especial fersant - feira agricultura

8

Upload: jornal-o-mirante

Post on 07-Mar-2016

214 views

Category:

Documents


1 download

DESCRIPTION

Ciclo de seminários discute projectos inovadores, financiamentos e empreendedorismo Certame empresarial em Santarém aposta nos seminários e nos contactos internacionais A 22.ª Feira Empresarial da Região de Santarém realiza-se de 4 a 12 de Junho no Centro Nacional de Exposições, em Santarém. Reparação de Computadores Portáteis e Registadoras Técnico Especializado TOSHIBA Rua dos Aliados, n.º13E • 2080-116 Almeirim Telf. 243 509 326 • Telm. 919 372 996 [email protected]

TRANSCRIPT

Page 1: especial fersant - feira agricultura
Page 2: especial fersant - feira agricultura

| O MIRANTE| FERSANT / FEIRA DA AGRICULTURA 02 JUNHO 20112

A 22.ª Feira Empresarial da Região de Santarém realiza-se de 4 a 12 de Junho no Centro Nacional de Exposições, em Santarém.

Desenvolver um conjunto de workshops e seminários que levem públi-co e empresários a partilhar informações, estabelecer contactos e fomentar negócios na região com as comitivas brasileira e mo-çambicana que visitam certame são alguns dos objectivos da organização da 22.ª edi-ção da Fersant - Feira Empresarial da Re-gião de Santarém. O evento, que migrou de Torres Novas, realiza-se pelo segundo ano consecutivo em Santarém, paralelamente com a Feira Nacional da Agricultura/Feira do Ribatejo, no Centro Nacional de Expo-sições e Mercados Agrícolas (CNEMA), de 4 a 12 de Junho. Vão estar em exposição na nave B do complexo 121 stands de 71 expositores, os mesmos de 2010.

Uma dezena de empresários brasileiros das zonas de Brasília, Goiás e Pará vão estar presentes na Fersant e em visitas institu-cionais à região. Segundo a presidente da Nersant - Associação Empresarial da Re-gião de Santarém, entidade que promove a Fersant, procuram intercâmbio negocial nas áreas da agricultura, agro-indústria e pecuária. “O mesmo acontece com a comi-tiva moçambicana e a sua associação em-presarial que virá da região da Beira, que procura novos mercados e que pode gerar também o interesse dos nossos empresá-

foto arquivo O MIRANTE

Reparação de Computadores Portáteis e RegistadorasTécnico Especializado TOSHIBA

Rua dos Aliados, n.º13E • 2080-116 AlmeirimTelf. 243 509 326 • Telm. 919 372 996

[email protected]

Fersant regressa em paralelo com Feira Nacional de Agricultura Certame empresarial em Santarém aposta nos seminários e nos contactos internacionais

rios, principalmente na área da construção civil, comércio e indústria agro-alimentar”, salientou Salomé Rafael.

Durante a apresentação da Fersant 2011, o director geral da Nersant, António Campos, lembrou que vão estar represen-tados este ano empresários de 17 dos 21 concelhos do distrito. “De Torres vem o segundo maior número de representantes, seguido de Abrantes, maioritariamente da indústria e dos serviços, e registamos um terço de novos expositores. Como é óbvio, o maior número é de Santarém”, explanou António Campos.

Balanço positivo da experiência em santarémO balanço da presença da Fersant na Fei-

ra Nacional de Agricultura é considerado positivo, motivo para continuar. “Os em-presários perceberam que aqui têm mais visibilidade. Temos o mesmo número de empresas que em 2010 e um nível bastante interessante de participação de empresá-rios de Torres Novas e de Abrantes, que nunca tiveram preconceitos em relação a Santarém. Na Feira da Agricultura temos público que vem ver a agricultura e apro-veita para ver as empresas. Esta é uma par-ceria a manter”, sublinhou Salomé Rafael.

Pelo CNEMA, Vasco Gracias referiu que o centro de exposições é um parceiro da Fersant na divulgação da região em ter-mos económicos. “É um local demasiado grande para ser apenas de um concelho ou de uma freguesia, tem que ser apro-veitado por Santarém e por todo o distri-to”, salientou.

Ciclo de seminários discute projectos

inovadores, financiamentos e

empreendedorismo A Fersant conta nesta edição com um

ciclo intenso de seminários distribuídos por seis dias. O primeiro realiza-se dia 4 com a sessão de encerramento do pro-jecto MovePME, pelas 15h00. No dia 6, destaque para a presentação de estudos sectoriais realizados pela Nersant rela-tivos aos sectores agro-industrial, cons-trução civil, madeira e mobiliário, me-talomecânica e minerais não metálicos (10h30). Às 11h30 fala-se sobre tecnolo-gias disponíveis naqueles sectores.

As energias renováveis, a eficiência energética e as novas práticas ambien-tais estão em destaque nos seminários de terça-feira, 7 de Junho, a partir das 10h30. À tarde é apresentado o projecto de certi-

ficação de respostas sociais junto das Ins-tituições Particulares de Solidariedade Social, realizado pela Nersant (16h00).

As vantagens da certificação e da pro-priedade industrial, bem como os casos de sucesso inovadores na região são fa-lados ao longo da manhã de dia 8, onde o destaque cabe à presentação dos pro-jectos EmpCriança e EmpEscola, no âm-bito do Fórum Empreendedorismo. Será a partir das 14h30.

Os programas Apoiar Micro e PAE-CPE, mecanismos de apoio à criação de empresas, bem como os financiamentos disponíveis, são temas de quinta-feira, 9 de Junho, onde à tarde se abordam os me-canismos inovadores de financiamento, como o capital de risco, apoio à fusões e aquisições, casos de sucesso e vantagens.

No dia 10 de Junho, Dia de Portugal, serão apresentados estudos de mercado realizados em Angola, Brasil, Espanha, França e Moçambique, e debatida a mar-ca territorial Ribatejo. Todos os seminá-rios vão ter lugar no auditório Nersant da nave B do CNEMA.

Page 3: especial fersant - feira agricultura

O MIRANTE | | FERSANT / FEIRA DA AGRICULTURA

A 48.ª edição da Feira Nacional da Agricultura (FNA), que decorre de 4 a 12 de Junho em Santarém, tem por tema “A Floresta” e vai procurar sen-sibilizar para a importância do sector agrícola no actual contexto de crise. A FNA, que será marcada por numerosos seminários que vão debater temas actu-ais do sector e que prossegue na apos-ta da aproximação dos produtores aos consumidores, terá este ano uma forte presença de maquinaria e de empresas que comercializam factores de produ-ção, havendo uma área de exposição e de campos de demonstração maior que em 2010.

Tendo em conta que 2011 é “Ano In-ternacional das Florestas”, o tema vai dominar a feira, estando o espaço dos claustros do CNEMA reservado à fileira florestal, “que vai apresentar produtos inovadores”, disse Luís Mira, adminis-trador do Centro Nacional de Exposi-ções e Mercados Agrícolas (CNEMA), na apresentação do certame.

Os encontros técnicos agendados abordarão temas como “o futuro da PAC” (Política Agrícola Comum), o fu-turo dos jovens agricultores e do pro-grama Leader após 2013, a valorização dos subprodutos da fileira do azeite, as alterações aos apoios nas florestas e “montado e cortiça”.

Este ano os concursos de vinhos, azei-te e mel foram alargados aos queijos e enchidos, que terão “forte presença” no certame, estando a iniciativa “Show Cooking” preenchida, depois do esforço dos últimos dois anos para proporcionar um espaço em que é possível degustar pratos sofisticados acompanhados dos vinhos nacionais.

O certame continua a ser marcado pelos concursos de animais (bovinos, equinos, suínos), apresentando diver-sas iniciativas características da região e ligadas ao cavalo e ao touro. O cartaz de animação apresenta nomes como Rui Veloso (4 de Junho), Camané (5

foto arquivo O MIRANTE

02 JUNHO 2011 3

Feira Nacional da Agricultura dedicada à floresta Programa musical com nomes como Rui Veloso, Pedro Abrunhosa e Xutos & Pontapés

de Junho), Deolinda (9 de Junho), Pe-dro Abrunhosa (10 de Junho) e Xutos e Pontapés (11 de Junho).

Um bilhete de entrada na feira cus-ta 5 euros. Há ainda à venda caderne-tas de 10 bilhetes com um custo de 35 euros, que podem ser adquiridas nos locais autorizados até 3 de Junho, e livres-trânsito com um custo de 18 eu-ros que é pessoal e intransmissível e permite visitar a feira a qualquer ho-ra e várias vezes por dia. No dia 6 de Junho, segunda-feira, a entrada na fei-ra é gratuita

O parque de estacionamento é gra-tuito tal como a entrada para crianças até aos 11 anos, inclusive.

Page 4: especial fersant - feira agricultura

| O MIRANTE| FERSANT / FEIRA DA AGRICULTURA 02 JUNHO 20114

O fotógrafo que fez todas as edições da Feira do Ribatejo no centro da cidadeOlavo Aires e o pai foram os únicos que fotografaram a primeira feira a seguir ao 25 de Abril

A grande afluência de pessoas animava Santarém. Ao contrário de hoje, em que a feira está no Centro Nacional de Exposições, afastada do centro urbano, na altura havia uma grande ligação à cidade.

Olavo Aires é o fotógrafo que fez todas as edições da Feira do Riba-tejo desde o primeiro dia em 1953 no Campo Infante da Câmara no centro da cidade. Tem centenas de milhar de imagens que contam pequenas histó-rias deste certame iniciado por Celesti-no Graça e que na época atraia multi-dões das redondezas. A primeira feira, recorda, foi uma grande agitação para a cidade com muita gente a acorrer ao recinto para ver a maquinaria e os ani-mais. Havia rebanhos de ovelhas que vinham pelas estradas até ao recinto e todo o tipo de animais como porcos, vacas, cavalos…

“Era um acontecimento carregado de tipicidade feito à base da carolice”, diz lembrando que não foram precisos

Page 5: especial fersant - feira agricultura

O MIRANTE | | FERSANT / FEIRA DA AGRICULTURA

AMÁVEL& FILHOS, LDA

Mármores e Cantarias

Rua das AmendoeirasTelef. 243 479 604 • Telm. 938 353 524 • 919 310 938

2025 - 452 Azoia de Cima

muitos anos para que a feira tivesse re-presentação internacional. Os america-nos e os brasileiros marcavam forte pre-sença na feira e traziam espectáculos e bandas dos seus países para animar o recinto. A fama foi crescendo e em pouco tempo chegavam ao Campo In-fante da Câmara centenas de excursões de todo o país. “Era um mar de gente”. Muitos traziam as cestas com farnéis e a cidade era palco de enormes pique-niques. Lembra-se também quando foi instituída a “noite do vinho” em que eram distribuídas sardinhas assadas e vinho gratuitamente.

A grande afluência de pessoas ani-mava a cidade. Ao contrário de hoje, em que a feira está no Centro Nacio-nal de Exposições, afastada do centro urbano, na altura havia uma grande ligação à cidade. O comércio nos dias em que decorria a feira estava aberto todo o fim-de-semana e as lojas faziam bons negócios. Olavo Aires recorda que os restaurantes estavam sempre cheios. No Central, no centro histórico, faziam-se filas de muitos metros para almoçar. Olavo e o pai Júlio Figueire-do Aires trabalhavam dia e noite para imprimir as fotografias que hoje são documentos históricos. Fotografavam para vender mas também para os jor-nais como “O Século”, “O Primeiro de Janeiro”, entre outros.

Olavo e o pai são os únicos fotógrafos que fizeram imagens da primeira feira a seguir à revolução do 25 de Abril de 1974. “Na altura correu o boato de que metiam bombas na feira e quando esta começou não apareceu ninguém para

fotografar além de nós”, recorda. Dos caixotes de fotos a preto e branco vai retirando pedaços de memórias, como aquelas em que aparecem Marcelo Cae-tano ou o Presidente da República Amé-rico Tomás… Há fotos de americanos, de turistas de vários países. Olavo e o pai tinham o exclusivo das fotografias das embaixadas dos países representa-dos na feira, o que lhe permitiu fazer grandes conhecimentos. “Faziam-se grandes amizades”, realça.

Nos primeiros anos havia na feira bandas de música, ranchos folclóri-cos nacionais e depois de outros paí-ses, acordeonistas. A Orquestra Típica Escalabitana tinha sempre concertos. Mas também havia passagens de mo-delos, gincanas de automóveis e che-garam a realizar-se corridas de cavalos com apostas. Olavo Aires ainda fez os dois primeiros anos da feira no CNE-MA porque lhe pediram, mas depois não quis fazer mais. Vai todos os anos à feira na Quinta das Cegonhas mas como visitante. Diz que se perdeu um elemento importante da feira que era a ligação à cidade, o que considera ser “um desastre”.

02 JUNHO 2011 5

Page 6: especial fersant - feira agricultura

| O MIRANTE| FERSANT / FEIRA DA AGRICULTURA 02 JUNHO 20116

José Andrade

A ausência de representações de outros países na Feira Nacional de Agricultura em Santarém constitui um retrocesso na importância do certame que se realiza em simultâneo com a Feira do Ribatejo e que este ano decor-re de 4 a 12 de Junho no Centro Nacional de Exposições. José Manuel Andrade, que já dirigiu o certame, não tem dúvidas que a presença de representantes estrangeiros era “fundamental para divulgar a produção nacional e apoiar o desenvolvimento da agricultura portuguesa”. Pelo que considera ser um “aspecto negativo” a perda de contactos com os estrangeiros que há uns anos vinham a Santarém.

Nesse sentido aponta também o ex-presidente da Câ-mara de Santarém, José Miguel Noras, realçando que uma feira que já teve presentes países como França ou Alemanha “devia refundar-se olhando sem saudosismos esse passado em que a feira era na realidade um marco

Falta de representações estrangeiras é um retrocesso que marca a Feira Nacional da Agricultura José Andrade, José Miguel Noras e Ludgero Mendes dão as suas opiniões sobre este certame

da maior referência no plano ibérico e europeu”. E acres-centa que se devia fazer um esforço para que os estran-geiros sentissem que valia a pena serem visitas assíduas de Santarém. Ludgero Mendes, presidente do Grupo Aca-démico de Danças Ribatejanas e vereador socialista na Câmara de Santarém, acrescenta que neste aspecto “há um retrocesso”, apesar de ter vindo a ser feito um esfor-ço de dar mais tipicidade ao certame.

Sendo a maior manifestação do concelho, também há um aspecto que se tem vindo a perder, como a ligação à cidade. Um “divórcio”, nas palavras de Ludgero Men-des, que “tarda em ser remediado”. “A feira tem um peso grande no espírito das pessoas de Santarém que a visitam sobretudo à noite, mas isso não elimina o facto de haver um divórcio entre o CNEMA (entidade organizadora) e a câmara”, que até é a segunda maior accionista da entida-de a seguir à Confederação dos Agricultores de Portugal

(CAP). Por isso sugere que devia ser retomado o antigo concurso de montras que se fazia no comércio da cidade e lançar por exemplo um concurso de fado antes do iní-cio do certame mas que culminasse neste.

Nos últimos anos tem-se optado por fazer grandes con-certos musicais no recinto e aqui as opiniões dividem-se. José Miguel Noras considera que a feira devia apostar em “diferentes fóruns de reflexão com especialistas na-cionais e estrangeiros em ordem a responder às questões que mais importa ultrapassar no futuro em Portugal”. Já Ludgero Mendes entende que os concertos são apelativos para os jovens e que contribuem para uma diversidade de actividades. E reforça esta posição dizendo que “a feira mantém-se no equilíbrio da vertente técnica com a ver-tente mais tradicional”.

Falando das questões ligadas às tradições e à sua re-presentatividade na feira, José Manuel Andrade e José Miguel Noras são da opinião que tem havido alguma descaracterização. “A Feira Nacional de Agricultura ca-da vez tem menos aspectos ligados à agricultura, passou a ser uma festa de música. O ruralismo era importante preservar”, diz José Manuel Andrade, porque, explicita, “transformar a feira numa mostra dos aspectos técnicos é insuficiente”. José Miguel Noras complementa: “Perdeu--se muito do que era a Feira do Ribatejo”, mais virada pa-ra as manifestações típicas da região.

Situação da agricultura portugueSa também tem influênciaTodos estão de acordo que o momento que se vive na

agricultura nacional tem influência no certame. “À me-dida que a nossa agricultura foi paga para ser desmante-lada a feira foi acompanhando esse declínio”, sublinha José Miguel Noras. “Infelizmente a Feira Nacional de Agricultura sofreu com a quebra da importância da agri-cultura portuguesa”, reforça José Manuel Andrade que é também agricultor.

Ludgero Mendes defende que se tem que encarar a feira como ela é hoje, realçando que agora até há mais grupos de folclore a actuar no recinto. Mas reconhece que as transformações que tem havido no sector agríco-la têm trazido alguns constrangimentos, como o facto de cada vez haver menos campinos. Explica que “a feira é o esforço da representação da actividade agrícola, mas a agricultura é uma vertente que não tem sido potencia-da”, porque, salienta José Manuel Andrade, tem havido “erros políticos” neste sector de actividade.

Carlos Segundo

NestalAdvogado

Av. D. Afonso Henriques, nº 89 - 1º Esq

2000-179 Santarém Telef. 243 327 756 - Fax: 243 325 944

José Miguel Noras Ludgero Mendes

Page 7: especial fersant - feira agricultura

O MIRANTE | | FERSANT / FEIRA DA AGRICULTURA

Paulo Coelho, 43 anos, gestor de após venda, Malhou

“Troika passou para o papel medidas que políticos não tiveram coragem de tomar”

Paulo Coelho costuma visi-tar a feira da Agricultura para jantar, assistir a um concerto com artista que lhe agrade e ficar para as largadas de toiros. Mas mesmo assim entende que o preço das entradas é exagera-do. “Esse custo não deve afectar negócios, porque quem vai para os fazer entra sempre. Se calhar o visitante comum é que se vai inibir de entrar”, comenta o ges-tor de após venda da Santagri. Acredita que em tempo de crise existe uma selecção natural dos melhores a nível dos mercados e quem resiste é quem já está solidamente implantado . “No sector automóvel a crise faz-se sentir. As pessoas fa-zem menos quilóme-tros, assistem menos, compram menos, es-pecialmente nas gamas mais baixas”, observa. FMI, BCE e Comissão Europeia são os actores da troika internacional que Paulo Coelho iden-tifica na ajuda a Portu-gal. Considera que, no fundo, vieram apenas passar para o papel as medidas que os políti-cos portugueses sabiam que seriam necessárias mas que nunca tiveram coragem de pôr em prá-tica. “Espero que quem vier a formar governo tenha coragem políti-ca para fazer cumprir essas medidas. Mas gostava de perguntar à troika qual é a nossa situação real?”, conclui Paulo Coelho.

02 JUNHO 2011 7

Cinco euros para entrar na feira é um exageroO preço das entradas na Feira Nacional de Agricultura e Fersant é considerado demasiado elevado pela maioria das pessoas ouvidas por O MIRANTE. O exemplo mais apontado para suportar aquela opinião é o total a pagar por uma família com três ou quatro elementos. Sobre a crise a opinião dominante é a de que pode ser importante

para fazer a selecção entre empresas e empresários capazes e incapazes. Apesar de tanto se ter escrito e dito sobre as negociações da ajuda externa entre Portugal e a Troika (Fundo Monetário Internacional, Banco Central Europeu e Comissão Europeia), quase todos confessam ter dúvidas sobre as condições impostas para o empréstimo.

Joaquim Saramago, 66 anos, presidente Adega Cooperativa Alcanhões, Santarém

Preço das entradas é exagerado

Joaquim Saramago confessa que a crise não passou pela Ade-ga Cooperativa de Alcanhões no ano em que mais anda na boca dos portugueses e das primeiras páginas da actualidade. “Esta-mos a vender mais vinho en-garrafado que em 2010, o que é bom sinal. Estivemos na Festa

Manuel Rafael, 51 anos, presidente Adega Cooperativa da Gouxa, Fazendas de Almeirim

“O sector do vinho tem conseguido saber fugir às crises”

As exigências do FMI, Ban-co Central Europeu e União Europeia são um mal necessá-rio. É essa a sua opinião. Se os elementos da Troika viessem à Feira, gostaria de lhes pergun-tar “qual é a taxa de juro que o país vai pagar pelo dinheiro em-prestado?”, porque andam todos a dizer coisas muito confusas. Manuel Rafael considera que as crises nunca são bem vindas e que as grandes oportunidades de negócio só surgem pontual-mente. Ainda assim diz que o sector dos vinhos é daqueles que consegue dar mais escoamento ao seu produto. Sobre o preço das entradas diz que é muito elevado.

José Dias Castelo, 47 anos, empresário, Santarém

“A crise separa trigo do joio”

“Separa o trigo do joio e premeia o profissionalismo em detrimento de quem faz o seu trabalho com menor qualidade”. É assim que José Dias Castelo entende que são as crises, por isso concorda com a ideia de que nessas alturas podem surgir boas oportunidades de negó-cio. A situação só fica pior para os desempregados e para quem tem baixos rendimentos, reconhece. Lembra-se bem do tempo em que o FMI entrou em Portugal, em 1985 e diz que na altura deixou de fumar SG Ventile e passou para “Mata Ratos”, sinal dos tempos. “Hoje temos tudo, telemóveis, internet, mínimo de dois carros por família. Mas o pior que temos é a corrup-ção, políticos que não sabem gerir o país e muita gente a receber ren-dimentos sem trabalhar enquanto os que precisam recebem pouco”, analisa. José Dias Castelo gostava de perguntar aos elementos da troi-ka se Portugal está mesmo na ban-carrota, mas considera que já existe resposta aos problemas: “Temos que nos voltar para a agricultura e pescas que é o que temos!”. Para o empresário não se justificam cinco euros de entrada na Feira Nacional da Agricultura quando até para um stand mínimo a organização já pe-de uma fortuna.

José Júlio Eloy, 75 anos, administrador Agro-Ribatejo, Santarém

Madalena Apolinário, 52 anos, escriturária, Benfica do Ribatejo

“Poderosos em Portugal deviam pagar a crise”

Madalena Apolinário não gos-tou de ver a Troika em Portugal. Considera que a ajuda externa não seria necessária se fossem os mais poderosos a suportar a cri-se em Portugal em vez dos mais

do Bacalhau e há que continu-ar a apostar na qualidade e no marketing”, defende o presi-dente da adega. Para Joaquim Saramago podem acontecer bons negócios durante uma cri-se mas há que insistir e procu-rar essa sorte. É por isso que a adega vai apresentar durante a Feira da Agricultura e durante a Fersant o seu novo vinho de topo, o Cardeal Dom Guilher-me Reserva. Sobre a ajuda ex-terna a Portugal recorda o que muitos têm esquecido quando criticam as exigências. “Eles já nos deram as verbas comunitá-rias que muito desbaratámos”. Quanto à Feira considera que os cinco euros por entrada é um preço exagerado. “Uma família de três ou quatro pes-soas fica logo desfalcada. Dois ou três euros seria muito mais razoável”, conclui.

pequenos. “O dinheiro que pedi-mos lá fora vamos pagá-lo bem caro. Mas enquanto tivermos pes-soas com três e quatro reformas e taxas de segurança social para empresas de 23 por cento vamos continuar a ter problemas”, ana-lisa. A trabalhar numa empresa de máquinas agrícola, Madalena Apolinário refere que apesar da crise há sempre vendas no sector. “Temos sempre novidades pa-ra dar a conhecer num certame como a Feira Nacional da Agri-cultura. Às vezes aparecem bons negócios. A agricultura ainda é um sector importante e ainda vai ter peso maior para nos ajudar a sair da crise”, comenta. Conside-ra muito cara a entrada para a feira e admite que muita gente leve farnel porque gasta a maior parte do dinheiro nas entradas.

“Gostava de saber o impacto das medidas da Troika em cada sector de actividade”

O administrador da Agro-Riba-tejo compreende que as entradas para a Feira sejam cinco euros mas reconhece ser um preço elevado para a situação que se vive. “Quan-do vou a feiras no estrangeiro as entradas custam sempre 15 ou 20 euros. Há que arcar com custos de organização que são sempre ele-vados”, refere. Diz desconhecer

as medidas concretas que foram impostas a Portugal. “Escreve--se muito, comenta-se muito nos meios de comunicação social e nem sempre ficamos esclareci-dos. O que eu gostava de saber é o que devemos esperar para cada sector de actividade”, refere. Jo-sé Júlio Eloy reconhece que nunca se sabe o que esperar de uma crise mas que no sector da maquinaria agrícola vale sempre a pena expor em certames como a Feira da Agri-cultura e aguardar por contactos posteriores.

Page 8: especial fersant - feira agricultura

| O MIRANTEPUBLICIDADE| 02 JUNHO 201148