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Tese de Doutorado Estudo da degradação da vitamina E (-tocoferol) durante as etapas do refino do óleo de babaçu (Orbignya phalerata, Mart.): validação de um método DJAVANIA AZEVÊDO DA LUZ João Pessoa - PB - Brasil 2011 UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA NATUREZA DEPARTAMENTO DE QUÍMICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA

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  • Tese de Doutorado

    Estudo da degradao da vitamina E (-tocoferol)

    durante as etapas do refino do leo de babau (Orbignya phalerata, Mart.): validao de um mtodo

    DJAVANIA AZEVDO DA LUZ

    Joo Pessoa - PB - Brasil

    2011

    UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARABA

    CENTRO DE CINCIAS EXATAS E DA NATUREZA

    DEPARTAMENTO DE QUMICA

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM QUMICA

  • Tese de Doutorado

    Estudo da degradao da vitamina E (-tocoferol)

    durante as etapas do refino do leo de babau (Orbignya phalerata, Mart.): validao de um mtodo

    Djavania Azevdo da Luz

    Tese apresentada ao Programa de Ps-

    Graduao em Qumica da Universidade

    Federal da Paraba, em cumprimento s

    exigncias para a obteno do ttulo de

    Doutor em Qumica.

    Orientadores: Prof. Dr. Fernando Carvalho Silva

    Prof. Dr. Antonio Gouveia de Souza

    Joo Pessoa - PB - Brasil

    2011

    UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARABA

    CENTRO DE CINCIAS EXATAS E DA NATUREZA

    DEPARTAMENTO DE QUMICA

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM QUMICA

  • L979e Luz, Djavania Azevedo da. Estudo da degradao da vitamina E (-tocoferol) durante

    as etapas do refino do leo de babau (Orbignya phalerata, Mart.): validao de um mtodo / Djavania Azevedo da Luz.- Joo Pessoa, 2011.

    94f. : il. Orientadores: Fernando Carvalho Silva e Antonio Gouveia

    de Souza Tese (Doutorado) UFPB/CCEN

    1. Qumica. 2. leos vegetais. 3. Babau. 4. -tocoferol. 5. leo de babau refino. 6. CLAE. 7. FTIR.

    UFPB/BC CDU: 54(043)

  • kk

  • Deus

    Com grande amor,

    Dedico.

    Aos meus queridos pais Antonio e Joana,

    meus verdadeiros amigos, companheiros e

    grandes orientadores da vida.

  • AGRADECIMENTOS

    Agradeo, em primeiro lugar, a Deus, nosso Senhor, dono de

    toda sabedoria, pelos livramentos dos perigos da vida, pela fora que me

    tem dado diariamente para no desistir, pela sua constante presena em

    todos os momentos de minha vida, pois me fez acreditar e concretizar

    mais esta importante etapa da minha vida acadmica. Obrigada Senhor,

    por TUDO!

    Aos meus queridos pais, Antonio e Joana, pelo exemplo de

    dedicao e amor a famlia, os quais sempre me incentivaram a estudar e

    nunca desistir dos meus sonhos. Os agradeo tambm, pela sincera

    confiana que em mim depositaram desde os primeiros anos de escola,

    sempre colocando os meus e os estudos do meu irmo, em primeiro lugar

    nas suas vidas. Finalmente, os agradeo por ter me dado oportunidade

    de ter concludo minha graduao, oportunidade esta, que agora se reflete

    na concluso da ps-graduao. Amo vocs!

    Ao meu irmo Ricardo, pelo apoio e incentivo para nunca desistir

    dos meus sonhos e objetivos;

    A minha querida e amada sobrinha Sophia Fernanda, uma

    bno em minha vida;

    A todos meus familiares pelo apoio e amor dedicado durante este

    perodo e em todos os outros, e que firmam as bases para minha

    caminhada.

    Ao prof. Dr. Fernando Carvalho Silva, por acreditar em mim e

    sempre oferecer oportunidades de novos conhecimentos na vida

    acadmica. Obrigada por TUDO!

    Ao prof. Dr. Antonio Gouveia de Souza, pela oportunidade e pela

    iniciativa da parceria entre UFPB e UFMA. Obrigada!

  • Ao prof. Dr. Francisco Svio Mendes Sinfrnio, um anjo que

    caiu em terras maranhenses... Muito Obrigada, por TUDO!

    Aos professores Dr. Adeilton Pereira Maciel e ao Dr. Thomas

    Bonierbale pelas inmeras contribuies;

    profa. Dra. Ktia Marques, pelo apoio e incentivo a pesquisa.

    profa. Dra. Teresa Cristina (Departamento de Tecnologia

    Qumica UFMA) por ter cedido gentilmente o laboratrio para as anlises

    cromatogrficas iniciais. Muito Obrigada!!

    A minha amiga Moniquete, presena constante em minha vida,

    sempre me dando apoio e incentivo para nunca desanimar dos meus

    objetivos.

    Andrea Suame, pela ajuda ao entendimento de refino de leos

    vegetais.

    Lcia (tcnica do LACOM), por ter ajudado nos ensaios de

    Termogravimetria.

    Aos secretrios da Ps-Graduao em Qumica da UFPB, Marcos

    Pequeno e Glria pela amizade, ateno e pelas informaes sempre

    precisas;

    Aos laboratrios LACOM/UFPB e Ncleo de Biodiesel (NuBIO-

    UFMA), por terem oferecido toda estrutura necessria para a realizao

    desse trabalho.

    A grande famlia NuBIO pelo companheirismo, para

    desenvolver um bom trabalho em equipe, e pelos momentos alegres e

    descontrados que compartilhamos e em especial a minha miguxa

    Renilma que ajudou-me nos experimentos desta tese, sem medir

    esforos para o bom andamento dos ensaios.Valeuuu, garota! Muito

    Obrigada!

  • A todos os colegas do Programa de Ps-Graduao da UFPB e a

    todos que contriburam para concluso deste trabalho com suas oraes e

    incentivos.

    A OLEAMA S/A, por ter cedido todas as amostras de leo bruto

    de babau, assim como, as etapas iniciais de refino para o

    desenvolvimento deste trabalho, em especial aos Qumicos Alysson

    Alencar e Mrcio Melo.

    A FAPEMA / BNB pelo suporte financeiro durante a realizao

    deste trabalho.

  • Senhor, ao iniciar esta nova jornada, peo a tua proteo. Volta teus olhos para o caminho que ora vou trilhar, estendendo a tua proteo sobre todos os meus passos. Ilumina a minha estrada, pois sempre que ests comigo, sou forte e capaz de suportar as lies a que me destinas. Orienta as decises que deverei tomar. Acompanha-me e certifica-me de que estarei indo ao encontro das minhas melhores opes. Faz com que minha jornada tenha sucesso, Senhor. Livra-me dos perigos, dos acidentes e de qualquer situao que possa me impedir de construir a minha felicidade. Governa as minhas aes e comportamento daqueles que podem influenciar o meu destino. Dirige a tua luz divina para esta filha tua, que ora com fervor e motivada pelo teu amor. Que assim seja, para sempre

    Para Chegar ao Corao do Senhor Oraes inspiradas nos Salmos de Davi Yara Beduschi Coelho

    Essa vitria custou-lhe momentos difceis, noites de dvidas, interminveis dias de espera.

    Desde os tempos antigos, celebrar um triunfo faz parte do prprio ritualda vida: a comemorao um rito de passagem.

    Celebrar hoje a sua vitria de ontem, para ter mais foras na batalha de amanh

    Manual do Guerreiro da Luz

    Paulo Coelho

  • ix

    Ttulo: Estudo da degradao da vitamina E (-tocoferol) durante as

    etapas de refino do leo de babau (Orbignya pharlerata, Mart.): validao de um mtodo

    Autora: Djavania Azevdo da Luz

    Orientadores: Prof. Dr. Fernando Carvalho Silva

    Prof. Dr. Antonio Gouveia de Souza

    RESUMO

    O Maranho apresenta um grande potencial agrcola para produo de

    leos vegetais j que vrias espcies oleaginosas so adaptadas ao seu clima e geografia. Dentre estas se encontra a palmeira de babau

    (Orbignya pharlerata, Mart.), de onde extrado um leo rico em

    triglicerdeos (95%) e tocoferois. Em leos vegetais, os tocoferis

    atuam como agentes antioxidantes, inibindo a oxidao dos cidos graxos

    insaturados. Neste sentido, diversas metodologias para quantificao deste antioxidante tm sido propostas, entretanto, tais procedimentos

    geralmente demandam elevados tempos de anlises e pr-tratamento da

    amostra. Neste contexto, o presente trabalho prope um mtodo

    alternativo para quantificao de -tocoferol em amostras de leo de

    babau. Tambm foi avaliado o grau de degradao desta espcie durante

    o processo de refino do leo de babau, em escalas (industrial e laboratorial) por cromatografia lquida de alta eficincia (CLAE) e

    espectroscopia de infravermelho com transformada de Fourier (FTIR).

    Para tanto, as amostras no foram submetidas a qualquer tratamento

    prvio, sendo apenas diludas em 2-propanol (CLAE) e clorofrmio (FTIR). Os dados espectroscpicos indicaram uma baixa resoluo do mtodo uma

    vez que no foi possvel distinguir entre os vrios tipos de tocoferois e/ou

    tocotrienois (, e ) existentes nas amostras. Por outro lado, o mtodo

    cromatogrfico desenvolvido apresentou uma excelente separao e

    resoluo do composto em estudo, alm de uma boa linearidade, preciso e exatido, sendo este validado.

    Palavras chave: babau, -tocoferol, refino, CLAE e FTIR

  • x

    Title: Study of degradation of vitamin E (-tocopherol) during the stages

    of refining oil from babassu (Orbignya pharlerata Mart.): Validation of a method

    Author: Djavania Azevdo da Luz

    Superviser: Prof. Dr. Fernando Carvalho Silva

    Prof. Dr. Antonio Gouveia de Souza

    ABSTRACT

    Due to its territorial location and the sort of oily plant adapted to its

    clamate, Maranho has a vast agricultural potential for producing

    vegetable oil and their bioderivates. Among them is the babassu palm

    (Orbignya pharlerata, Mart.), a vegetal rich in oil that is composed by 95% of triglycerides and traces of tocopherols. Such tocopherols act as

    antioxidative agents that prevent the degradation of unsaturated fatty

    acids of vegetal oils. Therefore, several methods have being proposed for

    quantifying these natural antioxidants in both oil and bioderivate products; however, they often require long time of analysis and a

    pretreatment of the sample. Thus, this paper aims to propose an

    alternative method for quantifing -tocopherol in babassu oil, as well as,

    evaluating its degradation during the oil refining (industrial and

    laboratorial scales) by mean of high performance liquid chromatography

    (HPLC) and Fourier transform infrared spectroscopy (FTIR). Hence, no

    previous sample treatments were performed, being the sample only diluted in 2-propanol (HPLC) or chloroform (FTIR) solvents. The use of the

    spectroscopy technique was rather limited, once it was incapable of

    distinguish between the tocopherols and/or tocotrienols (, and )

    presented in the media. Conversely, the developed chromatographic method provided an efficient separation of such compounds, yielding in a

    significant sensibility and good linearity, precision and accuracy of the

    results.

    Keywords: babassu, -tocopherol, refining, HPLC and FTIR

  • xi

    SUMRIO

    LISTA DE FIGURAS .................................................................... LISTA DE TABELAS ....................................................................

    LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ..........................................

    LISTA DE EQUAES .................................................................

    xiii xiv

    xv

    xvii 1. INTRODUO ...................................................................... 2

    2. OBJETIVOS .......................................................................... 5

    2.1. Objetivo Geral .............................................................. 5

    2.2. Objetivos Especficos .................................................... 5 3. FUNDAMENTAO TERICA ................................................ 7

    3.1. Contexto atual brasileiro de leo vegetal ..................... 7

    3.2. Babau ......................................................................... 7 3.3. Processo de obteno de leos ..................................... 15

    3.4. Degradao dos leos .................................................. 17

    3.4.1. Rancificao hidroltica ............................................... 18 3.4.2. Rancificao oxidativa ................................................ 18

    3.4.3. Autoxidao .............................................................. 19

    3.4.4. Fotoxidao .............................................................. 21

    3.5. Antioxidantes ............................................................... 21 3.5.1. Antioxidantes naturais ................................................ 22

    3.5.2. Aplicao do -tocoferol............................................... 24

    3.5.3. Mecanismo de ao do -tocoferol nas reaes de

    oxirreduo ...............................................................

    24

    3.5.4. Antioxidantes sintticos .............................................. 26

    3.6. Mtodos para a determinao de -tocoferol em leos 28

    3.7. Cromatografia liquida de alta eficincia CLAE ........... 29

    3.8. Espectroscopia por infravermelho com transformada de Fourier FTIR ........................................................

    32

    3.9.Tratamento estatstico Validao da metodologia .... 34

    3.9.1. Preciso ................................................................... 35 3.9.2. Limite de deteco e limite de quantificao ................. 36

    3.9.3. Exatido ................................................................... 37

    3.9.4. Repetitividade ........................................................... 38 3.9.5. Reprodutibilidade ....................................................... 38

    3.9.6. Linearidade ............................................................... 38

    4. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL ......................................... 40

    4.1. Equipamentos e acessrios .......................................... 41 4.1.1. Equipamentos ........................................................... 41

    4.1.2. Acessrios ................................................................ 41

    4.2. Reagentes .................................................................... 41 4.3. Coleta e armazenagem de amostras ............................. 42

    4.4. Cuidados ao manipular -tocoferol ............................... 42

    4.5. Caracterizao fsico-qumica do leo bruto de babau 42

    4.5.1. ndice de acidez (325/IV-IAL) ..................................... 43

    4.5.2. ndice de iodo (329/IV-IAL) ........................................ 43 4.5.3. ndice de saponificao (328/IV-IAL) .......................... 44

    4.5.4. ndice de perxido (326/IV-IAL) ................................. 45

    4.5.5. Umidade (334/IV-IAL) ............................................... 46 4.5.6. Densidade (337/IV-IAL) ............................................. 46

    4.6. Anlise trmica ............................................................ 47

  • xii

    4.6.1. Termogravimetria (TG) ............................................... 47

    4.6.2. Calorimetria exploratria diferencial (DSC) ................... 47

    4.7. Etapas de refino do leo bruto de babau ..................... 48 4.7.1. Neutralizao ............................................................ 48

    4.7.2. Branqueamento (Clarificao) ...................................... 48

    4.7.3. Clarificao ............................................................... 49

    4.8. Anlises de -tocoferol ................................................. 49

    4.8.1. Identificao e quantificao de -tocoferol por CLAE ...... 49

    4.8.1.1. Preparo da soluo estoque de -tocoferol (1000 mg.

    L-1).....................................................................

    49

    4.8.1.2. Preparo da soluo padro de trabalho de -tocoferol

    (100 mg. L-1) ......................................................

    49

    4.8.1.3. Preparao das amostras de leo bruto de babau e das etapas de refino para as anlises

    cromatogrficas ..................................................

    50

    4.8.2. Equipamentos e condies operacionais CLAE ........... 50 4.9. Anlises por infravermelho com transformada de

    Fourier FTIR ............................................................

    51

    4.10. Tratamento estatstico Validao da metodologia.... 52

    4.10.1. Preciso (Repetitividade) ........................................... 52 4.10.2. Exatido ................................................................. 52

    4.10.3. Limite de deteco e limite de quantificao ............... 52

    4.10.4. Linearidade ............................................................. 53 5. RESULTADOS E DISCUSSO ................................................ 54

    5.1. Caractersticas fsico-qumicas do leo bruto de babau 55

    5.2. Estudo da degradao do leo de babau Anlise trmica .........................................................................

    56

    5.3. Identificao e quantificao do -tocoferol nas

    amostras de leo bruto e refinado de babau ...............

    58

    5.3.1. Construo da curva analtica CLAE ........................... 60

    5.4. Anlises das amostras por cromatografia lquida de alta eficincia CLAE ...................................................

    63

    5.5. Anlises das amostras por espectroscopia na regio do

    infravermelho com transformada de Fourier FTIR .....

    66

    5.6. Tratamento estatstico Validao da metodologia (CLAE) ..........................................................................

    73

    5.6.1. Preciso (Repetitividade) ............................................ 73

    5.6.2. Exatido ................................................................... 74 5.6.3. Limite de deteco (LD) e limite de quantificao (LQ) .. 74

    5.6.4. Linearidade ............................................................... 75

    6. CONCLUSO ........................................................................ 76 REFERENCIAS BIBLIOGRFICAS ......................................... 78

  • xiii

    LISTA DE FIGURAS

    Figura 3.1. Produo de oleaginosas no Brasil ............................. 7

    Figura 3.2. Palmeira de babau ................................................. 8

    Figura 3.3. Composio fsica do fruto de babau ........................ 9

    Figura 3.4. Produo nacional das amndoas de babau .............. 10

    Figura 3.5. Exportaes do leo bruto de babau ......................... 11

    Figura 3.6. Fluxograma simplificado do processo de refino de leos

    vegetais ................................................................

    16

    Figura 3.7. Estruturas qumicas naturais da vitamina E ............... 23

    Figura 3.8. Mecanismo de ao do -tocoferol nas reaes de

    oxirreduo ............................................................

    25

    Figura 3.9. Estruturas fenlicas dos antioxidantes sintticos ....... 27

    Figura 5.1. Curvas TG e DTG do leo bruto de babau em

    atmosfera de ar sinttico .........................................

    57

    Figura 5.2. Cromatogramas da soluo padro de -tocoferol (0,5

    mg.L-1) (A) e do leo bruto de babau (B) ..................

    60

    Figura 5.3. Curva analtica para -tocoferol CLAE ..................... 61

    Figura 5.4. Cromatogramas dos leos brutos, neutralizado e

    clarificado industriais ............................................

    63

    Figura 5.5. Cromatogramas dos leos brutos, neutralizado e

    clarificado bancada ...............................................

    64

    Figura 5.6. Espectros na regio do infravermelho do padro de -

    tocoferol puro (a) e do leo de babau (b) .................

    67

    Figura 5.7. Espectros das amostras na regio do infravermelho das

    etapas de refino do leo de babau via industrial

    ..........................................................................

    68

    Figura 5.8. Espectros das amostras na regio do infravermelho das

    etapas de refino do leo de babau via bancada

    .........................................................................

    69

    Figura 5.9. Curva analtica para o -tocoferol FTIR .................... 70

  • xiv

    LISTA DE TABELAS

    Tabela 3.1. Quantidades produzidas e participao relativa e acumulada

    de babau (amndoa), dos 20 maiores municpios

    produtores e respectivas Unidades de Federao do Estado

    do Maranho, em ordem crescente ...................................

    12

    Tabela 3.2. Composio de cidos graxos do leo de babau ............... 14

    Tabela 3.3. Caractersticas fsico-qumicas do leo de babau .............. 14

    Tabela 5.1. Caractersticas fsico-qumicas do leo bruto de babau ..... 55

    Tabela 5.2. Comparao das condies operacionais para determinao

    de -tocoferol em leo vegetal .........................................

    59

    Tabela 5.3. Dados da curva analtica para -tocoferol CLAE .............. 61

    Tabela 5.4. Anlise de varincia para os dados da curva analtica CLAE 62

    Tabela 5.5. Concentraes de -tocoferol a partir das etapas de refino

    do leo de babau ..........................................................

    65

    Tabela 5.6. Valores das freqncias vibracionais na regio do IV do

    padro de -tocoferol e da amostra de leo de babau bruto

    67

    Tabela 5.7. Anlise de varincia para os dados da curva analtica FTIR 71

    Tabela 5.8. Concentraes de -tocoferol a partir das etapas de refino

    do leo de babau CLAE e FTIR .....................................

    72

    Tabela 5.9. Valores de concentrao obtidos pela repetitividade para o

    -tocoferol ....................................................................

    73

    Tabela 5.10. Recuperao das amostras fortificadas com solues

    padres de -tocoferol com concentraes de 1,5 e 10,0

    mg.L-1 ..........................................................................

    74

  • xv

    LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

    ANOVA Anlise de varincia.

    ANVISA Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria.

    BHA Hidroxi-butil-anisol

    BHT- t-butil-hidroxihidroquinona

    CG Cromatografia gasosa

    CLAE Cromatografia lquida de alta eficincia

    CV% - Coeficiente de variao

    DSC Calorimetria exploratria diferencial

    F1,n-2 Valor tabelado da distribuio do teste F a 95 % de incerteza com

    1 e n-2 graus de liberdade.

    Fcalculado Razo entre a mdia quadrtica devido ao modelo de regresso

    e a mdia quadrtica residual MQreg / MQr.

    IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica

    INMETRO - Instituto Nacional de Metrologia, Normalizao e Qualidade

    Industrial

    LDM Limite de deteco do mtodo

    LQM Limite de quantificao do mtodo

    MDIC Ministrio do Desenvolvimento, Indstria e Comrcio Exterior

    MQr Mdia quadrtica residual.

    MQreg Mdia quadrtica devido ao modelo de regresso

    ODPVA Octadecil polivinil lcool

    PAD Photodiode-array (Detector)

    PFPS - Pentafluorofenil

    PG 3,4,5 cido triidroxibenzico

    PVDF Difluoreto de polivinilideno

    r Coeficiente de correlao da curva analtica.

    R% - ndice de recuperao.

    R2 Coeficiente de determinao a razo entre a soma quadrtica

    explicada pela regresso e a soma quadrtica total SQreg / SQt.

    s Estimativa do desvio padro.

  • xvi

    SQreg Soma quadrtica explicada pela regresso.

    SQt- Soma quadrtica total.

    sxo Desvio padro do mtodo

    sy Desvio padro residual ou erro padro

    TBHT t-butil-hidroquinona

    TG - Termogravimetria

    UV-Visvel Regio de absoro na regio do ultravioleta visvel.

    Vxo Coeficiente de variao do mtodo

    -T Alfa-tocoferol

    -THQ Alfa - tocofenilhidroquinona

    -TQ Alfa - tocofenilquinona

  • xvii

    LISTA DE EQUAES

    Equao 1 .....................................................................................35

    Equao 2 .....................................................................................35

    Equao 3 .....................................................................................37

    Equao 4 .....................................................................................37 Equao 5 .....................................................................................38

    Equao 6 .....................................................................................43

    Equao 7. ....................................................................................44

    Equao 8. ....................................................................................45 Equao 9. ....................................................................................46

    Equao 10 ...................................................................................46

    Equao 11 ...................................................................................47

  • INTRODUO

    CCAAPPTTUULLOO 11

  • Captulo 1 Introduo

    2

    1. INTRODUO

    O babau (Orbignya phalerata, Mart) uma palmeira nativa das

    regies Norte, Nordeste e Centro Oeste do Brasil, sendo distribudos nos

    Estados do Maranho, Piau, Tocantins, Gois, Mato Grosso, Amazonas,

    Par, Rondnia, Cear, Bahia e Minas Gerais, ao longo de

    aproximadamente 279 municpios. (IBGE, 2009).

    Mesmo presente em diversos Estados, o Maranho ainda

    continua sendo o maior produtor de babau, envolvendo 149 municpios e

    representando 94,7% da produo nacional, concentrando 10 milhes de

    hectares. Junto com o Piau, envolve 66 municpios e representa 4,4% da

    produo nacional, apresenta zonas de alta densidade, por apresentarem

    populaes superiores a 200 palmeiras por hectare (IBGE, 2009).

    Apesar da possibilidade de se utilizar esta palmeira de diversas

    formas e em diversos processos industriais, na amndoa, em funo da

    produo do leo, onde se encontra a sua maior importncia econmica.

    Segundo dados do IBGE (2009), a produo nacional destas foi de

    aproximadamente 114.874 toneladas.

    Os leos vegetais brutos so constitudos por mais de 95% de

    triglicerdeos e por compostos minoritrios tais como: fosfolipdios

    (fosfatdeos), carboidratos, cidos graxos livres e produtos de degradao

    dos cidos graxos. Logo, sua utilizao direta como alimentao humana

    no adequado, devendo este ser refinado (degomagem; neutralizao;

    braqueamento ou clarificao e desodorizao), para que o mesmo esteja

    em condies adequadas de consumo.

    Os tocoferois so antioxidantes naturais, capazes de inibir a

    oxidao de leos e gorduras comestveis, pois reduzem a oxidao dos

    seus cidos graxos insaturados. A atividade antioxidante dos tocoferois

    est relacionada a sua capacidade de doar seus hidrognios fenlicos aos

  • Captulo 1 Introduo

    3

    radicais livres lipdicos, interrompendo a propagao da cadeia (SILVA,

    2008).

    Infelizmente, devido as concentraes de tocoferis em leos

    vegetais serem baixas h necessidade de uma pr-concentrao das

    amostras a serem analisadas.

    A literatura recomenda dois mtodos de pr-concentrao de

    amostras oleosas: primeiro tem-se a injeo direta do leo, que consiste

    da diluio deste em um solvente apropriado, antes das anlises

    cromatogrficas; j o segundo mtodo, trata-se da anlise da frao

    insaponificvel, que consiste em saponificar a amostra para eliminar os

    lipdeos, liberando assim, os tocoferis naturais das clulas e hidrolisar

    steres de tocoferis a tocoferis livres e a seguir injeo no cromatogrfo

    (LIMA e GONALVES, 1997).

    Apesar da saponificao apresentar-se como uma tcnica muito

    difundida quanto ao isolamento das vitaminas lipossolveis encontradas

    na frao insaponificvel dos alimentos, para a determinao de tocoferis

    (vitamina E), normalmente abre-se mo desta, por ser muito demorada e

    ocasionar perdas significativas deste antioxidante, devido ao alto grau de

    manipulao da amostra (PAIXO e STAMFORD, 2004).

    Desta maneira, com o objetivo de avaliar a degradao do -

    tocoferol que um antioxidante natural presente na maioria dos leos

    vegetais e nas etapas inicias de refino que o presente trabalho prope

    uma metodologia alternativa por via direta de anlise, voltado para o leo

    de babau, utilizando como tcnicas analticas, a cromatografia lquida de

    alta eficincia (CLAE), com detector UV e a espectroscopia de

    infravermelho com transformada de Fourier (FTIR), avaliando as

    concentraes encontradas por estas tcnicas, validando o melhor mtodo

    de anlise.

  • OBJETIVOS

    CCAAPPTTUULLOO 22

  • Captulo 2Objetivos

    5

    2. OBJETIVOS

    2.1. Objetivo Geral

    Este trabalho tem como objetivo geral, propor um mtodo para

    avaliar a estabilidade qumica do -tocoferol durante o processo de refino

    do leo de babau.

    2.2. Objetivos Especficos

    Analisar o leo bruto de babau, segundo parmetros de ndice de

    acidez, ndice de perxido, ndice de saponificao, ndice de iodo,

    densidade e umidade;

    Refinar o leo bruto de babau por processos de neutralizao e

    branqueamento (clarificao), em nvel de bancada;

    Estabelecer um mtodo para quantificao de -tocoferol por

    cromatografia lquida de alta eficincia (CLAE);

    Estabelecer um mtodo para quantificao de -tocoferol por

    Espectroscopia de Infravermelho com Transformada de Fourier

    (FTIR);

    Avaliar estatisticamente o melhor mtodo para a anlise de -

    tocoferol, quanto preciso (repetitividade), exatido, limite de

    deteco e quantificao e linearidade;

    Aplicar as metodologias propostas e verificar o teor de -tocoferol.

  • Captulo 3 Fundamentao Terica

    FUNDAMENTAO TERICA

    CCAAPPTTUULLOO 33

  • Captulo 3 Fundamentao Terica

    7

    3. FUNDAMENTAO TERICA

    3.1. Contexto atual brasileiro de leo vegetal

    O Brasil apresenta uma grande rea territorial, estimada em 90

    milhes de hectares, com climas adequados para o favorecimento de

    cultivo de vrias sementes oleaginosas (Figura 3.1), caracterizando-

    se como um pas com grande potencial para a explorao de biomassa

    para fins alimentcios e energticos, dentre estas se destaca o babau.

    Figura 3.1.Produo de Oleaginosas no Brasil

    Fonte: SANTOS, 2008

    3.2. Babau

    Segundo Zylbersztajn et al., (2000), babau o nome genrico

    dado s palmeiras oleaginosas pertencentes famlia Palmae e

    integrantes dos gneros Orbignya e Attalea. O primeiro gnero inclui

    espcies predominantemente nativas da regio norte e nordeste do Brasil

    (Par, Tocantins, Piau e Maranho), tais como: Orbignya phalerata Mart.

    (babau verdadeiro), Orbignya eichleri Drude (piaava), Orbignya

  • Captulo 3 Fundamentao Terica

    8

    teixeirana Bondar (perino) e Orbignya microcarpa Martius. O segundo

    gnero abrange espcies encontradas principalmente nos estados de

    Gois, Minas Gerais e Bahia, dentre as quais se destacam: Attalea oleifera

    Barb. Rodr. (catol-de-pernambuco) e Attalea pindobassu Bondar

    (pindobau). A Orbignya phalerata a espcie de maior distribuio, de

    maior variao morfolgica e de maior importncia econmica. Esta

    espcie ocupa regies extensivas no Brasil, na Bolvia e no Suriname.

    (Figura 3.2). Com crescimento espontneo nas matas da regio

    amaznica. Cada Palmeira pode produzir anualmente 2.000 frutos

    (CHAVES et al., 2006).

    Figura 3.2. Palmeira de babau

    Fonte:

    O principal produto do babau o leo da amndoa, constituindo

    65% do peso desta, e subproduto para a fabricao de sabo, glicerina

    e leo comestvel, mais tarde transformado em margarina, e de uma torta

    utilizada na produo de rao animal e de leo comestvel (USP, 2006).

  • Captulo 3 Fundamentao Terica

    9

    Teixeira (2008), relata que os frutos apresentam um formato

    elipsoidal, mais ou menos cilndrico, pesando entre 90 a 280 g,

    apresentando de 3 a 5 amndoas em cada fruto, onde apresenta uma

    camada externa denominada epicarpo, que envolve uma camada

    secundria rica em amido, denominada mesocarpo. O endocarpo a

    camada mais rgida que contm as amndoas de onde extrado o leo

    (Figura 3.3). Estas apresentam bastante aplicabilidade, da a idia do

    aproveitamento e de um rendimento de quase 100% de sua massa.

    Figura 3.3. Composio fsica do fruto de babau

    No ano de 2009, foram coletadas 109.299 toneladas de

    amndoas de babau, gerando uma renda de R$ 121.351,00, sendo que o

    principal produtor, o Estado do Maranho, concentrou 94 % do total

    nacional. O segundo maior produtor o Piau, com 5.250 toneladas

    coletadas em 2009, vindo, em seguida, Tocantins (537 toneladas), Cear

    (354 toneladas) e Bahia (335 toneladas). (IBGE, 2009). A Figura 3.4

    demonstra a quantidade de amndoas de babau produzidas

    nacionalmente entre 2004-2009.

  • Captulo 3 Fundamentao Terica

    10

    Figura 3.4. Produo nacional das amndoas de babau

    Fonte: (IBGE, 2009)

    Atravs da Figura 3.4 percebe-se a evoluo da produo

    nacional nos anos de 2004 a 2009, onde apresenta uma ligeira queda na

    produo de 1,2%, e um aumento no valor das negociaes na ordem de

    4,8% (CONAB, 2011), indicando-o como um produto de grande valor

    comercial. A Figura 3.5. ilustra as exportaes de leo bruto de babau.

  • Captulo 3 Fundamentao Terica

    11

    Figura 3.5. Exportaes de leo bruto de babau

    Fonte: (CONAB, 2011)

    Observa-se, por meio da Figura 3.5., que os valores auferidos

    com as exportaes brasileiras de leo de babau bruto tm se elevado

    significativamente, passando de U$$ 104.976 em 2003 para U$$ 232.189

    em 2009. Atualmente, ampliou-se as exportaes realizadas com apelo

    social e ambiental (comrcio justo, solidrio, etc.), pois h empresas

    importadoras localizadas na Europa e nos Estados Unidos, que se

    propem a pagar um preo melhor para se diferenciar no mercado.

    (CONAB, 2011).

    Na Tabela 3.1 esto agrupados os 20 maiores municpios

    produtores de babau amndoa, vrios dos quais so maranhenses,

    detendo 53,6% da produo nacional. O primeiro colocado Vargem

    Grande, com uma produo de 5.862 toneladas, equivalente a 5,4% da

    produo nacional. (IBGE, 2009).

  • Captulo 3 Fundamentao Terica

    12

    Tabela 3.1. Quantidade produzida e participao relativa e acumulada de

    babau (amndoa), dos 20 maiores municpios produtores e respectivas

    Unidades de Federao do Estado do Maranho, em ordem decrescente

    2009

    Municpios produtores e

    respectivas Unidades

    Federativas do Estado

    do Maranho

    Babau (amndoa)

    Quantidade

    produzida (t)

    Participaes

    (%)

    Relativa Acumulada

    Brasil 109.299 100 -

    Vargem Grande MA 5.863 5,4 5,4

    Pedreiras MA 5.700 5,2 10,6

    Poo de Pedras MA 4.723 4,3 14,9

    Bacabal MA 4.023 3,7 18,6

    So Luis Gonzaga do

    Maranho MA

    3.635 3,3 21,9

    Bom Lugar MA 3.550 3,2 25,2

    Cod MA 3.102 2,8 28

    Chapadinha MA 2.880 2,6 30,6

    Lago da Pedra MA 2.868 2,6 33,6

    Cajari MA 2.621 2,4 35,7

    Coroat MA 2.428 2,2 37,9

    Vitorino Freire MA 2.325 2,1 40,0

    Lago dos Rodrigues - MA 2.244 2,1 42,1

    Penalva MA 2.042 1,9 43,9

    Paulo Ramos MA 2.020 1,8 45,8

    Joselndia MA 2.011 1,8 47,6

    Lago Verde MA 1.832 1,7 49,3

    Bernardo do Mearim - MA 1.651 1,5 50,8

    Alto Alegre do Maranho -

    MA

    1.503 1,4 53,6

    Fonte: (IBGE,2009)

  • Captulo 3 Fundamentao Terica

    13

    Percebe-se atravs da Tabela 3.1, que a grande quantidade

    desta palmeira encontrar-se no Estado do Maranho, o que motivou

    instalao de vrias empresas processadoras de leo comestvel e lurico

    obtido a partir da amndoa do babau (LAGUNA et. al., 2010).

    O mercado para o leo de babau propriamente o nacional, o

    qual se d principalmente por meio de corretoras. Apenas 0,19% da

    produo nacional de leo vm sendo exportada. Em 2008, segundo o

    MDIC (ALICEWEB, 2009), o Brasil s exportou 143 toneladas de leo de

    babau.

    Quimicamente, o leo de babau possui uma ampla diversidade

    de cidos graxos, com altas concentraes dos cidos, lurico (40-55%) e

    mirstico (11-27%), que favorecem a sua utilizao

    (CODEX ALIMENTARIUS, 2003; PORTO, 2004). Contm cidos insaturados

    em pequenas quantidades, o que faz com que os leos pertencentes a

    esta famlia tenham um tempo de armazenamento muito grande

    (OLIVEIRA, 2007).

    Para fins alimentcios a Resoluo n 482, de 23 de setembro de

    1999 da Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria regulamenta a identidade

    e qualidade dos leos vegetais para o consumo humano, estabelecendo

    seguinte composio qumica para o leo de babau (Tabela 3.2) e

    indicando as seguintes caractersticas fsico-qumicas (Tabela 3.3)

    (ANVISA, 2006).

  • Captulo 3 Fundamentao Terica

    14

    Tabela 3.2. Composio de cidos graxos do leo de babau

    cidos Graxos Valores de referncia (%)

    cido Caprlico (C 8:0) 2,6 7,3

    cido Cprico (C 10:0) 1,2 7,6

    cido Lurico (C 12:0) 40,0 55,0

    cido Mirstico (C 14:0) 11,0 27,0

    cido Palmtico (C 16:0) 5,2 11,0

    cido Esterico (C 18:0) 1,8 7,4

    cido Olico (C 18:1) 2,0 9,0

    cido Linolico (C 18:2) 1,4 6,6

    Fonte: ANVISA, 2006.

    De acordo com a ANVISA (2006), o leo de babau bruto e

    refinado apresenta as seguintes caractersticas, conforme mostra a Tabela

    3.3.

    Tabela 3.3. Caractersticas fsico-qumicas do leo de babau

    PROPRIEDADES LIMITES

    Massa Especfica, 40 C/25 C 0,911 - 0,914

    ndice de refrao (n D 40) 1,448 - 1,451

    ndice de saponificao 245 256

    ndice de iodo (Wijs) 10 18

    Matria insaponificvel, g/100g Mximo 1,2 %

    Acidez (g de cido

    olico/100g)

    leo de babau Mximo 0,3 %

    leo de babau

    bruto Mximo 5,0 %

    ndice de perxido, meq/kg Mximo 10

    Fonte: ANVISA, 2006.

    O conhecimento das caractersticas fsico-qumicas de leos e

    gorduras importante, pois permite o estabelecimento da identidade para

  • Captulo 3 Fundamentao Terica

    15

    um determinado lipdeo atravs da anlise do conjunto dos vrios ndices

    que lhe so especficos. Alm disso, esse conhecimento tambm

    possibilita uma estimativa do tipo de cidos graxos presentes (ndice de

    saponificao) e o seu grau de insaturao (ndice de iodo) (BENCIO et

    al., 2010).

    3.3. Processos de obteno de leo vegetal

    A extrao do leo bruto ocorre atravs de mtodos tradicionais

    a partir das sementes das oleaginosas por meio de prensagem ou de

    utilizao de solventes e at mesmo coma combinao das duas tcnicas

    (MORETTO e FETT, 1998). Quanto ao uso de solventes, o leo extrado

    das sementes com solventes polares com ponto de ebulio at 70 C,

    pois temperaturas superiores podem ocasionar a formao de cidos

    graxos livres devido quebra de ligao entre cidos graxos e glicerol. O

    processo de extrao por prensa mecnica realiza o esmagamento das

    sementes removendo parcialmente o leo. Este procedimento pode ser

    precedido de um aquecimento controlado dos gros, visando assim

    aumentar o rendimento de extrao (MORAIS et al., 2001).

    Quanto ao processo de refino, este compreendido pelas

    seguintes etapas: degomagem, neutralizao, branqueamento e

    desodorizao. Dentre os tipos de refino existentes, o refino qumico

    permite o processamento de leo de qualquer natureza, mesmo

    apresentando nveis de fosfatdeos baixos ou altos (MORAIS et al.,

    2001). As principais etapas do processo de refinao dos leos vegetais

    so demonstradas na Figura 3.6.

  • Captulo 3 Fundamentao Terica

    16

    Figura 3.6. Fluxograma simplificado do processo de refino de leos

    vegetais.

    O leo entra na refinaria como leo bruto agregado a

    componentes que devem ser removidos atravs de uma pr-limpeza, a

    qual tem como principal objetivo a retirada dos slidos em suspenso. Os

    leos vegetais brutos apresentam geralmente grandes quantidades de

    fosfatdeos, ceras, carotenides e impurezas, da a necessidade da etapa

    da degomagem que realizada pela adio de cido fosfrico para

    hidratar os fosfatdeos no hidratveis (FREIRE, 2009).

    A lixvia (soda custica dissolvida em gua) ento adicionada

    para neutralizar os cidos graxos livres. A soda custica combinada com

    os cidos graxos livres presentes nos leos forma sabes; os fosfatdeos e

    gomas absorvem a base e so coagulados por hidratao ou degradao;

    grande parte da colorao degradada, absorvida pelas gomas ou

  • Captulo 3 Fundamentao Terica

    17

    tornam-se solveis em gua e a parte insolvel combinada com o

    material coagulado (REIPERT, 2005). Em seguida o leo entra no

    branqueador, onde so adicionadas ao leo neutralizado substncias

    adsorventes como argila cida ativada, terra diatomcea, terras neutras e

    carvo ativo (MORAIS et al., 2001).

    O branqueamento tem como finalidade a remoo de pigmentos,

    produtos de oxidao, metais e outros. Aps o tempo de adsoro

    realizada uma filtrao para a reteno dessa substncia adsorvente e o

    leo retirado pela aplicao de gua quente ou vapor antes da

    eliminao como um rejeito slido. Logo a seguir, o vapor da

    desodorizao decompe os perxidos restantes, removendo pigmentos

    como os carotenides, constituintes responsveis pelos odores e sabores e

    reduz os cidos graxos livres (REIPERT, 2005).

    Segundo Moretto e Fett (1998), durante o processo de refinao,

    h uma inevitvel perda de at 6% do teor de tocoferois totais, nas

    etapas de neutralizao e de clarificao.

    No entanto, para Masuchi et al., (2008), a etapa de

    desodorizao considerada como etapa de maior perda de teor de

    tocoferol chegando a nveis de at 30% em relao a concentrao inicial

    encontrada no leo bruto. Esta perda depende das condies de

    temperatura e do vcuo empregados.

    3.4. Degradao dos leos

    A reao de oxidao uma das principais causas de

    deteriorao de leos vegetais e possui como conseqncia, o

    desenvolvimento da rancidez oxidativa, caracterizada por modificaes na

    cor, sabor e aroma do leo (realizadas por anlise sensorial). Em geral

    levam rejeio do produto, alm da diminuio da qualidade nutricional

    dos mesmos com conseqncias importantes para a sade

  • Captulo 3 Fundamentao Terica

    18

    (CARVALHO, 2007). A atividade antioxidante pode ser resultado de uma

    ligao especfica com radicais livres reativos, com compostos contendo

    oxignio ou uma ao complexante de metais. Essas substncias

    encontram-se presentes naturalmente em leos de origem vegetal e

    incluem os tocoferis, protenas, enzimas e uma srie de pequenas

    molculas.

    Existem fatores que afetam esses processos, sendo os mais

    importantes a presena de insaturao nos cidos graxos, luz,

    temperatura, enzimas, microrganismos e condies de armazenamento

    (LEUNG et al., 2006 e KAPILAN et al., 2009).

    3.4.1. Rancificao hidroltica

    Este tipo de oxidao, tambm conhecido por liplise ou rancidez

    lipoltica (MORETO e ALVES, 1986), pode ocorrer por meio enzimtico ou

    no-enzimtico. O enzimtico ocorre pela ao da lipase, que pode estar

    presente nas sementes das oleaginosas, ou pela atividade microbiana

    (processo de fermentao), que hidrolisam os leos e gorduras

    produzindo cidos graxos livres (MORETTO e FETT, 1998).

    3.4.2. Rancificao Oxidativa

    Antes que ocorra a reao do cido graxo insaturado com o

    oxignio, um dos reagentes precisa ser ativado. Assim, ou a olefina

    convertida em um radical allico estabilizado por ressonncia, ou o

    oxignio convertido a uma espcie mais reativa, como o oxignio

    singlete. Estas duas reaes ocorrem por meio de diferentes mecanismos,

    embora resultem em produtos semelhantes (GUSTONE, 1984).

    Vale ressaltar que, o estado fundamental do oxignio (3O2) um

    estado triplete com dois eltrons desemparelhados de mesmo spin, mas

    em orbitais diferentes. O oxignio eletronicamente excitado corresponde a

    um estado singlete (1O2) apresentando um par de eltrons na camada

  • Captulo 3 Fundamentao Terica

    19

    eletrnica externa em um primeiro estado de excitao, ou apresentando

    um eltron em cada orbital com spins opostos, num segundo estado

    energtico. A vida mdia deste segundo estado (10-11 s) muito mais

    curta que a do primeiro que 10-6 s, sendo assim menos estvel (LIMA e

    ABDALLA, 2001 e KAPILA, 2009).

    Pelo exposto, a reao do oxignio triplete com um cido graxo

    insaturado limitada. Essa restrio deixa de existir quando o oxignio

    molecular est na forma de oxignio singlete, ou parcialmente reduzido ou

    ativado, como por exemplo, H2O2, O2, HO, complexos ferro-oxignio

    (LIMA e ABDALLA, 2001). O oxignio singlete pode ser formado por

    processos enzimticos, qumicos e fotoqumicos.

    3.4.3. Autoxidao

    Dentre os processos oxidativos, o de auto-oxidao o mais

    comum. Este conforme mostrado na Figura 3.6, envolve uma reao em

    cadeia com as etapas de iniciao, propagao e terminao (RAMALHO e

    JORGE, 2006).

    Iniciao

    Esta etapa caracterizada pela formao de radicais livres, em

    que os cidos graxos poliinsaturados so atacados por uma espcie

    suficientemente reativa capaz de abstrair um tomo de hidrognio a partir

    de um grupo metileno (-CH2-), formando um radical de carbono. Este

    radical estabilizado por ressonncia para formar um dieno conjugado

    (LIMA e ABDALLA, 2001).

  • Captulo 3 Fundamentao Terica

    20

    O cido graxo RH ento atacado e forma um radical livre R

    muito ativo:

    Propagao

    Na propagao, os radicais livres R,reagem com molculas de

    oxignio, transformam-se em radicais peroxil ROO.Os radicais peroxil so

    capazes de atacar outro cido graxo RH, resultando em um perxido

    ROOH e um novo radical livre que pode, por sua vez, atuar:

    Terminao

    A quantidade de componentes altamente reativos aumenta de

    maneira constante at o momento em que comeam a reagir entre eles.

    Ento, ocorre a diminuio da concentrao dos radicais peroxil (ROO),

    com formao de perxidos, originando produtos estveis de degradao:

    As razes para a auto-oxidao esto relacionadas presena de

    ligaes duplas nas cadeias carbnicas dos leos e gorduras. A rapidez do

    processo auto-oxidativo depende principalmente do nmero e da posio

    das ligaes duplas. Cadeias carbnicas poli-insaturadas como as que

    constituem alguns cidos graxos de ocorrncia natural, tais como o

  • Captulo 3 Fundamentao Terica

    21

    linolico (ligaes duplas em C-9 e em C-12) e o linolnico (ligaes

    duplas em C-9, C-12 e em C-15), so mais susceptveis oxidao. As

    posies CH2-allicas e bis-allicas em relao as duplas, presentes nas

    cadeias dos cidos graxos so mais sujeitas a oxidao. Este fato deve-se

    a razes mecansticas para a estabilizao do radical livre formado

    durante o processo.

    Para evitar a autoxidao de leos e gorduras h a necessidade

    de diminuir a incidncia de todos os fatores que a favorecem, mantendo

    ao mnimo os nveis de energia (temperatura e luz), responsveis pelo

    desencadeamento do processo de formao de radicais livres, evitando a

    presena de traos de metais no leo, bem como o contato com oxignio.

    possvel tambm bloquear a formao de radicais livres por meio de

    substncias antioxidantes, as quais, em pequenas quantidades, atuam

    interferindo nos processos de oxidao de lipdeos (RODRIGUES FILHO,

    2010).

    3.4.4. Fotoxidao

    A fotoxidao um processo de degradao muito mais rpido

    que a autoxidao, por envolver reaes com o oxignio em seu estado

    mais excitado ou singlete.

    Tanto na fotoxidao quanto na autoxidao os produtos finais

    derivam da decomposio dos hidroperxidos allicos gerando aldedos,

    cidos e outros compostos oxigenados como produtos dos processos

    (CANDEIA, 2008).

    3.5. Antioxidantes

    Devido degradao de leos que pode ocorrer de maneira

    rpida, as indstrias vm tentando estabelecer um controle nas alteraes

  • Captulo 3 Fundamentao Terica

    22

    dos produtos oriundos de gorduras, leos e alimentos gordurosos. Dentro

    deste contexto, os antioxidantes ocupam lugar de destaque, cuja

    efetividade como inibidor das reaes autoxidativas durante

    armazenamento, processamento e utilizao de gorduras indiscutvel e

    conduz sua autorizao como aditivos usados em quantidades limitadas

    (LUZIA, 2008; RIOS e PENTEADO, 2003). Mesmo estes apresentando

    pouca estabilidade frente exposio a altas temperaturas, nas indstrias

    de leos, importante a utilizao de antioxidantes que sejam estveis

    em temperaturas elevadas, com a finalidade de permitir a estabilidade e

    um prolongamento da vida til dos leos (LUZIA, 2008).

    Os antioxidantes so classificados em dois grupos: os antioxidantes

    naturais, representados pelos tocoferis, cidos fenlicos e extratos de

    plantas como o alecrim e slvia e os antioxidantes sintticos,

    representados por Hidroxi-butil-anisol (BHA), t-Butil-hidroxihidroquinona

    (BHT) e t-Butil-hidroquinona (TBHQ) (NIMET, 2009).

    3.5.1. Antioxidantes Naturais

    Dentre os antioxidantes naturais mais pesquisados esto os

    tocoferois (vitamina E) (GODIM, 2009). O termo genrico vitamina E

    utilizado para designar oito diferentes compostos, nomeados -, -, - e

    - (alfa, beta, gama e delta) tocoferois e tocotrienois. O -tocoferol

    encontra-se presente na maioria dos leos vegetais, grmen de trigo,

    sementes oleaginosas, vegetais folhosos verde-escuros e alimentos de

    origem animal, principalmente gema de ovo e fgado. Sendo assim, os

    leos vegetais comestveis, alm de possurem altas concentraes de

    tocoferois e alguns tocotrienois, apresentam grande consumo em nvel

    mundial, constituindo-se, portanto, nos alimentos de maior contribuio

    para a ingesto de vitamina E para a populao (GUINAZI, 2009).

  • Captulo 3 Fundamentao Terica

    23

    Segundo pesquisas, o leo de girassol parece ser o mais rico em

    -tocoferol, seguido pelo algodo, palma, canola, amendoim, oliva, soja e

    coco. O -tocoferol o composto predominante em leos de soja e de

    milho, enquanto que o leo de palma o que apresenta maior teor de

    tocotrienois. (JORGE e RAMALHO, 2006).

    Os tocoferois (Figura 3.7) so compostos contendo grupamentos

    metil-substituintes e cadeia lateral saturada, enquanto que os tocotrienois

    apresentam estrutura idntica, exceto pela presena de trs duplas

    ligaes na cadeia carbnica (GUINAZI, 2004).

    Figura 3.7. Estruturas qumicas naturais da vitamina E

    Chama-se de primeiro grupo, o tocoferol, que derivado do tocol

    e apresenta uma cadeia lateral saturada contendo 16 tomos de carbono.

    Esse grupo inclui quatro dos oito compostos, sendo eles o -tocoferol, -

    tocoferol, -tocoferol e o -tocoferol. A diferena entre os tocoferois e os

    tocotrienois (segundo grupo) o fato destes ltimos possurem uma

    cadeia lateral insaturada contendo 16 tomos de carbono. Outro fator que

    deve ser levado em considerao entre os vrios ismeros de posio,

  • Captulo 3 Fundamentao Terica

    24

    residindo apenas ao fato das substituies de grupos metil serem feitas

    em locais diferentes do anel aromtico pode determinar quais compostos

    sero (, , e tocoferois e /ou tocotrienois) (AZZI e STOCKER, 2000;

    CERQUEIRA et al., 2007).

    3.5.2. Aplicao do -tocoferol

    Pode-se ressaltar a utilizao do -tocoferol na rea de

    alimentos com a funo de conservante (CARVALHO, 2007); como

    frmacos devido a sua funo de captadores e liberadores de energia

    (PAIXO e STAMFORD, 2004); cosmticos atravs de tratamento contra o

    envelhecimento cutneo (ALMEIDA, 2008); na inibio de doenas do

    corao o -tocoferol exerce funo importante como inibidor da

    oxidao dos radicais livres, reagindo com o oxignio e impossibilitando a

    transformao dos cidos graxos insaturados em aldedos (FREITAS,

    2007).

    Pesquisas revelam que dietas a base de alimentos ricos em

    vitamina E, podem ajudar a combater o mal de Alzheimer (TAIPINA,

    2009), na preveno de danos fotooxidativos (ROPKE et al., 2003),

    utilizao em veculos cosmticos associados com filtros solares (SASSON,

    2006), condimentos com funo antioxidante em produtos crneos

    (MARIUTTI e BRAGAGNOLO, 2007), atuando ainda na funo cognitiva

    (GUIMARES e VIANNA, 2009) e avaliador de nveis sricos de animais

    (REIS et al., 2007).

    3.5.3. Mecanismo de ao do -tocoferol nas reaes de oxireduo

    Os tocoferois atuam como doadores de hidrognio,

    interrompendo a cadeia de reaes, pois o radical tocoferoxil formado no

    apresenta reatividade sobre a estrutura lipdica. Esse papel antioxidante

    desempenhado de forma nica, uma vez que interage com o ambiente

  • Captulo 3 Fundamentao Terica

    25

    lipdico de maneira acentuada devido a sua caracterstica lipoflica. Alm

    disso, a estrutura da vitamina E est localizada entre os componentes da

    membrana celular e assim, uma das responsveis pela linha de defesa

    primria das clulas contra o ataque dos radicais livres. Possui ainda, a

    caracterstica de ser o nico antioxidante que tem habilidade de

    regenerar-se continuamente pela ao da vitamina C (GUINAZI, 2004).

    Durante as reaes de oxireduo, o ncleo cromano do -

    tocoferol (-T) se abre entre o oxignio 1 e o carbono 2 para formar o -

    tocoferilquinona (-TQ). O -TQ pode ser reduzido a -

    tocoferilhidroquinona (-THQ) que pode por sua vez regenerar o -T por

    desidratao, de acordo com a Figura 3.8.

    Figura 3.8. Mecanismo de ao do -tocoferol nas reaes de oxireduo.

    O principal mecanismo de ao da vitamina E resulta de suas

    propriedades antioxidantes.

    O tocoferol reage com os radicais peroxil, impedindo a formao

    de novos radicais livres e interrompendo a reao em cadeia.

  • Captulo 3 Fundamentao Terica

    26

    Na qual, o radical tocoferoxil formado (-T) muito instvel e

    reage com um segundo radical peroxil.

    3.5.4. Antioxidantes Sintticos

    Os antioxidantes sintticos mais utilizados na indstria

    alimentcia so BHA, BHT, PG e TBHQ.

    A ao fenlica destes compostos permite a doao de um

    prton a um radical livre, regenerando, assim, a molcula de acilglicerol, e

    interrompendo o mecanismo de oxidao por radicais livres. Entretanto,

    estes radicais podem se estabilizar sem promover ou propagar reaes de

    oxidao (GODIM, 2009). As estruturas fenlicas dos antioxidantes

    sintticos esto ilustradas na Figura 3.9.

  • Captulo 3 Fundamentao Terica

    27

    Figura 3.9. Estruturas fenlicas dos antioxidantes sintticos

    BHT e BHA apresentam propriedades semelhantes, so

    antioxidantes mais efetivos na supresso da oxidao em gorduras

    animais que em leos vegetais. Como a maior parte dos antioxidantes

    fenlicos, sua eficincia limitada em leos insaturados de vegetais e

    sementes. Apresentam pouca estabilidade frente a elevadas

    temperaturas, mas so particularmente efetivos no controle de cidos

    graxos de cadeia curta, como aqueles contidos em leo de coco e palma

    (GODIM, 2009).

    O PG um ster de 3,4,5 cido triidroxibenzico, que apresenta

    uma concentrao tima de atividade como antioxidante, e quando usado

    em nveis elevados pode atuar como pr-oxidante.

    TBHQ apresenta-se na forma de um p cristalino branco e

    brilhoso, moderadamente solvel em leo e gorduras, que no se

    complexa com ons de cobre e ferro, como o galato. considerado em

    geral, mais eficaz em leos vegetais que BHA ou BHT. Em relao a

    gordura animal, to efetivo quanto o BHA e mais efetivo que o BHT ou o

    PG. O TBHQ tambm considerado o melhor antioxidante para leos de

  • Captulo 3 Fundamentao Terica

    28

    fritura, pois resiste ao calor e proporciona uma excelente estabilidade para

    os produtos acabados (RAMALHO et al., 2006).

    3.6. Mtodos para a determinao de -tocoferol em leos

    Na tentativa de se encontrar mtodos mais eficientes na

    identificao e quantificao de tocoferis em matrizes alimentares,

    inmeras pesquisas vm sendo realizadas nas reas de cromatografia

    lquida de alta eficincia (CLAE) e da Espectroscopia na regio do

    infravermelho com Transformada de Fourier (FTIR) (SILVA, 2003; SOUSA,

    2005; GUINAZI et al., 2009; SILVA et al., 2009; MAN et al., 2005;)

    Geralmente, as concentraes de tocoferis so baixas fazendo

    com que haja a necessidade de pr-concentrao das amostras. Uma

    alternativa para a anlise de tocoferis por cromatografia lquida de alta

    eficincia dar-se por via direta, que consiste em um mtodo onde a

    amostra no necessita de uma pr-concentrao (saponificao), isto ,

    somente com a diluio desta em um solvente inerte. Um dos problemas

    que pode ocorrer nesta tcnica a contaminao do injetor e/ou da

    coluna cromatogrfica. Uma sada seria a limpeza profunda da coluna

    utilizada para a separao dos componentes estudados (LIMA e

    GONALVES, 1997; CARVALHO, 2007; RAMALHO et al., 2006).

    Segundo Paixo e Stamford (2004), a saponificao um

    procedimento necessrio para o isolamento das vitaminas lipossolveis

    encontradas na frao insaponificvel dos alimentos. Este processo

    envolve um rompimento das ligaes steres na matriz lipoprotica, com

    liberao de diversos compostos, tais como, os cidos graxos na forma de

    sais; glicerol; fosfolipdios e de outras molculas encontradas no alimento.

    Entre as fraes insaponificveis encontram-se os esterides,

    carotenides, colesterol e vitaminas lipossolveis liberadas em propores

    variveis, dependendo das condies de saponificao e extrao. Em

  • Captulo 3 Fundamentao Terica

    29

    contrapartida, essas vitaminas podem ser destrudas por exposio

    contnua a algumas condies de saponificao, ou ainda, pela presena

    de impurezas nos solventes utilizados na extrao. Atravs deste

    procedimento, as formas esterificadas das vitaminas A e E so convertidas

    exaustivamente em formas alcolicas livres.

    3.7. Cromatografia Lquida de Alta Eficincia CLAE

    A CLAE um importante membro de toda uma famlia de

    tcnicas de separao, uma vez que se consegue separar misturas que

    contm um grande nmero de compostos similares. Datam de 1968 os

    primeiros trabalhos publicados, os quais relataram resultados

    experimentais comprovando a possibilidade de se utilizar equipamentos,

    que favorecessem anlises de substncias com maior rapidez, operando

    com uma fase mvel lquida de alta presso e obtendo-se resultados

    satisfatrios (COLLINS et al., 2007).

    usada em casos em que a amostra a ser analisada est em

    soluo, sendo os constituintes a serem separados chamados de solutos.

    A separao resulta em um equilbrio de distribuio do soluto entre duas

    fases: uma fase fixa slida (fase estacionria), empacotada no interior de

    uma coluna, e uma fase mvel, que atravessa a fase fixa contida na

    coluna. Durante a passagem da fase mvel sobre a fase estacionria, os

    componentes da mistura so distribudos entre as duas fases, de tal forma

    que cada um dos componentes seletivamente retido pela fase

    estacionria, resultando em migraes diferenciais destes componentes

    (CIOLA, 1998).

    Em geral, se baseia na determinao individual de todos os

    componentes presentes em uma amostra, atravs do tempo de reteno

    em relao coluna, detector e fases mveis utilizadas. Dependendo da

    fase mvel usada o tempo de reteno ser diferente, pois a interao de

  • Captulo 3 Fundamentao Terica

    30

    -tocoferol/ fase, muda de solvente para solvente (SALGADO et al., 2008;

    RAMALHO et al., 2006; FREITAS, 2007; GUINAZI, 2009; RIOS e

    PENTEADO, 2003; CARO, 2002; SILVA, 2003; MARTINS, 2006).

    Possui inmeras vantagens em relao aos outros mtodos

    existentes: rapidez, preciso, reprodutibilidade, simplicidade,

    sensibilidade, menor exposio a agentes externos e separaes eficientes

    (COLLINS et al., 2007)

    A CLAE tem superado a cromatografia gasosa (CG) em virtude

    da grande flexibilidade e aplicabilidade a diferentes matrizes de amostras

    como produtos farmacuticos, alimentos, fludos e tecidos biolgicos e

    tabletes multi-vitamnicos. Isto acontece porque, na CG, requer a

    derivao da amostra a compostos volteis como os steres trimetilsilil

    acetato, propionato e trifluoroacetato, fazendo com que estas passem por

    etapas pr-cromatogrficas muito trabalhosas (SILVA, 2003). Por outro

    lado, a CLAE pode ser executada a temperatura ambiente e sem derivao

    das amostras (GIACOMINI, 2006).

    Em relao coluna cromatogrfica, a fase reversa preferida

    pela excelente reproduo do tempo de reteno, rpido equilbrio e

    robustez da coluna, alm de permitir melhores ajustes para a separao

    dos interferentes. Na fase reversa os tocotrienis so eludos como um

    grupo antes dos tocoferis. Quanto aos tocoferis, o -tocoferol eludo

    primeiro, sendo seguido pelos dimetil substitudos - e -tocoferol que so

    muito difceis de serem separados e por ltimo o -tocoferol (SILVA,

    2003). Tem sido reportado a separao dos homlogos - e -tocoferol

    em coluna de fase reversa C30 (SCHIEBER et al., 2002), pentafluorofenil

    (PFPS) e octadecil polivinil lcool (ODPVA) (ABIDI e MOUNTS, 1997;

    KAMAL-ELDIN et al., 2000).

  • Captulo 3 Fundamentao Terica

    31

    Para colunas de fase reversa a fase mvel mais empregada

    basicamente metanol puro ou misturas de metanol-gua contendo at

    10% de gua (SNCHEZ-PREZ et al., 2000). Alguns analistas trabalham

    com misturas de gua-acetonitrila-metanol, acetato de etila e clorofrmio,

    n-hexano e isopropanol, em vrias propores (RIOS e PENEDO, 2003;

    SOUSA, 2005; LIANG et al., 2011; BOSCHIN e ARNOLD,2011).

    As colunas de fase normal so capazes de separar os ismeros

    - e -tocoferol e tocotrienis e apresentam como vantagens a habilidade

    de trabalharem com solventes orgnicos permitindo uma alta solubilidade

    de lipdeos, suportarem alta concentrao de lipdeos, os quais so

    facilmente eliminados por solventes no polares, e habilidade de prover

    ampla faixa de seletividade com o uso de diferentes modificadores polares

    na fase mvel (SILVA, 2003).

    Em coluna de fase normal usualmente so utilizados na

    separao de compostos tocol eluentes compostos por um alcano como

    hexano, heptano, iso-octano, com uma pequena quantidade de

    modificador polar que pode ser um lcool como etanol, metanol, butanol,

    ou um ter como tetrahidrofurano, metil, t-butil, isopropil, ou um

    clorohidrocarbono como diclorometano, clorofrmio (GUINAZI, 2009;

    GIMENO et al., 2000; GOTOR et al., 2007; CARO, 2002; SILVA, 2003;

    PYKA e SLIWIOK, 2001; CHUN et al., 2006; CARVALHO, 2007).

    O detector mais utilizado nas determinaes de tocoferis e

    tocotrienis o de fluorescncia em virtude da sua maior especificidade

    (RIOS e PENTEADO, 2003; GOTOR, et al., 2007; GUINAZI, 2009;

    BOSCHIN e ARNOLD, 2011), embora existam autores que utilizam o

    detector de UV para a deteco de vitamina E em produtos como leos,

    leite e produtos lcteos, carnes, noz, rao, sementes e bebidas (PYKA e

    SLIWIOK, 2001; SILVA, 2003; SOUSA, 2005; CARVALHO, 2007; LIANG et

    al., 2011), devido este apresentar-se como um detector multiuso, alm de

    sua praticidade.

  • Captulo 3 Fundamentao Terica

    32

    Normalmente, a quantificao feita por padronizao externa

    com uso de curvas de padronizao, independente do tipo de coluna ou

    detector usado, em vrios tipos de matrizes, desde alimentos processados

    ou no, leos, sementes ou mesmo tecidos e fludos biolgicos (IWASE,

    2000; GIMENO et al., 2000; TURNER e MATHIASSON, 2000; CARLUCCI et

    al., 2001; BRUNI et al., 2002; SCHIEBER et al., 2002; ESCRIV et al.,

    2002; SILVA, 2003). Segundo Ruprez et al., (2001) a quantificao

    tambm pode ser feita por padronizao interna utilizando como padro

    interno 5,7 dimetiltocol e o tocol (cromanol desmetilado obtido dos

    tocoferis) ou o -tocoferol acetato em cromatografia em coluna de fase

    reversa e o o-hidroxibifenil em coluna de fase normal.

    3.8. Espectroscopia por infravermelho com transformada de

    Fourier - FTIR

    A espectrometria o processo analtico-instrumental baseado

    nas propriedades de absoro, emisso e reflexo de energia

    eletromagntica em regio especfica do espectro (SILVERSTEIN, 2007).

    A espectroscopia de infravermelho (IV) compreende a regio do

    espectro eletromagntico de comprimento de onda variando de 0,75 a

    1000 m. A regio do infravermelho entre 2,5 e 14,9 m (690 cm-1 a

    4000 cm-1) a regio que concentra o interesse da maioria das pesquisas

    qumicas, embora as regies do infravermelho prximo (0,75 a 2,5 m) e

    do infravermelho distante (14,9 a 50 m) venham ganhando destaque

    (MILMAN, 2006).

    A freqncia de cada ligao corresponde a um nvel vibracional

    e depende da superfcie de energia potencial da molcula, da geometria

    molecular, das massas dos tomos e eventualmente do acoplamento

    vibrnico (SOARES et al., 2006).

  • Captulo 3 Fundamentao Terica

    33

    O uso de espectroscopia por infravermelho e transformada de

    Fourier (FTIR) para a quantificao de -tocoferol em matrizes

    alimentares utilizando diversos solventes (MEN et al., 2005; SILVA, 2009;

    SOARES et al., 2006).

    A partir da dcada de 80 que a tcnica de infravermelho vem

    evoluindo, destacando-se a substituio gradual de espectrmetros

    dispersivos, por espectrmetros com transformada de Fourier (FTIR) e o

    desenvolvimento de aplicaes nas anlises analticas resultando em

    espectro com uma melhor resoluo na regio do infravermelho prximo e

    distante. Com isso, intensificaram-se os estudos em torno de tcnicas

    mais acessveis para estudo com substncias viscosas, onde se inseri a

    vitamina E (tocoferis e tocotrienis) (SOARES et al., 2006).

    A criao de vrios acessrios viabilizou a aplicao do IV a

    amostras slidas, lquidas e gasosas. No entanto, o uso adequado deste

    equipamento, requer alm da prensa hidrulica, a confeco de pastilhas

    de KBr (brometo de potssio) que pode ser realizada com utilizao de

    molde evacuvel, almofariz e pistilo (idealmente de gata) alm de outros

    acessrios teis em rotinas de controle de qualidade, tais como, as clulas

    desmontveis para lquidos e materiais viscosos, clulas seladas para

    lquidos, clulas para gases, cartes de amostras, kit para produo de

    filmes de polmeros, etc (SKOOG, 2002; SOARES et al., 2006;

    SILVERSTEIN, 2007).

    No entanto, existem algumas dificuldades quando se trabalha na

    anlise FTIR com substncias viscosas, tanto na confeco de pastilhas de

    KBr, quanto na utilizao das pastilhas pr-prontas (pastilhas comerciais,

    que j esto prontas, apenas a espera da amostra), a ser descritas a

    seguir:

    Geralmente, trabalha-se com duas vertentes: a adio da

    mistura da amostra a ser analisada diretamente quando se realiza a

  • Captulo 3 Fundamentao Terica

    34

    macerao do KBr com o objetivo de manter o mais homogneo possvel;

    ou adicion-la na pastilha pronta antes da anlise, entretanto, existe a

    possibilidade de que a amostra no se espalhe uniformemente por toda a

    dimenso da pastilha, fazendo assim, com que anlise seja efetuada de

    maneira errada, evidenciando uma concentrao maior ou menor

    dependendo da localizao da gota da amostra (SILVERSTEIN, 2007).

    Soares et.al., (2006), realizou um estudo com base na utilizao

    de filme PVC comercial como suporte para substncias viscosas. As

    anlises foram feitas comparando-se os espectros de amostras de lanolina

    e vitamina E em filme de PVC e com pastilhas de KBr, bem como dados da

    literatura. Os resultados comprovaram que o uso de filme de PVC

    mostrou-se mais efetivo do que as pastilhas de KBr, devido a obteno de

    um espalhamento em camadas delgadas das amostras facilitado.

    Silva et al., (2009), analisaram em 13 amostras de leos

    comerciais (soja, milho e amendoim) e mistura destes em pastilhas de

    KBr, a presena do -tocoferol, utilizando a tcnica da FTIR. Os resultados

    mostraram que o espectro obtido para -tocoferol exibiu absoro do

    esqueleto fenlico em 1.450 cm-1.

    Ahmed et al., (2005), tambm fizeram um estudo de tocoferois

    utilizando a tcnica de FTIR, onde puderam observar que a regio (modos

    vibracionais) que melhor absorvia estes analitos era a de 1500-1000 cm-1.

    3.9. Tratamento estatstico Validao de Metodologia

    A avaliao estatstica um procedimento que determina se um

    mtodo cientificamente vivel, capaz de fornecer resultados analticos

    com preciso e exatido. O processo de validao no pode ser separado

    do desenvolvimento de um mtodo, pois o analista no sabe se as

    condies do mesmo so adequadas at que seja feito o processo de

  • Captulo 3 Fundamentao Terica

    35

    validao, logo existe um processo interativo, onde os resultados da

    validao podem indicar mudanas no procedimento analtico. Os

    parmetros de desempenho utilizados na avaliao de um mtodo esto

    vinculados s especificaes requeridas para o mesmo. Entre esses

    parmetros esto: a preciso, a exatido, os limites de deteco e de

    quantificao do mtodo e a linearidade (LEITE, 2008).

    3.9.1. Preciso

    A preciso de um mtodo avaliado atravs do desvio padro

    absoluto (s) que utiliza um nmero significativo de medies. Entretanto,

    na validao de mtodos, o nmero de determinaes geralmente

    pequeno e o que se calcula a estimativa do desvio padro absoluto

    (S), dada pela Equao (1).

    =

    (1)

    na qual, a mdia aritmtica de um pequeno nmero de medies

    (mdia das determinaes), X o valor individual de uma medio e N

    o nmero de medies.

    Outra expresso da preciso atravs da estimativa do desvio

    padro relativo (RSD), tambm conhecido como coeficiente de variao

    (CV) em termos percentuais como mostra a Equao (2).

    =

    . (2)

    na qual, S o desvio padro e a mdia das anlises

  • Captulo 3 Fundamentao Terica

    36

    Normalmente, mtodos que quantificam compostos em macro

    quantidades requerem um RSD de 1 a 2%. Em mtodos de anlise de

    traos ou impurezas, so aceitos RSD de at 25%, dependendo da

    complexidade da amostra. Uma maneira simples de melhorar a preciso

    aumentar o nmero de replicatas (MENDHAM et al., 2000).

    3.9.2. Limite de Deteco e Limite de Quantificao

    O limite de deteco (LD) corresponde menor quantidade de

    um analito detectada. Na prtica, determinado como a menor

    concentrao do analito a qual pode ser diferenciada do rudo do sistema,

    com segurana (SKOOG et al.,2002).

    Segundo Ribani et al., (2004), o LD pode ser calculado de trs

    maneiras diferentes: mtodo visual, mtodo relao sinal-rudo, mtodo

    baseado em parmetros da curva analtica, que sero descritos a seguir:

    Mtodo visual utilizado para determinar o limite de deteco

    utilizando a matriz com adio de concentraes conhecidas da

    substncia de interesse, de tal modo que se possa distinguir entre rudo

    e sinal analtico pela visualizao da menor concentrao visvel

    (detectvel). Este procedimento tambm pode ser feito atravs do

    instrumento utilizando parmetros de deteco no mtodo de

    integrao.

    Mtodo da relao sinal-rudo Este mtodo pode ser aplicado

    somente em procedimentos analticos que mostram o rudo da linha de

    base. Para determinar a relao sinal-rudo, feita a comparao entre

    a medio dos sinais de amostras em baixas concentraes conhecidas

    do composto de interesse da matriz e um branco (matriz isenta do

    composto de interesse) destas amostras. Assim, estabelecida uma

    concentrao mnima na qual a substncia pode ser facilmente

  • Captulo 3 Fundamentao Terica

    37

    detectada. A relao sinal-rudo pode ser 3:1 ou 2:1, propores

    geralmente aceitas como estimativas do limite de deteco.

    Mtodo baseado em parmetros da curva analtica O limite de

    deteco (LD) pode ser expresso, segundo a Equao (3).

    = , .

    (3)

    na qual, s a estimativa do desvio padro da resposta, que pode ser a

    estimativa do desvio padro do branco, da equao da linha de regresso

    ou do coeficiente linear da equao e S a inclinao (slope) ou

    coeficiente angular da curva analtica.

    J o limite de quantificao (LQ) corresponde menor

    quantidade de um analito que pode ser quantificada com exatido e com

    confiabilidade determinada (MILLER e MILER, 1993). O limite de

    quantificao tambm pode ser baseado em parmetros da curva

    analtica, atravs da Equao (4).

    = .

    (4)

    na qual, S o desvio padro das concentraes do padro de -tocoferol

    e b o valor do coeficiente angular da curva analtica.

    3.9.3. Exatido

    A exatido de um mtodo analtico a proximidade dos

    resultados obtidos pelo mtodo em estudo em relao ao valor

    verdadeiro. A exatido pode ser calculada como porcentagem de

    recuperao de uma quantidade conhecida do analito adicionado

  • Captulo 3 Fundamentao Terica

    38

    amostra, ou como a diferena porcentual entre as mdias e o valor

    verdadeiro aceito (LEITE, 2008).

    A exatido que expressa pelos ensaios de recuperao a

    relao entre a concentrao mdia determinada experimentalmente

    (CME) e a concentrao terica experimental correspondente (CT),

    conforme a Equao (5).

    = .

    ( 5)

    3.9.4. Repetitividade

    A repetitividade representa a concordncia entre os resultados

    de medies sucessivas de um mesmo mtodo, efetuadas sob as mesmas

    condies de medio, chamadas de condies de repetitividade. Sendo

    mesmo procedimento, mesmo analista, mesmo instrumento usado sob as

    mesmas condies, mesmo local, repeties em curto intervalo de tempo.

    3.9.5. Reprodutibilidade

    A reprodutibilidade o grau de concordncia entre os resultados

    das medies de uma mesma amostra, efetuada sob condies variadas

    (mudana de operador, laboratrio, equipamentos, etc.).

    3.9.6. Linearidade

    A linearidade corresponde capacidade do mtodo em fornecer

    resultados diretamente proporcionais concentrao da substncia em

    exame, dentro de uma determinada faixa de aplicao (ARAGO et al.,

    2009).A linearidade do mtodo pode ser determinada a partir da relao

  • Captulo 3 Fundamentao Terica

    39

    matemtica entre o sinal medido e a concentrao ou massa da espcie

    de interesse, geralmente obtida por uma equao de reta y = ax + b,

    chamada de curva analtica. Os coeficientes a e b da curva analtica

    podem ser estimados a partir de um conjunto de medies experimentais

    usando o mtodo matemtico conhecido como regresso linear. Alm

    destes, calcula-se o coeficiente de correlao r ou o coeficiente de

    determinao R2, que so parmetros que permitem uma estimativa da

    qualidade da curva obtida, pois quanto mais prximos de 1,0, menor a

    disperso do conjunto de pontos experimentais e menor a incerteza dos

    coeficientes de regresso estimados. A ANVISA (2003) recomenda um

    coeficiente de correlao igual a 0,99 e o INMETRO (2003) um valor acima

    de 0,90.

  • PROCEDIMENTO

    EXPERIMENTAL

    CCAAPPTTUULLOO 44

  • Captulo 4 Procedimento Experimental

    41

    4. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

    4.1. Equipamentos e acessrios

    4.1.1. Equipamentos

    Balana analtica (Shimadzu);

    Agitador magntico (FANEM);

    Manta aquecedora (FANEM);

    Analisador trmico modelo SDT 2960, marca TA Instruments;

    Analisador trmico DSC 2920, marca TA Instruments;

    Cromatografo Lquido modelo (Shimadzu), com detector (UV-SPD

    20A - Shimadzu), com software LC Solution;

    Espectrofotmetro de Infravermelho com Transformada de Fourier

    (FTIR) - (Shimadzu), modelo IRPrestige, com software IRSolution

    IR.

    4.1.2. Acessrios

    Coluna de fase reversa RP-18 CLC-ODS (5m x 4,6 mm x 150 mm)

    com fase estacionria octadecil e uma coluna de guarda CLC-GODS

    com fase estacionria de superfcie octadecil - Shimadzu;

    Membranas filtrantes de difluoreto de polivinildeno (PVDF

    Millipore), com 13 mm de dimetro com 0,45 m de tamanho de

    poro;

    4.2. Reagentes

    Todos os reagentes utilizados foram de grau analtico e / ou grau

    cromatogrfico, sendo estes:

    lcool Etlico Absoluto (Quimex);Fenolftalena; Tetracloreto de carbono

    (Vetec); Soluo de Wijis (Vetec); cido actico glacial (Vetec); Iodeto de

    Potssio (Vetec); Tiossulfato de sdio (Vetec); Hidrxido de potssio

  • Captulo 4 Procedimento Experimental

    42

    (Vetec); cido clordrico (Quimex); Carvo ativado (CHEMCO) com

    granulometria de 325 mesh; Padro de -tocoferol ( 96% HPLC Sigma

    Aldrich); Metanol grau HPLC (Carlo Erba Reagenti); Acetonitrila grau HPLC

    (Carlo Erba Reagenti); N-propanol grau HPLC (Carlo Erba Reagenti);

    Clorofrmio grau HPLC (Merck); Hexano grau HPLC (Carlo Erba Reagenti);

    Heptano grau HPLC (Carlo Erba Reagenti);

    4.3. Coleta e armazenagem de amostras

    As amostras do leo bruto de babau, assim como, as etapas de

    refino (neutralizao e clarificao) foram cedidas pela empresa

    Oleaginosas do Maranho (OLEAMA), sendo armazenadas sob refrigerao

    ( 4 C) por um perodo de at 25 dias, no Laboratrio Ncleo de Biodiesel

    (NuBIO-UFMA), para posterior anlise.

    4.4. Cuidados ao manipular -tocoferol

    Devido alta sensibilidade do -tocoferol luz e oxidao,

    foram tomadas algumas medidas operacionais de precauo: todas as

    atividades operacionais foram realizadas sob condies reduzidas de

    exposio luz, utilizando vidrarias protegidas por papel alumnio,

    evitando exposio prolongada ao ar, sendo as solues padres

    preparadas e injetadas no mesmo dia das anlises por CLAE e / ou FTIR.

    4.5. Caracterizao fsico-qumica do leo bruto de babau

    Com o objetivo de se avaliar a qualidade do leo bruto de

    babau, fez-se necessrio caracteriz-lo fsico-quimicamente, para que se

    pudesse dar inicio ao processo do refino em bancada.

  • Captulo 4 Procedimento Experimental

    43

    Para as anlises fsico-qumicas realizadas neste trabalho

    adotaram-se os mtodos do Instituto Adolfo Lutz (IAL, 1985).

    4.5.1. ndice de acidez (325/IV-IAL)

    Na determinao do ndice de acidez, foram pesados 2,0 g da

    amostra e adicionou-se 25,0 mL de soluo de ter-lcool (2:1), neutra. A

    seguir, adicionou-se 2,0 gotas do indicador fenolftalena. Titulou-se com

    soluo de hidrxido de potssio 0,1 mol.L-1 at colorao rsea. Fez-se

    um branco.

    O clculo do ndice de acidez foi feito pela Equao (6):

    =. ..

    . ( 6)

    na qual, Ia o ndice de acidez; V o volume (mL) de soluo de

    hidrxido de potssio 0,1 mol.L-1 gasto na titulao da amostra pela

    diferena do gasto na titulao com o branco; N a concentrao da

    soluo de KOH usada na titulao; f o fator da soluo de hidrxido de

    potssio;PM o peso molecular do cido graxo em maior proporo (no

    leo de babau o cido lurico = 200);P a massa(gramas) da amostra.

    4.5.2. ndice de iodo (329/IVIAL)

    Na determinao do ndice de iodo, pesou-se 0,25g da amostra,

    adicionou-se 10,0mL de tetracloreto de carbono. A seguir acrescentou-se

    20,0 mL da soluo de Wijs (que consiste de uma soluo de cloreto de

    iodo (IC) em cido actico glacial, com concentrao de 0,1 mol.L-1,

    podendo ser obtida atravs da dissoluo de aproximadamente 13,0 g de

    iodo (I2) em 1,0 litro de cido actico glacial, seguida da insero de gs

  • Captulo 4 Procedimento Experimental

    44

    cloro seco (C2), na soluo (ASTMD 5554-95(06)), ou pela solubilizao

    direta de aproximadamente 8,0 g de tricloreto de iodo e 9,0 g de iodo (I2)

    em um 1,0 litro de cido actico glacial (DIN 53241-1)),sendo

    cuidadosamente agitado por rotao mecnica. Deixou-se em repouso por

    30 minutos ao abrigo da luz e temperatura de aproximadamente25 C.

    Adicionou-se 10,0 mL da soluo de iodeto de potssio a 15 % e

    100,0 mL de gua. Titulou-se esta soluo com tiossulfato de sdio 0,1

    mol.L-1, adicionando-o lentamente (gota a gota) e, com agitao

    constante, at uma fraca colorao amarela. Adicionou-se ento 1,0 a 2,0

    mL da soluo de amido (indicador) e continuou-se a titulao at que cor

    azul desaparecesse. Preparou-se uma determinao em branco, para cada

    grupo de amostras.

    O clculo do ndice de iodo foi feito pela Equao (7):

    = . .,

    (7)

    na qual, Ii o ndice de iodo; A o volume (mL) de soluo de tiossulfato

    de sdio 0,1 mol.L-1, gasto na titulao do branco; B o volume (mL) de

    soluo de tiossulfato de 0,1 mol.L-1 gasto na titulao da amostra; f o

    fator da soluo de tiossulfato de sdio 0,1 mol.L-1 e P a

    massa (gramas) da amostra.

    4.5.3. ndice de saponificao (328/IV-IAL)

    Na determinao do ndice de saponificao pesou-se 2,0 g da

    amostra e adicionou-se, 20,0 mL de soluo alcolica de hidrxido de

    potssio (4%) em sistema de refluxo. Aqueceu-se at ebulio branda,

    durante 30 minutos, reduziu-se a temperatura e adicionou-se 2,0 gotas de

    indicador fenolftalena. Titulou-se com cido clordrico 0,5 mol.L-1 at que

    a colorao rsea desaparecesse. Foi feito uma prova em branco,

  • Captulo 4 Procedimento Experimental

    45

    transferindo um volume de 20,0 mL da soluo alcolica de hidrxido de

    potssio (4%). Adaptou-se, ao frasco, um sistema de refluxo e aqueceu-

    se at ebulio durante 30 minutos. Resfriou-se a temperatura ambiente e

    adicionou-se 2,0 gotas de indicador fenolftalena e titulou-se com cido

    clordrico 0,5 mol.L-1. A diferena entre os volumes (mL) do cido

    clordrico gastos nas duas titulaes equivalente quantidade de

    hidrxido de potssio gasto na saponificao.

    O clculo do ndice de saponificao foi feito pela Equao (8):

    =. .

    (8)

    na qual, Is o ndice de saponificao; V a diferena entre os volume

    sem mL de cido clordrico 0,5 mol.L-1 gastos; f o fator da soluo de

    cido clordrico 0,5 mol.L-1 e P amassa(gramas) da amostra.

    4.5.4. ndice de perxido (326/IV-IAL)

    Na determinao do ndice de perxido pesou-se 5,0 g da

    amostra e adicionou-se 25,0 mL da soluo, cido acticoclorofrmio

    (3:2), e agitou-se at a dissoluo da amostra. Em seguida acrescentou-

    se 1,0 mL da soluo saturada de Iodeto de Potssio (KI). Fechou-se o

    erlenmeyer e agitou-se, sendo ento deixado em repouso por 5

    minutos,em ambiente no iluminado. Juntou-se a seguir 75,0 mL de gua

    destilada recentemente fervida e resfriada. Agitou-se com cuidado (no

    inicio foi agitando lentamente e ao mesmo tempo levantou-se um pouco a

    tampa para evitar a presso no interior do erlenmeyer). Juntou-se 2,0 mL

    de soluo indicadora de amido 1%, homogeneizou-se e titulou-se com a

    soluo de tiossulfato de sdio 0,01 mol.L-1, com constante agitao.

    Continuou-se a titulao at que a colorao azul tenha desaparecido.

  • Captulo 4 Procedimento Experimental

    46

    O clculo do ndice de perxido foi feito pela Equao (9):

    = . . .

    (9)

    na qual, IP o ndice de perxido; B o volume (mL) de soluo de

    tiossulfato de sdio 0,1 mol.L-1, gasto na titulao do branco; A o

    volume (mL) de soluo de tiossulfato de 0,1 mol.L-1 gasto na titulao da

    amostra; N a normalidade da soluo de tiossulfato de sdio; f o fator

    da soluo de tiossulfato de sdio 0,1 mol.L-1 e P amassa(gramas) da

    amostra.

    4.5.5. Umidade (334/IV-IAL)

    Para a determinao da umidade, pesou-se 5,0 g de cada

    amostra em cpsulas de porcelana de 50,0 mL previamente aquecida em

    estufa a 105 C, por 1 hora, resfriada em dessecador at a temperatura

    ambiente e devidamente pesada. Essas operaes de aquecimento e

    resfriamento foram repetidas at que se obteve peso constante.

    O clculo da umidade foi feito pela Equao (10):

    / =.

    (10)

    na qual, N a massa (gramas) de umidade e P a massa(gramas) de

    amostra.

    4.5.6. Densidade (337/IV-IAL)

    Na determinao da densidade, inicialmente pesou-se o picnmetro

    devidamente seco e vazio, anotando-se o valor. A seguir, adicionou-se a

  • Captulo 4 Procedimento Experimental

    47

    amostra cuidadosamente pelas paredes deste para que se pudesse

    prevenir a formao de bolhas de ar enchendo-o at a borda, colocando-

    se a tampa, limpou-se o excesso da amostra que transbordou pelas

    paredes com papel toalha. Pesou-se com a amostra. Repetiu-se este

    procedimento para todas as amostras.

    O clculo da densidade foi feito pela Equao (11):

    =

    (11)

    na qual, D a Densidade; A a massa (gramas) do recipiente contendo

    leo; B a m