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Thiago Flávio de Souza; Silvia Helena Carvalho Ramos Valladão de Camargo; Antonio Carlos Giuliani; Mario Sacomano Neto; Valéria Rueda Elias Spers eGesta, v. 5, n. 4, out.-dez./2009, p. 1-24 eGesta - Revista Eletrônica de Gestão de Negócios - ISSN 1809-0079 Mestrado em Gestão de Negócios - Universidade Católica de Santos Facultade de Ciencias Económicas e Empresariais - Universidade de Santiago de Compostela 1 ESTUDO COMPARATIVO SOBRE AS CARACTERÍSTICAS DOS ALUNOS INADIMPLENTES DE DUAS UNIVERSIDADES DO INTERIOR DO ESTADO DE SÃO PAULO COMPARATIVE STUDY ON THE CHARACTERISTICS OF STUDENTS DEBTOR TWO UNIVERSITIES WITHIN THE STATE OF SÃO PAULO Thiago Flávio de Souza Universidade Metodista de Piracicaba – UNIMEP Silvia Helena Carvalho Ramos Valladão de Camargo Universidade Metodista de Piracicaba – UNIMEP Antonio Carlos Giuliani Universidade Metodista de Piracicaba – UNIMEP Mario Sacomano Neto Universidade Metodista de Piracicaba –UNIMEP Valéria Rueda Elias Spers Universidade Metodista de Piracicaba - UNIMEP Resumo No segmento educacional a inadimplência possui diversas características e, dessa forma, tem motivado estudos que identifiquem as condições do cenário atual em confronto com as dificuldades e expectativas dos alunos, visando reduzir o seu crescimento e contribuir para a continuidade do estudante na instituição. Com objetivo de compreender o problema em questão, este trabalho buscou, por meio de pesquisa exploratória, identificar as principais características dos alunos inadimplentes, em duas IES do interior do estado de São Paulo. Acredita-se que ao conhecer algumas de suas características, é possível minimizar a inadimplência não só educacional, mas de diversos setores da economia. Palavras-chave Inadimplência, Aluno, Instituição de Ensino Superior.

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Thiago Flávio de Souza; Silvia Helena Carvalho Ramos Valladão de Camargo; Antonio Carlos Giuliani; Mario Sacomano Neto; Valéria Rueda Elias Spers

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ESTUDO COMPARATIVO SOBRE AS CARACTERÍSTICAS DOS ALUNOS INADIMPLENTES DE DUAS UNIVERSIDADES DO

INTERIOR DO ESTADO DE SÃO PAULO

COMPARATIVE STUDY ON THE CHARACTERISTICS OF STUDENTS DEBTOR TWO UNIVERSITIES WITHIN THE STATE

OF SÃO PAULO Thiago Flávio de Souza Universidade Metodista de Piracicaba – UNIMEP Silvia Helena Carvalho Ramos Valladão de Camargo Universidade Metodista de Piracicaba – UNIMEP Antonio Carlos Giuliani Universidade Metodista de Piracicaba – UNIMEP Mario Sacomano Neto Universidade Metodista de Piracicaba –UNIMEP Valéria Rueda Elias Spers Universidade Metodista de Piracicaba - UNIMEP

Resumo No segmento educacional a inadimplência possui diversas características e, dessa forma, tem motivado estudos que identifiquem as condições do cenário atual em confronto com as dificuldades e expectativas dos alunos, visando reduzir o seu crescimento e contribuir para a continuidade do estudante na instituição. Com objetivo de compreender o problema em questão, este trabalho buscou, por meio de pesquisa exploratória, identificar as principais características dos alunos inadimplentes, em duas IES do interior do estado de São Paulo. Acredita-se que ao conhecer algumas de suas características, é possível minimizar a inadimplência não só educacional, mas de diversos setores da economia. Palavras-chave Inadimplência, Aluno, Instituição de Ensino Superior.

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Abstract In the educational proceed the default own characteristic diverse, and of this form has motivated studies that identify the conditions of the current situation confronting with the difficulties and expectations of students, aiming to reduce their growth, contributing to the continuity of the student at the institution. With the objective of to understand the problem in issue, this study searched through exploratory research to identify the main characteristics of default students in two IES inside of São Paulo`s State. It is believed that understanding some features it possible to minimize the default not only educational, but of different sectors of the economy. Keywords Default, Student, Institution of Higher Education.

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ESTUDO COMPARATIVO SOBRE AS CARACTERÍSTICAS DOS ALUNOS INADIMPLENTES DE DUAS UNIVERSIDADES DO

INTERIOR DO ESTADO DE SÃO PAULO

COMPARATIVE STUDY ON THE CHARACTERISTICS OF STUDENTS DEBTOR TWO UNIVERSITIES WITHIN THE STATE

OF SÃO PAULO Thiago Flávio de Souza Universidade Metodista de Piracicaba – UNIMEP Silvia Helena Carvalho Ramos Valladão de Camargo Universidade Metodista de Piracicaba – UNIMEP Antonio Carlos Giuliani Universidade Metodista de Piracicaba – UNIMEP Mario Sacomano Neto Universidade Metodista de Piracicaba –UNIMEP Valéria Rueda Elias Spers Universidade Metodista de Piracicaba – UNIMEP 1 Introdução

O mercado de instituições de ensino superior (IES) tem se tornado extremamente competitivo

devido à grande oferta de instituições e cursos superiores. As fusões e aquisições, aberturas de

capital, além das mudanças nas demandas do mercado profissional, cada vez mais frequentes

tornam ainda mais complexo o cenário e fazem com que uma gestão aprimorada seja um

diferencial para a sobrevivência e rentabilidade de uma instituição.

Há alguns anos as instituições de ensino superior estão convivendo com a inadimplência em

níveis jamais vistos. Embora a inadimplência represente grandes riscos para o

desenvolvimento do setor, pouco se vê estudos ligados ao tema que abordam sobre melhores

condições para a redução desses índices.

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Existem fatores que justificam esse momento pelo qual passam as universidades, sendo eles: a

concorrência, a legislação, o quadro econômico, a mídia, a qualidade do ensino e por fim a

própria gestão organizacional. Isso de certa forma torna a inadimplência conhecida como a

grande vilã das instituições educacionais.

No passado a inadimplência não apresentava riscos para as IES, pois o cenário era totalmente

diferente. Porém atualmente, a inadimplência ocorre por meio do não cumprimento do

pagamento, sendo na maioria das vezes caracterizada pelo descontrole financeiro por parte do

contratante.

Diante desse cenário, inicia-se o estudo das características dos inadimplentes do setor

educacional para se verificar, dentre outras particularidades, quais as suas preferências no

momento de executar seus pagamentos.

A pesquisa propõe verificar quais as características do aluno inadimplente em duas

instituições de ensino superior e tem como objetivo proporcionar maior conhecimento para a

gestão da inadimplência educacional, visto que os índices em questão alcançaram pontos que

tornam a pesquisa de extrema importância.

2 Inadimplência

Para Teixeira e Silva (2001, p.19), “inadimplência é a falta de pagamento; inadimplemento é

o termo jurídico utilizado, em regra, para designar uma situação de não cumprimento de

cláusula contratual; insolvência é a perda total de capacidade de pagamento”.

O aumento da inadimplência não tem a ver apenas com a grande dificuldade econômica atual,

mas também caminha por fatores como falta de planejamento durante a definição de créditos

e até mesmo nos processos que não possuem eficiência perante situações que podem

desencadear casos de inadimplência.

Os consumidores possuem dificuldades no controle financeiro de seus rendimentos,

provocando insuficiência no momento do pagamento de suas dívidas e contribuindo para o

aumento da inadimplência.

Em alguns casos os consumidores vivem na corda bamba financeira gastando tudo o que

possuem, ou até mais do que podem, sem sequer perceber que suas despesas consistentemente

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ultrapassam os seus rendimentos. (MAPOTHER, 1999)

As empresas, quando bem preparadas para os negócios e atentas às freqüentes mudanças do

mercado financeiro, devem ter consciência de que a inadimplência pode ser evitada, antes

mesmo de efetuada a venda, por meio de ações de caráter preventivo bastante simples.

A prevenção acaba sendo um excelente mecanismo para evitar o problema da inadimplência

crônica, pois os recursos necessários serão mínimos se comparados ao enorme prejuízo que

pode trazer um índice muito alto ocasionado por esse problema.

Considerando que a inadimplência é um fator prejudicial para a maioria das empresas e das

IES, é necessária a análise das características desses indivíduos, objetivando, com isso, evitar

que os índices no momento observado se elevem.

Diante do cenário brasileiro, muitos fatores poderiam justificar os altos índices de

inadimplência verificados nos diversos setores, mas o principal está ligado ao elevado nível

de desemprego, que para as empresas seria o resultado da grande crise mundial vivida

atualmente.

Dados da pesquisa sobre inadimplência realizada pela ACSP (2009) Associação Comercial de

São Paulo, durante o mês de março de 2009 revelou que a maior causa da inadimplência, está

no desemprego, com 42% das opiniões dos 823 entrevistados; o que intensifica a situação

retratada por diversos autores diante do momento atual do mercado financeiro.

Tabela 1: Outras causas da Inadimplência

Outras causas da inadimplência Mar/09 (%) Ficou desempregado 42% Alguém da família ficou desempregado 6% Doença em família 9% Descontrole do Gasto 12% Queda de renda 6% Ter sido fiador, avalista ou emprestou o nome 8% Atraso no recebimento de salários 4% Outros 13%

Fonte: Associação Comercial de São Paulo – ACSP (2009)

Outro índice em destaque está no descontrole do gasto com a ocorrência de 12%, sendo o

segundo do ranking das causas de inadimplência, demonstrando que a falta de conhecimento

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aliada à má administração dos recursos orçamentários acarretam no aumento do número de

inadimplentes.

2.1 Inadimplência nas IES

Nos encontros e congressos promovidos por sindicatos e empresas do setor educacional a

inadimplência vem recebendo uma importância jamais observada, porém isso não é uma

novidade. Esse problema tem atingido níveis preocupantes desde a década de 90, quando

outros agravantes econômicos e de mercado contribuíram para a reestruturação do setor

visando à retomada do crescimento.

Para Rodrigues (2004), no setor educacional, a inadimplência se configura pela falta de

pagamento das mensalidades em dia por parte do contratante do curso em que ele ou os seus

filhos estão matriculados.

Sendo assim a instituição só considera o aluno inadimplente após um determinado prazo, pois

antes dos trinta dias é considerado apenas um atraso na mensalidade, então dos trinta a

noventa dias ele está em débito e após os noventa é que é finalmente considerado

inadimplente. Este prazo existe por que se acredita que a inadimplência educacional ocorre

por fatos sociais e não má fé por parte do devedor.

De acordo com Marques (2006) “Dois fatores, no entanto, são os principais vilões do setor no

que diz respeito à inadimplência: a legislação, que protege o aluno, e a falta de adaptação das

instituições à nova realidade do mercado”.

As IES, na maioria das vezes, não utilizam critérios para verificar se existem condições

financeiras, por parte do aluno, para arcar com as mensalidades escolares, contribuindo para o

aumento da inadimplência e até mesmo da evasão.

Fuhrmann (2008, p. 32-34), cita em uma entrevista com o professor Roberto Lobo, ex-reitor

da USP, que relata: “quando o inadimplente não consegue formas de quitar seus débitos, ele é

um grande candidato à evasão”.

De acordo com Austin e Phillips (2001, p. 518), algumas empresas de cartões de crédito

americanas têm reconhecido a falta de conhecimento que os universitários possuem a respeito

de suas obrigações financeiras, com isso, propõem por meio de ações educativas aulas

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explicativas de como gerenciar e controlar os gastos visando melhorias na administração

financeira de seus futuros consumidores.

A inadimplência educacional poderia ser bem menor se as IES usufruíssem de recursos mais

contundentes contra os inadimplentes ou se possuíssem uma política de cobrança

transparente, com atendimento diferenciado e com punições bem definidas, não deixando de

agir fortemente contra uma situação de dívida ativa.

2.2 Cenário das IES Privadas

A crise financeira mundial invadiu até mesmo as salas de aula das universidades americanas,

refletindo em menos professores e mensalidades com valores maiores que o de costume. Tudo

isso está diretamente ligado ao desempenho ruim no último ano dos fundos de investimentos,

onde as universidades possuíam grandes aplicações, totalizando cerca de 42% de seus fundos

de doações. (MARANHÃO, 2009)

Como consequência desse processo internacional, a educação privada nacional vem sofrendo

grandes mudanças decorrentes da situação econômica da população. Também a abertura

elevada de novas instituições de ensino vem agravar ainda mais o quadro das condições

vividas atualmente nas universidades particulares.

Marques (2006) diz: “a atual crise no setor privado não é recente. Remonta há, pelo menos,

sete anos, desde que o número de instituições “explodiu”, a concorrência cresceu de maneira

gigantesca e os alunos começaram a rarear”.

Existe atualmente muita oferta para pouca demanda de alunos, devido ao extraordinário

número de novas IES que existem no país. Essa concorrência contribui para a ociosidade nas

matrículas, o que reduz o número de cursos ofertados pelas universidades e faculdades,

devido justamente ao não preenchimento das vagas.

A inadimplência no setor educacional nunca foi tão representativa, ocupa índices jamais

vistos e desperta preocupação por parte dos envolvidos no seguimento. Ela não poderia

aparecer em pior momento, uma vez que as faculdades e IES sem muitos recursos, estão

procurando meios para se manter no mercado e ainda obter destaque entre as concorrentes.

De acordo com pesquisa realizada pelo SEMESP (2007) sobre a inadimplência nas

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Instituições de Ensino Superior Privados do Estado de São Paulo, relativa ao 1º semestre de

2007, revelou uma vez mais, a grave situação que passa o setor no que tange os seus

recebimentos.

Tabela 2: Evolução da inadimplência total nas IES do Estado de São Paulo

Evolução da inadimplência total nas IES do estado de São Paulo Ano 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 Taxa 21% 22% 21% 24% 22% 20% 23% 23,2% Variação 4,8% -4,5% 14,3% -8,3% -9,1% 15% 0,8%

Fonte: SEMESP (2007)

Esse crescimento contínuo de inadimplentes representa uma forte crise pela qual as

universidades particulares estão passando. Isso se justifica pela falta de restrições ao crédito

dado pelas instituições no momento da matrícula, deixando que práticas básicas que

possibilitariam maior avaliação do aluno ou do responsável financeiro se passem por

burocracias desnecessárias.

2.3 Legislação Educacional

Existem diversos motivos que favorecem para que a inadimplência educacional seja tão alta, e

para Rodrigues (2004) um deles é sem dúvida a legislação atual, a lei nº 9.870/99, a qual tem

sido protecionista em relação aos pais, e o motivo central deste protecionismo é a política

adotada pelo Governo Federal, que visa fomentar ao máximo a educação para elevar o

conceito do país no cenário internacional, porém um dia esse protecionismo irá acabar.

Para o presidente do SEMESP (2008), Hermes Ferreira Figueiredo, é necessária a alteração da

lei nº 9.870/99, a chamada Lei do Calote, que não permite a aplicação de penalidades

pedagógicas quando o aluno está inadimplente até o fim do período letivo, que pode levar de

seis meses a um ano. A alteração deve ser feita para que os contratos de prestação de serviços

educacionais sejam feitos da mesma forma que os contratos de cobertura de saúde, onde após

dois meses de não-pagamento, o contrato é automaticamente rescindido.

Américo Martielo, diretor de operações da Veris Educacional, relatou em uma entrevista a

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Fuhrmann (2008, p. 32-34), que a lei acaba facilitando a inadimplência na medida em que fixa

juros e multas baixos e impede qualquer medida contra o aluno durante o período que cursa.

Para Rodrigues (2004 p. 103), “a legislação educacional está composta por dois grandes

grupos de leis, gerais e específicas. As leis gerais são compostas pela Constituição Federal,

pelo Novo Código Civil e pelo Código de Defesa do Consumidor, enquanto as leis específicas

são compostas por leis federais, portarias da Secretaria de Direito Econômico e por leis

esparsas”.

A legislação deve ser entendida pelas IES como uma fonte de apoio contra a inadimplência,

sendo que ela trará benefícios para a vida financeira da instituição, ao criar direitos e deveres

para cada uma das partes por meio do contrato de prestação de serviços educacionais.

Rodrigues (2004, p.92) destaca que o contrato de prestação de serviços educacionais é uma

das ferramentas a serem utilizadas pelas instituições privadas de ensino para reduzir a sua

inadimplência. Dessa forma o autor enfatiza que o contrato deve ser bem elaborado.

O consultor e advogado Carlos Monteiro em uma entrevista com Lopes (2006, p. 34-38), diz

que as implicações financeiras das ações movidas contra as instituições de ensino superior

podem representar uma média variável entre 25% a 30% da receita anual, se forem

considerados os questionamentos administrativos e judiciais, a inadimplência e a evasão.

2.4 Características do Inadimplente

Inadimplente, segundo o dicionário Larousse de Houaiss (1982), é todo aquele que não

cumpre devidamente um contrato. Inadimplemento é a falta de observância de um contrato ou

de qualquer de suas condições. E inadimplimir é deixar de cumprir no termo convencionado.

Para Teixeira e Silva (2001, p. 20) “o mau-pagador” pode ter vários perfis:

a) O “verdadeiro mau pagador”, definido como uma pessoa com intenções de lesar o credor

simplesmente, e recusa a pagar ou tenta prolongar ao máximo o pagamento;

b) O “mau pagador ocasional”, não teve a intenção de enganar o credor quando fez o pedido

de crédito, mas por algum motivo pessoal não tem condições de cumprir suas obrigações;

c) O “devedor crônico” é aquele que sempre atrasa, mas que acaba pagando. “Quando bem

administrados e controlados pelo credor podem ser excelentes fontes de lucro (por isso são

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bastante estimados pelos financeiros)”.

Morais (2008) revela em pesquisa realizada de inadimplência pela Associação Comercial de

São Paulo (ACSP), durante o mês de março de 2008, que a maioria dos inadimplentes são

homens, tem entre 31 e 40 anos, ganha mais de R$ 761 e possui um débito médio de R$

1.163,66. A maioria ficou inadimplente porque perdeu o emprego, mas informou que iria

quitar as dívidas nos próximos 30 dias, cortando gastos e com recursos do próprio salário.

Rodrigues (2004 p. 132) diz que, “quando nos deparamos com o devedor educacional,

identificamos que o principal motivo de sua inadimplência é a falta de recurso na data de

vencimento da mensalidade e não a intenção de prejudicar a Instituição de Ensino”.

De acordo com Curtis e Klapper (2005), um dos grandes problemas enfrentados pelos alunos

universitários, está na situação financeira particular e nos níveis de endividamento com as

universidades, o que aumenta significativamente o número de evadidos por dificuldades

financeiras.

Como método de prevenção as universidades e instituições de ensino especificamente

educacionais devem realizar um trabalho com seus alunos a fim de prepará-los para

administrar suas finanças pessoais para que não excedam aos limites de créditos concedidos

por instituições financeiras e administradoras de cartões de crédito. (Warwick e Mansfield,

2000)

2.5 Política de proteção ou cobrança

No geral para Ross, Westerfield e Jaffe (1995, p.582), “a política de cobrança é um método

para lidar com contas vencidas; a primeira etapa é analisar o período médio de recebimento e

preparar um quadro de idades que relacionem tempo de existência das contas à proporção que

representam todas as contas a receber; a etapa seguinte é decidir quanto ao método de

cobrança e avaliar a possibilidade de recorrer a serviços de factoring, ou seja, à venda de

contas vencidas”. As empresas geralmente adotam os seguintes procedimentos no caso de

clientes em atraso:

1. Enviam uma carta informando o cliente de que a conta está vencida;

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2. Telefonam para o cliente;

3. Contratam uma agência de cobrança;

4. Movem uma ação contra o cliente.

Às vezes uma empresa pode negar-se a dar crédito adicional a clientes até que as contas

vencidas sejam pagas. “Isto pode irritar um cliente normalmente bom e revelar um conflito

potencial de interesses entre o departamento de cobrança e o departamento de vendas”.

Conforme Rodrigues (2004, p. 141) “a política de cobrança é o conjunto de medidas ou

procedimentos adotados pelas instituições de ensino, visando reduzir os índices de

inadimplência sem estimular a evasão escolar”.

Para Martin (2007, p.132) desenvolver uma metodologia de cobrança implica em conhecer o

público-alvo do estabelecimento, seus hábitos e valores pessoais. Fatores regionais,

financeiros e pessoais podem determinar o maior interesse de determinadas pessoas em

manter suas contas em dia. Por outro lado, não se pode destacar o poder da mídia, ao divulgar

excessivamente os direitos do consumidor, mas praticamente calando a respeito dos deveres

que assumem ao assinar um contrato.

O artigo 580 do Código de Processo Civil Brasileiro preceitua sobre o inadimplemento,

considerando como inadimplente o devedor que não satisfaz espontaneamente o direito

reconhecido pela sentença, ou a obrigação que a lei atribuir à eficácia de título executivo.

De acordo com Blatt (1999, p.119), ao se deparar com um problema de cobrança nas mãos, a

coisa mais importante é controlá-lo o mais rápido possível para alcançar bons resultados. A

chave é reconhecer quando o processo está sendo adiado, e preparar-se para utilizar uma

abordagem adequada cada vez que ocorre uma cobrança.

Rodrigues (2004, p. 144-158) defende que a política de cobrança se subdivide em quatro

fases, sendo:

1ª Fase – Matrícula: reconhecida como a porta de entrada do cliente nas instituições de

ensino, através dela inicia-se a relação entre contratante (aluno) e contratada (IES). A

matrícula está dividida em duas partes que são os requisitos pedagógicos e econômico-

financeiros. Quanto aos requisitos pedagógicos, as instituições possuem as melhores

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condições para esta análise. No entanto, quanto ao requisito econômico-financeiro, aconselha-

se que procure conhecer melhor quem as está contratando, e isso só é possível através do

preenchimento de uma ficha cadastral completa. Quanto melhor a instituição de ensino

conhecer o seu contratado, tanto menor será o seu índice de inadimplência, portanto é preciso

ser seletivo e rigoroso na seleção do seu parceiro, aumentando as chances de se ter uma

empresa saudável.

2ª Fase – Cobrança Interna: realizada pela própria instituição de ensino, através de alguém

que possua o perfil para realizar o trabalho de cobrança de inadimplentes, é aconselhável que

esse tipo de trabalho não seja desenvolvido pelos dirigentes da instituição, para evitar

problemas futuros. O ato da cobrança realizada pela instituição de ensino ao contratante em

débito poderá ser efetuado de diversas maneiras, através de boleto bancário, cartas, avisos de

débito e telemarketing. Essa cobrança poderá ser feita por até 30 dias após o vencimento da

mensalidade, dessa forma a instituição envia uma carta até uma semana após o vencimento,

informando que a mensalidade está em aberto. A cobrança interna se encerra quando se

esgotam os meios para recebimento das mensalidades, em atraso, no prazo definido pela

instituição, após essa etapa segue o processo de cobrança.

3ª Fase – Cobrança Externa: normalmente é efetuada por empresas especializadas, essas

podem estar dentro ou fora da instituição. Se a assessoria em cobranças for bem escolhida,

pode oferecer uma recuperação significativa dos débitos em aberto, melhorando inclusive a

relação aluno-instituição de ensino. No entanto, não sendo possível a liquidação, caberá

enviar o débito para a cobrança judicial logo após o término do ano letivo.

4ª Fase – Cobrança Judicial: deve ser realizada por escritórios de advocacia de confiança

das IES e que conheçam profundamente a legislação educacional. Vale ressaltar, que no

Brasil, tem se desenvolvido na última década um movimento forte de esclarecimento do

cidadão quanto aos seus direitos, porém nenhum cidadão é passível de direitos sem antes ter

cumprido com suas obrigações. Pela atual legislação educacional (lei nº 9.870/99), é facultado

ao contratante permanecer usufruindo os serviços apesar de não estar cumprindo

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integralmente com suas obrigações financeiras junto às IES. A ação judicial jamais poderá ser

utilizada como instrumento de coação e pressão, ela é mais uma ferramenta à disposição das

IES, mas que se mal utilizada poderá gerar ações de indenização de perdas e danos contra ela

própria.

Por meio da sistemática descrita pelo autor, é possível verificar diferentes tipos de ações que

podem trazer resultados favoráveis para as IES que buscam reduzir os índices de

inadimplência.

3 Metodologia

A pesquisa utilizada foi do tipo qualitativa e exploratória, pois a grande vantagem desse tipo

de pesquisa para o estudo das organizações é a riqueza dos detalhes obtidos (BRYMAN,

1989; TRIVIÑOS, 1987; GHAURI e GRONHAUG, 1995; YIN, 1994). A pesquisa

exploratória é realizada sobre um problema ou questão de pesquisa quando há poucos ou

nenhum estudo anterior em que se possa buscar informações sobre a questão ou problema

(COLLIS e HUSSEY, 2005 p. 24). A pesquisa também envolve alguns dados quantitativos

descritivos.

Para a realização da coleta de dados foi elaborado um questionário estruturado com base no

referencial teórico composto de nove perguntas sendo oito questões de múltipla escolha e uma

aberta envolvendo a descrição da característica do aluno em relação a sua política de consumo

e quais são as suas prioridades.

Esse questionário foi aplicado em duas IES, sendo que a IES A é da cidade de Lins, e foram

obtidos 117 questionários respondidos e a IES B, é da cidade de Ribeirão Preto, somaram-se

44 questionários respondidos, todos na semana do dia 24 a 28 de março no primeiro semestre

de 2009. As duas IES possuem alunos que trabalham no período diurno e estudam no período

noturno.

4 Análise dos Resultados

O instrumento de coleta de dados utilizado foi o questionário, com questões baseadas no

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referencial teórico exposto, de forma que fossem compreendidas por todos os entrevistados da

mesma maneira, seguindo a disposição lógica desenvolvida nas perguntas. Na sequência

segue as respostas obtidas na coleta de dados e suas análises.

A pergunta número um identificou qual a faixa etária em que o aluno se encontra:

Tanto na IES A como na B a maior parte dos alunos se concentram na faixa de até 21 anos,

porém a pesquisa possibilitou identificar que a IES A tem uma característica de alunos mais

jovens do que a IES B.

Gráfico 1: Na primeira questão analisou-se a faixa etária dos entrevistados. Fonte: Elaborado pelos Autores.

Na pergunta dois procurou identificar quem é o responsável pelo pagamento das mensalidades

escolares:

Por meio da pesquisa verificou-se que a IES B possui um maior número de alunos

responsáveis pelo pagamento de suas mensalidades, são 75% contra 64% da IES A. Isso

acontece porque os alunos da IES B são mais maduros e por consequência possuem a

característica de serem seus próprios mantenedores financeiros. A pesquisa demonstra ainda

que na IES A as empresas da cidade e região possuem a política de contribuir na formação do

aluno, tornando-se responsáveis pelo pagamento da mensalidade, já na IES B essa forma de

incentivo não existe.

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Gráfico 2: Na segunda questão analisada buscou-se identificar qual é o responsável financeiro por quitar a mensalidade do aluno. Fonte: Elaborado pelos Autores. A questão três procurou verificar se as empresas em que os alunos trabalham costumam

atrasar seus salários:

Comparando as duas instituições verifica-se que as características não são muito diferentes,

mas o número de alunos que não possuem remuneração é maior na IES B sendo 11% contra

7% da IES A. A pesquisa possibilitou identificar que as empresas cumprem com suas

obrigações trabalhistas corretamente, porém cabe ao aluno administrar suas finanças pessoais.

Gráfico 3: A terceira questão analisada pretende saber se a empresa na qual o aluno trabalha costuma atrasar o pagamento de seu salário. Fonte: Elaborado pelos Autores.

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A quarta questão buscou descrever quais são as dificuldades que os alunos possuem para

quitar a mensalidade escolar em dia:

A pesquisa identificou que tanto a IES A como a B possuem alunos com falta de dinheiro

para o pagamento das mensalidades em dia, porém a IES B têm maior número de alunos que

não possuem dificuldades, sendo 61% contra 41% da IES A. Na IES A as dívidas excessivas

totalizam 10%, já na IES B são 5%, justificando que a IES A possui alunos com maior falta

de controle financeiro.

Gráfico 4: Na quarta questão analisada buscou-se identificar quais são as dificuldades encontradas pelo aluno em quitar sua mensalidade escolar em dia. Fonte: Elaborado pelos Autores. A pergunta de número cinco procurou saber se o aluno já teve a experiência de ser

inadimplente:

A pesquisa possibilitou identificar que a maioria dos alunos não possuiu a experiência de

serem inadimplentes, sendo 60% da IES A e 57% da IES B; já os que tiveram a experiência

somam 43% na IES B contra 40% na IES A.

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Gráfico 5: Na quinta questão foi analisado se o aluno já teve experiência de ser inadimplente. Fonte: Elaborado pelos Autores.

Na sexta questão buscou-se identificar o que facilitaria para o aluno quitar a mensalidade

escolar na data do vencimento:

Tanto para a IES A como para a IES B o pagamento via boleto bancário é o que possibilita

maior facilidade no momento da quitação das mensalidades, sendo 82% para os alunos da IES

B e 69% para os da IES A, o que demonstra aprovação dos alunos para esta prática, pois essa

é a forma atualmente utilizada pelas duas IES. As demais maneiras citadas não somaram

grande importância, porém uma das opiniões para outras atitudes que facilitariam, nas duas

IES o pagamento, foi sugerido a alteração na data do vencimento da parcela.

Gráfico 6: Na sexta questão buscou-se analisar alguns meios para facilitar o pagamento da mensalidade escolar. Fonte: Elaborado pelos Autores.

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A questão número sete buscou identificar se os alunos possuem ou não hábitos de reservar

dinheiro para a ocasião de dificuldades financeiras:

Nesta questão é evidente a divergencia de planejamento entre os alunos das duas IES, pois

66% dos alunos da IES B possuem hábito de reservar dinheiro, já na IES A apenas 44%

alegam ter essa atitude. Essa divergência pode ser justificada por meio do que foi identificado

anteriormente, uma vez que a característica da idade dos alunos da IES B é que possuem mais

maturidade e responsabilidade que os alunos da IES A, que por serem mais jovens, estes

ainda não a exercem. Assim, os alunos que não possuem o hábito de reservar dinheiro são

56% da IES A contra 34% da IES B.

Gráfico 7: Na sétima questão buscou-se analisar se os alunos possuem hábitos de reservar algum dinheiro para eventuais problemas financeiros. Fonte: Elaborado pelos Autores.

Na oitava questão verificou-se qual a ordem de prioridade dada pelos alunos no momento de

pagamento:

A pesquisa possibilitou identificar que a ordem de prioridade dada pelos aluno das duas

instituições modifica-se apenas nas primeiras alternativas. A IES B estabeleceu como

primeira prioridade a educação (29%), demonstrando o interesse dos alunos em manter em

dia a sua situação financeira com a IES, já a IES A elegeu a alimentação com (25%),

evidentemente por ser uma necessidade humana fundamental. Como segunda prioridade a IES

B enumerou a alimentação com (23%) e também com (23%) a IES A identificou o estudo. As

demais prioridades tanto da IES A como da IES B mantiveram a mesma sequência

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demonstrando que os alunos das duas IES possuem a mesma prioridade no momento de

pagamento das demais parcelas. Assim como terceira prioridade, (19%) da IES A e (18%) da

IES B escolheram a parcela de moto/carro, na quarta prioridade (17%) da IES A e (16%) da

IES B nomearam o celular e por fim como quinta prioridade a IES A com 16% e a IES B com

14% definiram a diversão.

Gráfico 8: Na oitava questão buscou-se avaliar qual a ordem de prioridade dada pelo aluno no momento de pagamento da mensalidade escolar. Fonte: Elaborado pelos Autores.

A questão de número nove procurou identificar a existência da característica “consumista”

nos alunos de IES:

Comparando as duas IES verifica-se que os alunos que não se consideram consumista somam

55% da IES B e 51% da IES A. A justificativa está no fato de terem o controle e compromisso

financeiro assumido, já os que se consideram consumista da IES A são 49% e da IES B 45% e

justificam como sendo motivados pelo impulso, pela falta de planejamento e controle.

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Gráfico 9: Na nona questão foi analisado se o aluno se consideram ou não “consumista” e o por quê. Fonte: Elaborado pelos Autores

5 Considerações Finais

Ao analisar as duas IES por meio da pesquisa realizada, percebe-se que as características em

alguns casos são semelhantes e fáceis de serem notadas, dessa forma é necessário uma

observação mais rigorosa dos dados coletados para que se possa ter melhores condições de

avaliá-las.

O objetivo que norteava a pesquisa era identificar as características dos possíveis alunos

inadimplentes das duas IES e realizar um comparativo por meio dos dados coletados. As duas

IES estão distantes aproximadamente 250 quilômetros uma da outra, no entanto o cenário da

inadimplência educacional é muito próximo e parecido o que preocupa ainda mais os gestores

educacionais.

Os alunos da IES B possuem algumas características relevantes, pois é perceptível um melhor

planejamento financeiro e prioridades mais bem definidas com relação à formação

profissional, isso possivelmente está ligado ao perfil dos alunos que são mais maduros e em

alguns casos já constituíram famílias. Já os alunos da IES A demonstram não possuir

planejamento de seus gastos o que dificulta o pagamento não só da mensalidade escolar, mas

também de outras despesas, ocasionando na maioria das vezes o endividamento; o que na

pesquisa foi identificado como a de um público mais jovem e com baixo controle financeiro.

A importância da pesquisa é evidente, pois quando um perfil é avaliado, pode-se trabalhar

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diretamente com suas dificuldades. O inadimplente do setor educacional, conforme os autores

citados na revisão da literatura, na maioria das vezes não possuem interesse em agir de má fé

para prejudicar a IES.

A grande questão está em melhores práticas na gestão da inadimplência, uma vez que as IES

privadas passarem a medir a inadimplência e procurarem métodos para minimizá-la como

orientação aos alunos para a administração dos gastos e planejamento financeiro por meio de

aulas, palestras e seminários, consequentemente se surpreenderão e reduzirão sua

inadimplência e o aluno sairá preparado para administrar e gerenciar sua situação financeira e

a da empresa em que ele trabalhar.

Sendo assim, uma das formas de minimizar a inadimplência educacional está em analisar os

pontos fracos que os alunos possuem, para então aplicar as soluções cabíveis na busca de

reverter o cenário em que as IES se encontram.

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Silvia Helena Carvalho Ramos Valladão de Camargo Rua Bahia 1442 – Ipiranga – Ribeirão Preto – SP – 16-36225691 - 16-91026901 Universidade Metodista de Piracicaba - UNIMEP e Centro Universitário Moura Lacerda de Ribeirão Preto - CUML [email protected] Doutora em Administração pela Universidade de São Paulo – FEA-USP – Área de concentração Política de Negócios, Mestre em Administração pelo Centro Universitário Moura Lacerda de Ribeirão Preto, Pós-Graduada em Didática do Ensino Superior e Graduada em Ciências Contábeis e Administração. Docente do Programa de Mestrado Profissional em Administração da UNIMEP, e Professora Universitária e de MBAs no Centro Universitário Moura Lacerda de Ribeirão Preto. Antonio Carlos Giuliani Rodovia do açúcar, Km 156 – Taquaral – Piracicaba/SP – 19-31241609 Universidade Metodista de Piracicaba – UNIMEP [email protected] Doutor e Mestre em Administração Escolar (Unimep), professor de Marketing de cursos de graduação e pós-graduação da Unimep, atualização em Marketing pela University/Berkeley, coordenador do Curso de Mestrado Profissional em Administração e MBA em Marketing (Unimep). Consultor ad-hoc/INEP Ministério da Educação, autor de vários livros na área de Marketing. Mário Sacomano Neto Rodovia do açúcar, Km 156 – Taquaral – Piracicaba/SP – 19-31241609 Universidade Metodista de Piracicaba – UNIMEP [email protected] Doutor em Engenharia de produção pela Universidade Federal de São Carlos. Visiting Schollar na Universidade de Chicago. Mestre em Engenharia de produção pela Universidade de São Paulo, bacharel em Administração de Empresas pela PUC. É professor do Mestrado em Administração da Universidade Metodista de Piracicaba. Valéria Rueda Elias Spers Rodovia do açúcar, Km 156 – Taquaral – Piracicaba/SP – 19-31241609 Universidade Metodista de Piracicaba – UNIMEP [email protected] Doutora em Ciências Sociais pela Pontíficia Universidade Católica de São Paulo. Atua na área de Administração, com ênfase em Cultura Organizacional. Em suas atividades profissionais interagiu com 43 colaboradores em co-autorias de trabalhos científicos. Coordenadora do curso de MBA em Gestão de Negócios – Unimep, professora do curso de Mestrado em Administração – Unimep.