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5 ISSN 0326-2383 Acta Farm. Bonaerense 24 (1): 5-13 (2005) Recibido el 27 de junio de 2004 Aceptado el 23 de noviembre de 2004 Trabajos originales PALAVRAS-CHAVE: Euphorbiaceae, Jatropheae, Jatropha, Jatropha molissima, Jatropha ribifolia. KEY WORDS: Euphorbiaceae, Jatropheae, Jatropha, Jatropha molissima, Jatropha ribifolia. * Autor a quem correspondência deverá ser enviada: E-mail: [email protected] Estudo Farmacobotânico Comparativo das folhas de Jatropha molissima (Pohl) Baill. e Jatropha ribifolia (Pohl) Baill. (Euphorbiaceae) Crislaine Kieva Abreu LEAL & Maria de Fátima AGRA * Laboratório de Tecnologia Farmacêutica, Setor de Botânica, Universidade Federal da Paraíba, Caixa Postal 5009, 58015-970, João Pessoa, PB, Brasil. RESUMO. Este trabalho teve como objetivo um estudo farmacobotânico comparativo das folhas de Ja- tropha ribifolia (Pohl) Baill. e Jatropha molissima (Pohl) Baill., espécies usadas na medicina popular do Nordeste do Brasil. Realizou-se estudos morfológicos para as identificações e morfodiagnoses macroscópi- cas, além de cortes paradérmicos e transversais do pecíolo e da lâmina foliar, à mão livre, posteriormente corados com safranina, para as morfodiagnoses microscópicas. Observou-se que as duas espécies compar- tilham os seguintes caracteres anatômicos: folhas hipoanfiestomáticas; estômatos do tipo braquiparacíti- cos; vascularização do pecíolo formada por nove feixes colaterais, livres, no cilindro medular. Jatropha ri- bifolia apresenta epiderme com paredes celulares sinuosas, em ambas faces; mesofilo com o parênquima paliçádico unisseriado e o esponjoso 5-6-seriado; vascularização da nervura central em forma de U. Ja- tropha molissima possui a epiderme com paredes retas; mesofilo com o parênquima paliçádico bisseriado e o esponjoso 8-seriado; a vascularização da nervura central em formato semicircular. A morfologia vegeta- tiva e reprodutiva aliada à anatomia da epiderme, mesofilo e vascularização constituem caracteres distin- tivos para a separação das espécies estudadas. SUMMARY. “Pharmacobotanical and Comparative Study of the leaves of Jatropha molissima (Pohl) Baill. and Jatropha ribifolia (Pohl) Baill. (Euphorbiaceae)”. This work constitutes a parmacobotanical comparative study between Jatropha ribifolia (Pohl) Baill. and Jatropha molissima (Pohl) Baill., species used in folk medicine in Northeast of Brasil. The botanical identification and macroscopical morphodiagnosis were carried out by mor- phological studies. The microscopical morphodiagnosis were realized by paradermic and transversal cuts of the leaves (blades and petiole) and coloured with safranin. Both species share anatomic characters: have are hipoan- fiestomatics leaves with brachyparacitic stomata, the petiole has nine free vascular traces, collateral, on narrow cylinder. Jatropha ribifolia has epidermal cells of the blade with sinuous walls in both surfaces; the mesophyll has palisade uniseriate and the spongy parenchyma.5-6-seriate; and the bundles midrib form U. Jatropha molissi- ma has wall cells of epidermis straight lines; the mesophyl has palisade parenchyma 2-seriate and spongy parenchyma.8-seriate; the bundles midrib form semicircle. The vegetative and reproductive morphology together with the anatomy of epidermis, and mesophyll and vascular bundles constitute a set of characters which are dis- tinctive to separate the studied species. INTRODUÇÃO O gênero Jatropha L. (Euphorbiaceae), per- tencente à subfamília Crotonoideae, tribo Jatrop- heae 1 , encontra-se representado por 165 a 175 espécies, com distribuição disjunta nas regiões semi-áridas tropicais da África e das Américas. A delimitação do gênero e a classificação infrage- nérica mais recente, proposta por Dehgan & Webster 2 , baseou-se em dados morfológicos, citológicos e, principalmente, na morfologia das epidermes 3 . De acordo com a classificação 2 Ja- tropha foi dividido em dois subgêneros (Jatrop- ha e Curcas), dez seções e dez subseções 2 . O subgênero Jatropha é o que possui mais ampla distribuição, com espécies encontradas na Áfri- ca, Índia, América do Sul, Antilhas, América

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Page 1: Estudo Farmacobotânico Comparativo das folhas de Jatropha ...para aproveitamento do óleo das sementes em velas para iluminação, sabonetes e também na medicina popular 4. As atividades

5ISSN 0326-2383

Acta Farm. Bonaerense 24 (1): 5-13 (2005)Recibido el 27 de junio de 2004Aceptado el 23 de noviembre de 2004

Trabajos originales

PALAVRAS-CHAVE: Euphorbiaceae, Jatropheae, Jatropha, Jatropha molissima, Jatropha ribifolia.KEY WORDS: Euphorbiaceae, Jatropheae, Jatropha, Jatropha molissima, Jatropha ribifolia.

* Autor a quem correspondência deverá ser enviada: E-mail: [email protected]

Estudo Farmacobotânico Comparativo das folhasde Jatropha molissima (Pohl) Baill.

e Jatropha ribifolia (Pohl) Baill. (Euphorbiaceae)

Crislaine Kieva Abreu LEAL & Maria de Fátima AGRA *

Laboratório de Tecnologia Farmacêutica, Setor de Botânica, Universidade Federal da Paraíba,Caixa Postal 5009, 58015-970, João Pessoa, PB, Brasil.

RESUMO. Este trabalho teve como objetivo um estudo farmacobotânico comparativo das folhas de Ja-tropha ribifolia (Pohl) Baill. e Jatropha molissima (Pohl) Baill., espécies usadas na medicina popular doNordeste do Brasil. Realizou-se estudos morfológicos para as identificações e morfodiagnoses macroscópi-cas, além de cortes paradérmicos e transversais do pecíolo e da lâmina foliar, à mão livre, posteriormentecorados com safranina, para as morfodiagnoses microscópicas. Observou-se que as duas espécies compar-tilham os seguintes caracteres anatômicos: folhas hipoanfiestomáticas; estômatos do tipo braquiparacíti-cos; vascularização do pecíolo formada por nove feixes colaterais, livres, no cilindro medular. Jatropha ri-bifolia apresenta epiderme com paredes celulares sinuosas, em ambas faces; mesofilo com o parênquimapaliçádico unisseriado e o esponjoso 5-6-seriado; vascularização da nervura central em forma de U. Ja-tropha molissima possui a epiderme com paredes retas; mesofilo com o parênquima paliçádico bisseriado eo esponjoso 8-seriado; a vascularização da nervura central em formato semicircular. A morfologia vegeta-tiva e reprodutiva aliada à anatomia da epiderme, mesofilo e vascularização constituem caracteres distin-tivos para a separação das espécies estudadas.SUMMARY. “Pharmacobotanical and Comparative Study of the leaves of Jatropha molissima (Pohl) Baill. andJatropha ribifolia (Pohl) Baill. (Euphorbiaceae)”. This work constitutes a parmacobotanical comparative studybetween Jatropha ribifolia (Pohl) Baill. and Jatropha molissima (Pohl) Baill., species used in folk medicine inNortheast of Brasil. The botanical identification and macroscopical morphodiagnosis were carried out by mor-phological studies. The microscopical morphodiagnosis were realized by paradermic and transversal cuts of theleaves (blades and petiole) and coloured with safranin. Both species share anatomic characters: have are hipoan-fiestomatics leaves with brachyparacitic stomata, the petiole has nine free vascular traces, collateral, on narrowcylinder. Jatropha ribifolia has epidermal cells of the blade with sinuous walls in both surfaces; the mesophyllhas palisade uniseriate and the spongy parenchyma.5-6-seriate; and the bundles midrib form U. Jatropha molissi-ma has wall cells of epidermis straight lines; the mesophyl has palisade parenchyma 2-seriate and spongyparenchyma.8-seriate; the bundles midrib form semicircle. The vegetative and reproductive morphology togetherwith the anatomy of epidermis, and mesophyll and vascular bundles constitute a set of characters which are dis-tinctive to separate the studied species.

INTRODUÇÃOO gênero Jatropha L. (Euphorbiaceae), per-

tencente à subfamília Crotonoideae, tribo Jatrop-heae 1, encontra-se representado por 165 a 175espécies, com distribuição disjunta nas regiõessemi-áridas tropicais da África e das Américas. Adelimitação do gênero e a classificação infrage-nérica mais recente, proposta por Dehgan &

Webster 2, baseou-se em dados morfológicos,citológicos e, principalmente, na morfologia dasepidermes 3. De acordo com a classificação 2 Ja-tropha foi dividido em dois subgêneros (Jatrop-ha e Curcas), dez seções e dez subseções 2. Osubgênero Jatropha é o que possui mais ampladistribuição, com espécies encontradas na Áfri-ca, Índia, América do Sul, Antilhas, América

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Central e Caribe. O subgênero Curcas, com ex-ceção de apenas uma espécie, Jatropha curcasL., está restrito ao México e regiões adjacentes(deserto do Saara, Arizona e Texas) 2.

Jatropha é um grupo de grande importânciaeconômica, principalmente pela presença de vá-rias espécies referidas por seus usos medicinaise/ou ornamentais, também empregadas comocercas-vivas, em várias partes do mundo, espe-cialmente na África, como J. gossypiifolia L., J.curcas L. e J. multifida L., por exemplo. A fácilpropagação de suas sementes intensifica sua uti-lização na horticultura, bem como em ornamen-tações nos jardins tropicais 4. Na medicina po-pular, várias espécies se destacam devido àssuas aplicações, como Jatropha curcas, cujoóleo extraído das sementes é usado como pur-gativo drástico 2. Plantas de Jatropha, especial-mente de J. curcas, têm sido cultivadas na Áfricapara aproveitamento do óleo das sementes emvelas para iluminação, sabonetes e também namedicina popular 4.

As atividades moluscicida 5,6 e inibitória dovírus do mosaico do “watermelon” 7 já foramcomprovadas em algumas espécies de Jatropha,sendo sua toxicidade atribuída à curcina, umatoxalbumina presente em J. curcas 4. Do pontode vista químico, Jatropha caracteriza-se pelapresença de substâncias pertencentes a váriosgrupos químicos, tais como flavonóides, ligni-nas, glicosídeos e cianógenos 1, além de ésteresde forbol e seus derivados, com atividades bio-lógicas comprovadas 8-11.

No Nordeste do Brasil, as espécies de Jatrop-ha, especialmente J. molissima (Pohl) Baill., sãoreconhecidas por suas propriedades medicinais12 e amplamente empregadas pela população lo-cal. Embora essas espécies possuam importânciana medicina popular regional brasileira, suas in-formações farmacobotânicas são desconhecidas.Além disso, nos trabalhos já realizados acercada morfologia e anatomia de Jatropha 2,3,13, asinformações sobre J. molissima e J. ribifolia sãoinexistentes.

Diante do exposto, este trabalho teve comoobjetivo: realizar um estudo farmacobotânicodas folhas de J. molissima e J. ribifolia, com aelaboração de morfodiagnoses macroscópicas emicroscópicas, bem como registrar os seus usosetnomedicinais, visando contribuir para ummaior conhecimento das Euphorbiaceae empre-gadas como medicinais na região, devido aogrande potencial econômico representado pelafamília no Nordeste do Brasil.

MATERIAL E MÉTODOSIdentificações e Estudos morfológicos

Realizou-se coletas e observações de campopara as identificações, estudos morfológicos eanatômicos. Uma parte das amostras foi herbori-zada 15, sendo posteriormente depositada noHerbário Prof. Lauro Pires Xavier (JPB), com du-plicatas na coleção de referência do Laboratóriode Tecnologia Farmacêutica (LTF). Outra partefoi fixada em álcool a 70° para os estudos mor-fológicos e anatômicos. As identificações foramrealizadas com auxílio de chaves analíticas, diag-noses e descrições encontradas na bibliografia2,16,17. As descrições, ilustrações e morfodiagno-ses macroscópicas foram realizadas com auxíliode estereomicroscópio binocular e câmara-clara,Zeiss. As abreviaturas dos autores dos táxonsestão de acordo com Brummitt & Powel 18.

Estudos anatômicosRealizaram-se cortes paradérmicos nas faces

adaxial e abaxial da lâmina foliar, e cortes trans-versais na lâmina e pecíolo (partes distal, me-diana e proximal), à mão livre, incluídos na me-dula do pecíolo de Cecropia sp. (imbaúba). Pos-teriormente, os cortes foram clarificados comcloral hidratado e corados com safranina, mon-tados entre lâmina e lamínula, com glicerina a50%. Os cortes foram observados e ilustrados aomicroscópio óptico, com auxílio de câmara cla-ra, Zeiss. Os tricomas foram retirados através deescarificação e também montados entre lâminae lamínula, com glicerina a 50%. Para a classifi-cação dos estômatos seguiu-se Metcalfe & Chalk19. Para a caracterização dos tipos de paredescelulares, mesofilo e tricomas, seguiu-se a termi-nologia de Fahn 20. As fotomicrografias foramrealizadas ao fotomicroscópio Olympus CH30.

Informações etnomedicinais, químicas efarmacológicas

As informações etnomedicinais, constituintesquímicos e atividades farmacológicas foram ob-tidas na literatura e no banco de dados NaturalProducts Alert (NAPRALERT).

RESULTADOS E DISCUSSÃOJatropha molissima e Jatropha ribifolia são

largamente empregadas na medicina popular dacaatinga paraibana. Ambas possuem as mesmasindicações terapêuticas. O látex “in natura” éempregado como antiofídico 12; as sementes sãocomercializadas nas feiras livres da região paraextração dos óleos fixos, que são empregadoscomo purgativo, para uso veterinário 12.

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De acordo com o tratamento taxonômicomais recente 2, as duas espécies pertencem aosubgênero Jatropha, sendo J. ribifolia perten-cente à seção Jatropha, subseção AdenophoraeDehgan & Webster, e J. molissima à seção Pel-tatae (Pax) Dehgan & Webster. Estas espéciespodem ser separadas de acordo com os caracte-res morfoanatômicos apresentados na chave aseguir.

Chave morfoanatômica para separação deJ. molissima e J. ribifoliaA. Folhas 5-partidas, flores acima de 1,0 cm

compr., estames isodínamos, epiderme comparedes poligonais retas, mesofilo comparênquima paliçádico bi-estratificado

1. J. molisssima AA. Folhas 3-lobadas, flores menores que 1,0

cm, estames heterodínamos, epiderme comparedes ondeadas, mesofilo com o parên-quima paliçádico uniestratificado

2. J. Ribifolia

Jatropha molissima (Pohl) Baill., Adansonia4: 268. 1864.

Sinônimos: Adenophorum molissimum Pohl,Adenophorum luxurians Pohl, Jatropha pohlia-na Müll. Arg., Jatropha pohliana var. mollissima(Pohl) Müll. Arg., Jatropha luxurians (Pohl)Baill. Nomes vernaculares. Pinhão-bravo,pinhão-de-purga 2.

Descrição morfológicaArbusto com látex avermelhado, 2,0-3,0 m

de comprimento; ramos cilíndricos, glabros, su-culentos, estriados; estípulas caulinares, 2,0-4,0mm, espinhosas, lignificadas, persistentes; estí-pulas nectaríferas foliares, filiformes, dissectas,glandular-estipitadas. Folhas peltadas; pecíolo4,0-10,0 cm, cilíndrico, puberulento, tricomassimples unisseriados; lâmina 3,0-15,0 x 4,0-10,0cm, orbicular, 5-palmatilobada, subcrassas; lo-bos elípticos, puberulentos, tricomas simples,unisseriados, denteados, glandular-estipitados,base aguda, ápice glandular-acuminado, broqui-dródroma. Brácteas, 4,0-3,0 x 2,0-1,5 mm, elípti-cas, nectaríferas, glandular-estipitadas. Pedúncu-lo cilíndrico, 4,0-2,0 cm, puberulento. Inflo-rescências em corimbos, terminais, bracteados; 2flores pistiladas circundadas por 4 flores estami-nadas; pedicelos 0,4-1,5 cm, cilíndricos, glabres-centes. Brácteas florais 0,2-1,0 cm, aciculares,puberulentas, glandular-estipitadas. Flores esta-minadas e pistiladas pentâmeras, cálice 0,5-1,5cm, sépalas soldadas no 1/4 basal, lobos oval-elípticos, estipitados, glabros; corola até 2,0 cm,

pétalas livres, 0,5-1,0 cm, oblongas, face externaavermelhada e a interna amarela, glabra. Floresestaminadas marginais, estames-8, isodínamos,filetes 6,0 mm, concrescidos na base, cilíndricos,glabros; antera 0,3-0,5 mm, sagitada, rimosa.Flores pistiladas centrais, estiletes-3, conatos nabase, colunares, ca. 2,0cm; estigmas-2, bífidos,ovário trilocular, uniovular; disco hipógino, gla-bro. Fruto capsular, 1,5-3,0 cm, trilocular, glau-co, com deiscência explosiva; sementes-3,oblongas, 0,8-1,0 cm, glabras, carúncula eviden-te, ca. de 1/5 do tamanho da semente; testa lisa,brilhante, marrom-ferrugínea (Fig. 1).

Figura 1. Jatropha molissima (Pohl) Baill. A. ramoflorido; B. botão floral; C. flor masculina isolada; D.detalhe dos estames isolados; E. flor feminina; F. frutotricoca; G. bráctea isolada; H. sépala isolada (Agra etal. 2784).

Descrição anatômicaEm vista frontal, Jatropha molissima apresen-

ta a epiderme com células irregulares, 5-6 poli-gonais, com paredes retas e espessadas na faceadaxial; os estômatos são do tipo braquiparacíti-cos com pontuações nas paredes externas dascélulas guardas (Fig. 2); os tricomas são simples,eglandulares, distribuídos esparsamente ao lon-go da lâmina foliar. Em secção transversal, aepiderme é uniestratificada, com células de ta-manho irregulares, cujas paredes são lisas e del-gadas, sendo as anticlinais retas a levemente si-nuosas e as periclinais convexas; as células dosestômatos podem ser observadas um pouco aci-ma do nível das células epidérmicas; uma cutí-cula fina e delgada deposita-se na parede peri-clinal externa (Fig. 3).

Cortes transversais da lâmina foliar revelaramo mesofilo heterogêneo, com estrutura dorsiven-tral e drusas irregularmente dispostas em ambos

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parênquimas (Fig. 3). O parênquima paliçádicoé bi-estratificado, compacto, deixando somenteos espaços formados pelas câmaras subestomáti-cas, tendo as células do estrato superior maislongas que as do estrato inferior (Fig. 3). Oparênquima esponjoso é constituído por cerca

Figura 2. Jatropha molissima (Pohl) Baill. (Agra et al.2784). Vista frontal da epiderme, na face adaxial (400X); estômatos braquiparacíticos (est), com pontuaçõesnas células guardas.

Figura 3. Jatropha molissima (Pohl) Baill. (Agra et al.2784). Secção transversal da lâmina foliar: (40 X): cu-tícula (cut); epiderme adaxial (ead); parênquima pa-liçádico (pp); feixes vasculares (fv); parênquima es-ponjoso (pe); epiderme abaxial (eab); tricoma (tric).

Figura 4. Jatropha molissima (Pohl) Baill. (Agra et al.2784). Secção transversal da nervura mediana (100X): epiderme (eab); colênquima (col); parênquimacortical (pc); floema (fl); xilema (xl); ducto laticífero(dl).

de oito camadas de células, irregulares, resultan-do em espaços com várias dimensões (Fig. 3).

A lâmina foliar de J. molissima apresenta cin-co nervuras principais que se estendem ao lon-go dos cinco lobos, com características anatômi-cas similares. Na nervura mediana o contorno ésub-plano na face adaxial e convexo na abaxial,evidenciando-se mais proeminente (Fig. 4). Ad-jacente à epiderme, nota-se o colênquima do ti-po angular, com quatro a seis estratos celulares,voltado exclusivamente para a face abaxial (Fig.4). O parênquima fundamental é constituído decélulas esféricas e cilíndricas, com ductos laticí-feros, sendo reduzido na região apical. Um feixesemicircular formado por uma série de célulasde xilema e outra série de células de floema, es-tende-se ao longo da nervura mediana (Fig. 4).As células do floema estão organizadas emcordões, dispostos em vários estratos celulares,e as do xilema se dispõem radialmente, apre-sentando paredes espessas e com maior afinida-de tintorial (Fig. 4).

Em vista frontal, a epiderme é hipoanfiesto-mática, com estômatos braquiparacíticos (Fig. 5)na face abaxial, as paredes celulares são simila-res às da face adaxial, porém com as anticlinaismais espessas e com maior densidade de trico-mas. Os tricomas são simples, circundados porcerca de sete células, que se projetam radial-mente à sua posição de inserção na epiderme(Fig. 6). Em secção transversal, a epiderme éuniestratificada, com células menores, com pa-redes celulares e cutícula mais delgadas que naface adaxial (Fig. 3). Os estômatos são observa-dos no mesmo nível das demais células da epi-derme, e os tricomas em maior densidade quena face adaxial (Fig. 3).

Figura 5. Jatropha molissima (Pohl) Baill. (Agra et al.2784). Vista frontal da epiderme na face abaxial (400X); estômatos braquiparacíticos (est), células guardascom pontuações.

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O pecíolo, em secção transversal, possui diâ-metro cuja estrutura varia de acordo com a altu-ra em que foi obtida a secção, diminuindo emdireção à região proximal. A epiderme é unies-tratificada, com uma cutícula lisa e delgada re-vestindo as paredes periclinais externas, com tri-comas simples, similares aos da lâmina foliar(Fig. 7). O colênquima é do tipo angular, comséries circulares em toda a secção observada,apresentando uma diminuição gradual no espes-samento das paredes celulares na área de tran-

Figura 6. Jatropha molissima (Pohl) Baill. (Agra et al.2784). Vista frontal da epiderme na face abaxial(400X): detalhe da inserção do tricoma (tric).

Figura 7. Jatropha molissima (Pohl) Baill. (Agra et al.2784 ). Secção transversal do pecíolo (40X): ducto la-ticífero (dl); floema (fl); xilema (xil); parênquima me-dular (pm).

sição de células para as células parenquimáticascorticais, que são esféricas, isodiamétricas, comparedes delgadas (Fig. 7). Externamente ao floe-ma, observa-se os ductos laticíferos (Fig. 7).Uma faixa cambial está presente entre os ele-mentos vasculares (Figs. 7). O sistema vascularé constituído de um arranjo circular, contínuo,formado por nove feixes colaterais e livres nocilindro medular (Fig. 8A-C), sendo cada feixecomposto de cinco a dez séries de células de xi-lema (Fig. 7). Na região medular, as células pa-renquimáticas apresentam diâmetros variadosque aumentam em direção à região central, on-de se observa, em menor quantidade, a pre-sença de vasos laticíferos (Fig. 7).

Material examinadoBRASIL. Paraíba: Município de Sumé, 29-30 Jun.

1994, M. F. Agra et al. 2784 (JPB); Município de Aro-eiras, 22 maio. 1995, M. F. Agra et al. 3279 (JPB); Mu-nicípio de Cabaceiras, 23-25, jun. 1993, M. F. Agra etal. 2046 (JPB); Município de Itaporanga, Serra água-branca, 7-10 jan. 1994, M. F. Agra et al. 2488 (JPB).

Constituintes químicosÓleo das sementes: alcalóides não isolados

Figura 8. Representação esquemática da vasculari-zação do pecíolo. A-C. Jatropha molissima (Agra et al.2784): A. Região basal; B. Mediana; C. proximal. D-F.Jatropha ribifolia (Agra et al. 2719): D. região basal;B. mediana; C. proximal.

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21. Raiz: esteróides 22, β-sitosterol; triterpeno 22:ácido 3-O-acetil-aleuritólico; alcanóis 22: 1-do-triacontanol, 1-octacosanol, 1- triacontanol. Fol-has: flavonas 23: orientina, iso-orientina, vitexinae isovitexina. Proteídeos 24: pohlianina A, poh-lianina B, pohlianina C.

Atividades biológicasExperimentos com o óleo das sementes re-

gistraram as atividades hipotensora e estimulan-te dos músculos lisos do intestino e do útero 21.

Jatropha ribifolia (Pohl) Baill. Adansonia 4:268. 1864.

Sinônimos: Adenoropium ribifolium Pohl, Ja-tropha gossypifolia var. ribifolia (Pohl) Müll.Arg. Nome vulgar. “Pinhão-manso”.

Descrição morfológicaArbusto, com látex avermelhado, ca. 2,0 m

de altura; ramos cilíndricos, glabros, suculentos,estriados; estípulas caulinares, 1,0-2,0 mm, ligni-ficadas, persistentes; estípulas nectaríferas folia-res, filiformes, dissectas, glandulares, na base dopecíolo. Folhas peltadas, puberulentas, tricomassimples, pluricelulares, unisseriados, pecíolo0,5-9,0 cm, cilíndrico, puberulento, lâmina, 4,5-8,0 x 6,5-9,0 cm, cordiforme, 3-lobada, subcras-sa; lobos ovais, denteados, glandular-estipitados,base cordada, ápice glandular-mucronado, ve-nação broquidródroma. Brácteas, 3,0-6,0 x 1,5-

Figura 9. Jatropha ribifolia (Pohl) Baill. (Agra et al.2719): A. ramo florido e frutificado; B. flor isolada; C.sépala isolada; D. gineceu; F. estames isolados; F. fru-to tricoca; G. bráctea isolada.

3,0 mm, elípticas, nectaríferas, glandulares. Pe-dúnculo cilíndrico, 4,0-20,0 cm, puberulento. In-florescências em dicásios terminais, bracteados;flores unissexuadas, 1-flor pistilada circundadapor 2-flores estaminadas; pedicelos, 3,0-10,0 cm,cilíndricos, glabrescentes. Brácteas florais 2,0-5,0mm, aciculares, puberulentas, glandulares. Flo-res estaminadas e pistiladas pentâmeras, cáliceca. 4,0 mm, sépalas soldadas no 1/4 basal, elípti-cas, glandulares; corola até 1,0 cm, pétalas liv-res, 5,0-9,0 mm, oblongas, amarela, glabras. Flo-res estaminadas marginais, estames-8, heterodí-namos, filetes 3,0 mm, concrescidos na base, ci-líndricos; anteras ca. 5,0 mm, globosas a cilín-dricas, rimosas. Flores pistiladas centrais, estile-tes-3, colunares, conatos na base, ca. 2,0 mm,estigmas-2, bífidos; ovário glabro, trilocular,uniovular. Fruto capsular, 0,8-1,0 cm, trilocular,glabro; sementes-3, oblongas, ca. 5,0 mm, gla-bras, carúncula evidente, ca. de 1/5 do tamanhoda semente, testa lisa, marrom-ferrugínea (Fig.9).

Descrição anatômicaEm vista frontal, Jatropha ribifolia apresenta

a epiderme, na face adaxial, com células de pa-redes anticlinais sinuosas e estômatos do tipobraquiparacíticos, tendo a parede espessada ex-ternamente, com pontuações evidentes nas célu-las paraestomatais (Fig. 10). Em secção transver-sal, a epiderme é uniestratificada com células deparedes anticlinais e periclinais convexas, espes-sadas (Fig. 11). Os tricomas são simples, eglan-dulares, com paredes lisas e espessas, distribuí-dos esparsamente ao longo da lâmina foliar.Uma cutícula delgada deposita-se sobre a pare-

Figura 10. Jatropha ribifolia (Pohl) Baill. (Agra et al.2719 ). Vista frontal da epiderme na face adaxial(400X): células com paredes sinuosas, estômatos bra-quiparacíticos (est).

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de periclinal externa e parcialmente nas paredesanticlinais (Fig. 11).

O mesofilo, em secção transversal, apresen-tou-se heterogêneo, com estrutura dorsiventral(Fig. 11), sendo o parênquima paliçádico uni-es-tratificado, com células longas de paredes delga-das e inclusões celulares (Fig. 11). O parênqui-ma esponjoso com cinco a seis séries de célulasesféricas, intercaladas por espaços irregulares(Fig. 11). Observou-se a presença de drusas irre-gularmente dispostas em ambos parênquimas(Fig. 11).

A lâmina foliar de J. ribifolia apresenta trêsnervuras principais, estendidas ao longo dostrês lobos. Em secção transversal, a nervura me-diana exibe contorno levemente convexo a pla-no na face adaxial e profundamente convexo naface abaxial. A vascularização é do tipo colate-ral, formada por um único feixe semicircular,convexo na porção abaxial, com uma camada

Figura 11. Jatropha ribifolia (Pohl) Baill. (Agra et al.2719 ). Secção transversal da lâmina foliar (400X): cu-tícula (cut); epiderme adaxial (ead); parênquima pa-liçádico (pp); feixes vasculares (fv); parênquima es-ponjoso (pe); epiderme abaxial (epab); estômato(est); ducto lacticifero (dl).

Figura 12. Jatropha ribifolia (Pohl) Baill. (Agra et al.2719). Secção transversal da nervura mediana (40 X):floema (fl); xilema (xl); ducto laticífero (dl).

Figura 13. Jatropha ribifolia (Pohl) Baill. (Agra et al.2719). Vista frontal da epiderme na face abaxial(400X); células com paredes sinuosas e estômatosbraquiparacíticos (est).

de células de xilema e outra de células de floe-ma (Fig. 12).

Em vista frontal, a epiderme possui paredesanticlinais sinuosas, sendo mais espessas na faceabaxial que na adaxial, hipoanfiestomática, comestômatos braquiparacíticos (Fig. 13). Os trico-mas são similares aos da face adaxial. Emsecção transversal, a epiderme é uniestratificada,com células menores de paredes periclinais ex-ternas convexas e cutícula lisa, mais delgadaque na face adaxial (Fig. 11). Os estômatos so-bressaem, em leve relevo, em relação às célulasadjacentes, os tricomas são mais longos e emmaior densidade que na face adaxial (Fig. 11).

O pecíolo, em secção transversal, possui diâ-metro cuja estrutura varia de acordo com a altu-ra em que foi obtida a secção, diminuindo emdireção à região proximal. A epiderme é unies-tratificada, com uma cutícula lisa delgada, reves-tindo as paredes periclinais externas e internas(Fig. 14), com tricomas de estrutura similar aosda lâmina foliar. O colênquima é do tipo angu-lar, com cinco séries circulares que se estendemem toda a secção (Fig. 14), que se diferencia natransição para o parênquima cortical, onde seobserva a presença de dois a três estratos de cé-lulas parenquimáticas, com granulações, for-mando círculos contínuos (Fig. 14). As célulasparenquimáticas corticais são esféricas, cilíndri-cas e elípticas, com paredes celulares delgadasde diâmetros variados (Fig. 14). Externamenteao floema evidenciam-se ductos laticíferos irre-gularmente dispostos (Fig.14). O sistema vascu-lar apresenta um arranjo elíptico, sendo forma-do por nove feixes vasculares colaterais, livres,no cilindro medular, que convergem em direçãoà lâmina foliar (Fig. 8B). Cada feixe apresentacontornos elíptico, formado por cinco séries de

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LEAL C.K.A. & AGRA M. de F.

células de xilema (Fig. 14), entretanto, na regiãomedular, as células parenquimáticas apresentamdiâmetros variados, com poucos canais laticífe-ros (Fig.14).

Material estudadoBRASIL. Paraíba: Município de Sumé, 29-30 Jun.

1994, M. F. Agra et al. 2808 (JPB); Município de SãoJoão do Cariri, 27-29 abril 1994, M. F. Agra et al. 2967(JPB); Município de Soledade, 07-10 jan. 1994, M. F.Agra et al. 2419 (JPB); Município de Aroeiras, 24-27nov. 1994, M. F. Agra et al. 3245 (JPB).

Constituintes químicosDesconhecidos, mas as sementes possuem

óleos fixos, que potencialmente poderiam seraproveitados para sabões e detergentes 25.

Atividades BiológicasDesconhecidas.

DISCUSSÃO E CONCLUSÕESOs caracteres morfológicos das folhas, inflo-

rescências, flores e frutos revelaram graus de di-ferenciação entre as duas espécies estudadas.

Figura 14. Jatropha ribifolia (Pohl) Baill. (Agra et al.2719 ). Secção transversal do pecíolo (40X): colênqui-ma (col); parênquima cortical (pc); ducto laticífero(dl); floema (fl); xilema (xil); parênquima medular(pm).

Em J. molissima, as folhas apresentam pecíoloscilíndricos e lâminas 5-lobadas; as inflorescên-cias são dispostas em corimbos terminais, umcaráter comum às espécies da seção Peltatae 2; eo androceu isodínamo. Por outro lado, em J. ri-bifolia as folhas possuem pecíolos elípticos e lâ-minas 3-lobadas; as inflorescências são panícu-ladas, característica da subseção Adenophorae 2;e o androceu é heterodínamo.

Com relação à anatomia, a morfologia dascélulas epidérmicas, parâmetro também usadopara a delimitação infragenérica de Jatropha 3, omesofilo e a vascularização foram caracteres re-levantes para a separação das espécies.

Em J. ribifolia, a epiderme da lâmina foliarpossui paredes celulares anticlinais e periclinaiscurvas, em ambas faces, característica tambémregistrada para outras espécies de Jatropha sub-sect. Adenophorae 2,3, revelando uma estruturaepidérmica diferente daquela observada em J.molissima, cujas células apresentam paredes an-ticlinais retas, freqüentemente pentagonais ouhexagonais, e paredes periclinais convexas, ca-racterística já observada em outras espécies deJatropha sect. Peltatae 3. As duas espécies pos-suem folhas hipoafiestomáticas, caráter registra-do para algumas espécies do subgênero Jatrop-ha, mas que está sendo aqui registrado pela pri-meira vez para a Jatropha subsect Adenophorae.Os estômatos do tipo braquiparacíticos, são ca-racterísticos do subgênero Jatropha 2,3, e os tri-comas simples (1-pluricelulares, unisseriados,com paredes lisas e espessas), comuns às duasespécies, não constituem características relevan-tes para diferenciá-las. Por outro lado, os estô-matos na face abaxial de J. ribifolia, possuem ascélulas guardas proeminentes em relação às ad-jacentes, constituindo um caráter distintivo parasepará-la de J. molissima, que possui as célulasguardas no mesmo nível das células adjacentes.

O mesofilo com parênquima paliçádico bi-estratificado em J. molissima e uni-estratificadoem J. ribifolia constitui um forte caráter diferen-cial para separar as duas espécies. A presençade drusas, irregularmente dispostas em ambosparênquimas, e a vascularização da nervura me-diana, com uma camada de células de xilema eoutra de células de floema, foram caracteres co-muns às duas espécies estudadas, também jáobservados em outras espécies do gênero 2 eempregados na delimitação infragenérica do gê-nero Jatropha 2,3,13.

As vascularizações da lâmina foliar e do pe-cíolo foram similares em ambas espécies, sendoconstituída por um único feixe de células de xi-

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lema e floema, mas diferenciando-se pelo for-mato, sendo semi-circular em J. molissima e emforma de U em J. ribifolia.

Embora Jatropha molissima e Jatropha ribifo-lia sejam reconhecidas por seus usos etnomedi-cinais, as informações sobre as atividades bioló-gicas e constituintes químicos de J. ribifolia sãodesconhecidos. Para J. molissima, apenas umtrabalho relata o isolamento de algumassubstâncias 20. Estas informações evidenciam a

necessidade de estudos adicionais das ativida-des biológicas e dos constituintes químicos dasespécies estudadas.

Agradecimentos. Ao Instituto do Milênio do Semiá-rido (IMSEAR), pelo apoio financeiro; Conselho Na-cional de Desenvolvimento (CNPq) pelas bolsas IC ePQ concedidas aos autores; ao Núcleo de Pesquisade Recursos Marinhos, pelo apoio à fotomicroscopia;Ricardo Ambrósio Pontes pelas ilustrações; Dulce Oli-veira, pelo apoio técnico.

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