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Estudo de Caso: análise da gestão de resíduos na construção civil em canteiro de obra vertical
em Campo Grande/MS
Julho/2019
ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Ano 10, Edição nº 17 Vol. 01 Julho/2019
Estudo de Caso: análise da gestão de resíduos na construção civil em canteiro de obra vertical em Campo Grande/MS
Luciane Machado Rodrigues – [email protected]
MBA Gerenciamento de Obras, Tecnologia & Qualidade da Construção
Instituto de Pós-Graduação - IPOG
Campo Grande, MS, 11 de abril de 2016
Resumo
O presente artigo tem como objetivo observar e analisar a gestão dos resíduos sólidos da
construção civil (RCC) em canteiro de obra vertical em Campo Grande/MS. E também a
verificação de como ocore a gestão do RCC baseada através da Resolução CONAMA nº 307
(2002). A metodologia aplicada foi realizada por uma revisão bibliográfica sobre os resíduos
da construção civil (RCC) e as normas técnicas aplicadas. E através dos estudos dos relatórios
fotográficos e entrevistas aos responsáveis pela obra, foram feitos coletas e levantamentos de
dados em campo da obra. Com a análise da gestão dos resíduos sólidos da construção civil no
canteiro estudado, pode - se perceber que os resultados obtidos no canteiro atendiam as
exigências estabelecidas pelas normas. Porém houve falhas de gestão durante a conclusão
final da obra, que não foram seguidas de acordo com a norma e procedimentos da empresa e
da Resolução CONAMA nº 307 (2002). Neste caso, é necessário que a empresa adote
medidas e proceditentos corretos de gestão do RCC no canteiro de obra, atendendo as normas
vigentes, respeitando o meio ambiente e evitando impactos ambientais.
Palavras-chave: Gestão de resíduos sólidos. Resíduos da construção civil. Resolução
CONAMA Nº 307.
1. Introdução
O setor da construção civil é uma atividade que produz grandes impactos ambientais,
provocando alterações na paisagem urbana, percebidos desde a extração das matérias-primas
necessárias à fabricação de seus produtos, passando pela execução dos serviços nos canteiros
de obra, até a destinação final dos resíduos gerados (BARRETO, 2005).
KARPINSK et al, 2009,”(...) faz-se necessário uma política abrangente para o correto destino
dos resíduos gerados, apesar do número elevado de empregos gerados, da viabilização de
moradias, renda e infraestrutura.”
Para CASSA et al, (2001), citado por ALMEIDA (2005, p.2):
Os impactos ambientais, sociais e econômicos gerados pela quantidade expressiva
do entulho e o seu descarte inadequado impõem a necessidade de soluções rápidas e
eficazes para a sua gestão adequada. Daí decorre a prioridade de uma ação conjunta
da sociedade – poderes públicos, setor industrial da construção civil e sociedade
civil organizada – na elaboração e consolidação de programas específicos que visem
à minimização desses impactos. As políticas ambientais relacionadas ao tema devem
voltar-se para o adequado manuseio, redução, reutilização, reciclagem e disposição
desses resíduos.
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Julho/2019
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As políticas públicas voltadas ao gerenciamento de Resíduos de Construção Civil (RCC) no
Brasil, buscam impulsionar as empresas geradoras de resíduos a tomarem uma nova postura
gerencial e implementar medidas que visem a redução da quantidade de resíduos produzidos.
Apesar da implementação dessas medidas, ainda não são usuais ou até mesmo são
desconhecidas no setor (ALMEIDA et al, 2005).
Os fatores como a falta: de fiscalização do atendimento às políticas existentes, informações
dentro dos canteiros, formação de mão de obra especializada para lidar com o processo de
gestão do entulho descartado (não gerar, reduzir, reutilizar, repensar, recusar, reciclar e
destinar corretamente), além do planejamento das atividades no canteiro, por parte da
indústria da construção civil e de toda a sociedade, acarreta no não cumprimento da legislação
vigente. (ALMEIDA, RUBERG 2015).
A pesquisa tem como objetivo verificar e analisar a existência da gestão dos resíduos sólidos
no canteiro de obra vertical em Campo Grande/MS, baseada em estudos de revisões
bibliograficas de acordo com a Resolução CONAMA nº 307 (BRASÍLIA, 2002) e no
conceito da gestão dos resíduos sólidos na construção civil.
2. Resíduos da Construção Civil (RCC) e Gestão dos RCCs em Canteiros de Obra
O artigo 2º da Resolução CONAMA nº 307 (2002) apresenta as seguintes definições a
respeito dos RCCs, conforme apresentado no Quadro 1.
DEFINIÇÃO
Resíduos da
construção civil
São os provenientes de construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil, e os
resultantes da preparação e da escavação de terrenos, tais como: tijolos, blocos cerâmicos, concreto em
geral, solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras e compensados, forros, argamassa, gesso,
telhas, pavimento asfáltico, vidros, plásticos, tubulações, fiação elétrica etc., comumente chamados de
entulhos de obras, caliça ou metralha.
Geradores São pessoas, físicas ou jurídicas, públicas ou privadas, responsáveis por atividades ou empreendimentos
que gerem os resíduos definidos nesta Resolução.
Transportadores São as pessoas, físicas ou jurídicas, encarregadas da coleta e do transporte dos resíduos entre as fontes
geradoras e as áreas de destinação.
Agregado
Reciclado
É o material granular proveniente do beneficiamento de resíduos de construção que apresentem
características técnicas para a aplicação em obras de edificação, de infra-estrutura, em aterros sanitários
ou outras obras de engenharia.
Gerenciamento de
Resíduos
Gerenciamento de resíduos: é o sistema de gestão que visa reduzir, reutilizar ou reciclar resíduos,
incluindo planejamento, responsabilidades, práticas, procedimentos e recursos para desenvolver e
implementar as ações necessárias ao cumprimento das etapas previstas em programas e planos.
Reutilização É o processo de reaplicação de um resíduo, sem transformação do mesmo.
Reciclagem É o processo de reaproveitamento de um resíduo, após ter sido submetido à transformação.
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Beneficiamento É o ato de submeter um resíduo à operações e/ou processos que tenham por objetivo dotá-los de
condições que permitam que sejam utilizados como matéria-prima ou produto.
Aterro de resíduos
da construção civil
É a área onde serão empregadas técnicas de disposição de resíduos da construção civil Classe “A” no
solo, visando a reservação de materiais segregados de forma a possibilitar seu uso futuro e/ou futura
utilização da área, utilizando princípios de engenharia para confiná-los ao menor volume possível, sem
causar danos à saúde pública e ao meio ambiente.
Áreas de
destinação de
resíduos
Áreas de destinação de resíduos: são áreas destinadas ao beneficiamento ou à disposição final de
resíduos.
Quadro 1 – Definições segundo CONAMA n º 307
Fonte: Ministério do Meio Ambiente - BRASIL (2002)
Os RCCs são provenientes de construções, reformas e demolições, envolvendo questões
sociais, econômicas e ambientais, incluindo as falhas ou omissões na coleta de resíduos
dentro e fora dos canteiros de obras. (ALMEIDA, RUBERG 2015, p.6).
No Brasil a grande quantidade de entulho gerada, mostra que o desperdício de material é um
fato relevante e que deve ser pesquisado, analisado e solucionado tanto pelas indústrias da
construção civil como por prefeituras, estados, população e universidades. São distribuídos
por toda sociedade os custos desse desperdício, desde o aumento do custo final das
edificações até os encargos cobrados pelas prefeituras. Além disso, o custo para disponibilizar
a remoção, o transporte e o tratamento do resíduo de construção e demolição estão embutidos
em impostos. (MENDES et al, 2004).
Geralmente nas obras é comum encontrar a falta de cultura na reutilização e reciclagem do
material e o desconhecimento da potencialidade do resíduo reciclado como material de
construção pelo meio técnico do setor são as principais causas da geração de resíduos nessas
etapas, pelo fato da não-reutilização do material. (KARPINSK et al, 2009). Segundo os artigos 3º e 10º da Resolução CONAMA nº 307 (2002), a classificação e a
destinação dos RRCs dividem-se em classes, como mostrado no Quadro 2.
CLASSE CLASSIFICAÇÃO DESTINAÇÃO
A
São os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados, tais como:
a) de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de outras
obras de infra-estrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem;
b) de construção, demolição, reformas e reparos de edificações: componentes
cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento etc.), argamassa e
concreto;
c) de processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em
concreto (blocos, tubos, meio-fios etc.) produzidas nos canteiros de obras.
Deverão ser reutilizados ou reciclados
na forma de agregados, ou
encaminhados a áreas de aterro de
resíduos da construção civil, sendo
dispostos de modo a permitir a sua
utilização ou reciclagem futura.
B São os resíduos recicláveis para outras destinações, tais como: plásticos,
papel/papelão, metais, vidros, madeiras e outros.
Deverão ser reutilizados, reciclados ou
encaminhados a áreas de
armazenamento temporário, sendo
dispostos de modo a permitir a sua
utilização ou reciclagem futura.
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C
São os resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou
aplicações economicamente viáveis que permitam a sua
reciclagem/recuperação, tais como os produtos oriundos do gesso.
Deverão ser armazenados, transportados
e destinados em conformidade com as
normas técnicas específicas.
D
São resíduos perigosos oriundos do processo de construção, tais como tintas,
solventes, óleos e outros ou aqueles contaminados ou prejudiciais à saúde
oriundos de demolições, reformas e reparos de clínicas radiológicas,
instalações industriais e outros, bem como telhas e demais objetos e materiais
que contenham amianto ou outros produtos nocivos à saúde.
Deverão ser armazenados,
transportados, reutilizados e destinados
em conformidade com as normas
técnicas específicas.
Quadro 2 – Classe, Classificação e Destinação dos RRCs
Fonte: Ministério do Meio Ambiente - BRASIL (2002),
citado por ALMEIDA, RUBERG (2015)
Segundo a Resolução CONAMA (2002) os Municípios e o Distrito Federal devem estabelecer
diretrizes técnicas e procedimentos para o exercício das responsabilidades dos pequenos
geradores, implementando a gestão dos resíduos da construção civil o Plano Integrado de
Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil (PIGRCC), onde serão incorporados o
Programa Municipal de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil (PMGRCC) e o
Projetos de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil (PGRCC).
No artigo 6º segundo a Resolução CONAMA (2002) deverão constar do Plano Integrado de
Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil:
• As diretrizes técnicas e procedimentos para o Programa Municipal de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil e para os Projetos de Gerenciamento de Resíduos da
Construção Civil a serem elaborados pelos grandes geradores, possibilitando o
exercício das responsabilidades de todos os geradores;
• O cadastramento de áreas, públicas ou privadas, aptas para recebimento, triagem e armazenamento temporário de pequenos volumes, em conformidade com o porte da
área urbana municipal, possibilitando a destinação posterior dos resíduos oriundos de
pequenos geradores às áreas de beneficiamento;
• O estabelecimento de processos de licenciamento para as áreas de beneficiamento e de disposição final de resíduos;
• A proibição da disposição dos resíduos de construção em áreas não licenciadas;
• O incentivo à reinserção dos resíduos reutilizáveis ou reciclados no ciclo produtivo;
• A definição de critérios para o cadastramento de transportadores;
• As ações de orientação, de fiscalização e de controle dos agentes envolvidos;
• As ações educativas visando reduzir a geração de resíduos e possibilitar a sua segregação.
Os PGRCC são contemplados por etapas de caracterização, triagem, acondicionamento,
transporte e destinação.
O gerenciamento de resíduos está diretamente ligado à questão do problema de
desperdício de materiais e de mão-de-obra na execução dos empreendimentos. De
acordo com a Resolução CONAMA nº 307, deve-se ter como preocupação a não-
geração dos resíduos, portanto essa questão deve estar presente na implantação e
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consolidação do programa de gestão de resíduos. Em relação à não-geração dos
resíduos, há importantes contribuições propiciadas por projetos e sistemas
construtivos racionalizados e também por práticas de gestão da qualidade já
consolidadas. A gestão nos canteiros é extremamente importante para contribuir
com a não geração de resíduos, considerando que: o canteiro ficará mais organizado
e mais limpo; haverá a triagem de resíduos, impedindo sua mistura com insumos;
haverá possibilidade de reaproveitamento de resíduos antes de descartá-los; serão
quantificados e qualificados os resíduos descartados, possibilitando a identificação
de possíveis focos de desperdício de materiais. (MATTOS 2014, p.31).
Não existe programa para coleta de entulho de pequenos geradores, em Campo Grande/MS,
apenas ocorre ação corretiva com relação aos problemas detectados no município. Existe um
número elevado de pontos de depósito irregular deste tipo de resíduo em fundos de vale, sobre
as calçadas e terrenos baldios na cidade (SEMADUR, 2012).
Esses resíduos de depósitos irregulares quando coletados são destinados em Lixão do
município e utilizados em manutenção das estradas internas do próprio local, além disso ainda
existe em Campo Grande/MS um bota-fora.
Segundo a Prefeitura Municipal de Campo Grande/MS (SEMADUR, 2012), a coleta dos
Resíduos da Construção Civil e Demolição (RCD) são: realizada por empresa terceirizada;
utiliza para remoção dos resíduos 3 pás carregadeiras e 12 caminhões basculantes; 100 a 120
m² de entulhos coletados por dia em Campo Grande; o serviço não atende à demanda.
As destinações finais dos RCD são jogadas no Lixão Municipal, onde são utilizados para a
manutenção das estradas internas. Porém, ainda existem diversos pontos de disposição
irregular de RCD em Campo Grande.
A Prefeitura (SEMADUR, 2012) tem como objetivos e metas:
• Implantar o Plano Integrado de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil - PIGRCC, de acordo com Lei Municipal Nº. 4.864.
• Fiscalizar de forma intensiva, o cumprimento da lei municipal, por parte dos geradores de RCC privados ou particulares.
• Implantação pontos de entrega para pequenos volumes de resíduos da construção civil e resíduos volumosos.
• Implantação de áreas de transbordo e triagem- ATT.
• Implantação, Operação e Manutenção de Usina de Beneficiamento de RCC, incluindo unidade de trituração de resíduos de poda de árvore.
• Encerramento das áreas de disposição irregular.
3. Metodologia
A metodologia da pesquisa foi dividida em duas partes: revisão bibliográfica e coleta de
dados.
Como citado por BULHÕES (2001),
A pesquisa bibliográfica é de grande importância para a construção de uma teoria,
pois fornece informações a respeito de domínios de aplicação desta, as relações
entre os seus elementos constituintes e sua definições e, além disso, indica quais são
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as relações importantes a serem investigadas no desenvolvimento de uma pesquisa.
(ALVES 2000, p.53).
Durante a pesquisa foram feitos levantamentos bibliográficos sobre os resíduos da construção
civil (RCC) e as normas técnicas aplicadas; coleta e levantamentos de dados em campo da
obra selecionada através dos estudos dos relatórios fotográficos e entrevistas aos responsáveis
pela obra.
As entrevistas foram realizadas junto à equipe responsável da obra, que eram definidos pelo
engenheiro residente, responsáveis técnicos da fiscalização e um técnico de segurança do
trabalho.
Com as observações e registros dos fatos da obra, foram analisados propondo sugestões de
melhorias.
4. Análise e Apresentação
Este trabalho foi elaborado através de um estudo de caso realizado numa obra vertical, a Obra
X, localizada em Campo Grande – MS, sendo executada através de uma construtora. A
empresa responsável atua nas atividades de construção civil de obras comerciais, industriais,
residenciais, portos, obras públicas e de saneamento.
Possui certificações de qualidade ISSO 9001:2000, PBQP-h atendendo aos requisitos do nível
“A”. De acordo com a descrição da obra, é um empreendimento multiresidencial contendo 3
torres de 8 pavimentos, cada pavimento composto de 8 apartamentos de 2 e 3 quartos,
perfazendo um total de 192 unidades habitacionais.
As torres têm 2 elevadores cada e todos os acessos atendem as normas de acessibilidade. A
infraestrutura do condomínio é composta por piscina adulto, piscina infantil, piscina biribol,
quadra de areia, playground, salão de festas, espaço gourmet, espaço fitness, campo de
futebol, vestiários, quiosques, espaço mulher, sala de jogos, sala de reuniões, sala
administração condomínio, brinquedoteca, lanhouse/ cinema, guarita, estacionamento coberto
e descoberto, possuindo uma área de construção total de 17.314,44 m².
No canteiro de obra haviam normas e procedimentos, ou seja, um manual do Meio Ambiente
sobre o gerenciamento dos resíduos, onde explicava aos trabalhadores a minimização e
racionalização do uso de recursos naturais, tendo como objetivo principal a não geração de
resíduos, estando cientes da redução, reutilização, reciclagem e destinação final dos resíduos
da construção civil.
Através de treinamentos os trabalhadores eram orientados pelos responsáveis e pela
administração da obra sobre o procedimento de coleta, distribuição e destinação dos resíduos
gerados no canteiro de obra, explicando a importância do gerenciamento desses resíduos na
conservação e preservação do meio ambiente.
Todos ficavam comprometidos e responsáveis pela remoção dos resíduos, fiscalização,
organização do local de trabalho e orientações em geral.
Foram observados que os acondicionamentos de RCC utilizados no canteiro de obra eram as
baias, as caçambas estacionárias e um caminhão caçamba da própria empresa.
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MATTOS (2014, p.54) define baia como recipiente confeccionado em chapas ou placas, em
madeira, metal ou tela, de maneira e dimensões convenientes ao armazenamento de cada tipo
de resíduo.
Caçamba estacionária é um recipiente confeccionado com chapas metálicas reforçadas e com
capacidade para armazenagem em torno de 4 m³. A fabricação deste dispositivo deve atender
às normas ABNT (MATTOS 2014, p.55).
Já o caminhão caçamba ou caminhão basculante é conhecido por existir uma caçamba
articulada na parte traseira, onde facilita o seu manuseio.
As figuras 1 e 2 mostram como foram segregados os resíduos sólidos gerados no canteiro de
obra. Os RCC estavam localizados adequadamente para o descarte, em baias devidamente
identificadas, conforme as normas vigentes. Os trabalhadores acondicionaram os resíduos de
maneira seletiva e depois eram encaminhados para a coleta pública.
Figura 1 – Baias para coleta seletiva de RCC
Fonte: Dados produzidos pela empresa (2012)
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Figura 2 – Baias para coleta seletiva de RCC
Fonte: Dados produzidos pela empresa (2012)
Durante o período de acompanhamento, observou-se que além das baias, os RCC também
eram acondicionados em caçambas estacionárias, contratadas por empresas terceirizadas
devidamente cadastradas nos órgãos municipais competentes, conforme mostrado nas figuras
3, 4 e 5.
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Figura 3 – Caçamba estacionária de RCC
Fonte: Dados produzidos pela empresa (2012)
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Figura 4 – Caçamba estacionária de RCC
Fonte: Dados produzidos pela empresa (2012)
Figura 5 – Caçamba estacionária de RCC
Fonte: Dados produzidos pela empresa (2012)
O canteiro de obra também contou com a ajuda de um caminhão basculante da própria
empresa, onde os resíduos eram recolhidos e destinados a locais apropriados, figuras 6 e 7.
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Figura 6 – Caminhão basculante para coleta seletiva de RCC
Fonte: Dados produzidos pela empresa (2012)
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Figura 7 – Caminhão basculante para coleta seletiva de RCC
Fonte: Dados produzidos pela empresa (2012)
Os resíduos químicos estavam acondicionados em recipientes apropriados, identificados e
armazenados em depósito de área ventilada, com cobertura, impermeabilização do piso e
aparatos de contenção. Os descartes dos produtos químicos eram encaminhados ao local
apropriado como o aterro sanitário. A figura 7 mostra o armazenamento dos produtos
químicos no canteiro.
Figura 7 – Armazenamento dos resíduos químicos
Fonte: Dados produzidos pela empresa (2012)
Os restos de madeiras e os resíduos de concreto (resultantes de quebras, desmanches e
demolições) não reaproveitáveis estavam armazenados em baias no canteiro de obra, e
periodicamente, removidos para o descarte adequado conforme a norma.
Os responsáveis e a administração da obra ficavam com a responsabilidade de fiscalizar e
controlar, através de planilhas de controle os resíduos sólidos gerados, sempre mantendo
atualizadas.
Nas planilhas continham informações de fontes, quantidades, classes, tipos, apontando áreas
potenciais de redução e destinação final.
A coleta seletiva obedecia aos critérios de Resolução CONAMA (2002) e das normas
vigentes.
Para a destinação final a administração da obra seguia todos os procedimentos exigidos pela
sua Política de Meio Ambiente e de normas vigentes. Os resíduos que por algum motivo não
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puderam ser recolhidos por empresas especializadas, eram encaminhados para o escritório
central para a devida destinação.
A empresa orientava de forma ambientalmente correta seus trabalhadores, conscientizando
quanto aos aspectos ambientais e na importância da reciclagem dos materiais reaproveitáveis.
As fiscalizações ambientais eram executadas pelos responsáveis da empresa, onde
elaboravam relatórios de vistorias técnicas de campo, baseando nos fatos ambientais
observados, através de registros fotográficos, sínteses de documentos de não conformidades,
além de outras informações relevantes.
Apesar da empresa seguir todos os critérios de normas e procedimentos, a geração de resíduos
sólidos na fase da conclusão final da obra estava fora do controle e com a grande quantidade
de execução de vários serviços ao mesmo tempo, ocasião em que os trabalhadores não
estavam colaborando com a manutenção da ordem, arrumação, limpeza e separação dos RCC,
conforme mostrados nas figuras 8 a 11.
Figura 8 – Entulhos gerados pela obra
Fonte: Dados produzidos pela empresa (2012)
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Figura 9 – Entulhos gerados pela obra
Fonte: Dados produzidos pela empresa (2012)
Figura 10 – Entulhos gerados pela obra
Fonte: Dados produzidos pela empresa (2012)
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Figura 11 – Entulhos gerados pela obra
Fonte: Dados produzidos pela empresa (2012)
5. Conclusão
Com o crescimento do setor da construção civil, a sociedade vem buscando soluções
sustentáveis para a diminuição da geração dos resíduos sólidos da construção civil, evitando
os impactos ambientais e a extração excessiva de matérias primas.
Durante a pesquisa realizada no canteiro pode-se concluir que uma eficiente gestão de
resíduos da construção civil (RCC) baseada em normas e leis vigentes, ocorre a diminuição
do impacto ambiental; as obras são mais limpas; os entulhos passam pelos processos de
reutilização, reciclagem e correta destinação final, gerando economia na obra, evitando perdas
e diminuição dos gastos com a destinação final.
Este estudo de caso permitiu avaliar a gestão da Obra X, como foi visto anteriormente, a
empresa seguia seu manual do Meio Ambiente, além das normas e procedimentos. Os
responsáveis sempre orientavam e treinavam seus trabalhadores a realizarem a correta
separação, acondicionamento, armazenagem para destinação final dos resíduos.
Foi verificado que durante a execução a obra seguiu-se a Resolução CONAMA nº 307: o
canteiro estava limpo e organizado; os resíduos eram separados e identificados em baias, para
depois serem descartados; para os descartes dos RCC, o canteiro contou com a ajuda de
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empresas terceirizadas na locação de caçambas estacionárias e um caminhão basculante da
própria empresa.
Porém na fase de conclusão final da obra os trabalhadores não colaboraram com a gestão do
RCC, não separando os resíduos de acordo com a classificação da legislação vigente. Apenas
foram acumulados no canteiro para depois serem retirados pelas caçambas, não respeitando o
ambiente local, mesmo tendo o conhecimento das normas e procedimentos da empresa.
Em Campo Grande/MS ainda não é comum encontrar empresas no mercado que adotem
medidas de reciclagem e reutilização dos resíduos da construção em suas obras. Essas
soluções seriam muito vantajosas e importantes para a colaboração de um meio ambiente
sustentável e livre de impactos ambientais.
Um bom gerenciamento na gestão dos resíduos da construção civil com a correta disposição
dos resíduos seguindo a legislação e implementação políticas, evitam os impactos ambientais,
melhorando a qualidade de vida da sociedade.
6. Revisão Bibliográficas
ALMEIDA, Cássia Araújo Dantas de. RUBERG, Claudia. Análise da gestão de resíduos da
construção civil em canteiros de obras nas instituições federais de ensino em Sergipe.
Sergipe: Revista Eletrônica da FANESE – vol. 4 – nº 1 – Setembro 2015.
ALMEIDA, Tatiana G. M. de. et al. Análise da implantação de programa de gestão
diferenciada de resíduos em canteiros de obras. Salvador: SIBRAGEC; ELAGEC, 2005.
BARRETO, Ismeralda Maria Castelo Branco do Nascimento. Gestão de resíduos na
construção civil. Aracaju: SENAI/SE; SENAI/DN; COMPETIR; SEBRAE/SE;
SINDUSCON/SE, 2005. 28p. il.
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