estudo de viabilidade econômica: projeto de implantação de uma
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ESTUDO DE VIABILIDADE
ECONÔMICA: PROJETO DE
IMPLANTAÇÃO DE UMA EMPRESA DE
RECICLAGEM INTEGRADA DE FILMES
DE POLIETILENO EM GOIÁS
FELIPE RABELO RODRIGUES ALVES (PUC - GO )
MARTA PEREIRA DA LUZ (PUC - GO )
EDUARDO RODRIGUES DA CUNHA GUASCO (PUC - GO )
O presente estudo tem como objetivo analisar a viabilidade econômica
da implantação de uma empresa de reciclagem de filmes de polietileno
em Goiás. Foi feito uma pesquisa exploratória onde fora levantado a
demanda e o preço de venda praticaado do produto lona agrícola de
polietileno reciclado. Com o local de instalação da indústria já
definido, levantou-se os recursos necessários para a implantação do
empreendimento, bem como os custos operacionais (industriais e
administrativos). Em posse dos dados, utilizou-se de métodos de
avaliação financeira de projetos, e obteve os seguintes indicadores
econômicos: Taxa mínima de atratividade (TMA); Fluxo de caixa
descontado (FCD); Valor presente líquido (VPL); Taxa interna de
retorno (TIR); Payback descontado e Taxa média de retorno (TMR).
Analisando os indicadores econômicos, pode-se comprovar o quão
viável economicamente é o projeto, observando a oportunidade de
retorno financeiro positivo em determinado prazo com a implantação
do empreendimento.
Palavras-chave: Viabilidade econômica, Filmes de polietileno, Lona
agrícola, Reciclagem.
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil
João Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016.
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1. Introdução
A viabilidade econômica de um projeto é de extrema importância para a saúde financeira da
empresa, ainda mais em épocas de crise financeira (COYNE, 2011), como a que o Brasil vem
enfrentando atualmente, e não deve ser realizada de maneira precipitada, por isso, é de
extrema importância o investidor compreender as ideias básicas das decisões de investimento
(VIRLICS, 2013).
O desejo de qualquer investidor ao investir o capital, é gerar benefícios, lucros e ter retorno do
investimento o mais rápido possível, para isso é preciso identificar quais as melhores
alternativas de investimento, e fazendo uso de métodos de avaliação econômica, a decisão
fica, de certa forma, menos incerta, formando uma ferramenta de análise mais completa e
confiável. Na avaliação do investimento, os indicadores econômicos devem ser escolhidos
pelos avaliadores conforme as especificidades do projeto, somando conhecimentos
específicos da área em que se pretende investir, juntamente com os entendimentos da área
financeira (AVRAM et al., 2010).
Analisar a viabilidade econômica de um projeto significa estimar as perspectivas de
desempenho do investimento aplicado para o empreendimento (ROZENFELD, 2009; ZAGO
et al., 2009).
Dentre os métodos de avaliação econômica existentes, os mais empregados são o Valor
Presente Líquido (VPL), a Taxa Interna de Retorno (TIR) e o Tempo de Retorno do
Investimento ou Payback (PESSOA et al., 2015; NEGRAO et al., 2015). Neste trabalho serão
expostos além destes, outros métodos de indicadores econômicos.
Como visto, o principal objetivo de um estudo de viabilidade econômica é mostrar a
capacidade do projeto em gerar resultado positivo e verificar a possibilidade de retorno do
capital investido no empreendimento em um determinado tempo. Diante disto, o intuito deste
artigo é demonstrar a viabilidade econômica da implantação de uma empresa de reciclagem
integrada de filmes de polietileno em Goiás.
Este trabalho é composto por cinco seções, incluindo esta introdução. A segunda parte
descreve sobre os conceitos de: Reciclagem de filmes de polietileno; e Técnicas de avaliação
financeira de projetos. Posteriormente serão relatados os procedimentos metodológicos que
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possibilitaram o embasamento para a análise da viabilidade econômica, a qual será exposta na
quarta seção. Conclui-se o artigo apresentando as considerações finais.
2. Referencial teórico
Esta seção está estruturada de forma a abranger os principais fundamentos teóricos e
metodológicos utilizados para a realização deste estudo, com base na exploração bibliográfica
em artigos científicos elaborados nos últimos cinco anos, e de periódicos conceituados Qualis
A1, A2 e B1, livros clássicos da área, além de materiais de apoio de outras fontes.
2.1. Reciclagem de filmes de polietileno
Com a constante evolução tecnológica, tem-se a tendência de melhores condições de vida
para a sociedade, a qual tende a ampliar o poder de consumo de todas as classes e de forma
crescente e exponencial. Em contrapartida, devido às explorações cada vez mais intensas de
recursos naturais, criam-se também problemas de diversas ordens, dentre eles os de cunho
ambiental. A apropriação do meio ambiente pelo ser humano gera transformações ambientais
bruscas, e tem sido alvo de debates e discussões em congressos, publicações, revistas e
noticiários, com alcance de proporção mundial, dando origem a uma série de esforços e
iniciativas na tentativa de reverter, ou ao menos minimizar o quadro de degradação ambiental.
É neste cenário que o papel da reciclagem surge como importante medida para preservação
dos recursos ambientais (PEREIRA, 2014).
Na reciclagem recuperam-se produtos em fase final de suas vidas, e os transforma em
produtos com condições e funcionalidades tão boas quanto a de um produto novo originado
de matéria prima “virgem” (KENNE et al., 2012). Sem sombra de dúvidas, a reciclagem é
economicamente mais atraente do que a eliminação dos resíduos em definitivo, como em
aterros, lixões ou incineração (SHABARWAL et al., 2013).
O último panorama dos resíduos sólidos no Brasil da ABRELPE (2014) informa que em
2014, o Estado de Goiás gerou 6.643 toneladas de resíduos sólidos por dia, onde foram
coletados 6.278 toneladas diárias (94,51% do total gerado). Os resíduos sólidos urbanos
geralmente são divididos em duas categorias: matéria orgânica e inservível, que não cabe
reciclagem (porém há outras medidas de minimização de impactos ambientais, como a
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compostagem, por exemplo), e a fração seca reciclável, que é formada por recicláveis como
plásticos, vidros, metais, papéis e papelões. Do total de resíduos recicláveis no Brasil,
aproximadamente 42% corresponde aos materiais plásticos Polietileno (PE), Polipropileno
(PP), Politereftalato de etileno (PET), Policloreto de vinila (PVC), e outros (CEMPRE, 2015).
No Brasil, a produção de polímeros da família do polietileno representam 34% de todas as
resinas poliméricas fabricadas, colocando o polietileno como plástico de maior consumo
nacional (ABIPLAST, 2014).
Um dos processos de transformação de plásticos, a extrusão de filmes é aplicada para a
fabricação de produtos como sacos, sacolas, embalagens, lonas agrícolas, entre outros.
Diversos produtos podem utilizar resina reciclada em sua composição, de acordo com as
normas apontadas pelos órgãos competentes, como o Instituto Nacional de Metrologia,
Qualidade e Tecnologia – INMETRO, a Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT
e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA. Atendendo a legislação, muitas
empresas desenvolvem linhas de produtos com apelo ecológico e optam por utilizar resinas de
origem reciclada.
Tanto o polietileno de alta densidade (PEAD), como o polietileno de baixa densidade
(PEBD), tem suas propriedades físicas, químicas e mecânicas preservadas, mesmo após serem
submetidos a diversos reprocessamentos (reciclagem), o que torna extremamente viável e
necessário a recuperação desses resíduos e o constante aproveitamento por diversas vezes do
mesmo material (COSTA, 2016; PISTOR, 2010), sendo de extrema importância a qualidade
na triagem do filme de polietileno, onde um dos métodos definidos para melhora no padrão da
separação de resíduos é a identificação correta do reciclável através de símbolos pré-
estabelecidos impressos nos produtos (COLTRO, 2013).
A reciclagem de filmes de polietileno é muito importante para o meio ambiente e para toda a
sociedade, pois além de impactar positivamente o cenário ambiental, também impacta os
cenários sociais, econômicos e políticos. Evita a produção de novas resinas de plásticos,
provenientes de recursos não renováveis (petróleo), reduz a quantidade de emissões de
dióxido de carbono (CO2), reduz o consumo energético, cria postos de trabalho, entre outras
soluções positivas (ANDREONI, 2015).
2.2. Técnicas de avaliação financeira de projetos
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Um projeto é visto como o conjunto de informações que são coletadas e processadas, com o
intuito de fomentar a análise de uma determinada decisão de investimento. Sendo assim, com
a incorporação de informações qualitativas e quantitativas, o projeto acaba representando um
modelo que simula a decisão de investir e suas principais implicações. Nos termos práticos,
um projeto pode ser elaborado visando o atendimento de diversos fins, dentre os quais,
destaca-se o projeto de viabilidade econômica. Ao surgir uma oportunidade ou interesse em
realizar determinado investimento, dá-se inicio ao processo de coleta e processamento de
informações, que devidamente analisadas, sustentarão o estudo de viabilidade do referido
projeto, que demonstrará de forma simulada, se os objetivos estabelecidos pelos investidores
serão alcançados (WOILER e MATHIAS, 1994).
Existem várias técnicas que podem ser empregadas para efetuar a avaliação financeira de um
projeto. Dentre as diversas existentes destacam-se: Taxa mínima de atratividade (TMA);
Fluxo de caixa descontado (FCD); Valor presente líquido (VPL); Taxa interna de retorno
(TIR); Payback descontado e Taxa média de retorno (TMR).
A taxa mínima de atratividade (TMA) é a taxa de retorno que o investidor espera pelo capital
que está empregando em um determinado investimento, interpretada a uma taxa percentual
sobre o próprio investimento, em um determinado espaço de tempo. A escolha da TMA para
um projeto deve ser definida de acordo com a política do investidor, e é de grande
importância na decisão de destinar recursos no projeto de investimento. (KASSAI et al.,
2000; GITMAN, 2004). Assim sendo, a TMA é utilizada para representar os fluxos de caixa
em termos de valores presentes.
O método de fluxo de caixa descontado (FCD) representa com maior rigor técnico e
conceitual, a técnica de expressar o valor econômico de um negócio. Esse método de cálculo
de valor está voltado para apuração da riqueza absoluta do investimento, o valor presente de
um fluxo de benefícios econômicos líquidos esperados (BRIGHAM e EHRHARDT, 2012;
DAMODARAN, 2010). Do FCD derivam os métodos: Valor presente líquido (VPL); Taxa
interna de retorno (TIR) e Payback descontado.
O cálculo para avaliação por FCD é definido conforme demonstra a equação 1:
(Eq.1)
Onde:
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FCD = Fluxo de caixa descontado;
n = Vida útil do ativo;
TMA = Taxa mínima de atratividade;
FCt = Fluxo de caixa no período t.
Entende-se pelo valor presente líquido (VPL) o valor das somas algébricas de fluxos de caixa
futuros, descontados a uma taxa de juros compostos (geralmente utiliza-se a TMA definida no
projeto), considerando o instante de tempo atual. O investimento é considerado atrativo
quando o resultado do VPL é maior que zero. Isso significa que a entrada de caixa no
intervalo de tempo avaliado será maior que a saída no mesmo período. Basicamente, o VPL é
uma técnica de análise que objetiva calcular o valor presente de uma série de pagamentos (ou
recebimentos), sejam eles iguais ou diferentes, a uma taxa conhecida (SOBRINHO, 1997;
VERAS, 1999; GITMAN, 2004).
Em relação aos resultados, podem ser obtidos três: a) VPL maior que zero: indica que o
projeto é atrativo e financeiramente viável; b) VPL igual a zero: indicando que é indiferente
entre investir no projeto ou no atual meio investido, pois os retornos serão iguais; e c) VPL
menor que zero: que significa que o projeto não é atrativo e é inviável financeiramente.
Matematicamente, obtém-se o VPL a partir da seguinte expressão (equação 2):
(Eq. 2)
Onde:
VPL = Valor presente líquido;
n = Vida útil do ativo;
TMA = Taxa mínima de atratividade;
FCt = Fluxo de caixa no período t.
Já a taxa interna de retorno (TIR), é uma taxa intrínseca do projeto, sendo dependente apenas
dos fluxos de caixa projetados. É a taxa que remunera o investimento e que torna nulo o valor
presente líquido (VPL). Em termos de resultados, será atrativo e financeiramente viável o
investimento cuja TIR for maior que a TMA do investidor (SOBRINHO, 1997; VERAS,
1999; GITMAN, 2004).
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Pode-se obter a TIR através da equação 3:
(Eq.3)
O payback descontado representa o prazo (período de tempo) necessário para que se obtenha
a recuperação do capital inicialmente investido. O payback descontado considera o valor do
dinheiro ao longo do tempo, ou seja, atualiza os fluxos futuros de caixa a uma taxa de
aplicação no mercado financeiro (usa-se a TMA), trazendo os fluxos de caixa ao valor
presente, para então executar o cálculo do período de recuperação. De outra maneira, o
payback descontado pode ser visto como o espaço de tempo compreendido no intervalo entre
o início do projeto e o momento em que o fluxo de caixa descontado acumulado torna-se
positivo (GITMAN, 2004).
Em termos matemáticos, a técnica do payback descontado pode ser escrita como descrito na
equação 4:
(Eq. 4)
Onde:
= Payback descontado;
TMA = Taxa mínima de atratividade;
FCt = Fluxo de caixa no período t;
k+1 = período de tempo onde o fluxo de caixa (FCt) descontado acumulado torna-se maior do
que zero.
A taxa média de retorno (TMR) é a representação percentual do retorno por período que um
determinado projeto terá. O cálculo desse indicador não requer muita complexidade, basta
apenas realizar a divisão da média de retorno de um projeto durante um dado período, pelo
seu investimento inicial, e multiplicar o fator resultante por 100, para se obter o valor
percentual, conforme exposto na equação 5. Geralmente usa-se a TMR para comparar a
viabilidade entre dois projetos (GITMAN, 2004).
(Eq. 5)
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3. Metodologia
Esta seção está estruturada de forma a indicar quais métodos, dentre os já expostos na seção
anterior, foram utilizados no estudo, bem como o roteiro de execução do estudo de viabilidade
econômica do projeto de implantação de uma empresa de reciclagem integrada de filmes de
polietileno em Goiás.
3.1. Indicação dos métodos utilizados
Para a realização do estudo de viabilidade econômica do projeto de implantação de uma
empresa de reciclagem integrada de filmes de polietileno em Goiás, serão utilizados todos os
seis indicadores econômicos expostos no referencial teórico deste trabalho: Taxa mínima de
atratividade (TMA); Fluxo de caixa descontado (FCD); Valor presente líquido (VPL); Taxa
interna de retorno (TIR); Payback descontado e Taxa média de retorno (TMR).
O trabalho é caracterizado por uma metodologia descritiva e aplicada, calculando a partir dos
dados levantados na pesquisa, com o auxilio do Software Microsoft Excel 2007® para a
realização dos cálculos.
O projeto de viabilidade foi elaborado no período compreendido entre outubro de 2015 e
março de 2016, tendo uma duração de seis meses, em uma empresa de Goiás, que já atua no
ramo de gerenciamento de resíduos sólidos, coletando os recicláveis, triando, e revendendo às
empresas que seguem com o processo de reciclagem, e dão as devidas destinações adequadas
aos resíduos.
Neste trabalho, nomeia-se a empresa como “Gama-Pi” (). A empresa Gama-Pi pretende
verticalizar suas operações, e além de coletar, triar e revender os recicláveis, pretende
aproveitar a parcela referente aos filmes de polietileno, cerca de 400 toneladas por mês,
recuperá-los através do processo de “Lavagem”, processar a resina plástica reciclada através
do processo de “Granulação”, e por fim, produzir novos produtos plásticos de origem
reciclada, por extrusão, neste caso, lonas agrícolas.
3.2. Condução do estudo
O investidor de sucesso tem o perfil de enxergar além do horizonte presente, e busca
constantemente oportunidades de investir, com o intuito de obter o retorno positivo em um
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estimado período de tempo. E nesse sentido, os investidores da empresa Gama-Pi pretendem
investir na verticalização das operações da empresa, instalar em seu complexo industrial um
novo galpão, inserir uma linha de lavagem de filmes plásticos, montar uma linha de
granulação de resinas, além de instalar a linha de extrusão para fabricação do produto lona
agrícola.
A intuição de investir nesse segmento surgiu ao realizar uma pesquisa exploratória, onde se
levantou a demanda e o preço de venda praticado na região de Goiás, e fora observado o
mercado potencial de expansão para toda a região Centro-Oeste do Brasil. Tendo a demanda e
o preço de venda praticado, levantam-se as aquisições que devem ser feitas, e sabendo os
investimentos necessários, procede-se então com o levantamento dos custos de operação
(industriais e administrativos) e projeção de receitas, e finalmente, em posse de todos os
dados, aplicam-se os seis métodos de avaliação econômica, e toma-se como partida para as
avaliações financeiras do projeto. Essas etapas são demonstradas com riqueza de detalhes na
seção 4 deste trabalho, e subsidiarão as conclusões na seção subsequente.
4. Resultados e discussão
Esta seção está estruturada de forma a explanar os dados e resultados do trabalho, aplicando a
metodologia indicada.
4.1. Levantamento dos investimentos
Para o perfeito funcionamento dessa nova empresa serão necessários investimentos de ordem
de infraestrutura, de máquinas e equipamentos, e também de logística operacional, que são
detalhados no Quadro 1.
Quadro 1 – Investimentos do projeto da empresa
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DESCRIÇÃO VALOR (R$)
Construção do galpão da indústria de plásticos (4.000m²) R$ 2.000.000
Sub estação de energia (2.000kVA) R$ 500.000
Pavimentação de toda a área externa (20.000m²) R$ 1.300.000
Estação de tratamento de efluentes (Q=10m³/h) R$ 600.000
Linha de lavação de plásticos (400ton/mês = 800kg/h) R$ 4.300.000
Linha de fabricação do granulado (500ton/mês = 1.000kg/h) R$ 2.400.000
Linha de fabricação de lonas (300ton/mês = 600kg/h) R$ 3.500.000
Moinho granulador para aparas limpas (500ton/mês = 1.000kg/h) R$ 700.000
Sistema de resfriamento de água / ar do Processo R$ 250.000
Veículos (02 carroS + 02 caminhões + 01 carreta) R$ 750.000
Balança rodoviária (23m x 3m - 100ton) R$ 200.000
Empilhadeiras (6x G<2.500kg / h<4,8m) R$ 700.000
VALOR TOTAL DO INVESTIMENTO R$ 17.200.000
INFRA ESTRUTURA
LOGÍSTICA
MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS
INVESTIMENTOS - PROJETO GAMA-PI
Fonte: Empresa Gama-Pi – adaptado pelo Autor (2016)
Como demonstrado no quadro 1, a julgar pelo montante monetário previsto para o
investimento de R$17.200.000, pode-se concluir que se trata de um projeto bastante
audacioso, e requer uma elaborada análise de viabilidade econômica devido ao alto valor
investido.
4.2. Levantamento dos custos e projeção de receitas
A forma de levantamento de custos de um processo produtivo considera a somatória de custos
fixos e variáveis, em função do volume de produção. Para o custeio do produto lona agrícola,
é necessário primeiramente custear o produto “resina plástica – granulado”, uma vez que esse
produto serve como matéria prima para a lona agrícola. Os custos dos produtos granulado e
lona agrícola, juntamente com as despesas, faturamento e resultados estão expostos no
Quadro 2.
Quadro 2 – Levantamento dos custos operacionais
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CUSTO MÉDIO DO PRODUTO (R$/kg) R$ 2,691
CUSTO TOTAL DE PROUÇÃO (MÊS) R$ 713.128,46
VALOR DE VENDA (R$/kg) R$ 3,95
TRIBUTOS E IMPOSTOS (0%) R$ 0,00
ENTRADA MP (kg) 407.700 COMISSÃO (0%) R$ 0,00
PERDA PROCESSO 35% DESPESAS MENSAIS R$ 713.128,46
SAÍDA PRODUTO (kg) 265.005 DESPESAS ANUAL R$ 8.557.541,46
FATURAMENTO MENSAL R$ 1.046.769,75
FATURAMENTO ANUAL R$ 12.561.237,00
RESULTADO MENSAL R$ 333.641,30
RESULTADO ANUAL R$ 4.003.695,54
CUSTO MÉDIO DO PRODUTO (R$/kg) R$ 4,734
CUSTO TOTAL DE PROUÇÃO (MÊS) R$ 1.191.806,99
VALOR DE VENDA (R$/kg) R$ 9,00
TRIBUTOS E IMPOSTOS (30%) R$ 679.737,83
ENTRADA MP (kg) 265.005 COMISSÃO (5%) R$ 113.289,64
PERDA PROCESSO 5% DESPESAS MENSAIS R$ 1.984.834,45
SAÍDA PRODUTO (kg) 251.755 DESPESAS ANUAL R$ 23.818.013,39
FATURAMENTO MENSAL R$ 2.265.792,75
FATURAMENTO ANUAL R$ 27.189.513,00
RESULTADO MENSAL R$ 280.958,30
RESULTADO ANUAL R$ 3.371.499,61
LONA AGRÍCOLA
RECICLADA
RESINA PLÁSTICA
GRANULADO
Fonte: Empresa Gama-Pi – adaptado pelo Autor (2016)
Observando o Quadro 2, pode-se concluir que o resultado mensal da empresa é dado pela
soma de R$333.641 (granulado) acrescido de R$280.958 (lona), concluindo um resultado
mensal de R$614.599. Ao longo de um ano, obtém-se a quantia de R$7.375.195.
4.3. Resultados e indicadores econômicos
Tendo em mãos o valor dos investimentos e as receitas geradas no processo, aplicam-se os
métodos de avaliação financeira, a fim de observar a viabilidade econômica do projeto, e
posterior tomada de decisão. É detalhado no quadro 3 o FCD, e mostrado os resultados dos
indicadores econômicos obtidos.
Quadro 3 – Indicadores econômicos do projeto
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R$ 17.200.000
20%
ANO 0 1 2 3 4 5 6
RECEITAS - LINHA GRANULADO - R$ 12.561.237 R$ 12.561.237 R$ 12.561.237 R$ 12.561.237 R$ 12.561.237 R$ 12.561.237
DESPESAS - LINHA GRANULADO - -R$ 8.557.541 -R$ 8.557.541 -R$ 8.557.541 -R$ 8.557.541 -R$ 8.557.541 -R$ 8.557.541
RECEITAS - LINHA LONA - R$ 27.189.513 R$ 27.189.513 R$ 27.189.513 R$ 27.189.513 R$ 27.189.513 R$ 27.189.513
DESPESAS - LINHA LONA - -R$ 23.818.013 -R$ 23.818.013 -R$ 23.818.013 -R$ 23.818.013 -R$ 23.818.013 -R$ 23.818.013
FLUXO DE CAIXA FINAL -R$ 17.200.000 R$ 7.375.195 R$ 7.375.195 R$ 7.375.195 R$ 7.375.195 R$ 7.375.195 R$ 7.375.195
FLUXO DE CAIXA ACUMULADO -R$ 17.200.000 -R$ 9.824.805 -R$ 2.449.610 R$ 4.925.585 R$ 12.300.781 R$ 19.675.976 R$ 27.051.171
FLUXO DE CAIXA DESCONTADO -R$ 17.200.000 R$ 6.145.996 R$ 5.121.663 R$ 4.268.053 R$ 3.556.711 R$ 2.963.926 R$ 2.469.938
FLUXO DE CAIXA DESCONTADO ACUMULADO -R$ 17.200.000 -R$ 11.054.004 -R$ 5.932.341 -R$ 1.664.288 R$ 1.892.423 R$ 4.856.348 R$ 7.326.286
INDICADOR ECONÔMICO OBTIDO
VALOR PRESENTE LÍQUIDO (VPL) R$ 7.326.286
TAXA INTERNA DE RETORNO (TIR) 36,15%
PAYBACK DESCONTADO (ANOS) 3,47
PAYBACK DESCONTADO (MESES) 42
TAXA MÉDIA DE RETORNO 42,88%
MENOR QUE 72 MESES
MAIOR QUE 20%
ESPERADO PELO INVESTIDOR
ATRATIVO / VIÁVEL FINANCEIRAMENTE
ATRATIVO / VIÁVEL FINANCEIRAMENTE
ATRATIVO / VIÁVEL FINANCEIRAMENTE
ATRATIVO / VIÁVEL FINANCEIRAMENTE
ATRATIVO / VIÁVEL FINANCEIRAMENTE
RESULTADO DA ANÁLISE DE VIABILIDADE
TAXA MÍNIMA DE ATRATIVIDADE (TMA)
INVESTIMENTO INICIAL DO PROJETO
MAIOR QUE ZERO
MAIOR QUE A TMA
MENOR QUE 6 ANOS
Fonte: Empresa Gama-Pi – adaptado pelo Autor (2016)
Foi adotada uma TMA de 20,00%, e depois de aplicado o FCD obteve-se os seguintes
resultados:
O VPL é maior que zero (R$7.326,286);
A TIR é maior do que a TMA (36,15%);
O payback descontado ficou dentro do período estabelecido pelos investidores (03
anos e 06 meses);
A TMR atingiu um valor considerado como ótimo para a grandeza do investimento
(42,88%).
Na figura 1, pode-se observar de forma gráfica, ao longo de seis anos, o comportamento
financeiro do projeto, partindo do investimento inicial no instante t=0, alcançando o payback
descontado aos três anos e seis meses, e obtendo o VPL de R$7.326.286 no fim do período.
Figura 1 – FCD, VPL e payback do projeto
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-R$ 20.000.000
-R$ 15.000.000
-R$ 10.000.000
-R$ 5.000.000
R$ 0
R$ 5.000.000
R$ 10.000.000
0 1 2 3 4 5 6
FLUXO DE CAIXA DESCONTADO
PAYBACK
(3A + 6M)
VPL
(R$7.326.286)
INVESTIMENTO
(R$17.200.000)
ANOS
Fonte: Empresa Gama-Pi – adaptado pelo Autor (2016)
Conforme demonstrado no quadro 3 e na figura 1, observam-se bons índices de lucratividade
e rentabilidade, levando em consideração a grandeza do empreendimento e sua capacidade
produtiva.
5. Conclusões
Com os resultados obtidos dos indicadores econômicos da análise de investimento, ficou
evidente que o projeto é atrativo e viável financeiramente para os investidores da empresa
Gama-Pi, devido aos valores alcançados.
Finalizando o trabalho, espera-se que este artigo contribua com futuros investidores que
pretendem realizar investimentos em novos negócios, de certa forma, norteando suas tomadas
de decisão. E almeja-se que seja propagado o conhecimento em torno dos meios de avaliação
financeira.
Julgando que o presente estudo visa a análise da viabilidade econômica do investimento no
projeto em questão, considera-se que este objetivo foi alcançado.
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