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CASSIO LEANDRO RAMPASO
SÃO PAULO
2009
ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO DAS FRATURAS DO CÔNDILO MANDIBULAR NA REGIÃO LESTE DA CIDADE DE
SÃO PAULO
Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação do Hospital Heliópolis para obtenção do titulo de Mestre em Ciências da Saúde
CASSIO LEANDRO RAMPASO
ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO DAS FRATURAS DO CÔNDILO MANDIBULAR NA REGIÃO LESTE DA CIDADE DE SÃO
PAULO
SÃO PAULO
2009
Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação do Hospital Heliópolis para obtenção do titulo de Mestre em Ciências da Saúde Orientador: Prof. Dr. Josias de Andrade
R Rampaso, Cássio Leandro 2009 Estudo Epidemiológico das Fraturas do Côndilo Mandibular, na Região Leste
da Cidade de São Paulo /Cássio Leandro Rampaso; orientador: Dr. Josias de Andrade Sobrinho . São Paulo, 2009.
52 f : il. ; 30 cm Dissertação (Mestrado) – Hospital Heliópolis Inclui bibliografia 1. Epidemiologia . 2. Côndilo. 3. Mandíbula. 4. Tratamento. I. Andrade Sobrinho,J.
DEDICATÓRIA
Dedico este desafio e expresso minha gratidão àqueles que tornaram possível
este trabalho.
Em primeiro lugar à Deus, à minha mãe e meu pai, que sempre me mostraram o
valor do estudo, aos professores e orientadores com quem aprendi muito e à
minha querida esposa e filhos, que têm me dado força, apoio e incentivo.
A todos aqueles que me motivaram de uma forma ou de outra. Obrigado!
AGRADECIMENTOS
Ao Coordenador do Curso Prof. Dr. Abrão Rapoport e ao meu orientador Prof. Dr.
Josias de Andrade Sobrinho, que me receberam de braços abertos no meu ingresso
na pós-graduação.
A todos aqueles que, de algum modo, em muitos momentos, consciente ou
inconscientemente, incentivaram-me a continuar, meu sincero carinho e
reconhecimento.
RESUMO
Introdução: A fratura do côndilo mandibular ocupa o primeiro lugar entre as fraturas dos ossos
da face, com significativo aumento de casos nos últimos anos. É de vital importância a
identificação e o tratamento adequado, a fim de evitar deformidade estética ou funcional
permanente. Objetivos: Realizar um estudo epidemiológico, com base nos pacientes que sofreram
fratura do côndilo mandibular, analisando o gênero, a faixa etária de prevalência, associação com
outras fraturas mandibulares, a etiologia do trauma e o tipo de tratamento instituído. Casuística e
Método: Foram separados e pesquisados 892 prontuários de pacientes com fratura de mandíbula.
Foram selecionados aqueles que apresentavam fratura do côndilo mandibular, somando 124 casos,
os quais foram analisados em relação ao gênero, idade, associação a outro tipo de fratura na
mandíbula, o tipo de trauma que gerou a fratura e o tratamento indicado.Os dados foram tabulados
para posterior analise descritiva. Resultados: Foi observada uma freqüência de 72% de indivíduos
do gênero masculino e 28% do gênero feminino. A faixa etária mais acometida no grupo em geral
foi entre 21 a 30 anos. Dentre a etiologia do trauma, houve predominância dos acidentes
decorrentes de quedas, tanto queda da própria altura (24%) como a de alturas elevadas (15%),
seguida de acidentes automobilísticos (12%) e motociclísticos (11%). Conclusões: A análise dos
resultados possibilitou concluir que as fraturas do côndilo mandibular predominaram no sexo
masculino, em idades entre 21 e 30 anos. As fraturas do côndilo mandibular foram tratadas
predominantemente pelo tratamento conservador (bloqueio e fisioterapia elástica). A cirurgia, pela
alta morbidade, é indicada apenas em casos específicos.
Palavras-Chave: Epidemiologia, Côndilo, Mandíbula, Tratamento.
I
ABSTRACT
Introduction: The mandibular condyle fracture occupies the first place among the fractures
of the facialbones with a significant increase of the cases in the last years. The most important
is the identification and the appropriate treatment in order to avoid the permanent aesthetics
or functional deformity. Objectives: Realize an epidemic study based on pacients that had
fractured the mandibular condyle. analysing the gender, the most commited age, the
association with other mandibular fractures, the ethiology of the trauma and the
treatment proposed. Casuistry and Method: 892 charts from pacients tha had
fractured their mandibular condyle were selected and searched, of wich were chosen those
who presented fracture of the mandibular condyle, an amount of 124 cases. Based on this 124
cases, an analisys was realized over the gender, age, the association to other mandibular
fracture, the kind of trauma that generated the fracture and the indicated treatment. The datas
were indexed for further descriptive analisys. Results: The frequency of 72% of male gender
individuals and 28% of female gender was observed. In general, the most commited age of
the group was among 21 to 30 years. In concern of the ethiology of the trauma there was
predominance of the accidents caused by falling, both falling from the same high(24%) and
from overhead highs(15%), followed by automobile accidents(12%) and motorcycle(11%).
Conclusions: The analisys of the results enabled to conclude that the fractures of the
mandibular condyle predominated on the male gender in ages among 21 and 30 years. The
most of the fractures of the mandibular condyle were treated by conservative treatment
(block and elastic physiotherapy). The surgery, due to its high morbidity is indicated only in
specific cases.
Keywords: Epidemiology, Condyle, Mandible, Treatment.
II
LISTA DE TABELAS
Tabela 1- Distribuição dos pacientes em relação ao gênero (n=124). 29 Tabela 2 - Distribuição por grupos de faixa etária em percentagem Grupo masculino e feminino (n=124). 30 Tabela 3 - Distribuição por outras fraturas de mandibula associadas (n=124).
31
Tabela 4 - Distribuição por tipo de traumas ocorridos (n=124). 32 Tabela 5 - Distribuição por tipo de tratamento indicado (n=124).
33
III
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 - Distribuição dos pacientes em relação ao gênero (n=124). 29 Gráfico 2 - Distribuição por grupos de faixa etária em percentagem Grupo masculino e feminino (n=124). 30 Gráfico 3 - Distribuição por outras fraturas de mandibula associadas (n=124). 31 Gráfico 4 - Distribuição por tipo de traumas ocorridos (n=124). 32 Gráfico 5 - Distribuição por tipo de tratamento indicado (n=124).
33
IV
SUMÁRIO
1 Introdução.................................................................................................. 12
2 Objetivos.................................................................................................... 15
3 Revisão da Literatura................................................................................. 17
4 Casuística e Método................................................................................... 25
4.1 Casuística................................................................................................... 26
4.2 Método....................................................................................................... 26
5 Resultados.................................................................................................. 28
6 Discussão................................................................................................... 34
7 Conclusão................................................................................................... 41
8 Referências Bibliográficas......................................................................... 43
9 Anexos....................................................................................................... 50
As fraturas da mandíbula são frequentes, e isso se deve à enorme exposição e à pouca
proteção desta região, o que acarreta frequentemente lesões graves. Segundo Mackenzie (2000), as
lesões da cabeça e da face podem representar 50% de todas as mortes traumáticas, ocasionadas
principalmente por acidentes automobilísticos, visto que é um osso bastante resistente e necessita de
um trauma relativamente intenso para fraturá-lo. Entretanto, também pode ser conseqüência de
agressão física, acidente de trabalho, prática desportiva, ferimento por arma de fogo, doenças
metabólicas, tumores e quedas.
Os côndilos mandibulares representam os locais de maior acometimento das fraturas de mandíbula,
correspondendo a 35% do total das fraturas mandibulares (Olsen, Fonseca, Zeitler, 1982), sendo
essas fraturas resultantes, na maioria das vezes, de impactos na região de sínfise e/ou parassínfise
mandibular, podendo ocorrer com ou sem desvio do fragmento condilar. São classificadas como
alta, quando acomete a região intracapsular, ou baixa, quando acomete a região extracapsular
(Bianchini,2000).
As fraturas do côndilo da mandíbula normalmente geram desvios mandibulares, distúrbios oclusais
e funcionais. A importância de se diagnosticar a fratura condilar é evidente, pois, se não tratada,
poderá ser fator etiológico de deformidades dento faciais, dento alveolares e anquiloses da
articulação temporomandibular.
.
Estudos demonstram que as fraturas da mandíbula não diferem essencialmente das fraturas
de outros ossos do esqueleto, com relação à etiologia e aos princípios gerais de tratamento. Porém, a
presença da oclusão dentária, a existência de dois côndilos e sua relação peculiar com as fossas
articulares e a importância estética da mandíbula na face, determinam princípios especiais de
tratamento.
Segundo estudos de Goto, Sylvio, Denardini, Rapoport (2007) a fratura do côndilo
mandibular é em sua maioria, tratada conservadoramente, sendo indicado o tratamento cirúrgico nos
casos de fratura com deslocamento e luxação do côndilo da cavidade articular.
Em virtude do aumento do número de acidentes nas grandes cidades e da grande freqüência
de fraturas de face, resolvemos estudar sua epidemiologia, visando uma futura prevenção na nossa
região.
Por esse motivo o presente estudo investigou e avaliou as fraturas do côndilo mandibular,
com base em um estudo epidemiológico de pacientes portadores de fraturas de Côndilo Mandibular
atendidos no Hospital Santa Marcelina em São Paulo.
Este estudo tem como objetivo avaliar dados epidemiológicos de pacientes com fraturas do
côndilo mandibular, analisando o gênero, a faixa etária de prevalência, associação com outras
fraturas mandibulares, a etiologia do trauma e o tipo de tratamento instituido.
Olsen, Fonseca, Zeitler, Osbon (1982), realizaram um estudo epidemiológico das fraturas
faciais e em relação aos acidentes automobilísticos obtiveram 47.8% como a principal causa das
fraturas.
Souza, Fischman, Silveira e Vita Junior, (1983),encontraram em relação aos acidentes
automobilísticos como a principal causa das fraturas faciais, obtiveram em seus estudos 72% dos
casos.
Nos estudos realizados por Asadi e Asadi (1986), coordenado pelo Comitê de Trauma do
Colégio Americano de Cirurgiões, as fraturas de mandíbula ocorrem em 34,9% dentre todas as
fraturas faciais e as fraturas de côndilo mandibular contribuem com 17,25%.
Fernandez e Mathog (1987) realizaram uma revisão da literatura, a qual diz respeito às
indicações dos tratamentos cirúrgicos e conservadores do processo condilar da mandíbula. Baseados
neste estudo, os autores concluíram não haver dados estatísticos suficientes em estudos
randomizados de longo prazo que justifiquem qual das duas técnicas (cirúrgica ou conservadora)
ofereça melhores resultados com o mínimo de complicações, e que a maioria dos autores considera
haver ainda controvérsias sobre o tratamento, pois este assunto carece de maiores estudos.
Moore , Mauney , Barron (1989) encontraram para acidentes com automóveis 30,8% e
motocicletas 21,2%, provavelmente em função da localização geográfica dos hospitais. Acreditam
que a pequena incidência das lesões por arma de fogo (2,69%) também seja explicada pela
localização do Hospital, situado em cidade de médio porte, afastada de grandes conglomerados
urbanos onde este tipo de violência é mais freqüente.
Abiose e Class (1991) constataram em seu estudo retrospectivo referente aos acidentes
automobilísticos como a principal causa das fraturas faciais, que 81,4% dos acidentes acontecem no
trabalho.
Moura, Santos, Driemeier, Santos, Ramos, (1997), destacaram que a queda é o
deslocamento não-intencional do corpo para um nível inferior à posição inicial (geralmente o chão)
com incapacidade de correção em tempo hábil, determinado por vários motivos que comprometem
a estabilidade. Sua freqüência aumenta progressivamente com a idade em ambos os sexos, em
todos os grupos étnicos e raciais, nas seguintes porcentagens: 32% das pessoas de 65 a 74 anos;
35% das pessoas de 75 a 84 anos e 51% das pessoas com 85 anos ou mais.
Falcão (1999) realizou um estudo retrospectivo das fraturas faciais tratadas no Hospital da
Restauração em Recife, estado de Pernambuco, perfazendo um total de 1758 fraturas. O gênero
masculino foi comprometido em 84% e a faixa etária predominante foi dos 21 aos 30 anos. Quanto
à etiologia, os acidentes automobilísticos representaram 32% da amostra, seguido por agressões
físicas (22%) e agressão por arma de fogo (19%), sendo a mandíbula (55%) e o zigomático (17%)
as localizações.
Marcantonio, Gabrielli, Gabrielli e Barbosa (2000), afirmaram que o
tratamento das fraturas condilares ainda continua sendo objeto de considerável controvérsia na
literatura, principalmente com vistas à redução aberta ou conservadora da fratura.
Luz e Correia (2000) realizaram um estudo epidemiológico das fraturas faciais atendidas no
Hospital Municipal Dr. Artur Saboya em São Paulo, onde foram avaliados 296 pacientes no período
de um ano, sendo detectadas 327 fraturas. Foi observado que o gênero masculino foi acometido em
78%, bem como uma concentração de 33% dos pacientes na faixa etária compreendida entre 21 e
30 anos. As quedas foram o principal agente etiológico, representando 34%, seguida por agressões
(26%). A distribuição dos ossos fraturados foi a seguinte: ossos próprios do nariz (36%), complexo
zigomático (22,3%), mandíbula (21,9%), fraturas dento alveolares (12%), fraturas Le Fort (2%) e
fraturas associadas (6%).
Andrade, Fadul, Azevedo, Rocha, Santos, Toledo, (2000), comprovaram que do total de
pacientes encontrados, 135 homens (81,3%) e 31 mulheres (18,7%), deram um índice
masculino/feminino de 4,3:1. A faixa etária variou de 1 ano e 4 meses a 59 anos (média de 27,11).
As idades foram agrupadas em décadas, e a faixa etária mais acometida foi dos 20 aos 29 anos
(42,8%), e a menos dos 50 aos 59 (4,8%). A etiologia mais freqüente de fraturas de mandíbula neste
estudo foi relacionada aos acidentes de trânsito (81 casos - 48,8%), em que 41,6% envolviam
veículos de transporte e 7,2% atropelamento; seguido das quedas (44 casos – 26,5) e agressões (39
casos – 23,5%). Somente dois pacientes sofreram acidentes esportivos.
Quanto à caracterização das fraturas, Bianchini (2000), verificou que 16,7% apresentavam
fratura zigomático-maxilar e de corpo mandibular sem comprometimento condilar e 83,3% dos
casos apresentavam fraturas envolvendo côndilo. Desses últimos, 40% eram do tipo unilateral, 20%
bilaterais, 13,2% fraturas de côndilo unilaterais associadas à de corpo mandibular, 6,6% fraturas de
côndilo bilaterais associadas à de sínfise; 6,6% fraturas de côndilo unilaterais associadas à de
sínfise; 6,6% fraturas de côndilo unilateral associadas à de maxila; 6,6% fraturas de côndilo
unilateral associadas à de arco zigomático. Em nenhum dos casos de fratura de côndilo foi realizado
tratamento cirúrgico, sendo este realizado somente nas fraturas maxilares, de arco zigomático e de
corpo mandibular.
Valente, Souza, Antonini, Glock, e Nisa (2003), realizaram estudos que comprovam que as
fraturas mandibulares são extremamente freqüentes nos traumas faciais, sendo o segundo osso mais
fraturado, haja vista sua posição proeminente, o que lhe permite receber grande parte dos traumas
do terço inferior da face, das quais aproximadamente 24% acometem a região dos côndilos
mandibulares.
Bianchini (2004), no levantamento dos sintomas e sinais clínicos realizados a partir dos
Protocolos de Anamnese e de Avaliação Fonoaudiológica para Trauma de Face obteve a média de
idade dos sujeitos de 21,8 anos, com grande variação, sendo a idade mínima 04 anos e a máxima 41
anos. Quanto ao gênero, 78% foram do gênero masculino e 22% do feminino. Todos os pacientes
foram encaminhados por Cirurgiões Buco-Maxilo-Faciais, após tratamento cirúrgico e/ou
conservador, com tempo de pós-cirúrgico variando de 1 a 2 meses. Quanto à etiologia das fraturas
44,4% dos casos ocorreram por acidentes automobilísticos ou motociclísticos, 38,8% por quedas,
11,1% por agressão física e 5,5% por projétil de arma de fogo.
Em relação às causas, podem ocorrer de duas formas distintas: a primeira delas chamada de
queda da própria altura, caracterizada por ocorrer acidentalmente, como quando a pessoa tropeça
num buraco, cai da escada, (por isso a importância da conservação e manutenção de vias públicas e
residências) e também podem depender de uma série de circunstâncias, por exemplo, um tapete mal
colocado e sem proteção anti-derrapante, animais correndo e fios soltos, e a segunda queda de
altura, aquela que ocorre quando o indivíduo está numa altura superior a sua. É comum nos casos de
acidentes ocorridos na construção civil, em mergulhos em água rasa, queda em trampolim, em
colchão de espuma, brinquedos em parques de diversões, teleféricos e ao subir em árvores,
montanhas ou planícies (Montovani, Campos, Pirani, Moraes, Ferreira, Nogueira, 2005).
Martini MZ, Takahashi A, de Oliveira Neto HG, de Carvalho Júnior JP, Curcio R, Shinohara
EH, (2006) analisam os casos de fraturas de mandíbula atendidos no Serviço de Cirurgia
Bucomaxilofacial do Complexo Hospitalar do Mandaqui (SUS / SP), São Paulo, Brasil. Noventa e
oito pacientes com fraturas mandibulares, foram atendidos no hospital, entre janeiro e dezembro de
2001. Desse total, 91 prontuários foram revisados. Acidente motociclístico foi a principal causa de
fraturas mandibulares, seguido de agressão física e queda da própria altura. As regiões anatômicas
da mandíbula de maior incidência foram: corpo, sínfise e côndilo. Os modos de tratamento mais
comumente realizados foram abordagem conservadora ou a redução aberta e fixação interna. Os
autores concluíram que os acidentes motociclísticos estão associados a um maior número de
fraturas faciais, afetam predominantemente homens entre 21-30 anos.
Rahman RA, Ramli R, Rahman NA, Hussaini HM, Idrus SM, Hamid AL., (2007) afirmaram
que o trauma maxilo-facial em crianças não é comum. Acidentes domésticos são freqüentemente
observados em crianças mais novas, enquanto as crianças mais velhas estão mais envolvidas em
acidentes de trânsito. Os autores analisaram o padrão de lesões maxilo-faciais em pacientes
pediátricos encaminhados para três principais hospitais do governo em diferentes áreas do oeste da
Malásia (National University of Malaysia Hospital, Hospital e Kajang Seremban Hospital) por meio
de revisão de 521 prontuários dos anos de 1999 a 2001. Nos três hospitais a prevalência das lesões
ocorreu em indivíduos do sexo masculino, na faixa dos 11 aos 16 anos de idade. Acidentes de
transito foram a causa mais comum, seguido por queda e agressão. Lesões dos tecidos moles foi o
tipo mais comum de lesões nos três hospitais. Em relação às fraturas de mandíbula, a fratura de
côndilo foi o local mais comum. A maioria das fraturas foi manejada de forma conservadora,
especialmente nos grupos etários mais jovens. A redução aberta com ou sem fixação interna foi o
mais freqüentemente realizado para o grupo de 11-16 anos de idade.
Sarmento, Cavalcanti, Santos (2007) realizaram pesquisa no Hospital Regional de
Campina Grande/PB; por meio da observação indireta foram examinados 691 prontuários médico-
hospitalares do Serviço de Cirurgia Buco-maxilo-facial, dos quais 59 (8,5%) referiam-se a vítimas
de fraturas mandibulares, e os resultados mostraram o gênero masculino o mais acometido (83,1%),
sendo a faixa etária de 21-30 anos a mais afetada (40,7%). A queda (28,8%), violência interpessoal
(23,7%) e o acidente de motocicleta (23,7%) foram as principais etiologias.
Chandra Shekar BR, Reddy C,( 2008) realizaram um estudo retrospectivo de 5 anos (1998 a
2002) de lesões maxilo-faciais em pacientes internados em dois hospitais da cidade de Mysore.
Acidentes em estrada foi a causa mais comum. Os homens sofreram mais ferimentos em
comparação com as mulheres. Os ferimentos foram na sua maioria, na faixa etária de 11-40 anos,
constituindo cerca de 78% de todas as lesões. Veículos de 02 rodas foram os mais comumente
envolvidos em comparação com outros tipos de veículos. Influência do álcool no momento da lesão
foi encontrada em cerca de 58% dos pacientes com lesões maxilo-faciais. O maior número de
acidentes ocorreu em finais de semana. Fraturas mandibulares foram os mais comuns dos traumas
maxilo-faciais.
Lee, (2008) realizou um estudo prospectivo no banco de dados do serviço de cirurgia oral e
maxilofacial em Christchurch durante um período de 11 anos. Foram identitificados 1.045 pacientes
com fratura de mandíbula. Mais de 90% dos pacientes eram homens, 64% no grupo etário entre 15-
29 anos. A violência interpessoal representou por 49% das fraturas, seguido por esportes (16%),
quedas (13%) e acidentes de automóvel (10%). A mandíbula foi o local da fratura mais freqüente
(34%) e fraturas múltiplas foram observadas em 37% dos pacientes.
Sirimaharaj W, Pyungtanasu, (2008) revisaram prontuários e radiografias de 198 pacientes
tratados de fratura de mandíbula em Chiang Mai University Hospital, durante um período de 1,5
anos (nos anos de 2005 e 2006). Constatou-se que a prevalência das fraturas mandibulares foi em
homens de 21 a 30 anos de idade (na proporção de 5:1 para o sexo masculino). A maioria das
fraturas foi causada por acidentes de moto (75,75%), seguido de agressão corporal (13,63%) e
quedas (4,54%). O consumo de álcool foi um fator contribuinte no momento da lesão em 79% dos
casos. Os locais mais comuns de fratura foram, em ordem decrescente da parassínfise (45,3%),
ângulo mandibular (19.51%), côndilo (15,68%), sínfise (13,24%), corpo mandibular (3,83%), e do
ramo (2,09%). Quase 3 / 4 de todos os casos foram tratados por redução aberta (76%).
Rikhotso E, Ferretti C, (2008) determinaram a freqüência de ocorrência, os padrões, a
etiologia e os resultados do tratamento das fraturas do côndilo mandibular no hospital Chris Hani
Baragwanath de 84 pacientes atendidos no hospital Chris Hani Baragwanath ao longo de um
período de seis meses de janeiro a junho de 2003. Dentre os 84 pacientes, 95 fraturas condilares; 69
(82%) do sexo masculino, 73,8% das fraturas foram causadas por violência interpessoal seguido por
acidentes rodoviários (16,67%) e quedas (7,14%). Setenta e três (87%) pacientes tiveram fraturas
unilaterais e 11 (13%) apresentaram fraturas bilaterais do côndilo.
Bormann KH, Wild S, Gellrich NC, Kokemüller H, Stühmer C, Schmelzeisen R, Schön R, (
2009) realizou um estudo retrospectivo no Departamento de Cirurgia Bucomaxilofacial do Hospital
Universitário de Freiburg, Alemanha, revisou prontuários de 444 pacientes com fraturas
mandibulares, entre os anos de 2000 e 2005. Dos prontuários, trezentos e vinte e nove (74%) das
fraturas ocorreram no sexo masculino e 115 (26%). Cento e quarenta e duas fraturas (32%)
resultaram de acidentes de trânsito, 126 de lutas (28%), e 116 de quedas (26%). Quarenta e quatro
fraturas foram causadas por acidentes esportivos (10%) e 16 por fraturas patológicas (4%). A área
do côndilo mandibular foi o local de fratura mais comum, com 291 fraturas (42%), seguido por 144
fraturas da superfície da sínfise e parasínfise (21%) e 141 fraturas de ângulo (20%). Fraturas
combinadas foram encontradas em quase metade dos casos. Quinhentos e setenta e nove (83%) dos
pacientes com fraturas mandibulares foram tratados por intervenção cirúrgica, 117 (17%) dos
pacientes com tratamento conservador. Quanto ao tratamento cirúrgico, 561 (65%), miniplacas de
247 (29%) de bloqueio placas, e 51 (6%) foram usados parafusos de retardação. As complicações,
como infecções no pós-operatório, abscessos, osteomielite e apareceu em 66 (9%) casos. Os autores
observaram que a osteossíntese de fraturas da mandíbula por miniplacas e placas de bloqueio são
eficientes no tratamento.
O estudo foi previamente aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital
Heliópolis, sob o número de registro 640 (Anexo I).
4.1 Casuística
Foi realizado um estudo transversal observacional através da analise dos prontuários dos
indivíduos que sofreram trauma de face e que necessitaram de atendimento hospitalar. Foram
pesquisados 892 prontuários dos pacientes com fraturas de mandíbula atendidos no serviço de
Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial do Hospital Santa Marcelina, no período de
janeiro/2000 a dezembro/2007, sendo selecionados 124prontuarios de pacientes que apresentavam
fratura do côndilo mandibular.
4.2 Método
As fraturas de mandíbula geralmente ocorrem em diversas localizações, dependendo do tipo
da injúria, da direção e da força do traumatismo. Uma das classificações descreve as fraturas de
mandíbula de acordo com sua localização anatômica. As fraturas são designadas como condilares,
de ângulo, de corpo, sinfisária, alveolar, de ramo e de processo coronóide. A Figura 1 ilustra a
localização e a freqüência dos diferentes tipos de fraturas mandibulares.
Figura 1 – Localização e freqüência dos diferentes tipos de fraturas mandibulares.
Fonte: Peterson et al (2002)
Graziani, (1982), relata que:
[...] diversas circunstâncias tem contribuído para que as fraturas da mandíbula ocorram com certa freqüência. Uma delas é a velocidade dos modernos meios de transporte, o dinamismo da vida nas grandes cidades, a violência verificada em certos esportes e até mesmo nas relações humanas. Porém, um exame da moderna literatura a respeito dos traumatismos maxilo-faciais nos levará a verificar que uma maior freqüência das fraturas localizadas na face é da mandíbula e do nariz. Essa predominância é explicada pela localização de maior proeminência desses órgãos, fazendo com que sejam as partes mais vulneráveis.
Foi observado o gênero, a idade, associação com outras fraturas na mandíbula, o tipo de
trauma que gerou a fratura e o tratamento.
Os dados foram tabulados e posteriormente analisados de forma descritiva.
Em relação ao gênero encontramos 89 pacientes masculinos (72%) e 35 femininos
(28%), conforme tabela 1e gráfico 1.
Tabela 1- Distribuição de freqüência da variável gênero, na amostra total
Gráfico 1: Distribuição dos pacientes em relação ao gênero (n=124).
GÊNERO
MASC; 89; 72%
FEM; 35; 28%
MASC FEM
Freqüências
Absoluta Relativa
Sexo (n) (%)
Masculino 89 72
Feminino 35 28
Total 124 100
Em relação à faixa etária, observamos variação de idade. Quando agrupamos em décadas,
houve prevalência da faixa etária de 21 a 30 anos de idade (37%)Em 8% dos prontuários a idade foi
superior a 50 anos sendo, portanto, grupo de menor freqüência. Os resultados podem ser observados
na tabela 2 e no gráfico 2.
Tabela 2 - Distribuição de freqüência da variável idade, na amostra real
Gráfico 2: Distribuição por grupos de faixa etária em percentagem (n=124)
IDADE DOS PACIENTES
25%
37%
20%
10%8%
DE 10 A 20 DE 21 A 30 DE 31 A 40
DE 41 A 50 ACIMA 50
Em relação a outras fraturas associadas verificamos que em 39 pacientes (31% dos casos)
ocorreram fraturas em outras regiões da mandíbula e 85 pacientes (69%) ocorreram fraturas de
côndilo mandibular isoladas.
Freqüências
Absoluta Relativa idade (n) (%)
De 10 a 20 anos 31 25 De 21 a 30 anos 47 37 De 31 a 40 anos 24 20 De 41 a 50 anos 12 10 > de 50 anos 10 8 Total 124 100
Tabela 3 - Distribuição em relação às fraturas mandibulares associadas
Gráfico 3: Distribuição por outras fraturas associadas (n=124).
Gráfico 3: Distribuição em relação às fraturas de mandibulares associadas (n=124).
OUTRAS FRATURAS ASSOCIADAS
SIM; 39; 31%
NÃO; 85; 69%
SIM NÃO
Freqüências
Absoluta Relativa Associação (n) (%)
Sim 39 31 Não 85 69 Total 124 100
Em relação ao tipo de trauma que gerou a fratura, a queda da própria altura representou 24%
e a de alturas elevadas 15%, somando assim 39%. Os acidentes de trânsito corresponderam a 23%,
dos casos, sendo que os acidentes motociclísticos corresponderam a 11% e automobilísticos 12%,
conforme tabela4 e gráfico 4.
Tabela 4 - Distribuição em relação a etiologia
Gráfico 4: Distribuição em relação a etiologia (n=124).
TIPO DE TRAUMA QUE GEROU A FRATURA15; 12%
19; 15%
14; 11%
7; 6%29; 24%
18; 15%
13; 10%3; 2% 6; 5%
automobilístico ciclísticomotociclistico atropelamentoqueda da própria altura queda de lugares altos (laje, escada)agressão física acidente esportivoferimento por arma de fogo
Freqüências
Absoluta Relativa
Tipo de trauma (n) (%) Automobilismo 15 12 Ciclismo 19 15 Motociclismo 14 11 Atropelamento 7 6 Queda da própria altura 29 24 Queda de lugares altos 18 15 Agressões 13 10 Acidente esportivo 3 2 Acidente arma de fogo 6 5 TOTAL 124 100%
Quanto ao tratamento das fraturas do côndilo mandibular, em sua maioria, 76 casos (61%),
foram tratados conservadoramente, sendo indicado o tratamento cirúrgico em 48 dos casos (39%),
quando ocorreu fratura com deslocamento e luxação do côndilo da cavidade articular.
Tabela 5 - Distribuição por tipo de tratamento indicado
Gráfico 5: Distribuição por tipo de tratamento indicado (n=124).
TRATAMENTO INDICADO
CONSERVADOR; 76; 61%
CIRÚRGICO; 48; 39%
CONSERVADOR CIRÚRGICO
Freqüências
Absoluta Relativa (n) (%)
Cirúrgico 48 39 Conservador 76 61 Total 124 100
Apesar de ser o osso mais pesado e forte da face, a mandíbula está propensa a fraturas, e
sendo o único osso móvel da face que participa de funções básicas como mastigação, fonação,
deglutição e manutenção da oclusão dentária, constituindo-se, portanto, num órgão de extrema
importância para o ser humano, exigindo uma maior atenção quando lesionado. (Patrocínio,
Patrocínio, Borba, Bonatti, Pinto, Vieira, Costa.2005).
Encontramos 892 casos com fraturas de mandíbula, sendo que 124 casos (14%)
apresentaram fraturas de côndilo mandibular.
Em concordância com Asadi e Asadi (1986), que 17,25%, e Sirimaharaj,
Pyungtamasup (2008) que 15,68% contribuem com as fraturas do côndilo mandibular dentre todas
as fraturas faciais. Valente et al (2003) constataram que as fraturas mandibulares são extremamente
freqüentes nos traumas faciais, das quais aproximadamente 24% acometem a região dos côndilos
mandibulares. A nossa casuística mostrou uma freqüência de 14% de fratura de côndilo, em relação
as fraturas mandibulares.
Quanto ao gênero (tabela 1) observamos uma predominância do masculino (72%) sobre o
feminino (28%). Esses dados são semelhantes aos de Moore et al (1989), onde a maioria dos
pacientes era do sexo masculino (86,3%), aos de Luz e Correia (2000) onde 78% era do gênero
masculino e ao de Bormann et AL (2009) com 74% do gênero masculino.
Horibe, Pereira, Ferreira, Andrade Filho e Nogueira (2003), com os 98 casos estudados, são
da mesma opinião, pois 21% dos pacientes eram do sexo feminino e 79% eram do sexo masculino.
Os dados relacionados ao sexo para Andrade et al (2000) demonstram que foram
encontrados 135 homens (81,3%) e 31 mulheres (18,7%), o que é confirmado por Adekeye (1980);
Abiose e Glass (1991); Tanaka et al. (1996); Hill et al (1998) e Falcão (1999).
Acreditamos que a maior prevalência no gênero masculino deve-se ao fato de se exporem
em maior numero a situações de risco, como lugares altos, como telhados, transito e envolverem-se
em situações de agressividade.
A faixa etária (tabela 2) mostrou que a tendência se repete, pois com relação à idade
encontramos 37% com idade entre 21 e 30 anos. Adekeye et al (1980) revelaram em seus estudos
uma maior prevalência pela faixa entre 21 e 30 anos, representada pelos adultos jovens; dados
semelhantes são encontrados também nos estudos de Luz e Correia (2000) onde foi observada uma
concentração de 33% dos pacientes na faixa etária compreendida entre 21 e 30 anos, coincidindo
também com os estudos de Bianchini (2004), Horibe (2003), Andrade (2000) e Falcão (1999); nos
estudos de Bianchini a média de idade é de 21,8 anos. Acreditamos esta ser a faixa etária de maior
atividade social e por esse motivo estar mais suscetível aos fatores etiológicos traumáticos.
Em relação à associação com outras fraturas de mandíbula associadas (tabela 3), a pesquisa
demonstra que em 39 dos pacientes (31% dos casos) ocorreram associação de fraturas e em 85
pacientes (69%) fratura única (tabela 3). Andrade et al (2000), encontraram fraturas isoladas de
côndilo em 63,8% dos casos pesquisados. Esta casuística se justifica pelo fato da região anatômica
do côndilo ser a mais frágil da mandíbula.
Referente à distribuição da amostra de acordo com a etiologia (tabela 4), o resultado foi
diferente ao de alguns autores que se encontram na literatura. Encontramos as quedas de própria
altura e as quedas de lugares altos com 39% dos casos, seguido de acidentes automobilísticos e
motociclísticos com 23%. Enquanto que Horibe (2003) e Andrade et al (2000), relatam que a
etiologia mais freqüente de fraturas de côndilo mandibular foi relacionada aos acidentes de trânsito
48,8%, e 7,2% atropelamento; seguido das quedas (44 casos - 26,5%) e agressões (39 casos-
23,5%).
Outro grupo de estudos aponta que em relação aos acidentes de trânsito, apresenta como principal
causa de fraturas os acidentes motociclísticos como os de Olson et al (1982) com 47,8%; Souza et
al (1983) com 72%; Abiose e Class (1991) com 81,4% e Falcão (1999) com 31,83% e Sirimaharaj,
Pyungtamasup (2008) com 75,75%.
Estes dados espelham a realidade de cidades muito grandes acometidas pelo trânsito cada
vez mais intenso, com muitas motos transitando, e fluxo constante de pessoas, portanto, os
acidentes de trânsito foram os maiores responsáveis pela causa das fraturas mandibulares . Porém,
nossa casuística foi extraída de uma região muito populosa e de baixo poder aquisitivo, o que
justifica menor locomoção automobilística, muitos lugares que apresentam risco de quedas como
lages e em nosso estudo constar de vários casos de crianças e idosos que estão mais propensos a
quedas
Obtivemos em nosso estudo 39% da etiologia das fraturas a queda, sendo da mesma altura
24% e na de alturas elevadas, 15%. Ellis et al (1985) avaliaram, retrospectivamente, 2067 casos de
fraturas. As principais etiologias das fraturas incluíam as quedas com 22,4%. Em 2004, da Silva et
al apura que dentre as etiologias, as quedas foram freqüentes em 37,06% dos casos.
Tanaka et al. (1994) compararam a etiologia das fraturas de face no Japão aos estudos da
literatura mundial e notaram que as causas mais freqüentes das fraturas foram as quedas, com
38,4% do total, o que se comprova no nosso achado, quando obtivemos na amostra 39% dos casos.
Luz e Correia (2000) realizaram um estudo epidemiológico das fraturas faciais,
onde foram avaliados 296 pacientes no período de um ano, sendo detectadas 327 fraturas mandibulares. As quedas foram o principal agente etiológico, representando 34%, seguida por agressões (26%). Em nossos casos as fraturas de côndilo mandibular, em sua maioria (61%) são tratadas
conservadoramente, sendo somente indicado o tratamento cirúrgico nos casos de fratura com
deslocamento e luxação do côndilo da cavidade articular (tabela 5) .
Conforme os estudos de (Bianchini, 2004) em nenhum dos casos de fratura de côndilo foi
realizado tratamento cirúrgico. Fica entendido que o cirurgião buco-maxilo-facial deve possuir,
portanto, “bom-senso” quando da indicação da forma de tratamento a ser empregada, levando-se em
consideração as condições gerais do paciente e do ambiente (se favorável ou não) inclusive
economicamente, para que seja aplicado o método de tratamento adequado.
(Toledo Filho, 1998), ressalta que o tratamento conservador é uma conduta tomada quando
uma fratura é favorável, pois não é deslocada pela ação dos músculos da mastigação, logo, sem
deslocamento dos fragmentos ósseos. Nesses casos, com um simples acompanhamento e
orientação, haverá sua consolidação; outras vezes, o cirurgião apenas executa uma fixação
intermaxilar.
Apesar de Jeter et al (1988) utilizarem acesso intra-oral, a grande maioria dos cirurgiões
prefere o acesso extra-oral, para o tratamento cruento das fraturas de côndilo. A fixação interna
rígida tem sido mais empregada em relação à osteossíntese com fio de aço, visto que esta promove a
consolidação óssea primária sem a necessidade de bloqueio maxilo-mandibular pós-operatório,
resultando em maior benefício para o paciente.
Marcantonio, Gabrielli, Gabrielli, Barbosa (2000), com vista à redução cruenta ou
conservadora da fratura mostram os resultados de um encontro entre 69 cirurgiões de diferentes
países onde não houve nenhum consenso. Ressaltam ainda que nas fraturas condilares da mandíbula
ha incerteza sobre os resultados do tratamento cirúrgico.
Outro estudo interessante que vem comprovar a eficácia dos tratamentos convencionais foi o
realizado por Lobo (1998), onde analisou sob diversos aspectos a diversidade de tratamentos
instituídos em 113 casos de fratura de côndilo mandibular. Para fraturas altas e fraturas baixas sem
deslocamento condilar, preconizou o tratamento conservador e, no caso de fratura baixa com
deslocamento condilar, foi indicando o método cirúrgico.
Fernandez e Mathog (1987) revisaram a literatura, a respeito das indicações dos tratamentos
cirúrgico e conservador das fraturas do processo condilar da mandíbula, e concluíram que não há
dados estatísticos suficientes em estudos randomizados de longo prazo que justifiquem qual das
duas técnicas (cirúrgica ou conservadora) oferece melhores resultados com um mínimo de
complicações. Consideraram ainda que ha controvérsias sobre o tratamento, e que este assunto
carece de maiores estudos.
Existe uma concordância entre os autores de que o tratamento a ser indicado nas
fraturas do côndilo mandibular depende basicamente da idade do paciente, das funções da
articulação e desvios em abertura bucal, visando o bem-estar do paciente por meio do menor trauma
possível, aliado a uma recuperação satisfatória.
Manganello-Souza e Silva (2002) e Hayward e Scott (1993) são da mesma opinião, em que
as fraturas altas sejam tratadas de modo mais conservador, independente da idade, por meio de
terapia medicamentosa e fisioterapia, como também as fraturas baixas que não venham a apresentar
deslocamento do côndilo em relação à cavidade articular. Justifica-se, assim, que o côndilo quase
sempre será capaz de manter sua função, ou pelo menos será induzido a uma remodelação que
permita função adequada.
Conforme Hayward, Scott (1993), diversos fatores influenciam quanto à decisão do
tratamento conservador ou cirúrgico, entre eles a idade do paciente. Nas fraturas com luxação há a
indicação de tratamento cirúrgico com fixação do côndilo para o restabelecimento da dimensão
vertical em pacientes acima de 8 anos de idade. Antes desta idade a cirurgia não se faz necessária
devido à alta capacidade de remodelação óssea e crescimento ósseo mandibular que ocorre
principalmente em nível do côndilo, permitindo um tratamento conservador.
A faixa etária foi um dos fatores preponderantes, pelo fato de ter sido observado na
literatura que uma das grandes dificuldades concentra-se na escolha do tipo de tratamento, cirúrgico
ou conservador, que se baseia nas alterações condilares e oclusais, estabelecidas a partir do
diagnóstico clínico e dos exames radiográficos.
De acordo com nossos resultados, podemos concluir que, em nossa região:
1. As fraturas de côndilo são mais freqüentes (72%) em homens, na faixa etária
entre 21 e 30 anos de vida (37%), sendo os principais agentes etiológicos as
quedas (39%), seguidas dos acidentes de trânsito (23%).
2. As fraturas de côndilo em sua grande maioria (69%) ocorrem isoladamente,
sem associação a outros sítios de fraturas mandibulares.
3. As fraturas de côndilo mandibular são tratadas, predominantemente, de
modo ortopédico funcional.
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9 Anexos
Anexo 1: Ficha clínica randomizada para o estudo dos dados de cada paciente.
Fraturas de côndilo mandibular Dados pessoais Nome:___________________________________________________ Prontuário:
Gênero:_____________ Idade:______________
Outras fraturas mandibulares associadas: ( ) sim ( ) não
Etiologia da fratura: ( ) acidente esportivo ( ) atropelamento ( ) queda de altura ( ) acidente por arma de fogo ( ) automobilístico ( ) queda própria altura ( ) agressão ( ) ciclístico ( ) motociclistico
Tipo de tratamento realizado: ( ) cirúrgico ( ) conservador
Anexo 2: Documento de aprovação do projeto de pesquisa no Comitê de Ética na pesquisa do Hospital Heliópolis
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