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Universidade Federal de São Carlos Centro de Educação e Ciências Humanas Curso de Graduação em Psicologia ESTUDO DE TERMOS DENOTATIVOS DE ESTADOS SUBJETIVOS EM RELATOS DE CRIANÇAS PRÉ-ESCOLARES Ana Dourado Orientador: Júlio César de Rose Monografia apresentada para a obtenção do título de Bacharel no Curso de Graduação em Psicologia da UFSCar São Carlos Dezembro / 2003

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Universidade Federal de São Carlos Centro de Educação e Ciências Humanas

Curso de Graduação em Psicologia

ESTUDO DE TERMOS DENOTATIVOS DE ESTADOS SUBJETIVOS EM RELATOS DE

CRIANÇAS PRÉ-ESCOLARES

Ana Dourado Orientador: Júlio César de Rose

Monografia apresentada para a obtenção do título de Bacharel no Curso de Graduação em Psicologia da UFSCar

São Carlos Dezembro / 2003

2

“Então o que era José, tive de me perguntar. Que espécie de ser? O que se passava dentro dele? Como ele chegara ao estado em que estava? E que estado era esse – e o que poderia ser feito?” Oliver Sacks, 1970

O homem que confundiu sua mulher com um chapéu

“As pessoas grandes não compreendem nada sozinhas, e é cansativo, para as crianças, estar toda hora explicando”

Saint Exupéry,1945 O pequeno príncipe

3

Dedico este trabalho a minha mãe Que em sua paixão pelos filhos fez em mim

despertar o encantamento por questões do desenvolvimento dos “pequenos”

4

Agradecimentos:

À minha mãe Sônia por ter sempre cuidado de mim, em todos os sentidos que

a palavra possa abranger (Ah! E por ter lido minha monografia, mesmo sem conhecimento sobre a área)

Ao meu namorado Jorginho que sempre acreditou em mim e me encorajou a

realizar minhas idéias,

Ao meu irmão e meu pai por me fazer pensar criticamente; Ao meu orientador Prof. Júlio de Rose por ter me orientado neste trabalho e me

ensinado, pela convivência, a ser um pouco mais tranqüila Aos colegas de turma (Psicologia 2000) que sempre me apoiaram em tudo que

fiz, aliás esta turma tem algo de realmente especial; À Lídia e a Maíra que, dividiram comigo o mesmo espaço, tendo também que

aprender a dividir outras coisas, inclusive as angústias e as alegrias na realização de um trabalho que era de uma e acabava sendo, de alguma forma,

de todas;

As professoras Stella Alcantara Gil pela atenção e Deisy das Graças e à aluna Lídia Maria que muito me orientaram em relação à pesquisa;

À professora Georgina e a professora Ma. de Jesus que se propuseram a

discutir comigo sobre a relevância do estudo e me ajudaram a ampliar o meu olhar sob o que me propus a estudar;

Ao Rodrigo (do LECH) que além das muitas risadas, agüentou meus “choros” e

reclamações;

À Alice (o anjo da guarda dos alunos da Psicologia) pelos conselhos, carinho e (sempre) paciência ;

Ao amigo Guto (Carlos Leite) do IEL por ter contribuído como amigo e

estudante de lingüística;

Às mães que participaram do estudo, já que sem a paciência das mesmas o estudo não seria realizado;

5

Índice:

Resumo...................................................................06

A linguagem e sua importância para o Homem......07

Linguagem e socialização.......................................08

O Desenvolvimento da Linguagem..........................11

*sobre a superregularização/supergeneralização....16

*sobre o bilingüismo..................................................17

O que se entende por relato verbal de estado subje-

tivo..........................................................................18

Contexto sócio-historico de relatos verbais de estados

subjetivos................................................................19

Contribuições da Análise do Comportamento na

compreensão dos relatos de estados subjetivos....21

*sobre o reforço generalizado..........................29

O autoconhecimento...............................................29

Método................................................................... 31

Resultados..............................................................34

Discussão................................................................37

Anexos....................................................................44

*Análise de riscos e benefícios........................45 *Consentimento livre e esclarecido..................46

*Questionário ...................................................47 *Roteiro de Explicações...................................48 *check-list 1 e 2................................................49 Referências Bibliográficas..............................................57

6

RESUMO

Reconhecendo a importância da linguagem para o Homem, muitos

trabalhos foram realizados abordando este tema; contamos, portanto com uma

vasta literatura sobre as funções, a estrutura, o desenvolvimento da linguagem

em crianças, entre outros. No presente estudo abordamos um aspecto do

desenvolvimento da linguagem da criança ainda pouco conhecido: a expressão

verbal de estados subjetivos. Este assunto encontra dificuldades devido ao fato

de referir-se, essencialmente, a vida privada do indivíduo, sendo a mesma de

difícil observação das causas e, por este motivo ainda são poucos os dados

consistentes. A presente pesquisa pode ser caracterizada como estudo de

exploração, uma vez que busca elaborar meios para elucidação de questões

ainda com poucos dados anteriores consistentes.

A pesquisa contou com a colaboração de três mães, de crianças com

idades variando de 2 a 5 anos, que fizeram a observação dos comportamentos

dos filhos em situação natural. Este procedimento foi adotado porque a

pesquisa laboratorial restringiria muito o acesso aos comportamentos que

buscamos observar, já que o pesquisador seria um sujeito estranho para a

criança o que poderia inibir sua fala. O registro dos comportamentos foi feito

em folhas de registro do tipo “check-list” preenchidas semanalmente pela mãe

durante dois meses não consecutivos (com um intervalo de 4 meses entre as

coletas). Foram observados dados sobre a variabilidade dos termos nos relatos

das crianças, sobre o contexto em que as verbalizações ocorriam, e ainda

estados que a mãe discriminava na criança, porem esta não verbalizava.

Os resultados encontrados nos registros feitos não foram consistentes,

ou seja não podemos generalizá-los, porém o estudo permitiu, como se propôs,

a explorar o tema apontando possíveis caminhos para estudo posteriores.

7

ESTUDO DE TERMOS DENOTATIVOS DE ESTADOS SUBJETIVOS EM RELATOS DE CRIANÇAS PRÉ-ESCOLARES

1)A linguagem e sua importância para o homem

A linguagem desempenha uma função muito importante no

desenvolvimento do homem e das culturas e é por isso que podemos observá-

la em diferentes áreas do estudo do homem como na lingüística, na psicologia,

na medicina, filosofia, psicanálise, entre outras, além de estar presente na

maioria das atividades do homem, principalmente no âmbito social.

Podemos apontar a comunicação, classe em que a linguagem está

incluída, como uma característica de sobrevivência das espécies, cujo

desenvolvimento pode ser observado no ser humano desde o nascimento,

quando os bebês que necessitam de cuidados se expressam através do choro,

do sorriso e de vocalizações que aos poucos vão se distinguindo (choro de

fome, de desconforto, de medo, sorriso de satisfação) e o repertório de sons da

criança vai se ampliando através da sua grande capacidade de aprendizagem

chegando até a utilização da linguagem como os adultos.

Os estudos sobre linguagem enfrentam dificuldades metodológicas,

principalmente aqueles que dizem respeito à linguagem que se refere a

aspectos não observáveis, como no presente estudo: estados subjetivos. Isto

porque diferentemente dos aspectos fisiológicos, os aspectos que chamamos

psíquicos são de difícil acesso, ou são apenas acessíveis ao próprio indivíduo.

Piaget afirma que a linguagem é a forma de expressão do pensamento

(Piaget,1999), e é também por esse motivo que apresenta relevância para

outros campos da psicologia, tendo em vista que nas pesquisas sobre

linguagem estão implicados estudos sobre processos cognitivos.

8

A dificuldade em se explicar fenômenos em que não podem ser

observadas as causas (explicações fisiológicas ou neurológicas) não impediu

que se realizassem pesquisas sobre o assunto, porém apesar de exigirem um

método rigoroso não se pode garantir a veracidade das conclusões ‘tiradas “,

tendo em vista serem baseadas em dados mediados, ou seja, o indivíduo nos

informa sobre esses estados não observáveis e trabalhamos baseados em seu

relato, mas não há como garantir a correspondência entre este (o relato) e seu

estado interno.

A linguagem tem sido alvo de controvérsias na história da Psicologia,

como entre Chomsky (1959) e Skinner (1967), Chomsky e Piaget. entre outros.

Chomsky, um dos grandes lingüistas da atualidade afirma que a capacidade

para falar é geneticamente determinada, e, portanto, a aquisição de linguagem

é simplesmente um processo de desenvolvimento de capacidades inatas, já

Skinner diz que a linguagem é modelada pela comunidade verbal,

desenvolvendo-se, portanto através das experiências do sujeito. A função mais

óbvia do “comportamento verbal” (que é parte da linguagem) é a instrucional,

ou seja, através da linguagem modificamos o comportamento dos outros.

Piaget, assim como Skinner que também teve discordÂncias em relação

à Chomsky, defende que o desenvolvimento da linguagem depende de pré-

requisitos cognitivos (função simbólica que é desenvolvida durante o estágio

sensório motor).

2)Linguagem e socialização

Para Vygotsky a função primordial da linguagem, tanto nas crianças como

nos adultos é a comunicação, o contato social. Por conseguinte, a fala mais

primitiva das crianças é uma fala essencialmente social. Neste ponto podemos

9

afirmar que Skinner está de acordo com Vygotsky, na medida em que afirma

que o comportamento verbal sempre envolve um reforço social, é um

comportamento efetivo através de outros, ou seja, existe no contexto social:

tanto no que se refere ao aprendizado, regulação das relações sociais e

eficácia do comportamento.

“Nossas comunidades verbais modelam as

correspondências entre as coisas e seus

nomes, entre as palavras e suas definições,

entre o que fizemos e o que dissemos que

faríamos, entre o que prometemos e o que

cumprimos, etc. A maneira pela qual

aprendemos as correspondências e as

condições de sua manutenção podem

determinar como elas funcionam em nosso

comportamento verbal”. (Skinner, 1957)

Há autores que afirmam que é a linguagem que diferencia o Homem dos

outros animais (Vila,1995), porém há quem defenda o contrário como o

psicólogo norte-americano Marc Hauser, seguidor do evolucionismo darwinista,

que aponta a faculdade da linguagem como quase totalmente compartilhada

entre animais e seres humanos (Angelo,2002). E a partir da análise da

evolução afirma que “o aparato cerebral dos macacos e dos cientistas que

fazem as pesquisas com os mesmos é muito semelhante senão idêntico”.

Hauser e Chomsky defendem essa semelhança (percepção e produção do

som) e apontam como possível diferença apenas um aspecto da linguagem: a

recursividade, que seria uma habilidade exclusivamente humana.

10

A abordagem evolucionista enfoca aspectos biológicos dos seres,

inclusive no que diz respeito às emoções. Estudos a respeito das emoções

como os feitos por Darwin apontam semelhanças entre homens e animais na

expressão das mesmas, que são, segundo o autor, biologicamente

programadas.

Os evolucionistas afirmam que a linguagem tem um aparato biológico

que é inato (a competência lingüística) e a única limitação para o

desenvolvimento lingüístico são as limitações psicológicas.

Enquanto Skinner defende a idéia de que o desenvolvimento da

linguagem se dá, essencialmente, através da interação com ambiente,

Chomsky defende a existência de uma capacidade inata da linguagem que é

chamada LAD ou Mecanismo de Aquisição de Linguagem. Bruner, porém,

afirma que este mecanismo só funciona com ajuda de um adulto, é o chamado

LASS ou Sistema de Apoio à Aquisição de Linguagem. Assim apesar de aceitar

a idéia de Chomsky de um aparato inato da linguagem, Bruner não deixa de

considerar a importância do ambiente social (da família, da escola,...) como

determinante no desenvolvimento da linguagem posicionando-se entre os

interacionistas.

As crianças são seres sociais e estão adaptadas a responder à voz

humana, ao rosto humano, às ações e gestos humanos. Pesquisas sobre a

conduta infantil como as de Bower apontam a resposta social como mais

poderoso estímulo na aprendizagem e que uma resposta social negativa às

iniciativas de uma criança é uma das coisas mais prejudiciais ao

desenvolvimento da mesma. Além disso, crianças cujas famílias falam sobre

emoções estão mais aptas a compreender as emoções do outro.

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Estudos acerca da produção vocal do bebê, durante os primeiros meses

de vida têm demonstrado que esta produção pode variar de acordo com o

ambiente lingüístico no qual os bebês são criados (Boyson-Bardies, Sagart &

Durant, 1984) assim como diante de pessoas ou de objetos (Delack & Fowlow,

1978; Legerstee,1991) ou de características do contexto social (Bloom, Russel

& Wassenberg,1987; D’Odorico,1984 in Lyra, 1995). Segundo Lyra o contexto

social determina três tipos de vocalizações: sons de chamamento, quando o

bebê se encontra sozinho, sendo interrompidos com o aparecimento da mãe;

sons de reclamação, que incluem o choro, quando a mãe está prestes a se

afastar do bebê e sons de desconforto, quando o bebê se apresenta irritado,

ocorrendo tanto no contexto social como naquele não-social.

Não seriam esses sons “proto verbalizações”de estados subjetivos?

Antes da comunicação verbal propriamente dita, a criança estabelece como os

pais a protoconversação. Nesta relação os pais interpretam o choro e outros

sinais do bebê como correspondendo a intenções, desejos e sentimentos

semelhantes aos dos adultos.

3)O desenvolvimento da linguagem

Para muitos autores a linguagem se desenvolve por aumentar a

efetividade em obter reforço do ambiente, por possibilitar uma melhor

adaptação do indivíduo ao ambiente, por permitir que ele aja sobre o ambiente

por intermédio do outro.

Nos primeiros anos da vida não há nada mais importante para a

sobrevivência de um bebê do que pessoas que cuidem dele (comunidade). O

bebê nasce indefeso, dependendo do adulto para alimentar-se, higienizar-se,

para conhecer o mundo, estabelecer vínculos, etc. Por outro lado, a

12

sobrevivência da espécie também depende dos bebês, de que eles cresçam e

se tornem adultos capazes de gerar novos bebês. Para garantir a

sobrevivência do bebê e, por conseguinte, da espécie humana é necessário

promover situações e ambientes que garantam a proximidade entre o bebê e o

adulto que cuida dele. Porém, diferentemente de filhotes de algumas espécies,

o bebê humano não dispõe de comportamentos ativos de aproximação, no

entanto, é capaz de emitir sons vocais que ativam comportamentos maternos

de proximidade (López,1995 in Coll,1995). Nesta fase a linguagem ainda não

está desenvolvida, mas já começa a comunicação que chamamos

“protoconversação”. Além disso, os adultos interpretam as condutas infantis

não como inatas ou como apenas respostas fisiológicas, mas correspondentes

a desejos, intenções ou sentimentos semelhantes aos dos adultos.

As crianças compreendem muito mais do que conseguem expressar,

podendo atender com exatidão a pedidos verbais bastante complexos (Savage,

Rumbaugh e col, 1993 in Bee,1995). Flavell, 1985 (Bee,1995) coloca que

seriam necessárias medidas dracônicas para impedir que a maioria das

crianças aprendessem a falar.

Os bebês nascem, ou desenvolvem rapidamente uma capacidade

notável para discriminar sons da fala. Com um ou dois meses, eles prestam

atenção e percebem a diferença entre muitos sons individuais de letras; em

mais alguns meses, eles conseguem discriminar sílabas e palavras. São

também sensíveis aos padrões de entonação e estresse da fala que estão

escutando (Anne Fernald descobriu que bebês de 5 meses sorriem mais ao

ouvir gravações de adultos dizendo num tom aprovador do que proibitivo, seja

em Italiano, Inglês ou Alemão (Bee,1995).

13

O aprendizado da linguagem começa antes da criança dizer sua primeira

palavra. Começa quando a criança nasce e passa a integrar o mundo da

linguagem. Há autores que afirmam que este processo tem início ainda antes,

ou seja “in utero”.

Os bebês fazem vários sons diferentes, porém não utilizam para referir-

se a coisas ou objetos, ou seja, não os usam como símbolos. Os primeiros

sons dos bebês não são linguagem, porém estes sons têm função de

comunicação e estão intimamente ligados à emergência das palavras. (Bee,

1995).

Embora durante o primeiro ano de vida os gestos, as expressões faciais

e o olhar constituam os procedimentos mais importantes empregados pelo

bebê para especificar suas intenções, as produções vocais constituem também

um elemento que acompanha esses procedimentos, constituindo às vezes uma

forma de especificar seus desejos (Vila,1995).

Neste momento podemos ressaltar a importância da expressão de

estados subjetivos não só para regular as relações sociais, mas para a

sobrevivência. Uma criança é incapaz de conseguir seu alimento só, para

alimentar-se comunica ao adulto seu estado chorando, gesticulando ou

dizendo: “fome”, “papá”,...

As crianças começam a emitir suas primeiras palavras* por volta dos

12/13 meses, e é por volta dos 18-20 meses de idade que as crianças

começam a falar suas primeiras palavras referentes a estados internos. Antes,

porém elas, como já foi anteriormente citado, já são capazes de, entre outras

coisas, reconhecer expressões faciais de emoções e rótulos emocionais. O

14

vocabulário referente a estes estados é bastante aumentado durante o terceiro

ano de vida. (Bretherton, Fritz;1986, Munn, 1987; Ridgeway,1985).

Inicialmente o vocabulário da criança conta com palavras que se referem a

nomes de coisas ou pessoas como bola ou carro, depois aprendem os verbos

que nomeiam relacionamentos entre os objetos (Gleit &.Gleitman, 1992 apud

Bee, 1995).

No início, as crianças não compreendem que as palavras possuem

conotação simbólica e demoram muito tempo para desenvolver um pequeno

vocabulário. As primeiras palavras da criança são chamadas palavras pivô e

são um grupo que atinge mais ou menos 30 palavras, e depois disso, entre os

18 e 24 meses este padrão muda, e o vocabulário da criança se expande de

maneira muito acelerada, podendo ampliar seu vocabulário em 20 ou 30

palavras em semanas. Essas palavras são utilizadas pela criança,quando

reforçadas em diferentes contextos, por exemplo quando ela diz o vocábulo

“nenê” para referir-se a leite e obtiver esse leite, a criança passará a apresentar

essa vocalização em diferentes situações como para referir-se a dormir, a

garrafa, a outros alimentos líquidos. (Vila, 1995). O mesmo fenômeno pode ser

observado em relação à expressão de estados subjetivos pela criança.

Podemos inferir que esta ampliação do vocabulário se dá de maneira análoga?

Aos 28 meses as crianças usam mais rótulos que podem ser

categorizados como fisiológicos, volitivos e perceptuais que rótulos emocionais,

cognitivos e de obrigação moral (Bretherton e Beeghly, 1982).

A aprendizagem dos vocábulos precisa acontecer através da associação

entre “sinal” e “significado” (mãe nomeia certos comportamentos da criança e

nomeia o sentido do mesmo). Esta associação ocorre apenas pela repetição da

ocorrência e reforçamento. “A aprendizagem de palavras que entram na

15

constituição de relatos verbais de estados subjetivos não passa, todavia, pelo

crivo de uma modelagem tão eficiente. Dado que requer, por parte daquele que

aprende, a associação de um vocábulo com um evento observável por aquele

que ensina, faltam a esse último, indícios precisos das ocasiões em que devem

proporcionar um reforçador” (Engelman,1978).

Skinner em seu livro “O Comportamento Verbal” diz que:

“muitas vezes já se afirmou que muitos termos

subjetivos são metafóricos, ao menos na

origem. A linguagem da emoção, por exemplo,

é quase inteiramente metafórica; seus termos

formam tomados emprestados de descrições

de eventos públicos nos quais tanto a

comunidade como o indivíduo têm acesso aos

mesmos estímulos. Aqui a comunidade verbal

não pode garantir um repertório acurado,

porque as respostas podem ser transferidas de

eventos públicos para eventos privados com

base em propriedades irrelevantes” (Skinner,

1957)

Para se entender o comportamento verbal encoberto há de se entender

o comportamento verbal público. A comunidade verbal é que controla o que

deve ser público e o que deve ser privado (o comportamento verbal encoberto

também se adquire através da modelação por reforço diferencial pela

comunidade verbal). Como a comunidade verbal pode criar e manter o

comportamento verbal de estados subjetivos, quando não tem acesso aos

estímulos?

16

A expressão de eventos privados é uma extensão do tato, que pode ser

considerado a descrição de algo a que o outro não tem acesso. Quando nos

referimos a eventos privados ou estados subjetivos temos acesso apenas a

expressões públicas como o evento que causou uma lesão, choro da criança e

sua expressão facial e a partir disto somos levados a nomear o sentimento, por

exemplo “dor”. Assim quando a criança cair, chorar, passará, com o

aprendizado, a nomear seu sentimento (tato) e poderá receber assistência de

uma adulto, ou seja, modificará o comportamento do outro.

*palavra, como definem os lingüistas, é um som ou conjunto de sons usado

consistentemente para referir-se a uma coisa, ação ou qualidade.b Este som

não precisa ser exatamente como as palavras que os adultos usam.

Sobre a superregularização ou supergeneralização

Não existe dúvida que as crianças formam frases seguindo regras,

porém estas não são as regras da gramática adulta.

A superregularização ou supergeneralização trata-se de uma dessas

regras infantis; pode ser facilmente observada nos superlativos (“mais ruim” ou

“mais pior”) ou no passado verbal (com os verbos irregulares). A

supergeneralização demonstra que a criança cria formas que nunca ouviram,

mas que são lógicas em sua gramática atual. Normalmente esses erros são

eliminados na própria escola primária. (Bee,1995).

Nossa hipótese é de que “erros” ou supergeneralizações ocorram, assim

como em outras classes de palavras nas referentes a estados subjetivos.

Como se amplia a linguagem na criança?

17

A pergunta para os pesquisadores é se as crianças tendem a usar as

palavras de forma limitada ou ampla, sub ou superampliando os termos.

A subampliação é mais comum nos estágios iniciais, particularmente

antes da explosão dos nomes (Harns, 1992 in Bee,1995), porém a

superampliação pode ocorrer nesta fase. Com a explosão dos nomes, a

superampliação torna-se mais comum.

As superampliações, portanto, podem surgir do desejo da criança de se

comunicar e não significam que a criança deixa de fazer as discriminações

envolvidas (Clark, 1977 in Bee,1995).

Os pais podem contribuir para as superampliações das crianças.

Pesquisadores descobriram que as mães usam rótulos que julgam combinar

com as categorias das crianças, em vez de usar rótulos mais precisos

(caminhão de bombeiro – carro). Esse padrão sem dúvida auxilia a

comunicação entre a mãe e a criança nos primeiros estágios do

desenvolvimento da linguagem, mas ele pode contribuir para as

superampliações na linguagem inicial da criança.

Sobre o bilingüismo

A linguagem precoce que se estabelece entre as crianças e seus pais,

como já foi dito anteriormente, garante a sobrevivência e o desenvolvimento da

criança. Quando os pais tem duas línguas diferentes a criança pode apresentar

uma aquisição da linguagem mais tardia, mas com a ação correta de ambos

progenitores, logo as crianças bilíngües alcançarão as demais.

Sabe-se que a aprendizagem de uma segunda língua quando criança é muito

mais fácil, além da grande possibilidade de se tornar totalmente fluente na

língua e sem sotaque. Em países em que a população fala mais de um idioma,

18

como vários países da Europa, as crianças aprendem naturalmente dois ou

mais idiomas ao mesmo tempo, sem apresentar nenhum problema na idade

adulta. Para muitas crianças, a necessidade de ser bilíngüe começa na idade

escolar. Isso acontece, normalmente, quando os pais falam uma língua em

casa e na escola fala-se outra. Este é o caso de um de nossos sujeitos de

pesquisa que fala em casa apenas o inglês enquanto na escola o português.

Há autores que apóiam a idéia de que a capacidade de falar uma segunda

língua está instalada numa parte do cérebro na criança, ao passo que o adulto

encontra essa capacidade noutro local. Isto indica uma tendência de que a

aprendizagem de uma nova língua na pré-escola seja mais eficiente do que na

idade adulta. Quando o adulto aprende uma segunda língua, constrói novas

áreas no cérebro para armazenar as informações. No entanto, a criança que

aprende línguas incorpora-as na mesma área do cérebro onde estão

armazenadas as informações da primeira língua.

4) O que se entende por relato verbal de estado sub jetivo

Relato verbal é um termo introduzido por Watson para identificar

determinadas respostas verbais (ex: sinto-me triste), porém este não faz a

distinção entre relato verbal e as demais respostas verbais. A preocupação

com as distinções como as entre o relato verbal da introspecção e das

respostas verbais estudadas pelos lingüistas surgiu mais recentemente

(Engelman,1978).

O relato verbal de estados subjetivos é um sinal de ocorrência de um

acontecimento não observável, e o que ele relata deve surgir da pesquisa e

não da suposição de leigos. Segundo Engelman não se pode nem ao menos

confiar em fenômenos observáveis que sejam coocorrentes a esse relato, já

19

que há fatores culturais que levam a uma alteração ou suspensão desses

fenômenos (sinais, movimentos).

Uma característica dos relatos verbais que dificulta seu estudo é o fato

de não serem emitidos espontaneamente com freqüência, é necessário que o

pesquisador “provoque” seu aparecimento por instruções propositadamente

planejadas (Engelman,1978).

No que se refere a relato de estados subjetivos observamos grandes

semelhanças com os relatos referentes a coisas objetivas, na medida em que

se emprega o mesmo esquema lingüístico que surgiu para retratar fenômenos

externos. No estudo dos relatos de estados subjetivos deve-se atentar para os

adjetivos, que aparecem com maior freqüência (“estou feliz”). Pode, no entanto

ser um substantivo (“sinto uma tristeza”) ou um verbo (“estou duvidando”). O

traço lingüístico comum destes relatos verbais é o de constituírem aquilo que

Halliday (1970) chama de “cláusula de processo mental”, isto é, orações nas

quais é possível distinguir entre “atos” e “objetivo” (Engelman,1978).

5)Contexto sócio-histórico de relatos verbais de es tados subjetivos

Sabemos que linguagem e socialização são fatores intimamente ligados.

O homem precisa socializar-se para sobreviver e através da sociedade

aprende a linguagem; esta por sua vez regulará e facilitará as relações sociais.

Tendo em vista que a comunidade verbal é determinante no

desenvolvimento da fala: a língua e o vocabulário, as condutas de cada

indivíduo variarão de acordo com o ambiente verbal a que está inserido.

Skinner afirma que apenas quando o indivíduo interage com

contingências dispostas pela comunidade verbal pode aprender a responder

20

sob controle de condições corporais. Apenas quando o indivíduo vive numa

sociedade na qual é freqüentemente indagado sobre o que sente, é que

adquire comportamentos descritivos de sentimentos. Isso equivale a dizer que

o indivíduo é dependente da sociedade para conhecer a si mesmo. A

dependência resulta da impossibilidade do próprio indivíduo reforçar

diferencialmente suas respostas discriminativas (Skinner, 1945 in

Tourinho,1999)

A diferença entre as culturas ou entre as comunidades verbais influencia

a expressão, a fala de eventos privados. Acredita-se que as diferenças

culturais também são determinantes na freqüência e variabilidade dos relatos

de estados subjetivos. Pensando hipoteticamente: nos paises em que as

pessoas são mais reservadas, as relações sociais menos ricas, há uma menor

tendência a emitir relatos de estados subjetivos, próprios do sujeito.

Em relação ao tempo e evolução da humanidade observa-se uma menor

repressão no que diz respeito à expressão dos próprios desejos e sentimentos

o que pode ser indicador de aumento no vocabulário da criança pequena no

que se refere a estados subjetivos. E um aspecto positivo dessa mudança é o

aumento da compreensão das emoções do outro, o que beneficia, além da

convivência em grupo, a sobrevivência do indivíduo, na medida em pode-se

prestar ajudar, mais facilmente, àquele que expressa essa necessidade.

Se pararmos para analisar a evolução da humanidade, facilmente

encontraremos diferenças entre a sociedade atual e a de antigamente e as

conseqüências que estas desencadearam.

A Psicologia é um exemplo de ciência que encontrou forças nessas

mudanças sócio-históricas. Com a ascensão do capitalismo pudemos observar

grandes mudanças: uma valorização exacerbada do indivíduo em detrimento

21

do coletivo, da vida privada em relação à vida pública, e, consequentemente,

um maior desenvolvimento da Psicologia, que se propõe a estudar questões

que estão intimamente ligadas a essas transformações.

O estudo desenvolvido procurou explorar, na tentativa de elaborar meios

para elucidação, questões acerca da expressão verbal dos sentimentos ou,

como denominamos, estados subjetivos, que referem-se, essencialmente, a

vida privada do indivíduo, sendo, portanto, o acesso a ela um caminho com

inúmeras dificuldades.

A escolha por uma pesquisa de campo em que a mãe fará o registro dos

comportamentos dos próprios filhos deve-se a dificuldade em se presenciar

relatos de estados subjetivos em crianças pré-escolares. A pesquisa

laboratorial restringiria muito o acesso dos comportamentos que buscamos

observar, já que o pesquisador seria um sujeito estranho para a criança o que

poderia inibir sua fala, por isso foi feita a opção do check-list aplicado pela

própria mãe da criança que, possivelmente, acompanha os comportamentos

desta por mais tempo e com maior espontaneidade.

Pesquisas como a de Zelko, Duncan, Barder e Garber (1986) estudaram

as previsões de adultos sobre as reações emocionais de crianças. Seus

resultados mostraram que as previsões dos adultos foram mais de acordo com

as respostas de crianças mais velhas que das crianças pré-escolares. (Alves,

1993). Isto pode ser um indício de que os dados obtidos através dos adultos

podem não ser confiáveis. Porém, temos que considerar que neste estudo os

informantes não eram pais de crianças nas idades especificadas.

E o relato de pais de crianças em idade pré-escolar, seriam confiáveis?

22

Bretherton e Beeghly (1982) argumentam que quando os

comportamentos alvos são infreqüentes, os pais têm maior chance de observa-

los do que um psicólogo visitante. Argumentam também que, uma vez que os

pais tendem a evitar situações emocionais muito carregadas na presença de

visitas, algumas falas das crianças comuns a estas situações não seriam

observadas, e os pais poderiam relata-las posteriormente. Além disso, com

base no trabalho de Bloom e Lashey (1978), elas argumentaram que mesmo

quando as crianças conheciam bem os experimentadores, eles parecem usar

menos linguagem de emoção na sua presença. Outra razão para usar os

dados obtidos com mães é que, por serem elas que, geralmente passam a

maior parte do tempo com a criança, têm mais condições de interpretar o que a

criança falou em uma determinada situação. Bretherton e Beeghly (1982) ainda

afirmam que estudos prévios demonstram que dados confiáveis podem ser

obtidos da mãe, se a informação requerida for restrita ao comportamento

presente da criança e a mãe for solicitada a dar exemplos específicos.

(Alves,1993). Outras pesquisas confirmaram estas afirmações, o que nos

permite justificar a metodologia adotada no presente estudo.

6)Contribuições da Análise do Comportamento na comp reensão dos

relatos de estados subjetivos

A compreensão dos relatos de estados subjetivos baseia-se no

comportamento público (a verbalização), mas supõe-se que este é mobilizado

por fatores “internos”, que acontecem sob a pele do indivíduo e aos quais só

ele tem acesso direto. A comunidade, por sua vez, é quem instala os

comportamentos de relatar, utilizando-se de estratégias básicas, baseadas em

acompanhamentos públicos. (Malerbi&Mattos, 1992).

23

Estudos em análise do comportamento apontam o tato (“tact”) como um

operante verbal essencial na compreensão do relato de estados subjetivos.

Uma resposta é evocada por objeto ou eventos particulares ou por uma certa

propriedade de um objeto ou evento. A relação é expressa na afirmação de que

a presença deste evento ou objeto aumentará a probabilidade de ocorrência

daquele operante verbal. Este estímulo que antecede o tatear é de natureza

não verbal, e o controle exercido por este estímulo é estabelecido pela

comunidade verbal através do reforçamento diferencial.

Segundo Malerbi e Mattos (1992), os eventos privados englobam uma

série de comportamentos como estímulos interoceptivos (originários dos

sistemas digestório, respiratório e circulatório), estímulos proprioceptivos

(gerados pela posição e pelo movimento do corpo no espaço e das partes do

corpo entre si) e estímulos nocioceptivos (resultantes de lesões de tecidos que

sofrem agressões físicas, químicas ou biológicas em qualquer parte do

organismo), ou seja estímulos que só podem ser observados pelo indivíduo

que entra em contato com os mesmos. Porém encontramos nos textos de

Skinner e outros analistas do comportamento que ora a expressão “eventos

privados” significa interno, ora significa inacessível à observação. Ao se falar se

privado como interno, a intenção é enfatizar as circunstâncias nas quais

eventos do próprio organismo afetam seu comportamento subsequente como

relatado por Malerbi e Mattos. Quando se fala do privado como inacessível à

observação pública, pretende-se enfatizar que um aspecto especial daquele

tipo de ocorrência é a impossibilidade de ser observado de modo direto por

outros indivíduos (Tourinho,1999)

24

“Os seres humanos apresentam o

comportamento de tatear eventos privados,

da mesma maneira que o fazem para

eventos públicos. A resposta ”meu estômago

está embrulhado”, por exemplo, está

particularmente sob o controle de um evento

para o qual apenas o autor da fala pode

reagir, desde que ninguém mais possa

estabelecer conexão com o estômago em

questão. Não há nada de misterioso ou

metafísico neste caso; o fato é que cada

orador possui um mundo de estímulos

privados pequeno, mas importante” (Skinner,

1959 in Malerbi & Mattos, 1992)

As reações a estímulos privados são muito semelhantes às reações a

estímulos públicos. Skinner as diferencia em relação à intimidade e

familiaridade com que o indivíduo tem acesso aos estímulos que ocorrem sob a

sua pele e que lhe conferem um caráter especial. Em decorrência dessa

privacidade, a comunidade não pode apontar o estimulo discriminativo de um a

resposta verbal quando este é um evento privado; ela apenas infere a sua

existência a partir da própria resposta do indivíduo, o que prejudica o

estabelecimento de um relação funcional entre estímulos e respostas. Além

disso, mesmo que se consiga expor esses eventos internos em laboratório,

através de uma invasão instrumental, permanece o fato de que, no episódio

verbal fora do ambiente experimental, os eventos são privados e, dessa forma,

25

cabe-nos explicar como a comunidade consegue apresentar as contingências

de reforçamento necessárias à aquisição e manutenção dessa resposta.

Para a comunidade verbal é muito importante ter acesso também aos

estímulos privados dos indivíduos. O conhecimento dos mesmos,

particularmente aqueles relacionados à saúde do indivíduo pode ser um fator

de sobrevivência daqueles. Sem o conhecimento deste estado do indivíduo,

dificilmente a comunidade poderia ajuda-lo. “Para atingir o objetivo de ganhar

acesso aos eventos privados de seus membros, a comunidade instala nos

indivíduos um repertório de comportamentos de auto-observação e de auto-

descrição”( Skinner, 1974 in Malerbi & Mattos,1992).

O indivíduo aprende a relatar os eventos privados através de quatro

estratégias utilizadas pela comunidade verbal. A primeira consiste em reforçar

estímulos públicos associados a estímulos privados, tornando o reforçamento

contingente à resposta do indivíduo. Esta estratégia só é válida quando a

comunidade dispuser de estímulos exteroceptivos que acompanhem estímulos

internos, mesmo assim não há como a comunidade ter controle sobre a

variabilidade com que esses estímulos podem ocorrer dentro do indivíduo,

gerando relatos verbais imprecisos.

A segunda estratégia enfoca as respostas colaterais (não verbais,

porém públicas) que ocorrem, supostamente, aos mesmos estímulos privados,

como por exemplo, quando põe a mão na mandíbula (resposta colateral) e a

comunidade infere uma certa estimulação privada (dor de dente). A

comunidade oferece o modelo da resposta verbal (“Dói seu dente?”) e reforça a

resposta verbal apresentada pelo indivíduo (“Meu dente dói”). Neste caso a

restrição refere-se a impossibilidade da comunidade verbal reforçar

26

diferencialmente o relato de dor na presença ou ausência de dor, o que

prejudica a aquisição de um resposta verbal precisa (a pessoa pode por a mão

na mandíbula sem estar com dor de dente).

Outra estratégia consiste na descrição que o indivíduo faz de seu

próprio comportamento encoberto em reação a estímulos privados. O

comportamento encoberto é uma subclasse de eventos internos, que engloba

estímulos e respostas e é executado numa escala tão pequena que a

comunidade verbal é incapaz de observar. Após modelada a resposta pela

comunidade verbal ela pode, com o tempo, ficar apenas sob controle de

estímulos internos. Nesta estratégia também pode haver falhas quanto à

precisão do tatear eventos internos, uma vez que a resposta verbal que era

controlada pelos eventos públicos passa a ser controlada pelos eventos

privados, sem que a comunidade tenha acompanhado essa passagem.

Na última estratégia, uma resposta que é adquirida e mantida em

conexão com estímulos públicos pode ser emitida, através de analogia, na

presença de eventos privados, com base em propriedades coincidentes destes

dois conjuntos de estímulos. Por exemplo “explodir de raiva”, que segundo

Skinner pode ser classificado como tatear estendido; quem observa a

similaridade é o próprio orador, em cujo interior ocorrem os estímulos privados,

o que também não garante precisão do relato verbal.

Através destas estratégias a comunidade verbal é capaz de fornecer

reforçamento para as respostas verbais controladas por eventos privados,

mesmo não tendo acesso direto a estes estímulos. Porém os comportamentos

instalados carecem de precisão e esta é a razão pela qual o tatear sob o

controle de eventos privados não forma um vocabulário estável, aceitável e

razoavelmente uniforme (Malerbi&Mattos, 1992).

27

Segundo Malerbi & Mattos (1992), apesar das dificuldades em se

estudar a linguagem dos eventos privados, a importância das conseqüências

do comportamento verbal por si só, justifica trabalhos de pesquisa que visem

esclarecer procedimentos e identificar as variáveis atuantes na área. É muito

provável que pesquisadores, de qualquer orientação teórica, precisem recorrer

a relatos verbais sempre que precisarem obter informações a respeito de

eventos privados ou de comportamentos pouco acessíveis à observação (como

comportamento sexual e uso de drogas) (De Rose, 1997).

Segundo a Análise do Comportamento, os estados subjetivos

(emocionais) estão inclusos na categoria “eventos privados” dentro classe

comportamento verbal.

“A propriedade característica do tato é,

portanto, o controle singular que algum

aspecto do ambiente exerce sobre a forma

da resposta. Neste sentido o tato é o

operante verbal que tem uma relação de

correspondência (referência) com o mundo

externo e, por esta razão, emerge como o

mais importante dos operantes verbais”

(Skinner, 1957 in De Rose,1997)

O tato permite ao ouvinte inferir algo a respeito das circunstâncias,

independente das condições do falante, e é de suma importância para o

comportamento verbal, principalmente de estado de coisas que não é

conhecido pelo ouvinte.

28

No que diz respeito à validade das inferências feitas pelo ouvinte,

estas dependerão do grau de controle discriminativo exercido sobre o tato pelo

estado de coisas em que o pesquisador está interessado.

A correspondência entre o relato e o estado de coisas a que

supostamente se refere depende basicamente de duas categorias variáveis,

que podemos distinguir como variáveis de controle de estímulo e variáveis de

reforço.

As variáveis de controle de estímulo afetam a precisão do controle

exercido pelas propriedades de estímulos. A precisão depende do grau de

acesso do sujeito ao estímulo discriminativo, do grau de acesso da

comunidade verbal aos estímulos quando o repertório está sendo estabelecido,

e dos procedimentos utilizados pela comunidade para estabelecer e manter o

repertório. Há diferenças entre o grau de controle exercido por estímulos

manifestos e privados. Quando manifestos, tanto o sujeito quanto a

comunidade verbal tem acesso aos estímulos, o que facilita a utilização de

procedimentos que aperfeiçoam o controle discriminativo. Assim garantindo a

aquisição de tatos, razoavelmente precisos de eventos e propriedades

corriqueiras do ambiente (objetos, cores, formas, etc). O mesmo não ocorre no

caso de propriedades mais sutis como discriminar uma nota musical ou uma

safra de vinho (De Rose, 1997).

Os estímulos privados encontram uma limitação no grau de controle

que pode ser exercido, uma vez que a comunidade verbal não tem acesso ao

estímulo. A comunidade verbal, portanto, só pode estabelecer um repertório de

tatos sobre eventos privados, como já foi dito anteriormente. Uma outra

dificuldade é a própria imprecisão dos receptores sensoriais que respondem

aos estímulos internos. Assim vemos que as discriminações que o sujeito pode

29

desenvolver a respeito de si (de seu mundo privado) são menos precisas do

que ele pode desenvolver sobre o mundo externo.

7- O Autoconhecimento

O autoconhecimento é de origem social. E é apenas quando o mundo

privado de uma pessoa se torna importante para as demais é que ele se torna

importante para ela própria. Uma pessoa que tornou-se “consciente” de seus

próprios sentimentos através da de perguntas que lhe formam feitas terá maior

facilidade para prever e controlar seu próprio comportamento (Skinner,1974).

O conhecimento acerca de estados de nosso corpo, nossos

sentimentos só é possível na medida em que, como já foi dito anteriormente a

comunidade verbal nos “ensina”, através de estratégias baseadas em

acontecimento público, a discriminar e relatar coisas que acontecem “sob a

nossa pele”.

Sobre o reforço generalizado

“O controle de estímulos só é estabelecido, no entanto, através do

reforço. No caso do tato, a precisão do controle pelo estímulo discriminativo

depende criticamente da presença de reforço generalizado no estabelecimento

e manutenção deste operante. É o reforço generalizado que evita a influência

dos estados momentâneos de privação do indivíduo, maximizando o controle

pelo estímulo discriminativo” (De Rose,1997). O reforço generalizado pode ser

mais importante durante a aquisição do tato. Posteriormente, a resposta pode

ser reforçada pelos efeitos que produz no ouvinte.

30

A presente pesquisa pode ser caracterizada como estudo de exploração,

buscando elaborar meios para elucidação de questões acerca da expressão

verbal dos sentimentos ou, como denominamos, estados subjetivos, que

referem-se, essencialmente, à vida privada do indivíduo, sendo, portanto, o

acesso a ela um caminho com inúmeras dificuldades e, por este motivo, dados

sobre a aquisição de relatos de estados subjetivos em crianças são bastante

escassos. Mesmo que já se tenha estudado sobre isto, os dados ainda são

muito poucos tendo-se em vista a dificuldade metodológica para estudar esses

eventos. Não há muitos modelos de pesquisa, métodos, portanto este estudo

procura abrir portas para novas pesquisas.

Poderia apontar como uma das dificuldade em realizar um estudo sobre

o desenvolvimento: o acesso aos relatores (as crianças). Piaget estudou os

comportamentos dos próprios filhos e muitas outras pesquisas sobre o

desenvolvimento humano foram realizadas dessa forma. E quando não se têm

filhos, como observar o comportamento da criança o “tempo todo”?

Mesmo que esta questão fosse resolvida, dificilmente um pesquisador

teria mais que dois ou três filhos, o que não seria um número muito significativo

quando se tenta fazer um estudo do desenvolvimento das crianças, ou de uma

tendência deste. O que pode então ser descoberto com tantas restrições e

dificuldades metodológicas que este objeto de estudo demanda?

A alternativa utilizada neste estudo foi o trabalho mães de crianças.

Estas, observavam os comportamentos das crianças e faziam o registro dos

termos de estados subjetivos em folhas do tipo check-list.

31

Método

Participantes:

Participaram da pesquisa 3 (três) mães de crianças com idades variando

entre 2 e 5 anos do sexo feminino. As mães, duas com nível superior completo

e uma incompleto, foram as informantes dos comportamentos das crianças em

situação natural. O sujeito 1 tinha 2 anos, o sujeito 2: 3 anos e o sujeito 3 tinha

5 anos. O sujeito 2 falava inglês em casa e português na escola (bilíngüe),

enquanto os outros dois falavam apenas português.

Material/ Instrumentos:

Foram utilizadas folhas de registro do tipo ‘Check-List’ (anexo 1 e 2) em

que a mãe fez as anotações dos comportamentos da criança (dos relatos

verbais) e dos contextos em que eles ocorreram, alem disso havia espaço para

a mãe anotar sua percepção em relação aos comportamentos (estados

subjetivos) do filho quando este não verbalizava.

Parte deste material, o check-list 1, foi desenvolvido com base no

questionário de Alves (1993) que inclui termos observados no relato de

crianças (Alves, Cabral, Dias, Feitosa, Monteiro, Nascimento, Silva, Wanzeler e

Engelman, 1991) numa pesquisa que utilizava poucas palavras e instruções

claras. Foram adicionados à folha de registro campos para anotação do

contexto em que as falas foram emitidas. Além disso as palavras que compõe o

instrumento foram também baseadas no relato de mães acerca do vocabulário

do filho.

O check-list 2 foi estruturado a partir da necessidade de se obter mais

informações acerca do relato das crianças. Neste a mãe deveria discriminar o

32

estado subjetivo em que seu filho se encontra e contrastar com o relato do

mesmo.

Procedimento:

Antes de se dar início a coleta de dados, a pesquisadora deu instruções

orais às mães sobre a pesquisa: objetivos e procedimentos.

As coletas foram feitas por meio dos check-list 1 e 2 que as mães das

crianças preencheram semanalmente durante dois meses não consecutivos

(junho e outubro). Tendo em vista que os comportamentos das crianças são

infreqüentes, os pais têm maior chance de observá-los do que um pesquisador

visitante. Além disso, a observação ocorreu na situação natural, reduzindo as

variáveis que poderiam vir a interferir no comportamento observado.

O registro foi feito a partir das lembranças das mães acerca dos relatos

das crianças para que não se sobrecarregasse a mãe, o que possivelmente a

tornaria menos cooperativa.

Análise e tratamento dos resultados:

A primeira folha de registro permitiu analisar variabilidade dos relatos

das crianças, além do contexto em que os termos foram emitidos. E a segunda

folha de registro nos permitiu obter dados acerca da correlação observada pela

mãe entre as expressões (não-verbais) e eventos externos que possivelmente

identificariam o estado subjetivo e o relato da criança.

Foram considerados apropriados, os relatos que continham termos

denotativos de estados subjetivos do sujeito ou de outra pessoa (Ex: “estou

alegre”, “estou feliz” “ele esta com vergonha”). Foram considerados

inadequados referências à coisas, objetos (Ex: “isso é muito interessante” -

33

interessado) e quando o relato não continha o termo (Ex: “quando a gente ia...”

–lembrando).

34

Resultados

Nas figuras as linhas azuis representam a freqüência de termos

utilizados pelas crianças para se referirem a estados subjetivos em um

contexto que foi considerado apropriado (descrito anteriormente). As linhas cor

- de –rosa representam a freqüência de termos utilizados pelas crianças para

se referirem a estados subjetivos em um contexto considerado inapropriado. E

as linhas amarelas representam os estados subjetivos observados pela mãe,

mas que não foram verbalizados pelas crianças.

Frequencia de termos (sujeito 1)

0

2

4

6

1 2 3 4 5

semana

num

ero

de

term

os

apropriado

inapropriado

estado semverbalizaçao

Fig 1. Freqüência de termos durante as semanas (sujeito 1: 2anos)

Neste gráfico podemos observar um decréscimo tanto dos termos

apropriados quanto inapropriados do sujeito, ocorrendo apenas um pequeno

aumento dos termos apropriado na ultima semana enquanto os inapropriados

permaneceram constantes.

Estado da criança observado pela mãe em que não ocorreu

verbalização foi apenas um na segunda semana da primeira coleta.

35

Frequência de termos (sujeito 2)

05

1015202530

1 2 3 4 5 6 7 8

semana

núm

ero

de te

rmos

apropriado

inapropriado

estado semverbalização

Fig. 2 Freqüência de termos durante as semanas (sujeito 2: 3anos)

O sujeito 2, de maneira geral, apresentou um aumento no numero de

termos utilizados. Os termos inapropriados permaneceram baixos durante toda

a coleta; na 6a. semana ocorreram 3 termos inapropriados que foi o escore

máximo.

Estado da criança observado pela mãe em que não ocorreu verbalização

foi apenas um na sexta semana da primeira coleta.

Frequencia de termos (sujeito 3)

0

5

10

1 2 3 4 5

semana

num

ero

de

term

os

apropriado

inapropriado

estado semverbalizaçao

Fig.3. Freqüência de termos no decorrer das semanas (sujeito 3: 5anos)

Na primeira coleta houve um aumento do numero de termos

apropriados; os termos inapropriados permaneceram nulos e os estados sem

36

verbalização caíram de um para zero. Na segunda coleta houve, na primeira

semana, um aumento tanto dos termos apropriados quanto inapropriados,

enquanto os estados sem verbalização permaneceram constantes. Na segunda

semana (2a. coleta), um decréscimo acentuado dos termos apropriados correu,

enquanto os termos inapropriados e estados sem verbalização cresceram. Na

terceira semana (2a. coleta) os termos apropriados voltaram a aumentar e os

inapropriados e estados sem verbalização diminuíram.

Dos termos utilizados pelas duas crianças que falavam português tanto

em casa quanto na escola e a que falava inglês em casa e português na

escola, encontramos alguns termos que todas utilizavam: triste, cansado,

com saudade e querendo , outros porem, que nenhuma delas verbalizava:

aliviado, com nojo, calmo e interessado.

Observa-se um baixo numero de registro de estados sem verbalização

em todos os sujeitos.

37

Discussão

A partir dos resultados obtidos, em que medida pode-se afirmar que este

estudo atendeu aos objetivos propostos: seu método permitiu chegar a algum

dado relevante? E quanto a sua relevância para estudos posteriores?

Segundo Skinner o mundo que está sob nossa pele virá um dia a ser

totalmente explicado pela anatomia e fisiologia, porém enquanto isto não

acontece não podemos ignorar esse mundo ao qual podemos ter acesso

apenas através dos sentidos, da experiência de cada um. As dificuldades, hoje

ainda são muitas ao se propor um estudo científico desses eventos; o presente

estudo possibilitou a observação de algumas dificuldades e apontou alguns

caminhos.

Expressar os eventos privados tem algumas funções como: comunicar a

um médico um mal-estar e ser ajudado; dizer ao outro nosso sentimento em

relação ao mesmo (relações sociais), também são úteis para previsão e

preparação daquilo que uma pessoa irá fazer, entre outros, enfim expressar os

eventos privados é dar informação acerca de um mundo situado além do

alcance de outras pessoas. Para que o indivíduo dê informações sobre estes

eventos que são acessíveis apenas ao próprio indivíduo a comunidade precisa

ensina-lo a discriminar. Esta é uma tarefa muito complicada, uma vez que não

se pode apontar diretamente os comportamentos. As discriminações que o

sujeito pode desenvolver a respeito de si, de seu mundo privado são menos

precisas do que ele pode desenvolver sobre o mundo externo.

“A comunidade pode ensinar uma criança a nomear as cores de varias

maneiras. Pode, por exemplo, mostrar-lhe objetos coloridos, pedir-lhe que

responda com os nomes das cores, e elogia-la ou corrigi-la quando suas

respostas correspondem ou deixam de corresponder às cores dos objetos. Se

38

a criança tem visão normal das cores, esperamos que aprenda a identifica-las

corretamente. No entanto, a comunidade verbal não pode seguir a mesma

pratica para ensina-la a descrever os estados de seu próprio corpo porque

não dispõe das informações necessárias para poder elogia-la ou corrigi-la”

(Skinner,1974)

A comunidade, de certa forma, conseguiu solucionar este problema da

privacidade utilizando-se de algumas estratégias que já foram anteriormente

citadas e que, provavelmente foram utilizadas pelas mães das crianças da

presente pesquisa como a observação de efeitos colaterais de estados

subjetivos da criança, como por exemplo: ao ver o filho bocejar a mãe pode

inferir que a criança está com sono, além disso há eventos públicos

relacionados a um evento privado como um corte: uma mãe pode observar o

filho que caiu e fez um corte, a partir disso pode inferir que criança sente dor. O

registro do contexto em que ocorreram as verbalizações da crianças permitiram

a observação de algumas dessas estratégias.

Uma outra característica dos relatos verbais de estados subjetivos que

dificultam o seu estudo é o fato de não serem emitidos espontaneamente com

freqüência, sendo necessário, muitas vezes que o pesquisador “provoque” seu

aparecimento por instruções propositadamente planejadas (Engelman, 1978).

Como acreditamos que seria muito difícil observar esses comportamentos, uma

vez que o pesquisador seria uma pessoa estranha, que poderia inibir os

comportamentos a serem observados, optamos pelo registro das observações

feitas pelas mães das crianças, além disso pensamos ser menos invasivo para

crianças pequenas que estariam todos os dias durante determinado período na

presença de uma pessoa estranha com o objetivo de observá-la.

39

Porém, além de restringir a observação, outras dificuldades foram

encontradas neste método como a não padronização dos registros, ou seja, as

mães não discriminavam contextos apropriados de inapropriados da mesma

maneira, o que pode estar relacionado com o fato de não ter sido feito um

treino com essas mães ensinado como discriminar os estados dos filhos. Outra

solução poderia ter sido a realização de uma linha de base.

Algumas falhas de instrução foram corrigidas após o estudo piloto como

a forma de registro que passou a ser menos rígida: não mais se anotaria o

número de vezes que a criança disse o termo, mas se falou ou não durante

aquela semana, também as falas das crianças não precisariam ser como a dos

adultos, falas infantilizadas:“ói” para dói também seriam consideradas, entre

outras. Porém outras foram constatadas apenas após a coleta dos dados.

Levantamos algumas possibilidades de melhora como: um treino utilizando-se

de recursos audiovisuais em que a mãe veria exemplos de crianças relatando

estados subjetivos e os possíveis efeitos colaterais e eventos relacionados;

assim, além de fazer uma linha de base, seria possível ensinar a mãe a

discriminar melhor o estado subjetivo da criança. Outra possibilidade seria a

utilização de um microfone de lapela na criança que pudesse estar ligado por

um tempo considerável. O pesquisador, assim, poderia fazer a transcrição e

análise dos dados coletados. Isso talvez possa dar ao pesquisador

oportunidade de fazer uma avaliação de fidedignidade do registro da mãe.

Apesar da amostra não ser significativa, alguns dados interessantes

foram encontrados. Era esperado que as crianças apresentassem um

vocabulário bem maior na segunda coleta, uma vez que é apontado na

literatura que o desenvolvimento da linguagem é bastante acelerado nesta fase

(pré-escolar). Os dados do presente estudo não estão em concordância com a

40

literatura. A que isso se deve? Será que o desenvolvimento do vocabulário

referentes a estados subjetivos se dá de forma diferente? Ou a mãe não

conseguiu registrar os relatos das crianças?

Em alguns pontos a curva foi decrescente, como acontece no sujeito 1, o

que pode estar relacionado com a motivação da mãe no preenchimento dos

check-lists (quando já não era novidade). Essa hipótese foi levantada a partir

da constatação de que houve uma diminuição de todos os registros, assim

poderíamos pensar numa diminuiçao sistemática das observações da mãe em

relação aos comportamentos da criança, uma vez que os registros apropriado,

inapropriado e estado sem verbalização diminuíram.

Através dos gráficos é possível observar claramente o número de termos

utilizado pelo sujeito 2 (3 anos) que é muito superior ao dos demais. A que isso

se deve? Será que a criança 2 sabe bem mais termos que a 1 (2 anos) e a 3 (5

anos)?

Essas questões talvez não possam ser respondidas a partir dos dados

coletados. Podemos sim, levantar algumas hipóteses, por exemplo: de que a

mãe desta criança é muito mais contingente aos comportamentos da criança,

que ela passa mais tempo na companhia de sua filha, ou ainda que na família

em questão são utilizados mais termos denotativos de estados subjetivos e a

criança a é mais estimulada a utiliza-los.

Era esperado que a criança mais velha utilizasse mais termos, tivesse

um vocabulário mais rico que as demais, mas como já foi dito, não foi o que

aconteceu. Neste estudo, exploratório, como já foi dito, não houve

preocupações no controle de variáveis como: número de horas que a mãe

passa com criança, o que talvez fosse importante observar, uma vez que as

41

crianças menores demandam maior tempo de cuidados da mãe, enquanto as

crianças maiores têm um contexto social, uma rede de relacionamentos maior

e mais rico. Este fator pode ter sido o responsável pelo menor índice de

verbalizações do sujeito 3 (5 anos) em relação ao sujeito 2 (3 anos). Outra

hipótese é de que o sujeito 2, por ser bilíngüe tem um repertório maior, uma

vez que aprende português na escola e inglês em casa, podendo fazer as

correlações entre os termos o que vai de encontro a dados da literatura citados

anteriormente.

Em relação à consistência dos dados coletados por este método de

estudo, constatou-se que seria necessário trabalhar com mais díades (mãe-

criança), uma vez que o vocabulário verbal é muito variável de uma criança

para outra sendo portando necessário trabalhar com uma amostra muito maior

para se encontrar algum padrão comportamental. Outro agravante em relação

a essa amostra foi a idade das crianças ser diferente (2,3 e 5 anos). Como

saber se o sujeito desta pesquisa era uma criança com um repertório médio,

acima ou abaixo da média? E entre as crianças deste estudo, estariam todas

na média? Além disso, talvez o tempo tenha sido restrito, porém nem todas as

mães mostraram-se dispostas a realizar mais registros.

O instrumento (check-list) foi uma forma encontrada de sistematizar as

observações das mães e isto, de certa forma, ocorreu, uma vez que a folha de

registro continha a maioria dos termos observados pelas mães que marcavam

com um “X” as respostas das crianças. Além disso, o preenchimento, podemos

dizer, aconteceu de forma consistente, uma vez que acreditamos que as mães

escreveram o que de fato as crianças relataram, porém muitos relatos foram,

possivelmente perdidos, ou seja as mães não observaram porque não estavam

42

presentes ou não conseguiram, por algum motivo fazer esse registro

(esquecimento, por exemplo). Surge aqui mais uma pergunta: essa “perda”,

utilizando aqui um termo da Psicofísica, é significativa? Como solucionar este

problema? Talvez pensar em um microfone de lapela ligado durante vinte e

quatro horas na criança, já que o observador não é perfeito.

A mesma discussão pode ser levantada em relação ao contexto:

provavelmente as mães anotaram o contexto em que o relato ocorria, mas e os

relatos que ela não observava? Será essa a explicação para os relatos em

contexto inapropriado serem tão poucos (quando classificado pela mãe)?

Talvez as mães esqueçam dos relatos em contextos inapropriados o que não é

condizente com as teorias da memória, que afirmam que o que é mais

discrepante é mais lembrado. Ou ainda, poderíamos pensar que as crianças

são muito precisas ao relatar os eventos privados o que se opõe à teoria de

Skinner, que sugere ser mais difícil discriminar eventos privados.

O instrumento também apresenta limitações: não se têm informações a

respeito de como as discriminações das mães acontecem, não há

padronização ou foi feita uma linha de base. Além disso, não foi reservado

espaço para o registro de ocorrências na semana, o que poderia ser estímulo

para determinadas verbalizações (ex: viagens, lutos, visitas, ...).

O baixo índice de registro no que diz respeito aos estados observados

pela mãe em que não ocorreram verbalizações pode se dever ao fato da

ênfase dada pelo pesquisador às verbalizações.

Após discutir um pouco sobre o método, o que concluir sobre o relatos

das crianças?

43

A amostra estudada foi pequena, o que não nos permite fazer

generalizações acerca dos resultados, porém observamos dados que parecem

relevantes: alguns termos que apareceram na fala de todas as crianças (triste,

cansado, com saudade e querendo) e outros que não apareceram em

nenhuma delas (aliviado, com nojo, calmo e interessado).

Pensando agora, numa análise qualitativa dos dados, talvez

pudéssemos dizer que os termos utilizados por todas talvez digam respeito a

estados em que a criança precisa de alguém para “aliviá-la”, ajudá-la, confortá-

la. Já as palavras que não foram utilizadas por nenhuma criança estão

comunicando estados em que, exceto “nojo”, não procuramos ajuda, conforto,

etc. Talvez nojo seja um tanto “refinado”, uma vez que podemos dizer “não

gosto” , “tenho medo” para sermos afastados da situação que causa “nojo”.

Outro dado interessante é que a grande maioria dos termos relatados

estavam em primeira pessoa o que pode se dever a idade das crianças e do

egocentrismo típico da infância.

Tendo em vista o texto acima podemos apontar a relevância desta

monografia como estudo exploratório, na medida em que levanta

questionamentos e aponta caminhos para o estudo do relato verbal de estados

subjetivos; assunto este tão interessante e importante, porém com dados, até

hoje, escassos pelas próprias dificuldades metodológicas.

44

ANEXOS

45

Análise de riscos e benefícios

Antes de dar início aos procedimentos de pesquisa, os possíveis

participantes receberão esclarecimentos sobre o objetivo e procedimentos da

pesquisa.

A participação do sujeito é livre sendo apenas realizados os

procedimentos após seu consentimento. Se, após o início da pesquisa, por

algum motivo o participante sentir-se prejudicado ou precisar abandonar a

pesquisa por qualquer outro motivo, ele está livre para fazê-lo.

Serão mantidos em sigilo o nome dos participantes garantido seu direito

de privacidade.

A pesquisa será realizada em situação natural para que não sejam

alteradas as rotinas da mãe nem da criança.

A vivência proporcionada pela pesquisa pode trazer benefícios em

relação a compreensão da mãe sobre a criança no que diz respeito ao relato

de seus sentimentos, já que será dispensada uma maior atenção em relação a

esse aspecto.

46

Consentimento Livre e Esclarecido Senhora, Estamos interessados em estudar o comportamento verbal, e para isso realizamos nossos trabalhos no Laboratório de Estudos do Comportamento Humano da Universidade Federal de São Carlos.

Uma dessas pesquisas, que é conduzido por mim e pelo Professor Doutor Júlio César Coelho de Rose, tem o nome de “Estudos denotativos de estados subjetivos em relatos verbais em crianças pré-escolares” e tem o interesse de estudar os nomes de sentimentos que as crianças falam no período inicial da linguagem.

A pesquisa será realizada com a colaboração das mães que farão a observação e registro dos comportamentos da criança em situação natural, sem que sejam alterados rotinas ou ambientes. As mães devem fazer o registro a partir das lembranças das observações da semana, sem que a tarefa a sobrecarregue. Os registros deverão ser feitos semanalmente durante dois meses.

A mãe tem total liberdade e direito de se recusar a participar ou retirar seu consentimento, em qualquer fase da pesquisa, sem penalização alguma e sem prejuízo ao seu cuidado. A mãe e a criança terão a garantia do sigilo que lhes assegure privacidade quanto aos dados confidenciais envolvidos na pesquisa.

Para esclarecimentos e eventuais dúvidas estão disponíveis os telefones para contato com o professor e aluna responsável pela pesquisa: Ana: 272-1539 e Júlio: 260-8492

Estamos lhe convidando a participar desse estudo. Se você concordar em participar, por favor, assine o termo abaixo.

Atenciosamente, __________________ __________________

Júlio Cesar C. de Rose Ana Dourado

TERMO DE CONSENTIMENTO Eu, ______________________, ciente dos procedimentos implicados na

pesquisa “Estudos denotativos de estados subjetivos em relatos de crianças de 24 a 36 meses”, sob a responsabilidade de Júlio César C. de Rose e da aluna Ana Dourado consinto minha participação no estudo.

Data:___/___/____

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QUESTIONÁRIO DA PESQUISA “ESTUDO DE TERMOS DENOTATI VOS DE ESTADOS SUBJETIVOS EM RELATOS DE CRIANÇAS PRÉ-ESCOL ARES”

Prezada Senhora, Estamos realizando uma pesquisa para saber que nomes de sentimentos as crianças falam no período inicial de aquisição da linguagem. Para alcançar esse objetivo, estamos pedindo a sua colaboração. O que você tem que fazer é simples: ouvir os relatos de seu filho acerca de seus sentimentos e preencher as folhas de registro. Se você concordar em participar, preencha os dados abaixo: (OBS: Os nomes serão mantidos sob sigilo) Nome da criança:_______________________________________________ Nome da mãe:_________________________________________________ Idade do pai:_________________e da mãe:________________ __________ Profissão do pai:____________________________________________ ____ Profissão da mãe:_______________________________________________ Grau de instrução do pai:__________________________________________ Grau de instrução da mãe:______________________________________ ___ Data do nascimento da criança: ___/___/_____ Sexo:___________________________________________________________ Ordem de nascimento (se 1º, 2º filho, ect):______________________________ Tempo em que a mãe passa com a criança durante a semana:________________ E final de semana:________________________________________________ Idioma (s) falado (s) em casa:_______________________________________ E na escola:_____________________________________________________

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Roteiro de explicações:

1.Explicação acerca da pesquisa: o que pretendemos estudar e

o objetivo; o objetivo desta pesquisa é levantar informações sobre as falas das

crianças sobre os sentimentos (esclarecer o que estamos considerando sentimentos)

2. A importância da colaboração das mães para a rea lização da pesquisa; A importância de sua colaboração se deve ao fato de que o observador seria um estranho e a criança poderia Ter seu comportamento inibido, além de Ter sua rotina alterada

3. Sigilo dos nomes (confidencialidade) os nomes, tanto da mãe quanto da criança, não serão divulgados em qualquer lugar

4. Método: preenchimento dos check-list. (como deve rá ser feito , por quanto tempo e com que periodicidade); os registros devem ser feitos a partir das lembranças da mãe acerca dos relatos da criança, devendo ser assinalado com um X o termo falado por ela na primeira coluna e, na Segunda o contexto em que a fala foi apresentada na maioria das vezes (mais da metade). Exemplo de fala em contexto inapropriado: a criança diz “triste” em determinada situação, porém você percebe que ela está brava, assim no contexto, a verbalização apropriada seria “bravo”. Não vamos considerar válidas as verbalizações que ocorrem imediatamente após uma outra pessoa tê-la feito (repetir, ecóico)

5. Sobre o preenchimento do check-list (a questão d os tempos verbais) o relato da criança não precisa ser idêntico ao termo da folha de registro, ele pode ser apresentado em outros tempos verbais (como “eu me interessei” ou “eu vou gostar”) ou ainda com a fala infantil, ou seja, que ainda não apresenta o relato como o adulto ( Ex: “ói” para dói ou “télo” para quero).

6. A possibilidade de abandonar a pesquisa caso se sinta prejudicada;

7. Disponibilidade de horários: (como faremos para o cambio das folhas de registro)

8. Sobre a semana de treino Observamos no estudo piloto que as mães encontraram dificuldades para preencher as folhas de registro, por isso faremos uma primeira semana para treinar.

9. Dúvidas e agradecimento

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Leia a lista a seguir, procure se lembrar e marque, no espaço entre parênteses, os termos que você ouviu seu filho (a) dizer esta semana para nomear seus próprios sentimentos ou de outras pessoas. Em seguida assinale com um “X” se a (s) fala (s) se deu (na maioria das vezes) num contexto apropriado ou inapropriado. Atenção: Se você ouviu seu filho repetir quaisquer dessas palavras imediatamente após uma outra pessoa falar, e só nessa situação, não considere como resposta. TERMO CONTEXTO ( ) Estou aliviado (a) ( ) Estou triste ( ) Estou bravo ( ) Estou pensando ( ) Estou cansado (a) ( ) Estou com dor ( ) Estou com calor ( ) Estou com saudade ( ) Estou com pena ( ) Estou assustado ( ) Estou alegre ( ) Estou fingindo ( ) Estou com raiva ( ) Estou me sentindo mal ( ) Estou com fome ( ) Estou lembrando ( ) Estou com vergonha ( ) Estou com sono ( ) Estou com nojo ( ) Estou adivinhando ( ) Estou imaginando ( ) Estou gostando de alguém ( ) Estou esquecendo ( ) Estou com frio ( ) Estou querendo ( ) Estou tomando cuidado ( ) Estou sabendo ( ) Estou calmo ( ) Estou com medo ( ) Estou entendendo ( ) Estou surpreso (a) ( ) Estou interessado (a) ( ) Estou chateado (a) ( ) Estou com sede ( ) Estou desapontado ( ) Estou com ciúmes

( ) apropriado ( ) inapropriado ( ) apropriado ( ) inapropriado ( ) apropriado ( ) inapropriado ( ) apropriado ( ) inapropriado ( ) apropriado ( ) inapropriado ( ) apropriado ( ) inapropriado ( ) apropriado ( ) inapropriado ( ) apropriado ( ) inapropriado ( ) apropriado ( ) inapropriado ( ) apropriado ( ) inapropriado ( ) apropriado ( ) inapropriado ( ) apropriado ( ) inapropriado ( ) apropriado ( ) inapropriado ( ) apropriado ( ) inapropriado ( ) apropriado ( ) inapropriado ( ) apropriado ( ) inapropriado ( ) apropriado ( ) inapropriado ( ) apropriado ( ) inapropriado ( ) apropriado ( ) inapropriado ( ) apropriado ( ) inapropriado ( ) apropriado ( ) inapropriado ( ) apropriado ( ) inapropriado ( ) apropriado ( ) inapropriado ( ) apropriado ( ) inapropriado ( ) apropriado ( ) inapropriado ( ) apropriado ( ) inapropriado ( ) apropriado ( ) inapropriado ( ) apropriado ( ) inapropriado ( ) apropriado ( ) inapropriado ( ) apropriado ( ) inapropriado ( ) apropriado ( ) inapropriado ( ) apropriado ( ) inapropriado ( ) apropriado ( ) inapropriado ( ) apropriado ( ) inapropriado ( ) apropriado ( ) inapropriado ( ) apropriado ( ) inapropriado

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Palavras referentes a estados subjetivos que seu filho (a) falou e que não constam na lista:

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Read the list below.Check the expressions that you remember hearding your son (daughter) using for talking about his (her) ow n feelings or about other person feelings this week. Then check in the second column if he (she) said the expression (s) in an appropriate or inappropria te context (most times). Obs: If you heard your son (daughter) simply repeat any of these expresions immediately after another person said it, ignore th e utterance.

EXPRESSION ( ) I am relieved ( ) I am sad ( ) I am angry ( ) I am thinking ( ) I am tired ( ) I feel pain ( ) I feel hot ( ) I miss ( ) I feel sorry ( ) I am scared ( ) I am happy ( ) I am hating ( ) I feel bad ( ) I am hungry ( ) I am remembering ( ) I am shy ( ) I am sleepy ( ) I am disgusted ( ) I am guessing ( ) I am having fun ( ) I am loving ( ) I am forgetting ( ) I feel cold ( ) I am wanting ( ) I am being careful ( ) I am knowing ( ) I am calm ( ) I am afraid ( ) I am understanding ( ) I am suprised ( ) I am interested in ( ) I am bored ( ) I am thirsty ( ) I am jealous ( ) I feel good

CONTEXT ( ) appropriate ( ) inappropriate ( ) appropriate ( ) inappropriate ( ) appropriate ( ) inappropriate ( ) appropriate ( ) inappropriate ( ) appropriate ( ) inappropriate ( ) appropriate ( ) inappropriate ( ) appropriate ( ) inappropriate ( ) appropriate ( ) inappropriate ( ) appropriate ( ) inappropriate ( ) appropriate ( ) inappropriate ( ) appropriate ( ) inappropriate ( ) appropriate ( ) inappropriate ( ) appropriate ( ) inappropriate ( ) appropriate ( ) inappropriate ( ) appropriate ( ) inappropriate ( ) appropriate ( ) inappropriate ( ) appropriate ( ) inappropriate ( ) appropriate ( ) inappropriate ( ) appropriate ( ) inappropriate ( ) appropriate ( ) inappropriate ( ) appropriate ( ) inappropriate ( ) appropriate ( ) inappropriate ( ) appropriate ( ) inappropriate ( ) appropriate ( ) inappropriate ( ) appropriate ( ) inappropriate ( ) appropriate ( ) inappropriate ( ) appropriate ( ) inappropriate ( ) appropriate ( ) inappropriate ( ) appropriate ( ) inappropriate ( ) appropriate ( ) inappropriate ( ) appropriate ( ) inappropriate ( ) appropriate ( ) inappropriate ( ) appropriate ( ) inappropriate ( ) appropriate ( ) inappropriate ( ) appropriate ( ) inappropriate

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Words about subjective states that your son (daughter) said and aren’t in the list:

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Anote na primeira coluna o estado subjetivo em que você percebe que seu (sua) filho (a) está. Depois anote a verbalização da criança, quando neste estado, na segunda coluna.

ESTADO EM QUE A CRIANÇA ESTÁ

SITUAÇÃO

O QUE A CRIANÇA DIZ

( ) Aliviado (a)

( ) Triste

( ) Bravo (a)

( ) Pensativo (a)

( ) Cansado (a)

( ) Com dor

( ) Com calor

( ) Com saudade

( ) Com pena

( ) Assustado

( ) Alegre

( ) Fingindo

( ) Com raiva

( ) Se sentindo mal

( ) Com fome

( ) Lembrando

( ) Com vergonha

( ) Com sono

( ) Com nojo

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ESTADO EM QUE A CRIANÇA ESTÁ

SITUAÇÃO

O QUE A CRIANÇA DIZ

( ) Adivinhando

( ) Imaginando

( ) Gostando de alguém

( ) Esquecendo

( ) Com frio

( ) Querendo

( ) Tomando cuidado

( ) Sabendo

( ) Calmo (a)

( ) Com medo

( ) Entendendo

( ) Surpreso (a)

( ) Interessado (a)

( ) Chateado (a)

( ) Com sede

( ) Desapontado

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Check in the first column the subjective state that you note your son (daughter). Then write in the second column the children’s verbalization while in that state.

STATE YOU NOTED

SITUATION

CHILDREN’S VERBALIZATION

( ) Relieved

( ) Sad

( ) Angry

( ) Thinking

( ) Tired

( ) Feel pain

( ) Feel hot

( ) Miss

( ) Sorry

( ) Scared

( ) Happy

( ) Hating

( ) Feeling bad

( ) Hungry

( ) Remembering

( ) Shy

( ) Sleepy

( ) Disgusted

( ) Guessing

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STATE YOU NOTED

SITUATION

CHILDREN’S VERBALIZATION

( ) Having fun

( ) Loving

( ) Forgetting

( ) Feel cold

( ) Wanting

( ) Being careful

( ) Knowing

( ) Calm

( ) Afraid

( ) Understanding

( ) Suprised

( ) Interested in

( ) Bored

( ) Thirsty

( ) Jealous

( ) Feel good

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Bibliografia: ENGELMANN, Arno, Os Estados subjetivos: Uma tentativa de classificação de seus relatos verbais. Editora Ática, São

Paulo, 1978. SKINNER, Burrhus Frederic, O Comportamento Verbal, Editora Cultrix, São Paulo, 1975 SKINNER, B.F., “Sobre o Behaviorismo”, Editora Cultrix, São Paulo, 1974 OSGOOD, Charles, Curso Superior de Psicologia Experimental. Editora Trilhas, México, 1971 BRUNER, Jerome, El habla del niño, Barcelona, 1995. 3ª edição ALVES, José Moysés, “Uma abordagem psicológica do desenvolvimento inicial da fala sobre volição, afeto e cognição,

1992 FLAVELL, FLAVELL & GREEN, “Development of children’s understanding of connections between thinking and feeling” MORTON & TREHUB, “Children’s understanding of Emotion Speech” MALERBI, F. & MATOS, M. “A Análise do Comportamento e a Aquisição de repertórios autodescritivos de eventos, in

Filosofia e Comportamento, Brasiliense, 1982. BRETHERTON, I. & BEEGHLEY, M. (1982), “Talking about internal states: The aquisition of an Explicit Theory of mind”,

Developmental Psycology, 18, 6. ANGELO, Cláudio, “O porta voz da evolução” Mais (no. 567), Folha de São Paulo, dez/2002 DE ROSE, Júlio, “O relato verbal segundo a perspectiva da análise do comportamento: contribuições conceituais e experimentais”, cap 17, Sobre comportamento e cognição, Ed Arbytes, São Paulo, 1997. TOURINHO, Emanuel Z., “Eventos Privados: o que, como e porque estudar” Conpsi, UFBA, Salvador, 1999 PIAGET, J., “A linguagem e o pensamento da criança”, Martins Fontes, São Paulo,1999.

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BEE, Helen, “A criança em desenvolvimento”, Artes Medicas, Porto Alegre, 1996 DARWIN, Charles, “A expressão das emoções nos homens e nos animais”, Companhia das Letras, São Paulo, 2000 BROWN & BEARDSALL, “Family talk about feeling states and children’s later understanding of other’s emotion” VILA, L., “O desenvolvimento da linguagem” in Coll Salvador, C.; Palacios,J.; Marchesi, A., “Desenvolvimento Psicológico

e Educação, vol 1, Artes Médicas, São Paulo,1995.