estudo sobre o uso de anorexígenos

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FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE FERNANDÓPOLIS FACULDADES INTEGRADAS DEFERNANDÓPOLIS ALINE MENDES DA SILVA KARLLA CRISTINA DO NASCIMENTO PRISCILLA RODRIGUES ANTONIETO VÂNIA MARIA DE QUEIROZ ESTUDO SOBRE O USO DE ANOREXÍGENOS NO TRATAMENTO DA OBESIDADE FERNANDÓPOLIS 2011

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Page 1: Estudo sobre o uso de anorexígenos

FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE FERNANDÓPOLIS FACULDADES INTEGRADAS DEFERNANDÓPOLIS

ALINE MENDES DA SILVA KARLLA CRISTINA DO NASCIMENTO PRISCILLA RODRIGUES ANTONIETO

VÂNIA MARIA DE QUEIROZ

ESTUDO SOBRE O USO DE ANOREXÍGENOS

NO TRATAMENTO DA OBESIDADE

FERNANDÓPOLIS 2011

Page 2: Estudo sobre o uso de anorexígenos

ALINE MENDES DA SILVA

KARLLA CRISTINA DO NASCIMENTO

PRISCILLA RODRIGUES ANTONIETO

VÂNIA MARIA DE QUEIROZ

ESTUDO SOBRE O USO DE ANOREXÍGENOS

NO TRATAMENTO DA OBESIDADE

Trabalho de conclusão de curso apresentado à

Banca Examinadora do Curso de Graduação em

Farmácia da Fundação Educacional de

Fernandópolis como exigência parcial para obtenção

do título de bacharel em Farmácia.

Orientador: Prof. Rosana Matsumi Kagesawa Mota

FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE FERNANDÓPOLIS

FERNANDÓPOLIS – SP

2011

Page 3: Estudo sobre o uso de anorexígenos

ALINE MENDES DA SILVA

KARLLA CRISTINA DO NASCIMENTO

PRISCILLA RODRIGUES ANTONIETO

VÂNIA MARIA DE QUEIROZ

ESTUDO SOBRE O USO DE ANOREXÍGENOS

NO TRATAMENTO DA OBESIDADE

Trabalho de conclusão de curso aprovado como

requisito parcial para obtenção do título de bacharel

em farmácia.

Aprovado em: 07 de novembro de 2011.

Banca examinadora Assinatura Conceito

Profa. Esp. Rosana Matsumi

Kagesawa Mota (Orientadora)

Prof. Dr. Marcos de Lucca Júnior

(Avaliador 1)

Profa. Esp. Vanessa Maira Rizatto

(Avaliadora 2)

Prof. Rosana Matsumi Kagesawa Mota

Presidente da Banca Examinadora

Page 4: Estudo sobre o uso de anorexígenos

Dedico primeiramente a Deus, Ele que sempre colocou os obstáculos no meu caminho e me fez superar, mostrando que sou capaz de vencer cada um deles. A minha família, por acreditar na minha capacidade, e entender minhas ausências para realização deste trabalho. Mas em especial a minha irmã Andréia Mendes, que me ajudou nas coisas que eu mais precisava!

Aline Mendes da Silva

Page 5: Estudo sobre o uso de anorexígenos

Dedico a Deus primeiramente, que é dono da vida,

aos maus pais por todo apoio nesta longa

caminhada, as minhas amigas que estiveram

sempre presente comigo, nos bons e maus

momentos, e em especial ao meu esposo Jeferson,

que sempre me ajudou nesta etapa da minha vida.

Karlla Cristina do Nascimento Baroni

Page 6: Estudo sobre o uso de anorexígenos

Dedico a Deus em primeiro lugar por toda força, ao meu namorado Mathias, que sempre me apoiou nos bons e maus momentos, as minhas amigas, que estiveram sempre presentes. Em especial a minha família, por todo apoio nesta caminhada.

Priscilla Rodrigues Antonieto

Page 7: Estudo sobre o uso de anorexígenos

Dedico a Deus, ao meu pai e minha mãe (in memorian), aos meus filhos Fábio, Eduardo e Karoll, que sempre estiveram ao meu lado. A minha cunhada Gleice, que teve sua parcela de contribuição durantes esta caminhada, e as minhas amigas Aline, Karlla e Priscilla.

Vânia Maria de Queiroz

Page 8: Estudo sobre o uso de anorexígenos

AGRADECIMENTOS

Agradecemos a Deus, pois o que seria de nós sem a fé que temos nele. Ele

que nos guia por todos os caminhos e nos coloca frente a obstáculos que sabe que

podemos superar.

A nossos familiares que nunca duvidaram do nosso potencial, acreditando em

nosso trabalho;

Aos amigos, que muitas vezes escutaram por horas nossos desabafos e nos

deram a maior força para continuar nesta caminhada;

Aos professores do curso de Farmácia da Fundação Educacional de

Fernandópolis, que para conclusão deste trabalho foram necessários conhecimentos

adquiridos desde o primeiro dia de aula, considerando que todas as matérias

ministradas por estes professores foram muito importantes para o entendimento do

assunto em questão.

Em especial a professora Rosana, que com sua paciência e capacidade

soube nos orientar da melhor maneira, e nos conduziu nas pesquisas, mostrando-

nos a melhor maneira de realização de um trabalho.

Page 9: Estudo sobre o uso de anorexígenos

“Substâncias nas mãos dos farmacêuticos, transformam-se em medicamentos, em cura, em saúde, assim como a pedra nas mãos do ourives se transformam em jóia, em brilho, em luz.”

Renato Hoffmann

Page 10: Estudo sobre o uso de anorexígenos

RESUMO

Nos dias de hoje a obesidade é caracterizada como uma doença crônica, sendo considerada pelos órgãos de saúde um problema mundial, que afeta todas as classes socioeconômicas, com números alarmantes no mundo todo. Associado a este problema, o uso de fármacos anorexígenos cresceu nas mesmas proporções se tornando também um problema de saúde pública. Este estudo teve por objetivo analisar todas as características e propriedade dos quatro fármacos mais prescritos para o tratamento da obesidade, sendo eles: anfepramona, femproporex, mazindol e sibutramina, para esta análise utilizamos como ferramenta as informações sobre estes medicamentos contidas na legislação, sendo o órgão regulamentador a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, as informações fornecidas pelo Conselho Federal e Regional de Farmácia e também da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica. A Agência Nacional de Vigilância Sanitário por meio da RDC no 52, de 6 de outubro de 2011, decidiu pela retirada destes medicamentos no mercado, deixando somente a sibutramina, devido a falta de estudos clínicos que comprovem sua segurança e eficácia, por considerar que há um grande número de reações adversas dos medicamentos consideradas de alto riso, concluindo que seu risco/benefício é desfavorável ao paciente. Por meio de uma pesquisa de campo, analisamos os hábitos alimentares e comportamentais de pacientes que fazem uso destes fármacos, o grande número de reações adversas ao medicamento, concluindo que o medicamento mais utilizado é a sibutramina e que mais de 50% dos entrevistados fazem uso de anorexígenos mesmo sem necessidade prevista em literatura, o que comprova os argumentos do órgão regulamentador para retirada destes medicamentos do mercado. Palavras-chave: obesidade; anorexígenos; reações adversas; legislação.

Page 11: Estudo sobre o uso de anorexígenos

ABSTRACT

Nowadays obesity is characterized as a chronic disease, being considered by health agencies a global problem whichaffects all socioeconomic classes, with alarming number worldwide. Associated with this problem, the use of anorecticdrugs grown in the same proportions also becoming a public health problem. This study aimed to analyze all the characteristics and ownership of the four most commonly prescribed drugs for the treatment of obesity, namely: amfepramone, femproporex, mazindol and sibutramine, for this analysis as a tool we use information about these medicines contained in the legislation, the regulatory body the National Health Surveillance Agency. The information provided by the Federal and Regional Pharmacy and also the Brazilian Association for the Study of Obesity and the Metabolic Syndrome. The National Agency for Sanitary Surveillance in the DRC through 52, 6 October 2011, has removed these products in the market, leaving only sibutramine, due to lack of clinical studies proving its safety and efficacy, considering that there a large number of adverse drug reactions considered high laughter, concluding that their risk / benefit ratiois unfavorable to the patient. Through a field study, we analyzed the eating habits and behavior of patients who use these drugs, the large number of adverse drug reactions, concluding that the drug most commonly used is the sibutramine and more than 50% of respondents make use of anorectics without even contained in the literature, which confirms the arguments of the regulator to remove these drugs from the market.

Keywords: obesity; appetite suppressants; adverse reactions; legislation

Page 12: Estudo sobre o uso de anorexígenos

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Classificação da obesidade 24

Tabela 2 - Medida de circunferência abdominal 24

Tabela 3 - Valores de referência para percentagens de gordura 25

Tabela 4 - Tipos de obesidade 25

Tabela 5 - Consequências associadas a obesidade 28

Tabela 6 - Número de prescrições do medicamento distribuídos entre produtos industrializados e manipulados no ano de 2009 30

Tabela 7 - Número de prescrições do medicamento distribuídos entre produtos industrializados e manipulados no ano de 2010 30

Tabela 8 - Distribuição das especialidades médicas que mais prescreveram medicamentos inibidores do apetite no ano de 2009 e 2010 31

Tabela 9 - Dados de notificação de reações adversas no Brasil 31

Tabela 10- Ocorrência de reações adversas no uso de femproporex 41

Tabela 11- Índice de Massa Corpórea dos pacientes entrevistados 71

Page 13: Estudo sobre o uso de anorexígenos

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Números da obesidade e desnutrição nas regiões Nordeste e Sudeste 23

Gráfico 2 - Idade dos pacientes entrevistados 58

Gráfico 3 - Sexo dos pacientes entrevistados 59

Gráfico 4 - Peso dos pacientes entrevistados 59

Gráfico 5 - Altura dos pacientes entrevistados 60

Gráfico 6 - Porcentagem de pacientes que realizam atividade física 61

Gráfico 7 - Práticas alimentares dos pacientes 61

Gráfico 8 - Perfil de alimentação dos pacientes 62

Gráfico 9 - Uso na alimentação de produtos light e integral 63

Gráfico 10 - Uso de medicamentos anorexígenos 63

Gráfico 11 - Tempo de uso dos pacientes dos medicamentos anorexígenos 64

Gráfico 12 - Indicação do medicamento anorexígeno 64

Gráfico 13 - Obtenção e compra do medicamento anorexígeno 65

Gráfico 14 - Pacientes que realizam ou não exames laboratoriais para analisar a necessidade do uso e possíveis contra indicações 66

Gráfico 15 - Pacientes que fizeram algum tipo de dieta balanceada juntamente com exercício físico 66

Gráfico 16 - Pacientes que notaram alguma diferença durante o uso do medicamento 67

Gráfico 17 - Perda de peso dos pacientes 68

Gráfico 18 - Ganho de peso após término do tratamento 69

Gráfico 19 - Quantidade de peso adquirido pelos pacientes após término do tratamento medicamentoso 69

Gráfico 20 - Associações com medicamentos anorexígenos 70

Page 14: Estudo sobre o uso de anorexígenos

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Cálculo do IMC (Índice de Massa Corpórea) 23

Figura 2 - Modelo multifatorial para obesidade 27

Figura 3 - Notificação de Receita “B2” 55

Page 15: Estudo sobre o uso de anorexígenos

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IMAO – Inibidores de Monoaminooxidase

IMC – Índice de Massa Corpórea

JIFE – Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes

NOTIVISA – Sistema Nacional de Notificações para Vigilância Sanitária

OMS – Organização Mundial de Saúde

POF – Pesquisa de Orçamentos Familiares

RDC – Resolução da Diretoria Colegiada

SNC – Sistema Nervoso Central

SNGPC – Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados

SUS – Sistema Único de Saúde

Page 16: Estudo sobre o uso de anorexígenos

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 18

1 OBESIDADE ..................................................................................................... 20

1.1 OBESIDADE INFANTIL ............................................................................. 22

1.2 ÍNDICE DE MASSA CORPÓREA (IMC) E CIRCUNFERÊNCIA

ABDOMINAL ............................................................................................. 23

1.3 PREGAS ADIPOSAS ................................................................................ 24

1.4 TIPOS DE OBESIDADE ............................................................................ 25

1.5 CAUSAS DA OBESIDADE ........................................................................ 26

1.6 CONSEQUENCIAS DA OBESIDADE ....................................................... 27

1.7 CASOS EM QUE O TRATAMENTO FARMACOLÓGICO É INDICADO ... 28

2 PRINCIPAIS FÁRMACOS ANOREXÍGENOS .................................................. 30

2.1 CARACTERÍSTICAS DOS FÁRMACOS ANOREXÍGENOS ..................... 32

2.2 ANFEPRAMONA ....................................................................................... 33

2.2.1 Mecanismo de ação ......................................................................... 33

2.2.2 Posologia ......................................................................................... 33

2.2.3 Eficácia ............................................................................................. 34

2.2.4 Reações adversas ........................................................................... 34

2.2.5 Contra indicações ........................................................................... 35

2.2.6 Interações medicamentosas .......................................................... 36

2.2.7 Advertências .................................................................................... 36

2.3 FEMPROPOREX ...................................................................................... 38

2.3.1 Mecanismo de ação ......................................................................... 38

2.3.2 Posologia ......................................................................................... 39

2.3.3 Eficácia ............................................................................................. 39

2.3.4 Reações adversas ........................................................................... 40

2.3.5 Contra indicações ........................................................................... 41

2.3.6 Interações Medicamentosas ........................................................... 42

2.3.7 Advertências .................................................................................... 42

2.4 MAZINDOL ................................................................................................ 43

2.4.1 Mecanismo de ação ......................................................................... 43

Page 17: Estudo sobre o uso de anorexígenos

2.4.2 Posologia ......................................................................................... 43

2.4.3 Eficácia ............................................................................................. 44

2.4.4 Reações adversas ........................................................................... 44

2.4.5 Contra indicações ........................................................................... 45

2.4.6 Interações Medicamentosas ........................................................... 45

2.4.7 Advertências .................................................................................... 46

2.5 SIBUTRAMINA .......................................................................................... 47

2.5.1 Mecanismo de ação ......................................................................... 47

2.5.2 Posologia ......................................................................................... 47

2.5.3 Eficácia ............................................................................................. 48

2.5.4 Reações adversas ........................................................................... 48

2.5.5 Contra indicações ........................................................................... 49

2.5.6 Interações medicamentosas .......................................................... 50

2.5.7 Advertências .................................................................................... 50

3 ATENÇÃO FARMACÊUTICA ........................................................................... 52

4 INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS ............................................................... 54

5 LEGISLAÇÃO ATUAL ...................................................................................... 55

6 OBJETIVOS ...................................................................................................... 56

6.1 OBJETIVO GERAL ................................................................................... 56

6.2 OBJETIVO ESPECÍFICO .......................................................................... 56

7 MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................ 57

8 RESULTADOS .................................................................................................. 58

9 DISCUSSÃO ..................................................................................................... 72

10 CONSIDERAÕES FINAIS ............................................................................... 74

REFERÊNCIAS .................................................................................................... 76

Page 18: Estudo sobre o uso de anorexígenos

ANEXO 1 - TERMO DE RESPONSABILIDADE DO PRESCRITOR ................... 80

APÊNDICE 1 – PESQUISA DE CAMPO ............................................................. 83

Page 19: Estudo sobre o uso de anorexígenos

INTRODUÇÃO

Obesidade é um problema de saúde caracterizado pelo acúmulo excessivo de

gordura, causando prejuízo á saúde, que pode estar relacionado a vários fatores,

sejam estes genéticos ou ambientais, como por exemplo: hábitos alimentares e

atividade física, ou ainda fatores individuais de susceptibilidade biológica, e ainda

outros fatores que interagem na etiologia da patologia. Há uma definição para

obesidade adotada pela OMS (Organização Mundial de Saúde), muito simples e

frequentemente utilizada, relacionada a seguir: “Condição de acúmulo anormal ou

excessivo de gordura no tecido adiposo, numa extensão em que a saúde pode ser

prejudicada”. (GARROW, 1988 apud SÃO PAULO, 2011, p. 3; OMS, 2002 apud

MOREIRA, 2007a).

O combate contra obesidade tem sido encarado como um dos maiores

desafios do mundo. A OMS (Organização Mundial de Saúde), considera a doença

como uma epidemia global, que vem obtendo um aumento crescente de pessoas

obesas que passou de 200 para 300 milhões de adultos no período de 1995 a 2000.

Este problema de saúde atinge não somente os países industrializados e

desenvolvidos, sendo também um grande problema até nos países em

desenvolvimento e emergentes, superando até mesmo um grave problema como a

desnutrição. (ROSA, 2010).

O uso exagerado de moderadores de apetite no Brasil pode ser avaliado no

relatório que foi apresentado pela JIFE (Junta Internacional de Fiscalização de

Entorpecentes), que relata os riscos do uso exacerbado destes medicamentos para

fins de emagrecimento. No relatório que foi apresentado no ano de 2005, houve um

aumento de 500% no consumo desta classe de medicamentos, desde o ano de

1998. Neste mesmo relatório foram apresentados dados sobre a venda destes

produtos pela internet, chamado de “tráfico na internet”, a venda destas substâncias

como as anfetaminas, é um grande risco à saúde, sendo que o uso destes

medicamentos deve ocorrer somente em casos graves, analisando os riscos

benefícios e com supervisão médica estrita, considerando que estes medicamentos

tem alto nível de tolerância, podendo causar dependência. Além do paciente não

obter atendimento médico especializado para seu tratamento, ele também não

obtém uma assistência farmacêutica ideal, informando-lhe sobre possíveis

Page 20: Estudo sobre o uso de anorexígenos

19

interações medicamentosas, reações adversas, posologia correta, ou seja, o

paciente vai fazer uso do medicamento sem informação alguma. (BRASIL, 2005).

Os profissionais da saúde contam com três estratégias importantes para o

combate a obesidade, que são: uma dieta balanceada regulando o gasto e o

consumo de energia, o tratamento farmacológico e a cirurgia. Recomenda-se o

tratamento farmacológico em casos em que o paciente se encontra com grau de

obesidade grave, ou quando o indivíduo tem doenças que estão associadas ao

excesso de peso. Nos casos em que o tratamento somente com dieta balanceada

associada ao aumento de atividade física e mudanças comportamentais não

funcionam, a próxima etapa de escolha dos profissionais é o tratamento

farmacológico, para que somente depois, caso não haja resultados positivos, a

cirurgia bariátrica vai ser indicada. (HALPERN et al, 2002; CORREA et al 2005;

COUTINHO, 2009 apud ROSA, 2010).

Hoje em dia há um grande problema acerca destes medicamentos, devido a

ausência de evidências sobre a eficácia e segurança dos mesmos, principalmente

quando avaliados seus efeitos a longo prazo no controle da obesidade. O consumo

elevado no Brasil mostra que suas indicações clínicas e seu acesso, tanto em

farmácias de manipulação, quanto em drogaria, estão muito distantes das

recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelos órgãos sanitários

regulamentadores, o que pode indicar o uso irracional (BRASIL, 2011a).

Foi publicado em 10 de outubro de 2011, no Diário Oficial da União a RDC

no52 de 6 de outubro de 2011, onde a mesma:

Dispõe sobre a proibição do uso das substâncias anfepramona, femproporex e mazindol, seus sais e isômeros, bem como intermediários e medidas de controle da prescrição e dispensação de medicamentos que contenham a substância sibutramina, seus sais e isômeros, bem como intermediários e dá outras providências. (BRASIL, 2011e)

O elevado consumo dos medicamentos anorexígenos, e os riscos que eles

oferecem com reações adversas e associações a outros fármacos, motivaram o

presente estudo, juntamente com o estudo da legislação.

Page 21: Estudo sobre o uso de anorexígenos

20

1 OBESIDADE

A obesidade vem sendo caracterizada como uma doença crônica, que

provém de um conjunto de fatores modificáveis e não modificáveis que podem

favorecer ao desenvolvimento de doenças. O número de pessoas obesas vem

crescendo tanto que a OMS (Organização Mundial da Saúde), considerou esta

doença como a epidemia global do século XXI. Para a OMS, a obesidade é o

acúmulo excessivo de gordura capaz de causar malefícios a saúde. É uma doença

que não atinge somente um grupo de pessoas específico, pois abrange homens e

mulheres, de todas etnias e idades, reduzindo a qualidade de vida e aumentando as

taxas de morbilidade e mortalidade (ROSA, 2010; BRASIL, 2004).

Na gênese da obesidade, são relacionados vários fatores importantes como

os genéticos, os fisiológicos e os metabólicos, mas o fator que parece estar mais

relacionado a esta doença, é o fator relacionado a mudança do estilo de vida e aos

hábitos alimentares. Há um aumento significativo no consumo de açúcares e

gordura associado à diminuição de práticas de exercício físico, formando os

principais fatores relacionados ao meio ambiente. A obesidade infantil foi

inversamente relacionada com a prática de atividade física, com a presença de TV,

computador e videogame nas residências, além do baixo consumo de verduras,

legumes e frutas (OLIVEIRA; FISBERG, 2003).

O problema da obesidade tem proporções epidêmicas em todo mundo. Houve

uma pesquisa realizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e

Ministério da Saúde e Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), que analisou

dados de 188 mil brasileiros de todas as idades, onde os resultados foram

alarmantes mostrando que a obesidade e o excesso de peso têm aumentado cada

vez mais nos últimos anos. O levantamento estatístico, realizado em 2008 e 2009,

mostrou que, 50% dos homens e 48% das mulheres se encontram em excesso de

peso, sendo que 12,5% dos homens e 16,9% das mulheres apresentam obesidade.

(BRASIL, 2010a).

A expectativa de vida é significativamente diminuída em até quatro anos pelo

agravo do excesso de peso ou obesidade, até mesmo para aqueles indivíduos que

não fumam e tenham boa saúde, quanto maior o Índice de Massa Corpórea (IMC),

maiores as chances de morte, podendo chegar a 31% a cada cinco pontos de

aumento (SANTOS, 2010).

Page 22: Estudo sobre o uso de anorexígenos

21

Em 34 anos, 1975 a 2009, a obesidade obteve números crescentes entre os

jovens de 10 a 19 anos, indo de 0,4% para 5,9% entre os meninos e de 0,7% para

4,0% para as meninas, o que representa estatísticas preocupantes, pois os números

tendem a crescer cada vez mais, agravando o problema da obesidade. Entre as

crianças de 5 a 9 anos, a pesquisa mostrou que 33,5% das crianças estavam em

excesso de peso em 2008, sendo que 16,6% do total de meninos também eram

obesos e 11,8% nas meninas. (BRASIL, 2010a).

Para o tratamento da obesidade é necessário obter uma dieta balanceada,

com hábitos alimentares controlados, obtendo uma dieta com baixo teor de calorias,

gorduras e açúcar. O ideal seria uma dieta com 1000 calorias/dia, distribuídas entre

as mais diversas classes de alimentos nas refeições que ocorrem ao longo do dia.

Dietas hipocalóricas são potencialmente perigosas, considerando que o organismo

necessita de energia para desenvolver as mais diversas funções, então não se

recomenda a inanição total das refeições. (SMITH; ARONSON, 2004).

É diretamente relacionado o excesso de peso ou obesidade com as

complicações a saúde. A lista de complicações é longa, onde podemos destacar o

Diabetes Mellitus tipo 2, as dislipidemias, a apnéia do sono, doenças

cardiovasculares e a alta mortalidade. Vários estudos mostram que a obesidade está

relacionada ao risco de doenças graves e também a maior mortalidade,

independente da gordura corporal total. (ABESO, 2010)

Segundo a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) em sua

Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 58 de 5 de setembro de 2007, ao falar

dos medicamentos anorexígenos, afirma que:

A Resolução nº 1477, de 11 de julho de 1997, do Conselho Federal de Medicina, veda aos médicos a prescrição simultânea de drogas tipo anfetaminas, com um ou mais dos seguintes fármacos: benzodiazepínicos, diuréticos, hormônios ou extratos hormonais e laxantes, com finalidade de tratamento da obesidade ou emagrecimento. (BRASIL, 2007).

Para o tratamento da obesidade a intervenção terapêutica só será eficaz

quando houver redução maior ou igual a 1% do peso corporal por mês, atingindo

pelo menos 5% em 3 a 6 meses. Uma perda de 5 a 10% de peso reduz

significativamente fatores de risco para diabetes e doenças cardiovasculares (SÃO

PAULO, 2011).

Page 23: Estudo sobre o uso de anorexígenos

22

1.1 OBESIDADE INFANTIL

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a obesidade infantil

apresenta números de crescimento assustadores que requerem atenção maior de

pais e autoridades, já que uma criança obesa tem grandes chances de se tornar um

adulto obeso. Os números mostram que a obesidade infantil cresceu em torno de 10

a 40% nos países europeus, somente nos últimos 10 anos. A ocorrência da

obesidade é maior nos primeiros anos de vida, entre 5 a 6 anos e na adolescência.

No Brasil, principalmente nas classes sociais mais altas, o número de crianças

obesas é maior, a partir deste dado pode-se dizer que a classe socioeconômica

pode influenciar por meio da educação, renda e ocupação. (MELLO; LUFT; MEYER,

2004)

Na infância e adolescência o sobrepeso e obesidade deve ser encarado de

forma especial, estudando todo comportamento e fator genético do paciente para

criar um tratamento individualizado e eficaz. Deve-se considerar a idade do paciente,

avaliando todos os fatores que envolvem a doença como: histórico familiar,

comportamento potencialmente modificáveis e sedentarismo, propondo um

tratamento adequado com atividades físicas compatíveis a idade e alimentação

balanceada. (BAUR; HAZELTON; SHREWSBURY, 2011).

No gráfico abaixo observa-se que na região do Nordeste onde o nível

socioeconômico é menor a desnutrição prevalece e a obesidade apresenta números

bem menores, já na região Sudeste onde o nível socioeconômico é maior a

obesidade é mais predominante, isto se deve ao acesso das crianças a alimentos

hipercalóricos e inovações tecnológicas. Na região Sudeste, as crianças que são de

uma classe social melhor, tem acesso a uma dieta hipercalórica com alimentos que

não são considerados saudáveis como refrigerante e guloseimas, e principalmente

são sedentárias por disponibilizarem de vídeo game de alta tecnologia e

computador, já na região Nordeste a alimentação das crianças é precária

observando que o número de desnutrição é maior, e as crianças não disponibilizam

de tecnologia avançada, então se movimentam mais em suas brincadeiras

tradicionais.

Page 24: Estudo sobre o uso de anorexígenos

23

Gráfico1. Números da obesidade e desnutrição nas regiões Nordeste e Sudeste.

Fonte: MELLO; LUFT; MEYER, 2004.

1.2 ÍNDICE DE MASSA CORPÓREA (IMC) E CIRCUNFERÊNCIA ABDOMINAL

Um método muito utilizado para verificar o grau de obesidade é o IMC (Índice

de Massa Corpórea), que foi proposto por Quetelej, no ano de 1835, e é obtido

através da divisão da massa corporal (quilogramas – kg) pelo quadrado da estatura

(metros ao quadrado – m2). O Índice de Massa Corpórea é reconhecido pela OMS

(Organização Mundial da Saúde), e é tido como referência para classificação das

diferentes faixas de obesidade. Mas este não é o único fator que determina o grau

em que o indivíduo se encontra quanto a este problema, a circunferência abdominal

e a taxa de colesterol também são importantes. (ROSA, 2010; VARELLA, 2011).

Figura 1. Cálculo do IMC (Índice de Massa Corpórea)

Fonte: BRASIL, 2006.

Page 25: Estudo sobre o uso de anorexígenos

24

Tabela 1. Classificação da Obesidade

Categoria IMC

Peso Saudável equivale ao peso Normal.

Abaixo do peso Abaixo de 18,5

Peso normal 18,5 - 24,9

Sobrepeso 25,0 - 29,9

Obesidade Grau I 30,0 - 34,9

Obesidade Grau II 35,0 - 39,9

Obesidade Grau III 40,0 e acima

Fonte: ABESO, 2010.

De acordo com Amaral e Pereira (2008), outro fator importante para detectar

em que estágio da obesidade o paciente se encontra, são os valores de referência

da circunferência da cintura, muito utilizados para avaliação do risco de doenças,

são os seguintes:

Tabela 2. Medida de circunferência abdominal. Sexo Masculino Sexo Feminino

Risco elevado 94 – 102cm Risco elevado 80 – 88cm

Alto risco >102cm Alto risco >88cm

Fonte: WHO, 1995 apud AMARAL; PEREIRA, 2008.

1.3 PREGAS ADIPOSAS

Para Moreira (2007b) a verificação das pregas adiposas é muito importante

no diagnóstico da obesidade, pois uma grande parte do conteúdo de gordura

corporal total está localizada em depósitos adiposos depositados em baixo de nossa

pele e está diretamente relacionado a gordura total do organismo. A grande

vantagem deste método é que além de se obter medidas das dobras cutâneas para

o estudo da gordura total, torna-se possível conhecer o padrão de distribuição do

tecido subcutâneo pelas diferentes partes do corpo, denominado como topografia da

gordura subcutânea. São obtidas medidas de três diferentes partes do tronco:

subscapular, ilíaca e abdominal. Através de cálculos se obtém valores que são

comparados com os valores de referência:

Page 26: Estudo sobre o uso de anorexígenos

25

Tabela 3. Valores de referência para percentagem de gordura.

Sexo Masculino Sexo Feminino

Até 29 anos 30 ou mais Até 29 anos 30 ou mais

Abaixo da média < 14% < 17% < 17% < 20%

Na média 14 a 20% 17 a 23% 17 a 23% 20 a 27%

Acima da média > 20% > 23% > 23% > 27% Fonte: MOREIRA, 2007b.

1.4 TIPOS DE OBESIDADE

Segundo Moreira (2007b), observa-se que há descrição de dois tipos de

obesidade, que depende exclusivamente do tipo morfológico do indivíduo, ou seja, a

forma escultural do seu corpo, levando em conta os perímetros da cintura, onde os

tipos estão relacionados a seguir:

Tabela 4. Tipos de Obesidade

Tipos Problemas

Obesidade Ginóide é o tipo morfológico

característico das mulheres obesas, onde a distribuição da gordura se faz preferencialmente na metade inferior do corpo,

glúteos e coxas.

- Problemas mecânicos

(excesso de peso)

- Problemas psicológicos

Obesidade Andróide é

mais usual nos homens

obesos, onde a distribuição

da gordura se acumula

sobretudo na metade

superior do corpo (região

abdominal).

- Problemas

cardiovasculares

- Tendência para diabetes

- Hipertensão

- Arteriosclerose

- Níveis elevados de

colesterol

- Níveis elevados de

triglicerídeos

Fonte: MOREIRA, 2007b.

Page 27: Estudo sobre o uso de anorexígenos

26

Há também a obesidade generalizada, onde não há morfologia específica, e a

gordura se acumula de maneira difusa tanto debaixo da pele quanto em volta dos

órgãos. (MOREIRA, 2007b)

1.5 CAUSAS DA OBESIDADE

A etiologia da obesidade é uma das mais complexas dentre as doenças

crônicas, pois seu desenvolvimento pode ser desencadeado por múltiplas causas,

envolvendo fatores genéticos, psicológicos, metabólico, socioeconômicos,

comportamental, culturais e ambientais, o que muitas vezes dificulta um padrão

específico para o tratamento. Entre os estudiosos é unanime a concordância que

estilos de vida sedentários e dietas ricas em gordura, são fatores que influenciaram

e muito na epidemia global da obesidade nos últimos 20 – 30 anos. (MOREIRA,

2007c).

Primeiramente os indivíduos entram em uma classe denominada excesso de

peso e caso este fator persistir é que o indivíduo se encontrará em um estado de

obesidade, que resulta de sucessivos balanços energéticos positivos, ou seja, a

quantidade de energia ingerida é superior a quantidade de energia dispendida. Há

também um fator muito importante que influencia na perda gordura, que é o fator

genético, onde determina que certos indivíduos tenham uma maior acumulação de

gordura na zona abdominal. (BRASIL, 2004).

Há três maneiras de se desequilibrar a equação energética para diminuir o

peso corporal:

Reduzir de forma consciente o consumo energético necessário diariamente;

Manter a ingestão diária aumentando o gasto energético através da prática de

exercícios;

Combinação dos dois métodos, reduzindo o consumo e aumentando o gasto

energético. (MOREIRA, 2007c).

A seguir um esquema dos vários fatores que envolvem a obesidade:

Page 28: Estudo sobre o uso de anorexígenos

27

Figura 2. Modelo multifatorial para obesidade

Fonte: MOREIRA, 2007c.

1.6 CONSEQUÊNCIAS DA OBESIDADE

As consequências que a obesidade traz são inúmeras e afetam não somente

o indivíduo obeso, mas também o Sistema Único de Saúde (SUS), pois são muitas

as doenças derivadas da obesidade, e variam do risco aumentado de morte

prematura e graves doenças não letais, mas que debilitam e afetam a qualidade de

vida dos indivíduos. (SÃO PAULO, 2011).

No âmbito socioeconômico e psicossocial as consequências que a obesidade

gera também são inúmeras podendo provocar:

Discriminação educacional e social;

Isolamento social;

Depressão e perda da auto-estima. (BRASIL, 2004).

As consequências geradas pela obesidade em relação a saúde são muitas e

as que dizem respeito ao custo financeiro também são enormes, pois estima-se que

o custo do tratamento da obesidade em países industrializados, corresponde de 2 a

8% de todo o gasto com a saúde. No Brasil não é diferente, em 2003 foram gastos

aproximadamente 1 bilhão e 100 milhões de reais com internações hospitalares,

consultas médicas e remédios para o tratamento do excesso de peso e das mais

diversas doenças associadas a obesidade. Somente contabilizando os gastos do

Sistema Único de Saúde (SUS) para o tratamento da obesidade são destinados 600

milhões de reais para as internações relativas a obesidade. Este valor é

correspondente a 12% que o governo gasta anualmente com todas as outras

doenças, tornando-se assim um problema de saúde pública, já que as

Page 29: Estudo sobre o uso de anorexígenos

28

consequências da obesidade são muitas e afetam toda sociedade. (SÃO PAULO,

2011)

A seguir uma tabela com as mais diferentes consequências que a obesidade

pode trazer ao organismo:

Tabela 5. Consequências associadas a obesidade.

Fonte: JUNG, 1997 apud SÃO PAULO, 2011.

1.7 CASOS EM QUE O TRATAMENTO FARMACOLÓGICO É INDICADO

O tratamento medicamentoso com fármacos anorexígenos, é indicado para o

indivíduo obeso somente quando não houver sucesso no tratamento não

farmacológico, ou seja quando dietas equilibradas associadas a exercícios físicos

não demonstrarem resultados satisfatórios, em pacientes nas seguintes condições:

IMC igual ou superior a 30 kg/m2;

IMC igual ou superior a 25 kg/m2 associado a outros fatores de risco, como:

hipertensão arterial, Diabetes Mellitos tipo 2, hiperlipidemia, apnéia do sono,

osteoartrose, gota, entre outras;

Circunferência abdominal maior ou igual a 102 cm para homens e 88 cm para

mulheres. (SÃO PAULO, 2011).

Page 30: Estudo sobre o uso de anorexígenos

29

A utilização de medicamentos não cura a obesidade por se tratar de uma

doença crônica, mas pode controlar a doença e diminuir as comorbidades, então

pode-se dizer que a intervenção farmacológica foi eficaz quando há uma redução

maior ou igual a 1% do peso corporal por mês e atinge pelo menos 5% em 3 a 6

meses. Segundo a literatura a perda de 5 a 10% de peso corporal, reduz de forma

considerável os fatores de risco que envolvem a diabetes e doenças

cardiovasculares. O tratamento farmacológico é considerado pois, o percentual de

pacientes que não obtêm resultados satisfatórios somente com mudança do estilo

de vida, mudança quanto a orientação dietoterápica e aumento da atividade física é

muito grande, então nestes casos observando o estado de saúde do paciente é que

o clínico vai estudar a possibilidade da intervenção farmacológica em pacientes

obesos e em sobrepeso. (ABESO, 2010; SÃO PAULO, 2011).

O sucesso no tratamento da obesidade e sobrepeso independe do fármaco

escolhido, mas sim da manutenção de medidas não farmacológicas que são:

orientação dietoterápica, incentivo à prática de atividades físicas e mudanças no

estilo de vida. (SÃO PAULO, 2011)

Page 31: Estudo sobre o uso de anorexígenos

30

2 PRINCIPAIS FÁRMACOS ANOREXÍGENOS

Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), os fármacos

mais utilizados no Brasil para o tratamento da obesidade são a anfepramona

(dietilpropiona), o femproporex, o mazindol e a sibutramina. (BRASIL, 2010b)

Dados divulgados pela ANVISA, órgão que controla o Sistema Nacional de

Gerenciamento de Produtos Controlados (SNGPC), demonstram o número de

prescrições de anfepramona, femproporex, mazindol e sibutramina, nos anos de

2009 (tabela 6) e 2010 (tabela 7), conforme tabela abaixo:

Tabela 6. Número de prescrições dos medicamentos distribuídos entre produtos industrializados e manipulados no ano de 2009

Fonte: BRASIL, 2011b.

Tabela 7. Número de prescrições dos medicamentos distribuídos entre produtos industrializados e manipulados no ano de 2010.

Fonte: BRASIL, 2011b.

Foi divulgado também pela ANVISA / SNGPC, dados dos anos de 2009 e

2010 (tabela 3), que demonstram as especialidades médicas que mais prescrevem

os medicamentos citados.

Page 32: Estudo sobre o uso de anorexígenos

31

Tabela 8. Distribuição das especialidades médicas que mais prescreveram medicamentos inibidos do apetite nos anos de 2009 e 2010.

Fonte: BRASIL, 2011b.

O número de reações adversas associadas ao uso dos medicamentos

inibidores do apetite é muito grande, então a Agência Nacional de Vigilância

Sanitária publicou em sua Nota Técnica sobre Eficácia e Segurança dos

Medicamentos Inibidores de Apetite (BRASIL, 2011a), as notificações registradas do

uso dos medicamentos e os tipos de reações adversas:

Tabela 9. Dados de notificação de reações adversas no Brasil.

_________________________________________________________________________________ Fonte: BRASIL, 2011b.

Page 33: Estudo sobre o uso de anorexígenos

32

Há mais de 30 anos, os medicamentos anfepramona, femproporex, e

mazindol estavam no mercado, já a sibutramina adquiriu seu registro no Brasil

somente em 1998. Foram realizados diversos estudos em humanos, onde foi

comprovada a ação destes fármacos na perda de peso. (ABESO, 2010)

2.1 CARACTERÍSTICAS DOS FÁRMACOS ANOREXÍGENOS

As principais características dos fármacos anorexígenos , está relacionada ao

fato que estes são diferentes dos outros fármacos e por isso requerem atenção

especial. Características estas em que o especialista prescritor, necessita de

atenção maior avaliando o custo benefício do medicamento sobre o paciente. Sendo

estas as principais:

Não existem estudos clínicos de grande relevância em grande escala, com

utilização em longo prazo;

Estes fármacos exercem ação simpatomimética periférica, causando várias

complicações como elevação na pressão sanguínea, inibição da motilidade

gastrointestinal, broncodilatação, vasoconstrição periférica, aumento da

frequência cardíaca e da força de contração do miocárdio. (COZER; IEZZI,

2010 apud BRASIL, 2011c).

Page 34: Estudo sobre o uso de anorexígenos

33

2.2 ANFEPRAMONA

Um dos fármacos utilizados para o tratamento da obesidade é a Anfepramona

(dietilpropiona), que foi introduzida no mercado mundial em 1958, com o objetivo de

ser um medicamento supressor do apetite, sem os efeitos da estimulação do

Sistema Nervoso Central. (NAPPO; CARLINI, 1993 apud BRASIL, 2011a).

A Anfepramona é um fármaco derivado da classe das anfetaminas, tendo

importantes efeitos no Sistema Nervoso Central, que dependem da sua capacidade

de liberar não somente a noradrenalina, mas também a serotonina e dopamina nas

terminações nervosas no cérebro. (DALE et al, 2007 apud ROSA, 2010).

O fármaco estudado tem como dose terapêutica 75mg, mas mesmo em doses

indicadas ocorrem casos de euforia, irritabilidade, inquietação, delírios e surtos de

esquizofrenia paranóide. (BRASIL, 2011a).

Tem como característica importante, desenvolvimento de acentuada

tolerância, tal mecanismo ocorre devido ao fato de administrações de doses

repetidas de anfetaminas. (DALE et al, 2007 apud ROSA, 2010).

2.2.1 Mecanismo de ação

O mecanismo de ação da anfepramona ocorre por sua ação no Sistema

Nervoso Central (SNC). O fármaco citado tem a capacidade de aumentar a liberação

de noradrenalina na fenda sináptica dos neurônios hipotalâmicos, que estimula os

receptores noradrenérgicos e inibe a fome. (ABESO, 2010)

2.2.2 Posologia

Em alguns estudos foi relatado que a dose efetiva do medicamento pode

variar de 50 a 100mg. Há comprimidos de 50 e 75mg de liberação prolongada, e

comprimidos de 25mg com meia vida de 4 a 6 horas. Os comprimidos de 25mg

devem ser ingeridos uma hora antes das refeições, já as preparações prolongadas,

pela manhã. Não há evidências clínicas da eficácia de cloridrato de anfepramona em

pacientes com doses superiores a 100mg diários. (ABESO, 2010)

Page 35: Estudo sobre o uso de anorexígenos

34

Segundo a RDC nº 58, de 5 de setembro de 2007, a dose máxima permitida e

indicada para ingestão de anfepramona é de 120,0 mg/dia. (BRASIL, 2007)

2.2.3 Eficácia

Um estudo randomizado duplo-cego controlado por placebo, estudou a

eficácia a longo prazo da anfepramona em indivíduos obesos. Foram submetidos a

este estudo um grupo de 69 adultos, onde foram administrados 50 mg de

anfepramona ou placebo, o grupo de pacientes que recebeu o fármaco obteve perda

em média de 10,6% do peso corporal inicial, e 7,0% no grupo placebo, após 12

meses de estudo. Não houve diferença entre os pacientes na pressão arterial, pulso

e avaliação psiquiátrica, somente boca seca e insônia foram os eventos adversos

mais frequentes. Como conclusão deste estudo os pesquisadores relataram que

este fármaco parece ser seguro em relação aos aspectos cardiovasculares e

psiquiátrico. (CERCATO et al., 2009)

Em 2005 foi publicada uma metanálise contendo vários estudo que avaliaram

o uso da anfepramona em pacientes obesos, um destes estudos duplo cego, que

teve duração de 6 meses, observou que o grupo de pacientes que utilizou 75 mg

diários do fármaco perdeu 11,6 kg e o grupo placebo 2,5 kg. (ABESO, 2010)

No Termo de Referência do Painel Técnico Internacional sobre Eficácia e

Segurança dos Medicamentos Inibidores de Apetite (BRASIL, 2011d), é relatado que

para Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), a área técnica não

identifica estudos clínicos comprobatórios robustos da eficácia deste medicamento

na obesidade, devido ás várias reações adversas, contra-indicações, risco de

dependência e sem estudos clínicos que comprovem sua eficácia e segurança.

O fármaco citado só é eficaz no tratamento da obesidade, associada ao

aconselhamento nutricional e incentivo á prática de atividade física. A perda de peso

está diretamente relacionada com à melhora dos fatores de risco cardiometabólicos.

(SÃO PAULO, 2011)

2.2.4 Reações adversas

Page 36: Estudo sobre o uso de anorexígenos

35

No Parecer Técnico sobre o Uso de Anorexígenos do Conselho Regional de

São Paulo (SÃO PAULO, 2011), é descrito que os efeitos adversos da anfepramona

são bem tolerados pelos pacientes usuários do medicamento, podendo ser indicado

para adultos sem doenças cardiovasculares ou psiquiátricas, já na Nota Técnica

sobre Eficácia e Segurança dos Medicamentos Inibidores de Apetite da Agência

Nacional de Vigilância Sanitária (BRASIL, 2011a), é relatado que as reações

adversas relacionadas a este fármaco são graves, tais como: agranulocitose,

arritmia cardíaca, isquemia cerebral, acidente cerebrovascular, dependência,

leucemia, hipertensão pulmonar primária e distúrbios psicóticos.

No Painel Técnico Internacional Sobre a Eficácia e Segurança dos

Medicamentos Inibidores de Apetite (BRASIL, 2011d), publicado pela Agência

Nacional de Vigilância Sanitária, traz um perfil de segurança do fármaco, já relatado

em sua Nota Técnica (BRASIL, 2011a), onde há ocorrência de casos de psicose

associada ao uso da anfepramona, que é possível ocorrer inclusive após suspensão

do tratamento.

Mesmo com o controle do uso e consequências que este medicamento traz, a

Agência Nacional de Vigilância Sanitária, registrou 341 reações adversas, onde 16%

são consideradas graves e 48% são reações do Sistema Nervoso Central, e 15,8%

são relativos a inefetividade. (BRASIL, 2011a)

2.2.5 Contra indicações

A lista de contra indicações associadas ao uso da anfepramona é bem

extensa, e engloba desde doenças brandas até as mais severas, como as listadas a

seguir:

Estado de agitação;

Anorexia;

Insônia;

Tendências suicidas;

Diabetes Mellitos;

Doenças cardiovasculares (angina, hipertensão e arritmias);

Page 37: Estudo sobre o uso de anorexígenos

36

Glaucoma;

História de uso abusivo de medicamentos;

Hipersensibilidade ou idiossincrasia, aos medicamentos do tipo amina

simpatomiméticos;

Hipertireoidismo;

Hipertensão severa. (BRASIL, 2011a)

2.2.6 Interações medicamentosas

Segundo o BPR Guia de Remédios (2008/2009), relata que o uso de

anfepramona quando co-administrada à outras substâncias ou fármacos podem

gerar as seguintes interações:

Aumenta o efeito pressor dos medicamentos vasoconstritores, como:

epinefrina, norepinefrina, levonordefrina;

O uso com o álcool pode aumentar os riscos de efeitos no sistema nervoso

central;

Juntamente com anestésicos inalatório, aumenta os riscos de arritmias

cardíacas;

Diminui os efeitos dos anti-hipertensivos;

Estimula o sistema nervoso central em conjunto com hormônios tireoideanos.

Seus efeitos podem ser antagonizadas por fenotiazinas.

2.2.7 Advertências

No BPR Guia de Remédios (2008/2009), são relatadas as seguintes

advertências relacionadas a anfepramona:

Não deve ser utilizado na gestação, nem na amamentação;

Atenção deverá ser redobrada ao dirigir ou executar tarefas que exija

atenção;

Page 38: Estudo sobre o uso de anorexígenos

37

Evitar produtos que contenham cafeína;

Usar gomas ou chicletes sem açúcar para aliviar securas da boca.

Page 39: Estudo sobre o uso de anorexígenos

38

2.3 FEMPROPOREX

O femproporex é um medicamento utilizado desde à década de 70 como

inibidor de apetite. É um fármaco classificado como estimulante central, e um

simpatomimético indireto com efeitos similares a dextroanfetamina, que podem

induzir alterações neurológicas, comportamentais e cardiovasculares, com arritmia

cardíaca. (BELL et al, 2001; MUSSHOFF, 2002; MARIZ, 2004 apud BRASIL, 2011a;

ABESO, 2010)

O fármaco foi obtido com a expectativa de reduzir o efeito estimulante central

e aumentar o efeito anoréxico, a princípio acreditava-se que o femproporex estaria

livre dos efeitos estimulantes das anfetaminas, e no início foi indicado para

farmacoterapia até mesmo para paciente obesos com doença cardiovascular.

(MARIZ, 2004 apud BRASIL, 2011a)

Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (BRASIL, 2011d), o

femproporex não apresenta artigos científicos robustos, conforme o padrão exigido

para o registro de medicamentos, sendo assim há muitos riscos descritos para este

fármaco, devido ausência de estudos clínicos.

2.3.1 Mecanismo de ação

Tem ação direta nas vesículas pré-sinapticas, fazendo assim que seja

aumentada a liberação de neurotransmissores e inibindo a receptação de dopamina

no centro de alimentação, no hipotálamo lateral. Outro mecanismo de ação também

muito estudado, seria a inibição da receptação de serotonina por desacoplamento

deste neurotransmissor de seu transportador pré-sinaptico. (MARTINDALE, 2010;

MARIZ, 2004 apud BRASIL, 2011a).

É um fármaco estimulante anorético, sendo muito utilizado desde tratamentos

para obesidade moderada até obesidade severa, sendo absorvido por via

gastrintestinal, onde 15 a 35% do fármaco liga-se as proteínas plasmáticas , e sera

biotransformado em 14 diferentes metabólitos, sendo um deles a anfetamina,

sugerindo então que os efeitos adversos do medicamento serão muito parecidos aos

das anfetaminas. Sua concentração plasmática máxima é atingida cerca de 2 a 4

Page 40: Estudo sobre o uso de anorexígenos

39

horas após ser administrado, e sua excreção é por via renal. (BARONEZA et al,

2007 apud ROSA, 2010).

Femproporex é um medicamento noradrenérgico, assim como a sibutramina,

e um de seus mecanismos é a manutenção ou aumento no transporte de leptina,

que são os hormônios que sinalizam ao cérebro quanto a sua adequação calórica,

então quanto maior for a concentração de leptina no cérebro, menor a ingestão de

alimentos. (BRASIL, 2011a)

2.3.2 Posologia

Segundo a RDC 58 de setembro de 2007, da Agência Nacional de Vigilância

Sanitária, a quantidade máxima permitida para ingestão de Femproporex é de 50,0

mg/dia. (BRASIL, 2007).

Estudos relatam eficácia deste fármaco comparando a razão risco / benefício

com doses entre 25mg e 50mg. Há também cápsulas de ação prolongada com

25mg. Não há evidencias clínicas científicas que comprovem que exista eficácia de

femproporex em concentrações acima de 50 mg por dia. Então recomenda-se o uso

de 25 mg, administrado preferencialmente pela manhã, caso haja necessidade de

uma segunda dose, é recomendada que esta não seja administrada após as 16

horas, devido aos seus possíveis efeitos colaterais. (ABESO, 2010)

2.3.3 Eficácia

Existem poucos estudos de grande importância sobre a comprovação da

eficácia deste medicamento. Em um estudo realizado por Zaragoza et al (2005)

apud ABESO (2010), sendo este um dos mais recentes publicados, e um dos

poucos controlados com placebo, foi estudado um grupo de 90 indivíduos, sendo

estes divididos em 3 grupos de 30 pacientes cada. O primeiro grupo foi tratado com

20mg de femproporex de ação prolongada, o segundo grupo foi tratado com a

mesma dose mas associada a 6mg de diazepam, e o terceiro grupo foi tratado com

placebo. O tempo de tratamento foi de 6 meses, e após retirada os pacientes foram

observados por 30 dias. A perda média do primeiro grupo foi de 8,8%, no segundo

Page 41: Estudo sobre o uso de anorexígenos

40

foi de 12,2%, e no grupo que foi tratado com placebo houve uma redução média de

5,3%.

Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (BRASIL, 2011a), não há

relatos de estudos clínicos em humanos, nos quais possam ser comprovadas a

eficácia e segurança de femproporex.

2.3.4 Reações adversas

As reações adversas que envolvem o uso de femproporex, são as mais

variadas possíveis, sendo as mais comuns: inquietude, nervosismo, irritabilidade,

insônia, agressividade, psicose, transtorno obsessivo-compulsivo, transtorno de

ansiedade generalizada e pânico. (ARONSON, 2006; SILVA, 2009 apud BRASIL,

2011a)

No Painel Técnico Internacional sobre Eficácia e Segurança dos

Medicamentos Inibidores de Apetite, publicado em 14 de junho de 2011 (BRASIL,

2011d), ao relatar sobre as possíveis reações adversas relacionadas ao uso de

femproporex, afirma que:

Promove alterações neurológicas, psíquicas - como psicose paranóide e alucinação visual, alterações comportamentais - como comportamento violento e alterações cardiovasculares, incluindo arritmias cardíacas até colapso circulatório. Também há relatos de hipertermia maligna, insuficiência hepática aguda, hiponatremia severa e acidente vascular cerebral, principais causas de óbito relacionadas ao medicamento. (BRASIL, 2011d, p. 3)

No estudo clínico de Zaragoza et al (2005) apud Brasil (2011a), já citado

anteriormente, foram relatadas como principais reações adversas, e suas

respectivas porcentagens em relação ao grupo de 90 pacientes estudados, no uso

de femproporex:

Page 42: Estudo sobre o uso de anorexígenos

41

Tabela 10. Ocorrências de reações adversas no uso de femproporex.

Reações adversas % de ocorrência

Vulvovaginite 6,7

Disúria 10

Acne 10

Tremor distal 10

Herpes 10

Polifagia 13,3

Cólica 13,3

Gastrite 13,3

Visão borrada 16,7

Diaforese 20

Equimose 20

Artralgia 30

Insônia 36,7

Constipação 53,3

Fonte: ZARAGOZA et al, 2005 apud BRASIL, 2011a.

As reações adversas que mais são relatadas pelos pacientes são: boca seca,

insônia, irritabilidade, euforia e taquicardia. Há também relatos, de que em casos

especiais, o medicamento pode induzir à dependência química. (ABESO, 2010)

2.3.5 Contra indicações

O uso de femproporex é contra indicado para pacientes com distúrbios

psiquiátricos e antecedentes de adição, podendo gerar um quadro de dependência

química ao fármaco. Também está contra indicado para pacientes com hipertensão

arterial não controlada, história de doença cardiovascular, doença arterial

coronariana, acidente vascular cerebral, arritmias cardíacas e insuficiência cardíaca

congestiva. Por ser um fármaco da mesma classe da anfepramona, sendo um

Page 43: Estudo sobre o uso de anorexígenos

42

anfetamínico, femproporex apresenta praticamente as mesmas contra indicação da

anfepramona. Não há relatos de estudos clínicos sobre a eficácia e segurança do

medicamento com pacientes gestantes, menores de 18 anos e idosos. (SÃO

PAULO, 2011; ABESO, 2010; ROSA, 2010)

2.3.6 Interações medicamentosas

Segundo o guia de medicamentos P. R. Vade Mécum (2008/2009), as

interações medicamentosas associadas ao uso de femproporex são muito parecidas

com as da anfepramona, devido a estes dois fármacos serem derivados

anfetamínicos, então considera-se como principais interações: álcool por ser uma

substância que também age no Sistema Nervoso Central, potencializando os efeitos

depressores, e também apresenta interação com anti-hipertensivos diminuindo seus

efeitos.

2.3.7 Advertências

A tolerância, desenvolvida ao decorrer do uso deste medicamento,

desenvolve-se rapidamente. Dependência e síndrome de abstinência também são

esperados para o uso de femproporex. (UTRILLA, 2000 apud BRASIL, 2011a).

Page 44: Estudo sobre o uso de anorexígenos

43

2.4 MAZINDOL

Mazindol é um fármaco inibidor de apetite, aprovado como droga anorexígena

em 1973. É um derivado tricíclico, não anfetamínico, que tem ação no Sistema

Nervoso Central, impedindo a receptação de noradrenalina nas terminações pré-

sinápticas. (ABESO, 2010)

É um fármaco metabolizado no fígado, com vida média aproximada de 47

horas, e sua maior fonte de excreção é por via renal e fecal. (BEHAR, 2002;

CARVALHO et al., 2007 apud ROSA, 2010)

2.4.1 Mecanismo de ação

Mazindol é um fármaco supressor do apetite tricíclico, que tem como

mecanismo de ação a inibição da receptação de serotonina e norepinefrina e inibe

também a dopamina. Por ser um fármaco que tem ação no centro da alimentação no

hipotálamo, mazindol tem a capacidade de realizar a supressão do apetite pela

redução da ingestão alimentar, inibindo a secreção gástrica, a absorção de glicose,

a secreção de insulina e ocorre também um aumento da atividade locomotora.

(HAGIARA et al., 2000; McEWEN; MEYBOOM, 1983 apud BRASIL, 2011a)

2.4.2 Posologia

Na maioria dos estudos são relatadas doses de 1 a 2 mg ao dia, mas alguns

estudos também são relatados farmacoterapia com 3 mg ao dia. Então recomenda-

se de maneira geral para tratamento da obesidade e do sobrepeso dose de 1 a 3 mg

ao dia, sendo o fármaco ingerido uma hora antes das refeições. Não há estudos

clínicos que comprovem a ação e eficácia de mazindol, em doses superiores a 3 mg

ao dia. (ABESO, 2010)

Segundo a RDC 58, de setembro de 2007, da Agência Nacional de Vigilância

Sanitária, a quantidade máxima permitida para ingestão de mazindol é de 3,00 mg

ao dia. (BRASIL, 2007)

Page 45: Estudo sobre o uso de anorexígenos

44

2.4.3 Eficácia

Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (BRASIL, 2011a), não há

dados de estudos clínicos realizados com o fármaco de qualidade para que possam

ser analisadas sua eficácia e segurança, constam apenas publicações com dados

insuficientes para avaliação do fármaco em questão.

Em um estudo clínico realizado por Inoue et al. (1992) apud ABESO (2010),

foi analisado um pequeno grupo de obesos já em estado severo, por um período de

12 meses. Nas primeiras 12 semanas, os pacientes foram submetidos a uma dieta

hipocalórica, e foram divididos em dois grupos, onde um grupo fez uso de 2 mg de

mazindol e o outro grupo placebo. Após passado o período de 12 semanas os

pacientes foram liberados quanto a dieta, permanecendo somente o tratamento

farmacológico por mais 9 meses. Ao final do estudo detectou-se que o grupo de

pacientes que fez uso de mazindol apresentou uma perda de peso de 53%, e o

grupo que utilizou placebo houve uma perda de 20%.

Uma revisão sistemática publicada em 2011 pelo “Clinical Evidence”, foi

relatado apenas um estudo clínico, em que observou-se perda de peso para os

pacientes que fizeram uso de mazindol, sendo esta perda de 6,4 kg e 2,6 kg para o

grupo que fez uso de placebo, após um período de três meses de tratamento.

(ARTENBURN, 2011 apud BRASIL, 2011a)

2.4.4 Reações adversas

Na Nota Técnica sobre Eficácia e Segurança dos Medicamentos Inibidores de

Apetite (BRASIL, 2011a), a lista de reações adversas é imensa sendo relatado que,

o número de reações adversas é tão grande que o número de pacientes que

abandonam os estudos clínicos é de 6 a 18%. As reações adversas mais comuns

são: insônia, constipação, nervosismo, tontura, cefaléia, arrepios, náuseas,

palpitações, vertigem e fraqueza.

Mazindol pode gerar efeitos cardiovasculares, como taquicardia, hipertensão

da artéria pulmonar, elevação da pressão arterial, impotência sexual, indução de

fase maníaca em pacientes bipolares e depressão, alterações do humor, que variam

Page 46: Estudo sobre o uso de anorexígenos

45

entre depressão e mania, onde não há evidências que comprovem sua segurança

em uso prolongado. (BRASIL, 2011d)

As reações mais comuns entre 225 pacientes que fizeram uso deste fármaco

foram: boca seca, constipação, desconforto gástrico, náuseas, distúrbios do sono,

tontura, agitação, psicose, alucinação, insônia, nervosismo e suor excessivo.

(HENDY, 1980; DRUGDEX, 2011 apud BRASIL, 2011a)

2.4.5 Contra indicações

O fármaco estudado é contra indicado para gestantes ou lactantes devido a

falta de estudos clínicos que comprovem sua segurança. É contra indicado também

para pacientes com doenças cardiovasculares ou doenças psiquiátricas associadas

(ABESO, 2010).

Não é recomendado o uso para pacientes que apresentam:

Glaucoma;

História de uso abusivo de medicamentos;

Hipersensibilidade ao mazindol;

Doença cardiovascular sintomática, incluindo arritmias;

Estado de agitação. (DRUGDEX, 2011 apud BRASIL, 2011a)

2.4.6 Interações medicamentosas

Há estudo clínicos que relatam a interação de mazindol com lítio, causando a

intoxicação do paciente ao fazer uso concomitante destas duas substâncias. Em

pacientes com obesidade severa, há um aumento significante de sensibilidade a

insulina após 12 semanas de uso, levando até um quadro de tolerância a glicose, e

em pacientes que fazem uso de inibidores da monoamino-oxidase, deve-se

suspender o medicamento, devido ao alto risco de ocorrência de crises

hipertensivas. (DRUGDEX, 2011 apud BRASIL, 2011a).

Page 47: Estudo sobre o uso de anorexígenos

46

Mazindol potencializa o efeito de hormônios tireoidianos, sendo então,

arriscado o uso concomitante dos dois fármacos em questão. (BEHAR, 2002 apud

ROSA, 2010)

2.4.7 Advertências

Mazindol é um medicamento com alto nível de dependência, onde em poucas

semanas de uso seus efeitos terapêuticos são reduzidos, e não é recomendado

aumentar a dose do medicamento para buscar o efeito desejado, neste caso deve-

se parar o uso do fármaco. (DRUGDEX, 2011 apud BRASIL 2011a)

Page 48: Estudo sobre o uso de anorexígenos

47

2.5 SIBUTRAMINA

É um fármaco que foi aprovado em 1998, sendo ele uma amina terciária,

desenvolvido a princípio como um medicamento para o tratamento da depressão, e

posteriormente foram conhecidas suas propriedades como um fármaco inibidor de

apetite. (JUNIOR et al., 2008; COUTINHO, 2009 apud ROSA, 2010)

Para Rang et al. (2003), sibutramina associada a um programa individualizado

de dieta, e aconselhamento sobre a prática de exercício físico, pode gerar uma

perda de peso em 77% dos casos, sendo esta perda mantida na maioria dos

tratamentos contínuos no decorrer de 2 anos.

É um fármaco que deve ser utilizado apenas como adjuvante no tratamento

da obesidade e sobrepeso, sendo necessário restrição calórica, aumento de

atividade física e mudança comportamental. (BRASIL, 2011a)

2.5.1 Mecanismo de ação

Sibutramina é um inibidor da norepinefrina combinado com a receptação de

serotonina, e sua ação farmacológica é atribuída ao aumento da saciedade e

consequente diminuição calórica, diferente das outras drogas anorexígenas, que

agem diretamente na supressão da fome no Sistema Nervoso Central. (COUTINHO,

2009 apud ROSA, 2010)

Rang et al., (2003), define o mecanismo de ação da sibutramina como sendo

um inibidor da recaptação neuronal de noradrenalina no Sistema Nervoso Central,

na região do hipotálamo, área esta que regula a ingestão de alimentos.

É um inibidor seletivo da recaptação de serotonina que inibe 5-HT,

norepinefrina e dopamina na fenda sináptica neural. É um fármaco capaz que

aumentar a saciedade, e tem efeitos anorexígenos. (BRASIL, 2011a; ABESO, 2010)

2.5.2 Posologia

Na maioria dos estudos clínicos, são relatados doses habituais de sibutramina

de 10 e 15 mg ao dia, sendo considerado como dose máxima 20 mg ao dia, usado

Page 49: Estudo sobre o uso de anorexígenos

48

somente em casos especiais. Não há evidências clínicas que comprovem segurança

e eficácia em doses superiores a 20 mg ao dia. (ABESO, 2010)

2.5.3 Eficácia

Para Agência Nacional de Vigilância Sanitária a sibutramina é um fármaco

que a relação custo/benefício é desfavorável para o tratamento farmacológico da

obesidade, com alto potencial de elevar a pressão arterial e a frequência cardíaca,

além dos níveis de triglicerídeos. Foram realizados estudos recentemente nos quais

foram constatados que os riscos no nível cardiovascular e cerebrovasculares,

podem colocar a vida do paciente em risco, onde 70% dos casos de tratamento com

sibutramina não foram efetivos, associado a um aumento do risco de complicações

cardiovasculares de 16%. (BRASIL, 2011d)

Foi realizada uma metanálise, com 8 estudos randomizados com 1093

pacientes obesos que apresentavam Diabetes Mellitus tipo 2, e ao final dos estudos

demonstrou-se que o grupo que fez uso de sibutramina, obteve uma redução de

peso maior quando comparado ao grupo que fez uso de placebo, obteve-se também

uma melhora na circunferência abdominal, na hemoglobina glicada e dos níveis de

glicemia e melhora do perfil lipídico. (VETTOR et al, 2005 apud SÃO PAULO, 2011)

2.5.4 Reações adversas

As reações adversas que mais se destacam são as que envolvem o Sistema

Nervoso Central e cardiovascular, associados a quase metade dos eventos

adversos relatados, inclusive com notificações graves e com potencial letal. Sendo

as reações mais comuns: taquicardia ventricular, parada cardiorrespiratória,

transtorno cerebrovasculares e acidente vascular cerebral hemorrágico. Na literatura

também é descrito eventos psiquiátricos como depressão e mania, ideação e

tentativa de suicídio. (BRASIL, 2011d)

Na literatura são relatados casos de alteração da pressão arterial no uso de

sibutramina, podendo promover variações médias de -1,6 a +5,6 mmHg, na pressão

arterial. (SÃO PAULO, 2011)

Page 50: Estudo sobre o uso de anorexígenos

49

Na Nota Técnica sobre Eficácia e Segurança dos Medicamentos Inibidores de

Apetite (BRASIL, 2011a), são relatadas as reações adversas ao medicamento, com

ocorrência maior de 5% entre os pacientes que fizeram uso do fármaco estudado,

sendo elas:

Dor de cabeça;

Boca seca;

Anorexia;

Constipação;

Insônia;

Ansiedade;

Rinite;

Faringite;

Aumento do apetite;

Dor lombar;

Astenia;

Náusea;

Sudorese;

Alterações do paladar;

Artralgia;

Nervosismo;

Dispepsia;

Sinusite;

Palpitação;

Aumento da pressão arterial;

Hipertensão;

Vasodilatação. (BRASIL, 2011a)

2.5.5 Contra indicações

Sibutramina é um fármaco contra indicado para pacientes com história de

doença cardiovascular, incluindo doença arterial coronariana, acidente vascular

Page 51: Estudo sobre o uso de anorexígenos

50

cerebral, arritmia cardíaca, insuficiência cardíaca congestiva, doença arterial

periférica ou hipertensão não controlada, acima de 145/90 mmHg. (ABESO, 2010)

São relatadas como principais contra indicações para o uso de sibutramina:

Usar o fármaco por um tempo superior a 1 ano;

Pacientes com antecedentes de doenças cardio e cerebrovasculares;

Pacientes que tenham Diabetes Mellitus tipo 2, com sobrepeso ou obesidade

associado a mais um fator de risco para desenvolvimento de doenças

cardiovasculares;

Anorexia nervosa e bulimia;

Pacientes menores de 16 anos;

Gravidez e lactação;

Obesidade por outras causas orgânicas, como por exemplo hipotireoidismo;

Idosos;

Insuficiência renal;

Uso concomitante de álcool. (BRASIL, 2011a)

2.5.6 Interações medicamentosas

A co-administração de sibutramina e inibidores de monoaminooxidase

(IMAO), como por exemplo a fluoxetina e a sertralina, podem gerar uma síndrome

cerotoninérgica levando o paciente a morte. (BEHAR, 2002 apud ROSA, 2010)

É contra indicado a administração simultânea de sibutramina e:

Analgésicos opióides e antidepressivos tricíclicos, pois ambos deprimem o

Sistema Nervoso Central;

Cetoconazol, pois inibe o metabolismo hepático da sibutramina. (P. R. VADE

MÉCUM, 2008/2009)

2.5.7 Advertências

A sibutramina quando administrada em pacientes hipertensos, deve-se

realizar um acompanhamento detalhado, controlando constantemente os níveis

Page 52: Estudo sobre o uso de anorexígenos

51

pressóricos e da frequência cardíaca, mas sendo este um fármaco bem tolerado

para a maioria dos pacientes. (ABESO, 2010)

Vários estudos científicos são baseados apenas em relatos de casos e de

opinião baseada em consensos, sendo estes estudos fisiológicos ou modelos

animais, que não tem um grau elevado com pouca força de evidência científica.

(BRASIL, 2011b)

Page 53: Estudo sobre o uso de anorexígenos

52

3 ATENÇÃO FARMACÊUTICA

Havendo necessidade do uso de medicamentos, seguido de uma prescrição

médica adequada, com doses, forma farmacêutica, e fármaco correto, juntamente

com a presença do farmacêutico na dispensação gera o uso racional de

medicamentos. (AQUINO, 2008 apud ROSA, 2010)

Para Bisson (2007), a definição de atenção farmacêutica é a seguinte:

É um modelo de prática farmacêutica, desenvolvida no contexto da Assistência Farmacêutica. Compreende atitudes, valores éticos, comportamentos, habilidades, compromissos e corresponsabilidades na prevenção de doenças, promoção e recuperação da saúde, de forma integrada à equipe de saúde. É a interação direta do farmacêutico com o usuário, visando uma farmacoterapia racional e a obtenção de resultados definidos e mensuráveis, voltados para a melhoria da qualidade de vida. Esta interação também deve envolver as concepções dos seus sujeitos, respeitadas as suas especificidades biopsicossociais, sob a ótica da integralidade das ações de saúde. (BISSON, 2007, p. 7 e 8)

O aprimoramento da atenção farmacêutica é muito importante, sendo que

estas atitudes por parte do profissional farmacêutico, causam um impacto na

qualidade de vida do paciente e uma redução de custos para o sistema de saúde,

pois orientação farmacêutica de qualidade evita interações medicamentosas

indesejadas, ou até mesmo intoxicação medicamentosa. (ARAÚJO; UETA;

FREITAS, 2005)

A Resolução do Conselho Federal de Farmácia no 417, de 29 de setembro de

2004, aprova o Código de Ética da profissão Farmacêutica, nele estão descritos a

preocupação das autoridades competentes com a saúde dos pacientes, quanto as

ações que podem ser desenvolvidas pelo profissional farmacêutico, com o objetivo

de melhorar a qualidade de vida dos pacientes. A Resolução estabelece como

princípios e deveres do farmacêutico o desenvolvimento da atenção farmacêutica,

fornecendo todas as informações possíveis sobre o medicamento, contribuindo

assim para promoção de saúde individual e coletiva, sendo considerada esta forma

a mais eficaz no campo da prevenção. (BRASIL, 2004)

O profissional farmacêutico tem a capacidade de melhorar a qualidade da

terapia medicamentosa, através de estruturas organizadas que garantam que o

paciente seja acompanhado no uso do medicamento, onde será avaliado sua

Page 54: Estudo sobre o uso de anorexígenos

53

regularidade e performance. A base da atenção farmacêutica deve sempre ser

focada no paciente, buscando a melhor qualidade de vida do mesmo. (BISSON,

2007)

Para iniciar o uso de medicamentos inibidores do apetite no tratamento da

obesidade e sobrepeso, uma análise criteriosa das reais necessidades do paciente,

quanto ao uso do fármaco, são imprescindíveis. Sendo o profissional farmacêutico

peça fundamental para promoção do uso racional desta classe de medicamentos,

orientando os pacientes sobre possíveis efeitos nocivos que o uso do fármaco pode

trazer. (BORSATO et al., 2008 apud ROSA, 2010).

Page 55: Estudo sobre o uso de anorexígenos

54

4 INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS

A grande quantidade de substâncias nas “fórmulas emagrecedoras” é muito

grande e na maioria das vezes gera uma interação negativa para o paciente,

podendo diminuir a eficácia e até chegando a causar toxicidade. Mesmo as

interações com fármacos anorexígenos e outras substâncias serem proibidas e

previstas na legislação não é raro encontrar receitas com associações deste tipo. A

RDC nº 58, de 5 de setembro de 2007, proíbe a associação de fármacos

anorexígenos com benzodiazepínicos, diuréticos, hormônios e laxantes com

finalidade para o emagrecimento. (BRASIL, 2007)

A presença de alguns diuréticos, como furosemida e hidroclorotiazida, laxante

ou plantas com atividade laxante como a cáscara sagrada, são muito comuns nas

“fórmulas para emagrecer”, mas estas substâncias podem causar distúrbios

hidroeletrolíticos, podendo causar arritmias cardíacas graves e alteração da pressão

arterial em pacientes que já tenham predisposição. Usar de forma indiscriminada

laxantes, podem gerar uma redução na absorção de nutrientes e causar lesões

gástricas. (COELHO, 2005)

Foram realizados estudos sobre o uso inadequado da fluoxetina associada a

substâncias anorexígenas como femproporex, anfepramona e mazindol, que

comprovaram que esta associação pode gerar eventos adversos graves, como

comportamento suicida, ansiedade, insônia e hemorragia abdominal. (CARLINI et al.

2009 apud ROSA, 2010)

Associação de anorexígenos com hormônios tireoidianos geram um quadro

de hipertireoidismo, sendo de alto risco em pacientes que não necessitam do

medicamento. Esta associação é muito perigosa podendo causar: taquicardia,

arritmia, aumento da pressão arterial, angina, infarto, insônia, agitação, aumento da

frequência cardíaca, entre outras. (DAMASCENO, 2010)

Calmantes e ansiolíticos neste tipo de formulação são comumente utilizados

na tentativa de conter alguns dos efeitos colaterais dos anorexígenos, como: insônia,

agitação e irritabilidade, mas as reações obtidas por esta associação são

imprevisíveis, agindo sempre no Sistema Nervoso Central, podendo causar: delírios,

alucinações, paranoia, mania de perseguição, fobia, depressão, surtos psicóticos,

entre outras. (DAMASCENO, 2010)

Page 56: Estudo sobre o uso de anorexígenos

55

5 LEGISLAÇÃO ATUAL

Em 10 de outubro de 2011, foi publicado no Diário Oficial da União a RDC

no52, de 6 de outubro de 2011, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, onde

fica proibido o uso das substâncias: anfepramona, femproporex e mazindol. Nesta

RDC também estão descritas medidas de controle da prescrição e dispensação da

substância sibutramina.(BRASIL, 2011e)

A substância sibutramina que faz parte da lista de substâncias psicotrópicas

anorexígenas da Portaria 344 de 12 de maio de 1998 (BRASIL, 1998), é sujeita a

Notificação de Receita “B2”, conforme RDC 58, de 5 de setembro de 2007 (BRASIL,

2007), e a partir de 09 de dezembro de 2011 para sua dispensação será necessário

também um Termo de Responsabilidade do Prescritor (Anexo 1), sendo esta uma

das medidas de controle da prescrição e dispensação de sibutramina, e para as

outras substâncias anorexígenas a data máxima para comercialização e

dispensação também fica valendo a data de 09 de dezembro de 2011, sendo a partir

desta data substâncias de uso proscrito no Brasil.

Figura 3. Notificação de Receita “B2”.

FONTE: DIMITROV, G, 2010.

Na RDC no. 52, é especificado a proibição de prescrição da substância

sibutramina em doses superiores a 15 mg por dia, conforme artigo 2º. Também fica

especificado que, será de responsabilidade dos profissionais de saúde e dos

detentores do registro do medicamento, a notificação de todo e qualquer evento

adverso relacionado ao uso do medicamento, no Sistema Nacional de Notificações

para a Vigilância Sanitária (NOTIVISA). (BRASIL, 2011e)

Dados do médico prescritor

Page 57: Estudo sobre o uso de anorexígenos

56

6 OBJETIVOS

6.1 OBJETIVO GERAL

Este trabalho tem o objetivo de contribuir para o maior entendimento dos

fármacos anorexígenos conhecendo seus efeitos e suas reações adversas,

relacionando o profissional farmacêutico, como peça fundamental para proteção e

promoção da saúde. Buscou-se conhecer o perfil dos usuários do medicamento e os

riscos das interações medicamentosas mais frequentes.

6.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

a) Identificar dentre os usuários dos fármacos anorexígenos, os pacientes que

realmente necessitam do medicamento, conforme literatura;

b) Conhecer as associações mais utilizadas aos fármacos anorexígenos e seus

possíveis riscos;

c) Entendimento da legislação vigente.

Page 58: Estudo sobre o uso de anorexígenos

57

7 MATERIAIS E MÉTODOS

Para realização da pesquisa de campo, entrevistamos 100 pacientes que já

usaram ou que ainda faziam uso dos medicamentos anorexígenos: anfepramona,

femproporex, mazindol e sibutramina. Os entrevistados pertenciam as cidades de:

Fernandópolis, Mira Estrela, Paranaíba e São João do Iracema.

Para coletar as informações necessárias sobre o perfil dos pacientes, e as

informações sobre os fármacos utilizados, criamos um questionário (Apêndice 1) e

transcrevemos os resultados para gráficos para melhor visualização das respostas.

A coleta de dados foi realizada no mês de agosto de 2011.

Foram realizadas pesquisas em diversas legislações, periódicos e nota

técnica disponíveis pela: Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Conselho Federal

e Regional de Farmácia, Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da

Síndrome Metabólica e Associação Nacional de Farmacêuticos Magistrais.

Na internet, foram realizadas pesquisas nas bases de dados Pubmed e

Scielo, com as palavras-chave e combinações: anfepramona (anfepramone),

obesidade (obesity), eficácia de anorexígenos (efficacy of anorectics), sibutramina

(sibutramine), interações medicamentosas (drug interactions), atenção farmacêutica

(pharmaceutical care), inibidores do apetite (appetite suppressants), femproporex e

mazindol.

Os dados obtidos na pesquisa de campo, foram coletados de modo a

preservar a identidade dos pacientes, garantindo-lhes a privacidade.

Page 59: Estudo sobre o uso de anorexígenos

58

8 RESULTADOS

No mês de setembro foi realizada uma pesquisa de campo com 100

pacientes, nas cidades de: Fernandópolis, São João do Iracema, Mira Estrela e

Paranaíba, que já fizeram ou fazem uso de algum medicamento inibidor do apetite,

sendo eles: anfepramona, femproporex, mazindol e sibutramina.

O resultado da pesquisa foi transcrito através de gráficos para melhor

visualização dos resultados.

A idade dos pacientes entrevistados foi de 15 anos até acima de 56 anos:

Gráfico 2. Idade dos pacientes entrevistados.

A idade dos entrevistados foi de 15 a 56 anos, sendo que 18% dos

entrevistados tinham de 15 a 25 anos, 30% tinham de 26 a 35 anos, 22% tinham

entre 36 a 45 anos, 28% tinham entre 46 a 55 anos e 2% tinham mais de 56 anos.

Foram entrevistados tanto homens como mulheres:

Page 60: Estudo sobre o uso de anorexígenos

59

Gráfico 3. Sexo dos pacientes entrevistados.

Dentre os pacientes entrevistados, 78% eram do sexo feminino e 22% eram

do sexo masculino.

O peso dos entrevistados variou de 51 kg a acima de 120 kg:

Gráfico 4. Peso dos pacientes entrevistados.

O peso dos entrevistados variou de 51kg até acima de 120kg, sendo que 10%

dos pacientes pesavam entre 51 a 60kg, 21% pesavam entre 61 a 70kg, 29%

pesavam de 71 a 80kg, 14% pesavam de 81 a 90kg, 16% pesavam de 91 a 100kg,

Page 61: Estudo sobre o uso de anorexígenos

60

4% pesavam de 101 a 110kg, 4% pesavam de 111 a 120kg e 2% pesavam acima de

120kg.

A altura variou entre 1,50m a 1,95m: Gráfico 5. Altura dos pacientes entrevistados

A altura dos pacientes eram entre 1,50m a 2,0m, sendo que 24% dos

pacientes tinham entre 1,50m a 1,60m, 52% tinham entre 1,61m a 1,70m, 16%

tinham entre 1,71m a 1,80m, 2% tinham entre 1,81m a 1,90m e 6% tinham entre

1,91m a 2,0m.

A porcentagem de entrevistados que fazem exercício físico foi de:

Page 62: Estudo sobre o uso de anorexígenos

61

Gráfico 6. Porcentagem de pacientes que realizam atividade física.

Dentre os entrevistados 6% afirmaram realizar atividade física corretamente e

com frequência, 54% afirmaram não realizar atividade física, e 40% relataram que só

fazem exercício físico ás vezes.

Quanto as práticas alimentares dos entrevistados obtivemos os

seguintes números:

Gráfico 7. Práticas alimentares dos pacientes.

Page 63: Estudo sobre o uso de anorexígenos

62

Dentre os entrevistados 36% declararam ter práticas alimentares mais

saudáveis e 64% relataram ter práticas alimentares menos saudáveis.

Quanto a ingestão de alimentos:

Gráfico 8. Perfil de alimentação dos pacientes.

Entre as diversas classes de alimentos, 25% relataram que ingerem com

frequência verduras e legumes, 20% ingerem frutas, 14% ingerem leite, 21%

ingerem refrigerante e 20% ingerem guloseimas.

Quanto ao uso de produtos light e integral:

Page 64: Estudo sobre o uso de anorexígenos

63

Gráfico 9. Uso na alimentação de produtos light e integral.

Quando se trata de produtos light e integral, 8% dizem fazer uso diariamente,

60% dizem não fazer uso e 32% diz fazer uso às vezes.

Medicamentos inibidores do apetite mais utilizados:

Gráfico 10. Uso de medicamentos anorexígenos.

Dentre os medicamentos anorexígenos, 21% relataram fazer uso da

anfepramona, 27% fazem uso de femproporex, 7% fazem uso de mazindol e 45%

fazem uso de sibutramina.

Page 65: Estudo sobre o uso de anorexígenos

64

Tempo de uso dos medicamentos:

Gráfico 11. Tempo de uso dos pacientes de medicamentos anorexígenos.

Quanto ao tempo de uso dos anorexígenos pelos pacientes, 73% relataram

ter usado por 1 a 3 meses, 18% usaram de 4 a 6 meses, 6% usaram de 7 a 9

meses, 2% usaram de 10 meses a 1 ano e 2% fizeram uso por mais de 1 ano.

Quanto a indicação do medicamento: Gráfico 12. Indicação do medicamento anorexígeno.

Page 66: Estudo sobre o uso de anorexígenos

65

Quanto a indicação ao uso do medicamento anorexígeno 64% dos

entrevistados afirmaram que a indicação foi feita por um médico especialista, 36%

afirmaram que não e relataram que a indicação foi feita por: amigos, auto prescrição

e indicação de um clinico geral, que não é o preconizado como prescritor mais

indicado neste caso.

Quanto a compra do medicamento:

Gráfico 13. Obtenção e compra do medicamento anorexígeno.

Dentre os entrevistados 76% afirmaram ter adquirido o medicamento em uma

farmácia sob a orientação do farmacêutico e 24% afirmaram que não, entre as

pessoas que relataram não ter comprado o medicamento em uma farmácia, foram

relatados na maioria dos casos que um amigo repassou o medicamento, parente ou

vizinho.

Quanto aos exames físico e laboratoriais, para detectar necessidade do uso e

contra indicações:

Page 67: Estudo sobre o uso de anorexígenos

66

Gráfico 14. Pacientes que realizaram ou não exames laboratoriais para analisar necessidade do uso e possíveis contra indicações.

Dentre os pacientes 32% afirmaram ter realizado exames para analisar a

necessidade do uso ou se havia alguma contra indicação, e 68% afirmaram não ter

realizado nenhum tipo de exame.

Quanto a tentativa de outras medidas que não seja o medicamento para

perde de peso:

Gráfico 15. Pacientes que fizeram algum tipo de dieta balanceada juntamente com exercício físico.

Page 68: Estudo sobre o uso de anorexígenos

67

Entre os entrevistados 36% afirmaram ter realizado exercício físico por no

mínimo 3 meses associado a dieta balanceada e 64% afirmaram não tentar esta

alternativa para redução do peso.

Quanto a percepção dos pacientes quanto ao aparecimento de reações

adversas ao medicamento:

Gráfico 16. Pacientes que notaram alguma diferença durante o uso do medicamento.

Quanto as reações que o medicamento pode causar, 86% relataram sentir

alguma reação adversa e 14% relataram não sentir nenhuma reação.

Dentre os pacientes que relataram alguma diferença durante o uso do

medicamento, as reações mais relatadas foram:

Agitação;

Falta de apetite;

Insônia;

Tremores;

Queda de pressão;

Boca seca;

Prisão de ventre;

Visão turva;

Irritação;

Desregulação menstrual;

Page 69: Estudo sobre o uso de anorexígenos

68

Maior disposição;

Coração acelerado;

Perda da libido;

Nervosismo;

Arritmia cardíaca;

Perda da memória;

Ansiedade;

Euforia;

Humor irregular;

Tonturas.

Quanto a perda de peso:

Gráfico 17. Perda de peso dos pacientes.

Quanto a perda de peso que o medicamento causou, 48% dos entrevistados

relataram uma perda de 1 a 5kg, 32% relataram uma perda de 6 a 10kg, 8%

relataram uma perda de 11 a 15kg, 8% relataram uma perda de mais de 15 kg e 4%

relataram não ter perdido peso algum.

Para os pacientes que param com o uso do medicamento:

Page 70: Estudo sobre o uso de anorexígenos

69

Gráfico 18. Ganho de peso após término do tratamento.

Entre os entrevistados, 24% afirmaram não ter adquirido nenhum peso após o

final do tratamento, 68% relataram ter adquirido novamente alguns quilos e 8%

ainda estão em tratamento.

Dentre os pacientes que relataram ter ganho algum peso após o término do

tratamento medicamentoso:

Gráfico 19. Quantidade de peso adquirido pelos pacientes após término do tratamento medicamentoso.

Page 71: Estudo sobre o uso de anorexígenos

70

Dentre os pacientes que relataram ter adquirido novamente algum peso, 34%

relataram ter ganho de 1 a 5kg, 51% adquiriram novamente de 6 a 10kg, 8%

adquiriram de 11 a 15kg, e 7% adquiriram acima de 16kg.

Quanto as associações presentes nos fármacos:

Gráfico 20. Associações com medicamentos anorexígenos.

Quanto a possíveis associações com os medicamentos anorexígenos, 68%

relataram ter ingerido o medicamento sem nenhuma associação e 32% relataram

associações com os fármacos inibidores do apetite.

Dentre os pacientes que relataram associação nas fórmulas dos

medicamentos inibidores do apetite, estão os seguintes fármacos:

Diazepam;

Bromazepam;

Fluoxetina;

Furosemida;

Cáscara sagrada;

Hidroclorotiazida;

Sene;

Clordiazepóxido.

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71

Transcrevemos na tabela oficial da ABESO (2011), a porcentagem dos

pacientes entrevistados, conforme cada categoria, quanto a classificação do Índice

de Massa Corpórea:

Tabela 11. Índice de Massa Corpórea dos pacientes entrevistados.

Categoria IMC % dos pacientes

Abaixo do peso Abaixo de 18,5 2

Peso normal 18,5 - 24,9 16

Sobrepeso 25,0 - 29,9 32

Obesidade Grau I 30,0 - 34,9 34

Obesidade Grau II 35,0 - 39,9 14

Obesidade Grau III 40,0 e acima 2

FONTE: ABESO, 2010.

Dentre os pacientes entrevistados 2% estão com Índice de Massa Corpórea que

corresponde abaixo do peso ideal, 16% estão com peso normal, 32% estão em

estado de sobrepeso, 34% se encontram em obesidade de grau I, 14% se

encontram em estado de obesidade grau II e 2% se encontram em estado de

obesidade grau III.

Page 73: Estudo sobre o uso de anorexígenos

72

9 DISCUSSÃO

Considerando que a obesidade é uma doença crônica multifatorial, que pode

gerar vários problemas de saúde, deve-se questionar até que ponto o risco/benefício

é favorável ao paciente quanto ao uso de uma substância anorexígena, substância

esta que além de causar alto nível de tolerância, a lista de reações adversas ao

medicamento é uma das mais extensas, causando dano ao paciente em nível

sistêmico.

Mesmo não havendo estudos clínicos científicos robustos, sobre a

comprovação da segurança e eficácia da associação de substâncias anorexígenas e

outras substâncias como por exemplo, que deprimem o Sistema Nervoso Central,

esta associação é muito utilizada por médicos prescritores e realizada por

profissionais farmacêuticos, colocando a saúde do paciente em risco. Na pesquisa

de campo, 32% dos entrevistados relataram fazer uso de uma substância

anorexígena associada a outras substâncias das mais variadas classes

farmacológicas, como laxantes, diuréticos, ansiolíticos, etc. (DAMASCENO, 2010)

O fato de mulheres serem o público que mais fazem uso de inibidores do

apetite na busca por um corpo magro como o das mulheres de capa de revista, foi

comprovado pela pesquisa de campo realizada pelo grupo, onde 78% dos

entrevistados eram mulheres e somente 22% homens. Na maioria das vezes a

busca do medicamento pelas mulheres, é para perda de 4 ou 5 kg, onde os médicos

prescritores expõe a paciente a uma série de reações adversas desnecessárias,

pois a farmacoterapia com fármacos anorexígenos só deve ser adotada em casos

de extrema necessidade, onde já foram testadas todas as alternativas não

farmacológicas e o excesso de peso coloca a saúde da paciente em risco.

Uma correlação entre as respostas apresentadas pelos entrevistados é

assustadora e mostra que os fármacos anorexígenos são usados de forma

indiscriminada e desnecessária, pois:

54% relataram não realizarem atividade física;

64% relataram ter práticas alimentares menos saudáveis;

65% relataram não ter tentado um tratamento não farmacológico com dieta

balanceada associada a exercícios físicos antes de fazer uso do

medicamento;

Page 74: Estudo sobre o uso de anorexígenos

73

a ingestão de refrigerantes e guloseimas ficou entre os mais citados pelos

entrevistados por fazerem parte de sua alimentação na rotina do dia-a-dia;

e principalmente constatamos que 50% dos entrevistados, fazem uso do

medicamento sem necessidade, pois têm Índice de Massa Corpórea menor

que 30kg/m2, sendo este um dos fatores para indicação ou não do tratamento

farmacológico.

Muitas vezes o paciente tem acesso à anorexígenos por amigos, como foi

relatado na pesquisa de campo, mas a partir de 09 de dezembro de 2011, data em

que o Termo de Responsabilidade do Prescritor começa a ser obrigatório, na

compra da sibutramina o paciente em uma determinada parte do Termo assina ser

responsável pelo medicamento que é de uso pessoal e intransferível. (BRASIL,

2011e)

Uma medida de segurança muito importante adotada pela Agência Nacional

de Vigilância Sanitária, foi a determinação de dosagem máxima diária de

sibutramina, sendo vedada a prescrição, dispensação e aviamento de fórmulas

medicamentosas com dosagem superior a 15mg por dia, acabando com prescrições

fora do padrão indicado por literatura e estudos clínicos. (BRASIL, 2011e)

Cabe ao farmacêutico não somente saber todas informações acerca do

medicamento, mas também transmiti-la aos demais profissionais de saúde e

também ao paciente e comunidade, agindo de acordo com as responsabilidades

presentes na sua essência, que é melhorar a qualidade de vida dos pacientes e

promover o uso racional de medicamentos. Informar o paciente sobre todos os

possíveis riscos quanto ao uso de um fármaco anorexígeno, faz parte de uma

conduta correta do farmacêutico, desempenhando seu papel diante da sociedade

fazendo jus ao seu dever profissional.

Page 75: Estudo sobre o uso de anorexígenos

74

10 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O problema obesidade já alcança proporções mundiais e há muito tempo

deixou de ser um problema estético, pois suas consequências afetam a saúde do

paciente sendo um fator de risco para várias outras doenças.

Na pesquisa de campo realizada com pacientes que fazem, ou já fizeram uso

de um fármaco anorexígeno, constatou que o uso indiscriminado destes

medicamentos é mais comum do que se imagina, transparecendo uma conduta

inadequada do médico prescritor e falta de ação do profissional farmacêutico, que

deveria conscientizar o médico e a comunidade quanto ao risco do uso inadequado

desta classe farmacológica.

Diante dos estudos clínicos, consideramos adequada a conduta adotada pela

Agência Nacional de Vigilância Sanitária, que optou por banir o registro dos

medicamentos anfepramona, femproporex e mazindol no Brasil, considerando que o

risco que estas substâncias trazem ao paciente são maiores que seu benefício. As

reações adversas a estes medicamentos, descritas em estudos clínicos, comprovam

que o problema da obesidade se torna secundário diante das diversas complicações

que podem vir acontecer com o paciente, é comprovado também por estudos

científicos, que a perda de peso apresenta um percentual muito pequeno sendo seu

risco maior que seu benefício.

A opção da Agência Nacional de Vigilância Sanitária em manter o registro da

sibutramina, também consideramos como adequada, por manter um fármaco

disponível para terapêutica da obesidade que apresente maior segurança, quanto

aos seus eventos adversos, e baixo nível de dependência.

A ANVISA, em seu Termo de Responsabilidade do Prescritor, deixa um

espaço ao farmacêutico assinar sob suas responsabilidades e o deixa disponível a

comunidade, considerando que este é um profissional que tem informações

preciosas quanto ao medicamento e deve transmiti-la ao paciente, como uma das

ferramentas de realização da atenção farmacêutica.

Não podemos deixar de levar em conta, os pacientes obesos que estão

fazendo uso destes medicamentos, com acompanhamento médico, e que realmente

precisam do fármaco, sendo a retirada dos medicamentos do mercado um impacto

muito grande, podendo ocasionar uma procura destas substâncias no mercado

negro.

Page 76: Estudo sobre o uso de anorexígenos

75

Por parte dos órgãos regulamentadores já foi adotada várias medidas, com o

objetivo de cuidar da qualidade de vida do paciente, cabe agora ao médico e

farmacêutico proceder de maneira adequada, respeitando a legislação e cuidando

do bem estar da sociedade.

Page 77: Estudo sobre o uso de anorexígenos

76

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Page 78: Estudo sobre o uso de anorexígenos

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ANEXO 1 TERMO DE RESPONSABILIDADE DO PRESCRITOR PARA USO DO MEDICAMENTO CONTENDO A SUBSTÂNCIA SIBUTRAMINA Eu, Dr.(a) ______________________________________________, registrado no Conselho Regional de Medicina do Estado sob o número ___________________, sou o responsável pelo tratamento e acompanhamento do(a) paciente ______________________________________________, do sexo ___________________________________, com idade de ______ anos completos, com diagnóstico de ___________________________________________, para quem estou indicando o medicamento à base de SIBUTRAMINA. Informei ao paciente que: 1. O medicamento contendo a substância sibutramina: a. Foi submetido a um estudo realizado após a aprovação do produto, com 10.744 (dez mil, setecentos e quarenta e quatro) pacientes com sobrepeso ou obesos, com 55 (cinqüenta e cinco) anos de idade ou mais, com alto risco cardiovascular, tratados com sibutramina e observou-se um aumento de 16% (dezesseis por cento) no risco de infarto do miocárdio não fatal, acidente vascular cerebral não fatal, parada cardíaca ou morte cardiovascular comparados com os pacientes que não usaram o medicamento; e b. Portanto, a utilização do medicamento está restrita às indicações e eficácia descritas no item 2, e respeitando-se rigorosamente as contraindicações descritas no item 3 e as precauções descritas no item 4. 2. As indicações e eficácia dos medicamentos contendo sibutramina estão sujeitas às seguintes restrições: a. A eficácia do tratamento da obesidade deve ser medida pela perda de peso de pelo menos de 5% (cinco por cento) a 10% (dez por cento) do peso corporal inicial acompanhado da diminuição de parâmetros metabólicos considerados fatores de risco da obesidade; e b. o medicamento deve ser utilizado como terapia adjuvante, como parte de um programa de gerenciamento de peso para pacientes obesos com índice de massa corpórea (IMC) > ou = a 30 kg/m2 (maior ou igual a trinta quilogramas por metro quadrado), num prazo máximo de 2 (dois) anos, devendo ser acompanhado por um programa de reeducação alimentar e atividade física compatível com as condições do usuário. 3. O uso da sibutramina está contra-indicado em pacientes: a. Com índice de massa corpórea (IMC) menor que 30 kg/m2 (trinta quilogramas por metro quadrado); b. Com histórico de diabetes mellitus tipo 2 com pelo menos outro fator de risco (i.e., hipertensão controlada por medicação, dislipidemia, prática atual de tabagismo, nefropatia diabética com evidência de microalbuminúria); c. Com histórico de doença arterial coronariana (angina, história de infarto do miocárdio), insuficiência cardíaca congestiva, taquicardia, doença arterial obstrutiva

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periférica, arritmia ou doença cerebrovascular (acidente vascular cerebral ou ataque isquêmico transitório); d. Hipertensão controlada inadequadamente, > 145/90 mmHg (maior que cento e quarenta e cinco por noventa milímetros de mercúrio); e. Com idade acima de 65 (sessenta e cinco) anos, crianças e adolescentes; f. Com histórico ou presença de transtornos alimentares, como bulimia e anorexia; ou g. Em uso de outros medicamentos de ação central para redução de peso ou tratamento de transtornos psiquiátricos. 4. As precauções com o uso dos medicamentos à base de sibutramina exigem que: a. Ocorra a descontinuidade do tratamento em pacientes que não responderem à perda de peso após 4 (quatro) semanas de tratamento com dose diária máxima de 15 mg/dia (quinze miligramas por dia), considerando-se que esta perda deve ser de, pelo menos, 2 kg (dois quilogramas), durante estas 4 (quatro) primeiras semanas; e b. haja a monitorização da pressão arterial e da frequência cardíaca durante todo o tratamento, pois o uso da sibutramina tem como efeito colateral o aumento, de forma relevante, da pressão arterial e da frequência cardíaca, o que pode determinar a descontinuidade do tratamento. 5. O uso da sibutramina no Brasil está em período de monitoramento do seu perfil de segurança, conforme RDC/ANVISA No- XX/ 2011. 6. O paciente deve informar ao médico prescritor toda e qualquer intercorrência clínica durante o uso do medicamento. 7. É responsabilidade de o médico prescritor notificar ao Sistema Nacional de Vigilância Sanitária, por meio do sistema NOTIVISA, as suspeitas de eventos adversos de que tome conhecimento. 8. Para viabilizar e facilitar o contato, disponibilizo ao paciente os seguintes telefones, e-mail, fax, ou outro sistema de contato: ____________________________________________________. Assinatura e carimbo do (a) médico (a):____________________________ C.R.M.: _________ Data: ____/____/_____ A ser preenchido pelo(a) paciente: Eu, _______________________________________, Carteira de Identidade No- ____________, Órgão Expedidor _________________, residente na rua ______________________________, Cidade ___________________________, Estado _________, telefone ___________________, recebi pessoalmente as informações sobre o tratamento que vou fazer. Entendo que este remédio é só meu e que não devo passá-lo para ninguém. Assinatura: _____________________________________ Data: ____/____/_____

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A ser preenchido pela Farmácia de manipulação no caso de o medicamento ter sido prescrito com indicação de ser manipulado: Eu, Dr.(a) _______________________________________________, registrado(a) no Conselho Regional de Farmácia do Estado sob o número ___________________, sendo o responsável técnico da Farmácia _________________________________________, situada no endereço______________________________________________________, sou responsável pelo aviamento e dispensação do medicamento contendo sibutramina para o paciente_____________________________________________. Informei ao paciente que: 1. Deve informar à farmácia responsável pela manipulação do medicamento relatos de eventos adversos durante o uso do medicamento; e 2. é responsabilidade do responsável técnico da Farmácia notificar ao Sistema Nacional de Vigilância Sanitária, por meio do sistema NOTIVISA, as suspeitas de eventos adversos de que tome conhecimento. 3. Para viabilizar e facilitar o contato, disponibilizo ao paciente os seguintes telefones, e-mail, fax, ou outro sistema de contato: _____________________________________________________ Assinatura e carimbo do (a) farmacêutico(a):_______________________ C.R.F.: _________ Data: ____/____/_____ Assinatura do (a) paciente:_____________________________________________ Data:____/____/_____

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APÊNDICE 1 Pesquisa de campo

Idade ( )15 a 25 anos ( )26 a 35 anos ( )36 a 45 anos ( )46 a 55 anos ( )acima de 56 anos Sexo ( )feminino ( )masculino Peso ( )40 a 45kg ( )46 a 50kg ( )51 a 55kg ( )56 a 60kg ( )61 a 65kg ( )66 a 70kg ( )71 a 75kg ( )76 a 80kg ( )81 a 85kg ( )86 a 90kg ( )91 a 95kg ( )96 a 100kg ( )101 a 105kg ( )106 a 110kg ( )111 a 115kg ( )116 a 120kg ( )acima de 120 kg Altura________________________ Faz exercício corretamente e com frequência? ( )Sim ( )Não ( )ás vezes Tem práticas alimentares: ( )Mais saudáveis ( )Menos saudáveis Diariamente ou pelo menos uma vez na semana se alimenta de: ( )verduras e legumes ( )frutas ( )leite ( )refrigerantes ( )guloseimas Faz uso de produtos light e integral diariamente nas alimentações? ( )Sim ( )Não ( )ás vezes Já fez uso de qual destes medicamentos? ( )Femproporex ( )Anfepramona ( )Sibutramina ( )Mazindol Por quanto tempo? ( )1 a 3 meses ( )4 a 6 meses ( )7 a 9 meses ( )10 meses a 1 ano

( )mais de 1 ano

O uso do medicamento foi por indicação de um médico especialista? Se não quem o indicou. ( )Sim ( )Não_______________ Comprou em uma farmácia com a orientação de um farmacêutico? Se não onde comprou. ( )Sim ( )Não_______________ Fez algum tipo de exame para saber se era realmente necessário o uso, ou se havia alguma contra indicação? ( )Sim ( )Não Antes de fazer uso do medicamento, tentou fazer uma dieta balanceada e fazer exercícios por no mínimo 3 meses? ( )Sim ( )Não Notou alguma diferença durante o uso do medicamento? Se sim quais. ( )Não ( )Sim _______________ _____________________________ Houve alguma perda de peso durante o tratamento? ( )Não ( )1 a 5 kg ( )6 a 10kg ( )11 a 15kg ( )mais de 15kg Se caso já tenha parado com o tratamento, ganhou algum peso quando parou de usar o medicamento? ( )Não ( )Sim_______________ ( )ainda faço uso Quanto pesava antes de fazer o uso do medicamento? _____________________________ O medicamento utilizado tinha associações? Se sim quais. ( )Não ( )Sim _______________ _____________________________ IMC:______________