estudo da expressÃo de clic4 e proteÍnas … · centro de ciÊncias da saÚde departamento de...
TRANSCRIPT
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PATOLOGIA ORAL
FRANCISCO JADSON LIMA
ESTUDO DA EXPRESSÃO DE CLIC4 E PROTEÍNAS
ASSOCIADAS EM QUEILITES ACTÍNICAS E CARCINOMAS
DE CÉLULAS ESCAMOSAS DE LÁBIO INFERIOR
Natal / RN
2016
2
FRANCISCO JADSON LIMA
ESTUDO DA EXPRESSÃO DE CLIC4 E PROTEÍNAS
ASSOCIADAS EM QUEILITES ACTÍNICAS E CARCINOMAS
DE CÉLULAS ESCAMOSAS DE LÁBIO INFERIOR
Orientadora: Profa. Dr
a. Éricka Janine Dantas da Silveira
Natal / RN
2016
Tese de Doutorado apresentada a Banca
Examinadora, como cumprimento parcial a
obtenção do título de doutor em Patologia Oral pelo
Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
3
Lima, Francisco Jadson.
Estudo da expressão de CLIC4 e proteínas associadas em queilites actínicas e carcinomas de
células escamosas de lábio inferior / Francisco Jadson Lima. – 2016.
78 f. : il.
Orientador: Profa. Dra. Éricka Janine Dantas da Silveira.
Tese (Doutorado em Patologia Oral) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro
de Ciências da Saúde, Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral, Natal, 2016..
1. Queilite – Tese. 2. Carcinoma de Células Escamosas – Tese. 3. Etiopatogenia – Tese. 4.
CLIC4 – Tese. I. Silveira, Éricka Janine Dantas da. II. Título.
Catalogação na Fonte. UFRN/ Departamento de Odontologia
Biblioteca Setorial de Odontologia “Profº Alberto Moreira Campos”.
4
FRANCISCO JADSON LIMA
ESTUDO DA EXPRESSÃO DE CLIC4 E PROTEÍNAS
ASSOCIADAS EM QUEILITES ACTÍNICAS E CARCINOMAS
DE CÉLULAS ESCAMOSAS DE LÁBIO INFERIOR
Natal / RN
2016
5
“Eu sou de uma terra que o povo padece, mas não esmorece e procura vencer. Da terra querida, que a linda cabocla
de riso na boca zomba no sofrer. Não nego meu sangue, não nego meu nome,
olho para a fome, pergunto o que há? Eu sou brasileiro, filho do Nordeste,
sou cabra da Peste, sou do Ceará.
Patativa do Assaré
6
Dedico os frutos e honras obtidos nessa batalha aos que
nunca me abandonaram na luta, ao contrário, vestiram à
armadura e seguiram comigo para combater na guerra.
Deus, por sua infinita bondade e amor.
Aos meus pais, José Patrício Lima e Maria Margarida,
pelo apoio incondicional e a reciprocidade do amor que
temos.
Aos meus irmãos, Patrício Filho, Ricardo Lima e
Renato Lima, por serem meus melhores amigos e sempre
estarem ao meu lado.
À minha esposa, Luciana, pelo seu amor e
companheirismo insubstituíveis.
A minha “irmã”, Maria Luiza (Malu), pois sempre
esteve presente e disposta a ajudar.
A minha orientadora, ProfaÉricka Janine,pela
dedicação, perseverança e por acreditar desde o inicio em
mim. O simples fato de acreditar fez e faz toda diferença.
7
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, José Patrício Lima e Maria Margarida, que incondicionalmente
apoiaram a construção do meu sonho, tudo começou quando eles ensinaram que a maior
herança que se pode deixar à um filho é o conhecimento, o bem mais precioso e jamais
usurpado.
Aos meus irmãos, Patrício Filho, Ricardo Lima e Renato Lima, pela união e
cumplicidade. Eles são meus exemplos, meus pilares, meus amigos, meus companheiros
de todas as horas, com eles sou forte, sem eles nem sei se existiria.
À minha esposa, Maria Luciana ou simplesmente “Luh”, pelo carinho,
compreensão, incentivo, amor e companheirismo que me foi dado para seguir em frente,
e por todas as vezes que posso enxergar através de seus olhos um mundo melhor, mais
colorido e cheio de sorrisos.Ela é simples, pura, transparente, linda e apaixonante, única,
incomparável e insubstituível.
Aos meus colegas de Pós-Graduação, pelos momentos de alegria, ensinamentos e
aprendizados.
A Maria Luiza, a minha “sister” de doutorado, por tê-la por perto, assimmesmo em
meio a tantos artigos, traduções, lâminas e discussões de casos, tudo pareceu mais fácile
foi possível cultivar uma amizade. Um dia li em algum lugar que a gratidão era uma
dívida eterna, impagável ou negociável, por todas as horas que tu esteve disponível a
ajudar seu “brother”, tens minha gratidão.
Ao Prof Gustavo Pina Godoy, pela oportunidade de tê-lo por perto durante muitos
anos, por ensinar muito do que sei e sou, por orientar muitos dos meus passos, pelas
vezes que não me deixou desistir, pelo exemplo profissional e por acima de tudo ter
lapidado o lado humano soberano ao profissional. Sou sem medo ou pudor seu fã e o
8
mínimo que posso fazer é lhe agradecer de coração, deixo-lhe o meu muito obrigado por
ter sido em outrora meu professor e orientador e hoje por ser meu amigo.
Ao Prof Manuel Gordón-Núñez, pois não conheço pessoa com tal personalidade, uma
mistura de responsabilidade e inteligência excepcional com uma vontade e alegria em
viver ímpar, detentor de um caráter inquestionável, exigente e metódico, mas também
amigo e um paizão, sabe orientar e sabe receber conselhos, dedicado e esmerado sempre
em busca do melhor, mas reconhece sempre que o melhor de si está no Panamá (a sua
família). Obrigado por mostrar-me que as amizades verdadeiras nascem sem interesse e
que nenhum sonho é tão distante que não possamos alcançá-lo.
A minha Orientadora, Profa Éricka Janine, sei professora que já recebestes inúmeros
parágrafos de agradecimentos, por vezes até páginas inteiras que ilustram o quão grande
é a gratidão que seus orientandos, ex-alunos, ex-colegas e colegas de trabalho tenspara
com a senhora. E hoje professora posso apenas dizer que foram poucos os
agradecimentos e que se possível mais páginas deveriam ser escritas, pois somente
depois de conviver e receber suas orientações pude entender que tudo é bem ínfimo
perto do que a senhora merece. Para ser breve trago uma citação que lhe define na
minha vida e que por essa tornaram-te tão importante. Falta-me palavras para agradecer
por ter pegado na minha mão, ter ensinado-me como percorrer o caminho, mesmo que
para isso tivéssemos que fazer e refazê-lo várias vezes, para ao final termos sucesso.
Que Deus lhe ilumine sempre, muito obrigada por tudo!
“Ninguém caminha sem aprender a caminhar, sem aprender a fazer o caminho,
refazendo e retocando o sonho pelo qual se pôs a caminhar” (Paulo Freire).
Aos Funcionários do Programa de Doutorado em Patologia Oral, muito obrigado
por tornarem o nosso programa de pós-graduação um ambiente prazeroso e produtivo.
Aos Professores do Programa de Doutorado em Patologia Oral, pelos incentivos e
contribuições, pelos conselhos e orientações preciosas que fomentaram o meu crescer na
carreira acadêmica e vida pessoal.
A Universidade Federal do Rio Grande do Norte, pelo excelente trabalho
desenvolvido na comunidade ao incentivar o desenvolvimento através da educação.
9
Ao CNPq que financiou a pesquisa através do edital universal.
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
α Alfa, nome da primeira letra do alfabeto grego
β Beta, nome da segunda letra do alfabeto grego
µl Microlitro, milionésima parte de um litro
µm Micrometro, milésima parte de mm (milímetros)
CCE Carcinoma de Células Escamosas
CCELI Carcinoma de Células Escamosas de Lábio Inferior
CCEO Carcinoma de Células Escamosas Oral(is)
CEP Comitê de Ética em Pesquisa
CFTR Do inglês
CysticFibrosisTransmembraneConductanceRegulator,
traduzido como Regulador de Condutância Transmembrana da
Fibrose Cística
CID Classificação Internacional de Doença
CLC Canais de Cloro/Cloreto
CLIC Canais Intracelulares de Cloro/Cloreto
cm Centímetros, centésima parte de m(metro)
CO2 Dióxido de Carbono/Gás Carbônico
DAB Do inglês,Diaminobenzidina
DBF Do inglês, Data Base Format
DE Displasia Epitelial
DEL Displasia Epitelial Leve
DEM Displasia Epitelial Moderada
DES Displasia Epitelial Severa
DNA Do inglês, DeoxyribonucleicAcid, traduzido comoÁcido
Desoxirribonucleico
DOPM Desordem oral potencialmente maligna
EDTA Do inglês, Ethylenediamine Tetraacetic Acid, traduzido como
Ácido Etilenodiamino Tetracético
EGF Do inglês, EpidermalGrowth Factor, traduzido como Fator de
Crescimento Epidérmico
EGFr Do inglês, EpidermalGrowth Factor Receptor, traduzido
comoReceptor do Fator de Crescimento Epidérmico
FOXP3 Do inglês Forkhead Box P3, traduzido como Proteína de
Transcrição localizada na cabeça da forquilha posição P3
HAP Hipertensão Arterial Pulmonar
HCL Ácido Clorídrico
HiDef Refere-se ao sistema de detectção baseado em reação de dois
polímeros e alta definição, HiDef DetectionTM
HRP Polymer
System
H2O2 Peróxido de Hidrogênio
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IL Interleucinas, conhecidas também por linfocinas
INCA Instituto Nacional de Câncer
10
In Vitro
Do latim, que significa “em vidro", uma expressão que designa
todos os processos biológicos que têm lugar fora dos sistemas
vivos
In Vivo Do latim, que significa “dentro do vivo”, uma expressão que
designa todos os processos biológicos que ocorre ou tem lugar
dentro de um organismo vivo
In Situ Do latim, cuja tradução literal para "on site" ou "em posição"
LI Lábio inferior
LPS Lipolissacarideo
MEC Matriz Extracelular
MMP Metaloproteinases de Matriz
MYC Gene c-MYC
NFK-β Do ingles, Nuclear Factor Kappa-light-chain-enhancer of
activated B cells, traduzidocomo Factor Nuclear Kappa β
OMS Organização Mundial de Saúda
pH
Medida físico-química potencial hidrogeniônico ou potencial de
hidrogênio, que indica a acidez
QA(s) Queilite(s) Actínica(s)
RN Rio Grande do Norte
SGHM Sistema de Gradação Histológica de Malignidade
SPSS
Do inglês Statistical Package for the Social Sciences, traduzido
como Pacote Estatístico para Ciência Social
TGF-β
Do inglês TransformingGrowthFactorβ, traduzido comoFator de
Transformação do Crescimento β
TLR Do inglês Toll-LikeReceptors, traduzido como Receptores Tipo
Toll
TNF- α Do inglês Tumor Necrosis Fator α, traduzido como Fator de
Necrose Tumoral α
TNM Classificação Tumor Nódulo Metástase
TREGS Do inglês Regulatory T cells, traduzido como Células T
Regulatórias
α –SMA
Do inglês α-SmoothMuscleActin, traduzido como Actina de
Músculo Liso-α
Front Do inglês Front, traduzido como na Frente (no estudo significa
na frente de invasão do tumor)
nm Nanomolar
UFRN Universidade Federal do Rio Grande do Norte
UV (s): Refere-se à radiação eletromagnética Ultravioleta
UVA Refere-se à radiação eletromagnética Ultravioleta A
UVB Refere-se à radiação eletromagnética Ultravioleta B
UVC Refere-se à radiação eletromagnética Ultravioleta C
X2
Qui Quadrado, simbolizado por χ2 é um teste de hipóteses
11
RESUMO
A proteína do canal de cloro intracelular 4 (CLIC4) regula a passagens dos íons
de cloro e relaciona-se com a proteína p53, fator de necrose tumoral α (TNF-α), fator de
crescimento transformante-β (TGF-β) e com a diferenciação de fibroblastos em
miofibroblastos (-SMA) em alguns cânceres humanos. O objetivo desse estudo foi
analisar a expressão imuno-histoquímicade CLIC4 e proteínas associadas em
queilitesactínicas (QA) e carcinomas de células escamosas de lábio inferior (CCELI),
bem como verificar a relação destas entre si e com as características clínicas e
morfológicas das lesões.A amostra foi composta de 50casos de QAs e 50de CCELIs
com dados clínicos, que inicialmente foram submetidos ao estudo morfológico para sua
gradação do risco de transformação maligna (sistema binário) e do grau histológico de
malignidade (Bryne, 1992), respectivamente.Todos os casos foram submetidos ao
método da imunoperoxidase usando os anticorpos paraCLIC4, p53, TGF-, TNF- e -
SMA, os quais foram submetidos à análise semiquantitativa, com exceção de p53, que
inicialmente foi analisado de forma quantitativa e em sequência categorizada como as
demais. Para a análise da expressão de CLIC4 foi considerada sua localização
celular.Comparações das imunomarcações com os parâmetros clínicos e morfológicos
das lesões foram realizadas pelo teste U de Mann-Whitney e o coeficiente de
Spearmanfoi calculado para avaliar correlações entre as proteínas. A expressão nuclear
da CLIC4 e TGF-β estava aumentadaem QAs de baixo risco, quando comparada ao
grupo de alto risco (p<0.0001), enquantoCLIC4 citoplasmática,p53 e TNF-α exibiram
maior expressão em QAs de alto risco (p<0.05). No que diz respeito às características
clínicas e morfológicas dos CCELIs, a expressão de CLIC4 citoplásmatica foi maior nos
casos apresentando metástase linfonodal, casos com estágios clínicos mais avançados
ou com alto grau de malignidade (p = 0,005; p = 0,029; p<0,0001). A expressão de p53
foi maior em CCELIs de alto grau de malignidade (p= 0,001) e a TGF-β diminuiu
significativamente conforme o avanço do estágio clínico e do grau histológico dos
tumores (p< 0,05).As QAs exibiram uma expressão aumentada de CLIC4 (no núcleo, ou
núcleo e citoplasma) e TGF-β, comparadas aos CCELIs (p < 0,0001). Em contraste,
houve aumento na marcação de CLIC4 citoplasmática e α-SMA nos casos de CCELI,
quando comparados às QAs (p < 0,0001).Nas QAs observou-se correlação negativa
entre a expressão de CLIC4 nuclear ea CLIC4 citoplasmática (r = -0,554; p = <0,0001),
e entre a marcação de TGF-β e α-SMA (r = -0,309; p = 0,029). Nos carcinomas, a
expressão de p53 exibiu correlação positiva com TNF-α (r = 0,528; p = 0,0001) e α-
SMA (r = 0,435; p = 0,002).Os nossos resultados sugeremque uma mudança no padrão
de expressão nuclear para citoplasmática de CLIC4 está envolvida no processo
decarcinogênese labial, acompanhada de alterações na expressão de p53, TGF-β, TNF-α
e α-SMA, e se relacionamcom alguns dos aspectos morfológicos e clínicos das QAs e
CCELIs.
Palavras Chave:Quelite Actínica. Carcinoma de células escamosas de lábio inferior.
Etiopatogenia. CLIC4.
12
ABSTRACT
The intracellular chloride channel protein 4 (CLIC4) regulates chloride ions and
is related to p53, tumor necrosis factor α (TNF-α), transforming growth factor-β (TGF-
β), and with the differentiation of fibroblasts in myofibroblasts (-SMA) in some
human cancers. The objective of this study was to analyze the immunohistochemical
expression of CLIC4 and associated proteins in actinic cheilites (AC) and squamous cell
carcinomas of the lower lip (SCCLL), as well as to verific their relationship with each
other and with the clinical and morphological characteristics of the lesions . The sample
consisted of 50 cases of AC and 50 of SCCLL with clinical data, which were initially
submitted to the morphological study for their gradation of malignant transformation
risk (binary system) and histological grade of malignancy (Bryne, 1992). All cases were
submitted to the immunoperoxidase method using CLIC4, p53, TGF-β, TNF- and -
SMA antibodies, which were submitted to semiquantitative analysis, except for p53,
which was initially analyzed quantitatively and a categorized sequence like the others.
For the analysis of CLIC4 expression, its cellular location was considered. Comparisons
of the immunoblots with the clinical and morphological parameters of the lesions were
performed by the Mann-Whitney U test and the Spearman coefficient was calculated to
evaluate correlations between the proteins. Nucleic expression of CLIC4 and TGF-β
was increased in low-risk AC compared to high-risk group (p <0.0001), whereas
cytoplasmic CLIC4, p53 and TNF-α showed higher expression in high-risk AC (p <
0.05). As regards the clinical and morphological characteristics of SCCLL, the
expression of cytoplasmic CLIC4 was higher in cases presenting lymph node
metastasis, cases with more advanced clinical stages or with a high degree of
malignancy (p = 0.005, p = 0.029, p <0, 0001). Expression of p53 was higher in high-
grade malignant SCCLL (p = 0.001) and TGF-β decreased significantly as the clinical
stage progressed and tumor grade histologically (p <0.05). Increased CLIC4 (in the
nucleus, or nucleus and cytoplasm) and TGF-β, compared to SCCLL (p <0.0001). In
contrast, there was an increase in the labeling of cytoplasmic CLIC4 and α-SMA in
SCCLL cases, when compared to AC (p <0.0001). In the AC, a negative correlation was
observed between nuclear CLIC4 expression and cytoplasmic CLIC4 (r = -0.554, p =
<0.0001), and between TGF-β and α-SMA (r = -0,309; = 0.029). In carcinomas, p53
expression exhibited a positive correlation with TNF-α (r = 0.528, p = 0.0001) and α-
SMA (r = 0.435, p = 0.002). Our results suggest that a change in CLIC4 cytoplasmic
nuclear expression pattern is involved in the process of lip carcinogenesis, accompanied
by changes in the expression of p53, TGF-β, TNF-α and α-SMA, and are related to
some of the morphological aspects and clinicians of AC and SCCLL.
Keywords: Actinic cheilitis. Squamous cell carcinoma of the lower lip.Etipathogenesis.
CLIC4.
13
SUMÁRIO
1 REFERENCIAL TEÓRICO.................................................................... 14
1.1 QUEILITE ACTÍNICA................................................................................ 14
1.2 CARCINOMA DE CÉLULAS ESCAMOSAS DE LÁBIO INFERIOR..... 22
1.3 CANAIS INTRACELULARES DE CLORO (CLIC):
CONSIDERAÇÕES GERAIS......................................................................
30
1.4 PARTICIPAÇÃO DA PROTEÍNA CLIC4 E PROTEÍNAS
ASSOCIADAS NO CÂNCER......................................................................
36
2 OBJETIVOS ............................................................................................... 41
3 ARTIGO CIENTÍFICO ............................................................................ 42
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................... 64
5 REFERÊNCIAS......................................................................................... 65
ANEXOS..................................................................................................... 75
14
1. REFERENCIAL TEÓRICO
1.1 QUEILITES ACTÍNICAS
A Queilite Actínica (QA) é uma reação inflamatória crônica, considerada uma
desordem potencialmente maligna causada pela exposição prolongada aos raios solares
ultra-violetas (UV). Foi descrita pela 1ª vez em 1923 por Ayres (BARNES et al., 2005;
CAVALCANTE, ANBINDER, CARVALHO, 2008). Acomete predominantemente
homens, em uma razão homem/mulher de 10:1,e quase que exclusivamente em lábio
inferior, principalmente nos indivíduos de cor de pele branca que se expõem de forma
crônica a radiação ultravioleta (RUV). O predomínio dessa entidade sobre o sexo
masculino se deve ao fato de que muitos homens trabalham por longos períodos sob
exposição à luz solar, enquanto as mulheres são menos acometidas por essa lesão em
virtude da maioria criar uma camada de proteção nos lábios ao usar batom, diminuindo
a exposição àRUV e assim evitando a doença (DE SOUZA LUCENA et al., 2012;
MIRANDA et al., 2016).
As razões para susceptibilidade aumentada nos lábios para
sofreremmodificações causadas pela radiação UV em lesões de QA são várias e incluem
dentre estas uma menor espessura de queratina na região, camada epitelial mais delgada
em relação outros tecidos; pequena quantidade de melanina e secreção diminuída de
glândulas sebáceas e sudoríparas, ou seja,mecanismos envolvidos normalmente na
proteção da pele contra a radiação. Além disso, as QAs ocorrem mais frequentemente
no lábio inferior por este local estar diretamente exposto aos raios solares (BENTLEYet
al., 2003; VIEIRA et al., 2012).
Cavalcante, Anbindere Carvalho(2008), analisaram as características clínicas e
histopatológicas em 38 pacientes com diagnóstico clínico de QA, destes, 29 (76,3%)
eramdo sexo masculino, 28 (73,6%) maiores de 40 anos, 35 (93,1%) da raça branca e27
(71%) eram não fumantes.
Ntomouchtsis et al. (2010) realizaram um estudo retrospectivo de 10 anos,
avaliando as principais lesões benignas em lábio e a QA representou 17,19% de todas as
lesões, sendo a segunda mais frequente, atrás apenas dos hemangiomas (19,28%). No
estudo, todos os 24 pacientes com QA eram do sexo masculino e apresentaram a lesão
em lábio inferior e destes, apenas 1 não era da raça branca.
15
A raça branca apresenta-se como a mais acometida pela QA, possivelmente em
virtude da menor concentração de melanina, que confere proteção da pele e aos lábios
contra os efeitos deletérios da radiação solar. Observa-se, ainda, que a faixa etária acima
dos 50 anos de idade é a mais acometida, reforçando a constatação dos danos
cumulativos da radiação solar. Trabalhadores que se expõem cronicamente ao sol são
mais acometidos, destacando-se dentre estes os agricultores, pescadores, motoboys e
guardas de trânsito (CAVALCANTE, ANBINDER, CARVALHO, 2008; PINERA-
MARQUES et al., 2011; DE SOUZA LUCENA et al., 2012).
Em outro estudo com 125 pescadores brasileiros, com história de exposição
crônica ao sol, 121(96,8%) eram do sexo masculino com idade média de 50 anos, o
tempo médio de exposição ao sol era de 32 anos durante a vida, com uma média diária
de 7,7 horas, 92,8% dos pescadores não usavam qualquer tipo de proteção solar. O
consumo de álcool esteve presente em 32% e 38,4% eram fumantes (PIÑERA-
MARQUES et al., 2010).
De Souza Lucena et al. (2012) avaliaram a prevalência e os fatores de risco
associados a QAs em trabalhadores de praia. Foram examinados 362 trabalhadores, e
destes 15,5% apresentaram queilite actínica. Entre aqueles com QA, houve predomínio
do sexo masculino (86%), com idades entre 37 anos ou mais de idade (61,4%) e de pele
clara (52,6%); 57,9% trabalhavam até 6h diariamente, cinco ou mais vezes por semana
(52,6%) e por mais de 8 anos (54,4%). Os autores sugeriram que a alta prevalência de
QA nesta população em especial, deve servir como base para fundamentar programas de
atenção direcionados para estes indivíduos que se expõema radiação ultra-violeta.
Clinicamente, a QA apresenta-se sob as formas aguda e crônica, sendo a aguda
mais comum em indivíduos jovens expostos ao sol de forma intensa e em períodos
curtos. Esta forma é caracterizada por exibir vermelhidão, edema, bolhas e ulcerações
no lábio que logo cicatrizam e não exibe potencial de transformação maligna. Já a forma
crônica acomete indivíduos acima da 4ª década de vida, é caracterizada por atrofia da
borda do vermelhão do lábio inferior que exibe superfície lisa e áreas pálidas. O
escurecimento da margem entre o vermelhão e a porção cutânea do lábio podem ser
evidenciados. À medida que a lesão progride, áreas ásperas e escamosas desenvolvem-
se nas porções mais ressecadas do vermelhão (MARKOPOULOS et al., 2004;
CAVALCANTE, ANBINDER, CARVALHO, 2008; PINERA-MARQUES et al., 2011;
VIEIRA et al., 2012).
16
No estudo de Markopoulos et al., (2004), a QA apareceu em 19 (29,2%)
pacientes na forma de lesões brancas não ulceradas, em 31 (47,7%) pacientes se
manifestou como erosões ou úlceras no lábio, enquanto em 15 (23,1%) casos,
coexistiam erosões e úlceras com lesões brancas ou áreas atróficas no lábio inferior.
Cavalcante, Anbinder eCarvalho(2008) afirmaram, em seu estudo, que todos os
pacientes avaliados apresentavam lesões clínicas multifocais, das quais as principais
manifestações eram: ressecamento, atrofia, eritemas, ulcerações, perda da demarcação
entre vermelhão do lábio e pele, lesões brancas e crostosas.
O diagnóstico histopatológico da QA é variável. Pode ser observada desde
hiperceratose até alterações epiteliais que inspiram um cuidado maior como a displasia
epitelial (DE), que pode ser leve, moderada ou grave, ou até um carcinoma in situ
(SARMENTO et al., 2014; CURY et al., 2007). No tecido conjuntivo, degeneração
basofílica das fibras colágenas, denominada elastose solar é geralmente detectada e
infiltrado inflamatório pode ser encontrado (NICO, RIVITTI, LOURENÇO 2007). O
carcinoma de células escamosas (CCE)in situ ou invasivo também podem ser
encontrados no exame histológico com suspeita clínica de queilite actínica.
A elastose solar é um aspecto bem comum nos casos de QAs e pode ser
definida como uma alteração que ocorre pela substituição das fibras colágenas e
elásticas por um material granular basofílico, amorfo e acelular que contém usualmente
vasos sanguíneos dilatados, que sugere a ação deletéria da radiação ultra-violeta
(MARKOPOULOS, ALBANIDOU-FARMAKI, KAYAVIS 2004; NEVILLE et al.,
2009).
A análise das alterações arquiteturais e citológicas em tecido epitelial são
aspectos a serem considerados para gradação histológica de displasias epiteliais. Os
graus de DE são utilizados para direcionar o tratamento das desordens orais
potencialmente malignas (DOPM), já que podem estar associado a uma maior
probabilidade de transformação maligna (WARNAKULASURIYA et al., 2008;
KUJAN et al., 2007). Conforme Warnakulasuriya et al., (2008), acredita-se que a
presença de áreas displásicas no epitélio do trato aerodigestivo está associada com uma
maior probabilidade de progressão para câncer, já que têm sido demonstrado que o
acúmulo de alterações genéticas e epigenéticas associadas a transformação maligna são
acompanhadas pela presença de displasia no epitélio. Porém, nem sempre o grau de DE
está associado à transformação maligna. Na pesquisa de Liu et al., (2011), 17 casos dos
92 graduados com DE de baixo risco sofreram transformação maligna e 20 dos 46
17
acasos graduados com DE de alto risco se transformaram em câncer, mas os autores
encontraram que as lesões de alto risco eram mais associadas ao aumento do risco do
desenvolvimento de câncer oral.
A elastose solar e a atrofia epitelial são os achados histopatológicos mais
constantes e os mais consistentes da QA, sem, entretanto, serem preditivos para
evolução da QA para CCE de lábio inferior (ROJAS et al., 2005). Ainda neste sentido,
Arnoud et al., (2014) verificaram em seu estudo que a elastose solar esteve presente em
86,36% dos casos de QA, contudo sem apresentar nenhuma relação com a
transformação maligna. Nesse mesmo estudo, os autores, destacaram que o componente
inflamatório era um mecanismo de defesa do organismo e ainda pode atuar na iniciação,
promoção e progressão de tumores, uma vez que os mediadores da inflamação
contribuem de forma efetiva para as alterações do microambiente tumoral, embora essa
relação ainda não seja completamente conhecida, seus resultados evidenciaram um
infiltrado inflamatório mais intenso em casos com displasias epiteliais moderadas e
severas.
O sistema de classificação proposto pela OMS divide os graus de displasia
epitelial em leve (DEL), moderada (DEM) e severa (DES), a partir da avaliação de 16
aspectos arquiteturais e citológicos. As alterações arquiteturais são: perda de
estratificação epitelial irregular, perda de polaridade das células do estrato basal,
projeções epiteliais em forma de gota, aumento do número de figuras de mitose, mitoses
altas, queratinização individual e presença de pérolas de queratina. As alterações
citológicas são: variação anormal do tamanho do núcleo, pleomorfismo nuclear,
variação anormal do tamanho da célula, proporção núcleo/citoplasma aumentada,
aumento do tamanho do núcleo, mitoses atípicas, número e tamanho de nucléolos
aumentados e hipercromatismo (WARNAKULASURIYA et al., 2001; BARNES et al.,
2005).
Para a classificação quanto ao grau de displasia Barnes et al., (2005) definiram
que na DEL as alterações arquiteturais e atipias celulares limitam-se ao terço inferior do
epitélio; na DEM essas alterações se estendem pelos dois terços inferiores do epitélio; e
na DES são notadas alterações arquiteturais e citológicas em mais de dois terços do
epitélio sem que atinjam todas as camadas até final do epitélio ou tenha ocorrido perda
de limite da membrana basal, fato que caracterizaria inicio de invasão e assim o caso
seria classificado como CCEin situ ou micro-invasivo. Ressalta-se ainda que ao
18
ocorrermuitas atipias celulares mesmo que não atinjam mais de dois terços do epitélio
deve-se classificar como displasia epitelial severa.
Conforme Tilakaratne et al. (2011), a análise do grau de DE para predizer
transformação maligna é problemática em muitos tecidos, porque a maioria dos
sistemas é pobremente estruturado e as características individuais são poucos definidas,
sendo a gradação das DEs de baixa reprodutibilidade, fato esse também reforçado por
Câmara et al. (2016).
Outro sistema de classificação dos graus de DE foi proposto por Kujan et al.
(2006), denominando sistema binário. Este sistema divide as lesões em baixo e alto
risco de transformação maligna, utilizando como critério de avaliação as mesmas
alterações citadas pela Organização Mundial de Saúde. Segundo os autores, esse
sistema considera como lesão de alto risco aquelas que apresentam mais de 4 alterações
estruturais e 5 alterações citológicas e lesões de baixo risco aquelas que apresentam
menos de 4 alterações estruturais e menos de 5 alterações citológicas. Em complemento
a essa classificação, um workshop cordenado pela OMS e realizado pelo centro de
colaboração do câncer e pré-câncer oral do Reino Unido propôs a categorização da
gradação das DEs em dois grupos: as de alto risco de transformação maligna, as quais
compreendem aquelas moderadas e severas e as de baixo risco de transformação
maligna que abragem as DEL e hiperceratoses sem displasias. Eles consideraram que as
DEs de alto risco exibem 2,78 vezes mais chances para transformação maligna do que s
de baixo risco(LIUet al., 2011).
Kujan et al. (2006) ressaltam que mesmo com a busca por uma classificação dos
graus de DE como forma de prever o prognóstico e tratamento dessas lesões, ainda é
impreciso, visto que a evolução é continua e as alterações moleculares fogem ao
diagnóstico puramente histológico. Esses autores, em seu estudo também testaram o
novo sistema binário, a forma proposta pelo referido centro e comprovaram que de fato
há uma diminuição da subjetividade, porém sugerem que estudos longitudinais
explorem o valor preditivo de transformação maligna desse sistema. Partindo deste
pressuposto, Warnakulasuriya et al. (2007) apontam que em algumas situações os
limites entre uma lesão apresentando DES e um CCEin situ podem ser motivos de
confusão diagnóstica, uma vez que, ambas apresentações possuem células epiteliais
atípicas e alterações arquiteturais proeminentes.
19
Markopoulos et al.(2004) acompanharam uma série de 65 casos de QA e
encontraram transformação maligna em 16,9% edestes mais da metade representavam
displasias epiteliais severas.
Cavalcante, Anbinder e Carvalho (2008)avaliaram histologicamente 29 lesões
com diagnóstico clínico de QA e as principais alterações epiteliais encontradas foram:
hiperceratose,camada granulosa proeminente, hiperplasia, acantose ou atrofia e
displasia. No tecido conjuntivo observou-se elastose solar, infiltrado inflamatório e
vasodilatação. O diagnóstico histológico de DEL foi obtido em 10,3% dos pacientes,
DEM em 27,6% e DES em 62,1% dos casos estudados.
Pimentel et al. (2006) detectaram em uma análise de 85 casos de QA que o grau
de DE estava associado à quantidade de infiltrado inflamatório. Esses autores também
mencionaram que a maioria dos CCELI são associados as QAs pré-existentes e que a
maior suscetibilidade para transformação maligna das QAs está relacionada com a
severidade da displasia epitelial.
Câmara et al. (2016) avaliaram de forma comparativa a influência das
características das DEs e sua efetividade na gradação proposta pela OMS e no sitema
binário em 107 casos de queilites actínicas. Os autores encontraram que a maioria dos
casos (44,5%) foram cassificados como DEL conforme a OMS e de baixo risco de
transformação maligna (64,5%) no sistema binário, havendo correlação positiva entre os
dois sistemas. A perda de polaridade da camada basal foi associada com a severidade do
grau DE na gradação da OMS.Anucleose, pleomorfismo nuclear, exocitoses,
pleomorfismo celular, perda de relação núcleo/citoplasma, aumento do tamanho do
núcleo, aumento das figuras de mitose e disceratose foram associadas com a severidade
da DE no sistema binário. Os referidos autores concluíram que o uso do sistema binário
para a gradação das QAs pode ser mais preciso devido à correlação de muitas
características citológicas e algumas alterações microscópicas arquiteturais com o
aumento do grau de displasia epitelial.
Assim, a melhor forma de emitir o diagnóstico da QA é baseada nas
características clínicas e histopatológicas conjuntamente (CAVALCANTE,
ANBINDER, CARVALHO, 2008; DE SOUZA LUCENAet al., 2012; ARNAUD et al.,
2014), uma vez que tal lesão exibe potencial de malignização, e, portanto, se não for
tratada em tempo hábil, pode evoluir para um carcinoma de células escamosas de lábio
(MARKOPOULOS, ALBANIDOU-FARMAKI, KAYAVIS, 2004; PERES et al.,
2009).
20
No estudo de Piñera-Marques et al. (2010), 16 dos 125 pacientes com
diagnóstico clínico de QAs estudados foram submetidos à biópsia e posterior exame
histológico. Destes, foram confirmados 7 casos de DEM à DES, 5 casos de DEL e 4
casos de CCELI, sendo 2 in situ e 2 superficialmente invasivos. Estes autores
reforçaram que considerando a associação entre esta entidade e o CCELI especialmente
em pacientes de risco, devem ser feitos procedimentos que aumentem a acurácia do
diagnóstico.
Vários estudos buscaram correlacionar algumas características sócio-
demográficas com a gradação histológica da QA, no entanto, em nenhum dos estudos
foi verificada relação estatisticamente significativa entre a gradação e características
como gênero, a idade, a etnia e à exposição ocupacional à luz solar apresentações
clínicas, sugerindo que essas características sócio-demográficas não estão relacionadas
com o grau de DE presentes em queilites actínicas (ABREU et al., 2004;
CAVALCANTE et al., 2008; SARMENTO et al., 2014).
O tratamento da QA pode ser realizado através de conduta cirúrgica ou não-
cirúrgica. A terapêutica cirúrgica inclui a excisão, crioterapia, curetagem (com ou sem
eletrocauterização) e laserterapia (laser de CO2), enquanto a não-cirúrgica pode variar
desde aplicação tópica de medicamentos (5-fluoracil ou masoprocol), dermoabrasão e
até o uso tópico ou sistêmico de retinóides, bem como injeções intralesionais de
interferon-α (DUFRESNE JR et al., 2008; PERES et al., 2009; LIMA et al., 2010;
ROSSOE et al., 2011). As condutas terapêuticas são bem diversificadas, porém todos
visam acompanhar a lesão para prevenir sua transformação maligna. Para os casos onde
os achados histopatológicos não evidenciam DE, pode-se optar pelo tratamento
conservador, orientando o paciente a utilizar proteção adequada. No entanto, quando
houver exposição ao sol continuada o acompanhamento deve ser periódico e os
cuidados mais cautelosos (VAN DERWALL, 2009; LOPES et al., 2016).
Barnaby et al. (1997) citaram como métodos terapêuticos mais efetivos a excisão
cirúrgica (vermelhectomia), criocirurgia e cirurgia a laser. Adicionalmente, Rossoe et al.
(2011) ainda afirmaram que a técnica cirúrgica de vermelhectomia em W-plastia
oferece melhores resultados estéticos aos pacientes, quando comparado a técnica
tradicional. Algumas pesquisas buscam um tratamento alternativo para a QA, citando o
estudo de Lima et al. (2010) que relataram o uso promissor do diclofenaco em ácido
hialurônico gel, sendo este um tratamento não invasivo e com mínimos efeitos
colaterais.
21
Normalmente, pode demorar mais de duas décadas de exposição solar crônica
para que a QA se transforme no CCELI, contudo em alguns pacientes a progressão pode
ocorrer mais rapidamente. Devido a essa evolução lenta e também pelo fato dos
primeiros sinais clínicos serem sutis, muitos pacientes associam a QA em seu estágio
mais inicial com o processo de envelhecimento e negligenciam a lesão até que ela
alcance um quadro mais grave (CAVALCANTE, ANBINDER,CARVALHO, 2008).
Conforme relatado por Papadimitrakopoulou et al. (1997), o grau de DE é o mais
importante indicador para o risco do câncer oral, sendo relatado que a progressão de
displasias para o câncer varia de 6 a 36% e consequentemente a maioria dos CCE orais
se desenvolve a partir de lesões displásicas. Desta forma, a identificação e
conhecimento dos mecanismos moleculares relacionados ao processo de progressão das
displasias para câncer podem ser úteis na determinação do risco de uma lesão
potencialmente maligna sofrer transformação, uma vez que a evolução e progressão
desta condiçãoé imprevisível e os pacientes portadores destas lesões nem sempre
realizam o devido acompanhamento.
Com a finalidade de prever o risco de transformação maligna em QA, há na
literatura pesquisas que analisam o uso de marcadores imuno-histoquímicos para
predizer o comportamento biológico da lesão. Dentre eles, cita-se a de proteína p53, a
anti-apoptótica bcl-2 e o marcador de proliferação celular Ki-67. Até o momento, os
resultados apontam que o aumento da expressão da p53 poderia ser utilizado como
preditor de transformação maligna. Entretanto, são necessários mais estudos que
analisem as alterações na expressão dos marcadores de apoptose e proliferação celular
em amostras de QA com DE, o que mostra a complexidade e a característica
multifatorial do processo de carcinogênese envolvendo o epitélio oral (MARTINEZ et
al., 2005; MARTÍNEZ et al., 2008).
Inuoe et al. (2002) reforçaram a importância da identificação dos mecanismos
moleculares associados com a carcinogênese devido a evidência de que algumas lesões
não displásicas também sofreram transformação maligna. Embasados na literatura sobre
o potencial de transformação maligna das QAs, outros pesquisadores avaliaram além da
atividade proliferativa, apoptose e ativação de oncogenes e genes supressores de tumor
nessas lesões, utilizando diferentes marcadores envolvidos nestes processos, tais como
proteínas de reparo de DNA (HMLH1 e HMSH2), p53, p21, EGFr e MdM -2
(MARTÍNEZ et al., 2005, MARTÍNEZ A et al., 2008; SOUZA et al., 2011;
SARMENTO et al., 2013).
22
Lopes et al. (2016) estudaram arelação entre a imunoexpressão da hMSH2,p53 e
p21 em CA e CCELI com intuito de avaliar as alterações gênicas destas proteínas na
carcinogênese de lábio inferior. Os autores verificaram alterações de marcação para
todas as proteínas e sugerem que estas proteínas estão envolvidas na carcinogênese do
CCELI, destacando que a p53 também pode está relacionada a eventos anteriores a este
processo.
Embora a avaliação microscópica da QA seja importante para direcionar o
tratamento, também é importante investigar alterações nos componentes das células,
considerando que nem sempre o aspecto microscópico é indicativo da possibilidade de
transformação maligna. Assim, o estudo das alterações moleculares que ocorrem em
LOPM auxilia no entendimento das etapas que devem ser percorridas para a aquisição
de um fenótipo maligno, fornecendo, deste modo, ferramentas que auxiliam a esclarecer
os mecanismos associados com a evolução da lesão.
1.2. CARCINOMAS DE CÉLULAS ESCAMOSAS DE LÁBIO INFERIOR
A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que no ano de 2030 haverá uma
incidência de 27 milhões de novos casos de cânceres na população mundial. Nesta
perspectiva, serão 75 milhões de pessoas que passarão a conviver diariamente com esta
doença e destas, cerca de 17 milhões virão a óbito em decorrência do câncer anualmente
(BRASIL, 2016).Os cânceres orais (COs) estão entre as dez neoplasias mais comuns do
mundo e embora a ocorrência seja maior nos países orientais, o Brasil se destaca dentre
os países ocidentais por exibir alta prevalência de câncer oral. Conforme Schneider et
al. (2014), o câncer de lábio, boca e laringe constituí um sério e crescente problema de
saúde pública em muitas partes do mundo. O CO corresponde em sua grande maioria ao
CCE que perfaz 95% de todos os casos diagnosticados em sítios intra-orais e lábio
(MARQUES et al., 2008; AGARWAL et al., 2011).
O CCEO é definido como uma neoplasia derivada do epitélio escamoso oral que
pode afetar tanto cavidade oral (língua, assoalho de boca, mucosa jugal, gengiva e
palato) como o vermelhão do lábio. O termo CCELI é usado para referir as
malignidades epiteliais que se originam do vermelhão do lábio (BATISTA et al., 2010).
Esta é uma malignidade comum da região de cabeça e pescoçoque corresponde a
aproximadamente 25 a 30% de todos os cânceres não cutâneos desta região
(MARUCCIA et al.,2012).
23
Batista et al. (2010) afirmaram que o CCELI e o CCEO são neoplasias malignas
distintas, uma vez que possuem características clínicas e microscópicas,
comportamentos clínicos e prognósticos que diferem entre si. A Classificação
Internacional de Doenças - 10ª edição (CID-10) da Organização Mundial da Saúde
(OMS) classifica o CCE segundo sua localização anatômica, o que mais uma vez
reforça a diferença existente entre o CCELI (CID.C00), quando comparado ao CCEO,
como o de língua (CID.C02) por exemplo (INCA, 2014).
Nos últimos anos, a incidência de CCELI aumentou principalmente em função
da mudança dos hábitos da população, que passou a se expor mais aos fatores de risco
(HASSON et al., 2008; RIBEIRO et al., 2009;SENA et al., 2010). Uma maior
incidência de CCELI é explicada por alguns autores pela sua maior exposição à
radiação solar, já que o lábio superior apresenta-se consideravelmente menos exposto
em decorrência da sua localização anatômica (ABREU et al., 2004; ANTUNES;
ANTUNES, 2004).
Estudos relataram que aproximadamente 80 a 90% dos casos CCELI acometem
indivíduos do sexo masculino em faixa etária variável, mas com maior concentração
entre a quinta e sexta década de vida (LUNA-ORTIZ et al., 2004; MARUCCIA et al.,
2012; SENA et al., 2010). São raros os casos em pacientes negros e indivíduos abaixo
dos 40 anos de idade (ABREU et al., 2004).
Czerninski, Zini e Sgan-Cohen (2010) realizaram um estudo com 4.337 casos de
neoplasias em lábio, arquivados no Registro Nacional de Câncer de Israel no período de
1970 a 2006. Aproximadamente metade dos casos (49,2%) eram CCEs, destes cerca de
dois terços (72,4%) estavam localizados em lábio inferior. Outras lesões também
encontradas no estudo como: carcinoma de células basais (40,0%); tumores de origem
glandular salivar (8,7%); metástases (1,7%) e outros (0,4%). Observou-se ainda que a
radiação UV e o fumo foram os principais fatores de risco associados ao
desenvolvimento das lesões. Além disso, constatou-se que a prevalência de CCELI foi
até 5 vezes maior que em lábio superior na população estudada.
No estudo de Casal et al. (2010), de um total de 228 (100%) pacientes com
neoplasias de lábio inferior, 216 (94,7%) casos eram CCEs. Destes 184 (80,7%) lesões
ocorreram em pacientes do sexo masculino, com uma proporção em relação ao sexo
feminino de 4:1. A média de idade foi de 67,6 anos, sendo o lábio inferior (95,6%) mais
atingido que o superior.
24
O desenvolvimento de vários cânceres, incluindo o CCELI, está associado à
exposição aos agentes carcinógenos, principalmente os ambientais, destacando-se dentre
esses os de natureza física e química. Tais agentes podem causar algum grau de
desordem no DNA, comprometendo a normalidade celular, o que pode favorecer a para
transformação maligna (DUARTE, BORROTO, MARTINEZ, 2011).
Berman e Cockerell (2013) relataram que a exposição à radiação UV exerce
certo efeito benéfico sobre a pele, pois estimula a produção de vitamina D, porém a
exposição excessiva acarreta em inflamação, imunossupressão, falha na apoptose e
aberrante diferenciação, o que pode culminar em mutagênese e carcinogênese.
Adicionalmente, estes autores descreveram que a radiação UV é um carcinógeno
completo, pois tanto induz mutações genéticas iniciais nos queratinócitos, como
promove expansão e proliferação celular, quando a mesma se torna excessiva. Esse fato
causa mais alterações nas vias que regulam o crescimento e diferenciação celular,
inflamação e imunossupressão.
No que se refere ao papel da radiação na carcinogênese de lábio, pode-se afirmar
que o componente UV é o principal fator responsável pelo dano ao genoma celular. Os
raios UV são divididos em UVA (320 e 400nm), UVB (280-320nm) e UVC (200-
280nm), sendo que cada comprimento de onda exerceefeitos distintos sobre o genoma
celular (RODUST et al., 2009).
A radiação do tipo UVA está mais relacionada aos efeitos deletérios indiretos ao
DNA. Os principais danos causados pela radiação UVA são em relação à geração de
espécies reativas de oxigênio (ROS),por promover a formação de bases de DNA
oxidativas. O tipo UVB pode atuar diretamente no DNA e promover uma alta taxa de
mutações de transição em sequencias dipirimidinas contendo citosina, que induz a
formação de lesão no DNA. Essas lesões são formadas pelos dímeros de pirimidina-
ciclobutanos. Ainda em relação aos tipos de radiação, a UVC, é irrelevante ao modelo
de fotocarcinogênese, pois é absorvida pela camada de ozônio e não influencia na
tumorigênese do lábio (PFEIFER, YOU, BESARATINIA 2005; SOUZAet al., 2011).
O DNA sofre ação dos diferentes tipos de radiação UV porque suas proteínas
são cromóforos, ou seja, absorvem a radiação UV e sofrem a sua ação direta. A
interferência da exposição solar crônica sobre o metabolismo das células, em especial os
ceratinócitos e fibroblastos, gera uma sobrecarga que acaba esgotando os mecanismos
celulares de defesa, quando então a célula inicia o processo de senescência. Nesta
situação, o estresse oxidativo causa mutações no DNA, defeitos e alterações funcionais
25
nas proteínas e peroxidação dos lipídios das membranas celulares, o que interfere na sua
permeabilidade e acarreta em alterações no transporte e nas sinalizações
transmembranas (MONTAGNER, COSTA 2009).
Neste contexto, Maruccia et al. (2012) encontraram em sua pesquisa associações
diretas entre o carcinoma de células escamosas de lábio (CCEL) e a exposição a fatores
de risco, tais como exposição a radiação solar, ao tabaco e álcool. Na sua amostra,
72,96% dos pacientes eram fumantes, 72,04% tinha o hábito de consumir álcool e a
maioria estava exposta cronicamente a radiação solar (72%).
O aspecto clínico do CCEL pode variar a depender das características do
paciente e de crescimento da lesão, bem como do tempo de duração, intensidade e
frequência de exposição aos fatores de risco. O CCE se localiza frequentemente no
vermelhão do lábio inferior em um dos lados da linha média, sendo frequente o relato
inicial de uma úlcera com borda rígida, ou lesões exofíticas que apresentam crescimento
lento (DIAZ; GIRALT, 2009; PEREIRA-FILHO, 2011).
Em levantamentos epidemiologicos em casos de CCELI, Diaz e Giralt (2009) e
Duarte, Borroto e Martínez (2011) observaram uma maior prevalência de lesões
exofíticas com aspecto misto, as quais demonstravam, na mesma lesão, áreas em placas
esbranquiçadas e áreas ulceradas.
Em CCELI o estadiamento clínico de tumores orais tem sido utilizado para
facilitar o plano de tratamento, bem como para direcionar um melhor acompanhamento
da evolução da doença no paciente. A classificação de tumores malignos através do
sistema tumor-nódolo-metástases (TNM) demonstra em pacientes com câncer de lábio
relação com estagio da doença e gradação histopatológica (SENA et al., 2010).
Este sistema foi proposto por Pierre Denoix, na França,entre os anos de 1943 e
1952 e em 1950 a União Internacional Contra o Câncer (UICC) sugeriu esta forma de
estadiamento para tumores malignos. No decorrer das décadas subsequentes os
resultados em relação ao estadiamento e classificação TNM mostraram-se eficientes, e
consequentemente sua aplicação permaneceu como uma maneira mais fácil, rápida e
universal no planejamento para tratamento de tumores malignos. Uma das finalidades
deste sistema é possibilitar uma comunicação entre profissionais em qualquer
localidadeutilizando uma linguagem comum (SOBIN,
GOSPODAROWICZ,WITTEKIND 2011).
O T considera a extensão do tumor primário, N a ausência ou presença,bem
como a extensão de metástases em linfonodos regionais eM a ausência ou presença de
26
metástase à distância. A partir da classificação do tumor em cada uma dessas variáveis,
o mesmo é categorizado em estádios que variam de I ao IV(BARNES et al., 2005).
O estadiamento clínico foi apontado como importante fator prognóstico para
câncer de lábio, por outro lado, as classificações histopatológicas podem prover fatores
prognósticos suplementares a fim de valorizar o estadiamento TNM e auxiliar na
escolha terapêutica (ANNEROTH; BATSAKIS; LUNA, 1987; LOURENÇO et al.,
2007; SENA et al., 2010).
O CCELI possui como característica o crescimento lento e a possibilidade de
produzir metástases cervicais em apenas cerca de 3% a 29% dos casos em estágio
inicial. Uma sobrevida de 5 anos é verificada em torno de 90% em casos com T1N0,
caindo bruscamente para cerca de 50%, quando ocorre o comprometimento dos
linfonodos regionais (SALGARELLI et al., 2009).
Os CCELI possuem origem a partir do epitélio displásico, sendo caracterizado
histologicamente pela invasão de ilhas e cordões de células epiteliais malignas através
da membrana basal para o interior do tecido conjuntivo. As células tumorais, na maioria
das vezes, apresentam citoplasma eosinofílico em quantidade variada e pode-se
observar hipercromatismo nuclear e perda da relação núcleo-citoplasma, bem como
disceratose (ceratinização individual da célula) e formação de pérolas de ceratina em
tumores bem diferenciados. Em casos onde o tumor ainda se encontra em estágios
iniciais, costuma-se denominá-lo superficialmente invasivo ou microinvasivo. Em
casos mais avançados, as células malignas podem se estender profundamente atingindo
tecido muscular, nervoso, adiposo e/ou ósseo e invadir vasos sanguíneos (NEVILLE et
al., 2009).
OsCCELI não apresentammuitas diferenças microscópicas em relação as outras
localizações intra orais, sendo classificado quanto a sua diferenciação histopatológica
em bem diferenciado, moderadamente diferenciado e pobremente diferenciado
(BARNES et al., 2005). Para essa classificação, são observadas as características
morfológicas que denotam atipia celular, dentre estas o grau de ceratinização, o
pleomorfismo celular e o hipercromatsmo nuclear (DUARTE, BORROTO,
MARTÍNEZ 2011; PINERA-MARQUES et al., 2011).
No CCELI também podem ser observados anexos cutâneos, devido a
proximidade do lábio com a pele, além de ser possível relatar a presença de degeneração
basofílica das fibras colágenas, denominada histologicamente como elastose solar
(NEVILLE et al., 2009; PINERA-MARQUES et al., 2010).
27
A partir das características histopatológicas é possível realizar a gradação do
CCELI, utilizando os sistemas de gradação histológicos de malignidade. Esses sistemas
de gradação fazem uso dos mais variados critérios com a intenção de definir uma
melhor maneira que, ao mesmo tempo, permita identificar quanto o tumor é invasivo e
que características histológicas podem influenciar no comportamento biológico,
tratamento e prognóstico dessas lesões. As classificações mais utilizadas atualmente são
a da OMS descritas por Barnes et al.(2005) e a de Bryne et al. (1992)
(WOOLGAR,2006).
A classificação histopatológica de malignidade descrita pela OMS, em 2005,
baseia-se no grau de diferenciação celular e permite a gradação dessa neoplasia maligna
em três categorias: pouco, moderadamente e bem diferenciados. Os casos bem
diferenciados são assim denominados quando sua arquitetura tecidual se assemelha a
um padrão normal de epitélio escamoso, sendo esse o tipo mais comum dos CCEs em
lábio (SOUZA et al., 2011). Já aqueles que se mostram pouco diferenciados,
caracterizam-se pelo predomínio de células imaturas, numerosas mitoses típicas e
atípicas, bem como mínima ceratinização. Os CCEs moderadamente diferenciados
exibem características intermediárias entre os tumores bem e pobremente diferenciados.
Neste tipo, certo grau de pleomorfismo nuclear, atividade mitótica e pouca ceratinização
são observados (BARNES et al., 2005).
Bryne et al. (1992) propôs um sistema de gradação histológica que avalia as
margens invasivas ou “front invasivo” do tumor, onde se atribui escores para cada uma
das características histopatológicas analisadas como, grau de ceratinização,
pleomorfismo nuclear, padrão de invasão e infiltrado inflamatório. Ao final, todos os
escores são somados, fornecendo o grau de malignidade do tumor (baixo grau e alto
grau de malignidade), em que um alto escore indica um pobre prognóstico e um baixo
escore um melhor prognóstico (BRYNE 1998; WOOLGAR 2006; WEIJERS et al.,
2009).
Cantin et al. (2008) analisaram 17 casos de CCELI quanto ao índice
angiogênico, gradação histopatológica da OMS e a gradação histopatológica de front de
invasão. O estudo revelou que 94,2% dos casos estavam classificados como bem e
moderadamente diferenciados segundo a OMS, enquanto 79,2% dos casos classificados
como baixo grau de malignidade de acordo com Bryne et al. (1992). Os autores
verificaram uma associação entre a gradação histopatológica da OMS (2005) e a de
28
Bryne et al. (1992), desta forma sugeriram que ambas as gradações podem ser utilizadas
como indicadores de agressividade em CCE de lábio inferior.
Santos et al. (2014) realizaram uma análise morfológica em 59 casos de CCELI
quanto ao grau de malignidade histopatológico, utilizando o sistema de gradação do
front invasivo (BRYNE et al., 1992), o sistema de classificação da OMS (CARDESA et
al., 2005) e o de avaliação de risco histológico (BRANDWEIN-GENSLER et al., 2005)
com intuito de correlacionar aos parâmetros clínicos e determinar o uso pleno desses
sistemas como indicadores do comportamento biológico em CCE de lábio inferior. Os
autores identificaram uma associação entre o baixo grau de malignidade e a ausência de
metástases em linfonodos regionais. Não foram observadas associações significativas
entreos parâmetros clínicos analisados e o sistema da OMS e a avaliação do risco
mostrou uma associação significativa entre o escore de risco e metástases em linfonodos
regionais. Neste contexto os autores sugeriram que entre os sistemas de classificação
histopatológicos avaliados, a avaliação de risco histológico proposta por Brandwein-
Gensler et al., (2005) é a melhor opção para prever o comportamento biológico de
CCELI, principalmente quando relacionado a presença de metástases em linfonodos
regionais.
O valor da classificação histopatológica é controverso e somente a classificação
microscópica isolada é pobremente correlacionada com os dados de sobrevida dos
pacientes e com a resposta ao tratamento. A análise histopatológica de forma mais
precisa passa a ser fundamental, uma vez que o comprometimento das margens
cirúrgicas associa-se a um prognóstico desfavorável (PEREIRA et al., 2007; SENA et
al., 2010).
Segundo Canto e Devesa (2002) e Sena et al. (2010)o CCELI tende a ter baixa
agressividade, um crescimento lento e baixa probabilidade de desenvolver metástases
tardiamente. Portanto, apresenta bom prognóstico, em especial quando diagnosticado
precocemente, com taxa de sobrevida em 5 anos identificada em aproximadamente 90%
dos casos. As lesões mais extensas podem inviabilizar o sucesso no tratamento e assim
piorar o prognóstico dos pacientes (HORTA et al., 2007; HASSON et al., 2008;
WARNAKULASURIYA 2010).
A melhor visibilidade de alterações no lábio possibilita o diagnóstico precoce do
CCE de lábio inferior (SARGERAN et al., 2009; PIETERSMA et al., 2015). Porém, o
diagnóstico tardio é observado em 5% a 20% dos casos, o que pode acarretar em
significativa diminuição na sobrevida de 5 anos dos pacientes para apenas 30%
29
(HASSON 2008). Segundo Souza et al. (2011), o tamanho do tumor, o grau histológico
de malignidade, a metástase em linfonodos regionais e a recorrência da doença são os
principais fatores relacionados à sobrevida dos pacientes com CCE de lábio inferior.
A cirurgia é o tratamento de escolha para o CCELI, porém o tipo de
procedimento cirúrgico vai depender da extensão do tumor. A ressecção cirúrgica com
margens de segurança é o procedimento mais indicado para esta neoplasia. Em alguns
casos mais agressivos o tratamento cirúrgico tem sido associado ao uso da
quimioterapia e radioterapia (GUTIÉRREZ-PASCUAL et al., 2011). O esvaziamento
cervical deve ser procedido quando houver confirmação ou suspeita de metástases para
os linfonodos localizados nesta região (CHENG, SCHIMIDT 2008).
O curso habitual do CCELI é crescer lentamente. Todavia, em casos avançados,
estruturas adjacentes como, assoalho da boca, língua e osso mandibular podem ser
envolvidos(MORSELLI et al., 2007). De 3% a 29% dos casos exibem metástase para
linfonodos cervicais (SALGARELLI et al., 2009). Além disso, metástases à distância
podem ocorrer em até 15% dos casos (MORSELLI et al., 2007; VAHTSEVANOS et
al., 2007).
Abreu et al. (2004) estudaram 57 pacientes com CCE de lábio, dos quais 90%
foram localizados em lábio inferior. Quando os autores verificaram a invasão tumoral
dos tecidos regionais, foi observada que a invasão do tecido muscular ocorreu em lesões
a partir de 1cm, a invasão de nervos foi identificada nas lesões a partir de 1,5cm,
enquanto que nas lesões maiores de 2cm já havia a invasão dos vasos sanguíneos. Os
resultados apontaram uma relação direta entre as lesões a partir de 0,5cm e o aumento
no número de metástases e da recidiva local. Os autores sugeriram que a classificação
TNM, ao considerar T a partir de 2cm, não consegue refletir a realidade para as
neoplasias localizadas em lábio.
Duarte, Borroto e Martínez (2011) analisaram 100 casos de CCE de lábio, com
intuito de descrever o comportamento desta neoplasia. Foi observado um predomínio do
CCELI em 84,4% dos casos, e quando analisados em relação ao estadiamento clínico,
90% dos casos estavam classificados nos estádios I e II. Os autores sugeriram que os
CCEL são usualmente diagnosticados precocemente e consequentemente possuem um
melhor prognóstico.
A compreensão das alterações genéticas e a expressão das proteínas envolvidas
no desenvolvimento desses tumores podem revelar novos fatores prognósticos e assim
ajudar a compreender o comportamento biológico da doença e os mecanismos
30
envolvidos no processo de transformação maligna permitindo uma maior precisão na
caracterização prognóstica de tumores (MONTEIRO et al., 2010).
1.3 PROTEÍNAS DE CANAIS INTRACELULARES DE CLORO (CLIC):
CONSIDERAÇÕES GERAIS
O cloro é um grande ânion intracelular existente em todos os organismos vivos.
O transporte de cloro intracelular é essencial para a regulação eletrogênica das
membranas intracelulares para contribuir com a manutenção do potencial das
membranas e organelas. São descritos pelo menos cinco genes da família dos canais de
cloro em células de mamíferos e mutações em genes destas famílias estão associadas
com alterações neuromusculares, respiratórias, ósseas, neoplasias e doenças renais em
seres humanos (LI,WEINMAN 2002; PERETTI et al., 2015).Os canais de transportes
iônicos estão entre os mecanismos celulares e alvos terapêuticos mais estudados. Os
agentes bloqueadores dos canais de cálcio figuram na literatura como um dos mais
importantes, pois oferecem enormes benefícios no tratamento de doenças
cardiovasculares.
Tornou-se evidente que várias classes de canais iônicos e principalmente os de
transportadores de cloro que regulam de forma crítica algumas proteínas e contribuem
para a homeostase celular, devem ser considerados como potenciais para estudos e
possíveis alvos terapêuticos em câncer e outras doenças humanas (SUH, YUSPA 2005;
SHUKLA, YUSPA 2010).
Conforme relataram Suh e Yuspa (2005) em estudos experimentais foi
identificado que o veraparil (inibidor de canais decálcio) eleva a ação da quimioterapia
no tratamento do câncer. Ainda conforme esses autores, a indução ou seleção para a alta
expressão de proteínas resistentes a multidrogas em uma população de células
cancerosas acarreta em resistência a quimioterapia e neste contexto os inibidores de
transportes de íons servem como agentes modificadores no tráfico da droga através das
membranas.
Os canais de cloro são classificados com base nas diferenças estruturais, dos
quais as quatro maiores classes são canais de cloro ligand-gated (Extracelular e
Intracelular) (SUH et al., 2014). Uma das vias referidas na literatura e pouco estudadas
na carcinogênese de pele até o momento é a conduzida pela família CLIC (canais
intracelulares de cloro) que compreende uma família composta por 7 genes (CLIC1-
31
CLIC5, p64 e parchorina) que são associados aos canais intracelulares de ânions e com
a seletividade para o íon Cloro (PERETTI et al., 2015). As proteínas da família CLIC
são altamente conservadas durante a evolução em vertebrados e invertebrados,
sugerindo que estas possuem funções essenciais na morfogênese e viabilidade celular
durante o desenvolvimento (BERRY et al., 2006).
As CLICs são proteínas metamórficas na transição entre o status solúvel e
membrana e no mínimo em parte dependente do redox celular. Estão localizadas
primariamente no citoplasma e têm múltiplos domínios de interação proteína/proteína e
sítios de fosforilação, bem como sítios de modificações lipídicas (SUH et al., 2012;
PERETTI et al., 2015).
Estas exibem tamanho que varia de 30 a 40kDa e um domínio maior na região
transmembrana com função seletiva no transporte de íons cloro (Figura 1).
FIGURA 1 - Estrutura de proteínas CLIC. (A) A estrutura do CLIC1 na sua forma reduzida
solúvel, a região TM (resíduos 25-46). O domínio N está à esquerda (hélices H1, H2 e H3) e o
todo-helicoidal domínio C é a direita (hélices h4-H9), as três cisteínas (Cys24, Cys178 e
Cys223) que são conservadas em todas as proteínas de vertebrado CLIC são mostrados como
modelos CPK. (B) A estrutura de cristal de um dímero CLIC1 oxidado. A subunidade lado
esquerdo (cor amarela), enquanto a subunidade lado direito (colorido) e orientada de acordo
com o monômero CLIC1 no painel (A). (C) Um modelo proposto para a transição entre a forma
solúvel de CLIC1 e forma integrante do canal de íons da membrana. (D) A glutationa (modelo
stick) covalentemente ligada a CLIC1 (LITTER et al., 2010).
32
A manutenção do cloro intracelular é uma função celular essencial para o
controle do volume das organelas, manutenção do pH, balanço elétrico, que representam
eventos críticos para viabilidade celular (JENTSCH et al., 2002, SUH et al., 2007a). O
primeiro canal intracelular de cloro identificado foi o p64, isolado de microssomas de
rim e traquéia bovina que mostrou canais seletivos em membranas com bicamadas
lipídicas. A CLIC1 e CLIC4 foram as primeiras proteínas da família CLIC a serem
clonadas e funcionalmente estudadas. A CLIC1 foi identificada prioritariamente em
membrana nuclear e plasmática, enquanto CLIC4 demonstra localização subcelular no
interior da membrana mitocondrial, complexo de Golgi e no retículo endoplasmático
(FERNANDEZ-SALAS et al., 2002; PERETTI et al., 2015). Os canais intracelulares de
cloro estão distribuídos e localizados nas diferentes organelas e estruturas celulares,
como podem ser melhor exemplificados na Figura2 (SUH, YUSPA 2005).
FIGURA 2 – Distribuição dos Reguladores de Condutância (CFTR), Canais de Cloreto (CLC)
e Canais Intracelulares de Cloro (CLIC), esquematicamente distribuídos em várias organelas
intracelulares e elementos do citoesqueleto (SUH, YUSPA, 2005).
33
Em geral, a expressão nuclear das proteínas CLIC está diretamente relacionada
com o aumento do crescimento celular in vitro, fato que também é verificado em células
epiteliais in vivo (SUH et al, 2004; SUH et al, 2007a). As CLIC-2, -3 e -5 foram
identificadas e localizadas em várias organelas celulares e expressas em altos níveis em
biópsias em pacientes portadores de gliomas. As CLICs-1 e -2 estão significativamente
subreguladas em aproximadamente 80% dos carcinomas coloretais e mais de 90% de
células com altas atividades proliferativas (BUSTIN, 2001).
Dentre as proteínas produzidas pela família CLIC, cita-se a CLIC4 que tem sido
estudada amplamente na carcinogênese de pele e outros tecidos como cérebro, rim e
fígado (SUH et al., 2007a; SUH et al., 2012). Tem sido relatado que vários sinais
celulares são conhecidos por induzirem a expressão de CLIC4, incluindo TGF-β, LPS,
p53, TNF-α, estresse celular e danos ao DNA (FERNANDEZ-SALAS et al., 2002;
PADMAKUMAR et al., 2014).
Uma célula normal exibe membrana estável e integridade das organelas com
manutenção da homeostase iônica em toda a célula e compartimentos celulares. Quando
ocorrem deslocações ou expressão alterada da atividade dos canais intracelulares de
cloro, isso pode desregular o teor de íons de cloro e alterar o pH no citoplasma e em
diferentes organelas. Como consequência do fluxo de íons para o citosol ou organelas,
ocorre uma acidificação do citoplasma e microambientes, sequencialmente causando
edema, ruptura da membrana, encolhimento e fragmentação das estruturas celulares,
que provocam morte celular porapoptose (Figura3) (SUH, YUSPA 2005).
Suh et al. (2005) ainda sugerem que a ação da CLIC está associada a função do
citoesqueleto, mitose, controle do ciclo celular e diferenciação celular. Como
mencionado anteriormente, a CLIC4 é encontrada em todas as estruturas celulares,
porém, quando supra-regulada no núcleo em condições metabólicas de estresse celular
inibe o crescimento ou induz à apoptose (SUH et al., 2007a,b). A CLIC também é
associada à diferenciação de ceratinócitos e adipócitos (KITAMURA, YAMAZAKI
2001).
34
FIGURA 3 – O processo de apoptose mediada pela ação dos canais intracelulares de cloro
(CLICs) pode ser resumido com base na acidificação das estruturas celulares mediada por esses
canais que iniciam ou amplificam os sinais apoptóticos por ativação de endonucleases
dependentes dopH, acelerando a condensação da cromatina no núcleo, causando disfunção do
processo de modificação pós-tradução em ER e Golgi, liberando citocromo C das mitocôndrias
que gera deterioração e com isso descarrega resíduos tóxicos a partir de vesículas e lisossomos
celulares, que promovem a desmontagem e degradação das estruturas do citoesqueleto (SUH,
YUSPA, 2005).
De fato, quando normal a CLIC4 encontra-se no núcleo dascélulas e pode
significar uma parada do crescimento ou a apoptose, dependendo do seu nível de
expressão (SUH et al., 2012). Contudo em neoplasias humanas, a proteína CLIC4 é
expressa de forma reduzida ou mesmo ausente em núcleo de células epiteliais
neoplásicas, mantendo uma relação direta entre a sua redução neste componente celular
com a progressão da neoplasia (SUH et al., 2005).
Fernandes-Salas et al. (2002) relataram que a proteína CLIC4 exibe alto nível de
expressão em pele e isso, está fortemente associado com a apoptose dos ceratinóctitos e
outros tipos celulares.
35
Toll et al. (2009) verificaram aberrações genômicas em ceratoses actínicas e
CCE cutâneo e observaram que cerca de 35% das alterações não-neoplásicas e 63% das
neoplásicas demonstraram aberrações numéricas no gene MYC, sugerindo que existe
uma origem comum dessas lesões e que estas aberrações podem ter um papel na
progressão tumoral. Estudos anteriores sugeriram que a CLIC4 está diretamente
relacionada a ação do gene P53 e c-Myc, sendo recrutada na apoptose mediada por
esses genes (SUH et al., 2005; SUH et al., 2007b).
Mutações no gene P53 constituem eventos iniciais na tumorigênese humana.
Quando P53 adquire uma mutação induzida por radiação UV perde a sua capacidade de
regular os mecanismos de proteção e as células mutantes passam a proliferar. A perda
da função do gene P53 também acarreta em translocações cromossômicas e supressões
(BOCK et al., 2011). As mutações desse gene foram evidenciadas em mais da metade
das ceratoses actínicas, uma condição com potencial de malignização de pele
(HODGESet al., 2002; BOCK et al., 2011). A maioria das mutações em P53 exibe
relação com a radiação UV (SREEVIDYA et al., 2010; BOCK et al., 2011).
A CLIC4 possui uma relação direta com a transcrição da p53 e assim para
apoptose via p53 (FERNANDEZ-SALAS et al., 2002). A necessidade de CLIC4
durante a apoptose dependente de p53 pode ser devido a uma necessidade de reforço na
sinalização por TGF-, que recruta a presença auxiliar de CLIC4 para sua ativação. A
falta de p53 ou perda de expressão dominante de função p53 mutante dificulta a sua
ação e prejudica a indução de apoptose em alguns tipos celulares. A necessidade da
CLIC4 na regulação de p53 surge com um requisito também para a função de p53 em
resposta a sinalização pelo TGF-, sugerindo em parte a necessidade da CLIC4 na
regulação do TGF- e consequentemente na apoptose mediada por p53 (SHUKLA,
YUSPA 2010). A descoberta de que a CLIC4 é um importante mediador na sinalização
de TGF- e atua através de um mecanismo nuclear pode explicar algumas das diversas
atividades desta proteína multifuncional.
A CLIC4 também contribui para apoptose mediada pelo TNF- independente do
NF-Κ B (SUH et al., 2005; MALIK et al., 2010). Esta se liga à componentes do
citoesqueleto (-actina, ezrina e -tubulina), chaperonas e transportadores nucleares,
sendo recrutada para formação do lúmen vascular, maturação dos ceratinócitos e
diferenciação dos adipócitos. Uma propriedade comum da CLIC4 é sua probabilidade
de se translocar para o núcleo sob condições de estresse metabólico (SUH et al., 2012).
36
He et al.(2011) demostraram quantidades aumentadas de CLIC4 em modelo
murino após exposição a lipopolissacarídeo bacteriano (LPS) no cérebro, coração,
pulmão, rim, fígado e baço. Neste contexto, também demostraram que macrófagos com
superexpressão de CLIC4 passaram a produzir mais TNF- α, IL-6, IL-12 e CCL5
quando expostos a lipopolissacarideos. Para testar os efeitos da CLIC4, os autores,
produziram camundongos CLIC4 deficientes, e seus macrófagos responderam a
exposição do LPS bacteriano produzindo menos citocinas inflamatórias e quimiocinas
que o grupo controle. Em resumo, os resultados demonstram um papel inesperado para
CLIC4 na resposta imune inata em relação a produtos microbianos, sendo a CLIC4
necessária para uma resposta ótima dos macrófagos mediada pela produção de citocinas
como o TNF- α.
1.4.PARTICIPAÇÃO DA PROTEÍNA CLIC4 E PROTEÍNAS ASSOCIADAS NO
CÂNCER
Sabe-se que uma característica universal das células neoplásicas é a sua
capacidade de escapar à apoptose que é usualmente relacionada ao estado
hiperproliferativo, evento esse associado à acidificação do meio intracelular, a qual é
diretamente controlada pelos canais de cloro (HANAHAN; WEINBERG, 2000).
Algumas evidências apontam que as proteínas da família CLIC, como as CLIC1-CLIC5
encontram-se envolvidas na patogênese do câncer humano.
Dentre estas, cita-se, a CLIC4, que é presente em todas as estruturas celulares,
estando em tecidos normais abundantemente presente em núcleo de células epiteliais e
pobremente presente nas células do tecido conjuntivo. Ao contrário, em células
neoplásicas a mesma está supra-regulada no citoplasma e sub-regulada ou ausente em
núcleo das células epiteliais, além de demonstrar também demostra uma supra-
regulação em estroma de neoplasias, e essa expressão parece estar associada com a
conversão de miofibroblastos através de sua co-expressão com α-SMA (SUH et al.,
2007c).
Suh et al. (2007a) encontraram redução na expressão de CLIC4 reduzida no
epitélio tumoral e excluída do núcleo das células neoplásicas, contudo, em células
epiteliais neoplásicas bem diferenciadas pôde-se encontrar níveis baixos no núcleo.
Ainda neste trabalho, os autores, relataram que no estroma tumoral a CLIC4 estava
supra-regulada e associada com a diferenciação miofibroblástica, sugerindo que o exato
37
papel do CLIC4 nos fibroblastos do estroma tumoral deve ainda ser estudado e
determinado. Neste estudo, os autores ainda sugeriram que a extensão dessas mudanças
em geral está correlacionada diretamente com o estágio da progressão tumoral em
alguns tumores e que a restauração dos níveis da CLIC4 no núcleo pode inibir o
crescimento tumoral.
O fibroblasto é o tipo de célula mais abundante nos tecidos conjuntivos normais
e desempenha um papel fundamental na síntese, degradação e remodelação da matriz
extracelular (MEC) em situação de normalidade ou não. Este tipo celular demostra uma
capacidade de transformar-se em outro tipo celular mais especializado na produção de
α-SMA sob estímulos específicos, passando a ser denominados como miofibroblastos
(RONNOV-JESSEN et al., 2002).
Os miofibroblastos representam um tipo celular presente em algumas situações
como, por exemplo, na cicatrização. Quandoa conversão dos fibroblastos em
miofibroblastos ocorre de forma contínua e desordenada, seguida de proliferação
principalmente nos processos crônicos, que pode resultar em lesões fibrosas.
Adicionalmente, essas células podem contribuir para funções essenciais no crescimento
tumoral como secreção de metaloproteinases da matriz (MMP), promoção de
angiogênese, crescimento tumoral, invasão e liberação de citocinas (ALLINEN et al.,
2004).
Em tumores de mama, Orimo et al. (2005) relataram que a secreção do fator 1
por células miofibroblásticas do estroma recruta células endoteliais e estimula o
crescimento tumoral. A CLIC4 sofre influência deste mesmo fator que se co-localiza
junto da -SMA tanto no tecido normal, como neoplásico de mama, auxiliando na
angiogênese. A relação da CLIC4 e -SMA é vista em várias situações fisiológicas e
patológicas e essa interaçãono estroma tumoral reforça a importância dessa estrutura
nodesenvolvimento do câncer, possivelmente poratuar na redução da motilidade das
células tumorais (RONNOV-JESSEN et al., 2002).
Yao et al. (2009) mencionaram que os fibroblastos do estroma tumoral podem se
diferenciar em miofibroblastos sob influência do TGF- e que o nível de transcrição da
CLIC4 está aumentado quando os fibroblastos se diferenciam em miofibroblastos pela
ação do TGF-, hipótese essa confirmada em pesquisa realizada com tumores de
ovários. Estes autores também sugeriram que a redução da expressão do CLIC4 no
estroma de tumores de ovário pode constituir alvo terapêutico. Vale ressaltar que o
38
TGF- é uma citocina envolvida em muitos estágios do câncer e tem sido relacionada a
redução da resposta imune, estímulo da angiogênese, aumento da síntese de enzimas
proteolíticas, bem como transição epitélio/mesênquima.
Shukla et al. (2016) relataram que a sinalização mediada por TGF-β regula
numerosas atividades celulares incluindo crescimento, diferenciação, apoptose, adesão e
motilidade, sendo essas atividades associadas a cascata de sinalizaçõa da membrana
para o núcleo.
Em uma pesquisas realizada em 29 casos de QA e 53 casos de CCELI, Salvadori
et al., (2014), identificaram que todos os casos foram positivos para essa proteína. Nas
QAs houve correlação inversa entre a positividade do TGF-1 nos queratinócitos e o
grau de displasia. Em CCELI de alto grau de malignidade houve menor imunomarcação
tanto no parênquima como no estroma. Os autores concluíram que tal proteína contribui
para a carcinogênese do lábio inferior.
Shukla e Yuspa (2010) mencionaram que a redução ou exclusão da proteína
CLIC4 do núcleo das células tumorais pode estar associada com a perda de resposta ao
TGF-β e mutações no gene p53. Além disso, tais autores reportaram que enquanto a
sinalização de componentes da família TGF-β exercem importantes papeis na supressão
de cânceres de origem epitelial, em certos contextos e dependendo do estágio do câncer,
TGF-β age estimulando a progressão tumoral, por aumentar a invasão e metástases das
células tumorais. A inibição do crescimento epitelial mediado por CLIC4 e aumento do
crescimento tumoral em xenoenxertos utilizando fibroblastos com superexpressão de
CLIC4 sugere que é possível existir um papel dual. Um importante aspecto para a
atividade pró-tumoral do TGF-β é sua contribuição em preparar o estroma para o
crescimento e invasão tumoral. Tal fato encontra-se relacionado ao aumento do
crescimento tumoral com a superexpressão de CLIC4 em fibroblastos associados com a
co-expressão de CLIC4 e α-SMA na transição de fibroblastos para miofibroblastos
regulado por TGF-β.
Suh et al. (2012) explicaram que quando a CLIC4 é deslocada para o núcleo
aumenta a sinalização da via TGF- evitando a defosforilação da fosfo-Smad 2/3,
fornecendo uma via através da qual regula o crescimento celular (Figura4).
39
FIGURA 4- (A) Sinalização de TGF-β por CLIC4 em célula normal, em conjunto com
Schnurri-2, CLIC4 nuclear inibe a ligação de PPM1a e outras fosfatases de p-Smad 2 e 3 e
assim retarda a sua desfosforilação e prolonga o sinal de TGF-β. (B) A falta de CLIC4 em
células tumorais impediria a estabilização da P-Smads e contribuí para a diminuição da
capacidade de resposta TGF-β nestas células (SHUKLA, YUSPA 2010).
Em experimento realizado por Suh et al. (2012), em um modelo estabelecido de
carcinogênese de pele, foram identificadas marcantes mudanças na expressão e
localização subcelular de CLIC4 e que estas ocorrem precocemente na tumorigênese,
sugerindo que esta é uma importante supressora no desenvolvimento e progressão
tumoral, além de mediador da responsividade do TGF- em células cancerosas. A
CLIC4 também é relatada como um marcador para células-tronco cutâneas, sendo
40
sugerida que sua expressão em células cancerosas pode reduzir o crescimento tumoral e
que sua modificação no estroma pode alterar a atividade dos miofibroblastos, modular a
produção de citocinas como TNF-α e relaciona-se de forma direta com a proteína p53
em neoplasias humanas.
Em relação à carcinogênese de pele, Berman e Cockerell (2013) relataram que a
radiação UV induz às mutações genéticas iniciais em queratinócitos e promovem a
expansão de células tumorais ao contribuir com falhas em proteínas que controlam o
ciclo celular (MYC proto-oncogene, p53, p14, p15, p16), modulações inflamatórias
(moléculas de adesão, citocinas pro-inflamatórias) e imunossupressoras, desencadeando
uma série de eventos que contribuem com a transformação maligna dos queratinócitos
(JANG et al., 2008; RODUST et al., 2009; TOLL et al., 2009).
41
2. OBJETIVOS
O objetivo desta pesquisa foi avaliar de forma comparativa a expressão
imunohistoquímica da CLIC4, TGF-β, TNF-α, α-SMA e p53 em QAs e CCELIs e,
adicionalmente investigar mecanismos associados à carcinogênese de lábio inferior.
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Comparar a expressão imuno-histoquímica da proteína CLIC4 no núcleo
e citoplasma do componente epitelial QAs e CCELIs;
Verificar a expressão imuno-histoquímica da proteína CLIC4 nas
camadas epiteliais em QAs.
Observar se a expressão nuclear e citoplasmática da proteína CLIC4
encontra-se associada com a gradação histopatológica de QAs e CCELI;
Identificar se a expressão da p53mutada, TGF-β e TNF-αestão
correlacionadas à expressão de CLIC4 em QAs e CCELIs;
Verificar se a expressão de α-SMA em tecido conjuntivo das QAs e
estroma dos CCELI possuicorrelação com a imunomarcação da CLIC4
em QAs e CCELIs;
Verificar se a via de sinalização CLIC4 está associada à carcinogênese de
lábio inferior;
42
3. ARTIGO
PARTICIPAÇÃO DA CLIC4 NA CARCINOGENESE DE LÁBIO
INFERIOR
PARTICIPATION OF CLIC4 INCARCINOGENESIS OF THE LOWER LIP
Francisco JadsonLimaa, Maria Luiza Diniz de Souza Lopes
a, Éricka Janine Dantas da
Silveiraa.
aPrograma de Pós-Graduação em Patologia Oral da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, RN, Brazil.
Corresponding author and reprint requests:
DDS PhD Éricka Janine Dantas da Silveira
Universidade Federal do Rio Grande do Norte – Departamento de Odontologia
Pós-Graduação em Patologia Oral
Avenida Salgado Filho, 1787 – Lagoa Nova – Natal – Rio Grande do Norte – Brasil
CEP 59.056-000 Telefone: +55 (84) 3215-4138
Email: [email protected]
43
RESUMO
A proteína CLIC4 regula o transporte iônicodos canais de cloro
intracelularesque estão relacionados com alterações das proteínas p53, TNF-α, TGF-β e
com a diferenciação de fibroblastos em miofibroblastos (-SMA) durante a
carcinogênese de algumas neoplasias humanas. O objetivo desse trabalho foi analisar a
participação da CLIC4 e proteínas associadas na carcinogênese de lábio inferior. Todos
os casos (QA= 50/CCELI=50) foram submetidos a estudo clínico, morfológico eimuno-
histoquímico. Os resultados imuno-histiquímicos foram analisados de forma
semiquantitativa e a expressão da CLIC4 considerada quanto sua localização se ocorria
somente em núcleo, somente citoplasma ou em ambas os compartimentos.
Comparações e correlações das imunomarcações com os parâmetros clínicos e
morfológicos das lesões foram realizadas pelo teste U de Mann-Whitney e o coeficiente
de Spearman.Tanto a expressão nuclear da CLIC4 quanto de TGF-β estavam
aumentadas em QAs de baixo risco(p<0.0001), enquantoCLIC4 citoplasmática, p53 e
TNF-α exibiram maior expressão em QAs de alto risco (p<0.05). Nas QAs observou-se
uma correlação negativa entre a expressão de CLIC4 nuclear com a CLIC4
citoplasmática (r = -0,554; p = <0,0001), e entre a marcação de TGF-β e α-SMA (r = -
0,309; p = 0,029). A expressão de CLIC4 citoplásmaticanos casos de CCELI foi maior
naqueles com presença de metástase linfonodal, em estágios clínicos mais avançados ou
com alto grau de malignidade (p = 0,005; p = 0,029; p<0,0001). Aexpressão de p53 foi
maior nos CCELIs de alto grau de malignidade (p= 0,001) e a TGF-β diminuiu
conforme o avanço do estágio clínico e do grau histológico dos tumores (p< 0,05).As
QAs exibiram uma expressão aumentada para CLIC4 nuclear e paraTGF-β, quando
comparadas aos CCELIs (p < 0,0001). Em contraste, houve aumento na marcação de
CLIC4 citoplasmática e α-SMA nos casos de CCELI, quando comparados às QAs (p <
0,0001). Os resultados sugerem que alterações na expressão da CLIC4 nos
compartimentos celulares de nuclear para citoplasmática associam-se com o processo de
carcinogênese labial e é acompanhada das alterações na expressão das proteínas p53,
TGF-β, TNF-α e α-SMA, bem como ainda está associada com alguns aspectos clínicos
e morfológicos das QAs e CCELIs.
Palavras Chave:QueliteActinica. Carcinoma de células escamosas de lábio inferior.
Progressão tumoral. CLIC4.
44
INTRODUÇÃO
Os canais de íons intracelularesparticipam no desenvolvimento de vários tipos
de cânceres, dentre esses canais de íons, citam-se os Canais Intracelulares de Cloro
(CLIC) que compreendem uma família composta por 7 genes (CLIC1-CLIC5, p64 e
parchorina) (Xue et al., 2016). A proteína de canal de cloro 4 (CLIC4) é encontrada em
todas as estruturas celulares, estando abundantemente presente em núcleo de células
epiteliaisnos tecidos normais, enquanto em células neoplásicas a mesma está supra-
regulada no citoplasma e sub-regulada ou ausente em núcleo(SUH et al., 2007a).
Shukla e Yuspa (2010) mencionaram que a redução ou exclusão da proteína
CLIC4 do núcleo das células tumorais pode estar associada com a perda de resposta do
fator de transformação do crescimento beta (TGF-) e mutações no gene p53. Tal fato
encontra-se relacionado ao aumento do crescimento tumoral com a superexpressão de
CLIC4 em fibroblastos associados com a co-expressão de CLIC4 e alfa actina de
músculo liso (α-SMA) na transição de fibroblastos para miofibroblastos regulado por
TGF-β, onde a coexpressão da CLIC4 e -SMA pode estar relacionada à transição
epitélial-mesenquimal e favorecer a invasão tumoral (Suh et al., 2007b).Suh et al.
(2012) explicaram que quando a CLIC4 é deslocada para o núcleo aumenta a
sinalização da via TGF- evitando a defosforilação da fosfo-Smad 2/3, fornecendo uma
via através da qual regula o crescimento celular. Segundo Shukla et al. (2016), quando
em núcleo a CLIC4 eleva a sinalização mediada por TGF- através da associação com a
R-smads e consequentemente eleva sua sinalização. Quando a CLIC4 se apresenta
supra-regulada nas mitocôndrias e de forma solúvel no citoplasma de ceratinócitos,
parece também mater associação com o fator de necrose tumoral alfa (TNF-), que por
sua vez conduz a célula à apoptose, mediada pelas proteínas p53 e EMyc (Fernandez-
Salas et al., 2002).
Diante das funções e vias mencionadas de atuação da CLIC4 na tumorigênese,
torna-se evidente a necessidade de verificar se há participação desta proteína na
carcinogênese de lábio inferior, já que muitos mecanismos associados à progressão de
QA para CCELI ainda não são compreendidos. Portanto, a presente pesquisa objetiva
analisar a participação da proteínaCLIC4 na carcinogênese de lábio inferior e sua
45
influência na expressão das proteínas p53, TNF-α, TGF-β e α-SMA em lesões de QAs e
CCEs de lábio inferior.
MATERIAIS E MÉTODOS
Caracterização da amostra
Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte (CEP-UFRN), parecer número 721.541. A amostra foi
constituída por 50 casos de QAs, as quais ocorreram mais em homens (n=40/80%), com
idade menor ou igual a 60 anos (n=37/74%), brancos (n=41/82%) e com histórico de
exposição à RUV (n=35/70%). Clinicamente, as QAs de aspecto leucoplásico
(n=27/54%) e histologicamente classificadas como de baixo risco de transformação
maligna (n=31/62%) foram predominantes. Dos 50 casos de CCELI, 35 (70%)
ocorreramno sexo masculino, com mais de 60 anos de idade (n=34/68%), brancos
(n=39/78%) e com histórico de exposição à RUV (n=44/88%). Em 39 (78%) não havia
metástases para linfonodos cervicais, houve predomínio dos estágios I e II..
Estudomorfológico
Para o estudo morfológico, os casos de QA foram classificados conforme
preconizada pela OMS (Barneset al., 2005) e adequada por Warnakulasuriya et al.,
(2008) em hipercertose (HC), displasia epitelial leve (DEL), displasia epitelial
moderada (DEM) e displasia epitelial severa (DES), posteriormente, as mesmas foram
classificadas em dois grupos conforme sugestão de Caldeira et al. (2012) publicada em
workshop realizado pela OMS como baixo risco de transformação maligna (HC,DEL) e
de alto risco de transformação maligna (DEM, DES) (Liu et al, 2011).
Histologicamente, as QA de baixo risco de transformação maligna (62%)
corresponderam a maior parte das lesões.
Os casos de CCELI foram classificados histologicamentepelo sistema de
gradação histológica proposto por Bryneet al. (1992) e então categorizados como baixo
grau de malignidade (4 a 8 pontos) e alto grau de malignidade (acima de 8 pontos),
conforme modificado por Silveira et al. (2007).Os CCELI também afetaram mais
indivíduos do sexo masculino (70%), com mais de 60 anos de idade (68%), brancos
(78%) e com histórico de exposição à RUV (88%). Clinicamente, os estágios (TNM) I e
46
II foram mais frequentes (74%), enquanto metástase para linfonodos cervicais estavam
ausentes na grande maioria dos CCELIs analisados (78%). O estudo morfológico
revelou que a maioria dos CCELI representaram casos de baixo grau de malignidade
(56%).
Estudo Imuno-histoquímico
Todos os espécimes receberam cortes histológicos de 3µm de espessura e foram
dispostos em lâminas de vidro previamente preparadas com adesivo 3-
aminopropyltrietoxy-silano (Sigma Chemical CO, St Louis, MO, USA). A
desparafinização, re-hidratação e recuperação antigênica foi realizada comtrilogy (Cell
Marque, CA, USA), em uma concentração de 1:100 com água destilada em pascal.
Posteriormente, as amostras sofreram o bloqueio da peroxidase endógena com
H2O210Vol e após lavagem em água corrente foram incubadas em proteína block
(ThermoScientific, Runcorn, UK) para bloqueiar as ligações inespecíficas. Em seguida,
foram realizadas duas lavagens em tris-hidroximetil-aminometano (TRIS, Sigma
Chemical, St Louis, MO, USA) (pH 7,4) e então a incubação dos anticorpos primários
anti-CLIC4 (EPR14253, Abcam, 1:4.000, 60’min), anti-p53 (DO7, DAKO, 1:400,
60’min), anti-TGF-β (3C11, Santa Cruz, 1:500, 60’min), anti-TNF-α (52B83, Santa
Cruz, 1:400, overnight) e anti-α-SMA (1A4, DAKO, 1:800, 60’min). Posteriormente, as
amostras foram incubadas no sistema HI DEF (HRP, Polymer System) de detecção.
Após esta incubação, foi realizada a revelação com diaminobenzidina (DAB, Sigma
Chemical, St Louis, MO,USA) e contra coloração com hematoxilina de Mayer, lavagem
em água corrente e água destilada, o processo foi finalizado com desidratação,
diafanização e montagem da lâmina.
Análise da marcação imuno-histoquímica
Todos os casos foram analisados em microscopia de luz (Nikon Eclipse E20MV,
NikoCo, Tokyo, Japão) por dois examinadores previamente calibrados e o teste de
Kappa para as análise semi-quantitativa constatou uma concordância de moderada a
substancial entre os examinadores para os índices de imunomarcação das proteínas
CLIC4 (p=0,758),TGF- β(p=0,705),TNF-α(0,629) e α-SMA (p=0,573).
47
A imunomarcação para as proteínas CLIC4, p53, TGF-β, TNF-α e -SMA tanto
em QA quando em CCELI foiverificadaem microscopia de luz em aumentos de 100x e
400x, considerando-se positivas as células que demonstraram coloração marrom-
acastanhada em núcleo e/ou citoplasma. A análise para as proteínas CLIC4, TGF-β e
TNF-α foi semi-quantitativa e conforme Piva et al., (2013) foram atribuíndos os
escores: 1 (baixa expressão/negativa; <5% de células positivas), escore 2 (expressão
moderada, 5-50% de células positivas), ou escore 3 (alta expressão; >50% de células
positivas). Para análise da proteína CLIC4 nas QAs considerou-se a localização quanto
as camadas epiteliais (basal e suprabasal). Nos CCELI foi verificda a região de front de
invasão, sendo para ambas as lesões considerada a localização a nível celular, se ocorria
apenas em núcleo, se somente em citoplasma ou se havia marcação em ambas as
localizações na mesma célula. Para análise da proteína -SMAfoi consideradase sua
distribuição ocorria de forma contínuaou descontínua, conforme sugerido por Jayaraj et
al.(2015). Para a proteína p53, inicialmente foi realizada análise quantitativa em 10
campos entre células positivas e negativasde cada campo para obtenção do índice de
marcação pelo método quantitativo sugerido por Rocha, Souza e Pinto (2007) e para
analise final os valores foram divididos em escores, conforme sugerido por Piva et al.
(2013) e aplicados as outras proteínas.
Análise estatística
Os resultados obtidos analisados no programa Statistical Package for the Social
Sciences (versão 24.0; SPSS Inc., Chicago, IL, USA). Foi realizada análise descritiva e
os testes estatísticos descritos abaixo.O nível de significância adotado foi de 5%.
Para comparar os escores de expressão das proteínas entre os graus
histopatológicos de QAs e de CCELIs, bem como entre a presença e ausência de
metástase para linfonodos, estágios clínicos de CCELIs, e entre as duas lesões, fez-se
uso do teste não-paramétrico U de Mann-Whitney. Adicionalmente, para verificar
possíveis correlações entre os escores de expressão das proteínas em QAs e em CCELIs
foi calculado através do coeficiente de Spearman.
RESULTADOS
48
Alterações na expressão de CLIC4 e proteínas associadas têm relação com o risco de
transformação maligna em queilites actínicas
A expressão para a proteína CLIC4 restrita a camada basal ocorreu na maioria
dos casos de QAs classificados como de baixo risco de transformação maligna,
enquanto nas QAs de alto risco, a grande maioria demonstrou marcação de CLIC4 em
todas as camadas epiteliais. Uma baixa expressão de p53 foi observada nos núcleos dos
ceratinócitos de 41 (82%) casos. A expressão de TGF-β foi observada de forma
moderada no citoplasma dos ceratinócitos em28 (56%), enquanto a proteína TNF-α
exibiualta expressão em 30 (60%) casos. A expressão α-SMA foi pouco reativa nas
células fibroblásticas e de forma descontínua na lâmina própria de 34 (68%) casos de
queilites actínica.Foi verificada associação altamente significativa entre imunoexpressão
da CLIC4 quanto à camada epitelial e o risco de transformação maligna das QAs (p <
0,0001).Comparando os escores da marcação das proteínas analisadas entre os grupos
de QAs de baixo e alto risco também se observou diferença estatisticamente
significativa (p< 0,05) para a expressão de CLIC4 somente em núcleo, CLIC4 somente
em citoplasma, p53,TGF-β, TNF-α e α-SMA. Nos casos de QAs de baixo risco, os
escores para expressão de CLIC4 no núcleo dos ceratinócitos e de TGF-β revelaram
postos significativamente maiores que nos casos de alto risco. Por sua vez, os postos
dos escores para CLIC4 no citoplasma, p53, TNF-α e α-SMA aumentaram
significativamente conforme aumentou o risco morfológico de transformação maligna
das QAs (p< 0,05). Em relação à expressão para proteína α-SMA nos casos de QAs a
maioria dos casos exibiucélulas positivas em faixas descontinuas (Tabela 1, Figura 1).
Alteração na expressão de CLIC4 e proteínas associadas têm relação com a gradação
histológica de malignidade, metástases linfonodal e estadiamento clínico em
carcinomas de células escamosas de lábio inferior
A expressão da proteína CLIC4 aumentada no citoplasma das células
tumoraisnos grupos de CCELIs com metástase linfonodal, estágios clínicos mais
avançados e alto grau de malignidade apresentou média dos postos significativamente
maiores, quando comparados aos CCELI sem metástase, em estágios mais iniciais e de
baixo grau de malignidade, respectivamente (p = 0,005; p = 0,029; p = <0,0001). A
expressão da p53 revelou postos significativamente maiores no grupo de CCELI de alto
49
grau de malignidade que no grupo de baixo grau (p= 0,001). A proteína TGF-β
apresentou média dos postos diminuída significativamente conforme o tumor
apresentava-se em estágio clínico mais avançado ou com maior grau histológico de
malignidade (p = 0,042; p = 0,023, respectivamente). A expressão para TNF-α exibiu
escore 2 na moioria dos casos (n=24/48%) e α-SMA demonstrou escore 3 em metade
dos casos (n=25/50%) exibindo expressão em faixas continuas, contudo não foram
encontradas diferenças estatisticamente significativas (p > 0,05) para nenhuma das duas
proteínas (Tabela 2, Figura 2).
Asexpressões de CLIC4 e proteínas associadas encontram-se alteradas e
significativamebte diferentes em QAs e CCE de lábio inferior
Ao comparar os escores de expressão das proteínas analisadas entre as duas
lesões, observou-se que a média dos postos foi significativamente maior nas QAs para
expressão da CLIC4 em núcleo e núcleo-citoplasma quando comparadas aos CCELIs(p
< 0,0001), a expressão paraTGF-β também foram significativmaente maior nos casos de
QAs do que nos CCELI (p < 0,0001)). Enquanto a expressão de CLIC4 apenas no
citoplasma e a expressção para α-SMA nos casos de CCELIs exibiram média dos postos
maiorers que nos casos de QAs, sendo este resultado altamente significativo (p <
0,0001). Não houve diferenças significativas na comparação dos escores de p53 e TNF-
α entre as lesões estudadas (Tabela 3).
A análise dos casos de QAs revelou correlação negativa significativa fraca e
moderada entre a expressão de CLIC4 no núcleo com CLIC4 no citoplasma (r = -0,554;
p = <0,0001), e entre a marcação de TGF-β e α-SMA (r = -0,309; p = 0,029),
respectivamente. Nos casos de CCELI, a expressão de CLIC4 no núcleo revelou
correlação negativa significativa moderada com a marcação de CLIC4 no citoplasma (r
= -0,378; p = 0,007) e de p53 (r = -0,317; p = 0,025), enquanto a presença de CLIC4 no
citoplasma exibiu correlação negativa significativa moderada com a expressão de TGF-
β (r = -0,310; p = 0,029). Não foi observada significância estatística para as demais
correlações entre as proteínas nos CCELIs (Tabela 4).
50
TABELAS
Tabela 1. Tamanho da amostra, mediana, quartis 25 e 75, média dos postos, soma dos postos, estatística U
e significância estatística (p) para expressão de CLIC4, p53, TGF-β, TNF-α e α-SMA em queilites
actínicas em relação à gradação histológica e risco de tranformação maligna. Natal, RN – 2016.
Proteína Gradação
histológica n Mediana Q25-Q75
Média
dos
postos
U p†
CLIC4n
Baixo Risco
Alto Risco
31
19
2
1
2-3
1-2
31,40
15,87 111,5 <0,0001
*
CLIC4c
Baixo Risco
Alto Risco
31
19
1
2
1-2
1-2
22,21
30,87 192,5 0,020
*
CLIC4nc
Baixo Risco
Alto Risco
31
19
1
2
1-2
1-2
23,19
29,26 223 0,103
p53 Baixo Risco
Alto Risco
31
19
2
3
2-3
3-3
19,56
35,18
110,5
<0.0001
*
TGF-β Baixo Risco
Alto Risco
31
19
2
1
2-3
1-2
30,29
17,68 146 0,001
*
TNF-α Baixo Risco
Alto Risco
31
19
1
2
1-2
2-3
21,33
32,47 162 0,005
*
α-SMA Baixo Risco
Alto Risco
31
19
1
2
1-1
1-2
19,92
34,61 121,5 0,0001
*
Legenda: CLIC4n: CLIC4 no núcleo; CLIC4c: CLIC4 no citoplasma; CLIC4nc: CLIC4 no núcleo e
citoplasma; † Teste U de Mann-Whitney; *Diferença significativa a 5,0%.
51
Tabela 2. Tamanho da amostra, mediana, quartis 25 e 75, média dos postos, soma dos postos, estatística U
e significância estatística (p) para expressão das proteínas em carcinomas de células escamosas de lábio
inferior em relação à presença/ausência de metástases para linfonodos regionais, estágio clínico (TNM) e
gradação histológica de malignidade segundo Bryne (1998). Natal, RN – 2016.
Parâmetros Categorias n Mediana Q25-Q75
Média dos
postos U p
†
CL
IC4
n
Metástase
linfonodal
Estágio
clínico
Gradação
histológica
Ausente
Presente
I ou II
III ou IV
Baixo grau
Alto grau
39
11
37
13
28
22
1
1
1
1
1
1
1-2
1-1
1-2
1-1,5
1-2
1-1
26,09
23,41
25,86
24,46
28,23
22,02
191,5
227
231
0,493
0,704
0,057
CL
IC4
c
Metástase
linfonodal
Estágio
clínico
Gradação
histológica
Ausente
Presente
I ou II
III ou IV
Baixo grau
Alto grau
39
11
37
13
28
22
2
3
2
3
1,5
3
1-3
2-3
1-3
2-3
1-2
3-3
22,62
35,73
23,00
32,62
19,25
33,45
102
148
133
0,005*
0,029*
<0,0001*
p5
3
Metástase
linfonodal
Estágio
clínico
Gradação
histológica
Ausente
Presente
I ou II
III ou IV
Baixo grau
Alto grau
39
11
37
13
28
22
3
3
3
3
3
3
2-3
3-3
2-3
3-3
2-3
3-3
24,17
30,23
23,72
30,58
20,89
31,36
162,5
174,5
179
0,117
0,061
0,001*
TG
F-β
Metástase
linfonodal
Estágio
clínico
Gradação
histológica
Ausente
Presente
I ou II
III ou IV
Baixo grau
Alto grau
39
11
37
13
28
22
1
1
1
1
1
1
1-2
1-1
1-2
1-1
1-2
1-1
27
20,18
27,49
19,85
28,82
21,27
156
167
215
0,087
0,042*
0,023*
Legenda: CLIC4n: CLIC4 no núcleo; CLIC4c: CLIC4 no citoplasma; †Teste U de Mann-Whitney;
*Diferença significativa a 5,0%.
52
Tabela 3. Tamanho da amostra, mediana, quartis 25 e 75, média dos postos, soma dos postos, estatística U
e significância estatística (p) para expressão de CLIC4, p53, TGF-β, TNF-α e α-SMA em relação ao tipo
de lesão analisada. Natal, RN – 2016.
Proteína Lesão n Mediana Q25-Q75
Média
dos
postos
U p†
CLIC4n
QA
CCELI
50
50
2
1
1-2
1-2
60,74
40,26
738 <0,0001*
CLIC4c QA
CCELI
50
50
1
2
1-2
1-3
41,05
59,95
777,5 <0,0001*
CLIC4nc
QA
CCELI
50
50
1
1
1-2
1-1
58,71
42,29
839,5 <0,0001*
p53 QA
CCELI
50
50
3
3
2-3
2-3
46,50
54,50
1050 0,097
TGF-β QA
CCELI
50
50
2
1
1-2
1-2
62,11
38,89
669,5 <0,0001*
TNF-α QA
CCELI
50
50
2
2
1-3
1-2
54
47
1075 0,195
α-SMA QA
CCELI
50
50
1
2,5
1-2
2-3
34,5
66,5
450 <0,0001*
Legenda: QA: Queilite actínica; CCELI: Carcinoma de células escamosas de lábio inferior; CLIC4n:
CLIC4 no núcleo; CLIC4c: CLIC4 no citoplasma; CLIC4nc: CLIC4 no núcleo e citoplasma; †Teste U de
Mann-Whitney; *Diferença significativa a 5,0%.
53
Tabela 4. Correlação de Spearman entre os escores de expressão das proteínas analisadas de
acordo com o tipo de lesão. Natal, RN – 2016.
Variáveis QA CCELI
n r p n r P
CLIC4n x CLIC4c 50 -0,554 <0,0001* 50 -0,378 0,007
*
CLIC4n x CLIC4nc 50 -0,139 0,337 50 -0,073 0,614
CLIC4c x CLIC4nc 50 0,077 0,596 50 -0,053 0,717
CLIC4n x p53 50 -0,244 0,087 50 -0,317 0,025*
CLIC4n x TGF-β 50 0,243 0,089 50 0,169 0,241
CLIC4n x TNF-α 50 -0,012 0,936 50 0,237 0,097
CLIC4n x α-SMA 50 -0,252 0,078 50 -0,073 0,615
CLIC4c x p53 50 -0,010 0,948 50 0,230 0,108
CLIC4c x TGF-β 50 -0,057 0,695 50 -0,310 0,029*
CLIC4c x TNF-α 50 0,135 0,350 50 0,015 0,916
CLIC4c x α-SMA 50 0,112 0,440 50 0,252 0,077
CLIC4ncx p53 50 0,172 0,233 50 0,065 0,653
CLIC4nc x TGF-β 50 -0,093 0,518 50 -0,024 0,870
CLIC4ncx TNF-α 50 0,233 0,104 50 0,152 0,291
CLIC4nc x α-SMA 50 0,115 0,426 50 0,045 0,759
Legenda: QA: Queilite actínica; CCELI: Carcinoma de células escamosas de lábio inferior; CLIC4n:
CLIC4 no núcleo; CLIC4c: CLIC4 no citoplasma; CLIC4nc: CLIC4 no núcleo e citoplasma; *Diferença
significativa a 5,0%.
54
LEGENDAS DAS FIGURAS
Figura 1. Imunoexpressão das proteínas em queilites actínicas. Imunoexpressão de
CLIC4 no núcleo de ceratinócitos em QA de baixo risco de transformação maligna (a);
Expressão citoplasmática de CLIC4 em um caso de alto risco de transformação maligna
(b); Expressão da proteína p53 em QA de baixo risco de transformação maligna (escore
1, c); Fotomicrografia evidenciando elevada marcação para p53 em QA de alto risco de
transformação maligna (d); Elevada expressão de TGF-β em QA de baixo risco de
transformação maligna (e,f); Baixa expressão de TNF-α em QA de baixo risco (g);
Elevada expressão de TNF-α em QA de alto risco (h); Baixa expressão de α-SMA em
QA (i); Detalhe de expressão de α-SMA de forma descontínua em QA de alto risco de
transformação maligna (setas) (j).
Figura 2. Perfil de expressão das proteínas em carcinoma de células escamosas de lábio
inferior. Imunoexpressão da proteína CLIC4 no núcleo e citoplasma de CCELI de alto
grau de malignidade (a); Elevada imunoexpressão de CLIC4 no citoplasma de CLI4 em
CCELI de alto grau de malignidade (b); Elevada expressão de p53(c), Detalhe da
imunoexpressão nuclear de p53 (e) Elevada expressão de TGF-β em CCELI de baixo
grau de malignidade (e); Baixa expressão de TGF-β em CCELI de baixo grau de
malignidade (f);Ausência de expressão de TNF-α em CCELI de baixo grau de
malignidade (g); Expressão elevada (escore 3) de TNF-α em CCELI de alto grau de
malignidade (h); Elevada imunoexpressão de α-SMA (escore 3) em CCELI de alto grau
de malignidade (i); Detalhe do perfil de expressão de α-SMA em faixa contínua (j)
55
56
57
DISCUSSÃO
As proteínas dos canais de cloro são responsáveis por inúmeras funções
celulares etambém associadas ao desenvolvimento de algumas neoplasias humanas
malignas (Suh et al., 2007a; Peretti et al., 2015). A CLIC4 (p64H1, RS43 ou mtCLIC)
encontra-se diminuída ou excluída do núcleo em alguns tipos de cânceres,como
demonstrado por Suh et al. (2012). Na presente pesquisa, a proteína CLIC4 esteve
imunoexpressa de forma variada nas células epiteliais em todos os casos analisados
tanto em QAs quanto em CCELI, desde as camadas basais e suprabasais em QA e no
front de invasão em casos de CCELI, exibindo nas QAs uma imunoexpressão para
CLIC4 restrita a camada basal casos de QAs de baixo risco de transformação maligna
(92,6%) e nos casos de alto risco (73,9%), uma marcação em todas as camadas epiteliais
(p<0,0001), sugerindo-se que em estágios precoces da carcinogênese labial, a
superexpressão de CLIC4 acompanha as alterações moforlógicas do epitélio. Suh et al.
(2012) relataram que em lesões benignas e pré-malignas ainda há um certo controle por
parte desta proteína em relação ao crescimento e diferenciação celular e a medida que
há progressão ocorreuma perda desses mecanismos de controle e junto a esses eventos
ocorre também o desaparecimentoda marcação nuclear para CLIC4.Nos casos de
CCELI do presente estudo, a expressão de CLIC4 no núcleo revelou correlação negativa
significativa moderada com a marcação de CLIC4 no citoplasma. A expressão da
CLIC4 no citoplasma foi relacionada à perda de controle do crescimento celular ou
progressão tumoral foi reforçadanos achados anteriormente citados por Suh et al.,
(2012) e tambémpôde ser evidenciada no presente estudo, vista também pelo fato de que
areferida proteína foi positiva no citoplasma das células tumorais no grupo de CCELI
com metástase linfonodal, estágios clínicos mais avançados e alto grau de malignidade,
quando comparados aos CCELI sem metástase, em estágios mais iniciais e de baixo
grau de malignidade.
Estudos anteriores sugeriram que quando a CLIC4 encontra-se no núcleo está
diretamente relacionada à ação do gene P53 e c-Myc, sendo recrutada para apoptose
mediada por esses genes (Suhet al., 2005; Suh et al., 2007b).Na presente pesquisa, a
proteína p53 em QA esteve expressa de forma mais elevada nos casos de alto risco de
transformação maligna. Esta constatação segue na mesma linha de pesquisas anteriores
58
que demonstraram que quando o gene P53 adquire uma mutação induzida por radiação
UV perde a sua capacidade de regular os mecanismos de proteção e as células mutantes
passam a proliferar e nas lesões pré-cancerosas acarreta em translocações
cromossômicas e supressões (Lopeset al., 2016; Bock et al., 2011). Tem sido relatado
que a CLIC4 exiberelação com a transcrição da p53 e assim para apoptose via p53,
contudo, quando ocorre à falta de p53 ou perda de expressão dominante de função p53
mutante dificulta a sua ação e prejudica a indução de apoptose em alguns tipos celulares
(Fernandez-Salas et al., 2002; Shukla, Yuspa2010). Em estudo recente, Shukla et al.
(2016) reforçam as informações anteriores citadas para a p53 e sua relação com a
apoptose. Como pôde ser identificado nos resultados do estudo atual, onde nos casos de
CCELIs, a expressão de CLIC4 no núcleo revelou correlação negativa significativa
moderada com a marcação de CLIC4 no citoplasma (r = -0,378; p = 0,007) e de p53 (r
= -0,317; p = 0,025), o que significa dizer que uma vez em núcleo a CLIC4 parece
mesmo regular a proliferação celular e consequentemente os níveis de p53 e de CLIC4
em citoplasma tornam-se baixos, mantendo a célula ou pelo menos controlando a
mesma em estágios de diferenciação iniciais. Ao contrário, ocorre a perda de função de
controle e passa a promover eventos relacionados à progressão tumoral.
A necessidade da CLIC4 na regulação de p53 surge com um requisito também
para o desempenho da função de p53 quando essa ocorre em resposta à sinalização pela
proteína TGF-, sugerindo em parte a necessidade da CLIC4 para que haja regulação do
TGF-(Shuklaet al., 2016; Shukla, Yuspa 2010). Na presente pesquisa, a proteína TGF-
exibiu expressão diminuída nos casos de QA de alto risco em relação aos de baixo
risco de transformação maligna, assim como uma menor expressão nos casos de CCELI
com estadiamentos clínicos mais avançados e alto grau de malignidade. Em CCELI, foi
identificado no presente estudo que a medida que a CLIC4 era expressa no citoplasma,
havia uma tendência de perda de expressão de TGF-β (r,-310, p=0,029). Esse evento já
havia sido citado por Shukla e Yuspa (2010),ao mencionarem que a exclusão da
proteína CLIC4 do núcleo estava associada com a perda de resposta da TGF-β e com
mutações no gene P53. Esses fatos parecem indicar uma cascata de eventos na
carcinogênese labial que relacionam as três proteínas em questão. Apresença da CLIC4
solúvel em citoplasma pode manter também uma relação com a proteína TNF-, que
por sua vez também pode conduzir a célula à apoptose, mediada pelas proteínas p53 e
59
E-myc (Fernandez-Salas et al.,2002).Nos casos de QAs da presente pesquisa houve
aumento significativo da expressão para TNF-α a medida que aumentou o risco de
transformação maligna, porém não foi detectada diferencças estatisticamente
significativas ao compararmos as QAs com os CCELI. Alguns experimentos têm
demonstrado que a eliminação ou a inibição de TNF-α tende a reduzir a incidência de
cânceres de pele em ratos (Knight et al., 2000; Arnott et al., 2004), o que reforça a
hipótese que o mecanismo de ação de TNF-α está relacionado a promoção em estágios
iniciais no desenvolvimento de câncer e nas células inflamatórias do estroma
circundante, que podem sinalizar alterações importantespara promover modificações
circunjacentes a lesão que favoreçam a progressão tumoral.
Suh et al.(2007a) sugerem que a CLIC4 encontra-se relacionada ao aumento do
crescimento tumoral ao demonstrar uma superexpressão de CLIC4 em co-expressão a
proteína α-SMA na transição de fibroblastos para miofibroblastos, regulado por TGF-β.
No estudo atual, a α-SMA demonstrou de forma geral baixa expressão nos
miofibroblastos da região subepitelial em QAs, exibindo um aumento estatisticamente
significativonos casos de alto risco de transformação maligna. Também na pressente
pesquisa foi verificada diferença altamente significativa entre a expressão daα-SMA em
QAs e CCELIs. Esses dados reforçaram a afirmativa de Marsh et al. (2011) que
demostraramos miofibroblastos compositividade concomitante à proteínaCLIC4 durante
o processo de transformação maligna e adicionalmente esses mesmos autores sugeriram
que a CLIC4 atua na fosforilização Smad2 e 4, contribuido com a via de sinalização de
TGF-β1, como um provável apoio para expressão de α-SMA no estroma que fovorece a
transição epitélio-mesênquima.
Em resumo, a localização da CLIC4 pode constituir um evento importante no
controle celular e está relacionada a carcinogêneselabial, ressaltando-se que a mesma
pode ter sua função alterada ou execer influência sobre outras proteínas como p53
alterada, TGF-β, TNF-α e α-SMA. A realização da presente pesquisa nos permite
sugerir que o aumento dos miofibroblastos no tecido conjuntivo pode estar relacionado
à progressão de QAs para CCELI e quea função da proteína CLIC4 pode sofrer
alteração pela ação da radiação ultravileta e dessa forma sofrer movimentação nos
compartimentos celulares e participar da patogênese de QAs e CCELIs, já que os nossos
resultados evidenciaram que a depender da sua localização, a mesma estava associada
ao risco de transformação maligna em QAs e alguns parêmetros clínico-patológicos em
60
CCELI, e adicionalmente,a CLIC4 exerceu influência na expressão da proteína p53
alterada, TGF-β e TNF-α nos casos analisados.
CONFLITO DE INTERESSE: Nenhum.
AGRADECIMENTOS: Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (CNPq) pelo financiemento desta pesquisa através do edital universal
(processo n° 474650/2013-8).
REFERÊNCIAS
1. Xue H, Lu J, Yuan R, Liu J, Liu Y, Wu K. et al. Knockdown of CLIC4 enhances
ATP‑ induced HN4 cell apoptosis through mitochondrial and endoplasmic
reticulum pathways. Cell Biosci. 2016;6(5):2-9.
2. Suh KS, Crutchley JM, Koochek A, Ryscavage A, Bhat K, Tanaka T, Oshima
A, Fitzgerald P, Yuspa SH.et al.Reciprocal Modifications of CLIC4 in Tumor
Epithelium and Stroma Mark Malignant Progression of Multiple Human
Cancers.Clin Cancer Res. 2007a; 13(1):121-131.
3. Shuka A, Yuspa SH. CLIC4 and Schnurri2: A dynamic duo in TGFβsignaling with
broader implications in cellular homeostasis and disease. Nucleus. 2010;1(2):1441-
49.
4. Suh KS, Mutoh M, Mutoh T, Li L, Ryscavage A, Crutchley JM, Dumont
RA, Cheng C, Yuspa SH. CLIC4 mediates and is required for Ca2þ-induced
keratinocyte differentiation. J Cell Sci. 2007b;120(1):2631–2640.
5. Shukla A, Yang Y, Madanikia S, Ho Y, Li M, Sanchez V, Cataisson C, Huang
J, Yuspa SH. Elevating CLIC4 in multiple cell types reaveals a TGF-dependent
inducion of a dominant negative Smad7 splice variant. PLoS
One. 2016;11(8):e0161410.
6. Suh KS, Malik M, Shukla A, Ryscavage A, Wright L, Jividen K, Crutchley
JM, Dumont RA, Fernandez-Salas E, Webster JD, Simpson RM, Yuspa SH.CLIC4
is a tumor suppressor for cutaneous squamous cell câncer. Carcinogenesis. 2012
May;33(5):986-95.
7. Fernández-Salas E, Suh KS, Speransky VV, Bowers WL, Levy JM, Adams
T, Pathak KR, Edwards LE, Hayes DD, Cheng C, Steven AC, Weinberg WC,Yuspa
SH. mtCLIC/CLIC4, an organellular chloride channel protein, is increased by DNA
damage and participates in the apoptotic response to p53. Mol Cell Biol. 2002
Jun;22(11):3610-20.
8. Souza LR, Fonseca FT, Oliveira-Santos CC, Corrêa GT, Santos FB, Cardoso CM et
al. Lip squamous cell carcinoma in a Brazilian population: epidemiological study
61
and clinicopathological associations. Med Oral Patol Oral Cir Bucal, v.16, n.6,
p.75762, 2011.
9. Piñera-Marques K, Lorenço SV, Silva LF, Sotto MN, Carneiro PC. Actinic lesions
in fishermen's lower lip: clinical, cytopathological and histopathologic
analysis.Clinics. 2010; 65(4):363-367.
10. Markopoulos A, Albanidou-Farmaki E, Kayavis I. Actinic cheilitis: clinical and
pathologic characteristics in 65 cases. Oral Dis. 2004; 10(4):212-216.
11. Sobin LH, Gospodarowicz MK, Wittekind CH. TNM Classification of Malignant
Tummors. International Union Against Cancer. 7th ed. Hoboken, NJ: Wiley-
Blackwell; 2011.336p.
12. Barnes L, Eveson JW, Reichart P, Sidranski D. eds: Pathology and Genetics Head
and Neck Tumours. Lyon: World Health Classification of Tumours. 2005. 435p.
13. Warnakulasuriya S, Reibel J, Bouquot E, Dabelsteen. Oral epithelial dysplasia
classification systems: predictive value, utility, weaknesses and scope for
improvement. J Oral Pathol Med. 2008 Mar;37(3):127-33.
14. Caldeira PC, Abreu MHNG, Carmo MAV. Binary system of grading oral epithelial
dysplasia: evidence of a bearing to the scores of an immunohistochemical study. J
Oral Pathol Med. 2012;41(1): 452–453.
15. Liu W, Bao ZX, Shi LJ, Tang GY, Zhou ZT.
Malignant transformation of oral epithelial dysplasia: clinicopathological risk
factors and outcome analysis in a retrospective cohort of 138 cases. Histopathology.
2011;25(4):733-40.
16. Bryne M, Koppang HS, Lilleng R, Kjaerheim A.. Malignancy grading of the deep
invasive margins of oral squamous cell carcinomas has high prognostic value. J
Pathol1992; 166 (1):375-81.
17. Silveira EJ, Godoy GP, Lins RD, Arruda ML, Ramos CC, Freitas RA, Queiroz LM.
Correlation of clinical, histological, and cytokeratin profiles of squamous cell
carcinoma of the oral tongue with prognosis.Int J Surg Pathol. 2007;15(4):376-83.
18. Piva MR, DE Souza LB, Martins-Filho PR, Nonaka CF, DE Santana Santos T, DE
Souza Andrade ES, Piva D. Role of inflammation in oral carcinogenesis (Part II):
CD8, FOXP3, TNF-α, TGF-β and NF-κB expression. Oncol Lett. 2013
Jun;5(6):1909-1914.
19. Jayaraj G, Sherlin HJ, Ramani P, Premkumar P, Natesan A.
Stromal myofibroblasts in oral squamous cell carcinoma and potentially malignant
disorders.Indian J Cancer. 2015;52(1):87-92.
20. Rocha DAP, Souza LB, Pinto LP. Análise comparativa da proliferação celular entre
carcinomas de células escamosas orais HPV-positivos e HPV-negativos. J Bras
Patol Med Lab.2007;43(4):269-74.
21. Peretti M, Angelini M, Savalli N, Florio T, Yuspa SH, Mazzanti M.Chloride
channels in cancer: Focus on chloride intracellular channel 1 and 4 (CLIC1 AND
CLIC4) proteins in tumor development and as novel therapeutic targets. Biochim
Biophys Acta. 2015; 1848(10):2523–2531.
62
22. Suh KS, Mutoh M, Gerdes M, Yuspa SH. CLIC4, an intracelular chloride channel
protein, is a novel molecular target for cancer therapy. J Investig Dermatol Symp
Proc. 2005 Nov;10(2):105-9.
23. Lopes ML, de Oliveira DH, Sarmento DJ, Queiroz LM, Miguel MC, da Silveira ÉJ.
Correlation between cell cycle proteins and hMSH2 in actinic cheilitis and lip
câncer. Arch Dermatol Res. 2016 Apr;308(3):165-71.
24. Bock VL, Lyons JG, Huang XX, Jones AM, McDonald LA, Scolyer RA, Moloney
FJ, Barnetson RS, Halliday GM. BRM and BRG1 subunits of the SWI/SNF
chromatin remodeling complex are downregulated upon progression of benign skin
lesions into invasive tumors. Br J Dermatol. 2011;164(1):1221-7.
25. Knight B, Yeoh GCT, Husk KL, LY T, ABRAHAM LJ,; YU C. et al.. Impaired
preneoplastic changes and liver tumor formation in tumor necrosis factor receptor
type 1 knockout mice. Journal of Experimental Medicine. 2000; 192(1):1809–1818.
26. Arnott CH, Scott KA, Moore RJ, Robinson SC, Thompson RG, Balkwill FR.
Expression of both TNF-α receptor subtypes is essential for optimal skin tumour
development. Oncogene. 2004; 23(1):1902–1910.
27. Marsh D, Suchak K, Moutasim KS, Vallath S, Hopper C, Jerjes W. et al. Stromal
features are predictive of disease mortality in oral câncer patients. J Pathol. 2011;
223(1): 470–481.
63
4. CONDIDERAÇÕES FINAIS
Em resumo, no presente estudo as proteínas CLIC4, p53, TGF-β, TNF-α e α-
SMA foram expressas em nível e localizações diferentes conforme a lesão estudada.
Em QA, a CLIC4 foi mais freqüente em núcleo e em células da camada basal dos casos
de QAs de baixo risco de transformação maligna, com associação altamente
significativa entre a camada epitelial positiva e a gradação histológica. Ainda nos casos
de baixo risco de transformação maligna das QAs, a expressão de CLIC4 no núcleo
esteve significativamente relacionada com o aumento de TGF-β e de forma negativa
relacionada com a presença de CLIC4 no citoplasma, aumento de p53, TNF-α e α-SMA
que só aumentaram significativamente nos casos de alto risco morfológico de
transformação maligna. Os CCELIs com metástase linfonodal, estágios clínicos mais
avançados e alto grau de malignidade exibiram médias significativamente maiores de
CLIC4 no citoplasma das células tumorais e quando a CLIC4 no núcleo, ou no núcleo e
citoplasma, nestes casos não apresentaram diferenças estatísticas significativas. A
CLIC4 citoplasmática em CCELIs ainda demonstrou associação positiva com o
aumento da média de positividade para p53 e negativa em relação à TGF-β nas células
tumorais do front de invasão, enquanto TNF-α e α-SMA não apresentaram diferenças
significativas. Nos CCELIs,a expressão de CLIC4 apenas no núcleo revelou correlação
negativa significativa moderada com a marcação de CLIC4 apenas no citoplasma.
De forma geral, ao comparar as expressões das proteínas analisadas entre as
lesões observou-se que médias significativamente maiores para expressão da proteína
CLIC4 (no núcleo, ou núcleo e citoplasma) nas queilites actínicas. Adicionalmente, a
expressão para α-SMA também exibiu médias mais levadas em CCE de lábio inferior.
Dessa forma, pode-se sugerir que a proteína CLIC4 exibiu relação com muitos eventos a
nível celular sejam esses de normalidade ou de alterações da homeostase, mantendo
ainda interação com outras proteínas e exercendo funções distintas a depender da sua
localização celular. Nos casos de QAs e CCELI analisados. Dessa forma, parece que a
expressão para CLIC4 em somente núcleo ou somente citoplasma é um evento
relacionado à perda de controle celular e pode estar relacionada à progressão tumoral de
lábio, ressaltando-se que para tal progressão ocorrer faz-se necessário a participação de
outras proteínas.
64
5. REFERÊNCIAS *
ABREU, M.A.M.M.; PIMENTEL, D.R.N.; SILVA, O.M.P.; BLACHMAN, T.;
MICHALANY, N.S.; HIRATA, C.H.; WECKX, L.L.M.; ALCHORNE, M.M.A.
Carcinoma espinocelular do lábio: avaliação de fatores prognósticos. Rev Bras
Otorrinolaringol., v.70, n.6, 765-70, 2004.
AGARWAL, A. K.; SETHI, A.; SAREEN, D.; DHINGRA, S. Oral and oropharyngeal
squamous cell carcinoma in our population: The clinic-pathological and morphological
description of 153 cases. Int J Morphol., v.29, n.3, p.686-93, 2011.
ALLINEN, M.; BEROUKHIM, R.; CAI, L.; BRENNAN,C.; LAHTI-DOMENICI,
J.; HUANG, H.; PORTER, D.; HU, M.; CHIN, L.; RICHARDSON, A.; SCHNITT,
S.; SELLERS, W.R.; POLYAK, K. Molecular characterization of the tumor
microenvironment in breast cancer.Cancercell., v.6, n.1, p.17-32, 2004.
ANNEROTH, G.; BATSAKIS, J.B.; LUNA, M. Review of the literature and a
recommended system of malignancy grading in oral squamous cell carcinomas.Scand J
Dent Res., v.95, n.1, p.229-49, 1987.
ANTUNES, A.A.; ANTUNES, A.P. Lips' tumors retrospective study and literature
review: a twenty-eight-year experience. RevBrasCancerol., v.50, n.4, p.295-300, 2004.
ARNAUD, R.R.; SOARES, M.S.M.; PAIVA, M.A.F.; FIGUEREDO, C.R.L.V.;
SANTOS, M.G.C.; LIRA, C.C. Queiliteactínica: avaliação histopatológica de 44 casos.
Rev Odontol UNESP., v.43, n.6, p.384-389, 2014.
BARNES, L.; EVESON, J.W.; REICHART, P.; SIDRANSKI, D. eds: Pathology and
Genetics Head and Neck Tumours. Lyon: World Health Classification of Tumours.
2005. 435p.
BATISTA, A.C.;COSTA, N.L.; OTON-LEITE, A.F.;MENDONÇA, E.F.; ALENCAR,
R.D.E.C.; SILVA, T.A.Distinctive clinical and microscopic features of squamous cell
carcinoma of oral cavity and lip.Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral
RadiolEndod., v.109, n.3, p.74-79, 2010.
BARNABY, J.W.J.; STYLES, A.R.; COCKERELL, C.J. Actinic keratoses: differential
diagnosis and treatment. Drugs Aging., v.11, n.3, p. 186–205, 1997.
BENTLEY, J.M.;BARANKIN, B.; LAUZON, G.J.Paying more than lip service to lip
lesions.Can Fam Physician., v.49, n.1, p.1111-6, 2003.
BERMAN, B.M.D.; COCKERELL, J.M.D. Pathobiology of actinic
keratosis:Ultraviolet-dependent keratinocyte proliferation. J Am AcadDermatol., v. 68,
n.1, p.10-19, 2013.
*Referências da Teseem conformidade com a NBR-6023 da Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), aprovada em agosto de 2002.
65
BERRY, K.L.;HOBERT,O.Mapping functional domains of chloride intracelular
channel (CLIC) proteins in vivo.J. Mol. Biol., v.359, p.1316–1333, 2006.
BOCK V. L.;BOCK, V.L.; LYONS, J.G.; HUANG, X.X.; JONES,
A.M.; MCDONALD, L.A.; SCOLYER, R.A.; MOLONEY, F.J.; BARNETSON,
R.S.; HALLIDAY, G.M. BRM and BRG1 subunits of the SWI/SNF chromatin
remodeling complex are downregulated upon progression of benign skin lesions into
invasive tumors. Br J Dermatol., v.164, n.1, p.1221-7, 2011.
BRANDWEIN-GENSLER, M.;BRANDWEIN-GENSLER, M.; TEIXEIRA,
M.S.; LEWIS, C.M.; LEE, B.; ROLNITZKY, L.; HILLE, J.J.; GENDEN, E.; URKEN,
M.L.; WANG, B.Y. Oral squamous cell carcinoma: histologic risk assessment, but not
margin status, is strongly predictive of local disease-free and overall survival. Am J
SurgPathol., v.29, n.1, p.167–78, 2005.
BRASIL. Inca.gov.br [página na Internet]. Instituto Nacional do Câncer. [acesso 20
jun 2016] Disponovel em : <http://www1.inca.gov.br/conteudo_view.asp?id=356>.
BRYNE, M. Is the invasive front of an oral carcinoma the most important area for
prognostication? Oral Dis, v.4, n.2, p.70-77, 1998.
BRYNE, M.; KOPPANG, H.S.; LILLENG, R.; KJAERHEIM, Ä. Malignancy grading
of the deep invasive margins of oral squamous cell carcinomas has high prognostic
value. J Pathol.,v.166, n.1, p.375-81, 1992.
BUSTIN, S. Protein shuttles, IGF-I and colorectal cancer.Trends Mol Med., v.7, n.1,
p.9, 2001.
CALDEIRA, P.C.; ABREU, M.H.N.G.; CARMO, M.A.V. Binary system of grading
oral epithelial dysplasia: evidence of a bearing to the scores of an immunohistochemical
study. J Oral Pathol Med.v.41, n.1, p.452-3, 2012.
CÂMARA, P.R.; DUTRA, S.N.; TAKAHAMA JÚNIOR, A.; FONTES, K.;
AZEVEDO, R.S. A comparative study using WHO and binary oral epithelial dysplasia
grading systems in actinic cheilitis.Oral Dis. v.22, n.6, p.523-9, 2016.
CANTÍN, L. M.; SUAZO, G. I.; VENEGAS, R. B. & ZAVANDO, M. D. Carcinoma de
celulas escamosas de labio inferior: Asociacion entre grado de angiogenesis,
graduacionhistologica y frente de invasion tumoral. Int J Morphol., v.26, n.1,p.77-82,
2008.
CANTO, M.T.; DEVESA, S.S. Oral cavity and pharynx cancer incidence rates in the
United States. Oral Oncol., v.38, p.610-617, 2002.
*Referências da Teseem conformidade com a NBR-6023 da Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), aprovada em agosto de 2002.
66
CARDESA, A.; GALE, N.; NADAL, A.; ZIDAR, N. Squamouscell carcinoma. In:
Barnes, L. (Ed.) World health organization classification of tumours: pathology and
genetics of head and neck tumours. Lyon: IADC PRESS, 2005. p. 118-21.
CASAL, D. et al CARMO, L.; MELANCIA, T.; ZAGALO, C.; CID, O.; ROSA-
SANTOS, J. Lip cancer: a 5-year review in a tertiary referral centre. J
PlastReconstrAesthetSurg, v.63, n.12, p.2040-2045, 2010.
CAVALCANTE, A.S.;ANBINDER, A.L.; CARVALHO, Y.R. Actinic cheilitis: clinical
and histological features. J Oral MaxillofacSurg, v.66, n.3, p.498-503, 2008.
CHENG, A.; SCHMIDT, B.L. Management of the N0 neck in oral squamous cell
carcinoma.OralMaxillofacialSurgClin N Am., v.20, n.3,p.477-97, 2008.
CZERNINSKI, R.; ZINI, A.; SGAN-COHEN, H.D. Lip cancer: incidence, trends,
histology and survival: 1970-2006. Br J Dermatol, v.162, n.5, p.1103-1109, 2010.
DE SOUZA LUCENA, E.E;COSTA, D.C; DA SILVEIRA, E.J.; LIMA, K.C.et al.
Prevalence and factors associated to actinic cheilitis in beach workers. Oral Dis, v.18,
n.6, p. 575-9, 2012.
DIAZ, J.C.Q.; GIRALT, M.Q. Prevalencia de cancer de labioenartemisa 1996-2006.
Acta OdontoVenezol, v.47, n.1, p. 1-8, 2009.
DUARTE, A.A.M.; BORROTO, A.C.V.; MARTÍNEZ, D.A.Comportamiento e
incidenciadel carcinoma epidermoide de lábio. Acta Méddel Centro. v.5, n.2, p.38-41,
2011.
DUFRESNE JR, R.G.;Cruz AP, Zeikus, P.;Perlis, C.;Jellinek, N.J.et al. Dermabrasion
for actiniccheilitis. DermatolSurg, v.34, n.6, p.848-850, 2008.
FERNANDEZ-SALAS, E.; SUH, K.S.; SPERANSKY, V.V.; BOWERS, W.L.; LEVY,
J.M.; ADAMS, T.; PATHAK, K.R.; EDWARDS, L.E.; HAYES, D.D.; CHENG,
C.; STEVEN, A.C.; WEINBERG, W.C.; YUSPA, S.H.et al .mtCLIC/CLIC4, an
organellular chloride channel protein, is increased by DNA damage and participates in
the apoptotic response to p53. Mol Cell Biol, v.22, n.1, p. 3610-20, 2002.
GUTIÉRREZ-PASCUAL, M.;VICENTE-MARTÍN, F.J.; FERNÁNDEZ-ÁLVAREZ,
G.; MARTÍN-LÓPEZ, R.; PINEDO-MORALEDA, F.; LÓPEZ-ESTEBARANZ,
J.L.Squamous cell carcinoma of the lip.A retrospective
study of 146 patients.JEurAcadDermatolVenereol, v.24, n.2.p.456-62, 2011.
HANAHAN, D.; WEINBERG, R.A. The hallmarks of cancer.Cell., v.100, n.1, p.57-70,
2000.
*Referências da Teseem conformidade com a NBR-6023 da Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), aprovada em agosto de 2002.
67
HASSON, O. Squamous cell carcinoma of the lower lip.J Oral MaxillofacSurg, v.66,
n.6, p.1259-1262, 2008.
HE, G.; MA, Y.; CHOU, S.Y.; LI, H.; YANG, C.; CHUANG, J.Z.; SUNG,
C.H.; DING, A.et al. . Role of CLIC4 in the host innate responses to bacterial
lipopolysaccharide.Eur J Immunol., v.41, n.1, p.1221–1230, 2011.
HODGES, A.;SMOLLER, BR.Immunohistochemical comparison of p16 expression in
actinic keratoses and squamous cell carcinomas of the skin.ModPathol.,v.15, n.1,
p.1121-5, 2002.
HORTA, M.C.R.; DE ASSIS, L.A.; DE SOUZA, A.F.; DE ARAÚJO, V.C.; GOMEZ,
R.S.; AGUIAR, M.C.et al.p53 and p21WAF1/CIP1 overexpression at the invasive front
of lower lip squamous cell carcinoma. J Oral Pathol Med., v.36, p. 88–92, 2007.
INOUE, H.;MIYAZAKI, Y.; KIKUCHI, K.; YOSHIDA, N.; IDE, F.; OHMORI,
Y.; TOMOMURA, A.; SAKASHITA, H.; KUSAMA, K. Podoplanin expression during
dysplasia–carcinoma sequence in the oral cavity.TumorBiol, v.33, n.1, p.83–194, 2002.
JANG, T.J. Prevalence of Foxp3 positive T regulatory cells is increased during
progression of cutaneous squamous tumors. Yonsei Med J., v.49, n.1, p.942-8, 2008.
JAYARAJ, G.; SHERLIN, H.J.; RAMANI, P.; PREMKUMAR, P.; NATESAN,
A.Stromal myofibroblasts in oral squamous cell carcinoma and potentially malignant
disorders.Indian J Cancer, v.52, n.1, p.87-92, 2015.
JENTSCH, T.J.; STEIN, V.; WEINREICH, F.;ZDEBIK, A. A. Molecular structure and
physiological function of chloride channels.Physiol Rev., v.82, n.2, p.503-68, 2002.
KITAMURA, K.; YAMAZAKI, J. Chloride channels and their functional roles in
smooth muscle tone in the vasculature.Jpn J Pharmacol., v.85,n.4, p.351-7, 2001.
KUJAN, O.;OLIVER, R.J.; KHATTAB, A.; ROBERTS, S.A.; THAKKER,
N.; SLOAN, P.et al. Evaluation of a new binary system of grading oral epithelial
dysplasia for prediction of malignant transformation. Oral Oncol,,v.42, p.987– 993,
2006.
KUJAN, O.;KHATTAB, A.; OLIVER, R.J.; ROBERTS, S.A.; THAKKER,
N.; SLOAN, P.et al. Why oral histopathology suffers inter-observer variability on
grading oral eputhelialdysplasia:Na attempt to understand the sources of variation. Oral
Oncol, v.43, n.3, p.224-32, 2007.
LI, X.; WEINMAN, S.A. Mrp2 modulates the activity of chloride channels in isolated
hepatocytes.Hepatology., v.36, n.1, p.65-71, 2002.
*Referências da Teseem conformidade com a NBR-6023 da Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), aprovada em agosto de 2002.
68
LIMA, G.S. SILVA, G.F.; GOMES, A.P.; DE ARAÚJO, L.M.; SALUM, F.G.et al.
Diclofenac in hyaluronic acid gel: an alternative treatment for actinic cheilitis. J Appl
Oral Sci., v.18, n.5, p.533-537, 2010.
LIU, W.; BAO, Z.X.; SHI, L.J.; TANG, G.Y.; ZHOU, Z.T.
Malignant transformation of oral epithelial dysplasia: clinicopathological risk factors
and outcome analysis in a retrospective cohort of 138 cases. Histopathology. v. 25, n.4,
p.733-40, 2011.
LOPES, M.L.D.S.; OLIVEIRA, D.H.I.P.; SARMENTO, D.J.S.; QUEIROZ, L.M.G.;
MIGUEL, M.C.C.; SILVEIRA, E.J.D. Correlation between cell cycle proteins and
hMSH2 in actinic cheilitis and lip câncer. Arch Dermatol Res, v,308, n.3, p.165-71,
2016.
LOURENÇO, S.Q.C.; SCHUELER, A.N.; CAMISASCA, D.R.;LINDENBLATT, R.C.;
BERNADO, V.G. Histological Classifications of Oral Squamous Cell Carcinoma: a
Review of the Proposed Systems. RevBrasCancerol., v.53, n.3, p.325-33, 2007.
LUNA-ORTIZ, K.;GÜEMES-MEZA, A.; VILLAVICENCIO-VALENCIA,
V.; MOSQUEDA-TAYLOR, A.et al. Lip cancer experience in Mexico.An 11-year
retrospective study.OralOncol., v.40, n.10, p.992-9, 2004.
MALIK, U.F.; MARTIN, M.R.; PATEL, R.; MAHMOUD, A. Parenchymal thoracic
splenosis: history and nuclear imaging without invasive procedures may provide
diagnosis.JClin Med Res., v.18, n.4, p.180-4, 2010.
MARKOPOULOS, A.; ALBANIDOU-FARMAKI, E.; KAYAVIS, I. Actinic cheilitis:
clinical and pathologic characteristics in 65 cases. Oral Dis., v.10, n.4, p.212-216,
2004.
MARQUES, L.A.; ELUF-NETO, J.; FIGUEIREDO, R.A.O.; GÓIS-FILHO, J.F.;
KOWALSKY, L.P.; CARVALHO, M.B. et al. Oral health, hygiene practices and oral
cancer. RevSaudePública., v.42, n.3, p.471-9, 2008.
MARTÍNEZ, A.;BRETHAUER, U.; BORLANDO, J.; SPENCER, M.L.; ROJAS, I.G.et
al. Epithelial expression of p53, mdm-2 and p21 in normal lip and actinic cheilitis.Oral
Oncology., v.234, n.2, p.47-55, 2008.
MARTÍNEZ, A.;BRETHAUER, U.; ROJAS, I.G.; SPENCER, M.; MUCIENTES,
F.; BORLANDO, J.; RUDOLPH, M.I.et al. Expression of apoptotic and cell
proliferation regulatory proteins in actinic cheilitis. J Oral Pathol Med., v.34, n.5, p.
257–62, 2005.
*Referências da Teseem conformidade com a NBR-6023 da Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), aprovada em agosto de 2002.
69
MARUCCIA, M.; ONESTI, M.G.; PARISI, P.; CIGNA, E.; TROCCOLA, A.;
SCUDERI, N. Lip cancer: A 10-year retrospective epidemiological study. Anticancer
Research., v.32, p.1543-46, 2012.
MIRANDA, F. A.; DE SOUZA LUCENA, E.E.; DE OLIVEIRA, T.C.; SILVEIRA,
E.J.D.; DE OLIVEIRA, P.T.; DE LIMA, K.C.Prevalence and factors associated with
oral potentially malignant disorders in Brazil's rural workers.Oral Dis. 2016 ;22(6):536-
42.
MORSELLI, P.; MASCIOTRA, L.; PINTO, V.; ZOLLINO, I.; BRUNELLI, G.;
CARINCI, F.et al. Clinicalparameters in T1N0M0 lowerlipsquamouscell carcinoma. J
CraniofacSurg., v. 18, p. 1079-82, 2007.
MONTAGNER, S.; COSTA, A. Molecular basis of photoaging. Ann Bras Dermatol.,
v.84, n.3, p.26-39,2009.
MONTEIRO, L.S.; DINIZFREITAS, M.; GRACIACABELLERO,
T.; FORTEZA, J.; FRAGA, M. EGFR and Ki67 expression in oral squamouscell
carcinoma usingtissuemicroarraytechnology. J Oral Pathol Med., v.39, p.571-
578,2010.
NEVILLE, B.W. et al. Patologia oral e maxilofacial. Rio de Janeiro: Editora Elsevier,
2009.972p.
NICO, M. M. S. ; RIVITTI, E. A.; LOURENÇO, S. V. Actinic cheilitis: histologic
study of the entire vermilion and comparison with previous biopsy. J CutanPathol.,v.
34, n. 4, p. 309-14,2007.
NTOMOUCHTSIS, A.; KARAKINARIS, G.; POULOLPOULOS, A.; KECHAGIAS,
N.; KITTIKIDOU, K.; TSOMPANIDOU, C.; VAHTSEVANOS, K.; ANTONIADES,
K. et al. Benign lip lesions. A 10year retrospective study.Oral Maxillofac Surg., v.14,
n.2, p.115-118, 2010.
ORIMO, A.; GUPTA, P. B.; SGROI, D. C.; ARENZANASEISDEDOS, F.;
DELAUNAY, T.; NAEEM, R.; CAREY, V. J.; RICHARDSON A. L.; WEINBERG, R.
A., Stromal fibroblasts present in invasive human breast carcinomas promote tumor
growth and angiogenesis through elevated SDF1/ CXCL12 secretion. Cell., v.6, n.121,
p.335-348, 2005.
PADMAKUMAR V. C.; MASIUK, K. E.; LUGER, D.; LEE, C.; COPPOLA, V.;
TESSAROLLO, L.; HOOVER, S. B.; KARAVANOVA, I.; BUONANNO, A.;
SIMPSON, R. M.; YUSPA, S. H.; et al. Detection of differential fetal and adult
expression of chloride intracellular channel 4 (CLIC4) protein by analysis of a green
*Referências da Teseem conformidade com a NBR-6023 da Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), aprovada em agosto de 2002.
70
fluorescent protein knockin mouse line. BMC DevelopmentalBiology., v.1, p. 14:24,
2014.
PAPADIMITRAKOPOULOU V. A.; HONG, W. K.; LEE, J. S.; MARTIN, J. W.; LEE,
J. J.; BATSAKIS, J. G.; LIPPMAN, S. M. et al. Lowdose isotretinoin versus
betacarotene to prevent oral carcinogenesis: longterm followup. J Natl Cancer Inst.,
v.89, n.3, p. 257–8, 1997.
PEREIRAFILHO, F. J. F.; VANDERLEI, J. P. M.; MELOFILHO, F. V. Epidemiology
of lip squamous cell carcinoma: experience of Head and Neck Department, Hospital das
Clinicas de Ribeirao Preto, University of Sao Paulo. RevBrasCirCraniomaxilofac.,
v.14, n.4, p.190-3, 2011.
PEREIRA, M. C.; OLIVEIRA, D. T.; LANDMAN, G.; KOWALSKI, L. P. et al.
Histologic subtypes of oral squamous cell carcinoma:prognostic relevance. J Can Dent
Assoc., v.73, n.4, p.339-44,2007.
PERES, F.F.G.;BRANDÃO, B.A.H.; CARVALHO, Y.R.; DÓRIA FILHO, U.;
PLAPER, H.A study of actinic cheilitis treatment by two lowmorbidity CO2 laser
vaporization onepass protocols.Lasers Med Sci., v.24, n.3, p.375-85, 2009.
PERETTI, M.; ANGELINI, M.; SAVALLI, N.; FLORIO, T.; YUSPA, S.H.;
MAZZANTI, M. Chloride channels in cancer: Focus on chloride intracellular channel 1
and 4 (CLIC1 AND CLIC4) proteins in tumor development and as novel therapeutic
targets. Biochim Biophys Acta. v.1848, n.10, p.2523-31, 2015.
PFEIFER, G.P.; YOU, Y.H.; BESARATINIA, A. Mutations induced by ultraviolet
light. Mutat Res., v.571,n.12, p.19-31, 2005.
PIETERSMA, N.S.; BOCK, G.H.; VISSCHER, J.G.A.M.;ROODENBURG, J.L.N.;
van DIJK, B.A.C. No evidence for a survival difference between upper and lower lip
squamous cell carcinoma. Int J Oral Maxillofac Surg., v.44, p.549-554,2015.
PIMENTEL, D.R.N.; MICHALANY, N.; ALCHORNE, M.; ABREU, M.; BORRA,
R.C.; WECKX, L. Actinic cheilitis: histopathology and p53. J CutanPathol, v.33, n.8,
p:539-544,2006.
PIÑERAMARQUES, K.; LORENÇO, S.V.; SILVA, L.F.; SOTTO, M.N.; CARNEIRO,
P.C.; et al. Actinic lesions in fishermen's lower lip: clinical, cytopathological and
histopathologic analysis.Clinics (Sao Paulo), v.65, n.4, p.363-367, 2010.
*Referencias da Teseem conformidade com a NBR-6023 da Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), aprovada em agosto de 2002.
71
RIBEIRO, A.C.P.; SILVA, A.R.; SIMONATO, L.E.; SALZEDAS, L.M.;
SUNDEFELD, M.L.; SOUBHIA, A.M.; et al. Clinical and histopathological analysis of
oral squamous cell carcinoma in young people – a descriptive study in Brazilians.
British J Oral Maxillo Surg., v.47, p.95-8, 2009.
RODUST P.M.; STOCKFLETH, E.; ULRICH, C.; LEVERKUS, M.; EBERLE, J.; et
al. UVinduced squamous cell carcinomaea role for antiapoptoticsignaling pathways. Br
J Dermatol., v.161, suppl, p.107-15, 2009.
ROJAS, I.G.;BOZA, Y.V.; SPENCER, M.L.; FLORES, M.; MARTÍNEZ, A. Increased
fibroblast density in actinic cheilitis: association with tryptasepositive mast cells,
actinic elastosis and epithelial p53 and COX2 expression.J Oral Pathol Med., v.41,n.1,
p.27-33, 2012.
RONNOVJESSEN, L.; VILLADSEN, R.; EDWARDS, J.C.; PETERSEN, O.W.; et al.
Differential expression of a chloride intracellular channel gene, CLIC4, in transforming
growth factorbeta1mediated conversion of fibroblasts to myofibroblasts.Am J Pathol.,
v. 161, n.2, p. 471-480, 2002.
ROSSOE, E.W.; TEBCHERANI, A.J.; SITTART, J.A.; PIRES, M.C. Actiniccheilitis:
aesthetic and functional comparative evaluation of vermilionectomy using the classic
and Wplasty techniques. An Bras Dermatol., v.86, n.1, p.65-73, 2011.
SALGARELLI, A.C.; SARTORELLI, F.; CANGIANO, A.; PAGANI, R.; COLLINI,
M.; et al. Surgical treatment of lip cancer: our experience with 106 cases. J Oral
Maxillofac Surg., v. 67, p. 840-5, 2009.
SALVADORI, G.;SANTOS, J.N.; MARTINS, M.A.T.; VASCONCELOS, A.C.;
MEURER, L.; RADOS, V.; CARRARD, C.; MARTINS, M.D. Ki67, TGFβ1, and
elastin content are significantly altered in lip carcinogenesis. Tumor Biol. v.35, n.1,
p.7635–7644, 2014.
SANTOS, H.B.; SILVA, A.L.; CAVALCANTE, L.H.; ALVES, P.M.; GODOY,
G.P.; NONAKA, C.F. Histopathological grading systems and their relationship with
clinical parameters in lower lipsquamous cell carcinoma.Int J Oral Maxillofac Surg.,
v.43, n.5, p.539-45,2014.
SARGERAN, K.; MURTOMAA, H.; SAFAVI, S.M.; VEHKALAHTI, M.M.;
TERONEN, O.; et al. Survival after lip cancer diagnosis. J Craniofac Surg., v. 20,
p.248-52, 2009.
*Referencias da Teseem conformidade com a NBR-6023 da Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), aprovada em agosto de 2002.
72
SARMENTO, D. J. S,.;ALMEIDA, W. L. ; MIGUEL, M.C.C..;QUEIROZ, L. M. G.;
GODOY, G. P.; CRUZ, M. C. F. N.; SILVEIRA, E. J. D. Immunohistochemical
analysis of mismatch proteins in carcinogenesis of the lower lip.Histopathology.,v. 63,
p.371–377, 2013.
SARMENTO D.J.S.; DA COSTA MIGUEL, M.C.; QUEIROZ, L.M.; GODOY G.P.;
DA SILVEIRA, E.J.; et al.Actinic cheilitis: clinicopathologic profile and association
with degree of dysplasia.Int J Dermatol., v.53, n.4, p.466-72,
2014.
SENA, M.F.; COSTA, A.P.S.; NÓBREGA, A.G.S.; COSTA, A.L.L.; FERREIRA,
M.A.F.Avaliação dos Fatores Prognósticos Relacionados ao Câncer de Lábio: Revisão
Sistemática. Rev Bras Cancer.,v.56, n.1, p.93-102, 2010.
SHUKLA, A.; YUSPA, S.H. CLIC4 and Schnurri2: A dynamic duo in TGFβ
signaling with broader implications in cellular homeostasis and disease. Nucleus, v.1,
n.2, p.1441-49, 2010.
SHUKLA, A.; YANG, Y.; MADANIKIA, S.; HO, Y.; LI, M.; SANCHEZ, V.;
CATAISSON, C.; HUANG, J.; YUSPA, SH. Elevating CLIC4 in multiple cell types
reaveals a TGF-dependent inducion of a dominant negative Smad7 splice variant.PLoS
One. v.18, n.8, e0161410,2016.
SOBIN, L.H.; GOSPODAROWICZ, M.K.; WITTEKIND, C.H. TNM Classification of
Malignant Tummors. International Union Against Cancer. 7th ed. Hoboken, NJ:
Wiley-Blackwell; 2011.336p.
SOUZA, L.R.; FONSECA-FONSECA, T.; OLIVEIRA-SANTOS, C.C.; CORRÊA,
G.T.; SANTOS, F.B.; CARDOSO, C.M.; SANT' ANAHAIKAL, D.; GUIMARÃES,
A.L.; BATISTA-DE PAULA, A.M.; et al. Lip squamous cell carcinoma in a Brazilian
population: epidemiological study and clinicopathological associations. Med Oral
Patol Oral Cir Bucal, v.16, n.6, p.75762, 2011.
SREEVIDYA C.S.; FUKUNAGA, A.; KHASKHELY, N.M.; MASAKI, T.; ONO, R.;
NISHIGORI, C.; ULLRICH, S.E.; et al. Agents that reverse UVInduced imune
suppression and photocarcinogenesis affect DNA repair. J Invest Dermatol.,v.130, n.1,
p.1428-37, 2010.
SUH K.S.; MUTOH, M.; NAGASHIMA, K.; FERNANDEZSALAS, E.; EDWARDS,
L.E.; HAYES, D.D.; CRUTCHLEY, J.M.; MARIN, K.G.; DUMONT, R.A.; LEVY,
J.M.; CHENG, C.; GARFIELD, S.; YUSPA, S.H.; et al. The Organellular Chloride
*Referências da Teseem conformidade com a NBR-6023 da Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), aprovada em agosto de 2002.
73
Channel Protein CLIC4/mtCLICTranslocates to the Nucleus in Response to Cellular
Stress and Accelerates Apoptosis. J Biol Chem., v.279, n.1, p.463-241, 2004.
SUH, K. S.; MUTOH, M.; GERDES, M.; YUSPA, S.H.; et al. CLIC4, an intracelular
chloride channel protein, is a novel molecular target for cancer therapy. J
InvestigDermatolSymp Proc., v.10, p. 105–109, 2005.
SUH, K.S.; CRUTCHLEY, J.M.; KOOCHEK, A.; RYSCAVAGE, A.; BHAT, K.;
TANAKA, T.; OSHIMA, A.; FITZGERALD, P.; YUSPA, S.H.; et al. Reciprocal
Modifications of CLIC4 in Tumor Epithelium and Stroma Mark Malignant Progression
of Multiple Human Cancers.Clin Cancer Res.,v.13, p.121-131, 2007a.
SUH K.S.; MUTOH, M.; MUTOH, T.; LI, L.; RYSCAVAGE, A.; CRUTCHLEY,
J.M.; DUMONT, R.A.; CHENG, C.; YUSPA, S.H.; Et al. CLIC4 mediates and is
required for Ca2þinduced keratinocyte differentiation. J CellSci., v.120, p.2631–2640,
2007b.
SUH, K.S.; MALIK, M.; SHUKLA, A.; YUSPA, S.H.; et al. CLIC4, skin homeostasis
and cutaneous cancer: surprising connections. MolCarcinog., v.46, n.8, p.599-604,
2007c.
SUH, K.S. MALIK, M.; SHUKLA, A.; RYSCAVAGE, A.; WRIGHT, L.; JIVIDEN,
K.; CRUTCHLEY, J.M.; DUMONT, R.A.; FERNANDEZSALAS, E.; WEBSTER,
J.D.; SIMPSON, R.M.; YUSPA, S.H.; et al. CLIC4 is a tumor suppressor for cutaneous
squamous cell câncer. Carcinogenesis, v.33, n.5, p.986–995, 2012.
SUH, K.S.; YUSPA, S.H. Intracellular chloride channels: critical mediators of cell
viability and potential targets for cancer therapy.Curr Pharm Des., v.11, n.21, p.2753-
64, 2005.
TILAKARATNE, W.M.; SHERRIFF, M.; MORGAN, P.R.; ODELL, E.W.Grading oral
epithelial dysplasia: analysis of individual features.J Oral Pathol Med. v.40, n.7,
p.533-40, 2011.
TOLL A.; SALGADO, R.; YÉBENES, M.; MARTÍNEZQUERRA, G.; GILABERTE,
M.; BARÓ, T.; SOLÉ, F.; ALAMEDA, F, ESPINET, B.; PUJOL, R.M.; et al. MYC
gene numerical aberrations in actinic keratosis and cutaneous squamous cell
carcinoma.Br J Dermatol., v.161, p.111-28,2009.
VAHTSEVANOS, K.; NTOMOUCHTSIS, A.; ANDREADIS, C.; PATRIKIDOU, A.;
KARAKINARIS, G.; MANGOUDI, D.; PAPANASTASIOU, G.; ANTONIADES, K.;.
et al. Distant bone metastases from carcinoma of the lip: a report of four cases. Int J
Oral Maxillofac Surg., v. 36, p. 180-5, 2007.
*Referências da Teseem conformidade com a NBR-6023 da Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), aprovada em agosto de 2002.
74
VAN DER WAAL I. Potentially malignant disorders of the oral and oropharyngeal
mucosa;terminology, classification and present concepts of management.Oral
Oncol., v.45, n.5, p.317-23. 2009.
VIEIRA, R.A.; MINICUCCI, E.M.; MARQUES, M.E.; MARQUES, A.S.; et al. Actinic
cheilitis and squamous cell carcinoma of the lip: clinical, histopathological and
immunogenetic aspects. Na Bras Dermatol.,v.87, n.1, p.105-14, 2012.
YAO, Q.; QU, X.; YANG, Q.; WEI, M.; KONG, B.; et al. CLIC4 mediates
TGFß1inducedFibroblasttomyofibroblasttransdifferentiation in ovarian
cancer.Oncology Reports.v. 22, p. 541-548, 2009.
WARNAKULASURYIA, S. Histological grading of oral epitelial dysplasia: revisited. J
Pathol., v.194, n.3, p. 29-47,2001.
WARNAKULASURIYA, S. Living with oral cancer: Epidemiology with particular
reference to prevalence and lifestylechanges that influence survival. Oral Oncol.,
v.46, n.6, p. 407-10,
2010.
WARNAKULASURIYA, S.; JOHNSON, N.W.;VAN DER WAAL, I.Nomenclature
and classification of potentially malignant disorders of the oral mucosa.J Oral Pathol
Med., v.36,n.10,p.57580,2007.
WARNAKULASURIYA, S.; REIBEL, J.; BOUQUOT, E.; DABELSTEEN. Oral
epithelial dysplasia classification systems: predictive value, utility, weaknesses and
scope for improvement. J Oral Pathol Med., v.37, p.127-33,2008.
WEIJERS, M.; SNOW, G.B.; BEZEMER, P.D.; VAN DER WAAL, I.; et al.
Malignancy grading is no better than conventional histopathological grading in small
squamous cell carcinoma of tongue and floor of mouth: retrospective study in 128
patients. J Oral Pathol Med.,v.38, n.4, p.343-347, 2009.
WOOLGAR, J.A. Histopathological prognosticators in oral and oropharyngeal
squamous cell carcinoma.Oral Oncol., v.42, n.3, p.229-239, 2006.
*Referências da Teseem conformidade com a NBR-6023 da Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), aprovada em agosto de 2002.
75
ANEXO I - PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA
76
77
78