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1 Estudo comparativo entre os estágios realizados no curso de Pedagogia e a experiência do Programa Bolsa Alfabetização do governo do Estado de São Paulo Iaciara Casarotto Nicoletti Ramos Aluna do programa de iniciação científica USCS Maria de Fátima Ramos de Andrade Professora orientadora USCS Introdução Em minha pesquisa - Estudo comparativo entre os estágios realizados no curso de Pedagogia e a experiência do Programa Bolsa Alfabetização do governo do Estado de São Paulo - investiguei, por meio de um estudo comparativo, os estágios realizados no curso de Pedagogia e os estágios proporcionados aos alunos participantes do programa Bolsa Alfabetização. O objetivo da pesquisa foi o de identificar e compreender elementos que colaborem na melhoria dos estágios realizados nos cursos de Pedagogia e, por sua vez, que favoreçam a construção de uma relação mais adequada entre as universidades e as escolas públicas. Para tal, doze alunos do curso de Pedagogia da Universidade Municipal de São Caetano do Sul responderam dois questionários com questões fechadas e abertas. Minha intenção é contribuir na melhoria do curso de Pedagogia, mais especificamente, no momento da realização dos estágios. 2. Referencial teórico Programa Programa Bolsa Formação - Escola Pública e Universidade O programa Bolsa Formação - Escola Pública e Universidade, mais conhecido como Bolsa Alfabetização, foi idealizado a partir da problematização de algumas avaliações - SARESP, INAF, PISA - que ocorreram no Ensino Fundamental. Os resultados apontaram que uma parcela de alunos, no final do ciclo I do Ensino Fundamental, não sabia ler e escrever ou não conseguia concluir o ciclo II do EF, pois, apresentava dificuldades de leitura e compreensão de texto.

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Estudo comparativo entre os estágios realizados no curso de Pedagogia e a experiência do Programa Bolsa Alfabetização do governo do Estado de São Paulo

Iaciara Casarotto Nicoletti Ramos

Aluna do programa de iniciação científica USCS

Maria de Fátima Ramos de Andrade

Professora orientadora USCS

Introdução

Em minha pesquisa - Estudo comparativo entre os estágios realizados no curso

de Pedagogia e a experiência do Programa Bolsa Alfabetização do governo do Estado

de São Paulo - investiguei, por meio de um estudo comparativo, os estágios realizados

no curso de Pedagogia e os estágios proporcionados aos alunos participantes do

programa Bolsa Alfabetização.

O objetivo da pesquisa foi o de identificar e compreender elementos que

colaborem na melhoria dos estágios realizados nos cursos de Pedagogia e, por sua vez,

que favoreçam a construção de uma relação mais adequada entre as universidades e as

escolas públicas. Para tal, doze alunos do curso de Pedagogia da Universidade

Municipal de São Caetano do Sul responderam dois questionários com questões

fechadas e abertas. Minha intenção é contribuir na melhoria do curso de Pedagogia,

mais especificamente, no momento da realização dos estágios.

2. Referencial teórico

Programa Programa Bolsa Formação - Escola Pública e Universidade

O programa Bolsa Formação - Escola Pública e Universidade, mais conhecido

como Bolsa Alfabetização, foi idealizado a partir da problematização de algumas

avaliações - SARESP, INAF, PISA - que ocorreram no Ensino Fundamental. Os

resultados apontaram que uma parcela de alunos, no final do ciclo I do Ensino

Fundamental, não sabia ler e escrever ou não conseguia concluir o ciclo II do EF, pois,

apresentava dificuldades de leitura e compreensão de texto.

2

De posse desses dados avaliativos e com a intenção de reverter o quadro, o

governo do Estado de São Paulo desenvolveu o programa Ler e Escrever - iniciado em

2007 – como uma de suas dez metas para a educação. Basicamente, esse projeto teve

como pretensão alfabetizar até 2010 todas as crianças de até oito anos matriculadas na

rede pública.

Cumpre lembrar que o programa Ler e Escrever teve como base o programa

Letra e Vida, lançado em 2005, o qual visava apenas à formação dos alunos que

chegavam à 4ª. série sem saber ler e escrever. O fato de os alunos não estarem

alfabetizados contribuía para que eles desistissem dos estudos, o que trazia uma grande

evasão escolar; além disso, apresentavam problemas de relacionamento, por se sentirem

rejeitados, com baixa autoestima, enfim, entravam para as estatísticas do analfabetismo.

As ações do programa Ler e Escrever foram estruturadas nos seguintes projetos:

Ler e Escrever na 1ª série do Ciclo I; Ler e Escrever na 2ª série do Ciclo I; Projeto

Intensivo no Ciclo -3ª série – PIC 3ª série; Projeto Intensivo no Ciclo -4ª série – PIC 4ª

série. Nesse conjunto de projetos constam ações de caráter geral – formação do trio

gestor, formação do professor coordenador, formação do professor regente, publicação

de materiais, acompanhamento dos dirigentes de ensino – convênios com as instituições

de ensino superior - e outras de caráter específico que variam de acordo com cada um

deles.

Os principais objetivos do Ler e Escrever são:

- Apoiar o professor coordenador em seu papel de formador de professores dentro da

escola;

- Apoiar os professores regentes na complexa ação pedagógica de garantir

aprendizagem de leitura e escrita a todos os alunos, até o final da 2ª série do Ciclo I /

EF;

- Criar condições institucionais adequadas para mudanças em sala de aula, recuperando

a dimensão pedagógica da gestão;

- Comprometer as universidades com o ensino público, possibilitando a futuros

profissionais da Educação (estudantes de cursos de Pedagogia e Letras), experiências e

conhecimentos necessários sobre a natureza da função docente, no processo de

alfabetização de alunos do Ciclo I / EF.

A primeira fase do Ler e Escrever teve início em 2007, com iniciativas nas

escolas da capital paulista, com destaque para a adoção do programa Bolsa Formação -

3

Escola Pública e Universidade (no segundo semestre do ano) e a formação de

professores para implantar o programa em todas as salas de aula em 2008. A

capacitação dos educadores em serviço se faz conjugada a diretrizes e conceitos, em

processos especificamente planejados para cada sujeito atuante no sistema. Logo, o

programa Bolsa Alfabetização foi uma das ações para alcançar os objetivos e as metas

propostas pelo programa Ler e Escrever.

Assim, o programa Bolsa Formação - Escola Pública e Universidade foi

instituído, dando início às suas atividades em 2007. Essa ação tem por objetivo, além

de apoiar o professor na sala de aula, o de garantir que o aluno tenha um bom

desempenho na aprendizagem.

Apostava-se na ideia de que com a união de forças - coordenadores,

supervisores, diretores, professores e universidade – superaríamos os índices

inadequados de alfabetização. Desenvolvendo projetos que interferissem diretamente no

cotidiano da sala de aula e na gestão da escola, poderíamos reverter o quadro

desfavorável.

O Decreto Nº 51.627, de 1º de março de 2007, institui o programa Bolsa

Formação - Escola Pública e Universidade:

Considerando o disposto no Decreto nº 7.510, de29 de janeiro de 1976, que

reorganizou a Secretaria da Educação, inserindo em seu campo funcional, dentre

outras, as atribuições de promover o desenvolvimento de estudos visando à melhoria do

desempenho do sistema estadual de educação, assim como fomentar o intercâmbio de

informações e assistência técnica bilateral com instituições públicas e privadas;

e Considerando que a aproximação entre a Secretaria da Educação e as instituições de

ensino superior responsáveis pela formação de docentes pode-se constituírem campo de

construção de teorias, pesquisas e contribuições desencadeadoras de um salto de

qualidade na educação pública estadual,

Decreta:

Artigo 1º - Fica instituído o Programa “Bolsa Formação - Escola Pública e

Universidade”, destinado a alunos dos cursos de graduação de instituições de ensino

superior que, sob supervisão de professores universitários, atuarão nas classes e no

horário de aula da rede estadual de ensino ou em projetos de recuperação e apoio à

aprendizagem.

4

Segundo o Decreto, no artigo 2º, temos os seguintes objetivos gerais:

I. possibilitar que as escolas públicas da rede estadual de ensino constituam-se em

“campi” de pesquisa e desenvolvimento profissional para futuros docentes;

II. propiciar a integração entre os saberes desenvolvidos nas instituições de ensino

superior e o perfil profissional necessário ao atendimento qualificado dos alunos da

rede estadual de ensino;

III. permitir que os educadores da rede pública estadual, em colaboração com os

alunos/pesquisadores das instituições de ensino superior, desenvolvam ações que

contribuam para a melhoria da qualidade de ensino.

Com relação à função do aluno pesquisador, o Artigo 5º diz:

Caberá ao aluno pesquisador, sob a supervisão de seu professor orientador:

I. auxiliar o professor regente na elaboração de diagnósticos pedagógicos de alunos;

II. planejar e executar, em comum acordo com o professor regente, atividades didáticas

destinadas aos alunos, individualmente ou em grupo;

III. escolher, em conjunto com o professor orientador, o tema para o desenvolvimento

da pesquisa de acordo com o Anexo I desta Resolução;

IV. cumprir outras atribuições previstas no Regulamento do Projeto e no anexo I desta

Resolução.

§ 1º - O aluno pesquisador deverá realizar atividades, na unidade escolar onde atua,

em 20 horas semanais, de 2ª. a 6ª. feira, como segue:

1 -18 (dezoito) horas em classe de 1ª série do ciclo I do Ensino Fundamental, sendo 04

(quatro) horas diárias, sempre com o professor regente;

2 -02 (duas) horas em Hora de Trabalho Pedagógico Coletivo - HTPC, realizado na

unidade escolar, conforme Regulamento do Projeto;

§ 2º - Na impossibilidade da participação em HTPC, o aluno deverá cumprir às 20

horas na classe de 1ª. série, junto com o professor regente.

Resumidamente, o programa Bolsa Alfabetização faz parte do Programa Ler e

Escrever, uma iniciativa do governo do Estado de São Paulo, implantado pela Secretaria

Estadual de Educação (SEE), contando com a participação da Fundação para o

Desenvolvimento da Educação (FDE), que tem por objetivo garantir que alunos de

Ciclo I do Ensino Fundamental desenvolvam o domínio da leitura e escrita até os oito

5

anos de idade, privilegiando, a esses alunos, ainda na fase tenra de aprendizagem, o

contato com a diversidade de gêneros textuais. Ao desenvolver essas competências, os

alunos migrariam para as séries subsequentes sem descompassos e com desempenho

potencialmente satisfatório em outras disciplinas.

Alunos universitários, oriundos dos cursos de Pedagogia e Letras, denominados

alunos pesquisadores, auxiliam professores regentes dos 2º anos a realizar a

alfabetização; além disso, transformam a experiência em temário de análise e discussão

nas IES, onde são acompanhados e orientados por professores orientadores.

Um dos eixos do programa Bolsa alfabetização é a importância dada à

realização de uma pesquisa. O conceito de pesquisa aproxima-se da ideia de

investigação didática ou de engenharia didática.

A educadora argentina Profª Drª Delia Lerner, eleita como consultora do

programa, vem acompanhando e orientando a equipe de gestão do Ler Escrever/Bolsa

Alfabetização e os professores orientadores das instituições de ensino superior.

Realizado pelo aluno pesquisador e, sob o acompanhamento do professor

orientador da instituição de ensino superior (IES) o projeto de pesquisa deveria ser uma

modalidade de investigação didática, realizada nas classes de 2ªs séries, convertida em

registro escrito, com o objetivo de apresentar à escola e à IES, um estudo temático de

alguns aspectos da alfabetização. São eles: - leitura feita pelo professor; - produção oral

com destino escrito; - cópia e ditado (ressignificação da cópia); - rotina de leitura e de

escrita.

O programa prevê que todos os apontamentos do aluno pesquisador, sob a

intervenção/inferência do professor orientador, sejam transformados em relatórios

pedagógicos para que possam, posteriormente, ser encaminhados à FDE para análise.

Além disso, está proposto que, ao término do projeto de pesquisa, a escola receba uma

cópia desse documento, o que será uma oportunidade para reflexão e revisão das

didáticas adotadas.

Segundo seus idealizadores, o programa Bolsa Alfabetização constrói uma ponte

importante entre o ambiente da universidade e o contexto da sala de aula, além de

contribuir para a formação de futuros professores para o Ensino Fundamental.

Para a execução do programa, a equipe responsável tem realizado ações tanto

administrativas como pedagógicas.

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O programa Bolsa Alfabetização, em 2010, firmou 88 convênios com

instituições de ensino superior. Com isso, 98 professores das instituições de ensino

superior assumiram a função de orientadores e 88 interlocutores das instituições de

ensino superior foram escolhidos. No total, 2099 classes foram atendidas de 2º

ano/Ciclo I/EF, em 976 unidades escolares, o que possibilitou que 2099 alunos-

pesquisadores pudessem desenvolver suas funções nas classes de 2º ano/cicloI/EF.

Em 2011, no 1º chamamento já foram firmados 53 convênios com instituições

de ensino superior e em breve sairá o resultado do segundo chamamento.

2.2 O conceito de estágio

O estágio, para quem está na graduação e que ainda não realizou nenhum

trabalho no Magistério, é um espaço importante de formação e de reflexão acerca das

teorias estudas no curso de Pedagogia, assim como, de ressignificação de saberes da

prática. Logo, é fundamental estruturar ações que viabilizem um diálogo real com as

escolas que acolhem os nossos alunos estagiários.

Um dos grandes desafios que os cursos de formação de professores vêm

enfrentando é o de estabelecer um canal de comunicação com a escola pública. Um

desses canais poderia ser construído por meio dos estágios supervisionados. Contudo a

possibilidade concreta de se efetivar um intercâmbio entre a universidade e a escola

pública, ainda é um desafio. Tanto a escola quanto a universidade estariam se

beneficiando nessa relação.

O estágio - um dos componentes do currículo - é uma atividade que possibilita

ao aluno um contato direto com a realidade na qual ele irá atuar. Por meio da

observação e análise crítica da “vida escolar” – entendida como um conjunto de

práticas, valores e princípios das instituições educacionais –, o estagiário/aluno prepara-

se para atuar de maneira reflexiva, investigativa e crítica para o exercício profissional.

Muitas vezes, quando se menciona a palavra estágio, mesmo sendo referenciado

por uma legislação, a associação imediata que se faz é com aquele trabalho burocrático

a ser cumprido e entregue à secretaria para ser arquivado, não tendo nenhuma utilidade

nem interesse.

Na literatura, temos algumas visões do que poderia ser o momento do estágio;

Entre elas, temos uma que aposta que a formação do professor se daria prioritariamente

pela assimilação de uma prática eficiente observada.

7

Como afirma Pimenta (2008):

essa perspectiva está ligada a uma concepção de professor que na o

valoriza sua formação intelectual, reduzindo a atividade docente

apenas a um fazer que será bem-sucedido quanto mais se aproximar

dos modelos observados... O estágio então, nessa perspectiva, reduz-

se a observar os professores em aula e imitar esses modelos, sem

proceder a uma análise crítica fundamentada teoricamente e

legitimada na realidade social em que o ensino se processa. (p.36).

Outra visão de estágio, presente em alguns cursos de Pedagogia, aposta que a

aquisição de determinadas habilidades é suficiente para a resolução dos problemas com

os quais o futuro professor irá se defrontar. Essa concepção tem recebido críticas, uma

vez, que o professor fica “reduzido ao prático: não necessita dominar os conhecimentos

científicos, mas tão-somente as rotinas de intervenção técnica deles derivadas”.

(Pimenta, 2008, p.37).

Enfim, são duas perspectivas que valorizam o aspecto técnico do estágio.

Contudo a ação educativa pede um olhar que considere os outros aspectos presentes no

contexto escolar. Como sabemos, a dimensão técnica só tem sentido quando articulada

com a dinâmica concreta da realidade escolar. Embora seja um aspecto importante na

formação docente, as atividades práticas desvinculadas de seus contextos pouco

contribuem quando os alunos ingressam no mercado de trabalho, pois, as situações reais

pedem, muitas vezes, a criação de novas técnicas.

Pimenta (2008) comenta que, para alguns, um curso de formação docente está

mais próximo da prática, quando possibilita “o treinamento em situações experimentais

de determinadas habilidades consideradas, a priori, como necessárias ao bom

desempenho docente” (p.38)

Aposto na ideia de que o estágio deveria possibilitar aos futuros professores uma

compreensão mais complexa das práticas institucionais e das ações ali praticadas pelos

profissionais, como uma alternativa no preparo da inserção profissional do futuro

professor.

A teoria terá o papel de questionar as práticas institucionais e as ações dos

sujeitos. Logo,

8

(...)O papel das teorias é iluminar e oferecer instrumentos e esquemas para

análise e investigação que permitam questionar as práticas

institucionalizadas e as ações dos sujeitos e, ao mesmo tempo, colocar elas

próprias em questionamento, uma vez que as teorias são explicações

sempre provisórias da realidade. (Pimenta, 2008, p.43)

Os estágios deveriam propiciar uma compreensão das complexidades das

práticas institucionais e das ações praticadas pelos profissionais, como uma alternativa

no preparo da sua inserção profissional. Assim, o estágio uma junção da prática de todas

as disciplinas do curso. Ele, muitas vezes, possibilita uma reflexão sobre a realidade.

Nesse sentido, ele aproxima os alunos da realidade, para analisar e questionar

criticamente, à luz de teorias. Como afirma pimenta (2008), é no contexto da sala de

aula, da escola, do sistema de ensino e da sociedade que a práxis se dá. (p. 45)

O estágio como pesquisa exige do aluno uma postura investigativa, fazendo uma

relação com os novos conhecimentos, comparando situações existentes, com os novos

dados da realidade. Compreendendo o estágio como uma investigação das práticas

pedagógicas nas instituições educativas. A teoria e prática devem estar presentes nas

universidades quanto nas instituições-campo. Propondo um intercâmbio entre o que se

teoriza e o que se pratica. Para que o estágio possa ser esse espaço de construção de

conhecimento algo é fundamental: o estabelecimento de um diálogo entre a escola e a

universidade. Sem esse diálogo os possíveis aprendizados ficam comprometidos.

Para finalizar, lembro o que está no Parecer número 21, de 2001, do Conselho

Nacional de Educação em que define o estágio curricular como um

“tempo de aprendizagem que, através de um período de

permanência, alguém se demora em algum lugar ou ofício para

aprender a prática do mesmo e depois poder exercer uma

profissão ou ofício. Assim o estágio supõe uma relação

pedagógica entre alguém que já é um profissional reconhecido

em um ambiente institucional de trabalho e um aluno estagiário

[...] é o momento de efetivar um processo de

ensino/aprendizagem que, tornar-se-á concreto e autônomo

quando da profissionalização deste estagiário.”

9

O contato com as situações reais das escolas, mediados pela postura

problematizadora e investigativa, é importante para a formação dos futuros professores.

Ao observar e registrar as práticas que lá ocorrem é possível articular teoria e prática.

3. Procedimentos metodológicos

Diante da perspectiva de conhecer elementos que favoreçam um diálogo mais

adequado entre a universidade e escolas públicas de Ensino Fundamental e, por sua vez,

que colaborem com a formação do aluno do curso de Pedagogia, optei por uma pesquisa

que se caracteriza por um estudo quantitativo e qualitativo.

Para a análise dos dados, recorri à análise de conteúdo como procedimento

metodológico. Bardin afirma que a análise de conteúdo é:

“Um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando

obter, por procedimentos, sistemáticos e objetivos de descrição

do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não)

que permitam a inferência de conhecimentos relativos às

condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas

mensagens”. (1977, p.42).

Tendo em vista essa escolha metodológica, optei em realizar minha pesquisa na

própria USCS por essa instituição por se mostrar disponível e, principalmente, por ser o

local onde estudo. O trabalho investigativo está estruturado da seguinte forma:

1- Etapa: Leitura e análise dos textos oficiais produzidos pela FDE sobre o

Programa Bolsa Alfabetização;

2- Etapa: A realização dos questionários com questões fechadas e abertas com os

alunos bolsistas participantes do Programa Bolsa Alfabetização com os alunos do

curso de Pedagogia que realizam seus estágios em escolas de forma convencional,

ou seja, sob a orientação do professor orientador de estágio.

10

4. Análise dos resultados

Inicialmente, procurei traçar o perfil do aluno do curso de Pedagogia. Realizei o

levantamento com os alunos dos 3 e 4 anos. As respostas dos questionários apontaram

que:

Alunos que realizaram seus estágios de maneira convencional

Com relação à faixa etária, temos:

- 72% dos alunos estão entre 20 até 23 anos;

- 14 % na faixa dos 24 até 30 anos;

- 14 % dos alunos têm mais de 30 anos

No item renda familiar, a pesquisa mostrou que:

- 28 % entre 1.001,00 até 2.000,00 reais;

- 58 % entre 2.001,00 até 3.000,00 reais e

-14 % mais de 3.000,00 reais

Com relação ao local onde cursou o Ensino Médio, as respostas apontaram que:

- 58% dos alunos estudaram em escola pública e

- 42% em escola privada.

Eles estudaram no período:

- 86 % diurno

- 14% noturno

Para finalizar, no item experiência profissional na educação, os dados levantados

mostram que:

- 86 % dos alunos têm experiência profissional e

- 14 % não

11

A partir dos dados levantados na primeira parte dos questionários (questões

fechadas) é possível afirmar que os alunos que fizeram seus estágios de maneira

convencional, na sua maioria, têm entre 20 a 23 anos, cursou o Ensino Médio em escola

pública, no período matutino. Além disso, têm uma renda familiar entre dois a três mil

reais e não têm filhos. Outro dado importante, que as respostas mostraram, é o fato de a

maioria ter experiência profissional na educação.

Perfil dos alunos que participaram do Bolsa Alfabetização

Com relação à faixa etária, temos:

- 10% até 19 anos;

- 30% dos 20 anos até 23 anos;

- 30% dos 23 anos até 30 anos e

- 30% mais de 30 anos

No item renda familiar, a pesquisa mostrou que:

- 10% menos de 1.000,00 reais;

- 28 % entre 1.001,00 até 2.000,00 reais;

- 58 % entre 2.001,00 até 3.000,00 reais e

- 14 % mais de 3.000,00 reais

12

Com relação ao local onde cursou o Ensino Médio, as respostas apontaram que:

- 90% dos alunos estudaram em escola pública e

- 10% em escola privada.

Eles estudaram no período:

- 50 % diurno

- 50% noturno

Para finalizar, no item experiência no projeto Bolsa Alfabetização, dados

levantados mostram que iniciaram a sua participação desde:

- 30% desde 2008;

- 40% desde 2009;

- 20% desde 2010 e

- 10% a partir de 2011.

A partir dos dados coletados, nos questionários realizados com os alunos

participantes do projeto Bolsa Alfabetização, é possível afirmar que a maioria tem mais

de 19 anos, estudou em escola pública, tanto no período noturno como no matutino.

Além disso, tem renda familiar entre dois a três mil reais e estão no projeto desde 2009.

Comparando os dois segmentos, posso afirmar que os dois grupos são parecidos

e que a diferença está, apenas, na porcentagem de alunos que cursaram a escola pública

e o período em que estudavam. Os alunos participantes do Bolsa Alfabetização são na

sua maioria provenientes das escolas públicas e cursaram o ensino médio no período

noturno.

2ª. Parte dos questionários: alunos que realizaram seus estágios convencionais x

alunos pesquisadores.

13

Nessa segunda parte dos questionários, procurei agrupá-los por pergunta, ou seja, o que os

alunos pesquisadores (APs) e os alunos que realizaram seus estágios convencionais (EC)

responderam para uma mesma questão. Em seguida faço uma breve reflexão sobre o que foi

dito.

1. Supondo que a experiência como aluno estagiário tenha mudado algo em sua

vida, mesmo que seja uma pequena mudança, pense: O que mais mudou para mim

foi... (complementar).

AP - A AP - B AP - C AP - D AP - E AP - F

Como as coisas

funcionam no

Estado, a

concepção de

ensino que é

adotada pela

professora.

Além do como se

alfabetiza.

O olhar

sobre a

aprendizage

m, pois

pude

adquirir

experiência

e aprender

como se dá

o processo

de ensino-

aprendizage

m

Aprendi que cada

pessoa possui

algo novo para

ensinar, e que

cada professora e

os alunos também

me ensinaram

algo novo, que faz

com que eu cresça

profissionalmente

e como pessoa

também

Ter a

possibilida

de de

vivenciar o

complexo

escolar e

perceber a

grande

responsabi

lidade do

que é ser

um

educador,

profissiona

l da

educação,

professor.

Para mim foi a

forma de

alfabetizar

fiquei

encantada de

como as

crianças

apreendem

nesse novo

conceito de

educação, pois

fui

alfabetizada

pelo método

tradicional..

Saber

respeitar

cada aluno e

sua família

vê-los como

agentes no

processo e

não como

seres passivos

e até

inimigos.

Cada

aluno/família

tem um estilo

de vida,

influenciado

por uma

cultura, pelo

acesso as

coisas, por

limitações

financeiras...

EC – A EC - B EC - C EC - D EC - E EC - F

14

Não posso

dizer que

algo mudou

em mim,

pois as

mudanças

são

constituídas

ao longo dos

anos, para

mim. Esta

experiência

foi muito

curta.

O jeito de

falar com as

pessoas, a

perda da

vergonha, e

como agir em

determinadas

ocasiões.

A visão da

escola de ensino

fundamental,

pois a idéia que

eu tinha quando

era criança ainda

era ativa até o

momento que eu

consegui

compreender a

visão dos

professores em

relação às

crianças.

A forma de

como passei a

enxergar a

educação

A visão

diferenciada

para a

postura do

professor.

Comecei a

ver a

situação de

outro

ângulo

Na minha

forma de

pensar e

agir com as

crianças

Comparando os dois quadros – as respostas dadas sobre o que mais aprenderam

– pude perceber que as alunas pesquisadoras, ao ocuparem um tempo maior na

escola/sala de aula, conseguem expressar, por meio da escrita, que aprenderam

conteúdos importantes para a sua formação. Isso ficou explícito no momento em que

afirmaram que presenciaram o processo de alfabetização. Um aspecto que merece ser

ressaltado é que para algumas alunas pesquisadoras, ao vivenciarem situações de aula,

elas conseguiram perceber, a partir da prática da professora, elementos importantes que

contribuirão para suas futuras práticas pedagógicas. Isso ficou claro quando a aluna AP

disse: “forma de alfabetizar fiquei encantada de como as crianças apreendem nesse novo

conceito de educação, pois fui alfabetizada pelo método tradicional.”

Analisando as respostas dadas na questão proposta, posso afirmar que os alunos

pesquisadores estão percebendo que, ao sairmos da sala de aula da universidade para ver

a sala de aula da escola, acrescentamos elementos importantes na formação inicial.

Nesse sentido, o projeto Bolsa Alfabetização se aproxima do conceito de estágio

defendido por Lima, quando a autora afirma que: “a mobilização do saber da

experiência, aliada ao saber pedagógico e à fundamentação teórica poderão nos oferecer

os elementos necessários para compreendermos e analisarmos o nosso próprio

desempenho profissional” (2003, p.62).

15

2. Faça um breve relato do como você foi acolhido na escola em que realizou

seus estágios e/ou com aluno pesquisador.

AP – A AP - B AP - C AP - D AP - E AP - F

De forma

indiferente; fui

muito bem

recebida pela

vice-diretora,

porém pelos

outros membros

fui tratada de

forma indiferente

Fui bem

recebida por

todos, tanto

pela direção

da escola

como pelos

professores

No João

Firmino me

sinto em

casa, no

Gonzalez me

senti uma

intrusa,

embora eu

tive a sorte

com todas

as

professoras

de serem

muito

legais.

Como este é o 3º

ano na mesma

escola, eu já

conheço algumas

pessoas, por isso

eu fui muito bem

recebida por elas.

Senti um pouco

de indiferença

ao me receber,

principalmente

a professora da

minha sala. Já

notei que ela

não gosta de

estagiária.

Fui muito bem

recebida e não

vista como

aluna

pesquisadora e

principalmente

respeitada e

incluída em

todo o

ambiente

escolar.

Bom a

primeira

semana de

adaptação

sempre é

difícil, mas

logo consegui

interagir com

a professora,

aluno e

direção.

EC EC EC EC EC EC

16

Fui muito bem

acolhida por

todos, desde a

diretora (pessoa

que eu já

conhecia

particularmente),

até o porteiro.

Todos se

esforçaram para

que eu pudesse

enriquecer as

minhas

experiências.

Todos

compartilharam

seus

conhecimentos.

Fui acolhida

muito bem,

todos os

funcionários me

colheram muito

bem, sempre

foram

atenciosos e

dedicados, os

professores

também sempre

me ajudaram

quando precisei

e me

explicaram

como falar e

agir em

determinados

casos.

Fui bem

acolhida, os

professores

não se

incomodaram

com a minha

presença, me

mostraram

planejamento e

atividades,

porém não de

maneira

espontânea, era

preciso

solicitar, mas

em geral foi

tudo tranquilo.

Fui acolhida

muito bem,

os

professores

me auxiliam

quando

necessário e

a

coordenador

a é bastante

presente em

nossa rotina.

Muito bem,

até porque

trabalho no

Departame

nto Pessoal

da escola.

Foi acolhido,

muito bom.

Tanto as APs como as alunas da Pedagogia que realizaram seus estágios de maneira

convencional foram bem recebidas. As exceções ficam com algumas situações

vivenciadas pelas APs. Em ambos os casos, as alunas relatam que a função do aluno

pesquisador não está clara na escola. As alunas disseram: “me senti uma intrusa, embora

eu tive a sorte com todas as professoras de serem muito legais” e “Senti um pouco de

indiferença ao me receber, principalmente a professora da minha sala” e “Já notei que

ela não gosta de estagiária”.

17

3. Faça um relato das experiências de aluno pesquisador que para você, foram

importantes para a sua formação.

AP – A AP - B AP - C AP – D AP - E AP - F

Para me

basear, e na

minha

carreira

docente;

tentar fazer

justamente o

oposto do

que eu

presencio.

A professora

me permita

ajudar a

todos, como

os

alfabéticos,

pré-silábicos

e os silábicos

com ou sem

valor, com

atividades

diferentes o

que me

permite

compreender

o processo de

cada um.

Como já disse,

todos os

profissionais,

ao longo da

minha jornada

de aluna

pesquisadora

teve algo a me

ensinar, tanto

positivo, quanto

negativo.

Valores que

pretendo

exercer

quando eu for

professora,

como coisas

que percebi

não ser bom

para mim. O

que vale nas

experiências é

Bem, no 1º ano

que participei, sai

bem, contente,

pois ajudei um

aluno em

particular a se

alfabetizar. Foi

um trabalho feito

junto com a

professora que

me deu uma

bagagem bem

interessante e

rica. Me fez

sentir bem, tanto

de ter auxiliado a

professora como

também e

principalmente

ajudar aquele

aluno a caminhar

um pouco em

Ter contato

com as

crianças.

Conhecer um

pouco sobre o

projeto "Ler e

Escrever".

Conhecer o

método

utilizado pela

professora

(escolher o que

é bom).

Participar do

processo de

alfabetização

dos alunos e

perceber o que

eles

conquistaram.

O que sabiam e

o que passou a

Ouvir outras

ideias,

questionar

sem ser

inconveniente,

participar

integralmente

na vida das

crianças,

vendo-as

como pessoas

plenas sem

que sintam-se

diferenciadas

umas das

outras.

Aprender

com o outro,

contemplar

uma

concepção de

ensino-

18

que

aprendemos o

que podemos

usar e o que não

queremos para

a minha vida

profissional.

Deixar o aluno

pensar para

responder e as

perguntas feitas

é algo que

sempre vou

fazer.

relação a

aprendizagem.

saber. aprendizage

m (parte

pedagógica).

Perceber o

comportame

nto da

criança meio

a atuação

(intervenção)

do

professor(a).

EC EC EC EC EC EC

19

A postura da

professora em

função de uma

questão ética

(roubo de

chocolate da

merendeira); - A

disposição da

professora em

estimular a

criança para que

ela avance em

seus

conhecimentos; -

A importância de

estar preparado

para quando tiver

que lidar com

aluno especial

em sala de aula.

A relação de

vínculo; a

gratificação

que a criança

tem quando

ela entende

aquele

conteúdo que

você explicou,

conversas com

alunos e pais e

a

responsabilidad

e que temos

com cada

criança quando

se trata da

educação e da

vida escolar

dela

Em uma das

escolas que eu

estagiei,

permanecia

como os

alunos,

sentados

durante todo o

período

observando a

aula que a

professora

ministrava, ali

sentada

compreendera

m o quanto é

cansativo ter

de esperar pela

fala da

professora

dizendo a todo

o momento o

que as crianças

deveriam fazer.

Aprendi ali

sentada, que

existem outras

maneiras de se

ensinar e

aprender, como

aprendemos na

faculdade e

como é possível

Os

aprendizados

que ocorrem

diariamente

com os

profissionais

que já atuam

na área. O

afeto das

crianças que

absorvemos

para dar

continuidade

ao nosso

trabalho.

Como não

estou na

área muitas

situações

não fazem

tanto

sentido

mais achei

interessante

conhecer

um pouco

mais do

mundo de

uma sala de

aula.

Desde higiene

pessoal deles,

que começa

na escola de

educação

infantil. Mas

tem pais que

nem ligam

para esse fato.

20

de se observar

em outros tipos

de escola.

Tanto os alunos pesquisadores, em sua maioria, relatam que aprenderam algo

importante para sua formação. O exemplo a seguir ilustra esta afirmação: “A professora

me permita ajudar a todos, como os alfabéticos, pré-silábicos e os silábicos com ou sem

valor, com atividades diferentes o que me permite compreender o processo de cada um”.

Já os alunos que realizaram seus estágios de maneira convencional não

conseguiram expressar situações de aprendizagem que tenham sido significativas. Os

exemplos que se seguem ilustram essa questão: “Em uma das escolas que eu estagiei,

permanecia como os alunos, sentados durante todo o período observando a aula que a

professora ministrava, ali sentada compreenderam o quanto é cansativo ter de esperar

pela fala da professora” e “Como não estou na área muitas situações não fazem tanto

21

sentido mais achei interessante conhecer um pouco mais do mundo de uma sala de

aula”.

4. Para você, qual a função do aluno pesquisador e/ou estagiário?

AP AP AP AP AP AP

Observar

como

ocorre o

processo de

ensino-

aprendizag

em, como

acontece a

interação

entre os

alunos e a

professora.

Além de

auxiliar a

professora

nas

atividades

que são

dirigidas às

crianças.

Pesquisar as

vivências em

sala de aula

e auxiliar o

professor na

alfabetizaçã

o dos alunos.

Observar o

ensino-

aprendizag

em, que é

o nosso

foco e

também

ajudar

para que

os alunos

tenham

um

aprendiza

do

melhor,

auxiliand

o a

professor

a no que

for

preciso.

Auxiliar a

professor

a no que

se refere

ao

alfabetiza

r o aluno.

Observar o aluno,

como ele se

desenvolve no

decorrer do ano,

qual o método de

ensino da

professora.

Registrar aquilo

que me chamou a

atenção no processo

de ensino e

aprendizagem.

Refletir sobre as

novas experiências

que vivo.

Auxiliar o

professor/aluno no

processo de ensino

e aprendizagem

Eu acredito que

o maior

benefício foi a

aprendizagem, a

formação em si,

ou seja, uma

possibilidade de

compartilhar e

apreciar a

atuação de um

docente e

também

“cooperar”

com a

professora e os

alunos.

EC EC EC EC EC EC

22

Acredito que ele

deve observar

refletir sobre as

práticas e

exercer as

diversas

atividades

dentro da sala

de aula. É um

período de

aprendizagem

fazendo uma

ponte da teoria

com a prática.

Creio que a

função do

aluno

estagiário

é observar,

ajudar os

alunos em

sala de

aula,

adquirindo

uma vasta

experiência

.

O estagiário é um

aprendiz, no

contexto escolar tem

a função de

observar,

compreender o que

acontece dentro de

uma escola, como

lidar com situações

diversas além de

interagir com as

crianças ele pode

auxiliar

professores em

atividades

diversas.

Acredito que

a função do

estagiário

seja de

observação

do contexto

escolar

como um

todo, além

de adquirir

experiência.

Auxiliar o

professor,

ajudar para

somar e fazer

pontos

positivos para

os alunos e o

ambiente

escolar.

Uma

experiência

muito boa,

para sua

carreira.

Tanto as alunas pesquisadoras como as que realizaram seus estágios de maneira

convencional afirmaram que a ação de observar faz parte de suas tarefas. Contudo,

comparando as respostas dadas, pude perceber que os alunos pesquisadores estão

preocupados em refletir e pesquisar o que está sendo observado.

5. Conclusão

Em minha pesquisa procurei analisar, a partir de um comparativo entre estágio

realizado pelos alunos participantes do projeto Bolsa Alfabetização e o estágio realizado

de forma convencional. Para tal, doze alunos do curso de pedagogia – seis que

participaram do projeto Bolsa Alfabetização e seis que realizaram seus estágios

convencionais- responderam um questionário com perguntas abertas e fechadas. Da

análise realizada pude perceber que as alunas do projeto Bolsa Alfabetização

demonstraram, em suas respostas, estarem mais integradas ao contexto escolar. Parece-

me que o fato de cumprirem uma jornada de 20 horas semanais e de ocuparem um espaço

de fato na escola possibilitaram condições mais adequadas para que elas percebessem o

seu papel no contexto escolar.

23

Além disso, percebi as alunas pesquisadoras estão mais integradas no contexto

escolar, pois, são convidadas a participar das atividades que se referem à alfabetização.

Já as alunas que não participam do programa, muitas vezes, apenas observam o que

ocorre na sala de aula. Com isso, elas ficam distantes das situações reais do ensino e da

aprendizagem.

Tanto o aluno pesquisador quanto o que fez o estágio de maneira convencional

aprenderam quando foram para as escolas, perceberam que no processo de ensino e

aprendizagem é importante olhar a criança, acreditar no seu potencial, suas

possibilidades. Pude perceber também tanto os alunos pesquisadores como os estagiários

fizeram descobertas sobre a área de educação, achavam que a educação se resumia a sala

de aula, e que ao irem para as escolas, constataram que, ainda, precisam aprender muito

sobre educação e que há assuntos pouco explorados, como por exemplo a questão da

inclusão.

É unanime a questão da distância entre o que se é dado na Faculdade e o que se vê

dentro da sala de aula, parece dois mundos bem diferentes. Mas em contra partida todas

as respostas dadas pelas alunas, de modo geral, acharam gratificante a experiência de

estar no contexto da escola. Puderam constatar que é fundamental um bom planejamento,

e um bom preparo para a relação discente/docente, percebe-se claramente que depois

dessa experiência todas sabem que ensinar não é só entrar na sala de aula e começar a

falar; é necessário preparo. Todas têm ciência de que o processo de aprendizagem é

contínuo, e que a intervenções do professor devem ser planejadas.

24

6. Referências Bibliográficas

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