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AGRICULTURA NO DF: DOS INÓSPITOS CERRADOS DO

PLANALTO CENTRAL A VITRINE DO AGRONEGÓCIO Recortes informativos relatam o contexto histórico e as ações da Secretaria de Agricultura, desde a Fundação Zoobotânica, no desenvolvimento da área rural do Distrito Federal e Entorno. Em outubro de 1956, Juscelino Kubitschek proferiu a histórica sentença: “Deste planalto central, desta solidão que em breve se transformará em cérebro das altas decisões nacionais, lanço os olhos mais uma vez sobre o amanhã do meu país e antevejo esta alvorada com fé inquebrantável e uma confiança sem limites no seu grande destino". Esta alvorada prevista por JK também está historicamente associada ao sonho de Dom Bosco, santo italiano e fundador da Ordem dos Salesianos. Em 30 de agosto de 1883, Dom Bosco teve um sonho assim relatado: Entre os paralelos de 15º e 20º havia uma depressão bastante larga e comprida, partindo de um ponto onde se formava um lago. Então, repetidamente, uma voz assim falou: “Quando vierem escavar as minas ocultas, no meio destas montanhas, surgirá aqui a terra prometida, vertendo leite e mel. Será uma riqueza inconcebível..." É sobre essa terra prometida, de riqueza inconcebível, regada a leite e mel, que o BLOG DA SEAPA, em comemoração aos 50 anos de Brasília, dedica uma série de recortes informativos referentes ao contexto histórico que relata as ações da Secretaria de Agricultura no desenvolvimento da área rural do Distrito Federal e Entorno. Para tanto, buscamos fatos históricos que permitam descrever a trajetória da Secretaria de Agricultura desde seus primórdios, através de uma retrospectiva com base em publicações. Especialmente no que diz respeito a essa fonte de pesquisa, destacamos a revista CERRADO, da qual retiramos recortes informativos. A revista surgiu como uma publicação de caráter trimestral, editada pela Fundação Zoobotânica do Distrito Federal (FZDF), da Secretaria de Agricultura e Produção (SAP). Dedicamos especial atenção a este veículo de divulgação, do ponto de vista do jornalismo institucional como instrumento para levar informações ao homem do campo. Ao mesmo tempo, cumpre um dos principais objetivos da comunicação institucional, que é promover o estabelecimento de relações duradouras com seus públicos através de ações personalizadas e segmentadas. Aires Rosa de Souza, um “acervo vivo” da extinta FZDF e colaborador neste projeto que pretende compor futuro documentário com a intenção de preservar e garantir lugares para a memória da atual SEAPA/DF retirou do fundo do baú alguns

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exemplares da revista CERRADO. Frente à importância desta fonte documental escrita e iconográfica, especificamente ligada a então SAP e seus órgãos e entidades vinculados, trabalhamos a linha informativa inicial e agradecemos sua colaboração. Também agradecemos a Gilberto Cotta de Figueiredo, engenheiro do Núcleo de Proteção e Reabilitação Ambiental da SEAPA/DF, por sua colaboração com o livro Brasília agrícola: sua história (Joaquim Alfredo da Silva Tavares), o qual será abordado na contextualização geral deste projeto. O acervo documental, arquivo histórico, que muitas vezes é visto como "arquivo morto" na verdade representa o arquivo propriamente dito e está mais “vivo” do que se imagina, porque é nele que estão inseridos os mais diversos benefícios do conhecimento. Portanto, as organizações passaram a valorizar ainda mais seu acervo documental, cuja importância é fundamental para que as instituições não percam sua própria história. A REVISTA CERRADO – BREVES CONSIDERAÇÕES A revista “cerrado”, publicação trimestral editada pela Fundação Zoobotânica do Distrito Federal (FZDF), da Secretaria de Agricultura e Produção (SAP), foi fundada por Júlio Quirino da Costa. De acordo com as edições disponibilizadas por Aires Rosa de Souza, consta que os exemplares de setembro de 1972 a junho de 1974 foram compostos e impressos nas oficinas da Minas Gráfica Editora, em Belo Horizonte (MG). A redação tinha o seguinte endereço: Edifício Brasília, 17º andar, Brasília-DF. Conforme os exemplares de dezembro de 1975; dezembro de 1976; setembro de 1981 e junho de 1982 constata-se que a revista passou a ser composta e impressa nas oficinas da Companhia do Desenvolvimento do Planalto Central – CODEPLAN. E redação também passou a ter novo endereço: Núcleo de Comunicação Social - Avenida W-5 Norte – Setor de Áreas Isoladas, Parque Rural, Brasília-DF. O layout manteve a estrutura básica de 34 páginas e a diagramação predominante até a edição de dezembro de 1975 era de duas colunas por página. Fotos (a maioria em preto e branco) e desenhos ilustravam as matérias, essencialmente focadas nas atividades rurais. Também havia charges de cunho exclusivamente agrícola e anúncios relativos ao serviço de revenda de produtos agropecuários mantido pela FZDF. A partir da edição Nº 34, de dezembro de 1976, verifica-se que a diagramação valoriza três colunas por página e as fotos coloridas surgem com frequência. Com este mesmo padrão, a edição Nº 37, de setembro de 1981, traz na capa uma tarja com a inscrição “Brasília: 21 anos de agricultura” e tem como destaque a matéria sobre a realização da I Exposição Agropecuária e da IV Feira de Animais de Brasília, na Granja do Torto. Mas é na edição Nº 38, de junho de 1982, que a estrutura da revista apresenta mudanças notáveis. Além de Edição Especial que tem como título “25 anos de

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agricultura”, referente à atividade no Distrito Federal desde seus primórdios, marca também uma composição refinada em 54 páginas, com fonte Times New Roman, abundância de fotos e impressão em papel de ótima qualidade. Como diz o editorial, “é uma edição que se deve ler e guardar, com carinho, para futuras consultas ou bases referenciais”. Inicialmente nossas consultas se concentram na última página da revista, espaço dedicado aos informes da Fundação Zoobotânica do Distrito Federal e que tem o cabeçalho de “Notícias”. Todo o conteúdo será explorado, mas especialmente aqui colheremos os recortes informativos para compor o contexto histórico que relata as ações da Secretaria de Agricultura no desenvolvimento da área rural do Distrito Federal e Entorno. Assim, também exercitar as atividades de pesquisa para formatar o projeto que temos em mente. Conforme os exemplares disponíveis, seguiremos a ordem cronológica das edições. Portanto, nossa viagem no túnel do tempo começa a bordo da edição Nº 17, de setembro de 1972.

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A CAPA

“Em nossa capa, uma paisagem típica de fazenda produtora de leite...”

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A CONTRACAPA

“... e, na contracapa, colheita de tomate no Núcleo Rural de Rio Preto”.

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O SUMÁRIO

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A CHARGE DA EDIÇÃO

Legenda: “Garçom, encontrei um anzol no meu prato!” Iniciava-se nessa edição uma série de artigos intitulada “Árvores úteis do cerrado”, com o Vinhático como primeiro tema. Diz o texto de abertura:

Iniciamos neste número a publicação de uma série de artigos do Prof. Ezequias Heringer, da Universidade de Brasília, e da Botânica Mitzi Brandão Ferreira, da Fundação Zoobotânica do Distrito Federal, sobre árvores úteis da região geoeconômica do Distrito Federal. O primeiro trabalho é a respeito do Vinhático, indicado para a produção de postes de cerca, sombreamento de pastagens ou reflorestamento de áreas de cerrado. A cultura é simples, não exigindo praticamente cuidados de conservação, como os autores demonstram ao informar sobre sementes, viveiros, repicagem e plantio definitivo (CERRADO, 1972, p. 28).

NOTÍCIAS Nessa edição Nº 17, de setembro de 1972, três flashes informam as seguintes notícias (p. 35):

Através do Grupo Executivo de Racionalização da Cafeicultura, o IBC firmou convênio com a Fundação Zoobotânica do Distrito Federal, visando à implantação de uma lavoura de 5 mil pés de café na Fazenda Experimental do Tamanduá. A lavoura será conduzida pelo Departamento de Pesquisas e Experimentação da FZDF, comprometendo-se o Instituto Brasileiro do Café a fornecer recursos no montante de 15 mil cruzeiros para custeio dos serviços. O prazo de vigência do convênio é de três anos.

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A Secretaria de Agricultura está iniciando obras no Núcleo Rural de

Taquara-Pipiripau e na Fazenda Experimental do Tamanduá. No núcleo, serão feitas casas para agrônomo e veterinário, o posto médico e dentário, escola, revenda e edifício para administração. Na Fazenda do Tamanduá, a Secretaria erguerá pavilhões administrativos. As obras tiveram início este mês e estarão concluídas em meados do próximo ano.

O Secretário Provincial de Terras e Povoamento de Moçambique, Sr. José

Alberto Lemos Martins Santareno, visitou Brasília no início de setembro, em companhia dos Chefes dos Serviços de Produção Animal e Vegetal da entidade que dirige. Recebido pelo Sr. Manoel Carneiro, Secretário de Agricultura e Produção do Distrito Federal, o Sr. Martins Santareno conheceu, em nossa capital, o Departamento de Pesquisas e Experimentação da FZDF, o Parque Zoobotânico, o Serviço de Revenda, a Mecanização Agrícola e a Central de Abastecimento. O Sr. Martins Santareno ficou surpreendido com o estágio de desenvolvimento já alcançado pela pesquisa no Distrito Federal, manifestando seu aplauso ao Secretário Manoel Carneiro. De Brasília, o visitante embarcou para São Paulo, de onde regressou à África.

A FOTO Manoel Carneiro (e) recebe o Secretário Provincial de Terras e Povoamento de Moçambique (centro). Foto: Célio Azevedo Comentário: Aspectos climáticos, tecnologia e o desenvolvimento da agricultura no Distrito Federal atraíram, no contexto atual, dezenas de comitivas africanas às propriedades rurais da região. Por outro lado, a Secretaria de Agricultura e a EMATER/DF também marcam presença em agendas africanas com temas sobre desenvolvimento sustentável, produção de alimentos e capacitação do pequeno agricultor. Seria o Secretário Provincial de Terras e Povoamento de Moçambique o precursor deste intenso intercâmbio?

Capa e texto: Francisco Barros Colaboração: Aires Rosa de Souza

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REFERÊNCIAS DISTRITO FEDERAL (Brasil). Fundação Zoobotânica do Distrito Federal, Secretaria de Agricultura e Produção. Cerrado, n. 17, Brasília, set/1972. Belo Horizonte: Minas Gráfica Editora, 1972.