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Presidência da República Secretaria - Geral Secretaria Nacional de Juventude Coordenação Nacional do ProJovem Coleção ProJovem Guia de Estudo Programa Nacional de Inclusão de Jovens Arco Ocupacional Esporte e Lazer 2006

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Presidência da RepúblicaSecretaria - Geral

Secretaria Nacional de Juventude

Coordenação Nacional do ProJovem

Coleção ProJovemGuia de Estudo

Programa Nacional de Inclusão de Jovens

Arco Ocupacional

Esporte e Lazer

2006

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PROGRAMA NACIONAL DE INCLUSÃO DE JOVENS (ProJovem)

Esporte e Lazer : guia de estudo / coordenação, Laboratório Trabalho &Formação / COPPE - UFRJ / elaboração, grupo de pesquisa anima : lazer,animação cultural e estudos culturais / UFRJ.

Brasília : Ministério do Trabalho e Emprego, 2006.162p.:il. — (Coleção ProJovem – Arco Ocupacional)

ISBN 85-285-0078-0

1. Ensino de tecnologia. 2. Reconversão do trabalho. 3. Capacitação parao trabalho. I. Ministério do Trabalho e Emprego. II . Série.

CDD - 607T675

Ficha Catalográfica

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Presidência da República

Luiz Inácio Lula da Silva

Secretaria Geral da Presidência da República

Ministro Chefe - Luiz Soares Dulci

Ministro de Desenvolvimento Social e Combate à Fome

Patrus Ananias

Ministro da Educação

Fernando Haddad

Ministro do Trabalho e Emprego

Luiz Marinho

Secretaria-Geral da Presidência da RepúblicaMinistro Chefe - Luiz Soares Dulci

Secretaria Executiva

Secretária Executiva - Iraneth Monteiro

Secretaria Nacional da Juventude

Secretário - Luiz Roberto de Souza Cury

Secretaria Nacional Adjunta

Regina Célia Reyes Novaes

Coordenação Nacional do Programa Nacional

de Inclusão de Jovens - ProJovem

Coordenadora Nacional

Maria José Vieira Féres

Assessoria do ProJovem

Articulação com os Municípios

Gilva Alves Guimarães

Administração e Planejamento

Maurício Dutra Garcia

Gestão da Informação

Rosângela Rita Guimarães Dias Vieira

Gestão Orçamentária Financeira

Sérgio Jamal Gotti

Gestão Pedagógica

Renata Maria Braga SantosMárcia Seroa Motta Brandão

Supervisão e Avaliação

Tereza Cristina Silva Cotta

Comitê Gestor do ProJovem

Coordenadora

Iraneth Monteiro

Integrantes

Luiz Roberto de Souza Cury – SNJMaria José Vieira Féres – CNProJovem

Jairo Jorge da Silva – MECRicardo Manuel dos Santos Henriques – MEC

Márcia Helena Carvalho Lopes – MDSOsvaldo Russo de Azevedo – MDS

Marco Antonio Oliveira – MTEAntônio Almerico Biondi Lima – MTE

Comissão Técnica Interministerial

Coordenadora

Maria José Vieira Féres

Integrantes

Renata Maria Braga Santos – CNProJovemAidê Cançado Almeida – MDS

José Eduardo de Andrade – MDSTimothy Ireland – MEC

Ivone Maria Elias Moreyra – MECAntonio Almerico Biondi Lima – MTERicardo André Cifuentes Silva – MTE

Comissão Técnica Interministerial

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ESPECIALISTAS DO PROJOVEM

Juventude

Regina Célia Reyes Novaes

Educação Básica

Vera Maria Massagão Ribeiro

Ação Comunitária

Renata Junqueira Ayres Villas-Bôas

Coordenadora Pedagógica

Maria Umbelina Caiafa Salgado

Equipe Pedagógica

Ana Lúcia AmaralMaria Regina Durães de Godoy Almeida

Equipe do Ministério do Trabalho e Emprego

Antônio Almerico Biondi LimaMisael Goyos de Oliveira

Francisco de Assis Póvoas PereiraMarcelo Silva Leite

Revisores de Conteúdo / Pedagogia

Leila Cristini Ribeiro Cavalcanti (Coppetec)

Marilene Xavier dos Santos (Coppetec)

Arco Ocupacional

Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJCoordenação dos Programas de Pós-Graduação de Engenharia - COPPE

Programa de Engenharia de Produção - PEPLaboratório Trabalho & Formação - LT&F

Grupo de Pesquisa Anima: lazer, animação cultural e estudos culturais /UFRJ

Coordenação dos Arcos Ocupacionais

Fabio Luiz ZamberlanSandro Rogério do Nascimento

AUTORES

Elaboração

Grupo de Pesquisa Anima: lazer, animação cultural e estudos culturais /UFRJ

Coordenação e Elaboração

Prof. Dr. Victor Andrade de Melo

Pesquisa e Elaboração

Prof. Dr. Victor Andrade de MeloProf. Ms. Alex Pina

Profa. Ms. Angela BrêtasProf. Ms. Coriolano Pereira da Rocha Junior

Prof. Ms. Fabio de Faria PeresProdutora Cultural Luciana DantasProfa. Ms. Maria Inês Galvão Souza

Projeto Gráfico e Editoração Eletrônica (miolo/capa)

Lúcia Lopes

Ilustração

Fernanda Fiani

Montagem Fotos Capa

Eduardo GregórioEduardo Ribeiro Lopes

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Caros participantes do ProJovem!

Chegamos ao fim da primeira etapa deste processo de Qualificação para o

Trabalho. Nos meses passados, vocês tomaram conhecimento e debateram aspectos

do trabalho que estão presentes em quase todas as ocupações, dentro da Formação

Técnica Geral (FTG). Estudaram conceitos, conteúdos e técnicas relacionadas aos

temas: Mobilidade e Trabalho; Atividades Econômicas na Cidade; Organização

do Trabalho, Comunicação, Tecnologia e Trabalho; Gestão e Planejamento;

Organização da Produção; Outras Possibilidades de Trabalho.

Enfatizamos sua participação em muitas atividades, na escola e fora dela.

Vocês não só resolveram as coisas no papel, mas também exercitaram os

conhecimentos, movimentaram-se na cidade, buscaram informações, fizeram

contatos e conversaram sobre o que estudaram. Teoria e prática andaram juntas.

Parabéns pelos estudos que concluíram!

Após terem feito essa travessia, é chegada a hora de acrescentarmos

conhecimentos que os fortaleçam na formação para o mundo do trabalho. Agora

tem início uma nova fase da Qualificação para o Trabalho, na qual serão tratados os

temas específicos dos Arcos Ocupacionais.

Cada Arco Ocupacional é composto por quatro ocupações e foi construído

com conteúdos que possibilitarão a vocês diversificada iniciação profissional,

abrindo espaço de atuação nessas ocupações. Esta formação

não os tornarão um especialista em cada uma delas, mas vocês

conhecerão muito mais amplamente o trabalho desenvolvido

no conjunto das ocupações.

Por exemplo, você escolheu Esporte e Lazer, vai

iniciar-se em Recreador, Agente Comunitário de Esporte e

Lazer, Monitor de Esportes e Lazer e Animador de Eventos.

Essa variedade de ocupações certamente aumentará as

possibilidades de obtenção de trabalho e emprego.

Desejamos a vocês bom trabalho nesta fase de seus

estudos. Abraços e boa sorte a todos!

Anita

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Sumário

BIBLIOGRAFIA BÁSICA ...................................................... 161

INTRODUÇÃO .........................................................................9

RECREADOR ................................................................ 131 - O que chamamos de recreação ...................................... 15

2 - Os diversos tipos de atividades de recreação .............. 21

3 - Como trabalhar com jogos ............................................. 32

4 - Caracterização da ocupação ........................................... 46

5 - Onde trabalha o recreador ............................................. 48

AGENTE COMUNITÁRIO DE ESPORTEE LAZER ........................................................................ 55

1 - O que chamamos de lazer ................................................57

2 - A animação cultural ..........................................................62

3 - Pensando a ação comunitária ..........................................67

4 - Caracterização da ocupação ............................................72

5 - Onde trabalha o agente comunitário

de esporte e lazer...............................................................75

MONITOR DE ESPORTES E LAZER ............................. 791 - O que chamamos de esporte ...........................................81

2 - Alguns princípios básicos para quem trabalha

com esporte .......................................................................86

3 - Aspectos pedagógicos do trabalho com esportes

e com regras .................................................................... 106

4 - Organização de torneios e campeonatos .................... 119

5 - Caracterização da ocupação ......................................... 135

6 - Onde trabalha o monitor de esportes e lazer ............. 137

ANIMADOR DE EVENTOS ........................................ 1391 - O que chamamos de evento.......................................... 141

2 - Todas as fases de organização de um evento ............. 144

3 - Animando o evento ....................................................... 155

4 - Caracterização da ocupação ......................................... 157

5 - Onde trabalha o animador de eventos ........................ 159

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Introdução

Cara aluna, caro aluno

Os temas “esporte” e “lazer” durante muitos anos foram vistos comoassuntos menores, entendidos como “pura diversão”, algo sem maiores con-seqüências para a vida das pessoas. Por trás desse pensamento encontramos asupervalorização do trabalho e da produção econômica, comuns em uma so-ciedade capitalista como a nossa, onde, em muitos períodos da história e la-mentavelmente até os dias de hoje, a qualidade de vida foi algo abandonadoem nome do lucro financeiro de poucos.

Felizmente as coisas estão mudando, ainda que um pouco menos rápidodo que desejamos. Aos poucos, vemos aumentar o grau de importância con-cedido a esses temas de estudo e assim também fica ressaltada a necessidadede formar com qualidade o profissional que vai atuar nesses campos.

É fato concreto que nas áreas de esporte e lazer crescem visivelmente ospostos de trabalho e as oportunidades de atuação. Governos e empresas emgeral (e aqui também falamos das Organizações Não Governamentais, conhe-cidas como Ongs) começam cada vez mais a perceber e entender a verdadeiraimportância social desse profissional.

Mas não comemoremos muito. Ainda existem muitos preconceitos, mui-tas imprecisões e muitos equívocos a serem superados em nossas áreas deatuação. Além de tudo, se o nosso campo de atuação se amplia, isso tambémocorre porque muitos o encaram como simples possibilidade de ganhar dinhei-ro, o que diminui as contribuições para a educação dos cidadãos e para aconstrução de uma nova realidade social, mais digna e mais justa, que ofereçapossibilidades similares a todos.

Foi considerando tais reflexões iniciais que preparamos este curso paravocê. Desde logo queremos agradecê-lo por ter escolhido o arco ocupacional“Esporte e Lazer” e convocá-lo a dar prosseguimento junto conosco às mui-tas conquistas que ainda temos pela frente. Não pense que é fácil atuar emnossa área! Os desafios são diversos, a necessidade de dedicação e envolvi-mento é constante, as dificuldades não são poucas. Mas as possibilidades degratificação também são fantásticas e no decorrer do tempo você verá o quantoé fascinante e multifacetado o nosso exercício profissional. Estamos certos deque você será mais um parceiro(a) nessa longa jornada que trilharemos juntos.

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No material que você agora tem em mãos é possível encontrar as infor-mações básicas para entender um pouco das peculiaridades de algumas ocu-pações relacionadas à área de esporte e lazer. As quatro ocupações por nósescolhidas (“Recreador”, “Agente Comunitário de Esporte e Lazer”, “Moni-tor de Esporte e Lazer” e “Animador de Eventos”) oferecem possibilidadesconcretas de inserção profissional. Além de tudo, em tal escolha, tivemos queconsiderar o atual estágio de sua formação, sua escolaridade, bem como asrestrições legais existentes.

Temos certeza que você pode conseguir trabalhar em nosso campo,seja como contratado de alguém ou, ainda mais desejável, criando cooperati-vas para uma atuação em conjunto. No decorrer de seu curso vá vendo entreseus colegas aqueles que podem compor contigo uma equipe de trabalho,aqueles com os quais você tem mais afinidades e confiança, aqueles querealmente topariam e se interessariam em fazer tal investimento.

Você perceberá nesse material, cuidadosamente organizado para ajudara enriquecer e dinamizar sua formação profissional, que algumas informaçõespodem estar aproximadamente repetidas em diversas ocupações. Isso tem ummotivo claro. Por mais que existam diferenças entre elas, todas compõem ogrande quadro de “profissionais de esporte e lazer”, por isso há reflexões emcomum que permeiam suas formações específicas. Quer uma dica? Não selimite a buscar somente informações sobre a ocupação de sua preferência.Leia todo o livro e adquira conhecimento sobre todas elas. Isso certamenteaumentará sua possibilidade de adquirir maior qualidade profissional e ampli-ará suas oportunidades de atuação.

Obviamente que este curso é só o início de uma longa trajetória. Se ele ésuficiente para te dar uma capacitação inicial, não substitui outros níveis deformação, nem tampouco o seu empenho diário e cotidiano para ampliar suacapacitação. Não se contente com este curso inicial! Busque ampliar seus co-nhecimentos, pense em dar prosseguimento a seus estudos, seja curioso einquieto, deseje sempre ser o melhor profissional possível. Certamente seuprofessor poderá lhe dar algumas dicas e sugestões. Aproveite ao máximo essae outras oportunidades que surgirão em sua vida! Aliás, mais ainda, corra atrásdessas oportunidades.

Ao final do livro apresentamos uma lista de referências bibliográficasimprescindíveis à sua capacitação, para que você pesquise e se informe maissobre o assunto. Ela pode até não parecer obrigatória, mas acredite, é de gran-de importância. Quanto mais informações gerais e específicas você buscar

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sobre o assunto, mais estará ampliando seus conhecimentos sobre a sua área

de atuação e mais estará enriquecendo a qualidade de sua capacitação profis-

sional!

No mais, desejamos que você tenha um grande curso e que esse seja

realmente útil e prazeroso. Esteja certo que, dentro dos limites de um

curso como esse, organizamos este material com muito carinho e empenho,

com o desejo profundo e sincero de contribuir contigo, na esperança de

que ele possa de alguma maneira colaborar tanto para o seu sucesso profis-

sional quanto para a construção de uma nova realidade, uma nova socieda-

de, um novo mundo.

Bem, agora é contigo! Mãos à obra e um bom trabalho! Mantenhamos a

esperança viva, nos empenhemos e vamos em frente!

Um abraço e nossos desejos de sucesso,

Victor, Alex, Angela, Coriolano, Fabio, Luciana e Inês

autores do livro

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O que chamamos de recreação

RELAÇÕES COM O TRABALHO

Vocês já devem ter ouvido a frase “o trabalho enobrece o homem”, masprovavelmente nunca ouviram “a diversão enobrece o homem”. Não se trata dedizer que o trabalho é algo menos importante, pois lógico que é uma das dimen-sões fundamentais para os seres humanos, não só por causa dos aspectos financei-ros ligados à possibilidade de se construir uma vida com qualidade, como tambémporque deveria ser uma fonte de realização e prazer. Apenas estamos dizendo queo trabalho não é a coisa mais importante da vida; as atividades de não-trabalho,entre as quais as de diversão, são tão importantes quanto nossas tarefas funcionais.

Na verdade, já que estamos falando das relações com o trabalho, há um pro-blema ainda maior. Como a maioria da população vive em uma situação financeirade grande dificuldade, conseqüência de um modelo econômico injusto e cruel, nãosão poucos aqueles que acabam ocupando a maior parte do tempo de suas vidascom tarefas profissionais, trabalham em vários lugares, fazem todo o possível parater um padrão de vida um pouco melhor. Há verdadeiramente uma grande explo-ração de nossa mão-de-obra: trabalhamos muito e ganhamos pouco.

Além disso, aumenta o tempo que dedicamos a outras tarefas decorrentes ourelacionadas a nosso exercício profissional. Por exemplo, nas grandes cidades apopulação menos favorecida normalmente mora nas periferias, longe do centro,lugar onde habitualmente se encontra o maior número de postos de trabalho. As-sim, desperdiçamos um tempo enorme nos locomovendo de nossos lares até a

INTRODUÇÃO

As discussões sobre o conceito de “recreação” têm uma longa trajetóriaem nosso país e certamente, nos dias de hoje, se perguntarmos a qualquerpessoa o seu significado, uma posição ou sugestão será dada sobre o assunto.Podemos pensar de início que todos indivíduos de alguma forma devem sentir anecessidade de se “recrear”, o que normalmente é relacionado a algo prazeroso,divertido e cada vez mais entendido como necessário em nossa vida.

Mas vamos com calma, pois as coisas nãosão tão simples assim. Inicialmente podemos di-zer que, por incrível que pareça, algumas pessoastendem a não querer ou não valorizar as ativida-des de recreação. Quais as razões disso? Em nos-so mundo há uma supervalorização simbólica dotrabalho e muita gente, influenciada por esse pen-samento, acaba deixando de lado seus momentosde diversão. Algo realmente lamentável e quedeve ser motivo de nossa preocupação e atenção.

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empresa, algo que é ainda mais desgastante já que nosso sistema urbano de trans-porte apresenta grandes deficiências. Parem para pensar e verifiquem quantashoras por dia algumas pessoas passam dentro de ônibus ou trens no caminho decasa para o trabalho e vice-versa.

Outro exemplo: cada vez mais levamos “tarefas para casa”, deixamospara fazer em nossas residências o que não deu tempo para fazer na hora dotrabalho. Isso, além de ser uma injustiça, já que não ganhamos para trabalharem casa, reduz ainda mais nosso tempo livre. Que tempo resta para nos di-vertirmos?

Em decorrência dos problemas econômicos, há ainda outro problema.Para grande parte da população sobra pouco dinheiro para as atividades dediversão. Lembremos que muitos mal têm possibilidades de prover com quali-dade as suas necessidades básicas, como as de comer, morar, estudar, entreoutras. Nem sempre se divertir é barato em um mundo em que as atividades delazer estão inseridas no que chamamos de “sociedade do consumo”.

O PROBLEMA DO ACESSO

Acabaram os problemas? Não, ainda há dois que precisam serreconhecidos. Um deles é o fato de haver uma concentração de cer-

tos “equipamentos culturais” nas áreas “mais nobres” das cida-des, aquelas mais próximo do centro ou aquelas onde moraa população mais rica. Chamamos de “equipamentos cul-turais” a toda estrutura urbana que pode ser utilizada emnossos momentos de diversão, isto é, parques públicos,campos de futebol, áreas livres, cinemas, museus, centrosculturais, teatros, bibliotecas etc.

Para e pense na sua cidade. Onde estão concentra-dos os cinemas? Aliás, devemos lembrar que em alguns mu-

nicípios eles sequer existem! Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia eEstatística (IBGE) demonstram que somente 7% das cidades do Brasil possuemeste equipamento cultural. E normalmente, onde há, estão localizados longe daperiferia. Quando existem na periferia, comumente a programação é de qualida-

Isto é, um contexto social onde somos estimulados a con-sumir a todo instante, em que muitas vezes se valorizamais o “ter alguma coisa” do que “ser alguém digno”, emque alguns poucos podem ter muito e exibir altos padrõesde luxo e conforto, enquanto para a grande maioria issonão é possível.

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de menor, não há tantas possibilidades de escolha. Isso também pode ser obser-vado com museus, teatros, parques públicos, bibliotecas etc.

Bem, abordemos então o último problema. Imaginemos que a partir deamanhã, como em um passe de mágica, surgissem equipamentos culturais distri-buídos por toda a cidade, que todos tivessem remuneração justa e que tivésse-mos um tempo livre maior. Será que buscaríamos acessar todo o potencial deatividades de diversão oferecido?

Primeiro é bom dizer que logicamente isso nunca vai acontecer por mági-ca, mas só será possível com luta e reivindicação, quando a população entenderque sua diversão é um direito social como outro qualquer e que deve ser motivode sua solicitação freqüente, afinal é tão importante quanto qualquer outra coisade sua vida. Segundo, mesmo que isso ocorresse esbarraríamos com outra ques-tão: se não somos educados em nossa vida para conhecer outras formas de diver-são, como vamos espontaneamente procurá-las? Não tenderíamos a reproduziras coisas que já fazemos usualmente? É provável que sim.

A QUESTÃO DA EDUCAÇÃO

Chegamos então a um ponto fundamental de nossa discussão. No de-correr de nossa vida, na escola, na igreja, em nossa família, nossa educação éem grande parte direcionada para o mundo do trabalho, somos disciplinadosa seguir normas que facilitam nossa inserção profissional. E ainda assim comdeficiências sérias, o que faz com que o trabalho seja também um problemaenorme para muitas pessoas, até porque cada vez menos há trabalho dignopara todos. No fundo, somos educados a aceitar ordens, para sermos manda-dos, para sermos passivos perante as injustiças, ainda que muitos de nós esta-beleçamos resistências no decorrer de nossas vidas.

ATIVIDADE 1

Vamos agora, sob orientação do profes-sor, fazer as seguintes atividades:

a) Levantar as possibilidades de diversãoexistentes em seu bairro;

b) Construção de um mural comparativodas atividades de seu bairro e de outrosbairros de sua cidade.

Cidade de Porto Velho - Rondônia

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OS DESAFIOS PROFISSIONAIS

Bem, ao apresentar tantos problemas não queremos parecer pessimistas.Não, de forma alguma! Apenas desejamos desde o início deixar claro o enormedesafio para quem pretende atuar como recreador a partir de uma perspectivadiferenciada, bem como apresentar os principais parâmetros que definem a nos-sa característica de atuação profissional. Acreditamos que nós, juntos, a partir denossa postura enquanto cidadãos e profissionais, podemos sim dar grandes con-tribuições não só para tornar melhor a vida dos indivíduos, como também para asuperação desse modelo atual de sociedade, para a construção de uma sociedade

Observem a grade de “atrações” de nossas emissoras epensem: ela é de qualidade? Está preocupada em educaro povo? Está preocupada em desenvolver um senso críti-co perante a realidade? Se não, estamos falando de algobastante perigoso: não há grandes possibilidades de diver-são para a maioria da população e a principal dessas formas

de alguma maneira pode ser, em certo sentido, prejudicial, ou melhor,atender aos interesses daqueles que já detêm o poder.

Já para aproveitar os nossos momentos de diversão, somos pouco ou qua-se nada educados. Aprendemos, por exemplo, pouco de música, de artes plásti-cas, de cinema, de teatro e mesmo de esporte (está aí uma das explicações paraentender em nosso país a “monocultura do futebol”, isto é, a supervalorizaçãodesse esporte e o pouco conhecimento de outras formas de atividade física, quepodem ser tão prazerosas e agradáveis quanto o futebol).

Acaba que quem nos “educa” primordialmente são os meios de comunica-ção, notadamente a televisão, uma das principais formas de diversão da maioriado povo brasileiro. Acredite, em nosso país já há um número maior de televisõesdo que de geladeiras! Um determinado canal emite sua programação para 98%das cidades! Já pararam para imaginar o seu poder de influência?

ATIVIDADE 2

Selecione pessoas de sua comunidade, de sexo e faixas etárias diferentes, epergunte a elas:

Quanto tempo gastam diariamente para ir ao trabalho?

Quanto tempo gastariam para buscar outras opções de diversão em outros

bairros?

Quanto gastariam em transporte?

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mais justa, com maior respeito aos direitos sociais, com mais igualdade.

Durante muitos anos o recreador foi considerado como alguém responsá-vel por simplesmente oferecer, de forma pouco conseqüente, uma série de jogos,por passar o tempo das pessoas, por oferecer um prazer provisório, sem conce-ber nenhuma articulação com o contexto social em que trabalha.

Assim, vários equívocos podem ser observados. Além do já apontado deoferecer a “atividade pela atividade”, sem a entender a partir de outros potenci-ais, havia (e muitas vezes lamentavelmente ainda há) a compreensão de que basta-va conhecer uma série de “brincadeiras”, que seriam aplicadas a qualquer grupo,desconsiderando as peculiaridades de cada local, de cada público, a especificida-de de cada situação.

Vejamos então que estamos dizendo que o recreador (e na verdade todoprofissional de esporte e lazer) deve ter em vista duas funções pedagógicas. Emuma dessas, ele educaria pelas próprias atividades de recreação, aproveitaria opotencial de cada jogo, de cada brincadeira, para estimular seu público a pensarsobre a sua realidade, sobre a sociedade, sobre sua vida, contribuindo para aformação de indivíduos mais críticos. Uma atividade deve ser pensada comouma estratégia para alcançar objetivos maiores, ainda que em si ela deva ter opotencial de divertir, algo que não pode ser abandonado.

Um segundo aspecto importante é que ele pode, ao diversificar seu progra-ma de atividades, ao incluir novas atividades, também contribuir para que osindivíduos conheçam outras possibilidades de diversão, ampliando o leque deconhecimento de opções possíveis de serem buscadas nos momentos de lazer.Reconhecendo o que já dissemos antes, que não somos educados cotidianamentepara nos divertir, o recreador deve também cumprir essa função.

Isso tem, na verdade, vários intuitos. Um deles écontribuir para que o público entenda que os momentosde diversão constituem-se em direitos sociais e devem sermotivos de reivindicação, tendo articulação com todas ou-tras dimensões da vida, direito à moradia, à educação, àsaúde, a transporte de qualidade, a uma vida digna. O se-gundo é que contribuí para contestar a supervalorização dotrabalho, comum em nossa sociedade capitalista, conformejá discutimos.

Outro intuito é contribuir para contrapor o enorme poder da televisão edos meios de comunicação. Se o indivíduo conhecer e for educado para buscaroutras atividades de diversão, ele pode se tornar mais crítico perante ao que éveiculado pelas emissoras, e isso o ajuda a se tornar mais atento à luta políticasocial. Portanto, também acreditamos que buscar alternativas de diversão contri-bui para ampliar a visão do indivíduo sobre a sociedade, já que ele vai ter acessoa novas formas de ver a realidade.

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Por fim, lembremos sempre: a diversidade de atividades de recreação nãopode ser privilégio de uma minoria. Cada cidadão deve compreender que podedesfrutar de tudo o que uma cidade oferece. E se isso não é possível, por moti-vos diversos, ele deve lutar para que seja respeitado nesse direito.

ATIVIDADE 3

Em um intervalo de tempo determina-do pelo professor, cada trio irá listar:

� os esportes que conhece; os gênerosmusicais que conhece ou que já ouviufalar (música erudita, bossa nova,samba, bolero, blues, jazz, forró,tango, rumba, salsa, hip hop etc);

� pintores (famosos ou não);

� peças de teatro a que assistiu; grandesatores do teatro brasileiro;

� filmes a que assistiu, indicando paísde origem e gênero (comédia, drama,romance, policial etc) e

� exposições que visitou.

Parque do Ibirapuera - São Paulo

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Os diversos tipos de atividadesde recreação (Os interesses culturais)

INTRODUÇÃO

Quais são as características das atividades recreativas? Conhecer todas aspossibilidades e potencialidades é algo fundamental para o recreador, para queele não pense que sua tarefa se resume a somente trabalhar com jogos e brinca-deiras, as facetas mais conhecidas desse exercício profissional. De início pode-mos dizer que as atividades recreativas são sempre “culturais”.

ATIVIDADE 4

Vamos juntos ler todas as informações desse item. A turma será divididaem grupos de três pessoas. Cada grupo formulará 3 perguntas relaciona-das com as informações lidas. O professor sorteará uma das questões paraque a turma responda.

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CULTURA

Na verdade, há alguns equívocos acerca do que seja cultura. Nós recreadoresprecisamos conhecê-los e contribuir para desfazer tais apreensões. Primeiramentedevemos entender que não é somente coisa para os mais inteligentes ou mais ricos,nem tampouco atividades chatas e complicadas de entender, exibidas em locaisrefinados. Todos nós temos a capacidade de ir ao cinema, ao teatro, a espetáculosde música e deles extrair prazer e lições para nossa vida, desde que sejamos educa-dos para tal, que sejamos preparados para entender um pouco da lógica dessesespaços específicos. E aí está, como já vimos, uma de nossas tarefas.

Outra coisa que temos que fazer é não concordar com a idéia de que existeuma “alta cultura” e uma “baixa cultura”. Assim, é um equívoco dizer que quemvai a espetáculos de música clássica é culto, enquanto quem vai a um baile funk ouvai a uma roda de samba não o é. Aliás, a princípio, nada impede de que alguém gostede ópera e também goste de forró. A dança que praticamos nas festas em que vamosé tão importante quanto o balé clássico; e por certo as bailarinas podem sentir prazerquando praticam outras danças em outros espaços de lazer.

Mas isso significa que todas as manifestações culturais têm a mesma quali-dade? Por certo que não! E aqui entra o que discutimos no item anterior. Comoas pessoas podem melhor escolher que atividades vão usufruir nos seus momen-tos de diversão se somos cotidianamente pouco educados para tal? Assim sendo,ao desconhecermos outras possibilidades, nos limitamos a um tipo de produtoemitido prioritariamente pelos meios de comunicação. A questão passa a ser en-tão, sem preconceito, contribuir para educar e ampliar o leque de opções dosindivíduos, deixando que eles, agora com mais condições, possam escolher aqui-lo que dá prazer.

Na verdade, devemos mesmo é entender que não se trata a cultura de sim-plesmente uma série de atividades. Cinema, teatro, música são manifestações cul-turais, mas somente uma parte do que mais amplamente chamamos de cultura.Para além da arte, todas as atividades humanas são culturais, inclusive os jogos, asbrincadeiras, o esporte. Os cantos, folguedos e festas populares também o são.Assim como nossa forma de se vestir, de comer, de namorar, de trabalhar. Pensena roupa de alguém que mora na Arábia, não é diferente da nossa? Sim, pois étípica da cultura deles. Não é melhor nem pior do que a nossa, é só diferente.

Assim, quando falamos de cultura, estamos nos referindo a um conjunto devalores, normas, hábitos que regem a vida humana em sociedade. A cultura é típicados seres humanos, que organizados em comunidades cada vez mais complexasnecessitam estabelecer princípios para que possam viver com alguma harmonia.Obviamente que esse não é um processo simples, por abarcar os diversos desejoshumanos, bastante diferenciados. Sendo assim, falamos de algo tenso, construído apartir do diálogo e do conflito, a partir de trocas, manipulações, embates.

É importante notarmos que quando falamos de cultura, estamos na ver-

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Assim, uma das funções do recreador é ser um educador no âmbito da cultu-ra. O que fazemos na verdade é contribuir para que os indivíduos se tornem maiscríticos perante a essa nossa cultura atual, que não é espontânea, isso é, não surge donada, mas é fruto das disputas econômicas, políticas e sociais existentes em qual-quer sociedade. A grande questão é contribuir para que o nosso público-alvo possase perguntar e refletir se essas dimensões culturais que norteiam a sua vida sãorealmente interessantes ou se são frutos de uma certa manipulação para garantir osinteresses de um pequeno número de poderosos.

CULTURA E EDUCAÇÃO

dade nos referindo a “culturas”. Todos nós,de alguma forma, fazemos parte e estamosfora de um ou outro contexto cultural. Existeuma cultura brasileira que nos aproxima, mascada região do país tem certas peculiaridadesde vida. E em cada Estado, em cada cidade,vemos diferentes sotaques, hábitos alimenta-res, formas de se comportar, maneiras de vi-ver, formas de se divertir.

Boi-bumbá - Pernambuco

Danças tradicionais gaúchas. Folia de Reis - Rio de Janeiro

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De qualquer forma, quando prepara sua atuação, o recreador faz uso daslinguagens/manifestações culturais para compor seu programa. Seria interessan-te então que pudéssemos compreender um panorama geral de tais possibilidadesde intervenção. Nesse sentido, um quadro classificatório seria muito útil comoauxiliar em nossa tarefa de programação.

Uma classificação das atividades de recreação nos é apresentada por umsociólogo chamado Joffre Dumazedier. Este autor procura dividir cada umadessas atividades de acordo com o interesse central desencadeado, aquele quemotiva o indivíduo a buscar a atividade. O recreador pode compor seu progra-ma tendo em vista as diversas possibilidades de mobilizar diferentes sensibili-dades, movimentar diferentes interesses, ampliando o alcance de sua atuação.

Mesmo sendo de grande utilidade e interesse, não devemos considerar talclassificação de forma extremamente rígida, até mesmo porque os interesseshumanos não se encontram estaticamente divididos. O indivíduo pode procu-rar uma determinada atividade com os mais diversos desejos conjugados, alémdo que não necessariamente o faz com plena consciência de tal procura.

A classificação proposta por Dumazedier não é perfeita, nem pretendeser. Deve ser considerada antes como um guia para o recreador, que sempredeve ter em vista as possibilidades de cruzamentos complexos que podem seestabelecer entre os diversos interesses. Não devemos considerar os limitesda classificação como falhas, mas como ocorrências possíveis e como aliadose nosso trabalho de programação, que, aliás, não deve se restringir à meraseleção de uma série de atividades soltas, mas estar ligado a um intuito maior,onde estão contemplados nossos objetivos educacionais, nossa visão de mun-do, nossa vontade de intervir na sociedade.

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OS INTERESSES CULTURAIS

� Os interesses físicos

O primeiro tipo de atividade é aquele que contempla os “interesses físi-cos”. As atividades físicas, entre os quais os esportes, estão entre as mani-festações culturais mais procuradas e difundidas pelos meios de comuni-cação, estando mesmo diretamente ligadas a diversos estilos de vida. Écomum ao redor dessas práticas a existência de uma série de procedi-mentos, posturas e produtos (roupas, músicas, alimentos) que identifi-cam entre si os praticantes e os diferenciam de outros grupos.

Entre essas práticas, podemos encontrar diferenças claras que estimulamsua busca por parte dos indivíduos. Vejamos alguns exemplos. Existemas atividades de aventura, também conhecidas como esportes radicais,que colocam os praticantes em uma situação de risco controlado, poden-do ser realizadas na natureza (rafting, escalada) ou em ambientes cons-truídos (skate). Entre os interessados por atividades realizadas em con-tato direto com a natureza, existem ainda aqueles que as procuram comoforma de espiritualização e fuga do estresse cotidiano (caminhadas).

De outro lado, algumas pessoas preferem atividades mais intensas, en-contradas nas academias (musculação, diversos tipos de ginástica) ou pra-ticadas fazendo uso de diversos equipamentos urbanos (corredores, tria-tletas). Existem os que preferem os diversos tipos de esportes, sejam oscoletivos (futebol, voleibol), os individuais (natação), as diferentes lutas(judô, karatê, capoeira, jiu-jitsu) e mesmo alguns ainda mais restritos aosque possuem maior poderio econômico, sendo mesmo símbolo de dife-renciação social (hipismo, golfe).

Em comum entre os diversos grupos, podemos situar uma busca de bem-estar por meio da movimentação corpórea, embora o grau de movimen-tação seja bastante diferenciado entre as atividades, e um certo discursode preocupação com a saúde, mesmo que muitas vezes isto seja maisobservável no discurso do que na prática, uma vez que a compreensãode saúde é bastante difusa e até mesmo superficial.

Vamos, em grupos, pesquisar aspectos característicos de várias culturasdiferentes. Vamos debater as peculiaridades de cada uma dessas culturas.

ATIVIDADE 5

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Trata-se então de uma dupla possibilidade de intervenção para o profis-sional de recreação. Deve-se sim pensar na introdução de atividades físi-cas nos programas de atividades, tentando sensibilizar o grupo para aspossibilidades de prazer possíveis com tais práticas. Logicamente, deve-mos tomar cuidado com o grau de movimentação exigida, respeitando-se tanto os limites físicos do grupo, quanto os desejos de cada indivíduonesse processo. Nem todos gostarão de se sentir exaustos ao final daatividade, assim como para algumas pessoas determinados exercíciossão “muito fáceis”, o que pode vir a desestimular a prática.

Porém mais do que simplesmente estimular as pessoas a praticarem taisatividades, é importante que nesse processo possamos também falar so-bre as suas diversas peculiaridades e sobre os sentidos e significados des-tas na ordem social contemporânea. É importante que as pessoas apren-dam a desvendar de forma crítica os discursos correntes ao redor daprática de atividades físicas; difundidos com constância pelos meios decomunicação. Perceber-se-á como tais discursos carregam determinadosvalores e/ou mitos.

É preciso esclarecer tais dimensões para nosso público-alvo, bem comoexplicitar como a prática de atividades físicas hoje se constitui em umpoderoso mecanismo para venda de produtos. É preciso descortinar osprincípios básicos que regem o “sistema esportivo”, que de aparente-mente ingênuo, nada de ingenuidade tem na verdade.

Nesse sentido, é importante lembrar como é forte a influência do chama-do “esporte de alto nível” na prática de esportes no momento de diver-são, fazendo com que outros setores do campo esportivo, não ligados afederações, reproduzam de forma perniciosa esses modelos de prática,onde são comumente exaltadas a competição exacerbada e a vitória atodo custo. Devemos lembrar que devem ser desenvolvidos modelos deprática esportiva próprios e adequados às peculiaridades dos momentosde recreação, sendo um equívoco reproduzir e estimular modelos já pré-configurados.

Por exemplo, percebam como a prática de de atividades físicas divulga um

tipo de corpo considerado belo. Você acha que a beleza se confunde

necessariamente com esse tipo de corpo? Ou será que isso nos estimula a

comprar determinados produtos?

Outro exemplo: será que ter saúde é ser muito forte? Será que na verdade

isso é um mito? Temos sempre que estar atentos a todas essas dimensões.

Temos que tomar cuidado para não reproduzir os mesmos modelos que

estimulam a vitória a qualquer custo! O mais importante é que todos

possam participar e se divertir.

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� Os interesses artísticos

Passemos para outro grupo de interesses, os “artísticos”. Afinal, o que éarte? A resposta a essa pergunta exigiria vários livros inteiros e aindaassim algo ficaria de fora, ainda mais no contexto atual, quando as fron-teiras da arte ficaram menos definidas.

A arte estaria nos museus, bibliotecas, cinemas, teatros, centros culturais?Sem sombra de dúvida, mas não somente, estando também na culturapopular, nas quadras de escolas de samba e nas tradições folclóricas, naqual nosso país se destaca. A arte seria produzida por artistas notáveiscom trabalhos magníficos? Com certeza, mas também está dentro decada um de nós, podendo ser estimulada se nossa sensibilidade for edu-cada para tal.

Mesmo que a experiência estética não seja exclusiva da manifestação ar-tística (estando presente em relação a vários outros objetos, como noesporte e até nos produtos industriais que consumimos diariamente),podemos dizer que é por excelência o que impulsiona a busca da arte, oprazer que as diversas linguagens ocasionam nos indivíduos. Obviamen-te que não estamos falando da arte pela arte, nem do prazer pelo prazer,mas argumentando que desenvolver novas sensibilidades, e nesse pro-cesso ter acesso a novos valores ou ao questionamento dos valores vi-gentes, é uma dimensão fundamental a ser provocada pelo contato comesta(s) poderosa(s) linguagem (ns).

O recreador não pode deixar de contemplar os interesses artísticos emseu programa, a partir de uma dupla dimensão. Deve contribuir para

Para relembrar, chamamos de atividades de interesse físico: esportes diversos,caminhadas, diferentes tipos de jogos, gincanas, ginástica, dança, entre outras.

Teatro da Paz - Belém

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educar a sensibilidade de seu público-alvo, apresentando novas lingua-gens, fundamentalmente possibilitando a vivência de novas experiênciasartísticas e a partir disso discutir e apresentar as peculiaridades de cadamanifestação em sua diversidade de correntes e propostas. Nesse pro-cesso, não pode ter preconceito, apresentando tanto as manifestações dachamada cultura erudita quanto da cultura popular.

Mas não se trata de somente incorporar esses interesses na perspectivada contemplação. Podemos (e devemos) também contribuir para des-pertar nos indivíduos seu senso de produção artística. Isso não significaestritamente contribuir para a formação de renomados artistas plásticos,músicos, escritores etc, e sim levar cada um a perceber que pode extrairprazer ao pintar, cantar, tocar, representar, escrever.

Para resumir, são atividades artísticas: a pintura, o cinema, a música, a dança(que também pode ser uma atividade física), o teatro, a literatura, entre outras.

� Os interesses manuais

Um terceiro grupo é o dos “interesses manuais”, aqueles cujo prazer seencontra fundamentalmente na manipulação de objetos e produtos, sendobastante confundidos com os hobbies, embora entre esses sejam tambémencontradas atividades relacionadas a atividades não necessariamente manu-ais. Entre as atividades de interesse manual podemos encontrar a jardina-gem, a carpintaria, a marcenaria, a costura, a culinária.

Algumas vezes as atividades manuais também se misturam com as artísti-cas, na medida que a questão estética também fica destacada. Um indiví-duo que tem como hobby a marcenaria, vai se preocupar em produzirmóveis bonitos, de bom gosto. Até que ponto uma prática de modelagemnão é também de escultura, do ato de esculpir? Como dissemos, há limites

Jardim Botânico no Rio de Janeiro - Um exemplo de trabalho em jardinagem

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na classificação, que deve ser encarada mais como um guia do que como umreceituário.

De qualquer forma, podemos sim incorporar tais atividades em nossos pro-gramas, somente tomando cuidado para não as encararmos como prepara-ção para o trabalho. O programa de recreação não se justifica por sua liga-ção com o trabalho e o fim que se espera das atividades é o prazer ocasiona-do pela atividade em si. Se depois os indivíduos vão dar significados dife-rentes ao que foi abordado nos programas, isso é um direito deles, masenquanto recreadores nossa preocupação básica não é de performance oude formação para o mundo do trabalho.

Logo, as atividades manuais são: corte e colagem, carpintaria, jardinagem,culinária, artesanato, hobbies diversos como colecionar coisas, entre outras.

� Os interesses intelectuais

Falemos agora dos “interesses intelectuais”. Se existe uminteresse específico para o intelecto, significa então quenos outros não há ação intelectual? Claro que não, emtodos os momentos da vida estamos com nosso interes-se intelectual funcionando. O que ocorre é que nesse gru-po de atividades a ênfase central e a busca de prazer estãomais diretamente ligadas a atividades de raciocínio.

Certamente é mais um caso em que se misturam camposde interesse. Como dizer que algumas pessoas ou que al-gumas vezes não vamos ao cinema ou ao teatro tendo em vista as reflexõesque os filmes e as peças podem ocasionar em nossas vidas? Aqui não é ocaso de definir categoricamente as diferenças, pois, como temos dito, o queimporta é considerar esta classificação como um guia auxiliar a nossa pro-gramação.

Nesse grupo de atividades estão enquadrados, por exemplo, todos os jo-gos conhecidos como intelectuais: xadrez, dama, etc. Também incluímos abusca de palestras e cursos, desde que esses não estejam sendo procuradosmotivados pelas necessidades do trabalho.

O profissional deve estar atento às expectativas do grupo e inserir esseconjunto de interesses em seu programa, até mesmo como forma de po-tencializar o alcance de outros interesses. É o caso já citado do trabalhocom interesses artísticos. Se estivermos trabalhando com uma determinadamanifestação/linguagem, podemos organizar palestras sobre ela, potenci-alizando a compreensão e as possibilidades de prazer de nosso grupo.

Resumindo, são atividades “intelectuais”: cursos, palestras, jogos de racio-cínio, filmes utilizados para refletir sobre a realidade, entre outras.

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� Os interesses sociais

Por fim, falemos dos “interesses sociais”. A princípio, todas as ativida-des de recreação tendem (e deveríamos sempre investir nessa idéia) aenvolver grupos e desenvolver a sociabilidade, mas nesse âmbito deinteresses destacamos aquelas na qual o elemento motivador é exata-mente o fato de promover de forma pronunciada tais encontros, comofestas, freqüência em bares/restaurantes e saídas noturnas, e notadamenteos passeios e atividades turísticas em geral.

Lembramos que a promoção de encontros e a organização de gruposnão são objetivos menores, ainda mais se levarmos em conta que existeum processo claro de fragmentação e individualização excessiva no âm-bito de nossa sociedade atual, notadamente em algumas faixas etárias(caso dos idosos, que vão perdendo as referências e se sentindo solitári-os com o decorrer do tempo) e em algumas metrópoles, fruto dos pro-blemas urbanos (como o medo da violência, que acaba estimulando aspessoas a se esconderem dentro de seus lares).

Quando falamos de turismo, devemos estar atentos que estamos nos refe-rindo a um dos campos de atuação que mais cresce recentemente, em fun-ção mesmo do significado econômico que o setor vem adquirindo.

Nesse ponto em especial, um papel importante que o recreador podeocupar é o de apresentar a cidade a seu público-alvo. Lamentavelmente,em função da concentração de equipamentos culturais nas áreas “maisnobres” da cidade grande, parte da população sequer conhece as belezase potencialidades de seu município. É importante para o recreador incluiratividades que, ao apresentá-las a seu público, também estabeleça umadiscussão acerca da estrutura urbana. Por que alguns têm acesso a tudoenquanto outros não? Por que algumas partes da cidade são mais organi-

Festa Junina - Pernambuco

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Bem, de posse desse conhecimento, agora você já pode preparar sua programação consideran-do melhor a grande diversidade de opções com as quais conta o recreador. Um lembrete: não setrata de programar as atividades de forma ocasional. Você deve fazê-lo a partir do contato comseu público-alvo, considerando suas possibilidades (que equipe possui, com quais recursosmateriais pode contar, seu orçamento) e nunca esquecer que devem estar inseridas em objeti-vos mais amplos; essas atividades são as estratégias que você vai usar para promover seu

processo de intervenção pedagógica.

zadas, enquanto outras abandonadas? Não deveríamos reivindicar umacidade mais justa para todos, independente do local de moradia e dopadrão sócio-econômico? Todas essas questões podem ser desencade-adas ao utilizarmos tal tipo de atividade.

Então, passeios/excursões e festas diversas são as principais ativida-des sociais.

ATIVIDADE 6

Vamos agora listar atividades relacionadas a cada um dos interessesculturais. Depois disso, vamos fazer a experiência de elaborar programa-ções que considerem essas diferentes atividades listadas.

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Como trabalhar com jogos

INTRODUÇÃO

Nessa ocupação nos dedicaremos a discutir mais profundamente a questãoda aplicação de jogos, por ser uma das ferramentas mais utilizadas pelo recrea-dor em sua atuação. Ressaltamos, contudo, que: a) lembre-se que o programa derecreação não se resume a isso, como vimos no item anterior; b) em outras partesdeste livro você pode encontrar mais opções para ampliar suas alternativas detrabalho.

Antes de começarmos a conversar sobre a aplicação dos jogos propria-mente ditos, é interessante fazer uma consideração teórica que nos ajudará a com-preendê-los um pouco melhor. A primeira, e talvez mais importante, é que osjogos, bem como suas possíveis explicações, são construções históricas e cultu-rais, o que significa que precisamos estar atentos com relação ao tempo e o lugarnos quais foram criados. É a partir desta perspectiva que poderemos compreen-der o desaparecimento de alguns jogos, o surgimento de outros, a incorporaçãode tecnologias aos brinquedos, bem como as limitações, as inconsistências e ospossíveis erros das contribuições teóricas que buscam explicar os jogos e as brin-cadeiras.

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HABILIDADES MOTORAS BÁSICAS E AS ESTRUTURAS

MOTORAS DE BASE

As Habilidades Motoras Básicas, também chamadas de Movimentos BásicosFundamentais, formam a base de toda a movimentação corporal especificamentehumana: andar, correr, saltar - cair, saltitar, subir - descer, lançar – receber, quicar,chutar. Quanto mais oportunidades a criança tiver de experimentar estes movimen-tos, maior será o domínio que terá sobre seu corpo, mais facilmente executarámovimentos e com mais segurança realizará tarefas motoras.

As Estruturas Motoras de Base são funções relacionadas aos aspectos cog-

nitivos, emocionais e do movimento corporal; integradas favorecem o desen-volvimento harmonioso do sujeito. São elas: coordenação motora, equilíbrio,lateralidade, organização espaço-temporal e esquema corporal.

Uma outra questão que pretendemos abordar está ligada às faixas etárias dosindivíduos com quem iremos trabalhar. É fácil perceber que muitas das brincadei-ras que agradam a crianças de seis anos, não agradam a crianças de nove ou a ado-lescentes. Apesar de acharmos que é muito interessante, principalmente para asmais novas, que crianças de diferentes idades brinquem juntas, é prudente conhecerum pouco das preferências infantis no que diz respeito às brincadeiras e aos jogos.Importa também que se procure conhecer as preferências das crianças sobre asatividades. Nada é mais desagradável e inadequado do que agir como se elas nadasoubessem, nada compreendessem ou nada pudessem fazer.

Outro aspecto a destacar é que as características que apresentaremos a seguircorrespondem ao que, de uma maneira geral, se espera de uma criança que tenhachances de se movimentar livremente. É claro que poderão ser encontradas dife-renças em relação às habilidades e às capacidades de movimento das crianças, poisisso irá depender do modo como elas são criadas, se no local onde vivem há espaçopara que possam se movimentar, se isso lhes é permitido ou se têm sua movimen-tação tolhida pelo fato de terem que se manter sempre limpas, arrumadas ou quie-tas. Isto significa que, no trabalho com crianças, temos que considerá-las a partir doque elas são e não daquilo que lhes falta, procurando não criar expectativas emrelação ao seu desempenho e às suas atitudes, pois o meio social no qual estãoinseridas influencia fortemente seu comportamento.

Nesta perspectiva vamos apresentar um quadro que deverá servir maiscomo um apoio do que como uma informação imutável.

AS FAIXAS ETÁRIAS

1) Faixa etária: 2 a 4 anos

� Características: Inicialmente apresentam um pequeno controle sobreseus próprios movimentos, mas vão se tornando mais seguras a partirdas experiências.

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� Considerações: As crianças devem se movimentar de diferentes for-mas para aumentar o controle corporal e ampliar seu repertório demovimentos experimentando as Habilidades Motoras Básicas.

� Sugestões de atividades: Utilizar todo o repertório das HabilidadesMotoras Básicas, isto é, andar, correr, saltar, subir-descer, lançar-rece-ber, rastejar, quicar e chutar. Atividades com música: utilizar diferentesritmos e instrumentos musicais; fazer com que acompanhem o ritmobatendo palmas, tocando as diferentes partes do corpo ou tocando ins-trumentos de percussão; brincar de roda, utilizar brinquedos cantados emúsicas do folclore local e regional; contar histórias; fornecer tecidos,máscaras e maquiagem para que possam dramatizar histórias conheci-das e/ou criar outras. Apresentar materiais de diferentes formas, cores,pesos e volumes e deixá-los manusear livremente. A partir dos trêsanos, trabalhando junto com elas, pode ser viável criar histórias e con-feccionar máscaras e fantoches para representá-las; confeccionar ins-trumentos de percussão usando sucata; cantar e dançar com estes ins-trumentos; utilizar atividades de recorte e colagem.

3) Faixa etária: 6 a 8 anos

� Características: São capazes de executar com domínio e segurançauma boa parte dos movimentos desde que estimuladas e ensinadas.

� Considerações: As crianças podem vivenciar as mais diversas com-binações das Habilidades Motoras Básicas.

� Sugestões de atividades: Utilizar combinadamente e com complexi-dade crescente as Habilidades Motoras Básicas, em circuitos, contestese pequenos jogos cujas regras também podem ir se tornando mais

2) Faixa etária: 4 a 6 anos

� Características: Apresentam uma maior segurança na execução dosmovimentos.

� Considerações: As crianças devem experimentar as Habilidades Mo-toras Básicas consideradas de um modo mais complexo.

� Sugestões de atividades: Utilizar todo o repertório das HabilidadesMotoras Básicas, isto é, andar, correr, saltar, subir-descer, lançar-receber,rastejar, quicar e chutar, apresentados em pequenos circuitos e em jogoscom regras bem simples. As experiências de contar, elaborar e representarhistórias, inclusive as do folclore local e regional, além da confecção domaterial utilizado são recomendadas; conhecer, cantar e dançar músicasfolclóricas; confeccionar instrumentos de percussão com sucata; ativida-des de recorte e colagem; jogos com olhos vendados para perceber osoutros sentidos (tato, audição, olfato e paladar).

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4) Faixa etária: 8 a 10 anos

� Características: Executam com domínio e segurança todas as Habili-dades Motoras Básicas em suas variadas combinações.

� Considerações: As crianças podem e devem experimentar combina-ções cada vez mais complexas das Habilidades Motoras Básicas.

� Sugestões de atividades: Utilização das Habilidades Motoras Básicasem situações nas quais as crianças se sintam desafiadas a resolver pro-blemas tanto individual quanto coletivamente. É possível criar situa-ções-problema nas quais seja necessário que se organizem, elaborandotáticas e estratégias, em grupos para resolvê-las.

complexas; lançar mão de atividades que privilegiem experiências com osoutros sentidos; o trabalho com o folclore pode incluir a confecção demáscaras, roupas, cenários e instrumentos musicais. Utilizar materiais dediferentes formas, cores, volumes e pesos, de maneira livre e orientada.

5) Faixa etária: 10 a 12 anos

� Características: Apreciam atividades competitivas e disputas entresexos; são capazes de negociar, organizar e criar situações de intera-ção, e estão mais preocupados com a execução perfeita do movimen-to; são capazes de criar e discutir novas regras, espaços e número departicipantes de jogos.

� Considerações: As crianças passam a utilizar as Habilidades Moto-ras Básicas em jogos pré-desportivos.

� Sugestões de atividades: Aumentar a complexidade das regras dosjogos; podem ser utilizados os jogos pré-desportivos e outras ativi-dades competitivas nos quais possam se organizar, discutir e criarnovas regras.

6) Faixa etária: 12 a 14 anos

� Características: Maior interesse pelo sexo oposto; gostam muito deatividades competitivas; têm necessidade de pertencer a um grupo;são bastante influenciáveis. São capazes de jogar com pleno conheci-mento das regras, analisando-as e discutindo-as; são capazes de fazercríticas elaboradas sobre fatos da realidade e também sobre questõesmorais e éticas.

� Sugestões de atividades: Preferem atividades nas quais sejam capa-zes de mostrar suas habilidades de movimento. Esportes radicais, gin-canas, jogos pré-desportivos e desportivos são os mais indicados.

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7) Faixa etária: 14 a 18 anos

� Características: Total interesse pelo sexo oposto; grande interessepor atividades competitivas. São capazes de analisar e discutir tais di-ferenças; ampliam sua capacidade de analisar e discutir os fatos darealidade.

� Sugestões de atividades: Esportes radicais, jogos desportivos, gin-canas, caça ao tesouro, acampamentos e acantonamentos, excursõese atividades que desafiem suas habilidades e capacidades.

8) Idosos:

As atividades destinadas a idosos devem considerar suas necessidades epreferências. Atividades que privilegiem encontros e interações sociaissão adequadas, portanto, podem ser exibidos filmes, organizados pas-seios, torneios de jogos de salão, bailes e outras atividades de movimen-to de baixo impacto são indicados, isto é, atividades que apresentemgrande exigência de sobrecarga.

JOGOS E BRINCADEIRAS: EXEMPLOS

Vamos apresentar a seguir alguns exemplos de jogos e brincadeiras sem apreocupação de estabelecer rigidamente as faixas etárias para as quais poderiamser mais apropriados. Antes, porém, são necessárias algumas observações.

O recreador deverá observar o grupo com o qual irá trabalhar de modo asugerir as atividades mais adequadas às suas características e necessidades, sem ten-tar enquadrá-lo em um modelo pré-determinado. Importa que as crianças intera-jam ente si e com o profissional, que troquem informações e saberes e que se auxi-

liem mutuamente, porque acreditamos que assimconstroem conhecimentos e estabelecem víncu-los fundamentais para sua formação.

Outro aspecto a ser destacado tem rela-ção com a divisão da turma em grupos. É ób-

vio que as crianças gostam de se manter próxi-mas de seus amigos em todas as ocasiões, inclusi-

ve nos jogos. Entretanto, o recreador deve estar atentopara possibilitar que novos grupos sejam formados, permitin-

do que as crianças tenham a chance de jogar com todos os colegas.

Um modo interessante de fazer isso é intervir na divisão da turma,separando-os em grupos de nascidos no primeiro e no segundo semestre; aquelesque moram em ruas cujos nomes se iniciem com vogais ou com consoantes; aque-les cujo nome da mãe tem um número par ou ímpar de letras; aqueles que estãocom camisas de cor clara ou escura etc. Para identificar os grupos, podemos usar

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camisas ou coletes, mas também, podemos usar pequenas tiras de papel crepomcolorido amarradas nos punhos dos participantes.

Com relação aos jogos, acreditamos que devem ser compreendidos nassuas inúmeras possibilidades de serem jogados. Isto significa que podem ser vis-tos como um espaço para as recriações e para as mudanças, sejam elas das regras,do número de participantes, do número de bolas em campo, da área a ser ocupa-da e do que for preciso modificar para que as pessoas se sintam à vontade paraparticipar. O jogo é o espaço da liberdade, da subversão e da imprevisibilidade,por isso abre caminhos para novas relações dos sujeitos com eles mesmos e comos outros.

No que diz respeito à competição, pensamos que nosso adversário deveser visto como aquele que permitirá que possamos ter um melhor conhecimen-to sobre nós mesmos, isto é, sobre nossos limites e capacidades, e não aqueleque deve ser destruído ou humilhado. É preciso esclarecer que sem ele nãoteríamos a chance de superar nossas próprias limitações cognitivas e corporais,por isso devemos a ele todo o respeito e admiração.

Interessa que todos tenham a oportunidade de jogar, independente desuas habilidades e o recreador deve estar atento de modo a não privilegiar ape-nas os mais hábeis, velozes ou fortes. Há que se pensar nos mais tímidos, fracosou menos habilidosos e, no jogo, deve haver espaço para todos. Não devemosreforçar a exclusão ou a idéia de vencer a qualquer preço ou, ainda, de levarvantagem em tudo. O profissional deverá estar atento para analisar, perceber eintroduzir valores que vão abrir espaços para interações saudáveis e para a vi-vência de relações mais solidárias e cooperativas.

Atividades com as Habilidades Motoras Básicas

Como vimos, o trabalho com estas atividades é indicado para crianças dedois a dez anos. Vamos apresentar alguns exemplos que, como você poderá per-ceber, poderão ir se tornando cada vez mais complexos. Desta maneira, serápossível utilizá-los e/ou modificá-los de acordo com as necessidades e preferên-cias de seu grupo de crianças.

Por exemplo:

� Caminhar: livremente; ao sinal do recreador caminhar para frente, paratrás, para um lado, para o outro; na ponta dos pés; sobre figuras geomé-tricas ou diferentes tipos de linhas no chão (retas, curvas e sinuosas); segu-rando diferentes partes do corpo – próprio ou do colega; batendo pal-mas; imitando robôs; imitando gigantes; imitando uma pessoa idosa; se-gurando em alguma parte do corpo do colega; no ritmo das palmas (oude qualquer outro instrumento de percussão) do recreador que deverávariar do mais lento ao mais rápido.

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Brinquedos cantados

Como vimos, crianças pequenas gostam muito de brincar de roda ou dealiar música e dança. Com passos bem simples podemos ensinar a elas algunsbrinquedos cantados, desde os mais conhecidos e tradicionais até aqueles quefazem parte do folclore de sua região. Dentre os primeiros temos: Atirei o pauno gato; Pirulito que bate, bate; Cai, cai balão; A linda rosa juvenil; Rá, rá ráminha machadinha; A canoa virou; Bão-ba-la-lão; Teresinha de Jesus; O pião; Ocravo e a rosa; Lá vem o Seu Noé; Se essa rua fosse minha; Ciranda, cirandinha;Escravos de Jó e Capelinha de melão.

As crianças, muito provavelmente, conhecerão músicas cantadas por artis-tas de TV. Caberá ao recreador perceber que estas devem ser ponto de partidapara um trabalho com brinquedos cantados e, por isso, não devem ser descarta-das, mas sim, consideradas como parte da cultura lúdica infantil da atualidade.

Crianças pequenas também gostam muito de cantar ou declamar versinhosque são referidos a partes do corpo. Isto é, a letra da música os leva a tocar ou amovimentar as diferentes partes do corpo. Como exemplo podemos citar a mú-sica “das palminhas”: (a melodia é a mesma da música “Ciranda, cirandinha”).

Repare que nestas atividades estão presentes algumas Habilidades MotorasBásicas, tais como andar, saltar e saltitar; e algumas Estruturas Motoras de Base,tais como, coordenação motora ampla, coordenação visomotora, organizaçãoespaço-temporal e equilíbrio.

Brincadeiras e jogos com regras simples

� Brincadeiras de mímica e de adivinhação.

Exemplo:

Uma das crianças realiza movimentos que represen-tem animais ou pessoas executando tarefas simples, tais

como: penteando o cabelo, escovando os dentes, lavando a lou-ça, ninando um bebê, tocando um instrumento etc. As outras cri-

anças deverão adivinhar e todos deverão passar pela experiência deser o mímico.

“Palminhas, palminhasNós vamos bater

Depois as mãozinhasPra trás esconder

Pro lado, pro outro (*)Nós vamos bater

Depois as mãozinhasPra trás esconder”

(*) Pra cima, pra baixo / Pra frente, pra trás

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Jogos tradicionais com regras simples

Exemplo:

“Meus pintinhos venham cá”

a) Formação: Numa extremidade do espaço (salão, quadra ou campo) estáuma criança que será a “galinha”. Na outra extremidade, dispostos ladoa lado, estão as demais crianças que serão os “pintinhos”. Entre eles, na

� Piques

a) Pique pega

Uma das crianças é escolhida para ser o pegador. Ao tocar em outracriança, esta passará a ser o pegador.

b) Pique ajuda

Uma das crianças é escolhida para ser o pegador. Ao tocar em outracriança, esta passará a ser mais um pegador. Cada vez que alguém forpego, passará a ser pegador e a ajudar a pegar os demais.

c) Pique corrente

Uma das crianças é escolhida para ser o pegador. Ao tocar em outracriança, esta lhe dará as mãos e as duas passarão a correr de mãosdadas. Cada criança que for pega deverá unir-se às outras na correntee correr sem rompê-la.

d) Pique pega o rabinho

Todas as crianças recebem uma tirinha de papel (crepom ou de jor-nal) e a prendem na parte de trás da roupa como se fosse um rabinho.Ganha o jogo a criança que conseguir proteger seu rabinho e, ao mes-mo tempo, pegar uma maior quantidade de rabinhos dos colegas.

� Brincadeiras que utilizam os outros sentidos do corpo

Exemplo:

“Eu acho que ouvi um gatinho”

a) Formação: Crianças sentadas em círculo e ao centro uma outra sentadade olhos vendados.

b) Desenvolvimento: Ao sinal do recreador, uma criança se aproxima doque está com os olhos vendados e dá um miado. A criança terá queadivinhar o nome de quem miou. Todos devem passar pela experiên-cia de estar no centro.

Variação 1: a criança que mia não sai do lugar;

Variação 2: ao invés de miar a criança pronuncia o nome de um colegaou diz “Bom dia”.

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lateral, está a criança que será a “raposa”.

b) Desenvolvimento:

A “galinha” fala para seus “pintinhos”:

—”Meus pintinhos venham cá!”.

Eles respondem:

— “Tenho medo da raposa!”

A galinha retruca:

— “A raposa não faz mal!”

E os “pintinhos”:

— “Faz sim!”

A “galinha”, então, pergunta se querem comer alguns alimentos (pão,melão, feijão etc.) e eles sempre respondem em conjunto:

—”Não!”

Quando ela pergunta se querem milho, eles correm em sua direção.Aquele que for pego vira “raposa” e vai ajudar a pegar os outros “pin-tinhos”.

Estes jogos que agradam muito as crianças pequenas são, basicamente, pi-ques-pega com personagens, pois há corrida, perseguição e captura. Do pontode vista da aprendizagem e do desenvolvimento são excelentes, pois suas regrassão simples e de fácil entendimento. Além disso, envolvem Habilidades MotorasBásicas, Estruturas Motoras de Base e Funções Psíquicas Superiores, tais comomemória, atenção e comportamento voluntariamente controlado. Com este mes-mo tipo de organização podemos encontrar “Os lobos e os carneirinhos”, “Abruxa e as fadas”, “A travessia da floresta”, “Os caçadores e as raposas” etc.

Jogos com bola e regras simples

Exemplo: Bola maluca

a) Formação: Crianças sentadas em círculo. Umadelas segura uma bola.

b) Desenvolvimento: Ao sinal do recreador(ou ao som de uma música) a bola vai sen-do rapidamente passada, de um em um.

Quando a música pára, a criança que estiversegurando a bola deve, também rapidamente,

passá-la na outra direção. O profissional deve vari-ar o intervalo entre os sinais. Quem não mudar a direção

da bola deverá ficar em quatro apoios de modo que a bolaseja passada por baixo de seu corpo.

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Exemplos:

a) Formação: Crianças de pé, com as pernas afastadas, dispostas em duascolunas com número igual de participantes.

Material: Duas bolas.

Desenvolvimento: Ao sinal do recreador, a primeira criança de cada colu-na passa a bola por entre as suas pernas para a que está atrás, e assimsucessivamente, até que a bola chegue ao último da coluna. Este sairácorrendo e ocupará o primeiro lugar. Vence o grupo cuja criança queiniciou o jogo voltar para sua posição original.

Contestes

Jogos sem material com regras simples

Exemplo:

“O gato e o rato”

a) Formação: Crianças de pé, com as pernas afastadas, de mãos dadas for-mando um círculo. No centro, uma criança é o “rato” e, outra, fora é o“gato”.

b) Desenvolvimento: O “rato” deve fugir do “gato”. Ambos podem entrare sair do círculo por baixo das pernas dos colegas. Quando o rato forpego substituem-se as crianças. Todos devem passar pela experiênciade ser “gato” e “rato”.

Variação 1: O “rato” só pode passar por baixo dos braços dos colegas, eo “gato”, só pode passar por baixo das pernas.

Variação 2: O “rato” tem passagem livre, mas o “gato” tem sua passagemdificultada pelos outros participantes que não podem soltar as mãos.

Correr com uma folha de jornal apoiada em diferentes partes do corposem deixá-la cair no chão, por exemplo: na cabeça, na barriga, no braço,em um dos pés, na coxa etc.;

a) Formação: Dispostas lado a lado, atrás de uma linha traçada no chão,cada criança possui duas folhas de jornal.

b) Desenvolvimento: Ao sinal do recreador, deverão colocar uma folha nochão, à sua frente e pisar sobre ela. O outro passo deverá ser sobre aoutra folha de jornal, e assim sucessivamente, até alcançarem a linhade chegada.

O recreador pode elaborar junto com as crianças uma história cujos per-sonagens deverão ser vestidos com roupas feitas de jornal. Os jornaistambém podem ser usados na produção de máscaras e cenários.

Atividades com jornais

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Variação 1: A bola deverá ser passada por cima da cabeça.

Variação 2: O primeiro jogador passa a bola por entre as pernas, o segundopor cima da cabeça, o terceiro por entre as pernas, o quarto por cima dacabeça e, assim, sucessivamente.

b) Formação: Crianças de pé dispostas em duas colunas com número igualde participantes.

Material: Dois cones (ou duas garrafas pet) colocados a uma distânciade aproximadamente três metros à frente de cada coluna.

Desenvolvimento: Ao sinal do recreador, a primeira criança de cada colunasai correndo, dá uma volta ao redor do cone, retorna, bate na mão dasegunda criança e vai para o final da coluna. A segunda criança só pode-rá sair de seu lugar após o primeiro bater em sua mão. Vence o grupocuja criança que iniciou o jogo voltar para sua posição original.

Jogos com características cooperativas

Exemplos:

a) Queimado em “X”

Formação: A quadra é dividida em um “X” e a turma é dividida em qua-tro grupos identificados por quatro cores diferentes. Cada grupo ocupaum espaço do “X”.

Material: Bolas de borracha

Desenvolvimento: Cada vez que uma criança é queimada, ela vai, levando abola, para o grupo da pessoa que a queimou, passando a fazer partedeste novo grupo. Todos os grupos podem queimar os outros, o quegera uma intensa movimentação e troca de lugares. Podem ser usadasduas bolas.

b) Basquetebol por zona

Formação: A quadra é dividida em áreas retangulares e paralelas formandoas zonas de jogo – “a, b, c, d”. A turma é dividida em dois times.

Material: Bola de basquete

Desenvolvimento: Em cada zona ficam de dois a três representantes dos doisgrupos. Se estipularmos a cesta “x” para o time Lua, as áreas “a” e “b”serão suas zonas de defesa e as áreas “c” e “d” serão suas zonas de ataque.

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Deste modo, a cesta “y” será do time Sol, suas zonas de ataque serão “a”e “b” e suas zonas de defesa serão “c” e “d”.

O jogo começa com a bola no centro da quadra. A bola é disputadazona a zona, pode ficar por poucos segundos em cada uma, deve serpassada para a zona seguinte e não pode ser lançada deixando de pas-sar por qualquer uma delas. Quando uma equipe marca ponto, os joga-dores trocam de zona, fazendo um rodízio das posições. Todos deve-rão passar pela experiência de atacar e defender seu time.

Variação 1: Dependendo das características do grupo, a cesta pode ser acesta de basquete, um gol, um arco, um balde ou outro objeto adequado.O mesmo princípio pode ser empregado com bolas de handebol.

c) Futebol em duplas

Formação: Turma dividida em duas equipes. A mesma formação do fute-bol, apenas os participantes jogam em duplas ou em trios, de mãos da-das. Pode ou não haver goleiros.

Desenvolvimento: Os jogadores não podem soltar as mãos. A cada gol, sãoformadas novas duplas entre os jogadores da mesma equipe.

Variação 1: A cada gol, o time ganha o ponto, mas a dupla que o marcou vaipara o outro time.

Variação 2: Podem ser usadas mais de uma bola ao mesmo tempo.

Matroginástica

A matroginástica é excelente oportunidade para aproximar membros damesma família. É uma atividade divertida que acontece ao som de músicasanimadas e reúne grande quantidade de pessoas, para executar movimentosde baixo impacto, que possibilitam interações entre os participantes. Estesmovimentos podem ser realizados individualmente, em duplas e trios.

Cesta “x”

Zonas de defesa do time LuaZonas de ataque do time Sol

Cesta “y”

Zonas de defesa do time SolZonas de ataque do time Lua

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É muito utilizada em festas de final de ano em empresas, escolas e clubes.

a) Material necessário: Palco, aparelhagem de som, alto-falantes e microfones;jornais, bolas de gás, bastões, fitas coloridas, arcos e cordas.

b) Duração: Cerca de quarenta e cinco minutos.

c) Atividades indicadas: As já conhecidas Habilidades Básicas: andar, correr,saltar, saltitar, lançar-receber, subir-descer; dançar; brincar de roda, imi-tar os movimentos do companheiro; brincadeiras de fazer carrinho demão, cadeirinhas, cavalinho, passar por baixo das pernas do parceiro;pular corda, fazer “cabo-de-guerra”, passar por baixo da corda em dife-rentes alturas, saltar por cima da corda de diferentes alturas, etc.

d) Desenvolvimento: A atividade inicia com uma música bem animada. Orecreador pode levar as pessoas a dançar, bater palmas e fazer diver-sos movimentos para desinibi-las. As atividades em duplas formadaspor pais/mães e filhos são indicadas. Com o passar do tempo podemser realizadas atividades que impliquem na participação de gruposformados por mais de uma família e, ao final, é interessante fazeruma grande roda que envolva a todos.

Gincanas

Existem vários tipos de gincanas (culturais, esportivas, beneficentes etc.), masde uma maneira geral, são atividades recreativas, de caráter competitivo, rea-lizadas por grupos que se dispõem a cumprir tarefas (as provas) previamentedeterminadas. O cumprimento destas tarefas resulta em pontos para o grupoque, ao final, serão somados para que se conheça o vencedor.

As gincanas exigem um trabalho de organização que envolve a elaboraçãodo regulamento, a definição do espaço que será utilizado, o material dispo-nível, o número de participantes, a seleção das provas e de seu valor, oscritérios de pontuação, e a escolha de árbitros.

As provas podem ser do tipo: trazer o objeto mais antigo; trazer a pessoamais idosa, trazer uma nota de dólar; trazer um representante do governomunicipal; fazer um levantamento dos grupos musicais e folclóricos dobairro e divulgá-los nas casas comerciais; trazer um artesão do bairro edivulgar seu trabalho; trazer um vestido de noiva; conseguir juntar cin-qüenta quilos de alimentos; responder perguntas sobre assuntos diversos;trazer um artista de sucesso etc.

De um modo geral, as gincanas iniciam com o sorteio das tarefas pela ma-nhã e, ao final do dia, há a contagem dos pontos e a entrega dos prêmios.

Finalizando este nosso item, é importante reforçar que estes são apenas al-guns exemplos. Certamente você pode encontrar muitas outras possibilidades emmanuais de jogos, livros diversos, levantando junto às crianças e mesmo lembran-

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do de sua tempo de infância. Uma possibilidade interessante é também inventarseus jogos e/ou construir junto com as crianças novas brincadeiras.

Aliás, apesar de termos nos prendido muito na faixa etária da infância, ébom lembrar: adulto também joga e gosta de jogar. Obviamente você vai tersempre que utilizar jogos adequados a cada período da vida, considerando asquestões locais, culturais, econômicas etc. Uma brincadeira que dá certo em umlugar, por vezes não funciona em outro. Algo que parece plenamente apropri-ado, nem sempre funciona como esperamos. Por isso devemos estar prepara-dos para imprevistos e termos opções para mudar nossa programação inicial,caso algo não surta o efeito que esperávamos.

Ainda falando de públicos específicos, não se esqueça dos jovens! Assimcomo em outros casos, eles merecem um cuidado especial e uma programaçãoadequada aos seus interesses.

ATIVIDADE 7

Nesse momento, sob orientação do professor, vamos experimentar autilização de jogos com grupos diferenciados. Seu professor ajudará napreparação das atividades, para o qual você deve considerar o conjuntode informações já apresentadas.

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Caracterização da ocupação

Nesse item conversaremos sobre determinadas características sugeridas paraquem pretende trabalhar como Monitor de Recreação. De início podemos dizerque um dos principais aspectos deste trabalho é que você terá que lidar commuitas pessoas, algumas extremamente diferentes de você.

Um primeiro cuidado, portanto, é não se deixar levar por preconceitos eantipatias gratuitas, afinal você será o responsável pelo desenvolvimento dotrabalho durante um determinado período. Você será a pessoa a quem todosrecorrerão caso haja algum problema ou aconteça algum imprevisto.

É claro que se você não apresentar todas as características aqui levanta-das, isso não significa que tenha feito a opção errada ou que não terá sucessoem sua atuação. O interessante de tudo isso é a possibilidade que você estátendo de se conhecer melhor e, mais, a chance (que deve ser aproveitada) de seaprimorar como ser humano, a partir do instante em que sentir a necessidadede modificar um ou outro aspecto de seu comportamento. Lembre-se que taiscaracterísticas não são “dons do destino”, podem ser treinadas e aprendidas,basta atenção e empenho.

O recreador é alguém muito especial. Em sua área de atuação lida com aspessoas em momentos de descontração, de festa, de alegria e de prazer, porisso, não pode ser uma pessoa sisuda, de poucas palavras ou pouco comunica-tiva. Seu trabalho consiste em reunir pessoas, fazê-las estabelecer contatos en-tre si, brincar com elas, fazer com que brinquem, dancem, riam, divirtam-se.Mas tudo isso deve ser feito sem perder de vista suas responsabilidades deestimulá-las a pensar sobre sua realidade.

Como já foi dito, o recreador deve educar as pessoas para o divertimento,por isso, não pode ser uma pessoa tímida, que tenha vergonha de se expor oude falar para um grupo. Como estará sempre se comunicando, é importanteque seja ouvido e bem compreendido. Logo, é aconselhável expressar-se comclareza, articulando bem as palavras, emitindo-as em alto e bom som.

Os grupos com os quais você irá trabalhar poderão ser os mais diversifi-cados, compostos por variados tipos de pessoas, de diferentes classes sociais efaixas etárias. Você poderá atuar com crianças, adolescentes, adultos, idosos,idosas, donas de casa, trabalhadores etc. Poderão (e deverão sempre que possí-vel) ser incluídas pessoas portadoras de deficiência,. Não é aceitável qualquertipo de preconceito, para isso não há justificativa. Devemos estar prontos a nãopermitir esses tipos de manifestações em nossas atividades, sejam motivadaspor questões raciais, econômicas, etárias, de gênero ou de orientação sexual.

Por isso, é fundamental que você saiba ser firme sem ser agressivo ou

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grosseiro, tenha habilidade para resolver conflitos, saiba respeitar as limita-ções, as habilidades e as capacidades individuais; seja criativo para lidar comos problemas e imprevistos, saiba ouvir e respeitar aqueles que têm opini-ões diferentes das suas, além de ter clareza sobre os valores éticos que de-vem nortear as relações sociais.

Você poderá ter que elaborar projetos de atividades recreativas, o querequer, dentre outras atribuições, analisar espaços físicos e equipamentos dis-poníveis, agendar atividades, definir cronogramas, distribuir tarefas etc. Paraisso, terá que ter calma, organização e método; deverá conseguir delegar po-deres, isto é, confiar que outras pessoas de sua equipe de trabalho terão capa-cidade de realizar as tarefas de maneira satisfatória e adequada.

Muitas vezes você terá que recepcionar clientes, esclarecendo dúvidas,orientando acerca de vestimentas, alimentação, higiene pessoal etc., por issoterá que ser firme sem ser grosseiro, expressar-se bem, fazer-se ouvir e sertolerante.

Você poderá ser chamado para coordenar ou administrar um determi-nado Setor de Recreação, para isso terá que demonstrar organização, imparci-alidade, capacidade de liderar equipe, capacidade de tra-tar bem os seus subordinados; terá que de-monstrar condições de recrutá-los, capacitá-los e avaliá-los; poderá ter que definir, com-prar, organizar e supervisionar equipamen-tos bem como o uso de materiais e, paraisso, mais uma vez, são competências im-portantes a capacidade de organização, a res-ponsabilidade, a tolerância, a capacidade deanálise de um fato ou de uma dada situação, a im-parcialidade, a firmeza e a cordialidade.

Ser recreador é estar o tempo todo em contato com o público,mas também estar o tempo todo em contato com você mesmo. É refletirsobre suas atitudes, sobre sua personalidade e sobre seu comportamento, comotambém sobre o alcance, as possibilidades e os limites de seu trabalho.

ATIVIDADE 8

Sob orientação do professor, vamos fazer uma dinâmica de grupo paraque possamos discutir nossa postura profissional.

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Onde trabalha o recreador

O recreador pode desenvolver atividades nos mais diferentes espaços, sen-do os mais comuns: festas, colônias de férias, manhãs recreativas, hotéis, casas defestas infantis, clubes, empresas, associações comunitárias, igrejas, centros religio-sos, hospitais, asilos e ônibus de turismo.

Cada um desses locais possui peculiaridades que você precisa conhecer paramelhor desenvolver seu trabalho. Vamos ver com maiores detalhes as festas, osclubes, as empresas e os ônibus de turismo.

AS FESTAS

Você pode ser chamado para animar festas de aniversário infantil; de con-fraternização de final de ano de alguma empresa; de uma casa geriátrica; para ascrianças da comunidade promovida pela associação de moradores, ou outrostipos de festividades. Uma festa pode fazer parte de uma programação maisampla ou ser uma atividade mais pontual.

Você, como recreador, pode ser convidado a participar da elaboraçãode toda a programação ou para se ocupar apenas das crianças. Caso vocêparticipe da equipe de organização, pode utilizar seus conhecimentos sobreos interesses culturais (já vimos isso em um dos itens anteriores, lembra?) e,tendo em mente a idéia de que deve contribuir para a ampliação do conheci-mento acerca das possibilidades de diversão dos sujeitos, sugerir uma progra-mação que envolva a exibição de filmes, passeios pelos equipamentos cultu-rais da cidade, excursões, piqueniques, caminhadas pela própria comunidadecom temáticas bem humoradas sobre os problemas do bairro, palestras sobreDST/AIDS e violência doméstica, apresentação de um grupo de pagode do

Festa da lavagem das escadarias do Senhor do Bonfim - Salvador - Bahia

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bairro, festival de pipas, torneio de futebol, de bola de gude, de vôlei e o quemais a sua imaginação mandar, o restante da equipe concordar e a verba dis-ponível ou o patrocínio permitir.

É muito interessante ter, ao menos, uma noção do que as pessoas dacomunidade gostam e/ou costumam fazer em seus momentos de lazer e sem-pre que possível envolvê-los em todas as fases do evento (para mais informa-ções sobre isso, dê uma olhada no item sobre a ação comunitária de lazer, naocupação “agente comunitário de esporte e lazer”). Esse pode ser o ponto departida ou de chegada da programação, por exemplo, se houver uma escola desamba ou um bloco carnavalesco, ou ainda um grupo do folclore da região.Eles podem se apresentar, iniciando ou encerrando a festa.

É possível que você também possa ser convidado a trabalhar com anima-ção de festas infantis. Neste caso, você apenas pode ter alguma idéia acerca donúmero de crianças e de sua faixa etária. Como crianças maiores não costumamparticipar das atividades propostas, você pode supor que terá um grupo comidade máxima de dez (10) anos (o que não significa que você não deve se empe-nhar em também envolver outras faixas etárias). Este tipo de atuação requer ma-terial específico e, para fugir da mesmice que normalmente impera nessa área, vocêdeve se preparar com um grande repertório de atividades atraentes.

ÔNIBUS DE TURISMO

Digamos que você tenha decidido organizar umpasseio ou uma excursão para alguma cidade próxima. Tudoacertado, todos os passageiros já estão acomodados, chegou a horada partida.

Durante o trajeto você pode desenvolver um trabalho dentro doônibus com o objetivo de estimular e integrar as pessoas. Este trabalho apresen-ta, pelo menos, três dificuldades: a primeira é que se deve evitar os deslocamen-tos dos passageiros, o ideal é que todos permaneçam em seus lugares, por ques-tão de segurança. A segunda é a falta de espaço e a terceira é a instabilidade doônibus que gera uma instabilidade daposição do recreador.

Entretanto, nada disso impede quepossam ser utilizadas cantorias e brinca-deiras de adivinhação; competição en-tre os sentados na janela contra os senta-dos no corredor, ou dos sentados dolado direito contra os do lado esquer-do; brincadeira do telefone; brincadeirado “Qual é a música?”; concurso de pia-

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EMPRESAS

das; concursos culturais (com perguntas do tipo: “Qual é o nome do ministro daFazenda?”); e concursos de abobrinhas (com perguntas do tipo: “Quais são osnomes das Meninas Super-Poderosas?”).

Mas atenção: cuidado para não ser inconveniente. Em alguns momentos,em certas atividades ou com alguns públicos específicos, as pessoas queremutilizar o momento do ônibus para descansar e não para mais brincadeiras.

O recreador pode também ser contratado para atuar em empresas, o querequer atenção especial para, ao menos, quatro aspectos:

� Com relação ao próprio recreador

Existem, no mínimo, duas possibilidades deste trabalho acontecer. O re-creador pode ser contratado pela empresa para organizar/animar festasem datas específicas (tais como Dia das Crianças, Dia das Mães, Dia dosPais, Festa de Natal etc.) ou pode ser contratado para desenvolver ativi-dades ao longo de todo o ano. Em alguns casos, talvez seja difícil traba-lhar sozinho, daí haver necessidade de conseguir alguns auxiliares, quetambém podem ser contratados ou podem ser do corpo de funcionáriosda própria empresa.

� Com relação à empresa

Para qualquer uma das opções acima, o recreador deverá observar o es-paço disponível na empresa, isto é, verificar se as festas e/ou atividadespodem ser realizadas no local de trabalho ou se haverá necessidade deutilizar um outro local. Uma outra possibilidade é a empresa possuir umasede campestre e o profissional ser contratado para trabalhar apenas nosfinais de semana.

� Com relação ao número de participantes

Esta é uma facilidade que pode existir quando se trata de empresas. Orecreador poderá obter dados um pouco mais seguros sobre o númerode funcionários e seus dependentes, sobre seus gostos pessoais, sobre suafaixa etária e sobre quem pretende participar da programação.

� Com relação às atividades

É muito importante que o recreador, considerando os interesses culturaise a idéia de que deve contribuir para a ampliação do conhecimento acercadas possibilidades de diversão das pessoas, diversifique bastante a pro-gramação.Esta programação pode incluir atividades infantis, infanto-juvenis e paraadultos e idosos de ambos os sexos; atividades que envolvam pais e fi-lhos, somente pais e somente filhos. É interessante procurar atender às

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diferentes necessidades dos indivíduos, pois há aqueles que gostam demovimento e aqueles que preferem se divertir sem muita agitação. Porexemplo, para os primeiros você pode pensar em uma sessão de matrogi-nástica, em uma gincana, em torneios esportivos, bailes etc. Para o segun-do grupo você pode planejar torneios de jogos de salão, torneios de jo-gos de baralho, bingos etc. O teatro e o cinema, geralmente, satisfazem atodos, por isso é possível pensar em uma apresentação teatral e na exibi-ção de um bom filme.Também pode ser interessante lançar mão dos grupos artísticos que porven-tura existam na própria empresa. O recreador também pode (e deve) estimu-lar a criação de grupos de teatro, de dança, de música etc.

� Um pouco mais sobre empresa

Se o recreador for contratado para desenvolver o trabalho ao longo doano, poderá ter mais tranqüilidade para elaborar uma programação queabarque todos os interesses culturais.

É interessante também pensar em montar um mural em algum lugar degrande circulação da empresa de modo que seja possível divulgar o calen-dário cultural da cidade e a programação cultural elaborada. O recreadorpoderá ainda organizar passeios pelos equipamentos culturais da cidade;organizar caravanas para assistir as peças e os filmes em cartaz; levar gru-pos de funcionários e suas famílias para visitar os centros culturais e asexposições; organizar palestras sobre os mais diversos assuntos etc. Podeainda tentar obter descontos em ingressos de modo a viabilizar uma mai-or participação. Também há a chance de estreitar a relação dos funcioná-rios da empresa com o SESC ( Serviço social do comércio) ou o SESI (Serviço social da indústria) que possuem ampla programação de lazerdestinada a trabalhadores.

CLUBES

Os clubes podem ser agrupados em duas grandes categorias: os clubes debairro ou urbanos e os clubes campestres. Para atuar nesses espaços devemosconsiderar:

� Com relação às instalações

Os clubes urbanos variam bastante de tamanho. De uma maneira geral,possuem grande área construída com a tendência ao aproveitamento detodo o espaço. Naqueles que possuem instalações simples, a quadra defutebol ou poli desportiva tem destaque e é acompanhada por vestiários,banheiros e cantina. Vamos encontrar outros maiores, com mais de umapiscina, quadras cobertas e descobertas, campos de futebol, salões de baile,salas de ginástica, salas de balé e outras modalidades desportivas, teatro elojinhas.

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Os clubes campestres geralmente possuem amplas áreas ao ar livre, cam-pos de futebol, quadras externas, piscinas, salão de baile, áreas para chur-rasco e piqueniques, bares ao ar livre, criação de pequenos animais etc.

� Com relação às atividades desenvolvidas

Normalmente nos clubes urbanos são desenvolvidas atividades durantetoda a semana. Eles podem oferecer diversas possibilidades para a práti-ca de esportes ou para reuniões sociais.

O recreador pode ser funcionário do clube e participar da elaboração daprogramação das atividades oferecidas ou pode ser contratado apenaspara atuar em eventos ou datas específicas, tais como Dia das Crianças,Dia das Mães, Festa de São João, Festa de Natal etc. Em ambos os casos,antes de montar a programação deve ter o cuidado de conhecer bem oclube, examinando os locais que poderão ser utilizados e observar se suaprogramação não irá interferir na rotina de utilização dos espaços. Casoisso ocorra, é interessante confirmar o que pode ser modificado, se a pro-gramação ou se o espaço que seria utilizado. Deverá observar se irá tra-balhar sozinho ou se poderá contar com o auxílio de outras pessoas. Umdetalhe importante é saber quem providenciará a contratação dos auxili-ares, se o recreador principal ou o clube.

Em seguida deve partir para elaborar a programação. Deve ser previstoo desenvolvimento de atividades que acontecerão ao mesmo tempo,em lugares diversos, de modo a contemplar pessoas de diferentes faixasetárias.

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ATIVIDADE 9

O professor dinamizará e organizará uma visita dos alunos a clubes, em-presas, associações de moradores, centros religiosos etc. O objetivo seráconhecer as instalações, identificar a existência ou não de projetos de recre-ação e mesmo verificar a possiblidade de implantação de um novo projeto.Registre aqui suas observações.

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O que chamamos de lazer

UM POUCO DE HISTÓRIA

A palavra lazer se incorporou de tal forma ao nosso cotidiano que pouconos perguntamos hoje quais são suas origens e porque estudiosos de diversasáreas se preocupam tanto com esse fenômeno que nos parece tão simples. Va-mos começar definindo o momento histórico do seu aparecimento para enten-dermos sua importância no momento atual.

No final do século XVIII, a Revolução Industrial, desencadeada inicial-mente na Inglaterra, marcada entre outras coisas pela substituição das ferramen-tas manuais pelas máquinas à vapor e do modo de produção doméstico pelosistema fabril, acaba por promover uma série de mudanças na sociedade. Naque-le momento histórico, com a implantação de um novo modelo de organização detrabalho nas fábricas, as cidades começam a ter uma nova dinâmica.

Neste novo modelo de organizaçãosocial, o tempo de trabalho passa a sermais controlado, com horários de en-trada, de almoço e de saída. Ou seja,o tempo de trabalho (e todos ligadosa nossa vida) passa a ser regulado pelotempo de produção das máquinas.Com a rigidez de horário imposta poresse novo sistema, o momento denão-trabalho começa também a ser mais re-gulado e da mesma forma controlado. É nessecontexto que vemos surgir na história a definição do fe-nômeno do lazer, tal como entendemos hoje.

ATIVIDADE 10

Responda, em uma folha de papel, ás seguintes perguntas:

a) Para você, o que é lazer?

b) Como usar seu tempo de lazer?

A partir de suas respostas, o professor dinamizará um debate com a turma.

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LAZER NOS DIAS DE HOJE

Podemos perceber então que o lazer enquanto fenômeno moderno se de-sencadeou em meio a tensões e lutas por direitos das novas classes sociais que seorganizavam naquele momento. Daí a importância de o entendermos historica-mente situado.

Assim, devemos ter em vista que se nos dias de hoje temos um maior tem-po livre, se considerarmos os séculos passados, isso ainda não é uma conquistacompleta. A maioria da população, por exemplo, nem sempre tem grande tem-po livre, muitas vezes sequer tem emprego e comumente não tem a possibilidadede usufruir qualitativa e eqüitativamente das manifestações e dos equipamentosde lazer existentes.

Pense: como você ocupa o seu tempo livre. Você tem algum grupo que se reúnepara jogar bola, cartas, dançar em bailes, ir ao cinema ou papear na pracinha maispróxima? Você gosta de ler ou prefere ver televisão nos dias de folga? Você já sepreocupou com o seu tempo de lazer? Você se organiza para diversificar suas ativi-dades de lazer? Vai ao cinema, teatro, museus? Tem acesso a todas opções quequer? É bem provável que não.

Na verdade, nos dias de hoje, com tantas preo-cupações relacionadas ao que é considerado“básico” para a vida (como saúde, trabalhoe moradia), não paramos para pensar no nos-so tempo de lazer. Com o aumento das de-sigualdades econômicas, as preocupaçõesfinanceiras se tornam freqüentes e muitosproblemas são deflagrados pela falta de re-cursos. Assim, a tendência é não pensarmos

na importância do lazer, pois ele suposta-mente não é elemento fundamental para a nossa

sobrevivência: um grave equívoco.

Não dando a devida atenção aos momentos de lazer,abandonamos um espaço de conquista de qualidade de vida e depossível reflexão sobre a realidade, inclusive de nos organizarmospara juntos construirmos pautas comuns de reivindicação. Vocêdeve se lembrar daquela música do grupo Titãs: “Você tem sede de

que? / Você tem fome de que? / A gente não quer só comida, / A gente quercomida, diversão e arte. / A gente não quer só comida, / A gente quer saída paraqualquer parte./ A gente não quer só comida, / A gente quer bebida, diversão,balé. / A gente não quer só comida, / A gente quer a vida como a vida quer”.

Voltemos um pouco ao passado para continuarmos a discutir os mo-mentos de lazer. No final do século XIX começa a se configurar o quechamamos de indústria do lazer e do entretenimento, que se expande con-sideravelmente no decorrer do século XX. No início, ela até contribuiu

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para trazer as pessoas para o espaço público das cidades em crescimento,mas o atual crescimento da pobreza e da violência acaba fazendo com queos habitantes, principalmente dos grandes centros urbanos, reduzam suapresença nestes locais, muitas vezes sem se dar conta disso. Até porque oque a cidade apresenta como espaço alternativo de ocupação, não poucasvezes está a serviço da alta circulação de capital. Se você quer se divertir comsupostas segurança e liberdade, você tem que pagar, e pagar caro.

O entretenimento se transformou em uma grande indústria muito bem arti-culada. Repleta de alternativas, seus produtos são criados para atender diferentescamadas sociais, mas não com a mesma possibilidade de acesso: quem não podepagar para se divertir no cinema, pode assistir a programação de qualidade duvi-dosa das tardes de domingo nas redes de televisão. A cidade que deveria ser umespaço de encontro dos cidadãos está sendo cada vez mais cercada para a realiza-ção de eventos privados de lazer, servindo aos privilegiados que têm dinheiro.Assim, as elites continuam incorporando esses benefícios como capital cultural, oque colabora para a construção e a manutenção das diferenças sociais. Soma-se atudo isso, portanto, o fato de que, com a expansão dos meios de comunicação,tornou-se cada vez mais “cômodo” as práticas domésticas de lazer.

Encontramos assim muitos motivos para a redução da ocupação dos espa-ços públicos: violência, falta de dinheiro, alternativas domésticas, e dessa formaas pessoas vão se conformando e não percebem que perderam muitos momen-tos de encontros, festas públicas e outros espaços de divertimento.

Esse processo de privatização das vivências públicas substitui antigas expe-riências que tinham as ruas como espaço de lazer.Meios como a televisão, o rádio e o computa-dor podem criar uma espécie de fantasia e desonho sobre a vida, algo que não corres-ponde à realidade. Não estamos aqui que-rendo afirmar que os novos meios de co-municação são de todo ruins. Pelo contrá-rio, existem sim programas nas emissorasde rádio e TV de muita qualidade, que nos trazemmuitas informações sobre temas dos mais diversos. Somentechamamos aqui a atenção para o fato de não experimentarmos ou-tras formas de lazer.

LAZER E EDUCAÇÃO

E de que forma as atividades de lazer podem interferir nessas fortes estrutu-ras? De início podemos dizer que nós, profissionais de lazer, podemos atuar obje-tivando a construção de uma cidade com opções de lazer mais acessíveis a todos.Para isso, é fundamental possibilitar novas experiências, acesso as mais diferentesmanifestações culturais, entre as quais as artísticas, podendo gerar assim olhares

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mais sensíveis e atentos às necessárias transformações sociais.

É importante frisar que não adianta possibilitar acesso a bens artísticos eculturais se os indivíduos não forem educados para entenderem e se interessa-rem por essas atividades de lazer. É necessária uma preparação, uma educaçãopara o desenvolvimento do interesse e do conhecimento das produções cultu-rais, o que não acontece “naturalmente”.

Neste sentido, três dimensões devem ser consideradas de forma articula-da quando tratamos da questão do acesso aos equipamentos de lazer: a suapresença e existência, preferencialmente próximo à residência dos habitantes(aspecto físico e geográfico), o valor cobrado e os gastos necessários para queseja possível freqüentar o espaço (aspecto econômico) e a disposição e estímu-lo para que as pessoas procurem este espaço (aspecto cultural, aqui diretamenterelacionado à ação pedagógica).

Da mesma forma, não adianta a realização de programas esporádicos (ati-vidades que ocorrem só de vez em quando, sem uma sequência) de oferecimentode alguma atividade de lazer sem a construção de um projeto pedagógico claro econtínuo. Os indivíduos podem passar a gostar de determinadas linguagens cul-turais porque tiveram oportunidades e foram informados sobre suas peculiari-dades, especificidades, sobre as diversas dimensões dessas linguagens.

Uma questão também fundamental é percebermos se a distribuição dosequipamentos de lazer está relacionada ao poder aquisitivo dos moradores danossa cidade. Muitas vezes, além da distância em que estão localizados os espa-ços de diversão, cobra-se um valor muito alto, impossível de ser pago pelamaioria da população. Vale lembrar que estamos chamando de equipamentosde lazer os espaços naturais ou construídos, criados ou organizados para a rea-lização de atividades de diversão, como teatros, museus, cinemas, centros cultu-rais, campos de futebol, etc.

Os shoppings, os centros comunitários, as lojas são espaços de lazer. Os shop-

pings, hoje em dia muito procurados, estão se proliferando pelo nosso país e emmuitos municípios têm se tornado a principal opção de lazer. Não podemosdeixar de lembrar, contudo, que trata-se de um complexo de lojas, e que lojas sãofeitas para que a gente compre. É claro que esses espaços também possuem salasde cinema, parques e praças de alimentação, que muitas vezes apresentam showsde música gratuitos. O que estamos reforçando aqui é que não podemos nosesquecer que enquanto estamos nos divertindo nesses espaços, estamos tambémsendo seduzidos ao máximo para consumirmos os produtos à venda.

Caminhando para concluir este item, devemos então explicitar que o pro-fissional de lazer não é o responsável por simplesmente oferecer atividadespara passar o tempo das pessoas, contribuindo com a idéia que se trata de ummomento de alienação dos problemas sociais, políticos e econômicos. A atua-ção dos profissionais de lazer é eminentemente política, pode estimular a po-pulação a se divertir sim, mas nesse processo compreender que deve reivindicar

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políticas públicas que possam dar conta ou pelo menos minimizar progressiva-mente as desigualdades sociais e fazer com que cada cidadão se sinta mais “per-tencente” em sua cidade.

Para concluir, definamos então que as atividades de lazer são: sempreculturais; realizadas no tempo livre das obrigações de trabalho, religiosas, do-mésticas e necessidades diárias; são buscadas eminentemente pelo prazer (ca-racterística que não é exclusiva dessas atividades), o que não retira a possibilida-de de que se estabeleçam como ferramentas de conscientização da realidade.

Há duas posturas possíveis nos momentos de lazer: assistir ou prati-car. Podemos assistir um grupo de folclore ou fazer parte de um deles;podemos comparecer a um espetáculo de música ou tocar em uma banda;podemos pintar um quadro ou comparecer a uma exposição. Para nós, pro-fissionais de lazer, o importante é buscar equilibrar as duas posturas emnossos programas de atuação.

ATIVIDADE 11

Seu professor levará para a sala, revistas e jornais. Junto com seus colegas,você fará cartazes para dinamizar uma discussão sobre os principaisproblemas que cercam os momentos de lazer.

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A animação cultural

EDUCAÇÃO PARA E PELO LAZER

Estamos percebendo então que a atuação do profissional de lazer possuiuma via dupla de ação educativa: pelo lazer e para o lazer.

Quando aproveitamos as atividades de lazer como veículo da educação, esti-mulando a compreensão e transformação de valores e comportamentos, estamoseducando pelo lazer. Muitos trabalhos de artistas trazem reflexões que se desenca-deiam a partir de imagens, letras de música, movimentos de dança, textos teatrais eoutras linguagens. O artista não necessariamente está preocupado com o alcancede suas mensagens, mas cabe ao profissional de lazer encaminhar questões para queos indivíduos reflitam sobre o que foi apresentado.

Nesse processo é fundamental que o educador não “imbecilize” os indivídu-os, mas que saiba conduzi-lo instigando reflexões, discussões, contextualizando aobra, criando relações com outras linguagens, instigando críticas e análises. Pormeio das diversas linguagens culturais podemos estimular nosso público-alvo abuscar novas formas de ver o mundo.

Por outro lado, a educação para o lazer também é fundamental, já que vive-mos num grande caldeirão cultural onde muitos não conseguem ter acesso a deter-minadas produções por não se interessarem, reflexo da falta de informações, dafalta da educação para essas determinadas produções.

Vamos exemplificar para ficar mais claro.

Quando um professor entra numa comunidade da periferia do Rio de Janei-ro para dar aulas de dança e coloca, na primeira aula, música clássica para os alunosdançarem, é provável que seus alunos não gostem. É possível que por isso corraaté o risco de sua turma se reduzir nas aulas seguintes.

Sabemos que em muitas comunidades da periferia do Rio de Janeiro, as pesso-as têm o costume de ouvir funk. Como ouvem funk, gostam de dançar funk. Muitasvezes as pessoas não gostam de outro estilo de música porque não estão acostuma-

Na aprendizagem de muitos conteúdos as atividades de lazer também

podem oferecer muitas contribuições. Você já pensou que poderíamos

aprender história através das artes plásticas (pinturas, esculturas), apren-

der matemática ou física através de atividades esportivas ou de aulas de

música, poderíamos entender melhor a língua portuguesa através da

leitura de peças teatrais ou aprender especificidades das regiões do

nosso país através das lendas e danças folclóricas? Pois veja só quantas

coisas poderíamos aprender utilizando o lazer como meio, ou seja,

aprenderíamos com muito mais prazer.

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das ou nunca foram apresentadas a outro estilo musical. As pessoas têm seussentidos apurados conforme o ambiente onde estão inseridas, conforme seu con-texto cultural.

Não estamos colocando aqui nenhum juízo de valor em relação ao funk ou amúsica clássica. Estamos aqui colocando a necessidade de todos poderem conhe-cer diferentes tipos de linguagem para que assim possam escolher o que preferem,para que decidam sobre seus desejos e prazeres, com base no conhecimento dasdiversidades culturais. É preciso ampliar as possibilidades de intervenção para quediferentes pessoas gostem do funk e da música clássica e para isso é necessário umprocesso de educação para entender o funk e a música clássica.

CONCEITO DE ANIMAÇÃO CULTURAL

Todo esse processo de atuação denomina-se animação cultural. A primeirapalavra se origina do latim anima, que significa, na língua portuguesa, alma (ouseja, aquilo que move ou dá movimento). Esse termo define com maior precisãoa atuação do profissional do lazer e ao mesmo tempo reforça a necessidade daprocura por parte dos animadores de um conhecimento mais amplo acerca dasproduções culturais sejam elas no campo das artes, do esporte, da culinária, damoda, enfim, de todas manifestações.

A animação cultural é um processo complexo que nunca se esgota, poisnão se trata de uma simples passagem e acúmulo de informações sobre dife-rentes linguagens culturais. A animação cultural é uma composição de redes, éa possibilidade de construção de diferentes gostos a partir da aproximação deum ambiente cultural múltiplo. A animação cultural é o estimulo para a buscado conhecimento e a vivência da diversidade cultural, isto é, dos mais diferentestipos de atividades e não somente um conjunto restrito. Lembremos que só exis-te a liberdade de escolher quando se tem e se sabe sobre o que escolher.

Obviamente que existem tensões no âmbito cultural, relações de poder einteresses de grupos. Devemos então ter bastante cuidado na realização deprogramas de lazer para não agirmos sem deixar espaço para que os indivíduosse posicionem e aprendam a escolher, reproduzindo da mesma forma relaçõeshierárquicas. Temos que contribuir para despertar o interesse pelas diferentesformas de cultura, mas não devemos achar que a “melhor cultura” é aqueladifundida pelas elites.

Para entendermos melhor, vamos trabalhar alguns aspectos das linguagensculturais que podem facilitar a elaboração de planos de ação para a animação cultu-ral. Podemos distinguir três padrões de organização cultural, que não se constitu-em de forma isolada e fechada, mas criam tensões e trocas entre si. Na verdade,assim o apresentamos somente por esforço didático, já que na prática há uma enor-me mistura, os produtos culturais se interinfluenciam todo o tempo.

Os três padrões de organização cultural são:

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� Cultura erudita

São manifestações que geralmente seorganizam em “escolas”. Destacam-se por construírem ao seu redor umaidéia de prestígio e de poder de de-cisão, difundindo valores e padrõesestéticos que se perpetuam no tem-po. São historicamente apreciadaspelas elites.

Você já parou para pensar que mani-festações fazem parte desse grupo?Nas artes plásticas podemos exempli-ficar a cultura erudita através do ro-mantismo, do impressionismo, do sur-realismo, entre outros. Na dança, atra-vés do balé acadêmico, da dança mo-derna e da dança contemporânea.Banda Sinfônica Jovem

No cinema, temos o exemplo do expressionismo alemão, do neo-realis-mo italiano, entre outros.

A primeira observação a ser feita é que não se gosta dessas manifesta-ções por se possuir um dom natural, inato. O que acontece é que nasescolas, em casa e em momentos de lazer, alguns poucos privilegiadostêm a oportunidade de aprender as especificidades dessas linguagens,sendo estimulados a desenvolverem o gosto por elas. Enquanto isso,muitos outros são privados desse direito e se quer têm consciência dele.

Na verdade todos os indivíduos dispõem de potencial para apreciaresses tipos de manifestações, o que nem todos têm são as condiçõesconcretas necessárias para tal. Nesse sentido é fundamental a criação deprojetos pedagógicos queapresentem e esclareçam aspeculiaridades das lingua-gens e, ao mesmo tem-po, apontem alternati-vas e soluções para a ne-cessidade concreta de sepromover e incentivar acriação de espaços (comocentros culturais, museus, tea-tros e cinemas) mais próximos das localida-des onde vivem as populações de baixa ren-da, inclusive com preços mais acessíveis.

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� Cultura de massas

Produzida pela grande indústria cultural, a cultura de massas, como o pró-prio nome diz, é destinada ao consumo em larga escala. Atende ao gostomédio da população. Sendo assim, nesse processo nem sempre está preo-cupada com investimentos que elevem seu nível de qualidade. Seu maiorproblema está nos interesses comerciais de grupos específicos. Logicamen-te não existem somente produtos de baixa qualidade, apesar de serem amaioria. O investimento dessa indústria numa produção heterogênea deixamuito claro o objetivo maior de ampliação do mercado.

Não estamos negando o prazer que as pessoas obtém com as atividadesda cultura de massas; muito pelo contrário, esse prazer deve ser conside-rado ao planejarmos os nossos programas de lazer. Acreditamos tam-bém que os indivíduos não recebem as manifestações de forma totalmen-te passiva. Há processos de resignificação, de reelaboração que devemser considerados pelos profissionais de lazer.

Pelos desníveis de acesso decorrentes das desigualdades sociais, as ativi-dades da cultura de massas acabam sendo as mais, e muitas vezes únicas,acessíveis para o grande conjunto da população. É muito mais fácil oacesso a televisões e rádios do que teatros, museus e cinemas.

� Cultura popular

A cultura popular é geralmente rela-cionada à uma produção local. Commenor poder de influência e decisão,torna-se muitas vezes mais frágil pe-rante a ação do mercado cultural.Apesar de se relacionar bastante aoconceito de tradição, é comumentemodificada também em função dosencontros e diálogos culturais, bem como apartir dos interesses da indústria cultural, que a trans-forma em produto de consumo mais vendável.

Enquanto profissionais de lazer, devemos estar atentos para a inclu-são das manifestações populares em nossos programas e para a sua valori-zação, estimulando grupos produtores à manutenção de suas atividades.

Enfim, o que aqui procuramos ressaltar é a necessidade de pensarmos emutilizar diferentes linguagens e manifestações culturais em nossos programas delazer, criando realmente a possibilidade de livre escolha dentre as diferentes for-mas de organização da cultura, por meio da educação pelo e para o lazer.

Se um número maior de pessoas experimentasse o prazer proporcionado por:músicas clássicas, populares e eletrônicas; espetáculos de dança e teatro; poesias; ro-

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das de capoeira; exposiçõesde artesanatos e vídeo-ins-talações; filmes de arte e degrande circuito; e muitasoutras atividades que pode-riam ser aqui citadas, vocênão concorda que podería-mos estar gerando focos dereivindicação por uma ci-dade que melhor distribu-ísse os diferentes bens eequipamentos culturais?

Obviamente que para inserir uma grande diversidade de atividades em nos-sos programas, precisamos pensar em um projeto estratégico progressivo. Te-mos que pensar num percurso que parta de experiências menos difíceis de seremacessadas, ou até mesmo já vividas anteriormente, que possam fazer mediaçõespara a apresentação de novas possibilidades. Para dar seguimento a essa idéia, naverdade temos também que ampliar nossa própria formação, desenvolvendonovas competências, ampliando nossa possibilidade de trabalhar com diferentesestratégias.

A animação cultural, enfim, é uma tecnologia educacional, é uma pro-posta de intervenção pedagógica baseada na idéia de mediação, que busca con-tribuir para um entendimento mais profundo dos diferentes sentidos e signifi-cados culturais. Nesse processo objetiva-se provocar questionamentos acercada ordem social estabelecida, contribuindo assim para a construção de umasociedade mais justa.

Acreditamos que o animador cultural pode contribuir para que os indiví-duos se sintam estimulados a buscar e a acessar os mais variados bens culturais,inclusive aqueles relacionados com a nossa tradição e nossa cultura popular, esti-mulando também a preservação da nossa memória social.

Roda de capoeira - Salvador - Bahia

ATIVIDADE 12

Agora tente listar entre as manifestações que você conhece, aquelas liga-das à cultura erudita, popular e de massas. Tente, também, classificarnessas categorias, os programas de televisão.

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Pensando a ação comunitária

A tarefa do profissional de lazer não é nada fácil, embora algumas vezes opareça. Além de ter que mediar atividades que respeitem o prazer e a escolha dosparticipantes, ainda deve educá-los num momento em que eles não se colocamexplicitamente disponíveis para tal. A ação pedagógica do profissional deve secaracterizar pelo talento e esforço para que exista uma “negociação” coerente, quedê margens para o surgimento e discussão de idéias e propostas.

É muito importante a busca da participação ativa de todos na composiçãodo programa de lazer, e para tal é fundamental que o profissional estabeleçaestratégias de mediação, intervindo no processo, fazendo com que a administra-ção do programa se dê em conjunto com a comunidade.

Para entendermos melhor essa possibilidade de atuação, vamos exemplifi-car a partir de uma proposta concreta elaborada e aplicada por um grupo deprofessores e estagiários da Universidade Federal do Rio de Janeiro, em parceriacom o Serviço Social do Comércio (Sesc) e 32 prefeituras de municípios doEstado do Rio de Janeiro, nos anos de 2003 e 2004.

PROPOSTA METODOLÓGICA PARA ELABORAÇÃO DE PROGRAMAS DE

LAZER A PARTIR DA IDÉIA DA AÇÃO COMUNITÁRIA DE LAZER

Inicialmente, a partir da elaboração de um manual para otimização de utiliza-ção de equipamentos de lazer, foi realizado um encontro para capacitação de re-presentantes (um representante da comunidade local e um da prefeitura) de 32municípios do Estado do Rio de Janeiro, na unidade do Sesc de Nogueira.

A idéia inicial era melhor aproveitar a utilização de quadras esportivas quehaviam sido construídas nesses municípios, estimulando as comunidades a ocupa-rem com qualidade esse equipamento, bem como se empenhando para que nãofossem destruídos em função da falta de utilização e do abandono.

Os passos e fases sugeridos na proposta metodológica a seguir, baseados nasexperiências do prof. Nélson Carvalho Marcellino (veja maiores informações nabibliografia), podem e devem sofrer adaptações conforme a realidade da comuni-dade envolvida. Apontaremos a seguir as referências que foram utilizadas e tam-bém adaptadas para cada comunidade de cada município. É fundamental enten-dermos que não encontraremos nunca receitas prontas: é necessário um olhar sen-sível para cada situação.

1o passo

Nesse primeiro passo o profissional de lazer busca conhecer a comunida-

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de em que vai se inserir. É fundamental:

* Compreender as características dos locais

Trata-se de tomar conhecimento tanto dos aspectos complicadores quan-to das potencialidades do local: grupos artísticos já formados, timesesportivos, descobrir outros espaços de lazer, outras iniciativas já de-senvolvidas em outros locais.

* Identificar as lideranças comunitárias

Trata-se de descobrir e contactar quem são as lideranças, tanto no nívelformal, como membros de associações de moradores, quanto informal,isto é, aqueles indivíduos que de alguma maneira são reconhecidos erespeitados no local.

* Convocar as lideranças para uma reunião ampliada

A reunião tem o objetivo de comunicar os intuitos de implantação deum programa de lazer em conjunto com a comunidade, buscando apoiodas lideranças e identificando possíveis colaboradores para a operacio-nalização e organização da estrutura do programa (um marceneiro paraelaboração de barraquinhas ou palcos, um eletricista para instalar equi-pamentos de som ou luz, um animador de festas para conduzir o even-to, uma pessoa que organize a parte de alimentação e exposições, etodos que também queiram ajudar).

2o passo

A equipe realiza uma capacitação de animadores culturais para os indi-víduos da própria comunidade. As discussões com as lideranças desta-cam a importância do lazer e suas possibilidades de atuação. Nesse mo-mento, além de estarmos nos aproximando das comunidades, conhe-cendo algumas peculiaridades de cada uma, delineamos em conjuntoobjetivos e estratégias para a realização do programa de lazer.

3o passo

O terceiro passo tem como meta organizar e realizar uma atividade deimpacto. Essa atividade tem o objetivo de marcar o início das ativida-des de lazer, chamando a atenção para os espaços das comunidadesque podem ser ocupados (quadras, ginásios, praças, parques), envol-vendo o maior número possível de pessoas. A atividade de impactodeve ser um grande evento que chame a atenção da comunidade parao espaço utilizado e as atividades programadas, ou seja, voltar a aten-ção das pessoas para o potencial de sua comunidade com relação àprodução cultural, possíveis atividades de lazer, formas de encontraras pessoas do próprio bairro, espaços que podem ser ocupados. Paraesse evento, devemos tentar ampliar a equipe, a partir da identificaçãoe do envolvimento dos parceiros antes citados.

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Em todas as etapas do projeto não podemos deixar de envolver a co-munidade. O profissional de lazer deve se empenhar para que a comu-nidade esteja ativa e participante.

É importante chamar a atenção para que esse evento seja apenas o estímu-lo para um envolvimento maior da população em relação ao seu bairro.

4o passo

O último passo da primeira fase é a avaliação do evento. O profissionalde lazer, junto às lideranças e aos novos integrantes da equipe (no diado primeiro evento sempre identificamos novos integrantes para aequipe), avaliam o processo e os resultados do evento dando continui-dade à coleta de informações para a continuidade do programa de lazer.

Essa primeira fase do programa é caracterizada pela tentativa de sensi-bilização da comunidade, pela integração dos esforços do profissionalde lazer junto à comunidade.

É um período em que identificamos além dos resultados que eramesperados e foram decorrentes do evento, também os que não eramesperados. Identificamos os novos movimentos na quadra esportivaem função do evento; se estão sendo realizados jogos, aulas de dança,etc. Enfim, novas discussões são estabelecidas com o objetivo de en-volver mais pessoas que possam ocupar o espaço, desenvolvendo aspotencialidades da comunidade.

Nessa fase buscamos dar maior autonomia de organização à equipe co-munitária, isto é, nosso intuito é que cada vez mais a comunidade seenvolva com a proposta. Descobrindo e revelando possíveis animado-res culturais da própria comunidade, incentivamos a programação denovos eventos e atividades que se realizem mais freqüentemente.

É importante identificar um grupo que se responsabilize por trazer pro-postas e as necessidades da comunidade, se envolvendo diretamente emsuas organizações.

O evento pode ser, por exemplo, a organização de umgrande “Dia de Lazer”, com atividades como campeo-natos, apresentações de grupos de dança, bailes, apre-sentação de bandas locais, aulas para todos os públicos,exposições de artistas locais, lanches.

Atuando em conjunto, comunidade e profissional de lazer dão prosse-

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Na nossa experiência, dentre os muitos desdobramentos que alcançamosno final de nossa atuação junto às comunidades podemos citar os mais signifi-cativos: observamos um número maior de comunidades mobilizadas ao redorda quadra esportiva; houve uma ampliação no número de pessoas envolvidasna condução e organização de atividades de lazer, que também se ampliaram ese diversificaram; em alguns municípios, espaços foram recuperados, pois aprefeitura começou a olhar os espaços da comunidade com mais cuidado. En-fim, esses são apenas alguns desdobramentos relacionados à comunidade, poispoderíamos escrever muitas páginas sobre os desdobramentos em relação àprópria equipe da UFRJ e do Sesc.

Enfim, para alcançarmos mudanças na comunidade em que atuamos, pormeio do desenvolvimento de um projeto no campo do esporte e lazer, é neces-sário num primeiro momento estabelecermos metas, para que as propostassejam lançadas de acordo com os objetivos que queremos alcançar.

Ao elaborarmos nossa programação em parceria com a comunidade, de-vemos estar atentos para a necessidade de diversificar as atividades, de formaque os mais diversos interesses e gostos sejam contemplados e assim então todospossam participar.

guimento ao programa, planejando, implementando, avaliando e reori-entando as atividades oferecidas. O objetivo central é sempre o debuscar a autonomia da comunidade. A ação dos profissionais deve serfundamentalmente de acompanhamento, mediação, consultoria e or-ganização conjunta. Essa é a natureza de sua intervenção.

Centro de Comunidade da Vila Floresta - Porto Alegre - Rio Grande do Sul - Foto: Ivo Gonçalves / PMPA

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Outra questão fundamental é a segurança do público

na realização das atividades. Observar se os pisos são

escorregadios, se existem buracos e desníveis nos locais

onde serão realizadas as atividades práticas e, sempre que

possível, contar com algum tipo de equipe médica no

local. No mínimo, temos que dispor de um bom material

de primeiros socorros e ter próximo alguém capaz de

ministrar os primeiros cuidados em caso de algum acidente.

Assim devemos considerar:

* Faixa etária - crianças, adolescentes, adultos e idosos

* Gênero - homens e mulheres

* Portadores de deficiências

* Grau de preparação e de aptidão para a realização do que for oferecido

Devemos tentar possibilitar também, através de uma mesma atividade, a in-tegração de públicos diferentes, promovendo assim a aproximação e a troca deexperiências e vivências que são próprias desses grupos. Para isso, o profissionalde lazer deve estar atento para não permitir qualquer manifestação de preconcei-to ou discriminação em relação às questões de faixa etária, raça, gênero, orienta-ção sexual, deficiência física, enfim, todos devem ter o direito de participar seja dapreparação, da execução ou da avaliação do programa de lazer.

Quando desejamos realizar determinada atividade e não dispomos do ma-terial ou do espaço necessário para aquele grupo específico, devemos procuraradaptar a situação, aproveitando outro tipo de material ou espaço. Por exemplo,alguns locais têm escadas que dificultam a locomoção de pessoas mais velhas ouportadores de deficiência. Nesse caso, poderíamos pensar na colocação derampas, que podem facilitar a mobilidade. Quando programamos jogos, pode-mos adaptar a altura de tabelas e bolas, se o público for de crianças. Enfim, aequipe deve estar atenta e sensível para tentar solucionar possíveis problemas naexecução do programa.

ATIVIDADE 13

Em grupos, vamos preparar uma simulação de projeto de ação comunitá-ria de lazer. Tentemos seguir todos os passos descritos. Tal projeto serádiscutido por todos, para que seja possível que todos deêm suas sugestões.

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Caracterização da ocupação

Bem, você que agora se inicia na profissão de agente comunitário pode estar seperguntando: mas que habilidades devo desenvolver para ser um bom profissional?Quais as características de um bom agente comunitário de esporte e lazer?

Obviamente não é possível traçar um “receituário” do que seja um profissi-onal adequado. Cada agente comunitário terá determinadas características, algu-mas inclusive de personalidade, que podem ou não favorecer o seu exercício pro-fissional. Além disso, há determinados traços que são comuns a qualquer profissão.Por exemplo: responsabilidade, bom senso, ética, respeito às diferenças são coisasque se esperam de qualquer um, em qualquer ocupação.

O que vamos apresentar aqui são algumas características básicas e específicaspara quem atua como agente comunitário, algo que deve ser sempre buscado poresses profissionais, detalhes e informações que não devemos perder de vista sedesejamos ser ainda melhores profissionais.

Comecemos pela própria formação que você está recebendo nesse momen-to. Você a julga suficiente? Pois saiba que não é. Estas informações são apenas oinício. Se em todo campo profissional é necessário que o profissional busque man-ter atualização constante, para os profissionais de esporte e lazer essa necessidadeé ainda maior. E veja bem, quando falamos isso não estamos somente nos referin-do à formação técnica, ou seja, teorias, novas referências, outras propostas, experi-ências recentes.

Isso cria um ambiente de coerência (afinal, se acreditamos que a cultura temum poder de promover mudanças a partir de uma perspectiva crítica e educacio-nal, nós também temos que nos submeter a esse processo) e nos apresenta diferen-tes estratégias para que possamos utilizar com nosso público-alvo. Quer uma dica?Leia muito, participe do máximo que puder, não se deixe acomodar.

Procure sempre entender as suas ferramentas de atuação, as manifestaçõesculturais, enquanto fenômenos sociais, que tem uma história, que estão relacio-nadas às tensões sociais e as contradições de nossa vida em sociedade. Amplieseu conhecimento sobre elas, estude, seja curioso, prove na sua própria pele adificuldade de observar e apreciar novas possibilidades.

Como nós profissionais de lazer trabalhamos diretamente com as

manifestações culturais, é necessário que também estejamos atentos ao

que de novo surge nesse campo. Assim, o profissional de lazer precisa

também cuidar de sua formação cultural, ir ao cinema, ir ao teatro, ler

bastante, ouvir música etc.

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Esta dica também tem relação com uma segunda necessidade: o profissio-nal de esporte e lazer deve exercitar constantemente a sua criatividade. Isso ajudaa tornar seus programas mais atrativos e a solucionar os problemas que por ven-tura podem surgir (e, acredite, surgirão) no contato que estabelecemos com acomunidade. Exercite a capacidade de inovar, criar e recriar em suas propostas.Pratique a capacidade de, ao dialogar com seu público, descobrir alternativaspara a composição de seu programa de intervenção.

Bem, já que você terá contato constante com comunidades, com pessoas,há duas outras habilidades que você deve buscar desenvolver: liderança e co-municação.

Liderar é conduzir equipes, coletivos, grupos, estimulando sua participa-ção crítica e o desenvolvimento de seu potencial criativo. Liderar não é deter-minar que as pessoas façam exatamente o que você quer, mas através do diálo-go constante saber o momento de respeitar os desejos de seu grupo, o momen-to de negociar algo diferente, bem como o momento em que você deve intervirde forma mais direta, de forma a garantir um avanço na sua proposta e/oumesmo preservar os envolvidos de uma situação perigosa.

O que desejamos é que nosso grupo desenvolva suas potencialidades,logo não podemos ser autoritários e não deixar aberto os canais para uma am-pla participação. Avaliar constantemente é umaboa dica. Se auto-avalie a todo momento, descon-fie, pense e convoque seu público a contigo per-ceber o que está bom, o que não está, o que preci-sa ser mantido, o que precisa ser alterado.

Tendo em vista essa necessidade, a questãoda comunicação passa a ser muito importante.Você vai trabalhar com gente e isso requer paciência e dispo-sição para contatos freqüentes. Você deverá exercitar a habilidadede negociar e comunicar cuidadosamente as coisas que deseja.

Além disso você provavelmente vai trabalhar e lidar com profis-sionais de diferentes áreas, o que significa que os pontos de vista sempre serãomuito diversos. Saber como tratar tais diferenças no sentido de construir umaproposta de qualidade é um enorme desafio do qual devemos ter clareza.

Certamente carisma, bom humor e bom-trato para com o outro não sãosuficientes, pois de nada essas coisas valem se você não tiver claros os seus obje-tivos. Mas também não são características que devemos esquecer, afinal ninguémespera ser recebido por um profissional de lazer mal humorado, chato, com pou-ca paciência, não é mesmo?

Percebeu que o tempo inteiro falamos de “grupos”. Pois bem, aí está outracaracterística importante: o profissional de esporte e lazer deve aprender a traba-lhar com um número ampliado de pessoas, deve entender os desafios de atuarsempre em conjunto com outras pessoas. Deve portanto exercitar a capacidade

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de saber se posicionar, mas também de ouvir o que o outro tem a dizer; de seposicionar criticamente com respeito e também escutar atenciosamente o que ooutro tem a falar. Ouvir e falar são duas partes que compõem um diálogo; por-tanto, nenhuma das duas deve ser esquecida.

A próxima dica vale para qualquer um: seja organizado. Estabeleça objeti-vos de curto, médio e longo prazo. Saiba onde quer chegar, mesmo que reconhe-ça que pode demorar um bom tempo para alcançar o que desejas. Não deixe deplanejar nunca, ainda que saiba que muitas vezes seu planejamento não sairá exa-tamente da maneira esperada, o que é normal na nossa prática cotidiana. Nãovamos confundir “flexibilidade” (todos nós devemos ter isso em mente) comdesorganização e/ou abandono de seus objetivos maiores.

Lá vai outra dica então! Planeje, prepare-se o melhor possível para cadaatividade e nunca deixe de avaliar, pois só esse momento lhe permitirá entendero que deu certo, o que não deu, o que precisa ser ajustado.

Por fim, não esqueça nunca que você é um educador e pode ocupar umaimportante função na comunidade em que está trabalhando. Lembre-se que asatividades de lazer não são um mero passatempo ou uma coisa menos impor-tante na vida das pessoas, mas para você é uma fértil possibilidade de promovermudanças na vida de cada indivíduo, no cotidiano da comunidade em que estásinserido.

Portanto, você precisará sempre exercitar seu senso crítico para com tudoque o cerca: a situação social, o público-alvo, a equipe que está atuando juntocontigo e consigo mesmo. Repito para que fique claro: não somos profissionaisde lazer para simplesmente passar o tempo das pessoas. Devemos estar atentos atudo que nos cerca durante todos os momentos.

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Onde trabalha o agentecomunitário de esporte e lazer

O campo de trabalho para o agente comunitário de esporte e lazer é cada vezmaior. Isso se deve ao fato de que, em função do lamentável avanço do número decomunidades de baixa renda em situação de risco social, crescem também o núme-ro de “projetos sociais” que, supostamente, pretendem contribuir para a melhoriada qualidade de vida da população.

Nesses projetos, muitas vezes o esporte e as manifestações culturais em geral sãoutilizados como um dos principais atrativos, ferramentas principais para promoção daintervenção. Mesmo que em muitos desses projetos se ofereça alguma forma de for-mação profissional, as atividades de lazer ocupam espaço de importância. Assim sen-do, aí encontra espaço de trabalho o profissional de esporte e lazer.

Apesar de ser um excelente campo de trabalho, o agente comunitário deesporte e lazer deve ter atenção às suas oportunidades profissionais. A verdade éque são muito diferentes as instituições, normalmente Organizações Não-Gover-namentais (Ongs), que oferecem e organizam estes “projetos sociais”. Algumassão bastante sérias e realmente demonstram preocupação denotada com a co-munidade em que estão inseridas. Outras já não apresentam tanto cuidado e aca-bam investindo mais nas atividades de manutenção de seu funcionamento do quena comunidade em si.

Além disso, devemos lembrar que nunca somente boas intenções são sufici-entes para o desenvolvimento de boas propostas. Os projetos a serem desenvolvi-dos devem contemplar boa articulação entre teoria e prática, visão estratégica,honestidade e um intuito político claro de não somente atenuar os problemas pe-los quais passa momentânea e pontualmente a comunidade, mas sim dar contribui-ções para a construção de uma nova sociedade, ainda que se trate isso de um obje-tivo de longo prazo.

Assim sendo, o agente comunitário de esporte e lazer não pode perder devista seus objetivos. Mais do que ser mero profissional que segue as normas estabe-lecidas pela coordenação dos projetos, deve estar pronto a dar sua contribuição naelaboração, reorientação e avaliação constante, a partir dos conhecimentos aquiapresentados.

Obviamente que esse processo de interferências nos rumos dos projetos deveser encaminhado com cuidado. Caso nos sintamos incomodados com os rumosdo projeto em que estamos envolvidos, devemos com habilidade comunicar nos-sos desconfortos e ir aos poucos apresentando nossas sugestões para que ajuste-mos as propostas implementadas. Lembre-se: habilidade política e de negociaçãoé sempre algo esperado do agente comunitário de esporte e lazer.

Certamente, nos dias de hoje, são as ONGs as maiores empregadoras de

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agentes comunitários de esporte e lazer, mas também cada vez mais organiza-ções governamentais aumentam a contratação desses profissionais (falamos desecretários de esporte e lazer dos municípios, estados e do âmbito federal). Issotem um motivo claro: finalmente percebe-se que a eficácia de um trabalho comu-nitário tem um de seus grandes trunfos na forma como se estabelece contatocom a população.

Aos poucos vemos ser abandonada uma perspectiva tradicional de açãocomunitária, quando quem vinha de fora oferecia o que pensava ser melhorpara a comunidade, sem que essa fosse consultada. Percebe-se que o sucessodesses projetos está também em conseguir envolver a comunidade em todas asfases, sabendo de seus desejos, suas expectativas, ao mesmo tempo em que sebusca problematizar tais pontos de vista. Assim sendo, cresce a consideraçãodo agente comunitário como profissional de importância para o sucesso daspropostas.

Então, o agente comunitário de esporte e lazer pode encontrar postos detrabalho nesses projetos governamentais. E aí o profissional deve também estaratento aos objetivos dos projetos. Assim como ocorre com as organizações não-governamentais, há órgãos públicos mais sérios e outros nem tanto. Algumas pro-postas estão efetivamente interessadas em beneficiar as comunidades; já outras sãopuramente eleitoreiras, implementadas próximas de eleições ou simplesmente des-tinadas a captar a popularidade das atividades de esporte e lazer.

Há ainda uma terceira possibilidade. Vocêsque estão fazendo este curso podem for-

mar equipes de trabalho e usar os co-nhecimentos obtidos para oferecer seusserviços. Aproveitem essa formaçãobásica, juntem-se de forma a potenci-alizar a característica de cada um, or-ganizem uma proposta e apresentem

um projeto de intervenção, seja para or-ganizações governamentais, seja para órgãos

públicos ou mesmo se transformem em grupo autô-nomo, que junto a outras instâncias da comunidade (como,

por exemplo, a associação de moradores) possam implemen-tar seu trabalho.

Mesmo que as comunidades de baixa renda sejam as opções prioritárias detrabalho deste profissional, ele não deve perder de vista outras possibilidades deatuação. Com os conhecimentos que possui pode trabalhar também em condo-mínios, em clubes, em colônias de férias, em manhãs de lazer, em qualquer outrolugar onde possa, de forma mais contínua, implementar sua atuação. Para tal,pode também considerar as possibilidades que falamos anteriormente: ou sercontratado ou organizar equipes para oferecer serviços.

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Obviamente que, nesses casos, nem sempre é possível seguir fielmente oque discutimos nessa ocupação. Na verdade, na prática quase nunca isso é possí-vel. O importante é você ter em vista essas informações como um modelo ideal,algo que vai buscar se aproximar ao máximo, já sabendo que cada local de traba-lho, cada espaço específico, vai exigir de você adaptações, muitas vezes certasconcessões e certamente bastante paciência.

O importante é que você não perca de vista seus objetivos educacionais epolíticos: esses sim devem nortear suas ações no decorrer do tempo, para oqual você vai traçar suas metas de curto, médio e longo prazo.

Programa Ribeira Azul - Estimula a atuação comunitária, preparando líderes e a comunidade como um todopara participar do planejamento comunitário - Salvador - Bahia

ATIVIDADE 14

Caminhe por sua localidade (bairro, região administrativa e se possívelcidade) e busque identificar onde você pode atuar como agente comuni-tário de esporte e lazer. Registre aqui suas impressões.

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O que chamamos de esporte

UM POUCO DE HISTÓRIA

Na defini-ção do surgimento doesporte, pode-se situar duas grandestendências. Na primeira delas, acredita-seque o esporte já existia na Antigüidade,sendo identificado em jogos que erampraticados por muitos povos. Assim, alguns estudiososdizem, por exemplo, que o futebol já era praticado poregípcios, chineses e italianos na Idade Média.

Já na outra tendência, procura-se entendê-lo como umfenômeno mais recente, que mesmo apresentando semelhan-ças técnicas com antigas práticas corporais, possui sentidose significados completamente diferenciados daqueles jogos“pré-esportivos”. Nesse sentido, o esporte é uma manifestação que surgiu nofinal do século XVIII, notadamente nas escolas inglesas, com o objetivo de mantera disciplina entre os jovens, de preparar novos líderes e posteriormente comouma eficaz maneira de obter lucros com a organização de eventos esportivos.

ATIVIDADE 15

Vamos usar o teatro para melhor entender a história do esporte?Seu professor fará uma dinâmica bem divertida com a turma!

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A despeito dessas diferenças de concepção, não há como negar que desdeaquele momento essa prática social apresenta características marcantes e obser-váveis até os dias de hoje:

a) uma organização em forma de clubes, federações, confederações e ou-tras entidades; antes os jogos não seguiam essa forma de organizaçãomais estruturada;

b) possui um calendário próprio, já não mais sendo praticada estritamentede acordo com outros tempos sociais; isto é, antigamente os jogos erampraticados relacionados a datas festivas, a cerimônias religiosas; a deter-minadas épocas do ano; hoje, os calendários esportivos independemdisto e, ao contrário, em determinadas competições, como é o caso deCopas do Mundo de Futebol, chegam a influenciar nos outros calendá-rios (já perceberam que quando há jogos do Brasil, o expediente de tra-balho acaba mais cedo?);

c) possui um corpo técnico especializado, cada vez maior, trabalhando emseu interior; não havia antes a figura do treinador, nem tampouco doatleta profissional; hoje além desses dois há um sem número de profissi-onais trabalhando no campo esportivo: psicólogos, preparadores físi-cos, nutricionistas, jornalistas especializados e até mesmo profissionaisque ensinam as práticas esportivas, como você, futuro monitor de es-porte e lazer;

d) gera um enorme mercado ao seu redor, que extrapola até mesmo o quea princípio poderia ser considerado específico da prática esportiva; jápercebeu quantos produtos são vendidos ao redor do esporte? Tênis,camisas, bonés, bolas, entre muitas outras coisas.

ESPORTE, JOGO E

ATIVIDADES FÍSICAS

É importante obser-var que no seu momentoinicial ainda não estava de-finitivamente estabelecidauma relação entre o espor-te e a atividade física. Nãopor acaso, em muitos paí-ses, inclusive no Brasil, o

turfe (corrida de cavalos) esteve entre os primeiros esportes a se organizarem.

O fortalecer da relação entre o esporte e o exercício físico se dá com oaumento das preocupações com o saneamento das cidades e com a saúde dapopulação, que se desenvolveram em muitos países devido a desdobramentosdo avanço da industrialização e da rápida urbanização. Como as cidades cresce-ram muito rapidamente, os problemas de saúde tornaram-se cada vez mais co-

Atividade física regular

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muns e isso interferia na produção e prejudicava os negócios.

Assim, era necessário estabelecer novos parâmetros de convivência que per-mitissem as nações rumarem em “direção ao progresso”. Nesse sentido, cada vezmais se fazem necessárias estratégias de controle corporal e de preparação de umcorpo saudável para a condução da nova perspectiva sócioeconômica.

O esporte passa então a também ser concebido como estratégia de forma-ção corporal; uma boa ferramenta para a preparação de corpos musculosos (quepassaram a ser considerados como padrões de “saúde”), bem como para a difu-são desse modelo, ao redor do qual seria gerado um verdadeiro estilo de vida.Supostamente os que tivessem mais músculos estariam mais preparados para tra-balhar, renderiam mais frutos para os donos das fábricas, inclusive porque seesperava que ficassem menos adoentados.

No Brasil, o esporte exemplar dessa mudança é o remo. No remo, já não émais um animal que corre, mas sim um homem que conduz o barco com seuspróprios braços. No turfe, o jóquei era fraco e pequeno (isso garantiria que ocavalo corresse mais rápido), enquanto no remo eram homens fortes e “saudá-veis”, constantemente retratados em posições que valorizassem seu físico.

A partir do remo, os esportes em geral foram aos poucos perdendo a ca-racterística de jogos de azar (uma influência do turfe) e ganhando cada vez maisum caráter de escola de virtudes e caráter. Sim, é verdade, no início, ao redor daspráticas esportivas havia as apostas e essas eram a parte do espetáculo mais apre-ciada. Não havia prática esportiva em que elas não existiam.

Mas o contexto de moralização dos esportes e da sociedade como um todoacabou por restringir esse costume. Além disso, algumas atividades populares passa-ram a ser proibidas em muitos países: não se podia mais, por exemplo, realizar brigasde galo (ainda que ilegalmente, lamentavelmente essa prática cruel ainda persista). Étão grande a mudança que muitos sequer consideram o turfe como um esporte, em-bora ele ainda hoje freqüente as páginas esportivas de jornais.

É importante perceber que desde o início da organização do “campo es-portivo” (pois estamos falando não de uma prática que se encerra em si, mas que,além de ter certa autonomia, tem influências para além de suas especificidades),estavam concebidas e implementadas estratégias de negócios.

As elites, responsáveis pela condução das competições, obtinham lucroscom as vendas de ingressos, com as apostas e loterias, com a venda de cavalos.Ao redor disso, ganhava-se dinheiro das mais diversas formas. Por exemplo, coma venda de material para a prática do turfe.

A imprensa também lucrava, ao vender espaços para a propaganda dosclubes e ao aumentar sua vendagem em dias próximos às competições. Com avinculação do esporte à “saúde” (uma relação equivocadamente direta que per-manece até os dias de hoje), muitos outros produtos passam a ser vendidos:tônicos, fortificantes, extratos.

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ESPORTE, SAÚDE, ESTILO DE VIDA, NEGÓCIOS

Depende de como o utilizamos em nossos programas. O grande problemado esporte é que tendemos a copiar a mesma estrutura do chamado “alto nível”(jogos olímpicos, competições internacionais, Copas do Mundo etc.) em outrosespaços. Veja, quando estamos trabalhando em comunidades, com crianças ejovens, não é necessário que supervalorizemos os resultados.

A questão é ver o esporte como uma possibilidade para educar. Como elepode ser por nós utilizado para estimular as pessoas a melhor viver, a buscar umamelhor qualidade de vida, a compreender as contradições de uma sociedade tãoinjusta quanto a nossa. Esse é o grande desafio do monitor de esporte e lazer: nãoreproduzir os métodos utilizados para grandes atletas, nem se limitar a somenteensinar um conjunto de técnicas e táticas, mas sim usar essas estratégias com finspolíticos claros, de superação desse modelo de sociedade. Daí que acreditamosna necessidade de uma boa formação para esse profissional.

Outra coisa que devemos entender é que cada vez mais o esporte é identifi-cado como uma “forma de viver”, a qual os “modernos” adotam. No vestuário,por exemplo, vemos surgir e se popularizar o paletó, o tênis, o short, todos pro-dutos decorrentes da prática esportiva. O esporte lança moda e influência a vidadas pessoas por todo o mundo. O mercado ao redor do campo não só faz usodas imagens esportivas para vender seus produtos, como também, nesse proces-so, ajuda a reforçar valores que nem sempre são os mais interessantes para ogrande conjunto da população.

Por certo, por tais características, o esporte também foi e continua sendoutilizado diversas vezes por regimes políticos e administrações governamentaiscomo forma de investimento para encaminhar suas propostas de intervençãosocial e fundamentalmente como forma de propaganda de uma suposta eficáciaadministrativa.

É importante perceber que, devido ao seu valor econômico e a sua adequa-ção aos novos valores culturais vigentes (dimensões que devem ser compreendidasde forma articulada), o esporte passa paulatinamente a ser uma das práticas cultu-rais mais difundidas no século XX. Sem sombra de dúvida, pode-se afirmar que é amanifestação que maior número de pessoas consegue mobilizar ao seu redor, ten-do grande interferência nos comportamentos, hábitos e costumes.

Não por acaso, ao final do século XX, o esporte é apontado pelos econo-mistas como um dos maiores produtos de negócios e assisti-se a rápida profissi-onalização de sua administração. Percebe-se o auge de um longo processo. Parase ter uma idéia de seu potencial, Rudolph Murdoch (e sua News Corp., empresado ramo do entretenimento) pagou US$ 4,4 bilhões para exibir os jogos da ligade futebol americano, e US$ 750 milhões para exibir os jogos da liga de beisebol.Além disso, tentou comprar o Machester United, tradicional clube de futebolinglês, por US$ 1,03 bilhão, só não concretizando o negócio por intervenção

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contrária do governo da Grã-Bretanha.

No Brasil, as indústrias de materiais esportivos movimentam, somente comas vendas, mais de R$ 8 bilhões. Somente no país, US$ 237 milhões foram gastoscom o marketing esportivo, uma quantia aliás considerada muito pequena pelosespecialistas, principalmente se comparada a outros países como os EstadosUnidos, a Alemanha e o Japão.

Enfim, o esporte não se trata, como nunca se tratou, de uma ingênua diver-são, mas sim de uma prática social poderosa, influente, que envolve emocionalmen-te um grande número de pessoas, e que hoje se apresenta definitivamente comouma eficaz forma de negócios, capaz de mexer com sonhos e difundir idéias, com-portamentos, atitudes.

Em linhas gerais, chamamos de marketing, o processo de planejamento e

execução de um conceito sobre um produto, de forma a privilegiar sua

divulgação ou seu uso em estratégias de difusões, tendo ou não fins

comerciais.

Assim, você futuro monitor de esporte e lazer, deve estar atento as diversascontradições que existem ao redor dessa fascinante prática cultural. Especializaçãoprecoce (o equívoco de acelerar a formação de atletas e, bus-ca de resultados entre indivíduos de faixas etárias mais no-vas), competitividade exacerbada (lembremos que os re-sultados não devem ser os principais motivos daprática esportiva), usos políticos, violência, arma-ções em resultados, desonestidade, tudo isso existeno campo esportivo, juntamente com outras coisas boas: com-panheirismo, amizade, sentido de grupo e coletividade, solidariedade.

Nada é garantido a princípio. O que vai determinar se o esporte pode ou nãoser uma boa ferramenta educacional é a qualidade de trabalho do monitor de esportee lazer (na verdade, de qualquer profissional da área). É a sua forma de trabalho quevai determinar o quanto o esporte pode ser útil para a vida de seu público-alvo, paraalém de ser um simples entretenimento, um simples passatempo.

ATIVIDADE 16

Utilizando jornais e revistas, vamos fazer cartazes, para discutir os princi-pais assuntos tratados, relativos ao esporte e a prática de atividadesfísicas.

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Alguns princípios básicos paraquem trabalha com esporte

INTRODUÇÃO

Agora que já sabe- mos o que é esporte, veremosalguns aspectos importan- tes a respeito do nosso cor-po e o que acontece com ele quando praticamos algumexercício ou alguma ativi- dade física em geral. Apren-deremos, de maneira bas- tante resumida, alguns prin-cípios do treinamento es- portivo, algumas proprieda-

des básicas de como funci- ona o nosso corpo e algunscuidados a serem tomados para a realização de exercí-cios físicos de maneira sau- dável e segura. Afinal, sejajogando futebol, nadando, correndo ou até mesmo ca-minhando, inúmeras altera- ções ocorrem quando o nos-so corpo é submetido ao esforço.

Devemos ressaltar que as informações aqui apresentadas não são suficien-tes para você treinar fisicamente uma equipe ou preparar um programa de condi-cionamento físico, até porque este não é o intuito do monitor de esporte e lazer.O que objetivamos é que você compreenda melhor alguns princípios para podergerenciar com segurança as atividades físicas, entre as quais as esportivas, quevocê utilizará cotidianamente em seu exercício profissional.

BENEFÍCIOS DA ATIVIDADE FÍSICA

Na realidade, muitos sistemas e órgãos corporais, senão quase todos, são colo-cados em situações diferentes das condições normais de repouso. Pulmões, rins, cé-rebro, glândulas, músculos e muitos outros órgãos passam a funcionar de maneirabastante diferente para que o nosso corpo produza, entre outras coisas, mais energiae, conseqüentemente, realize o esforço necessário para a atividade física que estamospraticando. Nosso coração, por exemplo, pode bater duas ou até três vezes maisrápido ao praticarmos um exercício de intensidade moderada a alta, enquanto que aquantidade de ar que entra e sai dos nossos pulmões pode aumentar mais de 15 vezes.Aliás, até mesmo antes de iniciarmos o exercício, nosso coração começa a bater maisrápido já se preparando para o que será exigido dele.

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Entretanto, é necessário que tenhamos uma série de cuidados para que aprática regular de exercícios possa ser segura e proporcione todos os benefíciospara saúde que a atividade física pode trazer. Mas, ao contrário do que pode-mos imaginar, tais cuidados não se restringem somente ao momento da práticaem si, mas também ao momento anterior e até mesmo posterior ao exercício.

FASES DE UMA SESSÃO DE ATIVIDADES FÍSICAS

Embora esta divisão seja meramente didática, ela nos ajudará a melhorconceber e preparar um programa esportivo e de atividade física. A fase prece-dente ao exercício, por exemplo, é o momento no qual planejamos e organiza-mos a atividade (que pode também ser chamada de parte “teórica” do exercício).

Já a fase de execução é a etapa na qual o exercício é realizado, comumentedenominada de parte “prática”. É nesta fase que colocaremos em teste o que foiconcebido e planejado na fase precedente. Ao contrário do que pode parecer,

São essas mudanças e adaptações no nosso corpo que fazem com que aatividade física tenha inúmeros benefícios à saúde e à qualidade de vida. Quan-do adequadamente utilizados, os exercícios podem trazer benefícios ao sistemarespiratório, circulatório, imunológico, digestivo, metabólico entre outros.

Veja no quadro abaixo alguns exemplos de benefícios à saúde que a ativida-de física pode proporcionar:

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esta fase não se limita simplesmente à realização do esporte em si, como jogarapenas futebol, por exemplo, mas pode englobar uma série de atividades com-plementares e até mais importantes do que o jogo em si, dependendo da ênfaseque queremos dar aos diversos componentes que influenciam o condicionamen-to físico e o desempenho desportivo.

E por último, mas não menos importante, a fase de avaliação e recuperaçãona qual re-avaliaremos a fase precedente confrontando-a com aquilo que aconte-ceu na fase de execução, a fim de identificar o que funcionou bem e o que deuerrado a partir do que foi planejado. Ou seja, fazemos uma “síntese” entre “teo-ria” (fase precedente) e “prática” (fase de execução). É nesta fase que recupera-mos o nosso organismo e nos preparamos para uma nova sessão de exercícios.

Vamos então aprofundar mais um pouco o nosso conhecimento a respei-to dos procedimentos, métodos e cuidados em cada fase. Afinal, o alcance denossos objetivos depende da compreensão e do entendimento de tais etapas eda relação existente entre elas.

FASE PRECEDENTE

Para melhor planejarmos as nossas atividades esportivas ou até mesmoos exercícios físicos em geral é necessário conhecermos alguns princípi-os que se referem às mudanças e à capacidade de adaptação dos nossoscorpos. De certa forma, tais princípios se aplicam a diversos compo-nentes do desempenho e do condicionamento físico, como força, resis-tência muscular, flexibilidade, resistência cardiorrespiratória, entre ou-tros. Vejamos agora alguns destes princípios:

Como o próprio nome já diz, o princípio da sobrecarga se refere aofato de que para que se tenha melhora do condicionamento físico é

a.1) Princípio da Sobrecarga

Princípios básicos do treinamento desportivoa)

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necessário que se aumente a “carga” a que o aluno está acostumado.Em outras palavras, se realizarmos exercícios considerados “fáceis”,aos quais o nosso corpo já está adaptado, estes exercícios não induzi-rão a uma adaptação adicional ao treinamento e, conseqüentemente,não melhorarão nosso desempenho e condicionamento físico. Assim,o efeito do treinamento só será alcançado se nos exercitarmos em umnível acima do qual estamos acostumados.

A sobrecarga pode ser expressa em termos de volume, intensidade efreqüência do treinamento. O volume, ou seja, a quantidade de traba-lho realizado, pode ser descrito, por exemplo, em termos de duração,distância, número de repetições e até em quantidade de quilocaloriasgastas no treinamento. A intensidade, por sua vez, pode ser caracteri-zada, entre outras coisas, pela velocidade média (ritmo) ou pela varia-ção do peso levantado em uma mesma velocidade. Já a freqüência podeenglobar o número de sessões de treinamento por semana ou o núme-ro de sessões por dia.

Vejamos um exemplo: se você correr três vezes por semana a mesmadistância a 10km/h, o seu organismo vai se adaptar a esse esforço e oque poderia ser difícil nas primeiras semanas se tornará bastante fácilao longo de dois meses. Isto não quer dizer que não houve benefícios,mas se você permanecer realizando este mesmo exercício, você nãoconseguirá melhorar ainda mais o seu desempenho e sua condição físi-ca. Deve-se, então, aumentar a “sobrecarga”, que pode ser expressapelo aumento da distância, da velocidade, da freqüência ou pelas di-versas combinações possíveis entre estas variáveis.

Lembre-se que mudanças simples podem alterar a sobrecarga. Umaleve inclinação, por exemplo, ou uma mudança na posição de umpeso, podem aumentar muito a intensidade do exercício.

Mas cuidado! O que pode ser considerado “fácil” para uma

pessoa, pode ser extremamente difícil para outra. Ao elaborar

um programa de exercícios, devemos levar em conta a idade,

sexo, nível de condicionamento físico, experiência esportiva,

objetivos pessoais (a curto, médio e longo prazo) entre outros

fatores, para que o programa seja compatível com a capacida-

de de cada aluno. Além disso, as adaptações não ocorrem

rapidamente, de uma hora para outra. Elas demandam tempo.

Existem limites para a capacidade adaptativa do corpo humano. Quan-do excedidos, tais limites podem representar não apenas uma estagna-ção ou piora da condição física, mas um risco para a saúde, sendomais perigosos do que um treinamento deficiente. Há, inclusive, um

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a.2) Princípio da Reversibilidade

Diretamente relacionado ao princípio da sobrecarga, o princípio dareversibilidade indica que quando há interrupção parcial ou total daatividade física os ganhos adquiridos com o treinamento são rapida-mente perdidos. Ou seja, a melhoria do condicionamento físico con-seguida ao longo dos treinos é transitória quando a sobrecarga é re-movida. Os benefícios adquiridos são, assim, reversíveis.

Neste sentido, se eu, por exemplo, estou acostumado a jogar bas-quete três vezes na semana e passo a praticá-lo uma vez por mês,certamente haverá decréscimos em minhas habilidades motoras, emminha resistência muscular e em outros fatores do meu condiciona-mento físico. A mesma coisa ocorre quando imobilizamos algumaparte do nosso corpo por um longo período. Você já reparou a dife-rença entre os nossos braços ou dos nossos amigos quando, por exem-plo, o gesso é removido? Então, isso acontece porque os músculosnão foram estimulados, perdendo massa muscular.

Não podemos esquecer, entretanto, que a sobrecarga do exercício de-pende do volume, da intensidade e da freqüência do exercício. Assim,qualquer redução em uma dessas variáveis por um longo período detempo resultará em perdas no condicionamento físico. Por outro lado,temos que ter cuidado com o treinamento excessivo (assunto que seráabordado com mais ênfase na fase de avaliação e recuperação).

a.3) Princípio da Especificidade

De maneira simples, podemos explicar o princípio da especificidade daseguinte maneira: um exercício específico terá efeitos específicos em nossoorganismo. Isto significa que nosso corpo se adapta especificamente aoque lhe é demandado.

Peguemos um exemplo: se um corredor deixa de treinar corrida e passaa nadar apenas, seu rendimento na corrida, com o tempo, será reduzido.Mesmo que a natação atue sobre a resistência cardiovascular, há inúme-ros fatores diferentes, como os músculos trabalhados e a amplitude domovimento, que impedem que haja transferência entre o desempenhoadquirido na natação e o desempenho na corrida. Assim, não há nadaque garanta que um bom esportista em uma determinada modalidadeseja bom em outra.

ditado que diz que “fazer menos é melhor do que fazer demais”.

Assim, o aumento dos componentes da sobrecarga – volume, intensidadee freqüência - deve ser gradual e lento, não sendo recomendável mudançasmuito altas em um curto espaço de tempo. Ao abordarmos a fase derecuperação e avaliação falaremos um pouco mais a este respeito.

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O princípio da especificidade indica, portanto, que o treino para umdeterminado esporte – quando não envolve a prática em si da modali-dade específica – deve se aproximar dos movimentos, habilidades e re-quisitos da própria modalidade.

Neste sentido, pode-se, por exemplo, executar movimentos similares aum chute ou a uma braçada na sala de musculação para que haja aumen-to do rendimento esportivo no campo e na piscina respectivamente. Noentanto, nada impede que haja combinações entre modalidades esportivase exercícios diferentes. Na verdade, a prática de outros esportes e de ou-tros exercícios pode exercer influência positiva tanto na recuperação comono estado emocional e psicológico do praticante.

Para planejarmos a nossa sessão de treinamento, além de sabermos osprincípios do treinamento desportivo, é também necessário que saiba-mos avaliar o condicionamento físico dos nossos alunos e prescrevero exercício adequado ao perfil, aos interesses e às necessidades deles.De maneira geral, o condicionamento físico e o desempenho esporti-

Aspectos avaliativos e prescritivos gerais para o condicionamen-to físico

b)

vo envolve diversos componentes, como por exemplo:

* força e potência muscular;

* flexibilidade;

* resistência cardiorrespiratória;

* resistência muscular localizada, entre outros.

Dificilmente estes componentes aparecem isolados. Quando praticamosum esporte ou uma atividade física tais componentes são integrados eassociados em graus variados, podendo haver predominância de um oumais destes componentes. Em provas olímpicas, por exemplo, uma cor-redora de 100m ou um nadador de 50m em estilo livre precisará muitomais de força e potência muscular do que uma corredora de maratona(42,195km) ou um nadador de 1500m. Já as atletas de ginástica olímpicanecessitam integrar flexibilidade, força, potência e resistência muscular eoutros componentes que afetam o desempenho, como a coordenação eo equilíbrio.

Por outro lado, em um bom programa de exercícios relacionado à saúde eà qualidade de vida é desejável que sejam trabalhados os diversos compo-nentes do condicionamento, levando-se em consideração o perfil e os inte-resses de nossos alunos. Para os idosos, por exemplo, um programa ade-quado voltado para a saúde e para a qualidade de vida deverá ter comoobjetivo a associação de diversos desses componentes, bem como ativi-dades divertidas que favoreçam a formação de grupos sociais. Teremos

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ZER b.1) Anamnese e informações gerais

A anamnese é um método simples para conhecer um pouco melhor onosso aluno. Trata-se, na verdade, de um questionário, no qual traça-mos um pequeno histórico do aluno. Perguntamos se ele já praticouou pratica algum esporte ou atividade física, a freqüência e a duraçãodessa prática, seus hábitos e seu estilo de vida (se fuma ou usa bebidasalcoólicas, por exemplo), qual a disponibilidade por semana para sededicar às atividades físicas e desportivas e se recebe ou já recebeualgum cuidado médico especial (como por exemplo, se toma algummedicamento, se possui dor de cabeça constante, pressão alta, doresno peito, cãibras nas pernas, dor em alguma parte do corpo, articula-ções inchadas, dificuldade ao respirar, alergia, se já sofreu alguma ci-rurgia). Nesta etapa, deve-se avaliar os diversos fatores de riscos que oaluno pode apresentar.

Um dos instrumentos para avaliar se a atividade física pode represen-tar um risco (na verdade, sempre é bom a procura de aconselhamentomédico antes de praticar qualquer atividade), se chama PAR-Q (Physi-cal Activity Readiness Questionnaire, ou traduzido, Questionário dograu de preparação para a atividade física). Trata-se de um questioná-rio bastante simples, desenvolvido pelo British Columbia Ministry ofHealth, no qual basta responder sim ou não às perguntas enunciadas,como mostrado no quadro a seguir. Aproveite e preencha você mes-mo o PAR-Q.

Além disso, é fundamental que se identifique as necessidades e os objeti-vos que o aluno pretende alcançar. No entanto, estes devem ser realistase não ultrapassar a capacidade de realizá-los. O sucesso do programadependerá muito disso. Em muitos casos, há um exagero quando traça-mos os objetivos ou as necessidades, não se adequando ao perfil ou aoestilo de vida do aluno, o que o afasta do programa. Na verdade, trata-se de um processo de “negociação” entre o aluno e o monitor. A relaçãoentre monitor e aluno deve ser de aprendizagem mútua, sempre respei-

que propor, além disso, exercícios que se aproximem das necessidadesque os idosos possuem no seu dia-a-dia (lembrem-se do princípio daespecificidade). Um exemplo é a dificuldade que muitos idosos têm nasua locomoção, como no caso de levantar, sentar e manter o equilíbrio.A idéia é que o programa vise à melhora da autonomia e da qualidade devida do idoso.

Para cada variável do condicionamento físico e do desempenho esporti-vo, existe uma infinidade de métodos que podem ser utilizados comoinstrumentos para avaliar a condição atual do nosso aluno. Apresentare-mos a seguir alguns deles.

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QUESTIONÁRIO PAR-Q

tando o princípio norteador de qualquer programa de exercícios: nãoser prejudicial à saúde.

É necessário saber como, quando e por onde começar, de maneira aestabelecerem juntos, monitor e aluno, os objetivos a curto, a médio e alongo prazo. Pode-se perguntar: o que o aluno pretende com a práticaregular de exercícios? Por que ele pretende fazer isso? Para se sentir me-lhor? Para se apresentar melhor e ficar com uma aparência mais bonita?Tornar-se mais saudável? Ou melhorar seu desempenho em uma ativi-dade esportiva específica? Afinal, os objetivos e as necessidades do alu-no, determinará o tipo de programa a ser planejado.

Basicamente, estes podem ser de dois tipos diferentes: programas detreinamento e programas de condicionamento - cada um representan-do objetivos, métodos e exigências diferentes. Certamente, uma pes-soa idosa que possui problemas de mobilidade e de excesso de tecidoadiposo (“gordura”) deve ter um programa bastante diferente de umjovem corredor de 20 anos que quer correr uma milha (aproximada-mente 1,6km) abaixo de 4 minutos.

No programa de exercício de treinamento, o objetivo principal estárelacionado à melhora do desempenho esportivo, enquanto que o trei-namento para o condicionamento, os objetivos envolvem a melhorada qualidade de vida e da saúde (como a perda de peso e uma maiorflexibilidade).

Mas como já dissemos, um bom programa de exercícios deve envol-

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b.2) Frequência Cardíaca

Quando praticamos um esporte ou uma atividade física qualquer, nos-so coração começa a bater mais rápido e mais forte. Isto acontece,entre outras coisas, por causa do aumento da demanda de oxigêniopelos nossos músculos. Ou seja, ao nos exercitarmos nossos músculosnecessitam de maiores quantidades de oxigênio para produzir maisenergia e, por conseguinte, realizar o exercício. Em função disto, estademanda por oxigênio pode aumentar cerca de 15 a 20 vezes em umexercício intenso, fazendo com que cerca de 80% da quantidade desangue bombeada pelo nosso coração por minuto seja destinada aosmúsculos em contração (normalmente em repouso, esse percentualvaria entre 15 a 20%).

Por sua vez, em exercícios muito intensos, a oferta de oxigênio podeser insuficiente o que diminuirá a nossa capacidade de manter o exer-cício por um tempo mais prolongado. Um lutador de judô, por exem-plo, dificilmente conseguirá manter a mesma potência de seus golpesdurante muito tempo ininterruptamente, sem que haja interrupçõesou intervalos durante as lutas. A mesma coisa acontece com os cor-redores. Atualmente, um corredor de 100m de nível olímpico conse-gue manter uma velocidade média maior que 36km/h. Se o mesmoatleta tentasse correr uma prova de 5000m, dificilmente ele conse-guiria atingir uma velocidade média de 22km/h.

Neste sentido, uma das formas para verificarmos o esforço a que esta-

ver o condicionamento de diversas variáveis, ou seja, um condiciona-mento integral que inclua atividades que melhorem a flexibilidade, aforça e a resistência muscular, o sistema cardiorrespiratório, entre ou-tros. Veja o esquema abaixo:

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Para medirmos nossa FC de repouso é recomendado que estejamosdeitados e bastante calmos e relaxados (normalmente, é indicado queverifiquemos a nossa FC de repouso logo quando acordamos, antes delevantar da cama). Em repouso, a FC na maior parte das pessoas variaentre 60 e 80 bpm. Entretanto, as freqüências cardíacas variam muitode pessoa para pessoa. Dependem de algumas variáveis como estadoemocional, altura, hábitos e estilo de vida, idade, sexo e condiciona-mento físico. Em muitos atletas, pode-se encontrar até mesmo a FC derepouso de 30 bpm. A explicação para isso é que conforme melhora-mos o nosso condicionamento físico, nosso coração fica mais forte eprecisa bater menos vezes para enviar a mesma quantidade de sangue

mos nos submetendo é através da freqüência cardíaca (FC), que é ge-ralmente expressa em número de batimentos por minuto (bpm). As-sim, a freqüência cardíaca “reflete” a intensidade do exercício, sendoum indicador do trabalho que o nosso coração está exercendo.

Um dos métodos para verificar a freqüência cardíaca consiste em apal-par manualmente (geralmente com os dedos indicador e médio) a ar-téria radial que se localiza no pulso ou a artéria carótida no pescoço.Este é um método que requer bastante treino e sensibilidade. Lembre-se que não é necessário apertar demasiadamente as artérias para sentira pulsação. Na verdade, basta com um leve toque para que você asidentifique. O mais difícil mesmo é identificá-las. Em algumas ativida-des, como lutas e esportes aquáticos, você terá maior dificuldade emmensurar a FC.

Experimente verificar agora mesmo a sua pulsação. Conte quantas pul-sações são realizadas em 60 segundos. Pronto! Você já saberá quantosbatimentos por minuto o seu coração está realizando. Para tornar esteprocedimento mais rápido e simples, ao invés de contar as pulsaçõesdurante 60 segundos, você poderá contar as pulsações em, por exemplo,6, 10, 15, 20 ou 30, bastando multiplicá-las por 10, 6, 4, 2, respectiva-mente. A princípio, quanto maior o tempo de contagem, mais preciso éa verificação (uma outra forma de verificar a FC é através de monitoresque, embora facilitem a verificação da FC e são mais precisos que averificação manual, são geralmente bastante caros). Experimente verifi-car de novo a sua FC, preenchendo o quadro abaixo:

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Se você, por exemplo, tiver 20 anos, a sua FC máxima provável seráde 200 bpm. Ou seja, o número máximo de contrações por minutoque o seu coração poderá atingir será de 200. Cuidado! Lembramosque esta fórmula não deve ser utilizada com crianças e que podehaver variações de até 12 bpm.

Com a FC máxima já calculada, vamos agora calcular as zonas-alvodo nosso treinamento. Elas podem ser dividas em 5 zonas, cada umarepresentando um grau diferente de intensidade: Zona de AtividadeModerada, Zona de Controle de Peso, Zona Aeróbica, Zona do Li-miar Anaeróbico e Zona de Esforço Máximo. Cada uma delas repre-senta cinco níveis de intensidade que são determinados através deum cálculo a partir da FC máxima. A zona de atividade moderada,por exemplo, representa 50 a 60% da FC máxima. Para calcularmosa zona-alvo de uma pessoa de 20 anos, como no exemplo utilizadoacima, basta multiplicarmos 200 por 0.5, que é igual a 100, e 200 por0.6, que é igual a 120. Assim, a FC de uma pessoa de 20 anos devepermanecer entre 100 e 120 bpm para que ela faça uma atividade deintensidade moderada. Veja abaixo as diferentes zonas-alvo e os per-centuais da FC Máxima que elas representam:

para as diversas partes do nosso corpo. Ou seja, o nosso coração ficamais eficiente! É por isso que acompanhar a FC de repouso ao longodo treinamento é fundamental para avaliarmos o progresso do nossocondicionamento físico. No entanto, não há uma regra muito clara queestabeleça de quanto em quanto tempo é recomendado verificar a FCde repouso, que pode variar entre 2 a 4 meses.

Como dissemos anteriormente, existe uma relação entre o aumento danossa freqüência cardíaca e a intensidade do exercício. Neste sentido, épossível planejarmos o nosso treinamento a partir do estabelecimentode um intervalo de FC (também chamado de “zona-alvo” ou “freqüên-cia cardíaca alvo”) que indicará a intensidade necessária para alcançar-mos os nossos objetivos com o exercício.

Para calcularmos a zona alvo de treinamento é necessário, antes de tudo,calcularmos a nossa FC máxima (que é o número máximo de batimentosque o nosso coração pode atingir). Embora exista uma grande variedadede fórmulas e métodos para calcularmos a nossa FC máxima, uma bas-tante empregada (inclusive, recomendada pelo American College of SportsMedicine; traduzindo Colégio Americano de Medicina Esportiva) e tam-bém de fácil utilização é expressa na seguinte fórmula:

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Como dissemos, cada zona-alvo representa um nível de intensidade di-ferente e, conseqüentemente, as diferentes exigências do nosso corpo.Lembre-se dos princípios do treinamento e dos cuidados necessáriospara que a atividade física proporcione benefícios à saúde. Recomenda-se, por exemplo, que iniciantes e pessoas que estão sedentárias há muitotempo comecem pela zona-alvo mais baixa. Além disso, a zona de esfor-ço máximo só deve ser utilizada por atletas ou aqueles que estão emótimas condições físicas e, mesmo assim, devem ser sempre alternadascom sessões e atividades leves. Por outro lado, pode-se combinar namesma sessão diferentes zonas-alvo. Posso, por exemplo, começar em

Tente agora calcular as suas zonas-alvo. Primeiro, calcule a sua FCMáxima:

Agora calcule os diferentes limites de cada zona-alvo, multiplicando asua FC Máxima pelos diferentes percentuais:

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FASE DE EXECUÇÃO

Antes de começar a fase de execução propriamente dita, alguns cuidados,além daqueles apresentados nas fases anteriores, devem ser tomados para ga-rantir uma prática segura, saudável e confortável. Veja aqui alguns exemplos:

Hidrate-se antes, durante e depois da atividade física. Beba água sempreque possível, pois a taxa de transpiração aumenta com a intensidade doexercício. Lembre-se de não se basear apenas na sensação de sede parahidratar-se. A desidratação pode diminuir o volume de sangue ejetadopelo coração, aumentando a freqüência cardíaca;

Ao praticar atividades em ambientes externos use protetor solar;

Use vestimentas de acordo com a atividade, com o ambiente e com omeio escolhido. Em ambientes quentes e úmidos, por exemplo, useroupas leves e claras e que não dificultem a evaporação do suor. Já algu-

uma zona de atividade moderada e depois variar entre duas outras zo-nas, uma mais intensa e outra menos.

Mas como começar? E quanto é necessário para obter algum benefíciopara a saúde? Geralmente, recomenda-se a realização de exercícios por,no mínimo, 30 minutos ao dia, de 3 a 5 vezes por semana, de atividademoderada. No entanto, deve-se iniciar em um nível que seja confortável,mesmo que este não alcance a zona de atividade moderada ou que nãoatinja os 30 minutos recomendados ou que apenas consiga fazer 3 vezespor semana. Neste caso, pode-se até dividir a sessão diária em 3 sessõesde 10 minutos. Gradualmente, aumente o tempo de duração e o númerode dias de exercícios. Um exercício relativamente seguro para a maiorparte das pessoas e de fácil acesso (já que quase nenhum requisito ouequipamento é necessário) é a caminhada. Só posteriormente, quandose consegue realizar a atividade confortavelmente durante um longo tem-po, é que se deve pensar em exercícios com uma intensidade razoavel-mente mais intensa.

Vamos passar agora para a próxima etapa da nossa sessão de exercícios.

ATIVIDADE 17

Seu professor realizará, com a turma, uma atividade para verificr se vocêentendeu bem esse conteúdo. Aproveite para tirar todas as suas dúvidas.

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mas atividades, dependendo do solo, exigem calçados com uma maiorabsorção de impacto;

Respeite os seus limites;

Não use equipamentos e acessórios novos. Teste-os e acostume seu cor-po a eles. Tênis, shorts ou quimonos novos, por exemplo, podem causarbolhas, assaduras entre outras coisas.

a) Aquecimento

Antes da atividade em si ou do exercício principal, um conjunto de exer-cícios preliminares de baixa intensidade e de alongamento - tambémchamados de exercícios de aquecimento; são recomendados para me-lhorar a passagem do estado de repouso para o exercício ou desporto.Um aquecimento adequado antes de qualquer atividade física é impor-tante para garantir uma sessão de exercícios segura e efetiva. Busca-se aolongo do aquecimento um aumento gradativo da atividade até que aintensidade adequada seja alcançada. Afinal, o aquecimento é capaz,entre outras coisas, de:

* Aumentar a temperatura corporal

* Aumentar a capacidade de extensão muscular

* Reduzir a possibilidade de lesões;

* Aumentar o fluxo sanguíneo e, conseqüentemente, de disponibilidade de oxigênio para os músculos;

* Aumentar as reações metabólicas, melhorando a eficiência energética necessária à realização do exercício; e

* Melhorar o desempenho.

Normalmente, para um aquecimento adequado, sugere-se que sejamfeitas as seguintes etapas: (1) Aquecimento Geral; (2) Alongamento; e(3) Aquecimento Específico.

a.1) Aquecimento Geral

Os exercícios de aquecimento devem começar com algumas atividadesde baixa a moderada intensidade. A idéia é que o aquecimento aumentelevemente a freqüência cardíaca. Pode-se, por exemplo, começar comuma caminhada de 5 minutos ou até com alguns poucos movimentosespecíficos da própria atividade, desde que estes não sejam intensos edesgastantes.

a.2) Alongamento

Após os exercícios de aquecimento geral, recomenda-se a realização dealguns exercícios de alongamento (embora, você possa realizá-los tam-bém em outros momentos fora da sessão de treinamento). Devem seralongados, não apenas os músculos específicos que serão usados na ati-

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vidade ou esporte em si, mas também os grandes grupamentos muscu-lares. Ou seja, se você corre, por exemplo, é indicado que você, nãoalongue apenas as pernas e a região anterior e posterior da coxa, mastambém a musculatura das costas, dos braços e dos ombros entre ou-tras. Em muitas atividades, sobretudo naquelas que envolvem força epotência, é imprescindível que se tenha atenção redobrada com os exer-cícios de alongamento.

Lembre-se sempre que o alongamento deve ser realizado de forma lentae suave, sem dor. Evite realizá-lo apressadamente, ao chegar à posição,mantenha-a por 20 a 30 segundos. Cada posição pode ser repetida 2 ou 3vezes. É contra-indicada a realização de exercícios de alongamento deforma balística, balançado o corpo com movimentos violentos e abrup-tos. Este tipo de alongamento tem um grande índice de lesão. Veja abaixoalguns exemplos de exercícios de alongamento tanto para os membrosinferiores como superiores:

Músculos da Panturrilha Músculos Anteriores da Coxa e do Quadril

Músculos Posteriores da Coxa Músculos Posteriores do Braço edo Ombro

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Músculos Laterais do Tronco eMusculatura do Antebraço

Músculos Laterais do Corpo

Músculos da Virilha e Parte Interna da Coxa Músculos Posteriores da Coxa, Inferioresdas Costas e Glúteos

Músculos Peitorais e Anterioresdo Ombro

Músculos Posteriores do Ombro

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Músculos Laterais Pescoço Músculos Extensores das Costas

a.3) Aquecimento Específico

Na fase final do aquecimento é indicada a realização de exercíciosespecíficos para a atividade ou esporte que será realizado, sempre deforma gradual e lenta. O aquecimento específico pode levar de 5 a 10minutos, mas se a atividade ou esporte for muito intenso, pode-se au-mentar o tempo do aquecimento específico.

Se a atividade a ser realizada é corrida, deve-se começar com uma levecorrida, aumentando-se a intensidade gradualmente. No caso do fute-bol de campo, pode-se realizar desde uma corrida, com alguns peque-nos piques de 15 a 20 metros, até a realização de alguns fundamentosbásicos de futebol como chute, passe entre outros. A intenção é que oseu corpo – após ser alongado e aquecido - esteja preparado suficien-temente para a atividade ou esporte.

b) Atividade Física Formal ou Esporte

Estando devidamente aquecido e alongado, a atividade física ou o es-porte já pode ser iniciado. Nesta etapa, será executado o que foi plane-jado na fase precedente. De acordo com os objetivos e, por conse-guinte, com o tipo de programa escolhido (programa de treinamentoou programa de condicionamento), pode-se dar ênfases diferentes aosdiversos componentes do condicionamento integral. Para cada um deles,existe uma infinidade de tipos, métodos e sistemas de treinamento.

Pode-se, por exemplo, em sessões, cuja intenção é aumentar a eficiênciado sistema cardiorrespiratório em receber e transportar oxigênio para osmúsculos ativos e a capacidade deles o utilizarem para produzir energia,realizar treinos intervalados (que envolve períodos de exercícios comintensidade razoável, intercalados por períodos de intensidade mais bai-xa), treinos contínuos com alta intensidade e treinos em ritmos lentoscom longas distâncias.

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Mas esta etapa não se resume a fazer exatamente o que foi planejado.Afinal, é nesta fase que são obtidas as informações para a próxima fasede reavaliação e recuperação. É necessário que o praticante “sinta” e“escute” o seu corpo e o monitor esportivo tenha a sensibilidade neces-sária para perceber o que está funcionando bem e o que está funcionan-do mal. Caso seja necessário, os primeiros ajustes no que foi planejado jádevem ser realizados. Pode-se, por exemplo, aumentar ou diminuir aduração, a distância ou a velocidade. E até mesmo, dependendo do caso,mudar a modalidade da atividade ou suspendê-la.

Trata-se, então, de uma etapa fundamental para todo o processo do pro-grama, não apenas por conter a atividade formal, mas também por defi-nir a continuidade e o desencadeamento da próxima fase.

c) Resfriamento ou “Volta à Calma”

Ao terminar o exercício, não se deve parar de fazê-lo simplesmente. Oresfriamento ou a “volta à calma” é tão importante quanto o aquecimen-to. Mas ao contrário deste, o resfriamento deve gradualmente diminuir aintensidade da atividade, para que haja retorno gradativo da freqüênciacardíaca e da respiração a níveis próximos do de repouso.

Além disso, esta etapa é fundamental por ajudar a diminuir alguns produ-tos finais (como, o ácido lático) causadores da fadiga muscular, resultandoem uma recuperação mais rápida do que o repouso imediato após o exer-cício. Assim, permanecer ativo após o exercício é um importante compo-nente do resfriamento, que deve durar de 5 a 10 minutos, sendo seguidode uma nova etapa de exercícios de alongamento. Veremos agora a últimaetapa da nossa sessão de exercício.

FASE DE AVALIAÇÃO E RECUPERAÇÃO

Como dissemos no início deste capítulo, esta fase envolve a avaliação entre oque foi planejado na fase precedente com o que realmente aconteceu na fase deexecução. Analisamos o que funcionou ou não como esperávamos, o que deu certoe o que deu errado, tentando identificar os elementos que dificultam ou prejudicame os elementos que potencializam o programa de atividade física e fazendo os ajus-tes necessários para a próxima sessão e, conseqüentemente, para o nosso planeja-mento do progresso do treinamento a curto, médio e a longo prazo. Devemoslembrar que a interação aluno e monitor é fundamental também nesta fase.

Pode-se perceber, por exemplo, que a atividade planejada foi mais inten-sa para o aluno do que se esperava. Neste caso, deve-se investigar as suas causas(como a motivação do aluno, a dificuldade de recuperação, alimentação e hidra-tação deficiente ou avaliação equivocada do condicionamento do aluno) e pla-nejarmos melhor a próxima sessão (resolver as causas, além de elaborar umasessão de menor intensidade).

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Alguns erros são bastantes comuns e me-recem cuidados. Um deles é o excesso de treina-mento que pode diminuir o desempenho e apre-sentar sérios riscos à saúde, como lesões muscu-lares, redução da resistência e desgastes emocio-nais. O excesso de treinamento é mais freqüentedo que podemos imaginar. O melhor remédiopara o excesso de treinamento é a prevenção.

Neste caso, preste muita atenção na boa utilização do princípio da sobrecargae da progressão gradual do nosso corpo aos estímulos proporcionados pelaatividade física.

Isto nos leva a um outro erro bastante comum: a pouca atenção à recupera-ção. Em geral, imaginamos que o ciclo do treinamento se restringe à prática daatividade em si. Então, nos exercitamos, mas não descansamos o suficiente. Oque pouca gente sabe é que a melhora no condicionamento e no desempenho sedá principalmente pós-exercício, durante o período de descanso e recuperaçãoEsse período é, portanto, extremamente importante. É necessário, em vista dis-so, que as sessões sejam suficientemente espaçadas. Leve em conta também àsnecessidades nutricionais e a adequada hidratação do aluno.

Um outro erro comum está relacionado ao princípio da especificidade. Ouseja, quando planejamos apenas exercícios ou atividades que são incompatíveisou que tenham pouco a ver com os objetivos e as necessidades do aluno. Obvia-mente, tais exercícios podem fazer parte do programa, mas devem estar associa-dos a outros exercícios que estejam de acordo com as necessidades e objetivosdefinidos em conjunto com o aluno.

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CONSIDERAÇÕES ADICIONAIS

Mas poderíamos nos perguntar: afinal, qual é a melhor atividade física ouesportiva?

Nossa posição é que – desde que não seja prejudicial à saúde – a melhoratividade é aquela que dá mais prazer e que o aluno gosta de realizar. Nestesentido, se tiver que escolher entre diversas modalidades, escolha sempre aque-la que seja mais divertida. Pode-se, inclusive, fazer amigos de treino, ouvir mú-sica, ver vídeos entre outros artifícios para tornar as atividades mais agradáveise prazerosas. Ou seja, torne o exercício divertido!

Entretanto, uma advertência: é necessário nos afastarmos dos nossos pre-conceitos a respeito das diversas atividades físicas e esportivas. Mais uma vez ainteração e o diálogo aluno e monitor são fundamentais. O monitor deve tentarexperimentar diversas manifestações esportivas com seu público-alvo, e nãoficar restrito ao futebol ou outras práticas mais populares.

A idéia é que o monitor tente educar e sensibilizar os seus alunos para asdiversas atividades físicas e esportivas. Assim, o aluno poderá escolher aquelasatividades que lhe dão mais prazer a partir de um conhecimento mais amplosobre as diversas atividades físicas e esportivas.

Depois de apresentar alguns princípios gerais da prática de atividade física

e esportiva, vamos ver agora alguns aspectos pedagógicos no trabalho

com esporte e com regras.

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Aspectos pedagógicos do trabalhocom esportes e com regras

PLANEJAMENTO

Conhecendo a realidade

Antes de você colocar a mão na massa, é necessário conhecer as suas habili-dades para lidar com a realidade com a qual vai trabalhar. A isso chamamossondagem, diagnóstico ou avaliação diagnóstica.

Fazer isto é importante para nos situarmos melhor em relação ao público, aolocal de trabalho e aos recursos disponíveis. Então ai vão alguns passos:

Questões pessoais a serem respondidas:

* O que eu gosto de fazer?

* Quais são minhas habilidades/competências?

* Quais meus objetivos?

Questões do grupo

* Com que grupo você vai trabalhar? Quais são suas principais

características?

* Que idade têm os envolvidos?

* Onde moram?

* Qual sua classe social?

* Estão ligados a algum grupo (musical, esportivo, religioso, folclórico etc)?

* O que eles gostam de fazer?

* Por que escolheram esta atividade?

Que espaço você vai ter para trabalhar? Onde se situa e quais as condições

físicas do equipamento (quadra, campo, praça, salão etc)?

Que material você vai ter para trabalhar? De que material esportivo

você dispõe (bolas, arcos, colchões, cordas, cones etc.)?

Você terá TV, vídeo e/ou DVD?

Que tipo de trabalho você terá que desenvolver?

Algumas atribuições do monitor de esporte: ensinar esportes; organizar

e participar de torneios, campeonatos e competições; organizar passeios

a instalações esportivas, a clubes de esportes, a eventos esportivos;

organizar olimpíadas, gincanas e festivais esportivos; promover rodas

de leitura, apreciação de filmes e espetáculos esportivos, entre outras.

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Determinando os objetivos

O que é determinar objetivos? É a escolha dos resultados que você preten-de alcançar com seu trabalho. Por exemplo: por que pintar a sua casa? Paraque ela fique mais bonita ou mais limpa. Então o objetivo é: quero colo-

car a minha casa mais bonita. Ação: Vou pintá-la. Para que organizarum torneio de futebol entre os meus aprendizes? Para avaliar o nível doaprendizado, para reunir o grupo, para motivar o grupo. Então o objetivo

é: motivar os alunos que praticam futebol. Ação: Vou organizar um

torneio. Toda vez que você se dispõe a realizar um trabalho, você tem umobjetivo em mente.

Quando você pretende ensinar um esporte a um grupo, esse é o seu grandeobjetivo (chamado de objetivo geral). Mas só este não basta, é necessárioter objetivos mais detalhados, tais como ensinar a chutar, ensinar a rolar,ensinar a driblar, ensinar a saltar, estes são seus pequenos objetivos (chama-dos objetivos específicos). Mais ainda, aqui também você estabelece o quepretende do ponto de vista educacional: desejo desenvolver senso crítico,desejo fortalecer laços de solidariedade, entre outros.

Quando temos como tarefa ensinar alguma coisa a alguém, estabele-cendo objetivos definimos o que pretendemos mudar no que se referea comportamentos, desenvolver habilidades e ampliar conhecimen-tos. Podemos estabelecer objetivos afetivos (comportamentos), psi-comotores (habilidades corporais) e cognitivos (conhecimentos).

Na verdade, esta divisão é meramente didática, pois os três são indis-sociáveis. Quando você vai dar um saque, habilidade que você estáaprendendo, isto envolve emoção (afetivo), o trabalho é físico (psico-motor) e, para realizar uma tarefa, por mais simples que seja, vocêprecisa conhecê-la (cognitivo).

De qualquer forma, essa classificação nos ajuda a pensar em nosso traba-lho de forma mais ampla e ordenada.

Conteúdos – informações para desenvolver o conhecimento

Os conteúdos estão relacionados diretamente aos objetivos, a como voualcançar minhas metas. Precisamos determinar o que utilizar para alcancedo que se deseja. Exemplo:

* Objetivo: ensinar a execução de rolamentos.

Um dos mais conhecidos rolamentos é a “cambalhota”, outro é o rola-mento do judô; então o nosso conteúdo será rolar para frente, rolar paratrás, rolar para os lados, sempre no chão. As ações serão os conteúdosaplicados para alcançar os objetivos. Estas ações deverão ser escolhidascuidadosamente para que o aluno desenvolva o conhecimento (de formacumulativa e permanente). O conteúdo deve ser organizado de maneira

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que facilite sua apreensão pelos alunos.

O planejamento dessas ações é fundamental para que o monitor apresenteum conjunto de conhecimentos ordenados, de forma que o resultado finalpossa ser observado por ele e percebido e vivenciado pelo aluno. Lembre-mos que o conteúdo é dinâmico, na medida em que o aluno deverá ter acada dia mais informações, aprendendo novas ações e as articulando comas anteriores.

É importante que nos reportemos à sondagem (diagnóstico) que devemosutilizar a cada nova ação: O que cada aluno sabe sobre aquele conteúdo? Eo que ele poderá vir a saber? É neste ponto que iremos atuar. O que ele sabeservirá de base para que realize novas aprendizagens. Parece algo muitocomplexo, mas podemos fazê-lo de forma simples e eficiente. Observem oexemplo:

* Conteúdo: corrida.

Solicitamos que a turma corra o mais rápido possível uma determinadadistância; Depois que corram sem parar por um determinado tempo. Nes-tes dois exercícios podemos observar (avaliação diagnóstica):

- que alunos correm mais rápido;

- que alunos correm mais tempo, sem parar;

- que alunos dominam a técnica da corrida rápida;

- que alunos dominam a técnica da corrida longa (constante);

- que alunos dominam as duas técnicas;

- que alunos não dominam nenhuma das duas técnicas.

Com esta avaliação nas mãos, podemos determinar o nívelda turma em relação ao conteúdo a ser desenvolvido: quantosalunos já conhecem as técnicas; que exercícios devemos enfati-zar; que alunos precisam de maior atenção. Ou seja, coletamosuma série de dados preciosos para que possamos planejar a nossaaula despertando o máximo de interesse do grupo.

Isto nos remete a escolha das nossas ações e elas dependem:

- das vivências corporais que nossos alunos trazem;

- da forma como nós as apresentamos;

- da seqüência que propomos;

- do tempo e dos materiais que dispomos.

Logo, além da sondagem (diagnóstico), que deve estar prevista no nosso

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planejamento, precisamos organizar o conteúdo numa ordem tal que desafieo aluno a que possa ir, passo a passo, aumentando seus conhecimentos e suashabilidades, na medida em que a ação anterior já foi aprendida.

Para isso necessitamos propor atividades que despertem o interesse dosalunos. No caso dos esportes, atividades lúdicas (alegres, prazerosas). Porexemplo: aprender a chutar procurando acertar um alvo (gol, arco, cone,árvore) ou vencendo um obstáculo (goleiro, a distância, a precisão). Estesdesafios motivam o aluno a praticar o “conhecimento” (movimento) deforma que ele realize a ação proposta, com prazer.

A organização do conteúdo deve ser dividida em aulas, com tempo defini-do e o material disponível. As aulas podem incorporar diferentes estratégi-as: as atividades físicas, a exibição de filmes sobre a temática, a leitura ediscussão de textos (notícias de jornal, por exemplo), visitas a instalaçõesesportivas, observação de jogos/exibições do esporte.

Avaliando o trabalho desenvolvido

Na medida em que avançamos no nosso trabalho, devemos nos perguntara todo instante se estamos no caminho certo. Da mesma forma que nãodevemos nos contentar com a sondagem (avaliação diagnóstica) feita noinício do trabalho, é necessário que avaliemos o tempo inteiro, pois issonos ajudará a constatar se os objetivos foram alcançados e se os conteúdosque selecionamos são os mais adequados.

Uma maneira interessante de avaliar é, ao final de cada aula, conversar comos alunos e, a partir do esclarecimento dos seus objetivos na aula daqueledia, fazer perguntas do tipo: gostaram da aula? Qual a parte que mais gos-tou? O que não gostou? Por que?

Essas são formas de avaliar permanentemente o que está sendo ensinado ede estimular os alunos a se empenharem nas atividades, pois sabem que oprofessor está interessado no seu aprendizado.

Para que a avaliação seja ampla e de qualidade são necessários quatro açõesdiárias:

1) apresentar e discutir os objetivos da aula;

2) adequar o planejamento, após a sondagem, às características do grupo;

3) trabalhar com pequenos grupos dentro da turma. A forma de divisãodestes grupos variará de acordo com os interesses. Podem ser homo-gêneos, de acordo com o conhecimento/habilidade; podem ser alea-tórios, de acordo com a ordem alfabética; podem ser de livre escolhados alunos. É importante que as escolhas variem de tal modo que fa-voreçam os interesses da turma. A variação dos grupos tanto permiteque os alunos pratiquem suas escolhas, quanto facilita as necessidadespedagógicas do professor;

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4) avaliar teoricamente os conhecimentos adquiridos, solicitando ao alu-no que escreva o que foi praticado, que explique verbalmente comodeve ser feito um exercício ou demonstre um movimento que apren-deu na aula.

Estas avaliações permanentes mantém o professor e os alunos informadosdo nível de aprendizado, favorecendo as correções ao longo do curso. Sãochamadas tecnicamente de Avaliações Formativas.

Também devem ser consideradas como avaliação as impressões dos alu-nos em relação a um passeio a um centro esportivo, a participação em umtorneio, a um filme assistido. O professor deve estimular estas discussõesapós quaisquer eventos, pois isso leva os alunos a refletir sobre o queviram e pode favorecer o desenvolvimento do seu senso crítico.

As avaliações podem ser mais formais, quando solicitamos aos alunosque escrevam suas impressões sobre a atividade, ou mais informais, quan-do discutimos com eles acerca do que acharam da atividade.

Finalmente podemos utilizar a avaliação ao fim de um período de traba-lho. São as chamadas “avaliações somativas”, de uma forma geral utiliza-das para classificar os alunos de acordo com o rendimento apresentadoao cabo de um tempo determinado.

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Como ensinar esportes? É importante quetenhamos claro o conhecimento que precisamosdominar para que exerçamos nossa atividade.Há aspectos específicos neste trabalho e para

conhecê-lo devemos levantar alguns questiona-mentos iniciais, tais como:

- Que habilidades devem ser desenvolvidas? Por quê?

- Quais são as principais características motoras e sociais do nossoaprendiz?

- Como ensinar os fundamentos para o aprendizado do esporte?

- Além das habilidades motoras, que outras capacidades podemos desen-volver?

- Que atividades paralelas devem ser implementadas para ampliar o co-nhecimento sobre o universo de determinado esporte?

- Que equipamentos e materiais são necessários para a aplicação rotineirada atividade?

O monitor de esporte deverá conhecer uma série de características relaci-onadas com os diversos grupos que irá dirigir. Para ordenarmos nossoestudo de agora em diante, começaremos abordando as características

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Habilidades motoras

As habilidades motoras são em grande parte desenvolvidas dos dois aosseis anos. Para que a criança amplie seu campo de atuação, aumente suasegurança e conseqüentemente sua autonomia, será necessário que eladomine a locomoção, a estabilidade e a manipulação, as chamadas Habi-

lidades Motores Fundamentais.

As crianças dessa faixa aprendem com facilidade a rolar, a chutar e a seequilibrar de diversas formas. Mas as atividades são essencialmente indi-viduais. Na atividade coletiva, cada qual tem um papel e a criança, paraparticipar, precisará saber exatamente que movimento deverá executar.As parcerias serão desenvolvidas mais tarde.

Atividades como correr, saltar, parar, arremessar, receber e passar, quicar,chutar, rolar e suas infinitas combinações, são formas de desenvolver ashabilidades básicas para o aprendizado esportivo.

A partir dos sete anos, ela começa a participar mais ativamente do jogocoletivo, ainda exercendo um papel solo. É um período de conhecimentodas regras e do julgamento do que é certo e errado. Para ela, as regras sãorígidas, pois ainda não tem o poder de abstração que favorece a interpre-tação e a crítica.

O relacionamento em grupo desenvolve o entendimento da necessidadedas regras para que o jogo possa acontecer. É uma época de discussãominuciosa de cada regra.

Entre os sete e os dez anos as Habilidades Motoras Fundamentais sãorefinadas, combinadas e elaboradas para uso de exigências cada vez maio-res. Até aos dez anos estas habilidades são ampliadas rapidamente, sendoum período privilegiado para o aprendizado das técnicas esportivas.

As habilidades básicas aplicadas em situações concretas do esporte, comona busca do gol ou da cesta, a corrida mais veloz ou o salto mais distante,são chamadas de Habilidades Motoras Especializadas e resultam domelhor controle motor, da capacidade de perceber qual o movimentomais adequado a ser utilizado naquele momento e da grande satisfaçãoexperimentada a cada nova descoberta.

A partir dos dez anos, as instruções até então transmitidas por alguém maisexperiente, dão lugar à criação dos seus próprios jogos e regras. Estes pas-sam a ser adaptados às limitações de espaço, ao tempo, ao material (queralguns exemplos interessantes? O jogo de futebol com chapinha ou bola depapel, praticado pelos meninos, ou o jogo de elástico, criado pelas meninas,brincadeiras típicas da hora do recreio escolar.

mais marcantes das diversas faixas etárias, estas influenciam e são influenci-adas pelo esporte ensinado.

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As regras vão sendo testadas, discutidas e praticadas no dia a dia. Transgres-sões, reorganizações, propostas novas são comuns; a competição está pre-sente em muitos momentos. Nesta fase o aluno sente grande atração pelojogo, sendo por isso um tempo privilegiado para desenvolver atividadescooperativas visando à compreensão do esporte coletivo como o resultadodo esforço de diversas pessoas diferentes para um determinado fim.

Compreender o seu papel, o dos seus companheiros e o dos adversáriosneste projeto coletivo, normalmente emocionante, que demanda esforçofísico acima do rotineiro e que, ganhando ou perdendo, nos dá uma satisfa-ção enorme de ter participado, é uma forma de ampliar o autoconhecimen-to e o conhecimento do grupo. Auto-estima, auto-afirmação e autoconfian-ça dependem em grande parte da qualidade da participação do indivíduo nogrupo. O entendimento das relações estabelecidas por meio do jogo, as habi-lidades mais sofisticadas, a compreensão e a interpretação das regras commaior segurança, faz com que o/a pré-adolescente privilegie os esportes co-letivos. É importante frisar que existem pessoas que, apesar de participaremdestes, mantém características marcadamente individuais, como é o caso dosgoleiros no futebol. Muitos têm mesmo preferência por esportes individuais,como o atletismo, o surfe ou a natação.

A partir dos onze/doze anos é a fase mais adequada para trabalhar táticase estratégias para os esportes e possíveis competições, pois o amadureci-mento do raciocínio concreto e abstrato permite que ele(a) compreendaas situações de jogo e faça sugestões que lhe pareçam pertinentes. O seupoder de crítica começa a ser cada vez mais testado.

O crescimento corporal acelerado e as alterações sexuais podem influen-ciar nas habilidades motoras; a prática regular de esportes ajuda a estrutu-rar sua coordenação motora.

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Após os treze anos, o/a adolescente passa a evitar as ati-vidades esportivas nas quais não tiver confiança. Por faltade segurança nas suas habilidades e espírito crítico emexcesso, consigo e com os demais, muitas vezes abando-na o esporte.

É fundamental que o monitor de esporte conheça estasquestões para que esteja atento e possa intervir de formaeficiente. Ele pode ajudar o (a) aprendiz a superar estafase levando-o (a) a conhecer suas limitações e possibilidades, tanto emrelação aos esportes coletivos, o que por vezes envolve negociações pro-blemáticas, quanto nos esportes individuais, pelo confronto direto com ashabilidades dos demais participantes.

Nesta faixa etária o comportamento vai do agressivo ao passivo sem mai-ores explicações, o que requer do monitor de esportes um olhar diferenci-ado para cada aluno. Neste período de amadurecimento do grupo é im-portante organizar jogos, torneios e outros eventos esportivos que contemcom a participação efetiva dos seus alunos, de todos e não somente dosmais hábeis.

Você perceberá a capacidade de alguns, que não obrigatoriamente são osmais habilidosos, para negociar os conflitos que surgem. A aceitação e ainclusão no grupo são importantíssimas. Logo o monitor de esportes deveproporcionar ao participante o maior número de vivências possíveis rela-cionadas ao esporte: ser capitão da equipe, arbitrar as práticas, ajudar aselecionar, fiscalizar e transportar o material, dividir as equipes, ficar res-ponsável pelo local da prática, ajudar na organização de eventos, e todasorte de atividades devem ser distribuídas pelos participantes para que to-dos se sintam parte do projeto coletivo.

Muitas vezes a habilidade de poucos é privilegiada em detrimento daspossibilidades de todos. No grupo é natural que o aluno escolha as ativi-dades para obter satisfação e sucesso. Tome cuidado com isso! Lembre-se que como educador você tem responsabilidades que estão para alémdo jogo em si.

Após os catorze anos o/a adolescente , o/a adulto(a) ou o/a idoso(a), fa-zem uso permanente dos movimentos adquiridos. O diferencial entre ashabilidades motoras de duas pessoas pode ter sido a oportunidade de apren-der e praticar os movimentos fundamentais e os especializados relaciona-dos a um esporte. O aprendizado técnico e o treinamento físico favorecemamplamente o desempenho motor.

É importante registrar que o adulto ou o idoso também aprendem in-dependente de terem tido a oportunidade de desenvolver suas habili-dades voltadas para o esporte na infância e na adolescência, emboraseja comum ouvirmos que é muito mais difícil o seu aprendizado. Nãose prenda a isso!

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Adultos de diversas idades podem iniciar o aprendizado de esportes, ativida-des que certamente exigem habilidades bastante complexas envolvendo a com-binação de equilíbrio, manipulação e locomoção. Apesar das dificuldades, apossibilidade de êxito é bastante alta. Normalmente as desistências se devemmuito mais por problemas cotidianos, como dificuldades de organização dotempo, do que por questões técnicas ou físicas.

Atenção: os portadores de necessidades especiais podem e devem partici-par de todas as atividades nas quais se sintam capazes de realizar, por issodevem ser sempre integrados a turma, inclusive se isso exigir adaptações.O monitor de esportes procurará adaptar os exercícios para que eles pos-sam participar plenamente. Sensibilizar e contar com o apoio da turma éessencial para o sucesso da integração e no final todos saem ganhandocom a experiência.

APLICAÇÃO PRÁTICA

Após conhecermos os principais elementos do planejamento e dos varia-dos aspectos pedagógicos visando a implantação, o aprendizado e o aperfeiçoa-mento dos esportes e das suas regras, vamos então iniciar as instruções para aaplicação prática desses elementos com seu grupo de alunos.

Como iniciar o trabalho? Lembra da sondagem proposta para os pri-meiros contatos com o grupo ? Agora ela deve ser posta em prática. Ativida-des como andar e correr (em diversas direções), utilizando velocidades e rit-mos variados, saltar de variadas formas, equilibrar-se (em posições diferentes)são importantes tanto para conhecer e avaliar as capacidades psicomotorasdo/a aluno/a quanto como forma posterior de aprendizado e aperfeiçoamen-to do movimento esportivo.

Os primeiros movimentos propostos (locomover-se, manipular objetos eequilibrar-se) são atividades individuais em que a qualidade da realização dosexercícios não depende de outras pessoas (quer seja um parceiro como no volei-

bol ou no tênis, em dupla, ou muitos parceiros como nos di-versos esportes coletivos), mas estes movimentos são a basemotora de qualquer esporte; quer seja ele individual, como oatletismo, ou coletivo ,como o basquetebol.

Então vejamos algumas variações práticas desses exercí-cios que servem tanto para conhecer a coordenação motorado seu aluno (sondagem) como para aplicação posterior noaprendizado.

Caminhar – normal, rápido, devagar, de lado, de costas, de mãos dadas, debraços dados, abraçados, na ponta dos pés, nos calcanhares, abaixados, como professor ditando o ritmo (ou com o aluno ditando o ritmo), no ritmo do

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É importante perceber que os exercícios sugeridos podem ser feitos porcrianças, adolescentes, adultos e idosos de ambos os sexos, mas devemos sem-pre considerar as características já apontadas para cada faixa etária.

Os exercícios, na sua maioria individuais, devem ser feitos também em gru-pos. Esses grupos são uma ótima oportunidade para reflexão sobre cooperação,socialização, interação, e podem ser formados de diversas formas. Por exemplo, oprofessor pede aos alunos que formem duplas. Eles se associam livremente, maso monitor poderia ter determinado a mesma altura ou mesmo peso, ou aindaindicar com quem a pessoa formaria o par. A intervenção do monitor pode sermínima, como pode ser total, indicando os componentes de cada grupo.

Isto é, quando o monitor já conhecer as características de cada aluno e deseu grupo como um todo, deve variar a sua intervenção na formação dos gru-pos, pois este é um momento muito rico como experiência pedagógica. Nummomento ele pede que os alunos formem os grupos de sua preferência, em outroele forma grupos, dando como referência a primeira letra do nome da mãe, e emoutro ainda forma os grupos de acordo com os seus interesses pedagógicos,

seu par. Todos estes exercícios podem ser feitos em duplas, em trincas e atécom toda a turma. Pode ser competindo, colaborando ou apenas procuran-do fazer o trabalho proposto da melhor forma possível;

Correr – todas as variações do caminhar, levando-se em conta o cansaço emfunção do esforço da corrida. As corridas envolvem uma coordenação quenão é usual no dia a dia, logo o ritmo, intenso ou lento, deverá ser reguladopelo monitor, respeitando os limites do grupo. Nas corridas longas, (até to-dos os participantes conhecerem suas capacidades) a tendência é de imprimi-rem um ritmo muito forte no início, cansando rapidamente, principalmenteas crianças e os/as adolescentes. A coordenação do ritmo de corrida é umahabilidade só apreendida após algum treinamento. Em função disso, a inter-venção do monitor, ditando o ritmo, é muito importante, guiando o grupo edemonstrando a velocidade sugerida;

Saltar – saltitos com as pernas unidas, separadas, afastando e unindo aspernas, rodando, parado, com deslocamento, só numa perna, são algumasvariações desse trabalho. Saltar em distância para frente, para o lado epara trás, com corrida ou parado, com as mãos junto ao corpo, fazendovários saltos seguidos, saltar um obstáculo (uma corda, um barbante, umelástico), saltar para cima, saltar de cima de uma altura;

Arremessar – deve ser utilizada a bola como objeto de preferência paraesta atividade. Arremesso com uma das mãos (variando sempre esquerdae direita), com as duas mãos, por cima da cabeça, de baixo para cima, decostas de lado, com salto, com corrida, como boliche, com giro, empur-rando, forte fraco, longo, curto, com precisão; o número de variações émuito grande;

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quer sejam motores - o grupo dos menos habilidosos, por exemplo; que sejamsociais – o grupo dos mais falantes, por exemplo. Dessa forma, mesmo que nãoanuncie as suas intenções, você pode ir aprofundando o seu conhecimento dogrupo em diversos aspectos.

Para que o diagnóstico do grupo seja mais preciso, os exercícios devemvariar entre individuais, cooperativos e competitivos. Atividades como jogar abola para o alto e pegá-la sem deixar cair ou jogar a bola na parede ou pegá-ladepois de dar um quique, são individuais e desafiam o aluno mantendo seu inte-resse em participar da aula.

Pequenas competições do tipo: quem chega mais rápido do outro lado docampo, ou quem fica mais tempo correndo, são individuais e competitivas, favo-recendo a observação das capacidades motoras do/a aluno/a, o que ajuda nahora em que o monitor vai trabalhar com grupos mais homogêneos, em quetodos os componentes têm capacidades parecidas, ou com grupos heterogêneos,formados por alunos com capacidades diferentes, para equilibrar competiçõesdo tipo estafeta.

Aproveitando o exemplo das estafetas, podemos observar que este tipode competição tem um viés cooperativo, dentro dogrupo que está buscando o mesmo objetivo. Estaforma de cooperação é idêntica ao que acontece nasequipes de esportes coletivos. Neste sentido, o volei-bol, por exemplo, é bem interessante pois, pela re-gra, toda vez que a bola cai na nossa quadra é com-putado um ponto para a equipe adversária. Então ojogador tem que fazer o máximo de esforço para nãodeixar a bola cair no seu campo, gerando um sentidode cooperação muito grande.

Mas a cooperação vai mais além, podendo serobservada, por exemplo, quando o instrutor propõea todos os alunos que andem no mesmo passo ou quetodos corram lado a lado no mesmo ritmo ou saltempara frente ao mesmo tempo. Não há neste caso umadisputa contra uma pessoa ou contra outra equipe,a disputa é para que o desafio, proposto para todosos participantes, seja realizado.

Os exercícios de cooperação devem semprefazer parte da aula, pois favorecem os avanços mo-tores de todos os alunos (aumentando o estímulo parao cumprimento da tarefa proposta) e a interação so-

cial, já que as atividades compartilhadas induzem à divisão do trabalho, dimi-nuindo o esforço de todos e somando na produção, estimulando também aseparação de tarefas e o resultado coletivo.

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Resultados como a organização espacial de uma equipe dentro de campoou a organização de uma competição são exemplos de cooperação mais sofisti-cados e desejáveis com o decorrer do trabalho.

Agora passemos aos movimentos estabilizadores, a última fase das Habi-

lidades Motoras Fundamentais, que reúne uma série de tarefas que represen-tam a luta do ser humano para dominar a força da gravidade, aumentando ocontrole da musculatura para se manter em pé.

Os exercícios que favorecem o equilíbrio são: rolar (cambalhota), para fren-te, para trás, para os lados, desviar (rápidas alterações de direção) para a direitapara a esquerda, de frente, de costas; equilibrar em um pé só, com a perna parafrente, para trás (o “avião”) ou com a perna para o lado, com os braços abertosou fechados, com os olhos abertos ou fechados; caminhar ou correr sobre umasuperfície estreita, com os olhos abertos ou fechados, com os braços abertos oufechados; apoios invertidos incluem a cambalhota, o tripé (parada de três apoios– a cabeça e as duas mãos ou os dois antebraços), plantar bananeira com doisapoios (chamada de parada de mãos).

Vimos então diversos exemplos de Habilidades Motoras Fundamen-

tais: envolvendo a locomoção, a manipulação e a estabilização. A ampliação doconhecimento dos alunos sobre sua capacidade motora e sua coordenação deveser um objetivo perseguido cotidianamente pelo monitor.

A vivência ordenada dessas atividades favorece enormemente o desenvol-vimento posterior de grande parte das habilidades dos alunos, importantes paraos esportes individuais e coletivos. Lembre-se, todo aprendizado de habilidadesmotoras envolve uma seqüência hierárquica (do mais fácil para o mais difícil)chamada progressão pedagógica. O aprendizado passa pelo estágio inicial (rudi-mentar), progride para o estágio intermediário (aperfeiçoamento) e vai até onível avançado (refinamento).

Assim chegamos ao estágio das Habilidades Motoras Especializadas

que nada mais são do que as Habilidades Motoras Fundamentais combinadase refinadas, usadas para o desenvolvimento dos gestos esportivos, quer sejamindividuais ou coletivos.

Vejamos alguns dos exercícios de Habilidades Motoras Especializadas

voltados para os tradicionais esportes coletivos:

- Passes: em movimento, com corridas, com saltos, com giros, para fren-te, para trás, com marcação, sem marcação, com os pés, com as mãos,longos, curtos, para a esquerda e para a direita;

- Dribles: em movimento, com corridas, lentos, rápidos, para frente, paratrás, com os pés, com as mãos, longos, curtos, para a direita e para a esquerda;

- Chutes/arremessos: em movimento, com corridas, com saltos, com ospés, com as mãos, com a direita, com a esquerda, com as duas mãos, comgiros, fortes, fracos, de perto e de longe;

- Toque, manchete, saque e cortada: com salto, com giro, para a esquer-da, para a direita, em pé e com queda.

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As variações das Habilidades Motoras Especializadas são muito gran-des, dependem de cada esporte, o que torna impossível descrever neste livrotodos os exercícios gerados pelos fundamentos combinados das diversas habili-dades. De qualquer forma, devemos sempre lembrar que os esportes são ativida-des que exigem equilíbrio, deslocamento e a manipulação de técnicas que vãodesde algo bem simples como o passe no futebol ou no handebol, até coisas maiscomplexas, como o arremesso do basquetebol ou o levantamento no voleibol.

ATIVIDADE 18

Agora, sob orientação do professor, realizaremos uma experiênciacompleta de ministrar uma aula: desde o planejamento, passando peloministrar da aula em si, finalizando com a avaliação. Aproveite bastanteessa oportunidade.

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Organização de torneiose campeonatos

INTRODUÇÃO

No mundo atual, muitas são as pessoas que se sentem envolvidas por eventoscuja principal atração são os esportes. Sem dúvida, torneios e campeonatos são ativi-dades que despertam o interesse de um público muito grande, justamente por ofere-cerem uma série de atrativos, o que faz com que indivíduos dos mais diferentes tipossejam seduzidos por várias razões, em vários sentidos e em qualquer lugar.

Reconhecidamente os esportes e suas competições possuem uma série defatores que consideramos positivos. Todavia, devemos dizer que muitas vezes es-tas atividades ficam marcadas por fatores negativos, como: corrupção, fraudes,doping (uso de medicamentos proibidos), facilitação paradeterminados concorrentes, violência e outros. Estes as-pectos acontecem por ação de indivíduos ou de grupos depessoas, nas várias fases de organização de uma competição,por interesses diversos: financeiros, políticos, emotivos.Numa competição, a própria limitação do número de par-ticipantes acaba se tornando problema, já que assim pou-cos têm a chance de participar destes eventos.

Sabemos que os esportes e as competições são atividades humanas e que são realizadasnum mundo bastante injusto e desigual. Assim, também os torneios e campeonatos podemser desenvolvidos de uma maneira não muito justa, sendo influenciados por problemastípicos da sociedade como um todo ou específicos de uma localidade. Com isto, ficamsujeitos a críticas e dúvidas, chegando a ficar desacreditados e desrespeitados.

A própria lógica da competição tradicional pode originar problemas, pois oexcessivo valor dado a ela faz com que as pessoas e/ou grupos assumam compor-tamentos negativos, dando espaços para o aparecimento de muitos dos problemasvistos anteriormente. Neste sentido, aquilo que é positivo no esporte e na compe-tição acaba perdendo valor, sendo superado pelo que é negativo e isto afeta aspessoas que atuam na sua organização.

Justamente por acreditar no que é positivo e em um possível potencial educa-tivo da organização de torneios e campeonatos, é que mostraremos aqui algumaspossibilidades que tentam justamente superar estes problemas e limitações, na bus-ca de um evento que possa ser o mais aberto e justo possível. Tais atividades nãodevem ser o objetivo final de seu trabalho, mas um elemento motivador. Cuidado!

Quando nos envolvemos com um evento, seja participando ou assistindo,devemos saber que sua realização só é possível por existir por detrás dele umenorme trabalho de organização. Este trabalho deve seguir determinadas orien-tações para que tudo aconteça da melhor forma possível, desde antes do início

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até após o encerramento das atividades, sempre com o desejo de que todas aspessoas se sintam realizadas, sejam as que participam, as que assistem ou as quetrabalham. É justamente isto que abordaremos aqui.

Nesta parte do curso falaremos sobre a organização de torneios e campe-onatos, mostrando os fatores que devem ser considerados para a realizaçãodessa tarefa, fatores necessários quando organizamos algum tipo de evento queenvolva práticas físicas e esportivas. Estes servem para dar maior qualidade atodas as ações desenvolvidas no trabalho de organização, seja este desenvolvi-do por uma pessoa ou um grupo.

Apresentaremos alguns conceitos que vão servir para nos dar uma maiorclareza daquilo que é o alvo de nossas atividades e identificaremos alguns fun-damentos que consideramos como primordiais neste tipo de tarefa. Isto servepara orientar e guiar nossas atitudes, ainda que cada situação específica nosexija sempre a capacidade de adaptação.

Ao tratarmos destes fundamentos, devemos considerar que representamdados técnicos, aspectos que servem para melhor estruturar todo o trabalho deorganização e que nos dão as ferramentas para serem usadas visando o melhorresultado de todas as etapas do trabalho da pessoa ou das pessoas envolvidasque se propõem a trabalhar com organização.

Aqui também serão apresentados alguns exemplos de torneios e campe-onatos que servirão para, de maneira mais clara e concreta, ilustrar tudo o queé referente às atividades de organização. Estes mesmos casos nos servirão comomeios para melhor compreender as diferentes possibilidades, as diferentes rea-lidades nas tarefas de organização.

Por último, vamos apresentar algumas sugestões possíveis para as pesso-as que assumirem a tarefa de trabalhar com organização. Ao final, esperamosque o monitor de esportes se sinta apto e capaz de ser o responsável e partici-par da organização de torneios e campeonatos, reconhecendo a dimensão de

todas as atividades necessárias a esta tarefa.

CONCEITOS

Quando nos propomos a realizar algumaatividade, tanto melhor será se tivermos

claramente definido o que entendemos so-bre a própria atividade e seus elementos

chaves. Assim, apresentamos alguns concei-tos que podem contribuir com uma melhor com-

preensão do que pode ser fundamental em organização detorneios e campeonatos. Estes conceitos podem ser vistos

como uma possibilidade de facilitar e mesmo ampliar aquiloque podemos e devemos saber sobre este assunto.

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Evento: podemos considerar como sendo um acontecimento que temfinalidades diversas: apresentar, comemorar, registrar, celebrar algumfato ou fenômeno; ou ainda é uma forma de promover uma competi-ção entre indivíduos e/ou equipes. Um evento é organizado por umapessoa ou grupo de pessoas que especialmente se juntam para isto.Pode ser realizado a partir de interesses pessoais, institucionais, profis-sionais, religiosos, artísticos, esportivos, entre outros. Pode ter váriasdimensões, desde aqueles menores, por exemplo uma gincana estu-dantil, até os que são gigantescos, como uma copa do mundo de fute-bol. Para nós interessa aqui, nesta parte de nosso curso, os eventos quechamamos de físico-esportivos, notadamente torneios e campeonatos.Na ocupação “Animador de Eventos” você poderá encontrar maioresinformações sobre outros tipos de eventos.

Organização: refere-se à possibilidade de melhor estruturar nossas ações,quaisquer que sejam estas. A organização tem por finalidade dar melhorsentido possível as atividades que realizamos, justo para que estas pos-sam ter melhor resultado ao final. A organização deve se dar em todas asatividades da vida diária e pode significar uma maior capacidade de rea-lização daquilo que nos propomos fazer, desde as menores e mais sim-ples ações até aquelas de maior tamanho e dificuldade; quanto maior foro grau de organização, maior será a chance de executarmos corretamen-te qualquer atividade. A organização pode ser uma ação de uma só pes-soa ou de um conjunto de pessoas. Uma organização ideal nada mais édo que a previsão de todas as coisas que podem acontecer durante arealização de nossa atividade e serve justamente para que possamosmelhor estruturar cada passo a ser dado nesta, devendo estruturar todasas partes que tem ação sobre aquilo que nos propomos realizar.

Competição: acontece quando duas ou mais pessoas e ou grupos estabe-lecem alguma forma de disputa. Ela se dá sempre que há concorrênciapor algo, quando se objetiva identificar e ou julgar capacidades daque-les que estão envolvidos na competição ou mesmo definir quem émelhor ou mais capaz, mesmo momentaneamente, na realização deuma atividade. A competição simboliza a disputa por alguma coisaentre pessoas que num mesmo momento apresentam os mesmo inte-resses. Falando especificamente dos interesses físico-esportivos, podeestar presente numa simples disputa de corrida entre amigos, ou emalgo bem maior como, por exemplo, nos Jogos Olímpicos, em queatletas e países lutam por medalhas, prêmios e uma melhor colocação.A competição pode se dar de maneira sistematizada, quando há orga-nização prévia, árbitros para acompanhar as atividades, premiação, umconjunto de regras definidas a cumprir; ou pode acontecer de maneiramais simples, quando é espontânea e portanto não possui nenhumtipo de organização anterior mais estruturada, quando pessoas ou gru-

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ASPECTOS EDUCATIVOS

Sabemos que os modelos mais usados pelas competições tradicionais fo-ram pensados para o que chamamos de esporte de alto nível, ou seja, aquele queenvolve atletas profissionais em qualquer prática esportiva e, com isto, priorizaos que são mais fortes, mais ágeis, mais velozes ou que simplesmente têm maischances em sua vida de se envolver com os esportes.

Estes modelos distanciam as pessoas da prática esportiva, pois são pensa-dos para poucos, existindo apenas para premiar aqueles que demonstram umamaior competitividade e rendimento.

pos se auto-organizam da melhor forma possível, como por exemplo numjogo de futebol de rua feito entre amigos. A competição pode ser conside-rada natural na vida humana, todavia, deve ser sempre regulada por fatoresque servem para que esta aconteça da maneira mais justa e correta paratodos os que estão nela envolvidos. Nos esportes a competição pode seorganizar de duas maneiras, como torneio ou como campeonato.

Torneio: é um evento esportivo que se caracteriza por ter curta duração,podendo acontecer em breves períodos de tempo, um dia por exem-plo. Um torneio normalmente se organiza pelo processo de eliminató-rias: só permanecem na competição aqueles que vencem, já os que nãoconseguem a vitória são eliminados. Ou seja, as chances de participa-ção ficam restritas aos vitoriosos, diminuindo as possibilidades de umaparticipação mais ampla.

Campeonato: ao contrário do torneio, se caracteriza por ser mais longo,dependendo de mais tempo para sua organização. Num campeonatotodos os envolvidos competem entre si por pelo menos uma vez, fa-zendo com que a seqüência de disputas seja mais demorada. Isto au-menta as possibilidades de participação, dando maiores chances àspessoas e ou equipes inscritas de participarem por mais tempo no eventoe mesmo se recuperarem de uma possível derrota na competição. Ocampeonato normalmente se organiza sob a forma de pontuação, sen-do vencedora aquela pessoa e ou equipe que acumular maior númerode pontos. Sua forma mais simples de organização é o rodízio.

Queremos retornar a uma discussão anterior por considerá-la

de grande relevância. De nada vale saber todos os conceitos e

todas possibilidades de organizar torneios e campeonatos se não

assumirmos o desafio de conceber um tipo de evento que supere

os problemas que já foram mostrados, que valorize a participação,

que seja aberta a quem por ela se interessar (e não só os atletas e/ou

mais capazes), que possa ser experimentada por todo tipo de pessoa

que se mostrar interessada.

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É necessário pensarmos na possibilidade de que todas pessoas e/ou gru-pos tenham interesse por esportes e suas competições, daí devemos tambémpensar em formas de permitir que estes participem e usufruir tudo o que épositivo na prática esportiva.

A grande questão para a mudança deste perfil está no planejamento deuma competição, na definição de seus objetivos e interesses. Assim, sua estru-tura técnica será montada de forma tal que privilegie outros valores que não acompetição excessiva e exclusiva, ou seja, a técnica está serviço dos objetivos.

Neste sentido, entendemos que a organização de torneios e campeonatosdeve prever em sua estrutura modelos e formas de abertura e inclusão. Assim,apontamos e lembramos que é justamente na composição de seu planejamentoe na indicação de seus objetivos que isto pode se dar. Também se reconheceque a própria organização abre espaço para isto, desde que esta seja realizada deforma democrática, dando aos interessados a chance de participar do evento,não só competindo, mas também organizando.

Vamos indicar alguns exemplos que podem contribuir com a mudançadas formas de participação, entendendo que estes exemplos sempre devem seajustar aos objetivos e as realidades.

Os exemplos são: Modificação das regras (aumento do número de subs-tituições; mudança da divisão dos jogos de tempos para quartos; pontuação detodos os participantes; permissão para um maior número de pedidos de tem-pos técnicos; diminuição da exigência quanto aos uniformes, locais e materiaisde jogos; permissão para que as equipes misturem mulheres e homens; altera-ção de medidas e pesos de quadras e bolas); inclusão de atividades não esporti-vas (jogos populares, jogos de salão, gincanas, atividades artísticas); ampliaçãoda premiação a todos os participantes; menores taxas para inscrição e participa-ção; uso de arbitragem didática (que possa durante os jogos não apenas punir,mas mostrar e explicar aos participantes todas as exigências das regras); cons-trução coletiva das regras; atenção às diferenças quanto ao gênero, a idade e asexperiências esportivas anteriores.

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FUNDAMENTOS TÉCNICOS

Como já foi dito, os trabalhos relativos à organização de torneios e campeo-natos são um conjunto de orientações que se seguidas podem contribuir para queos resultados sejam sempre os melhores, ou seja, oferecem às pessoas envolvidasem todas as tarefas da organização condições de melhor executar cada parte de seutrabalho.

Ao trabalhar com organização de torneios e campeonatos devemos sempreter em mente que esta atividade envolve uma série de ações prevendo tudo o queestá envolvido numa competição. Mais ainda, devemos saber que um trabalho comoeste não acontece somente durante a sua realização, mas também antes e após opróprio evento.

Deve-se pensar não apenas na realização dos jogos em si, como também emtudo o que envolve esta prática, desde a determinação de que forma será realizadoo evento até a posterior avaliação de tudo o que foi feito. Tentaremos agora apon-tar alguns destes fundamentos que orientam os trabalhos de organização. Para tal,os dividiremos em três fases: planejamento, execução e avaliação.

a) Planejamento: Fase inicial na realização da competição, quanto melhore mais completo for o planejamento, maior será a possibilidade de su-cesso na realização daquilo que nos propomos fazer. O planejamentonada mais é do que uma forma de pensar em tudo o que é necessáriopara se realizar o evento, daí que ele deve ser feito de maneira cuidadosae detalhada e com a devida antecedência. O planejamento ideal é aqueleque pensa em cada detalhe, em cada elemento necessário à organizaçãode torneios e campeonatos e o ideal é que seja feito por escrito, com aparticipação de todas as pessoas envolvidas com o trabalho. O projetoé o documento que regula e controla a realização do evento e nele deve-mos apontar aspectos como:

* objetivos do evento: devemos descrever qual a intenção que se tem nestaorganização, o que se pretende alcançar, o que se deseja realizar;

* justificativa: é onde se deve dizer para que serve este evento, qual o seuvalor, em que ele irá contribuir para a vida das pessoas que estãocom ele envolvidas, seja participando, assistindo ou trabalhando;

* tipo de evento: aqui é onde se define qual o modelo estabelecido para arealização do evento esportivo, se na forma de torneio ou na formade campeonato. Para tanto, devemos levar em conta aquilo que foipensado como objetivo e justificativa, o tempo e o espaço disponí-vel para a atividade, o número de pessoas que podem atuar na orga-nização, os recursos financeiros de que podemos dispor e a própriacapacidade e interesse das pessoas que trabalharão na organização.

* montagem de comissões: para que todas as tarefas necessárias na organi-zação de um torneio ou de um campeonato aconteçam de maneira

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satisfatória, é aconselhável que se distribua a equipe envolvida em co-missões. São muitas e muito diferentes entre si as atividades de organi-zação. Desta forma, a distribuição entre as pessoas que trabalham aca-ba sendo um fator importante. Estas comissões devem ser pensadasde maneira a envolver todas as atividades que devem acontecer e sãoimprescindíveis quando se quer um evento de boa qualidade. O ideal éque as pessoas sejam divididas entre as comissões de acordo com seusinteresses e suas capacidades, devendo ainda cada comissão ter umapessoa que seja a responsável por ela. Assim, entendemos que todas aspessoas são divididas em comissões, que assumem tarefas diferentes,tendo cada comissão um responsável, e este conjunto de pessoas querespondem por cada comissão representam a comissão geral. O resulta-do na realização do evento dependerá da forma como cada comissãoagir. Podemos aqui indicar algumas comissões, como exemplo, mas naverdade as comissões que serão montadas sempre dependem das reali-dades e necessidades relativas a cada objetivo de organização:

- coordenação geral: montada com um representante de cada comissão e é aque responde pelo evento como um todo; é talvez a comissão maisimportante; deve-se eleger um coordenador geral;

- técnica: a que cuida de todos os detalhes das atividades em sua realiza-ção. É ela quem faz o acompanhamento dos jogos por exemplo, dan-do condições ideais para sua execução. É ela quem faz a montagemdas tabelas de jogos, a que cuida da pontuação e outras necessidadesvitais para cada jogo;

- financeira: esta é a que deve buscar o dinheiro que vai financiar todaa organização. Deve elaborar um quadro com todas as despesas eviabilizar formas de se conseguir o dinheiro, seja com doações, pa-trocínios, ou taxas de inscrição. Depende de dados que as outrascomissões a envia;

- de recursos físicos e materiais: comissão responsável pelos locais de reali-zação das atividades. Deve selecionar, reservar e se responsabilizarpara que este seja o mais ideal para cada tipo de prática. É tambémesta comissão que cuida do material necessário nas atividades;

- de arbitragem: responsável pela seleção e controle das pessoas que farãoa arbitragem dos eventos, podendo ser árbitros profissionais ou não;

- disciplinar: esta comissão se responsabiliza pela disciplina dos partici-pantes, seja aquela que acontece durante os jogos ou mesmo aquelaresultante do comportamento dos envolvidos como um todo;

- de premiação: a que cuida da premiação aos participantes;

- de transporte: a que cuida do transporte de todos os envolvidos, seresponsabiliza em dar condições de deslocamento;

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- de alimentação: deve pensar na alimentação das pessoas que participam dasatividades, sejam as que jogam, as que assistem ou as que trabalham.

- social: aquela que cuida das atividades como festas, cerimônias e ou-tras atividades de celebração;

- de avaliação: acompanha todo o evento, fazendo uma detalhada avalia-ção de tudo o que se dá. Pode e deve fazer uso de informações obtidascom os participantes. A idéia é que os dados desta comissão permitamque todas ações durante e após a sua efetiva ação possam ser pensadasde maneira a entender até que medida foram alcançados os objetivos.

Estas comissões e suas atividades são na verdade exemplos, mas lembra-mos aqui que, em cada torneio ou campeonato, as pessoas envolvidas com aorganização é que devem pensar quais as comissões são necessárias e que traba-lho cada uma vai executar. O importante é que se pense na organização como umtodo, tentando prever todas as situações que podem acontecer, para que assim setenha plena condição de que a organização cubra todas as partes do evento.

Cada comissão de organização tem suas próprias tarefas, todavia o ideal éque possam atuar juntas, pois uma depende da outra. O mais indicado é quecada comissão sempre que possível organize suas atividades por escrito, poisdesta forma se guardam registros que podem ser usados durante e após asatividades de planejamento.

Cada comissão pode atuar mais fortemente em uma fase ou outra daorganização geral, mas todas devem sempre estar atentas às solicitações da co-missão geral, que justamente é aquela que reúne componentes de todas as co-missões e assim enxerga o evento como um todo mais facilmente.

É possível perceber que o número e o tipo de comissões que serão monta-das vai variar de acordo com o porte e tipo de evento. No caso de um torneio, queé mais rápido, podem ser exigidas menos comissões do que num campeonato,que por ser mais longo também requisita maior trabalho.

A proposta de se organizar torneios e campeonatos a partir de comissões,é entendida como sendo a ideal por ser esta uma forma de se distribuir ostrabalhos entre diversas pessoas. Todavia sabemos que muitas vezes todo estetrabalho acaba sendo feito por apenas uma pessoa, o que provoca naturalmenteum acúmulo e faz com que o esforço seja muito mais intenso.

Quando isto acontece, significa que todo o trabalho, que seria divididoentre várias pessoas nas comissões, acaba sendo feito de maneira concentrada epor isto mesmo deve-se ter muito mais atenção e cuidado, além de exigir umtempo maior para a organização.

Desta forma, sempre que possível deve-se ter mais pessoas envolvidascom os trabalhos, pessoas estas que sejam comprometidas e tenham a respon-sabilidade suficiente para executar cada tarefa exigida.

b) Execução: É todo o trabalho executado durante a realização de um

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torneio e campeonato. Aqui que se efetivam as ações de algumas comis-sões que são responsáveis pelo andamento de tudo o que acontece numacompetição: a técnica, a de arbitragem, a de espaços físicos, a de arbitra-gem etc. A ideal execução de uma competição vai depender do modeloadotado, ou seja, se um torneio ou um campeonato. Aqui, indicamos ostipos possíveis para cada um destes e mais à frente apresentaremos mai-ores exemplos:

* Torneios: realizados a partir de eliminatórias, com as equipes distribuídasem chaves e com possibilidades diferentes de organização, tais como:

* Eliminatória simples;

- Eliminatória do tipo consolação;

- Eliminatória dupla;

* Campeonatos: são montados em sistema de rodízios e podem ser dostipos:

- Rodízio simples;

- Rodízio duplo;

- Rodízio em séries;

obs: Mais a frente damos exemplos dessas possibilidades de organização.

c) Avaliação: a grande finalidade da avaliação é poder de forma concretaanalisar todas as situações ocorridas durante a competição. A avaliaçãodeve levar em conta os dados das comissões que foram as responsáveispelo planejamento e pela execução da competição. Por mais que se mon-te uma comissão de avaliação, todos os que estão envolvidos no eventodevem ser ouvidos. A avaliação além de analisar o que já foi feito, forne-ce dados para o que se fará adiante num outro momento. Assim, em umaoutra realização, tudo o que foi identificado na avaliação pode ser leva-do em conta. A avaliação, como todas as outras fases, pode ser feita deforma oral, mas deve ter um registro por escrito. A avaliação deve levarem conta os dados relativos à quantidade e os que falam da qualidade detoda a organização.

ATIVIDADE 19

Caros alunos e alunas, vamos verificar se os conceitos básicos foram bementendidos? Seu professor(a) aplicará um questionário para testar seusconhecimentos. Aproveite para tirar suas dúvidas.

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CASOS

Até agora vimos as diferentes formas de organização de torneios e campe-onatos, o que é necessário para se realizar este trabalho. A partir daqui iremos veralguns exemplos de organização de tabelas de jogos. Estes exemplos serão divi-didos entre torneios e campeonatos, já que para cada um existem formas maisadequadas de se montar uma competição. Mostraremos os exemplos mais sim-ples e comuns para serem usados.

Como já vimos, o torneio é um evento rápido e normalmente montado nomodelo de eliminatórias. Estas eliminatórias vão variar de acordo com o númerode participantes e os objetivos da organização. Os participantes são distribuídospor chaves, definidas por sorteio. Dos quatro tipos possíveis, falaremos de dois:

a) Eliminatória simples: sua organização varia de acordo com o número departicipantes e se este número é uma potência de dois (2,4,8,16,32...) ounão. Quando o número de participantes é uma potência de dois, as chavessão organizadas de forma tal que todos joguem entre si já a partir da pri-meira rodada. Na competição vão seguindo as equipes que vencem seusjogos até se chegar a final como vencedora. Neste modelo há sempre umafinal. Quando o número de competidores não é uma potência de dois,alguns ficam de fora na primeira rodada (os isentos), para que na seguintepossa existir um número de competidores que seja uma potência de dois.Para isto, se diminui, do primeiro número potência de dois superior aonúmero de participantes, o próprio número de participantes e daí se tiramos isentos. Isto segue até que o número de participantes seja uma potênciade dois.

* Exemplo com número de equipes que seja potência de dois:

O número de jogos (NJ) é determinado usando a seguinte fórmula:número de concorrentes (NC) menos um, ou seja NJ=NC-1. Umtorneio com oito equipes terá sete jogos, pois NJ=8-1 =7.

Exemplo de torneio com 8 equipes.

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* Exemplo com número de equipes que não seja potência de 2:

Primeiro se determina o número de isentos da primeira rodada dimi-nuindo do número potência de dois logo acima ao de participantes.Exemplo: num torneio com sete equipes, ficaria assim: isentos=1, jáque 8 (número potência de dois) menos 7 (participantes)=1. Feitoisto, a competição segue até se chegar a final. O número de jogos sedetermina usando a fórmula NJ=NC-1 (nesse caso 7-1=6)

b) Eliminatória do tipo de consolação: Esta competição é organizada paraque as equipes derrotadas no primeiro jogo possam ter uma segunda chan-ce. Desta forma, é montada a chave inicial e acontece à primeira rodada. Apartir daí os vencedores seguem a chave inicial e os perdedores vão parauma outra chave e isto acontece ao mesmo tempo. A intenção é apontarum vencedor do torneio principal e outro de um evento chamado de con-solação. Na organização das chaves se segue a mesma ordem de se ter ounão um número de competidores em potência de 2.

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c) Num campeonato os participantes competem entre si ao menos umavez. Esta competição é organizada na forma de rodízio e pode ter umturno ou dois. A cada jogo se atribui uma pontuação que difere entreempate, vitória e derrota. A equipe que não se apresenta para um jogoé derrotada no chamado W.O e além de não somar pontos, pode per-der. Os tipos mais comuns de rodízio são:

* Rodízio simples: é a competição disputada em um único turno, de umaúnica vez. Quando o número de participantes está em número par,todos jogam em todas as rodadas. Quando há número ímpar, em cadarodada uma equipe fica isenta. O número de jogos é definido pelafórmula: NJ=NC multiplicado por (NC-1) /2. Exemplo com oito equi-pes: NJ=8 X (8-1)/2 - NJ=8x.(7)/2 - NJ=56/2 - NJ= 28. Quanto aonúmero de rodadas, sempre que os competidores forem em númeropar se terá uma rodada a menos que este número (8 competidores=7rodadas); quando o número for ímpar, as rodadas sempre serão emnúmero igual ao de competidores (9 competidores=9 rodadas).

Exemplo com número par de equipes = 8

nj= 8.(8-1)/2 = nj= 8.(7)/2 = nj=56/2 = nj=28

número de rodadas = nc-1 = 7

Exemplo com número impar de equipes = 9

nj=9.(9-1)/2= nj=9.(8)/2 = nj=72/2 = nj=36

número de rodadas = número de participantes = 9

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* Rodízio duplo: Segue o mesmo princípio do rodízio simples. Nestecaso se altera a ordem dos jogos e se for o caso, a sede onde este érealizado. A definição do número de jogos é assim: NJ=NC.(NC-1)NJ=8.(8-1) NJ=8(.7) NJ=56. O número de rodadas se duplica emrelação ao rodízio simples e as equipes jogam entre si duas vezes.

Exemplo com número par de equipes = 8

NJ= 8.(8-1) = NJ= 8.(7) = NJ=56

número de rodadas = NC-1x2 = 7x2 =14

Exemplo com número par de equipes = 8

NJ= 8.(8-1) = NJ= 8.(7) = NJ=56

número de rodadas = NC-1x2 = 7x2 =14

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Exemplo com número impar de equipes = 9

NJ=9.(9-1)= NJ=9.(8) = NJ=72

número de rodadas = número de participantes = 9x2 = 18

SUGESTÕES

Todos sabemos o quanto pode ser atraente e agradável à realização de umtorneio ou um campeonato, o quanto eventos como estes mobilizam e envol-vem um número enorme de pessoas que se sentem motivadas com tudo o queuma competição pode oferecer; isto vale tanto para os que participam compe-tindo quanto para os que participam assistindo. Para nós interessa ver que paraque tudo aconteça bem, existe sempre uma pessoa ou grupo de pessoas queexecuta todo o trabalho de organização.

Tentamos mostrar os fatores que são necessários para o trabalho de organi-zação. Nosso interesse foi o de apontar os aspectos e fundamentos necessáriospara o bom desenrolar da preparação de torneios e campeonatos, reconhecendoque existem ao menos três etapas e que estas, por mais que as pensemos emseparado, acabam sempre dependendo uma da outra, de forma tal que cabe aoorganizador o papel de pensar um torneio ou um campeonato em sua totalidade.

ATIVIDADE 20

Vamos checar se você entendeu? Seu professor apresentará uma série decasos de organização e faça seu melhor para resolver as questõeslançadas.

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Os fundamentos técnicos aqui tratados têm justamente o papel de melhorestruturar e facilitar tudo o que envolve uma organização. Desta forma, a própriacompreensão da necessidade de uma anterior organização é muito importante,reconhecer que um evento esportivo de sucesso só acontece com um grandetrabalho de organização.

É sempre muito importante levar em conta os interesses, as necessidades eas capacidades de quem está envolvido com o trabalho de organização. Devehaver uma preocupação com as questões típicas de cada realidade, desde a es-colha da modalidade até a determinação do tipo de atividade.

O trabalho de organização precisa ser visto em sua totalidade. O cuidadocom cada parte, o zelo com que se faz cada mínima tarefa, é algo de muitaimportância, pois cada ação isolada é parte do conjunto de ações que vão influ-enciar no resultado final, que esperamos seja sempre o melhor.

De nada adiante pensar a realização de um grande campeonato de futebolse, por exemplo, só existe um campo para sua realização. Da mesma forma nãovai ter sentido pensar um torneio de futebol se não existe uma equipe de trabalhoque possa dar conta de todas as tarefas ao mesmo tempo.

Devemos sempre fazer aquilo que cabe em nossa realidade, que nos é pos-sível, e isto deve ser pensada a partir de fatores como: aspectos sociais (como é acomunidade em que se trabalha); recursos financeiros (quais os recursos disponí-veis para o trabalho); aspectos técnicos (formas de organização); recursos físicos(qual ou quais os espaços disponíveis para os trabalhos). Ainda, tempo (quantotempo há para a realização do evento); recursos materiais (do que se dispõe parao evento); recursos humanos (com quantas e quais pessoas pode-se contar paraos trabalhos) e principalmente, o que se pretende com a realização do torneio oudo campeonato e em que medida esta atividade pode contribuir e ser importantenum quadro geral.

Seleção Brasileira de Futebol - Copa do Mundo de 2002

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A organização de torneios e campeonatos deve ser pensada em conjunto aoutros dados e nunca de forma isolada, pois ela deve representar uma forma deação que visa oferecer à comunidade uma atividade que possa lhe trazer benefíci-os, que possa garantir formas de acesso e participação à prática esportiva comoum bem social, um direito que todo cidadão deve poder usufruir.

Com este tipo de pensamento, as pessoas que se propõem a trabalhar comtarefas da organização de torneios e campeonatos devem se mostrar dispostas aatuar em prol de bem comum, sendo as atividades resultantes de seu exercícioprofissional uma mostra das possibilidades que cada cidadão e cada comunidadetem de se relacionar com o outro e com o meio, de maneira solidária e fraterna.

Neste sentido, devemos estar atentos ao papel educativo que os esportes esuas competições tem, já que entendidos como uma forma de ação social queenvolve um número grande de pessoas em todas as suas atividades, tanto as deorganização quanto as referentes a sua própria prática, é importante que semprese trabalhe com atenção a este fato, a possibilidade educativa, isto para quemparticipa e para quem trabalha.

Desta maneira, o ideal é que se esteja disposto a não apenas cumprir umatarefa profissional, mas, para além disto, deve se desejar ter uma ação política.

Deve se pensar que este tipo de trabalho, este tipo de atividade soci-al, pode contribuir com a formação das pessoas que nela estão en-volvidas e também com a própria comunidade, até mesmo pelo fatode que, como visto, são atividades que despertam grande interesse,que podem ser mecanismos de envolvimento, participação e ação.

O papel de quem organiza, mais do que exercer tarefas, é o de ser um

agente social, um cidadão preocupado com os benefícios que sua ativida-

de pode trazer à comunidade.

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Caracterização da ocupação

Na sociedade, homens e mulheres estão envolvidos com uma série de situa-ções e fatos que de forma direta influenciam suas vidas, situações sobre as quaispodem ter maior ou menor controle.

Estas são determinantes no que se refere às suas condições de vida, na formacom que têm ou não acesso a fatores que podem ser considerados vitais. Dentreestes está o trabalho, que aqui é visto como um bem indispensável ao ser humano,na sua relação com o outro e com o meio, e claro para a própria sobrevivência.

Na atualidade, o trabalho se apresenta de maneira muito diferente do que emtempos atrás. Hoje são muito variadas as funções profissionais que podem ser exer-cidas, contudo estas aparecem e desaparecem de maneira muito mais rápida, exi-gindo do trabalhador uma capacidade de se ajustar às diferentes exigências e aosnovos tipos de tarefas que surgem. Existem ainda fatores diversos que tornam oacesso ao trabalho cada vez mais difícil, fazendo com que a busca por um postoseja sempre intensa e difícil.

As atuais possibilidades de atuação profissional levam em conta as caracte-rísticas de cada localidade, tendo em vista o que esta apresenta de realidade e oque para cada local é mais apropriado e específico.

Neste sentido, áreas como esporte e lazer têm se mostrado importantes,pois a procura de serviços nestes setores tem aumentado fortemente nos últimostempos. Por vários motivos é cada vez maior o interesse demonstrado pelas pes-soas em se aproximar de atividades de esporte e lazer, fazendo aumentar o inte-resse do setor privado e daí a oferta de serviços.

Da mesma forma, o poder público tem aumentado sua atenção para estessetores, inclusive em função de crescimento das exigências da população, e istotambém tem gerado maiores oportunidades de trabalho. Lembremos que estassão áreas que exigem um número muito grande de profissionais.

A ampliação das possibilidades e campos de trabalho em esporte e lazer aca-ba por aumentar as exigências sobre as pessoas que pretendem aí trabalhar, seja nosetor público, seja no privado. Estas exigências tratam dos aspectos que podem serapontados como indicados e mesmo necessários às pessoas que pretendem atuarnestas atividades, aspectos estes que tentam definir um perfil com as característicasessenciais para o desenvolvimento das atividades profissionais em esporte e lazer.

Inicialmente podemos falar que quando se atua profissionalmente com es-porte e lazer, sempre se desenvolverá o trabalho em contato direto com o públi-co, que vai variar de acordo com a localidade, demonstrando assim modos einteresses diferentes na busca e na motivação para a realização das atividades.

Devemos reconhecer que são muitos os espaços sociais possíveis para se

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atuar com esporte e lazer. Estes que podem ser fechados ou abertos, em contatodireto com a natureza ou não; podem ou não contar com recursos e equipamen-tos para a prática. Tudo isto faz com que as atividades possam ser as mais varia-das possíveis, sempre exigindo atenção do trabalhador .

No que se refere aos conhecimentos técnicos, é importante que o profissio-nal conheça bem os fatores que são necessários àquilo que é sua atividade, saben-do reconhecer as formas de organização e realização de suas tarefas. Deve aindasaber que para cada atividade existe um conjunto de normas e regras que são àbase de sua ação no trabalho.

Este conhecimento técnico deve sempre ser aperfeiçoado, buscando-se no-vas informações sobre cada assunto, na tentativa de estar em dia com aquilo quese pensa e se faz. Também é necessário saber que a parte técnica de seu trabalhonão existe sozinha, devendo sempre se associar ao compromisso do profissional.

O aspecto que trata do compromisso profissional fala da responsabilida-de, do cuidado que o trabalhador deve ter em tudo o que faz, da atenção e zelopor seu trabalho. Este compromisso ainda se apresenta na forma com que serelaciona com as demais pessoas envolvidas com as atividades, no cumprimen-to dos objetivos indicados para cada ação e na tentativa de fazer com que seutrabalho seja importante não apenas para si próprio, mas para todos que seenvolvem, os que trabalham, os que participam e toda a comunidade.

Assim, algumas características pessoais importantes são: seriedade, com-prometimento, respeito ao próximo e a si mesmo, constante busca de aperfei-çoamento.

Cada pessoa possui uma forma própria de ser, de se relacionar e isto deveser obviamente considerado. Todavia alguns dados são importantes para quemtrabalha com esporte e lazer: capacidade de auto-organização, pontualidade,saber trabalhar em equipe, liderança, ser tolerante, dinamismo nas ações, tercapacidade de agir em várias situações, demonstrar alegria e simpatia, saberusar da criatividade para agir e construir o próprio trabalho, boa capacidade decomunicação pessoal e com grande público, autonomia e independência, de-monstrar cuidado com equipamentos e materiais, além de olhar crítico.

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Onde trabalha o monitor deesporte e lazer

Hoje é amplamente reconhecida a importância e o valor da prática de ati-vidades esportivas e de lazer. Este reconhecimento se dá pelas possibilidades queestas atividades tem de oferecer maior qualidade de vida às pessoas que a elastem acesso. Isso certamente tem contribuído para ampliar os locais de trabalhopara o monitor de esporte e lazer.

Podemos a princípio identificar dois grandes espaços de trabalho: paramelhor definição os chamaremos de formal e informal. Numa identificação maissimples, consideramos formal como aquele que possui algum tipo de registro eportanto controlado por alguma norma; já o informal é aquele que, ao contráriodo primeiro, não possui nenhum tipo de registro, onde as formas de controle sãomais abertas.

Por força das características e normas, o formal é mais rígido e possuicondições mais controladas que o informal no que se refere às ações do trabalha-dor. Ao passo que o trabalho formal oferece mais garantias e maior segurança,ele é mais restrito, com menor possibilidades de acesso aos postos de trabalho,tanto no setor privado quanto no público.

Em associação a esta condição do espaço de trabalho, aparece o própriomodo de vínculo profissional: a pessoa que trabalha com esporte e lazer podeatuar como autônoma ou ser registrada formalmente, pode trabalhar sozinha ouse vincular a um grupo de pessoas, surgindo aí também a possibilidade de orga-nização de uma cooperativa. Outro fator que devemos analisar é que o trabalhopode ser fixo ou pode ser temporário.

Um ponto a se destacar é que assim como as próprias atividades em espor-te e lazer se modificam bastante ao longo dos tempos, surgindo sempre novaspráticas, da mesma forma os locais de trabalho e suas características se transfor-mam. Ao mesmo tempo em que isto pode ser considerado uma dificuldade, étambém uma vantagem, já que faz com que fatos novos apareçam sempre, ampli-ando as ofertas de postos de trabalho.

Reconhecendo estas realidades de trabalho, tentaremos apontar os locaisque podem ser vistos como possibilidades para se trabalhar nestas áreas, paradepois associarmos a estes suas características centrais, aquelas que são as maisespecíficas em cada um destes.

Como exemplo, apontamos diversos e variados locais de trabalho. Entende-mos que cada um possui elementos próprios, mas em algum sentido podem se juntarsob características comuns, seja em sua forma de ação, seja em sua organização.

* hotéis, pousadas, condomínios;

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* instituições de ensino, clubes sociais, clubes esportivos;

* praças, parques públicos, acampamentos, ruas de lazer, praias, festas;

* parques infantis, casas de festas, parques temáticos, excursões, colônia deférias;

* associações de moradores, sindicatos, entidades corporativas;

* organizações não governamentais, empresas, escritórios;

* iniciativas do poder público

Além das características que são específicas a cada espaço, existem fatorescomuns a todos que vão apontar as formas de se trabalhar: infra-estrutura, obje-tivos da atividade, tipo de atividade, público alvo, tempo disponível e outros.

Estes fatores mais gerais devem ser vistos e analisados antes da realizaçãoda atividade. Desta forma o planejamento pode ser pensado já tendo cada situa-ção desta em vista, facilitando assim sua ideal execução. Isto é, um fator de desta-que em qualquer trabalho com esporte e lazer é que sempre devemos conhecerbem cada local, identificando suas características, seus objetivos, suas possibilida-des e seus limites e isto em relação à sua estrutura ou à sua organização.

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O que chamamos de evento

INTRODUÇÃO

Um evento é um acontecimento que tem como característica principal oca-sionar o encontro de pessoas. Os eventos possuem uma finalidade específica,podendo estar ligado inclusive a razões comerciais, ou seja, visam incrementarnegócios. Por exemplo: uma rede de supermercados vai abrir uma nova loja eorganiza uma festa de inauguração com o objetivo de atrair clientes.

Os eventos são muito comuns e fazem parte do nosso dia-a-dia; muitospassam até despercebidos, como a programação de férias de um shopping-cen-ter ou uma semana de atividades esportivas de um clube. Uma festa de aniversá-rio ou um casamento também são eventos, porém não possuem fins comerciais,como é o caso da maioria dos que conhecemos.

As empresas descobriram nos eventos uma grande fonte de promoção desua marca e têm investido cada vez mais nessa área. Os eventos já fazem partedas ações de marketing que estas empresas desenvolvem. O que é marketing? Deforma simplificada, podemos dizer que é um conjunto de atividades empresariaisdestinadas à descoberta, conquista, manutenção e expansão de mercados para asempresas e suas marcas.

O mercado de eventos, por ser dinâmico, está em crescente desenvolvi-mento, por diversos motivos, tais como: sua influência na vida econô-mica das empresas, a importância de reunir pessoas com interessescomuns, a promoção de produtos, o lançamento de campanhas, oestabelecimento de contatos comerciais, o estreitamento do relaciona-mento com os clientes etc.

CLASSIFICAÇÕES

Podemos classificar os eventos, por área de interesse, da seguinte forma:

Artístico: Promoção da expressão cultural de um povo, através da músi-ca, dança, teatro, artes plásticas etc. Exemplo: Show de Música.

Científico: Trata de assuntos ligados às ciências. Exemplo: Congresso deMedicina.

Cívico: Promove assuntos relacionados à pátria Exemplo: Desfile de Co-memoração do Dia da Independência – 7 de setembro.

Esportivo: Evento de qualquer área esportiva. Exemplo: Campeonatode Vôlei de Praia.

Promocional: Visa promover um produto, uma pessoa, uma instituição

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ou um governo. Exemplo: Festa de lançamento de um novo aparelho detelefone celular.

Religioso: trata de assuntos religiosos, seja qual for a crença. Exemplo:Procissão de Nossa Sra. Aparecida.

Turístico: promove o turismo de um ou mais locais. Exemplo: FórumMundial de Turismo.

Institucional: desenvolve, mantém ou aperfeiçoa a imagem de umaempresa. Exemplo: Festa de comemoração de uma empresa que al-cançou os resultados pretendidos.

Atenção! É importante observar que esses tipos de eventos podem virassociados. Podemos ter um evento científico junto com um esportivo; ou umturístico com um artístico; e assim por diante. O animador de eventos pode serconvidado para organizar qualquer uma dessas atividades e muitas vezes podeinfluenciar no sentido de torná-la mais global, mais abrangente.

Os eventos também são classi-ficados por tipos. Alguns exemplos:

* Feira: Evento direcionado e seg-mentado para um mercado específi-co, com objetivo de venda. Tem du-ração média de uma semana e é reali-zado normalmente em pavilhões oucentros de exposições.

* Congresso: Evento em que profis-sionais da mesma área de atuação se reúnem para discutir sobre temas comuns.

* Coquetel: Comemoração de curta duração de uma data ou acontecimento ondesão servidas comidas e bebidas.

* Exposição: Exibição ao público de algum produto ou obra (artística, científi-ca...) podendo haver vendas ou não.

* Fórum: Reunião com objetivo de atrair grande público para discussão de umtema.

* Competições: Podem ser divididas em torneios e campeonatos. Se você dese-jar saber maiores informações sobre essas atividades, dê uma olhada na ocupa-ção de “monitor de esportes e lazer”.

Há ainda um diversificado número de eventos que não vamos abordar aquinessa ocupação: festas, colônias de férias, manhãs de lazer, excursões. De qual-quer maneira, as informações aqui contidas podem te ajudar a organizá-las. E sevocê desejar saber maiores informações sobre estes outros eventos, dê uma olha-da nas outras ocupações que compõe este livro.

Em relação ao público, os eventos podem ser classificados em:

Feira livre

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Definir bem o público-alvo é uma tarefaimportante do animador de eventos, pois isso

determina inclusive os seus objetivos e as estratégiasa serem utilizadas para a boa organização da atividade.

Vamos discutir um pouco mais sobre isso no próximoitem.

* Abertos: Um evento é aberto quando qualquer pessoa tem o direito departicipar do mesmo. Um show em uma casa de espetáculos pode ser um exem-plo: pagando o ingresso, a pessoa assiste ao show. Outro exemplo de eventoaberto é o desfile de 7 de setembro que algumas cidades organizam; por serrealizado na rua, qualquer pessoa pode comparecer. Nosso intuito é sempre ten-ta garantir que o maior número de pessoas possa participar da atividade;

* Fechados: Já um evento fechado é aquele que, de alguma forma, restrin-ge o público, quando a distribuição de convites é feita para pessoas pré-determi-nadas, ou seja, quando já existe um público-alvo definido.

Vale a pena, para encerrar este item, definirmos ainda o que chamamos de“público-alvo”. É um grupo de pessoas que o organizador, ou seu cliente, queratingir, ou seja, deseja que compareça ao seu evento. Por exemplo: uma loja deroupas sociais masculinas vai fazer uma festa. Qual será seu público-alvo? Pararesponder a esta pergunta você deverá fazer outra: quem compra seus produtos?Resposta: homens de 30 a 45 anos. Logo, os homens entre 30 e 45 anos são opúblico alvo.

ATIVIDADE 21

Pense agora nos diferentes eventos que você conhece e que já esteve presen-te. Tente fazer uma classificação destes, a partir do que você aprendeu.

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Todas as fases de organizaçãode um evento

Agora que já conceituamos os eventos e de que forma eles podem ser clas-sificados, vamos entender como funciona a produção de um evento.

OBJETIVO

O primeiro passo é definir o objetivo principal do evento, tendo assimconhecimento do que se pretende alcançar com sua realização. Como exemplo,os objetivos principais de eventos institucionais podem ser:

* Lançamento de produto ou campanha publicitária (tênis,CD, filme, por exemplo);

* Promoção de vendas de produtos tradicionais queprecisam ser melhor divulgados;

* Inauguração de um espaço (centro cultural, sala de cinema,escola, academia, nova filial ou edifício, por exemplo);

* Confraternizações em geral (festas de fim de ano, datacomemorativa, sucesso de vendas/lucro, por exemplo);

* Divulgação ou promoção de um determinado tema (seminário, palestra,congresso);

* Metas de um trabalho comunitário (manhã de lazer preparado no con-texto de um programa de lazer em uma associação de moradores, porexemplo).

PÚBLICO-ALVO

Definido o objetivo, definimos também o público-alvo. É através destadefinição fundamental que estaremos traçando os passos seguintes. Isto determi-na a escolha do local, da data e do horário; o fundamental é ter em mente que essadimensão também é responsável pelo sucesso do evento.

Um evento bem-sucedido é aquele que atinge satisfatoriamente o públicopretendido, pois qualquer atividade onde não haja a participação de pessoas nãopode dar certo. O projeto não visa à participação de qualquer público, mas da-quele que possui afinidade com seu objetivo.

PROJETO

O evento nasce de uma idéia sua ou de uma sugestão de outra pessoa que,neste caso, pode ser seu cliente, seu chefe ou seu sócio. Para materializar estaidéia, é preciso “colocá-la no papel” de forma clara e objetiva; por isso faz-senecessária a redação de um projeto.

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Os projetos podem ser desenvolvidos pelas próprias empresas que queremdivulgar sua marca/produto, ou por autônomos e empresas de eventos que ven-dem seus projetos para outras instituições. Logo, para realizar seu evento, é ne-cessário captar recursos financeiros por meio diversos, inclusive patrocínios.

Por exemplo: uma empresa de eventos idealizou um projeto de músicapopular brasileira e precisa de dinheiro para concretizá-lo. Ela precisa localizaruma outra empresa que possa patrociná-lo, buscando aquela cujo perfil se en-quadre ao evento. O próximo passo é redigir um projeto para apresentar suaidéia e captar o patrocínio necessário.

Um projeto, para captação de recursos, precisa ser claro e objetivo, po-dendo estar dividido da seguinte forma:

Apresentação - Definição do evento. Do que se trata?

Objetivo - O que se pretende alcançar?

Justificativa - Por que fazê-lo?

Programação - Quais são os principais envolvidos, locais e períodosde realização?

Ficha técnica - Quem são as pessoas envolvidas na realização do proje-to? (Elenco, Diretor, Coordenador, Produtor, Atrações...)

Realização - Quem é o responsável? Qual a sua experiência? O que járealizou?

Público-alvo - Qual o perfil do seu público?

Plano de comunicação - Estratégias e ferramentas de di-vulgação/Onde o evento vai ser divulgado? (Canais: jor-nais, revistas, rádios, canais de TV). Quais materiais impres-sos serão produzidos? Onde serão distribuídos?

Cronograma de execução - Descrição das atividades aserem executadas e o prazo de realização de cada uma delas.

Planos de cotas - Definir tipos e cotas de parceria.

O projeto pode possuir alguns tipos de assinatura: Patrocínio, Co-Patrocí-nio, Apoio. Por exemplo: Quem oferecer 50% da verba para a realização doevento é patrocinador; quem oferecer 25% é co-patrocinador; e quem partici-par com empréstimo ou doação de materiais é apoiador. Assim, cada um delesterá um tipo de retorno diferenciado e é evidente que quem participar com amaior verba possuirá mais direitos do que os restantes (maior cota de convites,logomarca impressa no material gráfico com maior destaque, etc).

Se o projeto já possui um apoio ou patrocínio, ou se ele estiver benefici-ado por alguma lei de incentivo, isto deverá ser citado nesta parte.

Retorno ao patrocinador - Quais os benefícios para o eventual pa-trocinador? O que ele ganha ao patrocinar o evento em questão?

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Especificar os retornos de acordo com o tipo de assinatura:

- Inserção da marca da empresa: Material gráfico, brindes.

- Marketing de Relacionamento: Coquetel para clientes especiais, cotade convites, ações exclusivas.

- Desdobramentos: Continuidade do projeto, lançamento de um novoproduto.

Planilha de custos - Apresentar os custos e qual a verba que seráutilizada para cada item ou serviço, de forma resumida.

Anexos - Você pode anexar ao projeto tudo o que pode ajudar na suaapresentação, como: histórico, materiais impressos, fotografias, gráfi-cos, pesquisas, reportagens, portfólios, etc.

PRÉ-PRODUÇÃO (PLANEJAMENTO)

Esta etapa engloba todas as ações que antecedem a produção e que sãoessenciais à realização efetiva do evento. Aqui é planejado o “passo-a-passo” daprodução.

Captação de recursos materiais e financeiros

Com o projeto finalizado, o próximo passo é “vendê-lo”. Normalmentesão procuradas empresas que tenham interesse em aliar sua marca ao eventoem questão. Para tal, é importante acompanhar o desenvolvimento do

Atenção, temos algumas dicas:

- Nem sempre é necessário apresentar a planilha de custos detalhada parao possível patrocinador, sendo suficiente apenas a apresentação do custototal do projeto.

- Uma apresentação bem feita é fundamental para a boarecepção e aceitação do projeto.

- Use muita criatividade na hora de formatar um projeto, poisuma forma inovadora de apresentação pode contribuir para suaaprovação.

- Não esqueça de inserir no projeto o seu contato: e-mail etelefone.

- Se puder não apresente, no mesmo período, o mesmo projeto aempresas concorrentes.

- Evite apresentá-lo apenas por e-mail ou correio, marque uma reunião.

- Junto ao projeto envie uma Carta de Apresentação, para que a pessoa quereceber o projeto saiba o que está recebendo.

- Use a logomarca de seu possível patrocinador no projeto; ele vai perceberque você se preocupou em apresentar um projeto exclusivo.

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mercado para saber a quem apresentar o projeto e assim evitar importunarsem necessidade um Gerente de Marketing ou de Comunicação de umaempresa, “fechando as portas” para um investimento futuro.Muitos projetos também podem contar com apoiadores, que normalmen-te são empresas de pequeno e médio porte que, em troca de inserção de sualogomarca no material gráfico confeccionado para o evento, ou outra for-ma de divulgação, oferecem seus serviços, emprestam materiais ou ajudamna organização; funcionam como parceiros do evento.É preciso ficar atento, pois muitas empresas de grande porte só patroci-nam um projeto sócio-cultural quando enquadrado em alguma lei de in-centivo fiscal (Lei Rouanet - Lei n° 8.313/91 – Federal, Leis Municipaisou Estaduais de Incentivo à Cultura).Quando tratamos de um evento que já tem verba disponível, a captaçãode recursos e a redação do projeto de captação não são necessárias. As-sim sendo, será preciso apenas redigir uma proposta, apresentando o eventoe seus serviços. É importante registrar todas as informações por escrito,para uma melhor orientação.

Planejamento

Planejar um evento é, ao contrário do que muitos pensam, algo bastantecomplexo. Esta atividade envolve providências de naturezas diversas que,na maioria das vezes, devem ser tomadas em um curto prazo de tempo.Uma pequena falha no início da produção pode gerar problemas gravesmais adiante. De qualquer forma, um bom animador de eventos é aqueleque sabe administrar os imprevistos e corrigir essas falhas a tempo.Nem todos os projetos devem seguir uma ordem específica de organiza-ção. Por mais que existam modelos e publicações sobre este tema, é im-possível prever um evento do início ao fim sem que haja, durante a pro-dução, alterações significativas no seu andamento.Por agrupar um grande número de atividades interligadas, dificilmenteum evento é realizado como planejado em sua totalidade. De qualquerforma, é importante prever as ações a serem tomadas para se ter umavisão do todo e, dessa forma, lidar com as alterações que deverão aconte-cer no andamento da produção. Por isso é importante a confecção deuma Lista de Tarefas ou Check-List., isto é, uma planilha informandoatividades divididas por categorias da seguinte forma:

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É possível organizar a Lista de Tarefas por ordem alfabética das atividades,por importância das atividades, por data de início da ação, pelo responsá-vel ou como preferir.

PRODUÇÃO (“MÃO-NA-MASSA”)

Na pré-produção viabilizamos as condições básicas necessárias para a rea-lização do evento e planejamos as atividades a serem desenvolvidas; agora ire-mos executá-las.

Verba

Com a verba definida e captada (caso o projeto seja comercializado) opróximo passo a ser tomado é a verificação e análise do orçamento dispo-nível. Só assim poderão ser consolidadas as estratégias do evento.

No projeto já se tem idéia do valor total do evento; nesta etapa, distribui-se a verba da melhor forma possível, visando atingir o objetivo e os resul-tados esperados, principalmente quando não se consegue a verba totalsolicitada inicialmente.

Formação de equipes

A reunião com os envolvidos na produção do evento, a contratação deassistentes e a troca de idéias com o cliente são feitas logo no início.Dividem-se as tarefas de acordo com o Check List e direcionam-se asresponsabilidades.

Local

Existem várias opções de locais para a realização de eventos, de acordocom suas características. Dentre eles podemos citar: auditórios, bares, ca-sas de espetáculos, casas de festas, centros comerciais, centros culturais,centros de convenções, cinemas, teatros, clubes, escolas, universidades,

* Temos algumas dicas:

- Quando fechar seu orçamento, calcule o valor total do projetoem um percentual acima do valor real (atualmente calculamos emmédia 20%), para que não haja surpresas durante a realizaçãoefetiva do projeto. Normalmente os projetos são idealizadosmuito antes e, durante o período entre a criação e suaconcretização, poderão acontecer fatores alheios à sua vontade,tais como inflação, aumento de câmbio de moedas estrangeiras,alteração da programação do projeto, gastos extraordinários ouimprevistos, entre outros

- Sempre que possível, a verba captada para a realização do evento deve serdepositada em uma conta bancária. Caso você seja autônomo, é aconselhá-vel abrir uma conta exclusiva para o projeto, para se ter maior controle dospagamentos.

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* Infra-estrutura e Equipamentos:

bibliotecas, estádios, galerias de arte, hotéis, museus, parques, praças, praias,resorts, restaurantes, fazendas, sítios, entre outros.

A escolha do local deve ter afinidade com o projeto e o tamanho adequa-do para suportar a estrutura e número de participantes esperados.

Devem ser observadas as seguintes questões na escolha do local para arealização do evento:

* Acesso

Está bem localizado? Seu público terá facilidade de acesso? Possui pon-tos de táxi, ônibus ou metrô próximos?

* Serviços Disponíveis

Com todas essas informações em mãos, já será possível ter noção de quaisserviços e equipamentos deverão ser contratados e alugados.

Temos uma dica: vá ao local para verificar estas questões pessoalmente;não confie apenas em catálogos ou Internet!

Data

É importante ter conhecimento do calendário de eventos da cidade paranão marcar uma data que coincida com o projeto de outro evento, divi-dindo assim o público-alvo. Outro fator importante é a visibilidade dosferiados e fins-de-semana.

Horário

Antes de definir o horário do evento é importante lembrar que devemossempre prever atrasos, normalmente de 30 minutos.

Serviços de terceiros

Já sabemos do que o local do evento dispõe e já temos apoiadores ofere-

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cendo serviços ou materiais. Após analisar os serviços e materiais que fal-tam, é preciso orçá-los com empresas especializadas. É importante orçarcom no mínimo três empresas distintas, para verificar o custo-benefíciodos serviços de cada uma delas.

Dentre os serviços normalmente contratados para um evento estão:

Temos algumas dicas:

- Tente deixar combinado com todos os fornecedores que o pagamentoseja efetuado 15 dias (ou mais) após o evento; assim você terá maistempo para se organizar financeiramente.

- Procure fechar o máximo de serviços com o mesmo fornecedor paraconseguir um bom desconto e um prazo maior para o pagamento.

- Sempre exija nota fiscal dos serviços contratados, porque além de seruma obrigação fiscal, algumas empresas patrocinadoras exigem presta-ção de contas.

Material gráfico

A programação do evento deve ser estabelecida para que seja iniciada aconfecção do material gráfico. É preciso considerar:

* Recursos Humanos:

- Produtor- Animador- Coordenador de Palco- Segurança- Limpeza- Telefonista- Secretária

* Serviços:

- Bufê- Decoração- Assessoria de Imprensa- Programação Visual- Gráfica- Equipamentos

- Transporte (aéreo e terrestre)- Filmagem- Fotografia- Serviço de Entrega- Outros

* Atrações:

- Músicos- Atores- Dançarinos- Palestrantes

- Manobristas- Recepcionistas- Garçom- Apresentador- Intérprete- Técnicos de Luz e Som- Motorista

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- Data do evento- Dia da semana- Local- Horário- Tema- Atrações

- Resumo das atividades- Breve histórico profissional dos participantes- Ficha técnica- Telefone para informações ou RSVP *- Valor a ser pago- Forma de pagamento

Cada evento possui uma necessidade de divulgação, por isso não há comopadronizar o material a ser confeccionado nem a respectiva quantidade.Entre os materiais gráficos e brindes normalmente produzidos estão: con-vites, folders, filipetas, cartazes, programas, out-doors, fichas de inscrição,certificados, credenciais, pastas, camisetas, canetas, blocos, catálogos, saiasde mesa ou palco, manuais de expositor, bonés ou viseiras, outros.

Tão importante quanto a criação e a confecção destes materiais é a suadistribuição. É fundamental que este material seja distribuído em locaisfreqüentados por seu público-alvo. Para o envio através dos correios, ouserviços especializados, é fundamental ter uma lista de contatos com possí-veis participantes (mala-direta). No caso de eventos institucionais, a distri-buição também pode ser feita na própria empresa, através de e-mail oucomunicados internos. Uma dica: algumas empresas ou profissionais autô-nomos atuam na distribuição de cartazes e convites; contratá-los pode tor-nar sua distribuição mais eficaz.

Agenda

Com a data se aproximando, é importante organizar a agenda do evento.Todos os envolvidos na produção devem ter sua agenda em mãos, assimcomo os telefones de contato de todos os integrantes da equipe, fornece-dores, palestrantes, músicos etc.

Informações de uma agenda:

* Em francês: “Répondez, s´il vous plaît” significa “Responda, por fa-vor”. Este serviço é usado quando há necessidade de confirmação depresenças. No convite há um telefone para o qual o convidado liga econfirma sua presença.

- Data- Dia da semana- Horário- Atividade- Observações

- Informações Adicionais- Responsável- Telefones e e-mails úteis- Local

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PÓS-PRODUÇÃO (CONCLUSÃO / DESFECHO)

Após a realização do evento é preciso fechar a produção e colher os frutosdo seu projeto. Um fechamento de produção bem feito é sinal de um trabalhobem realizado. Isso dará base para os próximos eventos, assim como contribuirápara uma maior credibilidade de seu profissionalismo perante seu cliente ou pa-trocinador.

Desmontagem

Tão importante como a montagem do evento é a sua desmontagem. Dei-xar o local de realização do evento como lhe foi entregue é algo quedemonstra profissionalismo. Alguns locais oferecem este serviço e vocênão precisa se preocupar, porém manter tudo na melhor ordem possívelé importante.

Acompanhar a desmontagem do palco, dos banners, dos estandes e deoutros materiais e equipamentos é imprescindível. Não é só porque oevento foi finalizado que acabou o seu trabalho. Alguns espaços têm pra-zos para desmontagem, principalmente aqueles que têm uma agenda deeventos cheia.

A devolução de todos os equipamentos alugados ou cedidos tambémdeverá ser imediata, de preferência no mesmo dia ou no dia seguinte.

Prestação de contas

Com o seu evento finalizado é hora de fazer o fechamento de custos e aanálise dos créditos e débitos, o pagamento dos fornecedores e, alémdisso, será preciso organizar as notas fiscais e recibos.

Análise

Analise os resultados do evento, verificando:

- a quantidade de visitas e presenças no evento;

- a quantidade de receita gerada / lucro do evento;

- o Clipping* do evento feito pela assessoria de imprensa;

- a eficiência da divulgação realizada (medida geralmente pelo número devisitantes ou por uma ficha de avaliação preenchida por esses participantes).

Exemplo:

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- orçamento previsto x orçamento realizado

- qualidade dos serviços prestados por terceiros;

- qualidade das visitas e das vendas realizadas;

- qualidade do trabalho da Assessoria de Imprensa.

Fechamento

É de bom tom oferecer aos palestrantes, artistas, convidados e principaisfornecedores um “kit” do evento podendo conter: material gráfico pro-

Para redigir um relatório, responda as seguintes perguntas:

- O patrocinador/apoiador alcançou o retorno prometido?

- A data, local e horário do evento foram bem escolhidos?

- O evento obteve espaço nos meios de comunicação?

- Os fornecedores foram eficazes?

- Quais materiais gráficos foram produzidos? (modelos, tamanhos equantidade).

- Houve algo importante que tenha contribuído para o sucesso doevento e que deva ser registrado?

- Houve alguma falha na produção que deve ser corrigida em umpróximo evento?

- Há planos para a realização de uma nova edição deste evento?

Relatório de avaliação

Após a análise, você poderá transformar os dados obtidos em um únicodocumento. Este documento poderá ser distribuído para toda a equipe; des-sa forma, será possível apresentar ações bem sucedidas e falhas que deverãoser evitadas no próximo evento.

É possível igualmente também apresentar um relatório para seu cliente ou pa-trocinador. Neste caso, não será preciso abordar todos os assuntos da produ-ção. Destaque aqueles que atendam à demanda de quem irá recebê-lo.

Alguns eventos podem e devem ser avaliados pelos participantes. Para isso,a produção pode confeccionar uma ficha de avaliação para ser preenchidaao final das atividades.

A avaliação da equipe de produção também é fundamental no que diz respeitoàs estratégias adotadas. É importante realizar uma reunião da equipe, nos diasseguintes ao evento, já que as informações ainda estão claras. Essas avaliaçõesserão muito importantes no desenvolvimento do próximo projeto.

* Clipping: Reunião de todas as matérias, comentários e anúncios que saí-ram sobre o evento em jornais, revistas ou outras publicações.

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duzido (folder, cartaz, convite, programa), brindes (camiseta, bloco, cane-ta, pasta), fotografias, fita de vídeo ou DVD, CD-ROM, levantamento dasfichas de avaliação entregues aos participantes, cartas e e-mails de agradeci-mento ou elogio, clipping, seu cartão de visita.

Algumas dicas:

- Além do kit para o patrocinador, faça o seu!Guarde parte do material gráfico produzido (ummínimo de 10 de cada peça) para o seu arquivopessoal.

- Tenha sempre uma pasta reunindo material detodos os eventos de que tenha participado; organizeseu portfólio.

- Para obter sua própria Lista de Contatos, pense em fazer uma ficha deinscrição para os participantes do evento e cadastre-os.

- Busque apoiadores que forneçam serviços ou materiais que sejam deextrema importância no seu evento, assim você reduz seus custos.

- Antes de apresentar seu projeto, verifique se a empresa abre normal-mente programas de incentivo, e se existe afinidade entre ela e oevento em questão.

- Guarde todas as correspondências e documentos utilizados durante aprodução. Depois do projeto realizado, veja quais deverão ser arquiva-dos.

- Um evento é como uma impressão digital, não há igual. Por isso, o bomprodutor, organizador e/ou animador de eventos é aquele que sabeadministrar todos os passos aqui citados da melhor forma possível e deacordo com suas necessidades.

ATIVIDADE 22

Chegou a hora! Vamos pensar na produção de um evento? Seu professorvai ajudar em todas as fases necessárias. Aproveite para tirar todas as suasdúvidas.

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Animando o evento

A animação de eventos está ligada à promoção de lazer e ao fomento depráticas que ocupem, com qualidade, o tempo livre.

“Animar um evento” pode ter duas interpretações: animar no sentidode fazer graça, de entreter, ou animar no sentido de promover, fazer aconte-cer, dar vida. Por isso vemos, em muitos casos, a função do animador servinculada à do produtor.

ANIMAR = ENTRETER

O animador pode ser aquele que possui a função de um apresentador, quefaz improvisações para divertir, informar, instruir ou entreter o público, apenasno dia do evento, como um mestre de cerimônias, um locutor, ou mesmo umator. Apresenta e anima eventos ou espetáculos com a orientação de roteiros pré-estabelecidos ou redigidos por ele mesmo.

Este profissional, normalmente autônomo, atua em atividades recreativas,esportivas e culturais, em outros tipos de eventos, programas de rádio e TV. Acapacidade de adaptação a situações diversas e a capacidade de estabelecer em-patia com o público são suas maiores virtudes.

ANIMAR = DAR VIDA

Já é sabido que o animador é aquele que faz a media-ção entre o público e o evento, seja no dia de sua realização,seja criando, planejando e produzindo o mesmo.

O conceito de animação de eventos vem sendo adapta-do, pois os profissionais da área que atuam em pequenos gru-pos e comunidades criaram um grande diferencial: o domíniodo público e das atividades a serem aplicadas.

Os produtores-animadores são grandes entusiastas do lazer e da cultura.São aqueles que estimulam a realização de eventos, atuando de forma maisacentuada com grupos, locais ou empresas específicas.

Por isso a função atual do animador de eventos vai mais além de animar opúblico a participar de um evento; ele pode ser também o responsável poridentificar e aplicar as atividades que terão melhor aceitação. Animar um even-to é conhecer o seu público, projetar as práticas compatíveis, produzir e colherresultados que serão a base para a próxima ação.

O que se vê com freqüência no mercado é a atuação precipitada de produ-tores que não identificam seu público antes da realização do evento. Por isso, a

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função de animador complementa a do produtor. Este faz a ponte entre o públicoe o evento, por possuir a função de mediador, estando apto a produzir eventosque se enquadrem ao perfil de uma ou outra comunidade, por exemplo.

A produção de um evento, em uma comunidade, deveria ser sempre pro-movida por profissionais que se identifiquem com a mesma, pois eles saberãopromover práticas que estejam de acordo com o local, com o gosto do público-alvo e principalmente com o benefício artístico, cultural, esportivo e de lazerque esta prática agregará.

Animando um evento, assumimos uma responsabilidade perante um pú-blico que precisa ser consultado, olhado, pesquisado. Muitos eventos são feitoserroneamente com base nos modismos e no que está em voga. Isso geralmenteacarreta verdadeiros desastres: o profissional não agrada a seu público, nãoagradando diretamente a seu cliente, se houver, e fecha portas para futurostrabalhos. Veja alguns exemplos abaixo:

* Exemplo 1

Você é contratado por uma empresa automobilística cujo público é for-mado pela alta classe social, com possíveis compradores de carros im-portados. Esta empresa pede que você projete um evento para captarnovos clientes. O que você pode propor? Um show de pagode na praiaou um concerto no Teatro Municipal? Com certeza o público destaempresa não iria a um show na praia. Se você, como profissional daárea, apresenta um projeto sem estudar o seu cliente e seu público-alvo,com certeza não será bem sucedido.

* Exemplo 2

Você quer idealizar um projeto para captar patrocínio. Sua idéia inicial éum torneio de vôlei de praia. Você pode apresentar este projeto parauma empresa que atua somente em Brasília? Claro que não, pois o pú-blico desta empresa não iria se deslocar de sua cidade para assistir aotorneio em uma cidade litorânea, e os moradores desta cidade litorâneanão interessariam seu cliente.

É preciso agir de forma cautelosa; o profissional precisa ser, antes de tudo,um grande pesquisador e estar ligado com o que está acontecendo no mundo.

Conforme visto nesses exemplos, é cada vez maior a necessidade de for-mação de profissionais que tenham visão. Até pouco tempo, um evento eravisto como uma simples festa ou um acontecimento sem muita importância.Mas hoje, o mercado, vendo o grande potencial desta área, está exigindo maiorcompetência dos que assumem esta função.

Uma festa de aniversário, uma reunião de trabalho, um encontro de ami-gos, tudo isso são pequenos eventos cotidianos que promovemos. Entretanto,quando encarados como profissão, tudo muda de figura e há que se ter muitaresponsabilidade e noção da complexidade desta função.

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Caracterização da ocupação

Já existem cursos de preparação de profissionais de eventos, porém boaparte dos profissionais que atuam no mercado é formada pela experiência pró-pria adquirida, inclusive, a partir dos acertos e erros cometidos.

De qualquer modo, animar um evento é uma arte. O animador de um even-to é o artista dos bastidores. Artista, porque deve ser versátil e estar conscientede que podem ocorrer situações inesperadas onde será preciso improvisar. E,principalmente, porque trabalha com sua criatividade, sendo responsável, mes-mo que fique “invisível” ao público, pela realização de eventos que levam diver-são e informação cultural de qualidade para as pessoas.

Por este motivo este profissional precisa desenvolver as seguintes caracte-rísticas:

DinamismoCapacidade de se adaptar a novas situações e desafios, improvisar e agircom dinamismo;

OrganizaçãoOrganizar o passo-a passo da produção para ter sempre omaior controle possível das ações;

DesinibiçãoPor muitas vezes precisará falar em público, apresentarprojetos e eventos e liderar equipes;

CriatividadeInovar seus projetos com idéias e soluções criativas, propor novas ações;

ControleMuitas vezes as coisas não acontecem como foram planejadas. É precisoter a cabeça no lugar e estar calmo para solucionar problemas e adminis-trar conflitos.

Atenção/ObservaçãoAlém da atenção ao desenvolvimento do projeto e das atividades de pro-dução, este profissional precisa estar atento ao que acontece ao seu redor.Como já foi dito anteriormente, o animador também precisa ser um grandepesquisador ligado a tudo que acontece no mundo dos eventos. É precisoter cultura geral, saber quais são as novidades, os novos espaços pararealização de eventos, os novos serviços oferecidos, as empresas que es-tão investindo nesta área, e vários outros fatores que farão deste um pro-fissional diferenciado no mercado.

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SegurançaDesde a apresentação do projeto até a execução do mesmo é preciso

estar muito seguro do que se fala e do que se propõe, agir sempre com

iniciativa e trabalhar com determinação. Como já vimos, muitas vezes,

uma ação não sai como planejada; por isso é necessário ter esta segurança

ao tomar novas decisões e passar credibilidade aos integrantes da equipe

e a seu cliente.

EntrosamentoRaramente uma produção de evento pode ser realizada por uma únicapessoa; por isso todo profissional da área de eventos precisa saber traba-lhar em equipes, demonstrar motivação, capacidade de discernimento ede relacionamento interpessoal, respeitar e ouvir opiniões, ponderar opi-niões divergentes, reconhecer que cada profissional envolvido no projetotem muito a acrescentar.

InformaçãoO profissional de eventos precisa estar sempre se atualizando, estudandopara não ficar “para trás”. Como é uma área de formação nova, se possí-vel, esteja sempre fazendo cursos de aperfeiçoamento.

ConfiançaDemonstrar clareza de expressão verbal e ter capacidade de persuasão émuito importante nesta área. Você precisa convencer o seu cliente ou oseu patrocinador de que aquele projeto vai ser um sucesso.

ResponsabilidadeO animador é o responsável pelos eventos que organiza e pelas pessoasque participam dele. Não podemos esquecer que além da responsabilida-de social que muitos eventos agregam, este profissional é responsáveltambém pela boa conduta do evento, pela imagem daqueles que partici-pam seja como apoiadores ou como equipe. É ele ainda, ou alguém indi-cado por ele, que administra a verba e os equipamentos do evento.

Essas são apenas algumas das qualidades esperadas de um profissional deeventos; muitas delas são aplicadas a outras áreas de atuação, mas o que qual-quer profissional precisa ter em mente é que agindo com clareza e honestidadeserá bem sucedido.

Principalmente em uma área que está em ascensãoe aperfeiçoamento profissional, a cada dia nos deparamoscom novidades e temos que aprender novas formas detrabalhar, além de conhecer maiores oportunidades.É preciso refletir sobre isso.

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Onde trabalha o animadorde eventos

Estes números estratosféricos fizeram com que a Organização das NaçõesUnidas (ONU) reconhecesse oficialmente a indústria de feiras e eventos comocategoria econômica diferenciada no “Padrão Internacional de Classificação deAtividades Econômicas” (International Standard Industrial Classification of AllEconomic Activities – ISIC).

Como podemos ver, o mercado está em crescimento. Com isso, os eventosestão cada vez maiores, em maior número, e mais sofisticados, o que vem exigin-do a formação de profissionais especializados neste setor. Por esse motivo, exis-tem cursos direcionados para a formação de profissionais de eventos, sejam elesde extensão, graduação e pós-graduação. Porém, conforme citado anteriormen-te, a maioria dos profissionais que atuam no mercado atualmente foi formadapelo dia-a-dia de trabalho, no exercício de sua função.

ATUAÇÃO DO ANIMADOR DE EVENTOS

O animador de eventos possui um campo muito amplo de trabalho, po-dendo atuar como coordenador de eventos, assistente de produção, consultor,entre outros. Pode trabalhar como autônomo, ter sua própria empresa ou sercontratado por empresas especializadas no ramo. Pode atuar em todas as fasesde uma produção ou apenas em parte. O animador pode apenas projetar umevento ou realizar um evento pré-projetado. Ele pode ser contratado para fazer aprestação de contas de um evento ou controlar a distribuição de materiais. Eleestá habilitado a acompanhar todas as fases de uma produção desde a criação,planejamento e a execução de eventos de pequeno, médio e grande porte.

O animador deve estar apto para criar, idealizar, estruturar,coordenar, controlar e agir. Ele pode criar/propor o evento,estruturá-lo, enquadrar seu projeto nas Leis de Incentivoà Cultura, captar recursos, administrar a verba para suarealização, formar equipes e liderá-las.

O MERCADO DE EVENTOS

“No Brasil, a cadeia de eventos envolve cerca de 80 milhões de participantes, gera 2,9 milhões deempregos diretos e indiretos e causa impactos em 56 setores da economia. Estima-se que este ramode atividade tenha crescido 7% anualmente no País nos últimos anos. Aproximadamente 327 mileventos e 160 grandes feiras acontecem no Brasil anualmente. No mundo, o setor de eventosmovimenta US$ 4 trilhões anuais, empregando 255 milhões de pessoas” (Informações retiradas dosite da ABEOC- Associação Brasileira de Empresas de Eventos: www.abeoc.org.br – 3/11/2005).

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Os profissionais normalmente encontram necessidade de se especializaremem uma área, podendo ser a de produção de eventos artísticos, esportivos, insti-tucionais, entre outros. E dentro de cada uma destas áreas ainda encontramossubdivisões.

Dentro da área de produção artística, por exemplo, temos as áreas de cine-ma, dança, música, teatro, artes plásticas. Cada uma delas possui suas própriascaracterísticas e peculiaridades.

LOCAIS DE TRABALHO

Os eventos ocorrem em locais variados, sendo alguns deles até inusitados.Dentre os locais de atuação podemos citar alguns: Associação de Moradores,Auditórios, Bares, Casas de Espetáculos, Casas de Festas, Centros Comerciais,Centros Culturais, Centros de Convenções, Cinemas, Clubes, Empresas, Escolas,Estádios, Fazendas, Galerias de Arte, Hotéis, Museus, Parques, Praças Públicas,Praias, Resorts, Restaurantes, Shoppings, Sítios, Teatros, Universidades.

O Animador pode atuar nestes locais, supervisionando os eventos lá rea-lizados e estabelecendo políticas de realização de eventos. Porém, normalmen-te este profissional trabalha em escritórios, planejando os projetos que aconte-cerão possivelmente em algum dos lugares citados acima.

Os Animadores costumam trabalhar em escritórios próprios ou em escri-tórios de empresas que os contratam para a produção de um determinado evento.Alguns profissionais da área, pela facilidade de ambiente de trabalho, podeminclusive trabalhar em casa.

É bom para o profissional da área de eventos ter conhecimento de uso deinternet, de aplicativos para redação de textos, confecção de planilhas e apre-sentação de slides (informática).

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