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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE MICROBIOLOGIA E PARASITOLOGIA MESTRADO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO DA TOXOPLASMOSE EM GESTANTES ATENDIDAS NA MATERNIDADE ESCOLA JANUÁRIO CICCO, NATAL, RIO GRANDE DO NORTE. ISABELLE RIBEIRO BARBOSA NATAL – RN 2008

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

DEPARTAMENTO DE MICROBIOLOGIA E PARASITOLOGIA

MESTRADO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO DA TOXOPLASMOSE EM

GESTANTES ATENDIDAS NA MATERNIDADE ESCOLA

JANUÁRIO CICCO, NATAL, RIO GRANDE DO NORTE.

ISABELLE RIBEIRO BARBOSA

NATAL – RN

2008

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ISABELLE RIBEIRO BARBOSA

ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO DA TOXOPLASMOSE EM

GESTANTES ATENDIDAS NA MATERNIDADE ESCOLA

JANUÁRIO CICCO, NATAL, RIO GRANDE DO NORTE.

BIODIVERSIDADE

BIOLOGIA PARASITÁRIA E MICROBIOLÓGICA

ORIENTADOR: Prof. Dr. Válter Ferreira de Andrade Neto –

Laboratório de Biologia da Malária e Toxoplasmose –

Departamento de Microbiologia e Parasitologia e do Centro

de Biociências / UFRN.

Natal – RN

2008

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação

em Ciências Biológicas do Centro de Biociências da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como

requisito parcial para obtenção do título de Mestre.

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Divisão de Serviços Técnicos Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial Leopoldo Nelson.

Barbosa, Isabelle Ribeiro. Estudo epidemiológico da Toxoplasmose em gestantes atendidas na Maternidade Escola Januário Cicco, Natal, Rio Grande do Norte / Isabelle Ribeiro Barbosa. – Natal (RN), 2008. 106 f. Orientador: Valter Ferreira de Andrade Neto.

Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Biociências. Departamento de Botânica, Ecologia e Zoologia. Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas.

1. Toxoplasmose - Dissertação. 2. Toxoplasma gondii - Dissertação. 3. Gestação - Dissertação. 4. Soroprevalência - Dissertação. 5. MEIA Dissertação. I. Andrade Neto, Valter Ferreira de. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.

RN/UF/BC CDU 616.993.1(043.3)

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A todos que se dedicam à ciência

no Brasil, corajosos estudiosos

que lutam pela soberania de nossa

produção intelectual.

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AGRADECIMENTOS

A Deus. Eu o imagino como inteligência suprema, causa primária de

todas as coisas e o que me dá suporte para acreditar que posso.

Aos meus pais, Múcio e Risoneide, em especial a minha mãe, que me

apóia incondicionalmente. Sem ela eu não seria nada.

Ao Professor Válter Ferreira de Andrade Neto, responsável pela

orientação deste trabalho, pela segurança e dedicação com que me conduziu

pelos caminhos da Toxoplasmose. Sinceros agradecimentos.

À Professora Cecília Maria de Carvalho Xavier Holanda, pelo incentivo,

disponibilidade e sugestões, tornando possível a realização de técnicas

sorológicas que permitiram a conclusão desse estudo.

À Professora Janeusa Trindade pela leitura cuidadosa, sugestões e

críticas que com certeza foram fundamentais na fase final e elaboração de

documento final.

À Professora Maria de Fátima Ximenes pelas valiosas sugestões

durante o exame de qualificação.

À Coordenação do Programa de Pós-graduação em Ciências Biológicas

(PPgCB) na pessoa do professor Maurício de Sales, obrigada pelo empenho

para manter o bom funcionamento desse curso.

Às estagiárias Katiane e Aline, pela efetiva e valiosa colaboração na

realização deste trabalho. Muito obrigada.

Às amigas do Laboratório de Biologia da Malária e Toxoplasmose,

Andrea Medeiros e Magaly, sempre prontas para colaborar no que fosse

necessário para o bom andamento deste trabalho. Obrigada pela amizade.

À turma de mestrado 2006, Cimária, Lígia, Ciáxares, Gustavo, Carolina,

Ubiratan, Armando, minha gratidão pela agradável convivência.

A Dr. Ricardo Fernandes Arrais, Diretor do Hospital de Pediatria Profº

Heriberto Bezerra, Dr. José Ricardo Lagreca Sales Cabral, Diretor do Hospital

Universitário Onofre Lopes e Dr. Kleber de Melo Moraes, Diretor da

Maternidade Escola Januário Cicco por autorizarem a utilização das instituições

que dirigem.

A FAPERN, pelo apoio financeiro.

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Finalmente, um agradecimento muito especial as cento e noventa

mulheres gestantes que generosamente consentiram participar desse estudo.

Elas foram essenciais, pois não representaram somente a fonte de amostras,

mas acima de tudo, lições de vida.

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Só não se encanta com a vida quem não

consegue ver além da cortina de suas

dificuldades.

(Augusto Cury)

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ABSTRACT

Congenital Toxoplasmosis results in severe systemic disease. If mother

is infected for the first time during gestation, she can infect the fetus causing

substantial damage. However, relatively little is known about the

seroprevalence and epidemiological and economic factors of Toxoplasmosis

infection in pregnancy in the most state in northeastern Brazil and knowledge

about this can be essential in determining effective and acceptable prevention

strategies. Our aim was to determine the prevalence of Toxoplasmosis in

pregnant woman consulted by reference Maternity Escola Januário Cicco in

Natal, a city in Northeastern Brazil, which belongs to the public health system,

correlating to the risk factors involved in the infection and to accomplish active

Search in the Hospital of Pediatrics Profº Heriberto Bezerra of the damages

caused by the Toxoplasmic infection in children up to 12 years of age. The

study was conducted from March to December 2007 and sera obtained from

190 pregnant women were tested for IgM and IgG antibodies avidity to

Toxoplasma by Microparticle enzyme immunoassay (Abbott AxSYM system -

Abbott Laboratories, Chicago, IL, USA). Data were examined with univariate

analysis. Chi-squared (x2) and Odds ratio was calculated (IC 95% p≤ 0,05). Of

these women, 126 (66,3%) had only IgG antibodies high-avidity against T.

gondii; 01 (0,52%) had a IgM and IgG high-avidity antibodies against T. gondii

and 63 (33,1%) have neither IgM nor IgG against T. gondii. Our studies shown

that the direct contact with cats or dogs was highly associated with the

Toxoplasma gondii infection (OR, 2.72, p<0.001, 95% CI 1.46 – 5.02). The

years school (p<0,001), socioeconomic status and knowledge about the

disease (both p value ≤0.05) also were associated with Toxoplasmosis. The

pattern of risk factors for infection presents regional variations, however our

data corroborate others studies in Brazil. In children up to 12 years, one case of

Congenital Toxoplasmosis was just registered in seven years (2000 - 2006).

There were several suggestive cases, with signs and characteristic symptoms,

but that the infection was not confirmed due to lack in the researches through

laboratorial and images exams that addressed that it zoonosis.

Keywords: Toxoplasmosis, pregnant women, Screening, Risk factors, MEIA;

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RESUMO

A Toxoplasmose congênita resulta em uma doença sistêmica severa.

Devido à mãe se infectar no primeiro trimestre da gestação, ela pode infectar o

feto causando sérios danos. Entretanto, há pouca informação a respeito de

soroprevalências e fatores econômicos e epidemiológicos envolvidos na

infecção da gestante na maioria dos estados do Nordeste do Brasil e o

conhecimento sobre isto pode ser essencial na determinação e implementação

de estratégias de prevenção. O objetivo desse trabalho foi determinar a

prevalência da Toxoplasmose em gestantes atendidas na Maternidade Escola

Januário Cicco, em Natal, uma cidade do Nordeste do Brasil, correlacionando

aos fatores de risco envolvidos na infecção e realizar Busca ativa no Hospital

de Pediatria Profº Heriberto Bezerra dos agravos causados pela infecção

congênita e/ou pós-natal por Toxoplasma gondii em crianças até 12 anos de

idade. Esse estudo foi realizado de Março a Dezembro de 2007 e o soro obtido

das 190 gestantes foram testados para IgM e IgG antitoxoplasma pela técnica

de Ensaio Imunoenzimático de Micropartículas (Abbott AxSYM system - Abbott

Laboratories, Chicago, IL, USA). Foi aplicada uma análise univariada no qual

Qui-quadrado e Odds Ratio foram calculados (IC 95%, p≤0,05). Das 190

mulheres, 126 (66,3%) tem somente IgG anti-Toxoplasma de alta avidez;

01(0,52%) tem IgM e IgG anti-Toxoplasma e 63 (33,1%) não tem nem IgM nem

IgG de alta avidez anti-Toxoplasma. Esse estudo mostra que o contato direto

com gatos ou cães foi fortemente associado com a infecção por Toxoplasma

gondii (OR, 2.72, p<0.001, 95% CI 1.46 – 5.02). Os anos de escolaridade (p<

0,001), o status socioeconômico e o conhecimento sobre a doença (ambos

com p≤0.05) também foram associados com a infecção Toxoplásmica. O

padrão de fatores de risco para infecção apresenta variações regionais,

entretanto nossos dados corroboram outros estudos no Brasil. Em crianças até

12 anos, apenas um caso de Toxoplasmose congênita foi registrado em sete

anos (2000 – 2006). Houve diversos casos sugestivos, com sinais e sintomas

característicos, mas que não foi confirmada a infecção Toxoplásmica devido a

carência de aprofundamento nas pesquisas através de exames laboratoriais ou

de imagem que direcionasse a essa zoonose.

Palavras-chave: Toxoplasmose, gestação, soroprevalência, MEIA;

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Ciclo de vida do Toxoplasma gondii..................................................06

Figura 2: Distribuição das 190 gestantes de acordo com o resultado da

sorologia anti- T. gondii......................................................................................23

Figura 3: Distribuição das amostras de acordo com os títulos sorológicos de

IgG anti-T. gondii de alta avidez como marcador para a infecção

toxoplásmica......................................................................................................24

Figura 4: Composição da amostra nos diferentes Distritos sanitários analisados

em relação à sorologia anti-T. gondii................................................................26

Figura 5: Distribuição etária das 190 gestantes analisadas.............................27

Figura 6: Distribuição das gestantes analisadas de acordo com a sorologia

anti- T. gondii e o grau de escolaridade............................................................28

Figura 7: Distribuição das amostras em relação a sorologia e sobre o

conhecimento da doença..................................................................................29

Figura 8: Distribuição das amostras em relação a sorologia e a renda

mensal..............................................................................................................29

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

AIDS Síndrome da Imunodeficiência Adquirida APC Antigen-presenting cell CI Intervalo de Confiança ELFA Enzyme Linked Fluorescent Imuno-Assays ELISA Enzyme-Linked Immunosorbent Assay EUA Estados Unidos da América FAPERN Fundação de Amparo a Pesquisa no Rio Grande do Norte FR Fator Reumatóide g Gravidade HIV Vírus da Imunodeficiência Adquirida HUOL Hospital Universitário Onofre Lopes IFN-γ Interferon Gama IgG Imunoglobulina G IgM Imunoglobulina M IL-1 Interleucina 1 IL-10 Interleucina 10 IL-12 Interleucina 12 IL-2 Interleucina 2 ISAGA Immunosorbent Agglutination Assay M Molar MEIA Microparticle Enzyme Immunoassay MEJC Maternidade Escola Januário Cicco MHC I Major Histocompatibility Complex MUP Metilumbeliferil fosfato ºGL Grau Gay-Lussac OR Odds Ratio PCR Reação em Cadeia da Polimerase ROP1 Proteínas de Roptrias do Toxoplasma gondiiSAG1 Proteína de 30 kDa de superfície de taquizoítos de T. gondiiSAG2 Proteína de 22 kDa de superfície de taquizoítos de T. gondiiSAG3 Proteína de 43 kDa de superfície de taquizoítos de T. gondiiSAG4 Proteína de 18 kDa de superfície de taquizoítos de T. gondiiSNC Sistema Nervoso Central TGF-β Tumor Growthing Factor beta TNF-α Fator de Necrose Tumoral alfa TORCH Toxoplasmose, Rubéola, Citemegolovírus e Herpes vírusUFRN Universidade Federal do Rio grande do Norte UI/mL Unidades Internacionais por mililitro μM Micromolar μL Microlitro

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ÍNDICE

Lista de Siglas e Abreviaturas........................................................................III

Lista de Figuras...............................................................................................IV

RESUMO............................................................................................................V

ABSTRACT.......................................................................................................VI

1. INTRODUÇÃO.............................................................................................01

2. REVISÃO DE LITERATURA.......................................................................04

2.1. Taxonomia.............................................................................................04

2.2. O Parasito: Toxoplasma gondii.............................................................04

2.3. O ciclo biológico....................................................................................05

2.4. Fontes de infecção e Fatores de risco..................................................07

2.5. Epidemiologia da Toxoplasmose..........................................................09

2.6. Toxoplasmose Pós-natal.......................................................................10

2.7. Toxoplasmose Congênita......................................................................11

2.8. Diagnóstico da Toxoplasmose..............................................................13

3. OBJETIVOS.................................................................................................16

3.1. Objetivo Geral.........................................................................................16

3.2. Objetivos específicos..............................................................................16

4. METODOLOGIA..........................................................................................17

4.1. Cálculo amostral....................................................................................17

4.2. População em estudo.............................................................................17

4.3. Coleta de amostra e epidemiologia........................................................17

4.4. Sorologia................................................................................................18

4.5. Pesquisa em prontuários.......................................................................21

4.6. Análise estatística...................................................................................22

5. RESULTADOS............................................................................................23

5.1. Determinação da prevalência da infecção por Toxoplasma gondii em

gestantes atendidas na Maternidade escola Januário Cicco........................23

5.2. Características populacionais da amostra estudada.............................25

5.3. Características epidemiológicas das amostras avaliadas para anticorpos

anti-T. gondii.................................................................................................30

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5.4. Resultados da Busca ativa em prontuários médicos do Hospital de

Pediatria Prof. Heriberto Bezerra................................................................32

5.5. Artigo publicado pela Transactions of the Royal Society of Tropical

Medicine and Hygiene……..........................................................................33

6. DISCUSSÃO................................................................................................34

7. CONCLUSÃO..............................................................................................42

8. PERSPECTIVAS..........................................................................................44

8.1. Do ponto de vista acadêmico...........................................................44

8.2. Do ponto de vista da Saúde Pública................................................44

9. REFERÊNCIAS...........................................................................................45

10. ANEXO........................................................................................................59

Anexo I - Termo de consentimento Livre e esclarecido..........................59

Anexo II - Perfil Epidemiológico..............................................................60

Anexo III – Carta de aceitação do manuscrito para publicação..............63

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1. INTRODUÇÃO

A Toxoplasmose, uma doença antropozoonótica, é causada pelo

Toxoplasma gondii, um parasito intracelular obrigatório, pertencente ao Filo

Apicomplexa que pode parasitar os mais diversos tecidos de humanos e de

uma gama extensiva de outras espécies vertebradas (Spalding et al., 2005;

Rorman et al., 2006). Tem uma incrível habilidade de multiplicar-se em todas

as células nucleadas do hospedeiro humano ou animal (Pfaff et al., 2005),

podendo acometer uma infinidade de espécies sendo uma das parasitoses

mais freqüentes no homem e talvez nos animais homeotérmicos (Garcia et al.,

1999). É um dos parasitos mais polixênicos conhecidos até o momento. O ciclo

de vida é facultativamente heteroxênico. Os hospedeiros intermediários são

animais de sangue quente e os hospedeiros definitivos são membros da

Família Felidae, por exemplo, os gatos domésticos (Dubey, 1986).

A Toxoplasmose é uma zoonose de ampla distribuição geográfica,

sendo encontrada em todos os continentes e nos mais variados climas

(Sànchez et al., 1989). A variabilidade da freqüência da infecção está ligada a

diversos fatores, tais como: padrões culturais da população, hábitos

alimentares, faixa etária e procedência urbana ou rural (Contreras et al., 1996).

A grande dispersão do parasito pode ser determinada pela possibilidade

deste apresentar vários mecanismos de transmissão: ingestão de cistos

presentes em carnes cruas ou mal cozidas, ingestão de oocistos presentes em

fezes de Felídeos que contaminam alimentos e água, manipulação de terra

contaminada com oocistos, entre outros (Amendoeira, 1995). Estes fatores

podem ser as causas das altas prevalências de anticorpos para Toxoplasma

gondii em grupos humanos com hábitos, costumes e etnias bem diferentes,

sendo dependentes do grau e da freqüência de exposição aos referidos fatores

(Ferraroni & Marzorchi, 1980).

A infecção toxoplásmica ocorre em todo o mundo, sendo que de 70 a

100% dos adultos são considerados infectados. A infecção em humanos

imunocompetentes é assintomática em 80 a 90% dos casos (Frenckel, 2002).

Quando sintomática, é autolimitada e apresenta-se como quadro febril,

linfoadenopatia, hepatoesplenomegalia e eventual rash cutâneo. Em pacientes

imunocomprometidos podem ocorrer encefalite, coriorretinite, pneumonite e

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miocardite. A Toxoplasmose adquirida durante a gestação, por constituir uma

das formas de transmissão do parasito, apresenta especial relevância pelos

danos causados ao desenvolvimento do feto. Em geral, o risco de adquirir

Toxoplasmose durante o período gestacional correlaciona-se a três fatores: a

prevalência na comunidade, o número de contatos com uma fonte de infecção

e o número de mulheres suscetíveis (não imunizadas por infecção prévia) na

comunidade (Santana et al., 2003).

O Toxoplasma gondii pode ocasionar infecção fetal através de

passagem transplacentária, quando a mãe adquire a infecção durante a

gestação ou, menos comumente, quando mulheres cronicamente infectadas

têm um imunocomprometimento importante (Remington et al., 2001). Apesar

de a maioria dos recém-nascidos infectados não apresentar sintomas, todos

poderão desenvolver seqüelas após o nascimento, incluindo a coriorretinite, o

retardo mental e uma moderada perda da audição (McCauley et al., 1994).

A prevalência de soropositividade em gestantes varia conforme regiões

geográficas, características climáticas, fatores culturais e hábitos alimentares.

Uma prevalência maior de soropositividade é um indicador de maior exposição

da população aos fatores determinantes da doença (Kapperud et al., 1997).

As recomendações para a triagem sorológica em gestantes diferem de

um país para outro, porque a relação custo efetividade de cada programa varia

de acordo com a prevalência da infecção pelo Toxoplasma durante a gravidez

(Mittendorf et al., 1999). Como os custos com os métodos diagnósticos e

tratamentos disponíveis são elevados, uma alternativa mais razoável seria a

prevenção primária mediante identificação dos fatores de risco para

Toxoplasmose durante a gestação e fornecimento de orientações por escrito às

gestantes soronegativas na primeira consulta pré-natal (Foulon, 1992).

A importância de se estabelecer o perfil sorológico da mulher em idade

reprodutiva reside na possibilidade de se tomarem medidas terapêuticas para

minimizar a transmissão vertical, na vigência de infecção aguda na gravidez, e

de se fazer seguimento sorológico e orientação higieno-dietética pré-natal

adequada para a paciente suscetível.

A elaboração de fontes de dados epidemiológicos e a determinação de

taxas de prevalência podem ajudar na implementação de estratégias de

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educação pré-natal com a finalidade de prevenir a morbidade associada à

doença (Nóbrega et al., 2005).

São necessárias mais informações para identificar a importância de

hábitos culturais, fatores de risco comportamentais como higiene pessoal,

higiene na cozinha, práticas de manipulação de alimentos, preferências

alimentares e padrão de contato com gatos. Um melhor entendimento da

importância dos fatores de risco é essencial para o desenvolvimento de

estratégias específicas para o controle da doença (Kapperud et al., 1996).

O Conhecimento sobre fatores epidemiológicos e econômicos e uma

análise imunológica cuidadosa podem ser essenciais na determinação de

estratégias de prevenção efetivas e aceitáveis. No Brasil, principalmente nos

Estado do Nordeste, são escassas as informações sobre a epidemiologia da

Toxoplasmose em gestantes. Estudos epidemiológicos permitem traçar o perfil

da Toxoplasmose possibilitando estudos seqüenciais e a formação de fontes

de dados que contribuirão pró-ativamente com os Gestores em saúde pública

para delimitação de estratégias eficientes e eficazes para o controle da doença.

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2.0. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Taxonomia

Reino Protista

Sub- reino Protozoa

Filo Apicomplexa

Classe Sporozoea

Subclasse Coccidiasina

Ordem Eucoccidiorida

Subordem Eimeriina

Família Sarcocystidae

Subfamília Toxoplasmatinae

Gênero Toxoplasma

Espécie Toxoplasma gondii (Nicolle & Manceaux, 1909)

Tabela 1: Taxonomia do Toxoplasma gondii.

(Current et al., 1990)

2.2. O parasito: Toxoplasma gondii

A primeira descrição do T. gondii ocorreu no baço, fígado e sangue de

gondis (Ctenodactylus gondi), uma espécie de roedor do Norte da África, e foi

feita em 1908 por Nicolle e Manceux (revisado em Tenter et al., 2000).

Inicialmente foi denominado de Leishmania gondii devido à sua similaridade

com os protozoários desse gênero, sendo posteriormente seu nome alterado

para Toxoplasma gondii. No ano de 1923 foi descrito o primeiro caso de

Toxoplasmose ocular em humanos pela observação de cistos na retina de

uma criança com Toxoplasmose congênita. No Brasil, em 1928, foi descrito o

primeiro caso da presença deste parasito intracelular na necropsia de um

recém-nascido (revisado em Hinrichsen et al., 2005).

Recentes estudos têm mostrado que as linhagens do T. gondii podem

ser classificadas em três grandes grupos clonais genotipicamente distintos, tipo

I, II ou III (Diana et al., 2004; Villena et al., 2004). Esta classificação está

baseada em um padrão de análise de amplificação de fragmentos por PCR do

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gene SAG2, que codifica antígenos de superfície do parasito (Aspinall et al.,

2003). A possibilidade de o genótipo influenciar a gravidade da doença no

humano é observada nos padrões de virulência observada experimentalmente

em animais. As linhagens de T. gondii tipo I são extremamente virulentas,

produzindo altos níveis de parasitemia, com aumento do risco de transmissão

transplacentária e aumento da morbi-mortalidade em fetos em

desenvolvimento; as linhagens dos tipos II e III levam a cronificação da

infecção e produção de cistos teciduais (Howe & Sibley, 1995).

2.3. O ciclo biológico

O ciclo biológico do T. gondii está bem estabelecido. A reprodução

sexuada e assexuada ocorre no hospedeiro definitivo, que são todos da família

Felidae (p.e. gatos domésticos) (Beneson et al., 1982; Bowie et al., 1997). No

hospedeiro intermediário, o T. gondii passa por duas fases de desenvolvimento

assexuado: Na primeira fase, os taquizoítos se multiplicam rapidamente por

repetidas endodiogenias (o parasito se reproduz por um tipo de brotamento,

processo interno formando duas novas células filhas dentro de cada célula

mãe) (Shaw et al., 1998). Algumas populações de taquizoítos, produzidos após

diversas gerações, associados com uma resposta imune adequada, iniciam a

segunda fase de desenvolvimento do ciclo biológico que resulta na formação

dos cistos teciduais e o estabelecimento da fase crônica da doença (Tenter et

al., 2000). Os taquizoítos são responsáveis pela fase aguda da doença,

enquanto que os bradizoítos permanecem, em quiescência, se dividindo

lentamente por muitos anos dentro dos cistos teciduais (Matrajt et al., 2002).

A fase sexuada se dá no intestino dos hospedeiros definitivos. Quando

os bradizoítos ou os oocistos são ingeridos por um felino, a formação dos

oocistos se dá no epitélio do intestino desses animais, por um processo

denominado de gametogonia (Dubey et al., 1998). A esporogonia ocorre fora

do hospedeiro e leva ao desenvolvimento de oocistos infecciosos que contém

dois esporocistos, cada um contendo quatro esporozoítos (Tenter et al., 2000).

Quando ingeridos pelos hospedeiros intermediários, os oocistos liberam

esporozoítos que invadem o epitélio intestinal e se diferenciam em taquizoítos

que alcançam à circulação e a linfa, podendo se desenvolver em vários tecidos

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do hospedeiro (Hinrichsen et al., 2005). Todo o ciclo evolutivo do T. gondii pode

ser observado de modo esquemático na Figura 1 (Ferguson, 2002).

Figura 1. Ciclo de vida do Toxoplasma gondii. Fonte: Ferguson, 2002.

Quando o parasito está presente nos cistos teciduais,

predominantemente está localizado no sistema nervoso central (SNC) ou na

musculatura. Estes cistos teciduais quando ingeridos podem transmitir a

infecção a outros hospedeiros intermediários ou a um gato (carnivorismo). Se a

fase aguda ocorrer durante a gestação, o parasito pode atravessar a placenta e

infectar o feto (transmissão congênita) (Ferguson, 2002).

Existem três formas infecciosas no ciclo de vida do T. gondii: taquizoítos

e bradizoítos contidos em cistos teciduais, e esporozoítos contidos em oocistos

esporulados. Todos os três estágios são infecciosos para ambos hospedeiros

definitivo e intermediário que podem adquirir a infecção por T. gondii

principalmente por uma dessas rotas: (A) horizontalmente pela ingestão de

oocistos infecciosos do ambiente; (B) horizontalmente pela ingestão oral de

cistos teciduais contidos em carnes cruas ou mal cozidas de hospedeiros

Fase sexuada Hospedeiro definitivo Ambiente externo

Hospedeiros intermediários

Oocistos

Fase crônica

Fase assexuada

Cistos contendo bradizoítos

Fase aguda

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intermediários ou (C) verticalmente pela transmissão transplacentária de

taquizoítos. Então, o T. gondii pode ser transmitido do hospedeiro definitivo ao

intermediário, do intermediário ao definitivo, bem como entre os hospedeiros

definitivos e os intermediários. O ciclo de vida pode continuar indefinidamente

pela transmissão de cistos teciduais entre hospedeiros intermediários (mesmo

na ausência de hospedeiro definitivo) e também pela transmissão de oocistos

entre hospedeiros definitivos (mesmo na ausência de hospedeiros

intermediários) (Tenter et al., 2000).

2.4 Fontes de infecção e Fatores de risco

Um grande número de fatores está diretamente relacionado ao risco de

transmissão da Toxoplasmose. Estes fatores incluem manipulação de carne

crua, mesmo sem consumi-las; exposição ao solo ou areia contaminada com

fezes de gato durante a jardinagem; alimentar-se de vegetais crus ou frutas

não descascadas sem lavagem adequada e contato com fezes de gatos

(Kapperud et al., 1996). A transmissão ocorre através da ingestão de oocistos

esporulados, ingestão de carnes contendo cistos, especialmente de suínos e

ovinos e contato com taquizoítos livres ou congenitamente por via placentária

(Figueiredo et al., 2001). A transmissão de T. gondii também pode acontecer

por transfusões de sangue e transplantes de órgão; a presença de cistos

teciduais em órgãos transplantados provavelmente é a fonte de infecção

(Spalding et al., 2005).

Embora estas formas de transmissão sejam biologicamente plausíveis,

estudos epidemiológicos e parasitológicos apoiando sua importância são

escassos. São necessárias mais informações para identificar a importância de

hábitos culturais e fatores de risco comportamentais como higiene pessoal,

higiene na cozinha, práticas de manipulação de alimentos, preferências

alimentares, padrão de contato com gatos, pois um melhor entendimento da

importância dos fatores de risco é essencial para o desenvolvimento de

estratégias específicas para o controle da doença (Kapperud et al., 1996).

Embora seja possível que o ciclo do T. gondii possa ser perpetuado na

ausência de felinos, parece que esses animais são de importância primária na

transmissão da Toxoplasmose na maioria das regiões do mundo. Ainda que o

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gato se constitua no único hospedeiro urbano completo, Felídeos silvestres

também são capazes de eliminar formas infectantes do protozoário (oocistos)

através das fezes, mantendo o ciclo epidemiológico em áreas não urbanizadas

(Bonametti et al., 1997).

Os oocistos também podem ser encontrados em ostras de água do mar

experimentalmente contaminadas. Assim, moluscos podem agir como uma

fonte potencial de infecção devido ao consumo deles por humanos ou

mamíferos marinhos (Dumètre & Dardè, 2003).

Os oocistos podem ser dispersos mecanicamente por artrópodas como

moscas, baratas e besouros de esterco. Os oocistos podem se espalhar pelo

ambiente e contaminar água, solo, frutas, vegetais podendo infectar humanos e

animais (Coutinho et al., 1982). Outra fonte de infecção é o contato direto com

animais como cães, gatos e outros animais que podem carrear oocistos em

seus pêlos (Spalding et al., 2005).

O T. gondii é capaz de causar severa doença em animais de produção,

tais como caprinos, ovinos e suínos causando danos consideráveis,

principalmente perdas reprodutivas, como abortamentos e elevada mortalidade

de recém-nascido (Oliveira et al., 2001; Mainardi et al., 2003; Silva & Rue,

2006). Cabras infectadas por T. gondii representam uma importante fonte de

infecção para humanos devido à ingestão de carne e leite de animais

infectados. Nesses animais, os cistos teciduais podem se formar em diversos

órgãos e tecidos, como o cérebro, coração e músculos e podem servir como

fonte de infecção para hospedeiros intermediários e definitivos que sejam

carnívoros (Switaj et al., 2005). Em inquérito sorológico no Egito, 43% dos

criadores de caprinos possuíram sorologia positiva para Toxoplasmose

(Shaapan et al., 2008).

Caçadores e açougueiros podem se infectar com bradizoítos durante o

processamento do alimento. A ingestão de lingüiça caseira é provavelmente

responsável pela alta prevalência da Toxoplasmose em algumas regiões

(Saavedra & Ortega, 2004). Hábitos de consumir carne crua ou mal cozida,

bem como viver em regiões com pouco saneamento estão associados com

altas taxas de infecção. Vegetais e água contaminados com oocisto são

também uma importante fonte de transmissão. Estas fontes são possivelmente

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as responsáveis pela infecção em herbívoros e vegetarianos (Spalding et al.,

2005).

Para prevenir a disseminação da infecção por T. gondii em seres

humanos, medidas simples e de baixo custo deveriam ser recomendadas a

população, por exemplo: as mãos das pessoas que manipulam alimentos

devem ser lavadas com sabão e água antes deles começarem outras tarefas.

Bases de pia, facas e outros materiais que entram contato com carne crua

devem ser lavados para evitar contaminação cruzada (Hill & Dubey, 2002).

2.5. Epidemiologia da Toxoplasmose

A Toxoplasmose é uma zoonose de distribuição cosmopolita, altamente

disseminada, com taxas de prevalências variáveis nas diversas partes do globo

(Dubey & Beattie, 1988), e estima-se que afete mais de um bilhão de indivíduos

em todo o mundo (Switaj et al., 2005). Estudos epidemiológicos indicam que

20% a 90% da população mundial, em certas áreas, já entraram em contato

com o parasito (Galván-Ramirez et al., 1998). Afeta cerca de 60% da

população Européia, 70% da população das Américas e 75% das populações

africanas e asiáticas (Camargo et al., 1977). Mesmo tendo uma elevada

prevalência na população em geral, a Toxoplasmose é mais prevalente na

América do Sul e Central do que nas populações humanas da América do

Norte (Frenkel et al., 1995).

As diferentes taxas de infecção em humanos, verificadas em diversos

países, estão relacionadas a fatores que envolvem localizações geográficas,

aspectos climáticos, condições ambientais, hábitos culturais, sendo os hábitos

alimentares e de higiene, os elos fundamentais e de grande importância na

epidemiologia da Toxoplasmose humana (Contreras et al., 1996).

No Brasil, estatísticas oficiais do Ministério da Saúde afirmam que a

Toxoplasmose é responsável por 90 óbitos anuais. Entretanto, há uma falta de

dados de morbidade provocada por essa zoonose (Nóbrega & Karnikowski,

2005).

O impacto econômico anual da Toxoplasmose nos Estados Unidos

(EUA) é estimado em 7,7 bilhões de dólares. Das 750 mortes causadas

anualmente pela Toxoplasmose nos EUA, 375 podem ter sido causadas pelo

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consumo de alimentos crus ou carne mal cozida. Isso faz com que a

Toxoplasmose seja a terceira maior causa de morte causada por alimentos

nesse país (Jones et al., 2001). O custo anual das perdas com cuidados

médicos, perda em produtividade e custos com educação especial para a

Toxoplasmose congênita nos Estados Unidos no ano de 1993 foi de 5,3 bilhões

de dólares (Roberts et al., 1994). É um sério problema de Saúde Pública em

vários países e seu diagnóstico é crucial para programas de assistência a

gestantes (Spalding et al., 2005).

2.6. Toxoplasmose Pós-natal

A evolução clínica da Toxoplasmose adquirida em pacientes

imunocompetentes é habitualmente benigna e a infecção é, na maioria das

vezes, assintomática (McCabe & Remington, 1988). Os sinais e sintomas mais

comuns são a linfadenite e a febre, acompanhadas por astenia, mialgia,

eventualmente rash cutâneo (Frenckel, 2002). Em casos raros pode ocorrer

acometimento neurológico secundário a esta infecção e, geralmente, se

expressa por encefalite ou meningoengefalite, com sintomas inespecíficos e

sem manifestações neurológicas focais. O início pode ser marcado por

cefaléia, sonolência e mudança de comportamento, com duração variável de

dias ou semanas, seguidos por coma, convulsões, paralisias oculares e

transtornos psíquicos. Tais manifestações em pacientes imunocompetentes

dificilmente levam a suspeita diagnóstica de Toxoplasmose no Sistema

Nervoso Central, o que retarda o diagnóstico e o início do tratamento e, como

conseqüência, piora o prognóstico (Silva et al., 2001).

As manifestações clínicas e a severidade da infecção são afetadas por

fatores como a interação entre o parasito e o hospedeiro e inclui a virulência da

linhagem do parasito, tamanho do inóculo, rota da infecção, competência da

resposta imune do hospedeiro (celular e humoral), integridade das mucosas do

hospedeiro, idade do hospedeiro e predisposição genética (Rorman et al.,

2006).

O T. gondii é também um importante patógeno oportunista de

hospedeiros imunocomprometidos (Luft & Remington, 1992; Pradhan et al.,

2007). A resposta imune específica ativada durante a infecção em um indivíduo

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imunocomprometido resulta na parcial eliminação do parasito. Ele permanece

no corpo, no SNC em particular, encistado em forma de bradizoítos resultando

em uma infecção crônica assintomática (Alfonzo et al., 2002). A infecção

latente que pode reagudizar em pessoas imunossuprimidas inclui aquelas com

a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA/AIDS), com câncer

imunossupressor e receptores de transplantes que fazem uso de drogas

imunossupressoras (Dzitko et al., 2006). A Toxoplasmose parece como uma

das dez mais freqüentes infecções oportunísticas em pacientes com

SIDA/AIDS (Weiss & Kim, 2004).

O T. gondii é o agente etiológico mais freqüente nas uveítes de

localização posterior na população humana no Brasil (Glasner et al., 1992).

Estudos realizados no Brasil têm revelado a alta freqüência da ocorrência de

lesões fundoscópicas de origem toxoplásmica (Giraldi et al., 2002). Desde

1950, a infecção por T. gondii tem sido reconhecida como uma importante

causa de retinocoroidite. Na maioria das vezes a Toxoplasmose ocular tem

sido associada à infecção pré-natal que se manifesta na vida adulta (Ho-Yen,

1992)

A região Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, colonizada por

descendentes de imigrantes europeus, principalmente italianos, alemães e

poloneses, apresenta estrutura econômica associada à agropecuária, com a

cadeia produtiva ligada ao processamento de suínos. A região apresenta a

maior ocorrência mundial de Toxoplasmose ocular, atribuída à forma de

retinocoroidite Toxoplásmica adquirida, com a prevalência de 17,7% na

população rural de Erechim (Silveira et al., 1988; Glasner et al., 1992).

2.7. Toxoplasmose Congênita

A transmissão placentária foi a primeira forma conhecida de transmissão

do Toxoplasma gondii. O feto é infectado usualmente por taquizoítas que

cruzam a placenta a partir da circulação materna durante a infecção primária,

mas cistos teciduais dormentes de infecção passada podem reiniciar o ciclo de

vida do parasito em gestantes imunodeprimidas e, em casos raros, em

gestantes imunocompetentes (Trees & Williams, 2005). A maioria dos casos

em gestantes é assintomática ou oligossintomática (Spalding et al., 2005).

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O parasito atinge o concepto por via transplacentária causando danos de

diferentes graus de gravidade, dependendo da virulência da cepa do parasito,

da capacidade da resposta imune da mãe e do período gestacional em que a

mulher se encontra. Quando a infecção materna ocorre no primeiro trimestre da

gestação, a ocorrência de transmissão vertical é menor que no terceiro

trimestre, contudo a gravidade da doença no neonato é maior (Kasper, 2002).

A taxa de transmissão da infecção ao feto durante a primoinfecção materna é

de 25, 54 e 65% no primeiro, segundo e terceiro trimestres, respectivamente

(Freij & Sever, 1991). Ocorrendo no último trimestre da gestação, o que

acontece em 59 a 65% dos casos, a criança pode nascer normal ou com

manifestações de menor monta (Leão et al., 2004). Aproximadamente 15% das

infecções fetais resultam em morte intra-uterina, e dos 85% nascidos, 80%

desenvolvem lesões oculares ou desordens cerebrais tardias na vida (Koppe et

al., 1986).

O espectro clínico da infecção congênita pelo T. gondii varia de

alterações aparentes ao nascimento com morbi-mortalidade perinatal elevada

(microcefalia, crescimento intra-uterino retardado, hidrocefalia, calcificações

intracranianas, estrabismo e convulsões) (Freeman et al., 2005) a uma infecção

subclínica com possibilidade de risco para o desenvolvimento de coriorretinite

e/ou complicações tardias na vida futura (hidrocefalia) (McAuley et al., 1994).

Classicamente, Sabin, em 1942, descreveu uma tétrade de sinais

clínicos na Toxoplasmose congênita, que são: microcefalia ou anencefalia,

calcificações cerebrais, convulsões e coriorretinite que, geralmente,

compromete a mácula dos dois olhos.

O risco de adquirir Toxoplasmose durante o período gestacional

correlaciona-se a três fatores: a prevalência na comunidade, o número de

contatos com uma fonte de infecção e o número de mulheres suscetíveis (não

imunizadas por infecção prévia) na comunidade (Leão et al., 2004).

A prevenção da Toxoplasmose congênita e de suas seqüelas pode ser

obtida por meio da combinação das seguintes estratégias: (i) educação das

gestantes não imunes ou susceptíveis sobre comportamentos preventivos, (ii)

tratamento das gestantes com infecção aguda, (iii) tratamento dos fetos

infectados e (iv) tratamento dos recém-nascidos infectados, mesmo que

assintomáticos (Reis et al., 2006).

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A prevenção da Toxoplasmose congênita é de fundamental importância

para um melhor controle da infecção evitando as graves seqüelas que podem

ocorrer no feto e no recém-nascido. O conhecimento da prevalência em

gestantes das principais doenças infecciosas que podem ser transmitidas

verticalmente (congênitas ou perinatais) tem grande importância na formulação

de políticas de saúde materno-infantil.

As recomendações para a triagem sorológica em gestantes diferem de

um país para outro, porque a relação custo/efetividade de cada programa varia

de acordo com a prevalência da Toxoplasmose durante a gravidez. As

recomendações são de que gestantes não imunes se submetam a testes de

rotina mensalmente, ou a cada trimestre, para detectar a soroconversão. Como

os custos com os métodos diagnósticos e tratamentos disponíveis são

elevados, uma alternativa mais razoável seria a prevenção primária mediante

identificação dos fatores de risco para Toxoplasmose durante a gestação e

fornecimento de orientações por escrito às gestantes soronegativas na primeira

consulta pré-natal (Kapperud et al., 1997).

2.8. Diagnóstico da Toxoplasmose

O diagnóstico clínico da Toxoplasmose torna-se difícil por ser um

processo sistêmico, com sintomas e sinais clínicos genéricos o que leva a

confusão com outras afecções de etiologias diversas, necessitando de técnicas

laboratoriais para a sua confirmação (Uchoa et al., 1999). Com a introdução de

diagnóstico sensível e precoce para a avaliação de gestantes, é possível iniciar

terapêutica específica que previne a transmissão desta protozoose ao feto ou

que minimiza o desenvolvimento das lesões no feto (Spalding et al., 2002;

Castilho - Pelosa et al., 2005).

O diagnóstico parasitológico não é facilmente realizado por necessitar de

laboratórios e técnicos especializados, apresentar demora na obtenção dos

resultados (por necessitar de isolamento do parasito) e em alguns casos

apresentar metodologias baseadas na biologia molecular de custo elevado

(Uchoa et al., 1999). A demonstração direta do parasito em cultura de tecidos

ou pela inoculação em cobaias dá evidência direta da infecção, mas consome

muito tempo para isso. Enquanto isso, a Reação em Cadeia da Polimerase tem

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um potencial de prover rapidamente os resultados com alta sensibilidade e

especificidade (sensibilidade de 92% a 97,4% e especificidade de 100%)

(Kupfershmidt et al., 2001). A amplificação da fração do gene que codifica a P-

35 por PCR tem sido usada com sucesso no diagnóstico da infecção congênita

(Sensini et al., 2006). O isolamento do protozoário, a histologia e a

histoquímica da placenta são também de grande valor para o diagnóstico

(Spalding et al., 2002; Vidigal et al., 2002).

Existem inúmeras técnicas sorológicas para a detecção de anticorpos

anti-T. gondii. Estes incluem o teste de Sabin-Feldman, o teste de

Hemaglutinação indireta, a Imunofluorescência Indireta, Testes de aglutinação

direta, Teste com aglutinação no látex, Immunosorbent Agglutination Assay

(ISAGA), Ensaio Imunoenzimático (ELISA), Microparticle Enzyme

Immunoassay (MEIA) e Enzyme Linked Fluorescent Imuno-Assays (ELFA) (Hill

& Dubey, 2002).

O primeiro teste disponível para detectar anticorpos específicos anti-T.

gondii foi a reação de Sabin-Feldman. Cinqüenta anos depois da sua

descrição, ainda é considerado um teste de referência com taxas altas de

sensibilidade e especificidade. Entretanto, a sua utilização tem sido restrita pelo

uso obrigatório do T. gondii vivo, o que traz graves problemas de

biossegurança (Kompalic-Cristo et al., 2005; Nakajima-Nakano et al., 2000).

Os Ensaios Imunoenzimáticos (ELISA e ELFA) são os testes

laboratoriais mais comuns. Estão disponíveis em Kits comerciais, são de rápida

execução, baixo custo e não há comprovação de que sofram interferência de

fatores inespecíficos como o Fator Reumatóide e anticorpos antinuclear; o

Imunossorbent Agglutination Assay test (ISAGA) é caro, não é automatizado e

requer certa perícia. A Imunofluorescência indireta (IFI) tem uma interpretação

subjetiva, requer muito tempo para execução e também pode sofrer influência

do Fator Reumatóide e anticorpos antinuclear (Wilson et al., 2003; Remington

et al., 1985). No Ensaio Imunoenzimático de Micropartículas, a área da

superfície das micropartículas aumenta a cinética do ensaio e diminui seu

tempo de incubação, tendo a vantagem de poder diferenciar anticorpos de alta

e baixa avidez, o que confere a capacidade de diferenciar a fase crônica da

fase aguda (Abbott AxSym® System, 1996).

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Atualmente, os métodos sorológicos mais utilizados para o diagnóstico

da Toxoplasmose consistem na pesquisa de anticorpos das classes IgM e IgG,

a fim de que se possa estabelecer a fase da infecção, embora já esteja sendo

usada a detecção de IgA como indicador de fase aguda (Uchoa et al., 1999).

Como os níveis de IgM podem manter-se detectáveis por até 18 meses após a

infecção, outros métodos devem ser utilizados para a diferenciação da infecção

aguda da crônica, como o teste da avidez dos anticorpos IgG, demonstrando

baixa avidez (< 30%) para os casos cuja infecção ocorreu nas últimas 12

semanas e alta avidez (> 60%) para aqueles ocorridos a mais de 12 semanas

(Figueiró-Filho et al., 2005). A avidez de IgG é baseada no aumento da

afinidade dos anticorpos IgG anti-Toxoplasma e os antígenos do parasito ao

longo do tempo. A dissociação do complexo antígeno-anticorpo reflete a baixa

avidez dos anticorpos da infecção primária (Montoya et al., 2002).

Um indivíduo é considerado susceptível a infecção quando anticorpos

específicos não são detectáveis na amostra de soro. Os anticorpos IgM são

marcadores característicos da infecção aguda. Ele aparece no início da

infecção e persiste por períodos variáveis, mas sua detecção depende da

sensibilidade do teste. Detecção do IgG sem IgM define a sorologia clássica da

infecção pregressa. Uma gestante que demonstra sorologia para infecção

crônica ou latente não é considerada com o risco de a criança nascer com

infecção congênita (Leser et al., 2003; Sensini, 2006).

A fim de providenciar tratamento apropriado para todas as crianças com

risco de embriopatia pelo Toxoplasma, o diagnóstico definitivo da infecção

congênita é obrigatório e deve ser prontamente realizado (Castro et al., 2001)

Os testes para detectar a infecção fetal são caros e invasivos. Mesmo com o

uso de métodos sofisticados, alguns casos de Toxoplasmose congênita não

são diagnosticados precocemente, o que reforça a necessidade do seguimento

cuidadoso dos recém-nascidos de risco (Reis et al., 2006).

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3.0. OBJETIVOS

3.1. OBJETIVO GERAL

Realizar estudo epidemiológico da infecção por Toxoplasma gondii em

gestantes atendidas pelo Serviço Público de Saúde (Maternidade Escola

Januário Cicco) no município de Natal / RN, e determinar a prevalência da

infecção Toxoplásmica congênita em crianças atendidas no Hospital de

Pediatria Prof. Heriberto Bezerra.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Determinar a soroprevalência da infecção aguda e/ou crônica por T. gondii

em gestantes atendidas no Ambulatório da Maternidade Escola Januário Cicco;

• Definição do perfil epidemiológico e os fatores de risco aos quais as

gestantes infectadas por T.gondii estão submetidas;

• Determinar os agravos mais freqüentes provocados pela infecção

Toxoplásmica congênita em crianças até 12 anos atendidas no Hospital de

Pediatria Prof. Heriberto Bezerra.

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4.0. METODOLOGIA

4.1. Cálculo amostral

Para se calcular o tamanho da amostra a ser pesquisada utilizou-se a

fórmula a seguir,

(δ.p)2 = (p.q / n) . Z , Onde:

n é o tamanho da amostra;

δ= erro padrão;

p = probabilidade de o evento ocorrer;

q = probabilidade do evento não ocorrer;

Z= valor tabelado da distribuição Normal (1,96 para o IC= 95%) (Carvalho,

2001).

Utilizando um intervalo de confiança de 95%, admitindo um erro de 10% e a

média de prevalência de Toxoplasmose de 60% (baseado na maioria dos

estudos sorológicos), obtém-se que o tamanho mínimo da amostra necessária

para esse estudo é de 131 amostras.

4.2. População em estudo

Foi realizado um estudo seccional e a população em estudo compreendeu

190 mulheres grávidas escolhidas ao acaso, atendidas no setor de pré-natal da

Maternidade Escola Januário Cicco, uma unidade de saúde para atendimento

de gestantes de alto risco, na cidade de Natal, Estado do Rio Grande do Norte,

no período de Março a Dezembro de 2007.

4.3. Coleta de amostra e Epidemiologia

As voluntárias assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido de

acordo com a Resolução nº 196, de 10 de outubro de 1996, do Conselho

Nacional de Saúde do Ministério de Saúde - Brasília – DF, para participação

em um projeto de pesquisa (Anexo I).

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As 190 gestantes foram submetidas a um questionário, no qual foram

abordados os fatores de risco para transmissão da Toxoplasmose bem como

questões importantes para que se trace o perfil epidemiológico da

Toxoplasmose nessas mulheres, com e sem a infecção, a saber: história prévia

de aborto, idade, conhecimento a respeito da doença, grau de escolaridade,

renda familiar, deficiência em saneamento básico na residência (água e esgoto

tratado, coleta de lixo), presença de animais hospedeiros do parasito na casa

(cães e gatos), contato com veículos de transmissão de oocistos de T. gondii

(moscas, baratas, ratos), consumo de alimentos potencialmente contaminados

(crua ou pouco cozidas, vegetais sem uma lavagem adequada e leite de cabra

não pasteurizado), hábitos de jardinagem sem proteção nas mãos, hábitos de

higiene entre outros fatores pesquisados (Anexo II) (Jones et al., 2001;

Gonçalves et al., 2006).

Foram realizadas coletas de sangue por punção venosa com prévia anti-

sepsia do local com álcool a 70º GL. As amostras de sangue foram colocadas

em tubo a vácuo sem anticoagulante, utilizando seringa e agulhas

descartáveis. O sangue foi centrifugado a 300 x g durante 5 minutos para

obtenção do soro, que em seguida era transferido para recipientes estéreis e

armazenado a -20º C até o processamento.

4.4. Sorologia

Os testes sorológicos para detecção da Toxoplasmose foram realizados

utilizando a metodologia do Ensaio Imunoenzimático de micropartículas

(Microparticle enzyme imune Assay - MEIA) (Abbott Axsym System – Abbott

Laboratories, Abbott Park, IL, USA). Essa tecnologia usa uma suspensão de

micropartículas de látex (medindo alguns micrômetros) para medir a

concentração da substância a ser analisada. As partículas são revestidas com

uma substância específica (antígenos) para a substância a ser medida

(anticorpo anti-Toxoplasma). A área da superfície de micropartículas aumenta a

cinética do ensaio e diminui seu tempo de incubação. Isto permite aos ensaios

MEIA se realizar em menor tempo do que outros imunoensaios. A amostra e

todos os reagentes necessários são pipetados pelo tubo de amostragem dentro

de vários poços da célula de reação (reaction vessel – RV) no amostrador. A

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célula de reação (reaction vessel - RV) é imediatamente transferida para o

processador. São executadas pipetagens adicionais no processador pelo tubo

de processamento. A reação ocorre na seguinte seqüência:

Amostrador:

Etapa 1: O tubo de amostragem dilui a amostra (100 - 200μL) em

solução 4 (diluente de linha – Tampão fosfato 0,1 M) e dispensa uma

alíquota da amostra diluída e micropartículas revestidas com antígeno

de T. gondii a um poço de incubação da célula de reação (reaction

vessel – RV);

Etapa 2: O anticorpo anti-T. gondii liga-se às micropartículas recobertas

com antígeno do T. gondii formando um complexo antígeno-anticorpo.

Processador:

Etapa 3: O diluente do ensaio é adicionado à mistura de reação e uma

alíquota do complexo antígeno-anticorpo é transferida à matriz de fibra

de vidro (matrix cell). Aquelas micropartículas nas quais houve reação

antígeno-anticorpo ligam-se de maneira irreversível à matriz de fibra de

vidro (matrix cell);

Etapa 4: A matriz de fibra de vidro é lavada com Tampão neutralizante

RF (Fator reumatóide) para remover os anticorpos de interferência RF

(se presentes) do complexo antígeno-anticorpo. O complexo imune fica

retido pelas fibras de vidro enquanto substâncias não específicas

passam rapidamente pelos poros da matriz;

Etapa 5: O conjugado de anticorpo anti-Toxoplasma humano ligado a

fosfatase alcalina é dispensada sobre a matriz de fibra de vidro (matrix

cell) e liga-se ao complexo antígeno-anticorpo;

Etapa 6: A matriz de fibra de vidro é lavada para remoção do material

não ligado (Sol. de cloreto de sódio 0,3 M em tampão Tris 0,05 M);

Etapa 7: O substrato, Fosfato de 4-Metil-umbeliferil fosfato (MUP), é

adicionado à matriz de fibra de vidro (Sol. 4-Metil-umbeliferil fosfato 1,2

μM). A fosfatase alcalina catalisa a hidrólise do MUP a Metil-umbeliferil

(fluorescente). A quantidade de Metilumbeliferil fluorescente na matriz é

proporcional à concentração da substância na amostra analisada sendo

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determinado pelo sistema óptico MEIA. Esse processo pode ser

observado no esquema a seguir:

Esquema do Processo:

Etapas 1 e 2: Formação do imunocomplexo; lavagem do material que não reagiu.

Etapas 3 e 4: Ligação do imunocomplexo à Matriz de fibra de vidro e lavagem do material que não reagiu.

Etapas 5 e 6: Ligação do imunocomplexo ao anti-anticorpo ligado à fosfatase alcalina e lavagem do material que não reagiu.

Etapa 7: Hidrólise do substrato MUP pela fosfatase alcalina;liberação de MU fluorescente.

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Esquema 1: Etapas do processo do Ensaio Imunoenzimático de

Micropartículas.

Interpretação dos Resultados:

• Amostras com valores inferiores ou iguais a 0,499 UI/mL são

consideradas não reativas para anticorpos IgM para o T. gondii, pelos

critérios da AxSYM System; amostras com valores na faixa entre 0,500 a

0,599 são consideradas duvidosas (zona cinza) e uma nova amostra

deve ser coletada; amostras com valores iguais ou superiores a 0,600

são consideradas reativas para anticorpos IgM anti-Toxoplasma;

• Resultados de títulos de anticorpos anti-Toxoplasma AxSYM Toxo G

inferiores a 2 UI/ mL são negativas para anticorpo IgG para o T. gondii.

Resultados superiores ou iguais a 3 UI/ mL são positivos para anticorpo

IgG para T. gondii e indicam infecção aguda ou passada. Resultados

iguais ou superiores a 2 UI/ mL e inferiores a 3 UI/ mL são considerados

duvidosos (zona cinza) (Abbott AxSYM System, instruções de uso,

2005).

Foram quantificados os títulos de IgM e a avidez de IgG para determinar

a fase da infecção. As amostras foram divididas em três grupos: suscetíveis

(IgM e IgG não reagentes), com infecção aguda (IgM reagente e IgG reagente)

e com infecção crônica (IgM não reagente e IgG reagente); Esses resultados

foram correlacionados com a exposição aos diversos fatores de risco aos quais

as gestantes estavam expostas.

4.5. Pesquisa em prontuários médicos

Realização de Busca ativa em fichas da Comissão de Controle da

Infecção Hospitalar (CCIH) do Hospital de Pediatria Profº Heriberto Bezerra

(HPPHB) dos agravos causados pela infecção congênita e/ou pós-natal por

Toxoplasma gondii em crianças até 12 anos de idade. Essas fichas

compreenderam os anos de 2000 a 2006.

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4.6. Análise estatística

Para correlacionar os dados do resultado dos testes com os fatores de

risco foram utilizados os testes estatísticos Qui-quadrado (X 2) e Odds ratio

(OR), ambos com intervalo de confiança de 95% e valor de p≤ 0,05 (Margoto,

2002).

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5. RESULTADOS

5.1. Determinação da prevalência da infecção por Toxoplasma gondii em

gestantes atendidas na Maternidade escola Januário Cicco.

Dos 190 soros das gestantes analisadas, 126 (66,3%) foram reagentes

somente para IgG anti-Toxoplasma de alta avidez; 67 (33,1%) são susceptíveis

a infecção, ou seja, não são reagentes nem para IgM nem para IgG anti-

Toxoplasma; 01 (0,52%) encontrava-se na fase aguda da infecção,

apresentando sorologia reagente para IgM e IgG anti-Toxoplasma. A figura

2representa a distribuição do número de gestantes em relação a sorologia anti-

T. gondii.

Figura 2: Distribuição das 190 gestantes de acordo com o resultado da

sorologia anti-T. gondii, diferenciando as fases infecção.

A técnica sorológica utilizando micropartículas diferencia as fases da

infecção toxoplásmica através da detecção do grau de avidez dos anticorpos,

diferenciando os anticorpos de fase aguda (baixa avidez) dos de fase crônica

(alta avidez). Os anticorpos IgG de alta avidez são diferenciados dos IgG de

negativo

Fase crônica

Fase aguda

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baixa avidez, bem como dos não específicos ao Toxoplasma gondii, e são

titulados em unidades internacionais por mililitro de sangue (UI/mL). Portanto,

os anticorpos IgG anti-T. gondii detectados por esta técnica são anticorpos de

alta avidez. Para uma melhor consolidação e compreensão dos dados, as 126

amostras que tiveram reação positiva para IgG anti-T. gondii de alta avidez

foram agrupadas em faixas de títulos (ver Figura 3).

Das 126 mulheres somente com sorologia positiva para IgG anti-

Toxoplasma gondii, 20 estavam na faixa sorológica de 15,1 a 20 UI/ mL de IgG

anti-T. gondii, sendo esta a de maior representatividade. Dessas 126, 69,9%

possuem sorologia até 30 UI/ mL de IgG anti-T.gondii. A figura 3 representa a

distribuição das amostras de acordo com os títulos sorológicos de IgG anti-T.

gondii de alta avidez como marcador para a infecção toxoplásmica, sendo

esses agrupados em intervalos de ≥ 5 UI/ mL.

Figura 3: Distribuição das amostras de acordo com os títulos sorológicos de

IgG anti-T. gondii de alta avidez como marcador para a infecção toxoplásmica.

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5.2. Características populacionais da amostra estudada

Das 190 mulheres gestantes analisadas para presença de anticorpos

anti-T. gondii, 42 (22,1%) eram de outros municípios do Estado do Rio Grande

do Norte, já que a Unidade de Saúde Maternidade Escola Januário Cicco é

uma unidade de referência no Estado para gestantes de alto risco; Das

gestantes que eram procedentes do município de Natal, 49 (25,8%) eram

procedentes do Distrito sanitário Norte; 10 (5,2%) eram do Distrito sanitário Sul;

48 (25,2%) do Distrito sanitário Leste e 40 (21%) do Distrito sanitário Oeste.

Desses distritos, a maior proporção de mulheres com soros reagentes foi

observada no Distrito sanitário Leste, onde 36 (75% da amostra desse distrito e

28,6% do total de amostras reagentes para IgG anti-T. gondii) tiveram sorologia

IgG anti-T. gondii positiva.

O teste de significância do Qui-quadrado utilizado na análise mostrou

que a proporção de mulheres sororeagentes para o anti-T. gondii entre os

Distritos sanitários de Natal não variou significativamente (p=0,44). A figura 4

mostra a composição da amostra de diferentes Distritos sanitários de Natal,

bem como de outros municípios do Estado do Rio grande do Norte.

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Figura 4: Composição da amostra nos diferentes Distritos sanitários

analisados em relação a sorologia anti-T. gondii. OM: outros municípios.

Observa-se que o maior nº de gestantes com sorologia positiva anti-T.

gondii concentrou-se na faixa etária dos 26 - 30 anos (n = 33). A maior

proporção da amostra entre soros reagentes e não reagentes está na faixa de

31 a 35 anos, dos quais 77,4% foram reagentes para IgG anti-T. gondii,

embora a maior amostra esteja na faixa de 20 a 25 anos (n=50) o que

representa 26,3% do total das amostras; gestantes com menos de 15 anos

representou 1,57%; de 15 a19 anos representou 10%; de 31 a 35 foi de 16,3%;

de 36 a 40 foi de 12,1% e acima dos 40 representou 3,7% da amostra total.

O teste de significância do Qui-quadrado utilizado na análise mostrou que a

proporção de mulheres sororeagentes anti-T. gondii entre as diversas faixas

etárias não variou significativamente (p= 0,17). Embora não tenha havido

diferença significativa em relação a faixa etária, as faixas dos 26 aos 30 anos e

de 31 aos 35 anos não mostraram homogeneidade em relação ao número de

mulheres sororeagentes e não sororeagentes.

A figura 5 representa a distribuição por faixa etária e resultado da

sorologia dos 190 soros analisados.

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Figura 5: Distribuição etária das 190 gestantes analisadas de acordo com o

resultado da sorologia anti-T. gondii.

A maior proporção de mulheres com sorologia positiva anti-T. gondii

tinham como escolaridade o segundo grau incompleto, ou seja, 26,3 % das

gestantes com sorologia positiva tinham apenas 5 - 7 anos de escolaridade.

O teste de significância do Qui-quadrado, utilizado na análise mostrou

que a proporção de mulheres sororeagentes anti-T. gondii em relação ao grau

de escolaridade variou significativamente (p< 0,001), sendo a faixa do 1º grau

completo a que mais contribuiu para esta diferença. A figura 6 representa a

distribuição das gestantes por grau de escolaridade.

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Figura 6: Distribuição das gestantes analisadas de acordo com a sorologia anti-

T. gondii e o grau de escolaridade.

A figura 7 mostra a distribuição do nº de gestantes a respeito do

conhecimento sobre a Toxoplasmose e suas complicações. Observa-se que

131 (68,9%) das gestantes analisadas não tinham conhecimento sobre a

doença. Dessas que desconheciam, 94 (49,5% de todas as gestantes

analisadas) tiveram sorologia positiva anti-T. gondii.

O teste de significância do Qui-quadrado, utilizado na análise mostrou

que a proporção de mulheres sororeagentes anti-T. gondii em relação ao

conhecimento a respeito da doença variou significativamente (p< 0,05).

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Figura 7: Distribuição das amostras em relação a sorologia e sobre o

conhecimento da doença.

A figura 8 representa a distribuição da amostra em relação a sorologia

anti-T. gondii e a renda mensal familiar, tendo como base o salário mínimo de

R$ 420,00.

Figura 8: Distribuição das amostras em relação a sorologia e a renda mensal.

no . de

mul

here

s

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Das 190 mulheres analisadas, 104 (54,7%) possuem renda familiar de

até um salário mínimo ao mês. Das 126 gestantes com sorologia anti-T. gondii

positiva, 77 (40,5%) possuem esse ganho mensal.

O teste de significância do Qui-quadrado, utilizado na análise mostrou

que a proporção de mulheres sororeagentes anti-T. gondii em relação a renda

mensal variou significativamente (p< 0,05), sendo a faixa que recebe até um

(01) salário mínimo a que mais contribuiu para esta diferença.

Outras características populacionais analisadas não variaram com

significância utilizando o índice de confiança de 95% e o valor de p<0,05 na

análise univariada, a saber: idade gestacional, número de gestações,

realização prévia de abortos, filhos com complicações neurológicas e/ou

oculares.

5.3. Características epidemiológicas das amostras avaliadas para

anticorpos anti-T. gondii.

No presente trabalho foram pesquisados 18 fatores associados ao risco

da contaminação com o parasito Toxoplasma gondii. Na análise univariada

com cálculo do Odds Ratio, utilizando um índice de confiança de 95% e o valor

de p<0,05, obteve-se as seguintes variáveis que não foram estatisticamente

significativas em relação a existência da infecção: lavagem das mãos após ir

ao banheiro, trabalhos de jardinagem, consumo de alimentos procedentes de

feiras livres e mercados públicos, presença de vetores como moscas, baratas,

e ratos na residência, possuir saneamento básico na residência, animais que

colocam dejetos no jardim ou quintal da residência, alimenta-se carnes mal

passada ou mal cozidas (todos os tipos de carnes), freqüenta fazendas, usa

luvas ou sacos plástico nas mãos ao fazer trabalhos manuais no jardim, lava as

mãos antes de preparar os alimentos, alimenta-se de frutas e vegetais,

alimenta-se em restaurantes, lavagem de alimentos somente em água

corrente, bebe leite de cabra não pasteurizado, corta os vegetais com a mesma

faca que corta a carne crua. A tabela 2 mostra essas variáveis com os

respectivos resultados das análises estatísticas.

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Tabela 2: Fatores de risco não-associados com a infecção Toxoplásmica, Natal,

Brasil 2007.

Fatores Nº de infectadas submetidas ao

fator (%)

Nº de controles

submetido ao fator (%)

ORa (95% CI) p value

Lavagem das mãos após ir ao banheiro

111/127 (87.4) 55/63 (87.3) 1.00 (0.40-2.47) 0.98

Jardinagem 87/127 (68.5) 44/63 (69.8) 0.94 (0.49-1.80) 0.66

Consumo de alimentos de feiras livres e

mercados públicos

77/127 (60.6) 36/63 (57.1) 0.86 (0.47-1.57) 0.64

Presença de vetores de oocistos na residência

(baratas, ratos, moscas)

120/127 (94.5) 60/63 (95.2) 0.85 (0.21-3.35) 0.83

Residência com saneamento básico

87/127 (68.5) 47/63 (74.6) 0.74 (0.376-1.45)

0.38

Animais depositam dejetos no jardim ou

quintal

92/127 (72.4) 50/63 (79.3) 0.68 (0.33-1.38) 0.29

Alimenta-se de carnes mal cozidas / mal

passada

74/127 (58.2) 45/63 (71.4) 0.56 (0.29-1.06) 0.07

Frequenta fazendas 43/127 (33.8) 30/63 (47.6) 0.56 (0.30-1. 3) 0.06

Usa luvas durante a jardinagem

15/87 (17.2) 16/44 (36.3) 0.36 (0.16-0.80) 0. 015

Lavagem das mãos antes de preparar os alimentos

96/127 (75.6) 55/63 (87.3) 0.45 (0.19-1.05) 0.05

Alimenta-se de frutas e vegetais

111/127 (87.4) 60/63 (95.2) 0.35 (0.09-1.24) 0.09

Lavagem de alimentos somente em água

corrente

112/127 (88.1) 52/63 (82.5) 1.58 (0.69-3.59) 0,28

Alimenta-se em restaurantes

28/41 (68.3) 15/24 (62.5) 1.29 (0.45-3.67) 0,60

Bebe leite de cabra não pasteurizado

37/127 (29.1) 16/63 (25.4) 1.20 (0.60-2.36) 0.58

Corta os vegetais com a mesma faca que corta a

carne crua

10/127 (7.8) 04/63 (6.3) 1.26 (0.38-4.14) 0.716

a: OR, Odds ratio, IC: Intervalo de confiança, Análise univariada, 95% p< 0,05.

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A Tabela 3 mostra o único fator de risco associado com a infecção

toxoplásmica em gestantes na pesquisa realizada. O contato direto com gatos

e/ou cães foi o fator mais fortemente associado na análise univariada sendo que

68,8% das mulheres infectadas estavam expostas a esse fator.

Tabela 3: Fator de risco associados com a infecção Toxoplásmica, Natal, Brasil,

2007.

Fatores Nº de infectadas submetidas ao fator

(%)

Nº de controles submetido ao

fator (%)

ORa (95% CI) p value

Contato direto com cães e/ gatos

87/127 (68.5) 28/63 (44.4) 2.72 (1.46-5.02) <0,001

a: OR, Odds ratio, IC: Intervalo de confiança, Análise univariada, 95% p< 0,05.

5.4. Resultados da Busca ativa em prontuários médicos do Hospital de

Pediatria Prof. Heriberto Bezerra.

Foi realizada a Busca ativa no Hospital de Pediatria Profº Heriberto

Bezerra dos agravos causados pela infecção congênita e/ou pós-natal por

Toxoplasma gondii em crianças até 12 anos de idade. A fonte de pesquisa da

busca ativa foram as fichas de notificação da Comissão de Controle da

Infecção Hospitalar (CCIH). Essas fichas registram a entrada de cada paciente

no hospital e nela são notificados o diagnóstico clínico e os sinais e sintomas

apresentados ao longo da hospitalização. Foram analisadas todas as fichas do

ano 2000 a 2006;

Tabela 4. Total de fichas pesquisadas ao longo do período analisado.

Ano 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

Nº de

fichas

249 628 1048 1265 1554 1383 1140

Fonte: Fichas de notificação de infecção da CCIH.

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Foram pesquisadas 7267 fichas, e desse total, 119 pacientes

apresentavam características clínicas sugestivas da Toxoplasmose, como:

hidrocefalia, estrabismo, convulsões e más-formações congênitas. Nesses

casos em que os sinais clínicos eram compatíveis com a infecção

toxoplásmica, o nº de registro era então anotado para que se fizesse uma

pesquisa mais aprofundada nos prontuários arquivados.

Apenas um caso de Toxoplasmose congênita foi registrado nesses sete

anos. Dos diversos casos sugestivos, com sinais e sintomas característicos,

mas que não foi confirmada a infecção toxoplásmica, a maioria teve o

diagnóstico conclusivo baseando-se na síndrome, no quadro clínico que a

criança apresentava. Houve uma carência de aprofundamento nas pesquisas

através de exames laboratoriais ou de imagem que direcionasse a

Toxoplasmose ou a outras infecções que pudessem causar tais síndromes.

5.5. Artigo publicado pela Transactions of the Royal Society of Tropical

Medicine and Hygiene.

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6.0 DISCUSSÃO

A importância de se estabelecer o perfil sorológico da mulher em idade

reprodutiva reside na possibilidade de se tomarem medidas terapêuticas para

minimizar a transmissão vertical, na vigência de infecção aguda na gravidez, e

de se fazer seguimento sorológico e orientação higieno-dietética pré-natal

adequada para a paciente suscetível, para evitar a sua contaminação (Leão et

al., 2004). Para que isso seja realizado a contento, faz-se necessário à

introdução de métodos diagnósticos sensíveis e economicamente viáveis que

possam identificar a infecção com segurança, bem como definir o estágio da

infecção em que se encontra a paciente. Portanto, são importantes

investigações que usem métodos que possam distinguir a infecção pregressa

da infecção recente, bem como discriminar entre o soropositivo e o

soronegativo (Spalding et al., 2003).

No Brasil, testes sorológicos para a detecção da Toxoplasmose são

recomendados como um componente do perfil TORCH (pesquisa sorológica

para Toxoplasmose, Rubéola, Citomegalovírus e Vírus do Herpes simples)

(Freeman et al., 2005). O diagnóstico precoce assim como o tratamento

antiparasitário adequado da mãe tem demonstrado ser capaz de reduzir a taxa

de transmissão para o feto e por conseqüência o número de seqüelas nos

casos em que a infecção intra-uterina já ocorreu (Castro et al., 2001).

A incidência de Toxoplasmose congênita é pouco conhecida em nosso

meio. Foi descrita em Goiânia (GO) uma prevalência de Toxoplasmose

congênita de 1 entre 110 partos, com apenas 50% dos partos resultando em

nativivos. Um estudo realizado no Rio Grande do Sul, em 2003, verificou uma

incidência de oito casos para 10.000 nascidos vivos. Modelos matemáticos,

desenvolvidos em São Paulo, apontam a incidência da Toxoplasmose

congênita de 0,8 para 1000 nascimentos, o que significaria 280 casos novos

por ano, naquela cidade (Leão et al., 2004). Estudos mostram que as taxas de

Toxoplasmose congênita variam de menos de um por 1000 nascimentos em

Massachusetts, Áustria, Suécia e Noruega; de 2-3 por 1000 nascidos vivos na

Polônia e de um por 1000 na França (Freeman et al., 2005).

O diagnóstico pré-natal da Toxoplasmose apresenta importantes

implicações para o prognóstico fetal, assim como para a evolução neonatal.

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Possibilita o acompanhamento por uma equipe multidisciplinar com

identificação precoce de alterações durante a gestação, parto e no período

pós-natal imediato. Isso permite que os cuidados ao recém-nascido sejam

otimizados a fim de melhorar o prognóstico dessas crianças (Couto & Leite,

2004). Em alguns países, como França e Áustria, a pesquisa sorológica é, por

lei, obrigatória. Tal procedimento reduziu a incidência da Toxoplasmose fetal de

40% para 7% nesses países (Spalding et al., 2003).

A alta sensibilidade, especificidade e praticidade da técnica sorológica

Microparticle enzyme immunoassay (Abbott AxSYM system - Abbott

Laboratories, Chicago, IL, USA) quando se realiza a pesquisa de anticorpos

anti-T. gondii, bem como a possibilidade de determinar a avidez de IgG permite

indicar o MEIA como um dos melhores testes para determinação da infecção

toxoplásmica bem como para a datação da infecção. Esta técnica tem a

vantagem de se completar em menor tempo do que outros imunoensaios: a

área da superfície de micropartículas aumenta a cinética do ensaio e diminui

seu tempo de incubação; ser totalmente automatizada: tecnologia de

pipetagem com precisão robótica, diminuindo os erros embutidos nas diversas

pipetagens. Uma desvantagem dessa técnica é o seu custo: a necessidade de

equipamento caro e kits de custo quatro vezes superior aos kits de ELISA, por

exemplo, dificulta que seja difundida amplamente para as Unidades Públicas

de Saúde.

Em algumas áreas do Brasil, a prevalência sorológica da infecção por T.

gondii varia entre 50% a 80% na população adulta. No Brasil, a prevalência de

anticorpos IgG na população geral varia de 54% no Centro-Oeste a 75% na

região Norte (Figueiró-Filho et al., 2005). Em Porto Alegre, no Sul do Brasil, a

prevalência de IgG anti-Toxoplasma gondii variou de 57-62% (Lago et al.,

2007; Reis et al., 2006).

Os maiores valores são encontrados nos estados do Norte e Nordeste

(Bahia-Oliveira et al., 2003). Outros inquéritos realizados no Brasil em

populações urbanas e rurais, inclusive em indígenas, têm demonstrado a

prevalência de sororeagentes, geralmente acima de 50% nas amostras

analisadas (Bonametti et al., 1997).

Na América Latina, a soroprevalência da imunoglobulina G (IgG) para T.

gondii é geralmente alta e está entre 51% a 72%, sendo mais alta que nos

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países escandinavos e na Inglaterra, que possuem uma baixa soroprevalência

devido ao clima frio (11-28%) (Tenter et al., 2000). Taxas de prevalência

similares foram encontradas na França (71%), Panamá (90%), Nigéria (83%) e

regiões secas da Somália (44%) (Jones et al., 2001a), assim como em

populações da Croácia, Polônia, Eslovênia, Austrália e Nordeste da África. A

soroprevalência também é elevada em vários países da América Latina e

Central, incluindo a Argentina, Cuba, Jamaica e Venezuela (51-72%), e nos

países do Golfo da Guiné, Benin, Camarões, Congo e Togo (54-77%) (Tenter

et al., 2000).

As diferentes taxas de infecção em humanos, verificadas em diversos

países, estão relacionadas a fatores que envolvem localizações geográficas,

aspectos climáticos, condições ambientais, hábitos culturais, sendo os hábitos

alimentares e de higiene elos fundamentais e de grande importância na

epidemiologia da Toxoplasmose humana (Amendoeira et al., 2003).

No Brasil, existem estudos sobre prevalência de gestantes soropositivas

para IgG anti-Toxoplasma gondii em alguns estados como: Rio de Janeiro

(77,1%), Pernambuco (69,4%), Rio Grande do Sul (74,5%), Bahia (64,9%),

Paraná (67%) (Figueiró-Filho et al., 2005) e Porto Alegre (59,8%) (Reis et al.,

2006). A prevalência de IgG de 66,3% (126/190) encontrada neste estudo é

consistente com resultados de estudos em outros estados do Brasil em que 40-

80% de gestantes e mulheres no pós-parto são soropositivas para IgG para

Toxoplasmose (Varella et al., 2003).

A alta prevalência da infecção por Toxoplasma gondii, na população

estudada, foi semelhante a da América Latina que é de 50 a 60% (Spalding et

al., 2003). Foi observada uma proporção de 38,8% na Espanha (Cantos et al.,

2000), 43% na Grécia (Diza et al., 2005), 10,9% na Noruega, 14,0% em

Estocolmo, 18,8% em Londres, 20,3% na Finlândia e 32,0% em Nova Iorque

(Evengard et al., 2001) e de 57% (46-63%) em gestantes em Grenada, Leste

da Índia (Ashtana et al, 2006). Em Paris, esta proporção já atingiu 70,0% das

gestantes; após medidas de prevenção primária, ela foi reduzida para 40%

(Varella et al., 2003). Em estudo realizado em São Tomé e Príncipe obteve-se

a prevalência de 75,2% em gestantes (Hung et al., 2007). Em inquérito

sorológico no Reino Unido a prevalência em gestantes foi de 9,1% (Nash et al.,

2007). Na França, são estimadas por ano de 200.000 a 300.000 casos de

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infecção primária, e desse total, 2.700 ocorre em gestantes (Derouin et al.,

2005)

No Peru, de 2 a 4 milhões de pessoas possuem anticorpos anti-

Toxoplasma . Acredita-se que mais de 60 milhões de pessoas no EUA estejam

infectadas com T. gondii (Saavedra & Ortega, 2004). Comparáveis

soroprevalências foram observadas em populações como da Croácia, Polônia,

Eslovênia, Austrália e Nordeste da África. A soroprevalência é alta em vários

países da América Latina e Central, incluindo a Argentina, Cuba, Jamaica e

Venezuela (51-72%), e nos países do Golfo da Guiné, Benin, Camarões,

Congo e Togo (54-77%) (Tenter et al., 2000).

Em nosso estudo foi observado um crescente aumento da prevalência

relacionado com a idade até os trinta anos. O grupo de mulheres com idades

compreendidas entre 26 e 30 anos foi o que apresentou uma maior

prevalência, após esta faixa etária a taxa de prevalência declinou. Entretanto, a

prevalência da Toxoplasmose entre as pessoas de cada grupo de idade

gestacional, número de gestações, realização de abortos e ocorrência de

danos oculares e neurológicos mostra que nenhuma dessas variáveis foram

associadas com a infecção.

Neste estudo, observou-se que o conhecimento sobre a doença e o

status socioeconômico foram fatores fortemente associados para a

soropositividade ao T. gondii e isso é consistente com outros estudos (p≤0.05)

(Bahia-Oliveira et al., 2003). O tempo escolar foi um fator fortemente associado

com a (p<0.001, Qui-quadrado).

Somente 0,52% da população estudada tiveram anticorpos IgM

específicos para T.gondii. Foram descritas taxas de infecção materna durante a

gestação (soroconversão) de 0,11 a 0,13% em Oslo, 0,24% na Finlândia, de

0,2% a 0,6% nos Estados Unidos (Varela et al., 2003) e 1,7% e 1,8%,

respectivamente, nos Estados de Santa Catarina e Paraná, Brasil (Nóbrega et

al., 2005). A freqüência da aquisição da Toxoplasmose durante a gestação

varia de 1-14 a cada 1000 gestações em vários países (Spalding et al., 2003).

A alta percentagem de mulheres em idade fértil que são vulneráveis a

este parasito (33,1%) favorece a primo-infecção durante a gestação. No Brasil,

entre 25 e 40% das gestantes são soronegativas para a Toxoplasmose. O risco

de infecção aguda durante a gestação é de aproximadamente 1% e a

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transmissão fetal ocorre em 30% dos casos, levando a infecção fetal de

gravidade variável (Couto & Leite, 2004). Apesar de ser observada com baixa

freqüência, há relatos na literatura de casos de transmissão congênita em

crianças nascidas de mulheres que se infectaram com T. gondii antes da

concepção, tanto das que apresentavam imunodeficiência como das que

apresentavam status imune normal. Nesses casos, deve ser avaliada a

possibilidade de reinfecção ou reativação da parasitemia, reinfecção por uma

cepa do parasito com virulência aumentada ou com características fenotípicas

distintas (Lago et al., 2007).

O diagnóstico fetal pode ser realizado através da técnica da

cordoncentese, realizada até 22º semana de gestação para detecção da

resposta imune fetal (pesquisa de anticorpos IgM). Além desses, dispõe-se da

ecografia, cuja sensibilidade é de 20%. Constituem-se achados sugestivos da

infecção fetal, pela ultra-sonografia: a ventriculomegalia cerebral, microcefalia,

calcificações intracranianas, hepatoesplenomegalia, ascite e placentomegalia

(Figueiró-Filho et al., 2005). O acompanhamento ultra-sonográfico dos fetos

portadores de infecções congênitas possibilitou a compreensão tanto de sua

evolução antenatal quanto de sua fisiopatologia. A ultra-sonografia tem

importância fundamental no acompanhamento e na avaliação do prognóstico

dos fetos portadores de Toxoplasmose, pois permite identificar aqueles sem

sinais de infecção congênita (assintomáticos), cujo prognóstico normalmente é

favorável, e os fetos apresentando alterações ultra-sonográficas compatíveis

com Toxoplasmose congênita, cujo prognóstico depende fundamentalmente

das lesões encontradas e da evolução das mesmas (Couto & Leite., 2004).

Na criança, a persistência ou o aumento do IgG durante o primeiro ano

de vida é característico de infecção congênita. Se somente os anticorpos IgG

são detectados, é crucial a distinção entre os anticorpos maternos que

passaram através da placenta ou a síntese de anticorpos pelo feto infectado

congenitamente (Sensini, 2006; Spalding et al., 2003).

Outro diagnóstico possível é a determinação de gama interferon, cujo

feto passa a produzir após a 21ª semana de gravidez, sendo uma técnica útil

no diagnóstico da Toxoplasmose congênita e na fase aguda da doença (Cantos

et al., 2000).

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As taxas de transmissão congênita e as manifestações clínicas variam

de forma acentuada entre os indivíduos com infecção por T. gondii. Dentre os

fatores envolvidos, estão variações da resposta imune e idade do hospedeiro,

variações étnicas, cepa do parasito, quantidade de inóculo, condições

socioeconômicas, hábitos culturais e clima da região envolvida (Lago et al.,

2007). O conhecimento sobre a epidemiologia local e fatores econômicos e

análises imunológicas podem ser essenciais na determinação de efetivas

estratégias de prevenção. No Brasil, os fatores predisponentes para infecção

com T. gondii não estão completamente compreendidos, e são relativamente

escassos estudos sobre prevalência e epidemiologia da Toxoplasmose em

gestantes na maioria dos Estados do Nordeste do Brasil.

Entretanto, para nosso conhecimento, este estudo é o primeiro a implicar

os fatores de risco como fonte de infecção para o T. gondii nesta área. Os

fatores de risco identificados em outros estudos não foram associados com a

Toxoplasmose nesse estudo. Outros estudos no sul do Brasil sugerem que o

consumo de carne mal cozida e trabalhos em jardinagem foram fatores de risco

associados à infecção (Jones et al., 2006; Heukelbach et al., 2007). Não foram

encontradas associações entre a maioria dos fatores pesquisados, o que pode

ser devido às pessoas no Nordeste do Brasil (diferentes daqueles do sul do

país) não terem os mesmos hábitos culturais e alimentares dessas populações.

Vários estudos determinaram que o principal fator de risco para a

infecção em gestantes é o consumo de carne inadequadamente cozida, que

contribuiu com 30% a 63% dos casos; outras 6% a 17% das infecções foram

atribuídas ao contato com solo contaminado. Entre 1992 a 1994, foi observado

na Noruega que os indivíduos infectados tiveram contato diário com gatos mais

freqüentemente do que os não-infectados, e que aqueles que menos

freqüentemente lavavam a faca de cozinha tiveram risco de infecção cinco

vezes maior (Varella et al., 2003). A importância de cada rota não está bem

determinada, pois não é possível usar uma investigação sorológica para

descriminar se a infecção ocorreu por ingestão de oocistos ou de cistos

(Dumètre & Dardè, 2003).

Nesse estudo, o contato direto com gatos foi associado com a

soropositividade T. gondii na análise univariada de acordo com outros estudos

(OR 2.72 95% IC 1. 46 – 5.02; p<0.001) (Kaperud et al., 1996; Lago et al.,

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2007). Os gatos geralmente espalham oocistos pela casa, e isso pode ser a

causa de contaminação do ambiente com oocistos. Uma elevada taxa de

prevalência em gatos e cães indica altos níveis de transmissão no Brasil (Khan

et al., 2006).

A cidade do Natal está localizada na região Nordeste do Brasil e

apresenta clima tropical que favorece a sobrevivência de oocistos de T. gondii,

e que aumenta as chances de adquirir a infecção quando a gestante vive em

ambientes contaminados.

Milhões de oocistos não esporulados podem ser liberadas nas fezes de

um único gato jovem em um período de 13-18 dias, dependendo do estágio do

parasito ingerido (Dubey et al., 1998) . Os oocistos têm sido encontrados,

viáveis por mais de um ano, em ambientes úmidos e quentes, e são resistentes

a muitos agentes desinfetantes, mas sobrevive muito pouco em climas áridos e

frios (Jones et al., 2001b). Os oocistos podem ser dispersos mecanicamente

por artrópodas como moscas, baratas e besouros de esterco. Os oocistos

podem se espalhar pelo ambiente e contaminar água, solo, frutas, vegetais

podendo infectar humanos e animais quando ingeridos acidentalmente (Avelino

et al., 2004; Hill &Dubey, 2002). Em populações aborígines de Nova Guiné foi

verificada prevalência inferior a 2%. Nestas regiões a presença de gatos e

felídeos silvestres é pouco freqüente, em contraposição às prevalências de 14

a 34% em populações onde os gatos são numerosos ou antigos na área. Os

mesmos autores observaram uma prevalência de 50% em indígenas primitivos

das selvas da Colômbia que não possuíam gatos domésticos, mas se

alimentavam de felídeos silvestres (Amendoeira et al., 2003). Em Bogotá,

Colômbia, foi realizado inquérito sorológico em cães e determinou-se que

16,8% foram soropositivos para anticorpos anti-T. gondii (Dubey et al., 2007a).

Na Índia, a soroprevalência em gatos foi de 84,9% (Moura et al., 2007). Em

São Paulo, a soroprevalência em cães foi de 35,8% (Dubey et al., 2007b). Em

Morro Bay, Califórnia, foi estimada a soroprevalência de 45% em gatos

domésticos (Haydée et al., 2007).

São necessárias mais informações para identificar a importância de

hábitos culturais, fatores de risco comportamentais como higiene pessoal,

higiene na cozinha, práticas de manipulação de alimentos, preferências

alimentares e padrão de contato com gatos. Um melhor entendimento da

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importância dos fatores de risco é essencial para o desenvolvimento de

estratégias específicas para o controle da doença (Kapperud et al., 1996).

Entretanto, esse estudo tem limitações. Por ser um estudo seccional,

relações causais e temporais são difíceis de estabelecer. Além disso, por

causa de poucas mulheres terem IgM anti-Toxoplasma, a sorologia IgG anti-

Toxoplasma positiva foi usado como marcador para a infecção toxoplásmica.

Entretanto, devido os títulos de anticorpos de IgG anti-Toxoplasma persistirem

por vários anos, a maioria das infecções podem ter sido adquiridas alguns anos

atrás e os padrões ambientais e os riscos que possuem importância podem

não ter sido incluídos nas análises. Deve-se alertar para o fato de que a baixa

avidez de IgG pode manter-se em alguns pacientes por um tempo maior

(meses ou anos), o que diminui o seu valor como marcador diferencial das

fases aguda e crônica da infecção por T. gondii. Deve-se também observar

com atenção os dados de outros autores, pois eles indicam uma variação da

resposta imune, sugerindo uma maturação retardada da resposta imune, que

também é observada em casos de linfadenopatias.

O presente estudo demonstra a vulnerabilidade da gestante ao

protozoário e sugere que as políticas públicas de saúde podem incluir a

prevenção primária e secundária para todas as gestantes de alto risco. O

benefício resultante seria a menor incidência da Toxoplasmose congênita, o

que justificaria os custos, pois isso garantiria a boa qualidade de vida dos fetos

infectados. A recente identificação precoce da infecção do feto e a introdução

de terapia imediata e apropriada abririam a oportunidade desses indivíduos

terem melhor expectativa de vida e um melhor futuro.

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7. CONCLUSÕES

Os resultados permitiram as seguintes conclusões:

� A elevada proporção de mulheres soropositivas para Toxoplasmose

neste levantamento indica que o protozoário T. gondii encontra-se

amplamente difundido em nosso meio, e isso pode resultar em transmissão

vertical, caso essas mulheres entrem em fase de reagudização da doença.

� Somente 0,52% da população estudada apresentaram anticorpos IgM

específicos para T.gondii, ou seja, estão na fase aguda da doença o que

aumentaria o risco para a transmissão vertical da doença com possibilidades

de abortos ou malformação fetal. A presença de IgM neste grupo permite a

conclusão que as demais pacientes desse estudo provavelmente adquiriram a

Toxoplasmose em um período anterior.

� A alta percentagem de mulheres em idade fértil que são vulneráveis a

este parasito (33,1%) pode favorecer a primo-infecção durante a gestação.

� A prevalência para Toxoplasmose, neste estudo, aumentou com a idade

indicando que as maiores taxas de infecção ocorrem nos grupos com idade

entre 20 e 30 anos.

� Os fatores de risco mais importantes associados à infecção pelo T.

gondii foram: o status sócio-econômico; conhecimento sobre a doença;

escolaridade; contato direto com gatos e cães, indicando que: o contato direto

com gatos caracteriza a forma de infecção associada a oocisto esporulado do

T. gondii; a baixa renda e o menor conhecimento a respeito da doença devido à

baixa escolaridade favorecem a infecção devido a uma maior exposição aos

fatores de risco.

� Apesar da profunda diferença socioeconômica na população geral, a

distribuição dos perfis sorológicos foi uniforme nos 4 distritos de saúde do

município de Natal.

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� Apenas um caso de Toxoplasmose congênita foi registrado durante os

anos de 2000 a 2006. Dos diversos casos sugestivos, com sinais e sintomas

característicos, não houve um aprofundamento nas pesquisas através de

exames laboratoriais ou de imagem que permitisse um diagnóstico diferencial

entre a Toxoplasmose e outras infecções que pudessem causar tais

síndromes.

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8. PERSPECTIVAS

8.1. Do ponto de vista acadêmico

� Continuidade do projeto, visando determinar a prevalência da

Toxoplasmose no âmbito do Estado.

� Realização de estudos visando avaliar aspectos patológicos,

imunológicos, taxas de transmissão congênita, além da utilização de

outros marcadores sorológicos de baixo custo que possam melhor

caracterizar a infecção.

� Realização de estudo visando determinar os principais agravos

congênitos da infecção toxoplásmica na nossa região.

8.2. Do ponto de vista da Saúde Pública

� Permitir aos Gestores de saúde locais acesso a informações técnicas

para que preconizem e façam valer o dever de cobrir o atendimento a

todas as gestantes, pois o diagnóstico pré-natal da Toxoplasmose

congênita apresenta importantes implicações para o prognóstico fetal,

assim como para a evolução neonatal, possibilitando o

acompanhamento por uma equipe multidisciplinar, com identificação

precoce de alterações durante a gestação, parto e no período pós-natal

imediato, permitindo que os cuidados com o recém-nascido sejam

otimizados a fim de melhorar o prognóstico para essas crianças.

� Acredita-se que a introdução de um Programa de Controle da

Toxoplasmose de âmbito nacional resultaria na diminuição dos casos de

Toxoplasmose congênita, pois estariam instituídas medidas de controle

que favoreceriam a diminuição das elevadas taxas de prevalência

encontradas em todas as regiões do país.

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ANEXO I - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Formulário 1

Eu, ______________________________________________________________, abaixo assinado, autorizo a Maternidade Escola Januário Cicco, por intermédio da aluna Isabelle Ribeiro Barbosa devidamente assistida pelo seu orientador Prof. Dr. Valter Ferreira de Andrade Neto, a desenvolver a pesquisa abaixo descrita: 1-Título do Experimento: “Toxoplasmose Congênita: Estudo da Freqüência e Perfil Sorológico em Gestantes Atendidas em Unidades de Saúde de Referência no Município de Natal, Rio Grande do Norte”. 2-Objetivo: Determinar a taxa de positividade para Toxoplasmose em gestantes e neonatos.3-Descrição de procedimentos: Coleta de sangue do paciente (punção venosa – 5 a 10 ml)4-Desconfortos e riscos esperados: apresenta um risco mínimo por se tratar de procedimento de rotina em hospitais/ambulatórios. Fui devidamente informado dos riscos acima descritos e de qualquer risco não descrito, não previsível, porém que possa ocorrer em decorrência da pesquisa será de inteira responsabilidade dos pesquisadores. 5-Benefícios esperados: Determinação da Toxoplasmose e tratamento adequado.6-Informações: Os participantes têm a garantia que receberão respostas a qualquer pergunta e esclarecimento de qualquer dúvida quanto aos assuntos relacionados à pesquisa. Também os pesquisadores supracitados assumem o compromisso de proporcionar informações atualizadas obtidas durante a realização do estudo. 7-Retirada do consentimento: O voluntário tem a liberdade de retirar seu consentimento a qualquer momento e deixar de participar do estudo, não acarretando nenhum dano ao voluntário. 8-Aspecto Legal: Elaborado de acordo com as diretrizes e normas regulamentadas de pesquisa envolvendo seres humanos atende à Resolução nº 196, de 10 de outubro de 1996, do Conselho Nacional de Saúde do Ministério de Saúde - Brasília – DF. 9-Confiabilidade: Os voluntários terão direito à privacidade. A identidade (nomes e sobrenomes) do participante não será divulgada. Porém os voluntários assinarão o termo de consentimento para que os resultados obtidos possam ser apresentados em congressos e publicações. 11-Quanto à indenização: Não há danos previsíveis decorrentes da pesquisa. ATENÇÃO: A participação em qualquer tipo de pesquisa é voluntária. Em casos de dúvida quanto aos seus direitos, ligue para o Comitê de Ética em Pesquisa do HUOL - Universidade Federal do Rio Grande do Norte (3202-3719 ramal 242) ou para o Pesquisador responsável pelo projeto, Prof. Dr. Valter Ferreira de Andrade Neto (3215-3437 ramal 231).

Natal(RN), _____de ______________de 2007.

_____________________________________________________ ASSINATURA DO VOLUNTÁRIO

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ANEXO II. PERFIL EPIDEMIOLÓGICO Nº______

PARTICIPANTE: __________________________________________RG: ___ ENDEREÇO: ____________________________________________________ FONE: ______________________________ PRONTUÁRIO Nº: ___________ DATA:________________________ PERIODO DE GESTAÇÃO:__________

1. IDADE: ( ) 15-19 ANOS ( ) 31-35 ANOS ( ) 20-25 ANOS ( ) 36-40 ANOS ( ) 26-30 ANOS ( )OUTROS_______________________

2. GRAU DE ESCOLARIDADE ( ) SEM ESCOLARIDADE ( ) 2º GRAU INCOMPLETO ( ) 1º GRAU INCOMPLETO ( ) 2º GRAU COMPLETO ( ) 1º GRAU COMPLETO ( ) SUPERIOR

3. ATIVIDADE PROFISSIONAL _______________________________

4. RENDA FAMILIAR ( ) ATÉ UM SALÁRIO MÍNIMO/MÊS ( ) DE 2 A 3 SALÁRIOS /MÊS ( ) DE 4 A 5 SALÁRIOS/MÊS ( ) ACIMA DE 6 SALÁRIOS /MÊS ( ) OUTROS ____________________________________________

5. CONHECIMENTO DA DOENÇA ( ) DESCONHECE ( ) JÁ OUVIU FALAR MAS NÃO SABE NADA A RESPEITO ( ) SABE ALGO A RESPEITO

6. OUTROS FILHOS ( ) NÃO ( ) SIM . QUANTOS?_______________

7. ALGUM DESSES FILHOS TEM COMPLICAÇÕES NEUROLÓGICAS E/OU OCULAR ?

( ) SIM QUAL? _______________________ ( ) NÃO

8. HISTÓRIA PRÉVIA DE ABORTO OU MORTE NEONATAL ( ) SIM QUANTOS ? ______________ ( ) NÃO

9. NA RESIDÊNCIA, POSSUI SANEAMENTO BÁSICO? (ÁGUA TRATADA, COLETA DE LIXO, SISTEMA DE ESGOTO)

( ) SIM

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( ) NÃO. ÁGUA:_______________________________________ ESGOTO: _____________________________________

LIXO: _________________________________________

10. PRESENÇA DE ANIMAIS HOSPEDEIROS NA CASA E/OU VIZINHANÇA

( ) PRESENÇA DE CÃO E GATO ( ) PRESENÇA DE GATOS ( ) PRESENÇA DE CÃES ( ) OUTROS ______________________________________

11. CONTATO COM ESSES ANIMAIS ( ) HÁ CONTATO DIRETO COM ESSES ANIMAIS ( ) MORA NA CASA MAS NÃO HÁ CONTATO DIRETO ( ) NÃO HÁ CONTATO DIRETO

12. ESSES ANIMAIS DEPOSITAM DEJETOS NO JARDIM OU TERRAÇO DA CASA?

( ) NÃO ( ) SIM CÃO E/OU GATO?________________________________

13. TEM HÁBITOS DE JARDINAGEM? ( ) NÃO ( ) SIM . USA PROTEÇÃO NAS MÃOS? ___________________

14. NA RESIDÊNCIA, HÁ VEICULOS DE TRANSMISSÃO DE OOCISTOS (RATOS, BARATAS, MOSCAS)?

( ) NÃO ( ) SIM . QUAL? _______________________________________

15. CONSOME OU JÁ CONSUMIU LEITE DE CABRA NÃO PASTEURIZADO OU NÃO COZIDO?

( ) NÃO ( ) SIM . FREQUÊNCIA: ________________________________________ 16. CONSOME VEGETAIS E LEGUMES CRUS?

( ) SIM ( ) NÃO

17. QUAL O PROCESSO DE LAVAGEM DE FRUTAS, LEGUMES E VERDURAS ANTES DO CONSUMO?

( ) AS VEZES ESQUECE DE LAVAR ( ) LAVA EM ÁGUA CORRENTE ( ) DEIXA ALGUM TEMPO NO HIPOCLORITO PARA DESINFECÇÃO ( ) OUTROS _______________________________________________

18. CONSOME OU JÁ CONSUMIU CARNES SUÍNAS, BOVINAS OU CAPRINAS MAL PASSADA OU POUCO COZIDA?

( ) NÃO ( ) SIM

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19. CORTA OS LEGUMES COM A MESMA FACA QUE CORTA A CARNE? ( ) SIM, MAS LAVA ANTES DE REUTILIZAR; ( ) SIM, CORTA SEM ANTES LAVAR; ( ) NÃO CORTA COM A MESMA FACA.

20. SEMPRE CONHECE A PROCEDÊNCIA DESSES ALIMENTO? ( ) SIM . (PRÓPRIO OU DE AÇOUGUE COM PADRÃO DE HIGIENE) ( ) NÃO (MERCADOS PÚBLICOS OU FEIRAS LIVRES)

21. LAVA AS MÃOS ANTES DE PREPARAR OS ALIMENTOS? ( ) AS VEZES ESQUECE DE LAVAR ( ) LAVA SEMPRE ( ) NÃO TEM ESSE HÁBITO

22. LAVA AS MÃOS APÓS IR AO BANHEIRO? ( ) SEMPRE LAVA ( ) AS VEZES ESQUECE DE LAVAR ( ) QUASE NUNCA LAVA

23. NOS ÚLTIMOS MESES, FEZ ALGUMA VIAGEM? ( ) NÃO ( ) SIM . QUANDO ____________________________________________

24. NESSA VIAGEM, SE ALIMENTOU EM BARES, RESTAURANTES OU LANCHONETES?

( ) NÃO ( ) SIM

25. FREQUENTA FAZENDAS, SÍTIOS, GRANJAS? ( ) SIM ( ) NÃO

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ANEXO III – CARTA DE ACEITAÇÃO DO MANUSCRITO PARA

PUBLICAÇÃO.

Date: Nov 25, 2008 To: "Valter Ferreira de Andrade-Neto" [email protected] From: "Transactions" [email protected] Subject: Your Submission TRSTMH-D-08-00259R1

Manuscript Number: TRSTMH-D-08-00259R1 Manuscript Title: Toxoplasmosis screening and risk factors amongst pregnant females in Natal, northeastern Brazil Transactions of the Royal Society of Tropical Medicine and Hygiene

Dear Andrade-Neto,

I am pleased to tell you that your paper has been accepted for publication in the Transactions of the Royal Society of Tropical Medicine and Hygiene.

Thank you for submitting your work to this journal. We look forward to receiving further papers from your group.

If you or your co-authors are not already aware of the activities of the Society you might like to visit www.rstmh.org where you will find further information and an application form to join the Society.

With kind regards

Caroline Scott Editorial Office