estudo do desenvolvimento fisiolÓgico da cagaita (eugenia …§ão... · 2017-05-12 · resumo o...

121
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE AGRONOMIA MONIK MARYELLE MOREIRA DA SILVA ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia dysenterica) Goiânia 2016

Upload: others

Post on 07-Jul-2020

4 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE AGRONOMIA

MONIK MARYELLE MOREIRA DA SILVA

ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia dysenterica)

Goiânia 2016

Page 2: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

TERMO DE CIÊNCIA E DE AUTORIZAÇÃO PARA DISPONIBILIZAR AS TESESEDISSERTAÇÕES ELETRÔNICAS (TEDE) NA BIBLIOTECA DIGITAL DAUFG

Na qualidade de titular dos direitos de autor, autorizo a UniversidadeFederalde Goiás (UFG) a disponibilizar, gratuitamente, por meio da Biblioteca Digital de TeseseDissertações (BDTD/UFG), sem ressarcimento dos direitos autorais, de acordo com a Leinº9610/98, o documento conforme permissões assinaladas abaixo, para fins de leitura,im-pressão e/ou download, a título de divulgação da produção científica brasileira, apartirdestadata.

1. Identificação do MaterialBibliográfico: [X]Dissertação [ ]Tese

2. Identificação da Tese ouDissertação Auto(a): Monik Maryelle Moreira da Silva E-mail: [email protected] Seu E-mail pode ser disponibilizado napágina? [ ]Sim [X]Não

Vínculo empregatíc io doAutor Agência deFomento:

Coordenação de Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior Sigla: CAPES País Brasil UF: GO CNPJ: 00.889.834/0001-08

Título: Estudo do desenvolvimento fisiológico da cagaiata (Eugenia dysenterica) Palavras-Chave: Desenvolvimento fisiológico, cagaita (Eugenia dysenterica), padrão respi-

Ratório Título em outralíngua: Study of the physiological development of cagaita (Eugenia dysenterica) Palavras-Chave em outralíngua: physiological development, cagaita (Eugenia dysenterica)

breathing pattern Área deConcentração: Ciência e Tecnologia de Alimentos Data Defesa:(dd/mm/aaaa) 15/04/2016 Programa dePós-Graduação: Ciência e Tecnologia de Alimentos Orientador(a): Clarissa Damiani CPF 546.831.901-25 E-mail: [email protected] Co-Orientador(a):* Flávio Alves da Silva CPF 278.957.981-00

E-mail: [email protected] *Necessita do CPF quando não constar no SisPG

3. Informações de acesso aodocumento:

Liberação paradisponibilização?1 [ ]Total [ ]Parcial Em caso de disponibilização parcial, assinale aspermissões: [ X ] Capítulos.Especifique: Capítulo um [ ] Outrasrestrições:_________________________________________________

Havendoconcordânciacom adisponibilizaçãoeletrônica,torna-seimprescindível o envio do(s) arquivo(s) em formato digital PDF ou DOC da Tese ouDissertação. O Sistema da Biblioteca Digital de Teses e Dissertações garante aosAutores,que os arquivos contendo eletronicamente as Teses e ou Dissertações, antes de suadispo-nibilização, receberão procedimentos de segurança, criptografia (para não permitir cópiaeextração de conteúdo, permitindo apenas impressão fraca) usando o padrão doAcrobat.

____________________________ Data : 16/04/2016 Assinatura do(a)Autor(a)

____________________________________ 1Emcasoderestrição,

Page 3: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

estapoderásermantidaporatéumanoapartirdadatadeDefesa.AextensãodesteprazosuscitajustificativajuntoàCoordenaçãodoCurso.Todoresumoedadosficarãosempredisponibilizados.

MONIK MARYELLE MOREIRA DA SILVA

ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia dysenterica)

Dissertação apresentada à Coordenação do Programa

de Pós-graduação em Ciência e Tecnologia de

Alimentos, da Escola de Agronomia, da

Universidade Federal de Goiás, como exigência para

obtenção do título de Mestre em Ciência e

Tecnologia de Alimentos.

Orientadora: Prof. Dra. Clarissa Damiani

Co-orientadores: Prof. Dr. Edson Pablo da Silva e

Prof. Dr. Flávio Alves da Silva.

Goiânia

2016

Page 4: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

Ficha catalográfica elaboradaautomaticamente com os dados fornecidos pelo(a) autor(a), sob orientação doSibi/UFG.

Moreira da Silva, MonikMaryelle ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA

(Eugenia dysenterica) [manuscrito] / Monik Maryelle Moreira daSilva. -2016. cxix, 119f.

Orientador: Profa. Dra. Clarissa Damiani; co-orientadora

Dra.EdsonPablo Da Silva; co-orientador Dr. Flávio Alves daSilva. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Goiás, EscoladeAgronomia (EA) , Programa de Pós-Graduação em CiênciaeTecnologia de Alimentos, Goiânia,2016. Inclui mapas, fotografias, gráfico, tabelas, lista de figuras,

listadetabelas.

1. Desenvolvimento fisiológico. 2. Cagaita. 3. Eugenia dysenterica.4. Padrão respiratório. 5. Compostos bioativos . I. Damiani,Clarissa,orient. II. Da Silva, Edson Pablo, co-orient. III.Título.

Page 5: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas
Page 6: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas
Page 7: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

Dedico este trabalho...

Em primeiro lugar e sempre, a DEUS, sem ele nada sou e nada serei.

Aos meus pais, Lourdes e Marcos, pela força e apoio.

Ao meu anjo da guarda e amor, Rhámony Malheiro, pela paciência e amor.

Page 8: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

AGRADECIMENTOS

À Deus, pela sua infinita bondade, por estar sempre presente, guiando e iluminando

meu caminho;

Aos meus pais, Lourdes e Marcos, por todo apoio, confiança e incentivo aos estudos.

Sempre me motivando a lutar por tudo aquilo que acredito, apesar das dificuldades. Essa

conquista, também, é de vocês!

Aos meus irmãos, Meik e Marcos Uriel, pelo carinho, apoio e amizade. Amo vocês!

À Rhámony, por todo o amor e compreensão da ausência nesta etapa da minha vida.

Obrigada amor!

À professora, Clarissa Damiani, pela sua confiança, orientação e ensinamentos. Serei

eternamente grata! Muito obrigada!

À minha querida amiga, Lismaíra, foi imprescindível nessa caminhada, tornando-a

mais leve. Terá sempre seu lugar bem guardado. Muito obrigada!

Às minhas amigas, Renata e Camila, pelos laços fortes, amizade e energia positiva

construída e irradiada durante toda nossa trajetória, agora são partes da minha vida. Nunca me

esquecerei de vocês. Obrigada!

Aos meus Co-orientadores, Flávio Silva e Edson Pablo, e aos professores Eduardo

Asquiere e Eduardo Vilas Boas, pelo apoio, ensino e incentivo. Obrigada!

Aos meus colegas da turma de Mestrado, em especial a Daniela, Marina, Manuela,

Aryane, Jéssyca e Thays,pelo companheirismo, positividade e amizade.

Aos professores, funcionários e amigos do Departamento de Ciências dos Alimentos,

da Universidade Federal de Lavras, em especial a Tina, Heloisa e Paulo Siriano, por todos os

ensinamentos, pelo auxílio nas análises e pela amizade.

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pela

concessão da bolsa, pelo financiamento deste projeto, imprescindíveis para a execução deste

trabalho.

E a todos que, de alguma forma, contribuíram para a realização deste trabalho.

MUITÍSSIMO OBRIGADA A TODOS!

Page 9: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

“Aprender é a única coisa de que a mente nunca se cansa, nunca tem medo e nunca

searrepende.”

Leonardo da Vinci

“A beleza do aprendizado é que ninguém pode roubá-lo de você.”

B. B. King

Page 10: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

RESUMO

O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas. Dentre estas, existe a cagaita (Eugenia dysenterica), suculenta e de sabor muito agradável. No entanto,relatos sobre o conhecimento dos seus processos bioquímicos e bioativos, envolvidos no desenvolvimento de frutos, são escassos. Desta forma, objetivou-se avaliar, físico e quimicamente, incluindo os compostos bioativos, o desenvolvimento fisiológico da cagaita (Eugenia dysenterica), da antese até seu amadurecimento. Os frutos foram coletados 10 dias após antese (DAA), em Abadia-GO, e submetidos a análises físicas e químicas, como também análises dos compostos bioativos. O desenvolvimento total do fruto compreendeu 37 dias, sendo caracterizado fruto de crescimento rápido, com comportamento sigmoidal duplo. A taxa respiratória nos frutos verdes foi elevada, com decréscimo ao longo do desenvolvimento, sendo verificado aumento da indução do etileno a partir dos 31 DAA, levando à degradação do amido, clorofila, desmascaramento dos carotenoides e solubilização das pectinas. O conteúdo de açúcares foi relativamente baixo, já que trata-sede um fruto com sabor levemente adocicado. Os compostos bioativos e atividade antioxidante da cagaita contribuíram, durante o desenvolvimento fisiológico, como sistema de defesa do fruto, principalmente, nos frutos verdes. No entanto, não descartando a possibilidade de sua ação benéfica a saúde, combatendo os radicais livres. A composição proximal, avaliada a partir do 18° DAA, sofreu modificações durante o desenvolvimento. O ponto crucial das mudanças ocorreram a partir do 27° DAA, momento em que ocorrem a segunda fase de crescimento do fruto, com acréscimo em taxas máximas, de acordo com o comportamento sigmoidal duplo. O período climatérico também foi avaliado, com intuíto de saber se a cagaita pertencia ao padrão respiratório considerado climatérico ou não. Para este estudo, os frutos foram coletados 31 DAA. Foi observado o pico climatério respiratório, indicando que a cagaita é um fruto climatérico, podendo ser colhido 31 DAA.Estes dadossão de grande importância tanto para a comunidade acadêmica, como para agricultores e agroindústrias que trabalham com o extrativismo deste fruto. Palavras-chave: Desenvolvimento fisiológico; cagaita (Eugenia dysenterica); padrão respiratório.

Page 11: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

ABSTRACT The Brazilian Cerrado presents a multitude of native fruits, but little known. Among these, there is cagaita (Eugenia dysenterica), juicy and very pleasant taste. However, reports on the knowledge of its biochemical and bioactive processes involved in the development of fruit, are scarce. Thus, this study aimed to evaluate physical and chemical, including bioactive compounds, the physiological development of cagaita (Eugenia dysenterica), anthesis to its maturity. The fruits were collected 10 days after anthesis (DAA) in Abbey-GO, and subjected to physical and chemical analysis as well as analysis of bioactive compounds. The total fruit development comprised 37 days, being characterized the result of rapid growth, with double sigmoidal behavior. The respiratory rate in unripe fruits were high, with a decrease during the development, and verified increased ethylene induction from 31 DAA, leading to degradation of starch, chlorophyll, unmasking of carotenoids and solubilization of pectins. The sugar content was relatively low, since it is a fruit with slightly sweet flavor. The bioactive compounds and antioxidant activity of cagaita contributed during the physiological development, as a result of the defense system, especially in unripe fruits. However, not ruling out the possibility of its beneficial health action, fighting free radicals. The proximal composition, evaluated from the 18th DAA, underwent changes during development. The crux of the changes occurred from the 27th DAA, when they occur the second growth phase of the fruit, with an increase in maximum rates, according to the double sigmoidal behavior. The climacteric period was also evaluated, with intuited whether the cagaita belonged to the respiratory pattern considered climacteric or not. For this study, the fruits were collected 31 DAA. respiratory climacteric peak was observed, indicating that cagaita is a climacteric fruit, may be harvested 31 DAA. This data is of great importance for both the academic community, and to farmers and agribusinesses working with the extraction of this fruit. Keywords: Physiological development; cagaita (Eugenia dysenterica); breathing pattern.

Page 12: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

LISTA DE EQUAÇÕES

PARTE 2

Equação 1 Cálculo de clorofila total .................................................................................... 47

Equação 2 Cálculo de carboidratos ...................................................................................... 78

Equação 3 Cálculo de carboidratos ...................................................................................... 96

Equação 4 Cálculo de % de descoloração de DPPH ............................................................ 97

Equação 5 Cálculo de β-caroteno ......................................................................................... 98

Page 13: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

LISTA DE FIGURAS

PARTE 1

Figura 1 Mapa representativo dos biomas do Brasil ......................................................... 20

Figura 2 Ilustração do fruto da cagaiteira (Eugenia dysenterica) ..................................... 21

Figura 3 Flor da cagaiteira (Eugenia dysenterica); Árvore de cagaita com folhas jovens de coloração avermelhada ....................................................................... 22

Figura 4 Etapas do desenvolvimento fisiológico dos frutos ............................................. 25

Figura 5 Curva de crescimento sigmoide de frutos. .......................................................... 26

Figura 6 Representação esquemática da estrutura química de alguns antioxidantes naturais ................................................................................................................ 29

Figura 7 Rota do ácido chiquímico e ácido malônico ....................................................... 30

PARTE 2

Figura 1 Presença da gema apical, abertura da flor e botões florais e folhas avermelhadas na planta cagaiteira, localizada no Município de Abadia-GO. .... 48

Figura 2 Valores médios, equações de regressão e coeficientes de determinação dos valores de massa, diâmetro transversal ediâmetro longitudinal durante o desenvolvimento da cagaita (Eugenia dysenterica) coletada em Abadia-GO, no período de agosto a setembro de 2014. .......................................................... 50

Figura 3 Variação visual na massa e nos diâmetros longitudinal e tranversal de cagaitas (Eugenia dysenterica) coletadas 37 dias após antese no Município de Abadia-GO na mesma área. ................................................................................ 51

Figura 4 Valores médios, equações de regressão e coeficientes de determinação dos valores de sólidos solúveis pH e acidez titulável da cagaita (Eugenia

dysenterica), coletada em Abadia-GO durante seu desenvolvimento. ............... 52

Figura 5 Valores médios, equações de regressão e coeficientes de determinação dos valores da taxa respiratória (mg·kg-1·h-1) e etileno (µL·kg-1·h-1) durante o desenvolvimento da cagaita (Eugenia dysenterica), coletada em Abadia-GO... 54

Figura 6 Valores médios, equações de regressão e coeficientes de determinação dos valores deHue e coordenada a* da cagaita (Eugenia dysenterica) coletada em Abadia-GO, durante o desenvolvimento. ........................................................... 56

Figura 7 Valores médios, equações de regressão e coeficientes de determinação dos valores de b*, chroma e L* da cagaita (Eugenia dysenterica) coletada em Abadia-GO durante o desenvolvimento. ............................................................ 57

Figura 8 Valores médios, equações de regressão e coeficientes de determinação dos valores de clorofila total e carotenoides totais da cagaita (Eugenia

dysenterica) coletada em Abadia-GO durante o desenvolvimento. ................... 58

Figura 9 Valores médios, equações de regressão e coeficientes de determinação dos valores de firmeza (N) da cagaita (Eugenia dysenterica), coletada em Abadia-GO durante o desenvolvimento. ............................................................ 59

Figura 10 Valores médios, equações de regressão e coeficientes de determinação dos valores depectina total e pectina solúvel da cagaita (Eugenia dysenterica) coletada em Abadia-GO durante o desenvolvimento. ........................................ 60

Figura 11 Valores médios, equações de regressão e coeficientes de determinação dos valores deamido e da cagaita (Eugenia dysenterica) coletada em Abadia-GO durante o desenvolvimento. ................................................................................ 61

Figura 12 Valores médios, equações de regressão e coeficientes de determinação dos valores da taxa respiratória e etileno na verificação do pico climatérico da

Page 14: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

cagaita (Eugenia dysenterica) coletada em Abadia-GO durante 60 horas de monitoramento. ................................................................................................... 80

Figura 13 Evolução da cor ao logo do estudo do comportamento respiratório na casca da cagaita (Eugenia dysenterica), coletadas em Abadia-GO. ............................ 81

Figura 14 Valores médios, equações de regressão e coeficientes de determinação dos valores de compostos fenólicos dos extrato etéreo, etanólico e aquoso durante o desenvolvimento da cagaita (Eugenia dysenterica) coletada em Abadia-GO....................................................................................................................... 101

Figura 15 Valores médios, equações de regressão e coeficientes de determinação dos valores de taninos condensáveis e taninos hidrolisáveis, durante o desenvolvimento da cagaita (Eugenia dysenterica) coletada em Abadia-GO.... 102

Figura 16 Valores médios, equações de regressão e coeficientes de determinação dos valores da atividade antioxidante pelo método DPPH dos extrato etanólico,aquoso e etéreo durante o desenvolvimento da cagaita (Eugenia

dysenterica) coletada em Abadia-GO. ................................................................ 104

Figura 17 Valores médios, equações de regressão e coeficientes de determinação dos valores da atividade antioxidante pelo método ABTS dos extrato aquosoetanólico e etéreo durante o desenvolvimento da cagaita (Eugenia

dysenterica) coletada em Abadia-GO. ................................................................ 105

Figura 18 Valores médios, equações de regressão e coeficientes de determinação dos valores de vitamina C (ácido ascórbico) durante o desenvolvimento da cagaita (Eugenia dysenterica) coletada em Abadia-GO. .................................... 106

Figura 19 Valores médios, equações de regressão e coeficientes de determinação dos valores de β-caroteno durante o desenvolvimento da cagaita (Eugenia

dysenterica) coletada em Abadia-GO. ................................................................ 107

Figura 20 Valores médios, equações de regressão e coeficientes de determinação dos valores da composição proximal durante o desenvolvimento da cagaita (Eugenia dysenterica) coletada em Abadia-GO. ................................................ 108

Page 15: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

LISTA DE TABELAS

PARTE 2 Tabela 1. Concentrações de glicose, frutose e sacarose em amostras de cagaita (Eugenia

dysenterica) coletadas no Município de Abadia Goiás, entre 14 a 37 dias após antese (DAA). Tabela 2. Avaliação da firmeza e conteúdo de amido da polpa da cagaita (Eugenia

dysenterica) matura e madura coletada no Município de Abadia-GO, no período de 31 dias e 37 dias. 1,2,3,4 ............................................................................................................................. 82 Tabela 3. Características químicas da polpa da cagaita (Eugenia dysenterica) matura e madura coletada no Município de Abadia Goiás, no período de 31 dias e 37 dias. 1,2,3,4 ......... 83 Tabela 4. Composição proximal da polpa da cagaita (Eugenia dysenterica) matura e madura, coleta no Município de Abadia-GO, no período de 31 dias e 37 dias. 1,2,3,4............................. 84 Tabela 5. Valores de minerais em amostras de cagaita (Eugenia dysenterica) coletadas no Município de Abadia Goiás, entre 14 a 37 dias após antese (DAA).......................................

Page 16: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

SUMÁRIO

PARTE 1 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 18

2 REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................ 20 2.1 FRUTOS NATIVOS DO CERRADO ............................................................... 20 2.2 ACAGAITA (EUGENIA DYSENTERICA) ........................................................ 21 2.2.1 Utilidades da cagaiteira .................................................................................... 22 2.2.2 Aspectos nutricionais da cagaita ..................................................................... 23 2.3 DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DE FRUTOS .................................... 24 2.4 FISIOLOGIA PÓS-COLHEITA, PADRÃO RESPIRATÓRIO E ETILENO ... 26 2.5 COMPOSTOS BIOATIVOS EM FRUTOS ...................................................... 28 PARTE 2 3 ASPECTOS FISIOLÓGICOSDO DESENVOLVIMENTO DA

CAGAITA (EUGENIA DYSENTERICA) ....................................................... 40 RESUMO ........................................................................................................... 40 ABSTRACT ...................................................................................................... 41 3.1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 42 3.2 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................ 44 3.2.1 Obtenção dos frutos e instalação do experimento ......................................... 44 3.2.2 Delineamento experimental ............................................................................. 44 3.2.3 Análises físicas e químicas................................................................................ 44 3.2.3.1 Massa, diâmetro longitudinal e diâmetro transversal ......................................... 45 3.2.3.2 Firmeza ............................................................................................................... 45 3.2.3.3 Coloração ............................................................................................................ 45 3.2.3.4 Sólidos solúveis totais ........................................................................................ 45 3.2.3.5 Potencial hidrogeniônico (pH) ............................................................................ 45 3.2.3.6 Acidez titulável ................................................................................................... 45 3.2.3.7 Atividade respiratória ......................................................................................... 46 3.2.3.8 Etileno ................................................................................................................. 46 3.2.3.9 Amido ................................................................................................................. 46 3.2.3.10 Pectina total e solúvel ......................................................................................... 46 3.2.3.11 Clorofila Total .................................................................................................... 46 3.2.3.12 Carotenoides Totais ............................................................................................ 47 3.2.3.13 Açúcares solúveis ............................................................................................... 47 3.2.4 Análise estatística .............................................................................................. 47 3.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................ 48 3.4 CONCLUSÃO .................................................................................................... 64 REFERÊNCIAS ................................................................................................ 65 4 ASPECTOS FÍSICOS E QUÍMICOS OBSERVADOS DURANTE O

ESTUDO DO CLIMATÉRICO EM FRUTOS DA CAGAITEIRA ............ 72 RESUMO ........................................................................................................... 72 ABSTRACT ...................................................................................................... 73

Page 17: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

4.1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 74 4.2 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................ 76 4.2.1 Instalação do experimento ............................................................................... 76 4.2.2 Atividade respiratória (O2 e CO2) ................................................................... 76 4.2.3 Etileno (C2H4) .................................................................................................... 76 4.2.4 Potencial hidrogeniônico (pH) ......................................................................... 77 4.2.5 Acidez titulável (ácido. cítrico) ........................................................................ 77 4.2.6 Sólidos solúveis totais ....................................................................................... 77 4.2.7 Umidade ............................................................................................................. 77 4.2.8 Cinzas (resíduo mineral fixo) ........................................................................... 77 4.2.9 Fração Protéica ................................................................................................. 77 4.2.10 Extrato etéreo .................................................................................................... 78 4.2.11 Carboidratos ..................................................................................................... 78 4.2.12 Análise estatística .............................................................................................. 78 4.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................ 79 4.4 CONCLUSÃO .................................................................................................... 86 REFERÊNCIAS ................................................................................................ 87 5 ESTUDO DO COMPORTAMENTO NUTRICIONAL E COMPOSTOS

BIOATIVOS DA CAGAITA (EUGENIA DYSENTERICA), DURANTE O DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO. ................................................. 91

RESUMO ........................................................................................................... 91 ABSTRACT ...................................................................................................... 92 5.1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 93 5.2 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................ 95 5.2.1 Delineamento experimental ............................................................................. 95 5.2.2 Análises químicas .............................................................................................. 95 5.2.2.1 Umidade .............................................................................................................. 95 5.2.2.2 Cinzas (resíduo mineral fixo) ............................................................................. 95 5.2.2.3 Fração Protéica ................................................................................................... 95 5.2.2.4 Extrato etéreo ...................................................................................................... 96 5.2.2.5 Carboidratos ........................................................................................................ 96 5.2.2.6 Minerais .............................................................................................................. 96 5.2.3 Determinação da atividade antioxidante ........................................................ 96 5.2.3.1 Obtenção e preparo dos extratos ......................................................................... 96 5.2.3.2 Método do sequestro do radical DPPH ............................................................... 97 5.2.3.3 Método pela captura do radical livre ABTS·

+ .................................................... 97 5.2.4 Compostos fenólicos ......................................................................................... 97 5.2.5 Vitamina C ........................................................................................................ 98 5.2.6 β – caroteno ....................................................................................................... 98 5.2.7 Taninos hidrolisáveis e condensados ............................................................... 98 5.2.8 Análise estatística .............................................................................................. 99 5.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................ 100 5.4 CONCLUSÃO .................................................................................................... 113 REFERÊNCIAS ................................................................................................ 114 6 CONCLUSÃO GERAL ................................................................................... 121

Page 18: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

18

PARTE 1

1 INTRODUÇÃO

O Cerrado é o segundo bioma mais importante do país, ocupando área de 1,8 milhões

de Km2, o que representa cerca de 25% do território brasileiro (MENDONÇA; PELÁ, 2011).

Apresentando uma flora com mais de 4 mil espécies, distribuídas em formações florestais,

savânicas e campestres, o cerrado brasileiro possui rica biodiversidade, tornando-se área

prioritária para a sua conservação e manutenção, favorecendo a diversificação da flora

brasileira, por meio do desenvolvimento sustentável (RIBEIRO; WALTER, 2008; SOUZA et

al., 2002).

Os frutos, obtidos deste bioma, apresentam grande potencial econômico e

nutricional, podendo ser inseridos na alimentação. Pertencente à família das Mirtaceas, a

cagaiteira (Eugenia dysenterica) é uma árvore comum dentre as inúmeras frutíferas nativas do

cerrado brasileiro. Seu fruto é globoso e de cor amarelo pálido, levemente ácido, de sabor

agradável, podendo ser utilizado na fabricação de vinagre e álcool, quando fermentados, e a

partir dos frutos maduros, geleias e sorvetes, ou podem ser consumidos in natura (ALVES,

2013).

O interesse por essas frutas tem atingido diversos segmentos da sociedade, entre os

quais destacam-se agricultores, industriais, comerciantes, instituições de pesquisa e

assistência técnica, cooperativas, universidades, órgãos de saúde e de alimentação, entre

outros. A existência de estudo sobre desenvolvimento de espécies nativas do cerrado é

bastante pobre, não havendo, portanto, o conhecimento das etapas de crescimento, pré-

maturação, maturação, amadurecimento e senescência dos frutos. O estudo do

desenvolvimento é importante para o estabelecimento do ponto ideal de colheita e para a

aplicação de tecnologias que retardem ou reduzam as atividades fisiológicas, aumentando seu

período de conservação (CHITARRA, 1998; VILAS BOAS, 1999).

A fisiologia é o estudo das transformações metabólicas (aspectos físicos, químicos e

bioquímicos) que ocorrem no ciclo vital de um vegetal (CHITARRA; CHITARRA, 2005).

Dados fisiológicos, sobre o comportamento pós-colheita de frutos nativos do cerrado, são

relativamente escassos. O conhecimento da fisiologia pós-colheita do fruto, é de grande

importância para que se tenham subsídios técnicos que proporcionem a ampliação do tempo

Page 19: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

19

de armazenamento, isso sem alterar suas características físicas, sensoriais e nutricionais

(ANTUNES et al., 2003).

A riqueza de nutrientes é um dos principais fatores que conduzem ao interesse crescente

pelo consumo de frutos e dos seus produtos (RUFINO et al., 2007), uma vez que estudos

epidemiológicos indicam que a ingestão frequente de frutos pode reduzir os efeitos causados pelo

estresse oxidativo e, consequentemente, reduzir o risco de surgimento de várias enfermidades

(CROWE et al., 2011). Esse efeito protetor é atribuído à variedade de substâncias antioxidantes

presentes nos frutos, como vitamina C, compostos fenólicos e carotenoides, sendo quantificados

por diversos métodos, desenvolvidos para avaliar a capacidade antioxidante de frutos (GAWLIK-

DZIKI, 2012; VETRANI et al., 2012). Algumas espécies vegetais do Cerrado podem constituir

potenciais fontes de exploração econômica, desde que a pesquisa e o desenvolvimento de

tecnologias viabilizem seu aproveitamento. Apesar da importância de se conhecer o

desenvolvimento dos frutos, na literatura não háinformações disponíveis sobre a curva de

crescimento de frutos de cagaiteira, transformações metabólicas eo conteúdo de compostos

nutricionais e bioativos durante o desenvolvimento do fruto. Diante deste contexto, o estudo

teve por objetivo avaliar físico e quimicamente, incluindo compostos bioativos, o

desenvolvimento fisiológico da cagaita (Eugenia dysenterica), da antese até seu

amadurecimento.

Page 20: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

20

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 FRUTOS NATIVOS DO CERRADO

O cerrado constitui grande fonte natural de recursos biológicos, estendendo-se por

treze estados do Brasil, com enorme biodiversidade. Ocupa quase 25% do Brasil, apesar de

algumas pequenas áreas na Bolívia e no Paraguai, sua totalidade está em territóriobrasileiro

(Figura 1) (PROENÇA et al., 2000). Destaca-se, nessa biodiversidade, o grande número de

espécies potencialmente econômicas para as áreas alimentícias, medicinais, madeireiras,

tintoriais, ornamentais, além de outros usos, ressaltando a sua importância no

desenvolvimento regional (IBGE, 1997; ALMEIDA et al. 1998). Dentre essas, sobressaem às

frutíferas formadas por vários exemplares, de diferentes famílias, que produzem frutos

comestíveis, com formas variadas, cores atrativas e sabor característicos, já sendo

comercializadas em feiras e com grande aceitação popular. Existem mais de 58 espécies de

frutas nativas do Cerrado conhecidas e utilizadas pela população (ÁVIDOS; FERREIRA,

2003).

Figura 1. Mapa representativo dos biomas do Brasil (FONTE: IBGE, 2015).

Page 21: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

21

Dentre as árvores nativas do Cerrado, tem-se a cagaiteira (Myrtaceae) que pode ser

encontrada nos estados de Goiás, Bahia e Minas Gerais entre outros. Esta espécie destaca-se

por ser árvore corticeira, tanífera, melífera e ornamental, além de produzir frutos com aroma e

sabor que atraem o consumidor (TELLES et al., 2001). Os desafios para a exploração dos

frutos nativos existem, entretanto, há um grande potencial a ser buscado, principalmente, para

a sua exportação, já que possuem sabores sui generis e não são encontrados em outros países

(ALMEIDA et al., 1998).

2.2 A CAGAITA (EUGENIA DYSENTERICA)

Eugenia dysenterica, pertencente a família das Myrtaceae, popularmente conhecida

como “cagaita” é um fruto nativo do cerrado brasileiro, com formato globoso, cor amarelo-

claro, levemente ácido, epicarpo membranoso, com peso entre 14 a 20 g, comprimento de 3 a

4 cm e diâmetro de 3 à 5 cm (Figura 2). A árvore “cagaiteira” pode atingir até 10 m de altura,

possuindo tronco e ramos tortuosos, casca grossa e fissurada (NAVES et al., 1995).

Figura 2. Ilustração do fruto da cagaiteira (Eugenia dysenterica) (FONTE: CARDOSO,

2011).

A cagaiteira apresenta tanto autofecundação quanto fecundação cruzada, sendo a

polinização realizada, principalmente, pelas mamangavas das espécies Bombusatratus e B.

morio, no período da manhã (PROENÇA; GIBBS, 1994). Ocorre em áreas de cerrado e

cerradão, estando adaptada a solos pobres, supondo que seja pouco exigente em fertilidade

(NAVES, 1999). Propaga-se por sementes, iniciando a frutificação a partir do quarto ou

quinto ano de idade, com média do início da formação dos frutos e maturação de,

Page 22: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

22

aproximadamente, quatro semanas, sendo que a maturação é relativamente rápida e coincide

com o início do período chuvoso (SILVA et al., 1992).

Esse fenômeno, provavelmente, está relacionado à estratégia de estabelecimento da

espécie, cujas sementes possuem viabilidade curta em condições naturais, menor que 50 dias

(FARIAS NETO et al., 1991). Portanto, a sua dispersão logo no início do período chuvoso,

parece ser imprescindível, para que após sua germinação exista um período favorável de

estabelecimento e crescimento, de modo que a plântula possa sobreviver no período seco

subsequente (SANO et al., 1995). O florescimento ocorre em meados de julho ao início de

agosto, no meio da estação seca, sendo simultâneo ao surgimento de folhas novas com

coloração avermelhada (Figura 3) (BRITO et al. 2003).

Figura 3. a) Flor da cagaiteira (Eugenia dysenterica) (FONTE: PINA, 2008); b) Árvore de

cagaita com folhas jovens de coloração avermelhada (FONTE: Autoria própria).

Segundo Almeida et al. (1987), os frutos estão aptos para consumo ao caírem no

chão ou quando apresentarem coloração verde amarelada, desprendendo-se das árvores ao

sacudir levemente os ramos. Os frutos de cagaita são, geralmente, consumidos in natura ou

processado.

2.2.1 Utilidades da cagaiteira

A cagaiteira é considerada uma espécie de interesse econômico, principalmente, em

função do aproveitamento de seus frutos na culinária. Além do consumo innatura, são

inúmeras as receitas de doces e bebidas que levam o sabor de sua polpa. Esse aproveitamento

é bastante difundido entre os habitantes do Cerrado, podendo ser encontrados inúmeros pratos

a) b)

Page 23: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

23

típicos da região, confeccionados com essa fruta, com destaque para os doces, geleias, licores,

refrescos, sorvetes e sucos. Seus frutos, porém, quando consumidos em excesso ou quentes,

podem causar diarreia e embriaguez. Ainda imaturos, podem ser utilizados como forragem

para o gado (RIBEIRO et al. 1986). De sua polpa, também, são obtidos vinagre e álcool

(CORRÊA, 1984). A madeira do caule da cagaiteira é pesada, com densidade de 0,82 g /cm2,

dura e de textura fina, mas de baixa qualidade, podendo ser usada como mourão, lenha e

carvão (CORRÊA, 1984). Apresenta considerável quantidade de súber, com espessura de 1,0

à 2,0 cm, sendo empregada, também, na indústria de cortiça (MACEDO, 1991).

A casca, além de servir à indústria de curtume, é utilizada na medicina popular como

antidiarreica. Apresentam, ainda, propriedades medicinais, sendo utilizadas na medicina

popular como antidiarreicas, para problemas do coração e, também, no tratamento de diabetes

e icterícia (SILVA, 1999).

Costa et al. (2000) verificaram alta atividade antifúngica no óleo hidrolisado de

folhas de cagaiteira no controle de Cryptococcus neoformans. Suas folhas constituem-se

excelente pasto arbóreo, convenientemente aproveitado em algumas regiões. Pelo fato de

apresentar florescimento exuberante, concentrado e, quase sem folhas, a cagaiteira mostra-se,

também, como uma árvore de elevado potencial para utilização como planta ornamenta

(RIBEIRO et al., 1994).

2.2.2 Aspectos nutricionais da cagaita

Estudos da composição nutricional de diversas frutas nativas do Cerrado verificaram

que a cagaita possui elevado teor de água (95,01%), sendo uma das frutas que apresentam

maior percentagem de ácidos graxos poli-insaturados na polpa (linoleico e linolênico),

ficando atrás, apenas, da amêndoa do baru e da polpa da mangaba. Possui maior teor de ácido

linoleico (10,5%) que o azeite de oliva e de dendê. Quanto ao teor de ácido linolênico

(11,86%), supera o do óleo de milho, girassol, amendoim, soja, oliva e dendê

(MARTINOTTO et al., 2008)

Os ácidos graxos possuem importante papel no organismo humano, sendo o linoleico

e o linolênico essenciais. São precursores de substâncias de papel importante na estrutura de

membranas celulares, como componentes de estruturas cerebrais, da retina e do sistema

reprodutor (ALMEIDA, 1998).

Os teores de vitamina C da cagaita (18,28 mg.g-1) são superiores aos encontrados em

muitas frutas, convencionalmente cultivadas, como a banana madura e a maçã Argentina, de

6,4 e 5,9 mg.g-1, respectivamente (FRANCO, 1992). Estudo realizado por Cardoso et al.

Page 24: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

24

(2011) comprovou que o consumo de cagaita (100 g) contribui, significativamente, para suprir

as necessidades diárias de vitamina C, em média 71,0%, vitamina A em 7,5% e folatos, em

média, de 7,9%. O consumo de cagaita, bem como a sua exploração tecnológica deve ser

encorajado, especialmente nas famílias e nos grupos socialmente vulneráveis, localizados em

áreas do Cerrado, caracterizada por altos níveis de indisponibilidade alimentar e onde os

alimentos considerados fontes desses nutrientes podem ser escasso. Mas, para que isso

aconteça, faz-se necessário o conhecimento do seu desenvolvimento fisiológico,

compreendendo seus estádios de maturação para que se tenha um aproveitamento racional da

colheita (CARDOSO et al., 2011).

2.3 DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DE FRUTOS

As alterações físicas e físico-químicas que ocorrem durante o desenvolvimento e

maturação dos frutos são usadas como critérios para determinar padrões de maturidade, ponto

de colheita e qualidade em vários frutos. Durante o desenvolvimento, o fruto passa por

diversas etapas, ou estádios, com características bem definidas, cuja avaliação é importante

para o entendimento das alterações que ocorrem durante o ciclo de desenvolvimento

(ÁLVARES et al., 2004). A avaliação do desenvolvimento de frutos, em geral, é baseada na

evolução dos atributos físicos, tais como comprimento, diâmetro, volume, massa fresca e

seca, associados à avaliação de alterações nas características físico-químicas, medidas a

intervalos regulares durante o ciclo (ÁLVARES et al., 2004). O conhecimento das fases do

desenvolvimento de frutos é essencial para auxiliar na determinação de práticas culturais,

podendo revelar períodos críticos no desenvolvimento dos frutos que possibilitem sua

produção com qualidade, como também a colheita na época correta (SALOMÃO et al., 2006).

Os frutos apresentam três fases fisiológicas, constituídos pelo crescimento,

maturação e senescência (Figura 4). O período de crescimento (pré-maturação), geralmente,

envolve divisão e alongamento celular, onde acontece o aumento físico do fruto

(MARTINSetal., 2003). O amadurecimento corresponde à fase final da maturação, na qual os

frutos são transformados em produtos atrativos e aptos para o consumo, sendo um processo

normal e irreversível, e por ultimo a senescência, onde ocorre a morte do tecido celular

(RYALL; LIPTON, 1979).

Page 25: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

25

Figura 4. Etapas do desenvolvimento fisiológico dos frutos (RYALL; LIPTON, 1979).

O desenvolvimento dos frutos é fisiologicamente muito semelhante ao crescimento

vegetativo. A formação das partes que compõem um fruto engloba as mesmas três fases

verificadas no desenvolvimento dos órgãos vegetativos, isto é, a divisão, o aumento de

volume e a diferenciação celular (MEYER et al., 1973). O desenvolvimento é caracterizado

por uma curva tipo sigmoidal, que pode ser simples, dupla ou tripla. A curva de crescimento

sigmoidal dupla, é caracterizada por três estádios distintos. Durante o estádio I, há um rápido

crescimento, devido à divisão celular. Já no estádio II, verificam-se importantes mudanças

fisiológicas e anatômicas do fruto, como: diminuição do ritmo de crescimento da polpa, com

endurecimento do caroço, e formação parcial ou total da semente. No estádio III, a polpa

retoma seu crescimento, aumentando os volumes celulares e os espaços intercelulares,

culminando com a maturação do fruto (Figura 5) (BARBOSA et al., 1990). Os frutos,

dependendo da espécie, apresentam curvas de crescimento caracterizadas como sigmóide-

simples, duplo-sigmóide ou triplo-sigmóide (COOMBE, 1976).

Page 26: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

26

Figura 5. Curva de crescimento sigmoidede frutos.

O desenvolvimento de frutos com sementes são caracterizados por uma curva

sigmóide simples, ao passo que, para as frutas com caroço, por uma curva sigmóide dupla. A

curva sigmoide pode adquirir características diversas, segundo a cultivar, a época e as

condições ambientais (ALBUQUERQUE et al. 1999). De modo geral, o período da antese à

colheita dos frutos pode variar, devido a diferentes fatores, como condições climáticas,

variedades e época do ano, esses fatores interferem diretamente no desenvolvimento da planta

e, consequentemente, no desenvolvimento fisiológico do fruto (CAVICHIOLI et al., 2006).

2.4 FISIOLOGIA PÓS-COLHEITA, PADRÃO RESPIRATÓRIO E ETILENO

O período pós-colheita começa quando ocorre a separação do fruto da planta mãe, e

termina com a preparação do fruto para consumo ou para a sua posterior conservação.

Enquanto o produto permanece ligado à planta, as perdas causadas pela respiração e

transpiração são repostas pela fotossíntese e pelos nutrientes, o que não acontece no período

pós-colheita (RAHMAN, 2003), levando à deterioração e perda de material vegetal. Este fato

é intensificado pela ação do etileno, o qual é considerado o hormônio natural do

amadurecimento, sendo que o aumento na sua biossíntese estimula o processo que marca a

transição entre as fases que compõem o período de desenvolvimento no fruto (CHITARRA;

CHITARRA, 2005). O etileno é um fitohormônio gasoso responsável por muitos processos

fisiológicos durante o crescimento, desenvolvimento e senescência de tecidos vegetais

Page 27: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

27

regulando, principalmente, o amadurecimento de frutos (GRAY et al. 1992). Para que o

etileno exerça seus efeitos, ele precisa ser biossintetisado ou fornecido por fonte externas

(YANG, 1985; BLEECKER; KENDE, 2000). Sua biossíntese ocorre a partir do aminoácido

metionina o precursor do etileno, e o ACC (ácido 1-aminocloropropano-1- carboxílico) que

funciona como intermediário na conversão da metionina em etileno. A metionina converte-se

em S-adenosil-metionina, conhecida como (SAM), formando o ácido 1-carboxílico-1-

aminociclopropano (ACC), que na presença de oxigênio é oxidado em etileno(YANG;

HOFFMAN, 1984).

De acordo com Saltveit (1999), a resposta dos frutos ao etileno podem ser desejáveis,

como a diminuição da adstringência e produção de compostos voláteis e, indesejáveis, como

aumento da atividade enzimática, principalmente, as degradadoras da parede celular,

aceleração da senescência, entre outras.

O principal processo fisiológico que continua ocorrendo, após a colheita, é a respiração que,

nesse período, dá-se devido às reservas de substratos acumuladas no período de crescimento e

maturação dos vegetais(MCKEON; YANG, 1987). Segundo Kluge et al., (2002) a respiração

consiste na decomposição oxidativa de substâncias complexas, presentes nas células como

amido, açúcares e ácidos orgânicos, em moléculas simples (CO2 e H2O) com produção de

energia. A taxa respiratória está, em geral, diretamente ligada à taxa de deterioração de um

produto colhido e a temperatura, a que ele é exposto, influencia diretamente na respiração,

sendo que o aumento da temperatura eleva a sua taxa respiratória, diminuindo assim a sua

vida pós-colheita.

Todos os frutos que amadurecem em resposta ao etileno exibem, antes da fase de

amadurecimento, aumento característico da respiração, chamado de climatério. Tais frutos,

também, apresentam pico na produção de etileno, imediatamente antes do aumento da

respiração (TAIZ; ZEIGER, 2004). Para Andrade (2006), a taxa respiratória de um fruto

depende de seu grau de desenvolvimento e, quanto a isso, os frutos são classificados em

climatéricos e não climatéricos.

Os frutos climatéricos são caracterizados por um pico de respiração depois que o

fruto atinge o seu tamanho máximo. Associado a este, ocorre um pico de etileno, que pode

ocorrer antes, durante ou após o pico de CO2climatério (RHODES, 1980). Frutos climatéricos

são, as vezes, colhidos ainda verdes, podendo ser armazenados sob refrigeração para retardar

o amadurecimento e para aumentar seu período de conservação. Formas de armazenamento

que diminuam a temperatura ambiente ou que aumente a concentração de CO2 e diminuam a

Page 28: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

28

concentração de O2 no ambiente, podem diminuir a produção de etileno e suprimir o pico de

respiração climatérica, aumentando a vida após a colheita dos frutos (SANTELLI, 2005).

Os frutos não climatéricos não apresentam picos de evolução de CO2 e etileno. A

sequência do amadurecimento destes frutos não climatéricos é lenta e, normalmente, a sua

respiração mantém-se em declínio até a senescência, ou seja, a intensidade de sua respiração é

alta quando recém colhidos, diminuindo com o tempo (RHODES, 1980). Segundo Chitarra e

Chitarra (2005), a atividade respiratória é influenciada pela composição do fruto

completamente formado e pelas alterações químicas que ocorrem durante a fase de

maturação. Sendo assim, o controle da respiração é essencial para obtenção de condições

adequadas de armazenamento de produtos perecíveis.

O estádio de maturação, em que os frutos são colhidos, determina a sua qualidade

quando oferecidos ao consumidor. Frutos colhidos imaturos, além de pouca qualidade, têm

alto índice de perda de água e são bastantes suscetíveis às desordens fisiológicas. Por outro

lado, quando colhidos muito maduros, entram rapidamente em senescência (MANICA et al.,

2000). Os frutos são fontes de energia, açúcares e nutrientes que contribuem para uma dieta

rica e, em grande parte, existe presenças de constituintes químicos com propriedades

bioativas, como antioxidantes, carotenoides, vitamina C e fenólicos (MAIANI ET AL., 2009).

2.5 COMPOSTOS BIOATIVOS EM FRUTOS

O interesse no estudo dos compostos bioativos tem aumentado muito, devido

principalmente à habilidade antioxidante desses compostos em sequestrar radicais livres, os

quais são prejudiciais à saúde humana (DORMAN et al., 2003).As frutas são consideradas

fontes importantes de macro e micronutrientes, mas também possuem outros compostos com

propriedades bioativas, que promovem benefícios adicionais à saúde e protegem o corpo

humano contra diferentes doenças crônicas, como obesidade, diabetes mellitus, dislipidemias,

hepatopatias e cânceres (DEMBITSKY et al., 2011; DEVALARAJA; JAIN; YADAV, 2011).

Dentre os compostos que possuem atividade antioxidante, insere-se a classe dos

fenóis (ácidos fenólicos e seus derivados), carotenoides, flavonoides, tocoferóis, fosfolipídios,

ácido fítico, ácido ascórbico, vitaminas A e E, zinco, selênio, pigmentos e esteróis

(ROESLER et al.2008). Aqueles com ação antioxidante, como as vitaminas e os compostos

fenólicos, têm atraído grande interesse por seus efeitos comprovados na proteção contra o

estresse oxidativo (DAI; MUMPER, 2010; MALTA et al., 2012; NIKI, 2010). Os

antioxidantes naturais (Figura 6) são formados por compostos presentes emmatérias primas de

Page 29: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

origem vegetal, processadas ou não, como as frutas e hortaliças, incluindo

o ácido ascórbico, os caroteno

Figura 6. Representação esquemática da estrutura química de

(FONTE: AMBROSIO, CAMPOS E FARO, 2006).

Os compostos fenólicos são uma classe

vegetais de forma livre ou conjugada. São produtos do met

que, além de desempenharem funções de proteção, em decorrência da propriedade

antioxidante, contribuem para conferir qualidades sensoriais de vegetais como cor e

adstringência (BORGUINI, 2006).

apresentam variedade de funções biossintetizados por meio de diferentes rotas,razão pela qual

constituem um grupo bastant

metabólicas básicas estão envolvidas na síntese destes compostos

e a rota do ácido malônico

carboidratos derivadosda glicólise e da rota da pentose fosfato em

Um dos intermediários dessa rota é o ácido chiquímico, qu

reações (DUKE; HOAGLAND 1985).

origem vegetal, processadas ou não, como as frutas e hortaliças, incluindo

o ácido ascórbico, os carotenoides e os compostos fenólicos (JARDINI, 2005).

Representação esquemática da estrutura química de alguns antioxidantes naturais

(FONTE: AMBROSIO, CAMPOS E FARO, 2006).

Os compostos fenólicos são uma classe extensa de antioxidantes,presente nos

ou conjugada. São produtos do metabolismo secundário

nharem funções de proteção, em decorrência da propriedade

antioxidante, contribuem para conferir qualidades sensoriais de vegetais como cor e

adstringência (BORGUINI, 2006). Devido à sua diversidade química, os com

unções biossintetizados por meio de diferentes rotas,razão pela qual

constituem um grupo bastante heterogêneo do ponto de vista metabólico. Duas rotas

s estão envolvidas na síntese destes compostos: a rota do ácido chiquímico

ácido malônico (Figura 7). A rota do ácido chiquímico converte precursores de

carboidratos derivadosda glicólise e da rota da pentose fosfato em aminoácidos aromáticos.

intermediários dessa rota é o ácido chiquímico, que dá o nome a essa sequ

reações (DUKE; HOAGLAND 1985).

29

origem vegetal, processadas ou não, como as frutas e hortaliças, incluindo-se se os tocoferóis,

ides e os compostos fenólicos (JARDINI, 2005).

alguns antioxidantes naturais

extensa de antioxidantes,presente nos

abolismo secundário, e sabe-se

nharem funções de proteção, em decorrência da propriedade

antioxidante, contribuem para conferir qualidades sensoriais de vegetais como cor e

Devido à sua diversidade química, os compostos fenólicos

unções biossintetizados por meio de diferentes rotas,razão pela qual

metabólico. Duas rotas

: a rota do ácido chiquímico

. A rota do ácido chiquímico converte precursores de

aminoácidos aromáticos.

e dá o nome a essa sequência de

Page 30: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

30

Figura 7. Rota do ácido chiquímico e ácido malônico (TAIZ; ZEIGER, 2004).

A classe mais abundante de compostos fenólicos secundários, em plantas, é derivada

da fenilalanina, por meio da eliminação de uma molécula de amônia para formar o ácido

cinâmico. Essa reação é catalisada pela fenilalanina amonialiase (PAL), talvez a enzima mais

estudada no metabolismo secundário vegetal.Muitos autores têm relacionado os efeitos

benéficos, à saúde do homem, do consumo regular de frutas, vegetais e grãos à presença de

substâncias antioxidantes, como os compostos fenólicos, carotenoides e a vitamina C

(VASCONCELOS et al., 2006; PIENIZ et al., 2009). A vitamina C está amplamente

distribuída em diversas espécies vegetais e, desempenha importantes funções para a nutrição

humana, como formação de tecido conjuntivo, produção de hormônios e anticorpos,

biossíntese de aminoácidos e atividade antioxidante (OLIVEIRA et al., 2012). A vitamina C

ou ácido ascórbico é uma substância hidrossolúvel e termolábil, encontrada principalmente

em alimentos de origem vegetal, como as frutas, o conteúdo e a estabilidade do ácido

ascórbico nas frutas podem ser utilizados como indicativo da qualidade nutricional e do

estado de conservação desses alimentos (VALENTE et al., 2011).

A síntese e acúmulo de compostos fenólicos, carotenoides e vitaminas em frutos é

variável em função da espécie, variedade, manejo, condições climáticas, estádio de

amadurecimento e condições de armazenamento (LIMA etal. 2005; FERREYRA et al.

2007).Vários métodos têm sido desenvolvidos para estimar a capacidade antioxidante in vitro

dessas substâncias em frutos. Dentre esses métodos, tem-se o método DPPH que envolve os

Page 31: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

31

mecanismos de transferência de elétrons e de átomos de hidrogênio, e fundamenta-se na

capacidade dos antioxidantes em reduzir o radical DPPH•, com mudança simultânea na

coloração (de violeta para amarelo). Este método é considerado um dos mais simples, precisos

e reprodutivos, muito utilizado para frutas, extratos de plantas e substâncias puras

(SHARMA; BHAT, 2009). A capacidade antioxidante equivalente ao Trolox (TEAC), ou

método ABTS, envolve o mesmo mecanismo de reação do método DPPH, e consiste na

capacidade dos antioxidantes em eliminar o radical ABTS•+, que tem sua absorbância

reduzida à medida que reage com os antioxidantes. Este método pode ser aplicado para

antioxidantes lipossolúveis e hidrossolúveis, sob a forma de compostos puros ou amostras de

alimentos (VASCONCELOS et al., 2006).

Existe uma falta de padronização em relação ao método para determinação da

capacidade antioxidante em frutos. É recomendada a combinação de pelo menos dois desses

métodos para fornecer resultados mais completos e representativos da capacidade

antioxidante de frutas (PÉREZ-JIMÉNEZ et al. 2008).Em estudos com outros frutos do

Cerrado, como araçá, marolo, jenipapo, murici, graviola e maracujá-do-cerrado, autores

observaram a presença relevante de nutrientes distintos e substâncias antioxidantes nos frutos

(DAMIANI et al., 2011; SOUZA et al., 2012)

Page 32: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

32

REFERÊNCIAS

ALBUQUERQUE, J. A. S. de; MOUCO, M.A. do C.; MEDINA, V.D. et al . O cultivo da mangueira irrigada no semi-árido brasileiro. Petrolina, PE: EMBRAPA Semi-Árido/VALEXPORT,1999. 77p.

ALMEIDA, S. P. de. Cerrado: aproveitamento alimentar. Planaltina: Embrapa-CPAC, 1998b. 188 p. ALMEIDA, S. P. de; SILVA, J. A. da; RIBEIRO, J. F. Aproveitamento alimentar de espécies nativas dos Cerrados: araticum, baru, cagaita e jatobá. Planaltina:Embrapa-CPAC, 1987. 83 p. ÁLVARES, V. S.; BRAGA, L. R.; MAIA, V. M.; SALOMÃO, L. C. C.; BRUCKNER, C. H.; RUIZ, G. A. C. Desenvolvimento do pêssego ‘Rei da Conserva’ em Viçosa-MG. Revista Ceres, Viçosa, MG, v.52, n. 294, 2004. AMBROSIO, C. L. B.; CAMPOS, F. A. C. S.; FARO, Z. P. Carotenoides como alternativa contra a hipovitaminose A. Rev. Nutr. , v.19, n.2, p. 233-243, 2006. ANDRADE, É. C. B. Análise de alimento: uma visão química da nutrição / São Paulo: Livraria Varela..pg. 101, 2006. ANTUNES, L. E .C.; FILHO, J. D.; SOUZA, C.M. Conservação pós-colheita de frutos de amoreira-preta. Pesquisa Agropecuária Brasileira. v. 38, p. 413-419, 2003.

AVIDOS, M.F.D.; FERREIRA, L.T. Frutos dos cerrados – Preservação gera muitos frutos. Revista Biotecnologia Ciência & Desenvolvimento, n.15, p.36-41, 2003. BARBOSA, W.; OJIMA, M.; DALL’ORTTO, F.A.C.; MARTINS, F.P.; LOVATE, A.A. Desenvolvimento dos frutos e das sementes de pêssegos subtropicais de diferentes ciclos de maturação. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 28, n.6, p.701-707, 1993. BLEECKER, A. A.; KENDE, H. Ethylene: a gaseous signal molecule in plants. Annu Rev Cell Dev Biol. V.16. p. 1–18, 2000. BORGUINI, R. G. Avaliação do potencial antioxidante e de algumas características físico-químicas do tomate (Lycopersicon esculentum) orgânico em comparação ao

Page 33: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

33

convencional.Tese de Doutorado - Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo, 2006. 178p. BRITO, M. A.; PEREIRA, E. B. C.; PEREIRA, A. V.; RIBEIRO, J. F. Cagaita: biologia e manejo. Planaltina. DF: Embrapa Cerrados. 80p, 2003. CARDOSO, L. de M.; MARTINO, H. S. D.; MOREIRA, A. V. B.; RIBEIRO, S. M. R.; PINHEIRO-SANT’ANA, H. M. Cagaita (Eugeniadysenterica DC.) of the Cerrado of Minas Gerais, Brazil: Physical and chemical characterization, carotenoids and vitamins. Food ResearchInternational, Barking, v.44, p.2151-2154, 2011. CAVICHIOLI, J. C.; RUGGIERO, C.; VOLPE, C. A.; PAULO, E. M.; FAGUNDES, J. L.; KASAI, F. S. Florescimento e frutificação do maracujazeiro-amarelo submetido à iluminação artificial, irrigação e sombreamento. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v.28, n.1, p.92-96, 2006. CHITARRA, M.I.F.; CHITARRA, A.B. Pós-colheita de frutos e hortaliças: fisiologia e manuseio. Lavras: UFLA, 2005. 320p.

CHITARRA, M. I. F. Processamento mínimo de frutas e hortaliças. Viçosa: Centro de produções técnicas, 1998. 88 p. COOMBE, B.G. The development of flesh fruits.Annual Review of Plants Physiology, Palo Alto, v.27, p. 207-28.1976. CORRÊA, M. P. Dicionário de plantas úteis do Brasil. Rio de Janeiro: IBDF, 1984. v. 1, 747 p. COSTA, T. R.; FERNANDES, O. F. L.; SANTOS, S. C.; OLIVEIRA, C. M. A.; LIÃO, L. M.; FERRI, P. H.; PAULA, J. R.; FERREIRA, H. D.; SALES, B. H. N.; SILVA, M. R. R. Antifungal activity of volatile constituents of Eugenia dysenterica leaf oil. Journal of Ethnopharmacology, [S.l.], v. 72, p. 111-117, 2000. CROWE, F. L.; RODDAM, A. W.; KEY, T. J.; APPLEBY, P. N. Fruit and vegetable intake and mortality from ischaemic heart disease: results from the European Prospective Investigation into Cancer and Nutrition (EPIC)-Heart study. European Heart Journal, London, v. 32, n. 10, p. 1235-1243, 2011. DAI, J.; MUMPER, R. J. Plant phenolics: extraction, analysis and their antioxidant and anticancer properties. Molecules, Basel, v. 15, n. 10, p.7313-7352, 2010.

Page 34: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

34

DAMIANI, C.; VILAS BOAS, E. V. B.; ASQUIERI, E. R.; LAGE, M. E.; OLIVEIRA, R. A.; SILVA, F. A.; PINTO, D. M.; RODRIGUES, L. J.; SILVA, E. P.; PAULA, N. R. F. Characterization of fruits from the savanna: araça (Psidium guinnensis Sw.) and marolo (Annona crassiflora Mart.). Ciência e Tecnologia de Alimentos, Campinas, v. 31, n. 3, p. 723-729, 2011. DEMBITSKY, V. M.; POOVARODOM, S.; LEONTOWICZ, H.; LEONTOWICZ, M.; VEARASILP, S.; TRAKTENBERG, S.; GORINSTEIN, S. The multiple nutrition properties of some exotic fruits: biological activity and active metabolites. Food Research International, Essex, v. 44, n. 7, p. 1671-1701, 2011. DEVALARAJA, S.; JAIN, S.; YADAV, H. Exotic fruits as therapeutic complements for diabetes, obesity and metabolic syndrome.Food Research International, Essex, v. 44, n. 7, p. 1856-1865, 2011.

DORMAN, H. J. D.; KOSAR, M.; KAHLOS, K.; HOLM, Y.; HILTUNEN, R. Antioxidant properties and composition of aqueous extracts from Mentha species, Hybrids, Varieties, and Cultivars. Journal of Agricultural and Food Chemistry, Washington, v. 51, n. 16, p. 4563-4569, 2003.

DUKE, S.O.; HOAGLAND, R.E. Effects of glyphosate on metabolism of phenolic compounds. In: GROSSBARD, E.; ATKINSON, D. (Ed.). The herbicide glyphosate.Chapter 6.London: Butterworths & Co. Ltda., 1985. p. 75-91. FARIAS NETO, A. L.; FONSECA, C. E. L.; GOMIDE, C. C. C.; SILVA, J. A. Armazenamento de sementes de cagaita (Eugenia dysenterica DC.). RevistaBrasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v. 13, p. 55-62, 1991.

FRANCO, G. Tabela de composição química dos alimentos. 9. ed. São Paulo: Atheneu, 1992. 307 p.

GAWLIK-DZIKI, U. Changes in the antioxidant activities of vegetables as a consequence of interactions between active compounds.Journal of Functional Foods, St. John’s, v. 4, n. 4, p. 872-882, 2012. GRAY, J.; PICTON, S.; SHABEER, J.; SCHUCH, W.; GRIERSON, D. Molecular biology of fruit ripening and its manipulation with antisense genes.Plant Molecular Biology, v. 19, n. 1, p 69-87, 1992.

Page 35: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

35

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Mapa de Biomas e de Vegetação. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=16. Acesso em 22 de junho de 2015. IBGE (Rio de Janeiro). Extração vegetal e silvicultura. Anuário estatístico do Brasil. Rio de Janeiro, v.57, p.355-360, 1997. JARDINI, F. A. Avaliação da atividade antioxidante da romã (Punica granatum, L) participação das frações de ácidos fenólicos no processo de inibição da oxidação. Dissertação de Mestrado - Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Universidade de São Paulo, 2005. 129p. KLUGE, R. A.; NACHTIGAL, J. C.; FACHINELLO, J. C.; BILHALVA, A. B.; Fisiologia e manejo pós-colheita de frutas de clima temperado / São Paulo: Livraria e Editora Rural, 2002. pgs. 21 e 2, e 27 á 36.

LIMA, V.L.A.G.; MÉLO, E.A.; MACIEL, M.I.S.; PRAZERES, F.G.; MUSSER, R.S.; LIMA, D.E.S. Total phenolic and carotenoid contents in acerola genotypes harvested at three ripening stages. Food Chemistry, Barking, v.90, p.565-568, 2005.

MACEDO, J. F. Plantas corticosas do Cerrado e sua utilização. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v. 15, n. 168, p. 33-37, 1991. MAIANI, G. et al. Carotenoids: actual knowledge on food sources, intakes, stability and bioavailability and their protective role in humans. Molecular nutrition e foodresearch, Weinheim, v.53, n.2, p.194-218, 2009. MALTA, L. G.; GHIRALDINI, F. G.; REIS, R.; OLIVEIRA, M. V.; SILVA, L. B.; PASTORE, G. M. In vivo analysis of antigenotoxic and antimutagenic properties of two Brazilian Cerrado fruits and the identification of phenolic phytochemicals.Food Research International, Essex, v. 49, n. 1, p. 604-611, 2012. MANICA, I.; ICUMA, I. M.; JUNQUEIRA, N. T. V.; SALVADOR, J. O.; MOREIRA, A.; MALAVOLTA, E. Fruticultura tropical: goiaba. Porto Alegre: Cinco Continentes, 2000. 373p. MARTINOTTO, C.; PAIVA, R.; SOARES, P. F.; SANTOS, D. B.; NOGUEIRA, C. R. Cagaiteira (Eugenia dysenterica D.C). Boletim Técnico – n°. 78. Lavras – MG. p.1-21, 2008.

Page 36: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

36

MARTINS, L.P., SILVA, S.M., ALVES, R.E., FILGUEIRAS, E.A.C. Desenvolvimento de frutos de cirigueleira (Spondias purpurea L.). Rev. Bras. Frutic., Jaboticabal, v. 25, n.1, p. 11-14, abril, 2003. McKEON TA; YANG SF. 1987. Biosynthesis and metabolism of ethylene. In: DAVIES PJ. (Ed.). Plant hormones and their role in plant growth and development. Dordrecht: Martinus Nijhoff Publishers. p.94-112. MENDONÇA, M. R.; PELÁ, M. O cerrado goiano numa encruzilhada de tempos: os territórios em disputa e as novas territorialidades do conflito. Revista Geográfica de América Central, Costa Rica Número Especial EGAL, 2011-, II Semestre 2011 p. 1-18 MEYER, R.; ANDERSON, D.; BOHNING, R. Introdução à fisiologia vegetal. 2. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1973. 170p.

NAVES, R.V. Espécies frutíferas nativas dos cerrados de Goiás: caracterização e influências do clima e dos solos. 1999. 206f. Tese (Doutorado) – Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 1999.

NAVES, R.V.; ALMEIDA NETO, J.X.; ROCHA, M.R.; et al. Determinação de características físicas em frutos e teor denutrientes em folhas e no solo, de três espécies frutíferas de ocorrência natural nos Cerrados de Goiás. Anais da Escola deAgronomia e Veterinária, Goiânia, v.25, p. 99-106, 1995. NIKI, E. Assessment of antioxidant capacity in vitro and in vivo.Free Radical Biology & Medicine, New York, v. 49, n. 4, p. 503-515, 2010. OLIVEIRA, R. G.; GODOY, H. T.; PRADO, M. A. Quantificação dos isômeros ácido L-ascórbico e ácido D-iso-ascórbico em geleias de frutas por cromatografia líquida de alta eficiência. Química Nova, São Paulo, v. 35, n. 5, p. 1020-1024, 2012. PEREIRA, B. A. de S. Flora nativa. In: DIAS, B. F. de S. Alternativas do desenvolvimento dos cerrados: manejo e conservação dos recursos naturais renováveis. Brasília: FUNATURA : IBAMA, 1992.p.53-62. PÉREZ-JIMÉNEZ, J.; ARRANZ, S.; TABERNERO, M.; DÍAZ-RUBIO, M. E.; SERRANO, J.; GONI, I.; SAURA-CALIXTO, F. Updated methodology to determine antioxidant capacity in plant foods, oils and beverages: extraction, measurement and expression of results. Food Research International, Essex, v. 41, n. 3, p. 274-285, 2008. PINA, G. O. Efeito alelopático do extrato aquoso foliar de Eugenia dysenterica DC, (Myrtaceae – cagaita) na germinação, crescimento e morfo-anatomia de Sesamum indicum L. (Pedaliaceae – gergelim) e Raphanus sativus L. (Brassicaceae – rabanete).Dissertação de Mestrado – Instituto de Ciências Biológicas. Universidade de Brasília. 2008.199p.

Page 37: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

37

PIENIZ, S.; COLPO, E.; OLIVEIRA, V.R.de; ESTEFANEL, V.; ANDREAZA, R. Avaliação in vitro do potencial antioxidante de frutas e hortaliças. Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v.33, n.2, p.552-559, mar./abr., 2009.

PROENÇA, C.; OLIVEIRA, R.S.; SILVA, A.P. Flores e frutos do cerrado. Brasilia: EdUnB, São Paulo: Imprensa oficial, 2000. 226p.

PROENÇA, C. E. B.; GIBBS, P. E. Reproductive biology of eight sympatric Myrtaceae from central Brazil.New Phytologist, Cambridge, v. 126, p. 343-354, 1994. RAHMAN, M.S. Manual de conservación de los alimentos. Zaragoza: Acribia, 2003 RIBEIRO, J.F.; WALTER, B.M.T. As principais fitofisionomias do Bioma Cerrado. In

SANO, S.M.; ALMEIDA, S.P.; RIBEIRO, J.F. (eds.). Cerrado: ecologia e flora. Embrapa Cerrados, Planaltina. p.151 -212, 2008.

RIBEIRO, J. F.; FONSECA, C. E. L.; ALMEIDA, S. P.; PROENÇA, C. E. B.; SILVA, J. A. da; SANO, S. M. Espécies arbóreas de usos múltiplos da região do cerrado: caracterização botânica, uso potencial e reprodução., 1994, Porto Velho. Colombo: Embrapa-CNPF; Porto Velho: Embrapa-CPAF-RO, 1994. p. 335-355.

RIBEIRO, J.F.; SILVA, J.A., FONSECA, C.E.L. da. Espécies frutíferas da região do cerrado. In: DONADIO, L.C. (Coord.) Fruticultura tropical. Jaboticabal: FUNEP, 1992. 268p. RIBEIRO, J. F.; PROENÇA, C. E. B.; ALMEIDA, S. P. Potencial frutífero de algumas espécies frutíferas nativas dos cerrados. 8., 1986, Brasília, DF. Anais... Brasília, DF: Embrapa- DDT; CNPq, 1986. v. 2, p. 491-500.

RODHES, M. J. C. Respiration and Senescence of Plant Organs. Vol. 2: Metabolism and Respiration. London, Academic Press. 1980. p 419-462. ROESLER, R.; CATHARINO, R. R.; MALTA, L. G.; EBERLIN, M. N.; PASTORE, G. Antioxidant activity of Caryocar brasiliense (pequi) and characterization of components by electrospray ionization mass spectrometry. Food Chemistry, v. 110, p. 711–717, 2008. RUFINO, M. do S.M. et al. Metodologia científica: determinação da atividade antioxidante total em frutas pela captura do radical livre DPPH. (Comunicado técnico online – Embrapa).Fortaleza-CE, julho 2007.

Page 38: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

38

RYALL, A. L.; LIPTON, W. J. Handling, transportation and storage of fruits and vegetables.2 nd. Ed. Westport: Avi, 1979. v.1 587p. SALOMÃO, L. C. C.; SIQUEIRA, D. L. DE; PEREIRA, M. E. C. Desenvolvimento do fruto da lichieira (Litchi chinensis Sonn.) ‘Bengal’. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v. 28, n.1, p. 11-13, 2006. SALTVEIT ME Jr .Effect of ethylene on quality of fresh fruits and vegetables.Postharvest Biology and Technology. v15, p. 279-292, 1999. SANO, S. M.; FONSECA, C. E. L. da; RIBEIRO, J. F.; OGA, F. M.; LUIZ, A. J. B. Floração, frutificação e crescimento inicial da cagaiteira em Planaltina, DF. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 30, n. 1, p. 5-14, jan. 1995.

SANTELLI, P. Fisiologia pós-colheita de frutos das palmeiras Syagrus oleracea (Mart.) Becc. eMauritia vinífera Mart. 2005. p 7-8. Dissertação (Mestrado em Botânica) - Universidade de Brasília. SHARMA, O. P.; BHAT, T. K. DPPH antioxidant assay revisited.Food Chemistry, Barking, v. 113, n. 4, p. 1202-1205, 2009.

SILVA, R. S. M. Caracterização de sub-populações de cagaita (Eugenia dysenterica DC.) da região sudeste do estado de Goiás, Brasil. 1999. 107 f. Dissertação (Mestrado) Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 1999.

SILVA, J. A.; SILVA, D. B.; JUNQUEIRA, N. T. V.; ANDRADE, L. R. M. de. Coleta de sementes, produção de mudas e plantio deespécies frutíferas nativas dos cerrados: informações exploratórias. Planaltina: EMBRAPA/CPAC, 1992. 23 p.

SOUZA, V. R.; PEREIRA, P. A. P.; QUEIROZ, F.; BORGES, S. V.; CARNEIRO, J. D. S. Determination of bioactive compounds, antioxidant activity and chemical composition of Cerrado Brazilian fruits. Food Chemistry, Barking, v. 134, n. 1, p. 381-386, 2012. SOUZA, E.R.B.; NAVES, R.V.; CARNEIRO, I.F.; LEANDRO, W.M.; BORGES, J.D. Crescimento e sobrevivência de mudas de cagaiteira (Eugenia dysenterica DC) nas condições do Cerrado. Revista Brasileira de Fruticultura , Jaboticabal. v. 24, p. 491-495, 2002.

Page 39: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

39

TAIZ, L; ZEIGER, E. Fisiologia Vegetal. 3a edição. Porte Alegre: Artmed, 2004. 719p.

TELLES, M. P. C.; DINIZ-FILHO, J. A. F.; COELHO, A. S. G.; CHAVES, L. J. Autocorrelação espacial das freqüências alélicas em subpopulações de cagaiteira (Eugenia

dysenterica DC, Myrtaceae) no Sudeste de Goiás. Revista Brasileirade Botânica, São Paulo, v. 24, n. 2, p. 145-154, abr./jun. 2001.

VASCONCELOS, S.M.L.; SILVA, A.M.; GOULART, M.O.F. Pró-antioxidantes e antioxidantes de baixo peso molecular oriundos da dieta: estrutura e função. Nutrire, São Paulo, v.31, n.3, p.95-118, 2006.

VALENTE, A.; ALBUQUERQUE, T. G.; SANCHES-SILVA, A.; COSTA, H. S. Ascorbic acid content in exotic fruits: A contribution to produce quality data for food composition databases. Food Research International, doi:10.1016/j.foodres.2011.02.012, 2011.

VETRANI, C.; COSTABILE, G.; DI MARINO, L.; RIVELLESE, A. A. Nutrition and oxidative stress: a systematic review of human studies. International Journal of Food Sciences and Nutrition, Basingstoke, 2012. doi:10.3109/09637486.2012.738651.

VILAS BOAS, E. V. de B. Aspectos fisiológicos do desenvolvimento de frutos. Lavras: UFLA, Fundação de Apoio, Pesquisa e Extensão ao Ensino, 1999. 75 p.

YANG, S.F. Biosynthesis and action of ethylene.Horticultural Science., v. 20, n. 1, p. 41-45, 1985.

YANG, S. F.; HOFFMAN, N. E. Ethylene biosynthesis and its regulation in higher plants.Annual Review of Plant Physiology, Palo Alto, v. 35, p.155-189, 1984.

Page 40: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

40

PARTE 2

3 ASPECTOS FISIOLÓGICOSDO DESENVOLVIMENTO DA CAGAITA (EUGENIA

DYSENTERICA) SILVA, M. M. M. Aspectos fisiológicos do desenvolvimento da cagaita (Eugenia

dysenterica). In: ___. Estudo do desenvolvimento fisiológico da cagaita (Eugenia

dysenterica). Parte 2, p. 38-62. Dissertação (Mestrado em Ciência e Tecnologia de Alimentos). Universidade Federal de Goiás, GO.

RESUMO

Muitas espécies frutíferas nativas da região do Cerrado brasileirotêm grande potencial econômico e ecológico, bem como importância social para a população nativa. A cagaita, pertencente à família Myrtaceae, é pouco estudada, e nada se sabe sobre seu desenvolvimento fisiológico. Dessa forma, o objetivo deste trabalho foi avaliar as características físicas (massa, diâmetro transversal e longitudinal do fruto, coloração, firmeza) e as químicas (atividade respiratória, etileno, pH, sólidos solúveis e acidez titulável, clorofila total, carotenoides, açúcares, pectina total e solúvel) da antese até seu amadurecimento. O desenvolvimento total do fruto compreendeu 37 dias, de agosto até a primeira semana de setembro de 2014, sendo que com 34 dias, após a antese (DAA), o fruto já possuía características físicas e químicas aceitáveis para o consumo in natura. Ao longo do desenvolvimento, verificou-se aumento constante na massa total dos frutos e aumento significativo do diâmetro transversal e longitudinal (p>0,05),ajustando-se ao comportamento sigmoidal duplo em resposta à variação do tempo. A partir do 23° DAA, observou-se inicio da perda de firmeza, aumento nos teores de pectina total e solúvel e diminuição do conteúdo de amido. O parâmetro hue (H), 10 DAA até 31 DAA indicou coloração da casca verde a verde-amarelado, passando para cor amarela após os 31 DAA até o seu completo amadurecimento. Foi possível verificar a degradação da clorofila total e desmascaramento dos carotenoides a partir dos 31° DAA. Houve diminuição do pH e, consequentemente, aumento da acidez durante o desenvolvimento, com baixo teor de açúcares solúveis. No final do desenvolvimento foi observado o pico respiratório e produção de etileno, sugerindo comportamento climatérico. Foi possível avaliar as características físicas e químicas do fruto e determinar que 31 DAA é o período em que inicia os principais processos bioquímicos e fisiológicos fundamentais do fruto.

Palavras-chave:Eugenia dysenterica, ciclo vital, amadurecimento.

Page 41: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

41

PHYSIOLOGICAL ASPECTS OF DEVELOPMENT CAGAITA (EUGENIA

DYSENTERICA)

ABSTRACT

Many native fruit species from the Brazilian Cerrado region has great economic and ecological potential, and social importance for the native population. The cagaita belonging to the Myrtaceae is little studied, and nothing is known about their physiological development. Thus, the objective of this study was to evaluate the physical characteristics (mass, transverse and longitudinal diameter of fruit, color, firmness) and chemical (respiration, ethylene, pH, soluble solids and titratable acidity, total chlorophyll, carotenoids, sugars, total pectin and soluble) from anthesis to ripening. The total fruit development comprised 37 days of August to the first week of September 2014, and 34 days after anthesis (DAA), the fruit already had physical and chemical characteristics acceptable for fresh consumption. Throughout the development, there was steady increase in total fruit and significant increase in transverse and longitudinal diameter (p> 0.05), setting the double sigmoidal behavior in response to variation of time. From 23 ° DAA observed onset of loss of firmness, increase in total and soluble pectin content and a decrease in starch content. The hue parameter (H), 10 DAA to 31 DAA indicated color green peel yellowish-green, changing to yellow after 31 DAA to its full maturity. It was possible to verify the degradation of chlorophyll and unmasking of carotenoids from 31 ° DAA. A decrease in pH and therefore increasing acidity during development, with a low content of soluble sugars. At the end of the development was observed the highest respiratory rate and ethylene production, suggesting climacteric behavior. It was possible to evaluate the physical and chemical characteristics of the fruit and determine that 31 DAA is the period that starts the main key biochemical and physiological processes of the fruit. Keywords:Eugenia dysenterica, life cycle, maturation.

Page 42: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

42

3.1 INTRODUÇÃO

No Brasil, o Cerrado destaca-se como o segundo maior bioma

nacionalcorrespondendo a um quarto do território, porém, vem sofrendo rápida transformação

dos ambientes naturais em áreas agrícolas e pastagens. Apresenta grande diversidade de

produtos, os quais podem ser potencialmente viáveis à exploração econômica (REZENDE;

CÂNDIDO, 2014). Muitas espécies frutíferas, nativas da região do Cerrado brasileiro, tem

grande potencial econômico e ecológico, bem como importância social para a população

nativa (CORRÊA et al., 2011).

A cagaita, pertencente à família Myrtaceae, compreende 14 géneros e é representada

por 211 espécies que ocorrem naturalmente no cerrado. É encontrada nos estados brasileiros

de Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Tocantins e Bahia (SILVA; CHAVES; NAVES, 2001).

Possuindo grande potencial para uso em sistemas agrícola, a cagaiteira tem produção elevada

e, relativamente estável ao longo dos anos, sendo seus frutos utilizadospara elaboração de

produtos processados (VIEIRA et al. 2010).

Apesar da grande importância desta espécie, poucos são os trabalhos quanto ao seu

desenvolvimento fisiológico, o que apresenta extrema importância no conhecimentoda flora

desse bioma (CARNEIRO; MAPELI, 2013).

A avaliação do padrão de desenvolvimento de um fruto, a partir do florescimento,

auxilia no estabelecimento de índices de maturidade baseado no aspecto aparente (tamanho,

diâmetro, cor, etc.) e na composição química (sólidos solúveis, acidez titulável, etc.)

(COOMBE, 1976). Porém, estes índices podem variar consideravelmente, dependendo do

local de cultivo, cultivares e condições climáticas do ano de crescimento (BIALE; YOUNG,

1962). Um dos índices mais utilizados na determinação do ponto de colheita é o número de

dias desde a floração até o desenvolvimento pleno do fruto (WARRINGTONet al., 1999).

Durante o desenvolvimento, o fruto passa por diversas etapas, ou estádios, com

características bem definidas, cuja avaliação é importante para o entendimento das alterações

que ocorrem durante o ciclo de desenvolvimento (ÁLVARES et al. 2004).

O conhecimento dos estádios de desenvolvimento de frutos é essencial para auxiliar

na determinação de práticas culturais, podendo revelar períodos críticos no desenvolvimento

dos frutos que possibilitem a produção com qualidade, como também a colheita na época

correta (SALOMÃO et al. 2006). Entretanto, o período da antese à colheita dos frutos pode

variar devido a diferentes fatores, como condições climáticas, variedades e época do ano.

Page 43: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

43

Esses fatores interferem diretamente no desenvolvimento da planta e,

consequentemente, no desenvolvimento fisiológico do fruto (CAVICHIOLI et al.

2006).Diante do exposto, objetivou-se caracterizar fisiologicamente a cagaita (Eugenia

desynterica) desde a antese até o seu completo amadurecimento.

Page 44: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

44

3.2 MATERIAL E MÉTODOS

3.2.1 Obtenção dos frutos e instalação do experimento

O trabalho foi inicialmente conduzido em área nativa,com formação típica do

cerrado, localizada no município de Abadia-GO, latitude de -16° 45' 26'' e longitude de -49°

26' 15'' entre o período de agosto a setembro de 2014. Foram selecionados, ao acaso, 30

exemplares da espécie Eugenia dysenterica, e marcadas com fios de lã, de cores diversas por

ocasião de antese, em diferentes posições da planta. Após a formação dos frutos, estes foram

coletados e divididos em três lotes iguais. Em intervalos de quatro dias, a partir da antese,

cerca de 40 frutos foram coletados, acondicionados em sacos de polietilenos de baixa

densidade e transportados para o Laboratório de Análise de Alimentos, da Escola de

Agronomia, da Universidade Federal de Goiás, em Goiânia, onde foram selecionados quanto

à integridade física, ausência de danos mecânicos e patogênicos.

3.2.2 Delineamento experimental

O experimento foi conduzido em delineamento inteiramente casualizado (DIC),

sendo que os tratamentos foram dispostos por fatorial simples, constituído pelos pontos de

colheita (10, 14, 18, 23, 27, 31, 34 e 37 dias após antese) em triplicata. Os frutos foram

submetidos à análises de massa, diâmetros transversal e longitudinal, coloração, atividades

respiratórias, etileno, firmeza, sólidos solúveis totais, pH e acidez titulável (ácido cítrico),

análises estas realizadas logo após a colheita, no mesmo dia. Os frutos remanescentes foram

submetidos ao congelamento em nitrogênio líquido e, em seguida,armazenados em freezer a -

18°C, para posterior realização de análises como clorofila total, carotenoides totais, pectina

total e solúvel, açúcares solúveis e amido, sendo estas realizadas a partir do 18° dia após

antese.

3.2.3 Análises físicas e químicas

As análises físicas e químicas foram realizadas na Universidade Federal de Goiás,

em Goiânia, no Laboratório de Análises Físico-Químicas de Alimentos, da Escola de

Agronomia, no Laboratório de Química e Bioquímica de Alimentos, da Faculdade de

Farmácia (UFG) e no Laboratório de Pós-colheita de Frutas e Hortaliças do Departamento de

Ciências dos Alimentos, da Universidade Federal de Lavras.

Page 45: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

45

3.2.3.1 Massa, diâmetro longitudinal e diâmetro transversal

A massa do fruto foi avaliada, utilizando balança semi-analítica, expressada em

grama (g) e os diâmetros longitudinal e transversal foram obtidos com o auxilio depaquímetro

analógico, sendo realizado 12 repetições. Os resultados foram expressos em milímetros (mm).

3.2.3.2 Firmeza

A firmeza foi determinada, individualmente, no fruto inteiro com a casca, na região

equatorial, utilizando Prob P2/N (2mm) em texturômetro (Texture Analyser, TA-XT Plus,

Surrey, Inglaterra), sendo os resultados expressos em Newton (N).

3.2.3.3 Coloração

A cor foi determinada em três pontos distintos da casca, por meio da leitura de três

parâmetros com a determinação no modo CIE L*a*b*, fornecidas pelo colorímetro

(Hunterlab, ColorQuest II) . Coordenada L* representa mais clara e mais escura é a amostra,

com valores variando de 0 (totalmente preta) a 100 (totalmente branca); a coordenada a*

assume valores de – a* e +a*, em que os extremos correspondem ao vermelho e verde,

respectivamente, e a coordenada b*, com intensidade de azul ao amarelo pode variar de – b*

(totalmente azul) a + b* (totalmente amarelo).

3.2.3.4 Sólidos solúveis totais

O teor de sólidos solúveis totais foi determinado, por meio da leitura dos graus Brix

em refratômetro digital (AR 200), 25°C em três repetições, de acordo com método proposto

pela AOAC (2010).

3.2.3.5 Potencial hidrogeniônico (pH)

A determinação do pH foi realizada, utilizando-se potenciômetro digital (TEC-

3MPp). O aparelho foi calibrado com solução tampão de pH 4,0 e 7,0 , em seguida, realizou-

se a leitura direta com imersão do eletrodo no béquer, contendo a amostra macerada em

solução aquosa, em três repetições, segundo metodologia proposta pela AOAC (2010).

3.2.3.6 Acidez titulável

A acidez foi determinada por titulação, com solução de hidróxido de sódio (NAOH)

0,01N, e expressa em ácido cítrico em três repetições, conforme a AOAC (2010).

Page 46: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

46

3.2.3.7 Atividade respiratória

A atividade respiratória foi determinada com auxílio de analisador de O2/CO2

(Illinois – LL6600)em cinco repetições, na qual os resultados foram expressos em mg

CO2.Kg fruto-1.h-1.

3.2.3.8 Etileno

A liberação do gás etileno foi determinada por cromatografia em fase gasosa,

conforme descrito por Fan et al. (1999), no qual dois frutos foram acondicionados em frascos

hermeticamente fechados, durante uma hora, a 25ºC. Ao vedar-se os frascos e passado o

período de acondicionamento, uma agulha múltipla foi acoplada ao tubo de vacutainer (Vacu

Tube) e, ao recipiente de vidro, por meio de um septo, onde coletou-se 9 ml da atmosfera

gasosa. As amostras foram injetadas em cromatógrafo gasoso, marca CG, equipado com

detector de condutividade térmica e coluna empacotada com Porapak-Q (60 -100 mesh, 1m de

comprimento e 3,2mm de diâmetro interno). Utilizou-se como gás de arraste o nitrogênio

(N2 - 80 kPa), com o fluxo de 40 - 45 mL min-1. Os resultados foram expressos em µL g-1 h-1.

3.2.3.9 Amido

Após extração e hidrólise química, foi realizado o doseamento pelo método de

Somogyi, adaptado por Nelson (1944), e os resultados expressos em porcentagem (%).

3.2.3.10 Pectina total e solúvel

Foram extraídas de acordo com a técnica de McCready e McColomb (1952) e,

determinadas, espectrofotometricamente, a 520nm segundo Blumenkrantz & Asboe-Hansen

(1973). Os resultados foram expressões em mg de ácido galacturônico por 100 g de polpa.

3.2.3.11 Clorofila Total

A clorofila total foi determinadaconforme metodologia desenvolvida por Bruinsma

(1963), utilizando 1 g de casca fresca triturada em 10 mL de acetona a 80%,homogeneizando

com auxilio de um homogeneizador de tecidos. O extrato obtido foi transferido para balão

volumétrico de 50 mL, completando-se com acetona. Após 15 horas de repouso no escuro

realizou-se a filtração. A leitura da absorbância do extrato foi realizada em

espectrofotômetromarca Rayleigh UV-1800 a 652nm e, os resultados expressos em mg de

clorofila total/100g de amostra, segundo a equação adotada por Engel & Poggiani (1991):

Page 47: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

47

Clorofila total =[(A652 ´ 1000 ´ v/1000w)/34,5] ´ 100

no qual: v= volume final do extrato clorofila;

acetona; w= peso da casca em g;

A652= leitura da absorbância a 652nm. (Equação 1)

3.2.3.12 Carotenoides Totais

Os carotenoides totais foram determinados, conforme a metodologia proposta por

Higby (1962). Para a obtenção do extrato, pesaram-se 2 g da amostra e acrescentaram-se 20

mL da mistura acetona - hexano na proporção (4:6). Agitou-se por 10 min em agitador

magnético, em seguida filtrou-se a solução. As leituras foram realizadas em espectrofotômetro

a 450nm marca Rayleigh UV-1800, e os resultados foram expressos em mg de carotenoides

totais/100g de amostra.

3.2.3.13 Açúcares solúveis

As concentrações de sacarose, glicose e frutose foram determinadas através da

metodologia descrita por IC Application Note (2015). Para tal, foi utilizado cromatógrafo de

íons 930 Compact IC Flex (Metrohm, Herisseau, Suiça) com uma coluna acoplada Metrosep

Carb 1 (150/4,0) e fase móvel hidróxido de sódio (100 mmol.L-1). As amostras foram diluídas

utilizando água ultrapura e filtradas utilizando filtro com diâmetro de poro 0,45 µm. As

condições de corrida foram, volume de injeção de 0,25 µL, fluxo de 1,0 mL.min-1,

temperatura do forno de 35°C e tempo de corrida de 9 minutos. Os resultados foram

comparados com uma curva de calibração previamente montada, com soluções-padrões entre

as concentrações 1 e 1000 mg.L-1 (glicose e frutose) e 1 e 100 mg.L-1 (sacarose).

3.2.4 Análise estatística

As análises estatísticas foram realizadas com o auxílio do programa SISVAR

(FERREIRA, 2011). As médias dos períodos de avaliação foram submetidas à regressão

polinomial, no qual os modelos foram selecionados de acordo com a significância do teste F e

pelo o coeficiente de determinação.

Page 48: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

48

3.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

O aparecimento da gema apical na cagaita foi observado no início do mês de agosto

de 2014, logo após o período chuvoso, em área nativa localizada no município de Abadia, no

sudoeste de Goiás. Após uma semana do período chuvoso, iniciou-se a floração da cagaita,

com abertura da flor (antese) e botões florais, a uma temperatura máxima de 31°C e mínima

de 15°C, e umidade a 14% mínima e 51% máxima segundo o site The Weather Channel.

Os primeiros indícios do aparecimento dos frutos foram constatados juntamente com

a presença de flores murchas e folhas das árvores avermelhadas (Figura 1). O

desenvolvimento total do fruto compreendeu 37 dias, de agosto até a primeira semana de

setembro de 2014, a partir da antese (abertura da flor) até a abscisão dos frutos da planta-mãe,

sendo que com 34 dias após a antese, o fruto já possuía características físicas e químicas

aceitáveis para o consumo in natura.

Figura 1.a) presença da gema apical, b) abertura da flor e botões florais e c) folhas

avermelhadas na planta cagaiteira,localizada no Município de Abadia-GO (Fonte: arquivo

pessoal).

a) b)

c)

Page 49: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

49

A avaliação do desenvolvimento dos frutos, em geral, é baseada na evolução dos

atributos físicos, tais como comprimento, diâmetro, volume, massas, associados à avaliação

de alterações nas características físico-químicas, medidas a intervalos regulares durante o

ciclo ou estádios (ÁLVARES et al. 2004).

Ao longo do desenvolvimento do fruto, verificou-se aumento constante na massa

total dos frutos, da antese até o seu amadurecimento. O acréscimo de matéria fresca do fruto

foi rápido no início do ciclo, com aumento de 0,229±0,08 g para 12,287±1,46 g entre o 10° e

23° DAA respectivamente, caracterizando o I estádio de crescimento, onde o fruto passa por

um período de rápido crescimento, certamente resultante do processo de expansão e

multiplicação celular (COOMBE, 1976). Outra etapa foi verificada entre o 27° e 31° DAA,

com tendência à estabilização da massa fresca do fruto, endurecimento e lignificação do

endocarpo, caracterizando o estádio II. Após este período, verificou-se acréscimo na massa

fresca do fruto, marcando o estádio III, período de rápida expansão das células e maturação do

fruto apresentando em média 25,401±0,34 g (37 DAA), sendo definido como um fruto de

crescimento rápido com comportamento sigmoidal duplo (Figura 2). Este acréscimo, a partir

dos 31, dias foi verificado em todas as análises estudadas, caracterizando o estádio III no

fruto. De acordo com Hulme (1970), o período de crescimento rápido, no tamanho do fruto é

devido ao incremento do número e do volume das células. Silvaet al. (2001) e Cardoso et al.

(2011) encontraram, no sudeste do Estado de Goiás frutos de cagaita pesando entre 11 g e

33,8 g, e 15,22 g a 37 g, respectivamente.

Observou-se aumento significativo do diâmetro transversal desde a antese até o seu

amadurecimento, atingindo em média 38 mm no 37° dia. Este aumento, também foi

verificado no diâmetro longitudinal (36 mm) até 23° dias após antese (DAA), os quais

seguiram de uma fase de instabilidade, com decréscimo, sem muitas mudanças aparentes nas

dimensões, no qual possivelmente o fruto atingiu seu tamanho definitivo nesse período (30

mm), ajustando-se ao comportamento sigmoidal duplo, em resposta à variação do tempo

(Figura 2). Camilo (2014) encontrou,em frutos da cagaiteira em Goiânia-GO, valores médios

do diâmetro longitudinal entre 26 mm e 30 mm, e valores do diâmetro transversal entre 32

mm e 36 mm em frutos maduros, próximos aos obtidos neste estudo. Muitos frutos crescem

de acordo com uma típica curva sigmoide, por exemplo, a curva de crescimento de frutos de

maçã, pêra, morango, pepino, banana, tomate, laranja, abacate, melão e abacaxi são

tipicamente sigmoides. Outros frutos, tais como uva, figo, oliva, groselha, e os frutos simples

com caroço (cereja, damasco, pêssego, ameixa) apresentam uma interessante curva dupla-

sigmoide (FERRI, 1985), como caracterizada neste estudo para a cagaita, com três estádios

Page 50: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

50

distintos. No primeiro estádio do desenvolvimento há um rápido crescimento, devido à

divisão e expansão celular, e no segundo estádio, verificam-se importantes mudanças

fisiológicas e anatômicas do fruto como diminuição do ritmo de crescimento da polpa, com

endurecimento do caroço e formação parcial ou total da semente. No estádio III, a polpa

retoma seu crescimento, aumentando os volumes celulares e os espaços intercelulares

(VÁLIO, 1979; FELIPPE, 1979; KING et al., 1987). No terceiro estádio ocorre a maturação,

onde acontecem as principais mudanças físicas e bioquímicas do fruto (MEDEIROS;

RASEIRA, 1998).

Figura 2. Valores médios, equações de regressão e coeficientes de determinação dos valores

de a) massab)diâmetro transversal e c)diâmetro longitudinal durante o desenvolvimento da

cagaita (Eugenia dysenterica) coletada em Abadia-GO, no período de agosto a setembro de

2014.

A evolução das características do diâmetro longitudinal, transversal e massa, foram

significativas (p>0,05), entretanto, apresentaram variações dos diâmetros, principalmente

longitudinal e massa, entre os frutos de uma mesma área, que pode ser caracterizado

y = -0,004x2 + 1,248x - 13,77R² = 0,961

-5

-2

1

4

7

10

13

16

19

22

25

28

10 15 20 25 30 35 40

Mas

sa (

gram

as)

Dias Após Antese (DAA)

y = -0,024x2 + 2,322x - 13,87R² = 0,996

0,5

5,5

10,5

15,5

20,5

25,5

30,5

35,5

40,5

45,5

10 15 20 25 30 35 40

Diâ

met

ro t

rans

vers

al (

mm

)

Dias Após Antese (DAA)

y = -0,002x3 + 0,076x2 + 1,262x - 12,62R² = 0,909

0,5

5,5

10,5

15,5

20,5

25,5

30,5

35,5

40,5

45,5

10 15 20 25 30 35 40

Diâ

met

ro l

ongi

tudi

nal (

mm

)

Dias Após Antese (DAA)

a)

c) b)

Page 51: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

51

comofalta de homogeinização na frutificação. Há 37 dias após antese, em uma mesma área,foi

coletado frutos maduros de diversos diâmetros e massa (Figura 3).

Figura 3. Variação visual na massa e nos diâmetros longitudinal e transversal de cagaitas

(Eugenia dysenterica) coletadas 37 dias após antese no Município de Abadia-GO na mesma

área (Fonte: arquivo pessoal).

Como os frutos coletados neste estudo eram de uma área nativa, a variação fenotípica

existente é bastante influenciada por componentes ambientais não controlados, tais como a

condição de antropização, o solo, o clima, a idade da planta, além das diferenças genéticas.

Costaet al. (2004) ressaltam que, no início do crescimento do fruto, a ocorrência de estresse

fisiológico interfere no período de fornecimento de fotossintatos aos frutos, afetando o

tamanho e, possivelmente, seu formato, podendo estar associado à luminosidade, temperatura,

disponibilidade hídrica, nutrição entre outros fatores.

O teor de sólidos solúveis, nos frutos durante o desenvolvimento, foi caracterizado

por um aumento significativo (p>0,05), compreendendo valores médios de 5,33°Brix aos 10

DAA e 10,7°Brix no final do desenvolvimento (37 DAA) (Figura 4).

O aumento nos teores de sólidos solúveis totais deve-se principalmente a conversão

do amido em açúcares mais simples, uma das mudanças bioquímicas de maior relevância,

tornando os frutos mais doces conforme o tempo de desenvolvimento, em especial no

amadurecimento. O amido é o principal carboidrato de reserva nos órgãos vegetais e sua

hidrólise produz glicose que, por sua vez, é oxidada nas reações subsequentes (PINHEIRO,

2009).

Page 52: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

52

Figura 4. Valores médios, equações de regressão e coeficientes de determinação dos valores

de a)sólidos solúveis b)pH e c)acidez titulável da cagaita (Eugenia dysenterica), coletada em

Abadia-GO durante seu desenvolvimento.

Em relação aos valores obtidos para pH, os frutos apresentaram decréscimo ao longo

do desenvolvimento, compreendendo valores entre 4,27 (10 DAA) e 3,36, no final do

desenvolvimento, classificando os frutos, segundo Azeredo (2004), como ácidos.

Foramobservados pequenos aumentos no 23° DAA (3,82) e no 34° (DAA) (3,41), após

antese, porém sem grandes variações (Figura 4). Os valores de pH encontrados neste estudo,

para frutos maduros entre 34 e 37 DAA, foram próximos aos obtidos por Cardoso (2011) em

frutos oriundos de Minas Gerais (3,28), e por Souza (2006) com pH de 3,20 na safra de 2005

em Goiânia-GO.

A acidez titulável, em contra partida (Figura 4), observou-se estabilidade entre 10

DAA até 27 DAA com valores em torno de 0,29 g de ácido cítrico 100g-1, com aumento

significativo no 31° DAA (0,41 g de ácido cítrico 100g-1) até o final do desenvolvimento (37

y = -0,000x3 + 0,038x2 - 0,616x + 8,223R² = 0,997

5

6

7

8

9

10

11

12

10 15 20 25 30 35 40

Sólid

os S

olúv

eis

(°B

rix)

Dias Após Antese (DAA)

y = 0,001x2 - 0,079x + 4,919R² = 0,902

3

3,2

3,4

3,6

3,8

4

4,2

4,4

10 15 20 25 30 35 40

pH

Dias Após Antese (DAA)

y = 4E-05x3 - 0,001x2 + 0,030x + 0,141R² = 0,913

0,2

0,25

0,3

0,35

0,4

0,45

0,5

0,55

0,6

0,65

0,7

10 15 20 25 30 35 40

Aci

dez

(% á

cido

cít

rico

)

Dias Após Antese (DAA)

a)

b) c)

Page 53: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

53

DAA) com 0,62 g de ácido cítrico 100g-1 (p>0,05). Cardoso (2011), avaliando frutos maduros

de cagaita,obteve média de 0,73 g de ácido cítrico 100g-1 e Oliveira Júnior et al. (1997),

obteve média de 0,71%, próximo ao obtido neste estudo.

Em geral, durante o amadurecimento, os frutos tendem a aumentar o pH e diminuir a

acidez, cujo os teores de ácidos orgânicos reduzem com o amadurecimento, podendo ser

atribuídos a sua oxidação no metabolismo respiratório (FENEMA, 1993). Kays (1991)

ressalta que, na maioria dos frutos, o teor de ácidos orgânicos diminui com o

amadurecimento, devido à utilização desses ácidos no ciclo de Krebs, durante o processo

respiratório e nas reações de síntese de novos compostos. Essas mudanças, na acidez, são

importantes no desenvolvimento do sabor característico dos frutos.

Entretanto, houve aumento da acidez, associada com a diminuição do pH, que,

segundo Oliveira (2002) é possível devido a formação de ácido galacturônico, proveniente da

hidrólise da pectina pela pectinesterase. Outra possível explicação para diminuição da acidez,

de acordo Draetta et al. (1995), é que a celulose e a pectina das paredes celulares são

transformadas em compostos solúveis, pela ação de enzimas presentes no fruto,

principalmente na polpa, aumentando a acidez do suco devido o aumento dos ácidos

orgânicos. Isto explica, também, o baixo teor de sólidos solúveis na cagaita, sendo

influenciados pelo possível teor de ácidos orgânicos presentes na polpa.

Outros parâmetros de importância, no desenvolvimento de frutos, é sua taxa

respiratória e produção de etileno. A taxa respiratória da cagaita foi intensa nos primeiros dias

com produção de 2649,58 mg de CO2 kg-1h-1 no 10°DAA, com decréscimos até o 23° DAA

(314,5 mg de CO2 kg-1h-1). Após este período houve aumento na taxa respiratória observado

até o 34° DAA com produção de 1221,84 mg de CO2 kg-1h-1, pico considerado máximo

durante o desenvolvimento em relação ao amadurecimento, seguido de novo decréscimo

quando o fruto atingiu os 37 dias após antese com produção de 295,41 mg de CO2 kg-1h-1

(Figura 5). O nítido aumento na taxa respiratória no 34° DAA é caracterizado pelo

comportamento climatérico do fruto, que é acompanhado, também, por um pico de produção

de etileno que pode ser antes, durante ou depois do aumento da respiração. Os valores

extremos obtidos no 10° e 14° DAA (2649,58 e 1106,48 mg de CO2 kg-1h-1) são resultados do

estádio em que os frutos se encontravam, denominada fase de crescimento. De acordo

comSteffens et al. (2007), na maioria dos frutos, a taxa de respiração é alta quando eles são

jovens, um período caracterizado pelo rápido crescimento devido as altas taxas de divisão e

expansão celulares. A taxa de respiração, então, decresce e mantém-se aproximadamente

constante durante a maturação e mesmo durante o amadurecimento.

Page 54: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

54

Figura 5.Valores médios, equações de regressão e coeficientes de determinação dos valores

da a)etileno (µL·kg-1·h-1) e b)taxa respiratória (mg·kg-1·h-1) durante o desenvolvimento da

cagaita (Eugenia dysenterica), coletada em Abadia-GO.

Em relação à produção de etileno, este pode ser produzido em quase todas as partes

dos vegetais, embora a taxa de produção dependa do tipo de tecido e do estádio de

desenvolvimento. Reconhecido como hormônio que acelera o amadurecimento em frutos, sua

produção foi quase que estável entre o 10° a 27° DAA, compreendendo valores entre 0,03101

a 0,03786 µL de etileno kg-1h-1. Foi observado aumento na produção de etileno no 31° DAA

seguido por diminuição. No entanto, um súbito aumento foi verificado no 37° DAA,

apresentando produção de 0,3013 µL de etileno kg-1h-1, sem redução após este episodio

(Figura5).

Este súbito aumento na produção de etileno (37° DAA), está relacionado ao provável

amadurecimento do fruto, sendo registrado o pico climatérico que, ao passar do tempo, com a

diminuição da respiração e consumo excessivo de energia pelo fruto, inicia-se o processo de

senescência, levando a morte dos tecidos e tornando o fruto impróprio para o consumo. A

liberação de etileno só começou a ser acrescida depois do 31° DAA, por ocasião do primeiro

pico respiratório, que serviu de incremento para o pico climatérico em resposta ao etileno.

De acordo Leliévre et al. (1997),o repentino aumento na produção de etileno, na fase

do amadurecimento, é considerado como controlador da iniciação das mudanças na cor,

aroma, textura, sabor e outros atributos fisiológicos e bioquímicos. O etileno modula diversos

processos metabólicos, envolvidos no amadurecimento de frutos, coordenando a expressão

gênica que envolve o aumento da taxa respiratória, a degradação de clorofila e a síntese de

carotenoides na casca do fruto, a conversão de açúcares, o aumento na atividade de enzimas

que degradam a parede celular e até mesmo a produção auto-catalítica de etileno (GRAY et

y = 4E-05x3 - 0,002x2 + 0,038x - 0,173R² = 0,759

-0,05

0

0,05

0,1

0,15

0,2

0,25

0,3

0,35

0,4

10 15 20 25 30 35 40

Eti

leno

L d

e et

ileno

kg-

1 h-1 )

Dias Após Antese (DAA)

y = -0,945x3 + 72,32x2 - 1745,x + 13881R² = 0,971

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

10 15 20 25 30 35 40Tax

a R

espi

rató

ria

(mg

CO

2 kg-1

h-1)

Dias Após Antese (DAA)

a) b)

Page 55: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

55

al. 1992). Segundo Purvis (1997), o processo de respiração e biossíntese do etilenoé

fundamental no amadurecimento dos frutos, pois várias reações, acopladas à respiração e ao

etileno, são responsáveis pela síntese de inúmeros compostos, tais como pigmentos,

compostos fenólicos e fitohormônios, dentre eles o etileno necessário para coordenar e

completar o amadurecimento. Comportamento semelhante, em relação ao pico climatérico da

cagaita, foi observado por Mercado-Silva et al. (1998), no México, quando avaliaram goiabas

‘Média China’, o pico climatérico ocorreu quando a fruta já estava completamente amarela e

amolecida, no final do amadurecimento, da mesma forma que a cagaita apresentou maior

liberação de etileno no 37° DAA.

Segundo Fonseca e Cruz (1994), o conhecimento de aspectos relacionados ao

crescimento do fruto e a sua associação com o ponto de maturidade fisiológica é de

considerável importância por subsidiar o planejamento de novos projetos de pesquisa, bem

como fornecer informações que podem ser repassadas, a curto prazo, aos agricultores.

Ao longo do desenvolvimento do fruto, verificou estabilidade nos valores do ângulo

hue até o 31° DAA, com considerável aumento após este período de 175,60 para 191,18

(Figura 6). Esta estabilidade é decorrente ao período em que o fruto permaneceu verde e, em

alguns frutos, ainda verde-amarelado, seguidoda ocorrência do acréscimo nos valores, o que

caracteriza a cor amarela nos 37° dia de desenvolvimento, quando o fruto atingiu seu

amadurecimento. O parâmetro hue (H), corresponde à cor real em que o material se encontra,

desta forma, a cagaita do 10° DAA até o 31° DAA possuía na casca, coloração de verde a

verde-amarelado, passando para cor amarela após o 31° DAA até o seu completo

amadurecimento.

Os valores negativos obtidos para o parâmetro a*, componente de cor que varia de

verde (-) a vermelho (+), indicaram que os frutos de cagaita permaneceram quase que

constante com coloração verde a verde amarelado, variando de -1,57 a -6,03 até 31° DAA

(Figura 6), no entanto, os frutos coletados 10 DAA apresentaram em média valores mais

próximos a valores positivos e, semelhante ao hue, após os 31 DAA os valores passaram a

serem positivos, mostrando alterações na cor do fruto pela perda de clorofila nos cloroplastos,

manifestando carotenoides de coloração amarela.

Page 56: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

56

Figura 6. Valores médios, equações de regressão e coeficientes de determinação dos valores

dea)Hue e b) coordenada a* da cagaita (Eugenia dysenterica) coletada em Abadia-GO,

durante o desenvolvimento.

Segundo Chitarra e Chitarra (1990), as mudanças de coloração, ocorridas durante o

amadurecimento das frutas, estão relacionadas com processos degradativos e/ou sintéticos dos

pigmentos presentes nas frutas. Tanto os valores para a variável a* como hue foram

significativos (p>0,05). Os valores de chroma e b* foram semelhantes, já que o valor de b* é

a coordenada da cromaticidade que define a cor amarela para valores positivos e azul para

valores negativos. Neste parâmetro, os valores positivos da coordenada b* e chroma variaram

entre 10,97 a 39,29 e 11,08 a 39,92 respectivamente (Figura 7), sendo os valores 39,29 e

39,92 observados no 14° DAA. Este aumento pode está relacionado à característica do fruto

de apresentar tom verde-amarelado em algumas fases do desenvolvimento, ou, a exposição do

fruto à luz solar, permanecendo sujeitos à queima pelo sol.

y = 0,004x3 - 0,262x2 + 5,002x + 144,5R² = 0,894

165

170

175

180

185

190

195

200

10 15 20 25 30 35 40

Hue

(H

180

°)

Dias Após Antese (DAA)

y = 0,047x2 - 1,984x + 12,80R² = 0,837

-9

-7

-5

-3

-1

1

3

5

10 15 20 25 30 35 40

Val

or a

* (c

asca

)

Dias Após Antese (DAA)

b) a)

Page 57: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

57

Figura 7. Valores médios, equações de regressão e coeficientes de determinação dos valores

de a)b* b)chromae c)L* da cagaita (Eugenia dysenterica) coletada em Abadia-GO durante o

desenvolvimento.

Observa-se, por meio da Figura 7, que a variável L* foi significativa (p>0,05) com

valores médios entre 44,86 e 55,0. Este parâmetro mede a variação da luminosidade entre o

preto (0) e branco (100), quanto mais próximo de 100 caracteriza cores mais claras, e 0 cores

mais escuras. De acordo Vilas Boas (2001), o estádio de maturação pode ser caracterizado,

subjetivamente, pelo grau de coloração da casca, que é um importante parâmetro para predizer

a vida de prateleira da fruta como, também, a determinação do ponto de colheita. Entretanto,

segundo Bleinroth et al. (1992), a utilização apenas da coloração da casca do fruto, como

indicativo do ponto de colheita pode dar falsa ideia do ponto de maturação, já que a cor altera-

se com a intensidade de radiação e disponibilidade de água para a planta.

Durante o desenvolvimento do fruto, foi observado diminuição da variável clorofila

total e o incremento dos teores de carotenoides, a partir do 34° dia após antese, indicando o

y = 0,011x3 - 0,821x2 + 18,76x - 102,0R² = 0,689

6

10

14

18

22

26

30

34

38

42

46

10 15 20 25 30 35 40

Val

or b

* (c

asca

)

Dias Após Antese (DAA)

y = 0,011x3 - 0,837x2 + 19,22x - 105,1R² = 0,699

5

10

15

20

25

30

35

40

45

10 15 20 25 30 35 40

Chr

oma

(cas

ca)

Dias Após Antese (DAA)

y = 0,002x3 - 0,196x2 + 4,420x + 18,28R² = 0,602

42

44

46

48

50

52

54

56

58

10 15 20 25 30 35 40

Val

or L

* (c

asca

)

Dias Após Antese (DAA)

a)

b) c)

Page 58: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

58

possível amadurecimento do fruto. Os teores de clorofila ganharam aumento entre o 18° DAA

com 0,07 mg. 100g-1 de casca fresca até o 27° DAA com 0,13 mg. 100g-1 (p<0,05), seguido

de queda após este período até seu completo desenvolvimento, chegando a 0,03 mg. 100g-1

de casca fresca no 37°DAA (Figura 8).

Paralelamente, os teores de carotenoides mantiveram-se quase que constante, do 18°

DAA até aproximadamente o 34°DAA, com aumento súbito em seus teores quando atingiu o

37° DAA com 1,48 mg. 100g-1 (Figura 8).

Correlacionando as duas variáveis, nota-se que a cagaita inicia o processo de

desmascaramento dos carotenoides a partir do 34° DAA, mesmo período em que inicia o

processo de degradação da clorofila nos cloroplastos, mecanismo este impulsionado pela

indução do etileno, levando a mudança de cor do fruto de verde para amarelo, o que ocorre na

maioria dos frutos, o que também foi observado no valor a* e ângulo hue neste estudo.

Figura 8. Valores médios, equações de regressão e coeficientes de determinação dos valores

de a)clorofila total e b)carotenoides totais da cagaita (Eugenia dysenterica) coletada em

Abadia-GO durante o desenvolvimento.

A coloração verde da casca, que gradualmente finda-se com o desenvolvimento do

fruto, é resultado da degradação da clorofila presente no pericarpo e, síntese e/ou

manifestação dos pigmentos carotenoides (MEDEIROS et al., 2011). Os carotenoides podem

ser sintetizados durante o desenvolvimento do fruto, mas permanecem mascarados na

presença da clorofila, assim, com a degradação da clorofila os pigmentos carotenoides

tornam-se visíveis (WIILS et al., 1998). Alves et al. (1995) citam que durante a maturação de

frutos de aceroleira, o conteúdo de carotenoides aumentou de zero para 1,4 mg/100 g, e que a

síntese deste pigmento, na acerola, continuo até o final do amadurecimento ou início da

y = -5E-05x3 + 0,003x2 - 0,060x + 0,437R² = 0,872

0,00

0,02

0,04

0,06

0,08

0,10

0,12

0,14

0,16

18 23 28 33 38

Clo

rofi

la t

otal

(m

g.g-1

)

Dias Após Antese (DAA)

y = 0,001x3 - 0,089x2 + 2,242x - 18R² = 0,924

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

1,4

1,6

1,8

18 23 28 33 38

Car

oten

oide

s to

tais

(m

g.g-1

)

Dias Após Antese (DAA)

b) a)

Page 59: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

59

senescência.Lima (2005), também observou aumento na síntese de carotenoides durante o

amadurecimento de frutos de aceroleira.

A firmeza revelou acentuado incremento do 10° DAA com 5,83 N até o 23° DAA

(15,03 N) (p<0,05) com pequena redução e estabilidade após atingir o 27° e 31° DAA,

seguindo de declínio até o final do desenvolvimento, sendo que a parte externa permaneceu

mais firme do que a parte interna (Figura 9). Os frutos sofreram perda da firmeza da polpa

basicamente logo após o 23° dia de desenvolvimento, com valor de 8,81N quando atingiu o

37° DAA.

Figura 9. Valores médios, equações de regressão e coeficientes de determinação dos valores

de firmeza (N) da cagaita (Eugenia dysenterica), coletada em Abadia-GO durante o

desenvolvimento.

O amolecimento da polpa pode ser atribuído à atividade de enzimas hidrolíticas,

como a poligalacturonase (PG) e pectinametilesterase (PME) que promovem intensa

solubilização das pectinas, constituintes da parede celular, o que resulta em perda de firmeza

(ANTHON et al., 2002; SILVA et al., 2009). Asif e Nath (2005), também, reforçam esse

conceito de que a solubilização e despolimerização de pectinas e hemiceluloses resultam na

extensa degradação da parede celular e, como consequência, no amolecimento do fruto com o

amadurecimento. Pelo fato da cagaita possuir teor elevado de água, cerca de 95%, segundo

Martinotto et al. (2008), e casca muito fina, isto após o 23° dia de desenvolvimento, sua

firmeza é bastante influenciada durante a análise de textura, devido ao escoamento imediato

do suco, interferindo nos resultados.

Em relação ao teor de pectina total e solúvel (Figura 10), variáveis estas

determinantes na firmeza dos vegetais,foi possível observar que houve pequeno aumentoem

y = -0,001x3 + 0,053x2 - 0,104x + 2,124R² = 0,859

4

6

8

10

12

14

16

18

10 15 20 25 30 35 40

Fir

mez

a (N

)

Dias Após Antese (DAA)

Page 60: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

60

relação a pectina total do 18° DAA com 0,74 g/100 g de polpa fresca até o 23° DAA com

0,78 g/100 g, seguido de queda até o 31°DAA com teor de 0,61 g/100 g e um novo aumento

quando o fruto atingiu seu completo amadurecimento com 0,86 g/100 g no 37°DAA.

Já a pectina solúvel mostrou-se um incremento gradativo a partirdo 31° DAA

(115,32 mg.g-1)provavelmente devido aatividade das enzimas PME e PG responsáveis pela

degradação da parede celular, o que possivelmente, diminuiu a firmeza do fruto.

Figura 10. Valores médios, equações de regressão e coeficientes de determinação dos valores

de a)pectina totale b)pectinasolúvel da cagaita (Eugenia dysenterica) coletada em Abadia-GO

durante o desenvolvimento.

A poligalacturonase é considerada elemento chave na despolimerização da maioria

dos frutos e sua atividade aumenta, significativamente, durante o amadurecimento, levando a

diminuição de tamanho e massa molecular das pectinas e ácido pécticos (SHIGA; LAJOLO;

FILISETTI, 2003). O aumento do teor de pectina total no fruto da cagaita madura (37°DAA),

de acordo com Resende (2004), é possível devido à mobilização parcial da enzima PG,

retenção dela no citoplasma ou regulações secundárias e, de acordo com CARVALHO

(1994),frutos com elevada porcentagem de pectina solúvel são, geralmente, de textura fraca e

pouco resistente ao transporte e armazenamento, pois o aumento nos teores de pectina solúvel

reflete na degradação da parede celular e no amolecimento dos frutos. Isto explica o motivo

pelo o qual a cagaita é um fruto altamente perecível. Nota-se que o conteúdo de pectina total

segue o comportamento do fruto sigmoide duplo, e que quanto mais próximo do

amadurecimento maior é os seus teores. Isto, também, foi observado por Souza (2015),

quando caracterizou frutos de amora-preta e seus resultados mostraram que,quanto mais

tardio o estádio de colheita, maior o teor de pectina total. Dutra (2005),trabalhando com

y = 0,000x3 - 0,012x2 + 0,309x - 1,682R² = 0,799

0,60

0,65

0,70

0,75

0,80

0,85

0,90

0,95

18 23 28 33 38

Pec

tina

tot

al (

g.g-1

)

Dias Após Antese (DAA)

y = 2,639x2 - 136,2x + 1812,R² = 0,914

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

500

18 23 28 33 38

Pec

tina

sol

úvel

(m

g.g-1

)

Dias após antese (DAA)

b) a)

Page 61: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

61

desenvolvimento de mangas ‘Tommy Atkins’,também, observou aumento dos 50 aos 85 dias

após antes de 1050 para 1150 mg/100 g da massa fresca da polpa, depois redução até os 106

DAA com 650 mg/100 g e, finalmente, incremento até os 120 DAA com 1050 mg/100 g .

As pectinas encontram-se, naturalmente, em associação com a celulose e

hemicelulose, que auxiliam na adesão entre as células, sendo considerada a pectina, o

principal agente cimentante da parede celular, contribuindo, desta forma, para firmeza,

resistência mecânica e coesividade do tecido (ZHONGDONGet al.,2006). No entanto, com o

processo de maturação, ocorre o aumento na solubilização e despolimerização de substancias

pécticas que é, geralmente, correlacionado com a diminuição da firmeza do tecido, levando ao

amaciamento dos frutos considerado parte importante do processo de maturação

(WAKABAYASHI, 2003).

Em relação ao teor de amido, presente no fruto da cagaita (Figura 11), foi verificado

aumento do 18° DAA (5,84 g/100g) até o 27° DAA (7,33 g/100g) possivelmente devido ao

acumulo de amido como reserva durante o período de crescimento e maturação,seguido por

queda em seus teores até seu completo amadurecimento, chegando a 3,23 g/100g de amido no

fruto fresco no 37°DAA (p<0,05), indicando a ocorrência da degradação do amido em

açucares, o que também, possivelmente, levou o aumento nos teores de sólidos solúveis do

fruto, tornando mais adocicado.

Figura 11. Valores médios, equações de regressão e coeficientes de determinação dos valores

de amido da cagaita (Eugenia dysenterica) coletada em Abadia-GO durante o

desenvolvimento.

O amido é uma importante reserva energética vegetal, e sua degradação é uma das

principal transformação ocorrida durante o amadurecimento dos frutos e que dará origem a

y = -0,025x2 + 1,272x - 8,461R² = 0,854

3

3,8

4,6

5,4

6,2

7

7,8

8,6

18 23 28 33 38

Am

ido

(g.g

-1)

Dias Após Antese (DAA)

Page 62: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

62

mudanças fundamentais no sabor e na textura dos mesmos (CORRÊA; PINTO; ONO, 2007).

O amido, que se acumula durante o crescimento do fruto, é rapidamente degradado durante o

amadurecimento, uma vez que essa diminuição é evidente nos cloroplastos, onde os grânulos

de amido tornam-se menores e praticamente desaparecem no frutos maduro (KAYS, 1991).

Segundo Adão e Glória (2005), o nível de amido declina para níveis muito baixos com o

amadurecimento e simultaneamente, ocorre aumento no conteúdo de açúcares solúveis,

principalmente, sacarose, glicose e frutose.

Sobre os açúcares analisados, estes foram significativos (p>0,05), em relação ao

desenvolvimento. Nos dias supostamente determinados como maturação do fruto (31 DAA),

os açúcares redutores apresentaram os menores valores de concentração. A máxima

concentração de glicose aconteceu no 23° DDA (21,75 g100g-1), frutose no 23° e 27° DDA

(26,61 e 25,13 g100g-1) e, somente sacarose entrou na faixa prevista de maturação com um

ápice aos 37° DDA (2,31 g100g-1) (Tabela1),no entanto, conteúdo de sacarose foi

extremamente baixo durante o desenvolvimento.

Tabela 1. Concentrações de glicose, frutose e sacarose em amostras de cagaita (Eugenia

dysenterica) coletadas no Município de Abadia Goiás, entre 14 a 37 dias após antese

(DAA).1234

Amostra Glicose (g 100 g-1) Frutose (g 100 g-1) Sacarose (g 100 g-1)

18 DAA 18,83±0,73b 23,58±0,32ab 0,00

23 DAA 21,75±0,48a 26,61±1,39ª 0,11±0,00c

27 DAA 17,12±0,40bc 25,13±0,55ª 0,10±0,01c

31 DAA 17,04±0,25c 22,38±0,39b 1,20±0,07b

34 DAA 14,97±0,56d 21,84±0,74b 0,88±0,06b

37 DAA 11,29±0,23e 21,82±0,34b 2,13±0,08a

1valores expressos em matéria fresca; 2média de 3 repetições; 3dados apresentados em: média ± desvio padrão;4 média seguida de uma mesma letra não diferem significativamente entre si pelo teste de Tukey a 1% de probabilidade.

O baixo teor de açucares solúveis é característicos da cagaita, já que apresenta alta

acidez. Entretanto, de acordo Ortolá, Monerri, e Guardiola (2007), a ausência de açúcares

livres pode desencadear a síntese de etileno, devido o desfolhamento, o que reduz

drasticamente o transporte de sacarose para o fruto, aumentando a síntese de etileno e

acumulo do ácido 1-aminociclopropano-1-carboxílico (ACC ). Ribeiro (2011)

Page 63: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

63

encontrouelevada concentração de frutose (2,54 g 100 mL-1), seguido pela glicose (1,75 g 100

mL-1) e a concentração mais baixa de sacarose (0,59 g 100 mL-1), em frutos maduros

coletados em Goiás.

Com a interpretação das mudanças ocorridas durante todo o desenvolvimento do

fruto, foi possível identificar e ponderar os processos fisiológicos e bioquímicos ocorridos em

todos os estádios de desenvolvimento do fruto da cagaita,correspondendo,também, as

mudanças nos fatores sensoriais como sabor, odor, cor e textura, das transformações físicas

visíveis, mudanças nos teores de pigmentos, carboidratos e pectinas. A estimativa dos

processos de desenvolvimento de um fruto possibilita estabelecer parâmetros para definir o

ponto mais adequado de colheita e táticas para sua conservação, visando o aumento da vida

útil pós-colheita e processamento tecnológico.

Page 64: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

64

3.4 CONCLUSÃO

O ciclo do desenvolvimento fisiológico da cagaita, colhida no Estado de Goiás em

Abadia, compreendeu 37 dias. sendo classificada como de ciclo rápido.

Com 34 DAA o fruto está apto para o consumo in natura, quando apresentam o

epicarpo e mesocarpo amarelo. Para utilização como matéria-prima na agroindústria, pode ser

colhida no 37° DAA.

O comportamento da cagaita ajustou-se a um padrão de desenvolvimento sigmoidal

duplo em resposta a variação do tempo.

No final do desenvolvimento, foi observado o pico climatério respiratório, levando a

degradação do amido e clorofila, desmascaramento dos carotenoides e solubilização das

pectinas.

Page 65: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

65

REFERÊNCIAS

ADÃO, R.C., GLÓRIA, M.B.A. Bioactive amines and carbohydrate changes during ripening of ‘Prata’ banana (Musa acuminata x M. balbisiana). Food Chemistry. v. 90, p. 705–711, 2005.

ANTHON, G.E.; SEKINE, Y.; WATANABE, N. Thermal inactivation of pectin methylesterase, polygalacturonase, and peroxidase in tomato juice. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v.50, p.6153- 6159, 2002. ÁLVARES, V. S.; BRAGA, L. R.; MAIA, V. M.; SALOMÃO, L. C. C.; BRUCKNER, C. H.; RUIZ, G. A. C. Desenvolvimento do pêssego ‘Rei da Conserva’ em Viçosa-MG. Revista Ceres, Viçosa, MG, v.52, n. 294, 2004.

ALVES, R.E.; MENEZES, J.B.; SILVA, S.M. Colheita e pós-colheita da acerola. In: SÃO JOSÉ, A.R.; ALVES, R.E. Acerola no Brasil: produção e mercado. Vitória da Conquista: DFZ/UESB, 1995. p. 77-89. AOAC - Association of Official Analytical Chemists. Official methods of Analysis. 18th ed, 3th Review, Washington, 2010.

ASIF, M.H., NATH, P. Expression of multiple forms of polygalacturonase gene during ripening in banana fruit.Plant Physiology and Biochemistry. v. 43, p. 177–184, 2005. AZEREDO, H. M. C. Fundamentos de estabilidade de alimentos. Fortaleza: Embrapa Agroindústria Tropical, 2004, cap.1, p.20-35.

BIALE, J. B.; YOUNG, R.E.The biochemistry of fruits maturation.Endeavour, 21:164-179, 1962.

BLEINROTH, E. W., SIGRIST, J.M.M., ARDITO, E. de F.G. et al. Tecnologia de pós-colheita de frutas tropicais. 2. ed. rev. Campinas: ITAL, 1992. 203 p. (Manual Técnico, 9). BLUMENKRANTZ, N; ASBOE-HANSEN, G.New method for quantitative determination of uronic acids.Anal.Biochem. 54:484-489, 1973.

Page 66: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

66

BRUINSMA, J. The quantitative analysis of chlorophylls A and B in plant extracts. Photochemistry and Photobiology, v. 2, p. 241 - 249, 1963. CAMILO, Y. M. V.; SOUZA, E. R. B.; VERA, R.; NAVES, R. V. Caracterização de frutos e seleção de progênies de cagaiteiras (Eugenia dysenterica DC.). Científica, Jaboticabal, v.42, n.1, p.1–10, 2014. CARDOSO, L. de M.; MARTINO, H. S. D.; MOREIRA, A. V. B.; RIBEIRO, S. M. R.; PINHEIRO-SANT’ANA, H. M. Cagaita (Eugeniadysenterica DC.) of the Cerrado of Minas Gerais, Brazil: Physical and chemical characterization, carotenoids and vitamins. Food ResearchInternational, Barking, v.44, p.2151-2154, 2011 CARNEIRO, J. O.;MAPELI, A. M. Caracterização fenológica e fisiológica de cagaiteira (Eugenia dysenterica). Universidade Federal da Bahia. Instituto de Ciências Ambientais e Desenvolvimento Sustentável - Programa de Pós-graduação em Ciências Ambientais. 2013. CARVALHO, V. D. Qualidade e conservação pós-colheita de goiabas. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v.17, n. 179, p. 48-54, 1994. CAVICHIOLI, J. C.; RUGGIERO, C.; VOLPE, C. A.; PAULO, E. M.; FAGUNDES, J. L.; KASAI, F. S. Florescimento e frutificação do maracujazeiro-amarelo submetido à iluminação artificial, irrigação e sombreamento. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v.28, n.1, p.92-96, 2006. CHITARRA, M. I. F.; CHITARRA, A. B. Pós-colheita de frutas e hortaliças: fisiologia e

manuseio. 2005. CHITARRA, M.I.F.; CHITARRA, A.B. Pós-colheita de frutos e hortaliças: fisiologia e manuseio. Lavras: ESAL/FAEPE, 1990. 320p. COOMBE, B.G. The development of flesh fruits.Annual Review of Plants Physiology, Palo Alto, v.27, p. 207-28. 1976. CORREA, S. C.; CLERICI, M. T. P. S.; GARCIA, J. S.; FERREIRA, E. B.; EBERLIN, M. N.; AZEVEDO, L. Evaluation of dehydrated marolo (Annona crassiflora) flour and carpels by freeze-drying and convective hot-air drying. Food Research International, Barking, v. 44, n. 7, p. 2385-2390, Aug. 2011.

Page 67: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

67

CORRÊA , M. O. G; PINTO, D. D; ONO, E. O. Análise da atividade respiratória em frutos de jabuticabeira. Revista Brasileira de Biociências, Porto Alegre, v. 5, supl. 2, p. 831-833, jul. 2007. COSTA, C.C.; CECÍLIO FILHO, A.B. CAVARIANNI, R.L. et al. Produção do melão rendilhado em função da concentração de potássio na solução nutritiva e do número de frutos por planta. Horticultura Brasileira, Brasília, v.22, n.1, p.23-27. 2004. COSTA, N.P. da; LUZ, T. L. B.; GONÇALVES, E.P.; BRUNO, R.de L. A. Caracterização físico-química de frutos de umbuzeiro (Spodias tuberosa ARR. CÂM,) colhidos em quatro estádios de maturação. Bioscience Journal v. 20, n.2, p.65-71, 2004. CRANE, I.C. The role of hormones in fruit set and development. HortScience, Alexandria, v. 4, n. 2, p. 108-111, 1969.

DRAETTA, I.S.; SHIMOKOMAKI, M.; YOKOMIZO, Y.; FUJITA, J. T.; MENEZES, H. C.; BLEINROTH, E. W. (1995) Transformações bioquímicas do mamão (Carica papaya L.) durante a maturação. Coletânea do Instituto de Tecnologia de Alimentos6(2):395-408. DUTRA, P. R. S.; CAVALCANTI, L. A.; ASSIS, J. S. DE; GUERRA, N. B. Indicadores bioquímicos do desenvolvimento de manga Tommy Atkins produzidas no vale do São Francisco. In: Simpósio Brasileiro De Pós-colheita De Frutos Tropicais, 1., 2005, João Pessoa. Anais. João Pessoa: Embrapa/UFPB/UFS/SBF, 2005. p. 1-6. ENGEL, V.L; POGGIANI, F. Estudo da concentração de clorofila nas folhas e seu espectro de absorção de luz em função do sombreamento em mudas de quatro espécies florestais. Revista Brasileira de Fisiologia Vegetal, Londrina, v. 3, n. 1, p. 39 - 45, 1991.

FAN, X., BLANKENSHIP, S., MATTHEIS, J.P. MCP inhibits apple fruit ripening. Journal of American Society for Horticultural Science, Alexandria, v.124, n.6, p.690-695, 1999. FELIPPE, G.M. Etileno. In: FERRI, M.G. Fisiologia vegetal. São Paulo: EPU/EDUSP, 1979. v.2, p.163-192. FENNEMA, O.R. Química de los alimentos. Zaragoza: Acriba, 1993. p. 501-503. FERREIRA, D.F. Sisvar: A computer statistical analysis system. Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v.35, n.6, p.1039-1042, nov./dez. 2011.

Page 68: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

68

FERRI, M. G. (Coord.) Fisiologia Vegetal, volumes 1. e 2. 2nd ed. São Paulo: EPU, 1985, 361p. FONSECA, N.; CRUZ, J.L. Crescimento e maturação pós-colheita do fruto de duas variedades de manga. In;CONGRESSO BRASILEIRO DE FRUTICULTURA, 13, 1994, Salvador, BA. Anais... Salvador, BA: SBF, 1994. v.2, p.744-745. GRAY, J.; PICTON, S.; SHABEER, J.; SCHUCH, W.; GRIERSON, D. Molecular biology of fruit ripening and its manipulation with antisense genes.Plant Molecular Biology, v. 19, n. 1, p 69-87, 1992. HIGBY, W. K. A simplified method for determination of some the carotenoid distribution in natural and carotene: fortified orange juice. Journal of Food Science, Chicago, v. 27, p. 42-49, 1962. HULME, A. C. The Biochemistry of fruits and their products. London: Academic Press, 1970. 618p. KAYS, S. J. Postharvest physiology of perishable plant products, New York: Van Nostrand Reinhold, 1991. 532 p. KING, G.A.; HENDERSON, K.G.; LILL, R.E. Growth and anatomical and ultrastructural studies of nectarine fruit wall development. Botanical Gazette, Chicago, v.148, n.3, p.443-455, 1987. LELIÈVRE, J. M.; LATCHÉ, A.; JONES, B.; BOUZAYEN, M.; PECH, J. C. Ethylene and fruit ripening.Physiology Plantarum, v.101, n. 4, p. 727-739, 1997. LIMA, V. L. A. G. Total phenolic and carotenoid contents in acerola genotypes harvested at three ripening stages. Food Chemistry, v. 90, n. 4, p. 565-568, 2005. MARTINOTTO, C.; PAIVA, R.; SOARES, P. F.; SANTOS, D. B.; NOGUEIRA, C. R. Cagaiteira (Eugenia dysenterica D.C). Boletim Técnico – n°. 78. Lavras – MG. p.1-21, 2008. McCREADY, P. M.; McCOMB, E. A. Extraction and determination of total pectic material.Analytical Chemistry, New York, v. 24, n. 12, p. 1586, 1952.

Page 69: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

69

MEDEIROS, E. A. A.; SOARES, N. de F. F.; POLITO, T. de O. S.; SOUSA, M. M. de; SILVA, D. F. P. da. Sachês antimicrobianos em pós-colheita de manga. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v. 33, p. 363-370, 2011. MEDEIROS, C.A.B.; RASEIRA, M.C.B. A cultura do pessegueiro. Brasília: Embrapa–SPI, 1998. 350p. MERCADO-SILVA, E.; BAUTISTA, B.P.; VELASCO, M.A.G. Fruit development, harvest index and ripening changes of guavas produced in central Mexico. Postharvest Biology and Technology, Amsterdam, v.13, p.143-150, 1998. NELSON, N. A. A photometric adaptation of Somogy method for the determination of glucose. Journal of Biology Chemistry, Baltimore, v. 153, n. 2, p. 375-380, May 1944. OLIVEIRA, M. A. B. Caracterização da cor do estágio de maturação e influência do 1-MCP na pós-colheita do mamão (Carica papaya L.). Tese (Doutorado em Produção Vegetal) – Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias. Campos dos Goytacazes, RJ, p.9-10. 2002. OLIVEIRA JÚNIOR, J. P.; LEANDRO, W. M.; OLIVEIRA, G. C.; NAVES, R. V.; VILELA, E. F.; MENDONÇA, R. S.; BORGES, J. D.; TRINDADE, M. G.; REIS, A. J. S. Caracterização química do solo, de folhas e de frutos de cagaita (Eugenia dysenterica D.C.) no sudeste de Goiás. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIA DO SOLO, 26, 1997, Rio de Janeiro. Resumos... Rio de Janeiro: SBCS, 1997. p.20-21. ORTOLÁ, A. G.; MONERRI, C.; GUARDIOLA, J. L. Fruitlet age and inflorescence characteristics affect the thimming and the increase in fruitlet growth rate induced by auxin applications in Citrus. Acta Horticulturae, v. 463, p. 501-508, 2007. PINHEIRO, S. M. J. Tecnologia pós-colheita para conservação de bananas da cultivar Tropical. Dissertação (mestrado)- Programa de Pós-Graduação em Produção Vegetal no Semiárido, Universidade Estadual de Montes Claros-Unimontes, 2009. PURVIS, A. C. The role of adaptive enzymes in carbohydrate oxidation by stressed and senescing plant tissues. Hortscience, v.32, n.7, p.195-168, 1997. RESENDE, M. L; CÂNDIDO, P. A. Produção e comercialização de frutos do Cerrado em Minas Gerais. Revista da Politica Agrícola. Ano XXIII – N° 3 – Jul./Ago./Set. p. 81-68, 2014.

Page 70: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

70

RESENDE, J.M.; CHITARRA, M.I.F.; MALUF, W.R.; CHITARRA, A.B.; SAGGIN J⁄NIOR, O.J. Atividade de enzimas pectinametilesterase e poligalacturonase durante o

amadurecimento de tomates do grupo multilocular. Horticultura Brasileira, BrasÌlia, v.22, n.2, p.206-212, abril-junho 2004. RIBEIRO, E. M. G. Atividade antioxidante e polifenóis totais da casca e da polpa do fruto da cagaita (Eugenia dysenterica DC). (Tese). Universidade Federal do Rio de Janeiro. UFRJ, Faculdade de Farmácia, 2011. SALOMÃO, L. C. C.; SIQUEIRA, D. L. DE; PEREIRA, M. E. C. Desenvolvimento do fruto da lichieira (Litchi chinensis Sonn.) ‘Bengal’. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v. 28, n.1, p. 11-13, 2006. SHIGA, T. M.; LAJOLO, F. M.; FILISETTI, T. M. C. C. Cell wall polysaccharides of common bean. Ciência e Tecnologia de Alimentos, Campinas, v. 23, p. 141-148, 2003.

SILVA, P.A.; ABREU, C.M.P. de; CORREA, A.D.; ASMAR, S.A. Modificações nas atividades da poligalacturonase e pectinametilesterase em morangos armazenados à temperatura ambiente. Ciência e Agrotecnologia, v.33, p.1953-1958, 2009. SILVA, R. S. M.; CHAVES, L. J.; NAVES, R. V. Caracterização de frutos e árvores de cagaita (Eugenia dysenterica DC.) no sudeste do estado de Goiás, Brasil. Rev. Bras. Frutic., Jaboticabal-SP; v.23, n.2, p. 330-334, 2001. SILVA, D. B.; SILVA, J. A.; JUNQUEIRA, N. T. V.; ANDRADE, L. R. M. Frutas do Cerrado. Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica, 2001. 178 p. SOUZA, A. V; RODRIGUES, R. J; GOMES, E. P; GOMES, G. P; VIEITES. R. L. Caracterização bromatológica de frutos e geleias de amora-preta. Revista Brasileira de Fruticultura., Jaboticabal - SP, v. 37, n. 1, p. 013-019, Março 2015. SOUZA, E. R. B. Fenologia, dados biométricos, nutrição de plantas e qualidade de frutos de cagaiteira (Eugenia dysenterica DC.) no Estado de Goiás. 2006. 114f. Tese(Doutorado em Agronomia: Produção Vegetal) -Escola de Agronomia e Engenharia deAlimentos, Universidade Federal de Goiás,Goiânia, 2006.

Page 71: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

71

SOUZA, E.R.B.; NAVES, R.V.; CARNEIRO, I.F.; LEANDRO, W.M.; BORGES, J.D. Crescimento e sobrevivência de mudas de cagaiteira (Eugenia dysenterica DC) nas condições do Cerrado. Revista Brasileira de Fruticultura. v. 24, p. 491-495, 2002. STEFFENS, C. A.; BRACKMANN, A.; PINTO, J. A. V.; EISERMANN, A. C. Taxa respiratória de frutas de clima temperado. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, DF, v. 42, n. 3, p. 313-321, 2007. WAKABAYASHI, K; HOSON, T; HUBER, D. J.Methyl de-estefication as a major factor regulating the extent of pectin depolymerization during fruit ripening.A comparison of the action of avocado (Persea Americana) and tomato (Lycopersicon escunlentum) polygalactunorase.Journal.Plant Physiology, v. 160, p. 667-673, 2003. WARRINGTON, L. J.; FULTON, T. A.; HALLIGAN, E. A.; SILVA, H. N. Apple fruit growth and maturity are affected by early season temperatures. Journal American Society Horticultural Science, Alexandria, v.124, n.5, p.468-477, 1999. WILLS, R.; MCGLASSON, B.; GRAHAM, D.; JOYCE, D.C. Postharvest: an introduction to the physiology & handling of fruit, vegetables & ornamentals. 4th ed. Wallingford: New South Wales University Press, 1998. 262p. VÁLIO. I.F.M. Frutificação. In: FERRI. M.G. Fisiologia vegetal. São Paulo: EPU/EDUSP, 1979. v. 2, p. 313-342. VIEIRA, R. F.; AGOSTINI-COSTA, T. S.; SILVA, D. B.; SANO, S.; FERREIRA, F. R. Frutas nativas da região Centro-Oeste. Brasília: Embrapa, 2010. p. 15-30 VIEIRA, P.M.; VERONEZI, E.; SILVA, C.R.; CHEN-CHEN, L. Detection of genotoxic, cytotoxic, and protective activities of Eugenia dysenterica DC. (Myrtaceae) in Mice. Journal of Medicinal Food. v. 15, p. 1-5, 2012. VILAS BOAS, E.V. de B., ALVES, R.E., FILGUEIRAS, H.A.C., MENEZES, J.B. Características da fruta. In: MATSUURA, F.C.A.U., FOLEGATTI, I.S. Banana: Pós-colheita. Brasília: Embrapa Informação Tecnológica, 2001, p.15- 19.

ZHONGDONG, L; GUOHUA, W; YUNCHANG, G; KENNEDY, J. F. Carbohyd.Polym., 64, 548 (2006)

Page 72: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

72

4 ASPECTOS FÍSICOS E QUÍMICOS OBSERVADOS DURANTE O ESTUDO DO

CLIMATÉRICO EM FRUTOS DA CAGAITEIRA

SILVA, M. M. M. Aspectos físicos e químicos observados durante o estudo do climatérico

em frutos da cagaiteira. In: ___. Estudo do desenvolvimento fisiológico da cagaita

(Eugenia dysenterica). Parte 2, p. 69-84. Dissertação (Mestrado em Ciência e Tecnologia de

Alimentos). Universidade Federal de Goiás, GO.

RESUMO

O cerrado constitui grande fonte natural de recursos biológicos. A cagaiteira (Eugenia

dysenterica) pertence à família das Mirtaceas,e é uma árvore comum do cerrado brasileiro. Dados fisiológicos sobre o comportamento respiratório de frutos nativos do cerrado são relativamente escassos. O objetivo deste estudofoi avaliar físico e quimicamente, o comportamento do fruto da cagaiteira durante o período do climatérico. Para o acompanhamento deste, os frutos foram coletados no estádio maturo (31 dias após antese) esubmetidos a análises de etileno e taxa respiratória durante 60 horas. Tambémforam analisados os frutos maturos (31 DAA) e maduros (37 DAA) correspondente aoinicio e final do período de desenvolvimento, no qual realizou-se as seguintes análises: pH, acidez titulável(ác. cítrico), sólidos solúveis, firmeza e amido. A composição proximal (proteína, lipídeo, cinza, umidade e carboidrato) também foi estudada. Os resultados mostraram que, a quantidade de etileno liberada pelos tecidos vegetais da cagaita, foi suficiente para que o fruto desse início o processo de amadurecimento, sendo que durante as 60 horas de observação, captura do gás etileno e gás carbônico liberado pelos frutos, foipossível verificar, visivelmente, mudanças na coloração da casca dos frutos da cagaiteira. Foi observado que o pico de CO2 da cagaita ocorreu antes do pico de etileno. Houve diminuição da firmeza e degradação do amido.Os frutos da cagaiteira, apresentaram no inicio do período climatérico, em média,teor de sólidos solúveis de 10°Brix, acidez em torno de 0,47 g de ácido cítrico 100g-1epHvalor médio de 3,25. No final do período climatérico, após o pico do etileno, observou-se aumento nos teores de sólidos solúveis (10,7°Brix), acidez 0,62 g de ácido cítrico 100g-1 e pH 3,36. Foram observadas diferenças significativas entre as variáveis proteína, lipídeo e carboidratos. Os frutos da cagaiteira, na região de Abadia-GO, apresentaram pico respiratório no 2° dia de armazenamento, aproximadamente após 48 horas de colhidos, sendo possível afirmar que a cagaita trata-se de um fruto com padrão respiratório considerado climatérico. Palavras-chave: Cagaita, Eugenia desynterica, climatérico, respiração de frutos, etileno.

Page 73: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

73

BEHAVIOR OF FRUITS OF RESPIRATORY CAGAITEIRA DURING ITS

DEVELOPMENT

ABSTRACT

The cerrado is great natural source of biological resources. The cagaiteira (Eugenia dysenterica) belongs to the family Myrtaceae, and is a common tree in the Brazilian cerrado. physiological data on the respiratory behavior of native fruits of the Cerrado are relatively scarce. The aim of this study was to evaluate physical and chemically the cagaiteira of fruit behavior during the climacteric period. To monitor this, the fruits were collected in the mature stage (31 days after anthesis) and subjected to ethylene analyzes and respiratory rate for 60 hours. Also mature fruits were analyzed (31 DAA) and mature (37 DAA) corresponding to the beginning and end of the development period, in which the following analysis was performed: pH, titratable acidity (citric ac.) And soluble solids. The proximate composition (protein, lipid, ash, moisture and carbohydrate) was also studied. The results showed that the amount of ethylene released by the plant tissues of cagaita was enough that the fruit of that beginning the process of maturation, and during the 60 hours of observation, gas capture ethylene and carbon dioxide released by the fruit was can check, obviously, changes in skin color of the fruits of cagaiteira. It was observed that the peak CO2 cagaita occurred before the peak ethylene. The fruits of Cagaita presented at the beginning of the climacteric period, an average soluble solids content of 10 ° Brix acidity of around 0.47 g citric acid 100 g-1 and mean pH value of 3.25. At the end of the climacteric period, after the peak of ethylene, there was an increase in soluble solids (10.7 ° Brix), acidity 0.62 g of citric acid 100g-1 and pH 3.36. Significant differences were observed between the protein variables, lipids and carbohydrates. The fruits of cagaiteira in the region Abbey-GO showed respiratory peak on the 2nd day of storage, about 48 hours after harvested, being possible to say that cagaita it is a fruit with breathing pattern considered climacteric. Keywords: Cagaita, Eugenia desynterica, climatic, fruits of breath, ethylene.

Page 74: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

74

4.1 INTRODUÇÃO

O cerrado constitui grande fonte natural de recursos biológicos. Ocupa,

aproximadamente, 25% do território nacional, dos quais cerca de 90% estão situados nos

Estados de São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso, Goiás e Bahia (RADA, 2013). Esse bioma

é considerado o segundo maior do País, superado, apenas, pela Floresta Amazônica

(RIBEIRO; WALTTER, 1998). A cagaiteira (Eugenia dysenterica), pertencente à família das

Mirtaceas, éuma árvore comum nos cerrados do Brasil central. Seu fruto é globoso e de cor

amarelo pálido, levemente ácido, mas de sabor agradável (FERREIRA, 1980), podendo ser

utilizado na fabricação de vinagre e álcool quando fermentados. Confecciona-se, ainda, a

partir dos frutos maduros, geléias e sorvetes (CALBO, 1990).

Dados fisiológicos sobre o comportamento respiratório de frutos nativos do cerrado

são relativamente escassos, tornando-se essencial o estudo destes, uma vez que a

determinação do mesmopermitirá traçar formas de conservação e utilização dos

mesmos.Colhendo-se o fruto na maturidade fisiológica, a atividade respiratória aumenta nos

dois primeiros dias, a partir do qualdesencadeia-se a síntese de etileno (BRUINSM; PAULL,

1984). Mudanças na cor, textura, sabor e aroma, da maioria dos frutos durante o

amadurecimento, estão associados ao climatério (BIALE; BARCUS, 1970) e algumas, são

dependentes deste hormônio (AYUB et al., 1996). O processo de respiração é fundamental na

pré e pós colheita dos frutos, pois varias reações, acopladas à respiração, são responsáveis

pela síntese de inúmeros compostos, tais como pigmentos, compostos fenólicos e

fitohormônios (PURVIS, 1997).

O padrão respiratório dos frutos pode ser dividido em climatérico e não climatérico.

Os frutos climatéricos são caracterizados por apresentarem aumento na produção de CO2

acompanhado de aumento autocatalico de produção de etileno (KAYS; PAULL, 2004;

P´ERIN et al, 2002) e de acordo Giovannoni (2001), o etileno é necessário para coordenar e

comtemplar o amadurecimento. Já os frutos não climatéricos a respiração diminui durante o

amadurecimento e as transformações bioquímicas, que tornam o fruto maduro, ocorrem de

forma mais lenta e, só ocorre, se o fruto estiver ligado à planta (WILLS et al, 1998).

Segundo McMurchie, McGlasson e Eaks (1972) a produção de etileno é dividido em

dois sistemas associados à fase pré-climatérica (II) e climatérica (II). No primeiro sistema (I),

ocorrem baixos níveis de produção de etileno presente no pré-climatérico, como também na

produção de etileno dos tecidos vegetais, conhecidos como frutos não climatéricos

(OETIKER; YANG, 1995). No segundo sistema (II), fase climatérica, há ocorrência do

Page 75: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

75

biossíntese de etileno, no qual inicia-se a produção autocatalítica. O aumento da produção

autocatalítica de etileno deve-se ao aumento da atividade da ACC sintase, enzima envolvida

no processo da síntese de etileno. De acordo Taiz e Zeiger, (2004), quando o fruto amadurece

a taxa do ACC e a biossíntese do etileno aumenta. A atividade enzimática, tanto da ACC

oxidase quanto da ACC sintase é elevada, bem como os níveis de RNAm de subgrupos de

genes que codificam cada enzima.

Diante do exposto, o presente estudo teve como objetivo, determinar o padrão

respiratório da cagaita, bem como avaliar as mudanças decorrentes deste processo.

Page 76: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

76

4.2 MATERIAL E MÉTODOS

4.2.1 Instalação do experimento

O estudo foi realizado numa área nativa com formação típica do cerrado, localizada

no município de Abadia-GO, latitude de -16° 45' 26'' e longitude de -49° 26' 15'' durante o

mês de agosto de 2014. Foram selecionados, ao acaso, cerca de 20 exemplares da espécie,

homogêneos quanto ao porte, nos quais foram marcadas as flores por ocasião da antese, com

fios de lã de diferentes cores.

Pela manhã, 31 dias após antese (DAA), os frutos foram coletados diretamente da

árvore, acondicionados em sacos de polietileno, e transportados para o Laboratório de Físico-

química da Escola de Agronomia, da Universidade Federal de Goiás, onde foram submetidos

a análise de etileno e taxa respiratória durante 60 horas. Também foram analisados os frutos

maturos (31 DAA) e maduros (37 DAA) correspondente ao inicio e final do período de

desenvolvimento, onde realizou-se as seguintes análises: pH, acidez titulável total, sólidos

solúveis, firmeza, amido e composição proximal.

4.2.2 Atividade respiratória (O2 e CO2)

22 gramas de frutos, em média, foram colocados em recipientes de vidro(360 mL) e

fechados por 1 hora , com tampa plástica, contendo um septo de silicone, no qual eram

retiradas alíquotas da amostra interna, com auxílio de analisador de gases O2/CO2 (Illinois –

LL6600). Este procedimento foi realizado a cada 4 horas durante 60 horas. Os resultados

expressos em CO2 foram convertidos em mL CO2.Kg fruto-1.h-1, levando em consideração o

volume do recipiente, a massa e o volume dos frutos em cada recipiente, para o cálculo da

densidade e o tempo em que os recipientes permaneceram fechados.

4.2.3 Etileno (C2H4)

A liberação do gás etileno foi determinada por cromatografia gasosa conforme

descrito por Fan et al. (1999). Para captura deste gás foram utilizados recipiente de vidro de

360 mL contendo aproximadamente 22 g de frutos. Os frascos foram fechados durante 1 hora,

com tampa de plástico, contendo um septo de silicone. Passado o período de

acondicionamento, uma agulha múltipla foi acoplada ao tubo de vacutainer (Vacu Tube) e, ao

recipiente de vidro, por meio de um septo, no qual coletou-se 9 mL da atmosfera gasosa. Este

procedimento foi realizado a cada 4 horas durante 60 horas. As amostras foram injetadas em

cromatógrafo gasoso, marca CG, equipado com detector de condutividade térmica e coluna

Page 77: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

77

empacotada com Porapak-Q (60 -100 mesh, 1m de comprimento e 3,2mm de diâmetro

interno). Utilizou-se como gás de arraste o nitrogênio (N2 - 80 kPa), com o fluxo de 40 - 45

mL min-1. Os resultados foram expressos em µL g-1 h-1.

4.2.4 Potencial hidrogeniônico (pH)

A determinação do pH foi realizada, utilizando-se potenciômetro digital (TEC-

3MPp). O aparelho foi calibrado com solução tampão de pH 4,0 e 7,0 , em seguida, realizou-

se a leitura direta com imersão do eletrodo no béquer, contendo a amostra macerada em

solução aquosa, em três repetições, segundo metodologia conforme on° 966.23 AOAC

(2010).

4.2.5 Acidez titulável (ácido. cítrico)

A acidez foi determinada por titulação, com solução de hidróxido de sódio (NAOH)

0,01N, e expressa em ácido cítrico em três repetições, conforme on° 966.23 AOAC (2010).

4.2.6 Sólidos solúveis totais

O teor de sólidos solúveis totais foi determinado, por meio da leitura dos graus Brix

da amostra a 25°C em refratômetro digital (AR 200), em três repetições de acordo com

método conforme o n° 966.23 AOAC (2010).

4.2.7 Umidade

A umidade foi obtida por meio da técnica gravimétrica, com adição de calor em

estufa ventilada à temperatura de 105°C, até o peso constante, conforme o n° 966.23 AOAC

(2010).

4.2.8 Cinzas (resíduo mineral fixo)

Para determinação dos valores de cinza, este foi avaliado a perda de peso do

material, submetido ao aquecimento em mufla a 550-600°C, em três repetições, conforme o

n° 966.23 AOAC (2010).

4.2.9 Fração Protéica

A proteínafoi determinada pelo Método de Kjeldahl, o qual baseia-se na

determinação do nitrogênio total, em três repetições. O teor de proteínafoi

Page 78: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

78

calculado,multiplicando-se o nitrogênio total pelo fator 5,75. O cálculo para proteína foi

realizado conforme o n° 966.23 AOAC (2010).

4.2.10 Extrato etéreo

O extrato etéreo foi determinado pela extração com solvente orgânico (éter etílico),

em três repetições, com auxílio do aparelho extrator do tipo Soxhlet, conforme o n° 966.23

AOAC (2010).

4.2.11 Carboidratos

O teor de carboidratos foi estimado por diferença, considerando a matéria integral,

conforme o n° 966.23 AOAC (2010), de acordo a equação:

% carboidratos. = 100 - (%umidade + %extrato etéreo + %proteína + %cinza)

(Equação 2)

4.2.12 Análise estatística

Os resultados das análises físicas e químicas foram submetidos à análise de variância

como também o nível de significância do teste F, com ajuda do programa Sisvar (FERREIRA,

2011). A média dos períodos (horas) de avaliação foi submetida à regressão polinomial e

coeficiente de determinação.

Page 79: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

79

4.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Durante os estádios de desenvolvimento, os frutos passam por diversas

transformações bioquímicas que são necessárias para a manutenção dos seus estímulos vitais

após a colheita. Analisando o comportamento da cagaita, com base na produção de etileno e

taxa respiratória, a temperatura ambiente, foi possível afirmar que se trata de um fruto com

características climatéricas.

As primeiras horas de monitoramento do período climatérico foram marcada por

aumento de 0,0152 µL kg-1 h-1 para 0,0633 µL kg-1 h-1 de etileno até 12 horas. Após esse

período, ocorreu pequeno decréscimo na produção de etileno, porém, mantendo-se quase que

constante até 40 horas de acompanhamento, quando, em 48 horas, o pico máximo foi

alcançado,chegando a 0,0801 µL kg-1 h-1, seguido de declínio na produção (Figura 12). Nota-

se que a curva tende ao aumento e em seguida o declínio, indicando a produção autocatalitica

do etileno pelo fruto e, após o pico climatérico,que pode ocorre durante ou após o pico de

CO2, finda-se sua produção. De acordo Taiz e Zeiger (2004), quando o fruto amadurece, a

taxa do ACC(ácido 1-aminocloropropano-1- carboxílico) e a biossíntese do etileno aumenta, e a

atividade enzimática, tanto da ACC oxidase quanto da ACC sintase, responsáveis pela

formação do etileno, é aumentada, o que possivelmente ocorreu na cagaita entre 40 e 48

horas. O grande aumento da produção de etileno, no início do amadurecimento dos frutos

climatéricos, é considerado como um dos principais fatores iniciadores das modificações de

cor, aroma e textura, bem como de outros atributos bioquímicos e fisiológicos (CHITARRA;

CHITARRA, 2005). A cagaita, neste estudo, liberou no seu pico máximo, 0,0801 µL kg-1 h-1,

que foram suficientes para determinação do climatérico, desencadear processos de

amadurecimento e, estimular rotas bioquímicas, essenciais para que o fruto obtivesse

características sensoriais para consumo in natura e produções tecnológicas. Segundo Yang

(1985), as taxas de produção de etileno pelos tecidos vegetais são geralmente baixas, e a

concentração necessária para induzir o amadurecimento é dependente da espécie e do estádio

de maturação dos frutos. Santeli (2005), também ressalta que o etileno em condições

fisiológicas normais, é um gás que regula muitos aspectos de crescimento, desenvolvimento e

senescência de plantas e frutos, é biologicamente ativo em quantidades muito pequenas, e

seus efeitos são comercialmente muito importantes.

Page 80: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

80

Figura 12. Valores médios, equações de regressão e coeficientes de determinação dos valores

da taxa respiratória e etileno na verificação do pico climatérico da cagaita (Eugenia

dysenterica)coletada em Abadia-GO durante 60 horas de monitoramento.

Além da produção de etileno, a concentração de CO2 liberada pelo fruto também foi

estudada. Os níveis de CO2manteve-se quase que constante até 24 horas de acompanhamento,

apenas com pequeno decréscimo nesse período. A partir das 32 horas, foi observadoaumento

na taxa de CO2, e esse comportamento estendeu-se até o fruto atingir o pico de respiração

climatérica com 1039,41 kg-1h-1 de CO2em 52 horas de monitoramento. Após esse pico, os

níveis de CO2 foram diminuindo gradualmente (Figura 12).

Foi observado que o pico de CO2 da cagaita ocorreu depois do pico de etileno. De

acordo Rhodes (1980),o aumento da concentração de etileno em frutos climatéricos, pode

ocorrer antes do aumento da concentração de CO2, juntamente com o aumento de CO2 e, em

alguns frutos, a concentração de etileno aumenta depois do aumento da respiração. Após o

pico do climatério, os níveis de CO2 e etileno diminuíram gradativamente, devido à

aceleração do amadurecimento do fruto,levando-o assim, a senescência. Calbo (1990), ao

avaliar frutos de cagaita coletados na cidade de Brasília-DF, verificou pico de etileno e CO2

no 3° dia de armazenamento, a uma temperatura de 28°C. O mesmo autor verificou o

comportamento respiratório e produção de CO2 em cagaitas armazenadas a 15°C e 4°C, e

constatou que a 15°C não se observou picos de CO2 e etileno e a 4°C a produção CO2 e

etileno foram baixas, sem produção de picos climatéricos. Neste estudo, o pico climatérico

(Etileno e CO2) ocorreram simultaneamente no 2° dia de armazenamento, aproximadamente

às 48 horas. Essa variação de um dia em comparação a Calbo (1990) possivelmente

y = -0,020x3 + 2,040x2 - 48,45x + 534,1R² = 0,621

y = -5E-08x3 - 2E-05x2 + 0,002x + 0,010R² = 0,690 0

0,01

0,02

0,03

0,04

0,05

0,06

0,07

0,08

0,09

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

1000

1100

4 8 12 16 20 24 28 32 36 40 44 48 52 56 60

Eti

leno

L k

g-1h

-1 )

Tax

aR

espi

rató

ria

(mg

CO

2 kg

-1h-

1 )

Tempo (horas)

CO2

ul de etileno

Page 81: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

81

estejarelacionado ao estádio de maturação que foi coletado os frutos para a realização do

experimento, assim como a influência da temperatura.

Durante as 60 horas de observação, captura do gás etileno e gás carbônico liberado

pelos frutos, foi possível verificar, visivelmente, mudanças na coloração da casca dos frutos

da cagaiteira que, provavelmente, com a respiração dos frutos, ação do etileno e enzimas

responsáveis pelas modificações bioquímicas em vegetais, provocaram a degradação da

clorofila, por estímulo da expressão do gene da clorofilase (Figura 13). As modificações na

coloração dos frutos, durante o processo de maturação, deve-se tanto a processos

degradativos, como a processos sintéticos. Elas correspondem a um dos principais critérios de

julgamento para identificação do amadurecimento de frutos, sendo a aparência um dos

principais atributos de aceitação do ponto de vista comercial. A uniformidade do grau de

maturação pode interferir na coloração e na aparência dos produtos industrializados

(CHITARRA; CHITARRA, 2005).

Figura 13. Evolução da cor ao logo do estudo do comportamento respiratório na casca da

cagaita (Eugenia dysenterica), coletadas em Abadia-GO.

Com relação à firmeza, houve diferenças significativas entre as amostras, o que leva

a acreditar que, possivelmente, o etileno induziu a atividade de enzimas hidrolíticas, como a

poligalacturonase e pectinametilesterase que promovem intensa solubilização das pectinas,

constituintes da parede celular, o que resultou na perda da firmeza do fruto em 31 e 37 DAA

Page 82: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

82

(Tabela 2). De acordo Bugaud et al., (2013), a solubilização e despolimerização de pectinas e

hemiceluloses resultam na extensa degradação da parede celular e, como consequência, no

amolecimento do fruto com o amadurecimento.

Tabela 2. Avaliação da firmeza e conteúdo de amido da polpa da cagaita (Eugenia

dysenterica) matura e madura coletada no Município de Abadia-GO, no período de 31 dias e 37 dias. 1,2,3,4

Variável Cagaita matura (31 DAA) Cagaita madura (37 DAA)

Firmeza (N) 13,0±0,07a 8,81±0,01b

Amido (%) 5,06±0,91a 3,23±0,14b

1valores expressos em matéria fresca; 2média de 3 repetições; 3dados apresentados em: média ± desvio padrão;4 média seguida de uma mesma letra na linha não diferem significativamente entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

O mesmo foi observado para o conteúdo de amido, indicando a ocorrência da

degradação deste em açúcares, o que possivelmente, levou ao aumento nos teores de sólidos

solúveis do fruto, tornando-o mais adocicado (Tabela 2). O amido é uma importante reserva

energética vegetal, e nestes, é a principal transformação quantitativa ocorrida durante o

amadurecimento dos frutos que dará origem a mudanças fundamentais no sabor e na textura

dos mesmos (PINHEIRO, 2009).

Algumas das principais mudanças que ocorrem durante o amadurecimento de frutos,

e que são finalizadas quando atingem a senescência, estão relacionadas à textura, sabor e

aparência.Em relação às variáveis pH, acidez titulável e sólidos solúveis, foi observado

diferenças significativas entre 31 e 37 dias. Os frutos coletados 31 DAA, apresentaram, em

média, teor de sólidos solúveis em torno de 10°Brix, e no final de seu amadurecimento (37

DAA) 10,7°Brix (Tabela 3). Apesar da cagaita não ser um fruto de sabor muito adocicado, foi

possível verificar mudanças nos teores de sólidos solúveis, possivelmente, devido à

degradação de polissacarídeos, como o amido, em açúcares simples, reação esta, que ocorre

principalmente, durante o período climatérico, a partir da indução do etileno. Os teores de

sólidos solúveis encontrados neste estudo foram superioresaos encontrados por Silva et al.

(2008) obtendo valores de 8,0°Brix, superando a média encontrada por Almeida (1998), de

5,6 °Brix, Oliveira Júnior et al. (1997) e Souza (2006), em torno de 8,19°Brixquando

avaliaram frutos da cagaiteira maduros, em Goiânia-GO, e próximo aos valores encontrados

por Cardoso (2011), quando avaliou frutos da cagaiteira em Minas Gerais, com teores de

sólidos solúveis de 9,12°Brix.

Page 83: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

83

Dentre os diversos componentes da fruta, os sólidos solúveis totais desempenham

papel primordial para a sua qualidade, responsáveis pelo sabor e pela consequente aceitação

por parte dos consumidores. Os teores de sólidos solúveis, também, são utilizados como

indicadores químicos para a caracterização dos estádios de maturação de um fruto e posterior

definição do ponto de colheita. A cagaita sendo um fruto climatérico pode ser colhida antes de

alcançar o estádio final da maturação, conhecida como amadurecimento, ou, de acordo com

os resultados obtidos neste estudo, a cagaita pode ser colhida quando atingir teor de sólidos

solúveis de 10,7°Brix, estando o fruto já amadurecido, com 37 dias após antese.

Tabela 3. Características químicas da polpa da cagaita (Eugenia dysenterica) matura e

madura coletada no Município de Abadia Goiás, no período de 31 dias e 37 dias. 1,2,3,4

Variável Cagaita matura

(31DAA)

Cagaita madura

(37DAA)

Sólidos solúveis (°Brix) 10,0 ± 0,00a 10,7 ± 0,00b

Acidez titulável (g ácido cítrico 100g-1) 0,47 ± 0,03ª 0,62 ± 0,06b

pH 3,36 ± 0,01a 3,25 ± 0,00b

1valores expressos em matéria fresca; 2média de 3 repetições; 3dados apresentados em: média ± desvio padrão;4 média seguida de uma mesma letra na linha não diferem significativamente entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Do ponto de vista comercial, tanto para consumo in natura como para o

processamento industrial, são preferidos os frutos com teores de sólidos solúveis totais mais

elevados (CAMILO, 2014), pois quanto maior a quantidade de sólidos solúveis existentes,

menor será a quantidade de açúcar a ser adicionada aos frutos, quando processados pela

indústria, diminuindo, assim, o custo de produção e aumentando a qualidade do produto

(VIEIRA 2010). No início do estádio de maturação (31 DAA), a cagaita apresentou teor de

0,47 g de ácido cítrico 100g-1, chegandoao fim do estádio (37 DAA), com teor de 0,62 g de

ácido cítrico 100g-1 (Tabela 3). O aumento da acidez, possivelmente, está relacionado à

oxidação dos ácidos orgânicos presentes na cagaita, devido principalmente, ao aumento do

metabolismo respiratório do fruto, ao atingir o pico climatérico. Valores próximos foram

encontrados por outros autores, como Cardoso (2011), em Minas Gerais, que encontrou

valores em torno de 0,73 g de ácido cítrico 100g-1 em cagaitas maduras. Com relação ao pH, a

cagaita matura (31 DAA), apresentou valor médio de 3,25 e, após a ação do etileno, houve

pequeno acréscimo para 3,36 (Tabela 3), caracterizando a cagaita como um fruto levemente

Page 84: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

84

ácido, não favorecendo a atividade enzimática e inibição do desenvolvimento de

microrganismos, principalmente, quando o fruto é submetido ao processamento. Os valores

obtidos estão próximo aos valores encontrados na literatura, como observados por Cardoso

(2011),em Minas(3,28),porém, Camilo (2014), em Goiânia-GO, encontrou valores menores

(3,09).

A composição proximal entre os frutosde cagaita de 31 e 37 dias após antese,

também foi avaliada, e os resultados mostraram diferenças significativas (p>0,05) entre

algumas variáveis (Tabela 4). Em relação ao conteúdo de umidade e cinzas, não foi observado

diferenças significativas, possivelmente, não foram influenciadas pelo aumento da atividade

respiratória, associada ao aumento da produção de etileno, não respondendo ao estimulo deste

gás. Já as demais variáveis estudadas, respondem a ação do etileno, aumentando a biossíntese

de enzimas responsáveis pelas suas próprias rotas metabólicas.

Houve diferença na fração proteica entre as amostras, possivelmente devido à

ativação genica (proteínas) nas sínteses de enzimas durante o processo de maturação,

estimulado pela ação do etileno.De acordo Taiz e Zeiger (2004), o etileno intervém a nível

molecular na indução de expressão de numerosos genes envolvidos em diversas rotas

metabólicas, que são dependentes da ação deste gás.

Tabela 4. Composição proximal da polpa da cagaita (Eugenia dysenterica) matura e madura,

coleta no Município de Abadia-GO, no período de 31 dias e 37 dias. 1,2,3,4

Variável Cagaita matura (31 DAA) Cagaita madura (37 DAA)

Umidade (%) 80,57±2,6a 81,18±2,2a

Cinzas(%) 0,68±0,15a 0,62±0,01a

Proteína (%) 2,18±0,01a 1,62±0,01b

Lipídeo(%) 0,45±0,02a 1,27±0,05b

Carboidratos totais (%) 16,06±0,08a 15,27±0,06b

1valores expressos em matéria úmida; 2média de 3 repetições; 3dados apresentados em: média

± desvio padrão;4 média seguida de uma mesma letra na linha não diferem significativamente

entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Com relação aos teores de lipídeos, aumento significativo foi observado, sendo que a

cagaita madura (37 DAA), apresentou teores mais elevados. Segundo Franco (1992), a polpa

da cagaita apresenta ácidos graxos saturados, monossaturados e polissaturados e,

Page 85: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

85

principalmente, o ácido linolênico, o que possivelmente pode ter alterado o conteúdo de

lipídeo no fruto maduro.

A diferença no conteúdo de carboidratos do fruto maturo para o maduro é,

possivelmente, devido ao aumento da respiração, utilizando estes açúcares como forma de

energia, motivo pelo o qual o conteúdo de carboidratos diminui com o amadurecimento (37

DAA). De acordo Barros et al., (1996) a respiração é processo que corresponde a uma série de

reações oxidativas de compostos orgânicos, principalmente os ácidos orgânicos e os

carboidratos, transformados em CO2 e água com produção de energia química, utilizada pela

célula para realização de processos metabólicos.

Page 86: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

86

4.4 CONCLUSÃO

A cagaita é um fruto com padrão respiratório considerado climatérico, com pico

respiratório anterior ao pico de etileno. Foi possível verificar, também, as mudanças químicas

e físicas ocorridas durante o período climatérico.

No entanto, esse comportamento pode variar de região para região, dependente do

clima, solo e período chuvoso, principalmente se tratando de frutos nativos do cerrado, sendo

necessários estudos mais amplos para cada região.

Page 87: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

87

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, S.P. Frutas nativas do cerrado: caracterização físico-química e fonte potencial de nutrientes. In: SANO, M.S.; ALMEIDA, S. P. Cerrado ambiente e flora. Planaltina: Embrapa-CPAC, p. 245-285. 1998.

AOAC - Association of Official Analytical Chemists. Official methods of Analysis. 18th ed, 3th Review, Washington, 2010.

AYUB, R.; GUIS, M.; AMOR, M.B.; GILLOT, L.; ROUSTAN, J.P.; LATCHÉ, A.; BOUZAYEN, M.; PECH, J.C. Expression of ACC oxidase antisense gene inhibits ripening of cantaloupe melon fruits. NatureBiotechnology, New York, v.14, p.862-866, 1996.

BARROS, R.S., FINGER, F.L., MAGALHÃES, M.M. Changes in-non-strucutal carbohydrates in developing fruit of Myrciaria jaboticaba. Sci Hort. 66 209-215, 1996. BIALE, J.B.; BARCUS, D.E. Respiratory patterns in tropical fruits of the Amazon basin.Tropical Science, London, v.12, n.2, p.93-104, 1970.

BRUINSMA, J.: PAULL, R.E. Respiration during postharvest development of soursop fruit, Annona muricata L. Plant Physiology, Rockville, v.76, n.1, p.131-138, 1984.

BUGAUD, C.; CAZEVIEILLE, P.; DARIBO, M-O; TELLE, N.; JULIANUS, P.; FILS- 116 LYCAON, B.; MBÉGUIÉ, D. M. A. Rheological and chemical predictors of texture 117 and taste in dessert banana (Musa spp.) Postharvest Biology and Technology. v. 84, p. 118 1-8, 2013.

CALBO, M. E. R; LIMA, J. N. C; CALBO, A. G. Fisiologia pós-colheita de frutos de cagaita. Revista Brasileira de Fisiologia Vegetal. v. 9 2(1) : 15-18, 1990.

CAMILO, Y. M. V.; SOUZA, E. R. B.; VERA, R.; NAVES, R. V. Caracterização de frutos e seleção de progênies de cagaiteiras (Eugenia dysenterica DC.). Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabalv.42, n.1, p.1–10, 2014.

CARDOSO, L. de M.; MARTINO, H. S. D.; MOREIRA, A. V. B.; RIBEIRO, S. M. R.; PINHEIRO-SANT’ANA, H. M. Cagaita (Eugeniadysenterica DC.) of the Cerrado of Minas Gerais, Brazil: Physical and chemical characterization, carotenoids and vitamins. Food ResearchInternational, Barking, v.44, p.2151-2154, 2011.

Page 88: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

88

CHITARRA, M.I.F.; CHITARRA, A.B. Pós-colheita de frutos e hortaliças: fisiologia e manuseio. Lavras: UFLA, 2005. 320p.

FAN, X., BLANKENSHIP, S., MATTHEIS, J.P. MCP inhibits apple fruit ripening. Journal of American Society for Horticultural Science, Alexandria, v.124, n.6, p.690-695, 1999.

FERREIRA, M.B. Frutos comestíveis do cerrado. Informe Agropecuário, 6(61):9-18, 1980. FERREIRA, D.F. Sisvar: A computer statistical analysis system. Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v.35, n.6, p.1039-1042, nov./dez. 2011.

FONSECA, C. E. L.; SANO, S. M. Taxa de sobrevivência e frutificação de espécies nativas do cerrado. Boletim de Pesquisa e desenvolvimento, 20. 2003.

FRANCO, G. Tabela de composição química dos alimentos. 9. ed. São Paulo: Atheneu, 1992. 307 p. GIOVANNONI, J. Molecular biology of fruit maturation and ripening.Annual Review of Plant Physiology and Plant Molecular Biology, Palo Alto, v. 52, p.87-98, Sept. 1998.

GIOVANNONI, J. J. Molecular biology of fruit maturation and ripening. Annual Review of Plant Physiology and Plant Molecular Biology, v. 52, p. 725 – 749, 2001.

HOPKINS, W. G. Introduction to Plant Physiology. 2nd ed. New York: John Wiley & Sons, Inc., 2000, 512p.

KAYS, S. J; PAULL, R. E. Posthavest biology. Athens: EP press, p.568, 2004.

MCMURCHIE, E. J.; MCGLASSON, W. B.; EAKS, I. L. Treatment of fruit with propylene gives information about the biogenesis of ethylene.Nature, London, v. 237, p. 235-236, 1972. P’ERIN, C.; G’OMEZ-JIM’ENEZ, M.; HAGEN, L; DOGIMONT, C.; PECH, J. C.; LATCH’E, A.; PITRAT, M.; LELI’EVRE, J. M. Molecular and genetic characterization of a non-climateric phenotype in melon reveals two loci conferring altered ethylene response in fruit. Plant Physiology, Rockville, v.129, p. 300-309, Apr. 2002.

Page 89: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

89

PINHEIRO, S. M. J. Tecnologia pós-colheita para conservação de bananas da cultivar Tropical. Dissertação (mestrado)- Programa de Pós-Graduação em Produção Vegetal no Semiárido, Universidade Estadual de Montes Claros-Unimontes, 2009. PURVIS, A. C. The role of adaptive enzymes in carbohydrate oxidation by stressed and senescing plant tissues. Hortscience, Alexandria, v. 32, n. 7, p. 195-168, Dec. 1997.

OETIKER, J. H.; YANG, S. F.The role of ethylene in fruit ripening.Acta Horticultural, The Hangue, v. 398, p. 167-178, Mar. 1995 OLIVEIRA JÚNIOR, J. P.; LEANDRO, W. M.; OLIVEIRA, G. C.; NAVES, R. V.; VILELA, E. F.; MENDONÇA, R. S.; BORGES, J. D.; TRINDADE, M. G.; REIS, A. J. S. Caracterização química do solo, de folhas e de frutos de cagaita (Eugenia dysenterica D.C.) no sudeste de Goiás. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIA DO SOLO, Anais.26, p.20-21. 1997.

RADA, N. Assessing Brazil’s Cerrado agricultural miracle. Food Policy, v. 38, p. 146-155, 2013. RIBEIRO, J. F.; FONSECA, C. E. L.; ALMEIDA, S. P.; PROENÇA, C. E. B.; SILVA, J. A. da; SANO, S. M. Espécies arbóreas de usos múltiplos da região do cerrado: caracterização botânica, uso potencial e reprodução., 1994, Porto Velho. Colombo: Embrapa-CNPF; Porto Velho: Embrapa-CPAF-RO, 1994. p. 335-355.

RIBEIRO, J. F; WALTER, B. M. T. Fitofisionomias do bioma cerrado. In: SANO, S. M. ALMEIDA, S. P. (Ed.). Cerrado. Ambiente e flora. Planaltina, Embrapa – CPAC, p 152- 189. 1998.

RODHES, M. J. C. Respiration ande Senescence of Plant Organs. Vol. 2: Metabolism and Respiration. London, Academic Press. 1980. p 419-462.

SANTELLI, P. Fisiologia pós-colheita de frutos das palmeiras Syagrus oleracea (Mart.) Becc. e Mauritia vinifera Mart. 2005. 72f. Dissertação (Mestrado em Botânica) – Curso de Pós-graduação em Botânica, Universidade de Brasília. SILVA, M. R. J.; R. T. O. S.; FERREIRA, C. C. C. Estabilidade da vitamina C em cagaita in natura e durante a estocagem da polpa e refresco. Pesquisa Agropecuária Tropical, 38(1), 53−58. 2008

SOUZA, E. R. B. Fenologia, dados biométricos, nutrição de plantas e qualidade de frutos de cagaiteira (Eugenia dysenterica DC.) no Estado de Goiás. 2006. 114f. Tese(Doutorado em Agronomia: Produção Vegetal) -Escola de Agronomia e Engenharia deAlimentos, Universidade Federal de Goiás,Goiânia, 2006.

Page 90: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

90

TAIZ, L; ZEIGER, E. Fisiologia Vegetal. 3a edição. Porte Alegre: Artmed, 2004. 719p.

VIEIRA, R. F.; AGOSTINI-COSTA, T. D. S.; SILVA, D. B.; SANO, S. M.; FERREIRA, F. R. Frutas nativas da região Centro-Oeste doBrasil. Brasília, DF: Embrapa Informações Tecnológicas, 2010. 322p. WILIS, R. H. H.; LEE, T. H.; GRANHAM, W. B.; HALL, E. G. Posthavest: an introduction to the physiology and bandling of fruit and vegetables. Kensington: New South Wales University Press, p. 161, 1981.

WILLS, R.; McGLASSON, B.; GRAHAM, D.; JOYCE, D. Postharvest: an introduction to the physiology & handling of fruit, vegetables & ornamentals. 4ª ed. Wallingford: UNSW Press, 1998. 262p. YANG, S. F.; Biosynthesis and action of ethylene.HortScience, Alexandria, v. 20, n. 1, p. 41-45, Feb, 1985.

Page 91: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

91

5 ESTUDO DO COMPORTAMENTO NUTRICIONAL E COMPOSTOS BIOATIVOS

DA CAGAITA (EUGENIA DYSENTERICA), DURANTE O DESENVOLVIMENTO

FISIOLÓGICO.

SILVA, M. M. M. Estudo do comportamento nutricional e compostos bioativos da cagaita (eugenia dysenterica) durante o desenvolvimento fisiológico.In: ___. Estudo do desenvolvimento fisiológico da cagaita (Eugenia dysenterica). Parte 3, p. 88-111. Dissertação (Mestrado em Ciência e Tecnologia de Alimentos). Universidade Federal de Goiás, GO.

RESUMO

O Brasil possui um cenário com vários biomas de características diversas, dentre eles está o cerrado, com rica fonte de espécies vegetais. Entre estas, existe a cagaita (Eugenia

dysenterica), muito consumida e utilizada na medicina e culinária. No entanto, o comportamento nutricional e suas substâncias bioativas durante o desenvolvimento fisiológico ainda não são conhecidas. O objetivo do trabalho foiestudar o comportamento dos compostos nutricionais e bioativos da cagaita e avaliar qual o melhor método e solvente extrator durante o desenvolvimento fisiológico. Os frutos foram avaliados no período entre 10 a 37 dias após antese (DAA), e submetidos a análises de compostos fenólicos e atividade antioxidante por DPPH e ABTS utilizando a curva Trolox, por três extratos (etanólico, etéreo e aquoso). Foram avaliados também os teores de vitamina C, β-ccaroteno e taninos hidrolisáveis e condensados. A composição proximal foi avaliada a partir do 18 dias após antese e determinou-se umidade, cinzas, proteínas, lipídeos, carboidratos e minerais.De acordo os resultados, os compostos bioativos agiram, principalmente, como sistema de defesa do fruto, especialmente naqueles mais jovens. Não houve diferenças significativas entre os extratos pelo método ABTS.No entanto, o extrato etéreo e etanólico pelo método DPPH, apresentou elevada capacidade antioxidante durante o desenvolvimento. Os compostos fenólicosmostraram-se significativo, com teores elevados nos frutos jovens, sendo o extrato etanólico o melhor solvente extrator. O mesmo foi observado para os taninos hidrolisáveis, com maior presença nos frutos mais jovens e verdes. Não houve diferenças significativas entre os extratos pelométodo utilizando o radical ABTS. O conteúdo de vitamina C foi relativamente baixo durante todo o desenvolvimento do fruto. A composição proximal mostrou, durante todo o desenvolvimento, que a cagaita possuía alto teor de umidade, baixos teores de proteína, carboidratos e cinzas, teores consideráveis de lipídeos e baixos valores para carboidratos. Em relação aos minerais, se destacaram os elementos potássio, fosforo e magnésiodurante o período desenvolvimento da cagaita. Palavras-chave: Frutos nativos, composição proximal, fenólicos e antioxidantes.

Page 92: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

92

BEHAVIOR STUDY NUTRITION AND THE CAGAITA BIOACTIVE COMPOUNDS

(EUGENIA DYSENTERICA) DURING THE DEVELOPMENT PHYSIOLOGICAL

ABSTRACT

Brazil has a scene with various biomes of several characteristics, among them is the cerrado, with rich source of plant species. Among these, there cagaita (Eugenia dysenterica), very consumed and used in medicine and cooking. However, the nutritional behavior and bioactive substances during the physiological development are not yet known. The objective was to study the behavior of nutritional and bioactive compounds of cagaita and evaluate what the best method and extractor solvent during the physiological development. The fruits were evaluated in the period between 10 to 37 days after anthesis (DAA), and subjected to analysis of phenolic compounds and antioxidant activity by DPPH and ABTS using Trolox curve for three extracts (ethanol, aqueous and ether). They also evaluated the levels of vitamin C and hydrolyzable and condensed tannins. Proximal composition was evaluated from 18 days after anthesis and determined moisture, ash, protein, lipids, carbohydrates and minerals. According the results, bioactive compounds acted mainly as a result of the defense system, especially those younger. There were no significant differences between the statements by the ABTS method. However, the ethereal and ethanol extract by DPPH method showed high antioxidant capacity during development. Phenolic compounds was significant, with high content in young fruits, and the ethanol extract the best extraction solvent. The same was observed for the hydrolysable tannins, with greater presence in the younger and unripe fruits. There were no significant differences between the statements by the method using the ABTS radical. The vitamin C content was relatively low throughout the development of the fruit. The proximate composition showed, throughout the development, the cagaita had high moisture content, low protein, carbohydrate and ash, considerable levels of lipids and low values for carbohydrates. Regarding minerals, stood out the elements potassium, phosphorus and magnesium during the development of cagaita. Keywords: Indigenous fruits, proximal composition, phenolic and antioxidant.

Page 93: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

93

5.1 INTRODUÇÃO

O Bioma Cerrado é a segunda maior formação vegetal brasileira, depois da Amazônia,

e é a savana tropical mais rica do mundo em biodiversidade, concentrando um terço da

biodiversidade nacional e 5 % da flora e da fauna mundial (MALHADO, PIRES, COSTA,

2010). A flora do Cerrado possui diversas espécies frutíferas, com grande potencial de

utilização agrícola que são, tradicionalmente, utilizadas pela população local por meio do

consumo in natura ou processadas na forma de sucos, licores, sorvetes, geleias e doces

(SILVA et al.,2008).

Dentre as frutas nativas do Cerrado, destaca-se a cagaita (Eugenia dysenterica), fruto

globoso, de coloração amarela, contendo de uma a três sementes brancas, recobertas por

polpa levemente ácida (ALVES, 2013). O aumento do consumo de frutas está relacionado às

suas propriedades funcionais, atribuídas à presença de substâncias bioativas que, mesmo em

pequenas quantidades, podem apresentar efeitos fisiológicos adicionais, por meio de sua ação

antioxidante (LIMA et al., 2005; MELO et al., 2008). Vários autores têm associado os efeitos

benéficos, à saúde do homem, ao consumo regular de frutas, vegetais e grãos com aporte

significativo de substâncias antioxidantes, como os compostos fenólicos, a vitamina C e os

carotenoides (VASCONCELOS et al., 2006; KIM et al., 2007; PIENIZ et al., 2009).

Os compostos fenólicos são importantes constituintes de várias frutas e hortaliças,

sendo que a quantificação dessas substâncias revelam informações a respeito da atividade

antioxidante, qualidade do alimento e dos potenciais benefícios à saúde(JAYAPRAKASHA,

et al. 2000). Nos vegetais, os taninos são caracterizados como compostos fenólicos de alto

peso molecular, que precipitam proteínas, incluindo proteínas salivares da cavidade oral.

Essas propriedades são fundamentais para explicar o papel dos taninos na proteção vegetal

contra patógenos e na detenção de herbívoros. (SOARES et al.,2008).

Alguns carotenoides são capazes de serem convertidos em vitamina A e como tal,

desempenham importante papel nutricional. Também exercem outras ações, tais como

diminuição do risco de doenças degenerativas, prevenção da formação de catarata, redução da

degeneração macular, relacionada ao envelhecimento, e redução do risco de doenças

coronárias (KRINSKY, 1994). Além disso, os carotenoides desempenham um papel

fundamental nos frutoscomo pigmento acessório na fotossíntese, agindo como coletor de

energia e protetor contra a foto-oxidação (KRINSKY, 1994). A síntese e acúmulo de

compostos fenólicos, carotenoides e vitaminas em frutos, é variável em função da espécie,

Page 94: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

94

variedade, manejo, condições climáticas, estádio de amadurecimento e condições de

armazenamento (FERREYRA et al., 2007; VEBERIC et al., 2008).Em geral, a avaliação do

desenvolvimento de frutos é baseada na evolução dos atributos físicos, associados às

alterações nas características químicas durante o ciclo. No entanto, sabe que produtos

secundários, como antioxidantes e fenólicos, também fazem parte da composição de um

vegetal, sendo necessários estudos que englobam esses compostos (SOUZA et al., 2014)

Nada se sabe sobre o comportamento dos compostos bioativos e nutricionais durante o

desenvolvimento da cagaita, bem como o método mais adequado para avaliar os mesmo.

Diante do exposto, o objetivo do trabalhofoi estudar o comportamento destes

compostos nutricionais e bioativos durante o desenvolvimento da cagaita (Eugenia

dysenterica).

Page 95: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

95

5.2 MATERIAL E MÉTODOS

5.2.1 Delineamento experimental

O experimento foi conduzido em delineamento inteiramente casualizado (DIC),

sendo que os tratamentos foram dispostos em fatorial simples, constituído pelos pontos de

colheita. Após antese, foram realizadas análises da atividade antioxidante por DPPH e ABTS,

fenólicos totais, taninos hidrolisáveis e condensados, vitamina C e β-caroteno. Os compostos

foram avaliados 10, 14,18, 23, 27, 31, 34 e 37 dias após antese, em quatro repetições. As

análises da composição proximal como umidade, cinza, proteína, lipídeos, carboidratos e

minerais, foram avaliadas a partir dos 18 dias após antese, até os 37 dias, todas em três

repetições.

5.2.2 Análises químicas

As análises químicas foram realizadas no Laboratório de Química e Bioquímica de

Alimentos, da Escola de Farmácia, na Universidade Federal de Goiás e, no Laboratório de

Pós-colheita de Frutas e Hortaliças, do Departamento de Ciências dos Alimentos, da

Universidade Federal de Lavras.

5.2.2.1 Umidade

A umidade foi obtida por meio da técnica gravimétrica, com adição de calor em

estufa ventilada à temperatura de 105°C, até o peso constante, conforme o n° 966.23 AOAC

(2010).

5.2.2.2 Cinzas (resíduo mineral fixo)

Para determinação dos valores de cinza, este foi avaliado a perda de peso do

material, submetido ao aquecimento em mufla a 550-600°C, em três repetições, conforme o

n° 966.23 AOAC (2010).

5.2.2.3 Fração Protéica

A proteína foi determinada pelo Método de Kjeldahl, o qual baseia-se na

determinação do nitrogênio total, em três repetições. O teor de proteínafoi calculado,

multiplicando-se o nitrogênio total pelo fator 5,75 (fator de correção para proteína vegetal,

Page 96: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

96

segundo BRASIL, 2003). O cálculo para proteína foi realizado conforme o n° 966.23 AOAC

(2010).

5.2.2.4 Extrato etéreo

O extrato etéreo foi determinado pela extração com solvente orgânico (éter etílico),

em três repetições, com auxílio do aparelho extrator do tipo Soxhlet, conforme o n° 966.23

AOAC (2010).

5.2.2.5 Carboidratos

O teor de carboidratos foi estimado por diferença, considerando a matéria integral,

conforme o n° 966.23 AOAC (2010) de acordo a equação 3:

%carboidratos. = 100 - (%umidade + %extrato etéreo + %proteína + %cinza)

(Equação 3)

5.2.2.6 Minerais

O teor de minerais foi determinado segundo a metodologia descrita por Malavolta et

al. (1997), em triplicata.

5.2.3 Determinação da atividade antioxidante

5.2.3.1 Obtenção e preparo dos extratos

Os extratos foram preparados de forma sequencial, extrato etéreo, alcoólico e

aquoso, para os quais2,5g de amostra foram colocadas em béquer de vidro, devidamente

coberto com papel alumínio, para evitar contato com a luz. Acrescentou-se 50mL de éter

etílico e, com auxílio de íon magnético no recipiente, agitou-se por 1h. Em seguida, o extrato

foi filtrado em funil de Buckner,com papel de filtro em proveta de 50mL, também coberta

com papel alumínio. Após ter sido realizada toda a filtragem, completou-se o volume para

50mL com éter etílico. O resíduo restante foi submetido à secagem 60 °C para ser utilizado na

extração do extrato alcoólico.O extrato filtrado foi acondicionado em frasco âmbar, e

armazenados no freezer a -18°C.

No mesmo papel filtro, contendo o resíduo seco, acrescentou-se álcool etílico na

proporção 1:20 e agitou por 1h, para obtenção do extrato etanólico. Filtrou-se com os mesmos

cuidados realizados para o extrato etéreo. Completou-se o volume, conforme o volume inicial

Page 97: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

97

de álcool etílico, e acondicionou-se em frasco âmbar no freezer.Para o extrato aquoso,

acrescentou-se água destilada na proporção 1:20 no papel filtro contendo o resíduo seco, o

mesmo utilizado no extrato etéreo e etanólico, e agitou-se por 1h. Em seguida foi realizado a

filtragem e completou-se o volume conforme o volume inicial de água destilada utilizada. O

extrato filtrado foi acondicionado em frasco âmbar, e armazenados no freezer a -18°C.Os

extratos etéreo, etanólico e aquoso, foram utilizados para análises de antioxidantes (DPPH e

ABTS) e compostos fenólicos totais.

5.2.3.2 Método do sequestro do radical DPPH

A atividade antioxidante foi fundamentada na extinção da absorção do radical 2,2 –

difinil-1-picril hidrazil (DPPH 60 µM), de acordo Rufino et al., (2007) a um comprimento de

onda de 517 nm, em espectrofotômetro marca Rayleigh UV – 1800, em triplicata. A atividade

antioxidante foi expressa de acordo com Mensor et al. (2001), descrita na equação 4:

%AA = 100 -{[(ABS amostra – ABS branco) X 100] / ABS controle}

(Equação 4)

5.2.3.3 Método pela captura do radical livre ABTS·+

O método de captura do radical ABTS·+ foi de acordo com Re et al. (1999), e

modificado por Kuskoski et al. (2004), em triplicata. O radical ABTS·+ é formado por uma

reação química com persulfato de potássio, em uma relação estequiométrica de 1:0,5. Uma

vez formado o radical ABTS·+, o mesmo é diluído em etanol até obter-se medida de

absorbância de 0,70 (± 0,02), a um comprimento de onda de 754 nm, e temperatura de

equilíbrio de 30ºC. A absorbância foi medida em espectrofotômetro marca Rayleigh UV –

1800 sete (7) minutos após a adição da amostra. Foi preparado curvas com soluções-padrão de

Trolox (antioxidante sintético similar à vitamina E), e os resultados foram expressos em

TEAC, atividade antioxidante equivalente ao Trolox (6-hidroxi-2,5,7,8-tetrametilcromo-2-

ácido carboxílico) em µmol TEACg-1 de amostra, em triplicata, de acordo Rice-Evans et al.,

(1996).

5.2.4 Compostos fenólicos

Os compostos fenólicos totais foram determinados empregando-se o método

espectrofotométrico (760 nm) de Folin-Ciocalteau, utilizando espectrofotômetro marca

Rayleigh UV – 1800, em triplicata (XU; CHANG , 2009).Alíquotas de 1 mL dos

Page 98: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

98

extratosforam transferidas para balões de 10 mL, contendo 5 ml de água destilada. Foram

adicionados 1 mL de carbonato de sódio a 25 % e 1 mL do reagente Fólin-Ciocalteou,

completando o volume com água destilada. Após 30 minutos, foi determinada a absorbância a

760 nm em espectrofotômetro. O teor de compostos fenólicos totais, de cada extrato, foi

quantificado por curvas de calibração externa, e os resultados foram expressos em mg de

ácido gálico equivalente (EAG) por 100 g de amostra.

5.2.5 Vitamina C

O teor de vitamina C foi determinado pelo método colorimétrico, descrito por

Strohecker e Henning (1967). A vitamina C foi extraída com ácido oxálico 0,5%, sob agitação

e, após filtração, foi realizada o doseamento no extrato, empregando-se o 2,4-

dinitrofenilhidrazina e usando-se o ácido ascórbico como padrão. A leitura foi realizada em

espectrofotômetro Rayleigh UV – 1800 a 520nm, e os resultados foram expressos em mg de

ácido ascórbico /100 g de amostra.

5.2.6 β – caroteno

O conteúdo de β-caroteno foi extraído com acetona:hexano (4:6) e determinado por

espectrometria, de acordo com Nagata & Yamashita (1992). O teor de β-caroteno foi expresso

em mg por 100 gramas, após o seu equacionamento, de acordo a equação 5:

β- caroteno (mg/100mL-1) =0,216 x A663 - 1,22 x A645 – 0,304 x A505 + 0,452 x A453

No qual,

A = Absorbância das leituras

Os demais números são constantes inerentes à fórmula.

(Equação 5)

5.2.7 Taninos hidrolisáveis e condensados

O conteúdo de taninos condensados foi estimado, espectrofotometricamente, pelo

método de Prince, Scoyoc e Butler (1978), com adaptações realizadas por Barcia et al. (2012).

Para extração dos taninos condensados, utilizou-se 1 grama de amostra, no qual foram

adicionados 50 mL de metanol, agitando-se por 1 h, seguido de filtração. Após filtração, foi

retirado 1 mL do extrato e adicionados 5 mL de solução vanilina:HCl (1:1) (vanilina 1% em

metanol; ácido clorídrico 4% em metanol), e deixou-se reagir por 15 minutos e efetuou-se a

leitura a 500nm, em espectrofotômetro marca Rayleigh UV – 1800. Os resultados foram

Page 99: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

99

expressos em mg de catequina por 100 gramas de peso de amostra. Os taninos hidrolisados,

foram estimados de acordo Brune, Hallberg e Skanberg (1991), com adaptações realizadas

por Barcia et al. (2012). Para a extração dos taninos hidrolisados, utilizou-se 1 grama de

amostra, no qual foram adicionados 50 mL de metanol, agitando-se por 10 minutos, seguido

por repouso por 1 h com posterior filtração. Após filtração, foi retirado 2 mL do extrato e

adicionou-se 8 mL de solução FAZ (89%: uréia:acetato 1:1; 10%: goma arábica 1% em água

deionizada; e 1%: sulfato férrico de amônio 5% em ácido clorídrico 1M) e deixou-se reagir

por 15 minutos. A leitura foi efetuada a 680nm em espectrofotômetro marca Rayleigh UV –

1800, e os resultados expressos em mg de ácido gálico por 100 gramas de amostra.

5.2.8 Análise estatística

As análises estatísticas foram realizadas com o auxilio do programa SISVAR

(FERREIRA, 2011). As médias dos períodos de avaliação foram submetidas à regressão

polinomial, no qual os modelos foram selecionados de acordo com a significância do teste F,

e pelo o coeficiente de determinação.

Page 100: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

100

5.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os valores para fenólicos totais mostraram-se significativos (p>0,05), em relação ao

desenvolvimento do fruto.De acordo a Figura 14, de forma geral, o comportamento da

variável seguiu o padrão de crescimento do fruto, sigmoidal duplo, iniciando-se com elevados

teores de fenóis principalmente quando avaliados pelos os extratos etanólico e aquoso com

380,70 e 373,14 mg de EAG/100g no 10° DAA, seguido por decréscimo entre o 18° DAA ao

27° DAA, e novo aumento nos teores e, por fim, pequena diminuição. Segundo Shahidi e

Naczk (1995), os fenólicos, em plantas e frutos, são essenciais no crescimento e reprodução

dos vegetais, além de atuarem como agente antipatogênico e contribuírem na pigmentação.

Isto pode explicar o que levou os frutos mais verdes (10 DAA), possuírem teores mais

elevados de compostos fenólicos, já que estão em fase de crescimento e síntese de pigmentos,

como a clorofila. Segundo Chitarra e Chitarra (2005), em frutos jovens,há uma concentração

maior de fenólicos presentes nos tecidos, devido a estes compostos simples apresentarem

funções importantes nos vegetais, agindo como mecanismo de defesa ediminuindo durante o

desenvolvimento.

Taiz e Zeiger (2004), também ressaltam, que o acréscimo no teor de compostos

fenólicos muitas vezes pode ser relacionado a estresses bióticos e abióticos, que induzem o

metabolismo secundário do fruto, uma vez que o estresse é um dos principais fatores

responsáveis pela alteração na síntese de compostos secundários. Já que frutos jovens tendem

a um estresse maior que frutos maduros, esse fator, também, pode ter influenciado nos teores

de compostos fenólicos no fruto coletado 10 dias após antese.

O extrato etanólico foi o melhor solvente para os compostos fenólicos, fornecendo

teores, significativamente, mais elevados e melhor precisão de resultados em relação aos

demais extratos chegando a 364,88 mg de EAG/100g no fruto maduro (37 DAA),

possivelmente, bom potencial para sequestrar radicais livres, seguido então, pelo extrato

aquoso. Os teores de compostos fenólicos, para o extrato etéreo, foram muito abaixo do

obtidos nos valores mínimos em relação os extratos etanólico e aquoso, sendo que, durante

todo o desenvolvimento do fruto, o valor máximo obtido foi 171,37±4,10 mg de EAG/100g

de amostra. Os frutos utilizados neste experimento foram obtidos de uma área nativa do

cerrado goiano, e sabe-se que a concentração de compostos fenólicos de um alimento pode

variar conforme as condições geográficas e ambientais da região de origem, e os fatores

fisiológicos e genéticos da planta (MARTINS et al., 2011).

Page 101: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

101

Figura 14. Valores médios, equações de regressão e coeficientes de determinação dos

valores de compostos fenólicos dos a) extrato etéreo b) etanólico e c) aquoso durante o

desenvolvimento da cagaita (Eugenia dysenterica) coletada em Abadia-GO.

Se comparado com outras frutas comumente consumidas e conhecidas, a cagaita

apresentou boa fonte de compostos fenólicos durante todo seu desenvolvimento, no entanto

seu consumo in natura e processamento só poderá ser realizado após o 34° DAA. A cagaita

superou valores como os encontrados para maracujá, abacaxi e cupuaçu (20,0 a 21,7 mg de

AGE.100g-1), goiaba (83 mg de AGE.100g-1) uva e açaí (117,1 a 136,8 mg de AGE.100g-1),

morango (203-223 AGE.100g-1) e amora-preta (241,7 AGE.100g-1) (KUSKOSKI et al.,

2006; FERREIRA et al., 2010). Autores que trabalharam com cagaita madura,mostraram

diferenças significativas entre o conteúdo de fenólicos e o tipo de extrato analisado. Rocha et

al. (2011) avaliaram o solvente mais eficiente para obtenção de compostos fenólicos de polpa

de frutos verdes e maduros de E. dysenterica, envolvendo três solventes (acetona 70%, etanol

95% e metanol 99,8%) e foi identificado que acetona 70% foi o solvente extrator com maior

eficiência para compostos fenólicos totais,.

y = 0,003x3 - 0,092x2 - 1,312x + 180,2R² = 0,651

130

140

150

160

170

180

10 14 18 22 26 30 34 38

EE

. (m

g de

EA

G/1

00g)

Dias Após Antese (DAA)

y = -0,005x3 + 0,470x2 - 12,03x + 462,8R² = 0,662

352

360

368

376

384

392

10 14 18 22 26 30 34 38

EO

H (

mg

de E

AG

/100

g)

Dias Após Antese (DAA)

y = 0,008x3 - 0,438x2 + 5,046x + 361,8R² = 0,702

315

330

345

360

375

390

10 14 18 22 26 30 34 38

EA

q (m

g de

EA

G/1

00g)

Dias Após Antese (DAA)

a) b)

c)

Page 102: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

102

Soares (2002)explana que muitos pesquisadores têm trabalhado para separar,

identificar, quantificar e utilizar compostos fenólicos em alimentos, no entanto, enfrentando

muitos problemas, pois estes compostos envolveuma gama enorme de substâncias, que, na

maioria das vezes, são de grande polaridade, muito reativos e suscetíveis à ação de enzimas.

Os dados obtidos para taninos hidrolisáveis e condensados mostraram-se

significativos (p>0,05), em relação ao desenvolvimento. Pelo comportamento da curva

(Figura 15), é notável queda nos teores de taninos hidrolisáveis de 144,1 mg de ác.

gálico/100g (10 DAA) para 142,5 mg de ác. gálico/100g (37 DAA), o que possivelmente

levou à perda da adstringência do fruto com o amadurecimento, sendo que os taninos

hidrolisáveis apresentaram maiores proporções no fruto durante todo o desenvolvimento,

principalmente, nos frutos entre o 10° e o 18° DAA (144,1 e 144,13 mg de ác. gálico/100g).

Segundo Vilas Boas et al. (2001) à medida que o fruto amadurece, ocorre polimerização

destes compostos, com consequente diminuição na adstringência, doçura e acidez. Mello e

Santos (2001), relatam que taninos agem servindo como proteção vegetal contra patógenos e,

na detenção de herbívoros, o que, possivelmente, pode ter ocorrido nos frutos entre o 10° e o

18° DAA, já que são frutos jovens esujeito a ataques mais frequentes destes. Segundo Taiz e

Zeiger (2004), invasões de fungos em plantas e frutos, desencadeia a transição do RNA

mensageiro que codifica a PAL (Fenilalanina amonialiase), aumentando sua quantidade no

vegetale estimulando a síntese de uma classe de compostos fenólicos, dentre eles, os taninos,

responsáveis também, pela adstringência em frutos.

Figura 15. Valores médios, equações de regressão e coeficientes de determinação dos

valores de a)taninos condensáveis e b)taninos hidrolisáveis, durante o desenvolvimento da

cagaita (Eugenia dysenterica) coletada em Abadia-GO.

y = 4E-06x3 - 0,000x2 + 0,014x + 5,101R² = 0,888

5,18

5,19

5,2

5,21

5,22

5,23

5,24

10 14 18 22 26 30 34 38

mg

de c

ateq

uina

/100

g

Dias Após Antese (DAA)

y = 0,000x3 - 0,033x2 + 0,540x + 141,4R² = 0,859

141,5

142

142,5

143

143,5

144

144,5

145

10 14 18 22 26 30 34 38

mg

de a

c. g

álic

o/10

0g

Dias Após Antese (DAA)

a) b)

Page 103: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

103

Rocha et al. (2011), estudando compostos fenólicos totais e taninos condensados em

frutas nativas do cerrado, encontraram para Eugenia dysenterica, 90 mg de ácido gálico

equivalente (AGE) em 100 g de polpa verde e, 111mg de AGE na mesma porção na polpa

madura, enquanto que para taninos condensados obtiveram 4 mg e 7 mg de catequina

equivalente (CAE), valores próximos aos encontrados neste estudo, o que podem variar

dependendo da origem do fruto.

O potencial antioxidante da cagaitarealizado pelo método de captura do radical

DPPH,mostrou significativo (p>0,05), apresentando elevada capacidade antioxidante durante

o desenvolvimento, especialmente,pelos extratos etéreo e etanólico chegando a 756,36 e

842,98 em termos de IC50 do 27° DAA, no entanto, pelo comportamento das curvas(Figura

16), nota-se que a porcentagem de descoloração aumenta no inicio do desenvolvimento, com

decréscimo a partir do 28° DAA. Este aumento é devido à intensa atividade metabólica do

fruto em formação, que geralmente, requer mecanismos fisiológicos de defesa, como

biossíntese de moléculas orgânicas, principalmente, de produtos secundários (FERNANDES

et al., 2009).

Page 104: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

104

Figura 16. Valores médios, equações de regressão e coeficientes de determinação dos

valores da atividade antioxidante pelo método DPPH dos a)extrato etanólico b)aquoso e

c)etéreo durante o desenvolvimento da cagaita (Eugenia dysenterica) coletada em Abadia-

GO.

Contudo, os resultados obtidos apontam que os frutos da cagaiteira apresentaram alta

capacidade de reduzir o radical livre em 50%. Roesler et al. (2007) verificaram a atividade

antioxidante (IC50) em polpa de cagaita extraída com casca e obtiveram 387,47 mg/mL-1 no

extrato etanólico e 879,33 mg/mL-1 no extrato aquoso. Rocha et al. (2013), avaliando frutos

do cerrado piauiense, encontraram na cagaita, 430,92 mg/L (extrato alcoólico) e 970,27 mg/L

(extrato aquoso). A atividade de captação de radicais pelo método ABTS expressa em valor

TEAC (trolox equivalent antioxidant capacity), também foi avaliada, e os resultados

mostraram que não houve diferenças significativas entre os extratos analisados por este

método, como mostra a Figura 17.

y = 0,016x3 - 2,056x2 + 83,04x - 491,2R² = 0,557

0

120

240

360

480

600

720

840

960

1080

10 14 18 22 26 30 34 38

EO

H (

% d

esco

lora

ção

DP

PH

)

Dias Após Antese (DAA)

y = -0,483x2 + 27,32x + 12,02R² = 0,820

200

230

260

290

320

350

380

410

10 14 18 22 26 30 34 38

EA

q (%

des

colo

raçã

o D

PP

H)

Dias Após Antese (DAA)y = 0,026x3 - 2,954x2 + 88,07x - 143,2

R² = 0,52

380

420

460

500

540

580

620

660

700

740

780

10 14 18 22 26 30 34 38

EE

(%

des

colo

raçã

o D

PP

H)

Dias Após Antese (DAA)

b)

c)

a)

Page 105: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

105

Figura 17. Valores médios, equações de regressão e coeficientes de determinação dos valores

da atividade antioxidante pelo método ABTS dos a)extrato aquoso b)etanólico e c)etéreo

durante o desenvolvimento da cagaita (Eugenia dysenterica) coletada em Abadia-GO.

De forma geral, pelo comportamento das curvas,foi possível observar pequeno

decréscimo do radical ABTS em todos os extratos estudados durante o desenvolvimento do

fruto, no entanto, os valores obtidos entre o 10° e o 37° DAA, foram semelhantes,

compreendendo valores entre 154 a 153 µM Trolox g-1, não havendo diferenças significativas

entre os extratos utilizados. A cagaita apresentou valores superiores do que os obtidos por

Almeida et al. (2011) 7,60µM Trolox g-1 em mamão e maracujá (10,84 60µM Trolox g-1)

quando avaliado por Souza et al. (2012). Devido aos diversos tipos de radicais e aos diferentes

sítios de ação, dificilmente haverá um único método capaz de representar de forma segura e

precisa a verdadeira atividade antioxidante de uma substância (SUCUPIRA et al. 2012).

Os resultados para vitamina C mostraram-se significativos, indicando que houve

mudanças em seus teores. Pelo comportamento curva (Figura 18), nota-se que os teores de

vitamina C sofreram queda brusca durante o desenvolvimento da cagaita. Observou-se queda

y = 0,001x2 - 0,076x + 154,8R² = 0,827

153,6

153,7

153,8

153,9

154

154,1

154,2

154,3

10 14 18 22 26 30 34 38

EE

. AB

TS

(µM

tro

lox/

g)

Dias Após Antese (DAA)

y = 7E-05x3 - 0,004x2 + 0,059x + 153,7R² = 0,729

153,6

153,7

153,8

153,9

154

154,1

154,2

10 14 18 22 26 30 34 38

EO

H. A

BT

S (µ

M t

rolo

x/g)

Dias Após Antese (DAA)

y = 0,001x2 - 0,063x + 154,7R² = 0,901

153,6

153,7

153,8

153,9

154

154,1

154,2

154,3

10 14 18 22 26 30 34 38

EA

q.. A

BT

S (µ

M t

rolo

x/g)

Dias Após Antesse (DAA)

a) b)

c)

Page 106: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

106

do 10° DAA até o 23° DAA, chegando a 21,6 mg/100 g de ácido ascórbico, possivelmente,

devido a seu efeito protetor, por sua ação antioxidante em tecidos mais jovens, seguido de

pequeno aumento, até o 32° DAA(24,78 mg/100g) e, novo decréscimo até seu completo

amadurecimento. De acordo Matarazzo et al. (2013), o teor de vitamina C, na maioria dos

frutos, tende a diminuir durante o processo de maturação, similar ao observado neste

experimento. Segundo Silva et al. (2012), este decréscimo, é devido à atuação da enzima

denominada ácido ascórbico oxidase (ascorbato oxidase), onde sua atividade enzimática tem

maior ação em frutos madurosdo que nos verdes, pois, frutos maduros, tem maior

disponibilidade de água e nutrientes, o que possivelmente, pode-se explicar, as perdas

encontradas na cagaita durante o desenvolvimento, ´principalmente, no inicio da maturação e

amadurecimento, onde os níveis de umidade chegaram a 87% neste estudo.

Figura 18. Valores médios, equações de regressão e coeficientes de determinação dos

valores de vitamina C (ácido ascórbico) durante o desenvolvimento da cagaita (Eugenia

dysenterica) coletada em Abadia-GO.

Silva, Júnior e Ferreira (2008), encontram teores mais elevados de vitamina C na

cagaita verde (26,84 ± 0,13), em comparação aos demais estágios de maturação, o mesmo

ocorrido neste estudo. Os mesmo autores afirmam que, a grande variação entre plantas e,

consequentemente, entre frutos, produzidos em árvores diversas, podem ter influenciado os

resultados obtidos. O teor de vitamina C nas frutas pode variar significativamente também

conforme as espécies, condições de plantio, tipo e frequência de irrigação, utilização de

defensivos agrícolas, estádio de maturação, manuseio pós-colheita e condições de estocagem

(CELLI; PEREIRA-NETTO; BETA, 2011).

y = 0,000x3 + 0,011x2 - 1,116x + 42,07R² = 0,800

20

22

24

26

28

30

32

34

10 14 18 22 26 30 34 38

Ác.

asc

órbi

co (

mg.

g-1)

Dias Após Antese (DAA)

Page 107: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

107

A cagaita apresentou baixa fonte de vitamina C durante todo o desenvolvimento, no

entanto, seus teores ainda foram maiores que outros frutos do cerrado e, frutos tropicais como,

gabiroba (21,0mg/100g), abacate (10,2mg/ 100g) e amora (22,1mg/100g) (SILVA;

MARTINS; DEUS, 2009),maracujá (18,2 mg.100g-1) (USDA, 2012), e abacaxi (20 mg.100g-

1) (REINHARDT et al., 2004; THÉ et al., 2010).

O conteúdo de β-caroteno foi estimado a partir do 18° dia após antese, e seus

resultados foram significativos (p>0,05), em relação ao desenvolvimento do fruto. Conforme

a curva (Figura 19), os teores de β-caroteno mantiveram-se quase que constante, até o 34°

DAA, sendo observado aumento súbito a partir deste período. Este aumento indica a possível

ativação da via biossintética deste pigmento,que corresponde ao amadurecimento do fruto.

Figura 19. Valores médios, equações de regressão e coeficientes de determinação dos

valores de β-caroteno durante o desenvolvimento da cagaita (Eugenia dysenterica) coletada

em Abadia-GO.

De acordo com Krinsky (1994), nos vegetais, os carotenoides desempenham papel

importante na fotossíntese, como pigmento acessório, atuando como coletor de energia e

protetor contra a foto-oxidação.

Este pigmentotambém é precursor da vitamina A, e tal substancia é benéfica à saúde,

agindo como antioxidante e diminuindo o risco de doenças degenerativas (RODRIGUES-

AMAIA et al., 2007).

Com relação aos dados obtidos para composição proximal verifica-se que na Figura

20, aumento no teor de umidade de 76,76±2,5% para 87,84±7,1% (27° DAA), seguido de

declínio quando atingiu o 31° DAA, de aproximadamente 80,57±2,6 % de umidade,

mantendo-se constante até seu completo amadurecimento (p<0,05), mostrando significância

y = 0,000x3 - 0,009x2 + 0,245x - 1,975R² = 0,937

0

0,02

0,04

0,06

0,08

0,1

0,12

0,14

0,16

0,18

18 22 26 30 34 38

β--

--ca

rote

no (

mg/

100m

L)

Dias Após Antese (DAA)

Page 108: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

108

em relação ao desenvolvimento. Analisando os dados, podemos afirmar que o fruto é,

basicamente, em sua maior porção, constituída por água, ocorrendo acréscimo em taxas

máximas, principalmente a partir do 27° DAA.

Figura 20. Valores médios, equações de regressão e coeficientes de determinação dos valores

da composição proximal durante o desenvolvimento da cagaita (Eugenia dysenterica)

coletada em Abadia-GO.

y = 0,01x3 - 0,893x2 + 25,83x - 157,2R² = 0,834

74

76

78

80

82

84

86

88

90

92

18 23 28 33 38

Um

idad

e (%

)

Dias Após Antese (DAA)

y = 0,001x3 - 0,088x2 + 2,581x - 21,62R² = 0,943

1,2

1,4

1,6

1,8

2

2,2

2,4

2,6

2,8

3

18 23 28 33 38

Pro

teín

a (%

)

Dias Após Antese (DAA)

y = 0,000x3 - 0,040x2 + 0,944x - 6,166R² = 0,868

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1

1,1

1,2

1,3

18 23 28 33 38

Lip

ídeo

s (%

)

Dias Após Antese (DAA)

y = -0,000x3 + 0,027x2 - 0,764x + 7,485R² = 0,720

0,4

0,45

0,5

0,55

0,6

0,65

0,7

0,75

0,8

18 23 28 33 38C

inza

s (%

)

Dias Após Antese (DAA)

y = -0,011x3 + 0,996x2 - 28,59x + 277,5R² = 0,850

5

7

9

11

13

15

17

19

21

23

18 23 28 33 38

Car

boid

rato

s (%

)

Dias após antese (DAA)

Page 109: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

109

O 27° DAA é ponto crucial do estádio de maturação da cagaita, onde ocorre com

maior frequência uma sequencia de mudanças bioquímicas, fisiológicas e estruturais nos

frutos, sendo que seu elevado teor de umidade favorece a ocorrência e o aumento das reações

bioquímicas, como hidrolise do amido e diminuição da firmeza da polpa atribuído a possível

atividade das pectinases poligalacturonase e pectinametilesterase, levando ao amaciamento

dos tecidos, mudanças na estrutura e no metabolismo do fruto, o que pode ter levado a

diminuição no teor de umidade logo após esse período, quando o frutos passaram do estádio

de maturação, para o estagio de amadurecimento, apresentando atrativos e apto para o

consumo.

De acordo Taiz e Zeiger (2004), a maioria do volume das células é ocupado por água

e, para que uma célula aumente seu volume, ela precisa, necessariamente, absorver água, caso

contrario,ela não poderá crescer. Isto pode justificar o aumento no teor de umidade nos frutos

mais jovens da cagaita, entre 18 e 27 dias após antese, que durante a fase de crescimento,

requer quantidades maiores de células, e assim, teores mais elevados de água no fruto. Em

outros estudos, foram encontrados teores de umidade acima dos valores identificados neste

estudo para os frutos maduros. Silva et al.(2008) obteve valor de 94,34%, Rocha et al.(2013)

90,0 ± 8,4% de umidade e Cardoso (2011) obteve um valor de 91,56 ± 1,01% em estudos no

Cerrado de Minas Gerais. O conteúdo de cinzas durante o desenvolvimento da cagaita

mostrou-se significativo e, ajustando-se ao padrão de crescimento do fruto, sigmoidal duplo.

Valores máximos foram identificados no 18° DAA com 0,69% (fruto verde), e 0,68% no 31°

DAA, seguido por queda após este período (Figura 20).

Nota-se pela curva (Figura 20), que a umidade influenciou nos teores de cinzas, ao

passo que o teor de umidade aumenta o conteúdo de cinzas diminui e vise-versa. De acordo

Wills et al., (1998), os teores de cinzas são influenciados pelo conteúdo de agua do alimento,

por meio da diluição de alguns minerais. Os valores encontrados neste estudo, estiveram

acima dos valores proposto por autores em frutos maduros de cagaita, o que possivelmente

pode ter sido influenciado pela área onde foi coletados.. Cardoso et al., (2011), obtiveram0,18

g/100 g, Roesler et al., (2007), 0,23 g/100g e Silva et al. (2008), 0,28 g/100g . As cinzas

fazem parte da constituição da fração mineral em alimentos, formadas, geralmente, por micro

e micronutrientes, que possui relação direta com o solo no qual foi cultivado (SILVA, 1990).

Silva (1990)relata ainda que em produtos vegetais, a determinação de cinzas tem

relativamente pouco valor, pois, o teor de cinzas nesses produtos oferece pouca informação

sobre sua composição, uma vez que seus componentes minerais são muito variáveis e, tal

Page 110: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

110

determinação, fornece em geral, apenas uma indicação da riqueza da amostra nesses

elementos.

Os valores para proteína mostraram-se significativos (p>0,05),em relação ao

desenvolvimento do fruto e, observando o comportamento da curva (Figura 20), nota-se que

os frutos verdes, correspondente à fase de crescimento, tendem ao acréscimo de proteína,

seguido de queda durante a maturação e amadurecimento do fruto. Segundo Alberts (1994),

durante a fase de crescimento, os frutos necessitam de uma sequência programada de ativação

gênica, ou seja, proteínas em tempo apropriado, geralmente, esses genes codificam a sínteses

de diversas enzimas especificas da maturação, o que pode ter ocasionado o aumento nos

teores de proteínas no inicio do desenvolvimento do fruto. A ativação gênica, transcrição

(síntese de mRNA), processamento do RNA, tradução (síntese de proteínas) e, processamento

das proteínas, são etapas requeridas para o sucesso na expressão gênica, no qual, a expressão

do genes pode ser regulada durante o desenvolvimento (TAIZ; ZEIGER, 1991).

No entanto, de acordo Hopkins (2000), quando ocorre uma forte deficiência de

açúcares, as proteínas podem ser utilizadas como substrato na respiração. Estas proteínas são,

primeiramente, hidrolisadas, produzindo aminoácidos, os quais são degradados nas reações da

glicólise e ciclo de Krebs, o que possivelmente explica a diminuição no conteúdo de proteína

a partir do 27° DAA. Santos et al. (2007), relatam que os frutos pertencentes a família das

Myrtacea, geralmente, apresentam baixos teores de proteínas e lipídeos. No entanto, foi

observado valores nos frutos verdes, superiores aos encontrados para frutos maduros, com

2,57±0,01% de proteína no 23° DAA a 2,18±0,01% no 31° DAA. Valores inferioresforam

encontrados por outros autores que avaliaram cagaita madura. Cardoso (2011), obteve, em

Minas Gerais 0,63 g 100g-1 e Roesler et al., (2007), em Goiás, encontraram 0,82 g 100g-1de

proteína, enquanto que neste estudo, obtivemos cerca de 1,62±0,01%.

Os teores de lipídeos,também, foram significativos (p>0,05), em resposta ao

desenvolvimento do fruto. Conforme apresenta a curva (Figura 20), o conteúdo de lipídeo

diminuiu gradativamente de 0,87% no 18° DAA até o 31°DAA, chegando a 0,45% no fruto,

possivelmente, sendo utilizado como substrato respiratório nas reações de oxidações para

biossíntese de outras moléculas. Entretanto, aumento súbito a partir do 34°DAA até o

37°DAA foi verificado, chegando a 1,27% de lipídeos, aumento ocasionado,

provavelmente,pela queda da umidade como também, pelo processo de síntese e, havendo a

possibilidade, da presença de ácidos graxos poli-insaturados na polpa, quando o fruto se

encontrava maduro.

Page 111: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

111

De acordo Brito et al. (2003), a cagaita apresenta um percentual significativo de

ácido linoleico (10,5 mg/100g), sendo maior que a quantidade presente no azeite de oliva e de

dendê e, linolênico, na faixa de 12%,conteúdo este mais elevado que muitos óleos, tais como,

o milho, soja e amendoim.

Cardoso (2011), avaliando a composição centesimal de cagaitas em Minas Gerais,

encontrou 0,57 g/100 g de lipídeos, um pouco a mais que Rocha et al.(2013), cerca de 0,3

g/100 g na região piauiense e, Silva et al. (2008),de 0,44 g/100 g, todos em frutos maduros.

Os lipídios são moléculas altamente energéticas e, geralmente, aparecem em quantidades

baixas em frutos e hortaliças (SOMERVILLE et al., 2000).

Os carboidratos,durante todo o desenvolvimento do fruto, mostrou-se muito baixo,

no entanto, significativa (p>0,05). É notável, pelo comportamento da curva, o decrescimento

no conteúdo de carboidratos do inicio do desenvolvimento, até o 27° DAA, que deve estar

associado à alta taxa respiratória, fazendo com que o consumo de carboidratos seja grande. A

partir deste período, aumento em seus valores foi observado, até seu completo

amadurecimento, chegando a 15,31% no 37° DAA (Figura 20), possivelmente, devido a

degradação de polissacarídeos da parede celular.

Com valor de carboidratos totais muito baixo, pode-se considera que a cagaita é um

fruto com baixo valor energético. Silva et al. (2008), analisando polpa da cagaita madura,

obtiveram valores ainda mais baixo (3,08%) e Cardoso et al., (2011) com 5,54%.

Com relação ao teor de minerais (Tabela 5), os elementos fosforo (P), potássio (K) e

magnésio (Mg), foram os que mais prevaleceram durante todo o desenvolvimento do fruto.

Tabela 5. Valores de minerais em amostras de cagaita (Eugenia dysenterica) coletadas no

Município de Abadia Goiás, entre 14 a 37 dias após antese (DAA).1234

Amostra Fósforo (%) Potássio (%) Magnésio (%)

18 DAA 0,09±0,01b 0,7±0,00ab 0,04±0,03ab

23 DAA 0,07±0,00a 0,6±0,00ª 0,03±0,00a

27 DAA 0,1±0,01c 0,9±0,01c 0,05±0,01bc

31 DAA 0,09±0,01b 0,8±0,02b 0,03±0,07a

34 DAA 0,09±0,00b 0,9±0,00c 0,06±0,06c

37 DAA 0,14±0,00cb 1,1±0,01d 0,07±0,00dc

Page 112: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

112

1valores expressos em matéria fresca; 2média de 3 repetições; 3dados apresentados em: média ± desvio padrão;4 média seguida de uma mesma letra não diferem significativamente entre si pelo teste de Tukey a 1% de probabilidade.

O K apresentou maior conteúdo dentre todos os elementos, com 0,7% no 18° DAA ,

fase de crescimento e formação do fruto. Segundo Laviola e Dias (2008),esta é a fase em que

a planta entra em produção e passa a requerer aumento desse mineral. Este nutriente possui

papel importante na formação dos frutos, atuando no transporte de foto-assimilados no floema

(MARSCHNER, 1995). O K também é um nutriente requerido na ativação de diversas

enzimas essenciais à síntese de compostos orgânicos, o que pode justificar seu aumento com o

desenvolvimento (MARENCO; LOPES, 2005). Quanto ao magnésio, este desempenha

importante função na composição da molécula de clorofila, assim, quanto maior a maturidade

dos frutos, menores os níveis deste mineral (MALAVOLTA et al., 2002).

Os demais minerais (sódio, boro, cobre, manganês, zinco e ferro) estudados, não

apresentaram diferenças significativas durante o desenvolvimento do fruto.Os teores de

minerais em frutos são muito dependentes do solo, da fertilidade, das condições climáticas e

cultivares (NOUR et al., 2011).

Page 113: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

113

5.4 CONCLUSÃO

Os compostos bioativosatuaram comomecanismos de defesa dos frutos,

principalmente, nos frutos verdes.

O extrato etanólico foi definido como o melhor solvente extrator durante o

desenvolvimento para fenólicos, sendo o método de captura do radial DPPH, o melhor para

determinar a atividade antioxidante nesse estudo para os extratos etéreo e etanólico.

As variáveis da composição proximal sofreram modificações durante todo o

desenvolvimento da cagaita, sendo observado mudanças nos parâmetros sempre a partir 27°

DAA, com exceção dos lipídeos.

Page 114: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

114

REFERÊNCIAS

ABRAHÃO, S.A.; PEREIRA, R.G.F.A.; DUARTE, S.M.da S.; LIMA, A.R.; ALVARENGA, D.J.; FERREIRA, E.B. Compostos bioativos e atividade antioxidante do café (Coffe arabica

L.). Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v.34, n.2, p.414-420, mar./abr., 2010. ALVES, M. A. Caracterização física e química, compostos bioativos e capacidade antioxidante de frutas nativas do cerrado. 2013. 65 p.Dissertação ( Mestrado em Ciências e Tecnologia de Alimentos) – Universidade Federal de Goiás. ALBERTS, B. Molecular Biology of the Cell. 3rd ed. New York: Garland Publishing, 1994, 1294p. ALMEIDA, M. M. B et al. Bioactive compounds and antioxidant activity of fresh exotic fruits from northeastern Brazil. Food Research International, v. 44, p. 2155-2159, 2011. AOAC - Association of Official Analytical Chemists. Official methods of Analysis. 18th ed, 3th Review, Washington, 2010. BARCIA, M. T.; PERTUZATTI, P. B.; JACQUES, A. C.; GODOY, H. T.; ZAMBIARI, R.Bioactive Compounds, Antioxidant Activity and Percent Composition of Jambolão Fruits (Syzygium cumini). The Natural Products Journal, Shariah, v. 2, n.2, p. 129-138, 2012. BRASIL, Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução nº 360, de 23 de dezembro de 2003. Aprova o Regulamento Técnico sobre Rotulagem Nutricional de Alimentos Embalados, tornando obrigatória a Rotulagem Nutricional. Diário Oficial da União, Brasília, 2003. BRITO, M. A; PEREIRA, E. B. C; PEREIR, A. V; RIBEIRO, J. F. Cagaita; biologia e manejo. Empresa Brasileira de Pesquisa AgropecuáriaCdPAdC, editor. Planaltina, DF. : EMBRAPA 2003. BRUNE, M.; HALLBERG, L.; SKANBERG, A. Determination of iron-binding phenolic groups in foods.Journal of Food Science, Chicago, v. 56, n. 1, p. 128-131, 1991. CARDOSO, L. de M.; MARTINO, H. S. D.; MOREIRA, A. V. B.; RIBEIRO, S. M. R.; PINHEIRO-SANT’ANA, H. M. Cagaita (Eugeniadysenterica DC.) of the Cerrado of Minas Gerais, Brazil: Physical and chemical characterization, carotenoids and vitamins. Food ResearchInternational, Barking, v.44, p.2151-2154, 2011 CHITARRA, M.I.F.; CHITARRA, A.B. Pós-colheita de frutos e hortaliças: fisiologia e manuseio. Lavras: UFLA, 2005. 320p.

Page 115: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

115

CELLI, G.B.; PEREIRA-NETTO, A.B.; BETA, T. Comparative analysis of total phenolic content, antioxidant activity, and flavonoids profile of fruits from two varieties of Brazilian cherry (Eugenia uniflora L.) throughout the fruit developmental stages. Food research international, v.44, p. 2442-2451, 2011. COSTA, R.P.; MENENDEZ, G.; BRICARELLO, L.P.; ELIAS, M.C.; ITO, M. Óleo de peixe, fitosteróis, soja e antioxidantes: impactos nos lipídios e aterosclerose. Revista da Sociedade de Cardiologia, São Paulo, v.10, n.1, p.819-832, 2000. FERNANDES,C.F.; JÚNIOR,J.R.V; SILVA,D.S.G; REIS,N.D. Mecanismos de defesa de plantas contra ataque de agente fito patogênicos. Embrapa. Centro de pesquisa agroflorestal de Rondônia. Porto Velho, RO.2009. FERREIRA, D.F. Sisvar: A computer statistical analysis system. Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v.35, n.6, p.1039-1042, nov./dez. 2011. FERREIRA, D. S.; ROSSO, V. V.; MERCADANTE, A. Z. Compostos bioativos presentes em amora-preta (Rubusspp.). Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v. 32, p. 664-674, 2010. FERREYRA, R.M.; VINÃ, S.Z.; MUGRIDGE, A.; CHAVES, A.R. Growth and ripening season effects on antioxidant capacity of strawberry cultivar Selva. Scientia Horticulturae, Amsterdam, v.112, n.1, p.27-32, 2007.

HOPKINS, W. G. Introduction to Plant Physiology. 2nd ed. New York: John Wiley e Sons, Inc., 2000, 512p.

JAYAPRAKASHA, F. K.; JAGANMOHAN RAO, L. Phenolic constituents from lichen Parmotrema stuppeum (Nyl.).Hale and their antioxidant activity.Z .Naturforsch, v. 55C, p. 1018-1022, 2000. KIM, Y.; GIRAUD, D.W.; DRISKELL, J.A. Tocopherol and carotenoid contents of selected Korean fruits and vegetables.Journal of Food Composition and Analysis, Netherlands, v.20, n.6, p.458-465, 2007. KRINSKY, N.I. The biological properties of carotenoids. Pure & Applied Chemistry, v. 66, p. 1003-1010, 1994.

Page 116: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

116

KUSKOSKI, E.M.; ASUERO, A.G.; TRONCOSO, A.M.; GARCIA-PARILLA, M. C.; FETT, R. Actividad antioxidante de pigmentos antocianicos. Ciência e Tecnologia de Alimentos, Campinas, v. 24, n.4, p. 691-693, 2004.

KUSKOSKI. E. M.; ASUERO. A. G.; MORALES. M. T.; FETT, R. Frutos tropicais silvestres e polpas de frutas congeladas: atividade antioxidante, polifenóis e antocianinas. Ciência Rural, Santa Maria, v. 36, n. 4, p. 1.283-1.287, 2006. LAVIOLA, B. G; DIAS, L. A. S. Teor e acúmulo de nutrientes em folhas e frutos de pinhão-manso. Revista Brasileira de Ciência do Solo, 32:1969-1975, 2008. LIMA, V.L.A.G.; MÉLO, E.A.; MACIEL, M.I.S.; PRAZERES, F.G.; MUSSER, R.S.; LIMA, D.E.S. Total phenolic and carotenoid contents in acerola genotypes harvested at three ripening stages. Food Chemistry, Barking, v.90, p.565-568, 2005. MALAVOLTA, E.; GOMES, F. P.; ALCARDE, J. C. Adubos e adubações. São Paulo: Nobel. P.200, 2002.

MALAVOLTA, E.; VITTI, G. C.; OLIVEIRA, S. A. Avaliação do estado nutricional das plantas: princípios e aplicações. 2. ed. Piracicaba: POTAFOS. 319p, 1997.

MALHADO, A.; PIRES, G.; COSTA, M. Cerrado Conservation is Essential to Protect the Amazon Rainforest. Ambio, v. 39, n. 8, p. 580-584, 2010. MARENCO, R. A; LOPES, N. F. Fisiologia Vegetal: Fotossíntese, respiração, relações hídricas e nutrição mineral, Editora UFV. Viçosa, MG. 451pp, 2005. MATARAZZO, P. H. M; SIQUEIRA, D. L; SALOMAO, L. C. C; SILVA, D. F. P; CECON, P. R. Desenvolvimento dos frutos de lulo (solanum quitoense lam), em Viçosa-MG. Rev. Bras. Frutic., Jaboticabal - SP, v. 35, n. 1, p. 131-142, Março 2013. MARSCHNER, H. Mineral nutrition of higher plants. San Diego: Academic Press, 889 p, 1995. MARTINS, S.; MUSSATTO, S. I.; MARTÍNEZ-AVILA, G.; MONTANEZ-SAENZ, J.; AGUILAR, C. N.; TEXEIRA, J. A. Bioactive phenolic compounds: production and extraction by solid-state fermentation. A review. Biotechnology Advances, New York, v. 29, n. 3, p. 365-373, 2011.

Page 117: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

117

MELO, E.A.; MACIEL, M.I.S.; LIMA, V.A.G.L.; NASCIMENTO, R.J. Capacidade antioxidante de frutas. Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas, São Paulo, v.44, n.2, p.193-201, 2008. MELLO, J. C.P.; SANTOS, S. C. Taninos. In: SIMÕES, C.M.; SCHENKEL, E. P.; GOSMANN, G.; MELLO, J. C.P.; MENTZ, L.A.; PETROVICK, P.R. Farmacognosia: da planta ao medicamento. 3 ed. Porto Alegre: Ed.UFGRS/Ed.UFSC, 2001. cap. 24, p.517-543.

MENSOR, L. L; MENEZES, F. S; LEITÃO, G. G; REIS, A. S; DOS SANTOS, T.C. COUBE CS, LEITÃO SG. Screnning of Brazilian plant extracts for antioxidant activity by the use of DPPH free radical method. Phytother Res 15: 127-130, 2001. NAGATA, M.; YAMASHITA, I. Simple method for simultaneous determination of chlorophyll and carotenoids in tomato fruit. Nippon. Shokuhin Kogyo Gakkaisk, v.39, n.10, p.925-928, 1992.

NOUR, V.; TRANDAFIR, I.; IONICA, M. E. Ascorbic acid, anthocyanins, organic acids and mineral content of some black and red currant cultivars. Fruits, Paris, v. 66, n.5, p. 353-362, 2011. PÉREZ-JIMÉNEZ, J.; SAURA-CALIXTO, F. Effect of solvent and certain food constituents on different antioxidant capacity assays.Food Research International, v.39, p.791-800, 2006. PIENIZ, S.; COLPO, E.; OLIVEIRA, V.R.de; ESTEFANEL, V.; ANDREAZA, R. Avaliação in vitro do potencial antioxidante de frutas e hortaliças. Ciência eAgrotecnologia, Lavras, v.33, n.2, p.552-559, mar./abr., 2009. PRINCE, M. L; SCOYOC, V. S; BUTLER, L. G. Critical evaluation of the vanillin reaction as an assay for tannin in sorghum grain. J. Agric. Food Chem. 26: 1214-1218, 1978. RE, R; PELLEGRINI, N.; PROTEGGENTE, A.; PANNALA, A.; YANG, M.; RICE-EVANS, C. Antioxidant activity applying an improved ABTS radical cation decolorization assay. Free Radical Biology and Medicine, New York, v.26, p.1231–1237, 1999. REINHARDT, D. H. et al. Gradientes de qualidade em abacaxi ‘Pérola’ em função do tamanho e do estágio de maturação do fruto. Rev. Bras. Frut., v. 26, n. 3, p. 544-546, 2004. RIBEIRO, E. M. G. Atividade antioxidante e polifenóis totais da casca e da pol‐pa do fruto da cagaita (Eugenia dysenterica DC). Master Science Thesis. Rio de Janeiro Federal University. Pharmacy College., 2011.

Page 118: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

118

RICE-EVANS, C. A; MILLER, N. J; PAGANGA, G. Structure–antioxidant activity relationships of flavonoids and phenolic acids. Free Radical Biol. Med. 20 (7), 933–938, 1996. ROCHA. M. S; FIGUEIREDO. R W; ARAÚJO. M. A. M; ARAÚJO. R. S. R M.Caracterização físico-química e atividade antioxidante (in vitro) de frutos do cerrado piauiense.Revista Brasileira de Fruticultura., Jaboticabal - SP, v. 35, n. 4, p. 933-941 Dezembro 2013. RODRIGUEZ-AMAYA, D. B.; PORCU, M. M.; AZEVEDO-MELEIRO, C. H. Varation in the Carotenoid Composition of Fruits and Vegetables along the Food Chain. Acta Horticulturae, The Hague, v. 744, n.1, p.387-394, 2007. ROESLER, R.; MALTA, L.G.; CARRASCO, L.C.; HOLANDA, R.B.; SOUZA, C.A.S.;PASTORE, G.M. Atividade Antioxidante de frutas do cerrado. Ciênc. Tecnol. Aliment., Campinas, v.27, n.1, p.53-60, jan.-mar., 2007. RUFINO, M. do S.M. et al. Metodologia científica: determinação da atividade antioxidante total em frutas pela captura do radical livre DPPH. (Comunicado técnico online – Embrapa). Fortaleza-CE, julho 2007. SANTOS, M.S.; PETKOWICZ, C.L.O.; WOSIACKI, G.; NOGUEIRA, A.; CARNEIRO, E.B.B. Caracterização do suco de araçá-vermelho (Psidium cattleianum Sabine) extraído mecanicamente e tratado enzimaticamente. Acta Scientiarum, Maringá, v.29, n.5, p.617-621, 2007. SHAHIDI; NACZK. Food phenolics: Sources, Chemistry, Effects, Applications, Technomic Publishing Company Inc., Lancaster PA., pp: 231- 245, 1995. SILVA, D. F. P. DA; SALOMÃO, L. C. C.; SIQUEIRA, D. L.; CECON, P. R.; STRUIVING, T. B. Amadurecimento de manga 'Ubá'com etileno e carbureto de cálcio na pós-colheita. Ciência Rural, Santa Maria, v. 42, p. 213-220, 2012. SILVA, A. M. L; MARTINS, B. A; DEUS, T. N. Avaliação do teor de ácido ascórbico em frutos do cerrado durante o amadurecimento e congelamento. Estudos, Goiânia, v. 36, n. 11/12, p. 1159-1169, nov./dez. 2009 SILVA, M. R.; LACERDA, D. B. C. L.; SANTOS, G. G.; MARTINS, D. M. O. Caracterização química de frutos nativos do cerrado. Ciência Rural, Santa Maria, v. 38, n. 6, p. 1.790-1.793, 2008.

Page 119: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

119

SILVA, M. R; CAVALCANTE, L. L;GEBRIM, S, G. DE O; MARTINS, D. M. Caracterização química de frutos nativos do cerrado. Ciência Rural.38(6):1790-3, 2008. SILVA, M.R.; JUNIOR, R.T.O. S; FERREIRA, C.C.C. Estabilidade da vitamina C em cagaita in natura e durante a estocagem da polpa e refresco. Pesquisa Agropecuária Tropical, 38 (1): 53-58, março, 2008. SILVA, M. R.; LACERDA, D. B. C. L.; SANTOS, G. G.; MARTINS, D. M. de O.. Caracterização química de frutos nativos do cerrado. Ciência Rural, Santa Maria, v.38, n.6, p.1790-1793, 2008. SILVA, D. J. Análise de alimentos (métodos químicos e biológicos). 2ª ed. Viçosa, MG: UFV. 949p., p.165-170. 1990. SOARES, M.; WELTER, L.; KUSKOSKI, E. M.; GONZAGA, L.; FETT, R. Compostos Fenólicos e atividade antioxidante da casca de uvas Niágara e Isabel. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v, 30, n. 1, p. 59-64, 2008. SOARES, S. E. Ácidos fenólicos como antioxidantes. Rev. de Nutr. Campinas, v. 15, n. 1, 2002. SOMERVILLE, C. C., et al. Lipids. In: BUCHANAN, B.; GRUISSEM, W.; JONES, R. Biochemistry & Molecular Biology of Plants. Rockville: American Society of Plant Physiologists. 2000. p.456-458. SOUSA, A., MALHEIRO, R., CASAL, S., BENTO, A., & PEREIRA, J. A. (2014). Antioxidant activity and phenolic composition of cv. Cobrançosa olives affected through the maturation process.Journal of Functional Foods, 11, 20–29. SOUZA, V. R. et al. Determination of bioactive compounds, antioxidant activity and chemical composition of Cerrado Brazilian fruits. Food Chemistry, v. 134, p. 381–386, 2012. SUCUPIRA, N. R; SILVA, A. B; PEREIRA, G; COSTA, J. N. Métodos Para Determinação da Atividade Antioxidante de Frutos. UNOPAR Cient Ciênc Biol Saúde. 14(4):263-9, 2012. STROHECKER, R.; HENINING, H. M. Análisis de vitaminas: métodos comprobrados. Madrid: Paz Montalvo, 1967. 42 p.

TAIZ, L; ZEIGER, E. Fisiologia Vegetal. 3a edição. Porte Alegre: Artmed, 2004. 719p.

Page 120: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

120

TAIZ, L., ZEIGER, E. Plant Physiology. 1st ed. California: The Benjamin/Cummings Publishing Company, Inc., 1991, 559p. TALCOTT, S.T.; BRENES, C.H.; PIRES, D.M.; POZO-INSFRAN, D. del. Phytochemical stability and color retention of copigmented and processed muscadine grape juice. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v.51, p.957-963, 2003. THÉ, P. M. P. et al. Características físicas, físico-químicas, químicas e atividade enzimática de abacaxi cv. Smooth Cayenne recém colhido. Alim. Nutr., v. 21, n. 2, p. 273-281, 2010. UNITED STATES DEPARTMENT OF AGRICULTURE. Nutrient database for standard reference. Washington, 2012. Release 25. VASCONCELOS, S.M.L.; SILVA, A.M.; GOULART, M.O.F. Pró-antioxidantes e antioxidantes de baixo peso molecular oriundos da dieta: estrutura e função. Nutrire, São Paulo, v.31, n.3, p.95-118, 2006. VEBERIC, R.; COLARIC, M.; STAMPAR, F. Phenolic acids and flavonoids of fig fruit (Ficus carica L.) in the northern Mediterranean region.Food Chemistry, Barking, v.106, p.153-157, 2008. VIEIRA, E. L; SOUZA, G. S; SANTOS, A. R; SANTOS, S. J. Manual de Fisiologia Vegetal. São Luis: EDUFMA, p. 215-221, 2010. VILAS BOAS, E.V. de B., ALVES, R.E., FILGUEIRAS, H.A.C., MENEZES, J.B. Características da fruta. In: MATSUURA, F.C.A.U., FOLEGATTI, I.S. Banana: Pós-colheita. Brasília: Embrapa Informação Tecnológica, 2001, p.15- 19 WILLS, R. H.; McGLASSON, W. B.; GRAHAM, D.; JOYCE, D. Postharvest, an introduction to the physiology and handling of fruit, vegetables and ornamentals. 4th ed. New York: CAB International, 1998. 262p.

XU, B.; CHANG, S. K. C. Total phenolic, phenolic Acid, anthocyanin, flavan-3-ol, and flavonol profiles and antioxidant properties of pinto and black beans (Phaseolus vulgaris L.) as affected by thermal processing.Journal of Agricultural and Food Chemistry, Washington, v. 57, p. 4754-4764, 2009.

Page 121: ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas

121

6 CONCLUSÃO GERAL

O momento ideal para a colheita da cagaita é31 dias após antese, pois, trata-se de um

fruto climatérico, podendo ser colhido antes mesmo do amadurecimento.

O período de máxima qualidade da cagaita é quando os frutos atingem 34 dias após

antese, com tamanho variável, pericarpo amarelo, alto teor de água, pouco adocicado e

moderada acidez.Sendo que para o processamento, é ideal a realização da colheita no máximo

37 dias após antese.

Os frutos verdes da cagaita possuem quantidades consideráveis de compostos

fenólicos e antioxidantes, sendo utilizados em grande parte, no sistema de defesa do fruto.