estudo sobre a viabilidade da operação de uma coluna de ... l... · avaliar a viabilidade de a...

48
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA QUÍMICA Estudo sobre a viabilidade da operação de uma coluna de destilação piloto com petróleo leve (coluna situada no LCP/EQA/UFSC e construída com ajuda financeira do PRH-34) Diogo Luiz de Oliveira Florianópolis, Março de 2009

Upload: lamngoc

Post on 25-Nov-2018

215 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Estudo sobre a viabilidade da operação de uma coluna de ... L... · Avaliar a viabilidade de a coluna destilar o petróleo escolhido 3. Por meio dos parâmetros encontrados nas

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA QUÍMICA

Estudo sobre a viabilidade da operação de

uma coluna de destilação piloto com petróleo leve (coluna situada no

LCP/EQA/UFSC e construída com ajuda financeira do PRH-34)

Diogo Luiz de Oliveira

Florianópolis, Março de 2009

Page 2: Estudo sobre a viabilidade da operação de uma coluna de ... L... · Avaliar a viabilidade de a coluna destilar o petróleo escolhido 3. Por meio dos parâmetros encontrados nas

1

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO TECNOLÓGICO

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUIMICA E ENGENHARIA DE ALIMENTOS COORDENADORIA DE ESTÁGIO/EQA

FICHA DE AVALIAÇÃO DE RELATÓRIO DE ESTÁGIO

1. DADOS DO ESTAGIÁRIO Nome: Diogo Luiz de Oliveira N°. Matrícula: 03246116 Curso: Engenharia Química Departamento: Departamento de Engenharia Química e Engenharia de Alimentos 2. DADOS DO ESTÁGIO Período: 01/10/2008 a 31/01/2009 Duração: ................. Horas: ................... Atividades Envolvidas:

1. Simular a coluna de destilação situada no LCP/EQA/UFSC operando com o petróleo Merluza utilizando o software comercial Hysys®.

2. Avaliar a viabilidade de a coluna destilar o petróleo escolhido 3. Por meio dos parâmetros encontrados nas simulações, fazer um estudo das modificações

que devem ser realizadas para que a coluna possa operar com o petróleo pré-determinado.

Supervisor de Estágio na Empresa: Ariovaldo Bolzan 3. DADOS DA EMPRESA Empresa: Laboratório de Controle de Processos Endereço: Campus universitário Caixa Postal 476, Bairro: Trindade Fone: (48) 33319554 Cidade: Florianópolis Estado: SC Ramo de Atividade: Controle de processos 4. AVALIAÇÃO Conceito (00 - 10) .......................................... Supervisor da UFSC (Nome Completo): ............................................................................ Assinatura do Supervisor da UFSC: ................................................................................... Coordenador de Estágios (Nome Completo): ..................................................................... Enquadramento concedido: ( ) Curricular Obrigatório ( ) Não-Obrigatório Florianópolis,...............de............................................de..................

Page 3: Estudo sobre a viabilidade da operação de uma coluna de ... L... · Avaliar a viabilidade de a coluna destilar o petróleo escolhido 3. Por meio dos parâmetros encontrados nas

2

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO TECNOLÓGICO

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUIMICA E ENGENHARIA DE ALIMENTOS COORDENADORIA DE ESTÁGIO/EQA

AVALIAÇÃO DO ESTÁGIO (Para uso do Supervisor)

1. IDENTIFICAÇÃO: Nome: Diogo Luiz de Oliveira N° de Matrícula: 03246116 Fase: 10 Curso: Engenharia Química Coordenador de Estágios: José Antônio Mossmann Nome do Supervisor: Ariovaldo Bolzan Local do Estágio: Laboratório de Controle de Processos Endereço: Campus universitário Caixa Postal 476, Bairro: Trindade Fone: (48) 33319554 Cidade: Florianópolis Estado: SC 2. AVALIAÇÃO (Nota de 01 a 10) Conhecimentos Gerais: ................................................. Conhecimentos específicos: .......................................... Assiduidade: .................................................................. Criatividade: .................................................................. Responsabilidade: .......................................................... Iniciativa: ....................................................................... Disciplina: ...................................................................... Sociabilidade: ................................................................. Média: ............................................................................ Outras Observações: .................................................................................................................................................................................................................... ............................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................ Data da Avaliação: ........../............./............. .................................................................................... Assinatura do Supervisor

Page 4: Estudo sobre a viabilidade da operação de uma coluna de ... L... · Avaliar a viabilidade de a coluna destilar o petróleo escolhido 3. Por meio dos parâmetros encontrados nas

3

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO TECNOLÓGICO - CTC

DEPARTAMENTO DE ENG. QUÍMICA E ENG. DE ALIMENTOS - EQA PROFESSOR ORIENTADOR: Ariovaldo Bolzan

ESTAGIÁRIO (A): Diogo Luiz de Oliveira

Estudo sobre a viabilidade da operação de uma coluna de destilação piloto com petróleo leve (coluna situada no

LCP/EQA/UFSC e construída com ajuda financeira do PRH-34)

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR I

EMPRESA: Laboratório de Controle de Processos PERÍODO DE REALIZAÇÃO: Outubro de 2008 a Janeiro de 2009 TOTAL DE HORAS: 720 NOME DO (A) SUPERVISOR (A): Ariovaldo Bolzan FUNÇÃO: Professor FORMAÇÃO PROFISSIONAL: Engenheiro Químico

Page 5: Estudo sobre a viabilidade da operação de uma coluna de ... L... · Avaliar a viabilidade de a coluna destilar o petróleo escolhido 3. Por meio dos parâmetros encontrados nas

4

Florianópolis Março de 2009

AGRADECIMENTOS

Ao Laboratório de Controle de Processos e à Fundação de Ensino de

Engenharia em Santa Catarina, por ter me oferecido a oportunidade de realizar o

estágio e ao suporte oferecido ao longo deste período.

Aos professores Ariovaldo Bolzan e Ricardo Antonio Francisco Machado pelo

apoio e idéias que contribuíram para o desenvolvimento do trabalho.

Aos colegas de trabalho, Ana Paula Menegelo, Cintia Marangoni, Iaçanã

Parisotto, Joel Teleken e Leandro Werle, pelas sugestões feitas ao longo do estágio e,

principalmente, pelo convívio e amizade.

A todos os colegas do LCP pela ajuda e atenção que me deram e pelas dúvidas

esclarecidas.

Aos meus pais, Edison e Maria de Fátima de Oliveira, por todo suporte e apoio

durante toda a minha formação.

A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombusííveis (ANP) e a

Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), pelo o apoio financeiro fornecido através

do Programa de Recursos Humanos da ANP para o Setor do Petróleo e Gás (PRH-34

ANP/MCT).

Page 6: Estudo sobre a viabilidade da operação de uma coluna de ... L... · Avaliar a viabilidade de a coluna destilar o petróleo escolhido 3. Por meio dos parâmetros encontrados nas

5

ÍNDICE

���������RELATÓRIO DE ESTÁGIO................................................. Erro! Indicador não definido.�Laboratório de Controle de Processos.................................... Erro! Indicador não definido.�AGRADECIMENTOS............................................................................................................4�

ÍNDICE ...................................................................................................................................5�

LISTA DE FIGURAS .............................................................................................................7�

1.� DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO.............................................................................8�

1.1� A FEESC ..........................................................................................................................8�

1.2� Departamento de Eng. Química e Eng. De Alimentos ...................................................10�

1.3� Laboratório de Controle de Processos ............................................................................11�

2.� OBJETIVOS..........................................................................................................................14�

3.� O PETRÓLEO.......................................................................................................................15�

3.1� Origem e composição química .......................................................................................15�

3.2� As reservas de petróleo...................................................................................................16�

3.3� Refino .............................................................................................................................16�

3.4� Processos de Refino........................................................................................................17�

3.4.1� Destilação Atmosférica e Destilação a Vácuo ............................................................17�

3.4.2� Craqueamento .............................................................................................................17�

3.4.3� Polimerização..............................................................................................................18�

3.4.4� Alquilação ...................................................................................................................18�

3.4.5� Dessulfurização...........................................................................................................18�

3.4.6� Dessalinização e Desidratação ....................................................................................18�

3.4.7� Hidrogenação ..............................................................................................................19�

3.5� Produtos Derivados do Petróleo .....................................................................................19�

4.� DESTILAÇÃO......................................................................................................................21�

4.1� Métodos de Destilação....................................................................................................22�

4.2� Colunas de Destilação ....................................................................................................24�

Page 7: Estudo sobre a viabilidade da operação de uma coluna de ... L... · Avaliar a viabilidade de a coluna destilar o petróleo escolhido 3. Por meio dos parâmetros encontrados nas

6

4.3� Estrutura Interna .............................................................................................................26�

4.4� Transferência de Massa ..................................................................................................27�

4.5� Restrições........................................................................................................................27�

4.5.1� Restrições hidráulicas .................................................................................................27�

4.5.2� Restrições na separação ..............................................................................................28�

4.5.3� Restrições na transferência de calor............................................................................28�

4.5.4� Restrições de temperatura e pressão ...........................................................................28�

4.6� Destilação aplicada ao setor petroquímico .....................................................................29�

5.� DESCRIÇÃO DA COLUNA DE DESTILAÇÃO PILOTO ................................................30�

6.� ATIVIDADES DESENVOLVIDAS ....................................................................................34�

6.1� Validação das Simulações ..............................................................................................34�

6.2� Simulações com Petróleo................................................................................................38�

6.2.1� Caracterização do Óleo ...............................................................................................38�

6.2.2� Simulações ..................................................................................................................39�

6.2.3� Informações e Resultados das Simulações .................................................................40�

6.3� Modificações da Unidade ...............................................................................................43�

7.� CONCLUSÕES.....................................................................................................................45�

BIBLIOGRAFIA...........................................................................................................................46�

Page 8: Estudo sobre a viabilidade da operação de uma coluna de ... L... · Avaliar a viabilidade de a coluna destilar o petróleo escolhido 3. Por meio dos parâmetros encontrados nas

7

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Fracionamento do petróleo e seus subprodutos ...............................................................1�Figura 2: Montagem de laboratório para destilação diferencial....................................................23�Figura 3: Esquema de uma destilação Flash .................................................................................23�Figura 4: Esquema de uma coluna de destilação simples .............................................................25�Figura 5: Esquema do funcionamento dos pratos numa coluna de destilação ..............................26�Figura 6: Unidade piloto ...............................................................................................................30�Figura 7: Prato perfurado existente em cada módulo....................................................................31�Figura 8: Vista superior dos módulos com detalhamento do prato (a) Com resistência elétrica, (b) Convencional.................................................................................................................................31�Figura 9: Trocador de calor utilizado no refervedor da coluna de destilação. ..............................32�Figura 10: Parte superior da unidade com vista interna do condensador e externa deste equipamento e do acumulador.......................................................................................................33�Figura 11: Sensor de temperatura utilizado...................................................................................33�Figura 12: Tela do software Hysys® utilizado para realizar as simulações do processo. ............34�Figura 13: Perfil de Temperatura - Simulação etanol/água...........................................................36�Figura 14: : Perfil de Temperatura - Experimental etanol/água....................................................36�Figura 15: Caracterização do petróleo utilizado ...........................................................................38�Figura 16: Visualização do PFD – Hysys .....................................................................................39�Figura 17: Composição PEV do produto de topo .........................................................................41�Figura 18: Perfil de Temperatura da simulação com petróleo ......................................................42�Figura 19: Vista atual da Coluna de Destilação ............................................................................43�

Page 9: Estudo sobre a viabilidade da operação de uma coluna de ... L... · Avaliar a viabilidade de a coluna destilar o petróleo escolhido 3. Por meio dos parâmetros encontrados nas

8

1. ��� ����������������� ������

1.1 �����

A Fundação de Ensino de Engenharia em Santa Catarina – FEESC surgiu

através da parceria entre a CELESC – Centrais Elétricas de Santa Catarina S/A, com a

UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina, ELETROBRÁS – Centrais Elétricas

Brasileiras S/A e ELETROSUL – Centrais Elétricas do Sul do Brasil S/A, para se

estabelecer junto à Escola de Engenharia Industrial (atual Centro Tecnológico da

Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC).

A FEESC foi reconhecida como instituição de Utilidade Pública , através da Lei

4.294 de 07/04/69, publicado no Diário Oficial do Estado nº 2.747 de 05/05/69. Dez

anos depois, celebrou-se o convenio com a UFSC, visando à implantação de uma

livraria e papelaria no Campus Universitário, que passou a operar com a denominação

comercial de LIVRARIA CONVIVÊNCIA.

Page 10: Estudo sobre a viabilidade da operação de uma coluna de ... L... · Avaliar a viabilidade de a coluna destilar o petróleo escolhido 3. Por meio dos parâmetros encontrados nas

9

Disposta a responder aos desafios da era do conhecimento, a FEESC oferece

soluções apropriadas às necessidades das organizações, sejam elas públicas ou

privadas, propiciando, através de sua atuação, uma efetiva interação Universidade-

Empresa.

Para isso possui como objetivos:

1. Captar e gerir projetos de pesquisa, ensino e extensão, no âmbito da UFSC,

prioritariamente nas áreas de atuação do Centro Tecnológico da UFSC.

2. Estimular e promover a realização de estudos, pesquisas e programas de

capacitação, a consultoria técnica de alto nível e a prestação de serviços

técnicos.

3. Promover a criação e manutenção de cursos de formação, atualização,

aperfeiçoamento e pós-graduação.

4. Promover a integração ao mercado de trabalho de alunos de instituições de

ensino médio e superior.

5. Conceder bolsas de estudo, pesquisa e extensão, destinadas a alunos e

servidores de instituições de ensino e pesquisa, nos termos da legislação em

vigor.

6. Colaborar com outras áreas da Universidade, em casos especiais, no apoio as

atividades de ensino, cultura, pesquisa e extensão.

A FEESC tem como missão promover o desenvolvimento científico, tecnológico,

econômico e social, por meio da pesquisa, do ensino e da transferência de

conhecimento.

Assim, determinada a responder aos desafios da era do conhecimento, por meio da

busca de soluções tecnológicas apropriadas às necessidades de entidades públicas ou

privadas, a FEESC promove a realização de pesquisas e estudos aprofundados, a

consultoria técnica de alto nível e a capacitação de recursos humanos. Fundamentada

na excelência da Universidade Federal de Santa Catarina, especialmente do Centro

Tecnológico, a Fundação tem levado à sociedade brasileira o que de melhor é

desenvolvido nos laboratórios universitários, nas áreas de engenharia, arquitetura e

urbanismo, ciências da computação e estatística.

Page 11: Estudo sobre a viabilidade da operação de uma coluna de ... L... · Avaliar a viabilidade de a coluna destilar o petróleo escolhido 3. Por meio dos parâmetros encontrados nas

10

Estas áreas formam uma comunidade acadêmica reconhecida pela alta qualidade

do ensino, das pesquisas e pela capacidade de promover intercâmbios e convênios,

levando a universidade a derrubar fronteiras.

��� ������� ������������� !� "#�����������$"� ����%��

O Departamento de Engenharia Química e Engenharia de Alimentos (EQA) foi

criado pela portaria 700/83 de 20/12/83. As bases para seu surgimento se iniciaram em

1979 com a admissão das primeiras turmas de Engenharia Química (março/79) e

Engenharia de Alimentos (agosto/79). O período compreendido entre 1980 e 1984 se

caracterizou pelos trabalhos de estruturação dos cursos. Desde sua criação, o EQA fez

a opção da contratação do maior numero possível de docentes em tempo integral e

dedicação exclusiva.

Hierarquicamente, o Departamento de Engenharia Química e Engenharia de

Alimentos está vinculado ao Centro Tecnológico que é uma das doze unidades

universitárias que compõem a UFSC. O departamento compreende dois cursos de

graduação (Engenharia Química e Engenharia de Alimentos) e quatro de pós-

graduação (Mestrado em Engenharia Química e em Engenharia de Alimentos e

Doutorado em Engenharia Química e Engenharia de Alimentos).

O curso de Pós-Graduação em Engenharia Química tem como área de

concentração o desenvolvimento de processos químicos e biotecnológicos e foi criado

com o objetivo de formar docentes, pesquisadores e profissionais, altamente

qualificados, capazes de contribuir para o desenvolvimento e criação de novas

tecnologias adequadas à realidade do país. O programa conta com seis linhas de

pesquisa, listadas a seguir:

1. Engenharia de Reações Químicas e Desenvolvimento de Materiais;

2. Engenharia Genômica e Biomédica;

3. Fenômenos de Transporte e Meios Porosos;

4. Modelagem, Otimização e Controle de Processos;

5. Processos Biotecnológicos;

6. Termodinâmica e Processos de Separação;

Page 12: Estudo sobre a viabilidade da operação de uma coluna de ... L... · Avaliar a viabilidade de a coluna destilar o petróleo escolhido 3. Por meio dos parâmetros encontrados nas

11

O Programa da Pós-Graduação em Engenharia de Alimentos abrange os

seguintes temas de pesquisa:

1. Desenvolvimento, Otimização e Controle de Processos;

2. Produção de Aroma e Polímeros por Via Biotecnológica;

3. Desenvolvimento de Tecnologias Limpas;

4. Transferência de Calor e Massa Aplicada;

5. Reologia e Propriedades Físicas de Alimentos;

6. Secagem e Desidratação de Alimentos;

7. Resfriamento e Congelamento de Alimentos;

8. Processos de Separação com Membranas;

9. Extração Supercrítica de Produtos Naturais;

10. Desenvolvimento de Biofilmes de Amido e Proteínas;

11. Desenvolvimento de Novos Produtos;

A missão do EQA consiste em promover o desenvolvimento cientifico e

tecnológico da Engenharia Química e Engenharia de Alimentos e a função social do

engenheiro, através do ensino, pesquisa e extensão, buscando suprir as demandas da

sociedade e a melhoria da qualidade de vida.

��& ��'����(�"�����������$�����)��#�%%�%�

O LCP surgiu como uma necessidade natural para atender, inicialmente, a

formação dos alunos de graduação dos cursos de Engenharia de Alimentos e

Engenharia Química. Atualmente o LCP atende alunos de diversos programas de

graduação e pós-graduação da UFSC em função do seu caráter multidisciplinar.

O Laboratório de Controle de Processos foi fundado em 1987 no então

Departamento de Engenharia Química – ENQ, atual Departamento de Engenharia

Química e Engenharia de Alimentos – EQA – por iniciativa do Prof. Ariovaldo Bolzan –

em função de seus trabalhos de doutorado junto ao Programa de Pós-Graduação em

Engenharia Química – PEQ da Coordenação dos Programas de Pós-Graduação em

Engenharia – COPPE – da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ.

Em 1996, o Prof. Ricardo Antonio F. Machado, então doutorando do Programa

de Engenharia Química da COPPE/UFRJ, ingressa na UFSC como professor do

Page 13: Estudo sobre a viabilidade da operação de uma coluna de ... L... · Avaliar a viabilidade de a coluna destilar o petróleo escolhido 3. Por meio dos parâmetros encontrados nas

12

quadro permanente. Em 1997 o Prof. Nestor Roquero, então professor do

Departamento de Engenharia Química da Escola de Química da UFRJ, solicita

transferência para a UFSC, a qual é concedida no mesmo ano. Ambos passam a atuar

junto ao LCP.

Desde então, com um maior número de professores pesquisadores do quadro

permanente da UFSC, o LCP vêm colaborando e participando do desenvolvimento

cientifico e tecnológico em diversas áreas de conhecimento. Atualmente atuam no

laboratório os professores Dr. Ariovaldo Bolzan, Dra. Claudia Sayer, Dra. Mara

Gabriela Novy Quadri, Dr. Marintho Bastos Quadri, Dr. Pedro Henrique Hermes de

Araújo e Dr. Ricardo Antonio Francisco Machados

Os objetivos do LCP podem ser definidos como: “Gerar competência e bases de

conhecimento no desenvolvimento, otimização, implantação e controle de processos

com o propósito de desenvolver soluções e inovações tecnológicas (produtos e

serviços) que representem vantagens competitivas para nossos parceiros e, ao mesmo

tempo, formar alunos de graduação e pós-graduação altamente qualificados para o

mercado de trabalho e instituições de ensino e pesquisa.”

O LCP dispõe de recursos tecnológicos computacionais avançados,

equipamentos para análises físico-químicas e várias plantas piloto para

desenvolvimento e testes de estratégias de controle e também de processos e

produtos.

Buscando uma melhor estruturação de suas atividades, foram estabelecidas

cinco divisões de trabalho no grupo de pesquisa, que seguem listadas abaixo:

1. Divisão química e de processos de polimerização, que dispõe de uma

estrutura completa para análise em bancada, além de equipamentos

específicos para caracterização de polímeros;

2. Divisão de processos piloto e de produtos acabados, que dispõe dos

principais processos e equipamentos de uma planta de processos químicos,

todos operando com sistemas de supervisão e controle;

3. Divisão de engenharia de software, tratamento de sinais, aquisição de dados,

controle e otimização, possuindo suporte computacional avançado e software

comerciais de simulação de processos e supervisão de plantas;

Page 14: Estudo sobre a viabilidade da operação de uma coluna de ... L... · Avaliar a viabilidade de a coluna destilar o petróleo escolhido 3. Por meio dos parâmetros encontrados nas

13

4. Divisão de soluções e produtos para a indústria de petróleo e gás natural,

dispondo de uma estrutura para a análise em interface água-óleo e

destilação;

5. Divisão de processos de extração e fracionamento em meio supercrítico,

contendo uma planta completa para extração de óleos essenciais.

Estas dependências são divididas em:

1. Sala de reuniões;

2. Laboratório Químico;

3. Planta piloto (contendo os principais processos e equipamentos de uma

planta de processos químicos, todos operando com sistemas de supervisão e

controle de processos);

4. Unidade de supervisão e controle;

5. Unidade de extração e fracionamento em meio supercrítico;

6. Estações de trabalho;

7. Casa das bombas;

8. Central de ar comprimido e de geração de vapor

9. Unidade piloto de destilação;

O LCP sedia o Grupo de Automatização, Otimização e Controle de Processos e

também compõe o Grupo de Extração Supercrítica - GET.

No ano de 2001, em uma parceria com o Departamento de Automação e

Sistemas e com o Laboratório de Metrologia do Departamento de Engenharia

Mecânica, mantém um programa de formação de recursos humanos nas áreas de

petróleo e gás natural financiado pela Agência Nacional de Petróleo. O programa

oferece bolsas de pós-graduação (mestrado e doutorado) e de iniciação científica

formando profissionais com uma forte ênfase em petróleo e gás natural.

O grupo de colaboradores que desenvolve atividades junto às suas

dependências é composto por alunos de graduação, pós-graduação e professores da

UFSC. Atualmente o laboratório conta com mais de 70 profissionais desenvolvendo

trabalhos nas mais diversas áreas.

Page 15: Estudo sobre a viabilidade da operação de uma coluna de ... L... · Avaliar a viabilidade de a coluna destilar o petróleo escolhido 3. Por meio dos parâmetros encontrados nas

14

A simbologia utilizada pelo LCP representa a formação de profissionais

baseados em um sólido conhecimento fenomenológico que os leva à compreensão dos

fenômenos básicos até a obtenção de uma formação diferenciada, porém com uma

ampla visão de mercado tornando-se habilitados a atuar em diversas áreas com grande

competência, desenvoltura e seriedade.

�� �*+� ,��������

O objetivo principal do estágio é, através de simulações computacionais,

verificar a viabilidade da coluna de destilação piloto situada no LCP/EQA/UFSC

operar destilando um petróleo leve de origem brasileira.

Os objetivos específicos são:

• Simular a coluna de destilação operando com um petróleo leve de origem

brasileira utilizando o software comercial Hysys®.

• Avaliar a viabilidade de a coluna destilar o petróleo escolhido.

• Por meio dos parâmetros encontrados nas simulações, fazer um estudo das

modificações que devem ser realizadas para que a coluna possa operar com o

petróleo pré-determinado.

Page 16: Estudo sobre a viabilidade da operação de uma coluna de ... L... · Avaliar a viabilidade de a coluna destilar o petróleo escolhido 3. Por meio dos parâmetros encontrados nas

15

Este estágio foi realizado na área de petróleo e gás, através do desenvolvimento

de simulações computacionais utilizando o software comercial Hysys® e também

através de atividades na unidade experimental piloto de destilação, situada no

Laboratório de Controle de Processos do Departamento de Engenharia Química e

Engenharia de Alimentos da Universidade Federal de Santa Catarina.

&� ��)��-�������

&�� ��"��� ���#�� ��%"./��0 !� "#��

O petróleo é uma substância oleosa, inflamável, geralmente menos densa que a

água, com cheiro característico e coloração que pode variar desde incolor ou castanho

claro até preto. Em sua forma bruta é um combustível fóssil formado pelo processo de

decomposição de matéria orgânica, restos vegetais, algas, alguns tipos de plâncton e

restos de animais marinhos.

O petróleo bruto é o ponto de partida para muitas substâncias diferentes porque

contém hidrocarbonetos, na sua maioria alifáticos, alicíclicos e aromáticos. Também

pode conter quantidades pequenas de nitrogênio, oxigênio, compostos de enxofre e

íons metálicos, principalmente de níquel e vanádio.

Duas características são importantes nos hidrocarbonetos:

Page 17: Estudo sobre a viabilidade da operação de uma coluna de ... L... · Avaliar a viabilidade de a coluna destilar o petróleo escolhido 3. Por meio dos parâmetros encontrados nas

16

• Contêm muita energia. Muitos dos produtos derivados de petróleo bruto

como a gasolina, óleo diesel, parafina sólida e assim por diante são úteis

graças a essa energia;

• Podem ter formas diferentes. O menor hidrocarboneto é o metano (CH4), um

gás mais leve que o ar. Cadeias mais longas contêm cinco carbonos ou mais

e são líquidos; já nas cadeias muito longas há hidrocarbonetos sólidos, como

a cera. Ao ligar quimicamente cadeias de hidrocarbonetos artificialmente,

obtemos vários produtos, que vão da borracha sintética até o náilon.

O petróleo é um recurso natural abundante, porém sua pesquisa envolve

elevados custos e complexidade de estudos. É também atualmente a principal fonte de

energia. Serve como base para fabricação dos mais variados produtos, dentre os quais

destacam-se: benzinas, óleo diesel, gasolina, alcatrão, polímeros plásticos e até

mesmo medicamentos. Já provocou muitas guerras, e é a principal fonte de renda de

muitos países, sobretudo no Oriente Médio.

&�� �%���%��1�%��������($���

Certas condições geológicas especiais determinaram a distribuição do petróleo

em nosso planeta de maneira não-homogênea. Existem no mundo algumas áreas que

reuniram características excepcionais da natureza que permitiram o aparecimento do

petróleo. O melhor exemplo disso é o Oriente Médio. Lá estão cerca de 70% das

reservas mundiais de óleo e 36% das reservas de gás natural. No Brasil, cerca de 85%

das reservas estão localizadas na bacia de Campos, no estado do Rio de Janeiro.

&�& ��2"���

O óleo cru extraído do poço não tem aplicação direta. A sua utilização ocorre por

meio de seus derivados. Para que isso ocorra, o petróleo é fracionado em seus

diversos componentes através do refino ou destilação fracionada. Este processo

aproveita os diferentes pontos de ebulição das substâncias que compõem o petróleo,

separando-as e convertendo em produtos finais.

Page 18: Estudo sobre a viabilidade da operação de uma coluna de ... L... · Avaliar a viabilidade de a coluna destilar o petróleo escolhido 3. Por meio dos parâmetros encontrados nas

17

Conhecer a qualidade do petróleo que vai ser destilado é imprescindível para os

processos de refino, porque, dependendo da sua composição química e do seu

aspecto, serão produzidos tipos distintos de derivados em proporções diferentes.

Petróleo mais leve produz maior volume de gasolina, GLP e naftas (produtos leves);

qualidades mais pesadas produzem mais óleos combustíveis e asfaltos; tipos com

densidade intermediária produzem derivados médios, como o óleo diesel e o

querosene, por exemplo.

&�3 )��#�%%�%������2"���

Os processos normalmente empregados nas refinarias modernas para o

processamento do petróleo (óleo cru) são: destilação, cracking ou craqueamento,

polimerização, alquilação, dessulfurização, dessalinização, desidratação e

hidrogenação.

&�3�� �%�"$�./����� �%24�"#�����%�"$�./����,5# ��

O petróleo, proveniente dos tanques de armazenamento, é pré-aquecido e

introduzido numa torre de destilação atmosférica. Os derivados deste fracionamento

são, principalmente, gás, GLP, nafta, gasolina, querosene, óleo diesel e resíduo

atmosférico. Tais frações, retiradas ao longo da coluna em seus vários estágios de

separação, deverão ser tratadas, para se transformarem em produtos finais, ou ser

enviadas como matéria-prima para outros processos de refino, que as beneficiarão.

O resíduo atmosférico, fração mais pesada obtida no fundo da torre de

destilação atmosférica, após novo aquecimento, é submetido a um segundo

fracionamento, agora sob vácuo, no qual são gerados cortes de gasóleos e um resíduo

de vácuo, conhecido como óleo combustível.

&�3�� ���0 ��� �����

Como a produção de petróleo não crescia no mesmo ritmo do mercado

consumidor, foram realizados estudos no sentido de melhor aproveitamento dos

Page 19: Estudo sobre a viabilidade da operação de uma coluna de ... L... · Avaliar a viabilidade de a coluna destilar o petróleo escolhido 3. Por meio dos parâmetros encontrados nas

18

resíduos, levando a indústria ao craqueamento. Este processo quebra as moléculas de

hidrocarbonetos pesados, convertendo-as em gasolina e outros destilados com maior

valor comercial.

Os dois principais tipos são o craqueamento térmico e o catalítico. O térmico

utiliza calor e altas pressões para efetuar a conversão de moléculas grandes em outras

menores e o catalítico utiliza um catalisador que é uma substância que facilita essa

conversão, porém em condições de pressão mais reduzidas. Os catalisadores mais

usados são: platina, alumina, bentanina ou sílica.

&�3�& )�$"� ��"6�./��

Neste processo ocorre a combinação entre moléculas de hidrocarbonetos mais

leves do que a gasolina com moléculas de hidrocarboneto de densidades semelhante.

O processo tem como objetivo produzir gasolina com alto teor de octano

(hidrocarboneto com oito carbonos), que possui elevado valor comercial.

&�3�3 �$0 "$�./��

Assim como no processo de polimerização, há conversão de moléculas

pequenas de hidrocarbonetos em moléculas mais longas, porém difere da

polimerização porque neste processo pode haver combinação de moléculas diferentes

entre si.

A gasolina obtida por meio da alquilação geralmente apresenta um alto teor de

octanagem, sendo de grande importância na produção de gasolina para aviação.

&�3�7 �%% $2 �"6�./��

Processo utilizado para retirar compostos de enxofre do óleo cru, tais como: gás

sulfídrico, mercaptanas, sulfetos e dissulfetos. Este processo melhora a qualidade

desejada para o produto final.

&�3�8 �%%�$"�"6�./�����%"�����./��

Estes processos removem sal e água do óleo cru. Por meio dele o óleo é

aquecido e recebe um catalisador. A massa resultante é decantada ou filtrada para

retirar a água e o sal contidos no óleo.

Page 20: Estudo sobre a viabilidade da operação de uma coluna de ... L... · Avaliar a viabilidade de a coluna destilar o petróleo escolhido 3. Por meio dos parâmetros encontrados nas

19

&�3�9 :"�������./��

Processo desenvolvido para a transformação de carvão em gasolina. Por meio

deste processo, as frações do petróleo são submetidas a altas pressões de hidrogênio

e temperaturas elevadas, em presença de catalisadores.

&�7 )��� ��%���"1���%����)���($���

Os derivados do petróleo são obtidos em processos básicos de refinação:

destilação atmosférica e a vácuo. Tanto são originados produtos acabados quanto

componentes que entrarão na transformação e acabamento de outros. Os seguintes

produtos são obtidos a partir do petróleo bruto:

Gás de petróleo: usado para aquecer, cozinhar, fabricar plásticos

• Alcanos com cadeias curtas (de 1 a 4 átomos de carbono);

• Normalmente conhecidos pelos nomes de metano, etano, propano, butano ;

• Faixa de ebulição: menos de 40°C;

• São liquefeitos sob pressão para criar o GLP (gás liquefeito de petróleo);

Nafta: intermediário que irá passar por mais processamento para produzir

gasolina.

• Mistura de alcanos de 5 a 9 átomos de carbono;

• Faixa de ebulição: de 60 a 100°C;

Gasolina: combustível de motores.

• Líquido;

• Mistura de alcanos e cicloalcanos (de 5 a 12 átomos de carbono);

• Faixa de ebulição: de 40 a 205°C;

Querosene: combustível para motores de jatos e tratores, além de ser material

inicial para a fabricação de outros produtos.

• Líquido;

• Mistura de alcanos (de 10 a 18 carbonos) e aromáticos;

• Faixa de ebulição: de 175 a 325°C;

Page 21: Estudo sobre a viabilidade da operação de uma coluna de ... L... · Avaliar a viabilidade de a coluna destilar o petróleo escolhido 3. Por meio dos parâmetros encontrados nas

20

Gasóleo ou diesel destilado: usado como diesel e óleo combustível, além de ser

um intermediário para fabricação de outros produtos.

• Líquido;

• Alcanos contendo 12 ou mais átomos de carbono;

• Faixa de ebulição: de 250 a 350°C;

Óleo lubrificante: usado para óleo de motor, graxa e outros lubrificantes.

• Líquido;

• Alcanos, cicloalnos e aromáticos de cadeias longas (de 20 a 50 átomos de

carbono);

• Faixa de ebulição: de 300 a 370°C;

Petróleo pesado ou óleo combustível: usado como combustível industrial,

também serve como intermediário na fabricação de outros produtos.

• Líquido;

• Alcanos, cicloalcanos e aromáticos de cadeia longa (de 20 a 70 átomos de

carbono);

• Faixa de ebulição: de 370 a 600°C;

Resíduos: coque, asfalto, alcatrão, breu, ceras, além de ser material inicial para

fabricação de outros produtos.

• Sólido;

• Compostos com vários anéis com 70 átomos de carbono ou mais;

• Faixa de ebulição: mais de 600°C;

Figura 1: Fracionamento do petróleo e seus subprodutos

Page 22: Estudo sobre a viabilidade da operação de uma coluna de ... L... · Avaliar a viabilidade de a coluna destilar o petróleo escolhido 3. Por meio dos parâmetros encontrados nas

21

3� �� �����������

Segundo Foust (1982) a destilação é um dos processos de separação mais

amplamente utilizado na indústria química. É um método baseado no fenômeno de

equilíbrio líquido-vapor de misturas, adequado para a purificação de misturas contendo

duas ou mais substâncias líquidas, desde que as mesmas possuam volatilidades

razoavelmente diferentes entre si.

Na destilação, uma fase vapor entra em contato com uma fase líquida, e há

transferência de massa do líquido para o vapor e vice-versa. O líquido e o vapor

contém, em geral, os mesmos componentes, mas em quantidades relativas diferentes.

O líquido está em ponto de bolha e o vapor em equilíbrio em ponto de orvalho. Há

transferencia simultânea de massa do líquido pela vaporização, e do vapor pela

condensação. O efeito final é o aumento do componente mais volátil no vapor, e do

componente menos volátil no líquido.

A maioria dos métodos utilizados durante o processo de purificação de misturas

homogêneas baseia-se na destilação simples, que consiste na evaporação parcial da

mistura líquida, a fim de separar seus componentes. As substâncias mais voláteis, isto

é, com menor ponto de ebulição, vaporizam primeiro; ao passarem por um

condensador, se liquefazem, sendo finalmente recolhidas em um tanque. Esse

procedimento é valido para a purificação de líquidos com impurezas voláteis

dissolvidas e para a separação de misturas cjujos componentes apresentam pontos de

ebulição diferenciados.

Quando os pontos de ebulição dos componentes de uma mistura são muito

próximos, a destilação simples não permite uma boa separação, sendo necessário

repetir o processo várias vezes. Este procedimento, denominado destilação fracionada,

é muito utilizado no controle de teor alcoolico de bebidas tipo aguardente, como uísque,

rum, gim e cachaça. Além disso, constitui o processo fundamental do refino de

petróleo, para a obtenção de gasolina, querosene e demais derivados.

A destilação tem algumas vantagens sobre os outros processos de separação.

Não é necessária nehnuma substância (solvente) para efetivar a separação, facilidade

Page 23: Estudo sobre a viabilidade da operação de uma coluna de ... L... · Avaliar a viabilidade de a coluna destilar o petróleo escolhido 3. Por meio dos parâmetros encontrados nas

22

de instrumentação e controle automático, baixo custo de mão de obra e existência de

equipamentos padrão. Porém a destilação não pode ser empregada em produtos

termolábeis, além de ter necessiadade de condições extremas de temperatura e

pressão, e em produtos com volatilidades muito próximas.

Um exemplo de destilação que tem sido feito desde a antigüidade é a destilação

de bebidas alcoólicas. A bebida é feita pela condensação dos vapores de álcool que

escapam mediante o aquecimento de um mosto fermentado. Como o teor alcoólico na

bebida destilada é maior do que aquele no mosto, caracteriza-se aí um processo de

purificação. Na indústria moderna, o petróleo é um exemplo de mistura que deve

passar por várias etapas de destilação antes de resultar em produtos realmente úteis

ao homem: gases (um exemplo é o gás liquefeito de petróleo ou GLP), gasolina, óleo

diesel, querosene, asfalto e outros. Também é utilizado nas indústrias farmacêuticas de

vido à necessidade de alta pureza e valor agregado nos produtos, na inústria de

cosméticos e na recuperação de solventes.

O uso da destilação como método de separação disseminou-se pela indústria

química moderna. Pode-se encontrá-la em quase todos os processos químicos

industriais em fase líquida onde for necessária uma purificação.

3�� ;4����%�����%�"$�./��

Uma destilação pode ser conduzida através de divesos modos. Em geral os

seguintes métodos podem ser considerados fundamentais (Perry, 1984):

1. Destilação diferencial,

2. Destilação de equilíbrio,

3. Destilação por arraste,

4. Destilação fracionada.

A destilação diferencial consiste em apenas uma etapa de vaporização e

condensação de forma descontínua. A carga líquida é colocada no refervedor e é

aquecida até sua temperatura de ebulição. Imediatamente depois de produzido o vapor

formado é removido através de um condensador.

Page 24: Estudo sobre a viabilidade da operação de uma coluna de ... L... · Avaliar a viabilidade de a coluna destilar o petróleo escolhido 3. Por meio dos parâmetros encontrados nas

23

Figura 2: Montagem de laboratório para destilação diferencial

A destilação de equilíbrio, ou flash, pode operar em batelada ou contínuo.

Normalmente, a corrente de alimentação (líquido) é aquecida num permutador de calor,

passando depois por um “flash” adiabático que dá origem a duas correntes saturadas,

uma de líquido e outra de vapor, em equilíbrio. O tanque “flash” permite facilmente a

separação e remoção das duas fases. A Destilação “Flash” só permite um grau de

separação razoável se a diferença de volatilidade entre os dois compostos a separar (A

e B) for elevada.

Figura 3: Esquema de uma destilação Flash

Destilação por arraste é uma variação da destilação simples que consiste em

injetar vapor vivo no refervedor invés de realizar o aquecimento através de um trocador

de calor. Seu maior emprego é a vaporização de misturas com características

Page 25: Estudo sobre a viabilidade da operação de uma coluna de ... L... · Avaliar a viabilidade de a coluna destilar o petróleo escolhido 3. Por meio dos parâmetros encontrados nas

24

desfavoráveis de transferência de calor ou de líquido que se decompõem quando

destilados normalmente à pressão atmosférica.

Destilação fracionada ocorre com vários estágios, operando-se com

vaporizações e condensações sucessivas em um único equipamento, a coluna de

destilação. Melhores detalhes são apresentados na seção 4.2.

3�� ��$ ��%�����%�"$�./�� O equipamento que promove a transferência de massa e calor entre correntes

líquidas e de vapor saturadas é a coluna de destilação. Esta é constituída por um

recipiente cilíndrico dentro do qual se encontra uma série de pratos internos entre os

quais circulam vapor e líquido em contracorrente. O material de alimentação que será

separado em frações é introduzido em um ou mais pontos ao longo da coluna. Devido

à diferença de gravidade entre as fases vapor e líquida, o líquido escorre abaixo da

coluna, cascateando prato a prato, enquanto o vapor flui para cima da coluna,

contatando o líquido em cada prato. As duas fases presentes em cada andar sofrem

transferência de massa e calor e assume-se que se encontram em equilíbrio ao deixar

o andar.

Além do casco, a coluna de destilação possui um condensador e um refervedor

localizados na base e no topo da coluna, respectivamente. A maior pressão é oriunda

do refervedor, cuja função é produzir o vapor que sobe pela coluna. O líquido retirado

no refervedor é conhecido como produto de cauda ou de fundo. O condensador

condensa os vapores que chegam que chegam ao topo da coluna, que seguem para

um acumulador; deste, parte retorna para o topo da coluna como refluxo e o restante é

retirado como produto de topo. O refluxo é responsável pela corrente de líquido acima

da alimentação, promovendo o resfriamento necessário para condensar o vapor que

ascende à coluna, desta forma aumentando a eficiência da torre de destilação.

Este procedimento de fluxo global de uma coluna destilação fornece contato

contracorrente entre o vapor e o líquido em todos os pratos da coluna. As fases vapor e

líquida alcançam o equilíbrio térmico e de pressão dependentes da eficiência de

separação de cada prato. O componente mais leve tende a se concentrar na fase

vapor, enquanto o mais pesado tende para a fase líquida. O resultado é uma fase

Page 26: Estudo sobre a viabilidade da operação de uma coluna de ... L... · Avaliar a viabilidade de a coluna destilar o petróleo escolhido 3. Por meio dos parâmetros encontrados nas

25

vapor que se torna mais rica em componentes mais leves que ascendem a coluna e

uma fase líquida, mais rica em componentes pesados, que descenda a coluna. A

separação global encontrada entre o destilado e o fundo depende principalmente das

volatilidades relativas dos componentes, do número de pratos e da relação entre a taxa

de fluxo da fase líquida para o vapor.

Se a alimentação é introduzida em um certo ponto ao longo da coluna, esta é

dividida em uma seção superior que é chamada freqüentemente de seção de

retificação, e uma abaixo, chamada de seção de esgotamento.

Figura 4: Esquema de uma coluna de destilação simples

Page 27: Estudo sobre a viabilidade da operação de uma coluna de ... L... · Avaliar a viabilidade de a coluna destilar o petróleo escolhido 3. Por meio dos parâmetros encontrados nas

26

3�& %�� � ��� ������� Na prática, o contacto entre fases em cada andar em equilíbrio é promovido

fisicamente através dos chamados pratos da coluna de destilação, ou pelo recheio

(colunas recheadas). Os tipos de prato diferem entre si na capacidade das taxas de

escoamento do líquido ou do vapor. O prato mais simples utilizado é o perfurado.

Em cada prato o sistema atinge o equilíbrio porque parte do componente menos

volátil condensa do vapor ascendente para o líquido, aumentando assim a

percentagem do constituinte mais volátil no vapor, e partes dos constituintes mais

voláteis são vaporizadas do líquido sobre o prato, diminuindo assim a concentração do

mais volátil na mistura. O número de moléculas que passa em cada direção é

aproximadamente o mesmo, pois a quantidade de calor liberada por uma molécula de

vapor ascendente ao condensar é, aproximadamente, igual ao calor necessário para

vaporizar uma molécula.

As colunas de recheio são usadas com maior freqüência para remover os

contaminantes de um fluxo de gás (absorção). Também são aplicadas na remoção de

componentes voláteis de um fluxo líquido, por contato com um gás inerte que escoa em

contracorrente. Além disso, também são utilizadas em destilações onde a separação é

particularmente difícil devido à proximidade dos pontos de ebulição dos componentes

da mistura.

Figura 5: Esquema do funcionamento dos pratos numa coluna de destilação

Page 28: Estudo sobre a viabilidade da operação de uma coluna de ... L... · Avaliar a viabilidade de a coluna destilar o petróleo escolhido 3. Por meio dos parâmetros encontrados nas

27

3�3 ����%2��<�#"�����; �%%�� O processo de transferência de massa em colunas de destilação é muito

complexo. Para que haja uma transferência de massa efetiva entre as fases, o contato

líquido/vapor entre as fases deve ocorrer sob o regime turbulento, uma vez que a

turbulência aumenta a taxa de transferência de massa por unidade de área, pois ajuda

a dispersar um fluido em outro e aumenta a área interfacial (SOARES,2000).

Em um prato de destilação convencional, o contato entre as fases ocorre por

meio do fluxo cruzado no qual o líquido escoa paralelamente ao prato, no percurso

entre os vertedores de entrada e saída, enquanto o vapor o atravessa, sendo

distribuído no prato através de perfurações, borbulhadores ou válvulas (WALTER et al.,

1941).

O transporte de massa entre as fases, no caso de um prato perfurado ocorre

pela interação entre as bolhas do vapor formado nos furos e o líquido circunvizinho,

entre o líquido e o vapor misturados na massa aerada e entre o líquido borrifado no

espaço entre pratos e o vapor ascendente (PERRY et al., 1973).

3�7 ��%��".=�%� As colunas de destilação apresentam restrições hidráulicas, na separação e de

transferência de calor, além das restrições operacionais típicas de todo processo

químico, como por exemplo, vazão, temperatura e/ou pressão máxima.

3�7�� ��%��".=�%�>"��5 $"#�%� Uma coluna de destilação é um complexo sistema de escoamento. Na base da

coluna, vapor com uma pressão suficientemente elevada, tem que ser gerado para

poder vencer o peso da coluna de líquido em cada prato, da base até o topo da coluna

(FOUST et al., 1982).

Por outro lado, o líquido escoa do topo para o fundo, na mesma direção do

gradiente positivo de pressão, devido à diferença de densidade. O escoamento interno

de vapor e de líquido numa coluna de destilação deve ser tal que favoreça o contato

entre as fases, daí a necessidade de colocar anteparos (vertedouros) na coluna.

Page 29: Estudo sobre a viabilidade da operação de uma coluna de ... L... · Avaliar a viabilidade de a coluna destilar o petróleo escolhido 3. Por meio dos parâmetros encontrados nas

28

Vazões muito baixas ou altas, de vapor ou de líquido, podem provocar arraste de

líquido, formação de cones de vapor, pulsação, gotejamento, inundação ou formação

excessiva de espuma, entre outros problemas (KALID, 1999).

Se a vazão de vapor for muito grande, a coluna irá inundar, pois o líquido não

consegue vencer o gradiente de pressão. Se a vazão de líquido for muito alta, a coluna

também irá inundar, pois o vapor não consegue vencer o gradiente de pressão devido

à coluna de líquido, e o mesmo se acumula entre os pratos.

Quando as vazões internas de vapor são muito baixas, o líquido começa a

escoar pela abertura nos pratos e não pelo vertedouro, diminuindo a eficiência na

separação. Se a vazão interna de líquido é pequena, o líquido é distribuído

irregularmente no prato, proporcionando a formação de pontos quentes. Portanto,

existem máximos e mínimos para as condições operacionais de uma coluna de

destilação (KALID, 1999).

Também se deve observar que a mudança da pressão da coluna deve ser

suave. A súbita diminuição da pressão provoca uma brusca vaporização do líquido nos

pratos (flashing), e o aumento da vazão de vapor com possível formação excessiva de

espuma. O aumento repentino da pressão provoca condensação do vapor e a

diminuição da vazão de vapor podendo causar a passagem de líquido (GOMIDE,

1988).

3�7�� ��%��".=�%����%�����./�� A separação é limitada pela quantidade de refluxo e pelo número de pratos na

coluna.

3�7�& ��%��".=�%��������%2��<�#"�����#�$��� Em relação a transferência de calor, o controle da temperatura do fundo é

fundamental, pois se ela aumenta, o gradiente de temperatura entre o resíduo e o fluido

de aquecimento diminui, causando um decréscimo na transferência de calor.

3�7�3 ��%��".=�%������� ����� ��������%%/�� Temperatura e pressão não podem se aproximar das condições críticas, pois o

fluxo hidráulico depende da diferença entre a massa específica da fase líquida e

gasosa. Além disso, algumas substâncias são termicamente sensíveis.

Page 30: Estudo sobre a viabilidade da operação de uma coluna de ... L... · Avaliar a viabilidade de a coluna destilar o petróleo escolhido 3. Por meio dos parâmetros encontrados nas

29

3�8 �%�"$�./����$"#�������%����������0 !� "#��

A operação de uma refinaria consiste em uma rede complexa que utiliza o óleo

bruto e realiza inúmeras operações integradas de separação e conversão térmicas e

catalíticas para a obtenção de produtos combustíveis e outros (Kumar et al., 2001).

O processo de destilação possui características como o processamento de altas

vazões, presença de elevados gradientes de temperatura e tempo morto, fortes

interações e alto grau de acoplamento entre as variáveis manipuladas e controladas

(MOURA, 2003).

Na maioria das indústrias de transformação, grande parte do custo operacional

energético se deve à destilação. Este consumo excessivo de energia pelos

equipamentos de destilação se deve a sua característica fundamental: uma grande

necessidade de vapor de aquecimento, já que a energia é o agente separador nas

unidades de destilação, aliada à baixa eficiência termodinâmica do processo (PINTO,

1987).

Entre as vantagens encontradas na utilização do processo de destilação, pode-

se citar a flexibilidade de operação em relação a pressões, temperaturas e volumes e,

principalmente, a grande variedade de aplicações (KING, 1980).

Page 31: Estudo sobre a viabilidade da operação de uma coluna de ... L... · Avaliar a viabilidade de a coluna destilar o petróleo escolhido 3. Por meio dos parâmetros encontrados nas

30

7� ��� ���������?@����� ������) �����

A coluna de destilação piloto está localizada no Laboratório de Controle de

Processos do Departamento de Engenharia Química e Engenharia de Alimentos da

Universidade Federal de Santa Catarina e está representada na figura XX abaixo.

Figura 6: Unidade piloto

A unidade experimental consiste de um processo de destilação a pratos em

escala piloto. Optou-se por construir um equipamento com flexibilidade em relação à

Page 32: Estudo sobre a viabilidade da operação de uma coluna de ... L... · Avaliar a viabilidade de a coluna destilar o petróleo escolhido 3. Por meio dos parâmetros encontrados nas

31

futuras alterações necessárias, como por exemplo, a realização de experimentos com

misturas diferentes. Também foi construída utilizando os mesmos equipamentos e

ferramentas de configuração em software, desenvolvidos para aplicação industrial.

A unidade de destilação foi construída de forma modular (aço inox 304), cada

módulo (com 0,15m de altura e 0,20m de diâmetro) contém um prato perfurado

(diâmetro de 0,006m, com passo triangular). Os valores de altura e comprimento do

vertedouro são 0,03 e 0,10m, respectivamente. A coluna é composta de 13 pratos,

sendo a alimentação realizada no quarto prato.

Figura 7: Prato perfurado existente em cada módulo

Cada módulo possui um orifício para medição de temperatura, para a coleta de

amostra e uma terceira para a adaptação do aquecimento distribuído. Este último

poderá ser realizado através de serpentinas de calor a base de vapor ou com

resistências elétricas. Nos experimentos realizados até agora, foram utilizadas

resistências elétricas projetadas com potência de 3,5kW.

Figura 8: Vista superior dos módulos com detalhamento do prato (a) Com resistência elétrica, (b) Convencional.

Page 33: Estudo sobre a viabilidade da operação de uma coluna de ... L... · Avaliar a viabilidade de a coluna destilar o petróleo escolhido 3. Por meio dos parâmetros encontrados nas

32

Dois trocadores de calor a placas são utilizados na unidade piloto: um como

refervedor, fornecendo energia suficiente para vaporizar a mistura acumulada na base

da coluna (opera com até 10bar de pressão e temperatura máxima de 150ºC) e outro

na corrente de alimentação, para garantir a temperatura da mesma. O vapor utilizado

para alimentar os trocadores de calor é proveniente de uma caldeira que fornece uma

pressão de aproximadamente 8kgf/cm na linha, produzindo 100kg/h de vapor.

Figura 9: Trocador de calor utilizado no refervedor da coluna de destilação.

Um condensador é utilizado para retirar calor no topo da coluna e

conseqüentemente produzir uma corrente líquida. Foi construído em aço e utiliza água

como fluido refrigerante. O tanque acumulador é acoplado logo na saída no

condensador e recebe a fase líquida com o objetivo de garantir a razão de refluxo

necessária ao processo. Este foi construído no mesmo material da coluna e possui as

dimensões de 0,20m de diâmetro e 0,15m de altura. O nível de líquido acumulado

neste equipamento (assim como no estágio da base da coluna) é monitorado através

de um sensor diferencial de pressão.

Page 34: Estudo sobre a viabilidade da operação de uma coluna de ... L... · Avaliar a viabilidade de a coluna destilar o petróleo escolhido 3. Por meio dos parâmetros encontrados nas

33

Figura 10: Parte superior da unidade com vista interna do condensador e externa deste equipamento e do acumulador.

O processo se torna contínuo com a utilização de um tanque pulmão, onde se

armazena 600L de mistura, que recebe o produto de topo e de fundo e é utilizado para

prover a alimentação da coluna.

A circulação dos fluidos no sistema é garantida por cinco bombas hidráulicas.

Duas delas pertencem ao sistema de resfriamento, bombeando a água do tanque de

resfriamento para a torre de resfriamento e desta para o condensador. Outra bomba é

responsável por bombear o produto de tanque pulmão para o trocador de calor da

alimentação e conseqüentemente para o interior da coluna. Da mesma forma, uma

bomba de mesma potência é responsável pela retirada da mistura no fundo da coluna.

Parte desta é enviada para o refervedor, que retorna à coluna vaporizada e outra parte

é enviada para o tanque pulmão como produto de base. A última bomba é responsável

pelo refluxo, retirando o condensado do acumulador e transferindo-o para o último

prato no topo da coluna.

Sensores do tipo Pt-100 são utilizados para monitorar a temperatura em todos

os estágios de equilíbrio bem como nas correntes de alimentação, produto de topo e

produto de base. Sensores de pressão manométrica na base e no topo também estão

instalados.

Figura 11: Sensor de temperatura utilizado.

Page 35: Estudo sobre a viabilidade da operação de uma coluna de ... L... · Avaliar a viabilidade de a coluna destilar o petróleo escolhido 3. Por meio dos parâmetros encontrados nas

34

8� �� , ����@,��, ���

A coluna de destilação piloto situada no LCP/EQA/UFSC foi inicialmente

projetada para destilar uma mistura de etanol e água. Atualmente, deseja-se que a

coluna opere separando uma mistura de hidrocarbonetos, o que implica em novos

pontos de operação e na necessidade da realização de algumas adaptações

estruturais na coluna. Com o objetivo de verificar a viabilidade desta destilação,

simulações foram realizadas utilizando-se o software comercial Hysys® no estado

estacionário.

Figura 12: Tela do software Hysys® utilizado para realizar as simulações do processo.

8�� ,�$"��./����%��"� $�.=�%� Num primeiro momento, simulações com uma mistura de etanol e água foram

realizadas de modo que as mesmas pudessem ser validadas com os resultados

Page 36: Estudo sobre a viabilidade da operação de uma coluna de ... L... · Avaliar a viabilidade de a coluna destilar o petróleo escolhido 3. Por meio dos parâmetros encontrados nas

35

experimentais já existentes para essa mistura. Os valores experimentais fornecidos

foram os utilizados em experimento realizado no dia 16/10/06.

Mistura: Etanol e água

Modelo Termodinâmico utilizado nas simulações: UNIQUAC

Corrente de Alimentação:

Vazão

Volumétrica

[m³/h]

Xetanol volumétrico

[%]

Temperatura [°C] Pressão [kPa]

0,300 0,1 90,5 105

Corrente de Fundo: Resultados obtidos experimentalmente e através de simulação.

Variável Experimental Simulação

Vazão Volumétrica 0,287 m³/h 0,287 m³/h

Xetanol Volumétrico 0,050 0,066

Temperatura 94,5 °C 97,1 °C

Corrente de Topo: Resultados obtidos experimentalmente e através de simulação.

Variável Experimental Simulação

Vazão Volumétrica 0,0130 m³/h 0,0130 m³/h

Xetanol Volumétrico 0,86 0,86

Temperatura 74,9 °C 75,5 °C

Calor Retirado no Condensador = Qc = 1,111x105 kJ/h

Calor Fornecido no Refervedor = Qr = 1,183x105 kJ/h

Vazão de Refluxo = 0,110 m³/h (valor utilizado no experimento)

Razão de Refluxo = 8,46 (valor utilizado no experimento)

Page 37: Estudo sobre a viabilidade da operação de uma coluna de ... L... · Avaliar a viabilidade de a coluna destilar o petróleo escolhido 3. Por meio dos parâmetros encontrados nas

36

Perfil de Temperatura obtido na Simulação

Figura 13: Perfil de Temperatura - Simulação etanol/água

Perfil de Temperatura Experimental

Figura 14: : Perfil de Temperatura - Experimental etanol/água

Para se conseguir valores de composição próximos aos valores obtidos

experimentalmente, as eficiências encontradas para cada prato estão representadas

abaixo:

Seção Eficiência

Refervedor 1,0

Prato 1 0,2

Prato 2 0,2

Prato 3 0,2

Prato 4 0,2

Page 38: Estudo sobre a viabilidade da operação de uma coluna de ... L... · Avaliar a viabilidade de a coluna destilar o petróleo escolhido 3. Por meio dos parâmetros encontrados nas

37

Prato 5 0,2

Prato 6 0,2

Prato 7 0,3

Prato 8 0,3

Prato 9 0,3

Prato 10 0,3

Prato 11 0,3

Prato 12 0,3

Prato 13 0,3

Condensador 1,0

A simulação trouxe resultados muito próximos nos obtidos experimentalmente.

As vazões de topo e base obtidos na simulação são exatamente iguais às

obtidas experimentalmente.

As composições das correntes de fundo e topo obtidas na simulação também

tiveram valores bem próximos dos obtidos experimentalmente. A composição do

destilado foi idêntica nos dois casos, enquanto a composição do produto de base teve

uma variação de, aproximadamente 1,5% em volume de etanol.

O perfil de temperatura obtido na simulação é muito parecido com o

experimental. Embora alguns pontos apresentem resultados diferentes, o

comportamento da curva é muito similar. Os valores diferentes de temperatura obtidos

em cada prato podem ser conseqüência de erros de medida dos termopares durante os

experimentos. Esses erros podem até ser percebidos na análise dos resultados

experimentais onde, em alguns pontos da coluna, a temperatura de pratos superiores

são maiores que de pratos inferiores.

As simulações apresentaram resultados muito parecidos com os obtidos

experimentalmente. Sendo assim, podemos concluir que as simulações representam

de forma bastante eficiente o processo de destilação da coluna piloto estudada.

Page 39: Estudo sobre a viabilidade da operação de uma coluna de ... L... · Avaliar a viabilidade de a coluna destilar o petróleo escolhido 3. Por meio dos parâmetros encontrados nas

38

8�� �"� $�.=�%�#�� �)���($���

��Com as simulações da coluna de destilação validadas operando com uma

mistura de etanol e água, pudemos iniciar as simulações com o petróleo escolhido.

Para isso, mantiveram-se as características estruturais da coluna fixadas na primeira

simulação, alterando-se apenas a carga (para o petróleo leve) e demais variáveis de

operação que necessitassem de ajustes.

8���� ����#���"6�./�����-$��� O petróleo utilizado nesse trabalho é originário de um campo brasileiro sendo

bastante leve, com densidade API de aproximadamente 45º. A partir do estudo da

curva PEV desse óleo, foi possível a sua caracterização e implementação no Hysys®.

Como podemos ver na figura 13, o petróleo utilizado é bastante rico em nafta.

Figura 15: Caracterização do petróleo utilizado

Page 40: Estudo sobre a viabilidade da operação de uma coluna de ... L... · Avaliar a viabilidade de a coluna destilar o petróleo escolhido 3. Por meio dos parâmetros encontrados nas

39

Informação dos pontos de Corte (obtidos através do Hysys)

Nome T inicial

[°C]

T final

[°C]

Fração

Volumétrica

Fração

Molar

Fração

Mássica

GLP -30,66 10 0,058 0,099 0,049

Éter de Petróleo 10 70 0,190 0,245 0,169

Nafta 70 180 0,458 0,478 0,461

Querosene 180 240 0,145 0,105 0,155

Diesel leve 240 290 0,065 0,038 0,072

Diesel Pesado 290 340 0,043 0,020 0,047

Gasóleo 340 370 0,015 0,006 0,017

Resíduo 370 1200 0,026 0,009 0,030

8���� �"� $�.=�%� Várias simulações foram realizadas mantendo-se as características da planta

piloto, com retiradas de produto apenas no topo e na base. O produto de interesse no

processo é a nafta. Para tanto, as frações mais leves (gás e éter de petróleo) são

retirados pela corrente gasosa do condensador, o nafta é retirado como produto de

topo e os demais componentes mais pesados são retirados como produto de fundo.

Figura 16: Visualização do PFD – Hysys

Page 41: Estudo sobre a viabilidade da operação de uma coluna de ... L... · Avaliar a viabilidade de a coluna destilar o petróleo escolhido 3. Por meio dos parâmetros encontrados nas

40

8���& �2��� �.=�%�����% $����%���%��"� $�.=�%�

Mistura: Petróleo leve de origem brasileira

Modelo Termodinâmico utilizado nas simulações: Peng-Robinson

Corrente de Alimentação:

Vazão Molar

[kgmoles/h]

Fração

volumétrica [%]

Fração Fase

Vapor

Pressão [kPa]

1,0* Ver caracterização 0,0 101.32

*Valor escolhido para facilitar os cálculos (aproximadamente 150 l/h)

Valores fixados na simulação:

Inicialmente foram verificadas as frações molares de cada uma das três correntes

no petróleo alimentado (gás+éter de petróleo; nafta; componentes pesados).

Conhecidos tais valores e o valor da vazão de alimentação, pode-se calcular facilmente

a vazão de entrada de cada uma dessas correntes separadamente. Estes valores são

então fixados como as vazões de saída da coluna:

• Vazão corrente gasosa: 0,340 kgmoles/h

• Vazão corrente de topo: 0,478 kgmoles/h

• Vazão corrente de base: 0,178 kgmoles/h

A partir desses dados foram obtidos os primeiros resultados das simulações. Outras

simulações foram então realizadas variando-se esses e outros parâmetros. O melhor

resultado foi obtido fixando-se os seguintes valores:

• Razão de Refluxo: 10

• Vazão corrente de topo: 0,478 kgmoles/h

• Vazão corrente de base: 0,178 kgmoles/h

Page 42: Estudo sobre a viabilidade da operação de uma coluna de ... L... · Avaliar a viabilidade de a coluna destilar o petróleo escolhido 3. Por meio dos parâmetros encontrados nas

41

Composição da Corrente de Topo (produto de interesse)

Figura 17: Composição PEV do produto de topo

Observamos uma composição de cerca de 85% em volume de nafta

(correspondente ao intervalo de temperatura 70ºC-180ºC).

Calor Retirado no Condensador = Qc = 4,466x105 kJ/h

Calor Fornecido no Refervedor = Qr = 4,737x105 kJ/h

Razão de Refluxo

Através das simulações, percebeu-se que a razão de refluxo está diretamente

ligada à composição do produto de base. Como o produto de interesse é a nafta, que

sai como produto de topo, a razão de refluxo foi otimizada de modo que o produto de

base apresentasse a menor composição de nafta possível. A tabela abaixo mostra os

valores de composição do produto de base (em porcentagem volumétrica de nafta) em

função da razão de refluxo utilizada.

Page 43: Estudo sobre a viabilidade da operação de uma coluna de ... L... · Avaliar a viabilidade de a coluna destilar o petróleo escolhido 3. Por meio dos parâmetros encontrados nas

42

Composição do produto de base em % de nafta Razão de Refluxo

Volumétrica Molar

1 4,05 6,56

2 3,36 4,35

3 3,10 4,01

5 2,88 3,72

8 2,75 3,55

10 2,68 3,47

12 2,66 3,44

20 2,62 3,38

50 2,54 3,28

Nota-se que o aumento da razão de refluxo de 10 para 12, já pouco influencia na

composição do produto de base. Sendo assim, pode-se fixar a razão de refluxo máxima

em 10.

Perfil de Temperatura

Figura 18: Perfil de Temperatura da simulação com petróleo

Page 44: Estudo sobre a viabilidade da operação de uma coluna de ... L... · Avaliar a viabilidade de a coluna destilar o petróleo escolhido 3. Por meio dos parâmetros encontrados nas

43

8�& ; ��"2"#�.=�%����?�"������

Visto que o petróleo é um produto inflamável, várias medidas de segurança

foram tomadas, tais como:

• Pintura da coluna;

• Delimitação de áreas;

• Identificação de equipamentos de segurança e de canalizações;

• Esboço de um mapa de riscos do local, visando reduzir ao máximo o risco

de acidentes de trabalho;

• Cotações de equipamentos de segurança e proteção individual;

• Impermeabilização do chão da coluna;

Também foram realizados trabalhos visando diminuir as perdas térmicas da

coluna para o ambiente. Para isso, todo o isolamento térmico foi trocado e otimizado,

utilizando-se manta cerâmica como isolante em substituição à lã de vidro.

Figura 19: Vista atual da Coluna de Destilação

Page 45: Estudo sobre a viabilidade da operação de uma coluna de ... L... · Avaliar a viabilidade de a coluna destilar o petróleo escolhido 3. Por meio dos parâmetros encontrados nas

44

Várias outras modificações estão sendo estudadas em função dos resultados

das simulações:

• Redimensionalização dos equipamentos auxiliares tais como: trocadores de

calor, acumuladores, bombas, condensador, entre outros;

• Instalação de um “flair” para a queima dos gases de saída do condensador;

• Instrumentação da coluna;

• Construção de um tanque de contenção de vazamentos;

Page 46: Estudo sobre a viabilidade da operação de uma coluna de ... L... · Avaliar a viabilidade de a coluna destilar o petróleo escolhido 3. Por meio dos parâmetros encontrados nas

45

9� ��@��?�A��

O estágio realizado foi de suma importância para o aprimoramento e

consolidação dos conhecimentos em processos de engenharia química, em especial na

área de petróleo e gás. Durante este período foi possível colocar em prática grande

parte dos conhecimentos adquiridos ao longo de toda a graduação.

As simulações computacionais realizadas mostraram que a coluna de destilação

estudada pode ser utilizada para processar um petróleo leve para a obtenção de nafta,

tendo rendimentos de até 85% em volume. No entanto, pôde-se observar que algumas

alterações nos equipamentos auxiliares terão de ser realizadas, de modo a realizar

uma destilação eficiente da nova carga.

Os estudos posteriores à este trabalho já estão sendo realizados, como a

redimensionalização dos trocadores de calor, bombas e condensador da coluna de

destilação. Depois de concluída esta etapa, e outras que se julguem necessárias, a

coluna estará apta a operar separando uma mistura de hidrocarbonetos.

Page 47: Estudo sobre a viabilidade da operação de uma coluna de ... L... · Avaliar a viabilidade de a coluna destilar o petróleo escolhido 3. Por meio dos parâmetros encontrados nas

46

* *� ����� ��

FOUST, A.S., WENZEL, L. A., CLUMP, C.W., MAUS, L., ANDERSEN, L.B. Princípio das

Operações Unitárias. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Dois, 1982.

GOMIDE, R. Operações Unitárias. Edição do Autor, São Paulo, v.4, p.445. 1988.

KALID, R.A., Apostila do Curso de Controle de Processos. Publicação do Departamento

de Engenharia Química da UFBA, Salvador, Bahia, Brasil, 1999.

KING, C.J. Separation Process, McGrill-Hill Book Company, 1980.

KUMAR, V., SHARMA, A., CHOWDHURY, I.R., GANGULY, S., SARAF, D.N. Fuel Proc

Tech. v.73, p.1-21, 2001.

MARANGONI, C. Implementação de uma Estratégia de Controle com Ação Distribuída

em uma coluna de Destilação. (Doutorado em Engenharia Química). CPGENQ-

Departamento de Engenharia Química - Universidade Federal de Santa Catarina -

UFSC, 2005.

MOURA, L.G. Modelagem Empírica de Colunas de Destilação utilizando Redes Neurais

de Waveletes para Otimização e Controle de Processos. Dissertação. (Mestrado em

Engenharia Química). Departamento de Engenharia Química da Universidade

Federal de Santa Catarina – UFSC, Florianópolis, 2003.

PERRY, J.H, CHILTON, C.H. Chemical Engineer’s Handbook. New York: McGrall-Hill,

1973.

Page 48: Estudo sobre a viabilidade da operação de uma coluna de ... L... · Avaliar a viabilidade de a coluna destilar o petróleo escolhido 3. Por meio dos parâmetros encontrados nas

47

PINTO, L.T. Aplicação de Colunas de Múltiplo Efeito na Destilação do Sistema Etanol-

Água. Economia de Energia. Dissertação. (Mestrado em Engenharia de Produção).

Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC, Florianópolis, 1987.

SOARES, C. Avaliação Experimental dos Coeficientes de Transferência de Massa e

Calor em uma Coluna com Pratos Perfurados. Dissertação. (Mestrado em

Engenharia Química) Faculdade de Engenharia Química – Universidade Estadual de

Campinas - UNICAMP. Campinas, 2000.

WALTER, J.F., SHERWOOD, T.K. Gas Absorption in Bubble-cap Columns. Ind. Eng.

Chem., v33, n.4, p.493-501, 1941.

WERLE, L.O. Minimização dos Transientes através do Aquecimento Distribuído em uma

Coluna de Destilação. Dissertação. (Mestrado em Engenharia Química).

Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC, Florianópolis, 2007.