estudo experimental da resistência de aderência entre cfrp ... · resumo este trabalho refere-se...
TRANSCRIPT
Estudo experimental da resistência de aderência entre
CFRP e betão em elementos sujeitos a cargas de impacto
de curta duração
Pedro Miguel da Costa Santiago
Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em
Engenharia Civil
Júri
Presidente: Prof. Jorge Manuel Caliço Lopes de Brito
Orientador: Prof. Giuseppe Barbosa Guimarães
Orientadora: Profª Inês dos Santos Flores Barbosa Colen
Vogal: Prof. João Pedro Ramôa Ribeiro Correia
Novembro de 2011
“O único lugar onde o sucesso
vem antes do trabalho é no dicionário.”
Albert Einstein 1879-1955
i
Resumo
Este trabalho refere-se ao estudo do reforço ao corte de elementos de betão, através da técnica de
colagem exterior de CFRP (Polímeros Reforçados com Fibras de Carbono). A motivação para a sua
realização surge do crescente número de estruturas de betão armado que estão, nos dias de hoje, a
atingir o fim da sua vida útil. Logo, o reforço e a reabilitação estrutural assumem um papel decisivo na
manutenção dessas construções e, o uso dos FRP (Polímeros Reforçados com Fibras) aparece como
uma boa alternativa aos tradicionais elementos metálicos (chapas de aço).
Um aspecto fundamental para o sucesso desta técnica é a aderência entre o material de reforço e o
substrato de betão. Face ao exposto, nesta dissertação foram apresentados alguns factores que
influenciam o desempenho da técnica e foi estudada a variável resistência de aderência na interface
betão – CFRP.
Na presente dissertação realizou-se uma investigação experimental sobre os efeitos de cargas de
impacto de curta duração na resistência de aderência entre CFRP e betão. O objectivo foi verificar a
influência da taxa de carregamento na resistência de aderência. A campanha experimental consistiu
em ensaiar 35 provetes, constituídos por blocos cúbicos de betão e tiras de CFRP coladas nas
laterais opostas dos blocos, nos quais se fez variar o modo de carregamento, tendo sido realizados
30 ensaios dinâmicos e 5 ensaios estáticos. Por último, foram adoptados dois comprimentos de
ancoragem, 30 mm e 70 mm, sendo estudado o efeito do aumento dessa variável na resistência de
aderência.
Palavras Chave:
CFRP (Polímeros Reforçados com Fibras de Carbono);
Reforço e reabilitação estrutural;
Resistência de aderência;
Cargas de impacto;
Taxa de carregamento;
Betão.
ii
iii
Abstract
The current work refers to the study of shear strengthening of concrete elements, through the external
bonding technique of CFRP (Carbon Fiber Reinforced Polymers). Its purpose arises from the growing
number of reinforced concrete structures that are, nowadays, reaching the end of their service life.
Therefore, structural strengthening and rehabilitation play a decisive role in the maintenance of these
buildings and the use of FRP (Fiber Reinforced Polymers) appears as a good alternative to traditional
metallic elements (steel plates).
Very important to the success of this technique is the bond between the reinforcing material and
concrete substrate. Given the above, this dissertation presents some factors that influence the
performance of this technique as well as the study of the variable bond strength at the interface
concrete – CFRP.
In the present work an experimental research on the effects of impact loads of short duration on bond
strength between CFRP and concrete was carried out. The aim was to investigate the influence of the
loading rate on bond strength. The experimental work consisted on testing 35 specimens made of
concrete cubic blocks and CFRP strips bonded on opposite sides of the blocks, which varied in the
loading mode, having performed 30 dynamic tests and 5 static tests. Finally, two anchorage lengths
were adopted, 30 mm and 70 mm, and the effect of this variable increase in bond strength was
studied.
Key words:
CFRP (Carbon Fiber Reinforced Polymers);
Structural strengthening and rehabilitation;
Bond strength;
Impact loads;
Loading rate;
Concrete.
iv
v
Agradecimentos
Desejo expressar o meu reconhecimento a todas as pessoas e entidades que contribuíram, directa e
indirectamente, para a realização e conclusão desta dissertação, tendo plena consciência da
importância de todo o apoio prestado ao longo deste período. Os meus mais sinceros
agradecimentos a todas elas, das quais destaco.
O professor Giuseppe Barbosa Guimarães, meu orientador da PUC-Rio, pela oportunidade e
confiança, pelos ensinamentos prestados, pela forma interessada com que sempre respondeu às
minhas solicitações e pela orientação recebida ao longo da realização desta dissertação.
A professora Inês Flores-Colen, minha orientadora do IST, pelo apoio e confiança demonstrados ao
longo de todo o trabalho, pelos conhecimentos e conselhos de amigo partilhados, pelo rigor científico
incutido e, principalmente, pela disponibilidade constante na revisão dos capítulos.
Os técnicos do Laboratório de Estruturas e Materiais da PUC-Rio, Euclídes, Evandro, José Nilson,
Haroldo e o amigo Júlio Hortz, pela colaboração em todas as etapas da campanha experimental.
A Rheoset, pelo fornecimento de todo o tecido de fibra de carbono e resinas necessárias para esta
pesquisa.
O CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) pelo apoio financeiro à
investigação experimental.
Os meus pais Victor e Sónia Santiago, que nunca mediram esforços para tornar possível a realização
dos meus sonhos, dando apoio, carinho e incentivo.
Toda a minha família, pelo apoio, carinho e compreensão transmitidos durante todo o percurso
académico.
Todos os meus amigos, em especial o André Cunha, Pedro Bragança, Diogo Nunes, Christopher
Apps, Ana Louro, Inês Abreu e Margarida Roda pela amizade, ânimo e motivação transmitidos
durante este trabalho.
O Engenheiro Ângelo Batista, Engenheiro Ricardo Mendes e Engenheiro João Cortesão da Tecnovia
S.A, pela confiança depositada e apoio técnico em algumas questões.
A Tecnovia S.A, pelas condições disponibilizadas para a realização da parte escrita do trabalho.
Deus, por me ter abençoado durante toda a vida e ser guia das minhas decisões.
vi
vii
Índice geral
Resumo ..................................................................................................................................................... i
Abstract.................................................................................................................................................... iii
Agradecimentos ........................................................................................................................................ v
Índice geral ............................................................................................................................................. vii
Índice de figuras ...................................................................................................................................... xi
Índice de tabelas .................................................................................................................................... xv
Simbologia ............................................................................................................................................ xvii
1. Introdução ......................................................................................................................................... 1
1.1. Enquadramento ....................................................................................................................... 1
1.2. Objectivos da dissertação ....................................................................................................... 2
1.3. Estrutura e organização da dissertação .................................................................................. 3
2. Utilização de FRP no reforço e reabilitação de elementos de betão ............................................... 5
2.1. Considerações iniciais ............................................................................................................. 5
2.2. Contextualização histórica e o desenvolvimento dos FRP ao longo do tempo ...................... 5
2.3. Materiais compósitos reforçados com fibras ........................................................................... 7
2.3.1. Tipos de fibras de reforço ................................................................................................ 8
2.3.2. Tipos de resinas ............................................................................................................ 11
2.3.3. Comparação entre materiais compósitos de reforço..................................................... 12
2.3.4. Sistemas e fabricação dos FRP .................................................................................... 14
2.3.5. Identificação dos modos de rotura ................................................................................ 16
2.4. Campos de aplicação dos FRP no reforço exterior por colagem .......................................... 19
2.5. Síntese do capítulo ................................................................................................................ 21
3. Aderência em sistemas de betão – FRP ........................................................................................23
3.1. Considerações iniciais ........................................................................................................... 23
3.2. Factores que influenciam a aderência e o desempenho da técnica de colagem betão – FRP
………………………………………………………………………………………………………...23
3.2.1. Factores ambientais ...................................................................................................... 24
3.2.1.1. Temperatura ambiente .......................................................................................... 24
3.2.1.2. Humidade relativa .................................................................................................. 25
3.2.1.3. Radiação ultravioleta (UV) ..................................................................................... 26
3.2.2. Outros factores .............................................................................................................. 26
viii
3.2.2.1. Comprimento de ancoragem do compósito reforçado com fibras ........................ 26
3.2.2.2. Resistência à compressão do betão ..................................................................... 27
3.3. Estudos experimentais da aderência no reforço exterior ...................................................... 28
3.3.1. Reforço exterior com elementos metálicos ................................................................... 28
3.3.2. Reforço exterior com CFRP sob carregamento estático ............................................... 30
3.3.3. Reforço exterior com CFRP sob carregamento dinâmico ............................................. 33
3.4. Síntese do capítulo ................................................................................................................ 36
4. Campanha experimental ................................................................................................................39
4.1. Considerações iniciais ........................................................................................................... 39
4.2. Materiais utilizados ................................................................................................................ 39
4.2.1. Betão ............................................................................................................................. 39
4.2.1.1. Ensaios de resistência à compressão ................................................................... 41
4.2.2. Compósito reforçado com fibras de carbono (CFRP) ................................................... 42
4.2.2.1. Fibras de carbono de reforço ................................................................................ 42
4.2.2.2. Ensaio de resistência à tracção do CFRP ............................................................. 43
4.2.3. Resinas .......................................................................................................................... 46
4.2.3.1. Resina de preparação ........................................................................................... 46
4.2.3.2. Resina de regularização ........................................................................................ 46
4.2.3.3. Resina epóxida ...................................................................................................... 47
4.3. Características dos provetes ................................................................................................. 48
4.4. Cofragem utilizada ................................................................................................................. 49
4.5. Designação dos provetes ...................................................................................................... 49
4.6. Preparação do compósito reforçado com fibras de carbono (CFRP) ................................... 50
4.7. Preparação dos blocos de betão ........................................................................................... 51
4.8. Instrumentação dos ensaios.................................................................................................. 53
4.9. Meios de aquisição de dados ................................................................................................ 54
4.10. Descrição dos ensaios ...................................................................................................... 54
4.10.1. Ensaios dinâmicos ..................................................................................................... 54
4.10.2. Ensaios estáticos ....................................................................................................... 58
4.10.3. Modos de rotura......................................................................................................... 59
4.11. Dificuldades na realização da campanha experimental .................................................... 59
ix
4.12. Síntese do capítulo ............................................................................................................ 60
5. Apresentação, análise e comparação dos resultados ...................................................................63
5.1. Considerações iniciais ........................................................................................................... 63
5.2. Interpretação dos resultados dos ensaios ............................................................................. 63
5.2.1. Resultados dos ensaios dinâmicos ........................................................................... 64
5.2.2. Resultados dos ensaios estáticos ............................................................................. 65
5.3. Cálculo da resistência de aderência e da taxa de carregamento ......................................... 66
5.3.1. Identificação das variáveis e expressões de cálculo..................................................... 66
5.3.2. Resultados para a faixa de colagem 30×75 mm ........................................................... 68
5.3.3. Resultados para a faixa de colagem 70×75 mm ........................................................... 72
5.4. Influência da taxa de carregamento na resistência de aderência ......................................... 74
5.5. Efeito do aumento do comprimento de ancoragem na resistência de aderência ................. 76
5.6. Comparação dos resultados.................................................................................................. 77
5.7. Conclusões do capítulo ......................................................................................................... 83
6. Conclusões e desenvolvimentos futuros ........................................................................................85
6.1. Considerações gerais ............................................................................................................ 85
6.2. Considerações finais ............................................................................................................. 85
6.3. Desenvolvimentos futuros ..................................................................................................... 89
7. Referências bibliográficas ..............................................................................................................91
ANEXOS
A1. Resultados dos ensaios dinâmicos ........................................................................................... A1
A1.1. Resultados dos ensaios dinâmicos para a faixa de colagem de 30x75 mm .................... A1
A1.2. Resultados dos ensaios dinâmicos para a faixa de colagem de 70x75 mm .................. A10
A2. Resultados dos ensaios estáticos ........................................................................................... A16
A2.1. Resultados dos ensaios estáticos para a faixa de colagem de 30x75 mm .................... A16
A2.2. Resultados dos ensaios estáticos para a faixa de colagem de 70x75 mm .................... A17
A3. Modos de rotura dos ensaios estáticos e dinâmicos .............................................................. A18
A3.1. Modos de rotura observados na primeira série para a faixa de colagem de 30x75 mm A18
A3.2. Modos de rotura observados na terceira série para a faixa de colagem de 30x75 mm . A19
A3.3. Modos de rotura observados na terceira série para a faixa de colagem de 30x75 mm . A21
A3.4. Modos de rotura observados na primeira série para a faixa de colagem de 70x75 mm A22
x
A3.5. Modos de rotura observados na segunda série para a faixa de colagem de 70x75 mm A24
A4. Influência da taxa de carregamento na resistência de aderência ........................................... A26
xi
Índice de figuras
Figura 2.1 – Evolução no tempo da utilização da fibra de carbono em função da produção, do campo
de aplicação e do custo ........................................................................................................................... 7
Figura 2.2 – (a) Comparação de algumas propriedades mecânicas, físicas e químicas entre os
materiais compósitos (CFRP) e alguns tradicionais (b) Comparação qualitativa do comportamento à
tracção da fibra, resina e do compósito .................................................................................................. 8
Figura 2.3 – Tipos de fibras (a) Vidro (b) Aramida (c) Carbono .............................................................. 9
Figura 2.4 - Resistência à tracção das principais fibras e do aço ......................................................... 10
Figura 2.5 – Comparação qualitativa do custo, resistência e rigidez de algumas fibras ...................... 10
Figura 2.6 – Comparação dos intervalos de valores da resistência à tracção, rigidez e densidade
mássica dos materiais compósitos mais importantes e do aço ............................................................ 13
Figura 2.7 - Tensão à tracção versus deformação de vários materiais compósitos, aço normal e aço
de pré-esforço ....................................................................................................................................... 13
Figura 2.8 – (a) Laminado de CFRP (b) Esquema do processo de pultrusão ...................................... 15
Figura 2.9 – Sistemas curados “in situ” (a) Tipos de tecidos (b) Manta flexível de CFRP ................... 15
Figura 2.10 – Principais modos de rotura base (a) Esmagamento do betão (b) Cedência da armadura
(c) Rotura por corte (d) Rotura do compósito reforçado com fibras ..................................................... 17
Figura 2.11 – Rotura prematura devido a fendilhação (a) Na zona de ancoragem (b) Por flexão (c) Por
esforço transverso ................................................................................................................................. 18
Figura 2.12 – Rotura prematura devido a (a) Irregularidades no betão (b) Destacamento pela
extremidade do FRP ao nível do recobrimento (c) Destacamento pela extremidade do FRP ao nível
da interface betão – FRP (d) Destacamento pela extremidade do FRP combinando as figuras 2.12b e
2.12c ...................................................................................................................................................... 18
Figura 3.1 – Efeito da penetração de humidade no comportamento da resina .................................... 25
Figura 3.2 – (a) Tensão de aderência – Comprimento de aderência (b) Força de rotura –
Comprimento de aderência ................................................................................................................... 27
Figura 3.3 – Relação entre as resistências à compressão do betão e as tensões de aderência (a)
(Chajes et al., 1996 citado por Meneghel, 2005) (b) Segundo os provetes ensaiados ........................ 28
Figura 3.4 – Montagem dos ensaios adoptada por Meneghel .............................................................. 32
Figura 3.5 – (a) Equipamento utilizado nos ensaios (b) Gráfico da resistência de aderência em função
do tipo de superfície do betão, tendo em conta a nomenclatura dos provetes ensaiados ................... 33
Figura 3.6 – Características dos ensaios de Pellisari (a) Modelo de ensaio e provetes utilizados (b)
Equipamento utilizado e respectivo posicionamento do provete .......................................................... 34
Figura 3.7 – Características e resultados dos ensaios de Rodrigues (a) Equipamento utilizado e
respectivo posicionamento do provete (b) Gráfico da relação entre a taxa de carregamento e a
resistência de aderência ........................................................................................................................ 35
Figura 4.1 – (a) Colocação do betão na cofragem metálica (b) Vibração do betão (c) Alisamento do
betão ...................................................................................................................................................... 40
Figura 4.2 – (a) Moldagem dos blocos de betão (b) Moldagem dos provetes cilíndricos .................... 41
xii
Figura 4.3 – (a) Bloco capeado (b) Pasta usada no capeamento dos blocos ...................................... 41
Figura 4.4 – Prensa utilizada nos ensaios de resistência à compressão ............................................. 42
Figura 4.5 – (a) Manta de fibras de carbono utilizada nos ensaios (b) Manta esticada ....................... 43
Figura 4.6 – Dimensões das tiras de CFRP ensaiados ........................................................................ 43
Figura 4.7 - (a) Aplicação da resina epóxida (b) Passagem do rolo de aço denteado para garantir a
impregnação da resina (c) Colocação das abas de alumínio nas extremidades da tira (d) Colagem dos
extensómetros na região central ........................................................................................................... 44
Figura 4.8 – Execução do ensaio de tracção da tira de fibra de carbono ............................................. 45
Figura 4.9 – Gráfico tensão – deformação específica das tiras ensaiadas .......................................... 45
Figura 4.10 – Aspecto dos componentes A (esquerda) e B (direita) (a) Resina de preparação (b)
Resina de regularização ........................................................................................................................ 47
Figura 4.11 – Aspecto dos componentes A (esquerda) e B (direita) da resina epóxida ...................... 48
Figura 4.12 – Provete de betão com faixa de colagem de (a) 30×75 mm (b) 70×75 mm .................... 48
Figura 4.13 – (a) Pormenor dos perfis metálicos utilizados na cofragem (b) Peças de madeira usadas
na separação dos blocos (c) Barras rosqueadas usadas para unir os perfis ....................................... 49
Figura 4.14 – Corte transversal da cofragem utilizada ......................................................................... 49
Figura 4.15 – (a) Corte das tiras de fibra de carbono (b) Trechos impregnados com resina epóxida (c)
Mesa preparada para receber a colagem das tiras de fibra ................................................................. 50
Figura 4.16 – (a) Marcação do bloco e picagem da faixa de colagem (b) Passagem do álcool
isopropílico na faixa de colagem para remoção de substâncias oleosas (c) Folha de papel de encapar
já com o recorte na faixa de colagem ................................................................................................... 51
Figura 4.17 – (a) Aplicação do primário na superfície dos blocos (b) Série de blocos na fase de cura
em ambiente de laboratório ................................................................................................................... 51
Figura 4.18 – (a) Superfície do bloco com resina de regularização aplicada (b) Série de blocos na fase
de cura em ambiente de laboratório ...................................................................................................... 52
Figura 4.19 – (a) Aspecto final da superfície tratada (b) Série de blocos devidamente tratada ........... 52
Figura 4.20 – (a) Passagem do rolo denteado para uma melhor impregnação da resina (b) Fixação
das tiras de fibra de carbono nas suas extremidades superiores (c) Aspecto final de uma série de
blocos para ensaio ................................................................................................................................ 53
Figura 4.21 – (a) Posicionamento da célula de carga utilizada nos ensaios (b) Pormenor do
extensómetro colado na tira de CFRP (c) Cola de endurecimento rápido utilizada na colagem dos
extensómetros ....................................................................................................................................... 53
Figura 4.22 – (a) Equipamento NI cDAQ – 9174 (b) Ligação do equipamento ao computador ........... 54
Figura 4.23 – (a) Detalhe do equipamento utilizado nos ensaios dinâmicos (b) Equipamento utilizado
nos ensaios dinâmicos (c) Detalhe da vista frontal do equipamento (d) Vista frontal do equipamento 55
Figura 4.24 – Gráfico força – tempo num estado de repouso do perfil (a) Provete S25-2 (b) Provete
A75-1 ..................................................................................................................................................... 56
Figura 4.25 – Gráfico deformação – tempo num estado de repouso do perfil (a) Provete S25-2 (b)
Provete A75-1 ........................................................................................................................................ 57
xiii
Figura 4.26 – Gráfico força – tempo na queda do perfil de uma altura de 30mm (a) Provete S25-2 (b)
Provete A75-1 ........................................................................................................................................ 58
Figura 4.27 – (a) Detalhe do equipamento utilizada nos ensaios estáticos (b) Equipamento utilizado
nos ensaios estáticos ............................................................................................................................ 58
Figura 4.28 – Modos de rotura (a) Destacamento do betão (b) Tracção da fibra................................. 59
Figura 4.29 – (a) Provete cilíndrico com perda de secção em algumas zonas (b) Provetes com
colagem deficiente ................................................................................................................................. 60
Figura 5.1 – Ensaio dinâmico do provete S25-2 (a) Força – tempo (b) Deformação – tempo ............. 64
Figura 5.2 – Combinação dos gráficos força – tempo e deformação – tempo obtidos no ensaio
dinâmico do provete S25-2.................................................................................................................... 65
Figura 5.3 – Gráfico força – deformação obtido no ensaio estático do provete S0-1 ........................... 66
Figura 5.4 – Dados relevantes a retirar dos gráficos força – tempo ..................................................... 67
Figura 5.5 – Gráficos força – deformação obtidos no ensaio: (a) S0-1 (b) S0-3 .................................. 70
Figura 5.6 – Modo de rotura obtido no ensaio do provete S125-1 ....................................................... 70
Figura 5.7 – Gráficos deformação – tempo obtidos no ensaio: (a) S50-2 (b) S50-3 ............................ 71
Figura 5.8 – Modo de rotura obtido no ensaio do provete S50-2.......................................................... 72
Figura 5.9 – Gráficos deformação – tempo obtidos no ensaio: (a) S50-1 (b) S70-1 ............................ 74
Figura 5.10 – Gráficos que relacionam a taxa de carregamento com a resistência de aderência e
respectiva linha de tendência (a) Faixa de colagem de 30×75 mm (b) Faixa de colagem de 70×75 mm
............................................................................................................................................................... 75
Figura 5.11 – Gráficos do ensaio B25-125-E de Rodrigues (a) Força – Tempo (b) Deformação
específica – Tempo ............................................................................................................................... 78
Figura 5.12 – Relação entre a taxa de carregamento e a resistência de aderência obtida por diversos
investigadores, incluindo os resultados da presente dissertação ......................................................... 81
Figura A1.1 – Gráficos obtidos no ensaio S25-1 (a) Força – Tempo (b) Deformação – Tempo .......... A1
Figura A1.2 – Gráficos obtidos no ensaio S25-2 (a) Força – Tempo (b) Deformação – Tempo .......... A1
Figura A1.3 – Gráficos obtidos no ensaio S25-3 (a) Força – Tempo (b) Deformação – Tempo .......... A2
Figura A1.4 – Gráficos obtidos no ensaio S50-1 (a) Força – Tempo (b) Deformação – Tempo .......... A2
Figura A1.5 – Gráficos obtidos no ensaio S50-2 (a) Força – Tempo (b) Deformação – Tempo .......... A3
Figura A1.6 – Gráficos obtidos no ensaio S50-3 (a) Força – Tempo (b) Deformação – Tempo .......... A3
Figura A1.7 – Gráficos obtidos no ensaio S75-1 (a) Força – Tempo (b) Deformação – Tempo .......... A4
Figura A1.8 – Gráficos obtidos no ensaio S75-2 (a) Força – Tempo (b) Deformação – Tempo .......... A4
Figura A1.9 – Gráficos obtidos no ensaio S75-3 (a) Força – Tempo (b) Deformação – Tempo .......... A5
Figura A1.10 – Gráficos obtidos no ensaio S100-1 (a) Força – Tempo (b) Deformação – Tempo ...... A5
Figura A1.11 – Gráficos obtidos no ensaio S100-2 (a) Força – Tempo (b) Deformação – Tempo ...... A6
Figura A1.12 – Gráficos obtidos no ensaio S100-3 (a) Força – Tempo (b) Deformação – Tempo ...... A6
Figura A1.13 – Gráficos obtidos no ensaio S125-1 (a) Força – Tempo (b) Deformação – Tempo ...... A7
Figura A1.14 – Gráficos obtidos no ensaio S125-2 (a) Força – Tempo (b) Deformação – Tempo ...... A7
Figura A1.15 – Gráficos obtidos no ensaio S125-3 (a) Força – Tempo (b) Deformação – Tempo ...... A8
Figura A1.16 – Gráficos obtidos no ensaio S150-1 (a) Força – Tempo (b) Deformação – Tempo ...... A8
xiv
Figura A1.17 – Gráficos obtidos no ensaio S150-2 (a) Força – Tempo (b) Deformação – Tempo ...... A9
Figura A1.18 – Gráficos obtidos no ensaio S150-3 (a) Força – Tempo (b) Deformação – Tempo ...... A9
Figura A1.19 – Gráficos obtidos no ensaio A25-1 (a) Força – Tempo (b) Deformação – Tempo ...... A10
Figura A1.20 – Gráficos obtidos no ensaio A25-2 (a) Força – Tempo (b) Deformação – Tempo ...... A10
Figura A1.21 – Gráficos obtidos no ensaio A50-1 (a) Força – Tempo (b) Deformação – Tempo ...... A11
Figura A1.22 – Gráficos obtidos no ensaio A50-2 (a) Força – Tempo (b) Deformação – Tempo ...... A11
Figura A1.23 – Gráficos obtidos no ensaio A75-1 (a) Força – Tempo (b) Deformação – Tempo ...... A12
Figura A1.24 – Gráficos obtidos no ensaio A75-2 (a) Força – Tempo (b) Deformação – Tempo ...... A12
Figura A1.25 – Gráficos obtidos no ensaio A100-1 (a) Força – Tempo (b) Deformação – Tempo .... A13
Figura A1.26 – Gráficos obtidos no ensaio A100-2 (a) Força – Tempo (b) Deformação – Tempo .... A13
Figura A1.27 – Gráficos obtidos no ensaio A125-1 (a) Força – Tempo (b) Deformação – Tempo .... A14
Figura A1.28 – Gráficos obtidos no ensaio A125-2 (a) Força – Tempo (b) Deformação – Tempo .... A14
Figura A1.29 – Gráficos obtidos no ensaio A150-2 (a) Força – Tempo (b) Deformação – Tempo .... A15
Figura A2.1 – Gráficos força – deformação obtidos nos ensaios (a) S0-1 (b) S0-2 ........................... A16
Figura A2.2 – Gráfico força – deformação obtido no ensaio S0-3 ...................................................... A16
Figura A2.3 – Gráficos força – deformação obtidos nos ensaios (a) A0-1 (b) A0-2 ........................... A17
Figura A3.1 – Modo de rotura obtido no ensaio do provete (a) S0-1 (b) S25-1.................................. A18
Figura A3.2 – Modo de rotura obtido no ensaio do provete (a) S50-1 (b) S75-1................................ A18
Figura A3.3 – Modo de rotura obtido no ensaio do provete (a) S100-1 (b) S125-1 ........................... A19
Figura A3.4 – Modo de rotura obtido no ensaio do provete S150-1 ................................................... A19
Figura A3.5 – Modo de rotura obtido no ensaio do provete (a) S0-2 (b) S25-2.................................. A19
Figura A3.6 – Modo de rotura obtido no ensaio do provete (a) S50-2 (b) S75-2................................ A20
Figura A3.7 – Modo de rotura obtido no ensaio do provete (a) S100-2 (b) S125-2 ........................... A20
Figura A3.8 – Modo de rotura obtido no ensaio do provete S150-2 ................................................... A20
Figura A3.9 – Modo de rotura obtido no ensaio do provete (a) S0-3 (b) S25-3.................................. A21
Figura A3.10 – Modo de rotura obtido no ensaio do provete (a) S50-3 (b) S75-2 ............................. A21
Figura A3.11 – Modo de rotura obtido no ensaio do provete (a) S100-3 (b) S125-3 ......................... A22
Figura A3.12 – Modo de rotura obtido no ensaio do provete S150 - 3 ............................................... A22
Figura A3.13 – Modo de rotura obtido no ensaio do provete (a) A0-1 (b) A25-1................................ A22
Figura A3.14 – Modo de rotura obtido no ensaio do provete (a) A50-1 (b) A75-1 ............................. A23
Figura A3.15 – Modo de rotura obtido no ensaio do provete (a) A100-1 (b) A125-1 ......................... A23
Figura A3.16 – Modo de rotura obtido no ensaio do provete A150-1 ................................................. A23
Figura A3.17 – Modo de rotura obtido no ensaio do provete (a) A0-2 (b) A25-2................................ A24
Figura A3.18 – Modo de rotura obtido no ensaio do provete (a) A50-2 (b) A75-2 ............................. A24
Figura A3.19 – Modo de rotura obtido no ensaio do provete (a) A100-2 (b) A125-2 ......................... A24
Figura A3.20 – Modo de rotura obtido no ensaio do provete A150-2 ................................................. A25
xv
Índice de tabelas
Tabela 2.1 – Propriedades das fibras usadas nos FRP ........................................................................ 10
Tabela 2.2 – Propriedades mecânicas das resinas mais usadas a nível estrutural ............................. 11
Tabela 2.3 – Comparação entre sistemas de CFRP ............................................................................ 16
Tabela 2.4 – Tipos de reforço e as suas áreas de investigação ........................................................... 19
Tabela 2.5 – Sistemas de reforço usados e seu campo de aplicação no âmbito do reforço exterior por
colagem de FRP .................................................................................................................................... 20
Tabela 3.1 – Alguns modelos de ensaio para a determinação e caracterização da aderência ........... 31
Tabela 4.1 – Quantidade de material por m3 de betão ......................................................................... 40
Tabela 4.2 – Resultados dos ensaios de resistência à compressão .................................................... 42
Tabela 4.3 – Dimensões mínimas recomendadas pela ASTM D 3039/D 3039M (2000) para ensaios
em CFRP ............................................................................................................................................... 43
Tabela 4.4 – Resultados obtidos nos ensaios à tracção do CFRP ....................................................... 45
Tabela 4.5 – Designação utilizada para os provetes ............................................................................ 50
Tabela 5.1 – Resultados dos ensaios para a faixa de colagem 30×75 mm ......................................... 69
Tabela 5.2 – Resultados dos ensaios para a faixa de colagem 70×75 mm ......................................... 73
Tabela 5.3 – Diferença das médias das variáveis em estudo, segundo os dois modos de colagem
para os ensaios (a) Estáticos (b) Dinâmicos ......................................................................................... 76
Tabela 5.4 – Síntese dos ensaios recentemente realizados no âmbito do reforço exterior com CFRP,
tendo em conta a aderência .................................................................................................................. 79
Tabela A4.1 - Valores obtidos pelas expressões de diversos investigadores e na presente dissertação
............................................................................................................................................................. A26
xvi
xvii
Simbologia
Siglas
ACI – American Concrete Institute
AFRP – Polímeros (ou Compósitos) Reforçados com Fibras de Aramida
ASTM – American Society for Testing Materials
CFRP – Polímeros (ou Compósitos) Reforçados com Fibras de Carbono
CV – Coeficiente de variação dos resultados
DP – Desvio padrão dos resultados
fib – Fédération Internationale du Béton
FRP – Polímeros (ou compósitos) Reforçados com Fibras
GFRP – Polímeros (ou Compósitos) Reforçados com Fibras de Vidro
IST – Instituto Superior Técnico
LEM – Laboratório de Estruturas e Materiais da PUC-Rio
NBR – Norma Brasileira
PUC-Rio – Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
UV – Ultravioleta
Notações Escalares Latinas
A – Área da secção transversal do CFRP
bf – Largura do CFRP
Ef – Módulo de elasticidade do CFRP
fb – Resistência de aderência
fc – Resistência à compressão do betão
Fmáx – Força de rotura
ftf – Resistência à tracção do CFRP
la – Comprimento de ancoragem
xviii
N, P – Força aplicada
Tc – Taxa de carregamento
tf – Espessura do CFRP
Tg – Temperatura de transição vítrea
Tgo – Temperatura de transição vítrea da resina no estado seco
Tgw – Temperatura de transição vítrea da resina no estado húmido
Notações Escalares Gregas
εfu – Deformação específica última do CFRP
Δt – Tempo de carregamento
σf – Tensão normal no CFRP
Capítulo 1 – Introdução
1
1. Introdução
1.1. Enquadramento
Grande parte das estruturas de betão armado erigidas está a atingir o fim da sua vida útil, levando a
que o foco da actualidade se centre na manutenção dessas estruturas, principalmente no que diz
respeito ao seu reforço e reabilitação (Juvandes, 1999). Esta necessidade deriva de vários motivos
que podem levar as estruturas a situações de risco como, por exemplo, erros de projecto e/ou
construção, aumento do nível de solicitações e mudança do tipo de utilização da estrutura. Por outro
lado, as estruturas encontram-se também sujeitas à degradação dos seus elementos, seja ela natural
ou por acidente, nomeadamente, devido à acção de agentes externos e ao envelhecimento ou, por
exemplo, incêndios e choques, respectivamente (Rodrigues, 2009).
O engenheiro tem ao seu dispor uma série de técnicas de reforço, designadamente, a adição de
armaduras exteriores, o encamisamento com betão armado “in situ” (ou projectado) ou o pré-esforço
exterior, cabendo-lhe optar pela técnica que melhor se adeque a determinado fim, tendo em conta
que a aplicação e o posterior desempenho do material depende do carregamento e da geometria da
estrutura (Pacheco, 2006; Marreiros, 2005; Neto, 2006). De entre as diversas formas de intervenção
num reforço, a técnica de colagem de armaduras não metálicas, isto é, de materiais compósitos, será
o objecto principal desta dissertação.
A preocupação que existe na necessidade de reabilitar e reforçar as estruturas, faz com que os
profissionais da área desenvolvam cada vez mais estudos, de modo a melhorar os meios tradicionais
e a descobrir novos materiais que apresentem vantagens técnicas, económicas e de desempenho
(Meneghel, 2005). Em alternativa às chapas de aço, as quais são empregues desde o final dos anos
60 como elemento de reforço, surge a utilização dos polímeros reforçados com fibras (FRP), mais
concretamente os CFRP (Polímeros Reforçados com Fibras de Carbono). Estes têm-se mostrado
como uma das melhores técnicas de reforço nos últimos tempos devido às suas boas propriedades
em comparação com os elementos metálicos, nomeadamente, a resistência à corrosão, a facilidade
de aplicação e adaptação às várias geometrias das peças, o seu peso e a elevada resistência
mecânica (Pacheco 2006).
O aparecimento destes novos materiais levou a uma crescente utilização desse tipo de reforço, no
entanto, existem aspectos no reforço exterior por colagem que necessitam de ser estudados, de
modo a se aumentar a confiança e o conhecimento relativamente ao comportamento desses
materiais. Um aspecto fundamental na concepção desta técnica é a questão da aderência entre o
material de reforço e o substrato de betão, a qual necessita de um estudo mais aprofundado, no que
diz respeito, por exemplo, à análise da tensão ou resistência de aderência na interface betão – FRP
(Meneguel, 2005).
Ao longo do tempo, têm sido realizados diversos estudos no âmbito das cargas de impacto aplicadas
a estruturas de betão reforçadas com materiais compósitos, na medida em que, este tipo de
Estudo experimental da resistência de aderência entre CFRP e betão em elementos sujeitos a cargas de impacto de curta duração
2
carregamento (dinâmico) distingue-se do carregamento estático por ter uma duração muito pequena
e a taxa de deformação imposta ao material ser bastante superior. Torna-se, pois, importante
perceber o comportamento do elemento de betão reforçado, bem como qual o material a usar, que
seja capaz de suportar as solicitações dinâmicas de pequena duração impostas por este tipo de
carregamento, como é o caso dos choques e impactos acidentais (Rodrigues, 2009; Santos, 2008).
O uso dos materiais compósitos deve ser tomado como mais uma alternativa no reforço exterior por
colagem de elementos de betão e, a sua escolha, além do comportamento mecânico, deve ter em
conta factores como a viabilidade, durabilidade a longo prazo e se é a melhor opção do ponto de vista
económico (Neto, 2006). Contudo, segundo Juvandes (1999): “Quando as propriedades destes
materiais são convenientemente ajustadas às estruturas de betão, sobretudo, através da garantia de
uma adequada ligação ao betão, pela compatibilidade de deformações e da perfeita conjugação
química entre eles, permitem a concepção de estruturas mais leves, mais resistentes e mais
duráveis.”.
1.2. Objectivos da dissertação
A motivação deste trabalho surgiu da necessidade de aprofundar o conhecimento no âmbito do
reforço exterior ao corte de elementos de betão, recorrendo à colagem de CFRP (Polímeros
Reforçados com Fibras de Carbono). Por outro lado, pretendeu-se contribuir para o estudo mais
aprofundado da resistência de aderência em interfaces betão – CFRP, sujeitas ao corte. Para tal, em
acordo com o Instituto Superior Técnico (IST), a investigação experimental foi realizada na Pontifícia
Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), que conduz trabalhos de investigação nesta
área. Mais concretamente, pretende-se estudar a influência da taxa de carregamento na resistência
de aderência entre o betão e o CFRP sob cargas de impacto de curta duração.
A campanha experimental consiste em ensaiar provetes constituídos por blocos cúbicos de betão e
tiras de CFRP coladas nas faces laterais opostas dos blocos, os quais devem representar da melhor
maneira o comportamento de um reforço num elemento estrutural, através de ensaios baseados no
modelo de corte de junta dupla tracção-compressão.
Neste contexto, os principais objectivos desta dissertação consistem em:
perceber as vantagens do uso dos CFRP em comparação com os tradicionais elementos
metálicos e com outros materiais compósitos;
compreender de uma forma geral e através de estudos experimentais, alguns dos factores
que influenciam a aderência e o desempenho da técnica de reforço exterior por colagem;
apurar experimentalmente se foram minimizadas nos ensaios dinâmicos, as dificuldades
sentidas por Rodrigues (2009) na medição das deformações específicas e consequente
medição das forças que efectivamente actuam na tira de fibra de carbono, eliminando ou
reduzindo as forças de inércia;
obter uma expressão que relacione a resistência de aderência com a taxa de carregamento;
estudar o efeito do aumento do comprimento de ancoragem na resistência de aderência.
Capítulo 1 – Introdução
3
1.3. Estrutura e organização da dissertação
A estrutura da presente dissertação desenvolver-se-á ao longo de sete capítulos, incluindo a
introdução, as conclusões e as referências bibliográficas, acrescida de quatro anexos, sendo
organizada de acordo com os objectivos pretendidos. Os capítulos que constituem o estado da arte,
com base nas referências bibliográficas disponíveis e pertinentes, contribuem para o estudo do
reforço exterior por colagem de materiais compósitos reforçados com fibras, assumindo especial
relevância os reforçados com fibras de carbono (CFRP). Apresenta-se de seguida uma descrição da
organização desta dissertação.
No capítulo 1, é feito um enquadramento do tema de modo a introduzir o conceito do uso de materiais
compósitos no reforço exterior por colagem de elementos de betão, tendo em conta a importância
que a questão da aderência tem na concepção desta técnica. De seguida, é explicada a motivação
que levou à realização deste trabalho, a metodologia de investigação adoptada e são identificados os
objectivos que se pretendem alcançar. Por último, refere-se o modo como esta dissertação se
encontra estruturada e organizada.
No capítulo 2, descreve-se o resultado da pesquisa bibliográfica sobre o reforço e reabilitação de
elementos de betão, recorrendo ao uso de FRP (Polímeros Reforçados com Fibras), com maior
importância, os polímeros reforçados com fibras de carbono (CFRP) e a sua aderência ao betão.
Apresenta-se inicialmente uma contextualização histórica e o desenvolvimento dos FRP ao longo do
tempo e, seguidamente, de uma forma mais detalhada, abordam-se questões relativas aos materiais
compósitos reforçados com fibras, nomeadamente, os tipos de fibras e resinas que existem no âmbito
da construção civil e respectivas propriedades, a comparação entre os vários materiais compósitos de
reforço e os sistemas e tipos de fabricação destes materiais. Por último, descrevem-se ainda os
diversos modos de rotura associados a este tipo de reforço e sintetizam-se os principais campos de
aplicação dos FRP usados no reforço exterior por colagem.
O capítulo 3 aborda o tema da aderência em sistemas de betão – FRP. São apresentados de uma
forma geral, alguns factores que de algum modo influenciam a aderência e o desempenho da técnica
de reforço exterior por colagem de materiais compósitos. Por último, são expostos de uma forma
resumida alguns estudos experimentais que se consideram importantes no âmbito da aderência
betão – CFRP. Inicia-se, no entanto, o tema com uma breve referência à colagem de elementos
metálicos como reforço exterior de elementos de betão e só depois se faz referência ao uso de
CFRP, incluindo estudos em que tenham sido aplicadas cargas de impacto (carregamento dinâmico).
No capítulo 4, é descrita a campanha experimental realizada, nomeadamente, os materiais utilizados,
as características dos provetes bem como da cofragem utilizada, as etapas e os materiais
necessários na aplicação do material compósito. Descreve-se também o equipamento utilizado,
referem-se alguns procedimentos efectuados antes de cada ensaio e, mencionam-se as eventuais
dificuldades sentidas na realização desta campanha.
Estudo experimental da resistência de aderência entre CFRP e betão em elementos sujeitos a cargas de impacto de curta duração
4
O capítulo 5 destina-se a apresentar e analisar os resultados obtidos nos ensaios da campanha
experimental realizada. Começa-se por explicar a maneira de interpretar os resultados obtidos nos
ensaios e, posteriormente, são calculadas as resistências de aderência, as taxas de carregamento e
todas as variáveis de que estas dependam. Após a observação do modo de rotura dos provetes,
segue-se a avaliação da influência da taxa de carregamento na resistência de aderência entre o
betão e o CFRP, obtendo-se uma expressão que as relacione. De seguida, estuda-se o efeito do
aumento do comprimento de ancoragem na resistência de aderência e, por último, comparam-se os
resultados obtidos na presente campanha experimental com os resultados de outros autores que
tenham feito algum tipo de pesquisa nesta temática da aderência betão – CFRP.
No capítulo 6, apresentam-se as conclusões do trabalho desenvolvido de acordo com os objectivos
traçados e, além disso, são ainda sugeridas propostas para desenvolvimentos futuros. A presente
dissertação termina no capítulo 7, onde são expostas as referências bibliográficas que serviram de
base para o desenvolvimento deste estudo e, nos diversos anexos:
A1 – Resultados dos ensaios dinâmicos;
A2 – Resultados dos ensaios estáticos;
A3 – Modos de rotura dos ensaios estáticos e dinâmicos;
A4 – Influência da taxa de carregamento na resistência de aderência.
Capítulo 2 – Utilização de FRP no reforço e reabilitação de elementos de betão
5
2. Utilização de FRP no reforço e reabilitação de elementos de
betão
2.1. Considerações iniciais
Neste capítulo, apresenta-se uma revisão bibliográfica sobre os aspectos mais relevantes
relacionados com a utilização de FRP (Polímeros Reforçados com Fibras) no reforço e reabilitação de
estruturas de betão. Neste contexto, é feita uma caracterização destes materiais como alternativa aos
tradicionalmente usados, iniciando-se com uma contextualização histórica do tema. Será dada
especial relevância aos materiais compósitos reforçados com fibras de carbono (CFRP) e a sua
aderência ao betão, uma vez que estes são o objecto de estudo nesta dissertação, não deixando, por
isso, de se realizar uma abordagem geral dos materiais compósitos existentes.
Face ao exposto, os objectivos deste capítulo são:
conhecer, caracterizar e comparar os materiais compósitos reforçados com fibras utilizados
no reforço exterior por colagem, no âmbito da reabilitação e reforço de estruturas de betão;
descrever e caracterizar o tipo de fibras e resinas existentes no âmbito da construção civil;
conhecer os sistemas usuais e os tipos de fabricação dos FRP;
identificar os principais modos de rotura;
sintetizar os principais campos de aplicação dos FRP (Polímeros Reforçados com Fibras)
utilizados no reforço exterior por colagem.
2.2. Contextualização histórica e o desenvolvimento dos FRP ao longo do
tempo
O Homem desde sempre tem marcado a história da Humanidade devido à sua contínua exploração
de todas as potencialidades do universo que o rodeia. Os maiores avanços na engenharia estrutural
ocorreram devido ao uso de novos materiais, como é o caso do uso do ferro nos séculos XVIII e XIX,
o qual foi decisivo na altura da Revolução Industrial. Mais tarde, o século XX foi marcante, pois
assinala o aparecimento do betão armado como um dos materiais mais importantes na construção,
principalmente na segunda metade deste século, permitindo a rápida reconstrução após a Segunda
Guerra Mundial (Correia, 2008).
Nos dias de hoje, muitas das estruturas de betão armado estão atingir o fim da vida útil prevista
inicialmente, o que leva a uma maior preocupação no campo da durabilidade das mesmas. A este
factor, nunca foi dada a devida importância e tem sido colocado para segundo plano, o controlo da
qualidade do betão armado na construção. As estruturas de betão armado, geralmente têm um
período de vida longo, durante o qual podem surgir modificações na sua utilização, devido a
alterações na sua geometria ou aumento do nível de solicitações. Outro factor inevitável é o processo
natural de envelhecimento e deterioração das estruturas, ou seja, durante a vida útil de uma
Estudo experimental da resistência de aderência entre CFRP e betão em elementos sujeitos a cargas de impacto de curta duração
6
estrutura, os materiais empregues interagem com o meio ambiente, o qual é constituído, entre outros,
por agentes agressivos que provocam a referida deterioração (Beber, 2003; Juvandes, 1999).
A durabilidade dos materiais tradicionais tem provocado alterações na regulamentação existente e
nas práticas de dimensionamento. Esta exigência, associada à necessidade de uma maior velocidade
de construção, tem levado ao desenvolvimento de novos materiais estruturais, os quais sejam mais
resistentes à degradação de agentes externos, mais leves e com necessidades de manutenção
reduzidas. Entre estes novos materiais, constam os polímeros reforçados com fibras (FRP), os quais
têm ganho importância com o passar do tempo. Estes materiais compósitos foram desenvolvidos pela
indústria aeroespacial e naval na década de 1940 e logo se expandiram para outros tipos de
indústrias, como a automóvel e a petroquímica. Os FRP mostraram apresentar boas características
em termos de leveza, desempenho mecânico e boa durabilidade quando sujeitos a meios agressivos.
Tais características levaram a um maior interesse na indústria da construção e aumentaram as
aplicações destes materiais compósitos desde a década de 1980 (Correia, 2008).
Um material compósito resulta da combinação de pelo menos dois materiais, que estando juntos
formam um novo que tira partido das melhores propriedades de cada um. Este conceito já não é
novo, uma vez que, já antigamente, os Egípcios utilizavam palha misturada com argila para
fabricação de tijolos melhorando assim o seu desempenho estrutural. Devido ao desenvolvimento da
indústria plástica (a seguir ao início do século XX) tornou-se possível a incorporação de fibras numa
matriz polimérica. A primeira aplicação conhecida destes materiais (FRP) foi no casco de um barco
nos anos 30, contudo, o uso destes em elementos estruturais apenas ocorreu durante os anos 40.
São também conhecidas aplicações deste tipo de materiais em indústrias de petróleo (1948) e, nos
anos 50, devido à boa resistência em ambientes agressivos e ao bom isolamento electromagnético,
os FRP foram utilizados na indústria do papel, química, tratamento de resíduos e estações eléctricas.
As primeiras construções que incluíram FRP na sua constituição datam dos anos 50 e 60, nos quais
se construíram setenta protótipos de casas com no máximo 2 pisos, onde os materiais compósitos
eram usados em fachadas, muitas vezes integrados numa estrutura primária construída com
materiais tradicionais. Estas casas foram abandonadas devido não só aos elevados custos como à
escassez de informação técnica relativamente a estes materiais (Beber 2003; Correia 2008).
No Japão, a produção comercial em grande escala de fibras de carbono surgiu a partir de 1980, onde
os construtores de automóveis, devido à poluição ambiental decidiram diminuir o peso das peças
levando a um menor consumo de combustível. Também nas petrolíferas se decidiu diminuir o peso
dos tubos de bombagem através do uso de fibras de carbono na sua constituição. No final dos anos
80 e início dos anos 90, com a redução dos custos dos FRP (figura 2.1) devido à evolução dos
processos de fabricação como a pultrusão, com o desenvolvimento de projectos-piloto, suportados
por agências governamentais, indústrias e com o interesse crescente de laboratórios de investigação,
levou a uma maior aceitação das soluções baseadas na utilização de FRP. Foram então
desenvolvidas soluções, as quais podem ser usadas na reabilitação e reforço de construções
existentes, ou em novas, como é o caso dos laminados e mantas para o reforço exterior; os cabos de
Capítulo 2 – Utilização de FRP no reforço e reabilitação de elementos de betão
7
pré-esforço para pontes suspensas e as barras e cabos de pré-esforço para o interior do betão
(Correia, 2008; PUC, s.d).
A nível mundial, o assunto do uso dos materiais compósitos suscitou interesse em três grandes
lugares geográficos, nomeadamente o Japão, onde o interesse é o uso de novos materiais e métodos
de pré-fabricação para reforço sísmico, a América do Norte (EUA e Canadá) nos problemas de
durabilidade das estruturas afectadas pela corrosão e a Europa com preocupações a nível da
preservação do património histórico (Juvandes et al, 1996).
De seguida, será apresentado e explicado o que é um material compósito, as propriedades dos
elementos que o constituem, os vários tipos de materiais compósitos reforçados com fibras que
existem actualmente, entre outras questões, como o seu processo de fabrico e modos de rotura
quando são aplicados a estruturas de betão.
2.3. Materiais compósitos reforçados com fibras
Os materiais compósitos são constituídos, no mínimo, por dois materiais, os quais trabalham em
conjunto. Um aspecto positivo desta junção é o facto de as propriedades resultantes serem diferentes
das propriedades de cada componente, sendo em geral melhores. Partindo deste princípio de
heterogeneidade, os materiais compósitos consistem na conjugação de um material de reforço,
geralmente fibras, as quais têm como principal função o aumento da resistência e, uma matriz, no
caso dos FRP (Polímeros Reforçados com Fibras) de base polimérica (resinas), com o papel de
envolver, proteger e conferir uma boa transferência de tensões entre as fibras.
Figura 2.1 – Evolução no tempo da utilização da fibra de carbono em função da produção, do campo de aplicação e do custo (informação do sistema ZOLTEK citado por Juvandes e Costa, 2002)
Estudo experimental da resistência de aderência entre CFRP e betão em elementos sujeitos a cargas de impacto de curta duração
8
Da junção destes materiais, surgem então materiais com melhores características mecânicas, físicas
e químicas que os tradicionais como se pode visualizar na figura 2.2a. Por outro lado, através da
figura 2.2b, pode-se constatar o referido acerca das propriedades dos materiais, antes e depois da
sua junção, na formação de um material compósito reforçado com fibras, no âmbito do
comportamento à tracção. O compromisso entre a resistência mecânica e a tenacidade de um
material compósito pode ser obtido pela escolha da natureza e proporção da matriz e das fibras, ou
seja, as propriedades de um compósito dependem dos seguintes factores (Juvandes, 1999; Neto,
2006; Catarino, 2002):
propriedades da resina;
propriedades das fibras;
percentagem de fibras no compósito;
geometria e orientação das fibras no material.
2.3.1. Tipos de fibras de reforço
Como referido no ponto anterior, as fibras são utilizadas como reforço na constituição dos materiais
compósitos. Cada uma das fibras utilizadas apresenta diversas propriedades afectando as
características do material de maneira diferente, sendo as mais importantes, a resistência e o módulo
de elasticidade. Segundo Hollaway (1993) citado por Beber (2003), as principais características das
fibras utilizadas na obtenção dos materiais compósitos são:
elevada resistência e módulo de elasticidade para um melhor desempenho;
reduzida variação de resistência individual entre fibras;
estabilidade e manutenção das suas propriedades ao longo do processo de fabrico e
manuseio;
uniformidade da superfície e dos diâmetros.
Em aplicações na engenharia civil, existem principalmente três tipos de fibras, nomeadamente, as de
vidro, aramida e carbono. As suas propriedades variam conforme o tipo de fibra, podendo variar
dentro de uma mesma classe de fibras. As fibras de vidro usadas no reforço estrutural podem ser de
três tipos: vidro-E (Electrical), vidro-R, S ou T (de acordo com o fabricante) e vidro-AR (Alkali
Figura 2.2 – (a) Comparação de algumas propriedades mecânicas, físicas e químicas entre os materiais compósitos
(CFRP) e alguns tradicionais (Taly, 1998 citado por Juvandes, 1999) (b) Comparação qualitativa do comportamento à
tracção da fibra, resina e do compósito (Neto, 2006)
(a)
(b)
(a)
(b)
Capítulo 2 – Utilização de FRP no reforço e reabilitação de elementos de betão
9
Resistent). As primeiras são as mais usadas na constituição dos materiais compósitos de matriz
polimérica, evidenciando alguma fragilidade no que diz respeito à deterioração provocada pelos
álcalis, mais evidente em zonas em contacto com a água. As fibra de vidro-R, S ou T também
apresentam mau comportamento em relação aos álcalis, apresentando estas uma maior rigidez e
resistência que as anteriores. Por último, as fibras de vidro-AR têm propriedades semelhantes às
fibras de vidro-E, contudo, a sua resistência à acção dos álcalis é maior. Este tipo de fibras (vidro),
geralmente de cor branca (figura 2.3a), ostenta boas características mecânicas e uma boa resistência
ao fogo (fib, 2001; PUC, s.d).
As fibras de aramida, de cor amarela (figura 2.3b) foram introduzidas pela primeira vez em 1971 e
apresentam, como principais características, a boa resistência à degradação química, térmica e
abrasão, uma elevada resistência ao impacto e, por outro lado, a sua degradação pode ser originada
quando exposta a raios UV. Este tipo de fibras é anisotrópico fornecendo maior resistência segundo a
direcção longitudinal da fibra e podem ser classificadas como de baixo ou elevado módulo de
elasticidade ou rigidez, LM (low modulus) ou HM (high modulus), respectivamente (fib, 2001; Neto,
2006).
Por último, as fibras de carbono, de coloração preta, evidente na figura 2.3c, são as que apresentam
melhores propriedades mecânicas (resistência à tracção e à compressão), as mais resistentes à
acção de agente químicos, são imunes à corrosão e não absorvem água. As fibras podem classificar-
se segundo a sua resistência e rigidez ou módulo de elasticidade, nomeadamente, existem as de
resistência elevada (HS – high strength), resistência ultra elevada (UHS – ultra high strength), rigidez
elevada (HM – high modulus), rigidez intermédia (IM – intermediate modulus) e rigidez ultra elevada
(UHM – ultra high modulus). No que diz respeito à aplicação deste tipo de fibras, as de elevada
resistência (HS) são as mais utilizadas (Rodrigues, 2009; Neto, 2006).
De modo a concluir acerca do que foi referido e das vantagens e desvantagens do uso de cada tipo
de fibra, pode através da tabela 2.1 e da figura 2.4 estabelecer-se uma comparação entre os vários
tipos referidos anteriormente. Na tabela 2.1 estão apresentadas as características mais importantes
das fibras em termos do seu módulo de elasticidade, resistência à tracção, extensão na rotura e
massa específica, isto é, são focados os campos principais a analisar quando se pretende escolher
um determinado tipo de fibra. Por outro lado, na figura 2.4 está representado o gráfico que relaciona
(a)
(b)
(c)
Figura 2.3 – Tipos de fibras (a) Vidro (b) Aramida (c) Carbono (PUC, s.d)
Estudo experimental da resistência de aderência entre CFRP e betão em elementos sujeitos a cargas de impacto de curta duração
10
Módulo de
Elasticidade
(GPa)
Resistência
à tracção
(MPa)
Extensão
na rotura
(%)
Massa
específica
(g/cm3)
HS 160 - 270 3430 - 4900 1.4 - 2.1 1.8
UHS 215 - 235 3500 - 6000 1.5 - 2.3 1.8
HM 325 - 640 2500 - 4600 0.5 - 1.2 1.8 - 2.1
UHM 440 - 700 2000 - 2400 0.2 - 0.4 2.0
LM 60 - 80 3500 - 4100 4.3 - 5-0 1.5
HM 111 - 130 2900 - 4000 2.4 - 3.5 1.5
Vidro - E 69 - 74 1900 - 3500 3.0 - 4.7 2.5
Vidro - S 85 - 90 3450 - 4800 4.5 - 5.5 2.5
Aramida
Vidro
Tipo de Fibras
Carbono
os valores médios da resistência à tra cção com a extensão máxima na rotura, correspondendo o
declive das rectas ao seu módulo de elasticidade e, além disso, permite estabelecer uma comparação
com as mesmas propriedades do aço. Repare-se então na grande diferença em termos de
características mecânicas das fibras de carbono de elevada resistência (HS) em comparação com o
material tradicional (aço), nomeadamente, a elevada resistência à tracção e módulo de elasticidade
(figura 2.4), apresentando o aço apenas uma maior extensão na rotura.
Através da figura 2.5, torna-se possível comparar qualitativamente as propriedades mecânicas
(rigidez e resistência) com outro factor que é fundamental aquando da escolha do tipo de fibra a
utilizar numa dada situação, o custo. Intuitivamente pode-se verificar que quanto melhores as
características das fibras, maior o seu custo, assumindo as fibras de carbono especial relevância,
devido principalmente ao seu elevado módulo de elasticidade, o qual é o principal influenciador da
subida de custo deste tipo de materiais. As fibras assumem um papel muito importante na garantia de
resistência e rigidez de um compósito, contudo estas têm de estar devidamente envolvidas por uma
resina para que o seu desempenho seja favorável (Neto, 2006). O sistema de resina escolhido tem de
ser adequado à quantidade de fibra utilizada no compósito, de modo a possibilitar o bom
funcionamento destes elementos em conjunto. No ponto que se segue serão então referidos os tipos
de resina correntes e os que mais se utilizam na construção.
Tabela 2.1 – Propriedades das fibras usadas nos FRP (Neto, 2006)
Figura 2.5 – Comparação qualitativa do custo, resistência e rigidez de algumas fibras (Neto, 2006)
Legenda: HS – high strength; UHS – ultra high
strength; HM – high modulus; UHM – ultra high
modulus; LM – low modulus; E – Electrical; S – de
acordo com o fabricante
Figura 2.4 - Resistência à tracção das principais fibras e do aço (Neto, 2006)
Capítulo 2 – Utilização de FRP no reforço e reabilitação de elementos de betão
11
Poliéster Éster-vinílico Epóxidas
Resistência à tracção [MPa] 20 - 100 79 - 90 55 - 130
Módulo de elasticidade [GPa] 2,1 - 4,1 3,0 - 3,3 2,5 - 4,1
Deformação na rotura [%] 1,0 - 6,0 3,9 - 5,2 1,0 - 9,0
Resistência à flexão [MPa] 125 110 - 149 131
Peso específico [kN/m3] 9,8 - 14,2 10,9 - 12,9 10,8 - 12,7
PropriedadeResinas
2.3.2. Tipos de resinas
Na constituição de um FRP, além das fibras tem que existir um elemento responsável pela sua união
e protecção, sendo este denominado por resina. Vários tipos têm sido formulados para o uso em
vastas gamas de condições ambientais a que estas podem estar sujeitas. Existem dois tipos de
resinas segundo o seu comportamento ao calor, nomeadamente, as termoendurecíveis (ex: poliéster,
viniléster e epóxida) e as termoplásticas (ex: polietileno, polipropileno e polibutileno). As primeiras
caracterizam-se por se formarem através de uma reacção química, a qual é irreversível, a partir do
momento em que forma a sua estrutura molecular. A sua irreversibilidade leva a que sejam infusíveis
e não possam ser reprocessadas, no entanto, estas resinas têm baixa viscosidade, o que leva a uma
boa impregnação das fibras. Por outro lado, as resinas termoplásticas podem ser recicladas uma vez
que a sua reacção química é reversível, contudo, este tipo de resinas apresentam uma grande
viscosidade e piores propriedades adesivas, o que leva a maiores dificuldades na impregnação das
fibras (Correia, 2008).
A maioria dos compósitos é fabricada com resinas termoendurecíveis, sendo as epóxidas, poliéster e
viniléster as mais correntemente utilizadas, representando cerca de 90% do uso a nível da
construção. Assim como as fibras, nas resinas também existem comparações a ser feitas, de modo a
inferir sobre a escolha da melhor resina segundo a utilização que se lhe quer dar. Como se pode ver
na tabela 2.2, as resinas epóxidas são as que apresentam um melhor comportamento mecânico,
principalmente no que diz respeito à resistência à tracção. Além disso exibem uma elevada
resistência à deterioração ambiental, uma excelente aderência a diversos tipos de fibras e substratos
e apresentam baixa retracção durante a cura. Por estas razões, o uso de resinas epóxidas sobrepõe-
se às restantes, no que diz respeito ao uso actual na composição dos FRP. Geralmente as resinas
epóxidas aplicadas na construção são do tipo bi-componente, isto é, são compostas por um agente
principal (resina) e um catalisador (endurecedor) (Beber, 2003; Neto, 2006).
Em conjunto com as características atrás referidas, Hollaway (1993) e a fib (2001) referem que as
resinas têm que:
ser compatíveis e aderentes ao substrato de betão;
Tabela 2.2 – Propriedades mecânicas das resinas mais usadas a nível estrutural (Nanni et al, 1999 citado por Beber, 2003)
Estudo experimental da resistência de aderência entre CFRP e betão em elementos sujeitos a cargas de impacto de curta duração
12
unir e proteger as fibras durante o manuseio, fabricação e ao longo da vida útil do compósito;
transferir todas as tensões por atrito ou aderência às fibras;
ser termicamente e quimicamente compatíveis com a fibra;
ser resistentes aos efeitos ambientais, como temperaturas extremas e à água salgada.
Um aspecto a ter em conta, é o facto dos polímeros reforçados com fibras apresentarem uma elevada
tensão de rotura, a qual quando é atingida, caracteriza-se pela rotura das fibras. No entanto, antes de
a rotura ocorrer, já houve fendilhação, a uma pequena escala, da resina envolvente. É certo que a
resistência do material compósito depende em grande maioria da resistência conferida pelas fibras,
mas no caso deste estar sujeito a ataques de agentes agressivos, se a resina já tiver fissurada, por
exemplo na presença de água, a longo prazo acaba por diminuir grande parte das suas
características resistentes. Deste modo, pode-se classificar a rotura por fadiga como sendo por
acumulação de pequenos danos em acções cíclicas (ex: ciclos molhagem/secagem), e neste campo,
as resinas epóxidas quando comparadas com as restantes, apresentam um melhor comportamento
(Neto, 2006).
2.3.3. Comparação entre materiais compósitos de reforço
Os materiais compósitos resultam da combinação das fibras de reforço com a resina, a qual
geralmente é termoendurecível. Um aspecto muito positivo na concepção destes materiais é o facto
de se conseguirem obter materiais compósitos de elevada rigidez e resistência, associado a uma
menor densidade do material quando comparados com os materiais tradicionais, originando uma
grande diversidade em termos de campo de aplicação destes materiais.
Com base nas fibras referidas no ponto 2.3.1 anterior, actualmente é possível construir três tipos de
materiais compósitos:
GFRP (Polímeros Reforçados com Fibras de Vidro);
AFRP (Polímeros Reforçados com Fibras de Aramida);
CFRP (Polímeros Reforçados com Fibras de Carbono).
Com tudo o referido em relação às fibras e às resinas, em termos de características mecânicas,
importância e função de cada um na constituição do material compósito e sem querer tirar
importância à resina aplicada, pode-se facilmente constatar e observar pelas figuras 2.6 e 2.7, que os
polímeros reforçados com fibras de carbono são os mais resistentes. Ou seja, visto que a capacidade
resistente de um material compósito é maioritariamente garantida pelas propriedades mecânicas das
fibras e, sendo as de carbono as com mais elevado desempenho mecânico, então existe uma boa
justificação para que os CFRP sejam muito aplicados no domínio do reforço estrutural.
Ainda da observação da figura 2.6, no que diz respeito à resistência e à densidade mássica, é comum
os materiais reforçados com fibras apresentarem um bom desempenho, contudo, no que diz respeito
à rigidez, os CFRP distinguem-se dos restantes materiais. Da figura 2.7 é possível inferir sobre a
relação entre a resistência à tracção e consequente deformação, observando-se um melhor
Capítulo 2 – Utilização de FRP no reforço e reabilitação de elementos de betão
13
desempenho dos polímeros reforçados com fibras de carbono, quando comparados com os outros
compósitos e aços, normal e de pré-esforço, sendo mais evidente a comparação com o aço normal.
Com a evolução neste campo dos materiais compósitos tornou-se possível substituir as usuais
chapas de aço utilizadas no reforço de estruturas. Surgiu então a ideia de efectuar este reforço
através de mantas, tecidos ou laminados de fibras, podendo estas ser unidireccionais (fibras
alinhadas numa só direcção), bidireccionais (fibras alinhadas perpendicularmente em duas direcções)
ou aleatórias (fibras distribuídas aleatoriamente em várias direcções).
Figura 2.7 - Tensão à tracção versus deformação de vários materiais compósitos, aço normal e aço de pré-esforço
(Abdelrahman e Rizkalla, 1997 citado por Juvandes, 1999)
Figura 2.6 – Comparação dos intervalos de valores da resistência à tracção, rigidez e densidade mássica dos materiais compósitos mais importantes e do aço (Neto, 2006)
Estudo experimental da resistência de aderência entre CFRP e betão em elementos sujeitos a cargas de impacto de curta duração
14
Destacam-se então os polímeros reforçados com fibras de carbono (CFRP), maioritariamente por
(Beber, 2003; Rodrigues, 2009):
manterem a elevada resistência e rigidez para temperaturas mais elevadas, devido ao uso da
resina epóxida;
apresentarem a maior relação entre a rigidez e resistência com o seu peso próprio;
serem resistentes ao ataque químico e à corrosão;
apresentarem uma grande versatilidade no que diz respeito a aplicações em engenharia;
apresentarem uma grande capacidade de adaptação a várias formas devido à sua boa
flexibilidade.
Actualmente, o conhecimento sobre os materiais compósitos no âmbito do reforço estrutural está
mais evoluído, não se tratando apenas de conhecer os materiais constituintes, mas também todo o
desenvolvimento e pesquisa efectuada, os manuais de aplicação e também o processo de fabrico
utilizado na concepção dos mesmos.
2.3.4. Sistemas e fabricação dos FRP
A escolha dos compósitos reforçados com fibras para o reforço estrutural, não depende só das
características já referidas, como o custo, a resistência e a rigidez dos seus componentes. Um
aspecto a ter em conta são as alterações que estas propriedades podem ter consoante o processo de
fabrico e as condições futuras em serviço (ex: condições climatéricas e agressividade do meio).
Atendendo ao tema da dissertação, serão focados os processos de fabrico e correspondentes
sistemas no âmbito dos compósitos reforçados com fibras de carbono (CFRP). No que diz respeito ao
processo de fabrico, este pode variar entre a impregnação manual e a pultrusão, através dos quais se
torna possível obter dois sistemas de polímeros reforçados com fibras, nomeadamente, os curados
“in situ” e os pré-fabricados, respectivamente.
Em relação aos sistemas pré-fabricados, a forma mais comum produzida são os laminados do tipo
unidireccional (figura 2.8a). Estes sistemas são obtidos através da impregnação de uma tira de fibra
com resina termoendurecível e consolidadas através de um processo denominado por pultrusão
(figura 2.8b), o qual permite controlar a espessura e a largura do compósito garantindo bons
resultados em termos de resistência e rigidez na direcção longitudinal. Este processo é contínuo e
passa por diversas fases como a tracção e extrusão das fibras, a submersão destas em resina que
depois passa por um molde aquecido ou câmara de cura, onde termina o processo de impregnação.
A vantagem deste processo é a garantia de um compósito com uma secção final constante, melhor
rigidez à flexão, volume máximo de fibras da ordem dos 70%, rapidez e precisão na colocação. Por
outro lado, cria algumas desvantagens, como a difícil aplicação do laminado em superfícies que não
sejam planas (Beber, 2003; Juvandes, 1999; Neto, 2006).
Os sistemas curados “in situ” seguem uma metodologia que exige um maior controlo de qualidade na
execução dos compósitos, isto é, como o próprio nome indica, são impregnadas as fibras com resina
perto do local onde vai ser aplicado o reforço, logo não existem totais garantias, por exemplo, do
Capítulo 2 – Utilização de FRP no reforço e reabilitação de elementos de betão
15
controlo da espessura do compósito. Neste caso, a resina surge não só como matriz, mas também
como meio de aderência do FRP ao betão.
Estes sistemas surgem usualmente sob a forma de tecidos ou mantas/folhas (unidireccionais) como
se pode ver nas figuras 2.9a e 2.9b, os quais apresentam vantagens como é o caso da facilidade de
aplicação em qualquer superfície devido à capacidade de se deformar antes de se impregnar as
fibras de carbono em resina (Juvandes, 1999; Neto, 2006).
Na tabela 2.3, encontram-se resumidas algumas características dos sistemas de compósitos de fibras
de carbono (CFRP), referidos anteriormente. Pode-se concluir que a principal vantagem dos
laminados, através da sua pré-fabricação, é a garantia de uma maior incorporação de fibras de
carbono no compósito, tornando-o portanto mais espesso. As várias aplicações dos laminados,
mantas e tecidos serão posteriormente analisadas no ponto 2.4. No entanto, no que diz respeito a
todos os sistemas referidos, muitas das vezes após serem aplicados na estrutura acabam por não
desempenhar o seu papel devido a roturas prematuras, ao longo da ligação betão – CFRP, fazendo
com que haja o destacamento prematuro do material de reforço. Convém então perceber que modos
de rotura existem, de maneira a poder haver um maior controlo na execução deste tipo de reforço.
(a)
(b)
Figura 2.9 – Sistemas curados “in situ” (a) Tipos de tecidos (Ray Publishing, 1999 citado por Juvandes, 1999) (b) Manta flexível de CFRP (Juvandes, 1999)
(a)
(b)
Figura 2.8 – (a) Laminado de CFRP (Ferrari e Padaratz, 2004) (b) Esquema do processo de pultrusão (Beber, 2003)
(b)
Estudo experimental da resistência de aderência entre CFRP e betão em elementos sujeitos a cargas de impacto de curta duração
16
CFRPQuantidade
de fibras
(g/m2)
Quantidade
de fibras no
compósito
(%)
Espessura do
compósito
(mm)
Espessura
de cálculo
(mm)
Folhas 200 - 400 25 - 40 0.35 - 0.65 0.11 - 0.23
Tecidos 300 - 500 25 - 35 0.90 - 1.60 0.27 - 0.45
Laminados 200 - 400 65 - 75 1.00 - 1.40 1.00 - 1.40
2.3.5. Identificação dos modos de rotura
A identificação dos modos de rotura assume um papel fundamental na compreensão do
comportamento de materiais usados no reforço exterior, para que se torne possível o estabelecimento
de critérios de dimensionamento e de prevenção. Segundo Juvandes (1999): ”A compatibilidade de
deformações entre os materiais é a coluna dorsal do comportamento de uma ligação e a responsável
pelo estabelecimento do critério de reforço de estruturas (aumentos de resistência, de rigidez e de
ductilidade).” Ou seja, para que um material compósito reforçado com fibra desempenhe as funções a
que foi destinado em relação ao reforço exterior, este necessita garantir uma boa adequação à
superfície, principalmente em relação à aderência. Deste modo, garante-se que os materiais
trabalham em conjunto e que as características mecânicas do elemento reforçado sejam
incrementadas.
Serão então aqui referidos e explicados de forma sucinta os principais modos de rotura mencionados
por Neto (2006), Juvandes (1999) e fib (2001), no âmbito do reforço à flexão de estruturas reforçadas,
apesar de ao longo dos anos, vários autores terem realizado pesquisas nesta área dos modos de
rotura, ou também denominados por, modos de ruína. No que diz respeito aos laminados de CFRP,
podem ser observados nos trabalhos de Kaiser (1989), Meier et al. (1993) e Deuring (1993), no
entanto, na área dos sistemas curados “in situ”, isto é, utilizando mantas ou tecidos, vários autores
investigaram os modos de rotura como Triantafillou e Fardis (1991), Ritchie et al. (1991),
Saadatmanesh e Ehsani (1991), Sharif et al (1994) ou, mais tarde, Büyüköztürk e Hearing (1997;
1998).
Os modos de rotura, segundo Juvandes (1999), podem-se dividir em duas categorias,
nomeadamente, as roturas prematuras e as clássicas ou também chamadas de roturas de base. As
roturas prematuras ocorrem antes de se verificarem as roturas de base e são identificadas através do
escorregamento e perda de aderência entre os materiais. Por outro lado, as roturas de base são
associadas à interacção completa entre materiais, existindo as por flexão do elemento reforçado e
devido à acção do esforço transverso. Em relação às principais roturas de base, podem ocorrer as
seguintes situações:
esmagamento do betão (figura 2.10a);
Tabela 2.3 – Comparação entre sistemas de CFRP (Ripper, 1999 citado por Neto, 2006)
Capítulo 2 – Utilização de FRP no reforço e reabilitação de elementos de betão
17
cedência da armadura (figura 2.10b);
rotura por corte no betão (figura 2.10c)
rotura por tracção do compósito reforçado com fibras (figura 2.10d).
Actualmente, os modos de rotura prematuros são os principais focos de estudo e análise, na medida
em que devido a estes existe um subaproveitamento das características dos materiais pois a sua
rotura, como o próprio nome indica, ocorre numa fase inicial do carregamento. Assim, a rotura por
perda de aderência, ou destacamento prematuro do FRP (“peeling off”) constitui uma situação a
atender, no âmbito do reforço exterior com FRP em elementos de betão.
Em relação aos modos de rotura prematuros, tem-se numa primeira instância, os que são devidos à
fendilhação, na medida em que se dá o destacamento do reforço devido a zonas de ancoragem
pouco ou nada fendilhadas, fendas derivadas da flexão e do esforço transverso, como se pode ver
nas figuras 2.11a, 2.11b e 2.11c, respectivamente. Todos estes tipos de rotura podem ser encarados
de forma idêntica, ou seja, aquando da abertura de uma fenda, as tensões de tracção aí instaladas
são transferidas para o reforço exterior (FRP), o que também leva a um aumento das tensões de
corte na interface entre o betão e o FRP. Assim sendo, quando a tensão de corte na interface atinge
o seu valor crítico, começa a dar-se o escorregamento junto à fenda em direcção a uma das
extremidades do reforço, em geral, a que estiver mais perto. Nas fendas devido ao esforço transverso
(figura 2.11c), a acrescentar às forças de tracção e de corte na interface anteriormente referidas,
ainda se pode observar, que devido ao seu desenvolvimento, a abertura da fenda potencia a
existência de tensões normais à interface entre o betão e o FRP favorecendo a probabilidade de
rotura.
Seguidamente, outro agente que potencia a rotura são as forças de desvio devido às irregularidades
do betão, como se pode ver na figura 2.12a.
(a)
(b)
(d)
(c)
Figura 2.10 – Principais modos de rotura base (a) Esmagamento do betão (b) Cedência da armadura
(c) Rotura por corte (d) Rotura do compósito reforçado com fibras (Juvandes, 1999)
Estudo experimental da resistência de aderência entre CFRP e betão em elementos sujeitos a cargas de impacto de curta duração
18
Estas forças agravam-se se actuarem na secção mais traccionada do elemento de reforço (FRP),
devendo-se por isso ter cuidado na preparação da superfície, em ordem a evitar que tal rotura
aconteça. Por último, outro tipo de rotura prematura, é a rotura por corte da viga numa das
extremidades do FRP, quando este se localiza a uma certa distância da extremidade. Forma-se uma
fenda que normalmente tende a atravessar o elemento em altura, o que nem sempre acontece. Como
se pode ver na figura 2.12b, a fenda acaba por ficar retida na zona da armadura longitudinal
arrancando a camada de betão do recobrimento. Por outro lado, na figura 2.12c, o destacamento do
reforço acontece ao nível da interface entre o adesivo e o betão, o qual como apresenta uma menor
resistência à tracção em comparação com o adesivo acaba por fazer com que a fenda progrida ao
nível da sua camada superficial. Na figura 2.12d, o que acontece é a ocorrência em simultâneo dos
dois modos de rotura anteriores, nomeadamente, a fenda começa por se desenvolver
superficialmente, acabando por afectar a camada de recobrimento até à armadura longitudinal.
(a)
(b)
(c)
(c)
Figura 2.11 – Rotura prematura devido a fendilhação (Neto, 2006) (a) Na zona de ancoragem (b) Por flexão (c) Por esforço transverso
(a)
(b)
(d)
Figura 2.12 – Rotura prematura devido a (a) Irregularidades no betão (b) Destacamento pela extremidade do FRP ao nível do recobrimento (c) Destacamento pela extremidade do FRP ao nível da interface betão – FRP (d) Destacamento
pela extremidade do FRP combinando as figuras 2.12b e 2.12c (Neto, 2006)
(b)
Capítulo 2 – Utilização de FRP no reforço e reabilitação de elementos de betão
19
Objectivo do
reforçoÁreas de investigação
1 à flexãopilares (pontes, edifícios), longarinas (pontes),
vigas, lajes, chaminés
2 ao cortepilares (pontes, edifícios), longarinas (pontes),
vigas, paredes, aberturas
3 à compressão pilares (pontes, edifícios)
4prevenção da
deterioraçãochaminés, túneis, postes
Reforço
por
colagem
Técnica de
reparação
2.4. Campos de aplicação dos FRP no reforço exterior por colagem
Nos pontos anteriores, foi possível perceber um pouco da história e foram apresentadas as principais
características dos materiais compósitos, mais precisamente aqueles que são reforçados com fibras
(FRP). Falta então referir os principais campos de aplicação dos FRP no âmbito do reforço exterior de
elementos de betão. Este tipo de reforço é normalmente conseguido através de colagem, contudo, já
antes do aparecimento dos FRP se usavam chapas de aço como armaduras exteriores, sendo estas
fixas por aplicação de um adesivo que promove a ligação entre o betão e a armadura exterior.
Como se pode ver na tabela 2.4, as técnicas de reforço por colagem exterior têm vários objectivos,
como o reforço à flexão, à compressão e ao corte, estando ao longo dos anos a ser testados por
diversos autores em elementos estruturais como lajes, paredes, pilares, vigas, entre outros. Neste
contexto, segundo o ACI 440F (1999) citado por Juvandes (1999), a técnica de reforço por colagem
intervém em três campos principais:
“Rehabilitation” – Recuperação da resistência de estruturas devido à degradação contínua
dos elementos, seja ela natural (ex: agentes externos e envelhecimento) ou por acidente (ex:
choques e explosões);
“Retrofit” – Reforço estrutural de elementos devido a anomalias, erros de projecto e/ou
construção, mudança de utilização, aumento das solicitações e alterações na geometria do
elemento;
“Seismic” – Reforço estrutural tendo em conta a acção sísmica, aumentando a ductilidade e a
resistência ao corte, fazendo com que haja uma aumento da capacidade de deformação para
as acções referidas no regulamento.
Como referido no ponto 2.3.4, os sistemas mais aconselháveis de serem usados no reforço exterior
por colagem de elementos de betão, são os FRP do tipo laminado (sistema pré-fabricado), as mantas
ou os tecidos (sistemas curados “in situ”). Na tabela 2.5, com base na recolha de informação de
diversos autores como Juvandes (1999), Soares e Martins (2006), Santos (2003) e Silva (2002),
pode-se constatar os principais sistemas de reforço, o tipo de reforço a que de destinam, a maneira
como se aplicam e alguns exemplos onde já tenham sido aplicados.
Tabela 2.4 – Tipos de reforço e as suas áreas de investigação (JCI TC952, 1998)
Estudo experimental da resistência de aderência entre CFRP e betão em elementos sujeitos a cargas de impacto de curta duração
20
Sistema
de
Reforço
ACÇÃO SÍSMICA IMPACTO / EXPLOSÃO
Tipo de reforço e sua aplicação Exemplos
TEC
IDO
S
(bi o
u m
ult
idir
ecc
ion
ais)
CORTE FLEXÃO / CORTE
COMPRESSÃO / DUCTILIDADE
LAM
INA
DO
S /
MA
NTA
S
(un
idir
ecc
ion
ais)
FLEXÃO
Reforço ao corte
com manta
Reforço ao corte
com laminado
Laminados/mantas
de FRP colados
Laminados/mantas de FRP colados
Laminados/mantas de
FRP colados
Laminados de
FRP coladosEnvolvimento com
manta unidireccional
Laminados de FRP colados
Confinamento
com manta unidireccional de
FRP
ACÇÃO SÍSMICA
Tecido de FRP colado ( malha bi-direccional)
Sobreposição de mantas unidireccionais com orientação 0-90°
ou
ACÇÃO SÍSMICA
PILARES OU CHAMINÉS
ou ou
Tecido contínuo de
FRP colado (malha bi-direccional)
ACÇÃO DE IMPACTO
De uma forma geral, através das tabelas 2.4 e 2.5 torna-se possível perceber que os sistemas de
reforço unidireccionais, mantas e laminados, são usados quando uma das direcções do reforço tem
de ser privilegiada, sendo usados no reforço à flexão, ao corte e à compressão de lajes, vigas,
paredes e pilares. Por outro lado, o uso de tecidos bi ou multidireccionais é feito quando se quer
prevenir a acção sísmica e acções de impacto nas estruturas devido às diversas direcções de
carregamento impostas. Todos estes sistemas assumem especial relevância na prevenção da
Tabela 2.5 – Sistemas de reforço usados e seu campo de aplicação no âmbito do reforço exterior por colagem de FRP (Juvandes, 1999; Soares e Martins, 2006; Santos, 2003; Silva, 2002; Degussa, s.d; w1)
Capítulo 2 – Utilização de FRP no reforço e reabilitação de elementos de betão
21
deterioração das estruturas, na medida em que, por um lado, estas se encontram permanentemente
sujeitas a agressões externas e, por outro, são passíveis a fenómenos como a fendilhação.
2.5. Síntese do capítulo
Neste capítulo foi dado a conhecer, de uma forma geral, o desenvolvimento e a utilização que tem
vindo a ser feita dos polímeros reforçados com fibras (FRP) ao longo dos anos como alternativa aos
materiais tradicionais, como as chapas de aço. Além disso, sabendo que um material compósito
surge da união entre determinadas fibras de reforço e resinas, foram referidos os tipos que existem e
as principais características que as diferenciam. Através da comparação das propriedades, tanto das
fibras como das resinas, tornou-se possível concluir que os polímeros reforçados com fibras de
carbono (CFRP), apesar ainda do seu elevado custo, são os mais utilizados no âmbito do reforço e
reabilitação estrutural. Este facto deve-se a estes materiais compósitos ostentarem boas
características em diversos níveis, nomeadamente, nas propriedades mecânicas, os quais são mais
resistentes à tracção e apresentam uma boa relação entre a rigidez e resistência com o seu peso
próprio, assim como, nas propriedades químicas, onde apresentam uma boa resistência ao ataque
químico e à corrosão. Por outro lado, os CFRP apresentam uma grande versatilidade nas aplicações
na construção civil devido à sua boa flexibilidade que aumenta a capacidade de adaptação a várias
formas.
No desenvolvimento deste capítulo, foram focados os sistemas mais comuns de reforço exterior com
FRP, ou seja, ou sistemas pré-fabricados e os curados “in-situ”, referindo-se algumas vantagens e
desvantagens, assim como o processo de fabrico usado para a obtenção de cada um. Em ordem a se
poder estabelecer critérios de dimensionamento e de prevenção dos reforços utilizados, foram
apresentados os principais modos de rotura estudados por diversos autores ao longo dos anos,
assumindo especial importância nos dias de hoje, as roturas por destacamento prematuro ou perda
de aderência do material compósito, também chamado de “peeling off”.
Por último, foram apresentados os principais campos de aplicação dos FRP no reforço exterior por
colagem, consoante o sistema de reforço a utilizar, de onde se destaca a sua utilização no reforço à
flexão, ao corte, à compressão, à acção sísmica e a acções de impacto.
No próximo capítulo, no seguimento dos objectivos desta dissertação, serão analisados os principais
factores que influenciam a aderência entre o material compósito e o substrato de betão. De seguida,
darão a conhecer-se alguns estudos experimentais efectuados ao longo dos anos, no âmbito da
aplicação de materiais compósitos como reforço exterior por colagem, dando especial relevância ao
uso dos CFRP e ao estudo da aderência na interface betão – CFRP. Outro aspecto importante, e que
será também referido, é a aplicação de cargas de impacto a estes sistemas de reforço.
Estudo experimental da resistência de aderência entre CFRP e betão em elementos sujeitos a cargas de impacto de curta duração
22
Capítulo 3 – Aderência em sistemas de betão – FRP
23
3. Aderência em sistemas de betão – FRP
3.1. Considerações iniciais
Neste capítulo, pretende-se abordar a questão da aderência, no âmbito da técnica de reforço por
colagem exterior de materiais compósitos reforçados com fibras em elementos de betão, mais
propriamente a aderência betão – CFRP, de modo a tentar evitar roturas por falha desta, na medida
em que os mecanismos de aderência são uma das maiores preocupações na utilização deste reforço.
Numa primeira fase serão apresentados, de uma forma geral, alguns factores, sejam eles ambientais
ou de outra natureza, que influenciam o desempenho desta técnica.
Seguidamente, serão apresentados e analisados com maior detalhe, alguns estudos experimentais
que se considerem importantes no âmbito da aderência. No entanto, o tema será iniciado com uma
breve referência à colagem de elementos metálicos como reforço exterior de elementos de betão e a
passagem para o uso dos materiais compósitos, de modo a se perceber a origem desta técnica de
reforço. Devido ao facto de a bibliografia ser extensa nesta temática e o reforço ser maioritariamente
estudado à flexão, os factores que influenciam a aderência e os estudos que forem aqui
apresentados tentar-se-á que estejam relacionados com a campanha experimental realizada nesta
dissertação.
Deste modo, os objectivos deste capítulo são:
identificar e analisar de uma forma geral e através de estudos experimentais, alguns factores
que influenciam a aderência e o desempenho da técnica de reforço exterior por colagem;
apresentar alguns estudos experimentais e respectivas conclusões, no âmbito da aderência,
relativos à técnica de reforço exterior por colagem, numa primeira fase, de elementos
metálicos e por último, de CFRP (Polímeros Reforçados com Fibras de Carbonos), incluindo
estudos em que tenham sido aplicadas cargas de impacto.
3.2. Factores que influenciam a aderência e o desempenho da técnica de
colagem betão – FRP
Para que o recurso à técnica de reforço por colagem exterior seja capaz de aumentar a capacidade
resistente de uma estrutura de forma eficaz, é fundamental que ocorra uma correcta transferência de
solicitações entre o FRP (Polímero Reforçado com Fibras) e o betão. Para tal, torna-se importante
estudar os principais factores que influenciam os mecanismos de aderência entre os materiais
envolvidos no reforço. Actualmente, os mecanismos de degradação do betão, das resinas e das
fibras são conhecidos individualmente. A dificuldade surge quando se juntam os materiais para
funcionar em conjunto, mais especificamente na ligação entre o material compósito e o betão. Na
maioria das vezes, o elemento condicionante no uso deste tipo de reforço são as resinas, as quais
sofrem mais alterações na sua constituição quando comparadas com as fibras, na medida em que
Estudo experimental da resistência de aderência entre CFRP e betão em elementos sujeitos a cargas de impacto de curta duração
24
estas, praticamente não sofrem alteração/degradação face a exposição ambiental, principalmente as
de carbono.
Os materiais compósitos correm riscos de degradação com consequente influência na aderência,
quando estão sujeitos a temperatura ambiente e humidade relativa elevada, radiação ultravioleta,
impactos/choques, erosão, descargas eléctricas, entre outros (Marreiros, 2005). Contudo, será dada
maior importância aos três primeiros agentes de degradação mencionados, uma vez que, por um lado
são os mais comuns quando se estuda o comportamento a longo prazo destes materiais aplicados no
reforço estrutural e, por outro, são os que se encontram mais referenciados pela generalidade dos
autores consultados. Além disso, o mecanismo de aderência também se encontra afectado por outros
factores como o comprimento de ancoragem ou aderência do reforço e a resistência à compressão
do betão, os quais serão aqui explicados com base em estudos de alguns autores, pois revelam
alguma importância no desenvolvimento desta dissertação.
Existem ainda outros factores que se podiam analisar, presentes nos estudos de Chajes et al (1996)
e Kurihara et al. (2000), como os tipos de adesivo utilizados (ex: resina epóxida, argamassas
cimentícias) ou o tratamento dado à superfície (ex: sem tratamento, picagem, abrasão mecânica). No
entanto, a análise destes factores não é relevante no presente trabalho, uma vez que na campanha
experimental realizada o adesivo e o tratamento dado à superfície foram sempre os mesmos.
3.2.1. Factores ambientais
3.2.1.1. Temperatura ambiente
A temperatura ambiente é um factor que merece extrema importância no âmbito do reforço exterior
por colagem, na medida em que as resinas são as principais prejudicadas por esta. Para
temperaturas elevadas todo o sistema pode ficar comprometido, uma vez que as resinas assumem
um papel importante, não só no que diz respeito à ligação do compósito à superfície do betão como
na distribuição das tensões às fibras de reforço. A partir de uma certa temperatura, o comportamento
do reforço com material compósito tende a piorar. A razão para tal acontecer denomina-se por
temperatura de transição vítrea (Tg), a qual é conhecida por ser a temperatura acima da qual as
cadeias moleculares da resina se começam a mover e tornam a sua estrutura mais flexível,
resultando numa redução da capacidade de colagem, ou até na rotura do sistema de reforço devido à
má distribuição das tensões às fibras e consequente sobrecarga individual dos filamentos (Marreiros,
2005). Por outro lado, segundo Juvandes (1999), as baixas temperaturas tornam as resinas mais
rígidas e mais sensíveis à rotura por fadiga (solicitações cíclicas), no entanto, geralmente a rigidez e
a resistência do compósito mantêm-se inalteráveis.
Atente-se ao facto de, quando se aplicar o reforço, a superfície de betão poder já apresentar-se
fendilhada, o que provoca a existência de vazios na interface betão – FRP. Quando se sujeitam estes
vazios a temperaturas elevadas ou à presença de água congelada, o aumento de volume destes é
inevitável, podendo provocar a rotura na interface. Por outro lado, quando se reforça uma estrutura
através de colagem exterior, estão a unir-se três materiais (fibra – resina – betão) com diferentes
Capítulo 3 – Aderência em sistemas de betão – FRP
25
coeficientes de dilatação térmica. Ao submeter-se a estrutura a grandes variações de temperatura, o
desempenho do sistema de reforço pode ser substancialmente afectado, na medida em que, os
materiais envolvidos apresentam diferentes comportamentos face à temperatura. Pode-se então
afirmar que os ciclos térmicos são mais gravosos do que a existência de temperaturas
constantemente elevadas (fib, 2001; Grace, 2004; Marreiros, 2005).
É então aconselhável o uso dos compósitos reforçados com fibras de carbono (CFRP) devido à sua
incorporação de fibras de carbono, as quais como já foi referido, apresentam boa resistência a
agentes de degradação externos, assim como o uso de resinas epóxidas, na medida em que
segundo o ACI 440 (2000) estas têm uma Tg (temperatura de transição vítrea) elevada, da ordem dos
60-82°C.
3.2.1.2. Humidade relativa
Este factor ambiental surge como o mais importante na análise do desempenho do reforço exterior
por colagem, na medida em que, todas as resinas, devido à pequena fissuração que se vai
desenvolvendo ao longo do tempo, tornam-se passíveis de absorver água. O acesso deste factor ao
compósito processa-se de várias formas, nomeadamente, por capilaridade na interface resina-fibra ou
ao longo do eixo longitudinal da fibra, por difusão no interior da matriz polimérica (resina) ou através
da penetração em vazios e fendas existentes na estrutura (fib, 2001).
Devido à incorporação de água no material compósito, o principal efeito que se faz sentir ao nível da
matriz da resina é:
Redução da temperatura de transição vítrea (Tg).
Convém referir que este efeito na resina epóxida pode ser parcialmente reversível por secagem do
sistema. No entanto o mesmo não acontece com as resinas poliéster e viniléster, as quais podem, ou
não, ser reversíveis dependendo da temperatura e do tempo de exposição a que estão sujeitas, no
entanto, sabe-se que estas absorvem mais água em comparação com as epóxidas (fib, 2001).
Figura 3.1 – Efeito da penetração de humidade no
comportamento da resina (Taly, 1998 citado por Soares e Martins, 2006)
Estudo experimental da resistência de aderência entre CFRP e betão em elementos sujeitos a cargas de impacto de curta duração
26
Em relação à redução da Tg, pode-se observar na figura 3.1 que existe um estado inicial da
temperatura de transição (Tgo – seco) do polímero e a rigidez diminui devido ao aumento da
temperatura à qual se expõe o material, fazendo com que a resina passe de um estado vítreo para
um estado plástico, no qual a cadeia molecular da resina se começa a mover e a tornar-se mais
flexível. A questão mais importante surge quando existe a penetração de humidade, pois devido a
esta, passa-se a ter uma temperatura de transição mais reduzida (Tgw – húmido). Ou seja, o aumento
do teor de humidade, leva à diminuição da temperatura de transição vítrea, fazendo com que o
polímero perca rigidez a temperaturas mais baixas, de acordo com o referido anteriormente (Soares e
Martins, 2006).
3.2.1.3. Radiação ultravioleta (UV)
A luz solar, principalmente os seus raios ultravioletas, induzem a existência de reacções químicas nas
resinas de um compósito, alterando as suas propriedades. Este efeito, deve ser tido em conta no
âmbito do reforço exterior, quando a exposição solar é evidente.
Na maioria das vezes, verifica-se a existência de uma alteração da cor ou descoloração do compósito
e, ao contrário do que geralmente se pensa, este fenómeno é apenas uma alteração à superfície e
não um dano físico ou algo que ponha em causa a integridade do reforço, como a diminuição da sua
resistência. No âmbito da construção civil, a preocupação em relação a este factor ambiental prende-
se com elementos reforçados que estejam expostos à radiação UV, como pilares de pontes, não
sendo muito significativos, os reforços à flexão efectuados em vigas. Por outro lado, a radiação UV,
apresenta-se como um factor negativo, pois acaba por abrir microfissuras na resina, permitindo a
acção dos dois factores referidos anteriormente, nomeadamente, a humidade e a temperatura. Em
ordem a remedir esta situação, o reforço pode ser pintado, conferindo-lhe assim resistência à
radiação UV e até melhorar o aspecto estético (fib, 2001; Marreiros, 2005; Soares e Martins, 2006).
Por último, sabe-se que no que diz respeito às fibras, as de vidro e as de carbono não são afectadas
pela radiação UV, ao contrário das de aramida. Em termos das resinas, as de poliéster são mais
passíveis aos raios UV do que as epóxidas, no entanto, se ambas forem expostas, a redução de
resistência será similar. (fib, 2001).
3.2.2. Outros factores
3.2.2.1. Comprimento de ancoragem do compósito reforçado com fibras
O comprimento de ancoragem ou aderência é caracterizado por ser o comprimento ao longo do qual
o reforço está colado ao substrato de betão e no qual existe a absorção de tensões, sem que haja
escorregamento ou este é desprezável. Neste ponto da dissertação pretende-se explicar a relação
entre este comprimento de ancoragem, a tensão ou resistência de aderência e a força de rotura.
Ao longo dos anos, vários autores estudaram este factor, percebendo que a resistência de aderência
é totalmente alcançada para comprimentos de aderência mais pequenos, no entanto, resistem a
cargas de rotura menores. No seguimento do que foi referido, surge o estudo de Chajes et al. (1996),
no qual os autores, como se pode ver pelas figuras 3.2a e 3.2b, retiraram conclusões nesta temática.
Capítulo 3 – Aderência em sistemas de betão – FRP
27
Através da observação da figura 3.2a, pode-se concluir que quando o comprimento de ancoragem
aumenta, a resistência de aderência diminui, o que mostra que para grandes comprimentos de
reforço a resistência de aderência máxima nunca será atingida. O facto de esta diminuir quando a
área de aderência aumenta, justifica-se por a tensão não ser uniformemente distribuída ao longo de
toda a área reforçada, mas sim apenas naquela que resiste ao carregamento.
Por outro lado, pode-se constatar, na figura 3.2b, que, quando o comprimento de ancoragem
aumenta, a força de rotura também tende aumentar. No entanto, a partir de um certo comprimento de
reforço, a força tende a tornar-se constante (Chajes et al., 1996; Meneghel, 2005). Logo, é importante
descobrir para a optimização do reforço, o comprimento de aderência ou ancoragem, para o qual,
quando se atingir a força de rotura, a resistência de aderência mobilizada seja máxima. Torna-se
difícil este estudo, na medida em que existem diversos modelos de aderência, como por exemplo, os
de flexão ou os de corte, fazendo com que seja muito difícil a elaboração de um modelo só, que
represente a realidade do elemento reforçado.
3.2.2.2. Resistência à compressão do betão
Os mesmos autores, Chajes et al. (1996), procuraram também perceber se existia algum tipo de
relação entre a resistência à compressão do betão e a resistência de aderência do reforço. Está
representado na figura 3.3a o resultado a que os autores chegaram, no qual se pode observar que,
quando a resistência à compressão do betão aumenta, a resistência de aderência também aumenta.
No entanto, segundo estudos mais recentes como os de Meneghel (2005), como se pode ver na
figura 3.3b, Pacheco (2006) e Rodrigues (2009), estes autores chegaram à conclusão que não existe
qualquer tipo de dependência entre as duas variáveis em análise. Portanto, devido aos resultados
terem vindo a ser diferentes com o passar dos anos, tornam a relação entre a resistência à
compressão do betão e a resistência ou tensão de aderência um aspecto a ter em atenção.
Foram aqui apresentados e explicados alguns dos factores, ambientais e outros que se acharam
importantes, que por um lado têm influência na aderência entre o sistema de reforço e o betão e, por
outro, se relacionem com a presente dissertação. De seguida, no âmbito do reforço exterior por
(a)
(b)
Figura 3.2 – (a) Tensão de aderência – Comprimento de aderência (b) Força de rotura – Comprimento de aderência (Chajes et al., 1996 citados por Meneghel, 2005)
Estudo experimental da resistência de aderência entre CFRP e betão em elementos sujeitos a cargas de impacto de curta duração
28
colagem, tendo em conta mais uma vez a aderência, serão apresentados estudos experimentais
desenvolvidos nesta temática.
3.3. Estudos experimentais da aderência no reforço exterior
Neste ponto, de acordo com o referido, será feita uma revisão bibliográfica da técnica de reforço
exterior por colagem, dando-se uma maior importância ao reforço com CFRP (Polímeros Reforçados
com Fibras de Carbono). Todavia, numa primeira fase, será apresentada de forma sintética, através
de alguns estudos experimentais, a técnica de reforço exterior por colagem de elementos metálicos, a
qual foi pioneira no que diz respeito a este tipo de reforço, bem como a sua comparação com a
aplicação de materiais compósitos. Posteriormente, serão apresentados com um maior detalhe,
estudos experimentais de aderência em sistemas de betão – CFRP, sob acção de carregamento
estático e dinâmico, ou seja, sob aplicação de cargas de impacto no caso do segundo.
3.3.1. Reforço exterior com elementos metálicos
A necessidade de reabilitação e reforço de estruturas é uma prática que tem vindo a ser cada vez
mais utilizada devido a alterações ao nível da geometria ou degradação ambiental das estruturas em
serviço. A origem deste tipo de reforço provém da utilização de elementos metálicos coladas
exteriormente, através das quais se pode estabelecer uma relação com o posterior uso de materiais
compósitos. A técnica de reforço exterior recorrendo à colagem de armaduras metálicas data do final
dos anos 60, início dos anos 70, em França, pelos autores L´Hermite (1967) e Bresson (1971), os
quais realizaram ensaios em vigas de betão reforçadas (Juvandes, 1999). Neste ponto, serão então
apresentados, de uma forma geral, alguns estudos e conclusões, a nível internacional e em Portugal,
no âmbito do reforço com elementos metálicos. Será, no entanto, dada maior importância aos que se
relacionam com a presente dissertação, no que diz respeito aos modelos de aderência por ensaios de
corte e respectiva aderência entre o reforço e o substrato de betão.
Relativamente à durabilidade, isto é, ao comportamento a longo prazo de estruturas reforçadas com
esta técnica surgem os estudos de Calder (1979, 1988) e Calder e Lloyd (1982). Os resultados destes
Figura 3.3 – Relação entre as resistências à compressão do betão e as tensões de aderência (a) (Chajes et al., 1996 citado por Meneghel, 2005) (b) Segundo os provetes ensaiados (Meneghel, 2005)
(a)
(b)
Capítulo 3 – Aderência em sistemas de betão – FRP
29
autores mostram que após um longo período de exposição do sistema de reforço metálico, a corrosão
é visível na interface resina/chapa, além do seu diagnóstico ser difícil em inspecções rotineiras, o que
compromete a aderência entre os intervenientes no reforço (Beber, 2003).
No que diz respeito ao comprimento de ancoragem, o estudo de Theillout (1983), o qual ensaiou à
tracção dez superfícies de betão com reforço de chapas metálicas coladas, revela que a força de
rotura não depende do comprimento de ancoragem, quando este é superior a 1,75 vezes a altura da
secção de betão onde a chapa está fixa. Mais tarde, Täljsten (1994) inferiu acerca da existência de
um determinado comprimento de ancoragem, no qual se atinge a força máxima ou de rotura, a partir
do qual não se registem aumentos da resistência de aderência do reforço ao substrato (Neto, 2006).
Através de ensaios de corte utilizando chapas metálicas, Swamy et al. (1986) baseando-se no
modelo de corte de junta dupla, ensaiaram-se betões com resistências à compressão compreendidas
entre os 24,9 MPa e os 70,7 MPa, obtendo-se valores para a tensão máxima de corte entre os 2,1
MPa e os 3,3 MPa. Em termos de incremento das propriedades do elemento reforçado, Swamy et al.
(1987) concluíram que a aplicação de chapas de aço nas faces à tracção de vigas de betão conferia
um aumento da rigidez e resistência à flexão, visíveis através do decréscimo de deformações e
fissuras no elemento de betão (Beber, 2003; Neto, 2006).
Em Portugal, o primeiro trabalho publicado no âmbito do reforço com armaduras exteriores metálicas
foi o de Alfaiate (1986), onde este descreve as conclusões a que chegou em ensaios à flexão de
vigas de betão armado, entre as quais, o autor sugere o uso de buchas metálicas de fixação na
extremidade do reforço, prevenindo assim a sua descolagem, ou seja, uma rotura prematura. Ao
longo dos anos foi-se dando uma evolução neste campo. Destaca-se a publicação de Appleton e
Gomes (1997) na Revista Portuguesa de Engenharia de Estruturas, na qual os autores referem
aspectos a ter com conta pelo projectista na utilização de elementos metálicos como reforço exterior,
considerando-se como mais importantes:
recorrer a esta técnica apenas quando a qualidade do betão e as dimensões da peça o
permitem e, quando há deficiências nas armaduras existentes;
neste tipo de reforço, o aço a utilizar deve ser de resistência não muito elevada, para não ter
de haver uma grande deformação até começar a mobilizar a sua capacidade resistente;
a ligação entre os elementos do reforço é feita através de resina epóxida, podendo ou não,
recorrer ao auxílio de buchas metálicas. Além disso, tanto o substrato a reforçar como as
chapas devem ser cuidadosamente preparadas antes da sua união, ou seja, devem ser
removidos o betão degradado e as impurezas e, aumentar a rugosidade do betão existente e
em bom estado. Quanto ao aço, após a sua decapagem deve ser protegido por uma película
plástica de protecção, a qual só se remove, antes da sua aplicação.
O bom desempenho desta técnica depende, em grande parte, da ligação entre o betão e o reforço.
Sendo este efectuado com recurso a elementos metálicos, seja este ao nível dos pilares, lajes ou
vigas, surge por um lado como uma técnica simples, com bom comportamento e de baixo custo,
Estudo experimental da resistência de aderência entre CFRP e betão em elementos sujeitos a cargas de impacto de curta duração
30
permitindo reforçar o elemento sem que haja um grande aumento das suas dimensões. Contudo,
apresenta desvantagens no que diz respeito à corrosão, podendo interferir na aderência; aos
comprimentos disponíveis, originando a criação de juntas; ao seu elevado peso, dificultando a
trabalhabilidade e o manuseio para aplicação das peças no elemento a reforçar (Neto, 2006).
Neste sentido, diversos autores têm centrado a sua investigação na utilização de FRP como reforço
exterior de elementos de betão. Das principais características dos materiais compósitos em
comparação com os elementos metálicos destacam-se a sua imunidade à corrosão, a facilidade de
aplicação e adaptação a várias geometrias das peças e a relação entre a sua rigidez e resistência
com o seu peso. Por outro lado, a grande desvantagem do uso destes materiais é o seu elevado
custo, quando comparados com os materiais tradicionais, no entanto, actualmente este custo tem
vindo a diminuir. Serão então focados a seguir, os ensaios de diversos autores no âmbito do reforço
exterior com materiais compósitos, mais precisamente o uso de CFRP (Polímeros Reforçados com
Fibras de Carbono), visto tratar-se do material objecto desta dissertação, em conjunto com a análise
da sua aderência ao substrato a reforçar.
3.3.2. Reforço exterior com CFRP sob carregamento estático
No seguimento do referido, o aço é um material que apresenta um comportamento elasto-plástico, ao
contrário dos materiais compósitos que têm um comportamento elástico até à rotura, culminando
numa rotura brusca. O interesse no uso dos materiais compósitos, apesar do seu elevado custo em
comparação com o aço, é a sua resistência. Neste ponto da dissertação, o principal factor em análise
é a aderência entre os materiais a ligar, isto é, a resistência de aderência da ligação colada, sendo
que na generalidade das vezes, é pelo betão que normalmente ocorre a rotura da ligação, na medida
em que a rigidez e a resistência à tracção deste material são factores que limitam o seu desempenho
quando comparados com as mesmas características do material compósito de reforço.
O comportamento da ligação entre estes materiais, assim como a determinação e caracterização da
aderência é uma questão complexa, na medida em que existe a dificuldade em se estipular um
ensaio que represente a realidade física do elemento a reforçar. No entanto, tendo em conta o tipo de
acção induzida à estrutura, como se pode ver na tabela 3.1, os principais ensaios realizados são
baseados em modelos de corte de junta simples, junta dupla e de flexão de elementos prismáticos de
betão reforçados (Meneghel, 2005; Neto, 2006). Além dos supra mencionados, existem também
ensaios de arrancamento, nomeadamente os de tracção (pull off) e de torção (torque test), os quais
não serão analisados neste trabalho por se afastarem dos objectivos propostos. Os estudos
realizados com o passar dos anos, no âmbito do reforço exterior com materiais compósitos, são
maioritariamente acerca de flexão de vigas e encontram-se sistematicamente referenciados na maior
parte dos trabalhos desenvolvidos por diversos autores mais recentes. Tendo em conta que na
campanha experimental da presente dissertação foram realizados ensaios baseados no modelo de
corte de junta dupla tracção-compressão (ver tabela 3.1), serão aqui apresentados, alguns estudos
recentemente realizados e directamente relacionados com o modelo de ensaio utilizado e os
objectivos deste trabalho, nomeadamente, a análise da aderência e os factores que nela têm
influência.
Capítulo 3 – Aderência em sistemas de betão – FRP
31
Modelo Aplicação da força Esquema
tracção-compressão
tracção-tracção
tracção-compressão
tracção-tracção
Flexão-corte flexão
Corte de junta simples
Corte de junta dupla
No âmbito de ensaios em que tenha sido aplicado um carregamento estático, isto é, sujeito a um
carregamento que varia de forma lenta num determinado período de tempo, surge o estudo
experimental de Meneghel (2005). A autora estudou a aderência entre o betão e CFRP (Polímeros
Reforçados com Fibras de Carbono) através de ensaios baseados em modelos de corte de junta
dupla tracção-compressão, à semelhança da presente dissertação. Os provetes ensaiados eram
constituídos por dois blocos cúbicos de betão (200×200×200 mm) sendo unidos através da colagem
de tiras de tecido de fibra de carbono nas faces opostas desses blocos, com um comprimento de
ancoragem de 150 mm. Como se pode ver na figura 3.4, um dos blocos está fixo e o outro está móvel
(a ensaiar), ou seja, a carga sendo transmitida por um macaco hidráulico no meio dos blocos, o bloco
fixo serve de apoio ao macaco e à célula de carga e o bloco móvel fica livre de se deslocar. A força
Tabela 3.1 – Alguns modelos de ensaio para a determinação e caracterização da aderência (adaptado de Neto, 2006)
Legenda: la – Comprimento de ancoragem; N e P – Força aplicada ao sistema.
Estudo experimental da resistência de aderência entre CFRP e betão em elementos sujeitos a cargas de impacto de curta duração
32
aplicada é transferida para as tiras de fibra de carbono, tendo sido colada uma chapa de aço na
superfície do bloco móvel e uma rótula no macaco hidráulico para garantir uma distribuição de força
uniforme. Foram ensaiados nove provetes, com três resistências à compressão aos 28 dias de
20,5 MPa, 28,7 MPa e 38,1 MPa e duas larguras do CFRP de 50 mm e 100 mm. O objectivo do
trabalho de Meneghel (2005) foi estudar a influência da resistência à compressão do betão e da
largura do compósito na resistência ou tensão de aderência da interface betão – CFRP.
Os resultados obtidos no estudo desta autora permitiram concluir que:
a tensão ou resistência de aderência não dependeu da resistência à compressão do betão;
a largura adoptada para o compósito de fibra de carbono em nada influenciou a resistência de
aderência;
existiu um comprimento de ancoragem no qual as tensões de aderência se encontravam
distribuídas, assumindo este um valor de 120 mm;
o valor médio da tensão ou resistência de aderência foi de 1,92 MPa, nos ensaios em que o
modo de rotura foi por destacamento do betão.
Na continuidade do estudo de Meneghel (2005), Pacheco (2006) também estudou a aderência entre
o betão e o CFRP por meio de ensaios tracção-compressão, utilizando nos ensaios não só o mesmo
equipamento como se pode ver na figura 3.5a, mas também o mesmo tipo de provetes, apenas
diferindo no comprimento de ancoragem, sendo este de 120 mm em vez de 150 mm. Foram
ensaiados 18 provetes, com três resistências à compressão aos 28 dias de 23,3 MPa, 28,4 MPa e
37,1 MPa e, o objectivo foi estudar a influência da resistência à compressão do betão, do tipo de
carregamento (monotónico crescente ou ciclos de carga descarga) e do tipo de superfície do betão
(lisa ou rugosa) na resistência de aderência, correspondendo a superfície rugosa, à superfície livre do
bloco de betão na cofragem.
À semelhança de Meneghel (2005), Pacheco (2006) concluiu que a tensão ou resistência de
aderência não depende da resistência à compressão do betão e obteve um valor médio para a
resistência de aderência de 1,78 MPa, nos ensaios onde a rotura foi por destacamento do betão.
Além disso, inferiu também que, por um lado, os diferentes tipos de carregamento não influenciaram
a resistência de aderência e, por outro, os diferentes tipos de superfície do betão, pouco
Figura 3.4 – Montagem dos ensaios adoptada por Meneghel (2005)
(a)
(b)
Capítulo 3 – Aderência em sistemas de betão – FRP
33
influenciaram a mesma resistência, existindo apenas um acréscimo de 5% nas superfícies rugosas
(figura 3.5b).
Apresentaram-se alguns estudos experimentais realizados recentemente no âmbito do estudo da
aderência, sob aplicação de carregamento estático. Os principais parâmetros em análise foram a
resistência à compressão do betão, o comprimento e largura de ancoragem, o tipo de carregamento e
o tipo de superfície do betão, permitindo assim inferir acerca da sua influência na resistência de
aderência. O valor médio desta também foi calculado pelos autores, observando-se uma similaridade
nos valores obtidos neste tipo de ensaios (tracção-compressão). Seguidamente serão apresentados
estudos de aderência em que os provetes são sujeitos a cargas de impacto, ou seja, a um
carregamento dinâmico.
3.3.3. Reforço exterior com CFRP sob carregamento dinâmico
Existem dois tipos de carregamento que se podem induzir às estruturas, nomeadamente, o estático,
quando o carregamento é lento e a sua taxa de carregamento (MPa/s) é pequena e, por outro lado,
tem-se o carregamento dinâmico, em que o carregamento é quase instantâneo gerando uma grande
taxa de carregamento. A energia gerada por este último é muito grande, fazendo com que a absorção
desta por parte do elemento estrutural dependa da sua rigidez e das propriedades mecânicas dos
materiais envolvidos. Neste tipo de carregamento surge uma questão muito importante a ter em conta
na análise da resistência dos elementos, isto é, no caso de uma viga, quando se aplica um
carregamento dinâmico na sua superfície a estrutura tende a responder, gerando assim as
denominadas forças de inércia. Estas forças surgem como sendo contrárias ao movimento da referida
viga, aumentando assim a sua resistência. Portanto, quanto maior a altura da queda do elemento que
exercerá o carregamento, maior a sua velocidade, maior o carregamento imposto e, maiores serão as
forças de inércia, as quais devem ser tidas em conta (Santos, 2008). Esta temática da aplicação de
cargas de impacto em sistemas reforçados com CFRP não se encontra muito desenvolvida, no
entanto, apresentam-se de seguida dois estudos realizados neste âmbito, os quais serão explicados
com algum rigor por se relacionarem directamente com o tema da presente dissertação.
Pellisari (2007) estudou a aderência entre o betão e o CFRP, com o objectivo de verificar os efeitos
da aplicação de cargas de impacto (taxa de carregamento) na resistência de aderência entre os
(b)
Figura 3.5 – (a) Equipamento utilizado nos ensaios (b) Gráfico da resistência de aderência em função do tipo de
superfície do betão, tendo em conta a nomenclatura dos provetes ensaiados (Pacheco, 2006)
(a)
Estudo experimental da resistência de aderência entre CFRP e betão em elementos sujeitos a cargas de impacto de curta duração
34
referidos materiais, através de ensaios baseados em modelos de flexão-corte, como se pode ver na
tabela 3.1 apresentada anteriormente. A campanha experimental do autor consistiu em ensaiar 23
provetes (figura 3.6a), os quais eram constituídos por dois blocos de betão (400×200×150 mm)
unidos por uma rótula na parte superior (à compressão) e por tiras de CFRP coladas na face inferior
dos blocos. A superfície dos blocos variou entre lisa e rugosa e a colagem das fibras dos blocos foi
feita com um comprimento de ancoragem de 60 mm e 120 mm com impregnação total ou parcial das
tiras de fibra de carbono. Por último, os blocos de betão apresentaram uma resistência à compressão
compreendida entre os 25 MPa e os 35 MPa na altura dos ensaios. O equipamento utilizado neste
estudo experimental de Pellisari (2007) foi parecido com o da presente dissertação, na medida em
que o carregamento dinâmico foi obtido através de um martelo de massa conhecida, solto de diversas
alturas, também estas conhecidas, sobre a extremidade de um perfil metálico, como se pode
constatar na figura 3.6b. A diferença surge no posicionamento da viga a ser ensaiada e na forma
como esta foi fixa através de quatro barras e duas chapas metálicas, de modo a que quando o perfil
fosse sujeito ao carregamento, a força fosse transmitida ao sistema constituído pelos blocos de betão
e pelo compósito de fibras de carbono.
Considerando apenas os ensaios em que a rotura ocorreu por destacamento do betão, na medida em
que o importante é a aderência entre os materiais, a taxa de carregamento variou de 6,06 MPa/s
(estático) e 3690485 MPa/s (dinâmico). A principal conclusão a que o autor chegou na realização
deste estudo foi que quando a taxa de carregamento aumenta, a resistência de aderência entre o
betão e a tira de fibra de carbono também aumenta. Obteve-se então a expressão 3.1, adaptada de
Pacheco (2007) pelo método dos mínimos quadrados, com um coeficiente de correlação R2 = 0,93,
(a)
(b)
Figura 3.6 – Características dos ensaios de Pellisari (2007) (a) Modelo de ensaio e provetes utilizados (b) Equipamento utilizado e respectivo posicionamento do provete
Capítulo 3 – Aderência em sistemas de betão – FRP
35
Guia do
Martelo
Tubo
Metálico
Fibra de
CarbonoCélula
de Carga
Rótula
Bloco deConcreto
Apoio do Perfil
Livre à Rotação
Apoio para
Tubo Metálico
Perfil I
Piso do
Laboratório
Material
Compósito
VISTALATERAL
* Medidas em cm
Martelo deImpacto
que relaciona a taxa de carregamento com a resistência de aderência, onde se considerou uma
relação linear.
(Expressão 3.1)
Em que:
fb – Resistência de aderência [MPa];
Tc – Taxa de carregamento [MPa/s].
Assim como Pellisari (2007), Rodrigues (2009) também realizou um estudo experimental com o
objectivo de perceber a influência da taxa de carregamento na resistência de aderência, sob
aplicação de cargas de impacto. Estes ensaios basearam-se em modelos de corte de junta dupla
tracção-compressão, onde foram ensaiados 45 provetes, os quais eram constituídos por blocos de
betão (150×150×150 mm) com tiras de fibra de carbono coladas nas laterais, com um comprimento
de ancoragem de 30 mm, à semelhança do que foi usado na presente campanha experimental. Os
parâmetros em análise pela autora foram a taxa de carregamento e a resistência à compressão do
betão. As médias da resistência à compressão foram de 25,2 MPa, 42,7 MPa e 63,7 MPa no dia dos
ensaios, existindo uma série de 15 ensaios para cada valor de resistência. A metodologia e o
equipamento utilizado foi em tudo parecido com o de Pellisari (2007), apenas mudando o
posicionamento do provete e o modo como a força foi aplicada ao sistema, isto é, o perfil embateu
directamente sobre o bloco (compressão), traccionando as fibras de carbono nas laterais dos blocos
de betão (figura 3.7a).
(b)
Figura 3.7 – Características e resultados dos ensaios de Rodrigues (2009) (a) Equipamento utilizado e respectivo posicionamento do provete (b) Gráfico da relação entre a taxa de carregamento e a resistência de aderência
(a)
Estudo experimental da resistência de aderência entre CFRP e betão em elementos sujeitos a cargas de impacto de curta duração
36
Assim como Meneghel (2005) e Pacheco (2006), também se pode afirmar que neste estudo a
resistência de aderência não dependeu da resistência à compressão do betão. Por outro lado, como
já foi referido anteriormente, o importante a ser analisado são os ensaios em que a rotura se deu por
destacamento do betão e, nesse sentido, nos ensaios de Rodrigues (2009) a taxa de carregamento
variou de 1,92 MPa/s (estático) e 438685 MPa/s (dinâmico). À semelhança de Pellissari (2007), neste
estudo também se verificou, como se pode observar na figura 3.7b, que a resistência de aderência
aumenta, quando a taxa de carregamento aumenta, obtendo-se pelo método dos mínimos quadrados
a expressão 3.2 que relaciona estas duas variáveis, tendo sido considerada uma função potência e
onde o coeficiente de correlação foi de R2 = 0,70.
(Expressão 3.2)
Em que:
fb – Resistência de aderência [MPa];
Tc – Taxa de carregamento [GPa/s].
Foram aqui apresentados dois estudos realizados no âmbito da aderência sob aplicação de cargas de
impacto (carregamento dinâmico). O primeiro autor realizou os ensaios recorrendo a modelos de
flexão-corte, obtendo uma expressão que relaciona linearmente a taxa de carregamento e a
resistência de aderência. Já a segunda autora recorreu ao uso de modelos de corte de junta dupla e,
a expressão a que chegou, representou-a na forma de uma função potência. Contudo, apesar de
para os modelos de ensaio e para as expressões obtidas terem sido adoptados diferentes modelos,
ambos os autores concluíram que quando a resistência de aderência aumenta, a taxa de
carregamento também aumenta.
3.4. Síntese do capítulo
Neste capítulo foi abordada a questão da aderência no âmbito da técnica de reforço por colagem
exterior de materiais compósitos reforçados com fibras em elementos de betão. Para tal, começou
por se fazer uma breve referência a alguns factores, sejam eles ambientais ou de outra natureza, que
influenciam o desempenho desta técnica, assumindo uma maior importância a aderência entre o
betão e o CFRP, de acordo com os objectivos da presente dissertação. Foram explicados factores
ambientais como a temperatura ambiente, a humidade relativa e a radiação ultravioleta. Em relação à
temperatura, revela-se ser fundamental a selecção da resina apropriada para o bom comportamento
em termos de durabilidade, existindo um grande risco em escolher sistemas com uma Tg (temperatura
de transição vítrea) baixa, pois a cadeia molecular da resina, torna-se mais flexível, ou seja, perde
rigidez para menores temperaturas ambiente. No entanto, a combinação do uso de fibras de carbono,
as quais apresentam boa resistência a agentes de degradação externos, com uma resina epóxida de
Tg elevada leva a um reforço mais durável. No que diz respeito à humidade relativa, o principal efeito
desta quando se incorpora no material compósito é a redução da temperatura de transição vítrea,
sendo a resina epóxida a mais adequada, devido ao efeito da humidade ser parcialmente reversível
por secagem. Por último, referiu-se a radiação ultravioleta, que se torna prejudicial na medida em que
(a)
(a)
Capítulo 3 – Aderência em sistemas de betão – FRP
37
abre microfissuras na resina e torna mais propícia a acção dos dois factores ambientais
anteriormente referidos.
Foram analisados outros dois factores que têm influência na aderência dos materiais, nomeadamente
o comprimento de ancoragem e a resistência à compressão do betão. A questão que se coloca em
relação ao primeiro deriva do facto de que, quando o comprimento de ancoragem ou aderência
aumenta, a tensão ou resistência de aderência diminui, pois esta apenas está distribuída na área que
resiste ao carregamento e não ao longo da área reforçada. Por outro lado, quando o comprimento de
ancoragem aumenta, a força de rotura também aumenta até a um determinado valor deste
comprimento, tornando-se constante após esse valor. Procura-se então obter o comprimento de
aderência, para o qual, quando se atingir a carga de rotura, a tensão de aderência mobilizada tenha
sido a máxima. Por outro lado, a resistência à compressão do betão é um factor que se precisa ter
em atenção, na medida em que as opiniões de diversos autores têm vindo a ser contraditórias, no
que diz respeito à influência deste factor na resistência de aderência. Ou seja, existe quem afirme
que quanto maior a resistência à compressão do betão, maior será a resistência de aderência. No
entanto, em estudos mais recentes, como os que foram apresentados anteriormente, os autores
afirmam a inexistência de qualquer dependência entre as variáveis.
De seguida, como introdução à temática da técnica de reforço exterior por colagem, começou por se
apresentar de uma forma sintética, alguns estudos experimentais realizados, recorrendo à colagem
de elementos metálicos, analisando parâmetros como a durabilidade e o comprimento de ancoragem.
Esta técnica surge por um lado como uma técnica de baixo custo e com um bom comportamento.
Apresenta, no entanto, desvantagens ao nível da sua resistência à corrosão, dos comprimentos
disponíveis e do seu elevado peso. Posteriormente, foram apresentados estudos relativos à
aderência em elementos reforçados exteriormente com materiais compósitos, dando especial
importância ao reforço com CFRP (Polímeros Reforçados com Fibras de Carbono). Nos estudos a
que se fez referência, tentou-se que estivessem relacionados com a campanha experimental
realizada nesta dissertação devido ao facto de a bibliografia ser extensa nesta temática e o reforço
ser maioritariamente estudado à flexão. No caso desta dissertação, abordaram-se estudos em que a
aplicação do carregamento foi de uma forma estática e outros em que o carregamento foi dinâmico.
Por outro lado, variou-se também o modelo adoptado (corte ou flexão), analisando-se parâmetros
como a resistência à compressão do betão, comprimento de ancoragem, tipo de carregamento e de
superfície do betão e taxa de carregamento, inferindo assim acerca da sua influência na resistência
de aderência. Como vantagens do uso destes materiais destacam-se a sua imunidade à corrosão, a
facilidade de aplicação e a adaptação a várias geometrias das peças. Conclui-se então, tanto pelas
suas propriedades, como pelos diversos estudos apresentados, que de entre todos os tipos
existentes de materiais compósitos reforçados com fibras, os de carbono (CFRP) são os mais
utilizados no reforço estrutural.
No capítulo que se segue, será apresentada e explicada a campanha experimental realizada,
focando-se nos materiais utilizados e nas características dos provetes, explicando-se a metodologia
dos ensaios, bem como o equipamento utilizado para os mesmos.
Estudo experimental da resistência de aderência entre CFRP e betão em elementos sujeitos a cargas de impacto de curta duração
38
Capítulo 4 – Campanha experimental
39
4. Campanha experimental
4.1. Considerações iniciais
Esta campanha experimental baseia-se no estudo da influência da taxa de carregamento na
resistência de aderência entre o betão e o compósito reforçado com fibras de carbono (CFRP)
através de ensaios realizados em provetes cúbicos de betão com tiras de fibra de carbono coladas
nas laterais opostas, sendo estes ensaios baseados no modelo de corte de junta dupla tracção-
compressão, os quais são sujeitos a cargas de impacto de curta duração. Com a realização deste
estudo experimental pretende-se contribuir para o estudo mais aprofundado da resistência de
aderência em interfaces betão – CFRP, perceber a influência do aumento do comprimento de
ancoragem na resistência de aderência, obter uma expressão que relacione a taxa de carregamento
com a resistência de aderência e minimizar as dificuldades sentidas por Rodrigues (2009) na medição
das deformações específicas e consequente medição das forças que efectivamente actuam na tira de
fibra de carbono. Os ensaios foram feitos no Laboratório de Estruturas e Materiais (LEM) da PUC-Rio.
O objectivo deste capítulo é caracterizar a campanha experimental desenvolvida, nas seguintes
vertentes:
materiais utilizados, nomeadamente, o betão, a fibra e as resinas;
características dos provetes bem como da cofragem utilizada na betonagem dos blocos de
betão;
preparação do material compósito reforçado com fibras de carbono (CFRP) e dos blocos de
betão;
tratamentos e etapas de aplicação da fibra;
equipamento utilizado nos ensaios e descrição dos mesmos;
procedimentos pré-ensaio;
dificuldades na realização desta campanha.
4.2. Materiais utilizados
4.2.1. Betão
O cimento utilizado foi o Portland composto (CP II F 32) da Mauá. Os restantes materiais foram os
mesmos de Rodrigues (2009) e, segundo esta, o agregado grosso empregue foi de origem gnaisse
(brita 1), com uma dimensão máxima de 19 mm, uma massa específica aparente e absoluta de 1,61
g/cm3 e 2,70 g/cm
3 respectivamente, tendo também um módulo de finura de 6,81. O agregado fino
utilizado foi areia de rio lavada, apresentando esta uma dimensão máxima de 4,76 mm, uma massa
específica aparente de 2,60 g/cm3 e um módulo de finura de 2,60.
Foi consultada a norma NBR 7217:1987 de modo a caracterizar a composição granulométrica dos
agregados utilizados, ou seja, através das percentagens retidas acumuladas nos peneiros da série
normal conseguiu-se obter o módulo de finura e, a dimensão máxima do agregado foi obtida pela
Estudo experimental da resistência de aderência entre CFRP e betão em elementos sujeitos a cargas de impacto de curta duração
40
Materiais Quantidade / m3
Cimento 322 kg
Areia 834 kg
Brita 1 988 kg
Água 200 l
percentagem retida acumulada, quando esta é igual ou imediatamente inferior a 5%. Por outro lado,
na determinação das massas específicas dos agregados fino e grosso foram utilizadas as normas
NBR 9776:1987 e NBR 9937:1887, respectivamente. De forma sucinta refira-se que a determinação
da massa específica do agregado fino é feita com recurso ao frasco de Chapman e a do agregado
grosso com base na utilização de um frasco graduado com capacidade de 5000ml.
Para a obtenção de um betão com a resistência média de 25 MPa foi utilizada uma dosagem em
peso de 1 : 2,59 : 3,07 (cimento : areia : brita 1) e utilizadas as quantidades por m3 de betão
apresentadas na tabela 4.1.
Realizaram-se duas betonagens, ambas para betão com 25 MPa, sendo este misturado
mecanicamente numa betoneira com capacidade para 400 litros, seguindo a moldagem e a cura do
betão as especificações da norma NBR 5738:1994. De acordo com a referida norma, a colocação do
betão foi feita nos respectivos espaçamentos da cofragem metálica, não sofrendo esta qualquer tipo
de deformação. Este processo dividiu-se em duas fases; primeiro colocou-se uma camada de betão
com uma concha metálica sendo este vibrado até estar homogéneo (figuras 4.1a e 4.1b) e, por
último, efectuou-se o total preenchimento da cofragem e alisamento com ajuda de uma colher de
pedreiro como se pode ver na figura 4.1c.
Tabela 4.1 – Quantidade de material por m
3 de betão
Figura 4.1 – (a) Colocação do betão na cofragem metálica (b) Vibração do betão (c) Alisamento do betão
(b)
(c)
(a)
Capítulo 4 – Campanha experimental
41
Além dos blocos de betão foram também betonados 12 provetes cilíndricos de dimensões 100×200
mm, os quais seguiram o processo anteriormente descrito. Foram então betonados 25 blocos cúbicos
e 12 provetes cilíndricos, em cada betonagem, servindo estes últimos para controlo da resistência à
compressão do betão. O resultado final da betonagem é o representado nas figuras 4.2a e 4.2b.
4.2.1.1. Ensaios de resistência à compressão
A situação ideal para os ensaios de resistência à compressão do betão dos provetes cilíndricos era
terem sido efectuados no dia de cada ensaio dos respectivos blocos. Tal não aconteceu devido ao
tempo limitado para a execução desta campanha experimental. Foram então realizados em duas
alturas distintas, ou seja, os 12 provetes cilíndricos da primeira betonagem foram ensaiados no dia do
primeiro ensaio da 1ª série. Os restantes provetes foram ensaiados no dia de início dos ensaios da 4ª
série, altura em que se começaram a usar blocos de betão da segunda betonagem.
De modo a que as imperfeições na face superior derivadas da betonagem não desvirtuassem os
resultados dos ensaios seguiram-se as recomendações da norma NBR 5738:1994, recorrendo-se à
aplicação de PLASTIC 400 na sua superfície (figuras 4.3a e 4.3b), para que a resistência à
compressão obtida fosse compatível com os valores normalmente obtidos.
(a)
(b)
Figura 4.2 – (a) Moldagem dos blocos de betão (b) Moldagem dos provetes cilíndricos
(a)
(b)
Figura 4.3 – (a) Bloco capeado (b) Pasta usada no capeamento dos blocos
(a)
Estudo experimental da resistência de aderência entre CFRP e betão em elementos sujeitos a cargas de impacto de curta duração
42
Betonagem 1ª Betonagem 2ª Betonagem
Data 22-09-2010 29-09-2010
1º Ensaio 22-11-2010 16-12-2010
Nº Dias 62 79
Nº Ensaio
1 25,5 26,0
2 25,2 20,4
3 25,5 19,1
4 22,9 22,9
5 20,4 28,8
6 25,2 28,3
7 25,2 28,5
8 25,0 27,0
9 20,9 21,7
10 25,0 22,9
11 20,6 21,7
12 25,2 18,6
Média 23,9 23,8
DP 2,07 3,74
CV (%) 8,68 15,70
fc (MPa)
O instrumento (prensa) da CONTENCO (figura 4.4) utilizado tem uma capacidade de carga de 2400
kN e a obtenção dos dados foi feita através da observação visual do contador da máquina. Os
resultados dos ensaios da resistência à compressão (média de 12 provetes) e a data dos mesmos
são os apresentados na tabela 4.2.
Ao analisar os resultados destes ensaios, verifica-se uma grande diferença entre os coeficientes de
variação e também que a resistência à compressão não atingiu os 25 MPa pretendidos. Tal
aconteceu devido à deficiente vibração do betão e a obtenção de provetes cilíndricos deficientes,
aspecto que será explicado no capítulo 4.11.
4.2.2. Compósito reforçado com fibras de carbono (CFRP)
4.2.2.1. Fibras de carbono de reforço
O sistema de fibras de carbono utilizado foi o TEC-FIBER do fabricante Rheoset, como se pode ver
nas figuras 4.5a e 4.5b. Este sistema corresponde a uma manta, a qual por definição é constituída
por um conjunto de fibras tecidas apenas numa direcção (unidireccional), tendo as seguintes
características (retiradas da Ficha Técnica de Produto do Fabricante):
largura da faixa de 500 mm;
0,165 mm de espessura;
peso do material de 300 g/m2;
módulo de elasticidade de 235 GPa;
resistência à tracção de 3550 MPa;
1,55 % de deformação específica na rotura.
Figura 4.4 – Prensa utilizada nos ensaios de resistência à compressão
Tabela 4.2 – Resultados dos ensaios de resistência à compressão
Capítulo 4 – Campanha experimental
43
4.2.2.2. Ensaio de resistência à tracção do CFRP
Foram realizados ensaios à tracção do compósito de fibras de carbono obtendo-se assim uma
caracterização das propriedades mecânicas deste. Para tal foram seguidas as especificações da
ASTM D 3039/D 3039M (2000), a qual indica todos os procedimentos para a determinação do módulo
de elasticidade e da resistência à tracção do compósito. Na tabela 4.3 são apresentadas, segundo
esta norma, as dimensões mínimas necessárias para que as tiras de fibra de carbono a ser
ensaiadas tenham um número suficiente de fibras na sua secção transversal que nos permita
representar as propriedades do material.
Ensaiaram-se à tracção 6 tiras de fibra de carbono de tecido unidireccional revestidas com resina
epóxida, com as dimensões de 250 mm de comprimento, 15 mm de largura e abas de alumínio de 50
mm de comprimento, 20 mm de largura e 2 mm de espessura como se pode ver na figura 3.6.
Tabela 4.3 – Dimensões mínimas recomendadas pela ASTM D 3039/D 3039M (2000) para ensaios em CFRP
Figura 4.6 – Dimensões das tiras de CFRP ensaiados
(a)
(b)
Figura 4.5 – (a) Manta de fibras de carbono utilizada nos ensaios (b) Manta esticada
Estudo experimental da resistência de aderência entre CFRP e betão em elementos sujeitos a cargas de impacto de curta duração
44
Em todas as tiras de CFRP, foram instalados extensómetros eléctricos para a leitura da deformação
específica do compósito, permitindo dessa forma a determinação dos seguintes parâmetros:
módulo de elasticidade;
deformação específica última;
gráfico tensão – deformação específica.
Nas figuras 4.7a, 4.7b, 4.7c e 4.7d, encontram-se representadas as diversas fases de colagem dos
extensómetros na região central das tiras de fibra de carbono.
(a)
(b)
Figura 4.7 - (a) Aplicação da resina epóxida (b) Passagem do rolo de aço denteado para garantir a impregnação da resina (c) Colocação das abas de alumínio nas extremidades da tira (d) Colagem dos extensómetros na região central
(c)
(d)
Capítulo 4 – Campanha experimental
45
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
Tens
ão (
MPa
)
Deformação específica (‰)
Cp 1
Cp 2
Cp 3
Cp 4
Cp 5
Cp 6
TirasForça
Fmáx (N)
Resistência
ftf (MPa)
Deformação
Específica
Última
εfu (‰)
Módulo de
Elasticidade
Ef (GPa)
1 8785,86 3451,42 12,09 281,95
2 8110,05 3276,79 12,45 264,04
3 8773,27 3353,64 11,48 290,92
4 7823,69 3161,09 13,38 240,57
5 8102,65 3273,80 11,85 276,77
6 8263,40 3338,75 11,92 279,80
Média 8309,82 3309,25 12,20 272,34
DP 390,56 97,28 0,66 17,84
CV (%) 4,70 2,94 5,43 6,55
Seguindo as especificações da ASTM D 3039/D 3039M (2000), os ensaios foram realizados com um
controlo da taxa de deformação de 0,01 min-1
. Presente na norma anteriormente referida e segundo
Rodrigues (2009) sabe-se que a resistência à tracção do CFRP é dada por:
expressão 4.1)
Em que:
ftf – Resistência à tracção [MPa];
Fmáx – Força máxima aplicada [N];
A – Área da secção transversal do CFRP [mm2].
Na figura 4.8, encontra-se a execução do ensaio, utilizando um par de garras por efeito cunha e, a
tabela 4.4 contém todos os valores correspondentes à carga máxima, tensão máxima (resistência à
tracção), deformação específica última e o módulo de elasticidade do compósito de fibras de carbono,
no momento da rotura do material. Esta rotura deu-se na zona da garra em todos os ensaios. Por
último, na figura 4.9, está representado o gráfico tensão-deformação específica das tiras de CFRP.
Figura 4.8 – Execução do ensaio de tracção da tira de fibra de carbono
Tabela 4.4 – Resultados obtidos nos ensaios à tracção do CFRP
Figura 4.9 – Gráfico tensão – deformação específica das tiras ensaiadas
Estudo experimental da resistência de aderência entre CFRP e betão em elementos sujeitos a cargas de impacto de curta duração
46
Os valores obtidos são semelhantes aos de Rodrigues (2009), existindo pequenas diferenças devido
ao facto de a fibra usada nesta campanha ser diferente, isto é, algumas propriedades são diferentes,
nomeadamente a espessura da fibra, a resistência à tracção e o módulo de elasticidade, o que
naturalmente influenciou os resultados.
4.2.3. Resinas
Nesta campanha experimental, foram utilizados três tipos de resina, cada qual com a sua função.
Foram utilizadas tanto na preparação das tiras de fibra de carbono como na preparação dos blocos
de betão, como se poderá observar mais à frente. O objectivo da aplicação de todos estes
componentes passa por proporcionar uma perfeita aderência entre os blocos de betão e as
respectivas tiras de fibra coladas nas laterais opostas, garantindo assim a transferência de esforços.
As quantidades dos componentes de todas as resinas foram medidas numa balança digital e a sua
mistura foi feita manualmente.
4.2.3.1. Resina de preparação
A resina, denominada como Tec-Poxy PR (primário), corresponde à primeira fase de aplicação das
resinas após a limpeza mecânica da superfície, penetrando no betão por capilaridade, tem a função
de proporcionar à superfície de aplicação, neste caso o betão (superfície mineral), uma melhor
aderência entre este e o novo material a aplicar, que neste caso será uma camada de outra resina.
Das características existentes na Ficha Técnica de Produto do Fabricante Rheoset, destacam-se as
seguintes:
- resina composta por dois componentes, sendo o componente A incolor e o componente B
de cor amarelo claro (ver figura 4.10a), assumindo a mistura um aspecto incolor;
- a relação da mistura em peso é de A:B = 1:2;
- rendimento de 250 a 300 g/m2;
- vida útil a 25°C de 40 minutos (no mínimo);
- resistência à tracção passadas 24 horas de 20 +/- 2 MPa;
- peso específico de 1,050 g/cm3;
- secagem ao toque de 4 horas no máximo;
- secagem ao manuseio de 6 horas no máximo;
- secagem completa de 10 horas no máximo;
- cura total de 7 dias.
4.2.3.2. Resina de regularização
Seguidamente à aplicação do primário, vem a aplicação da resina de regularização Tec-Putty,
também conhecida como putty, a qual tem a função de regularizar a superfície, garantindo uma
Capítulo 4 – Campanha experimental
47
superfície lisa para a colagem do CFRP. Foi concebida para superfícies que vão receber materiais
compósitos reforçados com fibras, não podendo estas superfícies ter mais de 2 mm de profundidade.
Das características existentes na Ficha Técnica de Produto do Fabricante Rheoset, destacam-se as
seguintes:
- resina composta por dois componentes, sendo o componente A de cor branca e o
componente B de cor preta (figura 4.10b), assumindo a mistura uma cor cinzenta;
- a relação da mistura em peso é de A:B = 1:3;
- consumo 1,8 kg/m ² para cada 1 mm de espessura;
- peso específico de 1,8 +/- 0,05 g/cm3;
- vida útil a 25°C de 1 hora (no mínimo);
- cura inicial de 4 horas;
- cura total de 7 horas;
- resistência à compressão a 25°C passadas 24 horas de 60,0 +/- 5,0 MPa;
- resistência à tracção a 25°C passadas 24 horas de 24,0 +/- 2,0 MPa.
4.2.3.3. Resina epóxida
A resina epóxida ou Tec-Poxy, assume bastante importância na medida em que toma o papel
decisivo na interface de colagem betão – CFRP. Esta é aplicada tanto na superfície a receber o
compósito, como directamente na fibra de carbono para promover uma melhor aderência. Das
características existentes na Ficha Técnica de Produto do Fabricante Rheoset, destacam-se as
seguintes:
Figura 4.10 – Aspecto dos componentes A (esquerda) e B (direita) (a) Resina de preparação (b) Resina de regularização
(a)
(b)
Estudo experimental da resistência de aderência entre CFRP e betão em elementos sujeitos a cargas de impacto de curta duração
48
- resina composta por dois componentes, sendo o componente A de cor azul e o componente
B incolor (figura 4.11), assumindo a mistura uma cor azul claro;
- a relação da mistura em peso é de A:B = 1:2;
- peso específico de 1,055 g/cm3;
- vida útil a 25°C de 40 minutos (no mínimo);
- secagem ao toque de 4 horas no máximo;
- secagem ao manuseio de 6 horas no máximo;
- cura total de 7 dias;
- resistência à tracção a 25°C passadas 24 horas de 55 +/- 3,0 MPa;
- resistência mínima à compressão de 60 MPa.
4.3. Características dos provetes
Os provetes são constituídos por blocos cúbicos de betão com aresta de 150 mm, em conjunto com
tiras de compósito reforçado com fibras de carbono coladas nas laterais opostas dos blocos. Estas
tiras foram coladas no betão numa faixa de 30×75 mm (figura 4.12a) e também numa faixa de
70×75 mm, como se pode ver na figura 4.12b.
Figura 4.11 – Aspecto dos componentes A (esquerda) e B (direita) da resina epóxida
(a)
(b)
Figura 4.12 – Provete de betão com faixa de colagem de (a) 30×75 mm (Rodrigues, 2009) (b) 70×75 mm
Capítulo 4 – Campanha experimental
49
4.4. Cofragem utilizada
A cofragem utilizada na betonagem dos blocos de betão foi uma cofragem metálica constituída por
três perfis em “U” com um comprimento de 6 m, tendo o perfil que serve de base uma altura de 250
mm e os dois restantes 200 mm (figura 4.13a). Na figura 4.13b, consegue-se observar que a
separação dos blocos foi realizada através de peças de madeira com as dimensões de 150×150×20
mm. De modo a promover a união dos perfis e manter as peças de madeira nos seus lugares, foram
usadas barras rosqueadas com 6 mm de diâmetro como mostra a figura 4.13c.
De referir que os perfis, além das barras rosqueadas, foram unidos por parafusos de um dos lados e
por solda do lado contrário, como se pode ver na figura que se segue.
4.5. Designação dos provetes
Os provetes foram identificados consoante a taxa de carregamento aplicada, isto é, dependendo da
altura do martelo, a qual variou segundo os valores de 0, 25, 50, 75, 100, 125 e 150 cm. Outra
variável a identificar é o número do ensaio realizado, o qual corresponde também ao número da série
de blocos ensaiada, num total de cinco séries. Foram então efectuados 35 ensaios para os dois
modos de colagem, dos quais 30 são dinâmicos e, 5 são estáticos como se pode ver na tabela 4.5.
Figura 4.14 – Corte transversal da cofragem utilizada (Rodrigues, 2009)
(a)
(b)
(c)
Figura 4.13 – (a) Pormenor dos perfis metálicos utilizados na cofragem (b) Peças de madeira usadas na separação dos blocos (c) Barras rosqueadas usadas para unir os perfis
Estudo experimental da resistência de aderência entre CFRP e betão em elementos sujeitos a cargas de impacto de curta duração
50
Ensaio Série Ensaio Série
S0 - 1 A0 - 1
S0 - 2 A0 - 2
S0 - 3
S25 - 1 A25 - 1
S25 - 2 A25 - 2
S25 - 3 A50 - 1
S50 - 1 A50 - 2
S50 - 2 A75 - 1
S50 - 3 A75 - 2
S75 - 1 A100-1
S75 - 2 A100 - 2
S75 - 3 A125 - 1
S100 - 1 A125 - 2
S100 - 2 A150 - 1
S100 - 3 A150 - 2
S125 - 1
S125 - 2
S125 - 3
S150 - 1
S150 - 2
S150 - 3
30 × 75 mm
Estático
Dinâmico
70 × 75 mm
Modos de Colagem
Estático
Dinâmico
4.6. Preparação do compósito reforçado com fibras de carbono (CFRP)
Nesta etapa, foram cortadas as tiras de fibra correspondentes a cada série (figura 4.15a), ou seja,
sete no total. O corte foi feito com estilete e régua com as dimensões de 75×2300 mm, visto ser a
quantidade de fibra necessária para a realização de cada ensaio. De seguida, como se pode ver na
figura 4.15b, e de modo a evitar o desalinhamento dos fios foi aplicada, com o auxílio de uma
espátula e de um rolo, uma camada de resina epóxida, em seis trechos de 137 mm ao longo da fibra.
Para este processo, foi necessária a preparação de uma mesa na qual se usou filme de PVC
transparente como revestimento da mesma (figura 4.15c).
Tabela 4.5 – Designação utilizada para os provetes
(b)
(c)
Figura 4.15 – (a) Corte das tiras de fibra de carbono (b) Trechos impregnados com resina epóxida (c) Mesa preparada para receber a colagem das tiras de fibra
(a)
Capítulo 4 – Campanha experimental
51
4.7. Preparação dos blocos de betão
Para que as tiras de CFRP fossem aplicadas na superfície dos blocos, estes tiveram de ser
cuidadosamente preparados de modo a ficar com a superfície limpa, seca e livre de partículas soltas
para que fosse conseguida uma boa aderência na interface betão – CFRP.
Em primeiro lugar, foi marcada nos blocos, com ajuda de lápis e régua, a faixa de colagem destinada
à aplicação do CFRP. Em seguida, com o objectivo de melhorar a impregnação e posteriormente a
aderência, efectuou-se a picagem da superfície dos blocos com martelo e ponteira, tendo o cuidado
de não ultrapassar os 2 mm de profundidade (figura 4.16a). Após o processo referido, foi passada
uma escova de aço para remover eventuais partículas soltas e, com a passagem de álcool
isopropílico (máximo de 1% de água) garantiu-se a remoção de substâncias oleosas da superfície de
colagem, como se demonstra na figura 4.16b. Por último, e antes de aplicar a primeira resina, foi
colada na superfície uma folha de papel de encapar com 130×130 mm e, depois recortada na zona
de colagem, com o objectivo de garantir que a resina apenas fique nessa zona (figura 4.16c).
Repetiu-se este processo na face oposta do bloco.
Estando a superfície devidamente preparada procedeu-se então à aplicação do primário com o
auxílio de um pincel, como se pode observar na figura 4.17a e 4.17b. Esta resina tem a função de
penetrar nos orifícios (poros) da superfície de betão devidamente picada e promover uma melhor
aderência entre este e a camada seguinte. A cura desta camada foi realizada em ambiente de
laboratório e teve a duração de aproximadamente 4 horas.
(a)
(a)
(b)
(c)
Figura 4.16 – (a) Marcação do bloco e picagem da faixa de colagem (b) Passagem do álcool isopropílico na faixa de colagem para remoção de substâncias oleosas (c) Folha de papel de encapar já com o recorte na faixa de colagem
(a)
(b)
Figura 4.17 – (a) Aplicação do primário na superfície dos blocos (b) Série de blocos na fase de cura em
ambiente de laboratório
Estudo experimental da resistência de aderência entre CFRP e betão em elementos sujeitos a cargas de impacto de curta duração
52
Seguiu-se a aplicação do putty com auxílio de uma espátula, assumindo o aspecto final representado
nas figuras 4.18a e 4.18b. O objectivo deste componente é regularizar a superfície devolvendo ao
bloco a sua configuração original na zona de colagem e ficando esta preparada para receber a tira de
compósito reforçada com fibras de carbono. A cura inicial desta camada foi feita em ambiente de
laboratório e foi de aproximadamente 4 horas, assim como a resina de preparação.
Devido a uma reacção inesperada, em alguns provetes, entre o papel de encapar e a resina de
regularização, após a cura inicial da camada aplicada houve necessidade de remover o papel, lixar a
superfície para promover uma melhor aderência da fibra e remover irregularidades e voltar a colocar
uma folha de papel de encapar na superfície com as mesmas dimensões da primeira e recortada na
zona de colagem. Foi também efectuada, novamente, uma passagem de álcool isopropílico na
superfície para remover eventuais substâncias oleosas provenientes do possível contacto humano.
Nas figuras 4.19a e 4.19b, apresenta-se o resultado final do que foi anteriormente descrito.
A resina epóxida foi a última a ser aplicada recorrendo-se à ajuda de um pincel e um rolo de aço
denteado garantindo assim que as fibras ficassem esticadas e sem bolhas de ar para uma perfeita
Figura 4.19 – (a) Aspecto final da superfície tratada (b) Série de blocos devidamente tratada
(a)
(b)
(a)
(b)
Figura 4.18 – (a) Superfície do bloco com resina de regularização aplicada (b) Série de blocos na fase
de cura em ambiente de laboratório
Capítulo 4 – Campanha experimental
53
aderência na interface betão – CFRP. A resina foi aplicada na zona de colagem previamente
marcada, tanto nas fibras como no bloco de betão e, só no fim foram unidas as duas superfícies
(figura 4.20a). Esta união foi garantida por duas peças metálicas com os respectivos parafusos como
se pode ver na figura 4.20b e, na figura 4.20c, está representado o aspecto final de uma série de
blocos na fase de cura (7 dias) em ambiente de laboratório, para posteriormente serem ensaiados.
A preparação dos blocos cuja faixa de colagem aumentou para 70x75 mm foi feita da mesma forma,
apenas se realizou a picagem e tratamento de uma superfície maior e aumentou-se as quantidades
de todos os tipos de resina a aplicar nessa faixa.
4.8. Instrumentação dos ensaios
Para as leituras das cargas aplicadas, recorreu-se ao uso de uma célula de carga, a qual foi
posicionada entre o perfil metálico e o bloco de betão como se pode ver na figura 4.21a. Tanto nos
ensaios dinâmicos como nos estáticos, a célula de carga utilizada tem uma capacidade de 100 kN.
Em todos os provetes ensaiados foram colados dois extensómetros eléctricos, um em cada lado da
tira de CFRP, com o objectivo de medir as deformações específicas da mesma. Na figura 4.21b, pode
observar-se o pormenor da colagem do extensómetro e, na figura 4.21c, está representada a cola de
endurecimento rápido que foi utilizada.
(c)
Figura 4.20 – (a) Passagem do rolo denteado para uma melhor impregnação da resina (b) Fixação das tiras de fibra de
carbono nas suas extremidades superiores (c) Aspecto final de uma série de blocos para ensaio
(a)
(b)
(c)
Figura 4.21 – (a) Posicionamento da célula de carga utilizada nos ensaios (b) Pormenor do extensómetro colado na tira de CFRP (c) Cola de endurecimento rápido utilizada na colagem dos extensómetros
(b)
(a)
Estudo experimental da resistência de aderência entre CFRP e betão em elementos sujeitos a cargas de impacto de curta duração
54
4.9. Meios de aquisição de dados
A obtenção de dados, em todos os ensaios, foi feita recorrendo-se ao equipamento NI cDAQ – 9174
(figura 4.22a), cujo fabricante é a NATIONAL INSTRUMENTS S/A. Este equipamento foi ligado a um
computador, como se pode constatar pela figura 4.22b e foi controlado pelo software LABVIEW 7.1
do mesmo fabricante. A aquisição de dados com o equipamento referido foi feita por um técnico
especializado para o efeito.
4.10. Descrição dos ensaios
Na realização desta campanha, tanto os ensaios estáticos como os dinâmicos foram realizados
sempre com o mesmo equipamento diferindo apenas no modo como a carga foi aplicada. Nos
ensaios dinâmicos, a carga de impacto foi aplicada através da queda de um martelo, sendo este um
carregamento de curta duração e, nos ensaios estáticos a carga foi aplicada através de um macaco
hidráulico, sendo este um carregamento lento.
No presente capítulo, são descritos os dois tipos de ensaios referidos, o tipo de carregamento
aplicado a cada um e alguns procedimentos não normalizados, os quais foram cuidadosamente
explicados, que foram realizados antes de cada ensaio dinâmico, de modo a assegurar que factores
como o peso do perfil e a correcta distribuição deste pelos dois lados da tira de CFRP fossem,
sempre que possível, coerentes e passíveis de garantir, após cada ensaio, resultados seguros e
credíveis de analisar. Outro parâmetro importante de ser analisado no fim de cada ensaio, e que será
aqui descrito, é o modo de rotura, ou seja, uma vez que nesta campanha se estuda a resistência de
aderência entre o betão e o CFRP, ensaios que a rotura seja na tira de fibra de carbono não foram
tidos em conta.
4.10.1. Ensaios dinâmicos
Neste tipo de ensaios, a carga de impacto foi obtida por meio de um martelo de massa conhecida
(100 kg), o qual foi solto de diversas alturas, embatendo na extremidade de um perfil metálico em I,
de dimensões 25,4x11,7x145 cm, com resistência à flexão elevada. Este perfil encontra-se em
consola e, na extremidade oposta foi instalado um apoio rotulado, o qual apresenta restrição nos
eixos vertical e horizontal sendo livre à rotação. As diferentes taxas de carregamento aplicadas em
(a)
(b)
Figura 4.22 – (a) Equipamento NI cDAQ – 9174 (b) Ligação do equipamento ao computador
Capítulo 4 – Campanha experimental
55
cada ensaio variaram consoante a altura de queda do martelo. Nas figuras 4.23a e 4.23b, encontra-
se o equipamento utilizado na realização dos ensaios dinâmicos e, nas figuras 4.23c e 4.23d, está
representada a vista de frente deste mesmo equipamento.
(a)
(b)
(d)
(c)
(c)
Figura 4.23 – (a) Detalhe do equipamento utilizado nos ensaios dinâmicos (b) Equipamento utilizado nos ensaios
dinâmicos (c) Detalhe da vista frontal do equipamento (d) Vista frontal do equipamento
(a)
Estudo experimental da resistência de aderência entre CFRP e betão em elementos sujeitos a cargas de impacto de curta duração
56
Na realização de uma campanha experimental, convém ser-se o mais metódico e rigoroso possível,
para que no fim os resultados sejam coerentes e conclusivos em relação ao objectivo pretendido.
Nesta campanha, foram então realizados dois procedimentos antes de cada ensaio dinâmico, para
verificar se o material e o equipamento envolvido apresentava sempre o mesmo tipo de
características. Destacam-se o peso do perfil metálico onde embate o martelo, a correcta distribuição
deste pelos dois lados da tira de fibra e o funcionamento e leitura correcta da célula de carga e dos
extensómetros, os quais foram sempre calibrados antes de cada ensaio.
Um aspecto a referir é que o programa que efectua a recolha dos dados (software LABVIEW 7.1) foi
programado para ler 75.000 pontos em 3 segundos devido ao carregamento dinâmico ser de
curtíssima duração. Quando os dados foram tratados, o programa EXCEL apenas conseguiu ler
65.536 pontos, não sendo isso um problema pois para o intervalo analisado a amostragem foi
representativa.
Como primeiro procedimento, foi efectuada uma leitura, a qual corresponde a verificar se o peso do
perfil metálico assente na fibra exerce sempre a mesma força no provete num estado de repouso, ou
seja, colocou-se o programa a funcionar e apoiou-se com cuidado o perfil sobre a extremidade inferior
da fibra, medindo-se a força total (fornecida pela célula de carga) exercida pelo perfil sobre as duas
tiras. Por outro lado, verificou-se também a correcta distribuição da força pelos dois lados da tira de
CFRP através da deformação destas. Nas figuras 4.24a e 4.24b, estão representados dois casos
diferentes de gráficos força – tempo para os provetes S25-2 e A75-1 de acordo com o referido.
Apesar de ser sempre o mesmo técnico a manusear o perfil, as leituras nunca serão exactamente
iguais. Porém, da observação dos gráficos pode-se concluir que o perfil apoiado na extremidade
inferior da fibra, num estado de repouso exerce sempre uma força máxima de aproximadamente 1kN.
Figura 4.24 – Gráfico força – tempo num estado de repouso do perfil (a) Provete S25-2 (b) Provete A75-1
(a)
(b)
(b)
(a)
Capítulo 4 – Campanha experimental
57
Em seguida, podem-se ver dois gráficos que representam a distribuição da força exercida pelo perfil
na tira de CFRP através da análise da deformação medida em cada extensómetro (figuras 4.25a e
4.25b). Torna-se importante esta análise, na medida em que, se um dos lados da tira de fibra estiver
sujeito a uma maior deformação, está sujeito a um carregamento maior, o que indica que a rotura no
final do ensaio provavelmente acontecerá desse mesmo lado.
Da análise dos gráficos anteriores, pode-se então observar a distribuição da força exercida pelo perfil
metálico nas tiras de CFRP através da deformação desta. No gráfico da figura 4.25a, repara-se que
um dos lados da fibra encontra-se com uma maior deformação, indicando que o provete estava mal
posicionado. Em seguida o posicionamento do provete foi ajustado até se conseguir um resultado
como o que se pode observar no segundo gráfico (figura 4.25b), onde existe uma correcta
distribuição da força exercida na medida em que a deformação medida nos dois extensómetros é
similar. Observe-se que o valor médio das deformações mostradas na figura 4.25a é
aproximadamente o mesmo da figura 4.25b.
Numa segunda fase, foi realizado outro tipo de procedimento. Foi levantado o perfil metálico, colocou-
se o programa a funcionar e deixou-se cair o perfil de uma altura de 30 mm, medindo-se a força
exercida. Este procedimento é importante pois simula o que posteriormente acontecerá no ensaio em
que se deixará cair o martelo de massa conhecida no mesmo perfil mas de diferentes alturas, sendo
estas muito superiores. Ao simular a uma pequena escala os ensaios que se iriam realizar, tornou-se
importante verificar que todos os instrumentos de medição, tanto a célula de carga como os
extensómetros, os quais foram sempre calibrados antes de cada ensaio, estavam em funcionamento
e a fornecer leituras correctas.
Figura 4.25 – Gráfico deformação – tempo num estado de repouso do perfil (a) Provete S25-2 (b) Provete A75-1
(a)
(b)
(a)
(a)
Estudo experimental da resistência de aderência entre CFRP e betão em elementos sujeitos a cargas de impacto de curta duração
58
Nos gráficos representados nas figuras 4.26a e 4.26b, pode-se observar que os resultados estão
dentro da mesma gama de valores, permitindo concluir que estão de acordo com o esperado. Existe
então um primeiro pico da ordem de 12 kN correspondendo ao embate do perfil na extremidade
inferior da tira de fibra, seguindo-se um comportamento do tipo vibratório e acabando por exercer
uma força igual à apresentada nas figuras 4.24a e 4.24b, ou seja, quando o perfil está em repouso.
Pode-se também concluir que os instrumentos de medição forneceram leituras consistentes e fiáveis
para se poder continuar com os ensaios.
4.10.2. Ensaios estáticos
Nestes ensaios, o equipamento utilizado foi o mesmo, porém substituindo o martelo por um macaco
hidráulico. O carregamento foi feito manualmente através da acção de um macaco hidráulico P80 da
ENERPAC com capacidade para 60 kN, o qual foi montado na superfície do perfil metálico em I. Nas
figuras 4.27a e 4.27b, pode-se observar o equipamento utilizado para estes ensaios estáticos e o
posicionamento do macaco hidráulico.
Figura 4.26 – Gráfico força – tempo na queda do perfil de uma altura de 30mm (a) Provete S25-2 (b) Provete A75-1
(a)
(b)
(a)
(b)
(a)
Figura 4.27 – (a) Detalhe do equipamento utilizada nos ensaios estáticos (b) Equipamento utilizado nos
ensaios estáticos
Capítulo 4 – Campanha experimental
59
Nestes ensaios, ao contrário dos ensaios dinâmicos, não foram realizados quaisquer procedimentos
antes de cada ensaio, visto que eram realizados apenas um em cada série. Sendo assim, partia-se
do princípio de que o perfil metálico e os instrumentos de medição estavam em perfeitas condições.
4.10.3. Modos de rotura
Como referido, outro parâmetro em análise é o modo de rotura. Existem dois modos em função da
força de rotura, isto é, da força máxima que actua na tira de CFRP. Os diferentes modos de rotura
observados em todos os ensaios foram:
destacamento do betão;
tracção da fibra.
O primeiro modo é caracterizado pela rotura da interface betão – CFRP, que ocorre numa camada da
superfície do betão como se pode constatar na figura 4.28a. Por outro lado, noutros ensaios existiu a
rotura por tracção da fibra consoante o representado na figura 4.28b.
4.11. Dificuldades na realização da campanha experimental
Assim como em todas as campanhas experimentais, existiram alguns imprevistos e dificuldades. A
maior dificuldade desde o início foi o tempo que havia disponível para fazer todos os ensaios (5
meses). Refira-se, por exemplo, no caso de materiais como o compósito reforçado com fibras de
carbono e as resinas para a sua aplicação demoraram algum tempo até estarem disponíveis no
laboratório (2 meses) e sendo estes materiais fundamentais para a realização desta campanha só se
começaram a preparar os provetes mais tarde do que o esperado.
Outro dos imprevistos na realização desta campanha foi a má vibração do betão devido a razões
externas a este trabalho. Esta má vibração aconteceu nos provetes cilíndricos, os quais, como se
pode ver na figura 4.29a, acabaram por apresentar zonas com perda de secção. Devido a este
imprevisto, os valores apresentados nos ensaios de resistência à compressão ficaram
comprometidos, não se obtendo os 25 MPa de resistência pretendidos, pois os provetes rompiam
mais cedo do que o previsto devido à existência das referidas zonas com perda de secção.
(a)
(b)
(a)
Figura 4.28 – Modos de rotura (a) Destacamento do betão (b) Tracção da fibra
Estudo experimental da resistência de aderência entre CFRP e betão em elementos sujeitos a cargas de impacto de curta duração
60
Podiam-se ter repetido as betonagens até se obter um betão com 25 MPa de resistência à
compressão, mas nada foi feito em relação a este imprevisto, pois, por um lado, existiu a referida falta
de tempo e, por outro, diversos autores como Meneghel (2005), Pacheco (2006) e Rodrigues (2009)
afirmaram que a resistência de aderência não depende da resistência à compressão do betão neste
tipo de ensaios e para esta gama de valores (fc=25 MPa).
Outra grande dificuldade sentida foi na colagem da fibra ao bloco de betão. A colagem foi feita no
plano vertical o que fez com que a resina escorresse e provocasse a existência de zonas sem cola ou
com bolhas de ar. Para evitar que isto aconteça é necessário o uso de um pincel, o qual garante a
impregnação das fibras com resina seguido de uma passagem com um rolo denteado para as esticar
e evitar as referidas zonas com bolhas de ar. Na preparação da segunda série de ensaios, não foi
usado pincel na aplicação da resina, mas sim uma espátula e a colagem de alguns provetes ficou
deficiente. Para tentar remediar esse facto tentou-se forçar a colagem através da fixação de calços na
zona de colagem da fibra ao bloco de betão como se pode ver na figura 4.29b.
4.12. Síntese do capítulo
No presente capítulo, caracterizou-se o trabalho experimental, em termos de concepção dos provetes
e execução dos ensaios no Laboratório de Estruturas e Materiais (LEM) da PUC-Rio.
Começaram por ser descritos os materiais utilizados, as características dos provetes bem como a
cofragem utilizada e os tratamentos e etapas na aplicação do material compósito. Para tal, fez-se
sempre referência a todas as normas que se respeitaram, pequenos equipamentos que se utilizaram
(ex: espátula e rolo denteado) e fichas técnicas do fabricante, permitindo assim o conhecimento das
características dos materiais empregues.
Posteriormente, foi referida a instrumentação dos ensaios, nomeadamente a utilização da célula de
carga e dos extensómetros eléctricos, os meios de aquisição de dados, o equipamento utilizado nos
ensaios estáticos e dinâmicos, explicando de que modo foi aplicado o carregamento em cada caso.
Por último, descreveram-se os procedimentos efectuados antes de cada ensaio dinâmico, de modo a,
Figura 4.29 – (a) Provete cilíndrico com perda de secção em algumas zonas (b) Provetes com colagem deficiente
(b)
(a)
Capítulo 4 – Campanha experimental
61
por um lado, inferir se todo o equipamento estava posicionado correctamente e, por outro, testar se
todos os instrumentos de medição, ou seja, os extensómetros e a célula de carga se encontravam em
funcionamento e a fornecer leituras correctas.
Na parte final deste capítulo, descreveram-se as dificuldades sentidas na realização desta campanha
experimental. Referiu-se a chegada tardia dos materiais necessários à realização deste estudo,
levando a que a preparação dos provetes começasse mais tarde do que o previsto. Além disso, outro
aspecto negativo, foi a deficiente vibração dos provetes cilíndricos, que acabou por comprometer os
resultados dos ensaios de resistência à compressão do betão. Por último e com maior gravidade,
destaca-se a colagem dos provetes, isto é, o facto de a colagem final da tira de CFRP no betão ser
feita na vertical, por vezes é notória a escorrência da resina epóxida, levando a que houvesse zonas
sem cola ou com bolhas de ar, causando deste modo, problemas na aderência entre os materiais.
Em suma, o trabalho desenvolvido no laboratório focou-se na avaliação da influência da taxa de
carregamento na resistência de aderência entre o betão e o CFRP (Compósito Reforçado com Fibras
de Carbono) sob cargas de impacto de curta duração. Para tal, foram realizados 35 ensaios, sendo 5
estáticos e 30 dinâmicos. Nas últimas duas séries de provetes (14 ensaios) fez-se variar a faixa de
colagem da fibra no betão, aumentando o comprimento de ancoragem de 30 mm para 70 mm,
mantendo uma largura de 75 mm, de modo a perceber a variação que este parâmetro tem na
aderência. Dos 35 ensaios realizados, 34 foram válidos e 1 foi nulo, ou seja, não existem dados do
provete A150 – 1 uma vez que o equipamento NI cDAQ – 9174 de aquisição de dados se desligou a
meio do ensaio.
No capítulo seguinte, serão apresentados, analisados e comparados os resultados obtidos nos
ensaios da presente dissertação, tendo em conta os objectivos propostos.
Estudo experimental da resistência de aderência entre CFRP e betão em elementos sujeitos a cargas de impacto de curta duração
62
Capítulo 5 – Apresentação, análise e comparação dos resultados
63
5. Apresentação, análise e comparação dos resultados
5.1. Considerações iniciais
No presente capítulo, são apresentados e analisados os resultados obtidos nos ensaios laboratoriais
da campanha experimental realizada e descrita no capítulo anterior. Esta campanha incide no estudo
da influência da taxa de carregamento na resistência de aderência entre o betão e o CFRP (Polímero
Reforçado com Fibras de Carbono). Para tal, submeteram-se a cargas de impacto de curta duração,
provetes cúbicos de betão com tiras de fibra de carbono coladas nas suas laterais.
Os objectivos deste capítulo são os seguintes:
apurar se foram minimizadas nos ensaios dinâmicos, as dificuldades sentidas por Rodrigues
(2009) na medição das deformações específicas e consequente medição das forças que
efectivamente actuam na tira de fibra de carbono, eliminando ou reduzindo as forças de
inércia;
obter uma expressão que relacione a resistência de aderência com a taxa de carregamento;
estudar o efeito do aumento do comprimento de ancoragem na resistência de aderência.
Este capítulo inicia-se com uma breve explicação de como interpretar os resultados obtidos nos
ensaios dos provetes e, posteriormente, através destes e da aplicação de expressões matemáticas,
serão calculadas as resistências de aderência e as taxas de carregamento aplicadas, sendo
analisadas e explicadas as variáveis que se usaram no seu cálculo. Em seguida é analisada a
influência da taxa de carregamento na resistência de aderência entre o betão e o CFRP obtendo uma
expressão que as relacione. Na verdade irão ter-se duas expressões, uma para cada modo de
colagem, isto é, para os provetes ensaiados com uma da faixa de colagem de 30×75 mm e para os
de 70×75 mm. De seguida, será estudado o efeito do aumento do comprimento de ancoragem na
resistência de aderência e, por último, depois de analisados os resultados, estes serão comparados
com resultados de outros autores que tenham desenvolvido a sua pesquisa nesta temática da
aderência entre o betão e o CFRP e em estudos relacionados com a aplicação de cargas de impacto
(carregamento dinâmico) a materiais compósitos.
5.2. Interpretação dos resultados dos ensaios
Neste ponto, é explicada a maneira de interpretar os resultados dos ensaios realizados, tanto
dinâmicos como estáticos. Relativamente aos ensaios dinâmicos, os resultados são apresentados
sob a forma de gráficos força – tempo e deformação – tempo para as diversas taxas de carregamento
aplicadas, isto é, dependendo das diferentes alturas de que foi deixado cair o martelo. Nos ensaios
estáticos, os resultados são apresentados recorrendo a gráficos de força – deformação, uma vez que
não foi contabilizado o tempo. Torna-se importante esta análise, na medida em que, para a realização
dos cálculos referidos anteriormente em relação à resistência de aderência e taxa de carregamento
tem de se saber quais os valores a retirar dos gráficos obtidos.
Estudo experimental da resistência de aderência entre CFRP e betão em elementos sujeitos a cargas de impacto de curta duração
64
5.2.1. Resultados dos ensaios dinâmicos
Como referido, nestes ensaios a carga de impacto foi aplicada através de um martelo de massa
conhecida, o qual foi deixado cair de diversas alturas conhecidas. No final de cada ensaio obtiveram-
se por meio do software LABVIEW 7.1 a força aplicada, as deformações na tira de fibra de carbono e
o tempo total do carregamento. Outro parâmetro importante, e que foi observado, é o modo de rotura,
de forma a perceber quais os ensaios em que este foi derivado da aderência na interface betão –
CFRP (destacamento do betão).
A análise dos gráficos é algo minuciosa, isto é, ao serem aplicadas cargas de impacto de curta
duração, o tempo do ensaio acabou por ser da ordem dos milissegundos. Como gráficos relevantes a
analisar, têm-se:
gráficos força – tempo;
gráficos deformação – tempo.
Primariamente, a análise dos gráficos força – tempo (figuras 5.1a) é focada na observação do valor
máximo fornecido pela célula de carga, o qual corresponde à força de rotura. A rotura ocorreu na
interface entre o betão e o CFRP (rotura por destacamento do betão) ou por tracção da fibra,
correspondendo estes aos modos de rotura, como já foi explicado no ponto 4.10.3, do capítulo 4
anterior. Por outro lado, nos gráficos deformação – tempo (figura 5.1b), além de se poder inferir a
deformação máxima da tira de fibra de carbono, torna-se possível entender se a força exercida pelo
carregamento dinâmico foi directamente transmitida para a referida tira de fibra, nomeadamente,
através da comparação do intervalo de tempo entre o início do carregamento e o valor máximo deste
(gráficos força – tempo) com o início da deformação e o valor máximo desta. Na figura 5.2 encontra-
se representada a sobreposição dos dois tipos de gráficos, de modo a melhor se compreender o que
foi referido em relação à distribuição do carregamento.
Figura 5.1 – Ensaio dinâmico do provete S25-2 (a) Força – tempo (b) Deformação – tempo
(a) (b)
Capítulo 5 – Apresentação, análise e comparação dos resultados
65
No anexo A1, encontram-se os gráficos força – tempo e respectivos gráficos deformação – tempo
para cada ensaio dinâmico realizado nos diferentes modos de colagem.
Através da análise da figura 5.2, pode-se constatar que o início do carregamento e da deformação,
juntamente com os valores máximos destes, ocorrem praticamente no mesmo instante, o que quer
dizer que o resultado deste ensaio está de acordo com o esperado, na medida em que a força
exercida através do carregamento foi directamente transmitida à tira de fibra de carbono. Desta
forma, conseguiu-se então minimizar as dificuldades sentidas por Rodrigues (2009) na medição das
deformações específicas e das forças que efectivamente actuam na tira de fibra de carbono pois
foram eliminadas as forças de inércia, consistindo este facto num dos objectivos desta dissertação e
que será explicado com um maior rigor mais à frente.
5.2.2. Resultados dos ensaios estáticos
Nestes ensaios, o carregamento foi aplicado lentamente por meio de um macaco hidráulico
accionado manualmente. Nestes ensaios, ao contrário dos ensaios dinâmicos, o tempo de aplicação
da carga não influencia os resultados e, portanto, não foi contabilizado. No final de cada ensaio,
através do software já referido, obteve-se a força aplicada e as deformações na tira de fibra de
carbono, tendo sido também observado o modo de rotura, assim como nos ensaios dinâmicos. Como
gráficos relevantes para esta análise, têm-se:
gráficos força – deformação.
Figura 5.2 – Combinação dos gráficos força – tempo e deformação – tempo obtidos no ensaio dinâmico do provete S25-2
(a) (b)
Estudo experimental da resistência de aderência entre CFRP e betão em elementos sujeitos a cargas de impacto de curta duração
66
Na análise destes gráficos (figura 5.3), o importante a ser observado é o valor máximo fornecido pela
célula de carga, que corresponde à força de rotura, exactamente como nos ensaios dinâmicos. Em
relação à deformação da tira de fibra de carbono, no que diz respeito à igual distribuição da força
pelos dois lados, basta observar o gráfico e o desenvolvimento das linhas correspondentes a cada
extensómetro e perceber a sua similaridade.
No anexo A2, encontram-se os gráficos força – deformação de cada ensaio estático realizado.
5.3. Cálculo da resistência de aderência e da taxa de carregamento
Encontram-se então reunidas as condições para se realizar o cálculo das resistências de aderência e
das taxas de carregamento, através dos resultados dos ensaios realizados nesta campanha
experimental. De maneira a se perceber a origem de todos os valores, ou melhor, dos cálculos
efectuados, iniciar-se-á por explicar todas as variáveis em estudo e respectivas expressões de
cálculo. Por último, serão analisados os resultados obtidos, explicando-se, quando necessário,
algumas situações particulares.
5.3.1. Identificação das variáveis e expressões de cálculo
Numa primeira fase, tornou-se fundamental a identificação das seguintes variáveis, estando
representado na figura 5.4 o modo como as duas primeiras se devem identificar nos gráficos força –
tempo:
Figura 5.3 – Gráfico força – deformação obtido no ensaio estático do provete S0-1
Capítulo 5 – Apresentação, análise e comparação dos resultados
67
força máxima fornecida pela célula de carga ou força de rotura (Fmáx);
tempo de carregamento (Δt);
modo de rotura.
É com base na análise das variáveis anteriores que se conseguirá alcançar um dos objectivos deste
estudo, nomeadamente, a obtenção da expressão que relacione a taxa de carregamento com a
resistência de aderência. Deste modo, através da força máxima (força de rotura), tendo em conta que
é feita a divisão desta força por dois, devido às duas superfícies de colagem, torna-se possível o
cálculo de duas variáveis importantes, nomeadamente:
tensão normal na tira de fibra de carbono, isto é, a tensão que efectivamente actua na fibra
devido ao carregamento imposto. Para tal divide-se a força aplicada, pela área da secção
transversal da fibra (expressão 5.1);
tensão média de aderência, em que, é feita a divisão da força aplicada pela área da faixa de
colagem da tira de fibra de carbono no betão. O valor máximo desta tensão é denominado
por resistência de aderência (expressão 5.2).
A acrescentar ao exposto, conhecendo-se a tensão normal na fibra, juntamente com o tempo de
carregamento, pode-se calcular a taxa de carregamento aplicada (expressão 5.3). Por último, um
aspecto relevante é o modo de rotura, sendo o da aderência entre o betão e o CFRP (destacamento
do betão) o mais importante, visto que quando existe a rotura por tracção da fibra de carbono, os
Figura 5.4 – Dados relevantes a retirar dos gráficos força – tempo
Fmáx
Δt
Estudo experimental da resistência de aderência entre CFRP e betão em elementos sujeitos a cargas de impacto de curta duração
68
valores em nada interessam quando se está a estudar a aderência. Denominaram-se os modos de
rotura por DB (destacamento do betão) e RT (rotura por tracção da fibra) e as fotos dos provetes,
onde se pode constatar o correspondente modo de rotura, estão presentes no anexo A3.
Para o cálculo da tensão normal na tira de fibra de carbono (σf), da resistência de aderência (fb) e da
taxa de carregamento (Tc), utilizaram-se as expressões 5.1, 5.2 e 5.3, respectivamente, as quais
também foram utilizadas por Rodrigues (2009).
(Expressão 5.1)
(Expressão 5.2)
(Expressão 5.3)
Onde:
Fmáx – Força máxima fornecida pela célula de carga ou força de rotura [kN];
tf – Espessura da tira de fibra de carbono = 0,165 mm;
bf – Largura da tira de fibra de carbono = 75 mm;
la – Comprimento de ancoragem = 30 mm para faixa de colagem de 30×75 mm; 70 mm para faixa
de colagem de 70×75 mm;
Δt – Tempo de carregamento [s].
Na sequência do referido, na figura 5.4, está representado um esquema que ilustra de que forma as
variáveis necessárias para o cálculo das expressões anteriores, nomeadamente a força de rotura e o
tempo de carregamento, devem ser identificadas nos gráficos força – tempo. Posteriormente, através
da aplicação das expressões 5.1, 5.2 e 5.3 anteriores, podem-se obter os resultados de cada ensaio,
tendo em conta os dois modos de colagem adoptados. Em seguida, será feita uma análise dos
resultados obtidos nas diferentes séries ensaiadas e explicadas algumas situações em particular.
5.3.2. Resultados para a faixa de colagem 30×75 mm
Em primeira instância, apresentam-se os resultados das três primeiras séries de ensaios, para o
modo de colagem em que a faixa é de 30×75 mm. Da observação da tabela 5.1, deve-se ter em conta
o facto já referido anteriormente de não se ter contabilizado nenhum intervalo de tempo nos ensaios
estáticos, o que por consequência levou a que a taxa de carregamento fosse aproximadamente nula,
para um elevado período de tempo, quando comparado com os ensaios dinâmicos.
Capítulo 5 – Apresentação, análise e comparação dos resultados
69
ProveteFmáx
(kN)
Δt
(s)
σf
(MPa)
fb
(MPa)
Tc
(GPa/s)
Modo de
rotura
S0 - 1 13,24 - 535 2,94 0 D B
S0 - 2 13,38 - 541 2,97 0 D B
S0 - 3 23,04 - 931 5,12 0 D B
S25 - 1 28,97 0,0110 1170 6,44 106 D B
S25 - 2 21,19 0,0070 856 4,71 123 D B
S25 - 3 30,90 0,0118 1248 6,87 106 D B
S50 - 1 34,60 0,0080 1398 7,69 174 D B
S50 - 2 28,65 0,0055 1158 6,37 211 D B
S50 - 3 40,27 0,0105 1627 8,95 155 D B
S75 - 1 35,45 0,0067 1432 7,88 213 D B
S75 - 2 32,90 0,0054 1329 7,31 244 D B
S75 - 3 36,70 0,0056 1483 8,16 265 D B
S100 - 1 38,43 0,0047 1553 8,54 329 D B
S100 - 2 25,78 0,0020 1041 5,73 521 D B
S100 - 3 42,42 0,0055 1714 9,43 313 D B
S125 - 1 27,05 0,0030 1093 6,01 360 D B
S125 - 2 38,70 0,0046 1563 8,60 340 D B
S125 - 3 43,09 0,0046 1741 9,58 379 D B
S150 - 1 39,72 0,0044 1605 8,83 361 D B
S150 - 2 25,01 0,0033 1010 5,56 308 D B
S150 - 3 33,15 0,0032 1340 7,37 413 D B
Da análise dos ensaios estáticos, tanto através dos resultados presentes na tabela 5.1 como da
observação das figuras 5.5a e 5.5b, é evidente que o ensaio S0-3 apresenta uma maior força máxima
aplicada e portanto uma maior resistência de aderência em comparação com os outros dois ensaios.
Tal aconteceu devido a vários factores como a boa colagem obtida na interface betão – CFRP e ao
correcto posicionamento e elaboração (betonagem) do provete a ensaiar, o que levou a uma boa
distribuição da força, visível pela deformação da tira de fibra de carbono, em ambos os
extensómetros. Comparando os ensaios S0-1 e S0-3, cujos resultados se podem ver nas figuras 5.5a
e 5.5b, pode-se inferir que o principal factor para se ter obtido uma diferença tão grande nos
resultados, foi a boa colagem conseguida no provete S0-3. Isto é, apesar de no ensaio S0-1 ter
existido uma melhor distribuição da força nos dois lados da fibra de carbono (figura 5.5a), a força de
rotura, a deformação máxima e a resistência de aderência foi maior no ensaio S0-3. Contudo, devem
ser feitos mais ensaios com estas características, de modo a se perceber melhor qual o valor
esperado, podendo-se por exemplo concluir, se o ensaio S0-3 foi um resultado muito bom,
correspondendo a uma excepção ou os outros dois ensaios é que não correram da melhor forma.
Tabela 5.1 – Resultados dos ensaios para a faixa de colagem 30×75 mm
Fmáx – Força de rotura; Δt – Tempo de carregamento; σf – Tensão normal na tira
de fibra de carbono; fb – Resistência de aderência; Tc – Taxa de carregamento;
DB – Destacamento do betão.
Estudo experimental da resistência de aderência entre CFRP e betão em elementos sujeitos a cargas de impacto de curta duração
70
Nos ensaios sujeitos a carregamento dinâmico, foram realizadas três séries de ensaios para seis
alturas diferentes de onde se deixou cair o martelo, sendo aqui analisados os respectivos resultados.
Na primeira série de ensaios destaca-se, pela negativa, o ensaio do provete S125-1, na medida em
que, a colagem da fibra de carbono no betão ficou deficiente, gerando espaços vazios na interface de
colagem, resultando em valores baixos da força de rotura, deformação máxima (ver figura A1.13b, no
anexo A1.1) e resistência de aderência quando comparados com os valores dos outros ensaios da
mesma altura de carregamento. Na figura 5.6, tem-se o modo de rotura obtido no ensaio do referido
provete, ou seja, o destacamento do betão deu-se em apenas em parte da faixa de colagem,
reduzindo a aderência na interface betão – CFRP, o que está de acordo com o referido em relação à
existência de espaços vazios, gerados por zonas com bolhas de ar ou sem cola.
(a) (b)
Figura 5.5 – Gráficos força – deformação obtidos no ensaio: (a) S0-1 (b) S0-3
Figura 5.6 – Modo de rotura obtido no ensaio do provete S125-1
Capítulo 5 – Apresentação, análise e comparação dos resultados
71
Na segunda série de ensaios, tal como referido no ponto 4.11, a impregnação das fibras com resina
não foi feita da melhor forma, tendo sido usados calços na tentativa de remediar a situação. No
entanto, o seu uso foi em alguns ensaios infrutífero, pois à semelhança do que foi referido no
parágrafo anterior, os ensaios dos provetes S25-2, S50-2, S100-2 e S150-2 acabaram por revelar um
mau comportamento, quando comparados com a gama de valores dos ensaios das séries
correspondentes. Tal facto, é visível tanto através dos seus resultados relativos à força de rotura e
resistência de aderência, como se pode constatar na tabela 5.1, como pela deformação máxima, a
qual por comparação das figuras 5.7a e 5.7b se pode ter uma ideia da diferença, no ensaio dos
provetes S50-2 e S50-3, correspondendo o segundo a um bom ensaio. Na figura 5.8, encontra-se o
modo de rotura obtido no ensaio do provete S50-2 e, os modos de rotura dos restantes provetes mal
impregnados da segunda série (S25-2, S100-2 e S150-2), estão presentes no anexo A3.2, onde se
constata uma clara falha na colagem, visível através do destacamento parcial do betão, reduzindo em
grande parte a aderência do sistema.
Na terceira e última série, ao contrário das duas anteriores, não houve qualquer tipo de problema na
elaboração dos provetes em termos de colagem, restando apenas que fosse correctamente
posicionado o provete e aplicado o carregamento, para que os resultados fossem os melhores. Como
se pode ver na tabela 5.1 e nas respectivas figuras presentes no anexo A1.1, à excepção do ensaio
S150-3, todos os outros ensaios foram definitivamente melhores, fornecendo valores superiores, nas
principais variáveis já referidas anteriormente, nomeadamente na força de rotura, deformação
máxima e resistência de aderência. O motivo para a obtenção dos bons resultados desta série, deve-
se ao facto de ter sido a última a ser preparada, logo já eram conhecidos os principais cuidados a ter
na montagem dos provetes e posterior realização dos ensaios.
(a) (b)
Figura 5.7 – Gráficos deformação – tempo obtidos no ensaio: (a) S50-2 (b) S50-3
(a) (b)
(a) (a)
Estudo experimental da resistência de aderência entre CFRP e betão em elementos sujeitos a cargas de impacto de curta duração
72
Por último, destaca-se o facto de a rotura de todos os ensaios ter sido por destacamento do betão
(DB), para a faixa de colagem de 30×75 mm, levando a que posteriormente, quando se estudar a
influência da taxa de carregamento na resistência de aderência, todos os ensaios sejam importantes.
De seguida serão analisados, à semelhança do que foi feito anteriormente, os ensaios realizados nos
provetes com faixa de colagem de 70×75 mm.
5.3.3. Resultados para a faixa de colagem 70×75 mm
Mantém-se, nestes ensaios estáticos, no modo de colagem em que a faixa é de 70×75 mm, o que já
foi referido anteriormente em relação à não contabilização do seu tempo de ensaio, levando a ser
considerada uma taxa de carregamento nula para um elevado período de tempo. O resultado dos
ensaios das duas últimas séries é o apresentado na tabela 5.2 que se segue.
Podia-se fazer uma análise detalhada das duas séries, mas estes ensaios seguem o mesmo
raciocínio dos anteriores, na medida em que apenas se aumentou o comprimento de ancoragem e
todos os provetes apresentavam boas condições, concluindo-se que para forças de rotura maiores,
maiores as deformações e maiores também são as resistências de aderência (ver tabela 5.2 e anexo
A1.2). Ou seja, pela mesma razão dos ensaios da terceira série para a faixa de colagem de 30×75
mm terem sido bons, o mesmo aconteceu nos ensaios destas duas últimas séries, correspondentes à
faixa de colagem de 70×75 mm, na medida em que já eram conhecidos os principais cuidados a ter
na montagem dos provetes, principalmente no que diz respeito à colagem da tira de fibra de carbono
nas laterais do bloco de betão. Deste modo, obtiveram-se bons resultados, podendo-se constatar
este facto, por comparação da similaridade dos valores dos ensaios das diferentes séries, para a
mesma altura de carregamento.
Figura 5.8 – Modo de rotura obtido no ensaio do provete S50-2
Capítulo 5 – Apresentação, análise e comparação dos resultados
73
ProveteFmáx
(kN)
Δt
(s)
σf
(MPa)
fb
(MPa)
Tc
(GPa/s)
Modo de
rotura
A0 - 1 27,75 - 1121 2,64 0 D C
A0 - 2 26,53 - 1072 2,53 0 D C
A25 - 1 46,09 0,0212 1862 4,39 88 D C
A25 - 2 43,34 0,0206 1751 4,13 85 D C
A50 - 1 40,88 0,0104 1652 3,89 158 R F
A50 - 2 49,99 0,0140 2020 4,76 144 D C
A75 - 1 47,76 0,0100 1930 4,55 194 R F
A75 - 2 48,43 0,0097 1957 4,61 202 D C
A100-1 50,70 0,0084 2048 4,83 243 D C
A100 - 2 46,43 0,0073 1876 4,42 258 D C
A125 - 1 49,13 0,0052 1985 4,68 379 R F
A125 - 2 49,47 0,0054 1999 4,71 367 D C
A150 - 1 - - - - - -
A150 - 2 52,64 0,0053 2127 5,01 400 R F
Na tabela 5.2, constata-se a não existência de dados para o ensaio A150-1, pois o equipamento NI
cDAQ-9174 de aquisição de dados desligou-se a meio do ensaio. Outro aspecto a analisar, é que ao
contrário dos modos de rotura observados nos ensaios com faixa de colagem de 30×75 mm, neste
caso existiram alguns ensaios em que a rotura foi por tracção da fibra (RF). A explicação para tal
facto deve-se às fibras não estarem uniformemente traccionadas, existindo regiões na tira de fibra de
carbono mais esforçadas do que outras. Assim, as fibras sujeitas a um maior esforço devido à tracção
romperam primeiro, transferindo a força para as fibras vizinhas, resultando na rotura da tira de fibra
de carbono. Pode-se observar o que foi referido na tabela 5.2, comparando, por exemplo, os ensaios
das séries cuja altura de carregamento foi de 50 cm e de 75 cm, de onde se conclui que os ensaios
em que o modo de rotura foi por tracção da fibra, a força de rotura foi menor e, além disso, em
nenhum destes a deformação específica na rotura foi superior à deformação última calculada no
capítulo 4 anterior (εfu= 12,20‰), como se pode ver nos gráficos das figuras 5.9a e 5.9b. Quando for
estabelecida a relação entre a resistência de aderência e a taxa de carregamento, nos ensaios em
que tal aconteceu, não se terá em conta a sua influência visto a rotura em nada se relacionar com a
aderência do sistema.
Neste ponto da dissertação, a análise dos resultados obtidos nos ensaios, tendo em conta os dois
modos de colagem, foi feita com base na relação das variáveis força de rotura (Fmáx), deformação
máxima (εfu) e resistência de aderência (fb), as quais podem ser observadas nas tabelas 5.1 e 5.2 e
nos gráficos dos anexos A1 e A2.
Tabela 5.2 – Resultados dos ensaios para a faixa de colagem 70×75 mm
Fmáx – Força de rotura; Δt – Tempo de carregamento; σf – Tensão normal na tira de
fibra de carbono; fb – Resistência de aderência; Tc – Taxa de carregamento; DB –
Destacamento do betão; RT – Rotura por tracção da fibra.
Estudo experimental da resistência de aderência entre CFRP e betão em elementos sujeitos a cargas de impacto de curta duração
74
Pode-se concluir que um aumento da força de rotura gera um aumento da deformação da tira de fibra
de carbono e um aumento da resistência de aderência, no entanto, para que tal aconteça, torna-se
fundamental que exista uma boa colagem na interface betão – CFRP. No que diz respeito às
variáveis tempo de carregamento (Δt) e tensão normal na tira de fibra de carbono (σf), juntamente
com a taxa de carregamento (Tc), optou-se por analisar no próximo ponto, tendo em conta que se
estudará a influência da taxa de carregamento na resistência de aderência.
5.4. Influência da taxa de carregamento na resistência de aderência
Aqui são analisados os efeitos da taxa de carregamento na resistência de aderência entre o CFRP
(Polímero Reforçado com Fibras de Carbono) e o bloco de betão. Inicialmente é feita uma breve
análise dos resultados obtidos nos ensaios, no que diz respeito à taxa de carregamento e as variáveis
de que esta depende, nomeadamente do tempo de carregamento e da tensão normal na tira de fibra
de carbono. Por último, serão tidos em conta apenas os ensaios em que a rotura ocorreu por
destacamento do betão (DB), e os restantes, aqueles em que a rotura foi por tracção da fibra de
carbono (RT), serão excluídos, obtendo-se pelo método dos mínimos quadrados, as expressões que
relacionem a taxa de carregamento e a resistência de aderência para os dois modos de colagem.
Da análise das tabelas 5.1 e 5.2, verifica-se uma dependência entre as variáveis tensão normal na
tira de fibra de carbono e a força de rotura, ou seja, a tensão normal aumenta para maiores forças
aplicadas, à semelhança do que acontece com a resistência de aderência. Por outro lado, existe uma
relação entre a altura de queda do martelo e o tempo do ensaio, na medida em que, quando a altura
aumenta, a velocidade de aplicação da carga também aumenta, o que leva a menores tempos de
carregamento. Pode-se então concluir, através da análise dos resultados e da expressão 5.3, que
quando a força de rotura e a tensão normal aumentam, em paralelo com a diminuição dos tempos de
(b) (a)
Figura 5.9 – Gráficos deformação – tempo obtidos no ensaio: (a) S50-1 (b) S70-1
Capítulo 5 – Apresentação, análise e comparação dos resultados
75
y = 5,30x0,06
R² = 0,62
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550
Re
sist
ên
cia
de
Ad
erê
nci
a (
MP
a)
Taxa de Carregamento (GPa/s)
y = 3,57x0,05
R² = 0,98
0
1
2
3
4
5
6
0 50 100 150 200 250 300 350 400
Re
sist
ên
cia
de
Ad
erê
nci
a (
MP
a)
Taxa de Carregamento (GPa/s)
carregamento, a taxa de carregamento tende a aumentar, para uma mesma área da faixa de
colagem.
Nas figuras 5.10a e 5.10b, estão representados os gráficos obtidos nos ensaios dos provetes para os
dois modos de colagem. As variáveis em questão são a resistência de aderência (fb) e a taxa de
carregamento (Tc), estando também representada no gráfico a linha de tendência.
Nos gráficos acima, de acordo com o referido no seguimento deste trabalho, apenas estão incluídos
os resultados dos ensaios cujo modo de rotura tenha sido por destacamento do betão, uma vez que o
que se pretende analisar é a questão da aderência entre o betão e o CFRP. Outro aspecto que foi
considerado, relaciona-se com o facto da taxa de carregamento dos ensaios estáticos à partida ser
zero para um elevado tempo de ensaio, por não se ter contabilizado o tempo desses ensaios. No
entanto, para a obtenção das expressões que relacionam a taxa de carregamento com a resistência
de aderência, teve-se em conta um valor para esta taxa, na medida em que se considerou uma
função sob a forma de potência. Logo, atribuiu-se um valor muito pequeno de 0,001 à taxa de
carregamento dos ensaios estáticos para os dois modos de colagem, correspondendo esta taxa a um
tempo de ensaio mínimo de aproximadamente 9 minutos e máximo de 19 minutos, tornando-se um
intervalo muito aceitável para este tipo de ensaio.
De uma primeira análise das figuras 5.10a e 5.10b, pode-se concluir que existe uma maior dispersão
de resultados para os ensaios do primeiro modo de colagem (30×75 mm), como se pode ver pelo
valor mais baixo do coeficiente de correlação (R2), onde por sua vez foram contabilizados mais 12
ensaios. Observa-se em ambos os casos que os valores da resistência de aderência aumentam com
o aumento da taxa de carregamento. Essa relação pode ser considerada, segundo o referido, como
uma função potência e as expressões 5.4 e 5.5 que a seguir se apresentam, reflectem a influência da
taxa de carregamento na resistência de aderência para os dois modos de colagem adoptados, tendo
sido obtidas pelo método dos mínimos quadrados, com coeficientes de correlação de R2 = 0,62 e R
2 =
0,98, respectivamente.
faixa de colagem de 30×75 mm:
(Expressão 5.4)
(a) (b)
Figura 5.10 – Gráficos que relacionam a taxa de carregamento com a resistência de aderência e respectiva linha de tendência (a) Faixa de colagem de 30×75 mm (b) Faixa de colagem de 70×75 mm
(a)
Estudo experimental da resistência de aderência entre CFRP e betão em elementos sujeitos a cargas de impacto de curta duração
76
EstáticosFmáx
(kN)
Δt
(s)
σf
(MPa)
fb
(MPa)
Tc
(GPa/s)
30×75 mm 16,56 - 669 3,68 -
70×75 mm 27,14 - 1097 2,58 -
Incremento 63,9% - 63,9% -29,7% -
faixa de colagem de 70×75 mm:
(Expressão 5.5)
Onde:
fb – Resistência de aderência [MPa];
Tc – Taxa de carregamento [GPa/s].
Neste ponto da dissertação, torna-se então possível concluir através das expressões apresentadas e
dos gráficos das figuras 5.10a e 5.10b, que quando a taxa de carregamento aumenta, a resistência
de aderência também aumenta. Estas expressões serão novamente analisadas quando mais à frente
se compararem com resultados de outros autores. Seguidamente, de acordo com os objectivos deste
capítulo, serão sintetizadas e analisadas as diferenças observadas no que diz respeito ao aumento
do comprimento de ancoragem adoptado nos provetes a ensaiar.
5.5. Efeito do aumento do comprimento de ancoragem na resistência de
aderência
No ponto anterior, foram apresentados e explicados os resultados obtidos nos ensaios dos provetes,
de modo a inferir a influência da taxa de carregamento na resistência de aderência em sistemas de
betão – CFRP, sujeitos a cargas de impacto de curta duração (carregamento dinâmico), onde foram
utilizados modelos de ensaio de corte tracção-compressão, adoptando duas faixas de colagem
diferentes. Esta diferença surge no comprimento de ancoragem adoptado, ou seja, nas três primeiras
séries ensaiadas o comprimento de ancoragem foi de 30 mm e, nas duas últimas, este comprimento
aumentou para 70 mm. Neste ponto, o objectivo é identificar e perceber de que forma este aumento
influenciou todas as variáveis já estudadas neste capítulo, relevando-se a resistência de aderência.
Para o efeito, optou-se por calcular a diferença das médias dos valores em termos percentuais das
variáveis em estudo já mencionadas anteriormente, tendo em conta os dois modos de colagem.
Devido ao facto de não se ter contabilizado o tempo dos ensaios e a taxa de carregamento ser
aproximadamente zero, fez-se uma separação entre os incrementos verificados nos ensaios estáticos
e nos ensaios dinâmicos como se pode ver nas tabelas 5.3a e 5.3b. Atenção especial deve ser dada
ao facto dos valores em percentagem serem apenas uma estimativa das médias, uma vez que o
número de amostras do primeiro modo de colagem é maior e os resultados dos ensaios do segundo
modo de colagem foram melhores. No entanto, permite ter-se uma ideia aproximada das diferenças,
aquando do aumento do comprimento de ancoragem efectuado.
DinâmicosFmáx
(kN)
Δt
(s)
σf
(MPa)
fb
(MPa)
Tc
(GPa/s)
30×75 mm 33,50 0,0059 1353 7,44 273
70×75 mm 47,78 0,0124 1930 4,55 198,06
Incremento 42,6% 108,5% 42,6% -38,9% -27,5%
Tabela 5.3 – Diferença das médias das variáveis em estudo, segundo os dois modos de colagem para os ensaios (a) Estáticos (b) Dinâmicos
(a) (b)
Capítulo 5 – Apresentação, análise e comparação dos resultados
77
Nos ensaios estáticos, observa-se que o aumento no comprimento de ancoragem levou a uma
diminuição na resistência de aderência. O valor desta diferença foi de 29,7%, a qual se deve ao facto
da resistência não ser distribuída ao longo de toda a área de reforço, mas apenas naquela que resiste
ao carregamento. No entanto, a força máxima necessária para causar a rotura aumentou 63,9%,
assim como a tensão normal na tira de fibra de carbono, uma vez que depende directamente do valor
desta força.
Em relação aos ensaios dinâmicos, a sua análise pode ser feita relacionando todas as variáveis em
estudo. Seguindo o mesmo raciocínio dos ensaios estáticos, o incremento da força de rotura é igual
ao da tensão normal, assumindo este um valor de 42,6% e, por outro lado, a resistência de aderência
também diminuiu na ordem dos 38,9%.
No que diz respeito à taxa de carregamento tem-se uma diminuição de 27,5%. Tal acontece, pois
apesar de existir um incremento na tensão normal na tira de fibra de carbono de 42,6%, o tempo de
carregamento aumentou para mais do dobro em termos percentuais (108,5%). A explicação para tal
facto é que como a superfície é maior e resiste a uma maior força de rotura, os ensaios também
acabaram por ter um maior tempo de carregamento até à rotura, fazendo com que a taxa de
carregamento fosse menor para uma maior área de colagem, quando comparados os dois modos de
colagem adoptados.
Em suma e, concluindo a partir do que foi verificado nos ensaios dinâmicos, um aumento do
comprimento de ancoragem ou área de colagem para sensivelmente mais do dobro, induz ao
aumento das variáveis força de rotura, tempo de carregamento e tensão normal na tira de fibra de
carbono. Contrariamente, surgem as variáveis resistência de aderência e taxa de carregamento,
cujos valores diminuem com o aumento do comprimento de ancoragem devido às razões já citadas.
Com a análise que foi feita dos resultados obtidos nos ensaios e após se ter percebido qual o efeito
do aumento do comprimento de ancoragem nas variáveis em estudo, estão reunidas as condições
para se comparar os resultados da presente dissertação, com resultados de outros investigadores,
cujos estudos também incidem na temática da aderência em sistemas betão – CFRP, nomeadamente
os que foram referidos no capítulo 3.
5.6. Comparação dos resultados
Neste ponto, serão comparados todos os aspectos que se acharem relevantes, de modo a se
perceber de que maneira este estudo foi importante e mostrar que esta campanha experimental veio
contribuir para o estudo mais aprofundado, no âmbito da aderência entre interfaces de betão e fibras
de carbono, o que corresponde a um dos objectivos desta dissertação. No capítulo 3, houve a
preocupação de se dar a conhecer ensaios recentemente realizados por diversos autores, no âmbito
do reforço exterior com materiais compósitos, mais precisamente aqueles em que se recorreu ao uso
de CFRP (Polímeros Reforçados com Fibras de Carbono) e, nesse sentido, de seguida serão
comparados os resultados obtidos nesses estudos com os que foram aqui apurados.
Estudo experimental da resistência de aderência entre CFRP e betão em elementos sujeitos a cargas de impacto de curta duração
78
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
t (ms)
P (
kN
)
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1,0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
Tempo (ms)
Defo
rmaç
ão
esp
ecíf
ica (
‰)
Um dos objectivos que foi proposto neste capítulo remete para a tentativa de eliminar ou reduzir as
forças de inércia observadas nos ensaios dinâmicos realizados por Rodrigues (2009). Essas forças
de inércia surgiram em decorrência da montagem dos ensaios nos quais o bloco de betão e a célula
de carga eram deslocados com a aplicação da carga. Assim, a força lida pela célula de carga (figura
5.11a) incluía a força elástica (que actua directamente na tira de fibra) mais a força de inércia
despertada pela aceleração com que a massa do bloco de betão e da célula de carga se deslocava.
Foi então necessária uma análise numérica dos resultados para se obter a força elástica que actua
na tira de fibra e, finalmente, obter a resistência de aderência (força de rotura dividida pela área de
colagem).
Na figura 5.11b, pode-se observar que aos dois milissegundos de ensaio, os extensómetros colados
nas laterais da tira de fibra, representados pelas curvas rosa e azul, não mediram qualquer
deformação, começando apenas esta medição um pouco antes dos quatro milissegundos. Essa
translação observada no eixo do tempo relativamente ao início do carregamento e ao início da
deformação pode ser atribuída ao tempo que a onda de tensão demora a percorrer entre a célula de
carga (bloco de betão) e os extensómetros (CFRP), na medida em que, como se poder ver na figura
3.7a no capítulo 3 anterior, o carregamento exercido pelo perfil é feito directamente no bloco de
betão, fazendo com que o bloco, primariamente absorva a energia do carregamento e gere forças de
inércia contrárias ao sentido deste e só depois este carregamento é transmitido à tira de fibra de
carbono.
De facto, o objectivo de eliminar as forças de inércia e de minimizar as dificuldades sentidas pela
autora na medição das deformações específicas e da força actuante na tira de fibra de carbono foi
atingido. Observe-se então no início deste capítulo a figura 5.2, na qual estão representados os
gráficos força – tempo e deformação – tempo obtidos no ensaio S25-2, de onde se conclui que no
momento em que o carregamento é exercido no provete, a medição da deformação da tira de fibra de
carbono também é de imediato contabilizada. Deste modo, pode-se concluir que os ensaios
realizados nesta dissertação foram bons em relação ao que já foi anteriormente referido. A mudança
no modo como se aplicou a carga no provete levou a que as dificuldades sentidas por Rodrigues
(a)
Figura 5.11 – Gráficos do ensaio B25-125-E de Rodrigues (2009) (a) Força – Tempo (b) Deformação específica – Tempo
(b) (a)
Capítulo 5 – Apresentação, análise e comparação dos resultados
79
Autor Ano Modelo de ensaio Modo de carregamento Dados importantes Conclusões
Meneghel 2005Corte de junta dupla
tracção-compressãoEstático
• Provetes constituídos por dois blocos
de betão unidos por uma tira de fibra de
carbono
•Comprimento de ancoragem = 150 mm
• Comprimento de ancoragem no qual as
tensões de aderência estão realmente
distribuídas = 120 mm
• Valor médio de fb = 1,92 MPa
Pacheco 2006Corte de junta dupla
tracção-compressãoEstático
• Provetes constituídos por dois blocos
de betão unidos por uma tira de fibra de
carbono
• Comprimento de ancoragem = 120 mm
• Valor médio de fb = 1,78 MPa
• Superfícies rugosas acrescem na ordem
dos 5% a resistência última de aderência
Pellisari 2007 Flexão - corte Estático e dinâmico
• Provetes constituídos por dois blocos
de betão unidos por uma rótula e uma
tira de fibra de carbono colada na parte
inferior dos blocos
• Comprimento de ancoragem de 60 mm
e 120 mm
• Ensaios estáticos - fb médio de 3,49 MPa
• Ensaios dinâmicos - fb médio de 6,79 MPa
• Quando a taxa de carregamento aumenta,
a resistência de aderência também aumenta
• fb = 1,6 × 10-6Tc + 3,14 (expressão 3.1)
Rodrigues 2009Corte de junta dupla
tracção-compressãoEstático e dinâmico
• Provetes constituídos por um bloco de
betão com uma tira de fibra de carbono
colada nas laterais opostas
• Comprimento de ancoragem de 30 mm
• Ensaios estáticos - fb médio de 4,19 MPa
• Ensaios dinâmicos - fb médio de 7,77 MPa
• Quando a taxa de carregamento aumenta,
a resistência de aderência também aumenta
• fb = 6,03 Tc0,05 (expressão 3.2)
(a) e (b) 2011Corte de junta dupla
tracção-compressãoEstático e dinâmico
• Provetes constituídos por um bloco de
betão com uma tira de fibra de carbono
colada nas laterais opostas
• Comprimento de ancoragem de 30 mm
e 70 mm
(a)
• Ensaios estáticos - fb médio de 3,68 MPa
• Ensaios dinâmicos - fb médio de 7,44 MPa
(b)
• Ensaios estáticos - fb médio de 2,58 MPa
• Ensaios dinâmicos - fb médio de 4,55 MPa
(a) e (b)
• Quando a taxa de carregamento aumenta,
a resistência de aderência também aumenta
(a) fb = 5,30 Tc0,06 (expressão 5.4)
(b) fb = 3,57 Tc0,05 (expressão 5.5)
(2009) fossem ultrapassadas, nomeadamente a alteração da aplicação da carga na extremidade
inferior da tira de fibra de carbono (ver figura 4.24 no capítulo 4 anterior), em detrimento da aplicação
da carga directamente no bloco de betão, favorecendo deste modo a transmissão de força à fibra.
Outro aspecto em análise nesta dissertação é o efeito do aumento do comprimento de ancoragem na
resistência de aderência. As conclusões a que se chegou estão de acordo com o estudo de Chajes et
al. (1996), isto é, por um lado, quando o comprimento de ancoragem aumenta, a força de rotura
também tende a aumentar e, por outro, a resistência de aderência diminui.
Em ordem agora a comparar alguns dos estudos apresentados do capítulo 3 com os presentes,
elaborou-se a tabela 5.4, na qual estão sintetizados os vários trabalhos segundo o seu modelo de
ensaio, o modo de carregamento, alguns dados importantes e por último as conclusões retiradas,
tendo sempre em conta o valor dos ensaios, em que o modo de rotura foi por destacamento do betão.
Por último, serão comparados os resultados atendendo aos parâmetros anteriormente referidos e far-
se-á a respectiva análise. Adoptou-se uma divisão, isto é, numa primeira fase serão comparados os
resultados dos dois primeiros autores e, em seguida, finalizar-se-á com a comparação dos resultados
dos dois últimos autores. Optou-se por esta divisão, na medida em que os ensaios de Pellisari (2007)
e Rodrigues (2009) se relacionam mais com os da presente dissertação.
fb – Resistência de aderência; Tc – Taxa de carregamento; (a) – Faixa de colagem de 30×75 mm utilizada na
campanha experimental desta dissertação; (b) – Faixa de colagem de 70×75 mm utilizada na campanha
experimental desta dissertação.
Tabela 5.4 – Síntese dos ensaios recentemente realizados no âmbito do reforço exterior com CFRP, tendo em conta a aderência
Estudo experimental da resistência de aderência entre CFRP e betão em elementos sujeitos a cargas de impacto de curta duração
80
Meneghel (2005) e Pacheco (2006) obtiveram na sua pesquisa um valor médio para a resistência de
aderência estática na ordem dos 1,9 MPa, considerando um comprimento de ancoragem onde
efectivamente actuam as tensões de 120 mm e, utilizando a segunda autora, a parte rugosa do bloco
de betão, a qual corresponde à face superior quando retirada da cofragem, não tendo sido este um
factor importante na medida em que existiu apenas um acréscimo de 5% no valor da resistência de
aderência. Nos ensaios estáticos da presente dissertação obtiveram-se valores maiores para a
resistência de aderência, isto é, considerando o comprimento de ancoragem de 70 mm, o valor médio
obtido foi de 2,58 MPa. Este facto pode estar relacionado com vários factores, entre eles o
comprimento de ancoragem, pois como já foi referido, a resistência de aderência diminui com o
aumento deste. Além disso, outros factores que podem ter influenciado os resultados relacionam-se
com o equipamento de ensaio e o tipo de fibra utilizada, sendo que as resinas para a sua aplicação
foram as mesmas nos três casos. No entanto, neste estudo foi conferida rugosidade à superfície
através de picagem, tirando-se a camada mais superficial do betão num máximo de 2 mm de
profundidade, ao contrário das autoras, uma vez que Meneghel (2005) não efectuou qualquer
tratamento superficial e Pacheco (2006) apenas colou a fibra directamente na superfície do bloco com
rugosidade conferida pela betonagem. Por último, foi utilizada resina de regularização, também
denominada por putty, a qual efectuou a regularização da superfície após se ter impregnado o betão
no comprimento de ancoragem com primário, o qual se destina a promover uma melhor aderência
entre as camadas, preenchendo também os poros do betão, instituindo esta prática um ganho de
aderência entre a fibra de carbono e o substrato de betão.
Serão agora comparados os ensaios dos dois últimos autores, os quais realizaram os seus estudos
tendo em conta alguns dos objectivos que se assemelham aos do presente estudo, nomeadamente
no que diz respeito à resistência de aderência e à sua afectação por vários factores, assumindo maior
relevância a taxa de carregamento. Outras similaridades que se podem verificar são o modo de
carregamento (estático e dinâmico) e a obtenção de uma expressão que relacione as variáveis taxa
de carregamento com a resistência de aderência. Por outro lado, um aspecto importante a realçar é o
facto de Pellisari (2007) ter realizado os seus ensaios, baseando-se no modelo flexão-corte, no
entanto, tentar-se-á comparar os seus resultados com os do presente trabalho.
Para uma melhor compreensão dos resultados obtidos e que serão de seguida analisados,
elaborou-se a figura 5.12, na qual estão representadas as curvas das expressões obtidas por Pellisari
(2007), Rodrigues (2009) e as do presente estudo (expressões 5.4 e 5.5), para taxas de
carregamento crescentes, estando os valores presentes no anexo A.4.
O primeiro autor referido obteve uma expressão que relaciona a taxa de carregamento com a
resistência de aderência na forma linear, como se pode ver através da expressão 3.1 no capítulo 3
anterior, no entanto, de modo a se poder comparar os seus valores com as outras expressões, para a
elaboração do gráfico da figura 5.7, consultaram-se os dados de Pellisari (2007) e calculou-se a
expressão na forma de potência, com um coeficiente de correlação de R2 = 0,60.
(Expressão 5.6)
Capítulo 5 – Apresentação, análise e comparação dos resultados
81
0,00
1,00
2,00
3,00
4,00
5,00
6,00
7,00
8,00
9,00
10,00
11,00
12,00
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 650 700
Re
sist
ên
cia
de
Ad
erê
nci
a (M
Pa)
Taxa de Carregamento (GPa/s)
Pellisari (2007)
Rodrigues (2009)
(a)
(b)
Em que:
fb – Resistência de aderência [MPa];
Tc – Taxa de carregamento [GPa/s].
Por último, apesar de o autor ter realizado ensaios em que o comprimento de ancoragem variou entre
60 mm e 120 mm, devido aos poucos resultados dos ensaios estáticos e dinâmicos que obteve, num
total de 8 em que o modo de rotura foi por destacamento do betão, não se efectuou a sua separação
segundo o comprimento adoptado, contrariamente ao que se fez com os resultados do presente
trabalho. Contudo, observando-se o desenvolvimento da curva obtida pelo autor, poderá ter-se uma
ideia da resistência de aderência mobilizada.
Comparando os resultados, pode-se de imediato concluir que o estudo de Pellisari (2007) assume
valores maiores em termos de resistência de aderência, para taxas de carregamento crescentes,
quando comparado com os resultados de (b). O autor, na preparação dos seus provetes sujeitou a
superfície a picagem, de modo a conferir uma maior aderência, contudo, o tecido de fibra de carbono
utilizado foi diferente assim como o modelo e ensaio adoptado. No entanto, não é possível efectuar
uma análise muito aprofundada dos valores do autor, pelos motivos já referidos em relação ao total
de ensaios e ao comprimento de ancoragem, todavia, pode-se concluir que o modelo de ensaio
(a) – Faixa de colagem de 30×75 mm utilizada na campanha experimental desta dissertação; (b) – Faixa de
colagem de 70×75 mm utilizada na campanha experimental desta dissertação
Figura 5.12 – Relação entre a taxa de carregamento e a resistência de aderência obtida por diversos investigadores,
incluindo os resultados da presente dissertação
Estudo experimental da resistência de aderência entre CFRP e betão em elementos sujeitos a cargas de impacto de curta duração
82
utilizado, ou seja, modelo flexão-corte, no que diz respeito à análise da resistência de aderência
fornece valores similares, quando comparados com os modelos de ensaio de corte, para
comprimentos de ancoragem semelhantes.
Por último e com maior importância, surge o ensaio de Rodrigues (2009), visto ser o estudo que mais
se assemelha ao da presente dissertação e, deste modo, se estabelecerá uma comparação com os
resultados de (a), uma vez que o comprimento de ancoragem é o mesmo. Em ambos os estudos, não
só o equipamento utilizado foi o mesmo, variando apenas a posição do provete, mas também o
modelo de ensaio adoptado foi igual, utilizando-se o modelo de corte de junta dupla tracção-
compressão. Por outro lado, ambos os autores efectuaram o tratamento da superfície do betão na
zona da faixa onde se colou a tira de fibra de carbono, conferindo assim uma maior aderência desta
ao substrato de betão, no entanto, a manta de CFRP utilizada foi diferente nos dois estudos.
Da observação da figura 5.12, pode-se denotar a proximidade de resultados entre os dois autores,
para o mesmo comprimento de ancoragem (30 mm). No entanto, tem de se ter em conta algumas
questões relativamente aos ensaios realizados por cada um e, dos respectivos valores obtidos. Em
relação aos ensaios estáticos, os valores médios da resistência de aderência de Rodrigues (2009) e
(a) foram de 4,19 MPa e 3,68 MPa e, nos ensaios dinâmicos de 7,77 MPa e 7,44 MPa,
respectivamente. É então notável a similaridade de valores já referida.
Além da diferença nos ensaios dinâmicos realizados entre cada autor e das dificuldades nas
medições agora ultrapassadas, outro aspecto a realçar é a agravante que existiu nos ensaios de (a),
ou seja, além de terem sido ensaiados menos provetes, como já se sabe existiu a má colagem de 5
provetes (S125-1, S25-2, S50-2, S100-2 e S150-2) fazendo com que houvesse uma maior dispersão
nos valores obtidos, ao contrário de Rodrigues (2009), onde em todos os ensaios, a colagem foi bem
conseguida. Por outro lado, relativamente aos ensaios estáticos, julga-se que a diferença nos
resultados também se deva à preparação dos provetes, uma vez que o valor obtido no ensaio
estático da terceira série (S0-3) foi superior a qualquer ensaio estático de Rodrigues (2009),
concluindo-se que o factor chave para atingir bons resultados seja a experiência em termos de
colagem dos provetes. Em síntese, os resultados de (a) podiam ter sido bastante melhores, podendo
até superar os de Rodrigues (2009) pelos motivos já explicados, aconselhando-se assim, que sejam
realizados mais ensaios idênticos aos da presente campanha experimental.
Por último, surgem os ensaios de (b), nos quais foi utilizado um comprimento de ancoragem de 70
mm. Observando a figura 5.12, não existem dúvidas quanto à inferioridade dos valores em termos de
resistência de aderência quando comparados com todos os outros autores. Nestes ensaios, a
colagem dos provetes foi a melhor possível uma vez que correspondem às duas últimas séries
preparadas, no entanto, juntamente com a adopção de um maior comprimento de ancoragem da fibra
levou a uma diminuição do valor da resistência de aderência derivada da distribuição das tensões na
área reforçada, facto que já foi explicado anteriormente.
Capítulo 5 – Apresentação, análise e comparação dos resultados
83
5.7. Conclusões do capítulo
No presente capítulo, foram apresentados, analisados e comparados os resultados da presente
dissertação com estudos realizados por diversos autores, no âmbito do reforço exterior por colagem
de materiais compósitos, mais propriamente de CFRP (Polímero Reforçado com Fibras de Carbono),
sempre com o intuito de contribuir para o estudo mais aprofundado da resistência de aderência entre
interfaces de betão e fibras de carbono, sendo a questão fundamental perceber a influência da taxa
de carregamento na resistência de aderência em sistemas de betão – CFRP.
Começou por se explicar como seria feita a interpretação dos resultados dos ensaios, tanto dinâmicos
como estáticos. No caso dos ensaios dinâmicos, os resultados foram apresentados sob a forma de
gráficos força – tempo, de onde se pôde retirar a força máxima ou força de rotura, e por outro, por
gráficos deformação – tempo através dos quais foi possível concluir acerca da deformação máxima
na altura da rotura. Através da comparação dos dois tipos de gráficos, o objectivo proposto em
relação a minimizar as dificuldades sentidas por Rodrigues (2009) foi atingido, uma vez que a carga
aplicada foi directamente transmitida para a tira de fibra de carbono, ou seja, existiu uma correcta
medição da força que efectivamente actua na tira de fibra e das correspondentes deformações
específicas. Os resultados foram apresentados sob a forma de gráficos força – deformação, dos
quais foi possível retirar os valores máximos da força e da deformação na altura da rotura e, analisar
a correcta distribuição da força pelos dois lados da tira de fibra de carbono, através da deformação
lida nos extensómetros.
Em seguida, depois da recolha dos valores dos gráficos referidos, ficaram reunidas as condições para
se realizar o cálculo das resistências de aderência e das taxas de carregamento. Em primeiro lugar,
identificaram-se as variáveis força de rotura, tempo de carregamento e modo de rotura. Através das
variáveis anteriores, tornou-se então possível o cálculo da tensão normal na tira de fibra de carbono,
da resistência de aderência e da taxa de carregamento. Uma vez obtidos os resultados de cada
ensaio e tendo em conta a separação das duas faixas de colagem adoptadas, analisaram-se e
explicaram-se sempre que se achou necessário, os valores obtidos. De extrema importância, na
medida em que se tornou decisivo no resultado dos ensaios dos provetes, foi o processo de colagem
da fibra no substrato de betão, daí a necessidade de se tentar evitar qualquer espaço vazio
proveniente de zonas sem cola ou com bolhas de ar.
Quando todos os resultados se encontravam calculados, foi possível estabelecer a relação entre a
taxa de carregamento e a resistência de aderência, tendo em conta um aspecto de extrema
importância, ou seja, o modo de rotura verificado, na medida em que apenas a rotura por
destacamento do betão foi tomada em conta. Obtiveram-se então os gráficos com a dispersão dos
resultados dos ensaios e através destes, alcançou-se outro dos objectivos deste trabalho,
nomeadamente a obtenção das expressões que relacionam a taxa de carregamento e a resistência
de aderência para os dois modos de colagem, através do método dos mínimos quadrados. Nas duas
expressões obtidas, analisando individualmente, a conclusão é a mesma, isto é, quando a taxa de
carregamento aumenta a resistência de aderência também aumenta.
Estudo experimental da resistência de aderência entre CFRP e betão em elementos sujeitos a cargas de impacto de curta duração
84
Posteriormente, numa altura em que se conhecem os valores da resistência de aderência e da taxa
de carregamento para os dois modos de colagem, tornou-se possível atingir o último objectivo
proposto nesta dissertação, isto é, perceber o efeito que o aumento do comprimento de ancoragem
tem na resistência de aderência. Optou-se por calcular a diferença das médias dos valores em termos
percentuais das variáveis em estudo mencionadas, separando-se os dois modos de colagem e os
dois tipos de ensaios (estáticos e dinâmicos). A principal conclusão a que se chegou é que para um
maior comprimento de reforço ou ancoragem, menor é a resistência de aderência.
Após uma análise detalhada de todos os resultados obtidos e compreendendo a relação entre as
diferentes variáveis em estudo, procedeu-se à comparação dos resultados da presente dissertação
com os resultados obtidos por diversos autores no âmbito do reforço exterior por colagem. Com o
intuito de tentar explicar as possíveis diferenças verificadas, analisaram-se vários factores como o
tipo de equipamento, o modelo de ensaio, o modo de carregamento, o tipo de fibra e resinas
utilizadas, a existência ou não de tratamento superficial do betão na zona de colagem da fibra e, por
último, as expressões que relacionam a taxa de carregamento e a resistência de aderência obtidas
por cada investigador.
No próximo e último capítulo do presente trabalho, serão apresentadas, numa primeira fase, as
principais conclusões que se obtiveram no desenvolvimento deste trabalho prático e, por último,
serão sugeridos alguns desenvolvimentos futuros, mencionando algumas linhas de investigação que
complementem este trabalho.
Capítulo 6 – Conclusões e desenvolvimentos futuros
85
6. Conclusões e desenvolvimentos futuros
6.1. Considerações gerais
O trabalho experimental realizado incidiu no estudo da resistência de aderência entre CFRP
(Polímeros Reforçados com Fibras de Carbono) e betão sujeitos a cargas de impacto de curta
duração (carregamento dinâmico), mais concretamente, na avaliação da influência da taxa de
carregamento na resistência de aderência. De facto, o tipo de resina e de fibra, o modo de
carregamento (estático ou dinâmico), o tipo de solicitação, o comprimento de ancoragem e a correcta
colagem do CFRP no betão, são alguns dos factores que condicionam o comportamento dos
materiais compósitos e consequente desempenho, quando usados no reforço exterior de estruturas
de betão por colagem.
Neste contexto, o estudo em apreço incluiu trabalhos em laboratório, no qual foram ensaiados 35
provetes, constituídos por blocos cúbicos de betão e tiras de CFRP coladas nas laterais opostas dos
blocos. De acordo com o referido anteriormente, fez-se variar o modo de carregamento, realizando-se
30 ensaios dinâmicos e 5 estáticos. O tipo de solicitação estudada foi o corte, baseando-se os
ensaios no modelo de corte de junta dupla tracção-compressão. Por outro lado, fez-se variar o
comprimento de ancoragem das tiras de CFRP de 30 mm para 70 mm e foi feita uma análise do
processo de colagem destas no betão.
Para uma melhor interpretação dos resultados, correlacionou-se a informação obtida, com a fornecida
por diversos estudos de outros investigadores no âmbito da aderência betão – CFRP. Desta feita, foi
possível perceber a evolução do desempenho destes materiais, segundo a metodologia de ensaio
adoptada. Os resultados obtidos foram analisados tendo em conta os aspectos supra referidos
conduzindo às conclusões que em seguida se sintetizam.
6.2. Considerações finais
O facto de grande parte das estruturas de betão armado de hoje em dia estarem a atingir o fim da sua
vida útil, despertou a necessidade de se proceder ao seu reforço e reabilitação. Na presente
dissertação, desenvolve-se o estudo da técnica de adição de armaduras exteriores por colagem,
nomeadamente, de polímeros reforçados com fibras de carbono (CFRP). Este método de reforço
surge não como um substituto às habituais chapas de aço empregues desde o final dos anos 60, mas
sim como uma alternativa, uma vez que apresentam características que se parecem evidenciar como
sendo melhores, não só em relação aos materiais tradicionais (ex: aço), mas também no que diz
respeito a outros tipo de materiais compósitos como o GFRP (Glass Fiber Reinforced Polymer) e o
AFRP (Aramid Fibre Reinforced Polymer). A elevada resistência mecânica, a facilidade de adaptação
a várias geometrias das peças, o seu peso, a resistência à corrosão e à fadiga, levam a que se
considere o uso destes materiais como um grande impulso no âmbito do reforço de estruturas de
betão.
Estudo experimental da resistência de aderência entre CFRP e betão em elementos sujeitos a cargas de impacto de curta duração
86
Segundo Juvandes (1999): “Em engenharia civil, é mais difícil adquirir a confiança em novas soluções
e novos materiais do que destruí-la.”. Para que haja uma maior confiança por parte dos projectistas
ou até das entidades ligadas à construção no uso dos CFRP e, para o estabelecimento de normas
para o uso destes materiais, torna-se necessária a realização de um vasto número de projectos de
investigação. Assumem especial relevância, os estudos relacionados com o comportamento a curto e
longo prazo e da aderência na interface betão – CFRP, de modo a prevenir as denominadas roturas
prematuras, também conhecidas por “peeling off”, as quais impedem que o material mobilize grande
parte da sua capacidade resistente com consequente subaproveitamento deste.
No entanto, são já diversas as aplicações deste material no reforço exterior por colagem, sendo os
principais campos de aplicação a reabilitação, o reforço estrutural devido a anomalias e erros de
projecto ou construção e o reforço estrutural tendo em conta a acção sísmica. São essencialmente
utilizados no reforço à flexão, ao corte, à compressão, à acção sísmica e acções de impacto, assim
como na prevenção da deterioração de lajes, vigas, paredes e pilares. No que diz respeito aos
sistemas mais comuns de FRP, mais propriamente dos CFRP, um aspecto a ter atenção é o facto
das mantas e os laminados serem utilizados quando uma das direcções de reforço tem de ser
privilegiada (anisotrópico), ao contrário dos tecidos, que se utilizam quando as solicitações assumem
diversas direcções, como é o caso da acção sísmica. Em termos de vantagens e desvantagens dos
vários sistemas, os laminados apresentam-se como um material, que ao ser pré-fabricado garante
uma secção final constante, uma melhor rigidez à flexão, incorpora uma maior percentagem de fibras
e a sua rapidez e precisão de aplicação é maior. Por outro lado, as mantas e os tecidos, sendo
sistemas curados “in situ”, permitem que a sua aplicação seja possível em qualquer tipo de superfície
antes de se impregnar as fibras com resina. De negativo a apontar aos laminados, tem-se o problema
de conseguir a sua aplicação em superfícies que não sejam planas e, por outro lado, as mantas e os
tecidos apresentam dificuldades na garantia da sua espessura final.
Para estabelecer critérios de dimensionamento e de prevenção dos reforços utilizados, torna-se
importante conhecer os modos de rotura que existem, uma vez que, para um reforço exterior
desempenhar as funções para as quais foi destinado necessita de garantir uma boa conjugação com
a superfície a reforçar, principalmente no que diz respeito à aderência. Diversos investigadores já
investigaram esta questão concluindo que existem roturas associadas à interacção completa entre
materiais provenientes da flexão dos elementos e da acção do esforço transverso (roturas de base).
No entanto, nos dias de hoje, as roturas mais importantes são as que ocorrem por destacamento
prematuro ou perda de aderência do material (“peeling off”), uma vez que as capacidades do material
não são devidamente aproveitadas, como já foi referido.
Sendo a aderência uma grande preocupação na utilização do reforço exterior por colagem, tem de se
ter em atenção factores que possam influenciar o seu desempenho em serviço. Por um lado, têm-se
factores ambientais como a temperatura ambiente, a humidade relativa e a radiação ultravioleta. A
existência de temperaturas ambiente elevadas é um risco para resinas que tenham uma temperatura
de transição vítrea (Tg) baixa, pois a cadeia molecular torna-se mais flexível e, consequentemente,
perde rigidez a temperaturas ambiente mais baixas. Por outro lado, a existência de humidade relativa
Capítulo 6 – Conclusões e desenvolvimentos futuros
87
e sua incorporação no material compósito, leva a uma diminuição da Tg, o que de acordo com o
referido anteriormente, faz com que a resina corra riscos de se degradar para temperaturas mais
baixas. Por último, a radiação ultravioleta, não sendo um factor tão gravoso, torna-se prejudicial pois
abre microfissuras na resina, permitindo que a acção dos dois factores ambientais anteriores fique
mais facilitada. De modo a tentar prevenir as estruturas reforçadas da acção destes agentes,
aconselha-se o uso de materiais compósitos que combinem uma resina epóxida de Tg elevada, nas
quais a incorporação da humidade é parcialmente reversível por secagem, com fibras de carbono,
pois apresentam boa resistência face aos agentes de degradação externos, levando assim a um
reforço mais durável, ou seja, o uso dos CFRP (Polímeros Reforçados com Fibras de Carbono) é
uma boa solução a ter em conta.
A campanha experimental realizada permitiu obter informações relevantes sobre a influência da taxa
de carregamento na resistência de aderência. Alguns dos provetes foram sujeitos a um carregamento
estático, exercido lentamente por um macaco hidráulico, e os restantes a cargas de impacto de curta
duração (carregamento dinâmico), as quais foram aplicadas através da queda de um martelo de
massa conhecida de diversas alturas conhecidas. No caso do segundo tipo de carregamento, em que
este é quase instantâneo gerando uma grande taxa de carregamento, a aderência assume ainda um
papel mais importante na interface betão – CFRP.
Um factor essencial para a obtenção de bons resultados em termos de aderência foi a concepção dos
provetes no que se refere à colagem da tira de fibra de carbono no substrato de betão. Para tal foi
seguida uma metodologia na preparação dos blocos de betão que consiste na picagem da superfície
de colagem, seguida da aplicação de um primário, o qual penetra no betão por capilaridade e
proporciona uma melhor aderência à camada seguinte e, termina com a regularização da superfície
com putty (resina de regularização), garantindo uma superfície lisa para a colagem do CFRP. Numa
fase final, na junção dos materiais que constituem o provete a ensaiar foi utilizada resina epóxida.
Neste ponto revelou-se como essencial uma boa impregnação do sistema, recorrendo ao uso de
pincel e rolo denteado, visto tendo sido a colagem dos provetes feita na vertical, por vezes levou à
existência de zonas sem cola ou com bolhas de ar, causando problemas na aderência entre os
materiais, sobretudo as já referidas roturas prematuras. Outro aspecto a ter em atenção neste tipo de
ensaios é o correcto posicionamento dos provetes, garantindo-se uma igual distribuição da força aos
dois lados da tira de fibra de carbono e, a correcta leitura de todos os instrumentos de medição,
verificados através de alguns procedimentos antes de cada ensaio.
Neste tipo de montagem de ensaio, o posicionamento do provete em relação ao modo como foi
aplicado o carregamento demonstrou exercer uma influência positiva na leitura das deformações
específicas e consequentemente das forças que efectivamente actuam na tira de fibra de carbono,
relativamente aos ensaios dinâmicos, uma vez que foram eliminadas as forças de inércia verificadas
no estudo de Rodrigues (2009) e a força aplicada pelo carregamento foi directamente transmitida à
tira de fibra de carbono. Deste modo, minimizaram-se as dificuldades sentidas pela autora consistindo
este facto num objectivo da presente dissertação.
Estudo experimental da resistência de aderência entre CFRP e betão em elementos sujeitos a cargas de impacto de curta duração
88
Seguidamente à obtenção dos resultados de cada ensaio e tendo em conta a separação das duas
faixas de colagem, estabeleceu-se uma relação entre todas as variáveis em análise e concluiu-se, em
ambos os modos de colagem, que quando a força de rotura aumenta, maiores são as deformações e
maiores são as resistências de aderência. Em relação à taxa de carregamento, esta também tende a
aumentar, quando a tensão normal aumenta e, o tempo de carregamento diminui devido às maiores
alturas de onde é deixado cair o martelo. Após analisados os resultados voltou a perceber-se a
grande importância que o processo de colagem tem na obtenção de bons resultados relativamente a
aderência do sistema betão – CFRP. Por outro lado, outro aspecto a ter em atenção é o facto da
rotura de alguns provetes ter sido por tracção da fibra, pois percebeu-se que tal não acontece por ter
sido ultrapassada a deformação última da tira de fibra de carbono mas sim porque as fibras na altura
do ensaio não se encontravam uniformemente traccionadas, existindo regiões na tira de fibra mais
esforçadas do que outras. Logo as fibras sujeitas a um maior esforço romperam primeiro, transferindo
a força para as fibras vizinhas, resultando na rotura da tira de fibra de carbono.
O método dos mínimos quadrados foi o utilizado para o cálculo da expressão, para cada modo de
colagem, que relaciona a taxa de carregamento com a resistência de aderência. Foram considerados
apenas os ensaios em que o modo de rotura dos provetes foi por destacamento do betão, uma vez
que o importante neste estudo foi a questão da aderência na interface do sistema betão – CFRP.
Concluiu-se através das expressões obtidas, em ambos os modos de colagem, que quando a taxa de
carregamento aumenta, a resistência de aderência entre o betão e o CFRP também aumenta.
A análise do aumento do comprimento de ancoragem permitiu verificar a influência exercida por esse
parâmetro nas variáveis em estudo, relevando-se a resistência de aderência, por ser o principal
parâmetro em estudo nesta dissertação. Para isso, optou-se por calcular a diferença percentual das
médias dos valores dessas variáveis, separando-se os dois tipos de ensaio e os dois modos de
colagem. As conclusões principais a que se chegou, tendo em conta o tema da presente dissertação,
relacionam-se com a diferença observada na taxa de carregamento e na resistência de aderência.
Em primeiro lugar, e com maior relevância, o aumento do comprimento de ancoragem leva à
diminuição da resistência de aderência, uma vez que esta resistência, aquando do carregamento, não
se encontra distribuída ao longo de toda a área de reforço, mas apenas naquela que resiste ao
carregamento. Por último, sendo a superfície maior, os ensaios têm um maior tempo de
carregamento até à rotura, levando a que a taxa de carregamento diminua para um aumento do
comprimento de ancoragem.
Por último, tornou-se possível perceber a complexidade deste estudo devido aos inúmeros factores
envolvidos, principalmente na parte experimental desta dissertação e expôs-se o cuidado que deve
existir na interpretação dos resultados fornecidos por todo o equipamento utilizado na instrumentação
dos ensaios. No entanto, o objectivo de qualquer investigação é contribuir para algo com utilidade
futura, sendo por isso desejável que se realizem mais ensaios deste tipo, de modo a obter-se uma
amostragem de resultados suficiente, tendo em vista a importância de uniformizar, entre os vários
intervenientes (projectistas, empresas, universidades, laboratórios), os procedimentos adoptados,
métodos de análise dos resultados e os equipamentos utilizados na realização destes ensaios.
Capítulo 6 – Conclusões e desenvolvimentos futuros
89
6.3. Desenvolvimentos futuros
Nesta dissertação, obtiveram-se resultados que serão úteis na análise de futuros ensaios, mais
especificamente, no âmbito da afectação da resistência de aderência por factores como a taxa de
carregamento e o comprimento de ancoragem. No entanto, sugerem-se algumas linhas de
investigação que complementam este trabalho:
garantir que a colagem dos provetes é feita correctamente, sem possibilidade de perda ou
inexistência de material;
realizar este tipo de ensaios para diferentes comprimentos de ancoragem;
aumentar a altura de queda do martelo ou o peso deste e, por consequência, o carregamento
aplicado;
estudar a influência de temperaturas elevadas no comportamento da resina epóxida e
posteriormente, da resistência de aderência;
executar o mesmo estudo experimental utilizando várias camadas de CFRP;
realizar ensaios recorrendo ao uso de novos materiais compósitos e diferentes suportes;
efectuar novos ensaios usando-se a metodologia empregue neste trabalho para diminuir
algumas dúvidas, e validar os valores apresentados para a resistência de aderência.
Estudo experimental da resistência de aderência entre CFRP e betão em elementos sujeitos a cargas de impacto de curta duração
90
Capítulo 7 – Referências bibliográficas
91
7. Referências bibliográficas
Abdelrahman, A.; Rizkalla, S. (1997) – Design of concrete members prestressed by FRP. Texto de
apoio do curso “Design and retrofit of structures with fiber composites”, the Canadian Network of
Centres of Excellence on Intelligent Sensing for Innovative Structures (ISIS Canada), ICCI´98, Janeiro
de 1998, Arizona, 63 p.
ACI 440 (2000) – Guide for the design and construction of externally bonded FRP systems for
strengthening concrete structures. American Concrete Institute, ACI Comité 440, Sub-Comité 440F,
95 p.
ACI 440F (1999) – Guidelines for the selection, design and installation of fiber reinforced polymer
(FRP) systems for externally strengthening concrete structures. American Concrete Institute,
Farmington Hills, Michingan, 68 p.
Alfaiate, J. (1986) – Reforço por adição de elementos metálicos em vigas de betão armado - flexão
simples. Tese de Mestrado em Engenharia Civil, Instituto Superior Técnico, Lisboa, Agosto, 75 p.
Appleton, J.; Gomes, A. (1997) – Reforço de estruturas de betão armado por adição de armaduras
exteriores. Revista Portuguesa de Engenharia de Estruturas, nº 41, Janeiro, literatura de apoio do
curso de “Durabilidade, Reparação e Reforço de Estruturas de Betão”, 23 Junho-11 Julho, Instituto
Superior Técnico, Lisboa, 18 p.
Beber, A.J. (2003) – Comportamento Estrutural de Vigas de Concreto Armado Reforçadas com
Compósitos de Fibra de Carbono. Tese de Doutoramento em Engenharia Civil, UFRGS, Porto Alegre,
289 p.
Bresson, J. (1971) – Nouvelles recherché et applications concernant l´utilisation des collages dans les
structures. Beton Plaque Annales de l´Institut Technique du Batiment et Travaux Publics, nº 278.
Büyüköztürk, O.; Hearing, B. (1997) – Failure investigation of concrete beams retrofitted with FRP
laminate. Proceedings of the US-Canada-Europe Workshop on Bridge Engineering, editado por Urs
Meier and Raimondo Betti, Zurich, Suíça, Julho, pp: 107-114.
Büyüköztürk, O.; Hearing, B. (1998) – Failure behavior of FRP precracked concrete beams retrofitted
with FRP. ASCE, Journal of Composites dos Construction, Vol. 2, Nº 3, Agosto, pp: 138-144.
Calder, A. J. J. (1979) – Exposure tests on externally reinforced concrete beams – first two years.
Supplementary Report 529. Transport and Road Research Laboratory, Department of the
Environment, Department of Transport, Crowthorne, Berkshire, UK, 27 p.
Calder, A. J. J. (1988) – Repair of cracked reinforced concrete: assessment of corrosion protection.
Transport and Road Research Laboratory, Bridges Division, Structures Group, Crowthorne, Berkshire,
UK, 21 p.
Estudo experimental da resistência de aderência entre CFRP e betão em elementos sujeitos a cargas de impacto de curta duração
92
Catarino, J. M. (2002) – Novos Materiais Estruturais. Estruturas 2002 - Congresso Nacional da
Engenharia de Estruturas, APEE, Lisboa, pp: 252-254.
Chajes, M. J.; Finch, W. W.; Januszka, T. F.; Thomson, T. A. (1996) – Bond and force transfer of
composite materials plates bonded to concrete. ACI Structural Journal, Vol. 93, No.2, pp: 208-217.
Correia, J.R. (2008) – GFRP Pultruded Profiles in Civil Engineering: Hybrid Solutions, Bonded
Connections and Fire Behaviour. Tese de Doutoramento em Engenharia Civil, Instituto Superior
Técnico, Lisboa, pp: 1-20.
Degussa (s.d) – Reforçando estruturas com a utilização do sistema compósito estrutural de fibra de
carbono MBracetm
. http://www.abcp.org.br/comunidades/florianopolis/download/Curso_Patologias
_Construções/8_ ReforcoFibradeCarbono.pdf. Acedido a <20/04/2011>, 61 p.
Deuring, M. (1993) – Verstärken von Stahlbeton mit gespannten Faserverbundwerkstoffen. Tese de
Doutoramento, Eidgenössischen Technischen Hochschedule (ETH), Diss. ETH nº 10199, Zurich, 279
p.
Ferrari, V. J.; Padaratz, I. J. (2004) – Modos de preparação da superfície de concreto de vigas para
execução de reforço à flexão com fibras de carbono. Iniciação científica, Cesumar, vol. 06, n. 01, pp:
45-51.
Fib (CEB-FIP) (2001) – Fedération International du Betón. Externally Bonded FRP Reinforcement for
RC Structures. Fib Technical Report on the Design and Use of Externally Bonded Fibre
Reinforcement Polymer Reinforcement (FRP EBR) for Reinforced Concrete Structures, Bulletin 14,
July, 130 p.
Grace, N. F. (2004) – Concrete Repair with CFRP - Evaluating the durability of externally bonded
carbon fiber-reinforced polymer plates and fabric exposed to the environment. Concrete International,
May, pp: 45-52.
Hollaway, L. C. (1993) – Polymer Composites for Civil and Structural Engineering. Glasgow, Blackie
Academic and Professional, 276 p.
JCI TC952 (1998) – Continuous fiber reinforced concrete. Relatório técnico do JCI, comité técnico em
betão reforçado com fibras contínuas (TC952), editado por JCI, Tokyo, Japão, Setembro, 164 p.
Juvandes, L. F. P. (1999) – Reforço e Reabilitação de Estruturas de Betão usando Materiais
Compósitos de “CFRP”. Dissertação de Doutoramento em Engenharia Civil, FEUP, Porto, 400 p.
Juvandes, L. F. P.; Costa, A. G. (2002) – Reforço e Reabilitação de Estruturas. Formação
Profissional, Módulo 2, FEUP, Secção Regional da Madeira, Abril.
Juvandes, L. F. P.; Marques, A. T.; Figueiras, J. A. (1996) – Materiais Compósitos no Reforço de
Estruturas de Betão. FEUP, Parte I, Porto, 118 p.
Capítulo 7 – Referências bibliográficas
93
Kaiser, H., (1989) – Strenghtening of reinforced concrete with epoxy-bonded carbon-fiber plastics.
Tese de Doutoramento. Eidgenössischen Technischen Hochschedule (ETH), ETH Nr. 8918, Zurich,
224 p.
Kurihara, S.; Matsui, S.; Ali, M. (2000) – Bonding Shear Strength of Adhesives between Precast
Concrete Elements. ACI Structural Journal, Vol. 193, special publication, August, pp: 551-570.
L´Hermite, R. (1967) – L´application des colles et resins dans la construction. La beton a coffrage
portant, Annales l´Institut Technique, nº 239.
Lloyd, G. D.; Calder, A. J. J. (1982) – The microstructure of epoxy bonded steel-to-concrete joints.
Supplemental Report No. 705, Transport and Road Research Laboratory, Structures Department,
Bridge Division, Crowthorne, Berkshire, UK, 8 p.
Marreiros, R. P. C. (2005) – Degradação da aderência entre CFRP e betão armado devido a
envelhecimento acelerado. Dissertação de Mestrado em Engenharia de Estruturas, Instituto Superior
Técnico, Lisboa, 129 p.
Meier, U.; Deuring, M.; Meier, H.; Schwegler, G. (1993) – CFRP bonded sheets. Fiber Reinforced
Plastic (FRP) – Reinforcement for concrete structures: properties and applications, editado por
Antonio Nanni, Elsevier Science Publishers B. V., Vol 2, Amsterdam, pp: 423-434.
Meneghel, J. M. (2005) – Análise Experimental da Aderência entre o Concreto e Compósitos com
Tecido de Fibras de Carbono. Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil, PUC, Rio de Janeiro,
203 p.
Nanni, A.; Alkhrdaji, T.; Chen, G.; Barker, M.; Xinbao, Y.; and Mayo, R. (1999) – Overview of Testing
to Failure Program Of a Highway Bridge Strengthened with FRP Composites. In: International
symposium on FRP for reinforcement of Concrete Structures. pp: 69-80.
Pacheco, C. O. (2006) – Verificação Experimental da Aderência CFC – Concreto por meio de Ensaios
Tração-Compressão em Corpos-de-prova Cúbicos. Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil,
PUC, Rio de Janeiro, 176 p.
Pellissari, A. R. (2007) – Verificação Experimental da Aderência CFC – Concreto com Carregamento
de Impacto. Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil, Rio de Janeiro, PUC, 65 p.
PUC – Rio (s.d) – Reforço Estrutural com Compósitos de Fibras de Carbono. Certificação Digital Nº
0710932/CA. http://www2.dbd.puc-rio.br/pergamum/tesesabertas/0710932_09_cap_02.pdf. Acedido a
<10/05/2011>, 9 p.
Ray Publishing (1998) – Composites for infraestructure – a guide for civil engineers. Editado por Ray
Publishing, Inc., Wheat Ridge, USA, 99 p.
Estudo experimental da resistência de aderência entre CFRP e betão em elementos sujeitos a cargas de impacto de curta duração
94
Ripper, T. (1999) – Plásticos armados com fibras: uma solução para o reforço de estruturas.
Seminário sobre Reforço de Estruturas com Fibras de Carbono, Mbrace, FEUP, Porto, 12 p.
Ritchie, P. A.; Thomas, D. A.; Lu, Le-Wu; Connelly, G. M. (1991) – External reinforcement of concrete
beams using fiber reinforced plastic. ACI Structural Journal, Vol. 88, Nº 4, Julho-Agosto, pp: 490-500.
Rodrigues, S. (2009) – Influência da Taxa de Carregamento sobre a Resistência de Aderência entre
CFC e Concreto. Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil, PUC, Rio de Janeiro, 122 p.
Saadatmanesh, H.; Ehsani, M. (1991) – RC beams strengthened with GFRP plates. I: experimental
study. Journal of Structural Engineering, ASCE, Vol. 117(1), pp: 3417-3433.
Saadatmanesh, H.; Ehsani, M. (1991) – RC beams strengthened with GFRP plates. II: analysis and
parametric study. Journal of Structural Engineering, ASCE, Vol. 117(1), pp: 3434-3455.
Santos, A. C. (2003) – Ensaio para a Análise da Interface entre o Betão e Polímero Reforçado com
Fibra. Tese de Doutoramento, Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, São Paulo, 179 p.
Santos, R. M. (2008) – Comportamento de Vigas de Concreto Armado Reforçadas com CFC sujeitas
a Carga de Impacto. Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil, PUC, Rio de Janeiro, 146 p.
Sharif, A.; Al-sulaimani, G. J.; Basunbul, I. A.; Baluch, M. H.; Ghaleb, B. N. (1994) – Strengthening of
initially loaded reinforced concrete beams using FRP plates. ACI Structural Journal, Vol. 91, Nº 2,
;Março-Abril, 344 p.
Silva, A. S. (2002) – Comportamento de Pilares Curtos Confinados por Compósitos de Fibras de
Vidro e Carbono. Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, São Paulo, 167 p.
Soares, C. M.; Martins, J. G. (2006) – Reforço de Estruturas de Betão Armado com CFRP. Série
Reabilitação, 1ª edição, 240 p.
Swamy, R. N.; Jones, R.; Bloxham, J. W. (1987) – Structural behaviour of reinforced concrete beams
strengthened by epoxy-bonded steel plates. The Structural engineer, London, v. 65A, nº 2, February,
pp: 59-68.
Swamy, R. N.; Jones, R.; Charif, A (1986) – Shear adhesion properties of epoxy resin adhesives.
Proceedings of an International Symposium on Adhesion between Polymers and Concrete,
September, pp: 741-755.
Täljsten, B. (1994) – Plate bonding – strengthening of existing concrete structures with epoxy bonded
plates of steel or fiber reinforced plastics. Tese de Doutoramento, Divisions of Structural Engineering,
Lulea University of Technology, ISSN 0348-8373, Lulea, Suécia, Novembro, 237 p.
Taly, N. (1998) – Design of Modern Highway Bridges. Editado por Narendra Taly, Department of Civil
Engineering, California State University, McGraw-Hill, EUA, 1352 p.
Capítulo 7 – Referências bibliográficas
95
Theillout, J. N. (1983) – Renforcement et reparation des ouvrages d´art par la technique des tôles
collées, Tese de Doutoramento, Ecole Nationale des Ponts et Chaussées, 83 p.
Triantafillou, T. C.; Fardis, M. N. (1991) – Post-strengthening of RC beams with epoxy-bonded fiber
composite materials. Porceedings of the speciality Conf. on Advanced Composites Materials in Civil
Engineering Structures, editado por Srinivasa L. Lyer, Las Vegas, ASCE, New Yorl, Janeiro-Fevereiro,
pp: 245-246.
Vieira Neto, P.M.G. (2006) – Estudo numérico da Ligação Betão – CFRP. Dissertação de Mestrado
em Engenharia Civil, Instituto Superior Técnico, Lisboa, 222 p.
Regulamentação/Normalização/Especificação
NBR 7217:1987 – “Agregados - Determinação da composição granulométrica”. Rio de Janeiro:
Associação Brasileira de Normas Técnicas.
NBR 9776:1987 – “Agregados - Determinação da massa específica de agregados miúdos por meio
do frasco Chapman”. Rio de Janeiro: Associação Brasileira de Normas Técnicas.
NBR 9937:1987 – “Agregados – Determinação da absorção e da massa específica de agregado
graúdo”. Rio de Janeiro: Associação Brasileira de Normas Técnicas.
NBR 5738:1994 – “Moldagem e cura de corpos-de-prova cilíndricos ou prismáticos de concreto”. Rio
de Janeiro: Associação Brasileira de Normas Técnicas.
ASTM D 3039/D 3039M (2000) – “Standard Test Method for Tensile Properties of Polymer Matrix
Composite Materials”. USA: American Society for Testing and Materials.
Sites consultados
[w1] – http://www.engenhariacivil.com/reforco-estruturas-compositos-fibras-carbono-frp. Acedido a
<20/04/2011>.
Estudo experimental da resistência de aderência entre CFRP e betão em elementos sujeitos a cargas de impacto de curta duração
96
ANEXOS
A1
A1. Resultados dos ensaios dinâmicos
A1.1. Resultados dos ensaios dinâmicos para a faixa de colagem de 30x75 mm
(a) (b)
(a) (b)
Figura A1.1 – Gráficos obtidos no ensaio S25-1 (a) Força – Tempo (b) Deformação – Tempo
Figura A1.2 – Gráficos obtidos no ensaio S25-2 (a) Força – Tempo (b) Deformação – Tempo
A2
(a) (b)
(a) (b)
Figura A1.3 – Gráficos obtidos no ensaio S25-3 (a) Força – Tempo (b) Deformação – Tempo
Figura A1.4 – Gráficos obtidos no ensaio S50-1 (a) Força – Tempo (b) Deformação – Tempo
A3
(a) (b)
(a) (b)
Figura A1.5 – Gráficos obtidos no ensaio S50-2 (a) Força – Tempo (b) Deformação – Tempo
Figura A1.6 – Gráficos obtidos no ensaio S50-3 (a) Força – Tempo (b) Deformação – Tempo
A4
(a) (b)
(a) (b)
Figura A1.7 – Gráficos obtidos no ensaio S75-1 (a) Força – Tempo (b) Deformação – Tempo
Figura A1.8 – Gráficos obtidos no ensaio S75-2 (a) Força – Tempo (b) Deformação – Tempo
A5
(a) (b)
(a) (b)
Figura A1.9 – Gráficos obtidos no ensaio S75-3 (a) Força – Tempo (b) Deformação – Tempo
Figura A1.10 – Gráficos obtidos no ensaio S100-1 (a) Força – Tempo (b) Deformação – Tempo
A6
(a) (b)
(a) (b)
Figura A1.11 – Gráficos obtidos no ensaio S100-2 (a) Força – Tempo (b) Deformação – Tempo
Figura A1.12 – Gráficos obtidos no ensaio S100-3 (a) Força – Tempo (b) Deformação – Tempo
A7
(a) (b)
(a) (b)
Figura A1.13 – Gráficos obtidos no ensaio S125-1 (a) Força – Tempo (b) Deformação – Tempo
Figura A1.14 – Gráficos obtidos no ensaio S125-2 (a) Força – Tempo (b) Deformação – Tempo
A8
(a) (b)
(a) (b)
Figura A1.15 – Gráficos obtidos no ensaio S125-3 (a) Força – Tempo (b) Deformação – Tempo
Figura A1.16 – Gráficos obtidos no ensaio S150-1 (a) Força – Tempo (b) Deformação – Tempo
(a)
A9
(a) (b)
(a) (b)
Figura A1.17 – Gráficos obtidos no ensaio S150-2 (a) Força – Tempo (b) Deformação – Tempo
Figura A1.18 – Gráficos obtidos no ensaio S150-3 (a) Força – Tempo (b) Deformação – Tempo
A10
A1.2. Resultados dos ensaios dinâmicos para a faixa de colagem de 70x75 mm
(a) (b)
(a) (b)
Figura A1.19 – Gráficos obtidos no ensaio A25-1 (a) Força – Tempo (b) Deformação – Tempo
Figura A1.20 – Gráficos obtidos no ensaio A25-2 (a) Força – Tempo (b) Deformação – Tempo
A11
(a) (b)
(a) (b)
Figura A1.21 – Gráficos obtidos no ensaio A50-1 (a) Força – Tempo (b) Deformação – Tempo
Figura A1.22 – Gráficos obtidos no ensaio A50-2 (a) Força – Tempo (b) Deformação – Tempo
(a) (b)
A12
(a)
(b)
(a)
(b)
Figura A1.23 – Gráficos obtidos no ensaio A75-1 (a) Força – Tempo (b) Deformação – Tempo
Figura A1.24 – Gráficos obtidos no ensaio A75-2 (a) Força – Tempo (b) Deformação – Tempo
(a)
(a)
A13
(a) (b)
(a) (b)
Figura A1.25 – Gráficos obtidos no ensaio A100-1 (a) Força – Tempo (b) Deformação – Tempo
Figura A1.26 – Gráficos obtidos no ensaio A100-2 (a) Força – Tempo (b) Deformação – Tempo
A14
(a) (b)
Figura A1.27 – Gráficos obtidos no ensaio A125-1 (a) Força – Tempo (b) Deformação – Tempo
(a) (b)
Figura A1.28 – Gráficos obtidos no ensaio A125-2 (a) Força – Tempo (b) Deformação – Tempo
A15
(a)
(b)
Figura A1.29 – Gráficos obtidos no ensaio A150-2 (a) Força – Tempo (b) Deformação – Tempo
(a)
A16
A2. Resultados dos ensaios estáticos
A2.1. Resultados dos ensaios estáticos para a faixa de colagem de 30x75 mm
(a) (b) (a)
Figura A2.2 – Gráfico força – deformação obtido no ensaio S0-3
Figura A2.1 – Gráficos força – deformação obtidos nos ensaios (a) S0-1 (b) S0-2
A17
A2.2. Resultados dos ensaios estáticos para a faixa de colagem de 70x75 mm
(a) (b)
Figura A2.3 – Gráficos força – deformação obtidos nos ensaios (a) A0-1 (b) A0-2
A18
A3. Modos de rotura dos ensaios estáticos e dinâmicos
A3.1. Modos de rotura observados na primeira série para a faixa de colagem
de 30x75 mm
(a)
Figura A3.1 – Modo de rotura obtido no ensaio do provete (a) S0-1 (b) S25-1
(b) (a)
Figura A3.2 – Modo de rotura obtido no ensaio do provete (a) S50-1 (b) S75-1
(b) (a)
A19
A3.2. Modos de rotura observados na terceira série para a faixa de colagem de
30x75 mm
(b) (a)
Figura A3.3 – Modo de rotura obtido no ensaio do provete (a) S100-1 (b) S125-1
Figura A3.4 – Modo de rotura obtido no ensaio do provete S150-1
(b)
Figura A3.5 – Modo de rotura obtido no ensaio do provete (a) S0-2 (b) S25-2
(a)
A20
(a) Figura A3.6 – Modo de rotura obtido no ensaio do provete (a) S50-2 (b) S75-2
(a) Figura A3.7 – Modo de rotura obtido no ensaio do provete (a) S100-2 (b) S125-2
Figura A3.8 – Modo de rotura obtido no ensaio do provete S150-2
(b)
(a) (b)
(a)
(b) (a)
A21
A3.3. Modos de rotura observados na terceira série para a faixa de colagem de
30x75 mm
(a)
(b)
Figura A3.10 – Modo de rotura obtido no ensaio do provete (a) S50-3 (b) S75-2
Figura A3.9 – Modo de rotura obtido no ensaio do provete (a) S0-3 (b) S25-3
(a)
(b) (a)
A22
A3.4. Modos de rotura observados na primeira série para a faixa de colagem
de 70x75 mm
(a)
(a)
Figura A3.11 – Modo de rotura obtido no ensaio do provete (a) S100-3 (b) S125-3
Figura A3.12 – Modo de rotura obtido no ensaio do provete S150 - 3
(b)
(a) (b)
Figura A3.13 – Modo de rotura obtido no ensaio do provete (a) A0-1 (b) A25-1
A23
(a)
Figura A3.14 – Modo de rotura obtido no ensaio do provete (a) A50-1 (b) A75-1
Figura A3.15 – Modo de rotura obtido no ensaio do provete (a) A100-1 (b) A125-1
Figura A3.16 – Modo de rotura obtido no ensaio do provete A150-1
(a)
(b) (a)
(b)
(a)
A24
A3.5. Modos de rotura observados na segunda série para a faixa de colagem
de 70x75 mm
(a) (a)
Figura A3.17 – Modo de rotura obtido no ensaio do provete (a) A0-2 (b) A25-2
Figura A3.18 – Modo de rotura obtido no ensaio do provete (a) A50-2 (b) A75-2
Figura A3.19 – Modo de rotura obtido no ensaio do provete (a) A100-2 (b) A125-2
(a) (b)
(a) (b)
(a) (b)
A25
(a) (a)
Figura A3.20 – Modo de rotura obtido no ensaio do provete A150-2
A26
A4. Influência da taxa de carregamento na resistência de aderência
Tabela A4.1 - Valores obtidos pelas expressões de diversos investigadores e na presente dissertação
Tc
(GPa/s)
Pellisari (2007) Rodrigues (2009) (a) (b)
fb = 4,36Tc0,05
fb = 6,03Tc0,05
fb = 5,30Tc0,06
fb = 3,57Tc0,05
MPa
0 0,00 0,00 0,00 0,00
25 5,12 7,08 6,43 4,19
50 5,30 7,33 6,70 4,34
75 5,41 7,48 6,87 4,43
100 5,49 7,59 6,99 4,49
125 5,55 7,68 7,08 4,54
150 5,60 7,75 7,16 4,59
175 5,64 7,81 7,23 4,62
200 5,68 7,86 7,28 4,65
225 5,72 7,91 7,34 4,68
250 5,75 7,95 7,38 4,71
275 5,77 7,99 7,42 4,73
300 5,80 8,02 7,46 4,75
325 5,82 8,05 7,50 4,77
350 5,84 8,08 7,53 4,78
375 5,86 8,11 7,56 4,80
400 5,88 8,14 7,59 4,82
425 5,90 8,16 7,62 4,83
450 5,92 8,18 7,65 4,85
475 5,93 8,21 7,67 4,86
500 5,95 8,23 7,70 4,87
525 5,96 8,25 7,72 4,88
550 5,98 8,27 7,74 4,89
575 5,99 8,29 7,76 4,91
600 6,00 8,30 7,78 4,92
625 6,02 8,32 7,80 4,93
650 6,03 8,34 7,82 4,94
675 6,04 8,35 7,83 4,94
700 6,05 8,37 7,85 4,95
fb – Resistência de aderência; Tc – Taxa de carregamento; (a) – Faixa de colagem de 30×75 mm
utilizada na campanha experimental desta dissertação; (b) – Faixa de colagem de 70×75 mm
utilizada na campanha experimental desta dissertação.