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Estoque de forragem para a seca

Produção e utilização de silagem

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Presidente da RepúblicaJair Messias Bolsonaro

Ministro da EducaçãoMilton Ribeiro

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ – UFCReitorProf. José Cândido Lustosa Bittencourt de Albuquerque

Vice-ReitorProf. José Glauco Lobo Filho

Pró-Reitor de Planejamento e AdministraçãoProf. Almir Bittencourt da Silva

Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-GraduaçãoProf. Jorge Herbert Soares de Lira

IMPRENSA UNIVERSITÁRIADiretorJoaquim Melo de Albuquerque

CONSELHO EDITORIALJoaquim Melo de Albuquerque | PresidenteFrancisco Jonatan Soares | Diretor da BibliotecaTitular: Prof. Luiz Gonzaga de França Lopes | Ciências Exatas e da Terra Suplente: Prof. Rodrigo MaggioniTitular: Prof. Armênio Aguiar dos Santos | Ciências Biológicas Suplente: Prof. Márcio Viana RamosTitular: Prof. André Bezerra dos Santos | Engenharias Suplente: Prof. Fabiano André Narciso FernandesTitular: Profa Ana Fátima Carvalho Fernandes | Ciências da Saúde Suplente: Profa Renata Bessa PontesTitular: Prof. Alexandre Holanda Sampaio | Ciências Agrárias Suplente: Alek Sandro DutraTitular: Prof. José Carlos Lázaro da Silva Filho | Ciências Sociais Aplicadas Suplente: Prof. William Paiva Marques JúniorTitular: Prof. Irapuan Peixoto Lima Filho | Ciências Humanas Suplente: Prof. Cássio Adriano Braz de AquinoTitular: Prof. José Carlos Siqueira de Souza | Linguística, Letras e ArtesSuplente: Prof. Osmar Gonçalves dos Reis Filho

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Fortaleza2020

Estoque de forragem para a seca

Magno José Duarte Cândido Rafael Nogueira Furtado

(Organizadores)

Produção e utilização de silagem

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Estoque de forragem para seca: produção e utilização de silagemCopyright © 2020 by Magno José Duarte Cândido, Rafael Nogueira Furtado (Organizadores)

Todos os direitos reservados

Impresso no BrasIl / prInted In BrazIl

Imprensa Universitária da Universidade Federal do Ceará (UFC)Av. da Universidade, 2932, fundos – Benfica – Fortaleza – Ceará

Coordenação editorialIvanaldo Maciel de Lima

Revisão de textoLeidyanne Viana Nogueira

Normalização bibliográficaMarilzete Melo Nascimento

Programação visual Sandro Vasconcellos / Thiago Nogueira

Diagramação, tratamento de imagens e redesenho de gráficos vetoriaisSandro Vasconcellos

CapaHeron Cruz

Dados Internacionais de Catalogação na PublicaçãoBibliotecária Marilzete Melo Nascimento CRB 3/1135

E81 Estoque de forragem para a seca [recurso eletrônico] : produção e utilização de silagem / Magno José Duarte Cândido e Rafael Nogueira Furtado (organizadores). - Fortaleza: Imprensa Universitária, 2020. 1.982 kb : il. color. ; PDF (Estudos da Pós-Graduação)

ISBN: 978-65-88492-00-0 1. Silagem. 2. Alimentação animal. 3. Planejamento e avaliação econômica. I. Cândido, Magno José Duarte. org. II. Furtado, Rafael Nogueira. org. III. Título.

CDD 633.2

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APRESENTAÇÃO

O livro Estoque de forragem para a seca: produção e utili­zação de silagem é uma obra de autoria de professores e pesquisadores da Universidade Federal do Ceará e de instituições parceiras, Universidade Vale do Acaraú, Universidade Federal de Tocantins e Em-brapa Caprinos e Ovinos. A ideia de publicar um livro com esse tema vem da execução do projeto de difusão tecnológica: “Reserva de for-ragem para a seca: utilização de silagem em sistemas de produção fami-liar no Semiárido”. A partir da realização de dias de campo e de cursos, esse projeto oferece meios para que técnicos e produtores conheçam de perto a tecnologia de conservação de forragens para a época da seca, sob a forma de silagem, que é de fundamental importância para a manu-tenção de bons índices produtivos na época de escassez de forragem. Visa, assim, a uma melhoria na produtividade animal e à diminuição das consequências causadas pela variação do clima e da estacionalidade na produção de forragem, muito acentuada em regiões semiáridas.

O texto, estruturado de forma sistêmica, dividido em nove capí-tulos, possibilita que os conceitos e as especificidades de cada etapa do planejamento, confecção e uso da silagem sejam abordados de forma mais clara possível, a fim de servir como ferramenta para que os produ-tores rurais e técnicos de regiões semiáridas consigam melhorar a con-dição corporal de seus rebanhos ao final da seca e possam também atuar como agentes multiplicadores dessa tecnologia nas suas regiões de origem/atuação.

Magno José Duarte Cândido

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SUMÁRIO

IMPORTÂNCIA DA ENSILAGEM NOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO ANIMAL NOS TRÓPICOS ........................................ 11

FORRAGEIRAS INDICADAS PARA ENSILAR ............................ 16Características adequadas das plantas forrageiras para ensilar .......... 16Milho (Zea mays) ............................................................................... 18Sorgo (Sorghum bicolor).................................................................... 21Capim-elefante (Pennisetum purpureum) .......................................... 23Girassol (Helianthus annuus) ............................................................ 24Cana-de-açúcar (Saccharum officinarum) ......................................... 26Outras forrageiras ............................................................................... 28Referências ........................................................................................ 32

PLANEJAMENTO E DIMENSIONAMENTO DE SILAGENS ..... 42Ajuste da área a ser plantada para alimentar um determinado rebanho .......................................................................... 42Dimensionamento do silo .................................................................. 48Exemplo 1- silo do tipo trincheira, cheio com a primeira colheita do sorgo ............................................................................... 48Exemplo 2 - silo do tipo superfície, cheio com a primeira colheita do sorgo ............................................................................... 50Exemplo 3 - silo do tipo trincheira, cheio com a primeira colheita, e silo do tipo superfície, cheio com a rebrota do sorgo ...... 54Referências ........................................................................................ 57

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O PROCESSO DE ENSILAGEM ..................................................... 58Corte e pré-secagem ......................................................................... 59Compactação e fechamento do silo ................................................... 62Tipos de silo ...................................................................................... 65Maquinário utilizado ......................................................................... 72Referências ........................................................................................ 74

USO DE ADITIVOS NA ENSILAGEM ........................................... 77Polpa cítrica ....................................................................................... 78Farelo de trigo .................................................................................... 79Farelo de mandioca ........................................................................... 79Casca de café ..................................................................................... 80Casca de mamona ............................................................................. 80Urucum ............................................................................................. 81Subprodutos da fruticultura ................................................................ 81Referências ........................................................................................ 89

QUALIDADE E VALOR NUTRITIVO DE SILAGENS ................. 95Introdução .......................................................................................... 95Qualidade e valor nutritivo de silagens ............................................. 96Simulação da resposta de vacas no início da lactação com utilização de silagem de milho vs. silagem de capim-elefante vs. silagem de cana-de-açúcar .......................................................... 109Referências ...................................................................................... 113

PERDAS NA PRODUÇÃO E UTILIZAÇÃO DE SILAGENS ......... 122Introdução ........................................................................................ 122Práticas de manejo para o controle das perdas na produção e utilização da silagem de grãos ....................................................... 123Práticas de manejo para minimizar as perdas do processo de produção de silagem de gramíneas tropicais ................................... 132Práticas de manejo para possibilitar a ensilagem de leguminosas com mínimas perdas de produção em qualidade da forragem ensilada .. 135Considerações finais ........................................................................ 137Referências ...................................................................................... 137

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UTILIZAÇÃO DE SILAGENS NA ALIMENTAÇÃO ANIMAL ....... 143 Introdução ........................................................................................ 143Consumo de silagem ........................................................................ 144Desempenho de animais alimentados com dietas à base de silagem ..... 148Fatores ligados à utilização de silagem que afetam o desempenho animal .......................................................................... 148Produção de carne e leite ................................................................ 149Qualidade do produto animal ........................................................... 152Efeito de dietas à base de silagem sobre características qualitativas da carne e da carcaça .................................................. 153Efeito de dietas à base de silagem sobre qualitativas do leite ......... 154Referências ...................................................................................... 156

AVALIAÇÃO ECONÔMICA DA PRODUÇÃO E DA UTILIZAÇÃO DE SILAGENS ....................................................... 163Introdução ........................................................................................ 163Índices econômicos na produção de silagem de capim-elefante .... 165Índices econômicos na produção de silagem de milho ................... 175Índices econômicos na produção de silagem de sorgo ................... 179Índices econômicos na produção de silagem de cana-de-açúcar .... 182Referências ...................................................................................... 185

OS AUTORES ................................................................................ 188

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IMPORTÂNCIA DA ENSILAGEM NOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO ANIMAL NOS TRÓPICOS

Magno José Duarte CândidoRafael Nogueira Furtado

A pecuária tem se constituído num dos principais fatores de fixação do homem à terra e de geração de emprego e renda nos países em desenvolvimento, possuindo grande expressão econômica e social e incluindo-se entre algumas das poucas atividades com possibilidade de exploração em sistemas de sequeiro, especialmente nas regiões áridas e semiáridas. Chedly e Lee (2000) destacaram ainda que a pecu-ária provê elementos essenciais à economia desses países, tais como: tração animal, transporte, esterco (utilizado como fertilizante, combus-tível e venda), alimento, couro, poupança e renda, pela venda de ani-mais e produtos. Entretanto, a frágil estrutura de suporte alimentar de grande parte dos rebanhos reflete a baixa capacidade de suporte dos pastos – especialmente os nativos, como aqueles contidos na caatinga (com suas secas frequentes e chuvas mal distribuídas) –, a reduzida utilização de pastos cultivados, o alto custo dos concentrados comer-ciais e a ausência de tradição no armazenamento de forragens, gerando baixos índices produtivos.

Entre as tecnologias capazes de contribuir para incrementar os índices produtivos dos empreendimentos rurais, especialmente da-queles com limitação de área, a conservação do excedente da forragem

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Estudos da Pós-Graduação12

produzida na época chuvosa para utilização na época seca é uma das mais versáteis e viáveis estratégias a serem adotadas. Armazenar forra-gens de boa qualidade para utilização no período seco significa ir de encontro a um dos principais problemas da exploração pecuária sob pastejo, que é a elevada estacionalidade da produção forrageira (MACIEL et al., 2004). Em tal contexto, deve-se buscar melhorias na eficiência de produção de forragens conservadas (silagem e feno) de forma a manter estável a oferta de forragem para os rebanhos ao longo do ano. Os processos de conservação de forragem têm como objetivo manter um alimento de bom valor nutritivo com o mínimo de perdas para uso posterior. Nesse sentido, a ensilagem pode ser uma opção inte-ressante, por permitir que o excedente da forragem produzida possa ser armazenado e utilizado na alimentação dos animais durante o período de escassez de alimentos.

A ensilagem é um processo de conservação de forragem que tem como objetivo final conservar a forragem com um valor nutritivo mais próximo possível do original, ou seja, com um mínimo de perdas. No processo, basicamente, carboidratos solúveis são conver-tidos em ácidos orgânicos pela ação de microrganismos que, encon-trando ambiente ideal, proliferam-se num primeiro momento e criam condições adequadas à estabilidade anaeróbia, propiciando a conser-vação da forragem (PEREIRA; REIS, 2001). De acordo com Cowan (2000), a importância da ensilagem é ressaltada como reserva para a seca, para aumentar produtividade, para ajudar o manejo de pasta-gens, para usar o excesso de forragem e para balancear nutricional-mente as dietas.

No processo de ensilagem, a forragem é picada, compactada e armazenada em ambiente hermeticamente fechado para que ocorra o processo de fermentação anaeróbia. O princípio do processo de ensi-lagem envolve a paralisação da respiração celular, fermentação dos car-boidratos solúveis da planta até ácido lático, pela ação de bactérias ho-mofermentativas, provocando redução no pH da forragem armazenada a níveis que inibem a atividade microbiana, mantendo suas características. Entre as diferentes formas de conservação, a ensilagem destaca-se por ser de utilização relativamente fácil e ser bastante versátil quanto ao

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ESTOQUE DE FORRAGEM PARA A SECA: produção e utilização de silagem 13

volume a ser produzido e maquinário necessário. Em síntese, o processo de ensilagem refere-se a três etapas básicas, sendo elas: a) corte do ma-terial; b) compactação do material; e c) vedação. Entretanto, em cada uma dessas etapas, há uma série de fatores que interferem no processo, determinando a qualidade do produto final. A obtenção de uma silagem de boa qualidade é função das características nutricionais da planta for-rageira no momento da ensilagem, das condições climáticas, da picagem e compactação da forragem e da eficiência de armazenamento.

Apesar de ser uma técnica antiga, muito difundida e utilizada em vários países do mundo, no Brasil, a produção de silagem é realizada apenas numa pequena parte dos sistemas de produção. Os fatores limi-tantes à adoção dessa tecnologia incluem: elevada demanda por maqui-nário e mão de obra intensiva num curto espaço de tempo, deficiência de máquinas, assistência técnica insuficiente, insucessos anteriores, pe-queno acesso ao crédito, dificuldades de transporte e ausência de tra-dição cultural (LIMA, 2006).

A produção de silagem consiste, basicamente, da sequência de operações com as quais se promove o corte, o enchimento do silo, a compactação e a vedação da forragem verde, sendo este material acon-dicionado em silos, com o valor nutritivo próximo ao do material ori-ginal (EVANGELISTA; LIMA, 2002).

O corte pode ser feito manual ou mecanicamente. O corte manual é feito com foice, serra, cutelo, entre outros. O corte mecânico é reali-zada com máquinas especializadas que podem ou não ter dispositivo de condicionamento do material ceifado. Esse corte mecânico pode ser feito também por tração animal ou por roçadeira do tipo costal.

Outro ponto de grande relevância na produção de silagem diz respeito ao armazenamento, requerendo atenção aos aspectos qualita-tivos, como a melhor época e o ponto de colheita para realizar a prática (CÂNDIDO; PINTO, 2012). O princípio da silagem está na fermen-tação de carboidratos solúveis, portanto as espécies mais indicadas são as ricas nesse componente, como os grãos de milho e sorgo (CAVALCANTE; SOUSA; CÂNDIDO, 2003). Outras forrageiras também podem ser empregadas na produção de silagem, como o ca-pim-elefante, a mandioca (OLIVEIRA et al., 2011), o girassol (REGO

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Estudos da Pós-Graduação14

et al., 2010) e o milheto (GUIMARÃES JÚNIOR; GONÇALVES; RODRIGUES, 2009).

Dessa forma, observa-se o grande potencial para adoção dessa técnica na região tropical, devido à alta estacionalidade da produção forrageira e à disponibilidade de inúmeras forrageiras com potencial para a ensilagem, além de já haver bastante tecnologia desenvolvida para o uso correto dessa técnica. O uso da silagem nos sistemas de pro-dução pecuários tropicais pode contribuir para mitigação do “efeito sanfona” nos animais, obtendo-se um produto de alta qualidade em épocas de escassez, além de contribuir para o equilíbrio entre demanda e suprimento de alimentos ao longo de todo o ano.

Referências

CAVALCANTE, A. C. R.; SOUSA, F. B.; CÂNDIDO, M. J. D. Estratégias de manejo de pastagens cultivadas no semiárido. Sobral: Embrapa Caprinos, 2003. 21 p. (Embrapa Caprinos. Documentos, 45).

CÂNDIDO, M. J. D.; PINTO, M. P. Aproveitamento dos recursos forra­geiros nativos para a produção animal no semiárido. In: JORNADA DA PRODUÇÃO ECOLÓGICA DE RUMINANTES NO SEMIÁRIDO, 2012, Rio Grande do Norte. Anais [...]. Rio Grande do Norte/Natal, 2012.

CHEDLY, K.; LEE, S. Silage from byproducts for smallholders. In: MANNETJE, L. (ed.). Silage making in the tropics with particular enphasis on smallholders. Roma: FAO, 2000. p. 85-95.

COWAN, T. Use of ensiled forages in large-scale animal production systems. In: MANNETJE, L. (ed.). Silage making in the tropics with particular enphasis on smallholders. Roma: FAO, 2000. p. 31-39.

EVANGELISTA, A. R.; LIMA, J. A. Silagens: do cultivo ao silo. 2. ed. Lavras: UFLA, 2002. 210 p.

GUIMARÃES JÚNIOR, R.; GONÇALVES, L. C.; RODRIGUES, J. A. S. Utilização do milheto para produção de silagem. Planaltina/DF: Embrapa Cerrados, 2009. 30 p. (Embrapa Cerrados. Documentos, 259).

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ESTOQUE DE FORRAGEM PARA A SECA: produção e utilização de silagem 15

LIMA, G. F. C. Reservas estratégicas de forragem: uma alternativa para melhorar a convivência dos rebanhos familiares com a seca. Natal/RN: EMPARN, 2006. p. 62-74. (Série Circuito de Tecnologias para a Agricultura Familiar).

MACIEL, F. C.; LIMA, G. F. C.; GUEDES, F. X.; MEDEIROS, H. R.; GARCIA, L. R. U. C. Silo cincho: o armazém de forragem para a agri-cultura familiar. In: Armazenamento de forragens para agricultura fa­miliar. Natal: EMPARN, 2004. p. 19-23.

OLIVEIRA, R. V. et al. Manual de criação de caprinos e ovinos. Coordenação de Paulo Sandoval Júnior. Revisão técnica de Izabel Maria de Araújo Aragão, Rosangela Soares Matos e Willibaldo Brás Sallum. Brasília: Codevasf, 2011. 142 p.

PEREIRA, J. R. A.; REIS, R. A. Produção de silagem pré-secada com forrageiras temperadas e tropicais. In: JOBIM, C. C.; CECATO, U.; DAMASCENO, J. C.; SANTOS, G. T. dos (ed.). SIMPÓSIO SOBRE PRODUÇÃO E UTILIZAÇÃO DE FORRAGENS CONSERVADAS, 2001, Maringá. Anais [...]. Maringá: UEM/CCA/DZO, 2001. p. 64-86.

REGO, M. M. T.; LIMA, G. F. C.; MAIA, M. S.; SILVA, J. G. M. Silagem de girassol e sorgo na alimentação de ruminantes. Natal/RN: EMPARN, 2010. 34 p. v. 15, il. (Circuito de tecnologias adaptadas para a agricultura familiar, 7).

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FORRAGEIRAS INDICADAS PARA ENSILAR

Maria Socorro de Souza CarneiroElzânia Sales PereiraRicardo Loiola Edvan

Rafael Nogueira Furtado

Existe uma ampla variedade de plantas forrageiras que podem ser ensiladas com êxito, incluindo espécies não consideradas forra-geiras, a exemplo da maniçoba e do gergelim. Contudo, na escolha da planta para ensilar, deve-se levar em consideração o alto rendimento por hectare, valor nutritivo, adaptação da planta ao solo e clima da re-gião, possibilidade de mecanização, forma de multiplicação, facilidade de aquisição de mudas ou sementes, poder germinativo da semente, entre outros fatores.

Neste capítulo, serão relacionadas as principais espécies de plantas utilizadas na ensilagem.

Características adequadas das plantas forrageiras para ensilar

As regiões tropicais caracterizam-se pelo elevado número de espécies forrageiras com grande potencial para serem utilizadas na ensilagem e alimentação de ruminantes (OLIVEIRA et al., 2010). Para uma planta ser considerada ideal para ser ensilada, ela tem que possuir características bioquímicas desejáveis, manejo simples, faci-lidade de utilização de maquinário, qualidade nutricional e aceitabili-dade por parte dos animais. Contudo, a escolha da espécie para ensilar

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ESTOQUE DE FORRAGEM PARA A SECA: produção e utilização de silagem 17

depende de análise criteriosa de alguns fatores, tais como as condi-ções de clima (em especial as chuvas), técnica de cultivo e ensilagem, topografia e extensão de área disponível, possibilidade de aquisição de sementes ou mudas, de aplicação de fertilizantes e forma de co-lheita, além do tipo de animal que vai consumir a silagem (EVANGELISTA; LIMA, 2002). Deve-se considerar ainda as carac-terísticas químicas da planta, como o teor de matéria seca, a concen-tração de carboidratos solúveis em água e capacidade tampão (resis-tência da massa de forragem em alterar o pH).

De acordo com Jobim, Pereira Filho e Silva (2009), o poder tampão depende da composição da planta no que se refere ao teor de proteína bruta, íons inorgânicos (Ca, K, Na) e à presença de ácidos or-gânicos, como: fosfórico, málico, cítrico, glicérico, entre outros, que, quando elevados, causam resistências em abaixar o pH da ensilagem. Ainda segundo os autores, o teor de matéria seca ideal da planta a ser ensilada deve estar entre 28 e 40%, pois valores abaixo de 28% favo-recem a perda de efluentes (líquidos e nutrientes) e a atuação de micror-ganismos indesejáveis, enquanto que valores acima de 40% causam problemas relacionados à baixa compactação.

O teor de umidade da forrageira que será ensilada tem grande influência nas reações químicas que ocorrerão durante o armazena-mento, porque, dentro da massa ensilada, a concentração de ácido lático produzido como resultado da ação de microrganismos presentes na planta tem que ser suficiente para inibir outras formas de atividade mi-crobiana e, assim, conservar o material até que ele possa ser utilizado pelos animais (BARNETT, 1954). Segundo Woolford (1984) e McDonald, Henderson e Heron (1991), os teores mínimos de carboi-dratos solúveis devem estar em uma faixa de 8 a 10%, para que haja uma adequada fermentação. Quantidades de carboidratos solúveis abaixo ou acima desses valores podem promover fermentações indese-jáveis na massa de forragem ensilada.

Várias pesquisas enfatizaram a utilização do milho e do sorgo como plantas forrageiras que possuem características químicas ade-quadas para o ensilamento. A exemplo do estudo de Neumann, Restle e Brondani (2004), que comentaram sobre as silagens de sorgo e de milho

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Estudos da Pós-Graduação18

como principais fontes de volumosos de maior valor nutritivo e bons rendimentos por unidade de área, de boa aceitabilidade pelos animais e de fácil processo operacional para colheita e armazenagem. Contudo, outras forrageiras também podem ser usadas para ensilagem, levan-do-se em conta também as características adaptativas às variadas re-giões e a sua relação benefício/custo, considerando o cultivo da planta forrageira, procedimentos para realizar a ensilagem e a qualidade da silagem produzida, que será fornecida para os animais.

Milho (Zea mays)

O milho é uma das plantas mais indicadas para se ensilar, pois possui elevada digestibilidade, boa produção por área (JOBIM; REIS, 2001), baixo poder tampão e facilidade na colheita (ALMEIDA, 2000). Essa cultura apresenta bom valor nutritivo na forragem colhida, ade-quado teor de matéria seca e carboidratos solúveis, no momento pro-pício ao corte, o que lhe confere ótimas condições para sua conservação na forma de silagem (POSSENTI et al., 2005), promovendo a conser-vação do alimento com alto valor nutritivo, além do fácil preparo e da grande aceitação pelos animais (CAETANO, 2001). Porém, essas ca-racterísticas somente serão obtidas se a colheita for realizada no mo-mento correto. Vilela (1985) destacou que o corte das plantas de milho para ensilagem deve ocorrer com teor de matéria seca de 28 a 35%, correspondendo à idade de 100 a 120 dias. Ressaltamos que o tempo é um parâmetro que pode sofrer alterações devido à quantidade e irregu-laridade das chuvas.

Reportando-se ao ponto ideal de corte da planta de milho, esse corresponde, em termos práticos, ao estado dos grãos (JOHNSON; MCCLURE, 1968). Um dos parâmetros utilizados é em relação à consis-tência obtida pela prensagem manual dos grãos com os dedos, podendo ser determinado como grão leitoso, farináceo, pós-farináceo e duro. Outros pesquisadores indicam a linha do leite como ponto ideal para co-lheita, como grão leitoso, ½ da linha do leite, ¾ da linha do leite e duro (Figura 1). Na prática, o estádio de maturação do grão (momento ideal da colheita da planta) é determinado de acordo com o híbrido utilizado. Ao

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ESTOQUE DE FORRAGEM PARA A SECA: produção e utilização de silagem 19

comprar as sementes, o produtor rural pode obter essa informação, no catálogo da semente, na embalagem ou no próprio comércio.

Figura 1 – Ponto de colheita do milho para silagem de acordo com as características do grão

Fonte: elaborada pelos autores.

Por outro lado, Evangelista e Lima (2002) concluíram que a si-lagem de milho possui baixos teores de proteína bruta, fósforo e cálcio, o que torna necessária a suplementação desses nutrientes na dieta dos animais quando alimentados com essa silagem.

%MS

Grão leitoso 1/2 linha do leite 3/4 linha do leite Grão duro

Leitoso Farináceo Pós-farináceo Duro

Maturidade da planta (dias)

Grão leitoso

1/2 linha de leite

3/4 linha de leite

Grão duro

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Quanto aos fatores edafoclimáticos, Silva, Kichel e Thiago (1997) mencionaram que o sucesso na produção de uma cultura de-pende diretamente do clima e solo da área de cultivo, indicando a cul-tura do milho para locais de solos mais férteis, clima mais estável (chuvas regulares e em quantidade adequada) e com alta tecnologia. Nesse mesmo contexto, Neumann et al. (2002) reportaram que a adap-tação e a produtividade dos cultivares são influenciadas pela qualidade da semente, pelos fatores genéticos e ambientais, tais como: época de semeadura, população de plantas, preparo e correção do solo, controle de plantas daninhas, pragas e doenças e fertilização do solo. No entanto, Nussio e Manzano (1999) inferiram que a produtividade de massa verde de forragem do milho para ensilagem apresenta valores de 30 a 50t/ha, e a produção de matéria seca, entre 8 e 16t/ha.

A silagem de milho passou por quatro fases tecnológicas, de acordo com a evolução do mercado. Na primeira, deu-se ênfase à produção de volume de massa verde, com produção de alimento a baixo custo; na se-gunda fase, buscou-se melhoria da qualidade da silagem com maior parti-cipação dos grãos, visando à economia no uso de concentrados; na terceira, estudos indicaram que híbridos de alta digestibilidade da fração verde, combinados com alta produtividade de grãos, resultaram em silagens de melhor qualidade; e, por fim, na quarta fase, pesquisas demonstraram que a textura dos grãos influencia significativamente na digestibilidade. Híbridos de grãos duros alaranjados com alta resistência ao acamamento podem apresentar altos níveis de lignina ou fibras, podendo resultar em menor digestibilidade da fração verde e do amido (SEMENTES..., sd).

Existem diferentes tipos de híbrido de milho disponíveis no mer-cado. Contudo, na escolha do híbrido, deve-se levar em conta, princi-palmente, a região onde será realizado o plantio, condições climáticas e tipo de solo. Portanto, na escolha do cultivar, recomenda-se consultar um técnico da área.

Sorgo (Sorghum bicolor)

O uso da cultura de sorgo para ensilagem, no Brasil, surgiu a partir da introdução de variedades de porte alto, com alta produtividade

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de massa verde, num momento em que se preocupava apenas com a redução do custo da tonelada de matéria verde de silagem produzida, sem considerar a qualidade do material (SOUZA et al., 2003).

Inúmeros trabalhos relataram o sorgo como gramínea promissora para produção de silagem na região Nordeste do Brasil. Fernandes et al. (2009) indicaram essa cultura para produção de silagem por apresentar elevado rendimento e características que favorecem o perfil de fermen-tação desejável, como adequados teores de matéria seca e de substratos fermentescíveis, além do baixo poder tampão. Alguns híbridos de sorgo apresentam teores de carboidratos solúveis acima de 10%. O excesso de açúcares na massa ensilada pode promover fermentações indesejáveis, prejudicando a qualidade da silagem.

Rocha Júnior et al. (2000) indicaram que o sorgo como opção para a produção de silagem tem como principais vantagens a maior to-lerância à seca (irregularidade de chuvas) e ao calor, alta produção de matéria seca por hectare, tendo ainda a possibilidade de se utilizar a rebrota, que, conforme Miranda e Pereira (2006), pode representar de 30 a 70% da produção de biomassa da primeira colheita. Os autores reportaram ainda que a cultura do sorgo se destaca por apresentar pro-dutividade de matéria seca (t MS/ha/ano) mais elevada que a do milho, principalmente em condições marginais de cultivo, como nas regiões de solos de baixa fertilidade natural e em locais onde é frequente a ocor-rência de estiagens longas. De maneira semelhante, Dias et al. (2001) verificaram que o sorgo tem sido umas das forrageiras mais cultivadas para se ensilar, por possuir maior tolerância a veranicos e menor exi-gência de fertilidade do solo, o que corrobora os achados de Silva, Kichel e Thiago (1997), que afirmaram que o sorgo é uma boa alterna-tiva para locais que possuem solos com baixa fertilidade, quando com-parado com o milho. Portanto, o sorgo desenvolve-se bem, por exemplo, na região Nordeste do Brasil, com menores riscos de perdas da colheita que o milho, apresentando assim uma maior segurança alimentar para o rebanho. Contudo, apesar dos relatos na literatura de sua utilização em solo com baixa fertilidade, esse fato não implica dizer que não se deve adubar o sorgo, pelo contrário, essa Poacea é uma planta que tem res-posta direta crescente com a adubação, apresentando boa relação bene-

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fício/custo. Dessa forma, a adubação no plantio de sorgo tem que ser feita como forma de otimizar a produção por área, a partir da análise de solo e da recomendação feita por um técnico.

Demarchi, Boin e Braun (1995) salientaram, no entanto, que o valor nutritivo da silagem de sorgo é de 72 a 92% do presente na si-lagem de milho. Entretanto, o sorgo destaca-se por ser um alimento com elevada concentração de carboidratos solúveis, que são essenciais para a adequada fermentação lática e altos rendimentos de matéria seca por unidade de área (NEUMANN et al., 2002), podendo superar os do milho, devido ao menor custo de produção (EVANGELISTA; LIMA, 2000). Ressalta-se ainda que o sorgo possui alta digestibilidade e energia, todavia possui conteúdo de proteína bruta baixo se comparado com gramíneas de clima temperado (ZAGO, 1999).

A colheita do sorgo deve ser feita de acordo com a maturação do grão, conforme foi descrito para o milho, levando em consideração o híbrido que está sendo cultivado. Seguindo uma recomendação geral, o sorgo deve ser colhido quando o grão estiver no ponto fari-náceo, estágio que pode ser detectado ao se cortar o grão com a unha e observar-se uma massa sem a presença de líquido, o que geralmente ocorre em torno de 80 a 120 dias do plantio, dependendo da época de plantio e da variedade cultivada. Esse estádio geralmente coincide com teor de matéria seca em torno de 30%, ideal para ser ensilado. Ressalta-se que a recomendação mais correta do ponto de colheita do sorgo é obtida nas especificações do híbrido adquirido. A produção média do sorgo é de 40 toneladas de silagem por hectare, variando em função das condições climáticas, do manejo e da variedade (EVANGELISTA; LIMA, 2002).

Um ponto determinante na escolha do material mais indicado à produção de silagem refere-se aos resultados relacionados com a res-posta animal (NEUMANN et al., 2002). Entretanto, vale salientar que, devido às condições climáticas variarem entre as diversas regiões do Brasil, é de fundamental importância escolher genótipos que possuam também características adaptativas à região alvo. Por exemplo, no se-miárido, cultivos de sequeiro demandarão genótipos com ciclo de de-senvolvimento precoce.

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Da mesma maneira que o milho, há um grande número de culti-vares e híbridos de sorgo disponíveis comercialmente. Para cada região, existe um genótipo que melhor se adapta, recomendando-se procurar um técnico da região para auxiliar na escolha daquele mais adequado.

Capim-elefante (Pennisetum purpureum)

Os capins do grupo elefante apresentam grande potencial para serem ensilados, devido, principalmente, à elevada produtividade, grande número de variedades, facilidade no manejo, adaptabilidade às várias regiões, além de apresentarem bom valor nutritivo, podendo ser uma alternativa viável a outras forrageiras. Entretanto, o capim-elefante apresenta desvantagens devido às suas características químicas, como o elevado teor de umidade e reduzido teor de carboidratos solúveis – os últimos são substratos necessários para o desenvolvimento de bactérias láticas presentes no processo fermentativo (LAVEZZO, 1994). Assim, no momento da ensilagem, deve-se associar elevada produtividade por área com bom valor nutritivo, que, de acordo com Lavezzo (1985), ocorre em torno de 50 a 60 dias da rebrotação do capim-elefante. Recomenda-se o corte do capim-elefante quando a planta apresentar de 8 a 10 entrenós verdadeiros (SPAIN; SANTIAGO, 1973). Contudo, a umidade ainda é elevada, sendo necessário usar aditivo ou desidratar o material (VILELA, 1998) para elevar o seu teor de matéria seca ao nível mínimo recomendável (28%). Segundo Pizarro (1978), o teor adequado de matéria seca desempenha papel fundamental, aumentando a concentração de nutrientes e facilitando o processo de fermentação, além de provocar incremento do consumo.

Por outro lado, quando o capim-elefante é ensilado com excesso de umidade, aumenta o risco de fermentações indesejáveis, com maior produção dos ácidos acéticos e butíricos, nitrogênio amoniacal, amidas e aminas (MCDONALD; HENDERSON; HERON, 1991). Uma estra-tégia para reduzir esse teor de umidade é realizar o emurchecimento, que consiste no corte do capim e imediata exposição ao sol em finas camadas, por duas a oito horas (dependendo do nível de radiação solar), para posterior picagem. Essa técnica ajuda a eliminar a produção de

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efluentes após a forragem ser ensilada, porém torna-se inviável quando se trabalha com produções acima de 100 toneladas por ano e colheita mecanizada (EVANGELISTA; LIMA, 2002).

Existem muitos trabalhos científicos relatando diferentes adi-tivos para o uso na silagem de capim-elefante, como forma de diminuir a umidade do material ensilado. É importante ressaltar que se deve optar pelo aditivo que representa melhor relação benefício/custo na re-gião onde for feita a silagem. Entre os aditivos mais utilizados e com bons resultados em pesquisas, podem ser citados o farelo de trigo, me-laço, rolão de milho (ANDRADE; LAVEZZO, 1998), feno de leucena e parte aérea da mandioca (EVANGELISTA; LIMA, 2002), subpro-dutos da indústria de frutos tropicais (POMPEU et al., 2006; RÊGO et al., 2010), entre outros. Também é importante verificar a disponibili-dade do aditivo na região, para sua adição na massa ensilada não repre-sentar elevados custos.

É aconselhado que, na escolha do material genético a ser culti-vado, escolha-se aquele que mais atenda às necessidades de manejo não só da planta como do processo de ensilagem e que tenha bom de-senvolvimento na região do plantio, levando-se em consideração as características climáticas e de solo. Para a produção de uma silagem de qualidade utilizando o capim-elefante, é fundamental o uso de aditivo, especialmente no intuito de aumentar o teor de matéria seca e de car-boidratos solúveis.

Girassol (Helianthus annuus)

O girassol é uma planta anual, caracterizada por apresentar maior tolerância ao frio e ao calor que a maioria das culturas e ampla adapta-bilidade às diferentes condições edafoclimáticas, sendo capaz de su-portar períodos secos e produzir grande quantidade de matéria seca (LIMA et al., 2008). Essa cultura apresenta menor ciclo de produção e elevada capacidade de absorver a água do solo, sendo uma opção para produção de silagens na época da safrinha ou em local onde a defici-ência hídrica impossibilita o cultivo de outras culturas tradicionais, como milho e sorgo (TOMICH et al., 2003).

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A capacidade do girassol em extrair água disponível na camada superficial até dois metros de profundidade foi estimada em aproximada-mente 92%, contra 64% do sorgo (BREMNER; PRESTON; ST.GROTH, 1986), sendo capaz de tolerar períodos secos e produzir grande quanti-dade de matéria seca (SHEAFFER; MCNEMAR; CLEARK, 1977). Por essa razão, pesquisadores têm direcionado seus estudos para a cultura do girassol como opção para produção de silagem no Nordeste brasileiro.

O uso do girassol na alimentação animal sob a forma de silagem surgiu como boa alternativa para o Brasil, devido à irregularidade das chuvas, que, muitas vezes, impossibilita a produção de alimentos volu-mosos de boa qualidade e, consequentemente, a manutenção da pro-dução animal durante todo o ano (EVANGELISTA; LIMA, 2001).

Tomich et al. (2004) relataram que a silagem de girassol apre-senta característica de forragem bem conservada, sem perdas significa-tivas de matéria seca e de energia, e apenas pequenas alterações da fração proteica da forragem conservada em relação à forragem verde. Contudo, o conteúdo de proteína da silagem de girassol é superior ao das silagens de milho e sorgo. Em contrapartida, apresenta maiores concentrações de lignina e extrato etéreo, que podem ser considerados fatores de restrição à alimentação animal.

A colheita do girassol deve ser realizada entre 90 e 110 dias após o plantio (EVANGELISTA; LIMA, 2002), fase em que o capítulo tor-na-se amarelo, e as brácteas, amarelas a castanhas (REGO et al., 2010). Porém, nesse estágio, o girassol apresenta teor de matéria seca em torno de 18%, tendo então que ser realizado o emurchecimento, com exposição ao sol por até oito horas, dependendo das condições da ra-diação solar. Quando a colheita for mecânica, recomenda-se acres-centar aditivos com alto teor de matéria seca na proporção de 4 a 10% do girassol, produtos esses que vão depender da disponibilidade na região, podendo ser os farelos de trigo e arroz, palhas, fubá de milho, feno de leguminosas, entre outros. O cultivo do girassol tem produtivi-dade média em torno de 40 a 70 toneladas de massa verde por hectare (EVANGELISTA; LIMA, 2002).

Estudos demonstram que a silagem de girassol equipara-se à si-lagem de milho, principalmente quando se considera o desempenho

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animal. Embora o girassol tenha fibra de qualidade inferior, em relação ao milho, considera-se uma forrageira boa para ser utilizada como alter-nativa na suplementação volumosa de bovinos, principalmente em função do teor de proteína bruta e de energia (EVANGELISTA; LIMA, 2001). Entretanto, a silagem de girassol, segundo trabalho realizado por Possenti et al. (2005), possui algumas restrições na alimentação animal por apresentar maiores concentrações de extrato etéreo, fibra detergente ácido e ligninas e baixos teores de matéria seca. A utilização da silagem de girassol não pode ocorrer de forma exclusiva para os animais, é ne-cessário utilizar outra fonte de volumoso na dieta. A silagem de girassol não pode exceder 50% da dieta dos animais. Contudo, possui elevada degradabilidade ruminal da fração “b”, favorecendo sua utilização como fonte proteica para ruminantes. Por causa dessas características, a qualidade fermentativa da silagem de girassol é inferior à do milho.

O girassol, apesar de demonstrar bom potencial de uso, ainda não dispõe de grande número de material genético disponível para o uso forrageiro, se comparado com o milho e sorgo, entretanto os cultivares existentes mostram-se com boa capacidade produtiva. Recomenda-se, na escolha do cultivar a ser utilizado, procurar um técnico da região.

Cana-de-açúcar (Saccharum officinarum)

O uso da silagem de cana-de-açúcar tem atraído os produtores, mais devido ao seu potencial de produção que ao seu valor nutritivo, quando comparada com silagens de milho e sorgo (ANDRADE; FERRARI JÚNIOR; BRAUN, 2001). A produção da silagem de cana--de-açúcar melhora a logística e diminui os custos com mão de obra na colheita diária da cultura quando utilizada na sua forma natural, além de proporcionar benefícios ao plantio, melhorando as práticas agrícolas de seu cultivo, como a adução. Porém, a utilização de cana-de-açúcar para ensilagem tem algumas restrições, principalmente em relação ao alto teor de carboidratos solúveis e elevada população de leveduras epífitas que levam a processos fermentativos na silagem, produzindo etanol, além de causarem perdas de matéria seca e do valor nutritivo. Dessa forma, quando ensilada sem aditivos, apresenta fermentação alcoólica

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elevada e, consequentemente, produção de etanol, levando à limitação de consumo (NUSSIO; SCHMIDT; PEDROSO, 2003).

Preston, Hinojosa e Martinez (1976) perceberam reduções de até 30% no conteúdo total dos açúcares para a cana ensilada em re-lação à cana fresca, e teor alcoólico de 5,5% na matéria seca da si-lagem, enquanto Bernardes et al. (2002) constataram teor de 6,87% de etanol na matéria seca quando a cana-de-açúcar foi ensilada aos 12 meses de crescimento.

Ao se comparar com outras culturas, uma das vantagens de se produzir silagem com cana-de-açúcar é que a mão de obra concentra-se em apenas um período, pois essa gramínea está no ponto de corte na estação seca, facilitando o processo de ensilagem (SANTOS et al., 2006). Porém, apesar da alta produção aliada com a colheita na época seca, ao se adotar cana-de-açúcar no processo de ensilagem, é neces-sário utilizar aditivo para diminuir a fermentação alcoólica e aumentar o teor de proteína da silagem.

Segundo Evangelista e Lima (2002), a cana-de-açúcar pode ser colhida após cinco meses do plantio ou da rebrota. Todavia, nesse es-tádio, o teor de umidade é elevado, sendo, portanto, necessário adi-cionar em torno de 4 a 10% de aditivo com alto teor de matéria seca, podendo ser utilizados os farelos de trigo ou arroz, fubá de milho, milho desidratado com palha e sabugo, sorgo moído, feno de leguminosas, entre outros produtos, dependendo da disponibilidade do produto em cada região.

O uso de ureia como aditivo, segundo Alvarez, Priego e Preston (1977), demonstrou que o consumo de silagem de cana-de-açúcar tra-tada com 1% de ureia foi 39% superior ao da silagem sem aditivo e semelhante ao da cana fresca, para ganho de peso e conversão alimentar, em virtude do aumento no teor de proteína bruta da silagem. Corroborando esses dados, Santos et al. (2006) relataram que cana in natura aos 11 meses adicionada com ureia ou ureia e sulfato de amônio proporcionou melhores valores bromatológicos, recomendando que seria mais conveniente ensilar a cana que deixá-la no campo por mais um período de cultivo, perdendo assim qualidade nutricional da cana-de-açúcar.

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O uso de hidróxido de sódio (NaOH) como aditivo em silagem de cana-de-açúcar foi estudado por Castrilón, Shimada e Calderón (1978), que observaram melhoria na composição bromatológica da si-lagem, redução acentuada na produção de etanol em torno de 5,2% para 0,88% na matéria seca, maior teor de ácido lático, aumento no consumo e no ganho de peso dos animais, em comparação com a silagem sem aditivo. Balieiro Neto et al. (2005), estudando a adição de óxido de cálcio com proporção de 1,5% do peso in natura de cana-de-açúcar, reduziram as perdas de matéria seca em 53%, proporcionando aumento na estabilidade aeróbia em silagem de cana-de-açúcar.

A produtividade média da cana-de-açúcar, dependendo da re-gião, manejo e variedade, é de 80 a 120 toneladas por hectare (EVANGELISTA; LIMA, 2002). Dessa forma, silagem de cana-de--açúcar é alternativa viável desde que se conheçam suas restrições, e a escolha do aditivo na ensilagem vai depender da disponibilidade na re-gião em que for feita. Sua ensilagem proporciona redução nas tarefas diárias da propriedade, além de facilitar os tratos culturais da espécie. É importante procurar um técnico para fazer a escolha correta do aditivo na hora de se ensilar.

Outras forrageiras

Cada região tem uma cultura mais adequada para ensilar ou ser utilizada como aditivo, dependendo das condições edafoclimáticas do local. Quando usada como aditivo, é geralmente utilizada com o intuito de aumentar o teor de matéria seca ou melhorar o teor de proteína, sendo que as leguminosas são as mais utilizadas por possuírem elevado conteúdo proteico (folhas), além de vagens ricas em energia.

Na Tabela 1 constam características químicas de silagem de al-gumas espécies forrageiras, demonstrando-se a diversidade química existente entre espécies. As caraterísticas da composição química da silagem vão diferenciar de acordo com a espécie, estádio fenológico de colheita da planta, procedimentos de ensilagem, compactação, tipo de silo, entre outros fatores, que serão determinantes para a qualidade da silagem.

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Tabela 1 – Teor de matéria seca na matéria verde (MS), carboidratos solúveis, poder tampão (PT), proteína bruta (PB) e pH da silagem de diferentes espécies de plantas

Tipo de silagem %MS PB (% MS)

Carboidratos solúveis (%MS)

PT pH Referência

Capim-elefante 13,4 5,6 11,4 baixo 3,7 Tosi et al. (1999)

Sorgo 21,8-24,7 6,6-7,5 16,7-18,7 baixo 3,8-4,3

Chizzotti et al. (2005); Oliveira et al. (2009)

Milho 30-35 10 14-16 baixo 3,5-4,2

Deminicis et al. (2009); Jobim et al. (1997)

Girassol 15-23 13,71 3,06 alto 3,8-4,5

Freire (2001); Haigh (1990); Rodrigues et al. (2005)

Soja 25,6 20,2 10 alto 4,6 Rigueira (2007)Gergelim 25 11,7 15,3 baixo 4,0 Amorim (2017)

Gliricídia 23,5-29,1 16,8-19,3 6,1 alto 3,8-4,5

Edvan et al. (2013); Carvalho et al. (2017)

Leucena 31,2 22,4 6,3 alto 5,5 Silva et al. (2015)Palma doce 13,7 16 - baixo 4,2 Carvalho (2017)Ração de palma 36,8 14,7 11,8 baixo 4,0 Macedo et al. (2018)Maniçoba 29,6 14,4 - baixo 4,1 Backes et al. (2014)

Fonte: elaborada pelos autores.

Nos últimos anos, vêm se realizando estudos para descobrir plantas for-rageiras com potencial para serem ensiladas nas diferentes regiões do Brasil. Há pesquisas com silagens de azevém e cevada (PEREIRA et al., 2003), aveia (FLOSS et al., 2003), alfafa (RANGRAB; MÜHLBACH; BERTO, 2000), soja (DIAS et al., 2010), gergelim (AMORIM, 2017), palma forrageira, gramíneas dos gêneros Brachiaria (EVANGELISTA et al., 2004; OLIVEIRA FILHO, 2003), Panicum (VASCONCELOS et al., 2009) e Cynodon (LIMA et al., 2008), além de silagem com leguminosas e espécies nativas.

O gergelim (Sesamum indicum L.) é considerado resistente à seca, muito cultivado no Nordeste pela agricultura familiar para ex-tração de óleo vegetal e consumo humano (AMORIM, 2017). Outra característica positiva do gergelim é a capacidade de produzir com um mínimo de pluviosidade (300mm) bem distribuída, mas a faixa ótima está entre 500 e 650mm (SILVA et al., 2014). Em comparação com a silagem de milho, milheto e girassol, Amorim (2017) relata que a si-lagem de gergelim apresentou valores de perdas (gases e efluentes) e parâmetros fermentativos semelhantes aos encontrados na silagem de

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milho, os valores de PB, EE e NDT são superiores aos das silagens de milho e milheto, e teor de matéria seca dentro do recomendado para uma boa silagem. A silagem de gergelim apresenta, ainda, melhor de-gradabilidade in situ da matéria seca, proteína bruta e fibra em deter-gente neutro em relação à silagem de milheto e girassol.

A palma forrageira está sendo utilizada para produção de si-lagem, como mostram Gusha et al. (2015), ao relatarem que a palma pode ser utilizada como fonte de alimento alternativo na forma de si-lagem. A produção de silagem de palma tem como vantagem a possibi-lidade de se realizar a colheita de todo o palmal, o que uniformiza e aumenta a capacidade de rebrotação e, consequentemente, a produtivi-dade, além de poder diminuir a demanda por mão de obra com colheitas e ter fornecimento constante, ao longo do período de estiagem. Segundo Macedo (2018), a utilização de silagem de palma na alimentação animal é comum em países como México, Marrocos e Egito. No Marrocos, os criadores utilizam a silagem de palma forrageira, associada com restos de culturas, como milho, capim e sorgo, e concentrados, como trigo, cevada e argan, produzindo uma silagem de baixo custo (ADOUS, 2017). No Brasil, Macedo et al. (2018) concluíram que as silagens na forma de ração à base de palma forrageira e capim-buffel apresentaram perdas mínimas de nutrientes e elevada degradação da matéria seca, sendo recomendadas para alimentação animal.

A leucena (Leucaena leucocephala) e a gliricídia (Gliricidia sepium) são plantas facilmente encontradas na região Nordeste, com potencial para serem ensiladas ou utilizadas como aditivo. Dantas et al. (2008), estudando silagens dessas duas leguminosas (leucena e gli-ricídia), verificaram teores médios de matéria seca de 28,24 e 28,20%, inferiores à faixa de 30 a 35% recomendada como requisitos para a confecção de uma boa silagem (MCDONALD; HENDERSON; HERON, 1991), teores de carboidratos não estruturais de 6,37 e 6,19%, superiores à média recomendada para carboidratos solúveis, que é de 3%, e teores de proteína bruta elevados de 23,99 e 24,05%, respectivamente. Segundo esses autores, as silagens de leucena e gli-ricídia apresentam bom valor nutritivo, porém possuem baixa digesti-bilidade. A leucena é utilizada também como aditivo no intuito de

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elevar os teores de matéria seca e proteína bruta. Evangelista et al. (2005), estudando a adição dessa leguminosa na silagem de sorgo, concluíram que a adição de 40% de leucena melhora a composição bromatológica do sorgo.

Entre as várias espécies forrageiras que podem ser utilizadas pelos produtores, o milheto [Pennisetum glaucum (L.) R. Brown] vem sendo explorado como alternativa para períodos de estiagem por apre-sentar características agronômicas de resistência à seca, adaptação a solos de baixa fertilidade, crescimento rápido e boa produção de for-ragem verde. O milheto é uma espécie de duplo propósito, cujos grãos são usados para consumo humano e animal. A planta inteira é utilizada como alimento para o gado, na forma de capineira, silagem ou pastejo direto, pois produz grande quantidade de folhagem tenra, nutritiva, com teores de proteína bruta de até 24%, e digestibilidade variando entre 60 e 78%, além de ser palatável e atóxica (MINOCHA, 1991). Apesar das características de resistência a baixas precipitações e potencial produ-tivo, atualmente, é muito cultivado como cultura de safrinha, objeti-vando a colheita das sementes e a formação de palhada no solo. Para ensilar, o milheto deve ser colhido no estágio de grão farináceo, que ocorre entre 8 e 12 semanas após o semeio, podendo produzir de 10 a 15 toneladas de matéria verde por hectare (EVANGELISTA; LIMA, 2002), ou a depender da recomendação do híbrido.

A vegetação da caatinga tem grande importância para a manu-tenção da pecuária no Nordeste do Brasil, pois apresenta grande diver-sidade em sua flora, com inúmeras espécies arbustivas, arbóreas e her-báceas, consumidas por bovinos, caprinos e ovinos (GUIM et al., 2004), sendo importante fazer silagem com as espécies existentes nesse bioma, como forma de aproveitar o potencial forrageiro, utilizando-as como principal fonte da silagem ou como aditivos na ensilagem. Nesse con-texto, a cultura que vem sendo estudada na região semiárida é a mani-çoba (Manihot glaziovii Muell.), planta bastante conhecida no semiá-rido brasileiro, que vem ganhando espaço nas propriedades e nos projetos de pesquisa, devido, principalmente, à sua adaptabilidade à região de clima semiárido. Matos et al. (2005) estudaram silagem de Manihot emprunosa e encontraram valores de carboidratos solúveis e

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de matéria seca de 3,23 e 27,49%, respectivamente, proteína bruta de 14,58% na silagem, apresentando baixo poder tampão, reduzido teor de ácido cianídrico, que é encontrado nessa forragem na forma fresca. Os autores concluíram que a silagem dessa espécie tem bom valor nutritivo e é bem aceito por ovinos.

Outra espécie nativa da região Nordeste, bastante comum em pastagens nativas é a jitirana. Guim et al. (2004) pesquisaram a silagem de jitirana lisa (Ipomoea glabra Choisy) e jitirana peluda (Jacquemontia asarifolia L. B. Smith) e observaram teores de matéria seca baixos nessas forrageiras para o padrão de fermentação, pH e nitrogênio amo-niacal adequados ao processo fermentativo. Como aditivo, a jitirana foi testada por Linhares et al. (2005), que avaliaram a inclusão de níveis crescentes dessa planta na silagem do milho e perceberam uma melhora no valor nutritivo da silagem, produzindo ganhos no teor de proteína bruta, extrato etéreo, energia bruta, porém diminuição nos teores de matéria seca.

Existem outras culturas com potencial para serem ensiladas ou para serem usadas como aditivo. O que vai determinar a escolha da planta será a disponibilidade na região, características adequadas para o processo fermentativo, bom aproveitamento pelo animal e boa relação custo/benefício.

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PLANEJAMENTO E DIMENSIONAMENTO DE SILAGENS

Magno José Duarte CândidoCiro de Miranda Pinto

Guilherme de Lira Sobral Silva

A técnica da ensilagem é bastante versátil, podendo variar a planta a ser ensilada, o tipo de silo etc., o que tornaria difícil uma de-monstração de dimensionamento que abrangesse todas as situações possíveis. Portanto, o que se pretende neste capítulo é desenvolver um exemplo com a cultura do sorgo forrageiro, que é uma das culturas com maior potencial para ensilagem, e os dois silos mais adotados no Brasil, silo tipo trincheira e silo de superfície, que é o tipo de menor custo.

Ajuste da área a ser plantada para alimentar um determinado rebanho

O ajuste da área para produção de silagem deve ser feito em função da capacidade produtiva da área destinada à cultura a ser ensi-lada, do nível de perdas em todo o processo, do período para o qual se prevê a necessidade de uso da silagem, do tamanho do rebanho e do consumo diário de silagem por cada animal.

Uma área plantada com sorgo forrageiro para produção de si-lagem apresenta estimativa de biomassa fresca de forragem total (BFFT) = 50.000,00 a 70.000,00kg/ha (1,0ha=10.000m2) no primeiro

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ESTOQUE DE FORRAGEM PARA A SECA: produção e utilização de silagem 43

corte, a rebrota pode representar de 30 a 70% do primeiro corte (15.000,00 a 49.000,00kg/ha), dependendo das condições de tempera-tura, da disponibilidade de água, da fertilidade e adubação (MIRANDA; PEREIRA, 2006).

Observação: caso haja a possibilidade de fazer a estimativa da BFFT diretamente na propriedade, recomenda-se o seguinte procedi-mento (cujos números serão propositalmente inseridos de modo a apre-sentar o mesmo resultado acima): confeccione uma moldura de cano PVC de ¾” medindo 1,0 x 1,0m e faça uma amostragem na área plan-tada com a forrageira, na base de cinco amostras para cada hectare plan-tado, sendo bem distribuídas na área como um todo. Corte toda a for-ragem, incluindo panícula (se houver), folhas verdes, mortas e colmos, contida dentro de cada moldura e pese. Admitindo-se uma BFFT obtida na média de todos os pontos amostrados de 6.000,00g/m2, basta multi-plicar esse resultado por dez (conversão de g/m² para kg/ha) para se obter uma BFFT equivalente a 60.000,00kg/ha.

Tome-se como exemplo a cultura do sorgo forrageiro, destinada à alimentação de um rebanho de 30 vacas leiteiras com peso corporal de 450kg, em lactação (produzindo em média 10kg de leite/dia), durante o período seco do ano (oito meses, aproximadamente 240 dias), alimen-tadas exclusivamente com silagem.

• Perdas na colheita e transporte = 2 a 10% (SISTEMA..., 2009).

• Perdas no armazenamento em silo tipo trincheira e na sua abertura = 14% (NOVAES; LOPES; CARNEIRO, 2004).

• Teor de matéria seca da silagem = 33% [Teor de matéria seca do sorgo para ensilagem é de 30 a 35% no momento da co-lheita, conforme Valente (1997)].

• Sobra de silagem no cocho após 24h de fornecimento = 6% [Perdas no cocho de 2 a 10%, dependendo das dimensões do cocho e tempo de exposição (NOVAES; LOPES; CARNEIRO, 2004)].

Biomassa fresca de forragem ensilada (BFFE), descontando-se 6% de perdas na colheita e transporte:

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Estudos da Pós-Graduação44

⇒ 6% de perda média na colheita e transporte

Biomassa fresca de silagem fornecida (BFSF), descontando-se 14% de perdas no armazenamento e abertura:

⇒ 14% de perdas no armazenamento e abertura

Biomassa fresca de silagem consumível (BFSC), descontando-se 6% de sobra de silagem no cocho após 24h de fornecimento:

⇒6% de sobra de silagem no cocho

Cálculo do consumo de matéria seca (CMS), admitindo-se CMS (vaca x dia) = 2,7% do peso corporal (PC) e 1 vaca 450kg de PC x CMS de 2,7% do PC/dia:

Conversão do consumo de matéria seca em biomassa fresca de silagem colhível, admitindo-se % de MS da silagem de 33%:

Cálculo da capacidade de suporte (CS) da área plantada com cul-tura para ensilagem:

60.000kg BFFT 60.000kg BFFT 6 56.400kg BFFE = (_____________ ) - (_____________ x ____) = ________ ha ha 100 ha

450kg PC 2,7kg MS 12,15kg MS CMS = (_________ ) x (_________ x dia) = __________ x dia vaca 100kg PC vaca

6 (___ ) 100

48.504kg BFFE 48.504kg BFFE 6 45.594kg BFSC = (_____________ ) - (_____________ x ____) = ________ ha ha 100 ha

6 (___ ) 100

56.400kg BFFE 56.400kg BFFE 14 48.504kg BFSF = (_____________ ) - (_____________ x ____) = ________ ha ha 100 ha

14 (___ ) 100

12,15kg MS 100kg BFSC 36,82kg BFSC CMS = (___________ x dia) x (__________)= ___________ x dia vaca 33,00kg MS vaca

45.594kg BFSC 1 vaca 1.238 vacas CS = (_____________) x (____________ x dia)= _________ x dia 1 ha 36,82kg BFSC ha

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ESTOQUE DE FORRAGEM PARA A SECA: produção e utilização de silagem 45

Cálculo da capacidade de suporte (CS) da área plantada com cul-tura para ensilagem por 240 dias:

Portanto, um hectare de sorgo forrageiro permite alimentar 1.238 vacas em um único dia, ou 5,16 vacas durante 240 dias de estação seca, ou seja, 5 vacas. Fazendo o cálculo para o rebanho anteriormente esti-pulado em 30 vacas, então a área necessária (AN) de sorgo para alimen-tá-lo durante 240 dias de estação seca seria:

Portanto, 5,82ha de sorgo forrageiro permitem alimentar 30 vacas durante 240 dias de estação seca.

Caso o produtor resolva aproveitar a rebrota do sorgo, que pode ser de 30 a 70% do total obtido na primeira colheita, para fazer um silo tipo superfície, então o cálculo seria feito baseado nos seguintes parâmetros:

•Perdas na colheita e transporte = 2 a 10% (SISTEMA..., 2009).•Perdas no armazenamento em silo tipo superfície e na sua aber-

tura = 17,5% [Adaptado de Ruppel et al. (1995)].•Teor de matéria seca da silagem = 33% [Teor de matéria seca

do sorgo para ensilagem é de 30 a 35% no momento da co-lheita, conforme Valente (1997)].

•Sobra de silagem no cocho após 24h de fornecimento = 6% [Perdas no cocho de 2 a 10%, dependendo das dimensões do cocho e tempo de exposição (NOVAES; LOPES; CARNEIRO, 2004)].

Biomassa fresca de forragem da rebrota (BFFR), admitindo-se produção na rebrota de 50% da produção do 1.º corte:

1.238 vacas 1 5,16 vacas CS = (__________ x dia) x (_______ )= _________ ha 240 dias ha

1ha AN = (240 dias x 30 vacas) x (______________ )= 5,82ha 1.238 vacas x dia

60.000kg BFFT 60.000kg BFFT 50 30.000kgBFFR = (_____________ ) – (______________ x ___)= ________ ha 33,00kg MS 100 ha

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Estudos da Pós-Graduação46

Biomassa fresca de forragem ensilada (BFFE), descontando-se 6% de perdas na colheita e transporte:

Biomassa fresca de silagem fornecida (BFSF), descontando-se 17,5% de perdas no armazenamento e abertura do silo superfície:

Biomassa fresca de silagem consumível (BFSC), descontando-se 6% de sobra de silagem no cocho após 24h de fornecimento:

Cálculo da capacidade de suporte (CS) da rebrota da cultura do sorgo para ensilagem, admitindo-se CMS = 36,82kg BFSC/vaca x dia.

Considerando que a silagem produzida a partir do primeiro corte do sorgo propiciou uma capacidade de suporte de 1.238 vacas-dia/ha, o que requereu aproximadamente 5,82 hectares para alimentar 30 vacas durante 240 dias de seca (30 vacas x 240 dias = 7.200 vacas-dia ÷ 1.238 vacas-dia/ha = 5,82ha), caso o produtor resolva aproveitar a rebrota para produzir silagem num silo de superfície, ele adicionaria uma capa-cidade de suporte de 594 vacas-dia/ha. Dessa forma, o produtor teria agora uma capacidade de suporte total de 1.832 vacas-dia/ha (1.238 vacas-dia/ha do primeiro corte + 594 vacas-dia/ha da rebrota). Portanto, para atender uma demanda de 7.200 vacas-dia, agora ele precisaria de 3,93ha (7.200 vacas-dia ÷ 1.832 vacas-dia/ha = 3,93ha).

Conclui-se que o uso do sorgo para produção de silagem com o aproveitamento da sua rebrota propicia ao produtor a possibilidade de redução da área plantada em, aproximadamente, 32%.

As principais dificuldades para o ajuste correto da área a ser plantada para alimentar determinado rebanho são a falta de estimativas

30.000kg BFFR 30.000kg BFFR 6 28.200kgBFFE = (_____________ ) – (______________ x ___)= ________ ha ha 100 ha

28.200kg BFFE 28.200kg BFFE 17,5 23.265kgBFSF = (_____________ ) – (______________ x ____)= ________ ha ha 100 ha

23.265kg BFFE 23.265kg BFFE 6 21.869kgBFSC = (_____________ ) – (______________ x ____)= ________ ha ha 100 ha

21.869kg BFSC 1 vaca 594 vacasCS = (_____________ ) x (____________ x dia)= ________ x dia 1ha 36,82kg BFSC ha

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ESTOQUE DE FORRAGEM PARA A SECA: produção e utilização de silagem 47

precisas da produção de forragem e da capacidade de consumo pelo rebanho nas condições locais. No Nordeste brasileiro, esse fato torna-se mais grave por causa do uso de mais de uma espécie animal em grande parte das fazendas. Para saber a quantidade correta de animais de uma determinada espécie que equivale a outra espécie, deve-se considerar o peso metabólico e não o peso corporal (LEWIS et al., 1956).

No exemplo anterior, se o rebanho de 30 vacas de 450kg de peso corporal médio fosse convertido em cabras leiteiras de 45kg de peso cor-poral médio, teríamos que calcular a equivalência de peso metabólico (EPM), encontrando o seguinte resultado:

Determinação da EPM do rebanho:

Portanto, pelo exemplo dado, os 5,82 hectares de sorgo forra-geiro (ou os 3,93ha, considerando o aproveitamento da rebrota) per-mitem alimentar 167 cabras leiteiras durante 240 dias de estação seca.

Dimensionamento do silo

A importância do correto dimensionamento do silo deve-se ao fato de que, silo maior que a quantidade de forragem a ser ensilada, significa gasto desnecessário com material para construção do silo e maior dificuldade de vedação, podendo haver maiores perdas no armazenamento.

Para um cálculo correto do tamanho do silo, deve-se adotar uma densidade apropriada da silagem a ser armazenada. A seguir, serão apresentados três exemplos: 1) silo do tipo trincheira utilizando so-mente a primeira colheita; 2) silo do tipo superfície utilizando somente a primeira colheita; 3) silo do tipo superfície utilizando a forragem co-lhida na rebrota.

45kg0,75/cabra 17,37kg0,75/cabra 0,18 vacaEPM = (____________) = (_______________)= _________ 450kg0,75/vaca 97,70kg0,75/vaca cabra

30 vacas EPM do rebanho = (______________) = 166,66 cabras leiteiras 0,18 vaca/cabra

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Estudos da Pós-Graduação48

Exemplo 1 - silo do tipo trincheira, cheio com a primeira colheita do sorgo:

• Densidade média de um silo do tipo trincheira: 600kg/m3 (OLIVEIRA; VILELA, 2006);

• Área plantada com sorgo para produção de silagem = 5,82ha (58.200m2);

• Biomassa fresca de forragem total (BFFT) estimada = 50.000 a 70.000kg/ha (MIRANDA; PEREIRA, 2006);

• Perdas na colheita e transporte até o silo (ensilagem) = 2 a 10% (SISTEMA..., 2009);

• Perdas no armazenamento em silo tipo trincheira e na sua aber-tura = 14% (NOVAES; LOPES; CARNEIRO, 2004).

Biomassa fresca de forragem ensilada (BFFE), descontando-se 6% de perdas na colheita e transporte:

⇒6% de perda média na colheita e transporte

Volume do silo (Vol):

Altura do silo trincheira: 1,5 a 3,0m (CARDOSO; SILVA, 1994)

O comprimento mínimo (Comp) de um silo trincheira ou de su-perfície = 0,30m de camada removida/dia x número de dias em que se pretende utilizar a silagem (CARDOSO; SILVA, 1994). Como, nas condições predominantes no semiárido brasileiro, há em torno de oito meses de seca, então:

Comp = 0,30m x 240 dias - 72mVol = área do trapézio (AT) x Comp547,08m3 = AT x 72mAT = 7,60m2

6BFFE = (60.000kg x 5,82ha) – (60.000kg x 5,82ha x ____) = 328.248kg BFFE 100 6(____) 100

328.248kg BFFE Vol = (______________) = 547,08m3

600kg BFFE/m3

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ESTOQUE DE FORRAGEM PARA A SECA: produção e utilização de silagem 49

Como o silo tipo trincheira possui a forma de um trapézio, a AT é dada por:

B + b = 6,08m

Como a largura do topo (B) deve ter 0,5m a mais que a largura do fundo (b) para cada metro de altura do silo (A), então é possível es-crever que B = b + 0,5 x A e, usando-se essa expressão, pode-se conti-nuar o cálculo assim:

B + b = 6,08m0,5 x A + b + b = 6,08m2b + 0,5 x 2,5 = 6,08m2b + 1,25 = 6,08m2b = 6,08 – 1,252b = 4,83b = 2,42m.Como B + b = 6,08m e b = 2,42m, tem-se que:B + 2,42 = 6,08mB = 6,08 – 2,42B = 3,66mAssim, o silo deverá ser de 2,42m de largura do fundo, 3,66m de

largura no topo, 2,5m de altura e 72m de comprimento. Além do dimensionamento do silo, deve-se dimensionar o ta-

manho da “fatia” de silagem a ser removida a cada dia. Ao retirar uma camada de 30cm por dia da seção transversal do silo acima, seria reti-rado um volume de:

Volume diário = 7,60m2 x 0,30mVolume diário = 2,28m3

Considerando a densidade do silo tipo trincheira de 600kg/m3 e 14% de perdas no armazenamento, teríamos um fornecimento diário de silagem (FDS) de:

base maior + base menor AT = (_______________________) x altura 2 base maior + base menor 7,60 = (_______________________) x 2,5m 2

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Estudos da Pós-Graduação50

Como cada vaca utilizada como exemplo nesse cálculo con-some 36,82kg BFSC/dia, para calcularmos a demanda diária de si-lagem (DDS), devemos considerar as perdas no cocho e o número total de vacas.

Dessa forma, a remoção diária de uma camada de 30cm do silo dimensionado propiciaria uma biomassa fresca de silagem fornecida (BFSF) total de 1.176kg, que se aproxima da quantidade necessária para alimentar as vacas (1.171kg de BFSF).

Exemplo 2 - silo do tipo superfície, cheio com a primeira colheita do sorgo:

O silo do tipo superfície pode ser considerado um trapézio inver-tido, ou um silo trincheira invertido, portanto os cálculos seguem o mesmo raciocínio utilizado no silo do tipo trincheira, com a única dife-rença de que a base maior é a base do fundo do silo, e a base menor é a base do topo do silo. Além disso, seguem os mesmos dados do início do exemplo anterior, alterando apenas:

• Densidade média de um silo do tipo superfície: 450kg/m3 (VILELA, 1985);

• Área plantada com sorgo para produção de silagem = 5,82ha (40.000m2);

• Biomassa fresca de forragem total (BFFT) estimada = 50.000 a 70.000kg/ha (MIRANDA; PEREIRA, 2006);

• Perdas na colheita e transporte até o silo (ensilagem) = 2 a 10% (SISTEMA..., 2009);

• Perdas no armazenamento em silo tipo superfície e na sua aber-tura = 17,5% (adaptado de RUPPEL et al., 1995).

600kg 600kg 14FDS = (2,28m3 x _____) – (2,28m3 x _____ x ___)= 1.176kg m3 m3 100

36,82kg BFSC 36,82kg BFSC 6 1.171kg BFSFDDS = [(_____________) + (____________ x ___)] x 30 vacas = ____________ x dia vaca vaca 100 rebanho

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ESTOQUE DE FORRAGEM PARA A SECA: produção e utilização de silagem 51

Biomassa fresca de forragem ensilada (BFFE), descontando-se 6% de perdas na colheita e transporte:

⇒6% de perda média na colheita e transporte

Volume do silo (Vol):

Altura do silo do tipo superfície: 1,2 a 1,5m (CARDOSO; SILVA, 1994).

O comprimento mínimo (Comp) de um silo trincheira ou de su-perfície = 0,30m de camada removida/dia x número de dias em que se pretende utilizar a silagem (CARDOSO; SILVA, 1994). Como, nas condições predominantes no semiárido brasileiro, há em torno de oito meses de seca, então:

Comp = 0,30m x 240 dias = 72m Vol = área do trapézio (AT) x Comp729,44m3 = AT x 72mAT = 10,13m2

Como o silo do tipo superfície possui a forma de um trapézio invertido, a AT é dada por:

B + b = 13,51m

Nesse caso, como a largura do fundo (B) deve ter 0,5m a mais que a largura do topo (b) para cada metro de altura do silo (A), então é possível escrever que B = b + 0,5 x A e, usando-se essa expressão, po-de-se continuar o cálculo assim:

6BFFE = (60.000kg x 5,82ha) – (60.000kg x 5,82ha x ____) = 328.248kg BFFE 100 6(____) 100

328.248kg BFFE Vol = (______________) = 729,44 m3

450kg BFFE/m3

base maior + base menor AT = (______________________) x altura 2 base maior + base menor 10,13m2 = (______________________) x 1,5m 2

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Estudos da Pós-Graduação52

B + b = 13,51mb + 0,5 x A + b = 13,51m2b + 0,5 x 1,5 = 13,51m2b + 0,75 = 13,51m2b = 13,51 – 0,75 12,76b = _____ 2b = 6,38mComo B + b = 13,51m e b = 6,38m, tem-se que:B + 6,38m = 13,51mB = 13,51m – 6,38mB = 7,13m

Assim, o silo deverá ser de 6,38m de largura do topo, 7,13m de largura no fundo, 1,5m de altura e 72m de comprimento.

Ocorre que no mercado, dificilmente, encontra-se uma lona para cobrir silo acima de oito metros de largura, portanto as dimensões do silo ficarão limitadas por essa lona, para a qual Cardoso e Silva (1994) sugerem as seguintes dimensões no silo do tipo superfície: 5m de lar-gura na base, 1,5m de altura e 4,0m de largura no topo. Esse silo ficaria, então, com uma área do trapézio (AT) de:

Cálculo do volume diário:Ao se retirar uma camada de 30cm por dia da área frontal do silo

acima, seria retirado um volume de:Volume diário = 6,75m2 x 0,30mVolume diário = 2,03m3

Considerando a densidade do silo tipo trincheira de 450kg/m3 e 17,5% de perdas no armazenamento, teríamos um fornecimento diário de silagem (FDS) de:

base maior + base menor AT = (_______________________) x altura 2 5,0 + 4,0 AT = (_________) x 1,5m = 6,75m2 2

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ESTOQUE DE FORRAGEM PARA A SECA: produção e utilização de silagem 53

Como cada vaca utilizada como exemplo nesse cálculo con-some 36,82kg BFSC/dia, para calcularmos a demanda diária de si-lagem (DDS), devemos considerar as perdas no cocho e o número total de vacas.

Dessa forma, a remoção diária de uma camada de 30cm do silo

dimensionado propiciaria uma biomassa fresca de silagem fornecida (BFSF) total de 754kg, que não atenderia à quantidade necessária para alimentar as vacas (1.171kg de BFSF).

Assim, deve-se dimensionar o volume de silagem a ser removida diariamente em função da quantidade necessária para alimentar as vacas. Portanto, teríamos:

Como o silo já está dimensionado em função da largura da lona, então a fatia a ser removida diariamente, deverá ser de:

Agora, com o maior volume de silagem, teríamos um forneci-mento diário de silagem (FDS) de:

Como cada vaca utilizada como exemplo nesse cálculo consome 36,82kg BFSC/dia, para calcularmos a demanda diária de silagem (DDS), devemos considerar as perdas no cocho e o número total de vacas.

450kg 450kg 17,5FDS = (2,03m3 x _____) – (2,03m3 x _____ x ____)= 754kg m3 m3 100

36,82kg BFSC 36,82kg BFSC 6 1.171kg BFSFDDS = [(_____________) + (____________ x ___)] x 30 vacas = ____________ x dia vaca vaca 100 rebanho

2,03m3 x 1,171kg Volume de silagem = (_______________) = 3,15m3

754kg

volume Fatia = _______ AT 3,15m3/dia Fatia = __________ = 0,47m/dia ou 47cm/dia 6,75m2

450kg 450kg 17,5FDS = (3,15m3 x ______) – (3,15m3 x ______ x ____)= 1.169kg m3 m3 100

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Dessa forma, a remoção diária de uma camada de 47cm do silo dimensionado propiciaria uma biomassa fresca de silagem fornecida (BFSF) total de 1.169kg, que se aproxima da quantidade necessária para alimentar as vacas (1.171kg de BFSF).

Exemplo 3 - silo do tipo trincheira, cheio com a primeira colheita, e silo do tipo superfície, cheio com a rebrota do sorgo:

Para o cálculo do silo do tipo trincheira cheio com a primeira colheita, serão utilizados dados do Exemplo 1, alterando apenas:

Área plantada com sorgo = 3,93ha, conforme o cálculo da capa-cidade de suporte (CS) da rebrota da cultura do sorgo para ensilagem contido no tópico “Ajuste da área a ser plantada para alimentar um de-terminado rebanho”.

⇒ 6% de perda média na colheita e transporte

Volume do silo (Vol):

Como o volume diário de silagem a ser removida do silo do tipo trincheira para alimentar as 30 vacas é de 2,28m3/dia, o silo terá as mesmas dimensões do Exemplo 1, com exceção do comprimento, que deverá ser:

Vol = área do trapézio (AT) x Comp AT = 7,6m2 (Exemplo 1)369,42m3 = 7,6m2 x Comp

36,82kg BFSC 36,82kg BFSC 6 1.171kg BFSFDDS = [(_____________) + (____________ x ___)] x 30 vacas = ____________ x dia vaca vaca 100 rebanho

6BFFE = (60.000kg x 3,93ha) – (60.000kg x 3,93ha x ____) = 221.652kg BFFE 100 6(____) 100

221.652kg BFFE Vol = (_______________) = 369,42m3

600kg BFFE/m3

369,42m3 Comp = _________ = 48,61m ou 49m 7,6m2

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ESTOQUE DE FORRAGEM PARA A SECA: produção e utilização de silagem 55

Portanto, com a primeira colheita do sorgo, foi possível pro-duzir 221.652kg de BFFE, que podem ser armazenados em um silo de 48,61m.

Para o cálculo do silo do tipo superfície cheio com a rebrota do sorgo, serão utilizados dados do Exemplo 2, alterando apenas:

Biomassa fresca de forragem total (BFFT) estimada na rebrota = 30 a 70% do primeiro corte (15.000,00 a 49.000,00kg/ha) (MIRANDA; PEREIRA, 2006).

Área plantada com sorgo = 3,93ha, conforme o cálculo da área necessária de sorgo para alimentar 30 vacas durante 240 dias de estação seca, contido no tópico “Ajuste da área a ser plantada para alimentar um determinado rebanho”.

⇒6% de perda média na colheita e transporte

Volume do silo (Vol):

Como o volume diário de silagem a ser removida do silo do tipo superfície para alimentar as 30 vacas é de 3,15m3/dia, o silo terá as mesmas dimensões do Exemplo 2, com exceção do comprimento, que deverá ser:

Vol = área do trapézio (AT) x Comp AT = 6,75m2 (Exemplo 2)246,28m3 = 6,75m2 x Comp

Com 48,61m de comprimento, retirando-se uma fatia de 0,30m por dia, a silagem do silo do tipo trincheira poderia alimentar o rebanho por 48,61m ÷ 0,30m/dia = 162,03 dias de uso. Com 36,49m de compri-mento, retirando-se uma fatia de 0,47m por dia, a silagem do silo do

60.000kg BFFT 60.000kg BFFT 50 30.000kgBFFR = (_____________ ) – (______________ x ___)= ________ ha ha 100 ha

6(____) 100

6BFFE = (30.000kg BFFR x 3,93ha) – (30.000kg BFFR x 3,93ha x ____) = 110.826kg BFFE 100

110.826kg BFFE Vol = (_______________) = 246,28 m3

450kg BFFE/m3

246,28m3 Comp = _________ = 36,49m 6,75m2

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Estudos da Pós-Graduação56

tipo superfície poderia alimentar o rebanho por 36,49m ÷ 0,47m/dia = 77,64 dias de uso. Somando-se os dois períodos de uso da silagem, o produtor terá a possibilidade de alimentar o rebanho por 162,03 + 77,64 = 239,67 dias ≅ 240 dias. Portanto, o produtor seria capaz de alimentar as 30 vacas por aproximadamente 240 dias na estação seca.

Resumindo os principais resultados dos cálculos apresentados, 5,82 hectares de sorgo forrageiro permitem alimentar 30 vacas produ-zindo em média 10kg de leite/dia durante 240 dias de estação seca, o que corresponde a 7.200 vacas-dia.

Ensilando a rebrota do sorgo, seria possível atender a demanda de 7.200 vacas-dia com apenas 3,93ha.

Conclui-se que o uso do sorgo para produção de silagem com o aproveitamento da sua rebrota propicia ao produtor a possibilidade de redução da área plantada em, aproximadamente, 32%.

Comparativo dos exemplos para alimentar 30 vacas:Exemplo 1: silo do tipo trincheira, cheio com a primeira co-

lheita do sorgo1) 5,82ha de área plantada e 240 dias de uso.Exemplo 2: silo do tipo superfície, cheio com a primeira co-

lheita do sorgo2) 5,82ha de área plantada e 240 dias de uso.Exemplo 3: silo do tipo trincheira, cheio com a primeira co-

lheita, e silo do tipo superfície, cheio com a rebrota do sorgo3) 3,93ha (incluindo colheita do plantio e da rebrota) e 162,03 +

77,64 = 239,67 dias ≅ 240 dias de uso.

Referências

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ESTOQUE DE FORRAGEM PARA A SECA: produção e utilização de silagem 57

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O PROCESSO DE ENSILAGEM

William de Jesus Ericeira Mochel FilhoMagno José Duarte CândidoMarieta Maria Martins Vieira

A ensilagem é um processo de conservação de forragem cujo princípio básico consiste em cortar a forragem, colocá-la no silo, com-pactá-la e fazer a vedação do silo para que ocorra uma fermentação, sem a presença do oxigênio, com o objetivo de conservar o valor nutri-tivo da forragem (PEREIRA; REIS, 2001a). A ensilagem destaca-se por ser de execução relativamente fácil e ser bastante versátil quanto ao volume a ser produzido e maquinário necessário.

Do processo de ensilagem obtém-se a silagem, que é a forragem verde, suculenta, conservada por meio de um processo de fermentação (MCDONALD; HENDERSON; HERON, 1991). A silagem é um pro-duto de alto valor nutritivo, de grande aceitabilidade pelos animais, po-dendo ser armazenada por um longo período de tempo, com a manu-tenção do seu valor nutritivo, a depender da cultura utilizada, da eficiência do processo de ensilagem, do tipo de silo e da eficiência do sistema de vedação (LIMA; MACIEL, 2006).

Por ser um processo que deve ser realizado preferencialmente em até 48 horas, o processo da ensilagem (do corte à vedação do silo) deve ser planejado com antecedência, visando a minimizar o surgimento de problemas durante a sua confecção. O planejamento da produção da

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ESTOQUE DE FORRAGEM PARA A SECA: produção e utilização de silagem 59

silagem é importante, pois envolve cultivo, colheita, transporte, arma-zenamento e distribuição de forragem, requerendo investimentos em instalações, máquinas e implementos. Dessa forma, a forragem conser-vada possui alto custo e risco, devendo ser planejada de modo que a relação custo/receita seja favorável dentro do processo produtivo (BERNARDES; SIQUEIRA; REIS, 2005).

Corte e pré-secagem

O corte pode ser realizado de forma manual ou mecânica. O corte manual pode ser feito com facão, foice, goiva, cutelo, entre ou-tros. O corte mecânico é realizado com máquinas especializadas que podem ou não ter dispositivo de esmagamento do material cortado. Esse corte mecânico pode ser feito também por tração animal ou por roçadeira do tipo costal.

O estádio de maturidade da planta possui papel primordial na confecção de uma boa silagem, isso porque o processo de ensilagem visa apenas a conservar a planta com o valor nutritivo do momento em que for cortada. Conforme observado na Figura 1, com o avançar da idade das plantas, temos uma maior produção de matéria seca (MS), contudo isso vem associado a uma elevação nos teores de compostos estruturais, como celulose, hemicelulose e lignina, e, paralelamente, di-minuição do conteúdo celular (carboidratos, proteína etc.), comprome-tendo, assim, a qualidade do material a ser ensilado (VAN SOEST, 1994). Além dessas alterações, é importante destacar que, com o avançar da idade, ocorre uma diminuição na relação folha/colmo, resul-tando em modificações na estrutura das plantas. Com isso, as plantas mais velhas apresentam menor quantidade de nutrientes que podem ser aproveitados pelos animais.

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Estudos da Pós-Graduação60

Figura 1 – Efeitos do estádio de desenvolvimento sobre a produção e composição química de plantas forrageiras

Fonte: Blaser (1988).

É importante sabermos a idade de cada planta a ser ensilada, visto que o momento da colheita varia com o tipo de forragem, com a variedade ou híbrido cultivado e com o teor de matéria seca no mo-mento do corte. A obtenção de uma silagem de boa qualidade é função da planta forrageira a ser ensilada, das condições climáticas, da picagem e compactação da forragem e da eficiência de armazenamento. O corte das plantas forrageiras destinadas à ensilagem deve ser feito no estádio vegetativo, antes do florescimento, ocasião em que a planta encontra-se no seu “ponto de equilíbrio” entre produção de matéria seca e qualidade nutricional (PEREIRA; REIS, 2001b).

As perdas mecânicas no momento do corte, durante o processo no campo, são devidas, principalmente, ao dilaceramento de folhas e caules e, geralmente, estão associadas a equipamentos inadequados ou carentes de manutenção, como facas não afiadas e desajustadas (PEREIRA; REIS, 1999).

Peso

sec

o da

mat

éria

org

ânic

a

Estádio de crescimento

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ESTOQUE DE FORRAGEM PARA A SECA: produção e utilização de silagem 61

A forragem recolhida e picada deve ter tamanho de partícula entre 1,0 e 2,0cm, o que facilita sua distribuição, compactação no silo e posterior retirada, mesmo para níveis de matéria seca mais elevados (45%). O tamanho da partícula facilita a mastigação, a ruminação e a digestão da silagem, bem como facilita o acesso dos microrganismos do rúmen aos nutrientes da planta. Isso favorece também a carga e des-carga do silo (EVANGELISTA; LIMA, 2002). Com a redução do ta-manho da partícula, a ruminação é diminuída, e há um aumento da taxa de passagem, o que reduz a degradabilidade da matéria seca. Junto a isso, há o maior gasto com energia para picar com menor tamanho, e há ainda a possibilidade de ocorrerem distúrbios metabólicos pelo baixo teor de fibra efetiva (FERREIRA, 2001).

A redução no tamanho de partícula pode ser favorável ao pro-cesso de fermentação da massa vegetal no silo pela compactação faci-litada, pelo incremento na área de superfície da forragem (maior inte-ração substrato-microrganismos) e pela liberação de maior quantidade de conteúdo celular. McDonald, Henderson e Heron (1991) apontaram que, quando o tamanho de partícula é inferior a 1,0-2,0cm, pode haver efeitos positivos sobre a disponibilidade de carboidratos solúveis e, consequentemente, estímulo ao crescimento de bactérias láticas. No entanto, existem controvérsias na literatura, havendo estudos que mos-tram efeitos positivos e negativos do grau de picagem sobre a fermen-tação da silagem de gramíneas. Segundo Mayne (1999), os efeitos po-sitivos de redução no tamanho de partícula sobre o processo de fermentação foram, geralmente, observados em forragens de maior teor de matéria seca. A redução do tamanho de partículas da forragem pode ser uma alternativa para a minimização da fermentação butírica, por promover maior compactação e um maior contato do substrato com as bactérias fermentadoras, levando à maior produção de lactato e diminuição rápida de pH. Em silagens de baixo teor de MS, a redução no tamanho de partícula pode provocar aumento na atividade de água e maior perda por efluente. Em silagens contendo maiores teores de MS, porém, ocorre redução nos níveis totais de perdas em decorrência da elevação da pressão osmótica associada à sensível redução na ativi-dade de água. Nesse caso, ao se promover menor tamanho de partí-

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Estudos da Pós-Graduação62

culas, observa-se mínimo impacto sobre a geração de efluentes (BALSALOBRE et al., 2001).

Compactação e fechamento do silo

A compactação deve ser feita de forma intensa e contínua, de modo a expulsar o oxigênio da massa ensilada o mais rápido possível, o que favorecerá a proliferação das bactérias lácticas, que são as mais eficientes em promover a redução do pH, e também reduzirá a própria respiração vegetal, que causaria mais perdas de carboidratos solúveis. Da mesma forma, a vedação do silo deve ser rápida e bem executada, a fim de manter a anaerobiose no interior do silo. O principal efeito do atraso de vedação do silo é a redução do suprimento de carboidratos disponíveis, tanto para a fermentação anaeróbia (bactérias produtoras de ácido láctico) como para o consumo da silagem por parte do animal (MUCK, 1988).

O oxigênio que ainda fica disponível após o fechamento do silo é consumido rapidamente pela respiração da planta. Quando bem pi-cada, a forragem fresca pode ser bem compactada no momento da ensi-lagem para reduzir ao máximo a disponibilidade desse oxigênio.

Manter o silo bem vedado é especialmente importante para se reduzir e/ou impedir a entrada de oxigênio (JASTER, 1995). Silagens de alta qualidade devem manter sua temperatura entre 20° e 30°C, pois, nesse intervalo, encontram-se as melhores condições para o desenvol-vimento das bactérias que proporcionam a fermentação láctica. Manter a forragem picada amontoada ao ar livre ou em vagões de transporte por muito tempo (8-12h) atrasa a redução do pH da silagem dentro do silo e permite a continuidade da atividade microbiana, podendo aquecer ex-cessivamente a silagem, o que pode levar à ocorrência da reação de Maillard, que vai indisponibilizar a proteína bruta para o animal (MUCK, 1998; MCDONALD; HENDERSON; HERON, 1991).

A presença de oxigênio na massa constitui-se como fator indese-jável durante o processo de ensilagem. A velocidade no enchimento e a densidade da forragem no momento do fechamento do silo determinam a quantidade de oxigênio residual na massa ensilada, influenciando na

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ESTOQUE DE FORRAGEM PARA A SECA: produção e utilização de silagem 63

qualidade final do produto, nas perdas durante a fermentação e após a quebra da vedação.

Entre os fatores que afetam a densidade da massa ensilada em silos horizontais (trincheira e superfície), estão o teor de MS da forragem, o tamanho da partícula, a altura da camada distribuída no silo durante o enchimento, o peso do veículo e a pressão que este exerce, tempo de compactação e altura do silo (BERNARDES; SIQUEIRA; REIS, 2005).

No caso dos silos tipo trincheira, a compactação da forragem deve ser realizada até atingir a borda superior do silo ou ultrapassar, no máximo, 5,0 a 10,0cm de altura (Figura 2). É recomendável que, no caso de a massa compactada ultrapassar a borda superior do silo, esta seja compactada em um formato curvo, mais alto no centro e mais baixo nas bordas, proporcionando, assim, maior facilidade de escoa-mento das águas para as laterais e minimizando perdas quando da pro-dução de gases provenientes da fermentação.

Figura 2 – Vedação correta de um silo trincheira de alvenaria com o objetivo de não permitir aquecimento pela luz solar no topo do silo ou danos na lona plástica de vedação por animais ou pela chuva e de reduzir as perdas no topo do silo

Fonte: ilustração criada por William de Jesus Ericeira Mochel Filho em adaptação ao postulado por Bernardes, Amaral e Nussio (2009).

Uma vez que o material fresco foi armazenado, compactado e vedado para exclusão do ar, o processo de ensilagem pode ser dividido em quatro etapas (WEINBERG; MUCK, 1996; MERRY; LOWES; WINTERS, 1997).

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Estudos da Pós-Graduação64

•Fase 1 – Fase aeróbica: Nessa fase, que tem pouca duração, o oxigênio presente no material ensilado é consumido rapidamente devido à atividade dos microrganismos aeróbicos, exclusivos ou facultativos (leveduras e enterobactérias). Além disso, ocorre uma importante ativi-dade de enzimas de plantas diversas, tais como proteases e carboidrases, desde que o pH seja mantido na faixa normal (pH entre 6,5 e 6,0).

•Fase 2 – Fase de fermentação: Nesse momento, instala-se um ambiente anaeróbico (sem presença de oxigênio). Sua duração varia de dias até semanas, dependendo das características do material ensilado e das suas condições no momento da ensilagem. Se a fermentação acon-tecer com êxito, ocorrerá uma proliferação da atividade das bactérias lácticas, que se tornarão predominantes dentro do silo. Em função da maior presença dessas bactérias lácticas, e de alguns outros ácidos, o pH cairá para valores entre 3,8 e 5,0.

•Fase 3 – Fase de estabilização: Desde que o ambiente onde o material ensilado permaneça sem oxigênio, ocorrem poucas mudanças. A maioria dos microrganismos produzidos na fase 2 tem sua atividade reduzida lentamente.

•Fase 4 – Fase de deterioração aeróbica (abertura e uso da silagem): Inicia-se com a abertura do silo e com a exposição da silagem ao ar. A partir daqui, começa a ocorrer a degradação da silagem, em função da presença do oxigênio. Em um primeiro momento, ocorre uma elevação do pH, que é causada pela degradação dos ácidos orgânicos que conservam a silagem. Isso se dá pela ação de leveduras e de bacté-rias que produzem ácido acético, que se proliferam devido à presença do oxigênio. Com isso, há um aumento da temperatura e da atividade de outros microrganismos que deterioram a silagem. Essa deterioração ocorrerá em praticamente todas as silagens expostas ao ar, e a sua velo-cidade de deterioração dependerá da concentração e da atividade dos microrganismos que a causam.

A utilização deverá ser realizada depois de transcorrido um mí-nimo de 30 dias. Depois de aberto o silo, este deve ser completamente utilizado, por meio de cortes diários, em espessura nunca inferior a 20cm. A retirada, feita com pá mecânica ou enxada, deve ser sempre no sentido de cima para baixo. Após cada corte, a lona deverá ser nova-

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ESTOQUE DE FORRAGEM PARA A SECA: produção e utilização de silagem 65

mente colocada sobre a parte aberta e, sobre esta, deve ser colocado um objeto (toco de madeira, pneus, pedaço de ferro ou outro material) com o objetivo de impedir que a lona se levante expondo a silagem ao ar e acelerando sua decomposição.

Tipos de silo

No momento de optar pelo silo, não se deve considerar unica-mente a sua eficiência na conservação da forragem, mas também os custos de sua construção, os gastos entre o início e o fim do seu enchi-mento e a mão de obra a ser utilizada para a alimentação dos animais.

Os tipos de silo mais comumente utilizados são: trincheira, su-perfície, silos tubulares horizontais – bag, bombonas e o silo sincho (ou cincho), cada um com suas vantagens e desvantagens, principalmente em relação ao custo de construção, facilidade de carregamento e descar-regamento e eficiência na conservação da silagem. Após se decidir o tipo de silo a ser usado, deve-se decidir onde colocá-lo ou construí-lo. A escolha deve ser feita baseada em: proximidade do rebanho que irá consumir a silagem; facilidade para carregamento e descarregamento; comprometimento da área numa possível expansão das instalações para os animais; facilidade de manejar os possíveis efluentes, de maneira a evitar contaminação do ambiente (OLIVEIRA, 2001). A escolha do ta-manho e do tipo do silo pode ser influenciada pelo número de animais e categoria animal a ser alimentada, pela quantidade de alimento a ser consumida e pelas perdas de matéria seca que ocorrem durante o pro-cesso de armazenamento. As paredes do silo devem ser suaves e herme-ticamente vedadas para minimizar a exposição da superfície da for-ragem ao ar (JASTER, 1995).

Silo trincheira

Quanto ao tipo de silo para armazenamento, os do tipo trincheira mostram-se mais adequados ao processo, embora os de superfície ve-nham sendo utilizados sem restrições, com a vantagem de poderem ser alocados em qualquer lugar que seja estratégico para posterior retirada

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Estudos da Pós-Graduação66

e fornecimento aos animais (PEREIRA; REIS, 2001b). O silo trincheira é um dos mais recomendados por sua fácil construção e custo relativa-mente baixo. Deve ser construído, preferencialmente, próximo ao local de produção da forragem a ser ensilada, podendo ser contra um bar-ranco, mas também em uma vala ou buraco feito no chão, com a possi-bilidade de o silo ter suas laterais e base feitas de alvenaria. Caso o produtor não possua condições de revestir as paredes laterais e a base do silo, recomenda-se que toda a área lateral do silo seja revestida com lona plástica. Quando houver revestimento de alvenaria, a utilização de lonas plásticas nas laterais, entre 1,0 e 2,0m de profundidade, ajuda a reduzir as perdas de forma significativa, conforme Figura 3.

Figura 3 – Diagrama de revestimento das paredes de um silo de alvenaria. Passo 1 - Durante o abastecimento, posicionar o plástico sobre as paredes entre 1,0 e 2,0m de profundidade; Passo 2 - Posicionar a sobra da lona sobre toda a massa de silagem após o abastecimento; Passo 3 - Cobrir a trincheira com outra lona plástica e, em seguida, cobrir a lona plástica (Figura 2)

Fonte: ilustração criada por William de Jesus Ericeira Mochel Filho em adaptação ao postulado por Bernardes, Amaral e Nussio (2009).

As paredes laterais podem ser retas ou inclinadas (25%), como também deve haver uma inclinação das laterais para o meio e do fundo para a boca do silo, que pode variar de 1 a 2%, facilitando assim o esco-amento de um possível efluente. Deve haver atenção com relação à pro-fundidade do lençol freático. O formato do silo deve permitir excelente compactação, possibilitando atingir valores médios de 500 a 700kg de massa fresca de forragem ensilada por metro cúbico, dependendo da

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umidade do material, do tamanho das partículas e da forma e frequência de compactação. Deve-se atentar para desviar a água da chuva da di-reção do silo e, dependendo das condições, ele deve ser cercado para evitar possíveis danos por animais. A forragem picada deve ser deposi-tada e compactada com um trator, e, em seguida, o silo deve ser fechado com lona plástica e recoberto por qualquer material que proteja a lona (areia, pneus, palhada de restos culturais, bagaço de cana).

Silo superfície

O silo de superfície é considerado mais prático e econômico. É semelhante ao silo trincheira, porém erguido sobre a superfície do solo. Necessita de pequeno investimento inicial e pouca mão de obra para o descarregamento e fornecimento para os animais.

Apresenta a vantagem de necessitar de pouco maquinário e de proporcionar flexibilidade quanto ao local e tempo necessário ao carre-gamento, visto que suas dimensões e a sua localização podem ser va-riadas a cada enchimento, conforme a necessidade. Tem a desvantagem de não possuir paredes laterais, o que dificulta uma compactação ade-quada da massa, o que pode resultar em maiores perdas em relação aos outros tipos de silo.

A área a ser utilizada deverá possuir solo bem compactado e um leve declive, por volta de 1%, para auxiliar na drenagem de líquidos. Recomenda-se um maior número de silos com menores dimensões, em vez de silos muito grandes, o que ajuda a reduzir as perdas durante a alimentação dos animais. Na confecção desse tipo de silo, deve-se evitar o contato da forragem com o solo, para isso, pode-se forrar a su-perfície do solo com restos culturais (palhadas, restos culturais, bagaço da cana) ou com uma lona preta. Em seguida, espalha-se a forragem em camadas homogêneas para facilitar a compactação até a altura desejada, aumentando a sua eficiência. Para o silo de superfície, é importante respeitar a relação 4,0 a 5,0m de largura para cada 1,0 de altura, lem-brando que a compactação deve ser realizada tanto no sentido longitu-dinal como no transversal, de forma a se obter uma melhor compac-tação da massa ensilada.

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Tudo deve ser programado para que o silo seja confeccionado em um dia. Caso não seja possível, é aconselhável cobrir a massa ensilada com a lona a ser utilizada na vedação final, para minimizar as perdas por respiração dos microrganismos.

A lona a ser utilizada deve ser de uma gramatura/espessura de 200 a 300 mícrons. Deve-se ter cuidado para prender e vedar bem as bordas a fim de evitar a penetração de ar no interior do silo, bem como para protegê-la dos raios solares e da chuva, preferencialmente com uma cobertura de areia ou de capim seco. A vedação com lona, acres-cida de areia ou pneus é de fundamental importância para melhora do processo fermentativo e redução das perdas. Esse tipo de silo, quando de tamanho reduzido, permite a autoalimentação, ou seja, os animais consomem a silagem diretamente do silo. Isso propicia redução dos custos com mão de obra para o fornecimento da silagem. Nesse caso, recomenda-se, após a abertura do silo, a utilização de estrados de ma-deira tanto na porção aberta, para controlar o acesso, como nas demais partes, evitando assim danos causados pelos animais. Tanto na abertura inicial do silo, como nos dias seguintes, deve-se averiguar a presença de silagem estragada e removê-la antes de permitir o acesso dos animais.

Figura 4 – Compactação (esquerda) e vedação (direita) do silo superfície

Fonte: fotos de Jurandy Pessoa Cavalcante Junior.

Silos tubulares horizontais – bag

É um tipo de silo muito conhecido e utilizado nos Estados Unidos, Canadá e Europa, bem como na Argentina, que vem sendo utilizado no

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Brasil recentemente, mais especificamente para grãos úmidos. O pro-cesso consiste na acomodação do material verde picado em tubos de plástico flexível, com diâmetro de 1,2 a 3,6 metros e 30, 60 ou 90 me-tros de comprimento, feito por uma máquina apropriada, com capaci-dade de ensilar entre 1,3 e 2,5 toneladas por metro linear, podendo ar-mazenar entre 70 e 220 toneladas por tubo.

Esses silos permitem a confecção de uma excelente silagem, uma vez que o tubo plástico não permite a entrada de ar ou umidade, contri-buindo para a fermentação anaeróbia perfeita e uniforme do material ensilado, produzindo um produto de alto valor nutritivo e praticamente eliminando as perdas, tão frequentes em outros sistemas. Outra van-tagem decorrente é a possibilidade de ensilar outros materiais, aprovei-tando a disponibilidade de cada região, em especial, no que se refere a preço e ocasião, principalmente de grãos úmidos de milho ou sorgo. Contudo, o seu custo ainda é o maior fator limitante, visto a necessidade de um maquinário específico, que ainda possui custo elevado, bem como a impossibilidade de reaproveitamento do plástico utilizado.

Bombonas

As bombonas (Figura 5) são uma forma prática, rápida e rela-tivamente barata de confeccionar silagem em escalas menores, sendo uma opção interessante para pequenos e médios produtores. Bombonas são tambores plásticos de 50 a 210L, e, apesar do investi-mento inicial relativamente alto, a possibilidade de serem reutili-zadas por diversas vezes compensa o investimento ao longo do tempo. Cuidados devem ser tomados durante a sua vedação. Caso seja utilizada a tampa plástica com fecho lateral, a formação de gases pode estourar a tampa e até mesmo causar acidentes, devendo-se, nesse caso, fazer um pequeno corte na tampa para permitir o escape dos gases da fermentação. Pode-se optar por fazer a vedação com pedaços de lonas plásticas pretas (as mesmas utilizadas no silo trin-cheira ou superfície), que devem ser presas com o auxílio de ligas de borracha (feitas a partir de câmaras de ar), que podem ser reaprovei-tadas por longos períodos.

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Figura 5 – Enchimento (esquerda) e compactação da forrageira na bombona (direita)

Fonte: fotos de Antonio do Nascimento Silva.

Silo cincho

Essa tecnologia permite que o produtor armazene pequenas quantidades de forragem rapidamente, podendo, assim, usar o exce-dente ou os restos culturais de mandioca, de milho ou sorgo, de feijão e outras. O silo deve ser alocado em área plana que permita a colocação de diversos bolos. A área deve ser protegida de animais, que podem furar a lona de proteção, fazendo a silagem entrar em contato com o ar e podendo causar perdas de 100%. Ao redor do bolo ou do conjunto de bolos, deve ser escavada uma valeta que possibilite o escoamento de águas pluviais, não permitindo o contato destas com o material ensi-lado, o que pode acarretar sua perda.

A forma deve ser colocada em local previamente limpo e pre-parado, quando então se coloca uma camada de aproximadamente 20 a 30cm de forrageira picada, parcialmente desidratada, devendo esta ser prensada pelo pisoteio humano, que deve ocorrer do centro

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para as extremidades, e vice-versa, em movimentos circulares. A base do silo é uma forma metálica desmontável (Figura 6), com diâmetro de 3m e altura que varia de 50 a 60cm, confeccionada com chapas de ferro fundido n.º 14 ou 16 e barras de ferro T de ¾ lisas. É possível utilizar, alternativamente, uma forma feita com a parte central de uma bombona (Figura 6), preferencialmente uma a partir de 120L.

Figura 6 – Forma metálica e forma plástica feita com a parte central de uma bombona

Fonte: foto de Jakilane Menezes.

O movimento da massa compactando faz com que a forma se desloque para cima, até atingir a altura desejada. Deve-se parar de colocar o volumoso e continuar a prensagem, até que a forma se des-taque do bolo sozinha. A subida da forma deve ser natural, ela não deve ser puxada para cima. Puxar somente em casos extremos. O puxamento da forma pode provocar má compactação e fazer com que o bolo se desmanche após sua retirada.

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A massa ensilada deve ser recoberta com uma lona plástica de boa qualidade (ao se comprar a lona, examiná-la contra o sol, para ver se não existem microfuros que permitam o contato com o ar). Na base do bolo e em cima deste, deve ser colocada uma camada de terra na base que vai impedir a entrada de ar (Figura 7).

Figura 7 – Material ensilado em uma bombona cortada ao meio, vedada e coberta com areia

Fonte: foto de Jakilane Menezes.

Maquinário utilizado

O recolhimento da forragem pode ser feito utilizando-se uma en-siladora, desde que adaptado um “molinete” apropriado para o recolhi-mento da forragem. Existem também carretas recolhedoras, dotadas ou não de picador. Esse equipamento tem custo relativamente elevado e, por sua finalidade exclusiva, mostra-se adequado somente para proprie-dades que fazem grandes quantidades de silagem pré-secada ou para empresas que prestam serviço nesse segmento da pecuária. Também têm sido empregadas colhedoras de forragem que recolhem diretamente a forragem já pré-secada e enleirada ou, ainda, no final do ciclo da cul-

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tura, quando as plantas forrageiras já se encontram em estádio avan-çado de maturação e, por isso, com teores mais elevados de matéria seca. Nessas duas situações, ocorrem perdas, seja na quantidade de for-ragem recolhida ou na qualidade dessa forragem. Contudo, há que se considerar que essa opção, muitas vezes, pode ser interessante ao pecu-arista por reduzir o número de operações e até mesmo a locação de equipamentos (PEREIRA; REIS, 2001b).

O potencial de colheita da forragem depende da capacidade da colhedora, (toneladas/hora), do número de colhedoras e do tempo de colheita efetivo. Fatores como a habilidade do operador, topografia do terreno, distribuição das ruas no campo, umidade do solo, altura e estru-tura das plantas e mecanismos de recolhimento e picagem da máquina também estão envolvidos no sucesso da colheita, de modo que as perdas possam ser reduzidas. A capacidade real de colheita e o tempo efetivo de trabalho precisam ser avaliados na propriedade. Há necessidade, para uma maior precisão dos cálculos, da existência de balança para pesagem, porém uma estimativa do peso da carreta pode aproximar bastante os resultados. É importante que haja um correto dimensiona-mento entre potência do trator e potência exigida pela colhedora de forragem. O tamanho das partículas e o teor de matéria seca da for-ragem alteram a capacidade de colheita, pois a umidade facilita o corte, enquanto que, quanto menor o tamanho da partícula, maior o esforço do equipamento e o tempo gasto para a colheita.

Quando se pensa em silagem de milho e sorgo, os maquinários que realizam o trabalho de corte já evoluíram bem ao longo dos anos, com a ressalva de perdas de amido nas fezes dos animais por uso de máquinas que não quebram os grãos. Entretanto, o corte mecanizado de gramíneas tropicais e de cana-de-açúcar apresenta frequentes pro-blemas de manutenção, rendimento e longevidade nos conjuntos meca-nizados, o que limita o desenvolvimento e a evolução de sistemas com base na utilização dessas culturas.

Em meados dos anos 90, houve a retomada da ensilagem de ca-pins tropicais dentro do sistema agrícola, pois, até aquele momento, não havia máquinas apropriadas para o corte das plantas de alto potencial de produção. Para isso, houve a necessidade de uma reformulação no con-

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ceito de colheita específico para essas plantas, objetivando realizar um corte que proporcionasse tamanho de partículas dentro do ideal, con-tudo isso levou a uma redução na capacidade de colheita. Estudos mos-tram que, em geral, houve um rendimento para essas gramíneas igual a apenas 1/3 do obtido para as culturas de milho e sorgo. Enquanto para estas, é de cerca de 30 t/h, para as gramíneas tropicais e cana-de-açúcar, ficou entre 10 e 12t/h (BERNARDES; SIQUEIRA; REIS, 2005).

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USO DE ADITIVOS NA ENSILAGEM

José Neuman Miranda NeivaRafael Nogueira Furtado

Os capins tropicais representam importante alternativa para produção de silagens por apresentarem boa produção de matéria verde, com bom valor nutricional, quando jovens. No entanto, nesse momento, a cultura apresenta limitações que podem comprometer a qualidade da silagem obtida. Nessa fase, a gramínea apresenta baixo teor de matéria seca (muita umidade), alto poder tampão e baixas concentrações de car-boidratos solúveis, produzindo silagem de baixa qualidade.

Há grande variedade de aditivos utilizados para melhorar a qua-lidade das silagens, no entanto deve-se considerar a sua eficácia e via-bilidade. Os critérios de um bom aditivo para ensilagem de gramíneas tropicais, segundo Igarasi (2002), são apresentar alto teor de matéria seca, alta capacidade de retenção de água, boa palatabilidade, além de fornecer carboidratos para fermentação. Devem também ser de fácil manipulação, baixo custo e fácil aquisição.

A inclusão de aditivos absorventes que possuem valor nutritivo su-perior ao da forragem a ser ensilada deve ser sempre cogitada ou preferida, pois esses aditivos, além de possibilitarem melhor perfil fermentativo da forragem, garantem maior manutenção de sua qualidade e ainda elevam o valor nutritivo da silagem (LOPES; EVANGELISTA; ROCHA, 2007), de-sempenhando função de aditivos nutritivos. Seu principal efeito está rela-cionado aos benefícios em elevar o teor de matéria seca das silagens, prin-

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cipalmente de gramíneas tropicais que não apresentam a contribuição do grão no processo fermentativo. Em decorrência do ajuste no teor de matéria seca, há redução na produção de efluentes, gases e perdas de matéria seca.

Neste capítulo, serão abordados apenas os aditivos estimulantes da fermentação e nutritivos e/ou aditivos absorventes.

Polpa cítrica

A polpa cítrica é proveniente da indústria citrícola, composta de cascas, sementes e bagaço de laranja, depois que a fruta é submetida à extração de suco. Tem grande poder absorvente, chegando a elevar seu peso em 145% quando em contato com forrageiras úmidas (VILELA, 1998), reduzindo a perda por efluentes e a umidade. Além disso, propicia a formação de ácido lático devido à sua composição em carboidratos (substratos de bactérias formadoras de ácido lático), e, consequentemente, o declínio do pH.

Em trabalho de Bergamaschine et al. (2006), a adição de 10% de polpa cítrica na silagem de capim-marandu (B. brizantha cv. Marandu) proporcionou a elevação do teor de matéria seca, mas não alterou o teor de carboidratos na forragem, e houve redução do pH na silagem resultante. Ribeiro, Nussio e Mourão (2009), ao adicionarem 10% de polpa cítrica ou casca de soja nas silagens, observaram médias de coeficiente fermentativo 23,0% superiores às das silagens com teor de umidade original.

Segundo Evangelista e Lima (2000), deve-se fazer uma avaliação econômica da utilização da polpa cítrica na alimentação animal em comparação aos outros aditivos, visto que sua produção destina-se ba-sicamente à exportação, e o seu custo para uso interno é elevado.

Farelo de trigo

O farelo de trigo, além de atuar na retenção da umidade, pode melhorar o valor nutritivo da silagem. A adição de 13,72 e 21,37% de farelo de trigo permite teor de MS de 30 e 35% na silagem de capim--tanzânia (RIBEIRO et al., 2008). Elevações nos teores de matéria seca, proteína bruta, carboidratos não fibrosos e reduções nos teores das fra-ções fibrosas foram verificados para silagens de capim-tanzânia e ca-

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pim-elefante. Zanine et al. (2007) trabalharam com farelo de trigo em silagem de capim-elefante e constataram menor valor de pH, maior valor de ácido láctico e menor perda por gás na silagem tratada com a combinação de farelo de trigo e inoculante. Nesse mesmo estudo, ob-servou-se maior teor de matéria seca e menor teor de fibra em deter-gente neutro nas silagens com farelo de trigo, com ou sem inoculante. A utilização do farelo de trigo como aditivo melhora a composição quí-mica da silagem de capins, e seu uso depende da disponibilidade desse aditivo e do aspecto econômico.

Farelo de mandioca

O farelo de mandioca é o resíduo sólido descartado na ex-tração da goma, ou seja, é proveniente da lavagem da mandioca tri-turada para produção de fécula de mandioca. Por apresentar teor de matéria seca próximo de 84 a 90%, a adição de 22 a 32% de farelo de mandioca proporciona adequado teor de matéria seca da silagem, de 30 e 35%, respectivamente. Por consequência, perdas por efluente de 2,90 e 9,32kg/ton de matéria verde, perdas por gases de 6,1%, nitrogênio amoniacal de 0,33% do nitrogênio total, pH de 3,8, com recuperação de matéria seca de 97%, refletem na melhoria do perfil de fermentação das silagens quando o farelo de mandioca é adicio-nado nesses níveis.

Por apresentar baixos teores de fibra, a inclusão de farelo de mandioca durante a ensilagem do capim-elefante reduz os teores de fibra, aumenta os teores de carboidratos não fibrosos, nutrientes diges-tíveis totais da silagem e aumenta a digestibilidade in vitro da matéria seca das silagens, disponibilizando maior aporte energético para o cres-cimento microbiano ruminal (PIRES et al., 2009; ANDRADE et al., 2010). No entanto, o efeito da inclusão de farelo de mandioca na ensi-lagem de capim-elefante sobre consumo e desempenho não tem sido verificado quando a silagem integra uma ração balanceada, sendo seu uso justificado pela melhoria no processo fermentativo, com a redução de perdas de matéria seca e a eliminação da etapa de pré-emurcheci-mento do capim.

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Casca de café

A casca de café é o resíduo proveniente do beneficiamento do grão, apresentando boa disponibilidade em regiões produtoras de café. Quando utilizada na alimentação de ruminantes como principal ali-mento da dieta, apresenta limitações que impactam no consumo de nutrientes e desempenho animal, em virtude de possuir compostos que prejudicam seu consumo, como cafeína, taninos e polifenóis, além de altos teores de lignina. Por apresentar elevado teor de matéria seca e boa capacidade de absorção de umidade, pode atuar como eficiente aditivo absorvente (FARIA et al., 2007) na ensilagem de gramíneas.

A compilação de diversas pesquisas mostra que a casca de café pode ser incluída em níveis de 18 a 30% na ensilagem. A adição de 30% de casca de café na ensilagem de capim-elefante eleva o teor de matéria seca para níveis satisfatórios, reduz a produção de efluentes, com baixa produção de gases e perdas de nitrogênio na forma amoniacal. Os benefícios do uso desse aditivo no processo fermentativo são contrastados com a piora na composição química devido ao elevado teor de fibra, que provoca aumento no teor de fibra em detergente ácido e lignina das silagens com maiores proporções desse subproduto, refletindo em menor digestibilidade in vitro da matéria seca da silagem quando a casca de café é adicionada.

A moagem da casca de café torna-a mais efetiva na redução da produção de efluentes que a casca inteira, portanto é recomendável seu processamento para inclusão em níveis inferiores a 12%, enquanto, em níveis iguais ou superiores a 18%, a moagem torna-se dispensável.

Casca de mamona

A casca de mamona utilizada diretamente na alimentação de ru-minantes como ingrediente da ração apresenta poucos ganhos nutricio-nais (SANTOS et al., 2011), mas, quando utilizada como aditivo na en-silagem de capim-elefante, beneficia o processo fermentativo. Seu uso em até 25% da matéria natural da silagem aumenta a massa específica (kg de matéria seca por metro cúbico) e o teor de matéria seca da si-lagem. Em consequência, promove redução nas perdas por efluentes,

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gases e aumento na recuperação de matéria seca (FURTADO et al., 2019). Quanto à composição química, pequenas alterações nos nu-trientes justificam a necessidade de estudos que avaliem as respostas produtivas de animais alimentados com silagens contendo esse aditivo.

Urucum

A semente do urucuzeiro é utilizada para produção do corante natural mais demandado no mundo. O subproduto dos frutos, após a extração das sementes, serve para alimentação animal (RÊGO et al., 2010). O subproduto da semente de urucum apresenta benefícios ao processo fermentativo quando utilizado na ensilagem de capim-ele-fante, aumentando o teor de matéria seca da silagem para aproximada-mente 28% quando adicionado no nível de 20%. Contribui com maior teor de proteína bruta, extrato etéreo e hemicelulose e reduz os teores de fibra em detergente neutro e ácido da silagem. Caso adicionado em até 16% da matéria natural da silagem, o subproduto do urucum aumenta o consumo de nutrientes sem alterar a digestibilidade, quando a silagem constitui o único alimento para ovinos.

Subprodutos da fruticultura

A composição de subprodutos da agroindústria pode apresentar variações decorrentes de seu beneficiamento na indústria em virtude da eficiência do processamento, critério de avaliação da eliminação de frutas impróprias, entre outros fatores (Tabela 1).

Abacaxi

O subproduto da indústria do abacaxi é composto por cascas con-tendo restos de polpa e polpa prensada. Na forma in natura, o subpro-duto do abacaxi apresenta aproximadamente 14% de matéria seca, en-tretanto, quando sofre processo de desidratação, atinge valores de matéria seca entre 84 e 89%, podendo ser utilizado como aditivo na ensilagem de gramíneas tropicais não graníferas. Seu teor de proteína

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bruta varia entre 8,0 e 10,5%, fibra em detergente neutro de 61 a 71%, teor de carboidratos não fibrosos de 27% e carboidratos solúveis de aproximadamente 9,2%, sendo fonte interessante de carboidratos para o processo fermentativo.

Tabela 1 – Composição química dos aditivos absorventes de umidade (% de MS)

MS PB EE FDN FDA CT CNF DIVMSCasca de café 81 a 91 7 a 10 1 63 a 73 50 a 58 85 a 86 13 a 23 51Casca de mamona 85 6 1 69 43 88 20 -Farelo de trigo 97 15 3 38 15 77 38 -Farelo de mandioca 84 a 89 2 a 3 1 11 7 95 84 a 86 -Polpa cítrica 88 a 90 6 a 8 3 25 a 28 23 a 44 83 57 87Urucum 86 a 93 14 a 17 7 a 8 42 a 45 20 a 22 69 a 71 26 a 27 -Subprodutos da fruticulturaAbacaxi 85 a 89 8 a 11 1 60 a 70 24 a 31 87 27 61Acerola 83 a 87 10 a 11 3 70 a 73 52 a 55 84 12 40Goiaba 86 a 89 8 a 9 6 72 a 74 52 a 55 82 9 32Pedúnculo de caju 86 a 89 8 a 16 2 a 5 64 a 73 43 a 55 79 15 -Bagaço de caju 86 14 a 18 4 65 a 73 56 73 8 -Graviola 92 14 25 57 27 - - -Manga 90 a 95 4 a 7 4 a 6 33 a 61 23 a 35 81 a 88 20

Maracujá 83 a 85 12 a 14 1 a 3 56 a 59 49 74 15 62

Melão 84 a 88 9 a 17 1 a 3 59 a 73 49 a 52 65 6 55

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Pompeu et al. (2006) avaliaram o valor nutritivo de silagens con-tendo diferentes níveis de subprodutos de abacaxi e observaram que os teores de matéria seca das silagens aumentaram progressivamente com adição do subproduto. O nível mínimo de 30% de matéria seca, tido como ideal (LAVEZZO, 1988), não foi atingido, porém valores pró-ximos ao ideal foram observados com adição de 20% de subproduto do abacaxi (28,89% de matéria seca). Já os teores de proteína bruta não foram acrescidos quando o subproduto do abacaxi foi utilizado na ensi-

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lagem de capim-elefante jovem com 60 dias de rebrotação (POMPEU et al., 2006), mas ocorreram incrementos modestos em proteína bruta quando o capim-elefante foi ensilado em estágios mais avançados de maturidade (FERREIRA et al., 2007). Os constituintes fibrosos são re-duzidos quando o subproduto do abacaxi é adicionado à silagem de capim-elefante.

Em trabalho avaliando diferentes aditivos na ensilagem de capim--elefante e utilizando esse volumoso compondo uma ração balanceada com concentrado, na terminação de ovinos, Ferreira et al. (2009) inclu-íram 10,5% de subproduto do abacaxi desidratado na ensilagem e obti-veram ganho de peso médio de 165g/dia e conversão alimentar de 5,84.

O subproduto do abacaxi apresenta maior versatilidade frente a outros subprodutos, por permitir sua utilização na ensilagem sem desi-dratação, técnica utilizada em países africanos e asiáticos, onde essa espécie também é cultivada em grande escala (GOWDA et al., 2015; SUKSATHIT et al., 2011). Nesse sentido, a inclusão de diferentes ní-veis de subproduto do abacaxi úmido (0, 25, 50, 75 e 100%) na silagem de capim-elefante foi testada por Cutrim et al. (2013) na terminação de ovinos, utilizando as silagens juntamente com concentrado. Os autores verificaram que o capim-elefante pode ser totalmente substituído pelo subproduto do abacaxi úmido na ensilagem, sem alterar o consumo, desempenho e digestibilidade dos nutrientes, com ganhos de peso mé-dios de 100g/dia.

Outra aplicação para o subproduto do abacaxi úmido foi abor-dada por Bonfá et al. (2017), que verificaram em capim-elefante, com estágio fenológico avançado (150 dias de crescimento) e teor de ma-téria seca de 45%, melhorias na composição química da silagem quando a casca de abacaxi in natura foi adicionada em até 50% da matéria na-tural, representando uma alternativa para melhoria da silagem de ca-pim-elefante com idade avançada e baixa qualidade.

Acerola

O subproduto da extração do suco de acerola pode ser utilizado como aditivo absorvente de umidade quando desidratado ao sol. Tem

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como vantagens o teor de matéria seca próximo de 85%, pH ácido de 3,3 e proteína bruta de 11% (LOUSADA JÚNIOR et al., 2005; SOARES et al., 2001). O alto teor de matéria seca desse subproduto eleva o teor de matéria seca da silagem de capins e aumenta a pressão osmótica no meio, principalmente quando a gramínea é cortada ainda jovem. O baixo pH da acerola contribui para a redução do pH da silagem e, associado ao ajuste no teor de matéria seca da silagem com sua inclusão, auxilia na prevenção do crescimento das bactérias do gênero Clostridium (FERREIRA et al., 2010).

Dados sobre os valores nutritivos e análises de digestibilidade dos resíduos da agroindústria da acerola, bem como sua utilização na alimentação animal, são escassos na literatura nacional e internacional. Entretanto, Gonçalves et al. (2004), testando diferentes níveis de adição (0, 5, 10, 15 e 20%, com base na matéria natural) de subproduto da acerola desidratado na ensilagem de capim-elefante, observaram que, com adição de 12 a 21% de subproduto da acerola, obteve-se si-lagem com teor de matéria seca entre 30 e 35% e pH entre 3,94 e 3,76.

Quando adicionado na silagem de capim-elefante, o subproduto da acerola eleva o consumo de proteína bruta por tê-la em maior pro-porção (11%) que o capim-elefante com 70 dias de crescimento (5,1%), mas não aumenta o consumo de matéria seca e dos demais nutrientes, nem a digestibilidade, quando incluído em até 14% da ma-téria natural da silagem (FERREIRA et al., 2010). Apesar de apre-sentar razoável teor de car boidratos não fibrosos, o subproduto da acerola possui baixo teor de carboi dratos solúveis (6,5%) e elevado teor de pectina (16,85%), que, embora tenha alta digestibilidade no ambiente ruminal, não é fonte de energia para as bactérias que fer-mentam a forragem durante a ensilagem.

Ferreira et al. (2009), avaliando o desempenho de ovinos alimen-tados com silagem de capim-elefante com diferentes aditivos seques-trantes de umidade, acrescida de concentrado na quantidade de 1,8% do peso corporal dos animais, verificaram que a adição de 7% de subpro-duto da acerola na ensilagem do capim-elefante proporcionou consumo de matéria seca de 764g/dia, ganho média diário de 123g e conversão alimentar de 7,18 (kg de ração ingerida/kg de peso ganho).

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Caju

Neiva et al. (2001) e Ferreira et al. (2002) avaliaram o valor nutritivo de silagens contendo diferentes níveis de bagaço de pseudo-fruto de caju in natura. Em ambos os estudos, a adição do subproduto não elevou os teores de matéria seca de forma significativa, tendo as silagens apresentado níveis abaixo do mínimo de 30% considerado como ideal por McDonald (1981), entretanto os valores de pH man-tiveram-se dentro da faixa de 3,8 a 4,2, o que indica uma boa fermen-tação da massa ensilada. Quanto aos teores de proteína bruta, foram observados valores superiores para as silagens contendo bagaço de caju. Ferreira et al. (2004) observaram que a adição de 36% de ba-gaço de caju na silagem de capim-elefante provocou elevação de 63% nos teores de proteína bruta. Enquanto, nas silagens puras, os valores foram de 3,6%, naquelas contendo 36% de bagaço de caju, foram de 9,6%. Os autores observaram ainda que a adição do subpro-duto de caju levou a uma diminuição nos valores de pH e teores de nitrogênio amoniacal, indicando dessa forma que o processo fermen-tativo foi melhorado.

Outro subproduto importante dentro da cadeia agroindustrial do caju é o pedúnculo ou pseudofruto. Normalmente, após a colheita da castanha, 90% de todo o pedúnculo é perdido nos campos de produção. Visando a viabilizar o uso desse subproduto, Gonçalves et al. (2007) estudaram a possibilidade de inclusão do pseudofruto na ensilagem de capim-elefante (0, 5, 10, 15 e 20% em relação à matéria natural). Os autores observaram que a adição do pedúnculo de caju desidratado elevou os teores de matéria seca da silagem, sendo que, no nível de adição de 13,8%, os teores de matéria seca foram de aproximadamente 30%. Esse teor de matéria seca na silagem favorece para que haja pre-dominância de fermentação lática (MCDONALD, 1981). Para os teores de proteína bruta, observaram-se aumentos de 0,16 unidade percentual para cada 1% de adição de pedúnculo de caju.

Já Teles et al. (2010b) concluíram que o pedúnculo de caju desi-dratado pode ser ensilado com o capim-elefante até o nível de 16%, uma vez que aumentou os teores de proteína bruta e carboidratos não

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fibrosos e reduziu os teores de fibra em detergente neutro e ácido, além de melhorar o padrão de fermentação das silagens.

Goiaba

O subproduto da goiaba desidratado, com aproximadamente 88% de matéria seca, pode ser utilizado como aditivo na ensilagem de capim-elefante. Teores satisfatórios de matéria seca (30 a 35%) são ob-tidos quando a inclusão de subproduto desidratado da goiaba varia entre 16 e 26%, sem grandes variações na composição química.

Graviola

O subproduto da graviola desidratado contribui no aumento do teor de matéria seca da silagem de capim-elefante, mantendo teor de nitrogênio amoniacal e pH em níveis aceitáveis. Sua inclusão eleva a proteína bruta, mas aumenta o teor de fibra em detergente ácido e extrato etéreo da silagem. Seu elevado teor de extrato etéreo (24,5% da matéria seca) limita sua inclusão na ensilagem em 2,63% da ma-téria natural.

Manga

O resíduo agroindustrial da manga (casca e caroço), que pode representar 40 a 60% da fruta, pode ser utilizado durante a ensilagem de capins, como, por exemplo, o capim-elefante. Por ter alto teor de umidade, é indicado que o subproduto da manga seja desidratado ao sol para elevação do teor de matéria seca, podendo contribuir no ajuste da matéria seca da silagem de capins tropicais. Dessa forma, evita-se a ocorrência de fermentações secundárias indesejáveis que culminam em perdas de matéria seca por gases e efluentes.

Para adicionar o subproduto da manga na ensilagem de capins, além da desidratação ao sol, é necessário seu trituramento para quebra do endocarpo antes da ensilagem. Após secagem, o teor de matéria seca pode chegar a 90%, com teor de proteína bruta entre 5 e 6%, tendo

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ainda teor de extrato etéreo de aproximadamente 4 a 6%. Quando adi-cionado à silagem de capim-elefante, o subproduto da manga desidra-tado eleva o teor de matéria seca até valores próximos de 30% na pro-porção de 20% do subproduto, sem alterar a digestibilidade e teor de energia das silagens (PORRAS, 1989).

Teles et al. (2010a), utilizando subproduto da manga na ensi-lagem do capim-elefante, concluíram que tal material pode ser utilizado na ensilagem, uma vez que adições acima de 8,6% caracterizam sila-gens com bom processo fermentativo (pH inferior a 3,8 e N-NH3 infe-rior a 11% do nitrogênio total). No entanto, deve-se atentar que tais si-lagens apresentam baixos níveis de proteína e elevados teores de extrato etéreo e de compostos nitrogenados complexados com a fibra (NIDN e NIDA). O consumo e digestibilidade dos nutrientes sofrem pequenas reduções com o uso do subproduto da manga quando a silagem é forne-cida como única fonte de alimento.

Maracujá

A casca de maracujá, obtida como resíduo da extração do suco de maracujá, pode ser desidratada e adicionada à silagem de capim-ele-fante para melhorar o processo fermentativo pelo aumento de matéria seca, manutenção de pH e nitrogênio amoniacal em níveis adequados. Também melhora a composição química do volumoso, pelo aumento do teor de proteína bruta, carboidratos não fibrosos e redução dos cons-tituintes fibrosos da silagem.

Quando ensilado com capim-elefante, compondo uma ração ba-lanceada objetivando ganhos de peso de 200g/dia, a adição de casca de maracujá desidratada permite ganho de peso crescente e conversão ali-mentar decrescente até 30% de adição do subproduto. A partir desse nível de adição de subproduto do maracujá, não há informações de res-postas de desempenho animal na literatura.

A casca de maracujá pode ser utilizada na forma in natura como aditivo na ensilagem de capins ou ser ensilada sozinha sem capim. Entretanto, para ser utilizada como aditivo na ensilagem de capins, é preferível sua desidratação ao sol, antes da ensilagem, o que contribui

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para a elevação do teor de matéria seca da silagem, que representa o principal limitante para o bom processo fermentativo em gramíneas não graníferas.

Aquino et al. (2003) avaliaram as características fermentativas e nutricionais de silagens de capim-elefante contendo diferentes níveis (0, 5, 10, 15 e 20%) de subprodutos da produção de suco de maracujá. A adição do subproduto do maracujá promoveu elevações de 0,44 uni-dade percentual nos teores de MS para cada 1% de adição. McDonald (1981) recomenda como teor de matéria seca ideal valores de 30 a 35%, para a ocorrência de um bom processo fermentativo. Já os teores de proteína bruta aumentaram 0,17 unidade percentual para cada 1% de adição de subproduto do maracujá às silagens. Destaca-se que, para essa variável, a adição de 0,47% de subproduto do maracujá fez com que o teor de proteína bruta atingisse o nível ideal para um bom funcio-namento ruminal (7%) citado por Silva e Leão (1979). A adição de subproduto do maracujá não alterou os valores de pH das silagens (p>0,05). Entretanto, os valores observados mantiveram-se dentro da faixa tida como ótima (3,8 a 4,2) para silagens bem conservadas (MCDONALD, 1981; WOOLFORD, 1984).

Melão

O resíduo industrial do melão, oriundo da industrialização (pro-dução de suco ou polpa) e comercializado in natura, é uma alternativa interessante para alimentação animal, pois estima-se que o rendi-mento médio da produção de resíduos de melão é de aproximada-mente 42%. Quando desidratado ao sol e adicionado na ensilagem de capim-elefante, o subproduto do melão permite a obtenção de 30% de matéria seca na silagem quando adicionado na proporção de 15% da matéria natural. Entretanto, pH variando de 4,43 a 5,62, entre os ní-veis 0 e 20% de inclusão, sinaliza um processo fermentativo inade-quado e limitação no seu uso para ensilagem (POMPEU et al., 2006). Essa resposta está relacionada ao elevado teor de proteína bruta e cinza e baixo teor de carboidratos não fibrosos desse subproduto (LOUSADA JÚNIOR et al., 2006).

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O efeito da utilização de aditivos na ensilagem de gramíneas sobre o processo fermentativo é um importante indicativo da contri-buição do aditivo no sistema de produção. No entanto, outros parâme-tros relacionados ao consumo, digestibilidade de nutrientes, desem-penho e viabilidade econômica também precisam ser considerados na tomada de decisão sobre o uso de determinado aditivo na ensilagem. Infelizmente, pesquisas abordando todos esses aspectos são raras. Normalmente, os trabalhos não abordam todos esses parâmetros, e uma decisão segura quanto à sua utilização ou não, em larga escala, fica prejudicada (LIMA JUNIOR et al., 2014).

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Estudos da Pós-Graduação94

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QUALIDADE E VALOR NUTRITIVO DE SILAGENS

Elzânia Sales Pereira

Maria Socorro de Souza Carneiro

Patrícia Guimarães Pimentel

Introdução

Nos trópicos, a existência de duas estações distintas, chuvosa e seca, determina a abundância na produção de matéria seca em uma época e escassez em outra. Consequentemente, o desempenho dos reba-nhos fica limitado pela falta de oferta de alimentação na época seca do ano. Dessa forma, o armazenamento do excedente de forragem prove-niente da época das águas para o período da seca constitui em estratégia de grande impacto na viabilidade da atividade pecuária. Nesse contexto, a ensilagem é ferramenta fundamental na conservação de alimentos, principalmente no Brasil, onde a fenação é limitada por variáveis cli-máticas predominantes em grande parte do país.

No Brasil, a maior parte dos sistemas de produção de leite e carne adota o fornecimento de volumosos conservados nos pe ríodos em que existe um marcante decréscimo na produção de matéria seca. Em sistemas em que os animais ficam confinados, a dependência de forra-gens conservadas é significativamente maior.

A deficiente produção de forragem no período seco do ano reduz a capacidade de suporte das pastagens. Assim, é imprescin-

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dível o estabelecimento de uma estratégia para conservação de for-ragem. Reconhecidamente, a forragem colhida via pastejo fornece nutrientes e energia com menor custo econômico e ambiental para a produção de ruminantes em relação às outras formas de fornecimento de forragem. Todavia, em razão da estacionalidade na produção, fa-z-se necessário fornecer forragem suplementar no período de menor oferta de pasto.

Um dos principais desafios, consiste na inclusão de forragens alternativas às silagens de milho e sorgo no programa de alimen-tação. A utilização da cana-de-açúcar in natura ou ensilada, de sila-gens de capins tropicais, silagem de girassol, leguminosas e subpro-dutos da agro indústria, constituem algumas boas alternativas aos planos alimentares.

Objetiva-se com este capítulo apresentar informações sobre a qualidade e valor nutritivo de silagens, com ênfase em fontes alterna-tivas para alimentação de ruminantes.

Qualidade e valor nutritivo de silagens

Pesquisadores das áreas de nutrição animal e de forragicultura vêm procurando características inerentes às plantas forrageiras ou ao complexo planta-animal que possam expressar o verdadeiro valor de um alimento para os ruminantes. Raymond (1968) elaborou a seguinte equação para descrever a qualidade de um alimento: Qualidade = con­sumo de MS x digestibilidade da MS x eficiência de utilização dos nu­trientes digeridos.

Na aplicação prática da avaliação dos alimentos, assume-se que os alimentos são variáveis em sua composição, e as respostas do animal são reflexo dessas variações. As medidas da eficiência de utilização da energia e do consumo estão mais sujeitas à variação entre animais que a digestibilidade, sendo, por isso, menos confiáveis e mais difíceis de serem obtidas. Como visto, vários componentes interagem para deter-minar o valor nutritivo do alimento para ruminantes. Assim, são de grande importância os estudos multidisciplinares, que visam a ampliar o entendimento da interface planta-animal.

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A ingestão de silagens, de maneira geral, é mal compreendida. Em adição, a fração nitrogenada é, com frequência, colocada em pauta quando o assunto é a baixa qualidade das silagens e, consequentemente, sua ingestão pelos animais. Porém, outros mecanismos podem estar en-volvidos, como, por exemplo, o tamanho médio de partículas do mate-rial ensilado. Entre as causas responsáveis pela menor ingestão volun-tária de silagens mal conservadas, destacam-se: a síntese de substância tóxica, provavelmente a amina, produzida pela fermentação; os teores de ácidos em fermentações muito extensas, o que propicia redução da acei-tabilidade; e o decréscimo de substâncias prontamente fermentescíveis, privando a microbiota ruminal de energia necessária a seu crescimento. Em estudo de desempenho com carneiros, Wilkinson, Wilson e Barry (1976) verificaram que a ingestão de matéria seca de 70 silagens foi positivamente correlacionada com os teores de MS, N total e ácido lá-tico. Porém, os teores de ácido acético e nitrogênio amoniacal correla-cionaram-se negativamente com a ingestão de MS.

Qualidade e valor nutritivo de silagens de milho, sorgo, girassol e cana-de-açúcar

A silagem de milho é considerada padrão, em função de possuir adequados teores de carboidratos solúveis na planta, que levam à fer-mentação lática, proporcionando a conservação de um alimento de alto valor nutritivo, de fácil preparo e de grande aceitação pelos animais, com grande produção de massa verde e teor adequado de matéria seca (CAETANO, 2001).

Entre as forrageiras que podem ser ensiladas, o sorgo tem sido muito explorado por sua maior resistência a veranicos e menor exi-gência de fertilidade do solo (DIAS et al., 2001). Além disso, a planta de sorgo destaca-se por ser um alimento de alto valor nutritivo, elevada concentração de carboidratos solúveis, essenciais para a adequada fer-mentação lática, pelo seu alto rendimento de matéria seca por unidade de área (NEUMANN et al., 2002), podendo superar o do milho, e pelo menor custo de produção (EVANGELISTA; LIMA, 2002).

Segundo Van Soest (1994), a qualidade da silagem também é influenciada, entre outros fatores, pelo processo fermentativo, pois,

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durante a ensilagem, pode ocorrer redução do valor nutritivo pela respiração das partículas picadas, fermentação aeróbia, processos de decomposição ou perdas por efluentes. Com base nessa infor-mação, para se obter uma silagem de sorgo com bom valor nutri-cional, deve-se buscar plantas com uma maior proporção de paní-cula, uma vez que nesta localizam-se os grãos, nos quais está a maior concentração de carboidratos não fibrosos (CNFs). Considerando que os CNFs apresentam disponibilidade nutricional rápida e completa no trato gastrintestinal dos ruminantes, ao con-trário dos carboidratos fibrosos (VAN SOEST, 1967), a confecção de silagens de sorgo com maiores teores de panícula (grãos), teori-camente, poderia aumentar o valor nutricional do material ensilado. Entretanto, para o sorgo, cuidados devem ser tomados na escolha das variedades de plantas com baixo teor de taninos (CABRAL et al., 2003). Pesquisadores do Institut d’Elevage (1990) compararam 50 variedades de sorgo e de milho para silagem, obtidas em condi-ções semelhantes, e constataram que a proporção de partículas finas é duas vezes maior no sorgo que no milho. Nos ensaios sobre o consumo voluntário das silagens de sorgo e de milho para vacas leiteiras, não houve diferença no consumo entre esses dois tipos de volumosos (3,3% do peso corporal), fato relacionado aos baixos te-ores de MS das silagens (26 a 27%, respectivamente), o que estaria de acordo com os resultados observados por McDonald, Henderson e Heron (1991).

Segundo Nascimento et al. (2008), animais alimentados com si-lagem de sorgo granífero apresentaram maior consumo de MS em com-paração àqueles alimentados com as silagens de milho e de sorgo saca-rino (Tabela 1). De acordo com os autores, a baixa ingestão de MS para a silagem de sorgo sacarino é explicada em razão da sua maior pro-porção de parede celular (54,58% de FDN) em relação às outras sila-gens (38,19 e 47,40% de FDN para silagem de milho e sorgo granífero, respectivamente). Tal fato pode ter contribuído para o efeito negativo sobre a ingestão de MS e, consequentemente, ter resultado em menor ingestão de energia.

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Tabela 1 – Ingestão e desempenho de vacas leiteiras alimentadas com silagem de milho e silagem de duas variedades de sorgo

Variáveis Silagem de milho Silagem de sorgo granífero

Silagem de sorgo sacarino

CMS (kg/dia) 17,02 17,64 13,64CPB (kg/dia) 3,01 3,54 2,99CFDN (kg/dia) 7,78 9,71 8,87PL total (kg/dia) 28,81 24,69 24,14PL4 (kg/dia) 30,65 25,63 26,10

Fonte: adaptada de Nascimento et al. (2008).

Dessa maneira, convencionalmente, as silagens de milho e sorgo fazem parte das estratégias nutricionais adotadas, porém outras possibili-dades podem ser incluídas nos planos alimentares, evidentemente levando em consideração as condições edafoclimáticas da região. Assim, o uso do girassol (Helianthus annuus L.) na alimentação animal sob a forma de si-lagem tem surgido como boa alternativa para o Brasil devido aos períodos de deficiência hídrica, que impossibilitam a produção de volumosos de boa qualidade e, em consequência, a manutenção da produção animal durante todo o ano. Tosi et al. (1975) mencionam o potencial forrageiro e nutri-cional do girassol para utilização na alimentação animal como silagem.

A principal limitação da conservação do girassol, pelo processo de ensilagem, é o baixo teor de matéria seca próximo ao momento do corte. Pesquisas sobre a qualidade da silagem de girassol vêm compro-vando o potencial da cultura, porém alguns parâmetros qualitativos de avaliação de silagens vêm mostrando divergências quando comparados aos valores indicados para o milho, sorgo ou capim-elefante. Nogueira et al. (2001) determinaram a composição química e o valor nutritivo da silagem com plantas integrais e com diferentes proporções entre as partes que compõem a planta, ou seja, folhas, hastes e capítulos de quatro cultivares de girassol. Os autores observaram que, com o aumento da participação percentual de capítulos nas silagens, houve redução dos constituintes fibrosos e dos valores de pH e aumento dos teores de pro-teína bruta. Os melhores resultados foram observados nos tratamentos que continham 100% de capítulos.

Rodrigues et al. (2005), avaliando o efeito da inclusão ou não de inoculantes bacterianos em silagem de girassol, observaram que não

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houve alteração (P>0,05) da digestibilidade total de MS (57,0 vs. 57,8%), PB (54,6 vs. 55,1%), EE (63,6 vs. 65,3%), CNF (81,8% vs. 81,33%), FDN (43,7% vs. 44,3%) e amido (78,7 vs. 74,1%). Os autores regis-traram diferenças com relação à retenção nitrogenada (-0,93g vs. -0,65 g de N/animal/dia) e ao consumo de MS (2,49% vs. 2,54% do PV).

Freire (2001) e Stheling (2001), avaliando silagens de diferentes cultivares de girassol (Tabela 2), registraram que, em todos os culti-vares avaliados, não foi observada hidrólise excessiva da proteína no decorrer do processo fermentativo, constando valores de nitrogênio amoniacal inferiores a 10% do N total. Além disso, inferiram que os teores de ácido lático observados nessas silagens podem ser conside-rados adequados para boa conservação do material ensilado. Dessa ma-neira, pode-se concluir que os híbridos estudados, pautando-se nos pa-râmetros qualitativos, poderiam ser utilizados em planos alimentares de animais ruminantes.

Tabela 2 – Parâmetros qualitativos da silagem de girassol

Cultivar pH N-NH3 DIVMS Ác. Lático Ác. Acético Ác. Butírico

Cantiflor1 4,5 8,1 48,8 7,9 2,1 TraçosM2431 4,4 8,8 51,6 7,7 1,5 TraçosAS2431 4,6 10,2 47,4 7,8 2,4 TraçosAS6031 4,4 8,6 51,1 8,8 1,9 TraçosM7371 4,1 7,8 56,0 12,3 2,0 TraçosDK1802 4,3 5,9 47,9 11,3 2,4 0,04M7342 4,0 5,3 51,0 9,8 3,2 0,00V20002 4,7 6,5 49,1 10,8 3,7 0,00Rumbosol912 4,2 5,5 48,9 7,5 3,5 0,54

Fonte: adaptada de 1Freire (2001) e 2Stheling (2001).

Em alguns estudos com vacas em lactação, nos quais a silagem de girassol foi comparada com a silagem de outras espécies forrageiras, observaram-se produções similares para os animais alimentados com silagem de girassol, de milho ou de alfafa (Tabela 3).

Almeida (1992) avaliou o consumo e digestibilidade de nu-trientes, bem como o balanço nitrogenado e parâmetros sanguíneos de ovinos alimentados com silagem de girassol, sorgo e milho (Tabela 4). O autor observou que a silagem de girassol não diferiu da silagem de

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milho no tocante ao consumo de matéria seca e energia digestível, sendo superior à silagem de milho quanto ao consumo de PB e PB di-gestível. Comparada à silagem de sorgo, a silagem de girassol foi supe-rior em todos os parâmetros de consumo avaliados. Em relação aos coeficientes de digestibilidade aparente dos nutrientes, a silagem de girassol apresentou valores para digestibilidade da PB e FDN supe-riores às silagens de milho e sorgo, para os demais nutrientes, a silagem de girassol foi semelhante, sendo inferior para a digestibilidade da MS e da FDN. Dessa maneira, a silagem de girassol apresenta potencial para ser incluída como volumoso em rações completas de animais ru-minantes, evidentemente respeitando as exigências nutricionais em cada fase da criação.

Tabela 3 – Produção e composição do leite de vacas alimentadas com silagem de girassol e com silagem de milho e de alfafa

Itens Produção de leite (kg/dia)

Teor de gordura do leite (%)

Teor de proteína do leite (%)

Silagem de alfafa1 17,5 3,6 3,0Silagem de girassol1 17,7 3,2 2,9Silagem de milho2 13,6 4,5 -Silagem de girassol2 15,8 4,4 -Silagem de milho3 29,3 3,4 3,0Silagem de girassol3 30,0 3,0 3,0Silagem de milho+girassol3 30,1 3,3 3,0

Fonte: adaptada de 1Thomas et al. (1982); 2Hubbel et al. (1985); 3Valdez, Harrison e Fransen (1988).

Tabela 4 – Consumo voluntário, digestibilidade, balanço de nitrogênio e parâmetros sanguíneos observados em ovinos alimentados com silagem de girassol, sorgo e milho

VariáveisSilagem

Girassol Sorgo MilhoConsumo voluntário (g/kg0,75/dia)

Matéria seca 61,0 56,7 61,0 Proteína bruta 7,1 4,8 5,1 Proteína digestível 4,4 2,9 2,7 Energia digestível 198,9 178,3 199,7

Digestibilidade aparente (%)Matéria seca 63,1 63,5 65,9 Proteína bruta 62,7 58,5 53,0 Fibra em detergente neutro 61,9 67,7 66,9

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Fibra em detergente ácido 56,3 46,9 53,9

Balanço de nitrogênio (g/kg0,75/dia)4,8 3,0 3,46

Parâmetros sanguíneos (mg/100mL)Glicose 57,5 57,6 57,6Uréia 21,6 18,1 19,4

Fonte: adaptada de Almeida (1992).

A silagem da cana-de-açúcar pode, em algumas situações, viabi-lizar seu uso, sobretudo por facilitar a logística de utilização dessa for-rageira. No entanto, vários autores afirmam que o processo fermenta-tivo, principalmente decorrente da atuação de leveduras durante o armazenamento, é o principal problema relacionado à ensilagem da cana-de-açúcar (BERNARDES et al., 2007; LOPES; EVANGELISTA; ROCHA, 2007; PEDROSO et al., 2007; SIQUEIRA et al., 2007).

Alli et al. (1983) avaliaram o perfil de fermentação da silagem de cana-de-açúcar e constataram redução rápida do pH nos primeiros dias de ensilagem, chegando a 3,5 aos sete dias. Esses autores relataram aumento no teor de fibra em detergente ácido (FDA), ocasionado pela perda de carboidratos solúveis, que atingiu 97% em 42 dias. Pedroso et al. (2005) constataram elevação dos teores de fibra em detergente neutro (FDN), de 40,9 para 70,3%, após 120 dias de armazenamento, e afir-maram que essa elevação é decorrente do desaparecimento de carboi-dratos solúveis, como resultado da fermentação desses carboidratos por leveduras, o que resulta na formação de etanol e gás carbônico, que é perdido em forma de gás.

Na Tabela 5, estão compilados os dados da composição química da silagem de milho, cana-de-açúcar, sorgo, braquiária, capim-elefante e capim-tifton 85 realizada por Valadares Filho et al. (2002). Dentre as informações disponíveis na tabela, podem-se destacar como mais im-portantes os teores de energia, principalmente aqueles de NDT (nu-trientes digestíveis totais), das porções proteicas e fibrosas das silagens.

VariáveisSilagem

Girassol Sorgo Milho Digestibilidade aparente (%)

(continuação Tabela 4)

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Portanto, conhecer a composição química, em especial das forragens conservadas, é de extrema importância, pois permite caracterizar, quantitativa e qualitativamente, os nutrientes a serem utilizados pelos animais de forma efetiva. De posse desses dados, pode-se planejar e estruturar um manejo alimentar mais adequado de acordo com a cate-goria animal.

Tabela 5 – Composição química de silagens de milho, cana-de-açúcar, sorgo, braquiária brizanta, capim-elefante e capim-tifton 85

Variáveis Milho Cana-de-açúcar Sorgo Braquiária

brizanthaCapim-elefante

Capim-tifton 85

MS 30,92 25,85 30,82 21,2 26,81 30,92PB 7,26 4,05 6,69 7,68 5,84 9,95N-NH3 7,98 4,36 6,37 13,61 5,38 7,60FDN 55,41 62,26 61,41 76,06 79,13 71,33FDNCP 51,77 - 59,25 72,83 60,70 -FDNkd 2,48 2,00 1,79 - 2,49 -CHO 84,81 14,10 86,34 81,30 84,76 -CHOSOL 3,07 5,81 6,48 - 1,47 -NDT 64,27 45,65 57,23 44,25 58,08 52,05DIVMS 62,26 52,40 51,16 59,60 65,85 -pH 3,76 3,83 3,94 5,3 4,06 4,68Fonte: adaptada de Valadares Filho, Rocha Júnior e Cappelle (2002).

Qualidade de silagens de gramíneas dos gêneros Pennisetum, Panicum, Brachiaria e Cynodon

Os primeiros estudos sobre silagens de gramíneas no Brasil foram desenvolvidos nas décadas de 60 e 70 do século passado e, re-centemente, têm despertado interesse entre os pesquisadores que tra-balham com conservação de forragens. Entre as gramíneas forrageiras tropicais, o capim-elefante (Pennisetum purpureum Schum.) desta-ca-se como a espécie mais estudada. Isso é atribuído à facilidade de cultivo, à boa aceitabilidade e ao alto rendimento forrageiro. O estudo de tratamentos que beneficiem o processo fermentativo das silagens de capim-elefante tem sido objetivo de diversas pesquisas (GONÇALVES et al., 2004; FERREIRA et al., 2009).

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O teor de carboidratos solúveis das plantas forrageiras por oca-sião da ensilagem é fundamental para que os processos fermentativos se desenvolvam de forma eficiente (VILELA, 1997), pois são os princi-pais substratos para bactérias produzirem lactato, reduzindo o pH e conservando o material ensilado. Juntamente ao teor de carboidratos solúveis, outra característica importante a ser observada em gramíneas tropicais é o poder tampão, que consiste na capacidade da massa ensi-lada de resistir às variações de pH. O poder tamponante das forrageiras pode ser atribuído aos ânions (sais orgânicos, ortofosfatos, sulfatos, ni-tratos e cloretos), com somente 10 a 20% resultantes da ação das fra-ções nitrogenadas.

As avaliações de silagens de capim-elefante em rações de rumi-nantes envolvem a adição de fontes de carboidratos (FERREIRA et al., 2004; RODRIGUES et al., 2005), de materiais com altos teores de ma-téria seca (SOUZA et al., 2003; BERNARDINO et al., 2005), emurche-cimento prévio do capim (FERRARI JÚNIOR; LAVEZZO, 2001; ANDRADE; MELOTTI, 2004), adição de inoculantes bacterianos (ANDRADE; MELOTTI, 2003) e uso de substâncias nitrogenadas (ANDRADE; MELOTTI, 2004) no material ensilado.

Contudo, há a possibilidade de ensilagem de outros capins, como aqueles dos gêneros Cynodon (EVANGELISTA et al., 2001; MANNO et al., 2002), Panicum (PAZIANI et al., 2004; COAN et al., 2005) e Brachiaria (RIBEIRO et al., 2002). O interesse na produção de silagem com espécies desses gêneros deve-se, em parte, ao avanço nas técnicas de ensilagem, bem como ao surgimento de colhedoras de forragem es-pecíficas para forrageiras de porte baixo ou médio. Destacam-se as gra-míneas do gênero Brachiaria, que ocupam aproximadamente 85% dos 180 milhões de hectares de pastagens cultivadas no Brasil, sendo a B. brizantha cv. Marandu a espécie mais cultivada em nosso país nos dias atuais. Porém, é importante ser ressaltado que a principal limitação para conservar gramíneas tropicais decorre dos baixos teores de carboidratos solúveis. Em média, esse valor situa-se em torno de 1,6%, o que pode limitar a ação de bactérias, independentemente da população epifítica da forragem. Nesse contexto, trabalhos clássicos nacionais como os de Tosi (1973), comparando seis gramíneas tropicais, cortadas no mesmo

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estágio de desenvolvimento (97 dias de rebrota), verificaram que o ca-pim-elefante, cv. Taiwan A-148, apresentou menor poder tampão e maior teor de carboidratos solúveis do que as outras espécies.

A partir de uma série de experimentos realizados no Brasil, po-de-se observar que a composição química de silagens de diferentes es-pécies de gramíneas tropicais pode apresentar valores interessantes (Tabela 6), mesmo havendo características adversas para ensilagem (alto teor de umidade e poder tampão e baixo teor de carboidratos solú-veis). Os resultados obtidos demonstram que pastagens de gramíneas tropicais podem consistir em forma de aproveitamento do excesso de forragem produzido no período chuvoso. Esse procedimento poderá fazer com que haja maior uniformidade na quantidade e qualidade de forragem ofertada, proporcionando aumento médio nas taxas de lotação das pastagens, com equilíbrio no tamanho do rebanho ao longo do ano. A utilização de material absorvente que favorece a redução da umidade bem como o fornecimento de carboidratos para proporcionarem re-dução no pH constituem alternativas para melhorar o padrão de fermen-tação dessas silagens. O emurchecimento dessas gramíneas poderia constituir-se em outra técnica com o objetivo de melhorar a qualidade das silagens.

Na busca de alimentos alternativos para obtenção de respostas produtivas dos animais, a utilização de resíduos da agroindústria para alimentação animal tem sido alvo de pesquisas (ÍTAVO et al., 2000; RODRIGUES NETO et al., 2001; SOUZA et al., 2001; ZEOULA et al., 2002; ABRAHÃO et al., 2006; CORREIA et al., 2006), porém seu uso depende de vários fatores, tais como: a localização da fonte gera-dora; volume de resíduo produzido e o custo de transporte; caracterís-ticas químico-bromatológicas; microbiológicas; facilidade e o tempo de armazenamento; consumo, digestibilidade, entre outros.

Uma forma de utilização desses resíduos que vem sendo bastante estudada é adicioná-los na ensilagem de capins. Algumas pesquisas (NEIVA et al., 2002; OLIVEIRA FILHO et al., 2002; GONÇALVES et al., 2004; POMPEU et al., 2002) buscaram determinar em que per-centual esses subprodutos (goiaba, melão, acerola e abacaxi) poderiam ser adicionados na ensilagem de capim-elefante, com o objetivo de pro-

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mover melhoria nas condições de fermentação, seja pelo incremento no teor de matéria seca ou redução do pH. Entre os resultados alcançados, salienta-se que a adição de 15% de subproduto da acerola promoveu redução no pH, já os demais subprodutos não proporcionaram mu-danças (goiaba e abacaxi) ou, pelo contrário, incrementaram os valores de pH (melão). No entanto, o uso desses subprodutos promoveu au-mento no teor de matéria seca da silagem (Tabela 7).

Tabela 6 – Composição química de silagens de gramíneas forrageiras

Espécie MS pH PB FDN FDA HEM CEL LIG DIVMS

Capim-elefante(Pennisetum purpureum)1 25,8 3,9 7,4 77,7 54,3 - - - 52,0

Capim-elefante(Pennisetum purpureum)2 22,7 - 11,8 66,6 47,1 19,5 35,8 11,3 68,2

Capim-elefante(Pennisetum purpureum)3 31,4 4,2 4,5 78,9 46,7 32,5 38,3 5,2 61,4

Tanzânia (Panicum maximum)4 20,7 4,8 17,3 71,1 45,9 24,9 - 5,43 53,6

Marandu(Brachiaria brizanta)5 30,0 5,8 4,8 78,1 40,4 37,8 34,1 6,5 57,4

Grama estrela roxa (Cynodon nlemfensis)5 26,3 4,0 13,8 82,7 38,4 - - - -

Tifton 85(Cynodon spp.)6 25,0 5,2 8,8 68,2 43,9 - - 6,6 -

Fonte: 1Pereira, Rocha e Ferreira (2007); 2Faria et al. (2007); 3Pires et al. (2009); 4Tavares et al. (2009); 5Amaral et al. (2007); 6Evangelista, Lima e Bernardes (2000); Castro et al. (2006)7.

Tabela 7 – Teores médios de matéria seca (MS) (%) e valores de pH de silagens de capim-elefante confeccionadas com diferentes níveis de subproduto da agroindústria

SubprodutosMatéria Seca (%) pH

0 5 10 15 20 0 5 10 15 20Abacaxi1 15,6 18,7 22,7 25,7 28,9 4,08 4,21 4,12 3,98 3,94Acerola2 23,4 26,48 28,6 32,3 34,7 4,17 4,11 4,02 3,94 3,93Goiaba3 21,9 23,9 27,1 30,3 32,7 4,1 4,2 4,2 4,1 4,2Melão4 21,0 23,3 26,3 29,7 33,5 3,9 5,4 5,2 5,4 5,6

Fonte: adaptada de 1Oliveira Filho et al. (2002); 2Gonçalves et al. (2004); 3Neiva et al. (2002); 4Pompeu et al. (2002).

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ESTOQUE DE FORRAGEM PARA A SECA: produção e utilização de silagem 107

Em relação à adição do subproduto de abacaxi desidratado, Ferreira et al. (2009) recomendaram a adição de até 14% da matéria natural da forragem, o que melhora o valor nutritivo de silagens de ca-pim-elefante e possibilita maiores consumos de matéria seca, proteína bruta, fibra em detergente neutro e energia digestíveis. Semelhante ao subproduto do abacaxi, o subproduto desidratado do maracujá também pode ser adicionado ao capim-elefante em até 14% da matéria natural, o que irá promover melhoria no valor nutritivo da silagem com um au-mento linear da digestibilidade da matéria seca e do NDT, bem como no consumo de nutrientes (MS, PB e FDN) (NEIVA et al., 2006).

Outra alternativa para melhorar o valor nutritivo da silagem de capins na região semiárida é a inclusão de subprodutos da mandioca, o que proporciona o aumento da disponibilidade de carboidratos solú-veis, favorecendo, assim, a fermentação lática para melhor conser-vação do material. De acordo com Pires et al. (2009), a inclusão de farelo de mandioca elevou o teor de carboidratos totais de 85,5% da silagem controle para 88,6% da silagem com 15% de farelo de man-dioca na matéria natural. A inclusão de farelo de mandioca também eleva o conteúdo de matéria seca da massa de forragem, característica favorável quando se ensila um capim antes da maturação, possibili-tando uma maior ingestão de nutrientes pelos animais. Carvalho Junior et al. (2009) obtiveram maximização no consumo de matéria seca de silagem de capim-elefante (de 72,4 para 86,9g/kg0,75) com a inclusão de 15% da matéria natural de farelo de mandioca e obtiveram ganho de 140g/dia em ovinos Santa Inês.

Outras silagens

Com a tendência de especialização do setor leiteiro em todas as regiões do Brasil, além das principais e tradicionais regiões Sul e Sudeste, tem-se observado aumento no número de sistemas intensivos de produção de leite, em que animais de alto potencial genético são mantidos em regime de confinamento, com a alimentação oferecida no cocho. Essa alimentação baseia-se, principalmente, em forragens con-servadas com silagens e fenos, suplementadas com concentrados.

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Estudos da Pós-Graduação108

O milho tem sido a forrageira de maior utilização no processo de ensilagem. Entretanto, azevém (Lolium multiflorum L.), cevada (Hordeum vulgare L.) e alfafa (Medicago sativa L.) têm-se mostrado como boas opções nas regiões de clima subtropical. Nessas regiões, o azevém e a cevada têm sido muito explorados, em virtude de produ-zirem silagens de boa qualidade, com elevados rendimentos de ma-téria seca. Além disso, como são forrageiras de inverno, permitem rotação de cultura.

Pereira et al. (2003), avaliando desempenho de vacas Holan-desas em lactação submetidas a silagens de milho, azevém e cevada e em combinações (50% de silagem de milho + 25% de silagem de azevém + 25% de silagem de cevada; 50% de silagem de azevém + 25% de silagem de milho + 25% de silagem de cevada; e 50% de si-lagem de cevada + 25% de silagem de milho + 25% de silagem de azevém), observaram que as combinações das fontes de volumosos usadas nas dietas não influenciaram as características de produção de leite, porcentagem de gordura e proteína do leite, bem como a efici-ência alimentar. As combinações dessas silagens podem ser utilizadas sem causar prejuízo às características de consumo e de produção de leite dos animais.

No semiárido brasileiro, a pastagem nativa é utilizada como única fonte de alimentação dos rebanhos, no entanto, nos períodos de estiagem, a capacidade de suporte da caatinga é limitada e ocasiona baixos índices produtivos por não atender às exigências mínimas dos animais. No estrato herbáceo, algumas espécies destacam-se pela ca-pacidade de produção, adaptação às condições edafoclimáticas e re-sistência a pragas e doenças, além de suas qualidades nutritivas e pa-latabilidade (SOARES, 2000). O mata-pasto, por exemplo, já foi sugerido na década de 1970 como possibilidade para uso na alimen-tação animal sob a forma de silagem. Barros et al. (1992), em seus estudos com silagem de mata-pasto, observaram que a forrageira apresentou bom potencial para alimentação de caprinos e ovinos, ob-tendo-se consumo de MS de 72,2 e 86,8 g/kg0,75 para caprinos e ovinos, respectivamente, e coeficientes de digestibilidade da MS e FDN de 60,3 e 44,3 %, nessa ordem.

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ESTOQUE DE FORRAGEM PARA A SECA: produção e utilização de silagem 109

Já no estrato arbustivo, a maniçoba, como as demais plantas de gê-nero Manihot, apresenta em sua composição quantidades variáveis de de-terminadas substâncias, as quais, ao se hidrolisarem mediante a ação enzi-mática, produz ácido cianídrico (HCN). Este, dependendo da quantidade ingerida (acima de 2,4 mg/kg PV), pode causar intoxicação (ARAÚJO; CAVALCANTI, 2002). Entretanto, grande parte do ácido cianídrico for-mado é eliminado se o material for triturado e exposto para secar ou fer-mentar em ambiente anaeróbio, como silos forrageiros (SOARES, 2000).

Outra opção de alimento para ruminantes no semiárido é a parte aérea da mandioca (Manihot esculenta Crantz). Trabalhos realizados uti-lizando a rama da mandioca ensilada (FAUSTINO et al., 2003; MODESTO et al., 2004; AZEVEDO et al., 2006) comprovaram que esse material tem boa conservação e pode ser uma opção para os produ-tores de leite nas regiões onde predomina essa cultura, diminuindo assim os custos de produção. De acordo com Modesto et al. (2008), a silagem de milho pode ser substituída em até 60% por silagem da rama de man-dioca na alimentação de vacas não lactantes, sem comprometer o con-sumo de nutrientes.

Simulação da resposta de vacas no início da lactação com utilização de silagem de milho vs. silagem de capim-elefante vs. silagem de cana-de-açúcar

No início da lactação, vacas de alta produção não conseguem ingerir alimento suficiente para satisfazer as suas exigências. Como re-sultado, haverá mobilização de reservas corporais para a síntese dos componentes do leite. A extensão e a taxa dessa mobilização dependem de vários fatores, tais como: produção de leite, condição corporal, com-posição da dieta, idade do animal e hormônios.

Embora a mobilização de reservas corporais contribua com quan-tidades significativas de energia para a produção de leite, uma mobili-zação excessiva pode causar problemas de saúde e comprometer o de-sempenho dos animais. Porém, pequena mobilização de energia é característica de vacas de baixo potencial de produção (KOMARAGIRI; CASPER; ERDMAN, 1998).

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Estudos da Pós-Graduação110

Como a silagem de milho é o volumoso padrão utilizado nos sistemas de produção de leite, hipotetizou-se a contribuição desse ali-mento, comparada a do capim-elefante e da cana-de-açúcar, no pro-cesso de mobilização de reservas corporais em vacas no início da lac-tação. Foi formulada uma ração para cada uma dessas forragens tendo como objetivo destacar os efeitos desses volumosos nesse processo. Utilizaram-se farelo de soja (3,1kg), milho em grão moído (5,0kg) e ureia (0,1kg) como alimentos concentrados, mantendo essas mesmas quantidades nas três rações, e 8,2kg de MS das forragens, nas respec-tivas rações. A relação volumoso:concentrado foi fixada em 50:50, com intuito de evidenciar os efeitos da silagem de milho, capim-elefante e cana-de-açúcar sobre o processo de mobilização, embora essa relação não tenha sido suficiente para suprir todas as exigências nutricionais das vacas (SNIFFEN et al., 1992) no período considerado. Os requi-sitos para satisfazerem as exigências nutricionais dos animais foram estabelecidos considerando uma vaca de 600kg de peso corporal, pro-duzindo 35kg de leite/dia. Os demais dados necessários para estimativa das exigências constam na Tabela 8.

Tabela 8 – Descrições do animal e do ambiente usados pelo sistema de exigências nutricionais do Cornell Net Protein and Carbohydrate System (CNCPS) para avaliação dos diferentes volumosos

Descrição Entrada UnidadeTipo de animal 1 Vacas em lactaçãoIdade 66 MêsSexo 4 VacaPeso corporal 600 kgTipo de raça 2 MestiçaPeso adulto 600 kgEscore corporal 3 1 a 5Sistema de cruzamento 1 Tipo cruzamentoRaça da mãe 15 HolandesaRaça do pai 15 HolandêsDias de gestação 40 DiasDias de lactação 20 DiasNº da lactação 4 -Média de produção do rebanho 8000 kgProdução de leite 35 kg/dGordura do leite 4 %

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ESTOQUE DE FORRAGEM PARA A SECA: produção e utilização de silagem 111

Proteína do leite 3,2 %Produção relativa de leite 5 1 a 9Peso esperado do bezerro 35 kgDescrição do manejo 1 -Aditivo 1 NenhumTamanho da área de pasto 0 HectareDisponibilidade diária do pasto 0 IMSatual/IMSpotencial

Massa inicial do pasto 0 kg/haFrequência da alimentação 2 Nº vezes por diaMétodos de alimentação 2 Mistura completaDescrição do ambienteVelocidade do vento 5 kg/hTemperatura prevista 25 ºCTemperatura atual 27 ºCExposição à chuva 1 SimDiminuição da temperatura noturna 1 NãoEspessura do pelo 0,6 cmCouro 2 MédioAnimal ofegante 1 Nenhum

Fonte: Sniffen et al. (1992).

As variáveis de interesse para a interpretação dos resultados foram a quantidade de leite predita a partir da energia metabolizável (EM) dis-ponível para leite e proteína metabolizável (PM) disponível para leite, balanço de nitrogênio (N) e balanço de peptídeo no rúmen, PM bacte-riana, PM oriunda da proteína não degradada no rúmen (PNDR) e va-riação na condição corporal. Pode-se observar que, embora a produção de leite predita em função da EM e PM não tenha correspondido à pro-dução esperada de 35kg/d, a dieta contendo silagem de milho propor-cionou uma produção de leite de 70 e 29% e 58 e 13% superior à da dieta contendo capim-elefante e cana-de-açúcar, em função da EM e PM, res-pectivamente. Porém, para a dieta contendo cana-de-açúcar, a produção de leite foi superior em relação à dieta contendo capim-elefante em 29 e 13% em função da EM e PM, respectivamente.

A maior produção de leite observada na ração contendo silagem de milho é um reflexo da melhor qualidade dessa forrageira em relação

Descrição Entrada Unidade

(continuação Tabela 8)

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Estudos da Pós-Graduação112

às outras duas. Isso se comprova em função do melhor balanço de EM e PM promovido por essa forragem, resultando em melhor balanço de nitrogênio e peptídeo no rúmen, o que aumenta a produção microbiana, atestado pela maior quantidade de PM microbiana, proporcionando, assim, um maior aporte de metabólitos (acetato, propionato, butirato, proteína microbiana etc.) para o animal. Como consequência, haverá maior síntese de energia (glicose) e proteína pelo animal, levando a uma menor taxa de mobilização de reservas corporais, o que pode ser comprovado pelo maior número de dias (76) que os animais levariam para perder uma condição no escore corporal, ou pela menor perda na produção de leite (6kg/dia).

A cana-de-açúcar promoveu um melhor desempenho dos ani-mais do que o capim-elefante, ou seja, a perda de condição corporal foi mais demorada (37 dias), significando menor taxa de mobilização de reservas corporais, com menor perda de produção de leite (13kg/d), provavelmente em função do melhor balanço de EM e PM. Em conse-quência, promoveu maior quantidade de PM microbiana, ou seja, houve uma produção microbiana mais significativa, o que leva o animal a ter um desempenho melhor.

Os resultados apresentados em função dos diferentes volumosos constam da Tabela 9.

Tabela 9 – Respostas esperadas na produção de leite e parâmetros ruminais em função dos diferentes volumosos da ração1

Item Silagem de milho

Silagem de capim-elefante

Silagem de cana-de-açúcar

Produção de leite f (EM), kd/d 28,5 16,8 21,7Produção de leite f (PM), kg/d 29,3 18,5 25,9Balanço de PM, g/d - 278 - 840 - 462Balanço de EM, Mcal/d - 7,4 - 20,9 - 15,3Balanço de N no rúmen, g/d 39 139 - 7Balanço de peptídio, g/d 15 121 - 13PM microbiana, g/d 1318 928 1308PM oriunda da PNDR, g/d 660 723 639Mudança na condição corporal (dias paraperda de 1 unidade de escore corporal) 76 27 37Diminuição na produção de leite (kg/d) 6 18 13

Fonte: simulação dos autores.Nota: 1Os volumosos corresponderam a 50% da dieta total, sendo fixado um consumo constante de matéria seca igual a 16,4 kg/d.

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PERDAS NA PRODUÇÃO E UTILIZAÇÃO DE SILAGENS

Ana Clara Rodrigues Cavalcante

Gutenberg Lira Silva

Luiza Elvira Vieira Oliveira

Introdução

A ensilagem é um processo pelo qual é possível conservar plantas forrageiras para uso como reserva estratégica durante período de estacionalidade na produção de forragem oriunda de pastagens. Também é uma das principais fontes de alimento volumoso utilizadas nos sistemas de produção em confinamento em todo o Brasil.

O processo de ensilagem envolve diversas etapas até o processo de conversão da forragem ingerida em produto animal. Ao longo dessas etapas, anteriormente citadas no livro, ocorrem perdas, as quais, a de-pender da magnitude e da etapa em que ocorrem, podem gerar prejuízos para o produtor e uma visão negativa do processo, comprometendo seu uso como forma de conservação de forragem. As perdas totais não de-veriam ultrapassar os 15%, no entanto a realidade mostra que essas perdas em geral ficam em torno de 25 a 30%.

O objetivo deste capítulo do livro é discorrer sobre as principais formas de perda da produção até o uso da silagem de grãos, de gramí-neas tropicais e de leguminosas, apresentando soluções tecnológicas

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para evitá-las ou minimizá-las ao máximo, dentro dos limites permissí-veis, para que essas perdas não prejudiquem a eficiência bioeconômica do uso da silagem em sistemas de produção animal.

Práticas de manejo para o controle das perdas na produção e utilização da silagem de grãos

As plantas mais comumente utilizadas no processo de ensilagem são o milho e sorgo. Diferente do que se imagina, as perdas no processo de ensilagem podem ter início antes mesmo da colheita, a partir da es-colha inadequada da variedade ou híbrido que será cultivado. Portanto, é importante que, antes de comprar a semente, seja escolhido um mate-rial genético adaptado às condições onde a planta será cultivada, ao manejo e ao mecanismo de colheita utilizado.

A pergunta mais frequente é o que utilizar: um híbrido ou uma variedade? Os híbridos, em geral, são mais produtivos, no entanto são mais susceptíveis a mudanças climáticas e de manejo. Para o Nordeste, é possível utilizar híbridos de sorgo com mais segurança, uma vez que a cultura é mais adaptada à condição de menor precipi-tação do que o milho. Para este segundo, recomenda-se prioritaria-mente o uso de variedades, mas híbridos testados na região podem com segurança ser utilizados.

Anualmente, são lançadas algumas dezenas de híbridos e varie-dades de milho e de sorgo. É importante que o técnico esteja atento para escolher aquela que foi testada em condições semelhantes às do local onde será cultivada e que apresente também o melhor rendi-mento. A Tabela 1 traz informações sobre híbridos e variedades de milho e de sorgo mais adaptadas às condições do Nordeste brasileiro. As informações são atualizadas anualmente pela Embrapa e pelo Ministério da Agricultura.

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Em geral, são quantificadas, principalmente, as perdas do pro-cesso de transformação da forragem verde em silagem. Na Tabela 2, estão algumas informações clássicas sobre esses tipos de perda e suas causas. Algumas dessas perdas são inevitáveis, porém podem ser minimizadas com ajustes tecnológicos, como poderá ser visto nos itens seguintes.

Tabela 2 – Perdas de energia na silagem de milho e sorgo

Processo Tipo de perda

Perda em MS (%) Causas

Respiração Inevitável 1 a 2 Reações da plantaFermentação Inevitável 1 a 2 MicrorganismosFermentações secundárias e efluentes

Evitável 0 a 7 Baixo teor de MS e excesso de oxigênio na massa ensilada

Deterioração aeróbia no armazenamento

Evitável 0 a 10Alto teor de MS, partículas grandes, má compactação e demora no enchimento

Deterioração aeróbia no descarregamento

Evitável 0 a 15Alto teor de MS, baixa densidade, técnicas incorretas de descarregamento

Fonte: adaptada de Lopez e Muhlbach (1994).

As plantas de milho e sorgo, em geral, apresentam, quando co-lhidas na época adequada, teores apropriados de matéria seca e de car-boidratos solúveis, suficientes para um bom processo fermentativo e uma produção de silagem de excelente qualidade. As perdas nesse tipo de silagem são mais associadas a fatores de manejo do que a limitações fisiológicas das plantas.

Perdas durante a colheita

As perdas no processo de ensilagem propriamente dito ini-ciam-se na colheita. A quantificação das perdas ocorridas em campo são subestimadas e pouco exploradas, devendo-se buscar melhor quantificá-las e utilizar soluções tecnológicas para minimizá-las (NUSSIO; PAZIANI; NUSSIO, 2002). É importante dizer que essas perdas podem variar de 2 até 10%. As principais causas de perda nessa fase são o teor de matéria seca do material a ser ensilado e maquinário

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Estudos da Pós-Graduação126

desregulado. Atentar para o ponto ideal da colheita é fator inicial para evitar perdas já no início do processo de produção da silagem. Para ensilagem de sorgo, o ponto ideal de colheita é quando a planta inteira atinge pelo menos 30% de matéria seca (SISTEMA..., 2009). Na prá-tica, o produtor poderá se basear no ponto de formação da camada preta ou ponto de maturação fisiológica. Para o milho, o ponto de colheita recomendado é quando a lavoura estiver com teor de matéria seca entre 33 e 37%. Nesse estádio, os grãos estarão no ponto fari-náceo ou farináceo duro (SISTEMA..., 2009). Nesses pontos, tanto para o milho quanto para o sorgo, haverá a maior eficiência de co-lheita de matéria seca e a melhor qualidade do material ensilado. Veja pela tabela abaixo que o adequado teor de matéria seca do material ensilado é fundamental para manter baixos os teores de perda total de matéria seca em silagem de grãos.

Tabela 3 – Efeito do teor de umidade da planta sobre a perda de matéria seca total em silagens

Teor de umidade na massa ensilada

Perda de matéria seca total (%) Produção efluente (L/t)

Alta (<30%MS) 10-20 200 ou maisMédia(32-35%MS) 9-13 20-60Baixa (>40% MS) 12-15 0-20

Fonte: adaptada de Lavezzo e Andrade (1994) e Corrêa e Cordeiro (2000).

O ideal é que o processo de colheita seja mecanizado, para re-duzir o tempo de colheita e aumentar a quantidade de material colhido no ponto adequado. É importante a regulagem correta do maquinário e a capacitação do operador para que as perdas nesse processo sejam mí-nimas, não ultrapassando o limite inferior de 2%.

A mecanização tem que, além de ser um processo eficiente na colheita, compensar do ponto de vista econômico. Para isso, é impor-tante que sejam realizados testes para estimar a capacidade teórica e a eficiência de campo da máquina utilizada. Para calcular a capacidade teórica, são necessárias as informações: velocidade média do trator (V), comprimento da plataforma de colheita (L) e estimativa da produtivi-dade por hectare (P).

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ESTOQUE DE FORRAGEM PARA A SECA: produção e utilização de silagem 127

Exemplo:

V1 = 5km/hora ou 5.000m/horaL1 = 3,6mP = 20.000kg/haCapacidade teórica = (5.000 x 3,6)/20.000Capacidade teórica = 0,9ha/horaSe, no período de 1 hora foi colhido 0,7ha,Eficiência de campo = 0,7/0,9 x 100 = 77,8%

s

No caso de colheita mecânica, são aceitáveis valores médios de eficiência de campo entre 70% e 80%, ou seja, 20% a 30% do tempo podem ser perdidos em manobras, desembuchamento, consertos, entre outros. Se a eficiência de campo for inferior a 70%, é necessário que sejam feitos ajustes.

Segundo informações do Sistema de Produção de Sorgo (2009), de maneira geral, as áreas colhidas apresentam produtividades (t/ha) desiguais, por isso deve-se relacionar a capacidade efetiva de trabalho (CET) em t/h. Para o cálculo da CET, são dados dois exemplos de áreas.

Quadro 1 – Cálculo da capacidade efetiva de trabalho (CET) considerando duas velocidades e duas produtividades

Exemplo 1 – Campo A: Velocidade = 3km/h Comprimento plataforma = 3,6mEficiência de campo = 80% ou 0,8Produtividade = 7t/haCET = (3.000m/h x 3,6m x 0,8 x 7.000kg/ha) 10.000 m2/haCET = 6.048kg/h

Exemplo 2 – Campo B:Velocidade = 5km/hComprimento plataforma = 3,6mEficiência de campo=80% ou 0,8Produtividade = 3t/haCET = (5.000m/h x 3,6m x 0,8 x 3.000kg/ha)10.000 m2/haCET = 4.320kg/h

Fonte: (SISTEMA..., 2009).

Em colheita mecânica, a eficiência deve ser medida, preferen-cialmente, em t/h e não em t/ha. Campos com produtividades altas serão mais eficientes na colheita se for reduzida a velocidade de trabalho (veja no exemplo acima), evitando ainda o embuchamento.

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Perdas durante o enchimento do silo

As perdas durante o enchimento devem-se, principalmente, ao tempo de contato do material cortado com o ar. Quanto mais longo for o período de exposição do material ao ar, maior será a perda dos carboi-dratos solúveis, causando limitações na eficiência da fermentação e al-terações de temperatura controladas por fatores químicos e físicos, como a concentração de oxigênio (GUIM et al., 2002), também maiores serão as perdas de nutrientes e redução do valor nutritivo da silagem (MCDONALD; HENDERSON; HERON, 1991). O processo de ensi-lagem, quando bem planejado, não deve apresentar perdas de matéria seca superiores a 4% durante a fase de enchimento.

É fundamental que haja uma boa regulagem das facas, pelo menos duas vezes ao dia, tomando-se o cuidado de aproximar as facas das contrafacas. Isso deve ser feito para que o material a ser ensilado seja picado de maneira uniforme em tamanhos que fiquem entre 6 e 15mm. Quando picado em tamanho ideal, ocorre uma melhor acomo-dação das partículas, o que aumenta a densidade da silagem, garan-tindo, assim, um ambiente anaeróbico fundamental para o desenvolvi-mento de bactérias acidolácticas, e, com isso, reduzindo as perdas de matéria seca dentro do silo nessa fase (Tabela 4).

Tabela 4 – Influência da densidade da silagem na perda de matéria seca no silo

Densidade Perdas de matéria seca(%)(kg MS/m3) (kg MF/m3)

160 480 20,2225 675 16,8255 765 15,1290 870 13,4

350 1050 10,0

Fonte: adaptada de Ruppel et al. (1995).Nota: MS: massa seca; MF: massa fresca; # Considerando um teor de matéria seca das silagens de 33%.

O aumento da densidade de compactação da massa no interior do silo melhora o processo fermentativo, pois promove a redução do pH e dos teores de nitrogênio amoniacal (TAVARES et al., 2009), refletindo

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em redução nas perdas por efluente e gás. Uma vez picado, o material deve ser acomodado em camadas. As camadas não devem ter mais do que 20cm de altura para que a condição de anaerobiose possa ser atin-gida mais rapidamente, uma vez que a compactação é favorecida.

Perdas durante o armazenamento

Nas propriedades agrícolas, os pecuaristas preferem utilizar silos horizontais (trincheira ou superfície), nos quais a exposição da massa ensilada ao ar atmosférico acontece durante o processo de ensilagem ou na abertura, durante o desabastecimento. A escolha do tipo de silo pode ser muito importante para reduzir as perdas durante o armazenamento (Tabela 5). Quanto ao tipo de silo para armazenamento, os do tipo trin-cheira mostram-se mais adequados ao processo, embora os de super-fície venham sendo utilizados sem restrições, com a vantagem de po-derem ser alocados em qualquer lugar que seja estratégico para posterior retirada e fornecimento aos animais. Trabalhos indicam que as perdas na forragem ensilada, em diferentes tipos de silo, também revelaram influência do teor de umidade presente na massa ensilada.

Tabela 5 – Estimativas de perda de matéria seca (% MS) em forragens ensiladas em diferentes tipos de silos e com diferentes teores de umidade

Perdas (% MS)

Tipo de silo Deterioração superficial Fermentação Efluente Total

Torre 65% umidade 4 8 0 12 Trincheira 85% umidade 6 11 10 27 75% umidade 8 9 3 20 70% umidade 10 10 1 21 Superfície 85% umidade 12 12 10 34 75% umidade 16 11 3 30 70% umidade 20 12 1 33

Fonte: adaptada de Jaster (1995).

Em silos tipo trincheira, as áreas mais influenciadas são o topo e as localizadas em contato direto com a parede do silo, chegando a ní-

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veis de 76% de perdas, segundo Ashbell e Weinberg (1991). Os princi-pais efeitos da deterioração são redução da matéria seca e desempenho animal, além de riscos à saúde dos animais e do homem por possível contaminação com patógenos ou micotoxinas presentes na silagem.

O revestimento das paredes do silo por lona plástica antes de seu abastecimento foi recomendado por Bernardes, Amaral e Nussio (2009) e tem alcançado excelentes resultados com a qualidade da massa peri-férica similar à do centro do silo.

Perdas no silo após sua abertura

As principais perdas após a abertura do silo são a oxidação dos açúcares solúveis e a degradação do ácido lático produzido durante a fermentação, resultando em maior proporção de parede celular e menor valor nutritivo e de matéria seca (VELHO et al., 2006). Ainda, segundo esses autores, se mal manejado após a abertura, o silo po-derá ter perdas superiores àquelas por ocasião de seu fechamento, variando de 2 a 19%.

É importante ressaltar que as perdas ocorridas durante a deterio-ração aeróbica são provocadas pela atividade microbiana, mas essa ati-vidade é limitada, normalmente, por fatores químicos e físicos, como fornecimento de oxigênio e alterações da temperatura (WILLIAMS; HOXEY; LOWE, 1997). Se o período de exposição ao ar for longo, podem ocorrer grandes transformações na composição química das si-lagens, o que influi adversamente em seu valor nutritivo. Essas altera-ções ocorrem primeiro devido às bactérias e leveduras e, subsequente-mente, aos fungos. De início, os componentes solúveis das silagens, carboidratos solúveis, os ácidos orgânicos e os compostos nitrogenados solúveis agem como substratos para o desenvolvimento desses micror-ganismos, e as perdas desses nutrientes resultam em correspondente aumento nos conteúdos de fibra em detergente neutro, fibra em deter-gente ácido e cinzas e perda de nutrientes digestíveis e energia (MCDONALD; HENDERSON; HERON, 1991).

Uma vez aberto o silo, deve-se ter cuidado em retirar bolores fúngicos, partes com cheiro estranho ou cor escura, sendo esses proce-

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dimentos parte de um controle de manutenção de qualidade das sila-gens, ao passo que, após a abertura do silo, deve-se proceder a cortes da silagem em todo seu perfil, uniformemente, em quantidade suficiente para o consumo diário dos animais. Para evitar perdas de silagem, a fatia diária retirada deve ser de no mínimo 20cm, após a abertura, a fim de minimizar as perdas decorrentes das fermentações indesejáveis cau-sadas pela penetração de ar na silagem durante sua exposição (NOVAES; LOPES; CARNEIRO, 2004). Cobrir a parte aberta do silo com lona de preferência de cor branca ou amarela também auxilia na redução das perdas por fermentação aeróbica.

Perdas durante o fornecimento

Saber a quantidade consumida diariamente pelo rebanho é de fundamental importância para que se retire apenas o suprimento para aquele dia. Segundo Novaes, Lopes e Carneiro (2004), é recomendado o fornecimento de silagem duas vezes ao dia, pela manhã e à tarde. Na prática, antes do fornecimento matinal de silagem, as sobras do dia an-terior devem ser retiradas do cocho, e devem ser mantidos entre 2 e 10% do total fornecido a cada dia.

É comum que produtores, em virtude da mão de obra ou, princi-palmente, de finais de semana, retirem grandes quantidades de silagem para o fornecimento de dois ou três dias, prejudicando tanto o valor nutritivo da silagem quanto o consumo por parte dos animais. A si-lagem retirada e em exposição ao ar apresenta fermentação mais in-tensa do que se estivesse no silo. Isso é facilmente identificado pela diferença entre as temperaturas da silagem exposta ao ambiente e da-quela que permanece no silo (VELHO et al., 2006). As perdas devido a essa prática se refletem nas sobras referentes ao dia anterior, resul-tado do menor consumo.

Após a abertura do silo, a silagem perdida não pode mais ser re-cuperada. Entretanto, qualquer que seja o tipo de perda, isso resultará em aumento no custo da silagem produzida, além disso, se a quantidade perdida for muito grande, pode obrigar o produtor a adquirir outros volumosos para suplementar as pastagens.

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Práticas de manejo para minimizar as perdas do processo de produção de silagem de gramíneas tropicais

A ensilagem de gramíneas tropicais está mais sujeita a perdas por gases e efluentes que a ensilagem de grãos porque é alto o teor de umi-dade em que a forragem se encontra no ponto de seu maior valor nutri-tivo, que é o ponto indicado para que a silagem seja feita. Segundo Zanine et al. (2005), bactérias do gênero Clostridium são favorecidas em ambientes muito úmidos, com elevado pH e alta temperatura, prin-cipalmente na fase aeróbica da ensilagem, elevando as perdas por gases, pois produzem CO2 e ácido butírico, em vez de ácido lático. Além disso, o elevado poder tampão desse tipo de silagem favorece o crescimento de enterobactérias, que são produtoras de gases, tais como o CO2, além de etanol, ácido acético e amônia.

O volume de efluente produzido está diretamente influenciado pelo conteúdo de matéria seca da forrageira ensilada e o grau de com-pactação, podendo mostrar efeito do tipo de silo, tratamento mecânico e dinâmica da fermentação, entre outras. O maior volume de efluente é produzido no início do processo de ensilagem. Bastiman (1976), utili-zando 11 silagens em silo trincheira, mostra que o pico de produção de efluente (29L/ton) ocorria na primeira semana e em silagem com 16% de MS. A perda de matéria seca por efluente, segundo Woolford (1984), alcança valores entre 5 e 10%. No entanto, índices de 26 a 30% de ma-téria seca apresentam níveis mínimos de efluentes.

O pré-emurchecimento é uma técnica que aumenta o teor de ma-téria seca do material ensilado, reduzindo as perdas por efluente. Andrade e Melotti (2004) registraram aumento em 25% no teor de ma-téria seca de silagem de capim-elefante apenas utilizando essa técnica, por seis horas (28ºC de temperatura ambiente e 27% de umidade rela-tiva do ar). O tempo para o pré-emurchecimento no campo depende de fatores como radiação solar, umidade relativa do ar e ventilação, dife-renciados por variações climáticas de cada região. O tempo de reali-zação desse processo de pré-emurchecimento deve ser suficiente para o aumento do teor de matéria seca sem afetar o processo fermentativo da silagem. Para capim-marandu, Evangelista et al. (2004) verificaram

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que o efeito dessa técnica elevou o teor de matéria seca para 45%, com o tempo de três horas de pré-emurchecimento mostrando-se suficiente sobre a qualidade da silagem.

O grande limitante para uso dessa ferramenta é que, geralmente, quando o capim apresenta maiores concentrações de carboidratos solú-veis, porém maiores teores de água, a desidratação fica inviável em função das frequentes chuvas que ocorrem. Essa técnica pode ainda favorecer o desenvolvimento de microrganismos indesejáveis, como fungos e leveduras, e a diminuição da estabilidade aeróbica da silagem (JONSSON; PAHLOW, 1984).

A alternativa para elevar os teores de matéria seca é o uso de aditivos. Esses aditivos devem possuir alto teor de matéria seca, alta capacidade de retenção de água, bom nível de carboidratos solúveis para adequada fermentação e ausência de fatores antinutricionais e ini-bidores de consumo. A Tabela 6 traz informações sobre alguns dos prin-cipais aditivos utilizados para aumentar o teor de matéria seca em si-lagem de gramíneas tropicais.

Tabela 6 – Principais aditivos e seus níveis de inclusão em silagem de gramíneas tropicais para aumentar os teores de matéria seca e reduzir as perdas por efluentes

Gramínea Aditivo Inclusão(%) Efeito Fonte

Capim-elefante Resíduo de acerola 20 Aumento em 11,35%

do teor de MSGonçalves et al.

(2004)

Capim-elefante Farelo de trigo 30 Aumento em 100% do teor de MS Zanine et al. (2005).

Capim-elefante Fubá de milho 6%Aumentou de 15% para 21,6% o teor de MS

Andrade e Melotti (2004)

Capim-elefante (13%MS) Polpa cítrica 20% Eliminou a produção

de efluentesBernardino et al.

(2005)

Capim-tanzânia Polpa cítrica peletizada 10% Aumentou de 15 para

25,7% o teor de MSCorrêa e Cordeiro

(2000)

Capim-tanzânia Polpa cítrica 12% Aumento CS de 25 para 55g/kg Ávila et al. (2003)

Capim-marandu Polpa cítrica peletizada 10%

Reduziu de 109 para 17l a produção de efluente

Bernardes, Reis e Moreira (2005)

Fonte: elaborada pelos autores.

A escolha do aditivo deve ser bem pensada. É possível que a inclusão de certos aditivos não reduza as perdas, mas tenha efeito

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contrário. Por exemplo, Andrade e Melotti (2004) avaliaram a perda de matéria seca em uma série de silagens de capim-elefante com diferentes aditivos. A adição de 6% de fubá de milho foi mais efi-ciente em controlar as perdas (apenas 5%), enquanto a adição de 10% de fibra de algodão registrou perdas acima de 10%. Tudo isso pelo efeito do aditivo sobre a fermentação. N-NH3 do primeiro foi de apenas 12%, contra 35% do segundo, afetando diretamente a pro-dução de ácido lático (4,4% contra 1,8%), o que causou maior esta-bilidade da silagem aditivada com fubá de milho (pH 4,1 contra 5,3 da fibra de algodão).

Existe também outra categoria de aditivo importante para re-duzir as perdas no processo de ensilagem de capim. A atuação do adi-tivo, nesse caso, é para aumentar a quantidade de carboidratos solúveis necessários para que o processo fermentativo ocorra em material que já passou do ponto de colheita e que, em geral, tem altos teores de ma-téria seca, mas baixos teores de carboidratos solúveis (CS). De acordo com Woolford (1984) e McDonald, Henderson e Heron (1991), os te-ores mínimos de carboidratos solúveis que garantem o processo ade-quado de fermentação estão na faixa de 8 a 10% da MS. Na prática, fontes de sacarose, glicose e frutose não são utilizadas por conta do alto custo quando comparadas ao melaço. Essa fonte de carboidrato é o subproduto da indústria canavieira e possui teor de MS entre 70 e 75%, sendo o teor de CS correspondente a 65% da MS e a sacarose sua prin-cipal componente (MCDONALD; HENDERSON; HERON, 1991). O melaço é adicionado, principalmente no capim-elefante, na proporção de 3-5%. Em geral, é feita uma diluição em água (na proporção de 3:1), e distribui-se essa mistura sobre a massa ensilada de maneira uni-forme (Figura 1).

Em virtude de a diminuição do pH, em geral, ser mais demo-rada em silagem de gramíneas tropicais, parece mais seguro que a abertura do silo ocorra após 90 dias do seu fechamento, a fim de ga-rantir que todas as etapas do processo tenham ocorrido, e a massa ensilada apresente a estabilidade desejada (pH próximo de 4,2), redu-zindo perdas de material na forma de gás, efluente e apodrecimento (TAVARES et al., 2009).

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ESTOQUE DE FORRAGEM PARA A SECA: produção e utilização de silagem 135

Figura 1 – Diluição do melaço em água e aplicação da solução diluída sobre a massa a ser ensilada

Fonte: fotos de Ana Clara Rodrigues Cavalcante.

Práticas de manejo para possibilitar a ensilagem de leguminosas com mínimas perdas de produção em qualidade da forragem ensilada

As leguminosas apresentam uma série de limitações para seu uso na forma de silagem. Essas limitações são tanto de caráter operacional quanto fisiológico e, até mesmo, econômico. Pelo excesso de legumi-nosas nativas e pela dificuldade de fenar essas plantas na época de me-lhor produção, a ensilagem surge no Nordeste como alternativa para aproveitar esse recurso alimentar.

As perdas mecânicas no momento do corte podem ser mais sig-nificativas do que para outras plantas. Dependendo da espécie, os folí-olos se soltam, e o material perde muito em qualidade (PEREIRA; REIS, 2001). Para minimizar as perdas mecânicas, durante o processo no campo, devidas principalmente ao dilaceramento de folhas e caules, devem-se utilizar equipamentos adequados, com manutenção em dia e com as facas perfeitamente afiadas e ajustadas. O uso de segadeiras

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condicionadoras reduz pela metade o tempo de secagem das plantas forrageiras, devido ao aumento da perda de água pelo caule (ROTZ; MUCK, 1994). O condicionamento mecânico, com a maceração do caule, pode melhorar a taxa de secagem de leguminosas de maneira mais consistente, quando comparada com a de gramíneas. Os resul-tados do condicionamento são mais evidentes em espécies que possuem caules mais grossos e com baixa relação folha/caule (ROTZ, 1995).

Tabela 7 – Principais aditivos e seus níveis de inclusão em silagem de gramíneas tropicais para permitir um adequado processo fermentativo

Gramínea Aditivo Percentual de Inclusão Efeito Fonte

Capim-tanzânia Cana-de-açúcar 50%

Redução do pH e do N-amoniacal, aumento do MS

Zanine et al. (2006)

Capim-elefante Melaço 1% Perdas: MS = 6,8%, pH = 4

Andrade e Melotti (2004)

Capim-elefante Melaço 2% Perdas: MS = 6,65%, pH = 3,9

Andrade e Melotti (2004)

Capim-elefante Melaço 3% Reduz o pH e melhora a fermentação lática Ferreira (1998)

Capim-elefante Bagaço de caju 24-48% Redução do pH e do

N-NH3Ferreira (2002)

Capim-elefante Farelo de cacau 15% Redução do N-NH3

Teixeira et al. (2008)

Capim-elefante Cana-de-açúcar 23%

Mantém baixo o pH, reduz perdas em efluentes

Teixeira et al. (2008)

Capim-elefante Polpa cítrica 4,7-7,6% Melhora os padrões de

fermentaçãoRodrigues et

al. (2005)Fonte: elaborada pelos autores.

As leguminosas, em geral, apresentam alto poder tampão, sendo difícil o abaixamento do pH, por isso é complexa a produção de si-lagem de qualidade e com baixas perdas. Em se tratando da ensilagem de leguminosas, um dos tipos mais interessantes de aditivos são as fontes de carboidratos, que são materiais adicionados à forragem para aumentar o suprimento de energia para o crescimento de bactérias aci-doláticas responsáveis pelo abaixamento do pH e estabilidade da si-lagem. As fontes mais comuns são: açúcares, melaço, alguns tipos de cereais e polpa de citros. De acordo com McDonald, Henderson e

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Heron (1991), a adição de carboidratos solúveis, como a sacarose, à alfafa no momento da ensilagem pode levar à redução da proteólise e melhorar a estabilidade de certos aminoácidos. Não se recomenda en-silar apenas a leguminosa. O ideal é que ela seja utilizada em propor-ções não superiores a 50% em mistura com silagem de gramíneas. Normalmente, esse tipo de silagem é fabricado por pequenos produ-tores em tambores de 200L. Nesse tipo de estrutura, a compactação é melhor realizada (400-450kg/cm3), contribuindo para a criação de am-biente anaeróbico e, assim, favorecendo a redução da perdas por efluente. Assim como para a silagem de gramíneas, não se recomenda a abertura do silo com menos de 60 dias após o fechamento.

Considerações finais

As principais causas de perda no processo de produção e uso de silagens de milho e sorgo são falhas de manejo. A correção dessas fa-lhas pode minimizar de 30 para 15% as perdas totais de matéria seca, tornando o processo mais eficiente. O uso de técnicas como pré-mur-chamento e o uso de aditivos são fundamentais para garantir a pro-dução de silagens de gramíneas tropicais com maior eficiência do processo fermentativo e, consequentemente, com menores perdas. As leguminosas devem ser usadas somente em situações especiais, como enriquecimento de silagens de gramíneas, por exemplo. Não é reco-mendada a utilização apenas de leguminosas para produção de silagem, uma vez que o alto poder tampão poderia comprometer o processo fermentativo, incorrendo em grandes perdas e na produção de uma si-lagem de baixo rendimento.

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UTILIZAÇÃO DE SILAGENS NA ALIMENTAÇÃO ANIMAL

Odislei Fagner Ribeiro CunhaRaylon Pereira Maciel

José Neuman Miranda Neiva

Introdução

Sistemas de produção exclusivamente a pasto são conside-rados a forma mais econômica de se produzir e alimentar um rebanho. No entanto, é sabido que alimentar bovinos em sistema de pastejo durante todo o ano é tarefa árdua, isto porque as condições climáticas desfavoráveis durante a época seca do ano impõem limites ao cresci-mento das forrageiras.

De acordo com Novaes, Lopes e Carneiro (2004), na pecuária, a estacionalidade na produção das forrageiras contribui para a inefici-ência dos sistemas de produção a pasto, com períodos de excesso de produção e outros de escassez. Outro problema gerado pela estacionali-dade, além da redução do desempenho animal, é a variação anual nos preços dos animais de reposição e de descarte e também do leite.

Diversas alternativas podem ser utilizadas para minimizar os efeitos do déficit de alimentos no período seco do ano. No entanto, nem todas se apresentam como econômica e nutricionalmente viáveis para justificar sua adoção pelos produtores rurais. Além disso, algumas

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Estudos da Pós-Graduação144

formas de conservação são mais dependentes de condições climáticas favoráveis para sua produção. Todos esses fatores vêm determinando o crescente interesse pela técnica de ensilagem (NUSSIO; PAZIANI; NUSSIO, 2002), cuja produção é menos dependente das condições cli-máticas e de maquinário diversificado do que a fenação.

A conservação de forragem na forma de silagem apresenta-se como uma técnica capaz de reduzir o efeito negativo da escassez de forragem sobre produção animal com o fornecimento de um volu-moso de qualidade e melhor relação benefício:custo quando compa-rada às demais alternativas. Seu fornecimento evita as oscilações de desempenho, principalmente nos sistemas de produção em que o pasto é à base da alimentação animal.

Ao optar pela silagem como forma de suplementação volu-mosa, deve-se ter em mente que a qualidade desse volumoso é depen-dente de um adequado processo conservativo. A principal forma de avaliar a eficiência desse processo é o consumo voluntário e a pro-dução animal, visto que, sob condições precárias de ensilagem, são produzidas silagens de baixo consumo, acarretando também baixo desempenho animal.

Consumo de silagem

O que se espera de qualquer alimento fornecido ao animal é a otimização da sua performance, sendo o consumo a principal variável que afeta o desempenho animal (VILELA et al., 2009). Quando o ali-mento é silagem, o consumo é afetado pelas características da planta antes da ensilagem, do processamento físico da forragem, das perdas nutricionais que ocorrem durante o processo fermentativo, das altera-ções no valor nutritivo durante o fornecimento aos animais e, ainda, das características do animal (REIS; SILVA, 2006). Devido a tais fatores, o consumo de silagem, em geral, é menor quando comparado ao da for-ragem fresca, que não se submeteu a uma fermentação (ERDMAN, 1993; THIAGO; GILL, 1993; ALLEN, 2000; CHARMLEY, 2001).

O processo fermentativo causa redução nos teores de carboi-dratos solúveis, na proteína verdadeira e elevação da concentração de

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ácidos orgânicos e do nitrogênio não proteico (NNP). É possível que um ou mais desses produtos acumulados afete a palatabilidade e, con-sequentemente, reduza a ingestão e a utilização dos nutrientes prove-nientes das silagens (PEREIRA; RIBEIRO, 2001). Van Soest (1994) relatou que o efluente resultante do processo fermentativo contém fa-tores que podem reduzir o consumo. Esses fatores inibitórios são prove-nientes de fermentações secundárias, que causam desequilíbrios meta-bólicos, caracterizados por perda de carboidratos solúveis e proteínas, resultando em silagem com excesso de amônia e baixa energia.

O teor de matéria seca da forragem no momento da ensilagem, o pH da silagem, a concentração de ácidos orgânicos e dos compostos nitrogenados (WEISS; CHAMBERLAIN; HUNT, 2003) e a presença de micotoxinas são alguns dos fatores relacionados com menor con-sumo de silagem.

Segundo Van Soest (1994), o teor de MS contribui para a conser-vação da massa ensilada inibindo o desenvolvimento de microrganismos indesejáveis, sendo necessário para aumentar a concentração de nu-trientes e o consumo pelos animais. Assim, a influência negativa do baixo teor de MS da forragem no momento da ensilagem sobre o con-sumo parece estar mais associada aos produtos da fermentação que esse tipo de forragem favorece do que ao teor de umidade da forrageira isola-damente (ERDMAN, 1993; WEISS; CHAMBERLAIN; HUNT, 2003).

A ensilagem de qualquer forrageira com baixo teor de MS favo-rece processos de fermentação indesejáveis, acarretando a produção de componentes que parecem afetar negativamente o consumo da silagem. Nesse contexto, segundo Restle et al. (2003), um dos problemas na utilização de forrageiras não produtoras de grãos para a produção de silagem é o teor de MS inferior a 25% na ensilagem, prejudicando a fermentação, produzindo silagem de má qualidade, com coloração es-cura, odor ácido, elevada produção de efluente e tendendo à putrefação, ocasionando acentuadas perdas e redução na ingestão.

Ao avaliarem o consumo de dietas contendo diferentes propor-ções de silagens de Brachiaria brizantha cv. Marandu e de sorgo por novilhos Nelore, Chizzotti et al. (2005) destacaram que o baixo teor de MS do capim-braquiarão no momento da ensilagem contribuiu para a

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ocorrência de fermentações indesejáveis e o consequente comprometi-mento da palatabilidade e do consumo da silagem.

Valores elevados de pH indicam a ocorrência de fermentação clostrídica, principalmente em forragens ensiladas com baixo teor de matéria seca. Esse tipo de fermentação é que realmente parece ter influ-ência sobre o consumo de silagem pelo animal. Por outro lado, em sila-gens com teor de matéria seca considerado adequado (30 e 35%), se-gundo McDonald, Henderson e Heron (1991), o valor de pH é menos importante, podendo-se obter silagem de boa qualidade, mesmo com valores de pH mais altos (VAN SOEST, 1994).

É importante destacar que não existe relação do pH da silagem e do rúmen (ROOKE, 1995), uma vez que a saliva neutraliza a acidez proveniente da silagem consumida (CHARMLEY, 2001). Para avaliar o efeito do pH da silagem de milho sobre o consumo voluntário, Shaver, Erdman e Vandersall (1984) utilizaram bicarbonato de sódio para neu-tralizar o pH da silagem. Os autores concluíram que, aparentemente, o pH da silagem é um fator que afeta o consumo voluntário, sendo a me-lhor resposta para essa variável verificada com pH em torno de 5 a 6. Entretanto, tem sido relatado que o pH da silagem que resulta em re-dução mínima no consumo ficou entre 4,5 e 7, com o consumo ótimo observado com pH de 5,6, e que valores acima ou abaixo desses podem reduzir o consumo (ERDMAN, 1993).

O excesso de ácidos orgânicos também pode ser um dos possí-veis responsáveis pelo menor consumo de silagem, o que estaria rela-cionado à aceitabilidade por parte dos animais, principalmente daquelas mal fermentadas. Entretanto, ainda permanece bastante controverso o efeito dos ácidos orgânicos sobre a redução no consumo de silagem. Em revisão, Charmley (2001) destacou que todos os trabalhos condu-zidos na tentativa de avaliar o consumo voluntário e as características de fermentação apresentaram correlações moderadas entre os ácidos da fermentação e o consumo voluntário.

O processo fermentativo promove redução nos teores de pro-teína verdadeira, elevação na concentração de nitrogênio não proteico (NNP) e de nitrogênio insolúvel em detergente ácido (NIDA), conside-rado indisponível para o animal, com consequente redução do valor

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nutritivo e na eficiência de síntese de proteína microbiana, decréscimo no consumo e na utilização dos nutrientes oriundos das silagens.

A solubilidade da proteína tem grande importância na redução da eficiência de utilização da proteína da silagem (CHARMLEY, 2001). Durante a fermentação, ocorre intensa ação das proteases da planta e fermentação de carboidratos solúveis, que resulta em pro-dução de AGV e ácido lático. A energia advinda da utilização de AGV e do ácido lático pelos microrganismos do rúmen é menor do que aquela proveniente dos carboidratos solúveis. Uma alta proporção de AGVs é absorvida diretamente através da parede ruminal e, conse-quentemente, não é utilizada pelos microrganismos ruminais, cau-sando baixa eficiência de síntese de proteína microbiana, afetando o consumo e fluxo pós-ruminal de proteína (CHARMLEY, 2001; NUSSIO et al., 2003).

A menor eficiência de síntese microbiana também é reflexo da presença de NIDA. Silagens, geralmente com elevados teores de MS, estão sujeitas à elevação de temperatura na massa ensilada. As condi-ções de umidade e temperatura acima de 55°C são favoráveis à ocor-rência de reações não enzimáticas entre os carboidratos solúveis e grupos aminas dos aminoácidos, caracterizando a reação de Maillard. Em silagens superaquecidas, ocorre diminuição acentuada na digesti-bilidade da proteína, uma vez que se podem observar aumentos consi-deráveis nos teores de NIDA, o qual não é disponível para os micror-ganismos do rúmen (VAN SOEST, 1994).

A presença de micotoxinas na silagem também pode causar re-dução no consumo. Micotoxinas são metabólitos secundários produzidos por fungos que inibem uma série de reações tóxicas no organismo, preju-dicando o desempenho animal (BÜNZEN; HAESE, 2006). As principais micotoxinas presentes nas forragens estão, geralmente, associadas com grupos de espécies de fungos, tais como o Fusarium, Aspergillus e Penicillium (PEREIRA; REIS, 2001). As mais conhecidas e preocupantes em relação à toxicidade e ocorrência são as aflatoxinas, desoxinivalenol, zearalenona, fumonisina, toxina T-2 e suas semelhantes.

O efeito negativo das micotoxinas sobre a ingestão pode ser de-vido às alterações no odor ou aceitabilidade dos alimentos contami-

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nados, além das desordens metabólicas e digestíveis (JOBIM; GONÇALVES, 2003). Outro fator que provoca redução no consumo de silagens, segundo Jobim, Gonçalves e Santos (2001) é a alteração da concentração de nutrientes, principalmente, de carboidratos solúveis e vitaminas com a presença de fungos.

Outro aspecto importante a ser considerado em relação à pre-sença dessas micotoxinas nas silagens são os sérios problemas sanitá-rios para os animais e humanos, pois essas podem ser transmitidas ao homem pela cadeia alimentar. Acredita-se que a contaminação dos ali-mentos e animais com essas substâncias cause significativas perdas econômicas para o produtor (JOBIM; GONÇALVES; SANTOS, 2001).

A presença de fungos não significa que haverá presença de mico-toxinas, mas, sob certas condições, a produção é rápida, e estas perma-necem estáveis por longo período após a atividade dos fungos cessar (ARCHUNDIA; BOLSEN, 2001). Normalmente, elas só ocorrem quando o padrão de fermentação é inadequado, pois as condições asso-ciadas ao processo de conservação de forragens são desfavoráveis para o desenvolvimento da grande maioria dos fungos.

Desempenho de animais alimentados com dietas à base de silagem

Fatores ligados à utilização de silagem que afetam o desempenho animal

A produção animal a partir de silagens depende de características inerentes das silagens (teor de matéria seca, estágio de maturidade, tipo de fermentação, entre outros fatores) e do animal (Figura 1), que in-fluenciam o nível de consumo de matéria seca, a digestibilidade dos nutrientes, o nível nutricional anterior, e de outros fatores, tais como: potencial genético do animal, idade, estágio de produção e/ou repro-dução (CRUZ, 2001).

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Figura 1 – Fatores que influenciam a produção animal a partir da silagem

Fonte: McCullough (1978).

Produção de carne e leite

Para produzir carne e leite com mais eficiência, torna-se cada vez mais necessário o uso de suplemento volumoso na alimentação dos ani-mais, principalmente na época seca do ano, devido à redução na oferta de forragem. O uso de silagem pode contribuir para elevar a produtivi-dade animal e, consequentemente, a rentabilidade dos sistemas produ-tivos (LOURENÇO JÚNIOR et al., 2004).

Silva et al. (2005), ao avaliarem o ganho de peso de bovinos de corte alimentados com silagem de Brachiaria brizantha e concentrado em diferentes proporções, 20:80; 35:65; 50:50 e 65:35, com base na MS, rela-taram ganhos de 0,14; 0,31; 0,93 e 0,95 kg/dia para os respectivos trata-mentos. Os autores recomendaram a utilização de 50% de silagem de Brachiaria brizantha cv. Marandu, uma vez que essa dieta resultou em ganho de peso próximo ao daquela contendo maior nível de concentrado.

Animal Nível de consumo

Digestibilidade

Condiçõesclimáticas

Tempo de fermentação

Estádio dematuridade

Tratos culturaisCaracterísticas inerentes

Características inerentes

Nível nutricionalanterior

Produção animal a partir de silagens

Forragemverde

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Dietas para bovinos machos castrados Holandês x Zebu con-tendo silagem de sorgo de boa qualidade, associada a níveis de 20, 35, 50 e 65% de concentrado, não influenciam o ganho de peso e a con-versão alimentar dos animais (PEREIRA et al., 2006).

Em avaliação do desempenho de bezerros alimentados com dife-rentes silagens de híbridos de milho, Neumann et al. (2003) verificaram ganhos de peso de 1,321 (AG-5011) e 1,087kg/dia (AG-6018). Os au-tores concluíram que a inclusão de silagem do híbrido de milho AG-6018 na dieta de bezerros confinados determinou menor ganho em peso e pior conversão alimentar frente à silagem do AG-5011, demonstrando a va-riação no desempenho animal mesmo quando se trata de uma mesma espécie como fonte de silagem. Já Pilar et al. (1994), avaliando o efeito da silagem de milho na alimentação de bezerros cruza Blonde D’Aquitaine x Caracu confinados, observaram menor GMD (0,890 kg/dia).

Macitelli et al. (2007), estudando o desempenho de bovinos mestiços alimentados com diferentes volumosos, observaram que o ganho de peso vivo diário dos animais alimentados com cana-de--açúcar (0,83kg) não diferiu dos mantidos em pastagem (0,82kg), mas ambos foram menores que dos animais alimentados com silagem de milho (1,09kg).

Rosa et al. (2004), avaliando silagem de diferentes híbridos de milho por meio do desempenho de bezerros confinados em fase de cres-cimento, concluíram que os híbridos avaliados promoveram ganho de peso superior a 1,2kg, quando utilizados em dietas com relação volu-moso/concentrado de 70:30.

Em estudo realizado por Ribeiro et al. (2002), avaliando silagens de girassol (Helianthus annus L)., milho (Zea mays L.) e sorgo (Sorghum bicolor L.) moench) para ovelhas em confinamento, foram observados ganhos médios diários de 0,263; 0,175 e 0,171kg/dia para as respec-tivas silagens. Os autores concluíram que o uso da silagem de girassol como fonte única de volumosos pode ser uma ótima opção para a en-gorda de ovinos, pois ovelhas alimentadas com essa silagem apresen-taram maiores ganhos de peso.

Chizzotti et al. (2005), avaliando a adição de níveis de silagem de sorgo (0; 33; 67 e 100%) em substituição à silagem de Brachiaria

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brizantha cv. Marandu na dieta de novilhos Nelore, observaram ga-nhos de 0,77; 0,96; 1,05 e 1,09kg/dia para os níveis de substituição de 0; 33; 67 e 100%, respectivamente. Isso permitiu concluir que a asso-ciação de 67% de silagem de sorgo e 33% de silagem de capim-bra-quiarão consistiu em boa alternativa alimentar, uma vez que promoveu ganho de peso próximo ao observado para a dieta contendo apenas silagem de sorgo.

Ao comparar o desempenho de vacas de alta produção recebendo silagem de cana-de-açúcar versus fontes tradicionais de volumosos su-plementares, Queiroz et al. (2008) observaram as seguintes produções (kg/dia): cana-de-açúcar in natura (24,6); silagem de cana-de-açúcar inoculada com L. buchneri (24,4); silagem de milho (25,5); e mistura de cana-de-açúcar in natura e silagem de milho (25,2). Os autores conclu-íram que rações contendo silagem de cana-de-açúcar atendem às exi-gências nutricionais de animais leiteiros de alta produção. Já Costa et al. (2005) não observaram diferenças na produção de leite corrigida entre os animais alimentados com rações contendo 60% de silagem de milho e aqueles alimentados com as rações contendo 40% de cana-de--açúcar in natura.

Ao avaliar o desempenho produtivo de vacas lactantes alimen-tadas com silagem de milho, feno de alfafa e associação da silagem de milho com feno de alfafa, Moreira et al. (2000) verificaram maiores produções de leite (kg/dia) para os animais que receberam silagem de milho e esta associada ao feno de alfafa, em relação ao feno de alfafa exclusivo. Já Van Horn et al. (1985) não verificaram diferença na pro-dução de leite para vacas alimentadas com feno de alfafa ou com si-lagem de milho suplementada com farelo de soja. Esses resultados mostram o potencial de utilização da ensilagem frente às demais opções de conservação de volumosos, como a fenação.

Também Jobim et al. (2006), avaliando o uso da silagem de ca-pim-elefante em substituição à silagem de milho para vacas em lactação, relataram produções (kg/dia) de 14,82; 15,14 e 15,35 para os tratamentos silagem capim-elefante + inoculante bacteriano, silagem capim-elefante + inoculante enzimo-bacteriano e silagem de milho, respectivamente. Os autores relataram que silagens de capim-elefante apresentaram po-

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Estudos da Pós-Graduação152

tencial para produção de leite equivalente ao da silagem de milho quando fornecidas às vacas no período intermediário de lactação.

É sabido que o processo de ensilagem não melhora a qualidade da forrageira. Entretanto, quando a silagem é confeccionada correta-mente, não se observa redução no desempenho animal, quando com-parado ao uso do volumoso in natura que lhe deu origem, o que asse-gura a recomendação da sua utilização na alimentação animal. No entanto, o tipo de volumoso utilizado vai depender dos objetivos do sistema de produção em que os animais estão inseridos, pois existem sistemas em que a silagem de milho pode ser mais adequada e outros em que a silagem de capim Brachiaria brizantha seja mais interes-sante. Daí a importância de análise econômica e avaliação do poten-cial genético dos animais para a tomada de decisão de qual melhor fonte de volumoso ensilar.

Ao comparar diferentes tipos de silagens, Pereira et al. (2003) não verificaram efeito de diferentes volumosos conservados na forma de silagem – sendo 50% de silagem de milho, 25% de silagem pré-seca de azevém e 25% de silagem de cevada; 50% de silagem pré-seca de azevém, 25% de silagem de milho e 25% de silagem de cevada; 50% de silagem de cevada, 25% de silagem pré-seca de azevém e 25% de si-lagem de milho – sobre a produção de leite de vacas em lactação. Os autores concluíram que as combinações desses volumosos podem ser utilizadas sem causar prejuízo às características de produção de leite dos animais.

Qualidade do produto animal

A qualidade do leite e da carne está diretamente relacionada com o tipo e a qualidade da dieta dos animais. O valor nutritivo e a quali-dade sanitária da silagem são de grande importância na exploração pecuária, principalmente na exploração leiteira. Quando o processo de conservação das forragens não é bem conduzido, certamente, haverá perdas de qualidade e do valor nutritivo, e isso terá reflexo direto na produção e na qualidade do produto animal (JOBIM; GONÇALVES; SANTOS, 2001).

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ESTOQUE DE FORRAGEM PARA A SECA: produção e utilização de silagem 153

Efeito de dietas à base de silagem sobre características qualitativas da carne e da carcaça

A dieta é fator determinante para caracterizar possíveis variações na carcaça e na composição tecidual e química dos cortes comerciais. Diferentes proporções de concentrados e volumosos, diferentes fontes de concentrado e diferentes fontes de volumosos são fatores que podem determinar maior ou menor variação nas características qualitativas da carne e da carcaça.

Segundo Bonfim, Oliveira e Fernandes (2008), diferentes volu-mosos na dieta podem ter efeito sobre as características quantitativas e qualitativas das carcaças de caprinos e ovinos, devido às diversas trans-formações a que aqueles são submetidos no trato digestório desses ani-mais, aliadas à diversidade químico-bromatológica que proporciona a produção de diferentes compostos durante a digestão. No entanto, Cunha et al. (2001), avaliando o efeito de diferentes volumosos (si-lagem de milho, silagem de sorgo granífero ou feno de coastcross) sobre as características de carcaça de cordeiros Suffolk, não observaram diferenças sobre o rendimento de carcaça e de seus cortes, espessura da gordura subcutânea e pH da carne, contudo os animais alimentados com silagem de milho apresentaram carcaças com maior porcentagem de gordura. Costa et al. (2002) também não verificaram efeito do uso da silagem de milho ou feno de aveia sobre rendimento de carcaça de mes-tiços Simental x Nelore. Entretanto, os autores destacam que a cober-tura de gordura foi maior nos animais que receberam como volumoso a silagem de milho, provavelmente devido à maior participação dos grãos na silagem de milho, conferindo maior energia líquida de ganho e me-lhor desempenho.

Ao estudar duas fontes de volumoso sobre características de car-caça e da carne de novilhos Hereford terminados em confinamento, Vaz e Restle (2005) não verificaram diferença entre rendimento de carcaça, os cortes comerciais e as características qualitativas da carne e da car-caça de novilhos terminados com silagem de milho ou cana-de-açúcar, porém os animais alimentados com silagem de milho apresentaram car-caças mais pesadas.

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Estudos da Pós-Graduação154

Não foram observadas diferenças no ganho de peso vivo, no ren-dimento de carcaça, no ganho de carcaça, na espessura de gordura de garrotes alimentados com dietas à base de silagem de capins tanzânia ou marandu com adição de polpa cítrica peletizada ou silagem de milho (COAN et al., 2008). Oliveira et al. (2001) avaliaram a silagem de mi-lheto, cana-de-açúcar, cana-de-açúcar com probiótico, cana-de-açúcar hidrolisada e silagem de milho na alimentação de novilhos Guzerá e também não observaram diferenças no rendimento de carcaça, que foram de 53,30; 53,28; 53,42; 54,59 e 54,04%, respectivamente.

Pelos resultados de pesquisas apresentados, observa-se que o fornecimento de dietas à base de silagem não afeta as características qualitativas da carne e da carcaça. Macitelli et al. (2007) alimentaram bovinos mestiços com diferentes volumosos e fontes proteicas, e não foi observado efeito da fonte de volumoso sobre o rendimento de car-caça e espessura de gordura, apesar do melhor desempenho dos ani-mais alimentados com silagem de milho (1,09 kg/dia). Os autores con-cluíram que a qualidade do volumoso exerce efeito significativo sobre o ganho de peso na terminação de bovinos adultos, mas sem alterar o rendimento de carcaça. Segundo Restle et al. (1998), o volumoso uti-lizado durante a terminação de novilhos não altera as características sensoriais da carne.

Efeito de dietas à base de silagem sobre qualitativas do leite

O uso da silagem é de suma importância em sistemas intensivos de produção de leite, caracterizados pela elevada proporção de concen-trado na dieta. A síntese de gordura no leite pode ser alterada pela con-centração de ácido acético decorrente da fermentação de fibras ou de carboidratos não estruturais. Os maiores teores de gordura no leite pro-duzido por animais alimentados com as rações contendo milho são atri-buídos ao fato de a fibra de silagem de milho apresentar maior digesti-bilidade em comparação à fibra da cana-de-açúcar, por exemplo (QUEIROZ et al., 2008).

Ao avaliar a qualidade do leite de vacas holandesas alimentadas com silagens de grama estrela (Cynodon nlemfuensis Vanderyst) com

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ESTOQUE DE FORRAGEM PARA A SECA: produção e utilização de silagem 155

inoculante ou ureia em relação à silagem de milho, Bumbieris Júnior et al. (2007) constataram não haver diferenças quanto aos teores de gordura, lactose e sólidos totais no leite, mostrando-se a silagem de grama estrela como opção de volumoso conservado mediante análise econômica.

Dias et al. (2001), comparando o teor de gordura do leite de vacas recebendo silagem de milho com silagem de sorgo em dois está-dios vegetativos (fases de emborrachamento e grão leitoso), não obser-varam diferenças quanto ao teor de gordura do leite entre as silagens analisadas. Silva et al. (2004) avaliaram a composição do leite de vacas alimentadas com dietas contendo diferentes proporções de silagem de girassol, em substituição à silagem de milho em dietas compostas por: 100% de silagem de girassol e concentrado; 66% de silagem de girassol e 34% de silagem de milho e concentrado; 34% de silagem de girassol mais 66% de silagem de milho e concentrado; 100% de silagem de milho e concentrado; e 100% de silagem de milho mais caroço de al-godão (16,5% da matéria seca) e concentrado. Os autores relataram que a substituição parcial de silagem de milho por silagem de girassol não afetou os teores de gordura e proteína do leite.

Tendo em vista a importância da utilização de volumosos de qua-lidade e os benefícios econômicos do uso de silagem de qualidade na alimentação animal em sistemas de produção em que há pagamento do leite conforme sua composição, Sousa et al. (2009) avaliaram a compo-sição do leite de vacas alimentadas com silagem de milho ou cana-de--açúcar com caroço de algodão. Os autores constataram que o uso de cana-de-açúcar com caroço de algodão melhora a composição do leite, no entanto os benefícios dessas dietas não se equiparam aos da dieta com silagem de milho.

Diferentes estratégias de suplementação volumosa (silagem de capim-elefante; cana-de-açúcar e silagem de milho) para vacas leiteiras no período seco do ano foram testadas por Oliveira (2007), e não foram observadas variações quanto ao teor de gordura do leite. Já para o teor de proteína do leite, o tratamento que continha silagem de milho foi o que apresentou maior valor (3,5% de proteína).

A qualidade sanitária do leite é outro ponto importantíssimo a se considerar, tendo este relação direta com a qualidade do alimento. O

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Estudos da Pós-Graduação156

alimento consumido pela vaca tem efeito sobre a cor, sabor e odor do leite. Portanto, silagens e outros alimentos mal conservados podem mo-dificar as qualidades organolépticas e sanitárias do leite (JOBIM; GONÇALVES; SANTOS, 2001).

O crescimento dos fungos produtores de micotoxinas é função de parâmetros físico-químicos, como teor de umidade da forragem ensi-lada, temperatura, presença de oxigênio, de substrato e pH. Por isso, a importância de se vedar adequadamente os silos, evitando, assim, o de-senvolvimento de fungos com consequente produção de toxinas, as quais poderão contaminar o leite.

Várias micotoxinas são excretadas para o leite, entretanto a que representa maior risco para a saúde humana são as aflatoxinas (KNOW MYCOTOXINS, 2010). Em revisão sobre a presença de micotoxinas nos alimentos e seu destino nos animais, Yiannikouris e Jouany (2002) apresentaram dados constatando a aflatoxina M1, forma na qual é elimi-nada no leite, em concentração máxima no leite dois dias após sua in-gestão. Segundo Jobim, Gonçalves e Santos (2001), o limite de concen-tração de aflatoxinas no alimento para consumo humano é de 10μgkg-1 para a soma de AFB1, AFB2, AFG1 e AFG2 e um máximo de 5μgkg-1 para AFB1.

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AVALIAÇÃO ECONÔMICA DA PRODUÇÃO E DA UTILIZAÇÃO DE SILAGENS

Rodrigo Gregório da SilvaElyane Cristina Borges Dias

Marcos Neves Lopes

Introdução

O desenvolvimento de técnicas que visem à melhoria da produção animal tem sido objeto de estudo dos pesquisadores, evo-luindo concomitante aos sistemas de produção animal. Como caracte-rística desses sistemas, observa-se a oscilação da oferta de alimentos, ao longo do ano e entre anos, especialmente para a região semiárida brasileira, resultando na variação da disponibilidade de alimento em quantidade e qualidade, conforme pode ser observado em Araújo Filho (1980).

Todavia, existem formas de minimizar, ou mesmo eliminar, tal oscilação da oferta de alimentos aos animais, mediante a utili-zação de práticas que garantem a formação de reserva de alimentos, direcionados para os períodos de balanço negativo da relação de-manda/oferta de alimentos. Há algumas alternativas que possibi-litam a formação dessa reserva, como: diferimento de pastagens, fenação e ensilagem, esta última alternativa constituindo-se no ob-jeto desta publicação.

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Estudos da Pós-Graduação164

Os aspectos técnicos desses processos nortearam o desenvol-vimento de modelos de produção de alimentos, destinados à for-mação de reserva, buscando resolver o problema de oscilação da oferta. Contudo, no decorrer desses estudos, não foram observados os aspectos relacionados à influência dessa prática no desempenho econômico do sistema, não sendo difícil observar limitação econô-mica quanto ao desempenho dos sistemas que passaram a utilizar tal prática.

Corroborando o exposto, Silva (1977) relata a variação obser-vada quanto aos objetivos de uma empresa, na qual a eficiência técnica do sistema apresenta-se como objetivo básico, notadamente na visão dos técnicos ligados à produção, condição que tem norteado os estudos ao longo do tempo. Inversamente, há a visão relacionada à eficiência econômica, defendida como base do diálogo dos profissionais relacio-nados à gestão de negócios, sendo esta a condição mais adequada nos dias atuais. Ao final, conclui-se serem os critérios de eficiência econô-mica os determinantes da alocação ótima dos recursos na zona racional de produção.

Salienta-se que a instituição de práticas de manejo incorre em criação de custos diretos associados a essas modificações. Tais custos devem ser confrontados com os resultados técnicos observados. Dessa forma, a avaliação do impacto técnico e do desempenho econômico-fi-nanceiro dessas intervenções constitui-se no objetivo inicial quanto ao desenvolvimento de tecnologias que sejam capazes de melhorar a con-dição dos proprietários dessas unidades de produção.

Fernandes et al. (2007) relataram ser a produção de silagem téc-nica passível de melhorar a oferta de alimentos volumosos para os ani-mais, notadamente no período seco. Todavia, enfatizaram serem o po-tencial de produção elevado, o alto valor nutritivo e o baixo custo os determinantes na otimização dos sistemas intensivos de produção animal. Disso resulta o melhor desempenho econômico, dado o maior giro de capital.

Nesse contexto, elaborou-se o presente capítulo com o objetivo de apresentar relevantes índices econômicos no que tange à produção de silagens de capim-elefante, de milho, de sorgo e de cana-de-açúcar.

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ESTOQUE DE FORRAGEM PARA A SECA: produção e utilização de silagem 165

Índices econômicos na produção de silagem de capim-elefante

Em levantamento dos custos de produção de silagem de capim na região de São Carlos-SP, Tupy et al. (2000) observaram valor equiva-lente a R$35,34 por tonelada de massa verde ensilada (atualizado pelo IGP-DI). Esse valor, transformado para a base de massa seca (25,0% MS), torna-se o equivalente a R$141,36 por tonelada de massa seca. Nesse sentido, buscando-se maior detalhamento na abordagem dos in-dicadores econômicos na produção de silagens de capins, destacaremos estudo com produção de silagem de capim-elefante sob diferentes ní-veis de inclusão de farelo de algodão.

Apresentam-se os investimentos (Tabela 1) em cinco categorias, sendo observado custo total por hectare de R$4.031,00. Deste, aproxi-madamente 50,0% referem-se a mudas, especialmente devido ao manu-seio de coleta (corte), como também aos custos com transporte. Vale salientar que, quando da disponibilidade dessas mudas na propriedade, há redução significativa desse custo, especialmente no componente transporte. Os componentes plantio e tratos culturais, juntos, repre-sentam aproximadamente 30,0% do valor investido.

Tabela 1 – Investimentos, por categoria de custos, para a implantação de um hectare de capim-elefante, conjuntamente com os equipamentos necessários para a produção de silagem, nas condições do litoral cearense (Fortaleza-CE), em 2011

Serviços e insumosCusto Participação

R$ ha-1 %Preparo do solo 225,00 5,58Mudas 2.000,00 49,62Plantio 715,00 17,74Tratos culturais 526,00 13,05Subtotal (Formação da capineira) 3.466,00 85,98Outros custos (material para produção da silagem) 565,00 14,02TOTAL 4.031,00 100,00

Fonte: simulação dos autores.

Esses custos podem ser reduzidos, em menor escala que o custo com mudas. Todavia, elevando o nível de conhecimento no tocante à

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Estudos da Pós-Graduação166

implantação e condução da cultura, de forma técnica e com princípios de eficiência econômica, há possibilidade de minimizá-los. Vale salientar que os custos associados à etapa mecanizada merecem atenção quanto à escolha do equipamento adequado para a demanda de produção da pro-priedade, evitando-se sub ou superdimensionamento.

O custeio anual de um hectare de capim-elefante (Tabela 2) apre-sentou valor de R$3.923,44. Deste, assim como os custos com investi-mento, as etapas que envolvem manuseio do material vegetal produzido apresentam elevada relevância. Assim, o uso de máquinas (Diversos) ultrapassou os 50,0% dos custos de condução da cultura (custeio). Já os custos com tratos culturais e mão de obra equivaleram a mais 40,0%. Dessa forma, mais uma vez, salienta-se o papel da gestão de operações, voltando-se para a escolha do grupo de equipamentos adequados à cul-tura, de acordo com a área cultivada e o nível tecnológico do produtor. Com isso, espera-se minimizar os desembolsos ou melhorar o desem-penho da cultura, contribuindo para a diminuição dos custos, por uni-dade de produto.

Tabela 2 – Custeio, por categoria de custos, para a condução de um hectare de capim-elefante, conjuntamente com os custos para a produção de silagem, nas condições do litoral cearense (Fortaleza-CE), em 2011

Serviços e insumosCusto Participação

R$ ha-1 %

Mão de obra 600,00 15,29Energia elétrica 48,18 1,23Diversos (hora de máquinas) 2.100,00 53,52Máquinas e equipamentos 138,24 3,52Tratos culturais 996,71 25,40Custo econômico 40,31 1,03TOTAL 3.923,44 100,00

Fonte: simulação dos autores.

Com base nas informações de investimento e custeio da cultura, foi adotada metodologia de cálculo de custos de produção e indica-dores de desempenho econômico da atividade, conforme descrito em

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ESTOQUE DE FORRAGEM PARA A SECA: produção e utilização de silagem 167

Oliveira et al. (2007), levando-se em consideração os níveis de in-clusão de farelo de algodão e sua influência nos parâmetros econô-micos avaliados (Tabela 3).

Tabela 3 – Indicadores econômicos da produção de silagem de capim-elefante, para a condução de um hectare dessa cultura, nas condições do litoral cearense (Fortaleza-CE), em 2011

Indicadores econômicos – silagem

Nível de inclusão de farelo de algodão (%)

0% TA 7% TA 14% TA 21% TA

Custo operacional efetivo (R$ kg-1 de MN) 0,021 - - -

Custo operacional total (R$ kg-1 de MN) 0,022 - - -

Custo total (R$ kg-1 de MN) 0,023 - - -

Custo total¹ (R$ kg-1 de MN) 0,023 0,056 0,063 0,071

Receita bruta da atividade (R$) 19.746,80 13.821,67 7.536,16 7.025,57

Margem bruta (R$ kg-1) 0,099 0,086 0,059 0,033

Margem líquida (R$ kg-1) 0,098 0,084 0,056 0,030Margem bruta (R$ área explorada-1) 3.084,60 2.285,86 1.261,04 807,59

Margem líquida (R$ área explorada-1) 3.052,83 2.247,15 1.203,85 737,01

Margem líquida (R$ ha-1) 2.903,00 2.681,68 1.899,98 1.073,04Relação investimento/produção (R$ kg-1 ano-1) 0,136 0,127 0,119 0,112

Fonte: simulação dos autores.Nota: ¹ Custo total da silagem após a inclusão do farelo de algodão.

Os custos operacional efetivo, operacional total e total da silagem de capim-elefante, na base de matéria natural, sem a inclusão de farelo de algodão, foram de R$0,021; 0,022 e 0,023kg-1, respectivamente. Após a inclusão do farelo, houve elevação do custo (R$ kg-1 de MN), passando de R$0,023 da silagem sem farelo para R$0,071 no maior nível de inclusão, representando elevação próxima de três vezes no custo base da silagem.

Em função do maior nível de inclusão de farelo de algodão, houve menor demanda por área. Para a silagem sem inclusão de farelo de algodão, houve a demanda de 1,05ha para manter um lote de 200

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Estudos da Pós-Graduação168

borregos. Quando da inclusão crescente de farelo à massa ensilada, houve diminuição da área demandada para a produção do capim, che-gando ao valor 0,63ha, representando redução na demanda por área de aproximadamente 40,0%. Em outro sentido, mantendo-se a área de pro-dução de capim igual entre os tratamentos, houve a possibilidade de manter mais 40,0% de animais, sendo possível, no nível de inclusão de 14,0%, confinar 280 borregos.

Realizando-se simulação do desempenho do sistema com base no preço médio de mercado (R$0,12kg-1 de MN), observou-se que, quando da elevação dos níveis de inclusão, houve diminuição da re-ceita (Tabela 3) com valor mínimo (R$7.025,57ha-1) no nível de in-clusão de 21,0% de farelo de algodão. Com base no observado, visua-liza-se que a inclusão, quando da não elevação do preço do produto, causa diminuição da receita por área. Essa característica é melhor vista pelos indicadores margem bruta e margem líquida (Tabela 3), seja por unidade de produto ou por área explorada, em que se observou dimi-nuição da margem líquida com a inclusão de farelo de algodão, va-riando de R$3.052,83 a 737,01 por unidade de área explorada ou R$2.902,99 a 1.073,04 por hectare.

Ao se avaliar o efeito do nível de inclusão no custo de produção de silagem de capim-elefante (Gráfico 1), por tonelada de massa seca produzida, observou-se crescimento até o nível de inclusão de 7,0%, decrescendo até o maior nível de inclusão. À exceção da silagem com nível de inclusão zero de farelo de algodão, que apresentou valor de R$119,98t-1, os demais níveis apresentaram valores superiores ao ci-tado por Tupy (2000). Tal comportamento pode ser resultado do modelo de produção, dado que a cultura de capim (tipo pasto) e as condições de São Paulo, que apresenta maior potencial de produção vegetal, quando do modelo de sequeiro, possibilitam outra estrutura de custo, podendo justificar o observado. Todavia, salienta-se que, apesar de terem apre-sentado maiores custos, há que se observar a melhoria da qualidade do material ensilado, em função da inclusão de farelo de algodão.

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ESTOQUE DE FORRAGEM PARA A SECA: produção e utilização de silagem 169

Gráfico 1 – Custo de produção de silagem de capim-elefante (R$ t-1 de MN), em função do nível de inclusão de farelo de algodão (%), para a região litorânea do Ceará, durante o ano de 2011

Fonte: simulação dos autores a partir dos dados de Dias (2012).

Avaliando-se a relação da variação do preço de venda (R$ kg-1 de MN) e da produtividade da cultura (kg ha-1 ano-1 de MS) no desempenho do sistema, expresso pela margem líquida (R$ kg de MN), observou-se (Tabela 4) que a produtividade do capim apresenta relação forte com o desempenho econômico do sistema. Apresenta relação direta, ou seja, ao se diminuir o padrão de produção, há redução da margem líquida do sistema. Mesmo padrão de resposta foi observado para o preço, havendo melhoria da margem líquida com o aumento do preço. Inversamente ao preço e à produção, observou-se que o nível de inclusão de farelo de al-godão reduziu a margem líquida. Esse comportamento é resultado da manutenção do preço quando das análises, demonstrando a necessidade de ajustes de preço em função da qualidade do alimento. A estimativa da margem líquida (R$ kg-1 MN) de silagem de capim-elefante, em função da produção de capim (t ha-1ano-1 de MS), do preço da silagem (R$ kg-1 MN) e do nível de inclusão de farelo de algodão (%), pode ser estimada utilizando a equação seguinte (P<0,05; R² = 0,984):

ML = – 0,15489 + (1,000 x preço) + (0,00954 x produção) – (0,00016 x produção2) – (0,000075 x farelo) – (0,00255 x farelo2)

300

250

200

150

100

50

0Cust

o de

pro

duçã

o (R

$ x

t-1 d

e M

S)

0 5 10 15 20 25

Níveis de inclusão (%)

183,08 167,66

240,10

Y = 130,9 + 1.575x – 6.915 x2

R2 = 0,674

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Estudos da Pós-Graduação170

Tabela 4 – Influência da variação da produtividade do capim-elefante associada à variação de preços (R$ kg-1 de MN) na margem líquida (R$ kg-1 de MN de silagem) da produção de silagem, para a condução de um hectare, nas condições do litoral cearense (Fortaleza – CE), em 2011

Preço de venda (R$ kg-1 de MN)

Nível de inclusão de farelo de algodão (%)

0% TA 7% TA 14% TA 21% TA

9.900 kg ha-1 ano-1 de MS0,04 -0,051 -0,061 -0,072 -0,0800,08 -0,011 -0,021 -0,032 -0,0400,12 0,029 0,019 0,008 0,0000,18 0,069 0,059 0,048 0,040

19.800 kg ha-1 ano-1 de MS0,04 -0,006 -0,017 -0,027 -0,0360,08 0,034 0,023 0,013 0,0040,12 0,074 0,063 0,053 0,0440,18 0,114 0,103 0,093 0,084

29.700 kg ha-1 ano-1 de MS0,04 0,010 -0,002 -0,012 -0,0220,08 0,050 0,038 0,028 0,0180,12 0,091 0,080 0,070 0,0600,18 0,131 0,120 0,110 0,100

Fonte: simulação dos autores a partir dos dados de Dias (2012).

Após a elaboração das análises do desempenho da produção de silagem, com o objetivo de simular o seu desempenho econômico, as-sociada a níveis de inclusão de farelo de algodão, tendo como premissa a produção para a comercialização de alimentos volumosos, proce-deu-se à avaliação de sua utilização na produção animal. Dessa forma, foram utilizados borregos, na etapa de recria/engorda, medindo-se o seu desempenho de acordo com o nível de inclusão de farelo de algodão.

Os animais utilizados na avaliação foram adquiridos do rebanho do Núcleo de Ensino e Estudos em Forragicultura – NEEF. Eram ani-mais mestiços (½ Morada Nova x ½ sem padrão racial definido), ma-chos, inteiros, com peso vivo inicial de 20,39 ± 4,47kg. Antes do início do experimento, os animais foram vermifugados e receberam suple-mentação de vitaminas A, D e E, sendo alojados em quatro baias cole-tivas, providas de comedouros, bebedouros e saleiros, dispostas em área coberta.

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ESTOQUE DE FORRAGEM PARA A SECA: produção e utilização de silagem 171

As rações experimentais foram formuladas com base no NRC (2007), sendo isoproteicas e isoenergéticas, com diferentes relações de volumoso: concentrado, sendo de 40:60, 43:57, 48:52 e 51:49, respec-tivamente, com base na matéria seca.

De posse das informações de desempenho, foram levantadas in-formações de investimentos e de custeio para a manutenção de um lote de 200 animais.

Foram medidos os custos com base na metodologia de custos operacionais efetivos (COEs), operacionais totais (COTs) e totais (CTs), margem bruta (MB), margem líquida (ML) e lucro (L). Todos os índices foram simulados por unidade de peso vivo (R$ kg-1 PV) e por ano (R$ ano-1), levando-se em consideração um lote de 200 animais e a área necessária variando em função da inclusão de farelo de algodão na si-lagem. O preço médio do quilo de peso vivo utilizado foi de R$ 4,00.

Na totalidade dos tratamentos, foi observado que a utilização da silagem para a produção de borregos não apresentou desempenho econô-mico satisfatório. Os custos, sejam operacionais ou mesmo os totais, não foram totalmente ressarcidos, o que pode ser visto facilmente nos se-guintes indicadores: margem bruta, margem líquida e lucro, todos nega-tivos (Tabela 5).

Tabela 5 – Influência da variação da produtividade do capim-elefante associada à variação de preços (R$ kg-1 de MN) na margem líquida (R$ kg-1 de MN de silagem) da produção de silagem, para a condução de um hectare, nas condições do litoral cearense (Fortaleza-CE), em 2011

Indicadores econômicosNíveis de inclusão

0% TA 7% TA 14% TA 21% TAPreço (R$ kg-1 PV) 4,00 4,00 4,00 4,00

Custo operacional efetivo (R$ ano-1) 38.465,15 38.822,09 33.469,26 40.442,81

Custo operacional total (R$ ano-1) 48.729,75 48.995,70 43.555,83 50.552,05

Custo total (R$ ano-1) 54.840,66 55.079,29 48.927,10 56.839,80

Margem bruta (R$ ano-1) -10.877,44 -11.234,38 -5.881,55 -12.855,10

Margem líquida (R$ ano-1) -21.142,04 -21.407,99 -15.968,12 -22.964,34

Lucro (R$ ano-1) -27.252,95 -27.491,58 -21.339,39 -29.252,09Custo operacional efetivo (R$ kg-1 PV) 5,58 5,63 4,85 5,86Custo operacional total (R$ kg-1 PV) 7,07 7,10 6,32 7,33

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Estudos da Pós-Graduação172

Custo total (R$ kg-1 PV) 7,95 7,99 7,09 8,24Margem bruta (R$ kg-1 PV) -1,58 -1,63 -0,85 -1,86Margem líquida (R$ kg-1 PV) -3,07 -3,10 -2,32 -3,33Lucro (R$ kg-1 PV) -3,95 -3,99 -3,09 -4,24

Fonte: simulação dos autores a partir dos dados de Dias (2012).

Vale salientar que, mesmo não havendo desempenho econômico satisfatório para a recria/engorda de borregos em sistema intensivo, dado o preço de mercado (R$4,00kg-1 PV) utilizado na análise, o nível de inclusão de 14,0% apresentou o resultado menos limitante quando comparado a todos os níveis de inclusão. Este demanda preço de pelo menos R$6,32 kg-1 PV para que sejam cobertos os custos operacionais efetivos, a mão de obra familiar e as depreciações, ou seja, o custo ope-racional total.

O comportamento observado na utilização da silagem com 14,0% de inclusão, para a produção animal, pode ser justificado devido às ca-racterísticas qualitativas da silagem (Tabela 6), em função dos níveis de inclusão de farelo de algodão, que são: o teor de matéria seca elevou-se com a inclusão do farelo, chegando ao teor de matéria seca indicada (30 a 35%); teor de proteína bruta acima da exigência de mantença (>7,0%), possibilitando produção; menor teor de fibra em detergente neutro, quando comparada à silagem sem farelo; e maior teor de carboidratos não fibrosos em relação aos demais níveis.

Tabela 6 – Influência da variação da produtividade do capim-elefante associada à variação de preços (R$ kg-1 de MN) na margem líquida (R$ kg-1 de MN de silagem) da produção de silagem, para a condução de um hectare, nas condições do litoral cearense (Fortaleza-CE), em 2011

Indicadores qualitativosNíveis de inclusão

0% TA 7% TA 14% TA 21% TAMatéria seca (%) 18,98 23,12 34,16 42,16Proteína bruta (%)¹ 5,37 7,35 11,38 14,21Fibra em detergente neutro (%)¹ 71,52 69,90 67,22 65,09Carboidratos não fibrosos (%)¹ 12,81 12,90 13,61 10,80

Fonte: simulação dos autores a partir dos dados de Dias (2012).Nota: ¹Na matéria seca.

Indicadores econômicosNíveis de inclusão

0% TA 7% TA 14% TA 21% TA

(continuação Tabela 5)

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ESTOQUE DE FORRAGEM PARA A SECA: produção e utilização de silagem 173

Posteriormente, com base nos resultados do desempenho eco-nômico das alternativas de utilização da silagem (venda da silagem ou venda de animais), foi realizada análise de risco da produção de si-lagem (Gráfico 2) nos dois níveis de melhor desempenho: venda di-reta de silagem (0,0% de inclusão) ou utilização para animais (14,0%). O preço utilizado para o cálculo do desempenho econômico foi de R$0,12kg-1 MN.

A venda da silagem, na base de matéria natural, apresentou me-lhor desempenho na modalidade sem inclusão de farelo (Gráfico 2a), havendo menos de 3,0% de probabilidade de se obter margem líquida negativa, sendo que 90,0% dos valores esperados de margem líquida estão compreendidos entre R$0,007 e 0,123kg-1 MN, com valor mais provável de R$0,104kg-1 MN. Em condição menos favorável, obser-vou-se o desempenho econômico da venda da silagem com inclusão de farelo de algodão 14,0% (Gráfico 2b), em que há, aproximadamente, 8,0% de probabilidade de ser obtida margem líquida negativa. Nesse caso, 90,0% dos valores esperados de margem líquida estão compre-endidos entre R$-0,061 e 0,071kg-1 MN, com valor mais provável de R$0,029kg-1 MN. Observa-se que a venda da silagem sem aditivo apresenta menor risco de obter margem líquida negativa, associado a valor provável mais elevado quando comparado à alternativa da in-clusão de aditivo à silagem.

Com isso, visualizam-se alguns aspectos importantes, notada-mente do ponto de vista econômico, que são: dado o preço de mercado e não havendo variação em função da qualidade, a venda da silagem sem aditivo é a melhor alternativa econômica; caso seja utilizada a si-lagem para a produção animal, o nível mais indicado é o de 14,0% de inclusão de farelo de algodão; quando da utilização da silagem com aditivo (farelo de algodão) para comercialização direta, do ponto de vista econômico, o preço deverá ser dado em função da qualidade, sendo sugerida a produção de silagem com nível de inclusão de 14,0% de farelo, ao preço mínimo de R$0,183kg-1 MS.

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Estudos da Pós-Graduação174

Gráfico 2 – Distribuição de probabilidade da margem líquida (R$ kg-1 de MN), em função de dois níveis de inclusão de farelo de algodão (%), para a região litorânea do Ceará, em 2011

Fonte: simulação dos autores a partir dos dados de Dias (2012).Nota: a) silagem sem inclusão de farelo; b) silagem com 14% de inclusão de farelo de algodão.

14

12

10

8

6

4

2

0

-0,0

4

-0,0

2 0

0,02

0,04

0,06

0,08 0,1

0,12

0,14

Prob

abili

dade

(%)

R$ x kg-1

Distribuição de probabilidade da Margem Líquida0,0065 0,1228

a

Mod

e =

0,1

039

b12

10

8

6

4

2

0

-0,1

-0,0

8

-0,0

6

-0,0

4

-0,0

2 0

0,02

0,04

0,06

0,08 0,1

Prob

abili

dade

(%)

R$ x kg-1

Distribuição de probabilidade da Margem Líquida

-0,0611 0,0712

Mod

e =

0,0

289

Distribuição de probabilidade da margem líquida

Distribuição de probabilidade da margem líquida

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ESTOQUE DE FORRAGEM PARA A SECA: produção e utilização de silagem 175

Índices econômicos na produção de silagem de milho

Ao analisar os indicadores econômicos (renda bruta, custo opera-cional efetivo – COE, custo operacional total – COT, margem bruta e margem líquida) na produção de silagem de milho sob diferentes formas de plantio, Freitas (2010) observou maior (P<0,10) renda bruta para a silagem sem pré-plantio de feijão em relação à silagem com pré-plantio de feijão (Gráfico 3). O autor destacou que isso ocorreu em virtude de o valor da silagem comercializada basear-se na matéria natural, em res-posta à maior produção de silagem no plantio sem pré-plantio de feijão, quando comparado ao plantio com pré-plantio de feijão, justificando, dessa forma, a maior renda bruta no referido método de plantio.

Foi constatado maior (P<0,10) COE na produção de silagem sem pré-plantio de feijão em comparação com a silagem com pré--plantio de feijão (Gráfico 3). Tal resposta foi explicada pelo autor, principalmente, pelo COE do pré-plantio, respondendo pelo fato de a colheita da cultura do feijão ser no mês de junho, em que o solo apre-sentou pouca presença de plantas daninhas. Assim, quando se preparou o solo para plantio do milho em novembro, o produtor não teve gasto com herbicidas, reduzindo o COE do pré-plantio. Analisando o COE entre os plantios direto e convencional, foi verificada diferença (P<0,10), provavelmente, em virtude do maior gasto gerado no pre-paro de solo com máquinas no plantio convencional em relação ao plantio direto. Porém, para o COT da silagem, não foi constatada dife-rença (P>0,10) entre os métodos de plantio.

Na análise das margens brutas e líquidas, não foi detectada dife-rença (P>0,10) entre os métodos (Gráfico 3). O autor mencionou que o fato de a silagem proveniente do método com pré-plantio de feijão apresentar menor produção de matéria natural que a do método sem pré-plantio resultou, também, em menores COE e COT e, portanto, em valores equivalentes de margem bruta e líquida das silagens. Em re-lação aos métodos de preparo convencional e plantio direto, não foi constatada diferença entre eles para a renda bruta e nem para os custos operacionais, e, consequentemente, não diferiram nas margens, con-forme enfatizou Freitas (2010).

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Estudos da Pós-Graduação176

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5.00

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Índices econômicos (R$ ha-1)

Rend

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Prod

ução

de

silag

em co

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lantio

dire

to

3.810,92

4.689,16

4.166,86

4.333,21

2.532,12

2.958,90

2.822,40

2.668,62

2.623,95

3.071,90

2.922,81

2.773,04

1.278,80

1.730,25

1.344,47

1.664,59

1.186,97

1.617,25

1.244,06

1.560,17

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ESTOQUE DE FORRAGEM PARA A SECA: produção e utilização de silagem 177

O estudo de Costa et al. (2015) apresenta resultados acerca dos custos operacionais totais e efetivos de silagens de milho no sistema plantio direto sob diferentes sistemas produtivos, como: milho se-meado exclusivamente (MS, solteiro), milho em consórcio com a Brachiaria brizantha cv. Xaraés (MB) e milho em consórcio com o Panicum maximum cv. Tanzânia (MP). No referido estudo, verifi-cou-se que as operações que mais oneraram os custos de produção das silagens foram a colheita do material para ensilagem (R$315,00ha-1), seguida da irrigação da área (R$133,00ha-1) e do transporte da for-ragem (R$105,00ha-1), totalizando mais de 57,0% dos custos operacio-nais efetivos (Gráfico 4).

Os resultados de Costa et al. (2015) possibilitam constatar (Gráfico 4) que os custos com os insumos (R$981,96ha-1), principal-mente no que refere-se aos fertilizantes (R$555,00ha-1) e sementes (R$294,50ha-1), foram os componentes que mais oneraram os sistemas de produção das silagens estudadas. Os autores destacaram, para as es-pécies forrageiras, que o elevado preço das sementes foi resultado do seu elevado valor cultural (VC), de 76,0 e 72,0% para Brachiaria bri­zantha e Panicum maximum, respectivamente. Isso representou uma participação média nos custos de aproximadamente 43,6% do COE, no primeiro ano (2010/2011), e de 50,4%, no segundo (2011/2012).

Gráfico 4 – Indicadores econômicos da produção de silagem de milho em consórcio com Brachiaria brizantha cv. Xaraés no sistema plantio direto

Fonte: adaptado de Costa et al. (2015).

2.500,00

2.000,00

1.500,00

1.000,00

500,00

0,00

Índic

es e

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ha-1

)

981,96

1.949,46 2.046,93

Operações Insumos Custo operacional Custo operacional efetivo (COE) total (COT)

967,50

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Estudos da Pós-Graduação178

Os autores relataram, ainda, que o aumento dos custos de pro-dução no segundo ano de estudo resultou, principalmente, do aumento dos custos das sementes e defensivos agrícolas, em comparação aos custos do primeiro ano. Mencionaram, também, o fato de as sementes de milho híbrido (AG 8088 YG), utilizadas no ano agrícola 2011/2012, apresentarem maior valor, alcançando o dobro do preço verificado na primeira safra. Nesse sentido, essa oscilação de preços ao longo dos anos agrícolas pode influenciar os resultados dos indicadores econô-micos dos sistemas de produção de silagens (COSTA et al., 2015).

Ao analisarem a produção de silagens de milho no sistema plantio direto sob diferentes sistemas produtivos, Costa et al. (2015) verifi-caram maiores COTs para o milho em consórcio com a B. brizantha cv. Xaraés (MB), com valores de R$2.046,93 e R$2.385,40ha-1 para as sa-fras 2010/2011 e 2011/2012, respectivamente (Gráfico 5).

Gráfico 5 – Custo operacional total (COT) de silagens de milho no sistema plantio direto sob diferentes sistemas produtivos nas safras 2010/2011 e 2011/2012

Fonte: adaptado de Costa et al. (2015).Nota: milho semeado exclusivamente (MS, solteiro), milho em consórcio com o Panicum maximum cv. Tanzânia (MP) e milho em consórcio com a Brachiaria brizantha cv. Xaraés (MB).

Em avaliação realizada pela Pioneer (2011), constataram-se custos de produção de silagens de milho com valores por tonelada de massa seca ensilada de R$274,85 e R$183,24 para produções de baixo e alto níveis tecnológicos, respectivamente. Foram observados também os cuidados com o efeito da qualidade nos aspectos relacionados ao acúmulo de nu-

3.000,00

2.500,00

2.000,00

1.500,00

1.000,00

500,00

0,00

Custo

ope

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nal (

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R$

ha-1

)

1.85

2,16

2.15

8,55

2.03

5,17

2.34

9,65

2.04

6,93

2.38

6,40

MS MP MB Safra 2010/2011 Safra 2011/2012

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ESTOQUE DE FORRAGEM PARA A SECA: produção e utilização de silagem 179

trientes armazenados. A qualidade também é traduzida em custos, pois, em função da determinação inadequada do ponto de ensilagem, há maior custo por unidade armazenada quando da produção de silagem com menor valor nutritivo. Isso porque, apesar de o custo com o processa-mento permanecer o mesmo, seja no processamento de alimento de maior ou menor valor nutritivo, torna-se de maior custo o alimento de menor valor nutritivo. Ao estudarem os custos de produção de silagem de milho na região de Guarapuava-PR, De Re et al. (2007) constataram valores de R$32,35t-1 e R$99,98t-1 (valores atualizados pelo IGP-DI) para as massas verde e seca de silagem, respectivamente.

Índices econômicos na produção de silagem de sorgo

O estudo de Costa et al. (2015) apresenta resultados acerca dos custos operacionais totais de silagens de sorgo no sistema plantio direto sob diferentes sistemas produtivos, como: sorgo semeado exclusiva-mente (SS, solteiro), sorgo em consórcio com a Brachiaria brizantha cv. Xaraés (SB) e sorgo em consórcio com o Panicum maximum cv. Tanzânia (SP). Os autores verificaram menores COTs para o sorgo cultivado ex-clusivamente (solteiro, SS), com valores de R$1.815,93 e de R$1.941,62, para as safras 2010/2011 e 2011/2012, respectivamente (Gráfico 6).

Gráfico 6 – Custo operacional total (COT) de silagens de sorgo no sistema plantio direto sob diferentes sistemas produtivos nas safras 2010/2011 e 2011/2012

Fonte: adaptada de Costa et al. (2015).Nota: sorgo semeado exclusivamente (SS, solteiro), sorgo em consórcio com o Panicum maximum cv. Tanzânia (SP) e sorgo em consórcio com a Brachiaria brizantha cv. Xaraés (SB).

2.200,00

2.100,00

2.000,00

1.900,00

1.800,00

1.700,00

1.600,00

Custo

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al (C

OT, R

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)

1.815

,93

1.941

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1.998

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2.132

,72

2.010

,71

2.386

,40

SS SP SB Safra 2010/2011 Safra 2011/2012

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Estudos da Pós-Graduação180

Em análise dos custos de produção de silagens de diferentes hí-bridos de sorgo, Neumann et al. (2003) constataram que o custo de implantação e de manejo (insumos + operações) das lavouras dos dife-rentes híbridos (AGX-213, AG-2002, AGX-217 e AG-2005E) variou em resposta ao custo de aquisição das sementes, enquanto os custos dos processos de colheita e ensilagem alteraram conforme as modificações na produção de massa verde (MV) (Gráfico 7).

Gráfico 7 – Levantamento de custos de produção de silagens de diferentes híbridos de sorgo

Fonte: adaptado de Neumann et al. (2003).

No referido estudo, verificou-se que o custo da silagem produzida variou (P<0,05) de R$15,38t-1 (AG-2002, híbrido forrageiro) a R$23,72t-1 (AG-2005E, híbrido duplo propósito). Os autores consta-taram que tanto o custo por tonelada de massa verde (MV) como o de massa seca (MS) da silagem foram menores para o híbrido forrageiro AG-2002 (R$15,38 e R$48,47), não diferindo (P>0,05) dos híbridos for-rageiro AGX-213 (R$20,66 e R$55,35) e duplo propósito AGX-217 (R$21,68 e R$55,84), como resultado das maiores produções de MV e MS por hectare. Em comparação, o híbrido de duplo propósito AG-2005E teve maiores custos de produção por tonelada de MV (R$23,72) e MS (R$71,52) (Gráfico 8).

No que tange aos aspectos econômicos da produção de silagem, Brondani, Alves Filho e Bernardes (2000) ressaltaram a necessidade de seleção de materiais que proporcionem alta produção de MS, visando a

1.000,00900,00800,00700,00600,00500,00400,00300,00200,00100,00

0,00

Custo

de

prod

ução

(R$

ha-1

)

396,

68

394,

48

403,

98

406,

18

384,

64 524,

61

374,

71

336,

72

781,

32 919,

09

778,

69

742,

90

Custo da lavoura (insumos + operações)

Custo da silagem (colheita + ensilagem)

Total

Híbrido AGX-213 Híbrido AG-2002 Híbrido AGX-217 (duplo propósito) Híbrido AG-2005E (duplo propósito)(forrageiro) (forrageiro)

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ESTOQUE DE FORRAGEM PARA A SECA: produção e utilização de silagem 181

reduzir os custos de produção de silagem, destacando que tais materiais devem apresentar bom valor nutritivo. Nesse sentido, ao avaliar diferentes híbridos de sorgo, Neumann (2001) verificou, para o AG-2002 e AGX-213, menores custos de produção por tonelada de silagem produzida. Adicionalmente, quando comparados ao AG-2005E, em termos de com-posição física e bromatológica da silagem, foi constatado desempenho superior dos animais em confinamento em relação aos híbridos AG-2002 e AGX-213, revelando o híbrido AG-2005E como de maior lucratividade no sistema de terminação. Destarte, o autor destacou a importância do acompanhamento dos indicadores econômicos dos sistemas de produção, dada a dinamicidade como característica presente nos referidos sistemas.

Gráfico 8 – Contabilização dos custos das massas verde e seca na produção de silagens de diferentes híbridos de sorgo

Fonte: adaptado de Neumann et al. (2003).

Em análise dos custos de produção da silagem de sorgo na região de Guarapuava-PR, De Re et al. (2007) observaram valores de R$31,86t-1 e R$91,22t-1 (valores atualizados pelo IGP-DI) para as massas verde e seca de silagem, respectivamente.

Índices econômicos na produção de silagem de cana-de-açúcar

Ao estudarem os indicadores econômicos de silagens de cana-de--açúcar (sem aditivo, silagem de cana-de-açúcar com 1% de ureia, si-

80,00

70,00

60,00

50,00

40,00

30,00

20,00

10,00

0,00Custo

de

prod

ução

das

mas

sas v

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e

seca

(R$

t-1)

21,68 23,72

55,3548,47

55,84

71,52

15,3820,66

Custo da massa verde Custo da massa seca Híbrido AGX-213 (forrageiro) Híbrido AG-2002 (forrageiro)

Híbrido AGX-217 (duplo propósito) Híbrido AG-2005E (duplo propósito)

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Estudos da Pós-Graduação182

lagem de cana-de-açúcar com 0,5% de ureia + 0,5% de CaO e silagem de cana-de-açúcar com 1% de CaO), Martins et al. (2014) descreveram os custos da tonelada de massa verde (R$ t-1 MV) e da tonelada de matéria seca (R$ t-1 MS), com valores superiores de R$125,66t-1 e R$571,45t-1 para massa verde e matéria seca, respectivamente (Gráfico 9). No estudo em questão, os autores quantificaram o custo de produção da silagem por kg de matéria seca (MS), com valores registrados de R$0,454kg-1 MS e R$0,571kg-1 MS, nas silagens sem aditivo e com 1% de ureia, respectivamente (Gráfico 10).

Em discussão no tocante aos custos, Martins et al. (2014) ressal-taram que um dos fatores atuantes para o elevado custo das silagens foi o baixo teor de MS constatado após a abertura dos silos. As massas de cana-de-açúcar sem aditivo e com 1% de ureia foram ensiladas com teor de MS de 28%, e as massas de cana-de-açúcar contendo 0,5% de ureia + 0,5% de CaO e com 1% de CaO apresentavam-se com 30% de MS. Assim, verifica-se que ocorreu redução de aproximadamente 6% de MS nas silagens.

Gráfico 9 – Custo de produção (R$ t-1) de massa verde (MV) e matéria seca (MS) de silagens de cana-de-açúcar

Fonte: adaptado de Martins et al. (2014).Nota: sem aditivo = silagem de cana-de-açúcar sem aditivo; 1% UR = silagem de cana-de-açúcar com 1% de ureia; 0,5% UR + 0,5% CaO = silagem de cana-de-açúcar com 0,5% de ureia + 0,5% de CaO; 1% CaO = silagem de cana-de-açúcar com 1% de CaO.

700,00

600,00

500,00

400,00

300,00

200,00

100,00

0,00

Custo

de

silag

em d

e ca

na-d

e-aç

úcar

(R$

t-1)

119,66 113,66

454,52

571,45522,54

485,73

125,66102,31

Custo total da tonelada de MV Custo total da tonelada de MS

Sem aditivo 1% UR

0,5% UR + 0,5% CaO1% CaO

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ESTOQUE DE FORRAGEM PARA A SECA: produção e utilização de silagem 183

Gráfico 10 – Custo de produção por kg de matéria seca (MS) de silagens de cana-de-açúcar

Fonte: adaptado de Martins et al. (2014).Nota: sem aditivo = silagem de cana-de-açúcar sem aditivo; 1% UR = silagem de cana-de-açúcar com 1% de ureia; 0,5% UR + 0,5% CaO = silagem de cana-de-açúcar com 0,5% de ureia + 0,5% de CaO; 1% CaO = silagem de cana-de-açúcar com 1% de CaO.

Em análise dos índices econômicos da produção de leite de vacas mestiças recebendo dietas à base de quatro volumosos, cana-de-açúcar in natura, silagem de sorgo, silagem de girassol e pastagem de capim--tanzânia, Martins et al. (2011) constataram que a maior produção de volumoso e o maior custo da dieta total foram registrados para a cana--de-açúcar. Conforme os autores, mesmo possibilitando maior pro-dução de biomassas verde e seca por unidade de área em relação aos outros volumosos, a produção de cana-de-açúcar tem elevado os custos de mão de obra nas operações de corte, transporte e fornecimento di-ário, fato que onera o custo de produção do leite.

Outro indicador econômico estudado por Martins et al. (2014) refere-se ao custo operacional efetivo (COE), representando os custos que requerem desembolso em dinheiro, sendo contabilizadas todas as despesas com a produção leiteira (Gráfico 11). Os autores mencionaram que apenas as despesas com alimentação foram variáveis. O estudo re-velou que a alimentação foi o item responsável por mais onerar o COE na produção de leite, pois participou com 53,00; 50,76; 57,57 e 56,50% do total de despesas nas dietas contendo as silagens de cana-de-açúcar

1% CaO

0,5% UR + 0,5% CaO

1% UR

Sem aditivo

Silag

ens d

e ca

na-d

e-aç

úcar

Custo de produção por kg de MS de silagem de cana-de-açúcar (R$ kg-1 MS)0,00 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 0,60

0,522

0,571

0,454

0,485

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Estudos da Pós-Graduação184

sem aditivo, com 1% de ureia, com 0,5% de ureia + 0,5% de óxido de cálcio e 1% de CaO, respectivamente. Vale mencionar que, em sistemas intensivos de produção, o fator alimentação pode representar até 70,0% dos custos efetivos. Em sistemas de produção menos intensivos, o refe-rido item responde por menos de 50,0% dos custos (CEPEA, 2008).

Gráfico 11 – Custo operacional efetivo (COE) na produção leiteira de vacas mestiças alimentadas com silagens de cana-de-açúcar

Fonte: adaptado de Martins et al. (2014).Nota: sem aditivo = silagem de cana-de-açúcar sem aditivo; 1% UR = silagem de cana-de-açúcar com 1% de ureia; 0,5% UR + 0,5% CaO = silagem de cana-de-açúcar com 0,5% de ureia + 0,5% de CaO; 1% CaO = silagem de cana-de-açúcar com 1% de CaO.

Em complemento aos demais índices econômicos da produção de silagem de cana-de-açúcar já mencionados, Martins et al. (2014) levantaram o custo de produção do quilo de leite corrigido para 4% de gordura (LCG 4%), dividindo-se o COE pela produção de LCG 4% e a renda líquida por kg de leite, calculada pela subtração das despesas to-tais (COE) da renda bruta, ou seja, do valor total recebido por quilo-grama de leite (Gráfico 12). Os autores destacaram que, apesar dos maiores valores constatados para a renda líquida nas dietas com silagem de cana-de-açúcar sem aditivo ou com 1% de ureia, o baixo consumo de forragem pelos animais, verificado principalmente na dieta com si-lagem contendo 1% de ureia, resultou em perda de peso das vacas (-12,63kg), constituindo, assim, fato relevante que poderá influenciar

1% CaO

0,5%UR + 0,5% CaO

1% UR

Sem aditivo

Sila

gens

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cana

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açúc

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Custo operacional efetivo (R$ vaca-1)0,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 14,00

12,940

11,15

11,70

12,620

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ESTOQUE DE FORRAGEM PARA A SECA: produção e utilização de silagem 185

negativamente o desempenho produtivo e reprodutivo desses animais ao longo do tempo.

Gráfico 12 – Custo do quilograma de leite corrigido para 4% de gordura (LCG 4%) e renda líquida do leite produzido por vacas alimentadas com dietas contendo silagens de cana-de-açúcar

Fonte: adaptado de Martins et al. (2014).Nota: sem aditivo = silagem de cana-de-açúcar sem aditivo; 1% UR = silagem de cana-de-açúcar com 1% de ureia; 0,5% UR + 0,5% CaO = silagem de cana-de-açúcar com 0,5% de ureia + 0,5% de CaO; 1% CaO = silagem de cana-de-açúcar com 1% de CaO.

Face ao exposto, no tocante aos indicadores econômicos da pro-dução de silagens, destaca-se a importância do monitoramento de tais índices em nível de propriedade, pois, conforme enfatizaram Lupatini e Nunes (1999), os custos das culturas forrageiras e do processo de ensi-lagem apresentam diferenças entre as propriedades rurais, em função, entre outros fatores, do grau de utilização de mecanização, das condi-ções de fertilidade do solo, da fertilização das sementes, da produção de biomassa, de aspectos qualitativos da silagem produzida e da distância entre a área de cultivo da forrageira e o local de armazenamento (silo).

Referências

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0,900,800,700,600,500,400,300,200,100,00

Custo

e re

nda

líquid

a po

r kg

de le

ite (R

$ kg

-1)

0,80 0,81

0,14 0,150,10 0,09

0,750,76

Custo por kg LCG 4% Renda líquida por kg de leiteSem aditivo 1% UR 0,5% UR + 0,5% CaO 1% CaO

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Estudos da Pós-Graduação186

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ESTOQUE DE FORRAGEM PARA A SECA: produção e utilização de silagem 187

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OS AUTORES

Ana Clara Rodrigues CavalcanteZootecnista formada pela Universidade Estadual Vale do Acaraú

(2000), doutora em Ciência Animal e Pastagens pela Esalq (2010), pesqui-sadora da Embrapa Caprinos e Ovinos. Tem atuado principalmente nas áreas de manejo sustentável de pastagens e ferramentas para a segurança alimentar animal no semiárido.

Ciro de Miranda PintoEngenheiro Agrônomo formado pela Universidade Federal do Ceará

(2004), mestre (2006) e doutor (2011) em Agronomia/Fitotecnia pela Universidade Federal do Ceará. Pós-doutorado em Zootecnia na área de Forragicultura e Pastagens (2011-2012) pela mesma universidade. Apresenta conhecimento nas seguintes áreas de pesquisas: estatística e experimentação agrícola, estatística multivariada, fisiologia da produção vegetal, manejo de grandes culturas e forragicultura e pastagens. Professor Adjunto IV da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab) – Instituto de Desenvolvimento Rural/Agronomia.

Guilherme de Lira Sobral Silva Médico Veterinário formado pela Universidade Federal de Campina

Grande (2005), doutor em Zootecnia pela Universidade Federal do Ceará (2013), professor e coordenador do curso de Medicina Veterinária da Faculdade de Juazeiro do Norte desde 2017. Tem atuado nas áreas de for-ragicultura, pastagem e nutrição de ruminantes.

Elyane Cristina Borges DiasBióloga formada pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte

(2004), mestre em Zootecnia pela Universidade Federal do Ceará (2012),

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doutoranda em Ciências Agrárias e Ambiental na Universidade de Évora-Portugal (2018-presente). É docente da Faculdade de Ciência e Tecnologia da Universidade de Cabo Verde desde 2006. Tem atuado nas áreas de ciên-cias dos alimentos e caracterização dos queijos de cabra frescos produzidos em Cabo Verde.

Elzânia Sales PereiraZootecnista formada pela Universidade Federal de Lavras (1993),

mestre (1996) e doutora (1999) em Nutrição de Ruminantes pela Univer-sidade Federal de Lavras e pela Universidade Federal de Viçosa, respectiva-mente. É professora da Universidade Federal do Ceará desde 2006.

Gutenberg Lira SilvaZootecnista formado pela Universidade Estadual Vale do Acaraú

(2011). Atua no setor privado nas áreas de manejo e conservação de plantas forrageiras, manejo de pastagens e produção de ruminantes em sistemas con-vencionais e de integração.

José Neuman Miranda NeivaZootecnista (1987) e mestre em Zootecnia (1990) pela Univer sidade

Federal de Lavras e doutor em Zootecnia pela Universidade Federal de Viçosa (1995). Foi professor do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal do Ceará (1996 a 2004) e, atualmente, é professor da Universidade Federal do Tocantins (2004-presente). Atua nas áreas de forragicultura e produção de ruminantes.

Luiza Elvira Vieira OliveiraZootecnista formada pela Universidade Estadual Vale do Acaraú

(2009), doutora em Zootecnia/Produção Animal pela Universidade Federal de Minas Gerais (2017). Consultora e instrutora do Sebrae nacional desde 2010. Tem atuado nas áreas de produção de ruminantes, nutrição animal, manejo de pastos e sistemas agrossilvipastoril.

Magno José Duarte Cândido (organizador)Engenheiro Agrônomo formado pela Universidade Federal do Ceará

(1997), doutor em Zootecnia pela Universidade Federal de Viçosa (2003), professor do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal do Ceará desde 2005. Tem atuado nas áreas de alternativas alimentares para pro-dução de ruminantes nos trópicos, ecofisiologia e manejo de pastos tropi-cais e modelagem em ecossistemas pastoris.

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Estudos da Pós-Graduação190

Maria Socorro de Souza CarneiroEngenheira Agrônoma formada pela Universidade Federal do Ceará

(1982), doutora em Zootecnia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1999), professora titular do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal do Ceará desde 1994. Tem atuado na área de Zootecnia, com ênfase em avaliação e produção de plantas forrageiras do semiárido brasileiro.

Marcos Neves LopesEngenheiro Agrônomo (2010) e doutor em Zootecnia (2016) pela

Universidade Federal do Ceará, professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí – Campus Valença do Piauí. Tem atuado principalmente nas áreas de manejo da pastagem e do pastejo, adubação e ecofisiologia de plantas forrageiras.

Marieta Maria Martins VieiraZootecnista formada pela Universidade Federal do Ceará (2005),

doutora em Zootecnia pelo Programa de Doutorado Integrado em Zootecnia – PDIZ/UFC/UFPB/UFRPE (2013), professora do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará desde 2010. Tem atuado nas áreas de produção animal, forragicultura e tecnologias que contribuem com o meio ambiente.

Odislei Fagner Ribeiro CunhaGraduado em Zootecnia pela Universidade Federal do Tocantins

(2006), especialista em Produção de Bovinos de Leite (2007), mestre (2010) e doutor (2014) em Ciência Animal Tropical pela mesma universidade. Parte do doutorado (PDSE-Capes) foi realizado nos Estados Unidos: Range Catlle Research & Education Center, University of Florida, onde conduziu experimentos de manejo do pastejo e suplementação mineral de bovinos de corte. Atualmente, é bolsista PNPD/Capes/UFT, desenvolvendo atividades de pesquisa na área de produção e nutrição de bovinos.

Patrícia Guimarães PimentelEngenheira Agrônoma formada pela Universidade Federal do

Ceará (1999), doutora em Zootecnia pela Universidade Federal de Minas Gerais (2007), professora do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal do Ceará desde 2011. Tem atuado nas áreas de avaliação de ali-mentos para ruminantes e produção de carne e leite de ovinos e caprinos nos trópicos.

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ESTOQUE DE FORRAGEM PARA A SECA: produção e utilização de silagem 191

Rafael Nogueira Furtado (organizador)Zootecnista formado pela Universidade Federal do Ceará (2007),

doutor em Zootecnia pela Universidade Federal do Ceará (2014), professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí – Campus Paulistana, desde 2019. Tem experiência na área de produção e conser-vação de plantas forrageiras, aproveitamento de alimentos alternativos para produção de ruminantes, ecofisiologia e manejo de pastos tropicais, nutrição de ruminantes e bem-estar animal.

Raylon Pereira MacielZootecnista formado pela Universidade Federal do Tocantins (2008)

e doutor em Ciência Animal Tropical pela mesma universidade (2014). Professor na área de Forragicultura e Produção de Ruminantes da Universidade Federal Rural da Amazônia – Campus de Parauapebas.

Ricardo Loiola EdvanDoutorado em Zootecnia, mestrado em Produção Animal, especiali-

zação em Agroecologia e graduação em Engenharia Agro nômica. Atualmente, é professor da Universidade Federal do Piauí, atuando na área de forragicultura e pastagem, professor do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia e bolsista de Produtividade em Pesquisa 2 do CNPq.

Rodrigo Gregório da SilvaEngenheiro Agrônomo graduado pela Universidade Federal do Ceará

(2001), mestre (2004) e doutor (2011) em Zootecnia pela mesma univer-sidade. É professor do Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia do Ceará – IFCE. Tem atuado em gestão de sistemas de produção baseados em pastagens e planejamento e modelagem de sistemas agropecuários, prin-cipalmente nos temas de desempenho produtivo e econômico, manejo da pastagem e do pastejo e planejamento de sistemas agropecuários.

William de Jesus Ericeira Mochel FilhoEngenheiro Agrônomo formado pela Universidade Estadual do

Maranhão (2004), doutor em Zootecnia pela Universidade Federal do Ceará (2013), professor do curso de Medicina Veterinária da Faculdade Maurício de Nassau – Campus São Luís (MA) desde 2020. Tem atuado nas áreas de ecofisiologia e manejo de plantas forrageiras, conservação de plantas forrageiras, manejo do pasto e produção de ruminantes em sis-temas integrados.

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