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23/07/13 Estudo de Eclesiastes eclesiastes2000.tripod.com/id6.html 1/19 Eclesiastes Estudo de Eclesiastes Home História de Eclesiastes História de Salomão Eclesiastes - Capítulos 1 a 12 Estudo de Eclesiastes Continua.. Eclesiastes O livro começa com a expressão "Palavras de Qohélet, filho de David, rei de Jerusalém", geralmente considerada como título da obra. No contexto da literatura sapiencial do Médio Oriente, encontram-se obras semelhantes a este livro, tanto no Egipto (o "Diálogo do Desesperado com a sua Alma", os "Cantos do Harpista") como na Mesopotâmia (especialmente o diálogo acróstico chamado "Teodiceia Babilónica"). NOME Etimologicamente, "Qohélet", parece ter conexão com o termo "Qahal", isto é, "assembleia". "Qohélet" designa um substantivo comum, aparecendo, por vezes, acompanhado de artigo. É alguém que tem a função de pregador ou de presidente da assembleia cultual. O texto grego traduziu o termo hebraico "Qohélet" por "Eclesiastes", que se transferiu para o latim e, depois, para as outras línguas. Daí o título do livro aparecer como ECLESIASTES, por influência grega e latina, ou como QOHÉLET, que é a tendência das traduções modernas, transliterando o hebraico. Qohélet é identificado em 1,1 com o filho de David, rei de Jerusalém. Um tal filho de David só poderia ser Salomão. Porém, um estudo sério, tanto no plano da linguagem como no plano da doutrina, situa o livro num período posterior ao regresso do Exílio e anterior à época dos Macabeus. O facto de aludir ao rei Salomão, nada significa; atribuí-lo àquele soberano não passa de uma ficção literária por parte de alguém que procura um patrocínio de peso para as suas próprias reflexões. Um estudo aprofundado sobre Eclesiastes Introdução Em nosso estudo do Eclesiastes, pretendemos fazer uma análise que parte de uma observação panorâmica e se aprofunda nos diversos temas do livro. Em alguns momentos faremos uma leitura que considera o ponto de vista do autor e vai um pouco além, utilizando, para isso, o conhecimento que nos oferece o contexto bíblico geral. Classificação e características Os livros do Velho Testamento se classificam como: livros da lei, livros históricos, poéticos e proféticos (maiores e menores). Entre os livros poéticos (Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes e Cantares) encontram-se os sapienciais ou livros de sabedoria (Jó, Eclesiastes e Provérbios), os quais se caracterizam por apresentar reflexões, conselhos práticos e filosofia de vida. Seu objetivo é a transmissão da sabedoria de tal forma que a mesma venha preencher as lacunas porventura deixadas pelos códigos da lei. Alguns trechos do Eclesiastes têm forma poética. São eles: 3.2-8; 7.1-14; 11.7 e 12.7. As demais passagens se apresentam em prosa. Os escritos sapienciais não se restringem ao conteúdo de Jó, Provérbios e Eclesiastes. Antigas civilizações já utilizavam escrituras desse tipo, tais como a Suméria (3000 a.C.), Babilônia, Egito, Arábia, Pérsia, Edom e Fenícia. Mesmo se tratando das Sagradas Escrituras, a literatura sapiencial se apresenta também em outros textos fora dos livros poéticos. São parábolas, provérbios e metáforas como os que encontramos em Jz. 9.7-15; 14.12; I Sm.1.12; 18.7; II Sm.12.1-4. Os livros bíblicos sapienciais se especializam em determinados temas. Jó se aplica à questão do sofrimento. O livro de Provérbios é dedicado à moral, enquanto que Eclesiastes apresenta a questão da felicidade humana. Título do livro O que é eclesiastes? pregador, aquele que fala a uma assembléia. Este termo tem origem grega, o que, a princípio pode parecer estranho, uma vez que o Velho Testamento foi escrito em hebraico. Tal ocorrência se justifica por uma herança da versão chamada Septuaginta. Esta foi uma tradução do Velho Testamento do hebraico para o grego. O título original era "Qoheleth", sendo traduzido para o termo grego "Eclesiastes", o qual foi mantido em nossas versões portuguesas. O mesmo ocorreu com outros livros da Bíblia, tais como Gênesis e Deuteronômio. Close Ad

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EclesiastesEstudo de Eclesiastes

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História de Eclesiastes

História de Salomão

Eclesiastes - Capítulos1 a 12

Estudo de Eclesiastes

Continua..

Eclesiastes

O livro começa com a expressão "Palavras de Qohélet, filho de David, rei de Jerusalém", geralmenteconsiderada como título da obra. No contexto da literatura sapiencial do Médio Oriente, encontram-se

obras semelhantes a este livro, tanto no Egipto (o "Diálogo do Desesperado com a sua Alma", os"Cantos do Harpista") como na Mesopotâmia (especialmente o diálogo acróstico chamado "Teodiceia

Babilónica").

NOME Etimologicamente, "Qohélet", parece ter conexão com o termo "Qahal", isto é, "assembleia"."Qohélet" designa um substantivo comum, aparecendo, por vezes, acompanhado de artigo. É alguémque tem a função de pregador ou de presidente da assembleia cultual. O texto grego traduziu o termohebraico "Qohélet" por "Eclesiastes", que se transferiu para o latim e, depois, para as outras línguas.Daí o título do livro aparecer como ECLESIASTES, por influência grega e latina, ou como QOHÉLET,

que é a tendência das traduções modernas, transliterando o hebraico.Qohélet é identificado em 1,1 com o filho de David, rei de Jerusalém. Um tal filho de David só poderia

ser Salomão. Porém, um estudo sério, tanto no plano da linguagem como no plano da doutrina, situa olivro num período posterior ao regresso do Exílio e anterior à época dos Macabeus. O facto de aludir ao

rei Salomão, nada significa; atribuí-lo àquele soberano não passa de uma ficção literária por parte dealguém que procura um patrocínio de peso para as suas próprias reflexões.

Um estudo aprofundado sobre Eclesiastes

Introdução

Em nosso estudo do Eclesiastes, pretendemos fazer uma análise que parte de uma observaçãopanorâmica e se aprofunda nos diversos temas do livro. Em alguns momentos faremos uma leitura queconsidera o ponto de vista do autor e vai um pouco além, utilizando, para isso, o conhecimento quenos oferece o contexto bíblico geral.

Classificação e características

Os livros do Velho Testamento se classificam como: livros da lei, livros históricos, poéticos eproféticos (maiores e menores). Entre os livros poéticos (Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes eCantares) encontram-se os sapienciais ou livros de sabedoria (Jó, Eclesiastes e Provérbios), os quaisse caracterizam por apresentar reflexões, conselhos práticos e filosofia de vida. Seu objetivo é atransmissão da sabedoria de tal forma que a mesma venha preencher as lacunas porventura deixadaspelos códigos da lei.

Alguns trechos do Eclesiastes têm forma poética. São eles: 3.2-8; 7.1-14; 11.7 e 12.7. As demaispassagens se apresentam em prosa.

Os escritos sapienciais não se restringem ao conteúdo de Jó, Provérbios e Eclesiastes. Antigascivilizações já utilizavam escrituras desse tipo, tais como a Suméria (3000 a.C.), Babilônia, Egito,Arábia, Pérsia, Edom e Fenícia. Mesmo se tratando das Sagradas Escrituras, a literatura sapiencialse apresenta também em outros textos fora dos livros poéticos. São parábolas, provérbios e metáforascomo os que encontramos em Jz. 9.7-15; 14.12; I Sm.1.12; 18.7; II Sm.12.1-4.

Os livros bíblicos sapienciais se especializam em determinados temas. Jó se aplica à questão dosofrimento. O livro de Provérbios é dedicado à moral, enquanto que Eclesiastes apresenta a questãoda felicidade humana.

Título do livro

O que é eclesiastes? pregador, aquele que fala a uma assembléia. Este termo tem origem grega, oque, a princípio pode parecer estranho, uma vez que o Velho Testamento foi escrito em hebraico. Talocorrência se justifica por uma herança da versão chamada Septuaginta. Esta foi uma tradução doVelho Testamento do hebraico para o grego. O título original era "Qoheleth", sendo traduzido para otermo grego "Eclesiastes", o qual foi mantido em nossas versões portuguesas. O mesmo ocorreu comoutros livros da Bíblia, tais como Gênesis e Deuteronômio.

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Autoria

Quem é o eclesiastes? Quem é este pregador? Os versículos encontrados em Ec.1.1; 1.12; 2.1-11nos conduzem à pessoa de Salomão. Embora seu nome não seja mencionado em nenhum momento,os textos citados não deixam margem para que se pense em outra pessoa. Consideremos asafirmações de Ec.1.1 e 1.12: "Filho de Davi.... rei de Israel em Jerusalém..." O único homem que seenquadrou nesses termos foi o próprio Salomão pois, após a sua morte, nunca mais houve um rei deIsrael em Jerusalém. O reino foi dividido e em Jerusalém se encontrava o rei de Judá. Os reis de Israelficavam em Samaria.

Entretanto, os críticos apresentam as seguintes questões contra a autoria salomônica.

Questão 1 – Nas passagens de Ec.1.2 e 7.27 o escritor conjuga os verbos na terceira pessoa. Fala dopregador como sendo outro e não ele mesmo. Poder-se-ia admitir a hipótese de uma auto-apresentação em terceira pessoa. Contudo, esse tipo de conjugação aparece em 12.8 em umcontexto mais complexo. A fala em terceira pessoa se apresenta como um aposto no meio de umafrase dita em primeira pessoa. Parece então bem claro que, de fato, o pregador e o escritor do livro deEclesiastes são duas pessoas distintas. Tal evidência não constitui grande dificuldade, já que erabastante comum a existência de escribas que registravam as palavras ditadas pelos autores. O profetaJeremias tinha a seu serviço Baruque, que escrevia suas profecias. Não é de se estranhar que um rei,como Salomão, tivesse ao seu dispor um ou vários escribas. No novo testamento, como exemplo desituação análoga, podemos citar as cartas de Paulo. Algumas vezes o apóstolo ditava e algum dosseus discípulos escrevia (Rm.16.22).

Questão 2 – O Eclesiastes apresenta passagens aparentemente contraditórias. Isto poderia indicar aobra de dois autores. Partindo dessa premissa, foram formuladas algumas hipóteses:

A) O Eclesiastes seria originalmente uma obra cética, a qual teria recebido adições posteriores. Foi aproposta dos teólogos A. H. McNeile (Inglaterra), G. A. Barton (USA) e E.Podechard (França), todosno século XX.

B) O livro teria sido obra de 9 pessoas: 7 autores e 2 editores. Foi a hipótese de D.C. SiegFried.

Essas especulações sobre possíveis retoques em uma obra cética original não resistem diante dealgumas indagações: Se um editor tentou melhorar a obra por não concordar com ela, não seria maisprático eliminá-la? Seria bastante contraditório imaginar um judeu ortodoxo tentando melhorar umaobra cética ao invés de destruí-la. Se essas hipóteses de edições posteriores correspondessem àrealidade, seria natural a existência de versões conflitantes do Eclesiastes. No entanto, não existemconflitos significativos entre os manuscritos conhecidos. As diferenças detectadas se encontram emdetalhes mínimos tais como o uso de artigos e outras partículas.

O vocabulário e os conceitos unem as partes que muitas vezes são consideradas contraditórias, noslevando a crer que, embora contrastantes, as idéias partem da mesma pessoa.

Além dos indícios internos no livro, temos a favor da autoria de Salomão o testemunho dos seguintesrabis judeus: Meir Zlotowitz , em seu livro Megillas Koeles, e Nosson Schermann.

O mais importante de tudo isso é que a palavra de Deus prevalece independente do autor humano. Emoutros livros, como Hebreus e Jó, a identificação do autor é ainda mais difícil, ou mesmo impossível.Contudo, sua mensagem nos é transmitida de forma poderosa e eficaz.

Data e idioma original

Entre os autores que consideram a autoria de Salomão, a data de escrita do Eclesiastes tem sidocolocada próxima de 977 a.C.. Como é de se esperar, muitos críticos questionam essa datação. Aose colocar em dúvida a data questiona-se novamente a autoria. Alguns querem localizar a origem dolivro em período próximo ao terceiro século a.C.. Sendo assim, estão eliminando a figura de Salomãodo contexto. Não se defende uma época mais recente pois, entre os manuscritos do mar Morto,encontraram-se fragmentos do Eclesiastes, os quais são considerados como oriundos do século IIa.C.

As dificuldades nesse ponto surgem quando se analisam as características idiomáticas do livro. Notexto em hebraico encontram-se influências lingüísticas de diversos tipos, as quais se apresentam emformas pronominais, artigos, uso de consoantes como vogais, e outras partículas. Assim, tem-se noEclesiastes um hebraico diferente daquele encontrado nos outros livros do Velho Testamento, atémesmo em Provérbios, o qual se atribui a Salomão. Para responder a essa questão surgiram asseguintes hipóteses:

1 - Para D.S. Margoliouth (1921), o Eclesiastes foi escrito em um tipo de "hebraico estrangeiro".

2 - F. Zimmermann sugere que o livro tenha sido escrito originalmente em aramaico e depois traduzidopara o hebraico. Sua idéia é apoiada por C.C. Torrey (1948) e H.L. Ginsberg (1950).

3 - M.Dahood (1952) afirma que o idioma fenício foi usado no texto original.

A essas colocações, houve a reação de R.Gordis, o qual defende a tese da escrita em um "hebraicotardio", numa época em que a língua já havia incorporado termos e detalhes de outros idiomas.

Aramaísmos são comuns no hebraico a partir do séc.X a.C.. Contudo, maiores dificuldades surgemquando se encontram duas palavras do idioma persa no texto. O auge do Império Persa se estendeude 549 até 331 a.C., muito fora, portanto, do período de vida de Salomão.

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Influências fenícias são também encontradas em Jó, Salmos, Provérbios, Isaías, Ezequiel e Naum, oque não constitui evidência cabal de que tais escritos tenham sido elaborados originalmente no idiomafenício.

Como podemos conciliar todas essas informações e ainda manter a afirmação de que Salomão tenhaescrito o livro de Eclesiastes? Se os críticos tivessem baseado suas teorias no estudo do manuscritooriginal do Eclesiastes, então a questão ficaria bem mais difícil. Contudo, sabemos que ninguémpossui os textos originais. Assim, toda a análise se dá sobre versões posteriores, cópias, sendo que amais antiga disponível data do século II a.C. Desse modo, é natural que tais versões apresenteminfluências da época em que foram produzidas. Seria normal que o copista quisesse passar osensinamentos na linguagem usual daqueles dias, o que poderia então ser chamado de "hebraicotardio", já influenciado por diversos idiomas. Tomemos como exemplo uma de nossas versões, aRevista e Corrigida de João Ferreira de Almeida, a qual utiliza a palavra "indústria" na passagem deEclesiastes 9.10. É óbvio que tal anacronismo da tradução não nos leva a pensar que a obra originaltenha sido produzida após a Revolução Industrial.

O próprio autor poderia ter mencionado a época e o local da produção de sua obra. Contudo, aausência de tais informações acabam por reforçar o caráter universal do tema tratado pelo Eclesiastes,o qual não se restringe ao judaísmo e ao povo judeu, embora esteja a eles vinculado.

O Epicurismo

Alguns comentaristas afirmam que o Eclesiastes apresenta máximas do Epicurismo quando diz que omelhor para o homem é comer, beber e gozar do fruto do seu trabalho. O Epicurismo foi uma doutrinafilosófica que se originou com Epícuro (342 a 270 a.C.), um filósofo grego. Suas principais idéias são:

1. Deísmo – É possível que Deus ou deuses existam, mas, se existirem, não estão seimportando com os seres criados, não havendo de dar-lhes nenhuma recompensa oucastigo.

2. Todo o conhecimento possível vem pelos sentidos físicos.

3. O bem é sinônimo de prazer físico e mental. Os seguidores de Epícuro acabaram por

desprezar o prazer mental, dedicando-se exclusivamente aos prazeres do corpo.

4. Não há vida após a morte.

Quando analisamos em conjunto os ensinamentos do epicurismo, concluímos que tal doutrina não seencontra nas páginas do Eclesiastes, uma vez que o autor fala de Deus de forma bem objetiva eatuante na vida humana, menciona a sabedoria que é dada por Deus, avisa sobre o juízo divino emrelação às obras humanas. A própria vida após a morte fica subentendida na questão do juízo (12.14) etambém na afirmação de que o espírito volta a Deus (12.7).

Canonicidade

O exame de partes isoladas do livro podem conduzir o leitor a ter dificuldades em relação à suanatureza canônica. Há quem veja na obra contradições, pessimismo, ceticismo e epicurismo. Porém,o Eclesiastes foi citado como canônico por Melito (Sardes) 170 d.C.; Orígenes (185-225); Epifânio(Sardes) (315-403 d.C.); Jerônimo (347-419) e diversos escritores judeus. Soma-se a essestestemunhos a declaração interna do livro, que diz que suas palavras foram dadas pelo único Pastor.Em se tratando de um livro do Antigo Testamento, o seu reconhecimento por parte de Israel temgrande importância para nós. Além disso, há que se levar em conta o que foi dito pelos já citados"Pais da Igreja".

Salomão – Vida e obra

Devido à insustentabilidade das hipóteses contrárias, consideraremos Salomão como o autor doEclesiastes. Seu nome significa "pacífico". De fato, a paz foi uma característica marcante do seureino, que durou de 1015 a 975 a.C., de acordo com uma das datações mais aceitas. Salomão erafilho do rei Davi com Bate-seba, a que fora mulher de Urias. O Senhor mandou que o profeta Natã lhedesse o nome de Jedidias (amado de Jeová). II Sm.12.24.

Salomão foi o rei mais rico, sábio e famoso que Israel teve (I Reis 4.21,29-34). Durante o seu reinado,Israel se tornou um grande império. Em seus dias, devido à paz dominante, houve grandedesenvolvimento da nação em vários setores, incluindo o comércio e a produção literária. Contudo, oautoritarismo e os altos impostos também marcaram esse período. Salomão escreveu Cantares,Provérbios, e Eclesiastes. Os salmos 72 e 127 também são atribuídos à sua autoria. (I Reis 9.20-21;10.14-29). Há quem diga que o livro de Cantares tenha sido escrito no tempo da mocidade do rei;Provérbios seria obra dos tempos da maturidade e Eclesiastes seria a reflexão na velhice.

Apesar de toda a sua sabedoria, Salomão cometeu muitos erros. Enriqueceu-se muito às custas dosacrifício do povo, teve inúmeras mulheres, fez alianças políticas com homens ímpios e acabou seenvolvendo com a idolatria. (I Rs. 11.1-12. Compare com Dt. 17.14–17).

Análise

Análise é um exame minucioso. Uma das providências que favorecem a análise é a decomposição doque se quer estudar. Por exemplo, ao se analisar a água torna-se necessário o exame e acompreensão de seus elementos básicos: o oxigênio e o hidrogênio. No estudo da língua portuguesatemos, por exemplo, a análise sintática e morfológica, nas quais as frases são divididas de tal formaque seus elementos sejam identificados e estudados isoladamente. Da mesma maneira, o nosso

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estudo partirá de uma visão panorâmica e se aprofundará num exame minucioso, cujo alcance ficarárestrito aos mecanismos, métodos e instrumentos de estudo de que dispomos.

A análise do texto se fará através da observação e correlação.

Observação – Nesse ponto, minúcias do texto devem ser observadas, tais como classificação depalavras e a ocorrência de palavras-chaves. Dependendo do caso, pode-se perguntar como, o quê,onde, quando e por quê. Deve-se também investigar o significado dos vocábulos e tipo de emprego, seé figurado ou não. Nesse momento, é importante o uso de dicionário da língua portuguesa e dicionáriosbíblicos. É também desejável a disponibilidade de versões bíblicas diferentes.

Correlação – O texto examinado deverá ser, sempre que possível, correlacionado com outrosversículos e capítulos do mesmo livro e com outros livros da Bíblia. É importante também que, sepossível, o assunto seja confrontado com seu contexto histórico e social. Como se pode ver, algunspontos da análise nem sempre são aplicáveis devido à falta de informações que muitas vezes seobserva em relação a determinado livro ou determinada época.

O Resultado que se espera da análise é o entendimento, a interpretação. Existe muito que se podeextrair do texto bíblico através da análise. Contudo, acreditamos que existem mistérios nas Escriturasos quais só podem ser revelados pelo Espírito Santo. Pensemos, por exemplo, nas colocações que oapóstolo Paulo fez em relação a Sara e Hagar. Pelos métodos analíticos jamais chegaríamos aconclusões como aquelas, as quais não se encontram disponíveis no texto original, tratando-se designificado oculto pelo Senhor. Contudo, acreditamos que toda revelação deve ser coerente com ainterpretação, sempre que esta for possível.

O Objetivo da análise é o conhecimento e a aplicação do mesmo.

Texto chave: 12.13: "De tudo quanto se tem ouvido o fim é: teme a Deus, e guarda os seus

mandamentos; porque este é o dever de todo homem".

Palavra chave: Vaidade (37x) - Qualidade do que é vão, fútil, inútil e de pouca duração.

Tema central e vocabulário em destaque

Tema central: A busca da felicidade no confronto entre a vida, a morte e a eternidade.

Todo livro sapiencial tem o objetivo de ensinar ou transmitir a sabedoria, a qual se apresenta comoantídoto contra a tolice do ser humano. Observa-se no Eclesiastes o que poderíamos chamar de"tratamento de choque contra a tolice". O autor apresenta afirmações muito fortes e convida o leitor aencarar a realidade humana em face da morte.

A seguir, apresentamos de forma esquematizada alguns dos principais temas e conceitos do livro.Acrescentamos algumas expressões que não se encontram no Eclesiastes, mas se apresentamcomo instrumentos de análise.

O Eclesiastes destaca a supremacia de Deus, acima de tudo. Deus criou o homem (7.29) e deu ele otempo (9.11). Esse tempo se divide em passado, presente e futuro. A administração temporal cabe,parcialmente ao homem, até o momento em que Deus lhe toma esse controle. Nesse tempo se situaa vida do homem. O seu desafio é descobrir o melhor a se fazer de modo a se aproveitar bem essetempo (2.3). Salomão observou, experimentou e descreveu tudo o que o homem faz em seu tempo devida. Em todo esse processo ele procurou descobrir o que traria ao homem maior satisfação, enfim, afelicidade. A palavra "Deus" aparece em 33 versículos do livro. "Tempo" aparece em 19 versículos. Apalavra "homem" é mencionada em 47 versos. Essa freqüência nos faz notar a importância dessestermos na análise existencial proposta pelo autor.

Salomão então cita as ocupações humanas, seus interesses e os alvos dos seus esforços no períodochamado vida e localizado cosmicamente debaixo do sol ou debaixo do céu. Fala então deconhecimento, sabedoria, trabalho, dinheiro, bens, riqueza, comida, bebida, relacionamentos, alegria,prazer, pecado, sofrimento e religião. Tais assuntos ocorrem diversas vezes e se entrelaçam nodecorrer dos capítulos de Eclesiastes. Colocados nessa ordem que escolhemos, percebemos queexiste uma relação natural entre esses elementos, o que não significa a sua realidade plena na vida detodas as pessoas. Assim, o conhecimento possibilita o trabalho, que, por sua vez trará o dinheiro.Este se incumbe de trazer os bens, a comida, a bebida e, eventualmente, a riqueza. Havendosuprimento das necessidades básicas, já podem ser assumidos relacionamentos, os quais sãoapresentados por Salomão como questão importante na vida humana. Tudo isso, em conjunto, deveriaproporcionar o prazer e a alegria para o ser humano e muitas vezes proporciona de fato. Contudo,Salomão observa que o pecado e o sofrimento também fazem parte da vida humana. O sofrimentosurge de várias fontes. O próprio prazer, quando se torna escravidão, traz o sofrimento comoconseqüência. E mesmo em suas formas mais legítimas, o prazer tem um fim e em seu lugar seinstala novamente o sofrimento. Olhando pelo lado positivo, em algumas situações o sofrimento produzcrescimento. Logo, sua completa supressão, se fosse possível, seria também prejudicial.

O pecado contamina a existência humana (9.18), que poderia ser tão maravilhosa. O sofrimento, comoconseqüência do pecado, acaba também se tornando um dos motivos que conduzem o homem àprática religiosa. Ao falar da religião (5.1), o autor não a trata como fim em si mesma, como soluçãopara os problemas observados. Até na casa de Deus encontra-se o tolo fazendo o seu sacrifício. Nota-

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se, portanto, a religiosidade humana contaminada pelo seu pecado.

Com todas as possibilidades de sofrimento, será que o homem poderá encontrar felicidade entregando-se à sua busca pelo prazer e pela alegria? Talvez fosse então aconselhável que o homem sededicasse única e exclusivamente aos objetos do seu deleite: a comida, a bebida e osrelacionamentos. A certa altura da sua exposição, Salomão nos indica esse caminho (2.24). Pareceentão que a busca excessiva pelos prazeres do corpo e pelas posses materiais possam constituir ajustificativa suficiente para a vida humana. Em um primeiro momento, pensa-se na vida e em seusvalores de forma positiva: construir muito, aproveitar tudo e possuir o máximo. Depois de mencionartantas coisas positivas da vida humana, Salomão coloca em destaque a morte. Esta surge entãocomo uma ameaça contra todas as conquistas humanas e valores da vida. Diante dessa realidade,tudo passa a ser visto como coisa vã. Daí vem a máxima: "Tudo é vaidade." Tal afirmação indica quenada tem valor nem sentido. Tudo o que for conquistado será perdido. Tudo o que for aprendido seráesquecido (9.5). Tudo o que se conseguiu ser será aniquilado. Esta parece ser uma conclusãodesesperada de alguém que se depara com a morte. Diante desse fato previsível e certo, todas asocupações humanas, bem como suas conquistas, têm de ser reavaliadas. O tolo, "personagem" muitomencionado em Provérbios e Eclesiastes, vive o presente e ignora o futuro. Esta atitude pode afetá-lode tal forma que venha a ser negligente em relação ao trabalho, aos estudos e aos projetos em geral.A sabedoria nos leva a considerar o futuro. Cabe lembrar aqui o que Cristo ensinou condenando aansiedade pelo dia de amanhã (Mt.6.34), mas valorizando o planejamento (Lc.14.38-32).

Além do fato futuro da morte, devemos considerar também a eternidade que nos aguarda no futuro.Salomão faz então essas considerações. Muitas coisas que pareciam valer a pena, perdem seu valorquando confrontadas com a morte. Outras, se desvanecem quando confrontadas com a eternidade.Salomão toca nesse ponto quando fala do retorno do espírito para Deus (12.7) e também do futurojuízo divino sobre as obras humanas (12.14). Eis então completo o plano de confronto: a vida, a mortee a eternidade. Para que se tenha então uma perspectiva correta da existência, deve-se considerartudo isso. Diante do peso de tão grande ponderação, o autor tece suas conclusões, onde se destaca anecessidade que o homem tem de se lembrar do Criador e o seu dever de temê-lo e obedecer os seusmandamentos.

Vemos então que o Eclesiastes tem uma linha de desenvolvimento que vai do natural ao espiritual. Amaior parte de suas colocações se refere ao que é terreno, o que está debaixo do sol. Dentro desselimite tudo é vaidade. Na busca pelo que atende ao corpo, tem-se como conseqüência a aflição doespírito. Contudo, o livro vai elevando sua análise rumo ao que é eterno. Ao tratar especificamentedessa parte, o autor já não diz que é vaidade. Não é vaidade lembrar do criador, temer e guardar osmandamentos.

A Preciosidade do tempo

O tempo se divide entre passado, presente e futuro, ou podemos vê-lo como o tempo da vida, o tempoda morte e a eternidade. Muitos problemas surgem pelo erro na administração do tempo. O focoexagerado em alguma dessas divisões pode trazer conseqüências prejudiciais. Quem vive derecordações não aproveita o presente. O mesmo acontece com quem é dominado pela ansiedade oupreocupação com o futuro. Perde-se então o hoje e antecipa-se o sofrimento de amanhã que, emmuitos casos pode ser apenas uma ilusão que não irá se concretizar. Não se pode pensar apenas navida como se a morte não existisse. Também não é prudente o foco na morte a ponto de se perder amotivação pela vida. Outro extremo é a dedicação exclusiva às questões relativas à eternidade, taiscomo práticas espirituais ou religiosas, a tal ponto de se negligenciar o suprimento das necessidadesnaturais. Há necessidade de equilíbrio do foco no tempo. Qual é o ponto de equilíbrio? É uma questãoa ser definida pela sabedoria.

O que acontece na maioria das vezes é que o homem fica preso no âmbito da vida, desconsidera amorte e a eternidade e poderá ser apanhado desprevenido pelos últimos tempos, sejam estesuniversais ou pessoais. Jesus alertou seus discípulos acerca dos "cuidados desta vida", queconsistem no atendimento às necessidades e desejos humanos, mas que podem constituir laço casose tornem tão prioritários que venham a tomar o lugar dos cuidados espirituais. Assim, a busca donecessário pode se tornar prejudicial quando obscurece os valores eternos (Lc.21.34). Foi o queaconteceu nos dias de Noé: comiam, bebiam, casavam-se e davam-se em casamento. Noé entrou naarca e o povo não percebeu até que o dilúvio caiu sobre eles (Mt.24.38-39). O que importava eraapenas o presente, apenas os interesses do corpo, apenas a vida em seu momento imediato.

Reflexão diante da morte

No capítulo 2 de Eclesiastes, está o relato das grandes conquistas, experiências e realizações deSalomão. Nesse processo, certamente há que se perceber o inegável prazer de todas aquelasaquisições, fartura e conforto. Entretanto, ao se confrontar com a realidade da morte, Salomão, numprimeiro momento desvaloriza todas as coisas e afirma que tudo é vaidade (2.14-18). Ele chega aaborrecer todo o seu trabalho e até a própria vida. Percebe-se então a amargura do confronto com ofim inevitável da vida terrena. É um momento de choque. Sob esta perspectiva, tudo passa a ser vistode modo crítico e destrutivo. Já que iremos morrer, o que vale a pena ser vivido? A primeira resposta é:nada vale a pena. Tudo é vaidade. Tudo está condenado.

Mais adiante, o autor de Eclesiastes já não parece tão amargurado. Então, ele retoma a valorização demuitas coisas e fatos terrenos. Agora, porém, de modo mais comedido, moderado. Vamos jogar fora avida por causa da morte? Vamos perder a vida antecipadamente abrindo mão de tudo que podemosusufruir? De modo nenhum. Afinal, se temos algo nesta vida, isto é dom de Deus e deve ser usufruído,mesmo sendo transitório (Ec.2.24; 5.19). Contudo, já não se observa todo aquele ímpeto de busca quese viu no capítulo 2.3-10. Vamos, sim, valorizar a comida, a bebida, o trabalho, os bens, mas sem osextremos anteriores, já que se tem em mente a morte como obstáculo intransponível e limite decisivocontra as grandes realizações do homem.

A realidade da morte deverá ser confrontada com nossos atos, atitudes, tratamentos interpessoais,sentimentos, etc., afim de se determinar o que vale a pena e o que não vale.

Algumas coisas valem a pena por causa da vida em si: comer, beber, usufruir dos bens na companhia

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de quem se ama.

Considerando a questão da morte, constatamos que algumas coisas da vida deixam de valer a pena:Acúmulo de riquezas, excesso de trabalho, excesso de estudo, atitude de orgulho, etc. A mortecoloca os seres humanos em condição de igualdade, anulando todos os privilégios naturais, diferençasculturais, econômicas, sociais, etc. "Como morre o sábio, morre o tolo." (Ec.2.16). Sendo assim, oorgulho, a soberba, e o tratamento de desprezo para com o próximo, são atitudes que não sejustificam. Perdem totalmente o sentido quando se pensa na morte e seu significado.

A moderação torna-se palavra de ordem. Já que a morte é uma realidade, o mais sensato é que ohomem adquira apenas o que puder usufruir. Até a sobra que se deixa como herança é vistanegativamente por Salomão (2.21). Da mesma forma, o trabalho deve ser feito conforme as forças(9.10) e o estudo demasiado poderá se tornar apenas enfado (12.12). Contudo, tais palavras nãodevem ser usadas como justificativa para a preguiça e a negligência, pois a atitude passiva de cruzaros braços é própria do tolo (4.5). O que se busca em tudo isso é o equilíbrio, que será produtoexclusivo da sabedoria. Moderação é prudência; Preguiça é tolice. Nosso desafio é sempre distinguirentre esses elementos nas mais diversas áreas da nossa vida.

Considerando a eternidade, cuja consciência foi gravada por Deus no coração humano (3.11),passamos a detectar outras coisas que deixam de valer a pena na vida: os excessos e o pecado,sendo que ambos estão muitas vezes relacionados. Por outro lado, o autor diz o que vale a pena emfunção da eternidade: lembrar do Criador, temê-lo e obedecer aos seus mandamentos.

Onde está o limite?Esta é uma pergunta importante para que se saiba até onde ir nas buscas, conquistas e realizações.Contudo, uma pergunta sem resposta. Muitos limites estão estabelecidos pelas leis, mas estas nãoconseguem abranger a infinita variedade que envolve a ação humana e os detalhes da vida. E mesmonas situações previstas em lei, a variação de aspectos é tão grande e freqüente que justificam apresença dos intérpretes para definir a correta aplicação dos dispositivos legais. Desse modo, asabedoria é superior à lei pois se aplica a toda e qualquer situação. Em cada instante, em cada casoespecífico, só a sabedoria poderá definir com precisão o limite para as ações humanas.

Por exemplo, vimos que o acúmulo de bens não se justifica diante da morte. Entretanto, qual é o limitepara esse acúmulo? O que é riqueza? Não existe um parâmetro numérico definido para que sedetermine o que seja o ponto que separa a pobreza da riqueza. A dificuldade é tão grande que já se"criou" uma classe média entre as duas posições. E o problema não está resolvido. Sentiu-se então anecessidade de se dividir em classe média baixa e classe média alta. E onde está o ponto divisórioentre ambas? Não se sabe. Portanto, está demonstrada a necessidade que cada um tem de possuir asabedoria, de modo que possa definir em sua própria vida os limites para suas buscas, conquistas erealizações

Visão cosmológica – Ao invés de ver positivamente o universo e seus fenômenos, o autor faz umaobservação crítica de tudo isso, destacando a rotina da natureza, o que, a seu ver, é algo enfadonho emonótono.

Antropologia – (Antropos = homem) – Nessa parte, Salomão se dedica a descrever as experiênciashumanas, inclusive as suas próprias, buscando determinar o que possa ser melhor para o homemdurante seu tempo de vida.

Crítica social I – Depois de analisar diversas questões do homem, o autor passa a abordar as relaçõeshumanas com o próximo (4.4), desde o simples companheirismo (4.10), passando pelos laçosfamiliares (4.8,11) até às relações de autoridade. Salomão valoriza a convivência (4.9) mas destaca asocorrências de impiedade (3.16), opressão (4.1), lágrimas (4.1), e inveja (4.4). Observa ainda aausência do juízo (3.16) e do consolo para os oprimidos (4.1). Diante de tal quadro, chega a verpositivamente a morte como um tipo de livramento (4.2). Em meio a todos os problemas do convíviosocial, Salomão conclui que pior será a situação daquele que estiver só (4.8-11).

Crítica religiosa – Nessa parte é analisada a relação do homem com Deus. Até nesse momento éobservada a tolice (5.1) e o erro humano (5.6). O que deveria ser puro e santo também corre o risco decontaminação pelo pecado. É o caso do sacrifício do tolo, sua precipitação diante de Deus e os votosnão cumpridos.

Crítica social II – É bem comum no Eclesiastes o retorno aos assuntos já tratados. O autor volta entãoa observar as questões sociais. Vê a opressão e a violência no lugar da justiça. Contempla a riqueza ea pobreza, embora o proveito da terra deva ser para todos (5.9). Procura mostrar algo de bom na vidado pobre: seu sono tranqüilo (5.12) e apresenta aspectos negativos na vida do rico: sua insaciávelbusca pelo dinheiro (5.10), sua falta de tranqüilidade (5.12), a perda dos bens (5.14), e o caso do ricoque não pode comer da sua fartura (6.2).

Ideologia – O autor apresenta idéias sobre a administração da vida, comparando coisas (7.27) eapontando qual é a melhor (7.1-3). A busca do equilíbrio é incentivada (7.14-17). A obediência àautoridade pública é aconselhada (8.2). A questão da aparente injustiça da vida é explorada (8.11).Novamente se retoma o tema da morte (8.8; 9.5) e das alegrias que podem ser alcançadas em vida(8.15).

Conclusões éticas – A ética envolve questões morais do comportamento, escolhas entre o bem e omal. Depois de tantas análises da vida, o autor expõe suas conclusões. Novamente enfatiza o valordos prazeres da vida (9.7-9) aliados a um trabalho sem excessos (9.10). Adverte contra os danoscausados pelo pecado e valoriza a sabedoria (9.18). Faz então uma série de advertências em forma deprovérbios (10). Finaliza com incentivo ao gozo da vida, mas lembra a prestação de contas (11.9).Termina essa parte incentivando o jovem a lembrar-se do Criador antes que venham a velhice e a mortee o juízo (12.1-7,14).

O bem e o mal

O autor de Eclesiastes tem uma grande preocupação em relação ao bem e ao mal. Verificamos isso

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ao buscar no texto essas palavras e suas derivadas. O mal vai sendo detectado em quase tudo, acomeçar do coração humano. Mas nem tudo está perdido. Salomão identifica o bem em muitosaspectos da vida. Cabe a cada um a escolha. O autor se aplica a comparar várias coisas em busca doque é melhor. Chega ao ponto de mencionar a excelência da sabedoria. Nosso desafio é evitar o mal,buscar o bem, alcançar o melhor e o excelente.

Vejamos as ocorrências dos termos relacionados ao assunto:

Mal - 5.1,13,14,16; 6.1-3; 8.5-6; 9.3; 10.5; 11.2,10.

Maldade - 7.15; 9.3.

Maltratado - 10.9.

Amaldiçoar - 7.21-22; 10.20.

Mau - 9.2; 10.1; 12.1; 9.12.

Má - 4.3; 8.3; 8.11-12.

Bem - 2.24; 3.12,13; 4.8; 6.6; 7.14,20; 8.12,13.

Bom - 2.26; 6.12; 7.18; 7.26; 9.2; 9.7.

Boa - 5.18; 7.11; 11.6.

Melhor 2.3; 2.24; 3.12; 3.22; 4.3,6,9,13; 5.5; 6.3,9; 7.1,2,3,5,8,10; 8.15; 9.4; 9.16; 9.18.

Excelente - 2.13; 7.12.

Vejamos também alguns texto fora do Eclesiastes que mencionam o termo "excelente": Pv.8.6;Ec.2.13; Ct.4.16; Rm.2.18; Fil.1.10; I Cor. 12.31. Não se acomode no nível do que é bom.

Algumas considerações:

A) 5.1 – "... pois não sabem que fazem mal." Um dos fatores que catalisam o crescimento do mal é aignorância. A bíblia nos foi dada para que possamos adquirir o conhecimento necessário para seidentificar o mal em suas diversas formas afim de que o evitemos.

B) Ao mencionar o mal Salomão não falou sobre Satanás. Sua ação no Velho Testamento não erabem identificada. Por exemplo, no livro de Jó: Depois que Satanás destruiu tudo o que aquele homempossuía, sua conclusão foi: "Deus deu, Deus tomou." Ele atribuía tudo a Deus. Isso não estáabsolutamente errado, já que Deus tem o controle final de todas as coisas. Porém, Jó não percebeu amão de Satanás nesse processo.

C) O que é bom torna-se mau quando passa a ocupar o lugar de Deus em nossas vidas (idolatria),(amor ao dinheiro 5.10); quando ocupa o lugar da espiritualidade (exemplo: trabalho no lugar do culto).A serpente de bronze que Moisés fez tornou-se um ídolo e precisou ser destruída (II Rs.18.4). Muitascoisas tornam-se más quando são feitas no tempo errado ou da maneira errada. Exemplo: arrancaruma planta que não cresceu ou colher um fruto que não amadureceu. Ec.10.16-17 (tempo e modo) 8.6.O modo de se fazer as coisas é, em muitos casos, o fator diferenciador entre o sucesso e o fracasso.Muitas pessoas falam verdades de modo ofensivo e depois se justificam dizendo que são "francas".São palavras certas ditas da maneira errada. Assim, palavras boas surtem um efeito mau.

D) Tudo é bom enquanto for justo, enquanto não for vergonhoso. (A própria consciência identifica issocom alguma eficiência. O problema é que a consciência pode ser condicionada e se tornar ineficiente.)Tudo é bom enquanto não causar escândalo. Vejamos uma lista de considerações pertinentes a essaquestão em Filipenses 4.8.

Desejo x cobiça A preocupação ética do Eclesiastes poderia ser resumida em se buscar o bem e evitar o mal. Porém,a definição do limite entre esses elementos nem sempre é fácil. Como foi observado por Salomão, ohomem precisa de comida, bebida, trabalho, dinheiro, relacionamentos, alegria, prazer, etc. Em suasbuscas, conquistas e realizações, o ser humano vai avançando numa direção que passa pelosdomínios do bem e pode acabar alcançando o espaço do mal. Mas como se identifica a linha divisóriaentre as duas coisas? Podemos ver também nesse movimento uma passagem pelos domínios dasabedoria, da tolice e da loucura. Para ilustrar, vamos pensar na velocidade desenvolvida por umautomóvel. Só para termos uma idéia, consideremos que até aos 80 quilômetros por hora estaríamosnos limites da sabedoria. Atingindo os 120, isso seria tolice. Ao chegarmos aos 180, teríamosalcançado a loucura. Assim acontece em várias ações humanas. Contudo, não existe um velocímetrona vida para determinar em que ponto estamos. A lei determina alguns limites, mas não todos,principalmente para coisas que são boas e aparentemente inofensivas. Uma faca não é boa nem má,mas o seu uso vai determinar essa característica. Desse modo, muitas coisas boas podem se tornarmás devido a vários fatores. Em I Coríntios 10, Paulo fala que os judeus "cobiçaram as coisas más".Que coisas eram essas? Comida, bebida e diversão. Isso não é originalmente mau. A maldade estáentão na cobiça (Ec.6.7). Se alcançamos algo bom motivados pela cobiça, então isso se torna mau.

O homem desvia sua necessidade psicológica e espiritual para o físico, criando falsas necessidades.Por exemplo, muitas pessoas com ansiedade, desviam seu problema para uma ilusória necessidadede alimentação. A infelicidade ou sentimento de insatisfação pode ser erroneamente identificado comofalta de alguma coisa material, quando, na realidade o que está faltando é algo espiritual.

O risco e a inutilidade do excesso –

A importância do equilíbrioO excesso é uma das origens do mal em muitas de suas manifestações. Em diversos textos, o autorde Eclesiastes menciona o excesso.

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Onde está o limite entre o suprimento, o conforto e o exagero?

Algumas vezes, o exagero de alguém causa necessidade para outro. Por exemplo, enquanto umapessoa possui muitos hectares de terra, outra não tem sequer um lote.

Vejamos os versículos de Eclesiastes que se referem ao excesso ou grande quantidade de qualquercoisa:

1.18 (sabedoria, trabalho) 4.8 (trabalho, riqueza) 5.2-3 (palavras) 5.7 (sonhos) 5.11 (bens) 5.12(comida) 6.3 (filhos) 6.3,6 (tempo de vida) 7.16-17 (justiça, sabedoria, impiedade) (extremos) 10.17(comida e bebida).

A busca excessiva de Salomão.

2.5 - Toda a espécie 2.7 - grande possessão - mais do que todos 2.8 - amontoei - de toda sorte

2.9 - engrandeci-me e aumentei mais do que todos. 10 - tudo.

Seria interessante ler outras palavras de Salomão sobre o excesso em Provérbios: 24.13-14; 25.16.

O homem quer mais do que lhe é dado. Adão e Eva podiam comer de quase todos os frutosdisponíveis, mas quiseram até mesmo aquele que tinha sido proibido.

A felicidade não está no excesso. Depois de buscar tudo ao máximo, Salomão encontrou novamente avaidade e a aflição de espírito.

O excesso daquilo que você quer trará também o excesso daquilo que você não quer (1.18). Muitoconhecimento poderá trazer muito trabalho. Este, por sua vez, pode até não trazer excesso dedinheiro. Se trouxer, este virá acompanhado de muitas perturbações que só o rico conhece. "Onde semultiplicam os bens, multiplicam-se também os que deles comem" (5.11).

Salomão apresenta os riscos do excesso e sua inutilidade. Algumas vezes pode ser perigoso, outras,inútil. Ele não proíbe o excesso. Proibir é próprio da lei e não da sabedoria. A sabedoria orienta aocuidado. Muitos excessos são lícitos, ou seja, não são proibidos. Contudo, podem não serconvenientes. Cabe a cada um julgar com sabedoria cada situação. Isso é bem do estilo no tempo dagraça. Não é proibido comer carne de porco, mas convém? Até que ponto? I Cor.10.23.

Vejamos uma linha de conquista progressiva, onde a primeira posição corresponde ao mínimonecessário para o suprimento da necessidade. Em um segundo momento, existe algum excesso.Podemos ver nisso, não um exagero, mas uma posição de conforto. O excesso não será negativonesse ponto. A posse material, por exemplo, em níveis ainda maiores pode se tornar inútil ou atémesmo arriscada. Ao pensarmos em dinheiro, verificamos sua necessidade e utilidade (7.12). É bomque o tenhamos em quantidade superior à necessária. Isso seria confortável. Se possuirmos muitomais do que precisamos, então não seremos capazes de usufruir de tudo. Se atingimos o que seconsidera acúmulo de riqueza, então podemos perder a tranqüilidade e a liberdade. Muitos chegaram aesse nível e vivem se escondendo com medo de roubos e seqüestros.

Evidências do judaísmo em Eclesiastes,

enfoques teológicos e vínculos bíblicos

A aparente separação do Eclesiastes em relação ao contexto bíblico se desfaz pelos seguinteselementos:

Referência a Davi (1.1), Jerusalém (1.1,12 2.9), Israel (1.12), Casa de Deus - templo (5.1), sacrifícios(5.1), votos (5.4), anjo (5.6), mandamentos - lei (12.13). Imortalidade da alma/espírito (3.19-21 12.7),Deus (5.1) (Elohim 33 vers.), pecado (2.26), juízo (12.14).

- O teocentrismo de eclesiastes, abordando os vários aspectos das relações divinas com o homem:

Deus criador (12.1) - doador (2.24,26 5.18,19) - orientador (soberania) (9.1) - único Pastor (12.11),legislador - 12.13), Juiz (11.9 12.14 3.17).

- O pecado como causa da desgraça humana - 7.25-26 8.3,13 9.18

- O juízo – No tempo presente, na vida terrena, o justo e o ímpio passam pelas mesmas coisas.Aparentemente se observa injustiça. Salomão viu isso e se sentiu incomodado (2.14-16; 8.10-14; 9.1-3). Deus ama a todos e a todos oferece a oportunidade. Por isso, o juízo não se executa logo.Contudo, Salomão afirma que o julgamento vem e Deus o executará (11.9; 12.14; 3.17).

- Ligações com Gênesis - Pecado - 2.26 Trabalho - 1.13 Morte - 12.7 3.19-21

- Ligação com Apocalipse - Juízo (11.9 12.14) - A eterna morada do homem (12.5).

- Semelhança com Jó 3 - Ec.4.1-3 6.2-6

- Semelhança com Provérbios - Ec.10; 12.9

DEUS

As referências a Deus no livro fazem com que o mesmo possa ser consideradoteocêntrico, ao contrário do que sugerem alguns críticos negativos. Eclesiastesapresenta Deus como criador, doador, orientador, legislador e juiz. Tudo isso está

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totalmente coerente com o contexto bíblico geral. Em nossa leitura, notamos que osverbos associados à pessoa de Deus chamam a atenção por seu sentido e pelafreqüência com que se repetem. Entre eles destacam-se os verbos "fazer", "dar" e"julgar", os quais reforçam a tese de que o autor apresenta Deus como criador,doador e juiz. Deus criou todas as coisas e deu muitas delas ao homem. Tudo foifeito perfeito (Ec.7.29) e formoso (Ec.3.11). Contudo, o homem corrompe a criação etambém a si mesmo. De tudo isso, Deus pedirá contas ao homem no juízo (3.15,17;11.9).

DEUS CRIADOR

Ec.3.11 – Deus fez tudo formoso em seu tempo. Deus faz uma obra oculta.

Ec.3.14 – O que Deus fez durará eternamente.

Ec.7.14 – Deus fez o dia da prosperidade e o dia mau. Não podemos ter uma visãoparcial, como se as adversidades estivessem fora dos planos de Deus.

Ec.8.17 – Obra de Deus.

Ec.11.5 – Obra de Deus.

Ec.12.1 – Lembra-te do teu Criador.

DEUS DOADOR

Ec.1.13 – Deus dá o trabalho ao homem.

Ec.2.24 – Deus dá oportunidade para que o homem usufrua do fruto do seu trabalho.

Ec.2.26 – Deus dá ao homem sabedoria, conhecimento, alegria e trabalho.

Ec.3.10 – Deus dá o trabalho ao homem.

Ec.3.12-13 – Deus dá oportunidade para que o homem usufrua do fruto do seutrabalho.

Ec.5.18 – Deus dá ao homem o tempo de vida.

Ec.6.2 – A alguns, Deus deu riquezas. Dentre esses, alguns não receberam acondição de uso das mesmas.

Ec.8.15 – Deus nos dá a vida.

DEUS JUIZ

Ec.3.15 – Deus pede contas do que passou.

Ec.3.17 – Deus julgará o justo e o ímpio suprindo a falta da justiça humana (v.16).

Ec.11.9; 12.14

Depois de receber tantos dons, o que o homem faz? Se esquece de Deus. Por isso,o autor de Eclesiastes diz: "Lembra-te do teu criador.." (Ec.12.1). E quando selembra, o homem continua sua trajetória de erros. Em seu esforço religioso, oferece o"sacrifício de tolos" (Ec.5.1). Faz votos e muitas vezes deixa de cumpri-los (Ec.5.4-6).O autor reforça o dever humano para com Deus: temer ao Senhor (Ec.5.7; 7.18;8.12,13;) e obedecer aos seus mandamentos (Ec.12.13). Este é o nosso dever,sempre atentos ao que agrada ao Senhor (Ec.5.4; 9.7; 7.26), pois estamos todos emsuas mãos. (Ec.9.1).

A CASA DE DEUS (Ec.5.1)

O livro enfatiza bastante a atividade humana. Em meio a tudo isso, faz-se referência àcasa de Deus, na qual o homem deve "guardar o seu pé." A casa de Deus é um lugaronde o homem deveria parar sua atividade e ouvir a voz de Deus. "Inclina-te mais aouvir..." Nota-se nessa ordem a importância da palavra de Deus, a qual deve serouvida pelo homem. Precisamos ter cuidado para que o excesso de atividade

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humana não venha ocupar o lugar da palavra de Deus em nossas igrejas e emnossas vidas. "Inclina-te mais a ouvir..."

Não basta "escutar" a palavra de Deus. O verbo "ouvir" pressupõe "atender","obedecer". A obediência inclui atividade, mas agora tem-se uma ação divinamenteorientada.

O autor nos alerta contra a religiosidade fútil diante do verdadeiro Deus. Assim, oservo de Deus estaria fazendo tolices como fazem aqueles que não conhecem oSenhor. Este é o caso de se fazer muita coisa para Deus e deixar de fazerexatamente o que ele mandou que fizéssemos.

O versículo 2 do capítulo 5 nos traz uma expressão ainda mais íntima. Agora o homemestá "diante de Deus". Nesse momento, o homem tem a tendência de falar muito efalar errado. O autor condena essa precipitação e abundância de palavras (Ec.5.2-3).Está em pauta a questão da oração. Quando oramos de forma impensada, corremoso risco de falar tolices, inclusive fazendo votos que não poderemos cumprir (Ec.5.4-6).Isso ocorre, principalmente, quando se tem um tempo de oração a observar. Muitasvezes, o assunto já terminou mas ainda há tempo para orar. Então começamos aencher o tempo com palavras vazias e repetitivas (Mt.6.7). Seria melhor então quededicássemos esse tempo para ouvir o Senhor através da sua palavra. Quandoorarmos, precisamos de objetividade. Isto será melhor que a excessiva quantidadede palavras. Precisamos ter em claro em nossa mente o objetivo da nossa oração.Como disse Oséias: "Tomai convosco palavras e voltai para o Senhor. Dizei-lhe:Perdoa toda a iniqüidade." (Os.14.2). Pelo quê vamos orar? Não devemos começar afalar ou cantar de modo irrefletido e irresponsável. Tendo objetivos claros, poderemosnos lembrar deles e esperar conscientemente a resposta de Deus. Veja aobjetividade do salmista que diz: "Uma coisa pedi ao Senhor e a buscarei: que eupossa habitar na casa do Senhor todos os dias da minha vida, para contemplar aformosura do Senhor e aprender no seu templo." (Salmo 27.4).

No mesmo versículo em que diz que o homem está "diante de Deus", o autorcompleta dizendo que o homem está na terra e que Deus está nos céus. Podeparecer uma contradição. Contudo, acho mais coerente ver nesse texto não umaidéia de distância geográfica, mas de duas realidades diferentes, dois níveisdistintos. A realidade divina é representada pela palavra céu. A realidade humana éterra. Muitas vezes, nossas orações são erradas porque não compreendemos a açãodivina. Queremos interpretá-lo sob a ótica terrena. Nós vemos as obras de Deus, nãoas compreendemos, mas queremos julgá-las. Então nos precipitamos com nossaboca e falamos de modo errado diante de Deus. Isso pode ser nossa reclamação,nossa murmuração, que também é um tipo de oração negativa. Deus está no céu. Oseu propósito é superior. Sua vontade é suprema. Vamos então nos inclinar paraouvir e aprender com ele.

Ao dizer que "Deus está nos céus e tu estás sobre a terra", é como se o autorestivesse exortando o leitor a "se colocar no seu lugar". O adorador que chega paracultuar a Deus, não está em posição de determinar o que Deus deva fazer, nem a elecabe o questionamento das obras divinas, nem tampouco a revolta ou rejeição contraos desígnios do Senhor. Se assim for, não é adoração que veio prestar.

No versículo 4, encontramos a afirmação de que "Deus não se agrada de tolos." Oculto tem o objetivo de agradar a Deus. Afinal, para quem é o culto? Para Deus oupara os que cultuam? Se o culto estiver voltado para o homem, então este se tornou oseu próprio deus. Se o objetivo da nossa pregação e do evangelho que anunciamosfor para agradar aos homens, então não somos servos de Cristo (Gálatas 1.10).

O HOMEM

Todo o livro de Eclesiastes se relaciona ao ser humano. Evidentemente, foi escritopara o homem, avalia a vida humana, as relações humanas e a relação entre ohomem e Deus.

Muitas vezes o autor menciona "o homem". Tal referência é um tratamento genérico,ou seja, refere-se a qualquer ser humano, seja homem ou mulher, independente dequalquer distinção. Temos nesse detalhe uma evidência do caráter universal deEclesiastes. Sua mensagem se dirige a todos os homens (12.13), e não apenas aosjudeus, como seria natural em se tratando de um escrito do Velho Testamento. Logo,esse livro apresenta uma característica avançada para o seu contexto, não serestringindo pelo nacionalismo ou exclusivismo judaico.

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Em outros momentos, a expressão "o homem" ganha um complemento. Por exemplo:"O homem que é bom" (2.26). O termo "que" determina um tipo específico de homem,ou simplesmente o homem genérico em situações específicas.

"O homem" - genérico - caráter universal de Eclesiastes (1.3; 2.3; 6.10; 7.2; 8.8;12.13)

"O homem que... " - específico - 2.12,26 etc

PROGRESSÃO DA ANÁLISE DO AUTOR SOBRE O HOMEM

Capítulo 1 - Salomão vê o universo.

Capítulo 2 - Salomão vê a si mesmo, fala consigo mesmo, fala de si mesmo e deseus interesses, conquistas, construções e decepções. Nesse capítulo, os pronomese verbos se referem quase que exclusivamente à primeira pessoa do singular:Vejamos os números de acordo com a versão bíblica de Thompson: Nos primeiros 20versículos do capítulo 2 o pronome "eu" aparece 5 vezes; "meu" 11 vezes; "minha" 5vezes; "me" 7 vezes; "mim" 5 vezes, "comigo" 1 vez, e 44 verbos referentes aopróprio autor, incluindo conjugações em primeira pessoa e os gerúndios, particípios einfinitivos relacionados. Existem ainda alguns verbos em terceira pessoa mas usadospelo autor para se referir ao seu próprio coração, seus olhos e suas mãos. Nessesmesmos versículos existem poucas referências genéricas ao homem e algumas maisespecíficas, que se referem aos servos e servas do autor. Em resumo, Salomão estáanalisando sua própria vida para tirar conclusões aplicáveis a todos os homens.

A partir do versículo 21 do capítulo 2, o autor vê os outros homens, suas atividades erelações mútuas.

AS RELAÇÕES HUMANAS

Observando as relações humanas, o autor vai especificando o papel ou posição dohomem dentro da relação ou fora dela. Surgem então as seguintes referências:

- O próximo (ou estranho) – mostra contato casual, sem compromisso, sem amizade,sem parentesco – (4.4; 6.2).

- O companheiro – o amigo (4.10).

- Mulher, filho, irmão, parente - relação conjugal e familiar – (4.7-12; 6.3; 7.26; 9.9;11.5)

- Relação social – (4.1; 5.8; 8.2).

Como disse Deus, "não é bom que o homem esteja só". Assim, ele se aproxima dooutro tornando-se "próximo". Havendo uma relação amistosa e cooperativa, tornam-se "companheiros". A próxima fase é a relação conjugal e familiar, que não devesuprimir o companheirismo da fase anterior, ou não deveria suprimir. Da família surgea sociedade. Salomão contempla o quadro social de sua época com as diferençasde classes e relações sociais diversas. Em meio a tudo isso, o autor avalia tambémas relações do homem com Deus, como são e como deveriam ser (cap.5 e 12).

RELAÇÕES E POSIÇÕES SOCIAIS

Como vimos, muitas vezes o autor de Eclesiastes se refere ao homem de formagenérica e, às vezes, de forma específica. Tais tratamentos evidenciam asigualdades e as diferenças humanas. Em alguns momentos o homem quer ser igualao outro homem. Em outro instante, quer ser diferente. Por exemplo, se o homemquer entrar em um grupo, então procura ser igual aos demais, assumindo valores epadrões de identificação do grupo, afim de ser aceito. Quer ser normal, de acordocom as normas do grupo. Depois que sua admissão está consumada, o homemprocura ser diferente para obter destaque. Busca então a individualidade. Em últimaanálise, o homem não quer ser genérico, comum. Quer ser específico, especial,diferente. Por isso, sempre deseja posições, adjetivos e títulos que o façam diferentee, de preferência, superior ao seu próximo (Ec.1.16; 2.7,9). No arranjo social humano,Salomão observou que o homem genérico assumiu ou recebeu posiçõesdiferenciadas.

O homem comum (genérico) herda posições e títulos (10.16; 2.7) - adquire (disputa)

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posições, títulos e adjetivos. Acaba ganhando outros adjetivos, alguns atéindesejáveis e talvez merecidos. O fato é que estamos sempre sendo julgados,sentenciados e rotulados pelos que nos observam.

Selecionando alguns adjetivos: rico, pobre, justo, ímpio, sábio, tolo, opressor eoprimido, fizemos o esquema acima, apresentando as combinações que julgamospossíveis (3.17; 4.1; 5.8; 5.12; 7.7). Algumas delas podem ser vistas no Eclesiastes.Nosso objetivo é perceber a análise social que Salomão fez. Ele observa taiscaracterísticas do ser humano e algumas combinações entre elas. Em 4.13,menciona-se um "jovem pobre sábio" e um "rico velho tolo". Jovens e velhos podemser encontrados em qualquer das posições acima descritas. Estão em confrontoposicões sociais e condições morais. Precisamos examinar essas combinações, demodo que venhamos a perceber o valor de cada característica. Somos convidados aavaliar a pior e a melhor combinação. Salomão fez esse tipo de exame e concluiu:"Melhor é o jovem pobre e sábio." Destaca-se nessa frase o valor da sabedoria.

Algumas combinações são desconcertantes. Em 9.11-18 temos um "sábio pobreoprimido". Com isso, o autor mostra que não existe uma relação lógica e natural entresabedoria e riqueza, ou entre justiça e riqueza, ou entre idade avançada e sabedoria.Ter um "jovem sábio" (Sal.119.100) ou um "sábio oprimido" (7.7; 10.5-7) não pareceser algo natural. Contudo, a bíblia vem nos mostrar essas realidades. O próprio autorde Eclesiastes parece um pouco surpreso com tais observações. Ele fica admiradoao constatar que não é dos sábios o pão, nem dos prudentes a riqueza (9.11).Algumas expectativas acabam não se cumprindo. Como poderíamos então falar dariqueza como algo ligado necessariamente à vida do servo de Deus? Parece queesse tipo de associação não tem respaldo bíblico.

É possível que uma pessoa se desloque entre os níveis morais e sociaisapresentados. Deus nos dá tempo e oportunidade para descer ou subir. Descer ésermpe mais fácil. O rico pode perder sua riqueza por qualquer má aventura (5.14).Para o pobre tornar-se rico é bem mais difícil. Já nascemos em uma posição socialdefinida. Temos sobre nós o peso da herança. O livro fala sobre "o que nasceupobre", o "servo nascido em casa" (4.14; 2.7) e também sobre um rei que é criança,ou seja, nasceu rico (10.16). Contudo, aquele "que nasceu pobre" tornou-se rei. Saiudo cárcere para reinar (4.14). O autor mostra a mudança de posição social. Vemos aía possibilidade que, estando nos propósitos divinos, torna-se realidade. Talreferência nos faz lembrar a história de José do Egito, que saiu do cárcere paragovernar.

O homem se ilude com sua posição e passa a desprezar ou até a oprimir aquele quelhe parece inferior. Salomão examina tudo isso e chega a mostrar os riscos dariqueza e e os prazeres do pobre (5.12-20).

Em todo esse quadro de situações e posições, o que importa de fato é a questãomoral ou espiritual do homem. Muitas vezes nos deixamos levar pela questão deriqueza e pobreza como se isso fosse o mais importante. Muito mais significativo é opeso da justiça, da impiedade, da sabedoria e da tolice.

O homem se ilude com sua posição social, mas precisa se conscientizar de sua realcondição para viver bem com Deus e com o próximo. Por isso, o autor compara ohomem com os animais. Tenta, assim, mostrar a igualdade humana, a despeito daaparente diferença (3.18-20; 5.15.)

Diante de tantos adjetivos, destacam-se: "vivos" e "mortos" como o melhor e o pioradjetivo, já que enquanto há vida há esperança de melhora em todos os aspectos(9.1-5). A morte vem mostrar a igualdade humana. Do pó para o pó. A desigualdadeda vida se desfaz no pó da morte (Jó 3.11-22). Contudo, o Eclesiastes fala do juízo.Então, a desigualdade volta à pauta. Não uma desigualdade social, mas umadesigualdade espiritual e eterna em consequência da desigualdade moral em vida(Dn.12.2). Lembre-se da história do rico e do Lázaro, sua desigualdade social emvida e sua desigualdade espiritual pós-túmulo.

TIPOS DE RELAÇÕES SOCIAIS OBSERVADAS PELO ECLESIASTES

Serviço (Serviço + propriedade = escravidão) - 2.7-8

Governo - 8.2-4

Domínio - 8.9

Opressão - 4.1 = (Governo + opressão = Ditadura)

Família (2.18,21,26)

Contato físico (3.5)

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Exploração (6.2)

Pranto pelo morto - 12.5

Esquecimento - 2.16

O autor fala sobre um aspecto ideal para as relações humanas: a ajuda e o consoloao próximo. Contudo, nesses casos, ele aconselha mas não viu nenhum exemplopara mencionar. (11.1-3; 4.1). Observam-se no texto referências aos erros e conflitosque ocorrem nas relações humanas em todos os níveis (4.1,4; 5.8; 7.21,22,26; 10.4-5,20; 7.7; 9.14). Contudo, os relacionamentos humanos corretos são apresentadoscomo necessários e fundamentais (4.8-12; 9.9). Se tudo isso pode trazer problemas,a ausência das relações pode ser ainda um problema pior. "Ai do que estiver só..."(4.10).

CARACTERIZAÇÃO HUMANA NO ECLESIASTES

O substantivo comum "homem" é alterado por adjetivos, advérbios, predicados,predicativos ou trocado por outro substantivo ao qual acrescentam-se novosadjetivos. Desse modo, caracterizamos as pessoas.

Exemplos:

Homem

Homem que trabalha

Homem trabalhador

Profissional

Bom profissional

Péssimo profissional

Homem

Homem que não trabalha

Homem preguiçoso

Malandro

Malandro perigoso

Malandro muito perigoso.

Note-se a evolução da caracterização humana. Estamos sempre conquistando ouganhando adjetivos e substantivos. Exemplos em Eclesiastes.

Homem (genérico) (6.3)

Homem que seguir o rei (2.12).

Homem pobre (9.15)

Pecador (2.26)

Grande rei (9.14)

Tais terminologias podem parecer muito semelhantes em sua função caracterizadorado ser humano. Contudo, quando usamos a preposição "que" estamos, normalmente,falando de uma ação eventual. Uma coisa é falar de um "homem que faz o bem".Outra coisa é chamá-lo de "bom". Somente uma prática constante pode dar aohomem o adjetivo correspondente à sua ação. Seria correto dizer que o "homem quesegue o rei" é um seguidor? Só diríamos isso se soubéssemos que existe a práticaconstante de seguir o rei. Poderíamos chamá-lo de "discípulo"? Só se soubéssemosque existe entre ambos um compromisso. Uma coisa é se referir a alguém como "umhomem que escreve". Outra coisa é chamá-lo de "escritor", "escriba" ou "escrivão".Então, para cada tipo de ação ou situação usamos um tipo de caracterização que,embora seja semelhante, contém sentido bem diverso. Os adjetivos negativos,entretanto, são adquiridos com mais facilidade. Por exemplo, "o homem que" roubaruma única vez já ganhará o nome de "ladrão", do qual dificilmente se desvencilharáno futuro

SITUAÇÕES, AÇÕES, POSIÇÕES, E TÍTULOS

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Somos caracterizados em função de situações em que nos encontramos, ou devidoàs nossas ações, ou por causa das posições que ocupamos. Sempre gostamos deganhar adjetivos. Ser chamado de "homem" não chega a ser, normalmente, um elogioou um insulto, mas ser chamado de "homem forte" já é algo totalmente diferente. Vejacomo o adjetivo muda completamente a imagem da pessoa, mesmo que isso sejauma ilusão. Entretanto, os adjetivos não chegam a ser satisfatórios para o serhumano. O homem quer possuir títulos honrosos. Poderíamos falar de alguém como"um homem que governa". Isso é pouco. É uma designação fraca. Então podemosacrescentar-lhe um adjetivo: "homem governador". Daí, como acontece com muitosadjetivos, o "governador" se torna substantivo. Substantivo é nome. Então, já nãochamamos habitualmente tal homem pelo seu nome próprio, mas pelo título recebido.Contudo, o homem quer títulos mais pomposos. Então o governador ganha título de"rei", "presidente", etc.

Saindo um pouco do nosso livro-tema, vejamos no evangelho de João, capítulo 1 (19a 28), a valorização humana pelos títulos. O texto fala de sacerdotes e levitas (note ostítulos) que foram entrevistar João Batista e lhe perguntaram: "Quem és tu? És Elias?És profeta? Quem és? Que dizes de ti mesmo?" Após dizer várias vezes "não sou",João se identificou como "a voz que clama no deserto". Ele poderia ter seapresentado como levita, já que era da tribo de Levi, ou pelo menos como filho dosacerdote Zacarias. Poderia dizer que era profeta e não estaria mentindo. Contudo,João não aceitou títulos. Aqueles judeus queriam saber qual era a posição social ereligiosa de João. A posição era importantíssima para eles, como, muitas vezes épara nós. Contudo, João não disse quem ele era mas sim o que ele estava fazendo:"Eu sou a voz que clama...". O mais importante não é o título que temos mas otrabalho que estamos executando. Acontece, em muitos casos, o contrário. Muitaspessoas têm títulos mas não fazem aquilo que o título indica. É como uma garrafacom um rótulo bonito e conteúdo ruim.

FAZER, SER E ESTAR

Sempre fazemos muitas coisas. Mas queremos ser alguma coisa, e essa é a ilusãoresultante dos adjetivos e títulos. Queremos adjetivos relativos aos nossos bons atosou boa situação. Quando os recebemos, pensamos que somos aquilo. Por exemplo:o homem "rico" age, pensa e vive como se houvesse alcançado o "ser" rico. Narealidade o correto seria que tal pessoa se visse como alguém que "está" rico. Esta éa visão real da vida humana. O verbo ser não é muito apropriado para o ser humano,a não ser naquela declaração divina: "Tú ÉS pó." Aí está o que o homem é. Nasoutras questões, o verbo "estar" é o mais coerente com a transitoriedade humana.Precisamos nos lembrar disso, afim de que não venhamos a ser dominados pelasoberba, pelo orgulho e pelo desprezo para com o próximo. O verbo ser é bemapropriado para a pessoa de Deus. Somente ele É, SEMPRE FOI E SEMPRESERÁ. Ele não muda. Por isso, ao ser perguntado por Moisés sobre o seu nome, oSenhor respondeu: "EU SOU".

Vejamos os adjetivos e títulos encontrados no livro de Eclesiastes, os quaisdemonstram a atenção do autor em relação à caracterização humana em função desuas situações, ações, posições e conseqüentes títulos. Normalmente pode-seconstatar que para cada posição de destaque ou vantagem existe outrasimetricamente oposta, onde outra(s) pessoa(s) ocupa(m) lugar de desprezo. Semisso, não haveria valor para as posições de destaque. Afinal, não haveria nenhumdestaque. Em alguns casos, o adjetivo apresentado não se encontra no texto masestá subentendido.

Servo / senhor - 7.21; 10.7

Governador / governado - 10.4-5; 7.19

Rei / súdito - 1.1; 9.2; 9.14; 10.16,20; 5.9; 8.2

Dominador / dominado - 8.9 (pastor dominador?) 9.17

Pregador / ouvinte (povo) - 1.1; 12.9

Sucessor - 4.15; 2.18-19

Altos - 5.8

Rico / pobre (trabalhador) - 5.8 5.12,13; 9.14-16; 10.6;

Sábio / tolo (insensato) - 7.19; 10.6; 8.1,5; 2.14; 5.1; 6.8; 9.11; 7.4-7,9; 7.19; 8.17;

9.1; 9.14-15,17; 10.2-3,6,12-15

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Príncipes - 10.7,16,17;

Nobres (adj. e subst.) - 10.17

Cantor e cantora - 2.8.

Jovem / velho - 4.13

Justo / ímpio - 7.15-17,20; 8.10,13,14; 9.1-2

O estranho - 6.2

Louco - 2.14

Forte (homem?) - 6.10; 7.19

Paciente - 7.8

Orgulhoso - 7.8

O homem que teme - 7.18; 8.12

(Homem) que faça o bem - 7.20

(Homem) que nunca peque - 7.20

(Homens) que entravam no lugar santo - 8.10

Pecador - 8.12; 9.18

(Homem) que não teme - 8.13

Bom / mau - 9.2

Puro / impuro - 9.2

(Homem) que sacrifica - 9.2

(Homem) que jura - 9.2

(Homem) que não sacrifica - 9.2

(Homem) que não jura - 9.2

Ligeiros, valentes, prudentes, entendidos - 9.11

Grande - 9.14

Perfumista - 10.1

Encantador – 10.11

Preguiçoso – 10.18

Consolador (não há) - 4.1

Obs.: No capítulo 12 temos a caracterização exclusiva da pessoa de Deus: Únicopastor/ criador (12).

"Sábio" é um adjetivo (e também substantivo) entre os mais valorizados peloEclesiastes. O sábio, mesmo que seja "pobre", poderá superar o "grande", o "rico" eo "forte" (9.14-18). O jovem sábio supera o rei velho e insensato (4.13). Outro adjetivoem destaque é o "justo". Contudo, o autor insiste que todos serão "esquecidos".Todos serão anulados pela morte (2.14-16). Entretanto, o livro deixa uma janelaaberta para a eternidade. Apesar da transitoriedade de seus efeitos terrenos, asabedoria e a justiça terão valor eterno diante do juízo divino (12.14).

No espaço da vida é que se encontram todas as posições, adjetivos e títulosassumidos pelo homem. Enquanto se tem o adjetivo "vivo" muitos outros sãocobiçados e conquistados. Depois, recebe-se um único adjetivo: "morto" (9.3-6), oqual é o mais duradouro que o ser humano pode possuir antes do juízo. Salomão falaentão da morte de modo claro e direto (2.16; 3.2,18-21; 4.2; 5.15; 6.3; 7.1-4,17;8.10,13; 9.10; 12.5,7). Enfatiza a igualdade biológica humana, que muitas vezes éesquecida diante da desigualdade social. Em sua ênfase biológica, o autor acabapor comparar o homem com os animais irracionais. A mortalidade humana e aineficácia de todos os recursos diante de tal realidade são fatos apresentados demodo contundente como que numa tentativa de mostrar ao homem a fragilidade desuas posições sociais e a importância das questões morais, uma vez que estasserão consideradas no juízo divino (12.14). O homem se ilude com suas posições,seus títulos e usa de sua condição para oprimir o seu próximo.

A referência que o livro faz à eternidade é bem resumida mas fundamental. Sem isso,tal escrito estaria confinado em uma visão biológica, terrena e limitada pela morte. A

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maior parte das declarações do autor estão restritas aos aspectos terrenos da vidahumana. Por isso é usada a expressão "debaixo do sol". Dentro desse limite, tudo évaidade. A menção à eternidade é uma "janela" que o autor deixou como um escapepara a vaidade terrena e o motivo principal para se cultivar a justiça e a sabedorianesta vida.

O HOMEM E O ANIMAL

- Qual é a vantagem de um sobre o outro? (Ec.3.19).

- Sob o ponto de vista biológico: nenhuma. Esse é o tipo de visão que o autor tem aocomparar homens e animais. Observe semelhança do Salmo 49 com a visão deEclesiastes.

- O animal se restringe aos limites da natureza.

- O homem vive desafiando, superando e contrariando a natureza. 7.29

- Isto é bom ou ruim?

- Depende de seu uso para o bem ou para o mal.

- Qual o limite? Quando o progresso ameaça o equilíbrio. Onde é esse ponto? Só asabedoria pode responder em cada situação.

- O homem tem o que aprender com o animal.

- A formiga, o gafanhoto, as aves do céu. Não têm títulos nem posições sociais, mastrabalham no tempo certo. (Pv.6.5-8; Pv.30.21-33; Mt.6.26). Salomão observou eaprendeu.

- O animal tem o seu prazer nas coisas simples. O autor nos chama a atenção paraos prazeres simples da vida: comer, beber, dormir, ver o sol, gozar a vida (Ec.2.24;5.18; 5.12; 9.9; 11;7).

- Desvantagem humana: o homem tem o pecado (8.11) que o animal não tem.(Cobiça: Ec.4.8; 5.10; 6.7,9 – inveja: Ec.4.4 – ansiedade: Ec.5.12).

- O homem precisa reconhecer sua semelhança biológica com o animal (3.18-19 -morte) para refletir sobre sua cobiça e sua soberba.

- O homem vai além do animal quando é espiritual.

- Homem natural x homem espiritual - I Cor. 2.14

TEMPO

DEUS NOS DEU O TEMPO - NÃO SABEMOS QUANTO - NÚMERO DEFINIDO DEDIAS -

TEMPO = OPORTUNIDADE

Entre as coisas que Deus deu ao homem está o tempo. (oportunidade - a cadamanhã - Lm.3.22-23).

Como nasce o sol, também "nascemos" a cada dia. Ec.1.5.

Ec.2.3 - Número dos dias - definido – porém, pode-se morrer antes - 7.17 (Ex.:suicídio).

O que fazemos da oportunidade que Deus nos dá? Apc. 2.20-21 (arrependimento dopecado ou tolerância?).

Na palavra oportunidade estão todos os valores relacionados à vida humana.

Tempo ocupado pelo trabalho - 8.16 - para oprimir 8.9 - por dores 2.23 nas trevas5.17

No Novo Testamento temos a parábola da grande ceia. Cada convidado se ausentouporque preferiu preencher seu tempo com outras coisas, as quais não eram más emsi mesmas. Porém, tornaram-se malignas porque se constituíram em empecilho aopropósito de Deus para aquelas pessoas. (Mt.22.1-14; Lc.21.34).

TEMPO PARA TUDO - DETERMINADO - NÃO PREDESTINADO - É USADO OUPERDIDO

Ec.3 - Equilíbrio em tudo - tempo para isso e para aquilo. Ex.: tempo de falar e tempode estar calado. Quem perde esse equilíbrio torna-se desagradável.

O autor diz que há tempo para tal coisa mas não diz quando é esse tempo. É precisosabedoria para se discernir o tempo certo.

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Ec.3.1, 11 - Tempo determinado não é predestinação. É um tempo definido para umarealização. A ação humana não está determinada. Passa o tempo de plantar mas ohomem não planta. Jr.8.7

Não há tempo determinado para o pecado - 9.8

A SABEDORIA E O TEMPO - SABER O TEMPO E O MODO

Um dos sinais da sabedoria é a identificação do tempo e do modo. Ester 1.13Ec.8.5-6.

O homem não conhece o seu tempo: 9.11-12

ESPERA OU INICIATIVA?

A espera - necessária ou demasiada? Cautela ou covardia? Preguiça? (10.18)

A iniciativa - necessária ou precipitada? Decidido ou apressado?

Tensão entre a espera e a iniciativa. É preciso sabedoria para se decidir por uma ououtra atitude.

Os erros e acertos (nossos ou dos outros) vão nos ensinando. Experiência gerasabedoria.

Se tivermos oportunidade de repetir certas ações, talvez possamos fazê-las de modocada vez mais correto e no tempo apropriado. Porém, algumas ações são únicas navida. Não podemos errar, já que não teremos chance de tentar novamente. Por isso,precisamos de sabedoria prévia, não produzida pelo erro anterior, mas pela palavrade Deus (Jr.8.9) e pelo dom do Espírito Santo (Tg.1.5; I Cor.1.19-30; 2.1-16; 12.8). Asabedoria humana, terrena, pode ser muito útil para o êxito material, mas a sabedoriaespiritual é aquela que conduz o homem à justiça e à salvação.

"Filho meu, ouve as minhas palavras..." Ouvir a experiência dos pais pode poupar osfilhos de muitos sofrimentos desnecessários. É uma maneira mais suave de seadquirir alguma sabedoria.

No tempo certo - 10.17

Antes da hora - 10.16

Pressa - 5.1-2; 8.3; 7.8-9. Pv.14.17; 16.32; 25.8 Tardio - Tg.1.19

Não tardes - 5.4;

EM QUE SITUAÇÃO SE DEVE ESPERAR?

Quando se trata de um fruto que precisa amadurecer. (3.11) (Tg.5.7)

Quando se trata de um investimento cujo resultado requer tempo. (EC.11.1)

SEJA TARDIO PARA O MAL OU PARA O QUE FOR ARRISCADO (Tg.1.19)

EVITE-O AO MÁXIMO – Em algumas situações, uma ação negativa poderá sernecessária para que se

evite um mal maior. É preciso muita sabedoria para se julgar esse tipo de situação.(PV.6.16-18)

NÃO DEMORE A FAZER O BEM (Rm.12.11,12,13).

A DIVISÃO DO TEMPO

Tempo – Vida – Anos – Dias – Manhãs e Tardes

Tempo (princípio e fim) Ec.3.11 / Vida – Ec.9.3 (adolescência, mocidade, primaverada vida, Ec.11.9-10; 12.1, velhice – Ec.12.1-7) /

Anos – Ec.11.8 / Dias - Ec.11.8 (manhã e tarde – Ec.11.6 - Gn.1.5,8,13,19,23,31)

Ec.11.8 - Não pense apenas nos anos. Administre os dias.

Salomão menciona o dia em Ec.1.5.

A expressão "debaixo do sol" indica o dia.

O valor do dia - Mt.6.11,30-34 - o pão nosso de cada dia.

Ensina-nos a contar os nossos dias. Salmo 90.12-15; 89.47.

Dia - unidade de tempo a ser administrada. É o que temos.

Lembra-te do teu criador nos DIAS da tua mocidade. Ec.12.1.

Gozar o bem todos os dias - não perca a chance diária - 5.18,20/ 8.15; 9.9 11.9.

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Preocupação com o dia - gasto como sombra - 6.12 - Não se pode reter a sombra.Inconsistente, uma ausência de luz.

Dias bons e dias maus - 7.14 - 12.1

Dia da morte - 8.8 (7.1).

O dia mais importante: hoje - Heb. 4.7 - II Cor. 6.2.

PARA USAR BEM O TEMPO, ESTABELEÇA ORDEM DE PRIORIDADE

"Antes que..." (Cap.12)

11.6 - plantar primeiro, comer depois. (Compare 11.6 com 10.16).

Prioridade - 12.1 - Não espere - "Antes que..." vs. 1,2,6.

Lembra-te do Criador antes que tudo isso aconteça, inclusive o verso 7.

Antes, porque "depois" será muito tarde.

NÃO PERCA O FOCO ENTRE O PASSADO, O PRESENTE E O FUTURO.

Foco no passado - 7.10

REMINDO O TEMPO

Remindo o tempo - Ef.5.16 Col.4.5 (salvar, aproveitar, evitar a perda).

O TEMPO DO JULGAMENTO

3.1-8,11,17 - O tempo de Deus julgar o que o homem fez no seu tempo.

OBSERVAÇÕES:

O "depois" não nos pertence. Ec.3.22.

100 anos - muito tempo e pouca realização - 6.3,6

Nada novo - novo é o homem - Ec.1.10 - Temos noção errada sobre o tempo devidoà brevidade da nossa vida. Na medida em que envelhecemos, nossa noção de tempovai mudando. Para uma criança, 1 ano é muito tempo.

PESSIMISMO E OTIMISMO

PESSIMISMO

1.2,8,9,13,14,15,18

2.1,11,12,15,17,18,21,23

3.19

4.2,3,4,16

5.1,10,11,14,17

7.1-3,7,8,20

8.11,16

10.8-9

OTIMISMO

2.26

3.1,17

5.12,18

7.14

8.5,15

9.9

11.1

12.1

Conceitos

Expectativa de que o bem ou o mal aconteçam.

Interpretação negativa ou positiva de um mesmo fato.

Somos pessimistas em relação a algumas coisas e otimistas em relação a outras.

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Assim como nos alegramos e nos entristecemos em momentos distintos.

O que mais se evidencia em nossas atitudes pode nos caracterizar. É algo aderenteà nossa personalidade.

Nossas experiências anteriores determinam a nossa expectativa. (Bloqueio emrelação ao futuro. Bom é ter esperança - Lm.3 - Trazer à memória o que dáesperança. - Selecione suas lembranças, desprezando as ruins. - Pense no que ébom - Fil.4.8).

Eclesiastes

Autor pessimista - a julgar pela quantidade de evidências.

Toques de otimismo.

Peso da realidade - fatos negativos - o pecado a tudo corrompe - um só pecador(Adão, o primeiro) - a mosca (10.1).

A mensagem do livro - Não é pessimista nem otimista. Conscientiza das duaspossibilidades e deixa o leitor escolher seu próprio rumo. 11.9 12.13-14.

Fica destacado o grande risco do mal. Não se enfatiza a recompensa pelo bem.

Algumas reflexões do autor equilibram suas próprias afirmações anteriores. 5.18 x6.2

8.6; 11.8.

Com pessimismo ou com otimismo, trabalhe: 11.1,6. Algumas pessoas deixam detrabalhar, não por pessimismo mas por preguiça. Então dão desculpas pessimistaspara sua atitude. (Pv.)

Em caso de utilização impressa do presente material, favor mencionar o nome do autor: Anísio Renatode Andrade – Bacharel em Teologia.

Para esclarecimento de dúvidas em relação ao conteúdo, encaminhe mensagem [email protected]

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