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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PATOLOGIA ORAL FRANCISCO JADSON LIMA ESTUDO DA EXPRESSÃO DE CLIC4 E PROTEÍNAS ASSOCIADAS EM QUEILITES ACTÍNICAS E CARCINOMAS DE CÉLULAS ESCAMOSAS DE LÁBIO INFERIOR Natal / RN 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PATOLOGIA ORAL

FRANCISCO JADSON LIMA

ESTUDO DA EXPRESSÃO DE CLIC4 E PROTEÍNAS

ASSOCIADAS EM QUEILITES ACTÍNICAS E CARCINOMAS

DE CÉLULAS ESCAMOSAS DE LÁBIO INFERIOR

Natal / RN

2016

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FRANCISCO JADSON LIMA

ESTUDO DA EXPRESSÃO DE CLIC4 E PROTEÍNAS

ASSOCIADAS EM QUEILITES ACTÍNICAS E CARCINOMAS

DE CÉLULAS ESCAMOSAS DE LÁBIO INFERIOR

Orientadora: Profa. Dr

a. Éricka Janine Dantas da Silveira

Natal / RN

2016

Tese de Doutorado apresentada a Banca

Examinadora, como cumprimento parcial a

obtenção do título de doutor em Patologia Oral pelo

Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

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Lima, Francisco Jadson.

Estudo da expressão de CLIC4 e proteínas associadas em queilites actínicas e carcinomas de

células escamosas de lábio inferior / Francisco Jadson Lima. – 2016.

78 f. : il.

Orientador: Profa. Dra. Éricka Janine Dantas da Silveira.

Tese (Doutorado em Patologia Oral) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro

de Ciências da Saúde, Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral, Natal, 2016..

1. Queilite – Tese. 2. Carcinoma de Células Escamosas – Tese. 3. Etiopatogenia – Tese. 4.

CLIC4 – Tese. I. Silveira, Éricka Janine Dantas da. II. Título.

Catalogação na Fonte. UFRN/ Departamento de Odontologia

Biblioteca Setorial de Odontologia “Profº Alberto Moreira Campos”.

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FRANCISCO JADSON LIMA

ESTUDO DA EXPRESSÃO DE CLIC4 E PROTEÍNAS

ASSOCIADAS EM QUEILITES ACTÍNICAS E CARCINOMAS

DE CÉLULAS ESCAMOSAS DE LÁBIO INFERIOR

Natal / RN

2016

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“Eu sou de uma terra que o povo padece, mas não esmorece e procura vencer. Da terra querida, que a linda cabocla

de riso na boca zomba no sofrer. Não nego meu sangue, não nego meu nome,

olho para a fome, pergunto o que há? Eu sou brasileiro, filho do Nordeste,

sou cabra da Peste, sou do Ceará.

Patativa do Assaré

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Dedico os frutos e honras obtidos nessa batalha aos que

nunca me abandonaram na luta, ao contrário, vestiram à

armadura e seguiram comigo para combater na guerra.

Deus, por sua infinita bondade e amor.

Aos meus pais, José Patrício Lima e Maria Margarida,

pelo apoio incondicional e a reciprocidade do amor que

temos.

Aos meus irmãos, Patrício Filho, Ricardo Lima e

Renato Lima, por serem meus melhores amigos e sempre

estarem ao meu lado.

À minha esposa, Luciana, pelo seu amor e

companheirismo insubstituíveis.

A minha “irmã”, Maria Luiza (Malu), pois sempre

esteve presente e disposta a ajudar.

A minha orientadora, ProfaÉricka Janine,pela

dedicação, perseverança e por acreditar desde o inicio em

mim. O simples fato de acreditar fez e faz toda diferença.

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AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, José Patrício Lima e Maria Margarida, que incondicionalmente

apoiaram a construção do meu sonho, tudo começou quando eles ensinaram que a maior

herança que se pode deixar à um filho é o conhecimento, o bem mais precioso e jamais

usurpado.

Aos meus irmãos, Patrício Filho, Ricardo Lima e Renato Lima, pela união e

cumplicidade. Eles são meus exemplos, meus pilares, meus amigos, meus companheiros

de todas as horas, com eles sou forte, sem eles nem sei se existiria.

À minha esposa, Maria Luciana ou simplesmente “Luh”, pelo carinho,

compreensão, incentivo, amor e companheirismo que me foi dado para seguir em frente,

e por todas as vezes que posso enxergar através de seus olhos um mundo melhor, mais

colorido e cheio de sorrisos.Ela é simples, pura, transparente, linda e apaixonante, única,

incomparável e insubstituível.

Aos meus colegas de Pós-Graduação, pelos momentos de alegria, ensinamentos e

aprendizados.

A Maria Luiza, a minha “sister” de doutorado, por tê-la por perto, assimmesmo em

meio a tantos artigos, traduções, lâminas e discussões de casos, tudo pareceu mais fácile

foi possível cultivar uma amizade. Um dia li em algum lugar que a gratidão era uma

dívida eterna, impagável ou negociável, por todas as horas que tu esteve disponível a

ajudar seu “brother”, tens minha gratidão.

Ao Prof Gustavo Pina Godoy, pela oportunidade de tê-lo por perto durante muitos

anos, por ensinar muito do que sei e sou, por orientar muitos dos meus passos, pelas

vezes que não me deixou desistir, pelo exemplo profissional e por acima de tudo ter

lapidado o lado humano soberano ao profissional. Sou sem medo ou pudor seu fã e o

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mínimo que posso fazer é lhe agradecer de coração, deixo-lhe o meu muito obrigado por

ter sido em outrora meu professor e orientador e hoje por ser meu amigo.

Ao Prof Manuel Gordón-Núñez, pois não conheço pessoa com tal personalidade, uma

mistura de responsabilidade e inteligência excepcional com uma vontade e alegria em

viver ímpar, detentor de um caráter inquestionável, exigente e metódico, mas também

amigo e um paizão, sabe orientar e sabe receber conselhos, dedicado e esmerado sempre

em busca do melhor, mas reconhece sempre que o melhor de si está no Panamá (a sua

família). Obrigado por mostrar-me que as amizades verdadeiras nascem sem interesse e

que nenhum sonho é tão distante que não possamos alcançá-lo.

A minha Orientadora, Profa Éricka Janine, sei professora que já recebestes inúmeros

parágrafos de agradecimentos, por vezes até páginas inteiras que ilustram o quão grande

é a gratidão que seus orientandos, ex-alunos, ex-colegas e colegas de trabalho tenspara

com a senhora. E hoje professora posso apenas dizer que foram poucos os

agradecimentos e que se possível mais páginas deveriam ser escritas, pois somente

depois de conviver e receber suas orientações pude entender que tudo é bem ínfimo

perto do que a senhora merece. Para ser breve trago uma citação que lhe define na

minha vida e que por essa tornaram-te tão importante. Falta-me palavras para agradecer

por ter pegado na minha mão, ter ensinado-me como percorrer o caminho, mesmo que

para isso tivéssemos que fazer e refazê-lo várias vezes, para ao final termos sucesso.

Que Deus lhe ilumine sempre, muito obrigada por tudo!

“Ninguém caminha sem aprender a caminhar, sem aprender a fazer o caminho,

refazendo e retocando o sonho pelo qual se pôs a caminhar” (Paulo Freire).

Aos Funcionários do Programa de Doutorado em Patologia Oral, muito obrigado

por tornarem o nosso programa de pós-graduação um ambiente prazeroso e produtivo.

Aos Professores do Programa de Doutorado em Patologia Oral, pelos incentivos e

contribuições, pelos conselhos e orientações preciosas que fomentaram o meu crescer na

carreira acadêmica e vida pessoal.

A Universidade Federal do Rio Grande do Norte, pelo excelente trabalho

desenvolvido na comunidade ao incentivar o desenvolvimento através da educação.

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Ao CNPq que financiou a pesquisa através do edital universal.

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

α Alfa, nome da primeira letra do alfabeto grego

β Beta, nome da segunda letra do alfabeto grego

µl Microlitro, milionésima parte de um litro

µm Micrometro, milésima parte de mm (milímetros)

CCE Carcinoma de Células Escamosas

CCELI Carcinoma de Células Escamosas de Lábio Inferior

CCEO Carcinoma de Células Escamosas Oral(is)

CEP Comitê de Ética em Pesquisa

CFTR Do inglês

CysticFibrosisTransmembraneConductanceRegulator,

traduzido como Regulador de Condutância Transmembrana da

Fibrose Cística

CID Classificação Internacional de Doença

CLC Canais de Cloro/Cloreto

CLIC Canais Intracelulares de Cloro/Cloreto

cm Centímetros, centésima parte de m(metro)

CO2 Dióxido de Carbono/Gás Carbônico

DAB Do inglês,Diaminobenzidina

DBF Do inglês, Data Base Format

DE Displasia Epitelial

DEL Displasia Epitelial Leve

DEM Displasia Epitelial Moderada

DES Displasia Epitelial Severa

DNA Do inglês, DeoxyribonucleicAcid, traduzido comoÁcido

Desoxirribonucleico

DOPM Desordem oral potencialmente maligna

EDTA Do inglês, Ethylenediamine Tetraacetic Acid, traduzido como

Ácido Etilenodiamino Tetracético

EGF Do inglês, EpidermalGrowth Factor, traduzido como Fator de

Crescimento Epidérmico

EGFr Do inglês, EpidermalGrowth Factor Receptor, traduzido

comoReceptor do Fator de Crescimento Epidérmico

FOXP3 Do inglês Forkhead Box P3, traduzido como Proteína de

Transcrição localizada na cabeça da forquilha posição P3

HAP Hipertensão Arterial Pulmonar

HCL Ácido Clorídrico

HiDef Refere-se ao sistema de detectção baseado em reação de dois

polímeros e alta definição, HiDef DetectionTM

HRP Polymer

System

H2O2 Peróxido de Hidrogênio

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IL Interleucinas, conhecidas também por linfocinas

INCA Instituto Nacional de Câncer

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In Vitro

Do latim, que significa “em vidro", uma expressão que designa

todos os processos biológicos que têm lugar fora dos sistemas

vivos

In Vivo Do latim, que significa “dentro do vivo”, uma expressão que

designa todos os processos biológicos que ocorre ou tem lugar

dentro de um organismo vivo

In Situ Do latim, cuja tradução literal para "on site" ou "em posição"

LI Lábio inferior

LPS Lipolissacarideo

MEC Matriz Extracelular

MMP Metaloproteinases de Matriz

MYC Gene c-MYC

NFK-β Do ingles, Nuclear Factor Kappa-light-chain-enhancer of

activated B cells, traduzidocomo Factor Nuclear Kappa β

OMS Organização Mundial de Saúda

pH

Medida físico-química potencial hidrogeniônico ou potencial de

hidrogênio, que indica a acidez

QA(s) Queilite(s) Actínica(s)

RN Rio Grande do Norte

SGHM Sistema de Gradação Histológica de Malignidade

SPSS

Do inglês Statistical Package for the Social Sciences, traduzido

como Pacote Estatístico para Ciência Social

TGF-β

Do inglês TransformingGrowthFactorβ, traduzido comoFator de

Transformação do Crescimento β

TLR Do inglês Toll-LikeReceptors, traduzido como Receptores Tipo

Toll

TNF- α Do inglês Tumor Necrosis Fator α, traduzido como Fator de

Necrose Tumoral α

TNM Classificação Tumor Nódulo Metástase

TREGS Do inglês Regulatory T cells, traduzido como Células T

Regulatórias

α –SMA

Do inglês α-SmoothMuscleActin, traduzido como Actina de

Músculo Liso-α

Front Do inglês Front, traduzido como na Frente (no estudo significa

na frente de invasão do tumor)

nm Nanomolar

UFRN Universidade Federal do Rio Grande do Norte

UV (s): Refere-se à radiação eletromagnética Ultravioleta

UVA Refere-se à radiação eletromagnética Ultravioleta A

UVB Refere-se à radiação eletromagnética Ultravioleta B

UVC Refere-se à radiação eletromagnética Ultravioleta C

X2

Qui Quadrado, simbolizado por χ2 é um teste de hipóteses

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RESUMO

A proteína do canal de cloro intracelular 4 (CLIC4) regula a passagens dos íons

de cloro e relaciona-se com a proteína p53, fator de necrose tumoral α (TNF-α), fator de

crescimento transformante-β (TGF-β) e com a diferenciação de fibroblastos em

miofibroblastos (-SMA) em alguns cânceres humanos. O objetivo desse estudo foi

analisar a expressão imuno-histoquímicade CLIC4 e proteínas associadas em

queilitesactínicas (QA) e carcinomas de células escamosas de lábio inferior (CCELI),

bem como verificar a relação destas entre si e com as características clínicas e

morfológicas das lesões.A amostra foi composta de 50casos de QAs e 50de CCELIs

com dados clínicos, que inicialmente foram submetidos ao estudo morfológico para sua

gradação do risco de transformação maligna (sistema binário) e do grau histológico de

malignidade (Bryne, 1992), respectivamente.Todos os casos foram submetidos ao

método da imunoperoxidase usando os anticorpos paraCLIC4, p53, TGF-, TNF- e -

SMA, os quais foram submetidos à análise semiquantitativa, com exceção de p53, que

inicialmente foi analisado de forma quantitativa e em sequência categorizada como as

demais. Para a análise da expressão de CLIC4 foi considerada sua localização

celular.Comparações das imunomarcações com os parâmetros clínicos e morfológicos

das lesões foram realizadas pelo teste U de Mann-Whitney e o coeficiente de

Spearmanfoi calculado para avaliar correlações entre as proteínas. A expressão nuclear

da CLIC4 e TGF-β estava aumentadaem QAs de baixo risco, quando comparada ao

grupo de alto risco (p<0.0001), enquantoCLIC4 citoplasmática,p53 e TNF-α exibiram

maior expressão em QAs de alto risco (p<0.05). No que diz respeito às características

clínicas e morfológicas dos CCELIs, a expressão de CLIC4 citoplásmatica foi maior nos

casos apresentando metástase linfonodal, casos com estágios clínicos mais avançados

ou com alto grau de malignidade (p = 0,005; p = 0,029; p<0,0001). A expressão de p53

foi maior em CCELIs de alto grau de malignidade (p= 0,001) e a TGF-β diminuiu

significativamente conforme o avanço do estágio clínico e do grau histológico dos

tumores (p< 0,05).As QAs exibiram uma expressão aumentada de CLIC4 (no núcleo, ou

núcleo e citoplasma) e TGF-β, comparadas aos CCELIs (p < 0,0001). Em contraste,

houve aumento na marcação de CLIC4 citoplasmática e α-SMA nos casos de CCELI,

quando comparados às QAs (p < 0,0001).Nas QAs observou-se correlação negativa

entre a expressão de CLIC4 nuclear ea CLIC4 citoplasmática (r = -0,554; p = <0,0001),

e entre a marcação de TGF-β e α-SMA (r = -0,309; p = 0,029). Nos carcinomas, a

expressão de p53 exibiu correlação positiva com TNF-α (r = 0,528; p = 0,0001) e α-

SMA (r = 0,435; p = 0,002).Os nossos resultados sugeremque uma mudança no padrão

de expressão nuclear para citoplasmática de CLIC4 está envolvida no processo

decarcinogênese labial, acompanhada de alterações na expressão de p53, TGF-β, TNF-α

e α-SMA, e se relacionamcom alguns dos aspectos morfológicos e clínicos das QAs e

CCELIs.

Palavras Chave:Quelite Actínica. Carcinoma de células escamosas de lábio inferior.

Etiopatogenia. CLIC4.

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ABSTRACT

The intracellular chloride channel protein 4 (CLIC4) regulates chloride ions and

is related to p53, tumor necrosis factor α (TNF-α), transforming growth factor-β (TGF-

β), and with the differentiation of fibroblasts in myofibroblasts (-SMA) in some

human cancers. The objective of this study was to analyze the immunohistochemical

expression of CLIC4 and associated proteins in actinic cheilites (AC) and squamous cell

carcinomas of the lower lip (SCCLL), as well as to verific their relationship with each

other and with the clinical and morphological characteristics of the lesions . The sample

consisted of 50 cases of AC and 50 of SCCLL with clinical data, which were initially

submitted to the morphological study for their gradation of malignant transformation

risk (binary system) and histological grade of malignancy (Bryne, 1992). All cases were

submitted to the immunoperoxidase method using CLIC4, p53, TGF-β, TNF- and -

SMA antibodies, which were submitted to semiquantitative analysis, except for p53,

which was initially analyzed quantitatively and a categorized sequence like the others.

For the analysis of CLIC4 expression, its cellular location was considered. Comparisons

of the immunoblots with the clinical and morphological parameters of the lesions were

performed by the Mann-Whitney U test and the Spearman coefficient was calculated to

evaluate correlations between the proteins. Nucleic expression of CLIC4 and TGF-β

was increased in low-risk AC compared to high-risk group (p <0.0001), whereas

cytoplasmic CLIC4, p53 and TNF-α showed higher expression in high-risk AC (p <

0.05). As regards the clinical and morphological characteristics of SCCLL, the

expression of cytoplasmic CLIC4 was higher in cases presenting lymph node

metastasis, cases with more advanced clinical stages or with a high degree of

malignancy (p = 0.005, p = 0.029, p <0, 0001). Expression of p53 was higher in high-

grade malignant SCCLL (p = 0.001) and TGF-β decreased significantly as the clinical

stage progressed and tumor grade histologically (p <0.05). Increased CLIC4 (in the

nucleus, or nucleus and cytoplasm) and TGF-β, compared to SCCLL (p <0.0001). In

contrast, there was an increase in the labeling of cytoplasmic CLIC4 and α-SMA in

SCCLL cases, when compared to AC (p <0.0001). In the AC, a negative correlation was

observed between nuclear CLIC4 expression and cytoplasmic CLIC4 (r = -0.554, p =

<0.0001), and between TGF-β and α-SMA (r = -0,309; = 0.029). In carcinomas, p53

expression exhibited a positive correlation with TNF-α (r = 0.528, p = 0.0001) and α-

SMA (r = 0.435, p = 0.002). Our results suggest that a change in CLIC4 cytoplasmic

nuclear expression pattern is involved in the process of lip carcinogenesis, accompanied

by changes in the expression of p53, TGF-β, TNF-α and α-SMA, and are related to

some of the morphological aspects and clinicians of AC and SCCLL.

Keywords: Actinic cheilitis. Squamous cell carcinoma of the lower lip.Etipathogenesis.

CLIC4.

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SUMÁRIO

1 REFERENCIAL TEÓRICO.................................................................... 14

1.1 QUEILITE ACTÍNICA................................................................................ 14

1.2 CARCINOMA DE CÉLULAS ESCAMOSAS DE LÁBIO INFERIOR..... 22

1.3 CANAIS INTRACELULARES DE CLORO (CLIC):

CONSIDERAÇÕES GERAIS......................................................................

30

1.4 PARTICIPAÇÃO DA PROTEÍNA CLIC4 E PROTEÍNAS

ASSOCIADAS NO CÂNCER......................................................................

36

2 OBJETIVOS ............................................................................................... 41

3 ARTIGO CIENTÍFICO ............................................................................ 42

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................... 64

5 REFERÊNCIAS......................................................................................... 65

ANEXOS..................................................................................................... 75

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14

1. REFERENCIAL TEÓRICO

1.1 QUEILITES ACTÍNICAS

A Queilite Actínica (QA) é uma reação inflamatória crônica, considerada uma

desordem potencialmente maligna causada pela exposição prolongada aos raios solares

ultra-violetas (UV). Foi descrita pela 1ª vez em 1923 por Ayres (BARNES et al., 2005;

CAVALCANTE, ANBINDER, CARVALHO, 2008). Acomete predominantemente

homens, em uma razão homem/mulher de 10:1,e quase que exclusivamente em lábio

inferior, principalmente nos indivíduos de cor de pele branca que se expõem de forma

crônica a radiação ultravioleta (RUV). O predomínio dessa entidade sobre o sexo

masculino se deve ao fato de que muitos homens trabalham por longos períodos sob

exposição à luz solar, enquanto as mulheres são menos acometidas por essa lesão em

virtude da maioria criar uma camada de proteção nos lábios ao usar batom, diminuindo

a exposição àRUV e assim evitando a doença (DE SOUZA LUCENA et al., 2012;

MIRANDA et al., 2016).

As razões para susceptibilidade aumentada nos lábios para

sofreremmodificações causadas pela radiação UV em lesões de QA são várias e incluem

dentre estas uma menor espessura de queratina na região, camada epitelial mais delgada

em relação outros tecidos; pequena quantidade de melanina e secreção diminuída de

glândulas sebáceas e sudoríparas, ou seja,mecanismos envolvidos normalmente na

proteção da pele contra a radiação. Além disso, as QAs ocorrem mais frequentemente

no lábio inferior por este local estar diretamente exposto aos raios solares (BENTLEYet

al., 2003; VIEIRA et al., 2012).

Cavalcante, Anbindere Carvalho(2008), analisaram as características clínicas e

histopatológicas em 38 pacientes com diagnóstico clínico de QA, destes, 29 (76,3%)

eramdo sexo masculino, 28 (73,6%) maiores de 40 anos, 35 (93,1%) da raça branca e27

(71%) eram não fumantes.

Ntomouchtsis et al. (2010) realizaram um estudo retrospectivo de 10 anos,

avaliando as principais lesões benignas em lábio e a QA representou 17,19% de todas as

lesões, sendo a segunda mais frequente, atrás apenas dos hemangiomas (19,28%). No

estudo, todos os 24 pacientes com QA eram do sexo masculino e apresentaram a lesão

em lábio inferior e destes, apenas 1 não era da raça branca.

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15

A raça branca apresenta-se como a mais acometida pela QA, possivelmente em

virtude da menor concentração de melanina, que confere proteção da pele e aos lábios

contra os efeitos deletérios da radiação solar. Observa-se, ainda, que a faixa etária acima

dos 50 anos de idade é a mais acometida, reforçando a constatação dos danos

cumulativos da radiação solar. Trabalhadores que se expõem cronicamente ao sol são

mais acometidos, destacando-se dentre estes os agricultores, pescadores, motoboys e

guardas de trânsito (CAVALCANTE, ANBINDER, CARVALHO, 2008; PINERA-

MARQUES et al., 2011; DE SOUZA LUCENA et al., 2012).

Em outro estudo com 125 pescadores brasileiros, com história de exposição

crônica ao sol, 121(96,8%) eram do sexo masculino com idade média de 50 anos, o

tempo médio de exposição ao sol era de 32 anos durante a vida, com uma média diária

de 7,7 horas, 92,8% dos pescadores não usavam qualquer tipo de proteção solar. O

consumo de álcool esteve presente em 32% e 38,4% eram fumantes (PIÑERA-

MARQUES et al., 2010).

De Souza Lucena et al. (2012) avaliaram a prevalência e os fatores de risco

associados a QAs em trabalhadores de praia. Foram examinados 362 trabalhadores, e

destes 15,5% apresentaram queilite actínica. Entre aqueles com QA, houve predomínio

do sexo masculino (86%), com idades entre 37 anos ou mais de idade (61,4%) e de pele

clara (52,6%); 57,9% trabalhavam até 6h diariamente, cinco ou mais vezes por semana

(52,6%) e por mais de 8 anos (54,4%). Os autores sugeriram que a alta prevalência de

QA nesta população em especial, deve servir como base para fundamentar programas de

atenção direcionados para estes indivíduos que se expõema radiação ultra-violeta.

Clinicamente, a QA apresenta-se sob as formas aguda e crônica, sendo a aguda

mais comum em indivíduos jovens expostos ao sol de forma intensa e em períodos

curtos. Esta forma é caracterizada por exibir vermelhidão, edema, bolhas e ulcerações

no lábio que logo cicatrizam e não exibe potencial de transformação maligna. Já a forma

crônica acomete indivíduos acima da 4ª década de vida, é caracterizada por atrofia da

borda do vermelhão do lábio inferior que exibe superfície lisa e áreas pálidas. O

escurecimento da margem entre o vermelhão e a porção cutânea do lábio podem ser

evidenciados. À medida que a lesão progride, áreas ásperas e escamosas desenvolvem-

se nas porções mais ressecadas do vermelhão (MARKOPOULOS et al., 2004;

CAVALCANTE, ANBINDER, CARVALHO, 2008; PINERA-MARQUES et al., 2011;

VIEIRA et al., 2012).

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No estudo de Markopoulos et al., (2004), a QA apareceu em 19 (29,2%)

pacientes na forma de lesões brancas não ulceradas, em 31 (47,7%) pacientes se

manifestou como erosões ou úlceras no lábio, enquanto em 15 (23,1%) casos,

coexistiam erosões e úlceras com lesões brancas ou áreas atróficas no lábio inferior.

Cavalcante, Anbinder eCarvalho(2008) afirmaram, em seu estudo, que todos os

pacientes avaliados apresentavam lesões clínicas multifocais, das quais as principais

manifestações eram: ressecamento, atrofia, eritemas, ulcerações, perda da demarcação

entre vermelhão do lábio e pele, lesões brancas e crostosas.

O diagnóstico histopatológico da QA é variável. Pode ser observada desde

hiperceratose até alterações epiteliais que inspiram um cuidado maior como a displasia

epitelial (DE), que pode ser leve, moderada ou grave, ou até um carcinoma in situ

(SARMENTO et al., 2014; CURY et al., 2007). No tecido conjuntivo, degeneração

basofílica das fibras colágenas, denominada elastose solar é geralmente detectada e

infiltrado inflamatório pode ser encontrado (NICO, RIVITTI, LOURENÇO 2007). O

carcinoma de células escamosas (CCE)in situ ou invasivo também podem ser

encontrados no exame histológico com suspeita clínica de queilite actínica.

A elastose solar é um aspecto bem comum nos casos de QAs e pode ser

definida como uma alteração que ocorre pela substituição das fibras colágenas e

elásticas por um material granular basofílico, amorfo e acelular que contém usualmente

vasos sanguíneos dilatados, que sugere a ação deletéria da radiação ultra-violeta

(MARKOPOULOS, ALBANIDOU-FARMAKI, KAYAVIS 2004; NEVILLE et al.,

2009).

A análise das alterações arquiteturais e citológicas em tecido epitelial são

aspectos a serem considerados para gradação histológica de displasias epiteliais. Os

graus de DE são utilizados para direcionar o tratamento das desordens orais

potencialmente malignas (DOPM), já que podem estar associado a uma maior

probabilidade de transformação maligna (WARNAKULASURIYA et al., 2008;

KUJAN et al., 2007). Conforme Warnakulasuriya et al., (2008), acredita-se que a

presença de áreas displásicas no epitélio do trato aerodigestivo está associada com uma

maior probabilidade de progressão para câncer, já que têm sido demonstrado que o

acúmulo de alterações genéticas e epigenéticas associadas a transformação maligna são

acompanhadas pela presença de displasia no epitélio. Porém, nem sempre o grau de DE

está associado à transformação maligna. Na pesquisa de Liu et al., (2011), 17 casos dos

92 graduados com DE de baixo risco sofreram transformação maligna e 20 dos 46

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acasos graduados com DE de alto risco se transformaram em câncer, mas os autores

encontraram que as lesões de alto risco eram mais associadas ao aumento do risco do

desenvolvimento de câncer oral.

A elastose solar e a atrofia epitelial são os achados histopatológicos mais

constantes e os mais consistentes da QA, sem, entretanto, serem preditivos para

evolução da QA para CCE de lábio inferior (ROJAS et al., 2005). Ainda neste sentido,

Arnoud et al., (2014) verificaram em seu estudo que a elastose solar esteve presente em

86,36% dos casos de QA, contudo sem apresentar nenhuma relação com a

transformação maligna. Nesse mesmo estudo, os autores, destacaram que o componente

inflamatório era um mecanismo de defesa do organismo e ainda pode atuar na iniciação,

promoção e progressão de tumores, uma vez que os mediadores da inflamação

contribuem de forma efetiva para as alterações do microambiente tumoral, embora essa

relação ainda não seja completamente conhecida, seus resultados evidenciaram um

infiltrado inflamatório mais intenso em casos com displasias epiteliais moderadas e

severas.

O sistema de classificação proposto pela OMS divide os graus de displasia

epitelial em leve (DEL), moderada (DEM) e severa (DES), a partir da avaliação de 16

aspectos arquiteturais e citológicos. As alterações arquiteturais são: perda de

estratificação epitelial irregular, perda de polaridade das células do estrato basal,

projeções epiteliais em forma de gota, aumento do número de figuras de mitose, mitoses

altas, queratinização individual e presença de pérolas de queratina. As alterações

citológicas são: variação anormal do tamanho do núcleo, pleomorfismo nuclear,

variação anormal do tamanho da célula, proporção núcleo/citoplasma aumentada,

aumento do tamanho do núcleo, mitoses atípicas, número e tamanho de nucléolos

aumentados e hipercromatismo (WARNAKULASURIYA et al., 2001; BARNES et al.,

2005).

Para a classificação quanto ao grau de displasia Barnes et al., (2005) definiram

que na DEL as alterações arquiteturais e atipias celulares limitam-se ao terço inferior do

epitélio; na DEM essas alterações se estendem pelos dois terços inferiores do epitélio; e

na DES são notadas alterações arquiteturais e citológicas em mais de dois terços do

epitélio sem que atinjam todas as camadas até final do epitélio ou tenha ocorrido perda

de limite da membrana basal, fato que caracterizaria inicio de invasão e assim o caso

seria classificado como CCEin situ ou micro-invasivo. Ressalta-se ainda que ao

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ocorrermuitas atipias celulares mesmo que não atinjam mais de dois terços do epitélio

deve-se classificar como displasia epitelial severa.

Conforme Tilakaratne et al. (2011), a análise do grau de DE para predizer

transformação maligna é problemática em muitos tecidos, porque a maioria dos

sistemas é pobremente estruturado e as características individuais são poucos definidas,

sendo a gradação das DEs de baixa reprodutibilidade, fato esse também reforçado por

Câmara et al. (2016).

Outro sistema de classificação dos graus de DE foi proposto por Kujan et al.

(2006), denominando sistema binário. Este sistema divide as lesões em baixo e alto

risco de transformação maligna, utilizando como critério de avaliação as mesmas

alterações citadas pela Organização Mundial de Saúde. Segundo os autores, esse

sistema considera como lesão de alto risco aquelas que apresentam mais de 4 alterações

estruturais e 5 alterações citológicas e lesões de baixo risco aquelas que apresentam

menos de 4 alterações estruturais e menos de 5 alterações citológicas. Em complemento

a essa classificação, um workshop cordenado pela OMS e realizado pelo centro de

colaboração do câncer e pré-câncer oral do Reino Unido propôs a categorização da

gradação das DEs em dois grupos: as de alto risco de transformação maligna, as quais

compreendem aquelas moderadas e severas e as de baixo risco de transformação

maligna que abragem as DEL e hiperceratoses sem displasias. Eles consideraram que as

DEs de alto risco exibem 2,78 vezes mais chances para transformação maligna do que s

de baixo risco(LIUet al., 2011).

Kujan et al. (2006) ressaltam que mesmo com a busca por uma classificação dos

graus de DE como forma de prever o prognóstico e tratamento dessas lesões, ainda é

impreciso, visto que a evolução é continua e as alterações moleculares fogem ao

diagnóstico puramente histológico. Esses autores, em seu estudo também testaram o

novo sistema binário, a forma proposta pelo referido centro e comprovaram que de fato

há uma diminuição da subjetividade, porém sugerem que estudos longitudinais

explorem o valor preditivo de transformação maligna desse sistema. Partindo deste

pressuposto, Warnakulasuriya et al. (2007) apontam que em algumas situações os

limites entre uma lesão apresentando DES e um CCEin situ podem ser motivos de

confusão diagnóstica, uma vez que, ambas apresentações possuem células epiteliais

atípicas e alterações arquiteturais proeminentes.

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Markopoulos et al.(2004) acompanharam uma série de 65 casos de QA e

encontraram transformação maligna em 16,9% edestes mais da metade representavam

displasias epiteliais severas.

Cavalcante, Anbinder e Carvalho (2008)avaliaram histologicamente 29 lesões

com diagnóstico clínico de QA e as principais alterações epiteliais encontradas foram:

hiperceratose,camada granulosa proeminente, hiperplasia, acantose ou atrofia e

displasia. No tecido conjuntivo observou-se elastose solar, infiltrado inflamatório e

vasodilatação. O diagnóstico histológico de DEL foi obtido em 10,3% dos pacientes,

DEM em 27,6% e DES em 62,1% dos casos estudados.

Pimentel et al. (2006) detectaram em uma análise de 85 casos de QA que o grau

de DE estava associado à quantidade de infiltrado inflamatório. Esses autores também

mencionaram que a maioria dos CCELI são associados as QAs pré-existentes e que a

maior suscetibilidade para transformação maligna das QAs está relacionada com a

severidade da displasia epitelial.

Câmara et al. (2016) avaliaram de forma comparativa a influência das

características das DEs e sua efetividade na gradação proposta pela OMS e no sitema

binário em 107 casos de queilites actínicas. Os autores encontraram que a maioria dos

casos (44,5%) foram cassificados como DEL conforme a OMS e de baixo risco de

transformação maligna (64,5%) no sistema binário, havendo correlação positiva entre os

dois sistemas. A perda de polaridade da camada basal foi associada com a severidade do

grau DE na gradação da OMS.Anucleose, pleomorfismo nuclear, exocitoses,

pleomorfismo celular, perda de relação núcleo/citoplasma, aumento do tamanho do

núcleo, aumento das figuras de mitose e disceratose foram associadas com a severidade

da DE no sistema binário. Os referidos autores concluíram que o uso do sistema binário

para a gradação das QAs pode ser mais preciso devido à correlação de muitas

características citológicas e algumas alterações microscópicas arquiteturais com o

aumento do grau de displasia epitelial.

Assim, a melhor forma de emitir o diagnóstico da QA é baseada nas

características clínicas e histopatológicas conjuntamente (CAVALCANTE,

ANBINDER, CARVALHO, 2008; DE SOUZA LUCENAet al., 2012; ARNAUD et al.,

2014), uma vez que tal lesão exibe potencial de malignização, e, portanto, se não for

tratada em tempo hábil, pode evoluir para um carcinoma de células escamosas de lábio

(MARKOPOULOS, ALBANIDOU-FARMAKI, KAYAVIS, 2004; PERES et al.,

2009).

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No estudo de Piñera-Marques et al. (2010), 16 dos 125 pacientes com

diagnóstico clínico de QAs estudados foram submetidos à biópsia e posterior exame

histológico. Destes, foram confirmados 7 casos de DEM à DES, 5 casos de DEL e 4

casos de CCELI, sendo 2 in situ e 2 superficialmente invasivos. Estes autores

reforçaram que considerando a associação entre esta entidade e o CCELI especialmente

em pacientes de risco, devem ser feitos procedimentos que aumentem a acurácia do

diagnóstico.

Vários estudos buscaram correlacionar algumas características sócio-

demográficas com a gradação histológica da QA, no entanto, em nenhum dos estudos

foi verificada relação estatisticamente significativa entre a gradação e características

como gênero, a idade, a etnia e à exposição ocupacional à luz solar apresentações

clínicas, sugerindo que essas características sócio-demográficas não estão relacionadas

com o grau de DE presentes em queilites actínicas (ABREU et al., 2004;

CAVALCANTE et al., 2008; SARMENTO et al., 2014).

O tratamento da QA pode ser realizado através de conduta cirúrgica ou não-

cirúrgica. A terapêutica cirúrgica inclui a excisão, crioterapia, curetagem (com ou sem

eletrocauterização) e laserterapia (laser de CO2), enquanto a não-cirúrgica pode variar

desde aplicação tópica de medicamentos (5-fluoracil ou masoprocol), dermoabrasão e

até o uso tópico ou sistêmico de retinóides, bem como injeções intralesionais de

interferon-α (DUFRESNE JR et al., 2008; PERES et al., 2009; LIMA et al., 2010;

ROSSOE et al., 2011). As condutas terapêuticas são bem diversificadas, porém todos

visam acompanhar a lesão para prevenir sua transformação maligna. Para os casos onde

os achados histopatológicos não evidenciam DE, pode-se optar pelo tratamento

conservador, orientando o paciente a utilizar proteção adequada. No entanto, quando

houver exposição ao sol continuada o acompanhamento deve ser periódico e os

cuidados mais cautelosos (VAN DERWALL, 2009; LOPES et al., 2016).

Barnaby et al. (1997) citaram como métodos terapêuticos mais efetivos a excisão

cirúrgica (vermelhectomia), criocirurgia e cirurgia a laser. Adicionalmente, Rossoe et al.

(2011) ainda afirmaram que a técnica cirúrgica de vermelhectomia em W-plastia

oferece melhores resultados estéticos aos pacientes, quando comparado a técnica

tradicional. Algumas pesquisas buscam um tratamento alternativo para a QA, citando o

estudo de Lima et al. (2010) que relataram o uso promissor do diclofenaco em ácido

hialurônico gel, sendo este um tratamento não invasivo e com mínimos efeitos

colaterais.

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Normalmente, pode demorar mais de duas décadas de exposição solar crônica

para que a QA se transforme no CCELI, contudo em alguns pacientes a progressão pode

ocorrer mais rapidamente. Devido a essa evolução lenta e também pelo fato dos

primeiros sinais clínicos serem sutis, muitos pacientes associam a QA em seu estágio

mais inicial com o processo de envelhecimento e negligenciam a lesão até que ela

alcance um quadro mais grave (CAVALCANTE, ANBINDER,CARVALHO, 2008).

Conforme relatado por Papadimitrakopoulou et al. (1997), o grau de DE é o mais

importante indicador para o risco do câncer oral, sendo relatado que a progressão de

displasias para o câncer varia de 6 a 36% e consequentemente a maioria dos CCE orais

se desenvolve a partir de lesões displásicas. Desta forma, a identificação e

conhecimento dos mecanismos moleculares relacionados ao processo de progressão das

displasias para câncer podem ser úteis na determinação do risco de uma lesão

potencialmente maligna sofrer transformação, uma vez que a evolução e progressão

desta condiçãoé imprevisível e os pacientes portadores destas lesões nem sempre

realizam o devido acompanhamento.

Com a finalidade de prever o risco de transformação maligna em QA, há na

literatura pesquisas que analisam o uso de marcadores imuno-histoquímicos para

predizer o comportamento biológico da lesão. Dentre eles, cita-se a de proteína p53, a

anti-apoptótica bcl-2 e o marcador de proliferação celular Ki-67. Até o momento, os

resultados apontam que o aumento da expressão da p53 poderia ser utilizado como

preditor de transformação maligna. Entretanto, são necessários mais estudos que

analisem as alterações na expressão dos marcadores de apoptose e proliferação celular

em amostras de QA com DE, o que mostra a complexidade e a característica

multifatorial do processo de carcinogênese envolvendo o epitélio oral (MARTINEZ et

al., 2005; MARTÍNEZ et al., 2008).

Inuoe et al. (2002) reforçaram a importância da identificação dos mecanismos

moleculares associados com a carcinogênese devido a evidência de que algumas lesões

não displásicas também sofreram transformação maligna. Embasados na literatura sobre

o potencial de transformação maligna das QAs, outros pesquisadores avaliaram além da

atividade proliferativa, apoptose e ativação de oncogenes e genes supressores de tumor

nessas lesões, utilizando diferentes marcadores envolvidos nestes processos, tais como

proteínas de reparo de DNA (HMLH1 e HMSH2), p53, p21, EGFr e MdM -2

(MARTÍNEZ et al., 2005, MARTÍNEZ A et al., 2008; SOUZA et al., 2011;

SARMENTO et al., 2013).

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Lopes et al. (2016) estudaram arelação entre a imunoexpressão da hMSH2,p53 e

p21 em CA e CCELI com intuito de avaliar as alterações gênicas destas proteínas na

carcinogênese de lábio inferior. Os autores verificaram alterações de marcação para

todas as proteínas e sugerem que estas proteínas estão envolvidas na carcinogênese do

CCELI, destacando que a p53 também pode está relacionada a eventos anteriores a este

processo.

Embora a avaliação microscópica da QA seja importante para direcionar o

tratamento, também é importante investigar alterações nos componentes das células,

considerando que nem sempre o aspecto microscópico é indicativo da possibilidade de

transformação maligna. Assim, o estudo das alterações moleculares que ocorrem em

LOPM auxilia no entendimento das etapas que devem ser percorridas para a aquisição

de um fenótipo maligno, fornecendo, deste modo, ferramentas que auxiliam a esclarecer

os mecanismos associados com a evolução da lesão.

1.2. CARCINOMAS DE CÉLULAS ESCAMOSAS DE LÁBIO INFERIOR

A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que no ano de 2030 haverá uma

incidência de 27 milhões de novos casos de cânceres na população mundial. Nesta

perspectiva, serão 75 milhões de pessoas que passarão a conviver diariamente com esta

doença e destas, cerca de 17 milhões virão a óbito em decorrência do câncer anualmente

(BRASIL, 2016).Os cânceres orais (COs) estão entre as dez neoplasias mais comuns do

mundo e embora a ocorrência seja maior nos países orientais, o Brasil se destaca dentre

os países ocidentais por exibir alta prevalência de câncer oral. Conforme Schneider et

al. (2014), o câncer de lábio, boca e laringe constituí um sério e crescente problema de

saúde pública em muitas partes do mundo. O CO corresponde em sua grande maioria ao

CCE que perfaz 95% de todos os casos diagnosticados em sítios intra-orais e lábio

(MARQUES et al., 2008; AGARWAL et al., 2011).

O CCEO é definido como uma neoplasia derivada do epitélio escamoso oral que

pode afetar tanto cavidade oral (língua, assoalho de boca, mucosa jugal, gengiva e

palato) como o vermelhão do lábio. O termo CCELI é usado para referir as

malignidades epiteliais que se originam do vermelhão do lábio (BATISTA et al., 2010).

Esta é uma malignidade comum da região de cabeça e pescoçoque corresponde a

aproximadamente 25 a 30% de todos os cânceres não cutâneos desta região

(MARUCCIA et al.,2012).

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Batista et al. (2010) afirmaram que o CCELI e o CCEO são neoplasias malignas

distintas, uma vez que possuem características clínicas e microscópicas,

comportamentos clínicos e prognósticos que diferem entre si. A Classificação

Internacional de Doenças - 10ª edição (CID-10) da Organização Mundial da Saúde

(OMS) classifica o CCE segundo sua localização anatômica, o que mais uma vez

reforça a diferença existente entre o CCELI (CID.C00), quando comparado ao CCEO,

como o de língua (CID.C02) por exemplo (INCA, 2014).

Nos últimos anos, a incidência de CCELI aumentou principalmente em função

da mudança dos hábitos da população, que passou a se expor mais aos fatores de risco

(HASSON et al., 2008; RIBEIRO et al., 2009;SENA et al., 2010). Uma maior

incidência de CCELI é explicada por alguns autores pela sua maior exposição à

radiação solar, já que o lábio superior apresenta-se consideravelmente menos exposto

em decorrência da sua localização anatômica (ABREU et al., 2004; ANTUNES;

ANTUNES, 2004).

Estudos relataram que aproximadamente 80 a 90% dos casos CCELI acometem

indivíduos do sexo masculino em faixa etária variável, mas com maior concentração

entre a quinta e sexta década de vida (LUNA-ORTIZ et al., 2004; MARUCCIA et al.,

2012; SENA et al., 2010). São raros os casos em pacientes negros e indivíduos abaixo

dos 40 anos de idade (ABREU et al., 2004).

Czerninski, Zini e Sgan-Cohen (2010) realizaram um estudo com 4.337 casos de

neoplasias em lábio, arquivados no Registro Nacional de Câncer de Israel no período de

1970 a 2006. Aproximadamente metade dos casos (49,2%) eram CCEs, destes cerca de

dois terços (72,4%) estavam localizados em lábio inferior. Outras lesões também

encontradas no estudo como: carcinoma de células basais (40,0%); tumores de origem

glandular salivar (8,7%); metástases (1,7%) e outros (0,4%). Observou-se ainda que a

radiação UV e o fumo foram os principais fatores de risco associados ao

desenvolvimento das lesões. Além disso, constatou-se que a prevalência de CCELI foi

até 5 vezes maior que em lábio superior na população estudada.

No estudo de Casal et al. (2010), de um total de 228 (100%) pacientes com

neoplasias de lábio inferior, 216 (94,7%) casos eram CCEs. Destes 184 (80,7%) lesões

ocorreram em pacientes do sexo masculino, com uma proporção em relação ao sexo

feminino de 4:1. A média de idade foi de 67,6 anos, sendo o lábio inferior (95,6%) mais

atingido que o superior.

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O desenvolvimento de vários cânceres, incluindo o CCELI, está associado à

exposição aos agentes carcinógenos, principalmente os ambientais, destacando-se dentre

esses os de natureza física e química. Tais agentes podem causar algum grau de

desordem no DNA, comprometendo a normalidade celular, o que pode favorecer a para

transformação maligna (DUARTE, BORROTO, MARTINEZ, 2011).

Berman e Cockerell (2013) relataram que a exposição à radiação UV exerce

certo efeito benéfico sobre a pele, pois estimula a produção de vitamina D, porém a

exposição excessiva acarreta em inflamação, imunossupressão, falha na apoptose e

aberrante diferenciação, o que pode culminar em mutagênese e carcinogênese.

Adicionalmente, estes autores descreveram que a radiação UV é um carcinógeno

completo, pois tanto induz mutações genéticas iniciais nos queratinócitos, como

promove expansão e proliferação celular, quando a mesma se torna excessiva. Esse fato

causa mais alterações nas vias que regulam o crescimento e diferenciação celular,

inflamação e imunossupressão.

No que se refere ao papel da radiação na carcinogênese de lábio, pode-se afirmar

que o componente UV é o principal fator responsável pelo dano ao genoma celular. Os

raios UV são divididos em UVA (320 e 400nm), UVB (280-320nm) e UVC (200-

280nm), sendo que cada comprimento de onda exerceefeitos distintos sobre o genoma

celular (RODUST et al., 2009).

A radiação do tipo UVA está mais relacionada aos efeitos deletérios indiretos ao

DNA. Os principais danos causados pela radiação UVA são em relação à geração de

espécies reativas de oxigênio (ROS),por promover a formação de bases de DNA

oxidativas. O tipo UVB pode atuar diretamente no DNA e promover uma alta taxa de

mutações de transição em sequencias dipirimidinas contendo citosina, que induz a

formação de lesão no DNA. Essas lesões são formadas pelos dímeros de pirimidina-

ciclobutanos. Ainda em relação aos tipos de radiação, a UVC, é irrelevante ao modelo

de fotocarcinogênese, pois é absorvida pela camada de ozônio e não influencia na

tumorigênese do lábio (PFEIFER, YOU, BESARATINIA 2005; SOUZAet al., 2011).

O DNA sofre ação dos diferentes tipos de radiação UV porque suas proteínas

são cromóforos, ou seja, absorvem a radiação UV e sofrem a sua ação direta. A

interferência da exposição solar crônica sobre o metabolismo das células, em especial os

ceratinócitos e fibroblastos, gera uma sobrecarga que acaba esgotando os mecanismos

celulares de defesa, quando então a célula inicia o processo de senescência. Nesta

situação, o estresse oxidativo causa mutações no DNA, defeitos e alterações funcionais

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nas proteínas e peroxidação dos lipídios das membranas celulares, o que interfere na sua

permeabilidade e acarreta em alterações no transporte e nas sinalizações

transmembranas (MONTAGNER, COSTA 2009).

Neste contexto, Maruccia et al. (2012) encontraram em sua pesquisa associações

diretas entre o carcinoma de células escamosas de lábio (CCEL) e a exposição a fatores

de risco, tais como exposição a radiação solar, ao tabaco e álcool. Na sua amostra,

72,96% dos pacientes eram fumantes, 72,04% tinha o hábito de consumir álcool e a

maioria estava exposta cronicamente a radiação solar (72%).

O aspecto clínico do CCEL pode variar a depender das características do

paciente e de crescimento da lesão, bem como do tempo de duração, intensidade e

frequência de exposição aos fatores de risco. O CCE se localiza frequentemente no

vermelhão do lábio inferior em um dos lados da linha média, sendo frequente o relato

inicial de uma úlcera com borda rígida, ou lesões exofíticas que apresentam crescimento

lento (DIAZ; GIRALT, 2009; PEREIRA-FILHO, 2011).

Em levantamentos epidemiologicos em casos de CCELI, Diaz e Giralt (2009) e

Duarte, Borroto e Martínez (2011) observaram uma maior prevalência de lesões

exofíticas com aspecto misto, as quais demonstravam, na mesma lesão, áreas em placas

esbranquiçadas e áreas ulceradas.

Em CCELI o estadiamento clínico de tumores orais tem sido utilizado para

facilitar o plano de tratamento, bem como para direcionar um melhor acompanhamento

da evolução da doença no paciente. A classificação de tumores malignos através do

sistema tumor-nódolo-metástases (TNM) demonstra em pacientes com câncer de lábio

relação com estagio da doença e gradação histopatológica (SENA et al., 2010).

Este sistema foi proposto por Pierre Denoix, na França,entre os anos de 1943 e

1952 e em 1950 a União Internacional Contra o Câncer (UICC) sugeriu esta forma de

estadiamento para tumores malignos. No decorrer das décadas subsequentes os

resultados em relação ao estadiamento e classificação TNM mostraram-se eficientes, e

consequentemente sua aplicação permaneceu como uma maneira mais fácil, rápida e

universal no planejamento para tratamento de tumores malignos. Uma das finalidades

deste sistema é possibilitar uma comunicação entre profissionais em qualquer

localidadeutilizando uma linguagem comum (SOBIN,

GOSPODAROWICZ,WITTEKIND 2011).

O T considera a extensão do tumor primário, N a ausência ou presença,bem

como a extensão de metástases em linfonodos regionais eM a ausência ou presença de

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metástase à distância. A partir da classificação do tumor em cada uma dessas variáveis,

o mesmo é categorizado em estádios que variam de I ao IV(BARNES et al., 2005).

O estadiamento clínico foi apontado como importante fator prognóstico para

câncer de lábio, por outro lado, as classificações histopatológicas podem prover fatores

prognósticos suplementares a fim de valorizar o estadiamento TNM e auxiliar na

escolha terapêutica (ANNEROTH; BATSAKIS; LUNA, 1987; LOURENÇO et al.,

2007; SENA et al., 2010).

O CCELI possui como característica o crescimento lento e a possibilidade de

produzir metástases cervicais em apenas cerca de 3% a 29% dos casos em estágio

inicial. Uma sobrevida de 5 anos é verificada em torno de 90% em casos com T1N0,

caindo bruscamente para cerca de 50%, quando ocorre o comprometimento dos

linfonodos regionais (SALGARELLI et al., 2009).

Os CCELI possuem origem a partir do epitélio displásico, sendo caracterizado

histologicamente pela invasão de ilhas e cordões de células epiteliais malignas através

da membrana basal para o interior do tecido conjuntivo. As células tumorais, na maioria

das vezes, apresentam citoplasma eosinofílico em quantidade variada e pode-se

observar hipercromatismo nuclear e perda da relação núcleo-citoplasma, bem como

disceratose (ceratinização individual da célula) e formação de pérolas de ceratina em

tumores bem diferenciados. Em casos onde o tumor ainda se encontra em estágios

iniciais, costuma-se denominá-lo superficialmente invasivo ou microinvasivo. Em

casos mais avançados, as células malignas podem se estender profundamente atingindo

tecido muscular, nervoso, adiposo e/ou ósseo e invadir vasos sanguíneos (NEVILLE et

al., 2009).

OsCCELI não apresentammuitas diferenças microscópicas em relação as outras

localizações intra orais, sendo classificado quanto a sua diferenciação histopatológica

em bem diferenciado, moderadamente diferenciado e pobremente diferenciado

(BARNES et al., 2005). Para essa classificação, são observadas as características

morfológicas que denotam atipia celular, dentre estas o grau de ceratinização, o

pleomorfismo celular e o hipercromatsmo nuclear (DUARTE, BORROTO,

MARTÍNEZ 2011; PINERA-MARQUES et al., 2011).

No CCELI também podem ser observados anexos cutâneos, devido a

proximidade do lábio com a pele, além de ser possível relatar a presença de degeneração

basofílica das fibras colágenas, denominada histologicamente como elastose solar

(NEVILLE et al., 2009; PINERA-MARQUES et al., 2010).

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A partir das características histopatológicas é possível realizar a gradação do

CCELI, utilizando os sistemas de gradação histológicos de malignidade. Esses sistemas

de gradação fazem uso dos mais variados critérios com a intenção de definir uma

melhor maneira que, ao mesmo tempo, permita identificar quanto o tumor é invasivo e

que características histológicas podem influenciar no comportamento biológico,

tratamento e prognóstico dessas lesões. As classificações mais utilizadas atualmente são

a da OMS descritas por Barnes et al.(2005) e a de Bryne et al. (1992)

(WOOLGAR,2006).

A classificação histopatológica de malignidade descrita pela OMS, em 2005,

baseia-se no grau de diferenciação celular e permite a gradação dessa neoplasia maligna

em três categorias: pouco, moderadamente e bem diferenciados. Os casos bem

diferenciados são assim denominados quando sua arquitetura tecidual se assemelha a

um padrão normal de epitélio escamoso, sendo esse o tipo mais comum dos CCEs em

lábio (SOUZA et al., 2011). Já aqueles que se mostram pouco diferenciados,

caracterizam-se pelo predomínio de células imaturas, numerosas mitoses típicas e

atípicas, bem como mínima ceratinização. Os CCEs moderadamente diferenciados

exibem características intermediárias entre os tumores bem e pobremente diferenciados.

Neste tipo, certo grau de pleomorfismo nuclear, atividade mitótica e pouca ceratinização

são observados (BARNES et al., 2005).

Bryne et al. (1992) propôs um sistema de gradação histológica que avalia as

margens invasivas ou “front invasivo” do tumor, onde se atribui escores para cada uma

das características histopatológicas analisadas como, grau de ceratinização,

pleomorfismo nuclear, padrão de invasão e infiltrado inflamatório. Ao final, todos os

escores são somados, fornecendo o grau de malignidade do tumor (baixo grau e alto

grau de malignidade), em que um alto escore indica um pobre prognóstico e um baixo

escore um melhor prognóstico (BRYNE 1998; WOOLGAR 2006; WEIJERS et al.,

2009).

Cantin et al. (2008) analisaram 17 casos de CCELI quanto ao índice

angiogênico, gradação histopatológica da OMS e a gradação histopatológica de front de

invasão. O estudo revelou que 94,2% dos casos estavam classificados como bem e

moderadamente diferenciados segundo a OMS, enquanto 79,2% dos casos classificados

como baixo grau de malignidade de acordo com Bryne et al. (1992). Os autores

verificaram uma associação entre a gradação histopatológica da OMS (2005) e a de

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Bryne et al. (1992), desta forma sugeriram que ambas as gradações podem ser utilizadas

como indicadores de agressividade em CCE de lábio inferior.

Santos et al. (2014) realizaram uma análise morfológica em 59 casos de CCELI

quanto ao grau de malignidade histopatológico, utilizando o sistema de gradação do

front invasivo (BRYNE et al., 1992), o sistema de classificação da OMS (CARDESA et

al., 2005) e o de avaliação de risco histológico (BRANDWEIN-GENSLER et al., 2005)

com intuito de correlacionar aos parâmetros clínicos e determinar o uso pleno desses

sistemas como indicadores do comportamento biológico em CCE de lábio inferior. Os

autores identificaram uma associação entre o baixo grau de malignidade e a ausência de

metástases em linfonodos regionais. Não foram observadas associações significativas

entreos parâmetros clínicos analisados e o sistema da OMS e a avaliação do risco

mostrou uma associação significativa entre o escore de risco e metástases em linfonodos

regionais. Neste contexto os autores sugeriram que entre os sistemas de classificação

histopatológicos avaliados, a avaliação de risco histológico proposta por Brandwein-

Gensler et al., (2005) é a melhor opção para prever o comportamento biológico de

CCELI, principalmente quando relacionado a presença de metástases em linfonodos

regionais.

O valor da classificação histopatológica é controverso e somente a classificação

microscópica isolada é pobremente correlacionada com os dados de sobrevida dos

pacientes e com a resposta ao tratamento. A análise histopatológica de forma mais

precisa passa a ser fundamental, uma vez que o comprometimento das margens

cirúrgicas associa-se a um prognóstico desfavorável (PEREIRA et al., 2007; SENA et

al., 2010).

Segundo Canto e Devesa (2002) e Sena et al. (2010)o CCELI tende a ter baixa

agressividade, um crescimento lento e baixa probabilidade de desenvolver metástases

tardiamente. Portanto, apresenta bom prognóstico, em especial quando diagnosticado

precocemente, com taxa de sobrevida em 5 anos identificada em aproximadamente 90%

dos casos. As lesões mais extensas podem inviabilizar o sucesso no tratamento e assim

piorar o prognóstico dos pacientes (HORTA et al., 2007; HASSON et al., 2008;

WARNAKULASURIYA 2010).

A melhor visibilidade de alterações no lábio possibilita o diagnóstico precoce do

CCE de lábio inferior (SARGERAN et al., 2009; PIETERSMA et al., 2015). Porém, o

diagnóstico tardio é observado em 5% a 20% dos casos, o que pode acarretar em

significativa diminuição na sobrevida de 5 anos dos pacientes para apenas 30%

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(HASSON 2008). Segundo Souza et al. (2011), o tamanho do tumor, o grau histológico

de malignidade, a metástase em linfonodos regionais e a recorrência da doença são os

principais fatores relacionados à sobrevida dos pacientes com CCE de lábio inferior.

A cirurgia é o tratamento de escolha para o CCELI, porém o tipo de

procedimento cirúrgico vai depender da extensão do tumor. A ressecção cirúrgica com

margens de segurança é o procedimento mais indicado para esta neoplasia. Em alguns

casos mais agressivos o tratamento cirúrgico tem sido associado ao uso da

quimioterapia e radioterapia (GUTIÉRREZ-PASCUAL et al., 2011). O esvaziamento

cervical deve ser procedido quando houver confirmação ou suspeita de metástases para

os linfonodos localizados nesta região (CHENG, SCHIMIDT 2008).

O curso habitual do CCELI é crescer lentamente. Todavia, em casos avançados,

estruturas adjacentes como, assoalho da boca, língua e osso mandibular podem ser

envolvidos(MORSELLI et al., 2007). De 3% a 29% dos casos exibem metástase para

linfonodos cervicais (SALGARELLI et al., 2009). Além disso, metástases à distância

podem ocorrer em até 15% dos casos (MORSELLI et al., 2007; VAHTSEVANOS et

al., 2007).

Abreu et al. (2004) estudaram 57 pacientes com CCE de lábio, dos quais 90%

foram localizados em lábio inferior. Quando os autores verificaram a invasão tumoral

dos tecidos regionais, foi observada que a invasão do tecido muscular ocorreu em lesões

a partir de 1cm, a invasão de nervos foi identificada nas lesões a partir de 1,5cm,

enquanto que nas lesões maiores de 2cm já havia a invasão dos vasos sanguíneos. Os

resultados apontaram uma relação direta entre as lesões a partir de 0,5cm e o aumento

no número de metástases e da recidiva local. Os autores sugeriram que a classificação

TNM, ao considerar T a partir de 2cm, não consegue refletir a realidade para as

neoplasias localizadas em lábio.

Duarte, Borroto e Martínez (2011) analisaram 100 casos de CCE de lábio, com

intuito de descrever o comportamento desta neoplasia. Foi observado um predomínio do

CCELI em 84,4% dos casos, e quando analisados em relação ao estadiamento clínico,

90% dos casos estavam classificados nos estádios I e II. Os autores sugeriram que os

CCEL são usualmente diagnosticados precocemente e consequentemente possuem um

melhor prognóstico.

A compreensão das alterações genéticas e a expressão das proteínas envolvidas

no desenvolvimento desses tumores podem revelar novos fatores prognósticos e assim

ajudar a compreender o comportamento biológico da doença e os mecanismos

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envolvidos no processo de transformação maligna permitindo uma maior precisão na

caracterização prognóstica de tumores (MONTEIRO et al., 2010).

1.3 PROTEÍNAS DE CANAIS INTRACELULARES DE CLORO (CLIC):

CONSIDERAÇÕES GERAIS

O cloro é um grande ânion intracelular existente em todos os organismos vivos.

O transporte de cloro intracelular é essencial para a regulação eletrogênica das

membranas intracelulares para contribuir com a manutenção do potencial das

membranas e organelas. São descritos pelo menos cinco genes da família dos canais de

cloro em células de mamíferos e mutações em genes destas famílias estão associadas

com alterações neuromusculares, respiratórias, ósseas, neoplasias e doenças renais em

seres humanos (LI,WEINMAN 2002; PERETTI et al., 2015).Os canais de transportes

iônicos estão entre os mecanismos celulares e alvos terapêuticos mais estudados. Os

agentes bloqueadores dos canais de cálcio figuram na literatura como um dos mais

importantes, pois oferecem enormes benefícios no tratamento de doenças

cardiovasculares.

Tornou-se evidente que várias classes de canais iônicos e principalmente os de

transportadores de cloro que regulam de forma crítica algumas proteínas e contribuem

para a homeostase celular, devem ser considerados como potenciais para estudos e

possíveis alvos terapêuticos em câncer e outras doenças humanas (SUH, YUSPA 2005;

SHUKLA, YUSPA 2010).

Conforme relataram Suh e Yuspa (2005) em estudos experimentais foi

identificado que o veraparil (inibidor de canais decálcio) eleva a ação da quimioterapia

no tratamento do câncer. Ainda conforme esses autores, a indução ou seleção para a alta

expressão de proteínas resistentes a multidrogas em uma população de células

cancerosas acarreta em resistência a quimioterapia e neste contexto os inibidores de

transportes de íons servem como agentes modificadores no tráfico da droga através das

membranas.

Os canais de cloro são classificados com base nas diferenças estruturais, dos

quais as quatro maiores classes são canais de cloro ligand-gated (Extracelular e

Intracelular) (SUH et al., 2014). Uma das vias referidas na literatura e pouco estudadas

na carcinogênese de pele até o momento é a conduzida pela família CLIC (canais

intracelulares de cloro) que compreende uma família composta por 7 genes (CLIC1-

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CLIC5, p64 e parchorina) que são associados aos canais intracelulares de ânions e com

a seletividade para o íon Cloro (PERETTI et al., 2015). As proteínas da família CLIC

são altamente conservadas durante a evolução em vertebrados e invertebrados,

sugerindo que estas possuem funções essenciais na morfogênese e viabilidade celular

durante o desenvolvimento (BERRY et al., 2006).

As CLICs são proteínas metamórficas na transição entre o status solúvel e

membrana e no mínimo em parte dependente do redox celular. Estão localizadas

primariamente no citoplasma e têm múltiplos domínios de interação proteína/proteína e

sítios de fosforilação, bem como sítios de modificações lipídicas (SUH et al., 2012;

PERETTI et al., 2015).

Estas exibem tamanho que varia de 30 a 40kDa e um domínio maior na região

transmembrana com função seletiva no transporte de íons cloro (Figura 1).

FIGURA 1 - Estrutura de proteínas CLIC. (A) A estrutura do CLIC1 na sua forma reduzida

solúvel, a região TM (resíduos 25-46). O domínio N está à esquerda (hélices H1, H2 e H3) e o

todo-helicoidal domínio C é a direita (hélices h4-H9), as três cisteínas (Cys24, Cys178 e

Cys223) que são conservadas em todas as proteínas de vertebrado CLIC são mostrados como

modelos CPK. (B) A estrutura de cristal de um dímero CLIC1 oxidado. A subunidade lado

esquerdo (cor amarela), enquanto a subunidade lado direito (colorido) e orientada de acordo

com o monômero CLIC1 no painel (A). (C) Um modelo proposto para a transição entre a forma

solúvel de CLIC1 e forma integrante do canal de íons da membrana. (D) A glutationa (modelo

stick) covalentemente ligada a CLIC1 (LITTER et al., 2010).

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A manutenção do cloro intracelular é uma função celular essencial para o

controle do volume das organelas, manutenção do pH, balanço elétrico, que representam

eventos críticos para viabilidade celular (JENTSCH et al., 2002, SUH et al., 2007a). O

primeiro canal intracelular de cloro identificado foi o p64, isolado de microssomas de

rim e traquéia bovina que mostrou canais seletivos em membranas com bicamadas

lipídicas. A CLIC1 e CLIC4 foram as primeiras proteínas da família CLIC a serem

clonadas e funcionalmente estudadas. A CLIC1 foi identificada prioritariamente em

membrana nuclear e plasmática, enquanto CLIC4 demonstra localização subcelular no

interior da membrana mitocondrial, complexo de Golgi e no retículo endoplasmático

(FERNANDEZ-SALAS et al., 2002; PERETTI et al., 2015). Os canais intracelulares de

cloro estão distribuídos e localizados nas diferentes organelas e estruturas celulares,

como podem ser melhor exemplificados na Figura2 (SUH, YUSPA 2005).

FIGURA 2 – Distribuição dos Reguladores de Condutância (CFTR), Canais de Cloreto (CLC)

e Canais Intracelulares de Cloro (CLIC), esquematicamente distribuídos em várias organelas

intracelulares e elementos do citoesqueleto (SUH, YUSPA, 2005).

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Em geral, a expressão nuclear das proteínas CLIC está diretamente relacionada

com o aumento do crescimento celular in vitro, fato que também é verificado em células

epiteliais in vivo (SUH et al, 2004; SUH et al, 2007a). As CLIC-2, -3 e -5 foram

identificadas e localizadas em várias organelas celulares e expressas em altos níveis em

biópsias em pacientes portadores de gliomas. As CLICs-1 e -2 estão significativamente

subreguladas em aproximadamente 80% dos carcinomas coloretais e mais de 90% de

células com altas atividades proliferativas (BUSTIN, 2001).

Dentre as proteínas produzidas pela família CLIC, cita-se a CLIC4 que tem sido

estudada amplamente na carcinogênese de pele e outros tecidos como cérebro, rim e

fígado (SUH et al., 2007a; SUH et al., 2012). Tem sido relatado que vários sinais

celulares são conhecidos por induzirem a expressão de CLIC4, incluindo TGF-β, LPS,

p53, TNF-α, estresse celular e danos ao DNA (FERNANDEZ-SALAS et al., 2002;

PADMAKUMAR et al., 2014).

Uma célula normal exibe membrana estável e integridade das organelas com

manutenção da homeostase iônica em toda a célula e compartimentos celulares. Quando

ocorrem deslocações ou expressão alterada da atividade dos canais intracelulares de

cloro, isso pode desregular o teor de íons de cloro e alterar o pH no citoplasma e em

diferentes organelas. Como consequência do fluxo de íons para o citosol ou organelas,

ocorre uma acidificação do citoplasma e microambientes, sequencialmente causando

edema, ruptura da membrana, encolhimento e fragmentação das estruturas celulares,

que provocam morte celular porapoptose (Figura3) (SUH, YUSPA 2005).

Suh et al. (2005) ainda sugerem que a ação da CLIC está associada a função do

citoesqueleto, mitose, controle do ciclo celular e diferenciação celular. Como

mencionado anteriormente, a CLIC4 é encontrada em todas as estruturas celulares,

porém, quando supra-regulada no núcleo em condições metabólicas de estresse celular

inibe o crescimento ou induz à apoptose (SUH et al., 2007a,b). A CLIC também é

associada à diferenciação de ceratinócitos e adipócitos (KITAMURA, YAMAZAKI

2001).

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FIGURA 3 – O processo de apoptose mediada pela ação dos canais intracelulares de cloro

(CLICs) pode ser resumido com base na acidificação das estruturas celulares mediada por esses

canais que iniciam ou amplificam os sinais apoptóticos por ativação de endonucleases

dependentes dopH, acelerando a condensação da cromatina no núcleo, causando disfunção do

processo de modificação pós-tradução em ER e Golgi, liberando citocromo C das mitocôndrias

que gera deterioração e com isso descarrega resíduos tóxicos a partir de vesículas e lisossomos

celulares, que promovem a desmontagem e degradação das estruturas do citoesqueleto (SUH,

YUSPA, 2005).

De fato, quando normal a CLIC4 encontra-se no núcleo dascélulas e pode

significar uma parada do crescimento ou a apoptose, dependendo do seu nível de

expressão (SUH et al., 2012). Contudo em neoplasias humanas, a proteína CLIC4 é

expressa de forma reduzida ou mesmo ausente em núcleo de células epiteliais

neoplásicas, mantendo uma relação direta entre a sua redução neste componente celular

com a progressão da neoplasia (SUH et al., 2005).

Fernandes-Salas et al. (2002) relataram que a proteína CLIC4 exibe alto nível de

expressão em pele e isso, está fortemente associado com a apoptose dos ceratinóctitos e

outros tipos celulares.

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Toll et al. (2009) verificaram aberrações genômicas em ceratoses actínicas e

CCE cutâneo e observaram que cerca de 35% das alterações não-neoplásicas e 63% das

neoplásicas demonstraram aberrações numéricas no gene MYC, sugerindo que existe

uma origem comum dessas lesões e que estas aberrações podem ter um papel na

progressão tumoral. Estudos anteriores sugeriram que a CLIC4 está diretamente

relacionada a ação do gene P53 e c-Myc, sendo recrutada na apoptose mediada por

esses genes (SUH et al., 2005; SUH et al., 2007b).

Mutações no gene P53 constituem eventos iniciais na tumorigênese humana.

Quando P53 adquire uma mutação induzida por radiação UV perde a sua capacidade de

regular os mecanismos de proteção e as células mutantes passam a proliferar. A perda

da função do gene P53 também acarreta em translocações cromossômicas e supressões

(BOCK et al., 2011). As mutações desse gene foram evidenciadas em mais da metade

das ceratoses actínicas, uma condição com potencial de malignização de pele

(HODGESet al., 2002; BOCK et al., 2011). A maioria das mutações em P53 exibe

relação com a radiação UV (SREEVIDYA et al., 2010; BOCK et al., 2011).

A CLIC4 possui uma relação direta com a transcrição da p53 e assim para

apoptose via p53 (FERNANDEZ-SALAS et al., 2002). A necessidade de CLIC4

durante a apoptose dependente de p53 pode ser devido a uma necessidade de reforço na

sinalização por TGF-, que recruta a presença auxiliar de CLIC4 para sua ativação. A

falta de p53 ou perda de expressão dominante de função p53 mutante dificulta a sua

ação e prejudica a indução de apoptose em alguns tipos celulares. A necessidade da

CLIC4 na regulação de p53 surge com um requisito também para a função de p53 em

resposta a sinalização pelo TGF-, sugerindo em parte a necessidade da CLIC4 na

regulação do TGF- e consequentemente na apoptose mediada por p53 (SHUKLA,

YUSPA 2010). A descoberta de que a CLIC4 é um importante mediador na sinalização

de TGF- e atua através de um mecanismo nuclear pode explicar algumas das diversas

atividades desta proteína multifuncional.

A CLIC4 também contribui para apoptose mediada pelo TNF- independente do

NF-Κ B (SUH et al., 2005; MALIK et al., 2010). Esta se liga à componentes do

citoesqueleto (-actina, ezrina e -tubulina), chaperonas e transportadores nucleares,

sendo recrutada para formação do lúmen vascular, maturação dos ceratinócitos e

diferenciação dos adipócitos. Uma propriedade comum da CLIC4 é sua probabilidade

de se translocar para o núcleo sob condições de estresse metabólico (SUH et al., 2012).

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He et al.(2011) demostraram quantidades aumentadas de CLIC4 em modelo

murino após exposição a lipopolissacarídeo bacteriano (LPS) no cérebro, coração,

pulmão, rim, fígado e baço. Neste contexto, também demostraram que macrófagos com

superexpressão de CLIC4 passaram a produzir mais TNF- α, IL-6, IL-12 e CCL5

quando expostos a lipopolissacarideos. Para testar os efeitos da CLIC4, os autores,

produziram camundongos CLIC4 deficientes, e seus macrófagos responderam a

exposição do LPS bacteriano produzindo menos citocinas inflamatórias e quimiocinas

que o grupo controle. Em resumo, os resultados demonstram um papel inesperado para

CLIC4 na resposta imune inata em relação a produtos microbianos, sendo a CLIC4

necessária para uma resposta ótima dos macrófagos mediada pela produção de citocinas

como o TNF- α.

1.4.PARTICIPAÇÃO DA PROTEÍNA CLIC4 E PROTEÍNAS ASSOCIADAS NO

CÂNCER

Sabe-se que uma característica universal das células neoplásicas é a sua

capacidade de escapar à apoptose que é usualmente relacionada ao estado

hiperproliferativo, evento esse associado à acidificação do meio intracelular, a qual é

diretamente controlada pelos canais de cloro (HANAHAN; WEINBERG, 2000).

Algumas evidências apontam que as proteínas da família CLIC, como as CLIC1-CLIC5

encontram-se envolvidas na patogênese do câncer humano.

Dentre estas, cita-se, a CLIC4, que é presente em todas as estruturas celulares,

estando em tecidos normais abundantemente presente em núcleo de células epiteliais e

pobremente presente nas células do tecido conjuntivo. Ao contrário, em células

neoplásicas a mesma está supra-regulada no citoplasma e sub-regulada ou ausente em

núcleo das células epiteliais, além de demonstrar também demostra uma supra-

regulação em estroma de neoplasias, e essa expressão parece estar associada com a

conversão de miofibroblastos através de sua co-expressão com α-SMA (SUH et al.,

2007c).

Suh et al. (2007a) encontraram redução na expressão de CLIC4 reduzida no

epitélio tumoral e excluída do núcleo das células neoplásicas, contudo, em células

epiteliais neoplásicas bem diferenciadas pôde-se encontrar níveis baixos no núcleo.

Ainda neste trabalho, os autores, relataram que no estroma tumoral a CLIC4 estava

supra-regulada e associada com a diferenciação miofibroblástica, sugerindo que o exato

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papel do CLIC4 nos fibroblastos do estroma tumoral deve ainda ser estudado e

determinado. Neste estudo, os autores ainda sugeriram que a extensão dessas mudanças

em geral está correlacionada diretamente com o estágio da progressão tumoral em

alguns tumores e que a restauração dos níveis da CLIC4 no núcleo pode inibir o

crescimento tumoral.

O fibroblasto é o tipo de célula mais abundante nos tecidos conjuntivos normais

e desempenha um papel fundamental na síntese, degradação e remodelação da matriz

extracelular (MEC) em situação de normalidade ou não. Este tipo celular demostra uma

capacidade de transformar-se em outro tipo celular mais especializado na produção de

α-SMA sob estímulos específicos, passando a ser denominados como miofibroblastos

(RONNOV-JESSEN et al., 2002).

Os miofibroblastos representam um tipo celular presente em algumas situações

como, por exemplo, na cicatrização. Quandoa conversão dos fibroblastos em

miofibroblastos ocorre de forma contínua e desordenada, seguida de proliferação

principalmente nos processos crônicos, que pode resultar em lesões fibrosas.

Adicionalmente, essas células podem contribuir para funções essenciais no crescimento

tumoral como secreção de metaloproteinases da matriz (MMP), promoção de

angiogênese, crescimento tumoral, invasão e liberação de citocinas (ALLINEN et al.,

2004).

Em tumores de mama, Orimo et al. (2005) relataram que a secreção do fator 1

por células miofibroblásticas do estroma recruta células endoteliais e estimula o

crescimento tumoral. A CLIC4 sofre influência deste mesmo fator que se co-localiza

junto da -SMA tanto no tecido normal, como neoplásico de mama, auxiliando na

angiogênese. A relação da CLIC4 e -SMA é vista em várias situações fisiológicas e

patológicas e essa interaçãono estroma tumoral reforça a importância dessa estrutura

nodesenvolvimento do câncer, possivelmente poratuar na redução da motilidade das

células tumorais (RONNOV-JESSEN et al., 2002).

Yao et al. (2009) mencionaram que os fibroblastos do estroma tumoral podem se

diferenciar em miofibroblastos sob influência do TGF- e que o nível de transcrição da

CLIC4 está aumentado quando os fibroblastos se diferenciam em miofibroblastos pela

ação do TGF-, hipótese essa confirmada em pesquisa realizada com tumores de

ovários. Estes autores também sugeriram que a redução da expressão do CLIC4 no

estroma de tumores de ovário pode constituir alvo terapêutico. Vale ressaltar que o

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TGF- é uma citocina envolvida em muitos estágios do câncer e tem sido relacionada a

redução da resposta imune, estímulo da angiogênese, aumento da síntese de enzimas

proteolíticas, bem como transição epitélio/mesênquima.

Shukla et al. (2016) relataram que a sinalização mediada por TGF-β regula

numerosas atividades celulares incluindo crescimento, diferenciação, apoptose, adesão e

motilidade, sendo essas atividades associadas a cascata de sinalizaçõa da membrana

para o núcleo.

Em uma pesquisas realizada em 29 casos de QA e 53 casos de CCELI, Salvadori

et al., (2014), identificaram que todos os casos foram positivos para essa proteína. Nas

QAs houve correlação inversa entre a positividade do TGF-1 nos queratinócitos e o

grau de displasia. Em CCELI de alto grau de malignidade houve menor imunomarcação

tanto no parênquima como no estroma. Os autores concluíram que tal proteína contribui

para a carcinogênese do lábio inferior.

Shukla e Yuspa (2010) mencionaram que a redução ou exclusão da proteína

CLIC4 do núcleo das células tumorais pode estar associada com a perda de resposta ao

TGF-β e mutações no gene p53. Além disso, tais autores reportaram que enquanto a

sinalização de componentes da família TGF-β exercem importantes papeis na supressão

de cânceres de origem epitelial, em certos contextos e dependendo do estágio do câncer,

TGF-β age estimulando a progressão tumoral, por aumentar a invasão e metástases das

células tumorais. A inibição do crescimento epitelial mediado por CLIC4 e aumento do

crescimento tumoral em xenoenxertos utilizando fibroblastos com superexpressão de

CLIC4 sugere que é possível existir um papel dual. Um importante aspecto para a

atividade pró-tumoral do TGF-β é sua contribuição em preparar o estroma para o

crescimento e invasão tumoral. Tal fato encontra-se relacionado ao aumento do

crescimento tumoral com a superexpressão de CLIC4 em fibroblastos associados com a

co-expressão de CLIC4 e α-SMA na transição de fibroblastos para miofibroblastos

regulado por TGF-β.

Suh et al. (2012) explicaram que quando a CLIC4 é deslocada para o núcleo

aumenta a sinalização da via TGF- evitando a defosforilação da fosfo-Smad 2/3,

fornecendo uma via através da qual regula o crescimento celular (Figura4).

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FIGURA 4- (A) Sinalização de TGF-β por CLIC4 em célula normal, em conjunto com

Schnurri-2, CLIC4 nuclear inibe a ligação de PPM1a e outras fosfatases de p-Smad 2 e 3 e

assim retarda a sua desfosforilação e prolonga o sinal de TGF-β. (B) A falta de CLIC4 em

células tumorais impediria a estabilização da P-Smads e contribuí para a diminuição da

capacidade de resposta TGF-β nestas células (SHUKLA, YUSPA 2010).

Em experimento realizado por Suh et al. (2012), em um modelo estabelecido de

carcinogênese de pele, foram identificadas marcantes mudanças na expressão e

localização subcelular de CLIC4 e que estas ocorrem precocemente na tumorigênese,

sugerindo que esta é uma importante supressora no desenvolvimento e progressão

tumoral, além de mediador da responsividade do TGF- em células cancerosas. A

CLIC4 também é relatada como um marcador para células-tronco cutâneas, sendo

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sugerida que sua expressão em células cancerosas pode reduzir o crescimento tumoral e

que sua modificação no estroma pode alterar a atividade dos miofibroblastos, modular a

produção de citocinas como TNF-α e relaciona-se de forma direta com a proteína p53

em neoplasias humanas.

Em relação à carcinogênese de pele, Berman e Cockerell (2013) relataram que a

radiação UV induz às mutações genéticas iniciais em queratinócitos e promovem a

expansão de células tumorais ao contribuir com falhas em proteínas que controlam o

ciclo celular (MYC proto-oncogene, p53, p14, p15, p16), modulações inflamatórias

(moléculas de adesão, citocinas pro-inflamatórias) e imunossupressoras, desencadeando

uma série de eventos que contribuem com a transformação maligna dos queratinócitos

(JANG et al., 2008; RODUST et al., 2009; TOLL et al., 2009).

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41

2. OBJETIVOS

O objetivo desta pesquisa foi avaliar de forma comparativa a expressão

imunohistoquímica da CLIC4, TGF-β, TNF-α, α-SMA e p53 em QAs e CCELIs e,

adicionalmente investigar mecanismos associados à carcinogênese de lábio inferior.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Comparar a expressão imuno-histoquímica da proteína CLIC4 no núcleo

e citoplasma do componente epitelial QAs e CCELIs;

Verificar a expressão imuno-histoquímica da proteína CLIC4 nas

camadas epiteliais em QAs.

Observar se a expressão nuclear e citoplasmática da proteína CLIC4

encontra-se associada com a gradação histopatológica de QAs e CCELI;

Identificar se a expressão da p53mutada, TGF-β e TNF-αestão

correlacionadas à expressão de CLIC4 em QAs e CCELIs;

Verificar se a expressão de α-SMA em tecido conjuntivo das QAs e

estroma dos CCELI possuicorrelação com a imunomarcação da CLIC4

em QAs e CCELIs;

Verificar se a via de sinalização CLIC4 está associada à carcinogênese de

lábio inferior;

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42

3. ARTIGO

PARTICIPAÇÃO DA CLIC4 NA CARCINOGENESE DE LÁBIO

INFERIOR

PARTICIPATION OF CLIC4 INCARCINOGENESIS OF THE LOWER LIP

Francisco JadsonLimaa, Maria Luiza Diniz de Souza Lopes

a, Éricka Janine Dantas da

Silveiraa.

aPrograma de Pós-Graduação em Patologia Oral da Universidade Federal do Rio

Grande do Norte, RN, Brazil.

Corresponding author and reprint requests:

DDS PhD Éricka Janine Dantas da Silveira

Universidade Federal do Rio Grande do Norte – Departamento de Odontologia

Pós-Graduação em Patologia Oral

Avenida Salgado Filho, 1787 – Lagoa Nova – Natal – Rio Grande do Norte – Brasil

CEP 59.056-000 Telefone: +55 (84) 3215-4138

Email: [email protected]

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RESUMO

A proteína CLIC4 regula o transporte iônicodos canais de cloro

intracelularesque estão relacionados com alterações das proteínas p53, TNF-α, TGF-β e

com a diferenciação de fibroblastos em miofibroblastos (-SMA) durante a

carcinogênese de algumas neoplasias humanas. O objetivo desse trabalho foi analisar a

participação da CLIC4 e proteínas associadas na carcinogênese de lábio inferior. Todos

os casos (QA= 50/CCELI=50) foram submetidos a estudo clínico, morfológico eimuno-

histoquímico. Os resultados imuno-histiquímicos foram analisados de forma

semiquantitativa e a expressão da CLIC4 considerada quanto sua localização se ocorria

somente em núcleo, somente citoplasma ou em ambas os compartimentos.

Comparações e correlações das imunomarcações com os parâmetros clínicos e

morfológicos das lesões foram realizadas pelo teste U de Mann-Whitney e o coeficiente

de Spearman.Tanto a expressão nuclear da CLIC4 quanto de TGF-β estavam

aumentadas em QAs de baixo risco(p<0.0001), enquantoCLIC4 citoplasmática, p53 e

TNF-α exibiram maior expressão em QAs de alto risco (p<0.05). Nas QAs observou-se

uma correlação negativa entre a expressão de CLIC4 nuclear com a CLIC4

citoplasmática (r = -0,554; p = <0,0001), e entre a marcação de TGF-β e α-SMA (r = -

0,309; p = 0,029). A expressão de CLIC4 citoplásmaticanos casos de CCELI foi maior

naqueles com presença de metástase linfonodal, em estágios clínicos mais avançados ou

com alto grau de malignidade (p = 0,005; p = 0,029; p<0,0001). Aexpressão de p53 foi

maior nos CCELIs de alto grau de malignidade (p= 0,001) e a TGF-β diminuiu

conforme o avanço do estágio clínico e do grau histológico dos tumores (p< 0,05).As

QAs exibiram uma expressão aumentada para CLIC4 nuclear e paraTGF-β, quando

comparadas aos CCELIs (p < 0,0001). Em contraste, houve aumento na marcação de

CLIC4 citoplasmática e α-SMA nos casos de CCELI, quando comparados às QAs (p <

0,0001). Os resultados sugerem que alterações na expressão da CLIC4 nos

compartimentos celulares de nuclear para citoplasmática associam-se com o processo de

carcinogênese labial e é acompanhada das alterações na expressão das proteínas p53,

TGF-β, TNF-α e α-SMA, bem como ainda está associada com alguns aspectos clínicos

e morfológicos das QAs e CCELIs.

Palavras Chave:QueliteActinica. Carcinoma de células escamosas de lábio inferior.

Progressão tumoral. CLIC4.

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44

INTRODUÇÃO

Os canais de íons intracelularesparticipam no desenvolvimento de vários tipos

de cânceres, dentre esses canais de íons, citam-se os Canais Intracelulares de Cloro

(CLIC) que compreendem uma família composta por 7 genes (CLIC1-CLIC5, p64 e

parchorina) (Xue et al., 2016). A proteína de canal de cloro 4 (CLIC4) é encontrada em

todas as estruturas celulares, estando abundantemente presente em núcleo de células

epiteliaisnos tecidos normais, enquanto em células neoplásicas a mesma está supra-

regulada no citoplasma e sub-regulada ou ausente em núcleo(SUH et al., 2007a).

Shukla e Yuspa (2010) mencionaram que a redução ou exclusão da proteína

CLIC4 do núcleo das células tumorais pode estar associada com a perda de resposta do

fator de transformação do crescimento beta (TGF-) e mutações no gene p53. Tal fato

encontra-se relacionado ao aumento do crescimento tumoral com a superexpressão de

CLIC4 em fibroblastos associados com a co-expressão de CLIC4 e alfa actina de

músculo liso (α-SMA) na transição de fibroblastos para miofibroblastos regulado por

TGF-β, onde a coexpressão da CLIC4 e -SMA pode estar relacionada à transição

epitélial-mesenquimal e favorecer a invasão tumoral (Suh et al., 2007b).Suh et al.

(2012) explicaram que quando a CLIC4 é deslocada para o núcleo aumenta a

sinalização da via TGF- evitando a defosforilação da fosfo-Smad 2/3, fornecendo uma

via através da qual regula o crescimento celular. Segundo Shukla et al. (2016), quando

em núcleo a CLIC4 eleva a sinalização mediada por TGF- através da associação com a

R-smads e consequentemente eleva sua sinalização. Quando a CLIC4 se apresenta

supra-regulada nas mitocôndrias e de forma solúvel no citoplasma de ceratinócitos,

parece também mater associação com o fator de necrose tumoral alfa (TNF-), que por

sua vez conduz a célula à apoptose, mediada pelas proteínas p53 e EMyc (Fernandez-

Salas et al., 2002).

Diante das funções e vias mencionadas de atuação da CLIC4 na tumorigênese,

torna-se evidente a necessidade de verificar se há participação desta proteína na

carcinogênese de lábio inferior, já que muitos mecanismos associados à progressão de

QA para CCELI ainda não são compreendidos. Portanto, a presente pesquisa objetiva

analisar a participação da proteínaCLIC4 na carcinogênese de lábio inferior e sua

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influência na expressão das proteínas p53, TNF-α, TGF-β e α-SMA em lesões de QAs e

CCEs de lábio inferior.

MATERIAIS E MÉTODOS

Caracterização da amostra

Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte (CEP-UFRN), parecer número 721.541. A amostra foi

constituída por 50 casos de QAs, as quais ocorreram mais em homens (n=40/80%), com

idade menor ou igual a 60 anos (n=37/74%), brancos (n=41/82%) e com histórico de

exposição à RUV (n=35/70%). Clinicamente, as QAs de aspecto leucoplásico

(n=27/54%) e histologicamente classificadas como de baixo risco de transformação

maligna (n=31/62%) foram predominantes. Dos 50 casos de CCELI, 35 (70%)

ocorreramno sexo masculino, com mais de 60 anos de idade (n=34/68%), brancos

(n=39/78%) e com histórico de exposição à RUV (n=44/88%). Em 39 (78%) não havia

metástases para linfonodos cervicais, houve predomínio dos estágios I e II..

Estudomorfológico

Para o estudo morfológico, os casos de QA foram classificados conforme

preconizada pela OMS (Barneset al., 2005) e adequada por Warnakulasuriya et al.,

(2008) em hipercertose (HC), displasia epitelial leve (DEL), displasia epitelial

moderada (DEM) e displasia epitelial severa (DES), posteriormente, as mesmas foram

classificadas em dois grupos conforme sugestão de Caldeira et al. (2012) publicada em

workshop realizado pela OMS como baixo risco de transformação maligna (HC,DEL) e

de alto risco de transformação maligna (DEM, DES) (Liu et al, 2011).

Histologicamente, as QA de baixo risco de transformação maligna (62%)

corresponderam a maior parte das lesões.

Os casos de CCELI foram classificados histologicamentepelo sistema de

gradação histológica proposto por Bryneet al. (1992) e então categorizados como baixo

grau de malignidade (4 a 8 pontos) e alto grau de malignidade (acima de 8 pontos),

conforme modificado por Silveira et al. (2007).Os CCELI também afetaram mais

indivíduos do sexo masculino (70%), com mais de 60 anos de idade (68%), brancos

(78%) e com histórico de exposição à RUV (88%). Clinicamente, os estágios (TNM) I e

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II foram mais frequentes (74%), enquanto metástase para linfonodos cervicais estavam

ausentes na grande maioria dos CCELIs analisados (78%). O estudo morfológico

revelou que a maioria dos CCELI representaram casos de baixo grau de malignidade

(56%).

Estudo Imuno-histoquímico

Todos os espécimes receberam cortes histológicos de 3µm de espessura e foram

dispostos em lâminas de vidro previamente preparadas com adesivo 3-

aminopropyltrietoxy-silano (Sigma Chemical CO, St Louis, MO, USA). A

desparafinização, re-hidratação e recuperação antigênica foi realizada comtrilogy (Cell

Marque, CA, USA), em uma concentração de 1:100 com água destilada em pascal.

Posteriormente, as amostras sofreram o bloqueio da peroxidase endógena com

H2O210Vol e após lavagem em água corrente foram incubadas em proteína block

(ThermoScientific, Runcorn, UK) para bloqueiar as ligações inespecíficas. Em seguida,

foram realizadas duas lavagens em tris-hidroximetil-aminometano (TRIS, Sigma

Chemical, St Louis, MO, USA) (pH 7,4) e então a incubação dos anticorpos primários

anti-CLIC4 (EPR14253, Abcam, 1:4.000, 60’min), anti-p53 (DO7, DAKO, 1:400,

60’min), anti-TGF-β (3C11, Santa Cruz, 1:500, 60’min), anti-TNF-α (52B83, Santa

Cruz, 1:400, overnight) e anti-α-SMA (1A4, DAKO, 1:800, 60’min). Posteriormente, as

amostras foram incubadas no sistema HI DEF (HRP, Polymer System) de detecção.

Após esta incubação, foi realizada a revelação com diaminobenzidina (DAB, Sigma

Chemical, St Louis, MO,USA) e contra coloração com hematoxilina de Mayer, lavagem

em água corrente e água destilada, o processo foi finalizado com desidratação,

diafanização e montagem da lâmina.

Análise da marcação imuno-histoquímica

Todos os casos foram analisados em microscopia de luz (Nikon Eclipse E20MV,

NikoCo, Tokyo, Japão) por dois examinadores previamente calibrados e o teste de

Kappa para as análise semi-quantitativa constatou uma concordância de moderada a

substancial entre os examinadores para os índices de imunomarcação das proteínas

CLIC4 (p=0,758),TGF- β(p=0,705),TNF-α(0,629) e α-SMA (p=0,573).

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A imunomarcação para as proteínas CLIC4, p53, TGF-β, TNF-α e -SMA tanto

em QA quando em CCELI foiverificadaem microscopia de luz em aumentos de 100x e

400x, considerando-se positivas as células que demonstraram coloração marrom-

acastanhada em núcleo e/ou citoplasma. A análise para as proteínas CLIC4, TGF-β e

TNF-α foi semi-quantitativa e conforme Piva et al., (2013) foram atribuíndos os

escores: 1 (baixa expressão/negativa; <5% de células positivas), escore 2 (expressão

moderada, 5-50% de células positivas), ou escore 3 (alta expressão; >50% de células

positivas). Para análise da proteína CLIC4 nas QAs considerou-se a localização quanto

as camadas epiteliais (basal e suprabasal). Nos CCELI foi verificda a região de front de

invasão, sendo para ambas as lesões considerada a localização a nível celular, se ocorria

apenas em núcleo, se somente em citoplasma ou se havia marcação em ambas as

localizações na mesma célula. Para análise da proteína -SMAfoi consideradase sua

distribuição ocorria de forma contínuaou descontínua, conforme sugerido por Jayaraj et

al.(2015). Para a proteína p53, inicialmente foi realizada análise quantitativa em 10

campos entre células positivas e negativasde cada campo para obtenção do índice de

marcação pelo método quantitativo sugerido por Rocha, Souza e Pinto (2007) e para

analise final os valores foram divididos em escores, conforme sugerido por Piva et al.

(2013) e aplicados as outras proteínas.

Análise estatística

Os resultados obtidos analisados no programa Statistical Package for the Social

Sciences (versão 24.0; SPSS Inc., Chicago, IL, USA). Foi realizada análise descritiva e

os testes estatísticos descritos abaixo.O nível de significância adotado foi de 5%.

Para comparar os escores de expressão das proteínas entre os graus

histopatológicos de QAs e de CCELIs, bem como entre a presença e ausência de

metástase para linfonodos, estágios clínicos de CCELIs, e entre as duas lesões, fez-se

uso do teste não-paramétrico U de Mann-Whitney. Adicionalmente, para verificar

possíveis correlações entre os escores de expressão das proteínas em QAs e em CCELIs

foi calculado através do coeficiente de Spearman.

RESULTADOS

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Alterações na expressão de CLIC4 e proteínas associadas têm relação com o risco de

transformação maligna em queilites actínicas

A expressão para a proteína CLIC4 restrita a camada basal ocorreu na maioria

dos casos de QAs classificados como de baixo risco de transformação maligna,

enquanto nas QAs de alto risco, a grande maioria demonstrou marcação de CLIC4 em

todas as camadas epiteliais. Uma baixa expressão de p53 foi observada nos núcleos dos

ceratinócitos de 41 (82%) casos. A expressão de TGF-β foi observada de forma

moderada no citoplasma dos ceratinócitos em28 (56%), enquanto a proteína TNF-α

exibiualta expressão em 30 (60%) casos. A expressão α-SMA foi pouco reativa nas

células fibroblásticas e de forma descontínua na lâmina própria de 34 (68%) casos de

queilites actínica.Foi verificada associação altamente significativa entre imunoexpressão

da CLIC4 quanto à camada epitelial e o risco de transformação maligna das QAs (p <

0,0001).Comparando os escores da marcação das proteínas analisadas entre os grupos

de QAs de baixo e alto risco também se observou diferença estatisticamente

significativa (p< 0,05) para a expressão de CLIC4 somente em núcleo, CLIC4 somente

em citoplasma, p53,TGF-β, TNF-α e α-SMA. Nos casos de QAs de baixo risco, os

escores para expressão de CLIC4 no núcleo dos ceratinócitos e de TGF-β revelaram

postos significativamente maiores que nos casos de alto risco. Por sua vez, os postos

dos escores para CLIC4 no citoplasma, p53, TNF-α e α-SMA aumentaram

significativamente conforme aumentou o risco morfológico de transformação maligna

das QAs (p< 0,05). Em relação à expressão para proteína α-SMA nos casos de QAs a

maioria dos casos exibiucélulas positivas em faixas descontinuas (Tabela 1, Figura 1).

Alteração na expressão de CLIC4 e proteínas associadas têm relação com a gradação

histológica de malignidade, metástases linfonodal e estadiamento clínico em

carcinomas de células escamosas de lábio inferior

A expressão da proteína CLIC4 aumentada no citoplasma das células

tumoraisnos grupos de CCELIs com metástase linfonodal, estágios clínicos mais

avançados e alto grau de malignidade apresentou média dos postos significativamente

maiores, quando comparados aos CCELI sem metástase, em estágios mais iniciais e de

baixo grau de malignidade, respectivamente (p = 0,005; p = 0,029; p = <0,0001). A

expressão da p53 revelou postos significativamente maiores no grupo de CCELI de alto

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grau de malignidade que no grupo de baixo grau (p= 0,001). A proteína TGF-β

apresentou média dos postos diminuída significativamente conforme o tumor

apresentava-se em estágio clínico mais avançado ou com maior grau histológico de

malignidade (p = 0,042; p = 0,023, respectivamente). A expressão para TNF-α exibiu

escore 2 na moioria dos casos (n=24/48%) e α-SMA demonstrou escore 3 em metade

dos casos (n=25/50%) exibindo expressão em faixas continuas, contudo não foram

encontradas diferenças estatisticamente significativas (p > 0,05) para nenhuma das duas

proteínas (Tabela 2, Figura 2).

Asexpressões de CLIC4 e proteínas associadas encontram-se alteradas e

significativamebte diferentes em QAs e CCE de lábio inferior

Ao comparar os escores de expressão das proteínas analisadas entre as duas

lesões, observou-se que a média dos postos foi significativamente maior nas QAs para

expressão da CLIC4 em núcleo e núcleo-citoplasma quando comparadas aos CCELIs(p

< 0,0001), a expressão paraTGF-β também foram significativmaente maior nos casos de

QAs do que nos CCELI (p < 0,0001)). Enquanto a expressão de CLIC4 apenas no

citoplasma e a expressção para α-SMA nos casos de CCELIs exibiram média dos postos

maiorers que nos casos de QAs, sendo este resultado altamente significativo (p <

0,0001). Não houve diferenças significativas na comparação dos escores de p53 e TNF-

α entre as lesões estudadas (Tabela 3).

A análise dos casos de QAs revelou correlação negativa significativa fraca e

moderada entre a expressão de CLIC4 no núcleo com CLIC4 no citoplasma (r = -0,554;

p = <0,0001), e entre a marcação de TGF-β e α-SMA (r = -0,309; p = 0,029),

respectivamente. Nos casos de CCELI, a expressão de CLIC4 no núcleo revelou

correlação negativa significativa moderada com a marcação de CLIC4 no citoplasma (r

= -0,378; p = 0,007) e de p53 (r = -0,317; p = 0,025), enquanto a presença de CLIC4 no

citoplasma exibiu correlação negativa significativa moderada com a expressão de TGF-

β (r = -0,310; p = 0,029). Não foi observada significância estatística para as demais

correlações entre as proteínas nos CCELIs (Tabela 4).

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TABELAS

Tabela 1. Tamanho da amostra, mediana, quartis 25 e 75, média dos postos, soma dos postos, estatística U

e significância estatística (p) para expressão de CLIC4, p53, TGF-β, TNF-α e α-SMA em queilites

actínicas em relação à gradação histológica e risco de tranformação maligna. Natal, RN – 2016.

Proteína Gradação

histológica n Mediana Q25-Q75

Média

dos

postos

U p†

CLIC4n

Baixo Risco

Alto Risco

31

19

2

1

2-3

1-2

31,40

15,87 111,5 <0,0001

*

CLIC4c

Baixo Risco

Alto Risco

31

19

1

2

1-2

1-2

22,21

30,87 192,5 0,020

*

CLIC4nc

Baixo Risco

Alto Risco

31

19

1

2

1-2

1-2

23,19

29,26 223 0,103

p53 Baixo Risco

Alto Risco

31

19

2

3

2-3

3-3

19,56

35,18

110,5

<0.0001

*

TGF-β Baixo Risco

Alto Risco

31

19

2

1

2-3

1-2

30,29

17,68 146 0,001

*

TNF-α Baixo Risco

Alto Risco

31

19

1

2

1-2

2-3

21,33

32,47 162 0,005

*

α-SMA Baixo Risco

Alto Risco

31

19

1

2

1-1

1-2

19,92

34,61 121,5 0,0001

*

Legenda: CLIC4n: CLIC4 no núcleo; CLIC4c: CLIC4 no citoplasma; CLIC4nc: CLIC4 no núcleo e

citoplasma; † Teste U de Mann-Whitney; *Diferença significativa a 5,0%.

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Tabela 2. Tamanho da amostra, mediana, quartis 25 e 75, média dos postos, soma dos postos, estatística U

e significância estatística (p) para expressão das proteínas em carcinomas de células escamosas de lábio

inferior em relação à presença/ausência de metástases para linfonodos regionais, estágio clínico (TNM) e

gradação histológica de malignidade segundo Bryne (1998). Natal, RN – 2016.

Parâmetros Categorias n Mediana Q25-Q75

Média dos

postos U p

CL

IC4

n

Metástase

linfonodal

Estágio

clínico

Gradação

histológica

Ausente

Presente

I ou II

III ou IV

Baixo grau

Alto grau

39

11

37

13

28

22

1

1

1

1

1

1

1-2

1-1

1-2

1-1,5

1-2

1-1

26,09

23,41

25,86

24,46

28,23

22,02

191,5

227

231

0,493

0,704

0,057

CL

IC4

c

Metástase

linfonodal

Estágio

clínico

Gradação

histológica

Ausente

Presente

I ou II

III ou IV

Baixo grau

Alto grau

39

11

37

13

28

22

2

3

2

3

1,5

3

1-3

2-3

1-3

2-3

1-2

3-3

22,62

35,73

23,00

32,62

19,25

33,45

102

148

133

0,005*

0,029*

<0,0001*

p5

3

Metástase

linfonodal

Estágio

clínico

Gradação

histológica

Ausente

Presente

I ou II

III ou IV

Baixo grau

Alto grau

39

11

37

13

28

22

3

3

3

3

3

3

2-3

3-3

2-3

3-3

2-3

3-3

24,17

30,23

23,72

30,58

20,89

31,36

162,5

174,5

179

0,117

0,061

0,001*

TG

F-β

Metástase

linfonodal

Estágio

clínico

Gradação

histológica

Ausente

Presente

I ou II

III ou IV

Baixo grau

Alto grau

39

11

37

13

28

22

1

1

1

1

1

1

1-2

1-1

1-2

1-1

1-2

1-1

27

20,18

27,49

19,85

28,82

21,27

156

167

215

0,087

0,042*

0,023*

Legenda: CLIC4n: CLIC4 no núcleo; CLIC4c: CLIC4 no citoplasma; †Teste U de Mann-Whitney;

*Diferença significativa a 5,0%.

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52

Tabela 3. Tamanho da amostra, mediana, quartis 25 e 75, média dos postos, soma dos postos, estatística U

e significância estatística (p) para expressão de CLIC4, p53, TGF-β, TNF-α e α-SMA em relação ao tipo

de lesão analisada. Natal, RN – 2016.

Proteína Lesão n Mediana Q25-Q75

Média

dos

postos

U p†

CLIC4n

QA

CCELI

50

50

2

1

1-2

1-2

60,74

40,26

738 <0,0001*

CLIC4c QA

CCELI

50

50

1

2

1-2

1-3

41,05

59,95

777,5 <0,0001*

CLIC4nc

QA

CCELI

50

50

1

1

1-2

1-1

58,71

42,29

839,5 <0,0001*

p53 QA

CCELI

50

50

3

3

2-3

2-3

46,50

54,50

1050 0,097

TGF-β QA

CCELI

50

50

2

1

1-2

1-2

62,11

38,89

669,5 <0,0001*

TNF-α QA

CCELI

50

50

2

2

1-3

1-2

54

47

1075 0,195

α-SMA QA

CCELI

50

50

1

2,5

1-2

2-3

34,5

66,5

450 <0,0001*

Legenda: QA: Queilite actínica; CCELI: Carcinoma de células escamosas de lábio inferior; CLIC4n:

CLIC4 no núcleo; CLIC4c: CLIC4 no citoplasma; CLIC4nc: CLIC4 no núcleo e citoplasma; †Teste U de

Mann-Whitney; *Diferença significativa a 5,0%.

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53

Tabela 4. Correlação de Spearman entre os escores de expressão das proteínas analisadas de

acordo com o tipo de lesão. Natal, RN – 2016.

Variáveis QA CCELI

n r p n r P

CLIC4n x CLIC4c 50 -0,554 <0,0001* 50 -0,378 0,007

*

CLIC4n x CLIC4nc 50 -0,139 0,337 50 -0,073 0,614

CLIC4c x CLIC4nc 50 0,077 0,596 50 -0,053 0,717

CLIC4n x p53 50 -0,244 0,087 50 -0,317 0,025*

CLIC4n x TGF-β 50 0,243 0,089 50 0,169 0,241

CLIC4n x TNF-α 50 -0,012 0,936 50 0,237 0,097

CLIC4n x α-SMA 50 -0,252 0,078 50 -0,073 0,615

CLIC4c x p53 50 -0,010 0,948 50 0,230 0,108

CLIC4c x TGF-β 50 -0,057 0,695 50 -0,310 0,029*

CLIC4c x TNF-α 50 0,135 0,350 50 0,015 0,916

CLIC4c x α-SMA 50 0,112 0,440 50 0,252 0,077

CLIC4ncx p53 50 0,172 0,233 50 0,065 0,653

CLIC4nc x TGF-β 50 -0,093 0,518 50 -0,024 0,870

CLIC4ncx TNF-α 50 0,233 0,104 50 0,152 0,291

CLIC4nc x α-SMA 50 0,115 0,426 50 0,045 0,759

Legenda: QA: Queilite actínica; CCELI: Carcinoma de células escamosas de lábio inferior; CLIC4n:

CLIC4 no núcleo; CLIC4c: CLIC4 no citoplasma; CLIC4nc: CLIC4 no núcleo e citoplasma; *Diferença

significativa a 5,0%.

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54

LEGENDAS DAS FIGURAS

Figura 1. Imunoexpressão das proteínas em queilites actínicas. Imunoexpressão de

CLIC4 no núcleo de ceratinócitos em QA de baixo risco de transformação maligna (a);

Expressão citoplasmática de CLIC4 em um caso de alto risco de transformação maligna

(b); Expressão da proteína p53 em QA de baixo risco de transformação maligna (escore

1, c); Fotomicrografia evidenciando elevada marcação para p53 em QA de alto risco de

transformação maligna (d); Elevada expressão de TGF-β em QA de baixo risco de

transformação maligna (e,f); Baixa expressão de TNF-α em QA de baixo risco (g);

Elevada expressão de TNF-α em QA de alto risco (h); Baixa expressão de α-SMA em

QA (i); Detalhe de expressão de α-SMA de forma descontínua em QA de alto risco de

transformação maligna (setas) (j).

Figura 2. Perfil de expressão das proteínas em carcinoma de células escamosas de lábio

inferior. Imunoexpressão da proteína CLIC4 no núcleo e citoplasma de CCELI de alto

grau de malignidade (a); Elevada imunoexpressão de CLIC4 no citoplasma de CLI4 em

CCELI de alto grau de malignidade (b); Elevada expressão de p53(c), Detalhe da

imunoexpressão nuclear de p53 (e) Elevada expressão de TGF-β em CCELI de baixo

grau de malignidade (e); Baixa expressão de TGF-β em CCELI de baixo grau de

malignidade (f);Ausência de expressão de TNF-α em CCELI de baixo grau de

malignidade (g); Expressão elevada (escore 3) de TNF-α em CCELI de alto grau de

malignidade (h); Elevada imunoexpressão de α-SMA (escore 3) em CCELI de alto grau

de malignidade (i); Detalhe do perfil de expressão de α-SMA em faixa contínua (j)

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57

DISCUSSÃO

As proteínas dos canais de cloro são responsáveis por inúmeras funções

celulares etambém associadas ao desenvolvimento de algumas neoplasias humanas

malignas (Suh et al., 2007a; Peretti et al., 2015). A CLIC4 (p64H1, RS43 ou mtCLIC)

encontra-se diminuída ou excluída do núcleo em alguns tipos de cânceres,como

demonstrado por Suh et al. (2012). Na presente pesquisa, a proteína CLIC4 esteve

imunoexpressa de forma variada nas células epiteliais em todos os casos analisados

tanto em QAs quanto em CCELI, desde as camadas basais e suprabasais em QA e no

front de invasão em casos de CCELI, exibindo nas QAs uma imunoexpressão para

CLIC4 restrita a camada basal casos de QAs de baixo risco de transformação maligna

(92,6%) e nos casos de alto risco (73,9%), uma marcação em todas as camadas epiteliais

(p<0,0001), sugerindo-se que em estágios precoces da carcinogênese labial, a

superexpressão de CLIC4 acompanha as alterações moforlógicas do epitélio. Suh et al.

(2012) relataram que em lesões benignas e pré-malignas ainda há um certo controle por

parte desta proteína em relação ao crescimento e diferenciação celular e a medida que

há progressão ocorreuma perda desses mecanismos de controle e junto a esses eventos

ocorre também o desaparecimentoda marcação nuclear para CLIC4.Nos casos de

CCELI do presente estudo, a expressão de CLIC4 no núcleo revelou correlação negativa

significativa moderada com a marcação de CLIC4 no citoplasma. A expressão da

CLIC4 no citoplasma foi relacionada à perda de controle do crescimento celular ou

progressão tumoral foi reforçadanos achados anteriormente citados por Suh et al.,

(2012) e tambémpôde ser evidenciada no presente estudo, vista também pelo fato de que

areferida proteína foi positiva no citoplasma das células tumorais no grupo de CCELI

com metástase linfonodal, estágios clínicos mais avançados e alto grau de malignidade,

quando comparados aos CCELI sem metástase, em estágios mais iniciais e de baixo

grau de malignidade.

Estudos anteriores sugeriram que quando a CLIC4 encontra-se no núcleo está

diretamente relacionada à ação do gene P53 e c-Myc, sendo recrutada para apoptose

mediada por esses genes (Suhet al., 2005; Suh et al., 2007b).Na presente pesquisa, a

proteína p53 em QA esteve expressa de forma mais elevada nos casos de alto risco de

transformação maligna. Esta constatação segue na mesma linha de pesquisas anteriores

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que demonstraram que quando o gene P53 adquire uma mutação induzida por radiação

UV perde a sua capacidade de regular os mecanismos de proteção e as células mutantes

passam a proliferar e nas lesões pré-cancerosas acarreta em translocações

cromossômicas e supressões (Lopeset al., 2016; Bock et al., 2011). Tem sido relatado

que a CLIC4 exiberelação com a transcrição da p53 e assim para apoptose via p53,

contudo, quando ocorre à falta de p53 ou perda de expressão dominante de função p53

mutante dificulta a sua ação e prejudica a indução de apoptose em alguns tipos celulares

(Fernandez-Salas et al., 2002; Shukla, Yuspa2010). Em estudo recente, Shukla et al.

(2016) reforçam as informações anteriores citadas para a p53 e sua relação com a

apoptose. Como pôde ser identificado nos resultados do estudo atual, onde nos casos de

CCELIs, a expressão de CLIC4 no núcleo revelou correlação negativa significativa

moderada com a marcação de CLIC4 no citoplasma (r = -0,378; p = 0,007) e de p53 (r

= -0,317; p = 0,025), o que significa dizer que uma vez em núcleo a CLIC4 parece

mesmo regular a proliferação celular e consequentemente os níveis de p53 e de CLIC4

em citoplasma tornam-se baixos, mantendo a célula ou pelo menos controlando a

mesma em estágios de diferenciação iniciais. Ao contrário, ocorre a perda de função de

controle e passa a promover eventos relacionados à progressão tumoral.

A necessidade da CLIC4 na regulação de p53 surge com um requisito também

para o desempenho da função de p53 quando essa ocorre em resposta à sinalização pela

proteína TGF-, sugerindo em parte a necessidade da CLIC4 para que haja regulação do

TGF-(Shuklaet al., 2016; Shukla, Yuspa 2010). Na presente pesquisa, a proteína TGF-

exibiu expressão diminuída nos casos de QA de alto risco em relação aos de baixo

risco de transformação maligna, assim como uma menor expressão nos casos de CCELI

com estadiamentos clínicos mais avançados e alto grau de malignidade. Em CCELI, foi

identificado no presente estudo que a medida que a CLIC4 era expressa no citoplasma,

havia uma tendência de perda de expressão de TGF-β (r,-310, p=0,029). Esse evento já

havia sido citado por Shukla e Yuspa (2010),ao mencionarem que a exclusão da

proteína CLIC4 do núcleo estava associada com a perda de resposta da TGF-β e com

mutações no gene P53. Esses fatos parecem indicar uma cascata de eventos na

carcinogênese labial que relacionam as três proteínas em questão. Apresença da CLIC4

solúvel em citoplasma pode manter também uma relação com a proteína TNF-, que

por sua vez também pode conduzir a célula à apoptose, mediada pelas proteínas p53 e

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E-myc (Fernandez-Salas et al.,2002).Nos casos de QAs da presente pesquisa houve

aumento significativo da expressão para TNF-α a medida que aumentou o risco de

transformação maligna, porém não foi detectada diferencças estatisticamente

significativas ao compararmos as QAs com os CCELI. Alguns experimentos têm

demonstrado que a eliminação ou a inibição de TNF-α tende a reduzir a incidência de

cânceres de pele em ratos (Knight et al., 2000; Arnott et al., 2004), o que reforça a

hipótese que o mecanismo de ação de TNF-α está relacionado a promoção em estágios

iniciais no desenvolvimento de câncer e nas células inflamatórias do estroma

circundante, que podem sinalizar alterações importantespara promover modificações

circunjacentes a lesão que favoreçam a progressão tumoral.

Suh et al.(2007a) sugerem que a CLIC4 encontra-se relacionada ao aumento do

crescimento tumoral ao demonstrar uma superexpressão de CLIC4 em co-expressão a

proteína α-SMA na transição de fibroblastos para miofibroblastos, regulado por TGF-β.

No estudo atual, a α-SMA demonstrou de forma geral baixa expressão nos

miofibroblastos da região subepitelial em QAs, exibindo um aumento estatisticamente

significativonos casos de alto risco de transformação maligna. Também na pressente

pesquisa foi verificada diferença altamente significativa entre a expressão daα-SMA em

QAs e CCELIs. Esses dados reforçaram a afirmativa de Marsh et al. (2011) que

demostraramos miofibroblastos compositividade concomitante à proteínaCLIC4 durante

o processo de transformação maligna e adicionalmente esses mesmos autores sugeriram

que a CLIC4 atua na fosforilização Smad2 e 4, contribuido com a via de sinalização de

TGF-β1, como um provável apoio para expressão de α-SMA no estroma que fovorece a

transição epitélio-mesênquima.

Em resumo, a localização da CLIC4 pode constituir um evento importante no

controle celular e está relacionada a carcinogêneselabial, ressaltando-se que a mesma

pode ter sua função alterada ou execer influência sobre outras proteínas como p53

alterada, TGF-β, TNF-α e α-SMA. A realização da presente pesquisa nos permite

sugerir que o aumento dos miofibroblastos no tecido conjuntivo pode estar relacionado

à progressão de QAs para CCELI e quea função da proteína CLIC4 pode sofrer

alteração pela ação da radiação ultravileta e dessa forma sofrer movimentação nos

compartimentos celulares e participar da patogênese de QAs e CCELIs, já que os nossos

resultados evidenciaram que a depender da sua localização, a mesma estava associada

ao risco de transformação maligna em QAs e alguns parêmetros clínico-patológicos em

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CCELI, e adicionalmente,a CLIC4 exerceu influência na expressão da proteína p53

alterada, TGF-β e TNF-α nos casos analisados.

CONFLITO DE INTERESSE: Nenhum.

AGRADECIMENTOS: Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e

Tecnológico (CNPq) pelo financiemento desta pesquisa através do edital universal

(processo n° 474650/2013-8).

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63

4. CONDIDERAÇÕES FINAIS

Em resumo, no presente estudo as proteínas CLIC4, p53, TGF-β, TNF-α e α-

SMA foram expressas em nível e localizações diferentes conforme a lesão estudada.

Em QA, a CLIC4 foi mais freqüente em núcleo e em células da camada basal dos casos

de QAs de baixo risco de transformação maligna, com associação altamente

significativa entre a camada epitelial positiva e a gradação histológica. Ainda nos casos

de baixo risco de transformação maligna das QAs, a expressão de CLIC4 no núcleo

esteve significativamente relacionada com o aumento de TGF-β e de forma negativa

relacionada com a presença de CLIC4 no citoplasma, aumento de p53, TNF-α e α-SMA

que só aumentaram significativamente nos casos de alto risco morfológico de

transformação maligna. Os CCELIs com metástase linfonodal, estágios clínicos mais

avançados e alto grau de malignidade exibiram médias significativamente maiores de

CLIC4 no citoplasma das células tumorais e quando a CLIC4 no núcleo, ou no núcleo e

citoplasma, nestes casos não apresentaram diferenças estatísticas significativas. A

CLIC4 citoplasmática em CCELIs ainda demonstrou associação positiva com o

aumento da média de positividade para p53 e negativa em relação à TGF-β nas células

tumorais do front de invasão, enquanto TNF-α e α-SMA não apresentaram diferenças

significativas. Nos CCELIs,a expressão de CLIC4 apenas no núcleo revelou correlação

negativa significativa moderada com a marcação de CLIC4 apenas no citoplasma.

De forma geral, ao comparar as expressões das proteínas analisadas entre as

lesões observou-se que médias significativamente maiores para expressão da proteína

CLIC4 (no núcleo, ou núcleo e citoplasma) nas queilites actínicas. Adicionalmente, a

expressão para α-SMA também exibiu médias mais levadas em CCE de lábio inferior.

Dessa forma, pode-se sugerir que a proteína CLIC4 exibiu relação com muitos eventos a

nível celular sejam esses de normalidade ou de alterações da homeostase, mantendo

ainda interação com outras proteínas e exercendo funções distintas a depender da sua

localização celular. Nos casos de QAs e CCELI analisados. Dessa forma, parece que a

expressão para CLIC4 em somente núcleo ou somente citoplasma é um evento

relacionado à perda de controle celular e pode estar relacionada à progressão tumoral de

lábio, ressaltando-se que para tal progressão ocorrer faz-se necessário a participação de

outras proteínas.

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5. REFERÊNCIAS *

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ANEXO I - PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA

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