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Estimativas para a população flutuante do Litoral Norte do RS Junho/2016

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Estimativas para a população flutuante do Litoral Norte do RSJunho/2016

Governo do Estado do Rio Grande do Sul Secretaria do Planejamento, Mobilidade e Desenvolvimento Regional

Fundação de Economia e Estatística Siegfried Emanuel Heuser Centro de Indicadores Econômicos e Sociais

Núcleo de Demografia e Previdência

Estimativas para a população flutuante do

Litoral Norte do RS

Pesquisadores: Pedro Tonon Zuanazzi Mariana Bartels

Porto Alegre, junho de 2016

GOVERNO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL Governador: José Ivo Sartori Vice-Governador: José Paulo Dornelles Cairoli SECRETARIA DO PLANEJAMENTO, MOBILIDADE E DESENVOLVIMENTO REGIONAL Secretário: Cristiano Tatsch Secretário Adjunto: José Reovaldo Oltramari FUNDAÇÃO DE ECONOMIA E ESTATÍSTICA Siegfried Emanuel Heuse r CONSELHO DE PLANEJAMENTO: Presidente: Igor Alexandre Clemente de Morais. Membros: André F. Nunes de Nunes, Angelino Gomes Soares Neto, André Luis Vieira Campos, Fernando Ferrari Filho, Ricardo Franzói e Carlos Augusto Schlabitz CONSELHO CURADOR: Luciano Feltrin, Olavo Cesar Dias Monteiro e Gerson Péricles Tavares Doyll DIRETORIA

PRESIDENTE: IGOR ALEXANDRE CLEMENTE DE MORAIS DIRETOR TÉCNICO: MARTINHO ROBERTO LAZZARI DIRETOR ADMINISTRATIVO: NÓRA ANGELA GUNDLACH KRAEMER

CENTROS ESTUDOS ECONÔMICOS E SOCIAIS: Vanclei Zanin PESQUISA DE EMPREGO E DESEMPREGO: Rafael Bassegio Caumo INDICADORES ECONÔMICOS E SOCIAIS: Juarez Meneghetti INFORMÁTICA: Valter Helmuth Goldberg Junior INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO: Susana Kerschner RECURSOS: Grazziela Brandini de Castro

Bibliotecário responsável: João Vítor Ditter Wallauer - CRB 10/2016

Revisão e editoração: Susana Kerschner e Laura Hastenpflug Wottrich Revisão bibliográfica: Tamini Farias Nicoletti Capa: Gabriela Santos da Silva FUNDAÇÃO DE ECONOMIA E ESTATÍSTICA Siegfried Emanuel Heuser (FEE) Rua Duque de Caxias, 1691 — Porto Alegre, RS — CEP 90010-283 Fone: (51) 3216-9067 E-mail: [email protected] Site: www.fee.rs.gov.br Como referenciar este trabalho: ZUANAZZI, P. T.; BARTELS, M. Estimativas para a população flutuante do Litoral N orte do RS . Porto Alegre: FEE, 2016.

Z93e Zuanazzi, Pedro Tonon. Estimativas para a população flutuante do Litoral Norte do

RS / Pedro Tonon Zuanazzi, Mariana Bartels. - Porto Alegre : FEE, 2016.

28 p. : il.

ISBN 978-85-7173-140-0

1. Crescimento populacional – Litoral – Rio Grande do Sul. 2. Previsão demográfica – Litoral – Rio Grande do Sul. I. Bartels, Mariana. II. Fundação de Economia e Estatística Siegfried Emanuel Heuser. III. Título.

CDU 314.8(816.5)

Sumário

1 O que está sendo estimado? ......................................................................... 4 2 Dados e metodologia ..................................................................................... 6 3 Estimativas para a média mensal .................................................................13 4 Estimativas para dias específicos .................................................................15 5 Discussão ..................................................................................................... 17 Referências ...................................................................................................... 21 Apêndice ...........................................................................................................

22

4

Estimativas para a população flutuante do Litoral Norte do RS

Durante os meses de verão, os municípios do Litoral Norte do RS recebem

veranistas e turistas provenientes, principalmente, de outras cidades do Estado.

Assim, durante esse período, é necessária uma adaptação na aplicação de recur-

sos públicos e privados, tendo em vista o incremento significativo da população

total da região.

Com base nessa necessidade, o presente relatório apresenta uma metodo-

logia que permite estimar a série histórica mensal da população total dos municí-

pios do Litoral Norte do Estado, além de realizar estimativas para finais de sema-

na e feriados durante o verão, apresentando os resultados obtidos.

Contribui para a sua relevância o fato de que, até o presente momento, não

há uma fonte oficial que apresente essas estimativas. Embora alguns números

sejam divulgados na mídia, eles carecem de metodologia que possa ser replica-

da.

Ainda que a literatura apresente diversas dificuldades para a estimativa de

populações flutuante, o RS possui algumas particularidades que podem justificar

a metodologia aqui apresentada. Entretanto a replicação para outras regiões pode

não ser adequada.

1 O que está sendo estimado?

Que número exatamente se quer estimar e quais municípios e praias estão

sendo investigados? Essas definições são essenciais para o entendimento do

estudo realizado.

A definição de Litoral Norte não é única. Enquanto a LCE 12100/2004 (RIO

GRANDE DO SUL, 2004) define a Aglomeração Urbana do Litoral Norte como

sendo formada por 20 municípios, o Conselho Regional de Desenvolvimento (Co-

rede) do Litoral é formado por 21 municípios. No entanto, em ambos os casos,

5

estão incluídas cidades que não são usualmente ocupadas por veranistas, pelo

fato de não se localizarem junto à faixa de areia.

Dessa forma, dado que o interesse é estudar o incremento populacional de

veranistas e turistas, considerou-se como Litoral Norte, para efeitos desta análise,

os oito municípios banhados pelo mar — Balneário Pinhal, Cidreira, Tramandaí,

Imbé, Xangri-lá, Capão da Canoa, Arroio do Sal e Torres —, além das praias de

Quintão (pertencente a Palmares do Sul), Atlântida Sul (pertencente a Osório) e

Santa Rita de Cássia (pertencente a Terra de Areia), como mostra a Figura 1.

Figura 1

Municípios e praias investigados no RS — 2016

É importante salientar que as estimativas de cada um dos oito municípios

investigados incluem a população de todas as praias que estão contidas dentro

da extensão da faixa de areia formada pelo mesmo. Por exemplo, o Município de

Imbé inclui as praias de Imbé, Presidente, Mariluz, Santa Terezinha e Albatroz,

dentre outras.

No que tange ao conceito da população que se quer estimar, para esta

análise, consideraram-se como equivalentes os conceitos de população residente

e população permanente, que é a população reportada pelos Censos Demográfi-

cos e pelas estimativas populacionais da FEE. Da mesma forma, consideraram-se

idênticos os conceitos de população flutuante, população sazonal e população

temporária, quando se trata da população que não reside no Litoral Norte, mas

6

permanece na região por alguma fração de tempo (embora essa população seja

predominantemente de veranistas e turistas, também inclui trabalhadores, pesso-

as que estejam visitando familiares, entre outras)1. Por fim, a população total re-

presenta o somatório entre a população residente e a população flutuante.

Os resultados estão divididos em duas partes: na seção, 3 estimou-se a

média populacional ao longo de todo o mês para os municípios investigados. Ou

seja, um indivíduo que se desloca para o Litoral Norte durante o dia e retorna a

Porto Alegre antes do anoitecer da mesma data é considerado, para o cálculo da

média mensal, somente pela fração do tempo correspondente às horas em que

esteve na praia. Já na seção 4, são apresentadas estimativas diárias para a popu-

lação, para os meses de dezembro de 2014 a abril de 2015.

2 Dados e metodologia

Na falta de pesquisas primárias específicas que perguntem o tempo médio

despendido no Litoral Norte pelos habitantes do Estado2, o uso de métodos indire-

tos através de proxies mostra-se como uma alternativa viável. No trabalho aqui

apresentado, diversas variáveis com disponibilidade de informações mensais por

município foram testadas, são elas: consumo de energia elétrica residencial, con-

sumo de água, informações contábeis das agências bancárias, geração de Impos-

to Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) por setor, ocorrências po-

liciais e atendimentos ambulatoriais de saúde. Também se tentou obter, mas sem

êxito, o número de ligações de celular, o número de passagens de ônibus para o

Litoral e o volume gerado de resíduos sólidos.

1 Esses conceitos podem possuir diferenciações em outros trabalhos. Por exemplo, população

sazonal refere-se a aqueles que migram devido às estações do ano. Assim, uma pessoa que se desloca ao Litoral somente para visitar um parente faria parte da população temporária, mas não da população sazonal. No entanto, como a população temporária do Litoral Norte é pre-dominantemente sazonal, optou-se por tratar os conceitos como equivalentes por motivo de simplificação.

2 A Secretaria do Turismo, Esporte e Lazer do Rio Grande do Sul (Setel-RS) encomendou uma pesquisa intitulada Demanda e Satisfação do Turista — Rio Grande do Sul no ano de 2013. No entanto, o foco do estudo não era estimar a população flutuante nem fornecer informações para esse propósito.

7

Dentre as proxies testadas, a única que apresentou desempenho satisfató-

rio foi o consumo de água3 — mais precisamente, o volume micromedido (em m3).

Optou-se por trabalhar com a participação do volume micromedido de água em

relação ao total do RS, pois, assim, elimina-se o problema de o consumo de água

aumentar no verão devido ao calor (mesmo em regiões com decréscimo popula-

cional nesse período, como Porto Alegre).

No entanto, um obstáculo para a utilização dessa variável é que se obtive-

ram informações mensais para somente 3134 dos 497 municípios gaúchos. Ainda

assim, entende-se que não se trata de um problema que inviabilize a utilização da

mesma, tendo em vista que os 313 municípios somados abrangem mais de 90%

da população do Estado e, além disso, incluem as principais regiões de onde os

habitantes se deslocam para o Litoral Norte durante o verão: a Região Metropoli-

tana de Porto Alegre, o Vale do Sinos e a Serra.

O Gráfico 1 apresenta a participação do consumo de água dos oito municí-

pios investigados em relação ao consumo dos 313 municípios gaúchos dos quais

se obteve a informação mensal, podendo ser identificada uma sazonalidade bem

definida, com a manutenção do padrão ao longo dos anos e o aumento periódico

nos meses de verão.

3 As características das proxies testadas e não utilizadas podem ser encontradas no Apêndice . 4 Os dados foram repassados via e-mail pelas seguintes companhias de água e esgoto: Compa-

nhia Riograndense de Saneamento (Corsan), Departamento Municipal de Água e Esgotos (DMAE) de Porto Alegre, Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto (SAMAE) de Caxias do Sul, Serviço Autônomo de Saneamento de Pelotas (Sanep), Serviços de Água e Esgoto de Novo Hamburgo (Comusa) e Serviço Municipal de Água e Esgotos (Semae) de São Leopoldo.

8

Gráfico 1

Participação do volume micromedido de água dos municípios investigados em relação aos municípios do RS — jul./2008-dez./2015

FONTE: Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan). FONTE: Departamento Municipal de Água e Esgotos (DMAE). FONTE: Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto (SAMAE). FONTE: Serviço Autônomo de Saneamento de Pelotas (Sanep). FONTE: Serviços de Água e Esgoto de Novo Hamburgo (Comusa). FONTE: Serviço Municipal de Água e Esgotos (Semae). NOTA: 1. Foram obtidas informações sobre o volume micromedido de água mensal para 313

municípios, que abrangem mais de 90% da população gaúcha NOTA: 2. Janeiro e fevereiro estão representados na cor laranja.

Fortalece a utilização do consumo de água como proxy o fato de que,

quando relacionada a população dos municípios do RS com seus respectivos va-

lores anuais de volume de água micromedido, conforme consta no Sistema Na-

cional de Informações Sobre Saneamento (SNIS), identifica-se uma relação li-

near, com a reta de regressão passando próximo à origem. Isso fortalece a hipó-

tese de que o consumo de água possa ser adequado para estimar a população,

tendo em vista que um município A, com o dobro de consumo de água em relação

a um município B, tem uma população aproximadamente duas vezes maior.

0,00%

1,00%

2,00%

3,00%

4,00%

5,00%

6,00%Ju

l./08

Out

./08

Jan.

/09

Abr

./09

Jul./

09O

ut./0

9Ja

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1Ja

n./1

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Jan.

/13

Abr

./13

Jul./

13O

ut./1

3Ja

n./1

4A

br./1

4Ju

l./14

Out

./14

Jan.

/15

Abr

./15

Jul./

15O

ut./1

5

9

Gráfico 2

Volume micromedido de água dos municípios investigados em relação ao total dos municípios do RS — 2013

FONTE: Sistema Nacional de Informações Sobre Saneamento (SNIS). NOTA: 1. Informação anual obtida para 437 municípios do RS. NOTA: 2. Exceto Porto Alegre.

A estimativa para a população média mensal foi realizada em duas etapas:

primeiramente (etapa 1), utilizou-se o volume de água micromedido para estimar

a população mensal da soma dos oito municípios investigados e, posteriormente

(etapa 2), fez-se uso da capacidade de domicílios em cada um dos oito municí-

pios e das três praias investigadas a fim de distribuir a população5.

Seja ���� o volume micromedido de água do município � no mês � do ano

�, para cada um dos 313 municípios do RS para os quais se obteve informação, e

seja ���� a participação desse município, dada por:

���� �� ∑ �� ������

.

Então, estima-se ����:

���� ��� ���������

������� !"��,

5 A justificativa para não utilizar a água para estimar individualmente cada um dos oito municí-

pios está no fato de que, para áreas pequenas, sua qualidade decai, sendo mais adequado uti-lizar o número de domicílios e o número de leitos em hotéis para distribuir a população entre os municípios e praias investigados.

y = 21,609x - 357,27R² = 0,9863

-50.000

0

50.000

100.000

150.000

200.000

250.000

300.000

350.000

400.000

450.000

500.000

0 5.000 10.000 15.000 20.000

População

Volume de água micromedido(em 1.000 m3)

10

onde ������ !"�� é a população permanente de julho do mesmo ano, dada pelas

estimativas populacionais anuais da FEE.

Por fim, a estimativa da população total do município � em cada mês, nessa

etapa 1, é dada por:

�#1��� %�� ∑ %�� ������

��&'���,

sendo que �&'��� é a população estimada, em cada mês, para o total dos 313

municípios para os quais se tem informação de água6.

Dessa forma, conforme já mencionado, a estimativa final para a soma da

população dos oito municípios investigados no estudo aqui apresentado é dada

por ∑ �#1���(�)* . Pode-se verificar que, para a construção dessa estimativa, se

parte da hipótese de que a população total do Estado é aproximadamente cons-

tante ao longo dos meses7.

Assim, na etapa 2, optou-se por distribuir a população estimada do Litoral

Norte entre os seus municípios e praias utilizando suas informações disponíveis

de domicílios e leitos em hotéis e pousadas. Para isso, fez-se uso do número de

domicílios permanentes ocupados ou coletivos em cada mês (+�,���) e do núme-

ro de domicílios de uso ocasional, fechados ou vagos em cada mês (+-.���)8.

Além disso, obteve-se, com a Secretaria de Turismo, Esporte e Lazer do Estado

do RS (Setel-RS), o número de leitos em hotéis e pousadas por município.

A etapa 2 foi realizada da seguinte maneira: questionou-se o Sindicato de

Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares do Litoral Norte (SHRBS) quanto à taxa

de ocupação de seus hotéis e pousadas por mês9, obtendo-se o número de leitos

preenchidos em cada mês (/��). Dadas essas ocupações em hotéis e pousadas,

6 Esse somatório foi obtido através de uma interpolação empregando taxa geométrica de cres-cimento entre os meses de julho de cada ano (para os quais existe informação através das es-timativas da FEE).

7 Embora essa suposição possa não ser totalmente verdadeira, tendo em vista a ida de gaúchos para as praias de Santa Catarina e outros estados nos meses de verão, ela é parcialmente compensada pela entrada de argentinos e uruguaios no RS, e, além disso, a perda populacio-nal para outros estados pode ser considerada pequena frente à população total do RS, não al-terando significativamente o valor da PRS ao longo dos meses.

8 Valores obtidos através dos Censos Demográficos 2000 e 2010 (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2001, 2011) para os meses de agosto desses respectivos anos e através de interpolação linear para os demais meses (extrapolando para o período após 2010).

9 Os valores repassados foram de, aproximadamente, 95% em janeiro e fevereiro, 50% em mar-ço, 40% em abril, novembro e dezembro, 20% em maio, setembro e outubro e 10% em junho, julho e agosto.

11

estimou-se, para o ano de 2010, para cada mês �, o número médio de residentes

temporários em cada domicílio de uso ocasional ou vago e/ou fechado (3��45*5�) e

o número médio de residentes temporários em cada domicílio permanente ou co-

letivo (6��45*5�), encontrando os valores que minimizassem as seguintes distân-

cias:

∑ �∅���45*5�8�#1���45*5��4(�)* ,

em que

∅���45*5� �����45*5� 9 /��45*5� 9 +-.���45*5�. 3��45*5� 9 +�,���45*5�. 6��45*5�, e ����� é a população residente permanente estimada para cada mês em cada

município investigado10. Para os meses dos demais anos, então, obteve-se ∅���

através da equação:

∅��� ����� 9 /�� 9 +-.���. 3��45*5� 9 +�,���. 6��45*5�. Finalmente, a população total mensal estimada para cada um dos oito mu-

nicípios (�#���) é dada por:

�#��� ∅���∑ ∅���(�)*

.<�#1���(

�)*

E a população flutuante é dada pela subtração da população total pela po-

pulação permanente:

�=��� �#��� 8 ����� . Após a realização das estimativas finais para os oito municípios, ainda se

fazem necessárias as estimativas para as três praias > (Atlântida Sul, Quintão e

Santa Rita de Cássia). Para isso, obteve-se o número de domicílios por tipo em

cada praia11, e, então, aplicou-se o mesmo procedimento usado para os municí-

pios investigados (com os mesmos parâmetros estimados no caso dos municí-

pios):

10 Valores obtidos através das estimativas populacionais anuais da FEE para os meses de julho

de cada ano e através de interpolação com taxa geométrica para os demais meses (extrapo-lando para o período após 2014).

11 Para os meses de agosto de 2000 e 2010, obtiveram-se essas informações através dos Cen-sos Demográficos (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2001, 2011); para os demais meses, aplicou-se a mesma técnica utilizada para os oito municípios in-vestigados.

12

∅��� ����� 9 /�� 9 +-.���. 3��45*5� 9 +�,��� . 6��45*5�

e

�#��� ∅���∑ ∅���(�)*

.<�#1���(

�)*

e

�=��� �#��� 8 �����.

Além da média mensal para cada um dos municípios investigados, desen-

volveu-se uma metodologia para estimar a população diária do somatório de todo

o Litoral Norte para o período de dezembro de 2014 a abril de 2015. Para isso,

fez-se uso do histórico de tráfego de veículos na Free Way, em Santo Antônio da

Patrulha (CONCEPA, [2016]).

Seja, no final de cada dia ? em cada mês � e ano �, @A�� a quantidade de

veículos que passaram no pedágio de Santo Antônio da Patrulha no sentido de

ida para o Litoral Norte (sentido Porto Alegre-Litoral), e seja BA�� a quantidade de

carros no sentido da volta (Litoral-Porto Alegre), então o estoque de carros conta-

bilizados depois do pedágio de Santo Antônio da Patrulha ao final de cada dia

(C=A��) é dado por:

C=A�� C=A��D* 9 @A�� 9 BA��

Assumindo que o estoque de carros era zero no final da segunda-feira de

1.º de dezembro de 201412, então é possível obter-se a série histórica de C=A��

para o período desejado. Concomitantemente, é possível obter uma estimativa

para o estoque médio de carros ao longo de cada dia (CA��), extraindo a média

entre o estoque de carros no final desse dia (C=A��) e o estoque de carros no final

do dia anterior (C=A��D*)13:

CA�� �C=A�� 9 C=A��D*� 2F

12 Trata-se de uma suposição plausível, tendo em vista que o estoque de carros volta a ser zero

no final do mês de abril, indicando o fim da temporada. 13 Nesse caso, supõe-se que os veículos se deslocam de forma uniforme para o Litoral Norte ao

longo do dia.

13

Posteriormente, em cada dia, extraiu-se a razão entre o estoque de carros

e o estoque médio de carros no respectivo mês:

GA�� CA���∑ CA���H�

A)* I�J

,

em que I� é o número de dias existente em cada mês. Assim, através da suposi-

ção de que a população de cada dia, no Litoral Norte, em relação à população

média do respectivo mês, é proporcional ao estoque de automóveis desse dia em

relação ao estoque médio de automóveis nesse mês, e fazendo com que a média

mensal da população total seja a mesma obtida por �# da região, então a popula-

ção total estimada para cada dia (�#A��) é dada por:

�#A�� <����� 9 <����� 9 �<�=���(

�)*�

K

�)*.

(

�)*GA�� 9 �<�=����. GA��

K

�)*

Por fim, a população flutuante diária para o Litoral Norte é extraída pela

subtração:

�=A�� �#A�� 8 �<����� 9 <������K

�)*.

(

�)*

3 Estimativas para a média mensal

O Gráfico 3 apresenta as estimativas para a população total (média men-

sal) do Litoral Norte para o período de julho de 2008 a dezembro de 2015. Ao

passo que, nos meses de inverno, a população total é dada pela população resi-

dente (que vem apresentando tendência de aumento ao longo dos anos, atingindo

208 mil pessoas em janeiro de 2015), nos meses de verão, principalmente em

janeiro e fevereiro, a média cresce, alcançando em torno de 500 mil habitantes —

um aumento de mais de 140% em relação à população permanente.

14

Gráfico 3

População permanente e população flutuante estimadas, por mês, em municípios e praias investigados do Litoral Norte do RS — jul./2008-dez./2015

FONTE DOS DADOS BRUTOS: Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan). FONTE DOS DADOS BRUTOS: Departamento Municipal de Água e Esgotos (DMAE). FONTE DOS DADOS BRUTOS: Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto (SAMAE). FONTE DOS DADOS BRUTOS: Serviço Autônomo de Saneamento de Pelotas (Sanep). FONTE DOS DADOS BRUTOS: Serviços de Água e Esgoto de Novo Hamburgo (Comusa). FONTE DOS DADOS BRUTOS: Serviço Municipal de Água e Esgotos (Semae). FONTE DOS DADOS BRUTOS: Censo Demográfico 2000 (INSTITUTO BRASILEIRO DE FONTE DOS DADOS BRUTOS: GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2001). FONTE DOS DADOS BRUTOS: Censo Demográfico 2010 (INSTITUTO BRASILEIRO DE FONTE DOS DADOS BRUTOS: GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2011). FONTE DOS DADOS BRUTOS: Estimativas Populacionais da FEE — Revisão 2015. (FUNDAÇÃO FONTE DOS DADOS BRUTOS: DE ECONOMIA E ESTATÍSTICA SIEGFRIED EMANUEL FONTE DOS DADOS BRUTOS: HEUSER, 2015). NOTA: 1. A população total é dada pela soma da população permanente e da população flutuante.

A Tabela 1 apresenta as estimativas populacionais para a média do mês de

janeiro de 2015, por município e/ou praia investigada. Estima-se que Capão da

Canoa tenha tido a maior população média para o mês dentre os municípios in-

vestigados (106.399), seguida por Tramandaí (95.740) e Torres (65.189). Quanto

aos maiores crescimentos em relação à população permanente, destaca-se Atlân-

tida Sul (499,2%), Quintão (495,9%) e Arroio do Sal (231,3%).

0

100.000

200.000

300.000

400.000

500.000

600.000Ju

l./08

Out

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09O

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9Ja

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15O

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5

População permantente População flutuanteLegenda:

15

Tabela 1

População permanente e população flutuante estimada, por municípios e/ou praias investigadas, do Litoral Norte — jan./2015

MUNICÍPIO E/OU PRAIA

POPULAÇÃO PERMANENTE

POPULAÇÃO FLUTUANTE

(média mensal)

POPULAÇÃO TOTAL

(média mensal)

CRESCIMENTO POPULACIONAL (População total/

/População perma-nente) (%)

Capão da Canoa ......... 47.538 58.861 106.399 123,8 Tramandaí ................... 47.558 48.181 95.740 101,3 Torres .......................... 37.702 27.487 65.189 72,9 Imbé ............................ 20.618 40.427 61.045 196,1 Cidreira ....................... 14.186 26.750 40.936 188,6 Xangri-lá ...................... 13.769 25.159 38.928 182,7 Balneário Pinhal .......... 12.282 22.542 34.824 183,5 Arroio do Sal ............... 8.959 20.721 29.680 231,3 Quintão ....................... 3.336 16.546 19.882 495,9 Atlântida Sul ................ 1.114 5.563 6.678 499,2 Santa Rita de Cássia 517 889 1.406 171,7 TOTAL ........................ 207.581 293.126 500.707 141,2

FONTE DOS DADOS BRUTOS: Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan). FONTE DOS DADOS BRUTOS: Departamento Municipal de Água e Esgotos (DMAE). FONTE DOS DADOS BRUTOS: Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto (SAMAE). FONTE DOS DADOS BRUTOS: Serviço Autônomo de Saneamento de Pelotas (Sanep). FONTE DOS DADOS BRUTOS: Serviços de Água e Esgoto de Novo Hamburgo (Comusa). FONTE DOS DADOS BRUTOS: Serviço Municipal de Água e Esgotos (Semae). FONTE DOS DADOS BRUTOS: Censo Demográfico 2000 (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E FONTE DOS DADOS BRUTOS: ESTATÍSTICA, 2001). FONTE DOS DADOS BRUTOS: Censo Demográfico 2010 (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E FONTE DOS DADOS BRUTOS: ESTATÍSTICA, 2011). FONTE DOS DADOS BRUTOS: Estimativas Populacionais da FEE — Revisão 2015. (FUNDAÇÃO DE ECO- FONTE DOS DADOS BRUTOS: NOMIA E ESTATÍSTICA SIEGFRIED EMANUEL HEUSER, 2015).

4 Estimativas para dias específicos

Embora as médias mensais para as populações no Litoral Norte tenham

sido estimadas na seção anterior, esses valores podem sofrer uma significativa

variação dentro de cada mês, dependendo se a estimativa é para um dia de se-

mana, fim de semana ou feriado, por exemplo. O Gráfico 4 apresenta as estimati-

vas populacionais diárias para o período de 1.º de dezembro de 2014 a 30 de abril

de 2015, conforme a metodologia exposta na seção 2. É importante destacar que,

16

neste relatório, apresentam-se estimativas somente para o verão desse ano, po-

dendo haver alterações se estas fossem realizadas para outros anos14.

Para o verão 2014-15, estima-se que o crescimento populacional no Litoral

Norte tenha-se iniciado em dezembro, às vésperas do Natal. No entanto, a partir

do dia 25 de dezembro, a população continuou aumentando de forma vertiginosa,

alcançando mais de 730 mil pessoas no Ano Novo. Durante os meses de janeiro

e fevereiro, estimou-se uma média populacional em torno de 440 mil pessoas pa-

ra dias de semana, ao passo que, nos fins de semana, a população teria atingido

entre 500 mil e 580 mil habitantes. Destacam-se, também, o feriado de Nossa

Senhora de Navegantes, que, nesse ano, ocorreu em uma segunda-feira (for-

mando um feriado prolongado), em que se estimam mais de 640.000 pessoas, e o

Carnaval, para o qual se estimam, aproximadamente, 715 mil15.

Ao longo do mês de março, a população temporária foi gradualmente dimi-

nuindo nos municípios investigados, com crescimentos pontuais nos fins de se-

mana. Já em abril, o destaque é a Páscoa, quando se atingiu mais de 400 mil

pessoas. Após a Páscoa, estima-se que a população flutuante tenha diminuído

consideravelmente no Litoral Norte.

14 Os dados de histórico diário de tráfego na Free Way, coletados no site da Concepa — empre-

gados para a construção das estimativas (ver Seção 2) —, não estavam com boa qualidade pa-ra a estimativa de anos anteriores.

15 É importante reforçar, no entanto, que os valores diários estimados são válidos para esse ano, somente. Por exemplo, em um ano em que o feriado de Navegantes não forme um feriado pro-longado com o final de semana, provavelmente haverá uma população flutuante menor. Não obstante isso, 25 de dezembro e 1.º de janeiro, que, nesse ano, ocorreram na quinta-feira, também podem apresentar comportamentos diferentes quando ocorrerem em outro dia da se-mana. Ainda assim, esses valores parecem representar adequadamente as populações no Li-toral Norte em dias de pico.

17

Gráfico 4

População estimada por dia para os municípios e/ou praias investigadas do Litoral Norte do Rio Grande do Sul — dez./2014-abr./2015

FONTE DOS DADOS BRUTOS: Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan). FONTE DOS DADOS BRUTOS: Departamento Municipal de Água e Esgotos (DMAE). FONTE DOS DADOS BRUTOS: Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto (SAMAE). FONTE DOS DADOS BRUTOS: Serviço Autônomo de Saneamento de Pelotas (Sanep). FONTE DOS DADOS BRUTOS: Serviços de Água e Esgoto de Novo Hamburgo (Comusa). FONTE DOS DADOS BRUTOS: Serviço Municipal de Água e Esgotos (Semae). FONTE DOS DADOS BRUTOS: Censo Demográfico 2000 (INSTITUTO BRASILEIRO DE FONTE DOS DADOS BRUTOS: GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2001). FONTE DOS DADOS BRUTOS: Censo Demográfico 2010 (INSTITUTO BRASILEIRO DE FONTE DOS DADOS BRUTOS: GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2011). FONTE DOS DADOS BRUTOS: Estimativas Populacionais da FEE — Revisão 2015. FONTE DOS DADOS BRUTOS: (FUNDAÇÃO DE ECONOMIA E ESTATÍSTICA SIEGFRIED FONTE DOS DADOS BRUTOS: EMANUEL HEUSER, 2015). FONTE DOS DADOS BRUTOS: CONCEPA, ([2016]). NOTA: Nesse ano, o feriado de Navegantes (2 de fevereiro) ocorreu em uma segunda-feira, formando um feriado prolongado. Em outros anos, dependendo do dia do feriado, esse fluxo pode diminuir significativamente.

5 Discussão A abordagem de métodos para estimar populações temporárias é pequena

na literatura. Basicamente, os métodos podem ser divididos em dois grupos: os

diretos e os indiretos (SMITH, 1989; HAPPEL; HOGAN, 2002). Os métodos dire-

0

100.000

200.000

300.000

400.000

500.000

600.000

700.000

800.000

01/12/2014 01/01/2015 01/02/2015 01/03/2015 01/04/2015

Natal

Ano Novo Carnaval Navegantes

Páscoa

Dez./14 Jan./15 Fev./15 Mar./15 Abr./15

Fim de semana entre Natal e

Ano Novo

18

tos, mais precisos e confiáveis, são aqueles que utilizam pesquisas e censos16,

com entrevistas a turistas e veranistas questionando seu deslocamento temporá-

rio, ao passo que os métodos indiretos fazem uso de variáveis sintomáticas e de-

mais estatísticas que ajudem a estimar a população flutuante.

Conforme apresentado na seção 1, tendo em vista a falta de pesquisas

primárias que identifiquem a população flutuante no Litoral Norte, no trabalho aqui

apresentado, empregaram-se métodos indiretos. De acordo com Smith (1989), na

estimativa de populações temporárias com técnicas indiretas, a criatividade é ne-

cessária para o desenvolvimento de cada projeto, tendo em vista as particularida-

des de cada região e a qualidade dos dados disponíveis.

Alguns trabalhos já realizaram estimativas para residentes temporários no

Brasil. Godinho (2008) utilizou o consumo de água e energia elétrica para estimar

a população flutuante em municípios paulistas. Sua premissa foi de que tanto o

consumo de água como o de energia elétrica sofrem oscilações sazonais direta-

mente proporcionais ao número de pessoas que ocupam o município.

Neste trabalho, optou-se por não realizar essa premissa, tendo em vista

que, mesmo em áreas como Porto Alegre, os consumos de energia elétrica e água

aumentam durante o verão (provavelmente devido ao calor), mesmo com o de-

créscimo populacional. Exatamente por isso, preferiu-se trabalhar com a proporção

do volume micromedido de água de cada município em relação ao total do Estado.

Outro ponto fundamental na metodologia adotada é a definição de que a

população total do Litoral Norte no mês de julho é formada basicamente por resi-

dentes permanentes. Conforme apresentado no Gráfico 1, nos meses de junho a

agosto são encontrados os percentuais mais baixos de participação de volume

micromedido dos municípios investigados em relação ao total do Estado. Dessa

forma, a escolha do mês de julho deve-se ao fato de que é o mês com as mais

baixas temperaturas do ano, e, dado o contexto do RS, pode-se considerar como

ínfima a população que se desloca à praia nesse mês. Todavia, para outras re-

giões, essa suposição pode ser falsa17.

16 Os Censos Demográficos brasileiros não fazem nenhuma menção a locais temporários de resi-

dência durante os meses de verão. Sua única utilidade para o presente estudo está em identifi-car o número de domicílios de uso ocasional por município e setor censitário.

17 Por exemplo, em regiões que recebem turistas durante o ano todo, não há um mês que se possa considerar como nula a população flutuante.

19

Quanto aos números divulgados neste relatório, é possível que causem

estranheza, tendo em vista que os valores são menores dos que os atualmente

difundidos pela mídia e possivelmente sejam diferentes da sua percepção empíri-

ca. No entanto, alguns pontos podem influenciar na percepção de que haja um

crescimento populacional, nos meses de verão, maior que o aqui divulgado: (a)

uma significativa parcela da população permanente do Litoral Norte reside a mais

de 10 quadras da faixa de areia. Isso implica que as quadras próximas ao mar,

que são majoritariamente preenchidas por veranistas e turistas durante o verão,

possam apresentar um percentual de crescimento expressivamente maior18; (b) a

infraestrutura do Litoral Norte é inferior à de grandes municípios, como Porto Ale-

gre, e, assim, o comércio tende a apresentar filas extensas, e o tráfego tende a se

intensificar, gerando a sensação de superlotação; (c) se se infere que veranistas e

turistas possuem um poder aquisitivo maior que a média do Estado, visto que

possuem condições financeiras de habitar um domicílio que não é o seu de resi-

dência, então o comércio e o tráfego tendem a se acentuar, pois pessoas de mai-

or renda fazem maior uso da infraestrutura dos municípios.

Os números apresentados neste relatório ganham plausibilidade quando

confrontados com cenários de ocupação em domicílios nos municípios investiga-

dos. No Quadro 1, foram criados cenários de médias de ocupação para a popula-

ção flutuante em leitos de hotéis e pousada, em domicílios ocupados permanen-

tes (trata-se dos veranistas que se hospedam na casa de parentes e amigos que

residem no litoral) e em domicílios de uso ocasional ou fechados e/ou vagos.

Dessa forma, para haver uma população total de 440 mil pessoas na área

investigada, quantitativo estimado para dias de semana de janeiro e fevereiro (se-

ção 4), cada domicílio de uso ocasional ou vago teria que ter, aproximadamente,

1,46 residente temporário. Já para atingir 580 mil pessoas (valor estimado para

fins de semana com alto movimento), essa média seria em torno de 2,22 pessoas,

enquanto, para haver 720 mil pessoas (Ano Novo e Carnaval), seria necessária

uma média de 3,09 pessoas por domicílio de uso ocasional ou vago aproximada-

mente.

Entretanto, a metodologia adotada apresenta algumas limitações. Empre-

gou-se o estoque de carros para distribuir a população flutuante entre os dias de

18 Esse crescimento populacional não foi estimado neste estudo.

20

cada mês, considerando uma média constante de pessoas por automóvel. Assim,

caso essa média seja maior nas vésperas do Ano Novo e do Carnaval, então a

população nesses dias também pode ser maior que a aqui estimada, não se des-

cartando uma população de até 1 milhão de pessoas nesses feriados.

Para um contingente populacional de 1 milhão de pessoas, seriam neces-

sários, aproximadamente, 4,82 residentes flutuantes para cada domicílio de uso

ocasional ou vago. Já para uma população de 1,4 milhão de pessoas, essa média

teria que ser de 7,41, valor que consideramos improvável.

Quadro 1

Cenários de ocupações necessárias para valores selecionados de populações totais, em municípios e/ou praias investigados do Litoral Norte do Rio Grande do Sul — fev./2015

CENÁRIOS DE POPULAÇÃO TOTAL (residente + flutuante)

CENÁRIOS DE MÉDIAS DE OCUPAÇÃO DA POPULAÇÃO FLUTUANTE

Leitos em hotéis e pousadas

Domicílios ocupados e

coletivos

Domicílios de uso ocasional

ou vago

440.000 pessoas (dia de semana) (1)

75% 0,10 1,43

90% 0,20 1,36

95% 0,30 1,31

580.000 pessoas (fim de semana) (2)

95% 0,20 2,30

100% 0,35 2,22

100% 0,50 2,15

720.000 pessoas (Ano Novo) (3)

95% 0,30 3,19

100% 0,50 3,09

100% 0,65 3,01

1 milhão de pessoas (4)

95% 0,30 5,07

100% 0,80 4,82

100% 1,00 4,73

1,4 milhão de pessoas (5)

95% 0,80 7,51

100% 1,00 7,41

100% 1,20 7,32

FONTE DOS DADOS BRUTOS: Censo Demográfico 2000 (INSTITUTO BRASILEIRO DE FONTE DOS DADOS BRUTOS: GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2001). FONTE DOS DADOS BRUTOS: Censo Demográfico 2010 (INSTITUTO BRASILEIRO DE FONTE DOS DADOS BRUTOS: GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2011). (1) Estimativa aproximada para um dia de semana de janeiro de 2015. (2) Estimativa aproximada para um fim de semana com alto movimento em janeiro de 2015. (3) Estimativa aproximada para o dia primeiro de janeiro de 2015. (4) Valor não descartado para Ano Novo e Carnaval. (5) Valores comumente divulgados na mídia.

21

Referências

CONCEPA. [Fluxo de veículos por hora ]. [2016] Disponível em: <http://fluxorodovia.triunfoconcepa.com.br/fluxorodovia2/>. Acesso em: 14 jun. 2016.

FUNDAÇÃO DE ECONOMIA E ESTATÍSTICA SIEGFRIED EMANUEL HEUSER (FEE). Estimativas populacionais da FEE: revisão 2015. Porto Alegre, 2015. Disponível: <http://www.fee.rs.gov.br/indicadores/populacao/estimativas- populacionais/>. Acesso em: 20 jun. 2016. GODINHO, R. E. Nova metodologia de projeção da população flutuante . São Paulo. ABEP, 2008. HAPPEL, S. K.; HOGAN, T. D. Counting snowbirds: the importance of and the problems with estimating seasonal populations. Population Research and Policy Review , Dordrecht, v. 21, n. 3, p. 227-240, 2002. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Censo Demográfico 2000 . Rio de Janeiro, 2001. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Censo Demográfico 2010 . Rio de Janeiro, 2011. RIO GRANDE DO SUL. Lei Complementar Estadual do Rio Grande do Sul n. 12.100, de 27 de maio de 2004 . 2004. Disponível em <http://www.al.rs.gov.br/filerepository/repLegis/arquivos/12.100.pdf>. Acesso em: 10 jun. 2016.

SMITH, S. K. Toward a methodology for estimating temporary residents. Journal of the American Statistical Association , Alexandria, v. 406, n. 84, p. 430-436, 1989.

22

Apêndice

Além do consumo de água, foram testadas outras variáveis que poderiam

indicar a magnitude da movimentação de pessoas para o Litoral Norte, em espe-

cial nos meses de verão. Obtiveram-se dados mensais de consumo de energia

elétrica nos 333 municípios abrangidos pela Companhia Estadual de Energia Elé-

trica (CEEE) e pela Rio Grande Energia S.A. (RGE). Os demais municípios, aten-

didos pela AES Sul Distribuidora de Energia S.A. (AES Sul) ou por cooperativas,

no entanto, não puderam ser incluídos na análise19. Os dados referem-se ao con-

sumo residencial mensal, de janeiro de 2012 a dezembro de 2014, e incluem to-

dos os municípios investigados do Litoral Norte.

Apesar de a razão entre o consumo de energia elétrica no Litoral Norte e o

consumo no Estado apresentar um padrão sazonal, como mostra o Gráfico A.1,

há que se levar em conta algumas especificidades dessa variável que podem dis-

torcer sua relação com o aumento populacional dessas localidades. Por exemplo,

o consumo de energia elétrica por veranista ou turista no litoral pode ser menor do

que seu consumo padrão, partindo-se da hipótese de que muitos deles se hospe-

dam em casas próprias ou alugadas (domicílios de uso ocasional) e de que os

domicílios desse tipo, em geral, podem ter menos aparelhos de ar condicionado

do que os domicílios permanentes, onde eles residem no restante do ano. Ao

mesmo tempo, seu consumo poderia ser maior que o normal, dada a hipótese de

que as pessoas que vão para o litoral no verão possuem maior poder aquisitivo e,

por consequência, devem consumir mais energia elétrica.

Além disso, embora seja possível verificar uma relação positiva entre o

consumo de energia elétrica dos municípios e sua população, podem ser identifi-

cadas diversas exceções, conforme o Gráfico A.2. Diante dos argumentos levan-

tados, o uso dessa variável parece ser um tanto frágil, o que levou ao descarte

dessa possibilidade.

19 A AES Sul não respondeu a solicitação de envio de dados.

23

Gráfico A.1

Participação dos municípios investigados no consumo de energia elétrica residencial do Rio Grande do Sul — jan./2012-set./2015

FONTE: Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE). FONTE: Rio Grande Energia S.A. (RGE). NOTA: 1. Dados repassados via e-mail pelas empresas. NOTA: 2. Janeiro e fevereiro estão representados na cor laranja.

Gráfico A.2

Relação entre população estimada e o consumo de energia elétrica residencial, excluído o Município de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul — 2013

FONTE: Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE). FONTE: Rio Grande Energia S.A. (RGE).

Outra variável testada como proxy para a população sazonal do Litoral Nor-

te foi a geração de ICMS, cujos dados são disponibilizados para todos os municí-

pios do RS pela Secretaria da Fazenda do Estado; entretanto não foi possível ob-

0,00%

1,00%

2,00%

3,00%

4,00%

5,00%

6,00%

7,00%

8,00%Ja

n./1

2

Mar

./12

Mai

o/12

Jul./

12

Set

./12

Nov

./12

Jan.

/13

Mar

./13

Mai

o/13

Jul./

13

Set

./13

Nov

./13

Jan.

/14

Mar

./14

Mai

o/14

Jul./

14

Set

./14

Nov

./14

R² = 0,6072

0

10.000

20.000

30.000

40.000

50.000

60.000

0 100.000 200.000 300.000 400.000 500.000

24

servar uma sazonalidade bem definida no seu comportamento anual, conforme

mostra o Gráfico A.3. Tendo isso em vista, buscou-se avaliar o ICMS gerado ape-

nas pelo comércio20, que se supõe ser mais diretamente ligado à movimentação

das pessoas: o ICMS total inclui os setores da indústria, que não devem ter uma

variação muito grande ao longo do ano.

Gráfico A.3

Participação dos municípios investigados no total gerado do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) do Rio Grande do Sul — jan./2010-out./2014

FONTE: Secretaria da Fazenda do Estado do Rio Grande do Sul (Sefaz-RS). NOTA: 1. Dados internos da Sefaz-RS. NOTA: 2. Janeiro e fevereiro estão representados na cor laranja.

Porém há alguns fatores que podem estar distorcendo o grau de variação

do ICMS do comércio nos meses de verão: por exemplo, as pessoas podem mu-

dar seu comportamento de consumo quando estão de férias ou em momentos de

lazer. Além disso, vê-se que os valores dos meses de março são bastante pareci-

dos com os de janeiro e fevereiro (Gráfico A.4), apesar de, a priori, parecer que

há mais pessoas no Litoral Norte nos dois primeiros meses do ano. Isso pode de-

ver-se à forma de declaração ou contabilização das vendas que geram o ICMS.

Além disso, embora haja uma relação positiva bastante evidente entre o ICMS do

comércio e a população dos municípios, como mostra o Gráfico A.5, há muitas

exceções que distorcem essas relações.

Não obstante isso, dado o padrão sazonal encontrado no ICMS do comér-

cio, utilizou-se essa variável em um modelo de regressão linear, conjuntamente

20 Testou-se também o ICMS apenas do varejo, que apresentou comportamento semelhante ao

ICMS do comércio como um todo.

0,00%

0,50%

1,00%

1,50%

2,00%

2,50%

Jan.

/10

Mar

./10

Mai

o/10

Jul./

10S

et./1

0N

ov./1

0Ja

n./1

1M

ar./1

1M

aio/

11Ju

l./11

Set

./11

Nov

./11

Jan.

/12

Mar

./12

Mai

o/12

Jul./

12S

et./1

2N

ov./1

2Ja

n./1

3M

ar./1

3M

aio/

13Ju

l./13

Set

./13

Nov

./13

Jan.

/14

Mar

./14

Mai

o/14

Jul./

14S

et./1

4

25

com o consumo de água, para estimar as populações municipais. No entanto,

apenas a água mostrou-se estatisticamente significativa nesse caso.

Gráfico A.4

Participação dos municípios investigados no total gerado do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) do comércio do Rio Grande do Sul — jan./2010-out./2014

FONTE: Secretaria da Fazenda do Estado do Rio Grande do Sul (Sefaz-RS). NOTA: 1. Dados internos da Sefaz-RS. NOTA: 2. Janeiro e fevereiro estão representados na cor laranja.

Gráfico A.5

Relação entre população estimada e geração de Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) nas vendas do comércio, excluído o Município de Porto Alegre, no

Rio Grande do Sul — 2013

FONTE: Secretaria da Fazenda do Estado do Rio Grande do Sul (Sefaz-RS).

0,00%

0,10%

0,20%

0,30%

0,40%

0,50%

0,60%

Jan.

/10

Mar

./10

Mai

o/10

Jul./

10S

et./1

0N

ov./1

0Ja

n./1

1M

ar./1

1M

aio/

11Ju

l./11

Set

./11

Nov

./11

Jan.

/12

Mar

./12

Mai

o/12

Jul./

12S

et./1

2N

ov./1

2Ja

n./1

3M

ar./1

3M

aio/

13Ju

l./13

Set

./13

Nov

./13

Jan.

/14

Mar

./14

Mai

o/14

Jul./

14S

et./1

4

R² = 0,4698

0

50.000.000

100.000.000

150.000.000

200.000.000

250.000.000

300.000.000

350.000.000

400.000.000

450.000.000

500.000.000

0 100.000 200.000 300.000 400.000 500.000

26

A partir de dados fornecidos pela Brigada Militar do Rio Grande do Sul21,

foram analisadas também as ocorrências policiais verificadas no Litoral Norte ao

longo do ano, em comparação com as verificadas no total do Estado (Gráfico

A.6). Há dados para todos os municípios do RS, porém as ocorrências são muito

poucas, o que, em geral, está associado a uma grande volatilidade. Além disso,

não há evidências para afirmar que os crimes variem no Litoral Norte proporcio-

nalmente à população, pois estes estão muito ligados à proporção de criminosos

e de policiais que se deslocam. Assim, essa variável também foi descartada para

o cálculo da população sazonal.

Gráfico A.6

Participação dos municípios investigados nos furtos de veículos do Rio Grande do Sul — jan./2010-dez./2015

FONTE: Brigada Militar do Rio Grande do Sul. NOTA: 1. Dados repassados via e-mail. NOTA: 2. Janeiro e fevereiro estão representados na cor laranja.

Outra variável que também não apresentou comportamento satisfatório pa-

ra os propósitos deste estudo foi a quantidade de consultas e procedimentos am-

bulatoriais aprovados e financiados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) realiza-

dos no Litoral Norte. Quando avaliada em relação à quantidade realizada no Es-

tado como um todo, não se vê um padrão sazonal claro, ou seja, não é possível

observar um aumento na proporção de atendimentos realizados no Litoral Norte

no verão (Gráfico A.7).

21 Os dados foram repassados via e-mail pela Brigada Militar do Rio Grande do Sul.

0,00%

1,00%

2,00%

3,00%

4,00%

5,00%

6,00%

7,00%

8,00%

Jan.

/10

Abr

./10

Jul./

10

Out

./10

Jan.

/11

Abr

./11

Jul./

11

Out

./11

Jan.

/12

Abr

./12

Jul./

12

Out

./12

Jan.

/13

Abr

./13

Jul./

13

Out

./13

Jan.

/14

Abr

./14

Jul./

14

Out

./14

Jan.

/15

Abr

./15

Jul./

15

Out

./15

27

Gráfico A.7

Participação dos municípios investigados na quantidade de atendimentos ambulatoriais do Rio Grande do Sul — jan./2008-jan./2016

FONTE: BRASIL. Ministério da Saúde. DATASUS. Sistema de Informações Ambulatoriais do

SUS (SIA/SUS). [2016]. Disponível em: <http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/deftohtm.exe?sia/cnv/qars.def>. Acesso em: 14 jun. 2016.

NOTA: Janeiro e fevereiro estão representados na cor laranja.

Já os dados relativos a movimentações bancárias apresentaram compor-

tamentos mais interessantes. Foram testadas todas as variáveis constantes na

Estatística Bancária (Estban) do Banco Central do Brasil através de uma análise

visual de seus padrões sazonais; a que mais se destacou foi o valor disponível

em caixa, cuja evolução é mostrada no Gráfico A.8.

Porém, apesar de haver um claro aumento na participação dos municípios

do Litoral Norte nos meses de verão, essa variação não parece ser muito consis-

tente, tendo em vista que, em alguns anos, ela é muito maior que em outros. Além

disso, analisando a base de dados, verifica-se que há problemas nos registros

das variáveis: todas as informações do Banco Cooperativo Sicredi, por exemplo,

são declaradas como sendo do Município de Porto Alegre, pois o banco, de fato,

localiza-se nesse município, apesar de as agências serem espalhadas por todo o

Estado. Assim, as oscilações nas variáveis podem estar sendo superestimadas

ou (mais provavelmente) subestimadas pelo registro da localidade dos bancos, o

que justifica a exclusão dessas variáveis da análise.

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28

Gráfico A.8

Participação dos municípios investigados no valor disponível em caixa no Rio Grande do Sul — jan./2008-ago./2015

FONTE: BANCO CENTRAL DO BRASIL. Estatística Bancária por município (ESTBAN) . [2016].

Disponível em: <www4.bcb.gov.br/fis/cosif/estban.asp>. Acesso em: 14 jun. 2016. NOTA: Janeiro e fevereiro estão representados na cor laranja.

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