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GOVERNO DO ESTADO DE MATO GROSSO SECRETARIA DE ESTADO DE CIENCIA E TECNOLOGIA UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE PONTES E LACERDA Estágio Curricular Supervisionado II Língua Portuguesa AULA I Profª Vanessa Faria

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Apresentação do estágio I

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Page 1: Estágio II - Tapurah - Aula I

GOVERNO DO ESTADO DE MATO GROSSOSECRETARIA DE ESTADO DE CIENCIA E TECNOLOGIA

UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSOCAMPUS UNIVERSITÁRIO DE PONTES E LACERDA

Estágio Curricular Supervisionado II Língua Portuguesa

AULA I

Profª Vanessa Faria

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Plano de Aula • Tema: O texto como eixo norteador do trabalho pedagógico com a LP• Objetivo Geral: Discutir os potenciais da proposta de trabalhos dos PCN (Uso –

Reflexão – Uso)• Objetivo Específico: • Diferenciar texto e gênero• Articular os conteúdos de ensino de LP em dois eixos básicos:

• Usos da língua oral e escrita;• Reflexão sobre a língua e a escrita.

• Conteúdo:• As noções de texto e gênero• Os eixos do trabalho com a linguagem• Os critérios para seleção e sequenciação de conteúdos.

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• Metodologia: aula expositiva, discussão em grupos e leitura de textos base.• Recursos: Quadro, projetor de imagens.• Bibliografia:• Básica: • ANTUNES, Irandé. Aula de Português. São Paulo: Editora Parábola, 2007.

BASTOS, Neusa Barbosa (org.). Língua Portuguesa: teoria e método. São Paulo: IPPUC-SP/EDUC, 2000.BATISTA, Antônio Augusto G. Aula de português. São Paulo: Martins Fontes, 1997.BRASIL, MEC – OCNEM . Orientações Curriculares Nacionais para o Ensino Médio. Língua Potuguesa, Língua Inglesa e Literatura. 2006.BRITTO, Luiz Percival Leme. A sombra do caos. SP: Mercado de Letras, 1997.BUNZEN, C. e MENDONÇA, M.(orgs.) Português no Ensino Médio e Formação do Professor. São Paulo Editora Parábola, 2006.CASTRO, Maria de F. F. Guilherme de. e FREITAS, Alice Cunha (orgs.). Língua e literatura: ensino e pesquisa. São Paulo: Contexto, 2003.

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• FARIA, Maria Alice. O jornal na sala de aula:Contexto, 2004.GERALDI, J. W. Portos de Passagem. São Paulo: Martins Fontes, 2001. REZENDE, N. L., RIOLFI, C. e SEMEGHINI-SIQUEIRA, I. Linguagem e Educação. Implicações técnicas, éticas e estéticas. São Paulo Associação Editorial Humanitas, 2006.

• Complementar:• BEAUGRANDE, R. Cognition and technology in education: knowledge and information –

language and discourse. International Journal of Cognitive Technology. vol. 1, n. 2, 2002. To appear in International Journal of Cognitive Technology 1/2, 2002.

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Texto X Gênero: questão terminológica ou conceitual?

• Uma distinção importante: gêneros textuais ou gêneros discursivos?

• (...) gêneros são o que as pessoas reconhecem como gêneros a cada momento do tempo, seja pela denominação, institucionalização ou regularização. Os gêneros são rotinas sociais de nosso dia-a-dia.(Marcuschi, 2008, p.16)

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• A definição bakhiniana: • Para Bakhtin os enunciados são o produto das atividades humanas,

em outras palavras, as esferas de atividade humana estão ligadas à utilização da língua e aos modos de utilização. Nos comunicamos por meio de enunciados, e não por palavras ou frases isoladas, e esses usos (oral ou escrito) da língua refletem as condições específicas e cada uma das esferas de ação humana, assim, cada uma dessas esferas elabora seus tipos relativamente estáveis de enunciados, chamados por Bakhtin de “gêneros do discurso” (Bakhtin, 1997, p. 262).

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• A noção de “esferas” é, sob diferentes denominações, recorrente nos estudos linguísticos e sociológicos e tende a designar um espaço da experiência humana organizado, dentre outros fatores, em torno de relações sociais e de um conjunto de princípios e esquemas de produção e recepção de discursos mais ou menos estáveis. Considerando a população a ser avaliada, podem-se definir as seguintes esferas e gêneros de discurso a elas associados: esfera da vida doméstica (listas de compras, manuais de instrução de equipamentos diversos, rótulos e embalagens de produtos, bilhetes, cartas, convites, lista de telefones ou endereços, agenda, calendário, receitas culinárias, diário, regras de jogos); esfera do espaço urbano (placas, cartazes, sinalização, quadros de horário de ônibus, etc.); esferas da vida pública (documentos como carteira de identidade, certidões,contas, cheques, faturas, etc); esfera escolar (listas de materiais e de atividades, enunciados de atividades, definições, textos de diferentes áreas de conhecimento, manual didático, boletins e outros documentos - tais como ocorrências, bilhetes aos pais,etc - dicionário, enciclopédia.) esfera jurídica (contratos, petições judiciais, sentenças judiciais, etc.).

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• Seguindo Bawarshi e Reiff (2010, p.25-28) pode-se dividir a discussão bakhtiniana sobre as relações entre os gêneros em dois eixos: um horizontal e um vertical. No eixo das relações horizontais encontra-se uma descrição da relação dialógica dos gêneros e de como um gênero se configura como uma resposta a outro dentro de uma esfera de atividade humana. • A autora cita, como exemplo, as chamadas para publicação, em que se pode

considerar tanto as chamadas para publicação em periódicos científicos como em anais de eventos, tais chamadas geram propostas de artigos que tanto podem ser aceitos quanto refutados, e aí temos outro gênero, a carta de aceite, da mesma maneira, há a tese, a dissertação e a monografia, as quais engendram outros gêneros como a sessão de defesa, bem com as atas dessa sessão. Isso, só para citar dois poucos exemplos do mundo acadêmico, há todo um universo de relações horizontais para exploração do analista.

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• As relações verticais dizem respeito ao que Bakhtin denomina gêneros primários e secundários. Os gêneros primários, tidos como simples, são forjados nas circunstâncias mais comuns de comunicação verbal espontânea, no dia a dia das pessoas, em outras palavras, para Bakhtin, os gêneros primários tomam forma numa atividade de comunicação não mediata, o que significa que eles mantêm uma relação imediata com a realidade e com as falas reais, tais gêneros são também considerados como base para a constituição dos gêneros secundários, estes considerados complexos e surgem em situações comunicativas mais complexas, como por exemplo, a escrita científica, literária, etc. • Uma conversa telefônica, é, sem sombra de dúvida, um gênero primário, no entanto, essa

mesma conversa, gravada e posteriormente usada num julgamento judicial já é um gênero secundário, o gênero primário foi alterado e absorvido pelo secundário, e uma vez recontextualizado passa, a partir daí, a exibir outras características que o complexificam.

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• O conceito bakhtiniano de gênero ancora-se no tripé estilo (seleção lexical, arranjos e recursos fraseológicos e gramaticais), tema (o conteúdo) e construção composicional. Estes três elementos estão indissoluvelmente fundidos nos enunciados e são marcadas pelos tipos de ações mediadas pela língua nas esferas de atividades humanas. • Como o autor se refere, na maior parte de sua obra, ao discurso literário, o estilo

ganha contornos mais privilegiados de estudos na obra bakhtiniana. Para Bakhtin, o estilo está relacionado fortemente à construção composicional e ao tema. Em grande parte de sua obra, o autor dispende mais tratos ao discurso literário, de maneira que o estilo está presente em toda a obra bakhtiniana, apresentando-se como acabamento estético.

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• Analisando o estilo, Bakhtin critica a estilística tradicional e estabelece uma estreita ligação entre o conceito de estilo e o de gêneros do discurso. Desta forma, compreende-se o estilo como um dos elementos basilares na constituição da genericidade: “Quando há estilo, há gênero.” (Bakhtin, 1997, p. 287). É, segundo o autor, no estudo das formas e das categorias que encontraremos o estilo, trata-se de um acabamento estético e provisório, resultado de uma atividade intrinsecamente relacionada às definições ideológicas e de natureza dialógica que pressupõe a existência de um interlocutor.

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• Assim, a elaboração do discurso considera não apenas a atitude responsiva do interlocutor como também antecipa a resposta, presumida ainda antes de ser enunciada. A imagem (e as expectativas dela decorrentes) que se tem deste outro é tão fundamental que determina, segundo Bakhtin, a escolha do gênero, dos procedimentos composicionais e, do estilo adotado.• Quanto ao tema, podemos defini-lo como conteúdos de “um querer-dizer”

através de uma forma, no entanto, não se resumem a um assunto e seu sentido, mas, principalmente, os contornos que lhe garantem um lugar dentro de uma situação de interação social. O tema é, então, determinado pelas formas linguísticas e pela situação interacional (extraverbal) compartilhada pelos interlocutores. Associado ao estilo e à construção composicional, o tema é marcado também pela esfera sócio-verbal, caracterizando, assim, o enunciado.

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• Em outras palavras, trata-se de como o assunto é tratado num texto, sua significação e orientação argumentativa. Além de expressar o conteúdo, o tema também vincula aspectos valorativos conferidos ao enunciado, estabelecendo um diálogo entre os interlocutores e entre outros enunciados. • A composição dá conta da estruturação e enquadramento formal do enunciado, em outras

palavras, a forma escolhida para realizar o “querer-dizer” de um locutor. A escolha de um gênero é determinado em função da especificidade de um determinado campo da comunicação, do tema e da intencionalidade:• O querer-dizer do locutor se realiza acima de tudo na escolha de um gênero do discurso. Essa

escolha é determinada em função da especificidade de uma dada esfera da comunicação verbal, das necessidades de uma temática (do objeto do sentido), do conjunto constituído dos parceiros, etc. Depois disso, o intuito discursivo do locutor, sem que este renuncie à sua individualidade e à sua subjetividade, adapta-se e ajusta-se ao gênero escolhido, compõe-se e desenvolve-se na forma do gênero determinado. Esse tipo de gênero existe sobretudo nas esferas muito diversificadas da comunicação verbal oral da vida cotidiana (inclusive em suas áreas familiares e íntimas). (BAKHTIN, 1997, p.302)

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• • No nível da forma composicional estabelece-se a construção das relações

entre os elementos que compõem o enunciado e a estrutura do gênero, e de como essas relações se organizam no nível da estrutura textual. • De acordo com Marcuschi (2005, p. 21) a forma em alguns casos é

determinante do gênero, embora não possa ser considerada, primordialmente, o elemento que o caracteriza, sugerindo ao analista que se acautele contra o hábito de tomar apenas a forma, ou apenas as funções como parâmetros para determinação e identificação do gênero. • Finalizando, nesta perspectiva o gênero não existe por si só, mas se constrói

necessariamente numa relação interacional entre os falantes de uma língua, em contextos de usos institucionais e em atividades sociais.

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Torta de cebola para prender namorado

Minha avó já dizia que homem se prende é pela boca os tempos estão mudados hoje são muito diferentes os namorados mas pelo sim pelo não vai neste poema uma torta caprichada faça a massa com farinha manteiga uma gema de ovo e de sal uma pitada depois corte um quilo de cebolas graúdas (aproveite para chorar antigas mágoas esquecidas)

ponha a margarina na panela e deixe a cebola dourar bata três ovos inteiros e despeje tudo lá dentro ponha queijo ralado alguns segredos delicados e bastante noz-moscada assim está pronto o recheio agora é só assar em forno brando e servir bem quente com muitos beijos e vinho branco (Murray, Roseana. Fruta no ponto. São Paulo: FTD,1986)

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• Instruções para Subir uma EscadaJulio Cortazar• Ninguém terá deixado de observar que

frequentemente o chão se dobra de tal maneira que uma parte sobe em ângulo reto com o plano do chão, e logo a parte seguinte se coloca paralela a esse plano, para dar passagem a uma nova perpendicular, comportamento que se repete em espiral ou em linha quebrada até alturas extremamente variáveis. Abaixando-se e pondo a mão esquerda numa das partes verticais, e a direita na horizontal correspondente, fica-se na posse momentânea de um degrau ou escalão.

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• Cada um desses degraus, formados, como se vê, por dois elementos, situa-se um pouco mais acima e mais adiante do anterior, princípio que dá sentido à escada, já que qualquer outra combinação produziria formas talvez mais bonitas ou pitorescas, mas incapazes de transportar as pessoas do térreo ao primeiro andar.

• As escadas se sobem de frente, pois de costas ou de lado tornam-se particularmente incômodas. A atitude natural consiste em manter-se em pé, os braços dependurados sem esforço, a cabeça erguida, embora não tanto que os olhos deixem de ver os degraus imediatamente superiores ao que se está pisando, a respiração lenta e regular. Para subir uma escada começa-se por levantar aquela parte do corpo situada embaixo à direita, quase sempre envolvida em couro ou camurça e que salvo algumas exceções cabe exatamente no degrau. Colocando no primeiro degrau essa parte, que para simplificar chamaremos pé, recolhe-se a parte correspondente do lado esquerdo (também chamada pé, mas que não se deve confundir com o pé já mencionado), e levando-a à altura do pé faz-se que ela continue até colocá-la no segundo degrau, com o que neste descansará o pé, e no primeiro descansará o pé. (Os primeiros degraus são os mais difíceis, até se adquirir a coordenação necessária. A coincidência de nomes entre o pé e o pé torna difícil a explicação. Deve-se ter um cuidado especial em não levantar ao mesmo tempo pé e o pé.) Chegando dessa maneira ao segundo degrau, será suficiente repetir alternadamente os movimentos até chegar ao fim da escada. Pode-se sair dela com facilidade, com um ligeiro golpe de calcanhar que a fixa em seu lugar, do qual não se moverá até o momento da descida.

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• Enquanto J.M.Adam (1999) opõe gêneros a tipos de textos, J.P. Bronckart (1996) opõe gêneros de textos e tipos de discurso e D. Maingueneau (1998) conceitua tipos de texto e gêneros de discurso. Como se pode ver, não há consenso nesta questão e a terminologia é flutuante, mesmo na obra de Bakhtin e seu círculo depara-se com uma certa flutuação terminológica, o que não impediu, no entanto, o avanço nos estudos sobre gêneros desde há quatro décadas.• Longe de se tratar de uma questão específica dos gêneros, a utilização

conjunta dos termos, gêneros do discurso e gêneros de texto, já não é mais aceita em Linguística.• Para uma maior compreensão do problema da distinção entre gêneros e tipos

textuais sem grande complicação técnica, trazemos a seguir uma definição que permite entender as diferenças com certa facilidade. Essa distinção é fundamental em todo o trabalho com a produção e a compreensão textual.

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• Entre os autores que defendem uma posição similar à aqui exposta estão Douglas Biber (1988), ]ohn Swales (1990), ]ean-Michel Adam (1990), ]ean Paul Bronckart (1999). Vejamos aqui uma breve definição das duas noções:• (a) Usamos a expressão tipo textual para designar uma espécie de sequência

teoricamente definida pela natureza lingüística de sua composição aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais, relações lógicas. Em geral, os tipos textuais abrangem cerca de meia dúzia de categorias conhecidas como: narração, argumentação, exposição, descrição, injunção. • (b) Usamos a expressão gênero textual como uma noção propositalmente vaga

para referir os textos materializados que encontramos em nossa vida diária e que apresentam características sócio-comunicativas definidas por conteúdos, propriedades funcionais, estilo e composição característica.

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• Se os tipos textuais são apenas meia dúzia, os gêneros são inúmeros. Alguns exemplos de gêneros textuais seriam: telefonema, sermão, carta comercial, carta pessoal, romance, bilhete, reportagem jornalistica, aula expositiva, reunião de condomínio, notícia iomalistica, horóscopo, receita culinária, bula de remédio, lista de compras, cardápio de restaurante, instruções de uso, outdoor, inquérito policial, resenha, edital de concurso, piada, conversação espontânea, conferência, carta eletrônica, bate-papo por computador, aulas virtuais e assim por diante.• Para uma maior visibilidade, poderíamos elaborar aqui o seguinte quadro

sinóptico:

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• Marcuschi:• Antes de analisarmos alguns gêneros textuais e algumas questões relativas aos

tipos, seria interessante definir mais uma noção que vem sendo usada de maneira um tanto vaga. Trata-se da expressão domínio discursivo.• Usamos a expressão domínio discursivo para designar uma esfera ou instância

de produção discursiva ou de atividade humana. Esses domínios não são textos nem discursos, mas propiciam o surgimento de discursos bastante específicos. Do ponto de vista dos domínios, falamos em discurso jurídico, discurso jornalistico, discurso religioso etc., já que as atividades jurídica, jornalística ou religiosa não abrangem um gênero em particular, mas dão origem a vários deles. Constituem práticas discursivas dentro das quais podemos identificar um conjunto de gêneros textuais que, às vezes, lhe são próprios (em certos casos exclusivos) como práticas ou rotinas comunicativas institucionalizadas.

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• Pode-se dizer que texto é uma entidade concreta realizada materialmente e corporificada em algum gênero textual. Discurso é aquilo que um texto produz ao se manifestar em alguma instância discursiva.• Assim, o discurso se realiza nos textos. Em outros termos, os textos realizam

discursos em situações institucionais, históricas, sociais e ideológicas. Os textos são acontecimentos discursivos para os quais convergem ações lingüísticas, sociais e cognitivas, segundo Robert de Beaugrande (1997).

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• Observe-se que a definição dada aos termos aqui utilizados é muito mais operacional do que formal. Assim, para a noção de tipo textual predomina a identificação de seqüências lingüísticas típicas como norteadoras; já para a noção de gênero textual, predominam os critérios de ação prática, circulação sócio-histórica, funcionalidade, conteúdo temático, estilo e composicionalidade, sendo que os domínios discursivos são as grandes esferas da atividade humana em que os textos circulam. Importante é perceber que os gêneros não são entidades formais, mas sim entidades comunicativas.• Gêneros são formas verbais de ação social relativamente estáveis realizadas em

textos situados em comunidades de práticas sociais e em domínios discursivos específicos

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Os eixos do trabalho com a linguagem

• Na perspectiva adotada neste curso, o texto é concebido como o objeto de ensino privilegiado em Lingua Portuguesa, presentificado nas práticas letradas e socialmente definidas.• O texto é o ponto de partida no trabalho com a língua. Neste trabalho se

pressupõe uma seleção de conteúdos articulados desta forma:

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•O que na prática significa que:• as situações didáticas são organizadas em função da análise que se faz dos

produtos obtidos nesse processo e do próprio processo. Essa análise permite ao professor levantar necessidades, dificuldades e facilidades dos alunos e priorizar os aspectos que serão abordados. Isso favorece a revisão dos procedimentos e dos recursos lingüísticos utilizados na produção e a aprendizagem de novos procedimentos/recursos a serem utilizados em produções futuras. (BRASIL - MEC/SEB/, 1997 p.34)

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• Conteúdo das práticas que constituem o eixo USO:• 1. historicidade da linguagem e da língua;

2. constituição do contexto de produção, representações de mundo e interações sociais:• O sujeito enunciador; • O interlocutor;• Finalidade da interação;• Lugar e momento da produção.

• 3. implicações do contexto de produção na organização dos discursos: restrições deconteúdo e forma decorrentes da escolha dos gêneros e suportes.4. implicações do contexto de produção no processo de significação:• Representações dos interlocutores no processo de construção

dos sentidos;• Articulação entre texto e contexto no processo de compreensão;• Relações intertextuais

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• Conteúdos do eixo REFLEXÃO: são desenvolvidos a partir do eixo USO, proporcionam instrumental para análise do funcionamento da língua em situação de interação verbal, na escuta, leitura e produção, privilegiando aspectos linguísticos que ampliem a competência discursiva do sujeito:• 1. variação lingüística: modalidades, variedades, registros;

2. organização estrutural dos enunciados;3. léxico e redes semânticas;4. processos de construção de significação;5. modos de organização dos discursos.

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• Dentro dos eixos leitura/escuta, produção e análise linguística, veja-se o que é determinado nos PCN:• No trabalho com os conteúdos previstos nas diferentes práticas, a escola deverá

organizar um conjunto de atividades que possibilitem ao aluno desenvolver o domínio da expressão oral e escrita em situações de uso público da linguagem, levando em conta a situação de produção social e material do texto (lugar social do locutor em relação ao(s) destinatário(s); destinatário(s) e seu lugar social; finalidade ou intenção do autor; tempo e lugar material da produção e do suporte) e selecionar, a partir disso, os gêneros adequados para a produção do texto, operando sobre as dimensões pragmática, semântica e gramatical. (BRASIL – MEC/SEB, 1997, p. 49)

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• No processo de escuta de textos orais, espera-se que o aluno:• Amplie, progressivamente, o conjunto de conhecimentos discursivos,

semânticos e gramaticais envolvidos na construção dos sentidos do texto;• Reconheça a contribuição complementar dos elementos não-verbais (gestos,

expressões faciais, postura corporal);• Utilize a linguagem escrita, quando for necessário, como apoio para registro,

documentação e análise;• Amplie a capacidade de reconhecer as intenções do enunciador, sendo capaz

de aderir a ou recusar as posições ideológicas sustentadas em seu discurso.

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• Na leitura de textos escritos, espera-se que os alunos:• Saiba selecionar textos segundo seu interesse e necessidade; • Leia, de maneira autônoma, textos de gêneros e temas com os quais tenha

construído familiaridade:* selecionando procedimentos de leitura adequados a diferentes

objetivos e interesses, e a características do gênero e suporte;* desenvolvendo sua capacidade de construir um conjunto de

expectativas (pressuposições antecipadoras dos sentidos, da forma e da função do texto), apoiando-se em seus conhecimentos prévios sobre gênero, suporte e universo temático, bem como sobre saliências textuais: recursos gráficos, imagens, dados da própria obra (índice, prefácio etc.);

* confirmando antecipações e inferências realizadas antes e durante a leitura;

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* articulando o maior número possível de índices textuais e contextuais na construção do sentido do texto, de modo a:

a) utilizar inferências pragmáticas para dar sentido a expressões que não pertençam a seu repertório linguístico ou estejam empregadas de forma não usual em sua linguagem;

b) extrair informações não explicitadas, apoiando-se em deduções;c) estabelecer a progressão temática;d) integrar e sintetizar informações, expressando-as em linguagem

própria, oralmente ou por escrito;e) interpretar recursos figurativos tais como: metáforas, metonímias,

eufemismos, hipérboles etc.;*delimitando um problema levantado durante a leitura e localizando as fontes de

informação pertinentes para resolvê-lo;

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• Seja receptivo a textos que rompam com seu universo de expectativas, por meio de leituras desafiadoras para sua condição atual, apoiando-se em marcas formais do próprio texto ou em orientações oferecidas pelo professor;

• Troque impressões com outros leitores a respeito dos textos lidos, posicionando-se diante da crítica, tanto a partir do próprio texto como de sua prática enquanto leitor;• compreenda a leitura em suas diferentes dimensões• o dever de ler, a necessidade de ler e o prazer de ler; • seja capaz de aderir ou recusar as posições ideológicas que reconheça nos textos que lê.

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• No processo de produção de textos orais, espera-se que os alunos:• planeje a fala pública usando a linguagem escrita em função das exigências da situação e

dos objetivos estabelecidos;• considere os papéis assumidos pelos participantes, ajustando o texto à variedade

lingüística adequada;• saiba utilizar e valorizar o repertório lingüístico de sua comunidade na produção de textos;• monitore seu desempenho oral, levando em conta a intenção comunicativa e a reação dos

interlocutores e reformulando o planejamento prévio, quando necessário;• considere possíveis efeitos de sentido produzidos pela utilização de elementos não-

verbais.

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• No processo de produção de textos escritos, espera-se que o aluno

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• No processo de análise lingüística, espera-se que o aluno:

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• Os conteúdos que serão apresentados para o ensino fundamental no terceiro e no quarto ciclo são aqueles considerados como relevantes para a constituição da proficiência discursiva e lingüística do aluno em função tanto dos objetivos específicos colocados para os ciclos em questão quanto dos objetivos gerais apresentados para o ensino fundamental, aos quais aqueles se articulam.• Em decorrência da compreensão que se tem acerca do processo de

aprendizagem e constituição de conhecimento e, sobretudo, da natureza do conhecimento lingüístico em questão aqueles com os quais se opera nas práticas �de linguagem , os conteúdos serão apresentados numa relação única. Dessa �forma, sua seqüenciação, tanto internamente nos ciclos quanto entre estes, deverá orientar-se considerando os critérios apresentados neste documento e o projeto educativo da escola.

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Dos conteúdos e sua sequenciação

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Prática de produção de textos orais e escritos

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Prática de análise lingüística

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