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1 Diretoria de Desenvolvimento de Negócios Gerência de Estudos e Assessoria Unidade de Estudos e Pesquisas Econômicas Estruturas Econômicas da Região Semi-Árida Baiana e Perspectivas para Atuação da Desenbahia: Foco nos Territórios de Identidade Itaparica, Semi-Árido Nordeste II e Sisal Salvador, janeiro de 2008

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Diretoria de Desenvolvimento de Negócios Gerência de Estudos e Assessoria Unidade de Estudos e Pesquisas Econômicas

Estruturas Econômicas da Região Semi-Árida Baiana e Perspectivas para Atuação da Desenbahia:

Foco nos Territórios de Identidade Itaparica, Semi-Árido Nordeste II e Sisal

Salvador, janeiro de 2008

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Apresentação O presente estudo, que integra o programa de metas da Desenbahia para o ano de 2007, foi desenvolvido com o intuito de proporcionar um entendimento da dinâmica econômica de um trecho do Semi-Árido baiano, tendo em vista o foco do governo estadual no desenvolvimento econômico dessa região. Busca-se reunir informações de segmentos da estrutura econômica de três territórios de identidade, Itaparica, Semi-Árido Nordeste II e Sisal; apontar necessidades e potencialidades; e indicar perspectivas para uma atuação focada da Desenbahia. Trata-se de um estudo descritivo de natureza empírica e, assim, centrado em três aspectos da estrutura econômica local: indústria e comércio, atividades agropastoris com ênfase na agricultura familiar, e experiências associativas de produção. Como fontes de informações secundárias, utilizaram-se dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE); do Relatório Anual de Informações Sociais (RAIS) do Ministério do Trabalho e do Emprego (MTE); da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais do Estado da Bahia (SEI); do Guia Industrial do Estado da Bahia, publicado pela Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb). Paralelamente, foram realizadas 30 entrevistas não estruturadas de representantes do governo estadual e municipal, representantes da sociedade civil, presidentes de CDLs, cooperativas e associações comerciais. Visitaram-se os municípios de Serrinha, Conceição do Coité, Ribeira do Pombal, Cícero Dantas e Euclides da Cunha, onde muitas das entrevistas ocorreram. Finalmente, enviaram-se questionários estruturados a 125 empresas industriais localizadas nos territórios em estudo, listadas no Guia Industrial da Fieb. Mapearam-se as demandas por bens e serviços das 45 empresas que responderam os questionários. O trabalho está dividido em quatro seções, além desta apresentação, sumário e considerações finais. Como introdução, são apresentadas informações sobre a delimitação atual da região Semi-Árida brasileira, os critérios para essa demarcação e a importância relativa que a Bahia assume perante toda a região. Em seguida, observa-se a relevância que a região Semi-Árida baiana apresenta no conjunto do estado e a que os três territórios de identidade eleitos como objeto desse estudo representam para a região estadual. Nas demais seções discutem-se aspectos relevantes e potencialidades das atividades industriais, comerciais e a agroindustriais de cada território. A segunda seção trata do território de identidade de Itaparica; a terceira, do Semi-Árido Nordeste II; e a quarta, do Sisal.

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SUMÁRIO Introdução .................................................................................................................... 4 2. Itaparica (Bahia)................................................................................................. 10 2.1 – Apresentação ............................................................................................. 10 2.2 – Indústria ......................................................................................................11 2.3 – Comércio ..................................................................................................... 16 2.4 – Agropecuária.............................................................................................. 17 2.4.1 – Agricultura .......................................................................................... 17 2.4.2 Pecuária ................................................................................................... 19

3 – Semi-Árido Nordeste II.................................................................................. 21 3.1 – Apresentação ............................................................................................. 21 3.2 – Indústria ......................................................................................................23 3.3 – Comércio ..................................................................................................... 28 3.4 – Agropecuária.............................................................................................. 29 3.4.1 Agricultura .............................................................................................. 29 3.4.2 Pecuária ................................................................................................... 32

4 – Sisal ....................................................................................................................... 35 4.1 – Apresentação ............................................................................................. 35 4.2 – Indústria ......................................................................................................36 4.3 – Comércio ..................................................................................................... 46 4.3.1 Comércio varejista em Serrinha .................................................... 47 4.3.2 Comércio Varejista em Conceição do Coité ............................... 48

4.4 – Agropecuária.............................................................................................. 50 4.4.1 Agricultura .............................................................................................. 50 4.4.2 Pecuária ................................................................................................... 51

Considerações Finais .............................................................................................. 54 Referências ................................................................................................................. 58

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Introdução Em 2005, o Ministério de Integração Nacional publicou nova delimitação para a região Semi-Árida do Nordeste brasileiro, com vistas a orientar as políticas públicas de apoio ao desenvolvimento regional, em particular, do Fundo Constitucional do Nordeste (FNE). A nova demarcação territorial do Semi-Árido nordestino buscou tanto incluir novos municípios criados no interior da região desde 1999 quanto ampliar os critérios técnicos de definição do clima semi-árido, até então restrito às precipitações médias anuais inferiores a 800 mm. Para complementar, aperfeiçoando o conceito de região semi-árida, foram introduzidos os critérios de índice de aridez e de déficit hídrico. Passaram a perfazer o conjunto de municípios da região Semi-Árida aqueles que apresentaram índice de aridez de até 0,5, calculado pelo levantamento hídrico que relaciona as precipitações e a evapotranspiração potencial no período entre 1961 e 1990. Além dos que apresentam risco de seca maior que 60%, adotando como base o período de 1970 a 1990 (BRASIL, 2005). Pela demarcação instituída em 2005, a região Semi-Árida passou de 1.031 municípios, listados em 1995 (pela Portaria 1.181 da SUDENE), para 1.132, representando 20% do total de municípios brasileiros. Em termos de área, a região oficial aumentou de 892.304,4 km2 para 969.589,4 km2, cerca de 11% do território nacional. No que tange à população, a região Semi-Árida passou a abranger próximo de 21 milhões de brasileiros, pouco mais de 12% da população do país, de acordo com a contagem do Censo Demográfico de 2000. Pelos números relativos expostos, constata-se que é uma região com uma densidade populacional média não muito diferente da média do Brasil, ainda que seja uma região composta por um número relativamente grande de municípios. Com essa nova delimitação, a região Semi-Árida na Bahia estendeu-se para 265 municípios, posto que foram incorporados mais oito aos 257 municípios listados em 1995. Tal número de municípios representa 64% do número total do estado e 23% de todo o conjunto da região. No que se refere à área, são 393.056,1 km2 de território baiano comprometidos com o Semi-Árido, cerca de 70% da área do estado e 40% de toda a região. Em relação à população, pelo Censo de 2000, residem 6,5 milhões de baianos no Semi-Árido, o que significa praticamente 50% da população da Bahia e 31% das pessoas residentes na região. Pelos três parâmetros levantados, a Bahia é o estado brasileiro com maior participação relativa na região Semi-Árida: nenhum estado da federação responde por mais de 23% dos municípios, 40% da área territorial ou 31% da população do Semi-Árido nordestino. Tão significativa quanto a importância da Bahia na região e a parcela do Semi-Árido baiano no conjunto do estado é a debilidade de vários aspectos da estrutura sócio-econômica do Semi-Árido baiano frente aos indicadores estaduais. De antemão, o PIB do Semi-Árido baiano responde por apenas 26,2% do agregado do estado, enquanto que o PIB per capita médio corresponde a pouco mais da metade do calculado para a Bahia, tomando-se como referência os dados de 2005. Pelos dados da Pesquisa Agrícola Municipal do IBGE do ano de 2006, nota-se que, apesar da região Semi-Árida abranger 70% do território baiano, a área plantada e cultivada nessa região representa não mais que 50% do total da área plantada e cultivada

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da Bahia1. O mais grave, no entanto, é que o valor da produção realizada nessa região representa apenas 40% do valor monetário auferido para a produção agrícola de toda a Bahia. Na Pecuária, a situação é menos desequilibrada, haja vista que a região detém cerca de 60% do rebanho bovino estadual e 96% dos rebanhos de caprino e ovino. Em números gerais a pecuária no semi-árido corresponde a 62% do rebanho em todo o estado em 2006. Pelos indicadores de infra-estrutura também se observa que as condições relativas do Semi-Árido ficam muito aquém da média estadual. Pelos dados da Anatel (para 2002), por exemplo, verifica-se que no Semi-Árido baiano estão presentes 26% dos terminais telefônicos em serviço no estado. De acordo com as informações divulgadas pelo Banco Central do Brasil (para 2004), na região Semi-Árida localizam-se 39% das agências bancárias instaladas na Bahia. E, em cartilha informativa, a SEI (s.d.) divulga que o consumo de energia elétrica per capita é 0,3mw na região Semi-Árida, sendo de 1,5 mw na parcela restante da Bahia. O Semi-Árido baiano não se constitui numa região homogênea. Ao contrário, trata-se de uma região na qual a diferenciação dos espaços é bastante evidente, com discrepâncias acentuadas nos indicadores sócio-econômicos frente à média da região e, consequentemente, à média do estado. Dentre esses espaços que reúnem as condições sócio-econômicas mais precárias estão três territórios de identidade: Itaparica (Território no 24); Semi-Árido Nordeste II (no 17) e Sisal (no 4). A Figura 1 mostra o mapa do estado da Bahia dividido de acordo com os territórios de identidade.

Figura 1 – Mapa do Estado da Bahia Dividido em Territórios de Identidade Fonte: SEI, 2007b.

1 A área colhida representa 50,7% do total da Bahia, por outro lado a área plantada é de 53,8% em 2006, segundo dados da Pesquisa Agrícola Municipal do IBGE.

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Nos 44 municípios agrupados nos territórios de identidade Itaparica, Semi-Árido Nordeste II e Sisal, residem cerca de 1,8 milhão de pessoas (pelo Censo de 2000), ou seja, 27,9% da população baiana localizada no Semi-Árido. Na Figura 2 pode-se visualizar o mapa com os três territórios em estudo e seus principais municípios Em termos de economia, o PIB reunido dos três territórios quase que alcança 16% do total do mesmo agregado dos municípios do Semi-Árido baiano, face à presença do complexo hidroelétrico de Paulo Afonso no território Itaparica. Excluindo-se o PIB desse município, a importância econômica dos três territórios cai para 10% do PIB dessa região baiana, mas a população permanece com praticamente a mesma participação relativa, 26,5%. Ao se levantarem as informações relativas à produção agrícola de 2005, percebe-se com mais clareza a fragilidade econômica dos três territórios: tanto a área plantada quanto a área colhida desses territórios correspondem a pouco mais de 30% da área plantada e colhida do Semi-Árido baiano, mas o valor da produção representa tão somente 17% do valor auferido para toda a região Semi-Árida do estado. No tocante à pecuária, o rebanho mais representativo nos três territórios é o de ovino, com 23% de todo o conjunto da região, seguido pelo de asinino, com 17% - dois rebanhos que não têm uma produção mercantil desenvolvida e que, geralmente, não dispensam os produtores de empreender outra atividade econômica. A atividade agrícola possui forte relevância para a economia local nesses três territórios, nos quais 58,4% da população residem na área rural. O Quadro 1 mostra que o grau de urbanização nos três territórios é abaixo da média do estado. Apenas o Território de Itaparica se aproxima dessa média, devido ao elevado grau de urbanização de Paulo Afonso, 85%.

Quadro 1 Grau de Urbanização dos Territórios e Principais Municípios

População Residente Território de Identidade

Total Urbana Rural

Grau de urbanização (%)

(1)

BAHIA 13.070.250 8.772.348 4.297.902 67,1

1- Sisal 555.713 204.491 348.222 36,9 Barrocas 12.167 4.356 7.811 35,8 Conceição do Coité 56.317 28.026 28.291 49,8 Serrinha 71.039 41.587 29.452 58,5 Teofilândia 20.432 5.858 14.574 28,7 Tucano 50.948 18.597 32.351 36,5 Valente 19.145 9.511 9.634 49,7

2- Semi-árido Nordeste II 400.263 154.584 245.679 38,6 Cícero Dantas 30.934 15.797 15.137 51,1 Euclides da Cunha 53.885 24.531 29.354 45,5 Ribeira do Pombal 46.270 25.383 20.887 54,9 3- Itaparica 149.749 99.773 49.976 66,6

Paulo Afonso 96.499 82.584 13.915 85,6

Fonte: IBGE. Censo Demográfico de 2000, Resultados do Universo. (1) População Urbana / População Total x 100 Acesso ao site: http://www.sei.ba.gov.br/municipio/censo2000_result_amostra/xls/demogra/populac.xls Em 24/01/2008.

Algumas culturas têm forte representatividade estadual com destaque para o feijão e o milho em cultura temporária e da castanha de caju e do sisal em cultura permanente. A produção do feijão em grão em 2005 alcançou 240,5 mil toneladas, número que representa 52% de toda quantidade produzida na Bahia naquele ano. Se considerado individualmente os territórios, o Semi-Árido Nordeste II desponta na liderança em área

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plantada, área colhida e quantidade produzida. O território de Sisal aparece em segundo lugar com apenas 49% da quantidade produzida pelo primeiro. O território de Irecê, região que já foi maior produtora de feijão do estado, encontra se na terceira posição com 37,8 mil toneladas. Em 2006 houve uma queda de 22,3% na produção de feijão do estado (103,4 mil toneladas). Apesar desta redução, a participação relativa dos territórios de Itaparica, Sisal e Semi-Árido Nordeste II caiu apenas três pontos percentuais. Esta se deve a menor produção no Semi-Árido Nordeste II (52 mil toneladas) e Sisal (14,1 mil toneladas). A quantidade produzida de milho nestes territórios correspondeu a 30,8% do total da Bahia em 2006, o que revela crescimento de mais de nove pontos percentuais em relação a 2005. O Semi-Árido Nordeste II apresenta melhor desempenho com produção de 276,7 mil toneladas, ou seja, 24,6% de toda quantidade produzida no estado. A cultura da castanha de caju é uma das principais culturas existentes no Semi-Árido baiano, cuja taxa de crescimento em 2006 foi de quase 20% em relação a 2005. O incremento da produção de castanha é verificado principalmente nos territórios de Sisal e Semi-Árido Nordeste II, que juntos representam 82% da produção do estado. Sisal apresentou taxa de crescimento de 310%, saltando de 271 toneladas de quantidade produzida em 2005 para 1.113 toneladas em 2006, aumentando portanto sua participação. Em decorrência disso, o Semi-Árido Nordeste II, apesar de apresentar crescimento de 0,5%, teve uma redução de doze pontos percentuais de sua participação relativa na quantidade produzida na Bahia. A debilidade da economia do Semi-Árido é claramente exposta no montante de impostos arrecadados na região face ao valor arrecadado no estado. Pelos dados da SEFAZ para 2004, o ICMS arrecadado nos municípios do Semi-Árido perfez não mais que 8% do volume estadual e, mesmo considerando um conjunto maior de tributos (ICMS + IPVA + IT + Taxas), o percentual de participação não atinge 9%. De acordo com os dados de arrecadação de tributos em 2004 divulgados pela SEFAZ (ICMS + IPVA + ITD + Taxas), constata-se que os três territórios respondem por cerca de 7% do montante arrecado na região Semi-Árida. Se excluídos os valores relativos aos municípios de Glória e Paulo Afonso, a importância relativa dos tributos dessa sub-região cai para 5%. No que se refere à área financeira, os financiamentos realizados pelo sistema bancário às atividades agropecuárias corroboram a tese central de baixo fluxo de recursos na região Semi- Árida. De acordo com informações do Banco Central do Brasil relativas a 2004, essa região absorveu 78% dos contratos firmados para financiamento de custeio, investimento e comercialização de produção agrícola ou pecuária, mas o montante financiado representou 27% do valor total concedido no estado da Bahia. Ainda em termos de fluxos financeiros, o volume de crédito à produção agropecuária dos territórios Itaparica, Semi-Árido Nordeste II e Sisal em 2004 correspondeu a 17% da quantidade dos contratos firmados na região Semi-Árida e a 13% do montante liberado nesses contratos de financiamento a investimentos, custeio e comercialização (segundo dados do Banco Central do Brasil). Analisando os dados por valor médio contratado, observa-se que o contrato assinado no resto da região Semi-Árida tem um valor quase que 40% superior àqueles realizados nos três territórios.

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Finalmente, alguns dados retirados de cartilha informativa da SEI (2007) sobre os territórios de identidade do estado da Bahia permitem um confronto de outros indicadores sócio-econômicos dos três territórios com a média do estado (Quadro I).

Indicadores Bahia Itaparica Semi-Árido Nordeste II

Sisal

• Abastecimento de Água 59,1 53,0 49,0 35,5 Saneamento Básico

(% de domicílios) • Esgotamento Sanitário 42,4 46,6 24,9 22,8

• Até 1 Salário Mínimo 27,4 24,9 34,5 37,4 • Mais de 1 a 5 Salários Mínimos 19,5 18,1 14,3 11,7

• Mais de 5 Salários Mínimos 5,0 5,3 1,5 1,6

Rendimento Familiar Per

Capita (% da população) • Sem Rendimento 48,1 51,7 49,7 49,3

Taxa de Analfabetismo (%) 20,4 26,5 40,1 34,2

Quadro 1: Indicadores Sócio-Econômicos da Bahia e dos Territórios de Identidade Itaparica, Semi-Árido Nordeste II e Sisal Fonte: Censo Demográfico 2000 do IBGE (apud SEI, 2007). Como se pode observar pelos indicadores apresentados no Quadro I, os três territórios de identidade exibem perfis sócio-econômicos bastante preocupantes. Nos três territórios, o saneamento básico atinge parcelas de domicílios inferiores à média baiana, com destaque para o baixíssimo número relativo de domicílios com esgotamento sanitário no território Sisal (22,8%) – quase que a metade do percentual calculado para a Bahia (42,4%). Ainda nesse território, verifica-se que somente 35,5% dos domicílios possuem abastecimento de água – percentual muito inferior ao contabilizado na Bahia (59,1%) e nos outros dois territórios. Em termos de rendimento familiar per capita, chama atenção o fato de que o número relativo de pessoas sem rendimento ou com até um salário mínimo supera, nos três casos, os números referentes à Bahia. A exceção a ser feita é no território Itaparica que apresenta um percentual menor que o da Bahia para a parcela da população com até um salário mínimo, mas que, em contrapartida, exibe o maior indicador de pessoas sem rendimento (51,7%), ultrapassando, inclusive, a metade da população. Finalmente, no que concerne às taxas de analfabetismo, o realce deve ser dado ao percentual encontrado para o território Semi-Árido Nordeste II (40,1%), praticamente o dobro da média baiana (20,4%). Mais recentemente, em 2007, a seca prolongada que atingiu grande parte do estado baiano fez com que o governo do estado, através de decreto, reconhecesse estado de emergência em 90 municípios2. Dentre estes, 23 localizam-se nos territórios de identidade de Itaparica, Sisal e Semi-Árido Nordeste II (Figura 2) - número que representa mais da metade do total de municípios dos três territórios. Segundo dados da Superintendência dos Recursos Hídricos3 esta tem sido considerada uma das piores secas das últimas décadas. As chuvas no norte do estado situaram-se 56% abaixo da média histórica; na região de São Francisco e cerrado este número ficou por volta de 42%.

2 Fonsêca (2007). 3 Apud Fonseca (2007).

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Figura 2 – Mapa dos Três Territórios Itaparica (24), Semi-Árido Nordeste II (17) e Sisal (04) Fonte: SEI (2007b)

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2. Itaparica (Bahia) 2.1 – Apresentação O território Itaparica é composto por 13 municípios nordestinos, sendo seis baianos e sete pernambucanos. Os seis baianos, Abaré, Chorrochó, Glória, Macururé, Paulo Afonso e Rodelas (Figura 2), perfazem uma área de 12.171,5 km2 e distam cerca de 500 km da capital (de Salvador a Paulo Afonso são 450 km e, até Rodelas, 540 km). Estima-se uma população de 163 mil pessoas em 2006, sendo quase 2/3 dela residente em Paulo Afonso. Os PIBs dos seis municípios somaram R$ 1.365 milhões em 2005, aproximadamente 1,5% do PIB da Bahia e 35,9% do referente aos três territórios, sendo cerca de 90% do valor gerado em Paulo Afonso. O complexo hidroelétrico localizado nesse explica a concentração, assim como o grande peso que o setor industrial apresenta no VAB do município. Nos demais, como se observa na Tabela 1, os maiores pesos são do setor serviços. Tabela 1: População e PIB dos Municípios do Território Itaparica

Agropecuária Indústria Serviços Municípios População

(2006) PIB (2005)

(R$ milhões) (1) VAB (%) VAB (%) VAB (%)

Abaré 15.268 28,93 13,05 15,07 71,88

Chorrochó 10.589 18,45 7,42 12,32 80,26

Glória 15.843 29,57 11,13 14,23 74,64

Macururé 9.969 13,22 7,06 13,74 79,20

Paulo Afonso 103.776 1.255,97 0,51 74,15 25,35

Rodelas 7.705 18,90 9,71 21,64 68,65

Total 163.150 1.365,05 - - -

Fonte: Banco de Dados da SEI. Disponível em www.sei.ba.gov.br.Acesso em 23/01/2008 (1) Dados sujeito a retificação De acordo com o banco de dados da RAIS, ano de competência 2006, o número de estabelecimentos formalmente constituídos alcança a casa de 1.019 e o de empregos com carteira assinada por esses estabelecimentos chegam a 11.689 (Tabela 2). Apenas os números relativos à economia de Paulo Afonso respondem por quase 84% desses totais, ficando os demais com fatias muito pequenas, principalmente Macureré e Rodelas. Se levantados os mesmos números de estabelecimentos e de empregos com carteira assinada no conjunto da economia baiana, obtêm-se 128 mil estabelecimentos e 1.681 mil empregos. Confrontados tais números com os do território, constata-se que a importância relativa dos estabelecimentos localizados nos municípios de Itaparica é de 0,8 % do total da Bahia, enquanto que os empregos formais gerados por esses estabelecimentos correspondem a 0,7 % desse grupo de empregos do estado. São percentuais de participação inferiores ao referente à importância do PIB da região no da Bahia, o que reforça a tese de que a economia do território é fortemente impactada por um único empreendimento - o complexo hidroelétrico –, sem haver uma grande gama de negócios.

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Tabela 2: Números de Estabelecimentos e de Empregos Formais nos Municípios do Território Itaparica – Por Grandes Setores Econômicos - 2006

Indústria Construção

Civil Comércio Serviços Agropecuária Total Municípios

Est. Emp. Est. Emp. Est. Emp. Est. Emp. Est. Emp. Est. Emp.

Abaré 0 0 1 0 8 17 6 405 3 81 18 503

Chorrochó 0 0 1 0 4 9 4 309 0 0 9 318

Glória 1 3 1 2 6 27 4 531 9 24 21 587

Macururé 0 0 0 0 5 6 2 316 0 0 7 322 Paulo Afonso 60 1.467 36 433 550 2.724 277 5.070 33 121 956 9.815

Rodelas 0 0 0 0 3 6 5 138 0 0 8 144

Total 61 1470 39 435 576 2789 298 6769 45 226 1019 11689

Fonte: Banco de Dados da RAIS (2006). Posição do emprego formal em 31 de dezembro de 2006 Pelos dados expostos na Tabela 2, percebe-se que os setores indústria e construção civil quase não têm representatividade nos municípios Abaré, Chorrochó, Glória, Macureré e Rodelas. Em todos os municípios, o que prevalece são os estabelecimentos e empregos no comércio e atividades de serviços. Cabe registrar que no Cadastro Central de Empresas 2004, do IBGE, a ordem de grandeza do número de unidades locais e de pessoal ocupado nas atividades de indústria e comércio dos mesmos municípios não difere de forma relevante do exposto acima. Através de levantamentos no banco de dados da RAIS com níveis de desagregação maior, verifica-se que nesses municípios prevalecem os estabelecimentos de comércio varejista de mercadorias em geral, especialmente de produtos alimentares, como mini-mercados, mercearias e armazéns. Nos serviços, grande parte dos números de estabelecimentos corresponde a associações e clubes diversos, enquanto que os maiores números de empregados provêm de estabelecimentos da administração pública. 2.2 – Indústria Em Paulo Afonso, despontam com alguma relevância os seguintes segmentos da indústria de transformação e construção civil no conjunto da estrutura econômica baiana: 1) preparação e preservação do pescado e fabricação de conservas de peixes, crustáceos e moluscos (três estabelecimentos e 56 empregados com carteira assinada); 2) curtimento e outras preparações de couro (dois estabelecimentos e 16 empregados); e 3) sondagens e fundações destinadas à construção (cinco estabelecimentos e 54 empregados). No comércio, não se observa relevância em segmento específico algum frente ao tecido comercial do estado. De qualquer forma, há segmentos do comércio varejista que contam com mais de 100 estabelecimentos como: 1) o de mercadorias em geral, com predominância de produtos alimentícios; 2) o de artigos do vestuário e complementos; 3) o de produtos farmacêuticos, artigos médicos e ortopédicos, de perfumaria e cosméticos; e 4) o de material de construção. Já em serviço, destacam-se as atividades de rádio (oito estabelecimentos e 14 empregados). Dos seis municípios do território, também apenas no de Paulo Afonso são cadastradas empresas no Guia Industrial do Estado da Bahia 2006/2007, produzido pela FIEB. Encontram-se 20 empresas que empregam 338 trabalhadores4, conforme a Tabela 3. Embora, de acordo com dados da RAIS (2006) na Tabela 2, em 31 de dezembro de 2006, existissem 60 estabelecimentos industriais, no guia da FIEB, Tabela 3, constam

4 Esse número representa apenas 0,3% e 0,2% da população de Paulo Afonso e do Território de Itaparica respectivamente.

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apenas 20 porque este representa a amostra de empresas que preencheram o cadastro FIEB, o qual, diferentemente da RAIS, não é um registro obrigatório.

Tabela 3

Empresas Industriais do Município de Paulo Afonso Território Itaparica – 2006/2007

Atividade econômica No . de Estab.

No. de Emp.

Insumos

Confecção em geral exceto roupas íntimas 1 15 Tecido, fio, tinta para estampas

Confecção de roupas profissionais 1 5 Tecido brim, malhas e polyester

Construção de edifícios 2 8 Areia, pedra, cimento

Construção de rodovias e ferrovias 1 60 Aço, brita, cimento

Curtimento e outras preparações de couro 1 2 Couro

Fabricação de embalagem de plástico 1 10 Polietileno de alta / baixa densidade

Fabricação de esquadrias de madeira 1 7 Madeira, chapa, cola, lixa, prego

Fabricação de móveis de madeira 1 17 Espuma, tecido, madeira

Fabricação de produtos cerâmicos 1 40 Argila, água, energia, lenha Aparelhamento e outros trabalhos em pedra 1 15 Mármore, granito

Fabricação de produtos de panificação 2 25 Farinha de trigo, açúcar, Leite, fermento, ovo

Impressão de produtos gráficos 2 40 Papel, tinta, chapa

Obras de engenharia de outros tipos 1 12 Areia, brita, ferro, cimento

Preparação de produtos fitoterápicos 1 5 Ervas medicinais, garrafa PET, caixa de papelão Fabricação e venda de rações para peixes e camarões 1 31 Farinha de peixe, farinha de soja, milho e trigo em grão Preparação e fabricação de produtos do pescado 1 44 Ração para peixes, Insumo reversão, medicamento

Torrefação e moagem de café 1 2 Café em grão, embalagem

Total 20 338 ---

Fonte: Guia Industrial do Estado da Bahia 2006-2007 / FIEB. Pelos dados dispostos na Tabela 3, percebe-se que a atividade industrial no município de Paulo Afonso é heterogênea, não apresentando tendência de concentração em nenhum dos ramos industriais. Existe apenas um estabelecimento para cada atividade econômica, exceto nos segmentos de construção de edifícios, fabricação de produtos de panificação e impressão de produtos gráficos que aparecem com duas empresas em cada caso. As atividades econômicas de construção de edifícios; preparação e fabricação de produtos do pescado; e fabricação de produtos cerâmicos, apesar de serem as maiores empregadoras de mão-de-obra em Itaparica, não apresentam geração de empregos superior a sessenta trabalhadores em cada atividade. Trata-se de um dado relevante, considerando que as empresas listadas no referido Guia são, geralmente, as mais importantes da localidade. A integração entre essas empresas industriais só ocorre entre duas delas: fabricação e venda de rações para peixes e camarões, e preparação e fabricação de produtos do pescado. A primeira é a única fornecedora do insumo “rações para peixe” para a segunda, que é a principal matéria-prima utilizada pela primeira (conforme pesquisa direta). Estas são empresas com potencial exportador e de mesma composição societária, conforme Guia Industrial (FIEB, 2006/2007) e pesquisa direta. Através de contato telefônico com a Centermar, empresa de fabricação e venda de rações para peixes e camarões (31 empregados, segundo Guia Industrial e 35, de acordo com a RAIS para o único estabelecimento do CNAE 15563), obteve-se a informação de que a aquisição das matérias-primas mais importantes para o processo industrial –

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farinha de trigo, milho e soja – é feita, prioritariamente, no Sul/Sudeste do país e, secundariamente, nos municípios de Olindina, Jeremoabo, Barreiras e Luis Eduardo Magalhães. Cabe lembrar que Jeremoabo é município vizinho e pertencente ao território Semi-Árido Nordeste II. As vendas, por sua vez, são destinadas, grande parte, ao próprio município e, em menor medida, ao de Valença, no Baixo Sul. No mesmo contato, Edionaldo Gonçalves, funcionário da Centermar, afirmou que a empresa tem planos de ampliar a unidade já instalada e obteve, recentemente, financiamento para capital de giro com o Banco do Brasil e o Banco do Nordeste. Sua necessidade de financiamento permanece na modalidade de giro, entre R$ 300 e 500 mil. A empresa AAT International, fabricante de produtos para pescado (alevinos e tilápias), com 44 empregados pelo Guia Industrial, confirmou a aquisição de rações no próprio município. Segundo a visão de representantes da empresa, o mercado local reúne condições para atrair mais empresas fabricantes de rações, já que a região conta com a vantagem de dispor de água de qualidade e, assim, agregar mais produtores de pescado. Inclusive, no mesmo contato, informou perspectivas de ampliação da unidade instalada nos próximos dois anos. Avaliando conjuntamente os resultados de contatos com sete empresas localizadas em Paulo Afonso, percebe-se que quatro delas apontam as atividades jurídicas, de contabilidade e de auditoria dentre os mais importantes serviços empresariais demandados. Três dessas empresas contratam essas atividades no próprio município e uma delas utiliza-se de serviços prestados por empresas localizadas em Salvador e, em alguns casos, em São Paulo ou Belo Horizonte. O segundo serviço mais demandado pelas empresas entrevistadas foi o de manutenção de máquinas, equipamentos e aparelhos (exceto aparelhos de informática). Três das sete empresas contatadas indicaram esse serviço como importante para o seu negócio, tendo duas delas afirmado contratar o serviço prioritariamente fora da Bahia. Se considerado ranking de serviços prioritários para as atividades das empresas, em primeira posição se encontrariam “atividades jurídicas, de contabilidade e de auditoria”, “manutenção de máquinas, equipamentos e aparelhos (exceto aparelhos de informática)” e “serviços de piscicultura”. Estes são tidos como de qualidade boa e/ou razoável. Apenas serviço de piscicultura não foi qualificado pelas empresas (Ver Organograma 1). Em segundo lugar estão os serviços de: atividades de vigilância, segurança e investigação; limpeza em prédios e outras atividades de limpeza; edição, edição integrada à impressão. Os dois primeiros são adquiridos no município e o terceiro em Salvador-BA. E todos são considerados de boa qualidade (Ver Organograma 2). Na terceira posição estão os serviços de “serviços de escritório, apoio administrativo e outros serviços prestados às empresas”, “manutenção de máquinas, equipamentos e aparelhos (exceto aparelhos de informática)” e “atividades jurídicas, de contabilidade e de auditoria” (Ver Organograma 3). O primeiro, adquirido no próprio município, é o único considerado com qualidade razoável enquanto que o último, fornecido por outros municípios baiano e estados, é tido de excelente qualidade. O serviço de manutenção de máquinas, equipamentos e aparelhos (exceto aparelhos de informática), contratado localmente é classificado como de boa qualidade.

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Organograma 1 – Serviços classificados em primeiro lugar pelas empresas pesquisadas – Território de Itaparica

Organograma 2 – Serviços classificados em segundo lugar pelas empresas pesquisadas – Território de Itaparica

Serviços considerados pelas empresas como 1º em prioridades

Atividades jurídicas, de contabilidade e de auditoria 57,1%

Manutenção de máquinas, equipamentos e aparelhos (exceto aparelhos de informática) 28,6%

Serviços de Piscicultura 14,3%

Município 100%

Município 14%

Outros municípios/

BA 16%

Outros Município

40%

Município 60%

Boa 67%

Razoável 43%

Boa 50%

Razoável 50%

Qualidade não-

informada

Qualidade não-

informada

Boa 50%

Outro Estado 70%

Razoável 50%

Boa 50%

Razoável 50%

Serviços considerados pelas empresas como 2º em prioridades

Atividades de vigilância, Segurança e investigação 33,3%.

Limpeza em prédios e outras atividades de limpeza 33,3%.

Edição,edição integrada à Impressão 33,3%.

Município 100%

Boa 100%

Município 100%

Boa 100%

Outros municípios/ BA 100%

Boa 100%

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Organograma 3 – Serviços classificados em terceiro lugar pelas empresas pesquisadas – Território de Itaparica Em termos de matéria-prima, em função da heterogeneidade setorial das empresas instaladas em Paulo Afonso, não se observa confluência na demanda por insumos nas entrevistas com as empresas, assim como nas informações disponíveis no Guia Industrial (FIEB, 2007) e sistematizadas na Tabela 3. A pesquisa revela que todas as empresas realizam investimentos em pelo menos uma das seguintes modalidades: criação de marca própria, propaganda e/ou marketing, inovação de processos produtivos e treinamento e qualificação de mão-de-obra. O item criação de marca própria é utilizado por 88% destas empresas ao passo que propaganda e/ou marketing possui a menor adesão entre as modalidades. Cabe ressaltar que o alto índice de empresas que investem em inovação de processos produtivos e treinamento e qualificação de mão-de-obra, em certa medida, aponta um esforço por parte destas na busca de sustentabilidade e crescimento. Tabela 4 – Principais investimentos realizados pelas empresas - Itaparica

Investimentos Criação

de Marca Própria

Propaganda e/ou

Marketing

Inovação de Processos

Produtivos

Treinamento e Qualificação

da mão-de-obra

Sim 88% 50% 75% 75% Não 12% 50% 25% 25%

Fonte: Pesquisa direta. No que se refere a questões de financiamento, das sete empresas entrevistadas quatro solicitaram algum tipo de financiamento nos últimos anos, três obtiveram êxito, sendo duas para capital de giro e uma para investimento fixo. As instituições financeiras demandadas foram o Banco do Brasil (para capital de giro) e o Banco do Nordeste (para giro e fixo). O acesso ao crédito nas instituições financeiras é considerado fácil por somente duas das sete empresas entrevistadas. Enquanto que três indicaram como difícil e duas como moderado.

Serviços considerados pelas empresas como 3º em prioridades

Serviços de escritório, apoio administrativo e outros serviços prestados às empresas 33,3%

Manutenção de máquinas, equipamentos e aparelhos (exceto aparelhos de informática) 33,3%

Atividades jurídicas, de contabilidade e de auditoria 33,3%

Município 100%

Município 100%

Razoável 100%

Boa 100%

Outros Estados 60%

Outros municípios/BA

40%

Excelente 100% Excelente

100%

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Tabela 5 – Modalidades de financiamento e faixas de valores - Itaparica

Faixa de valores (em mil) Capital de Giro Investimento Fixo Geral

R$ 1 a R$ 50 - - - R$ 50 a R$ 200 60% 50% 62,5% R$ 200 a R$ 300 - 50% 12,5% R$ 300 a R$ 500 40% - 25% Acima de R$ 500 - -- -

Fonte: Pesquisa direta. Questionadas sobre a modalidade de financiamento mais adequada às necessidades da empresa, quatro responderam capital de giro e duas apontaram necessidade de recursos para investimento fixo. Independentemente da modalidade, quatro indicaram necessidades de recursos de até R$ 200 mil e duas ficaram na faixa de R$ 200 a 500 mil. Sobre o pólo de aqüicultura instalado no território de Itaparica, com a presença de empresas de maior porte em Paulo Afonso, cabem algumas informações adicionais. Pelo banco de dados da RAIS, ano 2005, existem 15 estabelecimentos assentados no território, sendo 11 deles em Paulo Afonso (três de pesca e serviços relacionados, dois de aqüicultura e serviços relacionados, três de preparação e preservação do pescado e fabricação de conservas de peixe, e um de fabricação de rações balanceadas para animais); três em Glória (todos de aqüicultura e serviços relacionados); e um em Rodelas (de pesca e serviços relacionados). Pelo Cadastro Central de Empresas do IBGE, há dez unidades locais em todo o território. De acordo com informações obtidas de piscicultores de Paulo Afonso, os projetos de cultura de tilápias iniciaram-se em 1997, através de associações, com duas mil gaiolas. Hoje já se pode dizer que há um pólo de piscicultura na região, com diferentes agentes econômicos envolvidos e negócios de porte pequeno, médio e grande. No lado da Bahia, o pólo conta com seis associações e a Cooperativa Mista dos Agropecuaristas de Paulo Afonso – Coomapa. Entre os maiores empreendimentos, está o frigorífico Netuno, para onde converge toda a produção, e cuja capacidade de processamento alcança 50 toneladas de pescado por dia. O complexo de barragens em Paulo Afonso hospeda o inovador projeto de tanques-rede para produção de tilápia. Esse empreendimento, juntamente com a implantação da MPE/AAT, que utiliza a técnica cultivo em raceways, deve colocar a Bahia no lugar de maior produtor deste peixe na América Latina, atingindo a marca anual de 25 mil toneladas. Existem outros empreendimentos voltados ao desenvolvimento da piscicultura em reservatórios de médio e grande portes. Calcula-se uma área de 130 mil hectares, com estimativa de produção de 30 mil toneladas por ano. (http://www.seagri.ba.gov.br/bahiapesca/pisci.htm, acesso em 20/10/07) 2.3 – Comércio A cidade de Paulo Afonso é um importante centro regional de comércio e de prestação de serviços, seja pela posição geográfica, seja pelo potencial econômico. Sua influência estende-se tanto aos municípios vizinhos do estado da Bahia a exemplo de Glória, Rodelas, Macureré, Chorrochó, Santa Brígida e Jeremoabo (Figura 2); quanto aos municípios pernambucanos e alagoanos, com destaque para Petrolândia, Jatobá e Delmiro Gouveia, este último no estado de Alagoas.

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A CDL de Paulo Afonso contava com 274 empresas associadas no primeiro semestre de 2007, conforme informações do presidente da entidade (Lima, 2007), agrupadas na Tabela 6 por ramos de atividades.

Tabela 6 Estabelecimentos Comerciais por Ramos de Atividade Município de Paulo Afonso – Território de Itaparica

Atividades Econômicas Nº de Estabelecimentos

Comércio e Serviços automotivos 30

Estabelecimentos de representação comercial 27

Com. Varejista de Materiais de Construção 21

Com. Varejista de Confecções e Tecidos 20

Atividade de clínicas médicas 14

Com. Varejista de Produtos Farmacêuticos 12

Com. Varejista de Combustíveis para Veículos 11

Comercio e Indústrias 8

Com. Varejista de Supermercados 7

Serviços de materiais agrícolas 6

Serviços gráficos e impressão à edição 5

Bancos Comerciais 4

Serviços de escritórios de contabilidade 4

Fabricação de Produtos de Panificação 4

Com. Varejista de Móveis 4

Outras atividades comerciais e serviços diversos (*) 97

Total 274 Fonte: CDL / Paulo Afonso Segundo o presidente da CDL (Lima, 2007), apesar da redução de investimentos na região por parte da CHESF, inclusive com diminuição do seu quadro de pessoal, a economia do município vive um bom momento. Há expectativa de que o comércio apresente um crescimento da ordem de 12% no ano de 2007 em relação a 2006. De acordo com o presidente da Associação Comercial de Paulo Afonso (Santos, 2007), o crescimento da atividade econômica tem sido liderado pelos setores de educação e de saúde, que, ao gerarem novos empregos, também atraem uma grande população flutuante. Encontram-se também instaladas no município lojas do G. Barbosa e da Insinuante, redes varejistas do ramo alimentício e de eletrodomésticos respectivamente. Recentemente, a Canal Jeans, do segmento de confecções, também abriu um estabelecimento no município. Especula-se que brevemente será instalada uma loja da Casas Bahia, do ramo de eletrodomésticos (Santos, 2007). Há boas perspectivas para o setor de serviços, notadamente para a hotelaria, já que se identifica carência de leitos, bem como de lanchonetes e restaurantes. Segundo Santos (2007) existe espaço para ampliação de serviços no fornecimento de materiais de construção, de papelaria e livraria. 2.4 – Agropecuária 2.4.1 – Agricultura A produção agrícola em Itaparica abrange 17 variedades de cultura das quais se destacam banana, mandioca e melancia, com produtividade média superior a da Bahia.

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Entretanto estas culturas não possuem participação relativa relevante na produção do estado. A goiaba é a cultura com maior representatividade nesta região em relação ao estado, 4,7% da quantidade produzida e a menor em termos de área plantada e colhida. O município de Rodelas é responsável por 39,2% da produção, seguido por Glória 29,9% e Abaré 21,1%. A maior produtividade entre os municípios pertence a Glória. O feijão é a cultura que ocupa maior área, 6.113 hectares, seguido pelo milho, com 4.110 hectares. Da área plantada de feijão, 1.470 hectares se encontram em Glória, responsável por 49,2% de toda quantidade produzida no território. O município de Paulo Afonso participa com 36% da produção, ou seja, com 1.030 toneladas de feijão/ano. O município com maior índice de produtividade nessa cultura é Abaré que representa apenas 5,5% do total produzido (Tabela 7). Tabela 7 – Principais Culturas no Território de Itaparica em 2006

Produtividade média (tonelada/ hectare

plantado) Culturas Quantidade produzida (Tonelada)

Valor da produção (Mil Reais)

Área plantada (Hectare)

Área colhida

(Hectare)

Participação na Bahia em

% Itaparica Bahia

Banana 6122 2927 352 352 0,5 17,39 14,12

Feijão (em grão) 2988 2482 6113 6113 0,8 0,49 0,48

Goiaba 747 182 56 56 4,7 13,34 19,82

Mamona 180 50 400 400 0,3 0,45 0,59

Mandioca 8615 862 695 695 0,2 12,40 11,35

Melancia 3145 865 161 161 1,3 19,53 15,92

Milho (em grão) 2181 832 4110 4110 0,2 0,53 1,41

Fonte: Pesquisa Agrícola Municipal do IBGE O município de Abaré é o maior produtor de banana do território, responsável por 71,8% de toda a produção e maior produtividade média entre os municípios. Glória é o segundo maior produtor muito embora represente apenas 17% da quantidade produzida em Itaparica. O município de Paulo Afonso apresenta a maior produtividade média e quantidade produzida da mandioca no território, responsável por 75,4% desta cultura e é o único a cultivar a mamona. O segundo maior produtor desta é Glória com 1.035 toneladas. Conforme exposto na Tabela 7, a cultura da melancia apresenta produtividade superior à média da Bahia. No território, Glória se destaca na produção desta cultura com participação de 71,8% (2,2 mil toneladas). A produção do milho se concentra em apenas dois municípios, Glória e Rodelas, que respondem por 86,6% de toda a quantidade produzida em Itaparica. A produtividade (0,53) destes é inferior à obtida para o estado (Tabela 7). Constata-se que no Território de Itaparica, o rendimento por hectare da banana, da melancia e da mandioca é superior ao rendimento médio dessas culturas no estado, o que aparentemente é um indicador para se estimularem suas lavouras. (Tabela 7).

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2.4.2 Pecuária As atividades de pecuária em Itaparica englobam a criação de caprinos, ovinos, bovinos, galinhas, galos e frangos, eqüinos, codornas, asininos e muares, que somam 285,5 mil cabeças. Esse valor representa apenas 0,5% do número total de animais no estado (Tabela 8 e Gráfico 1). Na região, a pecuária é fortemente caracterizada pela criação de caprinos e ovinos. Estes correspondem a 52% das atividades pecuárias na região, com pouco mais de 149 mil cabeças. Entretanto, esses rebanhos representam apenas respectivamente 2,4% e 1,7% do total da Bahia em 2006. Outro destaque no território é a criação de codornas, nove mil cabeças, que corresponde a quase 3% do número total deste animal na Bahia. A criação de galinhas e galos, frangas, frangos e pintos, embora possuam pouca representatividade no estado, no território participa com quase 18% no número de animais com 52,6 mil cabeças. O rebanho bovino é de 34,6 mil cabeças, 11,8% do número total de animais em Itaparica, mas em termos estaduais essa participação cai para menos de 1%. Tabela 8 – Quantidade (cabeças) de animais em 2006 – Itaparica

Tipo de Rebanho Quantidade (cabeças) de animais

Participação no total da Bahia (%)

Caprino 95.691 2,4

Ovino 53.567 1,7

Galos, frangas, frangos e pintos 52.630 0,3

Galinhas 42.049 0,3

Bovino 34.671 0,3

Codornas 9.000 2,9

Suíno 3.502 0,2

Asinino 1.097 0,4

Eqüino 2.327 0,4

Total 294.534 0,6 Fonte: Pesquisa Pecuária Municipal do IBGE Gráfico 1– Participação de animais na pecuária em 2006 Território de Itaparica (BA)

Caprino32,5%

Asinino0,4%

Ovino18,2%

Eqüino0,8%

Galos, frangas, frangos e pintos

17,9%

Bovino11,8%

Codornas3,1%

Suíno1,2%

Galinhas14,3%

Fonte: Pesquisa Pecuária Municipal do IBGE

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O município de Abaré concentra o maior rebanho de caprinos com 24,4 mil cabeças (cerca de 25,6% do total) e de ovinos com 15,1 mil cabeças (cerca de 28,2% do total). Este município também lidera o ranking em número de asininos, com 480 cabeças (Tabela 9). O segundo maior produtor de caprinos é Macururé com rebanho de 20 mil cabeças. No que se refere a criação de ovinos Paulo Afonso é o maior produtor (18,4 mil cabeças). Este município é o maior na bovinocultura, com 51,5% do número de animais em todo o território, cerca de 17,8 mil cabeças (Tabela 9). O segundo maior rebanho de bovinos está localizado em Abaré com 5,1 mil cabeças. Conforme disposto na Tabela 9, a criação de codornas se dá exclusivamente em Paulo Afonso, não havendo registro em outros municípios. Esse lidera na criação de eqüinos (893 cabeças), galos, frangas, frangos e pintos (42,2 mil cabeças) e suínos (2,2 mil cabeças). O município de Glória possui o maior número de cabeças de galinhas e o segundo de galos, frangas, frangos e pintos e muares. Tabela 9 – Quantidade (cabeças) de animais por município em 2006

Municípios Caprino Ovino Galos, frangas, frangos e pintos Suíno Galinhas Asinino Eqüino Bovino Codornas Muar

Abaré 24.491 15.105 3.512 374 2.332 480 506 5.147 - 69

Chorrochó 17.191 9.061 1.448 186 957 151 367 3.626 - 315

Glória 10.774 3.675 5.217 546 34.056 152 253 3.536 - 220

Macururé 20.021 3.718 152 27 91 30 146 2.112 - 35 Paulo Afonso 16.148 18.467 42.239 2.283 4.574 243 893 17.857 9.000 309

Rodelas 7.066 3.541 62 86 39 41 162 2.393 - 12

Fonte: Pesquisa Pecuária Municipal do IBGE

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3 – Semi-Árido Nordeste II 3.1 – Apresentação A região Semi-Árido Nordeste II perfaz uma área de 16.379,3 km2 (exatamente 1/3 da área do total dos três territórios) e reúne 18 municípios: Adustina, Antas, Banzaê, Cícero Dantas, Cipó, Coronel João Sá, Euclides da Cunha, Fátima, Heliópolis, Jeremoabo, Nova Soure, Novo Triunfo, Paripiranga, Pedro Alexandre, Ribeira do Amparo, Ribeira do Pombal, Santa Brígida e Sítio do Quinto (Figura 2). O mais próximo da capital, com cerca de 230 km de distância, é Nova Soure, e o município mais distante é Coronel João Sá, que fica a 440 km de Salvador. Nesses 18 municípios, residem quase que 418 mil pessoas, segundo estimativa do IBGE para 2006 (25% do total em Euclides da Cunha e Ribeira do Pombal). A economia da região, em termos de PIB, alcançou R$ 1.009,8 milhões em 2005 (cerca de 27% do total dos três territórios e 1,11% do PIB baiano), concentrada em quase 30% nos municípios de Euclides da Cunha e Ribeira do Pombal (Tabela 10). Na composição do VAB das economias municipais desse território, destacam-se as atividades de serviços com mais ou menos 70% de participação. Nesses municípios prevalece uma maior relevância das atividades agropecuárias, após o setor terciário. Tabela 10 – População e PIB dos Municípios do Território Semi-Árido Nordeste II

Agropecuária Indústria Serviços Municípios População (2006)

PIB (2005) (R$ milhões ) (1) VAB (%) VAB (%) VAB (%)

Adustina 14.735 56,36 55,23 5,30 39,46

Antas 11.816 31,47 16,72 10,79 72,49

Banzaê 10.911 23,28 11,37 11,83 76,80

Cícero Dantas 33.683 78,88 12,12 10,94 76,95

Cipó 15.767 32,59 6,35 12,32 81,33

Coronel João Sá 21.530 42,12 24,46 9,62 65,92

Euclides da Cunha 55.412 149,24 17,05 12,00 70,96

Fátima 18.751 37,34 21,72 11,22 67,06

Heliópolis 14.384 27,73 15,88 11,49 72,64

Jeremoabo 32.314 84,96 23,23 9,67 67,10

Nova Soure 24.207 55,03 17,15 13,25 69,59

Novo Triunfo 15.454 23,29 9,04 12,58 78,37

Paripiranga 27.006 89,29 35,30 7,53 57,17

Pedro Alexandre 18.538 29,50 20,44 10,74 68,82

Ribeira do Amparo 13.874 28,68 18,53 10,83 70,63

Ribeira do Pombal 49.040 149,37 8,28 15,14 76,58

Santa Brígda 19.564 30,87 14,68 11,57 73,76

Sitio do Quinto 20.700 39,84 30,87 9,45 59,67

Total 417.686 1.009,82 - - - Fonte: Banco de Dados da SEI. Disponível em www.sei.ba.gov.br. Acesso em 23/01/2008. (1) Dados sujeito a retificação. Conforme dados da RAIS, Tabela 11, em 31 de dezembro de 2006 havia 1.187 estabelecimentos formais nos municípios do território (menos de 1% do total do estado), enquanto os empregos com carteira assinada atingiam um total de 15.708 (0,93% do mesmo agregado baiano),. São números que revelam estruturas empresariais com capacidade de geração de emprego formal inferior à media do conjunto do estado. Semelhante à distribuição do PIB, verifica-se uma concentração de estabelecimentos e de empregos formais nos municípios de Euclides da Cunha e Ribeira do Pombal,

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destacados no mapa da Figura 2. Os dois municípios juntos respondem por 1/3 dos estabelecimentos localizados no território e dos empregos gerados. No setor industrial, os dois municípios abarcam 45% dos estabelecimentos e, na construção civil, eles chegam a sediar 50% dos estabelecimentos assentados no território. Nas atividades terciárias, comércio e serviços, Euclides da Cunha e Ribeira do Pombal também reúnem os maiores números de estabelecimentos e empregados que qualquer outro município, mas os percentuais de participação relativa desses grupos já são menores que os apresentados acima. Compondo um segundo grupo de municípios em termos de importância econômica – PIB e quantidade de estabelecimentos produtivos e postos de trabalho - despontam Cícero Dantas, Jeremoabo e Paripiranga (Figura 2). Os três municípios juntos respondem por 22% do PIB do território, 30% do número de estabelecimentos e 25% do número de empregados. Tabela 11 – Números de Estabelecimentos e de Empregos Formais nos Municípios do Território Semi-Árido Nordeste II – Por Grandes Setores Econômicos - 2006

Indústria Construção

Civil Comércio Serviços Agropecuária Total Municípios Est. Emp. Est. Emp. Est. Emp. Est. Emp. Est. Emp. Est. Emp.

Adustina 0 0 1 0 19 30 4 453 1 3 25 486

Antas 1 3 0 0 24 34 5 439 2 1 32 477

Banzaê 0 0 1 61 11 20 3 550 0 0 15 631

Cícero Dantas 10 26 0 0 113 273 18 1.515 8 17 149 1.831

Cipó 2 5 0 0 26 69 11 520 2 3 41 597

Coronel João Sá 0 0 1 1 7 14 4 12 5 14 17 41

Euclides da Cunha 24 226 8 70 173 491 64 1.266 10 16 279 2.069

Fátima 0 0 0 0 11 43 3 551 2 6 16 600

Heliópolis 0 0 1 2 15 31 3 387 4 4 23 424

Jeremoabo 9 55 1 0 56 133 22 929 16 43 104 1.160

Nova Soure 3 247 0 0 24 65 7 920 6 7 40 1.239

Novo Triunfo 1 1 0 0 5 6 4 509 0 0 10 516

Paripiranga 1 13 1 0 43 189 18 728 2 1 65 931

Pedro Alexandre 1 20 0 0 7 10 2 5 5 10 15 45 Ribeira do Amparo 0 0 0 0 7 14 2 6 3 84 12 104

Ribeira do Pombal 12 56 4 131 210 781 69 2.259 21 51 316 3.278

Santa Brígida 1 3 0 0 11 24 4 502 4 5 20 534

Sítio do Quinto 0 0 0 0 5 7 3 738 0 0 8 745

Total 65 655 18 265 767 2.234 246

12.289 91 265 1.187

15.708

Fonte: Banco de Dados da RAIS (2006). Avaliando o banco de dados da RAIS com maior abertura dos setores industriais e de comércio, constatam-se as seguintes pequenas concentrações: 1) em Euclides da Cunha, três estabelecimentos de fabricação de concreto, fibrocimento e cimento; seis de fabricação de cal virgem, cal hidratado e gesso; quatro de móveis com predominância em madeira; 24 estabelecimentos comercias de veículos; e diversos outros de comércio varejista em geral (de produtos alimentares e de confecções, na maior parte); 2) em Ribeira do Pombal, 30 estabelecimentos comerciais de peças e assessórios de veículos; dez atacadistas de cereais e leguminosas; 19 atacadistas de produtos alimentares e bebidas; e diversos varejistas predominantemente de artigos de vestuário, com 62 estabelecimentos, e de material de construção, com 56. Em Cícero Dantas, Jeremoabo e Paripiranga, as concentrações restringem-se aos estabelecimentos comerciais,

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especialmente de produtos alimentares diversos e confecções. O maior destaque nos outros municípios é a presença da Companhia de Cítricos do Brasil (antiga Cajuba), em Nova Soure, produtora de sucos de frutas, com 283 empregos formais em 2005. 3.2 – Indústria No Guia Industrial do Estado da Bahia 2006/2007 (Fieb, 2007), são apresentadas informações referentes a 22 empresas situadas no território Semi-Árido Nordeste II5, que empregam 327 trabalhadores6 (Tabela 12). Estas empresas estão distribuídas em apenas sete dos dezoito municípios que compõem o território, sendo: 12 em Euclides da Cunha; quatro em Ribeira do Pombal; e duas em Antas. Os municípios de Adustina, Cícero Dantas, Jeremoabo e Paripiranga possuem uma empresa cada um, conforme se constata na Tabela 12. Isto revela a deficiência nas atividades industriais do território em questão, na medida em que menos da metade dos seus municípios possuem algum tipo de empresa industrial cadastrada no Guia em questão. Tabela 12 – Empresas Industriais do Território Semi-Árido Nordeste II – 2006/2007

Atividade Econômica No. de Estab.

No. de Emp. Insumos Município

Euclides da Cunha Confecções em geral 2 17 Malhas, tecido.

Ribeira do Pombal Euclides da Cunha

Edição e impressão de produtos gráficos 2 8 Tinta, papel, chapa. Ribeira do Pombal

Extração de calcário e fabricação de cal, cal hidratada

5

199 Calcário, areia, lenha, cimento Euclides da Cunha

Fabricação de artefatos em mármore e granito

1

11 Mármore, granito, ardósia Ribeira do Pombal

Adustina Fabricação de esquadrias de metal 2 14 Ferro Ribeira do Pombal

Fabricação de estofado e conjunto de mesa com cadeiras

1

15 Madeira, tecido, espuma, grampo, percinta

Euclides da Cunha

Fabricação de estruturas de madeira para construção

1

20 Madeira, parafuso Paripiranga

Fabricação de malas, bolsas e outros artefatos de viagem

1

4 Lona, couro estonado, nylon amassado, TNT, verniz

Euclides da Cunha

Fabricação de produtos cerâmicos 1

16 Argila Jeremoabo

Antas Fabricação de produtos do laticínio 2 6 Leite, essência Cícero Dantas

Fabricação de refrigerantes tubaína 1 3 Corante, açúcar, essência Euclides da Cunha

Fabricações de sabões, sabonetes e detergentes

1 10 Parafina, sebo bovino, soda cáustica,

pigmentos, sulfato, barrilha Euclides da Cunha

Fabricação de sorvetes 1 1 Açúcar, leite, fruta, essência Euclides da Cunha

Processamento industrial do fumo 1 3 Fumo Antas

Total 22

327 --- ---

Fonte: Guia Industrial do Estado da Bahia 2006 - 2007 / FIEB. Mais da metade das empresas industriais listadas acima se concentra no município de Euclides da Cunha. A maioria dessas indústrias está centrada na atividade de extração de calcário e fabricação de cal e cal hidratada com cinco empresas contratantes de 199 trabalhadores7, que representam 60% do total de empregos na indústria em todo o 5 O Guia Industrial representa a amostra de empresas que preencheram o cadastro FIEB, o qual, diferentemente da RAIS, não é um registro obrigatório. 6 Esse número representa 0,07% da população total do Semi-Árido Nordeste II. 7 Esse número representa 0,36% da população total de Euclides da Cunha.

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território por esse levantamento. Tal percentual é compatível com a natureza dessa atividade, intensiva em mão-de-obra. As duas maiores empresas locais nesse segmento são a Ferbasa, que utiliza toda sua produção para consumo próprio e a Cal Damasceno, fornecedora de cal para outras empresas. De acordo com Ataíde (2007), presidente da CDL de Euclides da Cunha o fechamento da fábrica Cal Sublime em Euclides da Cunha em 1999 afetou fortemente o comércio local nos últimos anos, pois a empresa gerava 300 empregos diretos e pelo menos 600 indiretos. Constata-se pelas estatísticas que a atividade industrial é insignificante em Ribeira do Pombal (Tabela 12), o que foi confirmado pelo Sr. Antônio Walter Passos Conceição Junior, presidente da CDL dessa cidade, “nosso município não tem indústria” (Junior, 2007). Na visão dele, seria importante atrair uma indústria intensiva em mão-de-obra para o município, como a calçadista. As atividades econômicas de confecção em geral, edição e impressão de produtos gráficos, fabricação de esquadrias de metal, e fabricação de derivados do leite, possuem duas empresas cada uma, que não se localizam no mesmo município. As demais atividades possuem apenas uma empresa (Tabela 12). No povoado de Tracupá, município de Tucano, encontra-se uma atividade artesanal de excelente qualidade na fabricação artefatos de couro natural, bolsas e carteiras. Na comunidade há pessoas habilidosas nesse ofício, embora a matéria prima não pareça ser de origem local, conforme constatado na visita ao lugarejo. Considerando os insumos fornecidos, existe uma forte demanda por calcário, areia, lenha e cimento em virtude das empresas de extração, estabelecidas pela disponibilidade local de calcário. Ademais, matérias-primas como tecido e madeira são comuns a pelo menos duas das principais atividades econômicas na região. Fato semelhante foi constatado no território de Itaparica. A pesquisa realizada com treze das vinte uma empresas cadastradas no guia industrial abrange as seguintes atividades econômicas:

� Confecção de roupas íntimas, blusas, camisas e semelhantes; � Edição e impressão de produtos gráficos; � Fabricação de esquadrias de metal; � Fabricação de cal virgem, cal hidratada e gesso; � Fabricação de produtos do laticínio e preparação do leite � Fabricação de produtos cerâmicos não-refratários para uso estrutural na

construção civil; � Processamento industrial do fumo.

Das empresas entrevistadas nove atuam na atividade há mais de seis anos, duas possuem de quatro a seis anos e outras duas têm de dois a quatro anos. Esses dados indicam que o setor industrial do território estão estabelecidas no mercado há algum tempo. O principal mercado consumidor de seus produtos se localiza fora dos seus municípios. Observa-se que 42% de suas vendas são encaminhados para outros municípios baianos, 17% seguem para outros estados e 41% são vendidos localmente. As empresas demandam os seguintes serviços: Atividades jurídicas, de contabilidade e de auditoria; Atividades de sedes de empresas e de consultoria em gestão empresarial; Serviços de arquitetura e engenharia; testes e análises técnicas; Agências de viagens, operadores turísticos e serviços de reservas; Atividades de vigilância, segurança e investigação; Manutenção de máquinas, equipamentos e aparelhos (exceto aparelhos de

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informática); Edição, edição integrada à impressão; Armazenamento, carga e descarga; Transporte de cargas; Aluguel de máquinas e equipamentos (Ver Organogramas 4, 5 e 6). Os serviços mais requisitados e considerados prioritários são: atividades jurídicas, de contabilidade e de auditoria; manutenção de máquinas, equipamentos e aparelhos (exceto aparelhos de informática) e transporte de cargas (Ver Organograma 4). Esses são classificados de qualidade boa e/ou excelente em sua maioria. Serviços de arquitetura e engenharia, testes e análises técnicas quando adquirido no município recebe a qualificação razoável por 100% das contratantes, bem como manutenção de máquinas, equipamentos e aparelhos (exceto aparelhos de informática) que é considerado razoável por 33,3%. Os serviços considerados como segundo mais importante no desenvolvimento das atividades das empresas são: Atividades jurídicas, de contabilidade e de auditoria, com 40%; Manutenção de máquinas, equipamentos e aparelhos (exceto aparelhos de informática, com 40%; Atividades de sedes de empresas e de consultoria em gestão empresarial, com 20%. Estes são classificados como de qualidade boa e/ou excelente, à exceção do primeiro, que quando adquirido no município é considerado de qualidade razoável (Ver Organograma 5).

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Organograma 4 – Serviços classificados em primeiro lugar pelas empresas pesquisadas – Território Semi-Árido Nordeste II

Serviços considerados pelas empresas como 1º em prioridades

Atividades jurídicas, de contabilidade e de auditoria

50%

Manutenção de máquinas, equipamentos e aparelhos (exceto aparelhos de informática) 16,7%

Serviços de arquitetura e engenharia; testes e análises

técnicas 16,7%

Transporte de cargas 8,3%

Aluguel de máquinas e equipamentos 8,3%

Município 83,3%

Outro Estado 16,7%

Boa 80%

Excelente 20%

Excelente 100%

Município 80%

Outro Município

10%

Outro Estado 10%

Excelente 33,3%

Boa 33,3%

Excelente 100%

Excelente 100%

Razoável 33,3%

Município 50%

Razoável 100%

Outros municípios/BA

100%

Excelente 100%

Outros municípios/BA

100%

Boa 100%

Outros municípios/BA 50%

Boa 100%

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Organograma 5 – Serviços classificados em segundo lugar pelas empresas pesquisadas – Território Semi-Árido Nordeste II

Organograma 6 – Serviços classificados em terceiro lugar pelas empresas pesquisadas – Território Semi-Árido Nordeste II Atividades de vigilância, segurança e investigação, imunização e controles de pragas e transporte de cargas são considerados como o terceiro serviço mais importante. Estes obtiveram o mesmo peso atribuído pelas empresas (33,3% das preferências cada um) e qualificação excelente e boa (Ver Organograma 6). As empresas informaram que investem na criação de marca própria, propaganda, marketing, inovação, treinamento e qualificação da mão-de-obra. A modalidade de maior adesão é a propaganda e marketing dos produtos, a qual é realizada por 85% das empresas. Ao passo que a de menor freqüência é treinamento e qualificação da mão-de-obra, somente 46% das empresas investem nesta categoria.

Serviços considerados pelas empresas como 3º em prioridades

Atividades de vigilância, segurança e investigação

33,3%.

Imunização e controles de pragas 33,3%

Transporte de cargas 33,3%

Município 80% Outros Estados 20%

Excelente 100% Excelente

100%

Município 100%

Excelente 100%

Outros municípios/BA 100%

Boa 100%

Serviços considerados pelas empresas como 2º em prioridades

Atividades jurídicas, de contabilidade e de auditoria

40%

Manutenção de máquinas, equipamentos e aparelhos

(exceto aparelhos de informática) 40%

Atividades de sedes de empresas e de consultoria

em gestão empresarial 20%

Município 50%

Outros municípios/BA

50%

Razoável 100%

Excelente 100%

Município 50%

Outros municípios/BA

50%

Boa 100%

Boa 100%

Município 100%

Excelente 100%

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No contexto geral a pesquisa constata que todas as empresas realizam pelo menos uma das modalidades de investimento e todas almejam realizar investimentos para os anos de 2008 e 2009. Dentre as treze empresas entrevistadas: quatro têm a intenção de ampliar unidades já instaladas, quatro pretendem modernizar ou reformar suas unidades, quatro possuem projetos para implantar nova unidade e uma deseja modernizar e implantar unidades. O alto grau de intenções em investimentos entre os empresários locais é reforçado pelo número de empresas, sete das treze empresas, que solicitaram financiamento nos últimos anos. Destas sete, seis obtiveram êxito na aquisição do crédito: i) quatro em investimento fixo; ii) uma em capital de giro; iii) uma em investimento fixo e capital de giro. As instituições financeiras demandadas foram o Banco do Brasil (para capital de giro e fixo), Cartão BNDES (para fixo) e Bradesco (para giro). Tabela 13 – Principais investimentos realizados pelas empresas pesquisadas – Território Semi-Árido Nordeste II

Investimentos Criação

de Marca Própria

Propaganda e/ou

Marketing

Inovação de Processos

Produtivos

Treinamento e Qualificação

da mão-de-obra

Sim 77% 92% 70% 54% Não 23% - 23% 39% Sem informação - 8%% 7% 7%

Fonte: Pesquisa direta. A modalidade de financiamento que mais se adéqua às necessidades das empresas é o investimento fixo, preterido por 62% delas. O capital de giro é desejado por apenas 23% das entrevistadas e 15% não declaram informação a respeito. A faixa de valor com maior incidência na pesquisa é a de R$1.000,00 a R$ 50.0000,00, apontado por seis das onze empresas independente da modalidade. Quatro empresas declararam que a faixa mais apropriada as suas necessidades é a entre R$50.000,00 a R$ 200.000,00. Somente uma empresa almeja valores acima de R$ 500 mil, que, por sua vez, se enquadra em investimento fixo. Tabela 14 – Modalidades de financiamento e faixas de valores pelas empresas pesquisadas – Território Semi-Árido Nordeste II

Faixa de valores (em mil) Capital de Giro Investimento Fixo Geral

R$ 1 a R$ 50 66,7% 50% 54,5% R$ 50 a R$ 200 33,3% 37,5% 36,4% R$ 200 a R$ 300 - - - R$ 300 a R$ 500 - - - Acima de R$ 500 - 12,5% 9,1%

Fonte: Pesquisa direta. O acesso ao crédito é considerado difícil por cinco das onze empresas que responderam a este quesito. Das demais, metade considera fácil e a outra metade como moderado. 3.3 – Comércio Em todo território Nordeste II existem cerca de três mil estabelecimentos comerciais que respondem por quase dois mil empregos formais (Tabela 11). A maior concentração está em Ribeira do Pombal com 527 estabelecimentos e 682 empregos formais (Tabela 11), onde o comércio é a principal atividade econômica do município. Esse fato é

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atribuído à sua localização geográfica que, num raio de 90 km, atende aos municípios de Cipó, Nova Soure, Olindina, Cícero Dantas, Quinjugue, Antas, Sitio do Quinto, Jeremoabo, Nova Triunfo, Fátima, Tucano e Euclides da Cunha (Figura 2). Há uma expectativa de intensificação do seu comércio em decorrência da recuperação das rodovias BR 410 e BR 110 com a operação “Tapa Buracos” do governo federal, embora haja grandes problemas também em suas estradas vicinais (Junior, 2007). O município de Ribeira do Pombal conta com uma loja da rede Insinuante e um supermercado GBarbosa. De acordo com Junior (2005) breve será instalada uma loja Ricardo Eletro. A CDL tem 85 associados pertencentes aos ramos de móveis, eletrodomésticos, calçados, farmacêutico e de material de construção. O segundo pólo comercial do território é o município de Euclides da Cunha, com 502 estabelecimentos comerciais (Tabela 11), que atende às demandas de consumo de dez municípios vizinhos: Quinjugue, Cansação, Tucano, Monte Santo, Macururé, Canudos, Chorrochó, entre outros (Figura 2). A CDL local possui 140 associados, com destaque para os ramos de gêneros alimentícios e de material de construção. Este último com 24 estabelecimentos. Por sua vez, os trabalhos de manutenção e recuperação da BR 116 estimularam também o comércio de autopeças. Aos sábados há uma feira livre com venda de alimentos e roupas, porém, na visão dos lojistas locais, a feira prejudica o comércio formal. Embora, a BR116 tenha estimulado as atividades econômicas de Euclides da Cunha, as estradas vicinais, de responsabilidade da prefeitura, encontram-se em mau estado. Tenta-se recuperar as vias primárias com recursos próprios e do CIDE (imposto sobre combustíveis que é repassado aos municípios), de acordo com Sr. Neilton Rocha, Secretário de Administração da Prefeitura (Rocha, 2007). O município de Cícero Dantas é o terceiro do território em número de estabelecimentos comerciais (Tabela 11). Estão associados à CDL estabelecimentos. Dentre as principais atividades, destacam-se: gêneros alimentícios, mercados; material de construção, em virtude da demanda de cidades vizinhas; e eletrodomésticos. Algumas lojas de Ribeiro de Pombal instalaram filiais nesse município, a exemplo da Passos Nobre. 3.4 – Agropecuária 3.4.1 Agricultura A atividade agrícola no Semi-Árido Nordeste II abrange 18 tipos de culturas, das quais castanha de caju, feijão e milho têm grande representatividade estadual. Constata-se que o feijão, a mamona e o milho apresentam produtividade acima da média da Bahia (Tabela 15). A quantidade produzida de castanha de caju nesse território representa 65,2% (4,3 mil toneladas) da produção do estado, apesar de apresentar produtividade levemente inferior à média dessa. No território destacam-se quatro municípios: Cícero Dantas com uma produção de 1000 toneladas/ano; Ribeira do Amparo, com 900 t/ano; Ribeira do Pombal, com 800 t/ano e Banzaê com 700 t/ano (IBGE, 2006). Em todos estes a produtividade equipara-se a da média baiana. Os dados revelam o potencial da região nesta cultura, sinalizando oportunidade de negócio no beneficiamento da castanha de caju e da cajuína. No caso da castanha o seu processamento poderia ocorrer no próprio território utilizando as técnicas para conservação e embalagem. Entretanto ela tem sido

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toda encaminhada para outros estados como Ceará e Sergipe sem sofrer qualquer tipo de processamento. Destacam-se no Ceará duas grandes empresas, a Iracema e a Cica, que adquirem a matéria-prima na região para produção e distribuição do produto industrializado no mercado interno. A cajuína, considerada a polpa do caju geralmente é descartada, quando não utilizada na alimentação de animais como porcos.

A Cooparp – Cooperativa Agropecuária Mista dos Pequenos Agricultores da Região de Ribeira do Pombal, que existe desde 1988 e tem 96 cooperados, discute um projeto para implantação de uma fábrica para processamento da castanha e utilização da cajuína através de uma unidade de aproveitamento de frutas (caju, umbu, goiaba, cajá e manga). Esse projeto teria amplitude regional (Cícero Dantas, Banzaê, Olindina e outros). A mini-fábrica produziria sucos e polpas que seriam fornecidos à Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para distribuição na merenda escolar. De acordo com Santos (2007b), na região colhem-se 4,0 mil t/ano de caju, embora a produção ultrapasse esse valor. São necessários 5,00 mil t/ano de colheita para se viabilizar uma agroindústria. Vale destacar que Cooparp é mantida pela produção de uma roça comunitária (farinha de mandioca, mel e castanha) e pela revenda dos produtos dos agricultores. Doze apicultores locais estabeleceram parceria com uma cooperativa de Morro do Chapéu, a 400 km de distância, para venda de mel na região de Irecê, cuja distribuição para merenda escolar é também feita pela Conab que adquire o mel dos apicultores. Em se tratando de mel, a Cooperativa dos Apicultores do Sertão Ltda – Coapis, com sede em Cícero Dantas, é constituída por 150 produtores, sendo 60 deles localizados nesse município e o restante em Tucano, Jeremoabo, Ribeira do Pombal, Euclides da Cunha, Paripiranga, Adustina e Fátima. A associação organizou inclusive uma loja em Cícero Dantas para venda de seus produtos. De acordo com Neto (2007), embora o mel seja vendido no mercado a R$ 1,80/kg, a cooperativa o fornece à Conab, através de um convênio, ao preço de R$ 5,8/kg, depois de embalado e pronto para o consumo. Ressalta-se que a Coapis o adquire em estado primário do produtor ao preço de R$ 3,0/litro (Neto, 2007). Esses apicultores foram treinados pelo Sebrae na criação da abelha manda-saia, que além de não ter ferrão produz um mel de melhor qualidade e fácil manuseio. Os produtores da Cooparp, de Ribeira do Pombal, começaram a plantar girassol para ser utilizado na fabricação de biodiesel. Eles firmaram contrato com a empresa Bahia Ecodiesel, no qual ficou acordado que o preço mínimo do quilo do girassol seria R$ 0,50 e da mamona R$ 0,60. A fábrica, que fica em Iraquara nas proximidades de Irecê, utiliza mamona, girassol, dendê, pinhão-manso e amendoim. Na região de Ribeira do Pombal, a maioria dos agricultores trabalha com girassol, apesar do preço da mamona ser mais atrativo. Este fato é atribuído a dois fatores. Primeiramente porque grande parte dos produtores cria gado, o que, para eles entra em conflito com o plantio da mamona. Há uma crença que a ingestão de folhas de mamona prejudica o gado e que seu manuseio não deve ser feito por mulheres. Segundo, para os criadores de abelha e galinha, o cultivo do girassol contribui para maior produtividade dessas. Os produtores interessados em cultivar o girassol recebem a semente e o boro (micronutriente aplicado ao girassol) que custam R$112/kg. A cooperativa fornece o boro e uma empresa privada, a semente. O pagamento somente é feito pelo produtor após a colheita, no ato da venda dos grãos à cooperativa. Pelo contrato firmado se o produtor tiver prejuízos causados por forças alheias (por exemplo, a falta de chuva), este não será obrigado a pagar os R$112,00.

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De acordo com Santos (2007b), é possível se colher até dois mil quilos por hectare/ano de girassol, a R$ 0,5/kg, e se obter uma receita de R$ 1.000/ha a um custo de R$ 112/ha. Na visão dos cooperados a cultura do girassol para o biodiesel é sustentável. A empresa garante o preço. Para 2008, o preço do girassol está numa faixa de R$ 0,60 a 0,65/kg e o da mamona a R$ 0,75/kg. O girassol tem um ciclo longo, só é colhido uma vez ao ano. A mamona tem um ciclo de três meses e sua planta vive dois anos. No Território Semi-Árido Nordeste II, a cultura do feijão possui maior produtividade média quando comparada a da Bahia (Tabela 15). Sua quantidade produzida representa 30,1% do total no estado, ou seja, 108 mil t/ano. O segundo maior território em quantidade produzida de feijão no estado é o de Sisal com 65,3 mil t/ano8. Os municípios de Euclides da Cunha, Adustina, Paripiranga e Jeremoabo são os maiores produtores no território, que juntos respondem por 58,4% da quantidade total produzida no Território.

O milho apresenta taxa de produtividade média inferior a da Bahia, mas possui boa representatividade na quantidade produzida do estado tanto em termos de área plantada (25%) quanto em quantidade produzida (24,6%), conforme a Tabela 15. A produção desse cereal se concentra em Adustina e Paripiranga, que juntos produzem 172,8 mil t/ano, ou seja, 62,4% do total.

Evidentemente, o Semi-Árido Nordeste II apresenta forte vocação na produção de grãos, principalmente, de milho e feijão. No caso do feijão a produção tem sido superior a de regiões como Irecê, cuja participação na produção do estado foi de apenas 2,8% em 2006, até pouco tempo considerada a principal região produtora. A quantidade de milho produzida nesse território só perde para o Oeste Baiano9, que em 2006 foi responsável por 37,5% do total. Tabela 15– Principais Culturas no Território de Semi-Árido Nordeste II em 2006

Produtividade média (tonelada/ hectare plantado) Culturas

Quantidade produzida (Tonelada)

Valor da produção

(Mil Reais)

Área plantada (Hectare)

Área colhida

(Hectare)

Participação na Bahia em

% Semi-Árido Nordeste II Bahia

Banana 3055 1472 212 212 0,25 14,41 14,12

Castanha de caju 4316 237858 757172 756681 65,20 0,01 0,24

Feijão (em grão) 108072 76236 193510 193510 30,10 0,56 0,48

Mamona 508 284 730 730 0,70 0,70 0,59

Mandioca 126280 12853 10392 8692 2,90 12,15 11,35

Milho (em grão) 276721 83373 200100 200100 24,60 1,38 1,41

Sisal ou agave (fibra) 400 360 550 500 0,17 0,73 0,82 Fonte: Pesquisa Agrícola Municipal do IBGE (IBGE, 2006). A cultura da banana está presente em apenas cinco dos dezoito municípios do território, são eles: Cipó, Euclides das Cunha, Jeremoabo, Heliópolis, Nova Soure e Ribeira do Amparo. Ademais, cerca de 54% da quantidade produzida pertence a Heliópolis, que possui a maior produtividade média (20 t/hectare/ano).

8 O Território de Identidade de Irecê em 2005 foi responsável por apenas 8,2% de toda a quantidade produzida de feijão do estado. 9 Em 2005 o Oeste Baiano produziu 729,2 mil toneladas de milho, ou seja, 45,1% da quantidade de produzida na Bahia. O segundo maior produtor foi o território Bacia do Rio Corrente com 294,9 mil toneladas. O Semi-árido Nordeste II produziu 274,5 mil toneladas de milho naquele ano, ocupando a terceira posição no ranking estadual.

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A mamona possui baixa representatividade estadual, muito embora apresente boa taxa de produtividade média. Esta cultura está presente em dez municípios, com destaque para Ribeira do Pombal, responsável por 23,6% da produção. O segundo maior produtor no território é Paripiranga com 15,7% seguido por Euclides da Cunha com 11,8%. Euclides da Cunha e Nova Soure produzem mais da metade da quantidade de mandioca no território (66,5 mil t/ano). O segundo apresenta quase o dobro da produtividade do primeiro. Embora a produtividade média da mandioca do território seja superior à do estado (Tabela 15), este desempenho não é homogêneo. Os produtores de Cícero Dantas consideram o preço pago pelos “atravessadores”, que revendem o produto em Sergipe, inviável. Suas técnicas de produção são rudimentares e não há organização entre eles. Por sua vez, a Cooparp, de Ribeira do Pombal, formulou um projeto intitulado Aproveitamento Integral da Mandioca (PAIM) encaminhado para a fundação do Banco do Brasil, que consiste na criação de uma fábrica mecanizada de farinha para processamento e empacotamento. O custo do projeto é de R$ 472 mil, dos quais R$ 404,2 mil serão de recursos da fundação, a fundo perdido; R$ 12 mil de recursos próprios e R$ 60 mil de recursos de terceiros (Santos, 2007b) A cultura do Sisal se dá exclusivamente em Euclides da Cunha, tendo baixa produtividade média e participação na produção do estado. 3.4.2 Pecuária A pecuária no território reúne dez tipos de animais: asininos; bovinos; caprinos; codornas; eqüinos; galinhas; galos, frangos e pintos; muares; ovinos; suínos. Dentre esses se destaca o rebanho de ovino (191,9 mil cabeças) com participação de 6,1% no número total de cabeças da Bahia (Tabela 16 e Gráfico 2). Em termos de participação no rebanho do estado, além do ovino, os de maiores representatividades são eqüinos, asininos e bovinos. Se considerada a composição no território os cinco maiores, em ordem decrescente, são: galos, frangas, frangos e pintos; bovino; galinhas; ovino e caprino. O rebanho de bovinos supera em muito a soma do número de caprinos e ovinos no território. Tabela 16– Quantidade (cabeças) de animais em 2006

Tipo de Rebanho Quantidade (cabeças) de animais

Participação no total da Bahia (%)

Galos, frangas, frangos e pintos 386.447 2,2

Bovino 348.340 3,2

Galinhas 237.399 2,0

Ovino 191.988 6,1

Caprino 82.008 2,0

Suíno 53.629 2,7

Eqüino 20.977 3,4

Asinino 10.760 3,4

Muar 9.278 2,9

Codornas 5.500 1,8

Bubalino 150 0,8

Total 1.346.476 2,6 Fonte: Pesquisa Pecuária Municipal do IBGE

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Gráfico 2 – Participação de animais na atividade pecuária em 2006 Território Semi-Árido Nordeste II

Galos, frangas, frangos e pintos

28,70%

Bubalino0,01%Bovino

25,87%

Codornas0,41%

Galinhas17,63%

Muar0,69%

Ovino14,26%

Asinino0,80%

Caprino6,09%

Eqüino1,56%

Suíno3,98%

Fonte: Pesquisa Pecuária Municipal do IBGE Adustina possui o maior número de muares no território, hum mil cabeças, ou seja, 10,8% do número total. A pecuária neste município consiste na criação de asininos, bovinos, caprinos, eqüinos, galinhas, galos, frangas, frangos e pintos, ovinos e suínos. Entretanto não se observa relevância destes no total do território. Fato semelhante ocorre nos municípios de Antas, Banzâe, Cícero Dantas, Cipó, Fátima, Heliópolis, Novo Triunfo, Paripiranga e Sítio do Quinto (Tabela 17). Estes municípios possuem baixa representatividade na pecuária local, com participações inferiores a 10%. Euclides da Cunha apresenta o maior rebanho de bovinos e o segundo de ovinos e caprinos. O segundo maior rebanho de bovino encontra-se em Ribeira do Pombal com 45,7 mil cabeças. Este município lidera em quantidade de suínos. Jeremoabo destaca-se na pecuária do território liderando a criação de caprinos e ovinos, e é o segundo em número de asininos e galinhas. Cícero Dantas ocupa a terceira posição em número de bovinos. Em número de galinhas e galos, frangas, frangos e pintos, Ribeira do Amparo é o maior criador. Este município possui o segundo maior número de suínos no território, seguido por Paripiranga. A criação de asininos é destaque Santa Brígida, seguido por Jeremoabo e Coronel João Sá. Este último é o segundo na criação de muares e eqüinos e terceiro em caprinos. Nova Soure é o segundo maior em número de galos, frangas, frangos e pintos e terceiro em galinhas e eqüinos. Cipó ocupa a terceira posição na criação de galinhas e galos, frangas, frangos e pintos. A criação de eqüinos ocorre em maior proporção em Pedro Alexandre, 11%. Este município ocupa a terceira posição na criação de muares.

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Tabela 17– Quantidade (cabeças) de animais por município em 2006

Municípios Galos, frangas, frangos e pintos Bovino Galinhas Ovino Caprino Suíno Eqüino Asinino Muar Codornas Bubalino

Adustina 18.500 11.500 4.400 8.000 750 1.930 450 450 1.000 - -

Antas 14.000 17.000 4.300 2.150 750 1.760 520 510 330 - -

Banzaê 8.500 11.050 4.780 1.850 530 1.770 420 200 200 - -

Cícero Dantas 21.200 31.500 7.700 10.700 650 4.150 1.200 780 600 - -

Cipó 36.587 6.664 19.467 3.300 300 2.208 670 270 152 - -

Coronel João Sá 18.978 19.396 17.396 13.273 6.192 2.961 2.219 1.190 913 - -

Euclides da Cunha 6.000 46.127 14.500 23.000 6.500 1.550 1.000 360 358 5.500 -

Fátima 10.500 15.050 7.100 3.500 150 2.760 1.000 360 490 - -

Heliópolis 7.720 15.800 4.000 7.700 2.900 1.440 1.430 360 220 - -

Jeremoabo 25.801 35.866 29.394 35.070 39.629 3.951 2.155 1.293 864 - - Nova Soure 44.156 20.868 20.430 22.209 2.499 3.098 2.174 408 303 - - Novo Triunfo 7.950 5.960 3.600 2.200 1.100 1.280 320 330 220 - -

Paripiranga 23.800 18.600 15.200 5.400 540 4.600 1.100 500 450 - -

Pedro Alexandre 16.527 17.325 10.390 13.299 5.838 3.158 2.322 811 878 - 150

Ribeira do Amparo 52.778 11.768 41.059 3.883 1.274 4.916 675 367 412 - -

Ribeira do Pombal 27.000 45.700 11.400 9.700 1.680 5.350 1.400 650 510 - - Santa Brígida 20.200 11.079 13.269 12.852 5.140 2.860 820 1.512 825 - -

Sítio do Quinto 26.250 7.087 9.014 13.902 5.586 3.887 1.102 409 553 - -

Fonte: Pesquisa Pecuária Municipal do IBGE

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4 – Sisal 4.1 – Apresentação O território do Sisal agrega os seguintes municípios baianos: Araci, Barrocas, Biritinga, Candeal, Cansanção, Conceição do Coité, Ichu, Itiúba, Lamarão, Monte Santo, Nordestina, Queimadas, Quijingue, Retirolândia, Santa Luz, São Domingos, Serrinha, Teofilândia, Tucano e Valente (Figura 2). Esses 20 municípios mantêm uma distância média da capital de cerca de 250 km, sendo Candeal o município mais próximo (170 km de Salvador) e Itiúba, o mais distante (380 km). Numa área de 20.454,3 km2, 42% da área dos três territórios, residem 570 mil pessoas, segundo estimativa do IBGE para o ano de 2006. Um terço desta população encontra-se em três municípios: Serrinha, Conceição do Coité e Monte Santo.

O PIB reunido dos 20 municípios alcança R$ 1.426 milhões em 2005, o que representa 1,57% do agregado do estado e 37,5% do relativo aos três territórios em análise. Apenas as economias de Conceição do Coité e Serrinha respondem por 31,8% do valor do PIB de todo o território. Com poucas exceções, a estrutura setorial do valor agregado bruto dos municípios apresenta-se concentrada nas atividades de serviços. Entre as exceções, destacam-se o perfil da economia de Barrocas, no qual predomina o setor industrial, e de São Domingos, dada a importância do setor agropecuário. Nas economias de Conceição do Coité, Valente, Serrinha e Biritinga o setor industrial representa mais de 20% do PIB.

Tabela 18 – População e PIB dos Municípios do Território Sisal

Agropecuária Indústria Serviços Municípios População

(2006) PIB (2005)

(R$milhões ) (1) VAB (%) VAB (%) VAB (%)

Araci 49.236 95,77 19,36 10,66 69,98

Barrocas 12.960 39,36 11,16 39,50 49,34

Biritinga 14.656 33,19 14,05 20,23 65,71

Candeal 9.674 18,93 12,52 11,27 76,21

Cansanção 32.716 70,44 19,46 10,72 69,82

Conceição do Coité 59.248 209,92 9,48 24,17 66,35

Ichú 3.381 12,26 20,76 9,81 69,43

Itiúba 36.383 66,37 13,42 11,53 75,04

Lamarão 8.969 14,30 12,84 12,20 74,96

Monte Santo 56.962 101,89 13,19 11,40 75,41

Nordestina 13.630 24,00 15,03 11,43 73,54

Queimadas 25.682 54,36 15,42 11,50 73,09

Quijingue 28.157 58,62 25,67 10,34 64,00

Retirolandia 10.590 33,79 21,84 12,72 65,44

Santa Luz 31.191 78,34 15,87 10,77 73,36

São Domingos 7.237 23,50 33,30 9,18 57,53

Serrinha 75.544 244,25 4,91 20,21 74,87

Teofilândia 19.594 45,61 10,53 19,60 69,88

Tucano 54.137 125,07 20,39 10,29 69,32

Valente 20.114 76,69 18,56 22,78 58,66

Total 570.061,00 1.426,64 - - -

Fonte: Banco de Dados da SEI. Disponível em www.sei.ba.gov.br. Acesso em 23/01/2008. (1) Dados sujeito a retificação De acordo com informações extraídas do banco de dados da RAIS, relativos ao exercício 2006, constata-se que o número de estabelecimentos instalados formalmente

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no território é de 2.257 (1,76% do mesmo número referente à Bahia) e que o de empregos formais é de 29.602 (1,76% do conjunto do estado). Tabela 19 – Números de Estabelecimentos e de Empregos Formais nos Municípios do Território Sisal – Por Grandes Setores Econômicos – 2006

Indústria Construção

Civil Comércio Serviços Agropecuária Total Municípios

Est. Emp. Est. Emp. Est. Emp. Est. Emp. Est. Emp. Est. Emp.

Araci 5 13 1 10 66 160 27 1.974 10 56 109 2.213

Barrocas 8 603 4 5 35 79 9 347 1 0 57 1.034

Biritinga 2 22 2 5 21 44 7 499 9 20 41 590

Candeal 0 0 0 0 12 19 4 169 7 7 23 195

Cansanção 8 19 3 9 60 143 15 1.226 8 16 94 1.413 Conceição do Coité 63 1.476 9 22 233 774 73 2.457 30 42 408 4.771

Ichu 1 0 0 0 5 8 6 313 0 0 12 321

Itiúba 4 10 3 70 47 111 13 58 10 14 77 263

Lamarão 1 0 2 27 4 7 3 271 0 0 10 305

Monte Santo 1 1 5 9 49 117 14 1.540 6 10 75 1.677

Nordestina 0 0 0 0 8 17 5 335 0 0 13 352

Queimadas 7 23 0 0 39 120 16 911 34 58 96 1.112

Quijingue 2 1 4 6 17 30 6 963 2 2 31 1.002

Retirolândia 7 177 3 7 40 71 9 729 3 9 62 993

Santa Luz 22 327 0 0 66 204 28 990 12 30 128 1.551 São Domingos 14 133 2 0 24 43 5 399 0 0 45 575

Serrinha 60 1.042 29 267 366 1.360 157 3.484 27 102 639 6.255

Teofilândia 5 35 0 0 44 148 25 867 3 3 77 1.053

Tucano 12 29 0 0 91 179 35 1.965 10 12 148 2.185

Valente 41 1.130 0 0 57 137 35 1.321 15 23 148 2.611

Total 244 4.763 67 437 1.247 3.630 471 20.312 228 460 2.257 29.602

Fonte: Banco de Dados da RAIS (2005) A desagregação setorial dos dados da RAIS pelas grandes setores econômicos permite ratificar a importância da indústria instalada em Conceição do Coité e Valente, ao mesmo tempo em que possibilita constatar a relevância econômica de Serrinha na região, considerando o número de estabelecimentos e de postos de trabalho com carteira assinada, no setor industrial, de comércio e serviços. Em Serrinha, localiza-se cerca de 28 % dos estabelecimentos e dos empregos de todo o território do Sisal. No tocante ao comércio, os maiores números de estabelecimentos e empregos ficam nos segmentos varejistas de mercadorias em geral, com predominância de produtos alimentícios, de confecções e calçados, farmacêuticos e de material de construção e ferragens. Não obstante, os segmentos comerciais do território que têm uma representatividade maior no conjunto do mesmo segmento baiano (índices de participação superiores a 2% tanto para número de estabelecimentos quanto para número de empregos) são o de balas, bombons e semelhantes e o de móveis e artigos de iluminação. Nesses dois casos, apesar da presença de estabelecimentos em alguns dos municípios do território, as maiores concentrações estão em Serrinha. O setor de serviços é composto quase que exclusivamente pela administração pública, sendo o maior empregador no território. 4.2 – Indústria Abrindo ainda mais os dados da indústria, verifica-se que, em Conceição do Coité, os estabelecimentos que mais empregam são os de fabricação de calçados (22

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estabelecimentos e 670 empregados) e os de beneficiamento e fiação de fibras têxteis (17 estabelecimentos e 584 empregados). Em Valente, o de maior peso na indústria é a fábrica de artefatos de tapeçaria da APAEB, com 677 empregados, que é seguida por duas fábricas de calçados, geradoras de 559 postos de trabalho em 2005. Em Serrinha, destacam-se os oito estabelecimentos fabricantes de calçados, com 1337 empregados. Ainda merece menção, o estabelecimento de extração de minério de metais preciosos, com 580 postos de trabalho, em Barrocas. Cabe registrar que esse empreendimento é o principal responsável pelo peso que o setor industrial assume no VAB do município, como visto anteriormente. A produção industrial em Serrinha provém predominantemente do segmento calçadista. A maior empresa é a Via Uno, que emprega mais de 800 pessoas. A instalação da fábrica, entretanto, não atraiu os fornecedores para a região, pois os insumos utilizados são comprados em outros estados e países. Além dessa, existe ainda uma unidade de produção da Via Uno em Conceição do Coité que emprega quase 500 trabalhadores. Paralelamente, no município de Serrinha há uma produção artesanal, principalmente de sandálias e tamancos, desvinculada de grandes empresas, composta por 50 a 60 artesãos que abastecem o mercado local. Em outros municípios do território, além dos citados acima, também se verificam alguns estabelecimentos processadores de fibras têxteis, a exemplo de Retirolândia, Santa Luz e São Domingos. No total são cerca de 70 estabelecimentos formais no território (nos diversos segmentos da cadeia industrial da fibra têxtil, particularmente proveniente do sisal), que empregam 1.520 funcionários com carteira assinada. De acordo com matéria publicada no Correio da Bahia de 04/09/07, das 130 mil toneladas de sisal produzidas em 2006, 110 mil foram exportadas, sendo que 70 mil foram vendidas já manufaturadas (Bichara, 2007). A maior fábrica de sisal encontra-se no município de Valente, APAEB, que produz tapete e carpete. Os representantes da CDL de Conceição do Coité acreditam que a maior parte da renda do município é gerada pela produção de sisal. A presença de grandes empresas de fabricação da fibra de sisal (batedeiras) como a Hamilton Rios, Fibraex, Sisal Gomes, Cotesi e Ramos, aquecem a economia local através da geração de emprego e renda. Entretanto as empresas têm se defrontado com situações de mercado desfavoráveis. Por serem essencialmente exportadoras, a valorização da moeda americana tem causado perdas de lucratividade. Outro grande propulsor da economia local tem sido o setor de fabricação de calçados, com destaque para as fábricas Via Uno e Sandálias Piatã (de capital local). No Guia Industrial do Estado da Bahia 2006/2007 estão cadastradas 85 empresas localizadas em 15 dos 20 municípios do território de Sisal, que empregam 4.589 trabalhadores (Tabela 20). Os municípios de Conceição do Coité e Serrinha concentram juntos mais da metade das atividades industriais10. As atividades que mais empregam são fabricação de calçados de couro; extração de minério e metais preciosos; fabricação de artefatos de tapeçaria; industrialização de fios e cordas de sisal; e fabricação de calçados de outros materiais. Trata-se de atividades que, pela sua própria natureza, são intensivas em mão-de-obra e cujos principais

10 Nessa lista de empresas produzida pela FIEB, Conceição do Coité e Serrinha possuem 30 e 21 empresas ligadas à atividade industrial respectivamente. Em seguida estão: Valente (8), Tucano (4), Araci (3), Santa Luz (3), São Domingos (3), Teofilândia (3), Barrocas (2), Monte Santo (2), Retirolândia (2), Candeal (1), Nordestina (1), Queimadas (1) e Quinjingue (1).

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insumos utilizados são sisal, tecido e couro. Além destes, tecido e madeira são matérias-primas demandadas em pelos menos duas atividades econômicas distintas. Sisal possui uma atividade industrial mais desenvolvida se comparado com os territórios de Itaparica e Semi-Árido Nordeste II. Nele o número de indústrias instaladas é mais que o dobro das existentes nos dois últimos territórios. Tabela 20 – Empresas Industriais do Território Sisal – 2006/2007

Atividade Econômica No. de Estab.

No. de Emp. Insumos Município

Conceição do Coité Beneficiamento de fibras de sisal 12 631

Sisal bruto, sisal, fibra de sisal a granel, sisal em fibra polietileno, corante, antimofo, água, óleo amaciante.

Santa Luz São Domingo

Conceição do Coité Confecção de peças do vestuário masculino, roupas infantis e uniformes profissionais

7 58 Tecido, linha, brim, tecido (algodão, popeline, linho) malha de 36 fios, tactel, malha. Valente / Tucano

Conceição do Coité Edição e Impressão de outros produtos gráficos

4 28 Papel, chapa, tinta, produto químico, cola. Serrinha / Araci

Barrocas Extração de minério e metais preciosos 2 599 Cal hidratada, carvão ativado, corpo

moedor, explosivo, cianeto de sódio Nordestina

Extração de pedra, areia e argila 1 2 Pedra, areia, pedregulho Tucano

Fabricação de aparelhos de recepção, reprodução, gravação, e amplificação de áudio e vídeo.

1 20 Madeira, caixa de metal, transformador, transistor.

Serrinha

São Domingos Fabricação de artefatos de concreto, cimento, fibrocimento, gesso e estuque.

4 15 Cimento, areia, brita ferro. Serrinha

Fabricação de artefato de cordaria 1 21 Polietileno, sisal Conceição do Coité

Fabricação de artefatos diversos de madeira para uso escolar

1 5 Madeira, filtro, prego, parafuso, cola. Serrinha

Fabricação de artefatos de tapeçaria 2 628 Sisal, pigmento, óleo amaciante Araci / Valente

Conceição do Coité Fabricação de calçados de couro 4 1626 Couro, forro sintético, sola injetada PU,

tecido, solvente, tecido, cola, palmibox. Serrinha / Valente

Fabricação de calçados de outros materiais 2 146 Borracha, PVC, adesivo, cola,

poliéster 600, zíper, cursor. Conceição do Coité

Fabricação de cabines, carrocerias e reboques 1 25 Madeira, aço. Conceição do Coité

Fabricação de embalagem e artefatos de plástico

5 45 Polietileno. Conceição do Coité

Fabricação de farinha de milho e derivados 2 20 Milho. Serrinha / Valente

Fabricação de gelo e sorvete 2 7 Leite, frutas, açúcar. Serrinha

Fabricação de malas, bolsas, valises e outros e outros artefatos para viagem de qualquer material

2 15 Sintético, lona. Conceição do Coité

Barrocas Fabricação de móveis, armários e estofados.

2 8 Tecido, napa, borracha, prego, linha, cola, carpete, madeira, maderite, fórmica, dobradiça, compensado, parafuso. Serrinha

Fabricação de componentes p/ calçado 3 120 Ferro, aço. Serrinha

Fabricação de outros artefatos de couro 2 8 Couro, sintético, papel, cola, linha, zíper. Tucano

Fabricação de outros produtos elaborados de metal

3 39 Chapa de alumínio, tinta, solvente, aço galvanizado, aço inox, alumínio, ferro, tinta em pó.

Teofilândia

Fabricação de produtos cerâmicos 4 91 Barro, argila Conceição do Coité Serrinha Candeal / Serrinha Santa Luz Valente / Quijingue Fabricação de produtos de panificação 7 37 Farinha de trigo, fermento, açúcar, sal,

fubá, leite, gordura hidrogenada. Nordestina

39

Fabricação de reatores para lâmpadas 1 6

Resina de laminação, silício, fio de cobre, carretel plástico, areia de quartzo, capacitores, resistores, fios e cabos transistores.

Serrinha

Fabricação de velas 1 3 Parafina Araci

Fiação de outras fibras têxteis naturais exceto algodão

2 109 Fibra, fibra de sisal, óleo, anilina, antimofo.

Conceição do Coité Retirolândia

Industrialização de fios e cordas de sisal 3 218 Fibra de sisal bruto, óleo amaciante, pigmento diversos.

Retirolândia Valente São Domingos

Preparação de condimentos 2 11 Urucum, pó de pimenta. Conceição do Coité Serrinha

Produtos de laticínio 1 21 Leite, essência Queimadas

Torrefação e moagem de café 1 27 Grão de café cru. Serrinha

Total 85

4589 --- ---

Fonte: Guia Industrial do Estado da Bahia 2006 - 2007 / FIEB. A pesquisa realizada com vinte e cinco empresas localizadas no território de Sisal e cadastradas no guia industrial do estado nos anos de 2006 e 2007 revela que as principias atividades econômicas em Sisal são:

� Beneficiamento de fibras de sisal; � Beneficiamento de outras fibras têxteis naturais; � Confecção de roupa infantil; � Edição e impressão de outros produtos gráficos; � Extração de minério e metais preciosos; � Fabricação de aparelhos de recepção, reprodução, gravação e amplificação de

áudio e vídeo; � Fabricação de artefatos de tapeçaria; � Fabricação de artefatos de cordoaria; � Fabricação de cabines, carrocerias e reboques para caminhão; � Fabricação de calcados de outros materiais; � Fabricação de componentes para calcados; � Fabricação de fios de sisal; � Fabricação de navalha para calçados; � Fabricação de produtos cerâmicos; � Fiação de outras fibras têxteis naturais - exceto algodão; � Impressão de material para uso escolar e outros; � Industrialização de fios e cordas de sisal; � Serviço de impressão de material escolar e de material para usos industrial e

comercial. As empresas entrevistadas, em sua maioria, atuam no mercado há mais de seis anos, representando 64% do total. As empresas que possuem de quatro a seis anos representam 24% da amostra enquanto que aquelas com dois a quatro anos equivalem a 8%. Cabe ressaltar que apenas 4% são empresas que existem a menos de dois anos. Esses dados revelam certa maturidade das empresas existentes no território11.

11 Muito embora o IBGE, em pesquisa realizada no ano de 2005, revelou que 48,4% das empresas brasileiras encerram suas atividades após oito anos de sua constituição (DEMOGRAFIA DAS EMPRESAS 2005, 2007).

40

Os bens e serviços produzidos pelas empresas entrevistadas são demandados por consumidores do próprio município (40,2%), de outros municípios da Bahia (28,7%), de outros estados da federação (21,5%) e até mesmo de outros países (9,6%). Dentre todos os serviços apontados pelas empresas, foram indicados entre os três principais por ordem de prioridades: Atividades jurídicas, de contabilidade e de auditoria; Atividades de vigilância, segurança e investigação; Manutenção de máquinas, equipamentos e aparelhos (exceto aparelhos de informática); Armazenamento, carga e descarga; Transporte de cargas; Atividades de sedes de empresas e de consultoria em gestão empresarial; Limpeza em prédios e outras atividades de limpeza; Imunização e controle de pragas; Seleção, agenciamento e locação de mão-de-obra; Alimentação, restaurantes e outros serviços de alimentação; Tecnologia da informação (Ver Organogramas 7,8 e 9) Atividades jurídicas, de contabilidade e de auditoria é o único serviço contratado por todas as empresas entrevistadas. Destas, quatorze consideram este como o mais importante dentre os contratados. Se estabelecido um ranking de prioridades das empresas no que tange aos serviços contratos, observa-se que o de maior freqüência é “Atividades jurídicas, de contabilidade e de auditoria”. Este foi escolhido por 58,3% das entrevistadas, seguido por “Manutenção de máquinas, equipamentos e aparelhos (exceto aparelhos de informática)” e “Transporte de cargas” com 12,5% da preferência cada um, “Armazenamento, carga e descarga” com 8,3% e “Atividades de vigilância, segurança e investigação” com 4,2%. Grande parte é adquirida no município onde as empresas estão localizadas. A exceção é o serviço de transporte de cargas, cujas empresas contratam em outros municípios do estado e/ou outros estados do Brasil (Ver Organograma 7). Ademais, a qualidade dos serviços é considerada boa e/ou excelente. A exceção é a atividade jurídica, de contabilidade e de auditoria contrata por empresas locais cujo índice de qualificação é de 70% para boa, 20% para excelente e 10% para razoável. Nesse são considerados na segunda posição os serviços de:

� Manutenção de máquinas, equipamentos e aparelhos (exceto aparelhos de informática) com 37,5%;

� Atividades jurídicas, de contabilidade e de auditoria com 25%; � Transporte de cargas com 18,7%; � Atividades de sedes de empresas e de consultoria em gestão empresarial com

6,3%; � Limpeza em prédios e outras atividades de limpeza com 6,3%; � Imunização e controle de pragas com 6,3%.

Os serviços listados acima em sua maioria são adquiridos na Bahia, somente “limpeza em prédios e outras atividades de limpeza” é realizado por empresa de outro estado. No que se refere à qualidade, os atributos “boa” e “excelente” são maioria (Ver Organograma 8). Foram considerados como de qualidade razoável os serviços de “manutenção de máquinas, equipamentos e aparelhos (exceto aparelhos de informática)” que são adquiridos em outros municípios da Bahia (75% é considerada boa e 25% ruim) e “atividades jurídicas, de contabilidade e de auditoria” adquiridos no próprio município (14,3% consideram excelente, 28,6% boa e 57,1% razoável).

41

E por fim os serviços tidos como o terceiro mais importante são: manutenção de máquinas, equipamentos e aparelhos (exceto aparelhos de informática) por 33,3%; transporte de cargas por 25%; atividades jurídicas, de contabilidade e de auditoria por 16,7%; seleção, agenciamento e locação de mão-de-obra por 8,3%; alimentação, restaurantes e outros serviços de alimentação por 8,3%; tecnologia da informação por 8,3%. O serviço de transporte de cargas quando contratado por empresas localizadas no próprio município é considerado de qualidade razoável pela metade dos contratantes. Caso semelhante ocorre com as atividades jurídicas, de contabilidade e de auditoria. Enquanto que “alimentação, restaurantes e outros serviços de alimentação” é considerado razoável por 100% das contratantes.

42

Serviços considerados pelas empresas como 1º em prioridades

empresas

Atividades jurídicas, de contabilidade e de auditoria

58,3%

Manutenção de máquinas, equipamentos e aparelhos (exceto aparelhos de informática)12,5%

Transporte de cargas 12,5%

Município 84,6%

Excelente 20%

Outros municípios/ BA

15,4%

Boa 70%

Razoável 10%

Excelente 50%

Boa 50%

Armazenamento, carga e descarga por 8,3%

Município 100%

Atividades de vigilância, segurança e investigação por 4,2%

Outro Estado 33,3% Município

50%

Outros municípios/ BA

16,7%

Boa 100%

Boa 100% boa

Excelente 100%

Outro Estado 13,3%

Outros municípios/ BA

66,7%

Excelente 100%

Boa 100%

Excelente 50%

Boa 50%

Município 100%

Boa 100%

Organograma 7 – Serviços classificados em primeiro lugar pelas empresas pesquisadas – Território do Sisal

43

Organograma 8 – Serviços classificados em segundo lugar pelas empresas pesquisadas – Território do Sisal

Serviços considerados pelas empresas como 2º em prioridades

Manutenção de máquinas, equipamentos e aparelhos (exceto aparelhos de informática) 37,5%

Atividades jurídicas, de contabilidade e de auditoria

25%

Transporte de cargas 18,7%

Atividades de sedes de empresas e de consultoria em

gestão empresarial 6,3%

Limpeza em prédios e outras atividades de limpeza 6,3%

Imunização e controle de pragas

6,3%

Município 42,9%

Outro município/BA

57,1%

Boa 75%

Razoável 25%

Município 87,5%

Outro município/BA 12,5%

Excelente 14,3%

Boa 28,6%

Razoável 57,1%

Município 33,3%

Outro município/BA

66,7%

Boa 100%

Excelente 50%

Boa 50%

Município 100%

Boa 100%

Outro estado 100%

Excelente 100%

Município 100%

Excelente 100% Boa

100%

Boa 100%

44

Organograma 9 – Serviços classificados em terceiro lugar pelas empresas pesquisadas – Território do Sisal

Serviços considerados pelas empresas como 3º em prioridades

Manutenção de máquinas, equipamentos e aparelhos

(exceto aparelhos de informática) 33,3%

Transporte de cargas 25%

Atividades jurídicas, de contabilidade e de auditoria 16,7%

Seleção, agenciamento e locação de mão-de-obra

8,3%

Alimentação, restaurantes e outros serviços de alimentação 8,3%

Tecnologia da informação 8,3%

Município 75%

Excelente 66,7 %

Outro município/BA

25%

Boa 33,3%

Boa 100%

Município 66,7%

Outro estado 33,3%

Boa 50%

Razoável 50%

Boa 100%

Município 100%

Boa 50%

Razoável 50%

Município 100%

Boa 100%

Município 100%

Razoável 100%

Município 100%

Boa 100%

45

No que se refere aos investimentos realizados pelas empresas, os resultados indicam que de cada dez empresas oito investem em pelo menos uma modalidade. Treinamento e qualificação de mão-de-obra é a modalidade que aparece com maior adesão por parte das empresas, seguido por propaganda e/ou marketing. Criação de marca própria tem índice menor, porém significativo - 48% das empresas investem nesta categoria. Tabela 21 – Principais investimentos realizados pelas empresas

Investimentos Criação

de Marca Própria

Propaganda e/ou

Marketing

Inovação de Processos

Produtivos

Treinamento e Qualificação

da mão-de-obra

Sim 48% 64% 55% 83% Não 52% 36% 45% 17%

Fonte: Pesquisa direta. A pesquisa identifica as perspectivas de investimentos das empresas para os anos de 2008 e 2009. Os resultados apontam que dentre as empresas entrevistadas: i) uma não tem intenção de realizar qualquer tipo de investimento; ii) vinte e três pretendem ampliar suas unidades e/ou efetivar projetos de modernização ou de reforma; iii) uma tem projeto para implantar nova unidade. O número de empresas que solicitaram linhas de financiamento junto às instituições financeiras nos últimos anos representa apenas 33% da amostra. Das quais somente 62% obtiveram êxito. Dentre os financiamentos adquiridos 43% foram na modalidade capital de giro, 43% investimento fixo e 14% misto (giro+fixo). Estes foram contraídos no Banco do Brasil (giro e fixo), Bradesco (fixo), Banco do Nordeste do Brasil (fixo) e Desenbahia (fixo). Entre todas as empresas entrevistadas 43,5% indicaram a modalidade capital de giro como a mais adequada as suas atuais necessidades, 30,4% apontaram o investimento fixo e 26,1% o “misto” (giro+fixo). Tabela 22 – Modalidades de financiamento e faixas de valores

Faixa de valores (em mil) Capital de Giro Investimento Fixo Misto (giro+fixo) Geral

R$ 1 a R$ 50 50% 43,1% 40% 50% R$ 50 a R$ 200 30% 28,3% 40% 27,3% R$ 200 a R$ 300 10% 14,3% - 9,1% R$ 300 a R$ 500 - 14,3% - 14,5% Acima de R$ 500 10% - 20% 9,1%

Fonte: Pesquisa direta. A demanda por capital de giro está, em grande maioria, na faixa de valores entre hum mil e R$ 50 mil. Esta foi indicada por exatamente metade das empresas, 30% requisitam valores de R$ 50 mil a R$ 200 mil, 10% de R$ 200 mil a R$ 300 mil e 10% acima de R$ 500 mil. No que se refere ao investimento fixo, a faixa de valores mais requisitada é também a de R$1 mil a R$ 50 mil por 43,1% das empresas entrevistadas, seguido pela faixa entre R$ 50 mil e R$ 200 mil por 28,3%. Das 24,6% restantes metade demanda valores de R$ 200 mil a R$ 300 mil e de R$ 300 mil a R$ 500 mil. Na modalidade investimento misto, as faixas de valores mais requisitadas são: R$ hum mil a R$ 50 mil por 40%, R$ 50 mil a R$ 200 mil por 40% e acima de R$ 500 mil por 20%. No contexto geral 50% dos valores demandados se encontram na faixa entre R$

46

hum mil e R$ 50 mil independente da modalidade. Os demais 50% estão divididos da seguinte maneira: R$ 50 mil a R$200 mil por 27,3%, R$ 200 mil a 300 mil por 9,1%, R$ 300 mil a R$ 500 mil por 14,5% e acima de R$ 500 mil por 9,1%. A acessibilidade ao crédito verificado pela pesquisa aponta um equilíbrio entre os itens aplicados, são eles: fácil, moderado, difícil e muito difícil. Destas somente a categoria “difícil” foi a de menor escolha com 18,1%, as demais obtiveram índice de 27,3% cada uma. 4.3 – Comércio O comércio varejista do Território Sisal é composto por 4.447 estabelecimentos formais que empregam diretamente 3.535 pessoas. Em número de estabelecimento os maiores são de: mercadorias em geral com predominância de produtos alimentícios, com área de venda inferior a 300 metros quadrados, exceto lojas de conveniências (811 unidades); material de construção, ferragens e ferramentas (502 unidades); produtos farmacêuticos, artigos médicos e ortopédicos (370 unidades); artigos do vestuário e complementos (353 unidades); tecidos e artigos de armarinhos (237 unidades); móveis, artigos de iluminação e outros (219). Em termos de número de estabelecimentos os de maiores participação relativa na Bahia são: Com. varejista de mercadorias em geral, com predominância de produtos alimentícios, com área entre 300 e 5000 metros quadrados – supermercados, com 4,12%; Com. varejista de moveis, artigos de iluminação e outros, com 4,09%; Com. varejista de material de construção, ferragens, ferramentas manuais; vidros, espelhos e vitrais; tintas e madeiras, com 4,02%. Se considerada a participação no número de empregos formais do estado o maior é o de comércio atacadista de matérias-primas agrícolas e produtos semi-acabados; produtos alimentícios para animais, com 3,91%. Em segundo lugar está comércio varejista de tecidos e artigos de armarinho, com 2,7%, seguido por comércio atacadista de bebidas com 2,47%.

Tabela 23 Números de Estabelecimentos e de Empregos Formais no Território Sisal/ 200512

Território Sisal Participação no total da Bahia % Atividades Comerciais

Estabel. Empregos Estabel. Empregos

Com. varejista de mercadorias em geral, com predominância de produtos alimentícios, com área de venda inferior a 300 metros quadrados, exceto lojas de conveniências 811 324 3,79 1,86

Com. varejista de material de construção, ferragens, ferramentas manuais; vidros, espelhos e vitrais; tintas e madeiras 502 396 4,02 1,75

Com. varejista de produtos farmacêuticos, artigos médicos e ortopédicos, de perfumaria e cosméticos 370 217 3,98 1,39 Comércio varejista de artigos do vestuário e complementos 353 211 2,17 1,01

Com. Varejista de outros produtos não especificados anteriormente 275 129 1,86 0,66

Comércio varejista de tecidos e artigos de armarinho 237 95 3,59 1,47 Com. Varejista de moveis, artigos de iluminação e outros 219 292 4,09 2,70

12 Esta tabela precisa ser atualizada para 2006

47

Com. a varejo e por atacado de peças e acessórios para veículos automotores 211 174 3,34 1,42

Com. varejista de mercadorias em geral, com predominância de produtos alimentícios, com área entre 300 e 5000 metros quadrados - supermercados 106 317 4,12 1,54 Outros tipos de comércio varejista 92 6 4,88 1,15

Restaurantes e estabelecimentos de bebidas, com serviço completo 90 64 1,53 0,31

Com. a varejo de combustíveis 84 189 3,55 1,61 Com. Varejista de calcados, artigos de couro e viagem 84 109 2,85 1,45 Comércio varejista de gás liquefeito de petróleo (GLP) 80 77 3,83 1,91 Com. Varejista de maquinas e aparelhos de usos domestico 79 52 2,76 1,06 Com. Varejista de produtos de padaria, de laticínio, frio 76 93 2,18 1,24

Com. varejista de equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação, inclusive suprimentos 74 60 1,94 0,81 Com. Varejista de livros, jornais, revistas e papelaria 67 40 2,12 1,12

Com. varejista de outros produtos alimentícios não especificados anteriormente e de produtos de fumo 58 17 1,34 0,39

Com. varejista não-especializado, sem predominância de produtos alimentícios 50 98 3,09 1,59 Com. Varejista de balas, bombons e semelhantes 48 24 3,19 2,01

Com. a varejo e por atacado de motocicletas, partes, peças e acessórios 45 29 3,84 1,53 Com. Varejista de bebidas 43 17 1,72 0,94 Lanchonetes e similares 41 24 1,06 0,34 Com. Varejista de carnes - açougues 33 13 2,69 0,89 Estabelecimentos hoteleiros 32 86 1,46 0,52 Manutenção e reparação de veículos automotores 26 58 1,15 1,23

Representantes comerciais e agentes do comércio de mercadorias em geral (não-especializado) 24 0 1,09 0,00

Com. atacadista de outros produtos alimentícios, não especificados anteriormente 23 28 1,52 0,45 Com. atacadista de bebidas 19 128 2,35 2,47

Com. varejista de mercadorias em geral, com predominância de produtos alimentícios, com área de venda superior a 5000 metros quadrados - Hipermercados 19 22 2,94 0,54

Com. atacadista de matérias primas agrícolas e produtos semi-acabados; produtos alimentícios para animais 14 51 2,15 3,91

Fonte: Banco de Dados da RAIS (2005). O setor de comércio no território de Sisal, embora espalhados em todos os municípios, se concentram em poucos com destaque para Serrinha, que reúne o maior número de estabelecimentos e empregos formais, seguido por Conceição do Coité. O município de Tucano embora possua 408 estabelecimentos formais, emprega apenas 162 trabalhadores formais. Além desses, apenas quatro municípios reúnem mais de duzentos estabelecimentos formais: Araci, Cansanção, Santa Luz e Valente. 4.3.1 Comércio varejista em Serrinha Em visita ao município de Serrinha constatou-se a presença de grandes redes lojistas como Lojas Maia, Insinuante e Fama. Segundo informações obtidas junto a Associação Comercial, Industrial e Agrícola (Farias, 2007), o município tem experimentado nos últimos dois anos um forte crescimento do comércio varejista em decorrência de:

• Crescimento da demanda local,

48

• Crescimento na demanda de municípios em torno de Serrinha, com destaque para Tucano,

• Geração de emprego e renda após a privatização da Vale do Rio Doce adquirida pela Fazenda de Mineração Brasileira (FMB) de capital japonês, que explora jazidas de ouro em Teofilândia e Barrocas. Existe uma pequena porção deste minério localizado em áreas pertencentes à Serrinha, o que gera pequeno royalty para o município. Esta empresa incorporou ao seu quadro de funcionários moradores de Serrinha produzindo impactos positivos na economia local com a elevação da renda familiar e conseqüentemente da demanda por bens e serviços.

O setor de confecções é outra vocação do município, toda quarta-feira é realizada uma feira de confecções que atrai vendedores e compradores de outras localidades. Os compradores geralmente pertencem a municípios vizinhos enquanto os vendedores em sua maioria vêm de Feira de Santana (BA), Tobias Barreto (SE), Caruaru (PE) e Santa Cruz de Capibaripe (PE). A feira reúne entre 500 a 600 barracas para comercialização de confecções. Os representantes da associação comercial apontaram as necessidades de crédito para os comerciantes da região, principalmente, na modalidade capital de giro. 4.3.2 Comércio Varejista em Conceição do Coité Segundo informações obtidas na CDL, existem no município mais de 600 CNPJ’s dos quais apenas 190 estão associados (Esmeraldo, 2007). O comércio varejista conta com a presença de grandes redes como, por exemplo, Insinuante, Lojas Maia e Ponto Frio. O comércio conta com 25 lojas de eletrodomésticos, 25 lojas de calçados e confecções e 30 farmácias (Esmeraldo, 2007). Existe uma expansão do comércio, com a previsão de aberturas de novas lojas. O presidente da CDL apontou a necessidade de financiamento das atividades comerciais e agrícolas através do capital de giro. A cidade possui entre 30 e 40 pequenas fábricas de bolsas, chamadas de “fábricas de fundo de quintal”, que funcionam nas casas de seus proprietários informalmente. Estas adquirem insumos em São Paulo (couro sintético) e em duas lojas do município “Comercial Santa Barbara” e “Canaã Bolsas” (demais acessórios). Esses fabricantes não estão organizados, atuam de forma isolada, que, por sua vez, facilita a atuação dos atravessadores que compram os produtos a preços relativamente baixos e revendem em vários estados do Nordeste (Esmeraldo, 2007). Somente um foge a regra, a fábrica Princesa Bolsas cuja família proprietária abriu recentemente uma loja no centro da cidade para venda destas mercadorias, a “Lyka Bolsas e Acessórios”. Existe na cidade apenas outra loja de venda de bolsas no comércio varejista, mas em visita a mesma constatou-se que esta vende apenas produtos (bolsas, malas, sacolas e mochilas) oriundos do estado de São Paulo.

49

Loja de Bolsas em Conceição do Coité (16/10/2007) No setor de serviços a administração pública emprega 15.726 pessoas13 número que equivale a 56,3 % do número total de empregos formais no território. Este valor é superior à média da Bahia de 30,4%. Se observado pela ótica dos municípios esta discrepância torna-se ainda maior. Em Lamarão, Nordestina, Ichu e Quinjingue esse setor é responsável por mais de 90% do número de empregos formais. As exceções à regra no território são os municípios de Serrinha e Valente que apresentam valores inferiores ao da Bahia. Esses dados revelam em certa medida a fragilidade e o baixo grau de dinamismo das atividades econômicas no território.

Tabela 24 Número de Empregos na Administração Pública – Território do Sisal14

Municípios Administração publica em geral

Participação no número total %

Araci 1.713 86,12

Barrocas 315 31,16

Biritinga 443 82,65

Candeal 83 70,94

Cansanção 836 82,53

Conceição do Coité 1.827 41,94

Ichu 297 96,74

Itiuba 740 78,22

Lamarão 230 97,46

Monte Santo 1.367 89,00

Nordestina 322 96,99

Queimadas 818 73,89

Quijingue 844 95,58

Retirolandia 696 74,44

Santa luz 849 66,54

São Domingos 372 64,58

13 Ainda não foi possível atualizar esses dados para a RAIS 2006 14 Idem

50

Serrinha 1.351 24,34

Teofilândia 473 52,09

Tucano 1.374 82,47

Valente 776 29,47 Total Território Sisal 15.726 56,34

Total Bahia 431.550 30,44

Fonte: Banco de Dados da RAIS (2005) 4.4 – Agropecuária 4.4.1 Agricultura A atividade agrícola no Território Sisal consiste em 20 culturas, das quais se destacam sisal, feijão, melancia, mandioca, castanha de caju e milho, que possuem representatividade na produção do estado. A agricultura possui forte relevância no território na medida em que 63% da sua população está na zona rural15. Segundo informações de Antônio José Gonçalves Souza (Souza, 2007), presidente da Sicoob em Serrinha, a oferta de credito rural é pequena no município. A cooperativa trabalha com crédito pessoal, através de desconto de cheque, devido à dificuldade em obter recursos oriundos do PRONAF. Os primeiros PRONAF’s foram liberados pela Desenbahia em 2002 no total de onze, com valor médio de R$ 3.900,00, com exceção de três que obtiveram recursos na ordem de R$ 8, R$ 9 e R$ 11 mil. Depois disto não houve mais liberação até o ano de 2006, quando a cooperativa enviou dezesseis projetos para o Banco do Brasil. Estes tiveram aval da cooperativa16 obtiveram recursos na faixa de R$ 2.000,00 a R$ 6.000,00, no valor total de R$ 77.748,00 em 2006, na linha PRONAF C. O prazo de carência foi de dois anos e de seis para efetuar os pagamentos, sendo uma parcela por ano, taxa de juros de 2% ao ano. Outros 34 projetos também obtiveram recursos do PRONAF, média de R$ 4.000,00 cada um, entretanto como esses projetos não são da cooperativa, não dispõem de fundo de aval. Souza (2007) destaca que na região existe uma demanda por parte dos pequenos agricultores por recursos do PRONAF B que não é atendida pelas instituições financeiras que optam em trabalhar com o PRONAF C. A cooperativa fez uma pesquisa com duzentos agricultores de Serrinha, Ichu, Candeal e Barrocas e foi verificado que apenas vinte se enquadram nesta linha. A maioria dos agricultores são pessoas muito simples sem conhecimento de documentação, entidades e associações. Isso resulta em dificuldades no acesso ao crédito. A cultura do Sisal é a de maior destaque no território, sua quantidade produzida representava 40% de toda a produção do estado m 2006. Nesse ranking o feijão ocupa a segunda posição contribuindo com 18,2%, seguido pela castanha de caju com 16,8%. Na quantidade produzida de feijão o território de Sisal só perde para Semi-Árido Nordeste II, maior produtor de feijão com 108 mil toneladas, ou seja, 30% de toda a produção do estado, conforme mencionado anteriormente.

15Dados obtidos através do Censo 2000 do IBGE. 16 O fundo cobre 20% da inadimplência.

51

Dentre as vinte culturas presentes em Sisal somente duas apresentam produtividade média superior a obtida para a Bahia: caju e feijão. Em termos de área plantada o feijão, o sisal e o milho são os três maiores. O feijão ocupa uma área de 117 mil hectares, seguido pelo sisal com 116 mil hectares e milho com 103 mil hectares. Se considerada a quantidade produzida essa ordem se altera, o sisal (agave) passa a estar em primeiro lugar com 94 mil toneladas. Em segundo lugar está o milho com 67,5 mil toneladas e em terceiro o feijão com 65,3 mil toneladas.

Tabela 25 Principais Culturas no Território de Sisal em 2006

Produtividade média (tonelada/ hectare

plantado) Culturas Quantidade produzida (Tonelada)

Valor da produção (Mil Reais)

Área plantada (Hectare)

Área colhida

(Hectare)

Participação na Bahia em

%

Sisal Bahia

Banana 638 90 59 59 0,05 10,8 14,12

Castanha de caju 1.113 822 3.632 3.553 16,8 0,3 0,24

Feijão (em grão) 65.331 58.555 117.344 116.534 18,2 0,6 0,48

Goiaba 199 70 41 41 1,3 4,9 19,82

Mamona 1.102 661 2.884 2.566 1,6 0,4 0,59

Mandioca 263.169 32.459 26.383 19.757 5,9 10,0 11,35

Melancia 40.781 15.110 5.575 5.575 17,5 7,3 15,92

Milho (em grão) 67.508 20.095 103.936 103.616 6,0 0,6 1,41

Sisal ou agave (fibra) 94.049 86.798 116.520 104.520 40,0 0,8 0,82

Fonte: Pesquisa Agrícola Municipal do IBGE Os municípios de Conceição do Coité e Santa Luz ocupam lugar de destaque na produção do sisal, que juntos respondem por 34% da produção no território, seguidos por Araci (12%) e Valente (10%). Na cultura da mandioca, o maior produtor é Monte Santo com 48 mil toneladas (18,2% do total no território), seguido por Araci (15,5%), Tucano (14,6%), Cansanção (12%) e Serrinha (10%). A cultura do milho se concentra em Quinjingue e Tucano, que representam 51% de toda a produção desta no território. Os demais municípios participam com menores parcelas, sendo o de maior participação Cansanção com apenas 8%. Fato semelhante ocorre na cultura do feijão, esses dois municípios respondem por 56% da quantidade produzida. Os três maiores municípios em quantidade produzida de castanha de caju são: Tucano com 67% (750 toneladas); Quinjingue com 13% (150 toneladas) e Biritinga com 10% (120 toneladas). Essa produção é escoada sem nenhum processamento e a baixos preços para outros municípios e estados. O beneficiamento da castanha de caju e da cajuína é uma das alternativas para geração de renda na região. Para tanto se faz necessária a instalação de indústrias de aproveitamento de frutas regionais através da fabricação de sucos e polpas bem como a implantação processos simples de conservação e embalagem da castanha de caju. 4.4.2 Pecuária A pecuária no território conta com 12 tipos de animais que somam 2,4 milhões de cabeças, quase 4,8% do total da Bahia. Os rebanhos de ovino, caprino, asinino e suíno são os de maior representatividade a nível estadual.

52

Tabela 27 Quantidade (cabeças) de animais em 2006

Tipo de Rebanho Quantidade (cabeças) de animais

Participação no total da Bahia (%)

Galos, frangas, frangos e pintos 644.306 3,60

Ovino 450.766 14,24

Caprino 410.505 10,13

Bovino 397.630 3,69

Galinhas 344.360 2,84

Suíno 141.875 7,07

Asinino 30.057 9,59

Eqüino 19.023 3,10

Muar 10.671 3,29

Codornas 2.010 0,66

Coelhos 1.058 4,68

Bubalino 154 0,83 Fonte: Pesquisa Pecuária Municipal do IBGE Os rebanhos de ovinos e caprinos no território apesar de possuir número relevante de animais no estado não foi suficiente para impulsionar esta atividade. No território existe apenas uma cooperativa dos criadores de caprinos e ovinos (COOPERCOITE), localizada em Conceição do Coité. Segundo informações obtidas com Adalto Mota (2007) esta foi fundada no ano de 2000, mas até a presente data não obteve êxito em seu funcionamento em decorrência da dificuldade existente em trabalhar o cooperativismo na região. A COOPERCOITE não possui capital próprio e sede. Estão associados 22 produtores, que possuem em média 100 cabeças de animais espalhados por 30 hectares (80 a 90 tarefas). A criação para corte é o maior estimulador da criação de ovinos e caprinos. Entretanto, a cultura de criação destes animais ainda é de forma antiga e o abate se dá de forma clandestina. A carne e a pele são vendidas no mercado local sem nenhum tipo de fiscalização. Na perspectiva do território, caprinos, ovinos e bovinos compõem 51,3 % dos animais. Em termos individuais, galos, frangas, frangos e pintos é o tipo de animal com maior número de cabeças no território (26,2%). Codorna, bubalino, eqüino, coelho e muar participam com menos de 1% (Gráfico 3). Monte Santo concentra a maior parte do rebanho de caprinos e ovinos do território (253 mil cabeças). No caso da caprinocultura, o número de animais neste município é mais que o dobro em relação ao segundo maior produtor, Cansanção, que tem rebanho de 55,6 mil cabeças. Os municípios de Conceição do Coité, Itiúba, Queimadas e Santa Luz possuem rebanho com mais de 30 mil cabeças (Tabela 28).

53

Gráfico 3 – Participação de animais na atividade pecuária em 2006

Galos, frangas, frangos e pintos

26,27%

Bubalino0,01%Ovino

18,38%Muar

0,44%

Caprino16,74%

Codornas0,08%

Bovino16,21%

Coelhos0,04%

Galinhas14,04%

Eqüino0,78%

Suíno5,79%

Asinino1,23%

Fonte: Pesquisa Pecuária Municipal do IBGE Na ovinocultura, o segundo maior produtor é Cansanção com 66,1 mil cabeças, que corresponde a 14,7% deste rebanho no território. Em terceiro e quarto lugar estão os municípios de Conceição do Coité e Santa Luz respectivamente. O rebanho de bovinos, embora espalhados em todos os municípios, estão em maior quantidade em Monte Santo, Cansanção, Conceição do Coité e Santa Luz. Os municípios com menor rebanho são Barrocas, Ichu, Nordestina, Retirolândia e São Domingos. O município de Cansanção possui o maior rebanho de asininos (6,2 mil cabeças), muares (2,3 mil cabeças), suínos (18,3 mil cabeças) e bubalinos (101 cabeças) é o segundo na criação de galos, frangas, frangos e pintos (97,2 mil cabeças). Conceição do Coité é o único produtor de codornas além de liderar a criação de coelhos e eqüinos. Este município é o segundo maior produtor de asininos (3,6 mil cabeças) e muares (1,5 mil cabeças). Queimadas é o segundo maior produtor de eqüinos (2,1 mil cabeças) e suínos (17 mil cabeças). Na criação de asininos e muares este município encontra-se em terceiro lugar. Serrinha é o maior produtor de galinhas (49,6 mil cabeças) e galos, frangas, frangos e pintos (100 mil cabeças) e terceiro na criação de suínos (pouco mais de 13,5 mil cabeças). O segundo maior produtor de galinhas é Itiúba (42,6 mil cabeças) seguido por Araci (38,4 mil cabeças).

54

Tabela 28 – Quantidade (cabeças) de animais por município em 2006

Sisal

Galos, frangas, frangos e pintos

Ovino Caprino Bovino Galinhas Suíno Asinino Eqüino Muar Codor-nas Coelhos Buba

-lino

Araci 51.914 15.626 10.845 24.266 38.432 8.644 679 798 485 - - -

Barrocas 11.249 4.402 726 7.001 8.756 2.199 259 189 93 - - -

Biritinga 23.872 1.860 129 13.507 9.091 3.463 72 843 90 - - -

Candeal 9.637 5.070 760 16.298 5.624 2.128 468 817 285 - - -

Cansanção 97.240 66.100 55.632 35.430 23.600 18.320 6.223 1.152 2.300 - -

101

Conceição do Coité 66.550 32.146 30.690 35.260 19.363 12.835 3.681 2.910 1.520

2.010 738 -

Ichu 13.170 2.640 524 7.426 9.082 4.020 230 492 150 - - -

Itiúba 41.073 19.145 32.473 23.586 42.694 11.641 989 805 208 - - -

Lamarão 20.806 1.204 97 9.410 17.948 4.285 166 722 285 - - - Monte Santo 21.300 127.000 126.000 43.520 16.200 1.140 1.250 980 460 - - -

Nordestina 21.200 20.330 23.850 6.970 8.990 8.882 2.012 810 500 - - -

Queimadas 26.310 28.610 36.890 26.310 9.588 17.048 3.140 2.110 800 - - -

Quijingue 9.900 19.800 13.600 27.000 8.600 756 820 750 349 - - -

Retirolândia 18.800 19.850 14.600 7.630 9.100 5.660 1.280 850 535 - - -

Santa Luz 24.950 31.580 31.850 33.850 9.000 9.930 2.990 1.580 750 - - -

São Domingos 17.110 10.870 10.900 7.280 6.850 4.455 1.950 560 450 - - -

Serrinha 100.431 2.579 562 21.712 49.604 13.503 137 412 220 - -

30

Teofilândia 22.794 8.524 1.835 11.624 20.558 6.115 602 699 301 - - -

Tucano 27.500 20.280 2.642 31.000 21.000 3.291 729 689 380 - -

23

Valente 18.500 13.150 15.900 8.550 10.280 3.560 2.380 855 510 - 320 -

Fonte: Pesquisa Pecuária Municipal do IBGE.

Considerações Finais O corrente estudo se propôs a reunir informações sobre a estrutura econômica de três territórios de identidade localizados na região Semi-Árida baiana: Itaparica, Semi-Árido Nordeste II e Sisal, apontar suas necessidades e potencialidades, e indicar perspectivas para uma atuação focada da Desenbahia. Os territórios possuem grande representatividade na produção agrícola de algumas culturas, com destaque para feijão e milho, e na pecuária da Bahia. O Território Semi-Árido Nordeste II é o maior produtor de feijão, responsável por 30,1% da produção da Bahia; e o segundo de milho, depois do Oeste Baiano, respondendo por 37,5% do total produzido desse grão pelo estado. O sisal e o caju despontam como as principais culturas permanentes dos três territórios. Sisal e Semi-Árido Nordeste II respondem juntos por 82% da produção de caju do estado. Identificou-se oportunidade de negócio no beneficiamento da castanha, uma vez que esta é fornecida em estado bruto principalmente para Sergipe e Ceará, onde é processada e distribuída no mercado interno. Considerando a disponibilidade da matéria prima e sua vocação para ser cultivada pela agricultura familiar, recomenda-se facilitar acesso ao crédito para implantação de unidades de processamento de castanha, uma vez

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que já existem produtores organizados em cooperativa em Ribeira do Pombal e Cícero Dantas. A cultura do sisal ou agave está presente em apenas dois territórios, Semi-Árido Nordeste II e Sisal. A participação do primeiro na produção do estado é muito pequena, apenas 0,17%, em virtude de Euclides da Cunha ser o único município nesse território a cultivar o sisal. Por outro lado, o território de Sisal é responsável por 40% de toda a quantidade produzida na Bahia, cujos municípios de Conceição do Coité, Santa Luz, Araci e Valente respondem por mais da metade da produção. Essa cultura desempenha papel relevante nas economias dos municípios na medida em que é compatível com a caprinocultura, que nos últimos anos foi beneficiada pelo programa do governo “Cabra Forte”. Cabe ressaltar que o futuro do sisal depende não somente da fibra, mas também da elaboração de seus subprodutos e da reestruturação do setor. Este apresenta fragilidades em decorrência principalmente do alto grau de dependência no mercado externo, o qual nos anos recentes têm sido desfavorável, essencialmente em função da valorização do real em relação ao dólar. As culturas temporárias de feijão e milho, bem como as permanentes de caju e sisal, são desenvolvidas em todos os municípios e, em grande parte, nas pequenas propriedades. Em reuniões realizadas com cooperativas por técnicos da Desenbahia foi apontada a carência de financiamentos nas linhas B e C do PRONAF para os pequenos agricultores locais. A apicultura também é uma atividade adequada à agricultura familiar e às condições físicas dos territórios estudados. As cooperativas visitadas em Ribeira do Pombal e Cícero Dantas estão articuladas com a Conab que adquire o produto para distribuição na merenda escolar. Em Ribeira do Pombal, a apicultura é desenvolvida em complemento ao cultivo do girassol que por sua vez é utilizado para fabricação de biodiesel pela empresa Brasil Ecodiesel, a qual garante um preço mínimo atrativo aos produtores. Há evidências de que os produtores da região preferem cultivar o girassol à mamona, a qual, na visão deles, é incompatível com a criação de gado. No que tange à mandioca, Euclides da Cunha e Nova Soure produzem mais da metade da quantidade produzida no território do Nordeste II. O desempenho dessa cultura não é homogêneo. A produtividade em Nova Soure é o dobro da de Euclides da Cunha. Em Ribeira do Pombal, os produtores organizados em cooperativa, foram capazes de desenvolver um projeto intitulado Aproveitamento Integral da Mandioca (PAIM) com apoio da Fundação do Banco do Brasil. Consiste na implantação de uma fábrica mecanizada de farinha para processamento e empacotamento. Por sua vez, em Cícero Dantas os produtores utilizam técnicas rudimentares que resultam em produto de baixa competitividade. Nos territórios estudados, as atividades industriais são heterogêneas e não integradas. Há raríssimas exceções, a exemplo do processamento e beneficiamento da fibra de sisal que conta com quinze empresas. Essa heterogeneidade traz barreiras a políticas voltadas ao adensamento de cadeias produtivas, muito embora não invalide políticas de fortalecimento das indústrias existentes. Neste sentido a pesquisa realizada com empresas constantes no guia industrial revela uma demanda considerável por financiamentos nas modalidades capital de giro e investimento fixo com valores inferiores a R$ 200.000,00.

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Paulo Afonso é um dos poucos municípios estudados onde existe atividade manufatureira, sem haver concentração em segmentos específicos. Distingue-se a preparação e preservação do pescado e fabricação de conservas de peixes, crustáceos e moluscos. Apenas nessa atividade ocorre integração entre unidades industriais. Uma empresa é fornecedora de rações para peixe à outra que fabrica produtos de pescado. Constatou-se que as condições locais são favoráveis à atração de mais empresas fabricantes de rações e produtoras de pescado. Consolidou-se um pólo de piscicultura na região, resultante de bem sucedidos projetos de cultura de tilápias, integrados a um frigorífico, da empresa Netuno, que distribui o produto processado e pronto para consumo no mercado interno. O setor de comércio e serviços desponta como atividade econômica relevante na maioria das cidades. Pode-se citar Paulo Afonso, em Itaparica; Serrinha e Conceição do Coité, em Sisal; e Ribeira do Pombal e Euclides da Cunha, no Semi-Árido Nordeste II. Esses municípios possuem grande número de médias, pequenas e micro empresas que atendem o mercado consumidor da região. Em visita realizada aos municípios por técnicos da Desenbahia constatou-se o anseio dos empresários locais por financiamentos na modalidade capital de giro, que não estaria sendo atendida principalmente pela baixa atuação de instituições financeiras nessas regiões. Provavelmente, os programas de redistribuição de renda (bolsa família e bolsa escola) do governo federal, a estabilidade da moeda, e a facilidade de crédito ao consumidor, têm maior impacto em localidades pobres com elevada propensão a consumir, como as estudadas, do que em regiões desenvolvidas. As camadas mais pobres da população estão sendo incorporadas ao mercado consumidor, o que estimula o comércio, sobretudo a demanda por bens de consumo durável; daí a intensificação do processo de abertura de lojas pertencentes a grandes redes varejistas nos municípios visitados. Considerando a importância do setor de serviços na geração de empregos, aliada às dificuldades da agricultura e à carência de atividades manufatureiras na região Semi-Árida, tentou-se identificar os tipos de serviços mais demandados pelas unidades industriais através de uma pesquisa direta às empresas cadastradas no Guia Industrial da Fieb. Fez-se um mapeamento da demanda de serviços por ordem de prioridade no entendimento das empresas. Grosso modo, os serviços mais solicitados nos três territórios são “atividades jurídicas, de contabilidade e de auditoria”; em seguida, “manutenção de máquinas, equipamentos e aparelhos”. No Território de Itaparica, em função do desenvolvimento da aqüicultura, os “serviços de piscicultura” aparecem em posição destacada. No Semi-Árido Nordeste II, distingue-se a demanda por “serviços de arquitetura e engenharia”; em Sisal, por transporte e armazenamento de cargas. Os organogramas dos serviços demandados constante no corpo do corrente trabalho poderão contribuir para a formulação de políticas de estímulo às atividades de serviço nos três territórios. O corrente estudo serviu como ponto de partida para se identificarem as potencialidades dos três territórios, a fim de se estabelecer uma agenda de trabalho articulada com outras instituições do governo estadual e da sociedade civil. Alguns de seus resultados já passaram a integrar os focos estratégicos da Desenbahia para o ano de 2008.

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Considerando a importância de determinadas atividades econômicas, pode-se selecionar como prioridades:

- Desenvolver um estudo da cadeia da piscicultura no território de Itaparica para uma ação conjunta com a Bahia Pesca. Verificar particularmente se haveria escala no município de Paulo Afonso e nos vizinhos para se estimular a oferta de bens e serviços voltados à aqüicultura.

- Desenvolver um estudo sobre a cadeia do caju para detectar se efetivamente há

condições de um melhor aproveitamento tanto da castanha, quanto da polpa e possibilidade de concessão de crédito.

- Fazer um estudo sobre as condições da ovino-caprinocultura, mapeando a oferta

e demanda nos territórios e sobre as possibilidades de concessão de crédito. Considerar sua integração com a atividade sisaleira e de beneficiamento do couro. Articular-se com a Sedir, CAR e Seagri.

- Levantar informações sobre a agricultura irrigada nos três territórios, junto à

Seagri, considerando inclusive o projeto existente no município de Tucano, mencionado na apresentação do corrente trabalho. O objetivo desse levantamento seria conhecer melhor o potencial desse tipo de cultura para uma ação futura da Desenbahia.

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