espécies frutíferas nativas do sul do brasil_documento_129

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ISSN 1806-9193 Outubro 2004 129

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  • ISSN 1806-9193Outubro 2004 129

  • Repblica Federativa do Brasil

    Ministrio da Agricu ltu ra, Pecu ria e Abastecimento

    Empresa Brasileira de Pesqu isa Agropecu ria Embrapa

    Conselho de Administrao

    Diretoria Execu tiva da Embrapa

    Embrapa Clima Temperado

    Luiz Incio Lula da Silva

    Roberto Rodrigues

    Jos Amauri Dimrzio

    Clayton Campanhola

    Dietrich Gerhard QuastAlexandre Kalil PiresSrgio FaustoUrbano Campos Ribeiral

    Clayton Campanhola

    Gustavo Kauark ChiancaHerbert Cavalcante de LimaMariza Marilena Tanajura Luz Barbosa

    Joo Carlos Costa Gomes

    Jos Dias Vianna Filho

    Waldyr Stumpf Jnior

    Apes Roberto Falco Perera

    Presidente

    Ministro

    Presidente

    Vice-Presidente

    Membros

    Diretor-Presidente

    Diretores-Executivos

    Chefe-Geral

    Chefe-Adjunto de Administrao

    Chefe-Adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento

    Chefe-Adjunto de Comunicao e Negcios

  • Documentos 129

    Editores

    Maria do Carmo Bassols RaseiraLu is Edu ardo Corra Antu nesRenato TrevisanEmerson Dias Gonalves

    Espcies Fru tferasNativas do Su l do Brasil

    Pelotas, RS2004

    ISSN 1806-9193

    Outubro, 2004

  • Exemplares desta publicao podem ser adquiridos na:

    Embrapa Clima TemperadoEndereo: BR 392 Km 78Caixa Postal 403 - Pelotas, RSFone: (53) 275 8199Fax: (53) 275 8219 - 275 8221Home page: www.cpact.embrapa.brE-mail: [email protected]

    Comit de Pu blicaes da Unidade

    Presidente: Walkyria Bueno ScivittaroSecretria-Executiva: Joseane M. Lopes GarciaMembros: Cludio Alberto Souza da Silva, Lgia Margareth Cantarelli Pegoraro,Isabel Helena Vernetti Azambuja, Cludio Jos da Silva Freire, Lus AntnioSuita de Castro, Sadi Macedo Sapper, Regina das Graas V. dos SantosSu plentes: Daniela Lopes Leite e Lus Eduardo Corra Antunes

    Revisor de texto: Sadi Macedo Sapper/Ana Luiza Barragana ViegasNormalizao bibliogrfica: Regina das Graas Vasconcelos dos SantosEditorao eletrnica: Oscar Castro

    1 edio1 impresso 2004: 100 exemplares

    Todos os direitos reservadosA reproduo no-autorizada desta publicao, no todo ou em parte, constituiviolao dos direitos autorais (Lei no 9.610).

    Espcies frutferas nativas do Sul do Brasil / Editores Maria do Carmo BassolsRaseira [et. al.]. -- Pelotas: Embrapa Clima Temperado, 2004.

    124 p. -- (Embrapa Clima Temperado. Documento, 129).

    ISSN 1516-8840

    1. Fruta nativa - Myrtaceae - Ara - Feijoa - Pitanga - Cerejeira-do-Rio-Grande - Uvaia - Jabuticaba - Guabiroba - Guabiju - Regio Sul - Brasil. I.Raseira, Maria do Carmo Bassols. II. Srie.

    CDD 634

  • Au tores

    Amlia T. Henriqu esFarmacutica Prof., Dr. UFRGS, Porto Alegre, RSEmail: [email protected]

    Caroline Marqu es CastroEng. Agrn. Dr., Embrapa Clima Temperado Cx. Postal 403CEP 96001-970 Pelotas, RS. Bolsista CNPqE-mail: [email protected]

    Emerson Dias GonalvesEng. Agrn. Dr., Embrapa Clima TemperadoBolsista CNPq/RD - Cx. Postal 403, CEP 96001-970 Pelotas, RSE-mail: [email protected]

    Elisia Rodrigu es CorraEng. Agrn. Embrapa Clima TemperadoBolsista CNPq. Cx. Postal 403, CEP 96001-970 Pelotas, RSE-mail: [email protected]

    Gu ilherme PizzoliEstudante curso de Farmcia-UFRGS, bolsista iniciao cientficaPorto Alegre, RS. Email: [email protected]

    Jos A.S. Zu anazziFarmcutico, Prof., Dr. UFRGS, Porto Alegre, RSEmail: [email protected]

    Lu is Edu ardo Corra Antu nesEng. Agrn. Dr., Embrapa Clima TemperadoBolsista CNPq. - Cx. Postal 403, CEP 96001-970 Pelotas, RSE-mail: [email protected]

  • Maria do Carmo Bassols RaseiraEng. Agrn. Dr., Embrapa Clima TemperadoBolsista CNPq. Cx. Postal 403, CEP 96001-970 Pelotas, RSE-mail:[email protected]

    Mriam ApelFarmcutica. Prof. Dr. UFRGS, Porto Alegre, RSEmail: [email protected]

    Rafaela MarinEstudante curso de Farmcia-UFRGS, bolsista iniciao cientfica,Porto Alegre, RSEmail: [email protected]

    Renata LimbergerFarmacutica. Prof. Dr. UFRGS, Porto Alegre, RSEmail: [email protected]

    Renato Trevisan, Eng. Agrn. Dr., Embrapa Clima TemperadoCx. Postal 403, CEP 96001-970 Pelotas, RS. Bolsista CNPq/RDE-mail: [email protected]

    Rodrigo Cezar FranzonEng. Agrn. M.Sc. em AgronomiaFruticultura de Clima Temperado, FAEM/UFPelE-mail: [email protected]

  • O Brasil um dos principais centros de diversidade gentica deespcies frutferas. Entretanto, a quase totalidade desconhecida,embora muitas delas possuam potencial para se tornarem competitivascom as espcies frutferas tradicionais.

    As atividades de pesquisa, visando o desenvolvimento, produo emanejo de espcies nativas, vm sendo desenvolvidas maisintensamente na Embrapa Clima Temperado, com objetivo de gerartecnologias que possibilitem o desenvolvimento de sistemas deproduo ou de manejo de populaes nativas, sustentveis dospontos de vista agronmico, econmico, social e ambiental.

    Nesse contexto, para espcies como o araazeiro, a pitangueira, acerejeira do-rio-grande, a goiabeira serrana e a jabuticabeira, entreoutras, os conhecimentos e tecnologias gerados podero modificar osistema hoje extrativista, transformando-o em atividade de importnciasocioeconmica, visto o potencial que estas frutas apresentam quantoao sabor, aroma e aparncia externa.

    Embora se tenha poucas observaes destas espcies nativas emcultivo no Pas e a pesquisa nacional seja reduzida, optou-se porapresentar a tcnicos, produtores e viveiristas, as observaesdisponveis no Brasil, acrescidas de experincias de outros pases, paraque esta publicao possa servir aos interessados como mais umaopo de melhor utilizao da propriedade e de diversificao de

    Apresentao

  • Joo Carlos Costa GomesChefe Geral

    Embrapa Clima Temperado

    produtos. Este documento apresenta informaes sobre algumasfrutferas nativas da regio sul e aborda, de forma sucinta e emlinguagem simples, os diversos aspectos das culturas, comoclassificao botnica das espcies, condies de clima, cultivares,tratos culturais, aspectos fitossanitrios e conservao.

  • Su mrio

    Introdu o ........................................................................

    Descrio da planta .........................................................

    Caractersticas fenolgicas e morfolgicas, florao ematu rao dos fru tos de Mirtceas fru tferas nativasdo su l do Brasil ................................................................

    Propagao das plantas fru tferas ..................................

    Principais prticas cu ltu rais em fru tferas nativas .........

    Pragas e doenas .............................................................

    Colheita, ps-colheita, manu seio, armazenamento econservao de fru tas nativas ........................................

    Potencialidades agronmicas de algu mas mirtceasfru tferas nativas do su l do Brasil ...................................

    Propriedades nu tricu ticas de algu mas espciesfru tferas nativas do su l do Brasil ...................................

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  • Introdu o

    No Sul do Brasil existe uma grande diversidade de fruteiras nativas,dentre as quais se destacam o araazeiro (Psidium cattleyanumSabine), a feijoa (Acca sellowiana (Berg) Burr.), a pitangueira (Eugeniauniflora L.), a cerejeira-do-rio-grande (E. involucrata DC.), a uvalheira(E. pyriformis Camb.), a jabuticabeira (Plinia trunciflora (Berg) Kausel),a guabirobeira (Campomanesia xanthocarpa Berg) e o guabiju(Myrcianthes pungens Berg), todas pertencentes famlia Myrtaceae.

    Estas espcies vm sendo estudadas h alguns anos por algumasinstituies de pesquisa e ensino do Brasil. No entanto, at omomento, somente a pitangueira cultivada em escala comercial, noestado do Pernambuco, e seu cultivo vem aumentando nos ltimosanos (Bezerra et al., 2002). A feijoa cultivada em alguns pases,como a Nova Zelndia e Estados Unidos da Amrica (Franklin, 1985).

    O ara, introduzido da Amrica do Sul, vem sendo cultivado h maisde 200 anos na Ilha da Reunio, tendo ali importncia econmica.Entretanto, no Brasil cultivado em rea praticamente insignificante.

    Todas as espcies vegetativas, hoje cultivadas, foram silvestres umdia, inicialmente submetidas a um sistema extrativista e sposteriormente, com a sua domesticao e com conhecimento, aprincpio emprico e, depois, sistematizado atravs da pesquisa, quevieram integrar algum sistema de produo e tornar-se fonte de rendae de gerao de empregos.

  • Espcies Frutferas Nativas do Sul do Brasil12

    As frutas nativas da regio do sul do Brasil apresentam um potencialde mercado interessante. Para muitos, elas representam o sabor novo,a novidade que mercados diferenciados buscam, para outros, elasrepresentam um pouco da nostalgia da infncia, quando se colhiamaras dos campos sem divisas ou se saboreavam as pitangasdaqueles ramos que se conseguiam alcanar. Mas, para todos, elasrepresentam grandes fontes de vitaminas, bem como de compostosqumicos importantes para uma vida saudvel.

    Elas so uma possibilidade hoje, mas sero, com certeza, umarealidade em um futuro muito breve e devero ser nosso legado sgeraes futuras, porque, como disse Thomas Jefferson, "o maiorlegado que o homem pode deixar humanidade incluir uma novaespcie no seu sistema produtivo".

  • Descrio da Planta

    Caroline Marques CastroMaria do Carmo Bassols RaseiraRodrigo Cezar Franzon

    Neste captulo apresentada a descrio morfolgica das plantas,folhas, flores e frutos das principais espcies de fruteiras nativas dosul do Brasil.

    PITANGUEIRA - Eugenia uniflora Linnaeu s

    Famlia: MyrtaceaeSinonmia: Eugenia micheli Lam.; Stenocalyx micheli (Lam.) Berg;Stenocalyx nhampiri Barb. Rodr.; Stenocalyx oblongifolius Berg.,Stenocalyx costatus (Camb.) Berg; Stenocalyx brunneus Berg;Stenocalyx affinis Berg; Stenocalyx strigosus Berg; Stenocalyximpunctatus Berg; Stenocalyx lucidus Berg; Stenocalyx dasyblastusBerg; Stenocalyx glaber Berg; Eugenia costata Camb.; Myrtusbrasiliana L.; Plinia rubra L.; Plinia pedunculata L.; Eugenia indicaMicheli.

    Ocorre no Brasil, desde o Estado de Minas Gerais at o Rio Grande doSul, onde aparece em todas as regies fisiogrficas, estendendo-se ata metade norte do Uruguai e ao Chaco, na Argentina, e naMesopotmia (Marchiori e Sobral, 1997).

  • Espcies Frutferas Nativas do Sul do Brasil14

    Figu ra 1. Vista geral do pomar de pitangueira na Embrapa ClimaTemperado, Pelotas/RS.

    uma arvoreta, ou rvore, com altura variando de 3 a 12 m.Apresenta sistema radicular profundo, formado por uma raiz pivotante.O tronco tortuoso (Figura 1), com manchas claras acinzentadas, comdimetro de at 40 cm. Quando em cultivo isolado, a copa apresentaforma arredondada, com dimetro de projeo variando de 3 a 5 m. Asfolhas so simples, opostas, ovadas ou ovado-oblongas, de bordoslisos, pice atenuado-acuminado a obtuso, base obtusa a subcordada,s vezes atenuada ou aguda, de dimenses variando de 2,5 a 7 cm decomprimento por 1,2 a 3 cm de largura, de colorao verde-escura,lustrosas e com consistncia membrancea. O pecolo mede entre 1 e2 mm, podendo chegar a 5 mm. As flores so bissexuais, reunidas emfascculos de disposio axilar formados por 2 a 6 unidades, empednculos que variam de 1 a 3 cm de comprimento. As spalas sooblongas, com 3 a 4 mm de comprimento. As ptalas, em nmero de4, so livres, pubrulas e brancas (Figura 2a). O estilete filiforme e oestigma capitado (Sanchotene, 1989). Os estames so numerosos, eo ovrio nfero, bilocular, com nmero superior a 30 vulos (Franzon,2004).

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  • 15Descrio da Planta

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    Figu ra 2. (A) Flores de pitangueira, (B) detalhe dos frutos, escuros e,(C) vermelhos Embrapa Clima Temperado, Pelotas/RS.

    Os frutos so bagas globosas, coroadas pelo clice persistente, comos plos achatados e dotados de 7 a 8 sulcos no sentido longitudinal(Figura 2b). Quando inicia o processo de maturao, o epicarpo passade verde para vermelho e deste at quase preto (Sanchotene, 1989).Entretanto, algumas plantas apresentam frutos de cor laranja ouvermelha, mesmo quando j atingiram a maturao (Franzon, 2004).

    Os frutos apresentam 1 a 2 sementes, esporadicamente 3 a 4 eexcepcionalmente acima de 4 sementes (Franzon, 2004). As sementesso branco-acinzentadas, medindo, no sentido longitudinal cerca de 7a 10 mm, e na regio mediana de 9 a 14 mm. O tegumento bastanteaderente semente e apresenta colorao verde-clara (Sanchotene,1989).

    A pitangueira pode ser considerada auto-frtil pois o plen germina ecresce no pistilo da prpria flor, chegando at os vulos. Entretanto,ela precisa de agente polinizador, pois as anteras esto, em geral, emplano inferior ao estigma (Franzon, 2004).

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  • Espcies Frutferas Nativas do Sul do Brasil16

    CEREJEIRA-DO-RIO-GRANDE, ou cerejeira-do-mato(Eugenia involucrata DC.)

    Famlia: MyrtaceaeSinonmia: Phyllocalyx involucratus (DC.) Berg; Phyllocalyx laevigatusBerg; Eugenia laevigata (Berg.) Legr.

    Ocorre no Brasil, em uma rea que se estende do Rio de Janeiro e sulde Minas Gerais at o Rio grande do Sul, e tambm no Paraguai,Uruguai e Argentina (Mattos, 1985). rvore de porte mdio, com at15 m de altura e tronco retilneo e cilndrico. A casca lisa e comdeiscncia em placas, variando de cor com a idade, passando doesverdeado at o castanho-acinzentado. A copa, longa, estreita e deramificao ascendente, possui densa folhagem verde-escura-brilhantepereniflia ou semidecdua. Os ramos novos so achatados,inicialmente pubrulos e mais tarde glabros. As folhas so opostas,simples e coriceas, variando de elptico-oblongas a oblongo-lanceoladas, medindo entre 6 e 7 cm de comprimento, por 1 a 3 cmde largura, com pice acuminado-obtuso, margem inteira, basecuneado-decorrente no pecolo (Marchiori e Sobral, 1997). As floresformam-se nos ramos do ano. De cada axila parte um pednculounifloro com 1 a 3 cm. Duas brcteas verdes, foliceas, opostas ecordiformes protegem o conjunto floral. Estas, com a abertura da flor,assumem a posio horizontal. As flores so bissexuais, formadas por4 spalas livres, lanceoladas, dispostas em cruz, medindo entre 8 e 12mm de comprimento e entre 3 e 5 mm de largura. Em alternncia sspalas encontram-se as ptalas, tambm livres, dispostas em cruz eem nmero de 4. As ptalas so brancas. Os estames so numerosos,dispostos em 2 verticilos, com os mais curtos no centro e os maislongos na periferia do disco. O gineceu verde-claro e mede cerca de1 cm de altura (Sanchotene, 1989). Os frutos, lisos e coroados porspalas foliceas persistentes, de 7 a 15 mm, so bagas oblongas,vermelhas, at roxo-escuras, conforme o estgio de maturao(Marchiori e Sobral, 1997). Medem 2,5 cm de comprimento e, naregio de maior largura, 2,0 cm. Em corte longitudinal encontra-se omesocarpo suculento, o qual envolve o endocarpo, representado porcaroos que variam de 1 a 5, branco-esverdeados, arredondados, comcerca de um cm de dimetro (Sanchotene, 1989).

  • 17Descrio da Planta

    UVALHEIRA (Eugenia pyriformis Camb.)

    Famlia: MyrtaceaeSinonmia: Pseudomyrcianthes pyriformis (Camb.) Kausel; Eugeniauvalha Camb.

    nativa das bacias dos rios Paran e Uruguai, desde So Paulo atCorrientes, na Argentina, e no Rio Grande do Sul. Donadio et al.(2002) citam a existncia de duas variedades botnicas de uvalheira,E. pyriformis var. uvalha e E. pyriformis var. argentea. Segundo estesmesmos autores, esta espcie tambm nativa no Paraguai eArgentina.

    uma arvore de at 15 m de altura e 20 a 40 cm de D.A.P. (dimetrona altura do peito).

    Figu ra 3. (a) Plantas de uvalheira, (b) detalhe dos frutos. EmbrapaClima Temperado, Pelotas/RS.

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    De copa alongada (Figura 3a), com ramificao ascendente, folhagemverde-clara e ramos finos, achatados, providos de pubescncia serceaat velutnea. Apresenta casca pardo-clara-acinzentada, descamante ecom fissuras pouco profundas, as quais deixam cicatrizes mais claras.As folhas so opostas, coriceas e oblongo-lanceoladas, medindo de 3a 7 cm de comprimento por 0,8 a 1,8 cm de largura. Ligeiramentepubescentes na face inferior do limbo e pecolo, com pice atenuado-obtuso, base aguda e nervura principal muito saliente na face inferior.

  • Espcies Frutferas Nativas do Sul do Brasil18

    As flores so brancas e produzidas em dicsios trifloros longamentepedunculados, com 2 a 2,5 cm de comprimento, algumas vezessolitrios (Marchiori e Sobral, 1997). O fruto do tipo baga-piriforme(Figura 3b), com comprimento variando entre 2 e 2,5 cm, amarelo,sucoso, cido e pubescente (Mattos, 1978).

    ARAAZEIRO (Psidium sp. Linnaeu s)

    Famlia: Myrtaceae

    Neste gnero encontram-se mais de 100 espcies. No Rio Grande doSul, foram coletadas cinco espcies: Psidium australe Cambessdes,P. cattleyanum Sabine, P. incanum (Berg) Burret, P. luridum (Sprengel)Burrret e P. pubifolium Burret (Marchiori e Sobral, 1997).

    Psidium cattleyanum Sabine

    Sinonmia: Psidium littorale Raddi; P. variabile Berg.; P. coriaceumBerg; P. coriaceum var. obovatum Berg; P. coriaceum var. grandifoliumBerg; P. cattleianum var. coriaceum (Berg) Kiaerskou.

    Apresenta extensa rea de ocorrncia na costa atlntica brasileira,desde a Bahia at o nordeste do Uruguai. Diferencia-se das demaisespcies do gnero por ser um arbusto ou arvoreta, com mais de 1,5m de altura, com clice fechado no boto, o qual, na antese, rompe-seem lobos irregulares (Marchiori e Sobral, 1997).

    O sistema radicular pivotante, o tronco tortuoso, de casca finacastanho-avermelhada-escura. As folhas so simples, opostas, glabras,coriceas, verde luzentes, obovadas, de pice curtamente atenuado,arredondado-mucronado ou apenas arredondado e base cuneada. Asdimenses do limbo variam de 5 a 9 cm de comprimento por 2,5 a 5cm de largura, presas a pecolos de 4 a 10 mm. As flores nascem nosramos do ano, com colorao branca (Figura 4a), diclamdeas,pentmeras, hermafroditas, zigomorfas, solitrias, presas a pednculosunifloros, opostos, de disposio axilar ou partindo de ramosdesnudos. Os estames so numerosos, exsertos, dispostos em vriassries, com filetes brancos e anteras amarelas. Apresenta ovrionfero, com 3 a 4 lculos, e com numerosos vulos por lculo,dispostos em duas fileiras verticais, aderidos a uma placenta que se

  • 19Descrio da Planta

    projeta em direo ao centro do lculo. O estilete filiforme e oestigma capitado ou peltado (Sanchotene, 1989).

    Figu ra 4. Flores de araazeiro e tipos de frutos (amarelo e vermelho)existentes no Banco Ativo de Germoplasma da Embrapa ClimaTemperado, Pelotas/RS.

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    Os frutos so bagas globosas, piriformes, ovides ou achatadas,coroadas pelo clice, de consistncia semelhante ao epicarpo (Figura4b). Apresentam dimenses variveis. O epicarpo amarelo ouvermelho e o endocarpo apresenta colorao amarelo-claro a branco,ou vermelho, clareando em direo ao centro. As sementes sonumerosas (Sanchotene, 1989).

    H algumas dvidas sobre o modo de reproduo de P. catleyanum.Propenoe (1920) referia-se ao fato dessa espcie ser normalmentepropagada por sementes, sendo a variabilidade entre os "seedlings" deuma mesma planta, menor do que a variabilidade entre "seedlings"oriundos de mes diferentes. Cheyhiyam (1988) considera estaespcie como auto-incompatvel, enquanto Teaotia et al. (1970)concluram que a espcie auto-frtil.

    Estudos sobre germinao in vivo e in vitro de gros de plen,observaes sobre a meiose e anlises isoenzimticas em diversaspopulaes de P. catleyanum levaram hiptese de que pelo menos

  • Espcies Frutferas Nativas do Sul do Brasil20

    parte das sementes so apomticas, originando clones da planta me(Raseira et al., 1994).

    JABUTICABEIRA - Plinia trunciflora (Berg) Kau sel

    Famlia: Myrtaceae

    Sinonmia: Eugenia cauliflora Miq.; Eugenia cauliflora DC.; Myrciariatrunciflora Berg

    A jabuticabeira (Myrciaria spp.), espcie tipicamente brasileira, ocorreem vrios centros de diversidade, principalmente na regio da Caatingano Nordeste e no Centro Sul e Sudeste. Tambm ocorre no BrasilCentral, no Cerrado, Mata Atlntica e Mato Grosso do Sul, na regiodo Pantanal. O nome indgena iapotikaba e, significa frutos emboto (Donadio et al, 2002).

    uma rvore de at 15 m de altura e com 40 cm de D.A.P., comtronco geralmente reto, cilndrico, com casca lisa, castanho-acinzentado, e com deiscncia em pequenas placas (Marchiori eSobral, 1997).

    Figu ra 5. Jabuticabeira em frutificao. Embrapa ClimaTemperado, Pelotas/RS.

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  • 21Descrio da Planta

    Forma uma copa arredondada, com ramificao ascendente e densafolhagem perene. As folhas so opostas, inteiras, lanceoladas emedem de 6 a 7 cm de comprimento por 2 a 3 cm de largura, compice agudo acuminado e base obtusa. Apresenta pecolo curto,medindo 2 a 3 mm de comprimento. As flores so brancas eencontram-se dispostas em racemos multifloros de pednculo muitocurto. Aparecem em ramos grossos, desprovidos de folhas, ocorrendoa caulifloria (Figura 5). Os frutos so bagas globosas de cor preta(Marchiori e Sobral, 1997).

    GUABIROBEIRA - Campomanesia xanthocarpa BergFamlia: MyrtaceaeSinonmia: Campomanesia malifolia Berg

    Apresenta distribuio natural que se estende desde Minas Gerais eMato Grosso do Sul, at o norte do Uruguai e provncia de Corrientes,na Argentina. A guabirobeira tem origem em vrias regies do Brasil,existindo mais de uma espcie conhecida, tais como: C. xanthocarpa,C. fenzliana, C. eugenioides, C. pubescens e C. lineatifolia, sendo quea primeira nativa desde Minas Gerais at o Rio Grande do Sul,enquanto que as demais se espalham desde o Brasil Central at o Suldo Pas. C. lineatifolia ocorre na Amaznia ocidental do Brasil e orientaldo Peru, at a colombiana e boliviana (Donadio et al., 2002).

    uma rvore de at 15m de altura e com 30 a 70 cm de D.A.P., comtronco provido de caneluras e casca pardo-acinzentada, comdeiscncia em tiras delgadas. A copa arredondada em indivduosisolados, com folhagem densa verde-clara, semidecidual. Apresentaramos glabros, amarelo-claros ou acinzentados (Marchiori e Sobral,1997). As folhas so simples, opostas, ovalado-oblongas, glabras, svezes assimtrica e raramente arredondadas, com pice agudo ouacuminado. Medem de 3,5 a 8 cm de comprimento por 2,5 a 4,5 cmde largura, estando presas a um pecolo de 0,6 a 1,1 cm decomprimento. A regio dorsal da epiderme verde mais clara comnervao mais saliente do que na regio ventral. O bordo liso, masapresenta uma ondulao caracterstica que faz a folha parecer crespa.As folhas, quando maceradas, so fortemente aromticas(Sanchotene, 1989).

  • Espcies Frutferas Nativas do Sul do Brasil22

    Figu ra 6. Frutos de guabiroba.

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    As flores so brancas, hermafroditas, zigomorfas, partindo depednculos unifloros, com 1 a 3 cm de comprimento, solitrios ou emgrupos, situados sobre ramos do ano. O clice formado por 5spalas, levemente pubescentes. A corola constituda por 5 ptalasobovadas. Os estames so numerosos, com cerca de 8 mm decomprimento. O ovrio nfero, podendo conter at 16 lculos,bisseriados. O estilete mede 5 mm de altura, com estigma capitado oupeltado. O receptculo floral plano e glabro. Os frutos so bagasglobosas, achatadas nos plos, coroadas por spalas verde-arroxeadas, suspensos por um pednculo com cerca de 2 cm decomprimento (Figura 6). O epicarpo liso, fino e, quando maduro,amarelo. O endocarpo doce, amarelo, sucoso, abrigando de 1 a 32sementes. As sementes so ovaladas e achatadas, com tegumentofino, amarelo-pardo, salpicado com pontos rseos e levementeverruculoso, apresentando glndulas contendo leo essencial(Sanchotene, 1989).

  • 23Descrio da Planta

    FEIJOA (Acca sellowiana (Berg) Burret)Famlia: Myrtaceae

    Sinonmia: Feijoa sellowiana (Berg) Berg; Feijoa obovata (Berg) Berg;Feijoa schenckiana Kiaerskou; Orthostemon sellowianus Berg;Orthostemon obovatus Berg.

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    Figu ra 7. (a) Flores de feijoa, (b) detalhe dos frutos, Embrapa ClimaTemperado, Pelotas/RS.

    nativa no Uruguai, Argentina e campos sul-brasileiros. rvorepequena, com at 5 m de altura, ou arbusto. Apresenta tronco curto etortuoso, com casca parda descamante e folhagem discolor. As folhas,com pecolo de 0,5 a 0,9 cm de comprimento, variam de ovais aobovadas, medindo de 4 a 6 cm de comprimento por 2 a 4 cm delargura, com pice obtuso ou arredondado, base aguda, cor verde-escura na face superior e branco-tomentosa na inferior (Marchiori eSobral, 1997). Os pednculos so sub-eretos, pubescentes, axilares,solitrios, unifloros, sobre ramos do ano. O boto floral apresenta aextremidade globosa e a metade inferior cilndrico-obovada, viloso,contrado na base do clice, com duas bractolas caducas,pubescentes, oblongo-lanceoladas (Figura 7a). O clice apresenta 4spalas desiguais, ovadas, dobradas para baixo, obtusas, duasexternas menores e duas externas maiores, velutneas em ambas asfaces. As ptalas, em nmero de 4, so obovadas, ciliadas,glandulosas, carnosa, comestveis, brancas por fora e purpurinas naface interna. Os estames so numerosos, eretos, avermelhados e comanteras ovadas (Mattos, 1986). Em mdia, a flor apresenta 60estames (Ducroquet et al., 2000).

    A B

  • Espcies Frutferas Nativas do Sul do Brasil24

    O ovrio tetralocular, multiovular e com vulos antropos, inseridosna extremidade das lamelas justapostas que se dirigem para o interiordos lculos. O estilete purpurino, do mesmo tamanho, ouligeiramente maior que os estames. O estigma captado (Mattos,1986). O fruto uma baga, de cor verde-escuro podendo ter matizavermelhado (Figura 7b), coroado por 4 spalas persistentes (Marchiorie Sobral, 1997).

    A feijoa , em geral, uma espcie de fecundao cruzada, emboraexistam clones auto-frteis (Ducroquet et al., 2000). A flor apresentadicogamia por protoginia (Stewart e Craig, 1989), os estames situam-se acima do plano das anteras (Degenhardt et al., 2001) e algunsestudos relatam esta espcie como auto-incompatvel (Finardi et al.,2002).

    GUABIJU (Myrcianthes pungens (Berg) Legr.)

    Famlia: MyrtaceaeSinonmia: Eugenia pungens Berg; Acreugenia pungens (Berg) Kausel.

    Outros nomes comuns para esta espcie so: guabiroba-au, guabira-guau, guajara-da-vrzea e guavira-guau. Ocorre desde o Estado deSo Paulo at o norte do Uruguai, alcanando a Bolvia, Paraguai eArgentina. rvore de porte mdio a grande, com at 27 m de altura e60 cm de D.A.P. e sistema radicular pivotante. O tronco comumentetortuoso com casca lisa, acinzentada, deiscente por pequenas placasque deixam manchas amareladas na superfcie do tronco. A copa arredondada e pereniflia. Os ramos jovens so pilosos e com aspectoaveludado (Marchiori e Sobral, 1997). As folhas so simples, opostas,ovaladas, com bordos lisos, base atenuada e com pice cuspidadoterminado por um acleo. So verde-escuras, luzentes, rijas,subcoriceas, com 3 a 7 cm de comprimento e 1,5 a 5 cm de largura.Os pecolos so pubescentes e, em mdia, com 0,6 cm decomprimento. A nervao secundria numerosa e proeminente emambas faces da epiderme. As flores, com 1,5 a 2,0 cm de dimetro,partem em tufos, de ramos do ano e de pednculos com cerca de 0,7a 2,0 cm de comprimento. So hermafroditas, claras e muito vistosas.

  • 25Descrio da Planta

    Os estames so numerosos, com filetes brancos e anteras amarelas. Acorola constituda por 4 ptalas livres, branco-esverdeadas, comconsistncia membrancea e delicada. As ptalas ocupam os espaosentre as spalas e, na antese total, dobram a face dorsal sobre oclice. As spalas so menores do que as ptalas, em nmero de 4,verde-escuras, subcoriceas, pubescentes, cncavas, opostas duas aduas, levemente concrescidas na base dando continuidade aoreceptculo floral, este tambm pubescente, esbranquiado e ovalado,com cerca de 0,3 cm de altura. Os frutos so bagas pubescentes, comaspecto aveludado e de forma oblata. O epicarpo passa de verde-acastanhado ao marrom avermelhado e, finalmente, ao preto. coriceo, aderente ao endocarpo. O endocarpo carnoso, branco-amarelado, adocicado, adstringente (e com maior ou menor sensaode pungncia), com 1 a 2 sementes reniformes, lisas, esverdeadas ecom tegumento fino.

    ARATICUM (Rollinia sylvatica (St. Hil.) Mart.)

    Famlia: AnnonaceaeSinonmia botnica: Annona sylvatica St. Hil., A. silvestris Vell., Rolliniaexalbida (Vell.) Mart., A. fagifolia St. Hil. & Tul., A. cherimola auct.nom Mill.

    Ocorre desde o Estado da Bahia at o Rio Grande do Sul. rvore deporte mdio, no mximo 10 m de altura e tronco chegando at 40 cmde dimetro. A copa globosa com densa folhagem pereniforme,verde-escura. A casca rugosa, castanho-acinzentada e os galhos somarrons, ferrugneo-tomentosos, com lenticelas bem visveis nasextremidades. As folhas so simples, papirceas, alternas e geralmenteobovadas, medem de 8 a 12 cm de comprimento por 3 a 6 cm delargura, com pice de forma bastante variada (agudo-acuminado,arredondado, obtuso, raramente emarginado), com margem inteira ebase aguda. O pecolo profundamente sulcado, com 0,5 a 1,3 cm decomprimento, apresenta densos plos, curvos, enovelados eadpressos. Na face abaxial do limbo destaca-se a densa cobertura deplos eretos, curvos ou crespos (Marchiori, 1997).

  • Espcies Frutferas Nativas do Sul do Brasil26

    As flores so hermafroditas, com clice composto por trs spalasunidas entre si. A corola gamoptala, hexmera, com 3 ptalasexternas maiores formando expanses cnico-arredondadas e 3internas bem menores. Os estames dispem-se sobre um eixoconvexo. Os carpelos so numerosos, uniovulados e com estigmacapitado (Sanchotene, 1989). Os frutos so globosos e amarelos,apresentam superfcie rugosa, com arolas bem demarcadas. Assementes so de cor escura e com cerca de 1 cm de comprimento.So envoltas por uma polpa comestvel, firmemente aderida suasuperfcie (Marchiori, 1997).

    Referncias Bibliogrficas

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    FINARDI, C.; MATHIONI, S.M.; SANTOS, K.L.; DUCROQUET, J.P.;ORTH, A.I.; GUERRA, M.P.; NODARI, R.O. Caracterizao dapolinizao em goiabeira serrana (Acca sellowiana). In: CONGRESSOBRASILEIRO DE FRUTICULTURA, 17., 2002, Belm. Anais. Belm:SBF, 2002. 1 CD-ROM.

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    MARCHIORI, J.N.C.; SOBRAL, M. Dendrologia das angiospermas:myrtales. Santa Maria: Ed. da UFSM, 1997. 304 p.

  • 27Descrio da Planta

    MARCHIORI, J.N.C. Dendrologia das angiospermas: das magnoliceass flacurticeas. Santa Maria: Ed. da UFSM, 1997. 271 p.

    MATTOS, J.R. Fru tos indgenas comestveis do Rio Grande do Su l .Porto Alegre: Instituto de Pesquisas de Recursos Naturais Renovveis.1978, 31p.

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    STEWART, A.M.; CRAIG, J.L. Factors affecting pollinatoreffectiveness in Feijoa sellowiana. New Zealand Jou rnal of Crop andHorticu ltu ral Science , Nova Zelandia, v. 17, p. 145-154, 1989.

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    Glossrio

    ACUMINADO - folha que apresenta ponta aguda e comprida.

    CANELURAS - ranhura cavada, sulco aberto verticalmente.

    CAPITADO - em forma de cabea, provido de uma cabea.

    CAULIFLORIA - fenmeno tpico de certas plantas que produzemflores, e posteriormente, frutos, no tronco e em ramos velhos.

  • Espcies Frutferas Nativas do Sul do Brasil28

    CILIADAS - provido de clios.

    CORDADO - em forma de corao.

    CUNEADO - em forma de cunha.

    D.A.P. - dimetro na altura do peito, dimetro a uma altura de 1,30 m.

    DECORRENTE - folha cuja base se estende alm do ponto de inserono caule, tornando-o alado.

    DICSIO - tipo de inflorescncia em que o eixo principal termina emflor aps formar dois ramos os quais, aps formarem dois ramos cada,terminam em flor, e assim sucessivamente.

    DICLAMDEO - flor provida de dois envoltrios.

    GAMOPTALA - de ptalas fundidas, concrescidas.

    MUCRONADO - provido de apndice pontiagudo, diz-se do rgo quetermina de forma abrupta em ponta curta.

    OBTUSO - folha, ou outros rgos laminares, cujos bordos formam, nopice, um ngulo obtuso.

    PELTADA - folha, ou outro rgo de natureza foliar, cujo pecolo seinsere no meio, e no na base de sua lmina.

    PENTMERA - flor, ou uma de suas partes, organizada base donmero 5.

    PUBRULO - ligeiramente pubescente.

    SERCEO - coberto de plos finos, geralmente curtos e aplicados sobrea superfcie do rgo que tem brilho de seda.

    VELUTNEO - de consistncia e brilho de veludo.

    VILOSO - cheio de plos longos.

    ZIGOMORFA - flor com um s plano dividindo-a em duas metadeslaterais simtricas.

  • Caractersticas fenolgicas emorfolgicas, florao ematurao dos frutos demirtceas frutferas nativasdo sul do Brasil

    Rodrigo Cezar FranzonMaria do Carmo Bassols Raseira

    Introdu o

    Um dos aspectos importantes de se conhecer refere-se fenologiadas espcies, principalmente no que diz respeito ao ciclo de florao efrutificao. Neste captulo, abordaremos as principais espcies demirtceas frutferas do sul do Brasil, no que se refere poca deflorao e maturao dos frutos, bem como ao desenvolvimento dorgo floral de algumas destas espcies. Este conhecimento fundamental para planejar cruzamentos em programas demelhoramento gentico e tambm para o manejo da espcie.

    FEIJOA (Acca sellowiana (Berg) Bu rret)

    Conforme referido, no captulo anterior, a feijoa ocorre naturalmenteno Paran, em Santa Catarina, no Rio Grande do Sul e, em parte doUruguai e Argentina. Em Santa Catarina, ocorre principalmente nasreas com altitude acima de 800m e, com maior freqncia, acima de1000m (Ducroquet e Hickel, 1991). No Rio Grande do Sul, ocorre naSerra Gacha e em reas de menor altitude (Sudeste do estado)(Donadio et al., 2002).

    A poca de florescimento da feijoa, na regio de Videira, SC, seestende desde o incio de outubro at meados de novembro(Ducroquet e Hickel, 1991). Na regio de Pelotas, RS, vai do incio de

  • Espcies Frutferas Nativas do Sul do Brasil30

    outubro at o final de novembro e, dependendo das condiesclimticas, at a primeira semana de dezembro.

    Em observaes realizadas na Embrapa Clima Temperado (CPACT), emPelotas, RS, observou-se que existe grande diferena entre os distintosclones desta espcie, em relao ao perodo de florao. Enquantoalguns clones encontram-se em fase final de florao, outros estoapenas no incio. Da mesma forma, Ducroquet e Hickel (1991)observaram diferenas no perodo de florao entre diversos acessosde feijoa, nas condies de Videira, SC. Segundo estes mesmosautores, o tempo mdio entre o incio e final de florao, para ummesmo clone, de cerca de 25 dias.

    Ducroquet e Hickel (1991) propuseram uma metodologia paraclassificar os estdios fenolgicos da florao da feijoa,acompanhando o desenvolvimento do rgo floral em plantas doBanco Ativo de Germoplasma (BAG) desta espcie em Videira, SC.Seguindo o esquema proposto em 1991, foi observada a fenologia daflorao da feijoa no municpio de Pelotas, RS, em plantas do Banco deGermoplasma de fruteiras nativas da Regio Sul, mantido pelaEmbrapa Clima Temperado.

    At o final de setembro, muito difcil diferenciar, visualmente, asgemas que daro origem s flores. As gemas florferas so facilmenteidentificadas a partir do estdio B (Figura 8), que corresponde apequenos botes florais globosos e esbranquiados. Estes botesdesenvolvem-se at atingir o estdio C, que corresponde ao tamanhode uma ervilha. Esta passagem do estdio B at C leva, em mdia, oitodias. O estdio C o mais prolongado, por um perodo deaproximadamente 16 dias at atingir o estdio D, onde comeam aaparecer as ptalas, porm, o boto permanece fechado. Deste estdioat o estdio de balo (estdio E), onde as ptalas comeam a ficardescompactadas, porm ainda fechadas, so necessrios mais quatrodias. Ducroquet e Hickel (1991) observaram que neste estdio que oestigma comea a emergir para fora das ptalas, e, segundo Stewart(1987), neste momento o estigma j receptivo ao plen.Aproximadamente um dia aps, j possvel visualizar todos osestames com suas anteras vermelhas para fora das ptalas, bem comoa colorao avermelhada da parte interior destas e, o pistilo totalmente

  • 31Caractersticas Fenolgicas e Morfolgicas, Florao e Maturao dos Frutos

    de Mirtceas Frutferas Nativas do Sul do Brasil

    exposto (estdio F1), no mesmo nvel das anteras ou acima destas,sendo varivel de acordo com o gentipo. Mais um dia e a flor estcompletamente aberta (estdio F2), com as ptalas na posiohorizontal, e expondo suas numerosas anteras, que durante atransio do estdio F1 para F2 tornam-se deiscentes, liberandogrande quantidade de plen, de colorao amarela.

    Figu ra 8. Estdios fenolgicos de florao da feijoa (Accasellowiana (Berg) Burret). Embrapa Clima Temperado, Pelotas, RS,2004. (Franzon, 2004). Baseado nos critrios propostos porDucroquet e Hickel (1991).

    O tempo total desde o estdio B at a completa abertura da flor(estdio F2) , em mdia, de 30 dias, podendo ocorrer pequenasvariaes entre anos, dependendo das condies climticas.

    Aproximadamente dois a trs dias aps a abertura da flor, ocorre aqueda das ptalas, ou o que resta destas (estdio G), e mais trs aquatro dias caem todos os estames, ficando apenas o estilete da flor(estdio H). Deste ponto at a queda do estilete (estdio I), sonecessrios mais seis a sete dias. O tempo total desde o estdio B at

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  • Espcies Frutferas Nativas do Sul do Brasil32

    a queda do estilete (estdio I) de, aproximadamente, 40 dias, mesmoperodo observado por Ducroquet e Hickel (1991). Segundo Ducroquetet al. (2000), a queda dos estames ocorre antes do que a das ptalas.

    Segundo Ducroquet e Hickel (1991), nas condies edafoclimticas deVideira, SC, a variabilidade na maturao dos frutos entre clones muito grande, iniciando no final de fevereiro e terminando no incio dejunho. Segundo Donadio et al. (2002), em algumas regies amaturao ocorre entre janeiro e maro.

    A flor da feijoa apresenta em mdia 60 estames e o estigma situa-seno mesmo nvel das anteras ou acima destas (Ducroquet et al., 2000),sendo esta distncia varivel com o gentipo. Degenhardt et al. (2001)estabeleceram trs classes para essa distncia entre estigma e anteras:1) menor do que 0,4cm; 2) entre 0,5 e 0,9cm; e 3) maior do que1,0cm, e observaram que a maioria das plantas do BAG de feijoa daEstao Experimental da Epagri, So Joaquim, SC, encontram-se naclasse 2 (entre 0,5 e 0,9cm). Estes autores tambm classificaram estaespcie em relao disposio dos estames na flor, radial oualeatria, e observaram uma distribuio bastante uniforme entre asduas classes.

    Segundo Stewart e Craig (1989), a flor bisprica e longistilada, comtendncia dicogamia por protoginia, pelo fato de o estigma tornar-sereceptivo 24 horas antes da deiscncia das anteras, pormpermanecendo receptivo por mais 10 horas aps a deiscncia.Entretanto, Ducroquet et al. (2000) relatam a existncia de clonesautocompatveis.

    Finardi et al. (2002) estudaram o efeito de diferentes tratamentos,relacionados polinizao, na frutificao desta espcie. Asobservaes foram feitas em trs pocas, aos 30, 60 e 90 dias, em 25clones e, os maiores valores de frutificao efetiva foram obtidos compolinizao cruzada manual, sendo, em mdia, 69,6%, 66,0% e52,0%, respectivamente. Em polinizao livre, obtiveram,respectivamente, 67,8%, 32,2% e 15,0% de frutificao efetiva.Estes autores citam que a causa da reduo das mdias,principalmente no tratamento de polinizao livre, seja em decorrnciada queda dos frutos ou, por algum tipo de seleo. Nos tratamentos

  • 33Caractersticas Fenolgicas e Morfolgicas, Florao e Maturao dos Frutos

    de Mirtceas Frutferas Nativas do Sul do Brasil

    de autopolinizao e autocompatibilidade houve formao de frutos emum nico acesso, entretanto estes no vingaram, no havendofrutificao efetiva aos 90 dias. Nos tratamentos de anemofilia,entomofilia e agamospermia, no houve formao de frutos emnenhuma poca de avaliao, demonstrando a necessidade depolinizador para esta espcie obter sucesso reprodutivo.

    A polinizao da feijoa realizada principalmente por pssaros, quevisitam as flores para comer suas ptalas e acabam por transferir oplen ao roar seu peito contra o estigma das mesmas. No Brasil,vrias espcies de pssaros frugvoros garantem a polinizao, taiscomo sanhaos, sabis, saras, gaturamos e tuques (Zimmermann eOrth, 1999; Ducroquet et al., 2000). Os insetos, principais agentespolinizadores de muitas espcies, na feijoa tm sua ao dificultada,devido distncia entre o estigma e anteras. Entretanto, insetoshimenpteros da superfamlia Apoidea tambm podem realizar apolinizao. Hickel e Ducroquet (2000) relatam que, nas condies deSanta Catarina, as mamangavas de toco, (Xylocopa augusti e X.frontalis), e as de cho, (Bombus atratus), tocam o estigma e asanteras durante as visitas florais. Segundo estes mesmos autores, aApis mellifera ineficiente na polinizao de plantasautoincompatveis, mas pode polinizar as autocompatveis.

    A feijoa merece destaque no s pelos frutos, mas tambm pela suasflores. Esta espcie, alm de poder ser utilizada em jardins, comoplanta ornamental, pode ter suas flores utilizadas em decoraes deambientes, e suas ptalas, que podem ser utilizadas em decoraes depratos especiais, como saladas, podendo inclusive ser consumidas,pois so carnosas e doces, com agradvel paladar.

    PITANGUEIRA (Eugenia uniflora L.)

    A pitangueira outra frutfera pertencente famlia das mirtceas. NoBrasil, os centros de diversidade que tm a pitangueira como espcienativa so o Nordeste/Caatinga, Sul/Sudeste, Brasil Central/Cerrado, eMata Atlntica. O nome indgena do tupi pitg, que significavermelho, em aluso cor do fruto (Donadio et al., 2002). Os frutospodem ser consumidos in natura ou na forma de gelias, doces, sucos,

  • Espcies Frutferas Nativas do Sul do Brasil34

    licor e sorvete, alm de poder ser misturados com suco de outrasfrutas e bebidas lcteas.

    Esta espcie mantida pela Embrapa Clima Temperado no BAG defruteiras nativas da Regio Sul, em Pelotas, RS, onde vem sendoestudada, h alguns anos, com o objetivo de conserv-la e tambm deimplantar um programa de melhoramento gentico e desenvolver umsistema de produo para o cultivo em escala comercial.

    Existem, na Embrapa Clima Temperado, dois tipos distintos depitangueira e de origens diferentes: um coletado em mata nativa(doravante identificadas como "populao A") e que produz uma vezdurante o ano e, outro coletado na rea urbana, em plantas de origemdesconhecida e existentes h dcadas em ptios residenciais ou deescolas (doravante identificadas como "populao B"), que apresentamdois ciclos de produo no ano. A Empresa Pernambucana de PesquisaAgropecuria (IPA), em Itamb, PE, tambm vem estudando estaespcie e, naquele estado, o cultivo da pitangueira vem crescendo nosltimos anos (Bezerra et al., 2002).

    Para a pitangueira, as variaes climticas das diferentes regies decultivo determinam as pocas de florescimento e frutificao. Nasregies Sul e Sudeste do Brasil, essas fases podem ocorrer duas oumais vezes durante o ano (Sanchotene, 1989). A floraonormalmente ocorre de agosto a dezembro, podendo acontecertambm de fevereiro a julho e, a frutificao de agosto a fevereiro,podendo ainda ocorrer entre abril e julho. J no estado doPernambuco, ocorrem duas pocas de frutificao, um de maro amaio, com pico em abril, e outra de agosto a dezembro, com pico emoutubro, se no ocorrer dficit hdrico (Bezerra et al., 2000).

    A florao da pitangueira, assim como a da feijoa, ocorre de maneiraescalonada entre os diferentes clones, e tambm entre as diferentespopulaes desta espcie ("A" e "B"). De modo geral, nas condiesde Pelotas, RS, as plantas da "populao A" iniciam a florao naterceira semana de setembro e finalizam na segunda semana deoutubro. Para a "populao B", inicia na primeira semana de setembroe termina na segunda semana de outubro.

  • 35Caractersticas Fenolgicas e Morfolgicas, Florao e Maturao dos Frutos

    de Mirtceas Frutferas Nativas do Sul do Brasil

    A maturao dos frutos das plantas da "populao A" inicia na metadede novembro e se estende por um ms, enquanto que para a"populao B" inicia no final de outubro e se estende at a terceirasemana de novembro.

    Plantas da "populao B" apresentam um segundo ciclo de florao efrutificao. A florao neste segundo ciclo inicia no ms de fevereiroe se estende at maio, enquanto que a maturao dos frutos se iniciano final de maro e se estende at a chegada do frio, normalmente emmeados de maio, podendo acontecer pequena variao entre anos,dependendo das condies climticas.

    Foi realizado o acompanhamento do rgo floral desta espcie, nascondies de Pelotas, RS e, foram representados os diferentesestdios fenolgicos a partir de modificaes que pudessem seridentificadas visualmente.

    Os estdios fenolgicos da pitangueira no so to marcantes quantona feijoa. O acompanhamento foi iniciado com o desenvolvimento doboto floral, to logo pudesse ser observado, estdio B (Figura 9).Neste estdio, o boto floral tem forma globosa, de colorao verdeclara. Aproximadamente sete a oito dias depois, o primeiro par despalas comea a se afastar (estdio C), mostrando o segundo par,porm no aparecem as ptalas. Neste estdio o boto floral dobra detamanho e apresenta colorao verde, em tom mais escuro que oanterior. O clice formado por quatro spalas e, de acordo comBezerra et al. (2000), estas so oblongas-elpticas, sendo duas inteirasmaiores que as outras duas.

    Aps oito a nove dias, comeam a aparecer as ptalas, de coloraobranca (estdio D), facilmente identificveis pelo contraste com a corverde das spalas. O aparecimento das ptalas se d junto com oafastamento do segundo par de spalas. Aps o primeiro sinal deaparecimento das ptalas, transcorrem mais quatro a cinco dias at oboto atingir o estdio de balo (estdio E), no qual j est bemdesenvolvido, com as ptalas prestes a abrir e expor suas anteras e oestigma. Vem ento a abertura da flor (estdio F), entre um e dois diasdepois da fase de balo. O tempo necessrio para passar da fase debalo para flor muito dependente do clima e, sob temperatura muito

  • Espcies Frutferas Nativas do Sul do Brasil36

    elevada, pode durar menos de um dia. Durante a abertura das flores asanteras tambm vo se tornando deiscentes, expondo grandequantidade de plen, de colorao amarela.

    O tempo total desde o estdio B at a abertura das flores (estdio F),nas condies de Pelotas, RS, de aproximadamente 23 dias. Asptalas e os estames comeam a cair aproximadamente dois a trsdias aps a antese, passando pelo estdio G e atingindo o H,respectivamente, e com mais cinco a sete dias cai tambm o estileteda flor (estdio I), iniciando o desenvolvimento dos frutos. O tempototal desde o estdio B at a queda do estilete (estdio I) , em mdia,de 33 dias.

    Figu ra 9. Estdios fenolgicos de florao da pitangueira (Eugeniauniflora L.). Embrapa Clima Temperado, Pelotas, RS, 2004.(Franzon, 2004).

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  • 37Caractersticas Fenolgicas e Morfolgicas, Florao e Maturao dos Frutos

    de Mirtceas Frutferas Nativas do Sul do Brasil

    Durante o desenvolvimento dos botes florais, um nmero significativodestes caem antes mesmo de atingir o estdio de flor. Em mdia, emdois anos de avaliao, 2002-2003 e 2003-2004, caram 39% e 51%,respectivamente, sendo esta percentagem muito varivel entre plantas(algumas apresentaram queda de 19% e outras at 62%). Outrasflores caem aps a antese.

    As flores da pitangueira so hermafroditas, e ocorrem nas axilas dasbrcteas sobre a base dos ramos jovens ou do ano, de forma isoladaou fasciculada, em nmero de quatro a oito botes (Donadio et al.,2002). So formadas por quatro ptalas de cor branca e numerososestames, estando o estigma localizado, normalmente, no mesmo nvelou acima das anteras (Franzon, 2004).

    Franzon (2004) cita que, provavelmente, esta espcie sejaautocompatvel, mas necessita de agente polinizador para uma melhorfrutificao e, que esta polinizao seja feita, principalmente, porinsetos polinizadores, especialmente abelhas melferas e mamangavas.Estas, em busca de nctar, acabam carregando plen de uma flor paraoutra, ou polinizando-a com plen da prpria planta.

    CEREJEIRA-DO-RIO-GRANDE (Eugenia involucrata DC.)

    Esta espcie adapta-se melhor em clima subtropical, mas foi distribudapara vrios outros estados brasileiros, em reas tropicais,principalmente no Sudeste, onde, em pomares caseiros, produz bem.Em Jaboticabal, SP, desenvolve-se bem e produz regularmente,embora a quantidade de frutos anual seja pequena. Tambm foiintroduzida na Flrida, EUA, onde se adaptou medianamente bem(Donadio et al., 2002).

    As frutas podem ser consumidas in natura, entretanto podem serutilizadas para o processamento, na forma de doces, gelias e/ousucos. Alm disso, pode ser utilizada como planta ornamental, tendoem vista sua bonita forma e aparncia.

    Existem poucas informaes sobre fenologia e ciclo reprodutivo destaespcie. Segundo Donadio et al. (2002), a cerejeira-do-rio-grande

  • Espcies Frutferas Nativas do Sul do Brasil38

    apresenta florao no incio da primavera, juntamente com a novavegetao que surge em virtude da queda de parte das folhas velhas,durante o inverno. Segundo este mesmo autor, as flores ocorremisoladas ou em grupos de duas a quatro, nas axilas foliares.Sanchotene (1989) cita que a folhagem persistente e, oflorescimento ocorre, em geral, de setembro a novembro, enquantoque os frutos amadurecem entre outubro e dezembro.

    Na regio de Pelotas, a florao desta espcie mais rpida do queoutras mirtceas frutferas da regio, como a pitangueira, a feijoa e auvalheira, iniciando na segunda semana de outubro e finalizando entreo final de outubro e incio de novembro. Este perodo mais curto sefor considerado um clone individualmente, podendo durar apenaspouco mais de uma semana. A maturao dos frutos dos clones maisprecoces ocorrem no incio de novembro, aproximadamente umasemana aps o final da florao dos ltimos clones, e se estende at asegunda semana de dezembro nos clones de florao mais tardia.

    Assim como na pitangueira, nesta espcie os estdios fenolgicos noso to marcantes. Em trabalhos realizados em Pelotas, RS, foiacompanhado o desenvolvimento do rgo floral desta espcie,representando-se os diferentes estdios fenolgicos a partir demodificaes que pudessem ser identificadas visualmente.

    No incio, visualizam-se os pequenos botes florais envoltos por umpar de brcteas lisas, de colorao verde e brilhantes. De acordo comDonadio et al. (2002), estas so brcteas foliceas e podem ocorrerem nmero de at cinco. Este estdio foi denominado estdio B (Figura10). O boto desenvolve-se e comeam a aparecer as ptalas, noincio de colorao verde clara e brilhosas (estdio C). As ptalasaparecem junto com as spalas, ambas em nmero de quatro, poisestas ltimas so pequenas, livres, e no conseguem encobrir asptalas, como acontece, por exemplo, na pitangueira. A passagem doestdio B para o estdio C leva, aproximadamente, oito dias. O brilhodas ptalas vai desaparecendo juntamente com a colorao verde e, acor branca vai aparecendo. Essa mudana dura aproximadamente deseis a nove dias, denominada de estdio D. Em algumas plantas aponta das ptalas apresenta colorao avermelhada ou rosa, e esta cor visualizada j neste estdio, no pice do boto, que corresponde

  • 39Caractersticas Fenolgicas e Morfolgicas, Florao e Maturao dos Frutos

    de Mirtceas Frutferas Nativas do Sul do Brasil

    extremidade das ptalas. Neste estdio, onde os botes encontram-sebem desenvolvidos, comeam a ser observados os primeiros sinais dedescompactao das ptalas. Depois de adquirir colorao branca,com mais dois a trs dias o boto atinge o estdio de balo (estdioE), e no dia seguinte a flor j se encontra completamente aberta(estdio F), expondo seus numerosos estames de colorao branca eanteras podendo ser igualmente brancas ou levemente rosadas, comgrande quantidade de plen, de colorao branca, ao olho humano,pois quando observado em microscpio este parece ser incolor. Otempo total desde o estdio B at a abertura das flores (estdio F) deaproximadamente 19 dias.

    Figu ra 10. Estdios fenolgicos de florao da cerejeira-do-rio-grande (Eugenia involucrata DC.). Embrapa ClimaTemperado, Pelotas, RS, 2004. (Franzon, 2004).

    A queda das ptalas (estdio G) ocorre entre um e dois dias aps aantese e, a queda dos estames (estdio H), trs a quatro dias aps.Para atingir o prximo estdio (I), que corresponde queda do estilete,so necessrios mais quatro a cinco dias. O tempo mdio entre oaparecimento do boto floral e a queda dos estiletes, em uma mesmaplanta, de 30 dias. O tempo mdio de desenvolvimento dos frutos

    Foto

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  • Espcies Frutferas Nativas do Sul do Brasil40

    desde a antese at a maturao , em mdia, de 43 dias, nascondies de Pelotas, RS.

    Ocorre queda de botes florais de cerejeira-do-rio-grande, antes daantese, porm menor do que aquela verificada para pitangueira. Nosanos de 2002-2003 e 2003-2004, o ndice foi em mdia, de 20% e,entre a antese (estdio F) e a queda do estilete (estdio I) de 6%.

    UVALHEIRA (Eugenia pyriformis Camb.)

    A uvalheira (E. pyriformis Camb.), conhecida tambm como uvaia,uvalha, uvaia-do-mato ou azedinha, uma mirtcea, com algumasvariedades originadas no litoral do Sul do Brasil e outras mais ao Nortedo Pas (Andersen e Andersen, 1988).

    O nome indgena tupi iwaya significa fruto cido e deu o nomepopular para esta espcie. Seus frutos so muito atraentes pelacolorao amarela ou alaranjada e podem ser consumidos in natura ouutilizados para fazer sucos, sorvetes, gelias e doces.

    A uvalheira floresce em diferentes pocas, nas regies de ocorrncia.Segundo Donadio et al. (2002), em Jaboticabal, SP, floresce de agostoa setembro, enquanto no sul do pas mais tardia, podendo seestender at fevereiro e, no Pantanal, at novembro. Para as plantasdo BAG da Embrapa Clima Temperado, a florao inicia-se na terceirasemana de dezembro e se estende at a segunda semana de fevereiroe, a maturao dos frutos relativamente rpida, iniciando na terceirasemana de janeiro e estendendo-se at o final de fevereiro, sendovarivel dentre os diferentes clones.

    Em plantas do Banco de Germoplasma da Embrapa Clima Temperado,foi acompanhado o desenvolvimento do rgo floral desta espcie eforam caracterizados os diferentes estdios fenolgicos a partir demodificaes que pudessem ser identificadas visualmente. As floresdesta espcie so axilares, e seus botes so muito pequenos. Atravsde uma observao minuciosa nos ramos mais jovens, possvelobservar os minsculos botes florais, de colorao verde, formaglobosa e tamanho aproximado de um milmetro aparecendo nas axilas

  • 41Caractersticas Fenolgicas e Morfolgicas, Florao e Maturao dos Frutos

    de Mirtceas Frutferas Nativas do Sul do Brasil

    das folhas, isoladamente, ou em nmero de at trs no mesmopedicelo. Neste estdio, que foi denominado de estdio B, ainda no possvel diferenciar as estruturas do boto, como por exemplo, asspalas que o envolvem no incio de desenvolvimento. Com odesenvolvimento do boto, aps aproximadamente 10 dias, pode-seobservar, com cuidado, um pequeno afastamento do primeiro par despalas, assim como acontece na pitangueira. Este momento foidenominado de estdio C. O desenvolvimento do boto floral destaespcie demorado, sendo o mais longo dentre as espcies existentesna Embrapa Clima Temperado e, a passagem pelo estdio C a fasemais demorada no processo. O prximo estdio (estdio D) marcadopelo primeiro sinal de aparecimento da colorao branca das ptalas,que acontece junto com o afastamento do segundo par de spalas. Apassagem do estdio C para o estdio D leva, aproximadamente, 40dias. A partir deste ponto o desenvolvimento rpido e, em quatrodias atinge o estdio de balo (estdio E). Entre um e dois dias aps, aflor est completamente aberta (estdio F).

    A fase de flor rpida e a queda das ptalas ocorre um ou dois diasaps a antese, atingindo o estdio G. Aps um dia os estames caem(estdio H), restando apenas o estilete. Com mais cinco a seis diasocorre a queda do estilete (estdio I) e o fruto comea a sedesenvolver. O tempo total desde o aparecimento do boto floral at aqueda dos estiletes, em uma mesma planta, foi de aproximadamente63 dias, nas condies de Pelotas, no ciclo de 2002-2003. Osestdios fenolgicos da uvalheira no foram ainda definidos, mas estesso muito semelhantes aos da pitangueira (Figura 9).

    A queda de botes florais, assim como para a cerejeira-do-rio-grandeantes de atingir o estdio de flor, pode chegar aproximadamente 20%.Entretanto, entre a antese e a queda do estilete, pode ser de 24%. Jo desenvolvimento dos frutos da uvalheira rpido, sendo que otempo entre a antese e a maturao de, aproximadamente, 21 dias,naquele mesmo ano.

    A uvalheira e a cerejeira-do-rio-grande apresentam comportamentosbem diferenciados. Enquanto que o desenvolvimento do rgo floral dauvalheira demorado, o da cerejeira-do-rio-grande rpido (Figura 11).

  • Espcies Frutferas Nativas do Sul do Brasil42

    J em relao ao desenvolvimento dos frutos, at a maturao, ocorreo contrrio, rpido na uvalheira e demorado na cerejeira-do-rio-grande.

    Na Figura 11 esto representados, graficamente, o desenvolvimentodo rgo floral de quatro espcies frutferas da famlia Myrtaceae,nativas do Sul do Brasil.

    0

    10

    20

    30

    40

    50

    60

    B C D E F

    Es t d io s Fe no lg icos

    N

    de

    dia

    s

    uva lheirafeijoapita ngu eira

    cerejeira-do-rio-grande

    Figu ra 11. Desenvolvimento do rgo floral de quatro espciesfrutferas da famlia Myrtaceae, nativas do Sul do Brasil. EmbrapaClima Temperado, Pelotas, RS, 2004. (Franzon, 2004).

    OUTRAS MIRTCEAS NATIVAS DO SUL DO BRASIL

    Alm das espcies j citadas, destacam-se ainda outras frutferas dafamlia Myrtaceae no Sul do Brasil, dentre elas o araazeiro (Psidiumcattleyanum Sabine), a jabuticabeira (Myrciaria spp. Berg), aguabirobeira (Campomanesia xanthocarpa Berg) e o guabiju(Myrcianthes pungens (Berg) Lerg.). A Embrapa Clima Temperado, noobjetivo de preserv-las e estudar o seu potencial para exploraocomercial, mantm estas espcies no Banco de Germoplasma.

    Vrias espcies so chamadas de jabuticaba, tais como: M. coronata,M. oblongata, M. grandifolia, M. peruviana, M. aureana, M. phitranthae M. cauliflora. As jabuticabeiras vegetam mais de uma vez por ano,

  • 43Caractersticas Fenolgicas e Morfolgicas, Florao e Maturao dos Frutos

    de Mirtceas Frutferas Nativas do Sul do Brasil

    sendo a principal e mais intensa no final do inverno e incio daprimavera, com as folhas novas recobrindo a periferia da copa e lhedando uma caracterstica ornamental (Donadio et al., 2002).

    Segundo Andersen e Andersen (1988), a jabuticabeira, na Zona daMata Mineira, tem sua florada principal em agosto ou setembro, e amaturao dos frutos ocorre cerca de 30 dias aps. Donadio et al.(2002) cita que, em condies tropicais, o crescimento dos frutos lento nos primeiros 12 dias aps o florescimento, mas muito rpidologo aps este perodo, atingindo de 2 a 4g aos 20 dias, estabilizando-se aos 28 dias e, a maturao ocorre aos 30 dias aps a antese. Emcondies de clima ameno, como em Viosa, MG, a maturao podeocorrer at 45 a 50 dias aps a antese.

    A florao da jabuticabeira, acompanhada em plantas do Banco deGermoplasma da Embrapa Clima Temperado, rpida, sendo queocorreu, no ciclo de 2003-2004, da terceira semana de setembro e ametade de outubro. A maturao dos frutos tambm pode ser rpida,acontecendo nas duas primeiras semanas de novembro. Entretanto,esta espcie, neste mesmo ciclo, apresentou mais de uma florada, apartir do final de janeiro e a maturao dos frutos se estendeu at achegada do frio, no final do ms de maio.

    O araazeiro (P. cattleyanum), em condies naturais, no sul do Brasil,floresce de outubro a novembro. Raseira e Raseira (1996) observaramque, em condies de cultivo, no Rio Grande do Sul, ocorrem duaspocas principais de florescimento, a primeira no final de setembro aoutubro, e a segunda em dezembro. Em alguns anos, ainda observada uma terceira florao, em maro.

    Teaotia et al.(1970) relatam que as gemas florferas de P. cattleyanumvar. lucidum necessitam de 59 dias para passarem do estdio de gemafloral apenas visvel para a antese. Raseira e Raseira (1996), emborano relatem o nmero de dias, observaram que este perodo, nascondies do Rio Grande do Sul, longo e que a passagem pelosltimos estdios de desenvolvimento bem mais rpida, especialmenteno estdio de balo bem desenvolvido para a antese. Neste estdio, sea temperatura for alta, menos de 24 horas so suficientes para aantese.

  • Espcies Frutferas Nativas do Sul do Brasil44

    Destaca-se tambm o guabiju, cujo nome indgena wabi(comestvel) yu (amarelo) (Donadio et al., 2002), espcie que mantida pela Embrapa Clima Temperado. Segundo Donadio et al.(2002), o florescimento desta espcie, em condies naturais no Suldo Brasil, ocorre entre outubro e novembro e a maturao dos frutosse d entre janeiro e fevereiro. Este autor cita, ainda, que nascondies de Jaboticabal, SP, esta espcie raramente floresce.

    Nas plantas do Banco de Germoplasma da Embrapa Clima Temperado,em Pelotas, RS, a florao desta espcie, no ano de 2002, ocorreu emabundncia nas trs primeiras semanas de novembro, sendo este oprimeiro ano de florescimento destas plantas. Entretanto, no anoseguinte no houve florao. Embora na literatura no se constate estetipo de informao, de conhecimento popular que esta espcieapresenta alternncia de produo. Porm, importante queacompanhamentos sejam feitos nos prximos anos, para confirmaresta hiptese.

    Segundo Donadio et al., (2000), a florao da guabirobeira se d porum curto perodo de tempo, podendo ocorrer de setembro a novembro,e a maturao ocorre cerca de dois meses depois. Entretanto, noespecifica estas pocas para cada espcie.

    Nas condies de Pelotas, as plantas de guabirobeira (C. xanthocarpa)florescem entre a segunda semana de outubro e a metade do ms denovembro, enquanto que a maturao dos frutos comea na terceirasemana de novembro e estende-se por um ms. Entretanto, avariabilidade entre os diferentes clones grande, tanto no perodo deflorao quanto no perodo de maturao dos frutos. Em mdia,considerando uma planta individualmente, o perodo de florao duraentre 10 e 15 dias e, o perodo de maturao entre 15 e 20 dias.

    Na figura 12 esto representados o perodo de florao e maturaodos frutos, de algumas espcies frutferas da famlia Myrtaceae nativasdo sul do Brasil, na regio de Pelotas, RS.

    Nos trabalhos realizados em Pelotas, RS, no houve grandesdiferenas, entre os dois anos avaliados, para o perodo de florao ematurao dos frutos das diferentes espcies bem como nas mdias

  • 45Caractersticas Fenolgicas e Morfolgicas, Florao e Maturao dos Frutos

    de Mirtceas Frutferas Nativas do Sul do Brasil

    de temperatura mxima e nas mdias de temperatura mnima, em cadapntada - perodo de cinco dias. O mesmo foi verificado em relao aonmero de horas de frio, sendo que ocorreram 316 e 311 horas abaixode 7,2C, para os anos de 2002 e 2003, respectivamente.

    As pequenas diferenas observadas entre os dois anos, como, porexemplo, na poca de florao da feijoa, podem ser devidas ao fato dese ter observado uma populao formada por plantas oriundas depropagao sexuada.

    Nas plantas do Banco de Germoplasma da Embrapa Clima Temperado,a uvalheira e a feijoa, alm de apresentarem florao mais tardia,apresentam tambm florao mais prolongada, juntamente com apitangueira. A cerejeira-do-rio-grande, juntamente com a jabuticabeirae o guabiju, so as que apresentam florao mais curta.

    De modo geral, nas condies de Pelotas, RS, a florao da maioriadas espcies ocorre de forma bem distribuda entre o final de agosto emetade de dezembro, enquanto que a maturao ocorre num menorespao de tempo, entre o final de outubro e a terceira semana dedezembro (Figura 12). A uvalheira apresenta florao e maturaotardia, ocorrendo depois de todas as outras espcies.

  • Espcies Frutferas Nativas do Sul do Brasil46

    Flora o

    M atura o d os frutos

    Uv alheira

    G ua bij

    Feijoa

    Cerejeira-do-rio-grand e

    G ua birobeira

    Jab utic abe ira

    Pitangu eira(cole o)

    Pitangu eira(see dlings)

    Agosto S etem bro Outu bro Novem bro Dezem bro Janeiro F evereiro0 1 0 2 0 3 1 1 0 20 3 0 1 0 2 0 31 10 2 0 3 0 10 20 3 1 1 0 20 3 1 1 0 2 0 28

    2003

    2002

    20 03

    20 02

    20 03

    20 02

    20 03

    20 02

    20 03

    20 02

    20 03

    20 02

    20 03

    20 02

    20 02 *

    n o flore sce u

    n o flore sce u

    NF

    Flora o

    M atura o d os frutos

    Uv alheira

    G ua bij

    Feijoa

    Cerejeira-do-rio-grand e

    G ua birobeira

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    Pitangu eira(cole o)

    Pitangu eira(see dlings)

    Agosto S etem bro Outu bro Novem bro Dezem bro Janeiro F evereiro0 1 0 2 0 3 1 1 0 20 3 0 1 0 2 0 31 10 2 0 3 0 10 20 3 1 1 0 20 3 1 1 0 2 0 28

    Agosto S etem bro Outu bro Novem bro Dezem bro Janeiro F evereiro0 1 0 2 0 3 1 1 0 20 3 0 1 0 2 0 31 10 2 0 3 0 10 20 3 1 1 0 20 3 1 1 0 2 0 280 1 0 2 0 3 1 1 0 20 3 0 1 0 2 0 31 10 2 0 3 0 10 20 3 1 1 0 20 3 1 1 0 2 0 28

    2003

    2002

    20 03

    20 02

    20 03

    20 02

    20 03

    20 02

    20 03

    20 02

    20 03

    20 02

    20 03

    20 02

    20 02 *

    n o flore sce u

    n o flore sce u

    NF

    Figu ra 12. poca de florao e maturao dos frutos de diferentesespcies frutferas da famlia Myrtaceae, nativas do sul do Brasil.Embrapa Clima Temperado, Pelotas, RS. 2004. (*) acompanhamentosomente em 2002, o incio da maturao foi antes do final da florao;NF = no frutificou. (Franzon, 2004).

    As flores da pitangueira, da cerejeira-do-rio-grande, da uvaia, doguabiju, da guabirobeira e da jabuticabeira so muito atrativas parainsetos polinizadores, principalmente abelhas e mamangavas. Estasltimas, devido ao seu tamanho, quando visitam as flores acabam pordestrui-las, fazendo com que ptalas e estames caiam. Sem a visita deinsetos, a queda ocorre naturalmente dois a trs dias aps a antese,sendo dependente tambm das condies climticas, principalmentechuvas e ventos fortes.

    J as flores de feijoa no apresentam nectrios, mas so muitoatrativas para insetos polinizadores, devido s suas ptalas vistosas,carnosas e adocicadas (Degenhardt et al., 2001). Entretanto, os

  • 47Caractersticas Fenolgicas e Morfolgicas, Florao e Maturao dos Frutos

    de Mirtceas Frutferas Nativas do Sul do Brasil

    principais polinizadores so pssaros frugvoros. Estes tambm podemantecipar a queda dos estames e das ptalas, pois se alimentamdestas ltimas.

    Para fins de melhoramento gentico e para diversas prticas culturais etratamentos fitossanitrios, importante conhecer a fenologia daespcie.

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  • Propagao de plantasfru tferas nativas

    Renato TrevisanLuis Eduardo Corra AntunesEmerson Dias Gonalves

    As tcnicas de propagao de plantas visam multiplicar os indivduos,garantindo a manuteno das caractersticas agronmicas essenciaiss espcies. Os mtodos de propagao podem ser realizados de duasformas: sexuada, que se baseia na obteno de plantas por sementes,tcnica mais utilizada em frutferas nativas, e vegetativa (assexuada),baseada no uso de estruturas vegetativas.

    Propagao por semente

    A propagao sexuada, gmica ou atravs de sementes, envolve aunio do gameta masculino (contido no gro de plen) com o gametafeminino (contido no vulo), para formar as sementes. Exceo deveser feita apomixia, na qual ocorre o desenvolvimento de embriesoriundos da nucela, idnticos planta-me. A propagao sexuadaenvolve a diviso celular atravs de meiose, quando da formao dosgametas masculinos e femininos. Diversos fenmenos ocorremassociados com este tipo de diviso, tais como segregao e permutagentica, ocasionando aumento da variabilidade genotpica efenotpica. Por esta razo, este tipo de propagao gera descendentesno exatamente idnticos planta-me que lhes deu origem,constituindo-se na principal ferramenta do melhoramento gentico. Asemente o meio mais comum de propagao das plantasautopolinizadas. Muitas vezes, o nico mtodo possvel e vivel demultiplicao (Ramos et al., 2002).

  • Espcies Frutferas Nativas do Sul do Brasil50

    Na fruticultura moderna, a importncia da propagao sexuada maisrestrita em conseqncia da variabilidade gentica dos descendentes eda dificuldade de germinao das sementes de algumas espcies(Fachinello et al., 1994).

    Recomenda-se a propagao por sementes na obteno de porta-enxerto, de novas cultivares, de clones nucelares, de plantashomozigotas, na formao de mudas e principalmente na propagaode espcies com dificuldade de multiplicao atravs de outrosmtodos (estaquia, enxertia, mergulhia e micropropagao).

    A principal desvantagem da propagao por sementes, alm dasegregao gentica nas plantas heterozigotas, o longo perodoexigido por algumas plantas para atingir a maturidade, fenmenoconhecido como juvenilidade.

    Processo de GerminaoCompreende uma complexa seqncia de mudanas bioqumicas,morfolgicas e fisiolgicas, constituda das seguintes etapas:embebio, atividade enzimtica e respiratria, digesto, translocao,assimilao e crescimento (Hoffmann et al., 1996). O percentual degerminao depende de fatores internos das sementes, como o estadode dormncia, a qualidade da semente e o potencial de germinao decada espcie. Os fatores externos so aqueles relacionados com omeio ambiente, gua, temperatura luz e gases, principalmenteoxignio, uma vez que a germinao requer alta taxa respiratria.

    Dormncia das sementes o fenmeno pelo qual as sementes, mesmosendo viveis e tendo condies ambientais favorveis germinao,no germinam. Segundo Hartmann & Kester (1990), a dormncia podeser classificada de trs formas:a) Dormncia devida aos envoltrios das sementes: pode ser devida

    impermeabilidade do tegumento gua ou s trocas gasosas(Dormncia Fsica), imposio de resistncia mecnica expansodo embrio (Dormncia Mecnica) ou presena de substnciasinibidoras da germinao, tais como fenis, cumarinas, cidoabssico nos tegumentos ou mesmo no fruto (Dormncia Qumica).

  • 51Propagao de Plantas Frutferas Nativas

    b) Dormncia morfolgica: pode ocorrer quando o embrio poucomais que um pr-embrio, envolvido pelo endosperma (embriorudimentar) ou quando, na maturao do fruto, o embrio encontra-se em fase intermediria de desenvolvimento (embrio nodesenvolvido ou imaturo).

    c) Dormncia interna, subdividida em: dormncia fisiolgica, queocorre devido a mecanismos internos de inibio e que tende adesaparecer com o armazenamento a seco das sementes; dormnciainterna intermediaria: no ocorre em plantas nativas, sendocaracterstica em conferas, e induzida pela presena dosenvoltrios ou tecidos de armazenamento da semente; dormncia doembrio, que ocorre quando o embrio incapaz de germinarnormalmente, mesmo que separado da semente e; dormncia doepictilo, ocorre quando a exigncia do epictilo, para germinao, diferenciada da do embrio.

    H vrias tcnicas para quebrar ou superar a dormncia das sementes.A escarificao uma delas, onde o tegumento danificado, de formaa facilitar a entrada da gua e a expanso do embrio. A escarificaopode ser por um processo mecnico, esfregando as sementes sob umasuperfcie abrasiva (lixa, pedra, areia etc.), e escarificao cida,normalmente com o uso de cido sulfrico, onde as sementes sosubmetidas a imerso por um perodo estabelecido para cada espcie.Outra tcnica utilizada a imerso das sementes em gua quente (5C- 85C) por 5 a 10 minutos, ou lavar as sementes em gua corrente,para eliminar substncias inibidoras de germinao, seguida dasecagem em temperatura ambiente, ou, ainda, embeber as sementesem gua para aumentar a permeabilidade do tegumento, facilitando agerminao.

    Outra tcnica largamente utilizada para a superao da dormncia otratamento das sementes com fitoreguladores. Em sementes de ara,utiliza-se cido indolbutrico (AIB) a 2000 ppm para acelerar oprocesso de germinao. Entretanto, a tcnica mais utilizada nasuperao ou quebra da dormncia a estratificao, principalmentequando as sementes so mantidas em ambiente mido e normalmentefrio, com o objetivo nico de estimular a diminuio do teor deinibidores e a sntese de promotores de germinao. Essa tcnica,

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    tambm utilizada em sementes de outras espcies de plantasnativas.

    As sementes so retiradas de frutos colhidos maduros, posteriormentelavadas em gua e, a seguir, colocadas para secar em ambientenatural. O passo seguinte coloc-las com papel umedecido, em sacosde polietileno, em quantidades pequenas e lev-los para cmaras friascom temperatura de 2 a 5C durante 30-40 dias (Figura 13). Apseste perodo, so semeadas em casa de vegetao, e a germinaoinicia-se 10-15 dias depois do plantio. Quando as mudas atingem 8-10cm de comprimento, so repicadas para saquinhos de polietileno oucaixas de isopor, com clulas de 2,5 x 2,5 cm, onde so mantidas ato plantio definitivo no campo.

    O mesmo procedimento pode ser adotado para sementes deguabiroba, goiaba serrana, cerejeira, entre outras espcies. Aosubmeter sementes de goiabeira serrana estratificao por 31 dias, temperatura de aproximadamente 6C, alm de uniformizar o estande,Rocha et al., (1989), obtiveram resultados em torno de 70% degerminao.

    Figu ra 13. Sementes de ara amarelo (Psidium catteyanum)estratificadas em meio mido e frio (5C). Embrapa ClimaTemperado/CPACT. Pelotas, RS.

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    Em geral, as condies de baixa temperatura e umidade, so as maisrecomendadas para armazenar sementes. Porm, existem diferenasentre as espcies, o que no permite generalizar sobre oestabelecimento de protocolos para o armazenamento sem uma prviaavaliao de determinadas caractersticas fsicas e fisiolgicas dassementes.

    As sementes podem ser classificadas dentro de uma amplitude devalores que definem o grau de sensibilidade dessecao (Ferrant etal., 1993). Existem diferenas no comportamento de ps-maturaoentre sementes tolerantes e sensveis a dessecao, isto , ortodoxase recalcitrantes respectivamente. As sementes ortodoxas podem serarmazenadas por vrios anos a baixa temperatura e com baixocontedo de umidade. So metabolicamente quiescentes e tolerantes dessecao e ao congelamento (Poule & Erikesen, 1992). As sementessensveis dessecao, recalcitrantes, apresentam alto contedo deumidade, e so intolerantes a secagem, ao congelamento, sendometabolicamente ativas. No suportam o armazenamento com baixaumidade sem perder a viabilidade. O perodo mximo de armazena-mento entre as espcies recalcitrantes varia (Ferrant et al., 1993).

    Aspectos considerados na propagao por sementeVia de regra, a propagao sexuada simples e de menor custo,entretanto requer cuidados especiais, descritos a seguir:

    Escolha das plantas matrizesAs plantas destinadas ao fornecimento de sementes devem serresistentes a pragas e doenas, possuir todas as caractersticas daespcie ou cultivar, serem vigorosas, produtivas de boa qualidade defrutos, livres de doenas (uma vez que frutos atacados pormicroorganismos podem resultar no ataque de doenas s plntulas).Devem tambm ter atingido a maturao fisiolgica para que assementes se encontrem complemente desenvolvidas.

  • Espcies Frutferas Nativas do Sul do Brasil54

    Extrao e conservao das sementes

    As sementes devem ser separadas da polpa com o mximo cuidado,para no serem danificadas. Pode-se adotar o sistema de extrao dasemente, seguida de lavagem em peneira, para retirada de partes depolpa aderidas e posterior secagem sombra e temperatura ambiente.(Figura 14).

    Figu ra 14. Sementes despolpadas de araticum (A) e jabuticaba (B).Embrapa Clima Temperado/CPACT. Pelotas, RS.

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    Este procedimento geralmente realizado na extrao de sementes emfrutos de ara, goiaba serrana, jabuticaba, pitanga, framboesa,araticum, guabiroba e uvaia. A longevidade de sementes de uvaia decurta durao, sendo que a semeadura dever ser realizada logo apsa coleta, para no perder o poder germinativo. Segundo Andrade &Ferreira (2000), as sementes de uvaia apresentam sensibilidade dessecao, perdendo sua viabilidade quando o grau de umidadeatinge valores inferiores a 14%.

    Embora seja recomendado que o intervalo entre a extrao e asemeadura seja o menor possvel, em certas situaes pode sernecessrio o armazenamento. Para tanto, utilizam-se normalmentecondies de baixa temperatura e umidade, j descritos anteriormente.

    A manuteno do poder germinativo varia com a espcie e ascondies ambientais.

    A B

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    Su sbstratos na propagao por sementes

    Na propagao por sementes, o substrato tem a finalidade deproporcionar condies adequadas germinao, ou desenvolvimentoinicial da muda. Pode ser realizada em sementeiras (canteiros) ou emrecipientes como bandejas de isopor ou caixas plsticas (Figura 15).Conforme a tcnica de propagao adotada, pode-se dispor de ummesmo material (bandejas ou sacos plsticos) durante todo o perodode formao da muda, bem como utilizar materiais diferentes em cadafase (at a germinao, da germinao at a repicagem e da repicagemao enviveiramento). Um bom substrato deve proporcionar condiesadequadas germinao e desenvolvimento do sistema radicular damuda em formao (Ramos et al., 2002).

    O substrato deve propiciar um adequado equilbrio entre umidade eaerao, apresentar boa capacidade de suporte fsico da muda, bemcomo aderncia das razes, conter nutrientes essenciais para odesenvolvimento da muda, isento de inculos de patgenos ousaprfitos, bem como isento de sementes ou estruturas vegetativas deinvasoras. Substratos como solo, areia, turfa, musgo esfagnneo,vermiculita, perlita, serragem e composto orgnico, so alguns que,dependendo da facilidade de obt-los e do custo, podem ser utilizadosna propagao por sementes.

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    Figu ra 15. Viveiro de cerejeira (A), mudas de cerejeira em caixaplstica (B), araazeiro em bandejas de isopor (C) e uvaia em caixasplsticas (D). Embrapa Clima Temperado/CPACT. Pelotas, RS.

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    Semeadu ra e cu idados com as plntu las

    A semeadura pode ser realizada a lano ou em linhas, ou mesmo emrecipientes plsticos (sacos), depende do objetivo que se busca, sendoque em linhas facilita os tratos culturais (Figura 16). Aps asemeadura a umidade do solo deve ser mantida com o uso deirrigaes peridicas, ou mantidas em cmara de nebulizaointermitente no caso de sacos plsticos.

    Aps a emergncia das plntulas, deve-se tomar o cuidado quanto incidncia de pragas e doenas, principalmente "damping-off". Estasdoenas so favorecidas pela elevada densidade das plntulas, altaumidade bem como pela sensibilidade das plntulas aos patgenos.Aps as plntulas atingirem altura de aproximadamente, 10 cm, devemser transferidas para o viveiro onde iro se desenvolver at o plantioem local definitivo, ou at a comercializao.

  • 57Propagao de Plantas Frutferas Nativas

    Figu ra 16. Mudas de pitangueira (Eugenia uniflora L.) obtidaspor sementes, semeadas em sacos plsticos (A) e canteiros(B). Embrapa Clima Temperado/CPACT. Pelotas, RS.

    Propagao vegetativa

    Segundo Hartmann & Kester (1990), a propagao vegetativa consistena multiplicao de indivduos a partir de pores vegetativas dasplantas, o que possvel porque em muitas plantas os rgosvegetativos tm a capacidade de regenerao. Cada clula da plantacontm a informao gentica necessria para gerar a planta inteira, eesta forma de propagao produz clones. Ela implica na divisomittica das clulas, onde h uma duplicao do sistemacromossmico e do citoplasma da clula progenitora para formar duasclulas filhas. Conseqentemente, a propagao vegetativa propicia amultiplicao integral da planta-me. Esta forma de propagao importante, pois, se propagadas por sementes, h variabilidade nasplantas obtidas.

    Foram realizados alguns trabalhos em propagao de espcies nativas,atravs de estaquia e enxertia, alporquia e micropropagao.

    Estaqu ia

    O enraizamento por estaquia uma tcnica de propagao vegetativaamplamente empregada em espcies de valor comercial, podendo servivel na propagao de espcies frutferas nativas. Essa tcnica podeproporcionar a produo de grande quantidade de mudas de boaqualidade em curto espao de tempo, dependendo da facilidade de

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    enraizamneto de cada espcie, das qualidades do sistema radicularformado e do desenvolvimento posterior da planta. O sucesso datcnica determinado por um complexo de interao entre ambiente efatores endgenos.

    Apesar de ter como vantagens a manuteno das caractersticasgenotipicas e produo de mudas de espcies que apresentamdificuldades na propagao sexuada, a estaquia apresenta algumaslimitaes no seu uso tais como, perda de vigor em relao s plantaspropagadas por semente, originar plantas com sistema radicular maissuperficial e, em alguns casos, maior custo de produo.

    Fatores qu e afetam o enraizamento

    Basicamente so trs os principais fatores que determinam o sucessoou fracasso na obteno de mudas por estacas: planta - matriz, tipo deestaca e poca de coleta dos ramos.

    Planta-matriz: A capacidade de enraizamento influenciada pelascondies de crescimento, idade e caractersticas internas da planta-matriz, tais como o contedo de gua, teor de carboidratos e denutrientes e, o nvel hormonal na ocasio da coleta das estacas. Dessaforma, de modo geral, estacas provenientes de plantas jovensenrazam com mais facilidade e isso especialmente se manifesta emespcies de difcil enraizamento.

    Tipo de estaca: A escolha do tipo de estaca tem grande importncia,principalmente para espcies com dificuldade de formar razesadventcias, variando de acordo com a espcie ou at mesmo com acultivar. Em relao posio ocupada nos ramos de origem, asestacas podem ser apicais, medianas ou basais. Como a composioqumica do tecido varia ao longo do ramo, base ao pice, ocorremvariaes na formao das razes das estacas feitas de diferentespartes dos ramos. Quanto ao grau de lignificao e consistncia dostecidos, as estacas podem ser herbceas, semi-lenhosas e lenhosas,porm os resultados de enraizamento podem variar de espcie paraespcie. Principalmente em espcies de difcil enraizamento, estacasmais herbceas apresentaram maior capacidade de enraizamento doque as lenhosas, devido provavelmente ao acmulo de substncias dereserva e menor teor de nitrognio. Fato inverso ocorre com as

  • 59Propagao de Plantas Frutferas Nativas

    estacas semi-lenhosas, onde os maiores percentuais de enraizamentoso obtidos com a poro mais apical. A presena de folhas tambminfluencia a formao de razes nas estacas. O efeito estimulante defolhas no incio de formao de razes tem sido atribudo produode carboidratos pela fotossntese, auxina endgena e cofatores deenraizamento sintetizados pelas folhas e a regulao do estado hdricona estaca.

    poca de coleta dos ramos: A poca do ano afeta o potencial deformao de razes, especialmente em espcies de difcil enraizamento,sendo necessrio avaliar para cada espcie qual a melhor poca decoleta das estacas. Entretanto, a melhor poca geralmente estrelacionada com as condies climticas, principalmente no que serefere temperatura e a disponibilidade de gua, a fase decrescimento, s condies fisiolgicas e fenologia da planta - matriz.No perodo em que as plantas esto em florao e frutificao, h odesvio de metablitos para a formao de flores e frutos e osassimilados necessr