estação da luz - monografia
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Monografia sobra a história da Estação da LuzTRANSCRIPT
COMPLEXO EDUCACIONAL FMU FIAM FAAM
Estação da Luz Arquitetura Neoclássica
Elitânia Silva Duarte R.A.4792553 Michelle de Freitas Prado R.A. 4794446 Reinaldo Fernando Martins R.A.4788030
Stefan Cecílio Reis R.A. 5810790 Stephanie Caroline Sales Silva R.A. 4792540
São Paulo - 2014
Monografia desenvolvida para a disciplina de Historia e Teoria da Arquitetura e Urbanismo no
Século XX, aulas ministradas pela docente Silveli Maria de Toledo Russo.
1
Sumário
Introdução ..................................................................................................................................... 2
Linha do tempo ............................................................................................................................. 2
O Arquiteto da Luz ........................................................................................................................ 4
Matérias e operários estrangeiros ................................................................................................ 5
A Estação da Luz ressurge ............................................................................................................. 7
Os ricos detalhes da arquitetura Neoclássica (influencias Vitorianas) ......................................... 8
Fotos da visita técnica ................................................................................................................... 8
Fotos do entorno da estação ........................................................................................................ 9
Corte esquemático e perspectivas .............................................................................................. 10
Antes e depois da Luz .................................................................................................................. 11
Considerações Finais ........................................................................Erro! Indicador não definido.
Bibliografia .................................................................................................................................. 13
2
Introdução
É difícil acreditar que São Paulo uma mega cidade com amis de 10.000.000 de
habitantes onde até de avião é impossível adivinhar seus contornos, tenha sido um
povoado de índios, padres e bandeirantes, lar dos barões do café, a cidade de barro que
John Mawe viajante inglês descreveu:
“Aqui existem numerosas praças e cerca de treze lugares de devoção, principalmente dois
conventos, três mosteiros e oito igrejas, muitas tais como toda a cidade construída de taipa,
telhas curvas cobrem as casas, mas embora a região ofereça excelente argila e lenha em
quantidade raramente cozinham tijolos.”
(MAWE, John Viagens ao Interior do Brasil, 1808).
Mas São Paulo tomou novos rumos com os caminhos de ferro, durante séculos ela foi o
coração de uma rede de pequenas vias quase trilhas percorridas por mercadores e
viajantes que abasteciam as principais regiões do Brasil colônia.
Em meio a essas trilhas havia o caminho do Guaré, um córrego que tornava o lugar
bonito e fértil, onde viviam animais soltos com donos e sem donos, e nos seus arredores
foi criado um horto com características de Jardim Botânico, mas após a desapropriação
de parte para a construção da primeira Estação da Luz o Então horto foi reduzido e
ficando conhecido como Jardim Publico da Luz.
A Inglesa como era conhecida passou por muitos fatos importantes desde a sua
fundação, se despediu de jovens que iam lutar na Segunda Guerra Mundial, passou por
um grande incêndio e foi quase totalmente destruída, se reergueu e até hoje é um
símbolo vivo de uma arquitetura neoclássica com forte inspiração vitoriana, um
verdadeiro marco no coração da cidade de São Paulo.
Vejamos agora um pouco da história dessa centenária edificação que foi testemunha
ocular da Ascenção e queda da elite cafeeira de São Paulo.
Linha do tempo
3 Linha do tempo
Em meados do século XIX a estrada que ligava São Paulo ao litoral ficou pequena para
receber o fluxo de viajantes e de carga que a cada dia aumentava, o mundo queria o café
que o Brasil produzia aos montes, o meio mais rápido de despejar os grãos nos navios
era através dos trens.
Vencer a serra do mar era desafio antigo dos paulistas, desde 1836 o governo reservava
privilégios à empresa que conseguisse construir uma estada de ferro que ligasse o mar
ao planalto e que fosse além buscar os grãos quase que as sombras dos cafezais.
Atraída pelos lucros a primeira empresa interessada em construir a estrada desistiu ao
ver os obstáculos que teriam que enfrentar.
Irineu Evangelista de Souza, que foi Barão de Mauá e depois visconde, dono de cafezais
no interior e maior empresário do império conseguiu com banqueiros ingleses o
dinheiro necessário para driblar a serra do mar. O capital negociado foi de 2.000.000,00
de libras e o direito de exploração da ferrovia por 90 anos, pelos ingleses.
Mais de 5.000 homens trabalharam para ligar a Luz a Santos, pregando dormentes em
despenhadeiros, todo o processo durou mais de sete anos interruptos de trabalho.
A primeira estação da Luz foi construída em 1867 sob a tutela da São Paulo Railway,
empresa inglesa responsável pela construção da linha férrea que ligava Santos a Jundiaí,
a estação era uma edificação acanhada, mas teve seu funcionamento apenas durante três
anos e já não dava conta do fluxo de carga e pessoas.
Em 1870 houve uma nova construção bem maior, e sua entrada localizada na Rua
Mauá, essa fora uma ampliação da primeira estação, maior e mais aconchegante,
segundo relatos da época.
1867
Foto: Militão de Azevedo
Quadro de Benedito Calixto – Museu Paulista
1870
4 O Arquiteto da Luz
Em menos de 30 anos, a Luz voltou a ficar pequena, e em 1895 o arquiteto inglês
Charles Henry Driver, projetou a nova Estação da Luz (a Inglesa como ficou
conhecida), o projeto foi idealizado em estilo Neoclássico com fortes referencias
Vitorianas.
A construção de deu entre os anos de 1895 a 1901 quando em 1º de Maio deste ano a
Luz abriu. Uma enorme edificação formada por estrutura de ferro trabalhado, enormes
telhas de vidro e zinco fazendo sua cobertura, cobertura essa que se apoia nas paredes
de tijolos aparentes.
Em 1934, começaram a circular entre São Paulo e Santos, as composições “Cometa”
(esquerda) e “Planeta” (direita), as quais, por terem apenas três vagões, desciam a serra
em uma única vez, tornando a viagem mais rápida (cerca de 1 hora e 50 minutos).
O Arquiteto da Luz
Foto: coleção Marcelo Tálamo Foto: coleção Alberto Del Bianco
1934 1934
5 Matérias e operários estrangeiros
Charles Henry Driver (1832 – 1900) foi
um arquiteto britânico da era Vitoriana,
com uma reputação pioneira na utilização
de trabalho de ferro ornamental. Ele
também era um especialista em sua
fundição e fabricação. Joseph Paxton The
Crystal Palace Great Exhibition Hyde
Park London Ele consultou nesta área por Joseph Paxton no The Crystal Palace projeto
como parte da Grande Exposição de 1851 em Hyde Park, Londres. Neste projeto ele
projetou o Laranjal e o Aquário. Ele também foi pioneiro no uso de azulejos
ornamentais em interiores industriais.
Suas obras ainda existentes de trabalhos de design são Westminster Embankment
icônico pelas casas do Parlamento, em Londres (1864 – 1900).
Ele trabalhou também em muitos projetos ferroviários em toda a Inglaterra e América
do Sul, além de edifícios individuais de importância, tais como Dorking Câmara
Municipal, ele projetou vários tipos de edifício, tais como prefeituras, estações de
bombeamento, e numerosas estações ferroviárias.
Trabalhando com o engenheiro Joseph Bazalgette na construção massiva do sistema de
esgotos de Londres, ele completou o projeto arquitetônico para o Tamisa e as grandes
casas de bombagem em Abbey Mills e Crossness, que eram templos decorativos para
engenharia vitoriana e energia a vapor.
Driver era efetivamente um arquiteto de relevância no projeto de estações ferroviárias
na Inglaterra, sendo ainda mencionado como auto das estações de Kettering (1857) em
Northamptonshire, Wellingborough (1857), Preston, e Soutporth Central (1882).
*Nasceu em 23 de março de 1832
+Morreu 27 de outubro de 1900
Matérias e operários estrangeiros
A febre das ferrovias alterou os costumes, a economia do país e as relações de trabalho,
a sociedade acostumada a escravidão viu surgir exércitos de homens livres que dia após
dia abriam passagens para os trilhos deixando ao lado deles vilas e cidades, para dar
cabo de tantas obras o governo abriu as portas ao capital privado e estrangeiro, cerca de
77% do dinheiro externo investido no Brasil entre os anos de 1860 e 1902 era inglês,
sendo que grande parte foi aplicado na construção das ferrovias.
A fartura de empregos com a abolição dos escravos e a industrialização fez do Brasil
terra prometida para imigrantes de varias partes do mundo, eram italianos, ingleses,
alemães, espanhóis a São Paulo do final do século XIX era estrangeira por todos os
lados ouviam-se ecos de dialetos europeus. Na São Paulo Railway não era diferente, os
técnicos e operários das oficinas quase todos ingleses, foguistas, maquinistas e os
homens da tração italianos e espanhóis e os chefes das estações brasileiros.
A Estação da Luz veio pelo Oceano Atlântico desmontada, os materiais utilizados na
construção vieram todos de navio e de diversas partes da Europa são eles:
Tijolos aparentes (Inglaterra);
Aço da estrutura que forma um arco 155m de comprimento na cobertura (Escócia);
6 Matérias e operários estrangeiros
Chapas de Zinco - 1200 chapas como peso aproximado de 36 toneladas;
Chapas de Pinho de Riga – Cerca de 4.000 chapas (Letônia);
Telhas cerâmicas (França);
Telhas de vidro para Claraboia (Brasil);
Maquinário do relógio (Inglaterra);
Em sua torre uma replica do Big Bang de Londres, um relógio, era um sinônimo de hora
certa para todos que ali passavam. Os ingleses trouxeram para São Paulo três relógios,
um instalado na Estação da Luz, outro na Estação de Paranapiacaba e o por fim um na
Estação de Santos.
Com exceção do relógio da Luz que pereceu em um incendia em 1946 os demais estão
em perfeito funcionamento até hoje.
A edificação ocupa uma área de 7520m² dividida em duas plataformas cobertas, três
vias e uma edificação que abriga diversos serviços, no limiar do novo século foi
interligada a Linha 1 Azul e no ano de 2010 recebeu a nova Linha 4 Amarela ambas do
metrô e tem capacidade para receber mais uma interligação que está em projeto.
Em 07 de Novembro de 1946 a estação sofreu um grande incêndio, um dia antes de
acabar a concessão inglesa sobre a ferrovia, a Luz se iluminou noite adentro tomada
pelo fogo, por sorte a estrutura metálica não foi danificada e nem sua ala oeste.
Em resumo foram cinco bombeiros feridos e enormes prejuízos materiais, o fogo atingiu
as cabines telefônicas, o depósito de bagagens, parte da Agencia de Correios e
Telégrafos, o bar e o restaurante, o serviço de informações, e todos os escritórios
administrativos, incluindo a superintendência onde estava a documentação que seria
passada ao governo federal depois da nacionalização da empresa. Ardeu em chamas
também o marco das horas na cidade, o relógio não resistiu às altas temperaturas e
acabou por se fundir, mas pontualmente as 04:30AM ele deu suas ultimas badaladas
como sinal de despedida.
7 A Estação da Luz ressurge
Em meio a informações contraditórias e muita polemica, uns diziam ser um curto
circuito a causa do incêndio, outros de um atentado, mas o fato é que nunca foi
descoberto o motivo do incêndio.
Mas o certo que no dia seguinte a São Pulo Railway passou a empresa ao governo
federal em 08 de Novembro de 1946, depois de 90 anos de controle inglês da ferrovia, a
estrada de ferro São Pulo Railway mudava de nome e passava a se chamar Estrada de
Ferro Santos Jundiaí.
A reconstrução da estação durou até 1951, o saguão principal ganhou quatro conjuntos
de colunas de concreto armado para suportar o peso de um novo andar que foi
construído, a estação ganhou também uma plataforma central e toda a linha foi
eletrificada, mas com o crescimento acelerado do transporte individual, o transporte
ferroviário entrou em um processo de degradação no Brasil, assim como o bairro da
Luz, levando a Estação a igualmente degradar-se.
A Estação da Luz ressurge
No limiar do século XXI houve a união das linhas ferroviárias ao metrô, buscou trazer a
vida novamente à estação e ao bairro da Luz, falando em números em suas primeiras
viagens em meados de 1860 a Luz transportava diariamente cerca de 1000 passageiros,
nas décadas de 30 e 40 cerca de 40.000, na década de 70 60.000, atualmente são cerca
de 500.00 passageiros por dia, até hoje ela é consideram muito bem projetada, pois
desde os modestos 1000 passageiros dias até os atuais 500.000 nunca passou por
nenhum grande sufoco em relação aos transportes.
Hoje ela é passam para três linhas férreas (linha 7 Rubi, linha 11 Coral e o Expresso
Turístico até Paranapiacaba com funcionamento restrito) , duas linhas de metrô (linha 1
Azul, linha 4 Amarela e existe uma terceira em projeto).
Nas décadas de 1990 e 2000 passou por uma série de reformas, uma das qual
encabeçada pelo arquiteto Paulo Mendes da Rocha e seu filho Pedro Mendes da Rocha
— que teve como intenção adaptá-la a receber o Museu da Língua Portuguesa. A
estação é a segunda mais movimentada da rede metro-ferroviária de São Paulo.
8 Os ricos detalhes da arquitetura Neoclássica (influencias Vitorianas)
Os ricos detalhes da arquitetura Neoclássica (influencias Vitorianas)
Até hoje quem decide parar e admirar a Luz se encanta com a preciosidades de seus
detalhes, o brasão da São Pulo Railway está presente nas torretas, nos consoles que
auxiliam na sustentação da cobertura, no saguão.
Fotos da visita técnica
Nossa visita foi muito proveitosa, principalmente, pois alguns integrantes do grupo não
conheciam a estação e a região da Luz.
E hoje temos certeza que é um privilégio ter em nossa cidade um marco da história e da
arquitetura de São Paulo, a Luz pode não ter mais o brilho de outrora, mas ainda encanta
e vai encantar muitas pessoas.
9
Fotos do entorno da estação
Estação da Luz
10 Corte esquemático e perspectivas
Corte esquemático e perspectivas
11
Antes e depois da Luz
12
Considerações Finais
A estação reflete o momento histórico em que foi construída, evidenciando o poder do
café na trajetória de expansão da cidade. Erguida junto ao Jardim da Luz, por décadas a
sua torre dominou parte da paisagem central paulistana. O seu relógio era o principal
referencial para acerto dos relógios da cidade. Destruído pelo incêndio de 1946, foi
substituído, cinco anos depois, por um relógio Michelini, de fabricação nacional.
No período de auge da estação (ou seja, nas primeiras décadas do século XX, quando a
Luz era uma região de destaque na cidade), ela compunha um conjunto arquitetônico
que não só era um referencial urbano como efetivamente fazia parte da vida cotidiana
do município, constituindo aquilo que pode ser chamado de a "imagem da cidade".
A estação, vizinha do Jardim da Luz, compunha com o edifício da Pinacoteca do Estado
um marco na definição da região da Luz, marcando os limites dos bairros do Bom
Retiro e Campos Elíseos. Além disso, até meados dos anos 1970, um terceiro elemento
configurava aquele espaço de forma bastante marcante: na perspectiva da Avenida
Tiradentes localizava-se, em frente à Pinacoteca, um monumento à figura de Ramos de
Azevedo (arquiteto responsável pelo projeto de diversos edifícios importantes naquele
período, inclusive o prédio da Pinacoteca). Desta forma, tendo como referência aquele
monumento, alguém localizado tanto no Centro Antigo quanto nas regiões mais
próximas ao Rio Tietê (para o qual a Avenida Tiradentes se estende) poderia localizar o
bairro da Luz e especular a que distância estava da Estação.
Com as obras do Metrô de São Paulo, conduzidas na década de 70, o Monumento a
Ramos de Azevedo teve de ser removido do local, levando a uma alteração radical da
configuração espacial da paisagem original daquele local, assim como a sua percepção
cotidiana dos transeuntes do local. Por outro lado, a Estação da Luz ganhou certa
monumental idade.
13
Bibliografia
BONAMETTI, João Henrique . A arquitetura eclética e a modernização da paisagem
urbana brasileira.
Estações Ferroviárias do Brasil
Disponível em: http://www.estacoesferroviarias.com.br/l/luz.htm
FABRIS, Anna Tereza (org.). Ecletismo na Arquitetura Brasileira. São Paulo: Nobel &
EDUSP, 1987.
FEIBER, Silmara Dias. Arquitetura Brasileira – Ecletismo. Disponível em
http://www.fag.edu.br/professores/solange/HISTORIA%20DA%20ARTE,%20ARQUI
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smo.pdf
Fotógrafo Gilberto Calixto Rios.
© Gilberto Calixto Rios - SP - 2009
http://imagensdesaopaulo.hd1.com.br
MICA São Paulo
Atualizado em 10.04.14
Autor: Lilian Natal
Disponível em: http://www.cidadedesaopaulo.com/
Paranapiacaba web site histórico-cultural
Disponível em: http://www.avilainglesa.com/spr_2.html
RUBIES, Jorge. A História do Palácio Monroe e a sua Demolição. Disponível em
http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=242854
Vídeo 100 de Luz
Autor: TV Cultura - Fundação Padre Anchieta
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=KoyRyNZEgAE
SANTOS, Carlos Alberto Ávila. Ecletismo na fronteira meridional do Brasil: 1870-
1931. Tese (Doutorado em Arquitetura e Urbanismo – Área de Conservação e Restauro)
Universidade Federal da Bahia, 2007.
KOK, Glória. Rio de Janeiro na época da Av. Central / Glória Kok. — São Paulo: Bei
Comunicação, 2005.