texto 02 - estética na modernidade

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  • 7/23/2019 Texto 02 - Esttica Na Modernidade

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    A morte do grid: reflexes sobre odesign grfico na Ps-modernidade

    Hlcio Jos Prado Fabri (Mestrando)Curso de Design de Moda Universidade Tuiuti do Paran

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    ResumoO presente artigo pretende fazer uma reexo sobre o design grco no momento que chamamos de ps-modernidade. O objetivo resgatar alguns momentos histricos que deram origens formao da atividadede design grco e identicar a relevncia da utilizao do grid como elemento estruturador e organizador deelementos textuais e imagticos da pgina em branco.

    Palavras-chave : Design Grco; ps-modernidade; grid.

    Abstract

    This articles intention is to make a reection on graphic design at the time we call postmodernism. It aims torescue some historical moments that originated the formation of graphic design activity and to identify therelevance of grid usage as a structurer element and organizer of textual and imagetics elements of the blankpage.

    Key words: Graphic Design; postmodernism; grid.

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    Introduo

    As inovaes tecnolgicas ocorridas no sculoXIX, no perodo da Revoluo Industrial, provocaramtransformaes em vrios nveis da sociedade. Umadelas foi o surgimento de uma populao mais instrudae novas necessidades de consumo, aberta a novas ideiase produtos e que passaram a circular em um mercadoem expanso.

    Na rea das artes visuais, as novas tecnologias deimpresso atraram os artistas grcos para fora dasgalerias e as fbricas absorveram a mo de obra dosartesos, uma vez que os produtos passaram a serprojetados para posteriormente serem produzidos,diferenciando o fazer do fabricar. Anteriormente,aquele que idealizava um objeto era o mesmo que ofabricava. A partir deste momento, alguns comearam a

    pensar os objetos enquanto outros passaram a fabric-los com o auxlio das mquinas.

    Assim, as artes visuais estabeleceram um vnculocom o comrcio, e rapidamente as obras de artepassaram a ser reproduzidas com qualidade em grandesquantidades. Os artistas passaram a manipular cores,famlias tipogrcas, estilos de layouts e nalmente afotograa para produzir e vender as suas criaes. O

    artista comercial, precursor do que hoje denominamosdesigner grco, nasceu da fuso entre arte e ofcio, e

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    foi criador da linguagem visual necessria

    para se comunicar com o novo pblicoconsumidor que se formava.

    Nas ruas das crescentes cidades dosculo XIX, os psteres expressavamgracamente toda a agitao da vidaeconmica, social e cultural, competindopara atrair a ateno dos transeuntespara a compra de produtos ou para os

    espetculos de entretenimento (FIG.1).O preto e branco da tipograa ou dasilustraes em xilografia dava lugarao colorido das ilustraes impressasem litograa, introduzindo uma novaesttica atravs de imagens de tamanhoampliado que usavam at 15 coresdiferentes.

    Alm disso, a fotograa, que j existiadesde algumas dcadas anteriores e que,at ento, no podia ser reproduzida emtamanhos ampliados nem em grandestiragens, neste momento passou a serexplorada nos psteres, integrandoa produo artstica com a industrial(FIG.2). Os psteres que anteriormenteeram desenhados por tipgrafos, que

    escolhiam e combinavam os tipos preenchendo todoo espao da folha, ganhavam uma nova dimenso

    social e cultural ao encontrar novas tecnologias queaumentavam seu potencial de comunicao, seja pelo

    Figura 2 - Pster publicitrio do incio do sculo XX. Nota: Figura extradado site http://www.flickr.com/photos/gatochy/3290203141. Acesso em

    12/02/2010.

    Figura 1 - Pster tipogrfico do perodo darevoluo industrial. Nota: Figura extradado site http://picasaweb.google.com/

    lh/photo/FQCD2Df0Nev9atGRw69nIQ.Acesso em 12/02/2010.

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    formato ampliado da pgina impressa, seja pela adoo

    de novos recursos como a fotograa ou a policromia.O aumento das possibilidades de composio

    da pgina impressa, associado adoo de novastecnologias, deu origem atividade do designer grcocomo prosso, mas esta s viria a se consolidar emmeados do sculo XX. Embora muitos dos pioneirosdo design grco fossem artistas plsticos, importantedistinguir design grco e obra de arte. De acordo com

    o glossrio de termos e verbetes, utilizados em designgrco publicado pela ADG (Associao dos DesignersGrcos), o design grco um termo utilizado paradenir, genericamente, a atividade de planejamento eprojeto relativos linguagem visual. Atividade quelida com a articulao de texto e imagem, podendoser desenvolvida sobre os mais variados suportes esituaes. Compreendem as noes de projeto grco,

    identidade visual, projetos de sinalizao, design editorial,entre outras. O termo design grco tambm podeser empregado como substantivo, denindo assim umprojeto em si(ADG, 2000).

    A respeito do design grfico, Holis diz que osignicado transmitido pelas imagens e pelos textostem pouco a ver com a pessoa que os criou ou escolheu:no expressam as idias de seus designers. A mensagem

    do designer atende a necessidade do cliente que estpagando por elas (2000, p.2).

    Embora as mensagens possam ter sua forma

    determinada ou modificada pelos repertrios epreferncias estticas do designer, elas precisam serorganizadas em uma linguagem que seja reconhecidae entendida pelo pblico. Este um dos aspectos quedistingue um produto de design grco de uma obrade arte. Em segundo lugar, o designer, ao contrrio doartista, projeta tendo em vista a produo em srie ede forma mecnica, usando inicialmente esboos em

    papel e, posteriormente, transformando suas criaesem informao que ser manipulada digitalmente paraposterior reproduo em grandes tiragens. Alm disso,o designer pode trabalhar em equipes, atuando comodiretor de arte ou supervisionando partes do projeto,tais como fotograas ou outros materiais ilustrativosencomendados.

    2 A Bauhaus e a formao dopensamento do Design

    Quando em 1919 a Bauhausabriu suas portas emWeimar, na Alemanha, ningum conseguiria prever aenorme inuncia que viria exercer nas artes visuais,nem que viria a formar as bases do que entendemoscomo design grco. Sob a direo de Walter Gropius,

    a avanada metodologia e a paixo pela funcionalidadedisseminaram suas disciplinas e tudo, da arquitetura

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    s artes grcas, do

    design de mveis aode produtos, passoua ser moldado poresta nova esttica. Oobjetivo original daBauhaus era formar

    arquitetos, pintorese escultores em um

    ambiente de ocina.A idia fundamentalde Gropius era a de

    que, na Bauhaus, artee tcnica deveriamformar uma nova emoderna unidade. Atcnica no necessita

    da arte, mas a artenecessita muito da

    tcnica, era a frase-emblema da Bauhaus. Se fossemunidas, haveria uma noo de princpio social:consolidar a arte no povo(BURDEK, 2006, p.28).

    O objetivo final do curso era conseguir umemprego na indstria publicitria ou de organizaode exposies. A publicidade na Bauhausera encarada

    como fonte de informaes, em que se deveriaconvencer atravs da sua clara apresentao dos fatos,

    informaes de carter econmico e cientco, e no

    atravs da propaganda ou da persuaso (DROSTE,2006, p.224).

    Com a nomeao de Lszl Moholy-Nagy comodiretor daBauhaus, em 1923, que introduziu a revolucionriaideia da nova tipograa na escola, o design grco passoua ter um papel central no movimento. Antes de integraro corpo docente, Moholy-Nagy j havia familiarizadocom o construtivista El Lissitzy e seu trabalho, criou

    uma inconfundvel imagem visual para a escola usandoformatos de letras simples, cores fortes, composiesintrigantes de fotograa e texto (FIG.3). Letras avulsas,vogais e consoantes, eram isoladas e tratadas comoelementos de composio. Moholy-Nagy encorajava astentativas de seus estudantes de romper as convenesem relao ao contedo e forma tradicional datipograa e com isso, simbolicamente, o contedo e

    a forma da sociedade que aplicava mecanicamente asnormas do passado. Moholy-Nagy ajudou a estenderao layout da pgina impressa as novas atitudes dodesign, com as suas inovadoras composies deimagens visuais e tipograas simplicadas.

    Influenciado pelo construtivismo russo e emconjunto com Herbert Bayer, introduziram-seconcepes mais radicais no estilo tipogrco, com

    a eliminao das letras maisculas, principalmenteem ttulos, do que resultou uma utilizao de tipos

    Figura 3 - identidade visual da Staatliches Bauhaus Weimar1919-1923 - Lazzo Moholy-Nagy. Figura extrada do site http://

    www.flickr.com/photos/laurapopdesign/3296340533. Acesso em12/02/2010.

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    simplicados. Um exemplo das inovaes introduzidas

    pela Bauhaus na rea do design grco a capa darevista Die Neue Linie, de Herbert Bayer. Emboraconcebida em 1930, tanto o estilo quanto a tipograaso notavelmente avanados para a poca em que foramconcebidos (FIG.4A e 4B).

    A atuao do designer grco envolve a organizaoe comunicao de mensagens, para anunciar ou divulgaruma idia, uma informao, uma marca ou um produto

    da forma mais eciente possvel. Ao manipular formasvisuais em um estilo apropriado, o designer conseguedirigir certa mensagem a pblicos especcos.

    A Bauhaus reconhecida como responsvel pelaintroduo, na arquitetura e no design, do EstiloInternacional e embora muitos designs de hoje no seassemelhem aos prottipos introduzidos pela Bauhaus,muitos layouts continuam a desenvolver-se com base no

    que foi estabelecido por esta escola. Na poca em quea Bauhaus encerrou suas atividades, em 1933, o designmoderno j era uma ideia plenamente desenvolvida e setornou uma nova forma artstica. A assimetria nos layoutshavia substitudo os ideais da simetria clssica, que reinaranos anos anteriores. A tipograa havia encontradonovas expresses, mais objetivas e simplicadas. Aimportncia da publicidade era um fato incontestvel

    a partir dos cursos de propaganda introduzidos pelaBauhausno nal dos anos 1920. O movimento moderno

    Figuras 4a e 4b - Tipografia e capa de revista criadaspor Herbert Bayer para a revista Die Neue Linie, 1930.Figuras extradas dos sites http://ksjnote.springnote.

    com/pages/3583705/attachments/1718847 e http://www.flickr.com/photos/20745656@N00/1528741308.

    Acesso em 12/02/2010.

    havia dado nova nfase s

    cores primrias (vermelho,azul e amarelo), bemcomo s formas primrias(quadrado, crculo etringulo) e os layoutsdas criaes, atravs damanipulao de todosesses elementos, traziam

    uma nova e requintadaemoo.

    O p rob lema da sdcadas seguintes aBauhausfoi introduzir essas ideias dinmicas a umaestrutura de comunicao comercial. Deincio, os movimentos que antes pretendiamuma organizao mais livre e informal da

    pgina cederam gradualmente lugar aum design mais ordenado e estruturado(HULBURT, 2002, p.42).

    Na dcada de 1960, alguns designersgrficos se voltaram para o passado,inspirando-se nos estilos doArt Nouveau

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    e Art Dco, mas, esses esforos produziram apenas

    solues superciais. As poucas obras resultantes destemomento de nostalgia continuaram a seguir as regrasde simplicidade e das formas claramente denidas,proposta fundamental dos artistas, designers e tipgrafosiniciadores do movimento moderno. Enquanto isso, omovimento artstico que viria a ser designado comoPop Artsomou o esprito dadasta com as imagens maiscomerciais do design grco, encontrando aplicaes

    especialmente na publicidade e na indstria deembalagens, provocando tambm impactos nas formasde comunicao que vemos nos dias de hoje.

    3 Design grfico e ps-modernidade

    A busca constante pela originalidade nas criaesde design de hoje, muitas vezes, tem como fonte

    de inspirao os acontecimentos passados e soconseguidas a partir da observao de um dadomomento histrico. Percebe-se com isso que oaparente anarquismo presente na organizao dasinformaes em produtos de design grco, entre elesos cartazes, embalagens, capas de livros ou cds noso resultado de decises arbitrrias. O cenrio dodesign grco atual evidencia as passagens de todos

    os tipos de imagens que confundem o imaginriodas pessoas. Estas pessoas esto entre o real e o

    imaginrio, o gurativo e o abstrato, o movimento

    e o repouso, sejam nas campanhas publicitrias, noscartazes, nas sinalizaes, nas embalagens ou nos sitesda internet. A imagem contempornea agrupadaentre imagens impressas estticas e nos vdeos emmovimento, onde este o ponto de intersecoentre duas partes, o suporte destas experinciasde decomposio e recomposio. Brissac Peixotodiz que as passagens so o caminho do futuro das

    imagens e a paisagem contempornea um vastolugar de passagens(PARENTE, 1996).

    Em texto intitulado Design grfico & ps-modernidade, Flvio Vinicius Cauduro destaca quena era ps-moderna a geometrizao das formas easgridsurbansticas e tipogrcas so agora smbolosabominados de dominao ideolgica e controlesocial. (In: MARTINS, 2004, p.43). O artigo trata

    das transformaes estticas no design grco e nasartes visuais ocorridas com a ps-modernidade, a erada pluralidade, da fragmentao, da heterogeneidade,da complexidade, das contradies insolveis, dasincertezas e das indecidibilidades, das simulaes,da transitoriedade, da globalidade [...] em oposios premissas modernistas que o autor adjetivacomo supostamente universais. A afirmao

    exemplificada textualmente com o trabalho dedesigners tipogrcos europeus, em especial, Emil

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    Ruder, Armin Hoffman, Josef Mller-Brockman,

    suos e seguidores do Internacional Style, e que pregavama superioridade das solues grcas usando o gridsystem e as famlias tipogrcas Futura, Helvtica eUnivers. O International Style foi adotado nos anos1960 e 1970 pelas grandes empresas multinacionaisem seus programas de identidade corporativa, bemcomo por grandes editoras de livros cientficos,tcnicos e artsticos. O autor comenta que essas

    solues minimalistas dos funcionalistas suos eramrepetidas incessantemente, tornando-se em breve umafrmula facilmente copiada por qualquer designer,independendo de seu talento, gosto ou preferncias.(MARTINS, 2004, p.49).

    Em virtude das frmulas mecanicistas, o designgrco do modernismo gerava solues previsveis,aborrecidas e desinteressantes, se tornando

    praticamente invisveis aps algum tempo, emconsequncia do princpio maior do International Style,que dizia que a forma seguia a funo e da tradiominimalista em que menos sempre mais.

    Sempre houve, na histria do design, a pesquisa desistemas e frmulas que pudessem auxiliar a atividadecriativa na busca da soluo dos problemas. Dentreos sistemas de propores mais conhecidos, est o

    Modulorde Le Corbusier (FIG.5) criado e patenteadoem 1946, baseados em analogias com as propores

    Figura 5 - Sistema de propores modulor, criado por Le Corbusier em 1946. NOTA: http://staff.

    bath.ac.uk/abscjkw/OrganicForms/SlideShow/E15%20Modulor.jpg.

    da anatomia humana. Este sistema pode ser aplicadoao layout de uma pgina e serve como base para odesenvolvimento de designs assimtricos a partir deum modelo simtrico.

    Alm doModulor, ogridou diagrama uma soluo

    planejada que se baseia em um conjunto de propores.Ogrid uma estrutura constituda por linhas verticais

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    e horizontais, espaadas igualmente, que se cruzam,

    resultando em um determinado nmero de subdivisesquadradas de mesmo tamanho. As estruturas podemser formais, semiformais ou informais, ativas ouinativas, visveis ou invisveis.

    Muitos produtos resultantes do processo de designque conhecemos, sejam bi ou tridimensionais, soconstrudos a partir de uma estrutura. Para Wong,a estrutura serve para controlar o posicionamento

    das formas em um desenho [...] e impem ordeme predetermina relaes internas de formas em umdesenho. (WONG, 2001, p.59-61). Considerando quedesign uma atividade organizadora da informaoe que a estrutura tem funo direcionadora e nolimitadora, um designer pode ter criado uma pea decomunicao visual sem ter pensado conscientementena estrutura, porm mesmo assim ela esta presente

    quando h a organizao. O erro em achar que ogrid limitante est ligado falta de conhecimento de muitosdesigners a respeito das teorias sobre fundamentosde desenho bem como da composio das formas esuas relaes. Muitas vezes, osgridsso interpretadoscomo limitadores devido ao desconhecimentosobre as classicaes das estruturas, em especialaquelas denominadas informais, que normalmente

    no dispem de linhas estruturais e apresentam aorganizao dos elementos do layout de uma forma

    livre e indenida, mas no desorganizada. Alm disso, o

    designer ir considerar outros aspectos na composiodas formas, tais como equilbrio, contrastes, repetio,tenso, movimento, entre outros.

    Ogridpossui crticos ou defensores, se usado comhabilidade e sensibilidade podem produzir layoutsfuncionais e com bom efeito esttico. Aplicadoa uma srie de unidades, o gridpode dar origem aum sentido de seqncia, de continuidade, que d

    distino ao todo, pela padronizao [...], todavia,nas mos de um designer no muito habilidoso, ogrid pode se converter em uma autntica camisa defora, resultando em layouts duros, de rgido formato(HULBURT, 2002, p.83). No caso de uma linha deembalagens, compostas por diversos elementos ouem um projeto editorial que envolva diversas capasde livros, por exemplo, o grid funciona como uma

    ferramenta norteadora para o designer, j que elefunciona como um elemento organizador de imagense textos que faro parte do espao da pgina. Naspalavras do designer suo Joseph Mller-Brockmann,o grid torna possvel reunir todos os elementos dodesign - composio, fotograas, ilustraes de umaforma harmnica. um processo de disciplinamentodo design.

    Le Corbusier, na sua prpria avaliao sobre oModulor, acrescentou esta nota nal de precauo:

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    Eu me reservo o direito de, a qualquer tempo,duvidar das solues proporcionadas pelo Modulor,mantendo intacta a minha liberdade, a qual depende

    mais da minha sensibilidade do que da minha razo(ibidem).

    Fig. 6 - Trabalho autoral do designer grfico David Carson. Nota: Figuraextrada do site http://designitsyou.wordpress.com/2009/10/11/david-carson-evolution.

    Concluses

    Muitos trabalhos de comunicao visual da era daps-modernidade no demonstram a preocupao dodesigner com relao diagramao dos elementosgrficos que compem a pgina e de questesfuncionais que devem ser contempladas em umprojeto, tais como a legibilidade das informaes, odirecionamento da leitura, ergonomia visual, entre

    outras.

    Pelo que foi descrito anteriormente, vimos que oprocesso de design e de layout algo um pouco maiscomplexo que o simples arranjo de elementos sobreuma pgina em branco. Os princpios da forma paradiagramao, que envolvem inclusive as teorizaessobre grid, podem ser aplicados a um espao embranco e resultar em resultados totalmente simtricos

    e, por outro lado, agrupar de forma mais complexa,elementos em um layout assimtrico.

    Designers reconhecidos internacionalmentepelo seu trabalho autoral, entre eles David Carsone Neville Brody, exploram o espao em branco dapgina com elementos tipogrcos, imagens, texturasem sobreposies de uma maneira intuitiva emtrabalhos em que importante divulgar a autoria.

    Neste caso, a diagramao da pgina ganha umadimenso artstica, destacada mais pela sua funo

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    esttica e simblica do que

    pela funcionalidade do layoutcom relao facilidade deidenticao e compreensodas informaes, que devemser vasculhadas pelo leitorno espao impresso da pgina(FIG.6).

    No caso de trabalhos em

    que os pblicos necessitamidentificar e compreenderrapidamente as mensagens,o des igner grf ico nopode deixar o trabalhoartstico dominar o layoute desconsiderar questes

    prticas relativas a informaes que so de extrema

    importncia, como por exemplo, a data de um eventoem um cartaz ou a marca do fabricante de um produtoem uma embalagem. Nota-se na linha de embalagensde softwares, criada para a empresa Micromedia pelodesigner Neville Brody, a diagramao do layoutevidenciando ilustraes autorais, com a fuso dedesenhos a trao sobrepostos a imagens fotogrcascompondo com informaes tipogrcas, como a marca

    do fabricante, a nome do produto, textos publicitriosdestacando atributos e vantagens (FiG.7).

    Outro exemplo de organizao de espao de layout

    na rea de design grco na ps-modernidade so ascapas para o Mini Dicionrio Aurlio, criados pelodesigner Silvio Silva (FIG.8). Neste caso, visvel aaplicao dogridna diagramao da capa, onde estoorganizadas as letras no alfabeto e os alinhamentos dostextos tipogrcos, alm da ordenao dos critriosde legibilidade dos textos, que orientam a forma pelaqual o pblico deve comear a leitura dos textos.

    Figura 7 - embalagem criada por neville brody paramacromedia. Nota: Figura extrada do site http://ecx.images-amazon.com/images/I/51XHS4FYP7L._SL500_AA280_.jpg.

    Acesso em 12/02/2010.

    Figura 8 - Capa do Mini Dicionrio Aurlio, criada pelo Lmen Design.Nota: Figura extrada do site http://www.tudomercado.com.br/tm/aviso/img_avisos/Submarino_226997.jpg. Acesso em 12/02/2010.

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    Em ambos os exemplos, presente a preocupao

    dos designers, cada um dentro de seu contexto, com aorganizao do espao da pgina, demonstrando quemesmo no cenrio de imagens (des)organizadas deforma catica na ps-modernidade, o designer grcodeve efetuar um esforo para que as mensagens sejamreconhecidas e entendidas pelos seus pblicos alvos.

    Para nalizar, o destaque de um pensamento de Nelson

    Brissac Peixoto sobre o momento em que vivemos:

    A passagem de todos os tipos de imagens confunde o imaginrio das

    pessoas, que se encontram em um grande cruzamento de imagens na

    contemporaneidade. Estas pessoas esto entre o real e o imaginrio,

    o fgurativo e o abstrato, o movimento e o repouso, seja no flme ou

    na arquitetura, na pintura ou na TV (PARENTE, 1996).

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    Referncias Bibliogrficas

    BURDEK, B. Design: histria, teoria e prtica do design de produtos. So Paulo: Edgard Blucher, 2006.

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    MARTINS, F..M., SILVA, J..M. (orgs). Para Navegar no Sculo XXI. Porto Alegre. Ed.Sulina / Edipucrs, 2000.

    _____.A Genealogia do Virtual. Porto Alegre. Ed. Sulina, 2004.

    PARENTE, A. (ed.), Imagem mquina: a era das tecnologias do virtual. Rio de Janeiro: 1996.

    RAIMES, J., BHASKARAN, L. Design retro: 100 anos de design grco. So Paulo: Senac, 2007.WONG, W. Princpios de Forma e Desenho.So Paulo: Martins Fontes,1998