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0 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PATOLOGIA ORAL NATÁLIA GUIMARÃES BARBOSA ESTUDO CLÍNICO E NÍVEIS DE ANSIEDADE EM UMA SÉRIE DE CASOS DE LÍQUEN PLANO ORAL Natal / RN 2012

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PATOLOGIA ORAL

NATÁLIA GUIMARÃES BARBOSA

ESTUDO CLÍNICO E NÍVEIS DE ANSIEDADE EM UMA SÉRIE DE CASOS DE

LÍQUEN PLANO ORAL

Natal / RN

2012

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NATÁLIA GUIMARÃES BARBOSA

ESTUDO CLÍNICO E NÍVEIS DE ANSIEDADE EM UMA SÉRIE DE CASOS DE

LÍQUEN PLANO ORAL

Dissertação apresentada ao Colegiado do Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Patologia Oral.

Orientadora: Profª. Drª. Ana Miryam Costa de Medeiros

Natal / RN

2012

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Barbosa, Natália Guimarães. Estudo clínico e níveis de ansiedade em uma série de casos de líquen plano oral / Natália Guimarães Barbosa. – Natal, RN, 2011.

94 f. : il.

Orientadora: Profª. Drª. Ana Miryam Costa de Medeiros. Dissertação (Mestrado em Patologia Oral) – Universidade Federal do Rio

Grande do Norte. Centro de Ciências da Saúde. Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral.

1. Líquen Plano Oral – Dissertação. 2. Diabetes Melitus – Dissertação. 3. Hipertensão Arterial – Dissertação. 4. Ansiedade – Dissertação. I. Medeiros, Ana Miryam Costa de. II. Título.

RN/UF/BSO Black D65

Catalogação na Fonte. UFRN/ Departamento de Odontologia

Biblioteca Setorial de Odontologia “Profº Alberto Moreira Campos”.

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“Os sonhos devem ser ditos para começar a se realizarem. E como todo projeto, precisam

de uma estratégia para serem alcançados. O adiamento destes sonhos desaparecerá com o

primeiro movimento”.

(Paulo Freire)

DedicatóriaDedicatóriaDedicatóriaDedicatória

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A Deus, porque “tudo foi feito por ele, e sem ele nada foi feito”

João 1,3

Aos meus pais, Marcos e Vânia,

As minhas irmãs, Renata e Laíssa,

E à tia Lélia e vó Joana,

Pelo amor incondicional destinado a mim, e pelo apoio e incentivo nos momentos de

dificuldades...

...dedico.

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“A natureza nos uniu em uma imensa família, e devemos viver nossas vidas unidos, ajudando

uns aos outros”.

(Séneca)

AgradecimentosAgradecimentosAgradecimentosAgradecimentos

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À minha orientadora Profª Drª Ana Miryam Costa de Medeiros, pela sua dedicação

na elaboração deste estudo, mostrando-se sempre disponível às dúvidas e esclarecimentos.

Obrigada pela orientação com tamanha humildade, me deixando à vontade para que eu

pudesse expressar minhas opiniões e escutando tudo sempre com respeito e atenção. Sou grata

também pela sua compreensão e paciência diárias, entendendo sempre com serenidade que,

como qualquer ser humano, tenho minhas limitações. Levarei comigo todos os seus

ensinamentos, os quais contribuíram grandemente para minha formação, tanto científica como

humana.

Aos professores do Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral, Dr. Leão Pereira

Pinto, Drª Lélia Batista de Souza, Drª Roseana de Almeida Freitas, Drª Lélia Maria

Guedes Queiroz, Drª Hébel Cavalcanti Galvão, Dr. Antonio de Lisboa Lopes Costa, Drª

Márcia Cristina da Costa Miguel, Dr. Manuel Antonio Gordón Nuñez, e especialmente à

Drª Éricka Janine Dantas da Silveira, pelas sugestões, conselhos e entusiasmo

demonstrados em relação a este e outros trabalhos realizados, que me contagiaram e me

ajudaram a perseverar no caminho escolhido.

Ao Profº Dr. Kênio Costa Lima, pela ajuda inicial importantíssima no delineamento

deste estudo e pelos conhecimentos de bioestatística transmitidos, sem os quais este estudo

não teria se concretizado. À Profª Drª Patrícia Teixeira de Oliveira, pela prestatividade nos

momentos que precisei de seu auxílio durante todas as fases de elaboração desta pesquisa,

inclusive por suas sugestões na qualificação e em sua redação final. À Profª Drª Maria Sueli

Marques Soares e Profº Dr. Lino João da Costa, pelo excelente acolhimento na Clínica de

Estomatologia da UFPB e colaboração quando permitiram que eu tivesse acesso a seus

pacientes.

À Barbara Monteiro e Stefânia Jerônimo, pelo companheirismo no dia-a-dia,

momentos de alegria e descontração, e também pelos de discussão e desabafo, tão comuns

entre pessoas que se respeitam e se importam verdadeiramente umas com as outras. Vou ser

eternamente grata pela amizade de vocês!

Aos amigos que conquistei no mestrado, Ana Luiza, Clarissa, Denise, Dmitry,

Edilmar, Lucinha, Pedro Carlos e Rose, por me proporcionar o convívio com pessoas

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muito especiais, que me ensinaram que a união deve sempre prevalecer sobre a competição e

o individualismo.

À Emeline Lima, pela ajuda constante em todo o processo de elaboração deste estudo

e por ter me recebido tão bem como sua “irmãzinha”. Sua humildade e generosidade

contagiam todos que estão a sua volta e nos faz querer ser pessoas melhores.

Aos colegas de doutorado, Águida, Adriana, Alessandra, Ana Rafaela, Cyntia,

Emília, Felipe, Joabe, Keila, Maiara, Nazareno, Pedro Paulo e Rodrigo, pela atenção

dada, conhecimentos compartilhados e momentos de descontração.

Aos funcionários Canindé, Gracinha, Idelzuite, Hévio, Lourdinha, Ricardo e

Sandrinha, e especialmente Patrícia, por toda ajuda prestada.

Aos pacientes participantes deste estudo, porque sem sua colaboração e interesse,

nada poderia ter sido realizado.

À CAPES, pelo incentivo financeiro, que meu permitiu dedicação integral ao curso de

mestrado.

"É graça divina começar bem. Graça maior persistir na caminhada certa. Mas graça das

graças é não desistir nunca".

(Dom Hélder Câmara)

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ResumoResumoResumoResumo

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RESUMO

O Líquen Plano Oral (LPO) é uma doença inflamatória crônica relativamente comum. Sua etiopatogenia não está completamente esclarecida e diversos fatores foram propostos na tentativa de explicar o surgimento, variedade de aspectos clínicos e os períodos de remissão e exacerbação dos sintomas das lesões. O objetivo deste trabalho foi estudar a presença de fatores locais, alterações sistêmicas e níveis de ansiedade em pacientes com LPO, investigando sua associação com as características clínicas das lesões. A amostra foi constituída por 37 pacientes com LPO confirmado histopatologicamente, os quais foram submetidos a exame clínico para avaliar a presença do tabagismo, consumo de bebidas alcoólicas, diabetes mellitus, hipertensão arterial e infecção pelo vírus da hepatite C (HCV). A existência de lesões cutâneas, bem como o tempo de evolução, padrão clínico, sintomatologia, quantidade e localização das lesões orais também foram registradas. O traço ansioso foi mensurado através do Inventário de Ansiedade Traço-Estado (IDATE) de Spielberger, e para associar as variáveis, foram utilizados o teste qui-quadrado de Pearson ou o teste exato de Fisher. Observou-se que o gênero feminino foi o mais afetado (75%) e a média de idade dos pacientes foi 53,3 anos. A maioria dos casos eram não-fumantes (97,3%) e nenhum era etilista. A diabetes mellitus e a hipertensão arterial estiveram presentes em 10,8% e 16,2% da amostra, respectivamente e apenas um paciente era HCV-soropositivo (2,7%). Níveis moderados de ansiedade foram vistos na maioria dos casos (78,4%) e 21,6% tinham níveis elevados. As lesões orais persistiram em 95% da amostra por período de 6 meses a 13 anos. A forma erosiva foi a mais prevalente (57,1%) e os sintomas foram relatados por 45,7% dos casos. Lesões múltiplas foram freqüentes (60%), surgindo principalmente na mucosa jugal, seguida da gengiva e língua. Não houve associação estatisticamente significativa da presença de diabetes mellitus, hipertensão arterial e os níveis de ansiedade com a forma clínica e a sintomatologia das lesões (p>0.005), apesar da tendência dos pacientes hipertensos a apresentar lesões erosivas. Concluiu-se que, na amostra estudada, níveis moderados de ansiedade foram frequentemente observados, e a infecção pelo HCV aparentemente não está relacionada ao surgimento do LPO. Neste estudo, a presença da diabetes mellitus, hipertensão arterial e os níveis de ansiedade parecem não estar associados às características clínicas das lesões de LPO.

Palavras-chave: líquen plano oral; diabetes mellitus; hipertensão; hepatite C; ansiedade.

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AbstractAbstractAbstractAbstract

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ABSTRACT

Oral Lichen Planus (OLP) is a relatively common, cronic inflammatory disease. Its etiopathogenesis is no completely understood and several factors have proposed in attempt to explain the appearance, variety of clinical manifestations and periods of exacerbation and remission of the symptons of the lesions. The objective of the present study was to assess the presence of local factors, systemic diseases and levels of anxiety in patients with OLP, investigating their association with the clinical characteristics of the lesions. The sample consisted of 37 patients with histopathologically confirmed OLP that were submitted to a clinical exam to evaluate the presence of smoking habits, consumption of alcoholic beverages, diabetes mellitus, hypertension and hepatitis C virus (HCV) infection. The existence of skin lesions, as well as the time course, clinical form, symptomatology, number and location of the oral lesions were also registered. The trait anxiety was measured by Spielberger’s Stai-Trait Anxiety Inventory (STAI), and to associate the variables we used the chi-square or Fisher’s exact test. It was observed that females were the most affected (75%) and the mean age of the patients was 53,3 years. Most cases were non-smoker (97,3%) and none was drinker. Diabetes mellitus and hypertension were present in 10,8% e 16,2% of the sample, respectively and only one patient was HCV-seropositive (2,7%). Moderate levels of anxiety were seen in most cases (78,4%) and 21,6% had elevated levels. The oral lesions persisted in 95% of the cases for a period of 6 months to 13 years. The erosive form was the most prevalent (57,1%) and symptons were reported by 45,7% of the patients. Multiple lesions were frequent (60%), affecting mainly the buccal mucosa, followed by gums e tongue. There was no significant association of the presence of diabetes mellitus, hypertension and levels of anxiety with the clinical form or symptomatology of the oral lesions (p>0,005), despite a trend in patients with hypertension to have erosive lesions. It was concluded that, in the sample studied, moderate levels of anxiety were commonly observed, and the HCV infection apparently is not related to the onset of the OLP. In this study, the presence of diabetes mellitus, hypertension and levels of anxiety seem not to be associated with the clinical characteristics of the lesions of OLP. Key-words: lichen planus, oral; diabetes mellitus; hypertension; hepatitis C; anxiety.

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Lista de IlustraçõesLista de IlustraçõesLista de IlustraçõesLista de Ilustrações

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Gráfico 1. Distribuição relativa e absoluta da presença de lesões de líquen

plano cutâneo nos pacientes da amostra. Natal/RN, 2012..............

50

Gráfico 2. Distribuição relativa e absoluta da presença de lesões de líquen

plano oral nos pacientes da amostra. Natal/RN, 2012.................... 51

Gráfico 3. Distribuição relativa e absoluta da forma clínica das lesões de

líquen plano oral nos pacientes da amostra. Natal/RN, 2012......... 52

Gráfico 4. Distribuição relativa e absoluta do uso de corticóides para o

tratamento das lesões de líquen plano oral nos pacientes da

amostra. Natal/RN, 2012................................................................. 55

Figura 1. Lesão de Líquen Plano Oral com regiões do tipo erosivo

intercaladas com áreas reticulares localizada em região dorsal de

língua de paciente do gênero feminino........................................... 60

Figura 2. Lesão de Líquen Plano Oral do tipo erosivo localizada em

gengiva de paciente do gênero masculino...................................... 60

Figura 3. Lesão de Líquen Plano Oral do tipo reticular localizada em

mucosa jugal esquerda de paciente do gênero masculino............... 61

Figura 4. Lesão de Líquen Plano Oral do tipo erosivo localizada em

gengiva inserida inferior associada à lesão do tipo reticular

localizada em região de vestíbulo inferior de paciente do gênero

masculino........................................................................................ 61

Figura 5. Lesão de Líquen Plano Oral do tipo reticular localizada em

mucosa jugal direita de paciente do gênero masculino................... 62

Figura 6. Lesão de Líquen Plano Oral do tipo erosivo localizada em borda

esquerda de língua em paciente do gênero feminino......................

62

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Lista de TabelasLista de TabelasLista de TabelasLista de Tabelas

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Tamanho da amostra, variação, média de idade (em anos) e desvio-

padrão em relação ao gênero dos pacientes. Natal/RN, 2012.................

49

Tabela 2. Distribuição absoluta e relativa dos casos de acordo com o gênero e

faixa etária dos pacientes. Natal/RN, 2012.............................................. 50

Tabela 3. Distribuição absoluta e relativa do tempo de diagnóstico categorizado

de líquen plano oral nos pacientes da amostra. Natal/RN, 2012.............. 51

Tabela 4. Distribuição absoluta e relativa e significância estatística do gênero,

faixa etária e sintomatologia das lesões de líquen plano oral em relação

ao seu padrão clínico. Natal/RN, 2012..................................................... 53

Tabela 5. Distribuição absoluta e relativa da localização das lesões de líquen

plano oral de acordo com o seu padrão clínico. Natal/RN, 2012............. 54

Tabela 6. Distribuição absoluta e relativa e significância estatística da quantidade

de lesões de líquen plano oral em relação ao seu padrão clínico.

Natal/RN, 2012.........................................................................................

54

Tabela 7. Distribuição absoluta e relativa da localização das lesões isoladas de

líquen plano oral de acordo com o seu padrão clínico. Natal/RN, 2012.. 55

Tabela 8. Distribuição absoluta e relativa da presença de diabetes mellitus,

hipertensão arterial, tabagismo, etilismo e do resultado do anti-HCV de

acordo com o gênero dos pacientes. Natal/RN, 2012............................... 56

Tabela 9. Distribuição absoluta e relativa e significância estatística dos níveis de

ansiedade em relação ao gênero dos pacientes. Natal/RN, 2012............. 57

Tabela 10. Distribuição absoluta e relativa e significância estatística da presença

de diabetes mellitus e hipertensão arterial em relação ao padrão clínico

do líquen plano oral. Natal/RN, 2012....................................................... 58

Tabela 11. Distribuição absoluta e relativa e significância estatística dos níveis de

ansiedade em relação ao padrão clínico do líquen plano oral. Natal/RN,

2012.......................................................................................................... 58

Tabela 12. Distribuição absoluta e relativa e significância estatística da presença

de diabetes mellitus e hipertensão arterial em relação à sintomatologia

das lesões de líquen plano oral. Natal/RN, 2012...................................... 59

Tabela 13. Distribuição absoluta e relativa e significância estatística dos níveis de

ansiedade dos em relação à sintomatologia das lesões de líquen plano

oral. Natal/RN, 2012................................................................................. 59

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Lista de Siglas e AbreviaturasLista de Siglas e AbreviaturasLista de Siglas e AbreviaturasLista de Siglas e Abreviaturas

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

LP Líquen plano

LPO Líquen plano oral

CEO Carcinoma epidermóide oral

LT Linfócitos T

CD Do inglês, cluster of diferentiation, traduzido como unidade de diferenciação

DM Diabetes mellitus

HCV Do inglês, hepatitis C virus, traduzido como vírus da hepatite C

DECH Doença do enxerto versus hospedeiro

IFD Imunofluorescência direta

c3 Proteína do sistema complemento 3

Ig Imunoglobulina

MHC Do inglês, major histocompatibility complex, traduzido como complexo

principal de histocompatibilidade

IL Interleucina

Th Do inglês, T helper cells, traduzido como células T auxiliares

INF-γ Interferon gama

TNF-α Do inglês, tumor necrosis factor alfa, traduzido como fator de necrose tumoral

alfa

MMPs Do inglês, matrix metalloproteinases, traduzido como metaloproteinases da

matriz

CCR Do inglês chemokine (c-c motif) receptor, traduzido como receptor (c-c motif)

à quimiocina

HLA Do inglês, human leukocytic antigen, traduzido como antígeno leucocitário

humano

HAS Do inglês, Hamilton Anxiety Scale

MADRS Do inglês, Montgomery-Asberg Depression Rating Scale

STAI Do inglês, Spielberger’s State-Trait Anxiety Inventory

HADS Do inglês, Hospital Anxiety and Depression Scale

TER Do espanhol, Test de Experiencia Reciente

GHQ-28 Do inglês, General Health Questionnaire-version 28

BDI Do inglês, The Beck Depression Inventory

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STAI-S Do inglês, State Anxiety

PSQ Do inglês, General Perceived Stress Questionnaire

IDATE Inventário de Ansiedade Traço-Estado

CES-D Do inglês, Center for Epidemiologic Studies Depression Scale

DASS Do inglês, Depression, Anxiety and Stress Scale

BAI Do inglês, The Beck Anxiety Inventory

ISSL Inventário de Sintomas de Stress para Adultos de Lipp

CEP Comitê de Ética em Pesquisa

UFRN Universidade Federal do Rio Grande do Norte

SISNEP Sistema Nacional de Ética na Pesquisa

TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

UFPB Universidade Federal da Paraíba

SPSS Do inglês, Statistical Package for the Social Sciences

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20

SumárioSumárioSumárioSumário

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21

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................................................ 23

2 REVISÃO DE LITERATURA....................................................................................... 26

2.1 LÍQUEN PLANO ORAL............................................................................................... 26

2.1.1 Etiopatogenia do líquen plano oral........................................................................... 31

3 PROPOSIÇÃO................................................................................................................. 42

4 MATERIAIS E MÉTODOS........................................................................................... 44

4.1 CONSIDERAÇÕES ÉTICAS........................................................................................ 44

4.2 DELINEAMENTO DO ESTUDO.................................................................................. 44

4.3 POPULAÇÃO E AMOSTRA........................................................................................ 44

4.3.1 Critérios de inclusão................................................................................................... 45

4.3.2 Critérios de exclusão.................................................................................................. 45

4.4 COLETA DE DADOS................................................................................................... 45

4.4.1 Exame clínico.............................................................................................................. 45

4.4.2 Avaliação do nível de ansiedade............................................................................... 46

4.5 PROCESSAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS...................................................... 46

5 RESULTADOS............................................................................................................... 49

5.1 PERFIL DA AMOSTRA.............................................................................................. 49

5.2 PERSISTÊNCIA E CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS DAS LESÕES DE LÍQUEN

PLANO ORAL.................................................................................................................... 50

5.2 PRESENÇA DE IRRITANTES LOCAIS, ALTERAÇÕES SISTÊMICAS E NÍVEIS

DE ANSIEDADE.................................................................................................................. 56

5.4 ASSOCIAÇÃO DA DIABETES MELLITUS, HIPERTENSÃO ARTERIAL E

NÍVEL DE ANSIEDADE COM O PADRÃO CLÍNICO DAS LESÕES DE LÍQUEN

PLANO ORAL.................................................................................................................... 57

5.5 ASSOCIAÇÃO DA DIABETES MELLITUS, HIPERTENSÃO ARTERIAL E

NÍVEL DE ANSIEDADE COM A SINTOMATOLOGIA DAS LESÕES DE LÍQUEN

PLANO ORAL.................................................................................................................... 59

6 DISCUSSÃO.................................................................................................................... 64

7 CONCLUSÕES............................................................................................................... 74

REFERÊNCIAS................................................................................................................ 76

APÊNDICES...................................................................................................................... 87

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22

ANEXOS............................................................................................................................. 92

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22

IntroduçãoIntroduçãoIntroduçãoIntrodução

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23

1 INTRODUÇÃO

O Líquen Plano (LP) é uma doença mucocutânea, de natureza crônica inflamatória e

etiologia desconhecida, que comumente afeta a cavidade oral, sendo então denominado

Líquen Plano Oral (LPO) (ANURADHA et al., 2008). As manifestações extra-orais estão

presentes em cerca de 40% dos pacientes, atingindo principalmente as unhas, mucosa

esofágica, pele e mucosa genital (BIDARRA et al., 2008). O LPO ocorre especialmente em

mulheres de meia-idade (ALVES et al., 2010; CARBONE et al., 2009; CASTELLS et al.,

2010; FENOLL et al., 2010; PERSIÉ et al., 2008) e pode acometer qualquer lugar da cavidade

oral, porém a mucosa jugal, língua e gengiva são os locais mais comuns. As lesões geralmente

são simétricas, bilaterais ou múltiplas, raramente regridem espontaneamente, sendo descritos

e reconhecidos diferentes padrões clínicos: reticular, pápula, placa, erosivo, bolhoso e atrófico

(MOLLAOGLU, 2000).

As características clínicas do LPO, principalmente no padrão reticular clássico, podem

ser suficientes para seu diagnóstico. Porém, o exame histopatológico é indicado para

confirmar o diagnóstico clínico, assim como excluir presença de displasia epitelial e sinais de

malignidade (EISEN et al., 2005). A Organização Mundial de Saúde classifica o LPO como

desordem potencialmente maligna, no entanto, sua associação com o carcinoma epidermóide

oral (CEO) permanece polêmica (VAN DER WALL, 2009), pois alguns autores acreditam

que não existem estudos científicos claros e suficientes para provar tal associação

(GONZALES-MOLES; SCULLY; GIL-MONTOYA, 2008). O tratamento do LPO é

essencialmente sintomático, e a manutenção de uma higiene oral adequada associada ao

controle químico do biofilme pode exercer efeitos positivos no controle das lesões. O uso de

diversos medicamentos, em especial os corticóides tópicos e sistêmicos, tem sido

administrado com sucesso (ANURADHA et al., 2008; CARROZZO; THORPE, 2009).

Apesar da patogenia do LPO não estar completamente elucidada, sabe-se que é uma

doença imunologicamente mediada por Linfócitos T (LT), em particular os CD8+, os quais

são citotóxicos aos ceratinócitos da camada basal do epitélio oral (SURGEMAN et al, 2002;

FAHRI e DUPIN, 2010). Ao longo do tempo, fatores foram associados à recorrência e/ou

gravidade do LPO, tais como: hábitos nocivos como o tabagismo e o etilismo (CASTELLS et

al., 2010; FANG et al., 2009; GORSKI et al., 2004); alterações sistêmicas como a Diabetes

Mellitus (DM) (ALI; SURESH, 2007; DENLI; DURDU; KARAKAS, 2004; ROMERO et al.

2002; SEYHAN et al., 2007); infecção pelo vírus da hepatite C (HCV) (LODI et al., 2004;

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24

SHENGYUAN et al., 2009; LODI; PELLICANO; CARROZZO, 2010); e desordens

psicológicas, entre elas a ansiedade, depressão e o estresse (ARAYA; ALCAYAGA;

ESGUEP, 2004; CHAUDHARY, 2004; GIRARDI et al., 2011; KORAY et al., 2003;

LUNDQVIST et al., 2006; SHAH, ASHOK, SUJATHA, 2009).

O LPO não é uma doença rara e os profissionais cirurgiões-dentistas podem

periodicamente deparar-se com portadores desta condição, a qual não tem cura. A

apresentação das lesões de LPO varia bastante entre os pacientes, e estas frequentemente

sofrem mudanças em seu curso clínico podendo, em determinados momentos, surgir em

outras localidades da cavidade oral, alterar seu padrão clínico ou tornarem-se sintomáticas.

Tais particularidades podem estar associadas a fatores locais e sistêmicos, e o controle destes

fatores pode auxiliar no tratamento desta doença, que por vezes, causa sérios transtornos ao

paciente. Diante disto, o presente estudo se propôs a analisar a possível associação de fatores

locais como o uso do tabaco e o consumo de bebidas alcoólicas, de doenças sistêmicas como a

DM e a hipertensão arterial, da infecção pelo HCV e dos níveis de ansiedade com o padrão

clínico e sintomatologia das lesões em pacientes com LPO.

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2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 LÍQUEN PLANO ORAL

O LP é uma doença mucocutânea de natureza crônica inflamatória, que frequentemente

acomete a cavidade oral. Foi inicialmente descrito em 1869, por Erasmus Wilson, que

observou semelhança das lesões cutâneas com os líquens, que são plantas primitivas

constituídas por algas e fungos simbióticos. Em 1895, Wickham fez referência à aparência

característica das estrias e pontilhados esbranquiçados que se desenvolviam sobre a superfície

plana das pápulas no LP, e Darier, em 1909, descreveu suas características histopatológicas

(ANURADHA et al., 2008).

A prevalência do LPO varia de acordo com o grupo populacional estudado, e estima-se

que a doença ocorra em aproximadamente 0,5 a 2,3% da população geral (ANURADHA et

al., 2008). Afeta principalmente mulheres entre a 5ª e 6ª décadas de vida (ALVES et al., 2010;

CARBONE et al., 2009; CASTELLS et al., 2010; FENOLL et al., 2010; PERSIÉ et al.,

2008), e apesar de incomum, pode ocorrer em indivíduos abaixo dos 18 anos de idade

(GUNASHEKHAR et al., 2010; KANWAR; DE, 2009).

De acordo com Huber (2004), os pacientes com LPO apresentam apenas lesões orais em

15 a 35% dos casos, e podem desenvolver manifestações extra-orais que surgem tanto na pele

como nos anexos cutâneos e em outras mucosas (SCULLY; CARROZZO, 2008). Bidarra et

al. (2008) relataram envolvimento extra-oral em 40% dos pacientes com LPO, sendo a região

ungueal mais frequentemente afetada, seguida da mucosa esofágica, pele e mucosa genital.

O envolvimento cutâneo atinge cerca de 15% dos pacientes com LPO (BIDARRA et al.,

2008; XUE et al., 2005) e caracteriza-se pela presença de típicas pápulas poligonais achatadas

que causam prurido e possuem coloração eritematosa ou violácea. Apresentam as estrias de

Wickham em sua superfície e geralmente desenvolvem-se meses após o surgimento do LPO

(LEHMAN; TOLLEFSON; GIBSON, 2009; SCULLY; CARROZZO, 2008).

O LPO pode surgir em qualquer local da cavidade oral e sua remissão espontânea

dificilmente é observada (CARBONE et al., 2009). Bidarra et al. (2008), com o objetivo de

conhecer a duração das lesões, reuniram 87 pacientes com características clínicas

reconhecidas do LPO, sendo a maioria com confirmação histopatológica. O estudo ratificou a

natureza crônica da doença e a raridade de resolução espontânea, pois aproximadamente

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75,8% dos participantes da pesquisa conviveram com seus sinais e sintomas por período de 1

a 10 anos. Aspectos multifocais são freqüentes (FENOLL et al., 2010; XUE et al., 2005), e

são reconhecidos seis padrões clínicos: reticular, erosivo, atrófico, placa, papular e bolhoso

(MOLLAOGLU, 2000).

A forma reticular é a mais comum (ALVES et al., 2010; PAKFRETAT et al., 2009;

PERSIÉ et al., 2008; XUE et al., 2005) e caracteriza-se por estrias brancas, finas e radiantes,

denominadas estrias de Wickham, as quais podem estar circundadas por discreta borda

eritematosa. Esta forma é geralmente assintomática e a mucosa jugal é o sítio mais acometido,

onde as estrias são tipicamente bilaterais e distribuídas simetricamente. A borda lateral da

língua, assim como gengiva e lábios também podem ser afetados (NEVILLE et al., 2009).

O padrão erosivo é a segunda forma clínica mais comum e, clinicamente, as lesões são

cobertas por pseudomembrana e rodeadas por estrias finas irradiadas. Geralmente causam

ardor e, quando a pseudomembrana destaca-se, surgem áreas eritematosas ou ulceradas, as

quais são bastante dolorosas e interferem na função mastigatória (EDWARDS; KELSCH,

2002). O LPO atrófico tem aparência eritematosa difusa, também associa-se à dor e ardor, e

pode envolver região significativa da gengiva inserida, o que caracteriza a gengivite

descamativa (LO RUSSO et al., 2009).

O LPO pode apresentar-se na forma de placas esbranquiçadas. É o padrão mais comum

em fumantes, com lesões semelhantes às leucoplasias, usualmente multifocais, que surgem

frequentemente em dorso de língua e mucosa jugal (ANURADHA et al., 2008). A forma

papular dificilmente é observada e caracteriza-se por pequenas pápulas esbranquiçadas com

cerca de 0,5mm de diâmetro (MOLLAOGLU, 2000). O padrão bolhoso é raro e surge como

bolhas na mucosa jugal ou borda lateral de língua que logo se rompem, resultando em áreas

com aspecto clássico do padrão erosivo (EDWARDS; KELSCH, 2002).

Frequentemente, os pacientes com LPO apresentam lesões com mais de um padrão

(EDWARDS e KELSCH, 2002). Desta forma, Carrozzo e Thorpe (2009) sugerem que a

classificação clínica do LPO deve ser baseada no padrão com pior prognóstico. Por exemplo,

se um mesmo indivíduo possuir tanto lesões reticulares quanto atróficas, o LPO deve ser

classificado como atrófico, pois este padrão possui curso clínico mais grave.

O diagnóstico do LPO é usualmente realizado através da associação do exame clínico

ao histopatológico. Mesmo nos casos de LPO reticular bilateral clássico, a realização da

biópsia é indicada, tanto para confirmar o diagnóstico quanto para excluir evidências de

malignidade (EDWARDS; KELSCH, 2002). Patel et al. (2011) realizaram estudo

retrospectivo na Nova Zelândia com o objetivo de determinar a concordância entre o

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diagnóstico clínico e histopatológico de lesões da mucosa oral. Dentre os 229 casos de LPO,

163 (71,2%) foram concordantes em ambos os diagnósticos, o que mostra e confirma a

necessidade do exame anatomopatológico para o diagnóstico definitivo desta lesão.

As características histopatológicas do LPO são hiperceratinização e atrofia, bem como

descontinuidade da camada basal epitelial. Observa-se também a presença de cristas epiteliais

curtas e pontiagudas semelhantes a “dentes de serra”, além de ceratinócitos em degeneração,

que são frequentemente observados na região basal do epitélio e são denominados corpos de

Civatte. Ainda, um intenso infiltrado inflamatório linfocítico organizado em faixa subepitelial

é observado (NEVILLE et al., 2009). Entretanto, particularmente no LPO erosivo, muitas das

características histopatológicas da lesão podem estar ausentes, dificultando o diagnóstico

histopatológico definitivo (MÜLLER, 2011).

As leucoplasias e o penfigóide benigno das mucosas podem exibir aspectos clínicos

similares ao LPO (SCULLY; CARROZZO, 2008). O quadro histológico do LPO tem achados

típicos, mas não específicos, assim as reações liquenóides a drogas e materiais dentários

(SCHLOSSER, 2010), Lúpus Eritematoso, estomatite crônica ulcerativa e a Doença do

Enxerto Contra o Hospedeiro (DECH) podem apresentar histopatologia semelhante

(NEVILLE et al., 2009).

O LPO erosivo e as reações liquenóides a drogas podem ser indistinguíveis tanto clinica

quanto histopatologicamente. Logo, a relação com o uso de medicamentos como

antiinflamatórios não esteroidais, diuréticos, inibidores da enzima conversora da angiotensina,

beta-bloqueadores e antimicrobianos deve ser investigada. O LPO erosivo isolado e o reticular

também devem ser diferenciados das reações liquenóides devido ao contato com materiais

dentários. Estas não migram para outras localidades intra-orais e resolvem-se após remoção

da restauração, o que não ocorre no LPO (SCHLOSSER, 2010).

De acordo com Imanguli et al. (2008), 45 a 83% dos pacientes com DECH crônica

desenvolvida após transplante de células hematopoiéticas apresentam manifestações orais.

Entre estas estão alterações semelhantes ao LPO e à Síndrome Sicca. Os achados clínico-

patológicos das lesões liquenóides associadas à DECH são idênticos aos encontrados no LPO

idiopático, fato que confirma a necessidade de uma anamnese completa e detalhada,

englobando informações quanto à história médica pregressa (DEMAROSI et al., 2005).

Quando o patologista depara-se com quadro histológico confuso ou quando este não se

associa aos achados clínicos, a Imunofluorescência Direta (IFD) surge como ferramenta

auxiliar no diagnóstico (RAGHU; NIRMALA; SREEKUMARAN, 2002). Kulthanan et al.

(2007) mostraram que a porcentagem de IFD positiva em 72 pacientes com LP foi de 75%.

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Depósitos imunorreagentes na membrana basal e nos corpos colóides ocorreram em 53% e

60% dos casos, respectivamente. O imunorreagente mais comum encontrado na membrana

basal foi a fibrina, seguida da C3, IgG, IgM e IgA. A deposição irregular de fibrina ao longo

desta membrana é considerada o melhor indicador isolado ao diagnóstico do LP através da

IFD.

Pacientes com lúpus eritematoso podem apresentar lesões análogas ao LPO, e o

diagnóstico diferencial clínico e histopatológico pode ser difícil sem o auxílio de outros

exames complementares. Em alguns casos, o padrão da IFD no lúpus pode ser o mesmo

descrito para o LPO (KULTHANAN et al., 2007), porém, depósitos imunorreagentes em

núcleos de ceratinócitos e em vasos sanguíneos da derme são comuns no lúpus eritematoso

(MUTASIN; ADAMS, 2001). A estomatite crônica ulcerativa também é uma doença com

características clinico-patológicas semelhantes ao LPO. No entanto, possui padrão

imunopatológico característico, com auto-anticorpos direcionados aos núcleos das células do

epitélio (NEVILLE et al., 2009).

A Organização Mundial de Saúde define desordens potencialmente malignas como

aquelas com tendência à transformação maligna e inclui o LPO nesta classificação (VAN

DER WALL, 2009). Porém, esta relação permanece polêmica e discute-se se o LPO é uma

entidade intrinsecamente pré-maligna ou se é meramente facilitadora da ação de agentes

carcinogênicos, tais como o tabaco, álcool, deficiências nutricionais, imunossupressão,

história familiar e vírus oncogênicos (VESCOVI et al., 2000). De acordo com Bascones et al.

(2005), a agressão contínua de um epitélio em proliferação ativa, como no LPO, pode ser a

base da transformação maligna desta lesão.

Um dos primeiros casos de transformação maligna do LPO relatados na literatura foi

publicado em 1910 por Hallopeau em um paciente com lesões gengivais (LAEIJENDECKER

et al., 2005b). A partir daí, diversas publicações correlacionaram o LPO com o CEO (SILVA;

JACQUES; CARNEIRO, 2010).

De acordo com Silva, Jacques e Carneiro (2010), a taxa de transformação maligna do

LPO está entre 0 a 5,8%. Fenoll et al. (2009) realizaram estudo retrospectivo de 550 pacientes

com LPO e observaram que 5 destes (0,9%) desenvolveram um carcinoma. Fang et al. (2009),

após pesquisa semelhante com 2.119 pacientes, perceberam malignização em 23 (1,1%).

A maioria dos estudos relata que mulheres entre a 5ª e 7ª décadas de vida são mais

susceptíveis ao desenvolvimento do CEO em lesões de LPO (GANDOLFO et al., 2004;

TIZEIRA; AGUAS; SANO, 2003). Porém, Bornstein et al. (2006) não encontraram

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diferenças entre os gêneros, enquanto outras pesquisas observaram discreta predileção pelo

masculino (FENOLL et al., 2009; MARKOPOULOS et al., 1997).

O padrão clínico erosivo do LPO é frequentemente associado ao surgimento do câncer

(FANG et al., 2009; MARKOPOULOS et al., 1997). Quanto ao sítio intra-oral, lesões em

língua parecem ter maior risco de malignização (FANG et al., 2009; FENOLL et al., 2009). O

intervalo entre o diagnóstico de LPO e sua transformação maligna varia de aproximadamente

20 meses a 10 anos, com risco máximo em 3 a 6 anos (SILVA; JACQUES; CARNEIRO,

2010). Fenoll et al. (2009) notaram média de intervalo de 2 anos. Já Silverman (2000) não

considera a duração do LPO fator de risco ao desenvolvimento de câncer.

Apesar da grande quantidade de estudos publicados na tentativa de esclarecer a relação

entre o LPO e o CEO, diversos pontos prejudicam a validade dos dados coletados e das

conclusões estabelecidas. A presença de amostra com número insuficiente de pacientes pode

não refletir a real porcentagem de transformação maligna, então, relatos de casos clínicos

isolados têm pouco valor para este fim. Estudos retrospectivos tendem a mostrar dados

incompletos, pois baseiam-se na análise de prontuários já preenchidos (MARKOPOULOS et

al., 1997). Ainda, Silva, Jacques e Carneiro (2010) ratificam que muitas pesquisas omitem

informações sobre outros fatores de risco potenciais como o uso do tabaco e abuso do álcool.

A questão se o LPO é uma lesão cancerizável só será respondida após estudos

prospectivos envolvendo grande número de pacientes com longos períodos de

acompanhamento. Além disto, deve-se levar em consideração a grande variedade de fatores

de risco envolvidos e a necessidade de estabelecer critérios de diagnóstico (SILVA;

JACQUES; CARNEIRO, 2010).

O tratamento do LPO é usualmente estabelecido para o controle dos sintomas, por isso,

o padrão reticular e lesões assintomáticas geralmente não necessitam de intervenção

medicamentosa imediata (CARROZZO; THORPE, 2009). A eliminação de fatores

precipitantes ou irritantes, como dentes fraturados, próteses mal-adaptadas, uso do tabaco e

abuso do álcool, é um passo inicial importante. Ainda, a manutenção de uma higiene oral

adequada associada ao controle químico do biofilme pode exercer efeitos positivos no

controle das lesões (ANURADHA et al., 2008).

Diversos protocolos foram propostos para aperfeiçoar o tratamento do LPO, porém sua

cura definitiva ainda não é possível. Quanto à via de administração, o uso tópico de

medicamentos é o mais indicado, já que possui menos efeitos colaterais do que o sistêmico.

Porém, a administração sistêmica pode ser necessária quando há lesões múltiplas,

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envolvimento de pele ou outras mucosas e na presença de casos refratários à medicação tópica

(CARROZZO; THORPE, 2009).

Segundo diversos autores, os corticosteróides tópicos são os agentes mais eficientes no

manejo das lesões de LPO (AL-HASHIMI et al., 2007; CARROZZO; THORPE, 2009).

Dentre os mais utilizados estão a triancinolona acetonida 0,1%, fluocinolona acetonida 0,1%,

fluocinonida 0,05% e o propionato de clobetasol 0,05% (BUAJEEB et al., 2000; CAMPISI et

al., 2004; GARCIA et al., 2006).

Se as lesões não respondem satisfatoriamente aos corticosteróides, uma opção é a

prescrição de imunomoduladores tópicos como os inibidores da calcineurina (ciclosporina,

tacrolimus ou pimecrolimus) e retinóides. Contudo, tais medicamentos são mais caros e

causam mais efeitos adversos do que os esteróides (CARROZZO; THORPE, 2009). Becker et

al. (2006) relataram caso clínico de desenvolvimento de carcinoma epidermóide oral em lesão

de LPO localizada em língua de paciente tratado com tacrolimus e sugeriram um possível

potencial carcinogênico para esta substância.

Em situações específicas, o uso sistêmico de corticosteróides como a prednisona tem

alta efetividade, principalmente em conjunto com o tratamento tópico (MOLLAOGLU,

2000). No entanto, a eficácia de tal união não foi comprovada por Carbone et al. (2003), que

não observaram diferença entre a administração isolada do clobetasol e sua associação com a

prednisona sistêmica.

Dentre as opções alternativas de tratamento estão a fotoquimioterapia extracorpórea

(GUYOT et al., 2007), cirurgia (AXÉLL; HENRIKSEN, 2007) e laserterapia (CAFARO et

al., 2010). São usados principalmente em lesões persistentes e sua eficácia necessita ser

comprovada (CARROZZO; THORPE, 2009).

Em relação à terapêutica do LPO, Scully, Eisen e Carrozzo (2000) enfatizam que

estudos adequados são escassos para determinar a dose segura e eficaz dos medicamentos. O

LP é uma doença crônica e geralmente requer tratamento prolongado, por isso, seu custo-

benefício deve ser analisado, assim como a ocorrência de possíveis interações farmacológicas.

2.1.1 Etiopatogenia do Líquen Plano Oral

A etiopatogenia do LPO ainda não foi completamente elucidada. Vários fatores têm

sido associados à etiologia e várias hipóteses têm sido sugeridas para a patogênese da lesão

(ROOPASHREE et al., 2010).

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Evidências indicam que a resposta imune inflamatória observada no LPO está

relacionada a um antígeno, ainda desconhecido, que pode ser exógeno ou endógeno (LODI et

al., 2005; FARHI; DUPIN, 2010). Dentre os fatores que, ao longo do tempo, foram propostos

para explicar a etiologia do LPO estão predisposição genética, uso de medicamentos, infecção

por agentes virais e bacterianos, autoimunidade, imunodeficiência, alergia a alimentos,

estresse, hábitos, trauma, diabetes, hipertensão e neoplasias malignas (ROOPASHREE et al.,

2010).

De acordo com Lodi et al. (2005), destaca-se que uma desregulação imunológica,

envolvendo especialmente a parte celular do sistema imune, é essencial na patogenia do LPO.

Os mecanismos mais estudados que parecem estar envolvidos na imunopatogênese do LPO

são a resposta imune antígeno-específica mediada por células, ações inespecíficas,

autoimunidade e imunidade humoral (ROOPASHREE et al., 2010).

No início da formação das lesões de LPO, ocorrem mudanças no epitélio que alteram

sua expressão antigênica; a partir daí, ocorre a interação com LT CD8+ específicos, que

tornam-se ativados e destroem os ceratinócitos basais. As duas hipóteses propostas para a

migração dos LT são o encontro casual destes com as células epiteliais na vigilância imune ou

sua migração direta devido à secreção de quimiocinas pelos ceratinócitos (ROOPASHREE et

al., 2010; SUGERMAN, 2002).

O infiltrado linfocítico no LPO é composto quase que exclusivamente por LT, sendo

que a maioria presente no epitélio e adjacente ao ceratinócitos basais destruídos são CD8+

citotóxicos. LT CD4+ auxiliares são observados particularmente na lâmina própria, e

linfócitos B, plasmócitos, bem como depósitos de imunoglobulinas ou complemento são

minimamente observados (SURGEMAN et al., 2002).

No LPO, as células basais epiteliais são o principal alvo de destruição e sugere-se que

os LT CD8+ são ativados por antígeno nos ceratinócitos basais associado ao MHC de classe I,

com consequente apoptose dos ceratinócitos. Aparentemente, os LT CD8+ ativados também

secretam quimiocinas que atraem linfócitos adicionais e outras células do sistema imune à

lesão de LPO em desenvolvimento. Ao mesmo tempo, células de Langerhans ou células

epiteliais ativam os LT CD4+, através da apresentação de um antígeno associado ao MHC de

classe II, coexpressão de CD40 e CD80, e secreção de IL-12. Os LT CD4+ ativados, por sua

vez, secretam as citocinas Th1 IL-2 e INF-γ, as quais também contribuem para a ativação dos

LT CD8+. A produção local de INF-γ pode manter a expressão do MHC de classe II pelos

ceratinócitos, o que contribui para a cronicidade do LPO (FARHI; DUPIN, 2010; LODI et al.,

2005; ROOPASHREE et al., 2010; SUGERMAN, 2002).

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Devido ao fato de que no LPO tanto os LT CD4+ quanto os CD8+ são ativados,

existem dúvidas quanto ao número de antígenos que desencadeia a resposta imune. Os

antígenos apresentados pelo MHC de classe II aos LT CD4+ são processados através de uma

via endossomal celular. Por outro lado, os antígenos apresentados pelo MHC de Classe I aos

LT CD8+ são processados através de uma via citosólica celular. Portanto, existem duas

possibilidades: antígenos distintos participam da apresentação através do MHC de classes I e

II ou o mesmo antígeno pode ser processado tanto na via endossomal como na via citosólica,

possibilitando a ativação de ambos LT CD4+ e CD8+ (SURGEMAN et al., 2002).

Os mecanismos que possivelmente induzem a apoptose dos ceratinócitos basais pelos

LT CD8+ são a secreção de TNF-α pelos LT que se liga ao receptor 1 de TNF-α presente na

superfície dos ceratinócitos; a interação do CD95L (ligante do Fas) nos LT com o CD95 (Fas)

nos ceratinócitos; e a infusão de granzima B secretada pelos LT nos ceratinócitos através dos

poros de membrana induzidos pela perforina (FARHI; DUPIN, 2010; SUGERMAN, 2002).

Os fatores propostos como responsáveis pelos mecanismos inespecíficos no LPO

incluem a perda de integridade da membrana basal, ação das quimiocinas, degranulação de

mastócitos e ativação das metaloproteinases da matriz (MMPs) (ROOPASHREE et al., 2010).

Em condições de normalidade, os ceratinócitos secretam colágeno IV e laminina V na

zona da membrana basal, contribuindo para sua formação, e em contrapartida, um sinal de

sobrevivência advindo da membrana basal previne o início da apoptose dos ceratinócitos. No

LPO, os LT CD8+ lesam os ceratinócitos basais, que não contribuem mais com a estruturação

da membrana basal, a qual torna-se descontínua e permite a entrada de LT no epitélio. Por sua

vez, a membrana basal descontínua não emite mais sinais de sobrevivência aos ceratinócitos,

o que possibilita sua apoptose, e ceratinócitos apoptóticos não são mais capazes de reparar a

membrana basal interrompida, gerando um mecanismo cíclico que pode justificar, em parte, a

cronicidade da lesão (SUGERMAN, 2002; LODI et al., 2005).

As quimiocinas são citocinas pró-inflamatórias produzidas por várias células,

incluindo LT ativados, ceratinócitos orais e mastócitos. As quimiocinas exercem papel

importante no recrutamento de linfócitos, monócitos, eosinófilos, basófilos e mastócitos, e

seus receptores de superfície CCR1, CCR3, CCR4, CCR5, CCR9 e CCR10 foram

identificados no LP (SURGEMAN et al., 2002; ZHAO et al., 2001). Sugere-se que os LT

lesionais no LPO podem secretar quimiocinas e atrair mastócitos, subsequentemente

provocando sua degranulação, a qual resulta na liberação de TNF-α e quimase. O TNF-α

regula positivamente a expressão das moléculas de adesão necessárias ao extravasamento dos

linfócitos por entre os vasos sanguíneos. A quimase ativa a MMP-9, que tem função

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conhecida na degradação da membrana basal. Ainda, o TNF-α e a quimase juntos estimulam a

secreção de quimiocinas adicionais pelos LT lesionais, o que também proporciona um ciclo

que contribui para a cronicidade do LPO (ROOPASHREE et al., 2010; ZHAO et al., 2002;

ZHOU et al., 2001).

Algumas particularidades do LPO suportam a hipótese da autoimunidade estar

envolvida em sua etiopatogenia: cronicidade da doença, maior prevalência em mulheres

adultas, relação com outras entidades autoimunes, associação ocasional com tipos específicos

de tecido, depressão da atividade imune supressora e a presença de LT citotóxicos nas lesões

(FARHI; DUPIN, 2010; ROOPASRHEE et al., 2010).

As manifestações clínicas do LPO variam muito entre os pacientes, e alguns apresentam

lesões brandas, localizadas e sem sintomatologia, enquanto outros desenvolvem lesões

extensas, múltiplas e dolorosas. Além disto, as lesões de LPO dificilmente regridem

espontaneamente, e por vezes, persistem por toda a vida do portador, pois não têm cura.

Sugere-se que estas características do LPO podem ser atribuídas a fatores extrínsecos ou

intrínsecos que exercem influência no surgimento, persistência e/ou progressão das lesões.

Dentre os mais estudados estão hábitos nocivos como o tabagismo e o etilismo; alterações

sistêmicas como a DM; a ansiedade; e a infecção pelo HCV.

A associação do tabagismo com o LPO não está totalmente esclarecida, e existem

poucas pesquisas sobre o assunto. O uso do tabaco não tem sido relacionado ao surgimento do

LPO, mas sim à exacerbação dos sintomas e malignização das lesões (GORSKI et al., 2004).

Gorski et al. (1996) discutiram a possibilidade da associação entre as manifestações clínicas

do LPO e o tabagismo, e foi observado que a presença deste hábito estava relacionada a uma

maior sensibilidade da mucosa afetada. Especulou-se então, que o calor advindo do fumo do

tabaco estimula e agrava a sintomatologia dolorosa no LPO. Em seu estudo, Gorski et al.

(2004) avaliaram o tabagismo em 187 pacientes com LPO, comparando com grupo-controle

de 76 indivíduos sem a doença. Não foram encontradas diferenças significativas no hábito de

fumar entre pacientes do grupo-caso e controle, nem entre as formas assintomáticas e

sintomáticas do LPO, porém, foi observada maior prevalência de ex-tabagistas no grupo do

LPO do que no de indivíduos saudáveis, fato que sugere que a irritação da mucosa e o

agravamento dos sintomas ocasionados pelo uso do tabaco influenciam positivamente na

decisão de parar de fumar.

Não só o tabagismo, mas também o consumo de bebidas alcoólicas tem sido associado à

progressão e malignização do LPO. Fang et al. (2009), ao analisar 23 casos de transformação

maligna do LPO, observaram que mais de 50% destes pacientes eram tabagistas ou etilistas.

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Também, Castells et al. (2010) encontraram correlação positiva significativa entre alterações

displásicas e o fumo, sendo também observado abuso do consumo de álcool em pacientes

com LPO. Porém, outros estudos não relacionaram tais hábitos nocivos à malignização do

LPO (FENOLL et al., 2010; GANDOLFO et al., 2004; PAKFRETAT et al., 2009).

A DM tem sido associada a alterações imunológicas, o que torna sua relação com o LP

interessante. Guggenheimer et al. (2000) realizaram amplo estudo epidemiológico em 405

pacientes com DM e 268 sujeitos pertencentes ao grupo controle objetivando identificar quais

eram as lesões orais mais comuns nos diabéticos. Observaram que três lesões eram

significativamente mais prevalentes nos pacientes com DM do que nos indivíduos controle:

língua fissurada, fibroma de irritação e úlceras traumáticas. Quanto a outras alterações orais,

dentre elas LP, hiperplasia gengival e alterações das glândulas salivares, não foram

encontradas diferenças entre os grupos estudados.

Romero et al. (2002) viram que, dentre 62 pacientes com LPO, 27,4% tinham DM do

tipo 2 e 17,7% apresentavam o metabolismo da glicose alterado. Em termos de características

clínico-patológicas das lesões de LPO, não foram observadas diferenças entre diabéticos e

não-diabéticos. Os pesquisadores concluíram que a alta prevalência de DM nos portadores de

LPO encontrada neste estudo sugere a necessidade de incorporar o exame de glicemia na

rotina dos exames laboratoriais solicitados a estes pacientes.

Denli, Durdu e Karakas (2004), com o objetivo de conhecer a frequência de DM em

pacientes com LP, reuniram 260 casos da doença e 116 indivíduos com outras dermatoses que

não o LP, os quais compuseram grupo-controle, e encontraram que 15,7% dos portadores de

LP tinham DM, comparando com 7,1% dos indivíduos-controle. Já Ali e Suresh (2007)

observaram prevalência da DM em 35% de 40 pacientes com LPO, enquanto que apenas 15%

dos 40 indivíduos do grupo-controle apresentavam a alteração sistêmica.

Seyhan et al. (2007) objetivaram determinar a prevalência da DM e da intolerância à

glicose em 30 pacientes com LP e em 30 indivíduos saudáveis pareados por idade, peso e

gênero com os pacientes-caso. Observaram que 26,7%, 20% e 46,7% dos pacientes-caso

apresentavam DM, intolerância à glicose e distúrbio do metabolismo da glicose (DM +

intolerância à glicose), respectivamente, comparando com 3,3%, 13,3% e 16,7% dos

indivíduos-controle. Os autores atribuíram à DM um possível papel na patogenia do LP, que

precisa ser melhor investigado.

Saini et al. (2010) determinaram a prevalência de lesões da mucosa oral em pacientes

diabéticos e não-diabéticos, ambos sem hábitos orais nocivos, para investigar uma possível

associação da DM com lesões potencialmente malignas. Para tanto, foram incluídos no estudo

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36

420 pacientes diabéticos e 420 indivíduos-controle não-diabéticos, os quais foram submetidos

a exame clínico criterioso. Nos resultados, observou-se que uma proporção significativamente

maior de portadores de DM tinha uma ou mais lesões orais em comparação com os

indivíduos-controle, e as lesões mais prevalentes nos diabéticos foram a língua geográfica,

estomatite devido ao uso de prótese e queilite angular. A única lesão potencialmente maligna

encontrada nos pacientes diabéticos foi o LPO (0,5%), porém, tal associação não foi

estatisticamente significativa.

Santiago et al. (2011), após estudo de caso-controle, não observaram diferenças nos

níveis de glicose entre 100 pacientes com LP e 100 indivíduos saudáveis. No entanto, foi

encontrada associação entre LP em pacientes tanto do sexo feminino como no masculino com

dislipidemia, fato que pode ser explicado por distúrbio no metabolismo dos lipídeos devido à

inflamação crônica, aumentando o risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares.

Como visto, existe grande variação entre os resultados dos estudos que correlacionam

os distúrbios do metabolismo da glicose com o LP. Portanto, existe a necessidade da

realização de mais pesquisas sobre este assunto (SEYHAN et al., 2007).

A relação entre a infecção pelo HCV e o LP tem sido investigada, mas os resultados são

inconsistentes. Na tentativa de esclarecer esta possível relação, alguns estudos de revisão

sistemática e meta-análise foram realizados. Lodi et al. (2004) realizaram revisão sistemática

e reuniram 25 estudos, utilizando os seguintes critérios de inclusão: desenho analítico do

estudo de caso-controle; diagnóstico clínico e histopatológico de LP; e teste sorológico para

anticorpos anti-HCV. Observaram proporção significativamente maior de indivíduos HCV-

soropositivo no grupo de pacientes com LP, comparando com o grupo-controle. Concluíram

ainda que a variabilidade na prevalência da infecção pelo HCV em portadores de LP parece

depender da área geográfica e não da idade.

Shengyuan et al. (2009), em um estudo de meta-análise, reuniram 70 estudos

observacionais de associação entre o HCV e o LP. Utilizaram os seguintes critérios de

inclusão: a coexistência de um grupo de estudo e de um grupo-controle, uso de padrões de

referência para o diagnóstico do LP e da infecção pelo HCV; e a proporção dos eventos (a

prevalência do HCV em pacientes com LP ou a prevalência do LP em pacientes com o HCV).

Os resultados da meta-análise mostraram associação estatisticamente significativa entre o

HCV e o LP, e os autores sugerem que a presença do HCV deve ser investigada em pacientes

com LP, para prevenir a transmissão do vírus por indivíduos assintomáticos com infecção

não-detectada.

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37

Lodi, Pellicano e Carrozzo (2010), com o objetivo de realizar revisão sistemática e

meta-análise sobre a prevalência do HCV em pacientes com LP, como também sobre a

prevalência do LP na infecção crônica pelo HCV, reuniram 33 estudos relevantes. Através dos

dados obtidos, estimou-se que indivíduos com LP têm risco significativamente maior de ser

HCV-soropositivo, bem como foi observada maior prevalência do LP em pacientes infectados

pelo HCV. Concluiu-se que o LP está associado à infecção pelo HCV principalmente nos

países mediterrâneos, no Japão e Estados Unidos da América, e sugere-se participação do

vírus na patogênese de pelo menos alguns casos de LP, provavelmente através de uma via

imunológica ainda a ser definida.

A relação entre a soropositividade para o HCV e o LPO possui marcante

heterogeneidade geográfica. Associações positivas foram encontradas no Irã (GHODSI et al.,

2004), Turquia (HARMAN et al., 2004), Arábia Saudita (TONSI; SAMDANI, 2005), sul de

Taiwan (LIN et al., 2010) e Egito (ZYADA; FIKRY, 2010), enquanto que na Sérvia

(BRADIC, 2004), Itália (MICHELE et al., 2007), Eslovênia (STOJANOVIC et al., 2008) e

China (ZHOU et al., 2010), não foi evidenciada relação conclusiva.

No Brasil, alguns estudos foram realizados sobre a prevalência da infecção pelo HCV

em pacientes com LP, como também sobre a prevalência do LP em indivíduos com hepatite

C. Issa, Gaspar e Kalil-Gaspar (1999), em estudo realizado no Rio de Janeiro, observaram que

2 de 34 portadores de LP apresentavam a infecção pelo HCV, enquanto que 1 de 60 do grupo-

controle estavam infectados pelo vírus, não sendo encontrada associação estatisticamente

significativa entre as duas entidades pesquisadas.

Figueiredo et al. (2002), em estudo realizado em São Paulo com o objetivo de verificar

a prevalência do LPO em pacientes com hepatite C, viram que 6 de 126 infectados pelo HCV

apresentavam LPO concomitantemente, enquanto que 6 de um total de 898 indivíduos-

controle sem hepatite C tinham o LPO, resultado que apresentou diferença estatisticamente

significativa. Cunha et al. (2005), em estudo também realizado na cidade do Rio de Janeiro,

observaram que 2 pacientes em um grupo de 134 portadores de hepatite C apresentavam o LP,

comparando com 1 de 95 sem hepatite C, também não sendo observada associação

estatisticamente significativa.

Em seu estudo, Grossman et al. (2007) elaboraram dois grupos de estudo: um grupo

composto por 50 pacientes com LPO para avaliação da presença de hepatite C crônica; e outro

constituído por 215 pacientes com hepatite C crônica examinados quanto à presença do LPO.

Nos resultados, foi observado apenas um caso de hepatite C no primeiro grupo de pacientes, o

que não foi estatisticamente significativo. No segundo grupo, foram observados cinco casos

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de LPO, o que foi considerado estatisticamente significativo. Os autores concluíram então,

que o LPO é possivelmente uma manifestação extra-hepática da hepatite C crônica, e

sugeriram investigação mais aprofundada sobre a relação entre estas duas entidades.

Sugere-se que um perfil genético peculiar pode facilitar a ocorrência do LPO em um

subgrupo de pacientes com hepatite C (FARHI; DUPIN, 2010). Carrozzo et al. (2001)

encontraram maior prevalência do alelo do antígeno leucocitário humano DR6 (HLA-DR6)

em pacientes com LPO e infecção pelo HCV (58%) do que no grupo controle sem hepatite C

(18%). Estes resultados sugerem que a ocorrência do LPO em pacientes com hepatite C está

associada ao HLA-DR6.

Contudo, apesar das evidências de que a infecção causada pelo HCV possa participar da

etiologia do LPO, os efeitos fisiopatológicos do HCV nas lesões de LPO ainda não estão

totalmente esclarecidos (FAHRI; DUPIN, 2010).

A relação do LPO com distúrbios psicológicos tem sido bastante estudada, porém a

verdadeira relação entre estes não é bem estabelecida. Não se pode afirmar se as alterações

emocionais são fatores etiológicos ou exacerbadoras do quadro clínico do LPO, ou se são

fatores secundários decorrentes do conhecimento da existência da doença por parte do

paciente (HIROTA, 2007).

Vallejo e Zarabozo (2000), com o objetivo de avaliar a ansiedade no LPO, reuniram 40

pacientes com a doença, sendo que 16 e 24 destes apresentavam lesões reticulares e atrófico-

erosivas, respectivamente. Foi estabelecido um grupo-controle composto por 40 pacientes

com hiperplasia fibrosa, granuloma piogênico ou candidíase. Utilizou-se a Hamilton Anxiety

Scale (HAS), que mostrou níveis de ansiedade mais elevados nos pacientes com LPO do que

do grupo-controle. Ainda, foi observado que os pacientes com lesões atrófico-erosivas

apresentaram níveis de ansiedade significativamente maiores do que aqueles com lesões

reticulares.

Vallejo et al. (2001) verificaram o grau de ansiedade e depressão em 80 pacientes

com LPO, sendo suas lesões classificadas em erosivas ou não-erosivas. O grupo-controle foi

constituído por 80 pacientes com ulceração aftosa recorrente, úlcera traumática e hiperplasia

fibrosa ou fibroepitelial. A ansiedade foi avaliada pela HAS e a depressão através da

Montgomery-Asberg Depression Rating Scale (MADRS). Os escores obtidos em ambas as

escalas foram maiores no grupo com LPO do que no grupo controle, e entre os pacientes com

LPO, aqueles com lesões erosivas apresentaram níveis tanto de ansiedade como de depressão

mais elevados.

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Koray et al. (2003) investigaram a relação entre os níveis de ansiedade em 40

pacientes com LPO. O grupo-controle foi composto por outros 40 pacientes que haviam

recebido tratamento odontológico geral. Na avaliação da ansiedade foi aplicado o

Spielberger’s State-Trait Anxiety Inventory (STAI), sendo observados escores de ansiedade

mais elevados nos portadores de LPO do que no grupo-controle. Os autores concluem que o

LPO está intimamente relacionado à ansiedade, porém enfatizam que a etiopatogenia dessa

doença é complexa e possivelmente dependente da interação de fatores genéticos e

ambientais, bem como do estilo de vida dos indivíduos.

Araya, Alcayaga e Esguep (2004) pesquisaram a relação entre ansiedade, depressão e

estresse com a presença de lesões orais. Foram incluídos na pesquisa 18 pacientes com

ulceração aftosa recorrente, 9 com LPO, 7 com síndrome do ardor bucal e 20 sem alterações

aparentes, que compuseram o grupo controle. Os instrumentos de medida foram a Hospital

Anxiety and Depression Scale (HADS) para avaliar a ansiedade e depressão, e o Test de

Experiencia Reciente (TER) para averiguar o estresse. Os autores verificaram que todos os

distúrbios investigados foram mais freqüentes nos indivíduos com lesão do que naqueles

saudáveis. Altos níveis de ansiedade foram observados nas três lesões estudadas, o estresse

elevado foi visto principalmente na ulceração aftosa recorrente e no LPO, e estados

depressivos foram especialmente característicos da síndrome do ardor bucal.

Chaudhary (2004) objetivou comparar os graus de ansiedade, depressão e estresse em

portadores de LPO com dois grupos-controle: um positivo e outro negativo. O grupo-controle

positivo foi constituído por pacientes com síndrome do ardor bucal ou síndrome da dor e

disfunção miofascial, entidades nas quais a associação com distúrbios psicológicos é

reconhecida, e o grupo-controle negativo incluiu indivíduos sem alterações orais. O General

Health Questionnaire-version 28 (GHQ-28) foi utilizado para avaliar o nível de estresse,

enquanto que a HADS foi escolhida para averiguar a ansiedade e a depressão. No grupo do

LPO, os escores em ambos os instrumentos foram superiores aos obtidos no grupo-controle

negativo, ao passo que no controle positivo, não foi observada diferença significativa, o que

pode sugerir a possível participação destas alterações psicológicas na etiopatogenia do LPO.

Lundqvist et al. (2006), com a finalidade de analisar a associação do LP com a

ansiedade, depressão e o estresse, reuniram 46 pacientes com lesões de LP erosivo presentes

em mucosa oral e genital, sendo o grupo-controle constituído por 357 indivíduos. A

depressão, ansiedade e o estresse foram verificados através do The Beck Depression Inventory

(BDI), State Anxiety (STAI-S) e General Perceived Stress Questionnaire (PSQ),

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40

respectivamente. Como resultados, os escores obtidos em todos os instrumentos utilizados

foram superiores no grupo com LP erosivo em relação aos indivíduos do grupo-controle.

Hirota (2007) investigou a associação de transtornos de ansiedade e depressão com o

LPO, através da comparação entre 52 pacientes com a doença e 35 indivíduos saudáveis

pertencentes ao grupo controle. Para tanto, utilizou o Inventário de Ansiedade Traço-Estado

(IDATE) de Spielberger para averiguar a ansiedade e a Center for Epidemiologic Studies

Depression Scale (CES-D) para avaliar a depressão, não observando diferenças

estatisticamente significativas entre o grupo com LPO e o controle.

Shah, Ashok e Sujatha (2009) analisaram os escores de depressão, ansiedade e estresse

em 30 pacientes com LPO. O grupo-controle foi composto por 30 indivíduos saudáveis

pareados por gênero e idade com os pacientes-caso. Para avaliação das alterações

psicológicas, foi aplicada a Depression, Anxiety and Stress Scale (DASS), e nos resultados foi

observado que os portadores de LPO apresentavam níveis elevados de depressão, ansiedade e

estresse, não sendo observadas diferenças entre aqueles com lesões erosivas e não-erosivas.

Girardi et al. (2011) analisaram os níveis de ansiedade, depressão e estresse em 31

pacientes com LPO, comparando com grupo-controle de 31 pacientes pareados por idade e

gênero. Os escores de ansiedade e depressão foram avaliados através do The Beck Anxiety

Inventory (BAI) e BDI, respectivamente, e o estresse foi estudado através do Inventário de

Sintomas de Stress para Adultos de Lipp (ISSL). Nos resultados, não foram observadas

diferenças nos níveis de ansiedade, depressão e estresse entre pacientes do grupo-caso e

controle. Neste estudo, não foram avaliadas as diferenças entre os padrões clínicos reticular e

erosivo das lesões.

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ProposiçãoProposiçãoProposiçãoProposição

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3 PROPOSIÇÃO

A etiopatogenia do LPO permanece pouco compreendida e sua associação com fatores

locais e sistêmicos diversos tem sido bastante discutida. Tal discussão baseia-se no fato de

que as lesões de LPO raramente sofrem resolução espontânea e frequentemente apresentam

alterações clínicas ao longo do tempo, com períodos de remissão e exacerbação dos sinais e

sintomas. Diante disto, o presente estudo se propôs a analisar a possível associação de fatores

locais como o uso do tabaco e o consumo de bebidas alcoólicas, de doenças sistêmicas como a

DM e a hipertensão arterial, da infecção pelo HCV e dos níveis de ansiedade com o padrão

clínico e sintomatologia das lesões em pacientes com LPO.

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Materiais e MétodosMateriais e MétodosMateriais e MétodosMateriais e Métodos

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44

4 MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 CONSIDERAÇÕES ÉTICAS

Para a execução do presente estudo, foram observados e obedecidos todos os critérios

prescritos na resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, que versam sobre a ética em

pesquisa com seres humanos e materiais destes derivados. O presente estudo foi analisado

pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte

(UFRN) e pelo Sistema Nacional de Ética na Pesquisa (SISNEP), tendo sido aprovado sob o

parecer nº 324/2011 (ANEXO 1) em reunião deste comitê em julho de 2011.

Ainda, através do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (APÊNDICE

A), os objetivos da pesquisa foram explicados aos envolvidos no estudo, os quais o assinaram

quando concordaram em participar. A coleta de dados foi realizada em local reservado,

visando respeitar a privacidade do paciente, sem proporcionar risco ou dano ao mesmo.

4.2 DELINEAMENTO DO ESTUDO

Trata-se de um estudo clínico, observacional, com desenho do tipo seccional.

4.3 POPULAÇÃO E AMOSTRA

A população do estudo constituiu-se dos pacientes atendidos na Clínica de

Estomatologia e/ou que tiveram laudos histopatológicos emitidos no Setor de Anatomia

Patológica da Disciplina de Patologia Oral do Departamento de Odontologia da UFRN.

Através de uma carta de anuência (APÊNDICE B), obteve-se autorização para atendimento

dos pacientes da Clínica de Estomatologia do Departamento de Clínica e Odontologia Social

da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), os quais também fizeram parte da população do

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estudo. Logo, a amostra foi constituída por todos os pacientes que tiveram lesões orais

diagnosticadas como LPO no período de 2000 a 2010.

4.3.1 Critérios de inclusão

Foram incluídos no estudo os pacientes com idade superior a 18 anos com diagnóstico

histopatológico de LPO e tempo de diagnóstico superior ou igual a seis meses.

4.3.2 Critérios de exclusão

Foram excluídos do estudo os pacientes com diagnóstico de LPO apenas clínico sem

confirmação histológica.

4.4 COLETA DE DADOS

A coleta dos dados foi realizada por único pesquisador, capacitado e previamente

calibrado. Consistiu inicialmente em exame clínico, seguido da aplicação de inventário para

avaliar os níveis de ansiedade. O exame clínico e a aplicação do inventário foram realizados

nas Clínicas de Estomatologia da UFRN e da UFPB.

4.4.1 Exame clínico

Os dados de identificação do paciente, da anamnese e do exame físico foram

registrados na ficha de coleta de dados (APÊNDICE C). Primeiramente, os pacientes foram

contactados a comparecer à Clínica de Estomatologia para realização de exame clínico. Na

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anamnese foram incluídas as informações referentes à presença de lesões cutâneas, DM,

hipertensão arterial, uso do tabaco, consumo de álcool, prescrição de medicamentos, tempo de

evolução e sintomatologia das lesões. No exame físico intra-oral, a presença, quantidade e

localizações das lesões foram registradas, bem como seu padrão clínico. As lesões de LPO

foram classificadas como reticulares quando se apresentaram clinicamente como placas,

pápulas e/ou estrias brancas entrelaçadas sem sintomatologia, e como erosivas quando eram

eritematosas, ulceradas e associadas à dor e/ou ardor (NEVILLE et al., 2009). Se o mesmo

paciente tinha tanto lesões reticulares quanto erosivas, o LPO foi classificado como erosivo,

pois este padrão possui curso clínico mais grave (CARROZZO; THORPE, 2009). Nos casos

que não tinham confirmação histopatológica, a biópsia foi realizada para este fim. Após o

exame clínico, para os pacientes que não tinham o resultado do exame anti-HCV, este foi

solicitado, e nos casos sintomáticos, o tratamento adequado das lesões foi estabelecido.

4.4.2 Avaliação do nível de ansiedade

Para verificar o traço de ansiedade do paciente, foi aplicada a parte II do Inventário de

Ansiedade Traço-Estado (IDATE) (ANEXO 2) desenvolvido por Spielberger, Gorsuch e

Lushene (1970) e traduzido e adaptado para o Brasil por Biaggio e Natalício (1979). O

IDATE é uma escala de auto-avaliação (preenchida pelo próprio paciente) de alta

confiabilidade e bastante utilizada pelos pesquisadores, que analisa a tendência do indivíduo a

responder de forma ansiosa às situações da vida. É constituída por 20 afirmações descritivas

de sentimentos pessoais, para as quais o paciente atribui valores de 1 a 4, que correspondem a

intensidades crescentes dos dados subjetivos avaliados. O escore total varia de 20 a 80 e é

obtido da soma dos escores individuais em cada item. Escores totais menores do que 33

indicam nível baixo de ansiedade; entre 33 e 49, ansiedade moderada; e maiores do que 49,

ansiedade elevada (HIROTA, 2007).

4.5 PROCESSAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS

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47

Uma vez realizada a coleta de dados, resultados obtidos foram organizados em um

banco de dados informatizado com o auxílio do programa estatístico SPSS (Statistical

Package for the Social Sciences) na versão 17.0. Inicialmente, os dados foram analisados por

meio de estatística descritiva. As variáveis qualitativas foram apresentadas na forma de

frequências absolutas e relativas, e as variáveis quantitativas foram descritas por meio de

média e desvio-padrão. Depois, os dados foram submetidos ao Teste Qui-quadrado ou Teste

Exato de Fisher para associação das variáveis. Foi adotado nível de significância de 5%.

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ResultadosResultadosResultadosResultados

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49

5 RESULTADOS

A amostra deste estudo foi constituída por 37 pacientes com LPO, selecionados a

partir dos critérios de inclusão e exclusão pré-estabelecidos.

5.1 PERFIL DA AMOSTRA

A amostra foi representada principalmente por mulheres, com distribuição de 75,7%

(n=28) para o gênero feminino e 24,3% (n=9) para o gênero masculino. A idade variou de 32

a 74 anos com média de 53,35 anos. Analisando-se isoladamente, os pacientes do gênero

feminino apresentaram uma média de idade de 55,14 anos e os do gênero masculino, 47,78

anos (Tabela 1).

Tabela 1. Tamanho da amostra, variação, média de idade (em anos) e desvio-padrão em relação ao gênero dos pacientes. Natal/RN, 2012.

Gênero n Variação Média Desvio-padrão

Feminino

Masculino

28

9

39-74

32-71

55,14

47,78

8,74

11,55

TOTAL 37 32-74 53,35 9,86

Fonte: Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral/UFRN.

Com relação à faixa etária, 64,8% (n=24) dos pacientes encontravam-se entre a quinta

e sexta décadas de vida, fato observado similarmente quando da análise individual para ambos

os gêneros (Tabela 2).

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Tabela 2. Distribuição absopacientes. Natal/RN, 2012.

Faixa etária

30-39 anos

40-49 anos

50-59 anos

60-69 anos

70-79 anos

TOTAL

Fonte: Programa de Pós-Graduaç

Quanto à cor da pel

eram feodermas e 5,4% (n

constatada em 19% (n=7) pa

5.3 PERSISTÊNCIA E C

PLANO ORAL

81

Gráfico 1lesões de Natal/RN,

bsoluta e relativa dos casos de acordo com o gên

Gênero

Feminino Masculino

n % N %

1

6

12

7

2

3,6

21,4

42,9

25,0

7,1

2

3

3

0

1

22,2

33,3

33,3

0,0

11,1

28 100,0 9 100,0

uação em Patologia Oral/UFRN.

pele, 59,5% (n=22) dos pacientes eram leucod

(n=2), melanodermas. A presença de lesões

) pacientes (Gráfico 1).

CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS DAS LE

19% (n=7)

81% (n=30)

Lesões Cutâneas

Prese

Ausen

1. Distribuição relativa e absoluta da presençe líquen plano cutâneo nos pacientes da amoN, 2012.

50

gênero e faixa etária dos

TOTAL

N %

3

9

15

7

3

8,1

24,3

40,5

18,9

8,1

37 100,0

odermas, 35,1% (n=13)

ões de LP em pele foi

LESÕES DE LÍQUEN

esente

sente

nça de mostra.

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Ao avaliar a persistê

da amostra (n=2) (Gráfico

paciente conviveu com as

clínico variou de 6 meses a

pacientes (80,0%; n=28) tiv

Tabela 3. Distribuição absplano oral nos pacientes da

Tempo de diagnóstico (t)

t ≤ 5 anos

5 < t < 10 anos

t ≥ 10 anos

TOTAL

Fonte: Programa de Pós-Graduaç

Em relação à forma

2, 4 e 6) em relação às reticu

Gráfico 2lesões de Natal/RN,

istência das lesões de LPO, observou-se remis

co 2). O tempo de diagnóstico do LPO, ou s

as lesões desde o dia de seu diagnóstico até o

s a 13 anos com média e desvio-padrão de 3,47±

tiveram o LPO por 6 meses a 5 anos (Tabela 5).

absoluta e relativa do tempo de diagnóstico cada amostra. Natal/RN, 2012. (t) N

28

4

3

35

uação em Patologia Oral/UFRN.

a clínica, observou-se maior número de lesõe

ticulares (Figuras 3 e 5) (Gráfico 3).

95%(n=35)

5%(n=2)

Presença da lesão

S

N

2. Distribuição relativa e absoluta da presençde líquen plano oral nos pacientes da amoN, 2012.

51

issão em 5% dos casos

u seja, o período que o

é o momento do exame

47±3,44, e a maioria dos

5).

categorizado de líquen

%

80,0

11,4

8,6

100,0

sões erosivas (Figuras 1,

Sim

Não

nça de mostra.

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O gênero e faixa et

associados ao tipo de LPO

estava presente no gênero m

se no gênero feminino. Es

verificou-se que aqueles co

erosivas, enquanto que o

porcentagem de lesões retic

Quanto à presença de sinto

formas clínicas do LPO, ape

4

Gráfico 3das lesõesNatal/RN,

etária dos pacientes, bem como a sintomatolo

PO (Tabela 7). Foi observado que a maioria

o masculino, enquanto que a maioria das lesões

Este resultado foi estatisticamente significati

com mais de 50 anos de idade tinham maior p

os com faixa etária inferior a 50 anos

eticulares, porém não foi encontrada diferença

intomatologia, não houve diferença significativ

apesar do maior número de lesões erosivas dent

57%(n=20)

43%(n=15)

Forma clínica da lesão

Erosiv

Reticu

3. Distribuição relativa e absoluta da forma clíes de líquen plano oral nos pacientes da amoN, 2012.

52

tologia das lesões foram

ia das lesões reticulares

es erosivas apresentava-

ativo (p=0.027). Ainda,

r porcentagem de lesões

s apresentavam maior

ça estatística (p=0.266).

ativa (p=0.557) entre as

entre as sintomáticas.

siva

icular

clínica mostra.

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53

Tabela 4. Distribuição absoluta e relativa e significância estatística do gênero, faixa etária e sintomatologia das lesões de líquen plano oral em relação ao seu padrão clínico. Natal/RN, 2012.

Variável

Padrão clínico do LPO

TOTAL

n(%)

p Erosivo

n(%)

Reticular

n(%)

Gênero Feminino

Masculino

TOTAL

19(67,9)

1(14,3)

20(57,1)

9(32,1)

6(85,7)

15(42,9)

28(100)

7(100)

35(100)

<0.027¹*

Idade

≥ 50 anos

< 50 anos

TOTAL

16(64,0)

4(40,0)

20(57,1)

9(36,0)

6(60,0)

15(42,9)

25(100)

10(100)

35(100)

0.266¹

Sintomatologia

Ausente

Presente

TOTAL

10(52,6)

10(62,5)

20(57,1)

9(47,4)

6(37,5)

15(42,9)

19(100,0)

16(100,0)

35(100,0)

0.557²

Fonte: Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral/UFRN. 1: Teste Qui-quadrado de Pearson 2: Teste Exato de Fisher *: diferença significante a 5,0%.

Quanto à localização das lesões, a mucosa jugal foi a região mais acometida por

ambas a formas clínicas. A gengiva foi a segunda localidade mais atingida, seguida da língua,

mucosa labial e palato. Todas as lesões em mucosa labial e palato foram do tipo erosivo

(Tabela 8).

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54

Tabela 5. Distribuição absoluta e relativa da localização das lesões de líquen plano oral de acordo com o seu padrão clínico. Natal/RN, 2012.

Localização

Padrão clínico TOTAL (n=35)

Erosivo (n=20) Reticular (n=15)

n %* n %* N %

Mucosa jugal

Gengiva

Língua

Mucosa labial

Palato

16

13

7

7

5

80,0

65,0

35,0

35,0

25,0

13

3

3

0

0

86,7

20,0

20,0

0,0

0,0

29

16

10

7

5

82,9

45,7

28,6

20,0

14,3

Fonte: Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral/UFRN. *porcentagem do subgrupo

A maioria dos pacientes apresentava lesões em mais de uma localidade (60%; n=21).

A maior parte dos pacientes com lesões múltiplas tinham lesões erosivas, ao passo que a

maioria daqueles com lesões isoladas apresentavam lesões reticulares. Esta diferença foi

estatisticamente significativa (Tabela 9).

Tabela 6. Distribuição absoluta e relativa e significância estatística da quantidade de lesões de líquen plano oral em relação ao seu padrão clínico. Natal/RN, 2012.

Quantidade de lesões

Padrão clínico do LPO

TOTAL

n(%)

Erosivo

n(%)

Reticular

n(%)

Únicas

Múltiplas

4(28,6)

16(76,2)

10(71,4)

5(23,8)

14(100,0)

21(100,0) <0.005*

TOTAL 20 (57,1) 15 (42,9) 35(100,0)

Fonte: Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral/UFRN. 1: Teste Qui-quadrado de Pearson. *: diferença significante a 5,0%.

Considerando apenas os pacientes com lesões únicas (40%; n=14), a mucosa jugal foi

a região mais acometida por ambas as formas clínicas. A língua foi a segunda localidade mais

atingida, seguida da gengiva. Lesões isoladas não foram observadas em mucosa labial e palato

(Tabela 10).

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Tabela 7. Distribuição absooral de acordo com o seu pa

Localização

Mucosa jugal

Gengiva

Língua

Mucosa labial

Palato

TOTAL

Fonte: Programa de Pós-Graduaç

Em relação ao u

aproximadamente metade d

(Gráfico 3); destes, apenas 2

Gráfico 4corticóideoral nos pa

bsoluta e relativa da localização das lesões iso padrão clínico. Natal/RN, 2012.

Padrão clínico

Erosivo Reticular

N % n %

3

1

0

0

0

75,0

25,0

0,0

0,0

0,0

8

0

2

0

0

80,0

0,0

20,0

0,0

0,0

4 100,0 10 100,0

uação em Patologia Oral/UFRN.

uso de corticóides para o tratamento d

e dos pacientes (49%; n=18) afirmaram o uso

as 2 relataram a necessidade do uso de corticóid

51%(n=19)49%(n=18)

Tratamento com Corticóides

N

S

o 4. Distribuição relativa e absoluta do usoides para o tratamento das lesões de líquen ps pacientes da amostra. Natal/RN, 2012.

55

isoladas de líquen plano

TOTAL

N %

11

1

2

0

0

78,6

7,1

14,3

0,0

0,0

14 100,0

das lesões de LPO,

so destes medicamentos

óides sistêmicos.

Não

Sim

uso de n plano

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56

5.2 PRESENÇA DE IRRITANTES LOCAIS, ALTERAÇÕES SISTÊMICAS E NÍVEIS DE

ANSIEDADE

Com relação ao uso do tabaco e consumo de bebidas alcoólicas, observou-se apenas

um paciente tabagista e nenhum etilista. Na amostra estudada, 10,8% e 16,2% dos pacientes

apresentavam DM e hipertensão arterial, respectivamente. Dentre os pacientes avaliados,

observou-se apenas um exame anti-HCV reativo (Tabela 3).

Tabela 8. Distribuição absoluta e relativa da presença de diabetes mellitus, hipertensão arterial, tabagismo, etilismo e do resultado do exame anti-HCV de acordo com o gênero dos pacientes. Natal/RN, 2012.

Variável

Gênero TOTAL

Feminino Masculino

n % n % n %

Tabagismo

Sim

Não

1

27

3,6

96,4

0

9

0,0

100,0

1

36

2,7

97,3

Etilismo

Sim

Não

0

28

0,0

100,0

0

9

0,0

100,0

0

37

0

100,0

Diabetes mellitus

Sim

Não

2

26

7,1

92,9

2

7

22,2

77,8

4

33

10,8

89,2

Hipertensão arterial

Sim

Não

5

23

17,9

82,1

1

8

11,1

88,9

6

31

16,2

83,8

Anti-HCV

Reativo

Não-reativo

0

28

0,0

100,0

1

8

11,1

88,9

1

36

2,7

97,3

TOTAL 28 100,0 9 100,0 37 100,0

Fonte: Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral/UFRN.

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57

A aplicação do IDATE evidenciou nível moderado de ansiedade em 78,4% (n=29) dos

pacientes e nível elevado em 21,6% (n=8), enquanto que nenhum dos casos apresentou

ansiedade leve. Ao observar os níveis de ansiedade dos gêneros feminino e masculino

individualmente, não foi observada diferença estatisticamente significativa (p=0.649) (Tabela

4).

Tabela 9. Distribuição absoluta e relativa e significância estatística dos níveis de ansiedade em relação ao gênero dos pacientes. Natal/RN, 2012.

Nível de ansiedade

Gênero

TOTAL

n(%)

Feminino

n(%)

Masculino

n(%)

Moderado

Elevado

21(72,4)

7(87,5)

8(27,6)

1(12,5)

29(100,0)

8(100,0) 0.649

TOTAL 28(75,7) 9(24,3) 37(100,0)

Fonte: Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral/UFRN. 1: Teste Exato de Fisher.

5.4 ASSOCIAÇÃO DA DIABETES MELLITUS, HIPERTENSÃO ARTERIAL E NÍVEL

DE ANSIEDADE COM O PADRÃO CLÍNICO DAS LESÕES DE LÍQUEN PLANO ORAL

Ao associar a presença de DM com o tipo de LPO, houve distribuição equilibrada de

diabéticos entre as duas formas clínicas, não sendo observada diferença estatisticamente

significativa (p=1.000). Em relação à hipertensão arterial, todos os hipertensos possuíam

lesões erosivas (Tabela 11).

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58

Tabela 10. Distribuição absoluta e relativa e significância estatística da presença de diabetes mellitus e hipertensão arterial em relação ao padrão clínico do líquen plano oral. Natal/RN, 2012.

Variável

Padrão clínico do LPO

TOTAL

n(%)

p¹ Reticular

n(%)

Erosivo

n(%)

Diabetes

mellitus

Não

Sim

TOTAL

13(41,9)

2(50,0)

15(42,9)

18(58,1)

2(50,0)

20(57,1)

31(100)

4(100)

35(100)

1.000

Hipertensão

arterial

Não

Sim

TOTAL

15(50,0)

0(0,0)

15(42,9)

15(50,0)

5(100)

20(57,1)

30(100)

5(100)

35(100)

0.057

Fonte: Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral/UFRN. 1: Teste Exato de Fisher.

Quanto ao nível de ansiedade dos pacientes da amostra (Tabela 12) em relação ao

padrão clínico do LPO, observou-se que a maioria dos pacientes com ansiedade moderada

apresentava lesões erosivas, ao passo que a maior parte dos pacientes com nível elevado de

ansiedade apresentava lesões reticulares, porém, esta associação não foi estatisticamente

significativa (p=0.246).

Tabela 11. Distribuição absoluta e relativa e significância estatística dos níveis de ansiedade em relação ao padrão clínico do líquen plano oral. Natal/RN, 2012.

Nível de ansiedade Padrão clínico do LPO

TOTAL

n(%)

p¹ Reticular

n(%)

Erosivo

n(%)

Moderado

Elevado

10(37,0)

5(62,5)

17(63,0)

3(37,5)

27(100,0)

8(100,0) 0.246

TOTAL 15(42,9) 20(57,1) 35(100,0)

Fonte: Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral/UFRN. 1: Teste Exato de Fisher.

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59

5.4 ASSOCIAÇÃO DA DIABETES MELLITUS, HIPERTENSÃO ARTERIAL E NÍVEL

DE ANSIEDADE COM A SINTOMATOLOGIA DAS LESÕES DE LÍQUEN PLANO

ORAL

Não houve associação estatisticamente significativa entre a presença de DM,

hipertensão arterial (Tabela 13) e níveis de ansiedade (Tabela 14) com a sintomatologia das

lesões de LPO (p=1.000).

Tabela 12. Distribuição absoluta e relativa e significância estatística da presença de diabetes mellitus e hipertensão arterial em relação à sintomatologia das lesões de líquen plano oral. Natal/RN, 2012.

Variável

Sintomatologia

TOTAL

n(%)

p¹ Ausente

n(%)

Presente

n(%)

Diabetes

mellitus

Não

Sim

TOTAL

17(54,8)

2(50,0)

19(54,3)

14(45,2)

2(50,0)

16(45,7)

31(100)

4(100)

35(100)

1.000

Hipertensão

arterial

Não

Sim

TOTAL

16(53,3)

3(60,0)

19(54,3)

14(46,7)

2(40,0)

16(45,7)

30(100)

5(100)

35(100)

1.000

Fonte: Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral/UFRN. 1: Teste Exato de Fisher.

Tabela 13. Distribuição absoluta e relativa e significância estatística dos níveis de ansiedade dos em relação à sintomatologia das lesões de líquen plano oral. Natal/RN, 2012.

Nível de ansiedade

Sintomatologia

TOTAL

n(%)

p¹ Ausente

n(%)

Presente

n(%)

Moderado

Elevado

15(55,6)

4(50,0)

12(44,4)

4(50,0)

27(100,0)

8(100,0) 1.000

TOTAL 19(54,3) 16(45,7) 35(100,0)

Fonte: Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral/UFRN. 1: Teste Exato de Fisher.

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60

Figura 1. Lesão de Líquen Plano Oral com regiões do tipo erosivo intercaladas com áreas reticulares localizada em região dorsal de língua de paciente do gênero feminino.

Figura 2. Lesão de Líquen Plano Oral do tipo erosivo localizada em gengiva de paciente do gênero masculino.

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61

Figura 3. Lesão de Líquen Plano Oral do tipo reticular localizada em mucosa jugal esquerda de paciente do gênero masculino

Figura 4. Lesão de Líquen Plano Oral do tipo erosivo localizada em gengiva inserida inferior associada à lesão do tipo reticular localizada em região de vestíbulo inferior de paciente do gênero masculino.

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62

Figura 5. Lesão de Líquen Plano Oral do tipo reticular localizada em mucosa jugal direita de paciente do gênero masculino.

Figura 6. Lesão de Líquen Plano Oral do tipo erosivo localizada em borda esquerda de língua em paciente do gênero feminino.

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63

DDDDiscussãoiscussãoiscussãoiscussão

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64

6 DISCUSSÃO

O LPO é uma doença com etiopatogenia e curso clínico pouco compreendidos.

Usualmente afeta o gênero feminino mais do que o dobro em relação ao masculino (ALVES

et al., 2010; CARBONE et al., 2009; CASTELLS et al., 2010; EISEN, 2002; FENOLL et al.,

2010; INGAFOU et al., 2006; PAKFRETAT et al., 2009; XUE et al., 2005), e a maioria dos

pacientes acometidos encontra-se na quinta e sexta décadas de vida, com média de idade que

varia de 41,6 a 59,0 anos (CASTELLS et al., 2010; FENOLL et al., 2010; PAKFRETAT et

al., 2009; INGAFOU et al., 2006): 49,0 a 61,4 anos para as mulheres e 47,0 a 58,3 para os

homens (ALVES et al., 2010; CARBONE et al., 2009; EISEN, 2002; INGAFOU et al., 2006;

XUE et al., 2005).

Neste estudo, as características clínico-demográficas dos pacientes com LPO

participantes deste estudo foram similares às relatadas na literatura. Nossa amostra foi

constituída principalmente por mulheres, numa proporção de aproximadamente 3:1 em

relação aos homens. A maioria dos pacientes (64,8%) encontrava-se na quinta e sexta décadas

de vida, e a média de idade foi de 53,3 anos: 55,4 para o gênero feminino e 47,7 para o

masculino. Este último resultado confirma o desenvolvimento da doença mais precocemente

no gênero masculino em relação ao feminino, como foi visto por Carbone et al. (2009), Eisen

(2002) e Ingafou et al. (2006).

Os pacientes com LPO podem desenvolver lesões que afetam a pele, os anexos

cutâneos ou outras mucosas (SCULLY; CARROZZO, 2008). As lesões em pele são vistas

principalmente nas superfícies flexoras dos antebraços e caracterizam-se por pápulas

pruríticas poligonais achatadas, com coloração eritematosa a violácea, que apresentam linhas

brancas finas e entrelaçadas (estrias de Wickham) em sua superfície (EISEN, 1999). Neste

estudo observou-se lesões cutâneas em 19% da amostra, freqüência superior à encontrada por

Castells et al. (2010) (6,2%) e Fenoll et al. (2010) (2,5%), mas semelhante à vista por Ingafou

et al. (2006) (12,6%), Pakfretat et al. (2009) (15,5%) e Xue et al. (2005) (11,4%). Logo,

aparentemente, as manifestações extra-orais do LPO, em particular na pele, não são tão

incomuns.

O LPO é uma entidade de natureza crônica e persistente, e sua remissão completa é

rara. Bidarra et al. (2008) observaram que a maioria dos pacientes da sua amostra conviveram

com os sinais e sintomas do LPO por período que variou de 1 a 10 anos, e 14% e 8% tiveram

a doença por mais de 11 e 15 anos, respectivamente. No presente estudo, os pacientes

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conviveram com as lesões de LPO por 6 meses a 13 anos, e 11,4 e 8,6% por mais de 5 e 10

anos, respectivamente. Portanto, tanto o estudo anterior como este ratificam a cronicidade e

persistência do LPO. Em relação à raridade de remissão do LPO, Carbone et al. (2009)

confirmaram tal característica ao observar que ínfima porcentagem de seus pacientes (2,47%;

n=20) apresentaram cura completa de suas lesões. No presente estudo, houve remissão em 5%

(n=2) dos casos.

O LPO possui ampla variedade de aspectos clínicos e são descritos na literatura seis

diferentes padrões: reticular, erosivo, atrófico, placa, papular e bolhoso (MOLLAOGLU,

2000; SCULLY; CARROZZO, 2008). De acordo com Neville et al. (2009), existem duas

formas clínicas principais de LPO: a reticular e a erosiva. No tipo reticular estão incluídas as

lesões brancas, usualmente assintomáticas, na forma de placas, pápulas ou estrias finas

entrelaçadas, e o tipo erosivo abrange as lesões eritematosas e/ou ulceradas frequentemente

associadas à dor e/ou ardor. Grande parte dos estudos (ALVES et al., 2010; CARBONE et al.,

2009; CASTELLS et al., 2010; FENOLL et al., 2010), inclusive este, utilizou esta última

classificação para as lesões de LPO, para facilitar a coleta de dados e a análise estatística.

Semelhante ao indicado por Carrozzo e Thorpe (2009) e realizado por Carbone et al. (2009),

quando nossos pacientes apresentavam mais de uma forma clínica de lesão, tanto reticular

como erosiva, a forma mais severa da doença (erosiva) foi utilizada para classificar as lesões.

Na maioria dos estudos, as lesões reticulares são mais frequentes do que as erosivas.

Alves et al. (2010) observaram a forma reticular em 81,8% dos pacientes de sua amostra.

Carbone et al. (2009) e Castells et al. (2010) também encontraram maior prevalência de lesões

reticulares, 58,9 e 66%, respectivamente. Já Fenoll et al. (2010) constataram predominância

da forma erosiva (64,2%), semelhante ao observado no presente estudo, no qual as lesões

erosivas foram mais frequentes (57,1%) em relação às reticulares (42,9%). Acreditamos que a

maior porcentagem de lesões erosivas vista neste e em alguns estudos seja atribuída ao fato de

que os pacientes com lesões reticulares tendem a não procurar o cirurgião-dentista, já que a

maioria permanece assintomática e são diagnosticadas em exame clínico oral de rotina. Em

contraste, pacientes com lesões erosivas tendem a procurar ajuda profissional por causa da dor

ou ardor frequentemente associadas a esta forma clínica. Ainda, o uso da classificação

sugerida por Carrozzo e Thorpe (2009) em também pode ter contribuído para a maior

frequencia de lesões erosivas em nosso estudo.

Em estudo realizado por Xue et al. (2005), o gênero dos pacientes foi associado ao

padrão clínico das lesões de LPO, observando que o gênero feminino apresentava quantidade

significativamente maior de lesões reticulares do que erosivas, resultado contrário ao do

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66

estudo em questão, o qual constatou que a maioria das lesões erosivas apresentavam-se no

gênero feminino (67,9%), enquanto que as reticulares foram mais freqüentes no masculino

(85,7%), sendo esta diferença estatisticamente significativa (p=0.027).

Xue et al. (2005) correlacionaram a idade dos pacientes com as formas clínicas do LPO

e observaram que as formas erosivas foram mais prevalentes em pacientes com mais de 60

anos de idade. Chainani-Wu et al. (2001) viram que a média de idade dos pacientes com

lesões erosivas foi de 57 anos, contrastando com 51,3 anos para aqueles com lesões

reticulares. Similarmente, Fenoll et al. (2009) observaram idade média de 58,33 e 52,64 anos

para os pacientes com as forma erosiva e reticular, respectivamente, sendo esta diferença

estatisticamente significativa. Neste estudo, associamos a faixa etária com o padrão clínico

das lesões e constatamos maior porcentagem de lesões erosivas (64%) nos pacientes acima de

50 anos de idade, ao passo que naqueles com menos de 50 anos de idade foi detectada uma

maior quantidade de lesões reticulares (60%).

Os sintomas do LPO podem variar de acordo com o tipo clínico e dependem da

severidade das lesões. Como foi dito, a forma reticular é usualmente assintomática, enquanto

que a erosiva geralmente causa sintomas (CARBONE et al., 2009; XUE et al., 2005),

particularmente dor e prurido, dependendo da extensão e natureza agressiva das lesões

(FENOLL et al., 2009). Eisen (2002) encontrou sintomas na maioria de seus pacientes e em

todos que apresentavam lesões erosivas. Alves et al. (2010) observaram sintomatologia

dolorosa em 42,27% dos casos; destes, 76,08% tinham a forma erosiva do LPO. No estudo

em questão, a presença de sintomatologia foi relatada por 45,7% dos pacientes; destes, a

maioria (62,5%) apresentavam lesões erosivas.

Alves et al. (2010) observaram em seu estudo que a maioria dos pacientes com LPO

apresentava lesões múltiplas. A mucosa jugal foi a região da cavidade oral mais afetada,

seguida da língua e gengiva, sendo as lesões em mucosa labial e palato menos frequentes.

Outros autores também encontraram dados semelhantes (CARBONE et al., 2009;

CASTELLS et al., 2010; EISEN, 2002; INGAFOU et al., 2006; PAKFRETAT et al., 2009).

Os resultados deste estudo concordam em grande parte com os citados, diferindo apenas na

segunda localização mais comum, que foi a gengiva, seguida da língua, o que também foi

constatado por Fenoll et al. (2010). Como dito, o envolvimento gengival no LPO é

frequentemente observado, caracterizando a gengivite descamativa, a qual também é

observada no pênfigo vulgar e no penfigóide das membranas mucosas, fato que pode levar a

erros de diagnóstico (MIGNONA; LO RUSSO; FEDELE, 2005). O acometimento da gengiva

foi observado em 45,7% dos nossos pacientes e, ao contrário do observado por Alonso, Jornet

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e Fenoll (2007), as lesões erosivas foram mais frequentes nesta região. Outro resultado

interessante do presente estudo foi que os pacientes com lesões isoladas apresentaram maior

número de lesões reticulares, enquanto que aqueles com lesões múltiplas tinham mais lesões

erosivas, sendo esta diferença estatisticamente significativa (p=0.005). Observações similares

foram relatadas por Seoane et al. (2004) e Xue et al. (2005).

As lesões erosivas tendem a ter um curso clínico mais grave do que as reticulares.

Segundo Redahan et al. (2005), as lesões erosivas apresentam exacerbações frequentes e

imprevisíveis, e dificilmente exibem remissões. Brant, Vasconcelos e Rodrigues (2008)

afirmam que a forma erosiva do LPO corresponde a uma fase mais destrutiva e avançada da

doença em comparação com a forma reticular, e certas características histopatológicas como

maior intensidade do infiltrado inflamatório, bem como da apoptose e atrofia epitelial no

padrão erosivo suportam tal afirmação. O presente estudo procurou associar certos fatores

locais e sistêmicos com a forma clínica e sintomatologia das lesões de LPO, as quais de certa

forma traduzem a gravidade e progressão da doença.

A relação do uso do tabaco e do consumo de bebidas alcoólicas com o LPO tem sido

investigada, principalmente quanto ao seu papel no possível potencial de malignização da

doença. Pesquisas que objetivaram associar tais hábitos nocivos com as características

clínicas do LPO são escassas na literatura. Gorsky et al. (1996), em estudo retrospectivo de

157 pacientes com LPO, observaram que 27,4% (n=43) eram fumantes e apenas 3 eram ex-

consumidores de bebidas alcoólicas. Ao associar a presença do tabagismo com o tipo clínico e

sintomatologia das lesões, viram que, dentre as formas mais sintomáticas do LPO (atrófica e

erosiva), apenas 21 e 4% dos pacientes, respectivamente, fumavam, ou seja, a prevalência de

fumantes diminuiu à medida que a prevalência dos sintomas aumentou. Ao explicar este

resultado, os autores sugeriram que o calor gerado na cavidade oral de um paciente fumante

com LPO aumenta a irritação da mucosa afetada pela doença. Devido à alteração clínica da

mucosa ser mais severa nas formas atrófica e erosiva do que na reticular, o fumo

provavelmente causa mais irritação e dor, o que exerce influência importante na decisão do

paciente (daqueles que fumavam antes do início do LPO) em parar. No estudo acima, a

associação do etilismo com as manifestações clínicas do LPO não foi possível, pois em sua

amostra havia apenas três ex-etilistas.

Gorsky et al. (2004) realizaram estudo semelhante ao supracitado com o objetivo de

avaliar a associação entre o hábito de fumar e os subtipos clínicos e sintomatologia das lesões

de LPO. Reuniram 187 pacientes com a doença, com estabelecimento de um grupo-controle

de 76 indivíduos saudáveis. Observaram menor prevalência de fumantes no grupo com LPO

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do que no grupo-controle e também que, dentre os fumantes, havia maior número de lesões

reticulares do que erosivas, não havendo diferença significativa quanto à sintomatologia das

lesões. Estes autores sugerem ainda que, como existem menos fumantes portadores de LPO, e

devido ao possível potencial maligno da doença, a transformação do LPO pode ter uma

etiopatogenia diferente da do CEO comum.

Não há dados na literatura que indicam prevalência elevada de fumantes ou de consumo

de álcool entre os pacientes com LPO comparando com a população geral (EISEN, 2002).

Xue et al. (2005) viram que, dentre 674 portadores de LPO, aproximadamente 25,8%

fumavam e 24,0% consumiam bebidas alcoólicas. Carbone et al. (2009) viram que a maioria

de sua amostra não fumava (77,8%) e não bebia (87,7%). Alves et al. (2010) observaram que,

dentre 110 portadores de LPO, 18,8 e 29,09% eram fumantes e consumiam bebidas

alcoólicas, respectivamente. Castells et al. (2010), em estudo com 65 pacientes, observaram

que 27,7% eram fumantes ou ex-fumantes, e 20% eram etilistas ou ex-etilistas. O estudo em

questão observou apenas um paciente tabagista do gênero feminino (3,6%) e nenhum etilista.

Este resultado pode ter sido atribuído ao tamanho da amostra, com pequeno número de

participantes. Ainda, não foi incluída uma variável para avaliar a prevalência de ex-fumantes

e ex-etilistas. A associação do tabagismo com o padrão clínico e a sintomatologia das lesões

não foi possível, devido à ínfima quantidade de pacientes portadores deste hábito.

A prevalência da hipertensão arterial e da DM nos portadores de LPO tem sido

estabelecida em alguns estudos, porém a influência que estas alterações sistêmicas exercem

no curso clínico da doença ainda não está esclarecido. Em relação à hipertensão arterial,

Chainani-Wu et al. (2001) observaram que 19% de 229 pacientes com LPO tinham a alteração

sistêmica. Eisen (2002) viu que, dentre 723 portadores de LPO, 21% eram hipertensos. Já

Carbone et al. (2009), em uma série de 808 casos de LPO, e Fenoll et al. (2010), em estudo de

550 pacientes, encontraram que 20,5% e 23,1% apresentavam a hipertensão arterial,

respectivamente. Neste estudo, a hipertensão estava presente em 16,2% dos pacientes,

porcentagem um pouco menor, porém semelhante a dos estudos acima, apesar do tamanho da

amostra não ser comparável. Adicionalmente, observamos que a maioria dos hipertensos em

nosso estudo era do gênero feminino e na associação com padrão clínico das lesões, vimos

tendência destes a apresentar lesões erosivas.

A relação entre o LP e a DM tem sido bastante estudada, porém os resultados são

controversos. Alguns estudos defendem esta associação baseando-se na maior prevalência de

DM em pacientes com LP do que na população geral e nas alterações imunológicas

observadas em ambas as enfermidades. Também, tem-se sugerido que os pacientes com LPO

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e DM apresentam formas clínicas mais agressivas (atrófico-erosivas). Romero et al. (2002)

observaram que, dentre 62 pacientes com LPO, 27,4% tinham DM. A partir deste resultado,

procuraram comparar a apresentação clínica, a localização e o número de lesões entre

diabéticos e não-diabéticos, porém, não foram estabelecidas diferenças significativas. Em

estudos de caso-controle, Denli et al. (2004), Ali e Suresh (2007) e Seyhan et al. (2007)

observaram maior prevalência de DM no grupo com LPO do que no grupo sem a doença.

Atribuíram então, um possível papel da DM na patogenia do LPO, que necessita de maiores

investigações.

Eisen (2002) encontrou apenas 2% de diabéticos em sua amostra, constituída por 723

pacientes com LPO. Já Carbone et al. (2009) observaram prevalência um pouco maior, 8,1%

em 808 casos de LPO. Xue et al. (2005) não defendem uma associação entre a DM e o LPO, e

dizem que a presença concomitante destas enfermidades parece ser totalmente acidental e

compatível com a média de idade dos pacientes. Castells et al. (2010) observaram que os

pacientes com DM apresentavam número significativamente maior de lesões erosivas. O

presente estudo, no entanto, não evidenciou associação estatisticamente significante da

presença da DM com o padrão clínico e sintomatologia das lesões (p=1.000).

A relação entre o LP e o HCV tem sido exaustivamente investigada e os resultados são

muito variados. Estuda-se o LP como uma possível manifestação extra-hepática da hepatite C,

e alguns pesquisadores sugerem que o vírus exerça função direta na etiopatogenia do LP, já

que sequências virais do HCV foram encontradas em amostras de mucosa oral de pacientes

com LPO (CARROZZO et al., 2002).

Na literatura, inúmeros relatos de casos e estudos de coorte e de caso-controle em

diversas regiões do mundo foram realizados na tentativa de esclarecer a possível associação

entre o LP e a infecção pelo HCV. Para testar a qualidade destes estudos e confirmar a inter-

relação entre as duas enfermidades, algumas revisões sistemáticas e meta-análises foram

publicadas, e a maioria observou associação estatisticamente significativa entre o HCV e o

LP, como também prevalência significativamente maior de pacientes com LP em indivíduos

com infecção pelo HCV (LODI et al., 2004; LODI; PELLICANO; CARROZZO, 2010;

SHENGYUAN et al., 2009). Tais pesquisas afirmaram ainda que a inter-associação entre o

LP e o HCV parece depender especialmente da região geográfica natural dos pacientes, sendo

encontrada principalmente nos países mediterrâneos, Japão e Estados Unidos da América. A

razão exata para a referida preferência de associação em determinadas regiões geográficas não

é conhecida, porém Lodi, Pellicano e Carrozzo (2010) sugerem que a alta variabilidade da

prevalência da infecção pelo HCV ao redor do mundo, as diferenças nas características virais

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do HCV e as diferenças genéticas na susceptibilidade ao LP induzido pelo HCV podem

explicar este fato.

No Brasil, Issa, Gaspar e Kalil-Gaspar (1999) observaram a prevalência da infecção

pelo HCV em pacientes com LP, não encontrando associação estatisticamente significativa

entre as duas doenças, pois apenas dois de 34 pacientes do grupo-caso estavam infectados

pelo HCV, comparando com um de 60 do grupo-controle. Da mesma forma, Grossman et al.

(2007) observaram apenas um caso de infecção pelo HCV em 50 pacientes com LPO, não

sendo constatada diferença significativa com a prevalência de hepatite C na população geral.

No estudo em questão, encontramos o exame anti-HCV reativo em apenas um dos 37

pacientes da amostra, corroborando os autores citados acima, o que sugere que a infecção pelo

HCV não está relacionada ao LPO, pelo menos nas regiões brasileiras estudadas. Mesmo

assim, como as amostras dos estudos realizados foram relativamente pequenas, talvez fosse

necessário um estudo brasileiro envolvendo maior número de pacientes com LPO para

confirmar a existência ou não de sua relação com a hepatite C.

Em relação à agressividade das lesões de LPO em pacientes com doenças hepáticas

crônicas, alguns estudos mostraram que quanto mais grave a doença hepática, maior a

agressividade das lesões de LPO (ALI; SURESH, 2007). No entanto, Castells et al. (2010)

não observaram associação significante entre doenças hepáticas e a agressividade das lesões

em pacientes com LPO. Em nosso estudo, a associação da infecção pelo HCV com a forma

clínica e sintomatologia das lesões não foi possível porque apenas um paciente estava

infectado, o que tornou inviável a análise estatística.

O relacionamento dos transtornos emocionais, em especial o estresse, a ansiedade e a

depressão, com o LPO é assunto bastante controverso, principalmente devido à divergência de

resultados observados na literatura. Não se sabe ao certo se as alterações emocionais são

apenas exacerbadoras do quadro clínico ou conseqüência do conhecimento da doença por

parte do paciente, ou se realmente estão envolvidas na etiopatogenia do LPO.

Eisen (2002), Xue et al. (2005) e Pakfretat et al. (2009) afirmam que as lesões

reticulares assintomáticas podem se transformar em erosivas sintomáticas durante crises

agudas e observaram em seus estudos que o estresse foi o principal fator de exacerbação das

lesões de LPO. Eisen (2002) alega ainda que, em adição ao desconforto crônico que pode

intensificar o estresse, os pacientes com LPO são preocupados sobre a possibilidade de

malignização da doença, se esta é ou não contagiosa, e sobre a falta de esclarecimento por

parte dos profissionais da saúde, tanto cirurgiões-dentistas como médicos. Neste estudo, não

avaliamos o estresse e sim a ansiedade nos pacientes com LPO. Porém, na coleta de dados, foi

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interessante notar a visível relação de situações ditas como “estressantes” vivenciadas pelos

pacientes, principalmente do gênero feminino, com a exacerbação das lesões, as quais

tendiam a surgir em outras localidades da cavidade oral e a tornarem-se sintomáticas. O

esclarecimento dos pacientes com LPO sobre a sua doença no momento do diagnóstico pode

aliviar significativamente a ansiedade, especialmente naqueles que buscaram o cuidado de

cirurgiões-dentistas e médicos que não foram capazes de estabelecer um diagnóstico

definitivo ou um plano de tratamento adequado.

Vallejo e Zarabozo (2000), Vallejo et al. (2001), Koray et al. (2003), Araya, Alcayaga e

Esguep (2004), Chaudhary (2004) e Shah, Ashok e Sujatha (2009) evidenciaram associação

positiva entre a presença de ansiedade, depressão ou estresse e o LPO. Entretanto, os estudos

de Hirota (2007) e Girardi et al. (2011) não suportaram tal hipótese. Inventários psicométricos

têm sido aplicados nos pacientes com LPO com o objetivo de determinar o perfil psicológico

dos mesmos, e confirmar ou não, a etiologia psicogênica da doença. A utilização de diferentes

inventários, como também a subjetividade dos mesmos e a falta de padronização da

metodologia dos estudos são os possíveis fatores que pode dificultar a conclusão sobre o

papel dos transtornos emocionais na etiopatogenia do LPO (VENTURINI et al. 2006).

Koray et al. (2003) utilizaram o IDATE em 40 pacientes com LPO e 40 indivíduos

saudáveis do grupo-controle, e observaram níveis mais elevados de ansiedade no primeiro

grupo. Hirota (2007) aplicou o IDATE em 52 portadores de LPO e em 35 participantes do

grupo-controle. Observou que a maioria dos pacientes com LPO apresentavam níveis

moderados de ansiedade (53,9%), e 44,2 e 1,9% tinham níveis elevados e baixos de

ansiedade, respectivamente. Ao comparar os resultados da aplicação do IDATE entre os

gêneros feminino e masculino, viu que as mulheres apresentavam níveis de ansiedade mais

elevados do que os homens, porém não observou diferença estatisticamente significativa com

o grupo-controle. O presente estudo corrobora em parte o supracitado, pois a maioria de nossa

amostra mostrou níveis moderados (78,4%), e 21,6% tinham níveis elevados de ansiedade;

nenhum paciente apresentou nível baixo de ansiedade. Na comparação entre os gêneros, não

houve diferença significativa na distribuição dos níveis de ansiedade (p=0.649).

Pesquisas indicam que níveis mais elevados de ansiedade estão relacionados às lesões

mais graves de LPO, ou seja, sugere-se que os pacientes com lesões erosivas têm níveis de

ansiedade maiores do que aqueles com lesões reticulares, fato observado por Vallejo e

Zarabozo (2000) e Lundqvist et al. (2006), porém não confirmado por Shah, Ashok e Sujatha

(2009). Este estudo também procurou associar os níveis de ansiedade com o padrão clínico e

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sintomatologia das lesões, no entanto, não foi encontrada diferença estatisticamente

significativa (p=0.246 e p=1.000, respectivamente).

Os pacientes que constituíram a amostra deste estudo foram esclarecidos sobre a

inexistência da cura do LPO, e que seu tratamento é apenas paliativo. Cerca de 50% já faziam

uso de corticóides tópicos para alívio dos sintomas das lesões, e o uso de corticóides

sistêmicos foi relatado por apenas dois pacientes. Aproximadamente 46% apresentavam

lesões sintomáticas. Naqueles que já estavam sob tratamento, este foi revisado e, quando

necessário, melhor adequado ao paciente; naqueles sem acompanhamento terapêutico, foram

prescritos os medicamentos apropriados (corticóides tópicos e/ou sistêmicos). Os portadores

de LPO deste estudo continuam em acompanhamento periódico nas Clínicas de

Estomatologia da UFRN e UFPB.

O LPO é uma doença relativamente comum com características clínico-patológicas

definidas, no entanto, vários aspectos de sua etiopatogenia e curso clínico permanecem

obscuros. Em resumo, os dados do presente estudo mostram que a presença de fatores locais e

alterações sistêmicas, como também os níveis de ansiedade e a infecção pelo HCV não

constituíram fatores diretamente envolvidos no surgimento, agravamento e progressão das

lesões de LPO na amostra estudada.

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ConclusõesConclusõesConclusõesConclusões

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7 CONCLUSÕES

De acordo com a metodologia empregada e resultados obtidos no presente estudo, pode-se

concluir que:

• O LPO é uma doença crônica, persistente que raramente regride. As lesões erosivas

foram mais freqüentes do que as reticulares, presentes em número significativamente

maior no gênero feminino e com tendência a surgir em pacientes acima de 50 anos de

idade. Lesões múltiplas foram observadas na maioria dos pacientes, acometendo

principalmente a mucosa jugal, gengiva e língua.

• A infecção pelo HCV, na região estudada, não parece estar associada ao surgimento

do LPO. Níveis moderados de ansiedade foram frequentemente associados ao LPO.

• A presença da DM e hipertensão arterial, bem como os níveis de ansiedade

aparentemente não estão associados à gravidade e progressão do LPO.

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ReferênciasReferênciasReferênciasReferências

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ApêndicesApêndicesApêndicesApêndices

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APÊNDICE A

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PATOLOGIA ORAL

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Este é um convite para você participar da pesquisa intitulada “ESTUDO CLÍNICO E

NÍVEIS DE ANSIEDADE EM UMA SÉRIE DE CASOS DE LÍQUEN PLANO ORAL”,

que é coordenada por pela Profª Drª Ana Miryam Costa de Medeiros. Sua participação é

voluntária, o que significa que você poderá desistir a qualquer momento, retirando seu

consentimento, sem que isso lhe traga nenhum prejuízo ou penalidade. O objetivo desse

estudo será descrever as características clínicas de pacientes com líquen plano oral e

avaliar a presença de fatores locais como o fumo e o consumo de bebidas alcoólicas, de

doenças sistêmicas como a diabetes e a hipertensão, dos níveis de ansiedade e da infecção

pelo vírus da hepatite C, investigando sua associação com a gravidade e progressão das

lesões.

Através desse termo, solicitamos sua permissão para ter acesso ao seu prontuário

odontológico e manuseá-lo com o objetivo de obter informações, assim como realizar exame

clínico de sua boca. Todos estes procedimentos serão feitos por profissional especializado.

Caso decida aceitar o convite, você será submetido(a) ao(s) seguinte(s) procedimentos:

revisão dos prontuários odontológicos, entrevista, exame clínico da boca e aplicação de

questionário sobre ansiedade. Os riscos envolvidos com sua participação são inerentes ao

exame clínico, que serão minimizados através das seguintes providências: utilização de

equipamento de proteção individual adequado como jaleco, gorro, máscara e luvas

descartáveis, além da esterilização dos instrumentais indispensáveis. Você terá os

seguintes benefícios ao participar da pesquisa: avaliação das lesões de Líquen Plano Oral

por uma equipe (cirurgiões-dentistas do Departamento de Odontologia da UFRN) capaz

de diagnosticar complicações e indicar tratamento apropriado quando for preciso.

Todas as informações obtidas serão sigilosas e seu nome não será identificado em

nenhum momento. Os dados serão guardados em local seguro e a divulgação dos resultados

será feita de forma a não identificar os voluntários.

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Se você tiver algum gasto devido à sua participação na pesquisa, será devidamente

ressarcido, caso solicite. Em qualquer momento, se você sofrer algum dano comprovadamente

decorrente desta pesquisa, terá direito a indenização.

Você ficará com uma cópia deste Termo e qualquer dúvida que você tiver a respeito

desta pesquisa, poderá perguntar diretamente ao responsável (Profª. Ana Miryam Costa de

Medeiros) no Departamento de Odontologia da UFRN, no endereço: Av. Senador Salgado

Filho, 1787 - Lagoa Nova – CEP: 59056-000 - Natal - RN – Brasil, ou pelo telefone: (84)

3215-4138. Dúvidas a respeito da ética dessa pesquisa poderão ser questionadas ao Comitê de

Ética em Pesquisa da UFRN, localizado no Campus Universitário da UFRN, ou pelo telefone:

(84) 3215-3135.

Consentimento Livre e Esclarecido

Eu, ________________________________________________________________,

declaro que compreendi os objetivos desta pesquisa, como ela será realizada, os riscos e

benefícios envolvidos e concordo em participar voluntariamente da pesquisa “ESTUDO

CLÍNICO E NÍVEIS DE ANSIEDADE EM UMA SÉRIE DE CASOS DE LÍQUEN

PLANO ORAL”.

Assinatura do Participante

__________________________________________________

Ana Miryam Costa de Medeiros

Pesquisadora responsável

Av Sen. Salgado Filho, 1787, Lagoa Nova, CEP: 59056-000 – Natal/RN - Brasil

Fone: (84) 3215-4138

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APÊNDICE B

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APÊNDICE C

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PATOLOGIA ORAL

FICHA DE COLETA DE DADOS

Prontuário:____________

Nome:______________________________________________________________________

Endereço:___________________________________________________________________

Telefone:___________________________________________________________________

Atividade ocupacional:________________________________________________________

Data do diagnóstico:____/____/____ Data do exame clínico:____/____/____

Tempo de diagnóstico:______(anos)

Gênero: ( ) 1.feminino 2.masculino

Idade:______ (anos)

Cor da pele: ( ) 1.leucoderma 2.feoderma 3.melanoderma

Lesões cutâneas: ( ) 1.ausente 2.presente

Diabetes mellitus: ( ) 1.sim 2.não

Hipertensão arterial: ( ) 1.sim 2.não

Tabagismo: ( ) 1.sim 2.não

Se sim, duração:___________________________

frequência:_________________________

Etilismo: ( ) 1.sim 2.não

Se sim, duração:___________________________

frequência:_________________________

Nível de ansiedade (soma de pontos obtidos no questionário):___________

Anti-HCV: ( ) 1.não-reativo 2.reativo

Prescrição de medicamentos: ( ) 1.sim 2.não Qual? ( )corticosteróides tópicos

( )corticosteróides sistêmicos ( )outros___________________________

Persistência da lesão: ( ) 1.sim 2.não

Localização: ( ) 1.mucosa jugal 2.língua 3.mucosa labial 4.gengiva 5.palato 6.outros

Padrão clínico: ( ) 1.reticular 2.erosivo 3.atrófico 4.pápula 5.placa 6.bolhoso

Sintomatologia: ( ) 1.ausente 2.presente

Diagnóstico histopatológico:___________________________________________________

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AnexosAnexosAnexosAnexos

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ANEXO 1

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ANEXO 2

IDATE

Leia cada pergunta e faça um círculo ao redor do número à direita que melhor indicar como você geralmente se sente. Não gaste muito tempo numa única afirmação, mas tente dar a resposta que mais se aproximar de como você se sente geralmente. AVALIAÇÃO Quase sempre..........4 Frequentemente..........3 Às vezes..........2 Quase nunca..........1

1. Sinto-me bem.......................................................................................... 1 2 3 4

2. Canso-me facilmente.............................................................................. 1 2 3 4

3. Tenho vontade de chorar........................................................................ 1 2 3 4

4. Gostaria de poder ser tão feliz quanto os outros parecem ser................ 1 2 3 4

5. Perco oportunidades porque não consigo tomar decisões rapidamente. 1 2 3 4

6. Sinto-me descansado.............................................................................. 1 2 3 4

7. Sou calmo, ponderado e senhor de mim mesmo.................................... 1 2 3 4

8. Sinto que as dificuldades estão se acumulando de tal forma que não as

consigo resolver............................................................................................ 1 2 3 4

9. Preocupo-me demais com coisas sem importância................................ 1 2 3 4

10. Sou feliz.................................................................................................. 1 2 3 4

11. Deixo-me afetar muito pelas coisas........................................................ 1 2 3 4

12. Não tenho muita confiança em mim mesmo.......................................... 1 2 3 4

13. Sinto-me seguro...................................................................................... 1 2 3 4

14. Evito ter que enfrentar crises e problemas............................................. 1 2 3 4

15. Sinto-me deprimido................................................................................ 1 2 3 4

16. Estou satisfeito........................................................................................ 1 2 3 4

17. Idéias sem importância me entram na cabeça e ficam me pertubando... 1 2 3 4

18. Levo os desapontamentos tão a sério que não consigo tirá-los da

cabeça........................................................................................................... 1 2 3 4

19. Sou uma pessoa estável.......................................................................... 1 2 3 4

20. Fico tenso e pertubado quando penso nos meus problemas no

momento...................................................................................................... 1 2 3 4