esteto e pé de atleta 89
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Edição 89 do EePATRANSCRIPT
O Esteto e Pé de Atleta Número 89 Ano XVI
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Editorial: Um novo O Esteto e Pé de Atleta
Sem dúvida, o jornal O Esteto e Pé de Atleta representa a voz dos estudantes da Faculdade de
Medicina de Botucatu. É através dele que os esses futuros profissionais da saúde podem falar sobre a
faculdade, mostrar um ponto de vista e, acima de tudo, expressar uma opinião.
Essa é a 89ª edição que O Esteto e Pé de Atleta chega até suas mãos, leitor. E, como você
provavelmente já notou, ele está num novo formato. Talvez (pelo menos para aqueles que leem esse jornal a
um certo tempo) esse novo formato pode causar certo estranhamento. Por isso, explicações são necessárias.
Optamos por um formato mais simples, mais direto, sem diagramações complexas. Assim, garantimos
que os textos dos estudantes dessa universidade sejam divulgados de maneira mais rápida e mais acessível a
todos.
O tempo entre a emissão de uma edição e outra também será diminuído. Dessa vez, entretanto, estão
impressas três edições do jornal. Isso para que você, leitor, comece a se acostumar com o novo formato e para
que possamos divulgar tudo o que é necessário.
Esperamos que as mudanças agradem a todos e que O Esteto e Pé de Atleta se fortaleça a cada dia
em prol de uma faculdade melhor, mais justa e mais crítica.
CAPS Acústico .......................................................................................................................................... Página 2
Nos dias 13 e 14 de junho ocorreu o CAPS Acústico. Houve apresentações de Ray Charles à Adele, da gloriosa
Bateria Bucetuda Botucuda, de músicas infantis e até improvisações dos Médicos da Alegria.
Projeto Esporte Pensante .......................................................................................................................... Página 3
Organizado pelo Departamento de Extensão do A.A.A.C.H.S.A., o projeto avalia crianças que participam de
projetos esportivos vinculados à Secretaria de Esportes de Botucatu.
Congresso Médico Acadêmico de Botucatu ............................................................................................... Página 5
A ser realizado de 17 a 22 de setembro, o tema do Congresso esse ano é “A Vida é Bela” e contará com palestras
com vários convidados de instituições renomadas, além de oficinas que visam o aprendizado prático.
EREM ....................................................................................................................................................... Página 5
Realizado entre os dias 7 e 10 de junho, o evento possibilitou a discussão entre os estudantes de medicinas sobre
os problemas da universidade e da sociedade e a importância do movimento estudantil.
O Esteto e Pé de Atleta Número 89 Ano XVI
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CAPS Acústico
Izildinha - L
Abrem-se as cortinas e eis que surgem dezenas de rosas esperando serem iluminadas pelas estrelas que passaram
pelo palco do XVII CAPS acústico. Da apresentação da gloriosa Bateria Bucetuda Botucuda, a improvisações dos
Médicos da Alegria, de Ray Charles à Adele, passando por músicas infantis e apresentações do conservatório de
Tatuí, com performances que de amadoras não tinham nada, a edição deste ano foi marcada pela diversidade de
gêneros musicais e de apresentações. Pensando nisso, o Esteto entrevistou o Napalm (XLVII) e a Notredame (Enf.
XXIII), que juntos cantaram cantigas de roda e surpreenderam no palco.
-Vocês foram extremamente originais ao cantar
cantigas de roda e infantis, de onde surgiu essa
ideia?
Napalm: A ideia surgiu de uma soma de fatores.
Primeiro, sempre gostei das músicas de roda durante a
minha infância (e acho que até os dias de hoje). Elas
me trazem boas sensações, como se estivesse a
brincar ou a contar histórias, tornando meu dia-a-dia
mais vivo e menos monótono. Acredito que as pessoas
devem cultivar esse lado criança, que sempre deve
aparecer para tornar nossa vida mais simples. Além
disso, os Médicos da Alegria sempre me estimulou a
resgatar meu lado mais ‘pivete’. Ainda mais depois de
fazer o curso de clown ano passado. Meu próprio
personagem se mostrou uma criança brincalhona que
brinca com diversos instrumentos musicais. Aí não teve
como evitar: era um violão na mão e as músicas na
cabeça.
Notre: O mérito é do Napalm! Ele teve a ideia e
conversou comigo, depois pensamos juntos em como
unir as músicas e dar a sequência do que iríamos
apresentar. Não sei exatamente de onde surgiu, na
verdade eu me lembro de um dia em que estávamos
na noite cultural “Carlos Drummond de Andrade” lá no
CAPS e ele começou a tocar algumas cantigas de
roda, fui acompanhando do jeito que eu sabia e além
da música saíram umas risadas, uns erros, umas notas
desafinadas e assim acabou a brincadeira, ou melhor,
acho que deve ter começado aí.
-Vocês esperavam que a aceitação seria tão
grande?
Napalm: Aceitação? Bem, não sei se a aceitação foi
realmente grande, pois na hora do palco sequer
conseguia abrir os olhos por concentração. Mas fico
feliz que a galera tenha gostado!
Notre: Grande? Não pensei muito nisso, porque não
tínhamos a cobrança um com o outro de agradar todo
mundo, o palco foi um espaço para cada um mostrar o
que gostava de fazer, e nesse ponto entendo que
fomos muito felizes, o maior propósito conseguimos
cumprir. Acho que alguns gostaram da nossa música,
outros não e isso é natural.
-Vocês já tinham experiências anteriores como
cantor? Ficaram nervosos antes do show? Deu
aquele friozinho na barriga? Se sim, como vocês
lidaram com ele?
Napalm: Já cantei em público outras vezes, em
apresentações de minha igreja, em peças de teatro e
até no FEUNART do ano passado. Mas não me
considero um cantor propriamente dito. Sou amador –
aquele que ama –, e é por isso que eu canto. Porque
amo cantar. Ainda assim, fico um pouco nervoso na
hora de me apresentar em público, principalmente na
frente de pessoas tão importantes para mim como
meus amigos. Para lidar com isso, tento curtir o
momento – o famoso ‘já que estou aqui, fazer o quê,
né?’. Mas ainda fica um frio antártico na barriga e a
garganta seca como um deserto (risos).
Notre: Claro que sim! Canto na rua, canto sozinha,
canto em dupla e em trio, com os Médicos da alegria,
com os amigos, no chuveiro, para os pacientes no
hospital... Eu amo cantar e acho que essas
experiências são as mais válidas, porque você pode
brincar com a voz, desafinar, cantar baixinho, alto,
fazer segunda voz, contra canto e é assim que a gente
vai aprendendo. Já fiz aulas de canto, entendo que a
técnica é importante e ajuda muito, mas gosto de ser
livre pra cantar e brincar de cantar!!! Fiquei muito
nervosa! Sou bem tímida e não sei por que o palco me
dá tantas borboletas no estômago. Não estava
conseguindo lidar, na verdade, daí o Naps foi me
ajudando lá nos bastidores, a Euqdei também estava
na coxia e não parava de falar comigo, o Kupiludo (que
estava do outro lado do palco) ficou fazendo umas
gracinhas e eu comecei a pensar que estávamos entre
amigos, daí deu pra diminuir a tensão e cantar. No
final, saí do palco com as pernas tremendo, acho que
era de emoção. Recebi um abraço, passou.
O Esteto e Pé de Atleta Número 89 Ano XVI
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-Vocês também participaram da apresentação dos
médicos da alegria, contem como foi a preparação,
os ensaios para uma apresentação que pareceu
bastante complexa, mas que vocês executaram
brilhantemente.
Napalm: Os ensaios ocorreram durante todas as horas
livres que a galera possuía, principalmente às noites, já
que é muito difícil conciliar a agenda de tantos cursos e
anos diferentes. Nunca conseguíamos a equipe inteira
reunida. Ainda assim, os ensaios eram sempre
divertidos, sem estresse, mantendo o bom espírito da
família Médicos da Alegria. O treino dos ritmos foi o
maior desafio, mas a galera entrou na brincadeira de
cabeça e aprendeu muito rápido! No final a gente só se
divertia.
Notre: A ideia das batucadas surgiu em meio as
nossas confusões de ideias. Pensamos, assistimos a
alguns vídeos e juntamos tudo. Ensaiamos muito e os
nossos ensaios eram bem engraçados, acho que os
vizinhos e os meninos que moram com o Napalm
queriam matar a gente (risos).
-Para finalizar, as apresentações das quais vocês
fizeram parte fugiram bastante do convencional e
do esperado, vocês podem falar um pouco da
importância de eventos como o CAPS acústico
para a divulgação e desenvolvimento dos diversos
tipos de arte?
Napalm: Gostei da sua pergunta. É o tipo de
questionamento que, infelizmente, as pessoas muitas
vezes negligenciam ultimamente. Naquela correria
insana e totalmente estúpida atrás das coisas materiais
e das futilidades passageiras, as pessoas se esqueçam
de valorizar a beleza, as sensações de ser e estar no
mundo. Um abraço, um beijo demorado, um sorriso,
um grito, um choro não passam mais do que
sensações relegadas ao secundário para que não
atrapalhem a excelência da graduação e do sucesso
profissional. Eventos como o CAPS Acústico e o
FEUNART são pontas de esperança, em que toda
forma de vida pode aparecer para relembrar como ela
vale muito mais a pena que uma graduação e atuação
profissional sem o propósito de servir a vida. Mostra
como pessoas que não se conhecem se identificam em
várias melodias, como aquele que você não gosta na
sala de aula pode ter um gosto parecido ao seu, como
professores podem ser saudosistas e ainda amar tudo
aquilo do que sempre farão parte, como nossas
diferenças são tão mínimas e ridículas perante a
capacidade de nos unirmos pela beleza, o que
realmente vale a pena em nossas vidas.
Notre: É importante dar esse espaço em que todos
caibam, tanto no palco quanto na plateia. Cabe uma
música tranquila, apenas cantada ou tocada, barulhos
com o corpo... Cabem espectadores agitados, os que
ficam do início ao fim, os que chegam no fim, os que só
dão uma passadinha, os que ouvem tudo e gostam, os
que não gostam muito também. Acho essa diversidade
enriquecedora e encantadora. Ali não existia um tipo de
música ou um único estilo, era um conjunto, que deixou
as duas noites frias do fim do semestre simplesmente
lindas.
Projeto Esporte Pensante
Fodinmim - XLVIII
Após uma pausa de 2 anos, o projeto de Extensão
“Esporte Pensante” está de volta!
O projeto é organizado pelo Departamento de
Extensão da A.A.A.C.H.S.A. em parceria com
professores do departamento de Pediatria (Kátia e
Joelma) e a Prefeitura Municipal de Botucatu. Nele,
atuamos junto à comunidade, avaliando crianças que
participam de projetos esportivos vinculados à
Secretaria de Esportes.
Sob o consentimento do professor de cada modalidade
esportiva e dos pais, realizamos um breve exame físico
e aplicamos um questionário para investigar
antecedentes pessoais e familiares que identifiquem
patologias, fatores de risco para doenças futuras e
outros aspectos que prejudiquem o desempenho
esportivo dessas crianças. Caso sejam encontradas
alterações nessa avaliação, providenciamos o
encaminhamento para UBS ou hospital, garantindo que
o problema seja investigado e a criança receba
tratamento adequado.
Assim, ao mesmo tempo em que possibilita a prática
de semiologia pelos alunos participantes, o “Esporte
Pensante” aproxima as crianças e suas famílias do
serviço de saúde. Afinal, algumas queixas são, muitas
vezes, negligenciadas (pelo serviço e até mesmo pelas
famílias) e atrapalham o desempenho no esporte, na
escola, etc. Nosso objetivo é atentar-se para essas
queixas, promovendo qualidade de vida e bem-estar
nesta população.
Desde Maio estamos realizando avaliações regulares
nos treinos que acontecem no Ginasião e algumas
escolas municipais da cidade e até agora encontramos
boa aceitação e colaboração por parte dos professores,
dos pais e das crianças, garantindo o sucesso do
projeto.
O Esteto e Pé de Atleta Número 89 Ano XVI
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Crônicas de Mela guela – Parte II
Um(a) Autor(a)
- Oh! Oh! Meu Pateta, Tu Mandas Fazer A Guerra
Porque És Grande.
Olfativo, Oftálmico, Motor ocular comum, Patético,
Trigémeo, Motor ocular externo, Facial, Auditivo,
Glossofaríngeo, Pneumogástrico, Espinal, Grande
hipoglosso. – repetia freneticamente “Plei”, diminutivo
de “Pleistoceno”, o novo amigo de Mela.
- Chega desses recursos mnemônicos para decorar os
nervos cranianos, Plei. Já é quase meio dia, vamos
comer alguma coisa.
Mal saíram do laboratório de anatomia e viram Flam
passando pelo corredor. Decidiram os três almoçar
juntos.
- Hey! E, então, bixos, como está sendo o primeiro dia
de aula? – indagou Flamboyant.
-Decorar não é o meu forte, mas o Plei está tirando de
letra. Gliconeogenesisss já fez sentido pra você alguma
vez, Flam?
Foram interrompidos por Plei:
- O que?? Oito reais por um lanche? É melhor eu me
formar logo para não falir a minha família.
- Era para ser bem diferente se a gente tivesse um RU
– Restaurante Universitário, algo que é nosso por
direito, mas que caiu no ostracismo com o passar do
tempo. Bem, mas isso é assunto para uma outra
conversa. Depois das aulas da manhã, o que vocês
precisam é de diversão. Vocês tem um tempinho
agora? – indagou Flamboyant.
Os bixos responderam instantaneamente que sim e,
dentro de meia hora, já estavam os três caracterizados
de palhaço, dentro da enfermaria da pediatria. Mela
nunca tinha presenciado nada igual. A alegria das
crianças era espontânea e a fantasia de palhaço dava
a ela a liberdade de agir como bem entendesse, sem
qualquer limitação advinda da vergonha. Sentia que
lavava sua alma. Ao fim da visita, agradeceu Flam pela
oportunidade.
Depois da aula da tarde foi a vez de partir rumo à sua
primeira aula no “Cursinho Desafio”. Não era possível
dizer qual era mais trêmula, se sua perna ou sua voz
perante os alunos. No fim da aula, ela se via dando
conselhos aos alunos que pensavam em prestar
medicina. Falava sem o menor conhecimento técnico,
mas era guiada pela emoção da experiência pela qual
acabara de passar.
Não teve tempo de digerir nem sua maçã nem o sabor
de ensinar os fundamentos da química orgânica,
quando a buzina da carona para o treino a interrompeu.
Era também a primeira vez que iria ao treino de vôlei.
Deus do céu, não praticava atividades físicas desde o
colégio... Quanto tempo?
Errava mais do que acertava em uma proporção
1000:1, mas a empolgação com que falavam da
Intermed a fez querer continuar. Haveria garotos
bonitos por lá? Saiu do treino com alguns hematomas e
com a expressão “Sangue nu zóio” definitivamente
incorporada em seu vocabulário.
Nos dias seguintes, foi a vez da alfabetização de
adultos e do curso de ingresso das ligas. Liga do rim,
coração, medicina complementar... Acho que só
entrando na da saúde mental para conseguir me
equilibrar com tanto a fazer!
Mela não cabia dentro de si, estava ansiosa e animada
ao mesmo tempo. Seria o primeiro final de semana que
voltaria para casa desde que havia chegado. Estava
feliz em não precisar fingir satisfação. Esta realmente
fazia parte de sua vida naquele momento.
Queimando o Filme
“Tô chamando o K-vera que ele está vindo me cobrir!” – Sohnurêgo (XLVII) revelando a profundidade de suas
amizades.
“Deveriam dar pelo menos medalhas de ‘platão’ para todos os competidores” – Napalm (XLVII) mostrando seu
alto conhecimento sobre o mundo esportivo.
“Nossa, parece um paizão!” – Finda (XLIX) falando sobre o diapasão.
“Desesperado: Você gosta de coisa forte então? Fanfarrão: Forte, doce e melado” – Fanfarrão (XLVI) revelando
suas preferências.
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Congresso Médico Acadêmico de Botucatu Ynhay - L
Entre os dias 17 e 22 de setembro será realizado um dos eventos mais tradicionais do Centro Acadêmico “Pirajá da Silva” que a cada ano vem ganhando mais importância, o 21º Congresso Médico Acadêmico de Botucatu, que tem como objetivo permitir a apresentação e premiar a produção científica na área de saúde. Contará, também, com várias atividades teóricas e práticas. “O tema este ano é “A vida é bela”. Optamos por tematizar o CMAB de modo que a proposta de formação de profissionais generalistas da UNESP se realize também no evento. Não queremos, para o 21º CMAB, palestras muito específicas que somente enriquecerá aqueles indivíduos que farão aquela pontual especialização.” (Daniel Campos – 07, XLVII) Destaca-se um dos temas que será abordado de forma multidisciplinar: a Noite de DNA que terá palestras como “Identificação humana pelo DNA” e “Alimentos Geneticamente Modificados” Durante o evento, serão apresentadas palestras de vários convidados de instituições renomadas, como ICESP, USP, UNIFESP, FAMERP, Hospital Samaritano de São Paulo, Instituto Paliar, Instituto de Responsabilidade Social, Sírio Libanês, University of Regensburg, FMB-UNESP, CREMESP e Ministério Público. Ocorrerão, também, duas oficinas: Oficina de Práticas Cirúrgicas e Oficina de Suporte Básico de Vida, cada uma com 30 vagas. Só poderão participar das oficinas aqueles que se inscreverem para todo o evento. Elas constituem-se de parte teórica seguida de parte experimental. Elas ocorrerão na quarta-feira (19 de setembro) simultaneamente, assim, cada congressista poderá escolher apenas uma oficina. Quanto às apresentações culturais haverá minutos musicais na abertura e encerramento de cada dia, no Salão Nobre e Anfiteatro da patologia, com alunos dos campi e de fora. Graduandos concorrerão a quatro prêmios: XV Prêmio William Saad Hossne: Modelo "Clínico/Experimental"; III Prêmio Cecília Magaldi: Modelo "Atenção Primária à Saúde/Educação em Saúde"; III Prêmio Domingos Alves Meira: Modelo "Relato de Caso" e I Prêmio Ivan Amaral Guerrini: Modelo "Ciências Aplicadas em Saúde". Sendo esse último uma novidade, homenageando o professor titular homônimo por toda sua contribuição ao ensino inter e multidisciplinar, além de valiosa contribuição científica, com o intuito de ampliar as discussões da área de saúde em todos os aspectos acadêmicos. Além do certificado de premiação o autor de cada trabalho premiado receberá o valor de R$ 300,00. As inscrições devem ser feitas em duas etapas, a primeira no site http://www.cmab.fmb.unesp.br, onde também se encontram informações sobre regulamentos e cronograma, e a segunda é o pagamento das inscrições (Sistema PagSeguro Uol): https://www.facebook.com.br/21cmab. Não é necessário ter conta/perfil no facebook).
EREM 2012: A universidade que queremos! Papaya – XLIX
Vamos iniciar esse artigo com uma pergunta: para que serve a universidade? Será que ela é mesmo apenas um espaço de qualificação profissional? Para esclarecer essa questão, vamos retomar um pouco da história: as universidades surgiram no século 16 na eclosão da Renascença, e era, originalmente, um espaço em que qualquer pessoa poderia obter acesso ao conhecimento registrado pela humanidade. Com as revoluções burguesas do final do sec. 18 em diante, as universidades conformaram-se num estilo que persiste até hoje, o de moldar e especializar os trabalhadores para os diversos setores da produção. Nós podemos perceber que houve uma mudança brusca na função dessa instituição, mas em benefício de quem? Nesse sentido, nós, estudantes, temos todas as condições para analisar qual é o tipo de universidade que favorece o progresso do homem e qual visa apenas às necessidades do mercado. A Direção Nacional dos Estudantes de Medicina (DENEM), afirmando essa posição, organizou o 23º Encontro Regional dos Estudantes de Medicina, o EREM, com a temática da “universidade que quEREMos!”, que aconteceu entre os dias 7 e 10 de junho, na UNIFESP/EPM, São Paulo. A nossa regional sul-2 engloba os estudantes de medicina dos estados de São Paulo e Paraná, e mais de 450 estudantes participaram do evento! Como um depoimento pessoal, eu me senti renovado após participar do encontro. Tanto a interação com os estudantes de medicina de outras escolas e a qualidade inquestionável das mesas e oficinas foram os fatores determinantes para eu gostar dele. Os problemas da universidade, da sociedade e do movimento estudantil foram dissecados de uma forma tão clara que até mesmo uma pessoa completamente leiga no assunto poderia sair de lá com opiniões mais afiadas sobre esses assuntos de tão difícil compreensão. Eu tomo a liberdade de resumir tudo o que foi discutido a uma frase: A UNIVERSIDADE E COMO ELA FUNCIONA NÃO PASSAM DE UM REFLEXO DA SOCIEDADE. Por tanto, numa sociedade doentia, a universidade passará a ser uma instituição igualmente doentia. Partindo desse pressuposto, só há um meio de mudar a universidade, e, pra quem foi no evento e participou da mesa com o Plínio de Arruda Sampaio Jr, a palavra é... Enfim, o evento também foi um espaço de descontração, festas, e, como sempre, a med – UNESP foi a causadora da discórdia no alojas. Espero que no ano que vem, a qualidade só aumente e que a delegação da nossa faculdade seja bem maior. Ninguém pode perder esse maravilhoso espaço de evolução!
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31 projetos de Extensão Universitária são reprovados para 2013
Natanael Sutikno Adiwardana - Napalm, XLVII Representante Titular Discente para a CPEU 2011-2012
De um total de 100 projetos de Extensão Universitária, 31 foram diretamente reprovados e 5 enviados para um terceiro parecerista na reunião de 19 de Junho de 2012 da CPEU (Comissão Permanente de Extensão Universitária). As decisões ocorreram durante o processo de reavaliação de todos os projetos cadastrados como de extensão pela FMB na PROEX (Pró-Reitoria de Extensão Universitária). Tal corte há muito era debatido pelos alunos da FMB que desde 2010 iniciaram a construção de um dossiê sobre a falta de critérios e adequação ideológica para a aprovação dos novos projetos de extensão da faculdade através do Centro Acadêmico Pirajá da Silva (CAPS) pela gestão Êxodo. Mas antes de julgar o resultado de tamanha notícia, vale observar os motivos que trouxeram à tona a necessidade de medida tão drástica.
Um dos tripés da universidade, a Extensão Universitária há muito tem representado o pioneirismo para toda a UNESP em termos acadêmicos e sociais. Reconhecendo tal vocação, em 2007 discutiu-se na Reitoria um financiamento programado que permitisse um maior investimento em tal proposta através do agora vigente Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI, 2010-2012) – R$4.500.000,00 destinados para a área de atendimento às demandas sociais e R$515.000,00 para a integração da Extensão Universitária com o Ensino e Pesquisa somente em 2012 (fonte: UNESP, reitoria¹ - PDI 2012).
O resultado disso foi o crescimento explosivo do número de projetos cadastrados na PROEX – na FMB, o número subiu de aproximadamente 30 para 100 em menos de 5 anos. Olhamos, entretanto, esta aparente vitória com ressalvas. O conceito de extensão universitária sempre foi polêmico e até hoje não é consenso nas universidades brasileiras, inclusive na FMB. Professores e funcionários de dentro e fora de nossa faculdade discordam sobre sua concepção, alternando entre o aprimoramento extra-curricular, pós-graduação, assistencialismo, iniciações científicas e diversos outros vieses que tentam justificar em seus meios a obtenção de financiamento. Nossa própria Pró-reitoria de Extensão Universitária é incumbida de assuntos que não pautam a extensão propriamente dita, como permanência estudantil, eventos acadêmicos científicos ou culturais e projetos diversos que poderiam ser delegados a uma direção institucional específica. Logo, uma fatia considerável desses novos projetos foram cadastrados não para realizarem ações integrativas e horizontais com a comunidade em geral, mas reservavam-se a fins puramente academicistas de pesquisa visando conseguir maior orçamento que não conseguiam nos tradicionais órgãos de fomento à pesquisa (FAPESP, CNPq, etc). Chegou-se ao cúmulo de haver cadastrado o mesmo projeto com dois nomes diferentes para que recebesse mais bolsas.
Não obstante, os fóruns, autoridades e instâncias superiores de discussão popular afirmam: a extensão é essencialmente a alternativa a uma sociedade desigual,
uma ferramenta que nas mãos da população lhe permite acessar seus recursos materiais e técnicos para garantir a emancipação e execução de seu direito livre e humano, despojados de qualquer hierarquia, discriminação ou retenção particular de conhecimentos e bens. E esta é a visão discente da FMB.
Retificando esse posicionamento, há mais de dez anos que os alunos têm demonstrado grande potencial de inovação e problematização de necessidades comunitárias colocando-se à frente de ideias pioneiras dentro da faculdade, como o Médicos da Alegria, o Cursinho Desafio e a Alfabetização de Adultos. Além disso, propostas recentes de maior inserção popular nas pautas acadêmicas de todos os cursos têm surgido pela concepção horizontal da Extensão Popular – como o novo projeto Além dos Muros em Rubião Jr ou a iniciativa em Agudos, SP. E tal participação também tem se feito presente dentro das instâncias da faculdade.
Na CPEU, os representantes discentes têm defendido uma abordagem mais séria para com seus projetos, observando critérios e meios de viabilização dos mesmos. O processo de reavaliação de cada proposta como de extensão já deu seu primeiro passo, ainda que restem muitos desafios. Os critérios utilizados nesse processo ainda são questionáveis perante os alunos, pois seu conteúdo ideológico é praticamente irrelevante para sua aprovação como de extensão, enquanto que critérios de produção científica são altamente valorizados. Dessa forma, propostas que visam uma real emancipação social pelo conhecimento acadêmico, mas que não possam ser sistematizados da forma científica tradicional são miseravelmente classificados, enquanto projetos restritos ou claramente não condizentes ideologicamente são altamente recomendados (veja os critérios de aprovação criados pela UNESP²). A revisão desses critérios e a equalização do acesso aos recursos conforme porte e necessidade de cada ideia são a bandeira dos estudantes.
A luta é grande e em diversas frentes. É necessário recriar nossos conceitos se o que se deseja é fortalecer a Extensão Universitária na FMB. É preciso a participação tanto de professores como alunos em mais meios de discussão e aplicação sobre extensão, para que compreendam o potencial transformador dessa ferramenta para a comunidade e universidade. Exigir a criação de auxílios devidamente direcionados aos projetos assistenciais para que não cessem também é fundamental, assim como criar um corpo combativo em prol de auxílios adequados à pesquisa científica pública nacional. Afinal, trabalhar e estudar numa instituição pública, gratuita e de qualidade implica não apenas o direito à educação e sustento, mas o dever de se exigir financiamento público livre de lobbys privados para projetos de utilidade e assistência pública, seja na pesquisa, ensino ou extensão popular. Não à toa é que o dinheiro do povo é chamado de ‘público’; pois não veio de alguém em particular, mas de todos para que seja usado para todos. E a nós cabe fazer isso valer.
¹Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) da UNESP:
http://unesp.br/ape/pdi/execucao/lista_programas_execucao.php?sel_dimensao=4
²Critérios para aprovação de projetos de extensão universitária e financiamento
http://www.unesp.br/proex/programas/criterios_analise_avaliacao_ext.pdf