estudo da dinÂmica do sistema...

136
INPE-13270-TDI/1032 ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA IONOSFERA- TERMOSFERA POR MODELO TEÓRICO E OBSERVAÇÕES EXPERIMENTAIS Pedrina Morais Terra dos Santos Tese de Doutorado do Curso de Pós-Graduação em Geofísica Espacial, orientada pelo Dr. Jonas Rodrigues de Souza e co-orientada pelo Dr. José Humberto Andrade Sobral, aprovada em 25 de fevereiro de 2005. INPE São José dos Campos 2005

Upload: truongtuong

Post on 16-Nov-2018

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

INPE-13270-TDI/1032

ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA IONOSFERA-TERMOSFERA POR MODELO TEÓRICO E OBSERVAÇÕES

EXPERIMENTAIS

Pedrina Morais Terra dos Santos

Tese de Doutorado do Curso de Pós-Graduação em Geofísica Espacial, orientada pelo Dr. Jonas Rodrigues de Souza e co-orientada pelo Dr. José Humberto Andrade Sobral,

aprovada em 25 de fevereiro de 2005.

INPE São José dos Campos

2005

Page 2: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

523.4-853 SANTOS, P. M. T. dos Estudo da dinâmica do sistema ionosfera-termosfera por modelo teórico e observações experimentais / P. M. T. dos Santos. – São José dos Campos: INPE, 2005. 134p. – (INPE-13270-TDI/1032). 1.Modelos matemáticos. 2.Ionosfera terrestre. 3.Região E. 4.Deriva ionosférica. 5.Bolhas de plasma. I.Título.

Page 3: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

Aprovado (a) pela Banca Examinadora em cumprimento ao requisito exigido para obtenção do Título de Doutor em Geofísica Espacial

Aluno (a): Pedrina Morais Terra dos Santos

São José dos Campos, 25 de fevereiro de 2005

Page 4: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região
Page 5: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

“Hoje, é possível que a tempestade te amarfanhe o coração e te atormente o ideal, aguilhoando-te com a aflição ou ameaçando-te com a morte....

Não te esqueças, porém, de que amanhã será outro dia.”

Chico Xavier

Page 6: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região
Page 7: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

A meus pais, LAURA MORAIS DOS SANTOS e JOSÉ MARIA DOS SANTOS,

pelo apoio constante e incomensurável, com amor dedico.

Page 8: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região
Page 9: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

AGRADECIMENTOS

À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) por fomentar o desenvolvimento deste trabalho sob o processo n° 00/05089-0. Ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) pela oportunidade de estudos e utilização de suas instalações. Ao Conselho de Pós Graduação do Curso de Geofísica Espacial pelo apoio financeiro na participação em Congressos Nacionais e Internacionais. Ao Dr. Jonas Rodrigues de Souza e ao Dr. José Humberto Sobral pela orientação científica, pelo incentivo, por todo o conhecimento compartilhado e principalmente, pela amizade e apoio nos momentos mais cruciais do desenvolvimento deste trabalho. Ao Professor Graham John Bailey da Universidade de Sheffield, Inglaterra, pela orientação e amizade. À Dra. Maria Virgínia Alves pelo incentivo e pelos sábios conselhos durante todo o período de desenvolvimento deste trabalho. À amiga Lucyana Pereira Barros pela presença constante e essencial em todos os momentos desta etapa da minha vida. Às amigas Maria Aparecida Cândido R. de Souza, Cecília Cândido R. de Souza e Alessandra Abe Pacini pela companhia, amizade, carinho, apoio e pelos braços sempre abertos. À amiga Thais Mehl Ribas pelos momentos inesquecíveis compartilhados durante o estágio na Universidade de Sheffield. A meu irmão Eduardo Camilo Terra dos Santos e sua linda família que mesmo distantes nunca deixaram de torcer por mim. Aos amigos Dr. Christiano Garnett Marques Brum, Dr. Fernando Junio de Miranda, Wantuir Aparecido de Freitas e Fábio Augusto Vargas por todo o companheirismo, amizade e solidariedade no convívio diário neste Instituto de Pesquisa. Aos amigos Engenheiros que sempre acompanharam meus passos e comemoraram comigo cada vitória conquistada. A todos os meus queridos amigos que o limitado espaço não permite citar, agradeço pelo apoio e pelas palavras de incentivo nos momentos de desânimo.

Page 10: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região
Page 11: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

RESUMO

Neste trabalho desenvolveu-se uma nova versão do modelo ionosférico Sheffield University Plasmasphere-Ionosphere Model (SUPIM) a qual inclui em seu código a região E ionosférica e os cálculos das velocidades de derivas zonais da região F equatorial. Esta nova versão, denominada de Sheffield University Plasmasphere-Ionosphere Model-Enhanced (SUPIM-E), ampliou consideravelmente as perspectivas de aplicações desse importante modelo em estudos inéditos do sistema termosfera-ionosfera equatorial e de baixas latitudes. A validação dos resultados teóricos obtidos pelo SUPIM-E foi realizada a partir de análises comparativas com registros experimentais para a região de Cachoeira Paulista (22,6°S, 45°O) e Jicamarca (12°S, 77°O), sob condições distintas de atividade solar e sazonalidade. Os estudos realizados pelo SUPIM-E conduziram à conclusão de que os processos de transporte na modelagem da região E ionosférica é uma das condições principais para a obtenção de resultados precisos e realistas. As análises realizadas a partir das variações temporais das velocidades de derivas zonais do plasma da região F calculadas pelo SUPIM-E levaram a constatação de que a velocidade de deriva zonal do plasma da região F é fortemente influenciada pelos efeitos da deriva vertical em todos os tempos locais, não sendo realista a suposição de que tal velocidade é equivalente àquela do vento neutro zonal ponderado em relação à condutividade Pedersen integrada. Finalmente, a partir de comparações entre velocidades de derivas zonais teóricas do plasma ambiente e velocidades experimentais de derivas zonais das bolhas de plasma sobre a região de Cachoeira Paulista durante o verão e o equinócio, observou-se evidências de que tais velocidades não apresentam o mesmo comportamento tanto para o período de baixa atividade solar como para o período de alta atividade solar. Outro fator importante observado foi de que, ao contrário do que tem sido suposto em vários trabalhos, as velocidades de derivas zonais das bolhas em fase inicial de desenvolvimento apresentam-se mais acopladas às derivas zonais do plasma ambiente do que aquelas bem desenvolvidas.

Page 12: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região
Page 13: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

STUDY OF THE TERMOSPHERE-IONOSPHERE SYSTEM DYNAMICS BY

THEORETICAL MODEL AND EXPERIMENTAL OBSERVATIONS

ABSTRACT

In this work it was developed a new version of the ionospheric model SUPIM (Sheffield University Plasmasphere Ionosphere Model), in which the ionospheric E region and equatorial zonal drift velocity calculations for F region were included. This new version, named as SUPIM-E (Sheffield University Plasmasphere Ionosphere Model –Enhanced) provide applied studies for the equatorial and low latitude thermosphere-ionosphere system. SUPIM-E results for different solar activities and season were validated using experimental data registered over Cachoeria Paulista (22°S, 45°W) and Jicamarca (12°S, 77° W). From SUPIM-E results it was noticed that it is not possible to get realistic results for equatorial E region ignoring the transport terms, in contrast with published works. It was noticed that equatorial vertical plasma drifts (eastwards electric field) affect the zonal drifts velocities during all local times. The supposition that zonal drift should be equal to weighted zonal wind with integrated Pedersen conductivity does not seem realistic. Finally, the comparison between theoretical zonal drift velocities and experimental velocities of plasma bubble over Cachoeira Paulista shows evidence that each one of these velocities has different behavior and presents no correlated values, mainly during well developed bubble phase.

Page 14: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região
Page 15: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS

LISTA DE TABELAS

CAPÍTULO 1- INTRODUÇÃO.................................................................................... 21

1.1 O Modelo Ionosférico SUPIM......................................................................... 24

1.1.1 As Equações que Regem o SUPIM.................................................................. 25

1.1.1.1 A Solução das Equações.................................................................................. 28

1.1.2 Os Parâmetros de Entrada do SUPIM.............................................................. 30

CAPÍTULO 2- A ELETRODINÂMICA DA IONOSFERA EQUATORIAL E DE

BAIXAS LATITUDES.........................................................................

37

2.1 O Dínamo da Região E Ionosférica.................................................................. 38

2.2 O Dínamo da Região F Ionosférica.................................................................. 40

2.3 As Derivas Zonais Noturnas da Região F Equatorial...................................... 43

2.4 As Derivas Zonais das Bolhas Ionosféricas..................................................... 45

CAPÍTULO 3- DESENVOLVIMENTO DO SHEFFIELD UNIVERSITY

PLASMASPHERE-IONOSPHERE MODEL - ENHANCED

(SUPIM-E).......................................................................................

51

3.1 Considerações Sobre a Modelagem da Região E nos Períodos Diurno e

Noturno.............................................................................................................

54

3.2 Metodologia utilizada no desenvolvimento do SUPIM E................................ 56

3.2.1 Definição das Altitudes Bases dos Cálculos.................................................... 56

3.2.2 Modelagem da Região E.................................................................................. 57

3.2.2.1 Ionização da Região E Diurna.......................................................................... 58

Page 16: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

3.2.2.2 Ionização da Região E Noturna........................................................................ 60

3.2.2.3 Química da Região E........................................................................................ 63

3.2.2.3.1 Implementação do Íon N+................................................................................ 68

3.3 Parâmetros de Saída do SUPIM-E................................................................... 69

3.4 Avaliação da Eficiência de Diferentes Modelos para o Constituinte Neutro

NO na Simulação da Região E Ionosférica......................................................

71

CAPÍTULO 4- ANÁLISES COMPARATIVAS ENTRE OS RESULTADOS

TEÓRICOS DO SUPIM-E E DADOS EXPERIMENTAIS..........

77

4.1 Comparação Entre Perfis Verticais de Densidade Eletrônica Teóricos e

Experimentais das Regiões E e F.....................................................................

78

4.2 Comparação de Perfis de Freqüência Crítica da Região E............................... 87

CAPÍTULO 5- INCLUSÃO DO CÁLCULO DAS VELOCIDADES DE

DERIVAS ZONAIS DA REGIÃO F IONOSFÉRICA NO

MODELO SUPIM-E...................................................................

99

5.1 Cálculos das Velocidades Zonais pelo SUPIM-E........................................... 100

5.2 Resultados e Discussões dos Cálculos das Velocidades Zonais pelo

SUPIM-E para Cachoeira Paulista...................................................................

106

5.3 Análises Comparativas Entre as Velocidades de Derivas Zonais Calculadas

pelo SUPIM-E e Aquelas Obtidas por Dados Fotométricos na Presença de

Bolhas de Plasma.............................................................................................

110

CAPÍTULO 6- CONCLUSÕES.................................................................................... 115

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................... 119

Page 17: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

LISTA DE FIGURAS

1.1 Diagrama esquemático das entradas do SUPIM................................................. 31

2.1 Simulação da seção transversal da AEI às 16LT, onde as isolinhas fornecem o ln(Ne)..................................................................................................................

39

2.2 Representação da região do eletrojato equatorial ao longo do equador geomagnético......................................................................................................

40

2.3 Velocidades de derivas verticais iônicas. A linha preta representa medidas típicas de derivas verticais do plasma; a linha vermelha inclui somente o dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região F...........................................................................................................................

42

2.4 Representação simplificada do pico pré-reversão considerando-se um vento U uniforme da região F...........................................................................................

43

2.5 Variabilidade das derivas zonais das região F com a atividade solar em três diferentes estações do ano...................................................................................

44

2.6 Esquema simplificado dos processos eletrodinâmicos que influenciam no mecanismo de instabilidade que leva à geração das bolhas ionosféricas............

46

2.7 Ilustração da evolução das bolhas ionosféricas................................................... 47

2.8 Velocidades de derivas zonais das bolhas ionosféricas em função da hora local. As linhas retas e curvas representam os ajustes linear e polinomial, respectivamente...................................................................................................

48

3.1 Fluxo de fotoionização noturno para a radiação Lyman α em função da altitude para determinados valores do ângulo zenial solar, calculado a partir de modelos de aeroluminescência de espalhamentos múltiplos. As linhas pontilhadas indicam a região de extrapolação baseadas em observações de foguete.................................................................................................................

61

3.2 Fluxo de fotoionização noturno para a radiação Lyman β em função da altitude para determinados valores do ângulo zenital solar, calculado a partir de modelos de aeroluminescência de espalhamentos múltiplos..........................

61

3.3 Fluxo de fotoionização noturno para a radiação He I em função da altitude para determinados valores do ângulo zenital solar, calculado a partir de modelos de aeroluminescência de espalhamentos múltiplos. As linhas pontilhadas indicam a região de extrapolação baseada em observações de foguete.................................................................................................................

62

Page 18: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

3.4 Fluxo de fotoionização noturno para a radiação He II em função da altitude para determinados valores do ângulo zenital solar, calculado a partir de um modelo dipolar da plasmasfera. Os fluxos apresentados são para condições de equinócio em médias latitudes............................................................................

62

3.5 Comparação entre resultados teóricos do SUPIM-E utilizando a química de Keneshea et al. (1970) (curvas vermelhas) e dados experimentais obtidos por digissondas (curvas pretas)..................................................................................

64

3.6 Perfil de densidade do íon N+ simulado pelos modelos: SUPIM-E para o dia 9/3/2001 às 12h; pelo modelo FLIP para a região de Millstone Hill (43°N, 71°O) no mês de dezembro em período de atividade solar alta e pelo modelo TRANSCAR para uma região de alta latitude no mês de maio também em período de atividade solar alta.............................................................................

69

3.7 Densidades iônicas e eletrônicas fornecidas pelo SUPIM-E para a região de Cachoeira Paulista nos tempos locais de 11h e 0h..............................................

70

3.8 Perfis experimentais de f0E (triângulos cheios) e obtidos pelo SUPIM-E a partir do modelo de Mitra (triângulos vazados), Titheridge (cruzes) e Barth et al. (círculos) para o mês de março de períodos de atividade solar baixa (1996) e alta (2001).........................................................................................................

74

3.9 Perfis experimentais de f0E (triângulos cheios) e obtidos pelo SUPIM-E a partir do modelo de Mitra (triângulos vazados), Titheridge (cruzes) e Barth et al. (círculos) para o mês de novembro de períodos de atividade solar baixa (1996) e alta (2001).............................................................................................

75

4.1 Perfis verticais de densidade eletrônica experimentais (curvas pretas) e teóricos (curvas azuis) obtidos para os três dias do mês de novembro de 1996 relacionados na tabela 4.1 (baixa atividade solar)...............................................

70

4.2 Perfis verticais de densidade eletrônica experimentais (curvas pretas) e teóricos (curvas azuis) obtidos para os três dias do mês de novembro de 2001 relacionados na tabela 4.2 (alta atividade solar).................................................

80

4.3 Perfis verticais de densidade eletrônica experimentais (curvas pretas) e teóricos (curvas azuis) obtidos para os cinco dias do mês de março de 1996 relacionados na tabela 4.1 (baixa atividade solar)...............................................

83

4.4 Perfis verticais de densidade eletrônica experimentais (curvas pretas) e teóricos (curvas azuis) obtidos para os cinco dias do mês de março de 2001 relacionados na tabela 4.2 (alta atividade solar).................................................

84

4.5 Perfis verticais de densidade eletrônica obtidos experimentalmente (curvas pretas), pelo SUPIM-E (curvas azuis) e pelo SUPIM (curvas vermelhas) para as regiões E e F nos tempos locais de 0h, 4h, 9h, 10h, 11h, 12h, 14h, 16h, 18h e 21h do dia 6/3/1996..........................................................................................

Page 19: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

e 21h do dia 6/3/1996.......................................................................................... 86

4.6 Perfis de f0E teóricos (triângulos vazados) e experimentais (triângulos cheios) em função da hora local, para o mês de novembro do período de atividade solar baixa (1996) e alta (2001)...........................................................................

88

4.7 Perfis de f0E teóricos (triângulos vazados) e experimentais (triângulos cheios) em função da hora local para o mês de março do período de atividade solar baixa (1996) e alta (2001)...................................................................................

89

4.8 Perfis de f0E experimentais (triângulos cheios) e teóricos obtidos considerando-se os termos de vento e deriva nulos (triângulos vazados) em função da hora local para os meses de novembro dos períodos de atividade solar baixa (1996) e alta (2001)...........................................................................

90

4.9 Perfis de f0E experimentais (triângulos cheios) e teóricos obtidos considerando-se os termos de vento e deriva nulos (triângulos vazados) em função da hora local para os meses de março dos períodos de atividade solar baixa (1996) e alta (2001)...................................................................................

91

4.10 Perfis verticais de densidade eletrônica modelados sob condições de deriva e vento nulos (linhas contínuas), considerando-se os termos de deriva e ventos (linhas com cruzes) e obtidos experimentalmente (linhas com círculos cheios) para os dias 9/3/2001 e 23/11/2001.....................................................................

93

4.11 Perfis verticais do módulo da diferença entre os valores teóricos modelados sob condições de deriva e vento nulos (linhas contínuas) e considerando-se os termos de deriva e ventos (linhas com cruzes) em relação aos dados obtidos experimentalmente para os dias 9/3/2001 e 23/11/2001.....................................

94

4.12 Perfis teóricos de densidade eletrônica calculados às 0h pelo SUPIM-E e pelo modelo de Brum (2004) durante o verão para a estação de Cachoeira Paulista.

96

4.13 Perfis teóricos de densidade eletrônica calculados às 0h pelo SUPIM-E e pelo modelo de Brum (2004) durante o equinócio para a estação de Cachoeira Paulista................................................................................................................

96

5.1 Perfis de Σp e Σh em função da hora local calculados pelo SUPIM-E e para Cachoeira Paulista nos dias 2/3/1996, 11/11/1996, 9/3/2001 e 23/11/2001.......

101

5.2 Perfis de velocidades de deriva zonal do plasma da região F (positivas para leste) em função da hora local obtidos pelo SUPIM-E (curvas com círculos) e pelo modelo de Fejer et al. (2005) (curvas com cruzes) para Jicamarca durante equinócio de baixa e alta atividade solar..............................................

104

5.3 Perfis de velocidades de deriva zonal do plasma da região F (positivas para leste) em função da hora local obtidos pelo SUPIM-E (curvas com círculos) e pelo modelo de Fejer et al. (2005) (curvas com cruzes) para Jicamarca

Page 20: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

durante verão de baixa atividade solar................................................................ 105

5.4 Variação temporal das velocidades de derivas zonais (vϕ) (curvas com símbolos cheios) e de ventos neutros zonais ponderados (up

ϕ) (curvas com símbolos vazados) para cada um dos dias do mês de março relacionados nas tabelas 4.2 e 4.3. As velocidades são positivas para leste......................................................................................................................

107

5.5 Variação temporal das velocidades de derivas zonais (vϕ) (curvas com símbolos cheios) e de ventos neutros zonais ponderados (up

ϕ) (curvas com símbolos vazados) para cada um dos dias do mês de novembro relacionados nas tabelas 4.2 e 4.3. As velocidades são positivas para leste......................................................................................................................

108

5.6 Perfis teóricos de derivas zonais do plasma ambiente calculados pelo SUPIM-E (curvas pretas com círculos) e experimentais obtidos por registros fotométricos do OI 630 nm (curvas cinzas com cruzes) para o equinócio de atividade solar baixa e alta..................................................................................

112

5.7 Perfis teóricos de derivas zonais do plasma ambiente calculados pelo SUPIM-E (curvas pretas com círculos) e experimentais obtidos por registros fotométricos do OI 630 nm (curvas cinzas com cruzes) para o equinócio de atividade solar baixa e alta..................................................................................

113

Page 21: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

LISTA DE TABELAS

1.1 Frequências de colisão (s-1) para a transferência de movimento entre íons e neutros.....................................................................................................................

33

1.2 Reações químicas utilizadas no modelo SUPIM e suas respectivas taxas.............. 34

3.1 Reações químicas do SAMI2 implementadas no SUPIM-E e suas respectivas taxas.........................................................................................................................

66

4.1 Relação dos dias utilizados nas análises comparativas para os meses de novembro e março no período de atividade solar baixa..........................................

77

4.2 Relação dos dias utilizados nas análises comparativas para os meses de novembro e março no período de atividade solar alta.............................................

78

5.1 Relação dos dias de registros de dados de velocidades de derivas zonais das bolhas de plasma em Cachoeira Paulista................................................................

111

Page 22: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região
Page 23: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

21

CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO

A ionosfera equatorial e de baixas latitudes caracteriza-se por uma fenomenologia

exclusiva, resultante dos complexos processos eletrodinâmicos produzidos pelas

interações entre o plasma ionosférico e a termosfera e pela geometria quase horizontal

das linhas do campo geomagnético nestas regiões. Tais processos são controlados pelos

ventos neutros da atmosfera superior que interagem com as camadas condutoras e

magnetizadas da ionosfera e produzem, por efeito dínamo, campos elétricos nas regiões

E e F (Rishbeth, 1971a; Heelis et al., 1974; Farley et al., 1986; Crain et al., 1993;

Eccles, 1998a, b; Millward et al., 2001). Esses campos, juntamente com os ventos e as

ondas atmosféricas, são os responsáveis pelos fenômenos mais notórios do sistema

termosfera-ionosfera equatorial, tais como: o sistema de correntes elétricas do eletrojato

equatorial, as bolhas e as irregularidades ionosféricas, as derivas eletromagnéticas do

plasma da região F, o efeito fonte e a anomalia na distribuição de ionização a elas

associadas.

O sistema termosfera-ionosfera equatorial é altamente variável e responde de forma

distinta às suas principais fontes e agentes controladores: radiação solar, campos

elétricos, marés atmosféricas, ondas de gravidade e ondas planetárias. Modelos

matemáticos têm sido desenvolvidos e vêm adquirindo grande aceitação na comunidade

científica como um meio de investigação e de entendimento do comportamento e das

interações desse sistema (Fuller-Rowell et al., 1996). Uma vez que tais modelos

concordam com os registros experimentais, constituem-se poderosas ferramentas para a

análise dos processos físicos que regem a ionosfera equatorial e de baixas latitudes.

Além do ponto de vista científico, o entendimento dos processos eletrodinâmicos e dos

fenômenos associados do sistema termosfera-ionosfera equatorial tem grande impacto

sobre o desenvolvimento tecnológico da sociedade atual. Tais fenômenos influenciam

fortemente as atividades e os sistemas de aplicações espaciais, causando interferências

significativas e até mesmo interrupções nos enlaces ionosférico e trans-ionosférico de

Page 24: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

22

telecomunicações, entre os quais destacam-se: os do sistema de satélite Global

Positioning System (GPS) e os destinados ao sensoriamento remoto por radar a bordo de

ônibus espacial. No ambiente espacial brasileiro tais efeitos são particularmente mais

intensos devido à grande extensão territorial do país distribuída ao norte e ao sul do

equador geomagnético, à declinação geomagnética máxima e à presença da anomalia

geomagnética do Atlântico Sul.

A importância do sistema termosfera-ionosfera equatorial e de baixas latitudes para o

entendimento do ambiente espacial e para o desenvolvimento tecnológico, somada à

necessidade de modelos ionosféricos mais precisos e abrangentes que reproduzam de

forma fiel o comportamento desse sistema e, conseqüentemente, permitam analisar os

processos físicos a ele associados, foram os fatores que motivaram o desenvolvimento

deste trabalho.

Os primeiros modelos ionosféricos datam da década de 60 (Hanson e Moffett, 1966;

Sterling et al., 1969) e desde então vários outros modelos, simples e complexos, têm

sido desenvolvidos com o intuito de elucidar e quantificar os processos físicos e

químicos da atmosfera superior terrestre (Schunk, 1988; Anderson et al., 1996; Richards

e Torr, 1996; Schunk e Sojka, 1996; Huba et al., 2000; Brum, 2004; entre outros). Em

1990, o pesquisador Graham Jonh Bailey da Universidade de Sheffield, Inglaterra,

desenvolveu o modelo ionosférico denominado Sheffield University Plasmasphere

Ionosphere Model (SUPIM) (Bailey e Sellek, 1990) o qual após algumas modificações

(Bailey et al., 1993; Bailey e Balan, 1996; Bailey et al., 1997), é considerado um dos

modelos mais sofisticados atualmente.

Devido à sofisticação, complexidade e precisão dos resultados do SUPIM para a região

equatorial e de baixas latitudes, optou-se por utilizá-lo como ferramenta principal no

desenvolvimento deste trabalho. Outro fator fundamental considerado foi a flexibilidade

do SUPIM, ou seja, a possibilidade de estudar a sensibilidade ionosférica em relação a

parâmetros de entrada tais como: as taxas de produção de pares de íons pela radiação

solar e as variações nos mecanismos de transporte (ventos neutros e derivas

eletromagnéticas).

Page 25: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

23

Atualmente o modelo ionosférico SUPIM tem sido utilizado para uma ampla variedade

de estudos do comportamento da ionosfera equatorial, como por exemplo: em cálculos

de derivas verticais e de ventos meridionais (Souza et al., 2000a, b) e estudos dos efeitos

ionosféricos longitudinais no Atlântico Sul (de Paula et al., 2002), entre outros (Balan e

Bailey, 1995; Balan e Bailey, 1996; Su et al., 1997). No entanto, a altitude base

utilizada em seus cálculos até o desenvolvimento deste trabalho era de 130 km. Esta

configuração não permitia que o acoplamento entre as regiões E e F pelas linhas do

campo geomagnético fosse considerado e, conseqüentemente, limitava a utilização do

SUPIM para estudos mais detalhados do sistema termosfera-ionosfera equatorial, tais

como: a investigação da contribuição da região E na eletrodinâmica deste sistema e o

estudo das derivas zonais diurnas e noturnas do plasma da região F.

A região E é acoplada eletricamente à região F por meio das linhas do campo

geomagnético. Este forte acoplamento, somado aos campos elétricos produzidos pelos

dínamos das regiões E e F, são os responsáveis pelas derivas eletromagnéticas (zonais e

verticais) da região F equatorial. No período diurno, o campo elétrico produzido pelo

dínamo da região E é mapeado pelas linhas do campo e controla a deriva de plasma da

região F. Após o pôr-do-Sol, a condutividade da região E decai consideravelmente e o

dínamo da região F torna-se dominante, estabelecendo um forte campo elétrico de

polarização vertical. Este campo, além de controlar as derivas zonais noturnas da região

F (Rishbeth, 1971b; Heelis et al., 1974; Valladares et al., 1996), induz um pico pré-

reversão na deriva vertical desta região ao anoitecer (Heelis et al., 1974). Dependendo

da magnitude do pico na deriva vertical, instabilidades podem se desenvolver na base da

região F e conduzir a formação das bolhas ionosféricas (Abdu et al., 2003).

A notória importância da região E para os processos eletrodinâmicos resultantes das

interações do sistema termosfera-ionosfera equatorial, aliada à possibilidade de tornar o

modelo ionosférico SUPIM mais abrangente e preciso, levaram à definição dos

objetivos deste trabalho. Tais objetivos consistem em implementar o modelo da região

E ao código do SUPIM e também incluir neste código os cálculos das derivas zonais

noturnas e diurnas da região F equatorial. Uma vez cumpridos tais objetivos, uma nova

versão do modelo SUPIM foi desenvolvida neste trabalho, a qual será referenciada no

Page 26: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

24

texto daqui para frente como Sheffield University Plasmasphere Ionosphere Model-

Enhanced (SUPIM-E).

Visando ainda contribuir para um melhor entendimento do comportamento das derivas

zonais noturnas da região F na presença ou não das bolhas ionosféricas, apresenta-se

também neste trabalho uma análise comparativa entre as velocidades zonais do plasma

ambiente obtidas teoricamente pelo SUPIM-E e as velocidades de derivas das bolhas

ionosféricas registradas por observações fotométricas da aeroluminescência do OI 630

nm sobre a localidade de Cachoeira Paulista (22,6°S, 45°O) (Terra, 2001). Esta análise

foi realizada para diferentes estações do ano e para períodos de alta e baixa atividade

solar.

Diante das considerações expostas acima, verifica-se que o SUPIM é uma ferramenta

fundamental para o desenvolvimento e para o êxito dos resultados deste trabalho.

Portanto, as Seções seguintes deste Capítulo introdutório são dedicadas à descrição das

principais equações e dos parâmetros de entrada utilizados no código deste modelo.

1.1 O Modelo Ionosférico SUPIM

No modelo SUPIM o sistema de equações composto pelas equações da continuidade, do

movimento e da conservação de energia, as quais descrevem os processos físicos e

químicos da ionosfera terrestre, é resolvido separadamente para os seis íons: O+, H+,

He+, N2+, O2

+ e NO+. O ponto de referência utilizado na solução dessas equações é o

centro do dipolo que representa o campo geomagnético, sendo os cálculos efetuados ao

longo das linhas de força deste campo. Ou seja, as equações são resolvidas ao longo de

linhas fechadas do campo magnético dipolar entre altitudes de aproximadamente 130

km em hemisférios geomagneticamente conjugados. Tais equações fornecem valores

para as densidades, para as velocidades alinhadas ao campo e para as temperaturas dos

elétrons e desses seis íons. Deste modo, os resultados modelados pelo SUPIM são

distribuídos tanto em latitude como em altura, o que permite a realização de valiosos

estudos ionosféricos, tais como por exemplo, aqueles relacionados à formação da

Anomalia de Appleton.

Page 27: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

25

Os principais processos físicos e químicos considerados no SUPIM incluem a produção

iônica devida à radiação solar, a produção e as perdas causadas por reações químicas

entre os íons e os constituintes neutros, as difusões térmica e ambipolar, os ventos

termosféricos, a deriva eletrodinâmica vertical e o aquecimento por fotoelétrons (Bailey

et al., 1997).

Nas recentes versões do modelo SUPIM (incluindo a versão utilizada neste trabalho), o

campo geomagnético é representado por um dipolo excêntrico, que é matematicamente

definido pelos oito termos não nulos da expansão harmônica esférica do potencial

escalar geomagnético, sendo os coeficientes obtidos pelo modelo de campo

geomagnético International Geomagnetic Reference Field (IGRF).

1.1.1 As Equações que Regem o SUPIM

A equação da continuidade para o i-ésimo íon (i = O+, He+, H+, N2+, O2

+, NO+) é dada

por:

emiii

||iii v.NLP

svAN

A1+

dtdN rr

∇−−=∂

∂ (1.1)

onde:

iemii N.vtN

dtdN

∇+∂

∂=

rr (1.2)

sendo t o tempo, Ni a concentração do íon i, A a área da seção transversal do tubo de

fluxo ao longo das linhas de campo, vi|| a velocidade do íon i alinhada às linhas de

campo, s a distância ao longo das linhas do campo (positiva no sentido norte-sul), Pi e Li

são as taxas de produção e perda iônica, respectivamente e emvr

a velocidade de deriva

BxErr

somada à velocidade de corrotação.

No SUPIM são utilizadas duas equações de movimento. A primeira delas, onde se

consideram apenas os íons atômicos (i=O+, H+, He+), é dada por:

Page 28: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

26

[ ][ ]

( ) )IcossinDuIcosDcosuv(vv

)vv(RR)1(

)vv(RR)1(

sT

mk

sT

sT

mk

s)TT(

mk

sN

NmkT

sN

NmkTgsinI0

||i

m nin

||m

||iin

||k

||iijkikjikik

||j

||iikjijkijij

k*ik

i

j*ij

i*i

i

ie

i

e

ei

ei

ii

i

φθνν

∆ν

∆ν

βββ

+−−−−

−+−−−

−+−−−

∂+

∂∂

−∂∂

∂+∂

−∂

∂−

∂∂

−−=

∑ ∑

(1.3)

onde g é a aceleração devido à gravidade, k é a constante de Boltzmann, mi é a massa

dos íons, Ti e Te são as temperaturas do íon e do elétron, respectivamente, Ni é a

concentração dos íons e Ne é a concentração de elétrons (Ne=ΣNi), υij a frequência de

colisão entre o i-ésimo e o j-ésimo íons, υin é a soma das frequências de colisões entre o

i-ésimo íon e as partículas neutras, uθ é a componente meridional da velocidade do

vento neutro (positiva no sentido norte-sul), uφ é a componente zonal da velocidade do

vento neutro (positiva no sentido oeste-leste). O somatório Σm é realizado sobre todos os

íons e o somatório Σn sobre as partículas neutras. As expressões para os coeficientes de

difusão térmica ( ,*iβ ,*ijβ *ikβ ) e para os fatores de correção do coeficiente de difusão

(∆ij, ∆ik, Rijk, Rikj) do i-ésimo íon i, bem como todo o procedimento para a dedução da

Equação. (1.3), são apresentados no trabalho de Quegan et al. (1981).

A equação do movimento para os íons moleculares (i = N2+, O2

+ e NO+) é dada por:

)IcossinDuIcosDcosuv()vv(

s)TT(

mk

sN

NmkT

sN

NmkTgsinI0

||i

nin

||j

||i

ijij

ie

i

e

ei

ei

ii

i

φθνν +−−−−∂

+∂−

∂∂

−∂

∂−−=

∑∑≠

(1.4)

onde o somatório Σj≠i é realizado sobre todos os íons com exceção do i-ésimo.

Os fluxos alinhados ao campo (Nivi||) para os íons O+, H+ e He+ são obtidos a partir da

equação do movimento e são dados por:

Page 29: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

27

iii

i||ii NS

sNRvN −∂

∂−= , (1.5)

onde para os íons atômicos (i = O+, H+ e He+):

( )inikikijij

e

iei

ii )1()1(

NNTT

mk

Rν∆ν∆ν +−+−

+

= (1.6)

e

( )

))1()1(/(/))IcossinDuIcosDcosu(v]RR

)1([v]RR)1([sT

sT

sT

mk

sTT

mk

sN

NmkTgsinI(S

inikikijij

in||kijkikj

ikik||jikjijkijij

k*ik

j*ij

i*i

i

ij

ie

i

j

ei

ei

ν∆ν∆νν

∆ν∆ν

βββ

φθ+−+−

−−−+−−−−+−−−

∂−

∂∂

−∂∂

+

∂+∂

+∂

∂+= ∑

(1.7)

e para os íons moleculares (i = N2+, NO+ e O2

+):

+

+

=

∑∑≠ n

inij

ij

e

iei

ii

NNTT

mk

Rνν

(1.8)

e

( )

+

−−∂

+∂+

∂∂

+=

∑∑

∑∑∑

≠≠

nin

ijij

nin

ij

"jij

ij

ie

i

j

ei

e

i

/

)IcossinDuIcosDcosu(

vsTT

mk

sN

NmkTgsinI

S

νν

ν

ν

φθ (1.9)

A equação de conservação de energia para os íons e para os elétrons é descrita por:

Page 30: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

28

in

ii

em

||i

iiii||

ii

i

FsTA

sA1

v.sAv

A1TkNQ

sTv

dtdTkN

23

+

∂∂

∂∂

+

+

∇+

∂∂

−=

∂∂

+

κ

r

(1.10)

onde o índice i se refere aos íons e elétrons, Qi é a soma das taxas de aquecimento por

colisões (Bailey e Sellek, 1990), κi é a condutividade térmica (Banks e Kockarts, 1973)

e Fin é a taxa de aquecimento por atrito devido ao movimento relativo entre o i – ésimo

íon e os constituintes neutros e é dada por:

})v()DsinIcosusinDsinIuv(

)IcossinDuIcosDcosuv{(NmmmmF

22

2||iiin

n ni

niin

Φφθ

φθν

++−

++−+

=⊥

∑ (1.11)

onde mn é a massa do n-ésimo constituinte neutro e o somatório Σn é feito sobre os

constituintes neutros. O termo de aquecimento por fricções Fen, devido ao movimento

relativo entre os elétrons e os neutros, não está incluso na equação de conservação de

energia porque é desprezível quando comparado aos outros termos da equação. As

equações da conservação de energia para os íons moleculares também não são inclusas

e suas temperaturas são consideradas iguais à do íon O+.

1.1.1.1 A Solução das Equações

O procedimento para a solução das equações do SUPIM baseia-se nos resultados de

Kendal e Pickering (1967), onde o movimento do plasma térmico ionosférico é

considerado como uma difusão ambipolar paralela às linhas do campo magnético e com

uma deriva adicional BxErr

perpendicular a estas linhas.

Na Seção anterior, as equações do SUPIM foram apresentadas para uma linha de campo

magnético dipolar em termos das coordenadas físicas L, s e t, onde s é a distância ao

longo da linha do campo, t é o tempo e L é dado por:

ar

L eq= (1.12)

Page 31: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

29

sendo req a distância radial equatorial da linha do campo geomagnético e a o raio da

Terra. Contudo, essas coordenadas não são ortogonais, fato que dificulta

consideravelmente os cálculos quando emvr

(velocidade de deriva BxErr

somada à

velocidade de corrotação) não é nula. Portanto, para facilitar a solução das equações do

modelo, as coordenadas (L, s, t) são transformadas nas coordenadas (p, q, t) (Kendall,

1962),onde:

θ2

0sinrrp = (1.13)

2

20 cosr

rq

θ= (1.14)

sendo que r0 é o raio da Terra e as coordenadas r e θ são a distância radial a partir do

centro da Terra e a colatitude, respectivamente. Duas importantes propriedades dessa

transformação são que a coordenada p é constante ao longo de uma linha campo

magnético dipolar (p=L) e, para um a longitude magnética fixa, a constante q é

ortogonal às linhas do campo. Também, para uma linha do campo magnético dipolar

tem-se que (Bailey e Sellek, 1990):

θ2eqsinrr = (1.15)

e

( )qqr

aacos31

s

35,02

∂∂

=∂∂

+

−=∂∂ ηθ (1.16)

Depois de realizada a transformação de coordenadas descrita acima, as equações da

continuidade, do movimento e do equilíbrio de energia são resolvidas numericamente ao

longo de uma linha de campo magnético, a partir de uma altitude base em um dos

hemisférios até uma altitude similar no hemisfério conjugado. Nessas altitudes bases

adotam-se as seguintes condições iniciais e de contorno: as concentrações dos íons são

Page 32: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

30

obtidas da condição de equilíbrio químico Ni = Pi/βi, onde βi é o coeficiente de perda do

i-ésimo íon; e as temperaturas dos íons e dos elétrons são obtidas da condição Qi = 0.

Com o propósito de aprimorar a precisão dos resultados do SUPIM para altitudes mais

baixas, realiza-se mais uma transformação de coordenadas. Isto é necessário visto que a

coordenada q, para um incremento ∆q constante, proporciona soluções com uma

quantidade maior de pontos em altas altitudes das linhas de campo do que nas altitudes

da região F. No entanto, experimentos demonstram que tais pontos devem estar mais

próximos nas altitudes da região F e mais afastados nas maiores altitudes, a fim de

proporcionar soluções numéricas precisas. Deste modo, substitui-se a coordenada q por

(Sterling et al., 1969):

( )

Γ

Γ=

maxqsinh

qsinhx (1.17)

onde Γ é o parâmetro de distribuição de pontos (neste trabalho utiliza-se o valor 6), qmax

é o maior valor positivo de q (ocorre quando r = rb, onde rb é o valor de r na altitude

mais baixa ao longo da linha de campo).

1.1.2 Os Parâmetros de Entrada do SUPIM

As entradas paramétricas do SUPIM são obtidas de modelos empíricos, tal qual

ilustrado no diagrama esquemático da FIGURA 1.1.

Page 33: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

31

FIGURA 1.1- Diagrama esquemático das entradas do SUPIM.

As concentrações dos constituintes neutros: O, O2, N2, H e He e a temperatura do gás

neutro Tn utilizadas no SUPIM são fornecidas pelo modelo da atmosfera neutra MSIS90

(Hedin, 1987), como uma função da altitude. A concentração do constituinte NO

(n(NO)), é calculada a partir da expressão de Mitra (1968):

( ) )O(n10x0,5OnT3700exp4,0)NO(n 7

2n

−+

−= (1.18)

No SUPIM considera-se a produção iônica por fotoionização dos gases neutros pela

radiação EUV solar. Os fluxos solares EUV são calculados a partir do modelo de fluxo

solar EUV Flux Model for Aeronomic Calculations (EUVAC) (Richards et al. 1994) que

utiliza uma interpolação linear entre os espectros de referência em F10.7 cm = 80 e

F10.7 cm = 200. Os valores desses fluxos são especificados em 37 bandas de

REAÇÕES QUÍMICAS

(TABELA 1.2)

PRODUÇÃO DE ÍONS POR

FOTOIONIZAÇÃO (EUVAC)

EQUAÇÕES DIFERENCIAIS

MODELO DE VENTO

NEUTRO (HWM93)

FREQUÊNCIAS DE COLISÕES

(TABELA 1.1)

MODELO DE ATMOSFERA NEUTRA (MSIS-90 + MITRA)

TRANSPORTE MODELO DE CAMPO

MAGNÉTICO(IGRF)

MODELO DE DERIVA

VERTICAL (Fejer, 1991; Fejer, 1993)

Page 34: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

32

comprimento de onda, os quais cobrem a faixa de 50 a 1050 Å, como utilizado em

vários estudos (por exemplo Torr e Torr, 1985).

A taxa de produção Pi do i-ésimo íon pela fotoionização do i-ésimo constituinte neutro é

calculada pela expressão:

)(ChHn)(exp(n)()(P jjjj

jiii χλσλσλΦλ

∑∑ −= (1.19)

onde Φ(λ) é a intensidade da radiação do fluxo EUV solar, σi(λ) é a seção transversal

de fotoionização do i-ésimo constituinte neutro; ni é a concentração do constituinte

neutro i, σj(λ) é a seção transversal de fotoabsorção do gás neutro j, nj é a concentração

do constituinte neutro j, Hj é a altura de escala do constituinte neutro j e Chj(χ) é a

função de Chapman do constituinte neutro j. O somatório λ∑ é feito sobre a faixa de

comprimento de onda da radiação ionizante e o somatório j

∑ é relativo aos gases neutros

O, O2 e N2. A produção dos íons H+ e NO+ pela radiação EUV não está inclusa no

modelo porque para a região F tais produções são desprezíveis comparando-se com a

produção pelos processos químicos. As seções transversais de fotoionização e de

fotoabsorção utilizadas no SUPIM são dadas por Torr e Torr (1982).

As freqüências de colisões para a transferência de movimento entre os íons e os neutros

e as reações químicas utilizadas no SUPIM são apresentadas nas TABELAS 1.1. e 1.2,

respectivamente.

Page 35: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

33

TABELA 1.1- Frequências de colisão (s-1) para a transferência de movimento entre íons

e neutros.

FONTE: Bailey e Sellek (1990).

Page 36: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

34

TABELA 1.2- Reações químicas utilizadas no modelo SUPIM e suas respectivas taxas.

Reação Taxa

Referência

1. NNO2NO ++→++

300K ≤ T(O+) ≤ 1700K 2

300

)O(T1410x600,8300

)O(T1310x920,51210x533,1

+−+

+−−−

1700K < T(O+)

300

)O(T1210x155,11210x730,2+

−−−2

300

)O(T1310x483,1

+−+

Torr e Torr (1979)

2. O2O2OO ++→++ 300

)O(T1210x74,71110x82,2+

−−−2

300

)O(T1210x073,1

+−+

3

300

)O(T1410x17,5

+−−

4

300

)O(T1610x65,9

+−+

Torr e Torr (1979)

3. OHHO ++→++ 5,0nT1110x5,2 −

Raitt et al. (1975)

4. HOOH ++→++ )H(5,0T1110x5,2x9

8 +− Raitt et al.

(1975)

5. ++→++2NHe2NHe

NNHe2NHe +++→++

1,2x10-9

Ferguson (1973)

6. OOHe2OHe +++→++ 1,1x10-9

Ferguson (1973)

7. NNOO2N ++→++

44,0

)O(T

3001010x4,1

+

Torr e Torr (1979)

8. OOe2O +→++

55,0

Te

300710x6,1

Torr e Torr

(1979) 9. 2ONONO2O ++→++

4,4x10-10 Torr e Torr

(1979) 10. ONeNO +→++

85,0

Te

300710x2,4

Torr e Torr (1979)

FONTE: Bailey e Sellek, 1990.

No SUPIM são utilizados dois padrões de deriva vertical BxErr

. O primeiro baseia-se em

medidas realizadas pelo radar de espalhamento incoerente de Jicamarca e pelo satélite

AE-E (Fejer et al., 1991) enquanto que o segundo é baseado em medidas realizadas em

Arecibo (Fejer, 1993). O modelo de Jicamarca e do AE-E é utilizado no equador

magnético para as linhas do campo com altitude ápice menor que 600 km, enquanto que

Page 37: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

35

o modelo de Arecibo é utilizado para as linhas do campo geomagnético com altitudes

ápices maiores do que 2000 km. Utiliza-se uma interpolação linear desses modelos nas

altitudes ápices intermediárias.

O vento neutro que empurra o plasma ao longo do meridiano geomagnético controla a

altitude da região F e as assimetrias na distribuição do plasma alinhado ao campo

(Rishbeth, 1972). Contudo, a velocidade do vento neutro em escala global é pouco

conhecida. Deste modo, nos estudos ionosféricos utilizando-se modelagem, os cálculos

são freqüentemente realizados com formulações empíricas das medidas de vento

disponíveis. No SUPIM, a velocidade do vento neutro é determinada a partir do modelo

termosférico HWM90 (Hedin et al., 1991). Este modelo baseia-se em observações de

solo e a bordo de satélites e fornece as velocidades de vento zonais e meridionais em

função da altitude, latitude, longitude e atividade solar associados para todos os tempos

locais. Visto que o HWM90 fornece seus resultados em coordenadas geográficas, a

velocidade do vento neutro no meridiano geomagnético é dada por:

u = uθcosD - uφsinD (1.20)

onde uθ (positivo na direção sul) e uφ (positivo na direção leste) são as velocidades do

vento zonal e meridional, respectivamente, e D é o ângulo de declinação magnética.

Page 38: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região
Page 39: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

37

CAPÍTULO 2

A ELETRODINÂMICA DA IONOSFERA EQUATORIAL E DE BAIXAS

LATITUDES

Na ionosfera equatorial e de baixas latitudes, o sistema de correntes e a estrutura dos

campos elétricos em períodos geomagneticamente quietos são controlados pelos ventos

neutros que atuam nas regiões E e F (Eccles, 1998a, b). Estes ventos induzem

movimento ao fluido condutor através das linhas do campo geomagnético e geram

forças eletromotrizes, as quais dão origem aos elementos básicos do dínamo

ionosférico, tais como: fluxos de correntes elétricas, acúmulos de cargas de polarização

e, conseqüentemente, campos eletrostáticos (Richmond, 1979). Durante períodos

geomagneticamente perturbados, os campos elétricos ionosféricos equatoriais e de

baixas latitudes também podem ser significantemente afetados pelo dínamo

magnetosférico e pelos processos do dínamo ionosférico perturbado (Gonzales et al.,

1983; Blanc e Richmond, 1980; Fejer et al., 1990a, b), porém esses efeitos não foram

tratados neste trabalho.

A relativa eficiência dos dínamos das regiões E e F varia significativamente com o

tempo, de dia para dia, com o ciclo solar, com a longitude e com as estações do ano

(Scherliess e Fejer, 1999). O dínamo da região E é responsável pela geração dos campos

elétricos na ionosfera diurna, ao passo que o dínamo da região F controla o campo

elétrico de polarização tipicamente noturno. No período diurno, a região E altamente

condutora neutraliza o campo elétrico produzido pela região F e a continuidade da

corrente é assegurada pelo forte acoplamento elétrico entre as duas regiões, por meio

das linhas do campo geomagnético. À noite, quando a condutividade da região E

diminui drasticamente, o circuito não se fecha e o campo elétrico de polarização da

região F é estabelecido, uma vez que a região E não pode mais neutralizá-lo. Esse

campo controla as derivas leste-oeste noturnas do plasma da região F.

Page 40: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

38

O entendimento dos mecanismos supracitados é essencial para a compreensão do

desenvolvimento deste trabalho. Deste modo, neste Capítulo apresenta-se uma breve

revisão teórica da eletrodinâmica da ionosfera equatorial e de baixas latitudes,

incluindo-se os mecanismos dos dínamos das regiões E e F e os processos

eletrodinâmicos responsáveis pelas derivas zonais noturnas da região F na presença ou

não do fenômeno das bolhas ionosféricas.

2.1 O Dínamo da Região E Ionosférica

Os ventos de marés, produzidos principalmente pelo aquecimento solar dão origem ao

dínamo da região E ionosférica através do seguinte mecanismo. O vento de maré ( Ur

)

que sopra através do campo geomagnético provoca a colisão dos átomos e das

moléculas do ar neutro com os elétrons e os íons da atmosfera. Embora estas partículas

carregadas sejam inicialmente forçadas na direção de Ur

, seus movimentos são

dependentes do campo geomagnético. Na região E, onde a girofrequência é menor

(maior) do que a freqüência de colisão para os íons (elétrons), os íons são transportados

juntamente com o vento, enquanto os elétrons movem-se com menores velocidades.

Esta separação de cargas induz um campo elétrico BxUrr

que, por sua vez gera uma

corrente elétrica ( )BxUrr

σ . Em qualquer ponto onde esta corrente não satisfaça a condição

0J. =∇r

, cargas elétricas são acumuladas e a ionosfera torna-se polarizada. Um campo

elétrico de polarização φ∇− (φ denotando o potencial elétrico) é estabelecido e se auto

ajusta até que a condição 0J. =∇r

seja atendida.

O campo elétrico total produzido pelo dínamo, ( )BxUEE pt

rrrr+= onde φ−∇=pE

r, é

mapeado pelas linhas do campo geomagnético por toda a ionosfera equatorial e de

baixas latitudes e produz o movimento de deriva vertical (para cima) e zonal (para

oeste) do plasma da região F ionosférica diurna (Balsley, 1973; Heelis et al., 1974).

A deriva vertical diurna da região F no equador transfere o plasma ionizado de baixas

para maiores altitudes através das linhas do campo geomagnético. Após ser conduzido

para maiores altitudes, o plasma difunde-se ao longo das linhas de campo sob a

Page 41: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

39

influência da gravidade e do gradiente de pressão e é alocado em baixas latitudes. Este

sistema resulta na formação do efeito fonte, o qual atinge várias centenas de quilômetros

de altitude no equador geomagnético (aproximadamente 800 km) e pode exceder ± 30°

em extensão latitudinal (Balan and Bailey, 1995). Como conseqüência desse efeito,

formam-se um vale de ionização no equador e dois picos em latitudes geomagnéticas de

aproximadamente ± 17°, caracterizando a Anomalia Equatorial de Ionização (AEI) ou

Anomalia de Appleton (FIGURA 2.1).

FIGURA 2.1- Simulação da seção transversal da AEI às 16LT, onde as isolinhas

fornecem o ln (Ne).

FONTE: Resultado de modelagem teórica pelo SUPIM.

O sistema de correntes resultante do dínamo da região E é dado por ( )φ∇−σ= BxU.~jrvr

e

denomina-se Solar-quiet (Sq). Em períodos geomagneticamente quietos, tais correntes

são as principais causas das variações do campo geomagnético observadas na superfície

terrestre. As correntes Sq cobrem uma extensão de 90 a 200 km de altitude,

maximizando-se nas altitudes onde a corrente Pedersen é máxima.

Page 42: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

40

Em uma faixa latitudinal estreita sobre o equador magnético o sistema de correntes Sq

intensifica-se substancialmente (aproximadamente por um fator de 4), como

conseqüência da geometria quase horizontal das linhas do campo geomagnético nesta

região (Schunk e Nagy, 2000). Esta corrente intensificada denomina-se eletrojato

equatorial (FIGURA 2.2).

FIGURA 2.2- Representação da região do eletrojato equatorial ao longo do equador

geomagnético.

FONTE: kagi.coe21.kyoto-u.ac.jp/en/tidbit/tidbit27.html.

A corrente do eletrojato equatorial flui de oeste para leste durante o dia e reverte de

direção à noite. A alta velocidade das partículas carregadas que constituem o eletrojato

equatorial gera instabilidades e irregularidades no plasma da região E, tais como a

camada esporádica tipo q registrada por ionossondas (Abdu et al., 1996). Outra

característica do eletrojato é a baixa intensidade das correntes durante a noite,

resultantes da menor densidade eletrônica da região E neste período.

2.2 O Dínamo da Região F Ionosférica

A eficiência do dínamo da região F é determinada pela inter-relação entre os ventos

neutros zonais, as condutividades Pedersen das regiões E e F integradas ao longo das

Page 43: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

41

linhas do campo geomagnético e os gradientes longitudinais (associados à hora local)

desses ventos e da condutividade da região E (Fejer, 1997).

Os ventos termosféricos, originados pelos gradientes de pressão horizontais existentes

na atmosfera devido à variação da absorção da radiação solar, induzem movimentos às

partículas carregadas da região F por colisão (Heelis et al., 1974). Embora o movimento

principal seja a deriva dos íons e dos elétrons ao longo das linhas do campo magnético,

há um movimento bem menos intenso na direção perpendicular tanto ao campo

magnético (Br

) quanto ao vento (Ur

) (Batista, 1986) dado por:

BBxUV 22

rrv

ωννω+

= , (2.4)

onde Vr

é a velocidade das partículas carregadas, Br

é o vetor indução magnético

terrestre, ν é a freqüência de colisão entre partículas neutras e partículas carregadas e ω

(= qB/m) é a girofrequência das partículas (q é a carga e m é a massa destas partículas).

Devido à dependência da velocidade em relação ao tipo da carga q (positiva ou

negativa), os íons movem-se no sentido de BxUrr

e os elétrons no sentido contrário,

criando assim uma corrente elétrica Jr

(Rishbeth, 1971 a, b). Esta corrente é menos

intensa do que as correntes geradas pelo dínamo da região E, mas torna-se importante

em situações peculiares como a que ocorre por exemplo após o pôr–do-Sol, quando a

condutividade da região E é drasticamente reduzida e o fluxo desta corrente é obstruído,

estabelecendo–se um campo elétrico de polarização.

O campo elétrico de polarização supracitado constitui um dos aspectos mais

interessantes do dínamo da região F ionosférica (Rishbeth, 2000). Este campo além de

ser o responsável pela intensificação da deriva vertical para cima da região F ao

anoitecer, a qual apresenta um valor máximo conhecido como pico pré–reversão

(Rishbeth, 1971b; Heelis et al., 1974; Heelis, 1987), controla as derivas zonais leste–

oeste da região F noturna, as quais serão descritas na Seção seguinte.

Page 44: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

42

As características do pico pré-reversão da deriva vertical da região F equatorial podem

ser observadas na FIGURA 2.3.

60

40

20

0

-20

-40

-6000 06 12 18 24

Hora Local

Vel

ocid

ade

de D

eriv

a V

ertic

al (m

s-1)

FIGURA 2.3- Velocidades de derivas verticais iônicas. A linha preta representa

medidas típicas de derivas verticais do plasma; a linha vermelha inclui

somente o dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo

da região F.

FONTE: Modificada de Heelis (1974).

A formação do pico pré-reversão pode ser entendida observando-se a FIGURA 2.4.

Próximo ao Terminadouro, no lado ainda iluminado pelo Sol, o dínamo da região F gera

o campo Ez que aproximadamente às 18h já é significativo. Este campo mapeia-se para

a região E com sentido apontando para o equador (Eφ). O campo Eφ, na presença do

campo geomagnético, origina uma corrente Hall (Jθφ) na direção oeste. Visto que no

lado noturno a condutividade é baixa, surge um acúmulo de cargas negativas na linha do

Terminadouro originando um campo Eφ e conseqüentemente uma corrente Jφφ, para

cancelar Jθφ. Esse campo Eφ é mapeado de volta para a região F produzindo o aumento

da deriva vertical e logo depois decresce rapidamente, devido à inversão do campo

durante a noite.

Page 45: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

43

FIGURA 2.4- Representação simplificada do pico pré-reversão considerando-se um

vento U uniforme da região F.

FONTE: Modificada de Farley et al. (1986)

O pico pré-reversão da deriva vertical causa o ressurgimento do efeito fonte e a súbita

elevação da região F ao anoitecer (Abdu et al., 2003). Esta elevação desestabiliza o

plasma na base da região F equatorial e conduz ao desenvolvimento de instabilidades, as

principais responsáveis pelo desenvolvimento do fenômeno de bolhas ionosféricas e dos

eventos Spread F. Além disso, a intensificação da deriva vertical causada pelo pico pré-

reversão é essencial para a manutenção da região F noturna, uma vez que move as

partículas carregadas para regiões superiores da ionosfera onde a taxa de recombinação

é baixa. A velocidade da subida no pico pré-reversão também é um indicativo da

eficiência do dínamo da região F (Fejer, 1997).

As variações na magnitude do pico pré-reversão são atribuídas às mudanças na

atividade solar, aos ventos termosféricos e de maré, às mudanças na razão das

condutividades integradas das regiões E e F ao longo das linhas do campo, a declinação

do equador geomagnético em relação ao equador geográfico e à assimetria hemisférica.

2.3 As Derivas Zonais Noturnas da Região F Equatorial

As derivas zonais noturnas da região F ionosférica equatorial têm sido amplamente

estudadas nas últimas décadas com técnicas terrestres e a bordo de satélites, tais como:

experimentos com radar de espalhamento incoerente (Woodman, 1972; Fejer et al.,

1981, 1985; Fejer, 1991) e observações da intensidade do vetor campo elétrico (VEFI) e

Page 46: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

44

do medidor de deriva iônica (IDM) realizadas a bordo do satélite Dynamics Explorer-2

(Aggson et al., 1987; Anderson et al., 1987; Maionard et al., 1988; Coley e Heelis,

1989). Os dados obtidos têm auxiliado na determinação das características gerais dessas

derivas, ou seja, nas suas dependências em relação às atividades solar e magnética e às

estações do ano, na obtenção de entradas paramétricas para a modelagem da termosfera

e da ionosfera de baixas latitudes (Anderson et al., 1987, 1989) e na validação de

estudos teóricos e simulações dos campos elétricos e das correntes ionosféricas (Farley

et al., 1986; Takeda e Yamada, 1987; Spiro et al., 1988; Fejer et al., 1990 b; Haerendel

et al., 1992).

Os estudos realizados demonstraram que, sob condições geomagneticamente quietas, as

derivas zonais noturnas do plasma são direcionadas para leste com velocidade máxima

da ordem de 100 a 150 ms-1, registradas entre 20h e 22h locais. Próximo ao amanhecer,

em torno de 7h local, as derivas revertem a direção para oeste (Fejer et al., 1981; 1985).

Observou-se também que as derivas são dependentes da atividade solar, em todas as

estações do ano, com amplitudes no período noturno antes da meia noite variando de 90

a 160 ms-1 da baixa atividade solar para a alta (Fejer et al., 1991). Um exemplo dessa

dependência é mostrado na FIGURA 2.5.

FIGURA 2.5- Variabilidade das derivas zonais da região F com a atividade solar em

três diferentes estações do ano.

FONTE: Fejer et al. (1991, p. 13094).

Page 47: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

45

As derivas zonais noturnas do plasma da região F equatorial e de baixas latitudes

apresentam variações latitudinais. Aggson et al. (1987) deduziram o fluxo de plasma

para leste noturno a partir de medidas do campo elétrico realizadas pelo satélite DE-2

(perigeu em aproximadamente 300 km) e observaram que as derivas eram menores na

região equatorial do que nas regiões vizinhas. Tais resultados foram interpretados em

termos da dependência da altitude do campo elétrico do dínamo da região F. Coley e

Heelis (1989) mostraram um pico em aproximadamente 600 km no perfil vertical

equatorial das derivas zonais do plasma no pôr-do-Sol e observaram que este pico se

deslocava com o avanço da noite, indicando que havia uma dependência com o tempo

local.

Estudos óticos dos movimentos zonais das bolhas ionosféricas também têm sido

utilizados para a inferência das derivas zonais do plasma da região F. A suposição chave

feita nesses estudos é de que o movimento das bolhas pode ser considerado igual ao

movimento do plasma ambiente. Embora tal suposição não seja verdadeira durante a

fase de crescimento da instabilidade, acredita-se que nas bolhas bem desenvolvidas,

cujos movimentos de subida do plasma cessaram ou reduziram consideravelmente, ela

seja aceitável, visto que nesse estágio as bolhas tornam-se fortemente acopladas às

derivas zonais do plasma ambiente (Martinis et al., 2003).

2.4 As Derivas Zonais das Bolhas Ionosféricas

As bolhas ionosféricas consistem de extensas regiões da ionosfera terrestre, alinhadas ao

longo das linhas do campo geomagético, em cujo interior ocorre um alto grau de

rarefação do plasma ionosférico (Hanson e Sanatani, 1973). A morfologia e a dinâmica

deste fenômeno têm sido investigadas durante as últimas décadas (Woodman e La Hoz,

1976; McClure et al., 1977; Weber et al., 1978; Anderson e Haerendel, 1978; Tsunoda,

1981; Mendillo e Baumgardner, 1982; Sobral et al., 1980 a, b, 1981; Sahai et al., 1981;

Tsunoda et al., 1982; Carman, 1983; Rouhrbaugh et al., 1989).

O mecanismo de instabilidade responsável pela geração e desenvolvimento das bolhas

ionosféricas envolve uma complexa configuração de processos. No entanto, três fatores

Page 48: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

46

básicos são apontados como os principais responsáveis pelo desenvolvimento dessas

bolhas (Abdu, 2001): (1) a taxa de crescimento linear para os processos de instabilidade

generalizados Rayleigh-Taylor (R-T); (2) a condutividade Pedersen integrada ao longo

das linhas do campo e (3) as perturbações na densidade ionosférica como fontes

semeadoras do fenômeno (FIGURA 2.6).

γTaxa de

crescimento BOLHAS DE PLASMA

Condutividade Pedersen

integrada Σp

(1)

(2)

(3)

Perturbações na densidade

FIGURA 2.6- Esquema simplificado dos processos eletrodinâmicos que influenciam no

mecanismo de instabilidade que leva à geração das bolhas ionosféricas.

FONTE: Modificada de Abdu (2001, p. 870).

Quando a taxa de crescimento (γ) positiva atinge um valor suficientemente grande,

inicia-se o processo de instabilidade no gradiente de densidade na base da região F. Se a

condutividade integrada ao longo das linhas do campo for adequada, este processo irá se

desenvolver levando à formação de bolhas ionosféricas, as quais se estendem para

altitudes superiores a 1000 km, com velocidades verticais variando de 150 a 300 ms-1

(Szuszczewicz et al., 1981; Tsunoda, 1981; McCLure et al., 1977). Caso contrário, o

crescimento vertical da bolha é impedido e as irregularidades são formadas somente na

base da região F (Hanson et al., 1986).

As bolhas ionosféricas desenvolvidas possuem dimensões espaciais da ordem de

milhares de quilômetros ao longo das linhas do campo geomagnético (freqüentemente

estendendo-se transequatorialmente) e de centenas de quilômetros na direção

perpendicular a elas (Abdu et al., 1991; McClure et al., 1977; Szuszczewicz et al., 1981;

Tinsley, 1982). Este fato pode ser explicado pela maior mobilidade das partículas

Page 49: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

47

carregadas (elétrons e íons) ao longo das linhas de campo, proporcionando uma rápida

expansão da bolha nesta direção.

No setor Sul Americano as bolhas ionosféricas derivam para leste com velocidades

zonais da ordem de 100 ms-1 (Sobral e Abdu, 1990, 1991; Abdu et al., 1985; Sobral et

al., 1985; Pimenta et al., 2003). A FIGURA 2.7 ilustra a formação da bolha e sua

evolução na direção leste–oeste.

FIGURA 2.7- Ilustração da evolução da bolhas ionosféricas.

FONTE: Modificada de Revista Globo Ciência, ano VII,

junho de 1998.

As bolhas ionosféricas não geram campos elétricos ao longo de seu eixo principal

(Ossakow e Chaturverdi, 1978; Tsunoda et al., 1982), de modo que suas derivas zonais

resultam do campo elétrico de polarização vertical da região F, assim como as derivas

zonais do plasma ambiente.

Estudos do comportamento das velocidades das derivas zonais das bolhas ionosféricas

têm sido realizados nas últimas décadas utilizando-se diversas técnicas (Fejer et al.,

1985; Basu et al., 1986; Valladares e Sheehan, 1996; Taylor et al., 1997; de Paula et al.,

2002; Martinis et al., 2003), entre as quais destaca-se o monitoramento da

aeroluminescência do OI 630 nm por imagiadores e fotômetros (Sobral et al., 1985;

Sobral e Abdu, 1990, 1991; Pimenta et al., 2003; Terra et al., 2004).

Page 50: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

48

Terra et al. (2004) observaram a dependência das derivas zonais das bolhas ionosféricas

em relação à atividade solar. Tal estudo foi realizado a partir de um extenso banco de

dados das velocidades de derivas zonais das bolhas ionosféricas obtidos por medidas

fotométricas da aeroluminescência do OI 630 nm em Cachoeira Paulista nos meses de

outubro a março, durante o período de 1980 a 1994. Os resultados obtidos mostram que

tais derivas apresentam maiores magnitudes em períodos de atividade alta atividade

solar do que em períodos de atividade solar baixa, e que tendem a apresentar um pico no

período pré-meia-noite. Tais características podem ser observadas na FIGURA 2.8.

0

40

80

120

160

200

240

280

320

Vel

ocid

ade

(ms-1

)

Janeiro, fevereiro e marçoAlta Atividade Solar (1980-1982/1988-1992)

Número de noites: 59

Janeiro, fevereiro e marçoBaixa Atividade Solar (1983-1987/1993-1994)

Número de noites: 38

(a) (b)

Hora Local

0

40

80

120

160

200

240

280

320

Vel

ocid

ade

(ms-1

)

Hora Local

(c) (d)

Outubro, novembro e dezembroAlta Atividade Solar (1980-1982/1988-1992)

Número de noites: 54

Outubro, novembro e dezembroBaixa Atividade Solar (1983-1987/1993-1994)

Número de noites: 21

18 20 22 24 02 04 18 20 22 24 02 04 06

V20LT = 145.6 ms-1

V04LT = 77.9 ms-1

V20LT = 123.4 ms-1

V04LT = 47.4 ms-1

V20LT = 149.9 ms-1

V04LT = 61.6 ms-1

V20LT = 144.4 ms-1

V04LT = 31.2 ms-1

FIGURA 2.8- Velocidades de derivas zonais das bolhas ionosféricas em função da hora

local. As linhas retas e curvas representam os ajustes linear e polinomial,

respectivamente.

FONTE: Terra et al., (2004).

Page 51: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

49

Os valores das velocidades nos tempos locais de 20h e 4h para cada período (a-d) da

Figura 2.8 foram obtidos a partir dos respectivos ajustes lineares.

Page 52: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região
Page 53: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

51

CAPÍTULO 3

DESENVOLVIMENTO DO SHEFFIELD UNIVERSITY PLASMASPHERE-

IONOSPHERE MODEL-ENHANCED (SUPIM-E)

A região E, localizada aproximadamente entre 90 e 140 km de altitude da ionosfera

terrestre, caracteriza-se pela presença de correntes e altas condutividades elétricas. A

relevância da região E para os complexos processos eletrodinâmicos do sistema

ionosfera-termosfera equatorial e para os fenômenos a eles associados tem conduzido

nas últimas décadas, um crescente interesse da comunidade científica por estudos que

relacionem esta região à eletrodinâmica da ionosfera ao anoitecer tais como: à

variabilidade diária do Spread F, às bolhas de plasma, ao pico pré-reversão da deriva

vertical e às derivas zonais noturnas da região F equatorial (Haerendel e Eccles, 1992;

Haerendel et al., 1992; Eccles, 1998a, b; Kherani et al., 2002; Abdu et al., 2003; Kelley,

2003; Bhatthacharyya, 2004).

A região E é pouco acessível a medidas in situ, visto que se localiza acima das altitudes

em que os experimentos com balões são realizados e abaixo das altitudes cobertas por

medidas rotineiras de satélite (Buonsanto, 1990; Cummer e Inan, 2000). Embora

ionossondas, radares de espalhamento incoerentes, medidas remotas de satélites e

foguetes de sondagem sejam utilizados para estudos experimentais desta região (Aikin e

Blumle, 1968; Ivanov-Kholodny e Kazatchesvkaya, 1971; Smith, 1970; Aikin e

Goldberg, 1973; Nesterov, 1974; Abdu et al., 1996; Zhou et al., 1999; Gupta, 2000;

Mosert et al., 2000; Pandey et al., 2000), tais técnicas apresentam restrições que

comprometem a disponibilidade dos registros experimentais obtidos. Ou seja, o

desempenho das ionossondas nas altitudes da região E é limitado, visto que as

densidades eletrônicas são freqüentemente muito baixas para refletir as ondas de rádio,

particularmente à noite. Além disso, as reflexões próximas do pico de densidade são

freqüentemente mascaradas pelas camadas esporádicas. A utilização da técnica de

espalhamento incoerente convencional, por sua vez, embora seja comum para a

obtenção de perfis de densidade da região E em médias e altas latitudes, torna-se

Page 54: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

52

inviável próximo ao equador geomagnético devido às intensas interferências causadas

pelas irregularidades do plasma produzidas pelo eletrojato equatorial. Os foguetes de

sondagem lançados em campanhas internacionais, embora evitem as limitações das

técnicas supracitadas, atuam somente em condições espaciais e temporais limitadas,

fornecendo breves e esporádicas informações sobre a estrutura de ionização da região E

e revelando pouco sobre sua evolução temporal (Titheridge, 2000).

A inacessibilidade da região E restringe os dados experimentais a determinadas

condições geofísicas (Titheridge, 2003a), comprometendo o conhecimento científico

das variabilidades sazonal e com o tempo local desta região e produzindo um perfil de

densidade noturno particularmente desconhecido (Hysell e Chau, 2001). Tal

característica tem um maior impacto sobre as regiões equatoriais e de baixas latitudes,

podendo inibir o progresso de linhas de pesquisa em aeronomia e em física de plasma

nestas regiões, tais como: os estudos da eletrodinâmica ionosférica, do sistema de

correntes do eletrojato equatorial e das irregularidades e das instabilidades do plasma

que nele se formam (Hysell e Chau, 2001).

Em contrapartida a esta realidade, modelos matemáticos para a região E têm sido

desenvolvidos com o objetivo de prover conhecimentos mais precisos e abrangentes do

comportamento e da morfologia desta região (Keneshea et al., 1970; Chen e Harris,

1971; Schunk e Walker, 1973; Strobel et al., 1974, 1980; Torr e Torr, 1979; Schunk e

Raitt, 1980; Schunk, 1988; Bilitza, 1990; Diloy et al., 1996; Titheridge, 1996, 1997,

2000; 2003b; Kim e Hegai, 2002).

Uma condição fundamental na utilização de modelos matemáticos para o estudo da

fenomenologia e do comportamento da ionosfera terrestre é de que os resultados das

simulações teóricas reproduzam de forma satisfatória os registros experimentais e

respondam adequadamente às variações dos parâmetros geofísicos, como por exemplo

atividades solar e geomagnética e sazonalidade. Contudo, devido às limitações dos

dados experimentais da região E, poucos autores têm comparado os resultados teóricos

obtidos por modelagem com observações experimentais desta região (Buonsanto, 1990).

Tal comparação é importante não somente para avaliar o sucesso da modelagem mas

Page 55: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

53

também para apontar as áreas onde medidas experimentais adicionais são necessárias. O

progresso destas comparações, além de contribuir para a solução das dificuldades

encontradas nas análises de redução dos dados de ionogramas e de radar de

espalhamento incoerente, é fundamental para aprimorar o entendimento científico da

física desta importante região ionosférica.

Diante deste contexto e da confiabilidade e precisão dos resultados obtidos pelo SUPIM

para a região F equatorial e de baixas latitudes, desenvolveu-se neste trabalho uma nova

versão deste modelo, a qual inclui em seu código a região E. Esta versão, denominada

de SUPIM-E, permite estudar a morfologia (perfis de densidade eletrônica e freqüência

crítica), o comportamento e a variabilidade (sazonal, com a hora local e com a atividade

solar) da região E, além de possibilitar uma ampla variedade de estudos do papel desta

região no sistema termosfera-ionosfera equatorial. Ou seja, uma vez que as equações do

SUPIM-E são resolvidas desde as altitudes da região E até a região F, os estudos que

envolvem o acoplamento elétrico entre tais regiões por meio das linhas do campo

geomagnético podem ser realizados. O estudo dos principais agentes responsáveis pela

fenomenologia ionosférica equatorial (Spread F, bolhas de plasma e camadas E

esporádicas) e a contribuição das regiões E e F para as condutividades Hall e Pedersen

integradas ao longo das linhas do campo geomagnético, são exemplos das perspectivas

de aplicação do SUPIM-E.

Neste Capítulo apresenta-se a metodologia utilizada para o desenvolvimento do

SUPIM-E. Contudo, é importante destacar que embora a metodologia seja descrita de

forma seqüencial, suas etapas foram desenvolvidas quase que simultaneamente, devido

à interdependência de cada um dos parâmetros implementados. Isto é, inúmeras vezes

após incluir (ou modificar) um parâmetro ou condição, houve a necessidade de testar o

parâmetro implementado anteriormente a fim de obter uma melhor resposta do modelo

antes de prosseguir com o desenvolvimento do mesmo.

Page 56: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

54

3.1 Considerações Sobre a Modelagem da Região E nos Períodos Diurno e

Noturno

A ionização da região E é perdida principalmente por meio da recombinação direta

entre íons e elétrons. A constante de tempo para a recombinação é de somente poucos

minutos, de modo que os efeitos de movimento nessa região são considerados de menor

importância pela maior parte dos modelos existentes, prevalecendo os processos

fotoquímicos.

Devido à adoção da condição de equilíbrio fotoquímico, os processos físicos envolvidos

na modelagem da região E diurna são particularmente diretos. Ou seja, em qualquer

ponto da região E as densidades podem ser calculadas a partir de parâmetros específicos

tais como: composição atmosférica, radiação solar extrema ultravioleta (EUV), seções

transversais de fotoionização e fotoabsorção e coeficientes de recombinação

(Titheridge, 1996). No entanto, os modelos desenvolvidos exclusivamente para a região

E têm obtido valores para o seu pico de densidade (NmE) que são aproximadamente

30% menores do que os valores observados, além de valores para a largura e a

profundidade do vale que são cerca de duas vezes maiores do que aqueles registrados

experimentalmente (Titheridge, 1990; Buonsanto, 1990; Buonsanto et al., 1992;

Tobiska, 1993).

Melhores resultados têm sido obtidos por modelos mais recentes da região E, os quais

utilizam em seus códigos o modelo empírico para a concentração do constituinte NO

desenvolvido por Titheridge (1997). Contudo, tais modelos fornecem valores teóricos

para NmE que ainda são, aproximadamente, 10% menores que os valores observados ao

meio dia local e altitudes do pico (hmE) cerca de 0,5 km mais baixas do que as obtidas

experimentalmente (Titheridge, 1997, 2000). Para contornar tais diferenças, esses

modelos foram ajustados aumentando-se as densidades calculadas em 10% e

multiplicando-se a radiação ionizante fornecida pelo modelo EUVAC nas faixas de

comprimentos de onda menores do que 150 Å por um fator de 3 (Titheridge 1997, 2000)

ou 4 (Titheridge, 2003a), durante a atividade solar alta. Após tais ajustes, os resultados

teóricos obtidos fornecem modelos globais para os valores de NmE e hmE em função da

Page 57: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

55

hora local, latitude, estação do ano e ciclo solar, que concordam razoavelmente bem

com os dados experimentais (Titheridge, 2003a, b).

No período noturno, os perfis de densidade eletrônica da região E são mais complexos e

caracterizam-se por um amplo vale fracamente ionizado. Devido à ausência de produção

solar direta, as mudanças são maiores e menos definidas nesse período (Titheridge,

2003b), enquanto que a validação dos resultados teóricos torna-se extremamente difícil

devido à escassez e limitação dos dados experimentais.

Durante vários anos os dados de espectrômetro de massa de Holmes et al. (1965) foram

as únicas fontes de conhecimento experimental sobre a composição iônica ionosférica

(Strobel et al., 1974). Várias suposições sobre a relativa importância de uma variedade

de processos físicos e químicos foram realizadas com base nesses dados, entre as quais

a de que os perfis noturnos observados da região E não poderiam ser explicados

somente por processos químicos (Donahue, 1968; Ferguson et al., 1965). Ou seja, a

presença de um pico no perfil noturno do NO+ implicaria em uma fonte de ionização

noturna nesta região. A partir de então, várias fontes de ionização foram propostas como

importantes para a manutenção da região E noturna, entre as quais destacam-se as fontes

de radiações geocoronais: Lyman α (1216 Å), Lyman β (1025,7 Å), He I (584 Å) e o

He II (304 Å) (Swider, 1972).

Strobel et al. (1974) realizaram uma detalhada avaliação quantitativa das fontes

supracitadas e concluíram que a intensidade das radiações Lyman α e Lyman β eram

suficientes para manter as densidades eletrônicas da região E e da porção inferior da

região F noturnas em níveis observáveis. Posteriormente, Morse e Rice (1976)

investigaram a possibilidade de ionização da região E noturna por precipitação de

partículas e concluíram que esta fonte é majoritária somente nas regiões polares, não

sendo significante nas latitudes mais baixas. Strobel et al. (1980) concluíram que o

starlight, a radiação contínua estelar no intervalo de 911-1026 Å, e o espalhamento

ressonante solar Lyman β são as fontes de ionização mais importantes na região E

noturnas, capazes de manter densidades eletrônicas observáveis na ordem de (1-4) x 103

cm-3. Trabalhos também cogitaram que as fontes meteóricas pudessem ser importantes

Page 58: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

56

para a manutenção da região E noturna, mas Titheridge (2001) verificou que tais fontes

são improváveis e desnecessárias nesta região.

3.2 Metodologia Utilizada no Desenvolvimento do SUPIM-E

3.2.1 Definição das Altitudes Bases dos Cálculos

No código original do modelo SUPIM as equações da continuidade, do movimento e da

conservação de energia são resolvidas numericamente ao longo de uma linha do campo

geomagnético a partir de uma altitude base de 130 km em um dos hemisférios, até a

mesma altitude base no hemisfério conjugado.

No SUPIM-E as altitudes bases do código original foram re-definidas, de modo que os

cálculos deste modelo são executados até o limite inferior da região E, situado

aproximadamente em 90 km de altitude. No entanto este processo não foi trivial,

consumindo um longo período de tempo para ser concretizado, como descrito abaixo.

O código original do SUPIM foi desenvolvido de modo que a altitude base de 130 km é

utilizada somente como referência para a distribuição dos pontos ao longo das linhas do

campo geomagnético em ambos os hemisférios. As densidades eletrônicas iniciais, por

sua vez, são calculadas a partir da altitude em que a concentração do íon O+ (n(O+))

atinge um valor mínimo pré-estabelecido. Isto significa que o controlador das altitudes

bases dos cálculos iniciais do SUPIM não é fixo e flutua em relação à altitude do valor

mínimo de n(O+).

Conseqüentemente, a definição da altitude base do SUPIM-E em 90 km não pôde ser

realizada simplesmente alterando-se os valores limites do código original. A solução

encontrada consistiu em reformular o código original do modelo para que ambos, o

referencial de distribuição dos pontos ao longo das linhas do campo geomagnético e a

altitude base para todos os cálculos iniciais fossem fixados em 90 km.

No entanto, os resultados teóricos obtidos pelo SUPIM-E após a definição das altitudes

bases foram inconsistentes e apresentaram grandes efeitos de borda (densidades

Page 59: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

57

eletrônicas superelevadas) abaixo de 130 km de altitude. Após várias tentativas de

correção desses efeitos, concluiu-se que os mesmos poderiam estar sendo causados pela

ausência dos processos químicos e de fotoinização necessários para a formação da

região E nestas altitudes. Diante disto os ajustes foram suspensos e iniciou-se a fase de

implementação dos modelos químicos e de fotoionização diurna e noturna da região E

(descritos nas Seções seguintes). Contudo, finalizadas tais implementações, as

inconsistências embora menos freqüentes, ainda persistiram.

Após uma série de investigações, observou-se que devido ao fato da extensão vertical da

região E ser relativamente pequena (aproximadamente 50 km), a grade de linhas de

campo que estava sendo utilizada pelo SUPIM-E (81 linhas) não atingia as altitudes da

região E sobre a região de Cachoeira Paulista (utilizada como referência para a

validação dos resultados deste trabalho) em determinados horários. Este fato produzia

os efeitos de borda observados. Finalmente após inserir uma grade considerável de

linhas de campo (180 linhas), o modelo apresentou resultados consistentes com os

registros experimentais, como apresentado no Capítulo seguinte.

3.2.2 Modelagem da Região E

A modelagem da região E pelo SUPIM-E considera os processos fotoquímicos e os de

transporte, ao contrário de grande parte dos modelos existentes para esta região, os

quais supõem a predominância dos processos fotoquímicos e desconsideram os

processos de transporte. Esta configuração do SUPIM-E visa minimizar os efeitos da

transição entre as regiões E e F ionosféricas e também assegurar uma modelagem

teórica mais realista destas regiões.

A inclusão dos termos de transporte para a região E foi realizada durante a definição das

altitudes base dos cálculos em 90 km, descrita na Seção anterior. Ou seja, ao redefinir o

limite inferior dos cálculos de 130 km para 90 km, os cálculos referentes ao transporte

foram estendidos até a base da região E.

Page 60: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

58

A implementação dos processos fotoquímicos da região E foi realizada em três etapas

principais. Primeiramente foram inseridos no código do SUPIM-E os processos de

ionização responsáveis pela formação da região E no período diurno. Posteriormente,

foram implementados os processos de ionização que asseguram a manutenção desta

região no período noturno. E finalmente, um modelo químico para esta região foi

acoplado ao código do SUPIM-E. A descrição detalhada dessas etapas é apresentada nas

Seções subseqüentes.

3.2.2.1 Ionização da Região E Diurna

Os processos de fotoionização responsáveis pela formação da região E diurna (Banks e

Kockarts, 1973) envolvem:

∴ a ionização do constituinte neutro O2 pela radiação Lyman β em 1025,7 Å,

pela radiação ultravioleta nas faixas do Lyman contínuo com comprimentos de

onda (λ) menores do que 910 Å e pelos raios X na faixa de 31 < λ < 100 Å;

∴ a ionização do constituinte neutro O pela radiação Lyman contínuo e também

pelos raios X na faixa de 31 < λ < 100 Å;

∴ a ionização do constituinte neutro N2 pelos raios X na faixa de 31 < λ < 100 Å;

∴ a ionização do constituinte neutro NO pela radiação Lyman α em 1216 Å. Este

constituinte, embora não seja majoritário na região E, desempenha um

importante papel na sua formação, sendo o responsável por cerca de 2% da

taxa de ionização total desta região no período diurno (Titheridge, 2000).

Diante da essencialidade dos processos relacionados acima para a formação da região E

diurna, a implementação dos mesmos no código do SUPIM-E constitui-se uma condição

fundamental para que os resultados teóricos obtidos reproduzam de forma consistente o

comportamento desta região. No entanto, o modelo de fluxo solar EUVAC utilizado no

código original do SUPIM fornece a intensidade da radiação solar em 37 bandas de

comprimentos de onda na faixa de 50 a 1050 Å, fato que exclui os comprimentos de

Page 61: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

59

onda menores que 50 Å e a linha Lyman α necessários à formação da região E diurna.

Diante disto, implementou-se ao código do SUPIM-E o modelo de fluxo solar

SOLAR2000, desenvolvido por Tobiska et al. (2000).

O SOLAR2000 é um modelo empírico deduzido a partir de medidas de irradiância solar

que fornece a variabilidade do fluxo diário para as faixas de comprimentos de onda que

abrangem desde os raios X até o infravermelho (de 1 nm até 10000 nm). A cobertura

dos fluxos disponibilizados pelo SOLAR2000 se estende desde o ano de 1947 até os

dias atuais.

A implementação do SOLAR2000 foi realizada sem que o modelo EUVAC fosse

excluído do código do SUPIM-E. Ou seja, embora o modelo de fluxo solar padrão do

SUPIM-E seja o SOLAR2000, o usuário pode optar pelo uso do EUVAC em suas

simulações. Ressalte-se que a opção por essa implementação interativa foi devida ao

fato do EUVAC ser atualmente utilizado com bastante freqüência e sucesso nas

simulações ionosféricas da região F realizadas com o SUPIM e com outros modelos

ionosféricos (por exemplo o SAMI2 de Huba et al. (2000)).

A inclusão do modelo de fluxo solar SOLAR2000 no SUPIM-E implicou na adição de

novas bandas de comprimentos de onda ionizantes nas faixas de 18,6-29,5 Å, 30,0-49,2

Å e em 1216 Å e as respectivas seções transversais de fotoionização e de fotoabsorção

para os constituintes neutros O, N2, O2 e NO. Os valores para essas seções foram

obtidos de Fenelly e Torr (1992).

Embora a saída padrão do SOLAR2000 seja fornecida com uma resolução espectral de

1 nm, no SUPIM-E utiliza-se uma saída opcional de 39 faixas de comprimentos de onda

que cobrem desde 18,6 Å até 1050 Å mais a linha Lyman α, somando um total de 40

faixas.

Além de viabilizar a simulação dos processos de fotoionização que conduzem à

formação da região E diurna, a conclusão desta primeira fase da modelagem da região E

proporcionou uma nova perspectiva para a utilização do SUPIM-E em estudos

ionosféricos. Ou seja, a implementação interativa do modelo de fluxo solar torna

Page 62: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

60

possível a realização de estudos comparativos entre as eficiências do SOLAR2000 e do

EUVAC em simulações da região F ionosférica.

3.2.2.2 Ionização da Região E Noturna

Embora o setor noturno da atmosfera terrestre seja caracterizado pela ausência de

ionização solar direta, algumas radiações são espalhadas por ressonância neste setor e

asseguram a manutenção da região E por várias horas após o Pôr-do-Sol e antes do

amanhecer (Titheridge, 2000).

Strobel et al. (1974) apresentaram um modelo onde consideram quatro radiações como

as principais fontes de ionização responsáveis pela manutenção da região E noturna: as

linhas Lyman α (1216 Å), Lyman β (1025,7 Å), He I (584 Å) e He II (304 Å). Esse

modelo fornece os fluxos de ionização noturna para tais radiações em função da altitude

e do ângulo zenital solar em determinadas faixas, os quais estão apresentados nas

FIGURAS 3.1, 3.2, 3.3 e 3.4.

Page 63: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

61

FIGURA 3.1- Fluxo de fotoionização noturno para a radiação Lyman α em função da

altitude para determinados valores do ângulo zenital solar, calculado a

partir de modelos de aeroluminescência de espalhamentos múltiplos. As

linhas pontilhadas indicam a região de extrapolação baseada em

observações de foguete.

FONTE: Modificada de Strobel et al. (1974).

FIGURA 3.2- Fluxo de fotoionização noturno para a radiação Lyman β em função da

altitude para determinados valores do ângulo zenital solar, calculado a

partir de modelos de aeroluminescência de espalhamentos múltiplos.

FONTE: Modificada de Strobel et al. (1974).

Page 64: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

62

FIGURA 3.3- Fluxo de fotoionização noturno para a radiação He I em função da

altitude para determinados valores do ângulo zenital solar, calculado a

partir de modelos de aeroluminescência de espalhamentos múltiplos. As

linhas pontilhadas indicam a região de extrapolação baseada em

observações de foguete.

FONTE: Modificada de Strobel et al. (1974).

FIGURA 3.4- Fluxo de fotoionização noturno para a radiação He II em função da

altitude para determinados valores do ângulo zenital solar, calculado a

partir de um modelo dipolar da plasmasfera. Os fluxos apresentados são

para condições de equinócio em médias latitudes.

FONTE: modificada de Strobel et al. (1974)

Page 65: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

63

A modelagem da região E noturna no SUPIM-E foi realizada acoplando-se ao seu

código o modelo de Strobel et al. (1974). Para isto, os fluxos apresentados nas Figuras

acima foram aproximados como funções analíticas e estas utilizadas para interpolar os

valores desses fluxos em todas as altitudes para os ângulos zenitais na faixa de 90° < θ

< 270°.

3.2.2.3 Química da Região E

Embora os processos que ocorrem na região E sejam relativamente simples, a escolha

de um modelo químico adequado para esta região foi uma das etapas mais lentas e

problemáticas no desenvolvimento do SUPIM-E.

A primeira tentativa de implementar a química da região E ao SUPIM-E consistiu em

acoplar modelos ionosféricos exclusivos para esta região ao modelo químico de Bailey e

Sellek (1990) apresentado na Tabela 1.2. Os modelos com tais características foram

publicados por Keneshea et al. (1970), Chen e Harris (1971), Nesterov (1974), Duhau et

al. (1987), Buonsanto (1990) e Buonsanto et al. (1992). No entanto, os resultados

obtidos além de não reproduzirem adequadamente a região E, tornaram o modelo

inconsistente para a região F. Um exemplo desses resultados preliminares pode ser

observado na FIGURA 3.5, a qual apresenta uma comparação entre a simulação

realizada com o SUPIM-E (utilizando a química de Keneshea et al. (1970)) e dados de

digissondas para o dia 2/3/1996 sobre a região de Cachoeira Paulista.

Page 66: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

64

1x103 1x104 1x105 1x106 1x107

Densidade (cm-3)

90110130150170190210230250270290310330350

Alti

tude

(km

)

9 - 16 LTDadosSUPIM-E

1x103 1x104 1x105 1x106 1x107

Densidade (cm-3)

90110130150170190210230250270290310330350

Alti

tude

(km

)

18 LTDadosSUPIM-E

1x103 1x104 1x105 1x106 1x107

Densidade (cm-3)

90110130150170190210230250270290310330350

Alti

tude

(km

)

21 - 4 LTDadosSUPIM-E

(a)

(b)

(c)

FIGURA 3.5- Comparação entre resultados teóricos do SUPIM-E utilizando a química

de Keneshea et al. (1970) (curvas vermelhas) e dados experimentais

obtidos por digissondas (curvas pretas).

Na Figura 3.5 os perfis de densidade eletrônica para o dia 2/3/1996 foram distribuídos

de acordo com a hora local. No painel (a) estão agrupados os resultados teóricos (curvas

vermelhas) e experimentais (curvas pretas) para os tempos locais de 21, 24 e 4 horas.

Page 67: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

65

Embora nestes horários a região F tenha apresentado um fraco espalhamento em

freqüência, os perfis teóricos diferem consideravelmente dos experimentais

principalmente nas altitudes do pico de densidade da região F. Além disso, os perfis

teóricos apresentam picos anômalos de densidade entre 135 e 150 km,

aproximadamente. A região E não foi registrada pela digissonda devido à sua baixa

densidade e também não foi reproduzida pelo SUPIM-E. No painel (b) estão agrupados

os resultados para os tempos locais de 9, 10, 11, 12, 13, 14 e 16 horas. Com exceção das

13 horas, em todos os tempos locais houve registro da região E contudo, os resultados

teóricos não a reproduziram. Observa-se também que os picos de densidade da região F

teóricos diferem consideravelmente dos experimentais. Finalmente no painel (c)

apresenta-se o perfil para o tempo local de 18 horas, que é particularmente importante

por caracterizar a transição entre os períodos diurnos e noturnos. Neste horário não

houve registro da região E pela digissonda e o modelo também não a reproduziu. Além

disso, embora o comportamento do modelo teórico tenha apresentado a mesma

tendência que os dados experimentais, as magnitudes das densidades teóricas foram

menores em todas as altitudes.

Apesar de, na Figura 3.5 apresentarem-se as comparações somente para um dia e para

um modelo químico, é importante destacar que durante esta primeira tentativa de

encontrar um modelo químico adequado para o SUPIM-E, todos os modelos exclusivos

para esta região citados anteriormente foram testados para um dia de atividade solar

baixa e um de atividade solar alta. No entanto, resultados semelhantes ou piores foram

obtidos. Deste modo, optou-se por apresentar aqui somente o modelo de Keneshea et al.

(1970) para exemplificar o procedimento adotado nesta primeira tentativa.

Posteriormente realizaram-se outros testes utilizando-se a química de modelos

ionosféricos mais complexos, que abrangessem em seus cálculos as regiões E e F. Os

modelos de Schunk e Walker (1973), Diloy et al. (1996) e Huba et al. (2000) foram

testados acoplando-se a química de cada um deles ao código do SUPIM-E e

comparando-se os resultados obtidos com dados experimentais. A escolha entre esses

três modelos considerou além da concordância com os dados experimentais, os quesitos

complexidade e atualidade. Deste modo, optou-se pelo modelo Another model of the

Page 68: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

66

ionosphere (SAMI2), desenvolvido por Huba et al. (2000), como fonte do modelo

químico do SUPIM-E.

O SAMI2 foi desenvolvido a partir do modelo de média latitude produzido no Naval

Research Laboratory (NRL) na década de 70 (Oran et al., 1974) e trata o plasma

dinâmico e a evolução química de sete íons (H+, He+, N+, O+, N2+, NO+ e O2

+) em uma

faixa de altitude aproximada de 100 km até milhares de quilômetros. A química

utilizada no SAMI2 é composta de um conjunto de 28 reações químicas, as quais são

apresentadas na TABELA 3.1, juntamente com suas respectivas taxas.

TABELA 3.1- Reações químicas do SAMI2 implementadas no SUPIM-E e suas

respectivas taxas.

Reação Taxa (cm3s-1)

1. NNO2NO ++→++

300K ≤ T(O+) ≤ 1700K 2

300

)O(T1410x600,8300

)O(T1310x920,51210x533,1

+−+

+−−−

1700K < T(O+)

300

)O(T1210x155,11210x730,2+

−−−2

300

)O(T1310x483,1

+−+

2. O2O2OO ++→++ 300

)O(T1210x74,71110x82,2+

−−−2

300

)O(T1210x073,1

+−+

3

300

)O(T1410x17,5

+−−

4

300

)O(T1610x65,9

+−+

3. OHHO ++→++ 5,0nT1110x5,2 −

4. HOOH ++→++ )H(5,0T1110x2,2 +−

5. ++→++2NHe2NHe

NNHe2NHe +++→++

3,5x10-10

6. OOHe2OHe +++→++ 8,0x10-10

7. NNOO2N ++→++

44,0

)O(T

3001010x4,1

+

8. OOe2O +→++

55,0

Te

300710x6,1

(continua)

Page 69: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

67

TABELA 3.1 – Conclusão. 9. 2ONONO2O ++→++

4,4x10-10

10. ONeNO +→++

85,0

Te

300710x2,4

11. 2N2O2O2N ++→++

( )5,0

OT

30011100,5

+

−×

12. ONONOO ++→++ 1,0x10-12

13. NONO2N2O ++→++ 5,0x10-16

14. 2NNONO2N ++→++ 3,3x10-10

15. NNe2N +→++ 39,0

Te

300710x8,1

16. ONON2O ++→++ 1,2x10-10

17. HeNN2NHe +++→++ 8,0x10-10

18. ONO2ON ++→++ 2,0x10-10

19. N2O2ON ++→++ 4,0x10-10

20. NeN →++ 7,0

Te

3001210x43,4

21. He2O2OHe ++→++ 2,0x10-10

22. NOON ++→++ 1,0x10-12

23. NNONON ++→++ 2,0x10-11

24 NONO2O2N ++→++ 1,0x10-14

25. 2ONN2O ++→++ 2,5x10-10

26. HeH →++ 7,0

Te

3001210x43,4

27. HeeHe →++ 7,0

Te

3001210x43,4

28. OeO →++ 7,0

Te

3001210x43,4

FONTE: Huba et al. (2000)

Observa-se que as reações de 1 a 10 da Tabela 3.1 são coincidentes com aquelas de

Bailey e Sellek (1990) apresentadas na Tabela 1.2. Com exceção das taxas para as

reações 5 e 6 as quais foram modificadas de acordo com o modelo SAMI2, as demais

Page 70: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

68

permaneceram inalteradas no SUPIM-E. As novas reações (11 a 28) foram inclusas no

código do SUPIM-E.

Um fato notório das reações apresentadas na Tabela 3.1 é que elas incluem o íon N+, o

qual não é utilizado nos cálculos do modelo original SUPIM. Embora esse íon não seja

majoritário na região E, sua reação com o componente neutro NO (Reação 23) tem um

efeito considerável sobre a taxa total de perda nesta região no período diurno,

juntamente com as reações 12 e 14 (Titheridge, 1997; 2000). Além disso, as demais

reações que envolvem este íon (Reações 18, 19, 20 e 22) contribuem para que o modelo

proporcione resultados mais completos para a região F. Diante destas justificativas,

implementou-se o íon N+ no SUPIM-E como descrito na próxima Seção.

3.2.2.3.1 Implementação do Íon N+

A implementação do íon N+ ao código do SUPIM-E foi realizada incluindo-se os

processos de transporte, produção (química e por fotoionização) e de perda química

deste constituinte.

O primeiro passo a ser cumprido no processo de modelagem de um determinado íon

ionosférico consiste no cálculo da concentração de seu respectivo constituinte neutro.

Embora a concentração do constituinte N seja calculada pelo modelo MSIS90 acoplado

ao código do SUPIM, os valores obtidos não são repassados ao programa principal e

tampouco utilizados nos cálculos subseqüentes. No SUPIM-E várias subrotinas foram

modificadas de modo que a conexão entre o modelo MSIS90 e o programa principal

para a transmissão das concentrações de N fosse estabelecida.

Posteriormente, iniciou-se um longo processo de modificação do código do SUPIM-E

para a inclusão dos cálculos referentes ao íon N+. Ou seja, em todos os locais do

programa principal ou das sub-rotinas do SUPIM-E onde parâmetros ionosféricos

dependentes do número de íons eram calculados (por exemplo: altura de escala,

densidade, temperatura, produção química e por fotoionização, freqüência de colisão,

entre outros), o código foi alterado incorporando-se a ele os cálculos para o íon N+.

Page 71: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

69

Os resultados obtidos pelo SUPIM-E para a concentração do íon N+ não foram

comparados a registros experimentais devido à indisponibilidade dos mesmos para a

região de Cachoeira Paulista. No entanto, tais resultados apresentaram-se consistentes

com os obtidos por modelos ionosféricos existentes na literatura como, por exemplo,

aqueles obtidos pelos modelos FLIP e TRANSCAR (Schunk e Sojka, 1996), como pode

ser observado na FIGURA 3.6.

1 2 3 4

densidade eletrônica (cm-3)

50

100

150

200

250

300

350

400

450

500

altu

ra (k

m)

10 101010

modelo TRANSCAR modelo FLIPmodelo SUPIM-E

FIGURA 3.6- Perfil de densidade do íon N+ simulado pelos modelos: SUPIM-E para o

dia 9/3/2001 às 12h; pelo modelo FLIP para a região de Millstone Hill

(43°N, 71°O) no mês de dezembro em período de atividade solar alta e

pelo modelo TRANSCAR para uma região de alta latitude no mês de

maio também em período de atividade solar alta.

FONTE: Modificada de Schunk e Sojka (1996).

Embora as condições em que tais modelos foram executados sejam distintas, os perfis

teóricos obtidos apresentam o mesmo padrão de comportamento, com uma densidade da

ordem de 103 cm-3 em aproximadamente 250 km de altitude.

3.3 Parâmetros de Saída do SUPIM-E

O arquivo de saída padrão do SUPIM-E utilizado neste trabalho fornece as densidades

eletrônica e iônica (para os sete íons: O+, H+, He+, N2+, O2

+, NO+ e N+) alinhadas ao

Page 72: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

70

campo e dependentes do tempo, para altitudes acima de 90 km em intervalos de tempo

de 15 minutos. A FIGURA 3.7 apresenta um exemplo dos parâmetros de saída

fornecidos pelo SUPIM-E para a região de Cachoeira Paulista nos tempos locais de 11h

e 00h do dia 16/11/1996.

1x100 1x101 1x102 1x103 1x104 1x105 1x106

Densidade (cm-3)

80100120140160180200220240260280300320340

Alti

tude

(km

)

16/11/199611 LTHE+

H+

O+

N2+

O2+

N+

NO+

Ne

1x100 1x101 1x102 1x103 1x104 1x105 1x106

Densidade (cm-3)

80100120140160180200220240260280300320340

Alti

tude

(km

)

16/11/199600 LT

H+

O+

O2+

N+

NO+

Ne

FIGURA 3.7- Densidades iônicas e eletrônicas fornecidas pelo SUPIM-E para a região

de Cachoeira Paulista nos tempos locais de 11h e 0h.

Page 73: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

71

A comparação entre os perfis iônicos teóricos obtidos pelo SUPIM-E e dados

experimentais não foi possível devido à indisponibilidade dos mesmos para a região de

Cachoeira Paulista. No entanto, os resultados estão de acordo com o esperado e com a

literatura existente (Titheridge, 1997).

Observa-se pela Figura 3.7 que as regiões E e F estão bem determinadas pela transição

entre o íon molecular NO+ e o íon atômico O+ em aproximadamente 180 km (período

diurno) e 200 km (período noturno). Além disso, a troca de domínio entre os íons O2+ e

NO+ nos períodos diurno e noturno nas altitudes da região E também está bem

reproduzida. As distribuições dos íons N2+, He+ e H+ obtidas pelo SUPIM-E concordam

com aquelas obtidas por Huba et al. (2000). Ou seja, em ambos os modelos o He+ é a

espécie iônica minoritária ao passo que o N2+ apresenta uma densidade apreciável (≤

103 cm-3) somente no período diurno e o H+, por sua vez, apresenta uma densidade da

ordem de 102 cm-3 em aproximadamente 250 km de altitude em ambos os períodos.

Quando requisitado para um estudo específico, parâmetros adicionais podem compor o

arquivo de saída do SUPIM-E, tais como: a velocidade de deriva vertical do plasma, a

velocidade do vento neutro, as temperaturas eletrônicas e iônicas e as densidades dos

sete elementos neutros: O, H, He, N2, O2, NO e N.

3.4 Avaliação da Eficiência de Diferentes Modelos para o Constituinte Neutro

NO na Simulação da Região E Ionosférica

Devido à importância fundamental do constituinte neutro NO nas altitudes da região E

ionosférica, apresenta-se nesta Seção uma análise comparativa da resposta da região E à

utilização de três diferentes modelos para a concentração deste constituinte. Tal análise

tem como objetivo principal escolher o melhor modelo para reproduzir esse importante

constituinte neutro da região E sobre a região de Cachoeira Paulista.

A fotoionização direta do NO pela emissão Lyman α é responsável por cerca de 2% da

ionização total da região E diurna (Titheridge, 2000). Também trata-se de um elemento

extremamente importante para a região D ionosférica (Bailey et al., 2002).

Page 74: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

72

As fontes de produção e perda do NO têm sido elucidadas nas últimas quatro décadas

pelo uso de modelagem numérica e também por estudos experimentais com foguetes de

sondagem e satélites (Bailey et al., 2002). Resultados de experimentos realizados com

os satélites Solar Mesosphere Explorer (SME) (Barth et al., 1988) e Halogen

Occultation Experiment (HALOE) (Russel et al., 1988) demonstraram que o

constituinte NO termosférico é altamente variável em função de tempo e da disposição

geográfica com densidades que podem variar em uma ordem de magnitude. Tais

experimentos têm demonstrado que a densidade do NO está fortemente relacionada à

irradiação solar e às condições aurorais (Barth et al., 1988; Siskind et al, 1990).

A densidade do NO apresenta um pico próximo de 106 km de altitude. Em baixas

latitudes, o valor típico de sua densidade é de aproximadamente 1x1014 m-3, podendo

variar da metade deste valor para o dobro dele dependendo das condições geofísicas

(Bailey et al., 2002). Nessas latitudes, a principal fonte de ionização do NO são os raios

X solares moles (Barth et al., 1988; 1999).

Diante da importância do NO na composição da região E ionosférica e da sua alta

variabilidade espacial, temporal e sazonal, decidiu-se utilizar o SUPIM-E para avaliar a

eficiência de três modelos para o cálculo deste constituinte. O modelo de Mitra (1968)

utiliza uma expressão cuja dedução baseou-se em estimativas da variação diurna

(observada) e com o ciclo solar (estimada) da densidade eletrônica da região D e em

medidas da composição iônica. O modelo de Barth et al. (1996) calcula a concentração

do NO a partir de uma taxa de mistura dos constituintes neutros atmosféricos, em

função da hora local e da altitude cobrindo uma faixa de 50 a 130 km. O modelo de

Titheridge (1997) por sua vez, baseia-se em dados experimentais do satélite SME e

considera as variações da concentração do NO em função da hora do dia, da

sazonalidade, da latitude e do ciclo solar.

Para viabilizar a comparação da eficiência dos três modelos de NO descritos acima na

modelagem da região E, inseriu-se uma chave de controle no código do SUPIM-E

através da qual o usuário opta pelo modelo de NO que será utilizado em suas

simulações.

Page 75: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

73

Os resultados da análise comparativa entre os modelos de NO implementados ao código

do SUPIM-E são apresentadas nas FIGURAS 3.8 e 3.9 para os meses de novembro e

março, respectivamente. Tal análise baseou-se na comparação entre os perfis de f0E

obtidos a partir da execução do SUPIM-E configurado para cada um dos modelos de

NO e considerando-se a deriva vertical e os ventos neutros nulos nas simulações.

Page 76: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

74

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24Hora Local

0123456

foE

(MH

z)

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24Hora Local

0123456

foE

(MH

z)

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24Hora Local

0123456

foE

(MH

z)

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24Hora Local

0123456

foE

(MH

z)

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24Hora Local

0123456

foE

(MH

z)2/3/1996

3/3/1996

6/3/1996

7/3/1996

8/3/1996

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24Hora Local

0123456

foE

(MH

z)

9/3/2001

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24Hora Local

0123456

foE

(MH

z)

10/3/2001

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24Hora Local

0123456

foE

(MH

z)11/3/2001

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24Hora Local

0123456

foE

(MH

z)

13/3/2001

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24Hora Local

0123456

foE

(MH

z)

14/3/2001

FIGURA 3.8- Perfis experimentais de de f0E (triângulos cheios) e obtidos pelo SUPIM-

E a partir do modelo de Mitra (triângulos vazados), Titheridge (cruzes) e

Barth et al. (círculos) para o mês de março de períodos de atividade solar

baixa (1996) e alta (2001).

Page 77: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

75

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24Hora Local

0

1

2

3

4

5

6

foE

(MH

z)

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24Hora Local

0

1

2

3

4

5

6

foE

(MH

z)

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24Hora Local

0

1

2

3

4

5

6

foE

(MH

z)

23/11/2001

24/11/2001

25/11/2001

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24Hora Local

0

1

2

3

4

5

6fo

E (M

Hz)

11/11/1996

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24Hora Local

0

1

2

3

4

5

6

foE

(MH

z)

16/11/1996

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24Hora Local

0

1

2

3

4

5

6

foE

(MH

z)

26/11/1996

FIGURA 3.9- Perfis experimentais de f0E (triângulos cheios) e obtidos pelo SUPIM-E a

partir do modelo de Mitra (triângulos vazados), Titheridge (cruzes) e

Barth et al. (círculos) para o mês de novembro de períodos de atividade

solar baixa (1996) e alta (2001).

Analisando-se as Figuras 3.8 e 3.9 observa-se que em todos os dias de ambos os

períodos de atividade solar os resultados apresentaram o mesmo padrão. Isto é, os

resultados da modelagem da região E pelo SUPIM-E utilizando o modelo de Mitra

(1968) proporcionaram os valores de f0E mais próximos daqueles obtidos

experimentalmente, enquanto que os modelos de Titheridge (1997) e Barth et al. (1996)

Page 78: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

76

apresentaram praticamente o mesmo desempenho, com valores de f0E subestimados em

relação aos experimentais.

Diante dos resultados obtidos, o modelo de Mitra (1968) foi utilizado em todas as

simulações realizadas neste trabalho. No entanto, ressalte-se que embora para a região

de Cachoeria Paulista os melhores resultados para a modelagem da região E tenham

sido obtidos com o uso desse modelo, o fato do usuário poder avaliar qual o modelo

mais adequado a ser utilizado em suas simulações é uma importante contribuição da

implementação dos modelos de NO descritas acima.

Page 79: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

77

CAPÍTULO 4

ANÁLISES COMPARATIVAS ENTRE OS RESULTADOS TEÓRICOS DO

SUPIM-E E DADOS EXPERIMENTAIS

Com o objetivo de avaliar a confiabilidade, a precisão e a viabilidade do uso do SUPIM-

E em estudos da região E e da dinâmica do sistema termosfera-ionosfera equatorial e de

baixas latitudes, os resultados calculados por este modelo para a região de Cachoeira

Paulista foram comparados àqueles registrados por digissondas nesta mesma localidade.

As análises comparativas entre os resultados do SUPIM-E e os dados experimentais

apresentadas nas Seções subseqüentes baseiam-se em 16 dias de simulações realizadas

separadamente, para os meses de março e novembro, em períodos de atividade solar alta

e baixa. Nas TABELAS 4.1 e 4.2 estão relacionados os dias utilizados nessas análises,

juntamente com os respectivos índices geomagnéticos Ap e os fluxos solares F10,7cm.

Note-se que tais estudos serão efetuados apenas para dias geomagneticamente calmos.

TABELA 4.1- Relação dos dias utilizados nas análises comparativas para os meses

denovembro e março no período de atividade solar baixa.

Data Ap F10,7 cm

11/11/1996 4 70,0 16/11/1996 5 72,2 26/11/1996 7 100,8 02/03/1996 3 69,8 03/03/1996 6 69,0 06/03/1996 4 68,4 07/03/1996 2 66,8 08/03/1996 8 68,8

Page 80: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

78

TABELA 4.2- Relação dos dias utilizados nas análises comparativas para os meses de

novembro e março no período de atividade solar alta.

Data Ap F10,7 cm

23/11/2001 13 172,9 24/11/2001 4 168,6 25/11/2001 8 165,6 09/03/2001 6 159,2 10/03/2001 5 158,0 11/03/2001 4 155,8 13/03/2001 9 145,6 14/03/2001 7 140,7

4.1 Comparação Entre Perfis Verticais de Densidade Eletrônica Teóricos e

Experimentais das Regiões E e F.

A primeira análise desenvolvida neste trabalho tem como objetivo principal avaliar a

consistência dos resultados teóricos do SUPIM-E para as regiões E e F ionosféricas

durante o verão e equinócio de baixa e alta atividade solar. Visando esse objetivo,

optou-se por utilizar perfis verticais de densidade eletrônica, os quais fornecem uma

visão geral do comportamento dessas regiões em função da altitude em uma

determinada hora local.

Os perfis verticais de densidade eletrônica calculados pelo SUPIM-E desde a altitude de

90 km na região E até uma altitude de 400 km foram comparados àqueles registrados

por digissondas nos tempos locais de 0h, 4h, 9h, 10h, 11h, 12h, 14h, 16h, 18h e 21h nos

dias do mês de novembro relacionados nas Tabelas 4.1 e 4.2. Os resultados dessas

comparações são apresentados nas FIGURAS 4.1 e 4.2, as quais são representativas das

atividades solar baixa e alta, respectivamente.

Page 81: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

79

1x103 1x105 1x107

Densidade (cm-3)

80120160200240280320360400

Alti

tude

(km

)

1x103 1x105 1x107

Densidade (cm-3)

80120160200240280320360400

Alti

tude

(km

)

1x103 1x105 1x107

Densidade (cm-3)

80120160200240280320360400

Alti

tude

(km

)

1x103 1x105 1x107

Densidade (cm-3)

80120160200240280320360400

Alti

tude

(km

)

1x103 1x105 1x107

Densidade (cm-3)

80120160200240280320360400

Alti

tude

(km

)

0 LT21 LT 4 LT

9 LT

1x103 1x105 1x107

Densidade (cm-3)

80120160200240280320360400

Alti

tude

(km

) 11 LT

1x103 1x105 1x107

Densidade (cm-3)

80120160200240280320360400

Alti

tude

(km

)

1x103 1x105 1x107

Densidade (cm-3)

80120160200240280320360400

Alti

tude

(km

)

10 LT

16 LT

18 LT

1x103 1x105 1x107

Densidade (cm-3)

80120160200240280320360400

Alti

tude

(km

) 12 LT

1x103 1x105 1x107

Densidade (cm-3)

80120160200240280320360400

Alti

tude

(km

) 14 LT

FIGURA 4.1- Perfis verticais de densidade eletrônica experimentais (curvas pretas) e

teóricos (curvas azuis) obtidos para os três dias do mês de novembro de

1996 relacionados na Tabela 4.1 (Baixa atividade solar).

Page 82: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

80

1x103 1x105 1x107

Densidade (cm-3)

80120160200240280320360400

Alti

tude

(km

)

1x103 1x105 1x107

Densidade (cm-3)

80120160200240280320360400

Alti

tude

(km

)

1x103 1x105 1x107

Densidade (cm-3)

80120160200240280320360400

Alti

tude

(km

)

1x103 1x105 1x107

Densidade (cm-3)

80120160200240280320360400

Alti

tude

(km

)

1x103 1x105 1x107

Densidade (cm-3)

80120160200240280320360400

Alti

tude

(km

)

0 LT21 LT 4 LT

9 LT

1x103 1x105 1x107

Densidade (cm-3)

80120160200240280320360400

Alti

tude

(km

) 11 LT

1x103 1x105 1x107

Densidade (cm-3)

80120160200240280320360400

Alti

tude

(km

)

1x103 1x105 1x107

Densidade (cm-3)

80120160200240280320360400

Alti

tude

(km

)10 LT

16 LT

18 LT

1x103 1x105 1x107

Densidade (cm-3)

80120160200240280320360400

Alti

tude

(km

) 12 LT

1x103 1x105 1x107

Densidade (cm-3)

80120160200240280320360400

Alti

tude

(km

) 14 LT

FIGURA 4.2- Perfis verticais de densidade eletrônica experimentais (curvas pretas) e

teóricos (curvas azuis) obtidos para os três dias do mês de novembro de

2001 relacionados na Tabela 4.2 (Alta atividade solar).

Observando-se as Figuras 4.1 e 4.2 nota-se que os resultados SUPIM-E mostram os

picos de densidade da região E bem definidos em todos os tempos locais e em ambos os

Page 83: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

81

períodos de atividade solar. Além disso, de uma forma geral os perfis de densidade

eletrônica das regiões E e F modelados pelo SUPIM-E apresentam um comportamento

bastante consistente em relação àqueles obtidos experimentalmente, principalmente no

período de atividade solar baixa (Figura 4.1). Uma avaliação mais detalhada desses

resultados, principalmente nos horários em que são observadas algumas discordâncias

com os dados, é apresentada abaixo.

No período noturno (21h, 0h e 4h) de ambas as Figuras a região E não foi registrada

pelos ionogramas, impossibilitando qualquer comparação entre os perfis teóricos e

experimentais. No entanto a região E noturna modelada apresenta um padrão de

comportamento esperado, com um valor máximo de densidade em aproximadamente

105-110 km de altitude da ordem de 103-104 cm-3. Os perfis da região F modelados pelo

SUPIM-E nesse período apresentaram a mesma tendência de comportamento observada

nos perfis experimentais, embora algumas defasagens entre as altitudes e as magnitudes

dos picos da região F (NmF) tenham sido observadas. Contudo, é importante salientar

que a precisão dos valores experimentais das densidades eletrônicas desta região em

ambas as Figuras foi comprometida pela presença de espalhamentos em freqüência

nesses horários. Outro fator, ainda mais importante, que deve ser considerado é a

influência dos ventos neutros calculados pelo HWM90, os quais podem interferir nas

altitudes e nas magnitudes de NmF. Tais ventos são parâmetros de entrada do SUPIM-E

e suas influências também podem explicar as discrepâncias entre os perfis teóricos e

experimentais da região F durante o período entre 12h e 16h de baixa atividade solar

(Figura 4.1)

No período de 9h às 12h dos dias estudados, os perfis teóricos apresentam boa

concordância em relação aos experimentais para as duas regiões ionosféricas. Os picos

de densidade da região E (NmE) calculados pelo SUPIM-E e os experimentais

localizam-se aproximadamente entre 100 e 105 km de altitude e apresentam uma

densidade da ordem de 105 cm-3. Na região F a altitude dos picos localiza-se numa faixa

entre 320 e 360 km de altitude e a densidade varia entre valores da ordem de 105 a 106

cm-3 tanto nos perfis teóricos como nos experimentais. Uma característica dos perfis

modelados pelo SUPIM-E nesse período é a presença freqüente de vales bastante

Page 84: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

82

significativos entre as regiões E e F em ambas as Figuras, os quais nos perfis

experimentais manifestam-se apenas como pequenas inflexões.

No tempo local de 18h dentre os dias estudados há apenas um registro experimental da

região E no período de atividade solar baixa, cuja concordância com os dados

experimentais tanto na altitude como na magnitude de NmE foi muito boa. Os perfis da

região F modelados pelo SUPIM-E nesse horário apresentam o mesmo comportamento

daqueles experimentais em ambos os períodos de atividade solar. No entanto, na Figura

4.1 embora os valores de NmF teóricos sejam da mesma ordem de grandeza dos

experimentais, existe um deslocamento de aproximadamente 80 km entre as altitudes

dos mesmos, provavelmente devido a um efeito de um vento HWM90 inapropriado.

Nas FIGURAS 4.3 e 4.4 são apresentadas as comparações entre os perfis de densidade

eletrônica das regiões E e F calculados pelo SUPIM-E e os registrados por digissondas

nos tempos locais de 0h, 4h, 9h, 10h, 11h, 12h, 14h, 16h, 18h e 21h nos dias do mês de

março relacionados nas Tabelas 4.1 e 4.2, respectivamente. Tais casos são

representativos de equinócios de atividade solar baixa e alta.

Page 85: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

83

1x103 1x105 1x107

Densidade (cm-3)

80120160200240280320360400

Alti

tude

(km

)

1x103 1x105 1x107

Densidade (cm-3)

80120160200240280320360400

Alti

tude

(km

)

1x103 1x105 1x107

Densidade (cm-3)

80120160200240280320360400

Alti

tude

(km

)

1x103 1x105 1x107

Densidade (cm-3)

80120160200240280320360400

Alti

tude

(km

)

1x103 1x105 1x107

Densidade (cm-3)

80120160200240280320360400

Alti

tude

(km

)

0 LT21 LT 4 LT

9 LT

1x103 1x105 1x107

Densidade (cm-3)

80120160200240280320360400

Alti

tude

(km

) 11 LT

1x103 1x105 1x107

Densidade (cm-3)

80120160200240280320360400

Alti

tude

(km

)

1x103 1x105 1x107

Densidade (cm-3)

80120160200240280320360400

Alti

tude

(km

)

10 LT

16 LT

18 LT

1x103 1x105 1x107

Densidade (cm-3)

80120160200240280320360400

Alti

tude

(km

) 12 LT

1x103 1x105 1x107

Densidade (cm-3)

80120160200240280320360400

Alti

tude

(km

) 14 LT

FIGURA 4.3- Perfis verticais de densidade eletrônica experimentais (curvas pretas) e

teóricos (curvas azuis) obtidos para os cinco dias do mês de março de

1996 relacionados na Tabela 4.1 (Baixa atividade solar).

Page 86: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

84

1x103 1x105 1x107

Densidade (cm-3)

80120160200240280320360400

Alti

tude

(km

)

1x103 1x105 1x107

Densidade (cm-3)

80120160200240280320360400

Alti

tude

(km

)

1x103 1x105 1x107

Densidade (cm-3)

80120160200240280320360400

Alti

tude

(km

)

1x103 1x105 1x107

Densidade (cm-3)

80120160200240280320360400

Alti

tude

(km

)

1x103 1x105 1x107

Densidade (cm-3)

80120160200240280320360400

Alti

tude

(km

)

0 LT21 LT 4 LT

9 LT

1x103 1x105 1x107

Densidade (cm-3)

80120160200240280320360400

Alti

tude

(km

) 11 LT

1x103 1x105 1x107

Densidade (cm-3)

80120160200240280320360400

Alti

tude

(km

)

1x103 1x105 1x107

Densidade (cm-3)

120160200240280320360400

Alti

tude

(km

)10 LT

16 LT

18 LT

1x103 1x105 1x107

Densidade (cm-3)

80120160200240280320360400

Alti

tude

(km

) 12 LT

1x103 1x105 1x107

Densidade (cm-3)

80120160200240280320360400

Alti

tude

(km

) 14 LT

FIGURA 4.4- Perfis verticais de densidade eletrônica experimentais (curvas pretas) e

teóricos (curvas azuis) obtidos para os cinco dias do mês de março de

2001 relacionados na Tabela 4.2 (Alta atividade solar).

Page 87: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

85

A exemplo dos resultados obtidos para o mês de novembro, os cálculos do SUPIM-E

apresentados nas Figuras 4.3 e 4.4 também mostraram os picos de densidade da região E

bem definidos em todos os horários de ambos os períodos de atividade solar. Além

disso, a melhor concordância entre os resultados teóricos e experimentais, de um modo

geral, também ocorreu no período de atividade solar baixa como no mês de novembro.

Entre 18h e 4h dessas Figuras não existem registros experimentais da região E em

ambos os períodos de atividade solar. Algumas discrepâncias entre os perfis calculados

e os experimentais são notadas para a região F neste período. Ou seja, o modelo

SUPIM-E está subestimando a distribuição vertical da densidade eletrônica na região F.

Trabalhos publicados por Souza (1997) e Souza et al. (2000a, b) utilizando o modelo

SUPIM mostram que tais discrepâncias são causadas pelos ventos inadequados gerados

pelo modelo HWM90. Imprecisões nos ventos modelados pelo HWM90 também foram

apontadas por Titheridge (1995), o qual destaca que a situação é mais grave para o

hemisfério sul devido à ausência de dados para o desenvolvimento da modelagem

empírica do HWM90.

Com o propósito de exemplificar a afirmativa de que os resultados obtidos para a região

F pelo SUPIM utilizado por Souza et al. (2000a,b) estão praticamente inalterados em

relação àqueles obtidos pelo SUPIM-E, a FIGURA 4.5 apresenta perfis verticais de

densidade eletrônica obtidos por ambas as versões e por dados experimentais para o dia

6/3/1996.

Page 88: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

86

1x103 1x105 1x107

Densidade (cm-3)

80120160200240280320360400

Alti

tude

(km

)

1x103 1x105 1x107

Densidade (cm-3)

80120160200240280320360400

Alti

tude

(km

)

1x103 1x105 1x107

Densidade (cm-3)

80120160200240280320360400

Alti

tude

(km

)

1x103 1x105 1x107

Densidade (cm-3)

80120160200240280320360400

Alti

tude

(km

)

1x103 1x105 1x107

Densidade (cm-3)

80120160200240280320360400

Alti

tude

(km

)

0 LT21 LT 4 LT

9 LT

1x103 1x105 1x107

Densidade (cm-3)

80120160200240280320360400

Alti

tude

(km

) 11 LT

1x103 1x105 1x107

Densidade (cm-3)

80120160200240280320360400

Alti

tude

(km

)

1x103 1x105 1x107

Densidade (cm-3)

80120160200240280320360400

Alti

tude

(km

)10 LT

16 LT

18 LT

1x103 1x105 1x107

Densidade (cm-3)

80120160200240280320360400

Alti

tude

(km

) 12 LT

1x103 1x105 1x107

Densidade (cm-3)

80120160200240280320360400

Alti

tude

(km

) 14 LT

FIGURA 4.5- Perfis verticais de densidade eletrônica obtidos experimentalmente

(curvas pretas), pelo SUPIM-E (curvas azuis) e pelo SUPIM (curvas

vermelhas) para as regiões E e F nos tempos locais de 0h, 4h, 9h, 10h,

11h, 12h, 14h, 16h, 18h e 21h do dia 6/3/1996.

Page 89: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

87

Além da Figura 4.5 exemplificar nitidamente a concordância entre os resultados do

SUPIM e do SUPIM-E para a região F em todos os tempos locais, nos períodos diurnos

e noturnos, esta Figura também permite observar a contribuição do desenvolvimento do

SUPIM-E nas altitudes abaixo de aproximadamente 130 km, as quais não são atingidas

pelos cálculos do SUPIM.

4.2 Comparação de Perfis de Freqüência Crítica da Região E

Com a finalidade de estudar de forma mais detalhada os resultados calculados pelo

SUPIM-E para a região E iniciou-se uma segunda análise na qual as freqüências críticas

da região E (f0E) calculadas pelo SUPIM-E foram comparadas àquelas registradas

experimentalmente.

A FIGURA 4.6 apresenta os resultados obtidos nas análises comparativas de f0E para o

mês de novembro durante os períodos de atividade solar baixa (1996) e alta (2001).

Page 90: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

88

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24Hora Local

0

1

2

3

4

5

6

foE

(MH

z)

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24Hora Local

0

1

2

3

4

5

6

foE

(MH

z)

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24Hora Local

0

1

2

3

4

5

6

foE

(MH

z)

23/11/2001

24/11/2001

25/11/2001

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24Hora Local

0

1

2

3

4

5

6

foE

(MH

z)11/11/1996

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24Hora Local

0

1

2

3

4

5

6

foE

(MH

z)

16/11/1996

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24Hora Local

0

1

2

3

4

5

6

foE

(MH

z)

26/11/1996

FIGURA 4.6- Perfis de f0E teóricos (triângulos vazados) e experimentais (triângulos

cheios) em função da hora local, para o mês de novembro do período de

atividade solar baixa (1996) e alta (2001).

É sabido que os perfis de freqüência crítica da região E em função da hora local

caracterizam-se por exibirem uma forma semelhante ao da letra grega Omega, com

valores de f0E mínimos entre os tempos locais de 20h e 4h e valores máximos em torno

de 12h. Na Figura 4.6 os resultados teóricos além de apresentarem a forma da letra

grega Omega, mostram boa concordância com os dados experimentais, apesar de

estarem ligeiramente subestimados durante o período de atividade solar baixa.

Na FIGURA 4.7 são apresentados os resultados das análises comparativas de f0E para o

mês de março durante os períodos de atividade solar baixa (1996) e alta (2001). Nestes

Page 91: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

89

casos, tem-se resultados para dez dias de estudo e todos eles apresentam excelente

concordância com os dados.

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24Hora Local

0123456

foE

(MH

z)

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24Hora Local

0123456

foE

(MH

z)

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24Hora Local

0123456

foE

(MH

z)

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24Hora Local

0123456

foE

(MH

z)

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24Hora Local

0123456

foE

(MH

z)

2/3/1996

3/3/1996

6/3/1996

7/3/1996

8/3/1996

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24Hora Local

0123456

foE

(MH

z)

9/3/2001

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24Hora Local

0123456

foE

(MH

z)

10/3/2001

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24Hora Local

0123456

foE

(MH

z)

11/3/2001

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24Hora Local

0123456

foE

(MH

z)

13/3/2001

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24Hora Local

0123456

foE

(MH

z)

14/3/2001

FIGURA 4.7- Perfis de f0E teóricos (triângulos vazados) e experimentais (triângulos

cheios) em função da hora local para o mês de março do período de

atividade solar baixa (1996) e alta (2001).

Page 92: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

90

A maioria dos modelos teóricos para a região E ionosférica ignora o termo de transporte

em seus códigos. Por este motivo, decidiu-se avaliar, através do SUPIM-E, o quanto as

contribuições dos ventos neutros e da deriva vertical são importantes para a região E.

Visando tal objetivo, executou-se o SUPIM-E considerando nulos os valores dos ventos

neutros e das derivas verticais, os quais são entradas paramétricas do SUPIM-E.

Os resultados obtidos para os perfis de f0E sob a condição deriva e ventos nulos estão

apresentados nas FIGURAS 4.8 e 4.9 para os meses de novembro e março,

respectivamente, durantes os períodos de baixa e alta atividade solar.

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24Hora Local

0

1

2

3

4

5

6

foE

(MH

z)

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24Hora Local

0

1

2

3

4

5

6

foE

(MH

z)

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24Hora Local

0

1

2

3

4

5

6

foE

(MH

z)23/11/2001

24/11/2001

25/11/2001

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24Hora Local

0

1

2

3

4

5

6

foE

(MH

z)

11/11/1996

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24Hora Local

0

1

2

3

4

5

6

foE

(MH

z)

16/11/1996

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24Hora Local

0

1

2

3

4

5

6

foE

(MH

z)

26/11/1996

FIGURA 4.8- Perfis de f0E experimentais (triângulos cheios) e teóricos obtidos

considerando-se os termos de vento e deriva nulos (triângulos vazados)

em função da hora local para os meses de novembro dos períodos de

atividade solar baixa (1996) e alta (2001).

Page 93: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

91

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24Hora Local

0123456

foE

(MH

z)

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24Hora Local

0123456

foE

(MH

z)

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24Hora Local

0123456

foE

(MH

z)

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24Hora Local

0123456

foE

(MH

z)

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24Hora Local

0123456

foE

(MH

z)2/3/1996

3/3/1996

6/3/1996

7/3/1996

8/3/1996

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24Hora Local

0123456

foE

(MH

z)

9/3/2001

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24Hora Local

0123456

foE

(MH

z)

10/3/2001

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24Hora Local

0123456

foE

(MH

z)11/3/2001

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24Hora Local

0123456

foE

(MH

z)

13/3/2001

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24Hora Local

0123456

foE

(MH

z)

14/3/2001

FIGURA 4.9- Perfis de f0E experimentais (triângulos cheios) e teóricos obtidos

considerando-se os termos de vento e deriva nulos (triângulos vazados)

em função da hora local para os meses de março dos períodos de

atividade solar baixa (1996) e alta (2001).

Page 94: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

92

Em todos os perfis apresentados nas Figuras 4.8 e 4.9 a modelagem da região E pelo

SUPIM-E resultou em um comportamento suave e sem flutuações nos valores de f0E.

Também se pode perceber que os resultados do SUPIM-E para o período de atividade

solar baixa, sob tais condições, apresentam valores subestimados em relação aos dados,

porém, com uma melhor concordância do que aqueles em que foram inclusos ventos e

derivas. Contudo, durante o período de alta atividade solar, quando os efeitos da deriva

vertical são mais efetivos, os resultados apresentam valores subestimados em relação

aos experimentais. Como conseqüência, pode-se afirmar que durante o período de alta

atividade solar, os resultados provenientes das simulações com vento e deriva

apresentam maior concordância com os dados experimentais do que os apresentados

nessas Figuras. Com o propósito de visualizar com maior nitidez esta afirmação, os

perfis verticais de densidade eletrônica da região E foram comparados aos respectivos

perfis experimentais para dois dias do período de atividade solar alta (FIGURA 4.10).

Na Figura 4.10 os perfis teóricos (considerando-se os termos de transporte e anulando-

os) e experimentais (quando disponíveis) para os dias 23/11/2001 e 9/3/2001 estão

apresentados para os tempos locais de 0h, 4h, 9h, 10h, 11h, 12h, 14h, 16h, 18h e 21h.

Page 95: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

93

90

100

110

120

130

140

Alti

tude

(km

)

9/3/2001 23/11/2001

90

100

110

120

130

140

Alti

tude

(km

)

9/3/2001 23/11/2001

90

100

110

120

130

Alti

tude

(km

)

90

100

110

120

130

Alti

tude

(km

)

90

100

110

120

130

Alti

tude

(km

)

90

100

110

120

130

Alti

tude

(km

)

1x103 1x104 1x105 1x106

Densidade (cm-3)1x103 1x104 1x105

Densidade (cm-3)

90

100

110

120

130

Alti

tude

(km

)

90

100

110

120

130A

ltitu

de (k

m)

90

100

110

120

130

Alti

tude

(km

)

1x103 1x104 1x105 1x106

Densidade (cm-3)1x103 1x104 1x105

Densidade (cm-3)

90

100

110

120

130

Alti

tude

(km

)

0 LT

4 LT

9 LT

10 LT

11 LT

12 LT

14 LT

16 LT

18 LT

21 LT

FIGURA 4.10- Perfis verticais de densidade eletrônica modelados sob condições de

deriva e vento nulos (linhas contínuas), considerando-se os termos de

deriva e ventos (linhas com cruzes) e obtidos experimentalmente

(linhas com círculos cheios) para os dias 9/3/2001 e 23/11/2001.

Page 96: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

94

A forma dos perfis apresentados na Figura 4.10 pelo SUPIM-E é bastante coerente com

aqueles apresentados pelos dados sob ambas às condições. Contudo, observa-se que os

valores teóricos de NmE são menores do que os experimentais em todos os tempos

locais sob condições de vento e deriva nulos (linhas contínuas), ao contrário do que

ocorre quando tais processos são considerados (linhas com cruzes). Tal situação pode

ser melhor visualizada na FIGURA 4.11, onde estão representados os módulos das

diferenças entre os perfis teóricos simulados considerando-se os termos de transporte

(linhas com cruzes) e anulando-os (linhas contínuas) em relação aos dados

experimentais.

10000 100000Módulo da diferença (calculado-registrado)

95

100

105

110

115

Alti

tude

(km

)

9 de março de 2001

10000 100000

23 de novembro de 2001

0.1 do Desvio Padrão

FIGURA 4.11- Perfis verticais do módulo da diferença entre os valores teóricos

modelados sob condições de deriva e vento nulos (linhas contínuas)e

considerando-se os termos de deriva e ventos (linhas com cruzes) em

relação aos dados obtidos experimentalmente para os dias 9/3/2001 e

23/11/2001.

Observando-se a Figura 4.11 é notória a melhor concordância entre os perfis modelados

e os dados quando se consideram os termos de vento e deriva. Deste modo, um

resultado significativo dessas análises é de que a inclusão dos processos de transporte na

modelagem da região E ionosférica é um fator fundamental para a precisão dos

Page 97: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

95

resultados obtidos para NmE. Isto é, enquanto modelos existentes atualmente realizam

ajustes que simplesmente aumentam os valores de NmE calculados em 10% e

multiplicam a radiação ionizante fornecida pelo modelo EUVAC nas faixas de

comprimentos de onda menores do que 150 Å por um fator de 3 (Titheridge 1997, 2000)

ou 4 (Titheridge, 2003a) com o propósito de tornar seus resultados próximos dos

experimentais, os resultados deste trabalho demonstram que a implementação dos

processos de transporte na modelagem da região E é uma das condições principais para

a obtenção de resultados mais precisos e realistas de NmE, principalmente durante o

período de alta atividade solar.

Devido à inexistência de dados experimentais da região E noturna para a estação de

Cachoeira Paulista, os resultados do SUPIM-E calculados sem os termos de vento e

deriva foram comparados com aqueles obtidos pelo modelo de baixa atmosfera de Brum

(2004), sob a condição de equilíbrio fotoquímico. As FIGURAS 4.12 e 4.13 apresentam

os perfis obtidos por ambos os modelos para as 0h nos meses de novembro e março,

respectivamente.

Page 98: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

96

1x100 1x101 1x102 1x103

70

80

90

100

110

120

130

140

altu

ra (k

m)

16 de novembro de 1996

1x100 1x101 1x102 1x103 1x104

23 de novembro de 2001

70

80

90

100

110

120

130

140SUPIM-EBrum, 2004

SUPIM-EBrum, 2004

densidade eletrônica (cm-3) FIGURA 4.12- Perfis teóricos de densidade eletrônica calculados às 0h pelo SUPIM-E e

pelo modelo de Brum (2004) durante o verão para a estação de

Cachoeira Paulista.

1x100 1x101 1x102 1x103

70

80

90

100

110

120

130

140

altu

ra (k

m)

07 de março de 1996

1x100 1x101 1x102 1x103 1x104

09 de março de 2001

70

80

90

100

110

120

130

140SUPIM-EBrum, 2004

SUPIM-EBrum, 2004

densidade eletrônica (cm-3)

FIGURA 4.13- Perfis teóricos de densidade eletrônica calculados às 0h pelo SUPIM-E e

pelo modelo de Brum (2004) durante o equinócio para a estação de

Cachoeira Paulista.

Page 99: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

97

Os resultados ilustrados nas Figuras 4.12 e 4.13 demonstram a excelente concordância

entre os modelos, principalmente no período de atividade solar alta. Também se observa

uma resposta às variações na atividade solar e na sazonalidade tanto no modelo de Brum

(2004) como no SUPIM-E.

Na Figura 4.12 os valores de NmE calculados por ambos os modelos apresentam uma

magnitude de 4,5x103 cm-3 durante a baixa atividade solar e atingem um valor de 7x103

cm-3 no período de atividade alta, numa altitude aproximada de 105 km. Por outro lado,

na Figura 4.13 observa-se um decréscimo no valor de NmE do período de atividade

solar baixa (5x103 cm-3) para a alta (4x103 cm-3) em ambos os modelos. Tal decréscimo

pode estar associado ao modelo de fotoionização noturna (Strobel et al., 1974) utilizado

em ambos os modelos.

Page 100: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região
Page 101: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

99

CAPÍTULO 5

INCLUSÃO DO CÁLCULO DAS VELOCIDADES DE DERIVAS ZONAIS DA

REGIÃO F IONOSFÉRICA NO MODELO SUPIM-E

O desenvolvimento do SUPIM-E e as análises comparativas entre os seus resultados

teóricos e os dados experimentais apresentados no Capítulo anterior permitem afirmar

que a meta geral proposta neste trabalho de desenvolver uma versão mais abrangente do

SUPIM, proporcionando aplicações inéditas para este modelo, foi cumprida com êxito.

A validação da modelagem da região E frente às condições distintas de atividade solar e

sazonalidade pelo SUPIM-E e a manutenção da confiabilidade dos resultados do

modelo original para a região F ionosférica são exemplos notórios desta afirmativa.

Neste Capítulo, apresenta-se uma nova etapa do desenvolvimento do SUPIM-E, a qual

consiste na implementação dos cálculos das derivas zonais do plasma da região F

equatorial ao código do SUPIM-E. Tais derivas, a exemplo das derivas verticais, são

devidas ao forte acoplamento entre as regiões E e F por meio das linhas do campo

geomagnético somado aos efeitos dos campos elétricos produzidos pelos dínamos destas

regiões. Conseqüentemente, constituem-se importantes parâmetros para a investigação

da fenomenologia e dos processos eletrodinâmicos do sistema termosfera-ionosfera

equatorial e de baixas latitudes.

Diante da indisponibilidade de dados experimentais de velocidades de derivas zonais do

plasma da região F para a localidade de Cachoeira Paulista, os resultados teóricos

obtidos pelo SUPIM-E foram primeiramente validados para a localidade de Jicamarca

(12°S, 77°O) e posteriormente utilizados nas análises para a região de Cachoeira

Paulista. Para essa validação, utilizou-se o primeiro modelo empírico de deriva

equatorial zonal desenvolvido por Fejer et al. (2005) a partir de dados obtidos pelo radar

de espalhamento incoerente de Jicamarca. Uma vez constatada a consistência dos

resultados, o SUPIM-E foi utilizado para o cálculo das velocidades de derivas zonais

Page 102: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

100

diurnas e noturnas da região F equatorial brasileira nos meses de novembro e março em

condições de atividade solar baixa e alta.

Finaliza-se este Capítulo com uma análise comparativa entre os resultados das derivas

zonais noturnas do plasma ambiente da região F calculadas pelo SUPIM-E e aquelas

obtidas experimentalmente por observações fotométricas da aeroluminescência do OI

630nm sobre Cachoeira Paulista nos meses de março e novembro em ambos os períodos

de atividade solar mencionados acima.

5.1 Cálculos das Velocidades Zonais pelo SUPIM-E

Devido ao forte acoplamento elétrico entre as regiões E e F ionosféricas, um dos

parâmetros essenciais para os cálculos das velocidades de derivas zonais do plasma da

região F equatorial é a condutividade integrada ao longo das linhas do campo

geomagnético que unem tais regiões. Para a implementação dessas velocidades ao

código do SUPIM-E, primeiramente o sistema de equações composto pela equação da

continuidade dependente do tempo, pela equação do equilíbrio de energia e pela

equação do movimento foi resolvido numericamente ao longo das linhas do campo

geomagnético a partir da altitude base de 90 km de um hemisfério até a mesma altitude

base no hemisfério conjugado e, em seguida, para cada ponto ao longo da linha de

campo onde a densidade eletrônica foi calculada as condutividades Pedersen (σP) e

Hall(σH) foram calculadas através das equações (Kelley, 1989):

2i

2i

ii7

1iip N

Bq

ωνωνσ

+∗

= ∑=

(5.1)

ω+ν

ω−=σ ∑

=2i

2i

2i

7

1iiH 1N

Bq (5.2)

onde Ni é a densidade de cada um dos sete íons; q é a carga eletrônica; νi=νin+νij, sendo

νin a frequência de colisão íon-neutro e νij a freqüência de colisão íon-íon; ωi é a giro-

frequência do íon e B o campo geomagnético.

Page 103: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

101

Posteriormente, tais condutividades foram integradas ao longo das linhas do campo

geomagnético a partir de um hemisfério até o seu ponto conjugado, considerando-se a

variação da dimensão do tubo de fluxo magnético, visto que para cada altitude associa-

se um determinado tubo.

A FIGURA 5.1 apresenta os perfis da condutividades integradas Pedersen (ΣP) e Hall

(ΣH) em função da hora local obtidas pelo SUPIM-E para os dias 2/3/1996 e 11/11/1996

(atividade solar baixa) e também para os dias 9/3/2001 e 23/11/2001 (atividade solar

alta).

0 4 8 12 16 20 24Hora Local

1

10

100

1000

Con

dutiv

idad

e (m

ho)

0 4 8 12 16 20 24Hora Local

1

10

100

1000

Con

dutiv

idad

e (m

ho)

ΣP

ΣΗ

ΣP

ΣΗ

0 4 8 12 16 20 24Hora Local

1

10

100

1000C

ondu

tivid

ade

(mho

)

0 4 8 12 16 20 24Hora Local

1

10

100

1000

Con

dutiv

idad

e (m

ho)

ΣP

ΣΗ

ΣP

ΣΗ

Atividade Solar MáximaMarço

Atividade Solar MínimaMarço

Atividade Solar MínimaNovembro

Atividade Solar MáximaNovembro

FIGURA 5.1- Perfis de ΣP e ΣH em função da hora local calculados pelo SUPIM-E para

Cachoeira Paulista nos dias 2/3/1996, 11/11/1996, 9/3/2001 e

23/11/2001.

Nessa Figura observa-se que, de um modo geral, os perfis de ΣP e ΣH obtidos pelo

SUPIM-E respondem às variações com a atividade solar e hora local. Próximo às 19h,

Page 104: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

102

para os períodos de atividade solar alta, observa-se o efeito da reversão da deriva

vertical da região F equatorial, identificado através de um vale no perfil de

condutividade, o qual é mais profundo na condutividade Pedersen. Além disso, os perfis

apresentam variações sazonais para uma mesma atividade solar, comprovando a

resposta do modelo em relação à sazonalidade.

Uma vez realizados os cálculos para as ΣP e ΣH, finalmente incorporou-se ao SUPIM-E

os cálculos das velocidades de derivas zonais da região F. Para isto, utilizou-se a

equação de Haerendel et al. (1992) dada por:

P

LL

P

HP JVUV

∑−

∑∑

−=ϕ ϕ (5.3)

onde Vϕ e VL são as velocidades de deriva zonal magnética e vertical do plasma,

respectivamente. JL é a densidade de corrente vertical integrada e ΣP e ΣH são as

condutividades Pedersen e Hall integradas ao longo das linhas do campo geomagnético.

UϕP é o vento neutro zonal ponderado em relação à condutividade Pedersen integrada, o

qual é dado pela equação:

∑ ∑+= ϕϕ

ϕP

EP

PEFP

PFP UU

U (5.4)

Os índices superiores E e F na Equação (5.4) referem-se a integração parcial ao longo

das linhas de campo através de cada uma das regiões E ou F ionosféricas. Nos cálculos

do SUPIM-E considerou-se o último termo da Equação (5.3) nulo, visto que é

considerado insignificante para quase todos os tempos locais (Eccles, 1998a).

Visto que as condutividades integradas ao longo das linhas do campo magnético já

foram inclusas no código do SUPIM-E e que o termo da deriva vertical é uma das

entradas paramétricas do modelo, a única pendência para os cálculos das velocidades

zonais é o vento neutro zonal ponderado em relação à condutividade Pedersen UϕP dado

pela Equação (5.4). Contudo, diante do fato de Vϕ ser uma deriva zonal magnética

perpendicular às linhas do campo geomagnético, as componentes meridionais e zonais

Page 105: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

103

geográficas do vento HWM90, utilizado como entrada paramétrica no SUPIM-E, foram

projetadas ao longo do eixo zonal magnético dessa região antes de realizados os

cálculos da Equação (5.4).

Compararam-se então, os resultados teóricos obtidos pelo SUPIM-E após a

implementação dos cálculos dessas velocidades com os obtidos pelo modelo empírico

de Fejer et al. (2005) para a localidade de Jicamarca nos dias 2/3/1996 e 11/11/1996

(atividade solar baixa) e para o dia 9/3/2001 (atividade solar alta). Os resultados obtidos

são apresentados nas FIGURAS 5.2 e 5.3 para os meses de março e novembro,

respectivamente. É importante mencionar que os resultados de derivas zonais

apresentados neste trabalho são representativos para a altitude de 300 km.

Page 106: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

104

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24

Hora Local

-100

-50

0

50

100

150

200Ve

loci

dade

(ms-1

)

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24

Hora Local

-100

-50

0

50

100

150

200

Velo

cida

de (m

s-1)

Baixa Atividade Solar Março

Alta Atividade SolarMarço

FIGURA 5.2- Perfis de velocidades de deriva zonal do plasma da região F (positivas

para leste) em função da hora local obtidos pelo SUPIM-E (curvas com

círculos) e pelo modelo de Fejer et al. (2005) (curvas com cruzes) para

Jicamarca durante equinócio de baixa e alta atividade solar.

Page 107: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

105

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24

Hora Local

-100

-50

0

50

100

150

200Ve

loci

dade

(ms-1

)

Baixa Atividade SolarNovembro

FIGURA 5.3- Perfis de velocidades de deriva zonal do plasma da região F (positivas

para leste) em função da hora local obtidos pelo SUPIM-E (curvas com

círculos) e pelo modelo de Fejer et al. (2005) (curvas com cruzes) para

Jicamarca durante verão de baixa atividade solar.

Nas Figuras 5.2 e 5.3 nota-se uma concordância muito boa entre os dois modelos em

ambos os meses e períodos de atividade solar. De fato, observa-se que, com a exceção

de pouquíssimos horários, todos os valores das derivas zonais modelados pelo SUPIM-

E coincidem com aqueles obtidos pelo modelo empírico de Fejer et al. (2005) ou

possuem valores dentro da barra de erros deste modelo, a qual representa o desvio

padrão sobre os seus resultados.

A partir desses resultados, pode-se concluir que a implementação dos cálculos das

derivas zonais no SUPIM-E foi realizada com êxito e que seus resultados são bastantes

precisos e confiáveis.

Page 108: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

106

5.2 Resultados e Discussões dos Cálculos das Velocidades Zonais pelo SUPIM-E

para Cachoeira Paulista

Uma vez validados os cálculos do SUPIM-E para as derivas zonais diurnas e noturnas

da região F equatorial, simulações foram realizadas para os dias relacionados nas

Tabelas 4.1 e 4.2. Os resultados obtidos são apresentados nas FIGURAS 5.4 e 5.5 para

os meses de março e novembro, respectivamente, para períodos de atividade solar baixa

e alta.

Page 109: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

107

-100

0

100

200

Velo

cida

de (m

s-1)

-100

0

100

Velo

cida

de (m

s-1)

-100

0

100

Velo

cida

de (m

s-1)

-100

0

100

Velo

cida

de (m

s-1)

0 4 8 12 16 20 24Hora Local

-100

0

100

Velo

cida

de (m

s-1)

02/03/1996

03/03/1996

06/03/1996

07/03/1996

08/03/1996

-100

0

100

200

Velo

cida

de (m

s-1) 09/03/2001

-100

0

100

Velo

cida

de (m

s-1) 10/03/2001

-100

0

100

Velo

cida

de (m

s-1) 11/03/2001

-100

0

100

Velo

cida

de (m

s-1) 13/03/2001

0 4 8 12 16 20 24Hora Local

-100

0

100

Velo

cida

de (m

s-1) 14/03/2001

FIGURA 5.4- Variação temporal das velocidades de derivas zonais (Vϕ) (curvas com

símbolos cheios) e de ventos neutros zonais ponderados (UPϕ) (curvas

com símbolos vazados) para cada um dos dias do mês de março

relacionados nas Tabelas 4.2 e 4.3. As velocidades são positivas para

leste.

Page 110: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

108

-100

0

100

200Ve

loci

dade

(ms-1

)

-100

0

100

Velo

cida

de (m

s-1)

0 4 8 12 16 20 24Hora Local

-100

0

100

Velo

cida

de (m

s-1)

11/11/1996

16/11/1996

26/11/1996

-100

0

100

200

Velo

cida

de (m

s-1) 23/11/2001

-100

0

100

Velo

cida

de (m

s-1) 24/11/2001

0 4 8 12 16 20 24Hora Local

-100

0

100

Velo

cida

de (m

s-1) 11/03/2001

FIGURA 5.5- Variação temporal das velocidades de derivas zonais (Vϕ) (curvas com

símbolos cheios) e de ventos neutros zonais ponderados (UPϕ) (curvas

com símbolos vazados) para cada um dos dias do mês de novembro

relacionados nas Tabelas 4.2 e 4.3. As velocidades são positivas para

leste.

As variações temporais das derivas zonais apresentadas nas Figuras 5.4 e 5.5

apresentam um comportamento bastante coerente com o esperado, respondendo às

variações com a hora local, atividade solar e sazonalidade como descrito abaixo.

Durante o período de atividade solar baixa as maiores velocidades foram obtidas em

torno das 21h com valores médios de 136 ms-1 no mês de março e de 128 ms-1 no mês

de novembro. No período de atividade solar alta, esses valores médios foram de 179,2

ms-1 no mês de março e de 167 ms-1 no mês de novembro. Tanto os valores como o

Page 111: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

109

tempo local em que tais velocidades atingem os seus máximos estão consistentes com

aqueles descritos na literatura (Fejer et al., 1981; 1985; 1991).

Uma característica notória dos perfis de velocidade de derivas zonais no período de

atividade solar alta em ambos os meses de março e novembro é a presença de uma

descontinuidade por volta de 19h, que também é observada nos perfis dos ventos

neutros ponderados zonais, embora de uma forma menos intensa e após uma pequena

defasagem de tempo. Tais descontinuidades estão associadas ao pico pré-reversão da

deriva vertical do plasma da região F equatorial, o qual também afeta indiretamente a

condutividade Pedersen integrada ao longo da linha de campo, como observado na

Figura 5.1.

Analisando-se a Equação (5.3) nota-se a dependência das velocidades zonais em relação

ao termo que inclui a deriva vertical. Deste modo, somando-se o aumento súbito dessa

deriva em torno das 19h e o conseqüente decréscimo acentuado de ΣP, o movimento

zonal do plasma apresenta uma desaceleração devido ao sinal negativo do segundo

termo da Equação (5.3). Visto que o vento neutro zonal ponderado à condutividade

Perdesen não tem dependência direta com a velocidade vertical, o efeito do pico pré-

reversão será notado algum tempo depois em função das conseqüências sobre a

distribuição da densidade eletrônica.

Aproveitando tal discussão, ressalta-se que vários trabalhos relacionados às velocidades

de derivas zonais (Haerendel et al., 1992; Eccles, 1998a, entre outros) têm desprezado o

segundo termo da Equação (5.3) sob a alegação de que tal termo é desprezível em

relação ao primeiro e têm considerado que o plasma da região F deriva zonalmente com

uma velocidade igual a do vento UPϕ. Contudo, observando-se os resultados

apresentados nas Figuras 5.4 e 5.5 novamente percebe-se nitidamente que tal suposição

não é correta. Ou seja, o segundo termo da Equação (5.3) influencia diretamente o

comportamento das velocidades de derivas zonais: quando a deriva vertical é positiva

no período diurno, a magnitude das derivas zonais é superior ao do vento UPϕ devido à

subtração do termo da deriva vertical na Equação (5.3); quando a deriva vertical reverte

e torna-se negativa no período noturno, as magnitudes das derivas zonais são maiores do

Page 112: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

110

que a do vento UPϕ, visto que os primeiros e segundos termos da Equação (5.3) são

somados. É importante destacar que durante o período de atividade solar baixa os

efeitos do segundo termo da Equação (5.3) sobre as velocidades de derivas zonais são

menores devido à menor intensidade da deriva vertical, principalmente no horário do

pico pré-reversão.

5.3 Análises Comparativas Entre as Velocidades de Derivas Zonais Calculadas

pelo SUPIM-E e Aquelas Obtidas por Dados Fotométricos na Presença de

Bolhas de Plasma

Nesta Seção, velocidades de derivas zonais noturnas do plasma ambiente calculadas

pelo SUPIM-E sobre Cachoeira Paulista para condições de equinócio e verão para os

períodos de alta e baixa atividade solar são comparadas às velocidades zonais médias de

bolhas de plasma obtidas experimentalmente através de observações fotométricas da

aeroluminescência do OI 630 nm na mesma localidade.

Para o cálculo das velocidades médias das bolhas de plasma foram utilizados cinco dias

de dados para cada um dos períodos analisados: equinócio/ atividade solar alta,

equinócio/ atividade solar baixa, verão/ atividade solar alta e verão/ atividade solar

baixa. A TABELA 5.1 apresenta a relação desses dias com dados e os seus respectivos

fluxos solares F10,7 cm escolhidos para essa análise.

Page 113: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

111

TABELA 5.1- Relação dos dias de registros de dados de velocidades de derivas zonais

das bolhas de plasma em Cachoeira Paulista.

Equinócio/Atividade Solar Alta F10,7 cm

13/3/1980 138,6 23/3/1988 117,6 10/3/1981 202,9 21/3/1980 162,1 14/3/1988 107,8

Verão/Atividade Solar Alta F10,7 cm 15/11/1980 198,0 26/11/1989 216,0 14/11/1990 181,5 16/11/1990 207,3 30/11/1992 136,0

Equinócio/Atividade Solar Baixa F10,7 cm 23/3/1985 75,9 31/3/1987 74,6 25/3/1987 75,9 21/3/1985 74,2 26/3/1987 75,7

Verão/Atividade Solar Baixa F10,7 cm 18/11/1987 96,8 19/11/1987 100,0 29/11/1984 72,2 3/11/1986 84,1

Nas FIGURAS 5.6 e 5.7 apresentam-se as análises supramencionadas para o equinócio

e verão, respectivamente, em ambos os períodos de atividade solar. Tais análises foram

realizadas no período de 18h às 6h.

Page 114: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

112

Hora Local

-20

20

60

100

140

180

220Ve

loci

dade

(ms-1

)

Hora Local

-20

20

60

100

140

180

220

Velo

cida

de (m

s-1)

18 20 22 24 2 4 6

18 20 22 24 2 4 6

Baixa Atividade SolarEquinócio

Alta Atividade SolarEquinócio

FIGURA 5.6- Perfis teóricos de derivas zonais do plasma ambiente calculados pelo

SUPIM-E (curvas pretas com círculos) e experimentais obtidos por

registros fotométricos do OI 630 nm (curvas cinzas com cruzes) para o

equinócio de atividade solar baixa e alta.

Page 115: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

113

Hora Local

-20

20

60

100

140

180

220Ve

loci

dade

(ms-1

)

Hora Local

-20

20

60

100

140

180

220

Velo

cida

de (m

s-1)

18 20 22 24 2 4 6

18 20 22 24 2 4 6

Baixa Atividade Solar Verão

Alta Atividade Solar Verão

FIGURA 5.7- Perfis teóricos de derivas zonais do plasma ambiente calculados pelo

SUPIM-E (curvas pretas com círculos) e experimentais obtidos por

registros fotométricos do OI 630 nm (curvas cinzas com cruzes) para o

verão atividade baixa e alta.

Nas Figuras 5.6 e 5.7 nota-se que a melhor correlação entre tais velocidades é observada

no período entre 20h e 23h, quando ambas tendem a apresentar um pico nos seus

valores, com exceção para o equinócio de atividade solar alta.

Page 116: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

114

Em torno da meia-noite observam-se as maiores discrepâncias entre ambas as

velocidades, visto que as derivas zonais das bolhas de plasma tendem a apresentar um

pico, enquanto as do plasma ambiente decrescem.

Após a meia-noite ambas as derivas apresentam um comportamento descrescente. No

entanto, as velocidades das bolhas são maiores do que as velocidades do plasma

ambiente.

Diante desses resultados, pode-se concluir que de um modo geral, há evidências de que

as velocidades zonais do plasma ambiente e das bolhas de plasma não apresentam o

mesmo comportamento, conforme também mencionado em alguns trabalhos (Fejer,

1997). Além disso, a consideração feita nesses trabalhos de que as velocidades de

derivas zonais das bolhas bem desenvolvidas são fortemente acopladas às derivas zonais

do plasma ambiente, ao contrário daquelas da fase inicial de desenvolvimento das

bolhas, é justamente o oposto do comportamento observado nos resultados deste

Trabalho. No entanto, estudos adicionais e com uma maior amostragem de dados são

necessários para que conclusões mais precisas sejam obtidas entre a relação de tais

velocidades de derivas zonais.

Page 117: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

115

CAPÍTULO 6

CONCLUSÕES

A busca de um melhor entendimento dos processos eletrodinâmicos e da fenomenologia

peculiar do sistema termosfera-ionosfera equatorial e de baixas latitudes acentua a

necessidade de um modelo ionosférico complexo e abrangente, o qual reproduza com

precisão e confiabilidade as características deste sistema.

Visando contribuir de forma inédita para o entendimento dos processos

supramencionados, propôs-se como objetivo principal deste Trabalho desenvolver uma

nova versão para o modelo SUPIM, a qual incluísse no seu código os cálculos para a

simulação da região E ionosférica e para as velocidades de derivas zonais do plasma da

região F, ampliando deste modo, as perspectivas das aplicações deste importante

modelo ionosférico. A nova versão do SUPIM desenvolvida neste trabalho foi

denominada de SUPIM-E.

As inovações no código do SUPIM-E em relação ao modelo original podem ser

resumidas como se segue:

∴ a definição das altitudes bases dos cálculos em 90 km, fato que possibilitou a

implementação da região E ao seu código e que possibilita simulações mais

realistas e complexas considerando o acoplamento elétrico entre esta região e a

F por meio das linhas do campo geomagnético;

∴ a implementação interativa do modelo de fluxo solar SOLAR2000 que além de

viabilizar a simulação dos processos de fotoionização que conduzem à

formação da região E diurna, proporciona uma nova perspectiva para a

utilização do SUPIM-E em estudos ionosféricos, possibilitando a realização de

estudos comparativos entre as eficiências do SOLAR2000 e do EUVAC em

simulações da região F ionosférica;

Page 118: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

116

∴ a adição de novas bandas de comprimento de ondas ionizantes nas faixas de

18,6-29,5 Å, 30,0-49,2 Å e em 1216 Å e as respectivas seções transversais de

fotoionização e de fotoabsorção para os constituintes neutros O, N2, O2 e NO;

∴ a implementação do modelo de ionização noturna de Strobel et al. (1974) para

a região E ionosférica;

∴ a inclusão de 18 novas reações químicas baseadas no modelo SAMI2 de Huba

et al. (2000);

∴ a adição do íon N+ e os seus respectivos processos de transporte, produção

(química e por fotoionização) e de perda química;

∴ a implementação interativa dos modelos de Mitra (1968), Barth et al. (1996) e

Titheridge (1997) para a concentração do constituinte neutro NO. Ressalta-se

que embora para a região de Cachoeria Paulista os melhores resultados para a

modelagem da região E tenham sido obtidos com o uso do modelo de Mitra

(1968), a possibilidade do usuário avaliar qual o modelo mais adequado a ser

utilizado em suas simulações é uma importante contribuição dessa

implementação;

∴ a inclusão dos cálculos das velocidades de derivas zonais do plasma ambiente

da região F ionosférica;

Análises comparativas entre os resultados teóricos do SUPIM-E e dados de digissonda

para a região E ionosférica demonstraram que a implementação dos processos de

transporte na modelagem da região E é uma das condições principais para a obtenção de

resultados precisos e realistas desta região. Esta é uma conclusão bastante significativa

deste trabalho, visto que a maioria dos modelos existentes na literatura realiza ajustes

que simplesmente aumentam os valores dos picos de densidade da região E em 10%

e/ou multiplicam a radiação ionizante nas faixas de comprimentos de onda menores do

que 150 Å por um fator de 3 ou 4 com o propósito de tornar seus resultados iguais aos

experimentais.

Page 119: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

117

Resultados teóricos de velocidade zonal do plasma obtidos usando o SUPIM-E foram

validados com sucesso para a localidade de Jicamarca (12°S, 77°O) para períodos de

alta e baixa atividade solar. Para isto utilizou-se o primeiro modelo empírico de deriva

equatorial zonal desenvolvido por Fejer et al. (2005) a partir de dados obtidos pelo radar

de espalhamento incoerente de Jicamarca.

As análises realizadas a partir das variações temporais das velocidades de derivas zonais

do plasma da região F calculadas pelo SUPIM-E conduziram a conclusão de que o

termo relacionado à deriva vertical na equação para a obtenção da velocidade zonal

influencia diretamente o comportamento de tais velocidades em todos os tempos locais,

principalmente em períodos de alta atividade solar. Ou seja, neste trabalho constatou-se

que a suposição utilizada em vários trabalhos existentes de que a velocidade de deriva

zonal do plasma da região F noturna pode ser considerada igual àquela do vento neutro

zonal ponderado em relação à condutividade Pedersen integrada, pode não ser realista.

A partir de comparações entre velocidades de derivas zonais teóricas do plasma

ambiente e velocidades experimentais de derivas zonais das bolhas de plasma sobre a

região de Cachoeira Paulista durante o verão e o equinócio, observou-se evidências de

que tais velocidades não apresentam o mesmo comportamento, tanto para o período de

atividade solar baixa quanto alta. Outro fator importante observado foi de que, ao

contrário do que tem sido suposto em vários trabalhos, as velocidades de derivas zonais

das bolhas em fase inicial de desenvolvimento apresentam-se mais acopladas às derivas

zonais do plasma ambiente do que aquelas bem desenvolvidas. Embora estudos

adicionais e com uma maior amostragem de dados sejam necessários para que

conclusões mais precisas sejam obtidas entre a relação das velocidades de derivas

zonais noturnas da região F na presença ou não das bolhas de plasma, as evidências

apontadas neste trabalho são um forte indício de que tais velocidades não são tão

fortemente acopladas como é suposto atualmente.

Finaliza-se este trabalho salientando-se que o objetivo proposto foi cumprido com êxito

e que o SUPIM-E em sua atual configuração é uma poderosa ferramenta para a análise

dos processos eletrodinâmicos que regem a ionosfera equatorial e de baixas latitudes.

Page 120: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

118

Esta conclusão é assegurada pela preocupação constante neste trabalho de validar os

resultados obtidos frente a condições distintas de atividade solar e sazonalidade. Dentre

os estudos inéditos que podem ser realizados utilizando-se o SUPIM-E pode-se citar:

estudos específicos para a região E ionosférica tais como sua variabilidade e

morfologia; a quantificação da influência de campos elétricos sobre tal região; a

associação da região E com a eletrodinâmica da ionosfera ao anoitecer; estudos das

contribuições das condutividades integradas das regiões E e F nos processos

eletrodinâmicos do sistema termosfera-ionosfera equatorial, entre outros.

Page 121: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

119

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Abdu, M. A.; Batista, I. S.; Sobral, J. H. A.; de Paula, E. R.; Kantor, I. J. Equatorial

ionospheric plasma bubble irregularity occurrence on zonal velocities under quiet and

disturbed conditions from polarimeter observations. Journal of Geophysical Research,

v.90, n. A10, p. 9921-9928, 1985.

Abdu, M. A.; Muralikrishna, P.; Batista, I. S.; Sobral, J. H. Rocket observations of

equatorial plasma bubbles over Natal, Brazil, using a high - frequency capacitance

probe. Journal of Geophysical Research, v.96, n. A5, p.7689-7695, 1991.

Abdu, M. A.; Batista, I. S.; Muralikrishna, P.; Sobral, J. H. A. Long term trends in

sporadic E layers and electric fields over Fortaleza, Brazil. Geophysical Research

Letters, v.23, n. 7, p. 757-760, 1996.

Abdu, M. A. Outstanding problems in the equatorial ionosphere-thermosphere

electrodynamics relevant to spread F. Journal of Atmospheric and Terrestrial

Physics, v.63, n. 9, p. 869-884, 2001.

Abdu, M. A.; Batista, I. S.; Takahashi, H.; MacDougall, J.; Sobral, J. H. A.; Medeiros,

A. F.; Trivedi, N. B. Magnetospheric disturbance induced equatorial plasma bubble

development and dynamics: A case study in Brazilian sector. Journal of Geophysical

Research, v.108, n. A12, p. SIA-14-1, 2003.

Aggson, T. L.; Maionard, N. C.; Herrero, F. A.; Maioer, H. G.; Brace, L. H.; Liebrecht,

M. C. Geomagnetic equatorial anomaly in the zonal plasma flow. Journal of

Geophysical Research, v.92, n. A1, p. 311-315, 1987.

Aikin, A. C.; Bumle, L. J. Rocket measurements of the E-region electron concentration

distribution in the vicinity of the geomagnetic equator. Journal of Geophysical

Research, v.73, n.5, p.1617, 1968.

Aikin, A. C; Goldberg, R. A. Metallic ions in the equatorial ionosphere. Journal of

Geophysical Research, v.78, n. 4, p. 734-745, 1973.

Page 122: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

120

Anderson, D. N.; Haerendel, G. The motion of depleted plasma regions in the

Equatorial Ionosphere. Journal of Geophysical Research, v.84, n. A8, p. 4251-4256,

1978.

Anderson, D. N.; Heelis, R. A.; McClure, J. P.V. Calculated nighttime plasma drift

velocities at low-latitudes and their solar cycle dependence. Annales de Geophysicae,

v.5 (A), n. 6, p. 435-442, 1987.

Anderson, D. N.; Forbes, J. M.; Codrescu, M. A fully analytic, low- and middle-latitude

ionospheric model. Journal of Geophysical Research, v.94, n. A2, p. 1520-1524,

1989.

Anderson, D. N.; Decker, D. T.; Valladares, C. E. Global Theoretical Ionospheric

Model (GTIM).In: Schunk.R (ed.). Solar-terrestrial energy programa -STEP:

handbook of ionospheric models. Logan: [ S.n], 1996, p. 295,

Bailey, G. J.; Sellek, R. A mathematical model of the Earth's plasmasphere and its

application in a study of He+ at L=3. Annales de Geophysicae, v.8, n. 3, p. 171-190,

1990.

Bailey, G. J. ; Sellek, R.; Rippeth, Y. A modelling study of the equatorial topside

ionosphere. Annales de Geophysicae, v. 11, p. 263-272, 1993.

Bailey, G. J.; Balan, N. A low-latitude ionosphere-plasmasphere model. Global

Theoretical Ionospheric Model (GTIM). In: Schunk , R. Solar-terrestrial energy

programa -STEP: handbook of ionospheric models. Logan: [ S.n], 1996, p. 295.

Bailey, G. J.; Balan, N.; Su, Y.Z. The Sheffield University Plasmasphere ionosphere

model – a review. Journal of Atmospheric and Solar-Terrestrial Physics, p. 1541-

1552, 1997.

Bailey, S. M.; Barth, C. A.; Solomon, S. C. A model of nitric oxide in the lower

thermosphere. Journal of Geophysical Research, v.107, n. A8, p. SIA 22-1, DOI

101029/2001JA000258, 2002.

Page 123: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

121

Balan, N.; Bailey, G. J. Equatorial plasma fountain and is effects: possibility of an

aditonal layer. Journal of Geophysical Research, v. 100, n. A11, p. 21421-21432,

1995.

Balan, N.; Bailey, G.J. Modelling studies of equatorial plasma fountain and equatorial

anomaly. Advances in Space Research, v. 18, n. 3, p. 107-116, 1996.

Balsley, B. B. Electric fields in the equatorial ionosphere: A review of techniques and

measurements. Journal of Atmospheric and Terrestrial Physics, v. 35, p. 1035-1044,

1973.

Banks, P.M.; Kockarts, F. Aeronomy-part A. New York: Academic Press, 1973, p. 193.

Barth, C. A.; Tobiska, W. K.; Siskind, D. E.; Cleary, D. D. Solar-terrestrial coupling-

Low –latitude thermospheric nitric oxide. Geophysical Research Letters, v.15, n.1, p.

92-94, 1988.

Barth, C. A.; Farmer, C. B.; Siskind, D. E.; Perich, J. P. ATMOS observations of nitric

oxide in the mesosphere and lower thermosphere. Journal of Geophysical Research,

v.101, n. D7, p. 12.489-12.494, 1996.

Barth, C. A.; Bailey, S. M.; Solomon, S. C. Solar-terrestrial coupling: Solar soft x-rays

and thermospheric nitric oxide. Geophysical Research Letters, v. 26, n. 9, p.1251-

1254, 1999.

Batista, I. S. Dínamo da região F equatorial: assimetrias sazonais e longitudinais no

setor americano. 1986. 169 p. (INPE-3760-TDI/206). Tese (Doutorado em Geofísica

Espacial) – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, São José dos Campos, 1986.

Basu, S.; Basu, S. A.; LaBelle, J.; Kudedi, E.; Fejer, B. G.; Kelley, M. C.; Whintney, H.

E. Gigahertz scintillations and spaced receiver drift measurements during project

Condor equatorial F region rocket campaign in Peru. Journal of Geophysical

Research, v. 91, n. A5, p.5526-5538, 1986.

Page 124: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

122

Bilitza, D. Empirical modeling of the ion composition in the middle and topside

ionosphere. Advances in Space Research, v. 10, n. 11, p. 47-56, 1990.

Blanc, M.; Richmond, A. D. The ionospheric disturbance dynamo. Journal of

Geophysical Research, v. 85, NA4, p. 1669, 1980.

Buonsanto, M. J. A study of the daytime E-F1 region ionosphere at mid-latitudes.

Journal of Geophysical Research, v. 95, n. A6, p. 7735-7747, 1990.

Buonsanto, M. J.; Solomon, S. C.; Tobiska, W. K. Comparison of measured and

modeled solar EUV flux and its effect on the E-F1 region ionosphere. Journal of

Geophysical Research, v. 97, n. A7, p. 10513-10524, 1992.

Brum, C. G. Variabilidade da absorção de ruído cósmico via riômetro e modelagam

numérica dos processos associados. 2004. Em Processo de Publicação. Trabalho

(Doutorado em Geofísica Espacial) - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, São

José dos Campos, 2004.

Carman, E. H. Equatorial depletions in the 630,0 nm airglow at Vanino. Planetary and

Space Science, v. 31, n. 3, p. 335-362, 1983.

Chen, W. M.; Harris, R. D. An ionospheric E-region nightime model. Journal of

Atmospheric and Terrestrial Physics, v. 33, p. 1193-1207, 1971.

Coley, W. R.; Heelis, R. A. Low-Latitude zonal and vertical ion drifts seen by DE2.

Journal of Geophysical Research, v. 94, n. A6, p. 6751-6761, 1989.

Crain, D. J.; Heelis, R. A.; Bailey, G. J.; Richmond, A. D. Low-Latitude plasma drifts

from a simulation of the global atmospheric dynamo. Journal of Geophysical

Research, v. 98, n. A4, p. 6039-6046, 1993.

Cummer, S. A.; Inan, U. S. Ionospheric E region remote sensing with ELF radio

atmospherics. Radio Science, v. 35, p. 1437-1443, 2000.

Page 125: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

123

de Paula, E. R. de; Souza, J. R.; Fejer, B. G.; Bailey, G. J.; Heelis, R. A. Longitudinal

ionospheric effects in the South Atlantic evening sector during solar maximum. Journal

of Geophysical Research, v. 107, n. A7, p. 101029, 2002.

Diloy, P. Y.; Robineau, A.; Lilensten, J.; Blelly, P. L.; Fontanari, J. A numerical model

of the ionosphere, incluing the E-region above EISCAT. Annales de Geophysicae, v.

14, p. 191-200, 1996.

Donahue, T. M. On the ionospheric conditions in the D region and lower E region,

Journal of Geophysical Research, v. 71, p. 2237, 1968.

Duhau, S.; de La Vega, M.; Azpiazu, M. C. Effect of the electron temperature in the

electron number density and dynamics of the equatorial E-region. Planetary and Space

Science, v. 35, n. 1, p. 1-9, 1987.

Eccles, J. V. A simple model of low-latitude electric fields. Journal of Geophysical

Research, v. 103, n. A11, p. 26699-26708, 1998a .

Eccles, J. V. Modeling investigation of the evening preversal enhancement of the zonal

electric field in the equatorial ionosphere. Journal of Geophysical Research, v. 103, n.

A11, p. 26709-26719, 1998b.

Farley, D. T.; Bonelli, E.; Fejer, B. G.; Larsen, M. F. The Prereversal Enhancement of

the zonal eletric field in the equatorial ionosphere. Journal of Geophysical Research,

v. 86, n. A12, p. 13723-13728, 1986.

Fejer, B. G. Low latitude electrodynamic plasma drifts- A review. Journal of

Atmospheric and Terrestrial Physicis, v. 53, p. 677-693, 1991.

Fejer, B. G. F region plasma drifts over Arecibo: solar cycle, seasonal, and magnetic

activity effects. Journal of Geophysical Research, v. 98, n. A8, p. 13645-13652, 1993.

Fejer, B. G. The electrodynamics of the low-latitude ionosphere: recent results and

future challenges. Journal of Atmospheric and Terrestrial Physics, v. 59, n. 13,

p.1462-1465, 1997.

Page 126: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

124

Fejer, B. G.; D. T., Farley; Gonzales, C. A.; Woodman, R. F.; Calderon, C. F region

east-west drifts at Jicamarca. Journal of Geophysical Research, v. 86, n. A1, p. 215-

218, 1981.

Fejer, B. G.; Kudeki, E.; Farley, D. T. Equatorial F region zonal plasma drifts. Journal

of Geophysical Research, v. 90, n. A12, p. 12249-12255, 1985.

Fejer, B. G.; Kelley, M. C.; Senior, C.; de La Beaujardiere, O.; Holt, J. A.; Tepley, C.

A.; Burniside, R.; Abdu, M. A.; Sobral, J. H. A.; Woodman, R. F.; Kamide, Y.;

Leeping, R. Low and mid-latitude ionospheric electric fields during the Janeiro 1984

GISMOS campaign. Journal of Geophysical Research, v. 95, n. A3, p. 2367-2377,

1990a.

Fejer, B. G.; Spiro, R. W.; Wolf, R. A.; Foster, J. C. Latitudinal variation of

perturbation electric fields during magnetically disturbed periods: 1986 SUNDIAL

observations and model results. Annales de Geophysicae, v. 8, n. 6, p. 441-454, 1990b.

Fejer, B. G.; de Paula, E. R.; Gonzalez, S. A.; Woodman, R. F. Average vertical and

zonal F-region plasma drifts over Jicamarca. Journal of Geophysical Research, v. 96,

p. 13901-13906, 1991.

Fejer, J. G., J. R. Souza, E. Costa, Climatology and storm time dependence of the

equatorial zonal drift, Journal of Geophysical Research, [submetido], 2005.

Ferguson, E. E.; Fehsenfeld, F. C.; Goldan, P. D.; Schmeltekopf, A. L. Positive ion-

neutral reactions in the ionosphere. Journal of Geohpysical Research, v. 70, p. 4323,

1965.

Fuller-Rowell, T. J.; Codrescu, M. V.; Rishbeth, H.; Moffett, R. J.; Quegan, S. On the

seasonal response of the thermosphere and ionosphere to geomagnetic storms. Journal

of Geophysical Research, v. 101, n. A2, p. 2343-2353, 1996.

Page 127: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

125

Gonzales, C. A.; Behnke, R. A.; Kelley, M. C.; Vickrey, J. F.; Wand, R.; Holt, J. On the

longitudinal variations of the ionospheric electric field during magnetospheric

disturbances. Journal of Geophysical Research, v. 88, p. 9135-9144, 1983.

Gupta, S. P. Features of lower ionosphere during day and night over magnetic equator.

Advances in Space Research, v. 25, n. 1, p. 53-63, 2000.

Haerendel, G.; Eccles, J. V. The role of the equatorial electrojet in the evening

ionosphere. Journal of Geophysical Research, v. 97, n. A2, p. 1181-1192, 1992.

Haerendel, G.; Eccles, J. V.; Cakir, S. Theory of modeling the equatorial evening

ionosphere and the origin of the shear in the horizontal plasma flow. Journal of

Geophysical Research, v. 97, n. A2, p. 1209-1223, 1992.

Hanson, W. B.; Moffett, R. J. Ionization transport effects in the equatorial F region.

Journal of Geophysical Research, v. 71, n. 23, p. 5559-5572, 1966.

Hanson, W. B.; Sanatani, S. Large Ni gradients below the equatorial F peak. Journal of

Geophysical Research, v. 78, n. 7, p. 1167-1973, 1973.

Hanson, W. B.; Cragin, B. L.; Dennis, A. The effect of vertical drift on the equatorial F-

region stability. Journal of Atmospheric and Terrestrial Physics, v. 48, p. 205, 1986.

Hedin, A. E. MSIS-86 thermospheric model. Journal of Geophysical Research, v. 92,

n. A5, p. 4649-4662, 1987.

Hedin, A. E.; Biondi, M. A.; Burnside, R. G.; Hernandez, G.; Johnson, R. M.; Killeen,

T. L.; Mazaudier, C.; Meriwether, J. W.; Salah, J. E.; Sica, R. J.; Smith, R. W.; Spencer,

N. W.; Wickwar, V. B.; Virdi, T. S. Revised global model of thermosphere winds using

satellite and ground-based observations. Journal of Geophysical Research, v. 96, n.

A5, p. 7657-7688, 1991.

Heelis, R. A.; Kendall, P. C.; Moffett R. J.; Windle D. W.; Rishbeth, H. Electrical

coupling of the E- and F- regions and its effect on F-region drifts and winds. Planetary

and Space Science, v. 22, p. 743-756, 1974.

Page 128: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

126

Heelis, R. A. Electrodynamics and plasma processes in the ionosphere. Reviews of

Geophysics, v. 25, n. 3, p. 419-431, 1987.

Holmes, J. C.; Johnson, C. V.; Young, J. M. Ionospheric chemistry. Space Research, v.

5, p. 756, 1965.

Huba, J. D.; Joyce, G.; Fedder, J. A. Sami2 is another model of the ionosphere

(SAMI2): A new low-latitude ionosphere model. Journal of Geophysical Research, v.

105, n. A10, p. 23035-23053, 2000.

Hysell, D. L.; Chau, J. L. Inferring E region electron density profiles at Jicamarca from

Faraday rotation of coherent scatter. Journal of Geophysical Research, v. 106, n. A12,

p. 30731-30380, 2001.

Ivanov-Kholodny, G. S.; Kazatchevskaya, T. V. Ionisation of the E-region by

precipitating electrons. Journal of Atmospheric and Terrestrial Physics, v. 33, p.

285-287, 1971.

Kelley, M. C. The Earth’s ionosphere. Ithaca-New York, Academic Press, 1989, p.

Kelley, M. C. Case estudies of coupling between the E and F regions during unstable

sporadic-E conditions. Journal of Geophysical Research, v. 108, n. A12, DOI:

10.129/2003JA009955, 2003.

Kendall, P. C. Geomagnetic control of diffusion in the F2-region of the ionosphere – I.

The form of the diffusion operator. Journal of Atmospheric and Terrestrial Physics,

v. 24, p. 805-811, 1962.

Keneshea, T. J.; Narcisi, R. S.;Swider, W. Jr. Diurnal model of the E region. Journal of

Geophysical Research, v.75, n.4, p. 845-854, 1970.

Kherani, E. A.; Raghavarao, R.; Sekar, R. Equatorial rising structure in nighttime upper

E-region: a manifestation of electrodynamical coupling of spread F. Journal of

Atmospheric and Solar-Terrestrial Physics, v. 64, p. 1505-1510, 2002.

Page 129: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

127

Kim, V. P.; Hegai, V. V. A modeling study of the nightime equatorial E region behavior

during magnetospheric substorms and storms. Journal of Geophysical Research, v.

107, n. A5, p. 1062-1067, 2002.

Maionard, N. C.; Aggson, T. L. Herrero, F. A.; Liebrecht, M. C. Average low-latitude

meridional electric fields from DE 2 during solar maximum. Journal of Geophysical

Research, v. 93, p. 4021, 1988.

Martinis, C.; Eccles, J. V.; Baumgardner, J.; Manzano, J.; Mendillo, M. Latitude

dependence of zonal plasma drifts obtained from dual-site airglow observations.

Journal of Geophysical Research, v. 108, n. A3, p. 1129-1139, 2003.

McClure, J. P.; Hanson, W. B.; Hoffman, J. H. Plasma bubbles and irregularities in the

equatorial ionosphere. Journal of Geophysical Research, v. 82, n. 19, p. 2650-2656,

1977.

Mendillo, M.; Baumgardner, J. Airglow characteristics of equatorial plasma depletions.

Journal of Geophysical Research, v. 87, n. A9, p. 7641-7652, 1982.

Millward, G. H.; Muller-Wodarg, I. C. F.; Aylward, A. D.; Fuller-Rowell, T. J.;

Richmond, A. D.; Moffett, R. J. An investigation into the influence of tidal forcing on F

region equatorial vertical ion drift using a global ionosphere-thermosphere model with

coupled electrodynamics. Journal of Geophysical Research, v. 106, n. A11, p. 24733-

24744, 2001.

Mitra, A. P. A review of D-region processes in non-polar latitudes. Journal of

Atmospheric and Terrestrial Physics, v. 30, p. 1065-1114, 1968.

Morse, F. A.; Rice, C. J. Mid-latitude E-region-An examination of the existence of a

corpuscular source. Journal of Geophysical Research, v. 81, p. 2795-2804, 1976.

Mosert, M.; Ezquer, R.; Jadur, C. On the critical frequency and height of the E layer

peak at noon. Advances in Space Research, v. 25, n. 1, p. 69-72, 2000.

Page 130: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

128

Nesterov, V. P. On the nightime E-region ionization. Journal of Atmospheric and

Terrestrial Physics, v. 36, p. 1753-1758, 1974.

Oran, E. S.; Coffey, T. P.; Strobel, D. F.; Young, T. R.; Anderson, D. V. A numerical

model of the mid-latitude ionosphere. Interin Report Naval Research Lab, 1974.

Ossakow, S. L.; Chaturvedi, P. K. Morphological studies of rise equatorial spread F

bubbles. Journal of Geophysical Research, v. 83, p. 2085, 1978.

Pandey, V. K.; Sethi, N. K.; Mahajan, K. K. Comparing IRI E-region peak height (hmE)

with incoherent scatter data. Advances in Space Research, v. 25, n. 1, p. 65-68, 2000.

Pimenta, A. A.; Bittencourt, J. A.; Fagundes, P. R.; Sahai, Y.; Buriti, R. A.; Takahashi,

H.; Taylor, M. J. Ionospheric plasma bubble zonal drifts over the tropical region: a

study using OI 630nm emission all-sky images. Journal of Atmospheric and Solar-

Terrestrial Physics, v. 65, p. 1117-1126, 2003.

Quegan, S.; Bailey, G. J.; Moffett, R. J. Diffusion coefficients for three major ions in

the topside ionosphere. Planetary and Space Science, v. 29, n. 8, p. 851-867, 1981.

Richards, P. G.; Fennelly, J. A.; Torr, D. G. EUVAC: A solar EUV flux model for

aeronomic calculations. Journal of Geophysical Research, v. 99, n. A5, p. 8981-8892,

1994.

Richards, P. G.; Torr, D. G. The field line interhemispheric plasma model. Global

Theoretical Ionospheric Model (GTIM). Solar-Terrestrial Energy Programa -STEP:

Handbook of Ionospheric Models, Logan, R. Shunk, 1996, 295p.

Richmond, A. D. Ionospheric wind Dynamo theory: a review. Journal of

Geomagnetism and Geoelectricity, v. 31, p. 287-310, 1979.

Rishbeth, H. The F-layer dynamo. Planetary and Space Science, v. 19, p. 263-267,

1971a.

Page 131: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

129

Rishbeth, H. Polarization fields produced by winds in the equatorial F region.

Planetary and Space Science, v. 19, p. 357-359, 1971b.

Rishbeth, H. Thermospheric winds and the F-region: a review. Journal of

Atmospheric and Terrestrial Physics, v. 34, p. 1-47, 1972.

Rishbeth, H. The equatorial F-layer: progress and puzzles. Annales de Geophysicae, v.

18, p. 730-739, 2000.

Russel, J. M.; Farmer, C. B.; Rinsland, C. P.; Zander, R.; Froidevaux, L.; Toon, G. C.;

Gao, B.; Shaw, J.; Gunson, M. Measurements of odd nitrogen compounds in the

stratosphere by the ATMOS experiment on Spacelab 3. Journal of Geophysical

Research, v. 93, p. 1718-1736, 1988.

Sahai, Y.; Bittencourt, J. A.; Teixeira, N. R.; Takahashi, H. Simultaneous observations

of OI 7774 Å and [OI] 6300 Å emissions and correlative study with ionospheric

parameters. Journal of Geophysical Research, v. 86, n. A5, p. 3657-3660, 1981.

Scherliess, L. A.; Fejer, B.G. Radar and satellite global equatorial F region vertical drift

model. Journal of Geophysical Research, v. 104, n. A4, p. 6829-6842, 1999.

Schunk, R. W. A mathematical model of the middle and high latitude ionosphere.

PAGEOPH, v. 127, n. 2/3, 1988.

Schunk, R. W.; Walker, J. C. G. Theoretical ion densities in the lower ionosphere.

Planetary and Space Science, v. 21, p. 1875-896, 1973.

Schunk, R. W.; Raitt, W. Atomic nitrogen and oxigen ions in the daytime high-latitude

F region. Journal of Geophysical Research, v. 85, n. A3, p. 1255-1272, 1980.

Schunk, R. W.; Sojka, J. J. USU model of the global ionosphere. Global Theoretical

Ionospheric Model (GTIM). Solar-Terrestrial Energy Programa -STEP: Handbook

of Ionospheric Models, Logan, R. Schunk, 1996, 295p.

Page 132: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

130

Schunk, R. W.; Nagy, A. F. Ionospheres: Physics, plasma physics and chemistry.

New York, Cambridge University Press, 2000.

Siskind, D. E.; Barth, C. A.; Cleary, D. D. The possible effect of solar soft X rays on

thermospheric nitric oxide. Journal of Geophysical Research, v. 95, p. 4311-4317,

1990.

Smith, L. G. A sequence of rocket observations of nightime sporadic-E. Journal of

Atmospheric and Terrestrial Physics, v. 32, p. 1247-1257, 1970.

Sobral, J. H. A.; Abdu, M. A.; Zamlutti, C. J.; Batista, I. S. Association between plasma

bubble irregularities and airglow disturbances over Brazilian low latitudes. Geophysical

Research Letters, v. 7, n. 11, p. 980-982, 1980a.

Sobral, J. H. A.; Abdu, M. A.; Batista, I. S. Airglow studies on the ionosphere dynamics

over low latitude in Brazil. Annales de Geophysicae, v. 36, n. 2, p. 199-204, 1980b.

Sobral, J. H. A.; Abdu, M.A.;Batista, I.S.; Zamlutti, C.J. Wave disturbances in the low

latitude ionosphere and equatorial ionospheric plasma depletions. Journal of

Geophysical Research, v. 86, n. A3, p.1374-1378, 1981.

Sobral, J. H. A.; Abdu, M. A.; Sahay, Y. Equatorial plasma bubble eastward velocity

characteristics from scanning airglow photometer measurements over Cachoeira

Paulista. Journal of Atmospheric and Terrestrial Physics, v. 47, n. 8-10, p. 895-900,

1985.

Sobral, J. H. A.; Abdu, M.A. Latitudinal gradient in the plasma bubble zonal velocities

as observed by scanning 630 nm airglow measurements. Journal of Geophysical

Research, v. 95, n. A6, p. 8253-8257, 1990.

Sobral, J. H. A.; Abdu, M.A. Solar activity effects on equatorial plasma bubble zonal

velocity and its latitude gradient as measured by airglow scanning photometers. Journal

of Atmospheric and Terrestrial Physics, v. 53, n. 8, p. 729-742, 1991.

Page 133: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

131

Souza, J.R. Modelagem ionosférica em baixas latitudes no Brasil. 1997, 127p.

(INPE-6395-TDI/611). Trabalho (Doutorado em Geofísica Espacial) - Instituto

Nacional de Pesquisas Espaciais, São José dos Campos. 1997.

Souza, J. R.; Abdu, M. A.; Batista, I. S. Determination of vertical plasma drift and

meridional wind using the Sheffield University Plasmasphere Ionosphere model and

ionospheric data at equatorial and low latitudes in Brazil: summer solar minimum and

maximum conditions. Journal of Geophysical Research, v. 105, n. A6, p. 12213-

12281, 2000a.

Souza, F. R.; Bailey, G. J.; Abdu, M. A.; Batista, I. S. Ionospheric modeling at low

latitudes over Brazil during summer solar minimum. Advances in Space Research, v.

25, n. 1, p. 133-138, 2000b.

Spiro, R. W.; Wolf, R. A. and Fejer, B. G. Penetration of high-latitude-electric-field

effects to low latitudes during SUNDIAL 1984. Annales de Geophysicae, v. 6, n. 1, p.

39-50, 1988.

Sterling, D. L.; Hanson, W. B.; Moffett, R. J.; Baxter, R. G. Influence of eletromagnetic

drifts and neutral air winds on some features of the F2 region. Radio Science, v. 4, n.

11, p. 1005-1023, 1969.

Strobel, D. F.; Young, T. R.; Meier, R. R.; Coffey, T. P.; Ali, A. W. The nightime

ionosphere: E region and lower F region. Journal of Geophysical Research, v. 79,

n.22, p. 3171-3178, 1974.

Strobel, D. F.; Opal, C. B.; Meier, R. R. Photoionization rates in the night-time E- and

F- region ionosphere. Planetary and Space and Science, v. 28, p. 1027-1033, 1980.

Su, Y. Z.; Bailey, . J.; Oyama, K. I.; Balan, N. A modelling study of the longitudinal

variations in the north-soutj asymmetries of the ionospheric equatorial anomaly.

Journal of Atmospheric and Solar-Terrestrial Physics, v. 59, n. 11, p. 1299-1310,

1997.

Page 134: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

132

Swider, W. E-region model parameters. Journal of Atmospheric and Terrestrial

Physics, v. 34, p. 1615, 1972.

Szuszczewicz, E. P.; Somgj, M.; Holmes, J. C. Satellite and rocket observations of

equatorial spread-F irregularities: a two-dimensional model. Journal of Atmospheric

and Terrestrial Physics, v. 43, n. 8, p. 779-784, 1981.

Takeda, M. e Yamada, Y. Simulation of ionospheric electric fields and geomagnetic

field variation by the ionospheric dynamo for different solar activity. Annales de

Geophysicae, v. 5A, n. 6, p. 429-434, 1987.

Taylor, M. J. E., J. V.; Labelle, J.; Sobral, J. H. A. High resolution OI (630 nm-P1)

image measurements of F region depletion drifts during the Guará campaign.

Geophysical Research Letters, v. 24, n. 13, p. 1699-1702, 1997.

Terra, P. M. Estudo das derivas zonais das irregularidades de plasma ionosférico na

região brasileira. 2000, 117 p. (INPE-8208-TDI/763). Dissertação (Mestrado em

Geofísica Espacial) – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, São José dos Campos,

2001.

Terra, P. M.; Sobral, J. H. A.; Abdu, M. A.; Souza, J. R.; Takahashi. Plasma bubble

zonal velocity variations with solar activity in the Brazilian region. Annales de

Geophysicae, v. 22, p. 3123-3128, 2004.

Tinsley, B. A. Field Aligned airglow observations of trans-equatorial bubbles in the

tropical F-region. Journal of Atmospheric and Terrestrial Physics, v. 44, n. 6, p.

547-557, 1982.

Titheridge, J. E. Aeronomical calculations of valley size in the ionosphere. Advances in

Space Research, v. 10, n. 8, p. 21-24, 1990.

Titheridge, J. E. Wind in the ionosphere-a review. Journal of Atmospheric and

Terrestrial Physics, v. 57, p. 1681-1714, 1995.

Page 135: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

133

Titheridge, J. E. Direct allowance for the effect of photoelectrons in ionospheric

modeling. Journal of Geophysical Research, v. 101, n. A1, p. 357-369, 1996.

Titheridge, J. E. Model results for the ionospheric E region: solar and seasonal changes.

Annales de Geophysicae, v. 15, p. 63-78, 1997.

Titheridge, J. E. Modelling the peak of ionopheric E-layer. Journal of Atmospheric

and Solar-Terrestrial Physics, v. 62, p. 93-114, 2000.

Titheridge, J. E. Production of the low-latitude night E layer. Journal of Geophysical

Research, v. 106, n. A7, p. 12781-12786, 2001.

Titheridge, J. E. Model results for the daytime ionospheric E and valley regions.

Journal of Atmospheric and Solar-Terristrial Physics, v. 65, n. 1, p. 129-137, 2003a.

Titheridge, J. E. Ionisation below the night F2 layer-a global model. Journal of

Atmospheric and Solar-Terrestrial Physics, v. 65, p. 1035-1052, 2003b.

Tobiska, W. K. Journal of Geophyscial Research, v. 98, p. 18879, 1993.

Tobiska, W. K.; Woods, T.; Eparvier, F.; Viereck, R.; Floyd, L.; Bouwer, D.; Rottman,

G.; White, O. R. T. The SOLAR2000 empirical solar irradiance model and forecast tool.

Journal of Atmospheric and Solar- Terrestrial Physics, v. 62, p. 1233-1250, 2000.

Torr, D. G.; Torr, M. R. Chemistry of the thermosphere and ionosphere. Journal of

Atmospheric and Terrestrial Physics, v. 41, p. 797-839, 1979.

Torr, M. R.; Torr., D. G. The role of metasable species in the thermosphere. Reviews

Geophysical Space Physics, v. 20, n. 1, p. 91-144, 1982.

Torr, M. R.; Torr, D. G. Ionization frequencies for solar cycle 21: revised. Journal of

Geophysical Research, v. 90, n. A7, p. 6675-6678, 1985.

Tsunoda, R. T. Time evolution and dynamics of equatorial backscatter plumes I.

Growth phase. Journal of Geophysical Research, v.86, n. A1, p. 139-149, 1981.

Page 136: ESTUDO DA DINÂMICA DO SISTEMA …mtc-m16.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1913/2005/04.28.13.11/doc/... · dínamo da região E e a linha azul inclui também o dínamo da região

134

Tsunoda, R. T.; Livingstone, R. C.; McClure, J. P.; Hanson, W. B. Equatorial plasma

bubbles: vertically elongated wedges from the bottomside F layer. Journal of

Geophysical Research, v. 87, n. A11, p. 9171-9180, 1982.

Valladares, C. E. and Sheehan R. The multi-instrumented studies of equatorial

thermosphere aeronomy scintillation system: Climatology of zonal drifts. Journal of

Geophysical Research, v. 101, n. A12, p. 26839-26850, 1996.

Weber, E. J. B., J; Eather, R.H.; Mendillo, S.B. North-south aligned equatorial airglow

depletions. Journal of Geophysical Research, v. 83, n. A2, p. 712-716, 1978.

Woodman, R. F. East-west ionospheric drifts at the magnetic equator. Space Research,

v. 12, p. 969, 1972.

Woodman, R. F.; LaHoz, C. Radar observations of F region equatorial irregularities.

Journal of Geophysical Research, v. 81, n. 31, p. 5447-5466, 1976.

Zhou, Q. H.; Sulzer, M. P.; Tepley, C. A. An analysis of tidal and planetary waves in

the neutral winds and temperature observed at low-latitude E region heights. Journal of

Geophysical Research, v. 102, n. A6, p. 11491-11505, 1999.