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Especialidades Cirúrgicas: Neurocirurgia
Reflexão II – Cuidados de enfermagem perioperatórios em neurocirurgia 1
Reflexão II – Cuidados de enfermagem perioperatórios em neurocirurgia
Os enfermeiros que desempenham funções na área neurocirúrgica, à semelhança
das outras especialidades, devem ter conhecimentos sobre avaliação neurológica do doente.
Essa avaliação deve ser realizada aquando do primeiro encontro com o doente/família, por
exemplo na visita pré-operatória, quando cirurgia electiva. Essa primeira avaliação da
equipa de enfermagem é a avaliação que serve de referência para as restantes avaliações
realizadas no período pós-operatório (período de reversão anestésica e UCPA, por
exemplo) e despiste de alterações neurológicas e complicações pós-cirúrgicas. A Escala de
Coma de Glasgow é a mais utilizada, simultaneamente com uma avaliação da reacção,
simetria e tamanho das pupilas. A avaliação da força muscular nos membros superiores e
inferiores também é especialmente importante nas cirurgias à coluna.
No setting de cuidados neurocirúrgicos a comunicação entre todos os profissionais
assume particular relevância no sentido, de antecipar as necessidades e permitir a execução
de cuidados coordenados e rentabilizar o tempo perioperatório.
O enfermeiro de anestesia deve, de acordo com o plano anestésico e cirúrgico
definido, à semelhança das outras especialidades cirúrgicas, realizar o acolhimento do
doente, preparar e testar o material necessário para a anestesia e intubação. Deve ter
particular atenção em confirmar a quantidade de unidades de concentrado eritrocitário e
outros hemoderivados disponíveis no serviço de sangue, para o seu doente específico e
certificar-se da presença de fármacos de emergência na sala operatória, fármacos anti-
convulsivantes e corticóides. Em cirurgias para clipagem de aneurisma, pode ser
necessário a infusão de soros frios, para induzir uma hipotermia ligeira. Em caso de
necessidade, o enfermeiro de anestesia providencia o material para a cateterização venosa
central, cateterização de linha arterial ou punção venosa. A manutenção da permeabilidade
e acessibilidade aos acessos venosos e arteriais deve ser garantida, independentemente do
tipo de posicionamento e da localização dos panos cirúrgicos. Esta, é geralmente realizada
pelos cirurgiões e existindo campos específicos para a craniotomia, composto por uma
bolsa de plástico com adesivo, que possibilita a recolha do conteúdo resultante da
irrigação, mantendo os restantes campos cirúrgicos secos. Em situações de tricotomia
mínima são colocados agravos a delimitar a incisão, para permitir uma maior aderência do
campo à pele do doente, estes devem ser todos retirados aquando da remoção dos campos
cirúrgicos. Os campos da cirurgia intracraniana são colocados cobrindo todo o doente.
Neste sentido o enfermeiro de anestesia deve colocar prolongamentos nos sistemas de soro
e linha arterial para conseguir ter portas de acesso junto ao aparelho de anestesia,
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localizado no fundo da marquesa operatória, uma vez que na cirurgia craniana, a cabeça do
doente fica para a equipa cirúrgica, podendo ocorrer uma rotação de 90º ou 180º da
marquesa operatória. Este facto também influência o tamanho das traqueias do ventilador,
que devem ter um tamanho adequado, para permitirem a ventilação do doente, apesar da
distância que separa o ventilador do tubo traqueal. O momento da rotação da marquesa
requer a máxima atenção de toda a equipa de profissionais de saúde, de modo a garantir a
permeabilidade dos acessos venosos e ventilatórios, manter a monitorização contínua do
doente e evitar a remoção acidental dos acessos e a ocorrência de lesão no doente.
O enfermeiro circulante deve providenciar o instrumental cirúrgico necessário para
a enfermeira instrumentista, preparar as mesas cirúrgicas com tempo e, possibilitando
uma organização do mesmo de acordo com os tempos cirúrgicos. Para a realização da fase
de microcirurgia o enfermeiro instrumentista deve seguir algumas considerações como
preparar o instrumental fazendo uma observação pormenorizada no sentido de despistar
pontas rombas ou danificadas; manter esse instrumental microcirúrgico limpo e zelar pela
sua integridade acondicionando em reservatórios próprios e evitando colocar objectos
pesados sobre o mesmo (Fuller, 2009).
O posicionamento neurocirúrgico corresponde a uma das fases mais importantes no
perioperatório e para o qual o enfermeiro circulante é essencial, quer no seu planeamento
como execução e avaliação do mesmo. Este é responsável pela coordenação das
actividades essenciais ao posicionamento do doente e assegura a presença na sala
operatória dos recursos humanos necessários para um posicionamento seguro e efectivo
(St-Arnaud e Paquin, 2008). O circulante deve selecionar os dispositivos auxiliares de
posicionamento adequados que, consigam: absorver as forças de compressão; prevenir uma
distribuição desigual e potencialmente excessiva das forças de pressão; prevenir
estiramento excessivo ou compressão dos membros e permitir uma expansão torácica
adequada para a ventilação e trocas gasosas (St-Arnaud e Paquin, 2008). À semelhança das
outras especialidades cirúrgicas, deve-se manter o alinhamento normal do corpo, evitando
flexão, extensão ou rotação anormal ou excessiva. Deve-se ter particular atenção à pressão
exercida a nível orbitário e minimizar esse risco, através de solução lubrificante e
protegendo essa zona. O posicionamento como referido anteriormente deve possibilitar o
acesso às vias venosas e arteriais puncionadas e à monitorização para um controlo
efectivos das funções vitais do doente. O posicionamento cirúrgico deve garantir a
manutenção da temperatura corporal, nas situações em que não é necessário induzir a
hipotermia, passando por minimizar a exposição da pele do paciente, usando um
dispositivo para regular a temperatura como cobertor ou aparelho de ar forçado e controlar
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a temperatura da sala operatória. A diminuição da temperatura corporal provoca a
vasoconstrição periférica, que em cirurgias prolongadas, pode provocar lesão celular por
hipoperfusão, que por sua vez, fica mais exposto às forças de pressão exercidas pelo
posicionamento (St-Arnaud e Paquin, 2008). Estas forças são mais influentes, de acordo
com as especificidades do doente, como por exemplo, a idade; existência de doenças
cardíaca; diabetes; mau estado nutricional, magreza, obesidade, patologia vascular e
fumador. A protecção de todas as proeminências ósseas, através de dispositivos próprios
como apoios, rolos, placas e sogas de gel e a utilização de faixas de segurança, são acções
essenciais na actuação do enfermeiro circulante e na promoção da segurança do doente. Se
existir necessidade de reposicionar o doente durante a cirurgia, o enfermeiro circulante
deve fazer nova avaliação do posicionamento no sentido de preservar a integridade cutânea
do doente. O plano de cuidados de enfermagem, em relação ao posicionamento, deve ser
organizado através da avaliação realizada no período pré-operatório, que por vezes é
condicionada devido ao carácter urgente da cirurgia ou alteração do plano operatório. No
entanto, de acordo com as limitações, os enfermeiros devem conseguir avaliar, à
semelhança das outras especialidades cirúrgicas, as limitações articulares do doente, a
amplitude de movimento; condição da pele, e áreas mais propensas a lesões (St-Arnaud e
Paquin, 2008).
Antes da transferência do doente, a equipa de enfermagem deve fazer uma
avaliação da integridade cutânea do doente, identificando sinais de lesão e documentar essa
avaliação, transmitindo a informação necessária para a continuidade dos cuidados no
período pós-operatório.