estresse em profissionais de ti

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2010 PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU Mestrado em Gestão do Conhecimento e da Tecnologia da Informação FATORES ESTRESSORES EM PROFISSIONAIS DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E SUAS ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO Autor: Sandro Servino Orientadores: Profº Dr. Rodrigo Pires de Campo Profº Dra. Elaine Rabelo Neiva

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Fatores estressores e estratégias de enfrentamento do estresse em profissionais de ti.

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Page 1: Estresse em Profissionais de TI

2010

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU

Mestrado em Gestão do Conhecimento e da Tecnologia da Informação

FATORES ESTRESSORES EM PROFISSIONAIS DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E SUAS ESTRATÉGIAS

DE ENFRENTAMENTO

Autor: Sandro Servino Orientadores: Profº Dr. Rodrigo Pires de Campo

Profº Dra. Elaine Rabelo Neiva

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II

7,5cm

Ficha elaborada pela Biblioteca Pós-Graduação da UCB

15/12/2010

S492f Servino, Sandro

Fatores estressores em profissionais de tecnologia da informação e suas estratégias de enfrentamento. / Sandro Servino – 2010.

142f.; il.: 30 cm

Dissertação (mestrado) – Universidade Católica de Brasília, 2010.

Orientação: Rodrigo Pires de Campos Co-Orientação: Elaine Rabelo Neiva

1. Estresse ocupacional. 2. Tecnologia da informação. I. Campos, Rodrigo Pires de, orient. II.Neiva, Elaine Rabelo, co-orient. III. Título.

Page 3: Estresse em Profissionais de TI

III

Sandro Servino

FATORES ESTRESSORES EM

PROFISSIONAIS DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E SUAS ESTRATÉGIAS

DE ENFRENTAMENTO Dissertação apresentada ao programa de Pós Graduação “Stricto Sensu” - Mestrado em Gestão do Conhecimento e Tecnologia da Informação da Universidade Católica de Brasília, como requisito para obtenção do título de Mestre em Gestão do Conhecimento e da Tecnologia da Informação. Orientadores: Profº Dr. Rodrigo Pires de Campo Profº Dra. Elaine Rabelo Neiva

Brasília 2010

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IV

Brasília 2010

Page 5: Estresse em Profissionais de TI

V

A todos que me apoiaram direta ou indiretamente nessa caminhada, contribuindo para o êxito desse trabalho.

Page 6: Estresse em Profissionais de TI

VI

Agradecimento

Em primeiro lugar, agradeço a Deus por sempre me direcionar e iluminar, permitindo a conclusão deste projeto. Aos meus pais, Jose Amorim Servino e Tereza Costa Servino, que sempre me incentivaram a seguir o melhor caminho e viabilizaram a busca de meus sonhos. À minha esposa, Wiwi Servino, pela compreensão, apoio e incentivo. Aos Mestres Prof. Dr. Gentil José de Lucena Filho, Prof. Dr. João Souza Neto e Dra. Rejane Maria da Costa pela confiança e Profa. Dra. Luiza Beth Nunes Alonso pela competência na coordenação do curso. Aos meus queridos orientadores Profº Dr. Rodrigo Pires de Campos e Profº Dra. Elaine Rabelo Neiva pela paciência e inteligência e a todos os Mestres que se dispuseram a um convívio de dedicação e apoio. Ao SEBRAE, que possibilitou a realização do sonho de me tornar mestre. Aos meus companheiros, em reconhecimento à compreensão aos momentos roubados do nosso convívio durante a realização desse projeto.

Page 7: Estresse em Profissionais de TI

VII

"Faça as coisas o mais simples que você puder, porém, não as mais simples"

Albert Einstein

Page 8: Estresse em Profissionais de TI

VIII

Resumo

Esta dissertação é uma pesquisa descritiva e relacional sobre o estresse

ocupacional e estratégias de enfrentamento utilizadas pelos profissionais de tecnologia da informação no Brasil e correlações de acordo com o sexo, estado civil, faixa etária, tempo de serviço, atividade, tipo de organização, tipo de vinculo e tamanho da organização. Esse trabalho teve como objetivo identificar os principais fatores estressores em profissionais de TI e as estratégias de enfrentamento mais utilizadas por estes profissionais. Ainda, a pesquisa teve como desafios validar se os profissionais de TI são realmente estressados e se as estratégias utilizadas pelos mesmos são eficazes contra o estresse. Participaram 307 profissionais de tecnologia da informação com idade variando entre 24 e 57 anos. Verificou-se que o principal fator estressor foi a sobrecarga de trabalho e a estratégia de enfrentamento mais utilizada foi a resolução de problemas. Os profissionais de TI apresentaram um nível moderado de estresse. As mulheres tiveram um índice de estresse similar aos homens e as mesmas utilizam mais o suporte social como estratégia de enfrentamento do que os homens. A atualização tecnológica se apresentou como o fator estressor menos relevante para a população pesquisada, demonstrando que a necessidade de atualização tecnológica já é algo natural para este profissionais. Os analistas de sistemas são os profissionais mais estressados frente a outros profissionais de TI. Os autônomos possuem um nível de estresse superior aos profissionais com carteira assinada, podendo, neste caso, ser alvo de uma futura pesquisa no sentido de validar a condição de instabilidade emocional devido a não existência de um vinculo empregatício. Os dados obtidos não revelaram um quadro preocupante no que tange estresse em uma classe ocupacional que exerce a função fundamental de sustentar todo um aparato tecnológico dentro das organizações, entretanto devido ao incremento da dependência dos profissionais de TI por parte das organizações e de sua sobrecarga de trabalho nas ultimas décadas, torna-se fundamental atenção por parte das organizações, principalmente através de políticas de recursos humanos e gerencia direta, para que este quadro não se altere de forma significativa, levando assim uma perda de qualidade de vida dentro das organizações e por conseqüência da eficiência organizacional.

Palavras-chave: Estresse ocupacional. Profissional de TI. Estresse.

Page 9: Estresse em Profissionais de TI

IX

Abstract

This dissertation is a descriptive and relational research about occupational stress and coping strategies used by information technology professionals in Brazil and correlations according to sex, marital status, age, length of service, activity, type of organization, type of relationship and organization size. This study aimed to identify the major stressors in IT professionals and the coping strategies utilized by these professionals. Still, the research was to validate if IT professionals are really stressed and the strategies they use are effective against stress. 307 information technology professionals, aged between 24 and 57 years, participated in the survey. It was found that the main stressor was workload and coping strategy used was to solve problems. IT professionals had a moderate level of stress. Women had a stress index similar to the men and they use more social support as a coping strategy than men. The technology upgrade is presented as the stressor less relevant for the study, demonstrating the need for technological upgrading is already a natural for this professional. System analysts are stressed professionals compared to other IT professionals. The level of stress was greater in the information technology professional with no formal contract, and in this case be the subject of future research in order to validate the condition of emotional instability due to lack of an employment contract. The data did not reveal a worrying picture in relation stress in an occupational class that performs the basic function of supporting an entire technological apparatus within organizations, however due to the increased reliance on IT professionals for organizations and their overhead work in recent decades, it becomes critical attention from the organizations, mainly through human resource policies and manages directly, so that this framework does not change significantly, thereby resulting in a loss of quality of life within organizations and consequence of organizational efficiency.

Keywords: Occupational stress. IT Professional. Stress.

Page 10: Estresse em Profissionais de TI

X

SUMÁRIO

1. Introdução.......................................................................................................14 1.1 Contexto...................................................................................................................14 1.2 Problematização......................................................................................................16

2. Objetivo ..........................................................................................................21 2.1 Objetivo Geral ........................................................................................................21 2.2 Objetivos Específicos..............................................................................................21

3. Organização do Trabalho ...............................................................................22

4. Referencial Teórico.........................................................................................23 4.1 O Estresse ................................................................................................................23 4.2 Fatores estressores..................................................................................................32 4.3 Estresse Ocupacional..............................................................................................37 4.4 Estratégias de enfrentamento (coping) .................................................................48 4.5 O estresse e o profissional de TI ............................................................................58

5. Método............................................................................................................71 5.1 Caracterização da população pesquisada ............................................................71 5.2 Instrumentos ...........................................................................................................73

5.2.1 Avaliação do Estresse no Trabalho ..................................................................73 5.2.2 Avaliação das estratégias de enfrentamento no trabalho..................................74 5.2.3 Procedimentos de coleta de dados....................................................................75 5.2.4 Análise dos dados .............................................................................................77 5.2.5 Amostra ............................................................................................................77

6. Resultados e discussão..................................................................................80

7. Conclusões e Recomendações ....................................................................117

8. Referências Bibliográficas ............................................................................124 ANEXO A – Questionário Fatores Estressores .............................................................137 ANEXO B – Questionário Estratégias de Enfrentamento............................................138 ANEXO C – Carta de apresentação dos questionários de pesquisa ............................142 ANEXO D – Questionário socioeconômico ....................................................................143

Page 11: Estresse em Profissionais de TI

XI

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - ........................................ .........................................................................29

Figura 2 - ........................................ .........................................................................51

Page 12: Estresse em Profissionais de TI

XII

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - ........................................ .........................................................................76

Tabela 2 - ........................................ .........................................................................79

Tabela 3 - ........................................ .........................................................................80

Tabela 4 - ........................................ .........................................................................86

Tabela 5a - ....................................... ........................................................................87

Tabela 5b - ....................................... ........................................................................88

Tabela 6a - ....................................... ........................................................................90

Tabela 6b - ....................................... ........................................................................92

Tabela 7a - ....................................... ........................................................................94

Tabela 7b - ....................................... ........................................................................95

Tabela 8a - ....................................... ........................................................................97

Tabela 8b - ....................................... ........................................................................99

Tabela 9a - ....................................... ......................................................................101

Tabela 9b - ....................................... ......................................................................103

Tabela 10a - ...................................... .....................................................................104

Tabela 10b - ...................................... .....................................................................107

Tabela 11a - ...................................... .....................................................................108

Tabela 11b - ...................................... .....................................................................110

Tabela 12a - ...................................... .....................................................................112

Tabela 12b - ...................................... .....................................................................114

Page 13: Estresse em Profissionais de TI

XIII

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CPD Centro de Processamento de Dados

TI Tecnologia da Informação

SOFTEX Associação para Promoção da Excelência do Software Brasileiro

NASDAQ National Association of Securities Dealers Automated Quotations – Bolsa de valores tecnológica dos Estados Unidos da América.

Page 14: Estresse em Profissionais de TI

14

1. Introdução

1.1 Contexto

De acordo com a SOFTEX (2009, p.31, p.47), organização responsável pelo

programa do governo para promoção da excelência do software brasileiro, o número

de empresas de software e serviços de tecnologia da informação vem crescendo a

partir de 2003, a uma taxa média anual de 4,8%, tendo no ano de 2009 cerca de

67.851 empresas de TI (Tecnologia da Informação) e crescimento médio anual do

numero de pessoas ocupadas de 12,6% com cerca de 540.000 profissionais de TI

em 2009.

Os profissionais de TI são os indivíduos responsáveis por dar sustentação a

toda uma infra-estrutura tecnológica e sistemas de informação num mundo em

redes. De acordo com Stair (2007), dentro da organização, o profissional de TI

geralmente trabalha em um centro de tecnologia, o qual emprega desenvolvedores

para a internet, programadores de computadores, analistas de sistemas, operadores

de computadores, especialistas em redes e segurança da informação. Esse

profissional também pode trabalhar em outros departamentos ou outras áreas

funcionais oferecendo suporte. Além das habilidades técnicas, o profissional de TI

também precisa de habilidades em comunicações verbais e escritas, de um

entendimento das organizações no modo como elas operam e a capacidade de

trabalhar com outras pessoas, os usuários dos sistemas de informação (STAIR,

2007). Sistemas de informação têm um papel importante nos negócios e na

sociedade atual, podendo ter um grande impacto na estratégia corporativa e no

sucesso organizacional das empresas (O´BRIEN, 2001). No contexto das

organizações de trabalho, Drucker (1999) chama de “Sociedade do Conhecimento”,

a internacionalização dos mercados, as pressões por produtividade e a

Page 15: Estresse em Profissionais de TI

15

competitividade que as empresas e os trabalhadores vêm sofrendo tendo como

conseqüência exigências cada vez maiores por produtividade, iniciativa e

conhecimento dos profissionais. Neste sentido, Cacazotte (2009) cita que nas

últimas décadas, a função de TI nas organizações teve um crescimento rápido,

impulsionado pela intensa competição. Esse crescimento criou uma demanda por

profissionais de TI mais especializados e com atribuições mais complexas. Ainda, foi

solicitado ao profissional de TI que interagisse com pessoas de fora do

departamento de sistemas de informação, possivelmente com culturas e

expectativas diferentes dos seus.

Corroborando, Gorz (1995) indica que o nível cada vez mais elevado de

informatização cria uma demanda por profissionais especializados, sobretudo os da

área da Tecnologia da Informação, que cotidianamente lidam com novos produtos.

Estes profissionais convivem com constantes alterações de ambiente tendo como

conseqüência a necessidade de uma constante atualização tecnológica. Moore

(2000) cita que um dos grandes motivos para a rotatividade de profissionais de TI

nas organizações é devido ao esgotamento dos mesmos, catalisado pelas

constantes mudanças da tecnologia e pressão por resultados.

De acordo com Agarwal e Ferratt (2000), a capacidade de reter uma

competente equipe técnica de TI tem sido reconhecida como um fator crítico para

uma organização na realização dos seus objetivos estratégicos. Corroborando,

Fontes (2006) e O´Brian (2004) citam que o profissional de TI já é considerado peça-

chave dentro das empresas, pois deve estar atento à autenticidade, disponibilidade

e segurança da informação para que as mesmas estejam sempre disponíveis no

tempo certo, em qualquer circunstância, a quem precisar delas.

Page 16: Estresse em Profissionais de TI

16

Sem horários específicos, trabalhando em ambientes de criticidade onde a

informação não pode ser perdida, os profissionais de TI estão sujeitos a

condições de trabalho diferenciadas, com uma carga horária excessiva em um

ambiente de pressão, o que pode levar a tensões e problemas advindos do

exercício da atividade profissional. As exigências organizacionais feitas a esses

profissionais, decorrentes da dinâmica das transformações no mundo moderno e da

necessidade de se ter as informações seguras e disponíveis 24 horas por dia,

parecem ter levado ao aumento da carga de trabalho. Ter um maior envolvimento

com o trabalho e com a organização, seja para entender, decidir, agir ou responder

às demandas diárias, ficando absorvido (física e psicologicamente) de forma integral

pela organização em decorrência da complexidade, da diversidade e da dinâmica

do mundo organizacional, parece ser uma realidade para o profissional de TI

(LAUDON e LAUDON, 1996).

Todas essas características levam a crer que vários fatores, como excesso de

trabalho, medo de obsolescência, pressão por resultados e outros possam estar

gerando estresse nos profissionais de TI. Assim, tendo em vista o papel que o

profissional de TI vem assumindo dentro das organizações, surgiu o desafio de

investigar o fenômeno do estresse nestes profissionais nos dias atuais e, em

situações dessa natureza, as diferentes estratégias de enfrentamento utilizadas

pelos mesmos.

1.2 Problematização

Nas ultimas três décadas, a proliferação dos computadores e sistemas de

informação dentro das organizações tem gerado uma alta demanda por profissionais

de tecnologia da informação e no mesmo período, o estresse nos profissionais de

Page 17: Estresse em Profissionais de TI

17

tecnologia da informação tem sido estudado em vários países, objetivando

compreender o fenômeno nestes profissionais e combater seus malefícios.

De acordo com Conti (2010), o lançamento na década de 80 dos computadores

pessoais transformou o mundo da informática, pois o poder de processar dados

eletronicamente passou a não ficar restrito aos Centros de Processamento de Dados

(CPDs) de empresas e universidades, ficando também disponível para as pessoas

comuns, os usuários domésticos. Paralelamente, pequenas empresas puderam se

informatizar, sem os altos custos dos computadores centrais (os "mainframes"), da

manutenção de salas especiais para CPD, e de todo o pessoal necessário. Neste

mesmo período, alguns pesquisadores já se preocupavam em estudar o estresse

nos profissionais de tecnologia da informação. Ivancevich, Napier, e Wetherbe

(1983), realizaram uma pesquisa que tinha como objetivo verificar o sentimento do

estresse percebido pelos profissionais de TI nos Estados Unidos e os principais

fatores que geravam estresse nestes profissionais. Segundo estes autores, questões

que diziam respeito à estresse, comportamento e atitudes associadas com a área de

tecnologia da informação precisavam ser respondidas para aqueles que

consideravam trabalhar na área e para aqueles que já trabalhavam. Ainda, segundo

Ivancevich, Napier, e Wetherbe, com base em evidências cientificas, as

organizações poderiam criar programas de motivação e de enfrentamento para

minimizar os efeitos negativos do estresse como exemplo, dor de cabeça,

irritabilidade, depressão, tensão, fadiga severa e doenças psicossomáticas, como

indisposição do estômago (COHEN, 1984). A pesquisa realizada neste período

trouxe como dado relevante que a principal fonte de estresse era devido a

problemas de comunicação interna. A pressão do tempo e sobrecarga de trabalho

Page 18: Estresse em Profissionais de TI

18

foi a terceira fonte de estresse levantada, o que ao longo das próximas décadas,

apresentou-se como a principal fonte de estresse nos profissionais de TI.

O número de pesquisas sobre o estresse ocupacional em profissionais de TI

tomou força a partir da década de 90. Uma das hipóteses seria devido ao inicio da

massificação do uso dos microcomputadores dentro das organizações, o que gerou

uma demanda crescente por estes profissionais e a internet, que pode ter elevado a

necessidade do profissional de TI ser mais atuante e disponível. Segundo Conti

(2010), no final de 1992 só haviam 50 web sites no mundo inteiro e em 2008 o

Google já indexava cerca de 1 trilhão de páginas web. Em 1999 a população usuária

de internet no mundo ultrapassava 250 milhões de pessoas e o Brasil já contava

com 2.2 milhões de internautas. Já neste período, o artigo da Information Week

citava um programador de sistemas descrevendo sua situação de trabalho: Você

deverá manter o seu beep e fazer-se disponível nos finais de semana, caso haja um

problema. Mesmo quando você está saindo para férias, o patrão dizia "Deixe-nos o

seu número no caso de algo surgir (MCGEE, 1996).

O que na década de 80 não se tinha evidenciado como fator estressor

principal, Li e Shani (1991), Lim e Teo (1999) e Kaluzniacky (1999) identificaram em

suas pesquisas, que o principal fator gerador de estresse era a sobrecarga de

trabalho, o que começa a ser peculiar em pesquisas cientificas, a partir desta

década, e um indicativo que a pressão sobre estes profissionais estava aumentando.

Segundo Conti (2010), em 2000, o número de computadores pessoais em todo

o mundo chegou a 500 milhões e a chamada "bolha da internet" teve seu ápice. Em

março a bolsa eletrônica Nasdaq atingiu pontuação recorde de 5.048,62 pontos e

depois, entrou em queda que chegou a 74% em 30 meses. O valor das ações das

empresas de tecnologia caiu fortemente em mercados de todo o planeta,

Page 19: Estresse em Profissionais de TI

19

ocasionando falências e demissão de milhares de profissionais de TI. No final da

década de 90 e inicio do ano 2000, milhões de profissionais de TI em todo mundo,

trabalharam em incontáveis programas de computadores buscando falhas em suas

lógicas no intuito de evitar o “bug do milênio”, o qual faria com que o computador

confundiria os dois últimos algarismos do ano 2000 com os do ano 1900,

provocando problemas de diversos tipos e prejuízos calculados em US$600 bilhões

(LEAL, GOUVEIA, 2002). Em 2001 ocorreu atentado ao edifício World Trade Center,

"WTC", em Nova York, em 11 de setembro, provocando recorde de "audiência" na

web. Em 23 de junho de 2008, um estudo do órgão de pesquisas Gartner informou

que o número de computadores pessoais em uso no mundo superou um bilhão de

unidades e em 2009, apenas o Brasil já possuía 64,8 milhões de internautas com

mais de 16 anos. Neste período, Mc-Gee, Khirallah e Lodge (2000) citavam que

existiam alguns indícios que confirmavam que os profissionais de TI eram

geralmente sobrecarregados e em um artigo publicado no The Economic Times /

India Times (4 Set, 2007) referente a uma pesquisa realizada com 4.000

trabalhadores de Tecnologia da Informação pela People Health, foram encontrados

altos níveis de estresse, uma quase inexistente vida social e um aumento

significativo de riscos à saúde. A pesquisa revelava ainda que era alarmante o

aumento do alcoolismo neste segmento ocupacional. (KRISHNAMURTHY G., 2007).

Em maio de 2006, em uma pesquisa realizada na Irlanda, foi demonstrado que

os profissionais de TI sofriam mais com estresse do que os especialistas de

qualquer outra atividade: 97% dos profissionais de TI consideravam seu trabalho

estressante (REGGIANI, 2006).

Page 20: Estresse em Profissionais de TI

20

Ainda, alguns pontos são relevantes dentro do contexto do estresse nos

profissionais de TI. Um deles diz respeito a idéia, corroborada por alguns

pesquisadores como Lim e Teo (1999), Rocha e Ribeiro (2001) e Rinaldi (2007), que

a profissional do sexo feminino é mais estressada do que o profissional do sexo

masculino devido a sobreposição de papéis (casa e trabalho). Será que esta

afirmação é realmente verdadeira? Ainda, uma crença tão frequentemente

confirmada, pelo senso comum, é que os profissionais que trabalham em órgãos

públicos tem um nível de estresse menor do que os que trabalham para a iniciativa

privada, devido a questão da estabilidade do emprego. Outras perguntas

motivadoras desta investigação merecem destaque: A quantidade de trabalho ainda

é o principal fator gerador de estresse para o profissional de TI ou o medo da

obsolescência tecnológica e por conseqüência de estar fora do mercado de

trabalho?

Ao longo destas ultimas três décadas vários foram os estudos que explicitaram

os principais fatores estressores que afligiam os profissionais de TI, bem como o

crescente aumento do nível de estresse devido a estes fatores. A presente pesquisa,

teve como um dos seus principais desafios, ratificar ou retificar estes estudos, tendo

como conjuntura o inicio de uma nova década (2010), e como inquietude do

pesquisador, o que estressa os profissionais de TI hoje e como os mesmos lidam

com o estresse.

Estas questões mostram a importância do estudo do estresse e das estratégias

de enfrentamento para a melhoria da qualidade de vida do profissional de TI no

trabalho. Espera-se que a partir dessa pesquisa, os profissionais de TI, de posse de

informações sobre o estresse, estratégias de enfrentamento e suas relações tenham

mais condições de compreender o contexto do fenômeno e buscar dentro de si e ao

Page 21: Estresse em Profissionais de TI

21

seu redor formas para mitigar os efeitos nocivos do mesmo. Da mesma forma,

espera-se que as organizações possam, de pose das informações sobre o

fenômeno do estresse, estratégias de enfrentamento e suas correlações de acordo

com o sexo, estado civil, faixa etária, tempo de serviço, atividade, tipo de

organização, tipo de vinculo e tamanho da organização, disponibilizar recursos e

mecanismos para minimizar seus efeitos sobre seus profissionais de TI e desta

forma possibilitar que os mesmos contribuam ainda mais para os resultados

corporativos.

2. Objetivo

2.1 Objetivo Geral Investigar o estresse nos profissionais de tecnologia da informação dentro das

organizações enfatizando como este profissional percebe e lida com o fenômeno no

inicio de uma nova década (2010), o nível de estresse e se as estratégias de

enfrentamento utilizadas foram eficientes em sua regulação.

2.2 Objetivos Específicos

a) Definir estresse, fatores estressores, estresse ocupacional e estratégias de

enfrentamento.

b) Identificar os principais fatores estressores percebidos pelos profissionais de

TI, a partir da Escala de Estresse no Trabalho (EET) de Paschoal e Tamayo (2004)

bem como quais as estratégias de enfrentamento mais utilizadas por estes

profissionais, a partir do Inventário de Estratégias de Coping (LAZARUS e

FOLKMAN, 1984).

Page 22: Estresse em Profissionais de TI

22

c) Verificar se o nível de estresse dos profissionais pesquisados pode ser

considerado alto, ou seja, se os profissionais de TI são realmente estressados.

d) Verificar a relação entre estresse e estratégias de enfrentamento entre

profissionais que atuam na área de TI.

e) Verificar a influencia do sexo, estado civil, faixa etária, tempo de serviço,

atividade, tipo de organização, tipo de vinculo e tamanho da organização sobre o

estresse e as estratégias de enfrentamento.

3. Organização do Trabalho

Este trabalho está divido em 7 Capítulos distribuídos da seguinte maneira:

O Capítulo 1 refere-se a contextualização e a problematização, o capítulo 2 diz

respeito ao objetivo geral e específicos e o capítulo 3 explicita como os capítulos

foram organizados.

No Capítulo 4 estão os aspectos históricos, a evolução conceitual e os

conceitos de estresse, fatores estressores, estresse ocupacional e estratégias de

enfrentamento.

Em seguida, no Capítulo 5 está descrito o método da pesquisa, a população e

amostra, os instrumentos, o procedimento para coleta de dados e o procedimento

para análise de dados.

Os resultados e discussão estão no Capítulo 6, com as análises sobre os

fatores estressores e estratégias de enfrentamento utilizadas pelos profissionais de

TI.

E, no Capítulo 7 são apresentadas as considerações finais e recomendações.

Page 23: Estresse em Profissionais de TI

23

4. Referencial Teórico

4.1 O Estresse

Neste Capítulo apresentam-se o conceito de estresse, sua evolução, seus

modelos de estudo e suas fases. Pretende-se, a partir desta seção, pontuar a

evolução do tema e os impactos do estresse na vida do profissional da área de

tecnologia da informação.

As primeiras menções à palavra estresse significando aflição e adversidade

datam do século XIV (Lazarus e Lazarus, 1994 apud Lipp, 1996). De acordo com

Cooper, Cooper e Eaker (1988) e Arnold, Robertson e Cooper (1995), estresse é

uma palavra derivada do latim stringere, que significa tração apertada, ou seja,

“espremer”.

Cooper, Cooper e Eaker (1988) acrescentam que o termo estresse seja

utilizado desde o século XVII para indicar “fadiga” ou “aflição”. Segundo Filgueiras e

Hippert (1999), a palavra estresse teve sua origem no termo inglês “Stress”, que tem

sua origem na mecânica como uma força exercida sobre um corpo que tende a se

deformar.

De acordo com Lipp (1996), em torno do século XVII, estudos no campo da

engenharia destacavam que a seleção dos materiais para construção de obras como

pontes, edificações e outros, deveriam levar em conta as características das cargas

que estes materiais tinham condições de suportar. Neste sentido, foi criada a

analogia com o ser humano, pois cada pessoa também consegue lidar com uma

carga de pressão.

Em 1925, o austríaco Hans Selye, ainda estudante de medicina, chegou à

conclusão que “a maioria das perturbações registradas era aparentemente comum a

muitas e, talvez, a todas as doenças” (BACCARO, 1998, pág. 24). Conforme Lipp

Page 24: Estresse em Profissionais de TI

24

(1996a) foi Selye que utilizou a palavra estresse pela primeira vez, em 1936, com

base em observações que vinha fazendo desde a década de vinte, quando passou a

identificar sintomas semelhantes, como hipertensão, desânimo e fadiga em

pacientes que sofriam de diferentes doenças, sintomas estes que não decorriam de

tais doenças, e que muitas vezes apareciam em pessoas que não estavam doentes.

De acordo com Lipp (2003a), Selye foi influenciado pelas descobertas de dois

fisiologistas. Um deles foi Claude Bernard. Bernard (1879) sugeriu que o ambiente

interno dos organismos deve permanecer constante, apesar das mudanças no

ambiente externo.

O outro foi Walter B. Cannon. Cannon (1926) sugeriu o termo homeostase

como um processo através do qual um organismo mantém as condições internas

constantes necessárias para a vida. À luz do conceito da homeostase, Selye

conceituou estresse como uma quebra nesse equilíbrio (homeostase).

Já Benevides-Pereira (2002) refere-se à distinção entre estímulos estressores

e estresse, sendo que o primeiro é considerado como um agente ou elemento, que

interfere no equilíbrio homeostático, podendo ser de caráter físico, cognitivo ou

emocional. Enquanto que o estresse é a resposta a esse estímulo, tendo como

função o ajustamento da homeostase, garantindo a sobrevivência.

Lipp (2003a) por sua vez, destaca que ora o estresse é descrito como um

estímulo que gera uma quebra na homeostase, ora é descrito como uma resposta

comportamental criada por tal desequilíbrio.

Limongi-França e Rodrigues (2005, p. 32 e 33) destacam ainda que o estresse

possa ser visto em duas vertentes: como processo e como estado. “O estresse

como processo é a tensão diante de uma situação de desafio por ameaça ou

Page 25: Estresse em Profissionais de TI

25

conquista. O estresse como estado é o resultado positivo (eutress) ou negativo

(distress) da tensão realizada pela pessoa”.

Os termos eutress e distress foram definidos por Selyes (1965). O mesmo

conceituou o eustress como o nível positivo de estresse. Podemos pensar em uma

situação onde existe uma relativa tensão, mas com equilíbrio entre esforço, tempo,

capacidade para a realização e resultados e onde ainda existe motivação e

satisfação para a realização de uma tarefa.

O processo negativo, caracterizado por situações aflitivas, de constante

estresse é denominado distress. O distress pode ser agudo, quando é intenso, mas

por breve período, como a notícia da morte de um parente próximo, recebimento da

noticia de uma doença como câncer ou demissão e crônico, quando não é tão

intenso, mas ocorre constantemente como as situações tensas no ambiente de

trabalho ou a preocupação com dívidas que não se sabe como pagar, entre outros.

Corroborando, Benevides-Pereira (2002) cita que o estresse não

necessariamente é um processo patológico, pois possui caráter positivo, o

denominado eustress, quando os estressores são leves e controláveis,

proporcionando crescimento, prazer, motivação, desenvolvimento emocional e

intelectual. Mas quando o estressor ultrapassa um determinado limite de tensão é

conhecido como distress, com caráter negativo, prejudicando o desempenho

pessoal, social e profissional.

Segundo Mendes e Leite (2004), o eustress ocorre em situações excitantes no

cotidiano, geralmente situações inesperadas, que são percebidas como um desafio.

Esse tipo de estresse incorre em um menor risco de adoecer. Já o distress é

geralmente causado por situações que fogem ao controle e são percebidas como

uma ameaça.

Page 26: Estresse em Profissionais de TI

26

Estímulos estressores externos, como as pressões do trabalho (pressão por

resultado, excesso de trabalho, uma promoção para um cargo gerencial, medo do

desemprego), na família (casamento, pais, filhos), doenças, medo de assalto,

trânsito, medo de fechar a empresa e os estressores internos como valores,

crenças, retidão ou não do caráter, pensamentos, emoções, as formas de interpretar

cada situação, entre outros, podem ser causas do estresse.

Mota et al. (2006) ressaltam ainda que para o indivíduo desenvolver o processo

de estresse não necessariamente precisa existir o agente estressor externo, pois,

muitas vezes, as pessoas se antecipam à ocorrência do fato, o que leva a vivenciar

ou sofrer prematuramente as reações do estresse.

Lazarus e Folkman (1984) definem o estresse como um relacionamento

particular entre a pessoa e o ambiente, que pode estar sendo avaliado pela pessoa

como sobrecarregado ou excedendo seus recursos, o que implica em risco ao seu

bem estar. Ainda estes autores definem uma pessoa com estresse quando esta

percebe necessitar de mais recursos do que ela própria dispõe para enfrentar uma

situação de estresse. Neste caso, é a percepção que vai determinar o grau do

estresse.

Nesta linha, Limongi-França e Rodrigues (2005) entendem que o estresse não

é apenas uma reação do organismo, pois envolve uma relação entre o indivíduo, seu

ambiente e as situações às quais estão fora de controle, sendo percebido pela

pessoa como uma ameaça ou ainda como algo que exige dela mais que suas

próprias capacidades ou recursos, colocando em risco seu bem-estar.

A resposta a um mesmo evento estressor pode variar de pessoa para pessoa,

dependendo da percepção do estímulo pelo indivíduo e da avaliação cognitiva que

realiza sobre a situação estressante, bem como sobre seus recursos para lidar com

Page 27: Estresse em Profissionais de TI

27

essa situação (REGEHR, HEMSWORTH e HILL, 2001). Assim, não é a gravidade

do evento per se que determina diretamente a resposta do indivíduo, mas a

avaliação que cada pessoa faz do estímulo estressor (FELSTEN, 2002; RUITTER,

1987).

Ainda, Lazarus (1990) aponta que o que é estressante para um indivíduo em

determinado momento pode não ser para outro indivíduo ou para esse mesmo

indivíduo em outro momento, dependendo da percepção individual e de aspectos

contextuais.

Um evento, como uma promoção, para um determinado individuo pode ser

motivo para desencadear um processo de estresse enquanto para outro individuo

pode ser um fator estimulante. É importante aqui uma distinção entre pressão e

estresse, pois podem parecer sinônimos. De acordo com Albrecht (1990), a pressão

está na situação enquanto o estresse está na pessoa. Cada indivíduo pode ter um

ponto de vista diferente do outro na observação do mesmo evento. Segundo Selye

(1956), o estresse é parte natural do funcionamento humano, enquanto que a

pressão é normal da interação entre as pessoas.

Ainda, segundo Arroba e James (1988, p.13), "todos nós temos um limite certo

para suportar a pressão. Quando ela não está no nível favorável, o resultado é o

estresse". Os autores destacam que o estresse ocorre nos dois extremos, ou seja,

quando existe uma pressão muito grande e quando existe uma pequena pressão ou

inexiste, levando assim o individuo a construir um quadro de ansiedade, medo,

frustração, entre outros.

Para Couto (1987), o estresse de monotonia é decorrente do baixo nível de

estimulação do indivíduo, uma vez que a demanda do ambiente é inferior à

capacidade de realização do mesmo.

Page 28: Estresse em Profissionais de TI

28

Para McCormick (1997, p.90), "o estresse é um estado de tensão, ansiedade

ou pressão vivido pela pessoa. Pode ser descrito ainda como estado de apreensão,

agitação, frustração, irritação, medo, desconforto mental e infelicidade".

O estresse pode se apresentar em três ou quatro fases. Segundo Selye (1965),

quando uma pessoa se confronta com um estímulo agressor, no caso estressor, o

corpo reage. Essa reação se dá em três fases: alerta, resistência e exaustão. Lipp

(2003a) propôs uma quarta fase que recebeu o nome de quase-exaustão. Esta fase

se encontra entre a de resistência e a de exaustão. Desta forma o modelo de Lipp é

uma ampliação dos estudos de Selye. O estresse tem inicio na fase de alerta,

quando a pessoa defronta-se com uma situação estressora.

Silva (2000) aponta que a primeira reação do organismo é uma descarga de

adrenalina, sendo que os órgãos do aparelho circulatório e respiratório são os mais

afetados. A função da adrenalina no aparelho circulatório é o de promover a

aceleração dos batimentos cardíacos, taquicardia e diminuição do tamanho dos

vasos sangüíneos periféricos, fazendo com que o sangue circule mais rápido para

uma melhor oxigenação, especialmente, dos músculos e do cérebro, o que diminui

sangramentos em caso de ferimentos superficiais. Enquanto que no aparelho

respiratório, a adrenalina proporciona a dilatação dos brônquios, aumentando os

movimentos respiratórios, com o intuito de haver maior captação de oxigênio, o qual

será transportado de forma mais rápida pelo sistema circulatório. Este fator dá

energia ao organismo, desde os primórdios, preparando o individuo para lutar ou

fugir.

A fase de alerta faz parte do cotidiano da grande maioria das pessoas, pois a

todo instante deparam com algum tipo de estressor, tanto interno (nossas emoções,

pensamentos, valores, entre outros), quanto externos (trabalho, assalto, parentes,

Page 29: Estresse em Profissionais de TI

29

filhos, entre outros). A fase de alerta leva os indivíduos a ficarem em estado de

prontidão e pode gerar taquicardia, alteração da pressão arterial, sudorese, boca

seca, mãos e pés frios, mudanças de apetite, insônia, diarréia passageira, entre

outros. Nesta fase, dentro dos ambientes corporativos, os profissionais apresentam

incremento de motivação, entusiasmo e muita energia para enfrentar os desafios.

Segundo Lipp (2004b), nessa fase sempre acontece uma quebra na

homeostase, pois o esforço gasto tem como objetivo o enfrentamento da situação

que traz ameaça ao individuo. O estresse pode ser visto aqui, como uma resposta

do organismo visando sua sobrevivência frente a um estressor.

Se a pessoa, ao perceber que o agente estressor é inofensivo, frente as suas

possibilidades de enfrentamento, o organismo retorna ao estado inicial da

homeostase, mas se isto não acontece e o desafio ou o perigo persiste, tem-se inicio

a fase da resistência.

Na segunda fase, ocorre um aumento na capacidade de resistência, pois o

organismo tenta restabelecer o equilíbrio interno (homeostase), utilizando toda a

energia adaptativa.

A pessoa também pode apresentar cansaço injustificado, problemas com a

memória, sensação de desgaste e irritabilidade (BENEVIDES - PEREIRA, 2002;

LIPP, 2003a). Permanecendo os estímulos estressores, acontece a fase de quase-

exaustão.

Segundo Lipp (2000 e 2003a), a fase de quase-exaustão é caracterizada pelo

início do processo de adoecimento, pois há um enfraquecimento do sistema

imunológico e as defesas do organismo começam a ceder. O indivíduo não

consegue se adaptar ou resistir ao estressor.

Page 30: Estresse em Profissionais de TI

30

É notória uma oscilação entre momentos de bem-estar e desconforto, cansaço

e ansiedade, havendo grandes dificuldades do organismo para restabelecer a

homeostase interna, dando início à quarta fase do estresse, a exaustão.

A fase de exaustão, ou ultima fase, há uma quebra total da resistência. O

organismo esgota a energia de adaptação, há um aumento das estruturas linfáticas,

ocasionando exaustão psicológica em forma de depressão e exaustão física em

forma de doenças como úlceras, aumento da pressão arterial, problemas cardíacos,

dermatológicos, sexuais, câncer ou ainda pode levar o indivíduo à morte (LIPP,

2003a, 2004b).

Conforme cita Lipp (2004), nos dois modelos o estresse é tratado como um

processo que se desenvolve em etapas ou fases. Estas fases podem ser

temporárias e de intensidade variável. O desempenho máximo de um indivíduo é

atingido na fase de resistência, quando são mobilizadas todas as suas energias de

reserva. É o ponto de maior resistência do organismo, conforme Figura 1. Dessa

forma, o indivíduo fica sem energia para momentos futuros e, logo em seguida, vem

à quebra do organismo, pois o mesmo fica destituído de defesas. De acordo com

Lipp (2004), o nível ideal de estresse é o ponto anterior ao ponto máximo de

estresse e de produtividade, que está muito próximo de evoluir para as fases mais

avançadas, em que a produtividade e a saúde do indivíduo são afetadas pelo

estresse excessivo. No estágio de exaustão doenças muito sérias podem surgir.

CAPRA (1997) destaca que as doenças crônicas e degenerativas, altamente

evidenciadas atualmente, são as causas principais de morte e incapacidade e que

estão ligadas ao estresse em excesso.

Page 31: Estresse em Profissionais de TI

31

Figura 1 – Relação entre as fases do estresse e os níveis de produtividade Fonte: Lipp (2004, p. 22)

Embora a palavra estresse esteja atualmente carregada de certo negativismo,

o fenômeno não é uma reação nova exclusiva dos tempos modernos, mas um

mecanismo de defesa do ser humano, como uma forma de garantir a sobrevivência

(MENDES e LEITE, 2004). Atualmente, sabe-se que o estresse não é bom, nem

ruim. É um recurso importante para se enfrentar as diferentes situações da vida

quotidiana.

A resposta ao estresse é ativada pelo organismo com o objetivo de mobilizar

recursos que possibilitem às pessoas enfrentarem as mais variadas situações

(LIMONGI-FRANÇA; RODRIGUES, 2002).

É importante destacar, além do conceito de estresse, definido nesta pesquisa

como um relacionamento particular entre a pessoa e o ambiente, que pode estar

sendo avaliado pela pessoa como sobrecarregado ou excedendo seus recursos, o

que implica em risco ao seu bem estar (LAZARUS e FOLKMAN, 1984), a definição

de fatores estressores. Segundo Lipp (1996), tudo o que cause a quebra da

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32

homeostase interna, ou seja, que exija alguma adaptação pode ser chamado de um

estressor. Fatos que envolvem adaptação a mudanças, sejam eles positivos ou

negativos, constituem-se em estressores importantes, pois o individuo necessitará

despender energia adaptativa para poder lidar com estes eventos.

4.2 Fatores estressores

Neste Capítulo apresentam-se alguns conceitos importantes sobre fatores

estressores em um aspecto geral e sua relação com o estresse.

Eventos relevantes na vida de um individuo, como por exemplo, começar um

novo emprego, casamento, separação, morte, nascimento de filho, doenças graves

entre outros podem ser considerados fatores que causam estresse nos indivíduos.

Neste sentido, avaliar a incidência destes eventos pode ser uma forma de tomar

conhecimento da freqüência com que determinada pessoa desencadeia uma

resposta de estresse (MARGIS et al., 2003).

Segundo Santos (1995), um único estressor não poderá levar o indivíduo ao

estresse, mas sim a combinação e o acúmulo de vários agentes. Zakir (2001) aponta

que, quanto maior forem à intensidade, a freqüência e o tempo de duração dos

estressores, maior a probabilidade de se desenvolverem reações de estresse.

Além dos grandes eventos da vida, os acontecimentos diários de menor

impacto, tais como esperar em filas, barulhos, engarrafamentos, também são

considerados causadores de estresse. Esses acontecimentos diários, quando se

manifestam de uma forma freqüente, podem gerar respostas psicológicas e

fisiológicas mais intensas do que os grandes eventos (MARGIS et al., 2003).

Ainda, a globalização da economia, aumento da sofisticação tecnológica,

aumento do número de informações, ambiente de trabalho altamente competitivo,

transitoriedade do emprego, entre outros são fatores que vêm afetando o bem-estar

Page 33: Estresse em Profissionais de TI

33

físico e mental dos trabalhadores. Estes fatores podem gerar um aumento da

insegurança, ansiedade e elevação dos níveis de estresse dos indivíduos

(CARLOTTO e GOBBI, 1999; LAUTERT, CHAVES e MOURA, 1999).

Nas ultimas décadas, o fenômeno estresse tem sido estudado sob vários

prismas. Nestes estudos, o estresse tem sido entendido e conceituado como

estímulo, resposta e interação (LAUTERT, CHAVES e MOURA, 1999). O conceito

de estímulo foi desenvolvido a partir do princípio de forças externas que produzem

alterações transitórias ou permanentes sobre os indivíduos. Essas forças referem-se

a eventos denominados estressores, que podem ser considerados como

ameaçadores para o indivíduo (SELYE, 1965).

A seguir, o fenômeno do estresse passou a ser considerado uma resposta

(fisiológica, cognitiva ou motora) do indivíduo ante um determinado estímulo

estressor.

Nas pesquisas realizadas a partir da década de 1980, o fenômeno do estresse

passou a ser conceituado sob a perspectiva da interação psicológica e

idiossincrática (MOOS,1990), onde um evento é estressante na medida em que o

indivíduo o percebe e valora como tal.

Segundo Lipp (1984), o estresse pode ser originado de fontes externas e

internas. As fontes internas estão relacionadas com a maneira de ser do indivíduo,

tipo de personalidade e seu modo típico de reagir à vida. Muitas vezes, não é o

acontecimento em si que possa ser estressante, mas a maneira como é interpretado

pela pessoa. Ainda segundo Lipp (2003), “valores muito rígidos, culpas indevidas,

percepções enviesadas por experiências passadas, competição, incertezas, pressa,

perfeccionismo, mágoas antigas e expectativas exageradas para si e para os outros

estão entre as causas mais comuns do estresse”. As externas independem do modo

Page 34: Estresse em Profissionais de TI

34

de funcionamento do individuo e podem estar relacionadas a uma mudança de

emprego, acidentes ou qualquer outro evento que ocorra fora do corpo e da mente

da pessoa (LIPP, 1996).

Na mesma linha, Domingos et al (1996) citam que em geral são duas as fontes

de estresse, denominadas estressores, sendo classificadas como externas ou

internas. As externas são eventos que ocorrem na vida das pessoas, tais como

morte, casamento, mudança de emprego, entre outros, já as fontes internas estão

relacionadas ao mundo interno do indivíduo, como por exemplo, crenças, valores e

padrões comportamentais.

Em relação às fontes internas, Friedman e Rosenman (1974) propuseram duas

categorias de personalidade:

• Tipo A é mais propenso ao estresse, pois compreendem indivíduos,

apressados, impacientes, competitivos, perfeccionistas e ansiosos.

Estes indivíduos levam a vida em um ritmo acelerado e se sentem

culpados quando relaxam;

• Tipo B diz respeito aos indivíduos que não têm a necessidade de

impressionar os outros e que são capazes de trabalhar com mais calma

e tranqüilidade, relaxam sem sentir culpa, e não sofrem devido ao

sentimento de impaciência ou do senso de urgência. Neste sentido, os

mesmos são menos propensos ao estresse.

Em uma área de Tecnologia da Informação é normal a coexistência de pessoas

dos dois tipos. Não é raro indivíduos do Tipo A pressionar os indivíduos do Tipo B

para que executem mais tarefas, cada vez mais rápidas e sem erros. Este

posicionamento pode gerar estresse nos indivíduos do Tipo B. Corroborando, Lipp

Page 35: Estresse em Profissionais de TI

35

(2003) cita que “uma das mais importantes fontes de estresse para a pessoa do tipo

B é um tipo A”.

Ainda, segundo Rosenman (1996) os indivíduos do tipo A enfrentam as

mudanças do ambiente com impaciência, agressividade e competitividade, com

comportamentos característicos como agilidade, tensões musculares, estilo vocal

apressado e enfático, além de respostas emocionais como irritação.

Friedman e Rosenman (1974) destacam ainda que os indivíduos do tipo A não

possuem certeza absoluta de seu valor e de suas deficiências, ao contrário do tipo

B, que consegue perceber as suas virtudes e se conformam com as próprias

limitações. O Tipo A está à procura de maiores metas, mais horas trabalhadas e na

aquisição de mais bens materiais.

O indivíduo que apresenta características do tipo A normalmente vivencia o

estresse de forma intensa quando submetido a aspirações profissionais não

atendidas, mais especificamente quando preterido, quando exposto a convivência

com pessoas do Tipo B que são consideradas pelo Tipo A como ineficientes e lentas

e na crise de meia-idade, quando faz questionamentos de valores que foram

esquecidos por causa da ânsia de trabalhar e realizar.

Rosch (2005) acredita que as pessoas do Tipo A se tornam dependentes dos

picos de secreções hormonais relacionadas ao estresse e, quando privados de tais

estímulos, podem se tornar irritáveis e deprimidos.

Finalmente, a forma de ser dos indivíduos do tipo A nem sempre leva a bons

resultados, como ressalta Rio (1995). As ações destes indivíduos, muitas vezes

precipitadas e sem reflexões sobre qualidade e estratégia, bloqueiam o acesso a

excelência, ou seja, produzem mais agitação comportamental do que resultados

eficazes (RIO, 1995).

Page 36: Estresse em Profissionais de TI

36

De acordo com Lida (1993), as causas do estresse são variadas e possuem

efeito cumulativo. As exigências físicas ou mentais que excedem a capacidade do

individuo pode provocar estresse, mas este pode incidir fortemente naqueles

indivíduos já afetados, devido a conflitos no trabalho ou até mesmo devido a um

problema doméstico. De acordo com Fiamoncini et al (2003) as várias causas do

estresse são:

• Pressão para manter a produção, responsabilidade, conflitos e outras

fontes de insatisfação no trabalho;

• O estresse decorre de uma percepção individual da sua capacidade em

atender a demanda do trabalho ou terminá-lo dentro de um prazo

acordado;

• Condições desfavoráveis, projeto inadequados de posto de trabalho,

obrigando a manter uma postura inadequada;

• Comportamentos dos chefes e supervisores que podem ser

demasiadamente exigentes e críticos, além das questões do salário,

carreira, horários de trabalho, horas extras e turnos;

• Questões de dinheiro, e a forte pressão exercida pela sociedade de

consumo são elementos de freqüentes preocupações.

Como visto várias são as fontes que podem gerar estresse no cotidiano dos

indivíduos, tanto no mundo corporativo quanto pessoal. A partir da década de 90,

houve um incremento na quantidade de pesquisas relacionadas ao fenômeno do

estresse, nas organizações.

O motivo principal para o incremento destas pesquisas tem relação com o

impacto negativo que este fenômeno trouxe para a saúde e bem estar dos

empregados e por conseqüência para a produtividade corporativa.

Page 37: Estresse em Profissionais de TI

37

4.3 Estresse Ocupacional

Neste Capítulo apresentam-se alguns conceitos importantes sobre o estresse

ocupacional. Pretendem-se ainda explicitar fatores estressores presentes no

cotidiano das organizações.

Na economia, o impacto negativo do fenômeno estresse tem sido estimado

com base na suposição e nos achados de que trabalhadores estressados diminuem

seu desempenho e aumentam os custos das organizações com problemas de

saúde, com o aumento do absenteísmo (falta ao trabalho), da rotatividade e do

número de acidentes no local de trabalho (JEX, 1998).

Morris (2003) destaca que em pesquisa publicada pela Reuters foi

demonstrado que o custo do estresse para a indústria americana foi de 300 bilhões

de dólares ao ano, com impacto negativo na produtividade dos empregados, além

de conseqüência na saúde e custo com tratamentos.

Cox (1987) afirma que o estresse ocupacional é definido pela percepção do

trabalhador em relação às demandas existentes no ambiente de trabalho e de sua

capacidade e/ou recursos para enfrentá-las. À luz desta afirmação pode-se deduzir

que o estresse ocupacional tem relação com a forma de ser de cada individuo e

neste sentido é pessoal. Um sistema que apresenta erros de programação pode ser

considerado altamente estressante para um analista de sistemas, devido a um

grande número de reclamações, enquanto para outro analista não.

Corroborando com esta afirmação, Lazarus (1995) e Lazarus e Folkman

(1984), indicam que a simples presença de eventos que podem se constituir como

estressores em determinado contexto, no qual o indivíduo esteja inserido, não

caracteriza um fenômeno de estresse. Para que isto ocorra, é necessário que o

Page 38: Estresse em Profissionais de TI

38

indivíduo perceba e avalie os eventos como estressores, o que quer dizer que

fatores cognitivos têm um papel central no processo que ocorre entre os estímulos

potencialmente estressores e as respostas do indivíduo a eles. A existência de um

evento potencialmente estressor na organização não quer dizer que ele será

percebido desta forma pelo indivíduo.

Ainda, Lazarus (1995) cita que o estresse ocupacional acontece quando o

indivíduo percebe as demandas do trabalho como excessivas para os recursos de

enfrentamento que possui. Por exemplo, enquanto um programador de computador

pode estar estressado pelo excesso de sistemas para serem entregues, outro pode

não perceber este excesso de demanda como prejudicial naquele momento, mas

sim como um fator motivacional.

Kahn e Byosiere (1992) concordam que a percepção do indivíduo é

fundamental para a avaliação de demandas organizacionais como estressores.

As fontes de tensão e de estresse são mediadas pelas diferenças próprias a

cada indivíduo, ou seja, em uma mesma situação de trabalho, elementos negativos

e estressantes não atingem de forma homogênea todas as pessoas (MORAES et

al., 1995).

De acordo com Jex (1998), as definições de estresse ocupacional dividem-se

de acordo com três aspectos: (1) estímulos estressores; (2) respostas aos eventos

estressores; (3) estímulos estressores-respostas.

Quando são focalizados os estímulos estressores, o estresse ocupacional

refere-se aos estímulos do ambiente de trabalho que exigem respostas adaptativas

por parte do empregado e que excedem a sua habilidade de enfrentamento (coping).

Estes estímulos são frequentemente chamados de estressores organizacionais.

Page 39: Estresse em Profissionais de TI

39

Quando são focalizadas as respostas aos eventos estressores, o estresse

ocupacional refere-se às respostas (psicológicas, fisiológicas e comportamentais)

que os indivíduos emitem quando expostos a fatores do trabalho que excedem sua

habilidade de enfrentamento. Quando são focalizadas as interações entre estímulos

estressores-respostas, o estresse ocupacional refere-se ao processo geral em que

demandas do trabalho têm impacto nos empregados. Nesse caso, não há separação

e o estresse é visto como um processo.

Segundo Couto (1987), o estresse é um estado em que há uma diminuição da

capacidade de trabalho e/ou desgaste anormal do organismo humano, acarretado

por uma incapacidade prolongada da pessoa tolerar, se adaptar ou superar às

exigências de natureza psíquica existentes no seu ambiente.

Para Markham (1989, p. 151), grande parte do estresse sofrido em situações

profissionais é causada pela antecipação ansiosa. A apreensão conduz ao medo e

consequentemente ao estresse, resultando em comportamentos inadequados,

transformando os medos em realidade, podendo assumir patamares elevados,

afetando todas as áreas da vida da pessoa. A ansiedade pode ser definida como

uma sensação às vezes vaga, de que algo desagradável está para acontecer

(SILVA, 1994, p. 126). Na virada de 1999 para o ano 2000 um tema que acarretou

muita ansiedade para milhões de profissionais da área de tecnologia da informação

foi o ‘Bug do Milênio’. A expectativa era que todos os computadores travassem, mas

na realidade o tão conhecido ‘Bug do Milênio’ tornou-se um grande fiasco, pois não

produziu toda a catástrofe, muitas vezes alardeada.

Dentro da área de Tecnologia da Informação acontecem situações em que

quando um sistema de informação importante está para entrar em produção, os

funcionários responsáveis ficarem preocupados e ansiosos se tudo irá ocorrer

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40

conforme planejado. A ansiedade pode causar bloqueios de memória e os indivíduos

mais ansiosos tendem a render menos em tarefas onde são avaliados os

conhecimentos aprendidos (BERMÚDEZ, 1994). Esta ansiedade pode acarretar um

planejamento ruim e/ou uma execução de procedimentos ineficazes. No Japão,

Fujigaki (1989) destacou a importância das exigências mentais do trabalho dos

engenheiros de software, apontando para a fase de implantação de sistema como

um momento em que os profissionais se declaravam “física e mentalmente

exaustos”.

Kyriacow e Sutcliffe (1981) definem o estresse ocupacional como um estado

emocional desagradável, pela tensão, frustração, ansiedade, exaustão emocional

em função de aspectos do trabalho definidos pelos indivíduos como ameaçadores. O

estresse ocupacional agrava-se quando há por parte do indivíduo a percepção das

responsabilidades e poucas possibilidades de autonomia e controle. Os analistas de

sistemas bem como os programadores, em geral, são os profissionais responsáveis

por desenvolver novos sistemas bem como dar manutenção nos sistemas legados.

Em muitas situações pode se sentir pressionado por receber responsabilidades

sobre um determinado projeto, como por exemplo, um sistema, mas não ter controle

sobre todas as variáveis que tangenciam este sistema, como por exemplo, o

ambiente onde o mesmo está sendo executado e falta de recursos em geral

necessários para um trabalho eficiente.

De acordo com Moraes e Kilimnik (1994), o estresse ocupacional pode ser

avaliado à luz de quatro variáveis: fontes de pressão no trabalho, personalidade do

indivíduo, estratégias de combate e sintomas físicos e mentais manifestos no

processo. De acordo com os autores, as duas primeiras variáveis afetam as duas

últimas.

Page 41: Estresse em Profissionais de TI

41

O estresse ocupacional, segundo Couto (1987), interfere na qualidade de vida

modificando a maneira como o indivíduo interage nas diversas áreas da sua vida.

Devido ao excesso de atividades, a pressão por prazos e outros fatores geradores

de estresse, estes indivíduos podem gerar na sua vida familiar ou social situações

de desajuste, devido ao estresse que o mesmo está vivenciando. A sobrecarga de

trabalho, tanto nos aspectos quantitativos como qualitativos é uma fonte

freqüentemente relacionada ao estresse (PARAGUAI, 1990). O excesso de horas

trabalhadas diminui as chances de apoio social do indivíduo, causando insatisfação,

tensão e outros problemas de saúde, não obstante a falta de trabalho também pode

levar a sensação de tédio ao indivíduo (PEIRÓ, 1993).

Ainda, segundo Peiró (1992), a qualidade das relações interpessoais é um fator

importante na hora de determinar o potencial estressor. A ausência de um grupo

coeso é um dos elementos que pode causar estresse. O conflito no grupo de

trabalho pode ser considerado positivo quando estimula a busca de soluções para o

problema, entretanto caso a situação de conflito persista, poderá por exemplo, gerar

frustrações, insatisfação e moléstias somáticas (PEIRÓ, 1993).

Ainda, a segurança e a estabilidade na carreira afetam um percentual

importante de pessoas. A carreira de um indivíduo pode gerar preocupações

relacionadas a mudanças no posto de trabalho, mudanças de profissão, ou falta de

promoção (PEIRÓ, 1992).

Kahn e Byosiere (1992) destacam a existência de propriedades organizacionais

antecedentes, como políticas, tecnologias e estruturas, que podem gerar eventos

estressores no trabalho. O tamanho da organização tem sido apontado como um

possível antecedente dos estressores organizacionais. Organizações onde existe

uma distância considerável entre os diversos níveis hierárquicos e em que o

Page 42: Estresse em Profissionais de TI

42

funcionário tem pouco controle sobre seu trabalho, podem ser mais propícias a gerar

eventos estressores (KAHN e BYOSIERE, 1992; SUTTON e D´AUNNO, 1989).

Segundo Glowinkowski e Cooper (1987), estressores intrínsecos ao trabalho

referem-se a aspectos como repetição de tarefas, pressões de tempo e sobrecarga.

A sobrecarga de trabalho tem recebido especial atenção dos pesquisadores. Este

estressor pode ser agrupada em uma dimensão quantitativa e em outra dimensão, a

qualitativa. A sobrecarga quantitativa diz respeito ao número excessivo de tarefas a

serem realizadas, que superam a capacidade e disponibilidade do trabalhador.

A sobrecarga qualitativa refere-se a tipos de demandas que estão além das

habilidades ou aptidões dos trabalhadores. (JEX, 1998; GLOWINKOWSKI e

COOPER, 1987).

Rocha e Debert-Ribeiro (2001), citam em suas pesquisas, que encontram tanto

para os homens, quanto para as mulheres analistas de sistemas, a presença de alta

demanda no trabalho, seja pela sobrecarga quantitativa (prazos curtos) quanto pela

sobrecarga qualitativa (alto grau de responsabilidade e uso constante da mente).

Destaca-se aqui o caso das mulheres analistas de sistemas no que tange a

superposição do trabalho exercida pela mesma em casa e no trabalho. As mulheres

analistas de sistemas possuem maior número de horas de trabalho doméstico,

quando comparadas aos profissionais do gênero masculino (Kadolin, 1997;

Lundberg, Mardberg, Frankenhauser, 1994). Tal situação tem gerado altos níveis de

sobrecarga de trabalho, estresse e conflitos de magnitude crescente de acordo com

o número de filhos de cada uma. Esta pode ser uma das razões pelas quais a

ausência de filhos aparece com maior freqüência entre mulheres analistas de

sistemas (Emslie, Hunt e Macintyre, 1999).

Page 43: Estresse em Profissionais de TI

43

A grande maioria dos trabalhos envolve interações entre pessoas, seja entre

colegas de mesmo nível hierárquico, superiores e subordinados ou entre

empregados e clientes. Quando essas interações resultam em conflitos tem-se outra

fonte de estresse (JEX, 1998; GLOWINKOWSKI e COOPER, 1987). Neste sentido,

Jex (1998) comenta que diversos fatores podem incrementar a probabilidade da

ocorrência de um conflito interpessoal no trabalho, como por exemplo, a competição

entre dois ou mais funcionários para alcançar uma promoção ou para ter acesso a

recursos de trabalho escassos na organização e a percepção de injustiça e

desrespeito no tratamento recebido por colegas e superiores.

Ainda no campo das relações interpessoais, faz parte do cotidiano dos

profissionais da área de TI, principalmente dos profissionais de desenvolvimento de

sistemas, interagirem com pessoas de fora do departamento de sistemas de

informação, possivelmente com culturas e expectativas diferentes dos seus. Como

resultado, esses profissionais podem vivenciar níveis mais elevados de estresse

(HUARNG, 2001).

Tamayo, Lima e da Silva (2002) pesquisaram a relação do clima organizacional

com o estresse ocupacional. No estudo, o clima organizacional foi operacionalizado

a partir de quatro fatores: comunicação, ambiente relacional, liderança gerencial e

valorização do empregado. Os resultados revelaram que o ambiente relacional e o

estilo de liderança gerencial são preditores do estresse ocupacional.

Ainda, estressores relacionados ao desenvolvimento da carreira são elementos

encontrados nas organizações. Esta categoria de estressor, de acordo com

Glowinkowski e Cooper (1987), inclui aspectos relacionados à falta de estabilidade

no trabalho, ao medo de obsolescência frente às mudanças tecnológicas e às

poucas perspectivas de promoções e crescimento na carreira.

Page 44: Estresse em Profissionais de TI

44

A obsolescência profissional, definida como a erosão das competências

requeridas para um desempenho de sucesso (DUBIN, 1990; FERDINAND, 1966;

GLASS, 2000 apud JOSEPH, 2001), é um elemento importante na carreira em TI. A

atualização regular das competências promove a empregabilidade, o

desenvolvimento profissional e as compensações financeiras. Assim, a rápida

mudança da tecnologia constitui uma ameaça potencial para os profissionais de TI,

já que a estimativa de meia-vida dos conhecimentos e habilidades na profissão de TI

é de menos de dois anos (ANG, 2000; DUBIN, 1990 apud JOSEPH; ANG, 2001).

Ainda segundo o estudo de Schambach (1999), os profissionais de TI com mais

idade parecem menos motivados a manter suas competências atualizadas.

A pesquisa anual de satisfação profissional de 2003, realizada pelo periódico

norte-americano Computerworld, avaliou as opiniões dos profissionais de TI relativas

à sua carreira (Hoffman, 2004). Segundo Hoffman, os resultados indicaram que não

há um entusiasmo em relação às perspectivas de carreira, embora os profissionais

de TI não demonstrem arrependimento por terem optado pela área de TI. A pesquisa

constata ainda uma insatisfação desses profissionais com suas recompensas e

participação nas decisões, e de forma geral, com as empresas em que trabalham e

oportunidades de evolução na carreira. Nesta linha, Arroba e James (1988 p. 182)

cita que as principais fontes de estresse nas organizações são “remuneração,

perspectivas incertas de carreira, muito trabalho, reuniões terríveis, colegas difíceis

e atmosfera de trabalho”.

Já Couto (1979) organizou uma lista de fatores existentes em uma organização

que podem gerar o estresse:

• Chefia insegura: o indivíduo vulnerável que tem entusiasmo excessivo

ou insegurança latente, ou ainda nível intelectual mais alto, vai

Page 45: Estresse em Profissionais de TI

45

encontrar-se diante de um agente estressor se ele percebe um chefe

inseguro. A tendência será subvalorizar as ordens do chefe, o que

provocará insatisfação no trabalho;

• Responsabilidade mal delegada: delegar tarefas sem identificar se o

empregado está preparado ou mesmo confundir delegação com

transferência de responsabilidade. Karasek (1990) verificou que o menor

grau de autonomia para tomada de decisão combinado com elevado

grau de responsabilidade é um forte fator gerador de estresse;

• Bloqueio de carreira: às vezes, a promoção de um funcionário pode

gerar um bloqueio muito grande em outro que trabalhe na mesma

função e seja igualmente competente. Se a promoção do primeiro não

for devidamente justificada pela chefia, pode acontecer que um bom

funcionário se transforme em indivíduo insatisfeito e injustiçado;

• Conflito entre chefias: é o caso de chefias cujos pensamentos não estão

bem identificados e isso é percebido pelos funcionários. Os que são

vulneráveis se sentirão inseguros;

• Falta de correlação adequada entre capacidade, responsabilidade e

salário: é um dos agentes estressores mais comuns no trabalho e pode

ser evitado ou diminuído por uma avaliação de desempenho adequada.

Os estudos de administração de pessoal têm mostrado que o indivíduo

somente estará satisfeito se a responsabilidade que lhe é atribuída no

serviço estiver no mesmo nível de sua capacidade e se o salário for

proporcional;

• Falta de motivação no trabalho: é um agente estressor que acomete

praticamente todos os trabalhadores. Geralmente, o trabalhador passa

Page 46: Estresse em Profissionais de TI

46

por uma sensação de inutilidade. Quando existe motivação, a pessoa

trabalha melhor; sente que é importante no trabalho e que está ajudando

a construir a empresa;

• Trabalho monótono: no início deste tipo de trabalho, ocorre aumento de

produtividade e melhoria da qualidade, pelo desenvolvimento no cérebro

de um padrão de estimulação bem definido. Muitos se adaptam a ele,

mas a maioria, com o tempo, passa a apresentar lentidão no

desenvolvimento das operações, redução da sensibilidade da análise

virtual e motora, com conseqüente perda da produtividade e precisão.

Nas pessoas mais vulneráveis, podem aparecer alguns sinais de

doenças psicossomáticas, quando não mudam para outro tipo de

trabalho;

• Trabalho com alta concentração mental: o que leva à fadiga é o trabalho

no qual um erro pode causar danos físicos grandes ou

comprometimento da segurança de outras pessoas. A vigilância

constante e o medo de errar podem levar à fadiga psíquica e

manifestações psicossomáticas nos indivíduos mais vulneráveis;

• Relações humanas inadequadas: o problema das relações humanas

inadequadas como agente estressor existe em dois sentidos: vertical e

horizontal. No mundo de hoje, as relações inadequadas na vertical (por

parte dos chefes) ainda é mais importante do que na horizontal (entre os

colegas de trabalho). Porém, na tendência atual de se procurar utilizar

os trabalhos de equipe, as relações humanas na horizontal adquirem

uma importância gradualmente maior;

Page 47: Estresse em Profissionais de TI

47

• Fatores ligados ao ambiente físico: o alto nível de ruído, a má-

iluminação, o calor excessivo, a vibração, todos esses fatores podem

atuar como estressores e desencadear o estresse e, conseqüentemente,

a fadiga psíquica.

Segundo Lazarus e Lazarus (1994), a sobrecarga de trabalho, causada pela

designação de muitas tarefas com prazos curtos para sua execução, e com muitas

interrupções, a ambigüidade de prioridades, o nível de autoridade e de autonomia, a

incerteza quanto ao futuro, o convívio com colegas insatisfeitos são fatores

estressantes relacionados ao estresse ocupacional. Merlo (2003) verificou que a alta

freqüência de distúrbios psicológicos relacionados ao estresse entre os analistas de

sistemas está associada a prazos curtos e sobrecarga de trabalho, resultante do

impacto político/social do trabalho que desenvolvem e também da pressão exercida

pelos usuários dos sistemas.

Hoffman (2004) cita que o desempenho da economia americana no início deste

século forçou um corte gradual do efetivo das equipes de TI. Com uma carga

elevada de trabalho, pouco treinamento e falta de confiança em suas empresas, os

profissionais dessa área estariam se sentindo pressionados e penalizados.

Os elementos estressores do trabalho são muito comuns e freqüentes, uma

vez que atualmente a maioria dos adultos passa grande parte do dia no

desempenho de tarefas laborais (TAYLOR e REPETTI, 1997), sendo o estresse

considerado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como uma epidemia global

(RIBEIRO, ASSIS e LOTERIO, 2000). Neste sentido é relevante a necessidade de

utilização de estratégias para mitigar os efeitos nocivos do fenômeno do estresse

nos indivíduos.

Page 48: Estresse em Profissionais de TI

48

4.4 Estratégias de enfrentamento ( coping )

Neste Capítulo apresentam-se alguns conceitos importantes sobre coping ou

estratégias de enfrentamento. Pretende-se, a partir desta seção, descrever

estratégias de enfrentamento comumente utilizadas para minimizar os impactos

negativos do estresse.

De acordo com Santos (1995), os estressores são absolutos, ou seja, o evento

acontece. O que é relativo é a maneira como o indivíduo reage a esse evento. Cada

indivíduo pode reagir de forma diferente a um mesmo evento estressor. Nesse

sentido, deve-se entender que cada indivíduo possui um nível de tolerância à

situação estressante diferente dos demais.

De acordo com Kessler, Prince e Wortman (1985), grande parte dos indivíduos

que são expostos a estressores não desenvolvem problemas de ordem psicológico,

tendo em vista que os efeitos do estresse pode ser minimizado com a utilização de

processos psicológicos que atenuam a sensação da severidade do estresse

(LUTGENDORF e COSTANZO, 2003).

Diversos estudos têm sido realizados objetivando explicitar as estratégias de

enfrentamento utilizadas pelos indivíduos que efetivamente superam o estresse.

Esse conjunto de estratégias tem sido comumente denominado de coping

(ANTONIAZZI, DELL’AGLIO e BANDEIRA, 1998). O termo “coping” passou a ser

utilizado na psicologia recentemente, porém sua origem etimológica remonta do

verbo francês “couper”, que por sua vez deriva do substantivo “coup” que significa

“golpe”. No século X, o termo “cope” foi incorporado ao vocabulário anglo-saxão,

cuja expressão “to cope with” pode ser traduzida como fazer face, enfrentar,

gerenciar com sucesso, encarregar-se de (PIZZATO, 2007).

Page 49: Estresse em Profissionais de TI

49

Coping é conceituado como um conjunto de esforços, cognitivos e

comportamentais, utilizado pelos indivíduos com o objetivo de lidar com demandas

específicas, internas ou externas, que surgem em situações de estresse e são

avaliadas como sobrecarregando ou excedendo seus recursos pessoais (LAZARUS

e FOLKMAN, 1984).

Ainda, segundo Lazarus e Folkman (1984), coping pode ser definido pela forma

como as pessoas normalmente reagem ao estresse. Estas reações estão

relacionadas a fatores pessoais, demandas situacionais e recursos disponíveis.

Nacaratto (1995), Savoia, Santana e Mejias (1996) e Zakir (2001) têm

conceituado o coping como elemento mediador entre os estímulos que trazem

desafios para os indivíduos e o desenvolvimento da reação do estresse.

Folkman e Lazarus (1980) propuseram um modelo conceitual em que dividiram

o coping em duas categorias: coping com foco no problema e coping com foco na

emoção são estratégias de enfrentamento, utilizados pelo individuo, para administrar

os efeitos negativos do estresse.

Folkman e Lazarus (1980) enfatizam que estas estratégias podem mudar de

momento para momento, durante os estágios de uma situação estressante. As

estratégias de coping levam a pensamentos, comportamentos e ações para lidar

com um estressor (FOLKMAN, LAZARUS, DUNKEL-SCHETTER, DELONGIS e

GRUEL, 1986).

Segundo Folkman e Lazarus (1980), o coping com foco na emoção é

conceituado como um esforço para regular o estado emocional que é associado ao

estresse. Estes esforços de coping são dirigidos a um nível somático e/ou a um nível

de sentimentos, tendo por objetivo alterar o estado emocional do indivíduo. Como

exemplo de estratégias de coping com foco na emoção tem-se, uso de cigarro e

Page 50: Estresse em Profissionais de TI

50

tranqüilizante, assistir um bom filme de comédia, pratica de esportes como uma

corrida ou andar de bicicleta, entre outros. O coping com foco no problema constitui-

se em um esforço para atuar na situação que deu origem ao estresse, tentando

mudá-la. O objetivo desta estratégia é alterar o problema existente (causa raiz do

problema) na relação entre a pessoa e o ambiente que está causando a tensão.

Para Folkman e Lazarus (1980), a definição de qual das estratégias de coping

será utilizada depende de uma avaliação da situação estressora na qual o individuo

se encontra. De acordo com esta teoria, existem dois tipos de avaliação: a primária,

que é um processo cognitivo através do qual os indivíduos verificam o risco

envolvido em uma determinada situação de estresse e a secundária, onde os

indivíduos analisam quais são os recursos disponíveis e as opções para lidar com o

problema.

O coping focalizado no problema tende a ser utilizado nas situações avaliadas

como modificáveis enquanto o coping focalizado na emoção tende a ser mais

utilizado nas situações avaliadas como inalteráveis (FOLKMAN e LAZARUS, 1980).

Segundo Compas (1987), ambas as estratégias de coping são utilizadas

durante praticamente todos os episódios estressantes, e que o uso de uma ou de

outra pode variar em eficácia, dependendo dos diferentes tipos de estressores

envolvidos. No modelo de coping, de Lazarus e Folkman (1984), qualquer tentativa

de controlar o estressor é considerado coping, tenha ela sido eficaz ou não.

Lazarus e DeLongis (1983) explicam que os processos de coping variam com o

desenvolvimento do indivíduo. Este fato acontece devido às mudanças nas

condições de vida e experiências vividas pelos indivíduos.

O modelo de Folkman e Lazarus (1980) envolve quatro conceitos:

Page 51: Estresse em Profissionais de TI

51

• Coping é um processo ou uma interação que se dá entre o indivíduo e o

ambiente;

• Sua função é de administração da situação estressora, ao invés de

controle ou domínio da mesma;

• O processo de coping pressupõe a noção de avaliação, ou seja, como o

fenômeno é percebido, interpretado e cognitivamente representado na

mente do indivíduo;

• O processo de coping constitui-se em uma mobilização de esforço,

através da qual os indivíduos irão empreender esforços cognitivos e

comportamentais para administrar (reduzir, minimizar ou tolerar) as

demandas internas ou externas que surgem da sua interação com o

ambiente.

De acordo com Beresford (1994), os recursos pessoais de coping são

constituídos por variáveis físicas e psicológicas que incluem saúde física, moral,

crenças ideológicas, experiências prévias de coping, inteligência e outras

características pessoais. Os recursos sócio-ecológicos encontrados no ambiente do

indivíduo ou em seu contexto social incluem relacionamento conjugal, características

familiares, redes sociais, recursos funcionais ou práticos e circunstâncias

econômicas. De acordo com a proposta do pesquisador, a disponibilidade de

recursos afeta a avaliação do evento estressor e direciona que estratégias de

enfrentamento serão usadas pelo individuo.

Ainda, segundo Lazarus e Folkman (1986), o termo coping ou estratégias de

enfrentamento explica os esforços cognitivos e comportamentais que o indivíduo

utiliza para lidar com situações de dano, ameaça ou desafio. Dano refere-se a

situações como doença, morte, perda de status social, perda de relacionamentos

Page 52: Estresse em Profissionais de TI

52

significativos ou problemas econômicos. Ameaça refere-se à antecipação de

ocorrências negativas relacionadas ao dano, enquanto o desafio diz respeito à

atitude do indivíduo ante o dano.

O indivíduo diante de algum fator estressor passa por quatro etapas: avaliação

primária, avaliação secundária, reavaliação e enfrentamento. Segundo Savoia

(1999) e Cerqueira (2001) a avaliação primária ocorre antes de qualquer

pensamento racional por parte do sujeito e consiste na forma imediata de como o

indivíduo percebe e classifica o evento. Se o individuo avalia o evento como

estressante ou ameaçador, o evento irá causar emoções negativas, do tipo cólera ou

medo, tensão e ansiedade. Se o evento for percebido como desafio ou

oportunidade, o indivíduo sente-se mais confiante, podendo gerar emoções positivas

do tipo satisfação, esperança, excitação ou alegria.

A etapa da avaliação secundária caracteriza-se pela análise cognitiva e de

tomada de decisão, em que o indivíduo busca recursos que o auxiliem no

enfrentamento e reduzam os efeitos negativos do estressor.

Já Limongi-França e Rodrigues (2005) destacam que a etapa da reavaliação

diz respeito a um julgamento alterado, tendo em vista as novas informações

provindas do meio ambiente e/ou levantadas pela própria pessoa, cujo propósito é

rever e reavaliar a situação.

Page 53: Estresse em Profissionais de TI

53

Figura 2 – Modelo de Processamento de Stress e Coping Fonte: (Lazarus e Folkman, 1984) Diversas pesquisas têm identificado algumas estratégias de enfrentamento,

como busca de suporte social, religiosidade e distração (Carver, Scheier e

Weintraub, 1989; Endler e Parker, 1999; Vitaliano, Russo, Carr, Maiuro e Becker,

1985; Seidl et al., 2001).

Outra importante estratégia de enfrentamento diz respeito à pratica de

atividades físicas. A atividade física regular é reconhecida como um dos principais

elementos para a melhora fisiológica do organismo. Segundo Pires et al (2004),

Page 54: Estresse em Profissionais de TI

54

além dos benefícios fisiológicos adquiridos com a prática da atividade física, os

adeptos dessa prática também obtêm benefícios psicológicos e sociais.

A pratica de uma atividade física tem figurado entre as mais novas descobertas

no tratamento da depressão, ansiedade e estresse (BRANDÃO e MATSUDO, 1990;

RIBEIRO, 1998; FOX, 1999; NETO, 2002; CHEIK et al., 2003; PIRES et al., 2004).

PIRES et al. (2004) realizaram uma pesquisa com adolescentes de Florianópolis e

foi verificada a relação entre atividades físicas e estresse indicando que quanto

maior o nível de atividade física menor o nível de estresse.

No campo do suporte social, as fortes relações como acontece dentro das

famílias e entre amigos são de fundamental relevância para a manutenção da saúde

e têm um papel importante na redução do estresse (SWICKERT et al., 2002;

BALBIN, IRONSON e SOLOMON, 1999; LUTGENDORF e CONSTANZO, 2003).

Ainda, Kielcolt-Glaser et al. (1994) destacam que uma boa relação entre cônjuges

tem relação direta com uma melhor resposta imunológica do individuo. Por outro

lado, cônjuges que possuem uma relação marcada por conflitos apresentam maior

percentual de problemas cardiovasculares e neuroendócrinos, bem como uma

reduzida função imunológica (BALBIN, IRONSON e SOLOMON, 1999).

Corroborando, Mcewen e Stellar (1993) destacam que um ambiente de hostilidade e

conflito está diretamente associado com o distress e com o aumento de doenças

psicossomáticas.

De acordo com Tamayo et al (2002), o suporte social sobre o estresse

ocupacional pode ser positivo ou negativo. Quando o suporte social está fortalecido

na organização, ele tem um efeito protetor que é explicitado em baixos níveis de

estresse. Neste sentido, quanto maior o nível de suporte social na organização,

Page 55: Estresse em Profissionais de TI

55

menor o nível de estresse no trabalho. Na outra ponta, quando o suporte social não

existe ou é deficitário, este fator transforma-se num estressor.

Outras pesquisas indicam que as relações sociais são um importante meio de

proteção contra os efeitos negativos do estresse (KESSLER, PRINCE e WORTMAN,

1985; TAYLOR e REPETTI, 1997; BALBIN, IRONSON e SOLOMON, 1999;

SWICKERT et al., 2002).

Segundo Dejours (1994) existem seis estratégias defensivas utilizadas pelo

indivíduo, quando o mesmo está em sofrimento no ambiente de trabalho:

1ª) Desvencilhar-se das responsabilidades e não tomar novas iniciativas;

2ª) Assumir atitude de isolamento máximo, de silêncio frente ao superior

hierárquico e, em alguns casos, frente aos colegas;

3ª) Adotar postura de desconfiança sistemática, com sentimento de

perseguição e hostilidade dos outros para consigo;

4ª) Passar diretamente ao nível superior, ao invés de dirigir-se a seu superior

imediato;

5ª) Enfrentar o sofrimento em silêncio; e

6ª) Recusar-se a cumprimentar os colegas, como forma de evitar o sofrimento.

Dessa forma, o indivíduo procura ocultar o sofrimento, evitar o conflito e as

ocasiões em que o conflito possa acontecer.

Além do conceito de estratégias de enfrentamento um importante conceito diz

respeito aos estilos de coping. Miller (1981) joga luz a dois estilos de coping

denominados de monitorador e desatento. Os dois estilos dizem respeito ao tipo de

atenção dada pelo indivíduo em situação de estresse. O indivíduo monitorador

permanece em um estado de constante alerta e atento a aspectos negativos de uma

experiência, buscando informações e visualizando a situação para controlá-la. O

Page 56: Estresse em Profissionais de TI

56

desatento envolve distração e proteção cognitiva de fontes de perigo. O indivíduo

apresenta um comportamento de desatenção, tendendo a se afastar da ameaça,

distrair-se e evitar informações, postergando uma ação.

De acordo com Lazarus e Folkman (1984), existem 8 estratégias de

enfrentamento: “resolução de problemas”, “suporte social”, “aceitação de

responsabilidade”, “auto controle”, “reavaliação positiva”, “fuga e esquiva”,

“afastamento” e “confronto”.

O confronto são estratégias ofensivas e em certas circunstâncias agressivas

para o enfrentamento da situação, isto é, são estratégias nas quais a pessoa

apresenta uma atitude ativa em relação ao estressor.

Diferentemente das estratégias de confronto, o afastamento corresponde a

estratégias defensivas, onde o individuo evita confrontar-se com a ameaça, não

modificando a situação. O autocontrole diz respeito aos esforços da pessoa em

buscar o controle das emoções frente aos estímulos estressantes. Ter autocontrole

denota, também, não fazer nada apressadamente ou seguir um primeiro impulso.

O suporte social é uma estratégia de enfrentamento que está relacionada ao

apoio encontrado nas pessoas e no ambiente, sendo este um fator psicossocial

positivo, que pode ajudar o profissional de TI a lidar com o efeito indesejado do

estresse. Ao utilizar a estratégia de aceitação de responsabilidade, o profissional de

TI aceita a realidade e engaja-se no processo de lidar com a situação estressante.

O comportamento de fuga e esquiva consiste em fantasiar sobre possíveis

soluções para o problema sem, no entanto, tomar atitudes para de fato modificá-las.

Podemos descrevê-la como os esforços para escapar e/ou evitar o fator estressante.

A estratégia de resolução de problemas pressupõe o planejamento adequado

para lidar com os estressores. Ao invés de anular ou afastar a situação estressante

Page 57: Estresse em Profissionais de TI

57

de seu cotidiano, o profissional de TI opta por resolver seu problema, modificar suas

atitudes, sendo capaz de lidar com as pressões das pessoas e do ambiente ao seu

redor, diminuindo ou eliminando a fonte geradora de estresse. A reavaliação positiva

é uma estratégia de enfrentamento dirigida para o controle das emoções que estão

relacionadas à tristeza como forma de reinterpretação, crescimento e mudança

pessoal a partir da situação conflitante. Ainda segundo os autores, a reavaliação

positiva são tentativas cognitivas de analisar e reavaliar um problema de forma

positiva, aceitando a realidade da situação. Podem ainda apresentar aspectos de

religiosidade.

Outro estudo diz respeito aos estilos passivo e ativo de coping. Billings e Moss

(1984) consideram ativo o coping no qual há esforços de aproximação do foco de

estresse, enquanto o estilo passivo evitaria o foco de estresse.

Em âmbito geral, os estilos de coping têm sido mais vinculados as

características de personalidade de cada individuo enquanto as estratégias de

coping dizem respeito as ações cognitivas ou de comportamento executadas pelo

individuo à luz de um evento estressor.

Os traços de personalidade mais amplamente estudados, que se relacionam às

estratégias de enfrentamento, são otimismo, rigidez, auto-estima e lócus de controle

(CARVER; SCHEIER; WEINTRAUB, 1989).

O lócus de controle, um construto vinculado à Teoria da Aprendizagem Social

(Rotter, 1966), se refere às expectativas de controle que os indivíduos mantêm

sobre os acontecimentos da vida diária. Indivíduos cuja orientação do lócus é interna

acreditam poder exercer algum controle sobre esses acontecimentos e indivíduos

cuja orientação é externa atribuem o controle dos acontecimentos a fatos externos -

pessoas, entidades, destino, acaso ou sorte (Rotter, 1966, 1975, 1990). De acordo

Page 58: Estresse em Profissionais de TI

58

com Moser (2008), existem duas variáveis que podem ser determinantes como

agentes predispositores ao surgimento do quadro de estresse no indivíduo: lócus de

controle e personalidade tipo A. O lócus de controle, segundo o autor, refere-se ao

grau de responsabilidade pessoal que o individuo atribui aos eventos de sua vida. Já

a personalidade tipo A caracteriza indivíduos altamente competitivos, impacientes e

que vivem com sentimento constante de urgência.

Segundo Antoniazzi, Dell’Aglio e Bandeira (1998), mais recentemente, as

pesquisas da área têm se voltado para o estudo das convergências entre

enfrentamento e personalidade. Esta tendência tem sido motivada, em parte, pelo

corpo cumulativo de evidências que indicam que fatores situacionais não são

capazes de explicar toda a variação nas estratégias de enfrentamento utilizadas

pelos indivíduos.

De acordo com Pinheiro (2002), apesar da grande variedade de estudos

conduzidos sobre enfrentamento nas últimas décadas, poucos trabalhos têm sido

desenvolvidos para verificar a utilização eficaz de estratégias de Enfrentamento

voltadas para o ambiente ocupacional.

4.5 O estresse e o profissional de TI

Neste Capítulo apresentam-se pesquisas sobre o fenômeno do estresse dentro

do contexto dos profissionais de tecnologia da informação. Pretende-se, nesta

seção, pontuar os resultados e as conclusões de pesquisadores sobre o estresse na

vida do profissional da área de tecnologia da informação.

Moore (2000) realizou uma pesquisa com 331 profissionais de tecnologia em

diversas indústrias nos Estados Unidos. Na amostra, 331 participantes trabalhavam

em 259 empresas. Dessas empresas, a grande maioria (213) tinha um único

participante no estudo. A organização com a maioria dos participantes foi uma

Page 59: Estresse em Profissionais de TI

59

grande companhia de seguros que foi representada por 11 indivíduos. A maioria dos

participantes do estudo tinha aproximadamente 44 anos de idade e tinha sido

contratado pela organização há quase 11 anos. Sessenta e nove por cento dos

participantes eram do sexo masculino, 76% eram casados, 53% tinham crianças em

casa e 75% possuíam uma licenciatura (ou grau superior). Os resultados do estudo

revelaram que:

(1) Exaustos profissionais de tecnologia da informação relataram maior

intenção de abandonar o emprego do que os profissionais de ti que não estavam

exaustos;

(2) sobrecarga de trabalho, ambigüidade de papéis, e de equidade de

recompensas percebidas contribuíram significativamente para o esgotamento dos

profissionais de tecnologia da informação e;

(3) os profissionais de tecnologia da informação que se encontravam

esgotados, identificavam a insuficiência de pessoal e recursos como a principal

causa da sobrecarga de trabalho e de sua exaustão.

Outros estudos relataram evidências de sobrecarga de trabalho nos

profissionais de TI e estresse relacionado a problemas de comunicação. (Goldstein e

Rockart, 1984; Ivancevich, Napier, e Wetherbe, 1983; Li e Shani, 1991; Weiss,

1983).

Ivancevich, Napier, e Wetherbe (1983) realizaram uma pesquisa com 580

profissionais de tecnologia da informação em 18 grandes empresas do Centro-Oeste

dos Estados Unidos. Os entrevistados do estudo tinham idades entre 19 e 68 anos,

com média de idade de 34 anos. Eles tinham experiência de trabalho que variavam

de 1 a 30 anos em sistemas de informação. O tempo médio que trabalhavam nas

organizações era de oito anos. Os autores destacaram que o estudo tinha como

Page 60: Estresse em Profissionais de TI

60

objetivo analisar o grau de percepção de estresse pelo pessoal de TI. Segundo

Ivancevich, Napier, e Wetherbe as questões precisam ser respondidas para que o

recrutamento, formação, motivação e programas de enfrentamento possam ser

implementadas com base em evidências científicas. Na pesquisa supracitada, os

autores relataram que o maior estresse percebido foi devido à comunicação. De

acordo com a pesquisa, a característica comunicação foi descrita como: "não ser

informado sobre o que está acontecendo", "meu chefe não me mantém informado" e

"Nunca me dão as informações que eu preciso". A segunda fonte de estresse

apurada foi devido às recompensas e promoções baseadas em fatores não

vinculados ao desempenho.

A terceira fonte de estresse foi devido à pressão do tempo e sobrecarga de

trabalho. Essa situação foi explicada como preocupação devido a muito trabalho

para fazer sem o tempo suficiente para concluir de forma correta.

A quarta fonte de estresse apurada foi às relações pessoais dentro do trabalho.

Esta situação foi explicada como os conflitos de personalidades dentro da área de TI

e os atritos entre os profissionais de TI e os seus usuários, dentro da organização.

A quinta fonte de estresse apurada foi devida a ambigüidade de papeis onde

as responsabilidades e a autoridade não estão claras para a realização de metas.

A sexta fonte de estresse apurada tem a ver com a quantidade de mudanças

(ambiente organizacional e tecnológico, processos, novos desafios e problemas) que

os profissionais de TI são submetidos diariamente.

Um importante dado ainda levantado na pesquisa foi que quanto maior o nível

hierárquico do profissional maior foi o nível de estresse levantado. Os autores

destacaram que se houver um programa para combater o estresse dentro das

organizações, deveriam tratar com prioridades os gerentes e os profissionais de

Page 61: Estresse em Profissionais de TI

61

tecnologia da informação seniores. Em relação ao gênero, segundo os

pesquisadores, há poucas diferenças significativas relatados, embora parecesse que

os homens têm menos problemas de saúde e faltam menos ao trabalho do que as

mulheres. Este resultado pode ter surgido por causa de atitudes e valores culturais

que ainda existem, ou seja, que os homens devem responder as necessidades do

trabalho e devem manter as doenças como um assunto privado. Esses valores

culturais, segundo os autores, estão mudando lentamente no mundo do trabalho,

principalmente devido ao fato das mulheres estarem cada vez mais assumindo

cargos de chefia. Os autores concluem em sua pesquisa que o primeiro passo para

controlar o estresse é a consciência. A fim de lidar eficazmente com o estresse dos

profissionais de TI é fundamental conhecer quais as características e condições do

trabalho estão associadas ao estresse individual.

Li e Shani (1991) realizaram uma pesquisa com 109 gerentes de tecnologia da

informação de diferentes organizações, explorando o relacionamento entre as

características organizacionais, satisfação com o trabalho e o estresse no trabalho.

Faziam parte da amostragem, organizações que representavam uma ampla

variedade de indústrias, incluindo a bancos, empresas que prestavam serviços de

processamento de dados, educação, governo, seguros, manufatura, assistência

médica, de impressão, varejo, entre outras. Em termos de número de funcionários,

18 empresas tinham menos de 100 trabalhadores, 39 empresas tinham entre 101-

500, 18 empresas tinham entre 501 a 1000, 23 empresas tinham entre 1.001 a

5.000, e 34 empresas tinham mais de 5.000 empregados.

Os resultados indicaram que a sobrecarga de trabalho é a principal fonte de

estresse percebido no trabalho, seguido por conflito de papéis, a ansiedade induzida

pelo trabalho e por ultimo a ambigüidade dos papeis. Ainda, quatro fatores

Page 62: Estresse em Profissionais de TI

62

organizacionais: o clima, a clareza e a partilha da missão da organização, a

qualidade de vida no trabalho e flexibilidade dos processos organizacionais foi

encontrada, como fatores que influência de forma significativamente o estresse no

trabalho e a percepção da satisfação no trabalho dos gestores de TI. Segundo os

autores, ambigüidade de papeis e o conflito de papéis têm sido associados com os

resultados pessoais e organizacionais. Ambigüidade de papeis é definida como o

grau em que estão faltando informações claras a respeito das expectativas

associadas a um papel, os métodos para o cumprimento das expectativas referentes

a aquele papel e a conseqüências do desempenho de papel. Conflitos de papeis

frequentemente ocorrem quando demandas conflitantes são colocadas sobre o

indivíduo por seus superiores, colegas ou subordinados. Os autores citam em suas

conclusões que a sobrecarga de trabalho é comum dentro da área de TI e que

características organizacionais, em geral, são fontes de estresse no trabalho. Para

minimizar os impactos do estresse no individuo, deve-se manter um relacionamento

agradável entre os profissionais de TI e seus usuários dentro das organizações, uma

atitude positiva em relação à organização e uma boa qualidade de vida no trabalho

para o pessoal da TI.

Rajeswari e Anantharaman (2003) realizaram um estudo que investigou

estressores entre os profissionais de software, a partir da perspectiva do processo

de desenvolvimento de software. Os dados foram coletados através de entrevistas

pessoais e e-mail. Os profissionais de software pesquisados trabalhavam em

empresas de desenvolvimento de software em duas cidades cosmopolitas da Índia,

ou seja, Chennai e Bangalore. Os entrevistados foram escolhidos entre as empresas

que aceitaram participar do estudo. 700 respondentes foram contactados, mas

apenas 156 respostas foram recebidas. 84% estavam na faixa etária de 22 a 30

Page 63: Estresse em Profissionais de TI

63

anos, 80% eram do sexo masculino, 71% eram graduados de engenharia, 58%

classificavam seu trabalho como de natureza técnica e 37% classificavam seu

trabalho como técnico e gerencial e o restante puramente gerencial, 75%

trabalhavam mais de 9 horas por dia, 87% eram não fumantes e 96% relataram ter

boa saúde.

Os resultados indicaram que os principais fatores geradores de estresse nos

profissionais de desenvolvimento de software pesquisados eram resultantes do

medo da obsolescência e das interações existentes dentro da equipe de

desenvolvimento. Os resultados ainda revelaram que os níveis de estresse não

eram elevados, entre os respondentes do estudo.

Em uma pesquisa, foi demonstrado que os profissionais de TI sofrem mais com

estresse do que os especialistas de qualquer outra atividade: 97% dos profissionais

de TI consideram seu trabalho estressante (REGGIANI, 2006). A pesquisa em

questão foi realizada em 2006 e foi respondida por 3.045 profissionais de diversas

áreas, sendo:

• 51,2% do setor público e 48,8% do setor privado;

• 21,9% em cargos de gestão e 78,1% em outros papéis;

• 93,6% dos entrevistados acham a vida estressante no trabalho, sendo

15,7% o tempo todo e 77,9% algumas vezes;

• Quando pedido para classificar os seus níveis de estresse em uma

escala de 1 a 10 onde 10 é o mais elevado, 63% dos entrevistados

classificaram-se em 5 ou superior;

• 25,4% dos entrevistados se ausentaram do trabalho devido ao estresse;

• Mais de 10% admitem ter usado o estresse como uma desculpa para se

ausentar do trabalho;

Page 64: Estresse em Profissionais de TI

64

• Segunda-feira é esmagadoramente o dia onde as pessoas acham mais

estressantes (55,5%). Ao longo da semana, a maioria das pessoas

sente mais estressada no período da manhã (42%) do que à tarde

(30,2%);

• 55% responderam que não conseguem imaginar uma etapa em sua vida

profissional que estarão completamente livres do estresse e 67,1%

admitem acordar durante a noite por causa do estresse;

• 70,8% dos entrevistados acreditam que certa quantidade de estresse

pode ser algo positivo;

• Quando perguntado o que contribuiria para aliviar os níveis de estresse

no trabalho, a maioria significativa (60,9%) das pessoas acredita que

mais dinheiro é a resposta, outras respostas populares incluem melhor

equilíbrio trabalho / vida (25,9%), redução da carga de trabalho (25,2%),

mais horários de trabalho flexível (24,4%), maior reconhecimento

(23,1%), melhor ambiente de trabalho (22,4%) e maior apoio dos

gestores (21,3%).

As 21 principais causas de estresse levantadas foram:

1. Carga de trabalho (54,7%)

2. Sentindo-se desvalorizado (37,6%)

3. Prazos (37,2)

4. Tipo de trabalho (34,1%)

5. Assumir o trabalho de outras pessoas (30,5%)

6. Falta de satisfação no trabalho (27,8%)

7. Falta de controle sobre o seu dia (27,7%)

8. Ter que trabalhar mais horas do que deveria (27,5%)

Page 65: Estresse em Profissionais de TI

65

9. A frustração com o seu ambiente de trabalho (25,1%)

10. Metas (21,5%)

11. A frustração com a tecnologia que não está funcionando corretamente

20,7%

12. Falta de capacitação realizada pela organização que lhes permita fazer o

seu trabalho tão bem quanto poderia (20,6%)

13. Perder trabalhar no computador (17,3%)

14. O medo da perda do emprego (15,3%)

15. Ter que fazer algo novo ou desconhecido (15%)

16. Muitos e-mails para ler (14,4%)

17. Não entendimento do que precisa ser feito (14,3%)

18. Tentando se familiarizar com os novos sistemas e / ou novas (ambos

11,5%)

19. Mudando para um novo emprego / papel (8,4%)

20. Problemas de acesso ao e-mail / Internet (5,9%)

21. Não ter as competências adequadas para fazer seu trabalho (5,2%)

Rocha e Ribeiro (2001) realizaram um estudo exploratório com 553 analistas

de sistemas de duas empresas de processamento de dados da região metropolitana

de São Paulo. De acordo com Rocha e Ribeiro, o processo de trabalho dos analistas

de sistemas envolveu quatro tipos de funções interdependentes: (1) o analista de

sistema propriamente dito, que mantém contato constante com o usuário, recebe

solicitações e as transforma em produto e que predominou no trabalho (67,6%); (2) o

analista de suporte ou de software, que organiza e auxilia quanto ao tipo de

máquina, tipo de programa, banco de dados, cataloga as modificações do sistema e

tem como clientes os analistas de sistema; (3) o analista de metodologia, que define

Page 66: Estresse em Profissionais de TI

66

o método de criação e registro dos sistemas; e (4) o analista de produção, que

responde pelo planejamento da produção, atuando como elo entre o analista de

sistemas e a operação.

Foram realizadas entrevistas semi-estruturadas e preenchimento de

questionários para auto-aplicação. Segundo os autores da pesquisa, as mulheres

constituíram 40,7% do grupo estudado, sendo mais jovens que os homens. A

presença de filhos foi maior entre os homens, embora o tempo diário dedicado às

tarefas domésticas tenha sido maior entre as mulheres. Observou-se predomínio

dos homens nas funções de chefia. Fatores de incômodo, com freqüência

semelhante entre homens e mulheres, foram: sobrecarga de trabalho devido a

prazos curtos; alto grau de responsabilidade; exigência mental do trabalho; e

complexidade da tarefa. Observou-se nas mulheres uma maior prevalência de

sintomas de estresse em relação à irritabilidade, ansiedade, atenção instável e

depressão. Os autores destacaram a questão da sobreposição de papeis (trabalho e

casa) da mulher analista de sistemas.

Conforme demonstrou o estudo, as mulheres analistas de sistemas referem

maior número de horas de trabalho doméstico, quando comparadas aos

profissionais do gênero masculino. Tal situação, segundo os autores, gera altos

níveis de sobrecarga de trabalho, estresse e conflitos de magnitude crescente de

acordo com o número de filhos de cada uma. Os autores destacaram ainda que o

relacionamento com os colegas apareceu como fator protetor para homens e

mulheres.

Kaluzniacky (1999) realizou uma pesquisa em Manitoba (Canadá) onde

explicitou os sentimentos comumente vivenciados por 200 profissionais de

tecnologia da informação: Frustração, orgulho das realizações, sentimento de

Page 67: Estresse em Profissionais de TI

67

estarem sobrecarregados, ansiedade e sintomas comuns de estresse como

diminuição da energia, ansiedade, tensão nos músculos, dor de cabeça, dor de

estômago, pensamento negativo e insônia. Os resultados apontaram que 53% dos

respondentes indicaram que estavam estressados, 38% dos gerentes não tem

conhecimento do estresse dos seus subordinados e 92% responderam que o nível

de estresse aumentou nos últimos 8 anos e que as principais causas foram devido

as rápidas mudanças, a necessidade de realizar mais com menos, o aumento do

uso do computador e as expectativas irreais de usuários.

Lim e Teo (1999) identificaram os principais fatores, no local de trabalho, que

geravam estresse entre 257 profissionais de tecnologia da informação pesquisados

em Cingapura. Os dados foram coletados através de e-mail e entrevistas em uma

grande organização que presta serviços de tecnologia da informação para

Cingapura e países da Ásia. Os seis principais fatores levantados foram o grande

numero de demandas no trabalho (29%), relacionamento com outras pessoas

(7,8%), preocupações de carreira (7.0%), manutenção de sistemas (4,7%),

ambigüidade de papeis (4,5%) e tarefas administrativas (4,3%).

Aproximadamente 53% dos pesquisados eram do sexo masculino (136) e 47%

eram do sexo feminino (121). Dos 257 entrevistados, 61% eram solteiros (157), 38%

(97) eram casados e 1% (3) eram divorciados. O chinês constituiu maioria dos

pesquisados, compreendendo 95% (244) da amostra. Os 5% restantes eram

constituídos por outros grupos étnicos. A média de idade dos pesquisados foi de 29

anos e o tempo médio de serviço foi de 2,5 anos. Os entrevistados relataram uma

média de 48 horas trabalhadas por semana.

Em relação ao primeiro fator gerador de estresse levantado, ou seja, grande

numero de demandas no trabalho (29%) alguns dos entrevistados diziam “...levando

Page 68: Estresse em Profissionais de TI

68

trabalho para casa”, “...excesso de trabalho que me faz levar trabalho para casa e

neste caso gerando conflito familiar”, “Trabalhando até mais tarde, acordando cedo,

trabalhando nos finais de semana para entregar os projetos”, “vida social e particular

prejudicada devido ao excesso de trabalho”.

Segundo os autores da pesquisa, este fator é um forte estressor devido ao

potencial de gerar atritos familiares. Segundo os autores da pesquisa, a maioria dos

entrevistados relatou que sua vida social e familiar estava prejudicada devido à

quantidade de trabalho que realizavam. Outras respostas levantadas dizem respeito

ao pouco tempo para realizar o volume de tarefas e falta de pessoal.

Em relação ao segundo fator gerador de estresse levantado, ou seja,

relacionamento com outras pessoas (7,8%) como subordinados e chefes, clientes e

usuários, fornecedores e vendedores e colegas de trabalho em geral, alguns

entrevistados diziam “Não ter apoio suficiente do supervisor é realmente um

problema para mim. Eu não tenho a quem recorrer quando eu encontro dificuldades

no meu trabalho”, “Meu superior imediato não é competente e não compreende a

natureza do meu trabalho. Muitas vezes, eu sou culpado por coisas que estão além

do meu controle”, “Às vezes, é muito difícil trabalhar com pessoas que não

cooperam. Trabalhar em equipe em uma área de TI é muito importante. Trabalhar

com essas pessoas muitas vezes impede o progresso de um projeto e/ou

atividades”.

Em relação ao terceiro fator gerador de estresse levantado, ou seja,

preocupações de carreira (7.0%) como “risco de habilidades tornar redundante,

"risco de habilidades tornar obsoleta”, ”risco de ficar preso a um tipo de trabalho” e

“treinamento inadequado”, alguns entrevistados diziam “Meus colegas de outras

Page 69: Estresse em Profissionais de TI

69

profissões estão sendo mais bem pagos. Estou realmente pensando em mudar de

emprego ou mesmo de carreira, para obter maior remuneração e benefícios”

Em relação ao quarto fator gerador de estresse levantado, ou seja,

manutenção de sistemas (4,7%) como “crescente dependência das operações da

empresa em computadores”, “crescente demanda por mais sistemas e sistemas

melhores", “ter que manter um grande número de sistemas antigos", “avarias do

computador”, “fraudes em sistemas/computadores” e “integridade de dados”, alguns

entrevistados diziam “O maior estresse que eu sinto é que eu tenho que ficar

mantendo sistemas antigos e desta forma não consigo acompanhar o ritmo de

evolução tecnológica ficando desatualizado”, “Manutenção e suporte em sistemas

antigos e sem documentação é uma tarefa difícil. Eu preferia estar envolvido no

desenvolvimento e manutenção de novos sistemas”.

Em relação ao quinto fator gerador de estresse levantado, ou seja,

ambigüidade de papeis (4,5%) como “falta de clareza sobre papéis e

responsabilidades”, "falta de clareza sobre os objetivos e as prioridades no trabalho”,

“as mudanças freqüentes nos objetivos e prioridades” e “serviços conflitantes”,

alguns entrevistados diziam “Chefes da área de TI geralmente prometem a seus

clientes mais do que a empresa pode realmente oferecer. O pessoal de TI relatou

que, muitas vezes, seus chefes estão mais preocupados em satisfazer os clientes

em detrimento dos trabalhadores da empresa”.

Finalmente, o sexto fator gerador de estresse levantado, ou seja, tarefas

administrativas (4,3%) como “agendando e participando de reuniões”, “escrevendo

memorandos, processos e relatórios” e “perda de tempo em trabalhos

administrativos”, alguns entrevistados diziam “Perdemos um considerável tempo em

Page 70: Estresse em Profissionais de TI

70

tarefas administrativas enquanto que ao mesmo tempo precisamos responder as

solicitações dos nossos usuários e outras tarefas urgentes inerentes a TI”.

A fim de determinar a relação do gênero e o estresse ocupacional em

profissionais de TI foi demonstrado que, naquela amostra, os profissionais de TI do

sexo feminino apresentaram uma maior pontuação do que os profissionais de TI do

sexo masculino, principalmente nos fatores grande numero de demandas no

trabalho, ambigüidade de papeis e manutenção de sistemas. Uma profissional

entrevistada disse “Eu não gosto quando eu não tenho informação suficiente para

concluir meu trabalho. Eu também me sinto muito estressada especialmente quando

recebo instruções diferentes de pessoas diferentes sobre o que tenho que fazer. Eu

sinto que, em geral, eu não recebo orientação suficiente sobre como fazer o meu

trabalho”. A pesquisa ainda explicitou alta pontuação dos profissionais do sexo

feminino no que tange a insatisfação com o serviço e intenção de sair da

organização.

No que tange as estratégias de enfrentamento, Lim e Teo sugerem uma

reavaliação das políticas de recursos humanos no sentido de prover programas para

desenvolvimento das habilidades e conhecimentos dos profissionais de TI. Em

relação às profissionais do sexo feminino, os autores sugerem que para ajudá-las a

lidar com o excesso de demandas, ambigüidade dos papeis e manutenção de

sistemas, as organizações precisam focar na construção de um clima propício e de

apoio, particularmente o apoio de um supervisor imediato como antídoto para o

estresse.

Percebe-se, à luz das pesquisas realizadas por Moore (2000), Ivancevich,

Napier, e Wetherbe (1983), Li e Shani (1991), Rajeswari e Anantharaman (2003),

Reggiani (2006), Rocha e Ribeiro (2001), Kaluzniacky (1999) e Lim e Teo (1999) que

Page 71: Estresse em Profissionais de TI

71

diversos são os fatores causadores de estresse nos profissionais de tecnologia da

informação. Alguns fatores como, por exemplo, sobrecarga de trabalho,

ambigüidade e conflitos de papeis, falta de equidade de recompensas, falhas de

comunicação, desenvolvimento de carreira, pressão do tempo, quantidade de

mudanças e relações pessoais foram comuns em todas as pesquisas e merecem

especial atenção visando uma pesquisa mais focada no que tange enfrentamento.

5. Método

5.1 Caracterização da população pesquisada

Segundo a SOFTEX (2009, p.31, p.47), no Brasil, existem cerca de 540.000

profissionais de tecnologia da informação. Em termos estatísticos, define-se

população como sendo o conjunto dos elementos que tem alguma característica em

comum que possa ser contada, medida, pesada ou ordenada de algum modo e que

sirva de base para as propriedades a serem investigadas (VERGARA, 2005). A

população deste estudo se constituiu de profissionais de Tecnologia da Informação,

atuantes em empresas públicas ou privadas em todo o Brasil. A amostra de uma

pesquisa é definida como um subconjunto, representativo ou não da população em

estudo. Essa representatividade da amostra, que é uma propriedade altamente

desejada em estatística, ocorre quando ela apresenta as mesmas características

gerais da população da qual foi extraída (VERGARA, 2005). Nesta pesquisa, a

amostra foi definida por acessibilidade, um tipo de amostra não probabilística, a qual

constitui o menos rigoroso de todos os tipos de amostragem. Para a escolha das

organizações onde o questionário foi aplicado, prevaleceu a praticidade de coleta de

dados, nas quais o pesquisador tinha contato direto. Para este trabalho a amostra foi

Page 72: Estresse em Profissionais de TI

72

de 307 profissionais de tecnologia da informação, sendo 269 do sexo masculino e 37

do sexo feminino, na faixa etária de 24 a 57 anos, 50 profissionais estavam com

idade de até 24 anos, 146 entre 25 e 35 anos, 76 entre 36 e 46 anos e 34 entre 47 e

57 anos.

Em relação ao estado civil, 172 eram casados, 116 solteiros e 19 separados.

No que tange tempo de serviço dentro da área de tecnologia da informação, 10

profissionais possuíam menos de 1 ano, 72 entre 1 e 5 anos, 83 entre 6 e 10 anos,

89 entre 11 e 20 anos e 52 com mais de 20 anos de experiência dentro da área de

TI. Em relação à atividade principal exercida, 72 profissionais tinham como atividade

o desenvolvimento de sistemas, 45 trabalhavam como suporte (helpdesk), 75 na

infra-estrutura, 20 com banco de dados, 4 com segurança da informação e 90

exerciam atividade de chefia (gerencia ou coordenação).

Os participantes da pesquisa trabalhavam em organizações de caráter público

e privada, sendo 213 profissionais da iniciativa privada e 90 publica. Em relação ao

tipo de vinculo com uma organização, 243 profissionais tinham vinculo empregatício,

26 profissionais trabalhavam como terceirizado (pessoa jurídica) prestando serviço

para outra organização, 19 trabalhavam como autônomo (pessoa física) e 19 eram

sócios.

Em relação ao tamanho da organização, 27 profissionais de TI trabalhavam em

uma organização com até 9 empregados (Micro), 36 trabalhavam em uma

organização que tinha entre 10 e 49 empregados (Pequena), 28 trabalhavam em

uma organização que tinha entre 50 e 99 empregados (Média) e 216 trabalhavam

em uma organização com mais de 100 empregados (Grande).

Page 73: Estresse em Profissionais de TI

73

5.2 Instrumentos

5.2.1 Avaliação do Estresse no Trabalho

O conceito de estresse e coping adotado nesta pesquisa é de Lazarus e

Folkman (1984). Para a avaliação do estresse no trabalho, na corrente pesquisa, foi

utilizada a Escala de Estresse no Trabalho (EET) de Paschoal e Tamayo (2004).

Segundo estes autores, normalmente os instrumentos utilizados para avaliar o

estresse ocupacional consideram ou uma escala de estressores ou uma escala de

reações e, quando consideram as duas, não estabelecem um nexo entre elas. A

Escala de Estresse no Trabalho evita fazer duas avaliações separadas e considera a

percepção do indivíduo, o que vai ao encontro das críticas referentes a abordagens

que enfocam estressores ou reações isoladamente e, desta forma, preenche

algumas lacunas existentes nos instrumentos de avaliação de estresse ocupacional.

Ainda segundo Paschoal e Tamayo (2004), dada a preocupação de construir um

instrumento econômico e geral, os itens foram elaborados de forma a constituir um

fator geral, contendo estressores variados e reações freqüentemente associadas

aos mesmos. Com base em cada estressor organizacional de natureza psicossocial,

citado freqüentemente na literatura (sobrecarga de trabalho, conflito entre papéis,

ambigüidade de papéis, relacionamento interpessoal no trabalho, fatores de

desenvolvimento na carreira e autonomia/controle no trabalho), foram elaborados

itens, os quais contemplavam também, uma reação ao estressor.

A Escala de Estresse no Trabalho (EET) foi inicialmente composta por 31 itens,

e aplicada a 437 trabalhadores de diferentes organizações, públicas e privadas,

sendo 249 homens e 188 mulheres. A análise fatorial revelou a existência de um

único fator que, após eliminação de itens com carga fatorial abaixo de 0,45, ficou

composto por 23 itens e obteve um coeficiente alfa de Cronbach equivalente a 0,91.

Page 74: Estresse em Profissionais de TI

74

Uma versão reduzida da escala, com 13 itens e alfa de 0.85 foi proposta. Com

base nos parâmetros satisfatórios da EET, conclui-se que esta é uma alternativa

para investigações empíricas e trabalhos aplicados em organizações, podendo

orientar medidas que visem à qualidade de vida dos trabalhadores. (PASCHOAL E

TAMAYO, 2004).

A razão que levou a utilizar essa ferramenta foi a sua simplicidade, a qualidade

dos seus parâmetros psicométricos e o fato de que ela fornece um escore geral de

estresse que atende as necessidades da pesquisa corrente. Na corrente pesquisa

foi utilizado o instrumento original, composto por 31 questões, pois as mesmas, de

acordo com quem validou o instrumento, eram pertinentes e abrangentes para um

numero maior de organizações (Paschoal e Tamayo, 2004, p. 49) e por ter

apresentado cargas fatoriais acima de 0,45 e alfa de Cronbach para o fator de 0,95.

Todos os itens são avaliados em escala Likert de concordância de 5 pontos, sendo 1

= discordo totalmente, 2 = discordo parcialmente, 3 = indiferente, 4 = concordo

parcialmente e 5 = concordo totalmente, conforme ANEXO A.

5.2.2 Avaliação das estratégias de enfrentamento no trabalho

Foram validados no Brasil, dois instrumentos para avaliar as estratégias de

enfrentamento: o Inventário de Estratégias de Coping (LAZARUS e FOLKMAN,

1984) e a Escala Modos de Enfrentamento de Problemas ( SEIDL at al, 2001).

O Inventário de estratégias de coping é composto originalmente por 66 itens,

incluindo pensamentos e ações utilizadas para lidar com demandas internas ou

externas de determinado evento estressante. Os autores propuseram oito fatores

classificatórios, os quais foram reorganizados e mantidos por Savóia, et al (1996)

após a verificação da confiabilidade e validade à realidade brasileira, diminuindo

assim para 46 itens, agrupados em oito categorias: confronto (itens 07, 17, 28, 34,

Page 75: Estresse em Profissionais de TI

75

40, 47), afastamento (itens 06, 10, 13, 16, 21, 41, 44), autocontrole (itens 14, 15, 35,

43, 54), suporte social (itens 08, 18, 22, 31, 42, 45), aceitação de responsabilidade

(itens 09, 25, 29, 48, 51, 52, 62), fuga e esquiva (itens 58, 59), resolução de

problemas (itens 01, 26, 46, 49) e reavaliação positiva (itens 20, 23, 30, 36, 38, 39,

56, 60, 63). As categorias e respostas são apresentadas numa escala de 4 pontos -

0 = Não usei a estratégia, 1 = Usei pouco, 2 = Usei bastante, 3 = Usei em grande

quantidade.

A precisão do instrumento foi avaliada utilizando-se os procedimentos de teste

e reteste e o método das metades. Para avaliação da validade utilizou-se: validade

concorrente, fatorial e consistência interna. Os resultados encontrados indicam que

a adaptação é satisfatória. Os sujeitos responderam de maneira coerente ao

questionário. Os itens apresentaram consistência interna e a análise fatorial

apresentou-se consistente em relação ao estudo norte-americano (SAVOIA, 1996),

ou seja, a estrutura fatorial do instrumento de estratégias de enfrentamento

confirmou os oito fatores com cargas fatoriais acima de 0,30. Os alfas de Cronbach

dos fatores ficaram acima de 0,70. Neste sentido, para a avaliação das estratégias

de enfrentamento, na corrente pesquisa, foi utilizada o Inventário de Estratégias de

Coping (SAVOIA at al, 1996), conforme ANEXO B.

5.2.3 Procedimentos de coleta de dados

Esta pesquisa apresentou uma característica de um survey, o que significa

uma pesquisa de levantamento. Segundo Traviños (1995) e Selltiz, Wrightsman

e Cook (1987) apud Junior (2005), um survey tem o objetivo de estudar a

distribuição de uma variável, fazendo referência aos processos de vida tal como

ocorrem. É comum neste delineamento a utilização de instrumentos estruturados de

coleta de dados, como o instrumento que foi utilizado neste estudo, disponível nos

Page 76: Estresse em Profissionais de TI

76

anexos A, B e D. Tem caráter fundamentalmente quantitativo e pede, portanto,

dados coletados de forma sistemática de modo a possibilitar a agregação de

variáveis. A fim de garantir o anonimato e fidedignidade das respostas, as escalas

foram disponibilizadas na internet com texto explicativo (ANEXO C) e questionário

de dados sócio-demográficos (ANEXO D). Desta forma os colaboradores poderiam

responder a pesquisa de qualquer computador ligado na internet. Foram contatados

através de e-mails, cartões, de forma presencial e através de telefone, profissionais

de tecnologia da informação que trabalhavam ou prestavam serviços dentro de

organizações de caráter público e privada em todo Brasil. O acesso a estes

profissionais foi realizado através de e-mails enviados para fornecedores de TI (150

cartões de contato do pesquisador), e-mails enviados para alunos e professores da

Universidade Católica de Brasília, e-mails enviados para os professores de

graduação e pós graduação de TI da Universidade de São Paulo (USP),

Universidade de Brasília (UNB), Universidade de Minas Gerais (UFMG),

Universidade do Rio de Janeiro (UFRJ) e Universidade de Pernambuco (UFPE), e-

mails enviados para sindicatos de empresas de processamento de dados do Brasil,

e-mails e telefonemas para 27 gerentes de TI em todo Brasil de uma organização de

apoio ao empreendedor e e-mails enviados para áreas de TI de organizações

públicas. Foi solicitado que estes profissionais respondessem a pesquisa e

repassassem o link para outros profissionais de TI. Foi utilizada a ferramenta

www.surveymonkey.com para a construção dos questionários bem como ferramenta

para que os respondentes pudessem participar da pesquisa.

Com essa estratégia, após 15 dias, constatou-se que 567 pessoas iniciaram a

pesquisa e destas, 323 completaram a pesquisa, provavelmente devido a

quantidade de questões. Das 323 pessoas que terminaram a pesquisa, 16

Page 77: Estresse em Profissionais de TI

77

respondentes foram eliminados da pesquisa, pois deixaram um numero considerado

alto de respostas em branco, totalizando assim 307 questionários respondidos

válidos.

5.2.4 Análise dos dados

Os dados foram analisados quantitativamente com o auxílio do programa

Microsoft Office Excel 2007 e SPSS 15.0 (Statistical Package of Social Science)

para Windows. Foram aplicados os testes de variância e regressão múltipla e

verificação de possíveis relações significativas (p≤ 0,05). Foram realizadas análises

fatoriais para confirmar se as escalas possuíam a mesma estrutura para a amostra

da pesquisa. O instrumento de fatores estressores composto de 31 itens apresentou

novamente um estrutura unifatorial com cargas fatoriais acima de 0,45 e alfa de

Cronbach para o fator de 0,95. Todos os indicadores de fatoração (scree plot,

eigenvalue, variância explicada) indicaram um único fator. A estrutura fatorial do

instrumento de estratégias de enfrentamento confirmou os oito fatores com cargas

fatoriais acima de 0,30. Os alfas de Cronbach dos fatores ficaram acima de 0,70. Os

resultados são apresentados a seguir. Verificou-se desvios-padrão altos, o que foi

um indicativo de heterogeneidade no grupo

5.2.5 Amostra

Com relação às características pessoais da amostra observa-se (Tabela1) que

a maioria dos participantes era do sexo masculino (87,6%). O estado civil

predominante foi dos casados (56,0%) seguidos pelos solteiros (37,8%). Com

relação à idade, a maioria tinha entre 25 e 35 anos (47,6%). Sobre o tempo que

trabalha na área de tecnologia da informação, 29,0% dos profissionais trabalham

Page 78: Estresse em Profissionais de TI

78

entre 11 e 20 anos dentro da área de TI, 27,0% trabalham entre 6 e 10 anos e

23,5% trabalham entre 1 e 5 anos.

Em relação à atividade principal que exerce dentro da área de TI, 29,3% atua

como chefia (gerencia/coordenação), 24,4% trabalhavam com infra-estrutura de TI e

23,5% trabalhavam com desenvolvimento de sistemas. Em relação ao tipo de

organização que trabalhavam ou prestavam serviço, 69,4% trabalhavam em

organização privada e 29,3% em organização pública.

Sobre o tipo de vinculo que possuíam com a organização, 79,2% possuíam

vinculo empregatício. Sobre o tamanho da organização que trabalhavam ou

prestavam serviço, 70,4% dos profissionais trabalhavam em uma organização de

grande porte (mais de 100 empregados).

Tabela1- Dados demográficos da amostra

Variáveis de Estudo Porcentagem

Sexo

Masculino 87,6

Feminino 12,1

Missing 0,3

Total 100

Estado Civil

Casado/União estável 56,0

Solteiro 37,8

Divorciado/Separado 6,2

Total 100

Page 79: Estresse em Profissionais de TI

79

Variáveis de Estudo Porcentagem

Faixa Etária

Até 24 anos 16,3

Entre 25 e 35 anos 47,6

Entre 36 e 46 anos 24,8

Entre 47 e 57 anos 10,7

Acima de 57 anos 0,3

Missing 0,3

Total 100

Tempo Serviço

Menos de 1 ano 3,3

Entre 1 e 5 anos 23,5

Entre 6 e 10 anos 27,0

Entre 11 e 20 anos 29,0

Acima de 20 anos 16,9

Missing 0,3

Total 100

Atividade Principal

Desenvolvimento de Sistemas 23,5

Suporte (helpdesk) 14,7

Infra-Estrutura 24,4

Banco de Dados 6,5

Segurança 1,3

Chefia(gerencia/coordenação) 29,3

Missing 0,3

Total 100

Page 80: Estresse em Profissionais de TI

80

Variáveis de Estudo Porcentagem

Tipo Organização

Privada 69,4

Publica 29,3

Missing 1,3

Total 100

Tipo Vinculo

Vinculo empregatício 79,2

Terceirizado (pj) 8,5

Autônomo (pf) 6,2

Sócio 6,2

Total 100

Tamanho Organização

Micro: até 9 empregados 8,8

Pequena: de 10 a 49 11,7

Média: de 50 a 99 9,1

Grande: mais de 100 70,4

Total 100

Fonte: Dados da pesquisa, 2010.

6. Resultados e discussão

Para atender o objetivo de verificar a relação entre estresse e estratégias de

enfrentamento em profissionais que atuam na área de TI foi realizada uma

regressão múltipla linear padrão, tendo como variáveis independentes as estratégias

de enfrentamento e como variáveis dependentes o estresse percebido pelos

profissionais.

Esse resultado se encontra na tabela 2, onde foi constatado (p <=0,05) que os

profissionais de TI que mais utilizam como estratégias de enfrentamento o confronto

Page 81: Estresse em Profissionais de TI

81

ou a fuga-esquiva são os mesmos que apresentaram o maior nível de estresse

(variável dependente:estressores), ou seja, estas estratégias não demonstraram ser

as mais eficazes para enfrentar o estresse. Neste trabalho, os dados não

corroboraram para comprovar a melhor estratégia de enfrentamento, mas sim as

piores, ou seja, dentro da amostra estudada, aqueles profissionais de TI que

utilizaram o confronto ou a fuga-esquiva foram os que apresentaram o maior nível de

estresse. De acordo com Lazarus e Folkman (1984), o confronto são estratégias

ofensivas e em certas circunstâncias agressivas para o enfrentamento da situação e

a fuga-esquiva consiste em fantasiar sobre possíveis soluções para o problema sem,

no entanto, tomar atitudes para de fato modificá-las.

Tabela 2: Relação entre estratégias de enfrentamento e o nível de estresse entre

trabalhadores

Variáveis

preditoras

R2 Coeficientes

padronizados

Coeficientes não

padronizados

t p

Confronto 0,370 0,116 3,203 0,002

Afastamento 0,127 0,190 1,501 0,134

Autocontrole 0,023 0,035 0,364 0,716

Suporte social

0,16

0,075 0,109 1,075 0,283

Aceitação de

responsabilidades

-0,089 -0,128 -1,089 0,077

Fuga e Esquiva 0,226 0,206 3,737 0,000

Resolução de

problemas

-0,063 -0,052 -0,791 0,429

Reavaliação

positiva

-0,063 -0,086 -0,732 0,465

Fonte: Dados da pesquisa, 2010.

Page 82: Estresse em Profissionais de TI

82

O instrumento EET validado é unifatorial e neste sentido tem-se um índice

único médio de todos os fatores estressores, que na corrente pesquisa foi calculado

com o valor de 2,78 (escala 1 a 5) o qual foi avaliado pelo pesquisador como um

nível moderado de estresse. Esta avaliação responde ao objetivo de se verificar o

nível de estresse percebido pelos profissionais pesquisados e neste sentido lança

dúvidas sobre o resultado amplamente divulgado na internet, que os profissionais de

TI são os mais estressados, frente a outras categorias profissionais como medicina,

vendas, educação, finanças, engenharia, entre outros. (REGGIANI, 2006).

O índice único médio levantando não permitiu ao pesquisador atender o

objetivo de verificar os principais fatores estressores em profissionais de TI. Diante

disto, foram calculados a média e desvio padrão dos 31 itens e listado-os conforme

tabela 3 em ordem decrescente os 9 principais fatores estressores em profissionais

de TI, considerando média superior a 3: “quantidade de trabalho”, “deficiência nos

treinamentos para capacitação profissional”, “divulgação de informações sobre

decisões organizacionais”, “com fofocas no meu ambiente de trabalho”, “poucas

perspectivas de crescimento na carreira”, ”forma como as tarefas são distribuídas

em minha área”, “discriminação/favoritismo no meu ambiente de trabalho”, “tempo

insuficiente para realizar meu volume de trabalho” e “ser pouco valorizado por meus

superiores”.

Tabela 3. Lista dos principais fatores estressores.

Fator estressor QT respostas

Mínimo Máximo Média Desvio Padrão

A quantidade de trabalho tem me deixado cansado

307 1 5 3,40 1,35

Tenho me sentido incomodado com a deficiência nos treinamentos para capacitação profissional

304 1 5 3,38 1,43

Page 83: Estresse em Profissionais de TI

83

Fator estressor

QT respostas

Mínimo

Máximo

Média

Desvio Padrão

Sinto-me irritado com a deficiência na divulgação de informações sobre decisões organizacionais

303 1 5 3,34 1,30

Sinto-me de mau humor com “fofocas” no meu ambiente de trabalho

305 1 5 3,32 1,49

Os prazos estabelecidos para a realização das minhas tarefas são satisfatórios

307 1 5 3,31 1,26

As poucas perspectivas de crescimento na carreira tem me deixado angustiado

303 1 5 3,27 1,41

A forma como as tarefas são distribuídas em minha área tem me deixado nervoso

304 1 5 3,17 1,36

Fico irritado com discriminação/favoritismo no meu ambiente de trabalho

305 1 5 3,14 1,53

O tempo insuficiente para realizar meu volume de trabalho deixa-me nervoso

304

1

5

3,13

1,42

Fico irritado por ser pouco valorizado por meus superiores

305 1 5 3,05 1,52

As estratégias utilizadas para introduzir novas tecnologias me deixa angustiado

307 1 5 2,96 1,41

Tenho me sentido incomodado por trabalhar em tarefas abaixo do meu nível de habilidade

306 1 5 2,95 1,42

A falta de compreensão sobre quais são as minhas responsabilidades neste trabalho tem causado irritação

306 1 5 2,85 1,47

O tipo de controle existente em meu trabalho me irrita

305 1 5 2,84 1,39

Sinto-me incomodado com a falta de informações sobre minhas tarefas no trabalho

305 1 5 2,83 1,41

Page 84: Estresse em Profissionais de TI

84

Fator estressor QT respostas

Mínimo Máximo Média Desvio Padrão

A falta de autonomia na execução do meu trabalho tem sido desgastante

304

1

5

2,81

1,36

Tenho estado nervoso por meu superior me dar ordens contraditórias

303 1 5 2,70 1,51

Fico de mau humor com brincadeiras de mal gosto que meus colegas de trabalho fazem uns com os outros

304 1 5 2,66 1,45

A falta de capacitação para a execução das minhas tarefas tem me deixado nervoso

307 1 5 2,65 1,34

Fico incomodado por meu superior evitar me incumbir de responsabilidades importantes

304 1 5 2,63 1,46

Sinto-me irritado por meu superior encobrir meu trabalho bem feito diante de outras pessoas

304 1 5 2,62 1,57

Fico de mau humor por ter que trabalhar durante muitas horas seguidas

303 1 5 2,61 1,39

A falta de comunicação entre mim e meus colegas de trabalho deixa-me irritado

305 1 5 2,47 1,33

Fico de mau humor por me sentir isolado na organização

304 1 5 2,36 1,36

Sinto-me incomodado por ter que realizar tarefas que estão além de minha capacidade

303 1 5 2,26 1,33

Sinto-me incomodado por meu superior tratar-me mal na frente de colegas de trabalho

304 1 5 2,26 1,56

Tenho me sentido incomodado com a falta de confiança de meu superior sobre o meu trabalho

305 1 5 2,24 1,38

A competição no meu ambiente de trabalho tem me deixado de mau humor

305 1 5 2,23 1,25

Sinto-me incomodado com a comunicação existente entre mim e meu superior

302 1 5 2,22 1,36

Page 85: Estresse em Profissionais de TI

85

Fator estressor QT respostas

Mínimo Máximo Média Desvio Padrão

Em meu trabalho não há pressão. 306 1 5 2,19 1,3

Sinto nervosismo em ter que me manter atualizado com as mudanças tecnológicas

301 1 5 2,18 1,32

Fonte: Dados da pesquisa, 2010.

Este resultado corrobora com os dados apresentados por Moore (2000),

Ivancevich, Napier, e Wetherbe (1983), Li e Shani (1991), Rajeswari e

Anantharaman (2003), Reggiani (2006), Rocha e Ribeiro (2001), Kaluzniacky (1999)

e Lim e Teo (1999) onde destacam que o principal fator estressor nos profissionais

de TI é a “quantidade de trabalho” nas organizações. De acordo com Glowinkowski e

Cooper (1987) e Jex (1998) o estressor “quantidade de trabalho” pode ser dividido

em quantitativo e qualitativo. A quantitativa diz respeito ao número excessivo de

tarefas a serem realizadas, isto é, a quantidade de tarefas encontra-se além da

disponibilidade do trabalhador. A qualitativa refere-se à dificuldade do trabalho, ou

seja, o indivíduo depara-se com demandas que estão além de suas habilidades ou

aptidões. O fator estressor “quantidade de trabalho” levantado refere-se

especificamente a questão da sobrecarga de trabalho no aspecto quantitativo, onde

ficou evidenciado, dentro da amostra, que os profissionais de TI acreditam que estão

sobrecarregados devido ao excesso de trabalho.

Em relação ao fator estressor “deficiência na divulgação de informações sobre

decisões organizacionais”, a corrente pesquisa corrobora com os pesquisadores

Goldstein e Rockart (1984), Ivancevich, Napier, e Wetherbe (1983), Li e Shani

(1991) e Weiss (1983), onde explicita que um dos principais fatores estressores nos

profissionais de TI é relativo a falhas de comunicação dentro da organização. Em

relação ao fator estressor “tempo insuficiente para realizar meu volume de trabalho”,

a corrente pesquisa valida as pesquisas realizadas por Reggiani (2006), Rocha e

Page 86: Estresse em Profissionais de TI

86

Ribeiro (2001), Kaluzniacky (1999) e Ivancevich, Napier, e Wetherbe (1983), onde

citam que uma das principais preocupações dos profissionais de TI é referente ao

tempo insuficiente para realizar a quantidade de trabalho que possuem.

Outra fonte de estresse levantado na corrente pesquisa e citado pelos

pesquisadores Reggiani (2006), Lim e Teo (1999) e Ivancevich, Napier, e Wetherbe

(1983) é relativo a “valorização do profissional de TI por parte dos seus superiores”.

Tamayo et al (2002) revelam em seus estudos que o estilo de liderança gerencial

são preditores do estresse ocupacional e indicam que quanto maior a deficiência

neste estilo, maior o estresse.

Moore (2000) em sua pesquisa, cita que um dos grandes motivos para a

rotatividade de profissionais de TI nas organizações é devido ao esgotamento dos

mesmos, catalisado pelas constantes mudanças da .tecnologia. Ainda, Mak e Sockel

(2001) e Rajeswari e Anantharaman (2003) citam que o medo da obsolescência e a

pressão contínua para se manter atualizado através de constante aprendizagem são

estressores que são acrescentados sobre a carga já excessiva de trabalho e prazos

apertados.

De acordo com O´Brian (2004), a atualização tecnológica demandada pelo

avanço e desenvolvimento da área chega a ser massacrante. O analista sequer

dominou uma determinada situação e, por força de novo lançamento ou alteração

súbita de mercado, surge uma nova ferramenta ou solução que define que terá que

reorientar seus métodos de trabalho. O uso de tecnologias modernas, que deveria

propiciar uma base sólida para o seu trabalho, acaba por implicar um cenário

instável e de difícil delimitação. A implicação no estresse sentido é imediata.

Page 87: Estresse em Profissionais de TI

87

A corrente pesquisa demonstra que a necessidade de atualização tecnológica,

sentida pelo profissional de TI, foi o fator estressor com a menor pontuação (média =

2,18), o que pode indicar que a necessidade de atualização tecnológica já é

absorvida como natural pelos profissionais desta área e desta forma não se

apresentou como um fator estressor relevante.

O instrumento utilizado para se levantar as principais estratégias de

enfrentamento (Inventário de Estratégias de Coping) é multifatorial e neste sentido

tem-se índices médios agrupados em fatores classificatórios. Foi constatado (tabela

4), considerando a média > 2,24 (escala 0 a 3) que as 4 principais estratégias de

enfrentamento utilizadas pelos profissionais de TI, nesta ordem, são “resolução de

problemas”, “suporte social”, “aceitação de responsabilidade” e “auto controle” e as

4 estratégias menos utilizadas pelos profissionais de TI são “reavaliação positiva”,

“fuga e esquiva”, “afastamento” e “confronto”.

Esta constatação responde ao objetivo de levantar as principais estratégias de

enfrentamento utilizadas pelos profissionais de TI. A estratégia de confronto foi a

menos utilizada (média = 1,66) e a de resolução de problemas foi a mais utilizada

(média = 2,86).

De acordo com Lazarus e Folkman (1984), a estratégia resolução de

problemas, pressupõe o planejamento adequado para lidar com os estressores. Ao

invés de anular ou afastar a situação estressante de seu cotidiano, o profissional de

TI opta por resolver seu problema, modificar suas atitudes, sendo capaz de lidar

com as pressões das pessoas e do ambiente ao seu redor, diminuindo ou

eliminando a fonte geradora de estresse.

Page 88: Estresse em Profissionais de TI

88

O nível moderado de estresse, levantado nos profissionais pesquisados, pode

ter como uma das explicações o tipo de estratégia menos utilizada pelos mesmos,

pois os profissionais que utilizaram como estratégias de enfrentamento o “confronto”

e a “fuga e esquiva” foram os que apresentaram o maior nível de estresse.

Tabela 4. Lista das principais estratégias de enfrentamento levantadas dentro da

amostra.

Estratégia de Enfrentamento

QT

respostas

Mínimo

Maximo

Média

Desvio Padrão

Resolução de problemas 307 1,25 4,00 2,86 0,64 Suporte Social 307 1,33 4,00 2,33 0,54 Aceitação de Responsabilidade 307 1,00 3,86 2,29 0,54 Autocontrole 307 1,00 3,80 2,24 0,51 Reavaliação positiva

307

1,11

3,67

2,21

0,57

Fuga e esquiva 307 1,00 4,00 1,89 0,85 Afastamento 307 1,00 3,14 1,72 0,41 Confronto 307 1,00 3,17 1,66 0,44

Fonte: Dados da pesquisa, 2010.

Para atender o objetivo de verificar a influencia do sexo, estado civil, faixa

etária, tempo de serviço, atividade, tipo de organização, tipo de vinculo e tamanho

da organização sobre o estresse e as estratégias de enfrentamento foram realizadas

análises de variâncias (ANOVA). Uma análise de variância permite que vários

grupos sejam comparados a um só tempo, utilizando variáveis contínuas.

Page 89: Estresse em Profissionais de TI

89

Com relação às diferenças entre os gêneros masculino e feminino (tabela 5a e

tabela 5b), no que tange estratégias de enfrentamento, que o gênero feminino utiliza

mais a estratégia de suporte social do que o gênero masculino

(p:suportesocial=0,018; média: feminino=2,53 e masculino=2,30) e como

demonstrado na tabela 6b não foram constatadas diferenças no nível de estresse

entre os gêneros (p:estressores=0,720).

Tabela 5a. Estratégias de enfrentamento X gênero

Variáveis preditoras Gênero Qt

respostas Média Desvio Padrão

Confronto Masculino 269 1,67 0,45 Feminino 37 1,61 0,40 Total 306 1,66 0,44 Afastamento Masculino 269 1,72 0,41 Feminino 37 1,70 0,44 Total 306 1,71 0,41 Autocontrole Masculino 269 2,23 0,52 Feminino 37 2,32 0,44 Total 306 2,24 0,51 Suporte Social Masculino 269 2,30 0,53 Feminino 37 2,53 0,53 Total 306 2,33 0,54 Aceitação de responsabilidade Masculino 269 2,28 0,55 Feminino 37 2,36 0,47 Total 306 2,29 0,54 Fuga e esquiva Masculino 269 1,89 0,86 Feminino 37 1,88 0,78 Total 306 1,89 0,85 Resolução de problemas Masculino 269 2,86 0,66 Feminino 37 2,85 0,48 Total 306 2,86 0,64 Reavaliação positiva Masculino 269 2,19 0,57 Feminino 37 2,33 0,55 Total 306 2,21 0,57 Estressores Masculino 269 2,77 0,79 Feminino 37 2,82 0,65 Total 306 2,78 0,78 Fonte: Dados da pesquisa, 2010.

Page 90: Estresse em Profissionais de TI

90

Tabela 5b. Níveis de estresse X gênero

Estratégia de enfrentamento Soma dos quadrados df

Quadrado principal F p

Entre Grupos 0,12 1 0,12 0,61 0,434 Dentro dos Grupos 59,245 304 0,195

Confronto

Total 59,365 305 Entre Grupos 0,004 1 0,004 0,02 0,883 Dentro dos Grupos 51,048 304 0,168

Afastamento

Total 51,052 305 Entre Grupos 0,259 1 0,259 1 0,317 Dentro dos Grupos 78,431 304 0,258

Autocontrole

Total 78,69 305 Entre Grupos 1,598 1 1,598 5,62 0,018 Dentro dos Grupos 86,361 304 0,284

Suporte Social

Total 87,958 305 Entre Grupos 0,246 1 0,246 0,85 0,357 Dentro dos Grupos 87,918 304 0,289

Aceitação de responsabilidade

Total 88,164 305 Entre Grupos 0,005 1 0,005 0,01 0,936 Dentro dos Grupos 221,718 304 0,729

Fuga e esquiva

Total 221,722 305 Entre Grupos 0,003 1 0,003 0,01 0,937 Dentro dos Grupos 126,563 304 0,416

Resolução de problemas

Total 126,566 305 Entre Grupos 0,639 1 0,639 1,99 0,160 Dentro dos Grupos 97,883 304 0,322

Reavaliação positiva

Total 98,522 305 Entre Grupos 0,078 1 0,078 0,13 0,720 Dentro dos Grupos 183,659 304 0,604

Estressores

Total 183,736 305

Fonte: Dados da pesquisa, 2010.

O estresse ocupacional atinge homens e mulheres, mas alguns estudos têm

tentado averiguar se o nível de estresse é similar ou não. Os autores Lim e Teo

(1999) demonstraram em suas pesquisas, que os profissionais de TI do sexo

feminino apresentaram um maior nível de estresse.

Os autores sugerem como uma estratégia de enfrentamento, a reavaliação das

políticas de recursos humanos através da construção de um clima propicio de apoio,

particularmente do apoio do supervisor imediato.

Page 91: Estresse em Profissionais de TI

91

Esta sugestão está de acordo com a estratégia de enfrentamento mais utilizada

pelo sexo feminino, na corrente pesquisa e em Dias (2008), ou seja, que o sexo

feminino utiliza o suporte social mais do que o sexo masculino. Rocha e Ribeiro

(2001) observaram nas mulheres um maior nível de estresse, provavelmente,

segundo os autores, devido a sobreposição de papeis (trabalho e casa).

Rinaldi (2007) cita um estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS) que

revela que tanto em países emergentes como em países desenvolvidos as mulheres

no ambiente de trabalho geralmente apresentam maior estresse do que os homens.

A corrente pesquisa corrobora com a pesquisa realizada por Ivancevich, Napier

e Wetherbe (1983) e Moser (2008) e não valida as pesquisas anteriormente citadas,

ou seja, não foi identificado diferenças no nível de estresse entre profissionais de TI

do sexo masculino e feminino.

Com relação às diferenças entre as áreas de trabalho (tabela 6a e tabela 6b),

no que tange fatores estressores, os analistas de sistemas são os que apresentam o

maior nível de estresse (estressores:”desenvolvimento de sistemas”, média=3,06,

p:estressores = 0,003) e os profissionais que trabalham com banco de dados

apresentaram o menor nível de estresse (estressores:”banco de dados”,

média=2,46, p:estressores = 0,003), seguidos pela chefia (estressores:”

Gerência/Coordenação/Chefia”, média=2,64, p:estressores = 0,003).

Page 92: Estresse em Profissionais de TI

92

Tabela 6a. Nível de estresse X áreas de trabalho Estratégia de enfrentamento Área de trabalho

Qt respostas Média

Desvio Padrão

Confronto Desenvolvimento de Sistemas 72,00 1,70 0,51 Suporte (helpdesk) 45,00 1,63 0,38 Infra-Estrutura 75,00 1,70 0,45 Banco de Dados 20,00 1,51 0,41 Segurança 4,00 1,88 0,42 Gerência/Coordenação/Chefia 90,00 1,64 0,42 Total 306,00 1,66 0,44 Afastamento Desenvolvimento de Sistemas 72,00 1,78 0,47 Suporte (helpdesk) 45,00 1,76 0,38 Infra-Estrutura 75,00 1,73 0,35 Banco de Dados 20,00 1,62 0,34 Segurança 4,00 1,83 0,38 Gerência/Coordenação/Chefia 90,00 1,65 0,42 Total 306,00 1,72 0,41 Autocontrole Desenvolvimento de Sistemas 72,00 2,19 0,54 Suporte (helpdesk) 45,00 2,29 0,65 Infra-Estrutura 75,00 2,21 0,46 Banco de Dados 20,00 2,16 0,48 Segurança 4,00 2,90 0,35 Gerência/Coordenação/Chefia 90,00 2,27 0,43 Total 306,00 2,24 0,51 Suporte Social Desenvolvimento de Sistemas 72,00 2,28 0,57 Suporte (helpdesk) 45,00 2,43 0,51 Infra-Estrutura 75,00 2,43 0,55 Banco de Dados 20,00 2,32 0,59 Segurança 4,00 2,58 0,75 Gerência/Coordenação/Chefia 90,00 2,23 0,47 Total 306,00 2,33 0,54 Aceitação de responsabilidade Desenvolvimento de Sistemas 72,00 2,23 0,57 Suporte (helpdesk) 45,00 2,30 0,60 Infra-Estrutura 75,00 2,35 0,55 Banco de Dados 20,00 2,20 0,60 Segurança 4,00 2,61 0,39 Gerência/Coordenação/Chefia 90,00 2,28 0,46 Total 306,00 2,29 0,54 Fuga e esquiva Desenvolvimento de Sistemas 72,00 2,08 0,90 Suporte (helpdesk) 45,00 1,89 0,97 Infra-Estrutura 75,00 1,91 0,88 Banco de Dados 20,00 1,65 0,67 Segurança 4,00 1,88 0,75 Gerência/Coordenação/Chefia 90,00 1,78 0,75 Total 306,00 1,89 0,85

Page 93: Estresse em Profissionais de TI

93

Estratégia de enfrentamento Resolução de problemas

Área de trabalho Desenvolvimento de Sistemas

Qt Respostas 72,00

Média 2,81

Desvio Padrão

0,63

Suporte (helpdesk) 45,00 2,81 0,57 Infra-Estrutura 75,00 2,83 0,69 Banco de Dados 20,00 2,98 0,64 Segurança 4,00 3,00 1,24 Gerência/Coordenação/Chefia 90,00 2,92 0,63 Total 306,00 2,86 0,64

Reavaliação positiva Desenvolvimento de Sistemas 72,00 2,19 0,56 Suporte (helpdesk) 45,00 2,21 0,58 Infra-Estrutura 75,00 2,24 0,56 Banco de Dados 20,00 2,16 0,68 Segurança 4,00 2,53 0,59 Gerência/Coordenação/Chefia 90,00 2,19 0,56 Total 306,00 2,21 0,57 Estressores Desenvolvimento de Sistemas 72,00 3,06 0,67 Suporte (helpdesk) 45,00 2,77 0,81 Infra-Estrutura 75,00 2,80 0,77 Banco de Dados 20,00 2,46 0,75 Seguranca 4,00 2,29 0,87 Gerência/Coordenação/Chefia 90,00 2,64 0,79 Total 306,00 2,78 0,77 Fonte: Dados da pesquisa, 2010.

Page 94: Estresse em Profissionais de TI

94

Tabela 6b. Nível de estresse X áreas de trabalho

Estratégia de enfrentamento

Soma dos quadrados df

Quadrado principal F p

Confronto Entre Grupos 0,92 5,00 0,18 0,95 0,452

Dentro dos Grupos 58,45 300,00 0,19

Total 59,38 305,00 Afastamento Entre Grupos 1,05 5,00 0,21 1,25 0,286

Dentro dos Grupos 50,19 300,00 0,17

Total 51,23 305,00 Autocontrole Entre Grupos 2,31 5,00 0,46 1,82 0,109

Dentro dos Grupos 76,38 300,00 0,25

Total 78,69 305,00 Suporte Social Entre Grupos 2,43 5,00 0,49 1,70 0,134

Dentro dos Grupos 85,53 300,00 0,29

Total 87,96 305,00 Aceitação de responsabilidade Entre Grupos 1,05 5,00 0,21 0,72 0,605

Dentro dos Grupos 87,25 300,00 0,29

Total 88,31 305,00

Fuga e esquiva Entre Grupos 4,89 5,00 0,98 1,36 0,240

Dentro dos Grupos 216,05 300,00 0,72

Total 220,94 305,00

Resolução de problemas Entre Grupos 1,06 5,00 0,21 0,51 0,771

Dentro dos Grupos 125,50 300,00 0,42

Total 126,57 305,00

Reavaliação positiva Entre Grupos 0,59 5,00 0,12 0,36 0,875

Dentro dos Grupos 97,93 300,00 0,33

Total 98,52 305,00

Estressores Entre Grupos 10,54 5,00 2,11 3,66 0,003

Dentro dos Grupos 172,58 300,00 0,58

Total 183,12 305,00 Fonte: Dados da pesquisa, 2010.

Page 95: Estresse em Profissionais de TI

95

Este resultado não corrobora com a pesquisa realizada por Rajeswari e

Anantharaman (2003), onde relataram que os níveis de estresse não eram elevados,

entre os desenvolvedores de software.

Uma hipótese que pode explicar o porque dos analistas de sistemas

apresentarem o maior nível de estresse, em relação a outras atividades (gerência,

infra-estrutura, segurança e banco de dados), seja devido a relação direta que os

mesmos mantém com os usuários, sofrendo neste caso além das pressões

inerentes a profissão como excesso de trabalho e prazos curtos a pressão continua

por estarem mais próximos dos usuários do que os outros profissionais da área de

TI.

Os analista de sistemas são os profissionais responsáveis por levantar junto

aos usuários os requisitos necessários para o desenvolvimento e manutenção de

sistemas e em muitos casos realizam o suporte junto a estes usuários quando o

sistema apresenta problemas. Esta possibilidade é corroborada por Merlo (1999),

onde cita que a alta freqüência do estresse entre os analistas de sistemas está

associada além dos prazos curtos e sobrecarga de trabalho, a pressão exercida

pelos usuários dos sistemas.

Sobre os fatores estressores e estratégias de enfrentamento dos profissionais

de TI (tabela 7a e tabela 7b) que trabalham ou prestam serviço em organizações de

caráter publico e privado, não foram constatadas diferenças no nível de estresse (p

<=0,05) e das estratégias para enfrentar o estresse (p <=0,05).

Page 96: Estresse em Profissionais de TI

96

Tabela 7a. Estratégias de enfrentamento e nível de estresse X tipo organização Estratégia de enfrentamento Tipo de

Organização Qt

respostas Média Desvio

Padrão Confronto privada 213 1,67 0,45 pública 90 1,63 0,42 Total 303 1,66 0,44 Afastamento privada 213 1,72 0,41 pública 90 1,69 0,42 Total 303 1,71 0,41 Autocontrole privada 213 2,25 0,52 pública 90 2,23 0,48 Total 303 2,24 0,51 Suporte Social privada 213 2,33 0,55 pública 90 2,32 0,50 Total 303 2,33 0,53 Aceitação de responsabilidade privada 213 2,28 0,53 pública 90 2,28 0,55 Total 303 2,28 0,54 Fuga e esquiva privada 213 1,91 0,89 pública 90 1,84 0,78 Total 303 1,89 0,85 Resolução de problemas privada 213 2,87 0,65 pública 90 2,82 0,64 Total 303 2,85 0,64 Reavaliação positiva privada 213 2,21 0,57 pública 90 2,18 0,57 Total 303 2,20 0,57 Estressores privada 213 2,81 0,77 pública 90 2,68 0,77 Total 303 2,77 0,77

Fonte: Dados da pesquisa, 2010.

Page 97: Estresse em Profissionais de TI

97

Tabela 7b. Estratégias de enfrentamento e nível de estresse X tipo organização

Estratégias de Enfrentamento

Soma dos quadrados df

Quadrado principal F p

Entre Grupos 0,11 1 0,11 0,562 0,454 Dento dos Grupos 58,853 301 0,196

Confronto

Total 58,963 302 Entre Grupos 0,075 1 0,075 0,443 0,506 Dento dos Grupos 50,587 301 0,168

Afastamento

Total 50,661 302 Entre Grupos 0,03 1 0,03 0,117 0,733 Dento dos Grupos 77,522 301 0,258

Autocontrole

Total 77,552 302 Entre Grupos 0,01 1 0,01 0,034 0,853 Dento dos Grupos 85,798 301 0,285

Suporte Social

Total 85,808 302 Entre Grupos 0 1 0 0 0,984 Dento dos Grupos 86,733 301 0,288

Aceitação de responsabilidade

Total 86,733 302 Entre Grupos 0,299 1 0,299 0,408 0,524 Dento dos Grupos 220,465 301 0,732

Fuga e esquiva

Total 220,764 302 Entre Grupos 0,167 1 0,167 0,402 0,527 Dento dos Grupos 124,916 301 0,415

Resolução de problemas

Total 125,083 302 Entre Grupos 0,055 1 0,055 0,17 0,681 Dento dos Grupos 97,156 301 0,323

Reavaliação positiva

Total 97,211 302 Entre Grupos 1,148 1 1,148 1,921 0,167 Dento dos Grupos 179,877 301 0,598

Estressores

Total 181,025 302

Fonte: Dados da pesquisa, 2010.

Page 98: Estresse em Profissionais de TI

98

Este resultado lança duvidas ao senso comum de que o funcionário público

possui um menor nível de estresse do que profissionais da iniciativa privada,

devido a questão da estabilidade no emprego e de não sentir impacto direto em

seu emprego devido as circunstancias do mercado. Algumas pesquisas indicam, ao

contrário, que o funcionário publico sofre com alto nível de estresse.

Como exemplo, os funcionários públicos de uma agência (Azenha) do

Ministério da Previdência e Assistência Social (MPAS) do Rio Grande do Sul foram

pesquisados por Martins (2004), o qual buscou conhecer as condições de saúde e

de trabalho desses trabalhadores. Nas entrevistas realizadas, os funcionários do

INSS relataram insegurança e o medo de punição, pois temiam a perda do

emprego por possíveis decisões erradas, as quais acarretariam processo

administrativo.

Em outro estudo, as assistentes sociais da Prefeitura Municipal de Ponta

Grossa-PR foram pesquisadas por Vochikovski e Munhoz (2005). Constatou-se

que 46% das participantes estavam estressadas, com predominância de sintomas

psicológicos. As principais fontes de estresse mencionadas pelas 28 assistentes

sociais foram a falta ou dificuldade de recursos para a efetivação de seu trabalho, a

questão política, os usuários, excesso de trabalho e o relacionamento interpessoal.

Barros e Malagris (2005) investigaram o nível de estresse, as possíveis fontes

internas e externas em uma instituição pública do setor bancário do município de

Niterói-RJ. Os resultados obtidos mostraram que 67% dos participantes

encontraram-se na fase de resistência, com predominância de sintomas

psicológicos. Quanto às fontes de estresse, as mais assinaladas foram o excesso

de tarefas e responsabilidades, carga horária excessiva e pressões de

desempenho.

Page 99: Estresse em Profissionais de TI

99

Lipp e Tanganelli (2002) averiguaram o estresse ocupacional de magistrados

da Justiça do Trabalho, níveis de qualidade de vida, fontes de estresse e

estratégias de enfrentamento. Os resultados da pesquisa mostraram que 71% dos

participantes apresentaram sintomas de estresse, sendo que a grande maioria se

encontrava na fase de resistência. Os estressores mais freqüentes foram

sobrecarga de trabalho e a estratégia mais mencionada foi conversar com o

cônjuge ou alguém com quem fosse afetivamente ligado (suporte social).

No que tange os fatores estressores e estratégias de enfrentamento dos

profissionais de TI (tabela 8a e tabela 8b) de acordo com o vinculo que possuem

com as organizações que trabalham ou prestam serviço, os autônomos (pf)

apresentam o maior nível de estresse (média=3,11). Os autônomos (pf) são os que

mais usam as estratégias de afastamento (p=0,019, média=1,92) e os profissionais

terceirizados (pj) são os que mais usam as estratégias de suporte social (p=0,029,

média=2,36).

Tabela 8a. Estratégias de enfrentamento e nível de estresse X vinculo com Organização Estratégia de enfrentamento

Qt respostas Média

Desvio Padrão

Confronto Vínculo empregatício 243,00 1,67 0,44

Terceirizado (pj) 26,00 1,68 0,44 Autônomo (pf) 19,00 1,73 0,50 Sócio 19,00 1,53 0,40 Total 307,00 1,66 0,44 Afastamento

Vínculo empregatício 243,00 1,72 0,40

Terceirizado (pj) 26,00 1,68 0,42 Autônomo (pf) 19,00 1,92 0,49 Sócio 19,00 1,51 0,37 Total 307,00 1,72 0,41

Page 100: Estresse em Profissionais de TI

100

Estratégia de enfrentamento Autocontrole

Vínculo empregatício

Qt Respostas

243,00

Média

2,26

Desvio Padrão

0,51 Terceirizado (pj) 26,00 2,22 0,43 Autônomo (pf) 19,00 2,22 0,56 Sócio 19,00 2,04 0,52 Total 307,00 2,24 0,51 Suporte Social

Vínculo empregatício 243,00 2,36 0,53

Terceirizado (pj) 26,00 2,38 0,56 Autônomo (pf) 19,00 2,22 0,53 Sócio 19,00 2,00 0,53 Total 307,00 2,33 0,54 Aceitação de responsabilidade

Vínculo empregatício 243,00 2,28 0,54

Terceirizado (pj) 26,00 2,44 0,57 Autônomo (pf) 19,00 2,32 0,53 Sócio 19,00 2,13 0,45 Total 307,00 2,29 0,54 Fuga e esquiva

Vínculo empregatício 243,00 1,89 0,85

Terceirizado (pj) 26,00 2,19 0,91 Autônomo (pf) 19,00 1,84 0,80 Sócio 19,00 1,55 0,69 Total 307,00 1,89 0,85 Resolução de problemas

Vínculo empregatício 243,00 2,84 0,64

Terceirizado (pj) 26,00 3,02 0,65 Autônomo (pf) 19,00 2,89 0,66 Sócio 19,00 2,83 0,70 Total 307,00 2,86 0,64 Reavaliação positiva

Vínculo empregatício 243,00 2,19 0,58

Terceirizado (pj) 26,00 2,36 0,50 Autônomo (pf) 19,00 2,35 0,55 Sócio 19,00 2,04 0,46 Total 307,00 2,21 0,57 Estressores

Vínculo empregatício 243,00 2,78 0,75

Terceirizado (pj) 26,00 2,85 0,90 Autônomo (pf) 19,00 3,11 0,61 Sócio 19,00 2,29 0,84 Total 307,00 2,78 0,78

Fonte: Dados da pesquisa, 2010.

Page 101: Estresse em Profissionais de TI

101

Tabela 8b. Estratégias de enfrentamento e nível de estresse X vinculo com organização

Estratégia de enfrentamento Soma dos quadrados df

Quadrado principal F p

Confronto Entre Grupos 0,44 3,00 0,15 0,76 0,518

Dentro dos Grupos 58,95 303,00 0,19

Total 59,39 306,00 Afastamento Entre Grupos 1,66 3,00 0,55 3,38 0,019

Dentro dos Grupos 49,58 303,00 0,16

Total 51,23 306,00 Autocontrole Entre Grupos 0,88 3,00 0,29 1,14 0,332

Dentro dos Grupos 77,81 303,00 0,26

Total 78,69 306,00 Suporte Social

Entre Grupos

2,58

3,00

0,86

3,05

0,029

Dentro dos Grupos 85,40 303,00 0,28

Total 87,99 306,00

Aceitação de responsabilidade Entre Grupos 1,10 3,00 0,37 1,28 0,283

Dentro dos Grupos 87,39 303,00 0,29

Total 88,49 306,00 Fuga e esquiva Entre Grupos 4,58 3,00 1,53 2,13 0,096

Dentro dos Grupos 217,15 303,00 0,72

Total 221,73 306,00

Resolução de problemas Entre Grupos 0,79 3,00 0,26 0,63 0,595

Dentro dos Grupos 125,93 303,00 0,42

Total 126,72 306,00 Reavaliação positiva Entre Grupos 1,56 3,00 0,52 1,63 0,183

Dentro dos Grupos 97,00 303,00 0,32

Total 98,56 306,00 Estressores Entre Grupos 6,77 3,00 2,26 3,86 0,010

Dentro dos Grupos 177,11 303,00 0,58

Total 183,88 306,00 Fonte: Dados da pesquisa, 2010.

Page 102: Estresse em Profissionais de TI

102

Uma hipótese a ser validada, em uma futura pesquisa, do porque do autônomo

(pf: pessoa física) ter um nível de estresse superior, seria devido ao mesmo não ter

a proteção dos profissionais que possuem vinculo empregatício (carteira de trabalho)

e por conseqüência do salário no final do mês.

Esta hipótese pode ser corroborada pelo estudo exploratório realizado por

Kilimnik (1998), onde concluiu que “embora seja indiscutível que está havendo uma

grande transição nas relações de trabalho, do emprego formal para o trabalho

autônomo ou terceirizado, essa fase não necessariamente ocorre de forma tranqüila

e sem problemas para os profissionais afetados, pois a criação de novos espaços de

trabalho pelas próprias pessoas, tem-se revelado uma empreitada difícil do ponto de

vista de retorno financeiro, embora muito gratificante do ponto de vista de melhoria

do conteúdo do trabalho e de amadurecimento profissional”.

Sobre os fatores estressores e estratégias de enfrentamento dos profissionais

de TI (tabela 9a e tabela 9b) de acordo com o tempo de experiência que o

profissional possui dentro da área, os profissionais que possuem entre 1 e 5 anos de

experiência apresentam o maior nível de estresse (média=2,95, p=0,015).

Os profissionais que possuem entre 6 e 10 anos de experiência são os que

mais utilizam as estratégias de confronto e afastamento (confronto: média=1,77,

p=0,009; afastamento: média=1,79, p=0,020).

Page 103: Estresse em Profissionais de TI

103

Tabela 9a. Estratégias de enfrentamento e nível de estresse X tempo de experiência

Estratégia de enfrentamento Tempo Experiência

Qt respostas Média

Desvio Padrão

Confronto Menos de 1 ano 10,00 1,40 0,20 Entre 1 e 5 anos 72,00 1,69 0,50 Entre 6 e 10 anos 83,00 1,77 0,48

Entre 11 e 20 anos 89,00 1,66 0,39

Acima de 20 anos 52,00 1,53 0,35 Total 306,00 1,66 0,44 Afastamento Menos de 1 ano 10,00 1,77 0,37 Entre 1 e 5 anos 72,00 1,77 0,48 Entre 6 e 10 anos 83,00 1,79 0,40

Entre 11 e 20 anos 89,00 1,68 0,36

Acima de 20 anos 52,00 1,57 0,38 Total 306,00 1,72 0,41 Autocontrole Menos de 1 ano 10,00 2,30 0,53 Entre 1 e 5 anos 72,00 2,16 0,56 Entre 6 e 10 anos 83,00 2,25 0,57

Entre 11 e 20 anos 89,00 2,32 0,42

Acima de 20 anos 52,00 2,18 0,44 Total 306,00 2,24 0,51 Suporte Social Menos de 1 ano 10,00 2,53 0,53 Entre 1 e 5 anos 72,00 2,42 0,61 Entre 6 e 10 anos 83,00 2,34 0,49 Entre 11 e 20 ano 89,00 2,32 0,52 Acima de 20 anos 52,00 2,17 0,51 Total 306,00 2,33 0,54 Aceitação de responsabilidade Menos de 1 ano 10,00 2,23 0,45 Entre 1 e 5 anos 72,00 2,37 0,60 Entre 6 e 10 anos 83,00 2,28 0,58

Entre 11 e 20 anos 89,00 2,29 0,49

Acima de 20 anos 52,00 2,20 0,47 Total 306,00 2,29 0,54 Fuga e esquiva Menos de 1 ano 10,00 1,75 0,75 Entre 1 e 5 anos 72,00 1,97 0,95 Entre 6 e 10 anos 83,00 2,01 0,81

Entre 11 e 20 anos 89,00 1,88 0,89

Acima de 20 anos 52,00 1,64 0,68 Total 306,00 1,89 0,85

Page 104: Estresse em Profissionais de TI

104

Estratégia de enfrentamento

Tempo Experiência

Qt respostas

Média Desvio Padrão

Resolução de problemas Menos de 1 ano 10,00 2,85 0,78 Entre 1 e 5 anos 72,00 2,89 0,63 Entre 6 e 10 anos 83,00 2,83 0,67

Entre 11 e 20 anos 89,00 2,83 0,62

Acima de 20 anos 52,00 2,93 0,65 Total 306,00 2,86 0,64 Reavaliação positiva Menos de 1 ano 10,00 2,30 0,58 Entre 1 e 5 anos 72,00 2,25 0,60 Entre 6 e 10 anos 83,00 2,19 0,57

Entre 11 e 20 anos 89,00 2,22 0,55

Acima de 20 anos 52,00 2,12 0,57 Total 306,00 2,21 0,57 Estressores Menos de 1 ano 10,00 2,54 0,77 Entre 1 e 5 anos 72,00 2,95 0,79 Entre 6 e 10 anos 83,00 2,86 0,77

Entre 11 e 20 anos 89,00 2,76 0,74

Acima de 20 anos 52,00 2,50 0,76 Total 306,00 2,78 0,78 Fonte: Dados da pesquisa, 2010.

Page 105: Estresse em Profissionais de TI

105

Tabela 9b. Estratégias de enfrentamento e nível de estresse X tempo de experiência

Estratégia de enfrentamento Soma dos quadrados df

Quadrado principal F p

Confronto Entre Grupos 2,59 4,00 0,65 3,46 0,009

Dentro dos Grupos 56,37 301,00 0,19

Total 58,95 305,00 Afastamento Entre Grupos 1,94 4,00 0,48 2,96 0,020

Dentro dos Grupos 49,28 301,00 0,16

Total 51,21 305,00 Autocontrole Entre Grupos 1,25 4,00 0,31 1,22 0,303

Dentro dos Grupos 77,31 301,00 0,26

Total 78,56 305,00 Suporte Social Entre Grupos 2,38 4,00 0,60 2,09 0,082

Dentro dos Grupos 85,61 301,00 0,28

Total 87,99 305,00 Aceitação de responsabilidade Entre Grupos 0,95 4,00 0,24 0,81 0,517

Dentro dos Grupos 87,36 301,00 0,29

Total 88,30 305,00 Fuga e esquiva Entre Grupos 4,87 4,00 1,22 1,69 0,152

Dentro dos Grupos 216,71 301,00 0,72

Total 221,58 305,00 Resolução de problemas Entre Grupos 0,55 4,00 0,14 0,33 0,861

Dentro dos Grupos 126,15 301,00 0,42

Total 126,70 305,00 Reavaliação positiva Entre Grupos 0,61 4,00 0,15 0,47 0,760

Dentro dos Grupos 97,96 301,00 0,33

Total 98,56 305,00 Estressores Entre Grupos 7,34 4,00 1,84 3,14 0,015

Dentro dos Grupos 176,12 301,00 0,59

Total 183,46 305,00 Fonte: Dados da pesquisa, 2010.

Page 106: Estresse em Profissionais de TI

106

Em uma pesquisa realizada por Dias (2008), percebeu-se uma correlação

positiva entre o uso de estratégias de autocontrole e tempo de profissão,

demonstrando que indivíduos que atuam há mais tempo na área tendem a buscar

controlar mais seus problemas.

Na corrente pesquisa, percebe-se que profissionais menos experientes

possuem um maior nível de estresse e utilizam como estratégias de enfrentamento o

confronto e o afastamento, que são estratégias não relacionadas ao autocontrole.

Esta análise está de acordo com a constatação, explicitada na tabela 4, onde é

demonstrado que os profissionais que utilizam a estratégia de enfrentamento

confronto possuem um alto nível de estresse, indicando que a mesma não é

eficiente como estratégia para enfrentar o estresse.

Sobre os fatores estressores e estratégias de enfrentamento dos profissionais

de TI que trabalham ou prestam serviço em organizações de micro, pequeno, médio

e grande porte (tabela 10a e tabela 10b), não foram constatadas diferenças no nível

de estresse e os profissionais que trabalham nas médio empresas são os que mais

utilizam as estratégias confronto (média=1,90, p=0,010), autocontrole (média=2,41,

p=0,015) e fuga e esquiva (média=2,23, p=0,008).

Tabela 10a. Estratégias de enfrentamento e nível de estresse X porte da organização

Estratégias de Enfrentamento Porte da Organização

Qt respostas Média

Desvio Padrão

Confronto Micro : até 9 empregados 27,00 1,55 0,33

Pequena: de 10 a 49 empregados 36,00 1,72 0,58

Média: de 50 a 99 empregados 28,00 1,90 0,51

Grande: mais de 100 empregados 216,00 1,64 0,41

Total 307,00 1,66 0,44

Page 107: Estresse em Profissionais de TI

107

Estratégias de Enfrentamento

Porte da Organização

Qt respostas

Média

Desvio Padrão

Afastamento Micro : até 9 empregados 27,00 1,74 0,45

Pequena: de 10 a 49 empregados 36,00 1,81 0,51

Média: de 50 a 99 empregados 28,00 1,84 0,47

Grande: mais de 100 empregados 216,00 1,68 0,37

Total 307,00 1,72 0,41 Autocontrole Micro : até 9 empregados 27,00 1,98 0,57

Pequena: de 10 a 49 empregados 36,00 2,25 0,51

Média: de 50 a 99 empregados 28,00 2,41 0,60

Grande: mais de 100 empregados 216,00 2,25 0,47

Total 307,00 2,24 0,51 Suporte Social Micro : até 9 empregados 27,00 2,31 0,57

Pequena: de 10 a 49 empregados 36,00 2,28 0,59

Média: de 50 a 99 empregados 28,00 2,48 0,46

Grande: mais de 100 empregados 216,00 2,32 0,53

Total 307,00 2,33 0,54

Aceitação de responsabilidade Micro : até 9 empregados 27,00 2,27 0,70

Pequena: de 10 a 49 empregados 36,00 2,30 0,53

Média: de 50 a 99 empregados 28,00 2,39 0,62

Grande: mais de 100 empregados 216,00 2,27 0,51

Total 307,00 2,29 0,54 Fuga e esquiva Micro : até 9 empregados 27,00 1,56 0,74

Pequena: de 10 a 49 empregados 36,00 2,11 0,99

Média: de 50 a 99 empregados 28,00 2,23 0,86

Grande: mais de 100 empregados 216,00 1,85 0,82

Total 307,00 1,89 0,85

Resolução de problemas Micro : até 9 empregados 27,00 2,75 0,63

Pequena: de 10 a 49 empregados 36,00 2,83 0,68

Média: de 50 a 99 empregados 28,00 3,05 0,61

Grande: mais de 100 empregados 216,00 2,85 0,64

Total 307,00 2,86 0,64

Page 108: Estresse em Profissionais de TI

108

Estratégias de Enfrentamento Reavaliação positiva

Porte da Organização Micro : até 9 empregados

Qt

respostas

27,00

Média

2,18

Desvio Padrão

0,59

Pequena: de 10 a 49 empregados 36,00 2,32 0,56

Média: de 50 a 99 empregados 28,00 2,29 0,58

Grande: mais de 100 empregados 216,00 2,18 0,57

Total 307,00 2,21 0,57 Estressores Micro : até 9 empregados 27,00 2,98 0,85

Pequena: de 10 a 49 empregados 36,00 2,84 0,71

Média: de 50 a 99 empregados 28,00 2,98 0,73

Grande: mais de 100 empregados 216,00 2,72 0,78

Total 307,00 2,78 0,78 Fonte: Dados da pesquisa, 2010.

Page 109: Estresse em Profissionais de TI

109

Tabela 10b. Estratégias de enfrentamento e nível de estresse X porte da organização

Estratégias de enfrentamento

Soma dos quadrados df

Quadrado principal F p

Confronto Entre Grupos 2,16 3,00 0,72 3,82 0,010

Dentro dos Grupos 57,23 303,00 0,19

Total 59,39 306,00 Afastamento Entre Grupos 1,01 3,00 0,34 2,02 0,111

Dentro dos Grupos 50,23 303,00 0,17

Total 51,23 306,00 Autocontrole Entre Grupos 2,67 3,00 0,89 3,55 0,015

Dentro dos Grupos 76,02 303,00 0,25

Total 78,69 306,00 Suporte Social Entre Grupos 0,71 3,00 0,24 0,82 0,484

Dentro dos Grupos 87,28 303,00 0,29

Total 87,99 306,00

Aceitação de responsabilidade Entre Grupos 0,38 3,00 0,13 0,43 0,729

Dentro dos Grupos 88,11 303,00 0,29

Total 88,49 306,00 Fuga e esquiva Entre Grupos 8,41 3,00 2,80 3,98 0,008

Dentro dos Grupos 213,32 303,00 0,70

Total 221,73 306,00

Resolução de problemas Entre Grupos 1,42 3,00 0,47 1,15 0,331

Dentro dos Grupos 125,30 303,00 0,41

Total 126,72 306,00 Reavaliação positiva Entre Grupos 0,79 3,00 0,26 0,81 0,488

Dentro dos Grupos 97,78 303,00 0,32

Total 98,56 306,00 Estressores

Entre Grupos

3,22

3,00

1,07

1,80

0,147

Dentro dos Grupos 180,66 303,00 0,60

Total 183,88 306,00 Fonte: Dados da pesquisa, 2010.

Page 110: Estresse em Profissionais de TI

110

Este resultado não corrobora com Kahn e Byosiere (1992) e Sutton e D´Aunno

(1989) onde citam que organizações de porte maior podem ser mais propícias a

gerar eventos estressores, devido a distância entre os diversos níveis hierárquicos

onde o funcionário tem pouco controle sobre seu trabalho. A corrente pesquisa

indica que não importa o porte da empresa onde o profissional de TI trabalha, o nível

de estresse é semelhante.

Com relação às diferenças entre as faixas etárias (tabela 11a e tabela 11b), no

que tange fatores estressores e estratégias de enfrentamento, não foram

constatadas diferenças no nível de estresse e os profissionais que mais utilizam a

estratégia afastamento são os profissionais de TI com até 24 anos de idade

(média=1,89, p=0,001).

Tabela 11a. Estratégias de enfrentamento e nível de estresse X faixa etária

Estratégia de enfrentamento Faixa etária Qt

respostas Média Desvio padrão

Confronto Até 24 anos 50 1,71 0,56

Entre 25 e 35 anos 146 1,71 0,44

Entre 36 e 46 anos 76 1,59 0,37

Entre 47 e 57 anos 34 1,58 0,39

Total 306 1,66 0,44 Afastamento Até 24 anos 50 1,89 0,46

Entre 25 e 35 anos 146 1,74 0,41

Entre 36 e 46 anos 76 1,59 0,32

Entre 47 e 57 anos 34 1,66 0,41

Total 306 1,72 0,41 Autocontrole Até 24 anos 50 2,17 0,48

Entre 25 e 35 anos 146 2,30 0,55

Entre 36 e 46 anos 76 2,18 0,46

Entre 47 e 57 anos 34 2,27 0,42

Total 306 2,24 0,51

Page 111: Estresse em Profissionais de TI

111

Estratégia de enfrentamento Faixa etária

Qt respostas Média

Desvio padrão

Suporte Social Até 24 anos 50 2,41 0,53

Entre 25 e 35 anos 146 2,40 0,55

Entre 36 e 46 anos 76 2,20 0,50

Entre 47 e 57 anos 34 2,21 0,52

Total 306 2,33 0,54

Aceitação de responsabilidade Até 24 anos 50 2,35 0,63

Entre 25 e 35 anos 146 2,32 0,54

Entre 36 e 46 anos 76 2,19 0,50

Entre 47 e 57 anos 34 2,27 0,44

Total 306 2,29 0,54 Fuga e esquiva Até 24 anos 50 1,96 0,77

Entre 25 e 35 anos 146 2,00 0,90

Entre 36 e 46 anos 76 1,70 0,81

Entre 47 e 57 anos 34 1,75 0,78

Total 306 1,89 0,85 Resolução de problemas Até 24 anos 50 2,91 0,64

Entre 25 e 35 anos 146 2,87 0,62

Entre 36 e 46 anos 76 2,73 0,66

Entre 47 e 57 anos 34 3,03 0,67

Total 306 2,86 0,64 Reavaliação positiva Até 24 anos 50 2,22 0,54

Entre 25 e 35 anos 146 2,25 0,57

Entre 36 e 46 anos 76 2,14 0,59

Entre 47 e 57 anos 34 2,13 0,55

Total 306 2,21 0,57 Estressores Até 24 anos 50 2,77 0,78

Entre 25 e 35 anos 146 2,86 0,77

Entre 36 e 46 anos 76 2,75 0,72

Entre 47 e 57 anos 34 2,52 0,88

Total 306 2,78 0,77 Fonte: Dados da pesquisa, 2010.

Page 112: Estresse em Profissionais de TI

112

Tabela 11b. Estratégias de enfrentamento e nível de estresse X faixa etária

Estratégia de enfrentamento Soma dos quadrados df

Quadrado principal F p

Confronto Entre grupos 1,02 3 0,34 1,77 0,153

Dentro dos grupos 57,94 302 0,19

Total 58,95 305 Afastamento Entre grupos 2,89 3 0,96 6,02 0,001

Dentro dos grupos 48,27 302 0,16

Total 51,15 305 Autocontrole Entre grupos 1,01 3 0,34 1,32 0,268

Dentro dos grupos 77,27 302 0,26

Total 78,28 305 Suporte Social Entre grupos 2,73 3 0,91 3,23 0,023

Dentro dos grupos 85,23 302 0,28

Total 87,96 305 Aceitação de responsabilidade Entre grupos 1,03 3 0,34 1,18 0,316

Dentro dos grupos 87,38 302 0,29

Total 88,41 305 Fuga e esquiva Entre grupos 5,31 3 1,77 2,48 0,061

Dentro dos grupos 215,63 302 0,71

Total 220,94 305 Resolução de problemas Entre grupos 2,34 3 0,78 1,90 0,129

Dentro dos grupos 124,00 302 0,41

Total 126,34 305 Reavaliação positiva Entre grupos 0,89 3 0,30 0,92 0,432

Dentro dos grupos 97,67 302 0,32

Total 98,56 305 Estressores Entre grupos 3,34 3 1,11 1,87 0,134

Dentro dos grupos 179,40 302 0,59

Total 182,74 305 Fonte: Dados da pesquisa, 2010.

Page 113: Estresse em Profissionais de TI

113

De acordo com a pesquisa, jovens profissionais de TI (idade até 24 anos) são

os que mais utilizam estratégias de afastamento, que tem como algumas de suas

características evitar ou ignorar um determinado problema, fazer com que nada

tivesse ocorrido, recusar-se a pensar na situação e minimizar a situação. De um

modo geral, os resultados permitiram identificar que jovens profissionais de TI,

diante de eventos estressores, tenderam a utilizar estratégias para evitar ou escapar

do problema.

Uma hipótese a ser futuramente validada, do porque da utilização destas

estratégias, seria devido a baixa experiência que estes profissionais possuem, tanto

nas questões de relacionamento interpessoal quanto profissional, onde por não ter

vivido, ou por ter vivido poucas situações de grande desafio, preferem evitar ou

ignorar um problema a enfrentá-lo.

Em relação ao nível de estresse, o resultado da corrente pesquisa valida Moser

(2008) onde indica que não importa a faixa etária do profissional de TI, o nível de

estresse é semelhante.

Sobre os fatores estressores e estratégias de enfrentamento dos profissionais

de TI (tabela 12a e tabela 12b) de acordo com o estado civil, não foi constatado

diferença no nível de estresse e os profissionais que mais utilizam a estratégia

suporte social são os profissionais de TI divorciados/separados (média = 2,56, p =

0,015).

Page 114: Estresse em Profissionais de TI

114

Tabela 12a. Estratégias de enfrentamento e nível de estresse X estado civil

Estratégia de enfrentamento Estado civil Qt

respostas Média Desvio padrão

Confronto Casado/União Estável 172 1,66 0,42

Solteiro 116 1,67 0,49 divorciado/separado 19 1,62 0,30 Total 307 1,66 0,44

Afastamento Casado/União Estável 172 1,68 0,41

Solteiro 116 1,75 0,41 divorciado/separado 19 1,77 0,39 Total 307 1,72 0,41

Autocontrole Casado/União Estável 172 2,26 0,49

Solteiro 116 2,19 0,53 divorciado/separado 19 2,36 0,49 Total 307 2,24 0,51

Suporte Social Casado/União Estável 172 2,26 0,53

Solteiro 116 2,40 0,54 divorciado/separado 19 2,56 0,52 Total 307 2,33 0,54

Aceitação de responsabilidade Casado/União Estável 172 2,25 0,48

Solteiro 116 2,32 0,62 divorciado/separado 19 2,37 0,51 Total 307 2,29 0,54

Fuga e esquiva Casado/União Estável 172 1,86 0,85

Solteiro 116 1,94 0,86 divorciado/separado 19 1,82 0,85 Total 307 1,89 0,85

Resolução de problemas Casado/União Estável 172 2,85 0,63

Solteiro 116 2,85 0,68 divorciado/separado 19 3,04 0,55 Total 307 2,86 0,64

Reavaliação positiva Casado/União Estável 172 2,19 0,56

Solteiro 116 2,23 0,60 divorciado/separado 19 2,23 0,42 Total 307 2,21 0,57

Page 115: Estresse em Profissionais de TI

115

Estratégia de enfrentamento Estado civil Qt respostas

Média Desvio padrão

Estressores Casado/União Estável 172 2,77 0,77

Solteiro 116 2,82 0,78 divorciado/separado 19 2,59 0,84 Total 307 2,78 0,78 Fonte: Dados da pesquisa, 2010.

Page 116: Estresse em Profissionais de TI

116

Tabela 12b. Estratégias de enfrentamento e nível de estresse X estado civil

Estratégia de Enfrentamento Soma dos Quadrados df

Quadrado principal F p

Confronto Entre grupos 0,05 2,00 0,02 0,12 0,884

Dentro dos grupos 59,35 304,00 0,20

Total 59,39 306,00 Afastamento Entre grupos 0,38 2,00 0,19 1,13 0,325

Dentro dos grupos 50,86 304,00 0,17

Total 51,23 306,00 Autocontrole Entre grupos 0,60 2,00 0,30 1,16 0,315

Dentro dos grupos 78,10 304,00 0,26

Total 78,69 306,00 Suporte Social Entre grupos 2,39 2,00 1,19 4,24 0,015

Dentro dos grupos 85,60 304,00 0,28

Total 87,99 306,00 Aceitação de responsabilidade Entre grupos 0,46 2,00 0,23 0,80 0,451

Dentro dos grupos 88,03 304,00 0,29

Total 88,49 306,00 Fuga e esquiva Entre grupos 0,59 2,00 0,30 0,41 0,666

Dentro dos grupos 221,14 304,00 0,73

Total 221,73 306,00 Resolução de problemas Entre grupos 0,65 2,00 0,33 0,79 0,457

Dentro dos grupos 126,07 304,00 0,41

Total 126,72 306,00 Reavaliação positiva Entre grupos 0,17 2,00 0,08 0,26 0,775

Dentro dos grupos 98,40 304,00 0,32

Total 98,56 306,00 Estressores Entre grupos 0,82 2,00 0,41 0,68 0,509

Dentro dos grupos 183,07 304,00 0,60

Total 183,88 306,00 Fonte: Dados da pesquisa, 2010.

Page 117: Estresse em Profissionais de TI

117

De acordo com Rocha e Debert-Ribeiro (2001) os profissionais casados

apresentaram maiores níveis de estresse. A quantidade de número de papéis

sociais está relacionada a maiores chances de níveis de estresse e após o

casamento, tanto os homens quanto as mulheres assumem mais papéis e com isso

mais responsabilidades (casa, filhos, dinheiro), o que pode gerar mais conflitos e

auto-avaliações negativas por parte de ambos (SIMON, 1995).

A corrente pesquisa, não validou as pesquisas realizadas por Rocha e Debert-

Ribeiro (2001) e Simon (1995). Em relação ao nível de estresse, o resultado da

corrente pesquisa corrobora com a pesquisa realizada por Dias (2008), onde não foi

identificado níveis diferentes de estresse nos profissionais de TI casados, solteiros e

separados.

De acordo com Diener et al (1999), a presença de um parceiro pode significar

maior oportunidade de suporte social. Na corrente pesquisa os profissionais

desquitados/separados foram os que mais utilizaram o suporte social como

estratégia de enfrentamento. Como hipótese a ser futuramente validada,

profissionais de TI desquitados/separados discutem mais com outros colegas de

profissão, problemas cotidianos inerentes a TI do que os profissionais casados, onde

não procuram levar os problemas do seu trabalho para dentro de casa.

7. Conclusões e Recomendações

O presente trabalho revelou que os profissionais de tecnologia da informação

avaliados, apresentavam um nível moderado de estresse o que não valida

pesquisas realizadas na década de 90 e 2000 de que os profissionais desta área

estão com alto nível de estresse. Esta constatação responde a um dos objetivos da

corrente pesquisa, ou seja, verificar se o nível de estresse dos profissionais

Page 118: Estresse em Profissionais de TI

118

pesquisados pode ser considerado alto, ou seja, se os profissionais de TI são

realmente estressados.

Ainda, a corrente pesquisa tinha como um dos seus objetivos, a identificação

dos principais estressores percebidos pelos profissionais de tecnologia da

informação, a partir da Escala de Estresse no Trabalho (EET) de Paschoal e

Tamayo (2004) e as estratégias de enfrentamento, a partir do Inventário de

Estratégias de Coping (LAZARUS e FOLKMAN, 1984).

O resultado foi que, a fonte de estresse mais freqüentemente mencionada foi

relativa a quantidade de trabalho, o que ratifica pesquisas realizadas nas ultimas

duas décadas de que os profissionais desta área estão sobrecarregados. Sugere-se

neste ponto, uma melhor divisão de responsabilidades dentro da área de tecnologia

da informação nas empresas além de estudos no sentido de verificar a necessidade

de contratação de mão-de-obra e capacitação continuada para todos os

profissionais de TI da organização.

Um dado interessante levantado, foi que a fonte de estresse menos citada

pelos profissionais avaliados foi relativo a necessidade de atualização tecnológica o

que demonstra que a necessidade de atualização constante já é absorvida e

percebida como natural por estes profissionais. A resolução de problema foi a

principal estratégia de enfrentamento utilizada pelos profissionais de TI, o que

demonstra que estes profissionais, diante de um determinado desafio ou problema

ao invés de afastar-se ou ter uma atitude mais agressiva, diante da situação

estressante, se esforçam para resolver o problema.

Um outro objetivo desta pesquisa era verificar a relação estresse e estratégias

de enfrentamento. O resultado foi que, aqueles profissionais que utilizaram como

estratégia de enfrentamento o confronto e a fuga-esquiva são os que apresentaram

Page 119: Estresse em Profissionais de TI

119

o maior nível de estresse o que pode-se supor que estas estratégias não são

eficazes como elementos reguladores do estresse.

No que tange ao objetivo de se verificar a influencia do sexo, estado civil, faixa

etária, tempo de serviço, atividade, tipo de organização, tipo de vinculo e tamanho

da organização sobre o estresse e as estratégias de enfrentamento. O resultado foi

que, em relação ao sexo, não foram constatadas diferenças no nível de estresse, o

que neste sentido, não valida pesquisas realizadas de que as profissionais de TI são

mais estressadas do que os profissionais devido a dupla jornada de trabalho

(trabalho e casa).

Ainda, foi constatado que as profissionais utilizam mais a estratégia de suporte

social do que os profissionais do sexo masculino e neste sentido sugere-se uma

maior abertura dos chefes diretos e reavaliação das políticas de recursos humanos

no sentido de ouvir suas angustias, buscando assim minimizar os efeitos do estresse

e por conseqüência a melhoria da qualidade de vida no trabalho.

A corrente pesquisa demonstrou que o analista de sistema é o profissional de

TI com maior nível de estresse e os profissionais que trabalham com banco de

dados apresentaram o menor nível de estresse. Uma hipótese a ser futuramente

verificada é se o analista de sistema é mais estressado do que outros profissionais

da área de TI, como infra-estrutura, banco de dados, gerencia e segurança devido a

proximidade com os usuários finais e neste sentido sugere-se uma investigação com

intuito de buscar formas de melhorar esta interação objetivando minimizar este

estresse e entregar sistemas com maior nível de qualidade.

O senso comum diz que os profissionais que trabalham em organizações de

caráter público trabalham menos do que os profissionais da iniciativa privada devido

ao sentimento da estabilidade e do próprio caráter do ambiente público que não tem

Page 120: Estresse em Profissionais de TI

120

como meta o lucro financeiro mas sim social. Neste sentido, estes profissionais

percebem uma menor pressão e estresse.

A corrente pesquisa demonstrou que tanto os profissionais da iniciativa privada

quanto pública possuem níveis de estresse similares o que, neste sentido, sugere-se

que as organizações, tanto pública quanto privada, deveriam disponibilizar

mecanismos similares para minimizar os efeitos maléficos do estresse nestes

profissionais maximizando assim a qualidade de vida dentro destas organizações e

por conseqüência, abstraindo outras variáveis, a rentabilidade e eficiência.

Os profissionais autônomos, ou seja, sem vinculo empregatício, apresentaram

um nível de estresse superior aos profissionais com carteira assinada o que pode

ser um indicativo importante da necessidade do aumento da formalização deste tipo

de mão-de-obra dentro das organizações, o que pode ser catalisado com incremento

de políticas governamentais no sentido de diminuir o custo da mão de obra para as

mesmas.

Os profissionais de TI menos experientes, ou seja, que possuem entre 1 e 5

anos foram os que apresentaram o nível mais elevado de estresse e aqueles com 6

e 10 anos de experiência foram os que mais utilizaram estratégias de confronto e

afastamento como estratégias de enfrentamento. Sugere-se uma atenção especial

por parte dos supervisores diretos no que tange ao nível de pressão exercida e

recursos humanos no sentido de disponibilizar treinamentos para administração de

estresse e qualidade de vida nas organizações.

Ainda, a pesquisa demonstrou que jovens profissionais de TI, com até 24 anos

de idade, são os que mais utilizaram estratégias de afastamento, que se caracteriza

como fuga (evitar ou ignorar) diante de problema. Cabe aqui, a organização através

de políticas de capacitação e principalmente a gerencia direta explicitar para estes

Page 121: Estresse em Profissionais de TI

121

profissionais que esta não é a melhor maneira de se lidar com um problema mas sim

através de estratégias que encarem o problema e tentem resolve-lo da melhor forma

possível.

Em relação ao objetivo geral desta dissertação, ou seja, de investigar o

estresse nos profissionais de tecnologia da informação dentro das organizações

enfatizando como este profissional percebe e lida com o fenômeno no inicio de uma

nova década (2010), o nível de estresse e se as estratégias de enfrentamento

utilizadas foram eficientes em sua regulação, percebe-se que os dados obtidos não

revelaram um quadro preocupante no que tange estresse nos profissionais de TI,

entretanto devido ao incremento da dependência dos profissionais de TI por parte

das organizações e de sua sobrecarga de trabalho nas ultimas décadas, torna-se

fundamental atenção por parte das organizações, principalmente das políticas de

recursos humanos como por exemplo treinamentos para administração do estresse

e programas de qualidade de vida e uma maior atenção da gerencia direta que deve

ser um elemento minimizador da pressão e não agir como um elemento

maximizador, para que este quadro não se altere de forma significativa, levando

assim uma perda de qualidade de vida dentro das organizações e por conseqüência

da eficiência organizacional.

Ainda, sugere-se fortemente uma mudança de postura dos lideres das

organizações no sentido de valorizar o sentimento de colaboração interna em

detrimento a competição, recompensando e destacando os profissionais que mais

colaboram com os seus pares, pois o estresse também se caracteriza na atualidade

como um fenômeno social que pode ser melhor administrado através de uma maior

e melhor interatividade interpessoal dentro das organizações.

Page 122: Estresse em Profissionais de TI

122

A pesquisa evidenciou ainda que os profissionais de tecnologia da informação

ao desempenhar suas funções sofrem a influência de inúmeros fatores

organizacionais estressores, tendo como principal fator no inicio da década de 2010

a sobrecarga de trabalho, e que os mesmos utilizam estratégias para lidar com estes

fatores, que na corrente pesquisa, demonstraram-se eficazes, já que o nível de

estresse percebido pelos mesmos foi moderado.

Como proposta para futuras pesquisas, sugere-se a verificação se estes

fatores interferem efetivamente no ambiente de trabalho e no âmbito pessoal,

prejudicando a saúde desses profissionais, o desempenho de suas atividades,

podendo repercutir no suporte aos seus usuários, perante ao cliente e na eficiência

global da organização.

Espera-se que esta pesquisa possa ser utilizada por profissionais de TI e

organizações que trabalham com estes profissionais, como uma oportunidade de

reflexão e aplicação de políticas no sentido de aprimorar práticas para melhoria da

qualidade de vida dentro das organizações e como incentivo a novas pesquisas

nesta área.

O tema abordado nesta investigação não se esgota aqui, pois o estresse é

amplo e repleto de especificidades, as quais poderão ser contempladas em

investigações futuras, como sugestão, o estudo da relação do estresse com as

seguintes variáveis: absenteísmo, eficiência organizacional, salário, qualidade de

vida, realização profissional, competência e motivação. Pode-se afirmar, ao concluir

esta pesquisa, que os objetivos propostos foram alcançados.

Ainda que o estudo tenha alcançado os objetivos propostos e tenha oferecido

contribuições no campo do bem-estar no trabalho no que tange estresse, há

limitações que merecem ser destacadas como, por exemplo, o grande numero de

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questões nos instrumentos que medem fatores estressores e estratégias de

enfrentamento, o que levou a uma desistência de cerca de 40% dos respondentes e

ao baixo índice de respondentes das regiões norte e nordeste.

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ANEXO A – Questionário Fatores Estressores

N. QUESTÃO 1 Os prazos estabelecidos para a realização das minhas tarefas são satisfatórios 2 A falta de capacitação para a execução das minhas tarefas tem me deixado

nervoso 3 A quantidade de trabalho tem me deixado cansado 4 A forma como as tarefas são distribuídas em minha área tem me deixado

nervoso 5 O tipo de controle existente em meu trabalho me irrita 6 Em meu trabalho não há pressão. 7 A falta de autonomia na execução do meu trabalho tem sido desgastante 8 Tenho me sentido incomodado com a falta de confiança de meu superior sobre

o meu trabalho 9 Sinto-me irritado com a deficiência na divulgação de informações sobre

decisões organizacionais 10 Sinto-me incomodado com a falta de informações sobre minhas tarefas no

trabalho 11 A falta de comunicação entre mim e meus colegas de trabalho deixa-me

irritado 12 Sinto-me incomodado por meu superior tratar-me mal na frente de colegas de

trabalho 13 Sinto-me incomodado por ter que realizar tarefas que estão além de minha

capacidade 14 Fico de mau humor por ter que trabalhar durante muitas horas seguidas 15 Sinto nervosismo em ter que me manter atualizado com as mudanças

tecnológicas 16 Sinto-me incomodado com a comunicação existente entre mim e meu superior 17 Fico irritado com discriminação/favoritismo no meu ambiente de trabalho 18 Tenho me sentido incomodado com a deficiência nos treinamentos para

capacitação profissional 19 Fico de mau humor por me sentir isolado na organização 20 Fico irritado por ser pouco valorizado por meus superiores 21 As poucas perspectivas de crescimento na carreira tem me deixado angustiado 22 Tenho me sentido incomodado por trabalhar em tarefas abaixo do meu nível

de habilidade 23 A competição no meu ambiente de trabalho tem me deixado de mau humor 24 A falta de compreensão sobre quais são as minhas responsabilidades neste

trabalho tem causado irritação 25 Sinto-me de mau humor com “fofocas” no meu ambiente de trabalho 26 Tenho estado nervoso por meu superior me dar ordens contraditórias 27 Sinto-me irritado por meu superior encobrir meu trabalho bem feito diante de

outras pessoas 28 O tempo insuficiente para realizar meu volume de trabalho deixa-me nervoso 29 Fico de mau humor com brincadeiras de mal gosto que meus colegas de

trabalho fazem uns com os outros 30 Fico incomodado por meu superior evitar me incumbir de responsabilidades

importantes 31 As estratégias utilizadas para introduzir novas tecnologias me deixa angustiado

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ANEXO B – Questionário Estratégias de Enfrentamento

Leia cada item abaixo e indique, fazendo um círculo na categoria apropriada, o

que você fez em uma situação profissional passada, ocorrida em uma semana típica

de trabalho, que tenha sido motivo de grande preocupação e desconforto. O que

você fez ou sentiu, de acordo com a seguinte classificação:

1. Me concentrei no que deveria ser feito em seguida , no próximo passo.

0 1 2 3

2. Tentei analisar o problema para entendê-lo melhor. 0 1 2 3

3. Procurei trabalhar ou fazer alguma atividade para me distrair.

0 1 2 3

4. Deixei o tempo passar - a melhor coisa que poderia fazer era esperar, o tempo é o melhor remédio.

0 1 2 3

5. Procurei tirar alguma vantagem da situação. 0 1 2 3

6. Fiz alguma coisa que acreditava não daria resultados, mas ao menos eu estava fazendo alguma coisa.

0 1 2 3

7. Tentei encontrar a pessoa responsável para mudar suas idéias.

0 1 2 3

8. Conversei com outra(s) pessoa(s) sobre o problema, procurando mais dados sobre a situação.

0 1 2 3

9. Me critiquei, me repreendi. 0 1 2 3

10. Tentei não fazer nada que fosse irreversível, procurando deixar outras opções.

0 1 2 3

11. Esperei que um milagre acontecesse. 0 1 2 3

12. Concordei com o fato, aceitei o meu destino. 0 1 2 3

13. Fiz como se nada tivesse acontecido. 0 1 2 3

14. Procurei guardar para mim mesmo(a) os meus sentimentos.

0 1 2 3

15. Procurei encontrar o lado bom da situação. 0 1 2 3

16. Dormi mais que o normal. 0 1 2 3

17. Mostrei a raiva que sentia para as pessoas que causaram o problema.

0 1 2 3

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139

18. Aceitei a simpatia e a compreensão das pessoas. 0 1 2 3

19. Disse coisas a mim mesmo (a) que me ajudassem a me sentir bem

0 1 2 3

20. Me inspirou a fazer algo criativo. 0 1 2 3

21. Procurei esquecer a situação desagradável. 0 1 2 3

22. Procurei ajuda profissional. 0 1 2 3

23. Mudei ou cresci como pessoa de uma maneira positiva. 0 1 2 3

24. Esperei para ver o que acontecia antes de fazer alguma coisa.

0 1 2 3

25. Desculpei ou fiz alguma coisa para repor os danos. 0 1 2 3

26. Fiz um plano de ação e o segui. 0 1 2 3

27. Tirei o melhor que poderia da situação, que não era o esperado.

0 1 2 3

28. De alguma forma extravasei meus sentimentos. 0 1 2 3

29. Compreendi que o problema foi provocado por mim. 0 1 2 3

30. Saí da experiência melhor do que eu esperava. 0 1 2 3

31. Falei com alguém que poderia fazer alguma coisa concreta sobre o problema.

0 1 2 3

32. Tentei descansar, tirar férias a fim de esquecer o problema.

0 1 2 3

33. Procurei me sentir melhor, comendo, fumando, utilizando drogas ou medicação.

0 1 2 3

34. Enfrentei como um grande desafio, fiz algo muito arriscado.

0 1 2 3

35. Procurei não fazer nada apressadamente ou seguir o meu primeiro impulso.

0 1 2 3

36. Encontrei novas crenças. 0 1 2 3

37. Mantive meu orgulho não demonstrando os meus sentimentos.

0 1 2 3

38. Redescobri o que é importante na vida. 0 1 2 3

39. Modifiquei aspectos da situação para que tudo desse certo no final.

0 1 2 3

40. Procurei fugir das pessoas em geral. 0 1 2 3

41. Não deixei me impressionar, me recusava a pensar muito sobre esta situação.

0 1 2 3

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42. Procurei um amigo ou um parente para pedir conselhos. 0 1 2 3

43. Não deixei que os outros soubessem da verdadeira situação.

0 1 2 3

44. Minimizei a situação me recusando a preocupar-me seriamente com ela.

0 1 2 3

45. Falei com alguém sobre como estava me sentindo. 0 1 2 3

46. Recusei recuar e batalhei pelo que eu queria. 0 1 2 3

47. Descontei minha raiva em outra(s) pessoa(s). 0 1 2 3

48. Busquei nas experiências passadas uma situação similar. 0 1 2 3

49. Eu sabia o que deveria ser feito, portanto dobrei meus esforços para fazer o que fosse necessário.

0 1 2 3

50. Recusei acreditar que aquilo estava acontecendo. 0 1 2 3

51. Prometi a mim mesmo(a) que as coisas serão diferentes na próxima vez.

0 1 2 3

52. Encontrei algumas soluções diferentes para o problema. 0 1 2 3

53. Aceitei, nada poderia ser feito. 0 1 2 3

54. Procurei não deixar que meus sentimentos interferissem muito nas outras coisas que eu estava fazendo.

0 1 2 3

55. Gostaria de poder mudar o que tinha acontecido ou como eu senti.

0 1 2 3

56. Mudei alguma coisa em mim, me modifiquei de alguma forma.

0 1 2 3

57. Sonhava acordado(a) ou imaginava um lugar ou tempo melhores do que aqueles em que eu estava.

0 1 2 3

58. Desejei que a situação acabasse ou que de alguma forma desaparecesse.

0 1 2 3

59. Tinha fantasias de como as coisas iriam acontecer, como se encaminhariam.

0 1 2 3

60. Rezei. 0 1 2 3

61. Me preparei para o pior. 0 1 2 3

62. Analisei mentalmente o que fazer e o que dizer. 0 1 2 3

63. Pensei em uma pessoa que admiro e em como ela resolveria a situação e a tomei como modelo.

0 1 2 3

64. Procurei ver as coisas sob o ponto de vista da outra pessoa.

0 1 2 3

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65. Eu disse a mim mesmo(a) "que as coisas poderiam ter sido piores".

0 1 2 3

66. Corri ou fiz exercícios. 0 1 2 3

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ANEXO C – Carta de apresentação dos questionários d e pesquisa

Prezado (a) Colega (a)

Estou realizando uma pesquisa para ser apresentada na minha defesa (dissertação)

da Universidade Católica de Brasília, no programa Mestrado em Gestão do

Conhecimento e TI.

Esta pesquisa tem por objetivo levantar dados sobre o ambiente de trabalho das TI´s

nas organizações e como o profissional de TI(tecnologia da informação) se sente

dentro deste ambiente. Ao mesmo tempo, a corrente pesquisa também procura

identificar como os profissionais de TI lidam com um determinado problema

relacionado ao seu ambiente de trabalho. Serão 31 questões referentes ao ambiente

de trabalho das TI´s e como o profissional de TI se sente e 66 questões referentes a

como os profissionais de TI lidam com um determinado problema dentro do seu

ambiente de trabalho. O tempo médio para preencher a pesquisa é de 15 minutos.

Ao responde-la estará concordando com a divulgação dos resultados lembrando que

não existe nenhuma informação que possa identificá-lo. Os resultados serão apenas

estatísticos.

Minha expectativa é que a pesquisa traga como resultado informações úteis para

melhoria de qualidade de vida do profissional de TI dentro das organizações e neste

sentido que os mesmos possam contribuir ainda mais para os resultados

corporativos.

Obrigado

Sandro Servino

[email protected]

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ANEXO D – Questionário socioeconômico

Sexo

Masculino

Feminino Estado Civil

Casado/União Estável

Solteiro

Divorciado/separado

Viúvo Sua faixa etária?

Até 24 anos

Entre 25 e 35 anos

Entre 36 e 46 anos

Entre 47 e 57 anos

Acima de 57 anos Tempo que trabalha na área de informática?

Menos de 1 ano

Entre 1 e 5 anos

Entre 6 e 10 anos

Entre 11 e 20 anos

Acima de 20 anos Sua Atividade Principal?

Desenvolvimento de Sistemas

Suporte (helpdesk)

Infra-Estrutura

Banco de Dados

Segurança

Gerência/Coordenação/Chefia

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Trabalha ou presta serviço em uma organização?

Privada

Pública Em sua atividade principal, você trabalha ou presta serviço em uma organização através de/como:

Vínculo empregatício

Terceirizado (pj)

Autônomo (pf)

Sócio Qual o tamanho da organização que atualmente está t rabalhando ou prestando serviço?

Micro : até 9 empregados

Pequena: de 10 a 49 empregados

Média: de 50 a 99 empregados

Grande: mais de 100 empregados