estudo dos agentes metalúrgicos - ifmg

Upload: fumaca-filosofica

Post on 16-Oct-2015

177 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • Estudo dos Agentes

    Metalrgicos Fernando de Almeida Gonalves

    Tcnico em Metalurgia

    Universidade Federal de Mato Grosso

    Cuiab-MT

    2013

  • Presidncia da Repblica Federativa do Brasil

    Ministrio da Educao

    Secretaria de Educao Profissional e Tecnolgica

    Diretoria de Integrao das Redes de Educao Profissional e Tecnolgica

    Este caderno foi elaborado pelo Instituto Federal Tecnolgico do Par -

    PA para a Rede e-Tec Brasil, do Ministrio da Educao em parceria com a

    Universidade Federal do Mato Grosso.

    F

    i

    c

    h

    a

    c

    a

    t

    a

    l

    o

    g

    r

    f

    i

    c

    a

    Equipe de Reviso

    Universidade Federal de Mato Grosso UFMT Coordenao Institucional

    Carlos Rinaldi

    Equipe de Elaborao

    Coordenao de Produo de Material Didtico

    Impresso

    Pedro Roberto Piloni

    Designer Educacional

    Daniela Mendes

    Designer Master

    Marta Magnusson Solyszko

    Ilustrao

    Diagramao

    Reviso de Lngua Portuguesa

    Marcy Monteiro Neto

    Projeto Grfico

    Rede e-Tec Brasil/UFMT

    Instituto Federal Tecnolgico do Par PA

    Coordenador Institucional

    Erick Alexandre de Oliveira Fontes

    Coordenador de Curso

    Oscar Jesus Choque Fernandez

    Equipe Tcnica

    Carlos Lemos Barboza Darlindo Veloso

    Gisely Regina Lima Rebelo

    Wuyllen Soares Pinheiro

    Ser preparada aps a finalizao do texto

  • Apresentao Rede e-Tec Brasil

    Prezado(a) estudante,

    Bem-vindo(a) a Rede e-Tec Brasil!

    Voc faz parte de uma rede nacional de ensino, que por sua vez constitui uma das aes do Pronatec -

    Programa Nacional de Acesso ao Ensino Tcnico e Emprego. O Pronatec, institudo pela Lei n 12.513/2011,

    tem como objetivo principal expandir, interiorizar e democratizar a oferta de cursos de Educao Profissional

    e Tecnolgica (EPT) para a populao brasileira propiciando caminho de acesso mais rpido ao emprego.

    neste mbito que as aes da Rede e-Tec Brasil promovem a parceria entre a Secretaria de Educao

    Profissional e Tecnolgica (Setec) e as instncias promotoras de ensino tcnico como os institutos federais,

    as secretarias de educao dos estados, as universidades, as escolas e colgios tecnolgicos e o Sistema S.

    A educao a distncia no nosso pas, de dimenses continentais e grande diversidade regional e cultural,

    longe de distanciar, aproxima as pessoas ao garantir acesso educao de qualidade e ao promover o

    fortalecimento da formao de jovens moradores de regies distantes, geograficamente ou economicamente,

    dos grandes centros.

    A Rede e-Tec Brasil leva diversos cursos tcnicos a todas as regies do pas, incentivando os estudantes a

    concluir o ensino mdio e a realizar uma formao e atualizao contnuas. Os cursos so ofertados pelas

    instituies de educao profissional e o atendimento ao estudante realizado tanto nas sedes das instituies

    quanto em suas unidades remotas, os polos.

    Os parceiros da Rede e-Tec Brasil acreditam em uma educao profissional qualificada integradora do

    ensino mdio e da educao tcnica - capaz de promover o cidado com capacidades para produzir, mas

    tambm com autonomia diante das diferentes dimenses da realidade: cultural, social, familiar, esportiva,

    poltica e tica.

    Ns acreditamos em voc!

    Desejamos sucesso na sua formao profissional!

    Ministrio da Educao

    Maro de 2013

    Nosso contato

    [email protected]

  • 4

    Indicao dos cones Os cones so elementos grficos utilizados para ampliar as formas de linguagem e facilitar a organizao e a leitura hipertextual.

    1.

    Ateno: indica pontos de maior relevncia no texto.

    Saiba mais: oferece novas informaes que enriquecem o assunto ou curiosidades e notcias recentes relacionadas ao tema.

    Glossrio: indica a definio de um termo, palavra ou expresso

    utilizada no texto.

    Mdias integradas: remete o tema para outras fontes: livros, filmes,

    msicas, sites, programas de TV.

    Atividades de aprendizagem: apresenta atividades em diferentes

    nveis de aprendizagem para que o estudante possa realiz-las e

    conferir o seu domnio do tema estudado.

    realiz-las e conferir o seu domnio do tema estudado. realiz-las e

    conferir o seu domnio do tema estudado.

    Reflita: momento de uma pausa na leitura para refletir/escrever sobre pontos importantes e/ou questionamentos.

  • 5

    Palavra do professor-autor

    Caro(a) estudante.

    Estamos iniciando uma nova disciplina e com ela novos desafios. Essa

    uma caminhada que s ter sucesso se atuarmos em parceria. Voc ter que

    dispensar parte do seu tempo para as leituras, atividades propostas e estudo e eu

    estou empenhado em apresentar um material acessvel e com contedos

    interessantes para sua aprendizagem.

    Voc deve estar se perguntando para que serve essa disciplina, ento

    vamos esclarecer melhor, para que desde o incio voc saiba a aplicabilidade

    dessas informaes para seu crescimento enquanto profissional.

    A disciplina de Estudo dos Agentes Metalrgicos parte importante do

    seu curso tcnico em METALURGIA, pois dar subsdios para conhecer certos

    materiais de suma importncia para os processos metalrgicos.

    Esses conhecimentos podero ser utilizados para extrao, purificao e

    transformao de um metal.

    Por outro lado, se no tivssemos acesso a estas informaes, nosso

    conhecimento ficaria mais restrito e isso dificultaria o procedimento correto em

    situaes como entender o aquecimento de fornos ou como evitar a perda de

    calor dos mesmos.

    Como voc pode perceber, esta uma caminhada rumo a um

    aprendizado que dar instrumentos para sua atuao como um(a) tcnico(a) com

    qualificao para atuar na funo que lhe couber dentro da rea escolhida para

    trabalhar.

    Estamos juntos nesse processo de aprendizagem.

    Prof. Fernando de A. Gonalves

  • 6

    Apresentao da Disciplina

    A metalurgia a cincia que estuda e gerencia a extrao e transformao

    dos metais, utilizando como matria-prima bsica os minrios.Essa transformao

    no ocorre isoladamente e sim sob a forma combinada constituindo os minrios.

    Nestes minrios, os metais esto sob a forma de xidos, sulfetos, sulfatos,

    carbonatos e outros misturados a impurezas, ou seja, compostos em cuja

    composio no encontrado o metal em questo. Esta parte impura chamada

    de ganga ou ainda de estril.

    Para extrair e posteriormente transformar o metal, inicialmente so

    realizadas as operaes de beneficiamento com o objetivo de separar o composto

    metlico de sua ganga (impurezas). Depois desta etapa diz-se que o minrio est

    concentrado. Obtido o minrio concentrado, a etapa seguinte a de extrao do

    metal. A extrao do metal feita atravs de reaes qumicas que, dependendo

    da natureza do composto, acontecem, ou no, em temperatura acima da

    ambiente.

    Obtido o metal so realizadas as operaes de transformao em produtos

    acabados. Tais transformaes ocorrem, na maioria das vezes, em condies

    diferentes das ambientais, portanto as operaes metalrgicas necessitam de

    certos agentes para suas realizaes, como combustveis para se ter altas

    temperaturas, isolantes trmicos para evitar a perda de calor, entre outros. A

    estes agentes denominamos de agentes metalrgicos, os quais constituem

    objetivo de estudo desta disciplina.

    Observe a figura abaixo e voc poder visualizar o contedo que ter pela frente.

    Bom estudos!

  • 7

    MINRIO EXTRA

    O

    COMBUSTVEL

    FUNDENTE

    REFRATRIO

    METAL PRIMRIO

    ESCRIA

    TRANSFORMAO

    COMBUSTVEL

    FUNDENTE

    REFRATRIO PRODUTO METLICO

    ESCRIA

    Figura: Esquema das operaes metalrgicas mostrando a participao dos agentes metalrgicos (combustvel, fundente, escria e refratrio) no processo.

  • 8

    Sumrio

    Aula 1 COMBUSTVEIS .................................................................................................. 1.1 Combustveis ................................................................................................................ 1.2 Comburente .................................................................................................................. 1.3 Combusto ................................................................................................................... 1.4 Tipos de Combusto ..................................................................................................... 1.5 Clculos de Combusto ................................................................................................ Aula 2 PODER CALORFICO ......................................................................................... 2.1 Calor de Combusto ..................................................................................................... 2.2 Temperatura de Ignio ................................................................................................ 2.3 Poder Calorfico ............................................................................................................ 2.4 Temperatura de Chama ................................................................................................ AULA 3 CLASSIFICAO DOS COMBUSTVEIS ......................................................... 3.1 Classificao ................................................................................................................. 3.2 Principais Combustveis Usados na Metalurgia ............................................................ 3.3 Combusto e meio ambiente ........................................................................................ AULA 4 ESTUDO DAS ESCRIAS ................................................................................ 4.1 Escrias ........................................................................................................................ AULA 5 FUNDENTES ..................................................................................................... 5.1 Generalidades .............................................................................................................. 5.2 Classificao dos fundentes ......................................................................................... 5.3 Preparao do Fundente .............................................................................................. AULA 6 REFRATRIOS ................................................................................................. 6.1 Generalidades .............................................................................................................. 6.2 Propriedades Gerais ..................................................................................................... 6.3 Composio dos refratrios .......................................................................................... AULA 7 - CLASSIFICAO .............................................................................................. 7.1Classificao dos refratrios .......................................................................................... 7.2 Refratrios silico-aluminosos ........................................................................................ 7.3 Refratrios de slica ...................................................................................................... 7.4 Refratrios de alumina .................................................................................................. 7.5 Refratrios de magnesita .............................................................................................. 7.6 Refratrios de cromo-magnesita ................................................................................... 7.7 Refratrios de cromita ................................................................................................... 7.8 Refratrios de dolomita ................................................................................................. 7.9 Refratrios de carbeto de silcio .................................................................................... 7.10 Refratrios de carbono ................................................................................................ 7.11 Refratrios de zirconita ............................................................................................... 7.12 Refratrios de zircnia ................................................................................................

    Palavras finais

    Guia de solues

    Referncias

    Outras fontes

    Currculo do Professor-Autor

  • 9

    Caro(a) estudante,

    Nessa unidade abordaremos assuntos que podem nos auxiliar a entender

    como os fornos metalrgicos atingem temperaturas elevadas, muitas vezes

    superiores a 1.000C, que so capazes de fundir (liquefazer) os metais. So os

    combustveis que fornecem energia trmica para os fornos, seja na indstria

    metalrgica ou em outras, como mecnica, qumica, etc.Vamos iniciar a aula

    tratando deles

    1.1 Combustveis

    Segundo Wylen (1995), combustvel toda e qualquer substncia capaz de

    reagir rapidamente com o oxignio e fornecer luz e calor passveis de

    aproveitamento industrial. O combustvel deve ser ainda um material que reaja

    facilmente com o oxignio do ar e produzir uma grande quantidade de calor,

    atendendo a um conjunto de pr-requisitos tcnico-econmicos tais como baixo

    custo, facilidade de obteno, facilidade na utilizao, segurana na utilizao e

    transporte e no produzir substncias corrosivas e nem txicas. A exemplo do

    carvo, madeira, bagao de cana, lcool, derivados do petrleo, etc, na

    Aula 1 Combustveis

    Objetivos

    Conceituar os combustveis usados nos processos metalrgicos.

    Identificar o processo, o produto, o tipo e o clculo de combusto.

  • 10

    composio da maioria dos combustveis so encontrados os elementos C, H, O,

    S e N.

    A qualidade do combustvel est vinculada ao seu teor de C e H; o S,

    apesar de reagir com o oxignio e produzir calor, considerado indesejvel, pois

    no atende os requisitos acima citados para o combustvel ser considerado

    econmica e industrialmente vivel.

    Conclui-se ento que a metalurgia dependente dos combustveis,

    principalmente o carvo, pois so fontes de calor e carbono.

    Carvo mineral Carvo vegetal

    Fonte: www.brasilescola.com Fonte: redeparede.com.br

    Forno industrial para produo de carvo vegetal

    Fonte: www.revistafatorbrasil.com.br

    1.2 Comburente

    a substncia que ao lado do combustvel origina a reao de combusto.

    Ou seja, o material custa do qual o combustvel sofre oxidao. Na maioria

    dos casos o comburente o ar, mistura gasosa com 20% de O2, 79% de N2 e 1%

  • 11

    de argnio. Uma vez que o nitrognio e os demais gases so inertes, o elemento

    comburente oxignio.

    Nos clculos de combusto considera-se a composio volumtrica ou molar

    do ar seco como:

    Oxignio 21% (peso molecular= 32)

    Nitrognio 79% (peso molecular= 28)

    Pode-se considerar que em 100 litros de ar atmosfrico seco encontramos

    21litros de oxignio e 79 litros de nitrognio ou que 100 moles de ar atmosfrico

    seco apresentam 21moles de oxignio e 79 moles de nitrognio.

    A composio em massa do ar atmosfrico pode ser tomada como sendo:

    Oxignio 23,2%

    Nitrognio 76,8%

    1.3 Combusto

    o fenmeno observado quando o oxignio

    reage com outra substncia produzindo calor.

    Quimicamente, esta reao classificada como uma

    reao de oxireduo, sendo o oxignio o elemento

    redutor.

    Esta reao pode ser descrita segundo o

    esquema abaixo:

    COMBUSTVEL + COMBURENTE FUMOS + CINZAS + CALOR

    Quando os tomos de carbono se combinam com os tomos de oxignio,

    libertada energia que se manifesta sob vrios tipos de atividades e radiao,

    inclusive o calor. Sendo uma reao de oxidao em alta temperatura, necessita

    de energia de ativao, conseguida pela elevao de temperatura em um ponto

  • 12

    do combustvel, e o calor liberado neste ponto serve em parte para ativar os

    demais pontos de maneira sucessiva at a extino completa do combustvel.

    Fumos Produto da reao de combusto, normalmente visualizados em chamins

    ou condutos de escape, sendo composto pelos gases residuais (CO2, CO, SO2,

    N2, O2), pelo vapor dgua, por neblinas (partculas de lquidos em suspenso -

    gua ou HC pesados e condensados pelo resfriamento), poeiras constitudas

    por partculas slidas em suspenso (cinzas ou partculas de combustveis slidos

    arrastados pelos gases). onde est contido todo o material voltil do

    combustvel ou produzido durante a reao e ainda os slidos em suspenso.

    Cinzas

    Resduos slidos da combusto de um combustvel lquido, formada pelos

    seus componentes inorgnicos. No caso do carvo mineral esta cinza o produto

    da decomposio da matria mineral (silicatos hidratados de alumnio, piritas,

    carbonatos de clcio e magnsio, cloretos alcalinos e etc.) em xidos e sulfatos.

    Calor

    a energia liberada devido s alteraes nas ligaes, que est quase

    toda contida nos fumos e pronta para ser transferida para outro sistema.

    A reao de combusto s ocorre em condies ideais de temperatura e

    presso. A combusto do carbono slido com o oxignio gasoso, por exemplo,

    ocorre em temperaturas superiores a 400C.

    1.4 Tipos de Combusto

    a) Completa: a combusto em que o carbono do combustvel atinge seu

    ponto mximo de oxidao,

    C(s) + O2(g) CO2(g) ; H1 = - 96400cal/mol

    Quando no combustvel est presente o hidrognio, os produtos da

    combusto completa so gs carbnico (CO2) e vapor dgua.

    Dependendo das quantidades proporcionais de combustvel e de

    comburente (oxignio) a combusto ser denominada teoricamente completa se

  • 13

    o oxignio estiver na sua quantidade estequiomtrica ou ser denominada

    praticamente completa se a quantidade de oxignio estiver acima da

    estequiometricamente calculada para oxidar completamente a matria

    combustvel.

    b) Incompleta: aquela em que o carbono no atinge seu estado final de

    oxidao,

    C(s) + O2(g) CO(g) ; H2= - 28700cal/mol

    Na combusto incompleta ocorre a formao do monxido de carbono que

    deve ser manipulado com cuidado por causa da sua toxidez. Esta reao

    acontece quando o carbono est incandescente.

    c) Imperfeita: a combusto que ocorre com queima parcial do

    combustvel e junto com o produto da reao encontra-se carbono na forma de

    fuligem,

    nC + O2 CO2 + ( n - 1 ) C

    nC + O2 CO + ( n - 1 ) C

    Na queima do material combustvel, a matria mineral no gaseifica e passa

    a constituir as cinzas juntamente com o resduo orgnico que no foi queimado e

    denominado cinza. Cinzas, portanto, composto pela cinza e pela matria

    mineral. A composio das cinzas varia largamente. Em termos de xidos, esta

    composio (em %) tem a seguinte variao:

    SiO2 20-60

    Al2O3 10-35

    Fe2O3 5-35

    Co 1-20

    MgO 0.3-4.0

    TiO2 0.5-2.5

    Na2O e K2O 1.0-4.0

    SO3 0.1-1.2

  • 14

    O conhecimento da composio das cinzas do carvo til para no

    contaminar o metal.

    1.5 Clculos de Combusto

    Oxignio Terico: A quantidade de oxignio necessria, mas no em excesso,

    para queimar o carbono, o hidrognio e o enxofre presentes no combustvel, o

    oxignio terico. O peso ou o volume de oxignio terico depende da

    composio qumica do combustvel ou, se a composio qumica no for bem

    conhecida, deve-se saber a proporo dos componentes.

    Na combusto completa de um combustvel que contm carbono,

    hidrognio, enxofre e oxignio as reaes finais so:

    C + O2 CO2(GS) (1)

    12 32 44

    H2 + O2 H2O(VAP) (2)

    S + O2 SO2(GS) (3)

    32 32 64

    Segundo a reao (1), para queimar-se 1g de C necessitamos de 8/3g de

    O e assim obteremos 11/3 g de CO2. Da mesma forma, na reao (3) sero

    necessrios 1g de oxignio para queimar 1g de enxofre produzindo 2g de SO2,

    assim como na reao (2) 1g de hidrognio necessita de 8g de oxignio para

    fornecer 9g de gua.

    A quantidade de oxignio terico necessrio para combusto pode ser

    expressa da seguinte forma:

    O2 terico = O2 para combusto completa - O2 do combustvel

    Segundo Gomes (2000), veremos ento alguns conceitos importantes abaixo:

  • 15

    Ar Terico: Denomina-se ar terico a quantidade de ar que contenha a

    quantidade de oxignio terico. Sabendo-se que a % de oxignio no ar de 21%

    em volume ou em moles, o ar terico pode ser expresso por:

    21,0

    )(

    )(2tericoO

    arterico

    VV ou )(artericon = nO2 terico / 0,2

    Ar em excesso: Uma combusto completa s pode ser obtida na prtica se o ar

    usado estiver em quantidade acima daquela calculada estequiometricamente.

    Tm-se o ar real ou o ar realmente utilizado, que o ar terico acrescido de um

    excesso, que esto relacionados pela expresso:

    Qtd.de ar real = Qtd. de ar terico + Qtd. de ar em excesso

    Entretanto, se o excesso for grande, a temperatura final dos fumos cair

    devido massa desnecessria de material no utilizado na combusto e diminuir

    o aproveitamento do poder calorfico do combustvel. A percentagem tima de ar

    em excesso varia de acordo com o estado fsico do combustvel:

    5 a 30% para combustvel gasoso;

    20 a 40% para combustvel lquido

    30 a 100% para combustvel slido.

    Para efeito de clculo considerado que em 100 litros ar atmosfrico seco

    temos 21litros de oxignio e 79 litros de nitrognio, assim como em 100 moles de

    ar, 21 moles so de O2 e 79 moles so de N2. E que 1 litro de O2 equivale a 3,76

    litros de N2. E que 1mol de O2 corresponde a 3,76 moles de N2.

    Produtos da combusto: O volume dos gases gerados pode ser calculado a

    partir do conhecimento do peso do combustvel consumido. A anlise dos gases

    de combusto realizada, por exemplo, em aparelho de Orsat (veja figura abaixo)

    fornece a percentagem de CO2, CO, O2 e N2 que utilizada na determinao da

    quantidade de calor contida nestes gases.

    No clculo dos produtos da combusto podemos supor que os produtos

    formados nas Condies Normais de Temperatura e Presso-CNTP (760mmHg e

  • 16

    0C) e nestas condies cada molcula gasosa ocupa 22,4 l/ g.mol ou 22,4

    m3/Kg.mol, o que na prtica pode implicar em erro quanto ao volume ocupado. A

    outra maneira, mais exata, de calcular utilizando o peso especfico

    correspondente presso e temperatura nas quais se encontram os produtos

    gasosos.

    Aparelho Orsat

    (Fonte: www. tradeindia.com)

    importante saber:

    A combusto pode ser sintetizada pelas seguintes reaes:

    C + O2 CO S + Ox SOx

    CO + O2 CO2 N + Ox NOx

    H2 + O2 H2O

    [U1]

    Consideraes a serem feitas para os clculos da combusto:

    a) Quanto ao combustvel:

    Carbono produz CO2 nos fumos

    Hidrognio produz H2O nos fumos

    Enxofre produz SO2 nos fumos

    Nitrognio passa a N2 nos fumos

    Oxignio passa a H2O nos fumos

    Umidade produz H2O nos fumos

    Cinza far parte do resduo slido

    b) Quanto ao comburente:

    Oxignio puro:

    - em quantidade terica no produz O2 nos fumos

    - em excesso produz O2 nos fumos;

  • 17

    Ar atmosfrico seco

    - na quantidade terica produz N2 nos fumos

    - em excesso produz N2 e O2

    [U2]

    Para que voc aplique as informaes apresentadas at aqui, vamos juntos

    resolver alguns exerccios. Acompanhe a demonstrao para depois fazer

    sozinho.

    Para calcular o consumo terico de oxignio necessrio combusto de 160 g de

    metano (CH4), seguimos os seguintes passos:

    1. Escrever a equao da combusto e balance-la

    CH4 + 2O2 CO2 + 2 H2O.

    2. Calcular o mol das substncias das quais foram fornecidas as massas e

    daquelas que foram solicitadas:

    CH4 = 16 2O2 = 64

    3. Montar a regra de trs para calcular a massa da substncia pedida a partir

    dos mols calculados e das massas fornecidas:

    16 --------------- 64

    160-------------- x x= 160. 64 = 640 g de O2

    16

    4. a)Para transformar a massa em volume precisamos conhecer a massa

    especfica do material em questo. De um modo geral, o ar puro e seco

    apresenta a presso de 1 atm s seguintes massas especficas:

    Dados do ar seco a 1atm.

    Temperatura (C) Massa especfica (kg/m3) Volume especfico

    (m3/kg)

    0 1,293 0,7736

    25 1,184 0,8443

    50 1,093 0,9151

    75 1,014 0,0858

  • 18

    100 0,9464 1,0566

    4.b) Para calcular o volume de ar necessrio queima do metano a que se

    refere o problema anterior, considerando P = 760 mmHg e T= 25 C seguimos os

    seguintes passos:

    1. Considerando que para cada mol de oxignio envolvido h 3,76 mols de

    nitrognio e que

    Massa de ar = massa de O2 + massa de N2.

    N2/ O2 = 3,762

    N2 = 3,762 . 640 = 2407,68 Kg

    Ar = 640 + 2407,68 = 3047,68kg

    2. Transformando em volume:

    A 25 C 1Kg de ar ---------------------0,8443m3

    3047,68 kg -------------------- x

    X= 2573,15 m3

    Para calcular o consumo de ar atmosfrico necessrio combusto de 2200 Kg

    de propano (C3H8), considerando a necessidade de excesso em 35%. E

    determinar a composio da fumaa, seguimos os seguintes passos:

    C3 H8 + 5O2 3CO2 + 4 H2O.

    44 160 132 72

    44 ----------- 160

    2200--------- x x= 8000kg de oxignio

    1. Calcular a massa de ar:

    N2/ O2 = 3,762

    N2 = 3,762 . 8000 = 30096 Kg de nitrognio e argnio

    Massa de ar = 30096 + 8000 = 38096 kg de ar

    2. Incluir o excesso de 35%:

    38096 . 1,35 = 51429,6 kg de ar.

    3. Transformar a massa em volume: (consultar a tabela para t=25C)

  • 19

    51429,6 . 0,8443 = 43 422 m3 de ar

    4. Determinar a composio da fumaa:

    De acordo com a reao qumica os produtos desta combusto so CO2 e H2O:

    Calculando o gs carbnico formado:

    44 -------------------- 132

    2200 ------------------ x x= (2200. 132) / 44 = 6600 kg de CO2

    5. Calcular a gua formada:

    44 ------------------- 72

    2200 --------------- x x = (2200.72)/44 = 3600 kg de H2O

    6. Nos fumos encontraremos:

    Oxignio em excesso (que no reagiu): 35% de 8000 = 2800 kg de O2

    Nitrognio e argnio (inertes): 79% de 51.429,6 kg de ar = 40.629,36 Kg de

    inertes

    Composio dos fumos

    Constituintes Massa %

    CO2 6600 12,306

    H2O 3600 6,712

    O2 2800 5,221

    Inertes 40629,36 75,76

    Total 53629,32 100

    Resumo

    Nesta aula voc teve oportunidade de aprender o que um combustvel, qual sua

    aplicao na metalurgia, quais as condies para que ele queime e libere calor,

    quais so os outros produtos da combusto e, por ltimo, como calcular os

    elementos envolvidos na combusto.

    Agora que voc j conhece o conceito de combustvel, combusto e ar

    necessrio para que ela acontea, pense e responda a questo a seguir.

  • 20

    1.Calcular o consumo de ar necessrio e a quantidade de gs carbnico e vapor

    dgua formados quando so queimados 100 kg de metano (CH4).

    Prezado(a) estudante

    Espero que voc tenha conseguido realizar as atividades de aprendizagem e

    assim fixado mais o contedo que acabou de ser apresentado.Na prxima aula

    trataremos de poder calorfico. Continue disciplinado(a) em seus estudos.

  • 21

    Ol!

    Agora iniciamos nossa segunda aula. um novo passo nessa nossa

    caminhada. Voc conseguiu assimilar os novos contedos? importante no

    deixar dvidas pendentes, pois nesse momento outras informaes iro ser

    acrescentadas no seu aprendizado. A seguir, trataremos de assuntos que vo

    auxiliar no entendimento da quantidade de combustvel necessria ao processo

    de queima .

    2.1 Calor de Combusto

    Qualquer que seja o tipo de combustvel e qualquer que seja a tcnica da

    combusto, o objetivo principal o mesmo, ou seja, desenvolver em uma forma

    til a mxima proporo de calor potencial do combustvel.

    Para ocorrer a combusto, o combustvel deve ser aquecido a uma determinada

    temperatura conhecida como temperatura de ignio.

    2.2 Temperatura de Ignio

    , portanto, a temperatura mnima a que deve estar o combustvel para

    que a reao de combusto se processe de modo rpido e eficiente.

    Quando a mistura queima sem qualquer fonte de ignio ela dita

    inflamvel. Para inflamar a mistura, ou seja, lev-la temperatura de ignio,

    podem-se usar diversos mtodos: centelha eltrica, superfcies quentes, chama

    ou ondas de choques.[DP3]

    Aula 2 Poder Calorfico

    Objetivo

    Calcular a energia liberada na queima do combustvel

  • 22

    Fonte: webphysics.davidson.edu/.../SoundBarrier.gif

    Esta temperatura de chama varia com a razo entre o combustvel e o ar.

    Em geral, quanto maior o % de ar, menor ser a temperatura de ignio.

    Para determinar a temperatura de ignio, um dos mtodos mais importante o

    de Moore, que consiste em deixar cair pequenas pores do combustvel slido

    ou lquido sobre uma chapa metlica aquecida a temperaturas cada vez maiores.

    Ao aparecer a chama, l-se a temperatura da chapa aquecida.

    A tabela a seguir apresenta a temperatura de ignio de alguns

    combustveis em presena de ar e presso atmosfrica.

    Combustvel Frmula Temperatura em C

    Enxofre S 245

    Carvo Mineral C 400-600

    Monxido de carbono CO 650-670

    Petrleo bruto - 65-320

    Querosene - 250-320

    Metano CH4 650-760

    Gasolina Comum C8H18 240-430

    Acetileno C2H2 300-440

    Etileno C2H4 480-550

    Etano C2H6 470-630

    Hidrognio H2 575-610

    Quando um combustvel queimado, desenvolve-se calor e a quantidade

    de calor proporcional ao peso do material queimado. A quantidade de calor

    liberado por unidade de massa diferente para as diferentes substncias. A

    medida desse calor denominada poder calorfico.

  • 23

    2.3 Poder Calorfico

    por assim definido como a quantidade de calor desprendido durante a

    combusto completa de uma unidade de massa ou de volume de um combustvel

    quando queimado completamente, em uma dada temperatura (18 ou 25 C),

    sendo os produtos da combusto resfriados at a temperatura inicial do

    combustvel.

    Teoricamente, o poder calorfico numericamente igual entalpia padro

    de combusto, porm com sinal contrrio: PC= -Hcombusto. Na prtica, uma parte

    deste calor perdida por radiao ou na forma de calor sensvel levado pelos

    fumos quando saem em temperatura acima da inicial do combustvel.

    Entalpia de combusto em Kcal/kg

    Combusto Grafite Coque Carbono mineral

    C a CO 2210 2250 2390

    CO a CO2 5640 5640 5640

    C a CO2 7850 7890 8030

    A maioria dos combustveis contm hidrognio em sua constituio e seu

    processo de combusto ocorre com formao de gua. A gua formada pode

    permanecer no estado vapor ou se condensar no ambiente da combusto,

    resultando assim, dois valores para o calor de combusto do combustvel que

    contem hidrognio, de acordo com Gomes (2000):

    O Poder Calorfico Superior (PCS) correspondente ao calor produzido

    pela combusto completa do combustvel, havendo formao somente de

    gs carbnico e gua e ficando toda essa gua no estado lquido.

    O Poder Calorfico Inferior (PCI) o valor obtido quando se considera

    que toda gua produzida, mais a inicialmente presente no combustvel,

    permanece no estado vapor. Sendo este de maior preciso tambm

    chamado de poder calorfico til.

    A diferena entre os dois valores ser exatamente o calor de vaporizao

    da gua que existe no carvo ou que se forma pela oxidao do hidrognio livre.

    PCI = PCS L m

  • 24

    Onde L o calor de evaporao da gua a 18C e m a massa da gua nos

    fumos. A massa de gua inclui tanto a inicialmente presente no combustvel

    quanto a formada durante a combusto. Sendo L = 0,586kcal/g, temos:

    PCI = PCS - 0,586 (mH2O nos fumos)

    Utiliza-se convencionalmente nos balanos de energia o poder calorfico

    superior, visto que o estado de referncia para toda a gua envolvida no processo

    o estado lquido.

    Unidades do poder calorfico: as unidades usadas para expressar o PC so:

    Caloria por quilo ou caloria por grama (cal/kg ou cal/g) a quantidade de

    calor necessria para elevar de 15 para 16C um grama de gua;

    Unidade britnica de calor por libra (BTU/lb) a quantidade de calor

    necessria para elevar a temperatura de 1lb de gua de 60 a 61F.

    Unidade britnica de calor por galo - BTU/gal

    Unidade britnica de calor por p cbico - BTU/ft3

    Caloria por metro cbico - cal/m3.

    Unidades molares: kcal/kmol e Kcal/mol

    Relaes entre as unidades:

    1 BTU/lb = 0,555 Kcal/kg

    1 BTU/pe3 = 8,9 Kcal/m3

    1 Kcal/kg = 1,8 BTU/lb

    1 Kcal/Kmol = 1000 Kcal/mol

    2.3.1 Determinao do poder calorfico

    A quantidade de calor liberada pela combusto de uma unidade de massa ou

    volume de qualquer combustvel pode ser determinada no calormetro ou atravs

  • 25

    dos calores de reao ou empiricamente, como veremos abaixo, tomando como

    princpio os estudos de Silva (1979):

    A. A partir da composio do combustvel e dos calores de combusto de

    suas fraes dados na tabela abaixo:

    Calores de Combusto

    Composto Frmula Estado

    PC a 25C e presso const.

    H2O(liq.) e CO2(g) H2O(v) e CO2(g)

    Kcal/mol Cal/g Kcal/mol Cal/g

    Hidrognio H2 Gs 68,32 33887 57,79 28669

    Carbono(grafite) C Sol. 94,5 7831 - -

    Monxido de

    carbono CO Gs 67,64 2415 - -

    Carbono amorfo C Sol. 96,7 8083 - -

    B. Por frmulas empricas

    Para carves minerais, pode-se utilizar a frmula de Dulong, que permite

    calcular o poder calorfico superior a partir dos dados da anlise elementar,

    obtendo-se resultados aceitveis para carves com teor de carbono superior a

    76% e menor que 90%:

    PCS ( Kcal/Kg) = 81,4 C + 345 ( H - 0/8 ) + 25 S

    Onde:

    C o teor de carbono no combustvel.

    H o teor de hidrognio no combustvel

    O o teor de oxignio no combustvel

    S o teor de enxofre no combustvel.

    Os coeficientes so valores aproximados dos respectivos calores de combusto

    divididos por 100, para que assim possa ser utilizado o valor da percentagem dos

    elementos.

    (H-0/8) representa o hidrognio livre, disponvel para a combusto.

  • 26

    O/8 equivale ao hidrognio combinado.

    Para valores abaixo de 76%:

    PCS (Kcal/Kg) = 8070 C + 34550 (H - 0/8) + 2248 S

    Para a determinao do poder calorfico inferior pode-se efetuar a

    subtrao do calor latente de condensao de toda gua presente nos fumos ou

    utilizar a expresso:

    PCI (kcal/kg) = 81,4. C + 290 (H - 0/8) + 25. S 6. H2O

    Onde H2O a percentagem de umidade do combustvel.

    C. Medida experimental

    O poder calorfico de um combustvel pode ser determinado

    experimentalmente em um aparelho denominado bomba calorimtrica (visualize-a

    na figura abaixo). A bomba um recipiente de ao inox resistente a altas

    presses, contendo um cadinho.

    Para fazer esta medida, uma quantidade pesada de carvo ou leo

    combustvel colocada no cadinho e a bomba preenchida com oxignio a uma

    presso de 25 atm; em seguida esta bomba imersa em uma quantidade pesada

    de gua contida em um vaso calorimtrico.

    Um filamento fusvel aquecido eletricamente o que permite a queima do

    combustvel. O calor produzido eleva a temperatura da bomba e da gua do vaso

    calorimtrico. O calor determinado a partir da medida cuidadosa da elevao

    desta temperatura.

  • 27

    Bomba calorimtrica (fonte: webs.uvigo.es)

    2.4 Temperatura de Chama

    Intensidade calorfica ou Temperatura de chama ou Temperatura Terica de

    Combusto: a temperatura mxima atingida pelos fumos da combusto

    completa, se toda quantidade de calor desprendida fosse utilizada unicamente

    para aquecimento dos fumos, sem haver perda de calor.

    Temperatura terica da chama de combustveis gasosos na presena de ar em

    proporo correta.

    Combustvel Temperatura (C)

    Hidrognio 2155

    Monxido de Carbono 2120

    Metano 1920

    Etano 1950

    Propano 1970

    Butano 1965

    Gs Natural 1960

    Gs de Carbureto 1965

    Gs de alto forno 1455

    Gs de Coqueria 1985

  • 28

    Como o processo de combusto real sempre ocorre em excesso de ar

    difcil atingir a temperatura terica.

    Clculo da Temperatura de chama (TC):

    TCPC

    C V C V C Vn n

    1 1 2 2 .....

    PC = poder calorfico do combustvel;

    C1... n = calor especfico dos produtos da combusto;

    V1...n = volume dos produtos da combusto.

    Havendo pr-aquecimento do ar e do combustvel seus calores sensveis

    sero somados ao PC e,

    TCPC Q Q

    C V C V C V

    a c

    n n

    1 1 2 2 .....

    A temperatura efetiva de combusto acentuadamente menor, no

    alcana 80% da terica, porm sua determinao permite prever a temperatura

    mxima a que estaro sujeitos os materiais que estaro em contato com os fumos

    da combusto ou com a chama da combusto.

    Resumo

    Nesta aula tratamos sobre a energia trmica liberada do combustvel por ocasio

    de sua queima, ou seja, o seu poder calorfico. Como consequncia tambm

    mostramos sobre a temperatura mnima que o combustvel precisa estar para

    queimar, bem como a temperatura que a chama atinge.

    Caro(a) estudante, agora que voc j pde conhecer a energia liberada na

    combusto e como calcular, pois so pontos relevantes de nosso estudo, pense e

    responda o questionamento seguir.

    Atividades de aprendizagem

  • 29

    Para que voc aplique as informaes apresentadas at aqui, vamos juntos

    resolver alguns exerccios novamente e continuaremos no decorrer das outras

    aulas. Acompanhe a demonstrao para depois fazer sozinho.

    Determinar o poder calorfico inferior de uma mistura gasosa de 60% em volume

    de propano (C3H8) e 40% em volume de n-butano (C4H10), a partir dos calores de

    combusto a seguir:

    C3H8(gs)+ 5 O2 ------> 3 CO2 + 4 H2O(vapor) + 488,53 kcal/mol

    C4H10 (gs)+ 6,5 O2 ------> 4 CO2 + 5 H2O(vapor) + 635,38 kcal/mol

    Base de clculo: 1000 litros (1m3)

    Seguimos os seguintes passos:

    1) Calculando o volume dos componentes da mistura.

    Vp = 60% x 1000 = 600 litros de propano

    Vb = 40% x 1000 = 400 litros de n-butano

    2) Calculando o nmero de moles dos componentes (np e nb).

    Nas CNTP o volume de qualquer gs igual a 22,4 l/mol e assim teremos as

    seguintes quantidades molares (o volume molar equivale ao mol das

    determinaes mssicas):

    np= 600 / 22,4 = 26,785 moles de propano e nb= 400 / 22,4 = 17,857 moles de n-

    butano

    3) Calculando o poder calorfico da mistura.

    Na queima dessas quantidades molares haver desprendimento de calor de

    acordo com os calores de combusto das reaes do propano e do n-butano:

    Q= n x calor de combusto

    Q = 26,785 moles/m3 x 488,53 kcal/mol + 17,857 moles/m3 x 635,38 kcal/mol

    Q = 24.431 kcal/m3 ou PCI = 24.431 kcal/m3, pois as equaes mostram a

    formao da gua no estado vapor.

    2) Um carvo mineral apresenta a seguinte anlise elementar em % em peso:

    Carbono Hidrognio

    (livre) Nitrognio Enxofre

    gua

    combinada Umidade Cinza

  • 30

    66,6 3,2 1,4 0,5 9,5 9,6 9,2

    Determine o PCS e o PCI utilizando a frmula de Dulong

    PCS (Kcal/Kg) = 8070 C + 34550 (H - 0/8) + 2248 S

    (H - 0/8) equivale ao hidrognio livre

    Seguimos os seguintes passos:

    1) Substitumos na frmula os valores fornecidos na tabela

    PCS = 8070 x (66,6/100) + 34550 ( 3,2/100) + 2248(0,5/100)

    PCS = 6.491 kcal/kg

    2) Para calcular o PCI, proceder da mesma maneira.

    PCI (kcal/kg) = 81,4. C + 290 (H - 0/8) + 25. S 6. H2O

    A percentagem de gua no combustvel ser a soma da gua combinada e da

    gua de umidade.

    PCI (kcal/kg) = 81,4 x (66,6) + 290 (3,2) + 25 x (0,5) 6 x 19,1

    PCI = 6.247,14 kcal/kg

    Caro(a) estudante.

    Aps seus estudos nessa aula, espero que consiga visualizar a aplicabilidade das informaes aqui obtidas. Pesquise em outros materiais (disponveis nas Referncias), converse com seus colegas de curso e complemente seu aprendizado sempre que possvel. Vamos em frente! Na prxima aula o tema ser a classificao dos combustveis. Bons estudos!

  • 31

    Estimado(a) estudante.

    Agora estamos na metade da nossa caminhada. Voc j refletiu como est

    sua compreenso do contedo? Ainda temos mais alguns avanos pela frente.

    No desanime, pois ao final voc perceber a importncia dos conhecimentos

    adquiridos.

    3.1 Classificao

    Os combustveis podem ser classificados de vrias maneiras. Entretanto,

    como o seu estado fsico que determina o mtodo de utilizao e o tipo de

    equipamento necessrio combusto, os combustveis so classificados

    prioritariamente em:

    a) slidos

    b) lquidos

    c) gasosos

    Cada uma destas classes pode ser ainda subdivida em naturais ou primrias e

    preparadas, derivadas ou secundrias. Veja a seguir:

    Classificao Geral dos Combustveis

    SLIDOS

    Combustveis primrios Carves minerais (turfa, linhito, hulha,

    antracito, madeira, etc.)

    Combustveis secundrios

    Coque, carvo vegetal, coque de petrleo,

    resduos industriais, combustveis slidos de

    foguetes (tiocol, hidrazina, nitrocelulose)

    Aula 3 Classificao dos Combustveis

    Objetivos: Classificar os combustveis usados em metalurgia. Identificar o processo de combusto e sua relao com o meio

    ambiente.

  • 32

    LQUIDOS

    Combustveis primrios Petrleo cru

    Combustveis secundrios Gasolina, querosene, leo diesel, HC da

    pirlise da hulha e do xisto betuminoso.

    GASOSOS

    Combustveis primrios Gs Natural

    Combustveis secundrios Gs de hulha, gs de gua, gs de alto forno,

    gases da refinao de petrleo.

    Em sua maioria, os combustveis so fsseis:

    Carvo, petrleo e seus derivados.

    No-fsseis: esta classificao inclui a madeira e seus derivados e o

    carvo vegetal.

    A turfa e o linhito esto includos entre os carves, apesar da turfa ficar no

    limite de diviso entre o vegetal e o fssil.

    Outra maneira de caracterizar os combustveis pelo seu poder calorfico.

    Logo eles podem ser classificados como de alto poder calorfico ou de baixo

    poder calorfico. Deste modo, o coque com 90% de carbono mais forte ou de

    maior poder calorfico que a turfa, que contm um alto contedo de gua.

    De acordo com Silva (1979), o gs natural possui maior poder calorfico

    que o gs artificial em virtude deste apresentar um alto contedo de nitrognio.

    Os combustveis podem tambm ser distinguidos como sendo renovveis e no-

    renovveis:

    No-renovveis so todos os combustveis fsseis e os elementos

    radioativos dos quais obtm-se a energia nuclear - considerada energia

    limpa - estando porm, em quantidades bem superiores, quase ilimitada se

    forem considerados os recursos do fundo dos oceanos.

    Renovveis: Madeira renovvel, mas em taxa muito baixa. A gua, o

    vento e as mars fornecem energia indefinidamente, entretanto, a taxas

    insuficientes para atender a necessidade de um forno. Outra fonte

    inexaurvel de calor o sol e as fontes geotermais que, no entanto,

    necessitam de tecnologias mais adequadas para poderem ser utilizadas

    em larga escala.

    Podem tambm ser classificados como naturais e artificiais; encontrados ou

    obtidos no estado slido, lquido e gasoso:

  • 33

    Naturais - Biomassa: madeira, substncias aucaradas, substncias

    amilceas, leos vegetais, gorduras animais, ceras, resinas, petrleo, gs

    natural, carvo mineral (hulha, antracito, linhito, turfa) e os xistos

    betuminosos.

    A turfa o primeiro estgio da decomposio da madeira, formada pela

    ao bacteriana e qumica no s da madeira como tambm dos restos de

    plantas. fibrosa e de cor marron. Sua formao se d pela acumulao e

    posterior compactao de musgos, plantas, detritos florestais, juncos, etc. em

    regio pantanosa, bastante mida. Possui alto teor de umidade. A ao posterior

    do calor, da presso e de outros agentes fsicos, leva formao das vrias

    espcies de carvo, do linhito ao antracito.

    Turfa Linhito Antracito

    (Fonte: gckbr.com)

    (Fonte: mundoeducacao.com.br)

    (Fonte: teotokus.com.br)

    Metalurgicamente no um combustvel importante. Se disponvel em

    grande quantidade ela seca e usada industrialmente, em certos casos at para

    gerao de energia eltrica.

    O linhito um carvo mineral intermedirio entre a turfa e o carvo

    semibetuminoso. Contm 10 a 40% de umidade e de 5 a 12% de cinzas. de uso

    bastante restrito na metalurgia.

    O antracito uma variedade dura do carvo mineral, no coqueificvel e

    no apresenta mais vestgio de sua origem vegetal. Na metalurgia encontra

    utilizao apenas como refratrio. Possui 86,5% de carbono fixo, arde com

    dificuldade e possui alto poder calorfico.

    Artificiais - so obtidos por transformaes qumicas, fsicas e mecnicas

    dos combustveis naturais. Por destilao fracionada do petrleo obtm-se

    gasolina, querosene, leo combustvel, etc. Por catlise obtm-se o leo

    diesel.

  • 34

    Pela transformao do carvo mineral obtm-se diferentes tipos de coque;

    da madeira e da celulose so obtidos o carvo vegetal, o gs de gua, o gs de

    ar. Alm destes temos o gs de coqueria, o gs de alto-forno, o gs de leo e o

    gs de gasognio.

    3.2 Principais Combustveis Usados na Metalurgia

    Os principais combustveis usados na metalurgia so aqueles de maior facilidade

    de aquisio, menor custo e com caractersticas que atendam as necessidades

    metalurgias, so eles:

    3.2.1 Combustveis naturais

    a) madeira: no empregada diretamente como combustvel na

    metalurgia, sendo, porm a matria-prima da formao dos depsitos

    carbonferos e da fabricao do carvo vegetal. Segundo a teoria de Parr, a

    celulose - principal componente da madeira - decompe-se conforme as reaes

    a seguir:

    5C6H10O5 C20H22O4 + 3CH4 + 8H2O + 6CO2 + CO

    linhito

    6C6H10O5 C22H20O3 + 5CH4 + 10H2O + 8CO2 + CO

    carvo betuminoso

    Durante o processo de transformao da madeira ocorre um aumento na

    quantidade de carbono e uma diminuio do hidrognio e do oxignio, eliminados

    pela formao dos volteis.

    b) carvo betuminoso ou hulha ou carvo mineral: um dos principais

    combustveis industriais. Contm alto teor de material voltil e constitudo de

    hidrocarbonetos e matria mineral, formada de argila, xidos e areia, podendo

    conter tambm pirita (FeS2) e fsforo dependendo do meio onde foi formado.

    Conforme seu comportamento, durante a queima na ausncia de ar, ele pode ou

    no ser coqueificvel.

  • 35

    A presena do enxofre e do fsforo pode inviabilizar sua utilizao

    metalrgica como matria-prima para a fabricao do coque, gs e carvo

    pulverizado. Constitui a etapa mais avanada das transformaes a que foi

    submetida matria vegetal, situando-se entre o linhito e o antracito. Possui

    63,5% de carbono fixo.

    3.2.2 Combustveis artificiais

    a) Carvo pulverizado: pode ser obtido de qualquer tipo de carvo, feito

    para ser utilizado em queimadores especiais. Deve apresentar 80% de suas

    partculas a 200 meshes (0.075mm) ou 95% com 100 meshes (0.150mm). A

    pulverizao feita em moinhos de bola aps britagem e secagem. Este carvo,

    obviamente, queima melhor que o carvo em pedaos e utiliza ar em quantidade

    praticamente igual estequiomtrica.

    uma vantagem que provm do fato deste carvo possuir maior superfcie

    de contato. Para se ter uma ideia melhor, um cubo de carvo com 2,5cm de lado

    apresenta uma superfcie exposta igual a 37,5cm2 entretanto, se este cubo for

    pulverizado em partculas de 200 meshes, sua superfcie de contato (rea de

    todas as partculas) sobe para 27.500m2.

    Sua desvantagem est em no poder ser estocado durante muito tempo,

    no mximo 48 horas, por causa da sua combusto espontnea. Seu teor de

    cinzas deve ser o menor possvel, pois esta poder formar uma camada isolante

    sobre a carga do forno.

    b) Carvo briquetado: o carvo pulverizado que foi comprimido em mistura

    com uma substncia aglutinante, de modo a formar cubos, denominados

    briquetes. O aglomerante usado pode ser o piche, o alcatro, o naftaleno, o

    asfalto, etc.

    c) Carvo vegetal: o resduo da destilao da madeira, realizada em

    ambiente com insuficincia de ar, com eliminao inicialmente da umidade,

    seguida do material voltil e deixando como resduo o carbono. A transformao

    completa ocorre entre 400C e 10000C. Possui baixo teor de cinza e nenhum

    enxofre. Seu poder calorfico de 6100 cal/kg, em mdia. A vantagem deste

    carvo est na ausncia de enxofre; a desvantagem sua baixa resistncia

    (40kg/cm2) e a devastao das florestas.

  • 36

    d) leo combustvel - Os principais tipos de leo combustvel utilizados nas

    indstrias so os leos residuais da destilao do petrleo a 3800C entre o

    querosene e os leos lubrificantes - um lquido escuro constitudo de uma

    mistura complexa de hidrocarbonetos. Seu poder calorfico de 10000 a

    10200cal/kg, os quais so classificados de acordo com o teor de enxofre (alto e

    baixo) e com a viscosidade. Existe tambm o consumo de combustveis leves

    como o diesel e o querosene em menor escala. A sua utilizao na metalurgia

    requer um baixo teor de enxofre (BTE), pois este elemento contamina o banho

    metlico.

    e) Gs de Gasognio - o gs obtido pelo sopro de ar e/ou vapor em

    quantidade suficiente apenas para realizar a combusto incompleta, atravs de

    uma camada de combustvel slido aquecido. Gasognio o nome do

    equipamento onde realizada a produo que pode utilizar carvo, coque,

    antracito, linhito, independentemente de sua qualidade como, por exemplo, o seu

    teor de enxofre.

    Quando se injeta ar, tm-se o gs de ar; quando se injeta vapor atravs do

    carbono incandescente temos o gs de gua, tambm chamado de gs azul em

    virtude da cor da chama da sua combusto. Injetando-se simultaneamente ar e

    vapor, temos o gs misto. A operao realizada em ciclos alternados de injeo

    de ar e vapor; a reao de obteno do gs de gua endotrmica e, por isso,

    tende a resfriar rapidamente o leito do coque ou do carvo, o que compensado

    pelo calor liberado durante a reao de obteno do gs de ar.

    Na obteno do gs de ar, a reao principal a ocorrer deve ser:

    C + O2 2CO H = - 58660cal/kg mol

    A reao principal na obteno do gs de gua :

    C + H2O CO + H2 H = +28380cal/kg mol

    f) Gs de Coqueria - um subproduto da fabricao do coque e tambm da

    destilao do carvo betuminoso em ausncia de ar. limpo, incolor e

    geralmente saturado de gua; sua composio :

    Composio qumica do gs de coqueria

    Constituinte Frmula Percentagem

  • 37

    Hidrognio (H2) 46.5 a 57.9%

    Metano (CH4) 26.7 a 32.1%

    Monxido de Carbono (CO) 4.6 a 6.9%

    Dixido de Carbono (CO2) 1.3 a 2.4%

    HC n-saturados 3.1a 4.0%

    Oxignio (O2) 0.2 a 0.9%

    Seu poder calorfico (PC) 4500 cal/m3. usado na siderurgia para aquecer

    as prprias retortas de coqueificao, misturado ao gs de alto-forno como

    combustvel nos fornos de recozimento, no preparo de atmosfera desoxidante.

    g) Gs de alto-forno - a operao de reduo do minrio de ferro, realizada

    em alto-forno, produz um gs composto principalmente de N2, CO2 e CO. Este

    ltimo resulta da reao inicial do coque com o ar soprado e, ao atravessar a

    carga, promove a reduo do xido de ferro. O CO2 resultante desta reao

    que, misturado ao CO restante mais o N2 do ar constitui o gs de alto forno cuja

    anlise tpica :

    CO 25%

    CO2 14.5%

    H2 3.0%

    N2 57.5%

    Ao sair do alto-forno este gs vem acompanhado de impurezas

    necessitando de lavagem e purificao. Seu poder calorfico baixo, 900cal/m3,

    devido ao alto teor de nitrognio e ao pequeno teor de matria voltil no coque

    usado para a reduo, sendo utilizado principalmente nos regeneradores.

    h) Gs de aciaria - Os gases emanados da aciaria a oxignio so ricos em

    CO e, portanto, combustveis. Aps passar por um sistema de recuperao,

    constitudo por uma srie de precipitadores de poeira e filtro, o gs acumulado

    em um gasmetro para da ser utilizado em outras unidades da reduo. Seu PC

    2200 cal/m3 e sua composio:

    CO 65 %

    CO2 15 %

    N2 20 %

  • 38

    i) Coque metalrgico ou coque hard: O carvo mineral, quando aquecido

    acima de 950C na ausncia de ar est sujeito a uma alterao de composio e

    estrutura. Dele se desprendem gases e um resduo de carbono. Estes gases

    apresentam uma composio qumica de acordo com a natureza do carvo.

    O resduo carbonoso rgido, consistente e poroso, vem constituir o coque,

    de poder calorfico equivalente a 8000cal/kg, que se classifica em metalrgico e

    no metalrgico, dependendo de suas caractersticas fsicas e qumicas.

    A matria voltil extrada, dependendo do processo usado para a obteno

    do coque, aproveitada aps conveniente resfriamento.

    Por definio, coque o resduo slido da decomposio do carvo mineral

    pelo calor, na ausncia de ar.

    Para produo do coque, outros carves alm do carvo mineral podem ser

    utilizados. Para isso devem possuir caractersticas coqueificantes, ou seja, serem

    aglutinveis. considerado coqueificvel aquele carvo que amolece durante o

    aquecimento, torna-se plstico, posteriormente funde e medida que os volteis

    so eliminados volta a solidificar numa nova estrutura.

    Veja a figura:

  • 39

    CARVO

    VOLTEIS COQUE

    Amnia

    Alcatro

    Nafta

    leo desinfetante

    Antraceno

    Creosoto

    Enxofre

    leos Leves

    Gs

    Combustvel

    Benzeno

    Tolueno

    Xileno

    CH4, H2, CO, CO2, outros,

    PCI : 4390Kcal/m3

  • 40

    No caso do carvo betuminoso, o aquecimento feito entre 300 e 400o C.

    Nesta temperatura sofre um amolecimento, sua fluidez alcana o valor mximo,

    aps o que decresce para finalmente solidificar-se entre 450 e 500C.

    Os carves no coqueificveis no se fundem, ficando no mximo pastoso.

    Em mdia cada tonelada produz:

    Alcatro 30/35L

    Sulfato de amnio 10/12 L

    leos leves 10/12 L

    Gs de coqueria 350m3

    O uso do carvo mineral brasileiro, na siderurgia, apresenta restries

    devido ao grau de impurezas, cinza e enxofre, o que requer uma intensa

    cominuio (reduo da granulometria) para a liberao da pirita (FeS).

    (Fonte:mundoeducacao.com.br) (Fonte: www.fem.unicamp.br) (Fonte: ufrgs.br)

    3.2.3 Fatores que mais influenciam nas propriedades coqueificantes dos

    carves

    Na preparao dos carves encontramos outras substncias, alm da parte

    combustvel, e condies que influenciam nas suas propriedades. So eles:

    - Matria Voltil (MV): no sendo constituda de elementos combustveis,

    o teor de MV no carvo deve ser no mximo 35%. Carves com MV alto fornecem

    coque de baixa resistncia. Entretanto, o carvo de MV muito baixo tambm

    inadequado na medida em que este sofre expanso durante o aquecimento e

    pode exercer presses perigosas contra as paredes da retorta, alm disto, a

  • 41

    quantidade de subprodutos menor. A alta MV de um carvo pode ser

    compensada pela mistura com outro de MV baixa de tal forma que a mistura

    contenha entre 28 e 30% de material voltil.

    - Cinza: o teor de cinza do coque aproximadamente 1,35 vezes a do

    carvo usado, portanto este teor deve ser baixo, no mximo 10% na mistura de

    carves a ser coqueificada. A cinza geralmente slica e alumina que devem ser

    escorificadas no alto-forno com cal. A presena de cinza no coque diminui o seu

    rendimento.

    - Enxofre: este elemento, por ser altamente prejudicial ao ao, no pode

    ultrapassar 0,8% no coque para o alto-forno ou 1% no coque para fundio.

    Consequentemente, o seu contedo no material a ser coqueificado deve ser o

    mais baixo possvel, visto que 60 a 80% do S do carvo passam para o coque. E

    como a maioria deste enxofre deve ser removida na forma de CaS, quanto maior

    o contedo de enxofre maior o consumo de calcrio e, consequentemente, o de

    coque para aquec-lo e fundi-lo.

    - Umidade: umidade em excesso pode danificar o refratrio da retorta na

    qual est acontecendo a coqueificao, devendo estar em torno de 7%, no

    mximo.

    - Oxignio: um carvo com teor de oxignio acima de 8% em base seca

    (livre de cinza) no fornecer um bom coque. Um dos fatores que contribuem

    para o aumento do teor deste elemento o tempo de estocagem.

    - Variao de volume: durante o aquecimento os carves tanto podem

    sofrer expanso quanto compresso, no havendo um meio seguro de prever seu

    comportamento a no ser atravs de experincia. Em geral, os carves de MV

    baixo expandem e, os de MV alto, contraem. Um determinado carvo com 18%

    de MV expande 40% e, com 42% de MV, contrai at 30%. Outro carvo expande

    20% com 17% de MV e contrai apenas 3% com 24% de MV. Para diminuir a

    expanso faz-se, como j foi dito anteriormente, a mistura de carves de alta MV

    com carves de baixa MV. A pulverizao mais acentuada e uma maior umidade

    tendem a diminuir a expanso ao diminuir a densidade aparente.

    - Presso desenvolvida: segundo a presso desenvolvida, os carves

    betuminosos classificam-se em:

    Alto voltil - 0.5 a 0.66 psi durante toda a coqueificao.

  • 42

    Mdio voltil - 0.5 no carregamento a 1.75 psi aps meia hora, podendo

    atingir um pico de 4psi aps 7 horas.

    Baixo voltil - 0.5 no carregamento a 6psi aps 7 horas.

    - Granulometria: o carvo usado deve possuir 80 a 90% de suas

    partculas menor que 3mm. Se o nmero de partculas nesta faixa granulomtrica

    for menor, por exemplo 70%, o coque obtido ser menos duro. Entretanto, se

    houver muito material fino surgir o problema da deposio nas tubulaes.

    3.2.4 Caractersticas do coque metalrgico:

    O coque utilizado na siderurgia como: combustvel, redutor e carburente.

    Como combustvel o responsvel pelo fornecimento de calor aos processos;

    como redutor promove a reduo dos xidos de ferro a ferro metlico; e como

    carburente fornece C para a formao da liga Fe-C, o gusa. Estas funes, todas

    de natureza qumica, exigem que o coque apresente um alto contedo de carbono

    fixo. Deste modo, a composio tpica em base seca (sem cinzas, umidade ou

    mv) deve estar prxima de:

    Carbono 95%

    Hidrognio 1%

    Nitrognio 1%

    Enxofre 1%

    Oxignio 2%

    O coque deve possuir propriedades fsicas de resistncia abraso e

    compresso que permitam a sua chegada regio das ventaneiras sem ter

    sofrido fragmentao significativa, apesar do peso da carga. Deve possuir uma

    homogeneidade granulomtrica de tal maneira a no prejudicar a

    passagem dos gases ascendentes em contra corrente.

    Apesar de toda carga poluente que geram, o coque e os demais

    combustveis obtidos a partir da elaborao, principalmente do carvo, ainda so

    os mais utilizados em metalurgia, onde prevalece a economia e o bom

    desempenho dos equipamentos de queima que, alis, so projetados para

    utilizao deste tipo de combustvel.

  • 43

    3.3 Combusto e meio ambiente

    Desde os primrdios da humanidade, o consumo de

    energia s vem aumentando, tanto no consumo per capita

    como no consumo global. O homem primitivo consumia

    2.000 kcal por dia, quantidade mnima necessria sua

    sobrevivncia. Este valor se elevou para cerca de

    200.000 kcal por dia. Para suprir esta necessidade energtica, o homem precisa

    de combustveis. Dentre estes temos os alimentos que garantem o funcionamento

    de seu organismo e aqueles necessrios para o funcionamento de um complexo

    sistema industrial decorrente das exigncias e dos hbitos adquiridos por fora da

    evoluo do homem.

    Os combustveis lquidos do petrleo utilizados nas indstrias, geralmente

    leos combustveis pesados, concorrem de forma significativa para a deteriorao

    do meio ambiente devido a vrios fatores como: dificuldade de se manter as

    condies ideais para atomizao e presena de elementos como o enxofre e

    alguns metais, mesmo em pequenas percentagens, como vandio, nquel, sdio e

    ferro.

    Conforme Barros, Deleo e Costa, (2004), os principais efeitos dos

    combustveis e produtos da combusto no meio ambiente so:

    a) Chuva cida, causada pela formao de SO2, SO3, CO2, N2O e NO.

    b) Aquecimento global, causado pelo efeito estufa oriundo do CO2, N2O e

    CH4

    c) Neblina que irrita os olhos, causada pela foto oxidao dos vapores dos

    HC no queimados em presena de NO2 e da luz solar.

    d) Aumento de material particulado na atmosfera devido emisso de

    fuligem (carbono no-queimado).

    A emisso de produtos incompletos da combusto para a atmosfera, como

    vapores de hidrocarbonetos, monxido de carbono e fuligem est associada a

    condies inadequadas de combusto como:

  • 44

    I. Baixa turbulncia, ou seja, insuficiente superfcie de contato entre o

    combustvel e o comburente, como ocorre em uma m atomizao do leo

    combustvel.

    II. Baixo tempo de residncia da mistura combustvel-comburente nas

    condies de ignio.

    III. Rpida queda da temperatura da chama, antes que a queima seja

    completa, fenmeno esse que chamado de "congelamento da chama".

    IV. Insuficincia de comburente, tambm chamada de mistura rica.

    A formao de NOx est relacionada com o uso do ar atmosfrico

    (comburente) como:

    I. Mistura pobre (excesso de ar de combusto elevado).

    II. Tempo de residncia elevado em condies de ignio.

    III. Alta turbulncia.

    IV. Chama e processo de alta temperatura.

    As condies ideais da combusto so aquelas em que o excesso de ar de

    combusto o mnimo necessrio para garantir a queima completa do

    combustvel. Assim, a eficincia de combusto maximizada, reduzindo a

    formao dos produtos da combusto: CO2, H2O, SOx e NOx.

    Independentemente do energtico utilizado, existem muitas possibilidades

    para reduzir o impacto ambiental da queima de combustveis, todas elas ligadas a

    medidas de conservao de energia:

    Controle da Combusto e da Tiragem

    O controle feito atravs da anlise dos produtos da combusto,

    monitorando os teores de O2, CO2, CO e carbono no queimado. Atravs do

    controle da tiragem possvel regular a presso interna do equipamento trmico,

    evitando a perda de gases quentes e a entrada de ar frio do ambiente.

    Basicamente a otimizao da combusto resume-se em minimizar o excesso de

    ar de combusto sem a presena significativa de fraes combustveis, sendo

    percebida pelo aumento do teor CO2 e pela diminuio do teor de O2 na anlise

    dos produtos da combusto. Benefcios imediatos para o meio ambiente: reduo

    das emisses totais de CO2 e de NOX devido ao mnimo excesso de ar.

  • 45

    Preaquecimento do Ar de Combusto

    O preaquecimento do ar de combusto uma medida que proporciona

    significativa economia de combustvel, principalmente em processos trmicos de

    alta temperatura. Este preaquecimento pode ser feito atravs de recuperadores

    ou de regeneradores. Portanto, sob o ponto de vista da emisso de CO2, esta

    medida contribui para sua reduo por diminuir a quantidade de combustvel

    queimado.

    Porm, aumenta o potencial para formao de NOx devido elevao da

    temperatura da chama. Mas esta formao pode ser reduzida atravs da reduo

    do excesso de ar de combusto

    3.3.1 Combusto, meio ambiente e o setor siderrgico

    Segundo os especialistas Barros, Deleo e Costa (2004), a eficincia dos

    processos convencionais est se aproximando do seu limite terico e,

    consequentemente, no podemos mais esperar redues significativas na

    emisso de poluentes. Estes fatos, somados ao efeito sobre o meio ambiente da

    queima dos combustveis fsseis e ao esgotamento eminente das reservas de

    petrleo do planeta motivaram o desenvolvimento de pesquisas para modificar a

    matriz energtica atualmente usada.

    Atualmente as siderrgicas em parceria com universidades fazem estudo

    de viabilidade de substituio do carvo mineral pelo carvo vegetal produzido a

    partir de biomassa diversa. No Brasil h empresas cuja matriz energtica

    constituda por 86% de biomassa plantada. Bagao de cana-de-acar, casca de

    arroz, resduo de madeira, capim-elefante e eucalipto so exemplos da utilizao

    da biomassa que, alm de fornecer carbono, proporciona a reciclagem do CO2.

    No balano global, a utilizao do carvo vegetal reflorestado retira o CO2

    de forma cclica uma vez que as rvores utilizadas na produo do carvo so

    colhidas antes que sua fase de crescimento tenha se completado e, estando

    constantemente em fase de crescimento, absorvem mais CO2 do que liberam.

    At que se encontre um substituto a altura, a alternativa racionalizar o

    uso dos atuais combustveis.

  • 46

    A cogerao um exemplo de racionalizao. Cogerao a gerao

    sequencial em temperatura de trabalho de energia eltrica ou mecnica e de

    energia trmica (calor ou frio) atravs de uma nica queima de combustvel. Este

    processo de gerao de energia de grande futuro por utilizar basicamente o

    gs.

    Na cogerao aproveita-se o potencial existente nos produtos resultantes

    da queima de um combustvel que esto a alta temperatura para gerao de

    trabalho e energia trmica. Na metalurgia, a cogerao j vem sendo utilizada, a

    exemplo da utilizao do gs de coqueria, gs de aciaria e gs de alto forno. O

    aproveitamento dos finos do carvo uma outra tentativa para amenizar os

    prejuzos ao meio ambiente provocados pela queima de combustvel.

    Resumo

    Nesta aula voc pde aprender a classificar e identificar as caractersticas dos

    combustveis, verificamos tambm os principais combustveis usados na

    metalurgia, especialmente o coque e o carvo vegetal. Foi realizada uma

    abordagem sobre a questo ambiental relacionada com a produo e utilizao

    dos combustveis.

    Prezado(a) estudante. Terminamos mais uma aula. Parabns pelo seu empenho. Como foi seu aproveitamento nesta unidade? Conseguiu desenvolver um pouco mais sua formao profissional? importante acreditar que cada conhecimento aqui adquirido parte fundamental no seu curso. Acredite em voc e no seu potencial. Vamos para a prxima aula, na qual abordaremos as escrias.

  • 47

    Caro(a) estudante.

    A partir deste ponto iremos conhecer outro material de suma importncia,

    pois se trata de um subproduto que pode ser reaproveitado em outras operaes,

    alm de fornecer informaes para avaliar o desempenho do processo.

    4.1 Escrias

    Escrias so as impurezas no gasosas geradas pelo processo de

    obteno do metal. Elas so produtos da ao dos fundentes sobre a ganga do

    minrio e sobre as cinzas do combustvel.

    O processo de formao da escria envolve a reao entre um xido cido

    e um xido bsico. A escria contm, portanto, a parte intil da carga. A figura a

    seguir apresenta uma escria de siderurgia.

    Aula 4 Estudo das Escrias

    Objetivos:

    Reconhecer as escrias formadas durante os processos metalrgicos

    de extrao e refino de metais

    - Identificar sua formao e reaproveitamento

  • 48

    As escrias podem ser reaproveitadas na indstria cermica para produo

    de cimento, pisos e revestimentos, bem como para produo de fertilizantes,

    entre outras aplicaes.

    4.1.1 Requisitos necessrios a uma escria

    Ao estudarmos sobre as escrias, precisamos pensar em alguns pontos

    principais para ficarmos atentos. Segundo Silva (1979), os requisitos principais a

    uma escria so:

    Possuir ponto de fuso tal que possa fundir completamente temperatura

    do forno e esta fuso no ocorra antes que a carga esteja fundida;

    Possuir baixa temperatura de formao;

    Possuir baixa densidade, que possibilita a separao entre as fases

    metlicas e no metlicas;

    Ser imiscvel, de maneira que possa flutuar sobre o metal lquido;

    Conter o menor teor possvel do xido metlico do qual est sendo extrado

    o metal;

    Possuir baixa viscosidade para, da mesma forma que a densidade, separar

    o metal e para que possa fluir sem arrastar a poro metlica;

    Possuir baixo calor especfico para minimizar as perdas de calor;

    Possuir baixo poder dissolvente dos constituintes metlicos ou dos

    compostos intermedirios como as mates e speiss.

    [.4]

    4.1.2 Classificao das Escrias

    J foi dito que a reao de formao da escria se d entre um xido que

    funciona como base e outro que funciona como cido.

    Quanto natureza do xido cido formador, as escrias podem ser

    silicatadas e no-silicatadas.

    Escrias silicatadas so aquelas em que o xido cido formador a slica

    (SiO2) e o outro xido pode ser qualquer xido bsico (CaO, MgO, FeO, MnO,

    BaO, ZnO, Na2O, etc.).

  • 49

    Escrias no-silicatadas so as escrias formadas pela reao entre um

    xido cido qualquer excetuando a slica (P2O5, SO3, TiO2, Sb2O5, As2O5, B2O5,

    etc..) e xidos bsicos.

    As escrias silicatadas so as mais importantes por possurem grande

    utilizao na metalurgia. Estas escrias, metalurgicamente, so caracterizadas

    pelo grau de silicato S, definido pela relao entre o peso do oxignio na slica e

    o peso do oxignio nos demais xidos.

    As escrias formadas possuem as seguintes frmulas gerais: (MO)n ( SiO2)m,

    (M2O3)n (SiO2)m , onde M o metal. De acordo com o valor de S, a escria recebe

    as seguintes designaes:

    Subsilicato, quando S = 0.5; a exemplo de 4Mn2O3.SiO2

    Monossilicato, quando S = 1.0; a exemplo de 2FeO.SiO2

    Sesquissilicato, quando S = 1.5; a exemplo de 4CaO.3SiO2

    Bissilicato (metassilicato ) S = 2; a exemplo de NaO.SiO2

    Trissilicato, quando S = 3; a exemplo de 2CaO.3SiO2

    Os trissilicatos no se formam e deve ser evitada a sua formao nas operaes

    metalrgicas por causa de sua alta viscosidade. Os bissilicatos raramente se

    formam.

    4.1.3 Basicidade da escria

    A natureza da escria o fator que determinar o tipo de refratrio usado

    no revestimento do forno. Se o processo gera escria cida, o revestimento do

    forno dever ser tambm cido.

    A basicidade V determinada pela relao entre o percentual de xidos

    bsicos e o percentual de xidos cidos contidos na escria

    Voxidosbasi

    oxidosacidos

    % cos

    %, se

    V< 1 Escria cida;

    V= 1 Escria neutra;

    1< V < 2 Escria semibsica;

    V > 2 Escria bsica.

  • 50

    Para as escrias silicatadas: Voxidos basi

    SiO

    cos

    2

    Resumo

    Nesta aula tratamos sobre a escria, desde sua formao, tipos at a funo nos

    processos metalrgicos de extrao. Tambm mostramos como determinar sua

    natureza qumica, ou seja, a basicidade.

    Caro(a) estudante. Finalizamos mais uma aula. Faa uma reflexo sobre o que conseguiu melhor assimilar sobre as questes aqui oferecidas sua aprendizagem. Ao realizar o exerccio proposto, poder perceber o que gera dificuldade e o que foi facilmente incorporado no seu conhecimento. Releia os pontos que mais trouxeram dvida para voc e compartilhe com seus colegas os momentos que aprendeu.Prepare-se para estudar fundentes, assunto da nossa prxima aula.

  • 51

    Caro(a) estudante.

    Separar os metais de suas impurezas muito importante pois quanto mais

    puro, melhor ser o metal. Nesta aula iremos demonstrar como isso se processa

    e voc poder verificar que o fundente o facilitador da remoo das impurezas.

    5.1 Generalidades

    Nos processos pirometalrgicos de obteno dos metais, as temperaturas

    de trabalho so elevadas, o que requer uso de combustvel. Conseguir minimizar

    o gasto de combustvel uma das maneiras de otimizar economicamente o

    processo. Trabalhar na temperatura mais baixa possvel uma maneira no s de

    economizar combustvel como tambm de evitar a reduo das substncias que

    constituem a ganga. Entretanto, os compostos da ganga possuem, em geral,

    pontos de fuso elevados.

    Substncias que reagem com a ganga e formam compostos de ponto de

    fuso inferior ao dos reagentes que lhes deram origem so denominadas de

    fundentes.

    Por definio, fundentes so substncias utilizadas nos processos

    pirometalrgicos para, mediante fuso gnea, tornar a ganga do minrio mais

    fusvel em temperatura mais conveniente para a separao do metal.

    Alm de escorificar a ganga, ou seja, reagir com esta para transform-la

    em material mais facilmente separvel do metal, o fundente tambm escorifica as

    cinzas do combustvel e as impurezas do metal na etapa de refino.

    A escolha do fundente exige conhecimento prvio da composio e das

    propriedades do minrio e de sua ganga. A neutralizao dos xidos cidos da

    ganga ser feita pela adio de fundente bsico, assim como o fundente cido

    neutralizar os xidos bsicos.

    Objetivo

    Apontar os materiais que possibilitam a remoo das impurezas das

    matrias-primas usadas nos processos metalrgicos.

    Aula 5 Fundentes

  • 52

    5.2 Classificao dos fundentes

    Para falarmos sobre a classificao dos fundentes, tomamos como base os

    conceitos de Silva (1979), que nos aponta que de acordo com sua composio os

    fundentes classificam-se em fundente cido, fundente bsico e fundente neutro.

    Fundentes cidos: so aqueles que se compem basicamente de slica.

    Deste modo so utilizados como fundentes cidos o quartzo, quartzito, argila e

    areia silicosa, sendo esta o principal fundente das gangas bsicas;

    Quartzo Calcrio

    Fundentes bsicos: os principais fundentes de gangas cidas so:

    Calcrio (CaCO3), usado na fuso de minrio de Pb e de Cu; o principal

    fundente das gangas cidas;

    Cal (CaO), usado em aciaria a oxignio;

    Dolomita (MgCO3.CaCO3), usado em alto-forno;

    Criolita (3NaF.AlF3) um fundente da alumina, usado na extrao de

    alumnio;

    Oxidos de Fe (Fe2O3 e Fe3O4), usado na fuso de Pb, Cu e, algumas vezes,

    Ag.

    Dolomita Fluorita

  • 53

    Fundentes Neutros: estes fundentes so utilizados para modificar as

    propriedades da escria a exemplo da fluorita (CaF2), que usada para aumentar

    a fluidez.

    5.3 Preparao do Fundente

    Para ser utilizado como fundente o material deve ser submetido a:

    Secagem ao ar;

    Britagem;

    Peneiramento.

    A granulometria (medida dos grnulos) das partculas de vital importncia,

    pois ela vai influenciar no rendimento e na velocidade da reao de escorificao.

    Resumo

    Nesta aula verificamos o que um fundente, qual sua funo nos processos

    metalrgicos, ou seja, so substncias facilitadoras na remoo das impurezas.

    Aprendemos tambm como esto classificados levando em conta seu carter

    qumico, bem como sua preparao para serem utilizado

    Agora que voc j reconheceu os fundentes e pde verificar que so pontos

    relevantes para remoo das impurezas dos minrios acredito que est apto a

    efetuar as atividades de aprendizagem propostas.

    Prezado(a estudante)

    Caminhamos muito at o final desta aula e realizar as atividades com xito

    reflexo dos seus estudos. Caso tenha sentido dificuldade em compreender algum

    tpico, volte ao incio da aula e releia as informaes que esto disponveis no

    caderno. Bom trabalho! Vamos para a prxima aula na qual o tema ser

    refratrios.

  • 54

    .

    Caro(a) estudante.

    Esta a penltima aula da disciplina e um grande nmero de informaes

    j foram passadas no contedo visto. Mas preciso continuar pois o que vir

    tambm relevante para a sua capacitao. Evitar que o calor do interior dos

    fornos se perca para o meio ambiente muito importante, pois alm de manter a

    temperatura necessria ao processo tem-se economia de combustvel. Isso

    conseguido com a utilizao de revestimento cermico chamado de refratrio. O

    estudo desse material ser abordado nessa aula.

    6.1 Generalidades

    Os materiais que ficam expostos a altas temperaturas, lquidos e gases

    corrosivos e correntes de gases quentes e assim protegem os equipamentos

    usados nos processos piro e eletrometalrgicos so chamados de refratrios.

    Segundo a ABNT (Associao Brasileira de Normas Tcnicas), materiais

    ou produtos refratrios so materiais naturais ou artificiais, geralmente no

    metlicos, mas no excludos aqueles que contenham constituintes metlicos,

    capazes de suportar temperaturas elevadas em condies especficas de

    emprego sem se deformarem.

    Para que o material possa ser considerado refratrio, deve resistir a pelo

    menos 1.435C sem se deformar.

    Na metalurgia, o refratrio o material que nos fornos atua como isolante

    trmico, protege as estruturas da ao da temperatura e presso, dos lquidos e

    Aula 6 Refratrios

    Objetivos

    - Conceituar os refratrios;

    - Identificar as propriedades que caracterizam o refratrio e a sua aplicao na metalurgia. - Listar a composio do refratrio

  • 55

    gases corrosivos e, em casos especiais, como os das coquerias, atua como

    condutor de calor.

    Refratrios

    Fonte :http://www.scandelari.ind.br

    6.2 Propriedades Gerais

    Para entendermos melhor sobre as propriedades gerais vamos tomar como

    princpio os estudos de Cottrell (1975) e Silva (1979). Eles nos indicam que a

    escolha do refratrio deve levar em considerao as seguintes propriedades:

    a) Resistncia s altas temperaturas: a capacidade do refratrio resistir a

    esforos em altas temperaturas est relacionada com a temperatura de

    amolecimento e fuso.

    A fuso da maioria dos materiais refratrios ocorre de forma gradual. O ponto em

    que surge a fase lquida denominado de temperatura de amolecimento.

    Dependendo da viscosidade desta fase lquida e da cristalizao da fase slida

    presente, o material pode ou no continuar desempenhando sua funo de

    refratrio, sem perigo de colapso. A temperatura de amolecimento determinada

    no teste de refratariedade sob carga enquanto a de fuso determinada mediante

    o uso dos cones piromtricos Seger.

    b) Resistncia ao ataque qumico: os componentes dos refratrios em contato

    com os xidos do processo podem com estes reagir e produzir substncias de

    menor refratariedade que se destacam do corpo refratrio ocorrendo, assim, sua

    destruio. Ou seja, o refratrio no deve reagir com o material envolvido no

    processo;

  • 56

    c) Resistncia esfoliao: esfoliao o fenmeno segundo o qual as

    camadas do refratrio so destrudas e novas camadas vo sendo expostas e

    sucessivamente consumidas. Pode ser de origem trmica, mecnica e qumica.

    A esfoliao trmica causa o aparecimento de fendas nos tijolos e provocada

    pelo choque trmico que por sua vez provoca as sucessivas expanses e

    contraes que levam ao desprendimento das camadas superficiais do refratrio.

    A esfoliao mecnica resultante de pancadas recebidas durante o transporte,

    carregamento, raspagem de escrias e outros procedimentos sem o devido

    cuidado.

    A esfoliao qumica resulta do ataque de escria, gases, e etc.

    A esfoliao, de qualquer origem, deve ser minimizada.

    d) Expanso e variao de volume: a variao nas dimenses do refratrio

    deve ser a menor possvel para evitar a deformao e at a destruio do forno

    nas fases de aquecimento.

    e) Porosidade: a quantidade de vazios ou poros, assim como seus tamanhos e

    distribuio influem em outras propriedades.

    A relao entre o volume de poros abertos (comunicam-se com o exterior) e o

    volume total do tijolo chamada porosidade aparente. Quanto maior esta

    porosidade, maior o ataque qumico pelas escrias e gases.

    A percentagem de todos os vazios no refratrio a porosidade total. A resistncia

    a frio, capacidade calorfica, condutibilidade trmica, etc. diminuem com o

    aumento da porosidade; os refratrios isolantes apresentam porosidade bastante

    alta (60 a 80% de vazios) e so fabricados juntamente com serragens, cortia,

    que quando queimados, deixam vazios.

    f) Permeabilidade: indica a maior ou menor tendncia dos lquidos e gases se

    difundirem atravs do refratrio. E quanto maior o nmero de poros conectados

    entre si, modo a formar canais, maior ser a permeabilidade. O refratrio pode ser

    destrudo se permitir grande difuso de lquidos e gases, ou seja, se tiver alta

    permeabilidade.

  • 57

    g) Densidade aparente e densidade absoluta: quanto maior a densidade

    aparente (massa do tijolo/ volume), maior a resistncia, a estabilidade volumtrica

    e a resistncia ao ataque da escria. A densidade absoluta a densidade do

    material que constitui o refratrio e pode indicar o grau de transformao do

    material.

    h) Condutibilidade trmica: a propriedade usada na determinao de perdas

    de calor pelos revestimentos para o meio ambiente. Sofre influncia da resistncia

    do material ao choque trmico e da capacidade trmica de transmisso de calor

    do refratrio, e varia com a temperatura. Por definio, o coeficiente de

    condutibilidade trmica a quantidade de calor que passa por unidade de

    superfcie para uma diferena de temperatura de um grau centgrado, expresso

    em Kcal/m2 h 0C/m. Em geral, os refratrios devem ter baixa condutibilidade

    trmica para diminuir as perdas de calor atravs das paredes do equipamento.

    Em alguns casos, a condutibilidade trmica deve ser alta como nos processos de

    aquecimento atravs das paredes usados em retortas de coqueificao e em

    muflas e nos empilhamentos de tijolos dos regeneradores de calor.

    i) Condutibilidade eltrica: via de regra, os refratrios so isolantes. A exceo

    para os refratrios usados em fornos eltricos que so de carbono na forma de

    grafite (altamente refratrios e condutores eltricos), utilizados como eletrodo e no

    revestimento destes fornos. Os refratrios com componentes metlicos tambm

    so condutores.

    j) Resistncia a frio: determinada em ensaio de compresso, o quociente

    entre a carga total e a rea da seo. O refratrio, alm de resistir carga da

    estrutura dos fornos, deve apresentar resistncia suficiente para no sofrer

    quebras no transporte e manuseio.

    l) Resistncia abraso: a propriedade mecnica que relaciona o desgaste

    fsico superficial de um slido contra o outro. Nos refratrios a abraso

    provocada por atrito da carga, poeiras, ao corrosiva dos gases e etc.

  • 58

    A medida de cada uma das propriedades pode ser obtida atravs de testes de

    qualidades encontrados em normas nacionais e internacionais, como: ABNT,

    ASTM, ISO, etc.

    Nos fornos usados em metalurgia, o material refratrio deve apresentar o

    seguinte comportamento:

    Suportar temperaturas de at 18000C;

    Suportar mudanas bruscas de temperaturas, alm de ciclos bruscos de

    aquecimento e resfriamento;

    Ter resistncia a compresso (a frio e a quente);

    Ter resistncia a abraso e ao impacto das partculas arrastadas;

    Ter resistncia ao qumica das escrias, gases e poeiras arrastadas;

    Possuir pequenos coeficientes de expanso.

    Mesmo nos dias de hoje, no se encontram refratrios que possuam

    propriedades para trabalhar sob a ao de muitas condies agressivas. Cada

    tipo de material apresenta propriedades especficas prprias, com base nas quais

    determinada uma esfera racional do campo de aplicao. Os chamados super-

    refratrios so refratrios especificamente destinados para condies extremas

    de temperatura e de meio.

    6.3 Composio dos refratrios

    Os refratrios industrial e comercialmente usados apresentam em suas

    composies, com algumas excees, xidos minerais de altos pontos de fuso e

    boa refratariedade, alm de impurezas que em geral prejudicam a refratariedade.

    Grafite, carbeto de silcio e alguns metais so tambm matria-prima para a

    fabricao de refratrios.

    Os principais xidos utilizados so: xAl2O3.ySiO2 , Al2O3, SiO2, CaO, MgO,

    FeO.Cr2O3, ZrO, V2O5, etc. Dentre estes, somente o SiO2, Al2O3 e o MgO so

    suficientemente fortes para serem utilizados de forma pura, ou seja, sem

    misturas. Dos demais xidos so feitas misturas.

  • 59

    Resumo

    Nesta aula mostramos o que um refra