estudo de caso to
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Um estudo de caso !!TRANSCRIPT
GRUPO TUTORIAL 4
LICENCIATURA EM TERAPIA OCUPACIONAL
PROCESSO DE TERAPIA OCUPACIONAL EM IDOSOS
2012/2013
Andreia Daniela Rocha Moreira nº10120070 Diana Filipa Da Costa Machado nº10120078
Filipe José Baptista Barbosa de Sousa Custódio nº10120080 Leonor Maria da Silva Cardoso nº10120086
Márcia Daniela Silva Ribeiro nº10120087 Maria Manuela Santos Rocha nº10120005
Mónica Maria Gonçalves Alves nº 10120092 Rita Alexandra Ferreira Meireles nº10120097
Rosana Dantas Araújo nº10120099
Sofia Cardoso de Sá Moreira nº 10120101
RELATÓRIO DE BBB
“O IMPACTO DAS BARREIRAS IDENTIFICADAS POR IDOSOS NO NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA”
2
O Impacto das Barreiras identificadas por Idosos no
Nível de Atividade Física
Introdução
A população mundial de idosos tem aumentado significativamente representando, para
o sistema de saúde, um aumento significativo dos gastos com internamentos por doenças
crónico-degenerativas (1). A atividade física surge assim como uma intervenção eficaz,
ajudando na prevenção destas doenças e na diminuição da taxa de mortalidade e morbilidade
em idosos, ou seja, reduz e previne o declínio funcional associado ao envelhecimento. A maior
parte dos idosos necessitam de melhorar múltiplas dimensões da atividade física, sendo o
treino da força, equilíbrio e atividades cardiovasculares grandes prioridades para esta
população (2). No entanto, o número de praticantes de atividade física tende a diminuir com o
avançar da idade (1)3). Segundo Purity Frances (2014) este facto ocorre devido à presença de
diversas barreiras do foro pessoal e/ou psicológico, ambiental e/ou socioeconómico e
relacionadas com o envelhecimento, uma vez que as necessidades para a atividade física
deste tipo de população são complexas (1) (4) (5).
Objetivos do trabalho
Objetivo Global:
Verificar se as barreiras identificadas pelos idosos influenciam o nível de
atividade física
Objetivos específicos:
1. Analisar a relação entre o número de barreiras identificadas pelos idosos e o nível
de atividade física.
2. Relacionar o número de barreiras de cada domínio (BPP, BAS, BRE) com o nível
de atividade física.
3. Comparar os idosos que selecionaram ou não determinado domínio, no que diz
respeito ao nível de atividade física.
4. Comparar o número de barreiras identificada dentro de cada atividade (diárias,
lazer e desportivas).
3
Metodologia
Critérios e inclusão / exclusão
Critérios de Inclusão
Idade superior a 65 anos;
Residente na comunidade;
Morador da área de abrangência da cidade da pesquisa, Matosinhos;
Falar e perceber fluentemente a língua portuguesa.
Critérios de exclusão
Incapacidade motora acentuada;
No caso de indivíduos com perturbações mentais e cognitivas clinicamente
diagnosticada;
Défices visuais severos, surdez e mutismo.
Procedimentos de construção de questionários
Para a elaboração do presente trabalho foi realizada uma pesquisa individual por parte
de todos os elementos do grupo, a fim de identificar quais os principais temas de interesse para
a população em análise. Seguidamente, procedeu-se à discussão das mesmas, da qual se
obteve o tema do estudo, sendo este “O impacto das barreiras identificadas por idosos no nível
de atividade física”. Após a definição do tema, delinearam-se os objetivos gerais e específicos,
assim como os critérios de inclusão e exclusão da amostra. Iniciou-se a construção dos
questionários baseada nas pesquisas previamente realizadas, assim como em pesquisas
efetuadas posteriormente, direcionadas para o tema em estudo.
Procedeu-se ainda à concretização de um estudo preliminar 1, através do qual se
verificou que, apesar de as tabelas estarem bem construídas e de possibilitarem uma análise
fácil dos dados. No entanto, mostraram-se demoradas e um pouco confusas, visto que era
necessário repetir as várias hipóteses mais que uma vez, o que dificultava a sua aplicação.
Observou-se também que apresentavam dificuldade em diferenciar atividades de lazer e
atividades desportivas. Verificou-se ainda que a área de aplicação apresentava uma amostra
reduzida, motivo pelo qual se alterou a mesma para todo o concelho de Gaia. Depois de
efetuadas todas as alterações necessárias, realizou-se um segundo estudo preliminar 1, no
qual se constatou que a aplicação do questionário não gerou quaisquer dúvidas na amostra.
No entanto, verificou-se novamente que a área de aplicação apresentava uma amostra
reduzida, motivo pelo qual se alterou a mesma para todo o concelho de Matosinhos. Destaca-
se ainda o facto de terem sido aplicados 5 questionários em cada teste preliminar.
Desta forma, realizou-se a aplicação dos mesmos sendo que se encontravam divididos
em grandes áreas como dados sócio demográficos, teste de Baecke, barreiras nas Atividades
da Vida Diária, nas Atividades de Lazer e nas Atividades Desportivas.
4
Destacamos ainda o facto de o software utilizado para a construção dos questionários
ter sido o Qualtrics, uma vez que este instrumento permite uma construção simples e rápida
dos questionários e um bom controlo das respostas recebidas e do tratamento dos dados. Este
software permite ainda a exportação direta dos dados para SPSS e Excel. O questionário foi
distribuído fisicamente a cada um dos participantes, sendo que, na grande maioria dos casos,
este foi preenchido pelos membros do grupo a pedido dos participantes. Posteriormente,
transcreveu-se a informação recolhida em papel para os questionários on-line.
Procedimentos de amostragem
De forma a aplicar questionários aos idosos na zona de Matosinhos, os elementos
distribuiram-se pela freguesia de Matosinhos em diferentes locais e nos dias 7, 8, e 9 de
Janeiro de 2015, sendo que a aplicação dos mesmo ocorreu em espaços públicos. Foi
garantida ainda a confidencialidade e proteção dos dados fornecidos antes de se iniciar a
entrevista.
Recorrendo ao site “http://www.raosoft.com/samplesize.html”, no dia 22 de janeiro foi
calculado o tamanho representativo da amostra para o nosso estudo, com um intervalo de
confiança a 95% e com uma margem de erro de 5%. Sendo que a população a habitar na
cidade de Matosinhos com idade superior a 65 anos é de 28 285 (Dados INE), para o presente
estudo, a amostra representativa seria de 380 pessoas. No entanto, a amostra é aleatória e
apenas constituída por 82 indivíduos, pois o prazo para a execução do póster não permitiu a
recolha de mais dados e a sua posterior análise e tratamento.
Questionário
Construção e Validação
Após a aplicação do primeiro estudo preliminar 1 foram detetadas algumas possíveis
reformulações, entre as quais:
● Acrescentar o grau de escolaridade;
● Dividir as tabelas de dupla entrada que eram constituídas pelas barreiras e
pelas atividades diárias, de lazer e desporto, pela substituição de tabelas
simples;
● Definições explicativas do que consistiam as atividades diárias, de lazer e
desportivas para uma melhor compreensão dos questionados.
Técnicas estatísticas usadas
Os dados recolhidos foram tratados através do programa IBM SPSS STATISTICS
(Versão 20), recorrendo à estatística descritiva e inferencial.
5
Resultados
Objetivo Global: Verificar se as barreiras identificadas pelos idosos influenciam o nível
de atividade física (NAF).
Objetivos específicos:
1. Analisar a relação entre o número de barreiras identificadas pelos idosos e o NAF;
Iniciou-se a análise estatística para este objetivo com a realização do teste à normalidade
das duas variáveis a analisar, sendo estas a soma das barreiras e o NAF. Formularam-se
então as seguintes hipoteses:
Para a variável soma das barreiras:
– H0: A variável soma das barreiras segue a normalidade;
– H1: A variável soma das barreiras não segue a normalidade;
Como p<0,001 < α=0,05, não se verificou a normalidade da variável soma das barreiras.
Para a variável NAF:
– H0: A variável NAF segue a normalidade;
– H1: A variável NAF não segue a normalidade;
Como p<0,001 < α=0,05, não se verificou a normalidade da variável NAF.
Shapiro-Wilk
df Sig
NAF 82 ,000
Somas das
Barreiras 82 ,000
Assim, procedeu-se à aplicação do teste não paramétrico de correlação de Spearman, e
formularam-se as seguintes hipóteses:
- H0 : NAF e Somas das Barreiras não estão correlacionadas
- H1 : NAF e Somas das Barreiras estão correlacionadas
Como p≈0,135 > α≈0,05, pode concluir-se que não existem evidências estatísticas para
afirmar H1, isto é, não é possível afirmar que exista uma correlação entre o NAF e a Somas
das Barreiras.
Obteve-se ainda um coeficiente de correlação R = -0,166, sendo esta considerada uma
correlação negativa fraca.
No entanto, observou-se que, à medida que o número de barreiras aumenta, o NAF
diminuiu.
6
2. Relacionar o número de barreiras de cada domínio (Barreiras Pessoais e
Psicológicas (BPP), Barreiras Relativas ao Envelhecimento (BRE) e Barreiras Ambientais
e Socioeconómicas (BAS)) com o NAF;
Para a análise estatística deste objetivo, agruparam-se as barreiras todas em domínios
(BPP, BAS, BRE). Dentro de cada domínio eliminaram-se as hipóteses repetidas e contaram-
se apenas o número de barreiras seleccionado dentro de cada domínio, criando-se desta forma
novas variáveis designadas de BPPsoum, BASsoum e BREsoum. De seguida e a partir destas
criaram-se as seguintes variáveis: BPPstandardizado (BPPs), BREstandardizado (BREs) e
BASstandardizado (BASs) que resultaram da média de todas as opções assinaladas pelos
idosos sobre o número de opções possíveis dentro de cada domínio.
Posteriormente compararam-se as três variáveis. Pode-se então concluir que o
domínio mais selecionado é o das BAS com a média de 0,34, o que significa que 34% da
amostra selecionou barreiras deste domínio. No que diz respeito às BPP obteve-se a média de
0,26, o que significa que 26% da amostra selecionou barreiras deste domínio. Por último,
relativamente às BRE é de mencionar que a média foi de 0,23, ou seja, 23% da amostra
selecionou este domínio.
BPPs BREs BASs
N 82 82 82
Desvio-
padrão ,22381 ,26125 ,21348
Média ,2583 ,2276 ,3394
Correlações
NAF
Spearman's
rho
Somas das
Barreiras
Coeficiente de
correlação -,166
Sig. (2-tailed) ,135
N 82
0,2583 0,2276
0,3394
0
0,05
0,1
0,15
0,2
0,25
0,3
0,35
0,4
BPPs BREs BASs
Média das Barreiras
7
Não se realizou o teste à normalidade da variável BPPs, uma vez que n<5 dentro de cada
conjunto possível de resposta (0, 1, (…), 11 barreiras selecionadas).
Deste modo, uma vez que o número de elementos que selecionaram sete ou mais
barreiras como opção não é significativo, realizou-se uma análise descritiva desta
variável,relacionando-a com o nível de atividade física.
BPPs
Frequência Percentagem
Válido
,00 16 19,5
,09 12 14,6
,18 14 17,1
,27 13 15,9
,36 7 8,5
,45 9 11,0
,55 6 7,3
,64 1 1,2
,73 1 1,2
,82 1 1,2
,91 1 1,2
1,00 1 1,2
Total 82 100,0
8
a,b,c,d,e O nível de atividade física é constante quando BPPs são iguais a 0,64; 0,73; 0,82; 0,91;
1.
No que concerne à estatística descritiva da variável BPPs relacionada com o NAF, foi
constatado que não existe uma relação linear entre o NAF e o número de barreiras
seleccionadas. O valor observável da média mais elevada de NAF foi de 13,34, para os
indivíduos que selecionaram 2 barreiras; e ainda o da media mais baixa de NAF foi de 5,55,
para os indivíduos que selecionaram 6 barreiras.
Não se realizou o teste à normalidade da variável BREs, uma vez que n<5 dentro de
cada conjunto possível de resposta (0, 1, 2, 3 barreiras selecionadas).
Deste modo, uma vez que o número de elementos que selecionaram três barreiras
como opção não é significativo, realizou-se uma análise descritiva desta variável, relacionando-
a com o nível de atividade física.
Descritivaa,b,c,d,e
BPPs Estatística
NAF
,00
Média 12,16
Desvio Padrão 9,90
,09
Média 10,89
Desvio Padrão 10,95
,18
Média 13,34
Desvio Padrão 10,57
,27
Média 12,69
Desvio Padrão 12,34
,36
Média 7,05
Desvio Padrão 6,29
,45
Média 8,91
Desvio Padrão 7,65
,55
Média 5,55
Desvio Padrão 3,04
BREs
Frequência Percentagem
Válido
,00 40 48,8
,33 30 36,6
,67 10 12,2
1,00 2 2,4
Total 82 100,0
9
Descritiva
BREs Estatística
NAF
,00 Média 11,69
Desvio Padrão 9,25
,33 Média 10,30
Desvio Padrão 10,87
,67 Média 8,65
Desvio Padrão 7,59
1,00 Média 8,23
Desvio Padrão 2,84
No que concerne à estatística descritiva da variável BREs relacionada com o NAF, foi
constatado que existe uma relação linear entre o NAF e o número de barreiras seleccionadas,
ou seja, verifica-se uma diminuição do NAF com o aumento do número de barreiras
selecionadas. O valor observável da média mais elevada de NAF foi de 11,69, para os
indivíduos que não selecionaram nenhuma barreira; e ainda o da media mais baixa de NAF foi
de 8,23, para os indivíduos que selecionaram 3 barreiras.
Não se realizou o teste à normalidade da variável BASs, uma vez que n<5 dentro de
cada conjunto possível de resposta (0, 1, (…), 6 barreiras selecionadas).
BASs
Frequência Percentagem
Válido ,00 10 12,2
,17 17 20,7
,33 29 35,4
,50 15 18,3
,67 9 11,0
,83 1 1,2
1,00 1 1,2
Total 82 100,0
10
Deste modo, uma vez que o número de elementos que selecionaram cinco ou mais barreiras
como opção não é significativo, realizou-se uma análise descritiva desta variável, relacionando-
a com o nível de atividade física.
No que concerne à estatística descritiva da variável BASs relacionada com o NAF, foi
constatado que não existe uma relação linear entre o NAF e o número de barreiras
selecionadas. O valor observável da média mais elevada de NAF foi de 11,97, para os
indivíduos que selecionaram 2 barreiras; e ainda o da media mais baixa de NAF foi de 7,87,
para os indivíduos que não selecionaram nenhuma barreira.
3. Comparar os idosos que selecionaram ou não determinado domínio, no que
diz respeito ao NAF.
Na análise estatística do presente objetivo, foi criada uma nova variável BPP_classificada
(BPP_c) através da variável BPPs tendo-se codificado os valores 0 e 1 em 1 e 2,
respetivamente. Foi atribuído o código 1 a quem não tem barreiras e o código 2 a quem tem
pelo menos uma barreira. Foi realizada uma análise descritiva para verificar o tamanho
amostral em cada domínio.
Descritiva
BASs Estatística
NAF
,00
Média 7,87
Desvio Padrão 6,86
,17
Média 10,98
Desvio Padrão 8,21
,33
Média 11,97
Desvio Padrão 10,43
,50
Média 11,62
Desvio Padrão 11,62
,67
Média 8,67
Desvio Padrão 9,65
11
Assim sendo, foi necessário realizar o teste à normalidade das variáveis BPP_c e
BAS_classificada (BAS_c) pois apresentavam um n< 30. Assim sendo foram criadas as
seguintes hipoteses:
Para a variável BAS_c:
– H0: A variável BAS_c segue a normalidade;
– H1: A variável BAS_c não segue a normalidade;
No que diz respeito à variável BAS_c foi possível verificar que esta não segue a
normalidade, pois o p<0,001 < α=0,05.
Para a variável BPP_c:
– H0: A variável BPP_c segue a normalidade;
– H1: A variável BPP_c não segue a normalidade;
BPP_c
Frequência Percentagem
Válido
1,00 16 19,5
2,00 66 80,5
Total 82 100,0
BRE_c
Frequência Percentagem
Válido
1,00 40 48,8
2,00 42 51,2
Total 82 100,0
BAS_c
Frequência Percentagem
Válido
1,00 10 12,2
2,00 72 87,8
Total 82 100,0
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No que diz respeito à variável BPP_c foi possível verificar que esta não segue a
normalidade, pois o p<0,001 < α=0,05.
No que diz respeito à BRE_classificada (BRE_c) não foi necessário realizar o teste à
normalidade pois o n> 30;
De seguida efetuamos uma análise descritiva entre as BPP_c e o NAF; Pode então
concluir-se que os níveis médios de atividade física são maiores nos indivíduos que não
identificaram barreiras (x=12,16) em comparação com os que identificaram barreiras (x=10,38).
Descritiva
BPP_c Estatística
NAF
1,00
Média 12,16
Mediana 11,12
Desvio padrão 9,90
Intervalo interquartil 14,35
2,00
Média 10,38
Mediana 8,35
Desvio padrão 9,51
Intervalo interquartil 10,18
De seguida efetuamos uma análise descritiva entre as BRE_c e o NAF; Pode então
concluir-se que os níveis médios de atividade física são maiores nos indivíduos que não
identificaram barreiras (x=11,69) em comparação com os que identificaram barreiras (x=9,81).
Teste à normalidade
Shapiro-Wilk
df Sig.
BPP_c 82 ,000
BAS_c 82 ,000
Descritiva
BRE_c Estatística
NAF 1,00
Média 11,69
Mediana 10,47
Desvio padrão 9,25
Intervalo interquartil 14,86
13
De seguida efetuamos uma análise descritiva entre as BAS_c e o NAF; Pode então
concluir-se que os níveis médios de atividade física são menores nos indivíduos que não
identificaram barreiras (x=7,87) em comparação com os que identificaram barreiras (x=11,12).
Descritiva
BAS_c Estatísticas
NAF
1,00
Média 7,87
Mediana 6,76
Desvio padrão 6,86
Intervalo interquartil 10,48
2,00
Média 11,12
Mediana 8,99
Desvio padrão 9,84
Intervalo interquartil 12,87
Como as variáveis BPP_c e BAS_c não seguem a normalidade, foi realizado um teste
não paramétrico para amostras independentes de Mann-Whitney, relacionando-as com NAF.
Foram formuladas as seguintes hipóteses para as variáveis a analisar (BPP_c e NAF e BAS_c
e NAF):
– H0: Não existem diferenças na distribuição do NAF nos dois grupos;
– H1: Existem diferenças na distribuição NAF nos dois grupos;
Para as variáveis BPP_c e NAF o valor prova (p≈ 0,36) é superior ao nível de
significância (0,05) não rejeitamos H0. Não existem evidências estatísticas para afirmar que
existem diferenças significativas na distribuição do nível de atividade dos grupos.
Teste estatísticoa
NAF
Mann-Whitney U 449,000
Exact Sig. (2-
tailed)
,360
a. Variável grupal: BPP_c
2,00
Média 9,81
Mediana 7,60
Desvio padrão 9,85
Intervalo interquartil 8,69
14
Para as variáveis BAS_c e NAF o valor prova (p≈ 0,35) é superior ao nível de
significância (0,05) não rejeitamos H0. Não existem evidências estatísticas para afirmar que
existem diferenças significativas na distribuição do nível de atividade dos grupos.
Teste estatísticoa
NAF
Mann-Whitney U 293,000
Exact Sig. (2-
tailed)
,350
a. Variável grupal: BAS_c
Para as variáveis BRE_c e NAF, como o n> 30 assumiu-se a normalidade e realizou-se
um teste de homogeneidade (igualdade) das variâncias, teste de Levene. Para tal foram
formuladas as seguintes hipóteses:
– H0: s2BRE_c = s
2NAF (as variâncias amostrais são iguais)
– H1: s2 BRE_c ≠ s
2NAF (as variâncias amostrais são diferentes)
Através da analise das tabelas obtidas, pode concluir-se que como (p≈0,541) > 0,05
não rejeitamos H0. Não existem evidências estatísticas para afirmar que as variâncias são
diferentes.
Supõe-se que as variâncias são iguais. Foi então realizado um teste paramétrico, em
concreto um teste t para amostras independentes. Onde foram formuladas as seguintes
hipóteses:
- H0: BRE_c= NAF (média amostral das barreiras relacionadas com o envelhecimento é
igual à média populacional do NAF)
- H1: BRE_c ≠ NAF (média amostral das barreiras relacionadas com o envelhecimento é
diferente da média populacional do NAF)
15
No seguinte gráfico os valores apresentados fazem referência à mediana (Me) e ao
intervalo interquartil (IQR) dos vários domínios em relação aos dois grupos.
Não tem Barreira
Me (IQR)
Tem uma ou mais
Barreiras
Me (IQR)
Valor de p
BPP 11,12 (7,18) 8,35 (5,09) 0,36*
BRE 10,47 (7,43) 7,60 (4,35) 0,38**
BAS 6,76 (5,24) 8,98 (6,44) 0,35*
*Teste Mann-Whitney
** Teste T para amostras independentes
4. Comparar o número de barreiras identificada dentro de cada atividade; (lazer,
desportivas e diárias)
Fomos a cada domínio (BPP, BRE e BAS) retirar as barreiras e agrupá-las pelo mesmo
tipo de atividade. Criando-se assim 3 novas variáveis denominadas de Barreirasdiárias,
Barreiraslazer e Barreirasdesportivas.
Na análise estatística do presente objetivo, foram criadas 3 novas variáveis através da
variável BPPstandardizado tendo-se codificado os valores 0 e 1 em 1 e 2, respetivamente. Foi
atribuído o código 1 a quem não tem barreiras e o código 2 a quem tem pelo menos uma
barreira. Foi realizada uma análise descritiva para verificar o tamanho amostral em cada
domínio.
Teste T para amostras independents
Teste de
Levene
para a
homogeni
dade das
variâncias
Teste T para a igualdade das medias
Sig. t Sig.
(2-
tailed)
95% Intervalo de confiança
Baixo Alto
NAF Homogenei
dade das
variâncias
assumidas
,514 ,89
1
,376 -2,32173173 6,08685049
16
Através de uma análise descritiva foi possível concluir que, em média, o número de
barreiras identificadas nas atividades de vida diária (Barreirasdiarias) foi de 2,40, sendo estas
as menos identificadas pelas pessoas; nas atividades de lazer (Barreiraslazer) de 3,32 e nas
atividades desportivas (Barreirasdesportivas) de 3,52, sendo estas ultimas as mais
identificadas. Barreirasdiárias< Barreiraslazer< Barreirasdesportivas
No que concerne ao desvio padrão, as Barreirasdiarias apresentaram um desvio
padrão de 3,05, as Barreiraslazer de 3,27, e as Barreirasdesportivas de 3,29. Pode ainda
referir-se que apesar de as Barreirasdesportivas terem uma média mais elevada, foram
também as que apresentaram um desvio padrão maior.
Relativamente aos percentis, pode-se ainda concluir que mais de 75% das pessoas
identificaram 4 barreiras nas atividades de vida diária, barreiras nas atividades de lazer e 5
barreiras nas atividades desportivas, num total de 20 barreiras possíveis. Cerca de 25% dos
indivíduos não identificaram qualquer tipo de barreira para as atividades diárias, e identificaram
apenas uma barreira nas atividades de lazer e desportivas;
Estatística
Barreiras
das
atividades
diarias
Barreiras
das
atividades
de lazer
Barreiras das
atividades
desportivas
N Valido 82 82 82
Média 2,40 3,32 3,52
Desvio Padrão 3,046 3,269 3,286
Percentis 25 ,00 1,00 1,00
50 1,00 2,00 3,00
75 4,00 5,00 5,00
17
2,4
3,32 3,52
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
Barreiras nas Atividades Diárias
Barreiras no Lazer Barreiras nas Atividades Desportivas
Média das barreiras para cada atividade
18
Discussão dos resultados
Através da análise e tratamento dos dados recolhidos foram obtidos resultados
díspares com os descritos na literatura, embora tenham sido observadas algumas
semelhanças. Foi observável que, quanto maior o número de barreiras identificadas, menor o
nível de atividade física dos indivíduos. Isto pode ser explicado pelo facto de a prática de
atividade física fornecer diversos benefícios para um envelhecimento ativo e saudável (6).
Segundo Purity Frances (2014) indivíduos que têm baixos níveis de atividade física identificam
mais barreiras à sua prática do que indivíduos com níveis elevados da mesma (5).
Através da análise descritiva efetuada verifica-se também que, para as variáveis BPP e
BAS não existe uma relação linear entre o NAF e o número de barreiras identificadas. Tal facto
não vai de encontro com o encontrado na literatura, uma vez que barreiras como, “Não tenho
motivação”, “Não tenho conhecimento de atividades”, “Incapacidade física”, “Não tenho tempo”;
e BAS, como “Local inseguro”, “Condições meteorológicas desfavoráveis” e “Despesas
acrescidas”, como fortes barreiras à prática de atividade física (5, 7) . No entanto, tais barreiras
podem não ter sido identificadas, de uma forma geral, pela amostra, uma vez que a prática de
atividade física é bastante incentivada pelo município de Matosinhos. Quando é feita a análise
descritiva das BRE, observa-se uma relação linear entre as variáveis em estudo, isto é, ocorre
um aumento do número de barreiras com a diminuição do nível de atividade física, comprovada
pela bibliografia existente que considera “Doença/Incapacidade física” como exemplo de fortes
barreiras à prática da mesma (5, 7) . Também é possível verificar que o domínio mais
selecionado é o das BAS, sendo que este resultado é sustentado pela literatura encontrada,
que salienta a “Segurança no Ambiente” e “Dinheiro” como principais barreiras (7). Na análise
dos resultados obtidos, verifica-se ainda que os indivíduos que não identificaram nenhuma
barreira nos domínios BPP e BRE apresentam um nível de atividade física superior aos
indivíduos que identificaram barreiras nestes domínios. No que diz respeito ao domínio BAS, é
de referir que os indivíduos que não identificaram nenhuma barreira apresentam um nível de
atividade física inferior aos indivíduos que as identificaram. Estes resultados estão de acordo
com o esperado, uma vez que indivíduos que têm um baixo nível de atividade física
identificaram mais barreiras relacionadas com o envelhecimento do que indivíduos com um alto
nível de atividade física (8) . Em relação ao domínio BAS, os resultados foram de acordo com o
esperado, uma vez que, indivíduos com um nível de atividade física alto depararam-se com
mais barreiras ambientais e socioeconómicas no seu dia-a-dia do que indivíduos que têm um
baixo nível de atividade física (9). Isto pode acontecer devido ao facto de os indivíduos que
realizam mais atividade física terem uma melhor perceção acerca das barreiras existentes
neste domínio(6).
Por fim, através da análise descritiva, foi possível verificar que o número de barreiras
identificadas nas atividades desportivas é superior ao número de barreiras das atividades de
lazer e da vida diária. Este facto pode ser explicado pelos requisitos que cada atividade exige,
dado que as atividades desportivas têm um maior número de requisitos do que as diárias e de
lazer (e.g.: futebol exige um campo de futebol; natação exige uma piscina). Outro fator pode
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ser devido a limitações físicas que podem ser percecionadas de forma mais intensa na prática
de atividades desportivas, comparativamente a atividades de lazer e atividades diárias. Isto
pode ser explicado por considerarem estas últimas mais facilmente adaptáveis às limitações de
cada um.
Em relação às limitações é de salientar aspetos como o facto da amostra não ser
representativa da população, que leva a não ser possível inferir os resultados obtidos para a
mesma. Outra das consequências que advém do reduzido número pode ser explicado pelo
baixo nível de significância dos dados.
É ainda importante afirmar que, quando analisadas as diferentes variáveis classificadas,
divididas em 1 e 2, “nenhuma barreira” ou “mais que uma barreira” respetivamente, poder-se-ia
ter analisado os sexos consoante a opção escolhida 1 ou 2.
Para a elaboração de estudos futuros sugere-se a utilização de uma amostra com
maior número de participantes, uma vez que o tamanho reduzido da mesma no presente
estudo não permite inferir resultados para a população. Sugere-se ainda o estudo das
diferentes barreiras em áreas geográficas distintas, uma vez que a restrição do estudo à cidade
de Matosinhos pode limitar a variabilidade de respostas obtidas. Poderão existir ainda outras
barreiras à prática de atividade física não mencionadas no presente trabalho, pelo que se
sugere a exploração de possíveis barreiras existentes no concelho em estudo.
Conclusão
Atendendo aos objetivos estipulados, podemos referir que, de uma forma geral, não
existe uma relação linear entre o NAF e o número de barreiras identificadas nos diferentes
domínios. É de salientar que, de entre os três domínios, as BAS foram o domínio mais
selecionado. É ainda possível referir que indivíduos com alto NAF encontram mais barreiras
ambientais e socioeconómicas, comparativamente a indivíduos com baixo nível de atividade
física. Posto isto, destacamos o facto de os dados obtidos indicarem que o número e o tipo de
barreiras influenciam a prática de atividade física na população idosa.
Assim sendo, os profissionais de saúde que providenciam suporte e serviços de apoio
a este tipo de população, nomeadamente a Terapia Ocupacional revelam-se imprescindíveis
no aconselhamento à prática da atividade física. Desta forma, é importante ter conhecimento
acerca das barreiras identificadas que poderão influenciar a prática de atividade física de forma
a proporcionar um ensino correto de estratégias para contornar as barreiras identificadas nos
diferentes domínios, de forma a contornar as barreiras associadas ao envelhecimento. Em
suma, o terapeuta ocupacional ajuda a promover um envelhecimento mais saudável e ativo,
proporcionando ainda uma melhor qualidade de vida nesta faixa etária.
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