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ESTUDO DE READEQUAÇÃO VIÁRIA-ERV, AVENIDA PRESIDENTE CASTELO BRANCO, LONDRINA PR – PROPOSTA METODOLÓGICA COMO INSTRUMENTO PARA A ATIVIDADE DO GEÓGRAFO NO PLANEJAMENTO
URBANO E VIÁRIO.
FÁBIO CÉSAR ALVES DA CUNHA* ANTONIO MARTINEZ PRADO**
1- INTRODUÇÃO
O aquecimento na economia brasileira nos últimos anos tem aumentado
significativamente o número de veículos nas cidades brasileiras. Na cidade de Londrina
a frota total saltou de 235.457 veículos em 2007 para 302.048 no penúltimo mês do ano
de 2011. Esse aumento expressivo não é acompanhado pela infraestrutura viária,
historicamente deficitária na realidade brasileira, e tem trazido consequentemente um
aumento proporcional de acidentes de trânsito com um número crescente de vítimas
como feridos, mortos ou invalidez permanente. Apenas no ano de 2009, Londrina
registrou 5.606 acidentes de trânsito, destes, 2195 acidentes com vítimas, sendo 2.707
feridos, 248 atropelamentos e 27 mortes no local do acidente. Esses dados referem-se
apenas as rodovias locais, isto é, não contabilizou-se os acidentes nas rodovias estaduais
e federais que cortam a cidade (BPTRAN, 2011). Estima-se que já estejamos
vivenciando um problema que supera o número de vítimas de algumas guerras pelo
mundo. Segundo o Ministério da Saúde, no ano de 2010, mais de 40 mil pessoas
perderam suas vidas em acidentes de trânsito no país.
Se torna cada vez mais necessário uma constante readequação do sistema viário
principalmente nas médias e grandes cidades.
A presente proposta de realizar um Estudo de Readequação Viária (ERV) busca
fazer um diagnóstico de uma área, via cruzamento, avenida, rua. Com o diagnóstico é
possível elencar os principais problemas e as propostas visando sua solução em curto ou
médio prazo. As principais informações são cartografadas e são estabelecidas as ações
necessárias para readequar a área de estudo contribuindo assim com o planejamento
viário e urbano. No presente estudo foi escolhida a Avenida Presidente Castelo Branco
localizada na cidade de Londrina PR, uma das principais vias que ligam o centro da * Professor adjunto do Departamento de Geociências da Universidade Estadual de Londrina. ** Aluno bolsista IC – UEL. Projeto Políticas Públicas e desdobramentos territoriais no Paraná no período de 2003 á 2010. Cadastrado na Pró-reitoria de pesquisa e pós-graduação sob o número 07164 Processo: 23909 / 2010. Colaborou no levantamento de campo e na elaboração cartográfica.
cidade a Universidade Estadual de Londrina. A seguinte proposta vem ao encontro dos
objetivos constantes na Política Nacional de Mobilidade Urbana, Lei 12.587/2012,
sancionada no início deste ano.
2-OBJETIVO: Elaborar o Estudo de Readequação Viária (ERV) da Avenida Presidente Castelo Branco em Londrina PR OBJETIVOS ESPECÍFICOS: - Fazer um levantamento histórico da origem da Avenida Presidente Castelo Branco
- Verificar a qualidade do asfalto na avenida.
- Quantificar, qualificar e mapear o numero de bocas de lobos, presença de calçadas,
faixas de pedestres, semáforos, calçadas ecológicas, buracos, depressões, áreas de
alagamento, lixo, guias de calçadas, e demais elementos infraestruturais e localizar a
falta desses elementos na área de estudo.
- Propor soluções e as ações necessárias para a readequação da área.
- Propor o Estudo de Readequação Viária – ERV, como mais uma atividade para o
Geógrafo.
- Publicar o estudo na página do Laboratório de Arranjos Territoriais e Climatologia –
LATEC, assim como encaminhá-lo para as secretarias municipais responsáveis pelas
readequações propostas.
3-METODOLOGIA
A metodologia utilizada se dividiu em duas partes: A primeira com a pesquisa
bibliográfica que resgatou a história da Av. Presidente Castelo Branco, sua importância
para a cidade de Londrina, sua localização na cidade (FIG. 1) e os dados relativos ao
fluxo da avenida e os números sobre acidentes de trânsito em Londrina. A segunda com
o trabalho de campo nos meses de novembro e dezembro de 2011, no qual foi realizado
o levantamento das necessidades e os principais problemas encontrados na Avenida
Presidente Castelo Branco com sua localização e registros fotográficos. Tal
levantamento culminou com a Carta Diagnóstico da área de estudo (FIG. 2). A relação
diagnóstico e propostas de soluções é resumida no quadro Diagnóstico/ Propostas
(Quadro 1). A parte cartográfica foi feita com o programa Autocad, com apoio do
Google erth, porém é possível elaborar os mapas com programas mais simples como o
Paint brush ou similar. O ERV visa colaborar tanto com a prefeitura municipal no
trabalho de readequação das vias públicas municipais, assim como com a população que
vivencia cotidianamente os problemas aqui trabalhados. Desta forma busca-se abrir um
canal entre população e órgão público de forma rápida e prática. Para isso o trabalho
finalizado é encaminhado para a prefeitura de Londrina e publicado no site do LATEC –
Laboratório de Arranjos Territoriais e Climatologia do Departamento de Geociências da
Universidade Estadual de Londrina.
4-HISTÓRICO DA AV. CASTELO BRANCO É a partir da década de 1970, com a instalação da Universidade Estadual de Londrina na
zona sudoeste da cidade que a Av. Presidente Castelo Branco passa a existir na malha
urbana da cidade como uma das principais vias de acesso. Nesses quarenta anos, a via
foi aos poucos sendo duplicada, ainda não sendo em sua totalidade e passou a receber
um fluxo de carros que aumenta anualmente em decorrência das atividades da
Universidade Estadual de Londrina e das áreas de vazios urbanos da região que nos
últimos anos passa por um processo de rápida ocupação.
LOCALIZAÇÃO Fig. 1
Fonte: Departamento de Estradas e Rodagens - DER 5-CARACTERÍSTICAS DA AV. PRESIDENTE CASTELO BRANCO
A Av. Presidente Castelo Branco é uma das principais avenidas da zona oeste de
Londrina, com 2.600 metros de comprimento e 8 metros de largura em média para cada
pista, liga a Av. Maringá, nas proximidades do centro da cidade ao viaduto da PR 445 –
Rodovia Celso Garcia Cid, que passa na zona sul (saída para Curitiba) e oeste da cidade
(saída para Maringá e o estado de São Paulo).
É uma avenida duplicada em grande parte de sua extensão com exceção de dois
trechos: a) entre as ruas Vicente de Carvalho e John Dalton que inclui o aterro e as
pontes sobre o Córrego Rubi e entre o Lago Igapó 3 e 4; b) entre os loteamentos Jardim
Versalhes e Central Parque, em uma área pouco ocupada. Nesses trechos da avenida o
tráfego nos dois sentidos é feito em apenas uma via o que gera maiores riscos ao
trânsito.
Por ser a principal via duplicada que liga o centro da cidade a Universidade
Estadual de Londrina, a Avenida Presidente Castelo Branco é uma via que recebe um
grande numero de carros principalmente nos horários de maior movimento. A
população efetiva, apenas entre professores, alunos e funcionários é de mais de 23 mil
pessoas na Universidade Estadual de Londrina.
Quanto a sua topografia, Av. Presidente Castelo branco atinge uma altitude de
590 metros na Av. Maringá, 530 metros nas proximidades do lago igapó 4 e 540 metros
ao longo do Córrego Cambé. Volta a atingir 580 metros de altitude na entrada da
Universidade estadual de Londrina. Portanto sua amplitude topográfica fica em torno de
60 metros. Entre a Universidade Estadual de Londrina e o lago igapó 4, a Av. castelo
branco segue grande parte deste trecho nas proximidades da margem direita do Córrego
Cambé. Essa característica faz com que essa avenida tenha poucos pontos de
cruzamento o que contribui para que os carros aumentem sua velocidade e
consequentemente os riscos de acidentes, um dos principais problemas da avenida.
A Avenida Presidente Castelo Branco apresenta um asfalto com baixo estado de
conservação. Falta ciclovia e sinalização em grande parte de sua extensão.
6-DIAGNÓSTICO DA AVENIDA PRESIDENTE CASTELO BRANCO (CARTA DIAGNÓSTICO) Entre as necessidades mais evidentes da avenida castelo foi possível constatar no
diagnóstico realizado:
1-QUALIDADE DO ASFALTO: qualidade comprometida com o baixo estado de
conservação
2- BUEIROS E BOCA DE LOBO: Dos 81 bueiros pluviais encontrados na avenida
castelo branco, 28 (mais de 30%) apresentaram-se obstruídos total ou parcialmente com
terra e lixo.
3- DUPLICAÇÃO: falta duplicar a avenida nas proximidades do lago igapó e entre os
loteamentos Central Park e Jardim Versalhes.
4- REDUTOR DE VELOCIDADE: em três pontos foi constatada a necessidade de
inserção de redutores de velocidade “quebra molas”, sobretudo em decorrência da
velocidade excessiva dos carros nesses locais: a) no cruzamento com a Rua John
Dalton, b) no cruzamento com a Rua Profa. Maria Judith Felício, e C) Em frente a
Policlínicas, nos dois sentidos da Av. Castelo Branco, de preferência com uma faixa de
pedestre elevada visando à segurança da população atendida no local. Há aqui também a
necessidade de readequação do canteiro central que deve receber escada e rampa para
portadores de deficiência.
5- GRADE DE PROTEÇÃO: falta grade de proteção do lado direito, sentido centro, nas
duas pontes: sobre o lago igapó III e sobre o córrego Rubi.
6- PONTOS DE ALAGAMENTO: foram observados IV pontos de alagamento na
avenida castelo branco: a) nas proximidades da ponte sobre o lago igapó IV; b) dois
pontos nas proximidades do loteamento Central Park e c) na rotatória com a Avenida
Aniceto Espiga.
7- CALÇADA ECOLÓGICA: existem alguns trechos sem a calçada ecológica
principalmente nas proximidades com a universidade estadual de Londrina no jardim
Versalhes I. Falta também calçada para os pedestres entre o Lago igapó IV e a rotatória
com a Avenida Aniceto Espiga. Esta calçada é necessária em decorrência do elevado
número de pedestres que trafegam, sobretudo do lado do fundo de vale.
8- DESMORONAMENTO: foi constatado um desmoronamento do barranco nas
proximidades do viaduto da PR-445, na entrada da Universidade Estadual de Londrina.
9- LIXO: foi detectada uma quantidade significante de poluição difusa (lixo) nas
proximidades da ponte sobre o Córrego Rubi.
10- FAIXA DE PEDESTRE: foram observados vários pontos sem faixa de pedestre e
sem o rebaixamento do meio fio para a acessibilidade de pessoas portadoras de
deficiência. Faz-se necessário à implementação de faixas de pedestres em todas as ruas
dos dois primeiros balões da Avenida Castelo Branco sentido UEL/Centro, além dos
cruzamentos com as ruas Maria Judith Felício e Rua Milton Gaveti e Rua João Dalton.
Outros pontos identificados sem faixa de pedestres são no cruzamento com a Rua
Vicente de Carvalho, além de faixas em todas as ruas dos próximos dois balões o da
Rua Venceslau Braz e com a Avenida Maringá.
11- CICLOVIA: Inexistente. A instalação de uma ciclovia é de grande importância
devido ao elevado número de ciclistas que trafegam na Avenida Presidente Castelo
Branco em direção a Universidade Estadual de Londrina, principalmente estudantes, e
aos bairros próximos da universidade ou ao centro da cidade.
7-PROPOSTAS DE AÇÕES PARA A READEQUAÇÃO DA PRESIDENTE AV. CASTELO BRANCO POR ORDEM DE PRIORIDADE: 1- FAIXA DE PEDESTRE - Inserir essas faixas nos locais necessários e o respectivo
rebaixamento do meio fio para pessoas portadoras de deficiência.
2- REDUTOR DE VELOCIDADE - Construir redutores de velocidade nas
proximidades dos locais: a) no cruzamento com a Rua John Dalton e, b) no cruzamento
com a Rua Profa. Maria Judith Felício.
3- GRADE DE PROTEÇÃO - Colocar grade de proteção do lado direito, sentido
centro, nas duas pontes da avenida: sobre o lago igapó 3 e sobre o córrego Rubi.
4- BUEIROS - Desobstruir os 28 bueiros e boca de lobos obstruídos total ou
parcialmente com terra e lixo.
Jardim Versalhes
Central Park
5- ASFALTO E NIVELAMENTO DAS DEPRESSÕES - Fazer o recapeamento
asfáltico ao longo de toda a Avenida e nivelar as depressões que formam áreas de
alagamento nos períodos de chuva.
6- DUPLICAÇÃO - Duplicar a avenida nas proximidades do lago igapó e Córrego
Rubi, onde se faz necessário a construção de mais duas pontes; e entre os loteamentos
Central Park e Jardim Versalhes.
7- CALÇADA ECOLÓGICA - Construir calçadas ecológicas nas áreas em que falta
esse tipo de calçada tanto nas áreas privadas com notificação aos proprietários, como
próximo ao fundo de vale do Ribeirão Cambézinho, área publica e sob a
responsabilidade da Prefeitura do município de Londrina.
8- CONTENÇÃO DE DESMORONAMENTO DE BARRANCOS - construção de
muros de arrimos e colocação de gramas.
9- LIMPEZA DO LIXO – Exigir da Prefeitura Municipal de Londrina a limpeza da
área.
10- CICLOVIA - Instalar ciclovia, com projeto específico, ao longo da avenida.
O quadro síntese entre DIAGNÓSTICO/ PROPOSTAS, tem como objetivo resumir os
principais itens diagnosticados e as necessárias soluções.
(Quadro 1)
8- CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Estudo de Readequação Viária – ERV se apresenta como importante
instrumento de planejamento viário e pode contribuir para dirimir os problemas
decorrentes da falta dessa readequação nas grandes cidades e consequentemente com a
problemática socioambiental como um todo. Sua característica de fazer um
levantamento da área problema, propor soluções e encaminhar isso para as autoridades
competentes objetiva acelerar essas readequações necessárias. A inserção de faixas de
pedestres, redutores de velocidade e calçadas visa dar maior segurança para pedestres e
ciclistas que trafegam diariamente, haja vista que a velocidade dos automóveis é o fato
mais preocupante da área estudada. Este trabalho pode servir também como um
importante canal entre cidadãos, universidade e órgão público via o Observatório de
Políticas Públicas Territoriais e o Laboratório de Arranjos Territoriais e Climatologia –
LATEC do Departamento de Geociências da Universidade Estadual de Londrina.
Espera-se que os próximos ERVs venham a orientar novas necessidades de
readequações viárias, inclusive aquelas demandas originadas nas áreas com maiores
problemas. O ERV como um instrumento para a atividade do Geógrafo e demais
planejadores do espaço urbano tem também uma função pedagógica importante para os
cursos de graduação que podem contribuir com a formação desses profissionais.
9- BIBLIOGRAFIA ARCHELA, R.S.; BARROS, M.V.F. (Orgs.) Atlas urbano de Londrina. Londrina: Eduel, 2009. BORTOLOTTI, J. P. Planejar é preciso: Memórias do planejamento urbano de Londrina. Londrina: Midiograf, 2007. BRASIL. Lei 10.257, 10 de julho de 2001. Estatuto da cidade: guia para implementação pelos municípios e cidadãos. 3 ed. Brasília, DF. Câmara dos Deputados, Coordenação de Publicações, 2005. DEPARTAMENTO NACIONAL DE TRÂNSITO. Código de trânsito brasileiro. Lei n. 9.503, 23 de setembro de 1997. Brasília: DENATRAN, 1997. GOVERNO FEDERAL. Política Nacional de Mobilidade urbana. Lei N. 12.587, de 03 de janeiro de 2012. IPARDES. Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social. Indicadores. Paraná, 2011. Disponível em: <http://www.ipardes.govbr.htm>. Acesso em 20 de jan. 2011
MENDONÇA, F. de A. Diagnóstico e análise ambiental de microbacia hidrográfica: proposição metodológica na perspectiva do zoneamento, planejamento e gestão ambiental. RA’EGA, Curitiba, Ed. UFPR, N. 3, p.67-89. 1999.
VASCONCELOS, E.A. DE Circular é preciso, viver não é preciso: a história do trânsito na cidade de São Paulo. São Paulo: Annablume/Fapesp, 1999. 10- ANEXOS
(FOTO01) Desmoronamento de barranco na Avenida Castelo Branco no viaduto da UEL. Autor: Fábio Cunha (2011)
(FOTO 02) Bueiro obstruído na Avenida Castelo Branco Autor: Fábio Cunha (2011)
(FOTO 03) Trecho da Avenida Castelo Branco que dever ser duplicado. Autor: Antonio Martinez Prado (2012).
(FOTO 04) Falta da grade de proteção na ponte sobre o Lago Igapó III. Autor: Antonio Martinez Prado (2012).
(FOTO 05) Falta de grade de proteção na ponte sobre o Córrego Rubi. Autor: Antonio Martinez Prado (2012).
(FOTO 06) Trecho da Avenida Castelo Banco que deve receber faixa de pedestre elevada, redutores, escada e rampa de acessibilidade para os deficientes físicos. Autor: Antonio Martinez Prado (2012).