estética na arquitetura

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Curso: Arquitetura de Interiores Disciplina: Projeto Arquitetônico - Estética e Estilo de Arte Trabalho de Recuperação Aluno: Agnes Rocha Barbosa Matricula: R80131206 Turma:AQI 043 Data: 20/01/2014 ESTÉTICA NA ARQUITETURA por Agnes Rocha Barbosa 1 Para se ter ciência das propriedades da estética na arquitetura, este artigo inicia com o intuito de elucidar primeiramente alguns princípios apontados por Miranda quando os grandes filósofos clássicos discutem acerca da percepção/sensação humana e formulam teorias acerca daquilo que é belo. Miranda 2 elaborou um estudo que inicia a preparação do problema da estética desde os racionalistas Descartes, Leibniz e Wolf, quais defendem um sistema universal e abstrato do conhecimento, aos empiristas Bacon, Locke, Hume e Rosseu, que defendem a percepção sensível, individual e sensualista. Até chegar em Kant, que termina a problemática pela reconciliação entre o sensível e o ideal, indagando-se como um sentimento participa da razão. “Entre as conseqüências do debate entre empirismo e racionalismo está o deslocamento do estudo do objeto da beleza para o sujeito que a percebe.” (MIRANDA,?) Alexander Gottieb Baumgarten foi o primeiro filósofo a formular uma definição de Estética, como teoria das artes liberais (como gnosiologia inferior, como arte de pensar de modo belo, como arte do análogon da razão) é a ciência do conhecimento sensitivo. (MIRANDA,?) 1 Arquiteta Urbanista/UFT Palmas; Professora da Área de Construção Civil/IFTO Palmas; cursista da especialização em Arquitetura de Interiores; 2 MIRANDA, C.L. SENTIDOS, MUNDO SENSÍVEL, ESTESIA (dos présocráticos a Kant). Arquivo em pdf disponibilizado pela professora. Ano ?

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Page 1: Estética na Arquitetura

Curso: Arquitetura de Interiores Disciplina: Projeto Arquitetônico - Estética e Estilo de Arte Trabalho de Recuperação Aluno: Agnes Rocha Barbosa Matricula: R80131206 Turma:AQI 043 Data: 20/01/2014

ESTÉTICA NA ARQUITETURA

por Agnes Rocha Barbosa1

Para se ter ciência das propriedades da estética na arquitetura,

este artigo inicia com o intuito de elucidar primeiramente alguns princípios

apontados por Miranda quando os grandes filósofos clássicos discutem acerca

da percepção/sensação humana e formulam teorias acerca daquilo que é belo.

Miranda2 elaborou um estudo que inicia a preparação do

problema da estética desde os racionalistas Descartes, Leibniz e Wolf, quais

defendem um sistema universal e abstrato do conhecimento, aos empiristas

Bacon, Locke, Hume e Rosseu, que defendem a percepção sensível, individual

e sensualista. Até chegar em Kant, que termina a problemática pela

reconciliação entre o sensível e o ideal, indagando-se como um sentimento

participa da razão. “Entre as conseqüências do debate entre empirismo e

racionalismo está o deslocamento do estudo do objeto da beleza para o sujeito

que a percebe.” (MIRANDA,?)

Alexander Gottieb Baumgarten foi o primeiro filósofo a formular

uma definição de Estética, como teoria das artes liberais (como gnosiologia

inferior, como arte de pensar de modo belo, como arte do análogon da razão) é

a ciência do conhecimento sensitivo. (MIRANDA,?)

1 Arquiteta Urbanista/UFT – Palmas; Professora da Área de Construção Civil/IFTO – Palmas; cursista da especialização em Arquitetura de Interiores; 2 MIRANDA, C.L. SENTIDOS, MUNDO SENSÍVEL, ESTESIA (dos présocráticos

a Kant). Arquivo em pdf disponibilizado pela professora. Ano ?

Page 2: Estética na Arquitetura

Sobre os valores estéticos, Miranda (?) apresenta as discussões

dos filósofos clássicos acerca do belo.

“Pitágoras é um dos pré-socráticos que mais se aproxima nesse contexto de conceitos lógicos discursivos a respeito do belo. Em Pitágoras, tudo que existe está determinado segundo a lei dos números, que são a essência das coisas, mediante relações simétricas de harmonia. Ao ser - números - se contrapunha o fenômeno, a aparência das coisas. A ordem e harmonia seriam o belo e o bom, o equilíbrio do universo segundo Pitágoras era regido por leis matemático-musicais. (cosmo/alma). Os números são a essência das coisas, enquanto o mundo sensorial e visível, não passaria de mera aparência. Isso repercute no conceito de ideia de Platão. O pensamento pré-socrático centrava-se no homem e na sua educação, Paidéia. Há uma disputa entre Sócrates e os sofistas (sophia, sabedoria), estes não aceitam a separação entre ser e aparência, para eles o belo é independente da bondade. Para os sofistas a obra de arte é expressão autônoma e fundamental da existência humana. Mas, Sócrates vence essa disputa, e o belo volta a vincular-se à moral, e passa à Platão e Aristóteles a tríade que domina a tradição filosófica do ocidente: bem / belo / verdadeiro. Platão, discípulo de Sócrates, teoriza metafisicamente o conceito de belo, fazendo-o aderir ao bem.” (MIRANDA,?)

Então, o que vem a ser a beleza estética na filosofia?

Platão faz distinção entre a arte e a beleza, sendo que o conceito

de arte esta associado ao fenômeno e, a beleza está associada à ideia. Caso a

beleza esteja correlacionada a um princípio ideal, essencial ou metafísico, a

arte é considerada perigosa por Platão, devido sua associação entre beleza,

bondade e verdade. Para Timeu, a beleza está associada à regularidade e

harmonia. “Enfim, a verdadeira beleza é interior”. (MIRANDA,?)

Miranda (?) afirma que Aristóteles vê a beleza como uma

propriedade objetiva da obra de arte, pois para ele a arte é concebida pela

habilidade do artista de ter a ideia e concebida através da técnica e da prática.

A matéria e a ideia não estão desassociadas.

O belo interessa à metafísica porque é um ponto de confluência

tangível entre razão e sentimento. A partir do século XVIII, quando a evidencia

de opostos se torna ímpar, a fugaz beleza natural se torna forma durável

através da arte. Também, é tido pela crítica como expressão da vida

humana.Para Baumgarten, a beleza é a perfeição do conhecimento sensível.

(MIRANDA,?)

Page 3: Estética na Arquitetura

É a beleza, ainda hoje, o tema central na discussão sobre a

estética. Ela pode ser definida? É propriedade daquilo que é belo ou da nossa

associação mental as faz assim? Ou ainda, a beleza poderia já estar posta

como nossa predisposição em reconhecê-la?

Outro valor estético, a harmonia é definida pelo Dicionário de Filosofia

de Nicola Abbagnano (2007)3 como “A ordem ou a disposição finalista das partes de

um todo, como p. ex. do mundo, ou da alma”, e nos demais dicionários4 como

boa disposição (no conjunto) ou proporção, ordem agradável à vista. Em geral, as

definições de harmonia a dispõem como a combinação de elementos diferentes e

individualizados, mas ligados por uma relação de pertinência que produz uma

sensação agradável e de prazer; ausência de conflitos; conformidade, concordância.

Para os pitagóricos, a harmonia está associada a ideia de conjunto

ordenado do universo e, o homem deve entender qual a sua participação no cosmos

através da descoberta do seu lugar na ordem natural das coisas. Ademais,

acreditavam que a música era o símbolo da harmonia dos cosmos, um meio do

homem alcançar o equilíbrio interno. (SANTOS,2000)5

Já Leibniz, introduz a harmonia como algo pré estabelecido por Deus,

onde no início dos tempos Deus sincroniza o relógio universal, afim de que quando

algo aconteça na mente, em qualquer tempo, esteja sincronizado ao corpo. Uma

definição mais justaposta por Leibniz está disponível num glossário pela instituição

internacional Leibniz Brasil6:

“A harmonia é a justa proporção, a unidade na multiplicidade ou a diversidade compensada pela identidade. Descobrir prazer em alguma coisa é vivenciar sua harmonia, sua variedade contrabalançada pela semelhança. Deus é, Ele mesmo, princípio de beleza e harmonia das coisas. A harmonia é, portanto, o objeto natural de amor. No sistema da harmonia, da concomitância ou hipótese dos acordos, todas as coisas e acontecimentos do universo conspiram em conjunto para o mais belo.” (LEIBNIZ, 2013)

Ou seja, todos corroboram com a ideia de que harmonia está

relacionada à ordem, tempo e unidade.

3 ABBAGNANA, N. DICIONÁRIO DE FILOSOFIA. 1ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007. Disponível em:

http://charlezine.com.br/wp-content/uploads/2011/11/Dicionario-de-Filosofia-Nicola-ABBAGNANO.pdf Acesso em: 18 Fev. 2014 4 HARMONIA, in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, Disponível em: http://www.priberam.pt/dlpo/harmonia Acesso em: 18 Fev. 2014 5 SANTOS, M.F. PITÁGORAS E O TEMA DO NÚMERO. São Paulo: IBRASA, 2000. Disponível em: http://search.4shared.com/postDownload/KKIVr1qr/Mrio_Ferreira_dos_Santos_-_Pit.html Acesso em: 19 Fev. 2014 6 LEIBNIZ BRASIL. GLOSSÁRIO DE TERMOS LEIBNIZIANOS. 2013 Disponível em:

http://www.leibnizbrasil.pro.br/leibniz-glossario.htm Acesso em 19 Fev. 2014

Page 4: Estética na Arquitetura

Quanto ao valor estético equilíbrio, não foram encontradas

discussões filosóficas sobre seu conceito a partir da origem do termo e/ou sua

existência. Mas no campo das artes visuais, o equilíbrio está relacionado à

ideia de igualdade, por vezes, confundido com simetria, ainda que de certo

modo a contemple. Equilíbrio é, portanto, a harmonia de diferentes forças

visuais7. Relação entre as partes de um todo8, onde a sensação visual se

assemelha à sensação física de equilíbrio, sendo o peso visual associado a

ideia de atração visual para determinado elemento visual. Está relacionado a:

tamanho, proporção, eixos, movimento ou estática.

Entendendo, pois, a estética como uma filosofia sobre a forma e o

belo. A beleza como a capacidade de tornar a sensação de agradabilidade algo

racional e passível de ser atingido através da técnica. A harmonia como a

unidade dos elementos e o equilíbrio a relação das forças visuais. Quais seriam

as propriedades da estética na arquitetura? Anteriormente, deve-se

compreender que esses valores estéticos são a representação das sensações,

história e desejos do homem através da arte. Segundo Valente (2013) afirma:

“A arte é compreendida como a atividade ligada à manifestação de ordem estética por parte do ser humano. Beleza, equilíbrio, harmonia, revolta são valores estéticos da criação humana que resumem as suas emoções, sua história, seus sentimentos e a sua cultura, o que também define a arte.” (VALENTE, 2013)

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Logo, compreende-se o problema sobre a linguagem e conceito

arquitetônicos explorada por Brandão10 (?) e demais autores citados:

É sobre a chave do conceito, talvez até mais do que sobre a chave da percepção, que o espaço é compreendido e o arquiteto e o fruidor se comunicam. Mas para isso é necessário percebermos como que o projeto e o edifício capturam, como um jogo, o arquiteto e o fruidor. Nesse jogo o projeto mostra sua verdade, o conceito torna-se palavra e a arquitetura é compreendida em sua especificidade. Enfim, cumpre ver como o conceito é capaz de fazer dialogar os universos distintos de quem projeta e de quem habita, desvencilhar-se da relatividade do juízo de gosto e ultrapassar o campo especificamente espacial, arquitetônico ou artístico para instalar-se no campo da história e da poesia.” (BRANDÂO,?)

7 WERNER, J. O EQUILÍBRIO NA COMUNICAÇÃO VISUAL. Disponível em:

http://www.auladearte.com.br/lingg_visual/equilibrio.htm#axzz2tuQpovcv Acesso em 19 Fev. 2014 8 COIMBRA, M. ELEMENTOS DE COMPOSIÇÃO: equilíbrio e simetria. 2012. Disponível em: http://ziho.wordpress.com/2012/03/26/elementos-de-composicao-equilibrio-e-simetria/ Acesso: 19 Fev. 2014 9 VALENTE, S. COMPONENETES DA EXPRESSÃO CULTURAL. 2013. Disponível em: http://vitrinacomunicacao.com.br/?tag=cultura-humana Acesso em 19 Fev. 2014 10

BRANDÃO, C.A.L. LINGUAGEM E ARQUITETURA: o problema do conceito. Belo Horizonte: UFMG, Ano?. Arquivo em pdf disponibilizado pela professora.

Page 5: Estética na Arquitetura

“Para a arquitetura entrar na condição pós-hegeliana, ela deve se afastar da rigidez e da estrutura de valor dessas oposições dialéticas. Por exemplo, a oposição tradicional entre estrutura e ornamento, abstração e representação, figura e fundo, forma e função, poderia ser dissolvida. A arquitetura poderia iniciar uma exploração do “entre” nessas categorias. Tal arquitetura não buscaria mais a separação de categorias, a hierarquia de valores ou os sistemas classificatórios tradicionais de tipologia formal e funcional e sim turvar essas e outras estruturas. A ideia da falta de clareza não é menos precisa, nem menos racional, mas admite o irracional no racional.” (EISENMAN, ?)

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‘Fragmento do livro “O desenho da janela” de Luís Antônio Jorge: “A arquitetura é uma linguagem, uma forma de representação do conhecimento humano, com marcantes peculiaridades: dispõe de uma materialidade que se impõe sobre qualquer operação de substituição que a nossa disposição naturalmente interpretadora tende a executar. Ela é uma linguagem “auto-evidente”, resistente aos nossos esforços tradutórios, demonstrando-se sempre como a melhor tradução de si mesma”.’ (OSTROWER,?)

12

Brandão (?) afirma que pensar o exercício da arquitetura é

comparável ao trabalho do agricultor, pois “os conceitos (...) não surgem do

nada, mas da reflexão sobre a nossa própria experiência dos espaços e

daquilo que nos fornece a tradição que lhes concerne”. Transmutar a

experiência – conhecimento através de estudos de caso, busca de repertório

entre outros – através do conceito – que é a imagem/mensagem a ser

passada. Para Brandão a elaboração do conceito ultrapassa sua aplicação no

projeto de arquitetura, pois é reflexão sobre a mesma, não sendo uma etapa de

projeto, mas um diálogo entre conceito e desenho, ideia e linguagem,

habitação e habitação. “O conceito está na obra e no projeto, e não na

subjetividade do arquiteto.”

“Os pensamentos do arquiteto e o público para o qual sua obra se dirige só podem compreender-se reciprocamente, através do medium da linguagem que os coloca em relação.” (BRANDÂO, ?)

Assim como na arte, a arquitetura deve ser a manifestação de

ordem estética do ser humano – do habitante – num diálogo contínuo, onde

seu conceito é transmitido pela linguagem arquitetônica. Não é a

personificação do arquiteto, enquanto mentor, mas a reprodução de uma ideia,

cultura, sentimentos e sua história.

11 EISENMAN, P. Blue Line Text. REVISTA AU. Traduzido por: Márcia Campos. Arquivo em pdf

disponibilizado pela professora. Ano ? 12 OSTROWER, F. SOBRE AS FORMAS E OS OBJETOS. Arquivo em pdf disponibilizado pela

professora. Ano ?