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ESTUDO DA FORMAÇÃO SÓCIO-ESPACIAL E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO DO MUNICÍPIO DE PITANGA (PR) . 1 Vany Rocha Ferreira 2 RESUMO: O presente estudo aborda o tema do desenvolvimento no Brasil; sendo uma importante temática para os cientistas sociais, economistas e historiadores. Iniciamos este artigo abordando de forma não extensiva as questões que permeiam o debate sobre o desenvolvimento econômico, autonomia e recursos naturais, e sugerindo o uso da palavra desenvolvimento sócio-espacial. Por último, apresentamos as considerações finais. Neste texto, cuja proposta está muito longe de ser conclusiva, aponta-se a importância e o desafio atual de analisar criticamente o tema do desenvolvimento (e subdesenvolvimento), a fim de subsidiar com argumentação teórica na formulação de um projeto nacional de desenvolvimento, com justiça social. Para melhor compreender as macro-articulações que influenciam o desenvolvimento econômico de um lugar, faz-se necessário partir do que é visível próximo a uma análise que as relações sociedade-natureza são movidas pela produção de uma materialidade necessária para a realização de demandas que estão muito além do local, remetendo ao nacional e internacional. O estudo ora pretendido, de observação, análise e compreensão da transformação da formação sócio-espacial do município, preocupa-se em problematizar a forma de ocupação e uso do solo em atividades econômicas e sua relação com o ambiente. Entender como o município se insere nos circuitos produtivos e como essa inserção se reflete em produção do espaço urbano e rural é nosso principal objetivo nesse trabalho. 1 Este texto é resultado das atividades de discussão e pesquisa realizadas no âmbito do PDE e contou com a orientação do professor Nécio Turra Neto (2007) e Pierre Alves da Costa (2008), do curso de Geografia da Unicentro-Guarapuava- PR. 2 Professora PDE de Geografia, do Núcleo Regional de Pitanga-PR.

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ESTUDO DA FORMAÇÃO SÓCIO-ESPACIAL E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

DO MUNICÍPIO DE PITANGA (PR) .1

Vany Rocha Ferreira2

RESUMO: O presente estudo aborda o tema do desenvolvimento no Brasil; sendo uma

importante temática para os cientistas sociais, economistas e historiadores. Iniciamos este

artigo abordando de forma não extensiva as questões que permeiam o debate sobre o

desenvolvimento econômico, autonomia e recursos naturais, e sugerindo o uso da palavra

desenvolvimento sócio-espacial. Por último, apresentamos as considerações finais. Neste

texto, cuja proposta está muito longe de ser conclusiva, aponta-se a importância e o

desafio atual de analisar criticamente o tema do desenvolvimento (e

subdesenvolvimento), a fim de subsidiar com argumentação teórica na formulação de um

projeto nacional de desenvolvimento, com justiça social.

Para melhor compreender as macro-articulações que influenciam o desenvolvimento

econômico de um lugar, faz-se necessário partir do que é visível próximo a uma análise

que as relações sociedade-natureza são movidas pela produção de uma materialidade

necessária para a realização de demandas que estão muito além do local, remetendo ao

nacional e internacional.

O estudo ora pretendido, de observação, análise e compreensão da transformação

da formação sócio-espacial do município, preocupa-se em problematizar a forma de

ocupação e uso do solo em atividades econômicas e sua relação com o ambiente.

Entender como o município se insere nos circuitos produtivos e como essa inserção se

reflete em produção do espaço urbano e rural é nosso principal objetivo nesse trabalho.

1 Este texto é resultado das atividades de discussão e pesquisa realizadas no âmbito do PDE e contou com a orientação do professor Nécio Turra Neto (2007) e Pierre Alves da Costa (2008), do curso de Geografia da Unicentro-Guarapuava-PR.2 Professora PDE de Geografia, do Núcleo Regional de Pitanga-PR.

INTRODUÇÃO

Para estruturar a proposta usaremos como referência empírica o município de

Pitanga.

Pitanga está situada no Terceiro Planalto Paranaense. Em 2007 contava com uma

área de 1.664 Km2 e com 34.310 habitantes (IBGE, 2007). Quando foi elevada a categoria

de município, em 30 de dezembro de 1943, desmembrando-se de Guarapuava, contava

com uma área bem mais extensa e um maior número de habitantes. Ainda em 1º de

janeiro de 1989, possuía uma área de 4.042 km2 e uma população estimada em 91.000

habitantes, dos quais 75.000 viviam na zona rural (CHEMUDA, 1998). A diminuição da

área e do número de habitantes deu-se, entre outros fatores, pelos desmembramentos

que aconteceram ao longo do tempo, para formação de outros municípios a partir do

território de Pitanga, tais como: Santa Maria d’Oeste, Nova Tebas, Boa Ventura de São

Roque e Mato Rico.

Sabe-se, pelas pesquisas preliminares já realizadas, que o município de Pitanga

passou por diversos períodos econômicos, inicialmente a erva-mate e a madeira (que

exploraram recursos naturais abundantes na região) e, posteriormente, a moderna

agricultura comercial, que continua ainda hoje como principal atividade econômica do

município.

O fato que nos chama maior atenção nessa realidade particular é que ao longo

desse processo, a cidade de Pitanga não acompanhou a modernização que ocorreu na

sua área rural. Assim, perguntamos: que papel a cidade desempenha nesse contexto

econômico em que seu território abriga uma produção mecanizada de soja, voltada à

exportação, altamente dependente de recursos técnicos procedentes do urbano?

Para respondermos estas inquietações, podemos definir como objetivo geral:

conhecer o processo histórico de formação sócio-espacial do município, articulado as

suas relações em redes produtivas mais amplas; os papéis desempenhados pela cidade

nos diferentes períodos históricos.

Acreditamos que, dessa forma, estaremos contribuindo para conhecer e refletir

mais criticamente sobre o lugar em que vivemos e a sua inserção no mundo, cumprindo

assim, um dos papéis da Geografia, qual seja: estudar os processos de produção do

espaço como forma de compreender como as relações sociais e espaciais do modo de

produção capitalista estão presentes no espaço de vida mais imediato e de refletir sobre

os dividendos ambientais das estratégicas de desenvolvimento econômico localmente

adotadas.

Para melhor compreender as macro-articulações que influenciam o

desenvolvimento econômico de um lugar, faz-se necessário partir do que é visível,

2

próximo a uma análise que as relações sociedade-natureza são movidas pela produção

de uma materialidade necessária para a realização de demandas que estão muito além

do local, remetendo ao nacional e internacional.

Para levar a termo essa proposta, nos baseamos em dois conceitos principais:

lugar e ambiente, pois nos permitem pensar os processos econômicos articulados à

economia capitalista global que produzem localmente tanto o espaço urbano, quanto o

rural, bem como os problemas de ordem ambiental.

Nossa intenção é estudar o processo de formação sócio-espacial do lugar e seu

desenvolvimento econômico, procurando identificar os papeis desempenhados pelo

quadro urbano em diferentes contextos históricos.

Para a estruturação deste, o trabalho parte de revisão bibliográfica que é o eixo

organizador para compreender conceitos e formação sócio-espacial, levantamentos

estatísticos que nos situem diante das principais forças produtivas que tiveram lugar em

Pitanga, com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e IPARDES ,

(Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social) questionário, entrevistas

com moradores locais no intuito de coletar histórias e grau de satisfação ou não dos

mesmos, considerando a entrevista como meio de estudo da história oral fundamentada

na experiência social de pessoas, portanto experiências de vida que devem ser

respeitadas, pois restringe-se ao estudo de um tema e da vivência do entrevistado e

sistematização final dos resultados.

As entrevistas foram realizadas no primeiro semestre de 2008, uma das formas

usadas na implementação da proposta, pelos alunos/alunas de 8 ª série do Colégio

Estadual D. Pedro I – EFMTN, de Pitanga. Desta metodologia gerou o Quadro Geral de

Entrevistas. (ANEXO I).

Como veremos adiante, ao considerar o município, não estamos recortando a

realidade de seu contexto mais global, mesmo porque os próprios conceitos com os quais

trabalhamos – formação sócio-espacial e lugar – nos remetem a pensar no jogo de

escalas.

1 – REFERENCIAL TEÓRICO

Nessa proposta, os conceitos de lugar e ambiente estão interligados, se permeiam

e se completam no estudo da formação sócio-econômica e ambiental do município.

Conforme Suertegaray (2000), o conceito de lugar já foi definido na história do

pensamento geográfico, a partir da cartografia, como a escala local, considerando-o único

e auto-explicável.

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Mais recentemente, lugar passou a ser analisado de forma mais abrangente,

constituindo a dimensão da existência que se manifesta através “de um cotidiano

compartido entre as mais diversas pessoas, firmas, instituições – cooperação e conflito

são a base da vida em comum” (SANTOS, 1997)

Para esse autor, o lugar tornou-se um conceito importante nos dias de hoje, pois

permite entender como em cada fração do espaço total realizam-se os processos de

globalização (SANTOS, 2002). Trata-se de um conceito que remete a reflexão da relação

global/local. Para Milton Santos (apud SUERTEGARAY, 2000), lugar é o mundo vivido,

nosso cotidiano mais imediato, mas que deve ser visto também a partir das outras

dimensões do espaço geográfico como objetos, ações, técnicas, tempo, articulando

relações objetivas com subjetivas, relações verticais e horizontais de coexistência e

resistência. Ou seja, Milton Santos propõe tratarmos o lugar a partir do quadro teórico-

metodológico que ele mesmo construiu para entender o espaço geográfico e sua

dinâmica no mundo contemporâneo.

Ainda na visão de que os conceitos se permeiam, Milton Santos (1997) afirma que,

no começo dos tempos, cada grupo construía seu espaço de vida com as técnicas que

inventava para tirar do seu pedaço de natureza os elementos indispensáveis a sua própria

sobrevivência. Organizando a produção, organizava a vida social e organizava o espaço,

na medida de suas próprias forças, necessidades e desejos, bem como das técnicas

disponíveis. A cada constelação de recursos correspondia um modelo particular. Pouco a

pouco esse esquema se foi desfazendo: as necessidades de comércio entre coletividades

introduziam lógicas novas e também desejos e necessidades; e a organização da

sociedade e do espaço passava a se fazer segundo parâmetros estranhos às

necessidades íntimas do grupo.

Esse processo culminou, na fase atual, com a economia mundializada, na qual

todas as sociedades adotaram, de forma mais ou menos total, de maneira mais ou menos

explícita, um modelo técnico único que se sobrepõe a multiplicidade de recursos naturais

e humanos. Santos (1991, p. 18,19) escreve:

É nessas condições que a mundialização do planeta unifica a natureza. Suas diversas frações são postas ao alcance dos mais diversos capitais, que as individualizam, hierarquizando-as segundo lógicas com escalas diversas. A uma escala mundial corresponde uma lógica mundial que nesse nível guia os investimentos, a circulação das riquezas, a distribuição das mercadorias. Cada lugar, porém, é ponto de encontro de lógicas que trabalham em diferentes escalas, reveladoras de níveis diversos, e as vezes contrastantes, na busca da eficácia e do lucro, no uso das tecnologias, do capital e do trabalho. Assim se redefinem os lugares: como ponto de encontro de interesses longínquos e próximos, mundiais e locais, manifestados segundo uma gama de classificações que está se ampliando.

As atividades mais modernas, tanto no campo como na cidade, passaram

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a exigir o uso dos avanços nas formulações da ciência e na ajuda da técnica. O meio ambiente construído se diferencia pela carga maior ou menor de ciência, tecnologia e informação, segundo regiões e lugares. O artifício tende a se sobrepor e substituir a natureza.

É desse modo que o espaço humano se reveste hoje de maiores diferenciações e

disparidades, na aparência, nas estruturas ocultas, no uso (SANTOS, 1997).

Nesse sentido, o estudo do lugar é importante, pois os processos globais não se

realizam da mesma forma em todos os locais do globo, o que significa que não há

homogeneização, mas complexificação e maior diferenciação entre os lugares. Assim, se

faz necessário estudar como em cada porção do espaço terrestre, em cada lugar, o

mundo da economia globalizada se realiza, criando ali uma situação particular que reforça

a singularidade daquela fração do espaço. No nosso caso, realizamos o estudo de

Pitanga (PR), o qual encontra-se inserido nessa economia globalizada. É por isso que

hoje o conceito de lugar tornou-se central para a geografia e, paradoxalmente, o estudo

do lugar nos remete ao estudo do mundo contemporâneo, da globalização.

Essa nova forma de economia, comandada por interesses que vêm de fora, faz

com que as cidades se reorganizem nas práticas necessárias as atividades de produção e

circulação. Sendo os investimentos externos voltados para essas transformações, o resto

da aglomeração não recebe cuidados. Essa diferença de tratamento é um dos fatores de

problemas ambientais urbanos, ou seja, os investimentos do poder público voltam-se a

atender as demandas de forças capitalistas que se instalam no local, em detrimento dos

interesses da própria sociedade local.

A cidade, cheia das intencionalidades do novo modo de produzir, ao sabor das

exigências sempre renovadas e da tecnologia, torna-se espaço dominador dos processos

econômicos e políticos que acontecem no seu campo e, dependendo do seu grau de

polarização, de processos que acontecem em várias outras cidades da rede urbana.

Assim, temos que o lugar se produz nessa articulação contraditória com o mundo, com

outros lugares, próximos e distantes, não é, portanto, um espaço fechado, mas um

espaço em relação.

Para Massey (2000), complementando o conceito de Milton Santos, está cada vez

mais difícil conceituar “lugar”, como nos relacionamos com ele e suas particularidades,

diante dos movimentos e misturas provocadas pela internacionalização do capital.

A aceleração contemporânea, contudo, não atinge todos os lugares ou todas as

pessoas da mesma forma. Isso concorre com as desigualdades sociais de acordo com o

poder em relação aos fluxos e ao movimento. Há os que estão na posição de controle em

relação à mobilidade, portanto em vantagem, mas há também aqueles que apesar do

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movimento físico, não se beneficiam do processo de “compressão de tempo-espaço”.

Também é preciso considerar, conforme Massey (2000), que a força de movimento de

algumas pessoas, dentro do sistema, pode conduzir ao enfraquecimento do poder de

mobilidade de outras.

E, em comum com Milton Santos, Massey sugere que entendamos o lugar a partir

de suas relações com uma série de outros lugares, pois essas relações o constituem

internamente. A Geografia das relações sociais está mudando, estendem-se cada vez

mais pelo espaço. “As relações econômicas, políticas e socioculturais, cada qual cheia de

poder e com estruturas internas de dominação e subordinação, estendem-se pelo planeta

em todos os diferentes níveis, da família a área local e até a internacional” (MASSEY,

2000, p.183).

Dessa forma, na interpretação de lugar, sua especificidade não se dá por uma

história particular, mas pela forma como se articula historicamente em relações com um

conjunto mais amplo de outros lugares. Assim, o lugar não é uma área com fronteiras bem

definidas, mas está em ligação com o mundo mais amplo, integrando o global e o local.

Um conceito progressista de lugar não é estático, ele parte das interações sociais que

agrupam, que não são inertes, congeladas no tempo: elas são processos (MASSEY,

2000).

Em consonância aos conceitos de Milton Santos e Doreen Massey, para estudar o

desenvolvimento de um município, se faz necessário saber qual sua relação com o

mundo, principalmente no plano econômico, de onde deriva os níveis técnicos, os objetos

e as ações voltadas à produção, que não é só produção de mercadorias, mas também

produção de espaço, tempo e relações sociais.

Por outro lado, como já dissemos, o conceito de lugar não está dissociado do de

ambiente, pois ambos envolvem as relações sociais que se constroem ao longo do tempo.

A sociedade, cada vez mais, e de forma mais organizada, vem transformando a natureza

para satisfazer suas necessidades de produção, consumo e lucro. Atualmente, com a

ampliação de suas capacidades técnicas e científicas, o escopo dessas transformações

tornou-se ilimitado, chegando mesmo à transfigurar a natureza, conforme argumenta

Suertegaray (2000).

Em Gonçalves (2005), o conceito de meio ambiente deve ser substituído pelo de

ambiente por inteiro, em que se considere não somente a natureza, mas também a

sociedade e, sobretudo, a relação sociedade-natureza.

Para o autor, o humano é a natureza que toma consciência de si própria e esta é

uma descoberta verdadeiramente revolucionária numa sociedade que disso se esqueceu

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ao se colocar o projeto de dominação da natureza. Cada povo/cultura constrói o seu

conceito de natureza, ao mesmo tempo em que institui as suas relações sociais.

Segundo Medina (1994, p. 19), ambiente é:

[...] conjunto de componentes naturais e sociais e suas interações em um espaço e em um tempo determinados, associado à dinâmica das interações sociedade-natureza e suas conseqüências no espaço em que habita o homem, e do qual o mesmo também é parte integrante.

Portanto, o conceito de ambiente deve contemplar as dimensões do social, cultural,

e política, além do meio físico. Nesse sentido, a análise que se fizer do meio ambiente

deve considerar as inter-relações do meio natural com o social. E seja essa análise em

escala global, regional ou local, a concepção mais adequada é com relação às atividades

humanas e ao modelo de desenvolvimento adotado.

Assim, pensamos que a articulação entre esses conceitos nos permite pensar que

as transformações ambientais e os problemas delas decorrentes que estão presentes no

lugar devem ser entendidas dentro dos quadros mais amplos de relação do lugar com o

mundo e do processo histórico de formação sócio-espacial do município, no nosso cão:

Pitanga E é essa reflexão que estamos propondo desenvolver a partir da pesquisa da

realidade municipal, de sua história, de sua economia, da produção do seu espaço urbano

e rural.

Pela leitura das entrevistas realizadas nota-se a expressão, por repetidas vezes, de

lugar conservador. Para Silva (2007), conservadorismo está na composição histórico-

geográfico regional, nas relações de poder político e nos que estimulam as formas de

produção e de economia.

A autora escreve que conservador é sinônimo de atraso econômico-tecnológico,

algumas formas de produção, conseqüência das ações da sociedade e não a sociedade

do lugar. Não desenvolveremos está última característica na presente pesquisa, a qual

será limitada a compreender a formação do território como conservador a partir da história

da ocupação e formação territorial, das características socioeconômicas.

O estudo da ocupação e da formação territorial e suas singularidades demonstrou um grande empobrecimento local e um atraso socioeconômico quando comparado a outros municípios [...]: uma estrutura de produção tradicional voltada à pecuária; o isolamento decorrente da inexistência de vias de transportes adequadas e meios de comunicação [...] indústria ainda vinculada ao extrativismo da madeira e erva-mate. Indústrias em processo de decadência com baixo valor agregado (SILVA, 2007, p.16).

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O relato de Márcia referindo-se à Guarapuava se aplica também a Pitanga, até

porque, Pitanga pertencia ao território de Guarapuava, e possui algumas das

características da formação e de sua ocupação.

Para entender o processo de ocupação do município de Pitanga se faz necessário

voltar no tempo e relatar como aconteceu a ocupação do Paraná. Esse processo de

ocupação e formação do Paraná aconteceu de três diferentes formas: Paraná Tradicional,

Norte e Sudoeste/Oeste.

Ocupado por diversas frentes colonizadoras com maior destaque aos que vieram

pelo litoral chegando aos campos de Guarapuava e conseqüentemente Pitanga, formando

segundo os historiadores, o Paraná Tradicional colonizado pelos portugueses.

Outra ocupação se deu ao Norte, com paulistas, mineiros e nordestinos, a

chamada frente cafeeira paulista. A terceira, com catarinenses e riograndenses

descendentes de imigrantes, principalmente italianos e alemães, a chamada frente sulista

que avançou ao Sudoeste no sentido Oeste até encontrar a frente nortista.

Para Prado Junior (2000), os fatores principais que determinaram a penetração

desse povoado foram a mineração e o gado. Como a produção do ouro não teve sucesso

no Paraná, instalou-se a pecuária na ocupação do interior do Paraná, isso na economia

colonial.

Com o tropeirismo na condução do gado que vinha de Viamão, no Rio Grande do

Sul, à feira de Sorocaba, em São Paulo, foi acontecendo a ocupação do Segundo

Planalto e parte do Terceiro Planalto, áreas de formação campestre. Atividade que

passou a ser praticada pela população dessas áreas, constituindo a chamada sociedade

tradicional campeira, no final do século XVIII.

A expansão do tropeirismo para o Terceiro Planalto, no início do século XIX, a

exploração da erva-mate contribuíram para o crescimento econômico do Paraná,

elevando-o a categoria de província. A erva-mate, nativa na região, a princípio consumida

pela população local, teve grande importância no inicio do século XX, com a exportação

para a Argentina, o Uruguai e o Chile. Ademais, a madeira também ocupou lugar

importante na atividade econômica da região, rica em espécies, como: pinheiro-do-

paraná, cedro, imbuia, canela-preta, sassafrás, carvalho e outras.

Assim, essa formação social se expandiu, pela própria estrutura econômica, para além dos limites campestres, adentrando às matas que misturavam araucárias e ervais, sob a forma de pequena produção cabocla, o que assegurou a expansão do território também em outras direções, como aos atuais municípios de Cascavel, Pitanga, Ortigueira, Faxinal, enfim, a outras áreas do estado (SILVA, 2007).

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Então podemos confirmar que inicialmente a estrutura econômica de Pitanga foi um

prolongamento das mesmas atividades desempenhadas no município de Guarapuava.

Constamos que com o passar do tempo essas atividades econômicas entraram em

decadência em virtude das precárias vias de transporte – os chamados “caminhos” e

outros fatores, e fez surgir vilarejos onde os tropeiros faziam suas paradas. Esses

vilarejos foram se transformando em núcleos urbanos, com outros ramos de atividade,

tanto no setor primário, como no secundário e terciário, recebendo também incentivos do

setor público em infra-estrutura. Desta formação surgiram as cidades de Curitiba, Ponta

Grossa, Lapa, Palmas, Guarapuava, Jaguariaiva, Castro.

O Norte Paranaense, após os anos 1960, recebeu grandes incentivos do poder

público no setor industrial, com destaque para a agroindústria. Região historicamente

vinculada à produtos agrícolas como erva-mate, madeira, café e mais recentemente, soja,

trigo, milho e cana-de-açúcar.

Investimentos em infra-estrutura, principalmente no setor elétrico e rodoviário, em

órgãos públicos e instituições financeiras; a formação do sistema cooperativo são fatores

que impulsionam o desenvolvimento econômico de região agrícola.

No Paraná estes investimentos restringiram-se a regiões de Londrina, Maringá,

Ponta grossa, Curitiba, hoje centros industriais. “O surto industrial da década de 1970

contou com uma agricultura que se modernizava, exigindo dinamismo de outros setores,

além da existência de infra-estrutura econômica e da presença de mecanismos

institucionais em processo de modernização e consolidação” (FERREIRA, 1986, p. 118).

Na década de 1960, porem, todo o Estado do Paraná está com o seu território ocupado, desaparecendo as frentes pioneiras e os grandes problemas de terras. Encontram-se e começam a confundir-se as três ondas de povoamento, a do Paraná Tradicional que se expandia desde o século XVII, de Paranaguá a Curitiba, pelas regiões de campos, com a criação de gado, e depois com a indústria da erva-mate e da madeira de pinho; a do Paraná moderno, aquela da agricultura tropical do café que, pela origem e interesses históricos, ficaram mais diretamente ligados a São Paulo e; a dos colonos da agricultura de subsistência, plantadores de cereais e criadores de suínos que, pela origem e interesses históricos, se ligaram mais intimamente ao Rio Grande do Sul. Cada uma dessas três ondas criou seu próprio tipo de economia, formou um tipo de sociedade e fundou as suas próprias cidades (BALHANA, MACHADO e WESTAPHEN, 1969, p. 264).

“Desses processos, o Centro-Sul paranaense ficou excluído, sofrendo apenas seus

reflexos, sem um impulso interno que gerasse fatores positivos a sua transformação.”

(SILVA, 2007, p. 62). Por outro lado, no desenvolvimento econômico das áreas do Norte

do estado predominam setores tecnologicamente inovadores e poucos em métodos

arcaicos. Municípios do Oeste e do Noroeste tiveram expressiva modernização

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tecnológica superando as formas tradicionais de exploração das atividades econômicas,

agrícola e pecuária, e as indústrias atreladas a esses setores.

(...) no entanto, outras áreas permaneceram em sua quase totalidade vinculadas a atividades tradicionais, ficando economicamente atrasadas e pouco integradas à dinâmica econômica mais geral, em níveis estadual e nacional dadas, especialmente, em função das características estruturais da base produtiva (...) (SILVA, 2007, p.62).

O atraso econômico e a falta de integração dessa economia, citado pela autora, se

aplica de forma nítida no município de Pitanga. Este é o caso do Centro-Sul Paranaense,

do Município de Pitanga, assim como também de outras cidades, que tiveram uma

estrutura baseada nos latifúndios, pecuária tradicional e indústrias primárias na

exploração da madeira. Lembrando que a exploração, tanto da madeira como da erva-

mate que são recursos naturais, foram feitas de forma rudimentar e predatória.

Outro fator de entrave da rede viária do Centro-Sul a regiões mais dinâmicas foi a

base das atividades econômicas que eram praticadas em grandes regiões rurais com

agricultura de subsistência e trabalho familiar, economia de pouco dinamismo com quase

nenhuma via de comunicação.

Conhecendo as formas históricas de ocupação das regiões do Paraná e as

características de Pitanga, município localizado no Terceiro Planalto a 860 metros de

altitude, desmembrado de Guarapuava, instalado em 01 de janeiro de 1944, com uma

extensa área de 1.665,901 km2, pertencente a Mesorregião do Centro Sul Paranaense

(IPARDES, 2007), passamos a relatar algumas singularidades das condições sócio-

geográfica de Pitanga.

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2 – CONDIÇÕES SÓCIO-GEOGRÁFICAS DE PITANGA

Analisando o quadro elaborado a partir das entrevistas com moradores de Pitanga

(ver anexo), verifiquei as respostas dos mesmos sobre itens como: opinião sobre o

desenvolvimento do município, o que falta para melhorar e outros. Para demonstrar os

resultados de forma mais expressiva elaborei gráficos que permitem a melhor a

visualização dos dados dos entrevistados.

Foram 33 pessoas entrevistadas, com idades e níveis de escolaridade variados,

alguns nascidos em Pitanga e outros que moram a tempos aqui.

Tabela 1 Idade e anos que os entrevistados moram em Pitanga - 2008

IDADE N º DE PESSOAS

% TEMPO DE RESIDÊNCIA

N º DE PESSOAS

%

30 A 40 6 18 10 A 20 1 341 A 50 12 37 21 A 30 8 2451 A 60 5 15 31 A 40 9 2761 A 70 6 18 41 A 50 4 1271 A 80 3 9 Mais de 50 11 3481 A 90 1 3

33 100% 33 100%

Fonte: Entrevistas realizadas no primeiro semestre de 2008.Org.: Vany Rocha Ferreira

Com base na tabela de idade e tempo que os entrevistados residem no município

de Pitanga foram elaborados os gráficos 1 e 2.

Gráfico 1 – Idade dos entrevistados – Pitanga- 2008

0

2

4

6

8

10

12

14

30 a 40 41 a 50 51 a 60 61 a 70 71 a80 81 a90

Fonte: Entrevistas realizadas no primeiro semestre de 2008.Org.: Vany Rocha Ferreira

11

Na demonstração do gráfico de idade verificamos o maior percentual é de pessoas

da faixa etária de 41 a 50 anos.

Gráfico 2 – Tempo em anos de residência em Pitanga - 2008

0 2 4 6 8 10 12

10 a 20

21 a 30

31 a 40

41 a 50

mais de 50

Fonte: Entrevistas realizadas no primeiro semestre de 2008.Org.: Vany Rocha Ferreira

Esses dados confirmam que a maioria dos entrevistados são moradores a muito

tempo, portanto estão aptos a falar sobre a evolução do município.

Tabela 2 Nível de escolaridade – Pitanga (PR) - 2008

NÍVEL DE ESCOLARIDADE N º DE PESSOAS %Analfabeto 1 3Fund. Incompleto 12 37Fund. Completo 3 9Médio Incompleto 2 6Médio Completo 6 18Superior Incompleto 4 12Superior Completo 3 9Pós Graduado 1 3Não respondeu 1 3Total 33 100%

Fonte: Entrevistas realizadas no primeiro semestre de 2008.Org.: Vany Rocha Ferreira

12

Gráfico 3 – Nível de Escolaridade – Pitanga - 2008

ESCOLARIDADE

0

5

10

15

1 2 3 4 5 6 7 8 9

NIVEL

DE

PE

SS

OA

S

Fonte: Entrevistas realizadas no primeiro semestre de 2008.Org.: Vany Rocha Ferreira.OBS.: Um entrevistado não preencheu este item.

Percebe-se a diversidade de escolaridade, porém o maior número é dos que não

completaram o Ensino Fundamental.

A tabela 2 mostra que o maior percentual é de pessoas com nível de escolaridade

“Fundamental Incompleto”. Numa comparação sumária entre tabelas 1 (idade) e 2

(escolaridade), verificamos que pessoas com idade ainda produtiva não tiveram

oportunidade de estudar. Conforme as falas dos entrevistados, por falta de escolas e

dificuldade de acesso a escolas de outros municípios.

Na questão de opinar sobre o desenvolvimento local é bastante expressiva a

quantidade que concorda que o crescimento é lento, ruim, quase nada, que poderia ter

sido melhor considerando o tempo de sua existência. Foram 22 pessoas.

Para 3 entrevistados: “vai de mal a pior”, “nunca desenvolveu”, “é péssimo”, “sem

planejamento e com governantes fracos”.

Oitos dos colaboradores responderam que houve progresso em todas as áreas. A

cidade aumentou em população e construções e houve evolução na agricultura e na

educação, na pavimentação das estradas que ligam aos municípios vizinhos.

Quanto a pergunta – o que falta em Pitanga para melhorar? As respostas foram

muito parecidas, destacando a instalação de indústrias para a geração de empregos; a

necessidades de médicos especialistas e hospitais bem equipados e de melhores

governantes.

Ao se referirem a uma fase de desenvolvimento, lembram do tempo da exploração

da madeira, quando tinha muitas serrarias e marcenarias; o grande benefício causado

pelo asfalto das estradas que ligam Pitanga à Guarapuava e a Campo Mourão; a vinda

dos Bancos, como: Banco do Brasil, Caixa Econômica, Itaú (antigo Banestado); a

instalação da Coamo (Cooperativa Agropecuária de Campo Mourão).

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Pitanga tem uma situação de diminuição de área devido a desmembramento de

distritos que foram elevados a municípios, foram os seguintes: Nova Tebas (1989), Mato

Rico (1993), Santa Maria do Oeste (1993) e Boa Ventura de São Roque (1997).

De 1980 até os dias atuais, segundo o IBGE, sua área ficou assim:

Tabela 3Área Territorial do Município de Pitanga (Pr) – 1980 a 2000

Área em km2Censos Pitanga1980 4.0681991 2.6832000 1.664

Fonte: IBGE – Censos Demográficos 1980, 1991, 2000.Org.: Vany Rocha Ferreira

Com base na tabela 3, observamos que mesmo com significativa diminuição da

área, Pitanga, hoje está entre os treze maiores municípios em extensão territorial do

Paraná, do total de 399.

Tabela n º 4População dePitanga (PR), 1980 a 2000

População residenteSexo X ano

Total Homens Mulheres1980 1991 2000 1980 1991 2000 1980 1991 200084.504

64.514 35.861 43.580 32.850 18.145 40.924 31.664 17.716

Fonte: IBGE. Censo Demográfico, 2000. Org.: Vany Rocha Ferreira.

A tabela 4 demonstra que dos 35.861 habitantes em 2000, 18.324 (51%) é

população urbana e 17.537 (49%) compõe a população rural.

Na agricultura e pecuária temos os seguintes dados:

Tabela 5 Pecuária – Pitanga (PR), 1980 a 2000

Efetivo dos rebanhos (cabeças)Tipo de rebanho 1980 / % 1991 2000 / %Bovino 68.384 / 11,28% 89.700 70.053 / 33,17%Eqüino 12.000 / 1,97% 9.000 8.503 / 4,03%Suino 112.876 / 18,62% 50.000 51.001 / 24,15%Ovino 2.245 / 0,37% 9.000 7.497 / 3,55%Galinhas 410.666 / 67,76% 173.000 74.100 / 35,09%TOTAL 606.171 / 100% 330.700 211.154 / 100%

Fonte: IBGE

Org.: Vany Rocha Ferreira

14

Gráfico 4

Pecuária – Pitanga 2006

010.00020.00030.00040.00050.00060.00070.00080.000

bovino equino suino ovino galinhas

Fonte: IBGE (2006)Org. : Vany Rocha Ferreira

Observamos, a partir da tabela 5 e gráfico 4, que a criação de eqüinos, suínos,

ovinos e galinhas são atividades da pecuária que estão diminuindo dando lugar a criação

de bovinos.

Tabela 6

Agricultura – Pitanga 2006

Quantidade produzida (toneladas) e %Lavoura temporária 1991 2000

Feijão (em grãos) 9.100 / 6,80 % 9.140 / 8,20 %Milho (em grãos) 102.375 / 76,47 % 57.698 / 51,76 %Soja (em grãos) 22.400 / 16,73 % 44.640 / 40,04 %TOTAL 133.875 / 100 % 111.478 / 100%

Fonte: IBGE (2006) Org. Vany Rocha Ferreira

Gráfico 5 Agricultura – Pitanga 2006

8%

52%

40% feijão

milho

soja

Fonte: IBGE (2006) Org.: Vany Rocha Ferreira

15

Gráfico 6Agricultura – Pitanga 2006

0

10.000

20.000

30.000

40.000

50.000

60.000

70.000

feijão milho soja

Fonte: IBGE (2006) Org.: Vany Rocha Ferreira

A tabela 6 e os gráficos 5 e 6 mostram estável produção de feijão, diminuição na

produção de milho e aumento na de soja, cultura destinada a exportação e a

industrialização de seus derivados. Predominando em porcentagem o cultivo do milho.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A intenção desse trabalho foi a de procurar entender a formação sócio-espacial e o

desenvolvimento econômico do município de Pitanga, sem a pretensão de dá-lo por

encerrado, mas no sentido de contribuir para novos estudos.

As pesquisas realizadas com algumas concepções dos conceitos de lugar e

ambiente, dados fornecidos por instituições como IPARDES e IBGE, trabalhos de

entrevistas e construção de tabelas e gráficos, levam a refletir na complexidade de

alcançar os objetivos propostos nesta construção. Pelos conceitos mencionados e

abordagem ao processo de ocupação e formação territorial paranaense, buscar a

identidade da realidade local.

Historicamente, regiões do Paraná foram ocupadas de formas diferentes, cada

uma acrescentando suas peculiaridades que são elementos diferenciadores que lhes dão

características próprias que levam a maior ou menor desenvolvimento.

Conforme relatado a característica de ocupação da região Centro-Sul, se deu de

forma diferente das outras e não teve o mesmo desenvolvimento.

Entre os fatores diversos temos a concentração fundiária inicial, o não incentivo a

imigração estrangeira, a falta de comunicação mais estreita com outras regiões; a

economia vinculada a agricultura e extração de pouca expressão econômica, política de

pequena influência com instâncias superiores.

16

A grande maioria das propriedades agrícolas do município é de pequeno e médio

porte, em mãos de famílias descapitalizadas que trabalham em regime pouco evoluído

tecnologicamente, sem uma ideologia de trabalho coletivo que leve a um maior

desenvolvimento.

A política de incentivos à indústria, oferecida pelo Governo do Estado, não atingiu o

município de Pitanga, fator gerador de empregos, de distribuição de rendas e melhorias

sociais.

Com esses elementos a imagem que fica é que no local tudo é mais difícil de

acontecer e a evolução não acompanha a mesma velocidade da que acontece em outras

escalas, que embora inseridos no processo global, o sentimento é de isolamento.

17

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CHEMUDA, Denise Maria. A exploração da erva-mate no município de Pitanga-PR (1980-1998). 1998. 56 f. Monografia. Pós-graduação em geografia – Universidade Estadual do Centro Oeste – Unicentro, Guarapuava, 1998.

FERREIRA, Yoshiya N. Industrialização e urbanização no Paraná. Revista Geografia. Londrina: UEL, v.03, 1986, p 113-128.

GONÇALVES, Carlos Walter Porto. Os (Des) caminhos do meio ambiente. 13ª ed. São Paulo. Contexto, 2005.

LEFF, Enrique. Saber ambiental: sustentabilidade, racionalidade, complexidade, poder. Petrópolis, RJ: Vozes, 2001.

MASSEY, Doreen. Um sentido global do lugar. In. ARANTES, Antonio A. (org). O Espaço da diferença. Campinas: Papirus, 2000. p. 176-185.

PARANÁ, (Estado). Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (IPARDES). Perfil Municipal de Pitanga. Curitiba: IPARDES. Disponível em http://www.ipardes.pr.gov.br/html. Acesso em 10 de nov. 2008.

SANTOS, Milton. Pensando o espaço do homem. 3ª ed. SP. Hucitec, 1991.

________ . Técnica, espaço, tempo; globalização e meio técnico-cientifico informacional. 3ª ed. SP. Hucitec, 1997.

________ . A natureza do espaço. Técnica e tempo. Razão e emoção. São Paulo: Edusp, 2002.

SILVA, Márcia da. Analise Política do Território: poder e desenvolvimento no Centro-Sul do Paraná. Guarapuava: Unicentro, 2007.

SUERTEGARAY, D. M. A. Espaço geográfico uno e múltiplo, In: SUERTEGARAY, D. M. A.; BASSO, L. A. e VERDUM, R., (org.). Ambiente e lugar no urbano: A grande Porto Alegre. Porto Alegre: ED. Universidade/UFRGS, 2000.

TAMOIO, Irineu. O professor na construção do conceito de natureza: uma experiência de educação ambiental. São Paulo: Annablume; WWF, 2002.

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ANEXOQuadro GeralInformações gerais sobre os entrevistados – Pitanga – 2008

Nº Nome Idade Tempo que reside em Pitanga

Nível de escolaridade

Opinião Sobre desenvolvimento de Pitanga

O que falta em Pitanga p/ melhorar

Conhece pessoas q/ saíram de Pitanga? Motivo

Lembra-se de alguma fase de desenvolvimento marcante

01 Ana 60 60 2º primário

Cresce lentamente, podia ser mais desenvolvida.

Na saúde: hospital, aparelhos e médicos

Sim.Emprego e saúde

Construção do prédio no centro

02 Romoaldo

43 43 Fund.imcompl.

Ruim, podia ter melhorado mais

Muitas coisas ainda

Sim.Emprego

Fase da madeira e das serralherias

03 Irma 71 30 Fund.incompl.

Acha que desenvolveu em 30 anos

Um bom prefeito

Não lembra

Cinema, lanchonete no vagão.

04*

Maria 46 25 3º grau compl.

Teve algum, mas ainda falta mto o q fazer como asfalto na área urbana

Valorização do comércio

Não conhece

Nunca houve, é pequeno e contínuo

05 Leoni 78 62 4ª série Alfalto nas estradas

Indústrias e políticos conscientes

Sim.Emprego

Comércio, asfalto e população.

06* Cirléia 42 42 3º grau

compl.Caminha a passos lentos

Indústrias, hospital bem equipado, ruas alfaltadas

Sim, muitos.Estudo, trabalho

Época do asfalto que liga a Guarapuava, Campo Mourão e Ivaiporã

19

Nº Nome

Idade Tempo que reside em Pitanga

Nível de escolaridade

Opinião Sobre desenvolvimento de Pitanga

O que falta em Pitanga p/ melhorar

Conhece pessoas q/ saíram de Pitanga? Motivo

Lembra-se de alguma fase de desenvolvimento marcante

07 Marilda 39 32 3º grau imcompl.

Podia ser melhor, com a falta de união Pitanga parou no tempo

Emprego, saúde educação

Simestudo

Não se lembra

08 Edilson 37 37 Fund.imcompl.

Vai de mal a pior

Precisa melhorar tudo

Sim e não voltaram mais

Não lembra

09 Sueli 48 32 Médio completo

Já desenvolveu mais, parou e o nº de hab. diminuiu

Bom prefeito

SimEmprego e estudo

Presença da Petrobrás

10 Maria 48 46 Médio compl.

Bom desenvolvimento na população

Indústrias, empregos

Simemprego

O laticínio

11 Lindolfo 82 82 Semi analfab.

Houve progresso em todas as áreas

Bons governantes, emprego

Simemprego

Construção das estradas

12 Maria 56 38 Fund.compl.

Lento e a longo prazo

Bons administradores

Sim emprego

Não lembra

13 Claudia 42 40 Fund.incompl.

Acha que nunca desenvolveu

Emprego bom atendimento na área da saúde

Não tem Época do asfalto

20

Nº Nome

Idade Tempo que reside em Pitanga

Nível de escolaridade

Opinião Sobre desenvolvimento de Pitanga

O que falta em Pitanga p/ melhorar

Conhece pessoas q/ saíram de Pitanga? Motivo

Lembra-se de alguma fase de desenvolvimento marcante

14 Noeli 36 25 Médio compl.

Pouco, quase nada

Indústrias, melhorar área de saúde e lazer

Sim emprego

Época das serrarias

15 Paulo 59 59 Fund.compl.

Melhorou bastante, a cidade aumentou

Médicos, industrias, educação, bons politicos

Sim emprego

Época das serrarias

16 Celenir 50 30 3ë grau incompl.

Está sempre do mesmo jeito não evolui

Melhor prefeito

Sim estudo

Não se lembra

17 Amélia 73 23 Fund.imcompl.

Acha que por ser antiga não é muito desenvolvida

Mais cursos nas faculdades

Sim emprego

Fase da madeira

18 Agenir 62 62 Médio incompl.

Melhorou um pouco

Melhorar a parte urbana

Sim Presença da Petrobrás

19 Nelson 42 6 Médio compl.

Um pouco, quase nada

Indústrias e explorar o gás

Sim emprego

Não

20 Maria 39 39 Pós graduada

Péssimo, sem planejamento, governantes fracos

Planejamento e ação

Sim estudo

Exploração do gás

21

Nº NomeIdade Tempo

que reside em Pitanga

Nível de escolaridade

Opinião Sobre desenvolvimento de Pitanga

O que falta em Pitanga p/ melhorar

Conhece pessoas q/ saíram de Pitanga? Motivo

Lembra-se de alguma fase de desenvolvimento marcante

21 Silvane 31 31 3º grau incompl.

Houve mudanças

Melhores governantes

Sim emprego

Asfalto nas avenidas

22 Ivanil 74 60 Fund.imcompl.

Melhorou Médicos especialistas

Sim emprego

Médicos bons

23 Izabel 43 25 4ª série Pouco, precisa muita coisa pra melhorar

Na área da saúde, segurança e urbanização

Sim emprego

Tempo do asfalto

24 Eni 55 44 Fund.compl.

Melhorou o comércio, construções e nº de habitantes

Industrias e saude

Sim emprego

Criação do Parque industrial

25 Pedro 64 64 3º grau completo

Bom, mas poderia ser bem melhor

Planejamento municipal

Sim emprego

Instalação do Banco do Brasil, da Coamo

26 Antonio 61 51 Primário Muito lento

União política, empregos e médicos

Não Asfalto que liga a Guarapuava e Campo Mourão

27 Adaltina 70 60 Primário Falta de emprego

Mais emprego

Não Desenvolvimento escolar

28 Acacia 70 61 Médio incompl.

Acha mal Indústrias

Sim emprego e estudo

Chegada da luz elétrica

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Nº NomeIdade Tempo

que reside em Pitanga

Nível de escolaridade

Opinião Sobre desenvolvimento de Pitanga

O que falta em Pitanga p/ melhorar

Conhece pessoas q/ saíram de Pitanga? Motivo

Lembra-se de alguma fase de desenvolvimento marcante

29 Maria 50 22 Fund.incompl.

Houve evolução na agricultura e na educação

Indústrias

Não lembra

Criação das faculdades

30 Maria 63 63 (Não Preencheu)

Quando criança era melhor

Bons políticos

Sim estudo e emprego

Asfalto

31 Inês 44 22 Médio compl.

Lento, poderia ser melhor

Empresas, indústrias

Sim emprego

Não

32 Amilton 40 40 Médio compl.

Melhorou muito

Falta muitos itens para melhorar

Sim emprego

Época da Petrobrás explorando gás

33 Rita 36 3º grau cursando

Tem desenvolvido muito

Fábricas, empregos

Sim emprego

Quando encontraram gás

Fonte: Entrevistas feitas pelos alunos e alunas da 8ª série “a” doColégio Estadual D. Pedro I – EFMTP de Pitanga – PR, no primeiro semestre de 2008.

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