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1 UNIVERSIDADE REGIONAL INTEGRADA DO ALTO URUGUAI DAS MISSÕES URI – CAMPUS DE ERECHIM MICHELI PÉRSIA HAIDUCK ESTUDO ANALÍTICO E NUMÉRICO DE MODELOS EPIDEMIOLÓGICOS CLÁSSICOS DO TIPO S.I., S.P.R. E S.I.S. ERECHIM 2008

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  • 1

    UNIVERSIDADE REGIONAL INTEGRADA DO ALTO URUGUAI DAS MISSÕES

    URI – CAMPUS DE ERECHIM

    MICHELI PÉRSIA HAIDUCK

    ESTUDO ANALÍTICO E NUMÉRICO DE MODELOS

    EPIDEMIOLÓGICOS CLÁSSICOS DO TIPO

    S.I., S.P.R. E S.I.S.

    ERECHIM

    2008

  • 1

    MICHELI PÉRSIA HAIDUCK

    ESTUDO ANALÍTICO E NUMÉRICO DE MODELOS

    EPIDEMIOLÓGICOS CLÁSSICOS DO TIPO

    S.I., S.P.R. E S.I.S.

    Monografia apresentada para obtenção do grau de Licenciado em Matemática, no Curso de Graduação de Licenciatura em Matemática: na Área de concentração em Matemática Aplicada, Departa-mento de Ciências Exatas e da Terra da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI Campus de Erechim.

    Orientador: Profº: M.Sc. Clémerson Alberi Pedroso.

    ERECHIM

    2008

  • 2

    RESUMO

    Neste trabalho, apresenta-se um estudo das soluções analíticas e numéricas de alguns modelos clássicos epidemiológicos. As soluções analíticas foram obtidas algebricamente e comparadas com as simulações numéricas obtidas por rotinas computacionais implementadas no software MATLAB. Nas simulações numéricas, fez-se uso das técnicas de diferenças-finitas e Runge-Kutta. Na primeira técnica, considerou-se a fórmula avançada para a aproximação das derivadas temporais, na segunda, o método de Runge-Kutta de 1ª ordem ou também conhecido por método de Euler. Os modelos considerados são do tipo Suscetível-Infectado (S.I.), Suscetível-Portador-Recuperado (S.P.R.) e Suscetível-Infectado-Suscetível (S.I.S.) para população constante. Os três modelos foram resolvidos analiticamente e numericamente, obtendo uma boa aproximação entre as duas metodologias. Para o modelo Suscetível-Infectado-Suscetível (S.I.S.), quando considerado com população variável, optou-se pela metodologia numérica, pelo fato da não linearidade e complexidade de resolução pelo processo analítico, realizando assim, apenas simulações a partir das variáveis consideradas para situações hipotéticas que ocorrem quando há um processo epidêmico em uma determinada comunidade.

    Palavras-chaves: Modelos matemáticos epidemiológicos. Métodos numéricos e analíticos

  • 3

    LISTA DE FIGURAS

    Figura 1 −−−− Iceberg da doença – Modelo representativo de uma doença, há nível clínico e

    sub-clínico ...................................................................................................... 11

    Figura 2 −−−− Esquema das atividades intelectuais da Modelagem Matemática ..................... 14

    Figura 3 −−−− Esquema S.I. com representação da taxa de transmissão α .............................. 18

    Figura 4 −−−− Campo de direções do Modelo S.I................................................................... 19

    Figura 5 −−−− Comparativo entre as soluções analítica e numérica (6.254 iterações) ............. 20

    Figura 6 −−−− Comparativo entre as soluções analítica e numérica (10.000 iterações) ........... 20

    Figura 7 −−−− Esquema S.P.R. com representação das taxa de remoção α e β ....................... 22

    Figura 8 −−−− Comparativo entre às soluções numérica de suscetíveis para os portadores após

    10.000 iterações .............................................................................................. 23

    Figura 9 −−−− Comparativo entre as soluções analítica e numérica dos portadores após 8.022

    iterações.......................................................................................................... 23

    Figura 10 −−−− Comparativo entre as soluções analítica e numérica dos suscetíveis após 9.048

    iterações.......................................................................................................... 24

    Figura 11 −−−− Esquema S.I.S. com as taxas de transmissão e recuperação ............................. 25

    Figura 12 −−−− Campo de direções, ponto de equilíbrio assintoticamente estável .................... 26

    Figura 13 −−−− Gráfico comparativo das soluções numérica e analítica para o modelo S.I.S.... 28

    Figura 14 −−−− Esquema S.I.S. com as taxas de transmissão, recuperação, natalidade e

    mortalidade..................................................................................................... 29

    Figura 15 −−−− Simulação numérica para indivíduos suscetíveis e infectados, com α=0,8, β=0,

    γ=0,8 e η=0,2.................................................................................................. 30

    Figura 16 −−−− Simulação numérica para indivíduos suscetíveis e infectados, com α=0,3, β=0,

    γ=0,3 e η=0,2.................................................................................................. 30

    Figura 17 −−−− Simulação numérica para indivíduos suscetíveis e infectados, com α=0,8,

    β=0,7, γ=0,2 e η=0,1....................................................................................... 31

  • 4

    Figura 18 −−−− Simulação numérica para indivíduos suscetíveis e infectados, com α=0,3,

    β=0,2, γ=0,2 e η=0,1....................................................................................... 32

    Figura 19 −−−− Simulação numérica para indivíduos suscetíveis e infectados, com α=0,1,

    β=0,05, γ=0,3 e η=0,1..................................................................................... 32

    Figura 20 −−−− Esquema do fluxo de indivíduos entre os quatro compartimentos não

    interceptantes .................................................................................................. 35

  • 5

    SUMÁRIO

    1. INTRODUÇÃO.............................................................................................................. 06

    2. EPIDEMIOLOGIA........................................................................................................ 08

    2.1 HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA................................................................................. 08

    2.2 FATORES AGRAVANTES ............................................................................................ 10

    2.3 MÉTODOS EPIDEMIOLÓGICOS.................................................................................. 11

    3. MODELAGEM MATEMÁTICA ................................................................................. 13

    4. MÉTODOS NUMÉRICOS............................................................................................ 15

    4.1 TÉCNICA DE DIFERENÇAS-FINITAS ......................................................................... 15

    4.2 MÉTODO DE RUNGE-KUTTA ..................................................................................... 16

    5. MODELOS MATEMÁTICOS...................................................................................... 18

    5.1 MODELO SUSCETÍVEL–INFECTADO (S.I.) ............................................................... 18

    5.2 MODELO SUSCETÍVEL–PORTADOR-REMOVIDO (S.P.R.) ...................................... 21

    5.3 MODELO SUSCETÍVEL – INFECTADO – SUSCETÍVEL (S.I.S.) ............................... 25

    5.3.1 Modelo S.I.S. −−−− População Constante ........................................................................ 25

    5.3.2 Modelo S.I.S. −−−− População Variável........................................................................... 28

    6. CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................................... 34

    REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................ 37

    ANEXOS .............................................................................................................................. 39

    Apêndice A – Resolução numérica do Modelo S.I.................................................................. 40

    Apêndice B – Resolução numérica do Modelo S.P.R. ............................................................ 43

    Apêndice C – Resolução numérica do Modelo S.I.S. Com População Constante .................... 47

    Apêndice D – Resolução numérica do Modelo S.I.S. Com População Variável ...................... 55

  • 6

    1 INTRODUÇÃO

    Uma das preocupações da epidemiologia é utilizar métodos adequados para estudar as

    condições de saúde da população e a ocorrência de doenças, procurando identificar os fatores

    de influência, a fim de encontrar formas de atuação pertinentes à melhora e à prevenção.

    Nessa perspectiva, atualmente a epidemiologia faz uso da modelagem matemática, para

    descrever as complexas interações entre os seres vivos. Dessa forma, os modelos matemáticos

    e as simulações numéricas têm auxiliado na compreensão das epidemias, no estudo dos

    mecanismos de controle e apesar de serem muitas vezes simplificações do fenômeno, geram

    boas previsões futuras.

    A biomatemática que abrange a modelagem matemática e procedimentos numéricos,

    surge no sentido de tentar representar matematicamente fenômenos biológicos, tendo sido

    fortalecida, ao longo dos anos, pelo desenvolvimento de computadores com maior capacidade

    de cálculos. Desta maneira, fica evidente o vínculo da matemática com outras áreas do

    conhecimento, tornando a mesma atrativa, pela sua vasta aplicabilidade na obtenção de

    resultados cada vez mais realísticos.

    Ao pensar em sistemas preventivos dos problemas da saúde pública, pensa-se também,

    em epidemiologia. Nesta perspectiva, esta pesquisa baseia-se no estudo de modelos

    matemáticos epidemiológicos, objetivando a análise de soluções analíticas e numéricas dos

    modelos do tipo: Suscetível-Infectado (S.I.), Suscetível-Portador-Recuperado (S.P.R.) e

    Suscetível-Infectado-Suscetível (S.I.S.).

    Na segunda seção deste trabalho apresenta-se um breve apanhado da história da saúde

    pública no Brasil, onde, ao passar dos anos, melhorou gradativamente com a ação da

    epidemiologia, principalmente quando ocorreu a introdução da computação eletrônica, dando

    origem a sua matematização. Ainda nesta seção, comenta-se sobre alguns aspectos que

    influenciam no grau de saúde de uma população, sendo em seguida, descrito alguns métodos

    epidemiológicos, o qual é subdividido em epidemiologia descritiva e analítica.

    Num terceiro momento, fala-se sobre a importância da modelagem para o

    entendimento de fenômenos do mundo real, sendo esta eficiente, permitindo tomar decisões e

    fazer previsões futuras. Mas para que isso aconteça, é necessário obter modelos matemáticos

  • 7

    que sejam coerentes ao modelado e, de maneira geral, possam proporcionar um arsenal de

    resultados pela utilização de técnicas de resolução numéricas e/ou analíticas.

    Na quarta seção, é apresentado resumidamente, a técnica de aproximação em

    diferenças-finitas e o método de Runge-Kutta, os quais foram utilizados paralelamente aos

    métodos analíticos, para a resolução dos modelos epidemiológicos considerados. Tais técnicas

    numéricas podem possibilitar a resolução e o entendimento de modelos matemáticos, que

    muitas vezes por sua complexidade não apresentam solução analítica.

    Em seguida, define-se os modelos matemáticos do tipo: Suscetível-Infectado (S.I.),

    Suscetível-Portador-Infectado (S.P.R.), Susceível-Infectado-Suscetível (S.I.S.), com

    população constante e Susceível-Infectado-Suscetível (S.I.S.) com população variável. Os três

    primeiros foram resolvidos numericamente e analiticamente, baseando-se em situações

    hipotéticas de doenças transmissíveis. Contudo, para o último modelo, não foi possível

    comparar a solução numérica com a analítica, devido à complexidade das equações para a

    obtenção da solução analítica.

    Finalmente, na última seção, destaca-se algumas considerações sobre os modelos

    analisados. Além disso, descreve-se as perspectivas de continuidade relacionados ao tema

    abordado.

  • 8

    2 EPIDEMIOLOGIA

    Segundo Rouquayrol e Almeida (1999), epidemiologia é a ciência que estuda o

    processo saúde-doença na comunidade, analisando as distribuições, freqüências, causas e

    agravos das enfermidades a saúde coletiva, com a finalidade de propor medidas específicas de

    prevenção, controle ou erradicação de doenças, fornecendo indicadores que sirvam de suporte

    ao planejamento, administração e avaliação das ações da saúde.

    Por esta razão, descreve-se aqui, alguns aspectos importantes da epidemiologia, como:

    em que momento na história da saúde pública no Brasil a epidemiologia desencadeou, seus

    fatores agravantes, seus métodos epidemiológicos e sua relação com a matemática.

    2.1 HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA

    No Brasil, a saúde pública começou a engatinhar em 1829 quando foi criada a

    Imperial Academia de Medicina, por ordem de Dom Pedro I. Essa academia funcionou como

    órgão consultivo do imperador nas questões ligadas à saúde pública nacional. Apesar da

    retificação dos conceitos epidemiológicos e da atuação dos institutos de pesquisas, a maior

    parte das oligarquias estaduais não se dispunham a gastar dinheiro. Desta forma, os

    brasileiros, principalmente os do interior, continuavam a sofrer muitas enfermidades de

    caráter endêmico (doença que existe constantemente em determinado lugar e ataca número

    maior ou menor de indivíduos). Apenas em 31 de outubro de 1904, após várias situações

    tensas, finalmente a lei que estabelecia a obrigatoriedade da vacina foi aprovada pelo

    Congresso Nacional. Mas esta não foi muito bem aceita, dando origem a Revolta da Vacina.

    Após, o governo revogou a obrigatoriedade da vacina, buscando outras formas de se

    relacionar com o povo (FILHO, 2004).

    No ano de 1930, Getúlio Vargas determinou uma ampla remodelação dos serviços

    sanitários do país, mas praticamente de nada adiantou. Foi então que em 1953, Vargas, criou o

    Ministério da Saúde, mas o ministério falhou, então em 1960, visando o aperfeiçoamento do

    sistema, o governo federal sancionou a Lei Orgânica da Previdência Social. A partir deste

  • 9

    momento, começa a melhorar gradativamente a questão da saúde pública. Ao lado de todos

    estes acontecimentos, no ano de 1960 houve uma verdadeira revolução na epidemiologia com

    a introdução da computação eletrônica. A investigação epidemiológica experimentou a mais

    profunda transformação, tendo como resultado uma forte matematização da área.

    A tendência à matematização da Epidemiologia recebe um considerável reforço nas décadas seguintes. São propostos então modelos matemáticos de distribuição de inúmeras patologias [...]. O campo da Epidemiologia encontra assim uma identidade provisória, justificando a consolidação de uma autonomia enquanto disciplina, impondo-se no terreno da investigação sobre o complexo saúde-doença-cuidado com o recurso à matemática [...] (ROUQUAYROL; ALMEIDA, 1999, p. 10).

    Depois desta grande revelação da epidemiologia ligada aos avanços tecnológicos, tudo

    mudou para a área da saúde. Os principais usuários de dados epidemiológicos são os

    profissionais de saúde, os pesquisadores e ainda os diferentes profissionais, que embora não

    estejam ligados diretamente com as responsabilidades da saúde pública, procuram estar a par

    do teor das informações epidemiológicas para aplicar em seu próprio trabalho (PEREIRA,

    1995).

    Pode-se dizer que a epidemiologia surge no sentido de impedir que ocorram agravos à

    saúde das populações, desse modo, ela pode informar a situação da saúde pública, ao

    diagnosticar os principais problemas, investigar os fatores que influenciam a situação de

    saúde e ainda, ao avaliar o impacto das ações propostas para alterar a situação encontrada

    (PEREIRA, 1995).

    Para que seja possível alcançar tais informações e diagnósticos, é necessário, que a

    epidemiologia fundamente-se em hipóteses matemáticas para a formulação de modelos que

    sejam capazes de quantificar alguns aspectos do fenômeno biológico. Desta forma, é possível

    verificar a viabilidade do modelo por meio de técnicas computacionais, como por exemplo,

    Runge-Kutta, sendo que, não se deve pensar em um modelo que retrate fielmente o objeto

    estudado, pois apenas se aprimoram por meio das descobertas das ciências médica e

    biológica.

    Assim, pode-se dizer que a matemática está interligada com outras áreas de

    conhecimento, neste caso, à Biologia. E que os modelos matemáticos obtidos a partir de

    hipóteses podem ou não descrever o comportamento de um fenômeno biológico, pois os

    métodos e modelos matemáticos são constantemente modificados, objetivando auxiliar os

  • 10

    profissionais da saúde, médicos e pesquisadores, com o propósito de contribuir para uma

    melhor saúde pública.

    2.2 FATORES AGRAVANTES

    O grau de saúde de uma população depende de fatores que interagem continuamente,

    tais como, agressores ambientais, hereditariedade, hábitos, etc. Mas são os aspectos

    socioeconômicos que mais impedem o controle eficaz das doenças, principalmente em países

    pobres, onde problemas como a desnutrição e falta de condições básicas de higiene

    contribuem para a formação de focos endêmicos (doença que existe constantemente em

    determinado lugar e ataca número maior ou menor de indivíduos) e epidêmicos (doença que

    surge rapidamente num lugar e acomete, a um tempo, grande número de pessoas)

    (BELLUSCI, 1995).

    E ainda, para Bellusci, uma das preocupações da epidemiologia é utilizar uma

    metodologia que seja adequada para estudar as condições de saúde da população e a

    ocorrência de doenças, procurando identificar os fatores de influência, a fim de encontrar

    formas de atuação pertinentes à melhora e à prevenção.

    Para Sanmartín (1981 apud BELLUSCI, 1995), o processo de uma doença é como um

    iceberg, ou seja, a parte superior visível da Figura 1, fora da água – são os casos das doenças

    de nível clínico (são doenças diagnosticadas por sintomas), e a parte inferior, submersa – são

    os casos das doenças de nível sub-clínico (doenças nas quais devem ser diagnosticadas

    mediante autópsia), ficando claro que, se a doença for de nível sub-clínico, tornará mais difícil

    o combate ao fenômeno diagnosticado, de caráter epidemiológico.

  • 11

    2.3 MÉTODOS EPIDEMIOLÓGICOS

    Bellusci (1995) comenta sobre as diferenças entre a Epidemiologia Descritiva e a

    Epidemiologia Analítica. A primeira retrata as características gerais de distribuição de uma

    doença, em relação à pessoa, lugar e tempo além de aspectos culturais, econômicos e

    políticos. Além disso, a epidemiologia descritiva é dividida em três principais tipos de

    estudos: estudo de correlação, estudo de caso e o estudo transversal.

    O estudo de correlação utiliza os dados da população total para comparar a freqüência

    de doenças entre tipos de grupos, durante o mesmo período de tempo ou em tempos diferentes

    na mesma população. Já o segundo tipo de estudo epidemiológico, consiste em um cuidadoso

    e detalhado estudo feito em um único paciente por um ou mais profissionais. E o estudo

    transversal, trata da condição do indivíduo com respeito à presença ou ausência de doença e

    de exposição investigada no mesmo momento.

    Após a escolha do tipo de estudo a ser feito e os dados colhidos, o epidemiologista

    formula uma hipótese a respeito da doença, sendo esta, uma pergunta cuja resposta poderá

    esclarecer eventos importantes da doença.

    Figura 1 – Iceberg da doença – Modelo representativo de uma doença, há nível clínico e sub-clínico Fonte: Sanmartín (1981 apud BELLUSCI, 1995, p. 26)

  • 12

    E ainda, Bellusci (1995), relata sobre a epidemiologia analítica, que está vinculada a

    análise de doenças, ou seja, os estudos analíticos são feitos para testar hipóteses formuladas

    com base nos dados colhidos nos estudos descritivos, sendo esta epidemiologia dividida em:

    estudo analítico observacional e estudo analítico experimental.

    No primeiro, o investigador observa o curso natural dos eventos para quem é exposto e

    não-exposto e quem desenvolve ou não o resultado de interesse. Já no estudo analítico

    experimental, o investigador distribui a exposição e acompanha os indivíduos para observar o

    desenvolvimento da doença ou evento de interesse.

    Existem dois tipos de estudo analítico observacional: o caso – controle e o estudo de

    coorte. No primeiro, um grupo de casos ou série de pacientes que têm a doença de interesse é

    comparado com um grupo sem a doença. No estudo de coorte, os indivíduos são selecionados

    pela presença e ausência de exposição a um fator de risco em particular, e acompanhados por

    algum tempo para observar o desenvolvimento da doença.

    Os estudos experimentais controlados ou não-controlados são utilizados para testar

    fatores de proteção, como vacinas e alimentos, sendo que a finalidade da análise é geralmente

    julgar se uma exposição em particular cause ou previna determinada doença.

  • 13

    3 MODELAGEM MATEMÁTICA

    Uma das abordagens que cresceu consideravelmente no número de trabalhos nas

    últimas décadas sobre fenômenos biológicos, tem sido a Modelagem Matemática, para

    descrever as complexas interações entre os seres vivos. Dessa forma, os modelos matemáticos

    ajudam na compreensão de epidemias, no estudo dos mecanismos de controle e apesar de

    serem muitas vezes simplificações do fenômeno, geram previsões futuras, além de

    interpolação (YANG, 2001b).

    Modelagem Matemática é um processo dinâmico utilizado para a obtenção e validação de modelos matemáticos. É uma forma de abstração e generalização com a finalidade de previsão de tendências. A modelagem consiste, essencialmente, na arte de transformar situações da realidade em problemas matemáticos cujas soluções devem ser interpretadas na linguagem usual (BASSANEZI, 2002, p. 24).

    Bassanezi (2002) propõe uma seqüência de etapas para que se possa transformar as

    situações da realidade em problemas matemáticos. Dessa forma, deve-se partir do problema,

    no qual deve ser feita sua experimentação (onde se processa a obtenção de dados), passando

    para a abstração (procedimento que deve levar à obtenção dos modelos matemáticos),

    posteriormente, deve-se fazer a resolução do modelo matemático em questão (substitui-se a

    linguagem natural pela linguagem matemática coerente), chegando à validação e modificação

    (reformulação do problema caso a validação não seja satisfatória), e finalmente, podendo

    fazer sua aplicação. Essas atividades intelectuais da Modelagem Matemática são bem

    representadas pela Figura 2.

    A modelagem eficiente permite, tomar decisões, fazer previsões, explicar e entender.

    Para que isso aconteça, é necessário obter modelos coerentes e úteis, de uma maneira geral,

    pode-se classificar como atividade do matemático aplicado a construção e análise desses

    modelos matemáticos, que são relacionados com a realidade e vistos como pertencentes à

    Matemática Aplicada.

  • 14

    A importância do modelo matemático consiste em se ter uma linguagem concisa que expressa nossas idéias de maneira clara e sem ambigüidades, além de proporcionar um arsenal enorme de resultados (teoremas) que propiciam o uso de métodos computacionais para calcular suas soluções numéricas (Bassanezi, 2002, p. 27).

    O matemático aplicado faz uso da matemática para situações do dia-a-dia, ou seja,

    utiliza a modelagem matemática para o entendimento de fenômenos do mundo real. Nessa

    perspectiva, surgiu a biomatemática, na tentativa de representar matematicamente fenômenos

    biológicos, a qual, encorajada pelo aparecimento de novas teorias, teve um forte

    desenvolvimento nas últimas décadas.

    Figura 2 – Esquema das atividades intelectuais da Modelagem Matemática Fonte: Bassanezi (2002, p. 27)

  • 15

    4 MÉTODOS NUMÉRICOS

    Há problemas importantes relacionados à resolução de modelos matemáticos

    aplicados, especialmente modelos de equações diferenciais não lineares que não apresentam

    solução analítica ou, para se chegar a ela, apresentam um trabalho complexo. Em

    contrapartida os métodos numéricos apresentam-se como uma alternativa simples e eficiente

    para a resolução de modelos matemáticos, se comparados com os analíticos. Nesta seção será

    apresentado, de maneira geral, a técnica de aproximação em diferenças-finitas e o método de

    Runge-Kutta, os quais foram utilizados paralelamente aos métodos analíticos, para a

    resolução dos modelos epidemiológicos considerados neste trabalho.

    4.1 TÉCNICA DE DIFERENÇAS-FINITAS

    A essência da técnica de diferenças-finitas está na discretização do contínuo, ou seja,

    discretizar a região onde está se procurando a solução, tornando “finito” o problema. Ela

    consiste em transformar equações diferenciais parciais em equações algébricas (CUNHA,

    2000). A ferramenta matemática básica na definição da aproximação das derivadas em

    diferenças-finitas é a expansão em série de Taylor. Assumindo que ( )xy têm derivadas até ordem 1n + , então a função pode-ser escrita como

    )(y)!1n(

    h)x(y

    !nh

    ...)x(y!2

    h)x(yh)x(y)hx(y )1n(

    1n)n(

    n2

    ξ+

    +++′′+′+=+ ++

    , (1)

    sendo h o espaçamento entre os pontos discretos do domínio considerado. Se 1n = na

    equação acima, tem-se a fórmula avançada da aproximação em diferenças-finitas, com erro de

    ordem dois, logo aproximação de primeira ordem, é dada por

    h)x(y)hx(y

    )x(y−+=′ . (2)

  • 16

    De modo análogo, para h− na equação (1), ainda com 1n = , pode-se escrever a

    fórmula atrasada,

    h)hx(y)x(y

    )x(y−−=′ . (3)

    Agora, tomando 2n = , para h- e h+ , tem-se que

    )x(y!2

    h)x(yh)x(y)hx(y

    2

    ′′+′+=+ , (4)

    )x(y!2

    h)x(yh)x(y)hx(y

    2

    ′′+′−=− . (5)

    Subtraindo a equação (4) da (5), obtém-se a fórmula centrada para aproximação em

    diferenças-finitas,

    h2)hx(y)hx(y

    )x(y−−+=′ . (6)

    As fórmulas centrada, atrasada e avançada fornecem uma aproximação para a derivada na

    qual o erro é da ordem 2h , assim a aproximação é de primeira ordem.

    4.2 MÉTODO DE RUNGE-KUTTA

    Além da facilidade de implementação do método Runge-Kutta, este aproveita a

    qualidade dos métodos da série de Taylor e ao mesmo tempo elimina seu maior defeito que é

    o cálculo das derivadas da função. Dessa forma, o uso de coeficientes possibilita obter

    soluções com precisão temporal, atingindo características apropriadas de amortecimento de

    erro (De BORTOLI, 1999).

    O método de Runge-Kutta de 1ª ordem, nada mais é que o método de Euler, que

    provém da equação diferencial de primeira ordem. Esse método é definido, ao calcular 1ky +

    a partir de ky .

  • 17

    ( )( ) 0,1,...k para ,y,xhfyy

    xyy

    kkk1k

    00

    =+==

    +

    Segundo Ruggiero e Lopes (1996), o método de Runge-Kutta de 3ª ordem ou método

    de Euler Aperfeiçoado, faz uso de coeficientes o que possibilita obter precisão temporal de

    ordem três. Tal método pode ser ilustrado por:

    ( )

    ( )

    ��

    ���

    � ++=

    ���

    ����

    �++=

    =

    =+++=

    =

    +

    )2(kk

    )3(

    )1(

    kk)2(

    kk)1(

    )3()2()1(k1k

    00

    C43

    y,h43

    xhfC

    2C

    y,2h

    xhfC

    y,xhfC

    0,1,...k para ,C94

    C93

    C92

    yy

    xyy

    De maneira geral, o método de Runge-Kutta pode ser definido para ordens maiores,

    como o de 4ª, 5ª e 6ª ordens, e assim sucessivamente. O método de Runge-Kutta de 4ª ordem

    é o mais usado, por ser uma combinação de simplicidade, alta precisão e economia, sendo

    provavelmente, um dos processos numéricos mais populares (ZILL; CULLEN, 2001). Seja

    qual for à ordem do método de Runge-Kutta escolhido, os erros de truncamento surgem em

    cada passo, devido ao fato que não se considera todos os termos da série de Taylor, se

    comportando, como por exemplo, com erro de truncamento local de ordem três, para o caso

    de Runge-Kutta de 4ª ordem, assim quanto maior a ordem maior é a aproximação com a

    solução exata.

  • 18

    αSI S I

    Figura 3 −−−− Esquema S.I. com representação da taxa de transmissão α

    5 MODELOS MATEMÁTICOS

    De acordo com Maliska (1995), na obtenção da solução de qualquer problema físico,

    requer a habilidade do problema físico correspondente, e que o modelo matemático deve ser

    tal que possa ser resolvido com tempos de computação não proibitivos e que os resultados

    obtidos bem representem o fenômeno físico em questão. Nessa perspectiva, realizou-se as

    simulações numéricas utilizando o software Matlab 7.0 por ser de fácil implementação, pois

    fornece recursos de programação similares aos de outras linguagens de programação e

    também, pelo fato de fornecer operações com vetores que permitem a manipulação rápida de

    conjunto de dados de uma maneira diferenciada.

    As variáveis dos modelos considerados na pesquisa são:

    S = S(t): para pessoas sadias, mas suscetíveis à epidemia;

    I = I(t): para pessoas infectadas e que podem transmitir a doença;

    P = P(t): para pessoas portadoras da doença, mas que não são transmissoras;

    R = R(t): para pessoas removidas – aquelas que são isoladas, mortas ou curadas;

    N = S + I + P + R: para tamanho da população;

    5.1 MODELO SUSCETÍVEL–INFECTADO (S.I.)

    O primeiro modelo considerado admite uma comunidade isolada, onde não haja as

    taxas de natalidade e mortalidade, todos os indivíduos dessa comunidade são suscetíveis,

    sendo sujeitos à infecção através do contato com os indivíduos infectados, conforme ilustra a

    Figura 3.

  • 19

    Segundo Boyce e DiPrima (2002), se S é a proporção de indivíduos suscetíveis e I a

    proporção de indivíduos infectados, de tal forma que 1IS =+ , a taxa de indivíduos infectados

    é proporcional ao número de contatos entre as pessoas suscetíveis e as infectadas, conforme o

    modelo

    ISdtdI α= , (7)

    sendo α um fator de proporcionalidade. Admitindo I1S −= , a equação pode ser reescrita

    como

    ( )I1IdtdI −α= . (8)

    Essa equação pode ser facilmente resolvida separando as variáveis e considerado a condição

    inicial 0I)0(I = . Salienta-se que a resolução analítica de forma mais detalhada da equação (8)

    pode ser encontrada no Anexo A. A função que descreve a solução do modelo S.I., é

    ( ) 00t0

    II1e

    I)t(I

    +−= α− . (9)

    Os pontos de equilíbrio, da equação (8) são I igual a 1, para população inteiramente

    infectada, o que torna a solução assintoticamente estável por não haver mais nenhum

    indivíduo a ser infectado (S = 0), e I igual a 0, quando nenhum indivíduo é infectado, ou seja,

    todos são suscetíveis, tornando a solução instável. Tal situação pode ser verificada através do

    campo de direções na Figura 4.

    Figura 4−−−− Campo de direções do Modelo S.I.

    MAPLE

    S

    I

  • 20

    O modelo S.I. também foi resolvido numericamente usando diferenças-finitas e o

    método de Euler, para tempo adimensional igual a dez e condição inicial para infectados igual

    a 0,1. A equação usada para a recursividade foi

    ( )kkk1k I1ItII −α∆+=+ , (10)

    sendo t∆ o espaçamento temporal.

    A Figura 5 compara a solução numérica, obtida após 6.254 iterações e erro absoluto

    igual a 6109971,9 −⋅ , com a solução analítica dada pela equação (10). Note que as soluções

    representam comportamentos diferentes, logo para que houvesse similaridade entre elas,

    considerou-se 10.000 iterações e erro igual a 7106508,1 −⋅ , conforme representado pela

    Figura 6.

    Figura 5 −−−− Comparativo entre as soluções analítica e numérica (6.254 iterações)

    t

    Figura 6 −−−− Comparativo entre as soluções analítica e numérica (10.000 iterações)

    t

  • 21

    5.2 MODELO SUSCETÍVEL–PORTADOR–REMOVIDO (S.P.R.)

    Este modelo considera as doenças nas quais os indivíduos são apenas portadores, ou

    seja, não exibem seus sintomas apenas a transmite, como por exemplo, a tifo. Conforme

    Boyce e DiPrima (2002), β é a taxa de remoção dos indivíduos portadores identificados e, S e

    P, são respectivamente, o número de indivíduos suscetíveis e portadores na população,

    conforme o modelo

    PdtdP β−= . (11)

    Essa equação pode ser facilmente resolvida separando as variáveis e considerado a

    condição inicial 0P)0(P = . A forma mais detalhada da resolução analítica desta, pode ser

    encontrada no Anexo B. A função que descreve a solução particular do modelo S.P.R, é

    0t Pe)t(P β−= . (12)

    Se for considerado que a doença se propague a uma taxa remoção α sendo esta

    proporcional ao produto de S por P, a equação (11) pode ser reescrita da forma

    SPdtdS α−= , (13)

    agora, para que se possa utilizar o resultado da equação (12) para encontrar o valor de S em

    qualquer instante de tempo t, a equação (13) pode ser reescrita como

    0tPSe

    dtdS β−α−= , (14)

    que separando as variáveis S e t e utilizando como condição inicial ( ) 0S0S = , a resolução desta equação pode ser facilmente encontrada pela separação das variáveis, sendo que a forma

    mais detalhada da resolução se encontra no Anexo B. A função que descreve a solução do

    modelo S.P.R é

  • 22

    Figura 7 −−−− Esquema S.P.R. com representação das taxa de remoção α e β

    αSP

    S P SP

    β

    βα−β−α

    =0P

    te.0P

    0eS)t(S . (15)

    A Figura 7 ilustra a situação apresentada anteriormente, onde os indivíduos portadores

    e suscetíveis – portadores são removidos.

    Para a solução numérica do modelo S.P.R, considerou-se o tempo adimensional igual

    a dez e as condições iniciais, 0,1 para portadores e 0,9 para os suscetíveis, sendo as taxas α e

    β, respectivamente, 1,1 e 1,05. As equações aproximadas usadas para a recursividade foram

    kk1k PtPP β∆−=+ , (16)

    1kkk1k PStSS ++ α∆−= , (17)

    sendo t∆ o espaçamento temporal.

    A Figura 8 compara a solução analítica dos indivíduos suscetíveis e portadores, obtida

    após 10.000 iterações sendo o erro absoluto para S igual -6109.9853 ⋅ e para P igual a

    -5101.1714 ⋅ . Note que as soluções representam comportamentos diferentes, pois, para o valor

    dado inicialmente de 9,0 da população de suscetíveis, no tempo aproximando-se de vinte,

    decai para quase 8,0 da população. Ao decair o número de suscetíveis, pode-se constatar que

    decai também o número de indivíduos portadores. Analisando a população inicial de 1,0 , de

    portadores, ainda na Figura 8, pode-se perceber facilmente, que o número de portadores tende

    para zero, ou seja, não haverá mais a epidemia tendo em vista as taxas de remoções α e β.

  • 23

    Deve-se considerar que, os indivíduos suscetíveis que interagem com os portadores e

    o próprio grupo dos portadores, ao serem identificados, são removidos, pertencendo a outro

    grupo, dos doentes, por exemplo. Portanto, para a situação considerada, a epidemia, conforme

    na Figura 8, os portadores estão se aproximando de zero, hora, se caso não considerarmos as

    taxas de remoções α e β, o comportamento deverá ser diferente, pois haverá um aumento de

    pessoas portadoras e um decréscimo no número de pessoas suscetíveis, assim, a epidemia

    deverá se estabilizar num tempo adimensional maior que vinte.

    Na Figura 9, compara-se a solução numérica, obtida após 8.022 iterações e erro

    absoluto igual a 12109822,9 −⋅ , com a solução analítica dada pela equação (12) para

    indivíduos portadores.

    Figura 8 −−−− Comparativo entre as soluções numérica de suscetíveis para os portadores após 10.000 iterações

    t

    Figura 9 −−−− Comparativo entre as soluções analítica e numérica dos portadores após 8.022 iterações

    t

  • 24

    Na Figura 10, compara-se a solução numérica obtida após 9.048 iterações e erro

    absoluto igual -1310 9,9942. , com a solução analítica dada pela equação (15) para indivíduos

    infectados. Note que, nas Figuras 9 e 10, as soluções analítica e numérica são próximas para

    ambos os casos, tornando a simulação satisfatória.

    Ainda, analiticamente, pode-se encontrar a proporção da população que escapa da

    epidemia, encontrando o valor de S, ao fazer o limite da equação (15) quando t→∝ obtendo,

    ( ) βα−

    βα−β−α

    →∝→∝==

    0P

    0

    0Pte.0P

    0tt

    e.Se.SlimtPlim . (18)

    Assim para os valores considerados: α igual a 1,1, β igual a 1,05, S0 igual a 0,9 e P0

    igual a 0,1, tem-se que os indivíduos suscetíveis que escapam da epidemia é igual a

    0,81048502, de 1 inteiro da população. Note que este valor é muito próximo do obtido pela

    simulação numérica apresentado pela Figuras 8 e 10.

    Figura 10 −−−− Comparativo entre as soluções analítica e numérica dos suscetíveis após 9.048 iterações

    t

  • 25

    Figura 11 −−−− Esquema S.I.S. com as taxas de transmissão e recuperação

    αSI βI S I

    5.3 MODELO SUSCETÍVEL – INFECTADO – SUSCETÍVEL (S.I.S.)

    O modelo S.I.S. considera indivíduos que num primeiro momento são suscetíveis à

    doença e ao entrar em contato com a mesma, passam a ser infectados, estes por sua vez, ao

    recuperar-se, não obtém nenhuma imunidade, podendo ter uma recaída e tornando-se

    suscetível novamente. O modelo considera que o período de incubação da doença é

    relativamente pequeno (P ≅ 0) e as pessoas não são isoladas (R = 0).

    Inicialmente, considerou-se para este modelo, as hipóteses de que a população seja

    constante, não havendo mortes e nem nascimentos. Após, considera-se as taxas de natalidade

    e mortalidade, ou seja, população variável.

    5.3.1 Modelo S.I.S. −−−− População Constante

    Admitindo que a população N seja constante, conforme Bassanezi e Ferreira Jr.

    (1988), α e β são, respectivamente, constantes de proporcionalidade de transmissão e de

    recuperação da doença, com I a quantidade de indivíduos infectados e S a quantidade de

    indivíduos suscetíveis, então

    ISN += . (19)

    O modelo com população constante considera que uma pessoa sadia é infectada

    (agindo a constante de proporcionalidade de transmissão da doença, α) e posteriormente é

    recuperada (agindo a constante de proporcionalidade de recuperação, β), tal situação pode ser

    esquematizada através do ciclo da doença representado pela Figura 11.

  • 26

    αβ

    αβ−N

    S

    I

    Figura 12 −−−− Campo de direções, ponto de equilíbrio assintoticamente estável

    Conforme a Figura 11, observe que, para obter a taxa de variação das pessoas sadias,

    os indivíduos que estão passando de sadios para infectados devem ser subtraídos (−αSI) e os

    indivíduos recuperados, que passam a pertencer ao grupo dos suscetíveis, devem ser

    adicionados (+βI). Já para obter a taxa de variação de pessoas infectadas, os indivíduos que

    são infectados devem ser adicionados (+αSI) e os recuperados, que agora pertencem ao grupo

    dos suscetíveis, devem ser subtraídos (−βI). Dessa forma, formula-se o seguinte modelo

    matemático para a população constante, dado pelo sistema de equações (20).

    ���

    ��

    β−α=

    β+α−=

    ISIdtdI

    ISIdtdS

    . (20)

    Conforme o modelo, pode-se notar que

    ��

    ���

    αβ−α==− SI

    dtdI

    dtdS

    , (21)

    cujos pontos críticos são: ( ) ( )αβ−αβ= N,I ,S e 0) (N, I) (S, = . O primeiro ponto crítico, representado pela Figura 12, considera que se S é igual a αβ , implica que, da equação (19), I

    é igual a αβ−N . Neste ponto a epidemia manterá num nível constante na população

    (BASSANEZI e FERREIRA Jr., 1988). O outro ponto crítico acontece quando o número de

    infectados for zero ( 0I = ), o que implica que a população é igual aos suscetíveis ( NS = ),

    também pela equação (19). Mas para este último ponto crítico não haverá epidemia, pois

    0dtdS = e 0dtdI = .

  • 27

    Usando a condição (19) e substituindo o valor de S na segunda equação do sistema

    (20) a taxa de infectados passa a ser

    ( ) IIINdtdI β−−α= , (22)

    que pode ser reescrita como:

    ( ) α−=β−α− 2' INII , (23)

    sendo 0I ≠ e αβ−≠ NI . A equação (23) pode ser facilmente resolvida já que é uma

    Equação do tipo Bernoulli, sendo sua resolução mais detalhada apresentada no Anexo C. A

    solução para a condição inicial, I(0) = I0, é

    ( ) ( )tN0

    eI1

    N

    N)t(I

    β−α−��

    ��

    �α−β−α+α

    β−α= . (24)

    Para que se possa saber, o valor máximo ou mínimo dos infectados será considerado o

    critério da derivada de segunda ordem. Desta maneira, considerando o ponto crítico

    αβ−= NI na derivada de segunda ordem para a equação (22), obtém-se que

    0NN2Ndt

    Id2

    2

  • 28

    ( )

    ( )tN0

    0

    tN

    0

    0

    eNSS

    NeNSS

    )t(Sα−β

    α−β

    ���

    ����

    −α+β−

    +α−

    β−���

    ����

    −α+β−

    = . (27)

    Salienta-se que o limite para o número de suscetíveis, também, é igual a αβ−N , pois

    o processo epidêmico tende estabilizar, não havendo mais a propagação da doença, isso pode

    ser verificado pelas soluções apresentadas na Figura 13, que compara as soluções numérica e

    analítica, dos indivíduos suscetíveis e infectados, obtidas após 71 iterações e com erro

    absoluto igual a -4101,8269 ⋅ .

    5.3.2 Modelo S.I.S. −−−− População Variável

    Admitindo, agora, que a população N seja variável, havendo as taxas de natalidade γ e

    mortalidade η , sendo os nascidos saudáveis, e ainda, conforme Bassanezi e Ferreira Jr.

    (1988), α e β são respectivamente, constantes de proporcionalidade de transmissão e de

    recuperação da doença.

    Da mesma maneira que o modelo anterior o modelo com população variável considera

    que uma pessoa sadia é infectada e posteriormente é recuperada, para ambos os grupos, sadios

    e infectados, a taxa de mortalidade é considerada. Os nascidos dessa população são

    Figura 13 −−−− Gráfico comparativo das soluções numérica e analítica para o modelo S.I.S.

    t

  • 29

    Figura 14 −−−− Esquema S.I.S. com as taxas de transmissão, recuperação, natalidade e mortalidade

    αSI

    βI S I

    Nascidos

    Iη Sη

    considerados sadios e passando ser suscetíveis a doença. As situações descritas podem ser

    esquematizadas através do ciclo da doença ilustrado pela Figura 14.

    Conforme o diagrama, observe que, para obter a taxa de variação das pessoas sadias,

    os indivíduos que estão passando de sadios para infectados devem ser subtraídos (−αSI), os

    indivíduos recuperados e os bebês, passam a pertencer ao grupo dos suscetíveis, devem ser

    adicionados (+βI+γN). E, ainda, descontar do número de indivíduos suscetíveis os que

    morrem (ηS). Já para obter a taxa de variação de pessoas infectadas, os indivíduos que são

    infectados devem ser adicionados (+αSI), os recuperados (que agora pertencem ao grupo dos

    suscetíveis) e os que morrem, devem ser subtraídos (−βI−ηI). Dessa forma, formula-se o

    seguinte modelo matemático para população variável, dado pelo sistema de equações (28).

    ���

    ��

    η−β−α=

    η−γ+β+α−=

    IISIdtdI

    SNISIdtdS

    (28)

    Considerando a não linearidade da equação, e possivelmente a complexidade de

    resolução pelo processo analítico, optou-se nesse trabalho, pelo processo numérico, fazendo

    simulações a partir das variáveis consideradas para situações que ocorrem quando há um

    processo epidêmico em uma determinada comunidade.

  • 30

    A primeira simulação com população variável, parte da situação em que, uma doença

    que seja letal, não possui taxa de recuperação (β=0), mas sim uma taxa de transmissão muito

    alta (α=0,8), com taxas de mortalidade e natalidade consideradas, respectivamente, γ=0,8 e

    η=0,2. Essa situação é ilustrada na Figura 15. Note que, como não há taxa de recuperação, os

    suscetíveis são infectados e morrem, como por exemplo, no caso de uma doença causada pela

    exposição de uma população a uma arma química.

    Na Figura 16, considera-se iguais às taxas de natalidade e de recuperação da primeira

    simulação, mas com taxa de transmissão menor (α=0,3) e com taxa de mortalidade, γ, igual a

    0,3. Neste caso, o número de indivíduos que são suscetíveis decai para aproximadamente

    0,65, pois são infectados a uma taxa de transmissão baixa se comparada a situação anterior,

    fazendo com que, a um certo tempo não tenha mais indivíduos infectados, ou seja, a epidemia

    cessará.

    Figura 15 −−−− Simulação numérica para indivíduos suscetíveis e infectados, com α=0,8, β=0, γ=0,8 e η=0,2.

    t

    Figura 16 −−−− Simulação numérica para indivíduos suscetíveis e infectados, com α=0,3, β=0, γ=0,3 e η=0,2

    t

  • 31

    A terceira simulação considera uma epidemia branda (não letal), com taxas: 0,8 para a

    taxa de transmissão, 0,7 para a taxa de recuperação, 0,2 para a taxa de natalidade e 0,1 para a

    taxa de mortalidade. Na Figura 17, percebe-se que como a taxa de natalidade é maior que a de

    mortalidade, num primeiro momento o grupo dos suscetíveis teve um acréscimo, após, por

    haver uma taxa de transmissão um pouco maior, os suscetíveis passam a ser infectados, ou

    seja, no tempo adimensional 50, quase toda a população será infectada.

    Na Figura 18, considera-se para simulação numérica, iguais a taxa de natalidade e

    mortalidade da terceira simulação, para uma epidemia branda, sendo as taxas de transmissão e

    de recuperação, respectivamente, 0,3 e 0,2. Diferente da Figura 17, que também considera

    uma epidemia branda, num primeiro momento, pelo fato de existir uma taxa de natalidade,

    aumenta o número de suscetíveis, mas, mesmo sendo pequena a taxa de transmissão, esta

    influencia no número de suscetíveis, tornando uma parcela, infectados, mas se estabilizando

    em, aproximadamente, 1,2 para os suscetíveis e, aproximadamente, 0,8 para os infectados.

    Figura 17 −−−− Simulação numérica para indivíduos suscetíveis e infectados, com α=0,8, β=0,7, γ=0,2 e η=0,1

    t

  • 32

    Na última simulação, considerou-se o caso em que uma população estivesse

    envelhecendo, dessa forma, considerou-se as taxas de transmissão, recuperação, natalidade e

    mortalidade, respectivamente, 0,1, 0,05, 0,3 e 0,1. Na Figura 19, pode-se perceber que houve

    um aumento no número de pessoas suscetíveis, ou seja, houve um aumentou significativo da

    população, pelo fato da taxa de natalidade ser maior que as taxas de transmissão e de

    mortalidade, mas a epidemia tende a estabilizar em 1,5.

    Figura 18 −−−− Simulação numérica para indivíduos suscetíveis e infectados, com α=0,3, β=0,2, γ=0,2 e η=0,1

    t

    Figura 19 −−−− Simulação numérica para indivíduos suscetíveis e infectados, com α=0,1, β=0,05, γ=0,3 e η=0,1

    t

  • 33

    De maneira geral, para todas as situações simuladas numericamente apresentadas nesta

    seção, o número de iterações ficou em torno de 10.000 e os erros na ordem de 710− . Salienta-

    se que, todas as simulações feitas são baseadas em suposições, justificando possivelmente a

    incompatibilidade com situações reais de epidemia.

  • 34

    6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

    A ciência tem sido desafiada ao longo dos séculos a encontrar formas adequadas de

    controle de doenças infecto-contagiosas. Neste contexto, a epidemiologia tem um papel

    fundamental, ao prover estudos e métodos de controle cada vez mais adequados, no sentido de

    impedir que ocorram agravos à saúde da população. Para que isso seja possível, é necessário

    que a epidemiologia fundamente-se em hipóteses matemáticas para a formulação de modelos

    que sejam capazes de quantificar alguns aspectos do fenômeno biológico.

    Neste trabalho, foi estudado alguns modelos do tipo S.I., S.I.S. e S.P.R. relacionados à

    epidemiologia, procurando resolvê-los numericamente e analiticamente, afim de analisar

    situações hipotéticas de doenças transmissíveis. Usou-se para a resolução numérica as

    técnicas de diferenças-finitas e o método de Runge-Kutta de primeira ordem (método de

    Euler). Tais técnicas foram de fácil implementação e apresentaram convergência rápida e boas

    soluções, algumas dessas soluções foram comparadas com as soluções analíticas de forma

    satisfatória, o que validou as rotinas desenvolvidas no software MATLAB.

    Nos modelo Suscetível-Infectado (S.I.) e Suscetível-Portador-Infectado (S.P.R.), as

    soluções numéricas foram comparadas satisfatoriamente com as soluções analíticas clássicas,

    apresentadas pelo Boice e DiPrima (2002). O modelo Suscetível-Infectado-Suscetível (S.I.S.),

    com população constante, também foi obtida uma boa aproximação entre a solução numérica

    e analítica. Mas, esses modelos não consideram as taxas de natalidade e mortalidade, por isso

    fez-se a escolha do modelo S.I.S. com população variável apresentado por Bassanezi e

    Ferreira (1988). Contudo, para este último modelo, não foi possível fazer o comparativo da

    solução numérica com a analítica, devido à complexidade das equações. Assim, optou-se por

    apenas pela resolução numérica, fazendo algumas conjecturas a partir da situação modelada

    baseado na análise de diferentes representações gráficas.

    Destaca-se que os modelos estudados são simplistas e de pouca validade prática, pois

    não consideram todas as variáveis envolvidas numa epidemia, sendo estas importantes na

    obtenção de resultados mais realísticos. Entretanto, os modelos S.I., S.I.S. e S.P.R. servem de

    parâmetro, para demonstrar como um modelo epidemiológico é formulado e a partir do

  • 35

    Figura 20 – Esquema do fluxo de indivíduos entre os quatro compartimentos não interceptantes Fonte: Yang (2001a, p.37)

    mesmo, fazer simulações e análises. Nesse sentido, deve-se salientar o quão são importantes

    os procedimentos matemáticos numéricos desenvolvidos computacionalmente, contribuindo

    para o fortalecimento da biomatemática aliada a epidemiologia, medicina, entre outras

    ciências.

    Assim, com este trabalho, e as atividades nele desenvolvidas, contribuíram na minha

    formação acadêmica, tornando o interesse pela biomatemática, já existente, mais acentuada. À

    nível de uma pós-graduação, objetiva-se estudar novos modelos, como por exemplo, o

    proposto por YANG (2001a), que considera, conforme o esquema da Figura 20, todas as

    variáveis envolvidas quando se tem numa epidemia mais realística, sendo µ a taxa de

    mortalidade, )a,t(λ uma função relacionada a força de infecção dependente das variáveis

    temporal e idade (a), σ a taxa de incubação, γ a taxa de recuperação, π a taxa de perda de

    imunidade e ( )a,tν uma função relacionada a vacinação em função do tempo e da idade. As funções )a,t(H , )a,t(Y , )a,t(Z e )a,t(X , são respectivamente, os indivíduos expostos,

    infectados, recuperados e suscetíveis.

  • 36

    O sistema de equações proposto por Yang (2001a), que segundo ele são encontradas

    com a nomenclatura Suscetível-Exposto-Infectado-Recuperado (S.E.I.R.), que modelam o

    esquema apresentado pela Figura 20, são:

    ( ) ( ) ( ) ( )[ ] ( ) ( )

    ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

    ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

    ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )a,tHa,tYa,tXa,ta,tZa

    a,tZt

    a,tYa,tHa,tYa

    a,tYt

    a,tHa,tXa,ta,tHa

    a,tHt

    a,tZa,tXa,ta,ta,tXa

    a,tXt

    µ+π−γ+ν=∂∂+

    ∂∂

    µ+γ−σ=∂∂+

    ∂∂

    µ+σ−λ=∂∂+

    ∂∂

    π+µ+λ+ν−=∂∂+

    ∂∂

    (29)

    Sendo a população total dada pela soma de todos os grupos

    ( ) ( ) ( ) ( ) ( )a,tZa,tYa,tHa,tXa,tN +++= . (30)

    E, sua taxa de variação dada pela equação

    ( ) ( ) ( )a,tNa,tNa

    a,tNt

    µ−=∂∂+

    ∂∂

    . (31)

    Note que essas equações diferenciais são parciais, sendo as mesmas mais complexas

    que as apresentadas neste trabalho. Assim, provavelmente o modelo proposto por Yang

    (2001a), não possua soluções analíticas, sendo necessário fazer uso de outras técnicas

    numéricas para a obtenção de soluções numéricas.

  • 37

    REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

    BASSANEZI, Rodney C. Ensino aprendizagem com modelagem matemática. São Paulo: Contexto, 2002

    BASSANEZI, Rodney C.; FERREIRA Jr., Wilson C. Equações diferenciais com aplicações. São Paulo: Harbra, 1988

    BEAGLEHOLE, R.; BONITA, R. KJELLSTRÖM, T. Epidemiologia básica. São Paulo: Editora Santos, 2001.

    BELLUSCI, Silvia M. Epidemiologia. São Paulo: Senac, 1995.

    BOICE, William E.; DIPRIMA, Richard C. Equações diferenciais elementares e problemas de valores de contorno. 7 ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos – LTC, 2002.

    CUNHA, Cristina. Métodos numéricos. São Paulo: Editora da Unicamp, 2000.

    De BORTOLI, Á.L.; Introdução à Dinâmica de Fluidos Computacional. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 1999.

    FILHO, Claudia Bertolli. História da saúde pública no Brasil. São Paulo: Ática, 2004.

    MALISKA, C. R.; Transferência de Calor e Mecânica dos Fluidos Computacional. 2 ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos – LTC, 2004.

    PEREIRA, Maurício Gomes. Epidemiologia: teoria e prática. Rio de Janeiro: Guanabara Koogon S. A., 1995.

    ROUQUAYROL, Maria Zélia; ALMEIDA, Naomar. Epidemiologia e saúde. Rio de Janeiro: Medsi, 1999.

    RUGGIERO, Márcia A. G.; LOPES, Vera Lúcia da Rocha. Cálculo numérico: aspectos teóricos e computacionais. 2 ed. São Paulo: Pearson Makron Books, 1996.

  • 38

    SPERANDIO, D.; MENDES, João T.; SILVA, Luiz M. Cálculo numérico: característica matemáticas. São Paulo: Prentice Hall, 2003.

    YANG, Hyun Mo. Epidemiologia matemática: estudo dos efeitos da vacinação em doenças de transmissão direta. São Paulo: Editora da Unicamp, 2001a.

    YANG, Hyun Mo. Como os modelos matemática podem ser aplicáveis em epidemiologia. Tendência em Matemática Aplicada e Computacional. São Paulo, n.2, 2001b. Disponível em: , Acesso em:29 de maio 2008.

    ZILL, Dennis G.; CULLEN, Michael R. Equações diferenciais. v. 2. 3.ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2001.

  • 39

    ANEXOS

  • 40

    APÊNDICE A – RESOLUÇÃO ANALÍTICA E NUMÉRICA DO MODELO

    SUSCETÍVEL – INFECTADO (S.I.)

  • 41

    RESOLUÇÃO ANALÍTICA DO MODELO S.I.

    ( )I1IdtdI −α=

    ( ) �� α=− dtI1IdI

    Por soma de frações parciais

    ( ) ( )I1IBIIAA

    I1B

    IA

    I1I1

    −+−=

    −+=

    ( ) ( )I1IBIIAA

    I1II01

    −+−=

    −⋅+

    ==+−

    1A 0BA

    1B 0B1-

    ==+

    Assim, ( ) �� α=− dtI1IdI

    = � �α=−+ dtdII1B

    IA

    ( ) CtI1lnIln +α=−−

    CtI1

    Iln +α=�

    ���

    CtI1I

    lnee +α

    ��

    ���

    − =

    C.eI1

    I tα=−

    C.IeC.eI tt αα −=

    C.eC.IeI tt αα =+

    C.e1

    C.e)t(I

    t

    t

    α

    α

    +=

    Sendo ( ) 0I0I = , tem-se que: 0

    0I1

    IC

    −= .

    Dessa forma, a solução particular igual a ( ) 00t

    0

    II1e

    I)t(I

    +−=

    α−.

  • 42

    RESOLUÇÃO NUMÉRICA DO MODELO S.I.

    A rotina foi desenvolvida usando o software MATLAB, salienta-se que a numeração a

    esquerda não faz parte da rotina, apenas serve de orientação aos leitores.

    function SI(n,p)

    1. % n : numero de iterações 2. % p : precisao (tolerancia para o erro) 3. % a (alpha) : fator de proporcionalidade positiva 4. % y : individuos infectados 5. % x : individuos sucetiveis 6. % x+y=1 7. % dt : espacamento temporal 8. 9. a=1.1; 10. tempo=10; 11. dt=tempo/n; 12. y(1)=0.1; %numero de infectados no inicio da epidemia 13. 14. for i=1:(n-1) 15. y(i+1)=y(i)+dt*a*y(i)*(1-y(i)); 16. i,erro=abs(y(i+1)-y(i)) 17. if erro

  • 43

    APÊNDICE B – RESOLUÇÃO ANALÍTICA E NUMÉRICA DO MODELO

    SUSCETÍVEL – PORTADOR – REMOVIDO (S.P.R.)

  • 44

    RESOLUÇÃO ANALÍTICA DO MODELO S.P.R.

    Em relação aos portadores:

    PdtdP β−=

    dtP

    dP�� β−=

    CtPln +β−=

    CtPln ee +β−=

    Ce)t(P tβ−=

    Sendo ( ) 0P0P = , tem-se que 0PC = e a solução particular fica 0t Pe)t(P β−= .

    Em relação aos suscetíveis:

    Considerando 0t PeP β−= na equação SP

    dtdS α−= obtém-se que

    0t PSe

    dtdS β−α−=

    ��β−α−= dteP

    SdS t

    0

    CeP

    Slnt

    0 +β

    α−=

    β−

    Cee

    te0PSln += β

    β−α−

    Ce)t(S

    te0Pβ

    β−α−

    =

    Sendo ( ) 0S0S = , tem-se β

    α= 00y

    xC , donde a solução particular para os suscetíveis é

    βα−β−α

    =0P

    te0P

    0 e.S)t(S .

  • 45

    RESOLUÇÃO NUMÉRICA DO MODELO S.P.R.

    Nesta rotina, também desenvolvida usando o software MATLAB, as linhas de 21 a 31

    referem-se à solução para os indivíduos portadores (representado por y), as linhas de 33 a 43

    referem-se à solução para os indivíduos suscetíveis (representado por x) e as linhas de 45 à 53

    a construção para a representação gráfica dos suscetíveis e portadores. Quando se desejava,

    por exemplo, a representação da solução gráfica dos suscetíveis, apagava-se o comando “%”,

    que indica comentário no software MATLAB, nas linhas de 33 a 43, e acrescentava o “%” nas

    linhas de 21 a 31.

    function SPR(n,p)

    1. % n : numero de iterações 2. % p : precisao (tolerancia para o erro) 3. % a (alpha) : taxa de propagação 4. % b (beta) : taxa de remocao dos portadores 5. % y : individuos portadores 6. % x : individuos suscetiveis 7. % x+y=1 8. % dt : espacamento temporal 9. 10. a=1.1; 11. b=1.05; 12. tempo=20; 13. dt=tempo/n; 14. y(1)=0.1; %percentual de portadores 15. x(1)=1-y(1); %percentual de sucetiveis 16. 17. for i=1:(n-1) 18. y(i+1)=y(i)-dt*b*y(i); 19. x(i+1)=x(i)-dt*a*x(i)*y(i+1); 20. 21. %Solucao para y 22. i 23. erroy=abs(y(i+1)-y(i)) 24. if erroy

  • 46

    32. 33. %Solucao para x 34. %i 35. %errox=abs(x(i+1)-x(i)) 36. %if errox

  • 47

    APÊNDICE C – RESOLUÇÃO ANALÍTICA E NUMÉRICA MODELO

    SUSCETÍVEL – INFECTADO – SUSCETÍVEL (S.I.S.) COM POPULAÇÃO

    CONSTANTE

  • 48

    RESOLUÇÃO ANALÍTICA DO MODELO S.I.S. COM POPULAÇÃO CONSTANTE

    ���

    ��

    β−α=

    β+α−=

    ISIdtdI

    ISIdtdS

    Analise de pessoas infectadas:

    Se 00 ISN += substituindo o valor de S em ISIdtdI β−α= , temos

    ( ) IIINdtdI β−−α=

    ��

    ��

    � −��

    ���

    αβ−α=

    ��

    ��

    αβ−−α=

    INII

    INIdtdI

    '

    α−β−α= 2' IINII

    ( ) α−=β−α− 2' INII

    A equação é do tipo Bernoulli, podendo ser resolvida, de tal forma que se encontre I(t) = u.v:

    ( ) α−=β−α− 2' INII

    ( ) ( )2uvNuv'uvv'u α−=β−α−+

    ( ) 22'' vuvuvNvvu α−=+β+α−

    Primeiramente considera-se

    ( )β+α− vNvv ' β+α= vNv

    dtdv

    ( )�� β−α= dtNvdv

    ( )tNvln β−α=

  • 49

    ( )tNev β−α=

    Em seguida

    22' vuvu α−=

    ( ) ( )( )t2N2tN euedtdu β−αβ−α α−=

    ( )�� ��� ��

    *

    tN2 dteduu ��β−α− α−=

    ( )�� ��� ��

    *

    tN dte�β−αα− =

    ( )tNu β−α=

    dtduN

    1 α−=

    αβ−

    − ( ) Ce

    N1

    dueN

    1 tNu +

    αβ−α

    −=

    αβ−

    − β−α�

    Assim ( )� �β−α− α−= dteduu tN2 é

    ( ) CeNu

    1 tN +β−α

    α−=− β−α

    ( )

    u

    NCe

    11

    N

    =

    β−α+α−

    β−α

    ( ) CeN

    uN +α

    β−α= β−α

    Dessa forma tem-se que I(t) = u.v vai ser igual a

    ( )( )

    2tN

    tN

    Ce

    Ne)t(I

    +αβ−α= β−α

    β−α

  • 50

    Considerando que I(0) = I0 tem-se:

    ( )( )

    2tN

    tN

    Ce

    Ne)t(I

    +αβ−α= β−α

    β−α

    Ce

    -Ne)0(I

    00

    +αβα=

    CN

    I0 +αβ−α=

    0IN

    Cβ−α=

    Assim, como a solução geral pode ser reescrita como

    ( ) ( )tN0

    eI1

    N

    N)t(I

    β−α−��

    ��

    �α−β−α+α

    β−α=

    Analise de pessoas sadias:

    Considera-se

    ISI-dtdS β+α= , sendo I = N – S

    ( )( )S-NS-dtdS β+α=

    Assim,

    ( )( )� �=β+α dtdSS-NS-1

    Resolvendo por soma de frações parciais

    ( )( )S-NS-1β+α

    = ( )( )S-NS-BSBASAN

    SNB

    SA

    β+αβ+α−−=

    −+

    β+α−

    ( ) ANBBASS01 +β+α−−=+

  • 51

    =+βα=↔=α−−

    1ANBB-A 0BA

    Substituindo α= B-A na segunda equação do sistema acima

    1NBB =α−β

    N1

    Bα−β

    = logo N

    Aα−βα−=

    Dessa forma

    ( )( )� �=β+α dtdSS-NS-1

    vai ser ( )( ) ( )( )� � �=α−β+β+α−α−βα−

    dtdSS-NN

    1dS

    SN

    ( )( )

    ( )( )� � �=α−β

    −+α−β

    β+α−α−−−

    dtdSN

    SNdS

    NS 11

    Cuja solução geral é:

    ( )( )

    ( )( ) CtN

    SNlnN

    Sln +=α−β−−

    α−βα−β+α−α−

    ( ) ( ) 1CNttSNlnSln +α−β=−−β+α−

    1CNttSNS

    ln +α−β=��

    ���

    −β+α−

    Ntt2eCSN

    S α−β=−

    β+α−

    ( ) ( ) β−=+α− α−βα−β Ntt2Ntt2 NeCeSCS

    ( )( )Ntt

    2

    Ntt2

    eC

    NeC)t(S α−β

    α−β

    +α−

    β−=

    Para esta equação, considera-se S(0) = S0, obtendo com solução particular

    Se S(0) = S0

    ( )( )Ntt

    2

    Ntt2

    eC

    NeC)t(S α−β

    α−β

    +α−

    β−=

    02

    02

    eC

    NeC)0(S

    +α−

    β−=

  • 52

    2

    20 C

    NCS

    +α−β−

    =

    β−=+α− NCCSS 2200

    NSS

    C0

    02 −

    α+β−=

    Logo

    ( )

    ( )tN0

    0

    tN

    0

    0

    eNSS

    NeNSS

    )t(Sα−β

    α−β

    ���

    ����

    −α+β−

    +α−

    β−���

    ����

    −α+β−

    =

  • 53

    RESOLUÇÃO NUMÉRICA DO MODELO S.I.S. COM POPULAÇÃO CONSTANTE

    As linhas da rotina abaixo de 24 a 33 referem-se ao critério de parada do processo iterativo

    pelos erros e em conseqüência a representação gráfica das soluções, caso a tolerância não

    fosse atingida pelos erros então os comandos das linhas de 36 a 42 representariam as soluções

    graficamente.

    function SIS_C(n,p)

    1. % n : numero de iterações 2. % p : precisao (tolerancia para o erro) 3. % a (alpha) : constante de proporcionalidade de transmissão 4. % b (beta) : constante de proporcionalidade de transmissão 5. % S : individuos suscetíveis 6. % I : individuos infectados 7. % N=S+I 8. % dt : espacamento temporal 9. 10. a=0.2; 11. b=0.1; 12. tempo=70; 13. dt=tempo/n; 14. I(1)=0.1; 15. S(1)=1-I(1); 16. N=I(1)+S(1); 17. 18. for i=1:(n-1) 19. S(i+1)=S(i)+dt*(-a*S(i)*I(i)+b*I(i)); 20. I(i+1)=I(i)+dt*(a*S(i)*I(i)-b*I(i)); 21. i 22. erroI=abs(I(i+1)-I(i)) 23. erroS=abs(S(i+1)-S(i)) 24. if (erroS

  • 54

    36. t=linspace(0,tempo,i+1); 37. for j=1:(i+1) 38. aux=(-b+a*S(1))/(S(1)-N); 39. SA_S(j)=(aux*N*exp((b-a*N)*t(j))-b)/(-a+aux*exp((b-a*N)*t(j))); 40. SA_I(j)=(a*N-b)/(a+((a*N-b)/I(1)-a)*exp(-(a*N-b)*t(j))); 41. end 42. plot(t,S,'k:',t,SA_S,'k-',t,I,'k:',t,SA_I,'k-')

  • 55

    APÊNDICE D – RESOLUÇÃO NUMÉRICA DO MODELO SUSCETÍVEL –

    INFECTADO – SUSCETÍVEL (SIS) COM POPULAÇÃO VARIÁVEL

  • 56

    RESOLUÇÃO NUMÉRICA DO MODELO S.I.S. COM POPULAÇÃO VARIÁVEL

    Nesta rotina a representação gráfica das soluções numéricas para os suscetíveis (representado

    aqui por S) e infectados (representado aqui por I), é obtida nas linhas 28 a 32 ou, quando a

    tolerância para o erro não era atingida, nas linhas 35 e 36.

    function SIS_V(n,p)

    1. % n : numero de iterações 2. % p : precisao (tolerancia para o erro) 3. % a (alpha) : constante de proporcionalidade de transmissão 4. % b (beta) : constante de proporcionalidade de recuperação 5. % S : individuos suscetíveis 6. % I : individuos infectados 7. % N:S+I 8. % dt: espacamento temporal 9. % g: taxa de natalidade 10. % e: taxa de mortalidade 11. 12. a=0.8; 13. b=0.7; 14. g=0.2; 15. e=0.1; 16. tempo=500; 17. dt=tempo/n; 18. I(1)=0.1; 19. S(1)=1-I(1); 20. N=I(1)+S(1); 21. 22. for i=1:(n-1) 23. S(i+1)=S(i)+dt*(-a*S(i)*I(i)+b*I(i)+g*N-e*S(i)); 24. I(i+1)=I(i)+dt*(a*S(i)*I(i)-b*I(i)-e*I(i)); 25. i 26. erroI=abs(I(i+1)-I(i)) 27. erroS=abs(S(i+1)-S(i)) 28. if (erroI