estudo de caso to

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GRUPO TUTORIAL 4 LICENCIATURA EM TERAPIA OCUPACIONAL PROCESSO DE TERAPIA OCUPACIONAL EM IDOSOS Andreia Daniela Rocha Moreira nº10120070 Diana Filipa Da Costa Machado nº10120078 Filipe José Baptista Barbosa de Sousa Custódio nº10120080 Leonor Maria da Silva Cardoso nº10120086 Márcia Daniela Silva Ribeiro nº10120087 Maria Manuela Santos Rocha nº10120005 Mónica Maria Gonçalves Alves nº 10120092 Rita Alexandra Ferreira Meireles nº10120097 Rosana Dantas Araújo nº10120099 Sofia Cardoso de Sá Moreira nº 10120101 RELATÓRIO DE BBB O IMPACTO DAS BARREIRAS IDENTIFICADAS POR IDOSOS NO NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA

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Page 1: Estudo de caso TO

GRUPO TUTORIAL 4

LICENCIATURA EM TERAPIA OCUPACIONAL

PROCESSO DE TERAPIA OCUPACIONAL EM IDOSOS

2012/2013

Andreia Daniela Rocha Moreira nº10120070 Diana Filipa Da Costa Machado nº10120078

Filipe José Baptista Barbosa de Sousa Custódio nº10120080 Leonor Maria da Silva Cardoso nº10120086

Márcia Daniela Silva Ribeiro nº10120087 Maria Manuela Santos Rocha nº10120005

Mónica Maria Gonçalves Alves nº 10120092 Rita Alexandra Ferreira Meireles nº10120097

Rosana Dantas Araújo nº10120099

Sofia Cardoso de Sá Moreira nº 10120101

RELATÓRIO DE BBB

“O IMPACTO DAS BARREIRAS IDENTIFICADAS POR IDOSOS NO NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA”

Page 2: Estudo de caso TO

2

O Impacto das Barreiras identificadas por Idosos no

Nível de Atividade Física

Introdução

A população mundial de idosos tem aumentado significativamente representando, para

o sistema de saúde, um aumento significativo dos gastos com internamentos por doenças

crónico-degenerativas (1). A atividade física surge assim como uma intervenção eficaz,

ajudando na prevenção destas doenças e na diminuição da taxa de mortalidade e morbilidade

em idosos, ou seja, reduz e previne o declínio funcional associado ao envelhecimento. A maior

parte dos idosos necessitam de melhorar múltiplas dimensões da atividade física, sendo o

treino da força, equilíbrio e atividades cardiovasculares grandes prioridades para esta

população (2). No entanto, o número de praticantes de atividade física tende a diminuir com o

avançar da idade (1)3). Segundo Purity Frances (2014) este facto ocorre devido à presença de

diversas barreiras do foro pessoal e/ou psicológico, ambiental e/ou socioeconómico e

relacionadas com o envelhecimento, uma vez que as necessidades para a atividade física

deste tipo de população são complexas (1) (4) (5).

Objetivos do trabalho

Objetivo Global:

Verificar se as barreiras identificadas pelos idosos influenciam o nível de

atividade física

Objetivos específicos:

1. Analisar a relação entre o número de barreiras identificadas pelos idosos e o nível

de atividade física.

2. Relacionar o número de barreiras de cada domínio (BPP, BAS, BRE) com o nível

de atividade física.

3. Comparar os idosos que selecionaram ou não determinado domínio, no que diz

respeito ao nível de atividade física.

4. Comparar o número de barreiras identificada dentro de cada atividade (diárias,

lazer e desportivas).

Page 3: Estudo de caso TO

3

Metodologia

Critérios e inclusão / exclusão

Critérios de Inclusão

Idade superior a 65 anos;

Residente na comunidade;

Morador da área de abrangência da cidade da pesquisa, Matosinhos;

Falar e perceber fluentemente a língua portuguesa.

Critérios de exclusão

Incapacidade motora acentuada;

No caso de indivíduos com perturbações mentais e cognitivas clinicamente

diagnosticada;

Défices visuais severos, surdez e mutismo.

Procedimentos de construção de questionários

Para a elaboração do presente trabalho foi realizada uma pesquisa individual por parte

de todos os elementos do grupo, a fim de identificar quais os principais temas de interesse para

a população em análise. Seguidamente, procedeu-se à discussão das mesmas, da qual se

obteve o tema do estudo, sendo este “O impacto das barreiras identificadas por idosos no nível

de atividade física”. Após a definição do tema, delinearam-se os objetivos gerais e específicos,

assim como os critérios de inclusão e exclusão da amostra. Iniciou-se a construção dos

questionários baseada nas pesquisas previamente realizadas, assim como em pesquisas

efetuadas posteriormente, direcionadas para o tema em estudo.

Procedeu-se ainda à concretização de um estudo preliminar 1, através do qual se

verificou que, apesar de as tabelas estarem bem construídas e de possibilitarem uma análise

fácil dos dados. No entanto, mostraram-se demoradas e um pouco confusas, visto que era

necessário repetir as várias hipóteses mais que uma vez, o que dificultava a sua aplicação.

Observou-se também que apresentavam dificuldade em diferenciar atividades de lazer e

atividades desportivas. Verificou-se ainda que a área de aplicação apresentava uma amostra

reduzida, motivo pelo qual se alterou a mesma para todo o concelho de Gaia. Depois de

efetuadas todas as alterações necessárias, realizou-se um segundo estudo preliminar 1, no

qual se constatou que a aplicação do questionário não gerou quaisquer dúvidas na amostra.

No entanto, verificou-se novamente que a área de aplicação apresentava uma amostra

reduzida, motivo pelo qual se alterou a mesma para todo o concelho de Matosinhos. Destaca-

se ainda o facto de terem sido aplicados 5 questionários em cada teste preliminar.

Desta forma, realizou-se a aplicação dos mesmos sendo que se encontravam divididos

em grandes áreas como dados sócio demográficos, teste de Baecke, barreiras nas Atividades

da Vida Diária, nas Atividades de Lazer e nas Atividades Desportivas.

Page 4: Estudo de caso TO

4

Destacamos ainda o facto de o software utilizado para a construção dos questionários

ter sido o Qualtrics, uma vez que este instrumento permite uma construção simples e rápida

dos questionários e um bom controlo das respostas recebidas e do tratamento dos dados. Este

software permite ainda a exportação direta dos dados para SPSS e Excel. O questionário foi

distribuído fisicamente a cada um dos participantes, sendo que, na grande maioria dos casos,

este foi preenchido pelos membros do grupo a pedido dos participantes. Posteriormente,

transcreveu-se a informação recolhida em papel para os questionários on-line.

Procedimentos de amostragem

De forma a aplicar questionários aos idosos na zona de Matosinhos, os elementos

distribuiram-se pela freguesia de Matosinhos em diferentes locais e nos dias 7, 8, e 9 de

Janeiro de 2015, sendo que a aplicação dos mesmo ocorreu em espaços públicos. Foi

garantida ainda a confidencialidade e proteção dos dados fornecidos antes de se iniciar a

entrevista.

Recorrendo ao site “http://www.raosoft.com/samplesize.html”, no dia 22 de janeiro foi

calculado o tamanho representativo da amostra para o nosso estudo, com um intervalo de

confiança a 95% e com uma margem de erro de 5%. Sendo que a população a habitar na

cidade de Matosinhos com idade superior a 65 anos é de 28 285 (Dados INE), para o presente

estudo, a amostra representativa seria de 380 pessoas. No entanto, a amostra é aleatória e

apenas constituída por 82 indivíduos, pois o prazo para a execução do póster não permitiu a

recolha de mais dados e a sua posterior análise e tratamento.

Questionário

Construção e Validação

Após a aplicação do primeiro estudo preliminar 1 foram detetadas algumas possíveis

reformulações, entre as quais:

● Acrescentar o grau de escolaridade;

● Dividir as tabelas de dupla entrada que eram constituídas pelas barreiras e

pelas atividades diárias, de lazer e desporto, pela substituição de tabelas

simples;

● Definições explicativas do que consistiam as atividades diárias, de lazer e

desportivas para uma melhor compreensão dos questionados.

Técnicas estatísticas usadas

Os dados recolhidos foram tratados através do programa IBM SPSS STATISTICS

(Versão 20), recorrendo à estatística descritiva e inferencial.

Page 5: Estudo de caso TO

5

Resultados

Objetivo Global: Verificar se as barreiras identificadas pelos idosos influenciam o nível

de atividade física (NAF).

Objetivos específicos:

1. Analisar a relação entre o número de barreiras identificadas pelos idosos e o NAF;

Iniciou-se a análise estatística para este objetivo com a realização do teste à normalidade

das duas variáveis a analisar, sendo estas a soma das barreiras e o NAF. Formularam-se

então as seguintes hipoteses:

Para a variável soma das barreiras:

– H0: A variável soma das barreiras segue a normalidade;

– H1: A variável soma das barreiras não segue a normalidade;

Como p<0,001 < α=0,05, não se verificou a normalidade da variável soma das barreiras.

Para a variável NAF:

– H0: A variável NAF segue a normalidade;

– H1: A variável NAF não segue a normalidade;

Como p<0,001 < α=0,05, não se verificou a normalidade da variável NAF.

Shapiro-Wilk

df Sig

NAF 82 ,000

Somas das

Barreiras 82 ,000

Assim, procedeu-se à aplicação do teste não paramétrico de correlação de Spearman, e

formularam-se as seguintes hipóteses:

- H0 : NAF e Somas das Barreiras não estão correlacionadas

- H1 : NAF e Somas das Barreiras estão correlacionadas

Como p≈0,135 > α≈0,05, pode concluir-se que não existem evidências estatísticas para

afirmar H1, isto é, não é possível afirmar que exista uma correlação entre o NAF e a Somas

das Barreiras.

Obteve-se ainda um coeficiente de correlação R = -0,166, sendo esta considerada uma

correlação negativa fraca.

No entanto, observou-se que, à medida que o número de barreiras aumenta, o NAF

diminuiu.

Page 6: Estudo de caso TO

6

2. Relacionar o número de barreiras de cada domínio (Barreiras Pessoais e

Psicológicas (BPP), Barreiras Relativas ao Envelhecimento (BRE) e Barreiras Ambientais

e Socioeconómicas (BAS)) com o NAF;

Para a análise estatística deste objetivo, agruparam-se as barreiras todas em domínios

(BPP, BAS, BRE). Dentro de cada domínio eliminaram-se as hipóteses repetidas e contaram-

se apenas o número de barreiras seleccionado dentro de cada domínio, criando-se desta forma

novas variáveis designadas de BPPsoum, BASsoum e BREsoum. De seguida e a partir destas

criaram-se as seguintes variáveis: BPPstandardizado (BPPs), BREstandardizado (BREs) e

BASstandardizado (BASs) que resultaram da média de todas as opções assinaladas pelos

idosos sobre o número de opções possíveis dentro de cada domínio.

Posteriormente compararam-se as três variáveis. Pode-se então concluir que o

domínio mais selecionado é o das BAS com a média de 0,34, o que significa que 34% da

amostra selecionou barreiras deste domínio. No que diz respeito às BPP obteve-se a média de

0,26, o que significa que 26% da amostra selecionou barreiras deste domínio. Por último,

relativamente às BRE é de mencionar que a média foi de 0,23, ou seja, 23% da amostra

selecionou este domínio.

BPPs BREs BASs

N 82 82 82

Desvio-

padrão ,22381 ,26125 ,21348

Média ,2583 ,2276 ,3394

Correlações

NAF

Spearman's

rho

Somas das

Barreiras

Coeficiente de

correlação -,166

Sig. (2-tailed) ,135

N 82

0,2583 0,2276

0,3394

0

0,05

0,1

0,15

0,2

0,25

0,3

0,35

0,4

BPPs BREs BASs

Média das Barreiras

Page 7: Estudo de caso TO

7

Não se realizou o teste à normalidade da variável BPPs, uma vez que n<5 dentro de cada

conjunto possível de resposta (0, 1, (…), 11 barreiras selecionadas).

Deste modo, uma vez que o número de elementos que selecionaram sete ou mais

barreiras como opção não é significativo, realizou-se uma análise descritiva desta

variável,relacionando-a com o nível de atividade física.

BPPs

Frequência Percentagem

Válido

,00 16 19,5

,09 12 14,6

,18 14 17,1

,27 13 15,9

,36 7 8,5

,45 9 11,0

,55 6 7,3

,64 1 1,2

,73 1 1,2

,82 1 1,2

,91 1 1,2

1,00 1 1,2

Total 82 100,0

Page 8: Estudo de caso TO

8

a,b,c,d,e O nível de atividade física é constante quando BPPs são iguais a 0,64; 0,73; 0,82; 0,91;

1.

No que concerne à estatística descritiva da variável BPPs relacionada com o NAF, foi

constatado que não existe uma relação linear entre o NAF e o número de barreiras

seleccionadas. O valor observável da média mais elevada de NAF foi de 13,34, para os

indivíduos que selecionaram 2 barreiras; e ainda o da media mais baixa de NAF foi de 5,55,

para os indivíduos que selecionaram 6 barreiras.

Não se realizou o teste à normalidade da variável BREs, uma vez que n<5 dentro de

cada conjunto possível de resposta (0, 1, 2, 3 barreiras selecionadas).

Deste modo, uma vez que o número de elementos que selecionaram três barreiras

como opção não é significativo, realizou-se uma análise descritiva desta variável, relacionando-

a com o nível de atividade física.

Descritivaa,b,c,d,e

BPPs Estatística

NAF

,00

Média 12,16

Desvio Padrão 9,90

,09

Média 10,89

Desvio Padrão 10,95

,18

Média 13,34

Desvio Padrão 10,57

,27

Média 12,69

Desvio Padrão 12,34

,36

Média 7,05

Desvio Padrão 6,29

,45

Média 8,91

Desvio Padrão 7,65

,55

Média 5,55

Desvio Padrão 3,04

BREs

Frequência Percentagem

Válido

,00 40 48,8

,33 30 36,6

,67 10 12,2

1,00 2 2,4

Total 82 100,0

Page 9: Estudo de caso TO

9

Descritiva

BREs Estatística

NAF

,00 Média 11,69

Desvio Padrão 9,25

,33 Média 10,30

Desvio Padrão 10,87

,67 Média 8,65

Desvio Padrão 7,59

1,00 Média 8,23

Desvio Padrão 2,84

No que concerne à estatística descritiva da variável BREs relacionada com o NAF, foi

constatado que existe uma relação linear entre o NAF e o número de barreiras seleccionadas,

ou seja, verifica-se uma diminuição do NAF com o aumento do número de barreiras

selecionadas. O valor observável da média mais elevada de NAF foi de 11,69, para os

indivíduos que não selecionaram nenhuma barreira; e ainda o da media mais baixa de NAF foi

de 8,23, para os indivíduos que selecionaram 3 barreiras.

Não se realizou o teste à normalidade da variável BASs, uma vez que n<5 dentro de

cada conjunto possível de resposta (0, 1, (…), 6 barreiras selecionadas).

BASs

Frequência Percentagem

Válido ,00 10 12,2

,17 17 20,7

,33 29 35,4

,50 15 18,3

,67 9 11,0

,83 1 1,2

1,00 1 1,2

Total 82 100,0

Page 10: Estudo de caso TO

10

Deste modo, uma vez que o número de elementos que selecionaram cinco ou mais barreiras

como opção não é significativo, realizou-se uma análise descritiva desta variável, relacionando-

a com o nível de atividade física.

No que concerne à estatística descritiva da variável BASs relacionada com o NAF, foi

constatado que não existe uma relação linear entre o NAF e o número de barreiras

selecionadas. O valor observável da média mais elevada de NAF foi de 11,97, para os

indivíduos que selecionaram 2 barreiras; e ainda o da media mais baixa de NAF foi de 7,87,

para os indivíduos que não selecionaram nenhuma barreira.

3. Comparar os idosos que selecionaram ou não determinado domínio, no que

diz respeito ao NAF.

Na análise estatística do presente objetivo, foi criada uma nova variável BPP_classificada

(BPP_c) através da variável BPPs tendo-se codificado os valores 0 e 1 em 1 e 2,

respetivamente. Foi atribuído o código 1 a quem não tem barreiras e o código 2 a quem tem

pelo menos uma barreira. Foi realizada uma análise descritiva para verificar o tamanho

amostral em cada domínio.

Descritiva

BASs Estatística

NAF

,00

Média 7,87

Desvio Padrão 6,86

,17

Média 10,98

Desvio Padrão 8,21

,33

Média 11,97

Desvio Padrão 10,43

,50

Média 11,62

Desvio Padrão 11,62

,67

Média 8,67

Desvio Padrão 9,65

Page 11: Estudo de caso TO

11

Assim sendo, foi necessário realizar o teste à normalidade das variáveis BPP_c e

BAS_classificada (BAS_c) pois apresentavam um n< 30. Assim sendo foram criadas as

seguintes hipoteses:

Para a variável BAS_c:

– H0: A variável BAS_c segue a normalidade;

– H1: A variável BAS_c não segue a normalidade;

No que diz respeito à variável BAS_c foi possível verificar que esta não segue a

normalidade, pois o p<0,001 < α=0,05.

Para a variável BPP_c:

– H0: A variável BPP_c segue a normalidade;

– H1: A variável BPP_c não segue a normalidade;

BPP_c

Frequência Percentagem

Válido

1,00 16 19,5

2,00 66 80,5

Total 82 100,0

BRE_c

Frequência Percentagem

Válido

1,00 40 48,8

2,00 42 51,2

Total 82 100,0

BAS_c

Frequência Percentagem

Válido

1,00 10 12,2

2,00 72 87,8

Total 82 100,0

Page 12: Estudo de caso TO

12

No que diz respeito à variável BPP_c foi possível verificar que esta não segue a

normalidade, pois o p<0,001 < α=0,05.

No que diz respeito à BRE_classificada (BRE_c) não foi necessário realizar o teste à

normalidade pois o n> 30;

De seguida efetuamos uma análise descritiva entre as BPP_c e o NAF; Pode então

concluir-se que os níveis médios de atividade física são maiores nos indivíduos que não

identificaram barreiras (x=12,16) em comparação com os que identificaram barreiras (x=10,38).

Descritiva

BPP_c Estatística

NAF

1,00

Média 12,16

Mediana 11,12

Desvio padrão 9,90

Intervalo interquartil 14,35

2,00

Média 10,38

Mediana 8,35

Desvio padrão 9,51

Intervalo interquartil 10,18

De seguida efetuamos uma análise descritiva entre as BRE_c e o NAF; Pode então

concluir-se que os níveis médios de atividade física são maiores nos indivíduos que não

identificaram barreiras (x=11,69) em comparação com os que identificaram barreiras (x=9,81).

Teste à normalidade

Shapiro-Wilk

df Sig.

BPP_c 82 ,000

BAS_c 82 ,000

Descritiva

BRE_c Estatística

NAF 1,00

Média 11,69

Mediana 10,47

Desvio padrão 9,25

Intervalo interquartil 14,86

Page 13: Estudo de caso TO

13

De seguida efetuamos uma análise descritiva entre as BAS_c e o NAF; Pode então

concluir-se que os níveis médios de atividade física são menores nos indivíduos que não

identificaram barreiras (x=7,87) em comparação com os que identificaram barreiras (x=11,12).

Descritiva

BAS_c Estatísticas

NAF

1,00

Média 7,87

Mediana 6,76

Desvio padrão 6,86

Intervalo interquartil 10,48

2,00

Média 11,12

Mediana 8,99

Desvio padrão 9,84

Intervalo interquartil 12,87

Como as variáveis BPP_c e BAS_c não seguem a normalidade, foi realizado um teste

não paramétrico para amostras independentes de Mann-Whitney, relacionando-as com NAF.

Foram formuladas as seguintes hipóteses para as variáveis a analisar (BPP_c e NAF e BAS_c

e NAF):

– H0: Não existem diferenças na distribuição do NAF nos dois grupos;

– H1: Existem diferenças na distribuição NAF nos dois grupos;

Para as variáveis BPP_c e NAF o valor prova (p≈ 0,36) é superior ao nível de

significância (0,05) não rejeitamos H0. Não existem evidências estatísticas para afirmar que

existem diferenças significativas na distribuição do nível de atividade dos grupos.

Teste estatísticoa

NAF

Mann-Whitney U 449,000

Exact Sig. (2-

tailed)

,360

a. Variável grupal: BPP_c

2,00

Média 9,81

Mediana 7,60

Desvio padrão 9,85

Intervalo interquartil 8,69

Page 14: Estudo de caso TO

14

Para as variáveis BAS_c e NAF o valor prova (p≈ 0,35) é superior ao nível de

significância (0,05) não rejeitamos H0. Não existem evidências estatísticas para afirmar que

existem diferenças significativas na distribuição do nível de atividade dos grupos.

Teste estatísticoa

NAF

Mann-Whitney U 293,000

Exact Sig. (2-

tailed)

,350

a. Variável grupal: BAS_c

Para as variáveis BRE_c e NAF, como o n> 30 assumiu-se a normalidade e realizou-se

um teste de homogeneidade (igualdade) das variâncias, teste de Levene. Para tal foram

formuladas as seguintes hipóteses:

– H0: s2BRE_c = s

2NAF (as variâncias amostrais são iguais)

– H1: s2 BRE_c ≠ s

2NAF (as variâncias amostrais são diferentes)

Através da analise das tabelas obtidas, pode concluir-se que como (p≈0,541) > 0,05

não rejeitamos H0. Não existem evidências estatísticas para afirmar que as variâncias são

diferentes.

Supõe-se que as variâncias são iguais. Foi então realizado um teste paramétrico, em

concreto um teste t para amostras independentes. Onde foram formuladas as seguintes

hipóteses:

- H0: BRE_c= NAF (média amostral das barreiras relacionadas com o envelhecimento é

igual à média populacional do NAF)

- H1: BRE_c ≠ NAF (média amostral das barreiras relacionadas com o envelhecimento é

diferente da média populacional do NAF)

Page 15: Estudo de caso TO

15

No seguinte gráfico os valores apresentados fazem referência à mediana (Me) e ao

intervalo interquartil (IQR) dos vários domínios em relação aos dois grupos.

Não tem Barreira

Me (IQR)

Tem uma ou mais

Barreiras

Me (IQR)

Valor de p

BPP 11,12 (7,18) 8,35 (5,09) 0,36*

BRE 10,47 (7,43) 7,60 (4,35) 0,38**

BAS 6,76 (5,24) 8,98 (6,44) 0,35*

*Teste Mann-Whitney

** Teste T para amostras independentes

4. Comparar o número de barreiras identificada dentro de cada atividade; (lazer,

desportivas e diárias)

Fomos a cada domínio (BPP, BRE e BAS) retirar as barreiras e agrupá-las pelo mesmo

tipo de atividade. Criando-se assim 3 novas variáveis denominadas de Barreirasdiárias,

Barreiraslazer e Barreirasdesportivas.

Na análise estatística do presente objetivo, foram criadas 3 novas variáveis através da

variável BPPstandardizado tendo-se codificado os valores 0 e 1 em 1 e 2, respetivamente. Foi

atribuído o código 1 a quem não tem barreiras e o código 2 a quem tem pelo menos uma

barreira. Foi realizada uma análise descritiva para verificar o tamanho amostral em cada

domínio.

Teste T para amostras independents

Teste de

Levene

para a

homogeni

dade das

variâncias

Teste T para a igualdade das medias

Sig. t Sig.

(2-

tailed)

95% Intervalo de confiança

Baixo Alto

NAF Homogenei

dade das

variâncias

assumidas

,514 ,89

1

,376 -2,32173173 6,08685049

Page 16: Estudo de caso TO

16

Através de uma análise descritiva foi possível concluir que, em média, o número de

barreiras identificadas nas atividades de vida diária (Barreirasdiarias) foi de 2,40, sendo estas

as menos identificadas pelas pessoas; nas atividades de lazer (Barreiraslazer) de 3,32 e nas

atividades desportivas (Barreirasdesportivas) de 3,52, sendo estas ultimas as mais

identificadas. Barreirasdiárias< Barreiraslazer< Barreirasdesportivas

No que concerne ao desvio padrão, as Barreirasdiarias apresentaram um desvio

padrão de 3,05, as Barreiraslazer de 3,27, e as Barreirasdesportivas de 3,29. Pode ainda

referir-se que apesar de as Barreirasdesportivas terem uma média mais elevada, foram

também as que apresentaram um desvio padrão maior.

Relativamente aos percentis, pode-se ainda concluir que mais de 75% das pessoas

identificaram 4 barreiras nas atividades de vida diária, barreiras nas atividades de lazer e 5

barreiras nas atividades desportivas, num total de 20 barreiras possíveis. Cerca de 25% dos

indivíduos não identificaram qualquer tipo de barreira para as atividades diárias, e identificaram

apenas uma barreira nas atividades de lazer e desportivas;

Estatística

Barreiras

das

atividades

diarias

Barreiras

das

atividades

de lazer

Barreiras das

atividades

desportivas

N Valido 82 82 82

Média 2,40 3,32 3,52

Desvio Padrão 3,046 3,269 3,286

Percentis 25 ,00 1,00 1,00

50 1,00 2,00 3,00

75 4,00 5,00 5,00

Page 17: Estudo de caso TO

17

2,4

3,32 3,52

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

4

Barreiras nas Atividades Diárias

Barreiras no Lazer Barreiras nas Atividades Desportivas

Média das barreiras para cada atividade

Page 18: Estudo de caso TO

18

Discussão dos resultados

Através da análise e tratamento dos dados recolhidos foram obtidos resultados

díspares com os descritos na literatura, embora tenham sido observadas algumas

semelhanças. Foi observável que, quanto maior o número de barreiras identificadas, menor o

nível de atividade física dos indivíduos. Isto pode ser explicado pelo facto de a prática de

atividade física fornecer diversos benefícios para um envelhecimento ativo e saudável (6).

Segundo Purity Frances (2014) indivíduos que têm baixos níveis de atividade física identificam

mais barreiras à sua prática do que indivíduos com níveis elevados da mesma (5).

Através da análise descritiva efetuada verifica-se também que, para as variáveis BPP e

BAS não existe uma relação linear entre o NAF e o número de barreiras identificadas. Tal facto

não vai de encontro com o encontrado na literatura, uma vez que barreiras como, “Não tenho

motivação”, “Não tenho conhecimento de atividades”, “Incapacidade física”, “Não tenho tempo”;

e BAS, como “Local inseguro”, “Condições meteorológicas desfavoráveis” e “Despesas

acrescidas”, como fortes barreiras à prática de atividade física (5, 7) . No entanto, tais barreiras

podem não ter sido identificadas, de uma forma geral, pela amostra, uma vez que a prática de

atividade física é bastante incentivada pelo município de Matosinhos. Quando é feita a análise

descritiva das BRE, observa-se uma relação linear entre as variáveis em estudo, isto é, ocorre

um aumento do número de barreiras com a diminuição do nível de atividade física, comprovada

pela bibliografia existente que considera “Doença/Incapacidade física” como exemplo de fortes

barreiras à prática da mesma (5, 7) . Também é possível verificar que o domínio mais

selecionado é o das BAS, sendo que este resultado é sustentado pela literatura encontrada,

que salienta a “Segurança no Ambiente” e “Dinheiro” como principais barreiras (7). Na análise

dos resultados obtidos, verifica-se ainda que os indivíduos que não identificaram nenhuma

barreira nos domínios BPP e BRE apresentam um nível de atividade física superior aos

indivíduos que identificaram barreiras nestes domínios. No que diz respeito ao domínio BAS, é

de referir que os indivíduos que não identificaram nenhuma barreira apresentam um nível de

atividade física inferior aos indivíduos que as identificaram. Estes resultados estão de acordo

com o esperado, uma vez que indivíduos que têm um baixo nível de atividade física

identificaram mais barreiras relacionadas com o envelhecimento do que indivíduos com um alto

nível de atividade física (8) . Em relação ao domínio BAS, os resultados foram de acordo com o

esperado, uma vez que, indivíduos com um nível de atividade física alto depararam-se com

mais barreiras ambientais e socioeconómicas no seu dia-a-dia do que indivíduos que têm um

baixo nível de atividade física (9). Isto pode acontecer devido ao facto de os indivíduos que

realizam mais atividade física terem uma melhor perceção acerca das barreiras existentes

neste domínio(6).

Por fim, através da análise descritiva, foi possível verificar que o número de barreiras

identificadas nas atividades desportivas é superior ao número de barreiras das atividades de

lazer e da vida diária. Este facto pode ser explicado pelos requisitos que cada atividade exige,

dado que as atividades desportivas têm um maior número de requisitos do que as diárias e de

lazer (e.g.: futebol exige um campo de futebol; natação exige uma piscina). Outro fator pode

Page 19: Estudo de caso TO

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ser devido a limitações físicas que podem ser percecionadas de forma mais intensa na prática

de atividades desportivas, comparativamente a atividades de lazer e atividades diárias. Isto

pode ser explicado por considerarem estas últimas mais facilmente adaptáveis às limitações de

cada um.

Em relação às limitações é de salientar aspetos como o facto da amostra não ser

representativa da população, que leva a não ser possível inferir os resultados obtidos para a

mesma. Outra das consequências que advém do reduzido número pode ser explicado pelo

baixo nível de significância dos dados.

É ainda importante afirmar que, quando analisadas as diferentes variáveis classificadas,

divididas em 1 e 2, “nenhuma barreira” ou “mais que uma barreira” respetivamente, poder-se-ia

ter analisado os sexos consoante a opção escolhida 1 ou 2.

Para a elaboração de estudos futuros sugere-se a utilização de uma amostra com

maior número de participantes, uma vez que o tamanho reduzido da mesma no presente

estudo não permite inferir resultados para a população. Sugere-se ainda o estudo das

diferentes barreiras em áreas geográficas distintas, uma vez que a restrição do estudo à cidade

de Matosinhos pode limitar a variabilidade de respostas obtidas. Poderão existir ainda outras

barreiras à prática de atividade física não mencionadas no presente trabalho, pelo que se

sugere a exploração de possíveis barreiras existentes no concelho em estudo.

Conclusão

Atendendo aos objetivos estipulados, podemos referir que, de uma forma geral, não

existe uma relação linear entre o NAF e o número de barreiras identificadas nos diferentes

domínios. É de salientar que, de entre os três domínios, as BAS foram o domínio mais

selecionado. É ainda possível referir que indivíduos com alto NAF encontram mais barreiras

ambientais e socioeconómicas, comparativamente a indivíduos com baixo nível de atividade

física. Posto isto, destacamos o facto de os dados obtidos indicarem que o número e o tipo de

barreiras influenciam a prática de atividade física na população idosa.

Assim sendo, os profissionais de saúde que providenciam suporte e serviços de apoio

a este tipo de população, nomeadamente a Terapia Ocupacional revelam-se imprescindíveis

no aconselhamento à prática da atividade física. Desta forma, é importante ter conhecimento

acerca das barreiras identificadas que poderão influenciar a prática de atividade física de forma

a proporcionar um ensino correto de estratégias para contornar as barreiras identificadas nos

diferentes domínios, de forma a contornar as barreiras associadas ao envelhecimento. Em

suma, o terapeuta ocupacional ajuda a promover um envelhecimento mais saudável e ativo,

proporcionando ainda uma melhor qualidade de vida nesta faixa etária.

Page 20: Estudo de caso TO

20

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