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ESTUDO DE VIABILIDADE TÉCNICA E ECONÔMICA DO USO DE UMA MISTURA COMBUSTÍVEL NO PROCESSO DE CORTE OXICOMBUSTÍVEL Eduardo Ferreira Fonseca Projeto de graduação apresentado ao curso de Engenharia Mecânica da Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Mecânico. Orientador: Prof. Ricardo Manfredi Naveiro, D.Sc. RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL FEVEREIRO DE 2017

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ESTUDO DE VIABILIDADE TÉCNICA E ECONÔMICA DO USO DE UMA MISTURA

COMBUSTÍVEL NO PROCESSO DE CORTE OXICOMBUSTÍVEL

Eduardo Ferreira Fonseca

Projeto de graduação apresentado ao curso de

Engenharia Mecânica da Escola Politécnica da

Universidade Federal do Rio de Janeiro como

parte dos requisitos necessários para a obtenção

do grau de Engenheiro Mecânico.

Orientador: Prof. Ricardo Manfredi Naveiro, D.Sc.

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

FEVEREIRO DE 2017

ii

Fonseca, Eduardo Ferreira

Estudo de Viabilidade Técnica e Econômica do Uso de uma

Mistura Combustível no Processo de Corte Oxicombustível / Eduardo

Ferreira Fonseca. – Rio de Janeiro: UFRJ/ Escola Politécnica, 2017.

ix, 67 p.: il.; 29,7 cm.

Orientador: Ricardo Manfredi Naveiro.

Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/ Curso de

Engenharia Mecânica, 2017.

Referências Bibliográficas: p. 62-63.

1. Oxicorte 2. Corte de Metais 3.Gases combustíveis 4. Estudo

de Viabilidade

I. Naveiro, Ricardo Manfredi. II. Universidade Federal do Rio de

Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia Mecânica. III. Estudo

de Viabilidade Técnica e Econômica do Uso de uma Mistura

Combustível no Processo de Corte Oxicombustível

iii

“We are born into this world unarmed – our mind is our only weapon.”

Ayn Rand, Atlas Shrugged

iv

Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como parte

dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Mecânico.

ESTUDO DE VIABILIDADE TÉCNICA E ECONÔMICA DO USO DE UMA MISTURA

COMBUSTÍVEL NO PROCESSO DE CORTE OXICOMBUSTÍVEL

Eduardo Ferreira Fonseca

Fevereiro/2017

Orientador: Ricardo Manfredi Naveiro

Curso: Engenharia Mecânica

Este projeto tem por objetivo analisar a viabilidade de uma mistura

combuustível binária, composta por propano e propileno, no processo de corte

oxicombustível no corte de chapas de aço ao carbono.

Através de um estudo de viabilidade técnico-econômica o desenvolvimento da

mistura combustível foi analisado sob o ponto de vista técnico, avaliando a qualidade

da superfície de corte ao utilizar a mistura combustível proposta.

Sob o ponto de vista econômico comparando o consumo de gases com auxílio

de um software específico e todos os custos envolvidos no processo de corte

utilizando a mistura combustível com um gás combustível já consolidado no mercado

de gases combustíveis para corte oxicombustível.

Palavras Chave: oxicorte, corte oxicombustível, gases combustíveis, processos de

fabricação, corte de metais, viabilidade técnica e econômica.

v

Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of

the requirements for the degree of Mechanical Engineer.

TECHNICAL AND ECONOMICAL STUDY ABOUT USAGE OF FUEL MIXTURE ON

OXYFUEL CUTTING PROCESS

Eduardo Ferreira Fonseca

February/2017

Advisor: Ricardo Manfredi Naveiro

Course: Mechanical Engineering

This project aims to examine the feasibility of a binary fuel mixture, composed

of propane and propylene, in the oxyfuel cutting process in the cutting of carbon steel

plates.

Through a study of technical and economic viability study, the development of

the fuel mixture was analyzed from the technical point of view, evaluating the quality of

the cutting surface when using the fuel mixture proposed.

From an economic point of view, comparing the consumption of gases, with the

help of specific software, and all the costs involved in the cutting process using the fuel

mixture with a fuel gas already consolidated in the market of fuel gases for oxyfuel

cutting.

Keywords: oxycutting, oxyfuel cutting, combustible gases, manufacturing processes,

metal cutting, technical and economic feasibility

vi

Lista de Figuras Figura 1 - Volume de um gás em um sistema fechado como função da temperatura à

pressão constante [6]. ............................................................................................................... 9

Figura 2 - Diagrama do fator de Compressibilidade de um fluido simples [4] ................ 13

Figura 3 – Elementos necessários para a reação de combustão ..................................... 18

Figura 4 - Chama oxicombustível [8] ..................................................................................... 19

Figura 5 - Chama neutra [8] .................................................................................................... 20

Figura 6 - Chama oxidante...................................................................................................... 21

Figura 7 - Esquema de funcionamento do processo de oxicorte [1] ................................ 21

Figura 8 - Defeitos e descontinuidades no oxicorte [5] ...................................................... 24

Figura 9 – Regulador de Pressão [7] .................................................................................... 27

Figura 10 Regulador de pressão tipo haste [7] .................................................................... 28

Figura 11 Regulador de pressão tipo bocal [7] .................................................................... 29

Figura 12 Regulador de pressão duplo estágio[7] .............................................................. 30

Figura 13 Regulador de pressão pilotado [7] ....................................................................... 31

Figura 14 – Regulador de pressão para cilindro [10] .......................................................... 31

Figura 15 – Regulador de pressão para posto [10]............................................................. 32

Figura 16 – Regulador de pressão para centrais de cilindros [7] ..................................... 32

Figura 17 Mangueira para solda e corte [12] ....................................................................... 33

Figura 18 – Mangueira para solda e corte [13] .................................................................... 34

Figura 19 - Medidor de vazão tipo rotâmetro [15] ............................................................... 35

Figura 20 - Medidor de vazão de área variável. (a) Relação entre área e velocidade (b)

Diagrama [15] ............................................................................................................................ 36

Figura 21 Válvula anti-retorno [16] ........................................................................................ 38

Figura 22 – Válvula anti-retorno [7] ....................................................................................... 38

Figura 23 – Válvula corta-chama [17] ................................................................................... 39

Figura 24 – Esquemático de uma válvula corta-chama [7] ................................................ 39

Figura 25 Maçarico Misturador [7] ........................................................................................ 40

Figura 26 - Maçarico tipo Injetor [8] ....................................................................................... 41

Figura 27 - Maçarico tipo Injetor 2 [7] .................................................................................... 41

Figura 28 - Maçarico com Mistura no Bico [7] ..................................................................... 42

Figura 29 - Maçarico de corte manual [2] ............................................................................. 43

Figura 30 - Maçarico de corte mecanizado [2] .................................................................... 44

Figura 31 - a) Bico de corte monobloco b) Bico de corte bipartido [18,19] ..................... 44

Figura 32 - Bico de corte Convencional [8] .......................................................................... 45

Figura 33 - Bico de corte de Alta Velocidade [8] ................................................................. 46

Figura 34 - Bico de corte de 3 Sedes [8] .............................................................................. 47

Figura 35 - Máquina de corte MC-46 [10] ............................................................................. 47

Figura 36 - Distribuidor de gases ........................................................................................... 49

Figura 37 - Teste de estanqueidade com espuma de sabão neutro ................................ 50

Figura 38 - Montagem do procedimento experimental com acetileno ............................. 51

Figura 39 - Chama oxicombustível com Mistura combustível testada ............................. 52

Figura 40 - Painel de rotâmetros ............................................................................................ 53

Figura 41 - Superfície de corte utilizando acetileno ............................................................ 55

Figura 42 - Superfície de corte utilizando a mistura proposta ........................................... 55

vii

Figura 43 - Variação do Preço do barril de petróleo cru em 01 ano [21] ......................... 60

Figura B 1 - Resultado do software de correção de vazão ................................................ 65

Figura B 2- Resultado do software de correção de vazão ................................................. 65

Figura B 3- Resultado do software de correção de vazão ................................................. 66

Figura B 4- Resultado do software de correção de vazão ................................................. 66

Figura B 5- Resultado do software de correção de vazão ................................................. 66

Figura B 6- Resultado do software de correção de vazão ................................................. 67

Figura B 7- Resultado do software de correção de vazão ................................................. 67

Figura B 8- Resultado do software de correção de vazão ................................................. 67

Lista de Tabelas

Tabela 1 - Comparativo entre os processos de corte [1] ..................................................... 4

Tabela 2 - Propriedades do Oxigênio [5] .............................................................................. 14

Tabela 3 - Propriedades dos gases combustíveis [5] ......................................................... 17

Tabela 4 - Desempenho dos gases combustíveis no oxicorte [7] .................................... 17

Tabela 5 - Pressão padrão White Martins 3502 3 ............................................................... 50

Tabela 6 - Pressão padrão Koike 106 2 ............................................................................... 51

Tabela 7 a) Dados do processo de corte oxicombustível .................................................. 54

Tabela 8 - b) Dados do processo de corte oxicombustível ................................................ 54

Tabela 9 - c) Dados do processo de corte oxicombustível ................................................ 55

Tabela 10 - Custo dos gases utilizados ................................................................................ 57

Tabela 11 - Custo do operador de corte ............................................................................... 57

Tabela 12 - Custo por metro cortado .................................................................................... 58

Tabela 13 - Preço de Equilíbrio da Mistura Proposta ......................................................... 59

Tabela A 1 - Dados do corte com acetileno ......................................................................... 64

Tabela A 2 - Dados do corte com acetileno ......................................................................... 64

Tabela A 3 - Dados do corte com a mistura combustível .................................................. 64

Tabela A 4 - Dados do corte com a mistura combustível .................................................. 65

viii

Sumário 1. Introdução ............................................................................................................................ 1

1.1. Motivação Pessoal ..................................................................................................... 1

1.2. Justificativa .................................................................................................................. 1

1.3. Relevância ................................................................................................................... 2

1.4. Objetivo ........................................................................................................................ 2

1.5. Gás combustível utilizado ......................................................................................... 2

1.6. Estrutura ....................................................................................................................... 3

2. Revisão Bibliográfica.......................................................................................................... 3

2.1. Processos de corte na Fabricação Mecânica ........................................................ 3

2.2. Corte Oxicombustível ................................................................................................. 5

2.3. Propriedades Físicas dos Gases ............................................................................. 6

2.3.1. Os estados dos gases ....................................................................................... 6

2.3.2. Pressão ................................................................................................................ 6

2.3.3. Temperatura ........................................................................................................ 8

2.3.4. Lei zero da termodinâmica ................................................................................ 8

2.3.5. Lei de Boyle ......................................................................................................... 8

2.3.6. Lei de Charles ..................................................................................................... 8

2.3.7. Princípio de Avogrado ........................................................................................ 9

2.3.8. Gás perfeito ......................................................................................................... 9

2.3.9. Mistura de gases .............................................................................................. 10

2.3.10. Gases reais.................................................................................................... 11

2.4. Gases envolvidos no processo oxicombustível ................................................... 13

2.4.1. Gás Comburente .............................................................................................. 13

2.4.2. Gases Combustíveis ........................................................................................ 14

2.4.3. Fatores que influenciam no corte [5] ............................................................. 16

2.5. Combustão ................................................................................................................ 17

2.5.1. Chama Primária ................................................................................................ 18

2.5.2. Chama Secundária ........................................................................................... 19

2.5.3. Tipos de Chama................................................................................................ 20

2.6. Princípio do Processo de Oxicorte ........................................................................ 21

2.7. Problemas no corte oxicombustível ....................................................................... 23

2.7.1. Problemas de chama em maçaricos ............................................................. 23

2.7.2. Defeitos e descontinuidades no corte oxicombustível ................................ 23

ix

2.8. Normas ....................................................................................................................... 24

2.8.1. Norma NR 18 .................................................................................................... 24

2.8.2. Norma AWS C4.1-77 ....................................................................................... 25

2.9. Equipamentos ........................................................................................................... 26

2.9.1. Reguladores de Pressão ................................................................................. 26

2.9.2. Mangueiras para soldagem e corte ............................................................... 32

2.9.3. Instrumento de Medição de Vazão ................................................................ 35

2.9.4. Válvulas anti-retorno ........................................................................................ 38

2.9.5. Válvulas corta-chama ...................................................................................... 39

2.9.6. Maçarico de Corte ............................................................................................ 40

2.9.7. Bicos de Corte ................................................................................................... 44

2.9.8. Dispositivos de Mecanização ......................................................................... 47

3. Procedimento Experimental ............................................................................................ 48

4. Resultados ......................................................................................................................... 54

5. Conclusão .......................................................................................................................... 60

Referências Bibliográficas ....................................................................................................... 62

Apêndice A ................................................................................................................................ 64

Apêndice B ................................................................................................................................ 65

1

1. Introdução

O corte de metais é uma operação utilizada na maioria das indústrias, seja para

construir ou para demolir. Na indústria de fabricação mecânica, grande parte das

construções soldadas são feitas de aço carbono e iniciam-se com o corte de uma

chapa. O êxito nesta etapa é crucial para aspectos seguintes da construção soldada,

como a qualidade, a velocidade de produção e o custo da junta produzida. Nos casos

onde a peça cortada é o produto final, a qualidade da superfície cortada é decisória

para definir se a peça deve ser retrabalhada ou não. Deste modo, o sucesso na etapa

de corte é crucial no início da cadeia de produção de diversas indústrias. Quando há

um retrabalho na etapa de corte, todo cronograma da produção sofre um atraso, uma

vez que os procedimentos de soldagem só tem início, após o êxito no corte.

Neste projeto, além de apresentar as características do processo de corte

oxicombustível, os equipamentos utilizados no processo também são descritos. De

modo a realizar o oxicorte com segurança e com êxito, o conhecimento de um

engenheiro sobre o funcionamento e as variáveis do processo é fundamental.

Em via destes fatos, o presente projeto pretende demonstrar através de um

ponto de vista técnico, utilizando-se de conceitos de engenharia, e um ponto de vista

econômico, com uma comparação financeira, o desenvolvimento de uma mistura

combustível para substituir o acetileno no mercado de corte oxicombustível.

1.1. Motivação Pessoal

Durante a graduação realizei meu estágio obrigatório em uma empresa

multinacional do ramo de gases industriais e medicinais onde pude aplicar

conhecimentos adquiridos durante minha graduação e aprender mais sobre essa

indústria e como a engenharia não só é útil, mas essencial para seu desenvolvimento

e sucesso.

Um dos projetos que pude executar como parte do estágio é o utilizado neste

trabalho, de forma a demonstrar a aplicação dos conceitos de engenharia ao processo

de corte oxicombustível.

1.2. Justificativa

A empresa onde o projeto foi realizado, está procurando alternativas ao gás

combustível acetileno, gás instável que para ser distribuído sob pressão necessita de

2

um cilindro específico para garantir a segurança do produto. Devido a este fato, o

custo do enchimento do cilindro de acetileno é elevado e o custo de distribuição,

considerando que a massa de gás contida por cilindro não pode ser alta, é elevado.

Em vias destes fatos o projeto em questão estuda a viabilidade de utilizar uma

mistura combustível com pressão de liquefação relativamente baixa,que pode ser

armazenada na forma liquefeita, em cilindros de baixa pressão. Fazendo com que o

custo de distribuição do produto diminua, visto que a quantidade mássica de gás

contido no cilindro é superior ao cilindro de acetileno.

1.3. Relevância

A venda de gases para oxicorte representa, hoje, 25% dos novos negócios do

segmento de fabricação mecânica da empresa fornecedora de gás. O

desenvolvimento de uma gás combustível alternativo, com preço competitivo e

melhorias no processo de corte, representa um potencial de captação de novos

clientes e aprimoração do processo de corte dos clientes cativos da companhia.

O desenvolvimento de uma alternativa aos gases hoje encontrados na indústria

representa uma redução de custos, essencial nas indústrias durante a crise industrial

presente no cenário brasileiro atual.

Dada a relevância financeira dos gases envolvidos no processo de corte

oxicombustível, é evidente a aplicação dos conhecimentos adiquiridos durante a

graduação em engenharia mecânica no estudo de desenvolvimento de uma mistura

combustível para o processo de corte oxicombustível.

1.4. Objetivo

O objetivo deste trabalho é avaliar o uso de uma mistura binária de gases

combustíveis provenientes da indústria de petróleo, sob o ponto de vista técnico,

avaliando a qualidade da superfíce cortada com a mistura combustível e sob o ponto

de vista econômico, avaliando os custos obtidos ao realizar o corte de chapas de aço

ao carbono. De modo a avaliar o uso da mistura combustível, uma comparação com

gases combustíveis já consolidados no mercado de corte oxicombustível foi feita.

1.5. Gás combustível utilizado

Com o objetivo de encontrar um gás combustível com potencial de substituir o

acetileno que é um gás com alto custo de aquisição, no mercado de corte

oxicombustível, uma mistura entre propano e propileno, em percentagem volumétrica

3

de 65% e 35%, respectivamente, foi testada no corte de chapas de aço ao carbono.

Ambos os gases possuem uma pressão de vapor relativamente baixa, fazendo com

que esta mistura combustível possa ser comercializada na forma liquefeita em

cilindros de aço sem costura de baixa pressão, aumentando o volume de gás por

cilindro, diferente do acetileno que é comercializado apenas na forma gasosa em

cilindros que necessitam de massa porosa e solvente no seu interior para estabilizar a

molécula de acetileno.

1.6. Estrutura

O presente projeto está divido em 5 capítulos. O primeiro introduz o tema do projeto e

seus objetivos. O segundo explica, de maneira aprofundada, o processo de corte

oxicombustível. O terceiro aborda o procedimento experimental feito para o projeto em

questão. O quarto os resultados são apresentados e o estudo de viabilidade técnica e

econômica é realizado. No quinto capítulo as conclusões sobre o projeto são

apresentadas.

2. Revisão Bibliográfica

2.1. Processos de corte na Fabricação Mecânica

Atualmente, os principais processos de corte utilizados na indústria são: o corte

mecânico, o corte oxicombustível, o corte plasma, o corte laser e o corte a jato de

água.

Todos os processos de corte são diferentes, mas isto não permite dizer que um

processo é superior à outro. Cada processo de corte foi desenvolvido para uma

aplicação específica, e consequentemente, ter o melhor desempenho nas

características da aplicação em questão.

O corte mecânico com o uso de guilhotinas é o processo de corte mais antigo,

onde um esforço cisalhante proveniente da lâmina de corte, realiza uma separação

brusca na chapa. Este tipo de corte é o mais restrito, devido a sua limitação de acordo

com o aumento da espessura da peça a ser cortada e dos elementos de liga do

material a ser cortado [1].

O corte oxicombustível surgiu no início do século XX e tem seu funcionamento

baseado na reação química de oxidação do ferro do aço, seguido da fusão e expulsão

dos óxidos de ferro. Este processo é limitado à aço carbono e aços baixa-liga [1,2].

4

O corte plasma surgiu na década de 50 como alternativa para os materiais que

não podiam ser cortados com o processo oxicombustível, como aços inoxidáveis,

alumínio e cobre. O processo de corte plasma é baseado em um arco elétrico constrito

que transfere calor para uma área localizada, fundindo o metal presente. Este metal

fundido é removido por um jato de gás ionizado com alta velocidade. Este processo é

limitado a materiais condutores elétricos [1,2].

O corte laser surgiu na década de 60 e tem seu funcionamento baseado em um

feixe de luz coerente e concentrado através de estimulação eletrônica ou transições de

moleculares, para níveis de energia mais baixos. Este feixe de luz é uma fonte de

energia altamente concentrada e corta os materiais por fusão e vaporização. Sua

restrição se dá em materiais reflexivos, que refletem e feixe de luz, diminuindo o calor

transmitido ao material, inviabilizando o corte [1,2].

O processo de corte por jato de água é baseado na remoção de material por

microfraturas e erosão, através de um jato de água com alta pressão com partículas

abrasivas [1].

A tabela abaixo compara os processos de corte citado acima, com exceção do

corte mecânico, devido à inviabilidade descrita acima. As notações estão entre 1

(menor valor) e 5 (maior valor).

Tabela 1 - Comparativo entre os processos de corte [1]

5

2.2. Corte Oxicombustível

Dentre os processos de corte de materiais descritos acima, cada um apresenta

vantagens e desvantagens, de acordo com a aplicação utilizada. Cada processo tem

uma faixa de atuação ótima, quando se leva em consideração a espessura do corte

desejado, a velocidade de corte necessária e o acabamento superficial da área

cortada. Embora o conceito do processo de corte oxicombustível seja inalterável

(oxidação rápida do ferro), a evolução tecnológica dos materiais e dos processos de

fabricação tem resultado em inovações constantes dos equipamentos envolvidos

neste processo. Entre os processos descritos, o processo de corte oxicombustível

apresenta as seguintes vantagens [1]:

a) Disponibilidade: Diversos gases combustíveis podem ser utilizados e o

oxigênio industrial é facilmente obtido. Este processo, não utiliza energia

elétrica em seu funcionamento, com exceção de uma possível automatização,

que pode envolver um motor elétrico. É possível porém, a substituição deste

motor elétrico por um motor a combustão interna, eliminando o uso de energia

elétrica.

b) Baixo Investimento Inicial: Os equipamentos necessários para o processo

como reguladores de pressão, mangueiras para os gases envolvidos,

maçaricos e bicos de corte são relativamente baratos se comparados com

equipamentos de outros processos como o corte Plasma e o corte Laser.

c) Facilidade Operacional: O processo de corte oxicombustível é um processo

simples, de fácil aprendizado e não possui muitas variáveis, fazendo com que o

processo seja de fácil operação.

d) Baixa Manutenção: No processo de corte manual a manutenção se limita a

cuidados com o manuseio e limpeza dos bicos de corte e verificação periódica

das mangueiras, reguladores de pressão e válvulas utilizadas, além da

identificação de vazamentos, através de testes de estanqueidade.

E como dito anteriormente, todo processo apresenta desvantagens

operacionais [1]:

a) Restrição de Materiais: Conforme dito acima, devido à condições necessárias

para o corte oxicombustível, diversas ligas metálicas de uso industrial não

podem ser cortadas por este processo, como aço inoxidável, latão, alumínio,

cobre e suas ligas.

6

b) Portabilidade: Os equipamentos periféricos como os cilindros de gases

combustível e oxigênio, são pesados e de difícil manuseio, o que dificulta o

acesso a trabalho em altura ou posto de trabalho afastados dos cilindros.

c) Segurança: O processo oxicombustível utiliza oxigênio, um gás comburente,

sob alta pressão, e um gás combustível, inflamável. Esta combinação requer

um cuidado com o manuseio dos cilindros e utilização de equipamentos e

processos necessários para evitar vazamentos

2.3. Propriedades Físicas dos Gases

Pode-se definir um gás como um conjunto de moléculas em movimento

permanente e aleatório, com velocidades médias que aumentam quando a

temperatura se eleva. Um gás se difere de um líquido pelo fato de ter suas moleculas

muito separadas umas das outras, exceto durante colisões, e que se movem em

trajetórias que são pouco perturbadas pelas forças intermoleculares [3].

2.3.1. Os estados dos gases

O estado físico de um substância é definido por suas propriedades físicas. O

estado de um gás puro, por exemplo, é definido pelos valores do volume, V, que ele

ocupa, da quantidade de substância, n (número de moles), da pressão, P e da

temperatura, T [3]. A forma geral da equação de estado é:

𝑃 = 𝑓(𝑇, 𝑉, 𝑛)

2.3.2. Pressão

Ao falar de fluidos, a pressão pode ser definida como a componente normal da

força aplicada por unidade de área, onde em um fluido em repouso é igual em todas

as direções. Quanto maior for a força aplicada sobre uma área, maior será a pressão.

A origem da força exercida pelos gases sobre as paredes do recipiente que o contém,

é a sequência de colisões das moléculas contra as paredes do recipiente. As colisões

são tão numerosas que elas exercem uma força efetivamente constante, que se

manifesta como uma pressão constante [3,4].

𝑃 = lim𝛿𝐴→𝛿𝐴′

𝛿𝐹𝑛

𝛿𝐴

Onde:

P, é a pressão;

𝛿𝐴, é uma determinada área;

7

𝛿𝐴′, é uma área infinitesimal;

𝛿𝐹𝑛, é a Força aplicada sobre a área determinada

A unidade SI de pressão é o pascal (Pa), definido como 1 newton por metro quadrado.

1𝑃𝑎 = 1𝑁𝑚−2

Em termos de unidades básicas:

1𝑃𝑎 =1,019𝑥10−5𝑘𝑔𝑓

𝑐𝑚2

Pressão atmosférica

Assim como todos os líquidos e gases, o ar tem um peso. Portanto o ar exerce

uma força em todas as direções e sobre todos os objetos presentes na atmosfera. Se

esta força exercida por unidade de área for calculada, obtém-se o valor da pressão

exercida. Esta pressão é denominada pressão atmosférica [5].

Pressão manométrica

É a pressão indicada pelo medidor de pressão. É o valor pelo qual a pressão

atual do fluido excede a pressão atmosférica em sua vizinhança [5]. No processo de

corte oxicombustível, é indicada pelo valor lido nos manômetros dos reguladores de

pressão e pode ser classificada em dois tipos:

Pressão manométrica estática

É a pressão exercida pelo fluido em repouso [5]. No processo oxicombustível é

indicada pela leitura do manômetro de baixa pressão do regulador, quando as válvulas

do maçarico estão completamente fechadas.

Pressão manométrica dinâmica

É a pressão de saída de um fluido por um orifício, causada por uma diferença

de potencial [5]. No processo oxicombustível, é indicada pela leitura do manômetro de

baixa pressão do regulador, quando o maçarico está em funcionamento.

Pressão absoluta

É a soma das pressões atmosférica e manométrica. É utilizada quando se

calcula mudanças de temperatura e volume de fluidos [4].

8

𝑃𝐴𝐵𝑆 = 𝑃𝑀𝐴𝑁 + 𝑃𝐴𝑇𝑀

2.3.3. Temperatura

O conceito de temperatura provém de observações que mostram ser possível

uma alteração do estado físico de uma amostra quando dois corpos estão em contato

um com o outro. Se os dois corpos permanecerem em contato por algum tempo, eles

parecerão ter o mesmo grau de aquecimento ou resfriamento. A temperatura é a

propriedade que indica se dois corpos estariam em equilíbrio térmico se eles fossem

postos em contato através de uma fronteira termicamente condutora [3].

2.3.4. Lei zero da termodinâmica

A lei zero da termodinâmica é a base do conceito de temperatura e justifica o

uso de termômetros como instrumentos de medição de temperatura. Sua definição é

[4]:

“ Se um corpo A está em equilíbrio térmico com um corpo B e se o corpo B está em

equilíbrio com um corpo C, então o corpo C também está em equilíbrio com o corpo A.

2.3.5. Lei de Boyle

A lei de boyle afirma que “ O volume de certa quantidade fixa de um gás

mantido à temperatura constante é inversamente proporcional à pressão ” [4]. Quando

duas medidas são inversamente proporcionais, uma torna-se menor à medida que a

outra se torna maior. A lei de Boyle pode ser expressa matematicamente como:

𝑃 𝑉 = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒

2.3.6. Lei de Charles

A lei de Charles afirma que o volume de certa quantidade fixa de gás à

pressão constante aumenta linearmente com a temperatura [4]. Alguns dados típicos

estão mostrados na Figura 1. Observe que a linha que está tracejada e extrapolada

passa pelo valor de -273 ºC. Pode ser observado, também, que se supõe que o gás

tenha volume zero a essa temperatura. Entretanto, essa condição nunca é possível,

porque todos os gases se liquefazem ou se solidificam antes de atingir essa

temperatura. Matematicamente, a lei de Charles assume a seguinte forma:

𝑉

𝑇= 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒

9

Figura 1 - Volume de um gás em um sistema fechado como função da temperatura à pressão

constante [6].

2.3.7. Princípio de Avogrado

A lei de Avogadro resulta da hipótese de Avogadro: "O volume de um gás

mantido a temperatura e pressão constantes é diretamente proporcional à quantidade

de matéria do gás" [4]. Isto é:

𝑉 = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 𝑥 𝑛

2.3.8. Gás perfeito

As observações empíricas observadas nas leis de Boyle, Charles e Avogrado

podem ser combinadas em uma única expressão:

𝑃𝑉 = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑡𝑒 𝑥 𝑛𝑇

Essa expressão é consistente com a lei de Boyle quando n e T são constantes,

com a lei de Charles quando n e V, ou n e P, são constantes, e também com o

princípio de Avogrado, quando P e T são constantes [3]. A constante de

proporcionalidade, cujo valor determinado experimentalmente é o mesmo para todos

os gases, é simbolizada por R e é chamada de constante dos gases perfeitos [4]. Com

essa notação, a equação pode ser escrita como:

𝑃𝑉 = 𝑛𝑅𝑇

Esta é a equação dos gases perfeitos, ou equação dos gases ideais. É uma

equação de estado aproximada para qualquer gás e fica mais exata à medida que a

pressão do gás se aproxima de zero. Um gás que segue esta equação é denominada

gás perfeito, ou gás ideal.

10

2.3.9. Mistura de gases

O problema encontrado ao se tratar de uma mistura gasosa é a de determinar

a contribuição que cada componente da mistura traz para a pressão total da amostra.

A pressão parcial de um gás em uma mistura, é definida como [3]:

𝑝𝑖 = 𝑥𝑖 𝑝

Onde:

𝑝𝑖, é a pressão parcial exercida por um gás i na amostra da mistura;

𝑥𝑖, é a fração molar do componente i na amostra da mistura;

𝑝, é a pressão total exercida pela mistura.

A fração molar pode ser definida como a fração entre o número de moles de

um gás presente em uma mistura gasosa e o número de moles total da mistura

gasosa [4].

𝑥𝑖 =𝑛𝑖

𝑛

Segue da definição da fração molar, que a soma das frações de cada

componente da mistura tem que ser igual a 1:

𝑥𝑎 + 𝑥𝑏 + 𝑥𝑐 + ⋯ + 𝑥𝑛 = 1

Logo, a soma das pressões parciais é igual à pressão total da mistura:

𝑝𝑎 + 𝑝𝑏 + 𝑝𝑐 + ⋯ + 𝑝𝑛 = (𝑥𝑎 + 𝑥𝑏 + 𝑥𝑐 + ⋯ + 𝑥𝑛)𝑝 = 𝑝

Essa relação é válida tanto para gases perfeitos quanto para gases reais. A lei

de Dalton parte deste princípio e diz que [4]:

“A pressão exercida por uma mistura de gases é a soma das pressões parciais que

cada um dos componentes exerceria se ocupasse, sozinho, o volume total da mistura.”

Embora a relação entre a pressão parcial e a pressão total seja verdadeira para

todos os gases, a identificação da pressão parcial como sendo a pressão que o

próprio gás exerceria é valida apenas para um gás perfeito.

11

2.3.10. Gases reais

Os gases reais não obedecem exatamente à lei dos gases perfeitos. Os

desvios são particularmente importantes em pressões elevadas e em baixas

temperaturas, especialmente quando um gás está a ponto de se condensar em um

líquido [3].

Interações moleculares

Os gases reais exibem desvios em relação à lei dos gases perfeitos em virtude

das interações moleculares. As forças repulsivas entre as moleculas contribuem para

a expansão, e as forças atrativas para a compressão.

As forças intermoleculares repulsivas são significativas somente quando as

moléculas estão quase em contato. São interações de curto alcance, mesmo numa

escala medida em diâmetros moleculares. Em virtude de serem interações de curto

alcance, as forças repulsivas só se tornam significantes quando a separação média

entre as moléculas é pequena, como o caso em pressão elevada, quando um grande

número de moléculas ocupa um volume pequeno. Por outro lado, as forças

intermoleculares atrativas têm alcance relativamente grande e são efetivas em

distâncias de vários diâmetros moleculares. São importantes quando as moléculas

estão relativamente próximas umas das outras, mas não necessariamente em contato.

As forças atrativas não são efetivas quando as moléculas estão muito separadas. Em

pressões baixas, quando a amostra do gás ocupa um volume grande, as moléculas

estão,na maior parte do tempo, tão afastadas umas das outras, que as forças

intermoleculares não exercem nenhum papel significativo, e o gás se comporta como

um gás perfeito [3].

Fator de compressibilidade

O fator de compressibilidade, Z, de um gás real, é a razão entre o volume

molar do gás e o volume molar de um gás perfeito, na mesma condição de pressão e

temperatura [4].

𝑉𝑚 =𝑉

𝑛 𝑉𝑚

° =𝑉°

𝑛 𝑍 =

𝑉𝑚

𝑉𝑚°

Onde:

𝑉𝑚, é o volume molar de um gás real;

V, é o volume de um gás real;

12

𝑛, é o número de moles de um gás;

𝑉𝑚° , é o volume molar de um gás perfeito;

𝑉°, é o volume de um gás perfeito;

Z, é o fator de compressibilidade de um gás real.

Como o volume de um gás perfeito é igual a:

𝑉° =𝑅𝑇

𝑃

Uma expressão equivalente para o fator de compressibilidade pode ser escrita

como:

𝑍 =𝑅𝑇

𝑃𝑉𝑚°

E a equação do gás perfeito pode ser reescrita como:

𝑃𝑉𝑚 = 𝑅𝑇𝑍

Como, para um gás ideal, Z=1 em quaisquer condições, o desvio de Z em

relação a 1 é uma medida do afastamento do gás em relação ao comportamento ideal.

Em pressões muito baixas, todos os gases tem um fator de compressibilidade

aproximadamente igual a 1 e comportam-se como gases perfeitos. Em pressões

elevadas, todos os gases têm um fator de compressibilidade maior que 1, indicando

que ele têm um volume maior do que um gás perfeito, nas mesmas condições de

pressão e temperatura [4].

De modo a criar um diagrama onde todas as substâncias possam ter o fator de

compressibilidade determinado, as propriedades físicas são “reduzidas” com respeito

aos valores no ponto crítico [4].

𝑃𝑟 =𝑃

𝑃𝑐 𝑇𝑟 =

𝑇

𝑇𝑐

Onde:

Pr, é a pressão reduzida;

P, é a pressão absoluta;

Pc, é a pressão crítica;

13

Tr, é a temperatura reduzida;

T, é a temperatura;

Tc, é a temperatura crítica.

Essas equações mostram que a propriedade reduzida num estado é o valor da

propriedade neste estado dividida pelo valor dessa mesma propriedade no estado

crítico. Se linhas de temperaturas reduzidas constantes forem traçadas em um

diagrama do fator de compressibilidade em função da pressão reduzida, obtemos um

diagrama generalizado que permite a determinação do fator de compressibilidade para

qualquer gás [4], conforme mostrado abaixo:

Figura 2 - Diagrama do fator de Compressibilidade de um fluido simples [4]

2.4. Gases envolvidos no processo oxicombustível

2.4.1. Gás Comburente

No processo de oxicorte, o gás comburente utilizado é o oxigênio industrial,

com pureza mínima de 99,5%. O oxigênio é um gás incolor, inodoro e ínspido. O

14

oxigênio pode ser produzido de três maneiras diferentes: reação química, eletrólise da

água e liquefação do ar [5].

A liquefação do ar é o principal processo industrial utilizado para obtenção do

oxigênio. O ar atmosférico contém aproximadamente 20,9% de oxigênio. No processo

de liquefação do ar, o ar é filtrado, comprimido e resfriado, removendo o gás

carbônico, hidrocarbonetos e vapor de água. Após novo resfriamento, o ar é

expandido e liquefeito. Em seguida, o ar líquido é destilado fracionadamente em

colunas retificadoras que separam os diversos gases que o compõem [5].

O fornecimento de oxigênio industrial pode ser realizado de três maneiras: na

forma comprimida em cilindros de aço, na forma liquefeita em tanques criogênicos ou

via gasoduto. Na fase líquida, o oxigênio é fornecido à -183°C.

A tabela abaixo apresenta as principais propriedades do oxigênio.

Tabela 2 - Propriedades do Oxigênio [5]

Elemento

Oxigênio

Fórmula química

O2

Peso molecular

32

Ponto de ebulição (°C) a 1 bar

-182,97

Temperatura crítica (°C)

-118,95

Densidade gasosa (kg/m³) nas CNTP

1,35

Densidade líquida (kg/m³)

1141,00

Densidade relativa ao ar (AR=1) a 15°C

e 1 bar

1,11

A pureza do oxigênio é um dos principais fatores que influenciam o oxicorte,

por se tratar de um processo de oxidação entre o oxigênio e o ferro contido no metal.

A pureza do oxigênio influencia diretamente na velocidade do corte, consumo de gás e

qualidade da superfície cortada. Quando a pureza do oxigênio é reduzida, a oxidação

do ferro é retardada e, consequentemente, a velocidade de corte é reduzida, de modo

a sustentar a reação de oxidação [1].

2.4.2. Gases Combustíveis

Acetileno (C2H2) [5]

O acetileno foi o primeiro gás a ser utilizado no processo de corte

oxicombustível. Ele é proveniente da reação química entre o carbureto de cálcio

(CaC2) e a água (H2O). É um gás incolor, ligeiramente mais leve que o ar e altamente

15

combustível. É um composto instável, sujeito a explosões quando se decompõe.

Experiências na indústria do acetileno indicam que pressões inferiores a 1,5kgf/cm2

são consideradas seguras. De modo a comprimir o acetileno em um cilindro para uso

industrial, um cilindro de acetileno tem no seu interior um solvente, usualmente a

acetona, que absorve em si o acetileno e uma massa porosa que permite a saída do

acetileno mas não da acetona. A reação de combustão completa do acetileno pode ser

descrita na equação abaixo:

𝐶2𝐻2 + 2,5 𝑂2 → 2 𝐶𝑂2 + 𝐻2𝑂

Propileno (C3H6) [5]

O propileno é um gás derivado do petróleo e é obtido na indústria petroquímica

como produto secundário do processo de fabricação do etileno. É um gás incolor e

não tóxico. É um gás de fácil manuseio, visto que uma pressão relativamente baixa é

suficiente para condensá-lo. Por ser um gás facilmente liquefeito, é possível

armazená-lo em cilindros mais leves e econômicos. A reação de combustão completa

do propileno pode ser descrita na equação abaixo:

𝐶3𝐻6 + 4,5 𝑂2 → 3 𝐶𝑂2 + 3 𝐻2𝑂

Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) [5]

O GLP é constituído por hidrocarbonetos produzidos durante o processamento

de gás natural em uma unidade produtora de gás natural (UPGN) ou durante o

processo de refino do petróleo em refinaria. Dependendo do tipo de óleo e do

processo de tratamento a qual é submetido na refinaria, o GLP pode apresentar

variações na sua composição. No Brasil, os principais hidrocarbonetos que compõe o

GLP são o propano (C3H8) e butano (C4H10) e tem seu percentual regulamentado pela

ANP entre 40% a 60% de cada um deles. Assim como o propileno, estes

hidrocarbonetos estão na fase gasosa à pressão atmosférica, porém se liquefazem em

pressões relativamente baixas, propiciando os mesmos benefícios de armazenamento

do propileno. A reação de combustão completa dos dois principais hidrocarbonetos

presentes no GLP pode ser descrita na equação abaixo:

𝐶3𝐻8 + 5 𝑂2 → 3 𝐶𝑂2 + 4 𝐻2𝑂

𝐶4𝐻10 + 6,5 𝑂2 → 4 𝐶𝑂2 + 5 𝐻2𝑂

16

Gás Natural (CH4) [5]

O gás natural é um gás encontrado na natureza, constituído por uma mistura

de hidrocarbonetos acumulados em rochas porosas no subsolo. Sua composição varia

de acordo com a região aonde é encontrado, sendo composto principalmente por

metano (CH4), gás incolor e inodoro. Pode ser armazenado na forma comprimida em

cilindros de alta pressão ou na forma liquefeita, através de um processo criogênico,

necessitando de tanques específicos para manter a temperatura inferior a -160°C. O

gás natural é um gás não tóxico, com densidade consideravelmente mais leve que o ar

e seu limite inferior de explosividade no ar é superior os outros gases combustíveis,

fazendo do gás natural, um combustível de uso mais seguro. Sua reação de

combustão completa pode ser descrita pela equação abaixo:

𝐶𝐻4 + 2 𝑂2 → 𝐶𝑂2 + 2 𝐻2𝑂

2.4.3. Fatores que influenciam no corte [5]

Cada gás combustível possui propriedades distintas que influenciam no

processo de oxicorte. Abaixo estão listadas as propriedades que influenciam

diretamente no processo.

a) Ponto de ebulição: Temperatura na qual ocorre a mudança da fase líquida

para a fase gasosa, à uma determinada pressão.

b) Temperatura crítica: Temperatura acima da qual não existe fase líquida.

c) Pressão de vapor: Pressão na qual um líquido e seu vapor estão em equilíbrio

à uma determinada temperatura.

d) Densidade: Volume de uma unidade de massa a uma dada temperatura e

pressão.

e) Densidade relativa ao ar: Relação da massa de um gás com a massa de ar

que ocupa o mesmo volume à mesma temperatura e pressão.

f) Relação de mistura para a chama neutra: É a relação entre o combustível e

o comburente necessária para a queima total do combustível.

g) Temperatura da chama neutra: É a temperatura atingida em uma relação de

mistura para a chama neutra.

h) Poder calorífico: É a quantidade de calor, medido em MJ, que o combustível

pode liberar por unidade de peso.

17

i) Limite de explosividade no ar: É a faixa percentual, em volume de um gás

que, misturado com ar nas CNTP, irá formar uma mistura inflamável.

Na tabela abaixo, é possível observar as propriedades de cada um dos gases

combustíveis citados acima.

Tabela 3 - Propriedades dos gases combustíveis [5]

Cada gás combustível tem propriedade distintas, mas não é possível afirmar

que um gás será sempre o melhor para todos os processos de corte. A tabela abaixo

mostra, baseada em procedimentos experimentais, a eficiência do gás ao realizar

diferentes tipos de corte oxicombustível.

Tabela 4 - Desempenho dos gases combustíveis no oxicorte [7]

E - Excelente; MB - Muito Bom; B - Bom

2.5. Combustão

A combustão é um processo químico onde ocorre uma rápida reação

exotérmica entre um combustível e o comburente na presença de calor, gerando

dióxido de carbono e água. Para que a combustão ocorra, três elementos são

necessários [8]:

a) Energia de ativação: Energia que irá causar a reação de combustão (Calor);

Elemento Acetileno Propileno Propano Butano Metano

Fórmula química C2H2 C3H6 C3H8 C4H10 CH4

Ponto de ebulição (°C) a 1 atm -84 -48 -42 -0,5 -162

Temperatura crítica (°C) 35 92 97 152 -82

Pressão de vapor (bar) a 0°C 26,70 5,86 4,70 1,03 -

Densidade (m³/kg) a 15°C e 1 bar 0,917 0,550 0,540 0,430 1,400

Relação de mistura para chama neutra (m³ O2/m³ comb.) 1,1 3,1 5,0 6,5 1,8

Temperatura da chama neutra (°C) 3106 2872 2810 2845 2770

Poder calorífico (MJ/kg) 48,2 49,0 51,0 53,2 56,0

Limite de explosividade no ar (% em volume) a 20°C e 1 atm 2,2 - 85,0 2,0-10,5 2,2 - 9,5 1,8 - 8,4 5,0 - 15,0

Gás Combustível Acetileno GLP Propileno Gás Natural

Corte com espessura menor que 9,5 mm E MB MB B

Corte com espessura entre 9,5 e 127 mm E E E MB

Corte com espessura maior que 127 mm MB E E E

Corte com superfície oxidada E B B B

Corte repetitivo E B MB B

Corte de chapas empilhadas MB E E E

Corte de aço baixa liga E B B B

Corte de chanfro MB E E MB

Corte de peças curvas MB MB MB B

Perfuração E MB MB B

Goivagem E MB E B

18

b) Combustível: Elemento que alimenta a combustão (Gás combustível);

c) Comburente: todo elemento que, associado quimicamente com um

combustível, é capaz de fazê-lo entrar entrar em combustão (Oxigênio).

Figura 3 – Elementos necessários para a reação de combustão

Caso um dos três elementos não esteja presente, a reação de combustão não

se iniciará, ou uma vez iniciada, não terá continuidade.

A reação de combustão de um dos gases combustíveis utilizados no processo

de corte oxicombustível, o acetileno, pode ser escrita da seguinte forma:

C2H2 + 2,5 𝑂2 → 2 𝐶𝑂2 + 𝐻2O + CALOR

Segundo a reação estequiométrica da combustão do acetileno, é necessário

2,5 vezes mais quantidade de oxigênio do que acetileno para que haja uma

combustão completa. No ar atmosférico, há aproximadamente 4 vezes mais nitrogênio

que oxigênio. Deste modo, o nitrogênio, que não faz parte da reação de combustão do

acetileno, apenas é aquecido, retirando calor da chama e diminuindo sua temperatura.

Entretanto, ao utilizar o oxigênio puro, uma chama mais quente é obtida. Porém utilizar

a quantidade de oxigênio puro da reação estequiométrica eleva o custo do processo.

Logo, uma parcela do oxigênio puro é utilizada para formar a chama primária e uma

chama secundária é formada com o oxigênio presente na atmosfera [8].

2.5.1. Chama Primária

É a chama de maior temperatura e é representada na chama oxicombustível

pelo cone interno. É proveniente da reação entre o gás combustível e o oxigênio puro

[1,7].

19

2.5.2. Chama Secundária

É representada pela parte externa da chama oxicombustível, chamada de

envoltório. A chama secundária pode ser classificada em dois tipos: a chama no

interior e na borda da mesma. As duas tem como combustíveis os produtos da

equação de combustão da chama primária, porém o comburente na chama interior

continua sendo o oxigênio proveniente do maçarico de corte, enquanto na chama da

borda, o comburente é o oxigênio presente no ar atmosférico [1,7].

O ar atmosférico apresenta uma composição aproximada de 78,084% de

Nitrogênio, 20,947% de Oxigênio e 0,934% de Argônio [1]. Tanto o argônio como

nitrogênio, são inertes nesta reação, porém são aquecidos pela reação, retirando-lhe

calor.

A reação do interior da chama secundária é descrita na equação abaixo [1]:

Enquanto as reações da borda da chama secundária são descritas por [1]:

Configuração da chama oxicombustível

Na chama oxicombustível existem 3 zonas que são definidas pela intensidade

e coloração da luz [8], que são:

Figura 4 - Chama oxicombustível [8]

20

2.5.3. Tipos de Chama

Os tipos de chama no processo oxicombustível, dependem basicamente da

relação oxigênio/gás combustível, também conhecida como razão ar/combustível.

Chama Neutra

É a chama proveniente uma mistura de gás combustível e oxigênio

balanceada, ou seja, com a queima perfeita entre o gás combustível e o oxigênio, de

acordo com o balanço estequiométrico para cada gás. Chama-se chama neutra pois

não existe excesso de oxigênio ou gás combustível [8]. Sua chama apresenta duas

zonas bem definidas, como demonstrado abaixo:

Figura 5 - Chama neutra [8]

A chama neutra é de suma importância, pois ela serve como parâmetro para

que o operador regule as pressões para obter o tipo de chama desejada [8]. É usada

principalmente no processo de soldagem.

Chama redutora ou carburante:

É a chama resultante de uma mistura de oxigênio e gás combustível com

excesso de gás combustível. Seu aspecto apresenta três zonas distintas, conforme

mostrado na figura 4. É utilizada principalmente na soldagem de tubulações [8].

Chama oxidante

É a chama resultante de uma mistura oxigênio e gás combustível, como

excesso de oxigênio [8]. Seu aspecto apresenta duas zonas distintas, conforme

ilustrado abaixo:

21

Figura 6 - Chama oxidante

É a chama mais utilizada no processo de corte oxicombustível [8].

2.6. Princípio do Processo de Oxicorte

O processo de corte oxicombustível é baseado na rápida oxidação do metal

base, quando este é aquecido a uma temperatura denominada temperatura de

oxidação. Para obtermos o corte do metal, uma região pontual é aquecida até a

temperatura de oxidação e submetida a um jato de oxigênio de alta pressão [8]. Na

temperatura ambiente e na presença de oxigênio, o ferro oxida-se lentamente, porém

conforme a temperatura aumenta, a reação de oxidação é acelerada, tornando-se

praticamente instantânea a 1350°C [1]. Nesta temperatura, a temperatura de oxidação,

o calor fornecido pela reação de oxidação é suficiente para liquefazer o óxido formado

e realimentar a reação. O óxido no estado líquido é expulso pelo jato de oxigênio de

corte, o que permite o contato do ferro devidamente aquecido, como o oxigênio de

corte, dando continuidade ao processo [1]. Abaixo é possível observar uma vista

esquemática do processo.

Figura 7 - Esquema de funcionamento do processo de oxicorte [1]

22

No processo de oxicorte há cinco condições que devem ser respeitadas para

que o processo possa ocorrer [1]:

a) A temperatura de início de oxidação deve ser menor que a temperatura de

fusão do metal;

b) A reação de oxidação deve ser suficientemente exotérmica de modo a manter

a peça na temperatura de oxidação;

c) Os óxidos formados devem se manter no estado líquido na temperatura de

oxicorte, de modo a facilitar o escoamento dos mesmos, dando continuidade

ao processo;

d) O material a ser cortado deve ter baixa condutividade térmica;

e) Os óxidos formados durante o processo devem ter alta fluidez.

Cumpridas estas condições, o ferro presente no metal reage com o oxigênio

proveniente do maçarico e bico de corte, uma vez que o ferro em seu estado metálico

é menos estável em que seu estado de óxido. No processo de oxicorte, a reação de

oxidação é acelerada, havendo um considerável ganho exotérmico, conforme

demonstrado nas equações abaixo, provenientes da referência [1].

O processo de oxicorte é um processo que, teoricamente, uma vez iniciado,

não necessita da presença da chama oxicombustível, visto que o processo de

oxidação do ferro gera energia suficiente para manter o processo [1]. Isto porém, não

é o que ocorre na prática. As perdas de calor por condução para o restante da chapa,

acabam por diminuir a temperatura do ponto onde a reação está ocorrendo a um valor

inferior a temperatura de oxidação, fazendo com que o processo sofra uma

interrupção. Em um outro extremo, se a temperatura da chama oxicombustível for

muito superior a temperatura de oxidação do metal a ser cortado, estará próxima da

temperatura de fusão do mesmo e esta proximidade diminui o limite de escoamento do

metal, produzindo em consequência cortes com superfície irregular devido a fusão de

partes da superfície cortada [1].

23

2.7. Problemas no corte oxicombustível

2.7.1. Problemas de chama em maçaricos

Descolamento de chama

Este fenômeno ocorre quando a velocidade de saída da mistura entre gás

combustível e oxigênio é superior à velocidade de queima da chama. A chama então

se afasta do orifício de saída do bico de corte, reduzindo a eficiência do processo [2].

Engolimento de chama

São sucessivos apagamentos e acendimentos da chama oxicombustível

caracterizadas pelo som de pequenos estalos, que ocorrem quando a chama penetra

o interior do bico de corte e é imediatamente expulsa pela mistura entre gás

combustível e oxigênio em alta velocidade. Pode ser provocado pelo abafamento da

chama na ponta do bico de corte, quando a distância para a peça a ser cortada é

muito pequena, por superaquecimento do bico de corte ou por baixa vazão do gás

combustível. A chama pode se extinguir ou permanecer dentro dos equipamentos. No

último caso, ocorre o retrocesso de chama [2].

Retrocesso de chama

Quando a velocidade de saída da mistura entre gás combustível e oxigênio é

inferior à velocidade de queima da chama da mesma, a combustão pode ocorrer no

interior dos equipamentos. Este fenômeno é chamado de retrocesso de chama. Pode

ocorrer com muita facilidade quando o parâmetro de vazão de gás combustível não é

suficiente para a capacidade de queima do gás. O retrocesso de chama pode causar

sérios acidentes caso a chama atinja os cilindros com gás combustível e oxigênio em

alta pressão [2]. Deste modo, são utilizados alguns equipamentos de segurança, que

serão explicados adiante, para prevenir graves acidentes.

2.7.2. Defeitos e descontinuidades no corte oxicombustível

Em um corte oxicombustível de boa qualidade, é possível observar uma

superfície lisa, regular e com linhas resultantes na superfície cortada quase verticais. A

escória, presente na parte inferior do corte pode ser facilmente removida. A

inobservância dos parâmetros de corte (pressão dos gases, velocidade de corte,

distância do bico de chapa a chapa, etc..) porém, pode resultar em defeitos na

superfície cortada [5]. É importante conhecer os tipos de defeitos e descontinuidades e

suas principais causas, de modo a corrigir o processo de corte com exatidão. A figura

24

abaixo mostra os principais defeitos e descontinuidades encontrados no processo de

oxicorte mecanizado e as causas mais prováveis para que ocorram.

Figura 8 - Defeitos e descontinuidades no oxicorte [5]

2.8. Normas

2.8.1. Norma NR 18 No Brasil, para realizar operações de corte a quente, o ítem 18.11 da norma

regulamentória NR 18 deve ser respeitado. Abaixo é possível observar os ítens que

dizem respeito ao corte a quente [9].

“A portaria n.° 208 de 08 de dezembro de 2015, do Minitério do Trabalho e da

Previdência Social (MTPS), publicada no Diário Oficial da União de 09/12/2015, editou

a Norma Regulamentória – NR 18 - CONDIÇÕES E MEIO AMBIENTE DE TRABALHO

25

NA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO. O item 18.11 desta Norma, trata dos cuidados

nas Operações de Soldagem e Corte a Quente, os quais estão descritos a seguir:

18.11.1 As operações de soldagem e corte a quente somente podem ser

realizadas por trabalhadores qualificados.

18.11.2 Quando forem executadas operações de soldagem e corte a quente

em chumbo, zinco ou materiais revestidos de cádmio, será obrigatória a

remoção por ventilação local exaustora dos fumos originados no processo de

solda e corte, bem como na utilização de eletrodos revestidos.

18.11.4 Nas operações de soldagem e corte a quente, é obrigatória a utilização

de anteparo eficaz para a proteção dos trabalhadores circunvizinhos. O

material utilizado nesta proteção deve ser do tipo incombustível.

18.11.5 Nas operações de soldagem ou corte a quente de vasilhame,

recipiente, tanque ou similar, que envolvam geração de gases confinados ou

semiconfinados, é obrigatória a adoção de medidas preventivas adicionais para

eliminar riscos de explosão e intoxicação do trabalhador, conforme mencionado

no item 18.20 - Locais confinados.

18.11.6 As mangueiras devem possuir mecanismos contra o retrocesso das

chamas na saída do cilindro e chegada do maçarico.

18.11.7 É proibida a presença de substâncias inflamáveis e/ou explosivas

próximo às garrafas de O2 (oxigênio).

O item 18.26 desta Norma trata da Proteção contra Incêndio. Os ítens que

dizem respeito ao corte a quente, estão citados abaixo.

18.26.1 É obrigatória a adoção de medidas que atendam, de forma eficaz, às

necessidades de prevenção e combate a incêndio para os diversos setores,

atividades, máquinas e equipamentos do canteiro de obras.

18.26.2 Deve haver um sistema de alarme capaz de dar sinais perceptíveis em

todos os locais da construção.

18.26.3 É proibida a execução de serviços de soldagem e corte a quente nos

locais onde estejam depositadas, ainda que temporariamente, substâncias

combustíveis, inflamáveis e explosivas.

2.8.2. Norma AWS C4.1-77

A norma AWM C4.1-77 “Critérios Para a Descrição de Superfícies Oxi-

cortadas” é a norma americana que determina a qualidade da superfície de corte em

um processo oxicombustível. Os termos relacionados com a qualidade do corte

definidos pela norma são:

26

Planicidade, Linha de arraste, Rugosidade, Entalhe, Angularidade, Arredondamento da

borda superior e Escória.

A norma porém não descreve nenhum requisito de qualidade. O método de

medição também não é descrito no documento, sendo a rugosidade analisada através

da comparação da superfície de corte com um modelo de qualidade aceitável ou

através da comparação com o “Guia de Rugosidade da Superfície Oxi-cortada”, que

consiste em uma réplica de plástico de quatro superfícies de corte com diferentes

graus de rugosidade [5]. Para atender a norma portanto, apenas uma comparação

visual deve ser realizada.

2.9. Equipamentos

No processo de oxicorte, uma série de equipamentos é utilizada de maneira a

realizar o corte com eficiência e segurança. Aqui estão listados os equipamentos

utilizados na indústria e nos testes contidos neste trabalho.

2.9.1. Reguladores de Pressão

Um regulador de pressão é um dispositivo pneumático projetado para reduzir a

pressão Inicial a um valor definido, chamado de pressão de trabalho, e mantê-la

constante, mesmo com variações na pressão de entrada do regulador e na vazão de

gás [7].

Quando um gás é transportado, por questões logísticas e econômicas, este gás

é inserido no recipiente em alta pressão, pois isto aumenta a quantidade de gás

transportado por recipiente, diminuindo custos logísticos de transporte. Logo, quanto

maior a pressão de um gás dentro de um recipiente, maior a massa de gás dentro do

mesmo recipiente.

Normalmente, ao se utilizar o gás, a pressão de trabalho é bem inferior à

pressão de saída do recipiente, por isso o regulador de pressão é utilizado.

Características básicas de um regulador de pressão [7]

Para um bom funcionamento de um regulador de pressão, alguns requisitos

básicos tem que ser cumpridos.

O regulador de pressão tem que ser capaz de manter a pressão de saída

razoavelmente constante, mesmo com a variação a pressão de entrada no regulador,

o que acontece, por exemplo, durante o consumo do gás, onde a pressão no interior

do recipiente vai diminuindo com o tempo. O regulador necessita de alta sensibilidade,

27

que significa a habilidade de retornar para a pressão de saída ajustada, quando o fluxo

de gás for interrompido e inciado novamente. Mínima variação na pressão de saída,

causada pelo congelamento do gás na passagem pelo regulador, devido à altas

vazões. Durabilidade, com construção robusta, porém com peso reduzido, conforme

as normas de segurança, gerando uma boa resistência mesmo nas condições mais

adversas de trabalho. As conexões de entrada e de saída de um regulador de pressão

deve ser especificadas para cada gás e não podem ser intercambiáveis entre si. Os

manômetros de entrada e saída, devem ser adequados às pressões utilizadas. Os

reguladores de pressão devem ser limpos, evitando que resíduos penetrem seu

interior. Para o uso de oxigênio, os reguladores de pressão devem ser desengraxados

e desengordurados, pois o contato entre hidrocarbonetos e oxigênio podem gerar uma

explosão.

Funcionamento dos reguladores de pressão [7]

Depois de instalado, aciona-se o parafuso de regulagem, que comprime a mola

superior do regulador, transmitindo movimento ao diafragma. O diafragma desloca a

haste, desobstruindo o orifício de passagem de gás, chamado de sede, dando

passagem ao gás em alta pressão (Pressão de Entrada). A pressão de entrada é

superior à pressão no interior do regulador. Com isso, o gás tentará passar para a

câmara de pressão inferior, forçando o diafragma, que se moverá em sentido contrário

ao da mola, movimentando assim, a haste que tende a fechar o orifício de passagem

de gás. Com o movimento da haste, há a diminuição da área da sede, reduzindo

assim, a pressão de saída do regulador.

Este movimento se repete até atingir o equilíbrio de todas a forças envolvidas,

estabilizando, consequentemente, a pressão de saída do regulador.

Figura 9 – Regulador de Pressão [7]

28

Os reguladores de pressão podem ser divididos em duas famílias, como

explicado abaixo:

Regulador de Pressão Tipo Haste [7]

No regulador de pressão tipo haste, a vazão é controlada pela área anular

entre a haste e a sede do regulador, conforme mostrado na Fig. 10. Este tipo de

regulador é de simples construção, contudo, não é aplicável a baixas pressões, pois

para baixas pressões a folga que deve existir entre a haste e a sede, tem que ser

muito pequena, impossibilitando a construção deste conjunto.

No regulador de pressão tipo haste, devido a pressão de entrada exercer uma

força contrária ao funcionamento da haste, a pressão de saída aumenta quando a

pressão de entrada diminui.

Figura 10 Regulador de pressão tipo haste [7]

Regulador de Pressão tipo Bocal [7]

No regulador de pressão tipo bocal, a pressão e a vazão são controladas por

um orifício, vedado por uma sede de borracha, conforme mostrado na Fig. 11. Por não

ter uma haste deslizando dentro do orifício, estes reguladores são ideiais para baixas

vazões, embora sua construção seja mais elaborada do que um regulador do tipo

haste.

No regulador de pressão tipo bocal, devido ao fato da pressão de entrada

tender a abrir a sede, a pressão de saída do gás tende a diminuir conforme a pressão

de entrada diminui.

29

Figura 11 Regulador de pressão tipo bocal [7]

Tipo de Construção dos reguladores de pressão

Quanto ao tipo de construção dos reguladores de pressão, temos três famílias

distintas, conforme descrito a seguir

Reguladores de Pressão de Simples Estágio [7]

Nos reguladores de simples estágio, a pressão de saída do regulador é

regulada e fixada apenas por uma queda de pressão, ou seja, a pressão é reduzida

diretamente da alta pressão de entrada, para a baixa pressão de saída.

Nestes reguladores há, geralmente, uma variação na pressão de saída quando

ocorre uma grande variação na pressão de entrada, como por exemplo, um recipiente

cheio para um recipiente vazio, ou o congelamento do gás devido a uma bruta

expansão.

Reguladores de pressão de Simples estágio podem ser tanto do tipo haste quanto do

tipo bocal, dependendo da faixa de vazão de saída desejada. Sua construção está

demonstrada nas Fig. 10 e Fig. 11.

Reguladores de Pressão de Múltiplos Estágios [7]

Quando há a necessidade de uma pressão de saída constante, reguladores de

pressão de múltiplos estágios são utilizados. Nestes reguladores, a pressão de

entrada é abaixada aos poucos, ou seja, a alta pressão de entrada é reduzida a uma

pressão inferior e assim consecutivamente até se atingir a pressão de saída desejada,

conforme mostrado na figura 12.

30

Figura 12 Regulador de pressão duplo estágio[7]

Neste tipo de construção, a queda de pressão é conseguida através de

regulagens sucessivas, ou seja, é obtida por sucessivos estágios de regulagem. Estes

estágios são regulados independentes um do outro, sendo que a pressão de saída dos

estágios iniciais são pré-definidas e a pressão de saída do último estágio é regulado

pelo operador, através do parafuso de regulagem, conforme mostrado na imagem

acima.

A pressão de saída dos reguladores de múltiplos estágios é substancialmente

constante, devido ao pequeno salto de pressão entre a pressão de entrada e saída de

cada estágio. Os reguladores de pressão de múltiplos estágios podem ser do tipo

haste, bocal, ou ainda a combinação dos dois tipos.

Reguladores de Pressão Pilotados [7]

O regulador de pressão pilotado é a combinação de dois reguladores, um

piloto, de menor dimensão, e um principal, de maior dimensão, conforme mostrado na

Fig. 13 A função do regulador piloto é aplicar uma força sobre o diafragma do

regulador principal, substituindo a forçada mola de regulagem. O uso desta construção

se dá para grandes vazões de entrada, onde em reguladores de simples e múltiplos

estágios a força exercida sobre a mola de regulagem é muito grande, impossibilitando

o acionamento do regulador. A função do regulador principal é de reduzir a pressão de

entrada para a pressão de saída desejada.

Neste tipo de construção, tanto o regulador piloto quanto o regulador principal

podem ser do tipo haste ou bocal, dependendo do tipo da aplicação desejada.

31

Figura 13 Regulador de pressão pilotado [7]

Utilização dos reguladores de pressão

Todo regulador de pressão possui uma folha de especificação onde estão

contidos todos os dados importantes para o funcionamento adequado do

equipamento. A utilização conforme estes dados permite o melhor rendimento do

regulador de pressão

Reguladores de pressão para cilindros [7]

São reguladores para uso geral em cilindros, utilizados em diversas operações

como soldagem, corte, aquecimento, laboratórios e hospitais.

Figura 14 – Regulador de pressão para cilindro [10]

Reguladores de pressão para posto [7]

32

Reguladores de pressão para posto são próprios para fontes de suprimento.

Sua aplicação principal se dá em redes onde a distribuição de gases ocorre por meio

de tubulações à pressão intermediária, entre as elevadas pressões dos cilindros e a

baixa pressão de trabalho, que exigiria uma tubulação de grande diâmetro.

Figura 15 – Regulador de pressão para posto [10]

Reguladores de pressão para centrais de cilindros [7]

São reguladores para grandes vazões de saída, robustos e com pequena

variação na pressão de saída. São geralmente utilizados para alimentar a entrada de

reguladores de posto, que possuem pequena capacidade de saída.

Figura 16 – Regulador de pressão para centrais de cilindros [7]

2.9.2. Mangueiras para soldagem e corte

Mangueiras para soldagem e corte são projetadas para serem usadas com

gases específicos, de acordo com a pressão de trabalho desejada. Para prevenir o

33

uso indevido de uma mangueiras, elas geralmente são coloridas de acordo com o tipo

de gás a ser utilizado.

Utiliza-se a cor vermelha para acetileno e outros gases combustíveis, verde

para oxigênio , e preto para gases inertes, como argônio e nitrogênio e ar comprimido

[11].

Mangueiras para soldagem e corte, consistem basicamente de um tubo e uma

capa protetora, conforme demonstrado na Fig 17:

Figura 17 Mangueira para solda e corte [12]

Com o desenvolvimento de diversos gases combustíveis, baseados em

hidrocarbonetos e misturas de hidrocarbonetos, o efeito destes gases sobre a

mangueira teve de ser estudado, pois cada gás interage de maneira diferente com a

borracha presente na mangueira. Para gases combustíveis o procedimento de testes

mais aplicáveis seriam projetados para medir a alteração das propriedades físicas da

borracha da mangueira após exposição ao respectivo gás combustível, como tensão,

alongamento e dureza. Uma característica significante na borracha de uma mangueira

de soldagem e corte é um fenômeno conhecido como permeação. Cada gás confinado

no interior de uma mangueira apresenta uma tendência diferente de passar atráves da

parede de borracha e consequentemente através do revestimento do tubo para a

atmosfera. Cada composto de borracha tem uma resistência específica à permeação

[11]. A razão de permeação do gás aumenta, conforme o aumento da temperatura. De

modo a minimizar a permeação de gás através da mangueira, é lógico o projeto do

composto do tubo com a menor razão de permeação possível. O problema presente

no caso das mangueiras para soldagem e corte é a grande variedade de gases

combustíveis encontrada, as diferentes pressões de trabalho utilizadas na indústria e

as diferentes temperaturas encontradas no local de trabalho.

Um dos padrões mais utilizados para mangueiras de soldagem e corte é o padrão

Norte Americano, RMA;CGA IP-7, que define as mangueiras de soldagem e corte em

três grades e quatro tipos, conforme listado abaixo [11]:

34

a) Grade R: Para uso com acetileno apenas. Tanto o tubo quanto o revestimento

não são resistentes à chama e à óleo.

b) Grade RM: Para uso com acetileno apenas. O tubo não é resistente à chamas

nem à óleo. O revestimento é resistente tanto à chamas quanto à óleo.

c) Grade T: Para uso com a maioria dos gases combustíveis. Tanto o tubo

quanto o revestimento são resistentes à chama e à óleo.

d) Tipo L: Tubo em linha simples, designado para serviços com carga leve

e) Tipo S: Tubo em linha simples, designado para serviços com carga

intermediária

f) Tipo H: Tubo em linha simples, designado para serviços com carga alta.

g) Tipo VD: Tubo em linha dupla vulcanizada (Geralmente utilizada em processos

de solda e corte oxicombustível)

Figura 18 – Mangueira para solda e corte [13]

Qualquer gás combustível que não o acetileno, requer uma mangueira de

Grade T, para garantir a compatibilidade do gás utilizado e assegurar a segurança do

operário [11].

Resistência à óleo

Quando exposto a um ambiente oleoso, mangueiras que não são resistentes à

oleo tornam-se pegajosas e macias. Isto pode levar à separação do revestimento do

tubo da mangueira, ou a um desgaste excessivo da superfície da mangueira. Ambas

condições podem levar a falhas prematuras da mangueira e diminuição da vida útil.

Resistência à chamas

35

Mangueiras resistentes à chama tem um tubo auto-extinguível e proteção interna e

externa contra a exposição a condições adversas como, o contato com escórias

quentes ou retrocesso de chama.

2.9.3. Instrumento de Medição de Vazão

No processo de corte oxicombustível, a relação entre o gás comburente e o

gás combustível é muito importante para o cálculo da razão ar-combustível, de modo a

determinar o tipo de chama desejada para o processo. Nos processos de corte

oxicombustível na indústria, entretanto, o principal instrumento de medição é o

regulador de pressão, que informa a pressão do gás na saída do mesmo. De modo a

converter os valores de pressão em valores volumétricos de vazão, é utilizado um

instrumento chamado rotâmetro. O rotâmetro permite calcular a razão ar-combustível

a partir das vazões do oxigênio de pré-aquecimento e do gás combustível e o

consumo dos gases utilizados no processo, através das vazões dos gases, do tempo

de pré-aquecimento da peça e do tempo total de corte.

O rotâmetro consiste em um medidor de vazão de área variável, onde um fluido

escoa verticalmente dentro de um tubo com um flutuador, cuja sessão varia

linearmente, expondo o escoamento a uma variação de área à medida que a vazão se

altera [14].

Figura 19 - Medidor de vazão tipo rotâmetro [15]

Na condição de projeto, a pressão diferencial permanece constante em todo

escoamento, porque a força de empuxo e o peso são constantes e a altura de

flutuação muda para satisfazer a equação de Bernoulli. A área do escoamento entre o

tubo e o flutuador fornece então, uma indicação da vazão. Como a altura do flutuador

aumenta de forma proporcional à área de passagem do escoamento, o valor da altura

em que se encontra o flutuador indica a vazão. A geometria básica do medidor de

36

vazão é em forma de tubo, cujo diâmetro interno varia ao longo de seu comprimento,

com o objetivo de criar uma variação anular entre o flutuador e a parede interna do

tubo. O fluido entra no tubo pela parte inferior, acelera para uma velocidade superior

pela área anular ao redor do flutuador e sai pela parte superior do rotâmetro. A

equação de Bernoulli aplicada entre a área de entrada do escoamento no tubo do

rotâmetro e a área anular, fornece a seguinte equação [14]:

Figura 20 - Medidor de vazão de área variável. (a) Relação entre área e velocidade (b) Diagrama [15]

𝑃𝑓1

𝜌𝑓+

��𝑓12

2+ 𝑔𝑧1 =

𝑃𝑓2

𝜌𝑓+

��𝑓22

2+ 𝑔𝑧2

Onde:

Afl, é a área efetiva do flutuador;

Vfl, é o volume do flutuador;

Pf1, é a pressão na parte inferior do flutuador;

Pf2, é a pressão na parte superior do flutuador;

Vf1, é a velocidade do escoamento na entrada do rotâmetro;

Vf2, é velocidade do escoamento na região anular ao flutuador;

g, é a gravidade local;

z1, é a altura do flutuador na situação 1;

z2, é a altura do flutuador na situação 2; e

ρf, é a massa específica do fluido.

37

Materiais utilizados

Os flutuadores dos rotâmetros podem ser fabricados com diferentes tipos de

materiais, com o objetivo de se obter uma diferença de massa específica (relação

entre a massa específica do fluido e do flutuador), de modo a medir a vazão

volumétrica de determinado líquido ou gás [15].

O tubo do rotâmetro é geralmente fabricado em vidro, com alta resistência, de

modo a permitir a observação direta da posição do flutuador na escala marcada no

tubo.

Conversão de valores

Ao se utilizar um rotâmetro, é observada a posição do flutuador na marcação

no tubo de vidro. Com o auxílio de um software, que realiza a correção do valor da

vazão entre a escala de calibração e as condições de teste, é possível obter a vazão

corrigida para cada gás utilizado. Para cada rotâmetro, são inseridos os seguintes

parâmetros de uso do determinado gás:

a) Gás Utilizado

b) Pressão atmosférica

c) Pressão manométrica do gás

d) Temperatura ambiente

e) Posição do flutuador na marcação do tubo.

A partir destes parâmetros, o software é capaz de calcular a vazão corrigida de

gás considerando as perdas de carga no processo.

Painel de Rotâmetro

Para o estudo em questão, foi utilizado um painel de rotâmetros, com 3

rotâmetros: Um rotâmetro para o gás combustível, com dois flutuadores, um de nylon

e outro de inox, de modo a ampliar a faixa de atuação do rotâmetro; Um rotâmetro

para o oxigênio de pré-aquecimento, também com dois flutuadores, um de nylon e

outro de inox; E um rotâmetro para o oxigênio de corte, com dois flutuadores de inox,

com massas específicas diferentes, de modo a permitir a leitura da vazão do oxigênio

de corte, superior ao gás combustível e ao oxigênio de pré-aquecimento.

38

2.9.4. Válvulas anti-retorno

A função das válvulas anti-retorno é impedir que o fluxo de gás se de na

direção inversa da desejada e podem ser instaladas na saída do regulador de pressão

ou na entrada do maçarico de corte [2].

Figura 21 Válvula anti-retorno [16]

Seu funcionamento se baseia em uma mola tensionada que impede a

passagem de gás no sentido oposto ao fluxo de gás que saí do regulador de pressão

em direção ao maçarico de corte, como demonstrado a seguir [7]:

Figura 22 – Válvula anti-retorno [7]

Válvulas anti-retorno são utilizadas para proteger os equipamentos da reversão

do fluxo de gases, que pode ocasionar em acidentes. A instalação da mola da válvula

não depende da força da gravidade, logo a válvula pode ser instalada em qualquer

posição ou orientação [16].

39

2.9.5. Válvulas corta-chama

A função das válvulas corta-chama, é extinguir a chama proveniente do

problema de retrocesso de chama. Além de extinguir a chama proveniente do

retrocesso de chama, estas válvulas também previnem o retorno de fluxo de gases,

logo podem substituir as válvulas anti-retorno. De acordo com o modelo desejado as

válvulas corta-chama podem ser instaladas na entrada do maçarico de corte, ou

diretamente na mangueira de corte, sem exceder a distancia de um metro do maçarico

de corte [2].

Figura 23 – Válvula corta-chama [17]

Seu funcionamento se baseia em um material sinterizado que extingue a

chama em caso de retrocesso da mesma. Após ser extinguida, uma válvula de

retenção impede a passagem de gás no sentido oposto ao desejado. A contra-pressão

do retrocesso de gás aciona um pistão que bloqueia o fluxo normal de gás. O

funcionamento de uma válvula corta-chama pode ser observado na figura a seguir [7]:

Figura 24 – Esquemático de uma válvula corta-chama [7]

40

1. Sentido normal de fluxo.

2. Retrocesso da chama.

3. Elemento sinterizado que extingue a chama proveniente do retrocesso.

4. Válvula de retenção que impede a reversão do fluxo de gás.

5. Pistão que é acionado pela contrapressão do retrocesso, bloqueando o fluxo

normal.

2.9.6. Maçarico de Corte

Maçaricos são equipamentos que misturam o oxigênio e o gás combustível em

volumes e velocidades apropriados, para produzir uma chama capaz de aquecer,

soldar ou cortar o metais. Os maçaricos podem ser divididos em três tipos, como

mostrado abaixo.

Maçarico tipo Misturador (Média pressão)

Neste tipo de maçarico, o gás combustível e o oxigênio são fornecidos com

pressões praticamente iguais, misturando-se espontaneamente na câmara de mistura.

Os maçaricos misturadores trabalham com qualquer tipo de gás combustível sem a

necessidade de adaptações de projetos [7].

Figura 25 Maçarico Misturador [7]

Maçarico tipo Injetor (Baixa Pressão)

Neste tipo de maçarico, o gás combustível e o oxigênio são fornecidos com

pressões diferentes, com o oxigênio a um pressão superior. Ao passar pelo orifício

central do injetor, o oxigênio se expande gerando vácuo e arrastando o gás

combustível para a câmara de mistura [7].

41

Figura 26 - Maçarico tipo Injetor [8]

Neste tipo de maçarico há uma relação entre a pressão do oxigênio e do gás

combustível. Uma variação na pressão de entrada de oxigênio, acarreta em uma

variação na pressão do gás combustível, mantendo sempre a razão estequiométrica

de ar/combustível. Como cada gás combustível tem uma razão ar/combustível

diferente, existe um tipo de injetor para cada gás combustível [7].

Figura 27 - Maçarico tipo Injetor 2 [7]

Maçarico com Mistura no Bico

Neste tipo de maçarico, a mistura entre o gás comburente, oxigênio, e o gás

combustível, ocorre somente no bico, tornando o maçarico um simples condutor dos

gases. Neste tipo de maçarico, os bicos utilizados são denominados de três sedes e

são utilizados exclusivamente para aquecimente e corte. Este sistema de mistura

apresenta uma melhor resistência ao retrocesso de chama [7].

42

Figura 28 - Maçarico com Mistura no Bico [7]

Dentre os maçaricos destinados para corte, ainda é possível dividi-los em dois tipos.

Maçarico para corte manual

Este tipo de maçarico é destinado ao uso direto do operador de corte. É

composto por um cabo ou punho, aonde se segura o maçarico, um conjunto de

regulagem para o gás combustível e o oxigênio e uma válvula para o oxigênio de

corte, acionada manualmente por uma alavanca. Neste tipo de maçarico, a

alimentação do oxigênio é feita por apenas uma entrada, havendo no corpo do

maçarico a divisão do fluxo; parte é utilizada como oxigênio de corte, controlado pela

válvula de corte, e o restante utilizado na mistura da chama de pré-aquecimento, com

ajustagem feita nos conjuntos de regulagem [2,7].

43

Figura 29 - Maçarico de corte manual [2]

Maçarico de corte mecanizado

Este tipo de maçarico é destinado ao uso em processos mecanizados. A

principal diferença deste maçarico para o maçarico manual é o fato que o oxigênio de

corte e o oxigênio de pré-aquecimento possuem entradas distintas, ou seja, uma para

cada gás. O controle dos gases (oxigênio e gás combustível) são feitos

separadamente, isto elimina a alavanca de acionamento do oxigênio de corte [2,7].

44

Figura 30 - Maçarico de corte mecanizado [2]

2.9.7. Bicos de Corte

Uma das escolhas mais importantes do processo de corte oxicombustível é o

bico de corte, pois sua função é aumentar a energia cinética do fluido em um processo

adiabático, com a diminuição da pressão de acordo com a variação correspondente da

área de escoamento e conduzir os gases pelo orifício de saída de maneira constante e

sem turbulências. A construção do bico varia de acordo com o combustível utilizado,

visando aproveitar mais o calor proveniente da chama primária que o calor da chama

secundária. São produzidos em ligas especiais, podendo ter formas inteiras ou

bipartidas, dependendo do gás combustível utilizado (Fig. 31). Podem ainda possuir

duas sedes, onde a mistura entre o gás combustível é realizada no maçarico, ou três

sedes, onde a mistura é realizada no próprio bico de corte [7].

Figura 31 - a) Bico de corte monobloco b) Bico de corte bipartido [18,19]

Todos os bicos de corte funcionam de modo a separar o fluxo de gases de pré

aquecimento do jato de oxigênio de corte, pois deste modo se proporcionam as

características específicas do corte. A capacidade de oxidação é afetada pela

velocidade do jato de oxigênio de corte, logo, para que os óxidos fundidos sejam

removidos assim que formados, é necessário que este jato tenha uma maior energia

cinética, em comparação à mistura de pré-aquecimento [7].

45

O processo de corte oxicombustível exige precisão na regulagem de oxigênio,

pois com pouco oxigênio no jato de corte, os óxidos não são formados e o corte fica

incompleto, enquanto um excesso de oxigênio o metal é resfriado, interrompendo o

prosseguimento do corte. Deste modo, o bico de corte deve ser dimensionado para

atender a um determinado tipo de trabalho e a uma faixa específica de espessura a

ser cortada. A escolha inadequada do bico de corte compromete a qualidade de corte

e aumenta o custo de produção. Os seguintes fatores devem ser levados em

consideração na escolha do bico de corte: O material, a espessura a ser cortada, o

gás combustível, o maçarico de corte e o tipo de trabalho [1].

Tipo de Trabalho: Corte Manual ou Mecanizado

Um bico projetado para corte manual, em geral, apresenta maior rendimento

quando usado em corte mecanizado. Porém, um bico para corte mecanizado torna-se

praticamente inviável quando usado em corte manual, devido ao fato de que os

parâmetros de operação nos corte mecanizados serem constantes durante todo o ciclo

de trabalho [8].

Os bicos de corte, podem ser divididos quanto ao jato de corte em dois tipos:

Bico de Corte Convencional

Bicos de corte utilizados para corte manuais ou mecanizados, onde não é

exigida alta velocidade de corte. Operam com pressões baixas de oxigênio de corte,

na faixa de 2 a 6 kgf/cm2. Devido à geometria do orifício de saída ser reta, neste tipo

de bico de corte, o jato será sempre subsônico, diminuindo consequentemente a

velocidade de corte. Apresenta sangria de maior área e não exibe excelente

acabamento [7,8].

Figura 32 - Bico de corte Convencional [8]

46

Bico de Corte de Alta Velocidade

Bicos de corte para corte mecanizados, onde se requer uma maior velocidade

de corte. Opera com pressões de oxigênio de corte na faixa de 6 a 8 kgf/cm2. O

formato do orifício de saída do jato de corte apresenta um perfil convergente-

divergente, que possibilita que o jato atinja velocidade supersônica. Neste tipo de bico

de corte, a expansão dos gases é feita dentro do canal divergente, fazendo com que o

jato de corte não se expanda na saída do orifício, resultando em sangrias de menor

dimensão quando comparado com o bico de corte convencional. Possui um aumento

de velocidade de até 30% em relação ao bico de corte convencional [7,8].

Figura 33 - Bico de corte de Alta Velocidade [8]

Bico 3 sedes

Neste tipo de bico de corte, a mistura oxigênio/gás combustível é realizada

apenas no próprio bico de corte, tendo o maçarico com a função apenas de levar os

gases para o bico. Em um bico de corte de três sedes, cada orifício por onde passam

os gases é uma câmara de mistura, logo ao longo de sua circunferência, este tipo de

bico apresenta pelo menos seis câmaras de mistura. Nesta construção de bico,

podemos encontrar dois tipos de bico, o convencional e o de alta velocidade [8].

47

2.9.8. Dispositivos de Mecanização

Ao realizar um corte oxicombustível manual, o operador de corte está sujeito a

interferir em variáveis do corte, como a distancia do bico de corte à peça e a

velocidade de corte. De modo a eliminar a possibilidade de erro humano, dispositivos

de mecanização são utilizados para realizar o corte. Um dos dispositivos mais simples

e faceis de operar é a Máquina de corte portátil MC-46, fabricada pela White Martins

Gases Industriais, mostrada na figura abaixo.

Figura 35 - Máquina de corte MC-46 [10]

A máquina de corte Portátil MC-46, é destinada para realizar corte retilíneos,

com o uso de um trilho, como na imagem acima, ou circulares, com o uso de um cintel.

É possível ainda, realizar cortes de chanfro, determinando o ângulo de corte no

transferidor existente no suporte do maçarico [20].

A MC-46 possui um sistema mecânico de controle contínuo de velocidade de

corte, através de um disco de fricção, que permite velocidades de corte de 100 a

Figura 34 - Bico de corte de 3 Sedes [8]

48

1000mm/min, proporcionando uma ampla gama de espessuras de chapa onde o corte

é necessário [20].

Por ter seu corpo e grande parte de seus componentes construído em liga

especial de alumínio, a MC-46 é uma máquina leve e resistente à corrosão. Além

disso, por ter sua carcaça polida externamente, este dispositivo permite uma maior

refração do calor proveniente do corte, garantindo um maior rendimento e durabilidade

da máquina [20].

Para que o movimento seja uniforme, é utilizado um contra-peso, no lado

oposto ao maçarico de corte, de modo a gerar um equilíbrio entre as forças atuante no

dispositivo, conforme demonstrado na extremidade direita da Fig. 35.

3. Procedimento Experimental

O procedimento experimental consiste em um comparativo nas mesmas

condições do processo de corte oxicombustível utilizando como gás combustível o

acetileno e a mistura combustível em questão. Os cortes foram realizado em uma

chapa de aço ao carbono com 19,05mm (3/4”) com 300mm de comprimento. Um total

de quarto cortes, com um intervalo de 20mm de distância por corte, foi realizado por

gás combustível, para reduzir a influência do operador de corte. A distância entre o

bico de corte e a peça a ser cortada foi mantida constante, com o valor de 12,7mm

(1/2”).

Tanto o acetileno quanto o oxigênio utilizados nos testes eram provenientes de

uma instalação centralizada, logo reguladores de posto foram utilizados. Para a

mistura combustível testada, contida em um cilindro, um regulador duplo estágio para

cilindros foi utilizado. Para minimizar a influência do maçariqueiro nos testes

realizados, o corte mecanizado com o auxílio da máquina de corte MC-46, explicado

na seção 2.7.8, foi utilizado. Foi observada uma folga no disco de fricção da máquina

de corte utilizada, o que estava acarretando em uma variação na velocidade de corte,

causada pela vibração do motor da máquina. Para corrigir esta variação, a posição do

disco de velocidade foi fixada durante todo o processo de corte.

A montagem do teste foi realizada da seguinte maneira: As mangueiras de gás

combustível e de oxigênio foram conectadas do regulador de pressão à entrada do

painel de rotâmetros, explicado na seção 2.7.3. da saída do painel de rotâmetros, as

mangueiras foram conectadas em um distribuidor de gases anexo à máquina de corte

MC-46, conforme demonstrado na figura abaixo.

49

Figura 36 - Distribuidor de gases

Na figura acima é possível observar a mangueira proveniente do painel de

rotâmetros na horizontal, conectada ao distribuidor e as mangueiras na vertical

conectando o o distribuidor de gases ao maçarico de corte.

No experimento em questão havia somente uma saída de oxigênio, o que

acontece usualmente no ambiente industrial. Devido a isto se usa o distribuidor de

gases, que distribui o oxigênio para a chama de pré-aquecimento do oxigênio de corte.

Isto não é o indicado para o processo de oxicorte, visto que a pressão para o oxigênio

de pré-aquecimento e oxigênio de corte, indicada pelos fabricantes de bico de corte, é

diferente.

Com todas as mangueiras devidamente conectadas, foi realizado um teste de

estanqueidade no sistema, a fim de verificar a presença de qualquer vazamento

presente nas instalações. Espuma proveniente da mistura de água e sabão neutro foi

utilizada em cada conexão, desde a saída dos reguladores de pressão utilizados, até

as conexões com o maçarico de corte, onde a presença de um vazamento de gás

resultaria na formação de bolhas, fazendo que a conexão tivesse que ser reparada. O

teste de estanqueidade foi realizado em um primeiro momento na linha de oxigênio,

abrindo todas as válvulas de pressão até o maçarico de corte. Após verificar que não

havia vazamento na linha de oxigênio, as válvulas foram fechadas e a pressão na

linha, aliviada, de modo que o teste na linha de gás combustível fosse realizado. A

figura abaixo ilustra o teste de estanqueidade realizado nas conexões no maçarico de

corte.

50

Figura 37 - Teste de estanqueidade com espuma de sabão neutro

Com o teste de estanqueidade realizado, o procedimento experimental teve

seu início. O primeiro teste realizado foi com o gás acetileno. Para o corte em questão,

foi utilizado o bico de corte White Martins 3502 número 3, monobloco, convencional e

de três sedes foi utlizado. Os valores de pressão recomendados pelo fabricante do

bico de corte foram seguidos para ajustar a chama oxicombustível, de acordo com a

tabela abaixo:

Tabela 5 - Pressão padrão White Martins 3502 3

PRESSÃO

(kg/cm2)

Oxigênio Acetileno

3,5 0,3 - 0,4

Com o maçarico aceso, a chama foi regulada de maneira a obter uma chama

levemente oxidante. Com a chama regulada o processo de corte foi realizado.

51

Figura 38 - Montagem do procedimento experimental com acetileno

Para a realização dos corte com a mistura combustível proposta, após os corte

com o gás acetileno, foi aguardado um período de tempo para que a chapa de aço ao

carbono retornasse à temperatura ambiente, para reproduzir os cortes com as

mesmas condições. O bico de corte foi substituído por um bico da Koike 106 número

2, bipartido, convencional e de três sedes, projetado originalmente para o uso com

GLP. A escolha deste bico se deu pelo fato da mistura combustível utilizada ser

composta por gases mais parecidos com os gases do GLP, se comparado com os

outros gases combustíveis.

Tabela 6 - Pressão padrão Koike 106 2

PRESSÃO (kg/cm2)

Oxigênio Gás Comb.

3,0 0,25

Por questões de segurança, o teste de estanqueidade foi realizado na conexão

entre o regulador de pressão do cilindro que continha a mistura combustível e a

mangueira para gás combustível, única conexão alterada para a realização dos cortes

52

com a mistura proposta. Após realização do teste de estanqueidade, a chama oxidante

foi ajustada, de acordo com os parâmetros mostrados na tabela acima.

Figura 39 - Chama oxicombustível com Mistura combustível testada

Para cada corte realizado, os seguintes parâmetros foram medidos:

a) Tempo de pré-aquecimento do corpo de prova

b) Tempo total do processo de corte

c) Pressão e leitura no respectivo rotâmetro do combustível

d) Pressão e leitura no respectivo rotâmetro do oxigênio de pré-

aquecimento

e) Pressão e leitura no respectivo rotâmetro do oxigênio de corte

f) Comprimento do corte

53

Figura 40 - Painel de rotâmetros

Durante a realização de cada corte, o tempo de pré-aquecimento e o tempo

total do corte foram medidos, de modo que a velocidade de corte pudesse ser

calculada através da seguinte relação:

𝑉𝑒𝑙𝑜𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝐶𝑜𝑟𝑡𝑒 (𝑚𝑚

min) =

𝐶𝑜𝑚𝑝𝑟𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑑𝑜 𝐶𝑜𝑟𝑡𝑒

𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝐶𝑜𝑟𝑡𝑒 − 𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑑𝑒 𝑃𝑟é − 𝑎𝑞𝑢𝑒𝑐𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜

Através da vazão corrigida, obtida com o auxílio do software introduzido na

seção 2.7.3, o cálculo do consumo total de oxigênio e gás combustível pode ser

calculado através da seguinte equação:

𝐶𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑜 (𝑚3) = 𝑉𝑎𝑧ã𝑜 𝑐𝑜𝑟𝑟𝑖𝑔𝑖𝑑𝑎 (𝑚3

ℎ⁄ ) ∗ 𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑀𝑒𝑑𝑖𝑑𝑜 (ℎ)

Onde para o oxigênio de pré-aquecimento e para o gás combustível, o tempo

considerado foi o tempo total de corte, enquanto para o oxigênio de corte, foi

considerado apenas o tempo de corte, proveniente da subtração do tempo de pré-

aquecimento do tempo total de corte

Para comparar desempenho do gases combustíveis, foi utilizado o conceito de

razão ar combustível, que relaciona o consumo de oxigênio e gás combustível no

processo de corte térmico. Neste relatório, duas análises foram feitas a partir do

conceito de razão ar combustível. A primeira relaciona o consumo total de oxigênio e

gás combustível, como demonstrado abaixo:

54

𝑅𝑎𝑧ã𝑜𝐴𝑟

𝐶𝑜𝑚𝑏𝑢𝑠𝑡í𝑣𝑒𝑙=

𝐶𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑜 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑂2

𝐶𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑜 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝐺á𝑠 𝐶𝑜𝑚𝑏𝑢𝑠𝑡í𝑣𝑒𝑙

A segunda análise feita, relaciona o consumo de oxigênio e gás combustível no

procedimento de pré-aquecimento do corpo de prova a ser cortado, denominado razão

ar combustível na chama primária, obtido com a relação das vazões de oxigênio de

pré-aquecimento e gás combustível, visto que o tempo de préaquecimento é igual para

os dois, como demonstrado abaixo:

𝑅𝑎𝑧ã𝑜𝐴𝑟

𝐶𝑜𝑚𝑏𝑢𝑠𝑡í𝑣𝑒𝑙 𝑛𝑎 𝐶ℎ𝑎𝑚𝑎 𝑃𝑟𝑖𝑚á𝑟𝑖𝑎 =

𝑉𝑎𝑧ã𝑜 𝑑𝑒 𝑂2 𝑑𝑒 𝑃𝑟é − 𝐴𝑞𝑢𝑒𝑐𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜

𝑉𝑎𝑧ã𝑜 𝑑𝑒 𝐺á𝑠 𝐶𝑜𝑚𝑏𝑢𝑠𝑡í𝑣𝑒𝑙

Com o auxílio das relações mostradas acima, o desempenho do corte térmico

utilizando os dois gases combustíveis pôde ser comparado, como mostrado a seguir.

4. Resultados

Os dados obtidos nos testes realizados podem ser observados nas Tabelas A1,

A2, A3 e A4, no Apêndice A. De maneira a minimizar os erros no procedimento

experimental, a média dos valores foi utilizada, como pode ser vista nas tabelas

abaixo:

Tabela 7 a) Dados do processo de corte oxicombustível

Tabela 8 - b) Dados do processo de corte oxicombustível

CPBico de

corteNº Bico

Chapa

(mm)

Pressão

(Kgf/cm²)Rotâmetro

Leitura 1º

flutuador (mm)

Leitura 2º

flutuador (mm)

0,3 Comb. 8,2

3,2 O2 Pré 10

2,6 O2 Corte 37,5

0,4 Comb. 5

3,2 O2 Pré 13

2,6 O2 Corte 33

MISTURA

PROPOSTAKOIKE 106 2 3/4"

ACETILENO WM 3502 3 3/4"

CP

Tempo

Pré - Aquecimento

(s)

Tempo

Total (s)

Vazão

Corrigida Gás

(m³/h)

Comprimento

do Corte

(mm)

Velocidade de

Corte

(mm/min)

0,578

1,196

4,153

0,26065

1,554

3,655

300 390,67MISTURA

PROPOSTA9,88 55,955

300 409,81ACETILENO 7,1325 51,055

55

Tabela 9 - c) Dados do processo de corte oxicombustível

Os cortes realizados com os dois gases combustíveis resultaram em

superfícies de corte satisfatórias, com fácil remoção da escória resultante do processo

de corte, o que indica que a velocidade de corte, assim como a pressão do oxigênio de

corte, estavam regulados corretamente. Foi possível observar apenas uma pequena

zona com gotas fundidas do metal na parte superior da superfície de corte, devido à

ferrugem presente na superfície superior da chapa cortada. Abaixo é possível observar

a superfície de corte realizada com o acetileno e com a mistura proposta,

respectivamente.

Figura 41 - Superfície de corte utilizando acetileno

Figura 42 - Superfície de corte utilizando a mistura proposta

Para o cálculo dos valores médios de corte utilizando a mistura combustível

proposta, apenas os dois primeiros dos quatro cortes foram considerados. Isso se

deve ao fato de que, por falta de experiência do operador, no procedimento de pré-

aquecimento da chapa a chama ficou mal posicionada, acarretando em um maior

tempo de pré-aquecimento. Estes valores, que podem ser vistos nas tabelas A3 e A4,

acabariam mascarando o resultado médio do corte com a mistura proposta, por isto

foram desconsiderados. Para o cálculo da vazão corrigida da mistura combustível, foi

utilizada uma média ponderada da vazão, considerando todo o gás como propano ou

CP

Consumo

Total de O2

(m³)

Consumo Total de

Combustível (m³)

Razão

Ar/Combustível

Razão

Ar/Combustível

na chama

primária

0,0709 0,0044 16,2987 5,4815MISTURA

PROPOSTA

0,0676 0,0082 8,2505 2,0692ACETILENO

56

propileno, na entrada de dados do software de correção de vazão. Os valores de

vazão corrigida podem ser observados no apêndice B.

Conforme explicado na seção 3, durante a realização dos testes, apenas uma

saída de oxigênio estava disponível, fazendo com que a mesma fosse utilizada para o

oxigênio de pré-aquecimento e para o oxigênio de corte, utilizando um distribuidor de

gás, mostrado na Fig. 36. Foi observado que ao abrir a válvula do oxigênio de corte, o

flutuador do rotâmetro do gás combustível subia na escala, indicando um aumento de

vazão de gás combustível. A causa deste aumento de vazão pode estar relacionada

com a queda de pressão do oxigênio, que ocorre ao abrir a válvula de oxigênio de

corte.

É possível observar nas tabelas 6, 7 e 8 que o corte com o acetileno como gás

combustível, apresenta um menor tempo de pré-aquecimento, fator que já era

esperado, visto que o acetileno apresenta uma temperatura de chama mais alta que o

propano e o propileno, conforme ilustrado na tabela 2. O corte utilizando o acetileno

também apresentou uma velocidade de corte 5% acima da mistura combustível

proposta. Em relação ao consumo de oxigênio, o corte com acetileno apresentou um

consumo aproximadamente 4,7% inferior à mistura proposta, o que já era esperado,

visto que a combustão do acetileno demanda menos oxigênio do que a do propano e

do propileno. Em contrapartida o consumo de gás combustível ao realizar o corte com

o acetileno foi aproximadamente 88% superior ao corte com a mistura proposta, fato

que ajuda a sustentar a viabilidade financeira do uso da mistura proposta.

O valor calculado da razão ar combustível na chama primária para o acetileno,

indica que o ajuste da chama foi oxidante, visto que a relação da mistura ar

combustível para a chama neutra indicada na tabela 2, dá o valor de 1,1 para o

acetileno. O oxigênio restante para combustão completa do acetileno é proveniente da

atmosfera. Para a mistura combustível em avaliação, o valor calculado da razão ar

combustível na chama primária também indicou uma chama oxidante, visto que o valor

da relação ar combustível para a chama neutra para o propano e o propileno é de 5,0

e 3,1, respectivamente. No ajuste da chama para a mistura testada, o oxigênio

proveniente do oxigênio de pré aquecimento já se mostrou ser suficiente para a

combustão completa, indicando uma chama bastante oxidante nos cortes realizados.

A equação a seguir mostra a relação estequiométrica da mistura combustível

proposta:

0,65 𝐶3𝐻8 + 0,35 𝐶3𝐻6 + 4,825 𝑂2 → 3 𝐶𝑂2 + 3,65 𝐻2𝑂 + 𝐶𝐴𝐿𝑂𝑅

57

Os dados obtidos no procedimento experimental indicam a viabilidade técnica

da realização do processo de corte oxicombustível utilizando a mistura proposta. Para

a análise de viabilidade financeira do uso da mistura entre propano e propileno no

corte oxicombustível, foram considerados todos os custos do processo para realizar

um corte de 1 metro, em uma chapa de 19,05mm (3/4”) de espessura. O preço dos

gases utilizados, foi obtido com uma empresa fornecedora de gases industriais.

Tabela 10 - Custo dos gases utilizados

Custo dos Gases Utilizados

Oxigênio Industrial (R$/m3) R$ 2,45

Acetileno (R$/kg) R$ 20,20

Propano (R$/kg) R$ 16,00

Propileno (R$/kg) R$ 13,00

Para a obtenção do custo de um funcionário operador de corte oxicombustível,

uma indústria que utiliza o processo de corte foi consultada. Os valores foram

considerados de modo a encontrar um preço de equilíbrio entre o acetileno e a mistura

proposta, igualando o custo total do processo de corte de 1 metro. Os valores obtidos

de custo do operador podem ser observados na tabela abaixo.

Tabela 11 - Custo do operador de corte

Custo do Operador de Corte

Salário Médio do Operador R$ 1.800

Fator de Encargos 1,8

Horas Trabalhadas por Mês 176

Custo do Operador por Hora R$ 18,41

Foi considerado, para o estudo em questão, um salário médio de R$1.800,00

por mês, com um fator de encargos sociais de 1,8, que deve ser multiplicado ao

salário médio mensal. Foi considerada uma jornada de 8 horas de trabalho por dia,

com uma média de 22 dias úteis por mês. Deste modo um custo por hora pôde ser

calculado.

𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑑𝑜 𝑂𝑝𝑒𝑟𝑎𝑑𝑜𝑟 (𝑅$

ℎ) =

𝑆𝑎𝑙á𝑟𝑖𝑜 (𝑅$

𝑚ê𝑠) ∗ 𝐹𝑎𝑡𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝐸𝑛𝑐𝑎𝑟𝑔𝑜𝑠

𝐻𝑜𝑟𝑎𝑠 𝑇𝑟𝑎𝑏𝑎𝑙ℎ𝑎𝑑𝑎𝑠 𝑝𝑜𝑟 𝑚ê𝑠 (ℎ

𝑚ê𝑠)

Para o oxigênio industrial, foi obtido um preço médio nacional de R$2,45/m3.

Para o acetileno, comercializado em cilindros especiais, descritos na seção 2.2.2, foi

obtido um valor médio nacional de R$20,20/kg. Para o propano e o propileno,

58

comercializados na forma liquefeita, foram obtidos os valores de R$16,00 e R$13,00,

respectivamente. De modo a converter o valor do preço médio do acetileno para metro

cúbico, a densidade do gás a 15°C e 1bar foi utilizada, conforme a tabela 2. O custo

do corte de 1 metro utilizando o acetileno como gás combustível pode ser observado

na tabela abaixo:

Tabela 12 - Custo por metro cortado

Custo por Metro Cortado

Gás Combustível Acetileno Mistura Proposta

Consumo de Gás Combustível (m

3/m) 0,0273 0,0145

Consumo de Oxigênio (m3/m) 0,2254 0,2364

Tempo de corte (min/m) 2,8364 3,1086

Preço do Gás Combustível (R$/kg) R$ 20,2000 R$ 18,4108

Preço do Gás Combustível (R$/m3) R$ 22,0284 R$ 33,8746

Preço do Oxigênio (R$/m3) R$ 2,4500 R$ 2,4500

Preço do Operador (R$/min) R$ 0,3068 R$ 0,3068

Custo do Gás Combustível (R$/m) R$ 0,6019 R$ 0,4914

Custo do Oxigênio (R$/m) R$ 0,5523 R$ 0,5793

Custo do Operador (R$/m) R$ 0,8703 R$ 0,9538

Custo Total (R$/m) R$ 2,0245 R$ 2,0245

Para o cálculo do custo dos gases, a seguinte relação foi utilizada:

𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑑𝑜 𝑔á𝑠 (𝑅$

𝑚)

= 𝐶𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑜 𝑑𝑜 𝑔á𝑠 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑜 𝑐𝑜𝑟𝑡𝑒 𝑑𝑒 300𝑚𝑚(𝑚3) ∗1,0

0,3 𝑚

∗ 𝑃𝑟𝑒ç𝑜 𝑑𝑜 𝑔á𝑠 (𝑅$

𝑚3)

Para o cálculo do custo do operador, a seguinte relação foi utilizada:

𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑑𝑜 𝑂𝑝𝑒𝑟𝑎𝑑𝑜𝑟 (𝑅$

𝑚) =

𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑑𝑜 𝑂𝑝𝑒𝑟𝑎𝑑𝑜𝑟 (𝑅$ℎ

) ∗ 𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑑𝑜 𝑐𝑜𝑟𝑡𝑒 (𝑚𝑖𝑛

𝑚 )

60 (𝑚𝑖𝑛

ℎ)

A partir dos custos dos gases envolvidos e do operador de corte, o custo total

para realizar um corte de um metro pôde ser calculado:

59

𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 (𝑅$

𝑚)

= 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑑𝑜 𝐺á𝑠 𝐶𝑜𝑚𝑏𝑢𝑠𝑡í𝑣𝑒𝑙 (𝑅$

𝑚) + 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑑𝑜 𝐺á𝑠 𝐶𝑜𝑚𝑏𝑢𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒 (

𝑅$

𝑚)

+ 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑑𝑜 𝑂𝑝𝑒𝑟𝑎𝑑𝑜𝑟 (𝑅$

𝑚)

Para encontrar o preço de equilíbrio para a mistura testada, o custo total do

processo de corte foi considerado constante, e os custos envolvidos no processo,

foram calculados de acordo com os resultados obtidos no procedimento experimental.

A tabela abaixo demonstra o preço de equilíbrio encontrado para a mistura em

questão. Para o cálculo do preço de equilíbrio, a seguinte relação foi utilizada:

𝑃𝑟𝑒ç𝑜 𝑑𝑒 𝐸𝑞𝑢𝑖𝑙í𝑏𝑟𝑖𝑜 (𝑅$

𝑚3)

=𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 (

𝑅$𝑚

) − 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑑𝑜 𝐺á𝑠 𝐶𝑜𝑚𝑏𝑢𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒 (𝑅$𝑚

) − 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑑𝑜 𝑂𝑝𝑒𝑟𝑎𝑑𝑜𝑟(𝑅$𝑚

)

𝐶𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑜 𝑑𝑒 𝐺á𝑠 𝐶𝑜𝑚𝑏𝑢𝑠𝑡í𝑣𝑒𝑙 (𝑚3

𝑚)

O preço de equilíbrio indica que para qualquer valor abaixo de R$33,87,

aproximadamente, o corte utilizando a mistura combustível entre propano e propileno

é vantajosa para o processo.

Como os gases envolvidos na mistura são comercializados na forma liquefeita,

uma análise de reais por quilograma de mistura foi realizada. Para o cálculo da

densidade da mistura, foi levada em consideração o título de cada composto e a

densidade a 15°C e 1bar de cada composto.

𝐷𝑒𝑛𝑠𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑎 𝑀𝑖𝑠𝑡𝑢𝑟𝑎 (𝑚3

𝑘𝑔)

= 0,65 ∗ 𝐷𝑒𝑛𝑠𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑜 𝑃𝑟𝑜𝑝𝑎𝑛𝑜 (𝑚3

𝑘𝑔) + 0,35

∗ 𝐷𝑒𝑛𝑠𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑜 𝑃𝑟𝑜𝑝𝑖𝑙𝑒𝑛𝑜 (𝑚3

𝑘𝑔)

Tabela 13 - Preço de Equilíbrio da Mistura Proposta

Densidade da Mistura (m3/kg) 0,5435

Preço do Propano (R$/kg) R$ 16,00

Preço do Propileno (R$/kg) R$ 13,00

Preço da Mistura Combustível (R$/kg)

R$ 14,95

60

Preço de equilíbrio Gás Combustível (R$/m

3)

R$ 33,87

Preço de equilíbrio Gás Combustível (R$/kg)

R$ 18,41

O preço de equilíbrio está acima do preço médio de venda estipulado para a

mistura proposta. Desta maneira, a produção e distribuição da mistura combustível

proposta é viável, levando em consideração o preço de equilíbrio calculado a partir do

resultado do procedimento experimental.

Como os gases utilizados na mistura combustível proposta são provenientes da

indústria do petróleo, o preço do barril de petróleo interfere diretamente no preço o

qual a mistura pode ser comercializada. Ao analisar o preço do barril de petróleo crú

ao longo do último ano, é possível observar um aumento de 39,48% em janeiro de

2017 em relação a fevereiro de 2016 [21], como pode ser observado na figura abaixo:

Figura 43 - Variação do Preço do barril de petróleo cru em 01 ano [21]

Isto indica que caso o preço do barril continue aumentando, o preço de venda

da mistura proposta subirá, afetando a viabilidade econômica do estudo em questão.

5. Conclusão

O presente projeto analisou de maneira técnica, sob aspectos visuais e

operacionais, e financeira, analisando o custo total do processo de corte

oxicombustível, a utilização de uma mistura combustível composta por propano (65%)

61

e propileno (35%), comparando a mistura proposta com o acetileno, principal gás

utilizado no processo de corte oxicombustível no mercado brasileiro.

Sob o ponto de vista técnico, o corte com a mistura combustível mostrou

qualidade semelhante ao acetileno, com o tempo total de corte levemente superior e

consequentemente, velocidade de corte inferior. Vale ressaltar que o uso do

distribuidor de gases influenciou no processo de corte, aumentando a vazão do gás

combustível ao abrir a válvula do oxigênio de corte. Fica evidente que para otimização

do processo de corte, o uso de duas saídas independentes de oxigênio, uma para pré-

aquecimento e outra para corte, devem ser utilizadas. Outro ponto se dá no uso do

bico de corte para GLP, para o uso com a mistura proposta. As câmaras de mistura

entre o oxigênio e o gás combustível foram dimensionadas para o GLP, mistura

combustível com maior peso molecular e maior razão ar combustível. O

desenvolvimento de um bico de corte específico para a mistura em questão pode

acarretar em um menor consumo de gases, diminuindo o custo total do processo de

corte.

Sob o ponto de vista financeiro, o uso da mistura proposta se mostrou

vantajosa para um preço por quilograma inferior a R$18,41, visto que o preço de

venda por quilograma proposta para a mistura é de R$14,95. Este preço demonstra a

viabilidade de produção da mistura em questão. Apesar de ter um maior tempo de pré-

aquecimento, uma menor velocidade de corte e um maior consumo de oxigênio, foi

observado um consumo consideravelmente inferior de gás combustível ao realizar o

corte oxicombustível com a mistura proposta, quando comparado com o acetileno.

Outro fator positivo quanto ao uso da mistura é o fato da mesma ser composta por

dois gases que podem ser liquefeitos facilmente e armazenados em cilindros de baixa

pressão. Ao comercializar o produto na forma líquida, a quantidade de produto por

cilindro aumenta, reduzindo os custos de distribuição do gás.

62

Referências Bibliográficas

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63

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[20] White Martins Gases Industriais Ltda, Manual técnico MC-46, manual técnico,

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64

Apêndice A

Tabela A 1 - Dados do corte com acetileno

Tabela A 2 - Dados do corte com acetileno

Tabela A 3 - Dados do corte com a mistura combustível

CPBico de

corteNº Bico

Chapa

(mm)

Pressão

(Kgf/cm²)Rotâmetro

Leitura 1º flutuador

(mm)

Leitura 2º flutuador

(mm)

Tempo

Pré - Aquecimento

(s)

Tempo

Total (s)

Vazão Corrigida

Acetileno (m³/h)

0,3 Comb. 8,2 0,578

3,2 O2 Pré 10 1,196

2,6 O2 Corte 37,5 4,153

0,3 Comb. 8,2 0,578

3,2 O2 Pré 10 1,196

2,6 O2 Corte 37,5 4,153

0,3 Comb. 8,2 0,578

3,2 O2 Pré 10 1,196

2,6 O2 Corte 37,5 4,153

0,3 Comb. 8,2 0,578

3,2 O2 Pré 10 1,196

2,6 O2 Corte 37,5 4,153

0,3 Comb. 8,2 0,578

3,2 O2 Pré 10 1,196

2,6 O2 Corte 37,5 4,153

3

8,15

3/4"

3/4"

6,63 50,11

6,78 48,92

3

WM 3502

WM 3502

WM 3502

4

3 6,97 51,68

53,51WM 3502

3/4"

3/4"

1

2

3

3

MÉDIA WM 3502 3 3/4" 7,1325 51,055

CPComprimento do

Corte (mm)

Velocidade de

Corte (mm/min)

Consumo Total

de O2 (m³)

Consumo Total de

Combustível (m³)

Razão

Ar/Combustível

Razão

Ar/Combustível na

chama primária

2,0692

2,0692

2,0692

2,0692

2,0692

0,0080

0,0082

8,2585

8,2853

8,1600

8,3037

8,2505

0,0079

0,0083

0,0086

413,98 0,0668

427,15 0,0649

402,59 0,0687

396,83 0,0701

300

300

300

300

3

4

1

2

300 409,81 0,0676MÉDIA

CPBico de

corteNº Bico

Chapa

(mm)

Pressão

(Kgf/cm²)Rotâmetro

Leitura 1º flutuador

(mm)

Leitura 2º flutuador

(mm)

Tempo

Pré - Aquecimento

(s)

Tempo

Total (s)

0,4 Comb. 5

3,2 O2 Pré 13

2,6 O2 Corte 33

0,4 Comb. 5

3,2 O2 Pré 13

2,6 O2 Corte 33

0,4 Comb. 4,2

3,2 O2 Pré 13

2,6 O2 Corte 33

0,4 Comb. 4,2

3,2 O2 Pré 13

2,6 O2 Corte 33

0,4 Comb. 5

3,2 O2 Pré 13

2,6 O2 Corte 33

MÉDIA KOIKE 106 2 3/4" 9,88 55,955

65,328 KOIKE 106 2 3/4" 19,04

7 KOIKE 106 2 3/4" 18,13 60,36

54,156 KOIKE 106 2 3/4" 9,98

5 KOIKE 106 2 3/4" 9,78 57,76

65

Tabela A 4 - Dados do corte com a mistura combustível

Apêndice B

Figura B 1 - Resultado do software de correção de vazão

Figura B 2- Resultado do software de correção de vazão

CPVazão Corrigida

Propano (m³/h)

Vazão Corrigida

Propileno (m³/h)

Vazão Corrigida

Ponderada

(m³/h)

Comprimento do

Corte (mm)

Velocidade de

Corte (mm/min)

Consumo Total

de O2 (m³)

Consumo Total de

Combustível (m³)

Razão

Ar/Combustível

Razão

Ar/Combustível na

chama primária

0,28 0,29 0,2835

1,554 1,554 1,554

3,655 3,655 3,655

0,28 0,29 0,2835

1,554 1,554 1,554

3,655 3,655 3,655

0,235 0,243 0,2378

1,554 1,554 1,554

3,655 3,655 3,655

0,235 0,243 0,2378

1,554 1,554 1,554

3,655 3,655 3,655

0,28 0,29 0,2835

1,554 1,554 1,554

3,655 3,655 3,655

6,5349

6,5349

5,4815

5,4815

5,4815

300 390,67 0,0709 0,0044 16,2987MÉDIA

300 388,94 0,0752 0,0043 17,6324

300 426,24 0,0689 0,0039 17,4943

8

7

300 407,52 0,0682 0,0042 16,1978

300 375,16 0,0736 0,0045 16,3933

6

5

66

Figura B 3- Resultado do software de correção de vazão

Figura B 4- Resultado do software de correção de vazão

Figura B 5- Resultado do software de correção de vazão

67

Figura B 6- Resultado do software de correção de vazão

Figura B 7- Resultado do software de correção de vazão

Figura B 8- Resultado do software de correção de vazão