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 03/06/12 Estudo de Eclesiastes 1/19 eclesiastes2000.tripod.com/id6.html Eclesiastes Estudo de Eclesiastes Home História de Eclesiastes História de Salomão Eclesiastes - Capítulos 1 a 12 Estudo de Eclesiastes Continua.. Eclesiastes O livro começa com a expressão "Palavras de Qohélet, filho de David, rei de Jerusalém", geralmente considerada como título da obra. No contexto da literatura sapiencial do Médio Oriente, encontram-se obras semelhantes a este livro, tanto no Egipto (o "Diálogo do Desesperado com a sua Alma", os "Cantos do Harpista") como na Mesopotâmia (especialmente o diálogo acróstico chamado "Teodiceia Babilónica"). NOME Eti mologicame nte, "Qohélet", parece ter conexão com o termo "Qahal", isto é, "ass embleia ". "Qohélet" designa um substantivo comum, aparecendo, por vezes, acompanhado de artigo. É alguém que tem a função de pregador ou de presidente da assembleia cultual. O texto grego traduziu o termo hebraico "Qohélet" por "Eclesiastes", que se transferiu para o latim e, depois, para as outras línguas. Daí o título do livro aparecer como ECLESIASTES, por influência grega e latina, ou como QOHÉLET, que é a tendência das traduções modernas, transliterando o hebraico. Qohélet é identificado em 1,1 com o filho de David, rei de Jerusalém. Um tal filho de David só poderia ser Salomão. Porém, um estudo sério, tanto no plano da linguagem como no plano da doutrina, situa o livro num período posterior ao regresso do Exílio e anterior à época dos Macabeus. O facto de aludir ao rei Salomão, nada significa; atribuí-lo àquele soberano não passa de uma ficção literária por parte de alguém que procura um patrocínio de peso para as suas próprias reflexões. Um estudo aprofun dado sobre Eclesiastes Introdução Em nosso estudo do Eclesiastes, pretendemos fazer uma análise que parte de uma observação panorâmica e se aprofunda nos diversos temas do livro. Em alguns momentos faremos uma leitura que considera o ponto de vista do autor e vai um pouco além, utilizando, para isso, o conhecimento que nos oferece o contexto bíblico geral. Classificação e características Os livros do Velho Testamen to se classi ficam como: livro s da lei, liv ros históricos, poé ticos e proféticos (maiores e menores). Entre os livros poéticos (Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes e Cantares) encontram-se os sapienciais ou livros de sabedoria (Jó, Eclesiastes e Provérbios), os quais se caracterizam por apresentar reflexões, conselhos práticos e filosofia de vida. Seu objetivo é a transmissão da sabedoria de tal forma que a mesma venha preencher as lacunas porventura deixadas pelos códigos da lei.  Alguns trechos do Eclesiastes têm forma p oética. São eles: 3.2-8; 7.1-14 ; 11.7 e 12.7. As demais passagens se apresentam em prosa. Os esc ritos s apien ciais não se restringem ao conteúd o de Jó, Prov érb ios e Eclesiast es. Antigas civilizações já utilizavam escritura s dess e tipo, t ais c omo a Suméria ( 300 0 a.C.), Babilônia, Egito,  Arábia , Pérsia, E dom e Fen ícia. Mesmo se tratando da s Sagrada s Es crituras, a literatura sapie ncial se apresenta também em outros textos fora dos livros poéticos. São parábolas, provérbios e metáforas como os que encontramos em Jz. 9.7-15; 14.12; I Sm.1.12; 18.7; II Sm.12.1-4. Os livros bíblicos s apien ciais se especializam em deter minados t emas. Jó se aplica à que stão do sofrimento. O livro de Provérbios é dedicado à moral, enquanto que Eclesiastes apresenta a questão da felicidade humana. Título do livro O que é eclesiastes? pregador, aquele que fala a uma assembléia. Este termo tem origem grega, o que, a princípio pode parecer estranho, uma vez que o Velho Testamento foi escrito em hebraico. Tal ocorrência se justifica por uma herança da versão chamada Septuaginta. Esta foi uma tradução do Velho Testamento do hebraico para o grego. O título original era "Qoheleth", sendo traduzido para o termo grego "Eclesiastes", o qual foi mantido em nossas versões portuguesas. O mesmo ocorreu com outros livros da Bíblia, tais como Gênesis e Deuteronômio.  Autori a Livros Digitais Positivo Mais de 7 mil títulos em português. Compre, baixe e leia agora! livros.mundopositivo.com.br Dr. Mike Murdoc k em Belém Escola de Sabedoria, 07 a 09/06/12 Josué Gonçalves, Marquinhos Gomes www.escolabiblicapara Livraria Martins Fontes  Quem sabe tudo sobre livros Frete Grátis e Descontos Incríveis www.martinsfontespaulista.com.br Relógio de Ponto Homologado conforme Portaria 1510 e-mail: [email protected] www.palasnet.com.br 

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Estudo de EclesiastesLivros Digitais Positivo Mais de 7 mil ttulos em portugus. Compre, baixe e leia agora! livros.mundopositivo.com.br Dr. Mike Murdock em Belm Escola de Sabedoria, 07 a 09/06/12 Josu Gonalves, Marquinhos Gomes Livraria Martins Fontes Quem sabe tudo sobre livros Frete Grtis e Descontos Incrveiswww.escolabiblicapara.com www.martinsfontespaulista.com.br

Relgio de Ponto Homologado conforme Portaria 1510 e-mail: [email protected] www.palasnet.com.br

EclesiastesEstudo de EclesiastesHome Histria de Eclesiastes Histria de Salomo Eclesiastes - Captulos 1 a 12 Estudo de Eclesiastes Continua..

EclesiastesO livro comea com a expresso "Palavras de Qohlet, filho de David, rei de Jerusalm", geralmente considerada como ttulo da obra. No contexto da literatura sapiencial do Mdio Oriente, encontram-se obras semelhantes a este livro, tanto no Egipto (o "Dilogo do Desesperado com a sua Alma", os "Cantos do Harpista") como na Mesopotmia (especialmente o dilogo acrstico chamado "Teodiceia Babilnica"). NOME Etimologicamente, "Qohlet", parece ter conexo com o termo "Qahal", isto , "assembleia". "Qohlet" designa um substantivo comum, aparecendo, por vezes, acompanhado de artigo. algum que tem a funo de pregador ou de presidente da assembleia cultual. O texto grego traduziu o termo hebraico "Qohlet" por "Eclesiastes", que se transferiu para o latim e, depois, para as outras lnguas. Da o ttulo do livro aparecer como ECLESIASTES, por influncia grega e latina, ou como QOHLET, que a tendncia das tradues modernas, transliterando o hebraico. Qohlet identificado em 1,1 com o filho de David, rei de Jerusalm. Um tal filho de David s poderia ser Salomo. Porm, um estudo srio, tanto no plano da linguagem como no plano da doutrina, situa o livro num perodo posterior ao regresso do Exlio e anterior poca dos Macabeus. O facto de aludir ao rei Salomo, nada significa; atribu-lo quele soberano no passa de uma fico literria por parte de algum que procura um patrocnio de peso para as suas prprias reflexes.

Um estudo aprofundado sobre Eclesiastes IntroduoEm nosso estudo do Eclesiastes, pretendemos fazer uma anlise que parte de uma observao panormica e se aprofunda nos diversos temas do livro. Em alguns momentos faremos uma leitura que considera o ponto de vista do autor e vai um pouco alm, utilizando, para isso, o conhecimento que nos oferece o contexto bblico geral.

Classificao e caractersticasOs livros do Velho Testamento se classificam como: livros da lei, livros histricos, poticos e profticos (maiores e menores). Entre os livros poticos (J, Salmos, Provrbios, Eclesiastes e Cantares) encontram-se os sapienciais ou livros de sabedoria (J, Eclesiastes e Provrbios), os quais se caracterizam por apresentar reflexes, conselhos prticos e filosofia de vida. Seu objetivo a transmisso da sabedoria de tal forma que a mesma venha preencher as lacunas porventura deixadas pelos cdigos da lei. Alguns trechos do Eclesiastes tm forma potica. So eles: 3.2-8; 7.1-14; 11.7 e 12.7. As demais passagens se apresentam em prosa. Os escritos sapienciais no se restringem ao contedo de J, Provrbios e Eclesiastes. Antigas civilizaes j utilizavam escrituras desse tipo, tais como a Sumria (3000 a.C.), Babilnia, Egito, Arbia, Prsia, Edom e Fencia. Mesmo se tratando das Sagradas Escrituras, a literatura sapiencial se apresenta tambm em outros textos fora dos livros poticos. So parbolas, provrbios e metforas como os que encontramos em Jz. 9.7-15; 14.12; I Sm.1.12; 18.7; II Sm.12.1-4. Os livros bblicos sapienciais se especializam em determinados temas. J se aplica questo do sofrimento. O livro de Provrbios dedicado moral, enquanto que Eclesiastes apresenta a questo da felicidade humana.

Ttulo do livroO que eclesiastes? pregador, aquele que fala a uma assemblia. Este termo tem origem grega, o que, a princpio pode parecer estranho, uma vez que o Velho Testamento foi escrito em hebraico. Tal ocorrncia se justifica por uma herana da verso chamada Septuaginta. Esta foi uma traduo do Velho Testamento do hebraico para o grego. O ttulo original era "Qoheleth", sendo traduzido para o termo grego "Eclesiastes", o qual foi mantido em nossas verses portuguesas. O mesmo ocorreu com outros livros da Bblia, tais como Gnesis e Deuteronmio.

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Estudo de EclesiastesQuem o eclesiastes? Quem este pregador? Os versculos encontrados em Ec.1.1; 1.12; 2.1-11 nos conduzem pessoa de Salomo. Embora seu nome no seja mencionado em nenhum momento, os textos citados no deixam margem para que se pense em outra pessoa. Consideremos as afirmaes de Ec.1.1 e 1.12: "Filho de Davi.... rei de Israel em Jerusalm..." O nico homem que se enquadrou nesses termos foi o prprio Salomo pois, aps a sua morte, nunca mais houve um rei de Israel em Jerusalm. O reino foi dividido e em Jerusalm se encontrava o rei de Jud. Os reis de Israel ficavam em Samaria. Entretanto, os crticos apresentam as seguintes questes contra a autoria salomnica. Questo 1 Nas passagens de Ec.1.2 e 7.27 o escritor conjuga os verbos na terceira pessoa. Fala do pregador como sendo outro e no ele mesmo. Poder-se-ia admitir a hiptese de uma autoapresentao em terceira pessoa. Contudo, esse tipo de conjugao aparece em 12.8 em um contexto mais complexo. A fala em terceira pessoa se apresenta como um aposto no meio de uma frase dita em primeira pessoa. Parece ento bem claro que, de fato, o pregador e o escritor do livro de Eclesiastes so duas pessoas distintas. Tal evidncia no constitui grande dificuldade, j que era bastante comum a existncia de escribas que registravam as palavras ditadas pelos autores. O profeta Jeremias tinha a seu servio Baruque, que escrevia suas profecias. No de se estranhar que um rei, como Salomo, tivesse ao seu dispor um ou vrios escribas. No novo testamento, como exemplo de situao anloga, podemos citar as cartas de Paulo. Algumas vezes o apstolo ditava e algum dos seus discpulos escrevia (Rm.16.22). Questo 2 O Eclesiastes apresenta passagens aparentemente contraditrias. Isto poderia indicar a obra de dois autores. Partindo dessa premissa, foram formuladas algumas hipteses: A) O Eclesiastes seria originalmente uma obra ctica, a qual teria recebido adies posteriores. Foi a proposta dos telogos A. H. McNeile (Inglaterra), G. A. Barton (USA) e E.Podechard (Frana), todos no sculo XX. B) O livro teria sido obra de 9 pessoas: 7 autores e 2 editores. Foi a hiptese de D.C. SiegFried. Essas especulaes sobre possveis retoques em uma obra ctica original no resistem diante de algumas indagaes: Se um editor tentou melhorar a obra por no concordar com ela, no seria mais prtico elimin-la? Seria bastante contraditrio imaginar um judeu ortodoxo tentando melhorar uma obra ctica ao invs de destru-la. Se essas hipteses de edies posteriores correspondessem realidade, seria natural a existncia de verses conflitantes do Eclesiastes. No entanto, no existem conflitos significativos entre os manuscritos conhecidos. As diferenas detectadas se encontram em detalhes mnimos tais como o uso de artigos e outras partculas. O vocabulrio e os conceitos unem as partes que muitas vezes so consideradas contraditrias, nos levando a crer que, embora contrastantes, as idias partem da mesma pessoa. Alm dos indcios internos no livro, temos a favor da autoria de Salomo o testemunho dos seguintes rabis judeus: Meir Zlotowitz , em seu livro Megillas Koeles, e Nosson Schermann. O mais importante de tudo isso que a palavra de Deus prevalece independente do autor humano. Em outros livros, como Hebreus e J, a identificao do autor ainda mais difcil, ou mesmo impossvel. Contudo, sua mensagem nos transmitida de forma poderosa e eficaz.

Data e idioma originalEntre os autores que consideram a autoria de Salomo, a data de escrita do Eclesiastes tem sido colocada prxima de 977 a.C.. Como de se esperar, muitos crticos questionam essa datao. Ao se colocar em dvida a data questiona-se novamente a autoria. Alguns querem localizar a origem do livro em perodo prximo ao terceiro sculo a.C.. Sendo assim, esto eliminando a figura de Salomo do contexto. No se defende uma poca mais recente pois, entre os manuscritos do mar Morto, encontraram-se fragmentos do Eclesiastes, os quais so considerados como oriundos do sculo II a.C. As dificuldades nesse ponto surgem quando se analisam as caractersticas idiomticas do livro. No texto em hebraico encontram-se influncias lingsticas de diversos tipos, as quais se apresentam em formas pronominais, artigos, uso de consoantes como vogais, e outras partculas. Assim, tem-se no Eclesiastes um hebraico diferente daquele encontrado nos outros livros do Velho Testamento, at mesmo em Provrbios, o qual se atribui a Salomo. Para responder a essa questo surgiram as seguintes hipteses: 1 - Para D.S. Margoliouth (1921), o Eclesiastes foi escrito em um tipo de "hebraico estrangeiro". 2 - F. Zimmermann sugere que o livro tenha sido escrito originalmente em aramaico e depois traduzido para o hebraico. Sua idia apoiada por C.C. Torrey (1948) e H.L. Ginsberg (1950). 3 - M.Dahood (1952) afirma que o idioma fencio foi usado no texto original. A essas colocaes, houve a reao de R.Gordis, o qual defende a tese da escrita em um "hebraico tardio", numa poca em que a lngua j havia incorporado termos e detalhes de outros idiomas. Aramasmos so comuns no hebraico a partir do sc.X a.C.. Contudo, maiores dificuldades surgem quando se encontram duas palavras do idioma persa no texto. O auge do Imprio Persa se estendeu de 549 at 331 a.C., muito fora, portanto, do perodo de vida de Salomo. Influncias fencias so tambm encontradas em J, Salmos, Provrbios, Isaas, Ezequiel e Naum, o que no constitui evidncia cabal de que tais escritos tenham sido elaborados originalmente no idioma

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Estudo de Eclesiastes

Como podemos conciliar todas essas informaes e ainda manter a afirmao de que Salomo tenha escrito o livro de Eclesiastes? Se os crticos tivessem baseado suas teorias no estudo do manuscrito original do Eclesiastes, ento a questo ficaria bem mais difcil. Contudo, sabemos que ningum possui os textos originais. Assim, toda a anlise se d sobre verses posteriores, cpias, sendo que a mais antiga disponvel data do sculo II a.C. Desse modo, natural que tais verses apresentem influncias da poca em que foram produzidas. Seria normal que o copista quisesse passar os ensinamentos na linguagem usual daqueles dias, o que poderia ento ser chamado de "hebraico tardio", j influenciado por diversos idiomas. Tomemos como exemplo uma de nossas verses, a Revista e Corrigida de Joo Ferreira de Almeida, a qual utiliza a palavra "indstria" na passagem de Eclesiastes 9.10. bvio que tal anacronismo da traduo no nos leva a pensar que a obra original tenha sido produzida aps a Revoluo Industrial. O prprio autor poderia ter mencionado a poca e o local da produo de sua obra. Contudo, a ausncia de tais informaes acabam por reforar o carter universal do tema tratado pelo Eclesiastes, o qual no se restringe ao judasmo e ao povo judeu, embora esteja a eles vinculado.

O EpicurismoAlguns comentaristas afirmam que o Eclesiastes apresenta mximas do Epicurismo quando diz que o melhor para o homem comer, beber e gozar do fruto do seu trabalho. O Epicurismo foi uma doutrina filosfica que se originou com Epcuro (342 a 270 a.C.), um filsofo grego. Suas principais idias so: 1. Desmo possvel que Deus ou deuses existam, mas, se existirem, no esto se importando com os seres criados, no havendo de dar-lhes nenhuma recompensa ou castigo.

2. Todo o conhecimento possvel vem pelos sentidos fsicos. 3. O bem sinnimo de prazer fsico e mental. Os seguidores de Epcuro acabaram pordesprezar o prazer mental, dedicando-se exclusivamente aos prazeres do corpo.

4. No h vida aps a morte.Quando analisamos em conjunto os ensinamentos do epicurismo, conclumos que tal doutrina no se encontra nas pginas do Eclesiastes, uma vez que o autor fala de Deus de forma bem objetiva e atuante na vida humana, menciona a sabedoria que dada por Deus, avisa sobre o juzo divino em relao s obras humanas. A prpria vida aps a morte fica subentendida na questo do juzo (12.14) e tambm na afirmao de que o esprito volta a Deus (12.7).

CanonicidadeO exame de partes isoladas do livro podem conduzir o leitor a ter dificuldades em relao sua natureza cannica. H quem veja na obra contradies, pessimismo, ceticismo e epicurismo. Porm, o Eclesiastes foi citado como cannico por Melito (Sardes) 170 d.C.; Orgenes (185-225); Epifnio (Sardes) (315-403 d.C.); Jernimo (347-419) e diversos escritores judeus. Soma-se a esses testemunhos a declarao interna do livro, que diz que suas palavras foram dadas pelo nico Pastor. Em se tratando de um livro do Antigo Testamento, o seu reconhecimento por parte de Israel tem grande importncia para ns. Alm disso, h que se levar em conta o que foi dito pelos j citados "Pais da Igreja".

Salomo Vida e obraDevido insustentabilidade das hipteses contrrias, consideraremos Salomo como o autor do Eclesiastes. Seu nome significa "pacfico". De fato, a paz foi uma caracterstica marcante do seu reino, que durou de 1015 a 975 a.C., de acordo com uma das dataes mais aceitas. Salomo era filho do rei Davi com Bate-seba, a que fora mulher de Urias. O Senhor mandou que o profeta Nat lhe desse o nome de Jedidias (amado de Jeov). II Sm.12.24. Salomo foi o rei mais rico, sbio e famoso que Israel teve (I Reis 4.21,29-34). Durante o seu reinado, Israel se tornou um grande imprio. Em seus dias, devido paz dominante, houve grande desenvolvimento da nao em vrios setores, incluindo o comrcio e a produo literria. Contudo, o autoritarismo e os altos impostos tambm marcaram esse perodo. Salomo escreveu Cantares, Provrbios, e Eclesiastes. Os salmos 72 e 127 tambm so atribudos sua autoria. (I Reis 9.20-21; 10.14-29). H quem diga que o livro de Cantares tenha sido escrito no tempo da mocidade do rei; Provrbios seria obra dos tempos da maturidade e Eclesiastes seria a reflexo na velhice. Apesar de toda a sua sabedoria, Salomo cometeu muitos erros. Enriqueceu-se muito s custas do sacrifcio do povo, teve inmeras mulheres, fez alianas polticas com homens mpios e acabou se envolvendo com a idolatria. (I Rs. 11.1-12. Compare com Dt. 17.1417).

AnliseAnlise um exame minucioso. Uma das providncias que favorecem a anlise a decomposio do que se quer estudar. Por exemplo, ao se analisar a gua torna-se necessrio o exame e a compreenso de seus elementos bsicos: o oxignio e o hidrognio. No estudo da lngua portuguesa temos, por exemplo, a anlise sinttica e morfolgica, nas quais as frases so divididas de tal forma que seus elementos sejam identificados e estudados isoladamente. Da mesma maneira, o nosso estudo partir de uma viso panormica e se aprofundar num exame minucioso, cujo alcance ficar restrito aos mecanismos, mtodos e instrumentos de estudo de que dispomos.

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Estudo de EclesiastesA anlise do texto se far atravs da observao e correlao. Observao Nesse ponto, mincias do texto devem ser observadas, tais como classificao de palavras e a ocorrncia de palavras-chaves. Dependendo do caso, pode-se perguntar como, o qu, onde, quando e por qu. Deve-se tambm investigar o significado dos vocbulos e tipo de emprego, se figurado ou no. Nesse momento, importante o uso de dicionrio da lngua portuguesa e dicionrios bblicos. tambm desejvel a disponibilidade de verses bblicas diferentes. Correlao O texto examinado dever ser, sempre que possvel, correlacionado com outros versculos e captulos do mesmo livro e com outros livros da Bblia. importante tambm que, se possvel, o assunto seja confrontado com seu contexto histrico e social. Como se pode ver, alguns pontos da anlise nem sempre so aplicveis devido falta de informaes que muitas vezes se observa em relao a determinado livro ou determinada poca. O Resultado que se espera da anlise o entendimento, a interpretao. Existe muito que se pode extrair do texto bblico atravs da anlise. Contudo, acreditamos que existem mistrios nas Escrituras os quais s podem ser revelados pelo Esprito Santo. Pensemos, por exemplo, nas colocaes que o apstolo Paulo fez em relao a Sara e Hagar. Pelos mtodos analticos jamais chegaramos a concluses como aquelas, as quais no se encontram disponveis no texto original, tratando-se de significado oculto pelo Senhor. Contudo, acreditamos que toda revelao deve ser coerente com a interpretao, sempre que esta for possvel. O Objetivo da anlise o conhecimento e a aplicao do mesmo.

Texto chave: 12.13: "De tudo quanto se tem ouvido o fim : teme a Deus, e guarda os seusmandamentos; porque este o dever de todo homem".

Palavra chave: Vaidade (37x) - Qualidade do que vo, ftil, intil e de pouca durao. Tema central e vocabulrio em destaqueTema central: A busca da felicidade no confronto entre a vida, a morte e a eternidade. Todo livro sapiencial tem o objetivo de ensinar ou transmitir a sabedoria, a qual se apresenta como antdoto contra a tolice do ser humano. Observa-se no Eclesiastes o que poderamos chamar de "tratamento de choque contra a tolice". O autor apresenta afirmaes muito fortes e convida o leitor a encarar a realidade humana em face da morte. A seguir, apresentamos de forma esquematizada alguns dos principais temas e conceitos do livro. Acrescentamos algumas expresses que no se encontram no Eclesiastes, mas se apresentam como instrumentos de anlise.

O Eclesiastes destaca a supremacia de Deus, acima de tudo. Deus criou o homem (7.29) e deu ele o tempo (9.11). Esse tempo se divide em passado, presente e futuro. A administrao temporal cabe, parcialmente ao homem, at o momento em que Deus lhe toma esse controle. Nesse tempo se situa a vida do homem. O seu desafio descobrir o melhor a se fazer de modo a se aproveitar bem esse tempo (2.3). Salomo observou, experimentou e descreveu tudo o que o homem faz em seu tempo de vida. Em todo esse processo ele procurou descobrir o que traria ao homem maior satisfao, enfim, a felicidade. A palavra "Deus" aparece em 33 versculos do livro. "Tempo" aparece em 19 versculos. A palavra "homem" mencionada em 47 versos. Essa freqncia nos faz notar a importncia desses termos na anlise existencial proposta pelo autor. Salomo ento cita as ocupaes humanas, seus interesses e os alvos dos seus esforos no perodo chamado vida e localizado cosmicamente debaixo do sol ou debaixo do cu. Fala ento de conhecimento, sabedoria, trabalho, dinheiro, bens, riqueza, comida, bebida, relacionamentos, alegria, prazer, pecado, sofrimento e religio. Tais assuntos ocorrem diversas vezes e se entrelaam no decorrer dos captulos de Eclesiastes. Colocados nessa ordem que escolhemos, percebemos que existe uma relao natural entre esses elementos, o que no significa a sua realidade plena na vida de todas as pessoas. Assim, o conhecimento possibilita o trabalho, que, por sua vez trar o dinheiro. Este se incumbe de trazer os bens, a comida, a bebida e, eventualmente, a riqueza. Havendo suprimento das necessidades bsicas, j podem ser assumidos relacionamentos, os quais so apresentados por Salomo como questo importante na vida humana. Tudo isso, em conjunto, deveria proporcionar o prazer e a alegria para o ser humano e muitas vezes proporciona de fato. Contudo, Salomo observa que o pecado e o sofrimento tambm fazem parte da vida humana. O sofrimento surge de vrias fontes. O prprio prazer, quando se torna escravido, traz o sofrimento como conseqncia. E mesmo em suas formas mais legtimas, o prazer tem um fim e em seu lugar se instala novamente o sofrimento. Olhando pelo lado positivo, em algumas situaes o sofrimento produz crescimento. Logo, sua completa supresso, se fosse possvel, seria tambm prejudicial. O pecado contamina a existncia humana (9.18), que poderia ser to maravilhosa. O sofrimento, como conseqncia do pecado, acaba tambm se tornando um dos motivos que conduzem o homem prtica religiosa. Ao falar da religio (5.1), o autor no a trata como fim em si mesma, como soluo para os problemas observados. At na casa de Deus encontra-se o tolo fazendo o seu sacrifcio. Notase, portanto, a religiosidade humana contaminada pelo seu pecado. Com todas as possibilidades de sofrimento, ser que o homem poder encontrar felicidade entregandose sua busca pelo prazer e pela alegria? Talvez fosse ento aconselhvel que o homem se

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Estudo de Eclesiastesdedicasse nica e exclusivamente aos objetos do seu deleite: a comida, a bebida e os relacionamentos. A certa altura da sua exposio, Salomo nos indica esse caminho (2.24). Parece ento que a busca excessiva pelos prazeres do corpo e pelas posses materiais possam constituir a justificativa suficiente para a vida humana. Em um primeiro momento, pensa-se na vida e em seus valores de forma positiva: construir muito, aproveitar tudo e possuir o mximo. Depois de mencionar tantas coisas positivas da vida humana, Salomo coloca em destaque a morte. Esta surge ento como uma ameaa contra todas as conquistas humanas e valores da vida. Diante dessa realidade, tudo passa a ser visto como coisa v. Da vem a mxima: "Tudo vaidade." Tal afirmao indica que nada tem valor nem sentido. Tudo o que for conquistado ser perdido. Tudo o que for aprendido ser esquecido (9.5). Tudo o que se conseguiu ser ser aniquilado. Esta parece ser uma concluso desesperada de algum que se depara com a morte. Diante desse fato previsvel e certo, todas as ocupaes humanas, bem como suas conquistas, tm de ser reavaliadas. O tolo, "personagem" muito mencionado em Provrbios e Eclesiastes, vive o presente e ignora o futuro. Esta atitude pode afet-lo de tal forma que venha a ser negligente em relao ao trabalho, aos estudos e aos projetos em geral. A sabedoria nos leva a considerar o futuro. Cabe lembrar aqui o que Cristo ensinou condenando a ansiedade pelo dia de amanh (Mt.6.34), mas valorizando o planejamento (Lc.14.38-32). Alm do fato futuro da morte, devemos considerar tambm a eternidade que nos aguarda no futuro. Salomo faz ento essas consideraes. Muitas coisas que pareciam valer a pena, perdem seu valor quando confrontadas com a morte. Outras, se desvanecem quando confrontadas com a eternidade. Salomo toca nesse ponto quando fala do retorno do esprito para Deus (12.7) e tambm do futuro juzo divino sobre as obras humanas (12.14). Eis ento completo o plano de confronto: a vida, a morte e a eternidade. Para que se tenha ento uma perspectiva correta da existncia, deve-se considerar tudo isso. Diante do peso de to grande ponderao, o autor tece suas concluses, onde se destaca a necessidade que o homem tem de se lembrar do Criador e o seu dever de tem-lo e obedecer os seus mandamentos. Vemos ento que o Eclesiastes tem uma linha de desenvolvimento que vai do natural ao espiritual. A maior parte de suas colocaes se refere ao que terreno, o que est debaixo do sol. Dentro desse limite tudo vaidade. Na busca pelo que atende ao corpo, tem-se como conseqncia a aflio do esprito. Contudo, o livro vai elevando sua anlise rumo ao que eterno. Ao tratar especificamente dessa parte, o autor j no diz que vaidade. No vaidade lembrar do criador, temer e guardar os mandamentos.

A Preciosidade do tempoO tempo se divide entre passado, presente e futuro, ou podemos v-lo como o tempo da vida, o tempo da morte e a eternidade. Muitos problemas surgem pelo erro na administrao do tempo. O foco exagerado em alguma dessas divises pode trazer conseqncias prejudiciais. Quem vive de recordaes no aproveita o presente. O mesmo acontece com quem dominado pela ansiedade ou preocupao com o futuro. Perde-se ento o hoje e antecipa-se o sofrimento de amanh que, em muitos casos pode ser apenas uma iluso que no ir se concretizar. No se pode pensar apenas na vida como se a morte no existisse. Tambm no prudente o foco na morte a ponto de se perder a motivao pela vida. Outro extremo a dedicao exclusiva s questes relativas eternidade, tais como prticas espirituais ou religiosas, a tal ponto de se negligenciar o suprimento das necessidades naturais. H necessidade de equilbrio do foco no tempo. Qual o ponto de equilbrio? uma questo a ser definida pela sabedoria. O que acontece na maioria das vezes que o homem fica preso no mbito da vida, desconsidera a morte e a eternidade e poder ser apanhado desprevenido pelos ltimos tempos, sejam estes universais ou pessoais. Jesus alertou seus discpulos acerca dos "cuidados desta vida", que consistem no atendimento s necessidades e desejos humanos, mas que podem constituir lao caso se tornem to prioritrios que venham a tomar o lugar dos cuidados espirituais. Assim, a busca do necessrio pode se tornar prejudicial quando obscurece os valores eternos (Lc.21.34). Foi o que aconteceu nos dias de No: comiam, bebiam, casavam-se e davam-se em casamento. No entrou na arca e o povo no percebeu at que o dilvio caiu sobre eles (Mt.24.38-39). O que importava era apenas o presente, apenas os interesses do corpo, apenas a vida em seu momento imediato.

Reflexo diante da morteNo captulo 2 de Eclesiastes, est o relato das grandes conquistas, experincias e realizaes de Salomo. Nesse processo, certamente h que se perceber o inegvel prazer de todas aquelas aquisies, fartura e conforto. Entretanto, ao se confrontar com a realidade da morte, Salomo, num primeiro momento desvaloriza todas as coisas e afirma que tudo vaidade (2.14-18). Ele chega a aborrecer todo o seu trabalho e at a prpria vida. Percebe-se ento a amargura do confronto com o fim inevitvel da vida terrena. um momento de choque. Sob esta perspectiva, tudo passa a ser visto de modo crtico e destrutivo. J que iremos morrer, o que vale a pena ser vivido? A primeira resposta : nada vale a pena. Tudo vaidade. Tudo est condenado. Mais adiante, o autor de Eclesiastes j no parece to amargurado. Ento, ele retoma a valorizao de muitas coisas e fatos terrenos. Agora, porm, de modo mais comedido, moderado. Vamos jogar fora a vida por causa da morte? Vamos perder a vida antecipadamente abrindo mo de tudo que podemos usufruir? De modo nenhum. Afinal, se temos algo nesta vida, isto dom de Deus e deve ser usufrudo, mesmo sendo transitrio (Ec.2.24; 5.19). Contudo, j no se observa todo aquele mpeto de busca que se viu no captulo 2.3-10. Vamos, sim, valorizar a comida, a bebida, o trabalho, os bens, mas sem os extremos anteriores, j que se tem em mente a morte como obstculo intransponvel e limite decisivo contra as grandes realizaes do homem. A realidade da morte dever ser confrontada com nossos atos, atitudes, tratamentos interpessoais, sentimentos, etc., afim de se determinar o que vale a pena e o que no vale. Algumas coisas valem a pena por causa da vida em si: comer, beber, usufruir dos bens na companhia de quem se ama. Considerando a questo da morte, constatamos que algumas coisas da vida deixam de valer a pena: Acmulo de riquezas, excesso de trabalho, excesso de estudo, atitude de orgulho, etc. A morte

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Estudo de Eclesiastescoloca os seres humanos em condio de igualdade, anulando todos os privilgios naturais, diferenas culturais, econmicas, sociais, etc. "Como morre o sbio, morre o tolo." (Ec.2.16). Sendo assim, o orgulho, a soberba, e o tratamento de desprezo para com o prximo, so atitudes que no se justificam. Perdem totalmente o sentido quando se pensa na morte e seu significado. A moderao torna-se palavra de ordem. J que a morte uma realidade, o mais sensato que o homem adquira apenas o que puder usufruir. At a sobra que se deixa como herana vista negativamente por Salomo (2.21). Da mesma forma, o trabalho deve ser feito conforme as foras (9.10) e o estudo demasiado poder se tornar apenas enfado (12.12). Contudo, tais palavras no devem ser usadas como justificativa para a preguia e a negligncia, pois a atitude passiva de cruzar os braos prpria do tolo (4.5). O que se busca em tudo isso o equilbrio, que ser produto exclusivo da sabedoria. Moderao prudncia; Preguia tolice. Nosso desafio sempre distinguir entre esses elementos nas mais diversas reas da nossa vida. Considerando a eternidade, cuja conscincia foi gravada por Deus no corao humano (3.11), passamos a detectar outras coisas que deixam de valer a pena na vida: os excessos e o pecado, sendo que ambos esto muitas vezes relacionados. Por outro lado, o autor diz o que vale a pena em funo da eternidade: lembrar do Criador, tem-lo e obedecer aos seus mandamentos.

Onde est o limite?Esta uma pergunta importante para que se saiba at onde ir nas buscas, conquistas e realizaes. Contudo, uma pergunta sem resposta. Muitos limites esto estabelecidos pelas leis, mas estas no conseguem abranger a infinita variedade que envolve a ao humana e os detalhes da vida. E mesmo nas situaes previstas em lei, a variao de aspectos to grande e freqente que justificam a presena dos intrpretes para definir a correta aplicao dos dispositivos legais. Desse modo, a sabedoria superior lei pois se aplica a toda e qualquer situao. Em cada instante, em cada caso especfico, s a sabedoria poder definir com preciso o limite para as aes humanas. Por exemplo, vimos que o acmulo de bens no se justifica diante da morte. Entretanto, qual o limite para esse acmulo? O que riqueza? No existe um parmetro numrico definido para que se determine o que seja o ponto que separa a pobreza da riqueza. A dificuldade to grande que j se "criou" uma classe mdia entre as duas posies. E o problema no est resolvido. Sentiu-se ento a necessidade de se dividir em classe mdia baixa e classe mdia alta. E onde est o ponto divisrio entre ambas? No se sabe. Portanto, est demonstrada a necessidade que cada um tem de possuir a sabedoria, de modo que possa definir em sua prpria vida os limites para suas buscas, conquistas e realizaes Viso cosmolgica Ao invs de ver positivamente o universo e seus fenmenos, o autor faz uma observao crtica de tudo isso, destacando a rotina da natureza, o que, a seu ver, algo enfadonho e montono. Antropologia (Antropos = homem) Nessa parte, Salomo se dedica a descrever as experincias humanas, inclusive as suas prprias, buscando determinar o que possa ser melhor para o homem durante seu tempo de vida. Crtica social I Depois de analisar diversas questes do homem, o autor passa a abordar as relaes humanas com o prximo (4.4), desde o simples companheirismo (4.10), passando pelos laos familiares (4.8,11) at s relaes de autoridade. Salomo valoriza a convivncia (4.9) mas destaca as ocorrncias de impiedade (3.16), opresso (4.1), lgrimas (4.1), e inveja (4.4). Observa ainda a ausncia do juzo (3.16) e do consolo para os oprimidos (4.1). Diante de tal quadro, chega a ver positivamente a morte como um tipo de livramento (4.2). Em meio a todos os problemas do convvio social, Salomo conclui que pior ser a situao daquele que estiver s (4.8-11). Crtica religiosa Nessa parte analisada a relao do homem com Deus. At nesse momento observada a tolice (5.1) e o erro humano (5.6). O que deveria ser puro e santo tambm corre o risco de contaminao pelo pecado. o caso do sacrifcio do tolo, sua precipitao diante de Deus e os votos no cumpridos. Crtica social II bem comum no Eclesiastes o retorno aos assuntos j tratados. O autor volta ento a observar as questes sociais. V a opresso e a violncia no lugar da justia. Contempla a riqueza e a pobreza, embora o proveito da terra deva ser para todos (5.9). Procura mostrar algo de bom na vida do pobre: seu sono tranqilo (5.12) e apresenta aspectos negativos na vida do rico: sua insacivel busca pelo dinheiro (5.10), sua falta de tranqilidade (5.12), a perda dos bens (5.14), e o caso do rico que no pode comer da sua fartura (6.2). Ideologia O autor apresenta idias sobre a administrao da vida, comparando coisas (7.27) e apontando qual a melhor (7.1-3). A busca do equilbrio incentivada (7.14-17). A obedincia autoridade pblica aconselhada (8.2). A questo da aparente injustia da vida explorada (8.11). Novamente se retoma o tema da morte (8.8; 9.5) e das alegrias que podem ser alcanadas em vida (8.15). Concluses ticas A tica envolve questes morais do comportamento, escolhas entre o bem e o mal. Depois de tantas anlises da vida, o autor expe suas concluses. Novamente enfatiza o valor dos prazeres da vida (9.7-9) aliados a um trabalho sem excessos (9.10). Adverte contra os danos causados pelo pecado e valoriza a sabedoria (9.18). Faz ento uma srie de advertncias em forma de provrbios (10). Finaliza com incentivo ao gozo da vida, mas lembra a prestao de contas (11.9). Termina essa parte incentivando o jovem a lembrar-se do Criador antes que venham a velhice e a morte e o juzo (12.1-7,14).

O bem e o malO autor de Eclesiastes tem uma grande preocupao em relao ao bem e ao mal. Verificamos isso ao buscar no texto essas palavras e suas derivadas. O mal vai sendo detectado em quase tudo, a comear do corao humano. Mas nem tudo est perdido. Salomo identifica o bem em muitos aspectos da vida. Cabe a cada um a escolha. O autor se aplica a comparar vrias coisas em busca do

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Estudo de Eclesiastesque melhor. Chega ao ponto de mencionar a excelncia da sabedoria. Nosso desafio evitar o mal, buscar o bem, alcanar o melhor e o excelente. Vejamos as ocorrncias dos termos relacionados ao assunto: Mal - 5.1,13,14,16; 6.1-3; 8.5-6; 9.3; 10.5; 11.2,10. Maldade - 7.15; 9.3. Maltratado - 10.9. Amaldioar - 7.21-22; 10.20. Mau - 9.2; 10.1; 12.1; 9.12. M - 4.3; 8.3; 8.11-12. Bem - 2.24; 3.12,13; 4.8; 6.6; 7.14,20; 8.12,13. Bom - 2.26; 6.12; 7.18; 7.26; 9.2; 9.7. Boa - 5.18; 7.11; 11.6. Melhor 2.3; 2.24; 3.12; 3.22; 4.3,6,9,13; 5.5; 6.3,9; 7.1,2,3,5,8,10; 8.15; 9.4; 9.16; 9.18. Excelente - 2.13; 7.12. Vejamos tambm alguns texto fora do Eclesiastes que mencionam o termo "excelente": Pv.8.6; Ec.2.13; Ct.4.16; Rm.2.18; Fil.1.10; I Cor. 12.31. No se acomode no nvel do que bom. Algumas consideraes: A) 5.1 "... pois no sabem que fazem mal." Um dos fatores que catalisam o crescimento do mal a ignorncia. A bblia nos foi dada para que possamos adquirir o conhecimento necessrio para se identificar o mal em suas diversas formas afim de que o evitemos. B) Ao mencionar o mal Salomo no falou sobre Satans. Sua ao no Velho Testamento no era bem identificada. Por exemplo, no livro de J: Depois que Satans destruiu tudo o que aquele homem possua, sua concluso foi: "Deus deu, Deus tomou." Ele atribua tudo a Deus. Isso no est absolutamente errado, j que Deus tem o controle final de todas as coisas. Porm, J no percebeu a mo de Satans nesse processo. C) O que bom torna-se mau quando passa a ocupar o lugar de Deus em nossas vidas (idolatria), (amor ao dinheiro 5.10); quando ocupa o lugar da espiritualidade (exemplo: trabalho no lugar do culto). A serpente de bronze que Moiss fez tornou-se um dolo e precisou ser destruda (II Rs.18.4). Muitas coisas tornam-se ms quando so feitas no tempo errado ou da maneira errada. Exemplo: arrancar uma planta que no cresceu ou colher um fruto que no amadureceu. Ec.10.16-17 (tempo e modo) 8.6. O modo de se fazer as coisas , em muitos casos, o fator diferenciador entre o sucesso e o fracasso. Muitas pessoas falam verdades de modo ofensivo e depois se justificam dizendo que so "francas". So palavras certas ditas da maneira errada. Assim, palavras boas surtem um efeito mau. D) Tudo bom enquanto for justo, enquanto no for vergonhoso. (A prpria conscincia identifica isso com alguma eficincia. O problema que a conscincia pode ser condicionada e se tornar ineficiente.) Tudo bom enquanto no causar escndalo. Vejamos uma lista de consideraes pertinentes a essa questo em Filipenses 4.8.

Desejo x cobiaA preocupao tica do Eclesiastes poderia ser resumida em se buscar o bem e evitar o mal. Porm, a definio do limite entre esses elementos nem sempre fcil. Como foi observado por Salomo, o homem precisa de comida, bebida, trabalho, dinheiro, relacionamentos, alegria, prazer, etc. Em suas buscas, conquistas e realizaes, o ser humano vai avanando numa direo que passa pelos domnios do bem e pode acabar alcanando o espao do mal. Mas como se identifica a linha divisria entre as duas coisas? Podemos ver tambm nesse movimento uma passagem pelos domnios da sabedoria, da tolice e da loucura. Para ilustrar, vamos pensar na velocidade desenvolvida por um automvel. S para termos uma idia, consideremos que at aos 80 quilmetros por hora estaramos nos limites da sabedoria. Atingindo os 120, isso seria tolice. Ao chegarmos aos 180, teramos alcanado a loucura. Assim acontece em vrias aes humanas. Contudo, no existe um velocmetro na vida para determinar em que ponto estamos. A lei determina alguns limites, mas no todos, principalmente para coisas que so boas e aparentemente inofensivas. Uma faca no boa nem m, mas o seu uso vai determinar essa caracterstica. Desse modo, muitas coisas boas podem se tornar ms devido a vrios fatores. Em I Corntios 10, Paulo fala que os judeus "cobiaram as coisas ms". Que coisas eram essas? Comida, bebida e diverso. Isso no originalmente mau. A maldade est ento na cobia (Ec.6.7). Se alcanamos algo bom motivados pela cobia, ento isso se torna mau. O homem desvia sua necessidade psicolgica e espiritual para o fsico, criando falsas necessidades. Por exemplo, muitas pessoas com ansiedade, desviam seu problema para uma ilusria necessidade de alimentao. A infelicidade ou sentimento de insatisfao pode ser erroneamente identificado como falta de alguma coisa material, quando, na realidade o que est faltando algo espiritual.

O risco e a inutilidade do excesso A importncia do equilbrioO excesso uma das origens do mal em muitas de suas manifestaes. Em diversos textos, o autor de Eclesiastes menciona o excesso. Onde est o limite entre o suprimento, o conforto e o exagero? Algumas vezes, o exagero de algum causa necessidade para outro. Por exemplo, enquanto uma

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Estudo de Eclesiastespessoa possui muitos hectares de terra, outra no tem sequer um lote. Vejamos os versculos de Eclesiastes que se referem ao excesso ou grande quantidade de qualquer coisa: 1.18 (sabedoria, trabalho) 4.8 (trabalho, riqueza) 5.2-3 (palavras) 5.7 (sonhos) 5.11 (bens) 5.12 (comida) 6.3 (filhos) 6.3,6 (tempo de vida) 7.16-17 (justia, sabedoria, impiedade) (extremos) 10.17 (comida e bebida). A busca excessiva de Salomo. 2.5 - Toda a espcie 2.7 - grande possesso - mais do que todos 2.8 - amontoei - de toda sorte 2.9 - engrandeci-me e aumentei mais do que todos. 10 - tudo. Seria interessante ler outras palavras de Salomo sobre o excesso em Provrbios: 24.13-14; 25.16. O homem quer mais do que lhe dado. Ado e Eva podiam comer de quase todos os frutos disponveis, mas quiseram at mesmo aquele que tinha sido proibido. A felicidade no est no excesso. Depois de buscar tudo ao mximo, Salomo encontrou novamente a vaidade e a aflio de esprito. O excesso daquilo que voc quer trar tambm o excesso daquilo que voc no quer (1.18). Muito conhecimento poder trazer muito trabalho. Este, por sua vez, pode at no trazer excesso de dinheiro. Se trouxer, este vir acompanhado de muitas perturbaes que s o rico conhece. "Onde se multiplicam os bens, multiplicam-se tambm os que deles comem" (5.11). Salomo apresenta os riscos do excesso e sua inutilidade. Algumas vezes pode ser perigoso, outras, intil. Ele no probe o excesso. Proibir prprio da lei e no da sabedoria. A sabedoria orienta ao cuidado. Muitos excessos so lcitos, ou seja, no so proibidos. Contudo, podem no ser convenientes. Cabe a cada um julgar com sabedoria cada situao. Isso bem do estilo no tempo da graa. No proibido comer carne de porco, mas convm? At que ponto? I Cor.10.23. Vejamos uma linha de conquista progressiva, onde a primeira posio corresponde ao mnimo necessrio para o suprimento da necessidade. Em um segundo momento, existe algum excesso. Podemos ver nisso, no um exagero, mas uma posio de conforto. O excesso no ser negativo nesse ponto. A posse material, por exemplo, em nveis ainda maiores pode se tornar intil ou at mesmo arriscada. Ao pensarmos em dinheiro, verificamos sua necessidade e utilidade (7.12). bom que o tenhamos em quantidade superior necessria. Isso seria confortvel. Se possuirmos muito mais do que precisamos, ento no seremos capazes de usufruir de tudo. Se atingimos o que se considera acmulo de riqueza, ento podemos perder a tranqilidade e a liberdade. Muitos chegaram a esse nvel e vivem se escondendo com medo de roubos e seqestros.

Evidncias do judasmo em Eclesiastes, enfoques teolgicos e vnculos bblicosA aparente separao do Eclesiastes em relao ao contexto bblico se desfaz pelos seguintes elementos: Referncia a Davi (1.1), Jerusalm (1.1,12 2.9), Israel (1.12), Casa de Deus - templo (5.1), sacrifcios (5.1), votos (5.4), anjo (5.6), mandamentos - lei (12.13). Imortalidade da alma/esprito (3.19-21 12.7), Deus (5.1) (Elohim 33 vers.), pecado (2.26), juzo (12.14). - O teocentrismo de eclesiastes, abordando os vrios aspectos das relaes divinas com o homem: Deus criador (12.1) - doador (2.24,26 5.18,19) - orientador (soberania) (9.1) - nico Pastor (12.11), legislador - 12.13), Juiz (11.9 12.14 3.17). - O pecado como causa da desgraa humana - 7.25-26 8.3,13 9.18 - O juzo No tempo presente, na vida terrena, o justo e o mpio passam pelas mesmas coisas. Aparentemente se observa injustia. Salomo viu isso e se sentiu incomodado (2.14-16; 8.10-14; 9.13). Deus ama a todos e a todos oferece a oportunidade. Por isso, o juzo no se executa logo. Contudo, Salomo afirma que o julgamento vem e Deus o executar (11.9; 12.14; 3.17). - Ligaes com Gnesis - Pecado - 2.26 Trabalho - 1.13 Morte - 12.7 3.19-21 - Ligao com Apocalipse - Juzo (11.9 12.14) - A eterna morada do homem (12.5). - Semelhana com J 3 - Ec.4.1-3 6.2-6 - Semelhana com Provrbios - Ec.10; 12.9

DEUS

As referncias a Deus no livro fazem com que o mesmo possa ser considerado teocntrico, ao contrrio do que sugerem alguns crticos negativos. Eclesiastes apresenta Deus como criador, doador, orientador, legislador e juiz. Tudo isso est totalmente coerente com o contexto bblico geral. Em nossa leitura, notamos que os verbos associados pessoa de Deus chamam a ateno por seu sentido e pelaeclesiastes2000.tripod.com/id6.html 8/19

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freqncia com que se repetem. Entre eles destacam-se os verbos "fazer", "dar" e "julgar", os quais reforam a tese de que o autor apresenta Deus como criador, doador e juiz. Deus criou todas as coisas e deu muitas delas ao homem. Tudo foi feito perfeito (Ec.7.29) e formoso (Ec.3.11). Contudo, o homem corrompe a criao e tambm a si mesmo. De tudo isso, Deus pedir contas ao homem no juzo (3.15,17; 11.9). DEUS CRIADOR

Ec.3.11 Deus fez tudo formoso em seu tempo. Deus faz uma obra oculta. Ec.3.14 O que Deus fez durar eternamente. Ec.7.14 Deus fez o dia da prosperidade e o dia mau. No podemos ter uma viso parcial, como se as adversidades estivessem fora dos planos de Deus. Ec.8.17 Obra de Deus. Ec.11.5 Obra de Deus. Ec.12.1 Lembra-te do teu Criador. DEUS DOADOR

Ec.1.13 Deus d o trabalho ao homem. Ec.2.24 Deus d oportunidade para que o homem usufrua do fruto do seu trabalho. Ec.2.26 Deus d ao homem sabedoria, conhecimento, alegria e trabalho. Ec.3.10 Deus d o trabalho ao homem. Ec.3.12-13 Deus d oportunidade para que o homem usufrua do fruto do seu trabalho. Ec.5.18 Deus d ao homem o tempo de vida. Ec.6.2 A alguns, Deus deu riquezas. Dentre esses, alguns no receberam a condio de uso das mesmas. Ec.8.15 Deus nos d a vida. DEUS JUIZ

Ec.3.15 Deus pede contas do que passou. Ec.3.17 Deus julgar o justo e o mpio suprindo a falta da justia humana (v.16). Ec.11.9; 12.14 Depois de receber tantos dons, o que o homem faz? Se esquece de Deus. Por isso, o autor de Eclesiastes diz: "Lembra-te do teu criador.." (Ec.12.1). E quando se lembra, o homem continua sua trajetria de erros. Em seu esforo religioso, oferece o "sacrifcio de tolos" (Ec.5.1). Faz votos e muitas vezes deixa de cumpri-los (Ec.5.4-6). O autor refora o dever humano para com Deus: temer ao Senhor (Ec.5.7; 7.18; 8.12,13;) e obedecer aos seus mandamentos (Ec.12.13). Este o nosso dever, sempre atentos ao que agrada ao Senhor (Ec.5.4; 9.7; 7.26), pois estamos todos em suas mos. (Ec.9.1). A CASA DE DEUS (Ec.5.1) O livro enfatiza bastante a atividade humana. Em meio a tudo isso, faz-se referncia casa de Deus, na qual o homem deve "guardar o seu p." A casa de Deus um lugar onde o homem deveria parar sua atividade e ouvir a voz de Deus. "Inclina-te mais a ouvir..." Nota-se nessa ordem a importncia da palavra de Deus, a qual deve ser ouvida pelo homem. Precisamos ter cuidado para que o excesso de atividade humana no venha ocupar o lugar da palavra de Deus em nossas igrejas e em nossas vidas. "Inclina-te mais a ouvir..."eclesiastes2000.tripod.com/id6.html 9/19

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No basta "escutar" a palavra de Deus. O verbo "ouvir" pressupe "atender", "obedecer". A obedincia inclui atividade, mas agora tem-se uma ao divinamente orientada. O autor nos alerta contra a religiosidade ftil diante do verdadeiro Deus. Assim, o servo de Deus estaria fazendo tolices como fazem aqueles que no conhecem o Senhor. Este o caso de se fazer muita coisa para Deus e deixar de fazer exatamente o que ele mandou que fizssemos. O versculo 2 do captulo 5 nos traz uma expresso ainda mais ntima. Agora o homem est "diante de Deus". Nesse momento, o homem tem a tendncia de falar muito e falar errado. O autor condena essa precipitao e abundncia de palavras (Ec.5.2-3). Est em pauta a questo da orao. Quando oramos de forma impensada, corremos o risco de falar tolices, inclusive fazendo votos que no poderemos cumprir (Ec.5.4-6). Isso ocorre, principalmente, quando se tem um tempo de orao a observar. Muitas vezes, o assunto j terminou mas ainda h tempo para orar. Ento comeamos a encher o tempo com palavras vazias e repetitivas (Mt.6.7). Seria melhor ento que dedicssemos esse tempo para ouvir o Senhor atravs da sua palavra. Quando orarmos, precisamos de objetividade. Isto ser melhor que a excessiva quantidade de palavras. Precisamos ter em claro em nossa mente o objetivo da nossa orao. Como disse Osias: "Tomai convosco palavras e voltai para o Senhor. Dizei-lhe: Perdoa toda a iniqidade." (Os.14.2). Pelo qu vamos orar? No devemos comear a falar ou cantar de modo irrefletido e irresponsvel. Tendo objetivos claros, poderemos nos lembrar deles e esperar conscientemente a resposta de Deus. Veja a objetividade do salmista que diz: "Uma coisa pedi ao Senhor e a buscarei: que eu possa habitar na casa do Senhor todos os dias da minha vida, para contemplar a formosura do Senhor e aprender no seu templo." (Salmo 27.4). No mesmo versculo em que diz que o homem est "diante de Deus", o autor completa dizendo que o homem est na terra e que Deus est nos cus. Pode parecer uma contradio. Contudo, acho mais coerente ver nesse texto no uma idia de distncia geogrfica, mas de duas realidades diferentes, dois nveis distintos. A realidade divina representada pela palavra cu. A realidade humana terra. Muitas vezes, nossas oraes so erradas porque no compreendemos a ao divina. Queremos interpret-lo sob a tica terrena. Ns vemos as obras de Deus, no as compreendemos, mas queremos julg-las. Ento nos precipitamos com nossa boca e falamos de modo errado diante de Deus. Isso pode ser nossa reclamao, nossa murmurao, que tambm um tipo de orao negativa. Deus est no cu. O seu propsito superior. Sua vontade suprema. Vamos ento nos inclinar para ouvir e aprender com ele. Ao dizer que "Deus est nos cus e tu ests sobre a terra", como se o autor estivesse exortando o leitor a "se colocar no seu lugar". O adorador que chega para cultuar a Deus, no est em posio de determinar o que Deus deva fazer, nem a ele cabe o questionamento das obras divinas, nem tampouco a revolta ou rejeio contra os desgnios do Senhor. Se assim for, no adorao que veio prestar. No versculo 4, encontramos a afirmao de que "Deus no se agrada de tolos." O culto tem o objetivo de agradar a Deus. Afinal, para quem o culto? Para Deus ou para os que cultuam? Se o culto estiver voltado para o homem, ento este se tornou o seu prprio deus. Se o objetivo da nossa pregao e do evangelho que anunciamos for para agradar aos homens, ento no somos servos de Cristo (Glatas 1.10). O HOMEM

Todo o livro de Eclesiastes se relaciona ao ser humano. Evidentemente, foi escrito para o homem, avalia a vida humana, as relaes humanas e a relao entre o homem e Deus. Muitas vezes o autor menciona "o homem". Tal referncia um tratamento genrico, ou seja, refere-se a qualquer ser humano, seja homem ou mulher, independente de qualquer distino. Temos nesse detalhe uma evidncia do carter universal de Eclesiastes. Sua mensagem se dirige a todos os homens (12.13), e no apenas aos judeus, como seria natural em se tratando de um escrito do Velho Testamento. Logo, esse livro apresenta uma caracterstica avanada para o seu contexto, no se restringindo pelo nacionalismo ou exclusivismo judaico. Em outros momentos, a expresso "o homem" ganha um complemento. Por exemplo: "O homem que bom" (2.26). O termo "que" determina um tipo especfico de homem,eclesiastes2000.tripod.com/id6.html 10/19

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ou simplesmente o homem genrico em situaes especficas. "O homem" - genrico - carter universal de Eclesiastes (1.3; 2.3; 6.10; 7.2; 8.8; 12.13) "O homem que... " - especfico - 2.12,26 etc PROGRESSO DA ANLISE DO AUTOR SOBRE O HOMEM

Captulo 1 - Salomo v o universo. Captulo 2 - Salomo v a si mesmo, fala consigo mesmo, fala de si mesmo e de seus interesses, conquistas, construes e decepes. Nesse captulo, os pronomes e verbos se referem quase que exclusivamente primeira pessoa do singular: Vejamos os nmeros de acordo com a verso bblica de Thompson: Nos primeiros 20 versculos do captulo 2 o pronome "eu" aparece 5 vezes; "meu" 11 vezes; "minha" 5 vezes; "me" 7 vezes; "mim" 5 vezes, "comigo" 1 vez, e 44 verbos referentes ao prprio autor, incluindo conjugaes em primeira pessoa e os gerndios, particpios e infinitivos relacionados. Existem ainda alguns verbos em terceira pessoa mas usados pelo autor para se referir ao seu prprio corao, seus olhos e suas mos. Nesses mesmos versculos existem poucas referncias genricas ao homem e algumas mais especficas, que se referem aos servos e servas do autor. Em resumo, Salomo est analisando sua prpria vida para tirar concluses aplicveis a todos os homens. A partir do versculo 21 do captulo 2, o autor v os outros homens, suas atividades e relaes mtuas. AS RELAES HUMANAS

Observando as relaes humanas, o autor vai especificando o papel ou posio do homem dentro da relao ou fora dela. Surgem ento as seguintes referncias: - O prximo (ou estranho) mostra contato casual, sem compromisso, sem amizade, sem parentesco (4.4; 6.2). - O companheiro o amigo (4.10). - Mulher, filho, irmo, parente - relao conjugal e familiar (4.7-12; 6.3; 7.26; 9.9; 11.5) - Relao social (4.1; 5.8; 8.2). Como disse Deus, "no bom que o homem esteja s". Assim, ele se aproxima do outro tornando-se "prximo". Havendo uma relao amistosa e cooperativa, tornamse "companheiros". A prxima fase a relao conjugal e familiar, que no deve suprimir o companheirismo da fase anterior, ou no deveria suprimir. Da famlia surge a sociedade. Salomo contempla o quadro social de sua poca com as diferenas de classes e relaes sociais diversas. Em meio a tudo isso, o autor avalia tambm as relaes do homem com Deus, como so e como deveriam ser (cap.5 e 12). RELAES E POSIES SOCIAIS Como vimos, muitas vezes o autor de Eclesiastes se refere ao homem de forma genrica e, s vezes, de forma especfica. Tais tratamentos evidenciam as igualdades e as diferenas humanas. Em alguns momentos o homem quer ser igual ao outro homem. Em outro instante, quer ser diferente. Por exemplo, se o homem quer entrar em um grupo, ento procura ser igual aos demais, assumindo valores e padres de identificao do grupo, afim de ser aceito. Quer ser normal, de acordo com as normas do grupo. Depois que sua admisso est consumada, o homem procura ser diferente para obter destaque. Busca ento a individualidade. Em ltima anlise, o homem no quer ser genrico, comum. Quer ser especfico, especial, diferente. Por isso, sempre deseja posies, adjetivos e ttulos que o faam diferente e, de preferncia, superior ao seu prximo (Ec.1.16; 2.7,9). No arranjo social humano, Salomo observou que o homem genrico assumiu ou recebeu posies diferenciadas. O homem comum (genrico) herda posies e ttulos (10.16; 2.7) - adquire (disputa) posies, ttulos e adjetivos. Acaba ganhando outros adjetivos, alguns at indesejveis e talvez merecidos. O fato que estamos sempre sendo julgados,eclesiastes2000.tripod.com/id6.html 11/19

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sentenciados e rotulados pelos que nos observam. Selecionando alguns adjetivos: rico, pobre, justo, mpio, sbio, tolo, opressor e oprimido, fizemos o esquema acima, apresentando as combinaes que julgamos possveis (3.17; 4.1; 5.8; 5.12; 7.7). Algumas delas podem ser vistas no Eclesiastes. Nosso objetivo perceber a anlise social que Salomo fez. Ele observa tais caractersticas do ser humano e algumas combinaes entre elas. Em 4.13, menciona-se um "jovem pobre sbio" e um "rico velho tolo". Jovens e velhos podem ser encontrados em qualquer das posies acima descritas. Esto em confronto posices sociais e condies morais. Precisamos examinar essas combinaes, de modo que venhamos a perceber o valor de cada caracterstica. Somos convidados a avaliar a pior e a melhor combinao. Salomo fez esse tipo de exame e concluiu: "Melhor o jovem pobre e sbio." Destaca-se nessa frase o valor da sabedoria. Algumas combinaes so desconcertantes. Em 9.11-18 temos um "sbio pobre oprimido". Com isso, o autor mostra que no existe uma relao lgica e natural entre sabedoria e riqueza, ou entre justia e riqueza, ou entre idade avanada e sabedoria. Ter um "jovem sbio" (Sal.119.100) ou um "sbio oprimido" (7.7; 10.5-7) no parece ser algo natural. Contudo, a bblia vem nos mostrar essas realidades. O prprio autor de Eclesiastes parece um pouco surpreso com tais observaes. Ele fica admirado ao constatar que no dos sbios o po, nem dos prudentes a riqueza (9.11). Algumas expectativas acabam no se cumprindo. Como poderamos ento falar da riqueza como algo ligado necessariamente vida do servo de Deus? Parece que esse tipo de associao no tem respaldo bblico. possvel que uma pessoa se desloque entre os nveis morais e sociais apresentados. Deus nos d tempo e oportunidade para descer ou subir. Descer sermpe mais fcil. O rico pode perder sua riqueza por qualquer m aventura (5.14). Para o pobre tornar-se rico bem mais difcil. J nascemos em uma posio social definida. Temos sobre ns o peso da herana. O livro fala sobre "o que nasceu pobre", o "servo nascido em casa" (4.14; 2.7) e tambm sobre um rei que criana, ou seja, nasceu rico (10.16). Contudo, aquele "que nasceu pobre" tornou-se rei. Saiu do crcere para reinar (4.14). O autor mostra a mudana de posio social. Vemos a a possibilidade que, estando nos propsitos divinos, torna-se realidade. Tal referncia nos faz lembrar a histria de Jos do Egito, que saiu do crcere para governar. O homem se ilude com sua posio e passa a desprezar ou at a oprimir aquele que lhe parece inferior. Salomo examina tudo isso e chega a mostrar os riscos da riqueza e e os prazeres do pobre (5.12-20). Em todo esse quadro de situaes e posies, o que importa de fato a questo moral ou espiritual do homem. Muitas vezes nos deixamos levar pela questo de riqueza e pobreza como se isso fosse o mais importante. Muito mais significativo o peso da justia, da impiedade, da sabedoria e da tolice. O homem se ilude com sua posio social, mas precisa se conscientizar de sua real condio para viver bem com Deus e com o prximo. Por isso, o autor compara o homem com os animais. Tenta, assim, mostrar a igualdade humana, a despeito da aparente diferena (3.18-20; 5.15.) Diante de tantos adjetivos, destacam-se: "vivos" e "mortos" como o melhor e o pior adjetivo, j que enquanto h vida h esperana de melhora em todos os aspectos (9.1-5). A morte vem mostrar a igualdade humana. Do p para o p. A desigualdade da vida se desfaz no p da morte (J 3.11-22). Contudo, o Eclesiastes fala do juzo. Ento, a desigualdade volta pauta. No uma desigualdade social, mas uma desigualdade espiritual e eterna em consequncia da desigualdade moral em vida (Dn.12.2). Lembre-se da histria do rico e do Lzaro, sua desigualdade social em vida e sua desigualdade espiritual ps-tmulo. TIPOS DE RELAES SOCIAIS OBSERVADAS PELO ECLESIASTES

Servio (Servio + propriedade = escravido) - 2.7-8 Governo - 8.2-4 Domnio - 8.9 Opresso - 4.1 = (Governo + opresso = Ditadura) Famlia (2.18,21,26) Contato fsico (3.5) Explorao (6.2)eclesiastes2000.tripod.com/id6.html 12/19

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Pranto pelo morto - 12.5 Esquecimento - 2.16 O autor fala sobre um aspecto ideal para as relaes humanas: a ajuda e o consolo ao prximo. Contudo, nesses casos, ele aconselha mas no viu nenhum exemplo para mencionar. (11.1-3; 4.1). Observam-se no texto referncias aos erros e conflitos que ocorrem nas relaes humanas em todos os nveis (4.1,4; 5.8; 7.21,22,26; 10.45,20; 7.7; 9.14). Contudo, os relacionamentos humanos corretos so apresentados como necessrios e fundamentais (4.8-12; 9.9). Se tudo isso pode trazer problemas, a ausncia das relaes pode ser ainda um problema pior. "Ai do que estiver s..." (4.10). CARACTERIZAO HUMANA NO ECLESIASTES

O substantivo comum "homem" alterado por adjetivos, advrbios, predicados, predicativos ou trocado por outro substantivo ao qual acrescentam-se novos adjetivos. Desse modo, caracterizamos as pessoas. Exemplos: Homem Homem que trabalha Homem trabalhador Profissional Bom profissional Pssimo profissional Homem Homem que no trabalha Homem preguioso Malandro Malandro perigoso Malandro muito perigoso. Note-se a evoluo da caracterizao humana. Estamos sempre conquistando ou ganhando adjetivos e substantivos. Exemplos em Eclesiastes. Homem (genrico) (6.3) Homem que seguir o rei (2.12). Homem pobre (9.15) Pecador (2.26) Grande rei (9.14) Tais terminologias podem parecer muito semelhantes em sua funo caracterizadora do ser humano. Contudo, quando usamos a preposio "que" estamos, normalmente, falando de uma ao eventual. Uma coisa falar de um "homem que faz o bem". Outra coisa cham-lo de "bom". Somente uma prtica constante pode dar ao homem o adjetivo correspondente sua ao. Seria correto dizer que o "homem que segue o rei" um seguidor? S diramos isso se soubssemos que existe a prtica constante de seguir o rei. Poderamos cham-lo de "discpulo"? S se soubssemos que existe entre ambos um compromisso. Uma coisa se referir a algum como "um homem que escreve". Outra coisa cham-lo de "escritor", "escriba" ou "escrivo". Ento, para cada tipo de ao ou situao usamos um tipo de caracterizao que, embora seja semelhante, contm sentido bem diverso. Os adjetivos negativos, entretanto, so adquiridos com mais facilidade. Por exemplo, "o homem que" roubar uma nica vez j ganhar o nome de "ladro", do qual dificilmente se desvencilhar no futuro SITUAES, AES, POSIES, E TTULOS

Somos caracterizados em funo de situaes em que nos encontramos, ou devidoeclesiastes2000.tripod.com/id6.html 13/19

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s nossas aes, ou por causa das posies que ocupamos. Sempre gostamos de ganhar adjetivos. Ser chamado de "homem" no chega a ser, normalmente, um elogio ou um insulto, mas ser chamado de "homem forte" j algo totalmente diferente. Veja como o adjetivo muda completamente a imagem da pessoa, mesmo que isso seja uma iluso. Entretanto, os adjetivos no chegam a ser satisfatrios para o ser humano. O homem quer possuir ttulos honrosos. Poderamos falar de algum como "um homem que governa". Isso pouco. uma designao fraca. Ento podemos acrescentar-lhe um adjetivo: "homem governador". Da, como acontece com muitos adjetivos, o "governador" se torna substantivo. Substantivo nome. Ento, j no chamamos habitualmente tal homem pelo seu nome prprio, mas pelo ttulo recebido. Contudo, o homem quer ttulos mais pomposos. Ento o governador ganha ttulo de "rei", "presidente", etc. Saindo um pouco do nosso livro-tema, vejamos no evangelho de Joo, captulo 1 (19 a 28), a valorizao humana pelos ttulos. O texto fala de sacerdotes e levitas (note os ttulos) que foram entrevistar Joo Batista e lhe perguntaram: "Quem s tu? s Elias? s profeta? Quem s? Que dizes de ti mesmo?" Aps dizer vrias vezes "no sou", Joo se identificou como "a voz que clama no deserto". Ele poderia ter se apresentado como levita, j que era da tribo de Levi, ou pelo menos como filho do sacerdote Zacarias. Poderia dizer que era profeta e no estaria mentindo. Contudo, Joo no aceitou ttulos. Aqueles judeus queriam saber qual era a posio social e religiosa de Joo. A posio era importantssima para eles, como, muitas vezes para ns. Contudo, Joo no disse quem ele era mas sim o que ele estava fazendo: "Eu sou a voz que clama...". O mais importante no o ttulo que temos mas o trabalho que estamos executando. Acontece, em muitos casos, o contrrio. Muitas pessoas tm ttulos mas no fazem aquilo que o ttulo indica. como uma garrafa com um rtulo bonito e contedo ruim. FAZER, SER E ESTAR

Sempre fazemos muitas coisas. Mas queremos ser alguma coisa, e essa a iluso resultante dos adjetivos e ttulos. Queremos adjetivos relativos aos nossos bons atos ou boa situao. Quando os recebemos, pensamos que somos aquilo. Por exemplo: o homem "rico" age, pensa e vive como se houvesse alcanado o "ser" rico. Na realidade o correto seria que tal pessoa se visse como algum que "est" rico. Esta a viso real da vida humana. O verbo ser no muito apropriado para o ser humano, a no ser naquela declarao divina: "T S p." A est o que o homem . Nas outras questes, o verbo "estar" o mais coerente com a transitoriedade humana. Precisamos nos lembrar disso, afim de que no venhamos a ser dominados pela soberba, pelo orgulho e pelo desprezo para com o prximo. O verbo ser bem apropriado para a pessoa de Deus. Somente ele , SEMPRE FOI E SEMPRE SER. Ele no muda. Por isso, ao ser perguntado por Moiss sobre o seu nome, o Senhor respondeu: "EU SOU". Vejamos os adjetivos e ttulos encontrados no livro de Eclesiastes, os quais demonstram a ateno do autor em relao caracterizao humana em funo de suas situaes, aes, posies e conseqentes ttulos. Normalmente pode-se constatar que para cada posio de destaque ou vantagem existe outra simetricamente oposta, onde outra(s) pessoa(s) ocupa(m) lugar de desprezo. Sem isso, no haveria valor para as posies de destaque. Afinal, no haveria nenhum destaque. Em alguns casos, o adjetivo apresentado no se encontra no texto mas est subentendido. Servo / senhor - 7.21; 10.7 Governador / governado - 10.4-5; 7.19 Rei / sdito - 1.1; 9.2; 9.14; 10.16,20; 5.9; 8.2 Dominador / dominado - 8.9 (pastor dominador?) 9.17 Pregador / ouvinte (povo) - 1.1; 12.9 Sucessor - 4.15; 2.18-19 Altos - 5.8 Rico / pobre (trabalhador) - 5.8 5.12,13; 9.14-16; 10.6; Sbio / tolo (insensato) - 7.19; 10.6; 8.1,5; 2.14; 5.1; 6.8; 9.11; 7.4-7,9; 7.19; 8.17; 9.1; 9.14-15,17; 10.2-3,6,12-15 Prncipes - 10.7,16,17;eclesiastes2000.tripod.com/id6.html 14/19

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Nobres (adj. e subst.) - 10.17 Cantor e cantora - 2.8. Jovem / velho - 4.13 Justo / mpio - 7.15-17,20; 8.10,13,14; 9.1-2 O estranho - 6.2 Louco - 2.14 Forte (homem?) - 6.10; 7.19 Paciente - 7.8 Orgulhoso - 7.8 O homem que teme - 7.18; 8.12 (Homem) que faa o bem - 7.20 (Homem) que nunca peque - 7.20 (Homens) que entravam no lugar santo - 8.10 Pecador - 8.12; 9.18 (Homem) que no teme - 8.13 Bom / mau - 9.2 Puro / impuro - 9.2 (Homem) que sacrifica - 9.2 (Homem) que jura - 9.2 (Homem) que no sacrifica - 9.2 (Homem) que no jura - 9.2 Ligeiros, valentes, prudentes, entendidos - 9.11 Grande - 9.14 Perfumista - 10.1 Encantador 10.11 Preguioso 10.18 Consolador (no h) - 4.1 Obs.: No captulo 12 temos a caracterizao exclusiva da pessoa de Deus: nico pastor/ criador (12). "Sbio" um adjetivo (e tambm substantivo) entre os mais valorizados pelo Eclesiastes. O sbio, mesmo que seja "pobre", poder superar o "grande", o "rico" e o "forte" (9.14-18). O jovem sbio supera o rei velho e insensato (4.13). Outro adjetivo em destaque o "justo". Contudo, o autor insiste que todos sero "esquecidos". Todos sero anulados pela morte (2.14-16). Entretanto, o livro deixa uma janela aberta para a eternidade. Apesar da transitoriedade de seus efeitos terrenos, a sabedoria e a justia tero valor eterno diante do juzo divino (12.14). No espao da vida que se encontram todas as posies, adjetivos e ttulos assumidos pelo homem. Enquanto se tem o adjetivo "vivo" muitos outros so cobiados e conquistados. Depois, recebe-se um nico adjetivo: "morto" (9.3-6), o qual o mais duradouro que o ser humano pode possuir antes do juzo. Salomo fala ento da morte de modo claro e direto (2.16; 3.2,18-21; 4.2; 5.15; 6.3; 7.1-4,17; 8.10,13; 9.10; 12.5,7). Enfatiza a igualdade biolgica humana, que muitas vezes esquecida diante da desigualdade social. Em sua nfase biolgica, o autor acaba por comparar o homem com os animais irracionais. A mortalidade humana e a ineficcia de todos os recursos diante de tal realidade so fatos apresentados de modo contundente como que numa tentativa de mostrar ao homem a fragilidade de suas posies sociais e a importncia das questes morais, uma vez que estas sero consideradas no juzo divino (12.14). O homem se ilude com suas posies, seus ttulos e usa de sua condio para oprimir o seu prximo. A referncia que o livro faz eternidade bem resumida mas fundamental. Sem isso, tal escrito estaria confinado em uma viso biolgica, terrena e limitada pela morte. A maior parte das declaraes do autor esto restritas aos aspectos terrenos da vida humana. Por isso usada a expresso "debaixo do sol". Dentro desse limite, tudo eclesiastes2000.tripod.com/id6.html 15/19

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vaidade. A meno eternidade uma "janela" que o autor deixou como um escape para a vaidade terrena e o motivo principal para se cultivar a justia e a sabedoria nesta vida. O HOMEM E O ANIMAL - Qual a vantagem de um sobre o outro? (Ec.3.19). - Sob o ponto de vista biolgico: nenhuma. Esse o tipo de viso que o autor tem ao comparar homens e animais. Observe semelhana do Salmo 49 com a viso de Eclesiastes. - O animal se restringe aos limites da natureza. - O homem vive desafiando, superando e contrariando a natureza. 7.29 - Isto bom ou ruim? - Depende de seu uso para o bem ou para o mal. - Qual o limite? Quando o progresso ameaa o equilbrio. Onde esse ponto? S a sabedoria pode responder em cada situao. - O homem tem o que aprender com o animal. - A formiga, o gafanhoto, as aves do cu. No tm ttulos nem posies sociais, mas trabalham no tempo certo. (Pv.6.5-8; Pv.30.21-33; Mt.6.26). Salomo observou e aprendeu. - O animal tem o seu prazer nas coisas simples. O autor nos chama a ateno para os prazeres simples da vida: comer, beber, dormir, ver o sol, gozar a vida (Ec.2.24; 5.18; 5.12; 9.9; 11;7). - Desvantagem humana: o homem tem o pecado (8.11) que o animal no tem. (Cobia: Ec.4.8; 5.10; 6.7,9 inveja: Ec.4.4 ansiedade: Ec.5.12). - O homem precisa reconhecer sua semelhana biolgica com o animal (3.18-19 morte) para refletir sobre sua cobia e sua soberba. - O homem vai alm do animal quando espiritual. - Homem natural x homem espiritual - I Cor. 2.14 TEMPO DEUS NOS DEU O TEMPO - NO SABEMOS QUANTO - NMERO DEFINIDO DE DIAS TEMPO = OPORTUNIDADE Entre as coisas que Deus deu ao homem est o tempo. (oportunidade - a cada manh - Lm.3.22-23). Como nasce o sol, tambm "nascemos" a cada dia. Ec.1.5. Ec.2.3 - Nmero dos dias - definido porm, pode-se morrer antes - 7.17 (Ex.: suicdio). O que fazemos da oportunidade que Deus nos d? Apc. 2.20-21 (arrependimento do pecado ou tolerncia?). Na palavra oportunidade esto todos os valores relacionados vida humana. Tempo ocupado pelo trabalho - 8.16 - para oprimir 8.9 - por dores 2.23 nas trevas 5.17 No Novo Testamento temos a parbola da grande ceia. Cada convidado se ausentou porque preferiu preencher seu tempo com outras coisas, as quais no eram ms em si mesmas. Porm, tornaram-se malignas porque se constituram em empecilho ao propsito de Deus para aquelas pessoas. (Mt.22.1-14; Lc.21.34). TEMPO PARA TUDO - DETERMINADO - NO PREDESTINADO - USADO OU PERDIDO Ec.3 - Equilbrio em tudo - tempo para isso e para aquilo. Ex.: tempo de falar e tempo de estar calado. Quem perde esse equilbrio torna-se desagradvel. O autor diz que h tempo para tal coisa mas no diz quando esse tempo. preciso sabedoria para se discernir o tempo certo. Ec.3.1, 11 - Tempo determinado no predestinao. um tempo definido para uma realizao. A ao humana no est determinada. Passa o tempo de plantar mas oeclesiastes2000.tripod.com/id6.html 16/19

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homem no planta. Jr.8.7 No h tempo determinado para o pecado - 9.8 A SABEDORIA E O TEMPO - SABER O TEMPO E O MODO Um dos sinais da sabedoria a identificao do tempo e do modo. Ester 1.13 Ec.8.5-6. O homem no conhece o seu tempo: 9.11-12 ESPERA OU INICIATIVA? A espera - necessria ou demasiada? Cautela ou covardia? Preguia? (10.18) A iniciativa - necessria ou precipitada? Decidido ou apressado? Tenso entre a espera e a iniciativa. preciso sabedoria para se decidir por uma ou outra atitude. Os erros e acertos (nossos ou dos outros) vo nos ensinando. Experincia gera sabedoria. Se tivermos oportunidade de repetir certas aes, talvez possamos faz-las de modo cada vez mais correto e no tempo apropriado. Porm, algumas aes so nicas na vida. No podemos errar, j que no teremos chance de tentar novamente. Por isso, precisamos de sabedoria prvia, no produzida pelo erro anterior, mas pela palavra de Deus (Jr.8.9) e pelo dom do Esprito Santo (Tg.1.5; I Cor.1.19-30; 2.1-16; 12.8). A sabedoria humana, terrena, pode ser muito til para o xito material, mas a sabedoria espiritual aquela que conduz o homem justia e salvao. "Filho meu, ouve as minhas palavras..." Ouvir a experincia dos pais pode poupar os filhos de muitos sofrimentos desnecessrios. uma maneira mais suave de se adquirir alguma sabedoria. No tempo certo - 10.17 Antes da hora - 10.16 Pressa - 5.1-2; 8.3; 7.8-9. Pv.14.17; 16.32; 25.8 Tardio - Tg.1.19 No tardes - 5.4; EM QUE SITUAO SE DEVE ESPERAR? Quando se trata de um fruto que precisa amadurecer. (3.11) (Tg.5.7) Quando se trata de um investimento cujo resultado requer tempo. (EC.11.1) SEJA TARDIO PARA O MAL OU PARA O QUE FOR ARRISCADO (Tg.1.19) EVITE-O AO MXIMO Em algumas situaes, uma ao negativa poder ser necessria para que se evite um mal maior. preciso muita sabedoria para se julgar esse tipo de situao. (PV.6.16-18) NO DEMORE A FAZER O BEM (Rm.12.11,12,13). A DIVISO DO TEMPO Tempo Vida Anos Dias Manhs e Tardes Tempo (princpio e fim) Ec.3.11 / Vida Ec.9.3 (adolescncia, mocidade, primavera da vida, Ec.11.9-10; 12.1, velhice Ec.12.1-7) / Anos Ec.11.8 / Dias - Ec.11.8 (manh e tarde Ec.11.6 - Gn.1.5,8,13,19,23,31) Ec.11.8 - No pense apenas nos anos. Administre os dias. Salomo menciona o dia em Ec.1.5. A expresso "debaixo do sol" indica o dia. O valor do dia - Mt.6.11,30-34 - o po nosso de cada dia. Ensina-nos a contar os nossos dias. Salmo 90.12-15; 89.47. Dia - unidade de tempo a ser administrada. o que temos. Lembra-te do teu criador nos DIAS da tua mocidade. Ec.12.1. Gozar o bem todos os dias - no perca a chance diria - 5.18,20/ 8.15; 9.9 11.9. Preocupao com o dia - gasto como sombra - 6.12 - No se pode reter a sombra. Inconsistente, uma ausncia de luz.eclesiastes2000.tripod.com/id6.html 17/19

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Dias bons e dias maus - 7.14 - 12.1 Dia da morte - 8.8 (7.1). O dia mais importante: hoje - Heb. 4.7 - II Cor. 6.2. PARA USAR BEM O TEMPO, ESTABELEA ORDEM DE PRIORIDADE "Antes que..." (Cap.12) 11.6 - plantar primeiro, comer depois. (Compare 11.6 com 10.16). Prioridade - 12.1 - No espere - "Antes que..." vs. 1,2,6. Lembra-te do Criador antes que tudo isso acontea, inclusive o verso 7. Antes, porque "depois" ser muito tarde. NO PERCA O FOCO ENTRE O PASSADO, O PRESENTE E O FUTURO. Foco no passado - 7.10 REMINDO O TEMPO Remindo o tempo - Ef.5.16 Col.4.5 (salvar, aproveitar, evitar a perda). O TEMPO DO JULGAMENTO 3.1-8,11,17 - O tempo de Deus julgar o que o homem fez no seu tempo. OBSERVAES: O "depois" no nos pertence. Ec.3.22. 100 anos - muito tempo e pouca realizao - 6.3,6 Nada novo - novo o homem - Ec.1.10 - Temos noo errada sobre o tempo devido brevidade da nossa vida. Na medida em que envelhecemos, nossa noo de tempo vai mudando. Para uma criana, 1 ano muito tempo. PESSIMISMO E OTIMISMO PESSIMISMO 1.2,8,9,13,14,15,18 2.1,11,12,15,17,18,21,23 3.19 4.2,3,4,16 5.1,10,11,14,17 7.1-3,7,8,20 8.11,16 10.8-9 OTIMISMO 2.26 3.1,17 5.12,18 7.14 8.5,15 9.9 11.1 12.1 Conceitos Expectativa de que o bem ou o mal aconteam. Interpretao negativa ou positiva de um mesmo fato. Somos pessimistas em relao a algumas coisas e otimistas em relao a outras. Assim como nos alegramos e nos entristecemos em momentos distintos. O que mais se evidencia em nossas atitudes pode nos caracterizar. algo aderenteeclesiastes2000.tripod.com/id6.html 18/19

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Estudo de Eclesiastes

nossa personalidade. Nossas experincias anteriores determinam a nossa expectativa. (Bloqueio em relao ao futuro. Bom ter esperana - Lm.3 - Trazer memria o que d esperana. - Selecione suas lembranas, desprezando as ruins. - Pense no que bom - Fil.4.8). Eclesiastes Autor pessimista - a julgar pela quantidade de evidncias. Toques de otimismo. Peso da realidade - fatos negativos - o pecado a tudo corrompe - um s pecador (Ado, o primeiro) - a mosca (10.1). A mensagem do livro - No pessimista nem otimista. Conscientiza das duas possibilidades e deixa o leitor escolher seu prprio rumo. 11.9 12.13-14. Fica destacado o grande risco do mal. No se enfatiza a recompensa pelo bem. Algumas reflexes do autor equilibram suas prprias afirmaes anteriores. 5.18 x 6.2 8.6; 11.8. Com pessimismo ou com otimismo, trabalhe: 11.1,6. Algumas pessoas deixam de trabalhar, no por pessimismo mas por preguia. Ento do desculpas pessimistas para sua atitude. (Pv.)

Em caso de utilizao impressa do presente material, favor mencionar o nome do autor: Ansio Renato de Andrade Bacharel em Teologia. Para esclarecimento de [email protected] dvidas em relao ao contedo, encaminhe mensagem para

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