estudo de cadeia alto uruguai
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Ministério do Desenvolvimento Agrário-MDA Cooperativa de Produção e Consumo Nossa terra
Estudo do Sistema Produtivo Com Arranjo Integrando a Cadeia de Aves e de Óleo Vegetal na Agricultura Familiar
Erechim, 2009.
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO............................................................................................... 03
1.1 BREVE DESCRIÇÃO DA CADEIA PRODURIVA GENÉRICA DE
FRANGO DE CORTE.......................................................................................
04
1.1.1 Aspectos Gerais..................................................................................... 04
2 DESCRIÇÃO DA CADEIA GENÉRICA DE FRANGO DE CORTE NA
REGIÃO ALTO URUGUAI GAUCHO..............................................................
06
2.1 A INDUSTRIA DE INSUMOS..................................................................... 06
2.2 O AGENTE PRODUTOR RURAL............................................................... 08
2.2.1 A produção integrada............................................................................ 09
2.2.1.1 Remuneração do integrado.................................................................. 11
2.2.2 O processo de produção de frango de corte...................................... 12
2.3 O AGENTE TRANSPORTADOR................................................................ 12
2.4 O AGENTE AGROINDUSTRIAL................................................................ 15
2.4.1 Aspectos Gerais..................................................................................... 15
2.4.2 Produtos................................................................................................. 17
2.5 PRODUÇÃO DE FRANGO DE CORTE..................................................... 18
2.6 PRODUÇÃO DE FRANGO COLONIAL E FRANGO CAIPIRA.................. 23
2.7 PROCESSO DE INDUSTRIALIZAÇÃO DO FRANGO............................... 41
2.8 APRESENTAÇÃO DE PERFIL ABATEDOURO FAMILIAR OU
COMUNITÁRIO DE FRANGO MDA/APACO – 2008.......................................
45
2.9 MERCADO.................................................................................................. 49
2.9.1 Estrutura de mercado e formação de preço........................................ 49
3 FRANGO DE CORTE NO MERCADO INTERNACIONAL........................... 51
4 FRANGO DE CORTE NO MERCADO BRASILEIRO................................... 55
4.1 O MERCADO DE FRANGO DE CORTE NA MESOREGIÃO GFM........... 58
4.2 RIO GRANDE DO SUL............................................................................... 59
5 CONSUMIDOR DE FRANGO DE CORTE.................................................... 60
6 PERFIL DO CONSUMIDOR.......................................................................... 62
6.1 CULTURA E HÁBITO DE CONSUMO....................................................... 62
6.2 PREÇO E CONSUMO................................................................................ 62
7 TENDÊNCIAS................................................................................................ 64
2
8 AGENTE VAREJISTA................................................................................... 68
9 O AMBIENTE INSTITUCIONAL.................................................................... 70
10 PESQUISA.................................................................................................. 72
11 FISCALIZAÇÃO – QUALIDADE................................................................. 73
12 GESTÃO AMBIENTAL................................................................................ 76
13 AMBIENTE ORGANIZACIONAL................................................................ 77
14 FLUXOGRAMA DA CADEIRA PRODUTIVA GENÉRICA......................... 79
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1. INTRODUÇÃO
O trabalho realizado pela Brancher Assessoria e Consultoria Agropecuária e
Empresarial Ltda, em contrato com a Cooperativa Nossa Terra e o Ministério do
Desenvolvimento Agrário, Secretaria de desenvolvimento Territorial, tem a finalidade de
contribuir com o esforço realizado pelas organizações territoriais para desenvolvimento
de arranjos produtivos capazes de inserir a Agricultura Familiar nas opções
proporcionadas pelas cadeias produtivas agrícolas, de forma que haja viabilidade e
sustentabilidade das pequenas propriedades rurais e seus empreendimentos na Região
em análise.
O presente trabalho trata das seguintes questões:
− Análise genérica da conjuntura da cadeia, que se pretende, faça parte dos
arranjos produtivos das unidades produtivas (UP);
− Descrição do macro ambiente de inserção da cadeia produtiva do leite;
− Descrição do ambiente agroindustrial externo no qual a cadeia em estudo está
inserida;
− Descrição da realidade de cada entidade cooperativa ou associação e seus
empreendimentos ou agroindústrias familiares do território, através de um
diagnóstico básico (presencial em seminários ou pela coleta de dados);
− Elaboração de plano genérico para a inserção ou investimento da agricultura
familiar na cadeia agroindustrial da região, tendo em vista o diagnóstico da
região no contexto macro da cadeia, em especial da GFM – Grande Fronteira do
Mercosul;
− Elaboração de um plano de ação específico para o desenvolvimento territorial
sustentável com inserção da agricultura familiar na cadeia do frango num arranjo
produtivo com a cadeia dos óleos vegetais.
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1.1 BREVE DESCRIÇÃO DA CADEIA PRODUTIVA GENÉRICA DE FRANGO DE
CORTE
1.1.1 Aspectos Gerais
Atualmente a carne de frango é uma das carnes mais consumida pelos
brasileiros, além de produtos processados de carne de frango, principalmente pela
população de baixa renda. Dois são os fatores que colocam a carne de frango em
posição de destaque: a versatilidade de utilização da carne, que entra em muitos pratos
da culinária nacional e o maior acesso, sendo a carne de galinha mais barata que a
maioria das outras carnes.
A importância das carnes para a dieta do ser humano é que esses alimentos são
a principal fonte de proteína de qualidade, vitaminas e minerais. As proteínas animais
além de terem maior equilíbrio entre seus aminoácidos indispensáveis apresentam
melhor digestibilidade que as proteínas de origem vegetal.
Segundo estatísticas da USDA/ABEF, o Brasil é o terceiro maior produtor de
frangos de corte do mundo, com cerca de 9,7 milhões de toneladas de carne
produzidas em 2007. Apesar dos bons índices de produtividade obtidos imputando
competitividade no mercado externo, o abate e o processamento de frango de corte
com incremento de cortes especiais desossados, foi fundamental para o incremento
das exportações a partir da década de 90.
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-20611998000100017 acesso em 25/10/2005 EFEITO DA RESTRIÇÃO DE VITAMINAS E MINERAIS NA ALIMENTAÇÃO DE FRANGOS DE CORTE SOBRE O RENDIMENTO E A COMPOSIÇÃO DA CARNE- Regilda S. dos R. MOREIRA, Jorge F.F. ZAPATA, Maria de F.F. FUENTES, Eliana M. SAMPAIO, Geraldo Arraes MAIA- Apr. 1998
A agroindústria percebeu que o consumidor pagaria mais, se o produto fosse
mais adequado às suas necessidades. O frango inteiro começou a perder valor para os
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cortes. Filé de peito, peito com osso, coxa, sobre-coxa e até asas apresentavam
maiores valores econômicos quando comercializados separadamente. Vendendo o
produto em partes, a indústria aumentou a rentabilidade do frango, repassando essa
vantagem para toda a cadeia produtiva (Mulder, 1996). Dessa forma, a indústria avícola
modernizou sua oferta, trabalhando produtos e embalagens. Os cortes com ossos
congelados cederam rapidamente maior espaço aos produtos desossados e
elaborados. Com esse tipo de comercialização as indústrias passaram a ter excedentes
de partes de baixo valor comercial, principalmente dorso, pescoço e ossos com carne
remanescente. Esta carne representa cerca de 15% a 25% do peso da carcaça, e o
único processo racional e rentável para sua recuperação é por via mecânica (Gomide et
al., 1997).
O custo de produção de aves no Brasil é um dos mais baixos do mundo. Um dos
únicos pontos que podem ser considerados vulneráveis é o custo do milho. O produtor
brasileiro não recebe nenhum subsídio ou ajuda governamental, tendo alcançado uma
elevada produtividade em frangos utilizando técnicas muitas avançadas de criação e
produção industrial (Bliska, 1997).
Hoje, a agroindústria de aves é um dos setores brasileiros mais competitivos do
Mercosul, atuando nos mercados vizinhos apoiada por tecnologia de padrão
internacional. As indústrias de genética animal, nutrição, sanidade e equipamentos não
têm concorrentes na região. As principais vantagens brasileiras são quanto à qualidade
genética, à conversão alimentar, ao sistema produtivo de integração agroindustrial e à
rápida resposta desse setor a mudanças tecnológicas.
http://www.dipemar.com.br/carne/332/materia_artigo_carne.htm - acesso em 24/10/2005 ARTIGO TÉCNICO Aspectos tecnológicos e nutricionais da Carne Mecanicamente Separada de frango Carolina C. Negrão, Ivone Y. Mizubuti, Maria Celeste Morita, Célia Colli, Elza I. Ida1 & Massami Shimokomaki
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2. DESCRIÇÃO DA CADEIA GENÉRICA DO FRANGO DE CORTE NA REGIÃO DO
ALTO URUGUAI GAÚCHO
Atualmente a cadeia do frango é oligopolizada pelas indústrias, tanto a montante
como a jusante do produtor, através das integrações. Na região do Alto Uruguai, com a
saída da Cotrel – Cooperativa Tritícola Erechim Ltda do processo industrial, a parte da
cadeia até a indústria está praticamente dominada pela Cooperativa Aurora.
Por outro lado, no mercado varejista a jusante da indústria, os grandes
supermercados é que praticamente “ditam as regras”, isso pelo grande poder de
barganha pela compra em grandes quantidades.
Existe ainda um viés da cadeia de frango, onde produtores rurais atuam ao longo
da cadeia, através de agroindústrias familiares que atuam num mercado próximo às
condições de concorrência perfeita. Essa estrutura de mercado leva os agentes
envolvidos a realizarem estratégias concorrenciais com o objetivo de fortalecerem suas
posições competitivas. (Mattuella et alii, 1992).
Nas grandes integrações, os sistemas produtivos variam conforme diferentes
combinações entre agroindústria e produtores, diferenças essas que influem nos custos
de produção, os quais dependem de custos das rações, distância entre integrados e
indústria, condições de transporte, sistemas tecnológicos, estrutura de mercado e das
margens de comercialização praticadas.
http://www.ufrgs.br/pgdr/dissertacoes/ecorural/mecorural_costa_n203.pdf - INTEGRAÇÃO REGIONAL E SEUS EFEITOS SOBRE AS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE CARNE AVÍCOLA - Thelmo Vergara De Almeida Martins Costa acessado em 01/11/2005
2.1 A INDÚSTRIA DE INSUMOS
Em relação à produção de insumos, imperam duas principais atividades
responsáveis pelo fornecimento de matérias à indústria: a produção de rações animal e
vegetal, e a genética animal. A produção de insumos vegetais vem aumentando nos
últimos anos, pois para a exportação de carnes, principalmente frango e derivados, a
alimentação dos animais deve ser predominantemente de alimentos de origem vegetal.
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Sabe-se que a alimentação representa cerca de 70% do custo da produção das
aves, sendo difícil, portanto, aliar qualidade e preço, com o agravante de que nos
últimos anos tem ocorrido escassez de matérias primas, devido à competição para o
consumo humano. Tais razões obrigam os nutricionistas a concentrarem maiores
esforços na pesquisa de fontes alternativas, principalmente energéticas e protéicas, e
na busca de formulações que atendam às necessidades qualitativas e econômicas de
produção na avicultura. Sendo a ração, portanto, no sistema convencional de produção,
o componente que mais onera a produção avícola, qualquer fator que ajude a melhorar
a utilização do alimento, através do maior ganho de peso ou de conversão alimentar,
poderá reduzir os custos finais de produção.
Entre os componentes utilizados na formulação de rações, estão os suplementos
e aditivos usualmente denominados de premix, cujo preço, pode atingir cerca de 10%
do custo da alimentação de frangos d.e corte, conforme a quantidade e os tipos de
ingredientes utilizados na sua produção.
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-20611998000100017 acesso em 25/10/2005 EFEITO DA RESTRIÇÃO DE VITAMINAS E MINERAIS NA ALIMENTAÇÃO DE FRANGOS DE CORTE SOBRE O RENDIMENTO E A COMPOSIÇÃO DA CARNE- Regilda S. dos R. MOREIRA, Jorge F.F. ZAPATA, Maria de F.F. FUENTES, Eliana M. SAMPAIO, Geraldo Arraes MAIA- Apr. 1998
Na área da genética animal, no sistema convencional de criação, o Brasil possui
dependência de empresas estrangeiras em relação à importação de avós, por não
possuir o desenvolvimento interno de linhagens, realizando no Brasil apenas atividades
de cruzamentos e melhoramentos.
http://www.finep.gov.br/PortalDPP/relatorio_setorial_final/relatorio_setorial_final_impressao.asp?lst_setor=13 RELATÓRIO SETORIAL – FINAL; SETOR: CARNES ;PESQUISADOR: GIULIANA SANTINI DATA: 26/04/2004. acesso em 24/10/2005
O setor de medicamentos, especialmente de vitaminas e antibióticos, é
dominado por grandes laboratórios químicos e veterinários com grande sofisticação
tecnológica, que produzem vitaminas e antibióticos, não fazendo parte do sistema de
integração vertical. Já o segmento de rações é pouco sofisticado, adquire e mistura
vitaminas e suprimentos minerais com matérias-primas agrícolas (milho, farelo de soja,
trigo, etc.), distribuindo este agregado como ração. Ao contrário do segmento de
medicamentos, o segmento de rações faz parte do sistema de integração.
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http://www.ufrgs.br/pgdr/dissertacoes/ecorural/mecorural_costa_n203.pdf - INTEGRAÇÃO REGIONAL E SEUS EFEITOS SOBRE AS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE CARNE AVÍCOLA - Thelmo Vergara De Almeida Martins Costa acessado em 01/11/2005
As embalagens representam um fator importante. Muitos consumidores se
baseiam na apresentação da embalagem para comprar um produto. Atualmente as
embalagens para frango são sofisticadas, buscando evitar o acúmulo de água e
sangue. Carne com embalagens não ajustadas vendem menos.
http://www.sefaz.ms.gov.br/cadeias/arquivos/01_avicultura.pdf - ESTUDO DAS CADEIAS PRODUTIVAS DE MATO GROSSO DO SUL: AVICULTURA - 2003 - Mara Huebra de Oliveira Gordin Me., UNAES - Prof. Ido Luiz Michels Dr., UFMS.
2.2 O AGENTE PRODUTOR RURAL
A produção de aves no Sul do Brasil ocorre especialmente em pequenas
propriedades, a maioria com menos de 50 ha. Isso ocorre devido a fatores como ocupar
pouco espaço físico (com menos de 10 ha mantém-se um aviário de 12.000 frangos);
utiliza mão-de-obra familiar; ciclo de produção rápido (em geral, 45 dias), assegurando
entradas financeiras praticamente mensais durante o decorrer do ano, e, por apresentar
resíduos (cama de aviário), que pode ser utilizada nas outras atividades agrícolas da
propriedade ou mesmo ser comercializada.
Os sistemas integrados, que praticamente dominam a cadeia do frango de corte,
vinculam o produtor à agroindústria processadora através de contratos. Nesses
sistemas, o produtor atua praticamente como um prestador de serviço,
responsabilizando-se pela criação do frango e pelo fornecimento de equipamentos e
instalações. Em alguns casos a agroindústria financia essas estruturas, mas geralmente
os agricultores financiam em bancos. Por sua vez, a agroindústria situa-se a montante
da produção primária, fornecendo insumos (rações e medicamentos) e prestando
assistência técnica, e a jusante, processando a matéria-prima.
9
2.2.1 A Produção Integrada
Em um sistema de integração a relação agroindústria-produtor é regida por
contratos, que podem ser de várias formas. Os contratos definem os arranjos
produtivos, e coordenam as etapas de produção, desde o fornecimento de pintos e
insumos, como ração, passando pela assistência técnica, tratos culturais, até a entrega
da produção dentro dos padrões pré-acordados no contrato. Segundo Schrader, apud
Marques, 1992 sempre sob controle do integrador.
A literatura aponta que as grandes agroindústrias buscam com a integração
aumento da eficiência econômica. De modo geral pode-se afirmar que contratos de
integração, como as realizadas pela Sadia e pela Perdigão, de certa forma, garantem
renda aos agricultores integrados ou ao menos expectativa de obtê-la, porém a base da
formatação dos mesmos garante efetivamente a resolução dos problemas de
instabilidade no fornecimento de matérias-primas às integradoras, que assim,
adquirirem vantagens competitivas decisivas no mercado brasileiro de carne e
derivados de suínos e aves (Mattuella et al., 1994, p.5).
Com a integração as empresas obtêm:
- redução de custos em decorrência de ganhos de escala;
- ausência de custos associados com mecanismos de preços de mercado e;
- Eliminação dos intermediários.
Da mesma forma a empresa tem alta necessidade de capital de giro. Isso
porque, ao produzir o insumo, a empresa necessita arcar com quaisquer custos fixos
envolvidos na sua produção, mesmo que um decréscimo sazonal ou qualquer outro
fator reduza a sua demanda.
Por outro lado, a vantagem da integração para os produtores e suas
cooperativas, está no fato de os mesmos não possuírem capital de giro para os gastos
com ração, pintos, medicamentos (aproximadamente significam respectivamente,
70,44%, 23,35% e 0,48% do custo de produção). No sistema convencional a produção
independente é inviável pelo alto custo de produção. A integração também fica
interessante para o produtor e suas cooperativas pela variação dos preços durante o
ano.
10
Para Sorj et al. (1982), o processo de produção de aves, que antes era de
domínio do produtor, passa a ser determinado por prescrições externas das
agroindústrias, as quais estruturam o ritmo e as tarefas da atividade produtiva. O
trabalhador rural desconhece o porquê das prescrições técnicas, apenas segue as
indicações dos técnicos, sob pena de produzir resultados econômicos insatisfatórios, ou
seja, o conhecimento é subtraído do produtor, assim como o ritmo de trabalho passa a
ser determinado pelas prescrições técnicas. Muitas vezes, o produtor tem de assumir
tarefas que vão além de uma jornada normal de oito horas de trabalho.
Para muitos produtores, devido a alta exigência tecnológica, na maioria
patenteada, e o alto custo de investimento de alavancagem inicial (custo dos aviários,
normalmente grandes pela necessidade de escala, que são pagos pelos produtores).
Isso pesa ainda mais em termos da agricultura familiar, normalmente descapitalizada.
O processo de integração também reduz a flexibilidade da unidade produtiva,
pois normalmente o agricultor financia o aviário, o que exige a permanência na
atividade, pelo menos até o pagamento do financiamento. Do mesmo modo é limitada a
possibilidade na mudança no processo produtivo das aves, pois com a alta tecnologia
as mudanças têm custo alto. Desta forma, falhas de estratégia ou outros problemas
podem gerar uma situação complicada para o produtor e com custo alto para resolução.
Segundo Porter (1989), esta desvantagem se estende as empresas, pois o
desempenho da cadeia vertical inteira depende de cada uma de suas partes, dessa
forma fica por conta da empresa manter o equilíbrio nas capacidades produtivas das
unidades integradas, arcando com os riscos da aplicação do seu estilo gerencial aos
distintos elementos da cadeia.
Segundo Sorj et al. (1982), também existe o risco de o produtor rural desenvolver
estratégias ou respostas negativas como, por exemplo, sua insolvência como produtor
rural integrado, o rompimento das relações contratuais pelo descontentamento, a
desistência de continuar sendo produtor passando a ser operário na própria
agroindústria e/ou nas atividades urbanas, e a formação de associações de criadores
com razoável poder de barganha frente às empresas integradas.
http://www.ufrgs.br/pgdr/dissertacoes/ecorural/mecorural_costa_n203.pdf - INTEGRAÇÃO REGIONAL E SEUS EFEITOS SOBRE AS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE CARNE AVÍCOLA - Thelmo Vergara De Almeida Martins Costa acessado em 01/11/2005
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2.2.1.1 Remuneração do Integrado
A remuneração dos produtores se estabelece através de um índice denominado
Índice de Eficiência Europeu, que é calculado através da fórmula:
IEE =(PM x S x 100) / (I x CA),
onde:
IEE = Índice de Eficiência Europeu
PM = Peso Médio das Aves
I = Idade do lote
S = Índice de Sobrevivência
CA = Conversão Alimentar
No caso da integração com a Aurora na Região do Alto Uruguai, a CA de dá nas
seguintes bases médias:
- Frangos com peso médio de 2,5 kg / frango
- Período médio de desenvolvimento do lote de 45 dias
- Consumo médio de ração de 4,6 kg / frango
- Índice médio de conversão alimentar de 1,85 kg de ração / cada Kg de frango.
Há uma tabela, que varia de empresa para empresa e que elas não divulgam,
que define o percentual do peso do frango vivo pertencente ao lote do integrado.
Quanto maior o IEE, maior será a remuneração. É importante ressaltar que o índice de
sobrevivência é obtido através da divisão do número de aves entregues pelo integrado
para o abate pelo número de pintos recebidos, de modo que as mortes das aves, por
qualquer razão, refletem-se na remuneração. O mesmo acontece com relação à
conversão alimentar, calculada pela divisão do consumo total de ração pelo peso do
lote. Assim, quanto maior o consumo de ração para produzir 1 Kg de frango em pé,
menor será a remuneração do parceiro criador.
http://www.sefaz.ms.gov.br/cadeias/arquivos/01_avicultura.pdf - ESTUDO DAS CADEIAS PRODUTIVAS DE MATO GROSSO DO SUL: AVICULTURA - 2003 - Mara Huebra de Oliveira Gordin Me., UNAES - Prof. Ido Luiz Michels Dr., UFMS. Acesso em 2/11/2005.
12
2.2.2. O Processo de Produção do Frango de Corte
Segundo as normas e legislação vigente, o tempo necessário para a criação dos
frangos para produção industrial, desde o nascimento até o abate gira em torno de 42 a
45 dias e em torno de 80 dias para a produção do frango caipira.
Na produção de frango industrial o produtor recebe os pintinhos com um dia. Faz
o alojamento destes animais em galpões, fazendo os controles de iluminação,
temperatura, e alimentação. No ciclo de produção há três fases:
a) Fase Inicial: Refere-se ao período entre o recebimento do pintinho até os
vinte e um dias;
b) Fase de Crescimento: Refere-se ao período entre o recebimento o
vigésimo primeiro dia até o quadragésimo;
c) Fase Final: Refere-se ao período entre o quadragésimo dia até o dia do
abate;
Para a criação das aves, os produtores rurais demandam de diversos produtos e
de serviços, prestados por diversas empresas que fornecem insumos, como
medicamentos, rações, pintinhos, máquinas e equipamentos agrícolas como tratores,
implementos e ferramentas.
Nas experiências que estão sendo realizadas no Alto Uruguai de criação de
frango caipira ou colonial em pequenas unidades produtivas da agricultura familiar, o
sistema de criação busca estabelecer novos sistemas de produção, com bases
agroecológicas e/ou sustentáveis.
2.3 O AGENTE TRANSPORTADOR
Na cadeia do frango o transporte é de grande importância, por estar presente em
todos os elos da cadeia: fluxo dos insumos, frangos, ração, grãos, pintinhos, e outras,
formando uma ampla rede e gerando um número significativo de empregos. O
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transporte a montante da indústria é rodoviário, sendo que dentro da relação indústria-
produtor (entrega dos pintos, ração e carregamento dos frangos) a responsabilidade é
da empresa, tendo peso significativo na composição dos custos. Geralmente este
transporte é terceirizado. A figura 1 representa os fluxos de entrada e saídas de
insumos e produtos finais no abatedouro.
Figura 1 - Fluxo de Transporte no Abatedouro de Frango.
Elaboração: Professor Sergio Mosele – URI – Campus Erechim
O transporte da ração é feita a granel em caminhões especiais, chamados
raçãozeiro.
O transporte dos frangos vivos para o abate é feito em caixas de plástico modelo
padrão. Quanto aos frangos abatidos, estes são transportados em caixas de papelão,
acondicionados no final do processo de produção em plásticos ou filmes, o que varia de
acordo com a qualidade requerida pelo frigorífico. A participação do preço das
embalagens, no custo do frango é algo mínimo, não ultrapassando a 0,4 %.
http://www.sefaz.ms.gov.br/cadeias/arquivos/01_avicultura.pdf - ESTUDO DAS CADEIAS PRODUTIVAS DE MATO GROSSO DO SUL: AVICULTURA - 2003 - Mara Huebra de Oliveira Gordin Me., UNAES - Prof. Ido Luiz Michels Dr., UFMS. Acesso em 02/11/2005.
O transporte pré-abate é uma operação extremamente estressante para as aves
e, por esse motivo, tem correlação direta com a qualidade final da carne de frango. A
adoção de procedimentos inadequados nesta etapa pode favorecer a incidência de
miopatias e alterações de qualidade que, por sua vez, podem determinar prejuízos por
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condenação ou mesmo causar a rejeição, por parte do consumidor, do produto in
natura.
Durante esta etapa as aves podem ser acometidas por diversos tipos de estresse
como motor, emocional, digestivo, térmico e desequilíbrio hídrico. "O transporte das
aves com destino ao abatedouro, mesmo quando obedece a lotações favoráveis em
veículos apropriados, é capaz de estressá-las devido à simples mudança de ambiente e
às instabilidades do trajeto", diz Bressan.
A falta de ventilação para as aves que estão localizadas nas gaiolas do centro da
carga no caminhão pode fazê-las sofrer calor e hipertermia. Já as aves que se
encontram em gaiolas localizadas na extremidade da carga do veículo podem sofrer frio
excessivo. Ambas as situações são bastante estressantes para as aves. "Outra
condição de estresse é a contenção dos movimentos das aves mesmo que as caixas
obedeçam à densidade adequada. A restrição hídrica durante a fase que as aves
permanecem no transporte também é um fator de estresse", comenta a pesquisadora.
O tempo de duração do transporte tem influência direta na incidência de lesões
na carcaça. Aves que permanecem mais tempo no veículo de transporte apresentam
uma maior proporção de lesões. A taxa de contusões de peito, corte de maior valor
econômico, por exemplo, demonstra uma correlação positiva com o tempo de
transporte. "Quanto maior o tempo de transporte maior a incidência de lesões no peito",
afirma Bressan. "Normalmente a ave fica agachada no solo da gaiola e assim sofre
escoriações e hemorragias".
Segundo a pesquisadora, atualmente, para reduzir o efeito do estresse do
transporte, lesões na carcaça, quadros de desidratação, exaustão energética, as
empresas avícolas têm adotado medidas como evitar o transporte de aves cuja
distância seja superior a 30 quilômetros.
http://www.aviculturaindustrial.com.br/site/dinamica.asp?id=12940&tipo_tabela=cet&categoria=manejo RodolfoAntunes. Avicultura industrial - Cuidados essenciais acesso em 01/11/2005
Existe no mercado carrocerias especiais para o transporte de aves e suínos.
No caso das aves, a carroceria tem teto com isolamento térmico, nebulizadores e
ventiladores para controle da temperatura interna através do painel do caminhão. Esses
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equipamentos diminuem o stress dos animais, evitando sensivelmente a mortalidade
durante a sua locomoção.
(http://www.ub.es/geocrit/sn/sn119-85.htm - TECNOLOGIA E NOVAS RELAÇÕES DE TRABALHO NAS AGROINDÚSTRIAS DE CARNE DO SUL DO BRASIL-1 de agosto de 2002;Carlos José Espíndola; acesso em 24/10/2005)
2.4 O AGENTE AGROINDUSTRIAL
2.4.1. Aspectos Gerais
O abatedouro de aves é o elo principal de cadeia de frango, sendo intermediário
entre o agricultor e o mercado, sendo o centro do Sistema Agroindustrial – SAI que
compreende as atividades, desde a produção dos insumos até a chegada do produto
final industrializado ao consumidor.
Segundo MARTINS (1999, p.28), os abatedouros e frigoríficos constituem o elo
forte da cadeia de frango, articulando a atuação de vários agentes dentro de um timing
(datas marcadas) por ele estabelecido. Através dos contratos de integração, a
agroindústrias ele entrega aos criadores os pintainhos de um dia e a ração, fornece
assistência técnica, estipula a data para busca dos frangos quando atingirem o ponto
de abate, calcula a remuneração do produtor e a deposita na sua conta bancária.
Através da integração vertical, o segmento produz a ração necessária para a
criação, mantém incubatórios ou granjas matrizeiras e mesmo, no caso das grandes
empresas, mantém granjas avozeiras, associando-se, nestes casos, às multinacionais
estrangeiras produtoras de linhagens. Desta forma, o segmento garante custos
relativamente baixos, fluxo da matéria-prima compatível com a sua capacidade de
abate atual e estabelece planos de expansão, de acordo com as oportunidades
vislumbradas no mercado consumidor interno e externo. Além da transformação
industrial, desempenham também o papel de atacadistas no mercado de frango
abatido, uma vez que a distribuição do produto final ao varejo é executada pelos
16
próprios frigoríficos, utilizando ou não serviços terceirizados, o que lhe dá grande
sensibilidade para as flutuações ou tendências de modificações de hábito de consumo,
que é valiosa no planejamento da produção e dos investimentos para ampliação ou
diversificação de produtos. Ainda segundo MARTINS, o fato de praticamente não haver
formação de estoques de carne de frango nem na indústria nem no varejo é um
indicador da eficiência do planejamento nestas unidades. Portanto, cabe aos frigoríficos
grande parte da coordenação do funcionamento desta cadeia produtiva.
http://www.sefaz.ms.gov.br/cadeias/arquivos/01_avicultura.pdf - ESTUDO DAS CADEIAS PRODUTIVAS DE MATO GROSSO DO SUL: AVICULTURA - 2003 - Mara Huebra de Oliveira Gordin Me., UNAES - Prof. Ido Luiz Michels Dr., UFMS. Acesso em 2/11/2005.
Hoje o frango industrial com algumas variações pode ser definido com uma
commodity. O mercado dos cortes de frango e dos produtos industrializados à base de
carne de frango, seguindo uma tendência internacional, vem crescendo. Porém, o
principal produto da cadeia ainda é o frango inteiro-congelado ou resfriado, podendo
haver variações nas tendências de acordo com o mercado a que se destina e as
agroindústrias da cadeia se adéquam para atender as diferentes demandas. Por
exemplo, o mercado do Oriente Médio que adquire frangos inteiros de pequeno
tamanho (em torno de 1 kg) o mercado argentino prefere frangos grandes (2,5 kg) com
a carne amarelada, o mercado asiático adquire partes de frangos cortadas de modo
característico etc.
.http://www.finep.gov.br/PortalDPP/relatorio_setorial_final/relatorio_setorial_final_impressao.asp?lst_setor=13 RELATÓRIO SETORIAL – FINAL; SETOR: CARNES ;PESQUISADOR: GIULIANA SANTINI DATA: 26/04/2004. acesso em 24/10/2005)
Na Região Alto Uruguai a indústria integradora de aves que domina a cadeia é
atualmente a Aurora, que assumiu os frigoríficos da Cotrel.
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2.4.2. Produtos
Os segmentos de mercados onde atuam os produtos brasileiros estão
distribuídos entre Commodity, Semi-commodity e Branded. O segmento de Commodity
inclui produtos sem diferenciação de marcas e com baixa margem, como no caso do
frango inteiro. O segmento de Semi-Commodity é aquele onde já se percebe uma
diferenciação de marcas e de cortes mais elaborados. O segmento considerado
Branded envolve produtos com diferenciação de marca e um processamento mais
elaborado, tais como frangos temperados, produtos cozidos, embutidos.
http://teses.eps.ufsc.br/defesa/pdf/2965.pdf - PROPOSTA DE UM SISTEMA DE INFORMAÇÕES PARA INDÚSTRIA AVÍCOLA CONSISTENTE COM OS CONCEITOS DE EXCELÊNCIA PRODUTIVA. ENFOQUE NOS SEGMENTOS DE COMMODITY E SEMI-COMMODITY. FREDERICO TADASHI CARVALHO SAKAMOTO FLORIANÓPOLIS – SC NOVEMBRO/1999. acesso em 24/10/2005
Os produtos oriundos do abatedouro são frango inteiro congelado ou resfriado,
frango em partes embalado para o consumo final e carne de frango destinada ao
segundo processamento ou industrialização.
(http://www.finep.gov.br/PortalDPP/relatorio_setorial_final/relatorio_setorial_final_impressao.asp?lst_setor=13 RELATÓRIO SETORIAL – FINAL; SETOR: CARNES; PESQUISADOR: GIULIANA SANTINI DATA: 26/04/2004. acesso em 24/10/2005)
A produção de filés de peito com especificações rígidas de peso, comprimento e
espessura para a exportação e produção de produtos pós-processados ou para
restaurantes de comidas rápidas tem implicações econômicas importantes para a
rentabilidade da indústria avícola. Além do tamanho e quantidade de carne obtida após
a desossa, existem outras características de qualidade, tais como pH, maciez,
capacidade de retenção de água, cor e características sensoriais.
http://www.dipemar.com.br/carne/317/materia_produtos3_carne.htm - Qualidade da carne de peito de frango de corte. Ariel Antonio Mendes; Joerley Moreira; Rodrigo Garófallo Garcia; acesso em 24/10/2005
A avicultura comercial da região Sul caracteriza-se pela prática da integração
vertical e por uma produção empresarial voltada tanto para o mercado interno como
18
para exportação. As indústrias agroalimentares, desenvolveram uma série de produtos
derivados da carne de aves. A oferta não se restringe apenas ao abate e refrigeração
do frango a indústria de aves criou produtos mais sofisticados tecnologicamente, como
produtos reconstituídos, compostos de carnes de diversas origens, misturando
proteínas animais e vegetais. A distribuição do produto no mercado atacadista e
varejista é realizada por uma rede de distribuidores e representantes.
http://www.ufrgs.br/pgdr/dissertacoes/ecorural/mecorural_costa_n203.pdf - INTEGRAÇÃO REGIONAL E SEUS EFEITOS SOBRE AS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE CARNE AVÍCOLA - Thelmo Vergara De Almeida Martins Costa - acessado em 01/11/2005 2.5 PRODUÇÃO DE FRANGO DE CORTE
O que deve ser observado no esquema das etapas de produção do frango,
Figura 2, é que estas unidades que fazem parte do processo inicial da produção podem
ser ou não do mesmo grupo empresarial, com exceção dos aviários que sempre
pertencem a proprietários rurais, terceirizados, na sua maioria, pequenos ou médios. Os
matrizeiros se constituem em uma etapa que nem sempre está presente em todos os
abatedouros. Quando isto acontece, os ovos são comprados de matrizeiros fora do
grupo empresarial que detém o frigorífico, já os avozeiros pertencem às multinacionais.
Algumas empresas, por achar que o contrato de integração não é a melhor forma de
administrar sua empresa, possuem as duas formas de administração de aviários
(matrizeiro e incubatório).
19
FIGURA 2 - unidades de produção do frango
http://www.sefaz.ms.gov.br/cadeias/arquivos/01_avicultura.pdf - ESTUDO DAS CADEIAS PRODUTIVAS DE MATO GROSSO DO SUL: AVICULTURA - 2003 - Mara Huebra de Oliveira Gordin Me., UNAES - Prof. Ido Luiz Michels Dr., UFMS. Acesso em 2/11/2005.
Cuidados e/ou Exigências das empresas para aviários convencionais:
• Instalações o Localização das edificações o Orientação o Largura do aviário, pé direito, comprimento e piso o Comprimento o Fechamentos o Cobertura o Inclinação do telhado o Lanternim o Circunvizinhança o Sombreiro o Ventilação
� Ventilação Natural ou Espontânea � Ventilação Dinâmica � Ventilação Térmica � Quebra-ventos � Ventilação de Verão e Inverno
� Ventilação Artificial, Mecânica ou Forçada � Sistema de Pressão Negativa ou Exaustão � Sistema de Pressão Positiva ou Pressurização
o Aquecimento � Aquecedores a lenha � Aquecedores elétricos � Aquecedores a gás � Aquecedores alternativos
20
Local Recomendado para Instalação do aviário
O local deve ser escolhido de tal modo que se aproveitem as vantagens da
circulação natural do ar e se evite a obstrução do ar por outras construções, barreiras
naturais ou artificiais. O aviário deve ser situado em relação à principal direção do vento
se este provir do sul ou do norte. Caso isso não ocorra, a localização do aviário para
diminuir os efeitos da radiação solar no interior do aviário prevalece sobre a direção do
vento dominante. Escolher o local com declividade suave, voltada para o norte, é
desejável para boa ventilação.
É recomendado afastamento de 10 vezes a altura da construção, entre os dois
primeiros aviários a barlavento, sendo que do segundo aviário em diante o afastamento
deverá ser de 20 à 25 vezes esta altura, como representado na Figura 3.
Figura 3 - Esquema de distância mínima entre aviários
Largura:
A largura do aviário está relacionada com o clima da região onde o mesmo será
construído. Normalmente recomenda-se largura até 10m para clima quente e úmido e
largura de 10 até 14m para clima quente e seco A largura de 12m tem sido utilizada
com freqüência e se mostrado adequada para o custo estrutural, possibilitando bom
acondicionamento térmico natural, desde que associada à presença do lanternim e
altura do pé-direito adequadamente dimensionados.
21
Pé direito:
O pé direito do aviário pode ser estabelecido em função da largura adotada, de
forma que os dois parâmetros em conjunto favoreçam a ventilação natural no interior do
aviário com acondicionamento térmico natural. Quanto mais largo for o aviário, maior
será a sua altura (Tabela 1).
Tabela 1. Determinação do pé direito em função da largura adotada para o aviário
Largura do Aviário (m) Pé direto mínimo em climas quentes (m) até 8 2,80 8 a 9 3,15 9 a 10 3,50 10 a 12 4,20 12 a 14 4,90 Fonte:TINÔCO (1995). Comprimento:
O comprimento do aviário deve ser estabelecido para se evitar problemas com
terraplanagem, comedouros e bebedouros automáticos. Não deve ultrapassar 200m.
Na prática os comprimentos de 100 à 125m têm-se mostrados satisfatórios ao manejo
das aves, porém é aconselhado divisórias internas ao longo do aviário em lotes de até
2.000 aves para diminuir a competição e facilitar o manejo das aves. Estas divisórias
devem ser removíveis, e de tela, para não impedir a ventilação e com altura de 50cm,
para facilitar o deslocamento do avicultor.
Piso:
O piso é importante para proteger o interior do aviário contra a entrada de
umidade e facilitar o manejo. Este deve ser de material lavável, impermeável, não liso
com espessura de 6 a 8cm de concreto no traço 1:4:8 (cimento, areia e brita) ou 1:10
(cimento e cascalho), revestido com 2cm de espessura de argamassa 1:4 (cimento e
areia). Pode ser construído em tijolo deitado que apresenta boas condições de
isolamento térmico. O piso de chão batido, não isola bem a umidade e é de difícil
22
limpeza e desinfecção, no entanto , tem-se propagado por diminuir o custo de
instalação do aviário. Deverá ter inclinação transversal de 2% do centro para as
extremidades do aviário e estar a pelo menos 20cm acima do chão adjacente e sem
ralos, pois permite a entrada de pequenos roedores e insetos indesejáveis.
O comprimento do aviário deve ser estabelecido para se evitar problemas com
terraplanagem, comedouros e bebedouros automáticos. Não deve ultrapassar 200m.
Na prática os comprimentos de 100 à 125m têm-se mostrados satisfatórios ao manejo
das aves, porém é aconselhado divisórias internas ao longo do aviário em lotes de até
2.000 aves para diminuir a competição e facilitar o manejo das aves. Estas divisórias
devem ser removíveis, e de tela, para não impedir a ventilação e com altura de 50cm,
para facilitar o deslocamento do avicultor.
Cobertura:
O mais recomendável é escolher para o telhado, material com grande resistência
térmica, como o sapé ou a telha cerâmica. Contudo, por comodidade e economia é
comum o emprego de telhas de cimento amianto, que é material de baixo conforto para
as aves. Em termos de conforto térmico a telha de cerâmica ainda é a mais indicada.
Devem ser evitadas as telhas de alumínio, zinco ou de cimento amianto com
4mm de espessura, pois fornecem menor conforto para as aves.
http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Ave/ProducaodeFrangodeCorte/Instalacoes-
2.html - EMBRAPA SUÍNOS E AVES - SISTEMA DE PRODUÇÃO DE FRANGOS DE CORTE ISSN
1678-8850 VERSÃO ELETRÔNICA, JAN/2003 - Abreu, Paulo Giovani, acessado em 17/01/2009.
Desde que a Cotrel alugou suas indústrias de carne para a AURORA, a
integradora passou a ser a única atuante na área do frango na região. Em 2008 26
aviários chegaram a fazer contrato com a empresa MUNUANO, porém estes aviários
não estão mais alojando as aves para a empresa.
COTREL possui 587 aviários de associados integrados na região e que alojam
os frangos para a AURORA, com capacidade média de 10.858 animais, juntos estes
aviários têm capacidade total de alojamento de 6.373.400 animais, como mostra a
tabela a seguir.
23
Tabela 1 – Distribuição dos aviários da Cotrel por município.
TABELA - DISTRIBUIÇÃO DOS AVIÁRIOS DA COTREL POR MUNICÍPIO
Nº MUNICÍPIO Nº AV KM-X CAP. MÉDIA CAP. ALOJ. % 1 Barão de Cotegipe 84 23,00 9.107 765.000 12,00 2 Severiano de Alemida 71 40,00 9.620 683.000 10,72 3 Aratiba 66 36,00 11.879 784.000 12,30 4 Erechim 65 14,00 14.831 964.000 15,13 5 Barra do Rio Azul 39 35,00 12.179 475.000 7,45 6 Três Arroios 37 24,00 10.162 376.000 5,90 7 Marcelino Ramos 35 50,00 9.309 325.800 5,11 8 Viadutos 30 39,00 11.133 334.000 5,24 9 Mariano Moro 22 51,00 9.909 218.000 3,42
10 Gaurama 20 18,00 14.180 283.600 4,45 11 Paulo Bento 18 16,00 7.500 135.000 2,12 12 São Valentin 17 35,00 11.882 202.000 3,17 13 Cruzaltense 15 57,00 8.667 130.000 2,04 14 Max. Almeida 14 69,00 11.571 162.000 2,54 15 Getúlio Vargas 11 29,00 11.091 122.000 1,91 16 Centenário 9 38,00 7.556 68.000 1,07 17 Itatiba do Sul 8 41,00 9.250 74.000 1,16 18 Campinas do Sul 7 49,00 12.571 88.000 1,38 19 Áurea 4 36,00 7.000 28.000 0,44 20 Ponte Preta 4 28,00 14.000 56.000 0,88 21 Faxinalzinho 3 62,00 10.667 32.000 0,50 22 Erebango 2 22,00 15.000 30.000 0,47 23 Ipiranga do Sul 2 48,00 9.000 18.000 0,28 24 Jacutinga 2 37,00 6.000 12.000 0,19 25 Quatro Irmãos 2 39,00 4.000 8.000 0,13
TOTAIS 587 37,44 10.323 6.373.400 00,00 Fonte: Cotrel - Depto. de Aves
2.6 PRODUÇÃO DE FRANGO COLONIAL E FRANGO CAIPIRA
A criação de frango de corte colonial ou caipira diferencia-se do sistema
tradicional pelo período até o abate e pelos tratos culturais, trocando o confinamento
permanente por espaços extra aviário ou extensões do aviário chamados de pátios,
com gramado que servem para maior deslocamento das aves, interferindo diretamente
na diminuição do grau de stress dos animais e no suplemento alimentar dos mesmos,
que se dá pela ingestão da pastagem disponível.
Os produtos coloniais e caipiras são uma tendência de consumo que começou
há poucos anos, mas é um nicho de mercado que tem ganhado um bom espaço junto a
24
consumidores cada vez mais esclarecidos e preocupados com a melhoria da qualidade
de vida, que busca na alimentação natural, a base para a manutenção de uma vida
mais saudável. O frango caipira ou colonial tem um preço de mercado maior, não
competindo em escala de produção e custo com o frango industrial, mas em qualidade,
com características específicas com: sabor mais silvestre da carne, menor teor de
gordura, menos colesterol e mais proteína, atendendo a uma fatia de mercado que
paga mais por essas características de apelo ecológico. A ausência de antibióticos e
promotores de crescimento, sem agredir o meio ambiente, privilegiando o bem estar
animal, também torna o produto muito mais recomendável.
Atualmente pesquisadores do país inteiro vêm trabalhando para implantar a
produção deste tipo de aves junto à agricultura familiar, por estarem convencidos de ser
uma grande alternativa para a pequena propriedade.
Nos últimos anos o fato de os consumidores estarem cada vez mais esclarecidos
e buscando produtos naturais e de melhor qualidade, tem contribuindo para a expansão
da atividade no Brasil. Atividade que já está altamente difundida na Europa, ocupando
uma enorme fatia do mercado comum europeu, estendendo também para outros países
como Itália, Espanha, Estados Unidos, Japão, China, Rússia, dentre outros.
O sistema de criação do frango caipira é uma tradição em países europeus,
especialmente na França, onde existe uma forte tradição e atualmente 60% do frango
vendido é caipira. Inclusive existem várias certificadoras que fiscalizam e garantem a
carne das aves oriundas deste modo de criação, obedecendo a uma legislação
específica.
No Brasil, entretanto, até o momento não ocorreu uma regulamentação oficial
das normas de produção orgânica e as entidades certificadoras não são credenciadas
no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, nem em outros órgãos oficiais
nacionais. Não existe, portanto, uma lei que regulamente esses modelos de produção
orgânica, nem uma fiscalização efetiva dos processos de produção das empresas. Isto
acarreta uma série de dificuldades no reconhecimento e confiabilidade desses produtos
no mercado, pois existem produtos com declaração "orgânico" no rótulo, sem o selo de
qualquer certificadora orgânica. Na produção animal, isto é mais complicado, pois o
DIPOA (Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal) do S.I.F. (Serviço
25
de Inspeção Federal do Ministério da Agricultura), que é o orgão responsável pela
aprovação dos rótulos dos produtos, não autoriza a colocação de selos de certificação
orgânica, por não reconhecer oficialmente as normas de produção orgânica. A falta
dessa padronização acarreta entendimentos diferentes por parte dos técnicos
responsáveis pela aprovação dos rótulos nas diversas regiões do país.
Diante dessas dificuldades, duas associações foram fundadas em 2002, com o
objetivo de contribuir para o desenvolvimento e a regulamentação do setor - a AVAL
(Associação da Avicultura Alternativa) e a AECO (Associação do Agronegócio
Certificado Orgânico). A primeira é uma entidade que tem orientado seus esforços
visando a padronização de todo o processo produtivo - da fabricação da ração ao
acompanhamento da produção e abate das aves. As normas da AVAL estabelecem
critérios relativos à produção, abate, controle laboratorial e certificação de frangos
criados sem o uso de antibióticos, anticoccidianos, promotores de crescimento e
ingredientes de origem animal na ração. Entre esses critérios, há requisitos para a
rotulagem do frango, restrições na preparação da ração, inspeção, rastreabilidade e
outras considerações específicas. A AVAL apresentou sua norma aos técnicos do
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para análise.
http://www.planetaorganico.com.br/TrabFrango.htm; Produção de Frango Orgânico - Desafios e
Perspectivas – visitado em 17 de janeiro de 2009.
No segmento de frango caipira, atualmente, a “Nhô Bento”, empresa sediada
em Veríssimo, no Triângulo Mineiro, é a maior empresa de frango caipira da América
Latina, com abate de 15 mil aves por dia. Está há dez anos no mercado e desenvolveu
tecnologia própria para a criação e abate de frango caipira. O frango caipira hoje pode
ser encontrado nos principais supermercados de pequeno, médio e grande porte de
todo o país, incluindo as grandes redes. Em estabelecimentos mais sofisticados, já
pode ser encontrada uma linha de produtos especiais, incluindo embutidos, (como
rocambole de frango, lingüiça etc), carne moída de frango caipira, carcaça temperada
para assados e o galeto caipira. A Nhô Bento também já exporta o frango caipira e em
2005 deve atingir 200 toneladas/mês de frango export.
http://www.abn.com.br/editorias1.php?id=26079 - Frango caipira ganha a mesa do brasileiro -
acessado em 04/11/2005
26
A criação de aves caipiras, no Brasil, é uma atividade cujo mercado é muito
promissor, uma vez que a oferta desse produto é menor do que a demanda. Além
disso, sua comercialização pode ser efetuada de modo direto (produtor/consumidor)
tornando compensadores e bastante atrativos os preços para o produtor.
Existem, no mercado, linhagens caipiras específicas que se caracterizam pela
rusticidade da criação a campo e pelo sabor, maciez e pouca gordura de sua carne,
bem como de características de coloração da gema do ovo.
http://www.afe.com.br/catalogo/106_1246.php - Criação de Frango e Galinha Caipira - Luiz Fernando Teixeira Albino e outros, Doutor em Nutrição e Produção de Aves.
Na região norte do RS a experiência mais consolidada de produção caipira na
agricultura familiar é da COOPERVITA, no município de Tapejara. Segundo diretores
da Coopervita a demanda por frango caipira e colonial é bastante superior a produção.
O frango caipira pode ser criado de acordo com a infra-estrutura existente na
propriedade. Se houver uma vasta área disponível ele pode ser criado solto. Os
técnicos, porém aconselham dois sistemas para a criação do frango caipira de alta
qualidade: o sistema semiconfinado e o sistema confinado. No primeiro as aves são
criadas até os 30 dias de vida em galpões fechados protegidas de predadores, vento,
frio e chuva. Passado este período as aves têm acesso a piquetes com área de 3 a 5
metros quadrados por aves. Nestes piquetes as aves adquirirão o hábito de ciscar,
comer sementes de capim e insetos.
No sistema confinado as aves são criadas em galpões por todo o seu ciclo de
produção. Deve-se ressaltar que de qualquer modo as aves devem dormir em galpões
semifechados de preferência com alguns poleiros ou piso ripado suspenso, maravalha
ou palha de arroz no chão. O importante é que as aves não fiquem em contato com o
piso.
Como a ração representa de 65 a 75% do custo de produção da ave, é
aconselhável, principalmente numa criação confinada ou semiconfinada. Uma
alimentação à base de milho, sorgo, farelo de soja.
http://www.frangocaipira.com.br/br/produtos_02.html - Frango caipira acessado em 04/11/2005
27
Associação Brasileira dos Produtores de Aves e Ovos – LABEL ROUGE, criou
uma normatização para os produtos caipira, que é seguida pelos criadores, tendo as
aves alguns precedentes básicos de enquadramento:
Utilização de raças selecionadas e de procedência com as seguintes
características: rusticidade (ser adaptada ao local de criação), crescimento
lento e qualidade de carne. As raças mais comuns encontradas são a pescoço
pelado, pesada e pesadão;
Criação a campo: em sistema semi-confinado ou liberdade total, em grandes
espaços, ou pequenos grupos em áreas divididas ou não em piquetes com
pastagens;
Receber alimentação a base de cereais (55% a 70%) - sem farinha, nem
gordura de origem animal – neste caso pode ser usada ração alternativa, como
de mandioca;
Um período de criação de 80 a 120 dias: neste aspecto o frango colonial tem
período de criação entre 80 e 90 dias (o dobro do sistema convencional) e o
frango caipira entre 90 e 120 dias;
Garantia de qualidade - produto diferenciado, de qualidade superior,
respeitando as exigências da inspeção sanitária, tanto na criação como no abete
e comercialização, buscando um nicho de mercado.
Algumas agroindústrias têm colocado no mercado carne de frango criado no
sistema convencional, porém com maior permanência no aviário (mais ou menos o
dobro de período normal) e vendido como frango colonial.
No Brasil não existe consenso quanto as características do frango caipira ou
colonial, o frango industrial caipira francês tem as seguintes exigências de variação (%)
- Gorduras (lipídios) % 2,85 2,34 -18%
- Valor Calórico (Kcal/100g) 113,93 108,17 -5%
- Resíduo Mineral % 0,74 0,68 -9%
28
- Umidade 74,35 75,20 +1%
- Proteínas % 21,44 21,57 +6%
- Cálcio (mg/100g) 52,22 68,03 +30%
- Ferro (mg/100g) 2,06 2,03 -1%
Local de engorda:
- O local deve ser isolado de outras criações, de fácil acesso,
- Dar preferência a locais secos, arejados, mais protegidos dos ventos fortes
dominantes,
- Assim os locais elevados dentro da propriedade são os melhores, evitando as
baixadas e proximidades de lagos ou córregos.
- Deve ser protegido de trânsito de carros e pessoas, ter água limpa e potável, e
em abundância,
- Deve ter espaço compatível com a quantidade de aves a serem criadas.
Características gerais do galpão de engorda:
- Quando existe alguma instalação na propriedade que possa ser adaptada ao
criatório de aves, esta pode ser utilizada, desde que respeite as mínimas
condições necessárias a atividade,
- O galpão deve ser construído de maneira a facilitar o recebimento de
pintainhos, abastecimento de água e de alimento e a retirada de animais adultos,
a cama (trocar a cada 90 dias e utilizar para adubo),
- Limpeza e a desinfecção, além da preocupação com as normas sanitárias e
prevenção às doenças,
- A orientação solar correta é no sentido LESTE-OESTE de maneira que o sol
transpasse sobre a cumeeira nos meses mais quentes do ano.
Base:
29
Chão batido a partir de material argiloso molhado e socado até ficar uma
superfície lisa ou usar massa de cimento, brita e areia lavada na espessura de 2,5 cm.
Colunas ou Pé direito:
Responsável pela armação lateral e a sustentação da cobertura, deve ter no
mínimo 2,0 m para galpões pequenos de até 20m² e 2,80m para galpões maiores.
Pode-se usar madeira tratada, postes de cimento, pré-moldados ou ferro.
Tesouras:
As tesouras servem para a sustentação do telhado, é usada normalmente,
madeira tratada, podendo ser substituída por pré-moldado ou ferro.
Telhado:
É a cobertura, que tem a função de proteger o galpão do sol, da chuva, do frio e
do calor. Usa-se telhas de cimento - amianto, telhas de barro, zinco, alumínio, ou
confeccionados com palhas de palmeiras e outros.
Mureta:
Construída em toda a extensão nas laterais e cabeceiras do galpão, tem de 20 a
45 cm de altura, conforme a temperatura da região. Usa-se tijolos, pré-moldados,
concreto armado, bloco de cimento, madeiras roliças deitadas ou tábuas beneficiadas.
Tem a função de fixar a tela e de proteger as aves de animais que podem entrar por
baixo.
30
Tela:
- Deve ser instalada sobre a mureta em toda a extensão do galpão nas laterais e
cabeceiras. A fim de proteger contra os predadores das aves e proporcionar uma
melhor ventilação quando necessário.
- Após 90 dias trocar a cama e colocar em uma vala (buraco), para formar húmus,
- Em seguida colocar cal em cima do solo e deixar por 6 dias,
- Após seis dias, borrifar água sanitária no solo,
- Quinze dias antes de colocar nova remessa de frangos de 30 dias, colocar nova
cama.
Terreiro ou área de pastagens:
- 3,0m² a 5,0 m² por frango,
- De preferência capim com taxa de proteína elevada, como Tifton, mas qualquer capim
serve para pastejo, sendo que o frango aproveita no segundo mês 20% do pasto na
composição de sua alimentação e no terceiro mês 30%.
- Os piquetes podem ser formados por cerca elétrica que é mais versátil, tem baixo
custo, fácil de manusear e é eficiente.
31
Fotos: Criação alternativa de frango de corte – Coopervita – Tapejara RS
Vacinas:
- O sistema de vacina segue as orientações normais para criação de aves.
CUSTO DE PRODUÇÃO SISTEMA CONVENCIONAL
Tabela 2 - Custo de Produção do frango vivo posto na plataforma de abate para os sistemas manual e automático, setembro/2002. Itens de custo Manual Automático Depreciação - Instalações 203,73 203,73
Depreciação - Equipamentos
. Cortina 66,46 99,49
. Demais Equipamentos 145,83 346,83
Remuneração do capital 216,90 312,00
Manutenção e reparos 34,42 100,54
Seguro 12,05 17,59
Cama 332,62 356,12
Pintos 4.756,46 5.107,58
Ração 14.984,75 16.678,95
Calefação
32
.Gás 600,00 1.008,00
.Lenha 86,11 -
Energia elétrica 25,67 95,67
Desinfetantes, inseticidas e raticidas 79,48 79,48
Mão-de-obra do integrado 563,77 341,63
Equipe de carregamento 160,00 160,00
Assitência técnica 57,65 57,65
Transportes 986,48 1.101,98
Funrural 42,50 55,00
Custo total / lote 23.354,88 26.122,24
Custo Total / Kg 1,2306 1,2025
Fonte: Dados de pesquisa. EMBRAPA SUÍNOS E AVES - http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Ave/ProducaodeFrangodeCorte/Importancia-economica-4.html - Sistema de Produção de Frangos de Corte - ISSN 1678-8850 Versão Eletrônica - Jan/2003.
No sistema de integração o agricultor trabalha como um prestador de serviço
para a agroindústria, recebendo um valor médio por Kg de frango carregado aos 45
dias. O preço médio varia de R$ 0,22 a R$ 0,55, dependendo dos índices aplicados sob
uma tabela. Segundo a Cotrel, em janeiro de 2009 a AURORA pagou preço médio de
R$ 0,37/Kg.
Para definir o valor que cada produtor vai receber pelo lote entregue a
integradora usa um índice sobre uma tabela, que é calculado da seguinte forma:
Índice =
Peso médio X Viabilidade X 10
Idade de abate
Conversão alimentar
* Este índice deve ser menor que 1
Viabilidade = n° animais entregues - n° animais mortos
A integradora oferece: Pintos de 01 dia (posto no aviário), ração (posta no
aviário), ASTEC, medicamentos e vacinas, transporte do frango pronto, projeto do
aviário, garante o financiamento no banco e manutenção.
33
O agricultor entra com: aviário, mão-de-obra, maravalha, desinfetantes, pintura e
inseticidas, energia elétrica e carregamento.
Na Região do Alto Uruguai, com a saída da COTREL da industrialização e com o
aluguel da sua unidade industrial para AURORA, a última passou a ser a única
empresa atuante na Região, acabando a concorrência.
Está previsto para 2010 o início das atividades de um novo frigorífico de aves da
empresa DIPLOMATA no Município de Trindade do Sul, cuja construção deve iniciar
ainda em 2009, com capacidade de abate inicial de 100 mil aves/dia e quando completo
deverá ter a capacidade de abate de 300 mil aves/dia. Com isso deverá haver alteração
no quadro atual, aumentando a competição. Quem sabe isso possa pesar
positivamente para os agricultores familiares produtores.
A tabela abaixo apresenta o custo de produção de um lote de produção de
frango caipira de um produtor associado à Coopervita – Tapejara. Dados de 2008.
Tabela 3 – Custo de produção Frango Caipira – Coopervita- 2008
Despesas Descrição Un Quant V.unit V.total
Pinto 1 dia caipira Cab R$ 1,10 R$ - Pinto 28 dd caipira Cab 424 R$ 2,36 R$ 998,95 Ração inicial Kg R$ 0,530 R$ - Ração crescimento Kg 2300 R$ 0,540 R$ 1.242,00 Ração terminação Kg 1400 R$ 0,500 R$ 700,00 Mão de obra Mês 413 R$ 0,50 R$ 206,50 Gás de Cozinha p/13 Btj R$ 35,00 R$ - Energia elétrica R$ 10,00 Vitagold/Celts Vd R$ 4,95 R$ - Total ração Kg 3700 Total R$ 3.157,45 INDICES animal vivo terminação Caipira Previsto/Ideal Frangos terminados Nº 413 462 Taxa de mortalidade Nº 2,7% 2,70% Peso total de ração Kg 3.700,00 3.633,63 Custo /kg ração R$ R$ 0,52 R$ 0,52 Custo total ração R$ R$ 1.942,00 R$ 1.907,16 Custos fixos R$ R$ 216,50 R$ 241,09 custo total R$ R$ 2.158,50 2.148,25 Peso tot vivo Kg 1182 1321,32 Peso med vivo Kg 2,86 2,86 Conversão (vivo) kg/kg 3,97 2,7500 Custo ( vivo) R$/kg 1,83 1,63
34
Custo ( vivo) R$/cab 5,23 4,65 Preço de venda R$/kg 2,41 2,00 Receita total R$ 2848,62 2642,640 Saldo total R$ 690,12 494,39 Saldo / cabeça vivo R$ 1,67 1,07 Saldo / kg vivo R$ 0,58 0,37
Segundo os diretores da Coopervita, a cooperativa pagou em 2008 uma média
de R$ 0,42 por Kg do frango aos produtores de frango associados. Porém o período de
criação é maior, o que significa menor entrada média de recursos na propriedade.
Ainda segundo a Coopervita, dentro do processo produtivo, a maior dificuldade
enfrentada pela cooperativa está relacionada a capacidade de abate limitada pelo
sistema de frio pequeno, com isso o tempo de permanência das ave no aviário acaba
sendo maior do que o necessário, traduzindo-se em aumento de custo por Kg
ocasionado pelo aumento do consumo de ração, luz, água, etc. Além disso, a
capacidade de conversão alimentar das aves vai diminuindo a medida que ficam mais
velhas.
A tabela traz um exercício de custo de ração realizado pela Coopervita e que
serve como orientação no cálculo do custo de produção do frango caipira ou frango
colonial.
Tabela 4 – Cálculo de Consumo de Ração – produção Coopervita
PROJETO COOPERVITA DE GALINHA CAIPIRA
CÁLCULO DO CONSUMO DE RAÇÃO
PARÂMETROS:
Unidade animal 1 cab
Peso de abate 2,7
Conversão 3,5 consumo
Idade de abate 90 dias kg /cab
Tipos de ração 1 a 15 dias - 22% PB 1,14 12,10%
16 a 30 dias - 20% PB 1,83 19,40%
30 a 90 dias - 15% PB 6,47 68,50%
Atualizado Cons.tot. 9,45
Ingrediente Un med V. unit R$ Vlr/sc R$
Milho moído kg 0,33 0,33
Far. Soja kg 0,47 0,47
Núcleo inicial kg 3,4 3,40
35
Núcleo cresc. kg 2,68 2,68
Núcleo termin. kg 2,1 2,10
Trigo kg 0,41 24,50
Raspa mandioca kg 0 Far. Fol mandioca kg
Fórmulas A B C Valor
22% PB R$ 20% PB R$ 15% PB R$ R$
Milho 60 19,80 66 21,78 79 26,07 67,65
Far. Soja 35 16,45 29 13,63 16 7,52 37,60
Núcleo 5 17 5 13,4 5 10,5 40,90
Trigo 0,00
Raspa mandioca 0,00
Far. Mandioca 0,00
100 53,25 100 48,81 100 44,09 146,15
custo / kg ração 0,53 0,49 0,44 1,46
custo / frango 0,61 0,89 2,85 4,36 Fonte: Coopervita
CRIAÇÃO ALTERNATIVA X CRIAÇÃO CONVENCIONAL
Sem dúvida alguma, o frango caipira ou colonial é uma alternativa para o
pequeno produtor. As aves são melhoradas para este sistema de criação, tendo alta
resistência e rusticidade, o que diminui as perdas de mortalidade, a criação é facilitada
pela simplificação dos tratos culturais. Além disso, existe uma boa produtividade. O
investimento também é menor, sendo que o agricultor não precisa seguir exigências
como as impostas pelas integradoras convencionais, podendo o agricultor, em grande
parte, utilizar materiais disponíveis na propriedade para construção dos galinheiros (ex:
utilizar cobertura de palha). Ainda é uma boa forma de agregar valores nos produtos
produzidos pelas pequenas propriedades.
Um galinheiro para produção de frango caipira pode variar de R$ 5.000,00 à R$
35.000,00, dependendo do material utilizado e do número de frangos, pois depende da
organização do(s) agricultor(es) e da capacidade da agroindústria.
36
Exemplo de Instalação recomendada pela EMBRAPA para o sistema alternativo de criação de galinhas
caipiras - Sistemas de Produção, - ISSN 1678-8818 Versão Eletrônica - Jan/2003
No caso da integração da avicultura industrial, o investimento é alto, a margem
de lucro pequena e o risco é considerável. O frango caipira vem ocupar um nicho do
mercado deixado pelas empresas avícolas, proporcionando ao pequeno produtor
ingressar na atividade avícola sem grandes investimentos iniciais, poucos riscos e
considerável lucratividade.
É importante ressaltar que a criação alternativa não deve, em hipótese alguma,
querer competir com a avicultura industrial, mas sim preencher um nicho de mercado
com produtos originados de um sistema alternativo de produção, para atender a um
público que tende a buscar este tipo de produto.
De modo geral pode-se afirmar que os produtores integrados de frango tem tido
resposta satisfatória dentro da cadeia, principalmente no que diz respeito aos
rendimentos familiares. Aspecto favorecido, principalmente, pela periodicidade de
entrada de recursos. Porém há exigência de um grande volume de trabalho, causado
pela necessidade de escala, assim como uma grande necessidade de investimento em
capital inicial. Isso faz com que apenas os agricultores mais capitalizados poças integrar
a cadeia e deixa os menos favorecidos de fora do processo produtivo.
É justamente entre os agricultores de menor poder aquisitivo que o sistema de
criação alternativo de frango caipira ou colonial se encaixa, sendo uma forma de
inclusão dos agricultores familiares menos favorecidos na cadeia do frango.
Além dos aspectos relacionados a maior independência do produtor, apesar do
tempo de criação ser maior resultando em acréscimo proporcional no custo de
produção, a criação de frango caipira ou colonial apresenta outra grande vantagem
para a agricultura familiar em relação a criação do frango industrial tradicional, o fato de
37
fato de a criação alternativa não competir internamente com outras atividades
desenvolvidas na unidade produtiva. Ao contrário, a criação das aves nesta modalidade
vem integrar de forma harmônica os sistemas de produção diversificados, marca da
agricultura familiar brasileira que se caracteriza por ser de economia mista. Ou seja,
entra como mais uma atividade para geração de emprego e renda para a família do
agricultor.
Uma das questões importantes quando se fala da produção de frango caipira ou
colonial, é o fato de que até o momento, no Brasil, não ocorreu uma regulamentação
oficial das normas de produção orgânica. Com isso as certificadoras existentes e
acreditadas à nível mundial e hoje atuantes no Brasil, como: IBD, CMO, AAO, Skal
Brasil, ICEA, FVO, OIA Brasil, dentre outras, não conseguem certificar a produção. Não
existe, portanto, uma lei que regulamente esses modelos de produção orgânica, nem
uma fiscalização efetiva dos processos de produção. Isso acarreta dificuldade de
reconhecimento por parte do consumidor como sendo um produto diferenciado.
Na produção animal, isto é mais complicado, pois o DIPOA (Departamento de
Inspeção de Produtos de Origem Animal) do S.I.F. (Serviço de Inspeção Federal do
Ministério da Agricultura), que é o orgão responsável pela aprovação dos rótulos dos
produtos, não autoriza a colocação de selos de certificação orgânica, por não
reconhecer oficialmente as normas de produção orgânica. A falta dessa padronização
acarreta entendimentos diferentes por parte dos técnicos responsáveis pela aprovação
dos rótulos nas diversas regiões do país.
http://www.planetaorganico.com.br/TrabFrango.htm - Produção de Frango Orgânico - Desafios e Perspectivas – Site visitado em 10/02/2009.
Na Tabela 5, estão comparados os custos estimados de três sistemas de criação de frangos: criação convencional (A), criação sem antibióticos, sem quimioterápicos e sem ingredientes de origem animal na ração (B) e criação orgânica (C). Os cálculos foram feitos para uma mesma linhagem de aves, com dados de janeiro/2003.
38
Tabela 5 - Comparativo de Custos de Produção de Frango de Corte (R$/kg frango vivo)
Sistema de Criação Custo (R$ por kg) TOTAL (R$) Custo
ração
Custo pintos 01
dia
Custo integrado
Outros custos
Convencional 0,551 0,188 0,108 0,069 0,917
Alternativo sem antibióticos, sem quimioterápicos e sem ingredientes de
origem animal
0,954
0,201
0,127
0,113
1,395
Orgânico ( * ) 1,503 0,201 0,152 0,113 1,969
Fonte: http://www.planetaorganico.com.br/TrabFrango.htm
Observações:
1- Matéria-prima de origem orgânica em C deve corresponder no mínimo a 85% da
formulação. O custo de ingredientes orgânicos (milho, soja, trigo, etc) é 70% superior
aos dos ingredientes produzidos convencionalmente.
1.1 - Custos de formulação maiores em B e C, devido ao não uso de produtos de
origem animal e conversão alimentar menos eficiente.
2 - Custos maiores devido à mortalidade mais elevada e peso médio menor em B e C.
3 - Tabela de remuneração mais flexível em B, devido a oscilações de resultados. Em
C, remuneração 20% superior devido à maior exigência de mão-de-obra.
4 - Custos adicionais em B e C como vacinas, probióticos, menor volume de frangos por
produtor, visitas técnicas e entregas de ração mais frequentes, etc.
( * ) Sistema orgânico de acordo com a Instrução Normativa nº 7, de 17/05/1999, do
Ministério da Agricultura.
É pertinente ainda um esclarecimento devido à grande confusão que ocorre com
relação aos tipos de carne de frango disponíveis, pois há que se considerar que um
custo relevante será, sem dúvida, o de conscientizar e esclarecer os consumidores
http://www.planetaorganico.com.br/TrabFrango.htm - Produção de Frango Orgânico - Desafios e Perspectivas – Site visitado em 10/02/2009.
39
O CUSTO DAS INSTALAÇÕES
O custo para implantação de um aviário tradicional com 100 a 120 m de
comprimento e 10,4 m de largura varia entre R$ 85.000,00 e 145.000,00, dependendo
do grau de tecnologia e tipo de equipamentos.
A seguir, na tabela abaixo, é apresentado o orçamento de um aviário
apresentado pela COTREL em junho de 2008, sendo que a terraplanagem e os
sistemas de abastecimento de água e esgoto não estão inclusos.
Normalmente a terraplanagem é feita pelas prefeituras municipais e o sistema de
abastecimento de água é por conta do agricultor e o sistema de energia elétrica é pago
pelo agricultor ou subsidiado pela companhia fornecedora.
Tabela 6 – Custo de Construção de aviário para 12.000 aves - Cotrel
ORÇAMENTO P/ CONSTRUÇÃO DE AVIÁRIOS P/ 12.000 AVES = 10,40 x 120 m
No UND. DESCRIÇÃO-MATERIAL UNITÁRIO TOTAL-R$ 1-MADEIRAS
84 PÇ Postes laterais de 20cm p/ 4mts de comprimento 9,60 806,40 84 PÇ Postes para o meio de 20cm p/ 5,20 mts de comprimento 14,40 1.209,60
160 PÇ Linhas de 12cm p/ 3,20 mts de comprimento 5,12 819,20 84 PÇ Travessas de 10cm p/ 3,5mts de comprimento 5,12 430,08 84 PÇ Travessas de 10cm p/ 4,5mts de comprimento 6,72 564,48
160 PÇ Mão francesa de 10cm p/ 1,30 mts 2,56 409,60 244 PÇ Caibros para telhado de 5X15cm p/ 7,0mts 9,92 2.420,48
5.200 MTS Ripas de 2,5X4,0cm 0,80 4.160,00 96 PÇ Tábuas de 30cm p/ 5,50mts 20,80 1.996,80 12 PÇ Travas de 10X4,0cm p/ 3,0mts de comprimento 8,00 96,00 14 PÇ Travas de 5X8,0cm p/ 5mts de comprimento 9,60 134,40 80 PÇ Pontaletes de 8,0cm p/ 3,0mts de comprimento 4,80 384,00 80 PÇ Travas para mureta de 8x5,0cm p/ 3,0mts de compri. 4,48 358,40
Sub-total 13.789,44 2-MURETAS
2.400 PÇ Tijolos de 6 furos 0,30 720,00 3 M3 Brita média 40,00 120,00
20 SC Cimento 35,00 700,00 6 M3 Areia média 40,00 240,00
12 SC Pozolit 5,00 60,00 Sub-total 1.840,00 3-TELHADO
40
26 MILH. Telhas de barro 450,00 11.700,00 Sub-total 11.700,00 4-PREGOS E FERRAGENS
30 KG Pregos - 23X60 6,00 180,00 40 KG Pregos - 21X45 6,00 240,00 20 KG Pregos - 19X39 6,00 120,00 40 KG Pregos - 18X30 6,00 240,00
2 KG Pregos - 12X12 6,00 12,00 2 KG Pregos - 15X18 6,00 12,00 8 PÇ Dodradiças grandes 6,00 48,00 6 PÇ Dodradiças médias 6,00 36,00 1 PÇ Porta cadeado 6,00 6,00 1 PÇ Cadeado grande 15,00 15,00 3 KG Grampo para tela 6,00 18,00
Sub-total 927,00 5-TELA
240 MTS Tela de 2,70mts de altura- malha No2 , arame No6 8,50 2.040,00 Sub-total 2.040,00 6-INSTALAÇÃO DE ÁGUA
2 CX Caixas de água de 1.000 lts 400,00 800,00 20 MTS Cano pvc ¾ 1,25 25,00
2 PÇ Flanges 1'' 8,00 16,00 2 PÇ Registros 1'' 20,00 40,00
40 PÇ Conecções e outros 1,50 60,00 Sub-total 941,00 7-INSTALAÇÃO DE LUZ
12 PÇ Lâmpadas fluorescentes de 40 wts 28,00 336,00 300 MTS Fios 2,5mm 1,25 375,00
1 PÇ Dijuntor de 15 amp. 10,00 10,00 2 PÇ Interruptores 5,00 10,00
40 PÇ Outros 1,20 48,00 Sub-total 779,00 8-MÃO-DE-OBRA
1.200 M2 Mão -de- obra 10,00 12.000,00 1 UND. Licenciamento 550,00 550,00 1 UND. Taxas 450,00 450,00
Sub-total 13.000,00 9-EQUIPAMENTOS
1 PÇ Máquina de aquecimento Automática 8.000,00 8.000,00 54 PÇ Chapas de eucatex de 0,60X2,75mts 12,00 648,00
300 PÇ Comedouros tubulares c/ bandeijas plasticas p/ pintos 15,00 4.500,00 1 PÇ Silo Metálico 5.000,00 5.000,00 1 CONJ Bebedouro nipel com 1bico para 10 frangos em 3 linhas 9.200,00 9.200,00 1 CONJ Cortinado externo completo 3.000,00 3.000,00
1200 M2 Cortinado para estufa 1,20 1.440,00 1 PÇ Lança chamas 25,00 25,00 1 PÇ Carrinho para transporte de rações 250,00 250,00
12 UND. Ventiladores de 0,5 cv 380,00 4.560,00
41
1 UND. Montagem 3.500,00 3.500,00 Sub-total 40.123,00
TOTAL 85.139,44 Fonte: COTREL- Junho 2008
Tabela 7 – Custo de construção de um galinheiro para frango caipira - Coopervita
ORÇAMENTO AVIÁRIO PARA CRIAÇÃO DE GALINHA CAIPIRA - COOPERVITA. Capacidade 700 aves / Tamanho: 18 x 5,5 m (99 m²) / Pé direito 2,80 m / Muro de material laterais. (tijolo 6 furo) / Coberto de brasilit 4 mm
Descrição Quant. R$ unit. R$ Total Madeira Tábuas de 15 cm – coberto 1 dz 170,00 170,00 Muro lateral tijolo 6 furo 21*14*9 450 0,22 99,00 Muro lateral cimento 3 Sc 17,50 52,50 Muro lateral Areião 1 Mts3 65,00 65,00 Muro lateral Cal 5 Sc 5,00 15,00 Coberto brasilit 4 mm 2,44 x 50 123 pç 5,80 713,40 Prego telheiro 3 Kg 8,50 25,50 Lona p/ cortinas + (corda, arame, isolador, tubo, argola...) 100 mts2 5,00 500,00 Lona frente e verso de 5,5 fixa c/ oitão 107,00 Cortina p/ forração pinteiro 50 mts2 2,50 125,00 Tela nº 4 108 mts2 7,00 756,00 Instalações elétricas 01 350,00 350,00 Instalações Hidráulicas (com caída d’água 3.000 L) 01 500,00 500,00 TOTAL OBRA CIVIL 3.478,00 Bebedouros pendular 20 15,00 300,00 Bebedouros infantil novo 20 8,00 160,00 Comedouros tubular adulto usado 10 15,00 150,00 Aquecedor tipo fornalha (a lenha) 1 750,00 750,00 Eucatex Fls 3 35,00 105,00 TOTAL EQUIPAMENTOS 1.465,00 ORÇAMENTO TOTAL 4.943,00 Fonte: COOPERVITA – novembro 2008.
2.7 PROCESSO DE INDUSTRIALIZAÇÃO DO FRANGO
A unidade industrial, chamada de abatedouro é composta por várias seções, cujo
número varia de empresa para empresa. No geral é possível se exemplificar conforme o
fluxograma da figura 4.
42
Figura 4 – Fluxograma do processo do frigorífico de aves
A descrição de cada uma das etapas que constam no fluxograma torna-se
importante para que se possa conhecer o processo técnico do abate e preparo do
frango até chegar ao consumidor final (as etapas sofrem pequenas variações entre as
empresas).
OBS: Nas agroindústrias familiares o fluxograma de abate também segue basicamente
os mesmos passos que uma agroindústria de grande porte descritos abaixo, porém
ocupando menos equipamentos e equipamentos de menor dimensão e mais simples,
não automatizados.
43
- As aves criadas para fins de abates são enviadas para o abatedouro com idade
aproximada de 45 dias na criação convencional (Frango industrial) e entre 80 e 120 dias
na criação alternativa (80 a 90 frango colonial e 80 até 120 dias para frango caipira). Os
meios de transporte utilizados são caminhões dotados de características próprias que
permitem ventilação adequada; as aves, em número de 6 a 9 são alojadas em gaiolas
plásticas, e descarregadas na plataforma de Recepção e empilhadas com espaçamento
de 50 cm de uma pilha para outra, e de 1,20 m entre um lote e outro, permanecendo
neste local no mínimo 2 horas para descanso antes de serem abatidas. As aves são
retiradas das gaiolas e dependuradas pelos pés nos ganchos da nória transportadora –
trilhos suspensos que percorrem toda a extensão do frigorífico, passando por todas as
etapas do processo - e conduzidas ao túnel de Sangria, onde são sangradas pelo
sistema automático com uma incisão na jugular.
- Após percorrer o túnel de sangria em tempo não inferior a 3 minutos, as aves
são conduzidas pela mesma nória ao tanque de Escaldagem, onde são escaldadas a
uma temperatura de 58ºC a 60ºC. Depois disso, as aves passam pela primeira
Depenadeira, logo a seguir pela segunda e posteriormente pela terceira, para,
finalmente, passar por uma depenagem manual que corrige as falhas das depenadeiras
mecânicas.
- Depois de depenadas, as aves passam para a seção de Evisceração através
de uma calha posicionada sobre um óculo. Nesta transferência é feito o corte das patas
que são limpas em máquina especial, em seguida passam por um chuveiro de
aspersão, para então terem acesso à calha de evisceração, onde as carcaças são
abertas, ficando as vísceras e os miúdos em condições de serem inspecionados.
- Após a inspeção são retirados os órgãos comestíveis (fígado e moela) para a
limpeza e pré resfriamento em chiller próprio (individuais), desprezando-se os restos
não comestíveis que são encaminhados diretamente para a seção de subprodutos
(graxaria); ainda na calha de evisceração retiram-se o esôfago, a traquéia e o pulmão.
- Após estas operações as aves são lavadas, externa e internamente, por
equipamentos instalados no final da calha de evisceração. Após a Lavagem final a
cabeça e o pescoço são secionados. Separa-se a carcaça, que são destinadas ao Pré-
resfriamento, que é realizado em dois estágios: pré-chiller e chiller. No setor de pré-
44
resfriamento, primeiro estágio, as carcaças são resfriadas com água hiperclorada (3 a 5
ppm) com renovação mínima de 2 litros por ave a uma temperatura não superior a
16ºC; no segundo estágio, as carcaças são pré-resfriadas com água gelada
hiperclorada (3 a 5 ppm) com renovação de 1,5 litro por ave e gelo em escamas, sendo
a temperatura da mesma entre 2ºC a 5ºC, permanecendo neste setor cerca de 40 min;
na saída, as carcaças são submetidas a uma temperatura de 7ºC na intimidade das
massas musculares.
- Após a saída do pré-resfriamento as carcaças são classificadas e
dependuradas na nória de respingo – Gotejamento – para eliminar o excesso de água
absorvida durante o processo de préresfriamento; ao saírem do gotejamento não
demonstram umidade superior a 8%, sendo logo a seguir encaminhadas para a sala de
cortes, climatizadas a uma temperatura de 12º.
- Após o processo de cortagem da carcaça, que se dá em mesa de aço inox
rolante de cone, os cortes obtidos são colocados em tambre de aço inox onde ocorre o
processo de tempero (quando temperado), sendo que a injeção é de no máximo 10%
sobre o peso da carne.
- A seguir, na Embalagem, os frangos, inteiros ou em pedaços, são colocados
em caixas de papelão interfolhadas com plástico de polietileno.
- As caixas são identificadas com etiquetas adesivas, colocadas em raque e
encaminhadas ao túnel de congelamento; após o congelamento são plastificadas em
túnel de encolhimento com polietileno e encaminhadas para a câmara de estocagem,
onde permanecem até a hora do embarque, a uma temperatura de – 18ºC.
Quanto às cinco atividades, localizadas no lado direito do Fluxograma 1
recolhimento de fezes, sangue, penas, e vísceras , são feitos por espécies de pequenos
canais colocados no piso do abatedouro, que são levados para os digestores, no
exterior do frigorífico, onde são processados.
Na figura 4 é representado esquematicamente o processo de industrialização do
frango.
45
2.8 APRESENTAÇÃO DE PERFIL ABATEDOURO FAMILIAR OU COMUNITÁRIO DE
FRANGO MDA/APACO – 2008
No perfil publicado, o MDA constata que a legislação vigente no país não indica
medidas padrão sobre as instalações da agroindústria, devendo esta adequar-se as
necessidades para garantia das boas práticas de abate, de acordo com a quantia de
animais que se pretende abater.
No perfil hora apresentado a construção civil é constituída de um total de 69,7 m²
de área de industrialização, mais 28,78 m² de área de vestiários, banheiros, escritório,
adequada ao Sistema de Inspeção Estadual, assim distribuída:
- Sala de Sangria, com área de 7,63 m²
- Sala de Escaldagem e Depenagem, com área de 13,26 m²
- Sala de Evisceração, Corte e Embalagem com área de 21,97 m²
- Sala de Almoxarifado, com área de 6,80 m²
- Sala de Expedição, com área de 6,30 m²
- Sala de congelamento, com área de 6,30 m²
- Escritório e banheiro, com área de 8,16 m²
- Escritório, com área de 5,10 m²
- Vestiário e banheiro masculino, com área de 5,10 m²
- Vestiário e banheiro feminino, com área de 5,10 m² PLANTA DO ABATEDOURO
Foto externa agroindústria Coopervita – Tapejara-RS
46
As máquinas e equipamentos que constituem a agroindústria referência são os
seguintes:
Equipamento 1: Aparelho de Sangria;
Equipamento 2: Tanque de Escaldagem;
Equipamento 3: Tanque para Carregamento;
Equipamento 4: Depenadeira;
Equipamento 5: Mesa para Evisceração;
Equipamento 6: Frezzer (Tanque de Reidratação);
Equipamento 7: Mesa de Gotejamento;
Equipamento 8: Mesa para Montagem e Embalagem;
Equipamento 9: Funil de Embalagem ;
Equipamento 10: Balança Eletrônica;
Equipamento 11: Frezzer;
Equipamento 12: Câmara de Congelamento (-18ºC) e Resfriamento (2 a 15ºC);
Equipamento 13: Utensílios Gerais.
OBS: Deve haver atenção especial quanto ao dimensionamento da(s) Câmara(s) de
congelamento e resfriamento, que deve ter capacidade de comportar as aves quando o
abatedouro estiver trabalhando com a capacidade máxima. Porém, para evitar
desperdício de energia com câmaras subutilizadas o ideal é que tenha vários
compartimentos que podem ser ligados separadamente.
O tempo aproximado, gasto por dia, para as tarefas de processamento na
agroindústria, é de 28 horas ou 3,5 homens/dia, assim distribuídas:
• Área suja (abate, sangria, escaldagem, depenagem e higienização) – 8 horas por
homem;
• Área limpa (evisceração, realização dos cortes, resfriamento, gotejamento,
embalagem). – 20 horas por homem;
47
Área de recepção e abate Área de depena Área de evisceração
Sistema de choque térmico Área de corte e embalagem Estocagem e câmara fria Fonte: fotos de agroindústria da Coopervita em Tapejara
Figura 5 - Representação esquemática do processo de industrialização do frango.
http://www.sefaz.ms.gov.br/cadeias/arquivos/01_avicultura.pdf - ESTUDO DAS CADEIAS PRODUTIVAS DE MATO GROSSO DO SUL: AVICULTURA - 2003 - Mara Huebra de Oliveira Gordin Me., UNAES - Prof. Ido Luiz Michels Dr., UFMS. Acesso em 2/11/2005.
48
A tabela a seguir traz o número de aves abatidas em 2008 no frigorífico de aves
da AURORA em Erechim. Entre os municípios do Alto Uruguai o que teve maior número
de aves batidas foi Severiano de Almeida com 3.840.384 aves, seguido de Barão de
Cotegipe com 3.443.820 aves e Aratiba com 3.443.820 aves, Erechim aparece em
quarto e Barra do Rio Azul em quinto. Junto com os municípios de Santa Catarina cujas
aves também destinam-se ao frigorífico de Erechim, foram abatidas no frigorífico
31.579.405 aves em 2008, num total de 88,31 toneladas.
Tabela 8 – Abate de aves por município – Coopervita.
ABATE DE AVES POR MUNICÍPIO – 2008
Município Nº Abate Peso Total Peso Médio Aratiba 3.443.820 9.429.841 2,738 Áurea 183.159 532.730 2,909 Barão de Cotegipe 3.656.136 10.299.300 2,817 Barra do Rio Azul 2.644.639 7.300.820 2,761 Benjamin Constant do Sul 41.303 104.130 2,521 Campinas do Sul 458.166 1.306.530 2,852 Centenário 444.711 1.250.010 2,811 Cruzaltense 579.489 1.655.520 2,857 Erebango 119.508 350.910 2,936 Erechim 3.067.160 8.695.248 2,835 Faxinalzinho 230.350 607.910 2,639 Gaurama 986.566 2.829.200 2,868 Getulio vargas 661.588 1.832.360 2,770 Ipiranga do Sul 189.736 509.800 2,687 Itatiba do Sul 426.494 1.200.771 2,815 Jacutinga 37.791 120.820 3,197 Marcelino Ramos 1.754.355 4.914.870 2,802 Mariano Moro 1.146.730 3.063.160 2,671 Maximiliano de Almeida 658.619 1.752.730 2,661 Paulo Bento 747.890 2.212.210 2,958 Ponte Preta 352.857 956.900 2,712 Quatro Irmãos 70.278 203.390 2,894 São Valentin 920.373 2.615.320 2,842 Severiano de Almeida 3.840.384 10.590.952 2,758 Três Arroios 1.958.774 5.564.838 2,841 Viadutos 1.916.604 5.427.568 2,832 Outros - S/C 1.041.925 2.986.380 2,866
TOTAL 31.579.405 88.314.218 2,797 Fonte: Cotrel - Depto. de Aves
49
Nas agroindústrias familiares não é feita a separação mecânica da carne, sendo
que partes menos nobres, como o dorso, têm sido vendidas por menor preço ou doadas
para pessoas com menor poder aquisitivo ou obras de caridade.
2.9 MERCADO
2.9.1 Estrutura de Mercado e Formação de Preço
Para SPÍNOLA e TROSTER, 2004, ao observar os sete principais elos da cadeia
produtiva da avicultura - avozeiro, matrizeiro, incubatório, aviário, frigorífico, varejista e
consumidor final, observa-se que as relações existentes entre eles apresentam
conotações diferenciadas, em função do grau de poder/força e, conseqüentemente, do
grau de subordinação existente entre eles. É possível, portanto, inseri-los dentro de
estruturas específicas, e analisar, sob a ótica da teoria, tais especificidades inerentes à
estrutura de mercado, caracterizando a cadeia, como mostra a Figura abaixo. Nesta
Figura, identifica-se quem forma o preço no mercado e quem é o tomador de preço.
Estas estruturas estarão definidas e explicadas nos próximos tópicos deste trabalho.
50
Figura 6 – Estrutura de mercado e formação de preço
http://www.sefaz.ms.gov.br/cadeias/arquivos/01_avicultura.pdf ESTUDO DAS CADEIAS PRODUTIVAS DE MATO GROSSO DO SUL: AVICULTURA - 2003 - Mara Huebra de Oliveira Gordin Me., UNAES - Prof. Ido Luiz Michels Dr., UFMS. Acesso em 2/11/2005.
51
3. FRANGO DE CORTE NO MERCADO INTERNACIONAL
O Brasil, como demonstrado na tabela abaixo ocupava o terceiro lugar na
produção mundial de frango em 2007, com uma produção estimada em torno de 10
milhões de toneladas, sendo superado apenas pelos Estados Unidos e pela China.
A produção mundial de carne de frango, segundo o United States Department of
Agriculture (USDA), registrou em 2007 um aumento de 6,2%, passando de 64 milhões
de toneladas para 68 milhões de toneladas. A produção do Brasil em 2007 foi de 10,2
milhões de toneladas, resultado que manteve o país no terceiro lugar entre os maiores
produtores mundiais, atrás somente de Estados Unidos e China, que apresentaram
produção de 16,2 e 11,5 milhões de toneladas respectivamente.
http://www.abef.com.br/Relatorios_Anuais.php# - relatório abef 2007/2008 – site acessado em 15/03/09.
Tabela 9 – Produção mundial de carne de frango em mil toneladas
PRODUÇÃO MUNDIAL DE CARNE DE FRANGO EM MIL TONELADAS
ANO EUA CHINA BRASIL UE MÉXICO MUNDO
1999 13.367 8.550 5.526 6.614 1.784 47.554
2000 13.703 9.269 5.977 7.606 1.936 50.097
2001 14.033 9.278 6.736 7.883 2.067 52.303
2002 14.467 9.558 7.517 7.788 2.157 54.155
2003 14.696 9.898 7.843 7.512 2.290 54.282
2004 15.286 9.998 8.494 7.627 2.389 55.952
2005 15.869 10.200 9.200 7.736 2.498 59.092
2006 16.162 10.350 9.336 7.425 2.610 60.090
2007 16.211 11.500 10.246 8.111 2.730 67.753
2008* 16.558 12.500 10.895 8.200 2.825 70.748
Fonte: USDA / ABEF * Preliminar
Em termos de consumo o Brasil alcança a quarta posição, com consumo
estimado em 7.120 mil toneladas, como mostra a tabela.
52
Tabela 10 – Consumo muncial de carne de frango
CONSUMO MUNDIAL DE CARNE DE FRANGO
PRINCIPAIS PAÍSES ( 2000 - 2007** )
Mil toneladas
ANO EUA CHINA UNIÃO EUROPÉIA
BRASIL MÉXICO MUNDO
2000 11.474 9.393 6.934 5.110 2.163 49.360
2001 11.558 9.237 7.359 5.341 2.311 50.854
2002 12.270 9.556 7.417 5.873 2.424 52.846
2003 12.540 9.963 7.312 5.742 2.627 52.903
2004 13.081 9.931 7.280 5.992 2.713 54.172
2005 13.428 10.088 7.503 6.612 2.871 57.339
2006* 13.817 10.370 7.405 6.622 3.010 58.888
2007** 13.901 10.585 7.490 7.120 3.148 59.744
Fonte: USDA / ABEF * Preliminar ** Previsão
O Brasil conquistou em 2004 o primeiro lugar absoluto nas exportações, tanto em
receita cambial quanto em volume exportado. As vendas somaram US$ 2,6 bilhões,
correspondendo a um crescimento de 44% sobre 2003. E os embarques totalizaram
2,470 milhões de toneladas, 26% acima do verificado no ano anterior.
“Esse desempenho representa um verdadeiro atestado de qualidade e sanidade para o
nosso produto, da parte dos mais variados e exigentes importadores. Os exportadores
brasileiros conquistaram 20 novos mercados em 2004 e ampliaram para 142 a relação
de clientes”, explica Júlio Cardoso, Presidente da Associação Brasileira dos Produtores
e Exportadores de Frangos – ABEF. Conforme Júlio Cardoso, sustentar a liderança
será mais difícil do que foi conquistá-la. Seu argumento é que alguns dos principais
concorrentes no mercado, como Tailândia, China e Estados Unidos, que tiveram sérios
problemas sanitários, terminarão superando essas dificuldades. Ele prevê que as
condições de mercado serão diferentes em 2005. “Por isso mesmo, faremos todos os
esforços, juntamente com os órgãos governamentais envolvidos em nosso negócio,
para que o frango brasileiro continue sendo cada vez mais reconhecido em seus
diversos atributos e siga ampliando sua presença na mesa dos consumidores mais
exigentes de todas as partes do mundo. Este será nosso maior desafio em 2005”,
enfatiza o presidente da ABEF. Segundo Cardoso, outro importante desafio será a
53
criação de instrumentos preventivos como fundos/seguros indenizatórios para os
produtores integrados, tendo em vista manter problemas sanitários e doenças longe do
território brasileiro.
(http://www.uba.org.br/ - Relatório 2004/2005 acessado em 15/03/2009)
Com embarques de 7,2 milhões de toneladas, as exportações mundiais
registraram aumento de 11,4% em 2007. O Brasil teve participação de 45% nessas
vendas no mercado internacional, mantendo sua posição de maior exportador mundial
de carne de frango. Enquanto isso, os Estados Unidos, ocupando o segundo lugar no
ranking, registraram aumento de 10,8% nas vendas, que totalizaram 2,6 milhões de
toneladas.
(http://www.abef.com.br/Relatorios_Anuais.php# - relatório abef 2007/2008 – site acessado em 15/03/09)
Tabela 11 – Exportação Mundial de Carne de Frango nos principais países.
EXPORTAÇÃO MUNDIAL DE CARNE DE FRANGO PRINCIPAIS PAÍSES ( 2000 - 2008* )
Mil toneladas
ANO BRASIL EUA UNIÃO EUROPÉIA
TAILÂNDIA CHINA MUNDO
2000 907 2.231 774 333 464 4.856
2001 1.265 2.520 726 392 489 5.527
2002 1.625 2.180 871 427 438 5.702
2003 1.960 2.232 788 485 388 6.023
2004 2.470 2.170 813 200 241 6.055
2005 2.846 2.360 755 240 331 6.791
2006 2.713 2.454 620 280 350 6.470
2007 3.287 2.618 623 297 358 7.236
2008* 3.570 2.722 620 320 400 7.722
Fonte: USDA / ABEF * Preliminar
Apesar da tendência mundial histórica positiva para o frango de corte, no
programa Globo Rural da TV Globo no dia 29/03/09 foi veiculada matéria que
constatava uma retração no comercio mundial do frango, devido à crise econômica que
assola o mundo. Com isso, a retração estimada das exportações brasileira no primeiro
trimestre de 2009 foi estabelecida em 4,4% com relação ao mesmo período de 2008.
54
Os agricultores estavam queixando-se que as integradoras, de forma arbitrária
diminuíram o alojamento, através do aumento do vazio sanitário (período entre o
recolhimento das aves prontas até o alojamento de novo lote de pintinhos) de 15 dias
para 34 dias. Com isso o número de lotes terminado no ano deve passar de 6 lotes
para 5 lotes. Se avaliados os números, isso significa que o agricultor que tem um aviário
de 12 mil frangos deixará de receber um valor bruto de R$ 11.100,00 no ano.
Além disso, segundo o agricultor entrevistado no programa, a integradora havia
aumentando o prazo de pagamento dos frangos de 30 para 90 dias, significando
dificuldades para os agricultores integrados cumprirem seus compromissos.
55
4. FRANGO DE CORTE NO MERCADO BRASILEIRO
O gráfico da figura 7 mostra a evolução a evolução Brasileira da produção de
carne de frango ao longo dos anos, nota-se que sempre foi crescente a produção de
carne de frango.
Figura 7 - Gráfico - Evolução Brasileira da produção de carne de frango (em 1.000
toneladas)
(http://www.uba.org.br/ - Relatório 2004/2005 acessado em 15/03/2009)
No primeiro trimestre de 2006 a avicultura brasileira atravessou dificuldades, mas
após iniciou-se uma recuperação de mercado, encerrando o ano num bom momento,
encerrando o ano com estoques normais de carne de frango. Em 2007, o mercado
interno portou-se com demanda bastante equilibrada com a produção, apresentando
consumo médio de 580 mil toneladas/mês e alcançando demanda anual de 6,960
milhões de toneladas, com ganhos de 5% sobre o ano anterior, mantendo o consumo
per capita acima de 37,8 kg por habitante/ano. Esse pujante mercado interno é a
grande garantia do setor avícola, pois permite uma produção mensal estável. Na área
externa, com a volta da normalidade do mercado, os clientes, com baixos estoques
internacionais devido à retração de compras de 2006, foram obrigados a refazer suas
reservas.
56
As exportações brasileiras recuperaram as perdas e ampliaram suas vendas,
atingindo um crescimento, em volumes, da ordem de 21%. Foi importante também a
recuperação de preços, que alcançou aumento de 28% sobre a média obtida em 2006,
corrigindo, assim, a desvalorização cambial e repondo as perdas do ano anterior.
Foram embarcadas 3,286 milhões de toneladas com receitas de 4,976 bilhões de
dólares nas exportações totais de carne e produtos de frango.Em 2007 foram
produzidas 10,246 milhões de toneladas de carne de frango, com o expressivo
crescimento de 9,75% sobre o ano anterior, números alcançados com abates da ordem
de 4,84 bilhões de cabeças. Assim, o ano foi bom, terminando melhor do que começou.
Fator muito importante foi a manutenção da sanidade avícola, com a presença
continua do MAPA, Secretarias de Agricultura dos Estados produtores e participação
ativa do setor privado, que bem soube trabalhar com a biosseguridade desejada,
zelando, de maneira eficiente, pelo enorme plantel brasileiro. A implementação do
Plano de Regionalização da Avicultura Brasileira foi iniciada com as auditorias e
classificação das estruturas sanitárias dos estados, caminhando assim, nossa
avicultura, para melhor controle e garantia da produção nacional.
Foi sentida, no final de 2007, preocupação no setor com os atuais estoques de
milho, pois suas exportações superaram todas as previsões, atingindo perto de 11
milhões de toneladas, deixando um estoque de passagem muito ajustado.
A produção ajustada de milho, acompanhada de grande exportação devido aos
bons preços internacionais tem sido constante preocupação para os produtores de
carnes no Brasil.
(http://www.uba.org.br/ - Relatório 2007/2008 acessado em 15/02/2009)
57
Figura 8 - Produção de carne de frango no Brasil em 2008.
Obs.: Os números entre círculos indicam a variação percentual sobre o mesmo períododo ano anterior.O per capita foi estimado considerando a população brasileira de 187 milhões de habitantes.As exportações de industrializados de frango estão inclusas no volume exportado.Fonte: Anuário ABEF 2007/2008
CARNE DE FRANGOJAN/DEZ 2008
Total de Aves Produzidas
Toneladas
7.15%
1.952.209.4423.223.346.479
38.921 Kg
7.36%
15.97%
3.56%
1.86%
A tabela 12 demonstra que entre as maiores empresas na cadeia do frango no
Brasil, 7 atuam na região sul do país e 6 destas atuam no RS, sendo que a Aurora, que
atualmente é a única grande agroindústria atuante no Alto Uruguai aparece em sétimo
lugar, com uma participação de 2,35% da produção nacional.
Tabela 12 - Abate de Frango no Brasil 2006/2007 - 10 Maiores empresas em 2007.
Posição Empresa Aves (cabeças) Crescimento Participação
2006 2007 2007 2006 Cabeças % % em 2007
(1) 1 Sadia SC-PR-MG-MT-RS-DF 729.058.000 645.452.443 83.605.557 12,95 15,07 (2) 2 Perdigão SC-RS-PR-GO-MT 605.209.303 530.111.245 75.098.058 14,17 12,51
(3) 3 Seara SC-PR-SP-MS 270.170.765 257.490.544 12.680.221 4,92 5,59 (4) 4 Doux Frangosul RS-MS 255.941.470 214.471.190 41.470.280 19,34 5,29
(5) 5 Eleva RS-MS-BA 198.182.799 174.299.179 23.883.620 13,70 4,10
(8) 6 Diplomata RS-MS-BA 130.952.274 87.636.118 43.316.156 49,43 2,71 (7) 7 Aurora SC-RS-MS 113.813.408 108.743.902 5.069.506 4,66 2,35 (6) 8 Dagranja PR-MG 104.234.195 114.665.884 (10.431.689) (9,10) 2,15
(14) 9 Big Frango/Jandelle PR 75.887.785 49.152.408 26.735.377 54,39 1,57 (9) 10 Penabranca SP 71.622.790 75.173.127 (3.550.337) (4,72) 1,48
Fonte: uba_rel08_internet.pdf - consultado em 15/02/2009.
58
4.1 O MERCADO DE FRANGO DE CORTE NA MESORREGIÃO GFM
O conjunto das Agroindústrias de carne do Sul do Brasil vem, desde o final dos
anos 80, promovendo um intenso esforço de reorganização produtiva. O processo de
reestruturação, perseguido pelas empresas, foi condicionado pela introdução de novas
tecnologias (equipamentos automatizados, biotecnologia, entre outras) que, por sua
vez, resultaram no rebaixamento dos custos produtivos, nos movimentos de fusões, nas
aquisições e parcerias, na relocalização da capacidade produtiva, no lançamento de
novos produtos e nas novas relações de trabalho. Merecem destaque, nas novas
relações de trabalho, o redimensionamento de quadros via dispensa de mão-de-obra,
terceirização e novos métodos de gestão da força de trabalho.
A porção Sul do território brasileiro, composta pelos estados do Paraná, Santa
Catarina e Rio Grande do Sul, vem, desde o final do século XIX e das primeiras
décadas do século XX, constituindo-se como um dos maiores pólos de frigorificação de
carne suinícula e avícola do Brasil. Nascidas a partir de pequenos empreendimentos,
empresas como Sadia, Perdigão, Chapecó, Avipal, Frangosul, Aurora, entre outras,
partiram agressivamente para um intenso processo de modernização tecnológica que
propiciou a inserção competitiva do Brasil no mercado mundial de proteínas animal,
deslocando, por vezes, países como Holanda, EUA e França, que necessitam
regularmente de fortes subsídios para poder competir no mercado internacional.
(http://www.ub.es/geocrit/sn/sn119-85.htm - TECNOLOGIA E NOVAS RELAÇÕES DE TRABALHO NAS AGROINDÚSTRIAS DE CARNE DO SUL DO BRASIL-1 de agosto de 2002; Carlos José Espíndola)
As agroindústrias de carnes integram a atividade rural às cidades, ajudando na
fixação do homem no campo e minimizando os problemas impostos pelo êxodo rural
aos centros urbanos. Além disso, contribuem na geração de tributos federais, estaduais
e municipais, especialmente por agregar em valor à produção primária, além de
aquecerem a economia dos municípios pelo efeito multiplicador nas atividades a elas
ligadas indiretamente, bem como no segmento de prestação de serviços.
http://www.ufrgs.br/pgdr/dissertacoes/ecorural/mecorural_costa_n203.pdf - INTEGRAÇÃO REGIONAL E
SEUS EFEITOS SOBRE AS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE CARNE AVÍCOLA - Thelmo Vergara
De Almeida Martins Costa)
59
4.2 RIO GRANDE DO SUL
O Rio Grande do Sul ocupa hoje posição privilegiada no contexto da avicultura
brasileira. Terceiro maior produtor de carne de frango do País, o Estado obteve um
faturamento de R$ 1,2 bilhão com a atividade avícola em 2001. Com um plantel de 60
milhões de pintos de corte e 25 milhões de poedeiras comerciais, a avicultura gaúcha
registrou uma produção de 900 mil toneladas de carne de aves e 3,3 milhões de caixas
(de 30 dúzias) de ovos comerciais no último ano. Em 2001, o estado assinalou um
alojamento de 587,4 milhões de pintos de corte e foi responsável pelo abate de 559
milhões de aves. O consumo per capta de carne de frango é de 31,8 quilos anuais, um
dos maiores do País.
Durante o ano passado, o Rio Grande do Sul enviou para o mercado externo 347
mil toneladas de carne de frango, tendo como principais importadores os países da
União Européia, Oriente Médio e Mercosul. As vendas externas renderam ao Estado
US$ 365,8 milhões.
Composta predominantemente por pequenas e médias propriedades, a
avicultura gaúcha é de fundamental importância para o desenvolvimento econômico e
social do estado. "A avicultura gaúcha é responsável pela atividade e estabilidade de
oito mil famílias de produtores integrados de frango de corte e 180 mini e pequenos
produtores de ovos comerciais", afirma Paulo D'Arrigo Vellinho, presidente da
Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav). O setor avícola é responsável ainda pela
geração de 820 mil empregos diretos e indiretos. Uma das principais atividades
pecuárias do estado, a avicultura participa com cerca de 5% PIB agrícola gaúcho.
60
5. CONSUMIDOR DE FRANGO DE CORTE
Observa-se que no período de 1986 a 2004, o consumo per capita de carne de
frango passou de cerca de 10 kg para perto de 35 kg /ano, quase igualando a
quantidade consumida de carne bovina. Então, pode-se afirmar que estamos passando
de um país preponderantemente consumidor de carne bovina para um país consumidor
também da carne de frango. Por outro lado a demanda pela carne bovina tem
apresentado oscilações, porém desde 1990 observa-se uma variação entre 35 e 40 kg
/ ano e a partir de 1998 uma estabilidade ainda maior, entre 35 e 37 kg / ano. O
consumo das carnes de suínos tem ao longo dos anos apresentado um discreto
crescimento, porém constante. Conclui-se que o hábito de consumo do brasileiro
mudou, mas a substituição entre as diferentes carnes foi apenas relativa e não
absoluta. Ocorreu crescimento na quantidade total consumida per capita e nos três
tipos de carnes aqui analisadas.
Principalmente o preço, junto com a qualidade do produto ofertado no mercado e a
facilidade no seu preparo, importante nos dias de hoje, contribuiu para o excepcional
crescimento do consumo interno da carne de frango. A evolução do consumo per capita
demonstra esse excelente desempenho, conforme mostrado na Figura 6. Em média, a
partir de 1986 o consumo de carne de frango do brasileiro cresceu 1,34 kg/hab/ano. No
período apenas nos anos de 1988, 1996 e 2003 ocorreu queda no consumo per capita
em relação ao ano anterior, mas observa-se claramente uma tendência de crescimento
acentuada.
61
Figura 9 – Gráfico - Consumo per capta de carne de frango e ovos no Brasil.
Fonte: UBA/ABIPECS/ABEF/CNPC http://www.aviculturaindustrial.com.br/site/dinamica.asp?id=12024&tipo_tabela=produtos&categoria=frango_de_corte - Estudos da Embrapa - Situação atual e tendências para a avicultura de corte nos próximos anos - fonte: Por Ademir Francisco Girotto e Marcelo Miele - acesso em 01/11/2004.
62
6. PERFIL DO CONSUMIDOR
6.1 CULTURA E HÁBITO DE CONSUMO
Embora o consumo de carne de frango seja um hábito consolidado no Brasil,
certamente não se trata de um mercado saturado, até porque o Nordeste ainda não tem
o hábito de consumir carne de frango. Estima-se que um terço da população brasileira
esteja fora do mercado de carnes. Isto significa uma parcela substancial de
consumidores a serem incorporados ao mercado de frangos, decorrente de uma
retomada de crescimento econômico ou de uma melhora na distribuição da renda
doméstica, como pode ser constatado pela análise do Quadro 1. A alta elasticidade
observada quanto ao consumo de carne industrializada e a média elasticidade para o
frango inteiro, entre pessoas com renda até 1 s.m. significa que qualquer melhoria de
renda para estas pessoas refletirá em maior consumo da carne de frango.
http://www.seprotur.ms.gov.br/Seprotur/camarasetorial.htm - ESTUDO DAS CADEIAS PRODUTIVAS DE MATO GROSSO DO SUL AVICULTURA Campo Grande 2003; acesso em 26/10/2005
6.2 PREÇO E CONSUMO
No Brasil, especificamente, o preço é variável fundamental de decisão de compra
por parte do consumidor. Os principais produtos industrializados, que, por possuírem
maior valor agregado, são utilizados pelas empresas mais modernas para atender à
parcela da população com maior poder aquisitivo, são: presuntos, hambúrguer, pastas,
pedaços empanados, salsichas, etc.
(http://www.finep.gov.br/PortalDPP/relatorio_setorial_final/relatorio_setorial_final_impressao.asp?lst_setor=13 RELATÓRIO SETORIAL – FINAL; SETOR: CARNES ;PESQUISADOR: GIULIANA SANTINI DATA: 26/04/2004. acesso em 24/10/2005)
Segundo o BNDES (1995, p.15) em estudos baseados na elasticidade-renda da
demanda para carnes, peixes e ovos, percebe-se que a classe de renda mais baixa -
até 5 salários mínimos tem um consumo restrito para carne bovina de primeira e para
63
carne industrializada, como se observa no Quadro 1. Tal fato ocorre por ser alta a
elasticidade-renda da demanda para aqueles produtos, significando que o consumo dos
mesmos cresce consideravelmente com a elevação da renda dos que ganham até 5
s.m.. O conceito de elasticidade-renda mostra que os produtos citados têm seu
consumo condicionado ao aumento de renda da população: aumento de renda,
resposta positiva ao consumo; achatamento de renda, restrição ao consumo. Tal
restrição é menor para frango, ovos e carne de segunda, e praticamente nula para
carne de suíno. Na faixa de 5 a 10 s.m. não se verifica restrição significativa ao
consumo de nenhum tipo de carne. De qualquer forma, a carne bovina de primeira e a
carne industrializada são os produtos que apresentariam maior aumento de demanda
com o aumento da renda destas famílias. No terceiro extrato de renda - 10 a 15 s.m. -
não se observa aumento significativo da procura de qualquer tipo de carne, indicando
que as necessidades de consumo se estabilizam a partir de um certo ponto, não
importando quanto se aumente a renda.
Quadro 1 – Elasticidade renda da carne de frango
FONTE: Revista Nacional da Carne NOTA: Quadro citado em BNDES. Avicultura.Brasília, Ago. 1995. Relatório setorial
64
7. TENDÊNCIAS
O avanço no comércio de aves deverá ser da ordem de 3% ao ano, frente a 16%
alcançados na década de 1990, porém, ele responderá por metade do aumento no
comércio mundial de carnes. Deverá ser mantida também a tendência de substituição
das demais carnes pela de aves, que atingirá 32% do consumo de carnes no mundo
em 2010, frente a 25% no início dos anos 90. Brasil, Tailândia e China estarão se
destacando como os principais vendedores mundiais nos próximos ano, enquanto Ásia
e América Central serão os maiores compradores.
(http://www.anuarios.com.br/port/2005/aves_suinos/versao_pdf_03.php# - mercado pdf )
Para 2005, (figura 10), a UBA, baseada nos investimentos programados pelas
indústrias, no alojamento de matrizes em 2004 e em suas projeções para 2005, assim
como no potencial de produção de pintos e na capacidade de criar e abater, estima um
abate de 4,32 bilhões de aves para atender à previsão de aumento do mercado interno
em 3,5% e das exportações em 10 %. Isso deverá levar a uma produção total de 8,950
milhões de toneladas, 5,4% maior que a de 2004. “Por isso mesmo, faremos todos os
esforços, juntamente com os órgãos governamentais envolvidos em nosso negócio,
para que o frango brasileiro continue sendo cada vez mais reconhecido em seus
diversos atributos e siga ampliando sua presença na mesa dos consumidores mais
exigentes de todas as partes do mundo. Este será nosso maior desafio em 2005”,
enfatiza o presidente da ABEF. O Diretor Executivo da ABEF, Cláudio Martins, explica
que para 2005 a ABEF tem como objetivo atingir um crescimento de até 10% nos
volumes e de 15% na receita cambial. “O mais importante, porém, será manter a inédita
posição de maior exportador mundial em receita e em volumes embarcados. E, para
isso, será necessário ter sempre o foco na importância da sanidade avícola”, ressalta.
Martins lembra os problemas sanitários de 2004 em alguns dos principais países
concorrentes e diz que será preciso redobrar a atenção e, ao lado do Governo Federal,
ampliar os investimentos, como forma de garantir a qualidade e a sanidade do produto
brasileiro. Quanto à abertura de novos mercados em 2005, ele cita como possibilidades
a China, Coréia do Sul, Estados Unidos, México, Malásia e Chile.
65
Figura 10 - Produção de carne de frango - previsão para 2005.
Obs.: O consumo per-capita foi estimado considerando a população brasileira de 2005
projetada em 184,2 milhões de habitantes. Os números dentro dos círculos indicam a
variação percentual sobre o mesmo período do ano anterior. No volume relativo ao
mercado externo não estão computadas as exportações de industrializados de frango.
Fonte: UBA/ABEF.
(http://www.uba.org.br/ - Relatório Anual 2004/2005 - acessado em 01/11/2005)
Estima-se que os atuais baixos índices de consumo per capita (tanto de frangos
quanto de outras proteínas) irão crescer nos países em desenvolvimento. Confirmando-
se expectativas favoráveis para o crescimento econômico para esta década, o aumento
do consumo de carne de frango deve se concentrar nesses países (Tabela 4). Apesar
de um pouco diferentes, as previsões da OCDE também confirmam essa diferença
entre países, com um crescimento do consumo de carne de aves maior nos países em
desenvolvimento (2,5% a.a.) do que nos países da OCDE (1,7% a.a.).
66
Tabela 13 - Estimativa de consumo para carne de aves (mil ton).
*Para os EUA a projeção é para até 2013. Fonte: USDA, 2004; para os EUA a fonte é OCDE
Entretanto, o mais importante é que se mantém a tendência de substituição das
demais carnes pela de ave, que atingirá 32% do consumo de carnes no mundo em
2010, frente a 25% no início dos anos 1990 (FAO).
http://www.aviculturaindustrial.com.br/site/dinamica.asp?id=12024&tipo_tabela=produtos&categoria=frango_de_corte - acesso em 21/10/2005 - Estudos da Embrapa - Situação atual e tendências para a avicultura de corte nos próximos anos,
O uso crescente de alimentos industrializados prontos e semiprontos possibilita o
aumento, nos grandes centros urbanos, do segmento de fast-food, permitindo
instalações de centros de alimentação em shopping centers e possibilitando o sistema
de licença franchising, impondo, enfim, um novo estilo de consumo, em que é
privilegiado o uso de alimentações rápidas e de fácil preparo.
http://www.ufrgs.br/pgdr/dissertacoes/ecorural/mecorural_costa_n203.pdf - acesso em 01/11/2005 INTEGRAÇÃO REGIONAL E SEUS EFEITOS SOBRE AS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE CARNE AVÍCOLA-Dissertação submetida como requisito parcial para obtenção do Titulo de Mestre em Economia Rural - UFRGS. Thelmo Vergara De Almeida Martins Costa. Porto Alegre, abril de 1999
67
O crescimento na produção de carne de aves é acompanhado por uma maior
diversificação de produtos, com maior elaboração de itens de conveniência, praticidade
e valor agregado, em detrimento da comercialização de carcaças inteiras e/ou cortes.
Esta tendência ocorre em razão da mudança de hábitos da população, já que a
praticidade, conveniência, qualidade nutritiva e segurança alimentar, com preços
acessíveis, são condições básicas para os negócios na área da alimentação. Sob este
aspecto, a carne de frango tem vantagens, pois além de apresentar as referidas
características, não sofre restrições religiosas e culturais.
http://www.dipemar.com.br/carne/331/materia_artigo_carne.htm - Atualidades na qualidade da carne de
aves- Rubison Olivo; acesso em 25/10/2005
68
8. AGENTE VAREJISTA
O sistema de distribuição de frango e derivados consiste de unidades atacadistas
e de unidades de comércio varejista. Devido à perecibilidade do produto, as unidades
atacadistas são controladas pela firma proprietária do frigorífico/abatedouro, via
integração ou concessão de franquias. Sua estrutura consiste de filiais nos principais
centros consumidores, com câmaras frias, frota de veículos para distribuição local e
equipe de vendedores. Já as unidades de comércio varejista são independentes.
Geralmente, o fluxo de produtos se dá diretamente dos abatedouros para grandes
estabelecimentos de varejo, ou, no caso de exportação, diretamente para os navios
com containers fechados e inspecionados no próprio abatedouro.
(http://www.finep.gov.br/PortalDPP/relatorio_setorial_final/relatorio_setorial_final_impressao.asp?lst_setor=13 RELATÓRIO SETORIAL – FINAL; SETOR: CARNES ;PESQUISADOR: GIULIANA SANTINI DATA: 26/04/2004. acesso em 24/10/2005)
Na distribuição varejista dos produtos avícolas, a importância dos
supermercados é crescente, constituindo-se no terceiro elo forte da cadeia produtiva do
frango. Tal comportamento ocorre porque os supermercados negociam com as
agroindústrias em posição de força, exigindo prazos de pagamentos longos e
escolhendo fornecedores que ofereçam bons preços. O mesmo comportamento não é
observado quando se trata de grandes frigoríficos, que têm marcas conhecidas do
público, como a Sadia, por exemplo. As condições de pagamento oferecidas pelos
frigoríficos aos pequenos varejistas, especialmente no que se refere a prazos de
pagamento, são menos vantajosas que as oferecidas aos supermercados. Segundo
SPROESSER (1995, p.34), o mercado do varejo de alimentos brasileiro é dominado por
grupos de grandes empresas modernas, regionalmente estabelecidos, coexistindo com
pequenas firmas de cunho tradicional que participam modestamente deste mercado,
ocupando espaços marginais e/ou menosprezados, pelo segmento moderno do setor.
Adicionalmente, observa-se nos veículos de comunicação a propaganda das
qualidades e vantagens oferecidas por determinadas empresas do setor. Tais
características – grupo dominante, diferenciação de produto e coexistência com firmas
marginais - são coerentes com as hipóteses associadas ao modelo teórico de
69
oligopólio. A negociação com as grandes redes de supermercados não é divulgada.
Informalmente é dito que a barganha, junto aos frigoríficos menores, muitas vezes
passa pela ameaça de “não compra” por períodos de 6 meses ou mais, caso a
reivindicação do comprador não seja atendida. Desta forma, conclui-se que, o poder do
distribuidor de estabelecer preços e margens de lucro é uma realidade concreta.
http://www.sefaz.ms.gov.br/cadeias/arquivos/01_avicultura.pdf - ESTUDO DAS CADEIAS PRODUTIVAS DE MATO GROSSO DO SUL: AVICULTURA - 2003 - Mara Huebra de Oliveira Gordin Me., UNAES - Prof. Ido Luiz Michels Dr., UFMS. Acesso em 2/11/2005.
E, por fim, encontra-se o consumidor final, que, pela mudança de seus hábitos
de consumo, determina as condições de demanda.
http://www.ufrgs.br/pgdr/dissertacoes/ecorural/mecorural_costa_n203.pdf - acesso em 01/11/2005 INTEGRAÇÃO REGIONAL E SEUS EFEITOS SOBRE AS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE CARNE AVÍCOLA-Dissertação submetida como requisito parcial para obtenção do Titulo de Mestre em Economia Rural - UFRGS. Thelmo Vergara De Almeida Martins Costa. Porto Alegre, abril de 1999.
70
9. O AMBIENTE INSTITUCIONAL
Considera-se como ambiente institucional o conjunto de normas, leis,
regulamentos, organizações de suporte e mecanismos de políticas públicas que afetam
as condições em que se desempenham as atividades de uma cadeia produtiva. A
seguir serão apresentados elementos do ambiente institucional que exercem influência
na cadeia produtiva de frango de corte.
No ambiente institucional estão presentes:
a) Ministério da Saúde, através da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância
Sanitária) que tem a finalidade institucional de promover a proteção da saúde da
população por intermédio do controle sanitário da produção e da comercialização de
produtos e de serviços submetidos à vigilância sanitária, inclusive dos ambientes,
dos processos, dos insumos e das tecnologias a eles relacionados.
b) Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, através do
INMETRO (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial)
que faz a fiscalização de pesos e de medidas.
c) Ministério do Meio Ambiente, através do IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e Recursos Naturais) que faz a fiscalização do uso dos recursos
naturais,como lenha, etc....
d) Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão através do IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística) que realiza levantamentos estatísticos,
provendo dados e informações a respeito da cadeia produtiva.
e) Ministério da Fazenda através da Secretaria da Receita Federal, que executa a
cobrança dos impostos federais.
f) Ministério da Agricultura, através da EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária), atua na região executando pesquisa sobre insumos, matéria-prima,
produção.
g) Secretaria Estadual da Fazenda, faz a cobrança dos impostos estaduais.
71
h) Secretaria Estadual da Saúde, faz a fiscalização sanitária nas indústrias.
i) Secretaria Estadual do Meio Ambiente – DEFAP – SEMA – Que fiscaliza as
questões ambientais tanto na produção rural como nas agroindústrias.
72
10. PESQUISA
As pesquisas estão voltadas a eventuais casos de micoplasma, salmonela,
dermatites e outros fatores que geram condenação de carcaça nos frigoríficos. Dentre
os desafios da pesquisa para 2005, há um projeto, recém-aprovado, para estudo de
epidemiologia molecular com o vírus da influenza aviária. Este programa, pela sua
importância, é um grande passo a ser empreendido pelos pesquisadores brasileiros. O
trabalho buscará identificar o comportamento do vírus para, em caso de eventual
incidência, haver procedimentos definidos de combate. A medida agrega confiabilidade,
pois o País demonstra que, mesmo sem a ocorrência da doença, toma medidas
preventivas com muita seriedade.
(http://www.anuarios.com.br/port/2005/aves_suinos/versao_pdf_03.php# - aves - pesquisa - pdf)
Na questão sanitária, a rastreabilidade do produto é ponto fundamental para
aquisição de mercados e da confiança dos compradores internacionais. Americanos e
europeus detém competências em áreas que o Brasil ainda é vulnerável, caso das
tecnologias relacionadas ao processo e a embalagem do produto, e também as
biotecnologias ligadas às esferas do material genético, sanidade e na criação do
animal. Nos países desenvolvidos, os órgãos governamentais e as instituições de
pesquisa possuem relativa importância no desenvolvimento do setor, realizando
pesquisas nos diferentes elos.
Em relação ao desenvolvimento de novos produtos, as empresas pesquisadas
mostraram-se dinâmicas. A diferença entre as empresas é elevada em virtude dos tipos
variados de produtos lançados e os processos envoltos na confecção e lançamento
destes produtos, que envolveram desde um simples corte diferenciado até um produto
processado, cozido, embalado a vácuo, etc., visando atender as mais variadas
demandas.
http://www.finep.gov.br/PortalDPP/relatorio_setorial_final/relatorio_setorial_final_impressao.asp?lst_setor=13 RELATÓRIO SETORIAL – FINAL; SETOR: CARNES ;PESQUISADOR: GIULIANA SANTINI DATA: 26/04/2004. acesso em 24/10/2005
73
11. FISCALIZAÇÃO – QUALIDADE
As empresas mencionaram que um produto de qualidade (e a competitividade) é
resultado dos sistemas e práticas de manejo encontrados nas etapas pré-abate e as
tecnologias utilizadas no abate e no pós-abate. No processo industrial existem
máquinas e equipamentos que trazem um diferencial competitivo, principalmente aos
processos relacionados aos cortes automáticos, desossa automática, sistemas de
ingestão de carnes, tambleamento (maciez) e sistemas de maturação. No processo
industrial o setor basicamente tomador de inovações. As mudanças tecnológicas
ocorridas nos processos de produção de cortes, industrializados, entre outros produtos,
não são de caráter exclusivo, dependem de recursos para a compra e ajuste de
equipamentos.
http://www.finep.gov.br/PortalDPP/relatorio_setorial_final/relatorio_setorial_final_impressao.asp?lst_setor
=25 - RELATÓRIO SETORIAL – FINAL; SETOR: CARNES ;PESQUISADOR: GIULIANA SANTINI DATA:
26/04/2004. acesso em 04/11/2005.
A legislação sanitária pertinente ao sistema agroindustrial avícola segue o
Sistema APPCC (Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle). O sistema de
avaliação de perigos e pontos críticos de controle é amplamente disseminado na cadeia
produtiva. Todas as empresas com sistema de inspeção sanitária federal adotam esse
instrumento de controle de qualidade, que é apontado como favorável para a garantia
da competitividade da cadeia, por permitir a construção de uma imagem de segurança
alimentar, principalmente para as empresas exportadoras; sendo este, um pré-requisito
para ter acesso aos mercados externos. A inspeção é um fator de credibilidade para a
indústria de aves, pois certifica que o produto destinado ao mercado interno e externo
atende às exigências sanitárias. A coordenação dos agentes econômicos em uma
estrutura de governança, como a de aves, caracterizada por mecanismos de
integração, tem sido fator de desenvolvimento de instituições de inspeção.
O abate formal de animais é regido por legislação sanitária específica e possui
três níveis de inspeção e fiscalização: federal, exercida pelo Serviço de Inspeção
74
Federal (SIF); estadual, por intermédio do Serviço de Inspeção Estadual (SIP); e
municipal, por meio do Serviço de Inspeção Municipal (SIM). Esta divisão de trabalho
encontra-se estabelecida em lei. Os estabelecimentos sob controle federal podem
realizar o comércio nacional e internacional de sua produção; os da esfera estadual têm
sua atuação restrita ao âmbito do estado e os da esfera municipal estão circunscritos às
respectivas divisas municipais.
A Portaria 304, editada em abril de 1996, estabelece que toda a carne vendida
pelos frigoríficos seja resfriada (até 7 graus centígrados no centro da musculatura da
peça) e embalada. Nesta embalagem deve constar, no mínimo, a designação da origem
do animal, a marca do frigorífico, o prazo de validade, e o telefone para contatos.
http://www.finep.gov.br/PortalDPP/relatorio_setorial_final/relatorio_setorial_final_impressao.asp?lst_setor=13 RELATÓRIO SETORIAL – FINAL; SETOR: CARNES ;PESQUISADOR: GIULIANA SANTINI DATA: 26/04/2004. acesso em 24/10/2005.
Um dos pontos de risco discutido internacionalmente, de acordo com a
pesquisadora Jalusa Deon Kich, da Embrapa Suínos e Aves são o estresse decorrente
do transporte dos animais até o abatedouro. “Eles chegam excretando salmonela e,
neste momento, deixam de ser apenas portadores da bactéria para tornarem-se
excretores, ampliando a infecção”, salienta. Daí, a importância de realizar o controle
antes da fase de transporte dos animais para o abate. “A porta de entrada da salmonela
nos frigoríficos é o ingresso de animais infectados”, confirma. A presença de salmonela
nos produtos é causada pela contaminação cruzada de carcaças, em razão do
rompimento de vísceras na linha de abate, bem como pela introdução de linfonodos e
amígdalas contaminadas. Atualmente, a fase de terminação é o alvo de estudo dos
fatores de risco, mas as conclusões demonstram que há necessidade de estudar as
fases iniciais da produção.
(http://www.anuarios.com.br/port/2005/aves_suinos/versao_pdf_03.php# - aves - segurança - pdf)
75
A INSPEÇÃO SANITÁRIA DAS AGROINDÚSTRIAS FAMILIARES
Para ter credibilidade na venda, um dos pontos mais importantes quando se fala
de agroindústria de origem animal é a inspeção sanitária. As agroindústrias
convencionais, de grande e médio porte possuem fiscalização do SIF – Sistema de
Inspeção Federal ou Sistema de Inspeção Estadual – SISPOA no Rio Grande do Sul –.
Já a grande maioria das agroindústrias familiares optam pelo SIM – Serviço de
Inspeção Municipal. Esta opção é muito ligada à exigências em termos de estrutura
feita pelos sistemas de inspeção estaduais ou federal, que para adaptação exigem altos
investimentos, inviáveis para indústrias de pequena escala. A grande burocracia e
morosidade para cadastramento, tanto das agroindústrias, produtos e rótulos também
constituem elementos impeditivos para que a agricultura familiar usufrua desses
serviços.
O cadastramento das agroindústrias familiares junto ao SIM é mais simples,
menos moroso e menos exigente. Porém, existem fatores limitantes neste sistema de
inspeção. O primeiro é que muitos municípios não tem o Sistema Municipal de Inspeção
instalado. Na Região do Alto Uruguai apenas14 dos 32 municípios tem o sistema de
inspeção instalado e destes apenas 6 estão funcionando, mesmo que de forma
precária. Além das questões de organização citados, o SIM tem o limitante de validar a
inspeção apenas para o território do município, limitando muito a comercialização dos
produtos.
O SUASA Sistema Unificado de Inspeção, que recentemente entrou em vigor é
uma grande alternativa para as agroindústrias familiares. Porém, para que realmente
venha a se concretizar é necessário que os municípios façam a sua parte e, além de
aderirem ao programa, garantam a infraestrutura e os recursos humanos para que o
sistema, além de devidamente instalado e com as condições necessárias, tenha de fato
apoio para funcionar de forma eficiente e eficaz.
O sistema de consórcios que vem sendo proposto no Alto Uruguai aparece como
uma boa alternativa para instalação do SUASA na região, inclusive com apoio dos
técnicos do MAPA responsáveis pelo funcionamento do programa.
76
12. GESTÃO AMBIENTAL
Os abatedouros de frango, quando da sua instalação nos diversos municípios,
devem se adequar à legislação municipal que trata do meio ambiente, Sistema de
Licenciamento Ambiental - SILAN. Na inexistência de órgãos municipais que cuidam do
assunto, os abatedouros devem seguir a orientação da Secretaria de Meio Ambiente,
Cultura e Turismo, para que possam ter a sua Licença Estadual expedida. Tanto os
aviários como os frigoríficos, em municípios que possuem a Lei de Ordenamento do
Uso e Ocupação do Solo, necessitam de licenças especiais, para obter a instalação do
empreendimento. Considerados como “potencial poluidor baixo”, os resíduos industriais,
vísceras, sangue, pena e água usada na lavagem durante o processo industrial, tem
parte aproveitada na fabricação da ração. O segundo nível do resíduo destina-se às
lagoas de decantação, que recebem tratamento adequado de despoluição dos detritos,
já que a destinação final destes resíduos e efluentes líquidos precisa de tratamento
antes de ser lançada a céu aberto.
As empresas que exportam seus produtos para países da Europa, seguem
normas internacionais, muitas vezes mais rígidas que as exigidas pelas leis brasileiras,
dependendo de legislação específica de cada país.
Observa-se que os dejetos dos frangos, quando estão nos aviários, são
considerados elementos de adubação, não havendo, portanto, problemas na sua
destinação, desde que fiscalizados pelos órgãos competentes. Muitas vezes são
considerados como uma forma de complementação de renda vendida pelo integrado,
quando este proprietário não possui lavouras para aproveitamento deste adubo.
http://www.sefaz.ms.gov.br/cadeias/arquivos/01_avicultura.pdf - ESTUDO DAS CADEIAS PRODUTIVAS
DE MATO GROSSO DO SUL: AVICULTURA - 2003 - Mara Huebra de Oliveira Gordin Me., UNAES -
Prof. Ido Luiz Michels Dr., UFMS. Acesso em 2/11/2005.
77
13. AMBIENTE ORGANIZACIONAL
Diversas associações estão aglutinadas em torno da União Brasileira de
Avicultura (UBA), que representa o setor.
A UBA é a entidade que fala em nome da avicultura nacional junto ao governo
federal, ao Congresso Nacional e ao Poder Judiciário. O principal foco de sua atuação é
a busca da sanidade, da qualidade e de uma legislação que assegure o pleno e
contínuo desenvolvimento do setor.
Estão agrupadas em torno da UBA a Associação Brasileira dos Produtores e
Exportadores de Carne de Frango (Abef), a Associação Brasileira dos Produtores d
ePintos de Corte (Apinco), a Fundação Apinco de Ciência e Tecnologia Avícola (Facta)
e a Associação dos Criadores de Avestruz do Brasil (Acab). Além disso, estão ligadas à
entidade todas as associações estaduais, as associações setoriais, as granjas de
multiplicação genética, as empresas produtoras de frango de corte e de ovos, os
frigoríficos, os produtores de perus, os fornecedores de insumos e as prestadoras de
serviços.
(http://www.anuarios.com.br/port/2005/aves_suinos/versao_pdf_03.php# - aves - organização - pdf)
As associações de produtores e das indústrias são exemplos de organizações
que trabalham fornecendo informações relacionadas ao setor, principalmente através
de sites da Internet. Alguns exemplos de associações seriam:
Sindicato da Indústria do Frio, no Estado de São Paulo (Sindifrio);
Associação Brasileira da Indústria Frigorífica (ABIF);
Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (ABIEC);
Associação Paulista de Avicultura (APA);
União Brasileira de Avicultura (UBA).
As empresas de consultoria Safras & Mercado e FNP Consultoria e Comércio
são muito importantes na captação de informações relacionadas ao mercado. Os sites
das empresas apresentam também muitas informações de fundamental relevância na
busca inicial de dados secundários. Muitos deles apresentam relatórios anuais e
78
resultados financeiros da empresa por determinados períodos. No setor de carnes, as
empresas de aves e suínos são as que apresentam sites com um maior detalhamento
de informações.
http://www.finep.gov.br/PortalDPP/relatorio_setorial_final/relatorio_setorial_final_impressao.asp?lst_setor=13 - RELATÓRIO SETORIAL – FINAL; SETOR: CARNES ;PESQUISADOR: GIULIANA SANTINI DATA: 26/04/2004. acesso em 24/10/2005
Também podem ser fornecidas informações do setor pela Associação Gaúcha de
Avicultura (www.asgav.com.br), Associação Mineira de Avicultura (www.avimig.com.br),
Sindicato e Associação dos Abatedouros e Produtores Avícolas do Paraná
(www.sindiavipar.com.br)] possuem publicações mensais que trazem indicadores
numéricos do desempenho do setor. A principal instituição representativa é a
Associação Brasileira de Exportadores de Frango (ABEF), que fornece através de seus
anuários, dados de produção e exportação do setor. Ademais, os boletins da instituição
acompanham o desenvolvimento do setor semanalmente. Informações sobre
fornecedores de insumos e trabalhos de caráter técnico podem ser obtidos com o
acesso à página eletrônica (www.abef.com.br). O Centro Nacional de Pesquisa em
Suínos e Aves - CNPSA (Embrapa) é referência no desenvolvimento tecnológico para o
setor. Vários estudos e publicações técnicas importantes foram e estão sendo
realizados por esta instituição (www.cnpsa.embrapa.br).
http://www.finep.gov.br/PortalDPP/relatorio_setorial_final/relatorio_setorial_final_impressao.asp?lst_setor=25 - RELATÓRIO SETORIAL – FINAL; SETOR: CARNE DE AVES PESQUISADOR: ORLANDO MARTINELLI E JOÃO MARCOS DE SOUZA DATA: 19/08/2005 ; acesso em 24/10/2005
79
14. FLUXOGRAMA DA CADEIA PRODUTIVA GENÉRICA
A avicultura comercial constitui-se num dos principais complexos agroindustriais,
em que se encontram dois elementos importantes, os grandes grupos agroalimentares
e o universo de produtores avícolas integrados. Os grupos agroalimentares realizam
estratégias intersetoriais em três direções principais:
- na direção da pesquisa, visando dominar a genética de aves.
- na internalização de algumas atividades antes externas aos grupos agroalimentares
(Ex.: Rações).
- no sistema de integração propriamente dito(Mior,1982).
Para Kageyama (1990), o complexo avícola (milho-ração-aves-frigorífico) constitui-se
num dos mais modernos e industrializados do setor agrícola brasileiro, sendo um
exemplo de complexo agroindustrial completo, formado pelo tripé: indústria a montante,
produção agropecuária e indústria a jusante. Para a autora, em razão de soldagens
específicas da atividade agrícola “para frente” e “para trás”, a dinâmica do complexo
não pode ser vista unicamente isolando o produto agrícola, pois o conjunto integrado de
atividades tem ritmo próprio e uma combinação de estratégias de crescimento.
http://www.ufrgs.br/pgdr/dissertacoes/ecorural/mecorural_costa_n203.pdf - INTEGRAÇÃO REGIONAL E
SEUS EFEITOS SOBRE AS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE CARNE AVÍCOLA - Thelmo Vergara
De Almeida Martins Costa - acessado em 01/11/2005
A cadeia de produção de aves, para fins de análise , é representada pela Figura
11.
80
Figura 11 - Fluxograma da cadeia produtiva de frango de corte.
Em anexo está apresentado a tabela resumo das ações prioritárias e
investimentos a serem realizadas no território, baseada no debate realizado com os
entes regionais.
81
ANEXO I - Resumo das informações necessárias ao Plano Territorial de Cadeias
de Produção Cooperativa - AU
82
Tabela – Resumo das informações necessárias ao Plano Territorial de Cadeias de Produção Cooperativa - AU
Subespaços Atividades Políticas Públicas de custeio e investimento
ATER/ATES Formas de Gestão Comercialização
UFPs – Unidades Familiares de Produção
Ater para produtores de frango e biodiesel
Pronaf mais alimentos. ATER
R$ 100.000,00 Criação da Rede de ATER Cooperativa
Sutraf/AU e Coopervita
Comunidades rurais e áreas coletivas dos assentamentos
Grupos de produção de frango propriedades referências p/ dias de campo sobre produção de frango e biodiesel
Pronaf mais alimentos. ATER
R$ 150.000,00 ATER grupal, programas de apoio a gestão da produção leiteira
Via cooperativas da Agricultura Familiar
Pequenas cidades Agroindústrias damiliares cooperativas – São Valentim, Tapejara e Aratiba
PRONAT, Pronaf Agroindústria. R$ 900.000,00
Formação na área de industrialização e BPF R$ 150.000,00
Via Cooperativas da Agricultura Familiar
Via cooperativas da Agricultura Familiar
Espaços intermunicipais Todas as demais atividades porque são feitas no território ou envolvem mais de um município
R$ 2.500.000,00 Pronat, Pronaf agroindústria e Pronaf mais alimentos Fábricas de ração micro-regionais R$ 900.000,00
R$ 1.000.000,00 Através da rede de cooperativas da Agricultura familiar do AU
Via cooperativas da Agricultura Familiar
Cidades-polo Central de Comercialização - Erechim
R$ 1.500.000,00 – Pronaf agroindústria, Pronat
R$ 300.000,00 Via Base de Serviços Regional e/ou Central de Comercialização
Via cooperativas da Agricultura Familiar e Central de Comercialização
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TABELA – CUSTO DE PRODUÇÃO E RENDIMENTO DE CAMPO
LOTE DE 100 FRANGOS LABEL ROUGE MONITORADOS Preço de venda Totais Produção de carne 200,00 Kg 3,40 680,00 Consumo de ração 100,00 Ave
s
Media peso vivo 2,00 Kg
Período 83,00 Dias CUSTO VARIÁVEL
Consumo de milho 429,00 Kg 0,28 121,55 Farelo de soja 198,00 Kg 0,60 118,80 Farelo de trigo 30,00 Kg 0,23 7,00 Núcleo 50,00 Kg 2,08 104,00 Total 707,00 Pintos 100,00 Unid 1,00 100,00
CUSTO VARIÁVEL TOTAL 451,35 Margem bruta 228,65 Margem bruta/ ave 2,29 Consumo de ração 707,00 Conversão ração/carne 3,54 Consumo de ração por ave (kg) 7,07 % de perdas (vísceras) 15,97 FORMULAÇÃO DA RAÇÃO % Milho 60,68 % Farelo de soja 28,01 % Farelo de trigo 4,24 % Núcleo 7,07 Total 100%
Estudo de caso produtor de São Valentin – RS, sistematizado por
Eng.Agrônomo Loitamar de Almeida,2006
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Gráfico - Ganho de peso x dia
Estudo de caso produtor de São Valentin – RS, sistematizado por
Eng.Agrônomo Loitamar de Almeida,2006