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As mais recentes perspectivas de crescimento económico para 2014 são positivas para Amé- rica Latina, Europa e África, com previsões de crescimento de 1,1%, 3,3% e 5,5% respecti- vamente, segundo dados do Fundo Monetário Internacional (FMI). É neste triângulo que se encontram muitos dos países considerados emergentes. De acordo com o FMI, até 2018, a relevância das geografias do ‘triângulo’ para o PIB mundial será de cerca de 25% do cresci- mento económico mundial. O conceito de triângulo estratégico - onde Portugal teria um papel de ponte entre todos os países que o constituem - tem sido falado há muito tempo. E no início deste mês a Ac- centure, em parceria com o Instituto para a Promoção e Desenvolvimento da América La- tina (IPDAL) e a Caixa Geral de Depósitos, or- ganizaram o III encontro Triângulo Estratégi- co América Latina-Europa-África para discu- tir com embaixadores, responsáveis gover- namentais e empresas o tema. Num estudo sobre os mercados emergentes realizado no ano passado e actualizado muito recentemente, a Accenture prevê bons níveis de crescimento para esta área do globo, ante- vendo que até 2017 os países emergentes re- presentem metade do crescimento do PIB mundial. Porém, revela que a Ásia a repre- ESTE SUPLEMENTO FAZ PARTE INTEGRANTE DO DIÁRIO ECONÓMICO Nº 5912 DE 29 DE ABRIL DE 2014 E NÃO PODE SER VENDIDO SEPARADAMENTE Mercados EMERGENTES Nuno de Mesquita Pires Despachante Oficial Associado Lda. Fundada em 1956, NMP, Lda. é uma empresa de Despachantes Oficiais domiciliada em Setúbal, procedendo ao despacho de navios e de qualquer tipo de mercadorias, em todas as Alfândegas do país, nomeadamente, Setúbal, Lisboa, Sines e Porto. Av. D. João II, 48 C – 2º C/D – Apt. 44 – 2901-858 SETÚBAL Tel 265 546 640 Fax 265 546 660 [email protected] www.nmesquitapires.pt Despacho de Navios e Mercadorias Importação, Exportação, Trânsitos, Entrepostos Aduaneiros Formalidades de Impostos Especiais de Consumo – IEC Legalização e Matrícula de Veículos Automóveis Tratamento de declarações p/ fins estatísticos (Intrastat) e envio ao INE Consultores de Comércio Externo PUB Dado Galdieri / Bloomberg América Latina, África e Europa são aposta para empresas portuguesas Crescimento será puxado por melhorias nas políticas macroeconómicas e aumento do consumo interno, diz FMI. RAQUEL CARVALHO [email protected] senta mais de 40% dessa variação. E que de 2000 a 2009, a contribuição de África, Ásia e América Latina para esse crescimento encon- tra-se constante em torno dos 11%. O crescimento destas economias continuará favorecido por melhorias nas políticas ma- croeconómicas, e potenciado pelo aumento do consumo interno, sendo aqui de destacar a supremacia da região de Ásia, com destaque para a China e Índia. Porém, até 2017, espera- -se uma redução para 9% do peso destes paí- ses para o PIB mundial. Mesmo com esta redução, a importância dos países emergentes continua crescente. Se- gundo o MGI CompanyScope,uma nova base de dados para todas as empresas com recei- tas iguais ou superiores a mil milhões de dó- lares, existem oito mil grandes empresas deste tipo no mundo. Três quartos estão se- deadas em regiões desenvolvidas. Mas em 2025, deverão existir mais de sete mil, sendo que sete em cada dez com sede em regiões emergentes. De acordo com o Fortune Global 500, de 1980 a 2000 a percentagem de empresas que estava sedeada no mundo emergente permaneceu nos 5%. Em 2013, a quota subiu para 26% e prevê-se que suba para os 39% em 2025 ou até mesmo para os 50%. 9% Peso de África, Ásia e América Latina para o PIB mundial será de 9% até 2017 ESTUDO ACCENTURE 26% Em 2013, 26% das grandes empresas tinham a sua sede nos mercados emergentes. FORTUNE GLOBAL 500

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Page 1: ESTE SUPLEMENTO FAZ PARTE INTEGRANTE DO Nº 5912 … · posição em África e na América Latina” ... tensões políticas e as questões geopolíticas adensaram o já por si frágil

As mais recentes perspectivas de crescimentoeconómico para 2014 são positivas para Amé-rica Latina, Europa e África, com previsões decrescimento de 1,1%, 3,3% e 5,5% respecti-vamente, segundo dados do Fundo MonetárioInternacional (FMI). É neste triângulo que seencontram muitos dos países consideradosemergentes. De acordo com o FMI, até 2018, arelevância das geografias do ‘triângulo’ para oPIB mundial será de cerca de 25% do cresci-mento económico mundial.O conceito de triângulo estratégico - ondePortugal teria um papel de ponte entre todosos países que o constituem - tem sido faladohá muito tempo. E no início deste mês a Ac-centure, em parceria com o Instituto para aPromoção e Desenvolvimento da América La-tina (IPDAL) e a Caixa Geral de Depósitos, or-ganizaram o III encontro Triângulo Estratégi-co América Latina-Europa-África para discu-tir com embaixadores, responsáveis gover-namentais e empresas o tema.Num estudo sobre os mercados emergentesrealizado no ano passado e actualizado muitorecentemente, a Accenture prevê bons níveisde crescimento para esta área do globo, ante-vendo que até 2017 os países emergentes re-presentem metade do crescimento do PIBmundial. Porém, revela que a Ásia a repre-

ESTE SUPLEMENTO FAZ PARTE INTEGRANTE DO DIÁRIO ECONÓMICO Nº 5912 DE 29 DE ABRIL DE 2014 E NÃO PODE SER VENDIDO SEPARADAMENTE

Mercados

EMERGENTES

Nuno de Mesquita PiresDespachante Oficial Associado Lda.

Fundada em 1956, NMP, Lda. é uma empresa de Despachantes Oficiais domiciliadaem Setúbal, procedendo ao despacho de navios e de qualquer tipo de mercadorias, em todas as Alfândegas do país, nomeadamente, Setúbal, Lisboa, Sines e Porto.

Av. D. João II, 48 C – 2º C/D – Apt. 44 – 2901-858 SETÚBAL � Tel 265 546 640 � Fax 265 546 660 � [email protected] � www.nmesquitapires.pt

� Despacho de Navios e Mercadorias� Importação, Exportação, Trânsitos, Entrepostos Aduaneiros� Formalidades de Impostos Especiais de Consumo – IEC

� Legalização e Matrícula de Veículos Automóveis� Tratamento de declarações p/ fins estatísticos (Intrastat) e envio ao INE� Consultores de Comércio Externo

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América Latina, África eEuropa são aposta paraempresas portuguesasCrescimento será puxado por melhorias nas políticasmacroeconómicas e aumento do consumo interno, diz FMI.RAQUEL CARVALHO

[email protected]

senta mais de 40% dessa variação. E que de2000 a 2009, a contribuição de África, Ásia eAmérica Latina para esse crescimento encon-tra-se constante em torno dos 11%.O crescimento destas economias continuaráfavorecido por melhorias nas políticas ma-croeconómicas, e potenciado pelo aumentodo consumo interno, sendo aqui de destacar asupremacia da região de Ásia, com destaquepara a China e Índia. Porém, até 2017, espera--se uma redução para 9% do peso destes paí-ses para o PIB mundial.Mesmo com esta redução, a importância dospaíses emergentes continua crescente. Se-gundo o MGI CompanyScope,uma nova basede dados para todas as empresas com recei-tas iguais ou superiores a mil milhões de dó-lares, existem oito mil grandes empresasdeste tipo no mundo. Três quartos estão se-deadas em regiões desenvolvidas. Mas em2025, deverão existir mais de sete mil, sendoque sete em cada dez com sede em regiõesemergentes.De acordo com o Fortune Global 500, de 1980a 2000 a percentagem de empresas que estavasedeada no mundo emergente permaneceunos 5%. Em 2013, a quota subiu para 26% eprevê-se que suba para os 39% em 2025 ou atémesmo para os 50%. ■

9%

Peso de África, Ásia eAmérica Latina para o PIBmundial será de 9% até 2017

ESTUDO ACCENTURE

26%

Em 2013, 26% das grandesempresas tinham a sua sedenos mercados emergentes.

FORTUNE GLOBAL 500

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II Diário Económico Terça-feira 29 Abril 2014

MERCADOS EMERGENTES

“Portugal será mais forte se solidificarposição em África e na América Latina”Lisboa seria um ponto central na relação atlântica entre estas zonas do mundo.

IRINA MARCELINO

[email protected]

Paulo Neves lembra que as empresas portu-guesas não podem desperdiçar o potencial deÁfrica e da América Latina.

A que conclusões chegou no final do encontrosobre o Triângulo Estratégico Portugal - África-América Latina?O Triângulo América Latina – Europa – Áfri-ca”, que tem Lisboa como ‘hub’, é absoluta-mente estratégico para a afirmação e defesados interesses de Portugal no Mundo. Portu-gal será muito mais forte na Europa se au-mentar e solidificar a sua posição na AméricaLatina e em África. Na verdade – uma vez queo relacionamento da Europa com estes doiscontinentes ainda se encontra em desenvol-vimento e que Portugal tem vantagens com-petitivas em ambos – vivemos uma conjuntu-ra que as nossas empresas não podem desper-diçar: na América Latina e em África encon-tram-se alguns dos principais produtoresmundiais de recursos energéticos e hídricos,de metais, pedras preciosas, alimentos e algu-mas das maiores superfícies de terra arável doplaneta. Portugal beneficia duma presençahumana, empresarial e cultural determinantenestes mercados, além de um relevante capi-tal de simpatia. Estas são vantagens competi-tivas que poderão constituir uma alavanca in-contornável do nosso crescimento e prosperi-dade a curto, médio e longo prazo.A Língua portuguesa ainda é factor essencialneste triângulo?O português é a língua mais falada no hemis-fério Sul e um ‘driver’ incontornável em to-dos os aspectos deste relacionamento, in-cluindo logicamente nos negócios Sul-Sul. Aexperiência de missões empresariais doIPDAL comprova que em vários países daAmérica Latina hispânica, a nacionalidade e alíngua portuguesa funcionam como mais-va-lia face à concorrência espanhola. Quanto àCPLP, sem dúvida que a Língua é cada vezmais um alicerce do desenvolvimento econó-mico e empresarial dos países.O que são ou podem ser África e a América Lati-na para as empresas portuguesas?Os ‘case studies’ de empresas portuguesasque convidámos para o III Encontro “Triân-gulo Estratégico” falam por si: Caixa Geral deDepósitos, Prébuild, Mota-Engil, TAP, Roff,Visabeira, Grupo Pestana, BIAL, JP Sá Couto.

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São algumas das maiores empresas portugue-sas, cuja estratégia passa precisamente pelatriangulação que defendemos. O sucesso des-ta estratégia é reconhecido e demonstradodiariamente pelo crescimento e posição de li-derança que todas alcançaram, nacional e in-ternacionalmente.Que papel pode ter Portugal para as empresasafricanas e da América Latina?Portugal representa uma excelente oportuni-dade de desenvolvimento tecnológico para asempresas africanas e da América Latina. Aqualidade, formação e especialização dosnossos recursos humanos é valorizada inter-nacionalmente e permite às empresas dos ou-tros vértices do triângulo desenvolver as suascapacidades. Não podemos esquecer que abacia do Atlântico reúne mais de dois mil mi-lhões de habitantes que, juntos, formam umapirâmide etária perfeitamente equilibrada,num total de mais de 20 economias, emer-gentes e desenvolvidas. Esta região constituium verdadeiro mar de oportunidades.O que falta para potenciar a relação entre os paí-ses do triângulo estratégico?Os números das trocas comerciais no triângu-lo ainda tem imensa margem para crescer,sobretudo quando comparados com os valo-

res asiáticos. O mesmo é válido para o inves-timento. A União Europeia é o principal in-vestidor externo na América Latina e o se-gundo parceiro comercial da região. Falta avisão triangular, mas cada vez mais países daprópria América Latina despertam para estepotencial. Falta ainda modernizar algumasestruturas produtivas dos emergentes, quepermitam tornar estes mercados emissoresnão só de ‘commodities’ mas também de pro-dutos industrializados, tecnologia e capital.Que mercados considera mais emergentes paraas empresas portuguesas?Das economias consideradas emergentes, na-turalmente que destaco as da lusofonia e as domundo hispânico. A América Latina, comoregião, tem crescido a médias de 4 e 5% hápraticamente 15 anos. A Colômbia, o Panamá,o Peru, o Chile são exemplos de países quedentro de alguns anos terão entrado no clubedas economias desenvolvidas. No quadro daCPLP, que consideramos absolutamente prio-ritária na estratégia nacional, devemos privi-legiar todos os países sem excepção, mas ade-quando a nossa estratégia às particularidadesde cada mercado e nunca esquecendo asoportunidades nos pequenos e médios países,como Cabo Verde, Timor ou São Tomé. ■

A experiênciade missõesempresariais doIPDAL comprovaque em váriospaísesda AméricaLatina hispânica,a nacionalidadee a línguaportuguesafuncionamcomo mais-valiaface àconcorrênciaespanhola.

ENTREVISTA PAULO NEVES, PRESIDENTE DO INSTITUTO PARA A PROMOÇÃO E DESENVOLVIMENTO DA AMÉRICA LATINA (IPDAL)

“Portugal representa

uma excelente

oportunidade

de desenvolvimento

tecnológico para as

empresas africanas

e da América Latina”

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IV Diário Económico Terça-feira 29 Abril 2014

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Brasil: protestos são contra a falta de

saúde, educação e boa rede

de transportes e contra os gastos feitos

nos estádios para o Mundial de Futebol,

onde, aliás, várias empresas portuguesas

trabalharam.

Risco político aumentounos países BRICS em 2014Brasil é um dos países onde o risco mais aumentou e a tendência vai manter-se.

O mapa de risco político 2014 elaborado pelaAON Risk Solution, o departamento de gestãode risco da AON, identifica um aumento naclassificação do risco em todos os cinco mer-cados emergentes que compõem os países doBRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África doSul).Os riscos aqui referidos englobam violênciapolítica, interferência governamental, e riscode não pagamento da dívida soberana.No que se refere especificamente ao Brasil, osriscos políticos têm aumentado a partir de ní-veis moderados, à medida que a fragilidadeeconómica tem aumentado o papel do gover-no na economia, dá conta o relatório, quealerta para uma especial preocupação tendoem conta o campeonato do mundo deste ano,e os Jogos Olímpicos de 2016.Já na Rússia, o mapa de risco refere que aclassificação tem aumentado muito devidoaos recentes desenvolvimentos com a Ucrâ-nia e à tentativa de anexação da Crimeia. Astensões políticas e as questões geopolíticasadensaram o já por si frágil ambiente opera-cional para os negócios, levando também aum aumento dos riscos de transferência decâmbio.Na Índia, há um aumento do risco com riscoslegais e regulatórios elevados pela contínuacorrupção e níveis elevados de interferência

política. Disputas territoriais, terrorismo econflitos regionais e étnicos contribuem tam-bém para elevados riscos de violência políticadurante este ano, naquele país.Na análise feita à China, o mapa de risco políti-co elaborado pela AON Risk Solution concluiuque o risco aumentou para moderadamenteelevado, uma deterioração que se explica poruma desaceleração do crescimento económi-co. No que se refere à África do Sul, apesar deter fortes instituições políticas, o país podeigualmente ter um ano de 2014 conturbado, ecom risco político elevado, uma vez que en-frenta greves recorrentes, que se tornaram oprincipal meio de fixação de salários, e queenfraquecem as perspectivas de negócio e au-mentam os custos de financiamento.Além do mapa de risco político, a AON RiskSolution elabora também, em estreita colabo-ração com a The Risk Advisory Group, con-sultora mundial de gestão de risco, o mapaanual de terrorismo e violência política, sen-do que na edição de 2014, refere-se que o Bra-sil foi o único país da América Latina a ver oseu risco aumentar de médio para grave, de-vido aos violentos protestos anti-governa-mentais que decorreram em 2013.A Rússia e a Turquia foram os países maisafectados em 2013 pela ameaça de terroris-mo. ■ R.C.

MERCADOS EMERGENTES

Num estudo publicadoem Janeiro último,a consultora CapitalEconomics colocaas diversas economiasemergentes em gruposseparados, cadaum com um nível de riscodiferente. No grupoe maior risco estãoa Argentina, a Ucrãnia ea Venezuela. No segundogrupo estão países comoa África do Sul, Turquia,partes do suduesteasiático e paísesda América Latinacomo Perú e Chile.A Hungria e a Roméniaestão no terceiro grupo.Por fim, o último grupoé constituído pela China,e o Brasil. Fora de riscoentre os emergentesestão apenas o Méxicoe a Coreia do Sul.

Quatro gruposde emergentes

Onde estão asoportunidadespara as empresas

Poucas regiões do mundo apresentam o re-torno de investimento que o continente afri-cano oferece actualmente. Esta é uma dasprincipais conclusões de um estudo desen-volvido pela Accenture que frisa que a riquezaem recursos naturais, os preços cada vez maiscompetitivos, a melhoria do nível de vida e acrescente estabilidade política estão a atraircada vez mais empresas e entidades governa-mentais a investir em África, um dos conti-nentes onde existem mais países emergentes.Segundo o mesmo estudo, para África, pelaprimeira vez na história, espera-se que a taxade inflação de 5% fique abaixo da taxa decrescimento do PIB (5,5%).Uma das grandes oportunidades é o sector dasinfraestruturas, com o estudo a indicar Ango-la, África do Sul, Gana, Moçambique, Nigéria,Tanzânia e Uganda como os países que me-lhores oportunidades oferecem.África é mesmo um dos continentes onde asempresas nacionais mais estão presentes. An-tónio Saraiva, presidente da Confederação daIndústria Portuguesa (CIP), disse ao DiárioEconómico que neste continente, e mais con-cretamente na África Subsariana, a confede-ração identificou África do Sul, Gabão, Gana,Malawi, Namíbia e Zâmbia como os paísesafricanos emergentes mais importantes paraas empresas nacionais, isto porque, explica,“as associações empresariais e a AICEP têmrealizado nesses países missões empresariaiscom o objectivo de exportação”.No Norte de África, destaca Argélia, Egipto,Líbia, Marrocos e Tunísia.Já nos PALOP (Países Africanos de LínguaOficial Portuguesa), António Saraiva refereque em 2013, foram identificados como mer-cados emergentes importantes para os em-presários portugueses: Angola, Moçambique,Cabo Verde e S. Tomé e Príncipe. Na AméricaLatina, as grandes oportunidades surgem naArgentina, no Brasil, no Chile, Colômbia, Mé-xico, Panamá, Perú e Venezuela.O presidente da CIP diz ainda que em 2013 fo-ram identificadas importante missões empre-sariais na Arábia Saudita, Qatar, EmiratosÁrabes Unidos, Kuwait e Omã, sendo que naÁsia, os países mais promissores são o Caza-quistão, a China, incluindo Macau, Filipinas,Índia, Indonésia, Irão, Iraque, Malásia, Rús-sia, Timor e Ucrânia.Sobre a identificação dos melhores mercadospara se exportar, António Saraiva salienta oestudo ‘Potencial de Exportação’ que tem sidodesenvolvido, no contexto do Conselho Es-tratégico de Internacionalização da Economia(CEIE), pela AICEP em colaboração com aAEP, a AIP e a CIP, o “qual visa a identificaçãode mercados prioritários - onde se incluemmercados emergentes”, explica. ■ R.C.

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VI Diário Económico Terça-feira 29 Abril 2014

O sector energético e o sector da construção eobras públicas são os que mais oportunidadestrazem às empresas portuguesas nos merca-dos emergentes, garante João Queiroz, direc-tor de negociação da corretora GoBulling. Oespecialista, que se centrou nas “exportaçõese em investimento directo em outras geogra-fias, quer através de fusões & aquisições querde parcerias”, acredita que o sector energéti-co é um “exemplo relevante” pela capacidadeem entrar em mercados emergentes onde aprodução de energias renováveis e a gestãodas suas redes de transporte são relevantes.Por outro lado, a refinação de crude e a incor-poração de aditivos para aumentar a sua efi-ciência “criaram experiências que podem serexportadas”, garante o analista, que lembraainda que a maquinaria, os instrumentos deprecisão e reparação, a pequena e média me-talúrgia e a manutenção são relevantes parapaíses emergentes exportadores com “maiorpendor em bens de baixa incorporação de va-lor acrescentado”.O director de negociação da GoBulling frisaainda que as crescentes necessidades detransporte urbano, recuperação das respecti-vas infraestruturas viárias e ferroviárias, e as

Grandes empresas nacionais apostamem energia e obras públicasAngola, Moçambique, Brasil, Colômbia, Polónia, Rússia e Venezuela têm atraído grandes empresas cotadascomo a EDP, a Galp, a Mota-Engil, a Teixeira Duarte e a Portugal Telecom, sublinham analistas.

estruturas de produção de energia tradicionaltambém criam oportunidades às empresas deconstrução e obras públicas “nos sectores emque a maior massa crítica é mais relevante”.Também numa perspectiva de exportaçõesnacionais, Francisco Horta, director-geral dacorretora XTB Portugal, destaca as oportuni-dades nas obras públicas, lembrando o casode empresas como a Teixeira Duarte e a Mota--Engil, que têm alargado a sua actividadepara países que estão a investir fortemente naconstrução de obras públicas e equipamentos,como a Venezuela, a Colômbia, a Polónia e aRússia.Albino Oliveira, analista da Fincor, fala igual-mente destas duas construtoras como bonsexemplos de internacionalização e como for-ma de combater a contracção do mercado in-terno. Algo que também é recordado porFrancisco Horta: “as empresas nacionais têmolhado para fora para diversificar as suas re-ceitas e têm privilegiado os países emergentesde Língua portuguesa como Angola, Moçam-bique e Brasil, devido às relações culturaisexistentes”. Estes mercados precisam deconstruir infraestruturas “e de melhorar aprestação de serviços ao consumidor e às em-

presas, incluindo serviços financeiros e abanca”, destaca.O Brasil é igualmente referenciado por AlbinoOliveira, lembrando que das empresas queintegram o PSI20, seis apresentam exposiçãorelevante ao Brasil: EDP, Mota Engil, TeixeiraDuarte, Portugal Telecom e Galp. O analistada Fincor diz que o Brasil pode vir a ganharum peso relevante em termos de receitas e re-sultados da PT, depois da fusão com a OI. Oanalista destaca alguns investimentos na Eu-ropa de Leste, com destaque para a Polónia,principalmente o caso da Jerónimo Martins, eÁfrica, com destaque para Angola, afirmandoque estes “representam os principais merca-dos emergentes para as empresas cotadas embolsa”. Já Francisco Horta menciona a Chinacomo “um mercado apetecível para muitasempresas portuguesas”, dando o exemplo daAltri, que exporta para a segunda maior eco-nomia do mundo. O director-geral da XTBPortugal garante que as cotadas nacionais“têm sabido compensar a estagnação no mer-cado interno com a exportação para destinosfamiliares, como Espanha, e para mercadosmais distantes, como o Médio Oriente e aÁsia”. ■ R.C.

A Chinae o MédioOriente tambémapresentam boasoportunidadespara muitasempresasnacionais.

MERCADOS EMERGENTES

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Polónia e Angola estão entre os principais destinos

ara as cotadas no PSI 20.

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Terça-feira 29 Abril 2014 Diário Económico VII

OPINIÃO

O alargamento da ‘participation exemption’aprovado com a Reforma do IRC, associadoaos benefícios decorrentes dos ADTcelebrados por Portugal, tornaram o Paísbastante atractivo enquanto ponte deinvestimento, envolvendo as mais diversasjurisdições. Neste artigo dá-se nota dasvantagens fiscais para empresas chinesasque invistam nos PALOP, em fazê-lo atravésde uma sociedade portuguesa (PT).Os lucros distribuídos pelas sociedades dosPALOP à sua casa-mãe PT são isentos deIRC, desde que a participação desta nocapital de tais sociedades não seja inferior a5% e seja detida por, pelo menos, 24 mesese as sociedades dos PALOP sejam aítributadas a uma taxa mínimacorrespondente a 60% da taxa de IRC(atualmente 13,8%). Esta tributação mínimaé, contudo, dispensada se, pelo menos, 75%dos lucros de tais sociedades resultarem de

Investimento chinês nos PALOP via Portugal

ANA PAULA BASÍLIO

Advogada responsável

pelo departamento Fiscal

da Gómez-Acebo & Pombo

em Portugal

Os lucros distribuídospelas sociedadesdos PALOP à suacasa- mãe portugiesasão isentos de IRC.

Que vantagens fiscais têm as empresas chinesas ao investirem em África através de Portugal?

actividades industriais/agrícolasdesenvolvidas nos seus países de residênciaou de actividades comerciais/prestação deserviços não predominantemente dirigidas aomercado português (excluem-se os serviçosbancários e de seguros, ‘royalties’,assistência técnica e a detenção departicipações sociais em paraísos fiscais ouinferiores a 5%). Tais lucros distribuídos àcasa-mãe PT são tributados naorigem/PALOP a 10%, via retenção na fonte,com exceção dos distribuídos por sociedadesde Cabo Verde, que são isentos.Os lucros distribuídos pela sociedade PT àsua casa-mãe chinesa são isentos de IRC,desde que esta tenha, nos 24 meses préviosà distribuição, detido, pelo menos, 5% docapital da sociedade PT e seja tributada naChina a uma taxa mínima correspondente a60% da taxa de IRC. Se os 24 meses dedetenção apenas forem completados após a

distribuição dos lucros, estes serão objecto deretenção na fonte de IRC, de 10%, sendo esteIRC reembolsado à sociedade chinesa(mediante requerimento), após completadosos 24 meses de detenção.Em caso de desinvestimento, as mais-valiasobtidas pela sociedade PT (quer esta seja, ounão, uma SGPS) na venda das suasparticipadas nos PALOP são isentas de IRC,desde que preenchidos os requisitos acimareferidos. Com excepção de Angola, com umatributação de 10%, tais mais-valias não serão,de igual modo, tributadas nos PALOP (nocaso de Moçambique e Guiné, os activos dasreferidas sociedades não poderão sermaioritariamente compostos por imóveis aílocalizados). Amais-valia obtida pelasociedade chinesa na venda da suaparticipação na sociedade PT é isenta de IRC,com idêntica limitação relativa a imóveissituados em Portugal. ■

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VIII Diário Económico Terça-feira 29 Abril 2014

MERCADOS EMERGENTES

Os mercados emergentes em geografiasdistantes como África, Ásia ou América Latinatêm contribuído para o crescimento dasexportações e da internacionalização dasempresas portuguesas. AFundação AIPprivilegia o investimento nestes mercados,cimentando parcerias com entidades oficiais eempresariais de países em crescimento, porexemplo, a China, Angola, Moçambique,Emirados Árabes Unidos, Marrocos, Argélia,Colômbia, México, Guiné Equatorial, ou Índia.ATektónica, a Intercasa e o SIL, feiras lideresem Portugal na fileira da construção,decoração e imobiliário, elegeram Xangai,Macau, Hong Kong, Cantão, Hubei e Pequimcomo locais para promoção dos negóciosluso-chineses. O programa Golden VisaPortugal contribui para que os investidoresChineses vejam Portugal como paíspreferencial de destino para os seusinvestimentos.Em Outubro de 2013, Tektónica e Intercasaparticiparam na MifMacau e organizaram umavisita à feira de Cantão com 20 empresas. EmMarço de 2014, o SIL esteve em Xangai com19 empresários portugueses do sectorimobiliário, promovendo o Golden Visa eoutras oportunidades de investimento emPortugal, sabendo-se que a China representa80% dos negócios gerados.Moçambique é também exemplo de sucessona aposta em mercados emergentes, onde aFundação AIP organiza anualmente emFevereiro a “Semana empresarialMoçambique Portugal”, mobilizando mais de250 empresários. As oportunidades naindústria dos hidrocarbonetos, rede detransportes e energia, construção, agricultura,turismo, distribuição alimentar e novastecnologias permanecem aliciantes.O mundo árabe, especialmente o Magreb e ospaíses do Golfo, ganhou um novo impulso nassuas relações com Portugal, nomeadamenteatravés do programa conjunto da CCIAP e daFundação AIP em articulação com asembaixadas em Lisboa, dando origem amúltiplos encontros bilaterais potenciadoresda participação de empresas portuguesas nosgrandes projectos em curso nestes países,como Emirados Árabes Unidos, Argélia, Qatare Kuweit. Só nos primeiros 3 meses de 2014,mais de 300 empresas portuguesas puderamassim ter conhecimento e interagir com opotencial de negócios no mundo árabe. ■

A importânciados mercadosemergentes

OPINIÃO JORGE OLIVEIRADIRECTOR DE ÁREA DE FEIRASDA AIP - FEIRAS,CONGRESSOS E EVENTOSGUIA

O processo de internacionalizaçãopara os mercados emergentesrequer sempre alguns cuidados.Saiba quais.

Ana

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1 ESTAR CONSCIENTE DASDIFERENÇAS ADMINISTRATIVASAntónio Saraiva, presidente daConfederação da Indústria Portuguesa(CIP) lembra que estes mercados sãonormalmente bastante diferentes domercado nacional, designadamente “emtermos de estrutura e funcionamento ede enquadramento legal eadministrativo”. Esta realidade, diz,“determina a necessidade de umapreparação mais aturada, nomeadamenteantes da participação nas missõesempresariais”, podendo contar com oapoio das associações empresariais e daAICEP.O mesmo tema é lembrado pela BakerTilly, que elaborou um estudo em Janeirodeste ano, a partir de reuniões comadministradores, gerentes ou directoresfinanceiros em empresas portuguesasque apostam na internacionalização epossuem interesse nainternacionalização. Cerca de 78% dasempresas internacionalizadas disse àBaker Tilly ter ou ter tido barreiras àentrada nestes mercados emergentes, etodas as empresas nãointernacionalizadas afirmam ter ou tertido barreiras à internacionalização paraestes mercados. E os aspectosadministrativos, legais e fiscais foramapontados como a principal barreira àinternacionalização por 46% dasempresas internacionalizadas e por 75%das empresas não internacionalizadas.No caso do Esporão, que tem comomercados emergentes prioritários, oBrasil, Angola, China, Macau, Hong Kong,Africa do Sul, Nigéria e Rússia, FilipeCaetano, director de marketing, refereque “as maiores dificuldades sentidasforam as barreiras burocráticas e astaxas aduaneiras, que, por exemplo parao Brasil, Angola ou China, são muitoelevadas”. Outra dificuldade tem sido,revela, “a falta de reconhecimento queainda existe de Portugal, enquanto paísprodutor de vinhos e azeites deexcelência”. De referir que os mercadosemergentes representam já 37% do totaldas exportações e 24% no total devolume de negócios da empresa.

2 QUANTO MAIORÉ O CRESCIMENTO...Uma das características dos paísesemergentes são os elevados índices decrescimento. Mas estes podem ser um

dos maiores riscos. A direcçãointernacional do Millenniumbcp lembraque “em algumas situações a rapidez docolapso pode igualar a rapidez docrescimento”. Assim, são algumas asdicas que apresenta: em primeiro lugar,conhecer bem o mercado, oenquadramento cambial, legal e fiscal, osector que pretendem abordar e osegmento de clientes a atingir.Depois, há que avaliar bem os riscosinerentes à situação política e legal e ascondições do mercado. É igualmenteimportante ter massa crítica, proteger ocapital investido e formar parcerias comentidades idóeneas, de reconhecidaconfiança.

3 APOSTAR EM BOASPARCERIASApostar em parcerias é um dos factoresreferidos pela farmacêutica BIAL, queestá presente em cerca de 40 mercadosemergentes “de todas as geografias ecom diferentes modelos de negócio”,afirma Ralph Zaat, administrador para aárea internacional. O responsávelgarante que “a correcta selecção eimplementação da parceria em termosde partilha alinhada de responsabilidadena cadeia de valor da industriafarmacêutica, altamente regulada, é ofactor chave de desenvolvimento deplano de negócios”. No que se refere àsdificuldades de internacionalização,Ralph Zaat garante serem “diversas,sobretudo em movimentos deinternacionalização não relacionada, emque os modelos de negócio têm de serrevistos e adaptados aoscondicionalismos locais”. No caso daBIAL, a grande dificuldade foi mesmoarranjar um parceiro local. Os mercadosemergentes valem aproximadamente10% da facturação do grupo. Excluindo a

Europa, África é o continente maisimportante para o Grupo BIAL, onde aempresa ocupa posições destacadas emAngola e Moçambique, e em toda aÁfrica francófona. A farmacêutica estáainda na América Central e no extremoOriente.

4 PADRÕES DE QUALIDADESÃO DIFERENTESNo estudo da Baker Tilly constatou-seque 27% das empresas inquiridasinternacionalizadas presentes nosmercados externos e com uma posiçãosólida e segura no mesmo, apontamcomo outras das suas principaisbarreiras a distância comparativa demarketing - ou seja, as grandesdiferenças existentes a nível de padrõesde qualidade e segurança, as diferençasnos produtos e hábitos do consumidor,as dificuldades em entender práticas donegócio no exterior, falta derepresentação nos locais, diferenças noidioma e cultura, entre outros).

5 SUPERAR A FALTADE INFORMAÇÃOPara 17% das empresas inquiridas pelaBaker Tilly, um dos problemas ainda têmque ver com as políticas nacionais deapoio e incentivo à internacionalização(17%). E 25% das empresas nãointernacionalizadas refere a falta deinformação, referente a oportunidadesde negócios nos mercados emergentes.Existem, no entanto, várias fontes ondese pode pesquisar informações: é o casoda AICEP, que tem gabinetes própriosem vários países, dos escritórios deadvogados e de entidades bancárias, quehoje têm cada vez mais interesse emapoiar o caminho de internacionalizaçãodas empresas portuguesas.

RAQUEL CARVALHO E IRINA MARCELINO

raquel. [email protected]