estética

49
estética O que é a beleza? O que é a arte?

Upload: janio-alves

Post on 18-Jan-2015

4.185 views

Category:

Documents


1 download

DESCRIPTION

 

TRANSCRIPT

Page 1: Estética

estética

O que é a beleza?O que é a arte?

Page 2: Estética
Page 3: Estética
Page 4: Estética
Page 5: Estética
Page 6: Estética
Page 7: Estética
Page 8: Estética
Page 9: Estética
Page 10: Estética
Page 11: Estética
Page 12: Estética
Page 13: Estética
Page 14: Estética

1. A arte tem valor em si

Page 15: Estética

Se realmente amamos a Arte, devemos amá-la acima de todas as outras coisas no mundo, e, contra um tal amor, a razão, se

lhe déssemos ouvidos, levantaria a sua voz. Não há nada de equilibrado na adoração da

beleza. É demasiado esplêndida para ser equilibrada. Oscar Wilde, Intenções, p.

153

Page 16: Estética

A estética é algo de mais alto que a ética. Pertence a uma esfera mais alta. Discernir a beleza de uma coisa é o ponto mais alto a que podemos chegar. Até mesmo o sentido da cor é mais importante, no desenvolvimento do indivíduo, do que a noção do bem e do mal. Oscar Wilde, Intenções, p. 169

Page 17: Estética

Sem Título (1991), de Barbara Kruger. Todas as superfícies da galeria são utilizadas por esta artista americana para despertar as pessoas com instalações que costumam ter um forte significado político e social. Será por isso que a arte tem valor? Para o esteticista, não.

Page 18: Estética
Page 19: Estética
Page 20: Estética

2. A arte tem valor porque tem uma funçãoIdéia muito diferente acerca do valor da arte é aquela que se pode encontrar nas chamadas teorias funcionalistas. O que têm em comum as diferentes teorias funcionalistas é o fato considerarem que a arte deve ter algum fim exterior a si própria. Na medida em que tais fins dizem respeito a algo que tem valor para nós, assim também a arte acaba por ter valor, pois é um meio para atingir esses fins. Ao contrário da teoria da arte pela arte, há valores superiores ao da arte e dos quais esta depende.

Page 21: Estética
Page 22: Estética

2.1. Arte e prazerPensar que o valor da arte reside no prazer que ela nos proporciona é, talvez, uma das idéias mais difundidas. Talvez sejas uma daquelas pessoas que em certas ocasiões guardam o dinheiro do lanche para ir ao cinema, ou que desviam o dinheiro que se destinava a comprar o manual de filosofia para poder ir a show. Se for esse o caso, por que é assim tão importante para ti ir ao cinema ou assistir ao show? Não seria surpreendente se a resposta fosse «porque me dá prazer». Mas será que o prazer é a razão pela qual nós atribuímos valor à arte?

Page 23: Estética
Page 24: Estética

Hume foi um dos primeiros filósofos a defender a idéia de que o valor da arte reside no prazer que proporciona às pessoas. Este filósofo não utilizava o termo «prazer», mas antes o termo «agradável». Segundo ele, era a sensação de agrado que as obras de arte provocavam em nós que as tornava valiosas e despertava o nosso interesse por elas. Mas sensações de prazer muitas outras coisas que não são arte as podem provocar, como namorar, comer chocolate ou andar de skate. O simples prazer não pode só por si justificar o valor da arte. Se assim fosse, por que razão a 5.ª Sinfonia de Beethoven teria mais valor do que uma caixa de bonbons?

Page 25: Estética
Page 26: Estética
Page 27: Estética

Podemos dizer que os termos «agrado» ou «prazer» devem ser entendidos no sentido de entretenimento ou diversão. Mas nem assim esta perspectiva é plausível.

Praticar — e até assistir a — um esporte também diverte. Contudo não valorizamos a arte e o esporte da mesma maneira.

Aliás, o divertimento não é visto com os mesmos olhos que a arte. Ninguém diria que as escolas de arte servem apenas para as pessoas se divertirem. Se assim fosse, dificilmente os governos estariam dispostos a financiá-las.

Page 28: Estética
Page 29: Estética

Além disso há obras de arte que aparentemente não proporcionam qualquer prazer. É o caso de muitas obras experimentais da música, das artes plásticas, do teatro ou no cinema. Há até casos de obras que provocam sensações contrárias às de prazer, como acontece com os filmes de terror.

Page 30: Estética
Page 31: Estética

Mesmo que queiramos referir formas de prazer mais elevadas, que não o mero divertimento, é duvidoso que possamos dizer que a arte tem valor porque proporciona prazer. Ainda que proporcione prazer, como de fato acontece com muitas obras de arte, tem de haver algo mais que explique o valor da arte

Page 32: Estética

Futebol arte

Page 33: Estética

2.2. Arte e moralQue a arte tinha importantes implicações morais já era claro para Platão e Aristóteles. Mas que tipo de implicações eram essas? A resposta a esta pergunta estava na origem das suas divergências acerca do valor da arte.

Page 34: Estética

Platão tinha uma opinião desfavorável à arte, devido àquilo que considerava ser um efeito moralmente negativo nas pessoas que agiam sob a sua influência. Como veremos, tanto para Platão como para Aristóteles a arte era imitação. Também já vimos que quando estes filósofos falavam de arte, pensavam sobretudo nos tipos de arte mais importantes da sua época, como a poesia, a escultura ou as representações públicas das tragédias.

Page 35: Estética

Para Platão, imitar algo era já de si negativo, pois afastava-nos da verdade. Mas não era só isso que havia de errado nas imitações. Elas também tinham de errado o fato de apelarem às emoções. Na medida em que as imitações nos fazem ver as coisas de forma emocional, o seu resultado não pode ser senão algo de instável e pouco racional.

Page 36: Estética
Page 37: Estética

Portanto, ao apelar a comportamentos imitativos e emocionais, a arte afasta-nos do bom senso e pode tornar-se socialmente perigosa. Por isso a arte deve ser controlada no sentido de apenas serem permitidas aqueles obras que apresentassem modelos a imitar. Todas as outras devem ser proibidas. A preocupação de Platão era, portanto uma preocupação moral. Platão pretendia que os jovens não agissem emocionalmente perante obras cuja imitação levava a comportamentos moralmente reprováveis.

Page 38: Estética
Page 39: Estética

Muitas pessoas nos nossos dias pensam que certos programas de televisão mais ousados e que certos filmes com cenas violentas não deveriam ser permitidos, pois oferecem maus modelos aos jovens. Modelos que muitos imitam sem pensar. O tipo de preocupações manifestado por essas pessoas não é muito diferente do tipo de preocupações que Platão manifestava em relação à arte.

Page 40: Estética
Page 41: Estética

Preocupações que são, hoje em dia, extensivas à publicidade. Muita da publicidade que vemos nas ruas e nas televisões pouco mais é do que um conjunto de imagens sugestivas e esteticamente bem conseguidas, de modo a provocar nos consumidores uma reação emocional de imitação. A sua função é seduzir em vez de persuadir racionalmente.

Page 42: Estética

Aristóteles não era tão pessimista em relação à arte. Segundo ele, quando assistimos à representação de uma tragédia, somos mesmo afetados pelos sentimentos de piedade ou de medo imitados pelos atores. Só que ao sermos afetados por diferentes sentimentos, tais imitações dão-nos a oportunidade de exaltarmos os bons sentimentos, ao mesmo tempo que nos libertarmos das energias associadas aos sentimentos perigosos que existem em nós. Assim, a arte serve para uma espécie de purificação das pessoas.

Page 43: Estética

Aristóteles chamava catarse a esse processo de purificação dos sentimentos que a arte proporcionava. Atualmente muitas pessoas diriam que a arte serve de «escape» e de libertação de energias perigosas, contribuindo assim para o nosso equilíbrio emocional. Neste caso, a arte tem uma função moral que aponta no sentido contrário do que Platão defendia.

Page 44: Estética

Podemos assim discutir se as crianças, ao verem desenhos animados com cenas violentas, estão correrendo o risco de imitar tais comportamentos de forma moralmente indesejável, ou se estão apenas a libertar energias perigosas que de outro modo tenderiam a manifestar-se em situações bem mais melindrosas. Como se vê, esta é uma discussão iniciada por Platão e Aristóteles, mas que permanece atual. Deve, contudo, ser dito que, embora se trate de uma discussão acerca da função moral da arte, parte da solução depende mais das ciências empíricas, como a psicologia, do que da filosofia.

Page 45: Estética

Mas o que acabou de ser referido apenas significa que muita arte pode ter implicações morais, o que é perfeitamente aceitável. Outra coisa diferente é dizer que o valor da arte em geral reside na sua função moral.

Page 46: Estética

O escritor russo Leão Tolstoi defende precisamente que o valor da arte se encontra na função moral que ela desempenha. Assim, a primeira idéia que Tolstoi rejeita é a de que o valor da arte consiste no prazer que proporciona. E rejeita também a idéia de que a arte tem valor em si mesma. Segundo Tolstoi, o artista expressa determinado tipo de sentimentos que contagiam as pessoas e as impele a agir de acordo com eles. O que faz a arte ter valor é o tipo de sentimentos que o artista exprime, os quais devem contribuir para o progresso e bem-estar da humanidade. A arte serve, portanto, como elo de ligação e de união entre as pessoas.

Page 47: Estética

Perante isto podemos perguntar qual o valor das inúmeras obras de arte que, como já vimos, não exprimem nada e que, por isso mesmo, não têm qualquer conteúdo moral? Qual será o conteúdo moral e os sentimentos expressos em muita da arte abstrata? Será que essas obras não têm valor?

Page 48: Estética

A resposta de Tolstoi é radical. Muitas dessas obras não têm qualquer valor. Chega ao ponto de incluir entre as obras de arte falhadas algumas peças de Shakespeare, pinturas de Miguel Ângelo e óperas de Wagner. Até algumas das suas próprias obras Tolstoi considera obras de arte falhadas. É o que, segundo ele, acontece com aquelas que são geralmente consideradas as suas duas maiores obras-primas, os romances Guerra e Paz e Ana Karenina.

Page 49: Estética

Ora isto só por si parece completamente absurdo, na medida em que nos obriga a não reconhecer qualquer valor a obras de arte que são geralmente consideradas como obras-primas. Assim, também esta teoria tem de ser falsa.