntamente com o número de

indivíduos por população, número do voucher depositado no herbário HUEFS e localização de cada população.

Táxon VoucherHUEFS no.

No. Indiv. População Localidade Estado Coordenadas

1 Passiflora contracta T.S.Nunes 1405 104175 14 PC_BABelm Belmonte Bahia S16 06'22,0 W38o57'42,6

2

Passiflora contracta T.S.Nunes 1348 101433 12 PC_BACam Camaçari Bahia S12 40'26 W38o18'4

3 Passiflora contracta T.S.Nunes 1307 101391 16 PC_BACon Conde Bahia S12 2'2 W37o42'9

4 Passiflora contracta T.S.Nunes 1279 101363 16 PC_BAImb Imbé Bahia S12 7'40 W37o59'14

5 Passiflora contracta P.D.Carvalho 293 103697 11 PC_BAMar Maraú Bahia S14 7'50 W38o59'55

6 Passiflora contracta T.S.Nunes 1789 120179 16 PC_BAIlhe Ilhéus Bahia S14 47' W39o12'

7 Passiflora contracta S.F.Conceição 451 103828 14 PC_PC_BAUna Una Bahia S15 15'16 W39o3'8

8 Passiflora contracta T.S.Nunes 1809 124218 17 PC_ESCBar C.Barra E.Santo S18 36'49 W39o47'39

9 Passiflora contracta T.S.Nunes 1762 112404 11 PC_ESLin Linhares E.Santo S19 6'62 W39o53'33

10 Passiflora ovalis T.S.Nunes 1837 124248 2 PO_RJPar Parati R.Janeiro S23 20'68 W44 o49'87

11 Passiflora ovalis T.S.Nunes 1831 124242 10 PO_SPUba Ubatuba S.Paulo S23o21'95 W44o51'10

Page 83: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

Extração de material

A extração do DNA total foi feita através do método de CTAB 2x (Doyle &

Doyle 1987), o material preservado em sílica-gel foi macerado (50mg), com areia

lavada e autoclavada e/ou nitrogênio liquído, depois de macerado o material foi diluído

em 700µl de CTAB e 4µl de β-mercaptoetanol, aquecido em banho-maria por 20

minutos a temperatura de 60-70ºC, acrescentado de 800µl de clorofórmio e deixado no

agitador por 240 minutos. O material foi centrifugado a rotação de 13.000 rpm por 15

minutos, o sobrenadante foi recolhido com o auxílio de uma pipeta e passado para

novos tubos para microcentrífugas numerados. A precipitação foi obtida com a adição

de 700µl de isopropanol (2-propanol), deixado em freezer por 24 horas, depois desse

período o material foi centrifugado para separação do pellet, e lavado com etanol a 70%

por 2 ou 3 vezes, colocado para secar por ca. 24 horas em temperatura ambiente, e

ressuspendido com 100µl de tampão TE (10 mM Tris-HCl [pH 8.0], 1 mM EDTA [pH

8.0]). Após a ressuspensão a concentração de DNA foi determinada por eletroforese

conjuntamente com um marcador Lambda Hind III (Invitrogen Corporation).

Amplificação do ISSR

Para a amplificação de loci de ISSR, foram testados 20 primers, disponíveis no

Laboratório de Sistemática Molecular de Plantas da UEFS, sendo que destes apenas sete

se apresentaram polimórficos para o grupo em questão (Tabela 09). Foram realizados

vários testes de PCR, para aperfeiçoar a melhor condição de reação, incluindo diferentes

concentrações de DNA genômico (0,5 – 2µl), concentração de primer (1,0µl), MgCl2

(1,5-1,7µl), dNTP (4,0µl), aditivo BSA – Albumina Bovina Sérica (0,5µl), taq

polimerase – Phoneutria (0,1-0,2µl), Tampão 10x (500 mM KCL, 100 mM, tris-HCl

pH8,4, 1% triton X-100 – Phoneutria Biotec. Ser. Ltda) e H20 (água ultra-pura). A

temperatura de anelamento variou entre 45º-52º por 45 minutos, num total não variável

de 35 ciclos, o produto total de PCR obtido foi de 18µl. Nos testes iniciais os produtos

do DNA genômico foram testados diluídos na concentração de 1/10, 1/20, 1/50 e 1/100

sendo que a concentração que apresentou melhores resultados para todos os primers foi

o DNA total sem diluição. As amplificações foram obtidas através dos termocicladores

Perkin Elmer Gene Amp 9700, Máster Cycle Eppendorf e Px E0,2 Thermo Hybrid. As

condições finais de amplificação foram: temperatura inicial de aquecimento: 94ºC por

1:30 minutos; denaturação: 94ºC durante 40 minutos; anelamento 45ºC por 45 minutos;

extensão 72ºC por 1:30 minutos; sendo acrescentada mais dois ciclos de 94ºC por 45

83

Page 84: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

segundos e 44ºC por 45 segundos em cada ciclo, perfazendo um total de 35 ciclos e com

a extensão final de 72ºC por 7 minutos.

Uma vez obtido o melhor protocolo para cada primer, este foi seguido fielmente

para todos os indivíduos da população, a fim de evitar a amplificação de bandas não

comparáveis e de forma a permitir a repetibilidade dos dados.

Tabela 09. Lista dos primers utilizados, seqüências nucleotídicas e número de bandas

analisadas para o complexo Passiflora ovalis. Os sete primeiros primers foram os

selecionadas na análise de variabilidade genética. Primer Seqüência (5’ – 3’) No. de Bandas

M2 GGG CGA GAG AGA GAG AGA GA 24

MANNY CAC CAC CAC CAC RC 28

GOOFY GTG TGT GTG TGT GTY G- 27

OMAR GAG GAG GAG GAG RC 24

DAT GAG AGA GAG AGA GARG 30

UBC899 CAC ACA CAC ACA RG 16

UBC902 GTG TGT GTG TGT AY 14

JOHN AGA GAG AGA GAG AGY C Não caracterizado

AW3 GTG TGT GTG TGT RG Não caracterizado

TERRY GTG GTG GTG GGT GRC Não caracterizado

BECKY CAC ACA CAC ACA CAYC Não caracterizado

M1 CAA GAG AGA GAG A Não caracterizado

R7 CTC TCT CTC TCT CTC TRG Não caracterizado

UBC844 CTC TCT CTC TCT CTC TCT RC Não caracterizado

UBC898 CAC ACA CAC ACA RY Não caracterizado

UBC901 GTG TGT GTG TGT YR Não caracterizado

UBC814 CTC TCT CTC TCT CTC TTG Não caracterizado

UBC843 CTC TCT CTC TCT CTC TRA Não caracterizado

CHRYS CAC ACA CAC ACA CAY G Não caracterizado

MAO CTC CTC CTC CTC RC Não caracterizado

84

Page 85: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

Análise dos produtos de amplificação através da eletroforese

Após a amplificação, o produto da PCR foi analisado por eletroforese em gel de

agarose a 1,8% (120ml de tampão SB 1x, 1,8mg de agarose). O DNA (14µl do produto

do PCR) foi corado com o auxílio do corante azul de bromofenol (TAE 10 x 0,5ml;

EDTA 0,5 M 0,4 ml; SDS – 10% 0,2ml; azul de bromofenol 0,2ml; glicerol 7,0ml; água

estéril 1,7ml) e brometo de etídio (5µl), com o tampão sódio-borato (pH 8,0 e 200 mM

de hidróxido de sódio – Brody e Kern 2004). Para quantificar o tamanho dos fragmentos

(bandas) foi utilizado um marcador de peso molecular (Ladder 100 pares de bases - pb),

a corrida foi feita em cuba de eletroforese, durante três horas, com voltagem de 100V e

amperagem de 75mA. As bandas foram visualizadas em transluminador UV

(Spectroline) e registradas através da utilização da câmara digital Kodak EDAS 290,

através do software Kodak 1D 3.6. As bandas obtidas do marcadores moleculares de

ISSR foram escorados como marcadores dialélicos, onde o tamanho do fragmento

representa um locus. As bandas com pouca intensidade ou de difícil definição foram

excluídas da análise. As imagens dos géis foram salvas no formato .tif (8 bits), e

analisadas através do programa GelCompar II, onde uma comparação entre todas as

imagens dos géis foi realizada (exemplificado pelo UBC899 na figura 13), e os

resultados foram convertidos numa matriz com a presença dos locus dialélicos, através

da presença (1) ou ausência (0) das bandas. Os dados faltantes foram tratados como (-1).

Esta matriz binária foi utilizada para as análises estatísticas.

Análises estatísticas

Para as análises estatísticas foram utilizados os seguintes programas:

GENEALEX (Peakall & Smouse 2006 – http://www.anu.edu.au/BOZO/GenALEx),

PAST (Hammer et al. 2001), AFLPSURV (Vekemans 2002), HICKORY versão 1.1

(Holsinger & Lewis 2003-2007), PHYLIP (Felsenstein 1991-2006), PAUP 4.0b10

(Swofford 2008) e POPGENE 1.32 (Yeh et al. 1999 - disponível no sítio

ftp://ftp.microsoft.com/Softlib/MSLFILES/HPGL.EXE).

85

Page 86: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

Figura 13. Gel de agarose corado com brometo de etídio, com amplificação do primer

UBC899 em populações do complexo Passiflora ovalis, as bandas 5, 15 e 21 são do

marcador de peso molecular Ladder 100 pb.

Uma análise de variabilidade genética para todas as populações foi realizada

através dos seguintes parâmetros: número médio de alelos (N), número de alelos

exclusivos, percentual de loci polimórfico (P), heterozigosidade média esperada (He),

distância genética e de identidade genética de Nei, calculadas pela distância não

enviesada de Nei (1978) (D), proporção da diversidade entre populações (GST),

estruturação genética (FST). Para estas análises foi utilizado o programa GenALEx e

AFLP-SURV. Os cálculos de GST e FST são importantes para avaliar a estrutura

populacional segundo o modelo de ilhas (Takata & Nei 1984). Para estimr o fluxo

gênico (Nm) foi utilizado o programa POPGENE. Este fluxo gênico foi corrigido

indiretamente através da fórmula Nm = 0,5(1-GST)/GST (McDermott & McDonald, 1993

apud Brandão 2008).

Análises de agrupamentos foram realizadas com a ajuda dos softwares:

AFLPSURV, PHYLIP (NEIGHBOR e CONSENSE). Para obter um resultado mais

significativo, as análises de agrupamento foram realizadas a partir da matriz de distância

genética (calculada pela distância não enviesada de Nei) e pelos valores de FST (obtido

par a par no AFLPSURV). Os dendogramas obtidos foram visualizados através do

TreeView 1.6.1 (Page 2000), a partir dos métodos de agrupamentos UPGMA (Sneath &

Sokal 1973) e Neighbor-joining (Saitou & Nei 1987). Uma análise de bootstrap foi

realizada com 1.000 replicações para avaliar a significância das topologias obtidas,

86

Page 87: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

através dos programas NEIGHBOR e CONSENSE (PHYLIP). Os dendogramas não

foram enraizados uma vez que não foram utilizados nesta análise nenhuma população

como grupo externo.

Foram feitas matrizes de distância genética e de identidade genética (Nei 1978),

Análise de Coordenadas Principais (PCO), e uma Análise de Variância Molecular

(AMOVA), a partir das matrizes de distância e de identidade genética, conduzida no

sentido de analisar a variação total dentro e entre as populações. Para esta análise foi

conduzido um teste de significância com 999 permutações dos dados, em três etapas: 1)

Considerando todas as populações como um único grupo; 2) separando as populações

das duas espécies em dois grupos; 3) entre as populações de cada espécie para avaliar se

existem diferenças significativas entre populações da mesma espécie.

Uma outra análise foi realizada no intuito de verificar a estrutura populacional

com a estimativa de parâmetros como FST (Wright 1978) e endogamia (f) nos dados

sobre equilíbrio de Hardy-Weinberg, através do programa HICKORY. Para esta análise

foram assumidos quatros modelos: 1) “Full model” que estima o coeficiente de

endogamia; 2) “f=0” que calcula todas as estimativas assumindo a ausência de

endogamia; 3) “theta=0” que calcula todas as estimativas assumindo a ausência dos

parâmetros equivalentes ao FST; 4) “f free model” que não estima o coeficiente de

endogamia diretamente. O theta e os outros parâmetros são estimados a partir do

coeficiente de endogamia obtidos da distribuição anterior durante as corridas de MCMC

(Markov Chain Monte Carlo). Foram empregadas 50000 cadeias como burn-in, com um

número de amostras de 50000 e o fator thinning igual a 5 segundo o default. Para

estimar o modelo mais adequado foi utilizado o critério do DIC (Deviance Information

Criterion), Dbar, Dhat e pD, no qual o valor do DIC escolhido é o que minimiza a soma

do Dbar e pD, e ainda seguindo as interpretações dadas pelo manual do programa.

Resultados

Variabilidade Genética

Um total de 163 loci foram obtidos para os sete primers amplificados para as 11

populações. Os tamanhos dos fragmentos obtidos variaram de 100 a 1600 pb (fig. 13)

Dos 163 loci obtidos apenas um foi monomórfico. Na análise por população, o grau de

polimorfismo variou de 70,37% na população PC_BAIlh e 17,28% na população

PO_RJPar. As populações que apresentaram alelos exclusivos foram: PC_BACon,

PC_BAMar, PC_BAUna, PO_RJPar e PO_SPUba, sendo que as populações de

87

Page 88: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

PC_BACon, PC_BAMar, PC_BAUna e PO_SPUba apresentaram apenas um alelo

exclusivo e a população de PO_RJPar apresentou três alelos exclusivos. O número de

alelos gerados por primer neste estudo variou entre 6 a 25, com uma média de 15 alelos

por primer, sendo o primer DAT o que apresentou o maior número com 30 bandas e o

primer UBC902, o menor número com 14 bandas (Tabela 8). Considerando-se a análise

por espécie, P. contracta (populações da Bahia e do Espírito Santo) apresentou apenas

três alelos exclusivos (total de 102 alelos) e P. ovalis (populações do Rio de Janeiro e

São Paulo) quatro (total de 17 alelos), em relação a quantidade de populações

amostradas e o número de indivíduos por populações, a quantidade de alelos exclusivos

foi maior na população PO_RJPar de P. ovalis (três alelos exclusivos) (Tabela 10).

A análise de variabilidade genética entre as populações de P. ovalis e P.

contracta apresentou variações entre populações de: 37% (P. ovalis) e 13% (P.

contracta), sendo a variação dentro das populações de 63% (P. ovalis) e 87% (P.

contracta). A variação encontrada na análise utilizando-se todas as populações sem

especificação das espécies foi 19% entre populações e 81% dentro das populações

(Tabela 11).

Diversidade Genética

O maior valor de heterozigosidade média esperada (He) foi de 0,188 (BAImbé) e

o menor valor foi de 0,072. Entre as espécies o maior valor encontrado para P.

contracta foi de 0,188 (PC_BAImb) e o menor valor foi de 0,141 (PC_ESLin), em P.

ovalis o maior valor encontrado foi de 0,167 (PO_SPUba) e o menor valor foi

encontrado foi de 0,072 (PO_RJPar) (Tabela 10). A diversidade genética total (HT) entre

todas as populações foi de 0,2375 comparada com a diversidade genética dentro das

populações (HS) de 0,1972 (Tabela 11).

Estruturação Genética

As Análises Moleculares de Variância (AMOVA), realizadas com todas as onze

populações apresentaram uma variação entre as espécies de 28%, dentro das populações

de 62% e entre as populações por espécies de 10% (Tabela 12). A estruturação genética

entre as populações do complexo P. ovalis analisadas foi de 0,2700 (GST), enquanto que

o fluxo gênico (Nm) estimado a partir desta estruturação foi de 1,3519. Em uma

segunda análise, realizada por espécie, somente com as populações de P. contracta a

variação encontrada dentro das populações foi de 87% e entre as populações foi de

88

Page 89: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

13%. Uma análise realizada com as duas populações de P. ovalis a variação encontrada

dentro das populações foi de 63% e entre as populações de 37% (Tabela 11). Nesta

análise o valor da estruturação genética (GST) foi de 0,1308, e o fluxo gênico (Nm) foi

de 3,3240, confirmando o fluxo gênico alto intrapopulacional para ambas as espécies.

Na terceira análise para as populações de P. ovalis a variação encontrada dentro das

populações foi de 63% e entre as populações foi de 37%. Nesta análise o valor da

estruturação genética (GST) foi de 0,4198, e o fluxo gênico (Nm) foi de 0,6911 (Tabela

11).

Na análise de coordenadas principais (PCO) com todas as populações os três

primeiros eixos correspondem a 64,40% da variância observada, sendo que o primeiro

eixo explica 29,58% desta variância, separando as populações de P. ovalis das

populações de P. contracta. O segundo eixo com apenas 18,15% de variação não separa

nenhuma das populações (Fig. 15).

Na análise realizada através do HICKORY para obtenção dos valores referentes

à estrutura populacional, segundo os valores obtidos para o DIC, foram escolhidos

como modelos e que melhor explicam os padrões encontrados para os dados das onze

populações analisadas Full e o f = 0. A diferença encontrada nos parâmetros para os

modelos estão associadas à dimensionalidade dos modelos. Estes modelos indicam um

provável efeito da endogamia (f = 0,8043) e diferenças nas freqüências alélicas entre as

populações (uma vez que os valores para theta são considerados em ambos modelos).

Os valores de theta II, theta III e theta B variaram para os dois modelos escolhidos,

porém também indicam provável compartilhamento de alelos, uma vez que os valores

obtidos variaram de moderados para o Full (theta II = 0,1560, theta III = 0,1374 e theta

B = 0,2463) e baixos para o f = 0 (theta II = 0,1068, theta III = 0,0994 e theta B =

0,1829) (Tabela 13).

Relações fenéticas

As análises de agrupamento obtidas a partir da distância genética (calculada pela

distância não enviesada de Nei) e pelos valores de FST, estão representadas na figura 14.

Nas análises com a distância genética de Nei, os cladogramas obtidos para análise de

UPGMA e NJ, mostram um suporte de 99% e 100% no agrupamento das populações de

PO_RJPar e PO_SPUba. PC_ESLin e PC_ESCBar estão agrupadas com fraco suporte

(65% - NJ) e abaixo de 50% na análise com UPGMA. As populações da Bahia não

89

Page 90: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

apresentaram agrupamentos significativos na análise com a distância de Nei, em

nenhum dos algoritmos utilizados.

Nas análises com FST, as populações do PO_RJPar e PO_SPUba também se

agruparam com 100% de bootstrap, e as populações de PC_ESLin e PC_ESCBar

agruparam-se apenas na análise com NJ com 68% de valor de bootstrap. As populações

da Bahia também não apresentaram agrupamentos significativos, apenas uma união

entre Ilhéus e Maraú com 79% de bootstrap na análise com UPGMA.

Estas análises revelam uma separação entre as populações de P. ovalis

(PO_RJPar e PO_SPUba) das populações de P. contracta (populações do Espírito Santo

e Bahia), com valores de suporte de 100% para a análise com FST e 99-100% na análise

com a distância genética de NEI (Fig. 14).

Analisando os valores de identidade genética (Tabela 14), pode-se observar uma

variação entre 0,810 (entre as populações de PC_ESLin e PO_SPUba) e 0,969 (entre as

populações de PC_ESCBar e PC_ESLin) em populações não co-específicas. Entre

populações co-específicas de P. ovalis por apresentar apenas duas populações, o valor

de identidade genética foi de 0,855. Entre as populações de P. contracta o maior valor

de identidade genética ocorreu entre as populações de PC_ESCBar e PC_ESLin (0,969)

e o menor valor de identidade genética foi 0,923 entre as populações de PC_BABelm e

PC_BAUna.

90

Page 91: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

Tabela 10. Percentual de loci polimórficos por população (N= número de alelos

encontrados; P= loci polimórficos; He = heterozigosidade média esperada;

PC=Passiflora contracta e PO= P. ovalis). Espécie

População No. Bandas

(N) No. Bandas exclusivas %P

He

P. contracta PC_BABelm 7 0 59.88% 0,177

P. contracta PC_BACam 17 0 67.90% 0,180

P. contracta PC_BACon 16 1 67.28% 0,185

P. contracta PC_BAIlh 16 0 70.37% 0,177

P. contracta PC_BAImb 19 0 63.58% 0,188

P. contracta PC_BAMar 16 1 65.43% 0,174

P. contracta PC_BAUna 11 1 56.17% 0,149

P. contracta PC_ESCBar 11 0 53.70% 0,151

P. contracta PC_ESLin 6 0 46.30% 0,141

P. ovalis PO_RJPar 21 3 17.28% 0,072

P. ovalis PO_SPUba 25 1 50.62% 0,167

Média 15 -- 56,23% --

Tabela 11. Variabilidade e diversidade genética média das populações do complexo P.

ovalis. P= percentual de loci polimórfico; HT = diversidade genética total; HS =

diversidade genética dentro das populações; GST = grau de diferenciação das

populações; FST = coeficiente de estruturação genética ao longo do tempo evolutivo, Nm

= número de migrantes por geração (fluxo gênico). P. ovalis P. contracta Todas as populações

P 90,74 62,96 56,23

HT 0.3198 0.2203 0.2375

HS 0.2616 0.2053 0,1972

GST 0.4198 0.1308 0.2700

Nm 0.6911 3.3240 1.3519

FST 0,1639 0,0683 0,1713

Número de alelos 105 119 __

Alelos exclusivos 8 50 7

Variação entre populações 37% 13% 19%

Variação dentro das populações 63% 87% 81%

91

Page 92: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

92

Tabela 12. Sumário da Análise Molecular de Variância (AMOVA) para as populações

do complexo P. ovalis: df = grau de liberdade.

Fonte de Variação df

Soma dos

Quadrados

Componentes da

Variância

Percentual de

variação Estatística – F

Entre Espécies 1 212.789 7.763 28% 0.282

Entre Populações/ Dentro

das Espécies 9

476.205 2.792 10% 0.141

Dentro das Populações 128 2171.655 16.966 62% 0.384

Total 138 2860.649 27.521

Tabela 13. Estrutura genética obtida no HICKORY versão 1.1 para as 11 populações do

complexo P. ovalis utilizadas na análise. Os valores em negrito correspondem aos

prováveis modelos escolhidos pelo critério do DIC.

Modelos Parâmetros do DIC Parâmetros Equivalentes a Estatistica - F

Dbar Dhat pD DIC F Theta I Theta II Theta III Theta B

Full 4165,96 3414,51 751,456 4917,42 0.804311 0.363646 0.156014 0.137476 0.246362

f = 0 4174,54 3360 814,532 4989,07 -- 0.270198 0.10681 0.099449 0.182952

Theta = 0 7680,71 7530,16 150,55 7831,26 0.986451 0.28007 -- -- --

f free 4.253,46 3348,35 905,113 5518,57 0.496445 0.344722 0.156233 0.128414 0.224028

Page 93: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

93

Tabela 14. Matriz de identidade genética de Nei (1978) nas 11 populações do complexo P. ovalis. PC= Passiflora contracta; PO= Passiflora

ovalis. Dados obtidos pelo GeneAlex. Em negrito os valores de maior e menor similaridade encontrados.

PC_BABe

l

PC_BACa

m

PC_BACo

n

PC_BAIl

h

PC_BAIm

b

PC_BAMa

r

PC_PC_BAUn

a

PC_ESCBa

r

PC_ESLi

n

PO_RJPa

r

PO_SPUb

a

PC_BABel -

PC_BACam

0.931 -

PC_BACon 0.934 0.949 -

PC_BAIlh 0.941 0.938 0.943 -

PC_BAImb 0.939 0.949 0.951 0.933 -

PC_BAMar 0.954 0.959 0.949 0.965 0.946 -

PC_PC_BAUn

a 0.923 0.954 0.941 0.951 0.936 0.957 -

PC_ESCBar 0.953 0.930 0.931 0.949 0.939 0.957 0.942 -

PC_ESLin 0.957 0.935 0.929 0.944 0.945 0.958 0.940 0.969 -

PO_RJPar 0.871 0.863 0.875 0.861 0.864 0.877 0.862 0.864 0.862 -

PO_SPUba 0.819 0.812 0.829 0.813 0.822 0.819 0.830 0.827 0.810 0.855 -

Page 94: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

Figura 14. Análise de agrupamento realizado para as onze populações estudadas

utilizando o algorítimo de UPGMA e Neighbor-joining (NJ) a partir da distância

genética de Nei (1978) pelo método não enviesado e pelos valores de FST (Wright

1978) par a par. Os valores sobre os ramos indicam o suporte estatístico de

bootstrap. A. FST – NJ; B. FST – UPGMA; C. NEI – NJ; D. NEI – UPGMA. (Tabela

1 para os códigos das populações).

94

Page 95: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

-0.4 -0.35 -0.3 -0.25 -0.2 -0.15 -0.1 -0.05 0 0.05 0.1

Axis 1

-0.2

-0.15

-0.1

-0.05

0

0.05

0.1

0.15

0.2

0.25

Axi

s 2

Figura 15. Análise de Coordenadas Principais (PCO) com as 11 populações do

complexo Passiflora ovalis, baseado nos 163 loci de ISSR, considerando duas espécies

▲ P. ovalis e + P. contracta, a partir da matriz de distância genética de Nei (Nei 1978).

Discussão

A utilização dos marcadores moleculares de ISSR neste estudo se mostrou uma

ótima ferramenta no estudo de variabilidade intra e interpopulacional. Os resultados

foram considerados superiores no sentido de indicar caminhos para o esclarecimento

sobre o posicionamento taxonômico das espécies do complexo P. ovalis.

Passos (2007) utilizando marcadores moleculares de ISSR para analisar as

espécies P. galbana e P. mucronata detectou um percentual baixo a médio de loci

polimórficos entre 14,81% e 36,11%, com uma média de 29,92%. No presente trabalho

o percentual foi maior, sendo que a média encontrada foi de 56,23%, variando entre

17,28% (PO_RJPar) a 70,37% (PC_BAIlhe). A baixa quantidade de indivíduos

analisados para a população de PO_RJPar pode ser responsável pelo baixo percentual de

loci polimórficos.

Os resultados obtidos com os valores de fluxo gênico indicam um alto nível de

fluxo gênico ocorrendo dentro das espécies, e um fluxo num nível mais baixo entre as

espécies. Os valores encontrados para variação entre populações dentro das espécies

95

Page 96: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

(10%) e entre espécies (28%) indicam um fluxo gênico menor na relação entre as

espécies do que entre as populações dentro das espécies. Estes resultados também foram

os mesmos encontrados por Passos (2007), demonstrando que ocorre fluxo gênico ou

ocorreu em um passado recente com as populações de P. mucronata e P. galbana.

Valores de fluxo gênico menores que 1 indicam isolamento geográfico, considerados

por alguns autores com fluxo gênico alto (Govindajaru 1989), sendo os valores

considerados intermediários entre 0,25 a 0,99 e considerados baixos, valores menores

que 0,25. Em P. contracta o valor encontrado é muito alto em relação ao encontrado

para P. ovalis, significando um possível isolamento geográfico das populações de P.

ovalis.

Considerando os modelos existentes para explicar o fluxo gênico entre

populações: a) modelo continente-ilha, em que o fluxo de alelos ocorre em uma única

direção, partindo de uma população grande para uma população menor e isolada; b)

modelo de ilhas, onde o movimento de alelos se dá ao acaso, em qualquer direção, entre

um grupo de pequenas populações; c) o modelo stepping-stone, onde o fluxo gênico

ocorre apenas entre populações vizinhas; d) modelo de isolamento por distância, o qual

considera uma população contínua onde o fluxo de alelos ocorre entre vizinhos

próximos (Perecin 2000), pode-se considerar as diferenciações encontradas para as

espécies do complexo P. ovalis como explicada pelo quarto modelo, levando-se em

conta a distância geográfica que isola esta população das populações de P. contracta,

porém é necessária a realização de teste estatístico de isolamento por distância para

comprovar esta hipótese. As espécies em questão são quiropterófilas, polinizadas por

morcegos Glossophaga soricina (Sazima & Sazima 1978; Buzato & Franco 1992) que

em seu vôo de visita às flores alcançam uma distância de 150-200 m, sendo a distância

máxima relatada de 1.450 m. Um estudo com enfoque na biologia floral e na distância

geográfica dessas espécies pode ser mais uma ferramenta no esclarecimento da situação

taxonômica entre as espécies do complexo P. ovalis.

Passos (2007) não encontrou diferenciação genética entre as espécies de P.

mucronata e P. galbana, indicando um possível fluxo gênico tanto interpopulacional

quanto interespecífico, não sendo possível a delimitação destes táxons no nível

específico. De acordo com os resultados obtidos na matriz de identidade genética,

observarmos uma maior similaridade entre as populações de Conceição da Barra e

Linhares (P. contracta), e uma menor similaridade entre as populações de Ubatuba (P.

ovalis) e de Linhares (P. contracta), sugerindo que as duas espécies são distintas

96

Page 97: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

geneticamente, e as populações interespecíficas apresentam uma maior similaridade

genética.

As alterações no ambiente com a formação de barreiras naturais são importantes

fatores responsáveis pela alteração no nível de fluxo gênico ocorrendo entre populações.

As populações que se agruparam entre sim e ao mesmo tempo se mostraram mais

distantes em relação às demais foram as PO_SPUba e PO_RJPar. Estas populações são

as que estão mais próximas geograficamente (ca. 50km), o que justifica a ocorrência de

um maior fluxo gênico entre elas. Uma explicação para esta diferenciação entre as

espécies, pode ser dada pela deriva genética, a ação do “efeito gargalo”, ou a

interrupção do fluxo gênico entre de populações do complexo P. ovalis, isoladas

geograficamente, e que apresentam variabilidade genética reduzida. Considerando

sempre o tamanho da população para o Rio de Janeiro e para São Paulo, que pode ter

contribuido para a baixa variabilidade genética encontrada entre estas populações com

as demais.

A população do Rio de Janeiro foi a que apresentou um maior número de alelos

exclusivos (três), um número considerado alto em relação às demais que apresentaram

apenas um alelo exclusivo. A presença de bandas exclusivas reforça a importância em

desenvolver mecanismos de preservação destas populações naturais, visando a

preservação da heterozigosidade encontrada nestas populações, uma vez que esta

população foi encontrada em ambientes preservados de mata atlântica.

As informações obtidas através dos registros de herbários e das coletas

realizadas para o desenvolvimento deste estudo revelam que existe um padrão

geográfico de distribuição entre as duas espécies analisadas: P. ovalis (encontrada no

sul do Rio de Janeiro a região Norte de São Paulo, em áreas de mata atlântica, com

altitude variando de 0-900 m s.n.m) e P. contracta (encontrada de Pernambuco, Bahia

ao Espírito Santo também no mesmo ecossistema e em altitudes semelhantes) (capítulo

5). Essa separação pode não ser influenciada por barreiras geográficas, devido ao curto

espaço de tempo, levando-se em conta a época de registro destas espécies em herbários,

mas pela ação antrópica com a retirada da vegetação nativa e implantação de extensas

áreas com monocultura. Porém, esta distância e/ou isolamento pode ser responsável pela

formação de padrões morfológicos geograficamente distintos. Isto foi observado por

Passos (2007) ao relatar que as espécies que apresentaram maiores distâncias genéticas,

correspondiam as que apresentaram também maiores distâncias geográficas, no estudo

realizado com Passiflora. Isolamento pela distância.

97

Page 98: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

Um fator importante que precisa ser levado em consideração é a ação antrópica,

na redução drástica das áreas naturais onde estas espécies ocorrem. Estas são endêmicas

do bioma Mata Atlântica, uma vegetação completamente ameaçada pelo desmatamento,

sendo encontrada apenas em pequenos refúgios, criados por força de lei, ou pequenas

áreas ainda preservadas, que funcionam como verdadeiras barreiras geográficas,

levando a formação de pequenas populações, isoladas das demais.

A partir destes resultados foi feita uma análise cuidadosa nos caracteres

morfológicos destas duas espécies (capítulo 5) e chegou-se à conclusão que se trata de

duas espécies distintas que sofreram diferenciação, reforçado pelos dados obtidos no

capítulo 2 com dados morfométricos.

Passiflora ovalis descrita originalmente para o Rio de Janeiro, apresenta

inflorescência paniculiforme com eixo floral ca. (6-)10-80(-120) cm compr. no dossel

da mata (obs. pess.), pedúnculo 0,6-3,5 cm compr., pedicelo 0,9-3,5 cm compr., flores

amarelo-esverdeadas e os frutos são verdes com manchas claras, variando de 7-14 x 5-9

cm quando maduros. Passiflora contracta, descrita por Vitta & Bernacci (2004),

encontrada do Pernambuco, Bahia e Espírito Santo, é corroborada com os dados

moleculares como uma espécie distinta de P. ovalis (capítulo 1), e também por dados

morfométricos (capítulo 2), se caracteriza por apresentar inflorescências racemiforme,

com eixo principal de (3-)19-50 cm compr., pedúnculo primário 0,2-0,7 x 0,1-0,3 cm

compr., não terminando em uma gavinha, pedicelo 2-3,5 x 0,1-0,3 cm; flores marrons e

os frutos são verdes com estrias brancas quando imaturos e amarelos quando maduros.

Vegetativamente estas espécies são muito difíceis de serem diferencidas.

Estes dados foram corroborados com este estudo, sendo P. ovalis encontrada nos

estados de São Paulo e Rio de Janeiro em áreas de mata atlântica, com altitude variando

entre 0-1.000 m s.n.m. E P. contracta encontrada nos estados e Pernambuco, Alagoas,

Bahia e Espírito Santo, endêmica da mata atlântica, com altitude variando entre 0-900 m

s.n.m.

98

Page 99: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

Capítulo IV

Morfologia polínica de Passiflora L. subgênero Deidamioides

(Harms) Killip (Passifloraceae) e suas implicações

taxonômicas

Capítulo desenvolvido em colaboração com a Profa. Ms. Rita de Cássia Matos dos Santos Araújo

(UNEB-Paulo Afonso/BA) e Prof. Dr. Francisco de Assis Ribeiro dos Santos (UEFS).

99

Page 100: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

Morfologia polínica de Passiflora L. subgênero Deidamioides (Harms)

Killip (Passifloraceae) e suas implicações taxonômicas

Passiflora subgênero Deidamioides encontra-se na América do Sul e América

Central, com espécies agrupadas em seis seções: Mayapathanthus MacDougal (2 spp.),

Tryphostemmatoides Harms (5), Deidamioides (Harms) Feuillet & MacDougal (1),

Tetrastylis (Barb.Rodr.) Harms (2), Polyanthea DC. (1) e Tetrapathea DC. (1).

A complexidade taxonômica deste subgênero é discutida em alguns estudos

filogenéticos, no intuito de esclarecer seu monofiletismo e o posicionamento das

espécies dentro das seções. Na maioria dos trabalhos filogenéticos publicados com

espécies deste subgênero (Muschner et al. 2003; Yockteng & Nadot 2004a; 2004b;

Krosnick & Freudenstein 2005, Krosnick et al. 2006; Hansen et al. 2006, Zamberlan

2007), o número amostral e as topologias obtidas não foram suficientes para elucidar o

posicionamento de Deidamioides (capítulo 1).

Na flora americana, as espécies do gênero Passiflora encontram-se bastante

diversificadas sendo, do ponto de vista palinológico, muito complexas e pouco

estudadas, principalmente em relação às dificuldades na interpretação de suas aberturas,

pouco se conhecendo sobre os caracteres polínicos com valores taxonômicos que

possam auxiliar a sistemática do grupo, e os dados são controversos na literatura

analisada podendo-se citar para as Américas os trabalhos de Roubik & Moreno (1991),

Araújo & Santos (2004), Milward-de-Azevedo et al. (2004) e Barrios et al.(2005).

Sendo assim, o objetivo principal deste capítulo foi realizar um estudo polínico

com algumas espécies de Passiflora pertencentes ao subgênero Deidamioides sensu

Feuillet & MacDougal (2003), visando encontrar caracteres diagnósticos para justificar

ou não o monofiletismo do subgênero, bem como oferecer subsídios para corroborar ou

não com o posicionamento taxonômico das seções e espécies dentro do subgênero.

Além disso, correlacionar os dados obtidos com o estudo polínico com os encontrados

no capítulo um, reforçando o posiscionadmento taxonômico das espécies estudadas.

Material e Métodos

O material botânico estudado foi obtido a partir de exsicatas oriundas dos

herbários: ALCB, BM, BR, CEPEC, ESA, HUA, HUEFS, IAC, K, MA, R, RB e TEX

100

Page 101: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

(acrônimos de acordo com Holmgren et al. 1990) (Tabela 18, capítulo 5 para lista dos

herbários).

Para cada espécie, foi analisado mais de um espécime quando possível. No

entanto, não foi possível realizar as análises morfopolínicas das espécies P. discophora

e P. pacifica, pertencentes ao grupo de estudo, por se encontrarem estéreis nas exsicatas

examinadas ou não estarem disponíveis no HUEFS.

Material examinado: P. arbelaezii L.Uribe – Colômbia: Antioquia: Amalfi,

14/II/1988, J.M.MacDougal 3987 (MA). P. cirrhiflora Juss. – Guiana Francesa:

Cayene: Montsinéry, 30/VI/2004, C.Feuillet 1424 (TEX); Brasil, Amapá, 1956,

M.Bastos s.n. (RB 96378). P. contracta Vitta - Brasil: Bahia: Porto Seguro, 20/V/2007,

T.S.Nunes 1778 (HUEFS). Espírito Santo: Conceição da Barra, 19/VIII/2007,

T.S.Nunes 1909 (HUEFS). Espírito Santo: Linhares, 21/VIII/2007, T.S.Nunes 1812

(HUEFS). P. deidamioides Harms – Brasil: São Paulo: São Bernardo, s.d. A.K.Hansen

181 (TEX). São Paulo: Salesopólis, 4/III/2004, L.C.Bernacci 3652 (IAC). São Paulo:

Salesópolis, 25-VI-2000, W.Forster 319 (ESA). Minas Gerais: Lima Duarte,

26/IX/2001, R.Marquete 3080 (RB). P. gracillima Killip – Colômbia: Antioquia:

Guatapí, 27/X/1983, L.A.Escobar 3652 (TEX). Antioquia: Sonsón, 9/IV/1994,

R.Callejas 11129 (HUA). P. igrapiunensis T.S.Nunes & L.P.Queiroz, sp. nov. ined. -

Brasil: Bahia: Igrapiúna, 18/XII/2002, M.L.S.Guedes 9294 (ALCB). P. macdougaliana

Knapp & Mallet - Panamá: Colón: Portobelo, IV/1982, S.Knapp 4587 (TEX). P.

obovata Killip – Costa Rica: Puntarenas: Monteverde, 14/IV/1981, S.Knapp 867

(TEX). P. ovalis Vell. ex M.Roemer - Brasil: Rio de Janeiro: Paraty, 25/VIII/2007,

T.S.Nunes 1837 (HUEFS). São Paulo: Ubatuba, 24/VIII/2007, T.S.Nunes 1831

(HUEFS). P. tetrandra Banks & Sol. ex DC. - Nova Zelândia: s.d., R.Lynd 927453

(BM). P. timboënsis T.S.Nunes & L.P.Queiroz, sp. nov. ined. - Brasil: Bahia,

Amargosa, 18/XI/2007, A.M.Amorin 7027 (CEPEC). P. tryphostemmatoides Harms -

Colômbia: Vale del Cauca: Route Cali, 8/III/1997, F.Billiet 6896 (BR); Colômbia:

Forests of the M. Andes of Popayan, F.C.Lehmam 8515 (K).

Para análise em microscopia de luz (ML), os grãos de pólen foram acetolisados

de acordo com a metodologia descrita por Erdtman (1960). Os grãos foram medidos

conforme as recomendações de Salgado-Labouriau (1973) e montados em lâminas

permanentes com gelatina glicerinada. Foram efetuadas, quando possível, 25 medidas

do diâmetro polar (DP) e equatorial (DE) em vista equatorial e do diâmetro equatorial

em vista polar (DEp). Após as análises quantitativas dos grãos de pólen, em

101

Page 102: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

microscópio Zeiss Axiostar, os dados foram submetidos a tratamento estatístico, sendo

posteriormente fotomicrografados os caracteres que melhor representaram os

respectivos táxons. Foram realizadas 10 medidas dos diâmetros dos lumens, assim como

largura maior dos pontopérculos e as camadas da exina (sexina e nexina), sendo

calculada nesses casos apenas a média aritmética.

As lâminas examinadas neste trabalho encontram-se depositadas na Palinoteca

do Laboratório de Micromorfologia Vegetal, do Departamento de Biologia da

Universidade Estadual de Feira de Santana.

Para análise em microscopia eletrônica de varredura (MEV), os grãos de pólen

acetolisados foram passados em série hidroetanólica, gotejados diretamente sobre o

porta-espécime e recobertos por uma fina camada de ouro por ca. três minutos e

observados e eletromicrografados em microscópio LEO 1430 VP.

A terminologia adotada para a caracterização dos grãos de pólen está de acordo

com Punt et al. (2007). Para as descrições das aberturas polínicas, utilizaram-se os

conceitos morfopolínicos de Thanikaimoni (1986), que utiliza o termo pontopérculo

para a faixa da exina fusionada nas áreas apocolpais, as quais são referidas para o

gênero Passiflora pelo autor.

Resultados

Os dados quantitativos e as características morfopolínicas das espécies estudadas

de Passiflora subgênero Deidamioides estão apresentados nas tabelas 15 e 16. A análise

palinológica sob ML e MEV (Figs. 16-18) revelou a existência de grãos de pólen

médios a grandes, isopolares, oblatos esferoidais, prolatos esferoidais a suboblatos

(Tabela 16), com amb subcircular a subtriangular; 6-sincolporados apenas em

Passiflora arbelaezii (Fig. 16D) e P. gracillima (Fig. 16E), 6-colporados, nas demais

espécies (Tabela 16, Fig. 16G, 16H, 16I, 16J, 17E, 17F, 17J, 18B, 18D, 18J) colpos

longos cobertos com pontopérculos (Fig. 16B, 16I, 16D, 16J e 18D), endoaberturas

lalongadas; exina reticulada (na maioria das espécies), porém microrreticulada em P.

tryphstemmatoides (Fig. 17H), sempre heterobrocada.

Aberturas: Os colpos são longos, estreitos com extremidades afiladas (na

maioria das espécies) (Fig. 16G, 16I, 17D, 17F, 18B e 18J), ocorrendo sempre aos pares

(Fig. 16C, 16D, 16E, 16G, 17A e 17F), às vezes fusionados aos pólos em P. arbelaezii

(Fig. 16D) e P. gracillima (Fig. 16E). Presença de pontopérculo entre as aberturas

proximais e fortemente soldado ao mesocolpo na região apocolpal (Fig. 16B, 16I e

102

Page 103: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

17D). Quanto à largura, os pontopérculos foram considerados largos na maioria das

espécies variando de 9,1µm (em P. deidamioides) a 14,8µm (em P. tetrandra), sendo

mais estreitos em espécimes de P. arbelaezii (5,0µm a 6,2µm) e P. gracillima (6,3µm)

(Tabela 15). As endoaberturas são lalongadas, em número de três, largas com

extremidades circulares, única para cada par de ectoaberturas proximais (Fig. 16B, 16I,

16J, 17G, 17H e 18D), exceto P. obovata, que possui endoaberturas únicas para pares

de ectoaberturas distais (Fig. 17B). Membrana apertural fortemente ornamentada foi

encontrada nas espécies: P. contracta (Fig. 16F), P. igrapiunensis (Fig. 16I), P. ovalis

(Fig. 16G), e P. timboënsis (Fig. 16J). Em todas as espécies, registrou-se a presença de

costa ao redor das endoaberturas.

Exina: A exina apresenta-se reticulada, com retículo de diferentes dimensões

dos seus lumens (Tabela 15), ou microrreticuladas (P. tryphostemmatoides). Os muros

foram descritos como interrompidos (MEV), apenas em P. deidamioides (Fig. 18A), P.

cirrhiflora (Fig. 18E) e P. obovata, sendo sinuosos na maioria das espécies (Fig. 16D,

16E, 17D, 17E, 17F e 18A) ou pouco sinuosos em P. contracta (Fig. 16F), P.

igrapiunensis (Fig. 16I), P. ovalis (Fig. 16G) e P. timboënsis (Fig. 16J). Foram

encontrados lumens pequenos com poucos báculos no interior em P. cirrhiflora (Fig.

18E), P. deidamioides (Fig. 18A) e P. obovata; ou lumens grandes com muitos báculos:

P. contracta (Fig. 16F), P. igrapiunensis (Fig. 16I), P. macdougaliana (Fig. 17E), P.

ovalis (Fig. 16G), P. tetrandra (Fig. 18G) e P. timboënsis; além de espécies com lumens

pequenos e completa ausência de báculos no interior: P. arbelaezii (Fig. 16A), P.

gracillima (Fig. 16E) e P tryphostemmatoides (Fig. 17I). Na maioria das espécies, os

muros são simplescolumelados (Tabela 16), exceto P. tetrandra que são

duplicolumelados. Em todas as espécies, a sexina é mais espessa que a nexina (Tabela

15).

As medidas dos materiais examinados (Tabela 16) mostram que em muitos

exemplares a forma dos grãos de pólen não se mantém constante nos espécimes de um

mesmo táxon. As médias aritméticas dos diâmetros polínicos (Tabela 15) estão na sua

maioria fora da faixa de variação entre os espécimes, demonstrando a grande

variabilidade existente nas dimensões dos grãos de pólen.

Diante dos resultados obtidos, foi possível o estabelecimento de sete tipos

morfopolínicos para as espécies analisadas.

103

Page 104: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

Chave polínica para identificação dos tipos polínicos encontrados nas espécies

estudadas de Passiflora subgênero Deidamioides.

1. Grãos de pólen 6-sincolporados ................................................................................ Tipo 1

1’. Grãos de pólen 6-colporados

2. Endoberturas unindo os cólporos distais ............................................................. Tipo 3

2’. Endoaberturas unindo os cólporos proximais

3. Muros duplicolumelados .............................................................................Tipos 7

3’. Muros simplescolumelados

4. Lúmen com báculos ausentes ................................................................ Tipo 5

4’. Lúmen com báculos presentes

5. Membrana apertural ornamentada ............................................... Tipo 2

5’ Membrana apertural lisa

6. Muros contínuos e endoaberturas com extremidades

imprecisas.................................................................... ...Tipo 4

6’. Muros interrompidos e endoaberturas com extremidades

circulares ...................................................................... Tipo 6

Tipo 1: Grãos de pólen 6-sincolporados, endoaberturas unindo os cólporos proximais,

com extremidades circulares, retículos com muros simplescolumelados e contínuos,

báculos ausentes nos lumens dos retículos e membrana apertural lisa.

Espécies: Passiflora arbelaezii L.Uribe e P. gracillima Killip (Fig. 16A-E)

Grãos de pólen médios a grandes, isopolares, oblatos a prolatos esferoidais,

amb subcircular, 6-sincolporados, exina reticulada. Ectoaberturas longas, estreitas,

fusionadas aos pares no apocolpo, cada par se une parcialmente nas extremidades

formando um anel ao redor dos três mesocolpos que possuem extremidades

arredondadas; três endoaberturas lalongadas com extremidades circulares, única para

cada par de ectoaberturas proximais, e pontopérculo saliente na região equatorial. Exina

reticulada, heterobrocada, muros lisos, sinuosos, simplescolumelados e contínuos,

formando retículos com lumens pequenos sem báculos no seu interior.

104

Page 105: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

Tipo 2: Grãos de pólen 6-colporados, endoaberturas com extremidades circulares

unindo os cólporos proximais, retículos com muros simplescolumelados e contínuos,

muitos báculos nos lumens dos retículos e membrana apertural ornamentada.

Espécies: P. ovalis Vell. ex M.Roemer; P. contracta Vitta; P. igrapiunensis T.S. Nunes

& L.P.Queiroz, sp. nov. ined. e P. timboënsis T.S. Nunes & L.P.Queiroz, sp. nov. ined.

(Fig. 16F-J).

Grãos de pólen grandes, isopolares, prolatos esferoidais, amb subtriangular em

vista polar, 6-colporados, exina reticulada. Ectoaberturas aos pares, longas, estreitas e

afiladas nas extremidades, não fusionadas ao apocolpo; três endoaberturas lalongadas

única para cada par de ectoaberturas, com extremidades circulares e constritas no

centro; membrana apertural ornamentada; pontopérculo fortemente soldado ao

mesocolpo na região apocolpal. Exina espessa, reticulada, heterobrocada, muros lisos,

sinuosos e simplescolumelados, formando retículos com lumens grandes, muitos

báculos livres no interior dos lumens.

Tipo 3: Grãos de pólen 6-colporados, endoaberturas com extremidades circulares

unindo os cólporos distais, muros, simplescolumelados e interrompidos, poucos báculos

nos lumens dos retículos e membrana apertural lisa.

Espécie: P. obovata Killip (Fig. 17A-B).

Grãos de pólen médios, isopolares, oblatos esferoidais, amb subcircular, 6-

colporados, exina reticulada. Ectoaberturas aos pares, estreitas e afiladas nas

extremidades, não fusionadas ao apocolpo, três endoaberturas lalongadas uma para cada

par de ectoabertura distais com extremidades circulares, pontopérculo fortemente

soldado ao mesocolpo na região apocolpal. Exina delgada, reticulada, heterobrocada,

muros lisos, sinuosos e simplescolumelados e interrompidos sob MEV, formando

retículos pequenos com poucos báculos livres no interior dos lumens.

Tipo 4: Grãos de pólen 6-colporados, endoaberturas com extremidades imprecisas

unindo os cólporos proximais, retículos com muros simplescolumelados e contínuos,

poucos báculos nos lumens dos retículos e membrana apertural lisa.

Espécie: P. macdougaliana S. Knapp & Mallet (Figuras 17C-E).

105

Page 106: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

Grãos de pólen grandes, isopolares, prolatos esferoidais, amb subcircular, 6-

colporados, exina reticulada. Ectoaberturas aos pares, longas, estreitas e afiladas nas

extremidades, não fusionadas ao apocolpo, três endoaberturas lalongadas, de difícil

visualização, uma para cada par de ectoaberturas proximais com extremidades

imprecisas, pontopérculo fortemente soldado ao mesocolpo na região apocolpal. Exina

espessa, reticulada, heterobrocada, muros lisos, pouco sinuosos, simplescolumelados e

contínuos, formando retículos grandes com poucos báculos livres no interior dos

lumens.

Tipo 5: Grãos de pólen 6-colporados, endoaberturas com extremidades circulares

unindo os cólporos proximais, muros simplescolumelados, contínuos, báculos ausentes

nos lumens dos microrretículos e membrana apertural lisa.

Espécie: P. tryphostemmatoides Harms (Figuras 17F-J).

Grãos de pólen médios, isopolares, subprolatos a prolato esferoidal, amb

subtriangular, 6-colporados, exina microrreticulada. Ectoaberturas aos pares, longas,

dilatada na região da endoabertura, afiladas nas extremidades, não fusionadas ao

apocolpo, três endoaberturas lalongadas com extremidades circulares, pontopérculo

fortemente soldado ao mesocolpo na região apocolpal. Exina delgada, reticulada,

heterobrocada, muros lisos, sinuosos e simplescolumelados e contínuos, formando

retículos sem báculos livres no interior dos lumens.

Tipo 6: Grãos de pólen 6-colporados, endoaberturas com extremidades circulares

unindo os cólporos proximais, muros interrompidos, simplescolumelados, poucos

báculos nos lumens dos (micror)retículos e membrana apertural lisa.

Espécies: P. cirrhiflora Juss. e P. deidamioides Harms (Figuras 18A-F).

Grãos de pólen médios a grandes, isopolares, subprolatos a oblatos esferoidal,

amb subcircular, 6-colporados, exina reticulada (em P. cirrhiflora) a microrreticulada

(em espécimes de P. deidamioides). Ectoaberturas aos pares, longas, afiladas nas

extremidades, não fusionadas ao apocolpo, três endoaberturas com extremidades

circulares bastante visíveis (pequenas em P. deidamioides), uma para cada ectoabertura,

pontopérculo soldado ao mesocolpo na região apocolpal, saliente na região equatorial

106

Page 107: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

em P. cirrhiflora. Exina delgada, (micror)reticulada, heterobrocada, muros lisos,

sinuosos, simplescolumelados e interrompidos, formando retículos com pouco báculo

livre no interior dos lumens.

Tipo 7: Grãos de pólen 6-colporados, endoaberturas com extremidades circulares

unindo os cólporos proximais, retículos com muros duplicolumelados, contínuos,

muitos báculos nos lumens dos retículos.

Espécie: P. tetrandra Banks & Sol. ex DC. (Figuras 18G-J).

Grãos de pólen médios, isopolares, subprolatos, amb subcircular, 6-colporados,

exina reticulada. Ectoaberturas aos pares, longas, três endoaberturas com extremidades

circulares, única para cada par de ectoaberturas, pontopérculo fortemente soldado ao

mesocolpo na região apocolpal. Exina espessa, reticulada, heterobrocada, muros lisos,

pouco sinuosos e duplicolumelados e contínuos, formando retículos com lumens

grandes, muitos báculos livres no interior.

Discussão

Presting (1965) ao avaliar 153 espécies de 13 gêneros de Passifloraceae sensu

Killip (1938), encontrou grande diversidade morfopolínica nos grãos de pólen

analisados, relacionando os resultados obtidos aos números cromossômicos básicos, ou

ainda, segundo Melo et al. (2001), a poliploidia existente em algumas espécies do

grupo.

Neste estudo, também foi comprovada a grande diversidade dos grãos de pólen

das espécies analisadas, com relação ao tamanho, forma, abertura, características do

muro, lumens do retículo e número de báculos. Dentre os caracteres citados os mais

destacáveis de alguns táxons deste subgênero, são os báculos que, sob ML e MEV,

apresentam certa variação em número: espécies em que há completa ausência (P.

arbelaezii, P. gracillima e P. tryphostemmatoides), outras com poucos (P. cirrhiflora,

P. deidamioides, P. macdougaliana e P. obovata) e outras com muitos báculos no

interior dos lumens (P. contracta, P. igrapiunensis, P. ovalis, P. tetrandra e P.

timboënsis). Milward-de-Azevedo et al. (2004) utilizaram este caráter como importante

recurso para a taxonomia da família no estudo de espécies do subgênero Decaloba no

Sudoeste do Brasil. Também Presting (1965), ao propor uma filogenia para as

107

Page 108: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

Passifloraceae baseada em caracteres polínicos utilizou a presença ou ausência dos

báculos como recurso palinotaxonômico de grande valor.

Para a diagnose polínica das espécies analisadas, o tipo, o número apertural (6-

colporados) e a presença de pontopérculos são básicos. Assim, essas características

morfopolínicas estão sobrepostas dentro do grupo, como caráter comum às espécies

estudadas.

Na literatura analisada para as espécies de Passiflora subgênero Deidamioides,

alguns autores descreveram aberturas do tipo colporado (Presting 1965; Barrios et al.

2005), como os encontrados nesta pesquisa, exceto Escobar (1988a), que cita para P.

pacifica grãos de pólen com aberturas do tipo colpo.

Com base na presente análise, os grãos de pólen foram aqui definidos como

possuindo aberturas paralelas e aos pares, recobertos por um tipo especial de opérculo:

os pontopérculos. Segundo Erdtman (1952) trata-se de um tipo de opérculo que

permanece ligado à sexina no final da abertura, característica observada em todos os

espécimes analisados, na qual as aberturas compostas (cólporos) apresentam-se

protegidas por um largo pontopérculo, bastante evidente na região equatorial formando

uma faixa larga e contínua da exina entre os mesocolpos, fusionando-se nas

extremidades das áreas apocolpais. Thanikaimoni (1986), Palacios-Chavéz et al. (1991)

e Araujo & Santos (2004) também utilizaram o termo pontopérculo com a mesma

propriedade citada para os grãos de pólen de espécies de Passiflora.

Passiflora arbelaezii e P. gracillima têm caracteres polínicos marcantes. Estas

espécies com grãos de pólen 6-sincolporados constituem um tipo polínico especial e

diferente dos demais tipos descritos para o subgênero em questão, já que os grãos de

pólen analisados não apresentaram o sincolpismo apertural peculiar às espécies do tipo

1, na qual as ectoaberturas paralelas se alongam e se unem no apocolpo a outra

ectoabertura adjacente oriunda do par vizinho, formando um anel contínuo ao redor do

mesocolpo que permanece preso à membrana apertural.

Araújo & Santos (2004) analisando 12 espécies de Passiflora encontradas na

Chapada Diamantina no estado da Bahia, relataram para nove espécies o sincolpismo

apertural e, ao contrário deste estudo, mencionaram queda dos mesocolpos decorrente

da fragilidade da membrana apertural e do processo de acetólise, fato também

observado pelos autores: Presting 1965; Spirlet 1965; Chen 1986; Moar 1993; Roubik

& Moreno 1991 e Garcia et al. 2002. Para Presting (1965), o sincolpismo constitui um

108

Page 109: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

dos dois aspectos evolutivos mais importantes na palinotaxonomia do gênero

Passiflora.

As espécies P. contracta, P. igrapiunensis, P. ovalis e P. timboënsis formam

um complexo palinológico muito homogêneo (estenopolínico) dentro do grupo

analisado, no qual as espécies se aproximam mais no que se refere à pouca sinuosidade

dos muros que formam grandes lumens com muitos báculos em seu interior. O tamanho

(grande) e o amb (prolato esferoidal) também os aproximam apesar desses caracteres

possuírem menos peso taxonômico do que os citados anteriormente. A membrana

apertural dessas espécies encontra-se fortemente ornamentada. Nesta pesquisa, isso foi

observado nos grãos de pólen dos espécimes acima citados tanto sob ML como sob

MEV. Para Heslop-Harrison (1979) esse pode ser um mecanismo contra dissecação,

principalmente durante a polinização.

As espécies incluídas neste tipo polínico são facilmente reconhecidas como

pertencentes a um mesmo subgrupo, por apresentar inflorescência racemosa, flores com

4 estigmas, ovário 4-carpelos, com distribuição restrita a áreas de Mata Atlântica e

endêmicas do Brasil. Segundo a delimitação proposta por Feuillet & MacDougal

(2003), estas espécies pertencem ao subgênero Deidamioides seção Tetrastylis.

Passiflora ovalis publicada por Roemer (1846) é uma espécie endêmica do Brasil,

encontrada nos estados de Pernambuco a São Paulo, em área de mata atlântica. Vitta &

Bernacci (2004), separaram esta espécie em duas, com base no tipo e tamanho da

inflorescência, tamanho do pedúnculo 6-15 mm compr., pedicelo 4-5,5 cm compr.,

flores amarelo-esverdeadas e os frutos são verdes com manchas claras, variando de 7-14

x 5-9 cm quando maduro (P. ovalis) vs. inflorescências racemiforme, 7-12 cm compr.,

pedúnculo ausente, pedicelo 1,2-2,7 cm compr; flores marrons, frutos verdes com

estrias brancas quando imaturos e amarelos quando maduros (P. contracta). Cervi

(2005), sinonimizou P. contracta em P. ovalis. Nos capítulos 2 e 3, desta tese, são

apresentados estudos morfométricos e com marcadores moleculares de ISSR, no intuito

de elucidar o posicionamento taxonômico destas espécies. Os resultados obtidos

(capítulos 2 e 3) mostram que são duas espécies distintas, com caracteres morfológicos

congruentes e corroborado também pela distribuição geográfica.

No contexto morfopolínico geral das espécies estudadas, P. obovata é uma

espécie à parte e constitui um tipo polínico especial, diferente dos demais com uma

marcante característica apertural, enquanto as demais espécies estudadas apresentaram

endoaberturas únicas por um par de ectoaberturas proximais e paralelas. Em P. obovata,

109

Page 110: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

ocorre um fato não mencionado na literatura analisada para o grupo, em que as

endoaberturas opostas se unem aos pares de ectoaberturas distais e adjacentes, ficando,

portanto, com endoaberturas mais largas que as dos grãos de pólen dos tipos polínicos

encontrados para o subgênero Deidamioides.

A ampla variedade morfopolínica característica das Passifloraceae tem

possibilitado a criação de tipos polínicos. Presting (1965) estabeleceu tipos polínicos

para as espécies dessa família utilizando como base o padrão do retículo (diâmetro do

lumen e presença ou ausência de báculos) e espessura da exina. Araújo & Santos (2004)

elegeram tipos polínicos baseados nas variações operculares (opérculos elípticos e

pontopérculos) e tamanhos dos lumens dos (micror)retículos. Neste estudo, os tipos

polínicos foram tipificados de acordo com o padrão apertural, as características do muro

e presença ou ausência de báculos no interior dos lumens, diferindo, portanto dos

caracteres utilizados pelos autores supracitados.

Das espécies aqui apresentadas, três foram analisadas pelos estudos de

Presting (1965): P. cirrhiflora, P. deidamioides e P. tryphostemmatoides, sendo

descritas com grãos de pólen 6-colporados, reticulados, heterobrocados com muros

sinuosos e simplescolumelados, tendo a primeira espécie grãos de pólen subprolatos e a

segunda, grãos de pólen esféricos. Esses resultados corroboram com os observados

neste trabalho, exceto a forma polínica de P. tryphostemmatoides, sendo os espécimes

aqui descritos como subprolatos a prolatos esferoidais. Contudo algumas características

morfopolínicas diferenciam estas espécies: P. cirrhiflora contendo grãos de pólen

grandes, com amb subcircular e lumens com poucos báculos no interior. E os espécimes

de P. tryphostemmatoides apresentando grãos de pólen médios, amb subtriangular e

lumens pequenos sem báculos no interior.

Segundo Barrios et al. (2005), os grãos de pólen da seção Tryphostemmatoides

seriam caracterizados como oblatos esferoidais a prolato esferoidais, médios, 6-

colporados, mediano, amb circular, três endoaberturas, colpos fusionados em pares com

três mesocolpos livres. Nesta pesquisa os dados polínicos confirmam os resultados

obtidos por Barrios et al. (2005), para duas espécies pertencentes à seção citada: P.

arbelaezii e P. gracillima. No entanto, se verificou diferenças no tamanho (médios a

grandes) e na forma (oblatos a prolato esferoidais) respectivamente, nos indivíduos

analisados. Estes caracteres, contudo, não são considerados de valor diagnóstico, devido

às diferenças encontradas nos grãos de pólen dos diferentes espécimes e a insuficiência

de exemplares com parâmetros para comparação.

110

Page 111: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

P. tryphostemmatoides, também pertencente à mesma seção, possui

característica do ponto de vista palinológico (colpos não fusionados aos pólos) que

nesta pesquisa, o separa das espécies: P. arbelaezii e P. gracillima.

Observou-se em microscopia eletrônica de varredura a presença de

interrupções nos muros dos retículos de algumas espécies (P. cirrhiflora, P.

deidamioides e P. obovata), não sendo possível uma evidência dos mesmos em

microscopia de luz. Sendo este, um caráter morfopolínico importante na separação de

determinados táxons de diversas famílias. Em Passifloraceae não foram encontrados

dados a esse respeito na literatura palinológica consultada. Outra característica polínica

marcante no gênero Passiflora é a presença de muros simples a duplicolumelados

(Presting 1965; Spirlet 1965) como os encontrados nesta pesquisa. Das espécies

analisadas, a única a apresentar muros duplicolumelados foi P. tetrandra,

caracterizando um tipo morfopolínico distinto dentro do subgênero estudado.

Os resultados obtidos no presente estudo indicam que as espécies estudadas

possuem grande variação morfopolínica que permitem o reconhecimento de muitas

espécies.

Os dados palinológicos encontrados para as espécies estudadas do subgênero

Deidamioides, reforçam alguns dos resultados alcançados no estudo filogenético

apresentado no capítulo um. O tipo polínico um, agrupando P. arbelaezii com P.

gracillima não corrobora com os obtidos na filogenia, onde estas espécies apareceram

em clados distintos sugerindo a divisão do subgênero Tryphostemmatoides em dois,

possivelmente: subgênero Tryphostemmatoides e subgênero Discophora. Porém,

segundo a classificação proposta por Feuillet & MacDougal (2003), estas espécies

pertencem a um mesmo grupo.

As espécies com o tipo polínico dois, pertencentes à seção Tetrastylis

corrobora os resultados obtidos com os estudos morfológicos, porém a filogenia separou

estas espécies em dois grupos distintos, o clado 1 e o clado 5.

Passiflora obovata que apresentou o tipo polínico três, nos estudos

filogenéticos agrupou com as espécies P. contracta e P. deidamioides, duas espécies

completamente distintas. Esta classificação em um tipo único pode indicar que esta

espécie pertence a um grupo distinto, e que outros estudos são necessários para resolver

esta questão.

111

Page 112: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

O tipo polínico encontrado em P. macdougaliana, reforça sua exclusão do

subgênero Deidamioides. Este tipo polínico também foi encontrado em algumas

espécies do subgênero Decaloba.

Passiflora tryphostemmatoides, apresentou um tipo polínico exclusivo, não

agrupando esta espécie com as demais da seção Tryphostemmatoides. Este resultado,

pode corroborar os dados obtidos com a filogenia, onde esta espécie agrupas-es apenas

com P. gracillima, e pode vir a ser considerado um subgênero a parte.

A união entre P. cirrhiflora e P. deidamioides através do tipo polínico seis, já

foi considerada por estas espécies serem as únicas do grupo que apresentam folhas

lobadas. Porém, os estudos filogenéticos indicam o isolamento de P. cirrhiflora, como

um possível subgênero monoespecífico: Polyanthea. P. deidamioides necessita de

novos estudos para elucidar seu posicionamento, uma vez que, os dados filogenéticos

agrupa esta espécie com P. contracta (tipo polínico 2) e com P.obovata (tipo polínico

3).

O tipo polínico único encontrado para P. tetrandra, reforça os resultados

encontrados nos estudos filogenéticos e morfológicos, sugerindo a exclusão desta

espécie do subgênero.

112

Page 113: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

J

D

B

*C

A E

* I F

G H

Figura 16. Fotomicrografias e eletromicrografias dos grãos de pólen de Passiflora: A-D. P. arbelaezii: A. Detalhe da superfície; B. Vista equatorial, pontopérculo (seta), mesocolpo (asterisco); C. Corte óptico; D. Vista polar, apocolpo (seta); E. P. gracillima: Vista polar; F. P. contracta: Detalhe das aberturas e superfície. G-H. P. ovalis: G. Vista polar, apocolpo e superfície; H. Detalhe da superfície. I. P. igrapiunensis:Vista equatorial, detalhe das aberturas, membrana apertural (seta), pontopérculo (asterisco). J. P. timböensis: Corte óptico, detalhe da endoabertura. (Escalas : fotomicrografias = 30µm e eletromicrografias = 10µm ).

113

Page 114: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

114

A B

D E

J

C

G H

*

F I

Figura 17. Fotomicrografias e eletromicrografias dos grãos de pólen de Passiflora: A- B. P. obovata: A. Vista polar, corte óptico; B. Vista equatorial, corte óptico. C-D. P. macdougaliana: C. Detalhe da superfície; D. Vista equatorial, pontopérculo (seta) (escala = 3µm); E. Detalhe das aberturas e superfície (escala = 3µm). F-J. P tryphostemmatoides: F. Mesocolpo e apocolpo (escala 3µm); G-H. Vista equatorial, corte óptico e aberturas, respectivamente; I. Detalhe das aberturas e superfície; J. Aberturas, mesocolpo (asterisco), pontopérculo (seta). (Escalas das fotomicrografias = 30 µm).

Page 115: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

115

Figura 18. Fotomicrografias e eletromicrografias dos grãos de pólen de Passiflora: A- C. P. deidamioides: A. Detalhe da abertura e superfície (escala = 3µm); B. Vista equatorial (escala = 10µm); C. Mesocolpo (escala = 10µm). D-F. P. cirrhiflora: D. Vista equatorial, pontopérculo (seta) (escala = 10µm); E. Detalhe da superfície, muro interrompido (seta) (escala = 2µm); F. Mesocolpo (escala = 10µm). G- J. P. tetrandra: G. Detalhe da superfície (escala = 10µm). H-I. Análise de L.O (setas) (escalas = 30µm); J. Apocolpo (escala = 10µm).

A

D

G I

H

E

B C

J

F

Page 116: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

Tabela 15. Medidas (µm) dos diâmetros e dos caracteres morfopolínicos dos espécimes estudados de Passifloraceae sbg. Deidamioides (n = 25).

X± Sx = média aritmética e desvio padrão da média; FV = faixa de variação; vp = vista polar; vê = vista equatorial; compr. = comprimento;

larg.= largura. *n<25 Espécies/espécimes Equatorial, vp Equatorial, ve Polar, ve

X ±Sx FV X ±Sx FV X ±Sx FV

Pontopérculo

Larg.

Lúmen

Compr. x Larg Exina

P. arbelaezii

J. MacDougal 3987

L.A.Escobar 3652

46,2±1,1

36,3±0,9

35,0 – 55,0

30,0 – 45,0

51,1±1,44

37,5±0,5

37,5 – 50,0

32,5 – 40,0

50,0±2,00

38,4±0,7

37,5 – 62,5

35,0 – 42,5

5,0

6,2

1,7 x 2,3

3,6 x 2,0

3,0

2,8

P. cirrhiflora

C. Feuillet 1424

M. Bastos 96378

68,9±1,4

59,3±1,4

57,5 – 75,6

47,5 – 67,5

58,7±0,9

45,0±0,8

47,5 – 65,0

40,0 – 50,0

*60,7

*54,52

50,0 – 65,0

42,5 – 67,5

10,5

11,6

2,0 x 3,0

1,9 x 2,8

3,0

3,3

P. contracta

T.S.Nunes 1778

T.S. Nunes 1909

T.S.Nunes 1812

*50,0

52,4±0,9

61,3±0,9

47,5 – 52,5

47,5 – 57,5

55,0 – 70,0

*47,5

49,0±1,5

54,8±1,3

45,0 – 50,0

42,5 – 57,5

50,0 – 62,5

56,0±1,4

*49,4

*58,6

52,5 – 60,0

42,5 – 57,5

55,0 – 62,5

11

10,5

13

5,0 x 10,4

5,0 x 6,5

4,0 x 7,0

5,0

4,0

4,5

P. deidamioides

L.C. Bernacci 3652

W. Forster 319

A.K. Hansen 181

R. Marquete 3080

49,2±0,9

45,4±0,9

46,5±0,6

42,8±1,1

42,5 – 55,0

40,0 – 52,5

42,5 – 50,0

35,0 – 50,0

43,6±1,6

34,8±1,2

40,4±0,7

36,5±1,2

32,5 – 50,0

30,0 – 42,5

35,0 – 42,5

30,0 – 45,0

*46,5

*36,8

*42,2

*40,0

42,5 – 47,5

30,0 – 40,0

40,0 – 45,0

35,0 – 45,0

9,5

9,2

9,1

9,6

2,0 x 2,5

≤ 1,0

2,3 x 2,6

≤ 1,0

2,5

2,0

2,5

2,4

P. gracillima

R. Callejas 11129

*43,0

40,0 – 45,0

*38,2

35,0 – 42,5

43,3±0,9

37,5 – 50,0

6,3

1,8 x 1,0

2,5

116

Page 117: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

Continuação da Tabela 15. Medidas (µm) dos diâmetros e dos caracteres morfopolínicos dos espécimes estudados de Passifloraceae subg.

Deidamioides (n = 25). x± Sx = média aritmética e desvio padrão da média; FV = faixa de variação; vp = vista polar; vê = vista equatorial;

compr. = comprimento; larg.= largura. *n<25 Espécies/espécimes Equatorial, vp Equatorial, ve Polar, ve

X ±Sx FV X ±Sx FV X ±Sx FV

Pontopérculo

Larg.

Lúmen

Compr. x Larg Exina

P. igrapiunensis

M.L.Guedes 9294

71,3±1,5

47,5 – 82,5

67,8±1,5

71,8 – 60,0

*71,8

62,5 – 75,0

13,0

6,0 x 3,9

4,0

P. macdougaliana

S. Knapp 4587

*53,4

50,0 – 62,5

*48,8

45,0 – 57,5

53,0±1,3

47,5 – 62,5

10,0

4,7 x 5,3

5,6

P. obovata

S. Knapp 867

44,6±1,1

40,0 – 52,5

47,4±0,7

42,5 – 50,0

47,5±0,9

42,5 – 67,5

12,2

2,6 x 3,5

3,5

P. ovalis

T.S.Nunes 1837

T.S.Nunes 1831

*53,3

*54,0

50,0 – 57,5

50,0 – 60,0

*49,1

*50,3

45,0 – 50,0

47,5 – 55,0

52,8±1,2

53,8±1,0

47,5 – 50,0

47,5 – 62,5

14,0

12,0

3,6 x 7,0

4,3 x 6,1

4,0

4,0

P. tetranda

R. Lynd 927453

42,5±1,2

35,0 – 52,5

34,4±0,9

27,5 – 40,0

34,7±0,8

30,0 – 37,5

14,8

4,2 x 8,1

4,2

P. timboënsis

A.M.Amorim 7027

68,8±0,9

65,0 – 65,0

63,6±1,2

55,0 – 70,0

*67,5

60,0 – 70,0

13,5

4,3 x 6,2

4,5

P. tryphostemmatoides

F. Billiet 6896

F.C. Lehmann 8515

43,7±1,1

36,6±1,0

37,5 – 50,0

32,5 – 47,5

38,7±0,7

31,5±1,0

35,0 – 42,5

27,5 – 37,5

*40,5

*35,0

37,5 – 42,5

32,5 – 42,5

10,1

10,1

≤ 1,0

≤ 1,0

2,1

2,0

117

Page 118: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

Tabela 16. Caracterização morfológica dos grãos de pólen (n = 25) de Passifloraceae (µm). P/E Abertura

Espécies/Espécimes Tamanho

FormaTipo Endoabertura

Muros Presença de báculo

nos lumens

P. arbelaezii

J. MacDougal 3987

grande

oblato esferoidal

0,9

6-(sin)colporado

3 endoaberturas unindo os

colporos proximais

Simplescolumelados,

contínuos e sinuosos

ausente

P. cirrhiflora

C. Feuillet 1424

M. Bastos 96378

grande

grande

subprolato

oblato esferoidal

1,15

0,87

6-colporado

6-colporado

3 endoaberturas unindo os

colporos proximais

Simplescolumelados

interrompidos e sinuosos

poucos

poucos

P. contracta

T.S.Nunes 1778

T.S. Nunes 1809

T.S.Nunes 1812

grande

médio

grande

prolato esferoidal

prolato esferoidal

prolato esferoidal

1,05

1,02

1,11

6-colporado

6-colporado

6-colporado

3 endoaberturas unindo os

colporos proximais

Simplescolumelados

contínuos e poucos

sinuosos

muitos

muitos

muitos

P. deidamioides

L.C. Bernacci 3652

W. Forster 319

A.K. Hansen 181

R. Marquete 3080

médio

médio

médio

médio

prolato esferoidal

subprolato

subprolato

subprolato

1,10

1,30

1,15

1,17

6-colporado

6-colporado

6-colporado

6-colporado

3 endoaberturas unindo os

colporos proximais

Simplescolumelados

interrompidos e sinuosos

Poucos

Poucos

Poucos

Poucos

P. gracillima

R. Callejas 11129

L.A. Escobar 3652

médio

médio

Prolato esferoidal

Oblato esferoidal

1,12

0,96

6-(sin)colporado

6-(sin)colporado

3 endoaberturas unindo os

colporos proximais

simplescolumelados

contínuos e sinuosos

Ausente

Ausente

P. igrapiunensis

M.L.Guedes 9294

grande

Prolato esferoidal

1,05

6-colporado

3 endoaberturas unindo os

colporos proximais

Simplescolumelados

contínuos e pouco sinuosos

Muitos

P. macdougaliana

S.Knapp 4587

grande

Prolato esferoidal

1,09

6-colporado

3 endoaberturas unindo os

colporos proximais

Simplescolumelado

contínuos e sinuosos

Muitos

P. obovata

118

Page 119: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

119

P/E AberturaEspécies/Espécimes Tamanho

Forma

Tipo EndoaberturaMuros

Presença de báculo

nos lumens

S.Knapp 867 Médio Oblato esferoidal 0,94 6-colporado 3 endoaberturas unindo os

colporos distais

Simplescolumelados

interrompidos e sinuosos

Poucos

P. ovalis

T.S.Nunes 1837

T.S.Nunes 1831

grande

grande

Prolato esferoidal

Prolato esferoidal

1,08

1,07

6-colporado

6-colporado

3 endoaberturas unindo os

colporos proximais

Simplescolumelados

contínuos e pouco sinuosos

Muitos

Muitos

P. tetrandra

R.Lynd 927453

Médio

Subprolato

1,20

6-colporado

3 endoaberturas unindo os

colporos proximais

Duplicolumelados

contínuos e sinuosos

Muitos

P. timboënsis

A.Amorim 7027

Grande

Prolato esferoidal

1,08

6-colporado

3 endoaberturas unindo os

colporos proximais

Simplescolumelados

contínuos e pouco sinuosos

Muitos

P. tryphostemmatoides

F. Billiet 6896

F.C. Lehmann 8515

médio

médio

Prolato esferoidal

Subprolato

1,15

1,16

6-(sin)colporado

6-(sin)colporado

3 endoaberturas unindo os

colporos proximais

Simplescolumelados

contínuos e sinuosos

Ausente

Ausente

Page 120: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

Capítulo V

Revisão Taxonômica de Passiflora L. subgênero Deidamioides

(Harms) Killip (Passifloraceae) sensu Feuillet

&MacDougal (2003)

120

Page 121: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

Revisão Taxonômica de Passiflora L. subgênero Deidamioides

(Harms) Killip (Passifloraceae) sensu Feuillet & MacDougal

(2003).

Este capítulo compreende a revisão taxonômica de Passiflora L. subgênero

Deidamioides (Harms) Killip. De acordo com os resultados obtidos na análise

filogenética molecular com base em genes de ITS e trnL-F (capítulo 1), Deidamioides é

polifilético e suas seções não são aqui reconhecidas, deste modo a delimitação deste

subgênero está sendo feita apenas com base na classificação proposta por Feuillet &

MacDougal (2003), sem contudo, reconhecer as espécies dentro de subseções, seções ou

séries.

Os resultados obtidos até então, corroborado por outros estudos filogenéticos

(Muschner et al. 2003; Yockteng et al. 2004b; Krosnick & Freudenstein 2005; Krosnick

et al. 2006; Hansen et al. 2006 e Zamberlan 2007), apontam para uma possível

redelimitação deste subgênero, no sentido de ser reconhecido como mais de um

subgênero. Porém, é necessária a utilização de uma amostragem maior, no sentido de

abranger um número maior de espécies, assim como a utilização de outras regiões

moleculares. Até o momento, nenhum estudo filogenético apontou para o não

monofiletismo dos subgêneros Astrophea, Decaloba e Passiflora.

O objetivo principal deste capítulo é apresentar uma revisão das espécies

tratadas como pertencente a subgênero Deidamioides sensu Feuillet & MacDougal

(2003), uma vez que até então nenhum trabalho apresentou uma revisão com todas estas

espécies.

As espécies propostas para o subgênero Deidamioides são aqui apresentadas

em ordem alfabética, incluindo uma chave de identificação taxonômica, ilustração,

mapa de distribuição geográfica, assim como uma discussão sobre o histórico

taxonômico de cada espécie.

Material e Métodos

Para a realização deste trabalho foi realizada uma ampla revisão bibliográfica

em bibliotecas nacionais e internacionais, incluindo a aquisição de todas as descrições

originais de todos os nomes relacionados ao subgênero Deidamioides, além de obras

121

Page 122: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

históricas relacionadas com o grupo.

Foram realizadas coletas durante o período de 2002 a 2007, nos estados de

Pernambuco, Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo (Tabela 17). Os

materiais coletados foram depositados no Herbário da Universidade Estadual de Feira

de Santana (HUEFS).

Foram analisados os materiais recebidos como empréstimo dos herbários

nacionais e internacionais (Tabela 18). Todos os materiais tipos foram consultados, bem

como importantes coleções históricas. Para o estudo dos espécimes foram utilizados

métodos taxonômicos tradicionais (comparação com material-tipo, diagnoses originais e

com base nas principais referências do grupo), assim como, análise de estruturas em

microscópio óptico, descrições morfológicas e ilustração dos principais caracteres.

Tabela 17. Coletas realizadas durante a realização deste projeto

Período Localidade Estado 16-19.11.2005 Conde/Entre Rios/Camaçari Bahia

27-30.12.2005 Porto Seguro/Belmonte/Uma/Ilhéus/Maraú Bahia

10-18.01.2006

Caetité/Licinio de Almeida/Diamantina/Grão Mogol/Paraty/Ubatuba

Bahia/Minas Gerais/Rio de Janeiro/São Paulo

Conceição da Barra/Itaúnas/Linhares Espírito Santo 03-07.06.2006 Paraty/Ubatuba São Paulo/Rio de janeiro 20-21.08.2006 Linhares Espírito Santo 20–11.05.2007 Porto Seguro/Eunapólis/Igrapiúna Bahia 03-05.04.2007 Paraty/Ubatuba São Paulo/Rio de janeiro

Paraty/Ubatuba São Paulo/Rio de janeiro 19-31.08.2007 Linhares/Conc. Barra/Itaúnas Espírito Santo 18-22.01.2007 Conde/Entre Rios/Camaçari Bahia 09-11.01.2008 Iguarassu Pernambuco

Tabela 18. Lista de herbários visitados ou consultados através do empréstimo dos

materiais. (Acrônimos segundo Holmgren et al. 1990). *Herbários visitados/# herbários

não indexados

Acrônimo Instituição A Herbarium, Arnold Arboretum, Harvad University, Cambridge, U.S.A.

AAU Herbarium Jutlandicum, University of Aarhus, Denmark.

ALCB* Herbário Alexandre Leal Costa, Instituto de Biologia, Universidade Federal da

122

Page 123: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

Bahia, Salvador, BA.

ASE Herbário Universidade Federal de Sergipe, Aracaju, SE.

B*

Botanischer Garten und Botanisches Museum Berlin-Dahlem, Zentraleinrichtung

der Freien Universität Berlin

BAH* Laboratório de Botânica, EPABA, Salvador, BA

BHCB* Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG.

BM* The Natural History Museum, London, UK.

BR* Jardin Botanique National de Belgique.

BRG Guyana National Herbarium, Guyana.

C University of Copenhagen, Denmark.

CAY Insitut de Recherche pour le Developpement (IRD), Cayenne, French Guiana.

CEN CEENARGEN, EMBRAPA, Brasília - DF.

CEPEC* Herbário André Amorim de Carvalho, CEPEC/CEPLAC, Ilhéus, BA.

COL Herbário Nacional Colombiano, Bogotá, Colômbia.

CR Herbário Nacional, Museo Nacional de Costa Rica, Costa Rica.

CVRD* Reserva Florestal Companhia Vale do Rio Doce, Linhares, ES.

DUKE Herbarium, Botany Department, Duke University, North Carolina, U.S.A.

EAP Herbário Paul C. Standley, Escuela Agrícola Panamericana, Honduras.

ESA Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Piracicaba, SP.

ESAL Universidade Federal de Lavras, MG.

F Herbarium, Field Museum of Natural History, Chicago, U.S.A.

G Conservatire et Jardin botaniques de la Ville de Geneve, Switzerland.

GUA FEEMA, Centro Botânico do Rio de Janeiro, RJ.

HAS Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS.

HB* Herbarium Bradeanum, Rio de Janeiro, RJ.

HBR Herbario Barbosa Rodrigues, Rio de Janeiro, RJ.

HEH Escuela Nacional de Ciências Forestales, Honduras.

HEPH Jardim Botânico de Brasília, SMDB, Brasília, DF.

HPL Instituto Plantarum de Estudos da Flora Ltda., Nova Odessa, SP.

HRB* RADAMBRASIL, IBGE, Salvador, BA.

HRCB Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Rio Claro, SP.

HST#

Herbário Sergio Tavares, Departamento de Engenharia Florestal, Universidade

Federal Rural de Pernambuco, Recife, PE.

HUA

Herbário Centro de Investigaciones Ciências Exatas y Naturales (CIEN), Medellín,

Antioquia, Colômbia

HUEFS* Herbário da Universidade Estadual de Feira de Santana, Feira de Santana, BA.

HUESB*# Herbário da Universidade do Sudoeste da Bahia, Jequié, BA.

HUNEBA Universidade do Estado da Bahia, Campus II - Alagoinhas, BA.

HURG Universidade do Rio Grande, Rio Grande, RS.

IBGE Reserva Ecológica do IBGE, Brasília, DF.

123

Page 124: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

IAC Instituto Agronômico de Campinas, SP.

ICN* Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS.

INPA Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Manaus, AM.

IPA Herbário Empresa Pernambucana de Pesquisa Agropecuária, Recife, PE.

JAUM Herbarium Jardim Botânico Joaquim Antonia Uribe, Antioquia, Colômbia.

JPB* Herbário Lauro Pires Xavier, João Pessoa, PB.

K* Royal Botanic Gardens - Kew, England, U.K.

LL Lundell Herbarium, University of Texas, U.S.A.

M Herbarium, Botanische Staattssammlung, Alemanha.

MA Herbario, Real Jardim Botânico, Madrid, Espanha.

MAC Herbário – Coordenação Setor do Meio Ambiente, Maceió, AL.

MBM* Museu Botânico Municipal de Curitiba, PR.

MBML* Museu de Biologia Mello Leitão, Santa Tereza, ES.

MEXU Herbário Nacional, Universidade Nacional Autônoma de México, México, D.F.

MG Museu Paraense Emílio Goeldi, Belém, PA.

MICH Herbarium University of Michigan, U.S.A.

MO Missouri Botanical Garden, U.S.A.

MPU Herbier, Institut de Botanique, Montpellier, França.

MYF Herbario Universidade Central de Venezuela, Caracas, Venezuela.

N Herbarium Najing University, China.

NY New York Botanical Garden, U.S.A.

P Muséum National d'Histoire Naturelle, Paris, França.

PEUFR Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife, PE.

PH Herbarium Academy of Natural Science, Philadelphia, U.S.A.

QCNE Herbarium Museo Nacional de Ciências Naturales, Quito, Equador.

R* Museu Nacional Universidade Federal do Rio de Janeiro, RJ.

RB* Jardim Botânico do Rio de Janeiro, RJ.

RBR Herbário Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, RJ.

RFA Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ.

RUSU Univesidade Santa Úrsula, SP.

SP* Instituto de Botânica de São Paulo, SP.

SPF* Universidade de São Paulo, SP.

SPSF Herbário, Seção de Madeiras e Produtos Florestais, Instituto Florestal, SP.

TEFH Universidade Nacional Autônoma de Honduras, Honduras.

TEPB*

Herbário Graziela Barroso, CCN, Departamento de Biologia, Universidade Federal

do Piauí, Teresina, PI.

TEX Herbario Universidade do Texas, Austin, U.S.A.

U Herbarium, Institute os Systematic Botany, Netherlands.

UB* Universidade de Brasília, Brasília, DF.

UEC Universidade Estadual de Campinas, Campinas, SP.

124

Page 125: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

UESC* Universidade Estadual Santa Cruz, Ilhéus, BA.

UFP* Universidade Federal de Pernambuco, Recife, PE.

UPCB Herbário Universidade Federal do Paraná, Curitiba, PR.

US Smithsonian Institution, Columbia, Washington, USA.

UT Garett Herbarium, Utah Museum of Natural History, U.S.A.

VEN Herbario Nacional de Venezuela, Venezuela.

VIC* Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG.

Y Herbarium Samuel Jones Recor Memorial Collection, New Haven, U.S.A.

Foram analisados ca. 300 espécimes depositados em herbários. Uma lista

completa de todos os materiais consultados encontra-se no apêndice 2. As descrições

foram elaboradas com base nos materiais examinados, ou excepcionalmente, com base

nas descrições originais e fotos dos tipos (P. pacifica). As medidas das partes

vegetativas e reprodutivas foram tomadas com auxílio de um paquímetro digital

(Stainless Hardened) e as medidas de largura e diâmetro foram feitas na parte mais

larga da estrutura.

A descrição das espécies foram baseadas nos caracteres qualitativos e

quantitativos observados, exclusivamente no material examinado. Os materiais

examinados estão ordenados por ordem alfabética de país, estado e municípo, com

localidade, data de coleta (da mais antiga para a mais recente). Algumas abreviações

foram padronizadas na descrição dos materiais examinados: “s.loc.” (sem localidade),

“s.d.” (sem data), “s.c.” (sem coletor), “s.n.” (sem número de coleta). Os dados

fenológicos foram obtidos dos materiais examinados e estão abreviados da seguinte

maneira: “fl” (flor), “fr” (fruto), “bt” (botão) e “st” (estéril).

As espécies são apresentadas em ordem alfabética e o tratamento taxonômico

oferece descrição morfológica e informações gerais sobre a distribuição geográfica,

fenologia e hábitats. Os comentários reúnem informações encontradas na literatura, nas

exsicatas e em observações de campo e de laboratório.

Os dados de distribuição geográfica foram retirados das informações que

constam nas fichas de coletas das exsicatas examinadas, além dos dados das coletas

georreferenciadas. Os mapas foram construídos a partir dos modelos obtidos no

software ArcView GIS 3.2 (ESRI 1999), com modificações conforme os padrões de

distribuição estabelecidos. As espécies foram analisadas em relação aos critérios de

ameaça da IUCN (2004), e classificadas conforme as categorias sugeridas.

125

Page 126: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

Resultados Tratamento Taxonômico

Passiflora L. subgênero Deidamioides (Harms) Killip, Field. Mus. Nat. Hist. 19(1): 25.

1938.

=Passiflora L. seção Decaloba subseção Deidamioides Harms, Repert. Sp. Nov. 19: 58,

1923.

Espécie-tipo: Passiflora deidamioides Harms

Trepadeiras herbáceas ou lenhosas; gavinhas simples, bifurcadas ou

trifurcadas, com ou sem discos adesivos na extremidade. Estípulas diminutas, linear-

lanceoladas a setáceas. Folhas inteiras (3-9-lobadas em P. deidamioides e P.

cirrhiflora), pecíolo com 2-4(-6) glândulas sésseis, raramente pedunculadas ou

estipitadas. Inflorescência racemosa, uniflora, biflora ou cauliflora, pedúnculo

terminando ou não em uma gavinha, brácteas às vezes modificadas em gavinhas, muito

reduzidas, esparsadas no pedúnculo, glândulas às vezes presentes na base do pedúnculo.

Flores brancas a branco-esverdeadas, com filamentos da corona brancos ou amarelos;

opérculo plicado; estiletes 3 ou 4. Fruto baga ou cápsula, globosa ou elíptica. Sementes

com ornamentação reticuladas ou foveoladas. Número cromossômico n=12.

Este subgênero encontra-se distribuído na América Central e América do Sul,

do México até a região sudeste do Brasil (em áreas de mata atlântica), em altitudes

variando de 0-2.500 m s.n.m.

Chave para identificação das espécies do subgênero Deidamioides

1. Inflorescência em racemo ou paniculada.

2. Flores com mais de 10 cm diâm................. ..................................... 12. P. timboënsis

2’. Flores com até 10 cm diâm.

126

Page 127: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

3. Glândulas na base do pedúnculo ausente .................................... ..7. P.

igrapiunensis

3’. Glândulas na base do pedúnculo presente.

4. Indumento face abaxial da sépala presente............................. ...3. P. contracta

4’. Indumento face abaxial da sépala ausente............................. ......10. P. ovalis

1’. Inflorescência uniflora, biflora ou com 6-flores (cauliflora, nunca um racemo).

5. Lâmina foliar 3-9 lobadas.

6. Lâmina foliar 3-lobadas, margem revoluta ............................4. P. deidamioides

6’. Lâmina foliar 5-7(-9) lobadas, margem não revoluta ................ 2. P. cirrhiflora

5’. Lâmina foliar inteira.

7. Gavinha 3-4 divisa.

8. Corona em 3 séries.

9. Inflorescência não cauliflora............................................ 5. P. discophora

9’. Inflorescência cauliflora ................................................. 11. P. pacifica

8’. Corona em 1-2 séries.

10. Disco adesivo ausente na extremidade da gavinha ....... ......... ........

....................................................................13. P. tryphostemmatoides

10’. Disco adesivo presente.

11. Corona de filamentos em 2 séries .......................... 1. P. arbelaezii

11’. Corona de filamentos em 1 série .......................... 6. P. gracillima

7’. Gavinhas inteiras ou ausentes.

12. Lâmina foliar 13,5 x 8 cm, corona de filamentos em 10 séries . ........ ........... 8. P. macdougal

12’. Lâmina foliar 9-12 × 5-6,5 cm, corona de filamentos em 2 séries .... ........... 9. P. obovata

1. P. arbelaezii L. Uribe, Caldasia, 7(35): 335. 1957.

Tipo: Colômbia, Departamento del Valle: Rio Sabaletas, cerca al puente de la carretera

a Buenaventura, entre matorrales, menos de 100 m s.n.m. 10.feb.1957, fl., E.Pérez

Arbeláez 10335 (Holótipo COL [foto HUEFS!]).

Figuras 19 e 21.

Trepadeira herbácea, escandente, inerme; caule cilíndrico, não-alado, glabro,

casca não corticosa; gavinhas divisas (3-4), discos adesivos presentes. Estípulas 0,5–2,0

× 0,1–1 mm, ca. 2× mais longas do que largas, decíduas, linear-lanceoladas a deltóide-

127

Page 128: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

triangulares, ápice acuminado, margem lisa, glândulas ausentes. Pecíolo 0,9–3,3 cm

compr., glabro, glândulas (2-)4-6, situadas a ca. (0,2-)0,9-2,5(-3,3) cm na base da

lâmina foliar, sésseis, orbicular-pedunculadas; lâmina inteira, contorno oval a

suborbicular, 1,6-4,5(-9,5) × 0,9-3,5 cm, ca. 2× mais longas do que largas,

membranácea, faces adaxial e abaxial glabras, ápice obtuso a acuminado, obcordado a

truncado, base obtusa a cordada, margem lisa a crenada, não revoluta, peninérvia,

nervuras secundárias 4-5-7, ângulo total entre as nervuras laterais (50)90-130º, manchas

ocelares e glândulas ausentes. Inflorescência bi-triflora, pedúnculo 2-5 × 0,5 cm,

terminando em uma gavinha, glândula presente na base, pedúnculo secundário 1-2 ×

0,5-1 cm, pedicelo 7-2 × 0,1 cm, brácteas 3, linear-deltóides, 0,5-1,3 × 0,1-0,5 cm,

glândulas presentes, bractéolas presentes. Flores 3-4 cm diâm., hipanto 0,2-0,4 cm alt.,

0,3-1 cm de diâm., curto-campanulado, 5-lobado, glabro; sépalas 1,5-2,5 × 0,5-1 cm,

carnosas, linear-lanceoladas, ápice agudo, margem lisa, face adaxial e abaxial verdes,

glabras, corno e glândulas ausentes; pétalas 1,8 × 0,4 cm, membranáceas, oblongas,

ápice agudo, margem lisa, faces abaxial e adaxial verde-amareladas, glabras, corno e

glândulas ausentes; corona em 2 séries de filamentos, filamentos da série externa 0,8-

1,2 cm compr., bandas brancas e amarelas na base; filamentos da série interna 0,2-0,8

cm compr., bandas brancas e amarelas na base, filamentos filiformes; opérculo não

plicado, laciniado, membranáceo, 0,1-0,3 cm alt, margem laciniada a fimbriada; límen

0,1-0,2 cm alt., cupuliforme, membranáceo; anel nectarífero presente; androginóforo

0,4-0,9 cm alt; tróclea ausente; filetes 0,3-0,6 cm compr., anteras 0,3-0,45 cm compr.,

ovário elíptico, glabro, verde-escuro, estiletes 3, glabros, 0,5-0,7 cm compr., estigmas

capitados, verdes. Baga elíptica, 2,5-4 × 2,5-3,0 cm, glabra, amarelo-alaranjada.

Sementes 0,4-0,5 × 0,3-0,45 cm, ovais a obovais, foveoladas, ápice agudo-apiculado.

Etimologia: O nome da espécie é uma homenagem ao coletor do holótipo, Dr. Enrique

Pérez Arbeláez (Uribe 1957; Ulmer & MacDougal 2004).

Fenologia: Floresce e frutifica o ano inteiro.

Distribuição e hábitat: Espécie enconrada na Colômbia, Costa Rica, Nicarágua e

Equador. Encontrada em altitude variando de 0-2.450 m s.n.m., em área de floresta

pluvial, mata primária, bosque primário e zona pantanosa.

128

Page 129: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

Conservação e usos: Espécie considerada como não ameaçada, segundo os critérios da

IUCN (2004). Até o momento nenhuma utilidade econômica foi encontrada para esta

espécie. Apresenta flores pequenas e brancas o que não a caracteriza como espécie de

potencial ornamental.

Material examinado: COLÔMBIA, Antioquia, Amalfi: Road between Amalfi and

Fraguas, near Salazar, 17,5-19,8 Km from Centro of Amalfi, bosque húmedo

premontãno, 6°57'S, 75°2'W, 1.480-1.560 m s.n.m., 14.Fev.1988, fl., fr., MacDougal,

J.M. 3987 (MA, MO); Parque Nacional Natural "Las Orquideas" Sector Calles. Margen

izquierda del río Calles, camino hacia venados. 6°32'N, 76°19'W, 1.140 m s.n.m.,

3.Jun.1988, fl., Cogollo, A. et al. 3185 (JAUM, MO); 10-13 kms de Amalfi hacia

Medellín, Cordillera Central, 6°54'35''N, 75°08'07”W, 1.590-1.650 m s.n.m.,

29.Set.1988, fl., Betancur, J. et al. 855 (HUA). Chocó, Cerro del Torrá: Vertiente

oriental, trocha entre helipuerto y mesa (abajo de cumbre), bosque nublado primário,

1.940-2.450 m s.n.m., 30.Ago.1988, fl., Silverstone-Sopkin, P. et al. 4906 (MO);

Carretera Panamericana (en construcción). Adelante del Río Pató. 5°35'N, 76°57'W,

23.Abr.1979, fr., Forero, E. et al. 5702 (COL, MO, NY); Docordó: Nothern mouth of

Rio San Juan, 4°15'N, 77°25'W, bt., 20 m s.n.m., 31.Mar.1986, fl., Gentry, A. et al.

53843 (HUA, MO). El Valle, Buenaventura: Cartón de Colombia timber conccession

near Bajo Calima. 3°55'N, 77°W, 50-100 m s.n.m., primary florest, 11.Fev.1984, fl.,

Juncosa, A. 2126 (MO). Frontino: Zona abierto-pantanoso, borde Rio Calles, 1.220 m

s.n.m., 17.Jun.1981, fl., fr., Escobar, L.A. et al. 1808 (HUA); Frontino-Urrão, Parque

Nacional de Las Orquídeas. 6°30’N, 76°30’W, 1.200-1.540 m s.n.m., 3.Dez.1986, fl.,

fr., Callejas, R. et al. 3091 (HUA); Corregimiento Nutibara, Región Murí, bosque

húmedo en pendiente de 45º aprox., 1.725-m s.n.m., 13.Jul.1986, fl., Acevedo, P. et al.

1297 (HUA, NY); Cuenca alta del Rio Cuevas, 1750 m s.n.m., 14.Abr.1987, fl., fr.,

Sánchez, D. et al. 1162 (HUA); Region of Murrí, road between Nutibara and La

Blanquita, 19,4 km from centro of Nutibara. 6°40'N, 76°26'W, 1.460 m s.n.m.,

10.Fev.1989, st., MacDougal, J.M. et al. 3878 (MO). Guatapé, Vereda Santa Rita,

Bosque húmedo, 1.850 m s.n.m., 27.Out.1983, fl., fr., Escobar, L.A. et al. 3652 (K,

TEX); 11.Out.1985, fr., Escobar, L.A. et al. 5931 (HUA); 1.850 m s.n.m., 19.Jun.1986,

fl., fr., Escobar, L.A. et al. 6756 (HUA); 24.Jul.1986, fl., fr., Escobar, L.A. et al. 6845

129

Page 130: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

(HUA). Nariño, El Hondón: trail to El Hondón, 5-12 Km SW of La Planada. 01°04'N,

78°2'W, 1750-1800 m s.n.m., 6.Jan.1988, st., Gentry, A. 60476 (MO). San Carlos:

Corregiemiento El Jordán, carretera entre centro ISA y Alto Samana, 3,8-4,3 km de la

desviación de la Presa Punchiná, along Quebrada Quebradón or roadsides nearby.

6°11’N, 74°51’W, 740-840 m s.n.m.,

130

Figura 19 - Passiflora arbelaezii L.Uribe. A. Detalhe do ramo; B. Flor. C. Detalhe das glândulas na lâmina foliar. D. Detalhe dos discos adesivos na gavinha. E. Detalhe do nó caulinar. F. Detalhe das glândulas na lâmina foliar. (A. M.Grayum 8043 (CR); B-G. L.A.Escobar 3652 (TEX)).

Page 131: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

22.Fev.1989, st., MacDougal, J.M. et al. 4148 (MO). San Francisco: Corregimiento de

Aquitania, Alto del Venado (Tierra Linda). 1.200-1.300 m s.n.m. 2.Abr.1992, fl.,

Fonnegra, R. et al. 4037 (HUA). Urrão: Camino Parque de las Orquídeas-Encarnación,

Sítio El Páramo. 6°23'N, 76°15'W, 1.800 m s.n.m., 14.Abr.1985, fl., fr., Roldán, F.J.

132 (HUA); Corregimiento de Encarnación, 6°29'N, 76°10'W, 1.700 m s.n.m.,

11.Ago.1995, fl., fr., Cardona, F. et al. 3 (HUA). Valdivia: Vereda San Fermín, 1 Km

de la Vía Ventanas (Mun. Yarumal) – Briceño, 7°15'N, 75°30'W, 1.700 m s.n.m.,

22.Mar.1988, fr., Callejas, R. 6177 (HUA). Valle, Bajo Calima: Pulpapel logging

concession SE of Buenaventura, 3°57'N, 77°00'W, 100 m s.n.m., 22.Jan.1986, fr., Stein,

B.A. et al. 3262 (MO); Pluvial forest, road to Juanchaco Palmeras, 3°55'N, 77°2'W, 100

m s.n.m., 10.Jul.1984, fl., Gentry, A. et al. 47835 (MO). COSTA RICA, Puerto Velho,

La Selva: La Selva OTS station. Cultivated at UT by Lawrence Gilbert accession

number 8027. Voucher for Dna analysis of A.K.Hansen, s.d., fl., fr., Hansen, A.K. 263

(TEX). Limón: Refugio Gandoca-Manzanillo, Along Río Gandoca from mouth

("Gandoca Bar”) to ca. 2 Km upstream, 9°35’N, 82°36’W, 5 m s.n.m., 29.Jan.1987, fl.,

fr., Grayum, M. et al. 8043 (CR, MEXU, MO); Cerro Coronel: Along Río Colorado at

and below outflow of Laguna Danto; patches of vegetation in flood plain anchored by

large trees, 10°42’N, 83°39’W, 5 m s.n.m., 19.Mar.1987, fr., Stevens, W.D. et al. 25102

(MO); Parque Nacional Tortuguero, Cerro Tortuguero, zona alterada. 10°35'30''N,

83°31'42''W, 119 m s.n.m., 16.Set.1990, fr., Solano, J. 174 (CR, MO). EQUADOR,

Napo, Guagra Urcu: Slopes of Guagra Urcu, on the loma above upper rio Borja, SE

exposed montane forest. 0°28’S, 77°44’W, 2.600 m s.n.m., 25.Set.1980, fl., Holm-

Nielsen, L. et al. 27038 (HUA). NICARÁGUA, Zelaya, La Barra de Punta Gorda: En

la Costa sur, 11°30’N, 83°46’W, 0-2 m s.n.m., 16.Nov.1981, fr., Moreno, P.P. 13229

(MO).

Comentário: Espécie muito próxima de P. gracillima, da qual diferencia-se pelo

número de filamentos da corona duas séries em P. arbelaezii, e uma série em P.

gracillima; pela largura da lâmina foliar até 9,5 cm em P. arbelaezii e ca. 4,5 cm em P.

gracillima.

Nos resultados obtidos com dados de ITS e trnL-F (Capítulo 1), esta espécie

agrupa-se com P. discophora, uma espécie considerada por Feuillet & MacDougal

(2003), juntamente com P. arbelaezii, P. tryphostemmatoides e P. gracillima, como

pertencente à seção Tryphostemmatoides. Estas espécies se assemelham por apresentar

131

Page 132: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

discos adesivos nas gavinhas divisas, inflorescência uni ou biflora, presença de

glândulas nas brácteas. P. gracillima e P. tryphostemmatoides agruparam-se em um

clado a parte, nos estudos com ITS e trnL-F. Como proposto no capítulo um, uma

possível explicação para este agrupamento seria a criação de um novo subgênero, onde

seria incluída as espécies P. arbelaezii e P. discophora, seguindo a regra do Código de

Nomenclatura Botânica.

2. Passiflora cirrhiflora Juss., Ann. Mus. Hist. Nat. 6: 115. pl. 41, f.2. 1805.

Decaloba cirrhiflora (Juss.) M.Roem., Fam. Nat. Syn. 2: 164: 1846. Tipo: Guiana

Francesa: s.loc., s.d., Richard, L.C., s.n., fl., (holótipo: P!, isótipo: G†).

Passiflora septenata DC., Prod. 3: 323, 1828. Tipo: s.loc., s.c. (holótipo: P! [herb.

Jussieu], isótipo: G [DC]);

Passiflora jenmanii Mast. in Hook., Icon. Pl. 23: pl. 2270. 1893. Tipo: Guiana,

Mazaruni river, Jul.1890, Jenman 5797 (holótipo: BRG; isótipos: B†, G, K! [foto

HUEFS], MO!).

Figuras 20 e 21.

Trepadeira lenhosa ou herbácea, escandente, inerme; caule cilíndrico, não-alado,

viloso, casca não corticosa; gavinhas inteiras, discos adesivos ausentes. Estípulas 1-4 ×

0,5-1 mm, ca. 3× mais longas do que largas, persistentes, linear-lanceoladas a setáceas,

ápice agudo, margem lisa, glândulas ausentes. Pecíolo 4-9 cm compr., velutino,

glândulas 2, situadas ca. 1-2 cm da base do pecíolo, sésseis, orbiculares; lâmina 5-7(-9)-

lobada, contorno elíptico-oval a orbicular, 5-9(-12) × 3-7(-15) cm, ca. 2× mais longas

do que largas, membranácea, face adaxial com tricomas apenas nas nervuras, face

abaxial vilosa, ápice agudo ou acuminado, base truncada, margem lisa a crenada, não

revoluta, pedatinérvia, lobos obovais, peninérvios, lobo central 3-10 × 2-3 cm, lobos

laterais 3-6 × 1,5-3,5 cm, nervuras secundárias 7-11, ângulo total entre as nervuras

laterais 120-240º, manchas ocelares e glândulas ausentes. Inflorescência biflora,

pedúnculo 2-4 × 0,1 cm, terminando em uma gavinha, glândula presente na base,

pedúnculo secundário 2,7-3,2 cm compr., pedicelo 2-4 × 1-2 cm; brácteas 3, linear-

subuladas, 0,2-0,7 × 0,2 cm, modificadas em forma de gavinha, glândulas 2, na base,

bractéolas presentes. Flores 6-12 cm diâm., hipanto 0,4-1,2 cm alt., 1,0-1,4 cm diâm.,

curto-campanulado a infundibuliforme, 5-lobado, velutino; sépalas 2,5-4 × 0,6-2 cm,

132

Page 133: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

carnosas, oblongas, ápice agudo, margem lisa, face adaxial verde a creme, face abaxial

amarelo-esverdeada, glabras, corno e glândulas ausentes; pétalas 2,5-4,5 × 0,5-1 cm,

membranáceas, oblongas, ápice agudo, margem lisa, face adaxial e abaxial amarelas

com manchas vináceas, glabras, corno e glândulas ausentes; corona em 3 séries de

filamentos, filamentos da série externa 1,8-3,3 cm compr., bandas vermelhas, brancas e

amarelas, filamentos da série interna 0,5-1 cm compr., bandas brancas e vermelhas,

ápice dos filamentos da série externa fimbriados, ápice dos filamentos da série interna

capitulados; opérculo plicado, membranáceo, 0,3-0,5 cm alt., margem laciniada ou

fimbriada; límen 0,3 cm alt., tubular, membranáceo; anel nectarífero presente;

androginóforo 1,7-2 cm alt., tróclea situada a ca. 0,7 cm da base do androginóforo;

filetes 0,25-0,4 cm compr., anteras 0,4-0,6 cm compr.; ovário ovóide a trígono, velutino,

branco ou verde, estiletes 3, vilosos, 0,2-0,4 cm compr., estigmas capitados ou

orbiculares, avermelhados. Baga obovóide-globosa a elipsóide, 5-6 × 4-5 cm, glabra,

amarela quando maduras. Sementes 0,45-0,5 × 0,3-0,45 cm, ovais a obovais, 5-6

sulcada, ápice agudo a apiculado.

Etimologia: O nome desta espécie faz referência ao termo: cirrhus = gavinha + florus =

flores, em referência ao pedúnculo que termina em um cirro, ou seja uma gavinha

portando uma flor.

Fenologia: Floresce e frutifica de janeiro a junho.

Distribuição: Espécie encontrada na América do Sul, na Guiana Francesa, Guiana e na

região norte do Brasil, nos estados do Amapá e Pará. Ocorre em área de florestas

perturbadas, próximo a rios e beira de estradas, com altitude variando 0-200 m s.n.m.

Conservação e uso: A partir da análise dos materiais examinados e pela distribuição da

espécie, esta espécie está sendo considerada como não ameaçada (NT) (IUCN 2004),

pois é encontrada tanto em ambientes preservados, quanto em área perturbadas, como

beira de estradas e áreas em processo de desmatamento. Possui grande importância

ornamental, pelo colorido de suas flores (Ulmer & MacDougal 2003).

133

Page 134: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

134

Figura 20 - Passiflora cirrhiflora A.Juss. A. Detalhe do ramo. B. Detalhe do ápice da lâmina foliar. C. Detalhe da glândula no pecíolo. D. Flor. E. Fruto. (A-C, E. O.H.Knowles 1665 (INPA), D. M.Polak 215 (K)).

Page 135: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

Material examinado: BRASIL, Amapá, s.loc., 1956, fl., Miranda Bastos s.n. (RB

96378); fl., Miranda Bastos 34 (RB 96377); Matapí, s.loc., 3.Fev.1955, fl. Pires, J.M.

& Silva, N.T. 4803 (RB); Pará, Porto Trombetas: Mineração rio do norte. Estrada

Mirirana-Saracazinho, 21.Dez.1990, fl., Knowles, O.H. 1665 (INPA). GUIANA, s.loc.,

bt., Killip, E.P. s.n., (C); Maburá, Along access-road to Tropenbos Reserve, ca. 15 km S

of Maburá. 5°15’N, 58°45’W, 100 m s.n.m., 8.Jan.1991, fl., Polak, M. 215 (K, U).

GUIANA FRANCESA, s.loc., s.d., Hansen, A.K. 222 (TEX, material cultivado na

Universidade do Texas by Larry Gilbert accession number 9103). Cayenne,

Montsinéry: Piste forestiére de St Laurent vers Paul Isnard, entre les PK, 10-40 m

s.n.m., 14.Fev.1983, fl., Feuillet, C. 734 (B); Pistes FRG. Bord de piste, 30.Jun.1984,

fl., Feuillet, C. 1424 (AAU, B, BM, DUKE, F, G, HUA, K, MG, MO, MPU, NY, P, U,

US, TEX); 21.Abr.1985, fl., Feuillet, C. 2118 (A, AAU, B, BM, BR, DUKE, F, G,

HUA, INPA, K, M, MG, MICH, MO, MPU, MYF, NY, P, TEX, U, US, VEN).

Poomeroon-Supenaam Region: Enroute S from St. Dennys Mission to Tapacuma

Lake via Arapaku Creek. 7°15’N, 58°25’W, 12 m s.n.m., disturbed low ground near

lake, 4.Mar.1991, fl., fr., McDowell, T. 4061 (NY, US). Sinnamary: Piste de

Counamama, entre Cayenne y Mana. Arrastrandose sobre suelos blancos, arenosos, al

lado de la carretera al oeste de Sinnamary, 26.Out.1991, st., Escobar, L.A. et al. 9870

(TEX); Piste de St. Elie; ORSTOM Biological Station at Forest Concession, along dirt

road, 5.Mai.1992, fl., Acevedo-Rodriguez, P. & Grimes, J. 4894 (K); Lac des

Americains - Ile de Cayenne, Lisiére de forêt, 4°51’S, 52°21’W, 11.Jan.1987, fl.,

Granville, J.J.de 9120 (CAY, NY, P, U, US).

Comentários: Esta espécie foi descrita por Jussieu (1805) com base em um material

coletado "dans lês bois de la Guiane Francaise", (nas florestas da Guiana Francesa)

sem referência de coletor e número de coleta. A única observação era de que “Mr.

Richard” teria feito anotações manuscritas no material coletado.

Dentre as espécies do subgênero Deidamioides, P. cirrhiflora assemelha-se a

P. deidamioides principalmente pelas folhas lobadas, presença de gavinhas no

pedúnculo, inflorescência biflora. Porém, são facilmente diferenciadas pela quantidade

de lobos na lâmina foliar (5-9 em P. cirrhiflora vs. 3-lobada em P. deidamioides),

quantidade de glândulas no pedúnculo (2-6 vs. 2, respectivamente) e seção transversal

do fruto (não angulada vs. 6-angulada).

135

Page 136: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

Os resultados da filogenia indicam um isolamento desta espécie em relação às

demais do subgênero Deidamioides. Esta espécie pertenceria a uma seção

monoespecífica, descrita com base na presença de lâminas 5-9-lobadas com uma

projeção na base dos folíolos, formando um corno filiforme, de acordo com estes dados

esta espécies pode ser considerada como um subgênero a parte dentro de Passiflora. Na

sua publicação original foi considerada como uma seção monoespecífia, sendo

classificada por Killip (1938) como subgênero Polyanthea seção Polyanthea, categoria

esta que pode vir a ser reestabelecida se os dados obtidos no capítulo um deste estudo se

confirmar.

3. Passiflora contracta Vitta, Brittonia 56(1): 89-95. 2004.

Tipo: Brasil, Espírito Santo: Linhares, Reserva Florestal da Companhia Vale do Rio

Doce (CVRD), 31.Jul.1989, fl., Buzato, S. & Franco, A.L.M. 21967 (Holótipo: UEC!)

Figuras 21 e 22.

Trepadeira lenhosa, escandente, inerme; caule cilíndrico, não-alado, viloso,

casca corticosa; gavinhas inteiras, discos adesivos presentes. Estípulas 1-2 × 0,2-1 mm,

ca. 2× mais longas do que largas, persistentes, linear-lanceoladas a triangulares, ápice

apiculado, margem lisa, glândulas ausentes. Pecíolo 0,9-1,8 cm compr., velutino,

glândulas 2, situadas a 0,3-0,8 cm da base do pecíolo, sésseis, orbiculares; lâmina

inteira, contorno elíptico, 5,6-13,5 × 3-6,3 cm, ca. 2× mais longas do que largas,

coriácea, face adaxial glabra, face abaxial velutina, ápice agudo a acuminado, base

aguda a obtusa, margem crenada, não revoluta, peninérvias, nervuras secundárias 7-10,

ângulo total entre as nervuras laterais 27-140º, manchas ocelares e glândulas ausentes.

Inflorescência racemo, eixo principal (3-)19-50 cm compr., pedúnculo primário 0,25-0,7

× 0,1-0,35 cm, não terminando em uma gavinha, glândula presente na base, pedúnculo

secundário 0,2-0,4 cm compr., pedicelo 2-3,5 × 0,1-0,3 cm, brácteas 3, linear-

lanceoladas a triangulares, 0,5-2 × 0,1 cm, glândulas ausentes, bractéolas presentes.

Flores 5-8 cm diâm., hipanto 0,3-0,6 cm alt., 0,6-1,2 cm diâm., curto-campanulado,

lobos ausentes, velutino; sépalas 2-3,5 × 0,3-0,9 cm, carnosas, oblongas, ápice agudo,

margem lisa, face adaxial branca, face abaxial de branca a marrom, passando por verde

e creme, glabras, corno e glândulas ausentes; pétalas 2-3 × 3-5 cm, membranáceas,

oblongas, ápice agudo, margem lisa, face adaxial e abaxial branca, face adaxial glabra,

136

Page 137: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

face abaxial pilosa, corno e glândulas ausentes; corona em 2 séries de filamentos,

filamentos da série externa 0,8-1,1 cm compr., brancos, filamentos da série interna 0,4-

0,5 cm compr., filamentos filiformes, brancos; opérculo inteiro, membranáceo, 0,2-0,3

cm alt., margem laciniada; límen 0,2-0,4 cm alt., cupuliforme, membranáceo; anel

nectarífero ausente; androginóforo 1,5-2,4 cm alt., tróclea ausente, filetes 0,8-1,2 cm

compr., glabros; anteras 0,9-1,4 cm compr., ovário elíptico, velutino, verde, estiletes 4,

glabros, 0,9-1,7 cm compr., estigmas capitados, alvos. Baga elíptica, 5-8,5 × 3,5-5 cm,

glabra, verde com estrias branca quando imatura, amarela quando madura. Sementes

0,7-1,2 × 0,5-0,7 cm, ovais a oblongas, reticuladas a foveoladas, ápice agudo a

arredondado.

Etimologia: Contracta: devido à inflorescência apresentar ramos mais congestos em

relação à inflorescência de P. ovalis, que apresenta ramos mais longos e flores dispostas

de modo mais laxo nos ramos.

Nomes vernáculos: maracujá, maracujá-casca-de-ovo, maracujá-do-mato (AL, BA),

maracujá-de-cobra (BA), maracujá-tartaruga (ES).

Fenologia: Floresce e frutifica o ano inteiro.

Distribuição e hábitat: Encontrada no Brasil, nos estados de Pernambuco, Alagoas,

Bahia e Espírito Santo. Endêmica da Mata Atlântica, encontrada tanto no interior quanto

em bordas de florestas, ou em áreas de restinga, em altitude variando de 0-900 m s.n.m.

Conservação e usos: Até o momento não corre risco de extinção, sendo encontrada

tanto em ambientes preservados, quanto em área perturbadas, como beira de estradas e

áreas em processo de desmatamento. Não foi, portanto, classificada como em perigo, ou

em risco de extinção segundo os critérios da IUCN (2004) sendo considerada como não

ameaçada (NT).

Material examinado: BRASIL, Alagoas, Coruripe: 28.Out.1980, fl., fr., Lima, D.A.

80 (IPA); na borda da mata do riacho das pedras, área de influência direta da Barragem,

mata atlântica, 16.Out.1999, fl., fr., Lyra-Lemos, R.P. & Bayma, I.A. 4374 (MAC).

137

Page 138: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

138

Figura 21. Mapa de distribuição geográfica de Passiflora arbelaezii; P. cirrhiflora; P. contracta e P deidamioides (Escala em quilômetros – Fonte ESRI 1999).

Page 139: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

Ibatequara: Akidaban, 08.Ago.2002, fl., fr., Oliveira, M. & Grillo, A.A.0. 1043

(HUEFS, UFP). Maceió: Tabuleiro dos Martins, área de transição mata/cerrado, mata

atlântica. 27.Jan.1999, fl., fr., Lyra-Lemos, R.P. 4703 (IAC, MAC); Conjunto Novo

Horizonte, Tabuleiro dos Martins, área de transição cerrado/mata ombrófila,

27.Jan.1999, fl., fr., Lyra-Lemos, R.P. 4114 (IAC, MAC). Murici: Poço D'Anta, ca. 16-

19 NNW of Murici by road, Mata do Murici. 9°13’S, 35°52’W, 550-600 m s.n.m.,

14.Mai.2001, fl., fr., Thomas, W.W. et al. 12444 (CEPEC, NY). Santa Luzia do

Itanhy: Mata do Crasto, 07.Fev.1996, fl., fr., Landim, M. 872 (ASE, HUEFS); ca. 2,5

Km de Crasto, na estrada para Santa Luzia do Itanhy, 27.Nov.1993, fl., fr., Amorim,

A.M. 1496 (CEPEC); Rod. Santa. Luzia/Crasto, Km 6, aprox. 2,5 Km antes do Distrito

de Crasto. Mata, 11°21'40''S, 37°25’45”W, 14.Jun.1994, fl., fr., Jardim, J.G. et al. 481

(CEPEC). São Miguel dos Campos: 28.Out.1980, fl., Esteves, G.L. & Andrade-Lima

600 (MAC). Bahia, s.loc., 1839, fl., Blanchet 1708 (BM). Alcobaça: Between

Alcobaça and Caravelas, on the BA 001 highway, 23 Km S of Alcobaça, not far from

coast, BA-001, entre Alcobaça/Caravelas, 17°44'S, 39°15’W, 17.Jan.1977, fl., fr.,

Harley, R.M. et al. 18026 (CEPEC, K, NY). Amargosa, Serra do Timbó, área de estudo

do projeto Timbó/Centro Sapucaia, 13o5´S, 39o39´W, Fragmento de floresta ombrófila

densa do domínio da floresta atlântica, 750-900 m s.n.m., 27.Jan.2007, fl., fr., Cardoso,

D. et al. 1643 (HUEFS). Belmonte: Estação Ecológica Gregório Bondar, ca. 1,8 Km da

sede. 16°6'11''S, 39°12'26''W, 120 m s.n.m., 8.Jan.2002, fl., fr., Nunes, T.S. et al. 799

(CEPEC, HUEFS, RB); 64 Km de Itapebi, 16°0’52”S, 39°4’16”W, 88 m s.n.m.,

8.Jan.2002, fl., fr., Nunes, T.S. et al. 810 (HUEFS); Santo Antônio, estrada para

Belmonte, 16°6'22''S, 38°57'43''W, 27.Dez.2005, fl., fr., Nunes, T.S. et al. 1405

(HUEFS). Camacan: RPPN Serra Bonita, 9,7 km W de Camacan na estrada para

Jacareci, daí 6 km SW na estrada para a RPPN e Torre da Embratel, 15º23’30”S,

39º33’55”W, 835 m s.n.m., 23.Jan.2007, fl., fr., Borges, R.A.X. et al. 685 (CEPEC,

HUEFS). Camaçari: Área Controle da Caraíba Metais, 12°29’35”S, 38°18’47”W,

9.Dez.1982, fl., fr., Noblick, L.R. et al. 2390 (HUEFS); Reserva Ecológica de Cotegipe,

12°56'0''S, 38°21'0''W, 7.Fev.1996, fr., Guedes, M.L.S. 3803 (ALCB); estrada para o

Pólo Petroquímico de Caraíbas Metais. 12°40'26”S, 38°18’54”W, 54 m s.n.m.,

19.Nov.2005, fl., fr., Nunes, T.S. et al. 1348 (HUEFS). Conde: ca. 30 Km pela estrada

de Conde-Linha Verde (BA 099), Mata Atlântica, 25.Mar.1995, fl., França, F. & Melo,

E. 1150 (HUEFS); a. 30 km na Linha Verde de Conde para Mata de São João. 12°2'S,

42°37’W, 17.Nov.2005, fl., fr., Nunes, T.S. et al. 1307 (HUEFS); ca. 30 km na Linha

139

Page 140: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

Verde de Conde para Mata de São João. 12°2'S, 42°37’W, 17.Nov.2005, fl., fr., Nunes,

T.S. et al. 1308 (CEPEC, HUEFS). Elísio Medrado: Reserva Jequitibá. Projeto Gambá.

13.Fev.2002, fl., fr., van den Berg, C. et al. 1055 (HUEFS); APA Municipal da Serra da

Jibóia, Reserva Jequitibá, Morro do Lírios. 12°52’3”S, 39°28'4”W, 750 m s.n.m.,

29.Mar.2003, fl., fr., Costa, J. 388 (HUEFS). Entre Rios: Estrada para Imbé, 23 km a

oeste da Linha Verde, 12°10’8”S, 37°57’30”W, 160 m s.n.m., 16.Abr.2000, fl.,

Miranda, E.B. et al. 400 (HUEFS); Litoral Norte, Fazenda Buri, Trilha, 11º56’S,

38º5’W, 27.Nov.2000, fl., fr., Guedes, M.L.S. et al. 7752. (ALCB); Estrada de Entre

Rios para Esplanada, ca. 1,5 km após Entre Rios, 11°53'54''S, 38°2'16''W, 150 m

s.n.m., 3.Fev.2002, fl., fr., Fiaschi, P. et al. 981 (SPF); Estrada para Imbé ca. 23 km

140

Page 141: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

141

Figura 22. Passiflora contracta Vitta. A. Detalhe do ramo. B. Flor. C. Detalhe da glândula no pecíolo. D. Fruto. (A-C. T.S.Nunes 1308 (HUEFS), D. S.F.Conceição 452 (HUEFS)).

Page 142: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

do entroncamento de Entre Rios para Imbé, 12°7'40”S, 37º59’14”W, 134 m s.n.m.,

16.Nov.2005, st., Nunes, T.S. et al. 1279 (HUEFS); Fazenda Rio Negro. Remanescente

de mata atlântica, floresta de restinga, 11º53’S, 37º57’W, 06.Mai.2007, fl., fr., Cardoso,

D. & Popvkin, A.V. 2024 (HUEFS). Esplanada: Fazenda do Bu, mata do Fundão II,

12º0’36”S, 37º44’0”W, 23.Abr.1996, fl., fr., Bautista, H.P. & Jost, T. 1765 (HRB,

HUEFS). Guaratinga: Km 10 da Rod. Guaratinga/São Paulinho, 29.Mar.1973, fl., fr.,

Pinheiro, R.S. 2047 (CEPEC). Ibirataia: Faz. Boa União, Plantação de cacau,

7.Abr.1972, fl., Pinheiro, R.S. 1827 (CEPEC). Ilhéus: Área do CEPEC, Km 22 da

Rodovia Ilhéus/Itabuna (BR 415), Quadra H do CEPEC, 50 m s.n.m., s.d., fl., Santos,

T.S.dos 3662 (CEPEC); Olivença, Mata do Cururipe, estrada p/o Maruim, 19.Ago.1970,

fl., Santos, T.S.dos 1022 (CEPEC); Along road from Ilhéus to Serra Grande, 19 km ao

N cidade, 16.6 km ao S de Serra Grande, ao N da Tulha, 14°41’S, 39°9’W, 8.Mai.1992,

fl., fr., Thomas, W.W. et al. 9222 (CEPEC, NY); 11 Km from bridge at edge of Ilhéus

on road to Serra Grande, 9.Fev.1994, fl., fr., Kallunki, J. 486 (NY); Mata da Esperança.

Entrada a 2 km a partir da antiga ponte do Rio Fundão. Árvore n. 937 parcela n. 24.,

14°46'55''S, 39°4’W, 26.Set.1994, fl., fr., Carvalho, A.M.de 5184 (CEPEC); Mata da

Esperança, Entrada a 2 Km a partir da antiga ponte do Rio Fundão, Árvore n. 2197,

parcela n. 50, 14°46'55''S, 39°4’W, 17.Jan.1995, fl., fr., Carvalho, A.M.de 5967

(CEPEC); Litoral Sul, Rod. Una próximo a Olivença, 17.Jan.1999, fl., fr., Argolo, A. 7

(ALCB); Mata da Esperança, 14º47’26”S, 39º03’98”W, 20.Mar.2001, fl., fr., Rocha,

E.A. & Silva, D.C. 701 (ALCB, UESC); estrada de Ilhéus em direção a Itacaré,

14°39'22''S, 39°4'20''W, 22 m s.n.m., 28.Dez.2005, fl., fr., Conceição, S.F. et al. 472

(HUEFS); Mata da Esperança, 7.Mar.2006, fl., fr., Tsuji, R. et al. 1231 (HPL, IAC).

Itabuna: 65Km NE of Itabuna, at the mouth of the Rio de Contas on the N bank

opposite Itacaré, 14°16'S, 39°0’W, 30.Jan.1977, fl., fr., Harley, R.M. et al. 18398

(CEPEC, K, NY). Itacaré: Beira mar lado S da mata, 15.Abr.1970, fl., Santos, T.S.dos

709 (CEPEC); Ramal da torre da Embratel, com entrada Km 15 Rod. Ubaitaba/Itacaré

(BR-654), a 5,8 Km da entrada, 21.Jul.1984, fl., fr., Carvalho, A.M.de 2092 (CEPEC);

11,6 Km ao South of junction with BA-654, “Loteamento da Marambaia”, on Rod. to

Serra Grande, the junction 6 km west of Itacaré. 14°24’S, 39°16’W, 2.Mai.1993, fl., fr.,

Thomas, W.W. et al. 9770 (CEPEC, NY). Itamarajú: 20 km da cidade, 17º9’32”S,

39º23’37”W, 90 m s.n.m., 17.Jun.2005, fl., fr., Stapf, M.N.S.et al. 441 (HUEFS).

Jandaíra: Rod. Linha Verde, 10-20 Km S de Abadia, 19.Ago.1995, fl., fr., Hatschbach,

G. 63172 (MBM). Jequié: Fazenda Brejo Novo, a 10,5 Km da Av. Otávio Mangabeira

142

Page 143: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

pela Exupério Miranda o bairro do Mandacaru, 13o57´0,35”S, 40o06´38”W, 722 m

s.n.m., Floresta estacional (mata de cipó), zona de transição, substrato: solo areno-

argiloso pedregoso, 31.Out.2003, st., Souza, A.F. et al. 015 (HUEFS, HUESB, PEUFR);

13o56´041”S, 40o06´33,9”W, 617-750 m s.n.m., 11.Dez.2004., st., Macedo, G.E.L. &

Paixão, J.L. 1778 (HUEFS, PEUFR); a 10,5 Km da Av. Otávio Mangabeira, entrando

pela Av. Funério Miranda no Bairro do Mandacaru 13o56´041”S, 40o06´33”W,

31.Ago.2007, st., Nunes, T.S. et al. 1868 (HUEFS). Jussarí: Rod. Jussarí/Palmira.

Entrada ca. 7,5 km de Jussarí. Faz Teimoso. RPPN Serra do Teimoso, 39°31'43''S,

15°9'29''W, 21.Fev.1998, fl., fr., Amorim, A.M. et al. 2221 (CEPEC, NY); Árvore 332,

15°9'29''S, 39°31’W, 21.Fev.1998, fl., Amorim, A.M. et al. 2191 (CEPEC, NY).

Lamarão do Passé: 12°34'52''S, 38°22'49''W, 21.Jun.1994, fl., Guedes, M.L.S. &

Chastini, C. 3276 (ALCB); Região Metropolitana de Salvador, Caraíba Metais,

12°35’S, 38°24’W, 18.Dez.2004, fl., fr., Guedes, M.L.S. 11390 (ALCB). Maraú:

estrada Maraú-Ubaitaba, 14°7'50”S, 38°59’55”W, 19 m s.n.m., 29.Dez.2005, fl., fr.,

Carvalho, P.D. et al. 293 (HUEFS); 4 Km ao S Maraú, 9.Mai.1968, fl., fr., Belém, R.P.

3540 (CEPEC); Estrada que liga Ponta do Mutá/(Porto de Campinhos) a Maraú, 28 km

do Porto, 6.Fev.1979, fl., fr., Mori, S.A. et al. 11442 (CEPEC); Mata Costeira,

13.Jan.1967, fl., fr., Belém, R.P. & Pinheiro, R.S. 3116. (UB); Estrada para a Península

de Campinho, 30.Dez.1999, fl., Carneiro-Torres, D.S. et al. 189 (HUEFS); ca 5 km SE

of Maraú, near junction with road to Campinho, mixed restinga, vegetation and high

forest on sand with open wet áreas, 14°8’S, 38°59’W, 0-50 m s.n.m., 15.Mai.1980, fl.,

Harley, R.M. et al. 22078 (CEPEC, K). Mucuri: Rodovia de Mucuri para Itabatã, na

altura do Km 12, fazenda Havana. 14.Mai.2000, fl., fr., Fiaschi, P. 251 (SPF). Nova

Viçosa: Rodovia de Mucuri para Itabatã, Km 15 estrada vicinal para fazendas, ca 2 Km

da rodovia, 14.Mai.2000, fl., fr., Pirani, J.R. et al. 4702 (HUEFS, SPF). Porto Seguro:

Arraial d'Ajuda, 11.Jun.1962, fl., fr., Duarte, A.P. 6680 (RB); Km 5 da Br 5,

18.Jun.1962, Duarte, A.P. 6788 (RB); Rodovia para povoado de Trancoso, Km 5 depois

de Arraial d'Ajuda. Restinga arbórea perturbada, 5.Nov.1983, fl., fr., Callejas, R. et al.

1695 (CEPEC); Estrada para Eunápolis, Km 10 da estrada p/Eunapólis, Faz. Aida

Hartman. 10-30 m s.n.m., 13.Out.1983, fl., fr., Martinelli, G. & Soderstrom, T. 9634

(CEPEC, RB); 6-7 Km na estrada que liga Arraial D'Ajuda a Trancoso, 12.Dez.1991,

fl., fr., Sant'Ana, S.C.de et al. 57 (CEPEC); Reserva da Brasil Holanda de Ind. S/A.

Entr. Km 22 Rod. p/ Eunápolis/Porto Seguro, 9.5Km na entrada, mata higrófila sul

baiana, 16°27'45''S, 39°19’W, 6.Abr.1994, fl., fr., Carvalho, A.M.V.de et al. 4466

143

Page 144: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

(CEPEC); Parque Nacional do Monte Pascoal, along road from entrance to visitor’s

center and road to E side of park, 16°52'2''S, 37°24'50''W, 5.Fev.1999, fl., fr., Thomas,

W.W. et al. 11984 (CEPEC, NY); ca. 22 km do entroncamento da BR 367, BA 001,

estrada para o Arraial d’Ajuda. Entrada da Faz. Santa Rita, 16º28’8”S, 39º9’6”W, Mata

atlântica antropizada. Borda de mata, 29.Mai.2000, fl., Oliveira, R.P. et al. 592

(HUEFS); Estação Veracel, 12.Out.2006, fr., Colman, L.P. 19 (ALCB). Prado: Rod.

Prado/Cumuruxatiba, 2 km após o entroncamento, 5.Jul.1979, fl., fr., Mattos-Silva, L.A.

et al. 571. (CEPEC); Reserva Florestal da Brasil Holanda Indústrias S/A, the entrance at

Km 18 east of Itamaraju, on road to Prado 8 Km from entrance, 17°11’S, 39°20’W,

22.Out.1993, fl., fr., Thomas, W.W. et al. 10103 (CEPEC); On road from Itamaraju to

Cumuruxatiba, 10.5Km of turn off of road to Prado on road to Cumuruxatiba, 17°8’S,

39°25’W, 20.Out.1993, fl., fr., Thomas, W.W. et al. 10025 (CEPEC, NY); Praia de

Cumuruxatiba, 11.Jun.1995, fl., fr., Melo, E. & França, F. 1262 (HUEFS). Salvador:

Bairro Patamares, Parque Metropolitano de Pituaçú, 12°56’S, 38°21’W, 9.Fev.2003, fl.,

fr., Costa, J. et al. 387 (HUEFS). Santa Cruz Cabrália: Área da Reserva Biológica do

Pau-brasil, 5.Jan.1972, fl., Euponino, A. 110 (CEPEC); Área da Estação Ecológica do

Pau-Brasil, ca. 16 km W Porto Seguro, 25.Nov.1987, fl., fr., Maas, P.J.M. et al. 7008

(CEPEC, U); 2-4 Km a W da estrada velha de Santa Cruz Cabrália, 28.Jul.1978, fl., fr.,

Mori, S.A. et al. 10378 (CEPEC). Taperoá: Km 13 da Rod. Taperoá/Valença, ramal p/

Serapei, 3Km da entrada do ramal. Margem da mata. 10.Dez.1980, fl., fr., Hage, J.L. et

al. 426 (CEPEC). Una: Km 35 Rod. Olivença/Una, próx. a Res. Bio. do Mico-Leão, ca.

8 Km ao S da entrada, 2.Jun.1981, fl., fr., Hage, J.L. & Santos, E.B.dos 805 (CEPEC);

Reserva Biológica do Mico-Leão (IBAMA), Entrada no Km 46 da Rod. BA-001

Ilhéus/Una, 39°5’W, 10.Mar.1993, fl., fr., Sant'Ana, S.C.de et al. 265 (CEPEC, NY);

15°9’S, 39°5’W, 14.Abr.1993, fl., Amorim, A.M. et al. 1195 (CEPEC); Picada do

Príncipe, área da Reserva, 15°9'S, 39°5’W, 26.Mai.1993, fl., fr., Amorim, A.M. et al.

1282 (CEPEC); 10.Mai.1994, fl., fr., Amorim, A.M. et al. 1644 (CEPEC); Estação

Experimental Lemos Maia. Mata de restinga, perturbada. 5.Abr.1995, fl., fr., Carvalho,

A.M.de et al. 6020 (CEPEC); Reserva Biológica de Una. Picada do Maribondo,

15°10’S, 39°4’W, 24.Nov.1996, fl., Thomas, W.W. et al. 11402 (CEPEC, NY); Reserva

Biológica de Una, western side (27 Km of W Una on road to São José, then 3,9 Km N

to Reserve via Fazenda Piedade, then 8 Km E to sede), 15°10'48''S, 39°8'29''W,

10.Abr.1997, fl., fr., Thomas, W.W. et al. 11484 (CEPEC, NY); Próximo a Reserva

Biológica de Una, beira de estrada. 15°11'16”S, 39°1’36”W, 434 m s.n.m., 7.Jan.2002,

144

Page 145: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

fl., fr., Nunes, T.S. et al. 745 (HUEFS); Faz. Bolandeira, 6 Km ao N da Ilha de

Comandatuba, 15º18´20”S, 39º1’18”W, Restinga arbórea, 27.Abr.2004, fl., fr., Amorim,

A.M. et al. 4051 (CEPEC, HUEFS); Beira da estrada próximo a um lixão, 15°15'16”S,

39º3’8”W, 45 m s.n.m., 28.Dez.2005, fl., fr., Conceição, S.F. et al. 451 (HUEFS).

Uruçuca: Distrito de Serra Grande, 7,3 Km na estrada Serra Grande/Itacaré, Fazenda

Lagoa do Conjunto Fazenda Santa Cruz, 14°25’S, 39°1’W, 12.Ago.1992, fl., Carvalho,

A.M.de et al. 4077 (CEPEC). Vera Cruz: Vera Cruz: Picadão, área da Aracruz

Celulose. 23.Ago.1993, fl., Guedes, M.L.S. s.n. (ALCB 26567, SPF 101.824);

Jaguaribe, Fazenda Oldesa - Óleo de Dendê S.A., 6.Abr.1999, Guedes, M.L.S. s.n.

(ALCB). Espírito Santo, Conceição da Barra: Itaúnas. 5 m s.n.m., 20.Mai.1999, fl.,

fr., Hatschbach, G. & Ferreira, L.A. 69197 (C, CEPEC, MBM); Parque Estadual de

Itaúnas. Floresta de Transição da Acesita, próximo a Vila, 17.Mar.1999, fl., Salino, A.

& Moraes, P.O. 4492 (BHCB); Parque Estadual de Itaúnas, estrada por entre os

eucaliptos em direção ao mangue. 19.Fev.2001, fr., Milward, M. & Vanderven, P.H.L.

64 (RB); Ligação entre a Rod. ES-421 e Itaúnas. Orla da restinga, 9.Jun.2003,

Hatschbach, G. 75071 (MBM, CEPEC); Estrada para Itaúnas. Área de Plantação de

Eucalipto, 18o 31´18”S, 39o 47´26”W, 29 m s.n.m., 04.Jun.2006, fl., fr., Nunes, T.S. et

al. 1717 (HUEFS); 04.Jun.2006, st., Nunes, T.S. et al. 1720 (HUEFS). Linhares:

Estrada do Espírito Santo, 8 Km ao sul de Linhares, 15.Dez.1962, Mattos, J. 25776

(HAS); Reserva Biológica de Sooretama, 300 m s.n.m., 15.Mai.1978, fl., fr., Martinelli,

G. 4179 (HUEFS, RB); Reserva Florestal da Cia, Vale do Rio Doce - Floresta S.A.,

estrada 161, Km 5, mata de tabuleiro, 40 m s.n.m., 27.Set.1978, fr., Martinelli, G. 4989

(RB); Reserva Florestal da CVRD, 2.Fev.1985, st., Peixoto, A. et al. 3286 (MO, UEC);

Reserva Biológica de Comboio – IBAMA, Aceiro com Faz Carv., 28.Ago.1989, fl., fr.,

Folli, D.A. 960 (CVRD, HUEFS); 12.Abr.1991, fl., fr., Farias, G.L. 411 (CVRD,

HUEFS); Comboio, Periferia da Reserva Biológica de Comboio, 05.Abr.1996, fr.,

Fraga, C.M.de & Lofego, A.P.A. 318 (MBML); Reserva natural da CVRD. Próximo ao

Cruzamento das estradas Gávea com Flamengo, 26.Abr.1994, fl., fr., Folli, D.A. 2294

(CVRD, HUEFS); Próximo a segunda entrada, Bloco A, Produção sustentada,

08.Set.1994, fl., fr., Folli, D.A. 2373 (CVRD, HUEFS); Reserva Florestal do Vale do

Rio Doce. Trilha atrás do viveiro, 19.Jun.2000, fl., fr., Costa, C.B. 321 (SP). Santa

Tereza: Material cultivado na Universidade do Texas (Gilbert accession number 8071),

fl., Hansen, A.K. 152. (TEX); s.d., fl., Hansen, A.K. 249. (TEX); Valsugana Velha, parte

alta da propriedade do Dr. Pedro, 10.Dez.1985, fl., fr., Boone, W. 961 (CEPEC,

145

Page 146: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

MBML); Vale do Cannaã, alto da encosta, 18.Dez.1985, fl., Vimercatt, J.M. 342

(MBML); Valsugana Velha, Estação Biológica de Santa Lúcia, 19°58’S, 40°32’W, 550-

800 m s.n.m., 12.Nov.1990, fl., fr., Boudet Fernandes, H.Q. et al. 3045 (MBML, RBR);

Comboios, Periferia da Reserva Biológica de Comboios. Restinga. 5.Abr.1996, fr.,

Fraga, C.N.de & Lafego, A.P.A. 318 (MBML); São Lourenço Country Club, no alto da

trilha da cachoeira. 850 m s.n.m., 15.Dez.1998, fl., fr., Kollmann, L. et al. 1303

(MBML); Santo Antônio, Terreno do Bosa, 800 m s.n.m., 8.Dez.1998, fl., fr.,

Kollmann, L. et al. 1262 (MBML); São Lourenço, Terreno de Clério Loss, 750 m

s.n.m., 30.Set.1998, fl., fr., Kollmann, L. et al. 651 (MBML, UPCB); Cabeceira do 25

de Julho, propriedade de Furlani (pesque e pague), 850 m s.n.m., 11.Mar.1999, fl., fr.,

Kollmann, L. et al. 2155 (MBML); Valsugana Velha, Estação Biológica de Santa Lúcia,

650 m s.n.m., 19.Mar.1999, fl., Kollmann, L. & Bausen, E. 2197 (MBML); São

Lourenço Country Club. 16.Dez.1999, fl., Demuner, V. et al. 359. (MBML); Santo

Antônio, Mata do Bosa, 15.Fev.2000, fl., Demuner, V. & Bausen, E. 715 (MBML); São

Lourenço, Mata do Martinelli, 11.Abr.2000, fl., fr., Demuner, V. et al. 892 (MBML);

Valão de São Lourenço, Henrique Tonn, 10.Out.2000, fl., fr., Demuner, V. & Bausen,

E. 1441 (MBML); Valsugana Velha, terreno do Luiz Bringhente, 30.Nov.2000, fl., fr.,

Demuner, V. & Bausen, E. 1563 (MBML); Nova Lombardia. Reserva Biológica

Augusto Ruschi, Trilha da Tronqueira. 800 m s.n.m., 30.Out.2001, fl., Kollmann, L. et

al. 4936 (MBML); Divisa de Goiapaba-Açú a esquerda, 800 m s.n.m., 7.Nov.2001, fl.,

Kollmann, L. et al. 4963 (MBML); Valão direita da sede velha. 800 m s.n.m.,

29.Nov.2001, fl., Kollmann, L. et al. 5100 (MBML); Nova Lombardia, Reserva

Biológica Augusto Ruschi, Nova Lombardia, Reserva Biológica Augusto Ruschi, Trilha

Mauriti, 30.Jul.2002, fl., fr., Vervloet, R.R. et al. 585 (MBML). Pernambuco: Recife:

Chá da mata Dois Irmãos sobre pequena árvore. 12.Mar.1952, Lima, D.A. 52 (IPA). Rio

Formoso: Praia dos Carneiros, 4.Jan.1968, Lira, O.C. 68 (IPA). Paulista: Reserva

Ecológica de Caetés, 24.Nov.1997, Dú Bocage, A.L. 62 (IPA).

Comentários: Espécie próxima a P. ovalis por apresentar inflorescência racemosa e

corona em duas séries de filamentos. Diferencia-se desta pelo tamanho do pecíolo (9-18

cm em P. contracta vs. 0,9-5 cm em P. ovalis), tamanho do eixo principal da

inflorescência [(3-)19-50 cm em P. contracta vs. (6-)10-80(-120) cm em P. ovalis] e

flores com opérculo inteiro (vs. plicado em P. ovalis). Polinizada por morcegos (Sazima

& Sazima 1978), com período de antese a partir das 16h até o amanhecer. Os frutos são

146

Page 147: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

consumidos por pequenos roedores e aves, que ajudam na dispersão da espécie. Não

apresenta interesse ornamental, porém fornecedora de alimentos para morcegos,

pequenos roedores e aves, que se alimentam dos frutos, ajudando na dispersão das

sementes.

Os dados obtidos com a análise filogenética para dados de ITS, não corroboram

o agrupamento desta espécie juntamente com as demais delimitadas por Feuillet &

MacDougal (2003), como pertencentes a seção Tetrastylis, apesar da união de P.

contracta e P. ovalis obtida com os dados de trnL-F. Os resultados obtidos com a

análise polínica confirmaram que estas espécies podem formar um grupo bem

delimitado. A análise morfológica, principalmente dos caracteres florais, como presença

de quatro estiletes e inflorescência racemosa, a caracteriza como pertencente ao mesmo

grupo de P. ovalis, P. timboensis e P. igrapiunensis.

4. Passiflora deidamioides Harms, Fedde, Repert. Sp. Nov. 19: 57 (1923).

Tipo: Brasil, São Paulo: Alto da Serra, XII.1920, fl., fr., A. Gehrt 4592 (Holótipo SP,

foto do holótipo HUEFS!).

Figuras 21 e 23.

Trepadeira herbácea ou lenhosa, escandente, inerme; caule cilíndrico, não-

alado, glabro, casca não corticosa; gavinhas inteiras, discos adesivos ausentes. Estípulas

0,1-0,35 × 0,1 mm, ca. 3× mais longas do que largas, persistentes, lanceolado-

triangulares a deltóides, ápice agudo, margem lisa, glândulas ausentes. Pecíolo 2-8 cm

compr., glabro, glândulas (2-)4-6, primeiro par situado a ca. 0,6-1,9 cm da base,

segundo par situado a 2-5 cm da base, terceiro par situado a ca. 4,5 cm da base, sésseis,

orbiculares; lâmina 3-lobada, contorno elíptico-oval a orbicular, 6-9,5(-17) × 3,2-5(-16)

cm, ca. 2× mais longa do que larga, membranácea ou coriácea, faces adaxial e abaxial

glabras, ápice obtuso, base obtusa, margem lisa a crenada, revoluta, palmatinérvias,

lobos obovais-oblongos, lobo central 6-9,5(-17) × 2-6 cm, lobos laterais 2-9 × 1-3,5 cm,

nervuras proeminentes, lobos peninérvios; nervuras secundárias 5-10, ângulo total entre

as nervuras laterais 140-180º, manchas ocelares e glândulas ausentes. Inflorescência

biflora, pedúnculo 1,6-4,2 × 0,1-0,2 cm, terminando em uma gavinha, glândula presente

na base; pedúnculo secundário 1,2-4,2 cm compr.; pedicelo 0,5-0,7 × 0,1-0,2 cm;

brácteas 3, linear-lanceoladas, 0,1-0,5 × 0,01-0,05 cm, glândulas ausentes, bractéolas

147

Page 148: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

presentes, precocemente caducas. Flores 3-6 cm diâm., hipanto 0,2-0,7 cm alt., 0,7-0,9

cm diâm., campanulado, lobos ausentes, glabros; sépalas 1,5-2,5 × 0,5-0,9 cm, carnosas,

lanceolado-oblongas, ápice agudo, margem lisa, face adaxial branca, face abaxial verde,

glabras, corno e glândulas ausentes; pétalas 1,5-2,5 × 0,5-0,8 cm, membranáceas,

lanceolado-oblongas, ápice agudo, margem lisa, face abaxial e adaxial brancas, glabras,

corno e glândulas ausentes; corona em 3-5 séries de filamentos, filamentos da série

externa 0,5-1,7 cm compr., brancos, filamentos da série interna 0,2-0,4 cm compr.,

brancos, filamentos filiformes; opérculo plicado, membranáceo, 0,2-0,3 cm alt., margem

laciniada ou fimbriada; límen 0,1-0,2 cm alt., cupuliforme, membranáceo, adnado na

base do androginóforo; anel nectarífero presente; androginóforo 0,6-1,0 cm alt.; tróclea

ausente; filetes 0,5-0,7 cm compr., anteras 0,3-0,5 cm compr.; ovário elíptico, glabro,

verde, estiletes 3, glabros, 0,5-0,8 cm compr., estigmas capitados, amarelos. Baga

elipsóide, 6-angulada, globosa, 6-9 × 4-6 cm, glabra, verdes. Sementes 0,4-0,5 × 0,2-0,3

cm, elípticas a ovais, oblongas, reticuladas, ápice agudo a truncado.

Etimologia: Deidamioides, em referência ao gênero Deidamia Thouars

(Passifloraceae), um gênero Africano, com quem se assemelha pelas folhas lobadas,

com 5-7 folíolos (Ulmer & MacDougal 2004).

Nome(s) vernáculo(s): maracujá (SP).

Fenologia: Floresce e frutifica de novembro a maio.

Distribuição e hábitat: Espécie endêmica do Brasil, encontrada principalmente em

áreas de preservação ambiental nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas

Gerais, em áreas de mata atlântica, em altitudes de 890-1.324 m s.n.m.

Conservação e usos: Espécie não ameaçada de extinção segundo os critérios da IUCN

(2004). É uma espécie nativa do Brasil, e apresenta um potencial de uso como

ornamental, por apresentar flores brancas, grandes e de fácil reprodução.

Material examinado: BRASIL, Minas Gerais, Lima Duarte: Distrito de Conceição

do Ibitipoca, Parque Estadual do Ibitipoca, trilha para Ponte de Pedra. 21°42'43''S,

43°53'36''W, 1.324 m s.n.m., 26.Set.2001, fl., Marquete, R. et al., 3080 (RB). São

148

Page 149: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

Paulo: Alto da Serra. Estrada do Vergueiro, 23.Dez.1920, fl., Hoehne, F.C. 4692 (SP);

Biritiba Mirim: Estação Biológica da Boracéia. 23°38’S, 45°52’W, 890-950 m s.n.m.,

9.Dez.1983, fl., fr., Custodio Filho, A. 2052 (IAC, SP). Campos da

Bocaína(=Bocaína): Próximo á mata cachoeira de Santo Isidro. 2.Mai.1959, fl., fr.,

Pabst, G.F.J. 11075 (HB). Salesópolis: Material cultivado em Nova Odessa no Instituto

Plantarum, em Banco ativo de germoplasma. 04.Mar.2004, fl., Bernacci, L.C.& Lorenzi,

H. 3652 (IAC); Parque Estadual da Serra do Mar, Estrada Intermediária Km 45,

23°38’S, 45°41’W, 25.Abr.2000, fl., Foster, W. et al. 319 (ESA, SPSF, UEC). Santo

André: Reserva Biológica do alto da serra Paranapiaçaba, 27.Nov.1980, bt, fr., Rosa,

N.A. & Pires, J.M. 3964 (MG); 30.Mai.1985, fr., Sugiyama, M. et al. 593 (SP). São

Bernardo do Campo: Cultivado no herbário do Texas, fl., Hansen, A.K. 181 (TEX);

Cultivado no herbário do Texas, fl., Hansen, A.K. 221 (TEX).

149

Page 150: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

150

Figura 23. Passiflora deidamioides Harms. A. Detalhe do ramo. B. Flor. C. Detalhe do nó caulinar. D. Detalhe da glândula no pecíolo (2º. par). E. Detalhe da glândula no pecíolo (1º. par). F. Detalhe das brácteas no pedúnculo. (A, C-F. W.Foster 319 (ESA), B. A.Hansen 181 (TEX)).

Page 151: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

Comentários: Dentre as espécies do subgênero Deidamioides, P. deidamioides

assemelha-se a P. cirrhiflora por apresentar folhas lobadas, gavinhas no pedúnculo e

inflorescência biflora. Porém, são facilmente diferenciadas pelo número de lobos na

lâmina foliar (5-9 em P. cirrhiflora e 3 em P. deidamioides), número de glândulas no

pedúnculo (2-6 vs. 2, respectivamente) e secção transversal do fruto (não angulada vs.

6-angulada).

No estudo filogenético realizado com dados de ITS e trnL-F, apresentado no

capítulo um desta tese, esta espécie aparece agrupada com P. obovata (seção

Mayapathanthus) e P. contracta (seção Tetrastylis). Nenhum caráter morfológico foi

encontrado que justificasse este agrupamento. Estudos mais detalhados necessitam ser

feitos para elucidar o posicionamento desta espécie.

5. Passiflora discophora Jørgensen & Lawesson, Nordic J. Bot., 7(2): 127.

1987.

Tipo: Equador: Los Rios; Km 45, Santo Domingo - Quevedo, km 12 Patricia Pilar –

23.Mai.1981, fl., fr., Dodson et al. 11077 (Holótipo MO!).

Figuras 24 e 29.

Trepadeira herbácea ou lenhosa, escandente, inerme; caule cilíndrico, angulado,

não-alado, glabro, casca não corticosa; gavinhas divisas (2-4), discos adesivos

presentes. Estípulas 1,0 × 0,1 mm, ca. 2× mais longas do que largas, decíduas,

lanceoladas, ápice agudo, margem lisa, glândulas ausentes. Pecíolo 1,0–1,2 cm compr.,

glabro, glândulas 2, situadas a ca. 1,0-1,2 cm no ápice do pecíolo, sésseis, orbiculares;

lâmina inteira, elíptica-ovada a orbicular, 3,7-4 × 1,8-2 cm, ca. 2× mais longas do que

largas, membranácea, face abaxial e adaxial glabras, ápice acuminado a obtuso, base

cordada, margem lisa, não revoluta, peninérvia, nervuras secundárias 5, ângulo total

entre as nervuras laterais 180º, manchas ocelares e glândulas ausentes. Inflorescência

uniflora ou biflora, pedúnculo 0,7-1,5 cm, não terminando em uma gavinha; glândula

ausente, pedúnculo secundário ausente, pedicelo 0,1-0,2 × 0,2 cm, brácteas 3, setáceas,

0,5 mm compr., glândulas ausentes, bractéolas presentes. Flores 3,5-4 cm diâm., hipanto

ca. 0,2 cm alt., 0,7 cm de diâm., campanulado, lobos ausentes, glabro; sépalas 2,5 × 0,9

cm, carnosas, oblongas, ápice agudo, margem lisa, face adaxial verde-clara, face abaxial

151

Page 152: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

branca, corno e glândulas ausentes; pétalas 2,0 × 0,5 cm, membranáceas, oblonga-

ovadas, ápice agudo, margem lisa, face adaxial verde-clara, face abaxial branca, corno e

glândulas ausentes; corona em 3 séries de filamentos, filamentos da série externa 0,7-

1,8 cm compr., filamentos da série intermediária 0,3-0,4 cm compr., filamentos da série

interna 0,2-0,6 cm compr., filamentos de todas as séries amarelo-alaranjados com ápice

branco, filiformes; opérculo liso, não plicado, membranáceo, ca. 0,2 cm alt., margem

denticulada; límen 0,2 cm alt., cupuliforme, membranáceo, anel nectarífero presente;

androginóforo 0,9-1,1 cm alt; tróclea ausente; filetes ca. 0,4 cm compr., anteras ca. 0,2

cm compr., ovário ovóide, glabro, estiletes 3, 0,6 cm alt., glabros, estigmas capitados.

Baga globosa, 3,5- 3,0 cm, glabra, amarela quando madura. Sementes 0,5 × 0,4 cm,

ovais, ápice agudo, sulcadas.

Etimologia: O nome da espécie é uma referência à presença de discos adesivos na

terminação das gavinhas.

Fenologia: Material examinado sem flores, um único material com fruto coletado em

novembro.

Distribuição e hábitat: Espécie encontrada no Equador, em áreas de mata, cultivada na

Dinamarca. Encontrada em altitudes de 200-1.115 m s.n.m.

Conservação e usos: Espécie considerada em perigo (EM A4c), segundo os critérios da

IUCN (2004). Porém está sendo cultivada na Universidade de Aarhus – Copenhagen,

Dinamarca. Na natureza é encontrada apenas no Equador.

Material examinado: DINAMARK, Copenhagen: Grown in greenhouse. The

research Department, Botanical Garden, University of Copenhagen, 11.Jun.1999, Plant

08.96, Kim Dalby Nielsen, Conpenhagen, DK, ex Niels Jorgen Pedersen, Lammehaven,

Ringe, DK, ex Ecuador, Department of Systematic Botany, Unviersity of Aarhus, DK

Voucher DFHJJ8 (BJ 240) (C – Cultivada). EQUADOR, Esmeraldas, Eloy Alfaro:

Parroquia Luis Vargas Torres. Playa de Oro, Río Santiago. 0°43’N, 79°45’W, 200 m

s.n.m., 1.Nov.1993, fr., Tirado, M. et al. 258 (MO, QCNE). El Oro: Nearest hacienda,

152

Page 153: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

town or village. 1.115 m s.n.m. 9.Nov.1992, st., Kapan, D.D. 42 (TEX).

Comentários: Espécie próxima de P. tryphostemmatoides, por apresentar gavinhas

divisas, lâminas foliares inteiras elípticas e inflorescência biflora. Pode ser diferenciada

principalmente pelas gavinhas trífidas em P. discophora (vs. bífidas em P.

tryphostemmatoides); discos adesivos presentes nas extremidades das gavinhas em P.

discophora (vs. ausente em P. tryphostemmatoides). Também se assemelha a P.

pacifica, diferenciando-se desta pelo pecíolo2 glândulas (vs. 2-4 glândulas em P.

pacifica); maregn não revoluta (vs. margem revoluta); inflorescência uni ou biflora (vs.

inflorescência cauliflora).

6. Passiflora gracillima Killip, Journal. Wash. Acad. Sc. 14: 112, 1924.

Tipo: Colômbia, Caldas, Pinares: above Salento, 2.900-3.200 m s.n.m. (Cordilheira

Central), 03.Ago.1922, fl., Pennell, F.W. 9393 (Holótipo: US, isótipos: A!, G!, NY!).

Figuras 25 e 29.

Trepadeira herbácea, escandente, inerme; caule cilíndrico, não-alado, glabro,

casca não corticosa; gavinhas divisas, discos adesivos ausentes. Estípulas 0,2-3 × 0,1-

0,5 mm, ca. 2× mais longas do que largas, persistentes, linear-lanceoladas a setáceas,

ápice agudo, margem lisa, glândulas ausentes. Pecíolo 0,6–3 cm compr., glabro,

glândulas 2-4-6, situadas a 1,0-2,5 cm da base do pecíolo, sésseis, orbiculares; lâmina

inteira, contorno oval, 1,1-6 × 1,5-4,5 cm, ca. 2× mais longas do que largas,

membranácea, faces adaxial e abaxial glabras, ápice arredondado ou acuminado, base

truncada, margem lisa a crenada, não revoluta, peninérvia, nervuras secundárias 4-8,

ângulo total entre as nervuras laterais 160-180º, manchas ocelares e glândulas ausentes.

Inflorescência biflora, pedúnculo 1-2 × 0,1 cm, terminando em uma gavinha, glândula

presente na base, pedúnculo secundário 0,5-1 cm compr., pedicelo 0,3-0,9 × 0,1 cm;

brácteas 3, lineares, 0,5-1,2 × 0,1 mm, glândulas ausentes, bractéolas ausentes. Flores

ca. 3,5 cm diâm., hipanto ca. 0,3 cm alt., 0,3-0,8 cm de diâm., curto-campanulado, 5-

lobado, glabro; sépalas 1,0-,17 × 0,3-0,5 cm, carnosas, oblongas, ápice agudo, margem

lisa, face adaxial verde, face abaxial branca ou amarelo- esverdeada, corno e glândulas

ausentes; pétalas 1,0-1,7 × 0,3-0,4 cm, membranáceas, oblongas, ápice agudo, margem

lisa, face abaxial e adaxial brancas ou amarelo-esverdeadas, corno e glândulas ausentes;

corona em 1-2 séries de filamentos, filamentos da série externa 0,5-1,0 cm compr.,

153

Page 154: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

filamentos da série interna 0,2 cm compr., filamentos brancos ou amarelos, com base

violeta, filiformes; opérculo ereto, não plicado, membranáceo, 0,2 cm alt, margem

fimbriada; límen 0,2 cm alt., cupuliforme, anel nectarífero presente, androginóforo 0,5-

0,7 cm alt; tróclea ausente; filetes 0,3-0,5 cm compr., anteras 0,2-0,3 cm compr., ovário

elíptico, glabro, verde, estiletes 3, glabros, 0,4-0,5 cm compr., estigmas capitados,

verdes. Baga elíptica, 3,5-4 × 2,5-3 cm, glabra, amarelas com estrias brancas. Sementes

0,2-0,6 × 0,2 cm, oblongas a globosa, foveoladas, ápice agudo.

154

Page 155: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

155

Figura 24. Passiflora discophora Jørgensen & Lawesson. A. Detalhe do ramo. B. Detalhe do nó caulinar. C. Detalhe da glândula no pecíolo. D. Fruto. (A-C. L.B.J.240 (C), D. M.Tirado 258 (MO)).

Page 156: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

Etimologia: O nome da espécie faz referência ao termo latim Gracillis = delgado, fino,

esguio, em referência ao caule delgado.

Fenologia: Floresce e frutifica de agosto a novembro.

Distribuição e hábitat: Espécie encontrada na Colômbia e Costa Rica, em altitude

variando de 0-3.200 m s.n.m, em áreas de florestas.

Conservação e usos: Espécie considerada como não ameaçada, segundo os critérios da

IUCN (2004). Nenhuma informação sobre possíveis usos para esta espécie foi obtida

através de bibliografias ou de informações em etiquetas de herbários.

Material examinado: COLÔMBIA, Antioquia, Caldas, Pensilvania, Pinares atrás del

hospital de Pensilvânia, 10.Jul.1982, st., Escobar, L.A. & Brand, J. 2082 (NY); Salento,

"Pinares", above Salento. Forest, s.d., Pennell, F.W. 9224 (G, N); 2.400-2.700 m s.n.m.,

2-10.Ago.1922, st., Pennell, F.W. 9317 (NY, US); 900-3.200 m s.n.m., 2-10.Ago.1922,

Pennell, F.W. 9393 (A, G, isótipo NY!). Frontino, Km 13,8 of road Nutibara-La

Blanquita, region of Murrí, Alto de Cuevas, 6°45'N 76°23'W, 1.930 m s.n.m.,

05.Nov.1988, fl., Zarucchi, J.L. et al. 7149 (HUA, MO). Sonsón: 10 road-Km from

Sonsón on road to Nariño; along old Spanish trail from pass; collected with trail from

pass. 5°40’N, 75°15’W, 2.600-2.700 m s.n.m., 13.Nov.1988, fl., McPherson, G. 13074

(HUA, MO); Sítios "Paramo de Sonsón" y "Monumento", bosques sobre la cuchilla

"Comadrejal", 2.500-2.740 m s.n.m., 5°38'N, 75°15'W, 17.Ago.1992, fl., Callejas, R. &

Roldán, F.J. 10533 (HUA); Via Sonsón-La Soledad, camino a rio Verde de los Montes,

veredas Palmitas y rio Verde de los Montes, sobre el camino antiquo Sonsón-Rio Verde,

5°45'N, 75°13'W, 2.400-2.600 m s.n.m., 09.Abr.1994, Callejas, R. et al. 11129 (HUA).

COSTA RICA, Limón, Parque Tortuguero: Estación Cuatro Esquinas. Primer islote

laguna Tortuguero, frente a la casa-estación. 10°31’N, 83°30’W, 4 m s.n.m.,

24.Nov.1987, fl., fr., Robles, R. 1317 (BM, CR, MEXU, MO).

Comentário: Esta espécie assemelha-se a P. arbelaezii e P. discophora, diferenciando-

se destas principalmente pelo número de filamentos da corona (uma série em P.

gracillima, duas séries em P. arbelaezii e três séries em P. discophora). Além deste

156

Page 157: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

caráter também pode ser diferenciada de P. discophora pela presença de glândulas no

pedúnculo em P. gracillima, ausente em P. discophora.

Na análise filogenética, com sequências de ITS (capítulo um), esta espécie

apareceu agrupada com P. tryphostemmatoides (espécie também considerada por

Feuillet & MacDougal (2003), como pertencente à seção Tryphostemmatoides), porém

isolada das demais espécies da seção: P. arbelaezii e P. discophora. Uma possível

resposta para os resultados obtidos seria o reestabelecimento do subgênero

Tryphostemmatoides, com a inclusão inicial de P. tryphostemmatoides e P. gracillima.

7. Passiflora igrapiunensis T.S.Nunes & L.P.Queiroz, sp. nov.

Tipo: BRASIL, Bahia, Igrapiúna, Assentamento Mirante. Litoral Sul. 13o53’15”S,

39o20’39”W, Floresta Ombrófila Densa. Mata ciliar. 18.Dez.2001, fl., M.L.S.Guedes,

D.L.Santana, D.M.Loureiro, L.J.Alves 9294 (Holótipo ALCB!; Foto do holótipo no

HUEFS).

Figuras 26 e 27.

Trepadeira arbustiva, lenhosa, inerme; caule cilíndrico, não alado, com casca

suberosa; gavinhas inteiras, discos adesivos não observados. Estípulas e Folhas

desconhecidas. Inflorescência racemo, eixo principal 24 cm compr., pedúnculo primário

5-8 × 2 mm, não terminando em gavinhas, pedúnculo secundário 1,7-1,9 cm compr.,

glândulas na base ausentes; pedicelo 1,3-1,7 × 0,1-0,2 cm, brácteas 3, lineares, 0,2 ×

0,01 cm, glândulas ausentes, bractéolas presentes, semelhantes às brácteas. Flores ca. 8-

10 cm diâm.; hipanto 0,4-0,5 cm alt., 1,3-1,4 cm diâm., curto-campanulado, 5-lobado,

velutino; sépalas 4,2 × 1,4 cm, carnosas, oblongas, ápice agudo, margem lisa, face

adaxial branca, face abaxial verde, velutinas, corno e glândulas ausentes; pétalas 3,5 ×

1,2 cm, membranáceas, oblongas, ápice agudo, margem lisa, face adaxial e abaxial

cremes, velutinas; corona em 2 séries de filamentos, filamentos da série externa ca. 1,2

cm compr., filamentos da série interna ca. 0,6 cm compr., brancos, filamentos

filiformes; opérculo não plicado, membranáceo, ca. 0,4 cm alt., margem laciniada;

límen ca. 0,4 cm alt., cupuliforme, membranáceo; anel nectarífero presente;

androginóforo 0,9-1,0 cm alt., tróclea ausente, filetes ca. 1,5-2,0 cm compr.; anteras 1,5

cm compr., ovário elíptico, velutino, branco, estiletes 4, glabros, ca. 2,0 cm compr.,

estigmas capitados, verdes. Frutos desconhecidos.

157

Page 158: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

Figura 25 – Passiflora gracillima Killip. A. Detalhe do ramo. B. Detalhe da glândula no pecíolo. C. Detalhe do nó caulinar. D. Flor. E. Fruto. (A-D. R.Callejas 10533 (HUA), E. R.Robles 1317 (CR)).

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Page 159: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

Etimologia: O nome da espécie é uma referência ao município de Igrapiúna, onde a

espécie foi coletada. Igrapíuna tem origem tanto do tupi ygara + piúna, que significa

“canoa preta” ou “canoa de casca”, como do tupi-guarani igarapé + una, que quer dizer

“pequeno rio que corre entre duas ilhas ou entre uma ilha e a terra firme +“preta”; +

ense = (do latim= originado ou nativo de) (Stearn 1992, Cunha 2005).

Fenologia: Floresce em dezembro.

Distribuição e habitat: Espécie coletada no município de Igrapiúna situado na

microrregião Sul do estado da Bahia, nas coordenadas 13º53’15”S, 39º20’39”W. A

vegetação pode ser classificada como floresta ombrófila submontana, dentro dos

domínios da Mata Atlântica (Veloso et al. 1991), a ca. de 900 m s.n.m. Espécie

provavelmente endêmica da região.

Conservação e usos: Encontrada até o momento nesta pequena área do município de

Igrapiúna (fig. 26), considerada com criticamente em perigo de extinção CR B1ai

(IUCN 2004), por existir em somente uma localidade.

Comentário: Diferencia-se de P. timboënsis pelo diâmetro da flor (8-10 cm em P.

igrapiunensis vs. 13 cm em P. timboënsis), pela ausência de glândulas na base do

pedúnculo (presente em P. timboënsis) e pela corona com apenas duas séries de

filamentos (vs. três séries em P. timboënsis). Diferencia-se de P. contracta e P. ovalis

por apresentar sépalas densamente velutinas (vs. glabras em P. ovalis e pubescentes em

P. contracta).

Até o momento não existe nenhum estudo filogenético com esta espécie, que

possa esclarecer seu posicionamento dentro do subgênero.

159

Page 160: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

160

Figura 26. Mapa com a distribuição geográfica de Passiflora igrapiunensis e P. timboënsis no

estado da Bahia (Mapa base do ESRI 1999).

Page 161: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

Figura 27. Passiflora igrapiunensis T.S.Nunes & L.P.Queiroz. A. Ramo florífero. B.

Flor. C. Detalhe do indumento da face abaxial das sépalas (M.L.S.Guedes et al. 9294).

161

Page 162: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

8. Passiflora macdougaliana Knapp & Mallet, Ann. Missouri Bot. Gard.,

71(4): 1068. 1984.

Tipo: Panamá. Colón: along the Rio Guanche about 1 Km from the Portobelo Highway,

0-50 m, 09o30’N, 79o40’W, 11 Apr. 1982, fl., Knapp, Mallet & Huft 4587 (Holótipo

MO!; Isótipo TEX!).

Figuras 28 e 29.

Trepadeira herbácea, escandente, inerme; caule cilíndrico, cinéreo, não-alado,

glabro, casca não corticosa; gavinhas ausentes. Estípulas 0,1-0,2 × 0,01 cm, ca. 5x mais

longas do que largas, decíduas, linear-lanceoladas, ápice agudo, margem lisa, glândulas

ausentes. Pecíolo 1,5-2 cm compr, glabro, glândulas 2, situadas a ca. 1,2 cm do meio

para o ápice do pecíolo, sésseis, orbiculares; lâmina inteira, elíptica a ovada, 13,5 × 8

cm, ca. 2× mais longas do que largas, coriácea, face adaxial e abaxial glabras, ápice

acuminado, base cuneada, margem lisa, não revoluta, triplinérvia, nervuras secundárias

3-5, ângulo total entre as nervuras laterais 90º, manchas ocelares e glândulas ausentes.

Inflorescência uniflora; pedúnculo 1,5-2 × 0,1 cm, não terminando em gavinhas,

pedúnculo secundário ausente, glândulas ausentes, pedicelo 1-4,5 × 0,15 cm; brácteas 3,

lineares, 0,1 × 0,01 cm, glândulas ausentes, bractéolas ausentes. Flores 5,5-6,2 cm

diâm.; hipanto 7-8 cm alt., 1,5-1,6 cm diâm., campanulado, lobos ausentes, glabros;

sépalas 2,5-3 × 0,8 cm, membranáceas, oblongas, ápice obtuso, margem lisa, face

adaxial branca, face abaxial verde, glabras, corno ausente, glândulas 5; pétalas 3,5 × 1,5

cm, membranáceas, oblongas, ápice obtuso, margem lisa, faces adaxial e abaxial

brancas, corno e glândulas ausentes; corona em 10 séries de filamentos, filamentos da

série externa 2,2 cm compr., brancos, filamentos da série interna 0,4 cm compr.,

brancos, filamentos da série externa fimbriados, filamentos da série interna filiformes;

opérculo plicado, 0,5 cm alt., margem lisa; límen 0,1 cm alt., cupuliforme,

membranáceo; anel nectarífero presente; androginóforo 1,0-1,7 cm alt.; tróclea ausente;

filetes 0,7-0,9 cm compr., anteras 0,7 cm compr., ovário elipsóide, glabro, verde,

estiletes 3, glabros, 0,1 cm, compr., estigmas discóides, revolutos, verdes; Fruto não

visto, desconhecido até o momento para a espécie.

162

Page 163: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

Etimologia: O nome da espécie é uma homenagem ao pesquisador John MacDougal, na

época estudante da Universidade de Duke, e entusiasta no estudo da família

Passifloraceae.

Fenologia: Floresce em abril e maio.

Distribuição e hábitat: Encontrada até o momento apenas no Panamá, na província de

Colón, em área de mata, em ambiente úmidos, com altitude de 50-400 m s.n.m. Espécie

endêmica do Panamá, encontrada apenas em áreas de mata, em baixas altitudes.

Conservação e usos: Devido à sua distribuição restrita, ocorrendo em apenas uma

localidade, esta espécie pode ser considerada como criticamente em perigo, CR B1abiii

segundo os critérios da IUCN (2004). Devido ao tamanho das suas flores pode ser

utilizada como ornamental ou na obtenção de novos híbridos.

Material examinado: Panamá, Colón, Santa Rita: 26-28 Km from Tranisthmian

Highway on the Santa Rita Ridge Road. 9°25’N, 79°37’W, 250-400 m s.n.m.,

23.Mai.1982, fl., Knapp, S. & Schmalzel, R. 5278 (MO! Parátipo).

Comentários: Segundo Knapp & Mallet (1984), esta espécie teria um posicionamento

incerto dentro do gênero. A presença de glândulas nas sépalas a aproxima de Passiflora

superseção Distephana; flores solitárias semelhantes ao subgênero Passiflora; glândulas

peciolares hemi-esférica, semelhantes ao subgênero Astrophea; opérculo plicado

(Deidamioides). Porém devido, à morfologia foliar, presença de pecíolo com duas

glândulas em forma de cicatriz, corona de filamentos em várias séries, está espécie foi

classificada como pertencente ao subgênero Deidamioides seção Mayapathanthus sensu

Feuillet & MacDougal (2003). Assemelha-se a P. obovata, diferenciando-se desta por

ser trepadeira sem gavinhas (vs. trepadeira com gavinhas em P. obovata); inflorescência

uniflora (vs. biflora) e corona de filamentos em várias séries (vs. duas séries). Esta

espécie pode chegar até 3,5 m de altura no dossel da mata.

Nos estudos filogenéticos apresentados no capítulo 1, esta espécie agrupa-se

com as demais do subgênero Decaloba, sugerindo seu possível reposicionamento dentre

deste grupo.

163

Page 164: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

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Figura 28- Passiflora macdougaliana Knapp & Mallet A. Detalhe do ramo. B. Detalhe do nó caulinar. C. Detalhe da glândula na sépala. D. Detalhe da glândula no pecíolo. E. Flor. F. Glândula do pecíolo. (A-F. S.Knapp 4587 (MO)).

Page 165: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

9. Passiflora obovata Killip, Publ. Carn. Inst. Wash., 461(13): 308, t. 1. 1936.

Tipo: Honduras: Camp 35, British Honduras Geological Survey, 850 meters,

20.May.1934, fl., fr., Schipp, W.A. 713 (Holótipo F!, foto do holótipo HUEFS).

Figuras 29 e 30.

Trepadeira herbácea, escandente, inerme; caule cilíndrico, não-alado, glabro,

casca não corticosa; gavinhas inteiras, discos adesivos presentes. Estípulas 1,8-9 × 0,1-1

mm, ca. 9× mais longas do que largas, decíduas, linear-lanceoladas a triangulares, ápice

aciculado, margem lisa, glândulas ausentes. Pecíolo 1-2 cm compr., glabro, glândulas 2,

situadas a 0,35-1,8 cm no meio do pecíolo, sésseis, orbicular-pedunculadas; lâmina

inteira, obovais ou oblonga-obovais, 9-12 × 5-6,5 cm, ca. 3× mais longas do que largas,

membranácea a coriácea, faces adaxial e abaxial glabras, ápice agudo a acuminado, base

aguda a obtusa, margem lisa a crenada, revoluta, peninérvias, nervuras secundárias 3-

10, ângulo total entre as nervuras laterais 20-90º, manchas ocelares e glândulas

ausentes. Inflorescência uniflora, pedúnculo 2-2,5 × 0,2 cm, não terminando em uma

gavinha, glândulas ausentes, pedúnculo secundário ausente; pedicelo 0,4-1,2 × 0,01-0,2

cm, brácteas 3, linear-deltóides a triangulares, 0,8-1,0 × 0,1-1 cm, glândulas ausentes,

bractéolas ausentes. Flores ca. 5,5 cm diâm., hipanto 0,15 cm alt., 0,4-1,3 cm diâm.,

curto-campanulado, lobos ausentes, glabro; sépalas 1,5 × 1,2 cm, carnosas, oblongas,

ápice agudo, margem lisa, face adaxial e abaxial brancas, corno e glândulas ausentes;

pétalas 1,8 × 1,0 cm, membranáceas, oblongas, ápice arredondado, margem lisa, face

adaxial e abaxial brancas, glabras, corno e glândulas ausentes; corona em 2 séries de

filamentos, filamentos da série externa 1,5 cm compr., filamentos da série interna 0,2

cm compr., filamentos com ápice branco e base lilás-claro, ápice dos filamentos

frisados; opérculo plicado, membranáceo, 0,4 cm alt., margem denticulada; límen 0,2

cm alt., cupuliforme, membranáceo; anel nectarífero ausente; androginóforo 0,9 cm alt.,

tróclea ausente; filetes 0,8 cm compr.; anteras 0,6 cm compr., ovário elíptico-costado,

glabro, verde, estiletes 3, glabros, 0,4 cm compr., estigmas capitados, verdes. Baga

globosa, 3,8-4,5 × 3,4-4,0 cm, glabra, verde. Sementes 0,25-0,6 × 0,2-0,6 cm, ovais a

oblongas a arredondadas, ondulada a reticuladas a foveoladas, ápice agudo a apiculado.

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Page 166: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

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Figura 29. Mapa de distribuição geográfica de Passiflora discophora, P. gracillima, P. macdougaliana e P obovata (Escala em quilômetros – Fonte ESRI 1999).

Page 167: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

Etimologia: Do latim ob=contra, em direção reversa; ovate=com o contorno de um ovo.

Em relação ao formato da lâmina foliar oboval.

Nome(s) vernáculo(s): Cavanil-biché, cavanil-chú, cavanil, granadilla de raton

(Guatemala).

Fenologia: Floresce e frutifica de maio a outubro.

Distribuição e hábitat: Espécie encontrada na Costa Rica, Guatemala e Honduras.

Altitude entre 120-1.500 m s.n.m. Endêmica da América Central, em áreas de floresta,

próximo ou em áreas de reservas.

Conservação e usos: Espécie não classificada como em risco de extinção segundo os

critérios da IUCN (2004).

Material examinado: COSTA RICA, Puntarenas, Monteverde: Guindon's pasture

near the edge of Campbell's woods, 1.500 m s.n.m., 14.Abr.1981, fl., Knapp, S. &

Mallet, J. 867 (TEX); In Large tree im Montein’s yard. Pacific slope of Cordillera de

Tillaran, premontãno rainforest, 1.300 m s.n.m., bt., 16.Abr.1981, Knapp, S. & Mallet,

J. 871 (TEX); Lower community, 1.350-1.400 m s.n.m., 13.Out.1984, fl., fr., Haber,

W.A. 640 (MEXU, MO); Área não protegida, Camino a la Reserva Biológica de Monte

Verde, 10°20'0''N, 84°49'30''W, 1.400 m s.n.m., 19.Out.2001, st., Estrada, A. 3098 (CR,

K). GUATEMALA, Sacté, Alta Verapaz: 15°30’N, 90°27’W, 900-1.050 m s.n.m.,

16.Mai.1976, fl., fr., Kunkel, I. 65 (BR); 15.Out.1975, st., Kunkel, I. 376. (BR);

25.Set.1974, fr., Kunkel, I. 495 (BR); s.d., Kunkel, I. 494 (BR); 14.Out.1974, fr.,

Kunkel, I. 615 (BR). HONDURAS, Yoro, Campamento Río Pijol: Alrededor del

Campamento Río Pijol, 6,2 Km al Sureste de Nueva Esperanza, departamento Yoro en

el Parque Nacional Pico Pijol, 15°12’N, 87°35’W, 1.300 m s.n.m., 28.Mai.1993, fl.,

Dario, M. 460 (BM, EAP, HEH, MEXU, MO, TEFH).

167

Page 168: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

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Figura 30. Passiflora obovata Killip A. Detalhe do ramo. B. Flor. C. Detalhe da glândula no pecíolo. D. Detalhe do nó caulinar. E. Glândula do pecíolo. (A-E. S.Knapp 871- BM).

Page 169: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

Comentário: Segundo Killip (1938), esta espécie ocuparia uma posição anômala dentro

do subgênero Plectostemma, que atualmente está delimitado como pertencente ao

subgênero Decaloba (Feuillet & MacDougal 2003). P. obovata foi descrita com base

em um único exemplar (Schipp 713), que só possui duas folhas e uma flor já em estágio

de frutificação. Assemelha-se com as espécies do subgênero Deidamioides por

apresentar glândulas bem definidas e discos adesivos na gavinha. A seção

Mayapathanthus caracteriza-se por apresentar duas glândulas no pecíolo, gavinhas

inteiras, glândulas ausentes nas brácteas, opérculo plicado e 4-10 séries de filamentos na

corona, caracteres estes encontrados em P. obovata. Por isso foi transferida para o

subgênero Deidamioides seção Mayapathanthus. Segundo Ulmer & MacDougal (2004),

P. obovata possui uma afinidade com espécies da seção Tryphostemmatoides e sugere

uma relação próxima entre as seções, baseado na presença de gavinhas inteiras,

glândulas nas brácteas ausentes, hipanto curto-campanulado (próximo a P. pacifica).

Diferencia-se de P. pacfica por apresentar: gavinhas inteiras (P. obovata) vs. gavinhas

trífidas (P. pacifica); inflorescências uniflora vs. inflorescência cauliflora; corona em 3

séries (P. pacifica) e 2 séries (P. obovata).

Assemelha-se com P. macdougaliana, diferenciando-se desta por apresentar

trepadeira com gavinhas em P. obovata (vs. trepadeira sem gavinhas em P.

macdougaliana) e corona de filamentos em duas séries (vs. várias séries).

No estudo filogenético realizado com dados de ITS e trnL-F, apresentado no

capítulo um desta tese, esta espécie aparece agrupada com P. deidamioides (seção

Deidamioides) e P. contracta (seção Tetrastylis). Nenhum caráter morfológico foi

encontrado que justificasse este agrupamento. Estudos mais detalhados necessitam ser

feitos para elucidar o posicionamento desta espécie.

10. Passiflora ovalis Vell. ex M.Roem., Fam. Nat. Syn. 2: 168. 1846.

Tetrastylis ovalis (Vell. ex Roem.) Killip, Journ. Wash. Acad. of Science 16(3):

365-369. 1926. Lectótipo: Fl. Flum. IX pl. 75 (1827), definido por Killip (1926).

Figuras 31 e 32.

Trepadeira lenhosa, raramente herbácea, escandente, inerme; caule cilíndrico,

não alado, glabro, casca corticosa; gavinhas inteiras, discos adesivos presentes.

Estípulas 1-3 × 0,5-2 mm, ca. 2× mais longas do que largas, persistentes, linear-

169

Page 170: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

lanceoladas a triangulares, ápice apiculado, margem lisa, glândulas ausentes. Pecíolo

0,9-5 cm compr., glabro, glândulas 2, situadas a 0,2-0,9 cm, do meio para a base do

pecíolo, sésseis, orbiculares; lâmina inteira, contorno elíptico, 5-10(-14) × 1-6 cm, ca.

2× mais longas do que largas, coriácea, faces adaxial e abaxial glabras, ápice agudo a

acuminado, base aguda a obtusa, margem lisa a crenada, não revoluta, peninérvia,

nervuras secundárias 6-10, ângulo total entre as nervuras laterais 40-110º, manchas

ocelares e glândulas ausentes. Inflorescência racemo, eixo principal (6-)10-80(-120)

cm compr., pedúnculo 0,3-1,0 × 0,1-0,3 cm, não terminando em uma gavinha,

pedúnculo secundário 0,3-2,5 cm compr., glândulas presentes na base, pedicelo 0,9-3,5

× 0,1-02 cm, brácteas 3, linear-lanceoladas, aciculadas a triangulares, 0,5-3 × 1 mm,

glândulas ausentes, bractéolas presentes. Flores ca. 5-10 cm diâm., hipanto 0,5-1 cm

alt., 1,5-2 cm diâm., curto-campanulado, lobos ausentes, pubescentes; sépalas 2-5 ×

0,3-1 cm, carnosas, oblongas, ápice agudo a arredondado, margem lisa, face adaxial de

verde a marrom, face abaxial branca, glabras, corno e glândulas ausentes; pétalas 2-3,5

× 0,3-0,7 cm, membranáceas, oblongas, ápice agudo, margem lisa, faces adaxial e

abaxial branco-esverdeadas, glabras, corno e glândulas ausentes; corona em 2 séries de

filamentos, filamentos da série externa 0,3-1,2 cm compr., brancos, filamentos da série

interna 0,3-1,0 cm compr., brancos, filamentos filiformes; opérculo plicado,

membranáceo, 0,1-0,3 cm alt., margem laciniada a fimbriada; límen 0,2-0,6 cm alt.,

cupuliforme, membranáceo; anel nectarífero presente; androginóforo 0,6-2,0 cm alt.,

tróclea ausente; filetes 0,6-2,0 cm compr.; anteras 0,3-1,6 cm compr., ovário elíptico,

velutino, verde, estiletes 4, glabros, 0,9-1,7 cm compr., estigmas capitados, alvos. Baga

elipsóide a globosa, 7-14 × 5-9 cm, glabra, verdes quando imaturas, amarelo-

alaranjadas quando maduras. Sementes 0,7-1,0 × 0,4-0,7 cm, obovais, foveoladas,

ápice agudo a apiculado.

Etimologia: O nome da espécie faz referência ao termo ovalis = órgãos laminares em

formato oval, em referência ao contorno da lâmina foliar oval.

Nome(s) vernáculo(s): maracujá-de-cacho, maracujá (RJ).

Fenologia: Floresce de abril a dezembro e frutifica de maio a janeiro.

Distribuição e hábitat: Encontrada no Brasil, nos estados de São Paulo e Rio de

170

Page 171: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

Janeiro. Ocorre na Mata Atlântica em floresta pluvial, em altitudes de 0-1.000 m s.n.m.

Conservação e usos: Espécie endêmica do Brasil. Não classificada como em perigo

segundo os critérios da IUCN (2004). Espécie sem interesse ornamental, porém

fornecedora de alimentos para morcegos (agente polinizador), pequenos roedores e

aves, que se alimentam dos frutos, ajudando na dispersão das sementes.

Material examinado: BRASIL, Rio de Janeiro: Rio de Janeiro, [Distrito Federal –

em referência a antiga Capital Federal do Brasil]: Matas do Pai Ricardo,

11.Nov.1946, fl., fr., Occhioni, P. 793 (UB); Gávea, s.d., fl., Glaziou 7859 (C, B, K, P.);

Serra da Estrella, s.d., fl., Glaziou 8269 (C, B, P); “In sylvis”, 1824-1829, bt., Riedel

720 (BR, NY); Peckolt 7 (B); “Environs de Rio de Janeiro et D'Ouro Preto”, Mai.1885,

fl., Glaziou 14854 (B, C, G, K, N, P.); Corcovado, Beira da mata, 28.Set.1921, fl.,

Ducke, A. & Kuhlmann, J.G. 16581 (B, N, RB, UT.); Cultivado no Jardim Botânico do

Rio de Janeiro, 18.Jul.1952, fl., Duarte, A.P. 3444 (IPA, RB); Serra dos Órgãos,

Limoeiro, Jun.1974, fl., Ochioni, P. 6004 (R); Guanabara: Base da vertente sul do Pão

de açúcar, 35 m s.n.m., 17.Ago.1973, fl., Sucre, D. & Araujo, L.C. 10068 (RB); Floresta

da Tijuca, Pico da Tijuca, 700 m s.n.m., 30.Dez.1973, fl., fr., Araújo, D. et al. 514 (IAC,

RB, SP); Jacarepaguá, Set.1910, fl., Hoehne, F.C. 200 (SP). Japuhyba [Cachoeira do

Macacu], 17.Abr.1926, fl., Hoehne, F.C. & Gehrt, A. 17373 (SP). Mendes, Fazenda

São José das Paineiras, 10.Set.1993, fl., Konno, T. 273 (IAC, RUSU). Parati: Faz. São

Roque (ca. 21 Km antes de Parati), após o sítio do Sr. Hermes, no caminho da mata

próximo a cachoeira. 29.Nov.1988, fr., Marquete, R. et al. 172 (HRB, RB); Entre o

primeiro e o segundo portão, rumo a Praia do Sono, 18.Dez.1990, fl., fr., Frutuoso, L.C.

et al. 85 (HUEFS, IAC, RB); Morro das Laranjeiras, acesso pela Rio-Santos, lado

esquerdo da estrada em direção a São Paulo, APA-Cairuçu, 87 m s.n.m., 16.Mar.1993,

fr., Filho, E.A. & Caruso, F. 102 (RB); a ca. 18 Km do trevo de Parati até a entrada de

Laranjeiras, mais 9 km em direção a Faz. do Sr. Gibrail, estrada para Praia do Sono,

antes do portão da fazenda, 70-920 m s.n.m., 30.Jul.1993, fl., fr., Konno, T. et al. 199

(HUEFS, IAC, RB); Morro do Carrapato, APA - Cairuçú. Floresta ombrófila densa

baixo-montana, 200 m s.n.m., 30.Ago.1994, fl., fr., Giordano, L.C. et al. 1697 (RB);

Morro da Pedra Rolada - APA-Cairuçú, 23.Ago.1995, fl., fr., Bovini, M.G. et al. 403

(RB); Estrada nova para a praia do Sono (acesso pelo condomínio Laranjeiras). Floresta

ombrófila densa. Degradada baixo-montana (mata secundária), ambiente úmido. APA –

171

Page 172: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

Cairuçú, 60 m s.n.m., 22.Dez.2004, bt., fr., Giordano, L.C. et al. 1747 (HUEFS, IAC,

RB); Laranjeiras, trilha para a praia do sono, 23º20’68”, 44º49’87”W, 25.Ago.2007, fl.,

fr., Nunes, T.S. et al. 1837 (HUEFS). São Paulo: Caraguatatuba: Parque Imperial,

25.Jan.1992, fr., Sazima, M. & Sazima, I. s.n. (IAC 37.955). Ubatuba, Núcleo

Pincinguaba. Fazenda da Caixa, casa de farinha subindo a trilha em direção ao rio, após

o pé de jatobá. 04.Abr.2004, st., Nunes, T.S. & Sr. Ivo 1775 (HUEFS); 04.Abr.2004, st.,

Nunes, T.S. & Sr. Ivo 1776 (HUEFS); Pereque-açú, Taquaral, Faz. Capricórnio. 23º

21’N, 45º05’L, 300 m s.n.m., 20.Set.2005, fl., fr., Bernacci, L.C. 4046 (IAC); Distrito

Pinciguaba, Núcleo Pinciguada, Casa de farinha, trilha do corisco. 23º21’95”S,

44º51’10”W, 999 m s.n.m., 24.Ago.2007, fl., fr., Nunes, T.S. et al. 1831 (HUEFS).

Comentários: Espécie próxima filogeneticamente a P. contracta por apresentar plantas

trepadeiras lenhosas; gavinhas com discos adesivos; inflorescência racemosa; 4

estiletes; opérculo plicado. Diferencia-se desta pelo tamanho do eixo principal da

inflorescência (6-)10-80(-120) cm em P. ovalis (vs. (3-)19-50 cm em P. contracta),

sépalas pubescentes em P. contracta (vs. glabras em P. ovalis); opérculo plicado (vs.

inteiro).

Nos estudos filogenéticos realizados com ITS e trnL-F (capítulo 1), esta espécie

aparece agrupada com P. timboënsis com 100% (BS) e 0.90 (pp), este agrupamento é

justificado morfologicamente pela presença de uma inflorescência racemosa, discos

adesivos nas gavinhas, flores com 4 estigmas, ovário com 4 carpelos, o que as colocaria

como pertencente a um grupo exclusivo, possivelmente seção Tetrastylis.

11. Passiflora pacifica Escobar, Mutisia (71): 1. 1988.

Tipo: Colômbia, Valle: Buenaventura, Rio Calima, granja de la secretaria de

Agricultura, Bajo Calima, 01.Mai.1983, fl., fr., Folsom, J. 10900 (Holótipo HUA!).

Figura 31.

Trepadeira herbácea, escandente, inerme; caule cilíndrico, não-alado, glabro, casca não

corticosa; gavinhas trífidas, discos adesivos presentes. Estípulas 1-2 × 0,5 mm, ca. 4×

mais longas do que largas, caducas, setáceas, glabras, glândulas ausentes. Pecíolo 1,2-

1,7 cm compr., glabro, glândulas 2-4, situadas a 1,2-1,7 cm do ápice do pecíolo, sésseis,

orbiculares; lâmina inteira, contorno elíptico, (5,6-)11,2(-15,5) × (2,1-)4,2(-5,5) cm, ca.

172

Page 173: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

3× mais longas do que largas, membranácea, face adaxial e abaxial glabras, ápice

cuneado, base arredondada, margem lisa, revoluta, peninérvia, nervuras secundárias 6-7,

ângulo total entre as nervuras laterais 90º, manchas ocelares e glândulas ausentes.

Inflorescência cauliflora, ca. 2-6 flores; pedúnculo 0,2-0,5 x 0,1 cm, não terminando em

uma gavinha, glândulas ausentes, pedicelo 1,2-2,0 cm compr.; brácteas 3, linear-

lanceoladas, 0,1-0,2 cm compr., glândulas ausentes, bractéolas ausentes. Flores ca. 5,5

cm diâm.; hipanto 0,3-0,4 cm alt., 0,2 cm diâm., campanulado, lobos ausentes, glabro;

sépalas 0,6 × 0,2-0,3 cm, membranácea, oblongas, ápice arredondado, margem lisa, face

adaxial branca, face abaxial verde, glabras, corno e glândulas ausentes; pétalas 0,6 × 0,2

cm, membranáceas, oblongas, face adaxial e abaxial branca,

173

Page 174: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

174

Figura 31. Mapa de distribuição geográfica das espécies: Passiflora ovalis, P. pacifica e P. tryphostemmatoides (Escala em quilômetros – Fonte ESRI 1999).

Page 175: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

Figura 32. Passiflora ovalis Vell. ex M.Roemer. A. Detalhe do ramo. B. Detalhe da glândula no pecíolo; C. Flor. D. Detalhe do nó caulinar. E. Fruto. (A-E. T.S.Nunes 1837 - HUEFS).

175

Page 176: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

Figura 32E. Passiflora ovalis Vell. ex M.Roemer. Detalhe da Inflorescência (T.S.Nunes 1837 - HUEFS).

176

Page 177: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

glabras, corno e glândulas ausentes; corona em 3 séries de filamentos, filamentos da

série externa ca. 1,2 cm compr. brancos, filamentos da série interna 0,2 cm compr.,

filamentos fimbriados a filiformes; opérculo plicado ou inteiro, ereto, membranáceo,

margem filamentosa; límen ausente; anel nectarífero presente; androginóforo 1,5 cm

alt., tróclea ausente, filetes 1,1 cm compr.; anteras 0,3 cm compr., ovário elíptico,

glabro, estiletes 3, glabros, ca. 1,2 cm; estigmas capitados, verdes. Fruto não visto.

Etimologia: Escobar (1988), não fez nenhum comentário sobre a possível origem do

epíteto pacifica, para esta espécie.

Fenologia: Espécie florescendo e frutificando em maio.

Distribuição e hábitat: Encontrada na Colômbia, em altitude de 50-2.200 m s.n.m., em

áreas de mata primária.

Conservação e usos: Devido à dificuldade na consulta dos exemplares desta espécie,

estando disponíveis apenas referências da mesma na descrição original, com apenas três

coletas (incluindo material tipo), realizadas de 1982 a 1984, não podemos enquadrá-la

em nenhum dos critérios da IUCN (2004). Porém, faz-se necessário um esforço maior

no sentido de visitar os herbários do Norte da América do Sul em busca de novos

exemplares.

Material examinado: COLÔMBIA, Choco: Caminho entre Yuto y Lloró, 50 m

s.n.m., 18.Fev.1983, st., Escobar, L.A. & Magrigal, B. 3263 (HUA). Nariño,

Buenaventura, Rio calima, Granja de la Secretaria de Agricultura, Bajo Calima,

01.Mai.1983, fl., Folsom, J. 10900 (HUA, foto HUEFS). Piedraancha: Corregimiento

Chucunez, Reserva Natural La Planada, 7 Km de Chucunez a La Reserva, 1.800-2.200

m s.n.m., bosque primário, nublado y pluvial, desde el campamento a “La Piña”.

17.Mai.1991, fr., Betancur, J. et al. 2566 (HUA, foto HUEFS).

Comentário: Infelizmente não foi possível o acesso a nenhum exemplar desta espécie,

apenas a fotografia dos tipos cedida gentilmente pelo curador do Herbário HUA. A

177

Page 178: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

descrição foi feita com base na fotografia, na ilustração e na descrição original. Se faz

necessário um maior esforço para tentar recoletar esta espécie, ou conseguir empréstimo

dos materiais existentes nos herbários Colombianos, que devido as mudanças na política

do país, não permitem que materiais sejam enviados para o exterior, a menos que haja

um convênio formal entre as instituições. O HUEFS encaminhou todos os formulários

necessários para a formalização do convênio, porém, devido aos tramites legais no

Ministério do Meio Ambiente da Colômbia, até a finalização desta tese, o herbário não

obteve nenhuma resposta favorável (Felipe Cardona – Curador do HUA por e-mail), e

por isso os materiais não nos foram enviados.

12. Passiflora timboënsis T.S.Nunes & L.P.Queiroz, sp. nov. Tipo: BRASIL, Bahia: Amargosa, Serra do Timbó, com acesso pelo Morro Pelado,

13º06’09”S, 39º40’39”W, alt.: 750-835 m s.n.m., 18.Nov.2007, fl., fr., A.M.Amorim

J.Jardim, F.Ferreira, R.Perdiz, J.Paixão & L.Gomes 7027 (Holótipo: HUEFS; isótipos

CEPEC, NY, K).

Figuras 26 e 33.

Trepadeira arbustiva, lenhosa, escandente, inerme; caule cilíndrico, não alado,

com casca suberosa; gavinhas inteiras, discos adesivos presentes. Estípulas 3-4 × 1,5

mm, ca. 2× mais longas do que largas, persistentes, lanceoladas, ápice agudo, margem

lisa, glândulas ausentes. Pecíolo 3-4 cm compr., glabro, glândulas 2, situadas a ca. 0,6

cm da base do pecíolo, sésseis, orbiculares; lâmina inteira, contorno oval, 14-18 × 7-9

cm, ca. 2× mais longas do que largas, coriácea, face adaxial e abaxial glabras, ápice

acuminado, base arredondada, margem lisa, revoluta, peninérvia, nervuras secundárias

6-8 pares, proeminentes, manchas ocelares e glândulas ausentes. Inflorescência racemo,

eixo principal 20-80 cm compr.; pedúnculo primário 0,3-1,9(-3,2) × 0,1-0,3 cm, não

terminando em gavinha, pedúnculo secundário 0,3-2,5 cm compr., glândulas 2, sésseis,

no ápice do pedúnculo primário e secundário; pedicelo 1-3,5 × 0,1-0,2 cm; brácteas 3,

lineares, 0,1-0,3 × 0,1 cm compr., glândulas ausentes; bractéolas presentes, semelhantes

às brácteas. Flores ca. 13 cm diâm.; hipanto 0,4-0,6 cm alt., 0,4-0,6 cm diâm., curto-

campanulado, lobos ausentes, pubescentes; sépalas 6,5-7 × 2,8-3,2 cm, carnosas,

oblongas, ápice arredondado, margem lisa, face adaxial branca, face abaxial verde-clara,

pubescente, corno e glândulas ausentes; pétalas 4,5-6 × 2,5-3 cm, membranáceas,

178

Page 179: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

oblongas, ápice agudo, margem lisa, faces adaxial e abaxial brancas, glabras, corno e

glândulas ausentes; corona em 3 séries de filamentos, filamentos da série externa ca. 1,5

cm compr., filamentos amarelos, filamentos da série interna ca. 0,5 cm compr.,

filiformes, não variegados; opérculo membranáceo, 0,1-0,3 cm alt., margem fimbriada;

límen 0,2-0,4 cm alt., cupulifome, carnoso; anel nectarífero presente; androginóforo 0,5-

0,7 cm alt., tróclea ausente, filetes ca. 0,2 cm compr., glabros, anteras 1-1,5 cm compr.;

ovário elíptico, densamente velutino, tricomas alvos, estiletes 4, glabros, ca. 2,3 cm

compr., estigmas capitados, verdes. Baga elíptica a oboval, 15-40 x 10-35 cm, velutina,

verde quando imatura, amarelo-esverdeada quando madura. Sementes 0,5-0,7 x 0,3-0,4

cm, ovais, foveoladas, ápice agudo a apiculado.

Etimologia: O nome da espécie é uma referência à localidade onde a mesma foi

coletada, a Serra do Timbó, no Município de Amargosa, Bahia.

Fenologia: Floresce e frutifica em novembro.

Distribuição e hábitat: Espécie coletada no município de Amargosa situado na

microrregião do Recôncavo Baiano, em coordenadas de 12º4’4,98”S e 40º56’44,130”O,

na localidade Serra do Timbó. A vegetação desta serra está situada dentro do domínio

da Mata Atlântica, podendo ser classificada como Floresta ombrófila denso montana

(Veloso et al. 1991), a ca. 900 m s.n.m. Alcança o dossel da mata.

Conservação e usos: Foi encontrada até o momento nesta pequena área do Município

de Amargosa, portanto, está espécie está sendo aqui considerada com criticamente em

perigo CR B1ai (IUCN 2004), por existir em somente uma localidade.

Comentários: Diferencia-se de P. ovalis, P. contracta e P. igrapiunensis pela margem

da lâmina foliar (revoluta em P. timboënsis vs. não revoluta nas demais espécies),

diâmetro da flor (ca. 13 cm em P. timboënsis vs. 5-10 cm nas demais espécies) e

número de série de filamentos da corona (3 séries em P. timboënsis e 2 séries nas

demais espécies).

Nos estudos filogenéticos realizados com ITS e trnL-F (capítulo 1), esta espécie

aparece agrupada com P. ovalis com 100% (BS) e 0.90 (pp), este agrupamento é

justificado morfologicamente pela presença de uma inflorescência racemosa, discos

179

Page 180: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

adesivos nas gavinhas, flores com 4 estigmas, ovário com 4 carpelos, o que as colocaria

como pertencente a um grupo exclusivo, possivelmente seção Tetrastylis.

180

Page 181: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

Figura 33. Passiflora timboënsis T.S.Nunes & L.P.Queiroz. A. Detalhe do ramo florífero. B. Detalhe do ramo em botão. C. Flor. D. Detalhe do indumento da face abaxial da sépala. E. Detalhe do androginóforo. F. Detalhe das glândulas no pedúnculo. G. Detalhe da glândula no pecíolo. H. Fruto imaturo. I. Detalhe do nó caulinar (A.M.Amorim et al. 7027).

181

Page 182: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

13. Passiflora tryphostemmatoides Harms, Bot. Jahrb. 18: Beibl. 46: 6. 1894.

Tipo: Colômbia, Huila, above Juza, eastern slopes of the Central Andes of Popayán,

Colômbia, altitude 1.700 m [fide Killip 1938], Lehmann 5662 (holótipo: B†, lectótipo,

designado aqui do isótipo: K).

Figuras 31 e 34.

Trepadeira herbácea, escandente, inerme; caule cilíndrico a angulado, não-alado,

glabro, casca não corticosa; gavinhas divisas, discos adesivos ausentes. Estípulas 0,5-

2,5 × 0,1-0,5 mm, ca. 2× mais longas do que largas, persistentes, linear-lanceoladas a

aciculares, ápice agudo, margem lisa, glândulas ausentes. Pecíolo 0,3-1,9 cm compr.,

glabro, glândulas 2(-6), situadas a ca. 0,3-1,7 cm, da base da lâmina foliar, sésseis,

orbicular-pedunculadas; lâmina inteira, contorno foliar transversalmente ovado ou

elíptico a truncado, 1-4 × 1,2-3,5 cm, ca. 2× mais largas do que longas, membranácea a

coriácea, faces adaxial e abaxial glabras, ápice emarginado, base cordada a truncada,

margem lisa, não revoluta, peninérvia, nervuras secundárias 4-8, ângulo total da nervura

lateral 130-180º, manchas ocelares e glândulas ausentes. Inflorescência biflora,

pedúnculo 0,2-1 × 0,2 cm, terminando em uma gavinha, glândulas ausentes, pedúnculo

secundário 0,1-0,2 cm compr., pedicelo 1,2-0,9 cm compr., brácteas 3, lineares, 0,8-1,2

× 0,1 cm, glândulas ausentes, bractéolas ausentes. Flores ca. 2 cm diâm., hipanto 0,05-

0,2 cm alt., ca. 0,1-0,8 cm de diâm., curto-campanulado, lobos ausentes, glabro; sépalas

0,6-1,2 × 0,1-0,4 cm, carnosas, oblongas, ápice agudo, margem lisa, face adaxial

branca, face abaxial verde ou branca, corno e glândulas ausentes; pétalas 0,3-1,1 × 0,1-

0,3 cm, membranáceas, oblongas, ápice agudo, margem lisa, face adaxial branca, face

abaxial verde, corno e glândulas ausentes; corona em 1 série de filamento, filamentos

ca. 0,2-0,5 cm compr., brancos, fimbriados; opérculo laciniado, membranáceo, 0,08-0,1

cm alt, margem laciniada; límen 0,05-0,1 cm alt., cupuliforme a aneliforme; anel

nectarífero presente; androginóforo 0,2-0,7 cm alt; tróclea situada a ca. 0,1-0,2 cm da

base do androginóforo; filetes 0,1-0,5 cm compr., anteras 0,1-0,2 cm compr., ovário

elíptico, globoso, glabro, verde, estiletes 3, glabros, 0,2-0,7 cm compr., estigmas

capitados, verdes. Baga globosa a elíptica, 2,5 x 2,0 cm, 6-angulada, verde-escura

quando imatura, verde-amarelada quando madura, glabra. Sementes 0,3-0,5 × 0,2-0,3

cm, elípticas, ovais, oblongas, foveoladas a reticuladas, ápice agudo.

182

Page 183: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

Figura 34. Passiflora tryphostemmatoides Harms A. Detalhe do ramo. B. Flor. C. Detalhe da glândula na lâmina foliar. D. Detalhe do nó caulinar. E. Nervura foliar. F. Detalhe do disco adesivo na gavinha. G. Fruto. (A-F. F.W.Pennell 7339 - NY, G. E.P.Killip 5561 - NY).

183

Page 184: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

Etimologia: Nome dado em referência ao gênero Tryphostemma Harvey

(Passifloraceae), um gênero africano que foi sinonimizado para Basananthe.

Fenologia: Floresce e frutifica de março a setembro.

Distribuição e hábitat: Espécie encontrada na Colômbia e Equador em área de matas,

principalmente em parques nacionais. Altitude variando de 1.500-2.700 m s.n.m.

Conservação e usos: Até o momento não classificada como em perigo, ou em risco de

extinção segundo os critérios da IUCN (2004). Sem interesse ornamental ou

alimentício.

Material examinado: COLÔMBIA, s.d., Mutis 2856 (MA, N); Forests of the M.

Andes of Popayan. 1.800-2.500 m s.n.m., s.d., fl., fr., Lehmann, F.C. 8515 (K).Cali,

Cuesta de Tocotá, west of Cali: s.d., Pittier 738 (N).Caldas, Pereira: s.d., Killip, E.P.

10164 (N); Cauca, Andes west of Popayán: s.d., Lehmann 5915 (B, K).Chocó,

Quibdó: s.loc., s.d., Angel (Daniel) 536 (N). Cumbre: Cordillera Occidental, 1.800-

2.100 m s.n.m., 14.Mai.1922, fl., fr., Killip, E.P. 5561 (C, G, K, NY, PH, Y); 1.800-

2.000 m s.n.m., 7.Mai.1922, fl., Pennell, F.W. 5154 (G, N, NY, PH, Y). Valle del

Cauca, Route Cali - Buenaventura, Km 18, 1.920 m s.n.m., 8.Mar.1997, fl., fr., Billiet,

F. 6896 (BR). EQUADOR, Napo-Pastaza, Mera: Climbing in thicket. 1.100 m s.n.m.,

5.Mar.1956, fl., Asplund, E. 19605 (LL, TEX). Gallera, Micay Valley: Killip, E.P.

7962 (N). Huila, Juza: Eastern slopes of the Central Andes of Popayán, 1.700 m s.n.m.

s.d., Lehmann, F.C. 5662 (B, K, NY). Jamundí: Departamento del Valle del Cauca:

Carretera de Villacolombia, hacia el campamento. 2.150 m s.n.m., 30.Set.1983, fl., fr.,

Orozco, C.I. et al. 1241 (COL, NY); Via Jamundí Villa Colômbia, La Meseta, a 35,1

km arriba de plaza de Jamundí, 1.500 m s.n.m., 8.Nov.1981, Silverstone-Sopkin, P. 907

(HUA). Miraflores, Above Palmira: s.d., Killip, E.P. 6154 (G, N). San Jose San

Antonio: 2.400-2.700 m s.n.m., 28.Jun.1922, fl., Pennell 7339 (N, Y, NY). Tambo:

Parque Nacional Munchique (por Uribe). 2.250 m s.n.m., 7.Mai.1984, fl., fr., Escobar,

L.A. 4410 (HUA); Sneidern, von 985. (SP). Valle, Monte Frio: Yanaconas, 1.700-1.850

m s.n.m., 27.Mar.1939, fl., Killip, E.P. 33702 (BM); La Cumbre: 1.500-1.700 m s.n.m.,

11.Jul.1922, fl., Hazen, T.E. 11826 (NY).

184

Page 185: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

Comentários: Espécie assemelha-se a P. gracillima podendo ser facilmente

confundida, confusão que pode ser observada nas várias etiquetas de herbário. Esta

espécie foi descrita a partir do material coletado na Colômbia por Harms em 1894, os

caracteres que diferenciam esta espécie de P. gracillima são os discos adesivos ausentes

em P. tryphostemmatoides (vs. presentes em P. gracillima); lâmina foliar até 4 cm em

P. tryphostemmatoides (vs. 6 cm em P. gracillima).

Esta espécie na análise filogenética aparece agrupada com P. gracillima,

também pertencente a seção Tryphostemmatoides, porém estão separadas de duas outras

espécies da seção: P. arbelaezii e P. discophora. Estas espécies apresentam caracteres

em comum como: a presença de discos adesvos nas gavinhas divisas, inflorescências

uni ou biflora, presença de glândulas na bráctea.

Táxon excluído de Passiflora L. subgênero Deidamioides (Harms) Killip

(Passifloraceae)

1. P. tetrandra Banks & Sol. ex DC., Prodr. 3: 323 (1828):

Tipo: Nova Zelândia, ‘prope Opuragi’, 1770, Banks & Solander 543 (Holótipo BM!).

= Tetrapathaea australis Raoul in Ann. Sci. Nat. sér. 3, 2: 122 (1844), nom. Illegit., &

Choix Pl. Nouv.-Zél.: 27, t. 27 (1846). Tipo: New Zealand, Akaroa, 1841-42, Raoul

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83, t. 240, 241 (1963).

Material examinado: Nova Zelândia, Titirangi, in forest. s.d. Auckland, N.Z. s.n. (C).

Comentários: A inclusão de P. tetrandra no subgênero Deidamioides seção

Tetrapathea por Feuillet & MacDougal (2003), não se justifica devido aos caracteres

florais completamente diferentes das espécies encontradas até então para esta seção. A

presença de um pecíolo sem glândulas, inflorescência axilar, cimosa, ou um racemo,

pedúnculo com 3 flores, gavinhas simples, flores tetrâmeras, cálice 4-lobado, 4 estames,

185

Page 186: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

dióicas; androginóforo distinto, curto, hipanto curto; corona com uma única série de

filamentos, flores masculinas: 4 estames, andróforo com um ovário atrofiado, flores

femininas: ovário glabro com 2(-3) estiletes e estaminódios presentes, são caracteres

que justificam seu posicionamento como um subgênero a parte dentro de Passiflora. Os

resultados filogenéticos parcialmente obtidos com dados de ITS (capítulo 1) reforçam

essa posição em excluir este táxon deste subgênero. Porém, um estudo com um maior

número de regiões é necessário no sentido de posicionar claramente esta espécie dentro

do gênero, ou como um subgênero a parte ou incluso no subgênero Passiflora.

Os resultados obidos com o estudo polínico (capítulo 5), também reforçam esta

exclusão, devido ao padrão único encontrado para esta espécie, completamente diferente

dos demais, como presença de muros duplicolumelados.

186

Page 187: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

Conclusões Gerais Estudos filogenéticos, taxonômicos e biossistemáticos são importantes

ferramentas na identificação/delimitação de espécies, possibilitando aos pesquisadores

uma visão mais ampla da variação que ocorre entre espécies e entre populações. Os

resultados obtidos com estas ferramentas no estudo de Passiflora subgênero

Deidamioides foram:

O subgênero Deidamioides é polifilético com base nas sequências de ITS e trnL-

F, assim como as seções propostas para o subgênero. O subgênero apresentou-se

dividido em cinco subgrupos, estes subgrupos podem futuramente ser considerados

como subgêneros ou seções de outros subgêneros: Subgêneros Deidamioides (1 sp.),

Polyanthea (1), Tetrastylis (4), Discophora (2) e Tryphostemmatoides (3). Porém

devido à baixa representatividade das espécies para a região de trnL-F, nenhuma

decisão taxonômica foi tomada no sentido de posicionar em outros grupos.

Os resultados obtidos com dados de ITS e trnL-F reforçam a inclusão de

Passiflora tetrandra como pertencente ao gênero Passiflora ou como um subgênero

próprio, e não como um gênero a parte (Tetrapathea) como sugerido por outros autores,

por apresentar além dos dados moleculares, caracteres morfológicos suficientes para

uma delimitação subgenérica.

Passiflora macdougaliana pode ser excluída da delimitação de Deidamioides,

podendo ser incluída dentro do subgênero Decaloba.

Passiflora ovalis e P. contracta são duas espécies distintas, reforçadas pelos

caracteres morfológicos, geométricos e morfométricos tradicionais, além de dados de

marcadores moleculares ISSR.

As ferramentas utilizadas para elucidar a delimitação destas espécies, apesar de

não apresentarem resultados isolados significativos, nas análises combinadas se

mostraram distintas e bem delimitadas. Os dados com ISSR foram significativos no

estudo de variabilidade intra e interpopulacional, e pode ser utilizado como mais uma

alternativa para explicar a delimitação específica em casos de estudos populacionais.

Na caracterização polínica das espécies de Passiflora subgênero Deidamioides

foram encontrados sete tipos polínicos, delimitando as espécies desse grupo em 7

subgrupos: Tipo 1: com as espécies P. arbelaezii e P. gracillima. Tipo 2: incluindo P.

ovalis, P. timboensis, P. contracta e P. igrapiunensis reforçam a colocação destas

espécies pertencentes a seção Tetrastylis em um único grupo, apesar de não ser

187

Page 188: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

corroborado pelos dados moleculares, os dados morfológicos e de ambiente também

reforçam este posicionamento. Tipo 3, incluindo as espécie P. obovata que apesar de ser

classificada como pertencente ao subgênero Deidamioides seção Mayapatahanthus

apresentou caracteres diferentes da outra espécie delimitada para a seção: P.

macdougaliana, que apresentou o tipo polínico 4. O tipo polínico 5, encontrado na

espécie P. tryphostemmatoides. O tipo polínico 6, agrupou duas espécies distintas

morfologicamente P. deidamioides e P. cirrhiflora. P. cirrhiflora apresentou-se isolada

das demais nos estudos com ITS e trnL-F, sendo que P. deidamioides agrupou com as

epécies do tipo polínico 2 e 3. Passiflora tetrandra apresentou um tipo polínico

exclusivo, separando-o completamente das demais espécies, reforçando sua exclusão do

subgênero Deidamioides.

Visando uma revisão taxonômica do então subgênero Deidamioides, as espécies

foram revisadas, ilustradas e mapeadas, sendo este o primeiro trabalho que apresenta

uma delimitação clara das espécies pertencentes ao subgênero sensu Feuillet &

MacDougal (2003) e sua caracterização morfológica, bem como dados de distribuição,

ecologia e fenologia.

As espécies delimitadas para o subgênero Deidamioides apresentaram

distribuição na América Central e América do Sul, encontradas em áreas de florestas,

em altitudes variando de 0-2.500 m s.n.m. Das 13 espécies estudadas, cinco são

endêmicas do Brasil: Passiflora deidamioides, P. ovalis, P. contracta, P. igrapiunensis

e P. timboensis.

Dentro das categorias propostas pela Lista de plantas ameaçadas (IUCN), oito

espécies foram consideradas como não ameaçadas (P. arbelaezii, P. cirrhiflora, P.

contracta, P. deidamioides, P. gracillima, P. obovata, P. ovalis e P.

tryphostemmatoides), três foram consideradas como em perigo (P. discophora, P.

igrapiunensis e P. timboensis), uma como criticamente em perigo (P. macdougaliana) e

apenas uma não foi enquadrada em nenhuma das categorias da IUCN, devido à

dificuldade em examinar seus exemplares (P. pacifica).

Duas novas espécies foram descritas, ilustradas e mapeadas, para o subgênero

Deidamioides: Passiflora igrapiunensis e Passiflora timboensis. Estas espécies são

endêmicas da Bahia, encontradas em áreas de mata atlântica. Os ambientes onde estas

espécies foram encontradas são áreas de mata atlântica, consideradas em perigo, e que

merecem uma atenção especial no sentido de criar mais áreas de preservação.

188

Page 189: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

Em relação à delimitação do subgênero, estudos moleculares continuarão a ser

desenvolvidos, envolvendo novas regiões de DNA, e um esforço maior será

empreendido no sentido de alcançar uma maior amostragem de espécies e de números

de indivíduos, com a finalidade de esclarecer as questões ainda existentes em relação à

filogenia deste grupo, uma vez que os resultados obtidos não foram satisfatórios para

delimitar claramente o subgênero.

189

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Page 206: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

Apêndices

206

Page 207: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

Apêndice 1. Caracteres utilizados na análise morfométrica de P. ovalis e P. contracta.

(CA= Caule; ES= estípula; FO= Folha; FC= Filamentos da corona).

Código Caracteres

Vegetativos

1 CA - Compr. médio

2 ES - Compr. médio

3 ES - Larg. Média

4 FO - Compr. pecíolo (mm)

5 FO - Dist. dos nectários até a base do pecíolo

6 FO - Dist. dos nectários até o ápice do pecíolo

7 FO - Maior compr. lâmina (cm)

8 FO - Maior larg. lâmina (cm)

9 FO - Larg. lâmina a 1/3 do compr. (cm)

10 FO - Larg. lâmina a 2/3 do compr. (cm)

11 FO - Ângulo do ápice foliar

12 FO - Ângulo da base foliar

Inflorescência

13 Compr. Raque

14 Dist. entre os pedúnculos na raque

15 Compr. pedúnculo (cm)

16 Compr. brácteas (mm)

17 Larg. brácteas (mm)

18 Compr. bractéolas (mm)

19 Larg. bractéolas (mm)

20 Compr. pedicelo (mm)

21 Compr. sépala (mm)

22 Larg. sépala a 1/3 (mm)

23 Larg. sépala a 2/3 (mm)

24 Compr. pétala (mm)

25 Larg. pétala a 1/3 (mm)

26 Larg. pétala a 2/3 (mm)

27 FC - Compr. série externa (mm)

28 FC - Compr. série intermediária (mm)

29 FC - Compr. série interna (mm)

30 Altura opérculo (mm)

31 Altura límen (mm)

32 Compr. filete (mm)

33 Compr. antera (mm)

34 Compr. estilete (mm)

207

Page 208: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

Apêndice 2 – Index de material examinado por coletor. Os números entre parêntesis

corresponde aos números das espécies tratadas no capítulo 5.

Acevedo-Rodriguez, P. 1297 (1), 4894 (2). Amorim, A.M. 1195 (3), 1282 (3), 1496 (3), 1644 (3), 2191 (3), 2221 (3), 4051 (3), 7027 (12). Angel (Daniel) 536 (13). Araújo, D. 514 (10). Argolo, A. 7 (3). Asplund, E. 19605 (13). Bautista, H.P. 1765 (3). Belém, R.P. 3116 (3), 3540 (3). Bernacci, L.C. 3652 (4), 4046 (10). Betancur, J. 855 (1), 2566 (11). Billiet, F. 6896 (13). Blanchet 1708 (3). Boone, W. 961 (3). Borges, R.A.X. 685 (3). Boudet Fernandes, H.Q. 3045 (3). Bovini, M.G. 403 (10). Callejas, R. 10533 (6), 11129 (6), 1695 (3), 3091 (1), 6177 (1), Cardona, F. 3 (1). Cardoso, D. 1643 (3), 2024 (3). Carneiro-Torres, D.S. 189 (3). Carvalho, A.M.de 2092 (3), 4077 (3), 5184 (3), 5967 (3), 6020 (3), 4466 (3). Carvalho, P.D. 293 (3). Cogollo, A. 3185 (1). Colman, L.P. 19 (3). Conceição, S.F. 451 (3), 472 (3). Costa, C.B. 321 (3), 387 (3), 388 (3). Custodio Filho, A. 2052 (4). Dario, M. 460 (9). Demuner, V. 359 (3), 715 (3), 892 (3), 1441 (3), 1563 (3). DFHJJ8 (BJ 240) (5). Dú Bocage, A.L. 62 (3). Duarte, A.P. 3444 (10), 6680 (3), 6788 (3), 16581 (10). Escobar, L.A. 1808 (1), 2082 (6), 3263 (11), 3652 (1), 4410 (13), 5931 (1), 6756 (1), 6845 (1), 9870 (2). Esteves, G.L. 600 (3). Estrada, A. 3098 (9). Euponino, A. 110 (3). Farias, G.L. 411 (3). Feuillet, C. 1424 (2), 2118 (2), 734 (2). Fiaschi, P. 251 (3), 981 (3). Filho, E.A. 102 (10). Folli, D.A. 2294 (3), 2373 (3), 960 (3), Folsom, J. 10900 (11). Fonnegra, R. 4037 (1). Forero, E. 5702 (1). Foster, W. 319 (4). Fraga, C.M.de 318 (3). França, F.1150 (3). Frutuoso, L.C. 85 (10).

Gentry, A. 47835 (1), 53843 (1), A. 60476 (1). Giordano, L.C. 1697 (10), 1747 (10), Glaziou 14854 (10), 7859 (10), 8269 (10); Granville, J.J.de 9120 (2). Grayum, M. 8043 (1). Guedes, M.L.S. s.n (3), 3276 (3), 3803 (3), 7752 (3), 9294 (7), 11390 (3). Haber, W.A. 640 (9). Hage, J.L. 426 (3), 805 (3). Hansen, A.K. 152 (3), 181 (4), 221 (4).222 (2), 249 (3), 263 (1). Harley, R.M. 18026 (3), 18398 (3), 22078 (3). Hatschbach, G. 63172 (3), 69197 (3), 75071 (3). Hazen, T.E. 11826 (13), Hoehne, F.C. 200 (10), 4692 (4), 17373 (10). Holm-Nielsen, L. 27038 (1). Jardim, J.G. 481 (3). Juncosa, A. 2126 (1). Kallunki, J. 486 (3). Kapan, D.D. 42 (5). Killip, E.P. 10164 (13), 33702 (13), 5561 (13), 6154 (13), 7962 (13), s.n. (13), s.n., (2), Knapp, S. 5278 (8), 867 (9), 871 (9). Knowles, O.H. 1665 (2). Kollmann, L. 1262 (3), 1303 (3), 2155 (3), 2197 (3), 4936 (3), 4963 (3), 5100 (3), 651 (3). Konno, T. 199 (10), 273 (10). Kunkel, I. 65 (9), 376 (9), 494 (9), 495 (9), 615 (9). Landim, M. 872 (3). Lehmann 5662 (13), 5915 (13), 5662 (13), 8515 (13). Lima, D.A. 52 (3), 80 (3). Lira, O.C. 68 (3). Lyra-Lemos, R.P s.n. (3), 4114 (3), 4703 (3). Maas, P.J.M. 7008 (3). MacDougal, J.M. 3878 (1), 3987 (1), 4148 (1). Macedo, G.E.L. 1778 (3). Marquete, R. , 3080 (4), 172 (10). Martinelli, G. 4179 (3), 4989 (3), 9634 (3). Mattos, J. 25776 (3). Mattos-Silva, L.A. 571 (3). McDowell, T. 4061 (2). McPherson, G. 13074 (6). Melo, E. 1262 (3). Milward, M. 64 (3),. Miranda Bastos s.n (2), 34 (2). Miranda, E.B. 400 (3). Moreno, P.P. 13229 (1). Mori, S.A. 10378 (3), 11442 (3). Mutis 2856 (13). Noblick, L.R. 2390 (3). Nunes, T.S. 745 (3), 799 (3), 810 (3), 1279 (3), 1307 (3), 1308 (3). 1348 (3), 1405 (3), 1717 (3),

Page 209: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

1720 (3), 1775 (10), 1776 (10), 1831 (10), 1837 (10), 1868 (3).

Sánchez, D. 1162 (1). Sant'Ana, S.C.de 265 (3), 57 (3).

Occhioni, P. 793 (10), 6004 (10). Santos, T.S.dos 709 (3), 1022 (3), 3662 (3). Oliveira, M. 1043 (3). Sazima, M. s.n (IAC 37.955) (10). Oliveira, R.P. 592 (3). Schipp, W.A. 713 (9). Orozco, C.I. 1241 (13). Silverstone-Sopkin, P. 907 (13), 4906 (1). Pabst, G.F.J. 11075 (4). Sneidern, von 985 (13). Peckolt 7 (10), Solano, J. 174 (1). Peixoto, A. 3286 (3), Souza, A.F. 015 (3). Pennell, F.W. 5154 (13), 7339 (13), 9224 (6), 9317 (6), 9393 (6).

Stapf, M.N.S. 441 (3). Stein, B.A. 3262 (1).

Pinheiro, R.S. 1827 (3), 2047 (3). Stevens, W.D. 25102 (1). Pirani, J.R. 4702 (3). Sucre, D. 10068 (10). Pires, J.M. 4803 (2). Sugiyama, M. 593 (4). Pittier 738 (13). Thomas, W.W. 9222 (3); 9770 (3), 10025 (3), 10103

(3), 11402 (3), 11484 (3), 11984 (3), 12444 (3). Polak, M. 215 (2). Riedel 720 (10). Tirado, M. 258 (5). Robles, R. 1317 (6). Tsuji, R. 1231 (3). Rocha, E.A. 701 (3). van den Berg, C. 1055 (3). Roldán, F.J. 132 (1). Vervloet, R.R. 585 (3). Rosa, N.A. 3964 (4). Vimercatt, J.M. 342 (3). Salino, A. 4492 (3). Zarucchi, J.L. 7149 (6).

209

Page 210: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

PRODUÇÃO CIENTIFICA NO PERÍODO:

Artigos Publicados:

NUNES, T. S., QUEIROZ, L. P. Uma nova espécie de Passiflora L. (Passifloraceae) para o

Brasil. Acta Botanica Brasilica. , v.21, p.499 - 502, 2007.

NUNES, T. S., COSTA, J. A. S., MACHADO, M., SOUZA, E. R., SATIRO, L. N.,

GIULIETTI, A. M., BORBA, E. L. Evidência de hibridção e introgressão em

Hybanthus arenarius Ule e H. calceolaria (L.) Oken (Violaceae) a partir de marcadores

aloenzimáticos e análise multivariada morfométrica.. Sitientibus. , v.6, p.110 - 118,

2006.

NUNES, T. S., QUEIROZ, L. P. Flora da Bahia: Passifloraceae. Sitientibus. Revista da

Universidade Estadual de Feira de Santana. , v.6, p.194 - 226, 2006.

Capítulos de Livros Publicados:

NUNES, T. S., CERVI, A. C. Passifloraceae In: Checlist das espécies do Nordeste ed. Recife:

Associação Plantas do Nordeste, 2006, v.1

NUNES, T. S. Passifloraceae A.L.Jussieu In: Diversidade e Caracterização das Fanerógamas

do Semi-árido Brasileiro ed.Recife : Associação Plantas do Nordeste, 2006, v.1, p. 284-

284.

SANT’ANA, A.E.G., CARVALHO, J.M., SILVA, S.A.S., UCHOA, V.T., NUNES, T. S.,

SOARES, M.B.P., COSTA, J.F.O., SANTOS, R.R. Passifloraceae A.L.Jussieu In:

Plantas da Caatinga: Perfil Botânico, Fitoquímica e Atividade Biológica ed.Recife :

Associação Plantas do Nordeste, 2006, v.4, p. 389-392.

LAWRENCE, A., FERREIRA, A. P. L., STRADMANN, M. T. S., VARGAS, I., JORDAN,

C., LIMA, M., NORRISH, P., GILLET, S., NUNES, T. S. Planning and budgeting In:

Plant Identification: Creating user-friendly field guides for biodiversity management.1

ed.London : Earthscan, 2006, v.01, p. 23-60.

ZAPPI, D. C., NICLUGHADHA, E., NUNES, T. S., MIRANDA, E. B., MACHADO, M.,

HIND, N., LEWIS, G. P., MAYO, S., BARBOSA, M. R. V., JUCHUM, F., CESAR, E.

A. Repatriating Data from Kew Herbarium to Northeast Brazil In: Towards Greater

Knowledge of the Brazilian Semi-arid Biodiversity.1 ed.Brasília : Ministério da Ciência

e Tecnologia, 2006, v.1, p. 45-48.

210

Page 211: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

LAWRENCE, A., NORRISH, P., STRADMANN, M. T. S., VARGAS, I., MAGARRINOS,

E., COSTA, J. A. S., JORDAN, C., NUNES, T. S. Testing the field guide In: Plant

Identification: Creating user-friendly field guides for biodiversity management.1

ed.Londres : Earthscan, 2006, v.1, p. 215-234.

Artigos submetidos:

NUNES, T.S.; QUEIROZ, L.P. Duas novas espécies de Passiflora L. subgênero

Deidamioides (Harms) Killip (Passifloraceae) da Bahia, Brasil. Submetido a Acta

Botânica Brasílica. Novembro 2008.

Artigos em preparação:

NUNES, T.S.; QUEIROZ, L.P. Filogenia Molecular de Passiflora subgênero Deidamioides

(Passifloraceae) baseado em sequências das regiões de ITS e trnL-F

NUNES, T.S.; QUEIROZ, L.P.; VAN DEN BERG, C. Estudos morfométricos no complexo

Passiflora ovalis Vell. ex M.Roemer (Passifloraceae).

NUNES, T.S.; QUEIROZ, L.P.; VAN DEN BERG, C. Uso dos marcadores moleculares ISSR

(Inter Simple Sequence Repeats) na delimitação do complexo Passiflora ovalis Vell. ex

M.Roemer (Passifloraceae)

NUNES, T.S.; ARAÚJO, R.C.M.dos S.; SANTOS, F.A.R.; QUEIROZ, L.P. Morfologia polínica

de Passiflora L. subgênero Deidamioides (Harms) Killip (Passifloraceae) e suas implicações

taxonômicas

Resumos em Congresso:

NUNES, T. S. Checklist da família Passifloraceae A.L.Jussieu ex Kunth no Herbário da

Universidade Estadual de Feira de Santana – HUEFS. In: 57 Congresso Nacional de

Botânica, 2006, Gramado. 57o. Congresso Nacional de Botânica. São Paulo:

Sociedade Brasileira de Botânica, 2006.

DUTRA, C.G., ZAMBERLLAN, P., LORENZ-LEMKE, A., NUNES, T. S., QUEIROZ, L.

P., CERVI, A. C., BONATTO, S.L., SALZANO, F. M., B.FREITAS, L. Estrutura

populacional em Passiflora ovalis Vell: ex Roemer (Passifloraceae) determinada através

211

Page 212: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

do estudo de marcadores plastidiais In: 57o Congresso Nacional de Botânica, 2006,

Gramado/RS. 57o Congresso Nacional de Botânica. São Paulo: Sociedade Brasileira

de Botânica, 2006. v.1.

NUNES, T. S., COSTA, M. J. S. L., LEITE, K. R. B., QUEIROZ, L. P., MIRANDA, E. B.,

SOUZA, R. D. A coleção do herbário da Universidade Estadual de Feira de Santana In:

56 Congresso Nacional de Botânica, 2005, Curitiba. Anais do 56 Congresso Nacional

de Botânica. São Paulo: Sociedade Botânica do Brasil, 2005.

NUNES, T. S., QUEIROZ, L. P., NASCIMENTO, J. G. A., GOMES, R. V. B. Banco de

dados das espécies de Leguminosae do Semi-árido. In: XXVII REUNIÃO

NORDESTINA DE BOTÂNICA, 2004, PETROLINA. ANAIS DA XXVII REUNIÃO

NORDESTINA DE BOTÂNICA. SÃO PAULO: SOCIEDADE BOTANICA DO

BRASIL, 2004. v.1.

NUNES, T. S., NASCIMENTO, J. G. A., GOMES, R. V. B., QUEIROZ, L. P.

LEVANTAMENTO E DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA DAS ESPÉCIES DE

LEGUMINOSAE DO SEMI-ÁRIDO NORDESTINO In: XXVII Reunião Nordestina

de Botânica, 2004, Petrolina. Anais da XXVII Reunião Nordestina de Botânica. São

Paulo: Sociedade Botânica do Brasil, 2004. v.1.

NUNES, T. S., NASCIMENTO, J. G. A., QUEIROZ, L. P. Levantamento e distribuição

geográfica das espéices de Leguminosae do Semi-árido Nordestino In: 55o. Congresso

Nacional de Botânica, 2004, Viçosa. 55o. Congresso Nacional de Botânica. São

Paulo: Sociedade Botânica do Brasil, 2004. v.1.

NUNES, T. S., GOMES, R. V. B., QUEIROZ, L. P. O banco de dados de amostras do

Instituto do Milênio do Semi-Árido In: 55o. Congresso Nacional de Botânica, 2004,

Viçosa. 55o. Congresso Nacional de Botânica. São Paulo: Sociedade Botânica do

Brasil, 2004. v.1.

Softwares com registro ou patente

NUNES, T. S., ZAPPI, D. C., MIRANDA, E. B., NICLUGHADHA, E., MACHADO, M.,

CESAR, E. A., JUCHUM, F., LEWIS, G. P., HIND, N., MAYO, S. Repatriamento de

Dados do Herbário de Kew para o Nordeste do Brasil, 2006

Palestras ministradas:

NUNES, T. S. Princípios de Sistemática Filogenética, 2007. (Aperfeiçoamento, Curso de

curta duração ministrado)

212

Page 213: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

NUNES, T. S.Mini-curso Manejo de Herbário, 2006. (Aperfeiçoamento, Curso de curta

duração ministrado)

Participação em eventos

- Conferencista no(a) V Semana de Biologia, 2007. (Encontro) Manejo de Herbário.

- Conferencista no(a) I Encontro de Biologia, 2007. (Encontro) Sistemática e Filogenia de

Malpighiales.

213

Page 214: estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

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