estudo do alinhamento estratÉgico entre tecnologia … · influenciavam o surgimento de planos e...

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS FUNDAÇÃO DOM CABRAL Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Administração ESTUDO DO ALINHAMENTO ESTRATÉGICO ENTRE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO (TI) E PLANO DE NEGÓCIO: O CASO DA ATIVAS DATA CENTER Simone Jaqueline Pio Belo Horizonte 2010

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Page 1: ESTUDO DO ALINHAMENTO ESTRATÉGICO ENTRE TECNOLOGIA … · influenciavam o surgimento de planos e estratégias de negócio de TI alinhados, o que foi ao encontro das argumentações

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS FUNDAÇÃO DOM CABRAL

Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Administração

ESTUDO DO ALINHAMENTO ESTRATÉGICO ENTRE TECNOLOGIA

DA INFORMAÇÃO (TI) E PLANO DE NEGÓCIO:

O CASO DA ATIVAS DATA CENTER

Simone Jaqueline Pio

Belo Horizonte

2010

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Simone Jaqueline Pio

ESTUDO DO ALINHAMENTO ESTRATÉGICO ENTRE TECNOLOGIA

DA INFORMAÇÃO (TI) E PLANO DE NEGÓCIO:

O CASO DA ATIVAS DATA CENTER

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

graduação stricto-sensu em Administração da

Pontifícia Universidade Católica de Minas

Gerais e Fundação Dom Cabral, como

requisito parcial para obtenção do título de

Mestre em Administração.

Área de concentração: Gestão Estratégica de

Organizações

Linha de pesquisa: Estratégia e inovação

Orientador: Prof. Dr. José Márcio Castro

Belo Horizonte 2010

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FICHA CATALOGRÁFICA Elaborada pela Biblioteca da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

Pio, Simone Jaqueline P662e Estudo do alinhamento estratégico entre tecnologia da

informação (TI) e plano de negócio: o caso da Ativas Data Center / Simone Jaqueline Pio. Belo Horizonte, 2010.

164f. Orientador: José Márcio Castro Dissertação (Mestrado) – Pontifícia Universidade Católica de

Minas Gerais. Programa de Pós-Graduação em Administração. 1. Planejamento empresarial. 2. Cooperação. 3.

Administração participativa. 4. Ambiente externo. 5. Negócios. 6. Planejamento estratégico. 7. Tecnologia da informação. I. Castro, José Márcio. II. Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Programa de Pós-Graduação em Administração. III. Título.

CDU: 658.012.2

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A Deus, Inteligência Suprema, que se afigurou

na presença de pais, irmãos, amigos e amor,

meu eterno agradecer.

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AGRADECIMENTOS

Certamente esta é a página mais difícil de ser escrita. Neste momento receio não ter

palavras adequadas para externar aquilo que se passa no fundo de minha alma. Pois, como

disse Fernando Pessoa, quando “Deus quer, o homem sonha e a obra nasce”, mas, para que

meu sonho se tornasse realidade e a presente obra viesse ao mundo, tive o prazer de poder

contar com a cooperação de várias e estimadas pessoas.

Desde já adianto sinceras desculpas, pois ao nomear minha gratidão, personificando

agradecimentos, incorro no erro crasso de olvidar algum nome, não por sucessão ou

sobreposição de valores, mas sim porque não me é fácil, neste momento, identificar todos os

atores envolvidos na arte da realização de sonhos. Assim, considerando a enormidade de seres

iluminados que não envidaram esforços para partilharem comigo gotículas de suas luzes e que

não intencionalmente foram aqui omitidos, além de meu sincero agradecimento, meu

reconhecimento pela generosidade, humildade e nobreza de mesmo agora não aparecerem.

• A Deus que, mesmo quando eu não compreendo, conduz-me ao caminho certo.

• Aos meus pais, Agostinha e Clemente, pela minha vida, pelo exemplo de dedicação,

por acreditarem sempre em minha vitória independente da escolha, por incentivarem-

me a perseverar mesmo em momentos difíceis e controversos, pela confiança, pelo

apoio e principalmente pelo amor incondicional, que me fortalece a cada dia: AMO

MUITO VOCÊS!

• Aos meus irmãos, irmã, sobrinhas e cunhado pela presença amiga e constante, mesmo

que não fisicamente.

• Ao meu amor, André, pelo companheirismo, pela compreensão, pelas orientações,

sugestões, pelo incentivo e apoio constantes. Amo você, coração!!!!

• Aos meus amigos, grandes amigos, pela compreensão (ou pelo menos tentativa de

compreender) tantas e tão prolongadas ausências, sem questionamentos, apenas

torcendo para que tudo desse certo no final. E considerando que se ainda não estava

tudo certinho, se ainda não estávamos juntos era por que o final ainda não havia

chegado. A vocês a seguinte mensagem: “Acabei galera!!!! Valeu demais pela força e

vamos comemorar juntos!!!!!”

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• Ao meu eterno mestre e verdadeiro amigo, Ricardo Horta, que me levou a sonhar alto,

mas dentro de meu alcance. Mas também me mostrou que meu alcance estava bem

além do que eu pensava. Sua confiança constante e estímulo verdadeiro foram

essenciais para minha trajetória profissional e pessoal. Muito da paixão que tenho hoje

pelo trabalho, pelos estudos e pela vida devo a você e sua maneira de ser e de ver o

mundo. Obrigada pelo incentivo, pelo carinho especial e principalmente pela proteção

e pela amizade.

• Ao Sr. Alexandre Siffert, por tão prestimosamente patrocinar a realização da pesquisa

na ATIVAS Data Center. A facilidade tanto na aproximação quanto no trato, bem

como a disponibilidade demonstradas realmente foram impressionantes.

• Às pessoas tanto da ATIVAS Data Center quanto do Grupo ASAMAR pela presteza e

cordialidade com as quais me receberam, sempre atenciosas a minhas solicitações,

propiciando acesso às informações necessárias à elaboração desta dissertação.

• À Dra. Kátia Barbosa, nossa doutora querida, por literalmente ter me salvado,

tornando viável a chegada ao fim desta árdua tarefa.

• Ao meu orientador, Professor Dr. José Márcio de Castro, que, além de usar sua

inteligência, competência e presteza para orientar a escrita desta dissertação,

contribuiu com sábios “puxões de orelha” para que eu finalmente chegasse à

conclusão deste longo processo.

• Aos colegas, funcionários e professores do Mestrado em Administração da PUC-MG

pelos habituais apoio, presteza e contribuição.

A todos vocês, e principalmente aos anônimos, meu reconhecimento e afeto aliados a um

terno, eterno e sincero obrigada!

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“Pedras no caminho? Guardo todas, um dia

vou construir um castelo...”

Fernando Pessoa

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RESUMO

A rápida proliferação dos estudos acerca do alinhamento entre estratégias de Tecnologia da

Informação (TI) e as estratégias de negócio das organizações estimulou a busca pela

identificação de conceitos associados ao referido tema, especificamente a relação entre a

heterogeneidade ambiental, a percepção de importância da TI pela alta direção e a integração

entre planos de negócio e TI. Apesar da maior parte da literatura empírica sobre o tema ter o

seu foco voltado para o setor industrial, optou-se por desenvolver um estudo com a atenção

voltada para o setor de serviços, devido à notória e crescente a participação deste setor na

economia em geral. Perante o exposto, na presente pesquisa buscou-se dar prosseguimento às

investigações e aos estudos empíricos sobre alinhamento estratégico entre negócio e TI, e,

valendo-se do potencial explicativo do modelo de Kearns e Sabherwal (2007) em um estudo

de caso, considerou-se uma organização do setor de serviços de Belo Horizonte, a ATIVAS

Data Center, objetivando-se compreender como se relacionam as variáveis externas e internas

ao ambiente organizacional. Para alcançar tal intento, após a revisão da literatura, realizou-se

pesquisa empírica, em que, por meio de entrevistas, análise de documentos e observação

participante, foram levantados os dados necessários à investigação. O exame dos dados

coletados iniciou com a identificação, nas entrevistas, das variáveis categoriais, sendo

sucedida pela transcrição dos dados coletados e posterior confrontação das evidências obtidas

com documentos e informações oriundas de outras fontes, com o propósito de prover maior

robustez à análise. Como auxílio à etapa de análise, utilizou-se o software ATLAS.ti como

recurso para facilitar a codificação, a indexação e a representação dos dados levantados.

Assim, embora a pesquisa apresente limitações, os resultados demonstraram que a

heterogeneidade ambiental contribuía para o reconhecimento do potencial estratégico da TI

pela alta administração, e ambos, heterogeneidade e percepção de importância da TI,

influenciavam o surgimento de planos e estratégias de negócio de TI alinhados, o que foi ao

encontro das argumentações de Kearns e Sabherwal (2007) parecendo evidenciar que o

modelo apresentado por Kearns e Sabherwal (2007) é eficaz para explicar o alinhamento

estratégico entre negócio e TI na situação estudada.

Palavras-chaves: Alinhamento estratégico. Cooperação participativa. Heterogeneidade

ambiental. Negócios. Planejamento estratégico. Tecnologia da informação.

.

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ABSTRACT

The rapid proliferation of studies on the alignment between strategies of Information

Technology (IT) and business strategies of organizations, stimulated the search for

identification of concepts related to that topic, specifically the relationship between

environmental heterogeneity, the perceived importance of IT by top management and

integration of business plans and IT. Although most of the empirical literature on the subject

have turned their focus to the industrial sector, it was decided to conduct a study with an eye

toward the service sector due to the perceived and increasing the participation of industry

activity in the economy general. Given the above, this research seeks to continue the

investigations and empirical studies on strategic alignment between business and IT, taking

advantage of potential explanatory model of Kearns and Sabherwal (2007) in a case study

considering a private sector service Belo Horizonte, ATIVAS Data Center in order to

understand how they relate to external variables and internal organizational environment. To

achieve our objective, we reviewed the literature, there were interviews, document analysis

(marketing materials, web and corporate documents) and observation (direct) to collect data

needed for research in order to lend authenticity to the work. The analysis of the collected

data began with the identification interviews of categorical variables, and was succeeded by

the transcription of data collected and subsequent confrontation of evidence from documents

and information from other sources, in order to provide more robust analysis. While the

research presents some limitations (being a single case study, was held in a company owned

by a family group, not allowing generalization of the results obtained in an inductive

approach, and the cut time of research, which does not cover such significant results as those

from longitudinal studies), it was concluded that the integration model proposed by Kearns

and Sabherwal (2007) is effective to explain the strategic alignment between business and IT

in the situation studied. However it is necessary and essential that further investigations be

carried out in order to undertake a more thorough investigation on the subject.

Keywords: Strategic alignment. Environmental heterogeneity. Cooperative participation.

Strategic planning. Information technology.

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LISTA DE ABREVIATURAS

ANP Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis

CEO Chief excutive officer

CIO Chief information officer

CPD Centro de Processamento de Dados

FCS Fator crítico de sucesso

FNQ Fundação Nacional da Qualidade

IBGC instituto Brasileiro de Governança Corporativa

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IPEA Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

ISSO International Organization for Standardization

ITO Information Technology Outsourcing

OHSAS Occupational health and safety assessment services

PCN Plano de Continuidade de Negócios

PIB Produto interno bruto

RMBH Região Metropolitana de Belo Horizonte

RTF Rich Text Format

SETEC Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica

SI Sistemas de informação

TI Tecnologia da informação

TIC Tecnologia da informação e comunicação

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Triângulo estratégico ................................................................................ 18

Figura 2 Modelo do alinhamento estratégico .......................................................... 32

Figura 3 Modelo conceitual do impacto da TI ......................................................... 34

Figura 4 Modelo de operacionalização do alinhamento estratégico ........................ 35

Figura 5 Modelo teórico de integração entre planejamento de negócio e TI -

Kearns e Sabherwal ...................................................................................

37

Figura 6 Sequência da pesquisa ............................................................................... 55

Figura 7 Panorama da pesquisa ............................................................................... 58

Figura 8 Elementos utilizados para avaliar o alinhamento entre negócio e TI ........ 70

Figura 9 Etapas da coleta de dados .......................................................................... 71

Figura 10 Documentos primários e exemplo contagem de palavras de transcrição

das entrevistas ...........................................................................................

76

Figura 11 Transcrição de entrevistas inserida no ATLAS.ti ..................................... 76

Figura 12 Empresas do Grupo ASAMAR ................................................................. 83

Figura 13 Números estimados para o Grupo ASAMAR em 2009 ............................ 85

Figura 14 Estrutura da ATIVAS Data Center ........................................................... 88

Figura 15 Variáveis e associações que antecedem a Integração entre negócio e TI . 89

Figura 16 Os relacionamentos da dimensão antecedentes à integração negócio – TI

na ATIVAS Data Center ............................................................................

103

Figura 17 Fatores antecedentes e suas relações com as variáveis da integração

entre negócio e TI ......................................................................................

107

Figura 18 Influência da heterogeneidade ambiental na participação dos gerentes de

TI e negócios da ATIVAS Data Center ....................................................

110

Figura 19 Participação dos Gerentes de Negócio no Planejamento de TI na

ATIVAS Data Center ...............................................................................

111

Figura 20 Participação dos Gerentes de TI no planejamento de negócio na

ATIVAS Data Center ...............................................................................

111

Figura 21 Influência da percepção de importância da TI pela alta administração na

participação dos gerentes de TI e negócios da ATIVAS Data Center ......

116

Figura 22 Influência indireta da percepção de importância da TI alocação de

recursos pela alta administração ................................................................

118

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Figura 23 Participação da alta administração na alocação de recursos para TI ......... 121

Figura 24 Participação da alta administração na alocação de recursos para TI ......... 123

Figura 25 Alinhamento estratégico entre TI e negócios na ATIVAS Data Center

(visão reduzida) .........................................................................................

125

Figura 26 O alinhamento estratégico entre TI e negócio na ATIVAS Data Center

(visão expandida) ......................................................................................

129

Figura 27 Adaptação do modelo de Kearns e Sabherwal (2007) ao alinhamento

estratégico entre TI e negócio na Ativas Data Center ..............................

143

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Modelo de Kearns e Sabherwal (2007) - compilação .......................... 38

Quadro 2 Condições das dimensões ambientais e conjeturas sobre as percepções

experimentadas pelos indivíduos no processo de decisão ......................

40

Quadro 3 Hipóteses formuladas por Kearns e Sabherwal (2007) .......................... 51

Quadro 4 Confirmação para as hipóteses formuladas por Kearns e Sabherwal

(2007) .....................................................................................................

53

Quadro 5 Fontes para coleta de dados e respectivas evidências ............................ 65

Quadro 6 Relação e perfil dos participantes do pré-teste ....................................... 67

Quadro 7 Relação e perfil dos entrevistados .......................................................... 68

Quadro 8 Descrição das dimensões, variáveis e respectivos indicadores de

análise .....................................................................................................

74

Quadro 9 Fatores adotados para análise dos dados coletados ................................ 77

Quadro 10 Caracterização do ambiente da ATIVAS Data Center conforme

percepção dos entrevistados ...................................................................

95

Quadro 11 Resultados da pesquisa ........................................................................... 135

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................... 15 1.1 Problema de pesquisa ........................................................................... 15 1.2 Justificativa de pesquisa ...................................................................... 19 1.3 Objetivos da pesquisa ........................................................................... 22 1.3.1 Objetivo geral ........................................................................................ 22 1.3.2 Objetivos específicos .............................................................................. 22 1.4 Estrutura e organização da dissertação ............................................. 23 2 REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................... 24 2.1 Introdução ............................................................................................. 24 2.2 Teoria sobre planejamento estratégico de negócios e de TI ............. 25 2.3 O conceito alinhamento estratégico entre negócios e TI ................... 29 2.3.1 Modelos de alinhamento estratégico entre negócios e TI .................... 31 2.4 Modelo proposto por Kearns e Sabherwal (2007) ............................. 36 2.4.1 Antecedentes da integração entre negócio e TI .................................... 38 2.4.2 Influência dos fatores antecedentes nas variáveis da integração

entre negócio e TI..................................................................................

44

2.4.3 Consequências da integração entre planejamento de negócio e

planejamento de TI ................................................................................ 46

3 METODOLOGIA DA PESQUISA ..................................................... 55 3.1 Estratégia e método da pesquisa ......................................................... 56 3.2 Unidades empíricas de análise ............................................................. 58 3.3 Estratégia de coleta de dados .............................................................. 61 3.3.1 Operacionalização da coleta de dados .................................................. 66 3.3.2 Unidades de observação ........................................................................ 72 3.4 Estratégia de análise de dados ............................................................. 72 4 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ............................ 79 4.1 Introdução ............................................................................................. 79 4.2 A organização pesquisada .................................................................... 80 4.2.1 Grupo ASAMAR .................................................................................... 82 4.2.2 ATIVAS Data Center ............................................................................. 85 4.2.3 Antecedentes da integração entre negócio e TI ................................... 88 4.2.3.1 Heterogeneidade ambiental ................................................................. 89 4.2.3.2 Percepção de importância da TI pela alta administração ................ 96 4.2.3.3 Interação entre heterogeneidade ambiental e percepção de

importância. da TI pela alta administração ...................................... 99

4.2.4 Influência dos fatores antecedentes nas variáveis da integração

entre negócio e TI ................................................................................. 106

5 CONCLUSÕES .................................................................................... 130 5.1 Introdução ............................................................................................. 130 5.2 Principais resultados ............................................................................ 130 5.2.1 Resultados gerais ................................................................................... 130 5.2.2 Resultados secundários ......................................................................... 136 5.3 Alinhamento entre estratégias de TI e planos de negócio ................ 137

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5.4 Contribuições, limitações e pesquisas futuras ................................... 141 5.4.1 Contribuições dessa pesquisas ............................................................. 141 5.4.2 Limitações e pesquisas futuras ............................................................. 144 REFERÊNCIAS .................................................................................................... 147 APÊNDICES .......................................................................................................... 157

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1 INTRODUÇÃO1

1.1 Problema de pesquisa

Os argumentos defendidos e que serão apresentados pormenorizadamente no

referencial teórico sobre alinhamento estratégico entre negócio e Teoria da Informação (TI)

evidenciam que, apesar da existência de importantes estudos acerca das relações entre a TI e a

organização, pesquisas empíricas focadas no alinhamento entre estratégias de TI e estratégias

de negócio em empresas do setor de serviços não puderam ser evidenciadas de forma

consistente e sistematizada. (LAURINDO, 2000; BRODBECK, 2001; REZENDE; ABREU,

2003).

Várias críticas mostram o empenho em se revisitar o assunto, permitindo o

aprimoramento de tal corpo teórico (LANDAUER, 1996; ROACH, 1996; SOLOW, 1998;

CARR, 2003). Dentre elas, dois aspectos se destacam no debate: a eficácia dos investimentos

em TI e o potencial estratégico da TI. O primeiro, conforme argumentação de Strassmann,

citado por Laurindo et al. (2001), refere-se à dificuldade em identificar e definir a efetividade

dos investimentos em TI, partindo da premissa que considera não haver correlação direta

entre investimento em TI e retorno sobre o investimento. Já de acordo com Carr (2003), o

segundo aspecto diz respeito ao fato de a TI estar cada vez mais disponível para todos os

players, diminuindo a capacidade de diferenciação das empresas, tendendo a reduzir seu

potencial estratégico. Laurindo (2000) assinala que evidências empíricas têm levantado

questões sobre a vinculação real entre as capacidades e/ou utilidades da TI e o sucesso ou

maior competitividade das organizações, comprovando o progresso necessário para uma

estrutura de alinhamento. Ou seja, emerge o pensamento segundo Weill e Ross (2006), em

que estratégias de TI não deveriam ser necessariamente um conjunto de manifestações

isoladas, mas também poderiam ser impulsionadas por necessidades presentes no alicerce de

sustentação das estratégias empresariais

A relação entre negócio e TI foi alvo de críticas (LANDAUER, 1996; ROACH, 1996;

SOLOW, 1998; CARR, 2003) pelo fato de que estudos não conseguiam apontar a correlação

1 O presente estudo reflete os pensamentos e ideias adotados pela autora para o desenvolvimento da pesquisa acadêmica. Os pontos de vista, concepções e informações mencionadas neste documento não podem ou devem, em hipótese alguma, serem considerados como conceitos, princípios e/ou opiniões da ATIVAS Data Center S.A. ou do Grupo ASAMAR.

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entre os investimentos em TI e benefícios, como diferenciação, produtividade e lucratividade.

Um exemplo categórico dessa crítica é a afirmação de Solow (1998) de que há computadores

em todos os lugares, exceto nas estatísticas de produtividade. Por outro lado, a teoria apontada

por Roach (1996), em que os desenvolvimentos em TI simplesmente oferecem às empresas

novas formas para se fazerem coisas antigas, reforça tais críticas ao chamar atenção para o

papel da TI na estrutura organizacional, o que revigora ainda mais a necessidade de

estruturação do alinhamento estratégico.

Para Fernandes e Abreu (2006), a partir dessas críticas, que negligenciavam a

dinâmica da interação entre Negócio e TI, bem como menosprezavam os aspectos e recursos

da TI enquanto elementos que poderiam integrar e alinhar negócio e TI de forma a permitir

que os objetivos de negócio fossem atingidos, a dimensão cognitiva dos processos e das

mudanças relacionados ao alinhamento estratégico ganhou relevância, com autores como

Henderson e Venkatraman (1993), Luftman, Lewis e Oldach (1993), Weill e Ross (2006),

Kearns e Lederer (2007), Kearns e Sabherwal (2007), somente para citar alguns, que

postulavam opiniões mais dirigidas a respeito das estratégias de TI e de negócios e suas

receptivas e necessárias interações, as quais foram pouco apreciadas pelos modelos em que se

fundamentaram as críticas.

Assim, pôs-se à prova a lógica defendida por muitos (STRASSMANN apud

LAURINDO et. al., 2001; SOLOW, 1998; CARR, 2003) de que não se pode extrair valor da

TI, uma vez que os resultados não conseguem refletir os investimentos efetuados (SOLOW,

1998; CARR, 2003), admitindo-se que a evolução das estratégias de TI de um complexo de

procedimentos separados para ferramentas estratégicas planejadas pode acelerar o

desenvolvimento de um processo capaz de apoiar os objetivos de negócio (FERNANDES;

ABREU, 2006; WEILL; ROSS, 2006).

Outra questão que emerge, paralelamente às discussões acerca do alinhamento

estratégico entre TI e negócios, diz respeito ao fato que, nos tempos atuais, as grandes

empresas, além de receberem influências da sociedade, passam cada vez mais a exercer

influência na sociedade. Segundo pesquisa do Carvalho, Gazzi e Ferreira (2006), há

atualmente, uma predominância de grandes empresas para o setor de serviços.

Concomitantemente a esse fato, visto que, segundo Prairie (1996), as melhores práticas

relativas ao alinhamento estratégico da TI são verificadas em grandes organizações, empresas

de grande porte têm no alinhamento entre negócios e TI um fator decisivo para a obtenção de

melhores práticas, processos e resultados. Aliado a esse fator, as grandes empresas geralmente

atuam em redes que demandam relacionamentos estratégicos, tanto internos quanto externos,

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daí, torna-se crítico o alinhamento entre estratégias as diferentes áreas com vistas à obtenção

de vantagem competitiva.

Por fim, o alinhamento entre negócio e TI contribui com estratégias que têm sido

utilizadas pelas grandes empresas com o objetivo de melhorar a competitividade diante da

complexidade do cenário em que estão imersas. O aumento da produtividade, reorganização

do sistema de trabalho, aprimoramento de controles, gerenciamento de riscos e também da

evolução tecnológica entre outros, requerem um gerenciamento adequado e representam

investimentos significativos a serviço da organização. Esses parâmetros, segundo a Fundação

Nacional da Qualidade (2008), são traduzidos em aspectos gerenciais abarcados, grosso

modo, pelo alinhamento estratégico, considerando este como uma forma harmônica de

atualização e sustentabilidade das estratégias tanto da TI quanto de negócios da organização.

Dessa maneira, ainda conforme a Fundação Nacional da Qualidade (2008), as grandes

empresas estão mais propensas a realizar os elevados investimentos demandados, tanto para a

TI como também para a modernização de processos, práticas e estratégias gerenciais já

existentes, a fim de alavancar o negócio e promover a integração com seus clientes,

fornecedores e parceiros.

Portanto, segundo Weill e Ross (2006), o enfoque holístico no processo de formulação

estratégica contribui significativamente para a obtenção de vantagem competitiva refletida em

novas oportunidades de negócio através da TI como impulsionadora do desempenho das

organizações, principalmente naquelas de grande porte, uma vez que a existência de

estratégias de TI e de negócios não implica necessariamente que estas estejam alinhadas,

significando benefícios e contribuições para a organização. Isto traz como consequência o fato

de que as estratégias individualmente funcionam bem, mascarando a real necessidade de uma

integração entre elas, ou seja, o alinhamento estratégico. Por outro lado, também há

necessidade de que a TI resulte na possibilidade de suportar os negócios existentes, bem como

habilite capacidades futuras.

O triângulo estratégico apresentado por Walton (1993) e mostrado na Figura 1

sintetiza o enfoque da pesquisa proposta, ilustrando a tríade sobre a qual o estudo será

alicerçado. Maior ênfase será dirigida ao eixo TI ⇔ negócios.

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Figura 1: Triângulo estratégico Fonte: WALTON, 1993.

Nesse contexto, a pesquisa buscou identificar e discorrer sobre os elementos que

antecedem e posteriormente compõem o alinhamento estratégico TI-negócio, tomando como

base os estudos e o modelo proposto por Kearns e Sabherwal (2007) para a integração entre

planejamento de negócios e TI. Para alcançar tal intento e também com vistas a lançar luzes

sobre um setor pouco explorado por pesquisas empíricas, o estudo foi realizado em uma

empresa do setor de serviços no segmento de TI, por se tratar de um setor estratégico para o

país que impacta diretamente a eficiência e a qualidade de uma série de atividades

econômicas e também a competitividade de inúmeros bens (SENNES, 2007). Essas

constatações se harmonizam com referências mais recentes, como as de Ferreira e Laurindo

(2009) que expõem a importância do setor de serviços pelo fato de esse setor influenciar nas

unidades de medida de evolução econômica das economias nacionais de vários países.

Ferreira e Laurindo (2009, p. 95) recorreram a Menor, Tatikonda e Sampson, além de

Bullinger, Klaus-Peter Fähnrichb e Thomas para cientificarem que, nos países de economia

desenvolvida, o setor de serviços representa mais de 50% do produto interno bruto (PIB) e

que, recentemente, significativas mudanças das estruturas de mercado e dos cenários

competitivos no setor de serviços foram observadas.

Essas constatações realmente harmonizam-se com referências recentes, como Kearns e

Sabherwal (2007) e estimulam uma questão que, acredita-se, possibilitará o aprofundamento

do entendimento acerca do alinhamento estratégico entre TI e negócio, a saber:

Qual o potencial explicativo do Modelo de Kearns e Sabherwal (2007) para compreender a

integração entre negócio e TI em uma empresa de serviços?

Estratégia de TI Estratégia de Organização

Estratégia de negócios

Estratégia de TI Estratégia de Organização

Estratégia de negócios

Eixo norteador da

pesquisa

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19

Como extensão da questão central da pesquisa também se pretenderá responder às

seguintes perguntas:

•••• Como é caracterizado o ambiente externo em que a empresa pesquisada atua?

•••• De que maneira o ambiente externo influencia na percepção de importância da TI pela

alta administração?

•••• Como o ambiente externo e a percepção de importância da TI pela alta administração

influenciam a cooperação entre gerentes de negócios e gerentes de TI e a participação

da alta administração na alocação de recursos para TI?

Os argumentos defendidos e que serão apresentados pormenorizadamente no

referencial teórico sobre alinhamento estratégico entre TI e negócio evidenciam que, apesar

da existência de importantes estudos acerca das relações entre a TI e a organização, pesquisas

empíricas focadas no alinhamento entre estratégias de TI e estratégias de negócio em

empresas do setor de serviços não puderam ser evidenciadas de forma consistente e

sistematizada (LAURINDO, 2000; BRODBECK, 2001; REZENDE; ABREU, 2003).

1.2 Justificativa de pesquisa

Nos últimos 50 anos, é notória e crescente a participação do setor de serviços na

economia em geral (KUBOTA, 2006). O setor de serviços, de acordo com dados da Secretaria

de Educação Profissional e Tecnológica (SETEC) em 2001, reúne um conjunto de atividades

diversas e com naturezas variadas, abarcando desde serviços muito estruturados, densos em

tecnologia e em pessoal qualificado até aqueles com baixo grau de estruturação e tecnologias,

que demandam pouca qualificação profissional. No Brasil, o setor de serviços é de extrema

importância no que diz respeito à criação de firmas e de empregos. Segundo Silva, De Negrini

e Kubota (2006), pesquisas do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), iniciadas

em 2005, possibilitaram verificar que o setor de serviços cresceu mais que o comércio e a

indústria no que diz respeito ao número de empresas e ao de pessoal ocupado, entre 1999 e

2003. Um dos principais motivos para o forte desempenho do setor de serviços em anos

recentes são as mudanças nos modelos de negócios organizacionais, o que faz com que as

firmas passem a buscar fornecedores especializados de serviços, dentro ou fora das regiões de

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origem - é a crescente importância da expansão ou globalização em muitos serviços. Observa-

se ainda que mudanças tecnológicas tornam essa dinâmica mais intensa (SILVA; DE

NEGRINI; KUBOTA, 2006).

Recentemente, uma série de preocupações tem impulsionado a investigação a respeito

das particularidades do setor de serviços e seu impacto no crescimento econômico, podendo,

dentre as várias preocupações, destacar o fato de, apesar das grandes somas de investimento

em TI, esses investimentos não virem mostrando resultados de produtividade; a tendência do

setor industrial ao deslocamento de recursos em direção a atividades prestadoras de serviço,

em detrimento das atividades tradicionais – supostamente mais produtivas; e a crescente

contraposição ao caráter não-comercializável do setor.

No entanto, apesar dessas motivações, a maior parte da literatura empírica tem seu

foco voltado para o setor industrial. Portanto, a demanda por trabalhos acerca do tema,

estimulada pela expansão do setor de serviços, justifica a presente pesquisa, visto que esta

poderá contribuir para reverter a visão tradicional, que caracteriza o setor de serviços como

sendo de baixa produtividade e de pobre desempenho tecnológico, uma vez que tal afirmativa

pode ser rechaçada pela disseminação de setores de alta performance tecnológica, como

serviços de TI.

Ainda sob a perspectiva do setor de serviços, é válido ressaltar que a pesquisa

investigará especificamente o segmento relacionado a atividades de informação e

comunicação (conforme classificação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística -

IBGE), uma vez que, para a Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), o referido

segmento apresenta dados econômicos significativos, principalmente no que diz respeito à

concentração geográfica, com 85% das empresas concentradas na Região Metropolitana; ao

volume de empregos gerados, com 94,5% do pessoal ocupado na região em questão; e à

adoção da TI como principal estratégia de gestão, pois 76% das atividades relacionadas à

administração das empresas demandam por insumos de TI, embora em diferentes graus e

nuances, conforme apontado pela SETEC (2001). Portanto, considerando a relevância, bem

como os impactos do segmento tanto no cenário econômico quanto no cenário tecnológico, a

justificativa para esta pesquisa reside na busca pela identificação da presença de elementos

que precedem a integração entre negócio e TI, especificamente a heterogeneidade, a

percepção de importância da TI pela alta administração e a influência desses elementos na

cooperação participativa entre principais players das áreas de TI e negócio nas estratégias das

empresas pertencentes ao segmento em questão, bem como a participação da alta

administração na alocação de recursos para TI. Dessa forma, analisar as estratégias de negócio

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e estratégias de TI, de forma a apreender a dinâmica da integração entre essas duas

estratégias, torna-se uma tarefa essencial, em um setor e segmento que apresentam importante

contribuição nos desenvolvimentos econômico, social e cultural.

Tendo em vista que o setor de serviços está dominando economias que antes eram

conhecidas por seu poder industrial, outro aspecto merece atenção: o porte das organizações

que compõem o setor. Conforme estudos realizados pelo IBGE entre 2003 e 2006 “o setor

Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) brasileiro se mostra concentrado nas grandes

empresas2, tanto no que se refere ao pessoal ocupado quanto ao valor adicionado/valor da

transformação industrial.” (IBGE, 2009). Ainda segundo dados do IBGE (2009), as empresas

de grande porte do setor TIC, com 250 ou mais pessoas ocupadas, apresenta produtividade

quase cinco vezes maior que a das pequenas empresas. Quanto à eficiência, observa-se

também que as empresas de grande porte, principalmente aquelas com faturamento superior a

R$ 60 milhões, têm produtividade pelo menos três vezes maior que as empresas de todos os

outros intervalos de faturamento abaixo desse. Isso ocorre pelo fato de as grandes empresas

serem mais eficientes (IBGE, 2009).

Aliado ao crescimento significativo do setor de serviços nas últimas décadas e

respectiva carência de estudos sobre o setor no Brasil (SILVA; DE NEGRINI; KUBOTA,

2006), bem como pela relevância da participação das grandes organizações no cenário

econômico, a pesquisa a ser desenvolvida pretende apresentar uma contribuição conceitual ao

estudo do alinhamento estratégico entre a TI e o negócio de organizações cuja natureza seja

semelhante às estudadas. Ao analisar de forma científica os conflitos, as influências e as

contribuições desse alinhamento, a investigação visa aprofundar e clarificar a compreensão

das relações que permeiam o fenômeno estudado e seus respectivos fatores críticos de sucesso

(FCS), bem como examinar possíveis lacunas neste inter-relacionamento.

Diante dos argumentos apresentados até o momento, entende-se que a pesquisa

assume significativa relevância ao discorrer por temas atuais e cuja importância e

representatividade são crescentes.

Por fim, motivada pela afirmativa de Patton e Appelbaum (2003), sobre a importância

de o pesquisador dispor de fácil acesso ao objeto de estudo, bem como apresentar

conhecimento prévio sobre o tema abordado, a autora desta dissertação fazer parte da

organização contribuiu substancialmente para a obtenção de dados para a pesquisa, para o

2 Neste estudo, a classificação do porte das empresas adotada está embasada na Lei nº 11.638/07 (BRASIL, 2007), a qual considera como sendo de grande porte, a sociedade ou conjunto de sociedades que tiver, no ano anterior, ativo total ou receita bruta anual superior a R$ 240.000.000,00 (duzentos e quarenta milhões de reais) e R$ 300.000.000,00 (trezentos milhões de reais).

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entendimento e análise destes e a redução no tempo de coleta dos dados, o que culminou em

maior desempenho e produtividade na realização do trabalho de pesquisa. Também, a

disponibilidade dos diretores da organização em participar do projeto, unida à complexidade

tanto dos serviços ofertados quanto da própria organização, incentivou a realização do estudo.

Faz-se necessário destacar que essa motivação emergiu após outras organizações, as quais até

determinado momento da pesquisa foram receptivas à realização do estudo, retrocederem em

suas opiniões, não mais permitindo que a investigação ocorressem em suas dependências.

1.3 Objetivos da pesquisa

1.3.1 Objetivo geral

Em consonância com problema de pesquisa que motivou a presente investigação, o

objetivo central deste estudo é compreender o potencial explicativo do modelo proposto por

Kearns e Sabherwal (2007) a partir do entendimento das variáveis que influenciam o

surgimento do alinhamento estratégico entre TI e negócios, considerando como unidade

empírica de análise uma empresa do setor de serviços de TI de Belo Horizonte, a ATIVAS

Data Center.

1.3.2 Objetivos específicos

A partir de desdobramentos do objetivo geral foram levantados os seguintes objetivos

específicos:

• Caracterizar e identificar o ambiente em que a empresa examinada atua;

• Identificar e compreender a influência do ambiente organizacional na percepção de

importância da TI pela alta administração da empresa;

• Identificar e compreender como o ambiente organizacional e a percepção da TI pela

alta administração influenciam na cooperação entre gerentes de negócios e TI e na

participação da alta administração na alocação de recursos para TI.

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1.4 Estrutura e organização da dissertação

Esta seção tem por objetivo apresentar a forma como a dissertação está estruturada. Na

sua íntegra, o estudo está constituído por cinco capítulos. Assim, o presente capítulo, o

capítulo de número um, discorre brevemente sobre o tema da dissertação, a justificativa do

estudo, os objetivos desta pesquisa e a metodologia utilizada.

O capítulo dois apresenta o referencial teórico que norteou a dissertação. Nesse

capítulo introduz-se o conceito de planejamento estratégico tanto de TI quanto de negócio e

também a definição de alinhamento entre estes, seguindo-se a apresentação de alguns modelos

que emergiram dessas teorias, culminando com o detalhamento do modelo que norteou a

coleta, a análise e a interpretação dos dados da pesquisa, devido à sua forma peculiar e à

capacidade explicativa para avaliar o alinhamento entre TI e plano de negócio na organização

pesquisada.

O capítulo três revela a metodologia adotada na pesquisa, abordando e justificando as

estratégias e métodos utilizados na investigação, especificamente a escolha do método de

estudo de caso de natureza qualitativa. Na sequência são exibidas as unidades empíricas que

servirão de alicerce para o estudo de caso e clarificada a forma como se dará a análise e a

discussão dos dados coletados e dos resultados obtidos.

O capítulo quatro apresenta o Grupo ASAMAR e a ATIVAS Data Center, empresa do

referido grupo e onde foi realizada a pesquisa. Na sequência são exibidas as análises acerca

do ambiente da empresa e suas associações com o alinhamento entre estratégias de TI e

estratégias de negócio na organização investigada.

O capítulo cinco delineia as conclusões finais obtidas da pesquisa. Apresenta os

principais resultados, bem como informa as contribuições e limitações do estudo, indicando

por fim sugestões para futuras pesquisas.

Finalmente, encerrando a dissertação constam os apêndices, os quais basicamente

dedicam-se à apresentação de guias, quadros e roteiros utilizados na coleta dos dados da

pesquisa.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Introdução

Organizado em três seções, este capítulo, apresenta a fundamentação teórica a partir da

qual se situará o problema da pesquisa “alinhamento entre estratégias de negócio e estratégias

de TI” e estabelecerá as referências que nortearão a pesquisa. Busca-se com esse referencial

delinear um quadro conceitual que ofereça os fundamentos para conduzir pesquisas empíricas

sobre o tema.

As três seções estão divididas conforme relatado a seguir. A seção inicial, denominada

“Teoria sobre planejamento estratégico de negócios e de TI”, mostra diferentes perspectivas

no tratamento do fenômeno estudado, traçando os contornos da discussão sobre a qual a

pesquisa desenvolvida encontrou fundamentos. O foco primário dessa seção está na

apresentação dos dois conceitos basilares sobre o assunto central da pesquisa. No entanto as

diferentes perspectivas acerca do planejamento estratégico de TI, planejamento estratégico

empresarial e suas respectivas naturezas suscitarão o debate sobre o fato de que tais

elaborações conceituais não devem ser tratadas de forma teórica isolada, tampouco de forma

puramente empírica, o que fornecerá estrutura para definição do conceito de alinhamento

estratégico, objeto da segunda seção deste capítulo.

A segunda seção intitulada “O conceito Alinhamento estratégico entre negócios e TI”,

busca definir o objeto “alinhamento”. Para isso, recorreu-se às definições e classificações

constantes na literatura, identificando o eixo central que elucidará o constructo teórico. Foram

identificados dois eixos de discussão. O primeiro, em relação às especificidades do conceito,

mostra, à luz das contribuições acerca de estratégias, que o alinhamento pôde ser sintetizado

de forma satisfatória numa única representação, embora existam pequenas diferenças em

relação à sua definição propriamente dita. O segundo eixo discorre acerca das características

de alguns modelos tidos como referenciais para estudo do tema abarcado por esta pesquisa,

culminando com a apresentação do modelo que norteará a presente pesquisa, exibindo suas

peculiaridades, princípios e relevância. A discussão é perpassada pelos motivos que levaram à

opção pelo modelo no qual a pesquisa estará fundamentada, concluindo que o referido modelo

abrange aspectos potencialmente importantes para o sucesso dos investimentos em TI, o que

constitui difícil, mas importante tarefa para executivos seniores de TI e negócio.

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Finalmente, a terceira e última seção expõe as dimensões e perspectivas de

alinhamento estratégico apontadas pelo modelo de referência, com vistas a abordar o quadro

teórico utilizado no desenvolvimento desta pesquisa.

2.2 Teoria sobre planejamento estratégico de negócios e de TI

Diante da diversidade de definições e conceitos para o termo estratégia, a

argumentação mais robusta foi apresentada por Mintzberg (1987), no artigo intitulado The

Strategy Concept I: Five Ps For Strategy, em que o autor apresenta cinco definições de

estratégia e discorre sobre os inter-relacionamentos destas.

Mintzberg (1987) apresenta estratégia nas concepções de plano, pretexto, padrão,

posição e perspectiva para posteriormente considerar os inter-relacionamentos que permeiam

o arcabouço conceitual examinado. Assim, para o estudioso, a estratégia deve incorporar

aspectos relativos ao preparo prévio e deliberado das ações; à dinamicidade do ambiente

externo; aos fluxos de ações; ao posicionamento da organização no ambiente; às intenções e

comportamentos no contexto coletivo. Diante do exposto e a título de esclarecimento, é válido

apresentar o conceito de Mintzberg e Quinn (2001) para estratégia que será adotado na

pesquisa proposta:

[...] um padrão ou plano que integra as principais metas, políticas e sequências de ações de uma organização em um todo coerente. Uma estratégia bem-formulada ajuda a ordenar e alocar os recursos de uma organização para uma postura singular e viável, com base em suas competências e deficiências internas relativas, mudanças no ambiente antecipadas e providências contingentes realizadas por oponentes inteligentes [...] (MINTZBERG; QUINN, 2001, p. 20).

Em torno desse conceito e tendo em vista o desenvolvimento de um quadro teórico

apropriado, um direcionamento mais adequado do planejamento das estratégias e das ações,

no tocante aos negócios e à TI, revela-se necessário. Particularmente, é necessária uma

melhor compreensão desses elementos, uma vez que literatura aponta para a convergência de

ambos, indicando que a inter-relação entre planejamento estratégico de negócio e

planejamento estratégico de TI implica na obtenção de vantagens competitivas.

Nesse contexto, o planejamento em seu caráter estratégico deve ser o instrumento

capaz de viabilizar a integração do planejamento propriamente dito com as demais funções da

administração. O planejamento estratégico manifesta-se como um dos principais, senão o

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fundamental, instrumento administrativo relacionado à estratégia empresarial, compreendendo

e administrando seus processos de formação, bem como implantando e sustentando-a

(OLIVEIRA, 1991; MINTZBERG, 1987).

Processo dinâmico e interativo, o planejamento estratégico determina os objetivos, as

políticas e as estratégias (atuais e futuras) das funções empresariais e dos procedimentos de

uma organização, e sua elaboração consiste na análise do ambiente interno (pontos fortes e

fracos) e externo (ameaças e oportunidades) das organizações, possibilitando aos dirigentes

aperfeiçoarem o relacionamento entre empresa, ambiente e mercado. Nesse contexto, a

formalização do planejamento estratégico, quando exequível, produz e articula resultados na

forma de integração cooperativa entre ações e decisões organizacionais nos domínios internos

e externos a estas (BOAR, 2002; MINTZBERG; QUINN, 2001).

Perante o exposto, o planejamento estratégico desponta como mecanismo que

analisará e avaliará o comportamento das organizações diante das forças competitivas do

mercado, diagnosticando o grau competitividade da organização, de forma a identificar a

posição competitiva desta no setor em que atua.

Da mesma forma que ocorre com o conceito de estratégia, o planejamento estratégico

também encontra várias definições que, no entanto, convergem para a análise do ambiente

tanto externo, quanto interno da organização, visando a formas para reduzir riscos futuros,

avaliando possíveis impactos que determinadas situações acarretam para as organizações e

norteando a tomada de decisões no presente. Para Peter Drucker (1968), planejamento

estratégico é um processo sucessivo de decisões empresariais metódicas com o máximo e

melhor conhecimento acerca do futuro, organizando os esforços necessários para a tomada de

decisão e com mensuração e controle dos resultados contrários às expectativas. Peter

Lorange3, citado por Piazza (2006), define o planejamento estratégico como um conjunto de

instrumentos, mecanismos e métodos que auxiliam os gestores em suas decisões estratégicas.

Kottler (1967) afirma que planejamento estratégico é a combinação de métodos gerenciais

que permitem estabelecer a direção a qual a organização deve seguir, tendo como objetivo

alcançar grau máximo de interação com o ambiente. É preciso ressaltar que o âmbito de

atuação da organização, segundo argumentação de Vasconcellos Filho (1983), refere-se aos

limites estruturais e comportamentais em torno dos quais a organização influencia e é

influenciada pelo ambiente.

3 LORANGE, P. Corporate planning: an executive viewpoint. Englewood Cliffs, NJ: Prentice Hall, 1980.

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No entanto, nesse cenário permeado por diversas definições, Mintzberg, Ahlstrand e

Lampel (2000) despontam como proeminentes críticos do planejamento estratégico. Suas

críticas são direcionadas à ênfase concedida às características racionais e prescritivas do

processo de administração estratégica. Estes estudiosos, porém, reconhecem e argumentam

contribuições do planejamento estratégico especificamente quanto à capacidade de examinar e

viabilizar as estratégias, e também no que se refere aos planejadores, como catalisadores do

pensamento estratégico. Adicionalmente, Mintzberg e Quinn (2001) reforçam a necessidade

de uma visão reformulada e mais flexível para o planejamento estratégico. Portanto, apontam

a necessidade de uma definição mais eclética, isto é, planejamento estratégico deve advir de

uma combinação de estratégias emergentes e estratégias deliberadas.

Com base nas argumentações de Mintzberg e Quinn (2001) em que o sucesso

organizacional surge da estratégia e do negócio empresarial e, juntos, fazem parte do

planejamento estratégico da organização, a pesquisa proposta adotará os conceitos destes

estudiosos, reunindo-os posteriormente às explanações de Henderson e Venkatramann (1993),

Weill e Ross (2006), Brodbeck (2001), dentre outros, sobre planejamento estratégico de TI, de

maneira a configurar o arcabouço teórico que sustentará a segunda e a última seção deste

capítulo, as quais discorrem sobre o alinhamento estratégico propriamente dito.

Assim, retomando a essência desta seção, Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000)

argumentam que as abordagens acerca do planejamento estratégico estabelecem alguns

elementos-chave, que merecem atenção no estudo das estratégias organizacionais.

Primeiramente, especial cuidado deve ser destinado à complexidade das estratégias, que

devem constituir um sistema que assegure flexibilidade suficiente para superar desafios. Um

segundo aspecto é a questão da integração, ou seja, a definição do grau e do tipo de integração

desejável, bem como quando e onde, devendo refletir os domínios internos e externos da

organização. O terceiro aspecto remonta à correlação que deve existir entre estratégias novas

e genéricas, bem como emergentes e deliberadas. As mudanças estratégicas surgem como

quarto aspecto relevante, uma vez que a percepção relativa à presença destas, seus padrões ou

ritmos e suas fontes de origem impactam a administração. Já a liderança proativa é o quinto

aspecto-chave. Por fim, o pensamento estratégico, o último, mas não o menos intrigante

aspecto, deve ser identificado de maneira a considerar generalizações e especificidades do

ambiente organizacional – ambiente interno e externo.

Justapostas, essas ideias norteiam a direção dos processos inerentes ao planejamento

empresarial formal, levando-o ao planejamento estratégico. Em consonância a estas, as

estratégias organizacionais devem considerar e mapear irregularidades, separar processos e ir

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além do que é preconizado por definições, conceitos e teorias da administração estratégica

(MINTZBERG; AHLSTRAND, LAMPEL, 2000).

Outro aspecto que emerge a partir dos processos intrínsecos ao planejamento

organizacional é o fato de a TI, na atualidade, impactar significativamente ou mesmo nortear

o desempenho dos negócios. Tal fenômeno tem sido bastante discutido nas últimas décadas.

Estudos nas áreas de negócio e de TI vêm sendo realizados desde a década de 70, com o

objetivo de examinar as necessidades e os benefícios do inter-relacionamento entre a TI, os

negócios e as estratégias organizacionais. Os executivos de TI também têm considerado a

inter-relação entre as estratégias de negócio e de TI como um dos principais objetivos da área,

pela possibilidade de identificação de novas oportunidades de negócios e pela obtenção de

uma fonte de vantagem competitiva baseadas em soluções de TI (BRODBECK; HOPPEN,

2003; PORTER, 2001). Essa atitude incentiva não apenas o planejamento, seja de negócios,

seja de TI, mas encoraja qualquer forma de comportamento estratégico das organizações

(PORTER, 1996).

Portanto, analogamente ao escopo do planejamento estratégico de negócios, emergem

estudos que focam a TI como uma das estratégias básicas a serem definidas no plano de

negócio, principalmente quando estas forem habilitadoras do desenvolvimento, da produção,

da venda e da distribuição de novos produtos ou serviços baseados em informação, ou quando

forem promotoras de mudanças extremas para a organização (WARD; GRIFFITHS4 apud

BRODBECK, 2001, p. 18). Ou seja, o papel transformador da TI pode ser mapeado em duas

dimensões: o grau de benefícios potenciais da TI e o grau de transformação organizacional

(VENKATRAMAN, 1994).

Antes, porém, de se aprofundar a discussão, faz-se necessário ressaltar que, para a

pesquisa-alvo deste projeto, adotar-se-á um conceito mais amplo para TI, de forma que,

quando da utilização deste termo, serão abrangidos os aspectos técnicos, as questões relativas

aos fluxos e processos de trabalho, as pessoas e as informações envolvidas e utilizadas pelas

organizações para o provimento de dados, informações e conhecimento (HENDERSON;

VENKATRAMAN, 1993).

Haja vista a representatividade crescente da TI no âmbito organizacional, torna-se

necessário discorrer sobre outro conceito que a envolve: o planejamento estratégico de TI, que

pode ser definido como sendo o processo de identificação e priorização do portfólio de TI que

sustenta a organização na realização de seus negócios e no alcance de seus objetivos

4 WARD, A.; GRIFFITHS, J. Strategic Planning for Information System. Chichester: John Wiley and Sons, 1996.

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estratégicos (REZENDE, 2002); ou ainda, a competência organizacional em unir as

capacidades da TI com a mudança de requerimentos de funções cruzadas da organização

(STRATMAN; ROTH, 2002). Assim, o planejamento estratégico da TI deverá integrar

aspectos que combinam práticas de trabalho, informações, pessoas e sistemas que devem

interagir para alcançar os objetivos estratégicos da organização (REZENDE, 2002).

O planejamento estratégico de TI tem se tornado uma atividade crítica para muitas

organizações, sendo o motivador para diversas mudanças nos papéis e funções da TI,

incluindo a adoção desta para obtenção de vantagens competitivas e utilizando-a como

transformadora dos processos, estruturas e relacionamentos do negócio. Com isto, torna-se

difícil separar os aspectos de planejamento de TI dos aspectos de formulação estratégica. É

importante usar as ferramentas e técnicas de análise e formulação estratégica do negócio para

assegurar que o enfoque do planejamento estratégico de TI esteja integrado aos padrões do

gerenciamento estratégico do negócio (BRODBECK, 2001).

O posicionamento estratégico da empresa, ou seja, das informações operacionais,

gerenciais e corporativas e da estrutura interna (processos), reflete na TI a ser adotada,

influenciando no formato de gestão da informação e na estrutura organizacional. Nesse

sentido, Henderson e Venkatraman (1993) destacam e analisam a importância estratégica do

papel desempenhado pela TI dentro das empresas. Com base em fatores internos e externos à

empresa, Henderson e Venkatraman (1993) analisam o impacto da TI nos negócios da

empresa e como estes afetam a organização, os objetivos, o negócio e a estratégia de TI.

2.3 O conceito alinhamento estratégico entre negócios e TI

O conceito de alinhamento estratégico presente na literatura difere um pouco entre os

autores (HENDERSON; VENKATRAMAN, 1993; LUFTMAN, 1996; CHAN et al., 1997;

STRASSMANN, 1998; REICH; BENBASAT, 2000; BRODBECK, 2001; REZENDE, 2002).

Alguns desses conceitos, porém, têm maior relevância entre os demais, visto que se

complementam, permitindo um melhor entendimento acerca do alinhamento estratégico entre

TI e negócios.

A ideia de alinhamento estratégico da TI envolve a ligação e a coerência entre a

formulação estratégica organizacional e a estratégia de TI. Assim, da conjugação de

estratégia, planejamento estratégico empresarial e planejamento estratégico da TI, desponta o

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conceito de alinhamento estratégico, que reúne os propósitos dos elementos anteriores num

único contexto. A diferença fundamental entre o alinhamento estratégico da TI e o

planejamento tradicional da TI é a elevação da TI, tornando-a parte da estratégia

organizacional, em vez de ser somente uma consequência da referida estratégia (MEADOR,

2001). Emerge, então, um sistema de mecanismos de governança que assegura que os

objetivos de negócios e de TI atinjam objetivos tanto locais como da empresa em geral. Tal

modelo de envolvimento da TI influencia as decisões de projeto, de modo que as soluções

sejam orientadas pela arquitetura empresarial. O modelo de envolvimento proporciona o

alinhamento entre os objetivos de TI e de negócios.

Assim, conforme argumentação de Meador (2001), depreende-se que o investimento

em TI deixa de ser considerado custo para se fazerem negócios, passando a ser visto como um

importante recurso estratégico. O aproveitamento dos benefícios do uso de TI no desempenho

empresarial, tanto como infraestrutura como suas aplicações em processos organizacionais,

oferece os benefícios de produtividade, qualidade, flexibilidade, custo e inovação.

Nesse contexto, algumas das definições mais significativas sobre alinhamento

estratégico são:

•••• instrumento de gestão empresarial abarcado pelos conceitos de efetividade,

inteligência competitiva, inteligência empresarial, modernidade, perenidade,

produtividade, qualidade e rentabilidade (REZENDE, 2002);

•••• alinhamento como sendo a capacidade para demonstrar uma relação positiva entre TI e

as medidas de desempenho financeiro aceitas (STRASSMANN, 1998);

•••• alinhamento é o grau em que a missão da TI, os objetivos e os planos apoiam e são

apoiados pela missão, pelos objetivos e planos do negócio (REICH; BENBASAT,

2000);

•••• estratégias de negócios e de TI estão alinhadas, quando as estratégias de TI

possibilitam, apoiam e estimulam os objetivos do negócio (LUFTMAN, 1996);

•••• alinhamento estratégico é a ligação entre os planos de TI e os plano de negócio das

organizações, devendo ambos resultar de uma formulação estratégica corporativa

(BRODBECK, 2001);

•••• alinhamento estratégico equivale à adequação e integração funcionais entre ambientes

externo e interno para desenvolver competências e maximizar a performance

organizacional (HENDERSON; VENKATRAMAN, 1993).

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Considerando ser possível uma síntese dos conceitos apresentados e visando assegurar

satisfação no que diz respeito à integração de requisitos para uma gestão estratégia bem-

sucedida, o conceito de alinhamento estratégico concebido por Henderson e Venkatraman em

1993 afirma a necessidade da estratégia de TI estar articulada em termos de domínio externo –

como a empresa está posicionada no mercado de TI e em termos de domínio interno – como a

infraestrutura de TI está configurada e como é gerenciada.

Estudos empíricos do planejamento estratégico da TI, e especialmente o alinhamento

estratégico do plano de TI com o plano de negócio, são limitados e geralmente exploratórios

(PREMKUMAR5 apud KEARNS, 1997). Pesquisas sobre planejamento estratégico da TI e

alinhamento estiveram centradas geralmente sobre quais fatores contextuais são necessários

para o sucesso da TI, planejando estilos, metodologias formais para o planejamento, técnicas

avaliativas para a identificação e seleção de investimentos na TI, e medidas do sucesso da TI.

2.3.1 Modelos de alinhamento estratégico entre negócios e TI

A conceituação de alinhamento estratégico incentivou a estruturação de modelos que

estudam o impacto da TI no desempenho das empresas, traduzido por eficiência e eficácia

organizacional e na aquisição de vantagens competitivas. Os modelos, ao estabelecerem um

modo de pensar, passam, portanto a desempenhar um papel de referência, podendo operar

inclusive como prescrição para os agentes que tomam a decisão a respeito das práticas a

serem empregadas nas operações e nos processos. A literatura clássica apresenta vários

modelos que discorrem sobre o alinhamento Negócio-TI (ROCKART; MORTON, 1984;

WALTON, 1993; HENDERSON; VENKATRAMAN, 1993; KEARNS, 1997; MCGEE;

PRUSAK, 1999; BRODBECK, 2001; REZENDE; ABREU, 2003; LUFTMAN, 2003).

Dentre estes, estão destacados, os modelos de Henderson e Venkatraman (1993); Brodbeck

(2001); Rockart e Morton (1984) e Kearns e Sabherwal (2007), e este último norteará a

condução do estudo, objeto da presente pesquisa.

Henderson e Venkatraman (1993) propuseram um dos modelos de alinhamento

estratégico mais citado na literatura e que também trará subsídios fundamentais para a

presente pesquisa. Tal modelo identifica a necessidade de especificar dois tipos de integração

5 PREMKUMAR, G. Evaluation of strategic information systems planning: empirical validation of a conceptual model. Unpublished Ph.D. Dissertation, Katz Graduate Schooll of Business, University of Pittsburg.

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32

entre os domínios de negócio e de TI: integração da estratégia de negócios com a estratégia de

TI - a adequação estratégica - e a integração funcional que trata do elo entre a infraestrutura e

processos organizacionais e a infraestrutura e processos de TI (HENDERSON;

VENKATRAMAN, 1993).

O modelo de Henderson e Venkatraman (1993), exibido na Figura 2, serviu como base

para diversos autores, uma vez que vai além da amplamente reconhecida necessidade de

ajuste entre a estratégia da empresa e sua estrutura interna. Denominado de “Modelo do

Alinhamento Estratégico”, o modelo de Henderson e Venkatraman (1993) sugere ser também

necessário o ajuste entre a estratégia externa de TI (posicionamento no mercado de TI) e a

estrutura interna (organização e administração) de Sistema de Informação (SI), destacando e

analisando a importância estratégica do papel desempenhado pela TI dentro das empresas.

Segundo esse modelo, ao planejar a TI, deve-se considerar tanto fatores externos (estratégia)

quanto internos (infra-estrutura), ou seja: estratégia de negócio; estratégia de TI; infraestrutura

organizacional e processos; e infraestrutura de SI e processos (HENDERSON;

VENKATRAMAN, 1993).

Figura 2: Modelo do alinhamento estratégico Fonte: HENDERSON e VENKATRAMAN, 1993.

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33

Outro princípio do modelo de Henderson e Venkatraman (1993) é que uma

administração efetiva da TI requer um equilíbrio entre as decisões nos quatro fatores listados

anteriormente. Há ainda destaque para a integração entre os domínios estratégico e

operacional, tanto do negócio quanto da TI (LAURINDO et al. 2001) e também para o fato de

a estratégia de TI poder mudar a estratégia de negócios da empresa, uma vez que esta última

normalmente é considerada como o primeiro elemento quando da elaboração do planejamento

estratégico da TI.

Por sua vez, Rockart e Morton (1984) elaboraram um modelo, o qual também é um

dos precursores dos fundamentos sobre alinhamento estratégico de negócio e TI, que enfatiza

a TI como agente da mudança organizacional, deixando implícito que a adequação

tecnológica objetiva o alinhamento dos negócios da organização por meio da TI, direcionando

a transformação organizacional. Esses estudiosos sugerem que a TI deve ser usada não

somente para suportar os negócios da organização mas também para produzir mudanças na

estratégia corporativa em busca de vantagem competitiva.

Segundo Rockart e Morton (1984) existem duas forças fundamentais de mudanças que

atuam sobre as organizações: uma externa propiciada pelo ambiente político-sócio-econômico

e outra interna, proporcionada pela tecnologia. Para esses autores, essas duas forças afetam e

podem resultar em mudanças em qualquer um dos principais elementos corporativos:

estratégias, processos de gestão, estrutura corporativa, tecnologias, cultura organizacional,

bem como indivíduos e seus papéis. Assim, esses elementos, ainda que interdependentes,

devem estar sempre equilibrados para assegurar a efetividade organizacional.

As conclusões obtidas pelos estudos de Rockart e Morton (1984) e mostradas na

Figura 3 geraram um modelo conceitual que torna evidente a relação entre o ambiente externo

e os elementos intraorganizacionais e consequentemente as mudanças requeridas.

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34

Figura 3: Modelo conceitual do impacto da TI Fonte: ROCKART e MORTON, 1984.

O modelo de alinhamento estratégico, sugerido por Brodbeck (2001), procura permitir

a visualização da integração entre Negócios e TI como um processo que se estende ao longo

do tempo. Esse modelo que objetiva estruturar e operacionalizar o progresso do alinhamento

estratégico entre os planos de negócio e os de TI traz como uma de suas principais

contribuições de Brodbeck (2001), a construção de um arcabouço teórico que visa identificar

o estímulo ao alinhamento não somente quando da formulação da estratégia, como é o caso do

modelo de Henderson e Venkatraman (1993), mas também ao longo de todo o processo de

implantação do planejamento estratégico organizacional.

Para alcançar seu intento, Brodbeck (2001) somou ao modelo de Henderson e

Venkatraman (1993) conceitos teóricos que abarcam estágios de integração entre negócios e

TI para o longo prazo e a etapa de formulação do processo de planejamento estratégico

organizacional, pois, para esta pesquisadora, existe a necessidade de acompanhamento

sistemático por parte dos gestores de TI das ações implantadas.

O trabalho de Brodbeck (2001) esforça-se por uma ampliação dos principais modelos

de alinhamento que o antecederam – King (1978), Luftman; Lewis; Oldach, 1993; Henderson

e Venkatraman (1993); Lederer e Mendelow, (1988) – reunindo outros elementos de

alinhamento, elementos estes que consideram aspectos metodológicos de formulação e

implantação dos planos estratégicos. A proposta de Brodbeck (2001) foi a de desenvolver um

modelo operacional de integração, que preenchesse a lacuna causada pela inexistência ou

ineficiência de estímulo contínuo ao alinhamento durante toda a extensão do planejamento

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estratégico da organização. Os elementos acrescentados pelo referido estudo foram: método

de implantação do plano estratégico; comprometimento com o todo; recursos despendidos

(pessoas e valores); e melhoria dos processos e identificação de novos projetos estratégicos.

O modelo apresenta duas maneiras para se estimular o alinhamento contínuo. A

primeira ocorre horizontalmente e de forma circular entre os itens planejados de negócio e de

TI, indicando que uma nova direção poder ser dada a ambos e por ambos, a qualquer

momento. A segunda ocorre linearmente, indicando o movimento dos itens planejados do

estado presente para o estado futuro, introduzindo a visão de processo em movimento. Ao

longo dos diversos estágios da fase de implantação, os itens de planejamento são monitorados

e revisados em avaliações do planejamento, tornando evidente a dependência com a

metodologia de implantação adotada (BRODBECK, 2001). Em suma, o modelo proposto por

Brodbeck (2001) e mostrado na Figura 4 compreende as dimensões planejamento estratégico

e alinhamento estratégico.

Figura 4: Modelo de operacionalização do alinhamento estratégico Fonte: BRODBECK, 2001.

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36

2.4 Modelo proposto por Kearns e Sabherwal (2007)

Para Kearns e Sabherwal (2007), o fracasso contínuo dos investimentos em TI, apesar

de níveis elevados de alinhamento entre estratégias de negócios e estratégias de TI, pode ter

sua causa na falta de integração entre planejamento de negócios e planejamento de TI. Diante

dessa hipótese, esses pesquisadores sugerem que a integração do planejamento deve ser

examinada em termos da participação e cooperação entre os Gerentes de Negócios e Gerentes

de TI, tanto no planejamento estratégico de TI como nas decisões acerca dos investimentos

em TI, além de ressaltarem que a ocorrência de cooperação torna-se mais provável quando

existe apoio da alta administração da organização. Além disso, Kearns e Sabherwal (2007)

ponderam as consequências do planejamento da TI, examinando não somente a qualidade dos

planos de TI mas também problemas na implantação de projetos de TI e o impacto da TI no

desempenho dos negócios da firma.

Assim, como resultado dos estudos realizados por Kearns e Sabherwal (2007),

originou-se um modelo teórico de alinhamento entre planos de negócios e planos de TI, sendo

que o enfoque desse modelo está centrado sobre a integração do planejamento, ou seja, até

que ponto os aspectos de negócios e de TI interagem durante os processos associados com o

planejamento organizacional.

O modelo teórico para integração entre negócio e TI de Kearns e Sabherwal (2007)

explora uma importante razão para o investimento em TI: a integração do planejamento de

negócios e planejamento de TI. Esses estudiosos analisaram o alinhamento tomando como

referência três tipos de participação: participação dos gestores empresariais no planejamento

da TI, participação dos gestores de TI no planejamento empresarial e participação da alta

administração na destinação de verbas ou recursos de TI. Sustentados por considerações sobre

compartilhamento de conhecimentos e compromisso, Kearns e Sabherwal (2007) elaboraram

um modelo teórico que relaciona os três aspectos/participações descritos anteriormente a três

potenciais consequências - qualidade dos planos de TI, problemas em projetos de TI e

desempenho organizacional baseado na TI – a dois potencialmente importantes antecedentes

da integração entre planejamento de Negócios e planejamento de TI – percepção pela alta

administração da importância da TI e heterogeneidade ambiental.

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37

Figura 5Na Figura 5 apresenta-se o modelo proposto por Kearns e Sabherwal (2007),

em que estão sintetizados os conceitos abarcados pelo planejamento integrado, seus

antecedentes e suas consequências.

Figura 5: Modelo teórico de integração entre planejamento de negócio e TI - Kearns e Sabherwal Fonte: KEARNS e SABHERWAL, 2007, adaptado pela autora.

Conforme exibido na Figura 5, as principais características do modelo proposto por

Kearns e Sabherwal (2007) são:

• antecedentes da integração entre Negócios e TI;

• integração entre Negócios e TI;

• consequências da integração entre Negócios e TI.

A essas três características foram incorporados os oito constructos que descrevem a

essência do modelo desenvolvido por Kearns e Sabherwal (2007), como pode ser visto no

Quadro 1.

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Características do modelo

Antecedentes da integração entre

Negócios e TI

Integração entre Negócios e TI

Consequências da integração entre Negócios

e TI

Con

stru

ctos

Heterogeneidade ambiental

Participação dos Gerentes de Negócio no

planejamento da TI Qualidade dos planos de TI

Participação dos Gerentes de TI no planejamento do

Negócio

Problemas em projetos de TI

Percepção da importância da TI

pela Alta Administração

Participação da Alta Administração na

alocação de recursos para TI

Desempenho organizacional baseado na

TI

Quadro 1: Modelo de Kearns e Sabherwal (2007) - compilação Fonte: Elaborado pela autora.

Dessa forma, as seções seguintes têm por propósito clarificar os elementos que

compõem o modelo sobre o qual está alicerçada a presente pesquisa.

2.4.1 Antecedentes da integração entre negócio e TI

Na primeira parte do modelo torna-se clara a atenção dedicada à compreensão dos

fatores que precederam a integração entre Negócios e TI. De acordo com Henderson e

Venkatraman (1993), uma das premissas básicas do Alinhamento Estratégico entre Negócio e

TI é existência de uma integração equilibrada entre as estratégias e a estrutura, tanto de TI

como de negócio. O atendimento a essa consideração pode levar a uma vantagem competitiva

sustentável para as organizações.

Em se tratando de antecedentes, Luftman (2000) afirma que o alinhamento estratégico

é um processo evolucionário e dinâmico, que requer apoio da alta gestão das organizações,

associado às boas relações de trabalho, liderança, priorização adequada, e confiança, bem

como o correto entendimento do ambiente de negócios. Além disso, a comunicação deve ser

eficaz entre as áreas de TI e as áreas de negócios em todos os níveis, de forma que a área de

negócio entenda e aprecie TI. Segundo constatação feita por Luftman, Papp e Brier (1999),

pode-se dizer que o fator mais importante para atingir o alinhamento é a existência de uma

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atmosfera de comunicação aberta e honesta entre os participantes que promovem o

alinhamento.

Para Brown e Magill (1994), as pessoas que atuam nas áreas de negócio deveriam ter

conhecimento de TI, pois assim poderiam transmitir melhor suas necessidades para a área de

TI. Dessa forma, a responsabilidade da alteração do sistema seria efetivamente compartilhada

entre as duas áreas, na medida em que a área de negócio absorveria um pouco mais da

responsabilidade pelas alterações solicitadas nos sistemas. Esse compartilhamento maior da

responsabilidade aumentaria então o alinhamento entre as áreas.

Outro fator que tende a aumentar o alinhamento entre as áreas de TI e de negócios é o

fato de os responsáveis pelos sistemas ou tecnologias da informação serem da área de

negócio. Isso faria com que as solicitações de manutenção e desenvolvimento de SI partissem

das áreas mais próximas ao negócio e que tivessem como principais patrocinadores os

gerentes dessas áreas. Assim o compartilhamento da responsabilidade das alterações de SI

também seria maior (BROWN; MAGILL, 1994).

Apesar da diversidade de fatores que podem influenciar o alinhamento e o

desempenho das empresas, Kearns e Sabherwal (2007) tomaram por base a análise de dois

grupos de antecedentes do alinhamento: a heterogeneidade do ambiente organizacional e a

percepção da alta administração acerca da importância da TI.

Kearns e Sabherwal (2007) agruparam dois conjuntos de categorias ou variáveis

promotoras do alinhamento. A primeira variável do alinhamento contém elementos ligados

tanto ao ambiente externo, que podem afetar o desenvolvimento da TI, bem como a decisão

por utilizar esta de forma estratégica (JOHNSTON, CARRICO, 1988), quanto ao ambiente

interno, relativos à gestão da organização e que atuam como facilitadores ou inibidores para o

sucesso na implantação de planos de TI (REICH; BENBASAT, 2000; KING, TEO, 1996).

Esses elementos compõem a chamada heterogeneidade ambiental. No âmbito da gestão

estratégica, o ambiente organizacional tem sido considerado como uma variável fundamental

para explicar o comportamento estratégico das empresas (MILLER; FRIESEN, 1983),

embora sejam poucos os trabalhos que analisam o ambiente na formulação e implantação de

estratégias funcionais (WARD; BICKFORD; LEONG., 1996).

Segundo os trabalhos de Emery e Trist (2008), Thompson (1976) e Terreberry (1968),

as dimensões ambientais podem ser inferidas da seguinte maneira: a dimensão simples-

complexa e a dimensão estático-dinâmica. Duncan (1972), para expor essas dimensões,

recorreu a elementos que compõem tanto o ambiente interno quanto o ambiente externo das

organizações. Dessa maneira, para Duncan (1972), a parte simples da dimensão simples-

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complexa considera que os fatores que compõem o ambiente estão em pequena quantidade e

são semelhantes entre si, devido ao pequeno número de componentes, ao passo que a parte

complexa revela que os elementos que compõem a dimensão ambiental se apresentam em

grande número e não apresentam semelhanças entre si (DUNCAN, 1972).

Para a dimensão estático-dinâmica, Duncan (1972) sugere que os fatores do ambiente

interno e externo permanecem basicamente parados ao longo do tempo ou estão em processo

contínuo de atividade ou mudança. A parcela estática da dimensão tem a atenção voltada para

o fato dos elementos identificados no ambiente interno e/ou externo à organização serem

estáveis, ou seja, permanecerem exatamente iguais ao longo do tempo. A parte dinâmica por

sua vez revela a iteração dos elementos durante o processo de tomada de decisão (DUNCAN,

1972).

Com base nessas conclusões, Duncan (1972) elaborou uma matriz em que sintetiza sua

percepção acerca das questões do ambiente organizacional. Essa matriz está representada no

Quadro 2.

Simples Complexo

Est

átic

o

Célula 1

Baixa incerteza percebida Célula 2

Moderadamente baixa incerteza percebida

(1) Pequeno número de fatores e componentes no ambiente. (2) Fatores e componentes são um pouco similares entre si. (3) Fatores e componentes permanecem basicamente os mesmos (não estão em constante alteração ou mudanças).

(1) Grande número de fatores e componentes no ambiente. (2) Fatores e componentes não são similares entre si. (3) Fatores e componentes permanecem basicamente os mesmos (não estão em constante alteração ou mudanças).

Din

âmic

o

Célula 3

Moderadamente alta incerteza percebida Célula 4

Alta incerteza percebida

(1) Pequeno número de fatores e componentes no ambiente. (2) Fatores e componentes são um pouco similares entre si. (3) Fatores e componentes do ambiente estão em constante processo de mudança.

(1) Grande número de fatores e componentes no ambiente. (2) Fatores e componentes não são similares entre si. (3) Fatores e componentes do ambiente estão em constante processo de mudança.

Quadro 2: Condições das dimensões ambientais e conjeturas sobre as percepções experimentadas pelos indivíduos no processo de decisão

Fonte: DUNCAN, 1972, adaptado pela autora.

Page 43: ESTUDO DO ALINHAMENTO ESTRATÉGICO ENTRE TECNOLOGIA … · influenciavam o surgimento de planos e estratégias de negócio de TI alinhados, o que foi ao encontro das argumentações

41

Nesse contexto, a heterogeneidade ambiental é uma medida da diversidade demandada

pelo mercado de uma empresa, isto é, diz respeito à diversidade na competição, gostos dos

clientes, linhas de produtos, canais de distribuição, etc., nos segmentos de atuação da

empresa. Essas diferenças são significativas na medida em que exigem diferentes práticas ou

estratégias de marketing, produção e administração (MILLER; FRIESEN, 1983). Segundo

Duncan (1972), a heterogeneidade afeta a importância dos sistemas de informação, pois cria a

necessidade de uma análise mais extensiva: a intuição dos gerentes pode já não bastar para a

tomada de decisão. Para Duncan (1972), o mais elevado grau de percepção de incerteza é

experimentado por organizações que operam em um ambiente complexo, isto é, ambientes em

que a quantidade de fatores externos a serem considerados para a tomada de decisões é

numerosa (DUNCAN, 1972).

Mais concorrentes e uma série mais vasta de produtos e serviços requerem que mais

fatores sejam considerados e também um maior amparo ou apoio analítico. A diversidade

ainda conduz a estruturas organizacionais mais complexas, o que dificulta a tarefa

administrativa (LAWRENCE; LORSCH, 1973). Dessa forma, a heterogeneidade igualmente

cria a necessidade de maior inovação, diferenciação nos produtos e serviços das empresas

(KEARNS, 1997). Daí surge a ênfase na importância da TI para a alta administração como

um hábil ferramenta para flexibilidade e personalização.

Dessa maneira, para identificar e descrever o ambiente organizacional na presente

pesquisa serão considerados os apontamentos de Duncan (1972) acerca da heterogeneidade

como uma caracterização do ambiente organizacional externo, e também serão acrescentadas

as discussões de Miller e Friesen (1983) sobre a complexidade do ambiente externo, visto

que, em síntese, quanto mais numerosos e diversos forem os elementos externos relevantes,

mais complexo será o ambiente. E diante de um ambiente complexo, as exigências de

informação são maiores, aumentando a necessidade de atividades/ações estratégicas. Assim, a

capacidade dos executivos em guiar e influenciar ações relacionadas com gerenciamento e

uso da TI nas estratégias dos negócios torna-se uma competência crítica nas organizações, ou

seja, quanto maior a heterogeneidade ambiental, maior a necessidade de os gestores

empresariais participarem no planejamento da TI, a fim de desenvolverem competências

relacionadas à TI (KEARNS; SABHERWAL, 2007).

Tal análise fez com que Kearns e Sabherwal (2007) formulassem as seguintes

hipóteses:

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H6a: Heterogeneidade ambiental está positivamente associada com a percepção pela alta

administração da importância da TI.

H6b: Heterogeneidade ambiental está positivamente associada com a participação dos

gerentes de negócios no planejamento de TI.

H6c: Heterogeneidade ambiental está positivamente associada com a participação dos

gerentes de TI no planejamento de negócios.

Maior diversidade dos produtos e mercados da organização, como, por exemplo, redes

de comunicação, sistemas de produção flexíveis, projetos por computadores, etc., conduz a

um aumento na confiança sobre a TI e suas contribuições (KEARNS; SABHERWAL, 2007).

Essa afirmativa de Kearns e Sabherwal (2007) indica que os elementos relacionados à

heterogeneidade ambiental são aspectos importantes associados à incerteza ambiental.

Tal afirmativa vai ao encontro de argumentações prévias de Kearns (1997), as quais

declaravam que elementos ligados à percepção da importância da TI pela alta administração

medem o valor que o CEO (Chief Executive Officer) e outros executivos seniores atribuem à

TI. Segundo Kearns (1997) as organizações que percebem o potencial estratégico da TI e a

utilização para obtenção de vantagem competitiva são, portanto, mais susceptíveis de

envolverem a alta administração nas atividades da TI e, consequentemente, alcançarem o

comprometimento desses executivos para com as funções da TI.

Devido a pouca disponibilidade de tempo da alta administração, é natural supor que

esta irá dedicar sua atenção para as questões consideradas mais importantes, ou seja, aquelas

que possibilitarão atingir os objetivos de negócio estabelecidos. O conhecimento executivo da

TI é um fator predominante para explicar sua utilização, tanto no aspecto operacional quanto

no estratégico (BOYNTON; ZMUD; JACOBS, 1994). Para explorar a TI de forma

estratégica, o CEO deve vê-la como uma forma de adquirir vantagem competitiva

(JARVENPAA; IVES, 1990). Kearns (1997) e Kearns e Sabherwal (2007) observaram que o

envolvimento executivo foi importante para aplicações estratégicas da TI. Hambrick e Mason

(1984) argumentam que os resultados organizacionais são reflexos dos valores da alta

administração.

A busca pelo cumprimento dos objetivos da TI procurou estar significativamente

relacionada ao apoio à alta administração. (KEARNS, 1997). Em 1988, Lederer e Sethi

verificaram que um problema considerado grave em um significativo número de organizações

foi a dificuldade em se obter o apoio da alta administração para implantar os planos de TI. Já

Rockart e Morton (1984) foram categóricos ao indicarem a necessidade da participação da

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alta administração, argumentando que a TI é muito importante para deixá-la em mãos

puramente técnicas.

Atitudes executivas associadas à importância das atribuições das TI são moldadas pela

forma como um “CEO a percebe como uma necessidade fundamental para o sucesso de uma

organização” (JARVENPAA; IVES, 1991, p. 206). O envolvimento executivo flui da

importância estratégica da TI para a organização e contribui para o uso progressivo da TI.

Uma ordem do CEO para vincular SI com o plano de negócio promove integração estratégica

(LEDERER; MENDELOW, 1988). A falta de entendimento e inexperiência com a TI por

parte do CEO conduz para a subutilização desta (BAKOS; TREACY, 1986). Executivos de

TI acreditam que o CEO deve usar a tecnologia da informação como instrumento para

obtenção de vantagem competitiva (JONES; TAYLOR; SPENCER, 1995).

Executivos seniores de TI e executivos seniores de negócio geralmente não estão em

acordo no tocante à importância da TI para o alcance dos objetivos de negócio.

Frequentemente há um desentendimento compartilhado sobre os reais impactos resultantes da

TI devido à ausência de um sistema formal para medir a contribuição desta para o

desempenho organizacional. Diferenças de percepção e escassez de comunicação com a alta

administração impedem os esforços dos altos executivos de TI em obterem o alinhamento e

podem dar lugar aos inconvenientes entre TI e as prioridades da organização. Dessa maneira,

a comunicação escassa entre TI e a alta administração são um dos principais inibidores do

alinhamento (KEARNS, 1997). Assim, tais percepções deram margem ao surgimento das

seguintes hipóteses:

H5a: A percepção da alta administração sobre a importância da TI está positivamente

associada com a participação dos gerentes de negócios no planejamento de TI.

H5b: A percepção da alta administração sobre a importância da TI está positivamente

associada com a participação dos gerentes de TI no planejamento dos negócios.

H5c: A percepção da alta administração sobre a importância da TI está positivamente

associada com a participação da alta administração na alocação dos recursos para TI.

Quando a alta administração tem uma percepção positiva do papel estratégico da TI, é

mais provável que o executivo de TI participe do planejamento empresarial, o CEO terá maior

probabilidade de participar do planejamento de TI e as atribuições da TI tenderão a

associarem-se às práticas de planejamento estratégico.

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44

2.4.2 Influência dos fatores antecedentes nas variáveis da integração entre negócio e TI

O estudo de Kearns e Sabherwal (2007) centrado no conceito de integração entre

planejamento de negócio e planejamento de TI tem como foco a cooperação participativa, ou

seja, o estudo foi construído considerando que as competências centrais dependem de um

maior grau de flexibilidade organizacional que é fornecida pela integração das principais

habilidades.

A participação do CEO no planejamento da TI ocorre quando o CEO é bem informado

sobre as atribuições das TI, considera os investimentos em TI tanto sob os aspectos

operacionais quanto estratégicos, e envolve-se diretamente nas atividades que produzem o

plano de TI. Isto é importante para o executivo de TI porque o uso estratégico da TI é mais

provável de ocorrer onde o CEO está familiarizado com a TI e confia no gerenciamento das

operações de TI (LUCAS; TURNER, 1981). Espera-se que o grau de participação do CEO

influencie na qualidade do alinhamento estratégico.

Um CEO deve possuir um mínimo conhecimento das vantagens e limitações dos

vários e diferentes elementos envolvidos na TI, assim como compreender como esses

elementos podem ser implantados (EARL, 1993). O CEO deve comunicar-se regularmente

com os gerentes (LEDERER; MENDELOW, 1988). O CEO deve conhecer as oportunidades

relacionadas à TI e estar disposto a aproveitá-las (JONES; TAYLOR; SPENCER, 1995).

Aplicações estratégicas podem não parecer favoráveis quando os custos/benefícios são

analisados de forma rigorosa e terão maior probabilidade de conseguirem financiamento se

forem vistas pelo chief information officer (CIO) como investimentos e não gastos (REICH,

BENBASAT, 2000).

H1a: a participação dos gerentes de negócio no planejamento da TI está positivamente

associada com a participação da alta administração na alocação de recursos para TI.

No que se refere à participação de executivos de TI no planejamento de negócio, esta

se refere ao número de vezes que este executivo é convidado a participar e contribuir no

processo de planejamento da empresa que resulta na declaração de missão, objetivos, e

estratégias. Assim, o conceito de cooperação participativa contradiz a ideia de participação

simbólica ou participação como fonte de conflitos. Com base na pesquisa de Kearns e

Sabherwal (2007), pode-se deduzir que os executivos de TI que têm maior acesso ao processo

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de planejamento alinharão mais precisamente os objetivos atribuídos à TI com os objetivos da

empresa. Padrões de participação elevados são esperados para conduzir a alinhamento

estratégico com alta qualidade.

A necessidade de conhecer os objetivos da alta administração é um consenso entre os

gerentes de TI, pois para estes, quando os gerentes de TI são envolvidos no processo de

planejamento do negócio, eles se tornam mais bem informados dos objetivos da empresa,

podendo contribuir mais ativamente no planejamento de negócios. A ausência de apoio da alta

administração aliada à não participação da TI no planejamento de negócio inibem a integração

entre o plano de TI e o plano empresarial. A falta de apoio da alta administração, a ausência

de processos de planejamento apropriados e a dificuldade em atribuir valor aos benefícios

intangíveis foram mencionadas como inibidores da TI adotada nas organizações. Os

executivos de TI devem ser motivados a praticar ações que corrijam essas deficiências.

Práticas estratégicas de TI bem sucedidas têm sido encontradas em empresas onde as

operações de TI são mais bem desenvolvidas (KEARNS, 1997).

Estudos apontaram que, segundo os gerentes de TI, o apoio da alta administração

seguido do acesso à alta administração, nessa ordem, são os dois principais aspectos que

afetam o desempenho da TI (SAUNDERS; JONES, 1992). A posição (status) do gerente de

TI na organização igualmente parece ser uma variável importante para o uso eficaz dos

recursos de informação. Os CIO (chief information officer ) que se dirigem diretamente ao

CEO têm a maior credibilidade e usufruem de acesso facilitado à alta administração

(KEARNS, 1997; KEARNS; SABHERWAL, 2007).

Pesquisas sugerem que as características dos relacionamentos de seus gerentes talvez

sejam a principal variável no sucesso dos esforços da TI (KEARNS, 1997; KEARNS;

SABHERWAL, 2007). Organizações em que o gerente de TI possui status elevado usam

recursos de TI de maneira mais eficiente, têm grande habilidade de planejamento e poucos

problemas de implantação de projetos de TI (LEDERER; SETHI, 1988; KEARNS, 1997;

KEARNS; SABHERWAL, 2007).

Dessa forma, no modelo apresentado por Kearns e Sabherwal (2007), a integração

entre planejamento de negócio e planejamento de TI é examinada considerando a participação

dos principais stakeholders, tanto nos referidos planejamentos quanto na distribuição de

recursos da TI, ou seja, a integração entre planejamento de negócio e planejamento de TI é

concebida considerando os seguintes aspectos comportamentais: participação dos gerentes de

negócio no planejamento de TI, participação dos gerentes de TI no planejamento de negócio e

participação de alta administração na destinação dos recursos da TI. Esses três aspectos da

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46

integração sugerem que a participação de gerentes de negócio no planejamento da TI conduz

a organização à análise dos requisitos de informação; a participação de gerentes de TI no

planejamento de negócio conduz ao planejamento estratégico; e a participação da alta

administração na alocação dos recursos da TI conduz à melhoria na destinação dos recursos.

Apoiados nestas considerações Kearns e Sabherwal (2007) postularam outra hipótese:

H1b: a participação dos gerentes de TI no planejamento de negócio está positivamente

associada com a participação da alta administração na alocação de recursos para TI.

Finalmente, Kearns e Sabherwal (2007) argumentam que, como conhecimentos

específicos serão compartilhados e integrados, ideias mais robustas e flexíveis tendem a

emergir, podendo ser recompensadas pela alta administração. Assim, quando gerentes de

negócio participam do planejamento de TI ou gerentes de TI participam no planejamento de

negócio, a alta administração provavelmente desenvolve maior conhecimento sobre a TI, e

podem, consequentemente, ser capazes de contribuir mais ativamente nas decisões relativas à

alocação de recursos da TI. Aliado a isso, quando os gerentes de negócio aumentam suas

competências sobre TI, suas habilidades para participarem na avaliação e no estímulo aos

investimentos da TI também melhoram. E, quando os gerentes de negócio participam do

planejamento de TI ou gerentes de TI participam do planejamento de negócio, pode haver

uma maior cooperação entre gerentes de negócio e de TI e um aumento da participação da alta

gerência (ou gerência sênior) nas atividades de TI, o que levaria a um aumento da

participação da alta administração nas decisões de alocação de recursos de TI.

2.4.3 Consequências da integração entre planejamento de negócio e planejamento de TI

Segundo Kearns e Sabherwal (2007), fundamentados nos estudos de Javenpaa e Ives

(1991), Baets (1996), Kearns, 1997 e King e Teo (1997), a integração do planejamento de

negócio e planejamento de TI beneficia a organização de duas maneiras que podem estar

relacionadas com conhecimento e compromisso. Primeiramente, a integração do planejamento

de negócio e planejamento de TI provavelmente aumenta a participação da alta administração

da organização nas atividades de TI, aumentando potencialmente seu compromisso com a TI,

possivelmente levando a um aumento dos recursos destinados ao desenvolvimento de TI. Em

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47

segundo lugar, a integração propiciaria gerentes de negócios com conhecimentos sobre TI e

gerentes de TI com conhecimentos sobre negócios, favorecendo maior compartilhamento de

conhecimentos entre estes. Associado a esse fato, pode ocorrer, ainda, promoção de mútuo

entendimento das iniciativas de negócios e oportunidades de TI, estimulando tanto nos

gerentes de negócio quanto nos gerentes de TI um compromisso recíproco com missão,

estratégias e objetivos organizacionais.

Para Kearns e Sabherwal (2007), através de seus efeitos no compromisso e no

conhecimento, a integração do planejamento de negócios e de TI afetam o desempenho

organizacional. Esses efeitos podem ser vistos em termos da melhoria da qualidade dos planos

de TI, da redução de problemas na execução dos projetos de TI e da melhoria da TI com base

no desempenho da organização. Essas três consequências da integração entre planejamento de

negócios e de TI podem estar relacionadas com as quatro dimensões da eficácia do

planejamento estratégico de TI identificadas por Segars e Grover (1999), alinhamento,

análise, cooperação e melhoria na capacidade, como examinado a seguir.

a) Qualidade dos planos de TI: Melhor qualidade dos planos de TI implica a

identificação de formas de utilização de recursos de TI, eficazes e eficientes, para apoiar os

objetivos da organização. Qualidade superior dos planos de TI implica, portanto, maior

alinhamento entre as estratégias de negócios e de TI, melhor refletindo os resultados das

análises realizadas durante o processo de planejamento (SEGARS; GROVER, 1999). Assim,

diante do aumento do alinhamento, a integração conduz a uma maior qualidade dos planos de

TI. Kearns e Sabherwal (2007) retornam aos estudos de Reich e Benbasat (1996) para

argumentarem que o alinhamento é uma consequência do conhecimento compartilhado e que

o acordo entre gerentes de negócio e de TI sobre a forma como a TI deve ser usada para

melhorar o desempenho organizacional leva níveis mais elevados de alinhamento. Melhor

qualidade dos planos de TI, portanto, remetem ao maior alinhamento entre estratégias de

negócios e estratégias de TI, refletindo melhor o resultado de análises da TI durante o

processo de planejamento, ou seja, mediante o aumento do alinhamento, a participação

conduz a uma maior qualidade dos planos de TI (SEGARS; GROVER, 1999).

Kearns e Sabherwal (2007) propõem que o intercâmbio de conhecimentos entre

executivos de negócio e executivos de TI associado à análise dos demais processos e

perspectivas é fundamental para o alinhamento dos planos de TI com as diretrizes

organizacionais. Também a colaboração e a visão compartilhada entre TI e os gerentes de

negócio são necessárias para a perfeita adequação da TI e os processos de negócio, ou seja,

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48

quando gerentes de TI participam das reuniões de planejamento, têm contactos frequentes

com outros gerentes de negócio e contribuem para a formulação dos objetivos de negócio, os

investimentos em TI serão mais propensos a refletirem as diretrizes da organização. Essa

maior participação no planejamento de negócios pode aumentar a capacidade de adaptação e

melhorar a conexão entre o planejamento estratégico de TI e as necessidades do mercado

(KEARNS; SABHERWAL, 2007).

Henderson e Venkatraman (1993) argumentaram que investimentos em TI

proporcionam um maior valor se as estratégias de negócio e de TI estiverem alinhadas. Para

assegurar o alinhamento contínuo, a alta administração deve criar um processo administrativo

dinâmico de conscientização tecnológica em que os gerentes de negócio reconheçam

tecnologias emergentes e gerentes de TI entendam o processo de negócio.

Desse modo, a mútua participação dos gerentes de negócio e TI no planejamento

estratégico de suas áreas, pode melhorar tanto a análise quanto o alinhamento das capacidades

de negócio e de TI.

Assim, ao facilitar tanto o alinhamento quanto a análise, a participação dos gerentes de

negócio no planejamento de TI e a participação dos gerentes de TI no planejamento de

negócio conduzem a uma melhor qualidade dos planos de TI. Isso posto, Kearns e Sabherwal

(2007) formulam outras hipóteses:

H2a: a participação dos gerentes de negócio no planejamento da TI está positivamente

associada com qualidade dos planos de TI.

H2b: a participação dos gerentes de TI no planejamento de negócios está positivamente

associada com qualidade dos planos de TI.

b) Problemas na implantação de projetos de TI: Lederer e Sethi (1988) relacionam os

problemas com a aplicação de metodologias de planejamento estratégico de TI em três tipos:

recursos para a aplicação da metodologia; processo de planejamento específico da

metodologia; saídas da metodologia planejada. Dessa forma, Kearns e Sabherwal (2007),

alicerçados nas pesquisas de Keil et al. (2003), definem problemas de projetos como os

problemas surgidos durante a execução das implantações oriundas dos investimentos em TI

devido à falta de atenção aos detalhes ou a outras questões relativas à especificação,

estimativa e acompanhamento e controle de projetos de TI.

A maior participação da alta administração na alocação de recursos para a TI pode

aumentar o compromisso destes com a TI em geral, ou especificamente com determinado

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projeto, o que conduz à maior destinação de recursos para o referido projeto. Além do mais, a

concessão, pela alta cúpula administrativa, de recursos também pode incentivar ações

positivas por parte dos demais gerentes, aumentando a probabilidade dos gerentes de negócio,

assim como os usuários cooperarem com os gerentes de TI no decorrer do projeto

(JARVENPAA; IVES, 1991; KING; TEO, 1997; SEGARS; GROVER, 1999). Uma maior

participação da alta administração na alocação de recursos de TI poderia, portanto, reduzir os

riscos nas implantações de projetos (JIANG; KLEIN; DISCENZA, 2001).

Considerando que, com análise cuidadosa, priorização de investimentos e clara

delimitação dos detalhes dos planos de ação, como consequência, haverá melhoria nos planos

de TI e redução de problemas durante a execução dos projetos de TI, Kearns e Sabherwal

(2007) apresentam as seguintes hipóteses:

H3a: a participação da alta administração na alocação de recursos de TI está negativamente

associada com problemas em projetos de TI.

H3b: qualidade dos planos de TI está negativamente associada com problemas em projetos de

TI.

c) Desempenho organizacional baseado na TI: Kearns e Sabherwal (2007) definem

desempenho organizacional baseado na TI como sendo a medida das melhorias na

produtividade e rentabilidade (lucro) da organização derivadas dos investimentos em TI. Isto

é evidenciado pela eficiência, satisfação dos clientes, retorno sobre o investimento (ROI –

Return on investment), quota/fatia de mercado e vendas que resultam dos investimentos em

TI. Kearns e Sabherwal (2007), no entanto, recorreram aos estudos de Hu e Plant (2001),

Boynton, Zmud e Jacobs (1994) e Shin (2001) para afirmarem que intensivas pesquisas

empíricas falharam ao tentarem estabelecer uma relação positiva entre investimentos em TI e

rentabilidade (lucro) organizacional, mas que estas mesmas pesquisas também atestam que a

TI deve estar associada às iniciativas de negócio para impactar o desempenho organizacional.

A participação da alta administração na alocação de recursos de TI aumenta a

probabilidade dos investimentos em TI serem, finalmente, aplicados como previsto

inicialmente apoiando mais estreitamente as iniciativas exigidas pelo negócio (REICH;

BENBASAT, 2000). Empresas com maior participação da alta administração na alocação de

recursos de TI são mais propensas a selecionarem investimentos em TI que têm maiores

possibilidades de influenciar positivamente desempenho financeiro da companhia

(KAYWORTH; CHATTERJEE; SAMBAMURTHY, 2001). Por sua vez, o aumento da

participação da alta administração na avaliação dos investimentos contribui para a promoção

Page 52: ESTUDO DO ALINHAMENTO ESTRATÉGICO ENTRE TECNOLOGIA … · influenciavam o surgimento de planos e estratégias de negócio de TI alinhados, o que foi ao encontro das argumentações

50

das qualidades da TI no que se refere ao aumento do desempenho organizacional e também

ajuda a criar vantagem competitiva baseada na TI (AMIT; SCHOEMAKER, 1993). Isto

conduziu à seguinte hipótese formulada por Kearns e Sabherwal (2007):

H4a: a participação da alta administração na alocação de recursos de TI está positivamente

associada com o desempenho organizacional baseado na TI.

Através de maior alinhamento entre estratégias de negócios e estratégias de TI,

melhoram-se os planos de TI, o que por sua vez conduz à melhoria no desempenho

organizacional baseado na TI (SEGARS; GROVER; TENG, 1998). Isto condiz com a crença

que somente se gera valor competitivo quando a empresa aproveita/promove os recursos e as

habilidades existentes na organização (BHARADWAJ, 2000). Essa afirmativa encontra

sustentação em pesquisas anteriores, pesquisas estas indicativas de que: o alinhamento entre

estratégias de negócios e de TI tem efeito positivo no desempenho organizacional

(SABHERWAL; KIRS, 1994) e na percepção do valor da TI (TALLON; KRAEMER;

GURBAXANI, 2000); e empresas com sistemas de informação bem desenvolvidos têm

aproximadamente três vezes mais chances de terem escrito planos gerais para

desenvolvimento de TI (DOLL, 1985). No entanto grandes problemas nos projetos de TI

poderiam, desfavoravelmente, afetar o retorno associado aos investimentos em TI e,

consequentemente, reduzir o desempenho organizacional baseado na TI (LEDERER; SETHI,

1988). Portanto, tendo por base os argumentos apresentados, Kearns e Sabherwal (2007)

articulam as seguintes hipóteses:

H4b: a qualidade dos planos de TI está positivamente associada com o desempenho

organizacional baseado na TI.

H4c: problemas em projetos de TI estão negativamente associados com o desempenho

organizacional baseado na TI.

Diante do exposto, para Kearns e Sabherwal (2007) a participação coletiva e

cooperativa da alta administração, dos gerentes de negócios e dos gerentes de TI aumenta a

qualidade da TI, reduz problemas associados à implantação e melhora o desempenho da

organização. Tal argumentação está sintetizada no Quadro 3.

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51

Dimensão Hipóteses

AN

TE

CE

DE

NT

ES

DA

IN

TE

GR

ÃO

H6a: heterogeneidade ambiental está positivamente associada com a percepção pela alta administração da importância da TI.

H6b: heterogeneidade ambiental está positivamente associada com a participação dos gerentes de negócios no planejamento de TI.

H6c: heterogeneidade ambiental está positivamente associada com a participação dos gerentes de TI no planejamento de negócios. H5a: a percepção da alta administração sobre a importância da TI está positivamente associada com a participação dos gerentes de negócios no planejamento de TI.

H5b: a percepção da alta administração sobre a importância da TI está positivamente associada com a participação dos gerentes de TI no planejamento dos negócios.

H5c: a percepção da alta administração sobre a importância da TI está positivamente associada com a participação da alta administração na alocação dos recursos para TI.

INT

EG

RA

ÇÃ

O

EN

TR

E

PL

AN

OS

H1a: a participação dos gerentes de negócio no planejamento da TI está positivamente associada com a participação da alta administração na alocação de recursos para TI.

H1b: a participação dos gerentes de TI no planejamento de negócio está positivamente associada com a participação da alta administração na alocação de recursos para TI.

CO

NSE

QU

ÊN

CIA

S D

A I

NT

EG

RA

ÇÃ

O

H2a: a participação dos gerentes de negócio no planejamento da TI está positivamente associada com qualidade dos planos de TI.

H2b: a participação dos gerentes de TI no planejamento de negócios está positivamente associada com qualidade dos planos de TI.

H3a: a participação da alta administração na alocação de recursos de TI está negativamente associada com problemas em projetos de TI.

H3b: qualidade dos planos de TI está negativamente associada problemas em projetos de TI.

H4a: a participação da alta administração na alocação de recursos de TI está positivamente associada com o desempenho organizacional baseado na TI. H4b: a qualidade dos planos de TI está positivamente associada com o desempenho organizacional baseado na TI.

H4c: problemas em projetos de TI estão negativamente associados com o desempenho organizacional baseado na TI.

Quadro 3: Hipóteses formuladas por Kearns e Sabherwal (2007) Fonte: Elaborado pela autora.

Após o desenvolvimento teórico do modelo, o próximo estágio dos estudos de Kearns

e Sabherwal (2007) foi verificar empiricamente a validade de suas proposições ou hipóteses.

Por meio de surveys iniciais e análises quantitativas o trabalho dos estudiosos analisou os

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antecedentes e as consequências da integração entre o planejamento de negócio e de TI. A

análise envolveu três aspectos da chamada integração entre o planejamento de negócio e de

TI, três consequências do alinhamento e dois fatores contextuais que potencialmente

afetariam a integração entre os planos negócios e os planos de TI: heterogeneidade ambiental

e reconhecimento da direção superior do potencial da TI. Os resultados empíricos observados

por Kearns e Sabherwal (2007) sustentavam as suposições apontadas pelo modelo teórico,

visto que doze das quinze hipóteses aventadas durante a pesquisa teórica foram suportadas.

Os resultados observados apoiaram e ampliaram a pesquisa teórica realizada pelos estudiosos.

O estudo de Kearns e Sabherwal (2007) revelou um conjunto de associações fortes

entre: heterogeneidade ambiental e percepção de importância da TI pelos membros da alta

administração; heterogeneidade ambiental e integração entre planejamento de negócio e de

TI; integração e qualidade dos planos de TI; participação da alta administração na alocação de

recursos para TI e redução de problemas de execução de projetos de TI; e participação da alta

administração na alocação de recursos para TI e desempenho organizacional.

Combinados, a confirmação para as relações entre a percepção de importância da TI

pela alta administração e a integração entre planejamento de negócio e de TI e os efeitos da

participação da alta administração na alocação de recursos para TI nos problemas nos projetos

de TI e no desempenho reforçaram a crença dos pesquisadores de que a percepção do

potencial estratégico da TI pela alta administração pode ser fundamental para extrair todos os

benefícios dos investimentos feitos em TI e de que a indiferença da alta gerência acerca da TI

pode levar a um desempenho insatisfatório (KEARNS; SABHERWAL, 2007). No Quadro 4

apresenta-se a síntese das constatações de Kearns e Sabherwal (2007).

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Dimensão Hipótese Confirmação

AN

TE

CE

DE

NT

ES

DA

IN

TE

GR

ÃO

H6a: heterogeneidade ambiental está positivamente associada com a percepção pela alta administração da importância da TI.

H6b: heterogeneidade ambiental está positivamente associada com a participação dos gerentes de negócios no planejamento de TI.

H6c: heterogeneidade ambiental está positivamente associada com a participação dos gerentes de TI no planejamento de negócios. H5a: a percepção da alta administração sobre a importância da TI está positivamente associada com a participação dos gerentes de negócios no planejamento de TI.

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

H5b: a percepção da alta administração sobre a importância da TI está positivamente associada com a participação dos gerentes de TI no planejamento dos negócios.

H5c: a percepção da alta administração sobre a importância da TI está positivamente associada com a participação da alta administração na alocação dos recursos para TI.

INT

EG

RA

ÇÃ

O E

NT

RE

P

LA

NO

S

H1a: a participação dos gerentes de negócio no planejamento da TI está positivamente associada com a participação da alta administração na alocação de recursos para TI.

H1b: a participação dos gerentes de TI no planejamento de negócio está positivamente associada com a participação da alta administração na alocação de recursos para TI.

Sim

Sim

CO

NSE

ÊN

CIA

S D

A I

NT

EG

RA

ÇÃ

O H2a: a participação dos gerentes de negócio no planejamento da TI está positivamente associada com qualidade dos planos de TI.

H2b: a participação dos gerentes de TI no planejamento de negócios está positivamente associada com qualidade dos planos de TI.

Sim

Sim

Page 56: ESTUDO DO ALINHAMENTO ESTRATÉGICO ENTRE TECNOLOGIA … · influenciavam o surgimento de planos e estratégias de negócio de TI alinhados, o que foi ao encontro das argumentações

54

Dimensão Hipótese Confirmação

H3a: a participação da alta administração na alocação de recursos de TI está negativamente associada com problemas em projetos de TI.

H3b: qualidade dos planos de TI está negativamente associada problemas em projetos de TI.

H4a: a participação da alta administração na alocação de recursos de TI está positivamente associada com o desempenho organizacional baseado na TI.

Sim

Não

Sim

Não

Não

CO

NSE

QU

ÊN

CIA

S D

A

INT

EG

RA

ÇÃ

O (

con

t.) H4b: a qualidade dos planos de TI está

positivamente associada com o desempenho organizacional baseado na TI.

H4c: problemas em projetos de TI estão negativamente associados com o desempenho organizacional baseado na TI.

Quadro 4: Confirmação para as hipóteses formuladas por Kearns e Sabherwal (2007) Fonte: Adaptado pela autora.

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3 METODOLOGIA DA PESQUISA

Por entender que não existe apenas uma maneira ou método para analisar uma situação

ou fato, este capítulo tem como objetivo apresentar o arcabouço metodológico que norteou e

conduziu a estruturação e o desenvolvimento da presente pesquisa, desde a etapa de pré-

projeto, a qual pode ser entendida como planejamento da pesquisa, até a fase de levantamento,

coleta e análise dos dados, culminando com a etapa de conclusão, em que se apresenta o

posicionamento do estudo sobre o fenômeno pesquisado.

Na expectativa de clarificar o entendimento acerca dos procedimentos metodológicos

utilizados e para possibilitar o detalhamento do estudo, este capítulo está dividido em quatro

seções por meio das quais é delineada a abordagem metodológica e estabelecidos os

procedimentos operacionais da pesquisa. A primeira seção apresenta o método e as estratégias

utilizados no estudo, discorrendo sobre a tipologia da pesquisa no que se refere à estratégia

qualitativa para abordagem do problema, aos objetivos ou enfoques exploratórios acerca do

tema central do estudo e do estudo de caso como procedimento ou método de investigação. A

segunda seção discorre sobre as unidades ou casos adotados no estudo, bem como as

motivações e limitações da escolha. Posteriormente, na terceira seção será apresentada a

estratégia que norteou a coleta dos dados. Assim, serão mostradas as técnicas utilizadas para

coleta de evidências, dados e informações, as unidades de observação, bem como os fatores

que motivaram ou restringiram as escolhas feitas para esta fase. Por fim, a quarta e última

seção apresenta a maneira como se darão o tratamento e a análise os dados coletados para a

pesquisa, o que está representado na Figura 6, em que se mostra a evolução da pesquisa.

1.

A questão da pesquisa

2.

Revisão da literatura

3.

Produção do protocolo da pesquisa

4.

Teste e revisão do

protocolo da pesquisa

5.

Execução da pesquisa

Coleta de dados

6.

Análise dos resultados obtidos

7.

Obtenção de conclusões

Evolução da pesquisa

Figura 6: Sequência da pesquisa Fonte: Elaborado pela autora.

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3.1 Estratégia e método da pesquisa

São significativas as diferenças entre pesquisas com abordagem qualitativa e outras,

cujos métodos apresentem maior integridade de dados. Para Bonoma (1985) a pesquisa

qualitativa é dirigida por um processo modelado de descoberta que guia um conjunto de

generalizações teóricas das observações, um teste de restrições dessas observações e,

eventualmente, uma teoria validada. Ainda conforme o estudioso, o objetivo da coleta de

dados em estudos de casos não é a quantificação ou enumeração, mas sim a descrição, a

classificação (desenvolvimento de tipologias), o desenvolvimento de teoria e o teste de teoria

limitado. Em suma, o objetivo é a compreensão, pouco servindo a enumeração na

investigação de um caso, visto que o intento não é a extensão ou representatividade da

pesquisa, isto é, o número extenso de amostras, mas a intensidade ou profundidade da

informação (BONOMA, 1985).

Em consonância com o objetivo da investigação, neste estudo utilizou-se a estratégia

de pesquisa qualitativa. Não foram empregados dados puramente estatísticos para análise do

problema. O que se ambicionou, tomando como base o modelo teórico proposto por Kearns e

Sabherwal (2007), foi analisar as características da relação entre TI e negócios por meio da

identificação e do entendimento dos elementos que compõem e da forma como a

heterogeneidade ambiental e a percepção de importância da TI pela alta direção influenciaram

a integração entre Negócio e TI propiciando o alinhamento entre essas estratégias em uma

organização do setor de serviços de Belo Horizonte, relacionados à tecnologia da informação,

a ATIVAS Data Center. Por seu enfoque exploratório e descritivo, uma vez que busca a

identificação, análise, compreensão e esclarecimentos profundos (GODOY, 1995c) acerca do

alinhamento estratégico entre TI e negócio, a pesquisa assumiu caráter exploratório, o que

conforme Gil (1999), propicia visão geral dos fatos, haja vista a dificuldade quanto à

formulação de hipóteses precisas e operacionalizáveis para o tema investigado (GIL, 1999).

A adoção de tratamento exploratório para a investigação-alvo deste projeto é reforçada

pela afirmativa de Marconi e Lakatos (1996) de que questões ou problemas cuja finalidade

seja desenvolver hipóteses, aumentar a familiaridade do pesquisador com o fenômeno

estudado, ou clarificar conceitos, são os aspectos que norteiam os estudos exploratórios

(MARCONI; LAKATOS, 1996). Por fim, a complexidade do fenômeno-alvo do estudo aliada

ao fato de a pesquisa intentar explorar e clarificar os limites, descrever a situação do contexto

e também explicar as variáveis causais do fenômeno em questão tornam o estudo de caso o

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57

método mais adequado para o delineamento da pesquisa (GIL, 1999). Yin (2005) reforça a

argumentação anterior, ao afirmar que o estudo de caso é particularmente bem-vindo em

situações novas nas quais muito pouco é conhecido sobre o fenômeno e em situações nas

quais as teorias correntes parecem inadequadas (YIN, 2005)

Godoy (2005) expõe que, na pesquisa qualitativa, o processo de condução da

investigação é essencialmente indutivo, isto é, o pesquisador coleta e organiza os dados com o

objetivo de construir pressuposições, em vez de, dedutivamente, derivar hipóteses a serem

testadas (GODOY, 2005).

A pergunta proposta com base no tema a ser pesquisado “Qual o potencial explicativo

do Modelo de Kearns e Sabherwal (2007) para compreender a integração entre negócio e TI

em uma empresa de serviços?” é abrangente, assim sendo, a abordagem qualitativa foi a mais

adequada para a decodificação e possíveis desdobramentos destas durante o desenrolar da

pesquisa. Devido à abundância de literatura inerente ao tema, quanto aos fins, a pesquisa

desenvolveu-se através de uma perspectiva exploratória. Essa escolha justifica-se pelo fato de

que o objetivo da pesquisa é proporcionar maior familiaridade com o problema do estudo

(GIL, 2002). No que concerne aos meios, o argumento de Eisenhardt (1989) sobre o método

de estudo de caso com corte transversal possibilitar maior detalhamento dos fenômenos

estudados fornece o subsídio necessário para a pesquisa proposta neste projeto, uma vez que

tal pesquisa buscou descrever o tema através de explanações, o que poderá tornar o estudo

proposto um impulsionador para estudos posteriores.

Reforçando o contexto exposto, vale utilizar a argumentação de Yin (2005) que

enfatiza a questão da busca pela compreensão dos fenômenos sociais complexos ter tornado o

estudo de caso um instrumento cada vez mais utilizado por pesquisadores sociais,

principalmente porque tal método permite uma investigação que preserva as características

holísticas e significativas dos acontecimentos da vida real. Também a possibilidade de

responder às questões do tipo “como” ou “por que” sobre um conjunto contemporâneo de

acontecimentos subsidiam o estudo de caso como metodologia a ser utilizada (YIN, 2005).

Assim, na Figura 7 resume-se todo discurso metodológico que permeou a investigação e

ilustra o desenho da pesquisa realizada.

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Figura 7: Panorama da pesquisa Fonte: Adaptação de BUSS, 2006.

3.2 Unidades empíricas de análise

A escolha ou seleção de casos é uma das etapas essenciais para a pesquisa a partir de

estudo de casos. Para o método do estudo de caso, a escolha aleatória dos casos não é

necessária nem preferível (EISENHARDT, 1989), uma vez que pesquisas qualitativas

confiam em amostragens teóricas, sem a preocupação em enumerar ou medir eventos

(GODOY, 2005a). Entretanto a definição das unidades empíricas de análise revela-se tarefa

árdua, uma vez que a delimitação do caso ou casos a serem estudados é significativamente

complexa.

É preciso ressaltar que encontrar um caso potencial e ter acesso a ele é decisivo no

estudo de casos, no entanto, geralmente dependente de sorte, mais do que uma consideração

cuidadosa. Outro conflito quando da adoção de estudos de casos diz respeito à quantidade de

casos necessária para fazer comparações razoáveis entre eles ou para trazer uma contribuição

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convincente à teoria. Como forma de dirimir a divergência quanto ao número de casos a ser

considerado, Yin (2005) lança luzes quanto a abordar um caso único ou múltiplos casos. Para

o autor, o estudo de caso único é um projeto apropriado em determinadas circunstâncias:

quando ele representa o caso decisivo para testar uma teoria bem-formulada; quando é aquele

em que o caso representa um caso raro ou extremo; quando é um caso representativo ou

típico; quando é um caso inovador; ou quando é um caso longitudinal, estudado em condições

diferentes no tempo. No entanto esse estudioso argumenta que as evidências resultantes de

estudos de casos múltiplos são consideradas mais convincentes, e o estudo global é visto, por

conseguinte, como algo mais robusto. (YIN, 2005).

Diante do exposto, na pesquisa realizada buscou-se inicialmente apoio na

fundamentação teórica sobre casos múltiplos, o que propiciaria ao estudo maior consistência.

No entanto, com as dificuldades que emergiram devido à concorrência existente entre as

empresas do setor escolhido para o estudo, empresas do setor de serviços na área de TI -

organizações que se utilizam da TI geralmente lidam com informações confidenciais e

estratégicas, esse fato restringe o acesso a algumas empresas que não estão dispostas a

fornecer credenciais para acesso a tais informações - torna-se manifesta a alternativa do

estudo de caso único. Para tal, buscou-se sustentação nas justificativas apresentadas por Yin

(2005), as quais consideram que casos únicos representativos ou típicos, por objetivarem a

captura de circunstâncias e condições de uma situação cotidiana, fornecem muitas

informações sobre as experiências da instituição usual, enriquecendo as lições que se

aprendem com esses casos, e podem ser utilizados para determinar se as propostas de uma

teoria são verdadeiras (YIN, 2005). Assim, acreditando-se que o estudo de caso único permite

maior aprofundamento em uma investigação, baseando-se na argumentação sobre a

representatividade do caso apresentada anteriormente e considerando-se que a pesquisa busca

avaliar o alinhamento entre estratégias de negócio e TI sob a perspectiva explicativa de um

modelo que tem ainda pouco tempo de existência, o modelo de Kearns e Sabherwal (2007), a

opção pelo estudo de caso único revela-se uma escolha satisfatória.

Quanto ao setor de atuação, procurou-se por empresas que apresentassem

compatibilidade com o conceito do IBGE (2009) no tocante à definição de setor de

Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC). Assim, dentro do universo de unidades

empíricas passíveis de estudo, a escolha inicial foi por empresas cujas atividades estivessem

relacionadas ao setor de serviços, enquadrando-se na definição a seguir:

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[...] empresas de serviços que atuam nos segmentos intensivos em informação e que apresentam importância crescente na estrutura econômica dos países em desenvolvimento e estão no centro das profundas transformações produtivas verificadas na economia [...], gerando profundas alterações nos padrões produtivos, culturais e de consumo [...] Reúnem as atividades de informática, telecomunicações, agências de notícias, e produção, distribuição e projeção de filmes [...] (IBGE, 2000).

Quanto ao segmento optou-se por destacar e analisar apenas empresas cujas

atividades, em alguma medida, fossem ligadas a serviços de TI ou prestação de serviços de

informação, segmentando o grande setor de informação e comunicação apresentado pelo

IBGE (2000). Essa opção levou em conta a suposta facilidade de acesso a empresas com esse

perfil, o que foi totalmente rechaçado conforme será descrito nos capítulos seguintes.

O próximo critério para seleção das unidades empíricas de análise tomou como base as

argumentações de Maia (2009), o qual argumenta que toda empresa possui em certa medida

planos e estratégias. Que nenhuma empresa, seja ou não de tecnologia da informação não esta

parada por falta de planejamento estratégico de negócio ou de TI. Para Maia (2009) as

decisões importantes sobre o uso da tecnologia da informação nas empresas acontecem de um

jeito ou de outro. Nem sempre da forma adequada. A diferença é que em algumas empresas os

planos tanto de negócio quanto de TI foram ativamente concebidos, projetados para

harmonizar os interesses da organização. Em outras eles existem, simplesmente aconteceram,

ao acaso e muitas vezes sequer estão formalizados.

Assim, ainda que diversas empresas tenham a TI como atividade fim, o que em um

primeiro momento suscita a ideia da existência de planos e estratégias de negócio e de TI

formalizados e alinhados, essa, segundo se pode constatar quando das conversas com gestores

de potenciais unidades de investigação não se mostrou uma realidade fidedigna. Essa

constatação foi reforçada pelos estudos de Bassett (2003), o qual afirma que, ainda que a TI

seja o principal negócio de uma determinada organização, historicamente, a alta

administração das organizações tem entendido os elementos da estratégia de TI como

diferentes dos elementos do negócio. O desalinhamento ocorre quando os negócios tendem a

abordar a gestão de tecnologia e de implantação de um ponto de vista predominantemente

financeiro, enquanto o departamento de TI está focado na entrega e no desempenho

tecnológico. Daí, subsidiada também pelos estudos de Torres e Neves (2008), os quais

revelaram que em organizações de TI muitas vezes não existem planos ou políticas

formalizados, tampouco claros, que direcionem as estratégias tanto de negócio quanto de TI,

quando da elaboração da presente pesquisa, percebeu-se que as estratégias existentes nas

organizações, algumas inclusive de médio e grande porte, estavam baseadas no conhecimento

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tácito de seus indivíduos. Esta percepção, externada por membros de empresas contatadas

sugeria que as práticas internas da empresa em relação ao alinhamento das estratégias de

negócio e TI não eram coerentes com o discurso adotado. Que mesmo a TI sendo a atividade

fim, pode haver dissonâncias ou desalinhamento entre os planos e estratégias de negócio e TI.

Face o exposto, outro critério para seleção das unidades empíricas foi a existência de

planos de negócio e planos de TI formalizados, alinhados e implantados, ou seja, que as

estratégias desses planos convirjam para objetivos comuns e possam, ainda que minimamente,

ser observadas e/ou analisadas. Essa seleção foi intencional, tendo em vista que, para

atendimento aos objetivos da pesquisa, foi indispensável não só a existência de planos de TI e

de negócio, mas também a de alinhamento entre eles.

Finalmente, outro critério de seleção adotado considerou o porte da organização, e a

escolha recai sobre o segmento das empresas de grande porte considerando-se a importância e

a participação destas no contexto econômico tanto nacional quanto internacional. Para a

pesquisa que trata o presente projeto, a classificação dos portes das empresas adotará o

critério previsto na Lei n. 11.638/07 (BRASIL, 2007), no parágrafo único do artigo 3, o qual

considera, como sendo de grande porte, a sociedade ou conjunto de sociedades que tiver, no

ano anterior, ativo total ou receita bruta anual superior a R$ 240.000.000,00 (duzentos e

quarenta milhões de reais) e R$ 300.000.000,00 (trezentos milhões de reais) respectivamente.

Nesse contexto, devido à crença no suficiente e adequado atendimento aos critérios

estabelecidos para escolha da unidade empírica de análise aliada à receptividade da alta

administração para realização da pesquisa em suas dependências, a ATIVAS Data Center

tornou-se a organização sede da investigação de que trata o presente estudo.

3.3 Estratégia de coleta de dados

O processo de coleta de dados em estudo de caso é uma atividade que exige tempo

(GOODE; HATT, 1968) e que possibilita a utilização de mais do que uma técnica de

pesquisa, tornando-o mais complexo do que outras estratégias de pesquisa.

Na metodologia de estudo de casos é frequente a interseção entre a coleta de dados e a

análise de dados. Esse cruzamento dos elementos comuns além de ser vantajoso (para o

pesquisador) no que diz respeito à análise o é também no que tange aos benefícios e

vantagens da coleta flexível.

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Soy (1997) propôs seis passos bastante práticos a serem seguidos no estudo de caso.

São eles: determinar e definir as questões da pesquisa; selecionar casos e determinar as

técnicas para armazenar e analisar os dados coletados; preparar para coletar dados; ir a campo

coletar dados; mensurar e analisar dados; e preparar o relatório.

Dessa forma, antes da coleta de dados em um estudo de caso, há de se buscar

consolidar referências na literatura existente e em pesquisas prévias, assegurando o preparo

necessário, tanto no que se refere às habilidades para a coleta de dados, quanto para o

estabelecimento de processos que garantam a documentação sistemática e organizada desses

dados.

Yin (2005) apresenta seis fontes que podem ser adotadas na etapa de coleta de dados:

documentação, registros em arquivos, observações (diretas ou participantes) e artefatos físicos

(YIN, 2005). O que Eisenhardt (1989) corrobora argumentando que estudos de casos têm

como característica a combinação de métodos de coleta, não devendo ficar limitados ao uso

de entrevistas somente. (EISENHARDT, 1989).

Durante a etapa de coleta de dados ocorreram dois fatos inesperados, uma das

empresas que já havia autorizado a pesquisa voltou atrás da decisão, não permitindo a

realização da investigação. Outra organização, que também havia aceitado participar da

pesquisa, quando compreendeu a intenção da pesquisa e soube da necessidade de se

entrevistar seus profissionais não aceitou a realização do estudo. Tal imprevisto fez com que

das três empresas que aceitaram participar do estudo somente uma mantivesse o compromisso

de levar adiante a realização da pesquisa, o que por sua vez inviabilizou a realização de um

estudo multicasos. A alegação de ambas as empresas para voltarem atrás em suas decisões foi

que, por disputarem oportunidades em mesmo segmento de mercado e cuja concorrência é

elevada, não julgavam prudente a apresentação de planos, estratégias, projetos, etc., ainda que

para uma pesquisa de cunho acadêmico, visto que a pesquisadora pertence ao quadro de

profissionais de uma organização concorrente.

Superado o incidente, a pesquisa prosseguiu norteada, a partir desse momento, por

apontamentos delineados pelos métodos do estudo de caso único. Dessa forma, como

principal instrumento de coleta, foram utilizadas entrevistas semiestruturadas em

profundidade como meio de levantar evidências para o entendimento do alinhamento

existente entre TI e o negócio das organizações, objetivando assegurar maior detalhamento e

precisão aos dados coletados. Múltiplos respondentes para as entrevistas foram utilizados, o

que conforme Eisenhardt (1989) e Yin (2005) significam a obtenção de diferentes pontos de

vista no estudo de um mesmo fenômeno e à pesquisa uma consistência substancial de todo

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arcabouço pesquisado. Como reforço à técnica de entrevistas, porém em menor escala, o

recurso da observação (MARCONI; LAKATOS, 1996) também foi usado, como forma de o

estudo atender ao objetivo central da pesquisa, identificando e analisando os fatores do

ambiente organizacional, a percepção da importância da TI e como este arcabouço conduziu a

integração estratégica entre TI e Negócio na organização estudada. A análise de informações

documentais também foi utilizada, como forma de expandir o processo de triangulação,

reforçando a credibilidade dos dados coletados.

A escolha da entrevista como técnica preliminar teve como principal propósito atender

aos objetivos da pesquisa, implicando mapear e compreender o fenômeno a ser estudado.

Além disto, segundo Farr6, citado por Bauer e Gaskell (2004, p. 65), a entrevista é “[...]

essencialmente uma técnica, ou método, para estabelecer ou descobrir que existem

perspectivas, ou pontos de vista sobre os fatos, além daqueles da pessoa que inicia a entrevista

[...]”. A opção pela entrevista em profundidade foi motivada pelo fato de esta técnica ser

indicada quando o objetivo da pesquisa é conhecer profundamente os significados e a visão de

uma pessoa, aliada ao fato de que este tipo de entrevista é amplamente utilizado nos estudos

de casos, uma vez que estes demandam maior nível de detalhamento (BAUER; GASKELL,

2004). Intentou-se conduzir esse processo de coleta de forma espontânea, adicionando traços

de informalidade à conversa, sem no entanto abrir mão de um conjunto de perguntas,

formuladas de maneira a permitir que o entrevistado discorresse e verbalizasse seus

pensamentos, tendências e reflexões acerca do fenômeno investigado e que estavam reunidas

em um roteiro ou tópico guia previamente elaborado. Tais peculiaridades na realização das

entrevistas suscitaram a técnica de entrevista semiestruturada.

No que diz respeito à observação, a afirmativa de Gil (1999) de que esta técnica

constitui elemento essencial para pesquisas corroborou sua utilização no estudo proposto. A

principal vantagem da observação, em relação a outras técnicas, é que, por meio da

observação, os fatos são percebidos diretamente, sem intermediários. No entanto a presença

do pesquisador-observador pode causar alterações na forma de agir dos observados. Tal

desvantagem pode ser mitigada quando da possibilidade de se realizar observação simples

mais adequada aos estudos de caráter exploratório, embora seja necessário que o pesquisador-

observador conheça a cultura do grupo que pretende observar, ou ainda, observação

participante natural, em que o pesquisador-observador faça parte do fenômeno estudado.

6 FARR, R. M. Interviewing: the Social Psychology of the Interview. In: F. FRANSELLA (Ed.). Psychology for Occupational Therapists. London: Macmillan, 1982.

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Enfocando somente a observação participante natural, visto que, na observação não

participante os fatos são apenas presenciados (MARCONI; LAKATOS, 1996), novamente,

vantagens e restrições foram percebidas. O rápido acesso às informações, a possibilidade de

captar dados esclarecedores sobre o fenômeno, etc. foram os pontos fortes dessa técnica de

coleta. É importante ressaltar, já neste momento, que ao longo da coleta dos dados, por meio

da observação participante natural, buscou-se adotar uma postura plena de imparcialidade

(YIN, 2005), visando minimizar quaisquer possíveis alterações nos dados levantados, no

intuito de evitar a confirmação da hipótese aventada por Gil (1999) sobre o pesquisador-

observador, quando inserido no fenômeno, assumir uma posição dentro do grupo social

investigado, tendendo a corromper as evidências levantadas. Assim, como forma de aumentar

a confiabilidade dos dados coletados, lançou-se mão do método da triangulação de diferentes

fontes de dados, uma vez que evidências foram coletadas também por meio de entrevistas e

documentação. A técnica de triangulação metodológica, ao permitir a verificação e validação

da pesquisa, assegurou credibilidade ao estudo (GODOY, 2005). A triangulação também

possibilitou clarificar e enriquecer o entendimento do fenômeno estudado, aumentando sua

confiabilidade, aprofundando a compreensão de alguns de seus aspectos e contribuindo para o

surgimento de novas dimensões de análise.

Anteriormente à fase de coleta de dados, foi realizado um levantamento de dados com

o objetivo de iniciar a pesquisa documental por meio da análise e confrontação dos dados e as

percepções obtidas com as referências da literatura investigada, contribuindo posteriormente

também para a triangulação. Paralelamente às entrevistas e à observação, foi realizada a

análise de documentos para complementar as informações obtidas de outras fontes, o que na

afirmativa de Godoy (1995a) visa prover ao pesquisador dados complementares que

melhorarão a compreensão do fenômeno investigado. Documentos que forneceram

informações a respeito da unidade de análise, como websites (próprios e de terceiros),

reportagens em jornais e/ou revistas (eletrônicos), documentos de conhecimento público ou

não e livros foram identificados, disponibilizados e examinados, expandindo o conhecimento

acerca das atividades e histórias da ATIVAS Data Center e contribuindo com o processo de

triangulação, assegurando maior robustez aos dados obtidos nas entrevistas e também àqueles

provenientes das observações.

No Quadro 5 sintetizam-se os métodos de coleta de dados utilizados quando da

realização da pesquisa e apresentam-se também a relação entre os instrumentos de coleta, os

objetivos alcançados com tal instrumento e as fontes que foram inquiridas ou verificadas para

prover as informações necessárias e desejadas à investigação.

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DESCRIÇÃO OBJETIVO FONTE DE EVIDÊNCIAS

Entrevista semi-estruturada em profundidade

- Explorar a fundo o fenômeno estudado; - Obter percepções e interpretações sobre o fenômeno estudado; - Captar a expressão corporal de cada entrevistado, bem como as diferentes nuance da voz e da ênfase nas respostas destes; - Conseguir gestões de outras fontes de informações corroborativas ou contrárias. (YIN, 2005)

• Registros das entrevistas com diretores e gerentes de negócio e de TI.

Observação participante

Obter informações sobre o fenômeno estudado considerando que, observador e observado estarão do mesmo lado. Tal condição tende a facilitar o acesso a dados que não o seriam em outras circunstâncias. (MARCONI, LAKATOS, 1996)

Participação em • Reuniões da Diretoria; • Reuniões dos Gerentes de Negócio; • Reuniões dos Gerentes de TI; • Reuniões entre Gerentes de TI e Gerentes de

Negócio; • Reuniões para Discussão de Novas Ofertas; • Reuniões para Divulgação de Estratégias; • Reuniões para Estruturação de Novas Ofertas de

produtos e serviços.

Análise documental

Corroborar e validar as informações oriundas das outras fontes de evidências (YIN, 2005)

• Atas ou registros de reuniões com clientes; • Atas ou registros de reuniões com fornecedores; • Atas ou registros de reuniões internas; • Catálogo de Serviços da ATIVAS Data Center; • Contratos de clientes; • Contratos de fornecedores; • Demonstrativos financeiros; • Diagramas de fluxos e processos; • Documentação sobre produtos e serviços ofertados

(Catálogo de Serviços e Política para Criação de Novos Produtos);

• Documentos sobre a organização obtidos em web

sites, revistas/jornais eletrônicos e folhetos; • Documentos, dados e informações publicados na

intranet da empresa; • Livros familiares (3 volumes contendo a história do

Grupo ASAMAR); • Manuais de processos e procedimentos; • Material institucional da empresa; • Organogramas da empresa; • Políticas da empresa (Política de Gerenciamento

Financeiro, Política de Gerenciamento de Serviços; Política de Melhoria Contínua; Política de Mudanças);

• Relatório do Planejamento Estratégico 2009

(contempla a síntese do Plano de TI e Plano de Negócio);

• Relatórios administrativos e gerenciais; • Relatórios com indicadores gerenciais de negócios; • Relatórios com indicadores gerenciais de TI; • Relatórios da área de Business Intelligence;

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DESCRIÇÃO OBJETIVO FONTE DE EVIDÊNCIAS

• Relatórios de viagens; • Revista da ATIVAS Data Center; • Revista MYRA (solução para gestão da empresa e

seus clientes); • Sistema de Gestão da ATIVAS Data Center -

MYRA; • Revista do Grupo ASAMAR;

Quadro 5: Fontes para coleta de dados e respectivas evidências Fonte: Adaptado de MARCONI e LAKATOS, 1996; GIL, 1999; e YIN, 2005.

3.3.1 Operacionalização da coleta de dados

A coleta de dados teve início com a realização de pesquisa documental sobre todas as

organizações que, em um primeiro momento, seriam objeto de investigação. Esses

levantamentos tiveram início logo quando se aventava a possibilidade de realização da

pesquisa em alguma empresa, significando que, para a construção deste estudo, foram

realizados três levantamentos documentais prévios. Esses levantamentos, antes mesmo do

primeiro contato com as organizações, tiveram por objetivo verificar se as empresas realmente

apresentavam perfis condizentes aos objetivos do estudo. Dessa forma, consulta a websites,

jornais, revistas e livros indicariam se a organização era ou não uma propensa unidade

empírica de análise. Levantamento realizado, o próximo passo foi contactar as organizações,

apresentar o projeto da pesquisa e verificar a possibilidade de realizar o estudo naquela

empresa. Após dois aceites, seguidos de recusa, recusa motivada por conflito de interesses,

explicitado direta e indiretamente por ambas as organizações, foi realizada uma sondagem

junto a profissionais da organização que ainda não havia sido contactada para verificar se

novamente o projeto não seria recusado. Como levantamentos prévios e sondagens

convergiam para a possibilidade de aceite, foi realizado o primeiro contato formal com a

ATIVAS Data Center (APÊNDICE A), que considerou a pesquisa viável e prontamente se

dispôs a ser objeto de análise para o estudo proposto.

Os instrumentos de pesquisa mostrados no Quadro 5 foram organizados e serviram de

base para estruturar a grade da pesquisa. Nessa grade, foram distribuídos todos os elementos

investigados e suas respectivas associações aos meios de coleta e análise de dados. Assim,

entrevistas, análise documental e observação foram norteadas por questões que buscaram

avaliar dimensões, categorias, indicadores e fatores percebidos no planejamento entre

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estratégias de TI e estratégias de negócios na ATIVAS Data Center que evidenciassem,

quando analisadas, a presença (BARDIN, 2004) de alinhamento entre essas estratégias.

As questões formuladas nas entrevistas, além de identificar a presença ou ausência dos

indicadores do alinhamento entre estratégias na organização pesquisada, buscaram também

avaliar coerência ou consistência, qualidade, intensidade e tipo de relacionamento existentes

(KEARNS; SABHERWAL 2007), conforme representado no APÊNDICE B.

Faz-se necessário ressaltar que, antes de avançar com a investigação em campo, foi

realizado um teste dos instrumentos coleta de dados, especificamente o roteiro de entrevistas,

a fim de verificar a adequação deste aos objetivos da pesquisa e também evitar que as

entrevistas se tornassem por demais extensas e enfadonhas. Assim, questões associadas ao

tempo para coleta, qualidade e efetividade das questões, bem como outros possíveis

problemas foram resolvidos previamente. O pré-teste ou o que Soy (1997) chamou de estudo-

piloto envolveu pequeno grupo com características similares às dos futuros investigados.

Na etapa de pré-teste, o texto inicial do roteiro de entrevista foi submetido a uma

avaliação, ou seja, foi respondido e seu conteúdo foi analisado por dois membros da

organização investigada, ambos com conhecimentos tanto de TI quanto de negócios. O

Quadro 6 apresenta os elementos participantes do processo de pré-teste. Durante o pré-teste

foram identificadas dificuldade de compreensão, redundância e duplicidade nas perguntas

fazendo com que o roteiro fosse alvo de revisão e refinamento. Revisado, o roteiro foi

submetido a um segundo teste, ocasião em que seu conteúdo e o tempo de duração para sua

aplicação obtiveram aceite. Findo o pré-teste, as entrevistas formais foram agendadas.

Entrevistado Características do entrevistado Pré-teste Data Duração

Consultor de Serviços e Soluções

Responsável por assegurar que os processos, serviços e planos existentes sejam cumpridos conforme as metas, objetivos e estratégias estabelecidas pela alta administração. É um dos membros da área de Serviços e Qualidade. Atua como uma espécie de auditor nomeado pela alta administração da ATIVAS Data

Center.

1ª fase 14/09/09 90 min.

2ª fase 29/09/09 50 min.

Gerente de Serviços e Soluções

Responsável pela área de Serviços e Qualidade. Atua como planejador e gerente das mudanças organizacionais. Conhece tanto do ambiente de negócios quanto do ambiente de TI. Participa da

1ª fase 15/09/09 100 min.

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Entrevistado Características do entrevistado Pré-teste Data Duração

concepção das estratégias, processos, planos e procedimentos organizacionais, reportando-se diretamente ao CIO.

2ª fase 30/09/09 45 min.

Quadro 6: Relação e perfil dos participantes do pré-teste Fonte: Dados da pesquisa.

A escolha dos entrevistados teve como base não a quantidade de indivíduos, mas sim o

significado que estes tinham, em razão dos objetivos da pesquisa (ROSA; ARNOLDI, 2006).

Assim, foram indicados 11 elementos que conheciam em profundidade todos os componentes

do ambiente interno e externo à organização pesquisada, participavam da definição de suas

estratégias e se relacionavam com seus clientes, fornecedores e parceiros. No entanto, a partir

da quinta sessão de entrevistas, percebeu-se a saturação das evidências, denotando que não

havia “mais dados adicionais à solução do tema em questão.” (ROSA; ARNOLDI, 2006, p.

53).

Durante as entrevistas, os entrevistados não apenas apresentaram suas percepções e

interpretações sobre o assunto investigado, como também forneceram, na maioria das vezes,

involuntariamente, sugestões de fontes, principalmente documentais, por meio das quais

puderam ser levantadas outras informações que contribuíram com o estudo. Como membro de

uma das equipes da organização, foi possível ao pesquisador deste estudo a aproximação de

dados que talvez fossem inacessíveis se a investigação se desse em outra empresa. Fazer parte

da organização pesquisada, também possibilitou “perceber a realidade do ponto de vista de

alguém de “dentro” do caso, e não de um ponto de vista externo.” (YIN, 2005, p. 122).

A relação dos entrevistados está apresentada no Quadro 7.

Entrevistado Código Características do entrevistado Data Duração

CEO EA01

Diretor Executivo da ATIVAS Data Center. É a liderança máxima dentro da organização. Atua no setor de TI há mais de dez anos. É um dos responsáveis pela fundação da empresa.

02/10/09 60 min.

CIO EA07

Diretor de Tecnologia. É responsável pela área de Tecnologias e Comunicações da empresa, área que reúne maior número de profissionais na ATIVAS Data Center. Possui representantes que o auxiliam na interação com as demais áreas da organização. É um dos fundadores da empresa.

08/10/09 60 min.

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Entrevistado Código Características do entrevistado Data Duração

Consultor de Serviços e Soluções

EA08

Responsável por assegurar que os processos, serviços e planos existentes sejam cumpridos conforme as metas, objetivos e estratégias estabelecidas pela alta administração. É um dos membros da área de Serviços e Qualidade. Atua como uma espécie de auditor nomeado pela alta administração da ATIVAS Data Center.

09/10/09 60 min.

Diretor de Negócios EA04

Responsável pela área de Negócios da ATIVAS Data Center. É um dos idealizadores da empresa. Pode-se dizer que participa da empresa antes mesmo de sua criação. Não há nenhum representante da sua área e, portanto, se relaciona diretamente com os demais grupos.

06/10/09 45 min

Diretor Financeiro do Grupo ASAMAR

EA06

Responsável pela Diretoria Financeira do Grupo ASAMAR. Reporta-se diretamente ao Conselho Administrativo do Grupo. A entrevista com este diretor objetivou avaliar a percepção da importância estratégica da TI pelo Grupo ASAMAR, a participação deste na alocação de recursos para a TI e a avaliar a percepção do Grupo acerca do alinhamento entre estratégias TI e Negócio da ATIVAS Data Center.

08/10/09 45 min.

Gerente de Marketing

EA02

Responsável pela área de Business

Intelligence. Participa do grupo envolvido no planejamento estratégico da ATIVAS Data Center. Reporta-se diretamente ao Diretor de Negócios.

02/10/09 45 min.

Gerente de Negócios EA03

Responsável pela área de Arquitetura de Soluções e Negócios. Atua como líder e facilitador de processos, negócios e soluções. Relaciona-se os demais grupos da organização e também, clientes, parceiros e fornecedores. Reporta-se diretamente ao Diretor de Negócios.

06/10/09 50 min.

Gerente de Serviços e Soluções

EA05

Responsável pela área de Serviços e Qualidade. Atua como planejador e gerente das mudanças organizacionais. Conhece tanto do ambiente de negócios quanto do ambiente de TI. Participa da concepção das estratégias, processos, planos e procedimentos organizacionais, reportando-se diretamente ao CIO.

09/10/09 45 min.

Quadro 7: Relação e perfil dos entrevistados Fonte: Dados da pesquisa.

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Quando da construção do roteiro de pesquisa, o qual foi elaborado a partir do potencial

explicativo do modelo de Kearns e Sabherwal (2007), algumas questões foram adaptadas e

outras incluídas, tomando como base a revisão da literatura (LUFTMAN, 2003; LUFTMAN;

PAPP; BRIER, 1999; TEO; ANG, 1999, REICH; BENBASAT, 1996, 2000). Composto por

questões abertas, a estruturação do roteiro buscou identificar e compreender a percepção dos

entrevistados quanto ao alinhamento entre negócios e TI na organização. As questões

intentavam avaliar os aspectos mais relevantes no alinhamento estratégico entre negócios e

TI, sua relação com os demais elementos do constructo e, quando possível, os resultados

percebidos desse alinhamento na ATIVAS Data Center (APÊNDICE C).

Todas as questões do roteiro foram elaboradas de maneira que pudessem ser

analisadas com base em fatores que permitissem identificar a presença (BARDIN, 2004),

qualidade, confiabilidade, força e intensidade dos possíveis relacionamentos (KEARNS,

SABHERWAL; 2007) das variáveis que constituem o alinhamento entre estratégias de TI e

estratégias de negócio na ATIVAS Data Center, conforme ilustra a Figura 8.

Figura 8: Elementos utilizados para avaliar o alinhamento entre negócio e TI Fonte: Elaborado pela autora.

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71

Quanto à pesquisa documental, inicialmente foram levantadas informações

disponibilizadas publicamente, isto é, informações de web sites, revistas e jornais. No

segundo momento formam examinados arquivos e documentos7 da empresa, como manuais

de procedimentos, organogramas, políticas, planos de negócio, planos de TI, folhetos, revistas

e apresentações institucionais, atas de reuniões, contratos, relatórios, materiais de

treinamentos, folhetos e revistas de produtos e informações disponíveis somente na intranet da

empresa. Essa documentação sustentou e enriqueceu os dados coletados por meio de outras

fontes (entrevistas e observação). É importante destacar que as etapas de pesquisa

documental, observação, entrevistas e mesmo análise de dados se sobrepuseram ao longo do

tempo, ou seja, várias das atividades associadas às referidas etapas ocorrem paralelamente.

Diante do exposto, na Figura 9 ilustra-se a etapa de coleta de dados realizada durante a

pesquisa.

Figura 9: Etapas da coleta de dados Fonte: Elaborado pela autora.

7 Os documentos examinados na segunda fase da análise documental e que não estão disponíveis publicamente, por conterem informações confidenciais da ATIVAS Data Center, são apenas mencionados, pois a apresentação e divulgação destes ou de seu conteúdo não foram autorizadas.

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72

3.3.2 Unidades de observação

Na ATIVAS Data Center, empresa onde foi realizada a pesquisa, foram escolhidos,

como unidades de observação, diretores e gerentes que, por suas atribuições, contribuíram

para o desenho do perfil organizacional, bem como forneceram recursos documentais para

elevar a qualidade da pesquisa. Utilizando um roteiro básico semiestruturado, foram

entrevistados pessoalmente os indivíduos selecionados. A condição sine qua non para o

sucesso do estudo foi o fato de os entrevistados estarem inseridos, conhecerem profundamente

ou serem os responsáveis pelas principais áreas ou unidades de negócios e de TI.

Faz-se necessário destacar que, por se tratar de uma pesquisa qualitativa, a escolha dos

indivíduos entrevistados visou obter contribuições essenciais e relevantes acerca do assunto

abordado. (ROSA; ARNOLDI, 2006).

3.4 Estratégia de análise de dados

Para Yin (2005) a análise de dados consiste em examinar, categorizar, tabular e,

muitas vezes, recombinar as evidências no sentido de atender às proposições iniciais do

estudo. Especificamente para estudos de casos, esse estudioso sugere que essa fase seja

baseada na releitura das proposições teóricas, seguida pelo desenvolvimento da descrição do

caso estudado para, no confronto entre as realidades teóricas e práticas, proceder às

conclusões cabíveis.

Yin (2005) aponta que, para se fazer uma análise clara, objetivando tratar as

evidências de forma adequada, é preciso obter conclusões analíticas convincentes e eliminar

interpretações alternativas (YIN, 2005).

Para Eisenhardt (1989), a análise de dados é o alicerce da construção de teorias a partir

do estudo de casos, embora seja a parte mais difícil e menos codificada do processo, o que

resulta em uma grande distância entre os dados evidenciados e as respectivas conclusões. Yin

(2005) reforça tal argumento, ao afirmar que a análise de dados em um estudo de caso é um

dos aspectos que menos foram aprimorados e são mais complicados quando da realização de

tais estudos. Para diminuir as dificuldades existentes, é preciso uma estratégia geral para

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analisar os dados, mesmo que essa estratégia tenha como fundamentação proposições teóricas

ou uma estrutura básica descritiva (YIN, 2005).

Soy (1997) salienta que, na etapa do projeto relativa à avaliação e análise dos dados,

deve haver pontos de contato entre o objeto e questões originais da pesquisa e as evidências

externas, mantendo-se fiel aos dados, imprimindo credibilidade a suas descobertas e

respondendo aos “porquês” e “comos” propostos inicialmente. Ainda conforme a

pesquisadora, esta etapa apresenta forte vínculo com a triangulação, em que pontos de

convergência oferecem segurança e validação e pontos divergentes oferecem críticas e

aprofundamento na pesquisa.

Eisenhardt (1989) e Soy (1997) desenvolveram metodologias similares para a

investigação em estudos de casos, no que diz respeito à definição de foco e metodologia da

pesquisa e à coleta de dados. No entanto a abordagem de Eisenhardt (1989) apresenta algumas

variações metodológicas na realização do processo, reunidas essencialmente nas três últimas

fases por ela propostas. A primeira dessas fases, diz respeito à necessidade de estabelecimento

de categorias de casos, através da definição de grupos com similaridades e diferenças que

permitam a identificação e o tratamento de questões comuns. Essas categorias podem ser

sugeridas por literatura, pelo problema da pesquisa ou pelo próprio pesquisador. Na segunda

fase, deve haver comparação entre a estrutura emergente com as evidências de cada caso para

analisar como se adaptam aos dados do caso. A última fase enfatiza a necessidade de se

compararem teorias, hipóteses ou estrutura emergente à literatura existente, a fim de se

estabelecerem parâmetros para o pesquisador e nortear seus passos posteriores

(EISENHARDT, 1989).

Nesse contexto, do arcabouço teórico que permeou a presente pesquisa até a análise

das evidências levantadas durante a coleta de dados, todo estudo converge e recorre às

preconizações do modelo de integração entre negócio e TI apresentado por Kearns e

Sabherwal (2007). Assim, tanto a estruturação das ferramentas utilizadas no levantamento das

evidências empíricas quanto a análise dos dados propriamente foram baseadas nos

argumentos e explicações acerca do referido modelo, com vistas a explorar o potencial

explicativo de suas proposições, conceitos e teorias, a fim de avaliar o alinhamento entre

estratégias de TI e estratégias de negócio, bem como os respectivos fatores que o antecedem,

na empresa ATIVAS Data Center.

Inicialmente, no intuito de facilitar a condução do processo de análise dos dados,

foram identificadas variáveis quando da elaboração do roteiro de entrevistas e estas sofreram

significativos e numerosos ajustes com vistas a facultar a comparação das evidências

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levantadas, simplificando a análise dos resultados finais. Essa etapa, que pode ser considerada

como etapa de pré-análise, encontrou fundamento na afirmativa de Eisenhardt (1989) sobre a

estratégia de comparação de dados através da seleção de pares de casos e a partir da qual se

devem listar as similaridades e diferenças entre os pares. A busca por similaridades em pares

aparentemente diferentes leva a uma compreensão mais refinada, forçando a busca por

semelhanças subjacentes e diferenças entre casos (EISENHARDT, 1989).

Após essa etapa, o passo seguinte dentro do processo investigativo consistiu na etapa

de análise e tratamento, propriamente ditos, das evidências, primariamente tratando da

transcrição dos dados coletados nas entrevistas. Assim, as evidências obtidas nessa fase foram

posteriormente confrontadas com outros documentos e informações oriundos de outras fontes,

como sites da web, documentação interna e outras publicações na mídia, com o propósito de

prover maior robustez à análise dos dados. No Quadro 8 representa-se a síntese da estratégia

de análise: todos os dados obtidos por meio de qualquer um dos instrumentos de coleta foram

submetidos aos indicadores de análise de presença e conformidade.

Indicadores Definição do indicador Categorias ou variáveis de análise Dimensão da

análise

HETER01 Diversidade dos hábitos de compra dos clientes Heterogeneidade ambiental

(HETER) Fatores do ambiente organizacional

externo que podem influenciar o alinhamento estratégico

Antecedentes da Integração entre

negócio e TI

HETER02 Diversidade das linhas de produtos

HETER03 Diversidade da natureza da competição (concorrência)

PERAA01 Reconhecimento do potencial estratégico da TI Percepção de importância da TI pela

alta administração (PERAA)

Como a alta administração da empresa percebe os valores tangíveis ou não, obtidos do uso estratégico da

TI

PERAA02 Conhecimento sobre os assuntos/oportunidades devidas à TI

PERAA03 Familiaridade com o uso estratégico da TI pelos concorrentes

PERAA04 Crença que a TI contribui para o desempenho financeiro da organização

COOPG01 Diversidade de gerentes de negócio que estão ativamente envolvidos no processo de planejamento de TI

Participação cooperativa dos gerentes

(COOPG) Sintetiza em um só conceito a

participação dos gerentes de TI no planejamento do negócio e a

participação dos gerentes de negócio no planejamento de TI

Integração entre o planejamento de TI e Negócio

COOPG02 Diversidade de Gerentes de Negócio que participam na definição das estratégias e objetivos da TI

COOPG03 Principais projetos de TI têm um patrocinador da gerência de negócio

COOPG04 Nível de participação no planejamento de TI pelos diversos interessados (é alto? Sim ou não?)

COOPG05 Envolvimento (prévio) dos Gerentes de TI nos projetos de negócio

COOPG06 Participação (regular) dos Gerentes de TI nas reuniões de negócios

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Indicadores Definição do indicador Categorias ou variáveis de análise Dimensão da análise

COOPG07 Participação (regular) dos Gerentes de TI na definição das metas e estratégias do negócio

Participação cooperativa dos gerentes

(COOPG) Sintetiza em um só conceito a participação dos gerentes de TI no planejamento do negócio e a participação dos gerentes de negócio no planejamento de TI

Integração entre o planejamento de TI e Negócio

COOPG08 Contatos informais (regulares) dos Gerentes de TI com os Gerentes de Negócio

P3ATI01

Medições (regulares) dos custos/benefícios dos principais investimentos em TI antes de comprometer-se com ela Participação da alta administração na

alocação de recursos para TI (P3ATI)

Representa a forma como a alta administração financia a TI e como

avalia o retorno sobre este financiamento

P3ATI02 Financiamento dos benefícios intangíveis, bem como dos benefícios tangíveis da TI

P3ATI03 Priorização dos investimentos em TI com base no impacto esperado no desempenho da empresa

P3ATI04 Realização de pós-auditorias para verificar o retorno ou sucesso dos principais investimentos em TI

Quadro 8: Descrição das dimensões, variáveis e respectivos indicadores de análise Fonte: Elaborado pela autora.

Com o objetivo de tornar o processo de análise dos dados mais eficiente, foi utilizado

o software de análise qualitativa ATLAS.ti.

O ATLAS.ti é um software especializado para análises qualitativas em textos,

gráficos, áudios e vídeos e esta pesquisa o utilizou para realizar a análise nos textos das

entrevistas, construir formas gráficas representativas e visualizar similaridades e

antagonismos de forma facilitada, ou seja, serviu para operar a técnica categorial de análise de

textos (BARDIN, 2004; BAUER; GASKELL, 2004). É importante frisar que seu uso teve por

objetivo facilitar a análise de dados textuais, sem, no entanto, automatizar a análise dos dados,

ou seja, apenas torna mais ágeis as atividades envolvidas na análise qualitativa, como a

segmentação do texto, a codificação e a escrita de comentários e anotações (JUSTICIA, 2005;

MUHR; FRIESE, 2004, 2008).

Os dados e informações obtidos durante as entrevistas em campo foram transcritos e

inserido no ATLAS.ti para proceder a análise. Conforme dito anteriormente, embora tal

programa não substitua o exame interpretativo do pesquisador, facilitou o processo de análise,

visto que o referido software permite padronizar e melhorar o rendimento quando da execução

das tarefas. A título de ilustração, a Figura 10 e a Figura 11 exibem telas do ATLAS.ti que

fizeram parte da análise realizada pela presente pesquisa.

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76

Figura 10: Documentos primários e exemplo contagem de palavras de transcrição das entrevistas Fonte: Elaborado pela autora com utilização do software ATLAS.ti.

Figura 11: Transcrição de entrevistas inserida no ATLAS.ti Fonte: Elaborado pela autora.

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Segundo Bauer e Gaskell (2004), a utilização de recursos computacionais, como o

software ATLAS.ti, auxilia a análise interpretativa dos dados coletados por meio da

organização e do tratamento sistemático. Bauer e Gaskell (2004) apontaram o ATLAS.ti

como uma das ferramenta mais robustas para a análise de dados com o auxílio do

computador, isto devido à facilidade de armazenamento de comentários do pesquisador;

ligações entre segmentos de textos (hiperlinks); definição de palavras-índice; filtros;

estruturações gráficas complexas, busca de segmentos de texto por exigências estabelecidas e

relações formais especificadas (BAUER; GASKELL, 2004).

No Quadro 9 tem-se a síntese dos critérios que foram utilizados para examinar cada

um dos indicadores propostos e envolvidos na investigação acerca do alinhamento entre

estratégias de negócio e TI na ATIVAS Data Center. Esses critérios formaram a base para a

análise e construção do modelo mental que emergiu da investigação. Uma vez que foram

adaptados da análise do modelo de Kearns e Sabherwal (2007), passaram por exaustiva

verificação, como forma de confirmar sua capacidade explicativa para avaliar o alinhamento

da empresa pesquisada. Também se recorre ao recomendado por Bardin (2004) para

realização de análises qualitativas.

Critérios de análise do indicador Significado do critério

Presença

Verifica indícios do elemento investigado, ou seja, se aquele indicador está presente ou ausente nos dados coletados e não na “frequência da sua aparição” (BARDIN, 2004, p. 109).

Confiabilidade

Indica o quão confiável (consistente ou seguro) é variável de análise ou seus indicadores, apontando o quanto se pode crer/acreditar na variável ou nos seus indicadores (KEARNS; SABHERWAL, 2007). Verifica se as respostas aos questionamentos podem ser confirmadas por outros meios ou instrumentos.

Qualidade

Avalia o quão robusto (ou refinado) é o indicador presente nas respostas, apontado se ele se adapta ao conjunto das considerações ou observações que compõem a análise. Analisa-se também a credibilidade do elemento examinado. (KEARNS,1997).

Relacionamento (ou Relação)

Informa relação ou associação (harmônica/colaborativa ou não) entre as variáveis de análise, ou seja, se há, não há ou há parcialmente o estabelecimento de relação com outras variáveis da mesma ou de outra dimensão. (KEARNS; SABHERWAL, 2007).

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Critérios de análise do indicador

Significado do critério

Intensidade

Identifica o grau de acordo dos dados coletados com os índices analisados, ou seja, segundo Kearns e Sabherwal (2007) indica a autenticidade da relação entre as categorias analisadas. Esses pesquisadores atribuíram níveis para exemplificar a análise, sendo 1 o limite inferior (discorda totalmente) e 7 o limite superior (concorda totalmente). (KEARNS; SABHERWAL, 2007).

Quadro 9: Fatores adotados para análise dos dados coletados Fonte: Adaptado de BARDIN, 2004; KEARNS, 1997; KEARNS, SABHERWAL, 2007..

Dessa maneira, fundamentando-se nos estudos de Kearns (1997), Kearns e Sabherwal

(2007) e nos recursos metodológicos aqui apresentados, nesta pesquisa estruturou-se um

modelo mental, objeto do capítulo 4, o qual foi significativamente facilitado pela utilização do

software ATLAS.ti como recurso tecnológico para a categorização e a interpretação dos dados

levantados.

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4 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

4.1 Introdução

Nos capítulos 2 e 3 foram discutidos os fatores que, segundo Kearns e Sabherwal

(2007), podem representar os antecedentes e a integração entre planejamento de TI e negócios

em uma organização e que serviram de base para compreender o alinhamento entre estratégias

TI e estratégias de negócio na ATIVAS Data Center. Assim, recorrendo aos critérios e

conjecturas constantes no modelo apresentado por Kearns e Sabherwal (2007), o presente

capítulo apresenta e analisa as observações, os dados e as evidências coletados durante o

processo de pesquisa, buscando compreender como esses fatores atuam e seu potencial de

influenciar o alinhamento estratégico entre TI e negócio na organização pesquisada. As

análises, conforme descrito no capítulo três, estiveram alicerçadas no exame de estratégias,

políticas, planos, documentos administrativos e gerenciais e processos de TI e de negócio da

organização caso deste estudo, bem como nos relatos obtidos a partir das entrevistas e das

observações realizadas quando da participação em reuniões e encontros na referida empresa.

Para melhor retratar a descrição e a análise dos dados coletados e os resultados

obtidos, quando da estruturação do capítulo, optou-se por dividi-lo em duas partes: a primeira

apresenta a empresa-alvo do estudo e suas características elementares. Na segunda parte,

apresentam-se os levantamentos e as análises realizados, objetivando compreender as

variáveis que compõem o ambiente organizacional externo da ATIVAS Data Center, com

vistas a identificar as influências desse ambiente, tanto na percepção da importância da TI por

parte da alta administração, quanto na participação dos gerentes de TI no planejamento de

negócios e a participação dos gerentes de negócios no planejamento de TI e a participação da

alta administração na alocação de recursos para TI, variáveis estas que compõem a integração

entre estratégias de TI e estratégias de negócios. Nessa parte, o esforço é para mostrar como

fatores externos ao ambiente de operação da organização investigada interagem, propiciando

atmosfera favorável ao reconhecimento da importância da TI por parte da alta administração e

ao surgimento de estratégias e planos de TI e negócios alinhados.

Como desdobramento da segunda parte, buscou-se, ainda, perceber e também

compreender como ocorre a participação dos gerentes de TI e Negócio e como esta

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participação se relaciona com a participação da alta administração na alocação de recursos

para TI.

As consequências da integração entre negócio e TI e que constam no modelo que

norteou a pesquisa não foram objeto da presente pesquisa, visto que se partiu de uma premissa

ou suposição inicial em que, havendo integração entre estratégias de TI e estratégias de

negócios, as consequências apontadas por Kearns e Sabherwal (2007) estariam presentes.

Assim, a análise das variáveis e respectivas associações (internas ou externas) que emergem

como consequências da integração entre planos e estratégias de TI pode ser alvo de pesquisas

futuras.

4.2 A organização pesquisada8

O Grupo ASAMAR tem como marca registrada o empreendedorismo, o que pode ser

notado quando da observação de seu portfólio de atuação. Fundado em 1932 pelos

engenheiros Alberto Woods Soares, Amynthas Jacques de Moraes e Antônio Faria Ribeiro

para atuar em construção de obras públicas, o Grupo tem a marca de seu trabalho espalhada

em todo o Brasil (EA01, EA02, EA04, EA06, EA07, livro familiar e revista institucional do

Grupo ASAMAR, revista institucional da ATIVAS Data Center, intranet).

Em meados da década de 1950, o espírito empreendedor da segunda geração familiar

migra as atividades do Grupo para negócios nas áreas de mineração, equipamentos de

construção, energia elétrica, telefonia, indústria têxtil, siderurgia e metalurgia, cimento e

concreto pré-misturado, produção de etanol, reflorestamento e carvão vegetal, agricultura e

pecuária (EA01, EA06, livro familiar e revista institucional do Grupo ASAMAR, revista

institucional da ATIVAS Data Center, intranet).

Atualmente o Grupo ASAMAR é composto por mais de 20 empresas dirigidas pela

terceira geração da família dos fundadores e seus principais negócios são: distribuição de

combustíveis líquidos, incorporação e construção imobiliária, operação de imóveis e hotelaria,

produtos e serviços financeiros, construção em aço, reflorestamento e produtos florestais,

biocombustíveis e tecnologia da informação, sendo este último a atribuído à mais recente

8 Informações levantadas em documentos das empresas, intranet da Ativas Data Center e no site www.ativas.com.br.

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empresa do grupo, a ATIVAS Data Center (EA01, EA06, livro familiar e revista institucional

do Grupo ASAMAR, revista institucional da ATIVAS Data Center, intranet).

Com base nesse arcabouço, optou-se por analisar o grupo sob a perspectiva da

ATIVAS Data Center, que representa a vertical de tecnologia da informação do Grupo

ASAMAR, indo ao encontro dos objetivos deste estudo, ou seja, compreender o alinhamento

entre as estratégias de TI e estratégias de negócio, bem como os fatores que antecedem o

referido alinhamento. Faz-se necessário esclarecer que se optou pela pesquisa somente de uma

das empresas do grupo, e especificamente aquela voltada para o segmento de TI devido a dois

fatores-chave: a ATIVAS Data Center pode ser considerada a principal, senão a única

empresa do Grupo que atua no setor de serviços, conforme apurado posteriormente nas

entrevistas (EA01, EA04, EA05, EA06), o que coincide com uma das motivações deste

trabalho: a crescente demanda por estudos acerca do tema, estimulada pela expansão do setor

de serviços; o Grupo ASAMAR intenta concentrar toda a TI das demais empresas do grupo na

ATIVAS Data Center, com vista a prover um tratamento “mais corporativo” (EA01) nas

tecnologias existentes, fato este que também foi levantado quando das entrevistas.

Diante do exposto e considerando os passos para a construção de uma pesquisa

apresentado por Eisenhardt (1989), em que o segundo elemento do processo consiste na

seleção dos casos, a opção por uma das empresas do Grupo ASAMAR deu-se após a

realização de um levantamento documental (revista institucional do Grupo ASAMAR, revista

institucional da ATIVAS Data Center, intranet, web sites) sobre o Grupo com a finalidade de

levantar seu histórico. Posteriormente, quando dos primeiros contatos com a diretoria da

ATIVAS Data Center no intuito de inquirir sobre a possibilidade do estudo ser realizado nas

suas dependências, além da autorização, obteve-se o apoio dos diretores para a realização da

pesquisa. O estímulo recebido, aliado ao fato de se considerar a empresa como um caso

representativo (YIN, 2005) no que se refere ao tema escolhido, ressaltando a perspectiva do

alinhamento entre TI e negócios e fornecendo uma nova perspectiva para o tema

(EISENHARDT, 1989), corroboraram a escolha.

Com relação ao alinhamento entre estratégias de negócio e TI, tanto o Grupo

ASAMAR quanto a ATIVAS Data Center detêm aspectos peculiares que reforçaram a

escolha, indicando que a opção era realmente adequada. Dentre essas particularidades, merece

destaque o fato de o Grupo, com mais de 70 anos de atuação no mercado em diversos

segmentos, decidir recentemente enveredar-se pelo setor de tecnologia. Ademais, os setores

e/ou segmentos nos quais o Grupo atua são compostos por empresas que atuam de forma

bastante diferenciada: distribuição de combustível, incorporação, construção e operação de

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imóveis, produtos florestais, agropecuária e tecnologia da informação, apenas citando alguns.

Com isso, o Grupo ASAMAR alcançou reconhecido destaque em suas atividades em razão do

empreendedorismo e até mesmo da inovação no desenvolvimento de suas práticas (EA01,

EA06, livro familiar e revista institucional do Grupo ASAMAR, revista institucional da

ATIVAS Data Center, intranet, web sites).

Assim, todos os aspectos mencionados até aqui estimularam a realização da pesquisa

em uma das empresas do Grupo ASAMAR, visto acreditar que a investigação poderá

contribuir para clarificar e compreender algumas das especificidades quem permeiam o tema

alinhamento estratégico entre TI e negócios. Portanto, considerando inicialmente que o

modelo proposto por Kearns e Sabherwal (2007) dispõe de potencial para explicar a

integração entre negócio e TI, o que se espera é, com base no referido modelo, entender a

integração entre negócio e TI na ATIVAS Data Center, partindo da premissa de que, havendo

integração, esta por sua vez influencia os planos e projetos de TI, bem como exerce efeito no

desempenho organizacional.

4.2.1 Grupo ASAMAR9

No intuito de demonstrar a diversidade dos negócios do Grupo ASAMAR, na Figura

12 apresenta-se a síntese das empresas do Grupo ASAMAR (EA01, EA06, livro familiar e

revista institucional do Grupo ASAMAR, web sites), as quais são descritas na sequência, e na

Figura 13 exibem-se os valores estimados para as principais empresas do Grupo em 2009.

9 Todas as informações desta seção foram obtidas a partir de entrevistas (EA01, EA04, EA05, EA06, EA07) e pesquisa documental (livro familiar e revista institucional do Grupo ASAMAR, intranet e web sites)

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Figura 12: Empresas do Grupo ASAMAR Fonte: Dados da pesquisa N- Revista institucional do Grupo ASAMAR.

• ALE Combustíveis: criada em 1996 e adotando a estratégia de diferenciação,

eficiência operacional, respeito aos clientes, ética nas relações, qualidade dos produtos e

serviços prestados, a ALE expandiu rapidamente e atingiu a posição de quinta maior

distribuidora de combustíveis do país. Conta atualmente com uma rede de mais de 1 300

postos de serviços espalhados em 22 estados da federação, supridos a partir de 45 bases de

armazenagem e distribuição.

A empresa vende cerca de 300 milhões de litros de combustível por mês e foi pioneira

na comercialização de biodiesel no Brasil. É certificada pelas normas ISO 9001, 14001 e

OHSAS 18000, constando há seis anos no ranking das melhores empresas para se trabalhar, e

tendo sido eleita em 2008 pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) como a

melhor empresa de capital fechado do país em Governança Corporativa.

A ALE oferece uma série de serviços aos clientes que vão desde a entrega de

combustíveis com uma frota própria de 220 caminhões, loja de conveniência, até serviços

financeiros como cartão de crédito, seguros, crédito ao consumidor e financiamento de capital

de giro.

• ALVORADA Petróleo: a empresa foi criada para investir no mercado de exploração

e produção de petróleo e gás natural, tendo adquirido, entre 2005 e 2007, dezesseis blocos

para exploração petrolífera sob o patrocínio pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e

Biocombustíveis (ANP).

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• Brasil Bioenergia: fundada em 2006, é uma empresa com foco na implantação de

unidades de esmagamento de sementes oleaginosas, produção de farelos, de biodiesel e co-

geração de energia elétrica.

A atuação da Brasil Bioenergia inicia-se na geração de matéria-prima, desde o

fomento da produção até o processamento destas para obtenção de óleo vegetal e outros

produtos, culminando com a comercialização dos produtos gerados. A primeira unidade está

localizada no Mato Grosso do Sul e tem capacidade para produzir 114 milhões de litros de

biodiesel por ano, objetivando atender tanto ao mercado interno quanto ao externo.

• MASB: empresa de desenvolvimento imobiliário, foi criada em 2007 para suceder e

ampliar as atividades até então empreendidas pela METRO, empresa pertencente ao Grupo

ASAMAR desde 1997.

Com atuação no Centro Sul e Nordeste do Brasil, a MASB é uma das maiores

empresas do setor, atuando nos segmentos residencial multifamiliar, comercial, condomínios,

loteamentos, hotéis e resorts.

• CODEME: desde 1980, a CODEME executa obras em aço no Brasil e no exterior. O

extenso portfólio de negócios é o resultado de contínuos investimentos na formação de

pessoas e em pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias.

O conhecimento das etapas construtivas e suas interfaces, por meio da atuação direta

em cálculo, detalhamento, fabricação e montagem das construções em aço, faz com que a

CODEME seja reconhecida em seu setor de atuação como empresa de vanguarda, capaz de

oferecer soluções e proporcionar diferenciais competitivos para seus clientes.

A CODEME atua em quarto segmentos distintos:

o Prédios industriais (mineração, siderurgia, metalurgia, cimentos, papel e celulose e

outros);

o Galpões comerciais e industriais;

o Sistemas de cobertura (centros de distribuição, hipermercados e outros);

o Edifícios de andares múltiplos (shopping centers, escolas, hospitais, hotéis, escritórios

comerciais e outros).

• METFORM: empresa do Grupo ASAMAR que atua no segmento de produtos de aço

para a construção.

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Para assegurar qualidade e custos reduzidos, a METFORM investe permanentemente

no desenvolvimento de produtos, processos e em avançados sistemas avançados de

construção em aço.

• MOURÃO TOURO: a produção e a comercialização de produtos de madeira a partir

do eucalipto são as atividades exercidas por duas empresas do Grupo ASAMAR, Touro

Serviços Rurais e Nova Esperança.

O Grupo possui terras no norte de Minas Gerais e Vale do Jequitinhonha, com plantio

de Eucalyptus cloeziana com a finalidade de produção de madeira tratada, para atender à

construção civil urbana e rural, construção de cercas, galpões e postes para eletrificação.

Figura 13: Números estimados para o Grupo ASAMAR em 2009 Fonte: Dados da pesquisa – Revista institucional do Grupo ASAMAR.

4.2.2 ATIVAS Data Center

A ATIVAS Data Center constitui a entrada do Grupo ASAMAR no setor de TI.

Apresentando serviços que visam contribuir para a transformação da realidade das empresas,

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a ATIVAS Data Center busca participar da construção de modelos e processos de TI e de

Negócio mais eficazes para seus clientes e parceiros, tendo como foco soluções empresariais e

tecnológicas avançadas, modernas e voltadas à melhoria no desempenho dos investimentos

(EA01, EA02, EA04, EA05, revista institucional da ATIVAS Data Center, intranet, web

sites).

Atuando com soluções de outsourcing, a ATIVAS Data Center está inserida no

conceito de data center de terceira geração10 e traz também o que há de mais atual na oferta

de serviços, atuando diretamente na camada de negócio de seus clientes, por meio da adoção

de melhores práticas de gerenciamento de serviços, bem como metodologias, ferramentas,

modelos e técnicas da Qualidade, com foco na otimização e eficiência dos processos de

gestão, visando à redução de custos. A ATIVAS Data Center apresenta soluções para

empresas que acreditam que outsourcing vai além da tecnologia e está atrelado ao alcance da

excelência na gestão (EA02, EA05, intranet, Sistema de Gestão da ATIVAS Data Center -

MYRA, Revista da ATIVAS Data Center).

Como parte integrante dos processos de negócios, a terceirização de tecnologia da

informação (Information Technology Outsourcing - ITO) precisa contar com parceiros com

alto grau de confiabilidade, que tanto dominem os conhecimentos tecnológicos como também

compreendam o negócio e a cultura de cada empresa, oferecendo uma contribuição real para o

aperfeiçoamento dos processos de gestão. A ATIVAS Data Center apresenta-se como a

evolução do outsourcing, uma vez que propõem soluções integradas para a otimização dos

custos e o cumprimento das metas estratégicas, que podem impactar diretamente a

produtividade das empresas clientes. Isso segundo os entrevistados representa uma evolução

no mundo corporativo (EA02, EA03, EA05, EA08, Sistema de Gestão da ATIVAS Data

Center - MYRA, Revista da ATIVAS Data Center).

Dentre os diversos serviços que compõem a cadeia de valor de ITO e que a ATIVAS

Data Center oferece estão: hospedagem de aplicações (hosting 11e colocation12),

armazenamento de informações, soluções de backup, administração de banco de dados e

sistemas operacionais, gerenciamento de aplicações e Everything as a Service (EaaS)13. A

infraestrutura também estará preparada para oferecer Plano de Continuidade de Negócios 10 Um data center de terceira geração ou Tier 3 é concebido para hospedar aplicações de missão crítica, garantindo alta disponibilidade aos clientes e tendo toda sua infraestrutura certificada por órgãos internacionais especializados em avaliar ambientes tecnológicos mundiais de grande porte. 11 Gerenciamento dos aplicativos e sistemas de TI operados fora da empresa, podendo ser dedicado ou virtualizado. 12 Disponibilização de espaço físico no data center para hospedagem de missões críticas (com ou sem serviços). O colocation pressupõe que o ativo (componente de hardware, software, etc.) seja de propriedade do cliente. 13 Disponibilização de serviços, sistemas e soluções no modelo de assinatura.

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87

(PCN), que garante ao cliente a continuidade de seu negócio, mesmo em caso de acidente no

seu Centro de Processamento de Dados - CPD (EA02, EA03, EA07, intranet, Revista da

ATIVAS Data Center).

A ATIVAS Data Center atua nos cenários regional, nacional e internacional, uma vez

que traz para o mercado as mais avançadas tecnologias disponíveis no mundo para o setor.

Aliado a isso, dispõe de serviços de profissionais qualificados e voltados ao negócio, à TI e

aos clientes. A estrutura da organização, representada na Figura 14, foi instituída com vistas a

atender aos requisitos e exigências de seu segmento de atuação, bem como guiar-se pelas

recomendações das melhores práticas de Governança Corporativa e Governança de TI,

denotando preocupação constante em ter e manter alinhadas suas estratégias tecnológicas e de

negócios. Outro aspecto de destaque são as alianças e parcerias estratégicas formadas pela

ATIVAS Data Center. Essas parcerias viabilizam o acesso aos mais modernos serviços sem

perder o valor competitivo (EA01, EA02, EA04, EA05, revista institucional da ATIVAS Data

Center, intranet, web sites).

A empresa está situada em uma área estrategicamente escolhida devido ao fato de ser

atendida por duas subestações distintas de energia, com várias vias de acesso e possibilidade

de atendimento por todas as operadoras de telecomunicações (EA01, EA02, EA04, EA05,

revista institucional da ATIVAS Data Center, intranet, web sites).

Conforme dados levantados em seu website, observou-se que a simplicidade é um

ponto muito importante defendido pela ATIVAS Data Center. “O complicado, na maioria das

vezes, é o caminho errado.” As maiores invenções e descobertas da humanidade vêm de

ideias simples, cotidianas, porém vistas de novas formas ou sob outro enfoque. É isso que a

organização faz para seus clientes, busca as soluções simples, porém eficazes em seus

processos de gestão. Para a ATIVAS Data Center, cada cliente é único em suas

especificidades, por isso que proximidade, interação e harmonia com o cliente são tidas como

muito importante na busca pelas melhores soluções. A empresa acredita que é trabalhando

com estratégias e objetivos compartilhados que serão construídas “relações duradouras,

confiáveis, amistosas e agradáveis” (EA02, revista institucional da ATIVAS Data Center,

intranet, web sites).

Assim, a ATIVAS Data Center, com seus diretores, gerentes e funcionários, tem como

premissas: a diferenciação pela qualidade na prestação de serviços; a busca de

relacionamentos mais próximos, sustentáveis e de longa duração com seus clientes; o

desenvolvimento de alianças estratégicas; a adoção de melhores práticas de mercado como

base para a construção de processos de negócios, aliadas à busca por valores e à construção de

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relacionamentos duradouros e sustentáveis com os clientes e parceiros. (EA01, EA02, EA04,

EA05, revista institucional da ATIVAS Data Center, intranet, web sites).

Figura 14: Estrutura da ATIVAS Data Center

Fonte: Dados da pesquisa – Relatório do Planejamento Estratégico de 2009.

Nesse contexto, para o Grupo ASAMAR, a ATIVAS Data Center significa inovação e

diversificação, ou seja, nada além daquilo que já faz parte de seu dia-a-dia. A empresa

pesquisada é o primeiro centro de dados (data center) da RMBH e o primeiro do estado de

Minas Gerais que atenderá a todas as exigências estabelecidas por organismos reguladores e

certificadores internacionais. Concebido como um projeto de TI inovador, a empresa nasceu

com as características necessárias para evoluir a outros patamares tecnológicos num curto

espaço de tempo (EA01, EA02, EA04, EA05, EA06, EA07, Revista da ATIVAS Data

Center, intranet, web sites).

4.2.3 Antecedentes da integração entre negócio e TI

O objetivo desta subseção é compreender como as variáveis antecedentes influenciam

no alinhamento entre estratégias de TI e estratégias de negócio na ATIVAS Data Center. Esta

etapa discorre, especificamente, acerca dos fatores associados ao ambiente externo à

organização e à percepção de importância da TI pela alta administração. Esses fatores

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compõem, segundo o modelo de Kearns e Sabherwal (2007), a dimensão dos “antecedentes da

integração entre negócio e TI”, podendo ser vistos na Figura 15.

Figura 15: Variáveis e associações que antecedem a Integração entre negócio e TI Fonte: Adaptação da autora a partir de KEARNS e SABHERWAL, 2007.

Assim, para realizar esta análise, foram examinados dois elementos potencialmente

importantes para a organização investigada (EA01, EA02, EA05, EA08): os fatores que

compõem seu ambiente externo, com o objetivo de identificar a possível complexidade deste

e assim efetivamente poder lançar mão das explicações do modelo proposto por Kearns e

Sabherwal (2007), visto que o referido modelo desenvolve seus constructos sob a perspectiva

de um ambiente heterogêneo; e a forma como a TI é percebida pela alta administração, ou

seja, se a TI é percebida como um elemento importante, indo novamente em busca de

subsídios que coincidam com as explicações do modelo escolhido para compreender a

integração entre planejamento de TI e negócios.

4.2.3.1 Heterogeneidade ambiental

Diante da necessidade de identificar o ambiente externo da ATIVAS Data Center para

se compreender se o modelo de Kearns e Sabherwal (2007) tem potencial para explicar a

integração entre negócio e TI na organização pesquisada, o primeiro aspecto tratado, na

realização das entrevistas, foi identificar a percepção dos entrevistados acerca do ambiente

organizacional. Buscou-se compreender a forma como a organização, na figura de seus

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entrevistados, percebia os componentes do ambiente externo em que estava inserida. A

análise do ambiente foi alicerçada em Duncan (1972), Miller e Friesen (1983), Reich e

Benbasat (1996), Kearns (1997) e Kearns e Sabherwal (2007) e fatores associados ao perfil

dos clientes atendidos, tipo de produtos (serviços) ofertados e natureza da concorrência foram

o tema inicial da investigação.

Observou-se que, para os entrevistados, a ATIVAS Data Center possuía, desde sua

fundação, na época da estruturação do primeiro plano de negócio, muitos e variados clientes

potenciais, os quais apresentavam grande diversidade em seus hábitos de compra (HETER01),

isto devido ao fato de apresentarem pouca semelhança entre si. São clientes da ATIVAS Data

Center empresas do segmento de saúde, aluguel de carros, transmissão de energia elétrica e

distribuição de combustíveis, demonstrando elevada diversidade nas demandas apresentadas à

empresa (EA01, EA04, EA06). Com base nessa percepção dos entrevistados, tratou-se de

aprofundar mais no assunto, com vistas a verificar parâmetros que ajudariam a compreender e

identificar melhor o ambiente.

Não obstante, os entrevistados apontaram o elevado grau de conhecimento acerca das

consequências dessa diversidade de hábitos e também as alternativas que têm à disposição e

às quais recorrem, quando necessário, para contornarem os efeitos dessa diversidade. Ou seja,

os aspectos associados à diversidade dos hábitos de compras dos clientes influenciavam a

ATIVAS Data Center; no entanto, no que se refere às consequências dessa diversidade, a

empresa já dispunha de alternativas para reagir ou contornar os efeitos desses hábitos

diversificados (EA01, EA04, EA05).

Diante da revelação acerca da diversidade de clientes, perceberam-se indícios de um

ambiente complexo, fazendo com que novos questionamentos acerca das diversificações

percebidas pela empresa fossem realizados.

No que se refere aos produtos 14(HETER02), foram fornecidas duas perspectivas

distintas: a primeira relacionada aos produtos propriamente ditos, especificamente no tocante

à variedade, à obsolescência e às alterações nas demandas para estes. A percepção geral por

parte dos entrevistados era que os clientes exigiam diversas formas de se ofertar ou “entregar”

o mesmo serviço, o que era compreensível, devido a pouca similaridade entre os clientes. No

entanto tal situação resultava em altas taxas de mudanças ou adaptações.

Diante da complexidade das demandas, o que consequentemente tornava complexa a

entrega dos serviços prestados, os entrevistados ainda assim consideravam que os efeitos de

14 Para a ATIVAS Data Center produtos são os serviços e soluções ofertados aos clientes.

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tal diversidade na ATIVAS Data Center eram conhecidos e, portanto, passíveis de solução.

Os respondentes reconheciam que o ambiente possuía características de baixa previsibilidade,

devido, por exemplo, à variedade nos hábitos de compras dos clientes, mas isto não impactava

negativamente o desempenho organizacional (EA02, EA04, EA05, EA07, EA08; Catálogo de

Serviços da ATIVAS Data Center; Reuniões para Discussão de Novas Ofertas; Reuniões para

Estruturação de Novas Ofertas de Produtos e Serviços).

Quando questionados sobre a forma de atuação diante da referida diversidade, os

entrevistados disseram acreditar que a ATIVAS Data Center dispunha de mecanismos ou

alternativas para contorná-los. Informaram que a organização possuía um “catálogo de

serviços”, o qual havia sido elaborado de maneira a buscar cobrir a maioria das principais

demandas dos clientes, e que o que não estava coberto pelo referido catálogo era

“customizado” e tratado “pontualmente”, ou seja, havia equipes de gestores que cuidavam não

só de “traduzir” as solicitações dos clientes mas também de acompanhar se as solicitações

destes estavam sendo atendidas corretamente. Assim, entendiam que, mesmo operando com a

imprevisibilidade das demandas dos clientes, a diversidade de solicitações que emergia não

apresenta impacto negativo no ambiente organizacional (EA01, EA02, EA04, EA05, EA07;

Catálogo de Serviços da ATIVAS Data Center,; Reuniões para Discussão de Novas Ofertas;

Reuniões para Estruturação de Novas Ofertas de Produtos e Serviços).

Após identificar a demanda por serviços e soluções diversificados, arguiu-se sobre a

obsolescência dos produtos que apoiavam a prestação de serviços. Na opinião dos

entrevistados, a obsolescência era pequena, ou seja, os produtos que apoiavam a prestação de

serviços apresentavam baixa taxa de mudança. Assim, os efeitos da obsolescência na empresa

não constituíam surpresa, porque a transição entre tecnologias ocorria no médio ou longo

prazo, permitindo o acompanhamento de sua evolução e o estudo de alternativas para

contorná-los. Aliado a esse fato, e com base nas entrevistas, a relação e os acordos existentes

com os fornecedores mitigavam o risco associado à possibilidade da obsolescência impactar

negativamente a organização, sugerindo baixa, ou, no pior caso, moderada variação nesse

componente do ambiente organizacional (EA01, EA02, EA03, EA04, EA05; Contratos de

fornecedores).

A obsolescência ela é um risco pra quem é provedor de serviços na área de TI. De novo, quem determina a obsolescência é o mercado [...] a gente costuma dizer para os nossos fornecedores, os grandes fornecedores: nós não podemos ser penalizados pela obsolescência. Porque senão, a indústria também não vai conseguir renovar as tecnologias. Por que quem coloca a tecnologia no mercado não é a indústria, a indústria fabrica. O provedor de serviço é que coloca no mercado. Então graças a

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esta relação, esta questão de obsolescência, ela fica... Mitiga um pouco o risco... Porque quando a gente percebe que uma plataforma ficou obsoleta, a indústria também percebe. (EA01).

De maneira inversa, a demanda por novos serviços era considerada frequente. A

elevada taxa de mudanças, segundo os entrevistados, dotou a ATIVAS Data Center da

capacidade de se antecipar em relação a elas. Portanto, as consequências dessas mudanças

sobre a empresa eram conhecidas, assim como as alternativas para contorná-las caso fosse

necessário (EA01, EA02, EA03, EA04, EA05; Catálogo de Serviços e Política para Criação

de Novos Produtos).

A segunda perspectiva da análise relacionada os produtos ofertados pela ATIVAS

Data Center referia-se aos fornecedores, principalmente de equipamentos, componentes ou

aplicativos de TI, fornecedores que eram chamados pelos entrevistados de “indústria”. Essa

perspectiva revelou-se importante, visto que era considerada fonte de preocupação para a

empresa pesquisada. Isto posto, a percepção existente era que, considerando a peculiaridade

do negócio, a “indústria” não era muito ampla, no que se referia ao “segmento de atuação da

ATIVAS Data Center e não para toda cadeia de “ITO” (EA01, EA07), porém os principais

fornecedores eram denominados “gigantes da indústria”, ou seja, havia “poucos fornecedores

de ativos de TI que podiam ser considerados relevantes” (EA01, EA07) e a similaridade nos

produtos ofertados por esses fornecedores era mediana, o que significa que a decisão final

ocorria com base na negociação por preço. Assim, a força desses players podia ser

esmagadora, na percepção dos entrevistados, ou seja, para determinados produtos havia dois

ou três fornecedores potenciais, os quais tinham poucas diferenças nos produtos que

ofertavam à ATIVAS Data Center, portanto a estratégia de negociação era o grande

diferencial para a escolha dos fornecedores. No entanto, embora a empresa investigada

pudesse “escolher” o fornecedor preferencial, havia sempre “certo grau de risco” nas

negociações, seja risco associado ao prazo de entrega, seja risco associado à compatibilidade

com a solução pretendida, seja por escassez de mão-de-obra qualificada para lidar com

alguma possível especificidade do produto provido por determinado fornecedor. Assim,

embora fossem conhecidos os possíveis efeitos negativos desse elemento na ATIVAS Data

Center, esta, segundo os entrevistados, buscava reunir-se com seus fornecedores a fim de

discutirem problemas surgidos, necessidades de melhorias, desvios nos indicadores de

desempenho acordados, revisão de contratos, etc. Havia uma área específica para cuidar desse

tema dentro da organização e o gestor desta área estava incumbido de interagir tanto com a

área de negócio quanto com a área de TI, com o objetivo de minimizar os riscos associados ao

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relacionamento com fornecedores visto que tal fato constituía, em certa escala, uma fonte de

preocupação para a empresa investigada (EA01, EA04, EA05; Reuniões com fornecedores de

produtos e serviços; Contratos e acordos com fornecedores; Sistema de Gestão da ATIVAS

Data Center - MYRA).

Percebida a variedade de clientes (HETER01) e produtos (HETER02), o que reforçava

o delineamento de um ambiente complexo, novas indagações emergiram. Assim, com base

nos estudos de Duncan (1972), bem como nos de Miller e Friesen (1983) buscou-se

identificar outros elementos externos que exerciam efeitos na operação da ATIVAS Data

Center. Tratou-se, dessa maneira, de se compreender, pela complexidade que despontava,

como a empresa investigada percebia seus concorrentes.

Na opinião dos entrevistados, havia um grande número de concorrentes importantes,

(HETER03), o que realmente influenciava a forma de atuação da ATIVAS Data Center.

Quando comparados à empresa investigada, a concorrência, embora em grande número,

apresentava similaridade entre si, não variando significativamente o tipo de serviços ou

produtos ofertados aos clientes. Observou-se que a concorrência influenciava as estratégias da

ATIVAS Data Center, mas, conforme relatado pelos entrevistados, a empresa conseguia

“acompanhar e prever os passos dos concorrentes” por meio de ações da área de Business

Intelligence. Assim, para os entrevistados a empresa sofria minimamente os possíveis

impactos negativos oriundos do elemento concorrência (EA01, EA05, EA04; Reuniões para

Divulgação de Estratégias; Relatórios da área de Business Intelligence).

Ainda segundo os entrevistados, a percepção da concorrência “ampliava a capacidade

da organização em se antecipar na identificação de mudanças no mercado” (EA01, EA02,

EA04). Observou-se que, na ATIVAS Data Center, o elemento “concorrência” é alvo de

atenção constante, fazendo com que fosse criada uma área específica para cuidar deste

assunto, área esta cujo objetivo era “monitorar” e identificar mudanças no comportamento não

só dos concorrentes mas também nos hábitos e demandas dos clientes, visto que alterações na

conduta desses players influenciavam ou mesmo modificavam a maneira como a empresa

atuava ou provia seus serviços (EA01, EA02, EA04, EA07, EA08).

De uma maneira geral, a área de negócios... A área de Marketing é identificadora das demandas dos clientes [...] e dentro da área de Marketing há uma vertical que monitora os passos dos concorrentes tentando identificar tendências. O que o concorrente vem fazendo nos últimos anos. (EA04).

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Neste contexto, o exame realizado acerca das percepções dos entrevistados sobre os

principais elementos que compunham o ambiente externo da ATIVAS Data Center e que

poderiam exercer algum efeito nesta, observou-se que clientes, produtos (no que se refere à

demanda e aos fornecedores) e concorrentes foram os elementos apontados como mais

relevantes, devido à grande diversidade associada a eles. Tal fato, portanto, sugere que

empresa investigada estava imersa em um ambiente complexo e que, conforme

argumentações de Duncan (1972), Miller e Friesen (1983), Kearns (1997) e Kearns e

Sabherwal (2007), configurava-se como um ambiente heterogêneo. Assim, observou-se que a

heterogeneidade ambiental exerce efeito nas ações e estratégias da empresa, podendo ser

considerado um fator potencialmente importante desta, visto que pode influenciar

intensamente o alinhamento entre estratégias de TI e estratégias de negócios da organização

(EA01, EA02, EA03, EA04, EA05, EA07, EA08; Relatório do Planejamento Estratégico

2009, Reuniões da Diretoria; Reuniões para Divulgação de Estratégias).

Dificilmente nós vamos fornecer uma solução que não tenha sido percebida como importante pelo mercado, não tenha demanda, ou seja, igual a tantas outras existentes. (EA01)

Portanto, a percepção de que as características do ambiente externo precedem e

influenciam as estratégias de TI e negócio da empresa (EA01, EA02, EA04, Relatório do

Planejamento Estratégico 2009) é uma realidade na ATIVAS Data Center e está de acordo

com as argumentações de Kearns e Sabherwal (2007) de que a heterogeneidade ambiental

pode aumentar a importância da TI.

Nenhuma empresa hoje consegue crescer, ou mesmo sobreviver, se não perceber os diversos players do mercado, os desejos dos clientes, as diversas faces da concorrência e o que este mesmo mercado driva (sic) para produtos, serviços, soluções, tecnologias, seja lá o que for... São tantas variáveis.... no nosso caso, que nos pautamos pela excelência, temos a TI como atividade fim e ao mesmo tempo como apoio às nossa atividades, temos que estar... ficar constantemente atentos a todas estas variações do ambiente mercadológico... (EA02)

Assim, considerando que as respostas às entrevistas, bem como a documentação

analisada apresentaram uma relação harmônica ou coerente, a ideia geral de que o ambiente

em que a ATIVAS Data Center estava inserida possui considerável heterogeneidade foi

corroborada pela expressiva percepção de diversidade em relação aos fatores Clientes,

Concorrentes e Produtos, presentes nas evidências coletadas e resumidas no Quadro 10.

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Indicador Identificação e caracterização do ambiente segundo Duncan (1972)

Percepção da heterogeneidade

ambiental HETER01- Diversidade dos hábitos de compra dos clientes

(1) Grande número de fatores e componentes no ambiente.

(2) Fatores e componentes não são similares entre si.

(3) Fatores e componentes do ambiente estão em constante processo de mudança.

Ambiente externo complexo

HETER02 - Diversidade das linhas de produtos e associações (obsolescência, alteração da oferta motivada pelos clientes ou pelos fornecedores)

HETER03 - Diversidade da natureza da competição/concorrência e associações (previsibilidade e riscos/ameaças)

Quadro 10: Caracterização do ambiente da ATIVAS Data Center conforme percepção dos entrevistados Fonte: Dados da pesquisa.

O resultado do processo de monitoramento do ambiente externo, as informações

formais e informais coletadas, o processamento e a disseminação dessas informações na

ATIVAS Data Center, para os gerentes e diretores, visavam principalmente à definição e à

execução de estratégias mais efetivas, visto que os entrevistados entendiam que a

sobrevivência da organização dependia da habilidade organizacional de processar com

rapidez e eficiência as informações oriundas do meio ambiente e convertê-las em vantagem

competitiva. Essa agilidade e eficiência são propiciadas fundamentalmente pelo uso

estratégico da TI na empresa (EA02, EA03, EA04, EA05, EA07; Sistema de Gestão da

ATIVAS Data Center – MYRA).

Assim, a globalização e a diversidade dos mercados, a intensificação da competição e

a aceleração dos ciclos de vida dos produtos, aliada à necessidade de novas formas de

relacionamento com fornecedores ou parceiros, tornavam necessárias rápidas mudanças

tecnológicas e habilidade no uso e tratamento das informações com vistas à obtenção de

novas oportunidades de negócio. A responsabilidade, a flexibilidade e a inovação passam a

ser necessidades para o sucesso da organização (GALLIERS; BAETS, 1998, MILLER;

FRIESEN, 1983).

Nesse contexto, a TI, torna-se uma ferramenta estratégica para as empresas se

tornarem competitivas. Pozzebon e Freitas (1999) sublinham que a evolução e o uso

estratégico da TI podem influenciar as organizações para a quebra de barreiras de tempo e

espaço e a maneira como elas se relacionam, forçando uma reestruturação de suas estratégias

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e objetivando ampliar seu desempenho de maneira integrada. Nesse sentido, a percepção de

importância da TI pela alta administração, oriunda do reconhecimento da TI como fonte de

vantagem competitiva bem como de seu potencial estratégico, é um aspecto característico que

emerge do ambiente contemporâneo, competitivo e complexo (TOLEDO; TOLEDO, 2007), o

qual também exerce influência no desenvolvimento de estratégias tanto de negócio quanto de

TI (JOHNSTON, CARRICO, 1988).

4.2.3.2 Percepção de importância da TI pela alta administração

Investigadas as influências da heterogeneidade ambiental na organização, o segundo

aspecto tratado teve como alvo a percepção da TI pela alta administração ATIVAS Data

Center, ou seja, se realmente a TI era percebida como potencial estratégico ou apenas recurso

tecnológico. Dessa maneira, buscou-se compreender como era a percepção de importância da

TI pela alta administração da empresa investigada e qual o efeito da heterogeneidade

ambiental nesta.

A análise desta variável, percepção de importância da TI pela alta administração,

esteve fundamentada nos estudos e argumentações que apontavam a TI como instrumento que

trazia vantagens competitivas, quando se recorria à sua utilização estratégica (KEARNS,

1997; ROCKART, 1984; TREACY, 1986; JAVERNPAA; IVES, 1990; JAVERNPAA;

IVES, 1991; BAKOS et al. 1995, REZENDE, 2002). Assim, considerando-se que o modelo

de Kearns e Sabherwal (2007) havia se mostrado eficiente quando da análise do ambiente

externo, recorreu-se novamente a suas explicações com vistas a compreender essa nova

variável, os elementos que a constituíam, bem como o efeito da heterogeneidade nela.

Para os entrevistados, na ATIVAS Data Center, a TI é representada por um CIO, que

participa ativamente das decisões e estratégias da organização, faz parte do Conselho

Administrativo da empresa e conta com o apoio tanto de seus pares quanto da alta

administração, o que segundo eles denotava uma forma da alta administração perceber o

potencial estratégico da TI (PERAA01), bem como se relacionar com as funções da TI (EA01,

EA03, EA07; Reuniões da Diretoria, Reuniões dos Gerentes de TI , Reuniões entre Gerentes

de TI e Gerentes de Negócio, Relatório do Planejamento Estratégico 2009).

Além disso, observou-se que, na opinião dos entrevistados, a TI para a organização

investigada não era percebida simplesmente como uma ferramenta que apoiava os processos

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existentes, mas era principalmente um instrumento que estimulava e facilitava a

operacionalização dos negócios e as mudanças organizacionais, às quais normalmente

culminavam em ganhos de produtividade, lucratividade e desempenho (EA05, EA06, EA07),

ou seja, era considerada segundo as argumentações de Teo e Ang (1999) e Kearns (1997)

fonte de vantagem competitiva para a organização.

Outro fator importante da contribuição da TI para a empresa, segundo os

entrevistados, era a participação da área de TI nos negócios da organização devido à

capacidade do CIO perceber as necessidades do mercado e contribuir para identificar novas

oportunidades para o negócio. A forma diferenciada e “até mesmo inovadora” de atuação dos

gerentes e diretores da ATIVAS Data Center, conforme relatado, convergia

significativamente para que o alinhamento ocorresse (EA01, EA02, EA04, EA05; Reuniões

da Diretoria, Reuniões dos Gerentes de TI).

É a forte participação da área de TI nos negócios da organização e a capacidade do CIO perceber as necessidades do mercado contribuir para formular novas oportunidades para o negócio. A forma diferenciada e até mesmo inovadora de atuação dos gerentes e diretores da ATIVAS contribuiu significativamente para que o alinhamento ocorresse. (EA04)

Ainda sobre o conhecimento do valor e potencial da TI, para os entrevistados, as

oportunidades oriundas do uso estratégico da TI eram muitas (PERAA02), especialmente

aquelas que utilizavam informação de forma intensa ou para conseguir algum objetivo

específico, como indicadores gerenciais, fluxos de processo, entre outros (EA01, EA05,

EA07, EA08; Sistema de gestão da empresa - MYRA). Para eles, os benefícios intangíveis

eram reconhecidos como importantes, uma vez que melhoravam o desempenho do negócio.

No entanto, ainda que afetassem, não conseguiam ser medidos com a utilização de métodos

tradicionais (EA01, EA02, EA03, EA06, EA07).

Para os entrevistados, a TI é reconhecida como importante não só na ATIVAS Data

Center mas em todas as empresas, principalmente aquelas que atuavam no mesmo segmento

que ela (EA02). A TI, na opinião dos entrevistados, criava barreiras a novos entrantes, seja

devido ao alto volume de investimento que o negócio exigia, seja devido à necessidade de alto

grau de capacitação dos profissionais que atuavam nesse segmento, ou ainda devido aos altos

custos envolvidos no processo de mudança de clientes, isto é, dificilmente um cliente que está

estabilizado em uma empresa desse setor se mobilizaria para mudar de prestador de serviços.

(EA01, EA03, EA04, EA05).

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Segundo a opinião dos entrevistados, a percepção de importância da TI pela alta

administração contribuía para “ampliar capacidade da organização em se antecipar na

identificação de mudanças no mercado” (EA01, EA03, EA04, EA07). Notou-se ainda,

conforme mostrado na seção anterior, que na ATIVAS Data Center as movimentações do

mercado eram alvo de constante atenção (PERAA03), o que levou a empresa a criar uma área

específica que monitorava alterações de movimentos tanto dos concorrentes quanto nas

demandas dos clientes, o que influenciava e poderia inclusive modificar a maneira como a

ATIVAS Data Center provia seus serviços (EA01, EA02, EA04, EA07; Reuniões para

Discussão de Novas Ofertas, Relatório do Planejamento Estratégico 2009).

Nossos principais concorrentes estão mapeados no planejamento estratégico para que a área de Business Intelligence possa acompanhá-los de perto e suprir gerentes de TI e negócio com informações sobre os passos destes concorrentes... Aí não perdemos oportunidades... a gente procura tirar proveito de algo que surgiu e que não estava no nosso radar. (EA01).

Observou-se que os relatos dos entrevistados continham indícios que, diretamente ou

indiretamente, apontavam a percepção de importância da TI por parte da alta administração da

ATIVAS Data Center, evidenciando que, nas práticas e processos organizacionais da

empresa, a TI era percebida como um dos fatores-chave para o alcance de desempenho

organizacional superior (PERAA04). Assim, o potencial estratégico da TI, o reconhecimento

que seus benefícios contribuíam positivamente para o desempenho financeiro da organização,

o conhecimento das vantagens e oportunidades devidas a TI, o uso dos avanços tecnológicos e

o conhecimento da forma como os concorrentes usavam a TI eram indicadores associados à

percepção do valor da TI (LUFTMAN; PAPP; BRIER, 1999; TEO; ANG, 1999, REICH;

BENBASAT, 1996, 2000; LUFTMAN, 2003).

De modo geral, a opinião dos entrevistados da ATIVAS Data Center sobre a

percepção de importância da TI pela alta administração apresentaram significativa

concordância, assim como ocorreu na investigação dos fatores relativos à heterogeneidade

ambiental, indicando que, para a organização investigada, a TI representa fator-chave para o

sucesso organizacional., ou seja, a análise do ambiente externo, a utilização estratégica da TI

para atingir seus objetivos, a relação direta e a impossibilidade de separar a organização do

seu meio ambiente são fatores capazes de trazer a realidade exterior para próximo do centro

de decisão da empresa, redirecionando seu processo estratégico. Assim, a capacidade dos

executivos em perceber as emanações do ambiente externo e redirecionar as decisões

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99

utilizando-se do potencial da TI nas estratégias dos negócios tem sido reconhecida como

competência crítica nas organizações (ARMSTRONG; SAMBAMURTHY, 1999).

A percepção da heterogeneidade ambiental e o respectivo redirecionamento

estratégico vão ao encontro das argumentações de Lederer e Mendelow (1988), Kearns (1997)

e Kearns e Sabherwal (2007), os quais afirmam que o uso estratégico da TI auxilia a

organização a atingir seus objetivos e metas, melhora a eficiência operacional, contribui para

a retenção de clientes, inova produtos e serviços e obtêm vantagem competitiva, ou seja, a TI

é um veículo para fundamentalmente alterar as forças e a estrutura competitiva do setor de

atuação das empresas (ARMSTRONG; SAMBAMURTHY, 1999).

4.2.3.3 Interação entre heterogeneidade ambiental e percepção de importância da TI

pela alta administração

Neste item analisa-se a interação entre os fatores que compõem o ambiente

heterogêneo em que a ATIVAS Data Center estava inserida e a percepção da importância da

TI pela alta administração da empresa. Busca-se, portanto, compreender a influência dos

fatores associados à heterogeneidade ambiental na percepção do valor da TI pela alta

administração na empresa pesquisada.

No Quadro sintetizou-se a percepção dos entrevistados da ATIVAS Data Center no

que se referia à elevada complexidade ou heterogeneidade do ambiente de atuação da

organização. Essa complexidade acentuada era determinada principalmente pela diversidade

constante em dois componentes ou elementos principais: clientes (hábitos de compras destes),

serviços (variedade da oferta, obsolescência, alterações na demanda e fornecedores ou a

diversidade destes). Essa percepção, ainda segundo os levantamentos realizados, era agravada

pelo número significativo de concorrentes existentes.

Observou-se que havia um entendimento claro sobre o efeito das principais forças ou

influências do ambiente na forma de atuação da ATIVAS Data Center e que os principais

alvos de atenção seriam os clientes e os concorrentes, fazendo com que fosse criada uma área

específica (Business Intellinge) para cuidar desses assuntos. O objetivo dessa área era

perceber, identificar, sugerir ações de contorno juntamente com as demais partes envolvidas e

acompanhar possíveis mudanças no comportamento não só dos concorrentes mas também nos

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100

hábitos e demandas dos clientes, visto que alterações na conduta desses players influenciava

diretamente a operação da empresa (EA01, EA02, EA04, EA07, EA08).

Nós vamos primeiro no mercado percebemos o driver do mercado. O mercado é que norteia as ações, seja para definir produto, serviço ou cliente. Concorrentes? Monitoramos os passos dos concorrentes tentando identificar tendências. O que o concorrente vem fazendo nos últimos anos... Bom, os clientes.... pros clientes, segmentamos o mercado de forma a identificar grupos com características de compra similares para alcançar maior efetividade das ações comerciais.... (EA04)

A influência da heterogeneidade ambiental no negócio da ATIVAS Data Center

combinada com o uso estratégico da TI levou a empresa a contratar uma consultoria externa

no intuito ajudar na revisão dos planos de negócio e TI. Esse novo exame dos planos devia-se,

segundo os entrevistados, à intensa movimentação do mercado no tocante à diversidade das

demandas dos clientes, dos serviços que compunham seu catálogo de ofertas e também à

percepção de “como os diversos concorrentes enxergavam” a ATIVAS Data Center. Na

opinião dos respondentes, os planos anteriores “foram e estavam muito conservadores”

(EA01, EA02, EA05, EA06; Relatório do Planejamento Estratégico 2009).

Dados levantados na ATIVAS Data Center apontavam tendência à proatividade, uma

vez que, segundo relatado em entrevistas, eram observadas ações e práticas organizacionais

que, ao serem apoiadas pela alta administração, exerciam efeito tanto nas estratégias de

negócio quanto nas estratégias da TI, facilitando e estimulando o uso estratégico da TI e

colocando a empresa numa posição estratégica diante da concorrência (EA01, EA04, EA07).

Isto foi percebido durante as entrevistas e também quando da análise da documentação

relativa ao planejamento estratégico da organização.

Com base nos levantamentos realizados, observou-se que a elevada complexidade do

ambiente exercia influência na forma como a alta administração da ATIVAS Data Center

percebia o potencial estratégico da TI indicando que a heterogeneidade ambiental:

• direcionava os esforços da organização com o objetivo de mitigar possíveis riscos ou

impactos negativos, devido às diversas e complexas mudanças no mercado (EA01,

EA02, EA03, EA04, EA05, EA07; Reuniões da Diretoria; Atas de reuniões com

clientes; Atas de reuniões com fornecedores; Contratos de clientes; Contratos de

Fornecedores; Relatório do Planejamento Estratégico 2009; Relatórios da área de

Business Intelligence);

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101

• estimulava a alta administração da empresa a reconhecer o potencial estratégico da TI

e a eficiência da gestão desta área (EA01, EA02, EA03, EA04, EA07; Reuniões da

Diretoria; Reuniões para Divulgação de Estratégias; Relatório do Planejamento

Estratégico 2009; Relatórios com indicadores gerenciais de negócios; Sistema de

gestão da Gestão da ATIVAS Data Center - MYRA);

• impunha à alta administração da empresa que a TI fosse considerada fonte de

vantagem competitiva (EA01, EA03, EA04, EA05, EA07; Reuniões da Diretoria; Atas

de reuniões com clientes; Atas de reuniões com fornecedores; Relatório do

Planejamento Estratégico 2009; Relatórios com indicadores gerenciais de negócios;

Relatórios com indicadores gerenciais de TI; Sistema de gestão da Gestão da ATIVAS

Data Center - MYRA);

• permitia que a alta administração percebesse a TI e acreditasse que ela contribuía

significativamente para a obtenção de desempenho organizacional superior (EA01,

EA03, EA04, EA05, EA07, EA08; Relatório do Planejamento Estratégico 2009;

Relatórios com indicadores gerenciais de negócios; Relatórios com indicadores

gerenciais de TI; Sistema de gestão da Gestão da ATIVAS Data Center - MYRA).

Na Figura 16 exibem-se as relações observadas entre os elementos que constituíam as

variáveis antecedentes à integração entre TI e negócio para o caso da ATIVAS Data Center.

Observou-se que a elevada heterogeneidade ambiental requeria práticas diferenciadas e

eficientes de produção, comercialização e administração dos serviços prestados (Catálogo de

Serviços; Política para Criação de Novos Produtos; Manual de Processos e Procedimentos

Comerciais; Sistema de gestão da Gestão da ATIVAS Data Center – MYRA), o que, por sua

vez, estimulava a percepção da importância da TI pela alta administração (EA01, EA02,

EA05, EA07, EA08).

Para atender à complexidade dessa tarefa de construir o modelo mental representado

pela Figura 16, considerando os dados coletados, foi utilizado o software de análise de dados

qualitativos ATLAS.ti, o qual, além de permitir a categorização por meio recursos

computacionais, facilitou os registros e as buscas por trechos das entrevistas, bem como

possibilitou a criação dos diagramas mentais, ou seja, figuras que intentam representar a rede

de relações entre os principais elementos de cada dimensão do alinhamento entre negócio e

TI.

Tais informações e observações condizem com as pesquisas e achados de Kearns e

Sabherwal (2007), ou seja, as observações e percepções obtidas na ATIVAS Data Center

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102

podem ser explicadas pelo modelo proposto pelos referidos pesquisadores. Os resultados

oriundos das análises sugerem que a hipótese formulada pelos estudiosos, no que se refere ao

fato da heterogeneidade ambiental estar positivamente associada com a percepção de

importância da TI pela alta administração, constitui-se verdadeira para a empresa investigada.

Do jeito que a ATIVAS está organizada, os diretores ouvem muito os inputs do mercado vindo dos gerentes de negócio e dos gerentes de TI também. Os gerentes de TI daqui têm tanto conhecimento do negócio quanto os gestores de negócio. Então, a nível de conhecimento do mercado, estes gerentes fornecem informações sobre tudo... novas oportunidades,o que tá acontecendo com a nível da concorrência, tudo.... e como aqui a TI é o core business, esse conhecimento e diálogo é importante demais e facilita muito a tomada de decisões. (EA05)

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103

é indicador deé indicador de

é característica de

é característica de

é indicador de

é indicador de

é característica de

é característica de

é característica de

é indicador de

é característica de

é característica de

é indicador de

é característica de

é característica de

é característica de

é característica de

é característica de

é característica de

Exerce influência em

é indicador de

CF:Antecedentes daintegraçãoentre negócio eTI

Heterogeneidadeambiental {0-6}

Percepçãode importância da TI {0-6}

HETER01{0-2}~Diversidadenos hábitos decompras dosclientes

HETER02{0-4}~Diversidadenas linhas deprodutos

HETER03{0-4}~Diversidadena naturezada competição(concorrência)

Capacidadede preverpassos dosconcorrentes{0-1}

Diversidadedaconcorrência{0-1}

Fontes depreocupação{0-1}~Fontes depreocupaçãodaorganização. Existe algumapreocupaçãoassociada

Relação comclientes {0-1}

Capacidadede antevermudanças nademanda dosprodutos {0-1}

Linhas deprodutosvariadas {0-1}

Processo deobsolescênciadosprodutos {0-1}

PERAA01{0-3}~Reconhecimento do potencialestratégico daTI

PERAA02{0-3}~Conhecimentosobre osassuntos/oportunidadesdevidas à TI

PERAA03{0-2}~Familiaridadecom o usoestratégico daTI pelosconcorrentes

PERAA04{0-2}~Crença que aTI contribuipara odesempenhofinanceiro daorganização

Relação daaltaadministraçãocom asfunções de TI{0-1}

TI comofonte devantagemcompetitiva{0-1}

Apoio ao usoprogressivoda TI {0-1}

Preocupaçãocom osavançostecnológicos{0-1}

Novosentrantes{0-1}~Criação debarreiras anovos entrantes

Benefíciosintangíveis{0-1}~Reconhecimento dosbenefíciosintangíveis

Figura 16: Os relacionamentos da dimensão antecedentes à integração negócio - TI na ATIVAS Data Center Fonte: Dados da pesquisa.

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104

Ao perceber a elevada heterogeneidade do ambiente em que a empresa estava inserida

e reconhecer o potencial estratégico da TI, a ATIVAS Data Center passou a alterar suas

práticas administrativas para permitir que o alinhamento entre estratégias de negócio e

estratégias de TI se tornasse mais robusto com a incorporação dessas variáveis em seu

processo formal de gestão, ou seja, a elevada complexidade do ambiente fez com que a

percepção de importância da TI por parte da alta administração fosse mais positiva (EA01,

EA05; Relatório do Planejamento Estratégico 2009).

Cada uma dessas variáveis constituía para a ATIVAS Data Center um fator-chave

para que se alcançasse o alinhamento entre estratégias de TI e plano de negócio, o que

justificava a adoção dessas variáveis em seu processo de planejamento estratégico, visto que

tais fatores mobilizavam os esforços da empresa para: garantir a agilidade competitiva

necessária ao atendimento de demandas oriundas dos mais variados: hábitos de compra dos

clientes, perfis de concorrentes e tipos de produtos solicitados pelo mercado; potencializar o

valor estratégico da TI com vistas à inovação e a melhoria contínua de seus produtos,

processos e serviços; melhorar, em toda sua extensão, a gestão tanto da TI como do negócio,

de maneira a ampliar a visão de objetivos estratégicos e sua associação à percepção de novas

oportunidades, criação de barreiras a novos entrantes, incentivo e promoção de um ambiente

favorável à cultura de inovação e ao aprendizado; desenvolver mecanismos de gerenciamento

tanto de TI quanto de negócio que contribuam significativamente para o desempenho atual e

futuro da organização. Todas as variáveis analisadas, ou categorias de análise, como se

convencionou chamar nesta dissertação, constituem uma associação comum de critérios que

antecedem, prenunciam e/ou alicerçam o alinhamento entre as estratégias de TI e negócio as

necessidades atuais e futuras do negócio da ATIVAS Data Center no que se refere a seus

processos, produtos e serviços (EA01, EA02, EA03, EA04, EA05, EA06, EA07, EA08;

Relatório do Planejamento Estratégico 2009).

Como se pôde averiguar, a ATIVAS Data Center era uma jovem empresa que operava

em um ambiente complexo, mas, talvez por fazer parte de um grupo sólido e que atuava há

mais de 75 anos no mercado, dispunha de estratégias e planos de TI e negócios formalizados

que pareciam convergir para um alinhamento estratégico apurado (EA01, EA02, EA04,

EA06, EA07; Relatório do Planejamento Estratégico 2009).

Diante do exposto, observou-se que a compreensão acerca de fatores externos que

influenciavam o ambiente interno da ATIVAS Data Center exercia efeito em suas estratégias

e contribuíam significativamente para estimular a inovação e a mudança por parte da

organização, a obtenção de vantagens competitivas, o (re)conhecimento das oportunidades

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105

oriundas da TI e a comunicação entre as áreas de TI e negócio da empresa (MILLER;

FRIESEN, 1983; BAKOS; TREACY, 1986), ou seja, estimulavam a percepção de

importância da TI e o envolvimento por parte da alta administração. Dessa maneira, a alta

administração da ATIVAS Data Center parecia possuir consciência sobre a concorrência, os

tipos de demandas dos clientes e as linhas de serviços ofertadas, tornava-se mais propensa não

só a contribuir mas também a participar nos assuntos e discussões acerca da TI, considerando

que o conhecimento do ambiente em que a organização estava inserida remetia à necessidade

de ações que contribuíssem para a obtenção de desempenho superior. Assim, o envolvimento

da alta administração culminava com o reconhecimento da TI como ferramenta estratégica e

instrumento de inovação. Em síntese, o ambiente heterogêneo em que a ATIVAS Data Center

operava exigia ações, processos, práticas e estratégias que tivessem a participação e o

envolvimento da alta administração, indicando que esta não só percebia, mas também

reconhecia a importância e força estratégica da TI (EA01, EA04, EA05, EA06, EA07;

Relatório do Planejamento Estratégico 2009).

Conjugando-se a exigência da heterogeneidade ambiental por mudanças na estrutura

de análise e tomada de decisões estratégicas com a percepção positiva do papel estratégico da

TI pela alta administração da ATIVAS Data Center, emergia a necessidade de a alta

administração conhecer melhor os assuntos da TI, o que, por sua vez, demandava

envolvimento desta, convergindo para maior eficiência na tomada de decisões, visto que o uso

da TI implicava consequências importantes para o desempenho e os resultados da organização

(EA01, EA04, EA05, EA06). Esse fato indicava que o ambiente heterogêneo exigia

assimilação das funções e assuntos da TI por parte da alta administração devido à TI ser

considerada importante para os esforços da empresa, o que estimulava seu uso estratégico

(EA01, EA04, EA06).

Nesse contexto, a grande heterogeneidade criava desafios estruturais que, na ATIVAS

Data Center, haviam sido mitigados por meio da participação e comunicação na tomada de

decisões estratégicas (EA03, EA04, EA06). A heterogeneidade também aumentava a

importância da TI, aumentando consequentemente o envolvimento dos gerentes de TI no

planejamento de negócios (EA01, EA05). Assim, elevada heterogeneidade ambiental

aumentava a necessidade dos gerentes de TI participarem no planejamento de negócios e dos

gerentes de negócios participarem no planejamento de TI, culminando no compartilhamento

dos conhecimentos existentes em ambas as gerências (EA01, EA04, EA06).

Em suma, o ambiente heterogêneo em que a ATIVAS Data Center estava inserida

aliado à percepção de importância da TI pela alta administração impunha a necessidade de

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106

intensa participação dos gerentes de negócios no planejamento de TI e uma maior

participação dos gerentes de TI no planejamento de negócios, conforme se mostra na seção 0.

4.2.4 Influência dos fatores antecedentes nas variáveis da integração entre negócio e TI

Neste item discute-se, para o caso da ATIVAS Data Center, como a heterogeneidade

ambiental e a percepção de importância da TI pela alta administração, fatores que antecediam

a integração entre TI e negócio, conforme verificou-se na seção 0, afetavam a participação

dos gerentes de TI no planejamento de negócios, dos gerentes de negócio no planejamento de

TI e da alta administração na alocação de recursos para TI.

A ocorrência e a maneira como cada uma das duas variáveis que antecediam o

alinhamento exercia efeito nas variáveis que compunham a integração entre planos de TI e

planos de negócios na empresa investigada, serão apresentadas e analisadas. Novamente

recorre-se a Kearns e Sabherwal (2007), com vistas a compreender se o modelo proposto por

esses estudiosos tem potencial explicativo para compreender o alinhamento estratégico entre

TI e negócio na organização caso desta pesquisa.

A análise dos fatores associados ao envolvimento dos gerentes de TI e negócios nos

processos de planejamento e definições de metas, à participação de ambos em reuniões

estratégicas e gerenciais, bem como ao compartilhamento de conhecimentos entre eles estará

alicerçada em Lederer e Mendelow (1988), Boynton, Zmud e Jacobs (1994), Kearns (1997),

Segars, Grover, e Teng (1998), Ranganathan e Sethi (2002) e Kearns e Sabherwal (2007).

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107

Figura 17: Fatores antecedentes e suas relações com as variáveis da integração entre negócio e TI Fonte: Elaborado pela autora, com dados da pesquisa e com base em KEARNS E SABHERWAL,

2007.

Partindo-se das percepções dos entrevistados acerca da heterogeneidade ambiental e

mostradas no Quadro, dos documentos analisados (Relatório do Planejamento Estratégico

2009, Sistema de Gestão da ATIVAS Data Center - MYRA, Relatórios do Gerenciamento de

TI, Relatórios do Gerenciamento de Negócios, Diagramas de Processos de Negócios e

Processos de TI) e das observações realizadas (Reuniões para Estruturação de Novas Ofertas

de produtos e serviços, Reuniões da Diretoria), observou-se, conforme detalhado na seção 0,

que a elevada heterogeneidade ambiental aumentava a percepção de importância da alta

administração, e ambos os fatores, por sua vez, influenciavam a participação tanto dos

gerentes de TI e negócios no planejamento estratégico quanto a participação da alta

administração na alocação de recursos para TI (EA01, EA04, EA05, EA06).

Assim, quando da realização das entrevistas, a percepção dos entrevistados sobre

como a complexidade do ambiente, no qual a ATIVAS Data Center estava imersa, influencia

o alinhamento entre suas estratégias, resultou em indicadores que puderam ser mais bem

explorados a fim de compreender a intensidade da referida relação.

O primeiro aspecto observado, quando dos questionamentos sobre participação dos

gerentes, foi o fato de vários entrevistados sugerirem que as perguntas fossem agrupadas em

um mesmo conjunto, emergindo daí o termo “participação cooperativa” (EA01, EA03, EA04,

EA07, EA08). Esse termo também pode ser observado em outras circunstâncias, fazendo

referência à mesma situação, ou seja, quando havia a necessidade de mencionar a existência

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108

de participação e cooperação dos gerentes tanto de TI quanto de negócio no planejamento

estratégico de ambas as áreas (EA02; Reuniões dos Gerentes de TI; Reuniões dos Gerentes de

Negócio; Reuniões entre Gerentes de TI e Negócio).

Notou-se que o conceito emergido durante a investigação ia ao encontro das

argumentações de Kearns e Sabherwal (2007), os quais apresentaram o conceito de

“cooperação participativa”. Surgem então os primeiros sinais de que o modelo de Kearns e

Sabherwal (2007) tenha potencial para explicar também a dimensão que abarcava as variáveis

do alinhamento estratégico entre TI e negócios na organização pesquisada.

Para os entrevistados, os fatores associados à grande diversidade dos hábitos de

compras dos clientes e dos produtos ofertados e à concorrência, esta última composta por

empresas com alto poder econômico no segmento de atuação da empresa pesquisada,

influenciavam não só a cooperação participativa, mas todo o alinhamento estratégico da

empresa. Em um primeiro momento, a heterogeneidade ambiental motivava a área de

negócios da ATIVAS Data Center a buscar soluções diferenciadas e com uma relação entre

custo e benefício atraente para os clientes (EA01, EA02, EA03, EA04, EA08).

Paralelamente à área de TI da ATIVAS Data Center, eram exigidos novos

conhecimentos como respostas às solicitações tanto externas quanto internas, devido ao

constante e crescente volume de tecnologias emergentes, em fase de obsolescência, com

elasticidade suficiente para atender aos diversos perfis de clientes ou ainda em razão da

necessidade premente de maior e mais rápido retorno financeiro (EA01, EA02, EA03, EA04,

EA06, EA07, EA08; Relatório do Planejamento Estratégico 2009; atas das reuniões de

repasse tecnológico; Sistema de Gestão da empresa). Dessa forma, para conseguir atender a

estas e outras demandas, segundo dados coletados, era essencial o esforço coordenado das

gerências de TI e negócio para que fossem alcançados os objetivos e as metas estabelecidos

para ambas as áreas (EA01, EA03, EA04, EA06, EA07; Relatório do Planejamento

Estratégico 2009; reuniões da diretoria).

O mercado e seus diversos players drivam (sic) a maioria das nossas ações ou decisões. Aí se o gerente de negócios não conversar, não trocar ideias e não envolver a TI não vai pra frente... Como que eles... a TI, vão entregar uma coisa que não sabem do que se trata? E o pior, sem o conhecimento da TI, quem garante que nós temos condições de atender o que está sendo pedido? Tem que andar junto... É um exercício constante... Mas tem que ser assim... senão não funciona mesmo... (EA04)

O ambiente heterogêneo em que a ATIVAS Data Center estava inserida era permeado

por diversas tecnologias que mudavam rápida e constantemente, exigindo elevado potencial

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109

para compartilhar conhecimentos (EA03, EA04, EA07; Reuniões de Discussão sobre Novas

Ofertas). Assim, as chamadas visitas técnicas, bem como as visitas a clientes, aliadas a

participação em congressos, reuniões, seminários tanto pelos gerentes de TI quanto pelos

gerentes de negócios e a constante interação e o envolvimento destes com clientes, parceiros e

fornecedores propiciavam, segundo os entrevistados, um terreno fértil para a troca de

experiências e informações, bem como para a identificação de novas oportunidades, novos

clientes ou novos fornecedores. Ou então, simplesmente iam onde os concorrentes estivessem

frequentando, com o intuito de perceber possíveis novas oportunidades, riscos ou ameaças

(EA01, EA03, EA04, EA07; reuniões da diretoria; reuniões dos gerentes de TI; reuniões dos

gerentes de negócio; reuniões entre os gerentes de TI e gerentes de negócio; atas de visitas a

clientes e fornecedores; relatórios de viagens; registros de participação em congressos

realizados em 2009).

Usualmente somente os gerentes de TI são lembrados para a participação de eventos técnicos. Enviando também os gerentes de negócios para estes eventos faz com que o compartilhamento de informações seja maior, facilitando também a participação dos gerentes de negócios no planejamento de TI (EA04).

Mesmo antes de aprofundar a análise da influência da heterogeneidade ambiental no

alinhamento da ATIVAS Data Center, já se verificava, de maneira geral, que as respostas às

entrevistas apresentavam coerência, o que por sua vez assegurava certa confiabilidade aos

dados levantados. Essa mesma coerência era observada quando da utilização de outros

instrumentos de coleta de dados, validando mais a pesquisa. Dessa forma, já nesse ponto da

análise, observou-se que, na opinião dos entrevistados, a complexidade do ambiente parecia

exercer influência na participação dos gerentes de TI e negócios da empresa, participação esta

que optavam por chamar de participação cooperativa15. (EA01, EA02, EA03, EA04, EA07,

EA08; Reuniões dos Gerentes de TI; Reuniões dos Gerentes de Negócio; Reuniões entre

Gerentes de TI e Negócio). Essa relação está identificada como IR1 na Figura 18.

15 Ao longo da análise adotou-se por várias vezes o termo “cooperação participativa” em consonância com os estudos de Kearns e Sabherwal (2007). Assim, para a presente pesquisa, ambos, “cooperação participativa” e “participação cooperativa”, indicam o mesmo aspecto ou variável de análise.

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110

Figura 18: Influência da heterogeneidade ambiental na participação dos gerentes de TI e

negócios da ATIVAS Data Center Fonte: Dados da pesquisa.

No que se refere aos contatos com fornecedores, os entrevistados entendiam que o

ambiente complexo sugeria a tomada de iniciativas estratégicas que assegurassem a

adequação tanto às variadas demandas quanto a perenidade de suas ofertas (EA02, EA03,

EA04, EA07). Essa perenidade, ainda segundo os entrevistados, estava relacionada ao tipo de

relacionamento estabelecido com os fornecedores. Assim, as parcerias estabelecidas com

esses players eram essenciais para a ATIVAS Data Center. E essas parcerias eram firmadas,

mormente, por meio de contatos entre os fornecedores e os gerentes tanto de TI quanto de

negócios (EA02, EA03, EA04, EA07; Reuniões de Discussão sobre Novas Ofertas).

A Figura 19 e a Figura 20 ilustram as diversas formas de contatos, relacionamentos,

envolvimento e intervenções dos gerentes de TI e gerentes de negócio com clientes,

fornecedores e parceiros, relacionamentos estes que também foram comentados de forma

positiva pelos entrevistados (EA01, EA02, EA03, EA04, EA07):

Nosso CIO é um CIO “pra fora", quer dizer, a área de TI trabalha muito próximo da área de negócio. Trabalhando próximo da área de negócio, ela, a própria área de TI consegue fazer uma leitura do mercado. Ela não usa a leitura reportada/apontada por outra área. Não é a área de negócio que aponta, pois ela (a área de TI) participa junto com a área de negócio... Nosso CIO visita clientes. E ele também convida a área de negócio pros fóruns de discussão tecnológica, por mais absurdo que possa parecer. (EA01)

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111

Exerce influência em

está associado com

Exerce influência em está associado com

Influencia e é influenciado

é indicador de

Exerce influência em

é indicador de

está associado com

é indicador de

é indicador de

Participaçãoda altaadministraçãonaalocação derecursos paraTI {0-6}

Participaçãodos gerentesde TI noplanejamentode negócio{0-7}

Percepçãode importância da TI {0-6}

Heterogeneidadeambiental {0-6}

COOPG02{0-1}~Gerentes deNegócio nadefinição dasestratégias eobjetivos da TI

COOPG04{0-2}~Nível departicipação noplanejamentode TI pelosdiversosinteressados(é alto?)

COOPG03{0-1}~Projetos de TIpatrocinadospela gerênciade negócio

COOPG01{0-2}~Diversidadede gerentesde negócioenvolvidos noplanejamentode TI

Participaçãodos gerentesde negócio noplanejamentode TI {0-8}

Figura19: Participação dos Gerentes de Negócio no Planejamento de TI na ATIVAS Data Center Fonte: Dados da pesquisa.

Exerce influência em

está associado com

é indicador de

Influencia e é influenciado

Exerce influência em está associado com

está associado com

é indicador de

é indicador de

é indicador de

Exerce influência em

Participaçãoda altaadministraçãonaalocação derecursos paraTI {0-6}

Participaçãodos gerentesde TI noplanejamentode negócio{0-7}

Percepçãode importância da TI {0-6}

Heterogeneidadeambiental {0-6}

COOPG02{0-1}~Gerentes deNegócio nadefinição dasestratégias eobjetivos da TI

COOPG04{0-2}~Nível departicipação noplanejamentode TI pelosdiversosinteressados(é alto?)

COOPG03{0-1}~Projetos de TIpatrocinadospela gerênciade negócio

COOPG01{0-2}~Diversidadede gerentesde negócioenvolvidos noplanejamentode TI

Participaçãodos gerentesde negócio noplanejamentode TI {0-8}

Figura 20: Participação dos Gerentes de TI no planejamento de negócio na ATIVAS Data Center Fonte: Dados da pesquisa

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112

Um aspecto que surgiu quando das observações acerca da influência da elevada

heterogeneidade na participação dos gerentes de TI e negócios e que mereceu amplo destaque

dos entrevistados foi o fato de a ATIVAS Data Center dispor de um sistema de gestão

sofisticado que auxiliava a análise de informações e apoiava a tomada de decisões tanto por

parte dos gerentes quanto da alta administração (EA01, EA02, EA03, EA04, EA05, EA07,

EA08; Sistema de Gestão da empresa).

Outro elemento recorrente e constantemente mencionado pelos entrevistados como

ferramenta de fomento à interação entre gerentes de TI e negócios foram as reuniões

gerenciais semanais nas quais eram discutidas as melhores práticas tanto para negócios quanto

para TI. Essas reuniões e práticas, na opinião dos respondentes, haviam sido influenciadas por

fatores ligados ao ambiente com alto índice de heterogeneidade que envolvia a atuação da

ATIVAS Data Cente, visto que melhores práticas eram consideradas por eles, os

entrevistados, como sendo o objeto de desejo tanto dos clientes, quanto dos concorrentes

(EA01, EA02, EA03, EA04, EA05, EA07, EA08; Sistema de Gestão da empresa; políticas da

Qualidade; Relatórios de Indicadores Gerenciais de TI e negócios).

Esses mecanismos de cooperação participativa foram os que obtiveram maior destaque

entre os entrevistados. Por terem relação com os fatores associados à elevada heterogeneidade

do ambiente em que a ATIVAS Data Center estava imersa, culminavam por influenciar

outros processos da empresa permitindo e contribuindo com o aumento dos resultados

positivos da empresa (EA01, EA02, EA03, EA04, EA05, EA06, EA07; Sistema de Gestão da

empresa; Relatórios de Indicadores Gerenciais de TI e negócios). Alguns desses benefícios se

configuravam como benefícios intangíveis, os quais para a maioria dos entrevistados eram

percebidos, porém poucas vezes conseguiam ser medidos pelos métodos tradicionais (EA01,

EA02, EA03, EA04, EA06, EA07). Para eles, assim como apontado em estudos anteriores

(LUFTMANN; PAPP; BRIER, 1999), a mensuração desses resultados pelos métodos

tradicionais era bastante complexa, no entanto era recomendável que fosse realizada, visto

que também influenciavam o reconhecimento do valor da TI e auxiliavam na definição de seu

papel na estratégia da organização, o que leva a um bom apoio político e financeiro por parte

da alta administração do negócio, além de contribuir para o comprometimento e apoio entre as

áreas de negócio e de TI.

Portanto, no caso da ATIVAS Data Center, observou-se que a boa comunicação, o

constante relacionamento e a troca de conhecimentos eram o pano de fundo da convivência

entre as áreas de negócio e de TI e eram resultado da influência ou estímulo exercido pelos

fatores que permeavam o ambiente heterogêneo em que a empresa está imersa (EA01, EA02,

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113

EA03, EA04, EA05, EA07; Sistema de Gestão da empresa; Relatórios de Indicadores

Gerenciais de TI e negócios; Reuniões dos Gerentes de TI; Reuniões dos Gerentes de

negócios; Reunião entre Gerentes de TI e negócios). Para os entrevistados, estava intrínseco

às estratégias da empresa o fato de a área de negócios perceber demandas externas e estas

serem permeadas e operacionalizadas pela TI, bem como a área de TI perceber novas

oportunidades de negócios e estas serem entremeadas e executadas pela área de negócios

(EA01, EA02, EA03, EA04, EA07; Reuniões dos Gerentes de TI; Reuniões dos Gerentes de

negócios; Reunião entre Gerentes de TI e negócios). O sentimento sobre o fato de que, se não

houvesse participação e cooperação entre os gerentes de TI e negócio, as metas e os objetivos

estabelecidos pela organização e que refletiam o cenário ou ambiente em a ATIVAS Data

Center se incluía não seriam alcançados, externava a influência do ambiente e seus

componentes na participação da TI nas estratégias de negócio e, como corolário, na

participação da área de negócio nas estratégias de TI. Essa participação e esse envolvimento

ocorriam de maneira cooperativa, exercendo efeito nos planos e nas estratégias

organizacionais, contribuindo para a prosperidade ou mesmo a sobrevivência da empresa.

(EA01, EA02, EA03, EA04, EA07; Reuniões dos Gerentes de TI; Reuniões dos Gerentes de

negócios; Reunião entre Gerentes de TI e negócios; Relatório do Gerenciamento Estratégico

de 2009)

Nenhuma empresa hoje consegue crescer se TI não suportar este crescimento. Mas o que a gente vê não é isto não... Mesmo em grandes corporações, a gente não vê estas melhores práticas não. (EA01)

Além da influência exercida pela complexidade do ambiente externo na ATIVAS

Data Center, na opinião dos entrevistados, a percepção de importância da TI pela alta

administração também exercia efeito intenso na cooperação participativa (EA01, EA04,

EA05, EA07; Relatório do Planejamento Estratégico 2009). Devido ao porte e principalmente

ao setor de atuação da ATIVAS Data Center, o qual por si só restringia a entrada de

concorrentes, a alta administração afirmou que percebia, compreendia e apoiava o uso

estratégico da TI como fonte de vantagem competitiva, seja como catalisadora de processos,

seja por sua capacidade de gerenciar e colocar informações necessárias à disposição de seus

diversos públicos ou ainda por sua capacidade de fomentar negócios e promover a integração

da organização com suas área internas, bem como com seus clientes, fornecedores e parceiros

(EA01, EA04, EA05, EA06, EA07; Relatório do Planejamento Estratégico 2009). Esse

reconhecimento, segundo os entrevistados, estimulava o envolvimento dos gerentes de TI e de

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114

negócios e os incentivava a participar mais proximamente dos assuntos de ambas as áreas,

trocando experiências e conhecimentos (EA01, EA03, EA04, EA07, EA08).

Além do mais, por reconhecer que os concorrentes usavam a TI estrategicamente, a

alta administração apoiava a cooperação participativa, pois acreditava, segundo dados

coletados, que essa participação estava intimamente associada ao desenvolvimento de

soluções tecnológicas avançadas demandadas pelas constantes e diversas movimentações do

mercado (EA01, EA03, EA04, EA07, EA08), ou seja, a alta administração estimulava a

cooperação entre os gerentes no intuito de que estes pudessem identificar novas oportunidades

que poderiam ter passado despercebidas por uma das áreas (EA01, EA04, EA07).

Além de influenciar a identificação de novas oportunidades por meio da cooperação

participativa, segundo os entrevistados, ao reconhecer que a TI contribuía significativamente

para o desempenho financeiro da ATIVAS Data Center, a percepção da alta administração

passava a exercer efeito nos gerentes, uma vez que incentivava o patrocínio de projetos por e

entre ambas as áreas, ou seja, incentiva TI a se envolver em projetos de negócios e estimula

negócios a patrocinar projetos de TI (EA01, EA04, EA07).

Na opinião dos entrevistados, o compartilhamento de conhecimento e experiências e a

participação dos gerentes de negócio no planejamento da TI e dos gerentes de TI no

planejamento de negócio, ou seja, a cooperação participativa estava inserida na cultura da

ATIVAS Data Center e permeava todos os seus processos, práticas, políticas e ações

gerenciais (EA01, EA03, EA04, EA07, EA08). Ante esta constatação, observou-se que a

relação existente entre a percepção de importância da TI pela alta administração da empresa

pesquisada e a cooperação participativa dos gerentes de TI e negócio ocorria de maneira

bidirecional, ou seja, a percepção de importância da TI pela alta administração da ATIVAS

Data Center influenciava e era influenciada pela cooperação participativa dos gerentes de TI e

gerentes de negócio (EA01, EA02, EA03, EA04, EA05, EA07, EA08; Sistema de Gestão da

empresa; Reuniões dos Gerentes de TI, Reuniões dos Gerentes de negócios; Reunião entre

Gerentes de TI e negócios; Relatório do Gerenciamento Estratégico de 2009; Relatórios de

Indicadores Gerenciais de TI e negócios). Essa influência bidirecional era apontada como

resultado das constantes modificações ou evoluções do mercado (EA01, EA02, EA03, EA04,

EA07).

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115

Isto não é comum, mas aqui gerentes e diretores de TI conversam muito... Acredito que é este o nosso grande diferencial.... Todos sabem de tudo e isto geralmente reflete nos resultados que obtemos, sejam a nível operacional, seja a nível estratégico (EA03)

Essa constatação, quando da avaliação do alinhamento entre TI e o planejamento de

negócios da ATIVAS Data Center, obviamente não implicava uma negação do potencial

explicativo do modelo de Kearns e Sabherwal (2007), que até então se apresentava como

fonte de inspiração para compreender o alinhamento entre as estratégias de TI e negócio na

organização pesquisada. Apenas indicava que os processos associados ao alinhamento em

questão podiam exercer efeitos nas estratégias de TI e negócio, os quais não estavam

registrados no modelo e em suas respectivas explanações acerca desse, provavelmente porque

essa discussão não era o alvo da investigação dos referidos estudiosos naquele momento.

Neste contexto e em consonância com a opinião dos entrevistados, observou-se que,

na ATIVAS Data Center, o efeito bidirecional da percepção de importância da TI pela alta

administração estimulava a cooperação participativa uma vez que esta possibilitava que a alta

administração ampliasse o conhecimento acerca dos assuntos de TI, o que por sua vez

contribuía positivamente para a tomada de decisões, bem como para a ampliação da

capacidade da empresa em avaliar e aproveitar melhor os investimentos em TI (EA01, EA03,

EA04, EA07; Reuniões dos Gerentes de TI; Reuniões dos Gerentes de negócios; Reunião

entre Gerentes de TI e negócios).

Eu acho que cada vez mais, principalmente para empresas de maior porte, deveria, a área de TI, deveria ter um diretor de TI e este diretor de TI deveria participar das decisões colegiadas porque em tudo que se decidir, TI vai ser importante pra apoiar. Nenhuma empresa hoje consegue crescer se TI não suportar este crescimento. Mas o que a gente vê não é isto não... Mesmo em grandes corporações, a gente não vê estas melhores práticas não. A gente vê normalmente a área de TI tendo só um gerente, ligado a um diretor financeiro. Diretor financeiro vai olhar, poxa, pra número. Uma visão um pouco perigosa. E normalmente a área de TI não consegue se representar na alta direção. Não conseguindo se representar na alta direção, ela não consegue contribuir. Às vezes as decisões que são tomadas ficam desalinhadas com o propósito empresarial. (EA01)

Mediante o exposto, observou-se que a percepção de importância da TI influenciava

(EA01, EA03, EA04, EA07, Reuniões dos Gerentes de TI, Reuniões dos Gerentes de

negócios, Reunião entre Gerentes de TI e negócios, Relatório do Planejamento Estratégico

2009), demonstrando que, na ATIVAS Data Center, os gerentes de negócios e TI não só

participavam e cooperavam entre si com suposições, conhecimentos e expectativas

convergentes, mas também eram influenciados e influenciavam a percepção de importância

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116

da TI pela alta administração, ou seja, participavam da decisões, bem como da definição de

metas e estratégia

A Figura 21 ilustra tais análises e observações, as quais vão ao encontro das

explicações e achados apresentados pelo modelo de Kearns e Sabherwal (2007) acerca da

integração, ou seja, o modelo desses estudiosos demonstrava novamente o potencial para

explicar as associações existentes entre as variáveis que compunham o alinhamento

estratégico na ATIVAS Data Center. Ressalva-se a questão da bidirecionalidade entre as

variáveis de cooperação participativa e participação da alta administração e desta com a

percepção de importância da TI.

Figura 21: Influência da percepção de importância da TI pela alta administração na participação

dos gerentes de TI e negócios da ATIVAS Data Center

Fonte: Dados da pesquisa

Assim, observou-se que as argumentações apresentadas no modelo de Kearns e

Sabherwal (2007) explicavam as percepções obtidas quando da investigação sobre o

alinhamento entre estratégias de negócio e estratégias de TI na ATIVAS Data Center, em

que, segundo os entrevistados, a TI não só era percebida pela alta administração como um dos

fatores-chave para o alcance de desempenho organizacional superior, mas também

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117

influenciava a cooperação participativa por meio da busca por conhecimentos de TI (EA01,

EA03, EA04, EA06).

Uma vez observado que alta administração da ATIVAS Data Center percebia a TI

como importante, bem como influenciava a participação cooperativa entre os gerentes, outra

questão que emergiu naturalmente foi como se dá a participação da alta administração na

alocação de recursos para a TI.

É importante destacar que o modelo por meio do qual se buscava compreender como

potencial fonte de explicação para as variáveis que compunham o alinhamento estratégico na

ATIVAS Data Center se mostrava até então pertinente e coerente com os resultados

percebidos, fato que incentivava a continuar utilizando-se de SUS argumentações e

constructos para nortear o restante da investigação.

Assim, continuando com os apontamentos do modelo de Kearns e Sabherwal (2007),

com base em seu potencial explicativo até o momento e com vistas a verificar e compreender

a interação entre a percepção de importância da TI pela alta administração e seu respectivo

efeito na alocação de recursos para TI, buscou-se, por meio do exame minucioso de

documentos, participação em reuniões e também relatos das entrevistas, entender a

intensidade da referida relação (EA01, EA04, EA05, EA06, EA07; Política de Gerenciamento

Financeiro de TI; Relatório do Planejamento Estratégico 2009; Atas e registros das Reuniões

da Diretoria; Reuniões da Diretoria; Reuniões para Divulgação de Estratégias; Reuniões entre

Gerentes de TI e Gerentes de Negócio).

Diante do exposto, a mais evidente observação surgiu do fato de, uma vez que a alta

administração percebia a importância da TI e influenciava a cooperação participativa, ainda

que indiretamente, estabelecia-se uma mobilização com vistas a destinar mais recursos para a

TI. Configurava-se, assim, o efeito indireto da percepção de importância da TI na participação

na alocação de recursos de TI por parte da alta administração, conforme pode ser observado

na Figura 22 (EA01, EA03, EA04, EA06, EA07).

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118

Figura 22: Influência indireta da percepção de importância da TI alocação

de recursos pela alta administração Fonte: Dados da pesquisa.

Ainda sobre a interação entre a cooperação participativa e participação na alocação de

recursos para TI por parte da alta administração da ATIVAS Data Center, foi possível

observar que, por várias vezes, essas duas variáveis foram relacionadas ao longo das

discussões sobre o alinhamento entre estratégias de TI e planejamento de negócio da

organização pesquisada (EA01, EA03, EA04, EA07; Reuniões da Diretoria; Reuniões entre

Gerentes de TI e Gerentes de Negócio; Reuniões para Divulgação de Estratégias). Para os

entrevistados, o conhecimento sobre TI por parte dos gerentes de negócio da empresa facilita

o alinhamento entre TI e negócios. Acreditavam também que tanto gerentes de negócio

quanto membros da alta administração, que conheciam a TI e reconheciam seu potencial

estratégico, tendiam a criar novas oportunidades de negócio, estimulando também a alocação

de recursos. Por sua vez, maior participação da alta administração incentivava a cooperação e

a participação entre os gerentes (EA01, EA03, EA04, EA07; Reuniões da Diretoria; Reuniões

entre Gerentes de TI e Gerentes de Negócio).

Nosso processo de planejamento estratégico indicou alguns fatores-chave de sucesso. RH é um deles. TI é um outro. As diretrizes estratégicas dentro planejamento nos obrigou a estabelecermos um plano... na verdade a estratégia de TI. É como se fosse um planejamento estratégico dentro de outro planejamento estratégico. E os dois seguem as mesmas determinações. (EA01)

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119

O fato observado tinha amparo em pesquisas anteriores que mostravam que, à medida

que as organizações se empenhavam na busca proativa pelo potencial estratégico da TI,

reforçavam a correlação positiva entre a experiência de sucesso e a capacidade de perceber e

aceitar novas tecnologias (MARTINS; KAMBIL, 1999), surgindo daí a necessidade do

envolvimento da alta administração com vistas a estabelecer as prioridades de TI (ROSS;

BEATH; GOODHUE; 1996).

Mediante o exposto, os levantamentos realizados na ATIVAS Data Center apontavam

que a percepção de importância da TI pela alta administração influenciava em sua

participação na alocação de recursos para TI, o que por sua vez culminava na melhoria da

qualidade de seus processos internos, no aumento da percepção de importância dos serviços

fornecidos aos clientes e no surgimento de novas oportunidades, seja novos clientes ou novos

serviços (EA01, EA02, EA03, EA04, EA07; Relatório do Planejamento Estratégico 2009).

Os principais reflexos da percepção da alta administração acerca da importância da TI

e que culminavam na participação da alta administração na alocação de recursos para TI,

mencionados pelos entrevistados foram:

•••• planejamento estratégico da organização formalizado, o qual considerava o

planejamento estratégico tanto de negócio quanto de TI (EA01, EA02; Relatório do

Planejamento Estratégico 2009);

•••• obtenção do comprometimento da alta administração acerca das novas soluções e das

necessidades da TI (EA01, EA02, EA03, EA04, EA07; Relatório do Planejamento

Estratégico 2009; Reuniões para Divulgação de Estratégias; Reuniões dos Gerentes de

TI; Reuniões dos Gerentes de Negócio; Reuniões entre Gerentes de TI e Gerentes de

Negócio);

•••• medições e controles realizados pela gerência e alta administração (EA01, EA04,

EA06; Relatórios com indicadores gerenciais da área de TI; Relatórios com

indicadores gerenciais da área de negócios);

•••• multiplicação de conhecimentos acerca dos assuntos de TI (EA01, EA04, EA06;

Reuniões dos Gerentes de TI; Reuniões dos Gerentes de Negócio; Reuniões entre

Gerentes de TI e Gerentes de Negócio);

•••• criação de um setor que era responsável pela excelência em serviços, mapeamento de

processos e definição de melhores práticas internas (EA01, EA02, EA03, EA04,EA05,

EA06, EA08);

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120

•••• reuniões semanais amplas, envolvendo os principais steakholders para discutir

assuntos relevantes tanto de TI como de negócio (EA01,EA03, EA04, EA06; Reuniões

da Diretoria; Reuniões dos Gerentes de TI; Reuniões dos Gerentes de Negócio,

Reuniões entre Gerentes de TI e Gerentes de Negócio);

•••• sistema de gestão por meio do qual toda a empresa tinha acesso às informações acerca

dos fluxos e processos organizacionais e no qual constavam atividades que

viabilizavam a priorização de investimentos, que poderiam culminar na aprovação e

consequente alocação de recursos financeiros (EA01, EA04, EA 7, EA05, EA08;

Sistema de gestão da empresa).

Assim, na opinião dos entrevistados, a alta administração da ATIVAS Data Center

reconhecia a importância e o potencial estratégico da TI, bem como participava na alocação

de recursos (EA02,EA03, Reuniões da Diretoria, Reuniões entre Gerentes de TI e Gerentes de

Negócio). Essa percepção de importância unida à participação nos assuntos e iniciativas de TI

exercia efeito na participação, avaliação e aprovação dos investimentos associados à TI

(EA01, EA02,EA03, EA06, EA07). É importante destacar que essa percepção por parte dos

entrevistados coincidia com as argumentações de Teo e Ang (1999), os quais verificaram que

o comprometimento da alta administração, tanto no uso quanto na percepção estratégica da

TI, era um dos principais fatores críticos para influenciar e promover o alinhamento dos

planos de TI com o negócio (TEO; ANG,1999).

Assim, conforme levantado em entrevistas, a participação da alta administração na

alocação de recursos para TI na ATIVAS Data Center ocorre por meio de avaliações dos

resultados obtidos em projetos anteriores, ou seja, influenciada pela percepção do potencial da

TI em alcançar resultados positivos, e também via priorização dos investimentos (EA01,

EA04, EA05, EA06, EA07).

Na Figura 23 sintetiza-se a forma como a alta administração da ATIVAS Data Center

participava na alocação de recursos para TI.

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121

Influencia e é influenciado

está associado com

é indicador de

é indicador de

é indicador de

é indicador de

Influencia e é influenciado

está associado com

está associado com

P3ATI04{0-1}~Realização depós auditoriaspara verificar oretorno dosprincipaisinvestimentosem TI

P3ATI01{0-2}~Medições doscustos/benefícios dosprincipaisinvestimentosem TI antes deassumircompromisso

Participaçãodos gerentesde TI noplanejamentode negócio{0-7}

Percepçãode importância da TI {0-7}

Participaçãodos gerentesde negócio noplanejamentode TI {0-8}

P3ATI02{0-2}~Financiamentodos benefíciosintangíveis,bem como dosbenefíciostangíveis da TI

P3ATI03{0-1}~Priorizaçãodosinvestimentosem TI combase noimpactoesperado nodesempenhoda empresa

Participaçãoda altaadministraçãonaalocação derecursos paraTI {0-7}

Figura 23: Participação da alta administração na alocação de recursos para TI Fonte: Dados da pesquisa.

Quando da investigação, observou-se ainda que os processos relativos à solicitação de

alocação de recursos na ATIVAS Data Center estavam sendo readequados, com vistas a

aprimorar a maneira como os projetos eram submetidos a aprovação ou priorização financeira.

Isso evidenciava a complexidade do assunto e o cuidado exigido no tratamento deste (Sistema

de gestão da Gestão da ATIVAS Data Center (MYRA), Política de Mudanças).

Novamente sobre a alocação de recursos, no que se referia à priorização destes por

parte da alta administração, observou-se que havia uma política que avaliava qual projeto

seria realizado e com qual prioridade. Fatores como rentabilidade, compatibilidade com

negócio, o fato de ser um “cliente-alvo” e chances de negócio da ATIVAS Data Center, eram

as variáveis analisadas pela alta administração para a concessão ou não de recursos (EA01,

EA05, Sistema de gestão).

é assim que acontece: existem situações às vezes específicas, durante uma negociação específica.. que o cliente precisa... por exemplo... nós estamos negociando com um cliente especificamente que pediu uma coisa que não está no nosso contexto. Mas pediu o seguinte: olha eu quero o meu servidor fique num rack separado e trancado. Pra ninguém... pra ter um nível de segurança adicional. Nós tivemos então que buscar no mercado, numa indústria, um fornecedor de rack que tivesse um produto que atendesse àquela característica. Só que aí o que a gente procura fazer é o seguinte: tá bom, nós vamos fazer este investimento específico pra

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atender este cliente? Sim ou não? É uma questão de business que a gente analisa... (EA01) Eu também tenho uma visão. A prioridade é a seguinte: o negócio que tem uma taxa de rentabilidade maior, por exemplo é um cliente que tem o poder de pagar maior, o negócio interessa à ATIVAS estrategicamente porque faz parte de uma vertical que ela quer atuar. Tá dentro do planejamento estratégico dela atuar naquela frente. O negócio tem total aderência ao que nós gostamos de fazer, não é um negócio que foge à atribuição normal dela e é um cliente alvo... um cliente. Por exemplo, a vertical finanças. Nós estamos procurando... então este tipo de negócio, um banco aparecer aqui pra fazer negócio conosco, ele vai ter maior prioridade hoje por exemplo do que uma empresa de saúde, por que empresa de saúde nós já temos um caso. Queremos um caso agora numa outra vertical. Então vai por ali. E evidentemente mais chances de negócio. Qual que é chance de negócio em última instância de um ou de outro? Os negócio tem chances iguais, rentabilidade iguais: então eu vou pela vertical. Os negócios têm chances diferentes, mas tem vertical que interessa mais: então eu vou pela vertical que interessa mais. O negócio tem chances diferente, mas o negócio que interessa a gente tem a menor chance, então eu vou na que tem maior chance de vencer, que tem maior chance de vitória na proposta (EA05).

Na ATIVAS Data Center, os principais elementos que evidenciavam a participação da

alta administração na alocação de recursos para a TI eram, segundo os entrevistados, a

necessidade de atender às recomendações constantes no planejamento estratégico e as

medições constantemente realizadas e a política para priorização de negócios (EA01, EA04,

EA05, EA07; Relatório do Planejamento Estratégico 2009; Política de Gerenciamento

Financeiro de TI).

Finalmente, é importante salientar que pelos levantamentos e pelas análises realizadas,

as evidências apontavam para o fato de que, considerando a perspectiva do modelo de Kearns

e Sabherwal (2007), os elementos que compunham as categorias ou variáveis de análise das

duas dimensões do alinhamento entre planejamento de TI e negócio na ATIVAS Data Center

não apresentavam o comportamento unidirecional mostrado no referido modelo. A análise dos

dados extraídos das observações realizadas ao longo das reuniões de planejamento estratégico

da ATIVAS Data Center e o respectivo exame dos documentos resultantes dessas reuniões

apontavam para o fato de que, assim como identificado na relação entre cooperação

participativa e participação da alta administração na alocação de recursos, notou-se relação

entre a percepção de importância da TI pela alta administração e a participação deste na

alocação de recursos, emergindo assim uma relação bidirecional, dessa vez entre dimensões

diferentes e não apenas entre as variáveis internas a uma determinada dimensão, conforme

exibido na pela relação IR4 da Figura 24.

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Figura 24: Participação da alta administração na alocação de recursos para TI Fonte: Dados da pesquisa.

Assim sobre a relação entre as variáveis, percepção de importância e participação na

alocação de recursos para TI por parte da alta administração, observou-se que, por várias

vezes, essas duas definições estiveram inter-relacionadas ao longo das discussões sobre o

alinhamento entre estratégias de TI e planejamento de negócio da organização pesquisada

(EA01, EA05, EA 07).

Nosso processo de planejamento estratégico indicou alguns fatores chaves de sucesso. RH é um deles. TI é um outro. As diretrizes estratégicas dentro planejamento nos obrigou a estabelecermos um plano... na verdade a estratégia de TI. É como se fosse um planejamento estratégico dentro de outro planejamento estratégico. E os dois seguem as mesmas determinações, as mesmas linhas de direção... e sempre trocam e vão trocar experiências. (EA01)

Analisando-se as figuras e os quadros anteriores, observa-se que a percepção de

importância da TI pela alta administração da ATIVAS Data Center, segundo os entrevistados,

era influenciada pela complexidade e diversidade de três fatores que faziam parte do

complexo ambiente externo em que a empresa operava - hábitos de compra dos clientes,

linhas de produtos e natureza da concorrência.

Nesse contexto, percebeu-se que participação dinâmica entre as variáveis “percepção

de importância da TI” e “participação da alta administração” (JARVENPAA; IVES, 1991;

TEO, KING 1997; BOYNTON; ZMUD; JACOBS, 1994; ARMSTRONG;

SAMBAMURTHY, 1999), a participação dos gerentes de TI no planejamento de negócio, e

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vice-versa (LEDERER; MENDELOW, 1988; RANGANATHAN; SETHI, 2002; SEGARS;

GROVER, 1998), estiveram presentes quando da investigação, e, alinhadas aos constructos de

heterogeneidade ambiental e percepção de importância da TI pela alta administração, juntos

foram utilizados pela organização investigada como instrumento de destaque para: alcançar a

postura proativa com relação ao atendimento às necessidades da organização, tanto para os

negócios quanto para a TI (EA01, EA03, EA04, EA05, EA07; Reuniões da Diretoria;

Reuniões para Divulgação de Estratégias; Relatório do Planejamento Estratégico 2009;

Sistema de gestão da Gestão da ATIVAS Data Center - MYRA); promover um ambiente

favorável à criatividade, à experimentação e à implantação de novas ideias que possam gerar

um diferencial competitivo para a organização, no que se refere a seus produtos, processos e

serviços (EA01, EA02, EA03, EA04, EA05, EA07; Reuniões da Diretoria; Reuniões para

Divulgação de Estratégias; Reuniões para Estruturação de Novas Ofertas de produtos e

serviços; Relatório do Planejamento Estratégico 2009; Relatórios da área de Business

Intelligence; Sistema de gestão da Gestão da ATIVAS Data Center - MYRA); gerar e

melhorar o entendimento e conhecimento acerca das relações de interdependência entre TI e

negócio na organização, bem como entre a organização e o ambiente externo ampliando a

percepção e disseminado os objetivos estratégicos da empresa (EA01, EA02, EA03, EA04,

EA05, EA07; Reuniões entre Gerentes de TI e Gerentes de Negócio; Sistema de gestão da

Gestão da ATIVAS Data Center – MYRA); fornecer recursos e mecanismos que viabilizam a

tomada de decisões estratégicas tanto no âmbito do negócio e quanto da TI (EA01, EA02,

EA03, EA04, EA05, EA07; Reuniões da Diretoria; Relatório do Planejamento Estratégico

2009; Relatórios da área de Business Intelligence; Sistema de gestão da Gestão da ATIVAS

Data Center - MYRA).

Imergindo no estudo, observou-se que havia entendimento de que as principais forças

(PORTER, 1989) presentes no setor de atuação da ATIVAS Data Center eram seus clientes e

seus concorrentes, principalmente aqueles que atuavam no mesmo segmento, visto que,

conforme opinião dos entrevistados, o setor de “Information Technology Outsourcing (ITO) é

muito amplo” (EA01, EA02, EA04). Esses eram os dois elementos da heterogeneidade

ambiental que exerciam mais influenciavam as estratégias de TI e negócios da empresa

pesquisada.

A heterogeneidade ambiental, no entanto, contribuía para que a ATIVAS Data Center

conseguisse avaliar sua capacidade de lidar eficazmente com o ambiente externo (REICH;

BENBASAT, 1996). Assim, o fato de o ambiente de atuação da empresa investigada ser

complexo fazia com que a alta administração tivesse uma visão clara do papel desempenhado

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pela TI e dos benefícios obtidos quando do uso estratégico desta, estimulando o exame mais

abrangente do ambiente atual em busca de oportunidades de negócios ou vulnerabilidades

(KEARNS, 1997). Isso, conjugado com o reconhecimento do potencial estratégico da TI,

demandava um alinhamento formal entre as estratégias tanto de TI quanto de negócios,

permitindo à ATIVAS Data Center aumentar o uso estratégico da TI com vista a obter

vantagem competitiva (PORTER; MILLAR, 1985, KEARNS, 1997).

Observou-se, ainda, que a ATIVAS Data Center perseguia o alinhamento estratégico

desde o início de suas operações: “obtenção de vantagens competitivas que possibilitam

respostas rápidas à evolução do mercado, otimizando investimentos e permitindo um melhor

alinhamento da TI ao negócio, por meio da atuação direta na cadeia de valor” (Revista da

ATIVAS Data Center).

Ao se analisar o alinhamento entre estratégias de TI e estratégias de negócios na

ATIVAS Data Center, verificou-se empiricamente o funcionamento do modelo de

alinhamento estratégico da empresa e que pode ser visto na Figura 25. Esse modelo se

assemelha ao modelo proposto por Kearns e Sabherwal (2007) e que foi mostrado na seção

2.4 deste estudo.

Avaliação estratégica

Estabelecimento de objetivos e

metas

Análise dos fatores internos• Potencial da TI• Benefícios da TI• Uso da TI pela concorrência

Análise dos fatores externos• Clientes• Concorrentes• Produtos

Avaliação, seleção e geração de estratégias

Elabora plano

Determina perspectiva

Estabelece padrões para

ação

Define posicionamento

Estratégia de serviços

Política de melhoria contínua

Visão

Políticas

Planos

Ações

• Portfólio da oferta• Desenho da oferta• Transição• Operação

Medições e avaliações

Medições e avaliações

Figura 25: Alinhamento estratégico entre TI e negócios na ATIVAS Data Center (visão reduzida) Fonte: Elaborado pela autora com base nos dados da pesquisa.

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126

Na primeira parte da figura “avaliação estratégica”, percebe-se que os fatores

associados à diversidade dos hábitos de compras dos clientes, diversidade nas linhas de

produtos e diversidade na natureza da competição eram levados em consideração pela

ATIVAS Data Center, bem como Reconhecimento do potencial estratégico da TI,

Conhecimento sobre os assuntos/oportunidades devidas à TI, Familiaridade com o uso

estratégico da TI pelos concorrentes, Crença que a TI contribui significativamente para o

desempenho financeiro da organização, ou seja, a percepção de importância da TI pela alta

administração. Observou-se a influência do ambiente externo na percepção de importância da

TI pela alta administração, fato que coincidia com as argumentações de Johnston e Carrico

(1988) e Kearns (1997), os quais afirmam que condições ambientais externas podem afetar o

uso estratégico da TI. Tais observações do alinhamento entre TI e negócios na ATIVAS Data

Center afinavam-se com aquilo que Kearns e Sabherwal (2007) chamaram de “antecedentes

da integração entre TI e negócios”.

Em relação à segunda parte da figura, observou-se que o alinhamento não só emergia

da influência dos fatores associados ao ambiente em que a empresa estava inserida como, para

o caso da ATIVAS Data Center, também influenciava um dos componentes antecedentes, ou

seja, as variáveis da dimensão da integração eram influenciadas pelos fatores antecedentes,

mas também exerciam efeito nos referidos fatores.

Assim, pode-se observar que complexidade ambiental (DUNCAN, 1972; MILLER;

FRIESEN, 1983), aliada aos fatores internos que ditavam a percepção de importância da TI

(JARVENPAA; IVES, 1991; ARMSTRONG; SAMBAMURTHY, 1999; EARL; FEENY,

2000), suscitava a necessidade de maior e melhor participação e cooperação dos gerentes nos

planos, na definição de metas, processos e nos projetos tanto de TI quanto de negócios,

criando uma gestão participativa que deveria incluir o envolvimento cooperativo dos gerentes

com o objetivo de propiciar melhoria no desempenho dos processos, suporte ao

gerenciamento, vantagem competitiva e transformação de negócio. Essa participação

cooperativa demonstrava efeito positivo, visto que estava envolvida no planejamento

estratégico organizacional como um dos seus principais elementos (KEARNS, 1997; REICH;

BENBASAT, 2000). Percebeu-se que o conhecimento sobre os assuntos de TI por parte da

alta administração da ATIVAS Data Center, bem como a experiência de seus gerentes de

negócios na área TI e dos gerentes de TI na área de negócios, unidas ao constante incentivo à

adoção de melhores práticas para a construção de estratégias eficientes, constituíam a força

motriz para o surgimento da variável cooperativa.

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Dessa forma, a partir dos dados levantados é possível afirmar que na ATIVAS Data

Center a participação dos gerentes de TI e negócio no planejamento estratégico contribuía

para que fosse alcançada a integração esperada. Essas participações no processo de

planejamento estratégico tinham a intenção de viabilizar a interligação dos objetivos e

estratégias de ambas as áreas. Por isso, assumia-se que a heterogeneidade ambiental e a

percepção de importância da TI pela alta administração influenciavam diretamente o processo

de alinhamento estratégico.

A partir do sucesso da cooperação e participação dos gerentes no desenvolvimento e

na manutenção das estratégias de TI e negócio, o desafio passava à participação da alta

administração, uma vez que esta agora já percebia o potencial estratégico da TI, para alocar

recursos para esta. Esse processo ocorria, no caso ATIVAS Data Center, pela associação

direta aos fatores que antecediam o alinhamento, ou seja, os fatores do ambiente externo

forneciam à alta administração razões consistentes para que esta reconhecesse o valor da TI e

compreendesse sua importância, uma vez que seu uso estratégico afetava toda a gestão, visto

que alterava as regras da competição e mudava a estrutura setorial, gerando vantagem

competitiva, proporcionando novas formas de superar o desempenho dos concorrentes e

disseminando negócios inteiramente novos a partir das operações atuais das empresas

(KEARNS, 1997; PORTER; MILLAR, 1989; KEARNS; SABHERWAL, 2007).

Ante o exposto, para o caso da ATIVAS Data Center, o estudo revelou que todas as

relações entre as variáveis que integravam o alinhamento entre estratégias de TI e estratégias

de negócios da empresa se constituíam robustas. Inicialmente observou-se o efeito ambiente

externo na percepção da importância da TI pela alta administração da empresa. Na sequência

percebeu-se a sólida influência desses dois fatores nas outras variáveis do ambiente interno à

organização, especificamente a cooperação participativa (participação dos gerentes de TI e

negócios) e a participação da alta administração na alocação de recursos. Entretanto não

foram analisadas as relações entres as variáveis da integração e suas respectivas

consequências, mediante o corte transversal estabelecido para a pesquisa: as dimensões dos

antecedentes, da integração e as respectivas associações entre elas.

A forma utilizada pela ATIVAS Data Center para promover a sobrevivência e a

prosperidade do alinhamento foi a adoção de modelos e práticas gerenciais que alicerçavam

todo o seu sistema de gestão. A Figura exibiu uma visão condensada de todos os

relacionamentos percebidos durante a investigação, ao passo que a Figura 26 busca apresentar

a maneira como a empresa investigada associava as variáveis que compunham seu processo

de alinhamento estratégico entre TI e negócios.

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Como se pôde perceber, na ATIVAS Data Center, em razão da heterogeneidade

ambiental, a alta administração reconhecia a importância e o potencial estratégico da TI. A

heterogeneidade ambiental também influenciava a participação e a cooperação entre os

gerentes de negócio e de TI. Essa participação dos gerentes influenciava e era influenciada

pela participação da alta administração na alocação de recursos para TI. A participação da alta

administração na alocação de recursos tinha sua origem na percepção de importância da TI e

era uma relação bidirecional (exercia e sofria influência), assim como a relação entre a

percepção de importância e a “participação cooperativa”.

Ainda que não se tenham investigado as consequências da integração entre o

planejamento de negócio e TI, pareceu que, na empresa investigada, essas consequências

eram uma evolução natural do processo de alinhamento estratégico, ou seja, uma vez

alinhados os planos, a qualidade percebida, segundo sinalizado nas entrevistas, era boa, bem

como os problemas eram reduzidos e o desempenho era tido como superior (EA01, EA02,

EA04, EA07; Relatório do Planejamento Estratégico 2009).

A qualidade do planejamento é excelente... acho que a gente tem um planejamento muito sólido, muito concreto com uma visão muito clara do resumo de onde a gente pretende chegar... Eu não consigo viver a empresa sem o planejamento... Hoje eu olho a empresa com os olhos do planejamento... e dentro do planejamento há o plano da TI... a nossa TI aqui vai ser olhada com muito mais carinho, por ser o core business da empresa... (EA02)

Observou-se assim que indícios iam ao encontro dos estudos de Kearns e Sabherwal

(2007), os quais apontavam que este seria o ambiente propício para planos de TI com boa

qualidade, redução dos problemas em projetos de TI e melhoria no desempenho financeiro da

organização, ou seja, tudo que se percebeu durante a investigação levaria às consequências

“naturais” da integração entre planos de negócio e planos de TI.

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129

Figura 26: O alinhamento estratégico entre TI e negócio na ATIVAS Data Center (visão expandida) Fonte: dados da pesquisa

é característica de

é indicador de

Exerce influência em

Exerce influência em

está associado com

é indicador de

está associado com

é parte de

é característica de

Exerce influência em

é característica de

é característica de

Influencia e é influenciado

está associado com

é indicador de

é parte de

é característica de

é indicador de

é indicador de

é parte de

é indicador de

é indicador de

é indicador de

é indicador de

é indicador de

é indicador deé indicador de

é indicador de

é indicador de

é indicador de

é indicador de

é característica de

é indicador de

é indicador de

é indicador de

é característica de

CF:Antecedentes da integraçãoentre negócio e TI

Heterogeneidade ambiental{0-6}

Percepção deimportância daTI {0-6}

CF:Integraçãoentre planos denegócio e TI

COOPG01{0-2}~Diversidade degerentes denegócioenvolvidos noplanejamento deTI

COOPG02{0-1}~Gerentes deNegócio nadefinição dasestratégias eobjetivos da TI

COOPG03{0-1}~Projetos de TIpatrocinadospela gerência denegócio

COOPG04{0-2}~Nível departicipação noplanejamento deTI pelos diversosinteressados (éalto?)

COOPG05{0-2}~Envolvimento(prévio) dosGerentes de TInos projetos denegócio

COOPG06{0-3}~Participação(regular) dosGerentes de TInas reuniões denegócios

COOPG07{0-2}~Participaçãodos Gerentes deTI na definiçãodas metas eestratégias donegócio

COOPG08{0-2}~Contatosinformais(regulares) dosGerentes de TIcom os Gerentesde Negócio

Participaçãodos gerentesde negócio noplanejamentode TI {0-8}

Participaçãodos gerentesde TI noplanejamentode negócio {0-7}

Visãosistêmica deconhecimentopara o negócio{0-2}

Projetos denegócioalinhados compropósitos deTI {0-1}

Compartilhamento deconhecimentos{0-2}

P3ATI01 {0-2}~Medições doscustos/benefíciosdosprincipais investimentos em TIantes deassumir compromisso P3ATI02 {0-2}~

Financiamentodos benefíciosintangíveis, bemcomo dosbenefíciostangíveis da TI

P3ATI03 {0-1}~Priorização dosinvestimentosem TI com baseno impactoesperado nodesempenho daempresa

P3ATI04 {0-1}~Realização depós auditoriaspara verificar oretorno dosprincipaisinvestimentos emTI

Participaçãoda altaadministraçãona alocação derecursos paraTI {0-6}

Existência deplanos denegócio e TIformalizados(escritos) {0-2}

Considerar amissão,objetivos eestratégias daempresa {0-1}

Quantificar asmetas e osobjetivosestabelecidos{0-1}

PERAA01 {0-3}~Reconhecimentodo potencialestratégico da TI

PERAA02 {0-3}~Conhecimentosobre osassuntos/oportunidades devidas àTI

PERAA03 {0-2}~Familiaridadecom o usoestratégico da TIpelosconcorrentes

PERAA04 {0-2}~Crença que a TIcontribui para odesempenhofinanceiro daorganização

HETER01 {0-2}~Diversidade noshábitos decompras dosclientes

HETER02 {0-4}~Diversidade naslinhas deprodutos

HETER03 {0-4}~Diversidade nanatureza dacompetição(concorrência)

Compartilhamento deconhecimentos[Clone: 1] {0-2}

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5 CONCLUSÕES

5.1 Introdução

O presente capítulo apresenta a conclusão da pesquisa empreendida.

Inicialmente serão mostrados os principais resultados do estudo, comparando-os com o

arcabouço conceitual. Em seguida, apresenta-se o modelo que norteou a pesquisa e

revisita-se a questão de pesquisa. Por fim, encerra-se o capítulo com a discussão sobre

as contribuições trazidas pela presente dissertação, expõem-se as limitações do estudo e

apresentam-se sugestões para futuras pesquisas.

5.2 Principais resultados

5.2.1 Resultados gerais

Este item apresenta e sintetiza os três principais resultados mostrados pela

pesquisa. O primeiro resultado observado é que, na percepção da maior parte dos

gerentes da ATIVAS Data Center, o ambiente em que a empresa atua é heterogêneo,

influenciando ou mesmo determinando, na maioria das vezes, as condições ou variáveis

que contribuem ou constituem o alinhamento entre as estratégias de TI e as estratégias

de negócio.

Estudos sobre alinhamento estratégico entre TI e negócios volvem aos princípios

contingenciais (CHANDLER16; KHANDWALLA, PORTER apud MILLER;

FRIESEN, 1983) para explorar o ambiente organizacional e apontar a complexidade

16 CHANDLER, A. D. Strategy and structure: chapters in the history of the american industrial enterprise. Cambridge: MIT Press, 1962. 463 p. KHANDWALLA, P. N. Environment and it’s impact on the organization. International Studies of Management and Organization, v. 2, n. 3, p. 297-313, 1972. PORTER, M. E. Competitive strategy. New York: Free Press, 1979. 362 p.

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como uma importante variável externa, que exerce influência sobre seus resultados e

estratégias, infligindo mudanças e exigindo decisões estratégicas e evolução como

resposta a essas mudanças (DUNCAN, 1972; MILLER; FRIESEN, 1983; JOHNSTON;

CARRICO, 1988; REICH; BENBASAT, 1996; KEARNS, 1997; KING; TEO, 1997;

KEARNS; SABHERWAL, 2007).

A complexidade ou a diferenciação dos fatores do ambiente influencia a

estrutura organizacional uma vez que a organização deve se posicionar para adaptar-se

às forças externas (KEARNS, 1997). Ambientes complexos exigem a adoção de novas e

sofisticadas técnicas e estratégias de gerenciamento que devem refletir em decisões

organizacionais revisadas, alinhadas, abrangentes e proativas, bem como na redução do

ciclo de vida dos produtos ofertados, na maior atenção sobre custos e qualidade destes e

no aumento dos serviços aos clientes. (KEARNS, 1997; KING; TEO, 1997; KEARNS;

SABHERWAL, 2007).

O segundo resultado da pesquisa é que a maneira como a alta administração

reconhece a TI ou percebe o potencial estratégico da TI parece nascer do efeito exercido

pela complexidade do ambiente em que esta se insere e da forma como a organização

enxerga e reage a esses efeitos. Há indícios de que quanto maior a diferenciação exigida

pelo ambiente, maiores são as possibilidades de a alta administração perceber a

importância da TI.

De um lado, clientes com hábitos de compras variados que demandam ofertas ou

serviços também diversificados podem infligir à organização o uso estratégico da TI

(JOHNSTON; CARRICO, 1988; KEARNS, 1997), com o objetivo de que esta reaja às

forças do ambiente externo. Tal reação, segundo Johnston e Carrico (1988), Kearns

(1997), Teo e King (1997) e Kearns e Lederer (2003), pode surgir quando estratégias de

negócio estão alinhadas às estratégias de TI. Ambientes complexos podem afetar o

desenvolvimento de planos e estratégias, visto que indiretamente podem impactar outras

variáveis que diretamente influenciarão as estratégias e as estruturas de decisão da alta

administração (BROWN; MAGILL, 1994). A complexidade do ambiente exige,

portanto, alto nível de experiência para a tomada de decisão, o que por sua vez demanda

análises sofisticadas e apoiadas nas estratégias da TI (HART; BANBURY, 1994). Por

fim a heterogeneidade ambiental sugere a necessidade de uma abordagem adaptativa

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das forças externas, e o alinhamento entre estratégias de TI e negócio é o veículo para

adaptar-se ao ambiente (KEARNS, 1997).

De outro lado, a diversidade de concorrentes que permeia o ambiente

heterogêneo exige o estabelecimento de estratégias competitivas por parte da

organização. A variedade de interesses e concorrentes em ambientes heterogêneos pode

sugerir a necessidade de movimentos políticos tanto em termos de estratégias de TI e

quanto de negócio com vistas a obter vantagem competitiva (BROWN, 2008). O efeito

adverso da concorrência pode ser minimizado com o conhecimento por parte da alta

administração acerca dos assuntos de TI e seu uso estratégico da TI, e também

entendendo a maneira como os concorrentes a usam (ARMSTRONG;

SAMBAMURTHY, 1999, KEARNS; SABHERWAL, 2007). Reconhecer o potencial

estratégico da TI e conhecer a maneira como os concorrentes usam a TI faz com que a

alta administração se torne mais propensa a avaliar os investimentos para a TI,

cooperando com a formulação das estratégias de negócio e de TI, o que propiciaria o

surgimento de estratégias alinhadas (KEARNS, SABHERWAL, 2007). Reconhecer e

compreender a força da concorrência, a importância e potencial estratégico da TI

acreditando que esta pode contribuir com a organização combinada à percepção das

oportunidades oriundas da TI (KEARNS; SABHERWAL, 2007) sugere uma

consciência por parte da alta administração acerca das relações e dos movimentos do

ambiente em que está inserida. Além disso, indicaria maior discernimento sobre as

questões do negócio, da TI e dos pontos fortes e fracos dos concorrentes, culminando

com maior propensão a destinar recursos e influenciando a geração de ações com vistas

a criar barreiras competitivas (ARMSTRONG; SAMBAMURTHY, 1999). A teoria é

que melhorias operacionais e estratégicas, como resultado do uso efetivo e estratégico

da TI, levam a correspondentes melhorias na produtividade, na receita e nos lucros para

as empresas que fazem consistentemente maior investimento em TI do que seus

concorrentes (HU; PLANT, 2001).

A ATIVAS Data Center seguia de perto as movimentações do mercado

heterogêneo em que estava inserida, principalmente no tocante aos concorrentes. A

iniciativa de criar uma área cujo foco era acompanhar as mudanças ou evoluções dos

seus principais concorrentes indica a influência do ambiente complexo na percepção de

importância da alta administração acerca dos assuntos de TI, visto ser esse um dos

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instrumentos principais para fomentar seus negócios. A área, denominada Business

Intelligence, tinha como propósito acompanhar o comportamento do mercado com o

objetivo de detectar riscos e oportunidades. Assim, não só concorrentes mas também a

diversidade das demandas dos clientes eram alvo da atenção dessa unidade

organizacional.

O último resultado é que, ainda que os fatores externos influenciem a percepção

de importância da TI pela alta administração, é a combinação dessas duas variáveis que

mais exerce efeito no alinhamento das estratégias de negócio de TI na ATIVAS Data

Center. A complexidade do ambiente em conjunto com a percepção de importância da

TI influencia as participações dos gerentes de negócio no planejamento da TI, dos

gerentes de TI no planejamento de negócios e da alta administração na alocação de

recursos para TI.

A participação dos gerentes de negócios no planejamento de TI contribui para

assegurar o apoio da alta administração (LEDERER; MENDELOW, 1988). Essa

participação também é fundamental no que se refere à aquisição de conhecimentos por

parte dos gerentes de negócio, dos assuntos e das oportunidades oriundos da TI

(BOYNTON, ZMUD, JACOBS, 1994).

A participação dos gerentes de TI influencia nas reuniões de planejamento de

negócios, na formulação dos objetivos de negócio, bem como no maior estreitamento

acerca dos assuntos do negócio (LEDERER; MENDELOW, 1989). O conhecimento

dos gerentes de TI sobre o negócio é assumido como sendo essencial para o sucesso da

inovação, uma vez que ajuda a compensar a "racionalidade limitada" dos gerentes de

negócio, que podem ser sobrecarregados com a complexidade da tecnologia (KEARNS;

LEDERER, 2003).

Essa participação cruzada é importante para elucidar o conhecimento tácito que,

muitas vezes ainda desconhecidos, não são compartilhados na base de conhecimento

organizacional, e para tornar este conhecimento pessoal explícito na organização.

Enquanto o conhecimento explícito pode ser compartilhado por outros meios, o

conhecimento tácito está ligado ao indivíduo e é descoberto por meio de um processo de

partilha de conhecimentos. Processos que aumentam a quantidade e a qualidade do

conhecimento organizacional podem criar um ativo, que é valioso, raro e inimitável.

Processos como o alinhamento entre estratégias de negócios e estratégias de TI podem

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ser inimitáveis, porque são complexos. Em última instância a vantagem competitiva

sustentável de uma organização reside apenas em conhecer o que seus empregados

sabem e como aplicar esse conhecimento nos negócios e nas estratégias organizacionais.

Assim, a diversidade inerente aos ambientes heterogêneos suscita a necessidade

de conhecimentos diversos, o que cooperação entre os gerentes pode facilitar. Esse

compartilhamento também é influenciado e influencia a percepção de importância da TI

(LEDERER; MENDELOW, 1988). Instigada pela complexidade do ambiente, que

exige tomada de ações apuradas, e percebendo o potencial estratégico da TI, tudo isso

combinado com o efeito positivo da cooperação gerencial, a alta administração torna-se

mais propensa a participar na alocação de recursos para TI.

Na ATIVAS Data Center, as reuniões semanais entre os gerentes de negócio e

gerentes de TI, as reuniões da diretoria, da qual esses gerentes também participam, o

planejamento estratégico em que a alta administração (da organização investigada e

também do Grupo ASAMAR), os gerentes de negócio e os gerentes de TI estiveram

envolvidos, o processo de priorização e aprovação de recursos que está previsto no

sistema de gestão da empresa, e a área de Business Intelligence compõem um conjunto

de ações que sugerem que a organização pesquisada possui estratégias de negócio e TI

alinhadas, ou melhor dizendo, integradas.

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Questão Resultado

Característica do ambiente externo à empresa

Percepção de elementos ambientais diversificados (clientes, linha de produtos e concorrência) parecendo constituir um ambiente heterogêneo.

Influência do ambiente externo na percepção de importância da TI pela alta administração

Clientes com hábitos de compras variados que demandam ofertas ou serviços também diversificados podem infligir à organização o uso estratégico da TI. A diversidade de concorrentes que permeia o ambiente heterogêneo exige o estabelecimento de estratégias competitivas por parte da organização. Consciência da alta administração acerca dos movimentos do ambiente em que está inserida parece sugerir maior discernimento sobre potencial estratégico da TI

Efeito do ambiente externo e a percepção de importância da TI pela alta administração na cooperação entre gerentes de negócios e gerentes de TI e a participação da alta administração na alocação de recursos para TI

A diversidade inerente aos ambientes heterogêneos suscita a necessidade de conhecimentos diversos parecendo exercer efeito na cooperação entre gerentes. A cooperação gerencial parece contribuir para obtenção vantagem competitiva sustentável. Instigada pela complexidade do ambiente que exige a tomada de ações apuradas e combinada com o efeito positivo da cooperação gerencial, a alta administração torna-se mais propensa a participar na alocação de recursos para TI. A participação e o envolvimento entre gerentes e entre estes e a alta administração parece favorecer a percepção das oportunidades, bem como os riscos oriundos do ambiente em constante variação. Este entendimento parece influenciar maior alocação de recursos com vistas a formular ações e estratégias tanto de negócios quanto de TI para criar barreiras competitivas.

Quadro 11: Resultados da pesquisa Fonte: Elaborado pela autora.

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5.2.2 Resultados secundários

Neste item serão apresentados alguns resultados encontrados no decorrer da

pesquisa que, embora não estejam diretamente relacionados à questão central, foram

elaborados ou percebidos quando da investigação.

Primeiramente, estudos acerca da integração entre negócio e TI sugerem que as

associações entre as variáveis que compõem essa dimensão sejam investigadas com

especial atenção ao ambiente em que a organização está inserida (JOHNSTON;

CARRICO, 1988; KEARNS, 1997; KEARNS;LEDERER, 2003). Nesse sentido, o alvo

de atenção do estudo foi a caracterização do ambiente externo à ATIVAS Data Center.

Com base nas evidências coletadas, principalmente nos relatos de entrevistas, nas

argumentações de Duncan (1972) e Miller e Friesen (1983) e na intensidade das

explicações inerentes ao modelo de Kearns e Sabherwal (2007), o ambiente foi

identificado como heterogêneo.

Entretanto, retornando-se aos estudos de Duncan (1972), Miller e Friesen

(1983), mesmo que os resultados se apresentassem coerentes, notou-se que também

podem ser identificadas associações com outras dimensões do ambiente externo. A

princípio, conforme dito anteriormente, na ATIVAS Data Center emergiram indícios

que remetiam à ideia de ambiente complexo ou heterogêneo, e tais indícios coincidiam

com as discussões de Duncan (1972), Miller e Friesen (1983). Porém o ambiente

externo à organização pode, segundo esses estudiosos, ser caracterizado sob outras

perspectivas, remetendo a outras dimensões ou definições. Assim, embora a

racionalidade tenha delineado os recursos empregados para caracterizar o ambiente

externo à organização investigada, a percepção de heterogeneidade como foi

apresentada pode vir a ser questionada ao se identificarem outras condicionantes que

remetam a outras dimensões, por meio das quais o ambientes externo também poderia

ser caracterizado e analisado.

Também foi observada a influência de fatores culturais e comportamentais

quando da investigação na ATIVAS Data Center. Em alguns momentos durante a

investigação, percebeu-se que experiências, habilidades e outras características das

equipes de negócio e TI (“staff”) exerciam influência na definição de políticas, na

formulação de ações ou mesmo na tomada de decisão. Eram os chamados “formadores

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137

de opinião”, os quais, embora não ocupassem cargos gerenciais, tinham prestígio e com

sugestões ou opiniões, como a própria denominação indica, exerciam influência na

formulação e formalização estratégicas tanto de negócios quanto de TI.

Dessa maneira, outro resultado secundário parece apontar que empresas,

principalmente as que atuam no setor de serviços, têm no fator humano fonte de

vantagem competitiva tão importante quanto as estratégias de negócio e TI. A pesquisa

centrou-se na participação entre gerentes e na participação da alta administração na

alocação de recursos. No entanto deve-se reservar atenção especial aos demais

elementos que direta ou indiretamente exercem efeito no alinhamento entre negócio e

TI.

Outros elementos que não ocupam posição gerencial, tampouco compõem a alta

administração, mas participam e, conforme Gopalakrishnan e Santoro (2004), são

fatores-chave no contexto organizacional, devem ser considerados fundamentais.

Segundo esses estudiosos, o sucesso do alinhamento estratégico será reflexo dos

conhecimentos técnicos e das habilidades dos participantes (GOPALAKRISHNAN;

SANTORO, 2004).

5.3 Alinhamento entre estratégias de TI e planos de negócio

Apresentadas as análises e os resultados da pesquisa, retoma-se no presente item

a questão de pesquisa estabelecida: Qual o potencial explicativo do modelo de Kearns e

Sabherwal (2007) para compreender a integração entre negócio e TI em uma empresa

de serviços?.

A pesquisa descobriu que a resposta à questão apresenta duas partes: a primeira

refere-se à compreensão da integração entre negócio e TI, ou seja, das variáveis

percebidas como componentes da integração entre negócio e TI e suas respectivas

associações. A outra parte refere-se ao modelo ter ou não potencial explicativo.

Primeiramente foram identificados indícios de que as organizações buscam

alinhar estratégias de negócio e estratégias de TI principalmente influenciadas pelo

ambiente externo à organização. Por um lado, a organização pode alinhar essas

estratégias com o objetivo de tomar decisões analíticas (SABHERWAL; KING, 1992)

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138

para atender às complexas movimentações em seu setor de atuação e se posicionar

estrategicamente perante a diversidade (MILLER; FRIESEN, 1983), induzindo a

percepção da importância da TI (KEARNS e SABHERWAL, 2007). Esse

reconhecimento do potencial estratégico da TI, tendo sido percebido pela alta

administração, sugere a integração entre negócios e TI.

Por outro lado, a organização pode ser obrigada, por influência do ambiente, a

realizar a integração. A diversidade dos hábitos de compras dos clientes, da natureza da

competição e nas linhas de produto pode exigir adaptações que levariam os gerentes de

TI a se envolverem no planejamento de negócios e os gerentes de negócios a

participarem no planejamento das estratégias de TI (KEARNS, 1997, KEARNS;

SABHERWAL, 2007). Essa possibilidade parece ser tão mais provável quanto maior

for a diferenciação do mercado imposta pela heterogeneidade do ambiente em que a

organização está inserida.

Na ATIVAS Data Center, os gerentes de negócios e os gerentes de TI

participavam ativamente dos planos e estratégias da empresa quer fossem de negócio ou

fossem de TI e mobilizavam todos os recursos necessários para aproveitar

oportunidades percebidas. Para isso, negociavam interna e externamente o apoio

necessário para tornar a chance viável. Recebendo a anuência da alta administração em

investimentos e recursos necessários, o que era uma oportunidade passa a ser um

projeto e posteriormente um negócio para a organização. Mesmo depois de efetivado

este negócio, conta-se ainda com a participação dos gestores de negócios, de TI e da alta

administração.

Em um segundo momento, parece que as organizações alinham estratégias de

negócios com estratégias de TI devido ao reconhecimento do potencial estratégico da

TI, o qual permite à alta administração participar na avaliação e alocação dos

investimentos em TI (JARVENPAA; IVES, 1991). Há indícios de que o

reconhecimento do potencial estratégico da TI contribui para o aumento dos

investimentos em TI (TALLON; KRAEMER; GURBAXANI, 2000). Assim, parece ser

possível mobilizar o alinhamento entre estratégias de negócios e estratégias de TI em

empresas que reconhecem a importância da TI. Se o resultado forem planos que

contaram com a cooperação participativa dos gerentes, combinados com a percepção

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139

adequada acerca das potenciais influências do ambiente externo, é provável que haja

maior propensão por parte da alta administração a alocar recursos para TI.

Por fim, as organizações que percebem e reagem positivamente às influências do

ambiente complexo em que está inserida, seja pelo reconhecimento do potencial

estratégico da TI, seja pela maior participação e cooperação entre gerentes de negócio e

gerentes de TI, são mais propensas a destinarem recursos à TI. Ou seja, a complexidade

do ambiente influencia a percepção de importância da TI pela alta administração.

Combinadas, a heterogeneidade ambiental e a percepção de importância da TI sugerem

a integração entre negócio e TI devido à cooperação entre os gerentes e à participação

da alta administração na alocação de recursos para TI. (KEARNS, 1997; KEARNS;

SABHERWAL,2007).

Kearns e Sabherwal (2007), em seus estudos acerca dos antecedentes e

consequências da integração entre planos de negócio e TI, propunham duas questões

essenciais. A primeira inquiria sobre a forma que os vários aspectos da integração entre

planejamento de negócio e TI influenciavam a qualidade dos planos de TI; os problemas

na implantação de projetos de TI; e o impacto da TI no desempenho dos negócios da

empresa. A segunda pergunta buscava entender em que medida a percepção de

importância da TI pelos altos executivos e a heterogeneidade ambiental impactavam os

vários aspectos da integração entre planejamento de negócio e TI.

A primeira questão foi abordada pelos pesquisadores por meio do estudo sobre a

cooperação participativa entre gerentes de TI e negócios e a participação dos altos

executivos na alocação de recursos para TI, representando, segundo eles, a integração

entre os planos. Kearns e Sabherwal (2007) apontaram que a integração entre os planos

estava positivamente relacionada com a qualidade dos planos de TI e negativamente

relacionada com problemas em projetos de TI. Segundo os estudiosos, a participação

dos gerentes de TI no planejamento de negócios foi associada à qualidade dos planos de

TI do que foi a participação dos gestores de negócio no planejamento da TI.

Quanto à segunda questão, o estudo de Kearns e Sabherwal (2007) revelou forte

associação entre heterogeneidade ambiental e a percepção de importância da TI pela alta

administração; a heterogeneidade ambiental e a integração dos planos de negócio e TI; e

a percepção de importância da TI pela alta administração e integração dos planos de

negócio e TI.

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140

Perante o exposto e com base nos resultados observados, percebem-se indícios

de que, para organizações com o mesmo perfil daquele em que se desenvolveu a

presente pesquisa, serão encontradas variáveis associadas ao alinhamento estratégico

entre negócio e TI que coincidem com as argumentações e constructos do modelo

proposto por Kearns e Sabherwal (2007). Tais indicações parecem estabelecer o

potencial explicativo do modelo no que tange à sua capacidade de discutir e

compreender o alinhamento entre estratégias de negócio e TI em empresas do setor de

serviços.

No entanto, conforme indicado no parágrafo anterior, a validação integral do

modelo não se deu devido a duas ressalvas observadas resultantes da investigação

empreendida. Primeiro, no que concerne às análises acerca do ambiente em que a

empresa investigada estava inserida, o modelo mostrou pouca profundidade, ou melhor,

revelou-se significativamente abstrato nas discussões apresentadas, e a variável

ambiental exercia significativo efeito direta ou indiretamente em todas as outras. Talvez

seja o ambiente externo o componente mais importante para a compreensão das demais

variáveis envolvidas no estudo, visto que a caracterização do ambiente era o ponto de

partida e posteriormente o norteador dos desdobramentos da investigação.

A segunda ressalva refere-se ao fato do referido modelo tratar somente da

participação e cooperação entre gerentes e alta administração, uma vez que, na

organização investigada, observou-se que elementos que não faziam parte do quadro

gerencial tampouco da alta administração também exerciam influência nas estratégias e

decisões do negócio e da TI e, consequentemente, no alinhamento destas. Isto, por sua

vez, coincide com as argumentações e estudos de Gopalakrishnan e Santoro (2004).

Portanto, considerando-se as ressalvas ou restrições supracitadas, combinadas

com a premissa maior da pesquisa, em que as consequências da integração não seriam

analisadas partindo do pressuposto de que as hipóteses apresentadas pelo modelo

estavam corretas, para as duas dimensões analisadas, “antecedentes da integração” e

“integração entre TI e negócio”, pode-se afirmar, com base na investigação realizada,

que o modelo para o perfil organizacional pesquisado apresentou-se significativamente

robusto e coerente, principalmente por se considerarem características, ainda que com

ressalvas, tanto do ambiente externo quanto do ambiente interno à organização

pesquisada, visto que discorre por aspectos financeiros, comportamentais e estratégicos.

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141

Caso pesquisas empíricas posteriores investiguem as consequências apontadas

pelo modelo e constatem a não veracidade destas, ou ainda revisitem as restrições

observadas e revertam ou clarifiquem a percepção do pouco aprofundamento do modelo

de Kearns e Sabherwal (2007) sobre essas questões, poderão então apontar ou mesmo

anular os benefícios observados ou delinear as desvantagens do modelo.

5.4 Contribuições, limitações e pesquisas futuras

5.4.1 Contribuições dessa pesquisas

Compreende-se que a principal contribuição deste estudo tenha sido identificar

resultados que ajudam a compreender o tema “alinhamento entre estratégias de TI e

negócio” em relação ao ambiente em que a empresa atua e a seus fatores internos,

ampliando os conceitos e relacionamentos envolvidos na administração estratégica. A

literatura abundante sobre o tema trata de modo pouco claro os aspectos que

influenciam o surgimento do alinhamento estratégico nas organizações do setor de

serviços, especialmente, como a complexidade do ambiente e a percepção de

importância da TI influenciam a integração de estratégias envolvendo a participação da

alta administração, dos gerentes de TI e dos gerentes negócio.

Outra contribuição é também a observação, na prática, de como a percepção a

respeito do ambiente influencia a integração entre estratégias de TI e estratégias de

negócios, ou seja, que ambientes complexos podem estimular o compartilhamento de

decisões estratégicas, bem como favorecer os investimentos em TI, fornecendo uma

visão alternativa e atual para as organizações que buscam o alinhamento entre

estratégias de TI e negócio.

Além do mais, percebe-se que esse estudo também pode ter contribuído para o

entendimento de como o gerenciamento do negócio e seu alinhamento estratégico com a

TI, e não somente a adoção da TI em aplicações específicas, propicia a obtenção de

vantagem competitiva.

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142

As evidências levantadas na pesquisa mostram que o ambiente externo e a

percepção de importância da TI pela alta administração da empresa têm influência no

surgimento de estratégias e práticas alinhadas, tanto de TI quanto de negócios.

Entretanto o êxito desse alinhamento, isto é, sua sobrevivência e prosperidade formais,

parece depender, principalmente, da adequada cooperação e participação dos elementos

internos a seu contexto organizacional. Tão importante quanto fatores externos que

impedem ou estimulam o surgimento e a continuidade de estratégias de negócio e TI

alinhadas deve ser a disposição da organização em considerar tanto os aspectos técnicos

(incluindo acompanhamento da evolução tecnológica do mercado de TI, tanto dos

clientes quanto da concorrência) quanto os aspectos gerenciais na organização.

Ainda como contribuição, sugere-se alterar o modelo de Kearns e Sabherwal

(2007) de forma contemplar duas percepções que emergiram durante a pesquisa

empírica. Primeiro, aconselha-se agrupar em uma mesma variável de análise os

conceitos de participação dos gerentes de negócio no planejamento de TI e participação

dos gerentes de TI no planejamento de negócio, reforçando a concepção de “partição

cooperativa”. Realizada esta primeira modificação, que evidentemente eliminará

algumas relações apresentadas no modelo original17, em um segundo momento, propõe-

se que quatro relações unidirecionais apresentadas no modelo original (H5a, H5b, H1a e

H1b), tenham suas direções alteradas, isto é, passem a indicar relações bidirecionais

conforme percepção obtida quando da realização da investigação, ou seja, sugere-se que

o novo modelo torne evidente a dupla direção das relações entre: (1) a percepção de

importância da TI pela alta administração e a participação desta na alocação de recursos

para TI, (2) a percepção de importância da TI pela alta administração e a participação

dos gerentes de negócio e gerentes te TI e (3) a participação dos gerentes de negócio e

gerentes te TI na participação da alta administração na alocação de recursos para TI.

Para clarificar tal proposta, a

Figura visa ilustrar a estruturação do modelo sugerido:

17 Esta proposição fará com que as relações H6b, H6c, H5a, H5b, H1a e H1b representadas no modelo de Kearns e Sabherwal (2007) sejam substituídas por outras, conforme indicado na Figura.

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143

V1:Heterogeneidade

Ambiental

V2:Percepção de Importância da

TI pela Alta Administração

V3:COOPERAÇÃO PARTICIPATIVA

TI �NEGÓCIO

V5:Qualidade dos Planos de TI

V7:Desempenho

Organizacional Baseado na TI

V4:Participação da Alta

Administração na Alocação de Recursos

para TI

V6:Problemas nos Projetos de TI

IR 1

Antecedentes da Integração entre Negócio e

TI

Integração entre Negócio e TI

Conseqüências da Integração entre Negócio

e TI

IR 2

IR 3

IR 4

IR 5

IR6

IR 7

IR 9

IR 10

IR 11

IR 8

Figura 27: Adaptação do modelo de Kearns e Sabherwal (2007 ) ao alinhamento estratégico entre TI e negócio na Ativas Data Center

Fonte: elaborado pela autora

Finalmente a última, porém talvez o mais importante contribuição desse estudo,

tenha sido a compreensão do alinhamento entre estratégias de TI e negócio por meio do

modelo de Kearns e Sabherwal (2007), que expõe as variáveis associadas ao ambiente

externo e suas influências na integração entre negócio e TI. O modelo fundado nas

proposições de diversos autores consagrados, como Duncan (1972), Miller e Friesen

(1983), Armstrong e Sambamurthy (1999), Jarvenpaa e Ives (1991), Teo e King, (1997),

Lederer e Mendelow (1988), Segars e Grover (1998), Ranganathan e Sethi (2002),

Segars, Grove e Teng (1998), Boynton, Zmud, e Jacobs (1994) e principalmente Kearns

(1997) Reich e Benbasat (2000), possui potencial explicativo, podendo ser novamente

utilizado e validado em pesquisas futuras tanto de natureza qualitativa quanto de

natureza quantitativa.

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144

5.4.2 Limitações e pesquisas futuras

Não obstante os importantes resultados obtidos, algumas limitações no presente

estudo puderam ser observadas. A primeira limitação percebida é determinada pela falta

de recursos para a pesquisa, pela oposição das empresas com estratégias e planos de

negócio e TI definidos e alinhados em permitir a realização da pesquisa e pela escassez

de tempo para sua realização.

Outra limitação advém do fato de a pesquisa ter considerado um estudo de caso

único, o que não permite as generalizações dos resultados (EISENHARDT, 1989; YIN,

2005), visto estarem limitados à empresa e aos respondentes pesquisados, embora o

objetivo inicial da pesquisa não tenha sido esse. No entanto a unicidade remeteu a um

maior aprofundamento. Isto, porém, não invalida a possibilidade de generalizações

analíticas (YIN, 2005) Acredita-se que, com as devidas adaptações, este estudo pode ser

útil, vindo a ser utilizado por empresas que estejam buscando o alinhamento entre suas

estratégias de TI e negócio, bem como acadêmicos interessados em replicar esse estudo

ou avançar em outras combinações.

A análise do fenômeno em estudo, alinhamento estratégico entre negócio e TI,

também se caracteriza por uma limitação, pois, por se tratar de tema abstrato, as

principais fontes de informações ou evidências foram as pessoas entrevistadas, que

normalmente apresentam vieses devido a sua racionalidade individual limitada sobre o

fenômeno estudado.

Mais uma limitação desta pesquisa é a dificuldade em se aprofundar em

numerosos aspectos que antecedem e permeiam a estrutura e o comportamento

organizacional. Assim, atendendo a orientações, escolheu-se, propositadamente, o corte

transversal das dimensões de análise, de maneira a considerar a complexidade do

ambiente externo e a integração das estratégias empresarial. Isso reduziu a possibilidade

de grandes aprofundamentos com os entrevistados, ou seja, nuances que se

apresentavam durante a pesquisa não puderam ser investigadas. Acredita-se que um

novo corte, com vistas a reduzir ainda mais as variáveis ou ainda mais tempo para

realizar a investigação, poderá levar ao aprofundamento necessário e levantar novas e

interessantes questões que permeiam o alinhamento estratégico entre negócio e TI.

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145

Finalmente, reforçando a exposição anterior, o fato de não terem sido verificadas

as consequências apresentadas pelo modelo que norteou a pesquisa, embora quando das

entrevistas os respondentes mencionassem superficialmente o assunto combinado com a

escassez de tempo, foi caracterizada como outra limitação deste estudo.

Ante os resultados deste trabalho e objetivando, além de evitar as limitações

identificadas, expandir e dar continuidade às pesquisas acerca do alinhamento

estratégico entre negócio e TI, acredita-se que alguns estudos interessantes poderiam ser

realizados dando sequência e corroborando as descobertas desta investigação. Desse

modo, entende-se que pesquisas futuras poderiam ser feitas, tais como:

• realizar investigações com empresas cujo perfil seja diferente daquele em que a

presente pesquisa foi realizada, ou seja, em empresas de outros setores,

segmentos e portes, gerando novos resultados para comparações do potencial

explicativo do modelo;

• testar empiricamente o modelo para capturar a percepção do público nacional

com vistas a sugerir ou introduzir modificações;

• verificar a influência da integração entre estratégias de negócios e estratégias de

TI na qualidade de planos e problemas em projetos de TI com o intuito de

verificar a intensidade dessa relação;

• compreender a influência do alinhamento estratégico entre negócio e TI no

desempenho organizacional;

• nessa mesma linha de investigação, promover estudos com o intuito de verificar

e analisar as interações entre as três consequências da integração conforme

proposto no modelo de Kearns e Sabherwal (2007);

• investigar se as alterações sugeridas para o modelo Kearns e Sabherwal (2007) e

apresentadas no item 5.4.1 desta pesquisa estão corretas e são aplicáveis a

organizações com perfis diferentes do perfil da ATIVAS Data Center;

• observar o potencial explicativo do modelo proposto por Kearns e Sabherwal

(2007) a partir de estudos com múltiplos casos.

Por todos os fatores apresentados até aqui, acredita-se que o estudo realizado foi

concluído com sucesso e que alcançou plenamente seus objetivos. No entanto faz-se

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146

necessário reconhecer que esta pesquisa não constitui, de maneira alguma, o término do

assunto investigado, mas é apenas uma mínima contribuição acerca do conhecimento

existente sobre alinhamento estratégico entre negócio e TI, aumentando e incentivando

o surgimento de vários outros aprofundamentos sobre o tema.

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APÊNDICE A - Carta à administração da empresa

Belo Horizonte, ___ de _________ de 2009 Ao Sr. Alexandre Siffert CEO da ATIVAS Data Center. Prezado Alexandre Siffert, Pelo presente instrumento eu, Simone Pio, aluna do Curso de Mestrado Profissional em Administração, na área Gestão Estratégica de Organizações e linha de pesquisa em Estratégia e Inovação, da PUC-MG, formalizo a solicitação para realizar coleta de dados junto à ATIVAS Data Center a fim obter parâmetros suficientes e adequados para minha pesquisa acadêmica. Cumpre adicionar que o objetivo da pesquisa é aprofundar os conhecimentos sobre as características da relação entre negócio e TI nas empresas, identificando como o ambiente no qual a organização está inserida e a percepção de importância da TI pela alta administração influenciam na integração entre Negócio e TI propiciando o alinhamento entre suas estratégias. Como resultado desta pesquisa, espera-se contribuir com orientações, tanto para o meio acadêmico quanto para o meio empresarial, que estimulem a:

• identificação dos processos e práticas organizacionais que orientam o alinhamento entre TI, negócio e suas estratégias;

• identificação das causas (internas e externas) que exerceram influência no processo de alinhamento;

• verificação dos fatores que estimulam a percepção de importância da TI pela alta administração de uma organização;

Visando esclarecer como será o processo investigativo dentro da ATIVAS Data Center, apresento, a seguir, breve síntese do trabalho que pretendo realizar junto à organização, antecipando que me predisponho a acatar as condições que a ATIVAS Data Center julgar necessárias à realização da pesquisa em suas dependências. No entanto, conhecendo o cuidado que tem com a imagem da organização, coloco-me à disposição para quaisquer esclarecimentos relacionados aos procedimentos da pesquisa. Assim, diante do exposto e na expectativa de contar com sua atenção e participação da ATIVAS Data Center na pesquisa em questão, agradeço-lhe a cooperação e coloco-me à disposição para esclarecer quaisquer dúvidas sobre a pesquisa. Atenciosamente, Simone Jaqueline Pio

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I. Aspectos da proposta de pesquisa

I.1 Título da pesquisa

Integração entre Negócio e TI como força propulsora para o alinhamento entre estratégias de

tecnologia da informação (TI) e estratégias de negócio nas organizações

I.2 Objetivo geral da pesquisa

Aprofundar os conhecimentos sobre as características da relação entre negócio e TI nas

empresas, identificando como o ambiente em que a organização está inserida e a percepção de

importância da TI pela alta administração da organização, influenciam na integração entre

Negócio e TI propiciando o alinhamento entre suas estratégias.

I.3 A execução da pesquisa em campo

Entrevistar diretores e gerentes de TI e Negócio sobre como as diferenças no meio ambiente

da organização e a percepção de importância da TI, influenciam na integração entre Negócio e

TI propiciando o alinhamento entre suas estratégias.

Dessas entrevistas também poderão surgir elementos que contribuam e consubstanciem a

análise documental.

I.4 Período da coleta de dados

Entre novembro e dezembro de 2009.

I.5 Procedimentos da Pesquisa

Para realizar os agendamentos indispensáveis aos processos de entrevista e/ou análise

documental, a aluna/pesquisadora fará todos os contatos necessários com o diretor geral da

organização ou com a pessoa por ele designada.

Nos relatórios da pesquisa, os nomes tanto da organização quanto dos entrevistados somente

serão mencionados com a anuência de todas as partes envolvidas (organização e

entrevistados), caso contrário, tais informações não serão citadas.

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O resultado da pesquisa representará a integralidade do conjunto pesquisado, não cabendo à

aluna/pesquisadora comparação entre os resultados individuais de cada um dos entrevistados.

A aluna/pesquisadora está à disposição da organização para apresentar um relatório contendo

os resultados da pesquisa, caso haja tal interesse.

I.6 Estratégias da pesquisa

A aluna/pesquisadora planeja entrevistar uma amostra significativa diretores e gerentes de TI

e de Negócio. Este procedimento visa mapear e compreender as características da relação

entre Negócio e TI nas empresas. As entrevistas serão semi-estruturadas, lançando mão, caso

não haja objeções, de um gravador e não ultrapassará o número máximo de 27 (vinte e sete)

questões. As entrevistas serão previamente agendadas e sua realização se dará de acordo com

a disponibilidade dos candidatos à entrevista, de maneira a minimizar possíveis transtornos. A

entrevista constará de perguntas objetivas e subjetivas, de forma que o tempo médio do

encontro dure entre 45 (quarenta e cinco)e 90 (noventa) minutos.

I.7 Seleção dos entrevistados

Para seleção dos entrevistados, torna-se relevante esclarecer que, fundamentalmente, estes

deverão pertencer aos quadros de gerência ou diretoria da organização ou, quando isto não for

possível, que os entrevistados possuam funções estratégicas dentro da empresa. Essa definição

parte do pressuposto que estes indivíduos: (a) são atores relevantes no seu campo de atuação e

já vivenciaram um conjunto de experiências significativas na organização; (b) conhecem a

situação/experiência a ser estudada sendo capaz de expressar seus pensamentos sobre a

questão, visto que a pesquisa se propõe a analisar o que pensam estes profissionais a respeito

do alinhamento TI-Negócio e; (c) apresentam diferentes perspectivas sobre o tema a ser

abordado.

Com relação à ATIVAS Data Center, tomou-se a liberdade de sugerir para serem

entrevistados, caso não haja restrições, os seguintes profissionais:

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01 CEO

02 CIO

03 Consultor de Serviços

04 Diretor de Negócios

05 Gerente de Arquitetura de Soluções

06 Gerente de Marketing

07 Gerente de Soluções de Negócios

É importante ressaltar que, pelo fato de a relação acima ser uma sugestão, esta deverá ser

avaliada pela ATIVAS Data Center e nomes poderão ser inseridos ou excluídos.

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APÊNDICE B - Protocolo para entrevista

Dimensão da análise

Indicadores Definição do indicador # Tópicos para Coleta de Dados Presença Ausência

HETER01 Diversidade nos hábitos de compra dos clientes 01

Como é a relação entre a organização e seus clientes? Em sua opinião, os hábitos de compras dos clientes da organização apresentam grande variedade?

02

Em sua opinião, as linhas de produtos ou serviços da organização podem ser consideradas variadas (apresentam grande diversidade)?

03Como é o processo de obsolescência dos produtos ou serviços da organização? A que atribui sua resposta?

04aA organização consegue antever quando haverá mudanças nas demandas para seus produtos ou serviços?

04b A organização consegue antever quando haverá mudanças nos produtos ou serviços demandados de seus fornecedores?

05

Como a competição, no campo de atuação da organização, pode ser (ou é) considerada? (muito variada, pouco variada, etc.) Porque?

06

A organização consegue prever quais são os passos dos seus concorrentes (o que seus concorrentes farão após determinado evento relacionado ao ambiente da organização, seja ambiente externo ou interno)?

07

Comente sobre as fontes de preocupação da organização. Existe alguma preocupação associada(a) à competição de preços?(b) às fontes de trabalho (escassez ou excesso)?(c) à qualidade do produto ou serviço?(d) à escassez de materiais?(e) à forte competição na diferenciação do produto ou serviço?

08

Em sua opinião, qual a relação entre a TI e a obtenção de resultados estratégicos (vantagem competitiva ou sucesso) para a empresa?

09

A Alta Administração (ou você) considera que a TI representa fonte de estratégia e/ou vantagem competitiva? Porque? Existe alguma relação da Alta Administração (sua parte) para com as funções da TI?

PERAA02 Conhecimento sobre os assuntos/oportunidades devidas à TI 10

Existe preocupação, quanto ao avanço tecnológico para produtos ou serviços na organização? Existe apoio ao uso progressivo da TI?

PERAA03 Familiaridade com o uso estratégico da TI pelos concorrentes 11

No que se refere a seus principais produtos ou serviços, clientes e fornecedores, a TI da organização tem sido usada para criar barreiras a novos entrantes no mercando onde atua? Recursos e oportunidades da TI são conhecidos?

12

Como se dá o reconhecimento dos benefícios das aplicações de TI que são intangíveis, porém importantes, mas não podem ser medidos por meios tradicionais, se é que isto ocorre.

13

Como são vistos os investimentos na TI que não satisfizeram/justificaram critérios e procedimentos tradicionais (ROI na TI)? Qual a reação nestes casos (quando não há retorno, quais as ações tomadas)? Há variedade de visões/percepções, por exemplo, há situações nas quais a TI é vista como despesa? Se sim, como é feita tal análise?

Categorias ou variável de análise

Antecedentes da Integração entre

negócio e TI

Heterogeneidade ambiental

HETER02 Diversidade nas linhas de produtos

HETER03 Diversidade na natureza da competição (concorrência)

Antecedentes da Integração entre negócio e TI

Percepção de importância da TI pela alta administração

PERAA01 Reconhecimento do potencial estratégico da TI

PERAA04Crença que a TI contribui significativamente para o desempenho financeiro da organização

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Dimensão da análise

Indicadores Definição do indicador # Tópicos para Coleta de Dados Presença Ausência

GNPTI01Diversidade de gerentes de negócio que estão ativamente envolvidos no processo de planejamento de TI

14

Existe a figura do gerente de negócio? Se sim, quantos são? Havendo mais de um gerente de negócio, quantos participam do planejamento da TI?

GNPTI02Diversidade de Gerentes de Negócio que participam na definição das estratégias e objetivos da TI

15

Dos gerentes de negócio envolvidos no planejamento de TI, estes participam na definição das metas e estratégias de TI?

GNPTI03 Principais projetos de TI têm um patrocinador da gerência de negócio 16

Os gerentes de negócio da organização têm participação cooperativa nos projetos de TI?

GNPTI04Nível de participação no planejamento de TI pelos diversos interessados (é alto? Sim ou não?)

17

Como ocorre o compartilhamento de conhecimentos entre TI e Negócio?

GTIPN01 Envolvimento (prévio) dos Gerentes de TI nos projetos de negócio 18

Existe a figura do gerente de TI? Se sim, quantos são? Havendo mais de um gerente de TI, quantos participam do planejamento de negócio?

GTIPN02 Participação (regular) dos Gerentes de TI nas reuniões de negócios 19

Dos gerentes de negócio envolvidos no planejamento de TI, estes participam na definição das metas e estratégias de TI?

GTIPN03Participação (regular) dos Gerentes de TI na definição das metas e estratégias do negócio

20

Na organização, os gerentes de negócio procuram envolver a TI em quais tipos de projetos?

GTIPN04Contatos informais (regulares) dos Gerentes de TI com os Gerentes de Negócio

21

Em sua opinião, existe uma visão sistêmica da TI relativa ao conhecimento para o negócio? Quais são os instrumentos que viabilizam tal visão sistêmica?

P3ATI01Medições (regulares) dos custos/benefícios dos principais investimentos em TI antes de comprometer-se com ela

22

O plano de TI quantifica as metas e os objetivos estabelecidos, bem como mede se os resultados esperados foram alcançados? Como?

P3ATI02Financiamento dos benefícios intangíveis, bem como dos benefícios tangíveis da TI

23 Em sua opinião, o plano de TI existente considera a missão, objetivos e estratégias da organização?

P3ATI03Priorização dos investimentos em TI com base no impacto esperado no desempenho da empresa

24

Existe alguma política para priorização dos investimentos em TI? Como é esta política? Como é avaliado o não investimento e seus possíveis impactos?

P3ATI04Realização de pós auditorias para verificar o retorno ou sucesso dos principais investimentos em TI

25 Em sua opinião, são realizadas pós auditorias para verificar o retorno ou sucesso dos principais investimentos em TI?

Integração entre o planejamento de TI e Negócio

Participação da alta administração na alocação de recursos para TI

Categorias ou variável de análise

Integração entre o planejamento de TI e Negócio

Participação dos Gerentes de Negócio no planejamento da TI

Participação dos Gerentes de TI no planejamento do Negócio

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APÊNDICE C – Roteiro de entrevista

No decorrer do processo das entrevistas a ênfase sempre estará no ponto de vista do

entrevistado, ou seja, haverá grande esforço para manter a imparcialidade ou neutralidade,

com o objetivo que outra forma de pensar, que não a do entrevistado surja. Assim, buscando

não infringir o ritmo natural do relato, os seguintes itens da pesquisa serão levantados:

a. Breve histórico acerca da empresa - a evolução do grupo ASAMAR ao longo do tempo

a.1. Quais foram os fatos ou quais as influências que fizeram com que o grupo ASAMAR

decidisse iniciar atividades na área da TI?

a.1.1. Acontecimentos mais importantes

a.1.2. Maiores ou mais significativas mudanças

b. Se e como o ambiente interno e externo à organização influencia as ações de TI;

c. A percepção de importância da TI pela alta administração tanto da empresa quanto do

grupo;

d. A cooperação participativa dos gerentes de TI e de Negócio no planejamento estratégico

da organização;

e. A participação da alta administração na alocação de recursos para TI.

As perguntas constantes no protocolo de entrevistas também serão utilizadas com o intuito de esclarecer pontos ou aspectos que não foram explicitados com os questionamentos anteriores ou então, com o objetivo de lançar luzes a assuntos não considerados pelo respondente durante a entrevista.