estudo trata brasil / fgv: "saneamento é saúde"

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A pesquisa mostra como está o acesso à rede de esgoto em comparação com outros serviços públicos e o impacto da falta do saneamento na saúde de crianças de zero a seis anos em cada município brasileiro. Este é o primeiro de uma série de levantamentos resultantes da parceria entre o Instituto Trata Brasil e a FGV. Publicado em 2007.

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  • 1. TRATA BRASIL: SANEAMENTO E SADE Coordenao: Marcelo Cortes Neri Novembro de 2007 1

2. Os artigos publicados so de inteira responsabilidade de seus autores. Asopinies neles emitidas no exprimem, necessariamente, o ponto de vista daFundao Getulio Vargas.Trata Brasil: Saneamento e Sade / Coordenao Marcelo Crtes Neri. - Rio deJaneiro: FGV/IBRE, CPS, 2007. [163] p.1. Saneamento bsico 2. Servios pblicos 3. Sade 4. MortalidadeInfantil 5. Urbanizao 6. Pobreza I. Neri, M.CCPS/IBRE/FGV 2007 2 3. Trata Brasil: Saneamento e Sade1 Rio de Janeiro, 24 de novembro de 2007 Centro de Polticas SociaisInstituto Brasileiro de EconomiaFundao Getulio VargasCoordenao:Marcelo Cortes [email protected] Equipe do CPS:Luisa Carvalhaes Coutinho de Melo Samanta dos Reis SacramentoAndr Luiz Neri Paloma Madanelo de Carvalho Carolina Marques BastosAna Lucia Salomo Calada (Administrativo)1Este relatrio corresponde a primeira etapa da pesquisa Impactos Sociais de Investimentosem Saneamento feita a pedido do Instituto Trata Brasil. Ns gostaramos de agradecer a todosos membros do Trata Brasil e em particular a Raul Pinho e a Luis Felli pelas sugestesoferecidas ao longo da pesquisa. Estendemos os agradecimentos a Nelson Arns e a Clvis daPastoral da Criana sem implica-los em possveis erros remanescentes. 3 4. Trata Brasil: Saneamento e SadeSumrio Executivo Contedo1. Viso Geral2. Evoluo Recente3. Municpios4. Viso de longo prazo do acesso a esgoto5. Qualidade Percebida de Acesso6. Sade Percebida e Acesso a Saneamento7. Saneamento e Mortalidade na Infncia8. Testes Controlados de Mortalidade na Infncia9. Falta de Saneamento e Filhos Nascidos Mortos10. Gastos com Sade e Saneamento4 5. Trata Brasil: Saneamento e Sade Sumrio Executivo1. Viso GeralA falta de saneamento bsico uma questo que deveria ter sido resolvida no sculopassado. Atinge hoje 53% da populao brasileira e vai afetar o Brasil ainda noprximo sculo. Ao passo que a universalizao do acesso rede geral de esgoto sacontecer daqui a 115 anos, por volta do aniversrio de 300 anos da independnciado Brasil, em 2122. Ao projetarmos a tendncia dos ltimos 14 anos para frente emtermos de falta de saneamento nos domiclios (e no pessoas), conclumos quedemorar cerca de 56 anos para o dficit de acesso ser reduzido metade. O nvel ea velocidade de expanso do saneamento bsico tm sido inferior oferta de outrosservios pblicos como rede geral de gua, coleta de lixo e eletricidade. Comoveremos, no s a quantidade, mas a qualidade percebida pela populao acerca doacesso a escoadouro tambm inferior a de gua, coleta de lixo e eletricidade.As respostas das mes relativas aos seus filhos caulas indicam que as principaisvtimas da falta de esgoto so crianas entre 1 e 6 anos que morrem mais quando nodispem de esgoto coletado. Bebs at 1 ano morrem menos devido a doenas doesgoto, pois ficam mais em casa protegidos das doenas. Os meninos, talvez pelasmesmas razes - brincam mais fora de casa (de bola, pipa etc.) perto de valas negras- morrem mais de doenas associadas falta de saneamento do que as meninas.Outra vtima preferencial da falta de acesso so as grvidas, pois a falta aumentasobremaneira as chances de seus filhos nascerem mortos. Mesmo fora dos casosextremos que resultam na morte das crianas, doenas associadas falta desaneamento roubam dessas crianas sua sade em uma poca crucial para odesenvolvimento do indivduo.O fato das principais vtimas do problema ser crianas sem voz ou voto criaformidveis dificuldades prticas causa da universalizao do esgoto tratado. Omovimento Trata Brasil, cujo lema "saneamento sade", tem hoje maioresoportunidades para prosperar. Em primeiro lugar, h recursos disponibilizados nombito do PAC como condio necessria (mas no suficiente) para o tratamento daquesto na prtica. Em segundo lugar, o fato de estarmos no perodo prvio s5 6. eleies para prefeitos, responsveis ltimos pela oferta de saneamento, criasensibilidade ao tema aumentando as possibilidades de adoo de aes locais maisefetivas. Finalmente, 2008 ser o ano internacional do saneamento bsico da ONU oque propiciar conectar o movimento nacional a uma corrente maior. O desafio ,portanto, pensar o tema global e nacionalmente, mas sempre levando em conta que aderradeira ao se d em termos locais.Nessa primeira parte do projeto analisamos a coleta do esgoto tal como percebidapelos beneficirios do sistema. Nas prximas etapas do projeto vamos incorporarinformaes desde a perspectiva das empresas que ofertam e de tratamentoespecificamente. Tal como no caso dos recursos do PAC que no garantem suaefetiva aplicao, na rea de acesso, a coleta condio necessria, mas insuficientepara o efetivo tratamento de esgoto. Na nossa concepo, o tratamento o objetivofinal, especialmente no que tange s cidades, em especial metrpoles, pelaseconomias de escala envolvidas. Importante citar que a viso de demanda sobreesgoto menos informada e desinteressada do que a de oferta e serve comoperspectiva complementar para monitorar a evoluo do problema e das soluesapresentadas. A taxa de discordncia entre consumidores e ofertantes pode ser umindicador futuro interessante sobre fonte de desconhecimento a ser suprido pelaatuao do Instituto Trata Brasil.A parte emprica da pesquisa consiste no processamento, consolidao, descrio eanlise de um conjunto de base de microdados e de informaes secundrias quepermitem mapear a quantidade e a qualidade do acesso coleta de esgoto e seusimpactos na sade, medidos principalmente pela mortalidade pr-natal e na infncia. Apesquisa dispe de sistemas de proviso de informao interativos e amigveisvoltados aos cidados comuns, com produtos em linguagem acessvel tais comopanoramas geradores de tabulaes ao gosto do usurio e simuladores deprobabilidades desenvolvidos a partir de modelos estatsticos estimados, alm demapas e rankings regionais. O stio da pesquisa permite aos cidados (vide prximapginas) traar o panorama da extenso, causas e conseqncias da falta desaneamento na sua cidade. Seno vejamos:6 7. 7 8. 2. Evoluo RecenteA PNAD - pela sua freqncia, cobertura e abrangncia temtica - constituem o principalmonitor das condies sociais brasileiras. No caso especfico de esgoto, ela permite captaro acesso e algumas das principais conseqncias da falta de coleta. O Panorama daEvoluo Recente gerado a partir da PNAD permite analisar a evoluo do acesso nosltimos 15 anos, por diferentes caractersticas da populao, tais como sexo, idade eescolaridade. Em termos de tendncias temporais a taxa de acesso a esgoto, observadapela PNAD, aumentou 10,75 pontos de percentagem (p.p.) desde 1992. Atinge em 2006,46,77% dos brasileiros, maior nvel de toda srie. Tem acesso coleta de esgoto - Taxa Populao Total Categoria 19922006 Total36,02 46,77 Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da PNAD/IBGEa. IdadeA taxa de acesso rede geral de coleta de esgoto aumenta medida que caminhamos emdireo aos grupos mais velhos. O pico de 51,87% atingido por aqueles entre 50 e 54anos. Tem acesso coleta de esgoto - Taxa Faixa Etria Categoria 19922006 0a429,14 40,37 5a930,58 41,35 10 a 1432,35 41,42 15 a 1934,02 43,94 20 a 2436,28 46,76 25 a 2937,75 48,24 30 a 3539,96 48,28 36 a 3941,46 48,46 40 a 4441,99 49,94 45 a 4941,36 51,14 50 a 54 39,9 51,87 55 a 5940,29 51,62 60 ou Mais 40,38 50,98 Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da PNAD/IBGE8 9. Restringindo a anlise ao grupo feminino adulto, quelas que so mes so as maisafetadas por falta de esgoto (48,39%). Tem acesso coleta de esgoto - Taxa Maternidade Categoria de Mulheres adultas19922006 me38,35 48,39 No me43,4550,22Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da PNAD/IBGEb. EducaoComo se diz a educao a me de todas as polticas sociais. A taxa de acesso redegeral de esgoto aumenta monotonicamente com os anos de escolaridade, variando de25,57% dos sem instruo aos 70,83% para aqueles com 12 anos ou mais de estudo. Aboa notcia associada ao processo de universalizao do acesso a esgoto, mesmo quelento, que a distncia entre os extremos da distribuio de renda ou de riqueza no caso,diminuiu ao longo do tempo. A razo entre o acesso para os indivduos segundo graucompleto e os sem escolaridade, que era 4,3 vezes em 1992, cai para 2,7 em 2006. Tem acesso a coleta de esgoto - Taxa Anos de Estudo Categoria1992 20060 17,125,57 1a325,84 33,68 4a740,85 46,17 8 a 11 53,34 56,3612 ou Mais 73,01 70,83Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da PNAD/IBGEc. Tamanho de CidadeAs economias de rede tornam a distribuio de esgoto sujeitas a fortes correlaes noespao.Em reas rurais, a proporo de pessoas com acesso a rede coletora de esgoto 2,9%.Em lado oposto encontramos as regies metropolitanas, com 63,05%. importante ter emmente a inviabilidade do processo de universalizao do saneamento num pas dedimenses continentais como do Brasil. Mesmo nas metrpoles o acesso baixo e temsubido a taxas modestas. Em outras palavras, o Brasil tem aproveitado pouco as9 10. economias urbanas presentes nas grandes metrpoles, onde o custo marginal tenderia aser menor. Ou seja, as nossas maiores cidades esto inchadas, incorrendo nasdeseconomias sem aproveitar as potenciais economias associadas. Este processo particularmente srio no acesso a esgoto vis--vis outros servios pblicos ofertados. Tem acesso coleta de esgoto - TaxaTipo de cidade Categoria 19922006 Metrpole 53,2963,05 Urbana39,94 48,7 Rural 2,42,9Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da PNAD/IBGEd. Favelas (Aglomerados Subnormais)O crescimento do acesso a esgotamento sanitrio em favelas (passa de 25,57% para45,98%) revela forte processo de convergncia em relao mdia nacional, a incluindoas reas rurais. Neste sentido, as favelas brasileiras oferecem uma fotografia da falta desaneamento comparveis a da totalidade do pas.e. EstadosSegue o ranking da taxa de acesso rede geral de esgoto em cada Unidade da Federaode forma, ordenado em termos decrescente. Observamos na liderana o Estado de SoPaulo (84,24%), seguido do Distrito Federal (79,85%) e Minas Gerais (73,43%). Paraefeitos comparativos ao longo do tempo exclumos as reas rurais da regio Norte. Mesmoassim, encontramos Amap (1,42%), Rondnia (3,11%) e Piau (3,25%) no extremo opostodo espectro.Tem acesso coleta de esgoto - TaxaEstado Categoria1992 2006 So Paulo 75,93 84,24 Distrito Federal73,26 79,85 Minas Gerais55,44 73,43 Rio de Janeiro52,07 60,24 Esprito Santo39,92 55,33 Paran18,89 46,34 Bahia 14,98 38,5 Pernambuco19,22 36,27 Paraba 18,39 31,94 Gois * 27,75 31,5 Sergipe 19,8931 Acre24,69 28,31 Cear4,83 23,1610 11. Roraima0,66 17,43 Rio Grande do Norte 10,21 16,52 Rio Grande do Sul 12,25 14,77 Mato Grosso 13,21 12,43 Mato Grosso do Sul 4,55 11,78 Santa Catarina 6,13 10,54 Maranho 7,45 9,44 Tocantins*- 9,14 Alagoas6,517,6 Amazonas16,41 3,97 Par 1,96 3,95 Piau 0 3,25 Rondnia 1,09 3,11 Amap 1,3 1,42 Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da PNAD/IBGEf. Regies MetropolitanasNo ranking das Regies Metropolitanas, Belo Horizonte lder no acesso em 2006(83,58%), 5 p.p. acima de So Paulo, que ocupa a segunda posio (78,64%), invertendoas posies ocupadas no incio da dcada de 90. No outro extremo do ranking,encontramos a Regio Metropolitana de Belm, com menos de 10% da populao comacesso.Tem acesso coleta de esgoto - Taxa Regio Metropolitana Categoria1992 2006 Belo Horizonte68,91 83,58 So Paulo74,9 78,64 Salvador33,74 78,42 Rio de Janeiro52,65 62,28 Curitiba33,27 59,32 Fortaleza11,5 43,81 Recife25,04 38,97 Porto Alegre19,55 10,01 Belm 5,41 9,27Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da PNAD/IBGE11 12. 3. Municpiosa. Rankings MunicipaisApresentamos a seguir o ranking municipal do acesso rede geral de esgoto, em 2000. Omunicpio com maior taxa de acesso no pas So Caetano o Sul que, talvez no porcoincidncia, apresente tambm o maior ndice de Desenvolvimento Humano (IDH) do pas,sintetizando as possveis relaes entre saneamento, expectativa de vida ao nascer,escolaridade e renda, que sero testadas ao longo da presente pesquisa. Dos 50municpios com maior taxa de acesso 44 so paulistas, e 10 entre os 10 municpiosbrasileiros com maior acesso a esgoto se encontram no Estado de So Paulo. Ranking Rede Geral de EsgotoMaisBrasil1 SP So Caetano do Sul 98.642 SP Barrinha 97.933 SP Igarau do Tiet 97.774 SP Santa Gertrudes97.555 SP Serrana97.506 SP So Joaquim da Barra 97.037 SP Franca 96.978 SP Orlndia 96.909 SP Barra Bonita 96.59 10 SP Amrico Brasiliense96.52 Dos 50 maiores, 44 esto em So Paulo Fonte: CPS/IBRE/FGV processando os microdados do Censo 2000/IBGEContudo, apesar da posio relativa do Estado de So Paulo no ranking municipal brasileirode acesso a esgoto, observamos taxas nulas (at a segunda casa decimal) em algunsmunicpios paulistas como Canitar, Independncia e Sandovalina, conforme ilustradoabaixo: 12 13. Ranking Rede Geral de EsgotoMenosSo Paulo1SPCanitar0.002SPNova Independncia 0.003SPSandovalina0.004SPMirante do 0.43 Paranapanema5SPItapura0.606SPNova Cana Paulista0.857SPIndiana1.628SPPaulicia2.029SPIlhabela 3.46 10SPEmbaba4.12Fonte: CPS/IBRE/FGV processando os microdados do Censo/IBGEApresentamos abaixo os municpios brasileiros com mais de 100 mil habitantes com menortaxa de acesso. O leitor pode acessar o ranking do acesso a saneamento dos municpiosde seu estado vis a vis outras formas de esgoto no stio da pesquisa. Ranking Rede Geral de EsgotoMenos - Municpios acima de 100 mil hab* Brasil1 GOguas Lindas de Gois0,232 PAAbaetetuba 0,333 PASantarm 0,414 MATimon0,575 PIParnaba 0,616 PAMarab 1,157 RNParnamirim 1,288 MACaxias 2,199 TOAraguana2,2910ROJi-Paran2,63 Ranking ajustado. Considerados somente os grandes municpios (acima de 100 mil hab.)Fonte: CPS/IBRE/FGV processando os microdados do Censo2000 /IBGE13 14. b. Zoom no RioO Rio de Janeiro, por constituir o mais metropolitano Estado da federao, apresenta taxasmaiores entre municpios com menor taxa de acesso rede coletora de esgoto. A menortaxa de acesso observada em So Francisco de Itabapoana, que tambm apresenta amaior taxa de misria do estado, segundo o Mapa do Fim da Fome da FGV. Alguns outrosmunicpios mais pobres do noroeste fluminense, como Sumidouro e Varre-Sai, se situamentre os menos servidos de saneamento adequado, ilustrando a relao entre insuficinciade renda e de saneamento. Por outro lado, o que mais chama a ateno no rankingfluminense a presena de municpios de renda alta proporcionada por royalties dopetrleo e pela atividade turstica, entre os quais ressaltamos Rio das Ostras, Armao dosBzios e Ararauama, que esto entre os cinco dos 92 municpios fluminenses com menortaxa de acesso segundo o ltimo Censo demogrfico. Ou seja, estes municpios estodescuidando das bases da sustentabilidade econmica poluindo suas praias.Ranking Rede Geral de Esgoto Mais Municpio do Rio de Janeiro1Copacabana 99.382Ilha de Paquet98.003Lagoa97.944Centro 97.265Botafogo 96.936Vila Isabel96.457Jacarezinho94.868So Cristvo94.489Porturia93.3010 Tijuca 92.80 Fonte: CPS/IBRE/FGV processando os microdados do Censo 2000/IBGE14 15. Ranking Rede Geral de EsgotoMenosMunicpio do Rio de Janeiro 1Guaratiba28.92 2Campo Grande 40.93 3Santa Cruz 41.78 4Barra da Tijuca50.51 5Bangu57.87 6Rocinha60.75 7Anchieta 61.20 8Jacarepagu70.80 9Pavuna 71.18 10 Realengo 71.38Fonte: CPS/IBRE/FGV processando os microdados do Censo2000 /IBGEApresentamos abaixo um zoom das taxas de acesso a saneamento bsico do Brasil e seusmunicpios passando ao municpio do Rio de janeiro e suas regies administrativas. % c o m a c e ss o a e s g o to - re d e g e ra l 0 -2 02 0- 40 4 0- 6 06 0- 80 8 0- 1 0 0 15 16. %c o ma c e ss o a e s g o to - r e d e g e r a l - 2 0 0 0 0 -2 02 0- 40 4 0- 6 06 0- 80 8 0- 1 0 0 % c o ma ce ss o a re d e g e ra l d e e s g o to0 - 2 0 2 0 - 404 0 - 6 0 6 0 - 808 0 - 1 0 016 17. 4. Viso de longo prazo do acesso a esgotoOs dados revelam que, to importante quanto o aumento do acesso a saneamento emreas urbanas e rurais, foi o processo de migrao das reas rurais (em 1970 vivia 44,59%da populao brasileira e em 2000 17,27%). J a taxa de acesso coleta de esgoto nasreas urbanas sobe 1,5 pontos de porcentagem por ano na dcada de 1970 e depois caipara a taxa de 1 ponto de porcentagem por ano na dcada seguinte e 0,8 pontos deporcentagem na presente dcada, desacelerando na dcada atual, como veremos pelasPNADs. COBERTURA DE SERVIOS DE SANEAMENTO Brasil - 1970-2000 1970 19801990 2000 % Coleta de esgoto Urbano rede 22,2 3747,9 56 Rural rede 0,5 1,43,73,3 % populao urbana55,482,7 Fonte: Censos Demogrficos de 1970, 1980, 1990 e 2000/ IBGE.a. Acesso a Servios Pblicos e Ciclo da VidaAs taxas de acesso a diferentes servios pblicos de infra-estrutura crescem substancial ehomogeneamente ao longo do ciclo da vida de diferentes geraes durante o perodo de1970 a 2000. Durante esse perodo, por exemplo, a taxa de acesso eletricidade para agerao nascida nos anos 40 aumentou de 48,8% em 1970 para mais de 93% em 2000. Seanalisarmos um subgrupo especfico, como por exemplo, 50 a 59 anos, percebemos queem 2000 esse servio abrangia 93,4% dessa populao, situao muito melhor do que htrs dcadas, quando a eletricidade s alcanava 44% dessa mesma populao com 20 a29 anos. Outro servio que merece destaque o acesso a abastecimento de gua, queaumentou de forma significativa entre os anos estudados. Um exemplo disso pode ser vistoanalisando a gerao de 50 a 59 anos em 2000. A sua taxa de acesso foi de 77%, mais doque o dobro da taxa observada quando essa populao tinha entre 20 e 29 anos em 1970.Essas informaes evidenciam que houve grande melhora na qualidade de vida dapopulao a partir do maior acesso a servios pblicos mesmo durante as duas ltimasdcadas, consideradas perdidas por muitos. 17 18. Sintetizamos esta comparao centrando nas mudanas vivenciadas pela gerao quenasceu nos anos 40 e alcanou os 50 anos em 2000. Esta a coorte de Leila Diniz e deLula, baby-boomers de primeira-hora, nascidos em 1945, meses aps o fim da segundaguerra. Observamos que, apesar do crescimento do saneamento bsico, tanto o seu nvelcomo a sua expanso se situaram em nveis inferiores aos dos demais servios pblicos,em particular tanto nas reas de gua, luz e lixo. Proporo de acesso a Rede de Esgoto Geral, Agua, Eletricidade e Coleta de Lixo - Brasil 100entre 1970-2000 - gerao nascida em 1940 - %9080706050403020100 0a9 10 a 19 20 a 29 30 a 3940 a 4950 a 59 60 a 69 70 a 79 80 ou mais Fonte: CPS/IBRE/FGV processando os microdados do Censo Demogrfico/IBGE perfis de acesso a diferentes servios pblicos - gerao nascida em 1940EletricidadeAguaLixo EsgotoMal comparando, na anlise do perfil etrio tiramos retratos de diferentes geraes emanos diferentes, combinando na anlise de coorte estes mesmos retratos de forma a traaro filme da vida de cada gerao. Nas cenas tiradas da gerao de Lula vimos umacrescente migrao para as cidades e melhoras na proviso de infra-estrutura, embora osaneamento tenha avanado menos que os demais servios pblicos. 18 19. 5. Qualidade Percebida de AcessoA Pesquisa de Oramentos Familiares do IBGE permite explorar a qualidade percebida doacesso a escoadouro e do servio de gua. Ou seja, samos do plano da dicotomia entredispor ou no de acesso a esgoto ou gua e entramos no mbito da avaliao daqualidade percebida do acesso. No que se refere ao acesso gua, verificamos que 82,5%avaliam o acesso como bom e o restante o consideram ruim, e que apenas 71% daquelesque tm acesso a escoadouro o consideram bom. Note que a qualidade desses serviosassociados ao uso de gua goza de menor qualidade percebida do que a de serviospblicos como eletricidade (92,45%) e coleta de lixo (87,65%).A avaliao do escoadouro entre homens e mulheres em geral similar: 28,9% dos quetm acesso consideram o escoamento de m qualidade, refletindo o fato de que aavaliao feita em termos domiciliares. O dado preocupante que mulheres gestantes eas lactantes percebem qualidade pior - 32,1% e 35,9%, respectivamente. Alm disso,verificamos que a qualidade percebida de acesso tende a subir a medida que a idadeaumenta. Passando a avaliao ruim de 31,2% entre aqueles entre 10 e 19 anos de idadepara 10,8% entre aqueles com mais de 70 anos de idade. Estes dados se refletem nosimpactos da falta de saneamento adequado sobre mortalidade fetal, infantil e maternalrevelados na parte relativa sade. Complementarmente, conforme esperado, as pessoassem acesso a plano de sade percebem qualidade de acesso a esgoto de pior qualidade. Avaliao da Qualidade Tipo de ServioBomRuim Escoadouro71,0% 29,0% Servio de gua 82,5% 17,5% Eletricidade92,4%7,6% Coleta de Lixo87,7% 12,3% Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da POF 2003/IBGEFinalmente, apresentamos nas tabelas abaixo o ranking de qualidade de acesso porunidade da federao. Distrito Federal e Minas Gerais lideram o ranking de qualidade deacesso percebido de gua, enquanto So Paulo e Gois lideram o de Escoadouro sendoSo Paulo o quarto. Existe uma razovel coincidncia de estados no topo dos rankings deacesso e da qualidade do acesso aos itens em questo. Na base do ranking esto estadosda regio Norte do pas. Depois apresentamos o ranking das capitais destes estados. 19 20. Ranking de Qualidade de Acesso por EstadoBomBom Servio de Escoadourogua So Paulo 82.01 Distrito Federal 93.25 Gois 73.93 Minas Gerais 88.97 Paran73.89 Esprito Santo 88.39 Piau 73.21 So Paulo87.57 Minas Gerais72.79 Mato Grosso do Sul 87.43 Sergipe 70.17 Rio Grande do Sul87.40 Distrito Federal69.14 Paran 87.00 Esprito Santo68.84 Gois86.57 Rio Grande do Norte 68.09 Cear83.87 Mato Grosso do Sul67.58 Santa Catarina 83.76 Bahia 67.50 Tocantins82.26 Paraba 67.45 Amazonas 78.95 Rio de Janeiro67.06 Rio Grande do Norte78.41 Alagoas 66.78 Rondnia 78.29 Santa Catarina66.76 Paraba78.22 Acre64.85 Bahia77.67 Maranho64.09 Rio de Janeiro 77.46 Rio Grande do Sul 64.05 Mato Grosso76.38 Pernambuco60.91 Sergipe72.80 Cear 60.56 Roraima72.24 Mato Grosso 60.29 Alagoas71.45 Tocantins 58.63 Amap69.99 Rondnia56.75 Maranho 69.37 Amazonas54.47 Pernambuco 68.67 Par51.22 Piau68.13 Amap 50.98 Acre 67.40 Roraima 48.32 Par59.67 Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da POF 2003/IBGE 20 21. 6. Sade Percebida e Acesso a SaneamentoNesta seo, resumimos as condies de sade percebida da populao com e semacesso a saneamento, a partir do ltimo suplemento de sade da PNAD 2003. Apesar daspessoas sem saneamento bsico, por serem mais pobres e disporem de um sistema dereferncias mais desprovido, tenderem a ser menos exigentes nas suas subjetivas escalasde bem estar encontramos piores notas mdias de auto-percepo de sade. Numa escalade 1 a 5 - onde 1 se refere a um estado muito ruim e 5 a um muito bom - a populao comsaneamento confere uma nota mdia de 4,05 contra 3,94 da populao sem saneamento.Mais objetivamente, a proporo de pessoas que estiveram acamadas sem poder trabalharou estudar nas duas semanas anteriores a pesquisa de 4,33% na populao semsaneamento contra 3,79% do resto da populao. A comparao desta estatstica para apopulao na faixa etria de 0 a 4 anos de idade mais sujeita aos efeitos colaterais da faltade saneamento ainda maior: 5,07% contra 3,23%, respectivamente. Entre as mes, odiferencial da populao sem e com saneamento de 5,57% contra 5,05%,respectivamente. A falta de saneamento, alm de exercer um potencial impacto sobre asade percebida das pessoas, pode estar afetando outras caractersticas associadas pobreza. A fim de contornar este problema, controlamos a comparao entre as pessoassem e com saneamento por outros atributos como renda e escolaridade. Observamos que3,88% das pessoas nestas condies sem saneamento ficaram acamadas nos ltimos 15dias, contra 3,71% das pessoas em condies igualmente precrias, mas com saneamento.Alm dos impactos adversos da falta de saneamento sobre o estado de sade dapopulao, esta dispe de pior acesso a servios de sade, o que torna sua situaoparticularmente dramtica. Por exemplo, a probabilidade de hospitalizao no ltimo ano foide 7,37% na populao sem saneamento, contra 6,62% dos demais com rede de esgoto.Similarmente, 17,55% da populao sem acesso a esgoto no possui acesso a planoprivado de sade contra 35,48% do resto da populao. Apesar de as pessoas maispobres, que no dispem de acesso, serem menos exigentes a qualidade percebida doplano de sade e em particular dos servios de hospitalizao marginalmente maior entreos que tm acesso a esgoto. O leitor pode explorar, atravs de panoramas e simuladores, adistribuio de um espectro maior de estatsticas de qualidade de sade e de servios desade para diversos subgrupos da populao, sempre comparando os que tm e os queno tm acesso. 21 22. Estado deEsteveTem Plano EsteveSade - acamado Plano - Hospitalizado Hospitalizado Categoria Mdia %%Mdia %- Mdia Sem saneamento 3,944,3317,55 4,017,374,07 Com saneamento 4,053,7935,48 4,076,624,22Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados do suplemento PNAD 2003/IBGENosso processamento de respostas das mes relativas aos seus filhos caulas indicam queas principais vtimas da falta de esgoto so crianas entre 1 e 6 anos que tem umaprobabilidade 32% maior de morrerem quando no dispe de rede geral de esgoto. Bebsat 1 ano tem menos chances de morrer devido a doenas do esgoto, pois ficam mais emcasa protegidos das doenas. Os meninos talvez pelas mesmas razes, por brincarem maisfora de casa (de bola, pipa etc) e perto de valas negras, apresentam 32% maiores chancesde morrerem de doenas associadas falta de saneamento que as meninas. Outra vtimapreferencial da falta de rede coletora de esgoto so as grvidas, aumentando em 30% aschances de terem filhos nascidos mortos. Mesmo quando no resultam em morte dascrianas, as doenas associadas falta de saneamento roubam sua sade em uma pocacrucial para o desenvolvimento do indivduo.O fato das principais vtimas do problema ser crianas sem voz ou voto cria formidveisdificuldades prticas causa da universalizao do esgoto tratado. O movimento TrataBrasil, cujo lema "saneamento sade", tem hoje maiores oportunidades para prosperar.Em primeiro lugar, h recursos disponibilizados no mbito do PAC como condionecessria (mas no suficiente) para o tratamento da questo na prtica. Em segundolugar, o fato de estarmos no perodo prvio s eleies para prefeitos, responsveis ltimospela oferta de saneamento, cria sensibilidade ao tema aumentando as possibilidades deadoo de aes locais mais efetivas. Finalmente, 2008 ser o ano internacional dosaneamento bsico da ONU o que propiciar conectar o movimento nacional a umacorrente maior. O desafio , portanto, pensar o tema global e nacionalmente, mas semprelevando em conta que a derradeira ao se d em termos locais. 22 23. 7. Saneamento e Mortalidade na InfnciaO bloco de perguntas relativas fecundidade de Pesquisas Domiciliares como a PNAD e oCenso Demogrfico permite captar a mortalidade dos filhos atravs de perguntas diretas smes, fornecendo informaes sobre quantos filhos nascidos vivos moram com a me,quantos moram em outro lugar e quantos esto mortos. No caso do ltimo filho nascido vivoa pergunta abarca tambm a informao da data de nascimento, o que permite calcular aidade que o filho caula tem, ou teria, na data de nascimento. A maior informao relativaao filho caula se deve, entre outras razes, pela maior proximidade temporal - queaumenta a probabilidade de estar em companhia da me - pela melhor memria doprocesso, ou pela maior probabilidade dele morar com a me e consequentemente usufruirdas condies similares de vida, a incluindo a varivel de acesso a esgoto nos domiclios.Como a pergunta se refere ao status do filho caula, no identificando a possvel data demorte, tratamos de filtrar a idade mxima que o filho caula teria aos seis anos.As estatsticas revelam que 2,75% das mes teriam filhos caulas entre 0 e 6 anos deidade que esto mortos. Essa taxa est super-representada entre mes negras (2,84%) epardas (3,84%). A trajetria de mortalidade do filho caula decrescente com a educao,atingindo cerca de 0,74% das mes com 12 anos ou mais de estudo contra 8,74% daquelascom at trs anos. A taxa de mortalidade do filho maior entre as mulheres que no temsuas mes vivas (9,44%) e que no possuem registro de nascimento (4,3%) o que sugereum vis para baixa de estatsticas de bito baseadas em registros civis. As probabilidadesso maiores quando o filho do sexo masculino (3,16%).A seguir apresentamos uma srie de estatsticas sobre mortalidade do filho caula sob aperspectiva de acesso a diferentes servios. Os dados revelam maior mortalidade do filhocaula em domiclios com baixo acesso a servios, assim distribudos: sem acesso a gua(4,48%); sem acesso a rede de esgoto (2,78%), no tem gua nem esgoto (4,29%), sembanheiro na propriedade (4,78%); lixo coletado (4,01%) e iluminao eltrica (3,83%).Em seguida apresentamos uma anlise espacial da mortalidade. A taxa que no muitodiferenciada em aglomerados subnormais (favelas), mostra-se decrescente entre ostamanhos de cidade, com taxas de 1,95% nas reas metropolitanas, passando pelasurbanas com 2,84% at chegar 3,79% nas reas rurais. Por fim, apresentamos um rankingentre as 27 Unidades da Federao, onde oito dos nove Estados Nordestinos ocupam asprimeiras posies. Paraba na liderana com 6,21%, seguido pelo Rio Grande do Norte(6,10%) e Cear (5,85%). No extremo oposto, Amap com menos de 1%, e apesar da 23 24. baixa coleta de esgoto, o Estado com menor taxa mortalidade entre as crianas de 0 a 6anos. Na seqncia, encontramos o Distrito Federal (1,10%) e o Paran (1,14%). Mulheres que tiveram filhos vivos Caula com at 6 anos % CaulaMorto Total2.74 Favela No Favela2.74 Favela2.79 Tamanho de Cidade Metropolitana 1.95 Urbana2.84 Rural 3.79Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da PNAD 2006/IBGE % CaulaMorto Total2.74 Unidade de Federao PB6.21 RN6.10 CE5.85 PI5.60 PE4.28 BA3.82 SE3.51 MA3.16 AC2.82 ES2.67 TO2.58 MG2.52 RJ2.40 PA2.35 SC2.34 AL2.32 SP1.89 MT1.87 RS1.68 MS1.65 GO1.58 AM1.52 RO1.41 RR1.28 PR1.14 DF1.10 AP0.91Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da PNAD 2006/IBGE 24 25. O mesmo ranking foi calculado levando em conta apenas mortalidade na infncia. Paraisso, filtramos as mes que tem filhos entre 1 e 6 anos. A seguir, os resultados. % CaulaMorto Total0.96 Unidade de Federao SE2.20 CE1.87 PI1.83 BA1.59 SC1.56 AM1.55 PB1.30 PE1.25 AP1.17 MT1.15 TO1.07 AC1.01 MG0.94 RO0.92 RJ0.91 MA0.85 GO0.83 PA0.77 RN0.75 AL0.75 RS0.74 RR0.60 DF0.56 SP0.53 PR0.51 MS0.42 ES0.24 Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da PNAD 2006/IBGE8. Testes Controlados de Mortalidade na InfnciaNo teste emprico multivariado a varivel a ser explicada categrica (binria),correspondendo a se o filho que teria menos de seis anos de idade estaria vivo ou morto.As variveis explicativas da me - que quem a referncia da pergunta - so educao,cor e idade da me em nvel e com termo quadrtico, enquanto as variveis da criana sosexo e uma varivel dummy indicativa se o filho tinha menos de um ano de idade. No quetange as variveis espaciais, temos a unidade da federao e o tamanho de cidadefechando com as variveis ambientais tais como se rea de favela e se dispe de acessoa rede de gua e de esgoto.Todos os coeficientes estimados so significativos e apresenta os sinais esperados deacordo com a teoria e/ou a literatura anterior. Os resultados indicam que mes mais 25 26. educadas apresentam menor mortalidade de seus caulas na infncia. Por exemplo, achance de uma me com pelo menos o nvel superior incompleto apresentar o filho caulade at seis anos morto 38,7% menor do que uma analfabeta funcional. Mes infantisnegras e pardas apresentam maiores chances de mortalidade infantil em relao sbrancas, com razo de chances de 1.32 e 1.22,. Isto , mesmo quando controlamos poreducao, favelas, saneamento, entre outras variveis de background familiar, as mesafrodescendentes esto mais sujeitas s mortes dos seus filhos caulas. A chance de umcaula favelado morrer antes de completar os seis anos de idade 28,2% superior a dosno favelados. A infra-estrutura de servios pblicos e a densidade populacional socritrios bsicos associados definio dos agregados subnormais, sendo variveis decrucial importncia neste estudo, captando mais o efeito das condies de saneamento devizinhos. A chance de mortalidade infantil cai 4,7% para aqueles com acesso.A chance de caulas homens morrerem 36% maior do que a das meninas caulas, o queindica que o diferencial de mortalidade de rapazes observado na juventude j observadodesde esta faixa etria. Uma possibilidade que pode ser investigada o fato de meninos (eno s os rapazes) estarem mais fora de casa que as meninas, por exemplo, brincando depipa, jogando bola, etc. enquanto as meninas tendem a ser mais caseiras, brincando deboneca. Nesta linha da diferenciao da mortalidade entre meninas e meninos, importante distinguir a fase etria da criana. Distinguimos aqueles at 1 ano, definidocomo mortalidade infantil, daqueles entre 1 e 6 anos de idade, definido como mortalidadena infncia. At um ano, quando a criana ainda no anda ou engatinha fora de casa, oimpacto da exposio ao esgoto a cu aberto e a vala negra menor. De forma consistentecom esta interpretao, verificamos que o excesso de mortalidade vinculada faltasaneamento atinge mais populao na faixa entre 1 a 6 anos do que a faixa entre 0 a 1ano. O acesso a saneamento diminui a chance de mortalidade na infncia 32,46% a maisdo que a mortalidade infantil.Testamos variantes do modelo para precisar a natureza dos efeitos supracitados. Quandotestamos a regresso que explica a probabilidade de algum filho nascido morto para asmes com ltimos partos a menos de seis anos, vemos no s que filtro de gua diminui amortalidade (chance 20,9% menor do que sem filtro) como quando interagimos a presenade filtro e de acesso rede de esgoto vemos que a chance sobe 24,3%. 26 27. 9. Falta de Saneamento e Filhos Nascidos MortosA PNAD possibilita estimar a correlao entre acesso rede de esgoto e a incidncia debebs com sete meses ou mais de gestao nascidos mortos. As correlaes com asdemais variveis de controle so similares as da mortalidade na infncia[1]. No que tange aoacesso a rede geral de esgoto em casa a chance de a mulher ter tido um filho nascidonatimorto 10,8% menor quando existe acesso a saneamento bsico no domiclio, e 23,8%maior para aquelas que vivem em lugares sem infra-estrutura adequada.10. Gastos com Sade e SaneamentoNo Brasil, se gasta 0,09% do PIB com saneamento bsico, sendo 0,01% via despesadireta, 0,01% transferncias a estados e DF, 0,04% transferncias a municpios e 0,03%FGTS. O Brasil gasta cerca de 1,76% do seu PIB (3,1% das despesas totais) com sade.Quando olhamos para evoluo temporal dos gastos em saneamento, encontramos grandeoscilao entre os anos, com o maior nvel atingido em 2001 (0,23%), ano em que foramutilizados recursos do Fundo da Pobreza para saneamento bsico. O mesmo ocorrequando analisamos essa despesa como proporo dos gastos federais totais, quecorresponde a 0,15% em 2005 e 0,45% em 2001.Gastos - % PIB 2,00 1,60 1,20 0,80 0,40 0,001994 1995 1996 1997 1998 1999 20002001 2002 2003 2004 2005 SaneamentoSadeFonte: IPEANota: Percentual do PIB que corresponde a itens de gasto federal com saneamento esade.[1]A no ser por algumas variveis espaciais como tamanho de cidade e unidade dafederao.27 28. A seguir, disponibilizamos um ranking da proporo de gastos em sade como proporodo PIB. Tocantins, Acre e Roraima so, nessa ordem, os Estados com maiores gastos:respectivamente, 10,18%, 9,83% e 9,65%. No extremo oposto esto o Distrito Federal(2,71%), Rio Grande do Sul (2,32%) e Paran (2,71%). Ao lado, o ranking construdo emtermos de gasto per capita (R$). Gastos em Sade Proporo gastoUnidade da FederaoUnidade da Federao Gasto total per capita total/PIB (%)TOTAL3,69 TOTAL358,541 Tocantins 10,18 1 Acre 495,772 Acre 9,83 2 Roraima474,113 Roraima9,65 3 Rio de Janeiro 439,964 Piau8,96 4 Amap430,765 Maranho7,5 5 Distrito Federal 406,096 Alagoas6,77 6 Amazonas405,87 Amap6,64 7 So Paulo383,488 Paraba5,99 8 Tocantins379,389 Cear5,91 9 Mato Grosso360,43 10 Rio Grande do Norte5,6710 Santa Catarina331,6 11 Rondnia 4,8511 Esprito Santo 314,01 12 Pernambuco 4,6912 Rondnia 313,63 13 Sergipe4,3713 Rio Grande do Sul308,73 14 Par 4,2314 Rio Grande do Norte304,46 15 Bahia3,8515 Mato Grosso do Sul 304,06 16 Gois3,7816 Sergipe296,54 17 Amazonas 3,5817 Paran 290,31 18 Mato Grosso3,5518 Gois283,61 19 Mato Grosso do Sul3,419 Pernambuco 268,65 20 Esprito Santo 3,0520 Alagoas262,54 21 Rio de Janeiro 3,0121 Piau259,25 22 Minas Gerais 2,9322 Minas Gerais 257,21 23 So Paulo2,7923 Paraba249,38 24 Santa Catarina 2,7324 Cear 246,3 25 Paran 2,7125 Bahia244,43 26 Rio Grande do Sul2,3226 Par211,6 27 Distrito Federal 2,1327 Maranho 206,01Fonte: IPEAEm seguida utilizamos o Perfil Municipal do IBGE Finanas Pblicas para apresentargastos com sade e saneamento em cada municpio brasileiro. O ranking per capita - quepode ser acessado no site da pesquisa no link www.fgv.br/cps/tratabrasil - tem como lder omunicpio Itaipulndia no Paran com R$ 859,73. Em seguida, encontramos Irapo/MG,com R$ 826,94 e Quissam/RJ com R$ 742,36. A seguir os 50 municpios que mais gastamcom sade e saneamento no pas. 28 29. Gastos - Sade e saneamentoGasto per capitaGasto per capitaMunicpioUF1 Itaipulndia PR859,7326 guas de So Pedro SP359,012 AraporMG826,9427 So SebastioSP357,323 Quissam RJ742,3628 Barra do MendesBA355,604 Campos de JlioMT665,8229 Pedra Branca PB352,005 Bertioga SP623,2030 Joo DiasRN349,806 Pato Bragado PR583,7931 Santiago do SulSC346,857 Iguaba GrandeRJ568,8432 Parari PB343,668 Paulnia SP563,9633 Angra dos Reis RJ342,939 CarapebusRJ560,7934 Delfinpolis MG336,00 10 Cachoeira DouradaMG503,5635 RibeirozinhoMT326,71 11 Ilha CompridaSP492,1836 Porto Alegre RS323,14 12 Canind de So Francisco SE457,5737 Bor SP322,36 13 TrabijuSP450,8938 CubatoSP309,19 14 CarmoRJ450,5339 Madre de DeusBA309,04 15 Braslia DF422,7440 MiraselvaPR308,82 16 Porto Real RJ420,1741 Pedro Laurentino PI308,47 17 VinhedoSP408,4742 Ribeiro Preto SP308,47 18 Aparecida do Rio DoceGO394,8943 QuixabPB303,93 19 Armao dos Bzios RJ392,1644 Areia de BaranasPB303,79 20 Cedro do AbaetMG385,4945 Pedrinhas Paulista SP301,51 21 Jaguarina SP376,1646 LourdesSP298,43 22 Ilhabela SP374,3247 Coxixola PB298,26 23 Cau GO373,2548 Douradoquara MG298,18 24 Nova CastilhoSP369,6049 Cuiab MT297,26 25 Ouroeste SP359,5350 Zacarias SP295,13Fonte: Perfil Municipal 2000 / IBGEComplementarmente divulgamos por Estados a posio relativa de cada municpio. Oslderes esto apresentados na tabela a seguir..:29 30. Gastos - Sade e saneamento Municpio lder em cada Unidade da Federaoper capita AC Assis Brasil 133,08 AL Minador do Negro163,77 AM Presidente Figueiredo229,92 AP Vitria do Jari 73,28 BA Barra do Mendes355,60 CE Sobral 257,46 DF Braslia 422,74 ES Apiac 211,56 GO Aparecida do Rio Doce394,89 MA Maraj do Sena 254,00 MG Arapor826,94 MS gua Clara 280,11 MT Campos de Jlio665,82 PA Brejo Grande do Araguaia 251,61 PB Pedra Branca 352,00 PE Itacuruba221,81 PI Pedro Laurentino 308,47 PR Itaipulndia 859,73 RJ Quissam 742,36 RN Joo Dias349,80 RO Rio Crespo 156,65 RR Boa Vista100,50 RS Porto Alegre 323,14 SC Santiago do Sul346,85 SE Canind de So Francisco 457,57 SP Bertioga 623,20 TO Marianpolis do Tocantins229,70 Fonte: Perfil Municipal 2000 / IBGENa literatura encontramos estimativas diversas que evidenciam que a relao entre gastosde saneamento e de sade em termos de efetividade custo-benefcio na margem varia de 4para 1 at pouco menos de 1,5 para 1 (Seroa e Mendona (2004)), que representa quantose poupa de sade gastando com saneamento. Mesmo as estimativas mais conservadorasjustificam a tese de que investir em saneamento proporciona poupana de recursospblicos e alavanca o nvel de bem-estar social pelo menos a partir dos modestos nveis deacesso encontrados hoje. Em etapas futuras buscaremos maior aproximao a esse tipo demedida, ao incorporarmos pesquisa outros aspectos sanitrios, ambientais, de geraode emprego, entre outros. 30 31. I. Introduo1. Saneamento Bsico: A PesquisaUma das melhores e mais despretensiosas pelculas brasileiras de 2007 tem o ttuloimprovvel de Saneamento Bsico: O Filme e retrata com fidedignidade diversos aspectosassociados s dificuldades de oferta de esgoto tratado no Brasil. A estria reflete asimpossibilidades no s financeiras como administrativas de acesso dos municpiosbrasileiros a recursos pblicos na rea de saneamento. Na estria os personagens vividospor Fernanda Torres e Vagner Moura redigem o roteiro de um filme sobre o monstro dafossa que ataca a herona vivida por Camila Pitanga. A motivao da produocinematogrfica na trama resultado do desvio de recursos da lei do audiovisual para aconstruo de um pequeno centro de tratamento de esgoto. Esta bem-intencionadarealocao comunitria de recursos acaba como na vida real: ao fim e ao cabo ningum punido, a rede de tratamento no construda e o caracterstico final feliz se deve aosucesso do filme no filme e no do saneamento bsico.O cenrio escolhido do filme, a cidade gacha de Bento Gonalves se mostra adequado sestatsticas, pois a taxa de acesso a esgoto tratado do Estado do Rio Grande do Sulapresenta uma baixa oferta atingindo apenas 14,77% da populao segundo a ltimaPNAD contra, por exemplo, os 84,24% de So Paulo, o lder nacional. Ou seja, aspropores de falta de acesso a esgoto esto basicamente invertidas nos dois estados queso relativamente prximos na maioria dos demais indicadores de desenvolvimentoeconmico e social. As estatsticas de acesso a esgoto tratado na Regio Sul do Brasil de25,86% s supera as da Regio Norte, sendo inclusive inferior s do Nordeste ecorrespondendo a um tero do Sudeste. O Sul apresenta baixa mortalidade infantil apesarda falta de saneamento bsico, o que demonstra a complexidade das relaes entresaneamento e sade. Apesar da escassez de infra-estrutura sanitria, a populao do suldo pas goza de dois ativos substitutos fundamentais infra-estrutura: capital humano ecapital social que permite lidar com este e outros problemas. Talvez no seja coincidnciaque a Regio Sul abrigue a maior e melhor ONG ligada primeira infncia no Brasil aPastoral da Criana que hoje atua em mais de 4000 municpios brasileiros. A Pastoralcomea a exportar a sua tecnologia simples de soro caseiro, campanha de aleitamentomaterno, pesagem das crianas, empoderamento das lideranas, entre outras a outrasregies pobres do planeta. 31 32. No filme os problemas derivados da fossa de dejetos so micoses e mau cheiro que ossentidos da cmara no conseguem captar. No final feliz caracterstico do gnero o casalde dubls roteiristas/heris locais ficam grvidos. O que a nossa pesquisa demonstra quese fosse produzir a seqncia cinematogrfica sobre as conseqncias da falta desaneamento teramos de mudar do estilo comdia para tragdia. O drama giraria em tornodo filho perdido durante a gravidez, ou mais tarde quando o garoto brincasse margem dorio poludo do cc de seus amigos e vizinhos. Esta a realidade das reas desprovidas desaneamento, onde os filhos deste solo brincam de bola e de pipa margem das valasnegras onde adoecem, ou simplesmente morrem antes de virem ao mundo.De forma geral, Saneamento Bsico: o filme trata ao ritmo de comdia as causas da faltade tratamento de esgoto: a inoperncia burocrtica que no permitem os recursos pblicoschegarem na ponta aliada falta de conscincia dos polticos federais, estatuais emunicipais e mesmo da populao local sobre os custos sociais do esgoto no tratado acu aberto. O objetivo da presente pesquisa traar retratos das causas e dasconseqncias da falta de saneamento bsico. Na verdade, a tentativa permitir a cada umcomear a olhar para a questo do saneamento na sua localidade de forma a pressionar opoder pblico por solues. O que no tarefa fcil, pois os problemas e as solues dafalta de esgoto esto invisveis aos olhos dos polticos e dos eleitores. O fato das principaisvtimas do problema ser crianas sem voz ou voto cria formidveis dificuldades prticas.Somos entusiastas da causa de acesso a saneamento justamente pela combinao derelevncia com a sua falta de charme intrnseca.Acreditamos que o movimento Trata Brasil, cujo lema Saneamento Sade, objeto ettulo de nossa pesquisa atual, bastante promissor no s no longo curso do processocivilizatrio, que ainda temos pela frente, mas mesmo no curto prazo que o precede econdiciona o seu crescimento futuro. O movimento iniciado no nascimento pela ONG TrataBrasil que fazemos parte tem tudo para ultrapassar a fase crtica inicial. Em primeiro lugar,h recursos disponibilizados no mbito do PAC, que como dissemos condionecessria, mas insuficiente para o tratamento da questo na prtica. Em segundo lugar, ofato de estarmos no ano prvio s eleies para prefeitos, responsveis ltimos pela ofertade saneamento, cria maior sensibilidade s informaes divulgadas para cada localidade.Ou seja, com adequada informao eleitores e a virtuais eleitos (ou re-eleitos) podemtransformar os recursos do PAC em ao efetiva. E finalmente, 2008 ser o anointernacional do saneamento bsico o que conectar o nosso movimento nacional a umacorrente maior. O desafio pensar o tema em termos globais e nacionais, mas levando-seem conta que a derradeira ao se d em termos locais. O fato de dispormos da parceria32 33. de instituies com a competncia, conhecimento de causa e a capilaridade da Pastoral daCriana torna a improvvel causa de reduo do dficit de saneamento numa boa aposta.Neste caso o nosso secular atraso no setor se converte numa oportunidade impar deavano social. 2. Descrio GeralA parte emprica da pesquisa consiste no processamento, consolidao, descrio eanlise de um conjunto de base de microdados e de informaes secundrias. Emparticular, processamos em maior escala os microdados de trs pesquisas domiciliaresibgeanas. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domiclios (PNAD) nos permite obter umaviso recente do acesso coleta de esgoto e da mortalidade infantil monitorando a suaevoluo ao longo do tempo. O Censo Demogrfico possibilita a abertura municipal einframunicipal das informaes e uma viso retrospectiva de prazo mais longo destasmesmas questes. Complementarmente, a Pesquisa de Oramentos Familiares (POF)mede outros aspectos qualitativos do acesso, das causas e das conseqncias noabordados pelas anteriores. Alm destas abordamos uma srie de informaessecundrias advindas do prprio IBGE, dos Ministrios da Cidade e da Sade, entre outras.A pesquisa dispe de um stio prprio com sistemas de proviso de informao interativos eamigveis voltados aos cidados comuns, com produtos em linguagem acessvel eacompanhados de notas explicativas. O trabalho possui roteiro e interpretao prpria dasevidncias traadas, mas permite aos cidados de cada localidade brasileira traar o seuprprio roteiro, adequado a sua realidade local.Visando facilitar o entendimento das metodologias adotadas na elaborao dos produtosgerados, detalham-se individualmente ao longo do estudo os procedimentos economtricosaplicados e os sistemas de informaes. O leitor pode consultar os tpicos medida quefor transcorrendo o trabalho ou acessar o pop-up explicativo localizado ao lado de cadadispositivo. 33 34. Mapa de Bases de Microdados Pesquisas DomiciliaresBases SecundriasAcesso a Rede Geral de EsgotoMapeamentoPNAD (100 mil domiclios ano) Ministrio das Cidades Cross-section Anual 1992 a 2006 Acesso a Rede de EsgotoAcesso a Rede de Esgoto x Outros Qualidade Mortalidade do Filho Gastos Mapas Estaduais Detalhados SUPLEMENTO DE SADE 2003Perfil Municipal - Finanas PblicasGastos com Sade e SaneamentoPOF (48 mil famlias) Estatsticas de qualidade de servios Ministrio da Sade Gastos com Sade e Saneamento MapeamentoCENSOS 2000 (18 milhes de indivduos) Acesso a Rede de Esgoto x OutrosMortalidade do Filho Mapas Municipais DetalhadosInformaes Inframunicipais (principais)3. Resultados e organizaoAs principais linhas de ataque e resultados empricos encontrados so:1) Avano, acesso e qualidade percebida bem inferior de rede de esgoto vis-vis outrosservios pblicos, tais como rede geral de gua, coleta de lixo e eletricidade.2) O acesso a saneamento bsico afeta mais a mortalidade na infncia (1 a 6 anos) do queinfantil (0 a 1 ano), o que limita o impacto do saneamento, j que o grosso das mortes decrianas infantil captada via termo interativo idade